5º DESAFIO MAS AFINAL O QUE É A FORÇA CENTRÍFUGA? Acabámos de ver o filme relativo ao terceiro desafio proposto e, antes sequer de pensar no problema em causa, demos por nós (e passando a expressão) a “ROERMO-NOS DE INVEJA”!! Quem nos dera experimentar a sensação de sermos astronautas e gravitar tal e qual Pedro Duque fez na missão Cervantes... Mas, enfim, passado este momento em que fomos invadidos por um sentimento que não nos parece muito aconselhável, decidimos prestar mais atenção aos fenómenos realmente demonstrados. Descrição do Observado: Duas esferas com diferentes massas são presas por um fio. Na primeira experiência, o astronauta (e sortudo...) Pedro Duque sustém a esfera de maior massa, enquanto que a outra é posta em movimento, percorrendo, assim, uma trajectória circular em torno da primeira esfera. Na Segunda experiência, o sistema (bolas e fio) é posto em rotação, sendo depois o fio cortado por uma tesoura. Isto faz com que as duas esferas se afastem (mas com velocidades diferentes). Análise do que foi observado: Na primeira experiência, o sistema em estudo é constituído apenas pelo flutuador que se desloca – tendo como ponto de referencia o flutuador que se encontra fixo na mão do astronauta –, devido à interacção fio-corpo (tensão do fio) que corresponde à força centrípeta, mantendo-o numa trajectória circular. Na Segunda experiência, o sistema é constituído por dois flutuadores e um fio que os une. Neste caso, verificámos, antes de mais, que existe um conceito bastante importante na física presente nesta experiência que é o Centro de Massa ou Centro Gravitacional. Centro de massa – ponto onde podemos supor aplicada a resultante das forças de gravidade aplicadas em cada um dos pontos materiais de que supomos constituído o corpo. Pelo facto de as duas esferas terem massas diferentes, o centro de massa não se vai localizar no centro do fio, mas sim num ponto mais próximo da esfera de maior massa. Este centro de massa encontra-se em rotação sobre si mesmo e, como não há interacções exteriores, a sua posição não se devia alterar. Como este sistema contem duas partículas em movimento de translação, a fórmula do centro de massa ficará reduzida a: ρ ρ ρ m1 r1 + m 2 r2 RC . M . = m1 + m 2 ρ ρ R = 0 se o centro de massa apenas tiver movimento de rotação (e não de translação). Mas, como observamos no filme, o centro de massa possuía, também, movimento de translação. Achamos, contudo, que este movimento é desprezável, pois deve-se apenas às condições iniciais (características da velocidade imposta pelo Pedro no sistema). Nestas experiências a força que actua em cada um dos flutuadores é a força de tensão do fio. Estas forças são interiores ao sistema. Não havendo interacções exteriores, o centro de massa roda com uma velocidade angular constante. Problema da experiência 1: Dois flutuadores (E1 e E2) com as massas respectivamente de 100 gramas e 80 gramas, estão ligadas por um fio com o comprimento de 50 cm. A velocidade angular do flutuador é de 0.5 rad/s. Determine intensidade da força centrípeta exercida pelo sistema no centro de massa. Para calcular a força centrípeta (corresponde à tensão exercida pelo fio): ρ ρ De acordo com a 2ª Lei de Newton, F = ma . Neste caso, como se trata de um movimento circular, ρ ρ Fc = m a c . Sabemos que ρ2 v ρ ac = r ρ ρ ρ ρ 2 ρ ρ 2 ; como v = w r , a c = w r . Assim, a F = m w r . c m=80g=0,08kg w=0,5rad/s r=50cm=0,5m ρ Fc =0,08*(0,5)2*0,5=0,01N A força centrípeta (que mantém o flutuador na sua órbita circular) tem intensidade 0,01N, direcção do fio, sentido do flutuador em movimento para o flutuador fixo e ponto de aplicação no flutuador em movimento. Problema: Dois flutuadores (E1 e E2) com as massas respectivamente de 100 gramas e 80 