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Geografia
O Mercado De Trabalho Informal Como Alternativa Na Cidade De Campina
Grande-PB
Ricardo Pereira Veras1; Suelen Santos Bezerra2; Roberto Pereira Veras3
( UFCG)
RESUMO
Este trabalho tem como perspectiva apresentar a problemática do mercado de trabalho
informal no município de Campina Grande-PB, cujo estudo de caso se dirigiu aos
trabalhadores informais estabelecidos no espaço denominado Arca Titão, localizado na
parte central da cidade. A metodologia trabalhada foi tanto a qualitativa quanto
quantitativa, tendo sido alcançado os seguintes resultados Faixa etária, grau de
escolaridade, Ambulantes com curso profissionalizante, experiência profissional,
número de estabelecimentos por sexo, renda mensal, ocupação anterior, condição do
estabelecimento.
Palavra - Chave: Mercado informal; trabalho informal; desemprego; Poder Publico;
Vitimas sociais
ABSTRACT
This work is to present the problem of perspective informal labor market in Campina
Grande-PB, whose case study is directed to informal workers set in space called Titan
Ark, located in the central part of the city. The methodology was worked both
qualitative and quantitative, have been achieved the following results age group,
education level, Ambulantes with vocational course, work experience, number of
establishments by gender, income, occupation, previous condition of the property.
Word - Key: Market informal, informal work, unemployment; Public Power; Victims
social
1
2
3
(UFCG/ FIP / Campina Grande-Brasil; [email protected]; http://lattes.cnpq.br/7359199292746153)
(UFCG/ Campina Grande- Brasil; [email protected]; http://lattes.cnpq.br/3671418215431503)
(UFCG/ Campina Grande- Brasil; [email protected]; http://lattes.cnpq.br/0641802996742206)
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1. INTRODUÇÃO
A economia da cidade de Campina Grande, sempre acompanhou e refletiu o
195
comportamento da economia nacional e, por conseguinte, também da internacional.
Hoje, mais uma vez, reflete a tendência (inter) nacional apresentando elevado
crescimento das taxas de desemprego e surgimento de um sub-setor dentro do setor
terciário: o mercado de trabalho informal institucionalizado.
A origem de Campina Grande está intrinsecamente relacionada à origem do
comércio realizado pelos tropeiros e viajantes, que faziam a “ponte” entre o Litoral e o
Sertão. Com sua vocação para o comércio, que durante dezenas de anos a colocou à
frente de muitas grandes cidades no Nordeste e lhe concedeu a alcunha de “capital do
trabalho” vem, nas três últimas décadas, enfrentando uma grave crise, no que se refere à
extinção de postos de trabalho e à escassez na criação de novos postos (formais) de
trabalho; este fenômeno se dá em parte, devido ao acelerado processo de modificação
do mercado de trabalho exigente de mão-de-obra super-especializada e ao incremento
na tecnologia de produção que, em detrimento do aperfeiçoamento das máquinas, exige
cada vez menos mão-de-obra.
Com o desenvolvimento do mundo Capitalista, a grande maioria da população
dos vários países foi desapropriada dos meios e instrumentos de produção, passando a
dispor, para vender, apenas de sua força de trabalho (ANDRADE, 1992).
Para os expulsos dos postos de trabalho formais e para aqueles que ainda não
conseguiram o primeiro emprego, pelas mais diversas razões, resta a alternativa de
tornar-se autônomo. Em se tratando da realidade, significa: ingressar no mercado
informal de trabalho, ou seja, virar camelô, vendedor ambulante ou microempresário.
No Brasil sobretudo em Campina Grande, esta forma de trabalho vem ganhando cada
vez mais adeptos devido à falta de oportunidades no mercado formal. A presença dos
trabalhadores na rua, vendendo agulha para desentupir fogão, CD’s, vale-transporte,
envelopes, frutas e tapioca, enfim, tudo que se possa imaginar somando-se a isto
observa-se ainda crescente, em todas as grandes cidades, na criação de camelódromos;
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espaços destinados a fixar os trabalhadores que lotam as ruas e avenidas,
obstacularizando as calçadas.
De acordo com Noronha (2003), a “informalidade” deriva da condição de um
país em desenvolvimento no qual muitas atividades não são suficientemente atrativas
para o investimento capitalista.
