VISITAMOS CARAÍVAS, UM PARAÍSO NO SUL DA BAHIA REPLETO DE BRASILIENSES
Ano XIV • nº 239
Maio de 2015
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Rafael Lobo / Zoltar Design
EMPOUCASPALAVRAS
Está com boca pra quê? Um bom risoto de quinoa com nozes
e brócolis ou um filé de peixe ao molho de maracujá e manga?
Ou acha que seu paladar hoje está mais para um alentado filé
mignon ao molho de tamarindo, farofa de castanhas e arroz
aromatizado?
Seja qual for sua preferência gastronômica, certamente
ela estará incluída em um dos 86 menus dos restaurantes que
participam da décima edição do Brasil Sabor. Até o final do
mês, o festival promovido pela Abrasel, a Associação Brasileira
de Bares e Restaurantes, vai movimentar nossa cidade com
uma fórmula já consagrada: prato principal mais entrada
ou sobremesa por R$ 29, R$ 39 ou R$ 49.
As receitas criadas pelos chefs para os potenciais 60 mil
frequentadores dos restaurantes inscritos no festival têm em
comum a utilização de ingredientes regionais provenientes de
pequenos produtores rurais. E nos dias 30 e 31, baru, cagaita,
buriti, jatobá e outras delícias do cerrado estarão reinando
soberanas na Feira Gastronômica Brasil Sabor, no Parque
da Cidade, para fechar com chave de ouro mais uma edição
do festival (página 6).
Mas há outras novidades na área gastronômica. Uma delas
é a inauguração de um restaurante da franquia Red Lobster,
a maior do mundo em matéria de lagosta e frutos do mar.
Com capacidade para 174 pessoas, ele acaba de se instalar em
473m2 do Aeroporto Juscelino Kubitschek, por onde passam
anualmente 18 milhões de pessoas. Um dos carros-chefes
do cardápio é o Ultimate Feast, uma tenra cauda de lagosta
grelhada e patas de caranguejo ao vapor combinadas com
camarão grelhado ao molho scampi e camarão empanado.
De salivar! (página 9).
No mais, é conferir nossos destaques musicais, como o perfil
do Sr. Plebe Rude, ou melhor, Philippe Seabra, produzido pelo
jornalista Heitor Menezes. O sexto álbum de estúdio da Plebe,
Nação daltônica, comprova que a verve do comentário político
continua firme e forte: “As decisões que tomam por você/
E as opções que te deixam eleger / Seus horizontes esbarram
na TV” (página 22).
Boa comida, música e diversão contida em pílulas na seção
Dia & Noite (página 18). O que mais é preciso pra ser feliz?
Boa leitura e até junho.
Maria Teresa Fernandes
Editora
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águanaboca
Esse cuscuz de milho com camarão e crosta de baru,
do Boteco, é um exemplo da criatividade dos chefs
brasilienses que participam do Festival Brasil Sabor.
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picadinho
garfadas&goles
pão&vinho
doisespressoseaconta
diáriodeviagem
dia&noite
brasiliensedecoração
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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020
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ÁGUANABOCA
Filé mignon com crosta de baru e purê de mandioca, do Avenida Paulista.
Linguado grelhado com tortinha de macaxeira recheada com bobó de camarão, do Carpe Diem.
Uma década de sucesso
POR BETH ALMEIDA
O
s gourmets brasilienses já têm o
evento marcado na agenda. Afinal de contas, são dez anos do
Festival Brasil Sabor na capital federal,
desta vez com a participação de 86 bares
e restaurantes que praticam diferentes estilos de gastronomia e ambiente, mas todos eles servindo refeições com entrada,
prato principal e sobremesa ao preço de
R$ 29, R$ 39 ou R$ 49. A expectativa da
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, seção do Distrito Federal (AbraselDF), é que, até 31 de maio, sejam servidos cerca de 35 mil menus, mobilizando
algo em torno de 60 mil pessoas.
Tendo como tema o aniversário de
uma década do festival – “Há dez anos invadindo as ruas e celebrando o Brasil” – o
Brasil Sabor busca a valorização não só da
cultura gastronômica local, mas também
a utilização de ingredientes regionais, do
cerrado, e provenientes de pequenos produtores rurais, nos pratos elaborados pelos chefs das casas participantes. “A meta
é criar um elo entre esses pequenos produtores e os chefs de cozinha de Brasília.
Recebemos várias receitas, todas exclusivas, com produtos do cerrado, da agricultura familiar, e a gente acredita que esse
vai ser o grande diferencial do Brasil Sabor deste ano”, afirma o presidente da
Abrasel-DF, Rodrigo Freire.
ENTREVISTA: RODRIGO FREIRE
O presidente da Abrasel-DF defende uma maior interação entre bares e
restaurantes e os moradores das vizinhanças. Isso, para ele, não só torna a
cidade mais alegre, mas também mais
segura. “As melhores cidades do mundo, as mais gostosas de se morar, são
as que misturam de fato o comércio
com as moradias”, argumenta.
O que diferencia o Brasil Sabor
nesse mundo de festivais?
O nosso festival não é focado em pro6
moções. Até por ser uma associação que
preza pelo fortalecimento e desenvolvimento da gastronomia e da cultura brasileiras, a gente tem estimulado muito a
aproximação com ingredientes locais. A
ideia é focar na cultura gastronômica de
Brasília. Nosso interesse, como Abrasel, é
também movimentar as ruas. É um festival que faz com que as ruas de Brasília fiquem mais movimentadas. E isso traz
conforto, alegria e segurança. Porque é
impressionante como as ruas mais movi-
Os ingredientes dos produtores locais também serão a atração da Feira
Gastronômica Brasil Sabor, que ocupará
um amplo espaço no Parque da Cidade,
nos dias 30 e 31 de maio. Lá será possível
adquirir produtos como baru, cagaita,
buriti e jatobá diretamente dos produtores, além de degustar pratos com esses ingredientes, regados a sucos e drinques.
Haverá espaço ainda para quem quiser
ampliar seus conhecimentos culinários
aprendendo receitas nas aulas-show com
participação dos chefs, em cozinhas instaladas em pontos estratégicos da cidade,
entre eles a Torre de TV.
Como em edições anteriores, a clientela poderá acumular selos, um para cada
mentadas são mais seguras, as pessoas se
sentem mais seguras do que andando em
ruas desertas. Então, o festival tem uma
função que está acima do só promocional.
Por que é importante estimular
esse hábito entre os brasilienses?
Aqui em Brasília a gente tem todo um
planejamento urbano diferenciado. E a
gente tem que trabalhar melhor a relação do comerciante com o morador. O
brasiliense e as autoridades públicas de
Brasília precisam entender que essa mistura do morador com o comércio é uma
tendência no mundo. As melhores cidades, as mais gostosas de se morar, são as
Filé suíno em crosta de baru com purê de banana da terra, do Taypá.
Risoto de carne seca com banana da terra, do Bazzo Ristorante.
Fotos: Rafael Lobo / Zoltar Design
menu degustado, e, ao completar seis, terá o direito de repetir, gratuitamente, a refeição de que mais gostou. Neste ano, a
Abrasel também quer aproveitar a realização do festival para valorizar o papel social das ruas na convivência entre as pessoas e a importância da movimentação
proporcionada pelo funcionamento de
bares e restaurantes nas quadras comerciais da cidade, como explicou Rodrigo
Freire em entrevista à Roteiro (leia abaixo).
Independente dos objetivos da entidade, o fato é que o Brasil Sabor, como
vem acontecendo há dez anos, é uma ótima oportunidade para experimentar novos sabores, conhecer novos restaurantes
e, nessas visitas, quem sabe, fazer novos
amigos. Não dá para ficar em casa.
Festival Brasil Sabor
Até 31/5 em 86 restaurantes da
cidade (relação completa dos
participantes e descrição dos pratos
em www.brasilsabor.com.br).
que misturam de fato o comércio com as
moradias. Se tem só moradias, a gente
tem mais insegurança, como em algumas
dessas quadras à noite. Se tem só comércio, tem dificuldade à noite, por falta de
movimentação. Brasília foi feita com as
quadras comerciais para atender as residenciais e eu acredito que, com o crescimento da cidade, cada vez mais a gente
precisa desenvolver melhor esse diálogo
do morador com o comerciante.
A ocupação das ruas depende, então,
dessa boa convivência dos bares e
restaurantes com os vizinhos das
áreas residenciais?
Risoto de frutos do mar com arroz arbóreo, camarões,
lulas, mexilhões e molho de tomate, do Nosso Mar.
Exatamente. A gente está, inclusive, desenvolvendo uma campanha, batizada
de “Brasília, cidade viva”, que passa por
uma consciêncientização dos bares e restaurantes, mas que busca também educar um pouco os clientes para que não
cometam excessos e não perturbem a vida dos moradores dos blocos mais próximos. Ao mesmo tempo, temos trabalhado com a flexibilização da legislação com
relação a barulho. A lei hoje é muito rígida. Os músicos da cidade praticamente
não têm mais onde trabalhar. Então a
gente está fazendo essa campanha toda
em conjunto, para criar um equilíbrio..
Truta grelhada ao molho de limão e risoto de
banana da terra, do Limoncello Ristorante.
Até porque, com a lei seca, é
melhor consumir bebidas alcoólicas na vizinhança, não é mesmo?
Isso. Antes, o burburinho da cidade se
concentrava no Plano Piloto, especialmente na Asa Sul. Hoje, vemos que isso se descentralizou. Também Águas
Claras, Sudoeste, Guará, Sobradinho
e outras localidades têm ótimas opções
de bares e restaurantes. A gente tem
visto uma descentralização muito grande e cada vez mais isso pode ser frutífero para os próprios bairros. E essa ocupação pelo comércio traz mais segurança, mais vida para a cidade à noite.
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ÁGUANABOCA
POR VICENTE SÁ
FOTOS GADELHA NETO
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os avós italianos, Guilherme
Lavoratti, proprietário do Don
Ruffoni, herdou o respeito pelos mais velhos – o que se vê na logomarca da casa, uma homenagem ao avô – e o
prazer pela boa comida. Essa segunda herança é responsável pelo diferencial do restaurante – comidas saborosas para quem
come com prazer. O ambiente aconchegante e a posição da casa, voltada para dentro da quadra, evitam o barulho do trânsito e ajudam na concentração necessária
para a deliciosa tarefa.
No cardápio, é perceptível a mistura
das cozinhas francesa, italiana, espanhola
e brasileira, com destaque para o uso de
ingredientes do cerrado, como o jatobá e
frutas frescas. Então, como pede o cardápio, comecemos abrindo o apetite com
um mix de bruschettas em que três duplas de cortes de pão italiano vêm cobertas com tomate temperado, cogumelo e
pasta de fígado (R$ 14). Ou, ainda, uma
porção de bolinhos de tapioca picante,
fritos com queijo coalho e recheados com
geleia de abacaxi picante (R$ 17).
Nesse momento, se você ainda não
pediu, vai pedir para ver a carta de bebidas e escolher um bom vinho argentino
ou português – ou ainda uma das 26 cervejas especiais selecionadas a dedo por
Guilherme, um conhecedor. Entre as
mais elogiadas estão a Backer Capitão
Senra (R$ 26), cerveja artesanal mineira
do tipo Amber Lager, assim batizada em
homenagem ao motociclista que percorreu todo o Brasil há 50 anos, e a Invicta
Weiss, à base de malte de trigo (R$ 22,50).
Com o paladar devidamente preparado, vamos em frente na seção que o cardápio define como “pegar leve”. Aqui,
Fotos: Divulgação
Quatro em um
Guilherme Lavoratti (à direita) e o chef Sandro Rodrigues.
Pancetta, purê de mandioquinha e salada de palmito.
podemos escolher o gaspacho (R$ 23), a
salada acompanhada de queijo de cabra
derretido sobre algumas torradas (R$ 19)
ou um caldo de cogumelo bem cremoso
(R$ 29). Ainda seguindo a orientação do
cardápio, vamos para a seção “para comer sem pressa”. Aqui, aconselhamos
três opções: o pato à moda franco-brasileira, grelhado ao ponto com molho de
laranja, purê de mandioca e salada verde
com ervas (R$ 63), o carré de cordeiro
com legumes grelhados e farofa de jatobá
(R$ 60) e a pancetta, barriga de porco assada a baixa temperatura, acompanhada
de um molho de mel, purê de mandio-
Restaurante Don Ruffoni
204 Norte – Bloco A (3037.1020)
2ª feira, das 11h30 às 15h;
3ª a sábado, das 11h30 às 24h.
Bolinhos de tapioca picante.
Fotos: Divulgação
quinha e salada de palmito (R$ 42). Outras opções deliciosas são os risotos de camarão (R$ 40) e três tomates (R$ 34) e o
filé ao pesto (R$ 38).
