UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DIDÁTICOS NO ENSINO DO JUDÔ Por: Harlem Carvalho dos santos Orientador Prof. Ms. Nelsom José Veiga de Magalhães Rio de Janeiro 2 2005 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DIDÁTICOS NO ENSINO DO JUDÔ Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior. Por: . Harlem Carvalho dos Santos 3 AGRADECIMENTOS Ao prof. Nelsom Magalhães pela confiança no meu trabalho, e a todos os professores e amigos que dedicaram um pouco do seu tempo para o término deste trabalho. 4 5 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a minha esposa Lucélia, pela sua colaboração e dedicação. Harlem Carvalho dos Santos 6 7 RESUMO O objetivo desse estudo foi investigar a real necessidade da utilização de procedimentos didáticos metodológicos no ensino do judô. São apresentadas as informações de maior relevância sobre didática, tendências pedagógicas e seu uso no ensino da Educação Física, extrapolandose para o ensino do judô. Foi feita pesquisa através de livros didáticos, dando mais ênfase aos que falavam sobre o processo de ensino aprendizagem. Conclui-se que apesar de ainda não serem encontrados livros com a preocupação no processo pedagógico do judô, autores na área da Educação Física e Pedagogia referem-se em vários meios e métodos para aplicação de uma aula e enfatizam sempre a importância do processo didático pedagógico. É através deste que os professores vão respeitar as dificuldades dos alunos, suas fases e a bagagem cultural de cada um. 8 METODOLOGIA Este capítulo refere-se aos procedimentos metodológicos aplicados nesta investigação. A análise dos dados bibliográficos obtidos em livros, tratados, e revistas, nos permitirá apresentar evidências e elaborar conclusões que nos mostrem a utilização procedimentos metodológicos didáticos no ensino do judô. Através das referências sobre didática em educação física tentaremos tirar conclusões sobre os procedimentos utilizados pelo professor em suas aulas, direcionando para o judô. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Fibras Musculares 16 CAPÍTULO II - Psicomotricidade 18 CAPÍTULO III - As fases do aprendizado 20 CAPÍTULO IV - Aplicação a pratica de treinar 24 CAPÍTULO V - Aplicação a pratica de ensinar e aprender 27 CAPÍTULO VI - A universidade e o ensino universitário 29 CAPÍTULO VII - Avaliação – verificação do aprendizado 32 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37 BIBLIOGRAFIA CITADA 38 ÍNDICE 39 FOLHA DE AVALIAÇÃO 41 10 INTRODUÇÃO Este capítulo descreve as características históricas do judô e suas relações com as variadas tendências pedagógicas. Utilizamos como referências os autores FARIAS JUNIOR, GAMA e MONTEIRO. Não existem muitos estudos acerca do uso da didática no judô. Neste trabalho será feito um estudo baseado na vasta literatura existente sobre os procedimentos metodológico-didáticos e sua utilização no ensino da Educação Física , área a qual o judô pertence como modalidade desportiva. Na literatura existente sobre didática em Educação Física Teixeira (1996) e Soares e outros (1996) está demonstrada a importância do processo pedagógico, com o ensino progressivo e ordenado. Também é valorizada a estruturação de aulas, com uma adequada avaliação do processo de ensinoaprendizagem. FARIAS JUNIOR (1969) Segundo FARIAS JUNIOR (1969) Vale ainda citar que o processo didático-pedagógico tem tamanha importância , que faz parte do currículo básico das Escolas de Educação Física do país, sendo a base dos nossos professores . A Didática Moderna, considera o educando como centro de toda a obra educacional. O educador passa a atuar como elemento incentivador, orientador e controlador das atividades formativas e informativas dos alunos, auxiliando-os e esclarecendo-os, programando as atividades e assessorando a respectiva execução. À substituição do professor pelo aluno, como centro de processo educativo, John Dewey chamou com propriedade de "revolução copérnica" em educação. Citado por FARIAS JUNIOR (1969). Esta nova posição, ao contrário do que pode à primeira vista parecer, passou a exigir cada vez mais dos mestres maiores responsabilidades. Assumiu o educador importância capital em qualquer sistema ou planejamento educacional, consideradas as suas responsabilidades para com o educador e a sociedade. 11 Anteriormente, discutia-se se os currículos das escolas superiores de Educação Física deveriam conter o estudo da didática ou da metodologia. Hoje, todos estão concordes que a metodologia constitui uma importante parte da didática preocupada com a investigação da verdade e com o estudo dos métodos. Este estudo, todavia, revela-se infecundo quando dissociados dos demais componentes fundamentais da didática – o educador, o mestre, os objetivos e os costumes. Farias Junior (1969). Os conteúdos do ensino constituem uma força potencial, embora inativa para fim de aprendizagem. Entretanto, ensinado através de um bom método, enriquecem-se contribuindo para o desenvolvimento da personalidade do aluno, excitando-lhes a inteligência, incutindo-lhes novas idéias, atitudes e preferências. O ensino sem método faz, muitas vezes, com que o aluno se afaste para sempre das atividades físicas. Os métodos de ensino conjugam de forma apropriada todos os procedimentos, técnicas e recursos, de forma a colimar os objetivos propostos, com maior segurança, rapidez e eficácia.“O bom método é a melhor maneira de fazer o aluno aprender “ FARIAS JUNIOR (1969) Segundo GAMA (1997) com a chegada do imigrante japonês no Brasil, o judô começou a se integrar em nosso país. É lógico, que presumivelmente, os primeiros mestres do judô no Brasil, para cá não vieram como especialistas da arte. Ao contrário, tudo indica que a onda migratória, inicialmente, tenha sido composta de elementos voltados à lavoura e plantações, com pequenos resquícios da presença de comerciantes em áreas diferenciadas. Gradativamente o judô foi aceito e passou a agregar um grande número de adeptos no Brasil. Ganhou inicialmente as “academias”, crescendo sem prestígio. Chegou às escolas e, com a consolidação e estratificação posterior, foi integrada como disciplina no currículo da Escola de Educação Física do Exército, na década de 40, na Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil e concomitantemente na Escola de Educação Física da Força Pública do Estado de São Paulo. GAMA (1997). 