José Carlos de Oliveira Lima recebe homenagem especial da Fundação Vanzolini por sua atuação em prol da construção sustentável Placa de reconhecimento foi entregue ao engenheiro durante a Conferência Aqua, evento paralelo à Expo Arquitetura Sustentável, em São Paulo O engenheiro José Carlos de Oliveira Lima, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) e presidente dos conselhos do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim) e do Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim), recebeu uma homenagem por sua contribuição para o desenvolvimento da construção sustentável no Brasil. A homenagem foi prestada pela Fundação Vanzolini, principal instituição de certificação da construção civil no Brasil, durante a Conferência Aqua - Alta Qualidade Ambiental, na Expo Arquitetura Sustentável, realizada no último dia 11 de novembro, em São Paulo. Segundo o Vice-Presidente da Diretoria Executiva da Fundação Vanzolini, José Joaquim do Amaral Ferreira, a homenagem é inédita e a escolha levou em consideração os atributos e a história profissional do Doutor José Carlos em prol da sustentabilidade. "Existem inúmeros profissionais que mereceriam este reconhecimento, mas um critério que nós adotamos foi o tempo de dedicação à carreira, assim como a abrangência do trabalho e a possibilidade de influenciar outras pessoas para que trabalhem e coloquem em funcionamento o conceito de sustentabilidade", afirmou Ferreira, ao discursar durante a cerimônia de entrega da homenagem. Ele completou dizendo que "José Carlos foi escolhido por ser uma referência quando se fala em sustentabilidade. Sempre trabalhou para a evolução do setor, primeiro por meio de programas de qualidade e normatização dos produtos de cimento e critérios adotados como o uso eficiente de recursos, economia de materiais e canteiro de obra limpo, temas que integram o programa de sustentabilidade do modelo Aqua. Além disso, é um porta-voz importante junto aos integrantes da cadeia da construção da FIESP, uma liderança que contagia, no bom sentido, seus pares sobre a questão da sustentabilidade", relata o vice-presidente da Fundação. Ferreira lembrou também as contribuições que o engenheiro tem dado ao setor ao longo da carreira. “Ele tem uma visão muito ampla de internacionalização, tendo criado a missão empresarial Fiesp-Batimat, na França, com o intuito de incorporar as novidades do setor, assim como colaborou na criação do convênio com a Universidade de Sorbonne, na capital francesa. E foi também o idealizador do seminário da Indústria Brasileira da Construção - ConstruBusiness ", destacou. Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do Processo Aqua da Fundação Vanzolini também ressaltou a contribuição de Oliveira Lima para o setor. "Todas as ações que ele desenvolveu ao longo da vida acabaram indo nesta direção, que é o que a gente precisa e, particularmente, acho que um dos pontos altos foi o ConstruBusiness 2012, que identificou e deu destaque às questões mais relevantes da visão de sustentabilidade como base para tornar a vida e o Brasil melhores". Coordenadora de Gestão da Fundação Vanzolini, Maria Luiza Salomé, destacou a relevância e a contribuição do doutor José Carlos junto aos colegas de profissão para justificar a merecida homenagem. "Foi justo e é muito merecedor por todas as lutas dele dentro do setor. É uma pessoa que tem uma visão de futuro muito grande. Ele é um empreendedor. E nesta questão ele enxerga tudo que vem no contexto, qualidade e sustentabilidade. Ele enxerga a construção civil como uma indústria, e é isso que nós temos que fazer o mercado entender, que somos uma indústria e temos que trabalhar como tal, ter gente qualificada, ter qualidade, ter sustentabilidade". Ao agradecer à homenagem, Oliveira Lima disse estar bastante feliz pelo reconhecimento e lembrou sua motivação como profissional. "Não luto para isso, (ser reconhecido). Luto para ter um Brasil melhor para mim, para minha família, para meus filhos, meus amigos, para todos nós. E esta homenagem é uma planta que me ajudaram a plantar e que hoje está dando frutos". E acrescentou ainda: "Eu agradeço de todo coração esta grande homenagem, principalmente pelas palavras, mas uma andorinha só não faz verão. A gente consegue fazer o que está sendo feito porque nós sonhamos e temos companheiros que sonham conosco e conseguem transformar esse sonho em realidade". Desafios Durante a conferência a ideia vigente entre os palestrantes era de que o Brasil ainda precisa melhorar bastante quando o assunto é sustentabilidade. Para o laureado, Oliveira Lima, é preciso fazer muito mais. "Em termos de sustentabilidade, o Brasil é muito incipiente. O sistema de construção é muito rudimentar, aqui há muito desperdício e falta de produtividade. Se você comparar com outros países, nós estamos muito atrasados. Crescemos muito, mas precisamos crescer muito mais e esse tipo de trabalho que a Fundação Vanzolini faz, focando na sustentabilidade, é muito importante". O engenheiro lembrou ainda a importância dos aspectos institucionais, da segurança jurídica, do impacto das cargas tributárias, do funding e, finalmente, do planejamento e gestão para que se consiga avançar neste setor. Para Manuel Martins, coordenador executivo da Fundação Vanzolini, também existe um espaço a ser preenchido na questão da sustentabilidade. "Eu acredito que o desafio da construção civil sustentável seja o grande desafio do Brasil, que o José Carlos apontou muito bem no final de sua apresentação, que é planejamento e gestão, ou seja, pensar, planejar, controlar, executar o plano e acompanhar o resultado. Isso é básico na construção, por