IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1037 BALANÇO DE ENERGIA E EVAPOTRANSPIRACAO EM MAMONA CULTIVADA EM GARANHUNS-PE1 José Romualdo de Sousa Lima1; Karoline de Melo Padilha2; Clarissa de Albuquerque Gomes 2; Antonio Celso Dantas Antonino3; Roberto Carlos Orlando1 1 Prof. Adjunto UAG/UFRPE, [email protected]; 2 Graduando em Agronomia UAG/UFRPE, bolsista PIBIC/CNPq/UFRPE; 3 Prof. Associado DEN/UFPE RESUMO – Objetivou-se determinar os componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxo de calor latente, fluxo de calor sensível e fluxo de calor no solo) e a evapotranspiração (ET) em mamona, pelo método da razão de Bowen. Para tal, instalou-se numa área de 9 ha da fazenda Estivas, Garanhuns – PE (8°53’S, 36°29’O, 842 m altitude), uma torre micrometeorológica contendo um pluviógrafo, um saldo radiômetro e sensores para medida da temperatura e da umidade relativa do ar, em dois níveis acima do dossel da cultura. Além disso, dois locais no solo foram instrumentados, cada um com duas sondas térmicas instaladas horizontalmente, nas profundidades de z1 = 2,0 cm e z2 = 8,0 cm, além de um sensor destinado à medida do fluxo de calor no solo, a 5,0 cm. Essas medidas foram armazenadas, a cada 30 minutos, em um sistema de aquisição de dados. A Rn foi utilizada, em média, como 43% no fluxo de calor latente (LE), 50% como fluxo de calor sensível (H) e 7% como fluxo de calor no solo (G). A ET seguiu as variações da precipitação pluvial, com valores total e médio de 146,1 mm e 2,1 mm d-1, respectivamente. Palavras-chave – evapotranspiração, razão de Bowen, fluxo de calor sensível, saldo de radiação. INTRODUÇÃO A mamona apresenta-se como uma cultura com enorme potencial para gerar empregos e fixar o homem no campo devido à utilização do óleo de suas sementes para a produção de biodiesel. Desse modo, várias pesquisas foram e estão sendo realizadas com essa cultura, no entanto, até o momento, existem poucas pesquisas que estudaram os componentes do balanço de energia, bem como a evapotranspiração dessa cultura. A quantificação dos componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxo de calor no solo, fluxo de calor sensível e fluxo de calor latente) é importante para propósitos meteorológicos, agronômicos e hidrológicos, bem como para o planejamento da irrigação das culturas e para uma 1 Trabalho financiado pela PRPPG/PROAD/REUNI/UFRPE CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1037-1041. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1038 melhor compreensão e modelagem dos processos de troca de massa e de energia que ocorrem na superfície da terra. O método do balanço de energia razão de Bowen é considerado um método padrão nas estimativas dos fluxos de calor latente e calor sensível, o qual vem sendo usado por diversos pesquisadores (Lima et al., 2005; Azevedo et al., 2007; Oliveira et al., 2009). Assim sendo, o objetivo desse estudo foi estimar a evapotranspiração da mamona (ET), bem como os componentes do balanço de energia, por meio do método do balanço de energia razão de Bowen. METODOLOGIA As medidas para a realização do balanço hídrico foram efetuadas numa área de aproximadamente 9 ha cultivada com mamona, localizada na Fazenda Estivas situada no município de Garanhuns-PE (8o 53’ S, 36o 29’ O, 842 m). O clima na microrregião de Garanhuns é mesotérmico, com temperatura média anual de 20°C e precipitação pluviométrica de 1333,1 mm, sendo os meses mais chuvosos de maio e junho. No dia 04 de agosto de 2009, sementes de mamona da cultivar BRS 149 Nordestina foram plantadas manualmente no espaçamento de 4,0 m x 1,0 m, com uma planta por cova. Os dados utilizados nesse trabalho correspondem ao período de 09/08/2009 a 18/10/2009 (05-75 DAP, dias após o plantio). Para a realização do balanço de energia foi instalada uma torre micrometeorológica no centro da área contendo dois sensores de medidas da temperatura e da umidade relativa do ar em dois níveis (z1 = 40,0 cm, e z2 = 110,0 cm) acima do dossel da cultura. Além desses sensores, foi instalado um saldo radiômetro para as medições do saldo de radiação e um pluviógrafo, para a medida da precipitação pluvial, sendo estes sensores instalados na mesma torre, numa altura de 2,0 m da superfície do solo. Para a medida do fluxo de calor no solo, foi instalado um fluxímetro numa profundidade z = 5,0 cm, juntamente com um sensor de umidade do solo na mesma profundidade, além de duas sondas térmicas instaladas horizontalmente nas profundidades de z1 = 2,0 cm e z2 = 8,0 cm. Todas as medidas citadas acima foram armazenadas como médias a cada 30 minutos, a exceção da pluviometria onde foi calculado seu valor total, em um sistema de aquisição de dados CR 1000 da Campbell Scientific. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1037-1041. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1039 O balanço de energia na superfície do solo pode ser calculado por meio da seguinte expressão: Rn G H LE (1) Em que: Rn – saldo de radiação; G - fluxo de calor no solo; H - fluxo de calor sensível e LE fluxo de calor latente. Todos os termos estão W m-2. A partição da energia disponível (Rn-G) entre fluxo de calor latente e fluxo de calor sensível pode ser obtida pelo método do balanço de energia – razão de Bowen: H T LE e (2) Em que: - constante psicrométrica (0,066 kPa oC-1); T - diferença de temperatura do ar (oC); e e - diferença de pressão de vapor (kPa). A partir da equação do balanço de energia, utilizando-se a razão de Bowen (), procedeu-se o cálculo dos fluxos de calor latente (LE) e calor sensível (H): LE H Rn G 1 (3) Rn G 1 (4) A taxa de evapotranspiração da cultura (ET) foi obtida dividindo-se o fluxo de calor latente pelo calor latente de vaporização, considerado como constante (2,45 MJ kg -1). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura1 é apresentada a evolução diária da precipitação pluvial e da evapotranspiração (ET) da cultura da mamona. Observa-se para o período estudado que a quantidade total de água precipitada foi 62,5 mm, sendo que a precipitação mais significativa (13,0 mm) ocorreu no dia 25/08/2009. Observa-se que a ET seguiu as variações da precipitação pluvial, com os valores mais elevados, ocorrendo logo após um evento de precipitação, sendo seu valor total de 146,1 mm e seu valor médio de 2,1 mm d-1. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1037-1041. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1040 A evolução diária dos componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxos de calor no solo, latente e sensível) na cultura da mamona é apresentada na Figura 2. Observa-se que o fluxo de calor no solo (G) manteve-se quase que regular durante todo o período de estudo. Os fluxos de calor sensível (H) e calor latente (LE) seguiram a distribuição da precipitação pluvial, pois, nos períodos de maior disponibilidade hídrica do solo, o principal consumidor da energia disponível (Rn-G) foi o LE, e quando existiu restrição hídrica no solo, o principal consumidor foi o H, ou seja, quando não existiu restrição hídrica no solo a maior parte da energia disponível foi utilizada no processo de evapotranspiração. Observou-se, ainda, que o saldo de radiação (Rn) foi utilizado em média como 43%, 50% e 7% para os fluxos de calor latente (LE), sensível (H) e no solo (G), respectivamente. Oliveira et al. (2009) avaliando os componentes do balanço de energia em mamona cultivada nas condições do Brejo Paraibano (Areia-PB), encontraram que o saldo de radiação foi utilizado, em média, como 52% no fluxo de calor latente, 38% como fluxo de calor sensível e 10% como fluxo de calor no solo. Uma possível explicação para essa diferença entre os resultados dessa pesquisa e os de Oliveira et al. (2009), se deve a menor precipitação pluvial ocorrida nesta pesquisa. CONCLUSÃO A Rn foi utilizada, em média, como 43% no fluxo de calor latente (LE), 50% como fluxo de calor sensível (H) e 7% como fluxo de calor no solo (G). A ET seguiu as variações da precipitação pluvial, com valores total e médio de 146,1 mm e 2,1 mm d -1, respectivamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, P.V.; SOUZA, C.B.; SILVA, B.B.; SILVA, V.P.R. Water requirements of pineapple crop grown in a tropical environment, Brazil. Agricultural Water Management, Amsterdam, v.88, n.1-3, p.201-208, 2007. LIMA, J.R.S.; ANTONINO, A.C.D.; SOARES, W.A.; BORGES, E.; SILVA, I.F.; LIRA, C.A.B.O. Balanço de energia em um solo cultivado com feijão caupi no brejo paraibano. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.9, n.4, p. 527-534, 2005. OLIVEIRA, I.A.; LIMA, J.R.S.; SILVA, I.F.; ANTONINO, A.C.D.; GOUVEIA NETO, G.C.; LIRA, C.A.B.O. Balanço de energia em mamona cultivada em condições de sequeiro no Brejo Paraibano. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.4, n.2, p.185-191, 2009. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1037-1041. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 14 3 12 2.5 10 2 8 Evapotranspiração, mm Precipitação pluvial, mm Página | 1041 1.5 6 Precipitação ET 1 4 2 0.5 0 0 Tempo, dias Figura 33 - Precipitação pluvial e evapotranspiracao da mamona durante o período de 11/08/2009 a 18/10/2009 em Garanhuns-PE 18 Energia diária acumulada, MJ m-2 16 Rn G LE H 14 12 10 8 6 4 2 0 11/08/2009 31/08/2009 20/09/2009 Tempo, dias 10/10/2009 Figura 2 - Evolução diária dos componentes do balanço de energia sobre a cultura da mamona durante o período de 11/08/2009 a 18/10/2009 em Garanhuns-PE CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1037-1041.