Neste contexto se propõe, nesta pesquisa, analisar um destes espaços destinados
à fixação dos, antes vendedores ambulantes, na denominada Arca Titão área de estudo,
que está situada na parte central do município de Campina Grande, entre a Avenida
Floriano Peixoto e a Rua Treze de Maio. O espaço foi escolhido por se constituir de um
grande número de trabalhadores informais (ex-ambulantes) que apresentam perfis
múltiplos, tanto no que diz respeito ao tipo de comércio quanto às características
profissionais.
Baseado no proposto, o presente trabalho teve, como objetivo principal, levantar
o perfil dos trabalhadores da Arca Titão e identificar suas dificuldades, além de procurar
diagnosticar o porquê da opção pelo mercado informal de trabalho. Este diagnóstico
serviu para mostrar a faixa etária, o nível de escolaridade, o grau de profissionalização e
o número de estabelecimentos em funcionamento e o número de trabalhadores que estão
fixados no local desde sua criação, além de buscar elementos que possibilitassem
compreender os motivos que os levaram a optarem por este tipo de trabalho.
O mercado interno tornou certo aspecto de estabilidade, mesmo sem ter
independência econômica que lhe indicou os rumos a tomar para concretização de um
grande centro de atividades mercantis que viria a ser dentro em breve (Câmara, 1988,
p.55).
Objetivou-se através deste trabalho, proporcionar uma visão reveladora acerca
da situação do mercado informal realizado na cidade de Campina Grande, para tanto
tomou, como objeto de estudo, a Arca Titão, com o intuito de explicitar a realidade local
e sua relação com a atual estrutura econômica da cidade e do Brasil.
2. METODOLOGIA
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Como na maioria das pesquisas realizadas na área do mercado de trabalho, nesta
se utilizou o método analítico descritivo com uma abordagem qualitativa. Quanto aos
procedimentos, a pesquisa pode ser classificada como bibliográfica documental e de
levantamento diagnóstico.
197
Os procedimentos metodológicos preliminares para a realização da pesquisa,
foram os seguintes: elaboração de um plano de abordagem sistemática, reconhecimento
“in loco” da área, a fim de se obter uma noção mais precisa do espaço da pesquisa,
elaboração do questionário, roteiro para as entrevistas e levantamento dos documentos
referentes à área em estudo. Simultaneamente, realizou-se o levantamento bibliográfico,
cuja busca previa uma bibliografia que fornecesse, além das informações de caráter
teórico sobre o mercado informal, os instrumentos para realização da análise dos dados
coletados.
A pesquisa empírica foi realizada através do levantamento de informações nos
documentos e relatórios dos seguintes órgãos públicos: INSS (Instituto Nacional de
Seguro Social), SINE (Sistema Nacional de Emprego), Ministério do Trabalho,
SEPLAM (Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente), Secretaria de
desenvolvimento Urbano; pesquisou-se o acervo das bibliotecas da UFCG e da UEPB e,
primordialmente,aplicaram-se questionários e se realizaram entrevistas (mais conversas
informais) com os comerciantes da Arca Titão.
Foi elaborado e aplicada quatorze questões para os trabalhadores informais,
cujo objetivo era detectar o perfil, faixa etária, grau de escolaridade, quantidade de
pessoas com curso profissionalizante, experiência profissional, distribuição dos
estabelecimentos por sexo, renda mensal, ocupação anterior, período de funcionamento,
identificação dos compradores e, ainda, tentar descobrir as dificuldades encontradas
para se trabalhar na arca. Todas as informações coletadas foram valiosas para subsidiar
este trabalho.
Como já referido, a pesquisa bibliográfica serviu para instrumentalizar e
fornecer, subsidio sobre o que foi mostrado, isto é, com esta pesquisa se observou a
realidade da forma mais objetiva possível, analisando-a e buscando formas de
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contribuir, de alguma maneira, para a conscientização dos órgãos públicos acerca da
situação do mercado informal do município.
3. APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS
A pesquisa foi realizada na Arca Titão, com os comerciantes locais, funcionários
do INSS, Ministério do Trabalho, SEPLAM, PMCG e do SINE, com o objetivo de
apresentar o espaço que acolhe o comércio informal, em parte ilegal, de forma
institucionalizada e “legalizada”. Através da aplicação de questionários semi-abertos e
entrevistas, da pesquisa documental e bibliográfica, buscaram-se informações
necessárias para fundamentar a análise e auxiliar no sentido de se aproximar o mais
possível da realidade. Para uma percepção melhor sobre o objeto estudado, serão
apresentados gráficos e quadros acerca do mercado informal realizado na Arca Titão.
A pesquisa para levantamento dos dados foi realizada entre os meses de
setembro e outubro de 2011. Responderam ao questionário 30 comerciantes da Arca; no
caso das entrevistas, realizadas com alguns vendedores, elas assumiram mais caráter
informal, visto que os mesmos não aceitarem a formalização de suas opiniões. O
questionário continha 14 questões voltadas à coleta de informações relacionadas à
idade, ao nível de escolaridade, à experiência profissional, dentre outros aspectos
relevantes para a elaboração do perfil dos comerciantes da Arca. Dentre os objetivos se
pretendia detectar os profissionais inseridos no mercado informal, as dificuldades
enfrentadas e os motivos por optarem pelo mercado informal de trabalho. Foram
realizadas também entrevistas com os funcionários da Arca Titão que forneceram uma
série de informações valiosas para subsidiar este trabalho.
De acordo com os dados obtidos chegamos aos seguintes resultados:
a) Faixa etária dos comerciantes pesquisados da Arca TITÃO:
Em sua maioria, a faixa etária dos comerciantes, se concentra acima dos 40 anos
(Gráfico 1); dos 30 ambulantes entrevistados, 21 tinham idade superior a 40 anos;
enquanto os demais se apresentavam da seguinte forma: 1 pessoa com idade entre 15 a
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20 anos; 3 com idade entre os 21 a 25 anos e 5 pessoas com idade de 26 a 30, fato que
leva a
se comprovar que em Campina Grande também se excluem do mercado
informal, as pessoas com idade relativamente avançada (mais de 40 anos) para o
mercado formal de trabalho. O outrossim, muitos desses comerciantes, com idade
relativamente avançada para trabalhar, já deveriam estar gozando de uma aposentadoria
digna; com isso se vêem obrigados a trabalhar para conseguir uma renda extra e para
sua sobrevivência.
Faixa etária
Número de comerciantes
15 a 20 anos
21 a 25 anos
26 a 30 anos
Acima de 40 anos
1
3
5
21
Gráfico 1: Faixa etária dos ambulantes da Arca TITÃO
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
b) Grau de escolaridade dos comerciantes:
Os dados obtidos acerca do nível de escolaridade dos comerciantes da Arca
Titão, mostraram ser baixos; dos 30 ambulantes pesquisados entre 15 a 20 anos, 12
tinham freqüentado a sala de aula de 1 a 4 anos referente ao ensino fundamental, com
idade variando dos 21 aos 25 anos; apenas 13 concluíram o ensino fundamental; de 26 a
30 anos apenas 4 o concluíram e acima dos 40 anos apenas 1 concluiu o ensino
fundamental; dos que freqüentaram a escola por um período de 9 a 11 anos, o
equivalente ao nível médio completo, tem-se o seguinte entre os 30 (gráfico 2): dos
trabalhadores entre 15 a 20 anos, apenas 6 completaram o ensino médio; entre os de 21
a 25 anos 9 completaram o ensino médio; já entre 26 a 30 anos, somente 7 concluíram
os anos escolares referentes ao ensino médio, e acima de 40 anos nenhum dos
pesquisados chegou a completar 8 anos de estudo. Observou-se, portanto que o nível
intelectual tem influência direta na migração para o mercado de trabalho formal.
