UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA AUTOMAÇÃO DE UMA MÁQUINA DE TINGIMENTO Engenharia Elétrica por Marco Antonio Lamari Ely Carneiro de Paiva, Doutor. Orientador Campinas (SP), dezembro de 2008 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA AUTOMAÇÃO DE UMA MÁQUINA DE TINGIMENTO Engenharia Elétrica por Marco Antonio Lamari Relatório apresentado à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Elétrica para análise e aprovação. Orientador: Ely Carneiro de Paiva, Doutor. Campinas (SP), dezembro de 2008. i SUMÁRIO LISTA DE ABREVEATURAS LISTAS DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTAS DE EQUAÇÕES RESUMO ABSTRACT 1.0 INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVOS iii iv v vi vii viii 1 1 1.1.1 1.1.2 1.2 1.3 Objetivo Geral Objetivos específicos METODOLOGIA ESTRUTURA DE TRABALHO 1 1 1 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 MATÉRIA PRIMA FIBRAS SINTÉTICAS FIBRAS NATURAIS PROCESSO DE FIAÇÃO PROCESSO DE TINGIMENTO ÁGUA E CORANTES 3 3 4 5 7 9 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 EQUIPAMENTOS DE TINGIMENTO FUNCIONAMENTO DO EQUIP. DE TINGIMENTO CONTROLADOR PID DE TEMPERATURA SENSOR DE TEMPERATURA CONVERSOR DE TEMPERATURA SENSOR DE NÍVEL RELE DE NÍVEL VÁLVULA SOLENÓIDE BOMBA DE CIRCULAÇÃO 11 12 13 14 16 17 17 18 18 2.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.0 PROJETO 3 11 4.0 AUTOMAÇÃO 4.1 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL 4.2 LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO LADDER 4.3 PROGRAMA 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ii 20 22 25 27 33 34 LISTA DE ABREVIATURAS AC CC CLP CPU DL HI IM IR Kgf/cm² L/kg. MIN PID PT 100 PV RAM SP SPDSW V/F Corrente Alternada Corrente Contínua Controlador Lógico Programável Unidade Central de processamento Diagrama Ladder Fabricante de CLP Corrente de Magnetização Corrente de Rotor Kilos por centímetro quadrado Litros por Kilos multiplicado por Minuto Proporcional, Integral e Derivativo Sensor de Platina Variável do Processo Memória de Acesso Randômico Set-Point Sistema de Programação, Documentação, Supervisão para Windows Tensão por Freqüência iii LISTA DE FIGURAS Figura 1. Poliéster fornecido em cones 4 Figura 2. Poliéster fornecido em fardos 4 Figura 3. Algodão fornecido em fardos 5 Figura 4. Algodão em pluma 5 Figura 5. Filatório em anel 7 Figura 6. Retorcedeira para fios duplos 7 Figura 7. Suporte para tingimento 8 Figura 8. Tinturaria em posição vertical 11 Figura 9. Seqüência do processo de tingimento 12 Figura 10. Detalhes do controlador PID 14 Figura 11. Curva do PT 100 15 Figura 12. Tipo de Sensor Pt 100 16 Figura 13. Conversor de temperatura 17 Figura 14. Sensor de nível 17 Figura 15. Rele de nível 18 Figura 16. Eletroválvula 18 Figura 17. Moto bomba 20 Figura 18. Inversor de freqüência 20 Figura 19. Diagrama básico de um CLP 23 Figura 20. Fluxograma típico do sistema de funcionamento de um PLC 24 Figura 21. Clp de pequeno porte da HI 25 Figura 22. Clp de médio porte da HI 25 Figura 23. Clp de grande porte da HI 25 Figura 24. Tipos de portas lógicas 27 Figura 25. Tipos de contatos de programação Ladder 27 Figura 26. Organograma de funcionamento 28 Figura 27. Sinóptico do Funcionamento 31 Figura 28. Tela principal de configuração 31 Figura 29. Tela de programação do bloco PID 32 Figura 30. Tela de configuração das saídas 32 iv LISTA DE TABELAS Tabela 1. Seqüência da fiação 6 Tabela 2. Relação do banho 9 Tabela 3. Aplicação dos corantes as diferentes fibras têxteis 10 Tabela 4. Seqüência de funcionamento 28 v LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1. Lei de controle do controlador PID Equação 2. Função de transferência do controlador PID Equação 3. Função de transferência do controlador PID Equação 4. Relação linear da resistência em função da variação da temperatura vi 14 14 14 15 RESUMO LAMARI, Marco Antonio. Automação de uma Máquina de Tingimento. Campinas, 2008. f. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade São Francisco, Campinas, 2008. Neste trabalho apresenta-se a automação de um processo de fabricação em uma indústria têxtil, abordando-se o tipo de matéria prima utilizada, as etapas do processo de fabricação e o beneficiamento dos produtos têxteis. Uma das etapas do processo é o tingimento dos produtos têxteis em bobinas através de equipamentos específicos. Esses dispositivos são constituídos basicamente de um cilindro metálico geralmente de inox, no qual são colocados em contato a solução ou banho de tingimento e os fios têxteis a serem tingidos empacotados em constante circulação através de bomba centrífuga. Para o funcionamento dos equipamentos de tingimento são utilizados acessórios que convertem e controlam as grandezas físicas em grandezas elétricas tais como sensor de nível, sensor de temperatura, etc., estes enviam os sinais ao controlador lógico programável, o qual é programado através do editor ladder Spdsw para a automação dos comandos de recepção, tomada de decisão e controle dos atuadores do processo de tingimento. Palavras-chave: Indústrias têxteis, Automação, Tingimento e Controlador Lógico Programável. vii ABSTRACT In this work is the automation of a manufacturing process in a textile industry, is addressing the type of material used, the steps of the manufacturing process and the improvement of textile products. One of the steps of the process is the dyeing of textile products through coils of special equipment. These devices are basically made from a metal cylinder of stainless generally, in which are placed in contact solution or a bath of dyeing and textile yarn to be dyed packaged in constant movement through centrifugal pump. For the operation of equipment used for dyeing are accessories that convert and control the physical quantities in quantities such as electrical-level sensor, sensor temperature, etc.., They send signals to the programmable logic controller, which is programmed via the ladder editor Spdsw for the automation of controls for the receipt, decisionmaking and control of actuators in the process of dyeing. Keywords: Textile Industries, Automation, dyeing and Programmable Logic Controller. viii 1.0 INTRODUÇÃO Hoje o mercado têxtil encontra-se cada vez mais concorrido, principalmente devido à abertura do mercado da importação, o que exige das empresas uma melhoria contínua da qualidade e diversificação dos produtos. Considerando-se o plástico como a matéria prima da atualidade desde o sintético, produtos derivados do petróleo, como o Poliéster, poliamida, acrílico, etc., estes tem substituído as fibras naturais principalmente o algodão, que são cada vez menos utilizados devido aos custos de plantação e do processo de fiação. Portanto, as empresas necessitam automatizar os seus sistemas de produção para garantir uma qualidade e quantidade maior do beneficiamento dos seus produtos desde os processos de preparação até a finalização dos seus produtos. 1.1. