A Formação de Leitores em Ambientes Digitas MEIRELLES, Jael; (UNIPAMPA – Campus Bagé)¹ DA COSTA, Paula; (UNIPAMPA - Campus Bagé)² RÊGO, Zila Letícia G. P.³; (UNIPAMPA – Campus Bagé)³ Lavoisier Na poesia, natureza variável das palavras, nada se perde ou cria: tudo se transforma, no seu perfil incerto e caligráfico, já sonha outra forma Carlos de Oliveira RESUMO O presente artigo tem como objetivo discutir a ciberpoesia como ferramenta de expansão do letramento literário e do letramento digital, além de refletir sobre a interpretação dos textos poéticos por alunos do ensino fundamental. A discussão se fundamenta a partir de oficinas com ciberpoesia que se deram de forma, em um primeiro momento, teórica e reflexiva, e, em um segundo momento, práticas, a partir de leituras e do contato com o meio digital no laboratório de informática. Foram realizadas, também, com os alunos atividades com produção de poesias concretistas e poesias visuais. Projeto que enfoca alunos de oitavo e nono ano de uma escola municipal de Bagé/RS, e faz parte do PIBID, Programa Institucional de Bolsistas em Iniciação à docência, subprojeto de Letras, que tem como principal objetivo formar leitores literários. Palavras-chave: letramento literário; letramento digital; ciberpoesia CONSIDERAÇÕES INICIAIS As profundas transformações que passou a nossa sociedade no último quarto do século XX, apresenta-se como um tema apropriado para darmos início às nossas reflexões neste artigo. Ao voltarmos o olhar para o passado buscamos ampliar nossa visão sobre o presente no qual estamos inseridos. A história da internet data de mais de 40 anos. Teve início como resultado de pesquisas militares. Estas pesquisas procuravam superioridade tecnológica e, também proporcionar a interação entre os seus criadores. Com a expansão da rede mundial de computadores e, a popularização da mesma passa-se a falar em interatividade. A interatividade permite possibilidades múltiplas, de leitura, para os sujeitos, nas artes digitais. DESENVOLVIMENTO O avanço tecnológico permitiu a reconfiguração na forma de pensar a sociedade e produziu novos sentidos. Como afirma Silva, A passagem dos velhos computadores movidos por complicadas linguagens de acesso alfanuméricas para os atuais, onde se “clica” com um mouse e abrem-se “janelas” múltiplas, móveis, “em cascata” na tela do monitor, permitindo ao usuário adentramento e manipulação fáceis, foi, certamente, determinante para a formulação do termo interatividade. O desenvolvimento técnico que garante esse salto qualitativo no campo da informática permite o processamento da informação e da comunicação como hipertexto, isto é, como teia de conexões de um texto com inúmeros textos. (SILVA, 2007, p. 14) Dentre as características presentes no meio hiper midiático, são marcas fundamentais das artes digitais: o hibridismo, que consiste na característica multimodal das obras digitais, a interatividade e a hipertextualidade, que se funde também ao conceito de não linearidade (KIRCHOF e BEM, 2006). Nesse contexto, os meios de comunicação de massa exercem um papel fundamental na produção de sentido nas sociedades atuais, pois, além de armazenar as formas simbólicas, permitem a circulação dessas formas. Após o avanço tecnológico, as formas simbólicas estiveram ao alcance de um número maior de pessoas. (THOMPSON, 1998). A partir da internet não existe fronteiras para a comunicação entre os sujeitos e, os mesmos tornam-se parte fundamental da construção do conhecimento e formação de sentidos. Pensando dessa forma, surge, então, uma “nova estrutura social baseada predominantemente em redes” (CASTELLS, 2001. p. 16). Como afirma Lúcia Santaella, [...] as linguagens antes consideradas do tempo – verbo, som, vídeo – espacializam-se nas cartografias líqüidas e invisíveis do ciberespaço, assim como as linguagens tidas como espaciais – imagens, diagramas, fotos – fluidificam-se nas enxurradas e circunvoluções dos fluxos. Já não há lugar, nenhum ponto de gravidade de antemão garantido para qualquer linguagem, pois todas entram na dança das instabilidades. Texto, imagem e som já não são mais o que costumavam ser. Deslizam uns nos outros, sobrepõem-se, complementam-se, confraternizam-se, unem-se, separam-se