este caminho consegue-se enxergar a melhor solução do ponto de vista da eficiência, não só na questão ambiental, mas conforto, saúde, qualidade de vida e a questão econômica. A gente vê que isso no Brasil ainda faz falta. Embora tenhamos vários exemplos de ações conduzidas desta forma, tanto no setor empresarial quanto em alguns setores governamentais. Não vamos dizer que nada tenha planejamento e gestão, mas falta muito e vejo o José Carlos como um grande propulsor". Salomé ressaltou ainda a importância de se levar o conceito de sustentabilidade para todas as etapas do processo de um empreendimento. "É por isso que a gente briga e eu compro as brigas junto com o José Carlos. E esse processo existe para os construtores conseguirem mostrar que aquele empreendimento que eles estão colocando, seja comercial ou residencial precisa ser sustentável em todas as suas ações, saber que o empreendedor se preocupou com o entorno, que ele olha para a economia de energia, de água, o conforto para o usuário, para a questão da reciclagem, quero dizer reciclar desde a construção da obra até no pós-uso, não é só construir um empreendimento sustentável, é preciso que depois seja feita uma operação sustentável também, senão não tem sentido". A mesma opinião também é compartilhada pelo vereador Gilberto Natalini, do Partido Verde, presente à Conferência Aqua. "Eu acho que ainda estamos aquém do que deveríamos. Estamos atrasados no cronograma. Deveríamos estar mais avançados do que estamos, em particular no setor público, que deveria puxar o bonde e dar o exemplo. O setor público ainda pensa com a cabeça do século XX", disse. Natalini pontuou, entretanto, alguns projetos que considera um avanço na construção civil. Dentre eles, o projeto Madeira Legal, que tem o objetivo de inibir a compra e a venda de madeira extraída ilegalmente; e o Pacote da Água, que estabelece uma série de obrigações à Prefeitura com o intuito de combater o desperdício de água. O vereador tem buscado também o apoio do governo para o projeto de implantação de placas fotovoltaicas, sistema usado para converter a energia da luz do sol em energia elétrica no máximo e residências possíveis. "Eu sinto muita dificuldade na questão da mudança da matriz energética. Eu acho que deveríamos no setor de construção civil sustentável pressionar o governo, e estou disposto a ajudar nisso para a implantação de placas fotovoltaicas. Gostaria de ver todos os prédios de São Paulo com placas de produção de energia solar, fotovoltaicas", diz o vereador. Otimismo Ainda que seja unânime a opinião de que o Brasil tem um longo caminho a percorrer quando o assunto é sustentabilidade, por outro lado todos os presentes são otimistas em relação ao futuro e ao que já foi alcançado neste setor. Para Martins um avanço já tem sido feito em alguns setores. "Quanto mais empreendedores, profissionais na área de projetos, na área de construção entram neste caminho, a construção vai se tornando mais sustentável por ela mesma, e também na relação da cidade. Na outra escala, se percebe também o avanço dos fabricantes de materiais de sistemas construtivos em termos de inovação, e é uma inovação calcada na sustentabilidade, na busca da economia dos recursos, da água, da energia, dos materiais e também na busca da qualidade e durabilidade no uso, porque não adianta a coisa ser ecológica e não funcionar e não durar", adverte. Martins salienta ainda que esta busca começa pela qualidade, depois vai se aprofundando na questão da boa utilização dos recursos e do desempenho, uma realidade em curso em vários setores e segmentos. Opinião semelhante é compartilhada pelo Vereador Natalini. "Tenho visto muitas iniciativas em andamento, algumas já em funcionamento e são iniciativas muito boas e não são poucas. Tanto por parte do setor da construção civil quanto das entidades, dos escritórios de arquitetura, das indústrias paulista e brasileira. Eu repito, ainda está aquém da necessidade do país, mas a iniciativa privada e os profissionais da área têm feito um esforço de trazer para dentro do Brasil a construção sustentável, e o avanço é muito grande em muitos setores. Espero que possamos trabalhar de maneira sustentável no setor produtivo, indústria, comércio, serviços, poder público e sociedade civil organizada para que isso possa caminhar numa velocidade maior, para que haja mais aporte de verba e projetos públicos", afirma. Oliveira Lima é ainda mais otimista e faz uma ressalva sobre a crise que vem enfrentando o país. "Essa crise política é passageira. Eu acredito que é na crise que devemos investir, sei que é difícil pensar assim, mas se você entrar nessa de crise e aceitá-la, ela vai acabar te absorvendo", advertiu o engenheiro. "Eu entendo que o Brasil depende de nós, não depende dos governos porque eles são passageiros. Nós temos que nos preocupar com o Brasil. Nós somos os responsáveis pelo desenvolvimento sustentável", complementou. Oliveira Lima fez questão de agradecer a algumas pessoas, dentre elas o próprio José Joaquim do Amaral Ferreira, Manuel Martins, o vereador Gilberto Natalini e a companheira de profissão Maria Luiza Salomé. Também fez um agradecimento à equipe da FIESP e do Sinaprocim/Sinprocim e à sua esposa e companheira, Dona Magda, a quem fez uma menção especial. Ao final da cerimônia, doutor José Carlos compartilhou com a plateia sua postura diante da vida. "Eu gosto de desafios. Eu os enfrento. Se eu enxergar uma pequena luz no fim do túnel eu a faço brilhar. Então, eu desafio todos vocês a lutarem por um Brasil melhor, com mais sustentabilidade, pois só um Brasil com sustentabilidade será um Brasil com credibilidade", finalizou.