Havendo espaço para sobremesa, recomendamos a Marmelada do Quilombo, produzida na região do antigo quilombo de Mesquita, em Goiás, servida
com queijo da Serra da Canastra e crocante de castanhas de caju (R$ 15). Muito
apreciados, também, são a maçã ao forno
(R$ 13) e o obacaxi com hortelã (R$ 12).
Inaugurado em setembro do ano passado, o Don Ruffoni, cuja cozinha é comandada pelo chef Sandro Rodrigues,
também oferece almoço executivo de segunda a sábado, sempre com duas opções por dia, sendo uma vegetariana Segunda-feira, por exemplo, é dia do picadinho de filé ao molho de vinho, ovo poché, arroz branco, farofa de jatobá e banana à milanesa, e do linguini com abobrinha e tomate cereja; terça, poulet basquaise (à moda do País Basco) com purê
de mandioquinha e legumes ou lasanha
de ricota com espinafre; quarta, ossobuco à moda de Milão, com risoto de açafrão, ou gnocchi al pomodoro e basilico;
quinta, coq au vin com arroz branco ou
risoto de cogumelos; sexta, cassoulet
com arroz branco ou arroz com lentilhas
e salada mediterrânea. Os preços são
sempre os mesmos: R$ 35 ou R$ 25 (esse
o dos pratos vegetarianos). Todos os dias
são servidos ainda o chorizo à brasileira
(200 gramas de chorizo prime com farofa
de ovos, vinagrete e arroz com legumes,
por R$ 32,90) e o bobó de camarão,
acompanhado de arroz com legumes e
polenta frita (R$ 29,90).
O ambiente tranquilo e bem decorado facilita a conversa calma e o bom
apreciar de uma comida que une quatro
referências culturais em pratos bem desenvolvidos e que acabam conquistando
nosso respeito.
Talharim com cogumelho
Ultimate Feast
Lagosta e muito mais
POR SÚSAN FARIA
O
Aeroporto Juscelino Kubitschek,
por onde passaram 18 milhões
de usuários em 2014, está repleto de novidades: novas rotas aéreas, exposições, amplos espaços e muitas lojas.
A mais recente é o moderno e aconchegante Red Lobster, especialista em lagosta e frutos do mar, considerada a maior
rede do mundo no ramo. Instalado desde 30 de março numa área de 473 m2,
com capacidade para 174 pessoas, o restaurante, cujo slogan é “um mar de sabores”, tem ficado lotado, especialmente
nos fins de semana.
O que chama a atenção dos brasilienses e transeuntes são a qualidade, a inovação e o sabor dos alimentos (sopas, saladas, lagostas, caranguejos, camarões,
peixes e sanduíches), das bebidas e das
sobremesas, bem como a atenção e o tratamento vip com que todos são recebidos por uma equipe bem treinada e profissional. A rede americana, que tem duas
unidades em São Paulo, uma no Aeroporto de Guarulhos e outra na Avenida
Faria Lima, oferece também em Brasília
cardápio semelhante ao servido nos Estados Unidos. A marca chegou ao Brasil
como resultado de um contrato entre a
Darden Restaurants e a International
Meal Company (IMC).
Um dos carros-chefes do cardápio é o
Ultimate Feast – cauda de lagosta grelhada e patas de caranguejo ao vapor combinadas com camarão grelhado ao molho
scampi e camarão empanado (R$ 114,90).
Outro prato delicioso é o Rock Lobster
Tail, servida com purê de batata caseiro
e mix de vegetais frescos (255 gramas a
R$ 89,90 ou 170 gramas a R$ 64,90). Se
o cliente preferir, antes da lagosta pode se
servir de entradas como a Seafood Pizza
– camarões, vieiras, mussarela gratinada,
tomates frescos e manjericão (R$ 29,90),
ou a Seafood Stuffed Mushrooms, de cogumelos frescos cobertos com mix de frutos do mar e queijo Monterey Jack gratinado até dourar .
São muitas combinações oferecidas
pelo restaurante: pratos com peixe, camarão, caranguejo, vieiras, frango e carne vermelha. O Salmon New Orleans,
com mix de camarões, molho Tabasco
Buerre Blanc e brócolis, custa R$ 52,90.
Os pratos servem até duas pessoas. Entre
as sobremesas, Chocolate Chip Lava
Cookie, com sorvete de baunilha e calda
de chocolate (R$ 19,90). A limonada
Raspberry, com xarope de banana, pêssego ou morango, custa R$ 9,90.
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Comida boa, em ambiente clean (mesinhas de madeira e paredes bem decoradas, com fotos de portos), fundo musical
de qualidade e um visual das pistas de
pousos e decolagens e da mata nativa do
aeroporto podem proporcionar momentos especiais de muito sabor e descontração. Tanto é que muitos brasilienses,
mesmo sem estar com passagem aérea no
bolso, estão indo ao Red Lobster. “É um
movimento natural. Muitas pessoas se
preparam para vir aqui, independentemente de estarem viajando”, comemora
o diretor de marketing, Renato Ribeiro.
Criada pelo americano Bill Darden,
aos 19 anos de idade, o Red Lobster foi
inaugurado em 1968, em Lakeland, na
Flórida, e hoje possui 680 unidades nos
Estados Unidos e Canadá. Em Brasília
tem 70 funcionários e 80% das refeições
são preparadas com produtos nacionais.
Tem recebido, em média, 180 clientes
diariamente, número que dobra aos sábados e domingos.
O Aeroporto Internacional de Brasília é o segundo do país em número de
passageiros e o terceiro em número de
voos internacionais. É ainda o maior em
capacidade das pistas, podendo operar
um pouco ou decolagem por minuto.
E agora tem um restaurante à altura.
Comida segura
POR SÚSAN FARIA
H
Fotos: Divulgação
Fish in a bag (acima) e seafood pizza.
Red Lobster
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Praça da Alimentação do Aeroporto
Internacional de Brasília (3364.9097).
Diariamente, das 11h às 22h.
á muito tempo que o trabalho
de um nutricionista não se resume a cardápios equilibrados e
criativos. Hoje, esse profissional está mais
atento às responsabilidades com a segurança e a qualidade da alimentação, treinando equipes para saberem comprar, armazenar, higienizar, manipular e processar os alimentos. Ele deve conhecer desde
iluminação e ventilação até bons equipamentos e legislação sanitária. Isso porque
o consumidor, ao mesmo tempo que come mais fora de casa, está mais exigente
e tem fácil acesso às redes sociais para denunciar abusos ou falta de compromisso
dos estabelecimentos com a sua saúde.
“Um fio de cabelo num prato pode causar muita perplexidade e repercussão negativa do restaurante nas redes sociais”,
exemplifica a nutricionista Juliana Braga.
Há alguns anos ela vem treinando
equipes de restaurantes, creches e confeitarias de Brasília, com base em seus estudos e seguindo a Resolução 216-2004 da
Anvisa, que alerta para vários itens que
podem comprometer o padrão de segu-
rança alimentícia de um estabelecimento, especialmente os fatores físicos (insetos, fios de cabelo ou parafusos, por
exemplo), químicos (resíduos de detergentes) e biológicos (causadores de vírus
e bactérias). Juliana também segue as regras da APPCC (Análise dos Perigos e
dos Pontos Críticos de Controle), sistema americano de prevenção de riscos na
comida, que proporciona maior satisfação ao consumidor, torna as empresas
mais competitivas, amplia possibilidades
de novos mercados e propicia redução
da perda de matérias primas, embalagens
e produtos.
Trabalho é o que não falta a Juliana,
34 anos, baiana radicada em Brasília,
com MBA em Gestão de Negócios da
Alimentação. Ela atende a rede Johnnie
Burger, as 11 lojas Bolos do Flávio, o
Universal Diner, o Loca como Tu Madre, o Ancho Bistrô de Fogo, o Parrilla
Madrid, a Pizzaria Baco, o Limoncello e
a Infante Day Care, creche e pré-escola
de Águas Claras, onde escolheu até os fogões – sempre elétricos, para evitar incêndios. Entre as boas práticas orientadas pela nutricionista, nada de brincos,
anéis, pulseiras ou alianças na cozinha.
Além do perigo de essas pecinhas caírem
no meio de um prato, elas podem levar
bactérias aos alimentos.
Comer rezando, o blog de Juliana, tem
seis anos de existência e 17 mil acessos
por mês. “É meu terceiro filho”, orgulhase. No blog ela dá dicas de onde comer
bem, dentro e fora do Brasil, com preços, citações de pratos e links dos estabelecimentos. Os pedidos de informações
sobre onde comer eram tantos que o pessoal do Sindicato dos Nutricionistas da
Bahia deu a sugestão: “Cria logo um blog
que facilita”.
Nos treinamentos, primeiro Juliana
faz um diagnóstico da casa, identifica o
que ela precisa e sugere a base de boas
práticas de manipulação, que vão desde a higiene pessoal à higiene da caixa
d’água do estabelecimento. Seus clientes
são fixos e o treinamento é ministrado a
cada três meses. “Há muito mercado em
Brasília para a Nutrição. Antigamente,
uma mulher grávida, um recém-operado
ou um transplantado só comia em casa
para ter segurança de sua saúde. Hoje, isso mudou”, garante.
Ela parte do princípio de que ninguém sabe se o cliente tem ou não saúde
delicada ou sistema imunológico baixo.
Então, o importante é ter responsabilidade e garantir que não haja contaminação
na comida. A seu ver, entre as maiores
dificuldades encontradas no setor de alimentação estão cozinhas subterrâneas,
perto de caixas de gordura, com pouco
espaço, inclusive para armazenar e manipular alimentos. “Não se pode usar o
mesmo recipiente para cortar carne e
verduras. A falta de higienização das ver-
Fotos: Divulgação
e saborosa
duras é outro complicador. Só o fato de
a salada estar verdinha não significa que
as folhas foram bem lavadas”, comenta.
No início de abril, Juliana treinou os
chefs e subchefes do Ancho Bistrô de Fogo, na 306 Sul, lembrando que esse treinamento é exigido pela Anvisa e que falar em boas práticas de alimentação envolve toda a cadeia produtiva e até o
acondicionamento do lixo. Segundo ela,
a maior parte das contaminações vem
das mãos. Então, unhas sempre bem curtas e higienizadas – e nada de esmalte.
Na opinião de Renata Carvalho, uma
das proprietárias do Ancho, a estética
dos alimentos também diz muito. “As
pessoas primeiro reparam no prato, comem com os olhos e precisam ter uma
boa impressão de tudo”.
Este ano, o slogan do Dia Mundial
da Saúde, 7 de abril, foi “Alimento seguro: do campo à mesa, faça a sua parte”. A
Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS) e a Organização Mundial da
Saúde (OMS) prepararam folders, textos, prêmios, vídeos e eventos sobre o assunto. Em um dos vídeos, dirigido a
crianças, Cinco chaves para uma alimentação mais segura, a explicação do que são
alimentos bons, maus e patogênicos e o
que fazer para se alimentar bem. Em várias cidades do mundo, em abril e maio,
nutricionistas e higienistas estarão participando de encontros sobre alimentação
segura. No Brasil serão realizados o VII
Congresso Latino Americano e o XIII
Congresso Brasileiro de Higienistas de
Alimentos, de 28 de abril e 1º de maio,
no Hotel Atlântico Búzios, com o tema
central “Alimento, promoção da saúde e
compromisso sócio ambiental” e a expectativa de 1.200 participantes.
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Bacalhau no Rubaiyat
Ainda no campo do inusitado: na noite do
dia 19, terça-feira, clientes do Empório Árabe,
de Águas Claras, poderão degustar às cegas,
com os olhos vendados, um menu-surpresa
composto por entrada, dois pratos principais
e sobremesa, cada qual harmonizado com
uma taça de vinho. Essa vai ser a quarta edição
da “noite dos sentidos”, que oferece aos
comensais a oportunidade de prestar atenção
não só aos sabores, mas também aos aromas,
texturas e sons à sua volta. O menu só será
revelado ao final do jantar, que custa R$ 120
por pessoa (reservas pelo telefone 3436.0063).
O restaurante suíço Blindekuh, de Zurique, foi
o inventor, 16 anos atrás, dessa modalidade
de degustação, que a partir daí virou moda na
Europa, Estados Unidos e, mais recentemente,
no Brasil.
Vinhos de Somontano
Virão dessa região localizada no nordeste da
Espanha, entre o vale do Rio Ebro e os Pirineus,
os vinhos da próxima degustação promovida
pelo Instituto Cervantes Brasília em parceria
com a importadora B-Cubo, dia 27, a partir
das 19h. Para o sommelier Carlos Borges,
diretor da B-Cubo (na foto acima), trata-se de
uma região produtora diferente e mais ousada
do que outras da Espanha, pela proximidade
com a França, de onde recebe grande influência.
