Governador do Estado de Santa Catarina:
Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte:
Presidente da Fundação Catarinense de Cultura:
Diretora de Preservação do Patrimônio Cultural:
Gerente de Patrimônio Cultural:
Gerente de Pesquisa e Tombamento:
Luiz Henrique da Silveira
Gilmar Knaesel
Anita Pires
Simone Harger
Karla Franciele Fonseca
Halley Filipouski
Revisão: Daniel Mendonça
Coordenação Editorial: Simone Harger
Lucília Lebarbenchon Polli
Organização: Bianca Melyna Filgueira
Priscila Melina Finardi
Colaboração: Kathyne Brasil Rodrigues
Produção Executiva
Editoração e Projeto Gráfico: Nuovo Design
As imagens e dados aqui publicados são de autoria dos agentes culturais municipais.
Ficha Catalográfica
H279c Fundação Catarinense de Cultura
Cadernos da Serra / Fundação Catarinense de Cultura. – Florianópolis:
Patrimônio Cultural de Santa Catarina: Fundação Catarinense de
Cultura, 2009. 200p.
1. Patrimônio cultural .
2. Arquitetura. 3. Etnias. 4.História. 5. Cidadania.
6. Poder Público. 7. Usos e costumes. 8. Identidade. I. Título.
Catalogação na publicação por: Onéia Silva Gimarães CRB - 14/071
CDU: 719
ÍNDICE
Autoridades
Apresentação
Mapeamento
MUNICÍPIOS
06
10
16
Anita Garibaldi
18
Campo Belo do Sul
45
Bocaina do Sul
Bom Retiro
Capão Alto
Cerro Negro
Correia Pinto
Lages
Otacílio Costa
Painel
Palmeira
Ponte Alta
Rio Rufino
São Joaquim
São José do Cerrito
Urupema
Agradecimentos
26
37
51
64
75
89
103
116
126
139
150
160
172
186
196
Autoridades
Santa Catarina são muitas, são várias, são tantas que capturar toda a
sua multiplicidade torna-se um desafio quase inatingível. Multifacetada, qualquer tentativa de apreensão ou enquadramento fica sempre
aquém da sua caleidoscópica realidade.
Mas sua riqueza cultural e diversidade étnica, suas potencialidades
econômicas e belezas naturais revelam-se, ainda que parcialmente
(diante do universo a ser mostrado), mas com muito engenho e arte,
neste belo “Projeto Identidades”, editado pela nossa Fundação Catarinense de Cultura.
Neste belíssimo “Cadernos da Serra”, cada nuance revelada, cada detalhe inusitado, cada ângulo descoberto soma-se para formar um mosaico representativo das gentes catarinenses.
Assim como acontece com um bom vinho ou um bom perfume, o caráter e a personalidade de nosso estado não são óbvios nem demasiadamente explícitos, ao contrário, impõem-se, suave mas irresistivelmente, àqueles que se aventuram a desvendar-lhe os mistérios e
segredos.
Essa obra presta-se às mais variadas visualizações, desvelando uma
poética de perfis cambiantes onde o desejado e o desejável se mesclam, onde o possível e o real se tocam, onde o Brasil mais se assemelha com o seu futuro.
Luiz Henrique da Silveira
Governador do Estado de Santa Catarina
Cadernos da Serra
Autoridades
Conhecida nacionalmente pelo frio e a paisagem que o gelo desenha
em altitudes de até dois mil metros, a Serra Catarinense é um espetáculo da natureza na região Sul do Brasil. Cachoeiras congeladas, campos cobertos de neve, temperaturas que remetem aos destinos mais
disputados do mundo. O encantamento que a região produz parte não
somente das belezas naturais, mas da história e dos costumes preservados nas fazendas centenárias, da cultura campeira. A culinária da
Serra é outro importante atrativo, tanto que está presente em todos
os grandes eventos de promoção do destino catarinense no Brasil e
no exterior. São Joaquim, Lages, Urubici são os mais procurados destinos dessa região do estado e, desde junho de 2009, a Serra Catarinense está unida à igualmente famosa Serra Gaúcha no novo roteiro
turístico de Aparados da Serra, que compreende os canions. O lançamento aconteceu durante o Salão Nacional do Turismo, em São Paulo,
com apresentações de danças típicas comuns aos dois
estados. Pratos típicos como a paçoca de pinhão, da
Serra catarinense, foram apreciados por centenas
de convidados que participaram do evento turístico-cultural.
Santa Catarina é uma referência nacional
na condução das políticas de regionalização do turismo, segundo o Ministério
do Turismo. Fomos o estado pioneiro
no lançamento do Programa Roteiros da
Imigração, do Ministério da Cultura e, no
programa de Segmentação do Turismo,
Santa Catarina possui praticamente todos os segmentos apontados pelo MTur
para organização e oferta de roteiros por
Autoridades
nichos de interesse dos viajantes brasileiros e estrangeiros. Na Serra
Catarinense, o Turismo Rural, Turismo Cultural, Enoturismo, Turismo
Científico, Gastronômico, de Aventura e Ecológico e o Turismo de Inverno. Atividades como cavalgadas, passeios de charrete e a pesca em
açudes remetem à cultura de um povo simples, em um ambiente rústico, porém adaptado para as necessidades de um turista cada vez mais
exigente. Assim Santa Catarina constrói sua imagem como destino internacional com grande capacidade competitiva. O aspecto cultural, o
acervo arquitetônico, e como as antigas estâncias, as taipas, o sotaque,
as tradições, o folclore e o artesanato da Serra valorizam o produto
turístico de Santa Catarina. Iniciativa da Fundação Catarinense de Cultura – FCC – o programa Identidades tem sua contribuição na política
estadual de integração do Turismo com a Cultura.
Gilmar Knaesel
Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte
Cadernos da Serra
Autoridades
A identidade é a base e a essência de quem somos. É aquilo que permite que nos reconheçamos no espelho e através dos olhos dos outros. É
a identidade cultural que nos serve de bússola para que possamos navegar por tantas outras culturas, sem nunca esquecer de quem somos,
nesse processo constante de auto-descoberta e auto-invenção.
Segundo a UNESCO, um dos objetivos básicos da política cultural deve
ser o de reforçar a identidade cultural, colocando em perspectiva as
influências de outras culturas num mundo globalizado e da comunicação. Que se adicionem à nossa cultura, sim, mas que seja substituída,
jamais.
É com esse conceito e objetivo que a Diretoria de Patrimônio Cultural
da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), em parceria com os municípios e as Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs), desenvolve o projeto Identidades em Santa Catarina. Neste ano de 2009, ele
teve como foco a região da Serra Catarinense.
A região Serrana, com suas características específicas, seus ritos, sua
gastronomia e seu povo acolhedor, marcou profundamente a história
do povo catarinense. Preservar esse patrimônio e transformá-lo em
cidadania e desenvolvimento local faz parte da construção da nação
barriga-verde, marcando profundamente a construção da nação brasileira.
Dessa forma, estamos preservando nossa diversidade cultural, que é o
maior patrimônio de Santa Catarina, e que transforma o Estado numa
região rica e promissora.
Anita Pires
Presidente da Fundação Catarinense de Cultura
Apresentação
OS CAMINHOS
Na busca por sua sobrevivência, a humanidade vem se
adaptando continuamente a novas condições, seja por
razões econômicas, sociais, morfológicas, geológicas e
climáticas.
Foi assim nos primórdios da humanidade, quando,
há dez mil anos, as sociedades nômades estavam
constantemente se adaptando e buscando sua
subsistência através da caça. Quando descobriu
que era possível, também, se alimentar da terra
através da agricultura, o que acabou pelo desenvolvimento de outras habilidades e formas de
viver e de morar.
A partir daí e cada vez mais, começa a inovar e
desenvolver novas idéias e tecnologias, levando à crescente urbanização das cidades, complexidade das sociedades, desenvolvimento de
transportes que incentivaram a exploração e o
consequente colonialismo.
Com a colonização de novos territórios, a humanidade se espalha pelos
continentes e graças à sua adaptabilidade, instala-se nessas novas terras e
repassa as habilidades e conhecimentos desenvolvidos e adquiridos às próximas gerações.
Assim, os colonizadores acabam por apreender novos modos de fazer e de
viver, agregando-os à sua cultura.
À aculturação gerada por esse processo, bem como àquela que o antecedeu,
denominamos patrimônio cultural. Os remanescentes dessa história são
fundamentais para que possamos nos identificar no meio em que vivemos,
mantendo nossas referências e tradições.
No Brasil essa aculturação está bastante clara e, em alguns casos, as referências declaradas. Não temos dúvida disso quando falamos do pão de queijo,
da arquitetura em pedra e cal, das festas de São João, da feijoada, panelas de
cerâmica; no entanto, por mais que essas manifestações e saberes tenham
em suas origens elementos diferentes dos atuais, elas representam parte da
cultura brasileira. Dentro desse contexto, cada um dos estados e municípios
da Federação possui uma forma diferente de entender e desenvolver seus
saberes, reconhecer seus lugares e repassar sua história.
Os grupos formadores de Santa Catarina a partir do Brasil colônia também
apresentam essa característica. Em função disso, podemos reconhecer as
10
Identidades
diversas etnias que compõem o território catarinense e nos identificarmos
com elas.
Isso só foi possível em função da herança cultural passada de pai para filho
por gerações, que agora permite que reconheçamos nossa história dentro
de um contexto mais amplo e nos dá segurança para que possamos manter
esse ciclo e perpetuar essa memória para as gerações futuras.
Seja a partir do litoral ou de outros Estados, a ocupação do território catarinense deu-se de acordo com a necessidade e interesses da Província no
reconhecimento e produtividade das terras aqui existentes.
No caso do planalto, onde a agricultura também acabou mostrando-se viável, os primeiros assentamentos foram conseqüência da necessidade de
uma ligação entre o extremo sul e região sudeste do país.
Dessa forma, a fundação da cidade de Lages acaba por ser uma consequência desses assentamentos e da necessidade de pouso das tropas durante
suas viagens, desenvolvendo, aos poucos, novos assentamentos ao longo do
referido caminho bem como, mais tarde, em localidades próximas a ele.
O pastoreio e as atividades decorrentes tornam-se a base da estrutura econômica e social da região, que sofre influência dos viajantes do Rio Grande
do Sul e São Paulo, assimilando à sua cultura parte daquela decorrente dessas regiões.
Com o tempo, surge a necessidade de ligação entre o litoral e o planalto, desencadeando a fixação de moradores às margens desse caminho. A criação
de vilas e cidades acaba sendo consequência desse processo, que também permite que os imigrantes ali localizados tenham condições
de se deslocar pelo território, gerando uma cultura própria do
planalto.
Diante desses condicionantes, é natural que possamos
identificar elementos diversos àqueles característicos
do tropeirismo nos municípios trabalhados nessa região e aqui apresentados. A aculturação decorrente
do processo anteriormente descrito está refletida
em sua arquitetura, gastronomia, celebrações, saberes, fazeres, lugares e tradições.
Dessa forma, podemos encontrar uma arquitetura
ricamente ornamentada em madeira – típica do europeu - em municípios que se originaram do tropeirismo. Da mesma maneira, é comum nas cidades que
tiveram origem na abertura da estrada litoral-serra
– colonizadas por imigrantes – o hábito do chimarrão
11
Apresentação
e gastronomia característicos do tropeirismo. Ambos
construindo sua história.
IDENTIDADES
A identidade de um povo depende, em grande parte, da forma como ele se relaciona com
sua memória. Desse modo, é fundamental que
as comunidades locais tenham condições de
avaliar o que pode ser identificado como sua
herança cultural, para que possam, inclusive,
garantir que ela se perpetue através das gerações.
Foi baseado nessa premissa que o IDENTIDADES, desenvolvido anteriormente na região do Alto Vale do Itajaí, envolvendo 28
municípios naquela ocasião, pôde, no ano de
2009, ser estendido à região Serrana, abrangendo 16 municípios
catarinenses.
O IDENTIDADES atuou no sentido de qualificar agentes culturais municipais
envolvendo-os diretamente com as comunidades, representadas pelos proprietários de bens inventariados e pelos que contribuíram com informações
acerca dos saberes, celebrações e lugares que contam um pouco de sua história e sua tradição.
Foram realizadas quatro oficinas na região Serrana, onde se procurou despertar o olhar dos agentes no que se refere à identificação dos bens
dotados de referência histórico-cultural. Para tanto, as oficinas
foram concebidas em dois eixos: um de sensibilização e outro
teórico, orientando não só sobre formas de identificação, como
de proteção do patrimônio cultural, preconizando sempre o
diálogo com os participantes – entre os quais, além dos agentes culturais, estiveram presentes representantes da comunidade universitária, pessoas ligadas à cultura e educação
em geral (museus, escolas, casas de cultura, associações) e
outros servidores das prefeituras e Secretarias de Desenvolvimento Regional envolvidas (Lages e São Joaquim).
Paralelo a essas oficinas aconteceram os trabalhos de campo, que possibilitaram conhecer um pouco da realidade
dos saberes, do cotidiano, hábitos, tradições, festas e celebrações. Conhecendo um pouco melhor os remanes12
Cadernos da Serra
centes materiais e imateriais dessa memória cultural
através do mapeamento - e sua apropriação por seus
detentores com o passar do tempo - foi possível verificar dentre o legado trazido pelos colonizadores, o
que ainda perdura na região preservando a referência histórico-cultural.
A partir desse mapeamento, foi possível diagnosticar os bens com os quais os agentes culturais municipais se identificavam enquanto representativos da região trabalhada. Esses bens foram aqueles
que surgiram em maior quantidade nessa fase e discutidos com
o grupo para verificar a real representatividade regional dos mesmos.
No momento seguinte, foram estudados aqueles bens culturais, sejam eles
materiais ou imateriais, que pertenciam aos municípios e foram inventariados como representativos da memória daquela coletividade.
Assim, foram identificados os bens comuns à maioria dos municípios, e
diagnosticados aqueles que guardam certa individualidade decorrente dos
processos migratórios do Estado.
A partir desse trabalho preliminar de mapeamento, os elementos construídos pertencentes à boa parte dos municípios pesquisados, como os muros
de taipas que orientavam as tropas, as invernadas também construídas em
taipas, as fazendas - com sua arquitetura embasada em pedras e paredes do
mesmo material. Os saberes dessa gente também estão demonstrados na
culinária, no artesanato, nas técnicas construtivas e na vivência próprios de
seu tempo.
Dentro desse contexto, a sabedoria que essa tradição mantém, vai além da
gastronomia tropeira, da colheita da macela, do chimarrão, assim como do
pinhão na chapa e o tramado de taquara, abrangendo ainda outras manifestações.
A habilidade na construção com pedra como matéria prima não é a única
demonstrada pelos primeiros construtores da região. A arquitetura em madeira, em alguns casos, demonstra características representativas da colonização européia como lambrequins, encaixes, maçanetas e
trancas das casas em madeira. Os usos variam
da residência para comércio - ou ainda ambos – de portes variados sendo que algumas
famílias mantêm os usos originais.
Também são encontradas igrejas em madeira do início do século XX, algumas com pin-
13
Apresentação
turas decorativas em seu interior e cuja matéria
prima foi trazida inclusive de outras regiões por
carro de boi.
No que diz respeito às esquadrias, são em sua
maioria executadas em madeira, de guilhotina
ou abrir e com bandeira fixa. No interior das
edificações encontram-se também bastante elaboradas e nas fachadas, não é raro que sejam
decoradas e emolduradas.
Cemitérios do final do século XIX e do início do
século XX são encontrados com lápides esculpidas em
pedra, e grande riqueza de detalhes, que não só contam a história das
primeiras ocupações e habitantes, mas também seus hábitos e habilidades
dos artífices no trato do material.
Essas manifestações são expressões dos saberes dos mestres responsáveis
por sua execução, que se esmeraram na decoração dos forros em madeira,
guarda corpos das varandas e escadas, cunhais e técnicas construtivas.
A capacidade de perceber essa riqueza de detalhes, expressões, cores, cheiros, sotaques é conseqüência do olhar lapidado para o reconhecimento dessa memória.
Tudo o que faz parte da nossa história pode ser contado em sons, palavras,
refrões, gostos e cheiros. Através da janela do tempo reconhecemos nossas
tradições e fazemos parte delas, contando, cantando, tecendo, construindo,
cozinhando, dançando, trançando.
A vida e a lida do campo – o camargo, o bolo de milho, o entrevero, a geléia, a confecção de laços, a coberta de lã - bem
como lugares sagrados que o mestre João Maria abençoou,
fazem parte do cotidiano dessas pessoas e cidades.
A memória e respeito pelas tradições só acontece pelo
conhecimento. Esse processo gera a identificação e
salvaguarda de sua cultura. O povo precisa se conhecer para poder contar com orgulho sua história.
Deparar com a crença de pessoas que seguem procissões e alcançam graças é a demonstração da fé
através dos santos. A mesma fé cujo imaginário alcança a cura através das benzeduras.
Os encontros realizados entre pessoas são a prova da necessidade de reunião dos indivíduos com
14
Cadernos da Serra
seus grupos e famílias, o que em alguns casos, desencadeou manifestações
contemporâneas sobre temas regionais.
A sabedoria popular encontrada - as fases da lua para o corte da madeira, o
uso do sebo de ovelha para fungos no casco dos cavalos, a facilidade de manuseio do vime molhado - deve ser registrada e perpetuada, buscando que
esse legado seja preservado.
CADERNOS
Não está exposta aqui toda a riqueza cultural desses municípios e comunidades, está apresentada, no entanto, uma porção dessa riqueza
reconhecida por aqueles que têm condições de legitimá-la.
Esse trabalho não seria possível sem a colaboração dessas comunidades e sua gente, que, de bom grado, abriu seus lares e viabilizou a pesquisa do modo de viver, do cotidiano e seu hábito de
vida, com peculiaridades aqui reveladas.
Nesse sentido, a atuação da AMURES – Associação dos Municípios da Região Serrana -foi fundamental. Principal parceira
que, além de disponibilizar apoio na estruturação, divulgação
e assessoria de comunicação dos encontros com os representantes municipais, contribuiu com a mediação entre agentes
culturais, equipe técnica e FCC em todo o processo.
Os bens culturais aqui apresentados foram selecionados a
partir do mapeamento e inventário realizados pelos municípios compreendidos pela AMURES e representam uma pequena parcela do árduo trabalho desenvolvido.
A intenção de mais esta ação do IDENTIDADES - além de
garantir que essa identificação cultural possa acontecer
através dos detentores desses bens culturais - é dar às
prefeituras e comunidades locais condições de continuar desenvolvendo políticas de salvaguarda e reconhecimento de sua herança cultural. Os catarinenses merecem ter sua história resguardada.
Simone Harger
Lucília Lebarbenchon Polli
15
Mapeamento
Ponte Alta
São José do Cerrito
Anita Garibaldi
Correia Pinto
Campo Belo do Sul
Cerro Negro
Capão Alto
Otacílio Costa
Palmeira
Painel
Lages
São Joaquim
16
Cadernos da Serra
Identidades
Bocaina do Sul
Rio Rufino
Urupema
Bom Retiro
Urubici
Artesanato em madeira
Artesanato em palha
artesanato em Vime
Benzedura
CACHAÇA
celebração religiosa
culinária campeira
doces e geléias
LINHAS E LÃS
Bom Jardim da Serra
Ofício campeiro
PANIFICAÇÃO
QUEIJO
SABÃO
vinho
Mapeamento
17
ANITA GARIBALDI
Anita Garibaldi
Anita Garibaldi
Data de fundação: 4 de dezembro de 1961
População: 9.991 habitantes
Principais etnias: Italiana e alemã
Localização: Planalto Serrano, a 315 km de
Florianópolis
Área: 588,612km²
Cidades próximas: Abdon Batista, Celso
Ramos, Campos Novos
História:
Anita Garibaldi
Por volta de 1800, paulistas e gaúchos faziam da região onde hoje está Anita
Garibaldi uma rota de passagem. Em 1825, foi a vez dos tropeiros. Os italianos chegaram em 1900, logo seguidos por imigrantes alemães. Em 1842,
Anita Garibaldi, considerada a “Heroína de Dois Mundos”, passou por lá. A
bravura da guerreira ganhou a simpatia da população local, que batizou o
distrito com seu nome. Anita Garibaldi desmembrou-se de Lages em 1961.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
20
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
ATG-M-01
Denominação: Igreja Matriz
Localização: Bairro Centro
Ano de construção: 1957
Região: Serrana
Município: Anita Garibaldi
Fonte: WALDRIGUES, Augusto; MARTELO,
Graciano. História de Anita Garibaldi: Antiga
Colônia Hercílio Luz. Edições EST, Porto Alegre, 1996
Dados:
A primeira igreja inaugurada em 1951 era de madeira e localizava-se onde
hoje está o prédio da Prefeitura, mas logo se tornou pequena. A ideia de uma
nova igreja amadureceu e, enquanto o projeto era elaborado, foi lançada uma
campanha junto à população para arrecadar fundos. Em 3 de março de 1957
a pedra fundamental foi abençoada. A obra foi concluída em poucos anos
com o apoio da comunidade e do então padre Antônio Stella. A contribuição espontânea e generosa dos paroquianos facilitou a tarefa. Comerciantes,
madeireiros, criadores, lavradores e muita gente simples prestaram ajuda
significativa. Novas estruturas foram incorporadas ao longo dos anos, como
a Casa Paroquial ao lado da Igreja Matriz, o Salão de Festas e ainda a Gruta
de Nossa Senhora de Lourdes.
