1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO JULIANO CARVALHO DA SILVA CORRELAÇÃO DAS LESÕES HISTOPATOLÓGICAS RENAIS E CARDÍACAS EM RATOS ESPONTANEAMENTE HIPERTENSOS (SHR) Uberaba- MG 2013 JULIANO CARVALHO DA SILVA CORRELAÇÃO DAS LESÕES HISTOPATOLÓGICAS RENAIS E CARDÍACAS EM RATOS ESPONTANEAMENTE HIPERTENSOS (SHR) 2 Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Patologia Básica experimental. Orientadora: Profª Drª Ana Carolina Guimarães Faleiros Co-Orientador: Dr. Octávio Barbosa Neto Uberaba- Outubro 2013 Agradecimentos A Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para superar as dificuldades, mostrar os caminho nas horas incertas e me suprir em todas as minhas necessidades. À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, paciência e incentivo. À minha orientadora e amiga Profa. Dra. Ana Carolina G.Faleiros, por por acreditar em mim, me mostrar o caminho da ciência, fazer parte da minha vida nos momentos bons e ruins, por ser exemplo de profissional e de mulher e que que sempre fará parte da minha vida. A Dra Renata Margarida Etchebehere por sua ajuda nos momentos mais críticos, por acreditar no futuro deste projeto e contribuir para o meu crescimento profissional e por ser também um exemplo a ser seguido. Sua participação foi fundamental para a realização deste trabalho. Aos amigos da Patologia Geral, Especial, Cirúrgica, Cirúrgica, Fisiologia e PósPósGraduação, Graduação, em especial Daniela Beatriz Souza Campos, Eliângela de Castro Cobo, Patrícia Lins Marques, Vanesca Alessandra Silva Gomes e Átila FredericoVieira que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e incentivando. Somente Deus poderá retribuir o imenso carinho e contribuição que tiveram nesse trabalho. III 3 Apoio financeiro: Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba (FUNEPU) e Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA.................................................................. 1.2. EPIDEMIOLOGIA........................................................................................................ 1.3. FISIOPATOLOGIA...................................................................................................... 1.3.1. CARDIOPATIA HIPERTENSIVA......................................................................... 1.3.2. NEFROESCLEROSE............................................................................................... 1.4. MODELO EXPERIMENTAL................................................................................... 2. OBJETIVO GERAL.................................................................................................... 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................... 3. MATERIAL E MÉTODO................................................................................................ 3.1. SELEÇÃO DE ANIMAIS............................................................................................. 3.2. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS HEMODINÂMICOS NOS ANIMAIS............ 3.3. PROCESSAMENTO E COLORAÇÕES HISTOLÓGICAS....................................... 3.4. ANÁLISE MORFOLÓGICA E MORFOMÉTRICA................................................... 3.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................................ 4. RESULTADOS................................................................................................................ 5. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 6. CONCLUSÃO.................................................................................................................. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. IV PÁG 1 1 1 2 2 4 6 8 8 9 9 9 10 11 12 13 15 18 19 V RESUMO A hipertensão arterial sistêmica é uma das mais frequentes e preocupantes doenças nos países do ocidente e pode ser considerada como um fator responsável por alterações estruturais e funcionais caracterizadas por modificações como a hipertrofia dos miocardiócitos, fibrose intersticial e nefroesclerose. Porém, não existem estudos mostrando se existe uma associação 5 entre a intensidade das lesões nesses dois órgãos alvo. O objetivo foi verificar se existe correlação entre a intensidade de fibrose cardíaca e renal, esclerose glomerular e área de miocardiocitos em ratos espontaneamente hipertensos (SHR). Foram