“Os espanhóis chegam a chamar os vinhos de
lá de ‘afrancesados’, por serem mais elaborados e frescos”, diz. Serão servidos sete rótulos:
Laus Flor de Chardonnay (branco), Laus 700
ALT (branco com madeira), Laus Flor de Merlot
(rosado), Laus Roble, Laus Crianza, Laus
Reserva e Laus 700 ALT (os quatro últimos
tintos). A degustação custa R$ 70. Reservas
pelo telefone 3242.0603.
Por falar em vinho...
Divulgação
Grupos de pelo menos quatro pessoas que
participarem do rodízio de pizzas da Dolce Far
Niente (Edifício Vila Mall, Avenida Castanheiras, 1.060, Águas Claras), de terça a quintafeira, a partir das 19h, ganharão um desconto
de 20% no preço de qualquer vinho da casa.
No rodízio (R$ 46,90 por pessoa) são servidas
20 pizzas salgadas – entre elas essa aí abaixo,
de shitake – e quatro doces, todas preparadas
com massa romana ou napolitana tradicional,
integral ou sem glúten (à base de arroz, azeite,
sal e açúcar).
Rafael Lobo / Zoltar Design
Divulgação
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Para comemorar sete anos em Brasília, a rede
Sushiloko está presenteando a clientela, pelos
próximos três meses, com novos pratos e
copos colecionáveis. Ao longo desse período,
quem consumir um dos novos pratos terá
direito a adquirir, por R$ 4,90, um dos copos
estampados com os deuses da sorte do Japão:
Sabedoria, Felicidade, Saúde, Prosperidade,
Proteção, Conhecimento e Riqueza. A cada
dia da semana, um modelo de copo e um tipo
de prato, um deles até com inspiração bem
brasileira: esse mini acarajé acompanhado
de enrolados de salmão e couve, servido às
sextas-feiras. Axébanzai!
Jantar no escuro
Para crianças
Quem também acaba de reformular o cardápio
é o duoO Restaurante, conhecido por sua
gastronomia funcional, baseada em alimentos
nutritivos e no preparo saudável. Entre as
novidades, dois pratos infantis já disponíveis
na unidade da 103 Sul: esse macarrão com
almôndegas (R$ 25) e um frango empanado
com purê de batata barôa (R$ 24). Os adultos
também foram contemplados com novos
pratos, servidos das 19 às 23h de segunda a
sexta-feira e, nos fins de semana, também no
almoço: picadinho de filé com arroz integral,
farofa de castanhas e sementes e ovo pochê
(R$ 44), lombo ao molho de mel e arroz biro
birô (R$ 41), filé de frango grelhado com
penne de milho e chia ao molho de tomate
e manjericão (R$ 39), risoto de limão siciliano
(R$ 52), salmão em crosta de quinoa com
legumes e brotos na manteiga ghee (R$ 45),
lasanha de berinjela à bolonhesa (R$ 38)
e penne de milho com chia, filé em tiras
e shitake (R$ 44), entre outros.
Acarajé japonês
Divulgação
Em um restaurante cujo nome se tornou
sinônimo de boa carne, parece até inusitado
que o destaque do novo cardápio seja o
bacalhau ao forno, que chega às mesas
com cebolas, brócolis, batata, tomate cereja
confitado e azeitonas (R$ 190, servindo três
a quatro pessoas). Batizado de “pratos da
família”, o cardápio elaborado pelo chef
executivo do Grupo Rubayat, o espanhol Carlos
Valentí, conta ainda com outras quatro opções
para esta temporada outonal: um mix de
carnes acompanhado de legumes na grelha e
arroz ou farofa (R$ 190), uma paella valenciana que leva frutos do mar e da terra (R$ 210),
a carne da Fazenda Rubayat, guisada com
vinho do Porto e acompanhada de polenta e
arroz branco (R$ 160), e um irresistível festival
de sobremesas (R$ 35), no qual não dá para
perder o cheese cake. Todos, claro, servidos em
porções para a família inteira.
Andreia Marlière
Rogério Gomes
PICADINHO
Festival
De 14 a 31 de maio, menus especiais
em diversos restaurantes de Brasília
www.brasilsabor.com.br
Entrada ou Sobremesa
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+ Prato Principal
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ou
ou
Curta também
R$ 1 para o
Feira Gastronômica no Parque da Cidade +
Instituto Amigos
�� e �� de maio
da Vida
13
GARFADAS&GOLES
LUIZ RECENA
[email protected]
Velho e novo
sabor saudade
A gaúcha Uruguaiana é muito distante de Brasília. Dista quase 800 quilômetros da capital, Porto Alegre. Faz certo tempo
ganhou uma música em sua homenagem, que no título diz tudo: “Como é longe Uruguaiana!”. Até mesmo os rio-grandenses
do sul brincam com o tema, quando informados de mais um reparo na estrada, que encurtou um pedaço do trajeto. “Nessa
hora a cidade descobre e dá mais uns passitos para trás...”. Ou seja, continua longe, talvez até mais. Em tempos de riqueza
teve ligação aérea e ferroviária com a capital. Um trem noturno e rápido, com serviço de bordo, garantia bom sono e bela
viagem. O rodoviarismo e o atraso mental dos dirigentes, independente de partidos, venceram de novo e hoje só temos
ônibus. Bons ônibus e só. Na ida, a odisseia foi em partes; na volta, de um tiro só. Continuo sem saber qual a melhor...
Bom de verdade foram as garfadas, muitas, e os goles menos, sempre menos, do que o desejado. A eles, pois.
La minuta
Do aeroporto até a rodoviária é o início
de uma pequena viagem no tempo. Fora
da Copa do Mundo, a “arena” dos ônibus ainda tem ares de província e sabores idem. O tempo curto foi do tamanho
certo do “a la minuta”: bife na hora, ovo
frito, batata frita, arroz branco, feijãozinho e salada. Para molhar o bico e puxar
o sono da tarde até Santa Maria, uma
latinha de Polar, “a melhor brahma gaúcha”, segundo um filósofo e artilheiro
do futebol local. Doze “pilas” e o nascer
de uma saudade.
Augustus Augusto
Santa Maria é um coração de estudante.
Muitas vezes mais do que isso. O melhor
e mais famoso galeto do interior do Rio
Grande ainda está lá, no restaurante Augusto. Saboroso e farto. E com a sorte de
saudar o patriarca, 87 anos, capaz de reconhecer o colunista disfarçado em sobrepeso e cabelos brancos. “Ventania!
És tu mesmo?”. Lágrimas responderam
com credibilidade maior do que a voz
embargada. Familiares tocam o barco
com a competência antiga. É porto seguro. Os amigos por perto dão a moldura
que enriquece o quadro dos afetos. Um
quadro que se reforça também nos reencontros em outros pontos da cidade, onde a frase “foi aqui que tudo começou” é
de longe a mais repetida.
Rota 290
Não tem mais andarilhos, motos, baseados, calças desbotadas e cabelos longos ao
vento. Mas a velha estrada está lá: longas
retas, campos planos, animais pastando.
Uma, duas, três horas e tudo igual. Cansou? Pois relaxe que tem mais. E mais e
mais e mais. Um dia chega, uma hora estaciona. O auto é bom e o motorista também. A conversa melhor que tudo. Só
memória, só saudade, só distância. No
chão e no tempo. Um rápido descanso
e no fim da tarde a primeira costela.
Essa a gente nunca esquece. Os sinais de
modernidade estão no tinto argentino e
na churrasqueira na varanda do apartamento. O velho Rio Uruguai avisa que
está por perto. Batata doce, pança cheia
e um sono uterino. É bom voltar...
Livre libres
“El Paso de la Pátria”. A terra correntina
igualmente faz ataque de saudade. Não
muda e se renova. É um fenômeno. Com
o peso fraco, somos quase ricos. E tome
compra: doce de leite, alfajores, batatada,
carne boa, queijos, vinhos. Uma ponta
de contrabando nunca abandona a alma
fronteiriça e a quota estoura, mas passa.
Como é longe Uruguaiana! Quão pequenas ficaram as enormes casas da infância!
Como se resumiram as dantescas disputas
de basquete. Mas é bom voltar. Rever amigos, remexer as memórias, chorar o pranto
livre e despido de vergonhas. Por fim, Porto Alegre. Mais costelas, mais conversas
e ver o tempo passando para a gurizada...
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e linfática, tratamento
complementar de celulite
e obesidade. Técnica
japonesa.
14
Mariinha, profissional
com mais de 40 anos
de experiência.
910 Sul, Mix Park Sul, Bloco I
sala 18. Tel.: 3242.8084
PÃO&VINHO
ALEXANDRE FRANCO
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Irredutíveis gauleses
Meus contemporâneos hão de se lembrar, da infância
paralela à minha, de um clássico da literatura infantojuvenil: os irredutíveis gauleses Asterix e Obelix, principais
personagens da estória de uma aldeia gaulesa que resistia
sempre e sempre à invasão e domínio romano.
Parece-me que os vinicultores franceses seguem o mesmo
exemplo de seus ancestrais, pois seus vinhos, dos mais aos
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HQyÀORVGHSRLVGHYiULRVHPEDWHVQDV~OWLPDVWUrVGpFDGDV
com novas estrelas, em especial vindas do chamado Novo
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coisas novas do Velho Mundo, como o rejuvenescimento dos
vinhos portugueses, o surgimento, agora já consolidado,
de vinhos Italianos inovadores sob denominações genéricas
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vinhos do leste europeu.
Digo isso menos baseado em números comerciais e
mais na observação de círculos de bons apreciadores de
vinho, que voltam a preferir costumeiramente degustar
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alguns preços por vezes nada convidativos.
(XPHVPRTXHVHPSUHWLYHSRUSUHIHUrQFLDQDWXUDO
navegar por todos os mares, variando continuamente
as origens dos vinhos escolhidos para beber, comecei
a observar, de uns tempos para cá, que não apenas as
minhas adegas passaram a ser tomadas por uma maioria
de franceses, mas principalmente que as garrafas bebidas e
guardadas para futuros comentários passaram a acumular
essa mesma origem.
Eis que, ao resgatar os últimos exemplares da Roteiro,
defrontei-me com nada menos que seis garrafas francesas,
GDVTXDLVHVFROKLWUrV%RUGHDX[HGRLV&KkWHDXQHXIGX3DSH
para trazer-lhes à apreciação. Do Châteauneuf, não da
minha recente visita à região, mas de compras passadas,
temos o Domaine Cros de La Mûre 2007, um dos bons
representantes do vinho da região, que utiliza com
maestria a Grenache, a Mourvedre e a Counoise para
mostrar uma ótima complexidade aromática com
IUDPERHVDVHDPRUDVYDOHOHPEUDUTXHP€UHVLJQLÀFD
amora), uma boca macia, redonda, fresca e longa
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de seu criador, “um vinho com equilíbrio, frescor,
brilho e suavidade”.
Ainda de Châteauneuf, também o Domaine Lafond
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utiliza, de forma mais clássica, a Grenache, a Mourvedre e
a Syrah, muito intenso na cor quase púrpura, com nariz a
cassis e alcaçuz, com toques de lavanda, no palato é sedoso
e com fundo doce. Um vinho para ocasiões especiais.
De Bordeaux, primeiro uma boa surpresa: o Grand Vin
de Cantegril 2006, vindo de Graves. Um vinho elegante, de
tradicionais 12,5% de álcool, de cor rubi, aromas de frutas
vermelhas muito maduras e leve toque de pimentão e boca
muito saborosa, macia, de corpo médio e taninos maduros
e bem domados. Um clássico corte de Cabernet Sauvignon
e Merlot que funciona muitíssimo bem.
Para completar, dois dos grandes: um Château Giscours
2006 e um Château Pichon Longueville – Comtesse de
Lalande 2002. O primeiro, um típico corte de Margaux
de Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, com 13%
de álcool, de vermelho denso, no nariz muito frutado e
caráter mineral, além de claro toque de cassis. O segundo,
um Pauillac de grande estirpe, puro sangue da Cabernet
Sauvignon, de cor rubi, de aromas complexos de frutas
maduras, especialmente cassis e cerejas, toques de tabaco
e um certo defumado. Um exemplo de elegância,
harmonia e balanceamento.
15
DOIS ESPRESSOS E A CONTA
CLÁUDIO FERREIRA
[email protected]
Bem-vindos, food trucks!
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clientes de todas as idades e tribos e estão cada vez
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sempre abertos às novidades, é grande o contingente de
consumidores que já incorporaram os caminhõezinhos
simpáticos aos hábitos alimentares.
Eles são cada vez mais ecléticos em termos de cardápio.
