UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA - GESTÃO ROSA VIRGINIA CARVALHO DE SOUZA FAMÍLIA E EDUCAÇÃO – A proximidade da família e sua influência no aprendizado dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental na Escola Municipal do Natal em Camaçari. Salvador 2009 2 ROSA VIRGINIA CARVALHO DE SOUZA FAMÍLIA E EDUCAÇÃO – A proximidade da família e sua influência no aprendizado dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental na Escola Municipal do Natal em Camaçari. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia com Habilitação em Gestão e Coordenação do Trabalho Escolar. Orientador: Prof. Marcelo Oliveira de Farias. Salvador 2009 3 FICHA CATALOGRÁFICA – Biblioteca Central da UNEB Bibliotecária: Jacira Almeida Mendes – CRB: 5/592 Souza, Rosa Virginia Carvalho de Família e educação: a proximidade da família e sua influência no aprendizado dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental na Escola Municipal do Natal em Camaçari / Rosa Virginia Carvalho de Souza. – Salvador, 2009. 55f. Orientador: Marcelo Oliveira de Farias. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2009. Contém referências, apêndices e anexos. 1. Lar e escola. 2. Educação - Participação dos pais. 3. Educação pré-escolar. 4. Pais e professores. I. Farias Marcelo Oliveira de. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação. CDD: 371.103 4 ROSA VIRGÍNIA CARVALHO DE SOUZA FAMÍLIA E EDUCAÇÃO – A proximidade da família e sua influência no aprendizado dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental na Escola Municipal do Natal em Camaçari. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia com Habilitação em Gestão e Coordenação do Trabalho Escolar. Data da Defesa: Salvador, 14 de Setembro de 2009. Banca Examinadora _______________________________________________________ Prof. Marcelo Oliveira de Farias - Orientador _________________________________________________________ Profª. Dra. Rilza Cerqueira - Universidade do Estado da Bahia _________________________________________________________ Profª. Ms. Fátima Urpia - Universidade do Estado da Bahia Salvador 2009 5 Dedico este estudo a minha mãe, meu exemplo de vida e admiração, responsável por jamais desistir dos meus ideais. E aos alunos da Escola do Natal, que tanto sofrem com a “ausência” dos pais na sua vida. 6 AGRADECIMENTO Agradeço, a Deus primeiramente, por ter permitido o meu acesso, permanência e chegada até aqui, com saúde e perseverança para dar continuidade na minha caminhada. A minha mãe, meu exemplo e razão de hoje ser quem eu sou. A todos os professores, que desde o inicio da minha graduação acreditaram em mim e colaboraram para minha formação. Ao professor Marcelo Faria, por aceitar o desafio de me orientar, faltando tão pouco tempo para isso, e desempenhar o seu papel de forma brilhante e sábia. A Escola Municipal do Natal, por me acolher e abrir as portas, compreendendo e contribuindo significativamente para o desenvolvimento desta pesquisa. Aos meus colegas de turma pela inteligência e incentivo nos momentos difíceis. Essa turma fez a diferença! As minhas amigas Michele, Fernanda e Luciana pelo apoio, amizade verdadeira, sabedoria e companheirismo, que levarei por toda vida. Meus sinceros agradecimentos a todos que direta ou indiretamente me ajudaram na elaboração e conclusão desta pesquisa. 7 “É a partir deste saber fundamental:mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação político-pedagógica...”. (Paulo Freire) 8 RESUMO A presente pesquisa tem por objetivo, desvendar a importância de estabelecer uma relação entre família e escola, e como este envolvimento pode influenciar no rendimento escolar, nos anos iniciais e no ensino fundamental na Escola Municipal do Natal que está localizada na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador. Através de conversas com toda a comunidade escolar e aplicação de questionário e entrevistas aos professores e pais de alunos, foi constatado a carência de uma maior participação da família no âmbito da escola, visto que este envolvimento eleva o rendimento das crianças, principalmente quando estas estão em processo de alfabetização e letramento. O acompanhamento sistemático dos pais nas atividades dos filhos resulta em um aprendizado mais pleno por parte dos alunos. As crianças que os pais estão sempre presentes e interessados na sua educação são notavelmente os melhores da classe, porém para que isto aconteça de forma mais abrangente, é preciso que todos os pais acompanhem a vida escolar dos seus filhos. Alguns conceitos importantes foram apresentados com o intuito de favorecer o entendimento da explanação. Como o estudo aconteceu no município de Camaçari, foi contextualizada a escola e a cidade, trazendo dados sobre a história e educação neste município. Para um melhor embasamento foram utilizadas pesquisas bibliográficas com obras de Paulo Freire, Émile Durkheim, Carlos Rodrigues Brandão, dentre outros autores. Palavras-Chave: Relação Família/Escola. Participação. Rendimento Escolar. 9 RESUMEN Esta investigación pretende mostrar la importancia de esta relación entre la familia y la escuela, y como esta relación puede influir en el rendimiento académico en los primeros años de la educación primaria en el la Escuela Municipal de Natal en la ciudad de Camaçari, área metropolitana de Salvador. A través de conversaciones con toda la comunidad escolar y de un cuestionario y entrevistas con profesores y padres de los estudiantes, constatamos la falta de una mayor participación de la familia en la escuela, ya que esto aumenta el aprendizaje de los niños, especialmente cuando estos se encuentran en el proceso de la alfabetización. La vigilancia sistemática de los padres en las actividades de sus hijos resulta en un mayor aprendizaje por parte de los estudiantes. Los niños que tienen padres que están siempre presentes e interesados en la educación de sus hijos, son especialmente los mejores de su clase, pero para que esto ocurra de manera más amplia, necesitamos que todos los padres acompañen la vida escolar de sus hijos. Algunos conceptos importantes se presentan con el fin de promover la comprensión de la explicación. Como la investigación ocurrió en la ciudad de Camaçari, fue contextualizada la historia de la ciudad y de la escuela, con muestras de datos sobre la educación en esta ciudad. Para una búsqueda mejor se tomó como base la literatura de las obras de Paulo Freire, Émile Durkheim, Carlos Rodrigues Brandão, entre otros. Palabras clave: Relación familia y escuela. Participación. Rendimiento Escolar. 10 SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................... 11 Capítulo I 1.1 Visão Geral do Tema..................................................................................... 14 Capítulo II - Contextualizando o Objeto 2.1 A Cidade de Camaçari................................................................................... 29 2.2 A Educação em Camaçari.............................................................................. 31 2.3 A Escola Municipal do Natal......................................................................... 34 Capítulo III 3.1 Família e Escola: A Necessidade de Uma União na Busca de Melhores Resultados............................................................................................................ 37 Considerações Finais ......................................................................................... 42 Referências ......................................................................................................... 46 Apêndices............................................................................................................ 47 1.Questionário para os pais 2.Questionários para Professores 3.Roteiro para Entrevista Anexos................................................................................................................. 51 1.Eixos Estruturantes da Educação em Camaçari 2.Projetos da Secretária de Educação Municipal de Camaçari 3.Educação e Esporte em Camaçari 11 INTRODUÇÃO Educar é o grande desafio da humanidade, principalmente com a globalização atual que exige do homem, que ele aprenda mais e mais. Para interagir com o meio em que vive sem sofrer privações, nem preconceito dentro da sociedade, sobretudo a urbana, se faz necessário ter um mínimo de acesso a educação através das escolas. Dia após dia mais pessoas vão se sensibilizando da importância de participar de um processo educacional e de que só através da Educação o homem pode viver melhor e proporcionar transformações na sociedade em que se encontra inserido. Mas para que isso aconteça, os profissionais da área de educação vivem buscando formas para que este processo ocorra de maneira satisfatória e eficaz, alcançando os resultados almejados. Desta forma vários aspectos são apontados como relevantes para o ensino aprendizagem ativo dos alunos. Um destes aspectos é a relação estabelecida entre família e escola, visando um melhor rendimento destas crianças. A pesquisa aqui apresentada tem sua origem vinculada a persistentes dúvidas que surgiram a partir da primeira oportunidade de estar na regência de uma sala de aula. O que fazer para que as crianças se dediquem mais e compreendam o que foi abordado na classe, principalmente na educação infantil e ensino fundamental, que requer um maior acompanhamento para que assimilem de fato, o que lhes foi ensinado. Nesta fase, na qual se aprende a ler, escrever e entender os códigos lingüísticos a prática é importante para o aprendizado completo, assim é preciso trazer esse exercício para o cotidiano das crianças e não apenas no período em que está na escola. A partir desse momento a família deve ser aliada da escola, dando suporte e apoio aos professores e acompanhando sistematicamente as atividades por elas desenvolvidas. Esta análise tem como objeto de pesquisa, observar as relações entre família e comunidade escolar na Escola Municipal do Natal que fica na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador; e investigar suas contribuições no processo ensino aprendizagem. O seu principal questionamento é, como o acompanhamento sistemático dos pais sobre as atividades escolares 12 dos alunos das series iniciais podem contribuir para o processo de ensino aprendizagem e como a proximidade da família pode influenciar no rendimento dos mesmos? A metodologia utilizada para desenvolver essa pesquisa, é a abordagem qualitativa, visto que terá o ambiente escolar como fonte de informação qualificada. O presente estudo buscou identificar elementos a partir da aplicação de questionários fechados aos pais e responsáveis pelos alunos, bem como às professoras dos mesmos, além de descrições de situações e depoimentos obtidos em conversas informais com a comunidade escolar e demais envolvidos direta ou indiretamente no processo de aprendizagem dos alunos da escola. Para complementar as informações obtidas através dos questionários e conversas, também foi utilizada análise documental, buscando identificar subsídios referentes ao tema pesquisado dentro do Projeto Político Pedagógico da escola e em outros documentos que foram disponibilizados. Como foi dito anteriormente, a pesquisa foi feita na Escola Municipal do Natal que fica na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador, exatamente por ser uma escola pública da rede municipal, foi necessário selecionar apenas três salas para amostra, pois cada turma possui em média 20 alunos matriculados e freqüentando, desta forma foram entrevistadas três professoras e houve conversas com todo corpo escolar, gestora, coordenadora, secretária, dentre outros funcionários da instituição. O plano de execução da pesquisa de campo e observação teve inicio em março de 2008, período em que ocorreu a permanência dentro desta instituição por conta do estágio em sala de aula como regente que durou um ano, sendo que a coleta de dados e estudo direcionado a sistematização da pesquisa, aplicação dos questionários e conversas com esta finalidade, foram feitos a partir de maio de 2009 tendo duração de uma média de três meses. Devido ao tempo para conclusão da mesma, a pesquisa foi centralizada nas três turmas selecionadas; uma de educação infantil, do grupo quatro, uma do primeiro ano e a última do segundo ano. A entrevista foi feita com cinco mães de cada grupo e uma conversa mais aprofundada com as professoras regentes destas turmas. 