Centro de massa (CM) de um sistema O movimento de um objecto pode ser muito complexo. Mas é sempre possível definir um ponto especial, designado por centro de massa (CM) do sistema, que tem, em geral, um movimento simples. O centro de massa de uma bola vulgar está no seu centro geométrico. Já o centro de massa de uma pessoa depende da forma como a pessoa tem os braços, as pernas, etc. (se estão estendidos, encolhidos, juntos, por exemplo). Para uma pessoa em pé, direita, está aproximadamente no abdómen. Mas até pode estar fora do corpo se se der o caso do corpo estar “enroscado”. Sistemas físicos No caso de um salto de uma prancha, o CM da saltadora descreve uma trajetória parabólica apesar de cada ponto da saltadora ter uma trajetória mais complexa, como se ilustra na figura para o caso de um ponto da cabeça. O mundo é complexo, isto é, muito mais complicado do que parece à primeira vista. O físico mais famoso do século XX, Albert Einstein, afirmou um dia que a coisa mais incompreensível é o facto de, apesar de tudo, o mundo ser compreensível... Para “compreender” o mundo, a ciência usa ideias gerais, por vezes muito simples. Uma dessas ideais é a de sistema físico, um conceito que é indispensável para se falar correctamente de energia, das suas transferências e transformações. Qualquer objeto ou conjunto de objetos pode ser considerado como um sistema físico. Um sistema físico é uma porção do Universo que escolhemos para analisar e estudar. São exemplos de sistemas físicos: a Terra; o sistema solar; uma chávena de café; o motor de um carro; os gases expelidos pela combustão ocorrida no motor de um carro; o corpo humano; etc. Uns sistemas são mais simples, outros são mais complexos. Os chamados vasos de Dewar são utilizados para isolar líquidos ou sólidos. O isolamento destes sistemas é conseguido com materiais maus condutores de calor e com uma parede dupla oca no vaso. Em alguns casos, fez‑se vácuo na parede dupla, para melhorar o isolamento térmico. Sistemas mecânicos Representação das forças no centro de massa de um esquiador em movimento num plano inclinado, desprezando todas as forças de resistência (atritos e resistência do ar): A tracejado grosso, castanho: soma da força de reação do plano com o peso do esquiador. Esta soma ou resultante das forças é paralela ao plano inclinado e aponta para baixo Por vezes, é útil considerar sistemas em que não há variação de energia interna. Por exemplo, quando um carrinho cai ao longo de um plano inclinado, podemos admitir que as forças de atrito (nas rodas e nos eixos) e a força de resistência do ar são suficiente pequenas para serem desprezáveis face à força gravítica que puxa o carrinho para baixo. Nestas condições, dizemos que o carrinho e a Terra (em interação devido à força gravítica) constituem um sistema mecânico. Num sistema mecânico, não há aquecimento nem arrefecimento de qualquer dos componentes do sistema. Como veremos adiante, isto significa que não há dissipação de energia num sistema mecânico, e, portanto, não há nem aumento nem diminuição da energia interna. 186 A azul, trajetória do centro de massa, CM, assinalado com uma cruz, de uma saltadora. A roxo, trajetória de um ponto da cabeça. Neste tipo de salto, a trajetória do CM é parabólica. Uma parábola é uma curva regular a que corresponde um certo modelo matemático. Alguns textos utilizam o termo “centro de gravidade” para se referirem ao centro de massa. Apesar de serem conceitos distintos, para situações de movimento de objectos pequenos à superfície da Terra, a posição do centro de massa coincide praticamente com o centro de gravidade. Muitas vezes é útil identificar os limites ou fronteira de um sistema físico, isto é, a superfície real ou imaginária que separa o sistema do exterior do sistema. Certos sistemas físicos podem ser considerados como sistemas isolados: quer dizer, não há transferência de energia nem de matéria de ou para o exterior do sistema. Em rigor, isolar totalmente um sistema é muito difícil mas por vezes é conveniente considerar que certos sistemas estão isolados. Quando falamos do movimento de um corpo estamos, quase sempre, a falar do movimento do centro de massa desse corpo (ou de uma “partícula” no CM, a que corresponde a massa do corpo — o chamado “modelo da partícula material”). Isto facilita o estudo do movimento do corpo mas, por outro lado, obriga-nos, por exemplo, a desprezar qualquer deformação que o corpo possa sofrer bem como a desprezar qualquer movimento de rotação do corpo. Num sistema mecânico, apenas se consideram variações de energia cinética e de energia potencial a nível macroscópico, desprezando qualquer variação de energia interna dos objetos que constituem o sistema. Portanto, num sistema mecânico, não há aquecimento nem arrefecimento de qualquer parte do sistema. http://passarolafq.pt Força exercida pelo plano no esquiador (força de reação do plano, normal ao plano). ! Nota: “normal” significa “perpendicular” F N ! Fres ! FN Quanto menor for a inclinação do plano, menor é a soma ou ! resultante das forças. Fres ! Fg Peso do esquiador (força gravítica), vertical 2.4 s http://passarolafq.pt ! Fg 187