12 Ganhando foros curriculares na Educação Física, a conseqüência normal foi a substituição do velho mestre empírico e de formação natural pela prática, pelo professor, agora especialista em judô. GAMA (1997). Dessa forma, o ensino do Judô evoluiu afastando-se do empirismo e adotando uma visão científica. Passou, então, a adotar uma postura pedagógica adequada a um educador, onde enxerga o homem como ser total, não só um corpo, mas um corpo indissociado de uma mente. Segundo MONTEIRO (1998) o relacionamento do professor com os alunos começou a transcorrer de outra maneira, através do aperfeiçoamento do profissional. Tendo uma maior compreensão de seus alunos o professor pode compartilhar naturalmente nas suas vivências e sentimentos, conseguindo, assim, perceber a realidade como os alunos a percebem, atuando de forma muito mais efetiva no campo formativo do educando, do que se viesse a manter-se neutro, não se permitindo envolver emocionalmente nas situações e problemas apresentados pelos atletas/alunos. O professor passou a ser um homem cheio de erros e acertos, repleto de emoções e sentimentos, capaz de fraquezas, porém com a responsabilidade inerente a um educador, devendo ter consciência de que a formação do caráter dos alunos, pelo menos em parte, cabe à forma como são orientados por seus professores. MONTEIRO (1998). O aumento da responsabilidade de um professor está ligado à sua contribuição na formação e desenvolvimento da personalidade de seus atletas, levando a uma adequação permanente do relacionamento professor-aluno no desenvolver do esquema do treinamento. A personalidade é construída com influência do meio, reagindo sobre uma base biológica que o indivíduo herdou dos seus ancestrais. A sensibilidade necessária do técnico depende de características onde o afeto e a habilidade em estabelecer uma imagem para o diálogo são fundamentais. Como a relação é estabelecida a base de trocas, ambos os lados possuem expectativas, mesmo no campo afetivo, que se traduzem em 13 necessidades de realimentação durante o processo. Portanto, não é só uma relação onde o professor dá carinho e atenção aos atletas, mas também ele precisa receber sentimentos positivos de afeto evitando que haja um desgaste do mestre e até um desinteresse em manter este tipo de relacionamento com sua equipe se não perceber tanto envolvimento por parte da mesma. Os atletas e aprendizes de um modo geral, em um ambiente ótimo tem o processo de aprendizagem facilitado, visto que todos estarão motivados no sentido de adquirir hábitos e aptidões necessárias ao desporto, e isto passa pela questão da performance e chega a um objetivo último, a formação do caráter, pois Kelly citado por MONTEIRO (1998 pág. 55) afirma que todos os fatores que entram no caráter são suscetíveis de ser formados. Portanto não devemos nos restringir no sentido da performance desportiva, devemos ir além, dado termos um papel de tanta responsabilidade quando despacharmos com indivíduos em formação, tendo o professor enorme participação neste processo, não podendo se isentar da responsabilidade e seriedade necessárias. No ensino do judô como na Educação Física a prática pedagógica está articulada com uma concepção filosófica da Educação, que é uma pedagogia. Segundo LUCKESI, MONTEIRO (1998 pág. 67), a Filosofia da Educação é a aplicação dos princípios fundamentais de uma filosofia de vida à tarefa da Educação, estabelecendo, modo, o objetivo e o fim da Educação. Devemos definir com clareza nossa proposta filosófica de Educação antes dos procedimentos de ensinar, não desvinculando obviamente o conteúdo da forma e sequer desmerecendo a importância real que técnicas e métodos ocupam dentro do processo educacional. Esta colocação tem a preocupação única voltada à hierarquização dos valores educativos e definição de objetivos, pois o educando reage de forma diferenciada a cada tipo de prática desenvolvida pelo educador, desenvolvendo visões diferentes do mundo, da sociedade em que ele vive e das relações mantidas neste meio social. Duas correntes pedagógicas surgem de acordo com a visão que a sociedade tem da Educação, são elas: Pedagogia Liberal e a Pedagogia Progressista. MONTEIRO (1998 pág. 68). 14 O Judô teve sua origem no Japão, que viveu 300 anos sob regime militar. É provável que isto tenha influenciado, marcantemente, na educação do povo japonês e, conseqüentemente, no ensino do Judô. O professor, nesta visão, tem a preocupação maior com o ato motor. A aprendizagem é receptiva e mecânica, feita pela repetição de exercícios sistemáticos e recapitulação da matéria, caracterizando a tendência tecnicista, inserida na Pedagogia Liberal. A tendência tecnicista se ratificou principalmente no final da década de 60, com o objetivo de adequar o sistema educacional à orientação políticoeconômica do regime militar. Nesta tendência tecnicista, nos pressupostos da aprendizagem acreditase que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, com apenas menor desenvolvimento. Para tanto os programas são ministrados respeitando uma progressão lógica, sem levar em conta as características próprias de cada idade. A avaliação é feita a curto e longo prazo. O reforço é negativo (punições, notas baixas) e, às vezes, positivo (classificações, emulações). Os métodos de ensino são “sistemas institucionais”, que asseguram a transmissão/recepção de informações, modelação de respostas adequadas aos objetivos e controle do ensino, na Educação Física, com segmentação dos movimentos e a aprendizagem analítica dos mesmos. Aparecem nesta tendência o “professor treinador” que objetiva transformar seus alunos, em exímios executores da técnica perfeita, através das repetições sucessivas no controle das condições que cercam o organismo em que se encontra, visando o condicionamento. Na Educação Física, a aprendizagem se realiza através do adestramento. MONTEIRO (1998 pág 71). Além da tecnicista, na Pedagogia Liberal, existem as tendências tradicional, renovada progressivista e renovada não diretiva. A tendência tradicional também é utilizada nas aulas de judô, pois este atua sem muita comunicação com os alunos e a relação professor-aluno se baseia na atenção e no silêncio. 15 As tendências renovada progressivista e renovada não diretiva, no judô, têm pouca importância metodológica em comparação com a tendência tecnicista. Na não diretiva, há um contraste fundamental nas idéias, pois esta frisa estimular o aluno à busca, por si mesmo, dos conhecimentos e a ausência do professor é a melhor forma de respeito e aceitação plena, porque toda a intervenção inibe a aprendizagem, enquanto que, no ensino do judô, há a predominância do professor como centro da aprendizagem e reflexo da perfeição. Já na renovada progressivista, o objetivo do educando aprender através de suas experiências práticas se contrapõe à postura do professor de judô, que está sempre dominando todos os movimentos do seu aluno, enquanto a progressivista defende a vivência democrática. Além da Pedagogia Liberal existe a Pedagogia Progressista, que parte de uma análise crítica das realidades sociais, sustentado implicitamente as finalidades sócio-políticas da Educação. A tendência progressista tem atuação “não-formal”, a Educação questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com outros homens, onde na Educação Física há a discussão sobre o atual momento do esporte no país e no mundo e quais as conseqüências de sua prática. Seria de grande importância que o professor de judô se utilizasse da tendência crítico-social dos conteúdos. A confrontação da prática desportiva do aluno com a atual cultura desportiva, levaria à reflexão crítica e superação de tabus, permitindo a participação do aluno no processo social, questionando a validade e a legitimidade do saber consagrado, das regras e sua utilização. Com a predominância da tendência tecnicista, no ensino do judô, ficou de lado a importância da formação do indivíduo para o mundo através do desporto, ficando em primeiro plano o atleta e a busca de resultados. Na Educação Física, após a compreensão crítica de seus movimentos e práticas físicas, o grupo reflete sobre a situação e a critica, descobrindo sua melhor aplicação e/ou sua transformação. 