13 A pesquisa está dividida em três capítulos, o primeiro fala sobre os principais elementos relacionados ao tema, família e escola, trazendo alguns conceitos e contando um pouco da sua história e mudanças ocorridas ao longo do tempo. Discorre também sobre a educação e participação. Este capítulo tem como suporte principal os autores Paulo Freire e Émile Durkheim. O segundo capítulo trata-se da contextualização do objeto, apresentando o município de Camaçari e a Escola municipal do Natal, na qual ocorreu a pesquisa. No terceiro capítulo está presente a análise dos dados e síntese do que foi obtido através da investigação. Mais que explicar, este trabalho pretendeu compreender algumas questões referentes à relação familiar e a escola no período atual, e espera-se que os resultados aqui apresentados possam contribuir para o debate da questão e que dele possam surgir novos caminhos para a melhoria da educação nesta escola, servindo como suporte para a mesma, e quem sabe para a educação em nosso país. 14 Capítulo I Visão Geral do Tema Neste capítulo serão apresentados alguns conceitos básicos que servirão de apoio fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa, que tem como objetivo principal entender como a proximidade da família, pode influenciar no aprendizado e rendimento dos alunos do ensino fundamental. Estão apontadas também as mudanças ocorridas na escola e família ao longo dos anos, a educação e suas especificidades, além de uma breve explicação sobre o termo “participação”. 1.1 Escola e Família – Instituições mediadoras do indivíduo na sociedade. Educar não é uma tarefa fácil, exige um longo e demorado processo, no qual não apenas a escola fica responsável em desempenhar este papel, mas a totalidade da sociedade cada vez mais é convocada a contribuir com ele. Os seres humanos, como nos aponta Paulo Freire, são sempre seres complexos, inacabados, sociáveis, e que vivem em comunidade, em qualquer espaço se encontram aptos a aprender algo a mais e abertos às mudanças e evolução pessoal. O processo de apresentar o mundo aos indivíduos e dar possibilidade de transformação parte de um processo que denominamos de Educação. No ato de educar devem seguir unidos, o conhecimento, afetividade e possibilidade de mudança. O educador precisa ter como pré requisito a dignidade, e o respeito pelo outro, pois se faz necessário “transformar” o outro sem ferir a sua autonomia. O processo de educar consiste em uma relação dinâmica, na qual se aprende, ao mesmo tempo que ensina, é uma troca de conhecimento que envolve educadores e educandos. É papel do educador, criar situações que favoreçam a mudança e compreender as diferenças, respeitando o outro como seu semelhante, desta forma a educação deve ser vista como um ato político, no sentido que se faz necessário uma ação intensional, organizada, com elaboração de projetos e propostas coesas atendendo a compreensão que o sujeito faz da realidade em questão, e acima 15 de tudo ético. É na realidade um grande desafio a ser enfrentado dia após dia. Neste sentido, Freire fala que: Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 2002, p.16) Segundo Herkenhoff, por ética entendemos “todo o esforço humano para formular juízos que indiquem a conduta das pessoas, sob a luz de um critério de bem e de justiça”. A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ela visa de uma forma especifica o comportamento humano, partindo de tipos de fatos visando descobrir-lhes os princípios gerais. É objeto de estudo da ética, atos humanos conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam outras pessoas, determinados grupos sociais ou a sociedade em conjunto. Por meio destes estudos são criadas normas a que devem ajustar-se os diversos membros da sociedade. O mundo precisa dos mais diversos ofícios, todos igualmente dignos e credores de valorização e respeito. Toda profissão tem uma ética a ser seguida, o exato cumprimento do dever perante o Estado e do papel de cada profissional assumido com a sociedade e com seus próprios princípios morais individuais. Não há uma forma única ou um modelo único de educação. Esta pode ser formal, que normalmente acontece dentro das instituições de ensino; informal vivenciada nos diversos grupos aos quais os indivíduos fazem parte sejam eles de amigos, clubes, comunidade local, empresa, ou tantas outras que ao longo da vida todos participam. A aprendizagem pode ocorrer ainda por um processo de educação não-formal, que são atividades ou programas organizados fora do sistema regular de ensino, com objetivos informativos definidos, esta pode acontecer dentro ou fora das instituições, sem se ater a uma 16 seqüência gradual, não levando o individuo a alcançar graus, nem títulos. Podem ser utilizados visando uma formação de valores, trabalho ou cidadania. Dentro destes espaços e grupos, também a educação pode seguir um padrão tradicionalista, construtivista ou qualquer outro dentro das opções disponíveis na diversidade atual em que se vive. A escola não é o único lugar onde ela acontece, o processo de aprendizagem se dá em espaços diversos, como citado anteriormente em grupos de amigos, em conversas informais, em discussões no ambiente de trabalho, assistindo a um filme, no teatro, enfim em qualquer ambiente a pessoa está sujeita a adquirir e aprender uma nova informação. O ensino escolar não é a sua única prática, o cotidiano no qual se está inserido também é um espaço de continuo aprendizado, a vida de uma forma geral se encarrega de ensinar dia após dia, e o professor não é o seu único praticante, ele é geralmente o mais preparado e especialista na área de educação, mas o colega de trabalho, o jornalista, o amigo, o vizinho, o pai, a mãe, irmãos, filhos, dentre outros podem ensinar algo que o individuo até o momento não sabia. E muitas vezes se procura pessoas, que não são necessariamente professores, mas que sobre determinado assunto entende e domina o suficiente para informar de maneira satisfatória outra pessoa. Na contemporaneidade o processo de formação está para além da escola, pois esta perdeu o monopólio da informação e existem várias outras instâncias que operam neste sentido, dado a ampliação dos conteúdos de ciência1 e técnica2 na organização do mundo. A partir da segunda revolução industrial no ano de 1870 o mundo começa a operar com maior conteúdo de ciências e passam a vivenciar o desenvolvimento das novas tecnologias, surgimento das indústrias química, elétrica, de petróleo e de aço. Com a produção em série, se deu inicio ao trabalho assalariado, o que alterou a economia, as relações sociais e também a paisagem 1 Ciência – Conhecimento claro de algo, adquirido pelo estudo e prática, sobre princípios evidentes e demonstrações, sobre raciocínios experimentais ou ainda sobre análise das sociedades e dos fatos humanos. 2 Técnica – Refere-se às aplicações da ciência do conhecimento científico ou teórico, nas produções industriais e econômicas. 17 geográfica, pois com a implantação das fabricas surgiram as mudanças nas cidades, incluindo clima, população e geografia. Neste mundo mediado pela informação, os espaços de aprendizagem são mais amplos que a escola, embora essa ainda seja um lugar, por excelência, de desenvolvimento de conhecimento e formação. Dentro do cotidiano, de um modo geral, o homem vivencia diversos processos de aprendizagem, todos os dias a vida se mistura com os mesmos e os indivíduos se encontram sempre envolvidos neste processo que resulta, quase sempre na evolução almejada pelo ser humano. A este respeito Brandão nos traz: A educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender, primeiro sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas, mas adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos. (BRANDÃO, 1995, p.10) O mundo foi e continuará sendo sempre, um espaço contínuo de aprendizagem. Desta forma acontece à educação formal e informal, a primeira aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle sobre o ato de ensinar e aprender, é o momento em que se passa a utilizar a teoria da educação, seguindo regras, tempo específico e criando situações próprias e métodos para o seu exercício. A educação formal acontece dentro das instituições de ensino, onde os indivíduos têm acesso aos conteúdos e adquirem aptidões exigidas pela sociedade, como ler, escrever e utilizar à matemática no seu dia a dia. Já a educação informal é um processo de aprendizagem contínuo que ocorre fora do esquema formal de ensino e está presente no cotidiano do indivíduo durante toda sua vida, através dela serão adotadas atitudes e adquiridos valores, conhecimentos e habilidades influenciados pelo meio em que vive, seja no trabalho, comunidade, e demais grupos ao qual se faz parte. Existe também a educação não-formal, a qual foi explicitada anteriormente. Os meios de comunicação de um modo geral, televisão, rádio, jornais também colaboram para a existência dessa educação informal, ainda que em muitos momentos, o rádio e televisão devido a sua capacidade de alcançar um público alvo maior, por serem os meios de comunicação mais baratos, e que estão ao alcance de quase todos, acabam por “manipular” e 18 influenciar de forma negativa estas pessoas. Os conteúdos de ambos são por diversas vezes questionados, sobre até que ponto a população está aprendendo alguma coisa realmente válida, já que não resta dúvida, de que sempre se aprende algo, seja de um teor positivo ou sem grande importância, que nada lhes acrescente à sua vida. Atualmente, devido a sua grande abrangência, a televisão já é utilizada para práticas educativas dentro e fora das salas de aula, através de programas com esta finalidade, por sinal, esta não é uma prática tão recente, pois em janeiro de 1978, a fundação Roberto Marinho junto com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São