Anita Garibaldi
21
Anita Garibaldi
Patrimônio Material
Denominação: Centro Histórico Cultural
Bradamante Salmória
Localização: Bairro Centro
Ano de construção: 1965
Região: Serrana
Município: Anita Garibaldi
Fonte: Arquivos públicos da Prefeitura.
Anita Garibaldi
Código
ATG-M-02
Dados:
O edifício que abriga o Centro Histórico Cultural era uma igreja localizada na
comunidade de Santa Ana. Essa comunidade, a mais antiga do município, foi
parcialmente alagada pelo lago da Usina Hidrelétrica Campos Novos e o edifício da igreja foi transferido para o centro da cidade. Em 2005 o imóvel passou a abrigar o Centro Histórico Cultural Bradamante Salmória. Atualmente conta com um acervo composto em sua grande maioria por fotografias,
separadas em murais temáticos, em que são abordados aspectos religiosos,
educacionais e históricos do município, além de relíquias indígenas, imagens
de sítios arqueológicos descobertos durante as obras da Usina Hidrelétrica
e material audiovisual.
22
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
ATG-M-03
Denominação: Casa Feltrin
Localização: Comunidade de Arrozal
Ano de construção: 1903
Região: Serrana
Município: Anita Garibaldi
Entrevistado(a): Fidencio Feltrin
Dados:
A Casa Feltrin foi construída por volta do ano de 1903, sendo a mais antiga
do município e localizada na comunidade do Arrozal. Foi construída de madeira de araucária, com cobertura de tábuas, trocadas em 1954 por telhas de
barro. As paredes são de madeira cerrada à mão, assim como as janelas. Não
existe vidro nem pintura na casa, que possui quatro quartos, sótão, varanda,
porão, cozinha e sala, além de móveis antigos que a família faz questão de
preservar.
Anita Garibaldi
23
Anita Garibaldi
Saberes
Anita Garibaldi
Código
ATG-S-01
Denominação: Vinho
Região: Serrana
Município: Anita Garibaldi
Entrevistado(a): Alvarino José dos Santos
Histórico:
24
Seu Alvarino iniciou a produção de vinhos com amigos da família, que plantavam parreiras para consumo próprio. Ele tem 9 filhos, mas apenas um deles,
Nilceu Miguel dos Santos, vive com o pai e o ajuda com as atividades rurais.
São produzidos 3 mil litros de vinho tinto e rosé por ano, para consumo familiar e venda para amigos e vizinhos.
Cadernos da Serra
Identidades
Descrição / Observações Gerais:
As uvas são cultivadas por seu Alvarino e seu filho Nilceu.
A lua minguante é a melhor para fazer a poda. É necessário ter muito cuidado
com as formigas, pois representam grande perigo para as parreiras.
Depois de colhidas, as uvas são colocadas em uma máquina para moê-las.
Depois são depositadas em uma pipa aberta de madeira, onde ficam por cinco dias até acabar a fermentação.
Na sequência, a uva é transferida para uma pipa fechada de madeira, por 30
dias. Em seguida, o vinho é transferido para outra pipa de madeira ou inox,
onde fica por mais 60 dias.
Após esse tempo, o vinho é colocado em outra pipa, garrafa ou garrafão. A
pipa de madeira tem capacidade para 300 litros.
Quando o tempo é chuvoso demais, coloca-se açúcar cristal no vinho para
dar força a este, pois a chuva parte a casca da uva fazendo com que ela perca
a doçura.
Anita Garibaldi
25
Bocaina do Sul
Bocaina do Sul
Bocaina do Sul
Data de fundação: 16 de julho de 1994
População: 2.980 habitantes
Principais etnias: Índios tupi-guarani, kaingang e Xokleng
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 190 km de Florianópolis
Área: 495 km²
Cidades próximas: Lages, Painel, Rio Rufino,
Urupema
Bocaina do Sul
História:
Os primeiros colonizadores de Bocaina do Sul foram imigrantes alemães das
famílias Kauling, Wiggers, Hemke-Maier, Warmeling, Feldhaus, Gerber, Assink e Schilisting. Eles chegaram à região por volta de 1870, quando as terras
eram habitadas por índios tupi-guarani, kaingang e xokleng, também conhecidos como “bugres”.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
28
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
BDS-M-02
Denominação: Casa Brandes
Localização: Estrada Geral de Piurras – localidade de Piurras
Ano de construção: 1899
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Domingos Schlichting
Dados:
Originalmente de dois pavimentos, a Casa Brandes mantém a mesma cobertura, pavimento térreo e escada de sua configuração original. A alteração foi
consequência da mudança de seu uso residencial para galpão para armazenar o vime seco antes de ser vendido.
Construída com embasamento em pedra e paredes de tijolos maciços, as esquadrias e o piso permanecem os mesmos, e as paredes internas possuem
pintura decorativa.
Bocaina do Sul
29
Bocaina do Sul
Patrimônio Material
Bocaina do Sul
Código
BDS-M-22
Denominação: Casa Wolniewicz
Localização: Estrada da Travessa – localidade de Areião
Ano de construção: 1879
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Wilmar Wolniewicz
Dados:
Seu Roberto Taruhn construiu a casa com madeiras da serraria movida à
água existente dentro da propriedade.
Ao comprar a casa, há aproximadamente 45 anos, o senhor Erich, com a ajuda de seus filhos, substituiu a cobertura original de tábuas por nova cobertura de latão de soda.
A casa possui paredes internas pintadas em estêncil e sua configuração se
mantém original. Demonstra a habilidade de seu construtor na transformação da madeira através de suas esquadrias ricamente emolduradas, fachadas
decoradas e encaixes.
30
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
BDS-M-024
Denominação: Igreja Matriz
Localização: Av. João Assink, Centro
Ano de construção: 1953
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Fonte: Livro Tombo
Dados:
No início do ano de 1946, reuniu-se a comissão da então capela para tratar
da construção da nova igreja. O barro para sua execução foi extraído de uma
propriedade próxima. Foram queimados 25 mil tijolos, levados depois para
a praça onde seria construída a igreja. No dia 19 de março de 1947, foi benta
a pedra fundamental, e no dia 25 de dezembro de 1952 foi realizada a primeira missa.
Bocaina do Sul
31
Bocaina do Sul
Patrimônio Material
Bocaina do Sul
Código
BDS-M-48
Denominação: Casa Silva
Localização: Estrada de Pessegueiros, aproximadamente 7 km – Localidade de Pessegueiros
Ano de construção: 1954-1956
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Louri Maganin da Silva
Dados:
Em bom estado de conservação, a casa foi construída pelos pais da senhora
Louri. A construção da casa foi iniciada em 1954 e concluída em 1956.
Edificação de uso misto, o piso superior era utilizado como residência, enquanto o térreo abrigava comércio de armarinhos em geral.
32
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
BDS-S-01
Denominação: Benzedura
Outras denominações frequentes: Benzimento
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Marina Martins Dias
Histórico:
Desde os 39 anos dona Marina faz benzeduras em crianças, jovens e adultos.
Ela aprendeu com seu pai, Leopoldo, que aprendeu com sua mãe, Filomena
Hesing. Dona Marina conta que antigamente era muito difícil ter acesso a
médicos e por isso a benzedura era frequente. Esse saber era utilizado até
mesmo para estancar o sangue, picadas de cobras, entre outras doenças. Leopoldo, já muito doente, lhe passou os ensinamentos.
Hoje, aos 66 anos, dona Marina continua benzendo para vermes, quebrante,
rendidura, cobreiros e doenças da míngua. Marizete, sua filha, já faz benzeduras contra cobras e tormentas. Dona Marina diz que, no momento certo,
passará todos os seus saberes para essa filha, que já tem o dom.
Descrição / Observações Gerais:
Dona Marina começou a benzer em 1982. Ela recebe as pessoas em sua casa
e para cada benzedura o material utilizado é diferente: água, agulha, pano,
arruda, rosário, ramos verdes, linha, ovo, azeite e papel.
Bocaina do Sul
33
Bocaina do Sul
Saberes
Bocaina do Sul
Código
BDS-S-03
Denominação: Ferrador
Outras denominações frequentes: Casqueador de cavalos
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Marcio Jose Gambe Coelho
Histórico:
O avô de Márcio aprendeu com seus antepassados a ferrar os cascos dos animais
para que estes não se machucassem nas pedras. O pai, Erizon, desde novo praticou
essa atividade com a intenção de aumentar o desempenho dos animais em carreiras.
Com isso, acabou por se profissionalizar, pois, além de seus cavalos, arrumava as
ferraduras até mesmo dos cavalos adversários nas apostas.
Márcio tem muito orgulho em cultivar essa profissão e é muito procurado, principalmente em épocas de torneios e cavalgadas, atividades que faz questão de acompanhar levando as ferramentas e dando toda a manutenção ao trabalho realizado.
Descrição / Observações Gerais:
Apóia-se o casco do cavalo sobre o joelho do ferrador, dando início ao processo que
consiste em: limpar o casco com alegre, cortar com a torquês, aparelhar com a grosa,
arrumar a ferradura, pregar com os grampos, cortar as pontas dos grampos que sobram do outro lado do casco e lixá-lo, cortando o ferro.
Pode ser queimado com sebo de ovelha bem quente para matar fungos que causam
o enfraquecimento dos cascos.
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Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
BDS-S-04
Denominação: Forja
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Lucas Hemkemaier
Histórico:
Em 1949, o senhor Adolfo montou a primeira ferraria no município. Fabricava diversas peças, como roda de carreta, ferramentas em geral, marcador de
gado, soldas, ferraduras, entre outras.
Na época, o transporte era realizado com carretas, desencadeando grande
demanda de consertos e fabricações de peças.
Senhor Adolfo ensinou tudo o que sabia a seu filho José – conhecido como
“Zeca Ferreiro” –, que continuou os trabalhos que o pai fazia. Com o falecimento de seus pais, Zeca mudou a ferraria para perto de sua casa. Ele passou
alguns ensinamentos a seu filho Lucas, que produz apenas para o próprio
uso e de seus familiares.
Bocaina do Sul
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Bocaina do Sul
Saberes
Bocaina do Sul
Código
BDS-S-05
Denominação: Artesanato em vime
Região: Serrana
Município: Bocaina do Sul
Entrevistado(a): Leoni Walter Hinghaus
Histórico:
O saber tradicional foi adquirido por dona Leoni através de um curso ministrado aos produtores do município, que pretendia ensinar a transformar o
vime em artesanato para comercialização.
Através do repasse da técnica a seus filhos, observa-se a hereditariedade
desse saber.
Descrição / Observações Gerais:
36
Para tecer o vime, é necessário que ele fique na água por cerca de um dia
antes de ser trabalhado, pois se estiver seco ele quebra.
Para uma maior agilidade na fabricação, a base, atualmente em madeira,
substitui o trançado de vime.
Principais produtos: Cesta de café da manhã, cestos de roupas, fruteiras, entre outros.
Cadernos da Serra
Bom retiro
Bom Retiro
Bom Retiro
Data de fundação: 4 de outubro de 1922
População: 7.967 habitantes
Principais etnias: Italiana e alemã
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 134 km de
Florianópolis
Área: 1.057km²
Cidades próximas: Alfredo Wagner, Urubici,
Bocaina do Sul, Rio Rufino
História:
Bom Retiro
Os campos de Bom Retiro foram descobertos por volta de 1787, quando o
alferes Antônio Marques D’Arzão foi incumbido pelo governo de Desterro
(hoje Florianópolis) de abrir uma estrada ligando o litoral e o planalto, partindo de São José e chegando até Lages. As obras foram concluídas em 1790.
O nome Bom Retiro foi dado pelo próprio D’Arzão, que considerava a região
“um lugar calmo, um bom retiro”. A colonização do local, porém, foi lenta.
D’Arzão mandou seus escravos construírem um quartel e uma estrada de 6
km de extensão na localidade, mas o local foi abandonado e só muito tempo
depois a estrada foi reaberta. Bom Retiro foi elevado à categoria de município em 4 de outubro de 1922, durante o governo de Hercílio Luz.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
BRT-M-01
Denominação: Casa Grudtner
Localização: Estrada Geral – Localidade de
Entrada
Ano de construção: 1952
Região: Serrana
Município: Bom Retiro
Entrevistado(a): Elisiane Grudtner
Dados:
Foi construída por Samuel Grudtner em 1952, para abrigar uma família de
doze filhos. Grande parte do material utilizado na obra veio de Florianópolis
e cidades vizinhas. A equipe de construtores veio de Nova Trento para executar essa obra, mas ficaram mais alguns anos na cidade para construir as
casas dos irmãos de Samuel. Ao todo foram quatro residências, possuindo
as mesmas características arquitetônicas. Todas as peças de madeira, como
portas e janelas, foram confeccionadas no local da obra.
Bom Retiro
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Bom Retiro
Patrimônio Material
Bom Retiro
Código
BRT-M-02
Denominação: Casa Kuntze
Localização: Localidade de Entrada
Ano de construção: 1951
Região: Serrana
Município: Bom Retiro
Entrevistado(a): Louri Grudtner Kuntze
Dados:
A casa foi construída a pedido de Alberto Grudtner, por uma equipe de pedreiros vinda de Nova Trento para executar um total de quatro casas. O primeiro proprietário é pai da atual moradora.
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
BRT-M-03
Denominação: Museu Johann Deucher
Localização: Localidade de Entrada
Ano de construção: 1925
Região: Serrana
Município: Bom Retiro
Entrevistado(a): Dario Cesar de Lins
Dados:
Foi construída em 1925 com madeira de araucária (abundante na época)
para abrigar a família de um lojista da cidade. A casa possui dois pavimentos,
sendo a varanda protegida por guarda-corpo com elementos em madeira
trabalhada. Foi relocada em 2006 para o local atual para abrigar o Museu
que concentra a história dessa comunidade.
Bom Retiro
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Bom Retiro
Patrimônio Material
Bom Retiro
Código
BRT-M-04
Denominação: Igreja Senhor Bom Jesus
Localização: Localidade de Paraíso da Serra
Ano de construção: 1944
Região: Serrana
Município: Bom Retiro
Entrevistado(a): Assis Fernandes de Almeida
Dados:
Havia uma igreja menor no local, mas com o aumento de moradores viu-se
a necessidade de se construir uma que comportasse um maior número de
pessoas. O padre da época, que era alemão, chamava-se Reinaldo Luiz Hort
e projetou a igreja juntamente com o padre Adriano. A madeira da igreja,
de pinheiro brasileiro, foi doada pela comunidade – assim como a imagem
do Senhor Bom Jesus e o sino – e retirada em lua minguante para não afetar
sua qualidade. A construção também contou com a ajuda da comunidade. A
terraplanagem foi feita toda a mão.
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Cadernos da Serra
Identidades
Lugares
Código
BRT-L-01
Denominação: Santuário Nossa Senhora
Aparecida.
Região: Serrana
Município: Bom Retiro
Entrevistado(a): Fábio de Almeida
Histórico / Descrição:
No dia 28 de setembro de 2003, foi inaugurada a Livraria Nossa Senhora
do Perpétuo Socorro, loja de artigos religiosos localizada às margens da BR282, km 137, na localidade de Santa Clara, município de Bom Retiro.
Durante a solenidade o Padre Oldemar José Weber avistou um terreno e
pensou que este seria apropriado para a construção de um centro de peregrinação, um Santuário Mariano. Os proprietários das terras, José Antonio
Philippi e Benito Bertuzzi, ao saberem do interesse, decidiram doar à Mitra
Diocesana de Lages uma área de terra que se aproximava dos 7 hectares.
Bom Retiro
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Bom Retiro
Para se escolher o nome foi feita uma votação popular, no período de 15 de
maio a 16 de junho de 2004. Em 17 de junho, Dom Oneres Marchiori, em
visita pastoral à Paróquia, apresentou à comunidade o nome escolhido: Santuário Diocesano Nossa Senhora Aparecida.
Em 12 de outubro de 2004, aconteceu o lançamento da Pedra Fundamental
do Santuário, com uma grande festa que se repete anualmente.
Em abril de 2005, foi colocada, no alto do morro, a imagem do Pai Eterno.
Em novembro de 2006, durante a obra, o senhor Jair Philippi e sua esposa
Luiza foram até o Santuário e acharam que o local merecia um portal de entrada e um estacionamento. Decidiram então doar mais 5 hectares para a
realização dessas obras.
No dia 12 de outubro de 2007, com grande festa, foi entronizada no Santuário a réplica da imagem original, vinda do Santuário Nacional de Aparecida.
Observações Gerais / Curiosidades:
Bom Retiro
O projeto ainda não está concluído. Futuramente serão implantados casa de
eventos, gruta, praça de alimentação e altar para celebração de eventos campais.
Apesar de recente, o Santuário significa muito para a comunidade local e
demais fiéis de Nossa Senhora Aparecida.
A cada ano aumenta o número de visitantes, principalmente no dia da Santa
Padroeira.
Na semana que antecede o dia de Nossa Senhora Aparecida, acontece a Romaria ao Santuário.
O evento dura em torno de 4 dias com carreata, bênçãos, missas, procissão
luminosa, caminhada, cavalgada, almoço e homenagem a Nossa Senhora
Aparecida.
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Cadernos da Serra
Campo Belo
do Sul
Campo Belo
do Sul
Campo Belo do Sul
Data de fundação: 3 de dezembro de 1961
População: 8.051 habitantes
Principais etnias: Portuguesa e italiana
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 254 km de
Florianópolis
Área: 1.023 km²
Cidades próximas: Capão Alto, Cerro Negro,
Lages, Celso Ramos
História:
Campo Belo do Sul
A fundação da cidade data de 10 de maio de 1856, quando Campo Belo do
Sul era conhecida como Rincão dos Baguás, por ter sido ponto de parada de
tropeiros. Sua emancipação política ocorreu em 3 de dezembro de 1961.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
CBS-M-01
Denominação: Casa Antunes do Amaral
Localização: Quarteirão dos Butiás
Ano de construção: Por volta de 1910
Região: Serrana
Município: Campo Belo do Sul
Entrevistado(a): Osni Antunes do Amaral
Dados:
O atual morador comprou a casa em 1973 e mantém seu uso original como
residência. Detalhes em madeira podem ser vistos nos lambrequins dos beirais, no guarda-corpo, corrimão da escada e no forro, que possui esmerada
composição.
Campo Belo do Sul
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Campo Belo do Sul
Saberes
Campo Belo do Sul
Código
CBS-S-01
Denominação: Fabricação de laços
Região: Serrana
Município: Campo Belo do Sul
Entrevistado(a): Antônio da Silva Camargo
Histórico:
Seu Antônio aprendeu a fazer laços com seu pai e ensinou a seus filhos, que
o ajudam na fabricação diária.