16 Esta tendência crítico-social seria de grande validade dentro das escolas de Educação Física com o objetivo de mudança na consciência daqueles que irão exercer a função de professores num futuro próximo. Na Pedagogia Progressista as tendências libertadora e libertária não são de grande aplicação no contexto do ensino do judô, pois a libertadora se baseia na auto-avaliação e no questionamento do momento presente e a libertária baseia-se na auto-gestão e o professor se põe a serviço do aluno. Sendo assim, estas tendências fogem totalmente da tradição do judô. Existem duas formas de avaliação: a da prática vivenciada entre educador-educando no processo de grupo ou, a auto-avaliação em termos de compromisso assumidos com prática. Os conteúdos de ensino resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem indispensavelmente, as matérias de estudo. O método de ensino é a vivência grupal, na forma de autogestão. Na Educação Física, a confrontação da prática desportiva do aluno com a atual cultura desportiva, leva à reflexão crítica e superação de tabus, permitindo a participação do aluno no processo social, quando questiona a realidade e legitimidade do saber consagrado, das regras e a utilização atual dos objetivos do desporto e da atividade física, como estão sendo atingidos e a contribuição destes à democratização da sociedade. MONTEIRO (1998 pág. 72) O professor tem que se envolver com o estilo de vida dos alunos, tendo consciência, inclusive, dos contrastes entre sua própria cultura e dos alunos . Na Educação Física, deve se levar em conta às experiências motoras anteriores dos alunos, levando para um crescimento. A avaliação poderá ser feita em relação ao progresso do aluno em relação a noções mais sistematizadas. Nas escolas brasileiras, duas concepções contrastantes, na teoria e na prática, orientam a maior parte dos processos pedagógicos, fundamentalmente na Educação Física: o comportamentalismo e fenomenologia. MONTEIRO (1998 pág. 73). 17 Para Skinner , MONTEIRO (1998 pág. 73) a realidade é um fenômeno objetivo. Há um mundo construído e a consciência do homem deste mundo (o homem é produto do meio). A conscientização do indivíduo pode provir de suas relações acidentais com o mundo ou pode-se tentar controlar tais relações para que a consciência não se forme acidentalmente. De qualquer forma, o indivíduo é manipulado, seja de maneira aleatória por relações com a sociedade, seja de maneira determinada pelo controle científico de Educação. Assim, a liberdade de aprendizagem seria um luxo caro, a institucionalização da acidentalidade como processo formador da consciência. Os educadores teriam o direito, senão o dever, de controlar o processo, preservando a herança histórica e cultural da humanidade. Para Rogers, MONTEIRO (1998 pág 73) a realidade é um fenômeno sugestivo: cada ser humano reconstrói em si mesmo o mundo exterior a partir de sua auto-percepção, que recebe os estímulos (experiências) e dota-os de significado. Há em cada indivíduo uma consciência que lhe permite significar e optar. Essa consciência autônoma e interna é a liberdade e o ponto focal da Educação deve ser a preservação e o crescimento dessa liberdade. Mesmo havendo novas tendências na educação com propostas progressistas, a tradição do judô e seu pragmatismo apontam para uma tendência tradicional e também tecnicista, que marca sua cultura e conseqüentemente o judô. Mesmo com o fascínio das novas tendências progressistas a rondar a educação, e como nosso assunto é judô, falta muita coisa pra quebrar a hegemonia do tecnicismo e tradicionalismo no desporto, principalmente no judô que colhe muitos resultados positivos com estas tendências. 18 CAPÍTULO I FIBRAS MUSCULARES Abordaremos neste capítulo algumas particularidades das fibras musculares como função e tipos de fibras musculares. As referências utilizadas foram Susan J. Hall e Guyton. Uma única célula muscular e denominada fibra muscular em virtude de seu formato filiforme. A membrana que circunda a fibra muscular as vezes é chamada de sarcolema e o citoplasma especializado recebe a designação de sarcoplasma . O sarcoplasma de cada fibra contem inúmeros núcleos e mitocôndrias , assim como numerosos miofibrilas filiformes que estão alinhadas paralelamente umas as outras . As miofibrilas contem dois tipos de filamentos protéicos cuja organização produz o padrão estriado característico que confere a esse músculo a designação de esquelético ou estriado .Susan J . Hall (2000) p.108 1.1- Fibras rápidas e lentas Em seres humanos , todos os músculos contem percentagem variável de fibras musculares de contração rápida e de contração lenta.O músculo gastrocnêmico, por exemplo, tem maior preponderância de fibras de contração rápida , o que lhe da a capacidade de ter contrações muito vigorosas e rápidas , do tipo utilizado para saltar. O músculo sóleo,por outro lado, tem maior preponderância de fibras de contração lenta , sendo, portanto, utilizado em maior grau para atividade prolongada dos músculos da parte inferior da perna . 19 As diferenças básicas entre as fibras de contração lenta e rápida são as seguintes: 1 - As fibras de contração rápida tem diâmetro aproximadamente duas vezes maior . 2 - As enzimas que promovem a liberação rápida de energia pelos sistemas energéticos do fosfagênio e do glicogênio-acido lático são duas a três vezes mais ativas nas fibras de contração rápida que nas de contração lenta ,fazendo com que a potencia máxima que pode ser obtida pelas fibras de contração rápida seja duas vezes maio do que as de contração lenta . 3 - Fibras de contração lenta são organizadas principalmente para a resistência , em especial para a geração de energia aeróbica .Elas têm bem mais mitocôndrias que as fibras de contração rápida .Alem disso, elas contem quantidade consideravelmente maior de mioglobina ,uma proteína semelhante a hemoglobina que se combina ao oxigênio nas fibras musculares; e, o que e ainda mais importante, a mioglobina aumenta a velocidade de difusão do oxigênio por toda a fibra deslocando-o de uma molécula de mioglobina para a seguinte. As enzimas do sistema metabólico aeróbico também são consideravelmente mais ativas nas fibras de contração lenta que nas de contração rápida . 4 - O numero de capilares por massa de fibras e maior nas vizinhanças das fibras de contração lenta que nas proximidades das fibras de contração rápida Em suma, as fibras de contração rápida podem fornecer potencia extrema por alguns segundos ate aproximadamente 1 minuto .As fibras de contração lenta , por outro lado , fornecem resistência, gerando força de contração prolongada por muitos minutos a horas . GUYTON (1993) p. 547 Com as informações adquiridas concluímos que as fibras de contração rápida são de grande importância para os desportos, que utilizam os sistemas energéticos do fosfagênio e do glicogênio-ácido lático, sendo o judô um deles. 