gramas, estão ligadas por um fio com o comprimento de 50 cm. A velocidade angular de cada uma das esferas é de 0.5 rad/s. Determine a posição do centro de massa e a respectiva intensidade da força centrípeta exercida pelo sistema no centro de massa Começamos por calcular o centro de massa: Consideramos o referencial como tendo origem no centro de massa do sistema. Assim, como este ρ (centro de massa) tem movimento de translação desprezável, o vector-posição ( R ) será nulo. Para além disso, como considerámos o sistema contido num plano π , só consideramos o eixo das abcissas, pelo que ρ ρ r1 = x 1 e r2 = x 2 . 0= m 1x 1 + m 2 x 2 0,1(0,5 − x 2 ) + 0,08 x 2 = ⇔ m1 + m 2 0,18 ρ r1 ρ r2 C.M ⇔ x 2 = 0,278 m = 27,8cm m1 x1 x2 m2 desenhámos um flutuador maior que outro para representar o de maior massa x 1 = 50 − x 2 ⇔ x 1 = 22,2cm Assim, como o centro de massa se localiza mais perto do flutuador de maior massa (100 g), está a 22,2 cm deste flutuador. Para calcularmos a força centrípeta (corresponde à tensão exercida pelo fio sobre cada um dos flutuadores): ρ ρ De acordo com a 2ª Lei de Newton, F = ma . Neste caso, como se trata de um movimento circular, ρ ρ ρ ρ ρ ρ ρ ρ ρ ρ v2 Fc = m a c . Sabemos que a c = ; como v = wr , a c = w 2 r . Assim, a Fc = mw 2 r . r Calcularemos agora a força centrípeta para o flutuador E1: m=m1=100g=0,1kg w=0,5 rad/s r=d1=22,2cm=0,222m Assim, substituindo na fórmula: ρ Fc = 0,1 * (0,5) 2 * 0,222 ρ Fc = 0,0055 N Embora existam duas forças centrípetas no sistema (aplicadas em cada um dos flutuadores), elas têm a mesma intensidade, uma vez que a velocidade angular (w) é igual para ambas e m1*d1=m2*d2 (d e m são inversamente proporcionais). As forças centrípetas (que mantém os flutuadores nas suas órbitas circulares) tem intensidade 0,01N, direcção do fio, sentido flutuador - centro de massa do sistema e ponto de aplicação no centro de massa de cada um dos flutuadores. Quando o fio é cortado: Verificámos, também, que o astronauta Pedro Duque, no final da segunda experiência, cortou o fio que ligava os flutuadores, no ponto que corresponde (aproximadamente) ao centro de massa do sistema. Assim, os flutuadores vão assumir uma trajectória rectilínea, afastando-se um do outro, com sentidos opostos. A explicação para este facto é a seguinte: no momento em que é cortado o fio, cada um dos flutuadores mantém a o módulo da sua velocidade, mas percorre uma trajectória tangente à trajectória circular que mantinham antes de ser cortado o fio. Como deixa de actuar a força centrípeta, a resultante das forças aplicadas é nula, não havendo aceleração. Possuem, assim, um movimento rectilíneo uniforme (1ª Lei de Newton). Porque é a força centrífuga uma força fictícia? Antes de explicarmos o porquê da força centrifuga ser uma força fictícia, convém definirmos referenciais de inércia e referenciais acelerados. Em referenciais inerciais, a leis da física são mais simples (basta conhecer as interacções entre os objectos). Como não há mais forças a actuar (forças de aceleração), o princípio da inércia é válido. Em referenciais acelerados, para além das forças físicas das interacções entre os objectos materiais, há forças fictícias ligadas às acelerações. A força centrifuga, ao contrário do que se poderá pensar, actua num objecto que se mova numa trajectória circular, “puxando-o “ para fora, balançando a força centrípeta (constituindo um par acçãoreacção, segundo a 3ª Lei de Newton) que o “puxa” para o centro (tornando a resultante dessas duas forças nula) sempre que se trata de um referencial acelerado (que é o caso). ρ ρ Fc + Fin = 0 António José Sousa de Almeida Maria Margarida Videira Lopes Metelo Coimbra Escola Secundária Alves Martins, Viseu 10º ano, turma H 11º ano, turma H