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral O objetivo deste projeto é automatizar uma máquina de tingimento de fios têxteis para autonomia e melhoria do processo de fabricação, bem como conhecimentos do processo produtivo dos produtos têxteis que estão sendo manufaturados, desde o início do ciclo até o seu término, dos acessórios utilizados para a automação e principalmente o controlador lógico programável. 1.1.2 Objetivos Específicos Conhecimento dos acessórios utilizados como o transdutor de temperatura, sensor de nível e o uso do editor ladder Spdsw para programação do controlador lógico programável desenvolvendo habilidades da utilização de programação. 1.2 METODOLOGIA Levantamento dos acessórios a serem utilizados no projeto, estudo e pesquisas em livros e internet, pesquisas do funcionamento em campo desde a preparação até o final do produto, elaboração e simulação da programação necessária para o CLP. 1 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO 1. Introdução: realizado um levantamento do projeto a ser implementado. 2. Fundamentação teórica: nesta etapa são analisados os conceitos sobre os tipos de matérias primas, o processo e equipamentos de produção têxtil. 3. Projeto: são apresentadas informações dos equipamentos de tingimento e dos acessórios para automação. 4. Automação: características do CLP utilizado e conceito sobre a linguagem Ladder de programação do CLP. 5. Considerações finais: conclusões e resultados obtidos no desenvolvimento do trabalho. 2 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 MATÉRIA PRIMA Os principais itens do processo do beneficiamento, ou seja, do processo de tingimento são as grandes variedades e qualidades dos produtos utilizados na fabricação de fios e derivados das fibras têxteis. A matéria prima utilizada pode ser do tipo sintético, natural ou animal e pode ser processada isoladamente ou com misturas em determinadas porcentagens entre elas, criando infinidades de produtos acabados. As misturas de fibras permitem melhorar as propriedades do material têxtil, bem como diminuir os custos, e por isso é uma técnica cada vez mais aplicada na indústria têxtil. Para tingir estes produtos acabados pode-se proceder tingindo só uma das fibras, em geral, a fibra sintética ou a natural, deixando a outra branca. Este procedimento é válido nos casos onde se tem fibras em pequenas porcentagens, ou quando se deseja obter efeitos mesclados; a segunda forma é tingir ambas as fibras na mesma cor e tonalidade, que é chamado de tingimento tom sobre tom. Se as fibras da misturas tiverem comportamento de tingimento distintos, utilizam-se corantes diferentes, cuja concentração e fixação são reguladas independentemente; e por último, tingir as fibras com corantes diferentes, específico para cada fibra, quando se trata de artigos com fibras onde o comportamento do tingimento é oposto. Obtêm-se neste caso um efeito multicolorido. 2.2 FIBRAS SINTÉTICAS As fibras de poliéster, juntamente com as acrílicas e as de poliamida, constituem as fibras sintéticas bastante importantes para a indústria têxtil. A base química do poliéster é o Polietilenotereftalato, que é um policondensado termoplástico linear, obtido na maioria dos casos a partir da policondensação do dimetiltereftalato e o dietileno glicol, sob vácuo e a alta temperatura [1]. As fibras sintéticas são elásticas e muito resistentes à tração e a fricção. São muito estáveis à luz, aos ácidos, aos oxidantes e aos solventes. Além disso, são fáceis de lavar e secam rapidamente. As modernas tecnologias nos segmentos de fiação, malharia, tecelagem e beneficiamento podem 3 permitir que a fibra atenda perfeitamente à exigência de sua aplicação. Essas características fazem das fibras sintéticas, uma das mais versáteis fibras têxteis, podendo ser usada na fabricação de artigos para vestuário, decoração e lar, na indústria automobilística, em tecidos técnicos, entre outras aplicações. Os fios podem ser apresentados de várias formas e em vários tipos de embalagens, os quais possibilitam a sua utilização nas diversas formas de processos produtivos têxteis. Estes são geralmente fornecidos em cones beneficiados conforme figura 1, em fardos prensados conforme figura 2 e a cada tipo de fornecimento são adicionados os custos de fabricação, sendo o fornecimento em cones os mais caros. O fio contínuo de fibras sintéticas é encontrado em vasta gama de especialidades como: título, número de filamentos, secção, toque, maciez, flexibilidade, etc. É direcionado para alta moda de várias formas: liso, texturizado, texturizado a ar, torcido, multi-filamentos, micro-filamentos e mesclado com outras fibras, onde todas as aplicações preenchem as exigências às quais se destinam. Figura 1 Poliéster fornecido em cones 2.3 Figura 2 Poliéster fornecida em fardos FIBRAS NATURAIS As fibras naturais utilizadas no setor têxtil como as fibras animais, a lã e a seda, podem ser beneficiadas puras ou em misturas com outras fibras naturais ou sintéticas. Um tipo de fibra de origem celulósica de grande importância e muito utilizada no setor industrial são as fibras de algodão que correspondem a uma grande matéria-prima têxtil utilizada no Brasil. Estas são produzidas pelas sementes das plantas do gênero Gossypium e possuem a forma 4 achatada, variando entre 12 e 20 micrômetros de largura e 9 a 60 milímetros de comprimento, dependendo do local de produção do algodão. As fibras vegetais não possuem a uniformidade das fibras sintéticas, existindo variações de tamanho e comprimento das fibras. Entre o semeio e a colheita transcorrem entre 175 a 220 dias no final dos quais retira-se as cápsulas em cujo interior se encontram as fibras conforme figura 4, podendo-se obter as fibras maduras, imaturas ou mortas dependendo da região, clima e pragas [2]. Após a colheita é feito o beneficiamento ou descaroçamento através de um processo mecânico para remover partículas estranhas nas fibras, sujeiras, folhas, etc., sendo em seguida comercializadas em fardos prensados conforme a figura 3 e com classificação de tipo de qualidade. Figura 3. Algodão fornecido em fardos 2.4 Figura 4. Algodão em pluma PROCESSO DE FIAÇÃO Para a fabricação do fio, o mesmo passa por um processo de fiação, conforme seqüência apresentada na tabela 1, passando por três processos básicos que são limpeza das fibras, preparação à fiação e a fiação propriamente dita. Tabela 1 Seqüência da fiação. PROCESSO EQUIPAMENTO 5 FUNÇÃO Abertura Abridor Cardagem Carda Mesclagem Passadeira Torção Maçaroqueira Fiação Filatório Fantasia Retorcedeira Onde ocorre a limpeza, abertura e mistura das fibras, finalizando em flocos. Onde ocorre a limpeza e homogeneidade das fibras, finalizando em véu. Onde ocorre paralelismo e homogeneidade das fibras, finalizando em mecha. Onde ocorre o início da torção para formação do fio, finalizando em pavio. Onde ocorre a torção final, finalizando em fio. Onde ocorre a torção de fios duplos ou formas especiais de fios. A abertura e limpeza das fibras é feita através de um equipamento denominado abridor, sendo a limpeza principalmente no caso do algodão, para remover partículas estranhas nas fibras, sujeiras, folhas e também se houver a necessidade de mistura entre tipo de fibra natural e a sintética. Na preparação à fiação, as fibras passam por equipamentos que passam a paralelizar as mesmas e inicia-se o processo de preparação para a fiação, processo que ajuda ainda na limpeza, homogeneização das fibras e inicializando a forma física do fio com a espessura e torção desejadas. Os equipamentos utilizados são denominados como cardas, penteadeiras, passadores e maçaroqueiras. No processo de fiação é onde ocorre a fiação propriamente dita, sendo que a parte do processo onde o fio recebe espessura e torção final é feita geralmente em filatórios de anel conforme a figura 5. Após esta etapa da fiação, o material é destinado para o uso em malharia, tecelagem, retorção, fantasia e tingimento. 