Inevitavelmente são especializados. No exíguo espaço físico
dos food trucks, não dá para querer oferecer lista extensa
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sanduíche, o outro pelo risoto, mais um pela comida
japonesa, e assim por diante. Por isso, esses eventos
nos quais um caminhão se posiciona próximo a outro
são ótimos – ao invés de concorrentes, eles são
complementares. O grupo que vai comer junto tem
várias opções, pode sentar em local estratégico, misturar
culinárias distintas e sair satisfeito.
Mesmo em atitude solitária, eles fazem sucesso. Já
percebi, por exemplo, que um deles estaciona algumas
noites entre a comercial da 201 Sul e o prédio da Polícia
Federal. Local meio ermo à noite, né? Ledo engano:
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Os preços? Na primeira vez em que comi um
hambúrguer em um food truck achei a cifra meio salgada,
mas o hambúrguer estava ótimo. O problema é que
a gente compara os preços com o da comida de rua
tradicional, sem lembrar que existe todo um conceito –
palavra da moda – atrás daquela estrutura de ferro com
fogão, cozinheiros e caixa.
Gosto da criatividade das formas dos caminhões. Uma
adaptação para transformar o que era meio de transporte
16
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cores, o formato, o balcão e o logotipo. A comunicação
tem que ser rápida: o cliente que passa a pé ou de carro
tem que entender, de cara, qual é a comida que está
sendo vendida por ali.
Estratégia boa é vender a comida em recipientes
descartáveis. Pratos, talheres e copos que possam ser
jogados no lixo depois – e o latão de lixo, é claro, tem que
estar bem visível. Embalagens de papelão, pratinhos de
isopor, guardanapos grandes, é como se a gente fosse
comer ao lado do caminhão com as ferramentas de quem
optou pelo delivery. Ideal para ambientes ao ar livre.
Já existe até reality-show de food truck, veja só!
O canal TLC, presente em algumas operadoras de TV paga,
mostra uma competição semanal com proprietários dos
caminhões, que precisam conquistar um júri com suas
iguarias rápidas. Os norte-americanos, aliás, são
especialistas no assunto: os caminhões que vendem
sanduíches rápidos já fazem a cabeça dos nova-iorquinos
há muito tempo.
Esta é uma globalização, aliás, que abre espaço para
as características locais. Primeiro, porque a culinária é
adaptada ao gosto de cada país. Depois, porque até os
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Kombis transformadas em food trucks? Ainda há muito
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cargo dos especialistas em economia criativa. Eu só
quero aproveitar a variedade de cardápios e a mobilidade
desses novos restaurantes.
�� e �� de maio
ENTRADA GRATUITA
Feira Gastronômica
Feira Gastronômica no Parque da Cidade
Fácil acesso - Áreas de convivência
Amplo estacionamento - Pratos a preços especiais
Local: Estacionamento � e �� do �arque da Cidade
Estandes com diversos restaurantes e pratos a preços promocionais:
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Conheça os participantes:
4Doze Bistrô
Ancho Bistrô de Fogo
Baco Pizzaria
Balcony 412
Bar Godofredo
Beirute
Bier Haus
BSB Grill
Carpe Diem
Confeitaria Francesa
Crepe Royale
CRU Balcão Criativo
Due Trattoria e Bruschetteria
Empório Árabe Restaurante
Forneria Parole
Gordeixo's
Ilê Restaurante
Johnnie Special Burger
Kaza Chique
Le Jardin Du Golf
Kojima
Marvin (Marietta Café)
Mayer Restaurante
Monardo Café Gourmet
Noz Panquecas Gourmet
Olivae
Oliver
Parrilla Madrid
Piacere Restaurante Italiano
Primeiro Bar e Restaurante
Quitanda Fácil Sucopira
Ticiana Werner Restaurante e Empório
Toca do Chopp
Trattoria da Rosário
Universal Diner
Valentina
Villa Borghese Restaurante
Villa Tevere Restaurante
17
DIÁRIODEVIAGEM
Celebração do vinho
POR ADRIANA NASSER
S
e você é do tipo que curte uma viagem com programação diferente,
pode marcar na sua agenda a temporada da vindima – a colheita das uvas
– no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande
do Sul, entre janeiro e março do ano que
vem. São 60 dias de celebração da cultura
do vinho, com eventos, atividades, passeios e, claro, muito vinho e boa comida.
O centro das atrações é a cidade de
Bento Gonçalves, a chamada “capital
brasileira do vinho”, com rica tradição
de imigrantes italianos que se dedicam à
produção da bebida desde sua chegada à
região, em 1875. Bento, como é conhecida por seus moradores, fica a aproximadamente uma hora de Porto Alegre, de
carro, partindo do aeroporto. As paisagens do trajeto rendem boas fotos. O viajante passa por várias vinícolas e pode ir
parando. O Vale dos Vinhedos passou a
desenvolver o turismo dos vinhos e atualmente tem 70 vinícolas, pertencentes a
30 famílias.
Tomar espumantes debaixo do parreiral, deitado em um edredon. Já pensou nisso? Pois é, o piquenique entre os
parreirais, regado a espumantes e bons
vinhos, é um dos programas diferentes e
imperdíveis da região e que vem conquis-
18
tando os turistas que visitam o Vale dos
Vinhedos. Eu fui com um grupo de pessoas, mas há quem reserve o espaço até
para fazer pedido de casamento. Mais romântico, impossível!
Um dos locais que oferecem o programa é uma vinícola pequena e familiar, de puro charme, a Cristofoli, que fica no distrito de Faria Lemos. Logo na
chegada, o viajante é recebido com uma
taça do espumante rosé da casa. Entre
um grissini e outro, o papo vai fluindo
com a enóloga da marca, que é quem recebe os visitantes e os leva para o parreiral, onde está o edredom, estendido entre as videiras. Além dos espumantes e
do piquenique, o visitante pode optar
por almoçar ou jantar no Spazio del Vino, também na propriedade, e estender
a programação. A capacidade do local é
para 20 pessoas. Uma experiência muito
agradável!
Cristofoli: Estrada RS 431, km 6, distrito
de Faria Lemos – (54) 3439.1190.
Dal Pizzol: RS 431, km 5, distrito de
Faria Lemos – (54) 3449.2255.
Cave Geisse: Linha Jansen, s/n, distrito
de Pinto Bandeira – (54) 3455.7461.
Salton: Rua Mário Salton, 300, distrito
de Tuiuty – (54) 2105.1000.
Que tal de bike?: Dallonder Grande
Hotel – Rua Herny Hugo Dreher, 197.
Bairro Planalto – (54) 3455.3555.
A repórter Adriana Nasser viajou a convite
do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Fotos: Gilmar Gomes / Ibravin
Outra programação que movimenta
a alta temporada na Serra Gaúcha é a
própria colheita das uvas. Cortar os cachos é uma das atividades turísticas que
vêm encantando enófilos e amantes do
vinho. E o melhor: o programa pode ser
feito durante o dia ou de noite. As colheitas noturnas acontecem em noites de
lua cheia, com direito a música e mais
vinhos e espumantes locais.
E não é só isso! Tem ainda passeios
de jipe, tour de bike, aulas e degustações
a perder de vista. A Dal Pizzol, uma das
vinícolas mais antigas de lá, é um verdadeiro museu ao ar livre, onde o turista
pode conhecer mais de 500 tipos de
uvas. Outro programa muito interessante é o passeio na Salton, onde, além de
degustações de vinhos e espumantes, o
cliente ainda pode optar por um delicioso e tradicional almoço italiano na adega
de pedra da vinícola.
Quem acha que passeios por vinícolas são sempre iguais vai se surpreender
com a programação de uma das mais badaladas do país. A Cave Geisse oferece
um passeio de jipe 4x4 pelos vinhedos e
serve um de seus espumantes premiados
internacionalmente em um mini-deck,
de frente para uma cachoeira. Um visual
de tirar o fôlego.
Outra novidade entre os passeios turísticos e culturais da região são os circuitos de bike oferecidos por hotéis locais.
Os roteiros são variados e vão de duas a
oito horas de duração. Um micro-ônibus
leva o visitante do hotel ao ponto de partida, onde estão as bicicletas e o guia.
Equipamentos de segurança, como o capacete, estão incluídos.
Dependendo do roteiro escolhido, o
passeio ainda dá direito a uma parada na
Casa da Ovelha, que oferece degustação,
pastoreiro de ovelhas e amamentação de
cordeiros, além de uma pequena loja de
laticínios (queijos e iogurtes de cabra,
sem lactose). Esse é ideal para quem viaja
com crianças.
19
Divulgação
DIA&NOITE
nãoficção
Pela primeira vez, nos últimos 20 anos, os melhores
curtas-metragens do Festival Internacional de Documentários
É tudo verdade estão qualificados para a próxima disputa
do Oscar de melhor curta documental. Sem dúvida, um
reconhecimento da importância do festival brasileiro
pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas
de Hollywood. Isso significa que os premiados ficam
dispensados da exigência da estreia em salas de cinema
norte-americanas. De 27 de maio a 1º de junho, o CCBB
apresenta a vigésima edição do festival de não-ficção
com a exibição de 12 filmes selecionados, incluindo dois
longas-metragens premiados: A paixão de JL (foto), do brasileiro Carlos Nader, sobre o pensamento do artista plástico José Leonilson, falecido em
1993, aos 36 anos, e A França é a nossa pátria, co-produção franco-cambojana dirigida por Rithy Panh, que recupera material de arquivo para falar
da colonização francesa da Indochina. O centenário de nascimento de Orson Welles (1915-1985) será lembrado no festival com a exibição de
Verdades e mentiras, de 1973, último filme dirigido pelo diretor do lendário Cidadão Kane. Sessões às 14, 16, 18 e 20h, com entrada franca.
Festival de Filmes Curtíssimos/ Divulgação
cinemaafricano
Mandela, o caminho para a liberdade
é um dos filmes a serem exibidos
na Semana do Cinema Africano,
concebida para celebrar o Dia da
África, que ocorre em 25 de maio.
Nessa data, em 1963, foi assinada a
Carta da Organização de Unidade
Africana (OUA), que se tornou
a União Africana (UA) em 1999.
O filme, de 2013, tem direção de
Justin Chadwick e conta a vida
do líder negro, nascido e criado
na zona rural da África do Sul,
que ganha a capital, Joanesburgo,
onde abre seu primeiro escritório
de advocacia. Lá se torna um dos
líderes do Congresso Nacional
Africano (CNA). Sua prisão o
separou de Winnie, o amor de
sua vida, que irá apoiá-lo durante
seus longos anos de cativeiro, e
por sua vez, tornam-se figuras ativas
do ANC. De 20 a 25 de maio,
no cinema do CCBB, com entrada
franca. Programação em
www.bb.com.br/cultura.
Mais de 100 cidades de todos os
continentes, entre elas Brasília, recebem
simultaneamente a 8ª edição do Festival
Internacional de Filmes Curtíssimos,
que será realizado entre 10 a 13 de
junho. Participam produções de todos
os gêneros de França, Alemanha,
Espanha, Singapura, Coreia do Norte,
Estados Unidos, Países Baixos e
Malásia. A única exigência dos
organizadores é que os filmes não
ultrapassem três minutos, fora o título e
os créditos. A Mostra Competitiva Nacional contará com filmes curtíssimos oriundos de quase
todas as regiões do Brasil – entre eles o brasileiro Luz, sombra e medo (foto), de Mauricio Bartok
– que concorrem ao Prêmio da DOT Cine. O Festival oferece ainda o Prêmio Moviecenter
(R$ 7.500 em locação de equipamentos) para o melhor filme brasiliense. No Cine Brasília,
com entrada franca. Programação completa no site www.filmescurtissimos.com.br
Eles têm em comum o fato de trazerem mensagens de paz e união, independente de contornos
religiosos. De 20 e 23 de maio estará no ar o 5º Festival de CinemaTranscendental, no Cine
Brasília (106/107 Sul). Parte do Maio da Diversidade, promovido pela Subsecretaria de
Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, o festival tem coordenação do
produtor audiovisual Lucas de Pádua, que, segundo disse, pretende contrapor a temática
pesada e muitas vezes negativa do cinema tradicional “com obras da sétima arte focadas em
mensagens de paz e união. Entre os filmes da
programação estão Nos passos do Mestre (foto), de
André Marouço, “sobre a sabedoria do maior
pedagogo, médico, filósofo e pacifista do mundo,
Jesus Cristo”, e Frei Galvão, o Arquiteto da Luz,
de Malcolm Forest, sobre o primeiro santo
brasileiro. Os ingressos são alimentos não
perecíveis a serem doados a instituições de
caridade. Exibições às 19h, de quarta a sextafeira, e às 15 e 19h, no sábado. Programação
em www.cinematranscendental.com.br
Divulgação
festivaltranscendental
Divulgação
20
curtíssimos
Priscila Prade
asfasesdoamor
“Para as mulheres, diga que é um espetáculo engraçadíssimo. Para os homens, que é um
show da Marisa com uma roupa bem apertada. E gays e lésbicas, só espero que estejam
na primeira fila!”. Essa frase de Marisa Orth, postada no Facebook recentemente, já dá
bem o tom escrachado do que é a performance da atriz em Romance Volume III, em cartaz
em Brasília nos dias 23 e 24 de maio, no Teatro da UNIP (913 Sul). Com texto dela e da
jornalista Teté Martinho, o espetáculo é dirigido por Natália de Barros e tem participação
da banda que acompanha a atriz e também cantora na interpretação de 13 músicas. Elas
pontuam as citações do texto às várias fases do desgaste de cada forma de relacionamento.