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Faixa etária
Escolaridade de 1 a 4 anos
Escolaridade de 9 a 11 anos
15 a 20 anos
21 a 25 anos
26 a 30 anos
Acima de 40 anos
12
13
4
1
6
9
7
0
200
Gráfico 2: Faixa de escolaridade dos ambulantes da Arca TIÃO
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
c) Ambulantes com curso profissionalizante da Arca TITÃO:
Quanto ao número de comerciantes que possuem curso profissionalizante,
observou-se que dentre os 30 entrevistados, foi constatado que na faixa etária entre 15 a
20 anos apenas 2 possuem curso profissionalizante; entre os 21 a 25 anos, apenas 6
possuem cursos de habilidade específica (sapateiro, engraxate e outros); já dos 26 aos
30 anos, apenas 4 possuem algum tipo de curso de formação; acima dos 40 anos,
constatou-se que 18 pessoas completaram o curso profissionalizante ou uma profissão
com a qual trabalharam durante muitos anos (Gráfico 3). A constatação da falta de
qualificação profissional revela a opção pelo mercado informal como uma das
alternativas possíveis diante de um mercado de trabalho que exige mão-de-obra
altamente especializada. Segundo Marcos Vinicius, um dos ambulantes entrevistados
“considera que está alternativa de trabalho informal é a sua profissão, mesmo não
tendo comprovação oficial, mas é a última forma de trabalho para pessoas honestas
antes do crime afirmou ele”, mas que está satisfeito pois consegue, na Arca, dinheiro
mínimo para sua sobrevivência, com honestidade.
Faixa etária
Curso profissionalizante sim
15 a 20 anos
21 a 25 anos
2
6
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Curso profissionalizante
não
0
0
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26 a 30 anos
Acima de 40 anos
Geografia
4
18
0
0
Gráfico 3: Ambulantes com curso Profissionalizante
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
201
d) Experiência Profissional dos comerciantes pesquisados:
No que diz respeito à quantidade de comerciantes que possuem experiência
profissional anterior, ficou constatado que todos já possuíam algum tipo de trabalho
antes de se tornarem comerciantes na Arca. Mas devido aos baixos salários pagos pelos
empregadores, optaram pelo serviço informal, mesmo sabendo dos riscos existentes no
campo da informalidade. Na verdade, a partir das leituras realizadas e da observação de
campo, foi possível afirmar que estes comerciantes estão fora do mercado formal de
trabalho não apenas porque os salários são baixos, mas principalmente por não
possuírem a qualificação profissional adequada e exigida atualmente no mercado de
trabalho formal.
Faixa etária
Experiência profissional sim
15 a 20 anos
21 a 25 anos
26 a 30 anos
Acima de 40 anos
2
3
5
20
Experiência profissional
não
0
0
0
0
Gráfico 4: Experiência Profissional
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
e) Número de estabelecimentos por sexo na Arca TITÃO:
Quanto ao sexo dos comerciantes por estabelecimento, observou-se os seguintes
dados: dentre os 30 comerciantes entrevistados ( Geafico 5), 10 estabelecimentos são
administrados por mulheres e 20 por homens e se encontram assim distribuídos:
femininos há 1 mulher com idade inferior a 20 anos, na faixa etária entre os 21 a 25
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apenas 2 , dos 26 aos 30 anos apenas 2 estabelecimentos administrados por mulheres,
acima de 40 se encontram 5 estabelecimentos administrados por mulheres com relação
aos administrados por homens,o quadro e o seguinte: entre os 15 e 20 anos, apenas 1
homem; dos 21 a 25 anos, 5 ; dos 26 a 30 anos se encontram 6 homens e acima de 40
são 8 estabelecimentos administrados por homens.
Faixa etária
Feminino 10 estabelecimentos
Masculino 20 estabelecimentos
15 a 20 anos
21 a 25 anos
26 a 30 anos
Acima de 40 anos
1
2
2
5
1
5
6
8
Gráfico 5: Número de estabelecimento por sexo
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
f) Renda Mensal dos pesquisados:
Constatou-se que, no âmbito da renda média (gráfico 6) dos pesquisados com
idade de 15 a 20 anos apenas 1 pessoa ganha ½ salário mínimo; de 21 a 25 anos, 2
pessoa ganha 1/5 do salário e 2 ganham 1 salário mínimo; já entre os pesquisados com
idade de 26 aos 30 anos, 2 ganham 1/5 do salário, enquanto 3 recebem 1 salário. Foi
observado ainda, que entre os ambulantes com idade acima de 40 anos 8 ganham 1/5 do
salário, 10 recebem 1 salário e apenas 2 ganham acima de um salário. Segundo Carlos
Alberto Silva, vendedor que chegava a tirar por semana de 80 a 100 reais logo que
começou a trabalhar como camelô, hoje não é mais possível ganhar muito devido à
enorme quantidade de vendedores, o que ocasionou forte abalo na sua renda;
atualmente, chega a fazer em torno de 30 a 50 reais por semana mas, segundo ele, tem
que trabalhar muito para conseguir este valor.