utilizados fragmentos do terço médio do ventrículo esquerdo do coração e polo médio do rim direito de 15 SHR, esses órgãos foram fixados, processados e as lâminas coradas com Hematoxilina-Eosina e PicroSirius. A morfometria foi realizada no programa ImageJ. As análises foram feitas pela contagem de pontos através da qual obtivemos o valor da área ocupada por matriz mesangial e miocardiócitos em um2 e marcação da área de colágeno, birrefringente, obtendo-se o percentual de fibrose por área do campo analisado. A área de matriz mesangial foi expressa em porcentagem calculada a partir da área total do tufo glomerular. A média da área de miocardiócitos foi de 1763,1 µm² e a média da porcentagem de área do glomérulo ocupada por matriz mesangial foi de 36,8%. A mediana fibrose cardíaca foi 0,4% e renal de 0,7%. Houve uma correlação positiva, porém não significativa entre: área de miocardiócitos e a área de matriz mesangial, e entre a fibrose cardíaca e renal. Portanto, concluímos que, tanto o rim quanto o coração são lesados pela hipertensão, lesões estas representadas pela hipertrofia cardíaca e alteração de matriz mesangial e fibrose, porém esses processos não se desenvolvem proporcionalmente na mesma intensidade nesses dois órgãos alvo. Palavras-chave: Hipertensão, coração, rim ABSTRACT Systemic Arterial Hypertension (SAH) is one of the most common and troubling diseases in Western countries and can be considered as a factor responsible for structural and functional changes as characterized by cardiomyocytes’ hypertrophy, interstitial fibrosis and nephrosclerosis. However, there are no studies showing whether there is an association between the intensity of the lesions in these two target organs. The aim was to verify if there is correlation between the cardiac and renal fibrosis intensity, glomerulosclerosis and cardiomyocytes’ area in spontaneously hypertensive rats. Fragments of the middle third of the VI 6 left ventricle and the right kidney middle pole of 15 spontaneously hypertensive rats were used. These organs were fixed and processed and the slices were stained with hematoxylineosin and Picrosirius. The morphometry was performed using ImageJ. Analyses were done by point counting through which the value of the area occupied by the mesangial matrix and cardiomyocytes in um2 were obtained and the area of birefringent collagen was marked showing the percentage of fibrosis per field area analysed. The mesangial matrix area was expressed as a percentage from the total area of the glomerular tuft. The average area of cardiomyocytes was 1763.1 µm² and the average percentage of the glomerular area occupied by mesangial matrix was 36.8%. The median of cardiac and kidney fibrosis were 0.4% and 0.7%, respectively. There was a positive correlation, despite not significant, between: cardiomyocytes and mesangial matrix areas, and; cardiac and renal fibrosis. Therefore, we conclude that both the kidney and the heart are harmed by hypertension, lesions represented by cardiac hypertrophy and mesangial matrix alterations and fibrosis, but these processes don’t grow proportionately with the same intensity in these two target organs. Keywords: Hypertension, heart, kidney. Lista de figuras: Figura 1. Fragmentos do terço médio do ventrículo esquerdo do coração dos ratos SHR, fixados em paraformaldeído 10% tamponado. Figura 2. Fragmentos do pólo médio do rim direito dos ratos SHR, fixados em paraformaldeído 10% tamponado. VII 7 VIII Lista de gráficos, tabelas e quadros: Gráfico 1. Representação da correlação entre fibrose cardíaca e renal em ratos SHR. Gráfico 2. Representação da correlação entre área de miocardiócitos e matriz mesangial em ratos SHR. Quadro 1. Fórmulas utilizadas para os cálculos realizados Tabela 1. Análise da área de miocardiócitos, matriz mesangial, fibrose cardíaca e renal em ratos SHR. 8 IX Lista de abreviaturas HAS mmhg PA SHR HA HE PS µm2 Hipertensão arterial distêmica Milímetro de mercúrio Pressão arterial Spontaneously Hypertensive Rats Hipertensão arterial Hematoxilina e eosina Picro-Sirius Micrômetros quadrados 9 1. Introdução: 1.1. Hipertensão arterial sistêmica: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida como pressão sanguínea sistólica acima de 140 mmHg e/ou pressão sanguínea diastólica acima de 90mmHg, é uma das mais freqüentes e preocupantes doenças nos países do ocidente (GRYNBERG, 2005; IV DBHA, 2004). De acordo com IRIGOYEN et al 2003, a HAS é uma doença multifatorial resultando em anormalidades dos mecanismos de controle da pressão arterial (PA). Trata se de uma síndrome cardiovascular progressiva acometendo vários órgãos como coração, rins e encéfalo (ANWAR,2012). Apenas a manutenção de níveis permanentemente elevados, em múltiplas medições, em diferentes horários, posições e condições (repouso, sentado ou deitado) caracteriza HAS (BÜHLER et al., 1994; SOUZA et al, 2010). 