20 As fibras de contração lenta são fundamentais para desporto de longa duração, utilizando o oxigênio pra a produção de energia, a maratona é uma atividade clássica onde essas fibras predominam. CAPÍTULO II PSICOMOTRICIDADE Abordamos neste capítulo a importância do conhecimento da psicomotricidade como tematizadora dos processos de crescimento e desenvolvimento humano. O autor abordado como base referencial foi MELLO. Elevada atualmente ao nível de ciência, a Psicomotricidade possui crescente importância nos trabalhos que se relacionam com o desenvolvimento infantil , tanto na fase pré-escolar, como posteriormente . Por tratar da relação entre o homem, seu corpo e o meio físico e sócio cultural no qual convive, a Psicomotricidade e fundamentada e estudada por um amplo conjunto de campos científicos, onde se pode destacar a Neurofisiologia, a Psiquiatria, a Psicologia , e a Educação ,imprimindo cada uma dessas áreas enfoques que lhes são específicos . MELLO (1989) p. 30 Embora a origem da Psicomotricidade esteja vinculada ao campo da Medicina, a partir de inúmeros estudos neste século, surgiu uma concepção cientificamente respaldada, pela qual o movimento não pode ser tratado sob o prisma puramente anatômico e mecanicista . Embora de fundamental importância no diagnostico de inúmeras perturbações das funções nervosas , os mecanismos dos sistemas piramidal, extrapiramidal e cerebelar não são suficientes para responder pela completa execução de movimentos e por vários distúrbios psicomotores. A esse respeito, Ajuriaguerra (1983) tomou o seguinte posicionamento: “O ato motor não pode ser concebido como o funcionamento de sistemas neurológicos justapostos.(...) Só podemos compreender a ação quando 21 consideramos o ponto inicial, o desenvolvimento e a finalidade que esta ação pretende alcançar .(p.207) Em estudos mais recentes ,Fonseca (1976), ressaltou a necessidade de se abordar o significado do movimento como comportamento, numa relação consciente e inteligível entre a ação do individuo e a situação circunstancial, evitando-se observações restritas ao trabalho de ossos, articulações e músculos ,como se o corpo fosse uma maquina posta em movimento por um psiquismo que habita o cérebro . Citado por MELLO (1989) p. 31 Uma criança vista como participante de um conhecido jogo como a amarelinha, por exemplo, esta vivenciando estímulos motores, seu raciocínio lógico esta sendo solicitado a esta experimentando ao mesmo tempo uma relação com as demais crianças que,portanto, possui implicações emocionais e sociais . Os componentes de ordem cognitiva, afetiva, e social acompanham o ato motor, e e diante de um quadro com essas dimensões que a Psicomotricidade deve atuar .Surge ai alguns conceitos para essa nova ciência. Ajuriaguerra, segundo Loureiro(1983), definiu a Psicomotricidade como “ A realização do pensamento através do ato motor preciso,econômico e harmonioso” ( MELLO p.31) Reunidos em 1982, no primeiro Congresso Brasileiro de Terapia Psicomotora, especialistas do Brasil propuseram uma definição que viabilizasse o entendimento comum do termo Psicomotricidade, especialmente no âmbito da Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, associação que congrega grande numero de estudiosos do assunto; “Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem , através do seu corpo em movimento nas relações com seu mundo interno e externo .(p .5)”. Esta definição é extremamente abrangente e clara, o que a torna aplicável aos inúmeros estudos . O professor em sua abordagem universitária, deve se ater a psicomotricidade para os alunos que investirem no ensino da educação infantil, 22 isto porque o corpo da criança está em pleno desenvolvimento e crescimento. Estes conhecimentos psicomotores também estarão presentes na educação especial, que é um mercado em expansão. CAPÍTULO III AS FASES DO APRENDIZADO Este capítulo enfatiza o processo de desenvolvimento motor do aluno desde seus primeiros passos no desporto até chegar a coordenação fina do movimento que é o aprendizado da técnica. O embasamento teórico será através dos autores MONTEIRO e SCHMIDT. O processo de desenvolvimento motor é dividido em três fases, a saber: desenvolvimento da coordenação motora grossa, desenvolvimento da coordenação motora fina e estabilização da coordenação motora fina e desenvolvimento da disponibilidade variável. Com estas fases é assinalada uma seqüência a que deve subordinar-se a formação metodológica da aprendizagem motora. Durante o processo de ensino-aprendizagem as fases do aprendizado e do desenvolvimento motoras estão ligadas diretamente à metodologia e didática utilizada pelo professor. O professor de judô deve respeitar as fases da aprendizagem. Com isso é de grande importância o uso de procedimentos metodológicos didáticos, pois assim a aula, como também seu planejamento, canaliza os esforços, assim como, deve escolher os exercícios dentro de uma progressão, colocando as atividades em graus de dificuldade crescente, não pulando as fases de aprendizagem. Segundo Schimidt (2000), a aprendizagem motora se processa em três fases, de acordo com a capacidade de o aluno transformar a informação cognitiva em ato motor. 23 A primeira fase de aprendizagem abrange o decurso desde a primeira aproximação, de familiarização, com o novo decurso do golpe ou técnica de judô para ser aprendido, até o estágio em que o aluno já pode realizar o movimento. É influenciado pelas instalações de treinamento ou de terreno (que, no caso do judô, é o tatame), e também pela concentração do aluno. A estrutura do movimento corresponde apenas aos traços básicos da técnica solicitada SCHIMIDT [2000]. 3.1- A coordenação dos movimentos Embora existam, em grande número, os sinais proprioceptivos não podem, evidentemente, ser elaborados, correspondentemente, nas sínteses de aferências e no surgimento no programa de movimento. Nesta fase eles são abrangidos pouco conscientemente e, por isso, não são conectados com as informações verbais. Esta é a razão por que o aluno não se conscientizar, suficientemente, de suas execuções de movimento enquanto não pode visualizálas. Ele compreende e transforma muito imperfeitamente as explicações e correções. SCHIMIDT [2000]. As observações de correção verbais feitas pelo professor de Educação Física ou pelo treinador, juntamente com os processos de demonstração, só levam ao êxito quando o aluno pode compará-las com suas próprias observações e transformá-las em “autocorreções” . MONTEIRO [1998]. Um problema substancial para o progresso de aprendizagem da coordenação fina “é a consciente compreensão e verbalização das informações sensoriais através do próprio movimento” . SCHIMIDT [2000]. Com a entrada reforçada do segundo sistema de sinais (principalmente na segunda fase de aprendizagem), é adquirida gradativamente a capacidade de formular ligações entre o sinal verbal e as sensações e percepções motoras. 