S. RIBEIRO E SILVA 1. CENTROS DE MASSA 1.1. FORÇAS EM CORPOS RÍGIDOS Corpo rígido é aquele que não se deforma. As forças que actuam em corpos rígidos podem ser classificadas em dois grupos: Forças Exteriores – que representam a acção de outros corpos sobre o corpo rígido considerado, sendo responsáveis pelo comportamento externo do corpo. Estas podem provocar o movimento ou assegurar a manutenção do corpo em repouso. Exemplo: Força de gravidade terrestre ou peso; Forças Internas – são as que mantêm unidos os elementos que formam o corpo rígido. Se o corpo é estruturalmente composto por diversas partes, as forças que mantêm estas partes unidas são as chamadas forças internas. Exemplo: forças em treliças e catenárias. 1.2. CENTRO DE MASSA DE UM CORPO BI-DIMENSIONAL A atracção exercida pela Terra sobre um corpo rígido pode ser representada por uma única força equivalente P , que representa um grande número de pequenas forças distribuídas por todo o corpo ∆P . O ponto de aplicação desta força equivalente P chama-se centro de gravidade G ou mais genericamente centro de massa. Em primeiro, considere-se uma placa horizontal, tal como é ilustrado na Fig. 1.1, a qual pode ser dividida em n pequenos elementos. As coordenadas do primeiro elemento são designadas ( x1 , y1 ) e a força exercida pela Terra sobre esse mesmo elemento da placa é denominada ∆P1 . Generalizando, para n elementos ∆P1 , ∆P2 , ... , ∆Pn . Estas forças ou pesos encontram-se orientados em direcção ao centro da Terra, mas para efeitos práticos vamos considerá-los verticalmente alinhados com o eixo dos zz . A resultante será uma força com a mesma direcção e com um módulo P , dado pela adição dos pesos elementares: ∑F : z P = ∆P1 + ∆P2 + ... + ∆Pn (1.1) Fig. 1.1 – Centro de Massa de uma Placa. 1-1 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA Para se obter as coordenadas ( x, y ) do ponto G , onde a resultante P deve ser aplicada, consideramos que os momentos de P , em relação aos eixos x e y são iguais à soma dos momentos correspondentes aos pesos elementares, matematicamente dados por: ∑M ∑M y : x. P = x1.∆P1 + x2 .∆P2 + ... + xn .∆Pn x : y.P = y1 .∆ P1 + y2 .∆P2 + ... + yn .∆Pn (1.2) Se aumentarmos o número de elementos em que a placa é dividida e em simultâneo diminuirmos o tamanho da cada um desses elementos, podemos aplicar o cálculo infinitésimal/integral e assim considerar no limite as seguintes expressões: ∫ P = dP ∫ x.dP y.P = ∫ y.dP x.P = (1.3) Estas equações definem o peso P e as coordenadas ( x, y) do centro de massa G da placa plana. As mesmas equações podem também ser utilizadas para definir o centro de massa de uma barra situado no plano xy , tal como é ilustrado na Fig. 1.2. Note-se, que neste caso o centro de massa G não se encontra sobre a barra mas é apenas um ponto no espaço onde deve ser aplicado o peso P . Fig. 1.2 – Centro de Massa de uma Barra. 1.3. CENTRÓIDES DE ÁREAS E DE LINHAS No caso de se considerar uma placa homogénea de espessura uniforme t , o módulo do peso de um elemento ∆P é dado por: ∆ P = γ .t.∆A (1.4) 1-2 S. RIBEIRO E SILVA Onde: 3 γ = ρ . g = peso especifico [N/m ]. Analogamente podemos expressar o módulo do peso total da placa P por: P = γ .t. A (1.5) Onde: 2 A = área total da placa [m ]. Substituindo as equações (1.4) e (1.5) na equação (1.2) e dividindo pela constante γ .t obtém-se: ∑M ∑M y : x : x. A = x1.∆ A1 + x2 .∆A2 + ... + xn .∆An (1.6) y. A = y1 .∆A1 + y2 .∆A2 + ... + yn .