Paulo, assinaram um convênio para a realização de um projeto pioneiro de teleducação: o Telecurso 2º grau. Era a primeira vez que uma rede comercial de televisão, a TV Globo, era usada para um projeto educativo. Em 1981, a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Bradesco, colocaram no ar o Telecurso 1º grau, destinados às quatro últimas séries do ensino fundamental, com o apoio do MEC e da Universidade de Brasília. Em uma parceria com a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (FIESP), a fundação Roberto Marinho, em 1994, o que viria a se tornar o mais ousado e bem sucedido projeto de educação da América: o Telecurso 2000, uma proposta educacional inovadora voltada para milhões de brasileiros que não concluíram por algum motivo, os ensinos Fundamental e Médio, rendendo reconhecimento e bons resultados. A mais atual é a TV Futura que também tem alcançado de forma eficaz os seus objetivos, além de serem acompanhados em casa, ambos trazem conteúdos que podem ser utilizados pelos professores como suporte a sala de aula. Em resumo, a educação informal abrange todas as probabilidades educativas no percurso da vida do indivíduo, construindo um processo permanente e não organizado que tem inicio no ambiente familiar. A televisão, em geral participa do processo de formação do homem. Até mesmo as novelas, buscam em alguns momentos alertar, informar e muitas vezes sensibilizar em relação a diversos problemas e conflitos vivenciados na sociedade, a exemplo da violência, alcoolismo, preconceitos que foram temas trabalhados em algumas delas. Sem deixar de lado os 19 programas jornalísticos que utilizam temas diversos com o objetivo de informar a população sobre determinado assunto. O que deve se levar em conta é que a televisão não dialoga, apenas lança a informação, portanto sempre que é despertado um maior interesse por um tema apresentado na mesma, se faz necessário que o individuo busque onde melhor aprender sobre o assunto. Daí a importância das escolas como espaço de aprendizagem, para um maior aprofundamento desta. A Família é a primeira instituição na qual a educação acontece, pois nela se dá a primeira fase da socialização do indivíduo, esse processo se dá em duas etapas, o primário que acontece no seio do grupo familiar, a segunda fase, o secundário que surge com o convívio na sociedade. Na fase primária da socialização, onde ocorrem os primeiros aprendizados do homem enquanto criança e ainda nos passos iniciais, o indivíduo adquire a linguagem, esquemas básicos para interpretar a realidade e a mais relevante de todas, que é a carga afetiva que ele levará para o resto de sua vida. Neste sentido cita Minuchin: A família tem também, um papel essencial para com a criança, que é o da afetividade, a sua importância é primordial, pois considera o alimento afetivo tão imprescindível, como os nutrientes orgânicos, sem o afeto de um adulto, o ser humano enquanto criança não desenvolve a sua capacidade de confiar e se relacionar com o outro. (MINUCHIN, 1990. P. 32) A importância da família na vida do homem ocidental contemporâneo é indiscutível. É nela que se adquirem as referencias que lhes serão acompanhadas até o fim da vida de cada um, os valores, exemplo e tudo que influenciará a personalidade própria. Desde o inicio da história da humanidade, não existe sociedade que não tenha noção do que seja família, porém cada uma possui uma forma de ver a família. Algumas só consideram familiares os parentes mais próximos ligados pelo mesmo sangue, pai, mãe, filhos. Já outras, como por exemplo, a sociedade baiana considera como família, tios, primos, cunhados e todos que convivem de alguma forma unida ao grupo familiar. 20 Nas últimas décadas, a sociedade brasileira passou por profundas transformações, demográficas, econômicas e sociais que repercutiram intensamente nas diferentes esferas da vida familiar. A transição demográfica que teve inicio nos anos 40 com uma queda rápida da mortalidade, seguida, a partir da década de 60, pelo declínio da fecundidade que atingiu progressivamente todas as camadas sociais, afetou intensamente a composição e o tamanho da família. O processo de urbanização acelerado, a partir dos anos 50, acompanhando a industrialização e o crescimento econômico, trouxeram consigo a mudança de valores, a redefinição dos papeis da mulher, direito ao voto, participação no mercado de trabalho e conquista de uma maior independência, financeira, afetiva e de atitudes. Foi na década de 60 que começou de fato essa transformação na sociedade, em especial nos padrões e composição da família, a mulher que até então era grande responsável pela administração do lar e educação das crianças, passa a trabalhar fora e se dividir entre o emprego e as responsabilidades de casa. A família nuclear ou tradicional, como é conhecida, composta de pai como provedor da casa, que mantinha financeiramente a todos e filhos em contato permanente com mãe que estava em casa sempre, aos poucos ia sendo substituída por uma família, na qual a essa mãe ajuda no sustento do lar, atualmente pode ser observado o surgimento da família aerodinâmica, em que todos trabalham para o sustento do grupo. Com o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho e a transformação de valores tradicionais que apontavam para o casamento como um modelo de vida mais adequado para a mulher afetaram, de forma ampla pessoas de todos os níveis sociais, principalmente daqueles mais elevados, onde a possibilidade de fazer escolhas é maior. O aprofundamento da situação de pobreza, decorrente da crise econômica da época, gerou uma série de situações que também contribuíram para a não manutenção do padrão tradicional. O fato de o homem adulto ter sido o mais afetado pelo desemprego nessa década, por exemplo, trouxe consigo enormes dificuldades para o desempenho do seu papel de provedor do grupo familiar. Esse fenômeno, entre outros, contribuiu para o expressivo aumento de separações conjugais ocorridos nesse período. Entre 1984 e 1990, o número de separações e divórcios, no 21 país como um todo, passou de 370,4 mil para 148,7 mil, representando um incremento de 55,9%, enquanto durante toda década, a proporção de famílias por casal com ou sem filhos aumentou em 30,1%. Ocorreu também um aumento no número de pessoas que moram sozinhas, devido às separações e também ao fato das mulheres começarem a investir em um projeto pessoal e adiou o plano de casamento, que geralmente acontecia bem cedo para um futuro mais distante. A mulher deixa para depois a opção de desempenhar o seu papel de mãe e esposa para a descoberta da sua realização pessoal, passa a ter uma renda própria, alcançando uma valorização da sua sexualidade e sua independência financeira. A família não está em crise e revela enorme disposição para sobrevivência e adaptação à multiplicidade exigida pelos padrões contemporâneos da sociedade. A cada crise as famílias precisam refletir e reformular suas estratégias de vida. A família urbana moderna apresenta uma estrutura mais simplificada do que as tradicionais. A família nuclear, composta por pai, mãe e filhos passou a discutir grande parte dos seus problemas, buscando soluções dentro da mesma. Gradativamente, a família diminuiu o número de seus membros, se isolou em relação aos demais parentes e à comunidade e reforçou seus elos afetivos internamente. Na contemporaneidade, o modelo da família moderna foi abalado e surgiram múltiplos arranjos familiares, a exemplo da monoparental, composta por pai, madrasta, ou mãe e padrasto, os filhos de cada um e de ambos. Estes arranjos foram estabelecidos a partir de três modos de organização familiar: o tradicional, que possui autoridade paterna, privilegia a produção econômica conjunta, e casamento ligado a interesses econômicos, sobretudo na dimensão da aliança entre famílias e comunidade; o da família nuclear moderna, que tem como uma das suas características enfatizarem os laços efetivos entre os familiares e colocar a sexualidade e amor romântico no centro do casamento; e o da família pluralística, que possui múltiplos arranjos, é mais flexível, menos estável e as relações seus membros é mais igualitária. 3 Fonte : Pesquisa IBGE 22 Atualmente esses modelos convivem e sofrem influências mútuas, porém não eliminam a lógica tradicional, nem a moderna, apenas se constata a existência de modelos híbridos. Hoje não se encontra mais uma pauta definida pela sociedade para auxiliar a família nas delimitações de papéis e funções; o que acontece é uma permanente renegociação de posições e valores reformulados continuamente. Algumas das antigas funções familiares passaram a ser desempenhadas por especialistas terceirizados, como educadores, médicos e psicólogos. As alterações sofridas nas relações de gênero colaboraram de forma significativa para esse cenário, principalmente as conquista femininas, a luta pela igualdade no campo do trabalho e a busca pela liberdade sexual, ocorrida por meio da desvinculação das esferas da sexualidade e reprodução. Essas conquistas refletiram na nova configuração dos papéis sociais e familiares. Pai, mãe, marido e esposa têm papéis simétricos, flexíveis e mais abertos às influências do mundo externo. Como foi citada anteriormente, a afetividade tem importância relevante para o desenvolvimento do indivíduo e aquisição de valores que possibilitem uma melhor convivência na sociedade, apesar de não ser a única característica ressaltante da família, porém até mesmo este aspecto sofreu mudanças com o passar dos anos. Enquanto as mulheres ainda eram as únicas responsáveis pela educação e acompanhamento dos filhos, era também exclusividade delas o amor e afeto, aos pais que eram até então excepcionalmente, os provedores do lar, restavam apenas à figura que serviria como referência de vida e autoridade. Estes pais não tinham nenhuma responsabilidade em dar afeto e carinho para as suas crianças. Após a saída da mulher para o mercado de trabalho, surgiu à necessidade de dividir esse papel com os pais, avós e, ou terceiros contratados para substituir as mães neste acompanhamento, o que ampliou o “leque” de opções para as mulheres, já que as mesmas assumiriam esta função. Atualmente, a sociedade contemporânea cobra uma atenção maior por parte dos pais, todo o grupo familiar passa a ser responsável pelo amor e dedicação com as crianças, hoje os pais já estão bem mais presentes na educação dos seus filhos, que algumas décadas atrás, ainda que possa parecer pouco, comparado às décadas de 50 e 60 esta mudança é notável. 