Descrição / Observações Gerais:
Modo de fazer:
1° tirar o pelo do couro, lavar e colocar pra secar em estacas;
2° depois de seco vai para a água novamente, para amolecer e poder ser cortado;
3° fazer uma única tira, que segue em círculo até chegar ao centro do couro;
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Cadernos da Serra
Identidades
4º descarne do couro (tirar a carne que ainda resta). Esse procedimento é
realizado duas vezes;
5º desflorar: tirar todo o pelo do couro;
6º desquinar: emparelhar o couro na largura do “tento” (aparelho utilizado
para deixar as tiras na mesma largura);
7º colocar no estaleiro para secar novamente;
8º depois de seco cortar o couro no tamanho ideal para cada laço, sendo o
padrão 18 metros de comprimento;
9° embonecar: existe uma máquina simples em que são feitas “bonecas” que
facilitam na hora de trançar o laço;
10º trançar o laço com as “bonecas” de couro e está pronto para ser comercializado.
Os laços são fabricados no porão da casa.
Campo Belo do Sul
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Campo Belo do Sul
Lugares
Campo Belo do Sul
Código
CBS-L-01
Denominação: Poço de João Maria
Região: Serrana
Município: Campo Belo do Sul
Entrevistado(a): Nildete Aparecida da Silva
Histórico / Descrição:
Há mais ou menos 100 anos, João Maria acampou alguns dias no local e plantou uma árvore.
No local, em cima do poço de madeira, foi construída uma capela doada por
um fiel como pagamento de promessa.
Observações Gerais / Curiosidades:
No poço de João Maria acontecem procissões, batizados, missas, reza de terços antigos e visita de muitos fiéis.
Todo dia 15 de setembro as pessoas saem de suas casas com destino ao Poço
de João Maria e rezam em sua homenagem.
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Cadernos da Serra
Capão Alto
Capão Alto
Capão Alto
Data de fundação: 29 de setembro de 1994
População: 3.020 habitantes
Principais etnias: Indígena
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages
Área: 1.350 km²
Cidades próximas: Campo Belo do Sul, Lages
História:
Capão Alto
Os primeiros colonizadores, italianos e turcos, procedentes do Rio Grande
do Sul, chegaram por volta de 1899, juntando-se aos nativos, de origem indígena. Em 7 de janeiro de 1899 foi criado o distrito, que se emancipou de
Lages em 29 de setembro de 1994.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
CPT-M-02
Denominação: Casa Camargo
Localização: Estrada Geral Capão Alto – Santa Terezinha
Ano de construção: 1899
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Lélia Arruda de Camargo
Capão Alto
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Capão Alto
Capão Alto
Dados:
A casa foi construída pelo senhor José há aproximadamente 180 anos. Há 36
anos pertence à família da atual proprietária. Já foi utilizada como pousada,
mas, atualmente, mantém uso residencial.
A edificação com embasamento em pedra foi inteiramente executada em madeira e possui elementos decorativos em volta de suas janelas. Possui portas
trabalhadas em madeira, frontão com varanda central e pinturas decorativas
internas.
54
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
CPT-M-04
Denominação: Casa Santos
Localização: Estrada Geral de Piurras – localidade de Piurras
Ano de construção: 1930
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Elizete Maria dos Santos
Dados:
A casa foi construída na década de 1930 pelo senhor Tibúrcio. Era abastecida por energia elétrica gerada por meio de roda d’água, tendo sido uma
das primeiras propriedades a ter rádio na voltagem 110. Não havia água encanada no local. A família trouxe a água até a propriedade através de uma
vala coberta com pedra, que chegava até um coxo feito de araucária com dois
reservatórios onde havia uma bica feita de madeira.
Capão Alto
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Capão Alto
Saberes
Capão Alto
Código
CPT-S-01
Denominação: Sabão Caseiro
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Eva de Fátima dos Santos
Bróquer
Histórico:
Dona Eva produz o sabão caseiro para o consumo de sua família, por considerá-lo mais barato e de melhor qualidade que o sabão comercial. Ela aprendeu na adolescência com sua mãe, que aprendeu com sua avó, e já repassou
para suas filhas.
Descrição / Observações Gerais:
Ela utiliza sebo, água, restos de miúdo de porco e soda.
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Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPT-S-02
Denominação: Rédea
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Hélio da Silva
Histórico:
Seu Hélio aprendeu a técnica há 35 anos em Campo Belo do Sul com seu
primo João, grande produtor de rédeas. Mantém a produção como meio de
aumentar sua renda.
Descrição / Observações Gerais:
Seu Hélio utiliza oito fios de lã pra trançar a rédea, quatro de uma cor e quatro de outra. Os fios devem ser bem puxados com a mão para que a rédea
fique bem bonita e forte.
Capão Alto
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Capão Alto
Saberes
Capão Alto
Código
CPT-S-03
Denominação: Virado de Feijão
Outras denominações frequentes: Revirado
de Feijão
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Salete Lima da Silva
Histórico:
Dona Salete diz que aprendeu com a sua avó, que fazia para seu esposo, que
era tropeiro e tinha necessidade de uma alimentação reforçada.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Feijão, banha de porco, cebola, alho, cebola de verde, salsinha, torresmo, farinha de milho e sal a gosto.
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Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPT-S-04
Denominação: Compota
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Maria Candido Pagliosi
Histórico:
Maria diz que aprendeu a fazer com sua mãe, que fazia coleção de compotas
e conservas e possuía em torno de 480 vidros decorados de chuchu, pêssego,
figo, abóbora, laranja.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Figo, açúcar cristal, canela, cravo-da-índia e baunilha.
Modo de fazer:
Para descascar o figo, deve-se cozinhar por quarenta minutos, deixar esfriar
e colocar no freezer. Depois de três dias, colocar debaixo da água corrente e
puxar a sua casca.
Capão Alto
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Capão Alto
Saberes
Capão Alto
Código
CPT-S-05
Denominação: Paçoca de pinhão
Outras denominações frequentes: Paçoca de
Pinhão no Pilão
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Vanderli H. Madruga
Histórico:
Vanderli Madruga conta que seus avós e seu pai eram tropeiros, dirigindo
rebanhos de gado e levando bens dessa região para São Paulo para comercializar.
Parte integrante da alimentação tropeira, a paçoca feita no pilão era uma
comida caseira nutritiva. Vanderli aprendeu a fazê-la com o pai, e pretende
passar a tradição para toda sua família.
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Cadernos da Serra
Identidades
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Charque “demolhado” e aferventado, manteiga, cebola picada, alho amassado, pimenta malagueta farinha de mandioca torrada, pinhão cortado ao
meio.
Modo de fazer:
Escorrer o charque e cortar em pedaços pequenos. Em uma frigideira, colocar manteiga, aquecer em fogo médio, juntar os pedaços de charque, fritar,
mexendo até ficarem dourados. Adicionar cebola, alho, pimenta, refogar até
a cebola começar a dourar. Tirar do fogo, juntar farinha de mandioca e misturar bem.
No processador de alimentos, colocar 1/4 da mistura, bater até obter uma
farofa de textura fina, com o charque bem triturado e incorporado à farinha.
Tirar do processador, colocar em uma tigela e fazer o mesmo com o restante
da mistura até preparar toda a paçoca.
Dicas:
Para “demolhar” o charque, na véspera colocar em uma tigela grande, juntar
bastante água fria e deixar de molho. No dia seguinte, escorrer a água, colocar a carne em uma panela, juntar água fria, levar ao fogo alto, deixar ferver,
escorrer a água, verificar se o excesso de sal foi eliminado. Se a carne ainda
estiver salgada, aferventar novamente até eliminar o sal, retirar do fogo e
escorrer.
Tradicionalmente a paçoca é preparada num pilão grande, socando-se a mistura de charque e farinha de mandioca com uma mão de pilão, até a carne
ficar completamente triturada. Nesse caso, depois de aquecer a manteiga,
juntar cebola, alho, charque e fritar até a mistura ficar bem homogênea. Retirar do fogo, colocar em um pilão, acrescentando farinha de mandioca aos
poucos, até o charque ficar bem incorporado à farinha. Retirar do pilão e
passar para o prato de servir.
Capão Alto
61
Capão Alto
Saberes
Código
CPT-S-06
Denominação: Queijo Colonial
Outras denominações frequentes: Queijadinha
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Elizete Maria dos Santos
Capão Alto
Histórico:
Feito artesanalmente principalmente nas áreas rurais, esse queijo possui baixo custo
de produção em razão de seu processo simples de manufatura.
Elizete tem o objetivo de ensinar seus familiares a fazer o queijo colonial, repassando
o saber que aprendeu com sua mãe.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Leite, sal e coalho caseiro.
Modo de fazer:
Colocar o leite e o sal em uma panela de alumínio para misturar bem. Acrescentar o
coalho e deixar descansar por uma hora.
Cortar o queijo em pedacinhos, escaldar o queijo com a água fervente e escorrer o
soro e a água do queijo. Em seguida, escaldar novamente com mais água fervente. Colocar na caixinha/escorredor e deixar entre 4 a 5 horas em descanso (escorrendo).
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O processo de cura leva cerca de 2 a 3 dias quando o tempo está bom (seco e de sol),
mas pode levar de 8 a 10 dias quando está chuvoso/úmido.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPT-S-07
Denominação: Bolo de coalhada
Região: Serrana
Município: Capão Alto
Entrevistado(a): Suzana Aparecida de Jesus
Histórico:
Dona Suzana aprendeu a fazer o bolo de coalhada com sua mãe, dona Maria Conceição Madruga, quando era criança, e pretende ensinar para seus
filhos.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Leite, sal, azeite, ovos, coalhada e polvilho azedo.
Modo de fazer:
Bater os ingredientes, untar e levar para assar.
Capão Alto
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Cerro Negro
Cerro Negro
Cerro Negro
Data de fundação: 26 de setembro de 1991
População: 4.098 habitantes
Principais etnias: Italiana
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 278 km de Florianópolis
Área: 418 km²
Cidades próximas: Capão Alto, Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul, Abdon Batista
História:
Cerro Negro
O município foi colonizado a partir de 1880, quando os primeiros imigrantes
italianos fundaram a Freguesia de São Francisco do Cerro Negro. Dois montes gêmeos, cercados por matas exuberantes e que projetavam sobre eles
enormes sombras escuras, deram origem ao nome. O distrito de Cerro Negro
foi criado em 6 de julho de 1916 e instalado em 16 de janeiro de 1919. Em 26
de setembro de 1991 obteve sua emancipação política.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
CEN-M-01
Denominação: Casa Brunetta
Localização: Localidade de Tanque, perto da
Igreja Senhor Bom Jesus
Ano de construção: 1954
Região: Serrana
Município: Cerro Negro
Entrevistado(a): Inês Faustina Gasperin
Brunetta
Dados:
Dona Inês e seu falecido marido construíram a casa 15 anos após se casarem.
Ela mora na casa desde sua construção, em 1954. O imóvel possui estrutura
e divisórias de madeira com cobertura de telhas cerâmicas. Foram feitas algumas alterações posteriores no imóvel, como a construção de uma varanda
nos fundos e de um banheiro do lado de fora da casa.
Cerro Negro
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Cerro Negro
Patrimônio Material
Cerro Negro
Código
CEN-M-02
Denominação: Igreja Senhor Bom Jesus
Localização: Localidade de Tanque
Ano de construção: 1924
Região: Serrana
Município: Cerro Negro
Entrevistado(a): Sebastião Antunes de
Castro
Dados:
No local onde está a Igreja Senhor Bom Jesus havia outra igreja que foi desmanchada. A madeira utilizada para a construção dessa igreja foi doada pela
comunidade, serrada na serraria dos Brunetta e beneficiada em Celso Ramos. A madeira foi transportada por carretas puxadas por quatro cavalos. A
imagem do Senhor Bom Jesus veio de trem até Joaçaba e chegou à localidade
de cargueiro (animal utilizado para o transporte de cargas). Para equilibrar o
peso no transporte, foram colocadas pedras no outro cesto do cargueiro.
O que torna essa edificação importante na localidade é o fato de a própria
comunidade ter colaborado na construção, doando a madeira, cortando os
pinheiros e conservando-a.
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Cadernos da Serra
Identidades
Celebrações
Código
CEN-C-01
Denominação: Corrida de Boi Carreiro
Região: Serrana
Município: Cerro Negro
Entrevistado(a): João Noelmi Pucci Delfes
Histórico / Descrição:
No inicio da colonização, a principal atividade econômica era: a criação de
gado bovino, muar e cavalar, surgindo as tropeadas para o transporte dos
rebanhos.
Neste momento surgiu o adestramento de animais para montarias e condução de carretas para o transporte de mercadorias. Com isso vieram as
disputas pelos melhores animais, tanto para corridas como para animais de
carga.
Uma mula de cargueiro transportava em média 100 kg em grandes viagens,
como de Cerro Negro a São Paulo, que durava em média 60 dias (ida e volta).
A carreta em geral tinha capacidade de 100 arrobas (1500 kg) e era puxada
por três juntas de bois (seis bois carreiros).
Por volta de 1900, os fazendeiros que em Cerro Negro moravam iniciaram
as corridas e montarias em animais xucros ou mal domados. Tal atividade
passou a servir de lazer nos finais de semana, surgindo apostas em laçada de
Cerro Negro
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Cerro Negro
Cerro Negro
boi pelo chifre. Os torneios de laço e as montarias em animais mal domados
ou de difícil adestramento são práticas difundidas até hoje nos rodeios e nas
festas culturais.
As corridas ou carreiras tiveram início com cavalos, utilizando os mais velozes. As raias eram construídas em retas com um bom nível de chão e em média com 500 metros de comprimento. Muitas corridas eram realizadas em
duas quadras (264 metros) com animais de menor resistência para corrida.
As corridas eram documentadas através de contratos que continham: valor
da aposta, metragem a ser percorrida, peso do jóquei e forma da largada do
partidor (no baixar de uma bandeira, tiro para o alto, saída combinada entre
os jóqueis). Eram sorteados os trilhos (no sistema cara e coroa de uma moeda) tendo dois julgadores, que ficavam na estaca no final da reta demarcada
para definir quem ganhava a carreira. Outra regra importante era a aplicação
de uma multa, caso o animal não fosse “enfrenado” para correr, penalidade
de 50% do valor da aposta.
Após as grandes corridas contratadas com antecedência, surgiam as corridas
dos animais não preparados para correr. Eram formadas duplas e trios e no
mesmo momento enfrenavam para correr. Era dada a largada e vencia quem
chegasse primeiro no final da reta. Corriam mulas e até carros de bois nos
finais de tarde.
Como na época não existiam outras atrações, nos dias de carreiradas, famílias
inteiras iam assistir, a cavalo, de carreta e até de carro de boi. Chegavam pela
manhã para aproveitar o dia, conversavam com amigos e compartilhavam o
revirado de galinha, os pastéis e a paçoca de charque, sempre acompanhados
de cachaça. Nesses espaços de tempo surgiam as provocações e discussões
para amarrar outras corridas, que aconteciam geralmente no mesmo dia
após os grandes páreos.
As corridas reuniam cerca de mil pessoas. Conforme a data e o local das corridas (grandes apostas eram realizadas) vinham pessoas de várias localidades, hoje municípios como: Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Capão Alto e
Anita Garibaldi.
Por um longo período, essas atrações foram esquecidas. A partir da década
de 80 as corridas de cavalos, foram retomadas com animais de puro sangue,
como o cavalo inglês, próprio para corridas.
As corridas são realizadas nas festas do município por ocasião do aniversário de emancipação, todos os anos no mês de setembro.
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Cadernos da Serra
Identidades
Observações Gerais / Curiosidades:
Estes são alguns locais e proprietários das raias que existiram em Cerro Negro:
Raia do pinheirinho; proximidades da sede do município, proprietário, Arlindo Ubaldo e Antenor Ubaldo. In memoriam.
Raia do Laureano; localidade de Linda Vista, proprietário, Laureano Martins.
In memoriam.
Raia do Lauro; localidade de Sagrado Coração de Jesus, proprietário, Lauro
Ramos. In memoriam.
Raia da Santinha; localidade São Jorge, proprietário, Sinsinato Martins. In
memoriam.
Raia do Detoffol; localidade de Detoffol, proprietário, João Martins. In memoriam.
Raia do lagoão; proximidades da sede do município, proprietário Francisco
pinheiro de Godoi hoje, família Pucci.
Raia da Laide; localidade de Serrinha, proprietária da época, Laide Waldrigues Varela. In memoriam.
Raia do Laco Borge, localidade de Amandios, proprietário Aparício Borges
do Amaral, hoje Sebastião Boeira de Godói.
Raia do Tanque; localidade de Tanque, proprietário Julio Madruga da Silva.
In memoriam.
Raia dos Fernandes; localidade Rincão do Tanque, proprietário Jose Vitorino
Fernandes. In memoriam.
Cerro Negro
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Cerro Negro
Lugares
Cerro Negro
Código
CEN-L-01
Denominação: Gruta Nove de Maio das
Águas
Região: Serrana
Município: Cerro Negro
Entrevistado(a): Sebastião Antunes de
Castro
Histórico / Descrição:
No local existe um paredão de pedra onde o profeta João Maria começou a
visitar durante a Semana Santa. Conta-se que o profeta abençoou o local e
desde então a nascente passou a ser milagrosa.
Em 9 de maio de 1900 foi construída uma gruta.
Observações Gerais / Curiosidades:
Todos os anos, na Sexta-feira Santa são feitas procissões até a gruta Nove
de Maio, para rezar aos pés das imagens de Nossa Senhora Aparecida e do
profeta João Maria.
No local existe uma queda d’água, tipo bica, com pouca água, onde, segundo
a crença do povo local, para quem não tem fé ou tem muitos pecados a água
não cai, e para quem tem fé ela pinga.
72
Cadernos da Serra
Identidades
Lugares
Código
CEN-L-02
Denominação: Gruta Linda Vista
Região: Serrana
Município: Cerro Negro
Entrevistado(a): Julia Costa Pereira
Histórico / Descrição:
Há cerca de 50 anos, um rapaz chamado Orli começou a dizer que estava
vendo a imagem de Nossa Senhora Aparecida em um dos galhos do pinheiro.
No início não acreditavam nele, até que outras pessoas passaram também a
ver a imagem da Santa, inclusive a entrevistada, senhora Julia, quando tinha
34 anos.
A partir de então muitas pessoas começaram a fazer romaria ao local e a
receber graças, deixando lá retratos, alianças, cabeças, pernas e braços feitos
de cera, chaves de casa e outros.
A última aparição da imagem da Santa foi em 1992 para Alisson Pereira Martins, que na época tinha dois anos de idade.
A fé da comunidade de Linda Vista em Nossa Senhora Aparecida chega ao
ponto de acreditarem mais nos poderes da Santa do que nos médicos.
Cerro Negro
73
Cerro Negro
A romaria em honra a Nossa Senhora Aparecida, à Gruta de Linda Vista, a
cada ano tem chamado a atenção pelo número de fiéis, que vão até o local
para rezar e pedir graças à Padroeira do Brasil.
No dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, fiéis fazem uma caminhada, saindo pela manhã do centro da cidade, com destino à gruta, num
trajeto de chão batido, de aproximadamente oito quilômetros.
Observações Gerais / Curiosidades:
Cerro Negro
A entrevistada contou a história de dois amigos que saíram para caçar e um
deles disse ao outro que ali naquele pinheiro corriam boatos de que a imagem
de Nossa Senhora Aparecida costumava aparecer. O amigo, nesse momento,
deu tiros em direção à árvore, para mostrar que não passava de crendice do
povo. E o rapaz que contava a história prosseguiu, dizendo que na verdade
era em um galho específico que a imagem surgia e foi até lá e cortou o galho
do pinheiro. Pouco tempo depois, os rapazes faleceram de causas desconhecidas até hoje. Tinham os rapazes em torno de 18 anos de idade.