Faixa etária
½ salario
1 salario
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1/5 salarios
2 salarios
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15 a 20 anos
21 a 25 anos
26 a 30 anos
Acima de 40 anos
Geografia
1
2
3
10
2
2
8
2
Gráfico 6: Renda Mensal dos pesquisados da Arca TITÃO
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
g) Ocupação Anterior dos comerciantes da Arca TITÃO:
Buscou-se observar qual a ocupação ou atividade desenvolvida anteriormente
pelos comerciantes informais pesquisados, com o intuito de se analisar a origem dessa
mão-de-obra. Conforme os dados da pesquisa, 30% dos pesquisados são oriundos de
empresas privadas, 20% são autônomos, 16,6% estavam desempregados e encontraram,
na Arca Titão, como um meio de trabalho, 10% são estudantes, 20% são aposentados e
3,3% donas de casa, salientando-se que, neste caso, na maioria das vezes a comerciante
não deixa de ser dona de casa, mas ela passa a exercer uma jornada dupla, assumindo o
negócio ( Quadro 3).
Quantidade
%
Funcionário(a) público
0
0
Funcionário de empresa privada
9
30
Autônomo
6
20
Desempregado
5
16.6
Estudante
3
10
Agricultor
0
0
Dona de casa
1
3.3
Aposentado
6
20
Total
30
100
Quadro III - Ocupação anterior
Fonte: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
h) Condição dos estabelecimentos
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A pesquisa mostrou que 100% dos estabelecimentos são próprios, haja vista que
é vedada qualquer forma de repasse por parte dos comerciantes do local, como afirma o
Art. 34. do regimento interno das arcas (em Anexo): “Não será permitido aos
concessionários, em nenhuma hipótese, o repasse de quaisquer dos boxes ou lojas
pertencentes ao empreendimento, a titulo gratuito ou oneroso.” No entanto, através das
declarações informais se soube que não é bem assim que funciona; os estabelecimentos
realmente não são oficialmente vendidos mas podem ser cedidos ou até mesmo
alugados informalmente.
Condição do local
Quantidade
%
Próprio
30
100
Alugado
0
0
Cedido
0
0
Quadro IV - Condição dos estabelecimentos
Fonte:: Pesquisa de campo – Ricardo Veras
i) Período de Funcionamento da Arca TITÃO:
Outro elemento importante para uma percepção mais abrangente em relação
ao espaço pesquisado, diz respeito ao período de funcionamento do negócio. Os
estabelecimentos funcionam diariamente 100% pois, segundo o regimento
interno, as lojas, boxes e barracas instalados no interior das arcas devem
funcionar de segunda a sábado, entre as 06h00 e 19h00 (Quadro 5).
Período de Funcionamento
Quantidade
%
Diariamente
30
100
Durante a semana
0
0
Sem período definido
0
0
Quadro V - Período de funcionamento da Arca TITÃO
Fonte: Arquivo pessoal – Ricardo Veras
j) A quem os comerciantes da Arca comercializam
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O mostra que o consumidor da Arca Titão se compõe de duas modalidades: o
consumidor direto ou seja, aquele que compra apenas para seu próprio consumo e o
consumidor e intermediário aquele que, além de comprar para seu próprio consumo,
também compra para revender, não constatando a venda a pessoas meramente
intermediárias ou a outros comerciantes, razão pela qual seria de extrema importância à
aplicação de recursos e incentivos de políticas de atração de consumidores à arca, mas
salvo a dificuldade de proporcionar políticas de atração haja vista que no ART. 8 0 do
regimento interno em (Anexo) os concessionários e usuários não poderão fazer cartazes
comerciais ou distribuir folhetos nas áreas de comuns das ARCAS’s sem previa
concordância da Administração, dificultando ainda mais o comércio local.
