Machado . A.O.D.V: Araújo. J.M.M.
INFLUÊNCIA DO
BENTONITA.
CARBONATO
DE SÓDIO
EM
DISPERSÕES
DE
A.O.D.V Machado', J.M.M. Araújo ~
I - Departamento de E ngenharia de Minas - Universidade Federal de Pernambuco . Rua Acadêmico Hélio Ramos. s/n.
Cidade Univcrsit{tria. CE P 50 .-+40-530. Rccifc-PE
E-mail : aureo(á •npd ufpc.b r
2 - Grupo de Tecnologia Mineral- Departamento de Engenharia de Minas- Universidade Federal de Pernambuco. Rua
Acadêmico Hélio Ramos. s/n. Cidade U nivcrsi túri a. CEP 50.440-530. Rccifc-PE
E-mail: jmma(c/inpd .ufpc.br
RESUMO
Di spersões de bcntonita são amplamente usadas cm tluidos de perfuração de petró leo ú base de ;ígua doce. dev ido às
suas propriedades rcológicas. A natureza do dtion troc{J vcl. sódio ou cúlcio. é um fator importante que determinam as
características das bcntonitas. A bentonita é mais adequada para usos cm lluidos de pcrfuraçiio. quando o íon sódio cst{J
prese nte cm quantidades significativas. O carbonato de sódio é usado para proporcionar a troca do íon sódio pelo íon
cálcio ou outro cátion polivalente da bentonita. Neste trabalho. estudou-se o co mportamento rcológico das dispersões de
quatro tipos de bcntonitas naturais do município de Boa Vista-PB c de três tipos do município de Anagé- BA. Todas as
amostras naturai s de bcntonita apresentaram baixa viscosidade. Observou-se um aumento da viscos idade apmcntc. com
o aumento da concentração de carbonato de sódio nas di spe rsões. Essas alterações foram marcantes cm três tipos de
bcntonitas.
PALAVRAS-CHAVE : bcntonita : csmcctita: viscosidade: lluidos de perfuração.
L INTRODUÇÃO
Bcntonitas consistem esse ncialmente de argilominerais do gmpo da csmcctita. A montmorilonita é o mineral predominant e.
Propriedades rco lógicas tais como viscosidade c tixotropia, representam uma função importante na aplicação da s
bcntonitas. Essas propriedades são afetadas por v{Jrios fatores como. por exemplo. tamanho c forma das partículas. tipo
de bcntonita. concentração da argila c de clctrólitos em suspensão (Odon. l 984, Yildiz ct ai., I 999) . As bcntonitas são
geralmente classificadas como tipo sódica ou cMcica. dependendo de qual é o cátion responsável pela troca cm dispersões
aquosas. A capacidade de troca de cátion é maior para a montmorilonita sódica. que apresentam as melhores propriedades
rcológicas para lluidos de perfuração (Darlcy c Gray, I 988).
Luckham c Rossi (I 999) citam que a montmorilonita sódica é a componente chave nos lluidos de perfuração que possuem
água como fase contínua, conhecidos como lluidos à base de água. Em baixas quantidades (4 a 5% cm peso) são capazes
de fonnar uma cstmtura como gel, necessária para carregar os detritos de perfuração c mantê-los cm suspensão quando
a circulação do lluido é interrompida.
Tentativas para transfonnar bentonitas não sódicas cm bcntonitas sódicas são uma prútica comum na indústria de argila. A
troca do íon é usualmente feita pela mistura de carbonato de sódio com a argila. usando v;írios métodos mecânicos . Esse
procedime nto melhora as propriedades reológicas da argila (Odon, 1984). Vários pesquisadores já estudaram a influência
desse processo cm diversos tipos de bcntonita (Yildíz et ai. , I 999: Hassan c Abdcl-Khalck. 1998). No Brasil, as argilas
bcntonítícas de Boa Vista-PB vêm sendo estudadas a mais de 40 anos (Sou:~_a Santos, I %8: Kiminami . 1981: Barbosa.