e entrecruzam-se. Tornam-se leves, perambulantes. Perderam a estabilidade que força de gravidade dos suportes fixos lhe emprestavam. Viraram aparições, presenças fugidias que emergem e desaparecem ao toque delicado da pontinha do dedo em minúsculas teclas (SANTAELLA, 2007, p. 24). O ensino de literatura no Brasil vem pautado por um longo processo de apenas trabalhar o contexto histórico da literatura cânone, reproduzindo mecanicamente os mesmos materiais e discursos. Trabalhando com os alunos apenas as escolas literárias e, seus principais nomes sem levar em conta as especificidades de cada autor e de sua obra. As obras literárias não são contempladas em todo seu potencial. Partindo delas, pode-se formar sujeitos críticos e aptos a refletir sobre a situação da sociedade e a sua própria, além de abrir novos horizontes de expectativas e humanização da sociedade, segundo o que diz Todorov no trecho: “O horizonte no qual se inscreve a obra literária é a verdade comum do desvelamento ou, se preferirmos, o universo ampliado ao qual se chega por ocasião do encontro com um texto narrativo ou poético.” (Todorov; 2010. pag 83). Pensar letramento literário implica lançar mão das ferramentas habituais presentes na formação do leitor e buscar novos meios dinâmicos de chamar o público alvo para os campos artísticos. A diversidade oferecida pela linguagem hipermidiática, a não linearidade dos processos digitais “combinam com a forma fragmentada e multifacetada através da qual o jovem vê o mundo” (MENDES, 2008, p. 1). Os desafios para desenvolver o letramento literário nas escolas, são muitos. Nos dias atuais é preciso que haja uma ampliação das possibilidades de abordar o texto literário, motivado pela proporção que as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) tomaram. Partimos do princípio que não podemos formar leitores excluindo o contexto onde o público alvo está inserido, porém se apropriar destas ferramentas proporcionando para os sujeitos um ensino de literatura mais próximo da sua realidade. Para isto utilizamos as novas tecnologias como meio para formar leitores. É certo que o poema eletrônico possui um apelo maior entre os jovens, esse fator pode ser motivado pelas características das novas gerações acostumadas à leitura de imagens e à estrutura fragmentada através da qual se apropriam da informação (MENDES, 2008) No mundo pós-moderno marcado por transformações sociais e de comportamento é preciso adequar o ensino de literatura atendo as exigências desse novo contexto. Segundo: SOARES, Magda ''É que estamos vivendo, hoje, a introdução, na sociedade, de novas e incipientes modalidades de práticas sociais de leitura e de escrita, propiciadas pelas recentes tecnologias de comunicação eletrônica- o computador, a rede (a web), a internet''. Nesta união entre letramento literário e digital surge: “O poema eletrônico, trabalhado com o esmero que a literatura merece, pode se tornar “um grande agenciador do amadurecimento sensível do aluno, proporcionando-lhe um convívio cuja principal característica é o exercício da liberdade” (OCEM, 2006, vol. 1, p. 55). O caráter interativo da poesia, que permite a ativa participação do leitor fazendo as escolhas pelos caminhos de leitura possíveis, pode ser trabalhado em sala de aula como foco no desenvolvimento da autonomia intelectual do jovem, que representa um dos objetivos do ensino médio (OCEM, 2006). Segundo SANTAELLA, “Os meios de nosso tempo estão nas tecnologias digitais, nas memórias eletrônicas, nas hibridizações dos ecossistemas com os tecnosistemas e nas absorções inextricáveis das pesquisas científicas pela criação artística, tudo isso abrindo no artista e literato horizontes inéditos para a exploração de territórios inatos da sensorialidade e sensibilidade” (SANTAELLA, 2007, p.330) A poesia surge, então, nas artes digitais a partir de uma convergência entre o meio e a linguagem e com uma nova epistemologia do fazer poético. A produção de poesia vem acompanhando o desenvolvimento das novas mídias e se apropriando das mesmas. A ciberpoesia não pode ser tida como ineditista porque resultou de experimentos estéticos anteriores na poesia. O caminho trilhado pela linguagem poética até chegarmos ao que chamamos