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Cadernos da Serra
Correia Pinto
Correia Pinto
Correia Pinto
Data de fundação: 10 de maio de 1982
População: 17.026 habitantes
Principais etnias: Portuguesa
Localização: Planalto serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 225 km de Florianópolis
Área: 623 km²
Cidades próximas: Lages, Ponte Alta, Otacílio
Costa
História:
Correia Pinto
Em 1766, Antônio Correia Pinto de Macedo chegou à região dos Campos de
Lages e estabeleceu-se nas proximidades do Rio Canoas. Desse povoado surgiriam mais tarde Lages e o distrito de Correia Pinto. Alguns anos depois,
tudo o que tinha sido construído por Pinto de Macedo foi destruído por uma
enchente, fazendo com que o desbravador partisse. O arraial, porém, não foi
abandonado – Correia Pinto deixou ali famílias de sua confiança, com o objetivo de povoar e desenvolver as terras. Em 1920, Antonio Laureano Ramos
decretou que a vila passaria a distrito, com a denominação de Correia Pinto,
tendo como sede o povoado de Bom Jesus de Canoas, atual localidade de
Correia Pinto Velho.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
CPI-M-04
Denominação: Cemitério Nossa Senhora
Aparecida (Ponte Canoas)
Localização: Bairro de Nossa Senhora Aparecida – Ponte Canoas
Ano de construção: 1912 – lápide mais antiga
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Fonte: RIBEIRO, Celso Rogério Alves. A história do município de Correia Pinto. Florianópolis: Lunardelli, 2004 / Dados da Secretaria de Obras.
Dados:
Neste cemitério encontra-se a sepultura com registro de falecimento mais
antigo, remanescente do primeiro povoado à beira do Rio Canoas, oriundo
das famílias que acompanhavam o bandeirante Antonio Correia Pinto. Ali
estão também muitos antepassados, cujos familiares ainda residem no município.
Correia Pinto
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Correia Pinto
Patrimônio Material
Correia Pinto
Código
CPI-M-05
Denominação: Capela São Sebastião e São
Bom Jesus
Localização: Antiga estrada que liga Curitibanos a Lages, BR-116 - Correia Pinto Velho
Ano de construção: 1921
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Entrevistado(a): João Osni Correa
Dados:
A história da capela está ligada à própria história de Lages e Correia Pinto
Velho. A primeira capela foi fundada em 1766, próxima ao Rio Canoas, mas
acabou destruída por uma forte enchente. A segunda capela, que servia também de pouso para os tropeiros, foi queimada. Comenta-se que teria sido
amaldiçoada pelo Monge João Maria em 1895, por ter sido mal recebido pelos cristãos do local, que não acreditavam em sua pregação. Segundo o monge, o local voltaria a ser curral de gado, o que de fato foi por muito tempo.
Hoje está reflorestado. A terceira capela foi inaugurada no então Distrito de
Correia Pinto, em 1921.
Executada inteiramente em madeira, possui janelas nas laterais de toda a
nave, bem como pequena porta de acesso na lateral esquerda, cobertura em
telha francesa e esquadrias em madeira.
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
CPI-M-06
Denominação: Cemitério de Correia Pinto
Velho
Localização: Correia Pinto Velho
Ano de construção: 1919 – lápide mais antiga
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Fonte: RIBEIRO, Celso Rogério Alves. A história do município de Correia Pinto. Florianópolis: Lunardelli, 2004. Dados da Secretaria de
Obras.
Dados:
No cemitério de Correia Pinto Velho, encontram-se várias lápides dos fundadores do então Distrito como: o primeiro Juiz de Paz, o primeiro comerciante, o primeiro madeireiro, o Capitão da Guarda Nacional e os primeiros habitantes do povoado. A sepultura mais antiga data de 19 de janeiro de 1919.
As lápides antigas são esculpidas em pedra ricamente adornadas e possuem
esculturas do mesmo material.
Correia Pinto
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Correia Pinto
Patrimônio Material
Correia Pinto
Código
CPI-M-07
Denominação: Estação Ferroviária
Localização: Tronco Principal Sul km 628
Ano de construção: 1965
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br
Dados:
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A estação de Correia Pinto foi inaugurada em 1965 no trecho Lombas-Lages,
integrante das linhas que vinham de Itapeva via Pinhalzinho e Ponta Grossa,
conhecido como Tronco Principal Sul.
O nome da estação homenageia o fundador da cidade de Lages. A linha existente fazia tanto o transporte de carga quanto o de passageiros.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPI-S-01
Denominação: Coberta de lã
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Entrevistado(a): Elza Rodrigues Piola
Histórico:
A confecção das cobertas de lã de ovelha, a forma de costurar, e desfiar a lã,
vem passando de geração em geração, só que com o passar dos anos esse
costume estava se perdendo.
Com a oportunidade de fazer, no ano de 1990, um curso de capacitação no
Centro de Formação em São Joaquim, 18 professores do interior da Rede MuCorreia Pinto
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Correia Pinto
Correia Pinto
nicipal passaram uma semana aprendendo: tripa de mico, mini-tear, como
fazer acolchoados e outras técnicas.
A partir desse curso dona Elza iniciou o trabalho com os alunos da escola.
Começou com a observação da tosa da ovelha, que geralmente é feita no mês
de outubro, passando à lavação manual, que era feita no rio próximo à escola
(algumas mães ajudavam), depois desfiavam e enrolavam os fios em um enrolador de fumo doado por um senhor da comunidade, onde faziam fios para
confeccionar pequenos tapetes nos teares. Aprenderam também a tingir os
fios com produtos que possuíam, como beterraba e folha de São João. Com
o passar do tempo começaram a fazer as cobertas. A partir daí, as mães se
envolveram nesse projeto e começaram a se reunir quinzenalmente, através
da Associação de Mulheres Agricultoras do Sítio Velho, para lavar, desfiar,
costurar a mão os acolchoados (hoje já adquiriram máquinas de costura),
orientar e conversar.
Grande parte dos acolchoados confeccionados é doada para pessoas carentes.
A técnica de fazer coberta de lã é antiga e tradicional na região serrana. Embora a senhora Elza tenha aprendido em um curso, vale o registro da tradição de fazer a coberta de lã, onde o processo de lavar e costurar é o mesmo.
Atualmente existe a praticidade dos equipamentos, embora o processo continue sendo manual.
Descrição / Observações gerais:
São utilizados:
Lã de ovelha, linha, tecido, agulha
82
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPI-S-02
Denominação: Café Tropeiro
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Entrevistado(a): Zenita Terezinha Pereira e
Alexssandra Pereira
Histórico:
Essa é uma receita muito utilizada por tropeiros e tradicionalistas. Como na
época não existia coador de café, a água era fervida na chaleira de ferro no
fogo de chão e o café colocado em seguida. Depois de adoçado, retirava-se o
café do fogo, deixando descansar por 20 minutos antes de servir. Quem nos
ensina é dona Zenita, casada com o senhor Zé Bastos, filho de um tropeiro
muito conhecido no município: Sebastião Figueiredo Pereira, mais conhecido como Sebastião Bastos.
Correia Pinto
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Correia Pinto
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Pó de café (feito no pilão de casa), água e açúcar.
Modo de fazer original:
Ferver a água em chaleira de ferro no fogo de chão. Após ferver, colocar o café
e o açúcar e retirar do fogo deixando descansar por 20 minutos.
Modo de fazer adaptado:
Pó de café industrializado. Atualmente usa-se o coador para filtrar o pó de
café.
Correia Pinto
Pode ser servido com:
Bolo frito de fubá: fubá fino, ovo, açúcar, sal, fermento em pó, farinha de trigo
e leite. Fritar no óleo;
Bolo simples: farinha de trigo, ovo, água e sal. Fritar no óleo;
Orelha de gato: leite, fermento em pó farinha de trigo, ovo, fritar e depois
passar no açúcar refinado;
Bolo de polvilho: leite coalhado, sal, ovo, polvilho azedo enrolado em forma
de rosca e assado;
Pão de milho: fubá, água morna, fermento de pão, açúcar, banha, sal, farinha
de trigo;
Chimia de leite: deixar o leite azedar, tirar o soro, colocar sal e mexer levemente. Servir com pão acompanhado de queijo colonial, mel e outros.
O café tropeiro é servido na Semana Farroupilha, uma festividade que lembra a história da Guerra dos Farrapos, que durou dez anos e construiu a memória do município com suas tradições. Durante a festa, a cavalgada que os
cavaleiros fazem nas ruas da cidade relembra as longas cavalgadas dos tropeiros, assim como as rodas de chimarrão que as tropas faziam planejando
suas estratégias de caminhada, de guerra, onde todos se reuniam.
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Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPI-S-03
Denominação: Feijão Tropeiro
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Entrevistado(a): Zenita Teresinha Pereira e
Gisele
Histórico:
Essa receita vem sendo passada de geração em geração. Era um prato muito
utilizado pelos tropeiros em suas longas viagens com as tropas, que levavam
mantimentos, rebanhos e outros. Os mantimentos, produzidos em suas propriedades ou localidades, eram carregados sobre as mulas e, não podiam ser
perecíveis.
Quando os tropeiros paravam à noite para descansar e se alimentar, deixavam uma panela de ferro sobre o fogo de chão cozinhando o feijão preto para
o dia seguinte. Pela manhã, acrescentavam cebola, cebola verde, toucinho
de porca, manjerona, farinha de mandioca, banha, alho e sal. Era a primeira
refeição do dia, servido com café tropeiro, pão de milho e bolo de fubá.
Correia Pinto
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Correia Pinto
Ainda é consumido por pessoas que trabalham em serviço pesado e servido
em festas típicas, cavalgadas e sesteadas, onde se conserva a tradição tropeira.
Descrição / Observações gerais:
Ingredientes:
Feijão preto, cebola de cabeça, toucinho de porca (pois o de porco, quando
o animal não é castrado, conhecido como “cachaço”, exala um odor forte),
manjerona, farinha de mandioca, banha, alho e sal.
Modo de fazer original:
Deixar sobre o fogo de chão em uma panela de ferro à noite para cozinhar.
No dia seguinte, misturar os temperos e a farinha de mandioca no feijão já
cozido. O tempo de preparo é de cerca de 3 horas.
Correia Pinto
Modo de fazer adaptado:
Atualmente é feito o feijão mexido, que leva menos ingredientes (apenas feijão, temperos e farinha). Não é cozido em panela de ferro nem em fogo de
chão.
O modo de fazer original é seguido apenas nos torneios de laço e festas típicas da região, ou em encontros de tradicionalistas.
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Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
CPI-S-04
Denominação: Carreteiro
Região: Serrana
Município: Correia Pinto
Entrevistado(a): Zenita Teresinha Pereira e
Alexssandra Pereira
Histórico:
Esse é mais um prato típico utilizado por tradicionalistas e tropeiros. A receita vem passando de geração em geração, desde a forma de conservar a carne,
para não estragar durante as longas viagens, até o seu preparo.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Carne defumada e salgada (charque), arroz, cebola, tempero verde, alho e
banha de porco.
Correia Pinto
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Correia Pinto
Modo de fazer original:
Cortar o charque em pequenos pedaços e colocar de molho em água fria
no tacho (sobre uma trempe no fogo de chão). Pôr para amornar. Quando
aquecida, trocar de água e repetir esse processo por três vezes. Depois, voltar ao fogo de chão e deixar fritar na banha de porco junto com os temperos
verdes, cebola e alho. Depois de frito, colocar arroz e água suficiente para
cozinhá-lo.
O principal segredo deste prato é o cuidado que se deve ter com a carne
salgada e defumada (charque), que deve ser cortada em pequenos pedaços
e colocada de molho em água fria num tacho.
Correia Pinto
Modo de fazer adaptado:
Quando se prepara em casa (pequenas porções), não se utiliza a trempe (estrutura de ferro aonde vai o tacho, no fogo de chão), e sim o fogão a gás ou à
lenha com uma panela comum.
Este prato é servido com salada de repolho, pão caseiro e vinho.
Nas festas típicas do município, são utilizados todos os utensílios tradicionais para fazer o carreteiro, como a trempe, o fogo de chão e o tacho.
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Cadernos da Serra
Lages
Lages
Lages
Data de fundação: 22 de novembro de 1776
População: 160 mil habitantes
Principais etnias: Italiana e alemã
Localização: Planalto Serrano, a 223 km de
Florianópolis
Área: 2.645 km²
Cidades próximas: São Joaquim, Bom Retiro,
Otacílio Costa, Urupema, Correia Pinto
História:
Lages
Em 1766, o governador da Capitania de São Paulo – antiga proprietária da
região – incumbiu o bandeirante Correia Pinto de fundar um povoado. A
localidade devia servir como defesa contra a invasão dos castelhanos que
cobiçavam as terras, ao mesmo tempo que oferecia proteção aos tropeiros
e viajantes que cruzavam o Planalto Serrano transportando gado do Rio
Grande do Sul para São Paulo. A fundação do povoado de Nossa Senhora dos
Prazeres dos Campos das Lajes foi oficializada em 22 de novembro de 1766.
Em maio de 1771, a povoação foi elevada à categoria de vila, permanecendo
assim até 1820, quando foi desanexada de São Paulo e passou a fazer parte
de Santa Catarina. O antigo nome só foi substituído por Lages em 1960.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
LGS-M-02
Denominação: Igreja e Convento Franciscano São José do Patrocínio
Localização: Rua Marechal Deodoro, Centro
Ano de construção: 1915
Região: Serrana
Município: Lages
Fonte e Entrevistado(a): Mitra Diocesana de
Lages e Paulo Derengoski
Dados:
A história do Convento teve início pelos padres franciscanos com a construção de um conjunto de prédios. Após um ano agregou-se a este uma capela.
A porta principal da capela tem formato de arco ogival e foi feita em madeira
entalhada com desenhos assimétricos. Este conjunto é considerado o mais
importante marco em alvenaria de tijolos aparentes do Planalto Serrano,
com linhas construtivas de influência neo-gótica.
Lages
91
Lages
Patrimônio Material
Lages
Código
LGS-M-06
Denominação: Casa da Antiga Cúria Diocesana
Localização: Praça João Ribeiro, Centro
Ano de construção: Década de1950
Região: Serrana
Município: Lages
Fonte: FCL – DPHC – SEPLAN – MTC – Mitra
diocesana de Lages
Dados:
Com uma arquitetura de referência na região, destaca-se por sua estrutura
e pelos materiais utilizados. Atualmente tem uso institucional, no entanto,
originalmente, o edifício foi construído para ser o centro administrativo e
receber reuniões do clero. Em 1966, serviu como sede para coordenação da
Igreja Católica e sua secretaria. Em 1969 funcionou como sede da recémfundada Caritas.
92
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
LGS-M-07
Denominação: Farmácia América
Localização: Rua Nereu Ramos, Centro
Ano de construção: 1916
Região: Serrana
Município: Lages
Fonte: FCL – DPHC – SEPLAN – MTC
Dados:
Construída no ano de 1916 por Arlindo Silva e, posteriormente, comprada
por Manoel Thiago de Castro, esta casa era dividida em residência e loja. Na
década de 60, foi ocupada apenas por estabelecimentos comerciais, sendo
dividida em Farmácia e Bar. Estes estabelecimentos se tornaram ponto de
referência na cidade: a Farmácia América e o Bar Marroquinhos – fazendo
parte da história e marcando toda uma geração.
Lages
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Lages
Patrimônio Material
Lages
Código
LGS-M-08
Denominação: Casarão Juca Antunes
Localização: Rua Coronel Cordova / Rua
Benjamin Constant
Ano de construção: 1870
Região: Serrana
Município: Lages
Fonte: FCL – DPHC – SEPLAN – MTC
Dados:
Construída por volta de 1870, na esquina da Rua Coronel Córdova com Benjamin Constant, consiste em um dos últimos exemplares da tipologia arquitetônica que predominou em Lages até o início do século XX. Foi residência
do Coronel Juca Antunes Lima, filho de uma família de origem portuguesa
que vivia em Lages. Na segunda metade do século XVIII, fazendeiro e líder
influente com importante participação na História.
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Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
LGS-M-09
Denominação: Mercado Público Municipal
de Lages
Localização: Rua Hercílio Luz, Centro
Ano de construção: 1940
Região: Serrana
Município: Lages
Fonte: FCL – SEPLAN – MTHC
Dados:
No ano de 1940, na área periférica, iniciou-se uma ação de remodelação e
embelezamento da cidade. Havia também a necessidade de se abrigar o mercado em um espaço maior. A construção do novo mercado foi saudada como
uma medida modernizadora da cidade e, não por acaso, foi escolhido o estilo
art déco para a edificação, como espaço de comércio coberto e fechado, divido em bancadas e estandes fixos.
Lages
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Lages
Saberes
Código
LGS-S-01
Denominação: Laço
Região: Serrana
Município: Lages
Entrevistado(a): Ademir Barbosa
Histórico:
Lages
O laço está ligado às atividades nas fazendas e manejo do gado, sendo a confecção deste uma atividade masculina. Quem trança o laço domina todas as
fases de produção, desde a secagem ao corte do couro.
Assim, o que antigamente era produzido para o consumo próprio, num processo de aprendizagem cuja escola era o cotidiano, transformou-se hoje em
fonte de renda para muitos artesãos, que vendem para todo o Brasil.
Descrição / Observações Gerais:
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São usados para a confecção do laço:
Couro curtido e seco;
Facas de corte;
Suporte em madeira para esticar o couro;
Habilidade em trançado;
Equipamento (máquina artesanal) para firmar o trançado;
Óleo para amaciar o couro.
Antigamente o artesão usava apenas a força manual para firmar o trançado,
hoje ele adapta equipamentos que reduzem seu esforço. Muitas vezes o óleo
usado para amaciar era substituído por sebo de gado.
A produção artesanal ocorre no porão da residência do artesão.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
LGS-S-02
Denominação: Charque
Outras denominações freqüentes: Carne de
sol, carne seca
Região: Serrana
Município: Lages
Entrevistado(a): Célio Castilhos
Histórico:
Sua cultura e tradição têm origem nos povos que habitavam a região e que utilizavam
o charque como base da alimentação para suportar os longos períodos de inverno.
Célio aprendeu a fazer com seu pai, ajudando a cortar e salgar.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Carne bovina – coxão de fora, coxão de dentro ou tatu e sal.
Modo de fazer:
Cortar na horizontal em camadas formando lâminas. Para salgar, colocá-las esticadas em uma salgadeira ou gamela de madeira. Salgar ambos os lados com sal grosso.
Deixar em repouso por algumas horas e por fim colocar no varal ao sol para “curtir”
e secar durante aproximadamente três dias.
A escolha de uma carne de boa qualidade influencia no preparo.
Usa-se como proteção caixas com telas para evitar parasitas. Antigamente a secagem
era feita sobre cercas de madeira colocadas nas mangueiras das grandes fazendas.
Lages
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Lages
Saberes
Denominação: Entrevero
Outras denominações freqüentes: Entreverado
Região: Serrana
Município: Lages
Entrevistado(a): Julio Cesar Ribeiro Ramos
Lages
Código
LGS-S-03
Histórico:
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Julio conta que na fazenda de seu pai, Plínio Ribeiro Ramos, tinham o hábito
de fazer o chamado “Café com Salgado”. Por volta do ano de 1985 Julio começou a trabalhar com turismo, sendo pioneiro na atividade na região de Lages,
e por esse motivo resgatou a gastronomia da região. Ele conta que servia
em sua fazenda para os turistas o churrasco de moquém, mas não tinha o
hábito de servir junto com aperitivos como linguicinha e outros. Certo dia
um turista pediu que ele servisse um aperitivo e então ele resolveu resgatar
os ingredientes que eram servidos no café com salgado (linguicinha, pinhão
e frescal), e surgiu a ideia de fazer em um disco de arado um prato diferente. Nesse disco ele refogou charque e linguicinha campeira. Percebeu que ficou muito salgado. Nesse momento, viu uma funcionária que estava fazendo
almoço passar com um prato de tomates picados e resolveu acrescentá-los
Cadernos da Serra
Identidades
ao refogado. Além deste, acrescentou cebola, pimentão e pinhão cozido. Um
amigo, vendo isso, comentou que aquele era um verdadeiro “entrevero”, então batizou esse prato com o nome de Entrevero, ou Entreverado Serrano.
Em seguida houve a Festa do Pinhão e o Globo Rural fez uma reportagem
com Julio sobre a gastronomia típica serrana. O entrevero foi o prato escolhido para ser apresentado no programa, e eleito o prato do ano do Globo Rural
de 1989.