∆An Se aumentarmos o número de elementos em que a placa é dividida e em simultâneo diminuirmos o tamanho da cada um desses elementos, podemos aplicar novamente o cálculo infinitésimal/integral e assim considerar no limite as seguintes expressões: ∫ x.dA y. A = ∫ y.dA x. A = (1.7) Estas equações definem as coordenadas ( x, y) do centro de massa de uma placa homogénea. Tal como é ilustrado na Fig. 1.3, o ponto com coordenadas ( x, y) é também designado centróide C da área A da placa. Note-se que caso a placa não seja homogénea as equações (1.7) não permitem calcular o centro de massa da placa; porém permitem determinar o centróide da área. Fig. 1.3 – Centróide de uma Área. 1-3 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA ∫ xdA é habitualmente designado por momento de 1ª ordem ou momento estático em relação ao eixo dos yy . Analogamente, o integral ∫ ydA é habitualmente designado O integral da área A por momento de 1ª ordem ou momento estático da área A em relação ao eixo dos xx . Tal como se pode inferir a partir da equação (1.7), se o centróide de uma área está situado sobre um eixo coordenado, logo, o momento estático da área em relação a este eixo é nulo. No caso de uma barra homogénea com uma secção transversal uniforme, o peso de um elemento da barra ∆P é dado por: ∆ P = γ .a.∆L (1.8) Onde: 2 a = área da secção transversal da barra [m ]. Tal como é ilustrado na Fig. 1.4, o centro de massa coincide com o centróide C da linha L definida pela forma da barra. As coordenadas ( x, y) do centróide da linha L são dadas por: ∫ y.L = ∫ y.dL x.L = x.dL (1.9) Fig. 1.4 – Centróide de uma Linha. 1.3.1 Teoremas de Simetria Uma área A é considerada simétrica em relação a um eixo BB′ se a todos e qualquer ponto P corresponder um ponto P′ da mesma área, de tal forma que o linha PP′ seja perpendicular a BB′ e duas partes iguais por aquele eixo (ver Fig. 1.5). Uma linha L é considerada simétrica em relação a um eixo BB′ se esta satisfazer condições análogas. 1-4 S. RIBEIRO E SILVA Fig. 1.5 – Centróide e Simetrias de uma Figura Plana em “L”. Para as figuras planas simétricas pode enunciar-se os seguintes teoremas de simetria: (1) Quando uma área A ou uma linha L possuem um eixo de simetria BB′ , o centróide da área ou da linha está situado sobre este eixo. (2) Se o eixo de simetria é coincidente com o eixo dos yy , então a coordenada do centróide x é zero, pois a todos os produtos elementares x.dA e x.dL da primeira linha das equações (1.7) e (1.9) corresponderá um produto de igual valor mas de sinal contrário. (3) Caso uma área ou uma linha possuam dois eixos de simetria, o centróide da área ou da linha está localizado na intersecção dos dois eixos de simetria (ver Fig. 1.6). Fig. 1.6 – Centróides e Simetrias de um Triângulo Equilátero e de uma Figura Plana em “I”. Esta propriedade permite determinar facilmente o centróide de áreas de algumas figuras planas como seja o caso de círculos, elipses, quadrados, rectângulos, triângulos equiláteros, ou quaisquer outras figuras simétricas, como é o caso dos centróides de linhas na forma de circunferências de círculo, perímetro de quadrado, etc. 1-5 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA 1.4. CENTRÓIDES DE PLACAS E DE BARRAS COMPOSTAS Tal como é ilustrado na Fig. 1.7, em determinados casos podemos dividir uma placa em rectângulos, triângulos ou outras formas planas regulares cujos centróides e áreas respectivas são bem conhecidas. A abcissa X do centro de massa G da placa pode ser calculado a partir das várias abcissas x1 , x 2 ,... , dos centros de massa das várias partes constituintes, considerando que o momento do peso de toda a placa em relação ao eixo dos yy é igual ao somatório dos momentos dos vários pesos das várias partes em relação ao mesmo eixo. A ordenada Y do centro de massa G da placa é calculada de forma idêntica, equacionando agora os momentos em relação ao eixo dos xx . Fig. 1.7 – Centro de Massa de uma Placa Composta. Em linguagem matemática, calculamos as coordenadas ( X , Y ) do centro de massa G de uma placa composta por n elementos a partir das seguintes equações: ∑M ∑M y = 0 ⇔ X (P1 + P2 + P3 + ... + Pn ) = x1 P1 + x 2 P2 + x 3 P3 + ... + x n Pn x = 0 ⇔ Y ( P1 + P2 + P3 + ... + Pn ) = y1 P1 + y 2 P2 + y 3 P3 + ... + y n Pn (1.10) No caso de se considerar uma placa homogénea de espessura uniforme t , o centro de massa coincide com o centróide da área C . Tal como é mostrado na Fig. 1.8, podemos determinar a abcissa do centróide da área considerando-se que o momento estático (ou momento de 1ª ordem) da área composta em relação ao eixo dos yy é igual ao somatório dos momentos das várias áreas das várias partes em relação ao mesmo eixo. Uma vez mais, a ordenada Y do centróide C da placa é calculada de forma idêntica, equacionando agora os momentos estáticos das áreas em relação ao eixo dos xx . 