1.2 Epidemiologia: Inquéritos epidemiológicos da HAS no Brasil apontam uma alta prevalência, da ordem de 22% a 44%, sendo responsável por aproximadamente 46% dos óbitos e 31,37% das internações com causa cardiovascular. A prevalência da HAS é maior em países desenvolvidos do que em países em desenvolvimento, mas a grande massa populacional em países em desenvolvimento tem contribuído de forma significativa para o número total de indivíduos hipertensos no mundo todo (KEARNEY et al., 2005). A hipertensão arterial por si só representa um potencial fator de risco cardiovascular, contribuindo para a disfunção renal sendo um problema de saúde pública grave em todo o mundo (KEARNEY et al., 2005). 10 Dessa forma, a HAS é um dos principais agravos à saúde no Brasil, elevando o custo médico-social, principalmente pelas suas complicações, como as doenças cérebro-vascular, arterial coronariana e vascular de extremidades, além da insuficiência cardíaca e da insuficiência renal crônica (SBH, 2006; IV DBHA, 2004). 1.3 Fisiopatologia: A HAS está relacionada com um aumento na “resistência” das artérias, a qual ocorre com o aumento da idade, a obesidade, dentre outros. Embora frequentemente a HAS seja uma predisposição genética, podem ser também desencadeada por fatores nutricionais incluindo obesidade, resistências à insulina e excessivos consumo de álcool ou sal e o sedentarismo. (DBHA, 2007). Isso ocorre devido a um desequilíbrio entre vários mecanismos que contribuem para a regulação da pressão, assim como hiperatividade do sistema simpático ou alteração do sistema renina-angiotensina-aldosterona. (BEEVERS et al., 2001). 1.3.1 Cardiopatia hipertensiva: Elevação da pressão arterial representa fator de risco independente, linear e contínuo para a doença cardiovascular. Uma das principais limitações no controle da hipertensão está alicerçada no conceito de que essa doença é complexa e poligênica e sofre influência de fatores ambientais como dieta, ingesta de sal e obesidade, entre outros. (GANTEN & JONG, 1994; WHO, 2007). A hipertensão não é uma doença do leito vascular, mas se torna um fator de risco importante quando a pressão arterial se eleva a um nível muito alto, provocando o aparecimento de lesões crônicas nas artérias e órgãos alvos como rins, coração, cérebro e olhos (GRYNBERG, 2005). 11 Estudos experimentais e clínicos realizados nas últimas quatro décadas concluíram que existe uma relação recíproca entre doenças hipertensivas e coração. A HAS pode ser considerada como um fator responsável por alterações estruturais e funcionais caracterizadas por modificações como a hipertrofia e apoptose dos miocardiócitos, fibrose, hipertrofia da parede de artérias e arteríolas intramiocárdicas (SALAZAR, 2006). A hipertrofia cardíaca é um processo adaptativo que ocorre em resposta a uma série de estímulos fisiológicos e patológicos (CICOGNA et al., 1997). A hipertrofia cardíaca é uma adaptação do miocárdio sendo uma das principais complicações da hipertensão, resultando no desenvolvimento de insuficiência cardíaca (THANDAPILLY, 2013). Além disso, a hipertrofia ventricular esquerda representa um marcador de risco cardiovascular independente, e pode estar associada com o aumento da incidência de doenças cardiovasculares fatais, como doença coronária, arritmia ventricular e morte súbita. (FROLIK, 1999; LORREL & CARABELLO, 2000). As características morfológicas da cardiopatia hipertensiva estão relacionadas à pressão sanguínea e fatores não hemodinâmicos resultando na expressão alterada da contratilidade dos miocardiócitos e de algumas proteínas, promovendo a hipertrofia do ventrículo esquerdo e fibrose intersticial, respectivamente (DIAMOND et al., 2005). A fibrose é caracterizada por excesso ou acúmulo difuso de fibras colágenas (JIMÉNEZ NAVARRO et al., 