Nos concursos gastronômicos da Festa do Pinhão esse prato foi campeão por
três vezes consecutivas, tendo participado também de outros concursos gastronômicos em que também foi campeão.
Julio afirma que a receita original é feita com ingredientes produzidos em
Lages e essa receita é a única verdadeira. Não se opõe que essa receita seja
usada ou comercializada. Existem outros tipos de entreveros, mas esse é o
típico serrano. Ele fica incomodado quando vê essa receita ser feita de forma
diferente usando o nome de entrevero - o seu foi patenteado como Entrevero
(ou Entreverado).
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Alcatra, carne de porco, bacon, linguiça calabresa, pinhão cozido, cebola,
alho, pimentão verde, pimentão vermelho, cenoura, tomate, óleo, tempero
verde e sal.
Modo de fazer:
Picar todos os ingredientes separados, fritar as carnes aos poucos, num disco ou panela de ferro. Colocar os outros ingredientes, deixando o tomate por
último e refogar até o ponto desejado.
Lages
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Lages
Saberes
Código
LGS-S-04
Denominação: Paçoca de Pinhão
Região: Serrana
Município: Lages
Entrevistado(a): Daniel Ubaldo Binatti
Histórico:
Lages
Segundo o senhor Daniel a receita da Paçoca de Pinhão surgiu no século passado, quando os tropeiros notaram que era um prato fácil e rápido de ser
feito. Aproveitavam sobras de carne de gado já cozida, misturando a ela o
pinhão cozido e temperos.
A paçoca de pinhão é um dos pratos tradicionais de Lages e da Festa do Pinhão, maior evento da região.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Pinhão cozido e moído, bacon, carne de gado moída, carne de porco moída,
linguiça, cebola, alho, pimenta-do-reino e tempero verde.
100
Modo de fazer:
O pinhão, depois de cozido, deve ser socado no pilão, alternando este e a
carne cozida. Fritar o bacon, as carnes e a linguiça. Juntar a cebola, o alho e
refogar. Juntar o pinhão e o tempero verde. Levar novamente ao fogo e mexer
com colher de pau.
Cadernos da Serra
Identidades
Formas de Expressão
Código
LGS-FE-01
Denominação: Dança do Graxaim Lageano
Região: Serrana
Município: Lages
Entrevistado(a): Mario Sergio Arruda Antunes
Histórico / Descrição:
O Graxaim é uma dança sobre a qual se tem poucas informações. Está em
processo de desaparecimento, deixando de ser executada nos “bailes de
campanha” da Coxilha Rica, de onde é originária.
Parece estar restrita ao sul da cidade de Lages, principalmente no interior. As
escassas informações obtidas fazem referência a uma dança de pares enlaçados e independentes, cuja coreografia é executada ao som de uma música
rápida.
Existem ainda na região algumas pessoas que tocam a música tradicional do
Graxaim, tendo a gaita como principal instrumento musical.
Observações Gerais / Curiosidades:
No inicio da década de 90, o grupo adulto de danças do Centro de Tradições
Gaúchas do Barbicacho Colorado de Lages participou do Rodeio Internacional de Vacaria, no RS.
Nessa ocasião, cada grupo deveria apresentar uma coreografia de entrada
de sua autoria ou de pesquisa. O coreógrafo e instrutor Mario Arruda fez sua
pesquisa sobre a Dança do Graxaim na Região de Lages. Várias pessoas pasLages
101
Lages
saram informações sobre a forma de dançar o tema, bem como os passos característicos de cada figura. A melodia e os versos também foram coletados e
um casal que sabia dançar fez demonstrações da execução da dança.
É dançada com vários casais ao mesmo tempo, uns independentes dos outros, mas os passos se assemelham de acordo com a melodia. É uma espécie
de valsa, um passo mais longo e dois mais curtos.
A dança imita o “caminhar” do graxaim (mamífero semelhante ao cachorrodo-mato, típico da região), com passos pequenos, que em alguns momentos
são executados quase no mesmo lugar.
Algumas estrofes registradas:
“Com laço nos tentos
Desapresilhado
É o Graxaim
Um churrasco trançado”
Lages
“Graxaim na campanha
É o bicho caborteiro
Ele come galinha
Ele come cordeiro”
102
Cadernos da Serra
Otacílio Costa
Otacílio Costa
Otacílio Costa
Data de fundação: 10 de maio de 1982
População: 14 mil habitantes
Principais etnias: Italiana, alemã, açoriana e
polonesa
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 315 km de
Florianópolis
Área: 924,2 km²
Cidades próximas: Braço do Trombudo,
Agrolândia, Ponte Alta
História:
Otacílio Costa
O município de Otacílio Costa nasceu das terras de um político que atuou
desde os 16 anos na vida pública. Otacílio Vieira da Costa ergueu um galpão
para pernoite e descanso dos tropeiros na estrada que ligava Lages a Curitibanos, num local que ficou conhecido como Encruzilhada. Mais tarde, a construção de um botequim, sempre pintado de branco, mudou o nome do local
para Casa Branca. Com a chegada de fazendeiros e a aquisição de grandes
áreas de terra, a região desenvolveu-se com rapidez. Em 1959, a localidade
passou à categoria de distrito e, por proposta do vereador Dorvalino Furtado, passou a chamar-se Otacílio Costa. Foi desmembrado de Lages em 10 de
maio de 1982.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
104
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
OTC-S-01
Denominação: Sapateiro
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Santim Eliseu Folchini
– conhecido como Santos Folchini
Histórico:
Aqui temos o relato do senhor Santos Folchini:
“Aprendi com um amigo que era sapateiro profissional, chamado Benevenuto Dacoregio. Eu tinha 18 anos e comecei a trabalhar com ele na sapataria
até os 20 anos, quando também me tornei profissional. Então, abri minha
própria sapataria e comecei a produzir botas, sapatos, sapatão e chinelos,
trabalhando também com consertos em geral. Ensinei muita gente, e alguns
seguiram a profissão de sapateiro.”
Otacílio Costa
105
Otacílio Costa
Otacílio Costa
Com o passar dos anos, Santos Folchini foi se especializando e diversificando os produtos oferecidos. Em Otacílio Costa, onde atualmente está sediada
sua empresa, começou suas atividades com a fabricação de botas e acessórios para montaria. Com o passar dos anos, viu a necessidade de expandir
e, há 30 anos, participa de feiras e festas de cunho tradicionalista: “O fato
de termos sido considerados, durante a Expointer (em Esteio-RS), uma das
melhores lojas do gênero do sul do Brasil, é motivo de orgulho e um incentivo para continuarmos sempre oferecendo produtos de alta qualidade, com
atendimento diferenciado”.
A empresa, embora venda todos os apetrechos de montaria e de vestimenta
típica gaúcha, é especialista em botas e chapéus. A loja, além de viajar por
todo o sul do Brasil, participa de eventos em Mato Grosso do Sul e São Paulo.
No XI Rodeio Crioulo Internacional ocorrido no CTG Porteira do Rio Grande,
em Vacaria, no ano de 1976, o senhor Santos Folchini recebeu uma declaração como artesão, artista e vendedor de botas, conquistando o 1º lugar em
vendas dos diversos boxes no gênero, presentes na festa.
Atualmente existem poucos sapateiros, pois raramente se fazem sapatos sob
medida. Com isso, a grande maioria dos sapateiros apenas conserta os sapatos.
Descrição / Observações Gerais:
Material utilizado:
Sola de couro, cromo, tacha ou tachinha, cola, prego, tinta, cadarço.
Para fazer as botas é necessário cortar a palmilha, montar na forma e colocar
a sola e o salto. Este é colocado no torno, lixado, feito o acabamento e depois
pintado. Existe também o solado blaqueado, que é costurado a mão.
106
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
OTC-S-02
Denominação: Peteca
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Jandira de Oliveira Abreu
– Tia Janda
Histórico:
Tia Janda, como é conhecida, aprendeu a fazer peteca de palha de milho com sua
mãe, que também aprendeu com a mãe. Começou a fazer aos 15 anos e continua a
confeccionar.
Com o passar dos anos, tia Janda e seu filho Jocelino Abreu Santos usaram a criatividade para modificar as petecas e ter mais durabilidade, usando um material mais
resistente.
Tia Janda ensinou muita gente através de cursos em Lages, Ponte Alta, Florianópolis,
São Joaquim e em feiras quando vai expor seus artesanatos: “Gosto de dar cursos,
ensino nas feiras e até nas escolas para as crianças”.
Descrição / Observações Gerais:
Material utilizado e Modo de Fazer:
Peteca de Palha – uma caixa de fósforos, palha de milho seca, barbante, pena de
galinha.
Pegar a caixa de fósforos, a palha de milho uma por uma para forrar a caixa até que
fique totalmente coberta, dando o formato de um quadrado.
Para finalizar, deve-se amarrar bem forte, cortar as sobras da palha e colocar as penas de galinha.
Peteca de couro – couro ou curvim, linha, algodão ou retalhos e penas de galinha.
Riscar no couro um círculo e cortar. Depois é necessário costurar dois círculos e
deixar uma abertura para encher de algodão ou resto de retalhos. As penas são colocadas por último, que antes devem ser lavadas e pintadas.
Otacílio Costa
107
Otacílio Costa
Saberes
Código
OTC-S-03
Denominação: Artesanato em porongo
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Jandira de Oliveira Abreu
– Tia Janda
Histórico:
Otacílio Costa
O porongo é uma semente que deve ser plantada no mês de julho para nascer
em agosto.
Se deixar a semente na terra ela nasce sozinha; é uma planta rasteira que
também sobe nas árvores.
Os indígenas usavam o porongo como utensílio doméstico. Quando iam caçar, colocavam água dentro para manter a temperatura.
Tia Janda descobriu a utilidade do porongo aos 15 anos, quando o senhor
João Santos fez uma boia para ela nadar. A partir daí, começou a usar sua
criatividade fazendo copo para tomar água na roça, pois era mais prático e
não quebrava. Mais tarde começou a fazer pratos, cuias, colheres e gamelas.
Tia Janda passou esse conhecimento em cursos em várias cidades, como Correia Pinto, Lages, Otacílio Costa, Florianópolis e Curitibanos. Continua a ensinar sempre que solicitam e se orgulha de transmitir seus conhecimentos.
São colhidos em torno de 1.000.00 porongos por ano e vendidos em pontos
de comercialização em Lages e Florianópolis.
Descrição / Observações Gerais:
108
O porongo é colhido e deve ser lavado, passado remédio e colocado para secar. Só então é que está pronto para ser trabalhado.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
OTC-S-04
Denominação: Cuscuz
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Maria Goretti Constante
Histórico:
Dona Goretti relata que, ao se casar, mudou-se com seu esposo para Otacílio
Costa e que sua sogra, a senhora Maria Ferreira, foi quem lhe ensinou o preparo da receita do cuscuz de pano. Também costumam consumi-lo misturado ao leite, porém, como prefere pratos salgados, dona Goretti acrescentou
alguns ingredientes.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Fubá, óleo, bacon, cenoura cozida e cortada em cubos, ervilha, ovos cozidos,
tomate cortado em cubos e tempero verde.
Modo de fazer:
Umedecer o fubá com água e sal, cozinhar na cuscuzeira ou em um prato com
pano amarrado no fundo.
Fritar o bacon e acrescentar os demais ingredientes. Por fim, com o cuscuz já
cozido, misturar bem.
Otacílio Costa
109
Otacílio Costa
Saberes
Código
OTC-S-05
Denominação: Arroz Carreteiro
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Belarino de Liz
Histórico:
Otacílio Costa
Surgiu em razão dos tropeiros que conduziam as tropas de gado de um município a outro ou até mesmo para diferentes estados. A principal alimentação era a
carne seca (charque) e o arroz branco, que eram produtos de fácil manejo e não
perecíveis.
Cozinhava-se tudo junto na mesma panela, e era servido aos tropeiros por ser
uma comida nutritiva.
Até hoje esse prato é bastante consumido na região.
O senhor Belarino aprendeu esta receita com a mãe, e o prato está presente em
todas as reuniões de família e amigos.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Arroz, charque seco, tomate, sal, cebola, temperos verdes, cebolinha, salsa, banha de porco e queijo em fatias.
Modo de fazer original:
Ferver o charque durante 10 minutos e escorrer a água. Em uma panela de ferro,
fritar o charque. Depois de frito, colocar o arroz com água fria, a cebola e o tomate. Quando o arroz estiver quase pronto, acrescentar a salsa e a cebolinha verde,
mantendo ainda um pouco umedecido.
110
Modo de fazer adaptado:
Depois de pronto, acrescentar fatias de queijo, cobrindo todo arroz.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
OTC-S-06
Denominação: Caldo Verde
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Maria Goretti Constante
Histórico:
O caldo verde, prato que dona Goretti prepara, é conhecido e aprovado por todos
da comunidade de Otacílio Costa. Por ser um prato quente, é preferencialmente
servido no inverno.
Dona Goretti costuma preparar deliciosas receitas nas festas da comunidade. Ela
relata que repassou o saber a suas filhas e netas, bem como a outras mulheres
da comunidade.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Peito de frango (cozidos e desfiados), bacon (sem a pele, cortados em quadradinhos), linguiça calabresa (cortadas em rodelas), batatas (cozidas com água do
peito de frango e batidas no liquidificador com a água do cozimento), alho e
cebolas pequenas (batidos no liquidificador), caldo de galinha, couve (cortada
bem fininha), tempero verde, sal, óleo e leite.
Modo de fazer:
Fritar o bacon em uma panela grande. Acrescentar a calabresa. Fritar um pouco
e colocar a cebola e o alho, em seguida o peito do frango desfiado e a couve. Por
fim, colocar as batatas batidas, o leite e o tempero verde, acrescentando sal, se
necessário. Ferver bem.
Otacílio Costa
111
Otacílio Costa
Saberes
Código
OTC-S-07
Denominação: Bijajica
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Michelle Ruth Antunes
Histórico:
Otacílio Costa
Michelle, aos 28 anos, dona de casa, com muita simpatia nos relata que aprendeu essa receita com sua tia Nadir de Souza, moradora do interior da cidade,
que por sua vez aprendeu com a mãe.
Relembra que, quando adolescente, passava as férias no sítio da sua tia e que
sempre a observava quando preparava bijajicas para o lanche da tarde. Hoje,
Michelle é quem prepara semanalmente a receita para seu esposo, filhos e
amigos que os visitam.
Também recebe encomendas de bijajicas dos vizinhos e conhecidos da comunidade de Otacílio Costa.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Ovos, açúcar, polvilho azedo e óleo para fritar.
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Modo de fazer:
Sovar bem a massa, enrolar e fritar em óleo não muito quente para que não
fique crua por dentro.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
OTC-S-08
Denominação: Bolo Frito
Outras denominações frequentes: Bolo de Biju
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Matilde Capote Carvalho
Histórico:
Dona Matilde faz esses bolos há 50 anos, e relata que foi um saber passado
por sua bisavó.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Farinha de milho, biju, polvilho, açúcar, sal e água.
Modo de fazer:
Misturar todos os ingredientes, sovar bem a massa e enrolar. Fritar em óleo
não muito quente para não estourar
Otacílio Costa
113
Otacílio Costa
Saberes
Código
OTC-S-09
Denominação: Doce de abóbora com coco
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Maria Meyer Ribeiro
Histórico:
Otacílio Costa
Dona Maricha, como é popularmente conhecida, relata que, como havia uma
grande produção de abóbora, aprendeu com sua mãe a fazer o doce, inventando um modo de aproveitar a fruta. Esse saber, aprendido há 54 anos, já
foi repassado a muitas pessoas da comunidade e ainda hoje é preparado no
fogão a lenha.
O doce também pode ser feito com mandioca, banana e maçã, gila, batatadoce e chuchu.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Abóbora, água, açúcar, coco ralado e cravo-da-índia.
Modo de fazer:
Descascar a abóbora, cortar em cubos e colocar numa panela. Adicionar o
açúcar, a água e colocar para cozinhar em fogo bem baixo.
A seguir, misturar o coco e deixar cozinhar por pelo menos mais 5 minutos.
Acrescentar o cravo-da-índia. Deixar esfriar para servir.
114
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
OTC-S-10
Denominação: Doce de leite
Região: Serrana
Município: Otacílio Costa
Entrevistado(a): Maria Meyer Ribeiro
Histórico:
Dona Maricha relata que as vacas leiteiras, quando dão cria, produzem mais leite
que o habitual. Para aproveitar este excedente, começou a fazer doce de leite.
Segundo ela, chegou a transformar até dez litros de leite em doce numa só vez.
Utilizava o fogão a lenha e a técnica de colocar um pratinho emborcado dentro
da panela para evitar que transbordasse quando fervia. Mais tarde, essa técnica
foi abandonada. Passaram a utilizar uma pá de madeira para mexer o doce na
panela para não grudar e evitar o derramamento.
Chegou a comercializar até mesmo fora do município, mas sempre para particulares.
Ensinou várias pessoas, inclusive sua irmã, e também alguns vizinhos.
Dona Maricha, ao saber que muitos países fabricam doce de leite, destaca que
sua receita foi inventada por ela mesma. Fica admirada ao saber que na Argentina alguém se diz o inventor desse doce.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Leite, açúcar e bicarbonato de sódio.
Modo de fazer:
Adicionar os ingredientes numa panela e deixar ferver, mexendo sempre para
não grudar no fundo.
Otacílio Costa
115
Painel
Painel
Painel
Data de fundação: 07 de agosto de 1994
População: 2.384 habitantes
Principais etnias: Italiana, portuguesa, espanhola e alemã
Localização: Planalto Serrano, a 225 km de
Florianópolis
Área: 764,9 km²
Cidades próximas: Lages, São Joaquim
História:
Painel
Painel, distrito de Lages desde 1899, quando se chamava Quarteirão do Portão ou simplesmente Portão, obteve sua emancipação política em 1994. Suas
terras foram colonizadas por imigrantes italianos, portugueses, espanhóis e
alemães a partir do final do século XIX. Os moradores contam duas versões
sobre o nome do município. A primeira refere-se à presença de um viajante que, ao passar pelo local, ficou impressionado pela beleza da paisagem e
comparou a vista com um painel a ser pintado. A segunda atribui a origem
do nome a um cidadão muito querido na região, de nome Noel – como todos
o chamavam de Pai Noel, daí o nome Painel.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
118
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
PNL-M-01
Denominação: Clube 1º de Junho
Localização: Rua Cel. Caetano Vieira Costa,
esquina com a Rua Ramiro Gomes
Ano de construção: 1912
Região: Serrana
Município: Painel
Entrevistado (a): Doroti Maria Broering
Alves
Dados:
Este é o único salão de eventos do município além do Salão Paroquial. Muitas gerações frequentaram o Clube 1º de Junho. Conhecido na região pelo
tradicional Baile de São João que acontecia no local, atualmente encontra-se
interditado em razão da falta de uso e conservação que vem acontecendo nos
últimos anos.
Painel
119
Painel
Patrimônio Material
Painel
Código
PNL-M-04
Denominação: Cemitério da Fazenda Grande
Localização: Estrada municipal da Aroeira
Ano de construção: 1866 – lápide mais
antiga
Região: Serrana
Município: Painel
Entrevistado(a): Celso Mariano Silva
Dados:
120
Feitos de madeira e muito pesados, antigamente os caixões eram carregados
a pé. Conta-se que, ao chegarem à fazenda grande, as pessoas que acompanhavam o féretro já estavam cansadas e acabavam por enterrá-lo ali mesmo,
surgindo o primeiro sepultamento e o cemitério da fazenda grande.
A lápide mais antiga data de 1866, porém, segundo relatos, existem enterramentos anteriores que não são mais conhecidos em razão de as sepulturas
serem em madeira.
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
PNL-M-05
Denominação: Fazenda Cascata
Localização: Estrada Municipal Belizário
Araújo Vieira – Boa Vista
Ano de construção: 1879
Região: Serrana
Município: Painel
Entrevistado (a): Nildo de Liz Vieira
Dados:
Utilizada como residência e pousada rural, a fazenda Cascata tem como atividade principal a agropecuária. Construída em 1910, toda em madeira, mantém pinturas decorativas originais nas paredes internas.