1-6 S. RIBEIRO E SILVA Fig. 1.8 – Centro de Massa de uma Área Composta. Em linguagem matemática, calculamos as coordenadas ( X , Y ) do centróide C de uma área composta por n elementos a partir das seguintes equações: ∑M ∑M y = 0 ⇔ X ( A1 + A 2 + A3 + ... + An ) = x1 A1 + x2 A2 + x3 A3 + ... + x n An x = 0 ⇔ Y ( A1 + A2 + A3 + ... + An ) = y 1 A1 + y 2 A2 + y 3 A3 + ... + y n An (1.11) Quando se trata do cálculo dos centros de massa de placas ou dos centróides de áreas compostas, sublinha-se a necessidade de ser atribuído aos momentos (das forças ou das áreas) de cada elemento o sinal (positivo ou negativo) adequado. Designadamente, ao momento estático de uma determinada área localizada à esquerda do eixo dos yy deve ser atribuído um sinal negativo. Assim como, para um furo localizado á direita do eixo dos yy , deve ser atribuído um valor negativo para a sua massa ou área, tal como é mostrado na Fig. 1.9. Fig. 1.9 – Centro de Massa de uma Placa Composta com um Furo. 1.5. CÁLCULO DE CENTRÓIDES DE ÁREAS POR INTEGRAÇÃO O cálculo das coordenadas do centróide de uma área limitada por curvas analíticas (definidas através de uma dada equação) é geralmente efectuado através das equações (1.7). No 1-7 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA entanto a técnica de integração a ser utilizada depende da forma como é definido o elemento dA . Se o elemento dA é escolhido como sendo um pequeno quadrado de lados dx e dy , a técnica de integração aplicável é a da integração dupla em ordem a x e y . Também será aplicável a integração dupla nos casos em que forem utilizadas coordenadas polares e dA for agora definido como um pequeno quadrado elementar de lados dr e r.dθ . Por outro lado, se considerarmos que dA é um rectângulo estreito ou uma faixa muito fina determinamos as coordenadas da área através de uma única integração. Esta técnica de integração é por isso designada como método das faixas ou fatias. Também será aplicável este segundo método ao elemento infinitésimal do tipo sector fino ou sector circular elementar mostrado na Fig. 1.10. O centróide de um rectângulo estreito encontra-se no seu centro e o centróide de um sector fino encontra-se à distância 2 r do seu vértice. 3 Fig. 1.10 – Centróides e Áreas de Elementos Infinitésimais. As coordenadas do centróide da área sob consideração são obtidas igualando-se o momento estático de toda a área, em relação a cada eixo coordenado, ao somatório (ou integral) dos correspondentes momentos dos elemento dA . Designando x elto e y elto as coordenadas do elemento dA , podemos então definir as seguintes equações: ∑M ∑M y x ∫x = 0 ⇔ yA = ∫ y = 0 ⇔ xA = elto dA (1.12) elto dA Caso a área da figura não seja conhecida, esta também pode ser calculada utilizando esta técnica de integração. As coordenadas x elto e y elto do centróide do elemento de área dA devem ser definidas em função das coordenadas de um ponto localizado sobre a curva que delimita esse elemento de área. O elemento de área dA deve também ser expresso em função das coordenadas do ponto e dos 1-8 S. RIBEIRO E SILVA seus lados infinitésimais. Tal como é ilustrado na Fig. 1.10, os procedimentos acima descritos foram aplicados a três tipos comuns de elementos. Refere-se que o elemento triangular da parte (c) da figura dever ser utilizado nos casos em que a equação da