A ideia do show surgiu na noite de 12 de junho de 2008, quando Marisa decidiu colocar em prática sua melhor promessa: dar início a um trabalho
que falasse de amor. “Foi assim que nasceu o Romance Volume II; volume II propositalmente, porque o I não deu certo!”, explica. Depois de cinco
anos em cartaz com essa versão mais focada nas fases da conquista amorosa, Marisa Orth partiu para a versão atual, a número três, com uma
abordagem um pouco mais “a fundo”, passando pela leveza do namoro até os relacionamentos mais profundos, como casamentos, noivados e
amizades de longa data. Sábado, às 21h, e domingo, às 20h, com ingressos a R$ 90 e R$ 45, à venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping.
Gabriel Wickbold
fábiojúnior
emquepossoajudar?
Divulgação
Em 25 discos produzidos ao longo
de 35 anos de carreira, ele já
chegou naquela etapa em que
o artista pode se dar ao luxo de
gravar o que mais lhe agrada. Dia
22 de maio, às 21h, o público de
Brasília poderá conferir o show do
cantor e compositor Fábio Júnior,
que apresenta seu último trabalho,
não à tôa intitulado Íntimo, com
uma música assinada por ele e 12
que ganham as cores e nuances de
seu estilo. Ele sai de uma balada
pop-romântica para um jazz e
encontra brecha para encaixar
um toque flamenco. A canção
As dores do mundo, de Hyldon, abre
o disco. Na sequência, um dos hits
de sua carreira, 20 e poucos anos.
No repertório estão ainda Paciência,
de Lenine e Dudu Falcão, e Muito
estranho, de Dalto. O show Íntimo
será no Net Live Brasília. Ingressos
a partir de R$ 60, na pista, e mesas
para quatro lugares a R$ 600 e
R$ 800. À venda na Central de
Ingressos do Brasília Shopping.
Divulgação
todaemsi
A cantora e compositora
brasiliense Ana Reis comemora
dez anos de carreira com novo
show e gravação de DVD. Dia 31
de maio ela sobe ao palco do
Teatro SESC Newton Rossi, em
Ceilândia, para apresentar
o show Toda em si, que tem
direção musical do violonista e
arranjador Paulo André Tavares.
Ana Reis passeia pelo fado,
flerta com o baião, a guarânia, o
ijexá e dedica boa parte do repertório desse novo projeto também ao samba. Interpreta
ainda composições feitas em parceria com João Ferreira, Rodrigo Bezerra, Bruno Patrício,
Marcus Moraes, Túlio Borges, Alberto Salgado e Climério Ferreira. Ela é acompanhada por
Bruno Patrício, no sax e flauta, Marcus Moraes, no violão, Rodrigo Bezerra, nas guitarras,
Rodrigo Baldu, no baixo, Célio Maciel, na bateria, Juninho Ferreira, no acordeom,
e Thiago Viegas e Juninho Alvarenga, nas percussões, além das participações especiais
de Paulo André Tavares, no violão, Leonel Laterza, na voz, e Victor Angeleas,
no bandolim. Às 18 horas, com entrada fraca.
Eles prometem tocar o dedo numa ferida que é difícil de cicatrizar: o mau atendimento no
serviço público brasileiro, de um modo geral. Os humoristas Leonardo Ladislau e TJ Fernandes
apresentam, dias 22, 23, 24, 30 e 31 de maio, o espetáculo Em que posso ajudar, uma seleção de
cenas cotidianas que seriam trágicas se não fossem cômicas. Os protagonistas e escritores são
bastante conhecidos pelo público de Brasília que gosta de uma boa comédia. Eles fazem parte
da Cia. de Comédia Os Filhos da Peça e
comandam a Happy hour do humor, que serviu
de inspiração para a criação de Em que posso
ajudar. TJ também é comediante de stand-up,
já participou de diversos programas de TV
e se apresentou nos principais eventos do
gênero na cidade. Os atores interagem com a
plateia e são pioneiros em falar francamente
sobre os problemas e as curiosidades do
atendimento ao público no país. Sexta e
sábado, às 21h, e domingo, às 20h, no CCB
(601 Norte). Ingressos a R$ 40 e R$ 20.
Mais informações: 9983.7988.
21
naslentesdosueco
Åke Borglund
DIA&NOITE
nolugardospincéis
22
A proposta dos idealizadores
Toninho de Souza e Marta
Jabuonski é sair dos
convencionais quadros,
esculturas, desenhos e
xilogravuras das obras de arte,
e desafiar os artistas a criarem
com guarda-chuvas, guardasóis e sombrinhas. Parte do
projeto Objeto do desejo, que
em setembro de 2014 expôs
cadeiras como suporte da arte
e, em fevereiro passado, se
valeu de malas, sapatos e
botas, para a expressão da
criatividade, a mostra Obra
rara ocupa a galeria da LBV
até 31 de maio, com obras
dos artistas Alda Carvalho,
Alvinhar Geraldo, Angela
Brito, Angélica Bittencourt,
Ariene Saabor, Daniela
Nunes, Élton Skartazini,
Francisco Alves, Gilson Filho,
J.Vicente, Maria, Marta
Jabuonski e Toninho
de Souza. Das 8 às 20h,
com entrada franca.
arteeciência
Sete debates em cada uma das quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte
e Brasília. Assim é o projeto Arte & Ciência, promovido pelo CCBB, e que começa em
Brasília no dia 1° de junho. A proposta é situar a interrelação entre cultura científica e
cultura humanística e artes, abordando temas atuais, como o papel da razão, da memória
e da imaginação no mundo contemporâneo, bem como os dilemas éticos envolvidos
nas pesquisas genéticas e o poder das artes e da música para o bem-estar psicológico.
“Nossa intenção é a de estimular e atrair o público para um assunto de ponta, reunindo
um time de primeira grandeza, entre cientistas e pesquisadores, escritores, artistas plásticos
e filósofos”, diz Patrícia Lira, gerente de programação do CCBB de Brasília. O encontro
inaugural da série reúne o neurocientista Esper Cavalheiro e o músico e ensaísta José
Miguel Wisnik para discutir o tema A mente e o poder da música. Além de Cavalheiro
e Wisnik, estão confirmadas as presenças da neurocientista Jociane Miskiw, dos físicos
teóricos Luiz Pinguelli Rosa e Rogério Rosenfeld, da biogeneticista Mayana Zatz, entre
outros. O debate A mente e o poder da música será na segunda-feira, 1° de junho, das 20
às 22h, com entrada franca mediante retirada de senha uma hora antes do início.
parisebrasília
Durante 40 dias, o artista plástico francês
Marc Goldstain esteve em Brasília e pintou
pessoas de várias regiões da cidade. O
resultado desse trabalho está na exposição
De Paris a Brasilia, retrato realista de uma
cidade sonhada, em cartaz na Aliança
Francesa (708 Sul) até 10 de julho. O
objetivo do artista, segundo ele mesmo
explica, “é trazer à tona um retrato realista
e ao mesmo tempo subjetivo da capital do
Brasil, misturando o coletivo – urbanismo –
e o singular – o traço desenhado do
habitante e seu retrato”. A capital federal
atraiu a atenção de Goldstain devido à sua
arquitetura tão específica e às suas
semelhanças com a Europa, principalmente
no que se refere ao estilo internacional
nascido nos anos 20, com a ascensão da
escola de arquitetura Bauhaus. De segunda
a sexta-feira, das 10 às 18h. Entrada franca.
Suzzana Magalhães
Divulgação
De 22 de maio a 15 de junho, a Câmara Legislativa apresenta a
exposição Brasília 1957: uma saga do Século XX. São 36 imagens feitas pelo
fotógrafo sueco Åke Borglund três anos antes da inauguração da nova
capital e uma réplica do jornal argentino La Nación, de 1959, com matéria
e registros do próprio Borglund sobre os primeiros passos de Brasília. Faz
parte da mostra, também, uma ampliação do mesmo jornal, de 1961, com
a última entrevista concedida por JK como presidente. A curadoria é de
Mercedez Urquiza, argentina então recém- chegada à cidade que ciceroneou
o fotógrafo durante suas andanças, que resultaram em 800 fotografias.
Como agradecimento, Borglund deu de presente a Mercedes 45 fotos. Nos
anos 2000, a curadora recebeu o restante das fotos feitas no Brasil pelo sueco, que também visitou Rio de Janeiro e Salvador. “As imagens
dessa exposição contam a história da cidade com foco nos personagens de uma época em que não se tinha tempo para pensar o futuro,
vivia-se intensamente o presente, a aventura da construção da capital”, destaca Mercedez Urquiza. Das 8 às 19h, com entrada franca.
Divulgação
artetransgressora
Sua obra é expressão de sua posição crítica em relação à política e à religião. Por isso, sempre teve o
intuito de profaná-los, desconstruí-los, desordená-los. Até 13 de julho, o brasiliense terá a possibilidade
de conhecer a arte do argentino León Ferrari, que fugiu da ditadura em 1976 e veio para o Brasil,
onde morou até 1984. A exposição Léon Ferrari – resistências e transgressões está em cartaz no CCBB e
abre as comemorações da Data Nacional da Argentina, celebrada no dia 25 de maio, aniversário da
Revolução de Maio de 1810. Em São Paulo, Ferrari ligou-se a um grupo de artistas que o instigou à
experimentação de novos modos de fazer arte, desde desenhar com materiais convencionais, como
nanquim, grafite, crayon, canetas esferográficas, tinteiro e carimbo, até utilizar modos de impressão
em heliografia, serigrafia, fotocópia, microficha, videotexto e offset. Ele retoma, então, experiências
conceituais iniciadas na década de 1960, com esculturas em arame, escrituras indecifráveis que criam
novas propostas para linguagens tradicionais como o desenho e a gravura, plantas arquitetônicas e
várias outras propostas. Nascido em 1920, em Buenos Aires, Ferrari morreu há dois anos, deixando
extensa produção artística, com destaque para as obras Cuadro escrito, criação central para a arte
conceitual internacional, e La civilización occidental y cristiana (1965), montagem de um avião de guerra com uma imagem do Cristo crucificado,
peça paradigmática na tradição da vanguarda estético-política da arte do Século XX. De quarta a segunda-feira, das 9 às 21h, com entrada franca.
André Carvalheira
Não se admire se um dia, ao chegar a uma
estação do metrô ou ao ponto do ônibus
que você utiliza para ir para o trabalho,
encontrar um casal ou um trio de dançarinos
executando uma bela coreografia de dança
contemporânea em plena plataforma da
estação. Eles fazem parte do projeto Disseminar
contato-estação, que vai fazer 28 apresentações
gratuitas com o intuito de formar público
para democratizar o acesso às manifestações
artísticas. Entre os dias 29 de maio e 11
de junho, os bailarinos Rosa Schramm,
André Kainan e o autor do projeto,
Camillo Vacalebre, poderão surpreender
os frequentadores da Rodoviária do Plano
Piloto, das rodoviárias de Sobradinho e de
São Sebastião e de estações de metrô do
Guará, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.
Sem um roteiro definido, sem recursos
cênicos e tendo a estação como palco, os
três dançarinos inserem no espaço público
coreografias instantâneas, criando um insólito
“lugar de intimidade” e a possibilidade de
modificar a percepção habitual do corpo
e do espaço. Cada performance tem 40
minutos de duração. A programação está
em www.disseminarcontato.com.
Paky Produções
dançanometrô
José Inácio Parente
diversidademusical
É a flautista Odette Ernest Dias quem abre a terceira
temporada do projeto Solo música, na Caixa Cultural.
Serão dez recitais ao longo do ano, sempre às
segundas-feiras, e sempre trazendo atrações de diversos
gêneros e propostas inusitadas. Na estreia, a musicista
de 85 anos apresentará repertório baseado no CD
Horizontes, uma ousada fusão entre as músicas de
compositores de épocas diferentes: o barroco Johann
Sebastian Bach e o norte-americano Paul Horn.