6 Figura 5. Filatório em anel 2.5 Figura 6. Retorcedeira para fios duplos PROCESSO DE TINGIMENTO O tingimento é o processo no qual são aplicados corantes ao material têxtil. O processo de tingimento é uma das etapas determinantes do sucesso comercial dos produtos têxteis. Além da padronização da cor, o consumidor exige algumas características básicas do produto, como elevado grau de solidez em relação à luz, lavagem e transpiração, tanto para o produto novo como também após uso prolongado. Para garantir essas propriedades, as substâncias que conferem coloração à fibra devem apresentar alta afinidade, uniformidade na coloração, resistência aos agentes desencadeadores do desbotamento, e ainda serem economicamente viáveis. O tingimento de fio em bobinas dá-se pela passagem de um banho de tingimento através de bobina onde os fios estão empacotados em suportes perfurados, de forma imóvel. As moléculas de corante são inicialmente dissolvidas na água na presença de outros produtos auxiliares. Na transferência de massa do corante do banho para o fio, o tempo de controle entre o fio e o banho de tingimento é uma variável determinante do processo. O tingimento têxtil pode ser efetuado em processos contínuos e descontínuos, sendo que os equipamentos para tingir em processos descontínuos devem satisfazer as seguintes condições: Provocar uma agitação suficiente do banho ou do material, proporcionando uma penetração uniforme do banho; Dispor de mecanismo para o aquecimento progressivo e uniforme do banho (normalmente este aquecimento é por rampa ou injeção direta de vapor); Possuir um dispositivo para adicionar a solução de corante, de forma que a diluição ocorra antes de haver o contato com o material a ser tingido; 7 Possuir válvulas de entrada e saída que permitam a entrada e a drenagem rápida dos banhos. Uma das principais dificuldades no tingimento de fio em bobinas é a obtenção de um produto final com característica uniforme de cor, que depende da velocidade de fixação do corante sobre a fibra e da circulação do banho de tingimento através do material a ser tingido. A velocidade de fixação do corante sobre a fibra depende: Das características do corante a ser utilizado, das temperaturas das etapas do processo e da relação de banho de cada material a ser tingido tabela 2. Enquanto que a circulação de solução através da bobina é influenciada pelo tipo de bomba empregada, pela densidade do substrato a ser tingido, pela espessura da bobina e pelo suporte a ser utilizado no processo. A transferência de massa de corante no processo de tingimento de fios em bobinas é efetuada em equipamentos onde o material têxtil a ser tingido é mantido fixo e o banho de tingimento é movimentado através do mesmo. Para tingir o fio em bobinas é necessário utilizar suportes perfurados, que permitam a passagem do banho de tingimento pelo interior da bobina. Estes suportes podem ser classificados quanto à forma como cônica ou cilíndrica e quanto à estrutura como rígidos ou flexíveis conforme figura 8. Os suportes flexíveis têm a vantagem de absorverem as tensões provocadas pela contração do fio no tingimento. Figura 7. Suporte para tingimento Tabela 2 Relação de parâmetros do banho. Velocidade Renovação Pressão de Tipo de Fibra de de banho Descarga Fluxo (ciclos/min) (Kgf/ cm2) (L/(Kg.min)) 8 42 5a6 2,5 33 4a5 2,1 25 4a5 1,5 25 3a4 1,5 Poliéster Algodão Acrílico Lã 2.6 ÁGUA E CORANTES No que se refere ao consumo da indústria têxtil, o setor consome aproximadamente 15% da água. O potencial contaminante da indústria têxtil, em sua totalidade, é considerado médio, sendo a tinturaria e o acabamento as etapas do processo produtivo têxtil mais contaminantes se comparadas com a fiação e a tecelagem [3]. A água é usada na indústria têxtil como meio de transporte para os produtos químicos que entram no processo, bem como para a remoção do excesso daqueles produtos considerados indesejáveis para o substrato têxtil. A maior parte da carga contaminante dos efluentes aquosos contém impurezas inerentes à matéria-prima, tais como os produtos adicionados para facilitar os processos de fiação e tecelagem, produtos químicos auxiliares e corantes eliminados durante as diferentes etapas do acabamento. A racionalização do uso da água na indústria têxtil é possível de ser obtida com a modernização dos equipamentos e o incremento tecnológico nos processos e produtos visando um melhor aproveitamento desse recurso natural tão escasso. Para minimizar o consumo de água é necessário o monitoramento dos desperdícios diários no processo produtivo do mesmo modo que se procede com outros insumos como o ar comprimido, energia térmica ou energia elétrica, visando à contenção de despesas na empresa. O desafio é reduzir o consumo de água sem afetar a otimização do processo, isto é, buscar a redução da captação sem afetar a rentabilidade do negócio. Os especialistas ainda salientam que certamente este tema ganhará destaque crescente, pois, em maior ou menor medida, a escassez de água tende a ser um problema universal em futuro não tão distante. A utilização da água dentro de uma indústria têxtil, mais especificamente na tinturaria, ocorre basicamente em todas as etapas, de modo direto nos processos de lavagem, tingimento e amaciamento, e de modo indireto para realizar aquecimento ou resfriamento nos processos do tingimento [4], [5]. 