23 A Escola é em geral a segunda instituição responsável pela socialização do indivíduo, e assume neste momento um outro papel importante se transformando em um apóio a estas famílias. Por conta disso, atualmente, o contato social acaba acontecendo de forma muito precoce. Ainda sem completar a educação familiar, por necessidade de a mãe trabalhar, a criança já está na escola. Fica impossível seguir a ordem que seria mais adequada, primeiro a socialização na família e depois com a sociedade, se cria uma “mistura” do ambiente familiar com o comunitário gerando nas crianças uma dificuldade em estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente quando os pais delegam à mesma a educação dos filhos. A escola sozinha não é responsável pela ação educativa destas crianças, mas tem papel complementar ao da família, na sua tarefa de preparar novas gerações para o exercício pleno da cidadania. A escola em seu conceito é a instituição social que tem a missão de educar, é a mais específica das instituições educacionais, pois se organiza em bases únicas para promover a formação. As escolas são organizações responsáveis pela reprodução cultural e social que contam com um corpo de profissionais especializados, que integram um sistema e utilizam uma política oficial. É a instituição responsável por fornecer ao individuo o conhecimento formal. Desde o final do século XIX, o sociólogo Émile Durkheim, pioneiro na sociologia da educação, começou a ligar esta à sociedade, e a partir deste período a mesma vira fato social, pois para ele existe um consenso harmônico que mantêm o ambiente social. Durkheim destaca o papel de socialização da escola. Ele acreditava que o processo educativo beneficiaria a sociedade de um modo geral. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta", e quanto mais eficiente fosse o processo, melhor seria o desenvolvimento dessa comunidade, na qual a escola estaria inserida. O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em que está inserido, a saber, quais são suas origens e as condições de que depende. E não poderá sabê-la sem ir à escola, começando por observar a matéria bruta que esta lá representada. (DURKHEIM, 2003. p.45) 24 Apesar de ser clara a necessidade de todos terem acesso às escolas, sobretudo estando inserido na sociedade urbana industrial, o acesso a escola esteve por longo tempo como um privilégio de classe. A luta por direitos no século XX foi decisiva para a ampliação da educação como um direito social provocando mudanças importantes no caráter da educação escolar até chegar na contemporaneidade. Neste período, parece haver consenso de que é papel da escola, formar cidadãos críticos e reflexivos com capacidade para interagir na sociedade, da qual faz parte. A escola é o local onde deve se dar à educação sistematizada, fornecendo aos indivíduos elementos culturais necessários para viver nesta sociedade. A Constituição Federal reconhece a necessidade de um mínimo de educação formal para o exercício da cidadania, ao estabelecer o ensino fundamental gratuito e obrigatório. Todo cidadão deve se apropriar de um mínimo de conteúdos culturais para não ser prejudicado no usufruto de tudo aquilo a que tem direito por pertencer a esta sociedade. Hoje, apesar de continuar afirmando que o papel da escola é formar o cidadão, na prática ainda se observam diversas instituições cujo trabalho está restrito à aprovação no vestibular, sem grande preocupação com a formação ampla do cidadão. No entanto, essa matéria não será assunto de nosso trabalho. Para Paulo Freire, a escola é muito mais que um espaço voltado para a transmissão do conhecimento: Escola é o lugar onde se faz amigos. Não se trata apenas de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ser uma ‘ilha cercada de gente por todos os lados’. Nada de conviver com as pessoas e depois 25 descobrir que não tem amizades a ninguém, nada de ser como um tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora, é lógico... Numa escola assim, vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz. (FREIRE, 1996. p.76) De acordo com Freire, a escola deve ser um espaço de relações, de trocas e experiências, no qual docentes e discentes aprendem juntos dia após dia, portanto, o conhecimento escolar não pode estar restrito aos conteúdos das diversas disciplinas, mas sim na constituição de um espaço de troca de saberes – de culturas – na qual todos se formam. Neste sentido, para que os conteúdos disciplinares sejam trabalhados, eles devem ser compreensível e significativo, onde todos conseguem entender o que está sendo explicado e alcança o aprendizado de forma satisfatória, o professor deve levar em consideração o conhecimento prévio dos seus alunos, sua experiência de vida, sempre respeitando a sua liberdade de opinião, aceitando cada um como eles são partindo dessa realidade para o desenvolvimento do trabalho educacional e de orientação dos mesmos. Para que isso aconteça os temas deverão ser abordados de forma contextualizada, usando termos e palavras conhecidas por todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Assim fica difícil obter bons resultados, se o educador utilizar o mesmo currículo, material didático e metodologia, para ensinar dentro de uma grande metrópole, em uma tribo indígena e escola rural. Com certeza a aprendizagem não irá acontecer da mesma forma, alguns não irão entender quase nada do que lhes foi dito. Neste caso a palavra de ordem é adaptação, mas esse é mais um problema vivenciado nos sistemas educacionais, contudo este estudo não tem a pretensão de se aprofundar no mesmo. A escola, órgão específico de educação tem sua vida orientada por dois pólos e que são a sua razão de existir; a família e a sociedade. Para a família, a escola deve ser mediadora do processo educacional pelo qual, todos os indivíduos devem passar, auxiliando em suas atuais deficiências e limitações. 26 Em relação à sociedade, a escola esta condicionada a esta por compromissos, pois ela deve servir de inspiração, para formação do ambiente informativo. É a sociedade que dita tudo o que a vida social solicita de seus membros para que nela possam viver. Desta forma todas as atividades no sentido de educar, precisam tomar como base a sociedade, já que é para viver nela que os educandos deverão ser “preparados”. A família e escola têm suas especificidades e limites, porém a escola é a instituição que possui maior domínio e possibilidade de fornecer ao indivíduo os diversos conhecimentos, sobretudo os científicos, e prepará-los para vida pública em seu tempo e espaço, já que nela “pressupõe” encontrar recursos materiais e humanos em quantidade e qualidade para dar conta da sua missão educativa. E isso é necessário que exista, pois por causa da limitação educativa das famílias é que existem as escolas. Família e escola são instituições educativas com finalidades distintas e contextos específicos, mas que podem desenvolver uma atuação conjunta de complementaridade visando um processo de aprendizagem mais eficaz, principalmente se tratando das crianças no ensino fundamental, que é o período no qual elas aprendem a ler, escrever, dentre outras noções básicas para sua formação, que irá lhe influenciar até a sua vida adulta. Entretanto, para que essa interação aconteça se faz necessário criar um ambiente favorável à participação, a escola precisa estar aberta para aceitar a contribuição da família, e esta deve se encontrar disposta a oferecer suporte à escola. De acordo com Bordenave, a participação vem da palavra “parte” e significa fazer parte, tomar parte. A participação pode ser aprendida e aperfeiçoada através da prática e reflexão buscando um diálogo permanente entre os envolvidos no processo que desta forma, além de alcançar os objetivos almejados pode ainda resolver conflitos de maneira pacífica e satisfatória para as partes interessadas. A maior força para que a participação aconteça é o diálogo, este que, aliás, não significa apenas conversa, mas também se colocar no lugar do outro para compreender seu ponto de 27 vista, escutando e respeitando a opinião das outras pessoas, aceitando a vitória da maioria, mesmo que esta não tenha sido a sua idéia, colocar em comum às experiências vivenciadas, sejam boas ou ruins, compartilhar as informações disponíveis, tolerar as longas discussões para chegar a um consenso satisfatório para todos. Esta participação acontece de forma mais produtiva quando este grupo buscar se conhecer e se manter bem informados sobre o que acontece dentro e fora da instituição, o que implica em um processo constante de conhecimento e abertura de canais informativos confiáveis. A escola precisa conhecer a realidade dos seus alunos, seus problemas e limitações, assim como também a família deve se interessar pelo que acontece na escola, suas propostas, seus problemas e maiores dificuldades. Nos obrigamos por coerência, a engendrar, a estimular, a favorecer, na própria prática educativa o exercício do direito à participação por parte de quem esteja direta ou indiretamente ligado ao fazer educativo. (FREIRE, 2001. p.74) A capacitação para a participação da família no cotidiano da escola não é simples, devendo colocar em prática, uma busca por objetivos comuns. Para participar é preciso uma convivência coletiva, pensar no grupo e não individualmente, tanto a escola como a família precisam estar abertos para essa nova perspectiva de funcionamento, pois será necessária a criação de canais informativos para ambas as instituições. Uma gestão com visão democrática precisará existir dentro da escola, que tenha como foco criar possibilidades para que essa integração aconteça de maneira que venha satisfazer a todos. Para aprender a viver esta participação, será preciso de fato “participar”. No entanto, não se pode esperar que essa complementaridade e envolvimento entre escola e família sejam sempre harmoniosos, os conflitos existirão, mas mesmo eles virão com o intuito de crescimento do grupo e aprendizagem de um modo geral. A participação possibilita vivenciar uma forma evoluída e civilizada de resolver os problemas e os conflitos com o objetivo de um bem comum. 28 Em um ambiente com um enfoque participativo, família e escola podem manter uma parceria voltada para um melhor desenvolvimento das suas crianças, resultando em uma mudança de comportamento e aprendizado das mesmas. 29 Capítulo II Contextualizando o Objeto de Pesquisa Neste capitulo será apresentado o objeto de pesquisa no seu contexto. Para facilitar o entendimento, o mesmo será iniciado falando um pouco sobre a cidade onde a escola pesquisada se encontra inserida. Os dados aqui explicitados foram coletados através do site oficial do município e consulta a materiais pertencentes à prefeitura local, bem como a pesquisas realizadas pelo IBGE nos anos anteriores. Logo a seguir discorrerá sobre a Escola do Natal, sua estrutura física, pedagógica, dentre outros aspectos importantes para o melhor desenvolvimento dessa observação e análise. Os dados apresentados sobre a escola, foram fornecidos pela direção da mesma. 