Odette interpretará também obras de François
Couperin, Claude Debussy e dos brasileiros Heitor
Villa-Lobos, Francisco Mignone, Radamés Gnatalli e K-Chimbinho. Nascida em Paris,
a flautista graduou-se em 1951 pelo Conservatório Nacional Superior de Música da
capital francesa e, em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro, sendo convidada pelo
Maestro Eleazar de Carvalho para fazer parte da Orquestra Sinfônica Nacional, na qual
atuou até 1974. Mudou-se para Brasília e foi professora de flauta na UnB. Dia 18
de maio, às 20h, com ingressos a R$ 10 e R$ 5, à venda na bilheteria do Teatro
da Caixa Cultural. Mais informações: 3206.6456.
piratasnopalco
Jake, Izzy e Cubby são três jovens piratas
que vivem grandes aventuras ao tentar
iludir os dois conhecidos vilões do clássico
Peter Pan: Capitão Gancho e seu parceiro,
Senhor Smith. Eles têm a companhia
do papagaio de vigia Skully, mas não por
muito tempo, pois o Capitão Gancho
planeja sequestrar o bichinho em troca
do pó mágico das fadas. Jake e os piratas
é a peça da Cia. Néia e Nando que está em
cartaz no Brasília Shopping até 31 de maio.
A proposta é convidar os espectadores
mirins a trabalharem em equipe para
ultrapassar todos os obstáculos. Sábados e
domingos, às 16h, com ingressos a R$ 50 e
R$ 25 (somente em dinheiro), à venda na bilheteria do Brasília Shopping, a partir das
13 horas dos dias de espetáculo. Informações: 3242.5278.
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Heitor Menezes
BRASILIENSEDECORAÇÃO
Sr. Plebe Rude
POR HEITOR MENEZES
P
24
lebe Rude, Sepultura e Violeta de
Outono. Essas três bandas, remanescentes dos fatídicos anos 80,
mantêm acesa a chama dos princípios e
da dignidade artística. Um ou outro grupo talvez esteja escapando, mas é muito
pouco no contexto do B-Rock, o rock verde e amarelo. Sobreviver neste país já é
difícil; sobreviver de rock, ganhar muita
grana, nem mesmo mudando o nome para Herbert Vianna, ou melhor, Philippe
Seabra.
O cara que mantém acesa a chama
da Plebe não vive só das glórias de discos
emblemáticos como O concreto já rachou,
lançado há exatos 30 anos, obrigatório
na discografia B-Rock. Desde o final do
ano passado é possível escutar Nação daltônica, o sexto álbum de estúdio, que
consolida a atual formação da banda,
com Philippe (guitarras, vocal e principal compositor), André X (baixo), Clemente (guitarra e vocais) e o baterista
Marcelo Capucci.
Basta ouvir Anos de luta (título inspi-
rado em Dias de luta, do Ira!), a segunda
faixa do disco, para perceber que a verve
do comentário político continua firme e
forte (“As decisões que tomam por você
/ E as opções que te deixam eleger / Seus
horizontes esbarram na TV”). Mais do
que isso, mostra que a Plebe Rude continua contundente e importante peça de
resistência ao sistema, fazendo-nos, como sempre, refletir, por meio da canção,
do rock, sobre a visão enviesada, daltônica, que nos acostumamos a ter sobre as
coisas. Ou que é empurrada goela abaixo, melhor falando.
Por aqui desde 1976 (governo Geisel
ainda detonando), quando tinha dez
anos de idade, Philippe, nascido em
Washington, capital dos Estados Unidos, testemunhou uma outra cidade e todo o nascimento da “tchurma” que viria
a botar na rua o rock de Brasília. A transição de menino americano comedor de
pizza, que nem falava português, para
jovem brasileiro que percebia que havia
alguma coisa de errado sob as botas e
fardas, deu-se na Escola Americana. Dessa fase restou a recordação rebelde de ter
ficado de braços cruzados diante de Ronald Reagan, de lamentável lembrança,
quando da visita do presidente norteamericano a Brasília. Foi nessa visita que
Reagan, provavelmente entediado, fez
um brinde ao “povo da Bolívia”.
“Lá na Escola Americana estudavam
os irmãos Mueller (Bernardo, da Escola
de Escândalo, e André, da Plebe) e os irmãos Ouro Preto (Dinho e Ico). O Ico,
que era do Aborto Elétrico, foi quem me
inspirou a voltar a estudar violão. Naquela época, eu achava estranho, pois havia
propaganda militar na televisão. O leite
tinha um gosto estranho. A cidade era estranha e a vida era diferente. Quando
vim para o Lago Norte, esse isolamento
me fez me voltar para a música”, recorda.
Nessa época, no Lago Norte, os vizinhos eram ninguém menos que Fê Lemos (Capital Inicial) e André Mueller, o
André X, o cara que apresentou o punk
ao garoto americano que curtia Van Halen, Aerosmith, Boston e Kansas. “Na
entrada da Conjunto 10 da QI 8, o André me convidou a montar a Plebe Rude.
O resto é história”. Onde conheceu o
Divulgação
Renato Russo? “Acho que foi no Food’s,
na 111 Sul. Lá foram realizados os shows
mais memoráveis. Aliás, os shows mais
legais aconteciam à tarde”.
Sob a bênção de The Clash, cujo London calling acabava de ser lançado, em
1980, o que abriu a cabeça da moçada
não foi exatamente o punk moicano, três
acordes, tipo Sex Pistols, como esclarece
Philippe, e sim o pós-punk britânico de
bandas como Siouxsie & The Banshees,
Psychedelic Furs, Comsat Angels e PiL.
“O Metal box, do PiL, é a quebra. No isolamento de Brasília, esses discos fizeram a
nossa cabeça. O movimento da galera formada por filhos de diplomatas, que conseguiam com certa facilidade os discos recém-lançados lá fora, o isolamento da cidade, o som e as letras do pós-punk foram fundamentais”, destaca o Sr. Plebe
Rude, enfatizando o diferencial do “rock
de Brasília” em relação ao ensolarado
rock de bermudas que tomava as paradas
de sucesso da época: “As letras do Aborto
Elétrico, Legião Urbana e Plebe, falando
em ‘que país é este’, ‘até quando esperar’,
‘voto em branco’ e ‘música urbana’, foram as letras que fizeram a turma ser presa em Patos de Minas. Essa era a nossa
realidade. Acho que as pessoas sentem
saudade e romantizam a respeito do som
dos anos 80 justamente por causa dessa
pureza no som e na linguagem”.
O resto, de fato, é história. Os planos
econômicos, os desastres políticos que
vieram em seguida, mudaram a conjuntura e deletaram a Plebe e outros artistas
das grandes gravadoras. Nos anos 90,
também não teve sorte quem não se vendeu à voracidade do mercado. O disco
Mais raiva do que medo (1993), apenas
com Philippe e André, da formação original, foi pouco visto e ouvido. Philippe
concorda que esse álbum deveria ser relançado, para que a obra da banda seja
disponibilizada na íntegra. A Plebe voltou mesmo em 2003, quando incorporou o inteligente Clemente (da paulistana Inocentes). Exímio guitarrista, Clemente também se encaixou perfeitamente como a segunda voz, além do fato de
ter legítimo DNA punk. O disco R ao
Contrário” (2006) testemunha esse renascimento da Plebe.
Quem assistiu ao filme Faroeste caboclo, do diretor Renê Sampaio, deve ter
visto o nome de Philippe Seabra nos créditos. Vencedor do Grande Prêmio do
Cinema Brasileiro de 2013, em várias categorias, o filme também teve laureada a
trilha, assinada pelo Sr. Plebe Rude.
Cuidado ao falar em retomada de
som e tal, quando se referir ao novo trabalho da banda, cuja capa guarda certa
semelhança com a do disco Nunca fomos
tão brasileiros (1987). Philippe avisa: “Não
levamos a sério as bandas que dizem que
vão retomar o que faziam no início. O
som e o discurso da Plebe sempre foram
esses”. Ponto para a densidade. Ponto para a coerência. Ponto para a atitude. Pensam que a plebe rude quer ser elite sofisticada? Não é bem assim.
Cabra-cega
$SHGLGR3KLOLSSH6HDEUDDFHLWRXRGHVDÀRGHRXYLUDOJXPDV
FDQo}HVHWHQWDULGHQWLÀFiODVQRPHOKRUHVWLORFDEUDFHJD
Vejamos o que se passou:
Train to lammy suite (California Guitar Trio, 1994) – “Esse riff
GHLQWURGXomRpEHP/HG=HSSHOLQPDVFRPDPSOLÀFDGRUHV
mais potentes. Parece King Crimson”.
Tomorrow (The Durutti Column, 1985) – “É meio Morrissey.
O André gostava disso. Faz tempo que não ouço. O grande
connoisseur de música da Plebe é o André”.
Ninguém presta (Tolerância Zero, 2000) – “É de Brasília? Não?
O paralelo que eu vejo é que, enquanto os playboys tentavam
dar porrada na gente, a gente saía com as namoradas deles”.
4th of July (X, 1987) – “Isso é provavelmente americano, não
é? Parece o pessoal da Georgia, meio sub-R.E.M., algo assim.
X? Da Califórnia. Nunca curti muito o punk californiano.
Ramones, sim”.
Years later (Cactus World News, 1986) – “Me dá uma dica.
Da Irlanda? That Petrol Emotion? Isso lembra Arcade Fire. Não
sei quem é. O tempo e a batida são os mesmos de Até quando
esperar”.
Não me diga adeus (Aracy de Almeida, 1947) – “Não tenho
muito acesso a esse tipo de som, mas me agrada. Aracy de
Almeida? Nossa geração conhece a Aracy de Almeida como
a jurada rabugenta da televisão”.
25
Zé Maria Palmieri
GRAVES&AGUDOS
Maskavo,
outra vez
Roots
Em show com a formação
original, banda comemora
os 20 anos do primeiro disco
POR PEDRO BRANDT
L
26
ançado em 1995 em CD e LP pelo
selo Banguela, o mesmo responsável pelas estreias de Raimundos e
Little Quail, o primeiro álbum da banda
Maskavo Roots tinha todos os predicados para alçar o septeto brasiliense ao sucesso. Na receita sonora do grupo cabiam
rock, pop, reggae e ska trabalhados com
uma originalidade própria, resultando
em um disco delicioso da primeira à última faixa, com um punhado de canções
de vocação radiofônica, a exemplo de
Tempestade e Escotilha.
Mesmo com algumas músicas tocando bem nas rádios e com o clipe de Tempestade (filmado na piscina de ondas do
Parque da Cidade) conseguindo grande
exposição na MTV, crises internas e estruturais balançaram a banda e, pouco
depois do lançamento do disco, o Maskavo Roots perdeu três integrantes. Com o
passar dos anos e mais trocas na formação, a banda abandonou o sobrenome
Roots, abraçou o reggae pop e emplacou
sucessos como Asas e Um anjo do céu.
Mas o tempo tratou de reaproximar
os sete músicos: os vocalistas Marcelo
Vourakis e Joana Duah, o tecladista
Quim, o baixista Marrara, o baterista
Txotxa e os guitarristas Pinduca e Prata
(este último, o único remanescente da
formação original). A amizade entre eles
rendeu ensaios descompromissados nos
quais relembravam o repertório do começo do grupo (fundado em 1993). Em
2009, no festival Porão do Rock, o
Maskavo Roots (divulgado como M.
Roots, para não confundir o público
com a banda atual) fez seu primeiro revival. “Aquele show foi muito especial pra
gente, nos entregamos e curtimos a presença uns dos outros”, lembra Pinduca.
A vontade de repetir a dose permaneceu,
mas acabou inviabilizada pelas agendas
dos integrantes, divididos entre Rio de
Janeiro, São Paulo e Brasília.
Com a aproximação do aniversário
de 20 anos do primeiro álbum, a banda
se programou (ensaiando à distância) para, mais uma vez, subir ao palco como
Maskavo Roots, no sábado, 30 de maio,
no mesmo local do show de lançamento
de duas décadas atrás, o salão social da
Asbac. Até a banda de abertura daquela
ocasião, a extinta Os Wallaces (que conta com integrantes da Cia. de Comédia
Melhores do Mundo), foi reativada para
participar da celebração.
As comemorações continuam no segundo semestre com o relançamento, em
vinil, do álbum pelos selos Assustado
(PE) e Dom Pedro (DF). Maskavo Roots,
o disco, tornou-se um trabalho cultuado.
A música Tempestade costumava ser tocada em shows pelo Skank e foi gravada
também pelo Patu Fu. “Considero um
puta disco, muito sofisticado, e que acredito ser cada vez mais valorizado”, orgu-
lha-se Pinduca. “Num show no Rio de
Janeiro, o Marcelo Camelo apareceu no
camarim reclamando que não tocamos
Escotilha”, conta Prata.