9 Devido à grande exigência do mercado, uma grande quantidade de compostos químicos coloridos têm sido sintetizados nos últimos anos, dos quais uma grande parcela é produzida em escala industrial. Este grande número de corantes é justificado pela diversidade de fibras existentes, uma vez que cada tipo de fibra a ser colorida requer corantes com características próprias e bem definidas, conforme a tabela 3 e principalmente devido à grande demanda de novas cores e de corantes com maior capacidade de fixação e especificidade às fibras. O processo de tingimento causa uma modificação físico-químico do substrato de forma que a luz refletida provoca uma percepção de cor adequada. Os produtos que provocam estas modificações são denominados de matérias corantes. Estas substâncias são compostos orgânicos capazes de colorir substratos têxteis ou não têxteis, de forma que a cor seja relativamente resistente à luz e a tratamentos úmidos. Os corantes são solúveis ou dispersos no meio de aplicação da água. No tingimento, os corantes são absorvidos e se difundem para o interior da fibra [6]. Tabela 3 - Aplicação dos corantes as diferentes fibras têxteis Tipo de Fibra Protéica Celulósica Poliéster Acrílica (lã, seda) (Algodão) Tipo de Corante Ácido Excelente Ruim Ruim Ruim Básico Ruim Ruim Ruim Excelente Direto Ruim Excelente Ruim Ruim Disperso Ruim Ruim Excelente Excelente Reativo Excelente Excelente Ruim Ruim 3.0 PROJETO 3.1 EQUIPAMENTOS DE TINGIMENTO Os equipamentos utilizados no tingimento são definidos de acordo com o tipo de material têxtil que se deseja tingir. 10 Sua construção de maneira geral consta de um cilindro metálico geralmente de inox, dentro do qual estão em contato uma solução ou banho de tingimento e um material empacotado, e o banho de tingimento é circulado por meio de uma bomba, de forma alternada nos sentidos dentro - fora, fora - dentro. Existentes diversos tipos de equipamentos disponíveis no mercado com disposições verticais conforme figura 7 e horizontais que estão equipados com sistemas que permitem o monitoramento e controle de velocidade de fluxo de banho de tingimento do material têxtil a ser tingido. O controle de velocidade do fluxo é realizado através de controladores de velocidade que mantêm necessariamente a relação de banho constante em todo processo. Figura 8. Tinturaria em posição vertical O tingimento em fio é necessário para obtenção de efeitos multicoloridos na tecelagem, malharia ou tricotagem, obtendo produtos com alto valor agregado. O tingimento em tecidos ou malhas é o mais econômico, e é utilizado sempre que possível. O tingimento de produtos confeccionados é realizado apenas em casos especiais, pois além de ser pouco prático é pouco econômico. Uma característica fundamental dos equipamentos de tingir em descontínuo é a chamada relação de banho, que é definida pela quantidade de banho de tingimento usada por unidade de material têxtil seco a ser tingido. Quanto menor for a relação de banho, menor será o consumo de água e conseqüentemente de energia. Esta relação varia de 1/1 até 30/1 [7]. 3.2 FUNCIONAMENTO DO EQUIPAMENTO DE TINGIMENTO 11 Independente do sistema de funcionamento utilizado seja ele manual ou automático, um perfil de temperatura ao longo do tempo é aplicado dependendo do material a ser tingido. Nesse perfil gráfico, constam as informações do procedimento de cada receita ou seqüência do tingimento a ser executado, conforme figura 9. Para a obtenção da curva de tingimento é necessário que seja feito um procedimento para cada tipo de processo do tingimento antes do início, sendo este implementado e arquivado para histórico. O funcionamento do equipamento em modo automático deve ser configurado seguindo o gráfico da curva da temperatura em função do tempo, e portanto dependendo da receita (procedimento) a ser seguida temos vários tipos de seqüência de funcionamento, que devem ser controladas e monitoradas através da automação do sistema. Figura 9. Seqüência do processo de tingimento A máquina, no modo automático, deve iniciar o enchimento do equipamento com água tratada à temperatura ambiente ou retornável sob certa temperatura até o nível máximo acionando o sensor de nível cheio que deverá dar seqüência na automação do processo ligando a bomba de circulação. Nessa etapa, a temperatura se mantém fixa em 30 °C pelo tempo de 25 minutos, e em seguida é aplicada uma rampa crescente de temperatura por 10 minutos até se atingir 60 °C. Neste ponto deverão ser adicionados os corantes. Portanto a seqüência do processo segue o perfil de temperatura da figura 9, o qual indica todas as etapas de cada receita, desde patamares, tempos, momento de aplicação dos produtos químicos até o final do processo. 12 3.3 CONTROLADOR PID DE TEMPERATURA O Controlador Proporcional (P) Integral (I) Derivativo (D), mais conhecido como controlador PID, constitui a estratégia de controle de maior utilização na indústria ao longo de muitos anos, sendo na maioria das aplicações de controle de processos suficiente para se garantir um bom desempenho do processo controlado. Entretanto, o mesmo só apresenta este desempenho se for bem sintonizado, sendo esta a maior dificuldade na sua utilização. Sua aplicação na indústria têxtil está vinculada à qualidade do processo, pois é através deste controlador que podemos garantir a aplicação dos diferentes perfis de temperatura para os diferentes tipos de material a passarem pelo processo de tingimento. A implementação do controlador PID é realizada através de modelo em blocos de um PLC (Controlador Lógico Programável) que controla os patamares que são definidos pelo perfil de temperatura ao longo to tempo, ou seja, a seqüência do gráfico da receita, figura 9 que define a temperatura de aquecimento ou do resfriamento em função do tempo determinado no processo de tingimento. O ajuste do controlador PID é baseado no ajuste dos três ganhos dos termos Proporcional (P), Integral (I), e Derivativo (D). Estes termos descrevem as funções matemáticas que são aplicadas ao sinal de erro = SP – PV, sendo SP o valor do set-point desejado de temperatura e PV a saída do processo (temperatura real). Se ajustado corretamente, o sinal da PV vai chegar bem próximo do desejado SP, e com um comportamento bem "suave" nas transições de set-point. Quando o processo sofre alguma variação, ou perturbação indesejada, e a saída (temperatura real) não está trabalhando no set-point desejado, o controlador PID recalcula e ajusta o sinal de comando para corrigir a saída. A lei de controle do controlador PID é representada pela seguinte equação: t m(t ) = Kpe(t ) + Ti ∫ e(t ) dt + Td 0 de(t ) dt (1) Sendo e(t) o sinal de erro, ou seja, a entrada do controlador e m(t) a saída deste. Ao aplicarmos a transformada de Laplace nesta equação obtemos a seguinte função de transferência: 13 Ti M (s ) = Kp + + Tds E ( s ) s (2) ou Gc( s ) = M (s) Ti Tds ² + Kps + Ti = Kp + + Tds = E ( s) s s (3) Integrador Ação Integral PID Ação Proporcional SET POINT 1 Ti erro + 1 S + + Kc - MV PLANTA PV + PV Td S Ação Derivativa SENSOR Figura 10. Detalhes do controlador PID 3.4 SENSOR DE TEMPERATURA O controle de temperatura é um dos procedimentos mais usados na automação atualmente, pois vários processos industriais sofrem variações térmicas, onde podemos citar: processos químicos, tratamentos térmicos, caldeiras e no setor têxtil em tinturaria, etc. Um equipamento muito utilizado como sensor de temperatura é o PT 100. O PT 100 é um termômetro de resistência elétrica feito de platina, chamado de termoresistor, sendo um sensor que permite trabalhar em qualquer faixa de temperatura