2006), aumentando a rigidez miocárdica, podendo levar a disfunção do ventrículo esquerdo e por último culminando com insuficiência cardíaca (SAEED et al., 2006). Estudos post-mortem realizados em corações de humanos (ROSSI, 1998) e em biópsias endomiocárdicas, mostraram que a fração do volume de colágeno miocárdico, determinado através da quantificação de fibras colágenas presentes no miocárdio, está 12 significantemente aumentada em pacientes com HAS quando comparado a um grupo sem HAS (QUAREJETA et al 2000). Histologicamente, a fibrose presente na cardiopatia hipertensiva é caracterizada por um excessivo depósito de fibras colágenas tipo III e com a decorrer do tempo é acompanhada por um aumento de fibras colágenas do tipo I. (OLIVETTI et al., 1994) Essas fibras estão revestindo o interstício e vasos intramiocárdicos, e seu acúmulo não fica restrito ao ventrículo esquerdo, podendo se espalhar para outras câmaras do coração. Sendo que, a quantidade de fibras colágenas é inversamente proporcional ao número de cardiomiócitos e diretamente proporcional ao grau de hipertrofia (PARDO MINDÁN & PANIZO, 1993). O aumento de fibras colágenas no coração de pacientes com cardiopatia hipertensiva é resultado de uma combinação do aumento da síntese de fibras colágenas pelos fibroblastos e miofibroblastos e a diminuição da sua degradação por metaloproteinases (WEBER, 1993). 1.3.2 Nefroesclerose: Além de afetar o coração, a HAS ela também pode provocar danos nos rins causando a nefroesclerose benigna ou a maligna. O aumento da PA pode acarretar lesão renal progressiva agravando o quadro de PA sistêmica (FOGO, 2000; MARCANTONI et al., 2000). Normalmente o aumento da pressão sanguínea, temporária ou permanente, é impedido de alcançar completamente a microvasculatura renal, pois ocorre uma auto-regulação vasoconstritora proporcional da vasculatura pré-glomerular. (ZUCCHELLI & ZUCCALA, 1995; KINCAID-SMITH, 1999). Dessa forma, o fluxo de sangue renal e as pressões hidrostáticas do glomérulo são mantidos relativamente constantes (BIDANI & GRIFFIN, 2002; NAVAR, 1978). Essa auto- 13 regulação levando a vasoconstrição é uma proteção contra os danos renais em hipertensos (BIDANI & GRIFFIN, 2002; BIDANI et al., 1987). Se a pressão sangüínea permanecer abaixo de certo limite, apenas a nefroesclerose benigna é observada. Entretanto, se o limite for excedido, é esperado que se desenvolva a nefroesclerose maligna, embora ainda ocorra o mecanismo de auto-regulação (BIDANI & GRIFFIN, 2002; KARLSEN et al., 1997; LONGE et al., 2004). A nefroesclerose benigna é o termo usado na patologia renal associada à esclerose das arteríolas renais e pequenas artérias, é a forma mais prevalente de lesão hipertensiva em biópsias renais com presença de hialinose e posterior fibrose das arteríolas renais (BOCKMEYER, 2012). O efeito resultante é isquemia focal do parênquima suprido por vasos com paredes espessadas e conseqüentemente lumens estreitados. Acredita-se que, embora a isquemia glomerular e a perda de néfrons ocorram com o passar do tempo, a função renal não é seriamente comprometida, porém há controvérsias (PALMER, 2002). Alguns grupos de hipertensos com nefroesclerose benigna se encontram sob risco aumentado de desenvolver insuficiência renal crônica: indivíduos não brancos, pacientes com elevações mais severas de pressão arterial e paciente com uma segunda doença subjacente, especialmente diabetes. Nesses grupos a insuficiência renal pode surgir após hipertensão benigna prolongada, porém, a insuficiência renal mais rápida resulta do desenvolvimento da fase acelerada ou maligna da hipertensão. A nefroesclerose maligna é observada na HAS mais grave e apresenta um fenótipo renal característico de rompimento vascular agudo e dano glomerular com depósito fibrinóide proeminente e trombose. É freqüente o desenvolvimento de Isquemia glomerular por causa do dano vascular. A hipertensão maligna é relativamente incomum, ocorrendo em 1% a 5% de todos os pacientes com pressão arterial elevada (BIDANI & GRIFFIN, 2004; ALPERS, 2005). 