I 985: Queiroz, 1985). As bentonitas da Bahia foram estudas por Moreira ct ai. (I 985).
Neste trabalho. objetivou-se estudar a inlluência do carbonato de sódio cm dispersões de bcntonitas, dos estados da
Paraí ba e Bahia. As mudanças nas propriedades de !luxo do sistema bcntonita-<ígua-carbo nato de sódio foram estudadas
através de medidas de viscosidade. Este trabalho é um estudo inicial do projeto "Caracterização de Insumos Minerais
para Fluidos de Perfuração de Petróleo" que está sendo desenvolvido nos Laboratórios do Gmpo de Tecnologia Mineral/
DEMinas/UFPE e financiado pela CTPetro/Finep.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram sclecionadas sete amostras de argilas bcntoníticas naturais: quatro amostras provenientes da mina Bravo. município
de Boa Vista - PB, c três amostras extraídas das jazidas da Fazenda Cotia, município de Anagé-BA. As amostras da
Paraíba foram identificadas como: chocobofc. bofc. verde lodo c chocolatc.As amostras da Balüa foram classificadas
como tipos A, B c C.
2.1. Preparação das Amostras.
O mesmo processo de preparação foi realizado para cada tipo de amostra natural. O processo consistiu de secagem ao ar
livre. britagcm para atingir granulomctria inferior a 5 mm, homogeneização. quartcamcnto c anmv.cnamcnto cm sacos
plásticos. Seguiu-se uma etapa de desintegração da bcntonita . Nessa etapa. a bentonita foi fortemente agitada com f1gua.
por uma hora. Utilizou-se uma célula de !lotação com uma raí'.iío sólido-líquido de I :4 c velocidade de rotação de 1920
nnp. Após esta etapa. o material com granulomctria inferior a 74 micrômctros foi secado cm estufa (95" C). desagregado
no pulverizador Pulvcriscttc Fristsch. homogeneizado c separado em alíquotas de 32. 1 g.
2.2. Teste de Viscosidade.
Os testes de viscosidade foram realizados cm soluções que variaram de I a 5'% cm peso de Na 2 CO), cm relação ao peso
de bentonita. Utilizou-se água destilada c carbonato de sódio de pureza analítica. As dispersões foram preparadas com a
adição de 32 , I g de bcntonita num volume de 500ml de solução, agitação cm um Misturador Hamilton-Beach, por vinte
minutos: repouso de 24 horas c nova agitação por 5 minutos antes do teste. As leituras de viscosidade foram realizadas em
um viscosímetro Fann modelo 35-A.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após o processo de desintegração. a quantidade de material inferior a 74 micromctros foi superior a 93'% cm peso. cm todas
as amostra s estudadas. Os materiais com granulomctrias ilúcriorcs a 74 micrometros foram analisados no equipamento
Mastersizer 2000. da Malvcrn (Tabela I). As amostras da BaJüa apresentaram tamanhos de partículas superiores às da
Paraíba, quando foram comprados os valores de d(Oj) c d(0.9). Esses números representam os diâmetros onde 50 c 90'%
das partículas. respectivamente. são inferiores a esses valores.
Tabela I -Análise dos tamanhos de partículas no equipamento Mastcrsizcr 2000.
Tipo de hentonita
D(O 5) (l..tm)
D(0,9) (~_m_}
D(O, 1) (l..un)
10.730
Verde lodo - PB
1.284
3.372
14.277
5.780
Chocobofc - PB
2.453
14.697
Bofc- PB
5.597
2.288
19.ú84
6.784
Chocolate - PB
2.490
27.526
A-BA
1.833
7.238
28.118
B-BA
6.833
1.760
31.814
C -BA
1.873
8.066
A influência do tratamento alcalino na viscosidade aparente das dispersões de bentonita pode ser visto n<ls Figuras I c 2.