compreendida entre -200 °C e +850 °C. A platina é um metal especialmente indicado para a construção de sensores de temperatura, pois, pode ser refinada até atingir grande pureza. Deste modo, o valor da resistividade consta em tabelas universais (que não dependem, portanto, do fabricante do sensor). Portanto é considerado um sensor de alta precisão e de ótima repetibilidade de leitura. O princípio físico de funcionamento deste dispositivo é baseado numa relação da variação da resistência em função da temperatura, segundo a expressão: 2 Rt = R0(1 + a∆t +b∆t ) (4) Onde: 14 “R” é a resistência em função da temperatura “R0” a resistência inicial “∆T” é a variação da temperatura “a” é o coeficiente de temperatura do metal. “b” pode ser considerado nulo para a platina, logo a curva resistência versus temperatura é considerada como aproximadamente linear. A figura 11 abaixo apresenta uma curva típica [15]. Figura 11. Curva de variação da resistência de um PT 100. A medição da temperatura com termômetros de resistência baseia-se na propriedade de todos os condutores e semicondutores alterarem a sua resistência elétrica em função da temperatura. Esta característica é mais ou menos pronunciada nos diferentes materiais. Esta alteração da resistência elétrica em função da temperatura é determinada por um coeficiente de temperatura. O seu valor não permanece constante ao longo da amplitude de temperatura de interesse; ele próprio possui uma função da temperatura. Da relação entre resistência e temperatura resulta um polinômio matemático de elevada ordem. A figura 12 representa um tipo de construção do sensor PT100, mas existem vários modelos no mercado e alguns fabricantes fornecem modelos conforme necessidades específicas de cada processo. Geralmente a haste é de aço inox com rosca ao processo milímetro ou polegada, com cabeçote de ligação ou com fios diretos para conexão aos conversores. 15 Figura 12. Sensor Pt 100 típico. 3.5 CONVERSOR DE TEMPERATURA No controle de um processo produtivo exige-se a monitoração de determinadas variáveis, tais como: pressão, vazão, nível, temperatura, tensão, corrente, etc. Para isso utilizam-se sensores que enviam, para um sistema de controle, os valores dessas grandezas representados por sinais elétricos padronizados de corrente ou tensão. Porém, em determinadas aplicações alguns sinais espúrios chegam ao sistema de controle, através da fiação dos sensores e atuadores, afetando seu funcionamento. Portanto, nestes casos, torna-se imprescindível a existência de um dispositivo que possa isolar estes sinais conforme figura 13, evitando que afetem o sistema de controle, porém, mantendo as mesmas características do sinal original, ou seja, condicionam o sinal proveniente de um sensor do tipo PT100, a três fios. As saídas apresentam sinais padronizados de corrente CC, e o sistema de controle, por sua vez, retorna os sinais para os atuadores utilizando-se dos mesmos padrões de tensão e corrente. Figura 13. Conversor de temperatura. 3.6 SENSOR DE NÍVEL 16 Um acessório importante usado para interface da máquina com o PLC principalmente na tinturaria é o sensor de nível conforme figura 14. Existem vários tipos e formas de construção sempre levando em conta as exigências de funcionamento de cada processo. Seu funcionamento é simples, com sua haste colocada em lugar estratégico, a qual capta o líquido dentro da máquina com diferentes temperaturas e viscosidades e através de um fio envia esta informação a um rele ou transdutor. Sua característica de fabricação é um sensor de nível com corpo em teflon que suporta até 260 °C, com eletrodo de 300 milímetros em aço inox. Figura 14. Sensor de nível 3.7 RELE DE NÍVEL O rele de nível conforme figura 15 é o equipamento que recebe o sinal do sensor de nível e transmite para a entrada do controlador um sinal digital ou analógico dependendo da configuração escolhida. Existem modelos que funcionam somente com um eletrodo enquanto outros controlam o nível mínimo e máximo de um reservatório ou equipamento. Figura 15. Rele de nível 3.8 VÁLVULA SOLENÓIDE 17 Um dos equipamentos que recebem as informações do controlador são as eletroválvulas pneumáticas conforme figura 16 que controlam todo o processo de tingimento como entrada e saída de água, controle de entrada direta ou patamares do vapor para aquecimento. Essas válvulas têm como características grande capacidade de vazão e rápida resposta no acionamento podendo ser acionadas por tensão contínua ou alternada dependendo da alimentação adotada. Figura 16. Eletroválvula 3.9 BOMBA DE CIRCULAÇÃO As bombas hidráulicas conforme figura 17 são caracterizadas por receberem trabalho mecânico de uma máquina motriz (motor) e transformá-lo em energia hidráulica, comunicando ao líquido um acréscimo de pressão e energia cinética. São aquelas em que a energia fornecida ao líquido é primeiro do tipo cinética, sendo depois convertida em grande parte em energia de pressão. A energia cinética pode ter origem puramente centrífuga ou de arrasto, ou mesmo uma combinação das duas, dependendo da forma das palhetas ou pás. A conversão de grande parte da energia cinética em energia de pressão é realizada fazendo com que o fluido que sai das palhetas passe em um condutor de área crescente [8], [9]. O campo de aplicação das bombas hidráulicas é vasto e podemos citar: sistemas de abastecimento de água potável e quando necessário o afastamento de águas pluviais, em sistemas de irrigação em suas diferentes modalidades. No setor têxtil são utilizadas tanto na captação de água no início do processo com água limpa como também para tratamento dos efluentes derivados do processo da tinturaria, usando-se um equipamento importante denominado bomba de circulação, pois é através deste sistema que é mantida a relação de banho constante no material a ser tingido. 18 Para a utilização adequada das bombas hidráulicas, é necessário, como em qualquer outro tipo de máquina, hidráulica ou não, conhecer as suas características de desempenho operacional, representadas por relações funcionais entre a altura manométrica, a potência necessária para realizar o trabalho desejado, e a eficiência ou rendimento com que o trabalho pode ser realizado. Essas relações funcionais são conhecidas como curvas características da bomba hidráulica. As curvas características de uma bomba hidráulica são obtidas experimentalmente em um banco de ensaio, no qual, para cada quantidade de água recalcada, são medidas as vazões, a altura manométrica (de elevação), a medida da potência absorvida pela bomba e o rendimento total ou global do sistema, para um determinado número de rotações do rotor da bomba hidráulica. O ensaio é repetido para outras condições de trabalho, ou mesmo para outros diâmetros de rotor e os resultados são lançados em tabelas ou gráficos [9]. Para o controle de velocidade são utilizados os inversores de freqüência conforme figura 18 que são equipamentos eletrônicos acoplados ao conjunto motor-bomba, cuja