24 A recepção e a elaboração consciente das informações sensoriais, e também verbais, que é indispensável para a rápida progressão na segunda fase de aprendizagem, é substancialmente determinada pela motivação de aprendizagem. Ela atua como filtro de informação, quer dizer, ela decide quais informações devem ser recebidas e elaboradas no processo de aprendizagem. Um aluno que realize e demonstre as solicitações colocadas pelo professor de Educação Física ou pelo treinador, e absorva as explicações dadas, mas sem uma participação interior, sem motivações e colocações de objetivos mais fortes, enfim, sem alta atividade de aprendizagem, alcançará apenas uma progressão muito lenta; sem ela nunca chegará ao estágio da coordenação fina em movimentos esportivos mais complexos. Pela informação de resultados (eferências de resultado), pela autoobservação consciente e por informações que são dadas pelo professor de Educação Física e pelo treinador, a programação é fortalecida e, momentaneamente, mantida. Ou, então, ela não é reforçada, de modo que devem seguir-se outras tentativas de precisão. O treinamento, na segunda fase de aprendizagem, mostra-se, assim, como uma repetição da execução de movimento, e sempre num novo degrau, geralmente mais alto, "repetindo sem repetição. SCHIMIDT [2000]. A tendência liberal nesta fase continua predominante. Logo o grau de dificuldade aumenta, no decorrer do desenvolvimento do aluno. A tendência em questão, nesta fase, continua predominante, o aluno depende muito da estruturação motora pelo professor para o seu aprendizado. Assim sendo, há uma progressão ligada diretamente ao desenvolvimento do aluno, isto é, os movimentos mais complexos são passados gradativamente, de acordo com o aprendizado dos movimentos anteriores. Segundo Reis (1993) “O professor educa por sua imagem.” O comportamento de regulação, incluindo a comparação do ideal e do real, como já foi dito, depende em grande parte do “rendimento anterior” , da recepção e da elaboração de informações, da programação e da antecipação do movimento. SCHIMIDT [2000]. 25 Esta qualidade de regulação, no estágio da coordenação fina, em principio só é alcançada para alguns desvios do ideal, como os que surgem sob condições de aprendizagem e de exercícios habituais e que, portanto, não são muito grandes. Caso surjam dificuldades adicionais na forma de grandezas de perturbação do meio externo ou interno, como, por exemplo, por terreno desconhecido, aparelhos estranhos, clima desfavorável, condições de competição e de atmosfera, atuações do adversário esportivo ou também cansaço, mal-estar ou preocupações pessoais, o nível da função de regulação ainda não é suficiente. SCHIMIDT [2000]. O desenvolvimento da regulação, inclusive a comparação do ideal e do real apresentados aparece pelo fato de que o circuito regulador interno, a elaboração das eferências dirigentes do movimento, torna-se, agora, plenamente atuante através do analisador cinestésico. 3.2 O desenvolvimento da coordenação fina Na primeira fase de um processo de aprendizagem, a estimulação irradia nos centros ativos do córtex, quer dizer, são estimuladas mais células nervosas do que as necessárias para a solução da tarefa. Isto explica a inervação e a ação de músculos supérfluos e, com isso, o maior emprego de força pelos iniciantes. Na segunda fase de aprendizagem, o respectivo campo de estímulo e ação restringe-se mais e mais. Em cada circunvolução do córtex chega-se a uma concentração da estimulação na área que permite uma execução conveniente e economia do movimento. SCHIMIDT [2000]. A recepção e elaboração de informações são de importância decisiva para a ação de aprendizagem motora no esporte em cada fase. Porém, na segunda fase de aprendizagem ela se torna o elo mais importante da cadeia. Somente através das informações sensoriais dos analisadores e através da informação verbal dada pelo professor de Educação Física, treinador e instrutor, podem ocorrer impulsos para a modificação e a continuidade do desenvolvimento da coordenação do movimento. Toda demonstração, correção, 26 explicação acatada pelo aluno, toda sensação e percepção do aluno na execução do movimento leva, com a correta elaboração, a um aperfeiçoamento da coordenação do movimento SCHIMIDT [2000]. Através do pensamento dos autores referenciados, que o movimento da técnica é construído bem devagar através de repetições e tempo, onde há uma interação entre atleta e professor que lhe dá coordenadas até chegarem juntos ao principal objetivo, aprendizado. CAPÍTULO IV APLICAÇÃO PRÁTICA DE ENSINAR Este capítulo mostra o aluno com instrumento principal da sua atividade, a técnica dos movimentos. Esta técnica antes aplicada em condições normais de treino, será desafiada a funcionar em ambientes diferenciados e contra oponentes verdadeiros, que irão tentar bloquear ou anular seus movimentos. Os referenciais teóricos são MONTEIRO e SCHIMIDT. A segunda fase de aprendizagem, para ser levada a um final bemsucedido, deverá ser uma etapa de intensiva atividade de aprendizagem e treino concentrado. MONTEIRO [1998]. Esta fase exige do aluno, durante todo o seu decurso, uma alta atividade de aprendizagem, tanto na prontidão para muitas repetições, e com isso também com alta carga física, como na atenção concentrada e consciente ao trabalho conjunto. Esta alta capacidade de aprendizagem somente é alcançada e mantida pela formação pedagógico-metodológica correspondente da atividade de aprendizagem e pela objetiva influência sobre a motivação. Especialmente com crianças, não raras vezes, o objetivo final cai no esquecimento por causa do “trabalho no movimento”, muitas vezes penoso e moroso. Por essa razão, devem 27 ser colocados objetivos parciais, que o aluno compreenda e cujo alcance lhe seja constantemente informado, para que assim sua motivação de aprendizagem seja estimulada. Nem apenas o número de repetições é decisivo para o progresso na aprendizagem, mas o trabalho intelectual conjunto do aluno é um importante requisito para o trabalho sensato da coordenação fina. Repetições impensadas levam muito à fixação de erros. A formação da coordenação fina requer uma direção objetiva da atenção do aluno para as particularidades da execução do movimento. Se na primeira fase de aprendizagem estavam em primeiro plano a orientação ao objetivo, o domínio elementar da tarefa de movimento, agora deve ocorrer uma “volta atrás” da atenção para a execução de movimento dos membros, do tronco, da posição da cabeça e para outras características isoladas, nas diferentes fases do movimento. SCHIMIDT [2000]. O treinador ou professor de Educação Física precisa esclarecer, sobremodo, aquelas sensações de movimento, que estão ligadas com uma correta execução do movimento a ser aprendido. Isto é de grande importância para o desenvolvimento de uma representação diferenciada e precisa . A verbalização reforçada do movimento, especialmente na segunda fase de aprendizagem, oferece ao atleta mais adiantado, em grau crescente, a possibilidade de trabalhar com a denominada auto-ajuda no treinamento e mesmo na competição. Já no decurso da segunda fase de aprendizagem deve ser respondida a questão: quando, em que grau e sob que condições, variadas ou dificultadas, deve-se treinar, quando, sob condições normais, o modelo de técnica desejado ainda não é alcançado. Semelhante é a questão da decisão sobre a participação em competições. A resposta a esta pergunta depende substancialmente do estágio geral de formação do aluno e também das realidades esportivas . Na segunda fase de aprendizagem já se pode e deve trabalhar, em certo grau, uma estabilização da coordenação fina contra influências perturbadoras. Por outro lado, deve-se evitar uma sobrecarga prematura do aluno com solicitações competitivas e condições alternativas de treinamento, uma vez 28 que dessa forma podem ser fixados erros SCHIMIDT [2000]. 