14 A nefroesclerose na HAS pode levar rapidamente a insuficiência renal caso não haja tratamento adequado. Recentemente, a United States Renal Data System juntamente com dados europeus e latino-americanos registrou indícios de que a nefroesclerose na HAS é a segunda principal causa de doenças renais (BIDANI & GRIFFIN, 2004). Observações clínicas mostram que o risco de desenvolvimento de uma doença renal de estagio final é 20% maior em pacientes hipertensos (KLAG et al., 1996). Dessa forma, associa-se a questão genética ou ambiental induzindo o aumento dos mecanismos prófibróticos, assim como o sistema renina-angiotensina (SUTHANTHIRAN et al., 1998; DURU et al., 1994). Assim, a HAS é uma doença que promove sérios danos tanto no coração como nos rins, em especial com desenvolvimento de fibrose intersticial, que representa um marcador de prognóstico. 1.4. Modelo experimental: Os ratos espontaneamente hipertensos SHR foram desenvolvidos como um modelo genético de HA, que é similar em muitos aspectos à HA essencial no homem, com algumas ressalvas. (TRIPPODO & FROHLICH, 1981). Para melhor compreensão da fisiopatologia e da terapêutica da hipertensão arterial, Okamoto e Aoki desenvolveram, por seleção genética, uma linhagem de ratos espontaneamente hipertensos (OKAMOTO & AOKI, 1963). Ao nascer, os ratos SHR são normotensos, mas por volta da quinta semana de vida, a pressão sanguínea arterial eleva-se progressivamente, atingindo ou excedendo 220mmHg, mantendo-se assim durante toda a vida do animal, tornando-se o modelo experimental de maior utilidade para o estudo fisiopatológico da hipertensão essencial humana, A partir desta idade a hipertensão se estabiliza até aproximadamente 1 a 1,5 anos de idade quando os 15 animais começam a desenvolver um quadro de insuficiência cardíaca congestiva, a qual é associada com uma elevada taxa de mortalidade (YAMORI, 1994). Precocemente, os animais desenvolvem hipertrofia do ventrículo esquerdo, que é responsável pela manutenção da função cardíaca normal, apesar da elevada pressão arterial sistêmica. Em idade mais avançada, podem ocorrer deterioração da função miocárdica e desenvolvimento de falência cardíaca (CICOGNA et al., 1997), inflamação e fibrose renal (DORIS, 2012). Portanto, torna-se de suma importância entender melhor a relação existente entre a intensidade das lesões cardíacas e renais associados a HAS, e assim, clinicamente poder fazer inferências sobre a gravidade da lesão cardíaca com base na análise de exames renais, viceversa. 16 2. Objetivo Geral: • Correlacionar as lesões histopatológicas cardíacas e renais acometidas pela hipertensão arterial sistêmica em ratos SHR. 2.1 Objetivos Específicos: • Correlacionar a porcentagem de fibrose cardíaca e renal; • Correlacionar a porcentagem de matriz mesangial e área de miocardiócitos; 17 3- Material e Método: 3.1 Seleção dos animais: Foram utilizados 15 ratos espontaneamente hipertensos (“spontaneously hypertensive rats” -SHRs), com peso pareado e idade de aproximadamente 20 semanas, procedentes da mesma linhagem do Biotério da disciplina de Fisiologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), onde foram mantidos em gaiolas coletivas (4 animais por gaiola – ZOOTECH 375) de polipropileno autoclavável 414 x 344 x 168 mm com tampa (grade) em aço galvanizado com separadores em aço inox temperatura de 22-23ºC, umidade de 40-70% e fotoperíodo de 12 horas claro/escuro e terão livre acesso à água e alimento (Nuvilab CR1, Nuvital Nutrientes Ltda, Curitiba, PA). 3.2. Avaliação dos parâmetros hemodinâmicos nos animais: Os animais foram inicialmente anestesiados com pentobarbital sódico (40 mg/kg, i.p.), em seguida, cateteres de polietileno (PE-10 fundido a uma extensão de PE-50; Clay Adams Brand, Polvethylene Tubing, Becton Dickinson, Sparks) foram introduzidos na artéria femoral esquerda para registro direto da PA e veia femoral esquerda para infusão de drogas. Posteriormente, os cateteres foram exteriorizados para a região dorsal dos ratos. Imediatamente após o procedimento cirúrgico, todos os animais receberam via subcutânea, dois mg/Kg do analgésico Butorphanol, seguido por uma frequência de administração a cada 4h até o período de 8 horas antes do início dos registros. Os animais foram alojados em caixas individuais para recuperação pós-operatório. Após 48 horas de recuperação cirúrgica, o cateter arterial foi conectado a um transdutor de PA e a um amplificador de sinais (Model 8805A, Hewlett-Packard, USA), onde o sinal foi convertido por placa analógico-digital (com freqüência de amostragem – 1000 Hz) 18 e transferido a um sistema computadorizado de aquisição de dados (Aqdados, Lynx Tec. Eletron. SA, São Paulo, Brasil) e posteriormente armazenados em computador. Os animais permaneceram em uma sala com ambiente tranqüilo a uma temperatura de 27ºC por um período de adaptação de 15 minutos e em seguida realizados registros contínuos da PA pulsátil por 30 minutos para obtenção dos valores basais da PA. Ao final dos experimentos, os ratos foram eutanasiados e o rim direito e o coração foram retirados e processados. 