função é o controle da velocidade de rotação dos motores elétricos de corrente alternada (AC). Existem dois tipos de inversores de freqüência disponíveis no mercado: o do tipo escalar e o vetorial. A diferença entre inversor escalar e vetorial está basicamente na curva torque x rotação. No inversor escalar, por ser uma função de V/F (tensão/freqüência), este não oferece altos torques em baixas rotações, pois o torque é função direta da corrente de alimentação. A curva V/F pode ser parametrizada no inversor escalar. O inversor vetorial não possui uma curva parametrizada, na verdade essa curva varia de acordo com a solicitação de torque, portanto este possui circuitos que variam a tensão e a freqüência do motor, através do controle das correntes de magnetização (IM) e do rotor (IR). O inversor vetorial é indicado para torque elevado com baixa rotação, controle preciso de velocidade e torque regulável. Já o escalar é indicado para partidas suaves, operação acima da velocidade nominal do motor e operação com constantes reversões. 19 Figura 17. Moto bomba Figura 18. Inversor de freqüência 4.0 AUTOMAÇÃO Em princípio, qualquer grandeza física pode ser controlada, isto é, pode ter seu valor intencionalmente alterado. Obviamente, há limitações práticas; uma das inevitáveis é a restrição da energia de que dispomos para afetar os fenômenos: por exemplo, a maioria das variáveis climatológicas poder ser medida, mas não controlada, por causa da ordem de grandeza da energia envolvida. O controle manual implica em se ter um operador presente ao processo criador de uma variável física e que, de acordo com alguma regra de seu conhecimento, opera um aparelho qualquer sendo uma válvula, alavanca, chave, etc., que por sua vez produz alterações naquela variável. No início da industrialização, os processos industriais utilizavam o máximo da força da mão-de-obra. A produção era composta por etapas ou estágios, nos quais as pessoas desenvolviam sempre as mesmas funções, especializando-se em certa tarefa ou etapa da produção. Assim temos o princípio da produção seriada. O mesmo ocorria com as máquinas de produção, que eram específicas para uma aplicação, o que impedia seu uso em outras etapas da produção, mesmo que tivesse características muito parecidas. Com o passar do tempo e a valorização do trabalhador, foi preciso fazer algumas alterações nas máquinas e equipamentos, de forma a resguardar a mão-de-obra de algumas funções inadequadas à estrutura física do homem. A máquina passou a fazer o trabalho mais pesado e o homem, a supervisioná-la. Com a finalidade de garantir o controle do sistema de produção, foram colocados sensores, outros tipos de transdutores para captar grandezas físicas, elétrica e mecânica nas máquinas para 20 monitorar e indicar as condições do processo. O controle só é garantido com o acionamento de atuadores a partir do processamento das informações coletadas pelos sensores. O controle diz-se automático quando uma parte, ou a totalidade, das funções do operador é realizada por um equipamento freqüente, mas não necessariamente eletrônico considerando um programa temporal. Controle automático por realimentação é o equipamento automático que age sobre o elemento de controle, baseando-se em informações de medida da variável controlada. O controle automático por programa envolve a existência de um programa ou algoritmo de ações, considerado um programa lógico, que se executa com base no decurso do tempo ou a partir de modificações eventuais em variáveis externas ao sistema. Automatizar um sistema tornou-se muito mais viável à medida que a Eletrônica avançou e passou a dispor de circuitos capazes de realizar funções lógicas e aritméticas com os sinais de entrada e gerar respectivos sinais de saída. Com este avanço, o controlador, os sensores e os atuadores passaram a funcionar em conjunto, transformando o processo em um sistema automatizado, onde o próprio controlador toma decisões em função da situação dos sensores e aciona os atuadores [10]. Os primeiros sistemas de automação operavam por meio de sistemas eletromecânicos, com relés e contatores. Neste caso, os sinais acoplados à máquina ou equipamento a ser automatizado acionavam circuitos lógicos a relés que disparavam as cargas e atuadores. Os circuitos lógicos tornaram-se mais rápidos, compactos e capazes de receber mais informações de entrada, atuando sobre um número maior de dispositivos de saída. Chegando assim aos microcontroladores responsáveis por receber informações das entradas, associá-las às informações contidas na memória e a partir destas executar um a lógica para acionar as saídas. Toda esta evolução levou aos sistemas compactos, com alta capacidade de controle, que permitem acionar diversas saídas em função de vários sinais de entradas combinados logicamente. Uma outra etapa importante desta evolução é que toda a lógica de acionamento pode ser desenvolvida através de software, que determina ao controlador a seqüência de acionamento a ser desenvolvida. Este tipo de alteração da lógica de controle caracteriza um sistema flexível. Os controladores lógicos programáveis (CLPs) são equipamentos eletrônicos de controle digital que trabalham com esta filosofia. 4.1 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL 21 O controlador lógico programável abreviado em CLP é um dispositivo microprocessado que foi inventado para substituir os circuitos lógicos de relés necessários para controle de máquinas, executando lógicas de intertravamento digitais com várias vantagens, [11]. Em função das dimensões reduzidas dos CLP’s podemos salientar a compactação dos painéis e a facilidade de alteração da lógica de intertravamento, a reutilização de painéis e a redução significativa do tempo de remodelagem da linha de produção. Com a evolução dos recursos eletrônicos e informáticos, os controladores passaram a tratar variáveis analógicas e tiveram incorporado funções de controle de malhas de instrumentação, com algoritmos de controle proporcionais integrais e derivativos. Esta evolução possibilitou a capacidade de realizar tarefas simples como a lógica de ligar e desligar um motor até as mais complexas que envolvem a implementação de funções que utilizam outras linguagens de programação avançadas. Figura 19. Diagrama básico de um CLP O princípio fundamental de funcionamento de um CLP é a execução por parte da CPU de um programa executivo e de responsabilidade de cada fabricante, que realiza ciclicamente as ações de leitura das entradas, execução do programa de controle do usuário e atualização das saídas, [12]. Ao ser ligado, um CLP cumpre uma rotina de inicialização gravada em um sistema operacional. Realizando uma rotina de tarefas tais como limpeza das memórias-imagem; teste da memória RAM e teste de execução do programa. Após a execução dessas rotinas, a CPU passa a trabalhar continuamente escaneando um programa. O escaneamento consiste em um ciclo executado uma série de passos. Há