2.1 A cidade de Camaçari A cidade de Camaçari faz parte da região metropolitana de Salvador, com área territorial de 762,745 km² e está situada a 42 quilômetros da mesma, possui acessos pela BR-324, BA-093, BA-099 e BA-535, têm seus limites definidos ao norte com Mata de São João, ao sul com Lauro de Freitas, ao sudoeste com Simões Filho, a oeste com Dias D’Ávila e leste com o Oceano Atlântico. Além de se encontrar situada próximo ao porto de Aratu e Aeroporto Internacional de Salvador, localização bem estratégica, visto que a mesma abrange grande oportunidade para o mercado de trabalho, beneficiando também as cidades vizinhas. A partir da década de 50 ocorreram mudanças no estado da Bahia, as transformações surgiram em todo Recôncavo baiano e também na capital, com a chegada da Refinaria Landulfo Alves que pertence a Petrobrás. A refinaria fica localizada no município de São Francisco de Conde e começou a ser construída em 1949, a partir da descoberta dos primeiros poços de petróleo do Brasil exatamente na Bahia. Com a construção desta, nasceu um novo tipo de classe de trabalhadores, já que até então os homens trabalhavam exclusivamente com pesca e agricultura, passava então a desempenhar uma outra atividade, agora como operário. Com a 30 criação da Petrobrás em 1953, a refinaria foi incorporada ao patrimônio da companhia, passando a se chamar Refinaria Landulpho Alves Mataripe. Com a crescente atividade da Petrobrás, se fez necessário criar programas de construção de rodovias e expansão da administração estadual resultando no inicio das mudanças na paisagem e geografia. Na década de 60, mas precisamente no ano de 1967 se instalou no estado o Centro Industrial Planejado de Aratu e por volta de 1975, 68 companhias começaram suas operações, promovida pela empresa estatal SUDENE (superintendência do desenvolvimento do Nordeste), criada em 1959. Em 1970 no Centro Industrial de Aratu funcionavam 23 fábricas, empregando no mínimo 5.000 trabalhadores e contribuindo para o inicio do avanço da cidade. O Pólo Petroquímico chegou ao município de Camaçari na década de 70 e modificou ainda mais as estruturas da cidade, trazendo para a mesma o crescimento industrial. No final de 1970 com as atividades do Pólo, a indústria já assumia a liderança do PIB4 baiano. Foi com a chegada do Pólo Petroquímico que a cidade ganhou novo significado, com o aumento de oportunidades de emprego, o município sofreu um crescimento urbano; pessoas oriundas de outras cidades e mesmo moradores da orla, migraram para o centro, além de um crescimento social e geográfico. Atualmente, o Pólo Petroquímico de Camaçari é o maior complexo industrial integrado do hemisfério sul, fazendo parte dele 90 empresas que mesmo muitas delas possuindo o seu escritório central em outros estados e até mesmo em outros paises, de acordo com pesquisa IBGE de 2008, continuam gerando 35 mil empregos na Bahia e transformando a cidade de Camaçari em um dos municípios com maior PIB de todo nordeste. A Braskem, criada pela Odebrecht, é hoje a mais importante empresa do Pólo, a maior do setor petroquímico da América Latina e o terceiro maior empreendimento de capital privado do país. Este panorama ganhou mais força em 2001, com a implantação da fábrica de automóvel Ford nesta cidade, dando um novo impulso na industrialização em todo o estado. Ocupando uma área de cinco milhões de metros quadrados, a Ford de Camaçari, já responde por 10% da 4 Produto Interno Bruto 31 produção nacional de veículos, dando emprego a população, principalmente os jovens, desta cidade e das cidades vizinhas. Seguindo este avanço, outras empresas fabricantes de pneus por lá se instalaram, a exemplo da Bridgestone e Continental, que é hoje o maior fabricante deste item, com mais de 82 mil funcionários espalhados ao redor do mundo. Outro aspecto que cresceu bastante no município, foi o turismo, o que exigiu um investimento no ramo hoteleiro. O eixo rodoviário do vetor norte proporcionou o rápido crescimento da orla. Além da riqueza industrial o litoral de Camaçari possui mais de 42 km de belas praias paradisíacas, como Guarajuba, Arembepe e Jauá, que se tornam destino de muitas pessoas principalmente da capital especialmente no verão. Na cidade existe também uma tradicional aldeia hippie, o projeto Tamar de preservação das tartarugas marinhas, que fica em Arembepe e as nascentes protegidas das quatro principais bacias hidrográficas, responsáveis pelo abastecimento de água de toda região metropolitana de Salvador. Fundada em 1549, conforme pesquisa IBGE de 2008, a cidade tem atualmente uma população estimada em 227.955 habitantes, sendo um dos mais ricos municípios nordestino e de grande importância para economia do estado. Com tantos avanços acontecendo na cidade, a população visando aproveitar as oportunidades geradas, principalmente com a chegada da Ford, passaram a buscar uma maior escolarização e capacitação para mão de obra que dia após dia surgia no município. A prefeitura por sua vez fez um investimento pesado em capacitação de mão de obra, na qualificação de serviços públicos e na recuperação da infra-estrutura urbana que ficou comprometida devido ao crescimento desorganizado ao longo dos anos. Atualmente, a cidade é símbolo de desenvolvimento, cidadania e prosperidade. 2.2 A Educação em Camaçari A educação no município de Camaçari é realmente levada a serio. Grandes investimentos são efetuados em estrutura física e pedagógica, as escolas acompanham o mundo globalizado e disponibiliza de todos os instrumentos possíveis para o processo educacional acontecer de 32 forma satisfatória. Principalmente nos três últimos anos, o avanço na educação local foi consideravelmente notado. A rede municipal esta composta por 90 escolas e abrigam mais de 50 mil alunos, que além de se alimentarem com a merenda escolar de qualidade, recebem também todos os anos o fardamento, contendo um par de tênis, duas camisas, uma mochila e todo o material didático necessário para estar presentes na sala de aula e não ter desculpa para não freqüentar a escola. No ano passado foram construídas duas unidades escolares, reconstruídas nove, reformada outras 56, promovendo melhorias em 68 unidades. Atualmente outras cinco escolas estão sendo reconstruídas e ampliando mais duas creches. As melhorias incluem implantação de refeitórios, laboratórios de informática e quadras de esportes. As ações positivas beneficiam desde o pré-escolar até o ensino universitário, além do pesado investimento na capacitação dos educadores. Dos 2.300 professores da rede municipal, 1.516 passaram por capacitações em diversas áreas. A cidade dispõe também de um Centro de Apoio a Educação inclusiva. O número de bibliotecas organizadas e bem equipadas passou de 50 para 60 dentro de um ano, e o objetivo é atingir a todas as escolas municipais. Foram implantados mais 25 laboratórios de matemática, 16 laboratórios móveis de ciências e outros 45 laboratórios de informática equipados com 800 novos computadores. A proposta pedagógica das escolas municipais está baseada em sete eixos temáticos: informática, educação inclusiva, esportes, educação ambiental, arte e educação, ciências experimentais e robótica. Esta proposta favorece uma pratica educativa mais dinâmica, atraente para os alunos e eficaz no aprendizado. O índice de analfabetismo caiu 5,45% com a implantação dos programas Alfabetiza Camaçari e Brasil alfabetizado, que beneficiaram 1.719 pessoas de 15 a 80 anos, nos dois últimos anos. Este ano, o Alfabetiza Camaçari está atendendo 1.143 alunos e o Brasil alfabetizado matriculou até agora 740 estudantes. 33 O município contribui também para o ingresso dos moradores locais no ensino superior, através da doação de 1.200 bolsas universitárias e 500 estágios, além da implantação do programa Universidade Aberta Brasil, que garante ao individuo que mora na cidade o acesso a graduação pública e de qualidade nos cursos de licenciatura em pedagogia, letras vernáculas, matemática e computação, além do curso de bacharelado em sistema da informação. Para os professores da rede municipal que ainda não tem nível superior, é facilitando esta entrada, fazendo com que grande parte dos mesmos freqüentem uma universidade. Se o morador de Camaçari optar por cursar uma universidade nas cidades vizinhas de Lauro de Freitas e Salvador, é disponibilizado transporte gratuito. O Município foi destaque pela inovação e pioneirismo na implantação do projeto de Educação Tecnológica Lego Zoom, que atualmente funciona em todas as escolas da rede municipal estejam elas situadas na sede, dentro de Camaçari, ou na orla do município. Através do projeto, o aluno tem a chance de vivenciar, na prática, por meio da construção de maquetes e robôs controlados por computador, os conceitos estudados em sala de aula. O sistema de aprendizado envolve criação e montagem, utilizando o kit Lego. Segundo estudos da Secretaria da Educação de Camaçari (Seduc), a iniciativa, implantada em 2006, contribuiu com o aumento da freqüência escolar, além de ter motivado a participação de alunos e professores. Este ano a educação de Camaçari recebeu um premio internacional na Dinamarca. O prêmio é concedido anualmente pela Lego Group a autoridades públicas que têm as melhores práticas de gestão em educação. Na Bahia, apenas Camaçari foi selecionada pelo grupo para receber o prêmio. Estão previstos para setembro e outubro de 2008, o lançamento do Atlas Escolar Digital de Camaçari, livro eletrônico com mapas e informações do município que será disponibilizado em CD-ROM para as escolas e bibliotecas locais, e a implantação do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) na cidade. Dentro das melhorias apresentadas na educação municipal de Camaçari, tem a capacitação dos professores. Todos os profissionais de educação local dispõem por todo ano letivo de cursos gratuitos oferecidos pelo município para aperfeiçoamento e capacitação do processo educacional, inserindo novas metodologias e se atualizando para lidar com a globalização e 34 novas tecnologias. Para facilitar, todos os professores recebem um computador para pesquisa e aprimoramentos das atividades na sala de aula. O gestor de cada escola recebe um notebook para favorecer o seu trabalho. Todas as escolas do município disponibilizam para os alunos, acompanhamento, psicológico, médico, odontológico e oftalmológico. 2.3 A Escola Municipal do Natal A Escola do Natal foi inaugurada em 30 de março de 1978, sendo registrada no ano de 1995, como Escola de 1º e 2º grau com os cursos Técnico em Enfermagem e Secretariado. O nome foi dado em homenagem ao antigo morador, Sr. César Machado da Silva (falecido em 1986) em virtude do mesmo distribuir presentes durante o período do natal para as crianças da Rua Natal. Quando o estado assumiu o ensino médio, a escola do Natal deixou de atender o segundo grau e passou a atender educação infantil e ensino fundamental. Atualmente a escola atende a 730 alunos nas modalidades da Educação Infantil até a 4ª Série do Ensino Fundamental, distribuídos nos turnos matutino e vespertino que será ampliada para o 5º ano em 2010 em virtude do cumprimento da política do Ensino Fundamental de nove anos; e no turno noturno atende a modalidade de Educação de Jovens e Adultos da 1ª a 4ª série. A grande maioria dos alunos da escola residem no próprio bairro no qual a escola esta inserida e no Nova Vitória, um bairro que nasceu decorrente do crescimento urbano desorganizado, apresentando um perfil de baixo poder aquisitivo e de pouco acesso às informações. A instituição segue um perfil inovador demonstrando números crescentes, mas que ainda tem muito a conquistar. Desde 2003 até 2007 no diurno, como pôde ser observado nos levantamentos referentes aos índices de evasão, aprovação e repetência, que estão explicitados no Projeto Político Pedagógico da mesma, os números tem sido favoráveis. Percebe-se que, o índice de aprovação passou de 79% em 2004 para 89% em 2007, por outro lado os índices de evasão caíram significativamente de 21% em 2004 para 07% em 2007, o que representa uma maior credibilidade da escola em relação à comunidade. 