atualmente de ciberpoesia é marcado por experimentações, onde os poetas combinavam um variado tipo de linguagem (som, pintura e vídeo) a palavra. Na década de 50 teve início um movimento vanguardista, na Europa ,chamado concretismo. Movimento este que ocorreu nas artes plásticas, na música e, na poesia. Na poesia inovou tentando unir sistema verbal a vários sistemas semióticos. Dando ênfase no poema para o aspecto vocovisual. Rompendo com o modelo tradicional de poesia e passando a refletir um novo modelo social, no qual a vida dos sujeitos tornara-se rítmica e despadronizada, que estava sendo instalado. O Concretismo teve seu auge no Brasil nos anos 60, com a revista Noingrandes formada por Augusto de Campos, Déscio Pignatari, entre outros. O ciberespaço marca o início de uma nova cultura; a cibercultura, caracterizada como cultura da tela. No ciberespaço a forma de fazer arte é totalmente reconfigurada pois o computador com sua arquitetura sui generis amplia as possibilidades artísticas. Sendo muito interativo, o ciberespaço, permite a criação de um tipo específico de poesia: a ciberpoesia, onde o leitor interage com a poesia e esta desperta nele apelos múltiplos sensoriais. A ciberpoesia é considerada: “nova expressão poética do nosso tempo e integra o território da „ciberarte‟, termo que assim como a net arte e web arte ou arte das redes, se refere a toda a arte que tem sua base na cibercultura” (SANTAELLA, 2007, p. 332). É denominada nova expressão poética porque permite ao leitor que determine o percurso que deseja seguir dentro do ciberpoematendo a cada nova escolha a construção de um novo significado. Baseada nas considerações feitas acima, podemos dizer que a ciberpoesia é extremamente inovadora pois permite uma troca permanente entre autor e leitor. O leitor de ciberpoesia torna-se também seu autor, o mesmo cria uma poesia totalmente nova, determinada pelas suas intenções Na ciberpoesia há uma quebra da linearidade do texto, tentativa já usada em textos impressos, pois a interatividade na literatura impressa não é tão recorrente. O ciberespço é a encarnação tecnológica do velho sonho de criação de um mundo paralelo, de uma memória coletiva, do imaginário, dos mitos e símbolos que perseguem o homem desde os tempos ancestrais. Nos tempos imemoriais, a potência do imaginário era veiculada pelas narrações míticas, pelos ritos. Eles agiam como um verdadeiro media entre os homens e os seus universos simbólicos. Hoje, o ciberespaço funciona um pouco dessa forma. Ele coloca em relação, ele incita a abolição do espaço e do tempo, ele transforma-se em lugar de culto secular e digital. (LEMOS, 2004, P. 128-129) METODOLOGIA Partindo desses pressupostos de interação e das considerações sobre a natureza da ciberpoesia, o programa PIBID (Programa Institucional de Bolsistas em Iniciação à Docência), subprojeto de Letras, que tem como foco a formação de leitores, construiu um projeto baseado na prática de ciberpoesia como expansor dos horizontes de expectativas de alunos de ensino fundamental de uma escola municipal da cidade de Bagé/RS. propusemos três metas á aplicação prática, sendo eles relativos aos leitores, de quem se espera que: a) Efetuem leituras compreensivas e críticas; b)Serem receptivos a novas leituras; c) Questionar as leituras efetuadas em relação a seu próprio horizonte cultural; (Bordini & Aguiar; 2006; pag; 86). O foco do projeto foi a colaboração que as tecnologias digitais da informação e da comunicação aliadas a literatura podem ampliar o universo de possibilidades do letramento literário e digital, assim enriquecendo de forma significativa o currículo escolar. O projeto abarcou primeiramente a construção interpretativa de significado da poesia impressa e, da construção de sentido através da imagem. Levando para os mesmos a poesia In Verso de Sara Fazib, presente no livro Dezamores. Foi abordado com os discentes a relação entre a estética concretista e a ciberpoesia, contextualizando para os mesmos que a ciberpoesia mantém vínculo e identidade com os poemas concretistas. Segue abaixo, um dos exemplos de poesia concretista que os alunos entraram em contato. * Após as atividades descritas acima os alunos entraram em contato com poemas visuais presentes