EMPRESA
A Castelo quer faturar R$ 32 milhões com a comercialização de vinagres, temperos e de futuros lançamentos em 2002
Castelo amplia atuação e já
briga no mercado de temperos
Lilian Araujo
C
om experiência de 96 anos no ramo de
vinagres, a antiga Vinagres Castelo
Ltda. torna-se apenas Castelo e amplia sua
atuação no ramo de temperos. Em menos
de um ano, a empresa já lançou 13 diferentes itens com a marca Castelo, entre
temperos, molhos e condimentos. Até novembro, foram comercializados 1,27 milhão
de unidades dos novos produtos, cuja linha é composta por catchup, mostarda, cebolinha, picles, cogumelo, temperos (alho
e sal, completo com pimenta, completo
sem pimenta), molhos (de pimenta, inglês,
shoyu e de alho), azeitonas verdes, palmito e óleo de girassol. A linha contou com
investimentos iniciais de R$ 130 mil.
A nova linha começa a dar resultados
para a empresa. Os lançamentos já repre14
sentam 5% do faturamento da companhia,
que deverá encerrar 2001 faturando R$ 28,6
milhões, superior a 2000, quando chegou
a R$ 26 milhões. A meta para 2002 é faturar R$ 32 milhões com a comercialização
de vinagres, temperos e de futuros lançamentos. Segundo Marcelo Cereser, diretor
superintendente da Castelo, novos produtos estão em desenvolvimento e deverão
chegar ao mercado ao longo de 2002. Do
faturamento da companhia em 2000, 5%
referem-se a exportações. A empresa conta com vendas externas em países como
Japão, Argentina, Venezuela, Suécia, Estados Unidos, Porto Rico, entre outros.
Cerca de 2,5% das vendas externas da Castelo correspondem aos novos produtos.
Auxiliada por uma consultoria e baseada
em pesquisa mercadológica, a Castelo deu
o primeiro passo em direção à nova forma
de atuação. O primeiro produto lançado foi
o pote de azeitonas verdes, cuja produção
chegou a 90 mil unidades em 2001. O segundo lançamento foi o óleo de girassol,
que atingiu 30 mil unidades de pedidos.
Do primeiro lançamento ao décimo
terceiro bastou a assinatura de contratos de acordo de fornecimento dos produtos que passariam a receber a marca
Castelo. A venda de temperos prontos
superou as expectativas, atingindo a
marca de 720 mil unidades no ano. Além
da marca Castelo, o produto se destaca
pela forma que é preparado, com produtos frescos e naturais, preservando a
qualidade que carrega a marca Castelo.
BRASIL ALIMENTOS - n° 11 - Novembro/Dezembro de 2001
esclarece que a próxiDepois dos tempema ação da empresa
ros prontos, o molho
atingirá mercados onde pimenta foi o mais
de ambas as marcas
procurado pelos contêm pouca atuação.
sumidores. O produto
Os investimentos
atingiu vendas de 130
da
Castelo na fábrimil unidades no ano
ca
acontecem há
do lançamento. De
anos.
Em 1998, por
acordo com Cereser, a
exemplo,
a empresa
linha de molhos está
decidiu
ir
em busca
registrando importanda
certificação
de
te participação na
qualidade
ISO
9002
e
nova forma de atuainvestiu
US$
5
mição da companhia.
lhões no projeto CasAlém do molho de pitelo 2000, que envolmenta, cerca de 70
via a adequação às
mil unidades de monormas de qualidade
lho inglês e mais 40
e os planos de aumil unidades dos mo- Marcelo Cereser: “Vamos manter a liderança em vinagres e investir em novos mercados”
mento do mix de prolhos shoyu e outras 40
almente, a empresa comercializa, na linha dutos. No ano seguinte, a empresa aplimil de alho foram comercializadas.
Concorrendo com gigantes, a Castelo de vinagres, os sabores álcool, tinto, limão, cou mais R$ 500 mil na modernização da
também investiu no segmento de condi- branco, arroz, maçã e agrin. Na linha pre- marca e dos maquinários da fábrica. Insmentos. A companhia forneceu ao mer- mium, a marca Castelo conta com o vinagre talada numa área de 47 mil m², a unidacado, em 2001, 60 mil unidades de mos- balsâmico, um produto agridoce e que che- de possui 20 mil m² de área construída,
tarda e 53 mil de catchup. Como os ou- ga a custar dez vezes mais em relação ao dos quais 600 m² são do galpão de artros produtos, os condimentos são pre- vinagre convencional. A fabricação do bal- mazenamento. A produção da fábrica
ocupa atualmente 70% da capacidade.
parados por empresas contratadas. “O sâmico da Castelo é feita na Itália.