mais do que três passos, porém descrevem-se aqui os mais importantes, que normalmente estão checando o sistema e atualizando o contador interno corrente e valores do timer. Primeiramente o CLP verifica os estados das entradas, lê cada entrada para determinar se está ligada ou desligada. Em outros termos, os sensores conectados, ou acessórios que enviarão a grandeza em medição da máquina às entradas do CLP. Então registra os dados de cada canal de 22 entrada, tanto digitais como analógicos, em suas correspondentes posições de memória (memóriaimagem) para serem usados durante o próximo passo, [13]. A seguir o CLP executa seu programa, uma instrução de cada vez, que é programada pelo usuário. Uma vez já conhecidos os valores das entradas digital-analógicas e com o programa de acordo com as necessidades do usuário serão aplicadas operações em bits e registradores produzindo o resultado esperado, ajustando-se ao mesmo tempo novos valores de bits e registradores internos. Armazenam-se então os resultados de execução para uso mais tarde durante o próximo passo, [13]. Por fim o CLP atualiza a condição das saídas, baseado em estados encontrados nas entradas e os resultados de execução do programa. Baseado no passo de execução do programa, o processo recebe as instruções necessárias conforme as informações recebidas nas entradas e do programa elaborado [13]. Depois de atualizado as condições das saídas o CLP volta novamente a verificar os estados de entrada e repete os passos continuamente; assim seu programa é um loop infinito. 23 Figura 20. Fluxograma típico do sistema de funcionamento de um CLP Um tempo de escaneamento é definido como o tempo que o CLP leva para executar os três passos listados. Esse tempo é influenciado pela quantidade de entradas e saídas e principalmente pela lógica programada pelo usuário. A maioria dos CLP’s tem um tempo típico de escaneamento na ordem de poucos milisegundos podendo estes chegarem a um máximo de 250 milisegundos, ou seja, a cada ciclo todos os sinais aplicados às entradas são lidos e transferidos para a unidade de memória interna, associam a correspondente lógica de funcionamento sobre esses dados armazenados sobre esses dados armazenados e fazem a transferência destes dados da memória para cada saída correspondente e então aplicados aos terminais de saída serão executados com um tempo inferior a 250 milisegundos, [13]. A classificação de Clps levando em consideração a quantidade de entradas e saídas necessárias para a utilização em uma aplicação real, do tempo de processamento, em fim vários 24 itens que podem ser classificados em pequeno, médio e grande porte. Esta classificação varia de fabricante para fabricante, sendo: • Pequeno porte: utilizados em aplicações que controlam de 32 até 128 dispositivos. • Médio porte: utilizados em aplicações que controlam de 64 até 1024 dispositivos. • Grande porte: utilizados em aplicações que controlam de 512 até 4096 dispositivos, [14]. Figura 21. Clp de pequeno porte da HI Figura 22. Clp de médio porte da HI Figura 23. Clp de grande porte da HI 4.2 LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO LADDER Como em qualquer computador, o processador do CLP opera com uma série de instruções e dados codificados em forma de números binários, que ele pode entender; esse código é conhecido como código-objeto. Porém, a realização de programas diretamente em código-objeto é inadequada, devida à dificuldade de lembrar a instrução que cada número representa, além de haver uma grande possibilidade de errar ao digitar um programa constituído por números e muita dificuldade para encontrar erros, caso o programa não execute as ações desejadas. Por essa razão nasceram as linguagens de programação, que permitem ao programador editar o programa utilizando sentenças e estruturas escritas em forma bem mais próxima da sua linguagem cotidiana e que representam melhor a ação a ser executada. Nos computadores tradicionais, algumas linguagens já são muito conhecidas e de domínio de muitos programadores, tais como C, Pascal, BASIC, etc.. O texto do programa escrito nessas linguagens é conhecido como programa fonte, e deve passar por um processo chamado compilação, que consiste em traduzir as sentenças escritas nessas linguagens ao 25 código-objeto que o processador possa entender para o programa poder ser executado. Temos algumas linguagens como, por exemplo, lista de Instruções, Texto Estruturado, diagramas de Bloco de Função e diagrama Ladder. Linguagem Ladder (DL – Diagrama Ladder) – É uma linguagem gráfica que surgiu nos Estados Unidos e é muito utilizada em Automação. O nome se deu por parecer com uma escada, na qual duas barras verticais paralelas são interligadas pela lógica de controle, formando assim os degraus de uma escada, permitindo que se desenvolvam lógicas combinacionais, seqüenciais e circuitos para controle e tomadas de decisões do controle de processo [13]. A lógica matemática ou simbólica visa superar as dificuldades de qualquer língua, devido a sua natureza vaga e equívoca das palavras usadas e do estilo metafórico e, portanto, confuso que poderia atrapalhar o rigor lógico do raciocínio. Para evitar essas dificuldades, criou-se uma linguagem lógica artificial. A lógica binária possui apenas dois valores que são representados por: 0 e 1. A partir desses dois símbolos é construída uma base numérica binária. A partir desses conceitos são criadas as portas lógicas, que são circuitos utilizados para combinar níveis lógicos digitais de formas específicas. Alguns tipos de portas lógicas básicas são vistas conforme figura 24. Figura 24. Tipos de portas lógicas Os clps vieram substituir elementos e componentes eletro-eletrônicos de acionamento e a linguagem utilizada na sua programação é similar à linguagem de diagramas lógicos de acionamento desenvolvidos por eletrotécnicos e profissionais da área de controle, esta linguagem é denominada linguagem de contatos ou simplesmente LADDER. A linguagem Ladder permite que se desenvolvam lógicas combinacionais, seqüenciais e circuitos que envolvam ambas, utilizando como operadores para estas lógicas: entradas, saídas, estados auxiliares e registros numéricos conforme figura 25. 26 Figura 25. Tipos de contatos de programação Ladder 4.3 PROGRAMA Para a elaboração do programa segue-se uma seqüência conforme figura 26 de funcionamento do processo, ou seja, como o equipamento a ser automatizado tem que proceder ao funcionamento de trabalho. Esta seqüência é programada no editor ladder e depois passado para o controlador para ele possa receber as informações dos acessórios, controlar e tomar decisões já programadas do processo de fabricação. 