O repertório da apresentação de 30
de maio contará com músicas do primeiro disco e composições feitas pela formação original que acabaram entrando nos
CDs posteriores do Maskavo Roots (Melodia que eu conheço, de 1997, e Se não
guenta, por que veio?, de 1998). “Para completar, faremos um medley de Bob Marley, pois o Maskavo Roots começou a
partir do Cravo Rastafari, que era uma
banda cover do cantor jamaicano”,
adianta Pinduca.
Quem estava lá, há 20 anos, poderá reviver aquela época. Quem só conhece as
histórias terá a chance de ver ao vivo uma
das maiores bandas surgidas em Brasília.
Maskavo Roots – 20 anos
30/5, às 22h, no salão social da Asbac (SCES,
Trecho 2). Ingressos: R$ 50 (à venda nas lojas
Koni da 209 Sul, 201 Norte, 101 Sudoeste e
Avenida das Araucárias, 855, Loja 11, Águas
Claras). Classificação indicativa: 18 anos.
Divulgação
QUEESPETÁCULO
A comédia
como deve ser
POR JÚLIA VIEGAS
“C
om Gardi, o absurdo faz sentido”. Estas palavras, vindas
do prestigiado jornal francês
Le Figaro, dão a medida da força do trabalho da artista suíça Gardi Hutter. Clown
na mais profunda acepção da palavra,
Gardi traz sua impagável personagem
Jeanne d’Arpo ao teatro da Caixa Cultural, para uma curtíssima temporada do espetáculo A costureira, de 11 a 14 de junho.
Jeanne d’Arpo é uma mulher, digamos, com contornos bastante volumosos
e cheia de desejos, quase sempre irrealizáveis. Figura ligada ao Arlequim, da
commedia dell’arte, e com o sentido tragicômico do Carlitos de Charles Chaplin,
Jeanne é desajeitada e quase não fala.
Mas, ao contrário dos dois personagens
citados, ela não fica caindo a toda hora,
nem faz pantomima ou aquelas famosas
gags. Seu humor é físico, sim, mas de
uma maneira totalmente original. Segundo o mesmo Le Figaro, “bastaria sua
expressão facial para fazer o espetáculo”.
Gardi Hutter é sucesso por onde pas-
sa. Já conquistou prêmios em vários países, foi declarada “tesouro nacional” da
Suíça, virou fantasia de carnaval das
mais usadas em seu país e foi transformada em boneca – na pele, é claro, de sua
Jeanne d’Arpo. A propósito, ela costuma
explicar que sua personagem tem uma
certa ligação com a santa guerreira: “Três
santos visitaram Joana d’Arc, mas um deles se enganou e foi bater na casa da lavadeira Jeanne d’Arpo. Só que ela não quis
ir pra luta de jeito nenhum”, diverte-se.
As histórias protagonizadas por Jeanne são tristes. Em A costureira não é diferente. O espetáculo partiu de um desejo
de Gardi Hutter de abordar a relação entre o destino e a morte, a partir de um
divertido jogo da vida. Entre rolos de tecido, botões, carretéis e agulhas, ela tenta
tecer o fio de sua história, mas o destino
(todo mundo sabe) escolhe seus caminhos e nos surpreende. A artista já declarou: “As minhas histórias são tristes porque ela nunca consegue cumprir aquilo
que quer. As pessoas se divertem com essa tragicidade e ficam felizes por encontrarem alguém mais infeliz do que elas”.
O espetáculo conta com a direção de
Michael Vogel, ator e diretor da companhia alemã Familie Flöz, reconhecida internacionalmente por espetáculos que
usam da máscara de maneira revolucionária. Com A costureira, Gardi já rodou o
mundo em mais de 500 apresentações,
desde a estreia em 2010, e foi destaque
da mostra off do famoso Festival de Avignon, na França.
Gardi Hutter nasceu em 1953, na Suíça, e desde os 25 anos de idade dedica-se
à arte do Clown, sendo uma das primeiras mulheres a obterem reconhecimento
na área. Até subir ao palco em espetáculos-solos, a artista caminhou muito. Fez
temporada como palhaça do Circo Nacional da Suíça, no Circo Knie 2000, e
trabalhou com grandes mestres como
Nani Colombaioni e Ferruccio Cainero.
A artista já esteve em Brasília com os espetáculos Joanna d’Arpo e O ponto.
A costureira
De 11 a 14/6 no teatro da Caixa Cultural
(Setor Bancário Sul, Quadra 4). De 5ª
a sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Classificação
indicativa: 12 anos. Informações: 3206.9448.
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EDUCAÇÃOCOMLAZER
Para sonhar e aprender
m programa diferente, barato,
instrutivo, lúdico. Uma ótima
opção para crianças e pessoas de
qualquer idade é ir ao Planetário de Brasília e assistir a um de seus filmes. Em
março, o Planetário completou 41 anos
de existência, dos quais passou 16 fechado. Em dezembro de 2013 foi reinaugurado, após ampla reforma, e hoje oferece
seis sessões a cada sábado e domingo, praticamente de hora em hora, das 10h às
18h30. O ingresso é um quilo de alimento por pessoa e por seção. Durante a semana, a maioria dos filmes é dirigida às
escolas, com pré-agendamento, e as duas
últimas destinadas ao público em geral.
Nos filmes, oportunidade para conhecer não só estrelas e planetas, mas até
mesmo como nasceram as bactérias, os
oceanos, a vida, ou questões de Biologia
e Filosofia. Programa leve, diferente,
zen... música suave, olhando a abóboda
celeste, como se estivéssemos viajando
no espaço, no passado, presente ou futu-
ro. Os filmes – simulações do universo,
com histórias ou documentários – duram
entre 23 e 45 minutos.
Centro científico, cultural, histórico
e de entretenimento, o Planetário de
Brasília proporciona momentos únicos
de descontração e construção do saber.
Na sala redonda em forma de cúpula hemisférica, de 12,5 metros de diâmetro,
estão 80 poltronas ligeiramente inclinadas para que se possa observar as imagens e astros exibidos no teto, sempre
com um enredo por alguma viagem.
Dois pedacinhos de vidro (23 min)
– Duas lentes colocadas num tubo
revelam um céu nunca antes visto pela humanidade. Numa noite de observação das estrelas, dois adolescentes
aprendem sobre Astronomia. Uma
astrônoma lhes explica a história do
telescópio e as descobertas que essas
ferramentas têm feito. Os estudantes
aprendem como os telescópios funcionam e principalmente como os
maiores observatórios do mundo
usam esses instrumentos para explorar
mistérios do universo. Ao olhar pelo telescópio, os estudantes, juntamente com a
platéia, exploram as luas galileanas, os
anéis de Saturno e a estrutura espiral de
galáxias. Aprendem sobre as descobertas
de Galileu, Huygens, Newton e outros astrônomos, físicos, matemáticos e cientistas. Conhecem o Hubble, um satélite astronômico artificial não tripulado que
carrega um imenso telescópio.O filme
apresenta entrevistas com astrofísicos e
cosmólogos de renomadas universidades
e observatórios do mundo, que explicam
o cosmos, as mais recentes descobertas
no espaço, as novas ideias sobre a vida em
outros planetas e o buraco negro.
POR SÚSAN FARIA
Os filmes
U
28
Reino de luz: uma breve história da
vida (24 min) – O estudo da Astronomia
começou há mais de 30 mil anos. Até hoje, diversas respostas são encontradas em
consequência dos próprios questionamentos. Em Reino de luz somos convidados a
fazer uma reflexão sobre nosso lugar no
universo, a exploração do espaço, as conquistas e os avanços que a humanidade
foi capaz de realizar.
Origens da vida (24 min) – A humanidade sempre se interessou em saber se existe
vida fora do planeta Terra. Formas de vida
exóticas são raras, mas quando encontradas despertam a curiosidade dos cientistas.
Em Origens da vida são mostrados fatos
importantes na evolução da vida na crono-
logia do Universo, passando pelo seu início
no Big Bang, a criação do sistema solar e a
formação da Terra, seguida das condições
para a existência de vida no nosso planeta.
Com linguagem simples e fantásticas imagens, a sessão apresenta conhecimentos
sobre o nascimento, vida e morte das estrelas e dos sistemas planetários. E traz um
olhar sobre a extinção dos dinossauros. O
filme é uma viagem através do tempo,
mostrando muitas descobertas, e um alerta para nossa consciência planetária.
Fotos: Divulgação
Equipamentos especiais – os alemães Space
Master e Power Dome VII – simulam fenômenos da Astronomia, como o mapeamento dos
céus, planetas, estrelas e cometas.
Diferentemente dos observatórios, que possuem telescópios para observar diretamente o
céu noturno, os planetários podem simular o
universo durante o dia ou quando há muitas
nuvens. O Brasil possui dezenas de planetários,
todos listados pela Associação Brasileira de Planetários no link http://planetarios.org.br, onde há informações básicas sobre cada um deles.
Geralmente em novembro de cada ano, as direções desses planetários realizam encontro.
No ano passado, cerca de 60 mil pessoas –
inclusive de outros Estados e países – visitaram
o Planetário, onde foram projetadas 500 sessões. Além dos filmes, o público pode apreciar
atualmente a exposição Universo surpreendente,
sobre a concepção, construção e funcionamento
dos maiores observatórios astronômicos terrestres do mundo. São painéis fotográficos de galáxias espirais em forma de sombrero, situadas a
cerca de 70 milhões de anosluz de distância, nebulosas planetárias e constelações estelares. As
fotos foram tiradas por um telescópio com tecnologia de ponta e padrão de referência da astronomia europeia, o Very Large Telescope
(VLT), e pelo famoso Telescópio Espacial Hubble. Réplicas das roupas usadas pelo astronauta
brasileiro Marcos Pontes também fazem parte
da mostra.
Segundo o astrônomo Airton Lugarinho, diretor do Planetário, a intenção é reforçar a ida
das escolas, especialmente dos estudantes de
EJA (Educação de Jovens e Adultos) e do ensino
médio noturno, para saírem da rotina e se sentirem estimulados ao estudo. O Planetário oferece também cursos para professores da rede pública e tem recebido grupos de idosos, de hospitais como o Sarah Kubitschek. Na opinião de
Lugarinho, é um programa em que também as
crianças se soltam e fazem emergir suas fantasias
e curiosidades.
O segredo do foguete de papelão (45
min) – Numa viagem lúdica pelo espaço,
três coisas são essenciais: um foguete de
papelão, um prestativo livro de Astronomia e uma dose de imaginação. A nave
é construída a partir de uma caixa de
papelão, contendo uma carga de balões
cheios de ar fresco. A jornada passa pelo
Sol e pelos planetas rochosos e gigantes
gasosos, com seus belos anéis. A viagem
não é livre de riscos, mas o livro ajuda
em todas as situações de perigo.
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EDUCAÇÃOCOMLAZER
Planetário de Brasília
Setor de Difusão Cultural, Via N1, Eixo Monumental. Telefone:
3361.6810 (inclusive para agendamento de escolas).
Programação
3ª a 6ª feira (somente para escolas agendadas).
9h30, 11h, 14h30 e 15h45.
3ª a 6ª feira (sessões abertas ao público).
17h30: Origens da vida.
19h: Reino de luz.
Sábados, domingos e feriados.
10h e 14h: Dois pedacinhos de vidro.
11h: O segredo do foguete de papelão.
15h e 17h30: Origens da vida.
16h30 e 18h30: Reino de luz.
Fotos: Divulgação
Equipamentos
SpaceMaster - Além de mostrar a Via Láctea, o Sistema Solar, as
fases da lua e as constelações, esse equipamento analógico da década de 1970 é capaz de reconstruir o céu de Jerusalém na época de
Jesus Cristo ou saltar para o futuro, projetando o céu do ano 2030.
Power Dome VIII - É uma ferramenta digital com tecnologia
de ponta. Possui oito projetores ao redor da cúpula e 12 caixas
acústicas. Proporciona projeções multidisciplinares imersivas
com efeitos visuais tridimensionais. Por meio dessa tecnologia,
os espectadores têm a sensação de estar imersos entre as imagens
e o som de cada apresentação. O equipamento tem softwares, como o Uniview e Sky-Control, para produzir apresentações do
universo, permitindo, inclusive, imagens ao vivo.
Dicas
importantes
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A entrada no prédio para visitação das instalações e exposições é franca.
A partir da abertura (8h) podem ser retirados até cinco ingressos por pessoa.
Não é possível a retirada de ingressos para os dias seguintes.
Após o começo das sessões, é proibida a entrada de público na cúpula.
Melhor levar agasalhos leves na cúpula, por causa da baixa temperatura ambiente.