curva que delimita a área é apresentada em coordenadas polares. As expressões apropriadas devem ser substituídas nas equações (1.12), e a equação da curva deve ser usada para exprimir uma das coordenadas em função da outra. Depois a integração reduz-se a resolver um integral simples, o qual pode ser resolvido segundo as regras básicas do cálculo integral. Quanto ao centróide de uma linha, definida por uma equação algébrica, este pode ser determinado a partir das equações (1.9). Dependente do tipo de equação que é utilizada para definir a linha (onde estas expressões resultam da simples aplicação do teorema de Pitágoras), o elemento dL deve ser substituído por uma das seguintes expressões: 2 dy dL = 1 + dx dx 2 dx dL = 1 + dy dy 2 dr dL = 1 + dθ dθ A equação da linha é então utilizada para exprimir uma das coordenadas em função da outra e a integração pode ser resolvida também pelas regras básicas do cálculo integral. 1.6. TEOREMAS DE PAPPUS-GULDIN Estes teoremas dizem respeito a superfícies e corpos de revolução. Onde: Superfície de revolução - é uma superfície que pode ser gerada pela rotação de uma curva plana em torno de um eixo fixo. Por exemplo, na Fig. 1.11 verifica-se que a superfície de uma esfera pode ser obtida pela rotação de uma semi-circunferência ABC em torno do diâmetro AC; a superfície lateral de um cone, pela rotação de uma recta AB em torno de um eixo AC; a superfície de um toro ou anel, pela rotação de uma circunferência de um círculo em relação a um eixo não-secante. Fig. 1.11 – Geração de uma Superfície de Revolução. Corpo de revolução - é um corpo que pode ser gerado pela rotação de uma área plana em torno de um eixo fixo. Por exemplo, na Fig. 1.12 verifica-se que uma esfera sólida pode ser 1-9 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA obtida pela rotação de uma semi-círculo em torno do seu eixo; um cone, pela rotação de uma área triangular; e um toro sólido, pela rotação de um círculo. Fig. 1.12 – Geração de um Corpo de Revolução. 1.6.1. Teorema I – Teorema das Áreas das Superfícies de Revolução: A área de uma superfície de revolução é igual ao comprimento da geratriz multiplicado pela distância percorrida pelo centróide da curva durante a geração da superfície. Prova do teorema: Considere-se um elemento dL da linha L da Fig. 1.13, o qual gira em redor do eixo dos xx . A área dA gerada pelo elemento dL é igual a 2πydL . Deste modo, a área total gerada por L é A = ∫ 2πydL . No entanto, tal como vimos na equação (1.9), o integral ∫ ydL é igual yL . Portanto, obtemos: A = 2π y L (1.13) Onde: 2π y = distância percorrida pelo centróide da linha L . Deve ser sublinhado que a curva geratriz não deve cruzar o eixo em torno do qual ela própria gira; pois se o fizesse, as duas secções em ambos os lados do eixo gerariam áreas de sinais opostos e o teorema não se aplicaria. 1-10 S. RIBEIRO E SILVA Fig. 1.13 – Geração e Centróide de uma Superfície de Revolução. 1.6.2. Teorema II – Teorema das Volumes dos Corpos de Revolução: O volume de um corpo de revolução é igual à área da geratriz multiplicada pela distância percorrida pelo centróide da área durante a geração do corpo. Prova do teorema: Considere-se um elemento dA da área A da Fig. 1.14, o qual gira em redor do eixo dos xx . O volume dV gerado pelo elemento dA é igual a 2πydA . Deste modo, o volume total gerado por A é V = ∫ 2πydA . No entanto, tal como vimos na equação (1.7), o integral ∫ ydA é igual y A . Portanto, obtemos: V = 2π y A (1.14) Onde: 2π y = distância percorrida pelo centróide da área A . Uma vez mais deve ser sublinhado que o teorema não se aplica aos casos em que o eixo de rotação é secante à geratriz. 