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Figura 1- Efeito do carbonato de sódio na viscosidade aparente das amostras de bcntonita da mina Bravo-PB.
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Machado. A.O.D.V.: Araújo. J.M .M.
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2- Efeito do carbonato de sódio na viscosidade aparente das amostras de bcntonita da fa:t.cnda Cotia-BA.
Nas amostras da Paraíba (Figura l) . os tipos chocobofc c verde lodo sofreram grande influência do processo. As
viscosidades aparentes foram superiores a I 5 cP. quando a quantidade de carbonato de sódio foi maior que 3,5 %. Os
tipos bofe c chocolate tiveram uma alteração discreta. Valores próximos a 7 cP foram obtidos. quando foram usados 5%
de Na 2CO, . Com relação às amostras da Bahia (Figura 2), apenas o tipo C teve uma variação significativa na viscosidade
aparente. Com 5% de Na 2C0 3, obteve-se menos de IOcP de viscosidade aparente. As outras amostras, praticamente, não
foram influenciadas pelo tratamento . Os baixos desempenhos obtidos pelas amostras estudadas são devidos a vários
fatores , confonne mencionado na introdução. como tipo de bcntonita c tamanho c forma de partículas. Além disso. a
temperatura cm que as amostras foram submetidas durante o processo de secagem. antes do tratamento alcalino . pode ter
influenciado a capacidade de troca dos cátions.
A influência do carbonato de sódio nas viscosidade s plústicas também foi investigada. Figura 3 e 4.
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Figura 3 - Efeito do carbonato de sódio na viscosidade pl<ística das amostras da mina Bravo - PB.
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Figunt 4- Efeito do carbonato de sódio na viscosidade pbstica das amostras da fazenda Cotia- BA.
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Não foram observadas modificações significativas nas viscosidades plústicas cm todas as amostras pesquisadas. O maior
valor alcançado ficou abaixo de 7 cP, para o tipo chocolatc-PB. Um dos fatores que afcta a viscosidade pléistica é a
presença dos cútions liberados no processo de troca com o sódio (Souza Santos. I%8). assim como os outros fatores jú
mencionados anteriormente.
4. CONCLUSÕES
Apenas as bcntonitas verde lodo c chocobofc. da mina Bravo, município de Boa Vista- PB c a tipo C da fazenda Cotia.
município de Anagé - BA. tiveram as viscosidades aparentes alteradas significativamente com o tratamento realizado
com carbonato de sódio. As viscosidades plústicas praticamente não foram afctadas cm todas as amostras estudadas.
Com relação aos requisitos mínimos de viscosidade aparente ( 15 cP), para uso cm fluidos de perfuração. apenas as
amostras da verde lodo c chocobofc atingiram esse valor, quando foram tratadas com quantidades superiores a 3.5'1<, de
carbonato de sódio.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Luckham, P. F. c Rossi, S. Thc colloidal and rhcological propcrtics of bcntonitc suspcnsions. Advanccs in Colloid and
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Queiroz., M. F. V. Influência do Tratamento de Cura cm Oímcra Úmida c Climatiz.ada nas Propriedades Rcológicas c
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Dissertação de Mestrado- DEQ/UFPE, Campina Grande. PB. 1985.
Souza Santos, P. , Estudo Tecnológico de Argilas Montmoriloníticas do Distrito de Boa Vista, Município de Campina
Grande. Paraíba. Tese para concurso;) Cútcdra de Química IndustriaL DEQ, EPUSP. São Paulo. I%8.
Yildiz. N., Sarikaya, Y c Çalimli, A. Thc effcct of lhe clcctrolytc conccntration and pH on the rhcological propcrtics of
thc ori ginal and Na,CO,-activatcd Kútahya bcntonitc Applied Clay Scicncc, v. 14. p. 319-327. 1999.
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influência do carbonato de sódio em dispersões de bentonita.