4.1 – Estabilização da coordenação fina Com a crescente estabilização da coordenação fina, não é mais necessário que o aluno dirija sua atenção e o controle sensorial consciente global do movimento. Independentemente de poucos “pontos articulares” ou “pontos de nó”, o atleta pode concentrar-se, então, totalmente ao alcance de um rendimento máximo. SCHIMIDT [2000]. No processo do exercício repetido, a representação do movimento se torna, gradativamente, mais precisa e perfeita. No entanto, o professor deve estar atento, pois quando o aluno acredita ter executado o movimento correspondente à proposta inicial, não percebe possíveis desvios, e com o repetido movimento errado acaba se ‘aperfeiçoando no erro’. A causa poderá estar na elaboração insuficiente ou errônea da informação ou na programação e antecipação do movimento. É conveniente, na formação metodológica do processo de aprendizagem, utilizar, desde o início, explicações e demonstrações ligadas às ações do movimento, pois somente assim ele conseguirá uma programação correta. MONTEIRO [1998]. No estágio de coordenação grossa a execução de movimento só tem êxito sob condições padronizadas geralmente favoráveis. Isso explica porque o iniciante de judô, nesta fase, durante o treinamento com resistência passiva, consegue aplicar um golpe no oponente mas não consegue repetí-lo se for submetido a uma luta, com resistência ativa. É insensato portanto, a aplicação, em forma competitiva, das técnicas aprendidas nesta fase, pois surgem influências perturbadoras (terreno, instalações, oponente) 29 Mesmo após o aluno ter apreendido e dominado as técnicas, o treinamento terá que continuar e será realizado em várias situações , tentando adaptar o aluno a momentos de competição ou a combates onde os adversários também queiram a vitória. CAPÍTULO V APLICAÇÃO A PRÁTICA DE ENSINAR E APRENDER Este capítulo refere-se as metas a serem alcançadas desde o começo do treino até o seu final. Usamos MONTEIRO e SCHIMIDT como referencial. As experiências práticas e os conhecimentos teóricos apresentados para a primeira fase de aprendizagem formam uma base substancial para a formação pedagógica-metodológica da aprendizagem motora em todas as áreas do esporte, em todas as modalidades e disciplinas esportivas Aqui deve ser citado em primeiro lugar o nível motor inicial. Sendo, por exemplo, os níveis das capacidades motores insuficientes, devem ser colocados antes do processo de aprendizagem determinados exercícios prévios ou preparatórios. MONTEIRO [1998]. Muito importantes é a atividade de aprendizagem e a motivação de aprendizagem. É válido apreciar corretamente a situação inicial do aluno e, partindo daí, criar, reforçar e mantê-los no decurso de toda a fase de aprendizagem SCHIMIDT [2000]. Esclarecimentos adicionais dados na colocação da tarefa e para demonstração só são sensatos quando são indispensáveis para a solução da tarefa. Eles devem ser limitados a um grau mínimo com os iniciantes inexperientes de movimento. Se for necessárias observações sobre particularidades do decurso do movimento, então pode ser dada apenas uma de cada vez, pois o aluno não pode dirigir sua atenção, ao mesmo tempo, para 30 várias fases ou momentos do movimento. Somente com relação às próprias experiências motoras do aluno no treino do novo movimento, recebe informações e demonstrações no sentido de concretizar a representação do movimento. O processo e as condições de exercício devem ser organizados de acordo com as possibilidades, de tal modo que o aluno, já após poucas tentativas, chegue à primeira execução com êxito de todo o movimento, ainda que imperfeita . Isto significa, nas disciplinas de força e de velocidade, o total esgotamento de destas capacidades. Nas modalidades esportivas de jogo e de luta a dois, sua atenção volta-se para os aspectos táticos do jogo e da luta, para uma constante observação do adversário e parceiros . Podemos então afirmar: a recepção e a elaboração das informações são consideravelmente precisadas, racionalizadas, restringindo-se, em geral, a um número muito pequeno de aferências dirigentes. Com isso ela se orienta cada vez mais “sutilmente” para as possíveis variações de movimento, desvios e perturbações . Baseado na continuidade da precisão da recepção e elaboração de informação, a diferenciação da representação de movimento na terceira fase de aprendizagem alcança seu ponto máximo . A antecipação de dificuldades ou tarefas por vir é uma característica muito importante no estágio da disponibilidade variável de um movimento. Os desvios do ideal são tão rapidamente compreendidos no estágio da disponibilidade e os impulsos de correção dos centros reguladores ocorrem tão exata e rapidamente que, mesmo com perturbações mais fortes, maciças, de fora, ainda pode ser possível alcançar-se o objetivo de movimento. Em alguns casos, as perturbações externas atuantes são tão fortes como por exemplo, pela ação direta da atuação adversária na luta a dois e nas modalidades esportivas de jogo, que não é mais possível um decurso de movimento não-perturbado. 