Possui como atividade principal a agropecuária, sendo também uma casa de
família que recebe pessoas do município e das cidades vizinhas.
Painel
121
Painel
Saberes
Painel
Código
PNL-S-01
Denominação: Carreteiro
Região: Serrana
Município: Painel
Entrevistado(a): Suzana S. Branco
Histórico:
Antigamente o carreteiro era feito pelos tropeiros por ser um alimento rico
em nutrientes e de fácil conservação durante as viagens.
Seu nome teve origem das carretas puxadas a cavalo que eram utilizadas
pelos tropeiros para transportar mantimentos, daí o nome arroz de “carreteiro”.
O carreteiro geralmente é feito em cavalgadas, festas municipais e torneios.
É utilizada para seu preparo uma única panela de ferro com o auxílio de uma
trempe no fogo de chão.
122
Cadernos da Serra
Identidades
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Charque, arroz, cebola, tomates sem pele, banha, alho, tempero verde (salsa,
cebolinha, manjerona etc.), pimenta e sal.
Modo de fazer:
Cortar o charque em tiras finas (lascas), colocar em uma panela com água e
levar ao fogo por 10 min. Para retirar o excesso de sal, é necessário escorrer
e reservar.
Em uma panela de ferro colocar a banha, o alho e fritar por cinco minutos.
Depois adicionar o charque e a pimenta e fritar por 10 minutos. Adicionar a
cebola, o tomate e fritar por quinze minutos. Juntar o arroz e a água, cozinhar
por trinta minutos e adicionar mais duas xícaras de água. Não se deve deixar
secar por completo e por último colocar o tempero verde.
Modo de fazer adaptado:
Hoje em dia o carreteiro é feito também com carne de frescal e aproveitamento de carne de churrasco.
Painel
123
Painel
Saberes
Código
PNL-S-02
Denominação: Guisado do Painelaço
Região: Serrana
Município: Painel
Entrevistado(a): Cesar Nazareno Vieira
Histórico:
Painel
O Guisado do Painelaço é um dos pratos típicos da região.
No mês de dezembro acontece a festa do Painelaço, onde esse prato é um
dos principais atrativos, que já é consumido na véspera nos restaurantes da
cidade.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Carne em cubos, toicinho defumado, óleo, cebola, cenoura em rodelas, abóbora cortada em cubos, vagem picada, aipins em cubos, louro, vinho tinto
seco, vinagre, água quente, sal, pimenta e tempero verde.
124
Modo de fazer:
Fritar o toucinho na própria gordura, juntar o óleo e adicionar a carne, fritar
até dourar. Adicionar o sal, a pimenta, a cebola, a cenoura, a abóbora, a vagem, o aipim e os demais ingredientes e cozinhar por dez minutos. Adicionar
a água quente e deixar cozinhar. Ao final juntar os temperos verdes.
Geralmente o Guisado do Painelaço é feito no disco de ferro, com o auxílio de
uma trempe e cozido no fogão a lenha ou no fogo de chão.
É costume servi-lo com arroz.
Cadernos da Serra
Identidades
Celebrações
Código
PNL-C-02
Denominação: Festa de São Sebastião
Outras denominações frequentes: Festa de
Janeiro
Região: Serrana
Município: Painel
Entrevistado(a): Vânia Maria Schuvartz
Arruda
Histórico:
A festa de Janeiro do Município de Painel acontece há muitos anos, mas não se sabe
ao certo quando iniciou. Calcula-se que a primeira foi realizada no ano de 1914.
Inicialmente eram festas pequenas que tinham a intenção apenas de homenagear o
padroeiro da Igreja Matriz. Hoje a festa possui muitos atrativos que, além de prestarem homenagem ao Padroeiro do município São Sebastião, engrandecem o turismo
local.
Observações Gerais / Curiosidades:
A festa acontece no Salão Paroquial e na Igreja Matriz São Sebastião, no centro da
cidade de Painel, e tem a duração de quatro dias. Durante esse período passam aproximadamente 500 pessoas do município e de localidades próximas.
É realizada por um casal de festeiros (pessoas da comunidade) sorteados durante a
festa de ano em ano. Essa festa tem como objetivo arrecadar fundos para a manutenção da Igreja Matriz e do Salão Paroquial.
A gastronomia comercializada na festa começa a ser preparada com uma semana de
antecedência.
A festa é acompanhada pela bandeira e pela imagem do santo. É animada por bandas
de música tradicionalistas gaúchas e é realizada uma cavalgada em homenagem ao
padroeiro São Sebastião.
Produtos comercializados:
Doce de figo, cajuzinho, doce de gila, brigadeiro, churrasco, bolo, arroz carreteiro,
risoto de frango e diversas bebidas.
Painel
125
Palmeira
Palmeira
Palmeira
Data de fundação: 18 de julho de 1995
População: 2.133 habitantes
Principais etnias: Italiana, alemã e açoriana
Localização: Planalto Serrano, a 225 km de
Florianópolis
Área: 292,2 km²
Cidades próximas: Lages, Otacílio Costa,
Correia Pinto, Bocaina do Sul
História:
Palmeira
As belas palmeiras existentes no local deram nome ao município.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
128 Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
PAL-M-01
Denominação: Casa Murara
Localização: Estrada Geral de Cerro Alto
Ano de construção: 1950
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado (a): Ana Carolina Murara
Dados:
A residência foi planejada e construída em 1950 por Ludwving Florian Teubner, que desenvolvia atividades madeireiras como montados de serraria.
Construiu um gerador de energia a partir da roda d’água que produzia energia elétrica para sua residência e ainda recarregava baterias dos moradores
da região.
Construída inteiramente em madeira, mantém o uso original e permanece
em bom estado de conservação.
Palmeira 129
Palmeira
Patrimônio Material
Palmeira
Código
PAL-M-02
Denominação: Cemitério Municipal
Localização: Estrada geral de Cerro Alto
Ano de construção: 1918 – lápide mais
antiga
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Walmor Mariano da Silva
Dados:
Em 1918, quando já havia a igreja na localidade, uma senhora vinha com uma
criança na garupa visitar parentes a cavalo. Ao chegar em frente à igreja, o
cavalo assustou-se, corcoveando e derrubando a criança, que veio a falecer.
Por se tratar de uma criança, os representantes da igreja permitiram que ela
fosse enterrada nos fundos desta.
Dez anos depois, novamente em razão de um acidente com cavalos, um senhor de nome Jovino de Paula também foi enterrado nos fundos da igreja,
dando início ao cemitério.
130 Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
PAL-M-03
Denominação: Casa Mariano
Localização: Estrada Geral de Cerro Alto
Ano de construção: 1948
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado (a): Walmor Mariano da Silva
Dados:
Teve início como um pequeno comércio de cachaça e bananas, transformando-se em um armazém onde eram vendidos, além de produtos alimentícios,
utensílios domésticos, itens de farmácia e tecidos. O comércio foi de grande
importância na região por ser o único existente, transformando-se em lugar
de encontro, onde os moradores sabiam das notícias e trocavam informações.
Palmeira 131
Palmeira
Saberes
Palmeira
Código
PAL-S-01
Denominação: Colcha de Retalhos
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Maria José Muniz
Histórico:
Por ser uma senhora viúva e idosa, “dona Zezé” ocupa seu tempo com vários afazeres
domésticos e trabalhos artesanais e na lavoura.
Como ganhava muitos retalhos de uma filha que trabalhava em malharias, resolveu
aproveitá-los. O produto que mais se destaca é a colcha de retalhos, mas também faz
roupa de cama e cortinas.
Além desses trabalhos, freqüenta o grupo de mães da localidade onde mora e passa
seus conhecimentos adiante.
Descrição / Observações Gerais:
Dona Zezé procura juntar os retalhos de formas e tamanhos mais parecidos para que
o trabalho fique bonito, além de útil.
Desempenha o trabalho minuciosamente, incluindo detalhes como forros e babados.
Parte do que produz é doada a hospitais da região e asilos.
D. Zezé também faz tricô, crochê, bordados simples, ponto russo e costuras em geral.
132 Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
PAL-S-02
Denominação: Arroz de Carreteiro
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Valdemiro Gonçalves de
Andrade
Histórico:
Surgiu a partir da necessidade e pela praticidade em preparar. É um prato cujo ingrediente principal é o charque (carne-seca), que não necessita de refrigeração para
conservação.
Os tropeiros costumavam preparar a carne-seca juntamente com o arroz durante o
trajeto que faziam para conduzir o gado ou para transportar alimentos. Este trajeto
durava semanas ou até meses, dependendo das condições climáticas e da agilidade na realização de suas funções. Sendo assim, os tropeiros já saíam munidos de
ingredientes práticos e não perecíveis para o preparo de seu alimento. Atualmente
este prato é preparado por carreteiros que na mesma situação dos tropeiros ficam
dias fora de casa e necessitam preparar alimentos práticos com ingredientes não
perecíveis.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Charque, arroz, cebola, alho e tempero.
Modo de fazer original:
Cortar o charque em cubinhos, escaldar ao menos três vezes em água fervente para
retirar o sal. Em uma panela, fritar até que fique com cor escura. Acrescentar cebola
e alho bem picados e deixar dourar. Acrescentar o arroz e cobrir com água fervente. Deixar cozinhar até que o arroz fique macio. Por fim, colocar o tempero verde e
servir.
Modo de fazer adaptado:
Atualmente, algumas pessoas incrementam a receita utilizando tomate, pimentão,
ervilha e milho verde, porém o prato perde suas características originais.
Palmeira 133
Palmeira
Saberes
Palmeira
Código
PAL-S-03
Denominação: Pão Nego Deitado
Outras denominações freqüentes: Pão de
Panela e Pão de Brasa
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Inervina Mariano da Silva
– conhecida como dona Enedina
Histórico:
É um prato de origem cabocla, que surgiu por não haver fogão e forno na época - com
isso as pessoas precisavam inventar maneiras de suprir suas necessidades.
Poucas pessoas possuem este conhecimento, e quem aprendeu continua fazendo
exatamente como antigamente.
O pão era feito com bicarbonato, pois era difícil de encontrar o fermento. Em quase
tudo o que se fazia à base de farinha se utilizava bicarbonato.
Essa receita passou através das gerações. Dona Inervina aprendeu quando criança
observando sua mãe. Todas as noites era feito fogo no chão para se aquecer, e aproveitava-se para assar o nego deitado.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Ovos, açúcar grosso, sal, bicarbonato, farinha de milho para dar ponto e banha.
Modo de fazer:
Misturar todos os ingredientes em uma bacia ou recipiente fundo. Sovar e depois
colocar em uma caçarola de ferro, tampar e levar ao fogo de chão no meio das brasas
para que possa assar, sobre a tampa também colocar brasas para assar por igual.
134 Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
PAL-S-04
Denominação: Requeijão de fatia
Outras denominações freqüentes: Requeijão
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Inervina Mariano da Silva
Histórico:
Devido à sobra de leite nos sítios, as mulheres sempre estavam inventando pratos diferentes para aproveitamento. O requeijão de fatia é um destes.
Dona Inervina conta que aprendeu a fazê-lo com sua mãe.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Leite coalhado, leite gordo e sal.
Modo de fazer:
Utilizar uma quantia de leite já coalhado ou deixá-lo coalhar para a receita.
Em uma panela sobre o fogo, colocar o coalho e adicionar leite gordo aos
poucos, sempre mexendo. O soro que ficar sem aderir deve ser retirado.
Quando adquirir consistência, misturar o sal e despejar em um prato frio.
Deixar firmar para cortar em fatias.
Palmeira 135
Palmeira
Celebrações
Código
PAL-C-01
Denominação: Novena do Divino
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Wolni Paim de Sousa
Palmeira
Histórico:
A bandeira pertencia primeiramente ao senhor Neco Esmael, da localidade
de Cerro Alto. A novena começou em 1913 e circulava de casa em casa desde
Cerro Alto até o centro de Palmeira.
Após alguns anos, a bandeira foi doada à senhora Georgina Paim, que a guardou durante anos com o desejo de retomar a novena. Alguns anos antes de
seu falecimento, a novena foi retomada (2006).
O padre, com violão, juntamente com os moradores, percorrem as casas com
muita alegria, música e orações, e cada morador que recebe a visita do Divino se junta ao grupo, prosseguindo as visitas até tarde da noite. A bandeira
do divino que acompanha geralmente é empunhada por uma criança.
A novena é feita duas semanas antes dos 50 dias após a páscoa, para que todas as casas possam receber a visita do Divino. O encerramento é feito com
uma grande missa às 6 horas da manhã, seguida de café comunitário.
Observações Gerais / Curiosidades:
O café servido no encerramento é levado pelos moradores que participam da
novena. Cada família leva um prato preparado em casa para repartir com os
demais, formando assim um grande banquete.
Agora o padre acompanha com violão animando o grupo, mas sabe-se que, na
época em que receberam a bandeira, algumas famílias não gostavam de receber a visita e por esse motivo a novena ficou suspensa até o ano de 2006.
136 Cadernos da Serra
Identidades
Celebrações
Código
PAL-C-02
Denominação: Festa de Nossa Senhora dos
Prazeres
Região: Serrana
Município: Palmeira
Entrevistado(a): Wolni Paim de Sousa
Histórico:
A imagem de Nossa Senhora dos Prazeres chegou ao pequeno povoado de
Palmeira trazida do Rio de Janeiro até Lages, onde ficou no mosteiro franciscano. De Lages ao povoado, a imagem foi levada no lombo de cargueiros. Foi
doada pelo senhor Boaventura Coelho de Ávila, que era um homem muito
religioso e devoto de Nossa Senhora. A chegada da referida imagem motivou
uma festa que durou três dias. Como não havia capela, a imagem ficou na
residência do senhor Boaventura, onde as pessoas se reuniam para rezar.
Nesse período, foi construída uma pequena capela por Torquato Paim e Valdomiro Alvez Paim, no terreno de 6.050 m2 doado pelo senhor João Xavier,
em honra a Nossa Senhora dos Prazeres.
Palmeira 137
Palmeira
Mesmo com a capela inacabada, faltando janela e teto, no dia 12 de novembro de 1939, a imagem foi conduzida em procissão da casa do senhor Boaventura até a capelinha.
Dia 16 de agosto de 1951, nesse mesmo local, foi inaugurada a segunda capela, bem maior. Esteve presente o Bispo Diocesano de Lages, Dom Daniel
Hostim.
Em 15 de novembro de 1971, foi dada a benção à pedra fundamental e construída a terceira e atual igreja.
A Festa de Nossa Senhora acontece todos os anos num domingo próximo
ao dia 15 de agosto, que é o dia da Santa. A festa inicia com a Santa Missa às
9 horas, seguida de almoço servido no pavilhão da igreja. O dia segue com
festividades, bingos e tarde dançante, que vai até aproximadamente meianoite.
O dinheiro arrecadado com a festa serve para suprir as despesas da igreja,
construções, reformas e ajuda à comunidade quando necessário.
Observações Gerais / Curiosidades:
Palmeira
No dia 12 de novembro de 1939, além da procissão, Frei Cirilo, que veio de
Lages, realizou um casamento e os batizados de Soni Paim e Genina Alves
Paim, 13 confissões e 15 comunhões.
A primeira catequista foi a senhora Georgina Paim.
Produtos comercializados:
Churrascos, maionese, saladas, pães, doces, bebidas e lanches diversos, como
pastel, cachorro quente etc.
138
Cadernos da Serra
Ponte alta
Ponte Alta
Ponte Alta
Data de fundação: 22 de julho de 1964
População: 5.168 habitantes
Principais etnias: Miscigenação de raças
Localização: Planalto Serrano, às margens
da BR-101, a 245 km de Florianópolis
Área: 559 km²
Cidades próximas: Correia Pinto, Curitibanos, São Cristóvão do Sul, São José do
Cerrito
História:
Ponte Alta
No início, a região onde hoje se encontra o município de Ponte Alta era habitada por indígenas. O território, parte das terras contestadas, sofreu ataques
de jagunços e foi explorado pelos bandeirantes. Mais tarde, os tropeiros que
vinham do Rio Grande do Sul em direção a São Paulo fizeram do lugar um
ponto de parada. O nome do município surgiu de uma referência que os tropeiros usavam em seu trajeto: uma ponte alta situada no rio que hoje leva o
nome da cidade.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
140
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
PTA-M-01
Denominação: Casa Doutor Francisco
Localização: Rua Frei Rogério, 100
Ano de construção: 1940
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Elisa Arruda de Souza
Dados:
Essa residência foi a primeira do município a ser construída em alvenaria.
Localiza-se no centro da cidade.
Ponte Alta
141
Ponte Alta
Patrimônio Material
Ponte Alta
Código
PTA-M-02
Denominação: Igreja Matriz
Localização: Praça Santana, 2 – Centro
Ano de construção: 1960
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Padre João Carlos de Souza
Dados:
A primeira igreja foi construída em madeira, doada por Geremias Alves da
Conceição. Na época, o capelão era Frei Rogério. Logo depois foi construída
a igreja em alvenaria, a atual Matriz, tendo como pároco o Padre Tarcísio
Dalcenter.
142
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
PTA-S-01
Denominação: Trabalho em Palha
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Maria Antonia Bianchini
Histórico:
Dona Maria relatou que aprendeu a fazer crochê na escola quando tinha 10
anos, bordado com a mãe, e que possui toalhinhas de crochê e panos bordados com mais de 50 anos. A pintura em tecido faz pouco tempo que aprendeu,
mas o que ela mais gosta de fazer são bonecos, cestas e objetos com palha de
milho. É o material mais fácil de conseguir, pois é viúva, mora sozinha, longe
do comércio, e planta o milho para tratar os animais, aproveitando a palha
para criar seus trabalhos.
Dona Maria ensinou algumas moças que moraram com ela, mas diz não ter
paciência para ensinar.
Descrição / Observações Gerais:
As agulhas que ela utilizava eram feitas de nó de pinho e de madeira. Hoje ela
utiliza agulhas de metal e, embora afirme que o crochê não fica igual, como a
agulha é mais leve, não cansa tanto as mãos.
Os materiais utilizados são palha de milho seca, arame, anilina, linhas e retalhos de tecidos.
Participou de uma exposição há alguns anos, promovida pela Prefeitura, e
vendeu alguns de seus trabalhos.
Ponte Alta
143
Ponte Alta
Saberes
Ponte Alta
Código
PTA-S-02
Denominação: Artesanato com raízes e
madeira
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Osmar Velho Rodrigues
– conhecido como “seu Mario artesão”
Histórico:
Iniciou seus trabalhos somente com raízes, pois não possuía ferramentas
nem cola para para a montagem, Com um índio, aprendeu a trançar taquaras,
e confeccionava cestos de vários tamanhos, para comercializar.
Com o sucesso da venda dos cestos para os agricultores, começou a comprar
suas ferramentas, tintas, colas, vernizes, formão e grosa.
Utiliza cipós, nó de pinho, madeiras, palhas, taquaras, porongo, sementes e
raízes.
Vende sob encomendas, além de participar de feiras e exposições.
Descrição / Observações Gerais:
Sua esposa sempre foi a maior incentivadora para que ele criasse suas obras.
Seu Mario não a tem mais ao seu lado, mas quando termina um trabalho
sempre dedica a ela.
144
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
PTA-S-03
Denominação: Crochê
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Jandira Moraes Henckemaier
Histórico:
Aprendeu desde muito jovem a bordar com a mãe, fazendo seu próprio enxoval. Gosta muito de fazer trabalhos manuais, pois é um passatempo, assim
aproveita todos os tipos de retalho na confecção de colchas e capas de almofadas.
Descrição / Observações Gerais:
Procura sempre ensinar outras pessoas, e fica feliz por ainda existirem moças que gostam e se interessam em aprender crochê, bordados, pintura e
fuxico. Usa sua criatividade para enriquecer seus trabalhos, sempre pede
amostras de amigas ou vizinhas.
Quando alguém de sua família faz aniversário, ela mesma confecciona o presente, sempre pensando em algo original.