no livro 33 Ciberpoemas e uma fábula virtual, de Sérgio Caperelli. Buscando exemplares de ciberpoemas com um de seus principais autores, foram ofertados aos alunos ciberpoemas interativos com imagem, texto, som e animação, de Sergio, presentes no site (http://www.ciberpoesia.com.br). Foi solicitado para que os alunos produzissem poesias concretistas e poesias visuais, a partir do que foi trabalhado anteriormente, mostrando o nível de expansão de horizontes a que conseguiram atingir no decorrer do projeto. ANÁLISE DOS RESULTADOS Para darmos início a discussão dos resultados, vamos em primeiro lugar transpor exemplos das produções escritas dos alunos. Mostrando primeiramente, duas produções de poesias concretistas. Logo após exemplos de poesias visuais que foram totalmente pensadas e produzidas em meio digital. ALUNO A Este aluno uniu aspectos visuais a linguagem, construindo um poema que possibilita uma leitura não linear. Disposição não convencional dos vocábulos na página. Tudo isto produz um sentido novo ao poema. ALUNO B Este aluno transformou o poema em objeto visual, valendo-se da imagem para ampliar a o sentido da linguagem. Em função disto o poema deverá ser lido e visto. O aluno C, conseguiu um domínio significativo baseado na estética concretista, utilizando a composição de palavras e, possibilitando uma leitura não linear do poema. ALUNO D O aluno D, uniu ao poema imagem resignificando a escrita. ALUNO E O aluno E, ampliou com a imagem o sentido da escrita. As produções dos discentes mostraram-se satisfatórias, de acordo com a realidade dos mesmos. Podemos dizer que a Ciberpoesia abriu possibilidades de ser uma ferramenta de trabalho utilizada em vários âmbitos dos meios escolares como método eficaz para formação dos leitores literários. Este conceito de letramento literário deve envolver o contato dos alunos com diversas formas de expressão artística. No caso do projeto de ciberpoesia aqui descrito, o destaque é a expressão via universo digital, em uma tentativa de chegar mais próximo da realidade destes alunos e despertar o gosto por uma leitura que contorne essa defasagem no ensino atual de literatura e forme estes cidadãos mais críticos e também mais humanizados com base na reflexão literária. CONCLUSÃO No término do trabalho percebemos que embora estes sujeitos pertençam a uma cultura marcada por novas tecnologias, os mesmos tiveram extrema dificuldade em criar poesias visuais utilizando apenas o ciberespaço. Fato este que não se deu na criação das poesias concretistas, nas quais os alunos demonstraram possuir maior facilidade de produção. Concluímos que, devido as múltiplas possibilidades disponibilizadas pelo ciberespaço faz com que o aluno perca o foco de sua criação. Tendo assim dificuldades em convergir linguagem à imagem. Este resultado demonstra que o letramento literário e, digital ainda está deficiente nas escolas públicas brasileiras. Levando-nos a refletir que a formação do leitor, implica lançar mão dos mais diversos meios de expressão artística, para proporcionar ao aluno um ambiente favorável para seu desenvolvimento cultural e pessoal. Levando em conta que estes discentes encontram-se inseridos em um novo contexto social determinado pelas novas tecnologias, não inseri-las na sua formação seria negar aos mesmos o que atualmente constitui-se com um fator preciso na sua formação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL & AQUINO, Maria Clara& Adriana; MONTARDO, Sandra portella. Perspectivas das pesquisas em cominicação digital. São Paulo: INTERCOM, 2010. BORDINI & AGUIAR, Maria da Gloria & Vera; A Formação do Leitor. Porto Alegre. CAPPARELLI, Sérgio; 33 ciberpoemas e uma fábula virtual. L&PM EDITORES. 2001 SILVA & TORRES; Débora Cristina Santos & Rui. 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Bolsistas do Programa de Iniciação de Bolsistas a Docência/ PIBID. UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa – Campus Bagé 3 Professora Doutora. Orientadora do Trabalho. Curso de Letras. Tutora do Programa de Bolsistas a Docência/Letras. UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa.([email protected]) *Disponibilizada em: http://omundoinsolito.blogspot.com.br/2011/12/arte-que-me-inspira-poesia-