3.3 Processamento e colorações histológicas: Foram utilizados fragmentos do terço médio do ventrículo esquerdo do coração e pólo médio do rim direito fixado em paraformaldeído 10% tamponado por um período de doze horas (Figuras 1 e 2). Após esse período os fragmentos foram processados em concentrações crescentes de alcoóis e diafanizados em xilol. Posteriormente os fragmentos foram emblocados em parafina e submetidos a microtomia para a confecção das lâminas com cortes de 4 micrômetros de espessura. As lâminas foram coradas HE, sendo a hematoxilina preparada conforme a seguinte técnica: Solução alcoólica de 5 g de hematoxilina adicionada a 100 g alúmen de potássio e 2,5 g de óxido de mercúrio vermelho. A eosina foi preparada diluindo a solução aquosa concentrada de eosina y e floxina com álcool a 95% até a concentração de 1%. 19 As lâminas coradas com PS que é uma solução aquosa saturada de ácido pícrico adicionado de 0,1g% de vermelho da Síria Fb3, Sirius red F3b-Bayer, para a análise da fibrose cardíaca e renal. Ao final de todas as colorações as lâminas foram desidratadas em álcool absoluto (I, II e III), diafanizadas em xilol (I, II e III) e montadas com uma gota de meio de montagem não resinoso e lamínula. 3.4. Análise morfológica e morfométrica: A morfometria foi realizada utilizando-se uma câmera de vídeo Motic 2500 acoplada a um microscópio Carl Zeiss, que envia as imagens do microscópio (campo a ser quantificado) a um computador. Posteriormente, essas imagens serão analisadas no programa ImageJ . As lâminas coradas com HE foram examinadas em microscópio de luz comum, com objetiva de 40x para a quantificação da área dos miocardiócitos e tufo glomerular / matriz mesangial, respectivamente. Na imagem digitalizada foi feita a quantificação através de uma grande de pontos, em que foi contabilizado o número de pontos sobre a estrutura desejada de acordo com as seguintes fórmulas (Mandarim-de-Lacerda, 2005): Quadro. 1- Fórmula utilizada para cálculos realizados Fórmulas Volume= Erro padrão relativo= Número de pontos coincidentes com a estrutura/número total de pontos 0,05 Erro padrão relativo= √(1-Volume)/número de pontos Número de pontos corrigido= Número de pontos calculado/volume Número de campos= Número de pontos corrigido/número de pontos da grade Número de pontos coincidentes/número de pontos total Área= 20 Para a quantificação da fibrose cardíaca e renal nas lâminas coradas com PS, marcamos na imagem digitalizada, a área de colágeno, birrefringente, com cor amarela, obtendo-se o percentual de fibrose por área do campo analisado. As lâminas, inicialmente, divididas em quatro quadrantes e foram analisados 10 campos por quadrante. O número representativo de medidas foi determinado através da Média Acumulada (WILLIAMS, 1977). 3.5. Análise estatística: Para a análise estatística foi elaborada uma planilha eletrônica (Microsoft Excel ) e a análise dos dados foi feita no programa SigmaStat 3.5. As variáveis foram testadas para verificar se apresentam distribuição normal, através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Na análise descritiva as variáveis quantitativas foram expressas em média (± desvio padrão) ou mediana (mínimo e máximo). As correlações foram feitas pelo coeficiente de correlação de Pearson, quando a distribuição foi normal, caso contrário, ou seja, quando a distribuição foi não normal utilizamos a correlação de Spearman. As diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando p foi menor que 5% (p<0,05). 