Aprendeu o crochê normal, mas hoje ela sabe escolher a linha que se adapta
melhor a cada peça.
Ponte Alta
145
Ponte Alta
Saberes
Código
PTA-S-04
Denominação: Moranga Cristalizada
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Fátima Aparecida Farias
Pereira
Ponte Alta
Histórico:
Como havia grande produção de moranga no município, diversas pessoas criaram
receitas de doces e salgados utilizando-a, o que motivou mais tarde a criação da
Festa da Moranga.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Moranga, cravo e açúcar para calda.
Modo de fazer:
Cortar em gomos, colocar de molho na cal por três horas. Fazer uma calda de açúcar
e, quando estiver fervendo, colocar a moranga, apurar até dar consistência, escorrer
e polvilhar com açúcar.
146
Sob encomenda, vende para amigos e familiares, em feiras e, principalmente, na Festa da Moranga. Nessa ocasião as mulheres da comunidade que fazem a mesma receita juntam-se em grupo para fazer em grande quantidade no salão de festas.
Todas são mulheres agricultoras e ajudam na renda familiar.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
PTA-S-05
Denominação: Enroladinho de Moranga
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Janice Fritz Rech
Histórico:
Desde pequena, dona Janice gosta de cozinhar e fazer experiências na cozinha. Quando se mudou para Ponte Alta, ganhou de presente um livro de
receitas de moranga e passou a testar todas. O prato que mais se destacou foi
o enroladinho de moranga.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Manteiga, nata, açúcar, fermento, farinha de trigo e moranga cozida tipo doce
de passar no pão.
Modo de fazer:
Amassar todos os ingredientes, fazer pequenos círculos de massa, colocar
o doce de moranga no centro, enrolar, assar e depois passar no açúcar e na
canela.
Ponte Alta
147
Ponte Alta
Celebrações
Ponte Alta
Código
PTA-C-01
148
Cadernos da Serra
Denominação: Romaria à Gruta do Cafundó
Outras denominações freqüentes: Romaria do
Cafundó
Região: Serrana
Município: Ponte Alta
Entrevistado(a): Padre João Carlos de Souza
Identidades
Histórico / Descrição:
Por volta de 1951, o Monge João Maria teria passado por essa gruta deixando
uma cruz feita de tronco de bugreiro (espécie de árvore) seco e, meses depois, esse tronco brotou.
Famílias que moram próximo ao local deram início às celebrações, fazendo
orações e novenas. O local é visitado por muitas pessoas vindas de outras
regiões, principalmente por devotos de Nossa Senhora Aparecida.
Em novembro de 1999, o padre Zezinho (José Euclides de Oliveira) fez o convite para toda a comunidade para que juntos fizessem a 1ª Romaria à Gruta
do Cafundó, que reuniu mais de 3.000 pessoas.
Nos anos seguintes, as famílias de Orly Mello, José Oliveira Tobias Pereira e
a Paróquia Sant´Ana continuaram promovendo as Romarias de Penitências
à gruta.
São 16,2 quilômetros com saída em frente à Igreja do Bairro Vila Nova. Para
os devotos que percorrem a pé, a saída é às seis horas da manhã, para os que
vão de carro, moto e excursões, às oito horas. Em todo o trajeto há atendimento ambulatorial e ônibus para a volta.
No local, os romeiros participam da Santa Missa e, ao meio-dia, são vendidos
churrasco e bebidas.
Os devotos de Nossa Senhora Aparecida levam imagens da santa, fotos, objetos pessoais, e depositam no interior ou fora da gruta, acendem velas e
agradecem por graças recebidas.
Ponte Alta
149
Rio Rufino
Rio Rufino
Rio Rufino
Data de fundação: 12 de dezembro de 1991
População: 2.405 habitantes
Principais etnias: Açoriana, italiana e polonesa
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 198 km de
Florianópolis
Área: 333 km²
Cidades próximas: Bocaina do Sul, Bom
Retiro, Urupema
História:
Rio Rufino
A povoação do município começou por volta de 1905, com Rufino Pereira,
que morava onde hoje é a cidade de Urupema, mas cultivava as terras férteis
das margens dos rios. O primeiro povoado foi fundado por José Serafim dos
Santos e Osório Pereira de Medeiros e chamou-se Serra dos Pereiras. Em 29
de dezembro de 1957 foi criado o distrito de Rio Rufino. A emancipação político-administrativa ocorreu em 12 de dezembro de 1991.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
152
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
RRU-M-02
Denominação: Casa da Fábrica
Localização: Estrada Geral – s/n – Bairro
São Judas Tadeu
Ano de construção: 1900
Região: Serrana
Município: Rio Rufino
Entrevistado(a): Antonio Duarte
Dados:
A casa foi construída em 1900 pelo senhor Valdir Vieira a pedido do senhor
Dagostini para abrigar os operários que trabalhavam em uma fábrica, instalada no mesmo terreno em que a casa está construída. Quando a fábrica parou de funcionar, no ano de 1947, a casa foi ocupada pela família do senhor
Antonio Duarte, que nela residiu até 2003. A casa foi construída com madeira
falquejada por não existirem serrarias por perto. Seus alicerces foram feitos
de tijolos e com o tempo foram colocadas pedras de rio embaixo da casa. A
varanda fica na frente da casa e possui guarda-corpo trabalhado em madeira.
As janelas são de guilhotina, com veneziana de duas folhas.
Rio Rufino
153
Rio Rufino
Patrimônio Material
Denominação: Casa Manoel Professor
Localização: Rua Professor José Ribeiro, 156
Ano de construção: 1942
Região: Serrana
Município: Rio Rufino
Entrevistado(a): Gil Mário Marcelino
Rio Rufino
Código
RRU-M-03
Dados:
Construída no ano de 1942 pelo senhor José Fracetto Canório, mantém sua
configuração interna original composta de três quartos, sala, cozinha, copa
e despensa. As esquadrias, o forro e o piso são em madeira. As janelas possuem duas folhas de abrir e bandeira fixa.
154
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
RRU-M-04
Denominação: Casa Oselame
Localização: Rua José Serafim dos Santos, 67
Ano de construção: 1950
Região: Serrana
Município: Rio Rufino
Entrevistado(a): Carlos Oselame
Dados:
Construída em 1950, mantém a configuração original de uso, com comércio no térreo e residência no pavimento superior. Originalmente eram comercializados tecidos e roupas. Atualmente abriga dois comércios distintos.
A residência possui sete quartos, sala, cozinha e banheiro – todos ainda na
configuração original. Piso, forro, esquadrias e demais elementos ainda remanescentes do período de sua construção.
Rio Rufino
155
Rio Rufino
Patrimônio Material
Denominação: Igreja Senhor Bom Jesus de
Iguape
Localização: Rua José Oselame, s/n
Ano de construção: 1947 a 1972
Região: Serrana
Município: Rio Rufino
Entrevistado(a): Carlos Alberto Possenti
Rio Rufino
Código
RRU-M-08
Dados:
A pedra fundamental da capela foi colocada por Dom Daniel Hostim, no dia
16 de fevereiro de 1947. Foram realizados alguns mutirões para a compra de
tijolos, até que em 1972 a Igreja de Senhor Bom Jesus de Iguape ficou pronta. O construtor da capela foi o senhor Marturino, e o doador da imagem de
Senhor Bom Jesus foi o senhor Ozório Pereira de Medeiros.
156
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
RRU-S-01
Denominação: Artesanato em vime
Região: Serrana
Município: Rio Rufino
Entrevistado(a): Aguinaldo Capistrano
Basquerote
Rio Rufino
157
Rio Rufino
Histórico:
Rio Rufino
Em 1940 já havia plantações de vime no município de Rio Rufino, que pertenciam aos senhores João Serafim dos Santos, José Ghizoni e Orgarino de
Bona Sartor.
O vime foi plantado inicialmente às margens do rio para evitar a erosão.
Após, foi usado para amarrar parreiras de uva e com o tempo foi descoberto
ser uma planta maleável e que poderia ser usada na confecção de cestas e
outras formas de artesanato.
A partir de 1970, ao saberem da existência de compradores de vime no Rio
Grande do Sul, Orgarino e Írio de Bona Sartor, foram em busca desse comércio em Caxias do Sul e fizeram negócio com a Firma Irmãos Turra.
A primeira caldeira de vime foi colocada pelo senhor Antonio Scarbelloti no
ano de 1972.
O modo da secagem em estaleiros foi trazido ao município pelos senhores
Luiz e Geraldo da Firma Irmãos Turra, que orientaram na plantação, na poda,
no descasque e na classificação.
Com o tempo, o vime passou a ser usado para confeccionar cestas, sendo
uma grande fonte de renda. Em Rio Rufino, aproximadamente 200 famílias
trabalham com este cultivo.
O entrevistado aprendeu a trabalhar com sua família, pois seus pais e avós
já o faziam.
Descrição / Observações Gerais:
O vime é plantado, cortado, colhido, descascado, seco e classificado. Para trabalhar com ele, é necessário deixar de molho em tacho com água, para amolecer e moldar as peças pretendidas.
Como ferramentas são usados: máquinas de lascar e descascar o vime, tesouras, tachos, compressores, grampos, grampeadores, madeira, serra fita.
Depois desse processo o vime pode ser transformado em: sofás, cadeiras,
cestas de café da manhã, cestas para floricultura, cesta de natal, porta-cuias,
porta-revistas, estantes, molduras para espelhos e quadros e diversos outros
produtos.
158
Adaptação:
A única adaptação realizada refere-se ao fundo da cesta, que em alguns casos
é feito em madeira. O original é totalmente de vime.
Cadernos da Serra
Identidades
Lugares
Código
RRU-L-01
Denominação: Gruta Nossa Senhora Aparecida
Outras denominações freqüentes: Gruta da
Lagoa Preta e Gruta da Lora
Região: Serrana
Município: Rio Rufino
Entrevistado(a): Lorena de Souza Ribeiro
Histórico / Descrição:
No dia 6 de julho de 1990, Lorena de Souza Ribeiro, em sonho, recebeu o pedido
de Nossa Senhora Aparecida para construir uma gruta em sua homenagem.
Foi adquirida uma imagem de Nossa Senhora e, após receber a benção na Basílica de Aparecida do Norte, permaneceu na casa de dona Lorena por sete anos.
Em 15 de agosto de 1997 foi escolhido o lugar para colocar a imagem. Essa escolha se deu devido a um segundo sonho em que Nossa Senhora Aparecida mostrou uma fenda natural, existente no terreno de dona Lorena. A gruta foi inaugurada em 21 de outubro de 1997.
Observações Gerais / Curiosidades:
No mês de maio, durante um final de semana, é realizada uma festa em honra a
Nossa Senhora Aparecida.
A organização da festa é feita pela senhora Lorena e sua família, em parceria com
a Igreja Matriz de Urubici e o Pároco.
No domingo é rezada missa em honra a Nossa Senhora Aparecida. Em seguida
acontece a venda de churrasco, bolos, pães, bebidas em geral. Após o almoço, a
tarde dançante é animada por uma banda.
Participam das celebrações e festas realizadas na gruta os moradores da comunidade de Lagoa Preta em número aproximado de 70 pessoas, além de moradores das localidades vizinhas, chegando a 300 participantes.
Rio Rufino
159
São Joaquim
São Joaquim
São Joaquim
Data de fundação: 07 de abril de 1887
População: 22.790 habitantes
Principais etnias: Portuguesa, africana, alemã, italiana, japonesa e gaúcha
Localização: Planalto Serrano, a 136 km
de Tubarão, 81 km de Lages e 276 km de
Florianópolis
Área: 1.888 km²
Cidades próximas: Lages, Painel, Urubici,
Urupema, Orleans, Lauro Müller, Bom Retiro
História:
São Joaquim
São Joaquim foi colonizada por descendentes de portugueses e espanhóis
vindos do Rio Grande do Sul e de São Paulo, a partir de 1750. Depois de se
fixarem na região, eles fundaram grandes fazendas de gado, que serviam de
pouso aos tropeiros que levavam gado do sul para o interior do país. A partir
de 1873, com a fundação da freguesia de São Joaquim do Cruzeiro da Costa
da Serra, a região recebeu descendentes de alemães e italianos, que se integraram ao processo de colonização. Em agosto de 1886, a freguesia tornouse vila, emancipando-se em 07 de maio de 1887.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
162
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
SJQ-M-01
Denominação: Casa Cruz
Localização: Rua Juvenal Matos, 125
– Centro
Ano de construção: Década de 1920
Região: Serrana
Município: São Joaquim
Entrevistado(a): Estela Norma Pereira
Campos
Dados:
A casa foi construída por volta de 1921, por Marcos Fontanella e seus filhos.
Possui esquadrias em madeira e beiral adornado com lambrequins. Por ter
pertencido a um dos prefeitos da cidade, recebia e hospedava políticos e pessoas ilustres que visitavam o município.
São Joaquim
163
São Joaquim
Patrimônio Material
São Joaquim
Código
SJQ-M-03
Denominação: Fazenda São Francisco Xavier
Localização: Localidade de São Francisco
Xavier (Boqueirão)
Ano de construção: 1957
Região: Serrana
Município: São Joaquim
Entrevistado(a): Luiz Gonzaga
Dados:
Casa construída em estrutura de madeira e embasamento de pedra, constituída de dois pavimentos, galpão e mangueiras para tratamento de bovinos.
164
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
SJQ-M-04
Denominação: Fazenda Alecrim
Localização: Localidade de Lomba Seca
– Alecrim
Ano de construção: 1925
Região: Serrana
Município: São Joaquim
Entrevistado(a): Mara L. Köerich Vieira
Dados:
A casa foi feita com madeira de pinheiro, que era encerada e plainada manualmente. O corte do pinheiro acontecia somente nos meses que não possuem
em sua grafia a letra R, isto é, em maio, junho, julho e agosto. Acreditavam
que, assim, a madeira seria mais resistente ao tempo.
A casa possui cinco quartos, uma sala e um corredor no térreo. O sótão abriga dois cômodos. As janelas frontais possuem pinturas que formam um losango, colocados um decalque.
São Joaquim
165
São Joaquim
Saberes
São Joaquim
Código
SJQ-S-01
Denominação: Artesanato em Madeira
Região: Serrana
Município: São Joaquim
Entrevistado(a): Francisco Medeiros de
Abreu (Chico Escultor)
Histórico:
Há mais de 35 anos, o artesão trabalha com esculturas vendendo para todo
o Brasil e exterior.
As esculturas em miniaturas mostram a vida no campo.
Descrição / Observações Gerais:
Além de madeira, faz esculturas em concreto e argila.
166
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
SJQ-S-02
Denominação: Torta de Coalhada com Maçã
Região: Serrana
Município: São Joaquim
Entrevistado(a): Regina Aparecida Córdova
Histórico:
Começou a cozinhar desde pequena, quando morava com sua mãe e sua avó.
Foi quando se interessou pela culinária. Mas foi na década de 1990 que passou a produzir pratos com maçã e começou a participar de concursos culinários. Com essa receita, foi premiada com o 1º lugar.
Descrição / Observações Gerais:
Massa:
Ovo, trigo, margarina, fermento e açúcar.
Recheio:
Maçã, açúcar e suco de limão
Creme:
Coalhada, trigo, ovo, margarina, leite e açúcar.
Modo de fazer:
Bater o creme no liquidificador.
Montagem:
Forrar a travessa com a massa, colocar o recheio e depois acrescentar o creme. Assar em temperatura de 120ºC por aproximadamente 50 minutos.
São Joaquim
167
São Joaquim
Saberes
Código
SJQ-S-03
Denominação: Pernil de porco fatiado com
maçã
Região: Serrana
Município: São Joaquim
Entrevistado(a): Regina Aparecida CórdovaAbreu
São Joaquim
Histórico:
Começou a cozinhar desde pequena. quando morava com sua mãe e sua avó,
no sítio onde morava. Mais tarde, começou a desenvolver receitas cujo principal ingrediente é a maçã, e se especializou nelas.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Pernil fatiado, azeite, temperos, sal, cerejas e maçã.
Modo de Preparo:
Fritar bem o pernil em panela de ferro e reservar. Descascar as maçãs pequenas, fazer uma calda média e cozinhar em fogo moderado.
168
Montagem do prato:
Ao centro do prato, colocar o pernil picado, ao redor as maçãs e as cerejas.
Cadernos da Serra
Identidades
Celebrações
Código
SJQ-C-01
Denominação: Festa do Divino Espírito Santo e do Padroeiro São Joaquim
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Pároco Pe. Arnildo Primon
Histórico / Descrição:
As duas festas acontecem no mesmo período, começando com a do Divino e
encerrando com a do Padroeiro São Joaquim.
Em São Joaquim, a primeira festa aconteceu no ano de 1965 e foi realizada
pelo Padre Blévio Oselame, hoje Monsenhor.
São Joaquim
169
São Joaquim
Observações Gerais / Curiosidades:
São Joaquim
Primeiro são escolhidos os festeiros, grupos de até cinco casais. O homem
carrega a bandeira, a mulher e a imagem do Santo Padroeiro, e saem às ruas
de casa em casa pedindo prendas e abençoando os lares e as famílias. A bandeira e a imagem são entregues ao casal, dono da casa, que as leva aos cômodos pedindo proteção e bênção do Divino e do Padroeiro. A visita também é
feita nas capelas do interior de São Joaquim e nas fazendas.
As Festas do Divino e do Padroeiro São Joaquim são celebradas na Igreja
Matriz.
Os casais usam boné vermelho e os homens uma estola da mesma cor. São
acompanhados por um ou mais gaiteiros, pandeiros e apitos, cantando o
Hino do Divino. Levam a bandeira vermelha com o Símbolo do Divino e a
imagem do Santo Padroeiro.
A duração das visitas nas casas é de 10 a 15 minutos, sendo visitadas dez
casas por dia.
Ao todo são quarenta e dois dias de visitas às casas e dois dias de festejo.
Durante a festa são comercializados churrasco, bolos e diversas bebidas. A
música é feita por gaiteiros.
170
Cadernos da Serra
Identidades
Celebrações
Código
SJQ-C-02
Denominação: Festa do Santo Antão
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Pároco Pe. Arnildo Primon
Histórico / Descrição:
São escolhidos os festeiros e formados grupos de casais, que arrecadam
prendas para o dia da festa, realizada sempre aos domingos, no mês de novembro. A festa realiza-se no Capitel do Santo Antão, a 9 km do centro da
cidade. Nesse dia, alguns seguem a pé por pagamento de promessa. É celebrada a missa no local e, logo após, serve-se o almoço, com churrasco de
frescal e outras carnes em geral. O evento conta com atividades como roletas,
bingo, música, remate de gado e apresentação de bandas.
Em dia de chuva, é somente celebrada a missa na Igreja Matriz.
Observações Gerais / Curiosidades:
Santo Antão era um monge que vivia na solidão, unicamente voltado para
Deus e para a oração. Nasceu em 251 e morreu em 356, com 105 anos. Não
só rezava, mas também trabalhava no campo, sobrevivia com tudo que a natureza produzia. Era vegetariano, razão de sua longevidade.