1-11 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA Fig. 1.14 – Geração e Centróide de um Corpo de Revolução. Os teoremas de Pappus-Guldin oferecem um modo simples de calcular a área de superfícies de revolução e o volume de corpos de revolução. Tambérm podem ser utilzados, inversamente, para determinar o centróide de uma curva plana quando a área da superfície gerada pela curva é conhecida ou para determinar o centróide de uma área plana quando o volume do corpo gerada pela área é conhecido. 1-12 S. RIBEIRO E SILVA 1.7. CENTRO DE MASSA DE UM CORPO TRI-DIMENSIONAL E CENTRÓIDE DE UM VOLUME Tal como é mostrado na Fig. 1.15, o centro de massa G de um corpo tri-dimensional é obtido dividindo primeiro o corpo em pequenos elementos e depois considerando que o peso total P do corpo, o qual é aplicado em G , é equivalente ao sistema de forças distribuídas ∆P , representativas dos pesos dos pequenos elementos. Fig. 1.15 – Centro de Massa de um Corpo Tri-dimensional. Escolhendo o eixo dos yy vertical, com sentido positivo para cima, e designando r por o vector-posição de G , deduz-se a partir do teorema da Varignon, que P é igual à soma dos pesos elementares ∆P e que o seu momento em relação a O é igual à soma dos momentos dos pesos elementares em relação a O . Introduzindo os vectores unitários i , j , k , orientados segundo os eixos dos xx , yy , zz , respectivamente e aplicando as regras do produto externo obtém-se: ∑ F = 0 ⇔ − Pj = ∑ (− ∆ Pj) ∑ M = 0 ⇔ r × (− Pj ) = ∑ [r × (− ∆Pj )] y (1.15) O Considerando que P é um escalar, é possível rescrever a equação (1.15) na forma: r P × (− j ) = ∑ (r∆ P)× (− j ) (1.16) A partir da equação (1.16), observamos que o peso total P do corpo será equivalente ao sistema dos pesos elementares ∆P caso sejam satisfeitas as seguintes condições: ∑ ∆P r P = ∑ r∆P P= Aumentando o número de elementos e reduzindo em simultâneo o seu tamanho, pode ser aplicado o cálculo infinitésimal/integral e obtém-se no limite as seguintes condições: ∫ rP = ∫ rdP P = dP (1.17) 1-13 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA Observamos que as relações obtidas são independentes da orientação do corpo. Por exemplo, se o corpo e os eixos coordenados forem rodados de tal modo que o eixo dos zz aponte para cima, o vector unitário − j será substituído pelo vector unitário − k nas equações (1.15) e (1.16), mas as relações (1.17) permanecem inalteradas. Decompondo os vectores de posição do corpo r e de cada um dos seus elementos r em componentes cartesianas, verifica-se que a segunda das equações (1.17) é equivalente às seguintes equações de escalares: ∫ yP = ydP ∫ z P = ∫ zdP xP = xdP (1.18) Se o corpo for constituído por material homogéneo de peso específico γ , o valor do peso de um elemento infinitésimal dP pode ser expresso em função do volume desse mesmo elemento dV e o peso total P em função do volume total V , sendo estes, matematicamente, dados por: dP = γdV P = γV Substituindo as expressões acima na segunda das equações (1.17), obtém-se: ∫ rV = rdV (1.19) , ou na forma escalar com coordenadas cartesianas: ∫ yV = ydV ∫ zV = ∫ zdV xV = xdV (1.20) O ponto de coordenadas (x, y, z ) é normalmente designado centróide do volume V do corpo. Se o corpo for não-homogéneo as equações (1.20) já não podem ser aplicadas para determinar o centro de massa do corpo; no entanto, estas continuam a permitir definir o centróide do volume ocupado pelo corpo. O integral ∫ xdV é conhecido como o momento estático ou momento de primeira ordem do volume em relação ao plano yz . Analogamente, os integrais ∫ ydV e ∫ zdV definem os momentos estáticos ou momento de primeira ordem do volume em relação ao plano zx e xy , respectivamente. A partir das equações (1.20), verifica-se que se o centróide de um volume está localizado num plano coordenado, o momento em relação a esse plano é nulo. De forma idêntica à secção 1.3.1, um volume é considerado simétrico em relação a um dado plano se a todo os pontos P do volume corresponderem pontos P′ do mesmo volume tal que o segmento PP′ seja perpendicular ao referido plano e o volume