Com a modernização, a fábrica passou
A Castelo tem planos de passar a procatchup é produzido pela Predilecta e a
a
atuar
com sistema integrado automatiduzir
o
vinagre
balsâmico
no
Brasil.
No
mostarda pela Tel, uma empresa de Bluzado
e
informatizado.
“O sistema permite
entanto,
uma
falha
na
legislação
brasileimenau”, complementa o diretor superinque
os
pedidos
de
todo
o País sejam analira
impede
que
o
produto
seja
fabricado
no
tendente da Castelo.
sados
e
aprovados
no
mesmo
instante da
País,
o
que
reduziria
seu
preço
em
até
30%.
A idéia de fornecer diversos produtos,
solicitação”,
informa
Marcelo
Cereser.
“Há
quatro
anos
estamos
tentando
produinicialmente produzidos por terceiros, com
Há quase quatro anos, a Castelo transa marca Castelo surgiu a partir da filosofia zir balsâmico no Brasil, mas ainda não há
formou
a linha de embalagens até então
lei
que
autorize”,
lamenta
Marcelo
Cereda empresa de assegurar a participação no
em
PVC
para PET. Foram investidos R$ 4
ser.
As
vendas
do
produto
atingiram
a
marca
ramo de vinagres e, em paralelo, ingressar
milhões
na compra de três equipamentos
de
45
mil
garrafas
em
2001.
em novos mercados. “A meta é manter a
e
acessórios
para a produção própria das
Enquanto
aguarda
uma
definição
na
leliderança nacional no segmento vinagreiembalagens.
Os novos equipamentos pergislação,
a
companhia
segue
investindo,
ro, ampliando a linha de temperos e conmitiram
reduzir
as perdas, que chegaram a
até
o
final
de
2002,
R$
3
milhões
em
indimentos”, revela o diretor superintendente
30%
da
produção
devido à quebra das emfra-estrutura,
tecnologia
e
desenvolvimenda Castelo, Marcelo Cereser. A companhia
balagens
durante
o
processo de envase.
to
de
produtos.
Além
deste
investimento,
detém 26% do mercado nacional de vinaAntes
de
ser
engarrafado,
o vinagre é
a
Castelo
aplica
anualmente
R$
1
milhão
gres e registra forte presença nas regiões
armazenado
em
tonéis,
nos
quais
passam
em
marketing,
o
que
envolve
desde
ações
Sudeste e Centro-Oeste, alcançando 80%
por
um
processo
de
homogeneização
do
de
abordagem
direta
ao
consumidor
até
pude participação no Centro-Oeste e cheganproduto.
O
processo
de
fabricação
do
viblicidade.
Para
2002,
a
empresa
quer
redo a 40% apenas em São Paulo.
A produção brasileira de vinagre che- forçar a marca nos estados de Minas Ge- nagre consiste na transformação do álcool
gou a 150 milhões de litros no ano pas- rais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A meta de vinho ou do sabor específico em ácido
sado, dos quais 50 milhões foram fabri- envolverá um disputa com seu principal acético. Um laboratório instalado dentro
cados pela Castelo. A previsão para 2001 concorrente no País, a marca pernambuca- da fábrica analisa a qualidade para posteé de que a produção alcance 55 milhões na Minhoto. O rival comercial tem forte riormente ser encaminhado para envase.
de litros de vinagre. “A companhia está presença nas regiões Norte e Nordeste, Hoje a matéria-prima, adquirida principalcrescendo em torno de 4% a 8% ao ano”, onde, por questão de logística, os produ- mente no Vale do São Francisco, na serra
tos da Castelo quase não têm mercado. “A gaúcha, é guardada em tonéis de fibra de
afirma Cereser.
Sediada em Jundiaí (SP), a Castelo era marca nordestina tem o mesmo problema vidro, de onde é transferida para processo.