21 4. Resultados: Realizamos a análises dos fragmentos de rim e coração de 15 animais SHR. A média da área de miocardiócitos foi de 1763,1 µm2. A média da porcentagem de área do glomérulo ocupada por matriz mesangial corresponde a 36,8%. Encontramos mediana de porcentagem de fibrose cardíaca de 0,4% (0,1-3,7) e renal de 0,7% (0,0-4,6) (Tabela 1). Tabela 1: Análise da área de miocardiócitos, matriz mesangial, fibrose cardíaca e renal em ratos espontaneamente hipertensos. Área Média Miocardiócitos 1763,1 Matriz Mesangial 36,8% Fibrose cardíaca Mediana 0,4% Mínimo 0,1 Máximo 3,7 0,7% 0,0 4,6 Fibrose renal Área de miocardiócitos expressa em um2; Matriz mesangial representa a porcentagem do tufo glomerular ocupado por matriz mesangial; Fibrose cardíaca e renal representa a porcentagem de fibrose por campo analisado. Houve correlação positiva (r=0,0897), porém não significativa (p=0,18) entre a fibrose cardíaca e renal (Figura 1). Figura 1: Correlação entre fibrose cardíaca e renal em ratos SHR. 22 Houve uma correlação positiva (r=0,0627), porém não significativa (p=0,2) entre a área de miocardiócitos e a área de matriz mesangial (Figura 2). Figura 2: Correlação entre área de miocardiócitos e matriz mesangial em ratos SHR. 23 5. Discussão: Apesar de não termos encontrado uma correlação significativa entre as lesões no coração e no rim, é notável que existam alterações histopatológicas nesses dois órgãos alvo. Os rins desempenham um papel importante na regulação da pressão arterial, por influenciarem tanto na homeostasia do sódio como a resistência vascular periférica atuando em vários fatores. No entanto, o desequilíbrio desses mecanismos pode contribuir também para o aparecimento da hipertensão arterial. Na patogênese dessa hipertensão podemos citar alguns fatores: estímulos neurogênicos, com maior atividade do sistema nervoso simpático, que determinaria aumento na resistência vascular periférica; fatores humorais, como substâncias vasoconstrictoras e deficiência de vasodilatadores; componentes hemodinâmicos, representados pelo aumento do débito cardíaco no início, com posterior aumento da resistência periférica por vasoconstricção (GODOY, 2006). Neste trabalho foi quantificada a área de matriz mesangial e calculada a porcentagem do tufo glomerular ocupada por essa matriz, dessa forma analisamos quantitativamente o grau de esclerose glomerular e obtivemos um valor médio de 36,8%. Outros trabalhos analisaram a esclerose glomerular, porém a grande maioria de forma semiquantitativa por escore de acordo com a porcentagem do glomérulo que está acometida (0 ausente, 1 <25%, 2 de 25<50%, 3 >50%). Dessa forma, os resultados mostram grau de esclerose de 0-1 (SYDOW et al, 2012; SCHULZ et al., 2011; MIHAILOVIC-STANOJEVIC et al., 2009) e de 1-2 (ROTHERMUND et al., 2001) em SHR. Adaptando nosso resultado aos trabalhos descritos, teríamos um escore de esclerose grau 2. Também foi quantificada a porcentagem de fibrose intersticial, onde obtivemos no rim uma mediana de 0,7%. Conforme relatado anteriormente à maioria dos trabalhos utilizam escores (de acordo com descrito acima). Os resultados apresentam valores de 0-1 (ROTHERMUND et al., 2001; 24 SCHULZ et al., 2011; MIHAILOVIC-STANOJEVIC et al., 2009). O que estaria de acordo com nosso resultado. Quanto ao coração, estudos experimentais e clínicos realizados nas últimas quatro décadas concluíram que existe uma relação recíproca entre doenças hipertensivas e esse órgão alvo. A HAS pode ser considerada como um fator responsável por alterações estruturais e funcionais caracterizadas por modificações como a hipertrofia e apoptose dos miocardiócitos, hipertrofia da parede de artérias e arteríolas intramiocárdicas (FROLIK, 2001). As características morfológicas da cardiopatia hipertensiva estão relacionadas à pressão sanguínea e fatores não hemodinâmicos resultando na expressão alterada da contratilidade dos miocardiócitos e de algumas proteínas, promovendo a hipertrofia do ventrículo esquerdo e fibrose intersticial, respectivamente (DIAMOND & PHILLIPS, 2005). Em nossos resultados mostramos que área ocupada por miocardiócitos foi em média de 1763,1 µm2 representando o grau de hipertrofia cardíaca. Na literatura encontramos relatos relacionados ao grau de hipertrofia cardíaca em SHRs analisados através do peso cardíaco relativo (massa cardíaca em mg/ peso corporal em g) variando de 2,4 a 3,7 (BALDO et al., 2011; JIANG et al., 2012; PAHOR et al., 1991). Dessa forma, a hipertrofia ventricular esquerda representa um marcador de risco cardiovascular independente, e pode estar associada com o aumento da incidência de doenças cardiovasculares fatais, como doença coronária, arritmia ventricular e morte súbita (FROLIK, 1999; OLIVETTI