A quem vende
Quantidade
%
Consumidor direto
24
80
Consumidor e Intermediário
6
20
Intermediário
0
0
Outros comerciantes
0
0
Quadro V - Período de funcionamento da Arca TITÃO
Fonte: : Arquivo pessoal – Ricardo Veras
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O surgimento da problemática do desemprego no Brasil tem relação direta com
o nascimento do capitalismo no País, desde a sua gênese pautada em políticas e modelos
econômicos inadequados à realidade. Os modelos aqui desenvolvidos sempre foram
concentradores de riquezas, a medida em que foram se sucedendo foram gerando, além
da mão-de-obra formalmente aproveitada, um grande contingente de trabalhadores
excedentes que deixava de ser aproveitada, restando-lhes as atividades secundárias
como alternativa. Nesta perspectiva, o presente trabalho tive por meta fornecer uma
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simples contribuição na análise do setor informal de trabalho, especificamente da cidade
de Campina Grande, a fim de investigar quem são os trabalhadores que o compõem.
Desde o início do seu processo de formação já se observava, no Brasil, a
existência de trabalhadores que não possuíam condição de trabalho digno, como os
índios e os escravos negros que atuaram, respectivamente, na extração do pau-brasil e
na produção da cana-de-açúcar. A relação dos setores produtivos, brasileiro com a mãode-obra, praticamente não se altera com o declínio da produção açucareira. A ascensão e
a crise do café só fizeram aumentar o número de desempregados, que já era
considerável após a substituição da mão-de-obra escrava pelos dos imigrantes europeus
aqui estabelecidos para o trato com a produção cafeeira. Contingente este de
desempregados que se constituiu no embrião de um novo setor, hoje conhecido como
mercado de trabalho informal.
Com o passar dos anos, o setor informal de trabalho só cresceu; vários motivos
foram gradativamente surgindo, agravando a situação: o êxodo rural, que expulsou
milhões de pessoas do campo, na sua maioria atraídos para a cidade, devido ao
desenvolvimento industrial, principalmente durante os anos 1950 que, após duas
décadas de desenvolvimento, viria a sofrer com nova crise, em 1973 - a crise do
“petróleo”; esta nova crise provocaria desemprego em massa, fato associado ao inchaço
dos grandes centros e, somado à mão-de-obra que já não havia sido absorvida, levaram
grande parte de brasileiros que habitam nos grandes centros, a viverem do subemprego
ou de atividades informais, o que tornaria as condições de subsistência cada vez mais
precárias; esta outra fase em que o mercado de trabalho brasileiro ingressa conduziria ao
longo das décadas vindouras, a um aumento geométrico do número de trabalhadores
jogados na informalidade.
Atualmente, é muito comum se deparar com uma situação merecedora de
cuidados e preocupação, pois é grande o número de desempregados que batem às portas
das grandes e pequenas fábricas e até mesmo das residências, em busca de algum
trabalho. A situação está bem grave que as pessoas estão se submetendo a qualquer
condição de trabalho, qualquer tipo de salário – inclusive salário abaixo do mínimo
legalmente estabelecido, o que implica dizer que a mão-de-obra flutuante e sem rumo
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não exige o cumprimento da lei. Quanto ao tipo de trabalho, aceitaram qualquer
oferecido, como os bicos ou biscates, definido no Dicionário Aurélio como “trabalho de
pouca monta”, ou seja, pouca importância, até certo ponto humilhante para profissionais
de determinadas áreas, muitos dos quais especialistas em algumas funções mas que,
devido às exigências de (super) especialização, não encontram mais trabalho.
Em conseqüência da implantação de novas tecnologias nas indústrias,o Brasil
vem expulsando de suas fábricas e empresas os trabalhadores não qualificados; cuja
maior parte busca, nas ruas ou no trabalho informal, alternativas, de sobrevivência fato
que cada ano vem aumentando, sobretudo nos grandes centros.
No caso de Campina Grande a crise tem início também na década de 1970. O
sistema capitalista, como um todo, provoca quedas substanciais de lucratividade e
produtividade, trazendo um reajuste natural da economia, através de um intenso
processo de reestruturação produtiva. Campina Grande, juntamente como os outros
municípios brasileiros, não ficou de fora da crise, a indústria local sofreu diminuição da
produção, alguns sub-setores sofreram, inclusive falência; começaria aí o processo de
agravamento da falta de empregos na cidade e do conseqüente surgimento do setor
informal de trabalho, de caráter bem consolidado, no qual se colocaria um grande
contingente de trabalhadores nas ruas do município.