35 O mesmo acontece com o índice do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), em 2005 o índice alcançado pelo município de Camaçari foi de 2,5 o da Escola foi bastante inferior 1,2. Em 2007 o índice de Camaçari foi de 2,9 e o da Escola, embora tenha sido maior do que a meta que era de 1,6 e alcançou 2,3 ainda assim ficou menor do que o índice do município. Também no EJA o índice de evasão que é característica marcante, em 2006 alcançou 55% de evadidos, em 2007 caiu para 52% que é um número ainda preocupante. A escola possui um Projeto Político Pedagógico sólido com objetivos e metas correspondente com a realidade local e pautado nos problemas que precisam ser sanados. A estrutura física da escola possui 11 salas amplas com cadeiras adequadas para cada turma, desde a educação infantil, que tem cadeiras com mesas e espaço para as crianças guardarem os seus materiais. Até ao quarto ano com carteiras que atende até o alunado adulto. Uma diretoria, uma secretaria, uma sala dos professores, uma sala de coordenação pedagógica, três banheiros para professores e funcionários, cinco banheiros femininos e cinco banheiros masculinos, para os alunos; uma biblioteca com um extenso acervo de literatura infantil e livros de pesquisa para o ensino fundamental; um laboratório de informática com computadores novos e suficientes para todos os alunos; cinco bebedouros; uma sala de vídeo; um parque infantil; uma brinquedoteca; uma cozinha, onde é preparada a merenda; um pátio aberto e um pátio coberto. A escola é informatizada e dispõe de televisores, DVD, data show, máquina fotográfica digital, filmadora e todo material didático necessário para que as aulas aconteça da melhor forma possível. A frente da direção da escola tem uma diretora, duas vices e três coordenadoras pedagógicas, sendo uma em cada turno. O corpo docente é composto por 22 professoras que em grande maioria possui nível superior completo. Além das pessoas que dão suporte, merendeiras, auxiliar de disciplina, porteiro, segurança, professor de informática e bibliotecária. A escola tem uma comunidade escolar, em sua grande maioria, comprometida com sua profissão, sobretudo os educadores. A sua gestão trabalha no sentido de transformar a escola mais democrática, procurando tomar decisões e resolver os conflitos com a participação de todos os envolvidos na unidade escolar, como está colocado no Projeto Político Pedagógico, da instituição, construído no ano de 2008, sendo a missão da mesma: “Prestar um serviço 36 educacional de qualidade, em parceria com a família e a comunidade, proporcionando meios que permitam a formação integral do educando enquanto sujeito, desenvolvendo aptidões intelectuais, morais e físicas, formando cidadãos capazes de contribuir de forma crítica e participativa na sociedade”. 37 Capítulo III Neste terceiro capítulo serão relatados os resultados obtidos pela pesquisa, através da aplicação dos questionários e entrevistas com as mães dos alunos e professoras da instituição. Da mesma forma estarão aqui apresentadas as percepções sobre as relações estabelecidas dentro desta escola, bem como a opinião da comunidade escolar sobre o tema abordado. 3.1 Família e Escola: a necessidade de uma união na busca por melhores resultados Hoje em dia a integração entre família e escola, é um tema muito discutido dentro e fora das instituições de ensino. Principalmente, pelas tentativas dos professores de fazer o possível e o impossível para atrair a atenção e alcançar o aprendizado dos alunos, na maioria das vezes sem muito sucesso. Dentro da escola do Natal o que se pode perceber, é que apesar dos apelos de todo corpo docente e coordenação, esta integração, quase, não acontece. Ainda é muito pequeno o número de mães que se interessam de fato, pela vida escolar dos seus filhos. O primeiro aspecto que foi questionado sobre esse tema, foi exatamente a questão de gênero, sempre que se falava em família, a palavra era imediatamente corrigida: “família não, mãe”, pois de acordo com os relatos de todas as professoras, coordenadoras, diretora e demais funcionários, os “pais” não costumam aparecer nunca. Durante a realização da pesquisa na escola, apenas um pai compareceu na mesma, entretanto depois de muitas solicitações e sob a pena de que o seu filho só assistiria às aulas se chegasse junto com ele; já que o mesmo tinha agredido um colega por duas vezes. Assim ele apareceu, conversou com a diretora e não mais voltou à instituição. Com as presentes modificações nas estruturas da família, realmente se torna mais adequado falar em pai e mãe, já que as transformações sofridas em uma instituição social afeta 38 automaticamente a outra e os desafios colocados atualmente nas escolas tem a ver com as modificações na família e vice versa. Observa-se que os “pais”, em grande maioria, não se preocupam em acompanhar a vida escolar dos seus filhos, transferem esta responsabilidade para as mães e escola, se importando apenas que os filhos sejam aprovados no final do ano letivo. Ao perguntar a toda a comunidade escolar, referente a esta questão, a resposta foi unânime: “os pais quase nunca aparecem na escola, nem mesmo quando são convocados”, a diretora ainda complementa: “algumas vezes é preciso pressionar para que eles compareçam, dizendo que o filho não assistirá mais as aulas enquanto o mesmo não se apresentasse, ainda assim eles não vêm, e a escola se vê obrigada a receber o aluno sem conversar com este pai, para que o filho não ficasse sem freqüentar a escola”. Se os “pais” não participam da vida escolar dos filhos, esta tarefa fica sob a responsabilidade das mães, mas de acordo com a pesquisa, esta também deixa a desejar, segundo a auxiliar de disciplina, que aqui será chamada de “auxiliar um”, para manter o sigilo e evitar constrangimentos aos entrevistados, as mães também não se interessam pelo que está acontecendo com os filhos. Esta é responsável por organizar o agendamento e acompanhamento sistemático dos alunos da escola ao atendimento médico, odontológico e psicológico, ela relata que a prefeitura envia um ônibus à escola para levar os alunos até a clinica, e a única exigência feita é que os mesmos estejam acompanhados por um responsável, já que são menores, mas já tiveram dias de estarem marcados 10 alunos e só apareceu uma mãe, e quando questionados por qual motivo não compareceram, as respostas são inacreditáveis: “tinha muita roupa para lavar”, “esqueci”, “acordei tarde”, sempre assim. Quando a criança está muito necessitada de um determinado acompanhamento, após tentativas sem sucesso de trazer a mãe, a escola disponibiliza um funcionário para acompanha - lá. Ao dar inicio a pesquisa, a primeira conversa foi com a diretora e a vice do turno vespertino, que deram de imediato sua opinião: “União família e escola? Isso não acontece aqui! É um dos problemas da instituição, a família não ajuda, nem faz a sua parte, apenas cobra da escola”. “Quando convidados, a família nem sempre comparece na escola, nas reuniões de 39 pais e mestres, apenas um terço das mães de alunos participam, até mesmo nas festinhas e comemorações da instituição, não são todas que aparecem”. As duas são responsáveis por entrar em contato com a família, caso algo esteja errado com o aluno, pode ser por baixo rendimento, indisciplina, falta de atenção, ausência na escola, ou seja, qualquer motivo pelo qual a criança possa ter uma redução no seu rendimento escolar. E segundo a diretora, todos os dias é preciso ligar para mais de uma família, mas as mesmas não dão atenção, apenas se preocupam em justificar as faltas, contudo por medo de perder a bolsa família, programa do qual grande parte das famílias de alunos pertencentes à escola faz parte. A percepção das professoras da instituição também é de abandono e transferência de responsabilidades. Mas todas elas concordam em relação à contribuição da família no acompanhamento da vida escolar dos seus filhos. De acordo com as respostas dos questionários, e conversa sobre as experiências das mesmas, quando questionado sobre quais alterações elas percebiam, naqueles alunos quais as mães acompanhavam o seu processo educacional, foi respondido: Professora 1- “São os melhores alunos, mais interessados e que aprendem melhor, a participação da família é um diferencial a mais para o aprendizado deles”. Professora 2 – “A família é muito importante para o rendimento do aluno, com esse acompanhamento os alunos aprendem mais”. Professora 3 – “A participação da família é muito produtiva para os alunos”. Professora 4 – “São os alunos que evoluem mais e tem melhor rendimento”. É percebido que, pela fala desta e outras professoras, além do período de observação da pesquisa, que os alunos os quais a família participa e acompanha a sua vida escolar, são as mais interessadas, atentas e com maior facilidade para aprender, sempre se destacam diante dos colegas e possuem maior rendimento. Os melhores alunos da escola têm como característica o acompanhamento constante das mães no seu processo de aprendizagem. Em contrapartida, os alunos que tem maior dificuldade, as mães não comparecem na escola, nem mesmo em dia de reunião de pais e mestres. Ainda no ponto de vista dos professores, faltam projetos pedagógicos direcionados para atrair a família dos alunos para escola, isso se dá devido à distância da direção da escola no plano 40 pedagógico, mesmo com a tentativa de tornar a instituição democrática, ainda é necessário interagir mais com a comunidade escola em geral, como participar das reuniões semanais de “AC” junto com os professores e coordenação. Segundo a professora 4, a inexistência de eleições diretas para dirigentes municipais, também é um ponto negativo para o desenvolvimento da instituição num todo, pois as diretoras “por indicação”, sempre são despreparadas para assumir o cargo, não sabem lidar com estas questões, o que é o caso da Escola do Natal, que sofre com a falta de manejo para solucionar este e outros problemas. A instituição possui um conselho escolar, mas que na verdade não funciona da forma como se propõe, convocando cada representante para participar das reuniões, que deveriam acontecer de forma contínua, mantendo todos informados sobre o funcionamento e problemas existentes na escola, buscando desta forma uma solução entre o grupo. Fazem parte desse conselho, um representante, dos pais e comunidade local, dos professores, além da coordenação e direção da escola. Os atuais representantes foram escolhidos no segundo semestre de 2008, no período em que já tinha iniciado a observação para esta pesquisa, por meio de votação durante uma reunião de pais e mestres, onde toda comunidade escolar estavam presentes. Passado este dia não se foi comentado mais nada em relação ao conselho, nem mesmo para uma reunião os representantes foram convidados. Nas conversas com os responsáveis pelos alunos, pode ser observado ainda uma resistência quanto ao maior envolvimento na escola onde seu filho estuda, a começar pelo receio em participar da pesquisa. As mães que aceitaram responder os questionários foram exatamente àquelas que acompanham a vida escolar dos filhos, as demais se recusaram a responder ou conversar, diziam não ter tempo, e algumas nada falaram, apenas saíam. Desta forma, as respostas dos questionários não condizem com a realidade da escola em relação ao assunto abordado. As percepções aqui apresentadas, em relação aos pais dos alunos desta instituição, foram de acordo com as observações feitas durante o período da pesquisa, acompanhando o cotidiano da escola no ano de 2008 e os meses de maio, junho e julho do ano vigente. 