O laboratório da Castelo realiza análiaté então conhecida pela venda de vina- e por isso não atua em outras regiões”,
ses
de cor, sabor, odor, aspecto, pH, teor
explica
Cereser.
O
diretor
superintendente
gres e pela diversificação dos mesmos. AtuBRASIL ALIMENTOS - n° 11 - Novembro/Dezembro de 2001
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de sal, acidez e sólivagem de gases, que
dos totais. As embatem o mesmo intuilagens também pasto de redução da posam pelo laboratório.
luição emitida pela
De acordo com Kátia
companhia. “Este
Furquim, responsável
projeto contribuirá
pelo laboratório, as
para, em três anos,
análises avaliam aina Castelo buscar a
da o PET, as tampas,
certificação ISO
rótulos, caixas de pa14000, o que aupelão, colas, o produmentará sua atuação
to em processo e em
na área ambiental.
sua fase final. “AnaFalta a ajuda do golisamos em média
verno”, desabafa o
cinco unidades por
diretor superintendia do produto acabadente da Castelo,
do”, informa Kátia
Marcelo Cereser.
Furquim.
Energia própria
A qualidade da Kátia Furquim, responsável pelo laboratório de controle de qualidade
Cas telo é mantida
Como boa parte das indústrias brasileidesde 1905, quando a marca de vinagres reuso da água permite o tratamento de
foi lançada por uma família de portugue- 230 mil m³ de efluentes por mês. Por ras, 2001 foi um ano problemático quanto
ses em São Paulo. Em 1968, a marca foi meio de cinco poços artesianos, a Cas- à questão do racionamento de energia eléadquirida pela família Cereser e transferi- telo utiliza mensalmente cerca de 8 mi- trica. No caso da Castelo, a empresa arrasou com seus quatro geradores emergencida no ano seguinte para Jundiaí, no mes- lhões de m³ de água.
A empresa pretende ampliar sua atu- ais de energia, cuja capacidade é de 280
mo estado. “A família transferiu toda a
tecnologia e o know-how do vinagre para ação na área ambiental, mas para isso kva/hora, sendo um de 320 kva/h. A emerespera há um ano o apoio do Banco Na- gência foi tamanha, que a capacidade dos
Jundiaí”, lembra Marcelo Cereser.
cional de Desenvolvimento Econômico geradores se esgotou. Os geradores elétrie Social (BNDES). O projeto da compa- cos, cuja capacidade de funcionamento era
Responsabilidade ambiental
nhia consiste na instalação de diversos de no máximo três horas, para casos de
A preocupação com qualidade vai além filtros de ar pela fábrica. Com o inves- falta de energia, passaram a trabalhar até
dos produtos. A Castelo conta com um timento de R$ 1 milhão, a Castelo po- 12 horas sem interrupções. “A capacidade
sistema de tratamento de efluentes, no derá reduzir consideravelmente a emis- para 10 anos de uso foi esgotada em mequal, por meio de um circuito fechado, são de ácidos na atmosfera. “Esse ácido ses”, revela Cereser.
toda a água de lavagem de tonéis é fil- nada mais é que vinagre em forma de
Tomada as medidas emergenciais, a ação
trada e reaproveitada. “Após o reuso vapor”, informa o diretor da empresa. inicial foi entrar com pedido de revisão de
máximo da água, ela é encaminhada para Além dos filtros, o projeto inclui a la- meta para a operadora local. Em seguida,
a estação de trataa empresa passou a
mento da empresa”,
gastar R$ 30 mil por
explica Cereser. Na
mês com a compra de
estação, a água resienergia da Vitivinícodual passa por um
la Cereser. Os geradoprocesso automático
res passaram a ser
de padronização de
usados até cinco hopH, no qual um senras por dia.
sor faz a medição e
O desgaste dos geo controle. O rejeito
radores fará com que
é depositado em pisa Castelo destine R$
cinas de decantação
350 mil em 2002 para
para separação dos
a compra de novos
sólidos, que são engeradores com maior
viados a aterros inpotencial. No próxidustriais. A água resmo ano, a empresa
tante é devolvida ao
vai adquirir mais dois
sistema de esgotos
geradores com capado município.
cidade de 480 kva/
O processo de Laboratório próprio da Castelo avalia em média 5 unidades diárias de vinagre
hora cada um.
v
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