31 O professor deve estar sempre motivando seus alunos para que o treinamento contínuo e longo não seja mais um obstáculo em seu aprendizado. Apesar do tecnicismo presente, notamos que o professor e aluno interagem no processo, onde sem um o outro seria inexistente CAPÍTULO VI A UNIVERSIDADE E O ENSINO UNIVERSITARIO A universidade se destina a egressos dos cursos colegiais, correspondendo normalmente ao período de vida que vai dos 19 aos 24 anos. Isto não quer dizer que não se encontrem universitários de mais idade do que o limite superior deste intervalo, uma vez que, de modo geral, esta e escola de jovens e adultos . O Ensino Superior e de capital importância para o desenvolvimento do país e sua independência econômica e política . A independência de um país , hoje, se conserva também pela ciência, uma vez o desenvolvimento industrial e agrícola está ligado a pesquisa , e os povos que não conseguirem realizar as suas próprias pesquisas tem de ser , fatalmente, caudatários de outros povos mais preparados cientificamente, uma vez que a fraqueza no campo cientifico vai provocar fraqueza na produção e esta , na economia ... (Nérice, 1969 ,pg76) A cultura universitária praticamente acoberta e centraliza o que chamamos de cultura erudita brasileira. O aparelho educacional como um todo responsabiliza-se pela cultura erudita, porem, no caso brasileiro , dada as vicissitudes da elitização, coube a universidade a tarefa maior quanto aos desígnios de produção rigorosa e metódica necessária a elaboração do saber 32 erudito. O saber letrado no Brasil praticamente gira em torno da universidade; a sociedade nutre-se culturalmente da produção feita por intelectuais que estão ligados ao sistema universitário publico ou particular . (Ghiraldelli Jr 1993, pg54) 6.1 Classificação dos estudos universitários Gonzalo A . Beltram ( Nérice 1969 ) classifica os cursos universitários em três grupos : 1 De incremento cultural geral, como as Faculdades de Filosofia , de Educação e de Belas Artes. 2 De serviço social , como as Faculdades de Direito , de Enfermagem , de Medicina , de Odontologia e de Ciências Políticas e Sociais; 3 De desenvolvimento econômico, como as Faculdades de Engenharia , de Química , de Economia, de Veterinária, de Agronomia e de Administração . Em sociedades subdesenvolvidas predomina a idéia de que quem impulsiona o desenvolvimento técnico e a figura excepcional, o cientista extraordinário ; mas em sociedades desenvolvidas há crença de que o desenvolvimento técnico e exigência de melhor educação cientifica por parte da própria industria do país . O ensino universitário , ate bem pouco, mais de caráter humanístico, era privilegio de um grupo de famílias dominantes no cenário político e econômico. O desenvolvimento industrial e tecnológico, a reclamar cada vez mais especialistas, esta provocando três transformações sensíveis : Mesmo com algumas dessas definições sendo de 1969 , ainda descrevem as transformações da educação universitária.; 1 a tecnologia esta invadindo a universidade 33 2 as barreiras sociais que reservavam o ensino superior a grupos privilegiados estão recuando e a universidade esta se abrindo para todos os que revelarem condições para cursa-la ; 3 o trabalho e o ensino universitário estão se aproximando e estreitando os seus laços de interdependência 6.2 Objetivos do ensino universitário O objetivo do ensino universitário , mesmo compreendidos nos fins da educação, tem sido especificado por uma serie de autores , dos quais vão indicados os pontos de vistas de alguns deles (Nérice 1969pg77) Segundo Victor F Savoy, os objetivos dos estudos universitários são a transmissão e discussão dos conhecimentos mais avançados, investigação orientada em sentido desinteressado para o incremento dos conhecimentos, o que não implica em abandonar a possibilidade de resultados práticos e imediatos e também preparação cientifica e técnica para as profissões superiores.. Segundos Ortega y Gasset, a universidade deve ser centro de pesquisa, ensinar o homem a ser culto e um bom profissional. Segundo Houssay, é dever do ensino superior ensinar o respeito à verdade e desenvolver aptidões para procura-la. O Ensino Superior realiza a formação dos líderes sociais e dos profissionais que sabem pelas causas e que têm condições de criar novas formas de instrumentos de produção. Suas finalidades são, pois, de investigação e de atuação nas necessárias modificações sociais, a fim de serem evitadas revoluções resultantes do desajustamento do homem com certo estado social. 34 Pode-se dizer que o fim supremo do ensino superior é levar o homem a refletir sobre a vida social, o próprio homem, o mundo e seus fenômenos. ( Nérice, 1969 pg84) Entre as funções do ensino universitário, existe a Função profissional, que visa à formação profissional de nível superior, a que sabe, cientificamente, o como e o porquê da sua ação profissional, a criadora , que visa a estimular a imaginação e engenhosidade no campo das letras, artes e ciências, tendo em vista novas formas de expressão, de comunicação e de produção. A investigação neste processo também é muito importante, e tem por fim estimular “atitude amigável com as mudanças” , tendo em vista tornar mais conhecida a realidade humana e a realidade que envolve , para ser providenciado o atendimento de novas necessidades da vida social . A Função cultural e social no contexto universitário, incentiva a pesquisa, visando ao levantamento e cotejo da produção humana em todos os setores e em toda parte, para reflexão sobre a mesma e a Função social, busca atender às necessidades sociais da comunidade e do país . Diz, a respeito , Leopoldo Maupas (Nérici pg78 1969) que a universidade deveria indicar os fins e meios para a sociedade .A universidade deve ser , também, uma escola da comunidade , uma vez que tem por dever atender a necessidade da comunidade em que se localiza . assim, a universidade, em seus estudos , deve partir do particular (problemas concretos da comunidade ) , dirigir-se ao universal (estudo dos mesmos problemas em outras partes e outros países e em caráter geral) e voltar ao particular(visando a resolver ou atenuar as dificuldades da comunidade) . São outras funções, a Consultiva, reforçando a função social , de maneira que autoridades legislativas e executivas se dirigissem à universidade , consultando-a quando problemas de importância afligissem a comunidade e a Internacional, visando a estudar, de maneira objetiva e cientifica , por isso mesmo desapaixonada, pontos de conflito entre nações . CAPÍTULO VII 35 AVALIAÇAO –VERIFICAÇAO DO APRENDIZADO Dentro do campo educacional, a avaliação assume diferentes papéis .Uma classificação muito conhecida destes papéis é a de Bloom et al .(1983) que fizeram menção a três tipos de avaliação :formativa , somativa,e diagnóstica . Segundo Messick , Paixão , Bastos (1980) os termos formativa e somativa, referindo-se às funções da avaliação , foram empregadas primeiramente por Scriven, muito embora estas funções já tenham sido anteriormente esboçadas por Cronbach em um artigo que escreveu sobre aperfeiçoamento de cursos .