seja dividido em duas partes iguais por este plano. Naturalmente, o plano é designado plano de simetria do volume e quando um dado volume V possui um plano de simetria, o seu centróide tem de estar localizado sobre este plano. Quando o volume tem dois planos de simetria, o seu centróide deve estar localizado sobre a recta 1-14 S. RIBEIRO E SILVA de intersecção dos dois planos de simetria. Finalmente, quando o volume possui três planos de simetria, que se interceptam num ponto perfeitamente definido, este ponto de intersecção é coincidente com o centróide do volume. Estas propriedades da simetria permitem determinar de forma simples e imediata o centróide de esferas, elipsóides, cubos, paralelepípedos, etc.. Os centróides de volumes não-simétricos ou de volumes que possuam somente um ou dois planos de simetria serão determinados pelo método de integração, o qual se encontra descrito no secção 1.9. Deve sublinhar-se que, em geral, o centróide de uma superfície de revolução não coincide com o centróide da sua área da secção transversal. Por exemplo, o centróide de uma calote esférica é diferente do centróide de uma área semi-circular e o centróide de um cone é diferente do centróide de um triângulo. 1.8. CORPOS COMPOSTOS Se um corpo pode ser dividido em diversos outros corpos que possuem formas regulares e bem conhecidas, o seu centro de massa GC pode ser determinado igualando-se o momento do seu peso total em relação a O à soma dos momentos dos pesos dos corpos componentes em relação a esse mesmo ponto. Procedendo de igual modo ao da secção 1.7, obtêm-se então as seguintes equações, que definem as coordenadas ( X C , Y C , Z C ) do centro de massa GC . ∑ P = ∑ xP Y ∑ P = ∑ yP Z ∑ P = ∑ zP X (1.21) Se o corpo for constituído por material homogéneo, o seu centro de massa coincide com o centróide de volume e podemos utilizar as seguintes equações: ∑ V = ∑ xV Y ∑ V = ∑ yV Z ∑V = ∑ zV X (1.22) 1.9. CÁLCULO DE CENTRÓIDES DE VOLUMES POR INTEGRAÇÃO O centróide de um volume limitado por superfícies, que podem ser definidas por uma dada expressão analítica, pode ser obtido por aplicação dos integrais das equações (1.20). Se o elemento de volume dV escolhido é igual a um cubo elementar com lados dx , dy e dz , o cálculo de cada um dos integrais requer uma integração tripla em ordem a x , y e z . Contudo, na maior parte dos casos é possível determinar as coordenadas do centróide do volume por integração dupla caso dV seja escolhido como sendo igual ao volume de uma faixa ou fatia estreita, tal como é ilustrado na Fig. 1.16. 1-15 A PONTAMENTOS DAS A ULAS PRÁTICAS DE DINÂMICA – CENTROS DE M ASSA Fig. 1.16 – Cálculo do Centróide de um Volume por Integração Dupla. As coordenadas do centróide são então obtidas a partir das seguintes equações: ∫ yV = y ∫ zV = ∫ z xV = x elto dV elto elto (1.23) dV dV Note-se, que deve também ser substituído o volume dV e as coordenadas x elto , y elto e z elto pelas expressões indicadas na Fig. 1.16. Utilizando uma dada equação da superfície para exprimir z em função de x e y , a integração reduz-se a uma integração dupla em ordem a x e y . 1-16 S. RIBEIRO E SILVA Caso o volume considerado tenha dois planos de simetria, o seu centróide tem de estar localizado sobre a recta de intersecção destes planos. Escolhendo o eixo dos xx ao longo desta linha, temos que y = z = 0 e a única coordenada que necessita de ser determinada é x . Este cálculo será realizado com maior rapidez se dividirmos o volume dado em faixas paralelas ao plano yz . No caso particular de um corpo de revolução, estas faixas são circulares e o seu volume dV é mostrado na Fig. 1.17. Finalmente, podemos determinar o centróide do corpo x com uma única integração em ordem a x , exprimindo o raio r em fiunção de x e substituindo x elto e dV na primeira das equações (1.23). Fig. 1.17 – Cálculo do Centróide de um Corpo de Revolução. 1-17