27 Figura 26. Organograma de Funcionamento Tabela 4. Seqüência de Funcionamento INICIAR ENCHER INÍCIO DO PROCESSO Abre válvula eletropneumática para entrada de água tratada na máquina Controle de reversão acionado D/F NÍVEL DA MÁQUINA Quando aciona o sensor de nível, fecha a válvula de entrada de água e abre a válvula de transferência. Liga a bomba de circulação ÁGUA O material estando seco abaixa o nível de água, 28 INDUSTRIAL assim completando o nível de água. NÍVEL DA Fecha água industrial após nível completo MÁQUINA SANGRIA Abre válvula de ar comprimido para limpeza da serpentina, para injetar vapor VAPOR Abre válvula de vapor para aquecimento CONTROLE PID CONTROLE DE REVERSÃO ESVAZIAR Controle de rampa ou patamar de temperatura em pontos distintos do processo Controle em todo processo de reversão Desliga bomba de circulação Abre válvula de esvaziar máquina e dreno do tanque de expansão Desliga válvula de transferência RETORNA OU FIM Depende da receita pode retornar ou fim do processo SEQUÊNCIA DE FUNCIONAMENTO ENCHIMENTO 1) Liga-se a eletro-válvula pneumática abrindo-se assim a válvula de enchimento da máquina com água tratada. 2) Enche-se a máquina e o tanque de expansão o qual é utilizado para dosagem dos corantes e produtos químicos. Quando o sensor de nível localizado no tanque de expansão é acionado, um sinal de ativação é enviado ao programa. 3) A eletro-válvula pneumática é então ativada fechando-se a válvula de enchimento. Ao mesmo tempo, liga-se a eletro-válvula de transferência e a bomba de circulação que faz a circulação do banho no material a ser tingido. 4) No início do processo, como o material a ser tingido está ainda seco, este absorve água, sendo necessário completar o nível, o que é feito ligando-se a eletro-válvula que aciona a abertura da válvula para a entrada de água industrial para completar o nível do tanque. 5) Em seguida inicia-se o processo de DF (dentro-fora)/FD (fora - dentro): • DF é quando o banho está passando de dentro para fora do material a ser tingido. 29 • FD é quando o banho está passando de fora para dentro do material a ser tingido, com o tempo programado no controlador. AQUECIMENTO 1) Abre-se a válvula da sangria para retirar com ar comprimido toda água existente na serpentina. Isto é feito pois não se pode introduzir vapor com água fria na tubulação, já que o choque térmico faria vibrar toda a tubulação. 2) Aciona-se a eletro-válvula do vapor aquecendo a máquina, cujo comando vem do controlador de temperatura que executa a curva do perfil de temperatura necessário para o respectivo material a ser tingido. ESVAZIAMENTO 1) Desliga-se a bomba de circulação. 2) Desliga-se a reversão na posição D/F, o pistão permanece recolhido quando desligado para não ocorrer oxidação em sua haste. 3) Abre-se a válvula para esvaziar a máquina com destino para efluentes. 4) Abre-se a válvula do dreno do tanque de expansão também com destino para efluentes. 5) Liga-se a eletro-válvula da abertura da válvula de entrada de água industrial para limpeza do tanque de expansão. RETORNO OU FINALIZAÇÃO 1) Dependendo da receita (perfil de temperatura) a ser tingido retorna-se mais uma vez ao ciclo do processo ou ocorre a finalização do mesmo. 30 Figura 27. Sinóptico do Funcionamento Figura 28. Tela Principal de configuração 31 Figura 29. Tela de Programação do Bloco PID Figura 30. Tela de configuração das Saídas 32 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste projeto foi apresentado o processo de fabricação de uma indústria têxtil com ênfase na etapa da tinturaria onde ocorre o tingimento dos fios têxteis. A finalidade principal foi a elaboração da automação de uma máquina de tingimento. Apresentou-se uma visão geral do setor têxtil, de todo o levantamento dos acessórios utilizados e o contato com a programação através do editor ladder do programador lógico programável da empresa HI tecnologia. Este trabalho é de extrema importância, pois vai permitir uma autonomia da empresa com relação à gerência de seus processos automatizados. Existem ali instalados outros equipamentos com o mesmo tipo de controlador, mas com a programação fechada, ou seja, uma outra empresa terceirizada gerencia e faz as manutenções nos controladores. Ocorre que muitas vezes os equipamentos de tingimento necessitam de melhorias de funcionamento ou mesmo sofrem uma simples falha do sistema interno do CLP, e o equipamento precisa ser retirado para manutenção externa, comprometendo a seqüência de produção da empresa gerando perdas e atrasos. A automação do processo de tingimento realizada neste trabalho apresentou resultados satisfatórios, e irá trazer uma qualidade melhor ao produto final. Dentre outros benefícios podemos citar uma maior produtividade gerando maior lucro, redução dos produtos com defeitos, ganhandose tempo evitando máquinas paradas e até do trabalho operacional, pois com as pesquisas e o envolvimento com o projeto foram sanadas muitas dúvidas e sugeridas melhorias para o funcionamento do processo de tingimento. Para um projeto futuro já está sendo analisada a possibilidade da criação de um sistema supervisório que interligará todos os controladores em rede para melhoria do fluxo de informações e agilidade do sistema de produção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 [1] Manual do Poliéster Vicunha. Disponível em: <http://www.abqct.com.br/artigost/Manual.Poliester.pdf >. Acessado em 10 Outubro 2008. [2] EIDSATH, A. B. “Flow and Dispersion in Spatially Periodic Porous Media: A Finite Element Study”, MS Thesis, Department of Chemical Engineering, University of California at Davis, 1981. [3] TOLEDO, R. A. S., Tecnologia da Reciclagem. Química Têxtil, p.8-14, Março de 2004. [4] MORAN, C.; HALL, M. E.; HOWELL, R., Effects of Sewage Treatment on Textile Effluent. Journal of the Society of Dyers and Colourists, 113, p. 272-274, 1997. [5] TALARPOSHTI, A. M.; DONNELLY, T.; ANDERSON, G. K., Colour Removal From a Simulated Dye Wastewater Using a Twophase Anaerobic Packed Bed Reactor. Water Research, 35, p. 425-432, 2001. [6] GUARATINI, C. C. I.; ZANONI, M. V. B., Corantes Têxteis. Química Nova, v. 23, n. 1, p.7178, 2000. [7] SALAS, C. D. A. “Criterios de Seleccion de Colorantes Reactivos en Tintura a la Continua”, Colombia Textil, v. 8, n. 83, p. 24-29, 1986. [8] MATTOS, E. E.; FALCO, R. Bombas industriais. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: INTERCIÊNCIA, 1998. 106 p. [9] JARDIM, S. B. Sistemas de bombeamento. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzato, 1992. 164 p. [10] Natale, Ferdinando, 1946 – Automação Industrial – São Paulo: Érica, 1995. [11] WEBB, John W.; Reis, Ronald A. – Programmable Logic Controllers: Principles and Applications – New Jersey: Prentice-Hall, 1995. [12] Curso PLC Básico – Apostila do curso de Automação Industrial pelo SENAI – SP - Belo Horizonte, junho 1999. [13] Curso Básico de PLC – Apostila do curso de básico de PLC pelo SENAI – Araxá – Elaborada por Ribeiro, Walter L., Leite, Creodimar A., Abril, 2003. [14] Controlador Industrial Zap 500 Série II. Disponível em: <http://www.hitecnologia.com.br>. Acessado em 10 Maio 2008. [15] Sensores de Temperatura. Disponível em: <http://www.ucs.br/ccet/demc/vjbrusam/inst/temp2.pdf>. Acessado em 16 Novembro 2008. 34