(da Silva 1992 pg44) Concepção de Scriven Scriven conforme Stufflebeam(1981) considerou a avaliação formativa como parte integrante do processo de elaboração do currículo , capaz de fornecer uma retroalimentaçao que contribuísse para seu aperfeiçoamento .Tal avaliação , que inclui a análise de determinados aspectos do currículo , tais como validade de conteúdo, nível de vocabulário, adequação de meios, durabilidade de material, etc., é interna e global, e pretende melhorar o produto que ainda está para ser concluído . Com relação à avaliação somativa, Scriven, citado ainda por Stufflebeam(1981), afirmou que ela pode servir para ajudar os administradores a tomar decisões sobre se um currículo inteiramente acabado, aperfeiçoado pelo uso do processo de avaliação em sua primeira função(formativa), apresenta vantagens suficientemente significativas, em confronto com as alternativas existentes, que justifiquem as despesas com sua adoção por um sistema escolar (p.105)(da Silva 1992 p.45) Concepção de Bloom e colaboradores 36 Bloom et al. (1983) apontaram , para os seguintes tipos de avaliações ; Avaliação formativa : ocorre durante o processo de instrução; inclui todos os conteúdos importantes de uma etapa da instrução; fornece “feedback” ao aluno do que aprendeu e do que precisa aprender. Fornece “feedback” também ao professor, informando-o quanto às falhas dos alunos e quanto a aspectos da instrução que devem ser modificadas (métodos ,conteúdos, etc.) ;ajuda ao aluno a aprender de forma organizada contribuindo para que ele não acumule muita matéria para estudar de uma só vez; tem como corolários o atendimento às diferenças individuais dos alunos e a prescrição de medidas alternativas de recuperação das falhas de aprendizagem; pode constituir-se em fonte de motivação para o aluno , na medida em que é particularmente adequada para mostrar-lhe que atingiu ou quase atingiu o domínio esperado em determinada etapa da instrução . Avaliação somativa: ocorre ao final da instrução com a finalidade de verificar o que o aluno efetivamente aprendeu; inclui os conteúdos mais relevantes e os objetivos mais amplos do período de instrução; visa a atribuição de notas e certificados ; serve, com relação a cursos subseqüentes, para determinar o ponto de partida do ensino e para estimar o desempenho do aluno; fornece também “feedback” ao aluno ( informa-o quanto ao nível de aprendizagem alcançado) , conquanto este seja o objetivo central da avaliação formativa; presta-se à comparação de resultados obtidos com diferentes alunos, métodos e materiais de ensino . 37 Avaliação diagnóstica: ocorre em dois momentos diferentes: antes e durante o processo de instrução; no primeiro momento, tem por funções :verificar se o aluno possui determinadas habilidades básicas, tidas como pré-requisitos para a nova aprendizagem; determinar que objetivos de um curso já foram dominados pelo aluno ; classificar e grupar alunos conforme suas características; encaminhar alunos a estratégias e programa alternativos de ensino ; no segundo momento, busca a identificação das causas não pedagógicas dos repetidos fracassos de aprendizagem, promovendo, inclusive, quando necessário . o encaminhamento do aluno a outros especialistas (médicos , psicólogos, , orientadores educacionais,etc .).(da Silva 1992 pg43) A verificação da aprendizagem é a parte final do processo de ensino, iniciado com o planejamento de curso .Deve ela merecer, por parte do professor, toda atenção possível ; é através dela que se chega à conclusão sobre a utilidade ou não dos esforços despendidos , pelo professor e alunos, nos trabalhos escolares . É através dela que se fica sabendo se a universidade esta ou não cumprindo a sua missão e , principalmente, se está enriquecendo a vida do educando .(Nérici 1969 pg439) Outro aspecto importante da verificação da aprendizagem é a possibilidade objetiva que oferece de reorientação e recuperação dos alunos que foram se atrasando nos estudos. 38 CONCLUSÃO Ao fim do estudo, com base em dados bibliográficos ,mostramos o quanto há de importância no uso da metodologia didática no ensino. Com o domínio dos procedimentos didáticos pedagógicos, o professor tem subsídios para uma melhoria não só na qualidade das suas aulas, como no desempenho dos seus alunos, beneficiados pelo valor filosófico desta atividade desportiva que é o judô – uma arte milenar. Não seria demais repetir, ao término deste subscrito, que a didática difere o educador do simples instrutor; guiando aquele das portas do saber ao palco do educar, do ensinar. Sem ela, o ato de ensinar recai em erros infinitos, sem que ao fim dele haja um objetivo alcançado. De nada adianta levar informações diversas e variadas, sem métodos próprios ou ordem. Apenas formaremos alunos com cultura superficial e sem técnica apurada. O professor de judô deve estar atento aos métodos utilizados em suas aulas colocando estes de acordo com a faixa etária e respeitando a bagagem cultural dos seus alunos. 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA FJERJ. Judô Rio em Notícias. Informativo Oficial da FJERJ – Março - 1997. GADOTTI, Moacir. Historia das Idéias Pedagógicas. 8ª edição. São Paulo: Ática, 2004. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2001. (coleção Magistério. 2º grau. Série formação do professor) MAGIL, Richard A. Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações. 5ª edição. São Paulo: Edgard blüchr, 2002. PIAGET, Jean. A epistemologia genética / Sabedoria e ilusões da filosofia; Problemas de psicologia genética; traduções de Nathanael C. Caixeiro, Zilda Abujamra Daeir, Célia E. A. Di Piero. 2ª edição São Paulo: Abril Cultural, 1983. 40 SILVA, Vinícius Ruas Ferreira. Aspectos Históricos, Filosóficos e Sociológicos do aparecimento do judô. Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro. SILVA, Tomaz Tadeu da. Alienígenas na sala de aula. 4ª edição. Petrópolis RJ: Vozes 1995. ( Coleção estudos culturais em educação). SOARES, Carmem Lúcia, TAFFAREL, Celi Nelza Z., VARJAL, Elizabeth, et all Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. (Série formação do professor). BIBLIOGRAFIA CITADA AJURIAGUERRA, J. . Manual de Psiquiatria Infantil. São Paulo: Masson, 1983. FARIA JR, Alfredo Gomes de. Introdução à didática da Educação Física. Rio de Janeiro: Honor Editorial, 1972. GAMA, Raimundo João. O Caminho do Guerreiro. Rio de Janeiro: Esteio, 1997. GHIRALDELLI JR, Paulo. Educação Física Progressista. 8ª edição São Paulo: Loyola, 2003. MELLO, Alexandre Moraes de. Psicomotricidade, Educação Física e Jogos Infantis. 4ª edição. São Paulo : IBRASA, 2002. 41 MONTEIRO, Luciana Botelho O treinador de judô no Brasil. Rio de Janeiro: SPRINT, 1998. NÉRICE, Giuseppe Imídeo. Introdução a Didática Geral. Rio de Janeiro. Fundo de Cultura, 1969. SCHIMIDT, R. A. Aprendizagem performance motora: Dos princípios à prática. São Paulo: Movimento, 2000. SILVA, Céris Santos. Medidas e Avaliação em Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I FIBRAS MUSCULARES 1.1 – Fibras de contração rápida e lenta 16 16 CAPÍTULO II PSICOMOTRICIDADE 18 42 CAPÍTULO III AS FASES DO APRENDIZADO 20 3.1- A coordenação do movimento 21 3.2 – Desenvolvimento da coordenação fina 23 CAPÍTULO IV APLICAÇÃO A PRÁTICA DE TREINAR 4.1 – Estabilização da coordenação fina 24 26 CAPÍTULO V APLICAÇÃO A PRÁTICA DE ENSINAR E APRENDER 27 CAPÍTULO VI A UNIVERSIDADE E O ENSINO UNIVERSITÁRIO 29 6.1 – Classificação dos estudos universitários 30 6.2 – Objetivos do ensino universitário 31 CAPÍTULO VII AVALIAÇÃO – VERIFICAÇÃO DO APRENDIZADO 32 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37 BIBLIOGRAFIA CITADA 38 ÍNDICE 39 43 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Título da Monografia: “PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DIDÁTICOS ENSINO DO JUDÔ” Data da entrega: _____________________________ Avaliado por: ________________________________Grau:_________ NO 44 Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2005