São Joaquim
171
São José
do
Cerrito
ANITASão
GARIBALDI
José
Anita
Garibaldi
do Cerrito
São josé do Cerrito
Data de fundação: 07 de dezembro de 1961
População: 10.364 habitantes
Principais etnias: Luso-brasileira
Localização: Planalto Serrano, na microrregião dos Campos de Lages, a 242 km de
Florianópolis
Área: 969 km²
Cidades próximas: Correia Pinto, Lages,
Ponte Alta, Capão Alto
História:
São José do Cerrito
A colonização da região começou no século XIX, com a ocupação e exploração dos campos de Lages pelos bandeirantes paulistas. Os fundadores de
Cerrito foram os políticos da época – Anacleto da Silva Ortiz, José Otávio Garcia, Cirilo Antunes Pereira, Dorgelo Pereira dos Anjos, Vidal Gregório Pereira,
Sebastião da Silva Ortiz, João Camilo Pereira e dom Daniel Ostin, bispo da
diocese de Lages. Apesar de a fundação ter ocorrido no local da primeira capela, construída próxima ao Rio Caveiras, foi formada uma comissão distrital
para definir a sede. Por muitos anos, o município usou o nome de Caru, para
lembrar as profecias de João Maria de Agostinho, monge da Campanha do
Contestado. Ele acreditava que o nome “Caveiras” faria com que mais e mais
pessoas morressem afogadas nas águas profundas do rio. Por isso, os moradores passaram a chamar a localidade de Caru, nome de origem indígena que
significa “forte e corajoso”, como o rio. Mas, em 1953, o Executivo da comarca
de Lages recebeu a proposta do Legislativo para voltar ao antigo nome, São
José do Cerrito, em homenagem ao patrono da primeira capela, São José.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
174
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
SJC-M-01
Denominação: Casa Medeiros
Localização: Localidade Rincão dos Albinos
Ano de construção: 1950
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Alvenor Rogério Medeiros
Dados:
Edificação residencial construída em madeira araucária no ano de 1950 para
abrigar a família do proprietário, senhor Leopoldo, mantendo a mesma destinação nas duas gerações seguintes. Junto à residência, foi construída uma
ala em madeira para uso comercial, tendo servido de armazém geral e de
entreposto para troca de mercadorias como fumo em corda, feijão, milho,
entre outras, por muitos anos.
A residência é constituída de catorze cômodos, mais depósito, garagem, local
para máquinas e equipamentos, galpão, aviários e paiol.
São José do Cerrito
175
São josé do Cerrito
Patrimônio Material
São José do Cerrito
Código
SJC-M-07
Denominação: Casa Tigre
Localização: Localidade de Itararé
Ano de construção: 1912
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Afonso Maria Pereira Tigre
Dados:
176
Propriedade da família desde 1912, a Casa Tigre foi construída pelo avô de
seu atual proprietário para morar depois do casamento.
Localizada às margens da BR-282, foi um dos primeiros armazéns do município e ponto de parada dos viajantes e tropeiros que comercializavam a
produção agrícola na região.
Atualmente, possui uso residencial, mas teve uso comercial até 1995.
Muitas mulheres ali se hospedavam para aprender corte e costura com a
dona Ivência, esposa do construtor.
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
SJC-M-09
Denominação: Casas subterrâneas
Localização: Localidade Rincão dos Albinos
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Elusa Mara Wiggers Ortiz
Dados:
As casas subterrâneas do município remetem às tribos indígenas Kaingang e
Xokleng, e podem ser localizadas em diversas comunidades como: Boa Parada, Bom Jesus, Salto dos Marianos, Rincão dos Albinos entre outras.
Caracterizam-se por uma depressão escavada no solo – de formato circular
ou oval – sobre a qual é construída uma cobertura com palha e madeira.
Arqueologicamente são identificadas pela depressão, já que a palha e a madeira desapareceram com o tempo. As casas subterrâneas eram construídas
com instrumentos feitos de pedra e a terra carregada em cestos pelos indígenas. Muitas vezes, encontramos próximos a elas grandes acúmulos de
sedimento provenientes deste trabalho de escavação.
São José do Cerrito
177
São josé do Cerrito
Saberes
São José do Cerrito
Código
SJC-S-01
Denominação: Trama de Taquara
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Simão Pedro Rodrigues
Histórico:
Seu Simão aprendeu o ofício com os pais aos dez anos de idade.
Sua produção é voltada para a venda, mas hoje, devido à seca da taquara e à consequente falta de material, não está mais produzindo com esse fim. Acredita que a
causa seja o amadurecimento da taquara, que ocorre de trinta em trinta anos. Ainda
assim, a procura pelos produtos é grande.
Seu Simão gosta muito do seu ofício e sente-se bem fazendo o que aprendeu. Lamenta o fato de ninguém de sua família ter o interesse em aprender, mas pretende
ensinar a suas filhas.
Principais produtos:
Balaio, peneira, apá, cestos, cestas.
Descrição / Observações Gerais:
178
O segredo é preparar a taquara dividindo-a ao meio.
Para fazer um balaio menor, às vezes é necessário retirar os filetes para a taquara
ficar bem fininha, facilitando seu manuseio. Faz sempre da mesma forma que aprendeu.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
SJC-S-02
Denominação: Revirado de feijão com bolo
frito
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Maria Iolita Waltrick
Moraes
Histórico:
A história de São José do Cerrito está vinculada ao caminho das tropas, por
ser o berço dos tropeiros que iam a outros municípios levar produtos agrícolas e trazer sal, açúcar, tecidos, rapadura, cachaça, além de outros produtos.
Nas paradas, alimentavam-se com revirado de feijão.
No dia a dia, a primeira refeição era revirado de feijão com torresmo acompanhado de bolacha frita e café tropeiro, pois precisavam se alimentar bem
para ter força e disposição para o serviço pesado.
Descrição / Observações Gerais:
Revirado
Ingredientes:
Feijão, cebola, banha e torresmo.
São José do Cerrito
179
São josé do Cerrito
Modo de fazer:
Aquecer a banha e colocar a cebola picada e o torresmo. Esperar fritar, misturar o feijão cozido e deixar ferver. Quando o caldo estiver grosso, misturar
a farinha e mexer. Deixar descansar em fogo brando espalhando um pouco
de óleo por cima.
Bolo frito
Ingredientes:
Ovo, açúcar, sal, fubá, leite, fermento, amoníaco, farinha de milho/biju/mandioca.
São José do Cerrito
Modo de fazer:
Colocar todos os ingredientes em uma bacia, misturar bem e amassar. Após a
massa crescer um pouco, esticar com o rolo de macarrão, cortar em quadrados e fritar em óleo quente.
180
Cadernos da Serra
Identidades
Celebrações
Código
SJC-C-01
Denominação: Festa de São Pedro
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Padre Lindomar Borges
Histórico / Descrição:
A primeira festa de São Pedro foi realizada no dia 22 de março de 1964 em
ocasião da inauguração da nova Igreja Matriz de São Pedro. Naquela época,
as festas dos santos de devoção e padroeiros eram feitas da seguinte maneira: os festeiros ou responsáveis saíam e pediam ajuda aos amigos e vizinhos
e, no dia da festa, reuniam-se para rezar e fazer suas devoções. Tudo era por
conta dos organizadores. A fé e a religiosidade prevaleciam; rezavam os terços cantados e faziam orações ao santo que estavam festejando.
Os doces eram feitos de gila e sequilhos coloridos, e as bebidas eram em barris. As mulheres faziam e serviam os licores. Algumas festas duravam toda a
semana.
São José do Cerrito
181
São josé do Cerrito
Nos dias de hoje a festa acontece anualmente no mês de junho, iniciando
três dias antes com os tríduos e novenas preparatórias, tendo a duração de
quatro dias.
Nesse período acontecem apresentações culturais e shows musicais com artistas locais e da região.
No domingo a festa inicia com a procissão do Padroeiro e a Santa Missa.
Durante o dia acontecem os divertimentos populares, culminando com um
grande bingo.
Produtos comercializados:
Churrasco, galinha assada, bolos, ponche, sagu, pipoca, pinhão.
Observações Gerais / Curiosidades:
São José do Cerrito
A imagem do Santo Padroeiro foi trazida da Alemanha.
182
Cadernos da Serra
Identidades
Formas de Expressão
Código
SJC-FE-01
Denominação: Recomendação de almas
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Sebastião Rodrigues da
Cruz
Histórico / Descrição:
Aprendeu a rezar as recomendações de alma aos 15 anos com seus tios por
motivos religiosos.
Chegavam a uma casa, batiam a matraca por três vezes e iniciavam a recomendação, convidando os donos da casa para rezarem com os recomendadores à alma de Jesus Cristo.
São José do Cerrito
183
São josé do Cerrito
Geralmente o horário de iniciar a reza era por volta de 21 horas no período
da quaresma.
As pessoas não podem abrir a porta antes do fim da reza, a não ser que queiram rezar o terço em intenção de algum pedido.
Na Sexta-feira Santa reza-se o bendito em intenção de despedir-se da quaresma.
“Seu Tatão”, como é conhecido, gosta de rezar cuidando da voz e das respostas. Depois de rezar o Pai-Nosso, oferece a oração em intenção de alguma
alma sofredora e assim inicia-se a recomendação propriamente dita.
São José do Cerrito
Canto de recomendação
- Senhor Deus (3x)
- Senhor Deus de misericórdia
- Misericórdia Senhor Deus
- Senhor Deus (2x)
- Pelas dores de Maria Santíssima, misericórdia Senhor Deus
- Bendito, bendito, louvado seja (2x)
- É o Santíssimo sacramento (2x)
- Os anjos, todos anjos (2x)
- Louvemos Deus para sempre, amém
Observações Gerais / Curiosidades:
Dois grupos de recomendação de almas não podem se encontrar na mesma
casa, pois se isso acontece deve haver um duelo de oração e quem perde deve
acompanhar o grupo vencedor.
184
Cadernos da Serra
Identidades
Lugares
Código
SJC-L-01
Denominação: Morro da Santa Cruz
Região: Serrana
Município: São José do Cerrito
Entrevistado(a): Padre Aduíno Salami
Histórico / Descrição:
Localiza-se às margens da BR-282, na localidade de Ermida, chamada assim por
ser um lugar solitário, calmo e elevado. O monge profeta João Maria confirmou esse
nome. No alto do morro surgiu a Igrejinha de Santa Cruz, que mais tarde foi substituída por outra maior e em lugar mais plano. O terreno foi doação de Herculano
Pereira dos Anjos.
Ermida foi se constituindo com a chegada de diversas famílias à procura de uma vida
melhor, sobretudo de novas terras.
Observações Gerais / Curiosidades:
Quando se realizavam festas e casamentos no alto do morro, eram usados cavalos
como meio de transporte da comida e dos noivos. Como não havia água, esta era
levada até o alto do morro também no lombo dos animais.
O lugar está ligado à figura do monge João Maria. Conta-se que, por onde o profeta
passava, uma cruz era plantada, não podendo ser arrancada. Certa vez, feito isso, o
fogo tudo consumiu.
Nas procissões, a bandeira do Divino era levada, como continua ocorrendo. O povo
levava muito em conta as profecias do João Maria, sobretudo aquela em que o monge dizia “virão cobras pretas que morderão as pessoas e elas morrerão”; segundo a
comunidade, estava-se falando sobre o asfalto da BR-282.
O local tornou-se importante, atraindo pessoas de todas as regiões. No dia da Santa
Cruz, após a procissão é realizada a Santa Missa no alto do morro. Hoje é um lugar
de encontros religiosos, além de ponto turístico.
São José do Cerrito
185
Urupema
Urupema
Urupema
Data de fundação: 25 de março de 1918
População: 2.543 habitantes
Principais etnias: Açoriana e italiana
Localização: Está a 26 Km de Painel, ligada
pela Rodovia das Araucárias, na SC-439, e a
18 km de Rio Rufino. Distante de Lages por
52 km e da Capital por 198 km, via BR-282
Área: 278,7 km²
Cidades próximas: Lages, Painel, São Joaquim, Urubici, Rio Rufino
História:
Urupema
O povoado de Santana foi fundado em 25 de março de 1918, por Manoel
Pereira de Medeiros. Em 1923 houve a criação do Distrito de Santana, pertencente a São Joaquim. Em 31 de março de 1938 elevou-se a categoria de
Vila. No ano de 1944 foram encontrados registros com o nome de Urupema,
que significa uma espécie de peneira usada pelos indígenas. A emancipação
administrativa do Município foi alcançada em 04 de janeiro de 1988 e sua
instalação em 1º de junho de 1989.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/municipios/frametsetmunicipios.htm
188
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
URP-M-03
Denominação: Casa Arruda
Localização: Rua Evaristo Pereira de Souza
nº 120
Ano de construção: 1939
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): Sadir Ap. Amarante Arruda
Dados:
Odilon Mello do Amarante e sua esposa, pais da atual proprietária, construíram a residência e moraram nela de 1939 até 1984. A casa foi construída
toda em madeira araucária pelo próprio Odilon e um carpinteiro. A madeira
foi serrada no mês de maio na lua minguante por se acreditar que nessa lua
a madeira não estragava. O assoalho recebeu tratamento de óleo de linhaça.
A madeira foi serrada em uma serraria em Rio dos Touros e transportada
até Urupema em carro de boi. A cobertura é de telha francesa. As portas e as
janelas são de madeira e vidros. Seu uso sempre foi residencial. As janelas e
as portas com venezianas de madeira foram feitas com encaixes sem utilizar
pregos.
Urupema
189
Urupema
Patrimônio Material
Urupema
Código
URP-M-05
Denominação: Cemitério da Divisa
Localização: Localidade de Rincão dos
Papagaios.
Ano de construção: 1850
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): Wilson Macedo
Dados:
Senhor Euvidio Machado (falecido em 1880) era o dono da fazenda e construiu esse cemitério em 1850 em suas terras para enterrar os familiares. Seu
filho, João Amarante, escrivão em Urupema, vendeu o terreno para o pai do
atual proprietário, Blevio Pinto de Andrade. As taipas em volta foram feitas
por Augusto Teeira. O pinheiro que existe junto à taipa, do lado esquerdo
do cemitério, foi plantado por volta de 1950 por Antonio Martins, quando
faleceu sua esposa. Esse senhor cuidou do cemitério até a década de 70. Os
membros das famílias eram enterrados sempre no mesmo lugar. Os ossos
dos que ali jaziam juntavam-se aos recém-falecidos, num mesmo caixão. O
último enterramento data de 2005.
190
Cadernos da Serra
Identidades
Patrimônio Material
Código
URP-M-06
Denominação: Igreja da Bossoroca
Localização: Estrada Geral Urupema, Vila de
Bossoroca.
Ano de construção: 1964
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): José Ataíde P. de Mello
Dados:
Em 1940, a Senhora Florisbela Oliveira Neto (Tia Bela) doou um pequeno
terreno localizado na Vila de Bossoroca para a construção da primeira igreja
com aproximadamente 30 m de área – até então existia apenas uma cruz no
alto do morro, que demarcava o local das orações. Essa pequena igreja foi
utilizada até o ano de 1964 quando foi inaugurada a atual construção.
Construída pelos senhores Nicanor Pereira de Medeiros e Adenor Ribeiro,
carpinteiros, a madeira utilizada nos barrotes foi o pinheiro, com suas peças
serradas a mão.
Urupema
191
Urupema
Patrimônio Material
Urupema
Código
URP-M-09
Denominação: Casa Abreu
Localização: Fazenda Santa Cruz – localidade de Bossoroca
Ano de construção: 1950
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): Mauro Muniz de Abreu
Dados:
Esse imóvel sempre teve uso residencial, pertencendo à família Abreu. A
madeira, toda de pinheiros de mais de 100 anos, foi serrada em uma das
serrarias existentes em Urupema. Essa madeira foi puxada em carros de boi
e levada de Urupema até Bossoroca, num percurso de aproximadamente 40
km. As portas são todas de madeira encaixada, sem a utilização de pregos. As
janelas ainda são originais em madeira com vidro e venezianas de madeira
de abrir com duas folhas. O forro e o assoalho da sala e dos quartos são de
madeira original com os caibros do forro à vista.
192
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
URP-S-01
Denominação: Artesanato em Madeira
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): Jocelino de Brito Borges
– conhecido como “Kubicheque”
Histórico:
O senhor Jocelino faz as peças desde os 7 anos de idade. Aprendeu o saber
sozinho. Ele recolhe restos de madeira, de vime e pinheiro americano e vai
lapidando até dar a forma desejada às peças que se transformam em diversos animais, carros de boi, peças inspiradas no regionalismo, em imagens de
santos etc.
Descrição / Observações Gerais:
Os trabalhos são feitos com o uso de uma serra manual, um canivete e uma
pua. Não há uma técnica definida.
Os principais produtos são: animais, carros de boi, dançadores, gaiteiros, bilboquê e outros.
Urupema
193
Urupema
Saberes
Código
URP-S-02
Denominação: Entrevero
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): Marília Sutil de Oliveira
Histórico:
Urupema
O Entrevero Serrano surgiu na época dos tropeiros. Eles faziam o fogo de chão e colocavam um aro de trator sobre a brasa e iam depositando legumes e carnes. Como
acompanhamentos, utilizavam pão ou arroz.
A palavra entrevero, conforme o dicionário, significa mistura, desordem. No disco
ou aro ela se traduz numa receita rústica e deliciosa, onde carnes suínas, charque,
bacon, calabresa e pinhões cozidos se juntam ao colorido dos pimentões, do tomate,
da cebola e do alho.
Nos dias de hoje é comum que cada família serrana tenha em suas residências um
disco de ferro para preparo do entrevero, onde acrescentam os ingredientes de sua
preferência.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Pinhão, pimentão verde, pimentão vermelho, cebolas picadas, alho, tomate, linguiça,
bacon, frescal, lombinho de porco, sal e tempero verde.
194
Modo de Preparo:
Picar todos os ingredientes e colocar em uma panela, preferencialmente de ferro, o
óleo, pimentão, cebola, alho e os tomates e refogar. Em seguida, colocar todas as carnes e refogar por mais quinze minutos. Acrescentar sal e temperos verdes a gosto.
Cadernos da Serra
Identidades
Saberes
Código
URP-S-03
Denominação: Bolo de milho
Região: Serrana
Município: Urupema
Entrevistado(a): Aurora Pagani
Histórico:
Essa receita do bolo de milho foi ensinada pelos pais e tios de dona Aurora,
que na época produziam milho. Transformavam o milho em farinha e faziam,
além desse bolo, cuscuz, pamonha e polenta, que era o sustento da família.
Descrição / Observações Gerais:
Ingredientes:
Ovos, farinha de milho, açúcar, trigo, banha, manteiga, sal, fermento, canela
e leite.
Modo de fazer:
Bater bem os ovos com açúcar, manteiga, banha, sal. Depois acrescentar a
farinha de milho, de trigo e fermento. Colocar leite aos poucos. A massa tem
que ser mole. Por último, espalhar na massa crua, antes de assar, o açúcar e
a canela. Levar ao forno por 40 minutos.
Urupema
195
Agradecimentos
O Cadernos da Serra é resultado de quase um ano de trabalho em equipe. Por isso, gostaríamos de agradecer aos que, com empenho e dedicação, tornaram viável esta publicação. Dessa forma, agradecemos à
SDR Lages, SDR São Joaquim, AMURES e Prefeituras Municipais, cujos
Agentes Culturais, abaixo relacionados, foram essenciais para a elaboração do mapeamento e inventário através de pesquisa de campo.
Nossos agradecimentos também à fundamental contribuição dos entrevistados, cujas informações foram indispensáveis para a realização
deste trabalho.
Anita Garibaldi
Neuza Cechin
Antônio Ronaldo Sutil
Bocaina do Sul
Ana Flavia Oliveira
Dejanira E. Beirão
Laís Celestino Ferreira
Lissandra Assink
Bom Retiro
Fábio de Almeida
Jaqueline Küll
Campo Belo do Sul
Patrícia Rodrigues Borges
Saulo Norberto de Oliveira
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Cadernos da Serra
Capão Alto
Deise P. Della Rech
Suzana Aparecida de Jesus
Cerro Negro
Paulo Roberto de Liz Delfes
Correia Pinto
Claudia R. B. Santos
Lages
Alberto Werner Neto
Jussara Ghizoni
Jussara Castilhos
Paulo Ramos Derengoski
Otacílio Costa
Oneide Aparecida Coelho de
Farias
Painel
Ana Maria C. Branco
Palmeira
Ariana S. Bitencort
Elaine D. Andrade
Ponte Alta
Mari Ângela Liposki
Rio Rufino
Claudia Della Justina Souza
João Oliveira
Equipe técnica AMURES
Renato Nunes de Oliveira
Presidente
Gilsoni Lunardi Albino
Secretário Executivo
Priscila Nunes
Analista de Projetos
Iraci Vieira de Souza
Assessora de Eventos
José Hamilton Lemos
Motorista
São Joaquim
Francisco Medeiros de Abreu
Nériton Luiz Barbosa Lopes
Isabel Aparecida Nunes Zanella
Estela Hugen Machado
São José do Cerrito
Eliane Ramos Albuquerque
Urupema
Ana Paula da Silva Souza
Ângelo Stupp
197