GALERIADEARTE
Mais que surrealista
POR ALESSANDRA BRAZ, DE SÃO PAULO
Divulgação
“D
iga-me com quem andas e te
direis quem és”. O pintor espanhol Joan Miró (18931983) foi um artista que seguiu à risca o
dito popular, vivendo rodeado de estrelas. Era amigo do surrealista André Masson, de André Breton, Henri Matisse,
Georges Braque, Paul Klee e Pablo Picasso. Tudo isso quando morava em Paris,
na década de 1920. Com Picasso, trocava histórias, ideias, e um acompanhava o
trabalho do outro.
“O termo da produção dos dois é
cumplicidade. Foram dois artistas longevos, que atravessaram toda uma época. E,
no caso das obras de arte, compartilhavam a possibilidade da espontaneidade”,
diz Paulo Miyada, curador do Instituto
Tomie Ohtake, de São Paulo, que vai receber, de 24 de maio a 16 de agosto, a exposição Joan Miró – A força da matéria,
uma grande compilação de seu trabalho,
com mais de cem obras, entre pinturas,
esculturas e desenhos. Após esse período,
a exposição segue para o Museu de Arte
de Santa Catarina, em Florianópolis, de
2 de setembro a 14 de novembro.
Cunhado como surrealista, na verdade Miró acaba abarcando uma definição
mais abrangente. Um grande inquieto,
ele sempre quis inovar. Cansou da pintura, foi para a escultura. Revoltou-se com
o cavalete e resolveu fazer colagens. “Ele
cabe numa categoria maior. Com os surrealistas, ele dividia o interesse por aquilo que não podia ser explicado, mas não
se ateve ao programa de nenhum grupo.
Sua maior característica foi a experimentação”, explica Miyada.
As linhas eram seu maior produto
de investigação. Ele achava que a pintura muito tinha a ver com a palavra. Sua
obra convida os espectadores a uma visão de mundo mais simples. As pinturas
são ideias e não uma imagem pronta,
com muitos elementos gráficos e falta de
gravidade.
Miró era um grande crítico da ditadura do General Francisco Franco, que governou a Espanha entre os anos de 1938
e 1973 e ordenou o ataque ao vale de
Guernica, no País Basco, que resultou na
morte de 1.654 camponeses, em 1936,
durante a Guerra Civil Espanhola. “Toda
a vida dele foi tencionada por conflitos.
Ele teve que se mudar para ter a possibilidade de trabalhar, por isso sua arte era tão
livre. Ele achava que a arte tinha que trazer
uma transgressão e ser contrária a qualquer regra autoritária”, prossegue Miyada.
Quando foi morar nos Estados Unidos, deixando Paris por causa da Segunda Guerra Mundial, Miró já tinha ganhado fama em Nova York e exposto no
MoMa (Museum of Modern Art). O contato com novos artistas norte-americanos, como os expressionistas Jackson
Pollock e Mark Rothko, trouxe-lhe uma
nova maneira de fazer arte.
Nos anos 1950 mudou-se para Palma
de Maiorca, onde passou a fazer vários experimentos. Pintava com agressividade e
deixou o colorido para trás. Agora, as linhas negras e os espaços em branco eram
o mais importante. Nos anos 1960 e 1970,
chegou a pintar no chão, como Pollock fazia. Nesse momento, a escultura também
lhe tomou a curiosidade. Usou materiais
inusitados, como sucata, em alguns trabalhos. E, num ato mais violento, ainda no
âmbito de sua pesquisa pictórica, chegou a
queimar algumas de suas telas.
Joan Miró - A força da matéria
De 24/5 a 16/8 no Instituto Tomie Ohtake
(Rua dos Coropés, 88, São Paulo). De 3ª a
domingo, das 11 às 20h. Ingressos: R$ 10 e
R$ 5 (entrada franca para crianças até dez
anos e na 3ª feira para o público em geral).
À venda no site ingresse.com ou na bilheteria
do instituto, de 3ª a domingo, das 10 às 19h.
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LUZCÂMERAAÇÃO
Cuba,
Uma noite
verso e reverso
Cine Brasília exibe este mês Uma noite, ficção norte-americana ambientada
em Havana, inspirada num caso real, e o documentário Cuba libre, de Evaldo
Mocarzel, ambos enfocando controversos aspectos da vida na ilha de Fidel.
POR SÉRGIO MORICONI
É
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muito difícil ser imparcial quando
o assunto é Cuba. Normalmente
romantizada pelas esquerdas que
consideram o país um símbolo da resistência contra o imperialismo norte-americano na América Latina, o país exerce
um fascínio irresistível, a despeito das
críticas que lhe são feitas quando o assunto é a maneira como a elite revolucionária de Fidel Castro e seguidores lidam
com as liberdades individuais, com os intelectuais e artistas dissidentes, com as minorias, especialmente os homossexuais.
Uma noite, da norte-americana Lucy
Mulloy, e Cuba libre, do brasileiro Evaldo
Mocarzel, trazem duas perspectivas nor-
malmente negligenciadas, mas absolutamente contundentes da ilha. O filme de
Mocarzel documenta a atriz transexual
Phedra D. Córdoba e o da estreante
Mulloy traz o drama de três jovens que
sonham emigrar para Miami.
Alguns meses atrás, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso disse ter
feito uma viagem de turismo a Cuba, já
do desejo, notadamente de Raúl, de fugir para Miami, onde diz querer encontrar o pai, Uma noite vai muito além dessa circunstância específica. O quadro pintado por Mulloy de Cuba é sombrio e
deve revirar o estômago dos simpatizantes da causa cubana. Prostituição, drogas, apartheid entre a população local e
os turistas, mercado negro, tudo faz parte da paleta da diretora. O envolvimento
de Mulloy com seu filme é profundo. Ela
mesma operou a câmara e compôs várias
das músicas da trilha sonora.
Dizem que a arte imita a vida e vice
versa. Pois muito bem: ao ser contemplada no Festival de Tribeca com os prêmios de melhor ator, para Javier Núñes
Florian, de melhor fotografia e de melhor diretor(a) jovem, Mulloy se deu conta de que nem o ganhador, nem sua irmã
na ficção, haviam subido ao palco. Eles
haviam desaparecido no caminho para o
evento. Javier e Anailín tinham se aproveitado da conjuntura de entrar em solo
norte-americano para fugir. Eles foram
em busca de uma vida melhor em Miami! Mulloy depois se declarou orgulhosa
pelo fato de seu filme ter realizado o sonho do casal de atores protagonistas.
Muito da ideia do filme veio deles.
Quando começou a escrever o roteiro,
ainda nos Estados Unidos, ela pensava
em situar a ação do filme apenas na travessia do mar. Foram as conversas com
os atores e as contradições que testemunhou, quando pisou em solo cubano,
que a fizeram mudar o curso da história.
Muitas das contradições apresentadas em Uma noite são imanentes a distorções do pensamento revolucionário (como a ideologia militar varonil), mas, do
mesmo modo, foram aprofundadas pelo
isolamento econômico e político cubanos a partir do colapso da União Soviética. A “distensão” promovida pelo presidente Raúl Castro não deixa de ser uma
clara manifestação de que se havia chegado num limite e que algo necessariamente deveria ser feito para tirar o país do
impasse em que se encontrava. Levando
tudo isso em consideração, seria um contrassenso dizer que essa abertura seria o
“fim de Cuba”. De que Cuba se estaria
falando, afinal? Certamente não seria a
Cuba de Mulloy. A abertura de Raúl
Castro estaria condenando o país a retroceder ao tempo de Fulgêncio Batista,
quando a ilha – com seus cassinos, drogas e prostitutas – havia se transformado
num quintal recreativo para a classe média dos EUA, marginalizando a população local? O filme insinua essa possibilidade, muito embora, como diz o velho
provérbio português, só o tempo é o senhor da verdade e da razão.
Uma noite
EUA/Cuba, 2013, 90min. Roteiro e direção:
Lucy Mulloy. Com Dariel Arrechaga, Anailín
de la Rúa de la Torre e Javier Nuñez Florian.
Cuba libre
Brasil, 2011, 72min. Roteiro e direção:
Evaldo Mocarzel. Com Phedra de Córdoba.
Os dois filmes serão exibidos até 25/5 em
sessões às 17, 19 e 21h.
Fotos: Divulgação
que conhecia a ilha muito superficialmente por ocasião de algumas de suas visitas oficiais. “Quero visitar Cuba antes
que ela acabe”, afirmou, claramente aludindo ao fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos desde 1962
àquele país. Parece que existe, de fato,
um fascínio generalizado por parte dos
estrangeiros em relação ao mítico estoicismo de uma nação que ousou desafiar
a mais poderosa economia do mundo. É
inevitável perguntar o que deverá “se acabar” com a restauração das relações comerciais entre a pequena ilha caribenha
e o gigante do norte. Que tipo de idealização os estrangeiros fazem de Cuba? A
julgar pelo que vemos em Uma noite e
Cuba libre, existe um abismo entre as
perspectivas de nativos e daqueles que vivem fora da ilha.
A ex-conselheira cultural da Embaixada da França em Brasília, Françoise
Cochaud, atualmente servindo em
Cuba, disse a mim estar impressionada
com a programação cultural do país.
“Todos os grandes artistas do mundo
querem se apresentar em Cuba”, comentou Françoise, numa rápida passagem
por Brasília, mencionando um concerto
do maestro espanhol Jordi Savall que
acabara de ver em Havana alguns dias
antes. Costuma-se reverenciar também a
riqueza cultural cubana, principalmente
a música. A Phedra D. Córdoba retratada por Mocarzel, autor de outros documentários enfocando excluídos, À margem do concreto (sobre os sem-teto) e Do
luto à luta (sobre portadores de Down),
não se enquadra propriamente no que se
costuma definir como a “cultura cubana”. Nascida em Havana, Phedra deixou
o país há cinco décadas para se transformar em diva do grupo paulista Os Satyros. Vítima da repressão homofóbica
do governo de Fidel, ela retorna a Havana e, pelas mãos de Mocarzel, discute a
situação de transexuais, gays e lésbicas na
Cuba contemporânea.
Homossexualidade também está presente no filme de Mulloy. Apadrinhada
de Spike Lee, a jovem diretora colecionou prêmios em Berlim (melhor filme
da mostra Generation), em Atenas e no
Festival de Cinema Independente de
Tribeca, em Nova York. A obra centra
toda a ação nos irmãos Elio (Javier
Núñes Florian) e Lila (Anailín de La Rua
de la Torre) e na complexa relação com o
amigo Raúl (Dariel Arrechaga). Apesar
Cuba libre
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Lounge dos Chefs
na Torre de TV de Brasília
19, 20, 26, 27 e 28 de maio
Convites limitados
Mais informaç�es� ���� ����.����
D� � Vista panorâmica � Cardápio assinado por importantes
chefs da cidade � Bebidas harmonizadas
Há dez anos invadindo as ruas
e celebrando o Brasil
14 a 31 de maio 2015
O Lounge dos Chefs leva para o maior
cartão postal de Brasília toda a sua
diversidade na cozinha regional e
internacional. Nossa idéia é fortalecer
e desenvolver uma identidade
gastronômica própria da capital,
valorizando ingredientes do cerrado e
de pequenos produtores locais.
Rodrigo Freire
Presidente da Abrasel � DF
Espumante o�cial
Programação
19.05 | Nuevo Latino
Marco Espinoza
Taypá Cozinha Peruana e Pisco Bar
Alexandre Faeirstein
Kojima
20.05 | Sem Fronteiras
David Lechtig
El Paso Texas
26.05 | Cerrado em Alta
Gil Guimarães
Parrilla Madrid e Baco Pizzaria
Francisco Ansiliero
Dom Francisco
Lui Veronese
CRU Balcão Criativo
Claude Capdeville
Toca do Chopp
Rosário Tessier
Trattoria da Rosário
27.05 | Brasileiro Contemporâneo
Simon Lau
Aquavit
Agenor Maia
Olivae
Renata Carvalho
Ancho Bistrô de Fogo
Mara Alcamim
Universal Diner
28.05 | Especial Itália
Myriam Carvalho
Cantina Sanfelice
Ticiana Werner
Ticiana Werner Restaurante e Empório
Ana Toscano
Villa Borghese Restaurante
Programação sujeita a alteração
Ministério da Cultura apresenta
Banco do Brasil apresenta e patrocina
A mostra fotográfica de
Zuleika de Souza retrata o
lado humano e divergente da
estética moderna de Brasília
nas cidades-satélites.
Exposição:
9 de maio a 29 de junho,
no CCBB Brasília.
Entrada franca.
ZULEIKA DE SOUZA
Produção
Saiba mais em bb.com.br/cultura
SAC 0800 729 072 | Ouvidoria BB 0800 729567
Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088
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visitamos caraívas, um paraíso no sul da bahia