Na Arca Titão, local onde a pesquisa suporte desta monografia foi realizada, se
encontram dezenas de trabalhadores, garantindo através da função que ali exercem, o
sustento de suas famílias; são pessoas exercendo atividades tidas como informais ou de
pequeno porte, são os representantes fiéis, um retrato do que vem acontecendo com os
desempregados brasileiros, assim como com aqueles que buscam o primeiro emprego e
não possuem qualificação: estão sendo institucionalmente enquadrados em espaços
legais como praticantes de atividades de trabalho informal, ou seja, na formalização da
informalidade. A Arca Titão é um desses espaços estratégicos de sobrevivência onde a
informalidade (e às vezes a ilegalidade) se torna institucionalizada e reconhecida pelas
autoridades como alternativa de trabalho viável.
A partir da presente pesquisa, foi possível perceber quem, na realidade, são os
trabalhadores informais do município de Campina Grande: uma população de baixa
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renda e com pouca instrução; Observou-se que os comerciantes da Arca, ainda que
grande parte tenha experiência profissional, não possui qualificação profissional, fato
que dificulta o seu acesso mercado de trabalho formal, que se torna cada vez mais
inacessível em decorrência da falta de oportunidades para se capacitarem; poderiam
contar com a ajuda e apoio governamental, sendo que este pouco investe na qualificação
desse grupo de trabalhadores; mesmo assim, é possível perceber uma preocupação
constante dos trabalhadores quanto aos futuros, já que não possuem nenhum tipo de
seguridade social e ficam aguardando algum tipo de política pública que os beneficie.
Os comerciantes (trabalhadores informais) da Arca titão possuem faixa etária
considerada alta em relação ao acesso ao mercado formal de trabalho; a maioria
apresenta idade acima dos 40 anos. Em relação ao nível de escolaridade os comerciantes
não possuem em sua maior parte, nível de escolaridade adequado para uma colocação
melhor no mercado de trabalho, tornando claro o porquê de ter restado o trabalho no
mercado informal e as ruas como alternativa de sobrevivência.
Em relação ao aspecto da experiência profissional, notou-se que todos os
entrevistados têm experiência profissional em algum campo de trabalho mas esta
experiência, no entanto, não os torna aptos a ocuparem uma vaga no mercado de
trabalho formal que hoje, além de exigir a experiência, requer alta qualificação
profissional. Constatou-se, ainda, que a maior parte dos comerciantes da Arca Titão já
trabalhou em empresas particulares e, por fatores vários, foram demitidos e tiveram,
como alternativa, para sobrevivência, o mercado informal e, no caso, a sorte de terem
sido contemplados com uma vaga na Arca, porém a fragilidade das atividades pode ser
observada pelo faturamento. já que o nível da renda obtida é inferior a 2 salários
mínimos.
Em uma economia capitalista é comum a competição entre pequenos
trabalhadores e quem sai em desvantagem são eles mesmos, pois a concorrência só
beneficia os grandes capitalistas e nunca os pequenos, micros ou médios. A luta pela
participação na renda do consumidor é grande no que diz respeito ao mercado de
produtos; os grandes capitalistas não procuram ajudar aqueles que lhes dão base e
sustentabilidade. Por isto, é imprescindível a união de todos nesta luta, que não é
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Março de 2013
N.11
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n.11 – março de 2013 -
Geografia
unicamente dos desempregados e iniciantes no mercado de trabalho mas, também, de
toda a sociedade, que precisa caminhar sempre, participando da comunidade com
dignidade e desejo de progresso em todos os sentidos.
Por fim, salienta-se que a pesquisa de campo foi de suma importância para
comprovar e compreender o que vem ocorrendo com o mercado de trabalho no Brasil e
em Campina Grande. Demonstra, ainda que o mercado de trabalho informal é, na
realidade, o segmento que mais vem “empregando” em todo o Brasil, constituindo-se na
principal alternativa de sobrevivência, independente das estratégias que se vem
utilizando para existir e resistir.
5. BIBLIOGAFIA
ANDRADE, Manoel Correia de. Ciência da sociedade brasileira. São Paulo: Atlas,
1992.
CAMARA, Epaminondas. Os Alicerces de Campina Grande. Campina Grande:
Caravela, 1999.
NORONHA, Eduardo. Revista brasileira de Ciências Sociais. São Paulo: brasiliense
2003.
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O Mercado De Trabalho Informal Como Alternativa Na Cidade De