41 Segundo, as mães entrevistadas, a participação na vida escolar dos filhos é importante para perceber se os mesmos estão evoluindo no processo de aprendizagem, estas sempre participam das reuniões, e continuamente freqüentam a escola, para conversar com a professora e diretora sobre o comportamento e evolução das crianças na instituição. Entretanto, estas são a exceções da regra. A maioria das mães não se interessa pela vida escolar dos filhos, não participam das reuniões de pais e mestres, nem quando são convidadas a comparecer na escola. Um problema constatado foi devido à falta de escolaridade de grande parte dos pais, que pertencem a bairros com um grande índice, de baixo poder aquisitivo e de poucos recursos, não ajudam os seus filhos nas atividades escolares, por não serem alfabetizados, ou não ter conhecimento suficiente para dar esse suporte. Este é um dos motivos pelo quais as crianças retornam para a escola com as atividades de casa sem fazer. Algumas mães sentem dificuldades em interagir com a escola, por não achar espaço para que isso aconteça, e não freqüentam as reuniões, por acharem chatas e repetitivas, sempre com as mesmas reclamações. Mesmo as mães que “participam” da escola, concordam que ao organizar os encontro e eventos, a direção da instituição precisa conciliar os horários mais acessíveis para que todas possam participar. Uma das mães que respondeu o questionário comentou sobre, a necessidade de a escola organizar mais eventos buscando a interação da escola com a família, e a realização de atividades escolares, que possam ser realizadas por pais e filhos juntos, como olimpíadas de matemática, oficinas de gramática, dentre outros. Segundo ela, estas atividades trariam os pais para dentro da escola e mais próximos dos filhos. 42 Considerações Finais A relação entre família e escola nunca se fez tão necessário como atualmente, por conta dessa confusão de papéis e por diversas vezes transferência de responsabilidades que a cada dia que passa se percebe aumentar. Há muitos anos estas instituições, tinham suas atribuições bem definidas, era claro qual seria a função da escola e da família no processo educativo. A educação moral e de valores, cabia à família e a escola ficava com a escolarização e conquistas sociais através da inserção do individuo no mundo da ciência e conhecimento formal. Os pais eram modelos para os filhos, e os professores detentores da sabedoria. A postura das crianças era outra diante de pai, mãe e professor, existindo maior respeito e muitas vezes até medo. Entretanto com as mudanças ocorridas na sociedade contemporânea, isso não acontece. O processo de urbanização da sociedade contemporânea criou novas formas de organização social e obriga as mudanças importantes nas relações familiares e, claro, no processo formativo dos indivíduos. Por um lado é possível verificar um questionamento dos valores tradicionalmente constituídos para a sociedade e a necessidade de se formular novos valores e caminhos de relação. Por outro lado, as próprias relações se fragmentaram e exigem um esforço imenso na criação de parâmetros novos que orientem os indivíduos para viver na nova sociedade em formação, uma sociedade mediada pela técnica global, pela informação e, fundamental, pelo efêmero. Os pais que viveram na época das regras pré-definidas, não queriam mais estes modelos para os filhos, mas ficou difícil lidar com o “novo”, uma nova postura, na qual a sociedade ainda está de adaptando, conviver com filhos e alunos em igualdade, porém, ensinando os valores e limites indispensáveis para a sua formação pessoal. Atualmente, como diria Durkheim, os papéis sociais de pais e professores não estão bem definidos, as mudanças sofridas na família fizeram com que atribuíssem à escola muitas funções, nasceu um confuso conflito entre a autoridade da escola e da família. É comum escutar mães ao ver o seu filho ter uma atitude da qual a mesma se sinta envergonhada, seja 43 comer em exagero, bater no colega, não se comportar a mesa, falar um palavrão, de imediato questionar: “é isso que você esta aprendendo na escola?” e mesmo durante as reuniões se ouve queixas referente a estes tipos de comportamentos, e as professoras se perguntam: “isso é função nossa?” A falta de tempo dos pais tem feito com que eles deixem para a escola toda a responsabilidade de educar. Se no momento, ainda não se sabe qual o papel da escola e qual o da família, o ideal seria a construção do trabalho conjunto, mas, é claro sem excluir a responsabilidade individual de cada uma das instituições. Quando se propõem encontros e reuniões, deve existir a possibilidade de uma participação do que se imagina construir nos processos educativos dentro dos dois espaços, não é possível exigir que os pais ou professores assumam responsabilidades que cabe ao outro, pois essa atitude acabará por destruir a possibilidade de um trabalho conjunto. O primeiro passo e mais importante por todo o processo é o dialogo. Outro ponto relevante para reflexão, é o sentido dessa participação, até que ponto a instituição espera que a família, de fato esteja presente na escola. Normalmente os encontros entre família e escola acontecem nas reuniões de pais e mestres, e é do que mais a escola pesquisada reclama da ausência da família nestes eventos. Parceria é mais que freqüentar reuniões e ajudar os filhos nas tarefas de casa, pressupõe cooperação, no sentido de pensar, aprender, decidir juntos, trocar pontos de vista, sentir-se parte realmente de um grupo. No único momento em que se reúnem pais, professores, diretora, coordenadora, que é nas reuniões de pais e mestres, os assuntos são sempre os mesmos e os pais pouco falam, apenas escutam os discurso dos demais participantes. As mães ficam impacientes, escutando queixas e mais queixas sobre os seus filhos, indisciplina, mau comportamento, falta de cuidado com material escolar e uniforme. Em algumas poucas oportunidades, a organização de festinhas e solicitação de algum material para esse fim. Não acontece um diálogo; ao final da reunião, alguns pais procuram à professora de seu filho, (quando conhece) para saber de nota. Aquela mãe que questiona alguma coisa é apontada e criticada por “quase” toda a escola, como sendo “chata”. A escola ainda precisa respeitar a figura do outro, a família deve ser vista como suporte e apoio que esta ali para ajudar, acrescentar e não como pessoas que nada 44 entendem, questionando aquilo que não sabem. A reunião deve acontecer de forma mais dinâmica e participativa, em tempo hábil, informando de forma clara o que for preciso, promovendo envolvimento e discussões em torno dos temas abordados, fazendo com que os participantes tenham vontade de voltar nas outras reuniões. É preciso disposição e boa vontade de ambas as instituições para que essa participação aconteça, a família precisa fazer o possível para acompanhar os filhos, ficar atentos às suas dificuldades, ajudar nas atividades e ampliar seu conhecimento cultural, o que já parte para uma outra questão, a financeira. Nem todas as famílias têm condição de levar seu filho ao teatro, comprar um livro, levar ao cinema, dentre outras opções de enriquecimento cultural, mas este é outro ponto a ser trabalhado com a escola, que pode promover eventos culturais direcionados aos pais e filhos. Além de encontrar tempo para atender as convocações da escola e visitas espontâneas se achar necessário, é preciso fazer disso um compromisso real. O ponto de partida para a existência dessa parceria, deve ser promovido pela escola, já que a mesma possui os profissionais em educação capacitados para a construção da mesma. A família precisa se sentir a vontade e acolhida para expressar suas idéias, dúvidas e sentimentos. Para isso, um ambiente participativo deve ser criado, a partir da gestão da escola. A coordenação precisa elaborar projetos visando atrair a família para a escola e manter estas envolvidas no meio. Toda comunidade escolar deve estar capacitada para conviver com essa interação, o tempo pedagógico deve favorecer a capacitação e participação dos professores visando um bem comum: A Educação. Alguns pais têm dificuldades em ajudar os filhos na tarefa de casa por falta de conhecimento cientifico, a escola deve criar projetos voltados aos pais, principalmente os não alfabetizados, possibilitando o acompanhamento deles a vida escolar dos seus filhos. Precisa pensar em projetos e horários em que os pais possam comparecer, desta forma ele irá aprender junto com o filho, na escola onde ele estuda. Para isso pode buscar ajuda em parceria com a comunidade local e professores para alfabetizá-los. De acordo com a pesquisa, foi confirmada a notável evolução dos alunos que tem constante acompanhamento das mães, diante dos que não tem a mesma oportunidade. Os que possuem o auxilio da família são os melhores da escola, se destacam com melhores notas, melhor desenvoltura no ambiente e que se interessam em participar de todos os projetos 45 desenvolvidos na escola, seja de teatro, musica, dança, dentre outros. A participação da família é um diferencial a mais no aprendizado das crianças. Entretanto, ainda são poucos os alunos que tem esse acompanhamento, 80% dos alunos da escola não dispõem desse “privilégio”. Muita coisa precisa ser feita para mudar esse quadro. O diálogo precisa ser a principal ferramenta na construção da relação família e escola, entretanto precisa existir por parte de pais e demais envolvidos na escola, um comprometimento com a educação dos seus filhos e alunos. 46 Referências Bibliográficas BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de julho de 1990. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.424, de dezembro de 1996. BRASIL. Plano Nacional de Educação. Brasília, MEC, 2001. KALOUSTIAN, S.M. (org.) Família Brasileira, a Base de Tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1988. LÜDKE, Menga e ANDRÈ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. EPU: São Paulo, 1986. NÉRICI, Imídeo G. Lar, Escola e Educação. São Paulo: Atlas, 1972. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1995. OLIVEIRA, Ivone Boechat de. Por Uma Escola Humana. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987. MINUCHIN, Salvador. Famílias: Funcionamento e Tratamento. Porto Alegre: Ates Médicas, 1990. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. Política e Educação. São Paulo: Cortez, 2001. VALLS, Álvaro L. M. O Que é Ética. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 2006. HERKENHOFF, João Baptista. Ética, Educação e Cidadania. Porto Alegre: Livraria dos Advogados, 1996. SANCHES, Vasquez Adolfo. Ética. Tradução de João Dell’Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. SAVIANI, Demerval. Saber Escolar, Currículo e Didática. Campinas: Autores Associados, 2000. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Editora Cortez, 1996. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1980. 47 APÊNDICES 48 Questionários Pais ou Outro responsável pelo aluno Nome:........................................................ Profissão........................................ Número de filhos nesta escola Grau de Escolaridade: ( )Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Não-Alfabetizado 1. Quando você costuma comparecer na escola do seu filho? ( ) Apenas nas reuniões ( ) Somente se houver algum problema ( ) Sempre, para saber como meu filho está evoluindo ( ) Não tenho tempo 2. Você acompanha as atividades e conteúdos aplicados em sala de aula? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sempre que posso 3. Você ajuda o seu filho com as atividades de casa? ( ) Sempre ( ) Não, pois não tenho tempo ( ) Não sei como ensinar ( ) Sempre que posso 4. Quando o professor de seu filho solicita a sua presença na escola você: ( ) Dou um jeito de comparecer ( ) Não vou por falta de tempo 5. Você acha importante acompanhar a vida escolar do seu filho? ( ) Não. A escola é responsável por isso. ( ) Sim. Para melhor ajuda-ló. 6. Seu filho cobra a sua presença na escola? ( ) Sim ( ) Não. Ele tem medo das queixas. 7. Você gostaria de participar mais da escola do seu filho? ( ) Sim ( ) Não 8. Em sua opinião, o que falta para que isso aconteça? 49 Para Professores Nome: Formação: Turma em que atua: 1. Os pais ou responsáveis costumam freqüentar a escola? ( ) Sim ( ) Não 2. Em quais situações a família do aluno é convocada a comparecer à escola? ( ) Reunião de pais ( ) Indisciplina do aluno ( ) Notas baixas ( ) Outros ___________________________ 3. Estes responsáveis costumam atender a convocação da escola? ( ) Não ( ) Ás Vezes ( ) Sim ( ) Depende do motivo 4. Nas reuniões de Pais e Mestres, a família dos alunos costuma comparecer? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás Vezes ( ) Poucos deles 5. Como é a participação da família no conselho da escola ao qual ela faz parte? ( ) Não comparece ás reuniões ( ) Participa ativamente ( ) Participa parcialmente ( ) Não opinam ( ) Outros ____________________________________________ 6. Quando a família participa efetivamente da vida escolar do aluno, você percebe alguma alteração no comportamento e rendimento deste aluno? ( ) Sim 7. Como você qualifica isso? ( ) Não 50 Roteiro Para Entrevista à Comunidade Escolar 1. A família dos alunos costuma freqüentar a escola espontaneamente? 2. Quando a família é convocada a comparecer na escola? 3. A família se interessa pelos problemas dos alunos e da escola em geral? 4. As mães questionam os métodos e conteúdos aplicados na escola? 5. De que forma a interação família e escola acontece nesta instituição? 6. Como você acha que a escola pode atrair a família para a escola? 7. Você percebe essa queixa por parte dos pais, eles se interessam, mas por algum motivo isso não acontece? 8. Você gostaria de participar mais ativamente dos processos educacionais e da vida da escola como um todo? 9. Você acha que a integração família e escola podem contribuir para o rendimento das crianças? 10. Quando a família participa da vida do aluno na escola, você nota algum avanço? 11. O que a gestão da escola pode fazer para favorecer esta relação? 51 ANEXOS 52 Eixos Estruturantes da Educação em Camaçari Esporte Despertar e/ou favorecer nos educandos, o espírito de grupo competitivo, sadio, cooperativo e comunitário através das diversas modalidades que o esporte oferece valorizando as suas aptidões e capacidade criativa, salientando a importância de ter a mente e o corpo em perfeito equilíbrio contribuindo para a qualidade de vida dos mesmos. Arte-Educação Possibilitar a multiplicidade de expressão artística contextualizada e significativa na escola permitindo uma prática pedagógica interdisciplinar e contribuindo para a formação do aluno/cidadão mais sensível, reflexivo, criativo, assim como potencializando aptidões e talentos individuais e coletivos. Educação Inclusiva Oferecer oportunidades educacionais mais inclusivas, com identidade própria na construção de um projeto educativo integrador e integrado, que considera as necessidades de todos os alunos, não somente os portadores de necessidades especiais ou com dificuldade de aprendizagem, mas todos os discentes visando a sua matrícula, acolhida, permanência e sucesso escolar na trajetória da sua formação pessoal e social. Educação Ambiental A Política Municipal de Educação Ambiental, em consonância com a "Política Nacional de Educação Ambiental / MEC, traz o referido tema, que deve contemplar pressupostos e conceitos ecológicos essenciais para a compreensão da inter-relação da vida, e desenvolver experiências significativas para construção de conhecimentos e internalização de atitudes e valores. 53 Informática Educacional Faz parte da Educação Tecnológica, e no espaço escolar no mundo contemporâneo, sendo um elemento chave no processo de inclusão digital e inserção dos alunos/cidadãos na sociedade da informação e conhecimento, devendo os laboratórios de informática ser parte integrante e integrado as pratica pedagógicas no cotidiano escolar. Ciências Experimentais Aliar teoria e prática no fazer pedagógico cotidiano, comprometido com práticas de ensino que possibilitem ao aluno desenvolver as suas potencialidades, talentos, habilidades e competências na conquista de novos conhecimentos, descobertas, experiências, capacidade de compreensão e principalmente inquietar o seu desejo de pesquisar na perspectiva do espírito cientifico. Robótica Educacional É também uma das vertentes da Educação Tecnológica, vem contribuir no processo de formação dos alunos, através do desenvolvimento de habilidades como, trabalho em equipe, resolução de problemas e flexibilidade, cuja aplicação da “tecnologia se dá através de mecanismos eletroeletrônicos” proporcionando uma aprendizagem dinâmica, lúdica e oportunizando a interação com as novas tecnologias. 54 PROJETOS DA SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DE CAMAÇARI 1. Programa Formação Continuada de Docentes Foco: Formação, aperfeiçoamento profissional, metodologias e melhoria da qualidade do ensino, Período: Início: Fevereiro /2005 Término: Dezembro /2008 Objetivo: Sistematizar uma política própria de formação continuada de docentes; Garantir ao corpo docente municipal o acesso e a participação efetiva aos projetos de formação continuada ajustados às necessidades da rede municipal de ensino, coerentes com os princípios da educação nacional, as leis vigentes e afinados com a sociedade contemporânea. Síntese: Com a multiplicação célere dos conhecimentos e as múltiplas demandas da sociedade contemporânea que espera da escola a formação de indivíduos capazes de aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver¹ necessário se fez definir e priorizar padrões educacionais que dessem corpo pedagógico e administrativo as metas e ações previstas para esta gestão. Além deste contexto, foi preciso considerar os avanços da tecnologia e das comunicações, dentre outros, que influenciam e mudam significativamente o conceito, a natureza, a função e o perfil de educação escolar, os enfoques e procedimentos metodológicos, os materiais e equipamentos didáticos⁄pedagógicos, mas foi na busca desta sintonia, educação/pedagogia e as demandas do hoje, que a SEDUC definiu os Sete Eixos Temáticos Estruturantes para a execução da sua Política Pedagógica: Arte Educação, Ciências Experimentais, Educação Ambiental, Educação Inclusiva, Esporte, Informática Educacional e Robótica, numa ótica inovadora, interativa, criativa, enriquecedora, emancipatória e comprometida com a educação cidadã. Linhas de Atuação: Formação Continuada Estudo, Pesquisa e Avaliação Desenvolvimento de Metodologias Produção de Material Didático-Pedagógico Mobilização, Articulação e Motivação 55 Projetos Formação de Alfabetizadores para séries iniciais do ensino fundamental /1ª e 2ª. Séries (2005 / 2006) Formação de Coordenadores Pedagógicos (Monitores) em Alfabetização para séries iniciais do ensino fundamental /1ª e 2ª. séries (2005 / 2006) Praler (2005 /2007) Fortalecimento da Equipe Escolar (2006/2007) Psicopedagogia (2006/2007) Novos Rumos da Avaliação (2006/2007) Saberes da Inclusão (2006/2007) PróInfância (2007/2008) Gestar_ Gestão da Aprendizagem Escolar /Língua Portuguesa (2008) Gestar_ Gestão da Aprendizagem Escolar / Matemática (2008) PróLetramento (2008) 2. Programa Formação Inicial de Docentes Foco: Graduação em nível superior, qualificação profissional, melhoria da qualidade do ensino, Período: Início: Setembro / 2007 Término: Dezembro /2012 Objetivo: Oferecer curso de formação inicial de graduação no ensino médio, pública e de qualidade, aos docentes de educação infantil das escolas comunitárias e filantrópicas do município. Oferecer curso de graduação superior, pública e de qualidade, aos docentes efetivos da rede municipal de ensino, em parceria com o governo federal, através das Universidades Públicas Federais, visando o seu aprimoramento profissional. Síntese: Em seu artigo 62, a LDB estabelece que “a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal”. Atualmente a Seduc, através do Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério da Educação está sendo implantando em 2008, o PróInfantil e implantou, desde 2007, o Pólo Presencial de Camaçari da Universidade Aberta do Brasil / UAB, oferecendo 05 cursos de graduação: Letras, Pedagogia, Sistema de Informações, Computação e Matemática. O governo Municipal através da Seduc pretende atender em 2008, 45 docentes das escolas comunitárias através do PróInfantil, e promover a graduação em nível superior de .......% dos docentes efetivos da rede municipal de ensino nas diferentes áreas do conhecimento até 2012. 56 .Linhas de Atuação: Formação Inicial de Docentes Estudo, Pesquisa e Avaliação Projetos PróInfantil (2007 / 2008) Universidade Aberta do Brasil / UAB (2006 / 2008) EDUCAÇÃO E ESPORTE EM CAMAÇARI CAMPEONATOS - Graças ao trabalho realizado nas escolas municipais, Camaçari tem participado de campeonatos nacionais de robótica. Nos últimos dois anos, o Município se fez presente no Power Puzzle, evento que trata do poder e tipos de energia alternativa, realizado em São Paulo. No ano passado quem participou foi o Colégio Lídia Coelho, localizado em Arembepe, e em 2007, o São Thomaz de Cantuária, no Centro. A Prefeitura também realiza campeonatos municipais com o objetivo de desenvolver o trabalho em equipe e oferecer a troca de experiência entre os alunos. (Fonte: Ascom da Prefeitura de Camaçari)