et al., 2008). Também analisamos a fibrose cardíaca e obtivemos um valor mediano de 0,4%. Vários trabalhos da literatura mostram uma grande amplitude nessa variável indo de 1,5 a 12% (PAHOR et al., 1991; DÍEZ et al., 1997; REHMAN et al., 2012). No que se refere à cardiopatia hipertensiva a fibrose representa um excesso ou acúmulo difuso de fibras colágenas (JÍMENEZ et al, 2006), aumentando a rigidez miocárdica, 25 podendo levar a disfunção do ventrículo esquerdo e por último culminando com insuficiência cardíaca (OLIVETTI et al., 2008) . Histologicamente, essa fibrose é caracterizada por um excessivo depósito de fibras colágenas tipo III e com a decorrer do tempo é acompanhada por um aumento de fibras colágenas do tipo I (SAEED et al., 2006; PARDO & PANIZO, 1993). Esse aumento de fibras colágenas é resultado de uma combinação do aumento da síntese de fibras colágenas pelos fibroblastos e miofibroblastos e a diminuição da sua degradação por metaloproteinases (WEBER, 2000). A fibrose e hipertrofia cardíaca são descritas relacionadas à ação de receptores tipo 2 para angiotensina II (REHMAN et al., 2012), além disso essas duas variáveis são correlacionadas com fibrilação ventricular, pois, a estrutura miocárdica é modificada pela presença de extensas áreas de fibrose de substituição. Dessa forma, o efeito deletério da HAS nas estruturas do miocárdio resultaria na fibrose e hipertrofia dos miócitos (PAHOR et al., 1991). Outro fator seria a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona na HAS, que estaria afetando o remodelamento cardíaco levando a fibrose intersticial e perivascular, além da hipertrofia cardíaca e apoptose (BALDO et al., 2011). Também atuaria o sistema nervoso simpático e as reposta imune/inflamatória com papel importante na hipertrofia do ventrículo esquerdo, relacionado a várias vias de sinalização celular. Essa hipertrofia tem sido descrita como um fator de risco independente para eventos cardiovasculares e cerebrovasculares (JIANG et al., 1997). Dessa, forma salientamos a importância das características e correlações histopatológicas nos órgãos alvo da HAS, porém até o presente momento, nenhum trabalho havia relacionado a intensidade dessas lesões. Neste estudo, pudemos esclarecer esse fato através das correlações entre alterações celulares e intersticiais no rim e coração. 26 6. Conclusão: Existe uma correlação positiva entre fibrose cardíaca e renal, bem como entre a área de miocardiócitos e a matriz mesangial, porém esses processos não acometem os dois órgãos de forma quantitativamente equivalente. Portanto, concluímos que, tanto o rim quanto o coração são lesados pela hipertensão arterial sistêmica, lesões estas representadas pela hipertrofia cardíaca, esclerose glomerular e fibrose, porém esses processos não se desenvolvem proporcionalmente na mesma intensidade. 27 7. Referências bibliográficas: ALPERS CE: O Rim. Robbins e Cotran: Patologia – Bases patológicas das doenças. KUMAR, V., ABBAS, A.K., FAUSTO, N. Rio de Janeiro, Elsevier. 2005, pp.1051-1052. . ANWAR, MA; SHALHOUB, J; LIM, CS; GOHEL, MS; DAVIES, AH. The effect of pressure-induced mechanical stretch on vascular wall differential gene expression. J Vasc Res. 2012; 49: 463-478. BALDO, MP; FORECHI, L; MORRA, EA; ZANIQUELI, D; MACHADO, RC; LUNZ, W; RODRIGUES, SL; MILL, JG. Long-term use of low-dose spironolactone in spontaneously hypertensive rats: Effects on left ventricular hypertrophy and stiffness. Pharmacol Rep. 2011;63(4):975-82. BIDANI AK, GRIFFIN KA. Pathopysiology of hypertension renal damage: implications for therapy. Hypertension 2004;44:595-600. BIONDO-SIMÕES,MLP; ZAMBONI, CG; MARTINS, E; LECHINEWSKI, LD; IOSHII, SO; ROBES, RR. Impacto f hypertension in liver regeneration in rats. Acta Cir. Bras. 27(7): 460-464, 2012. BOCKMEYER CL, KERN DS, FORSTMEIER V, LOVRIC S, MODDE F, AGUSTIAN PA, STEFFENS S, BIRSCHMANN I, TRAEDER J, DÄMMRICH ME, SCHWARZ A, KREIPE HH, BRÖCKER V, BECKER JU. Arteriolar vascular smooth muscle cell differentiation in benign nephrosclerosis. Nephrol Dial Transplant. 2012 Sep;27(9):3493-501. DI MARI JF, DEVIS R, SAFIRSTEIN RL. MAPK activation determines renal epithelial cell survival during oxidative injury. Am J Physiol Renal Physiol. 1999, 277: 195 – 203. DIAMOND JA, PHILLIPS RA. Hypertensive heart disease. Hypertens Res 2005;28(3):191202. DÍEZ, J; PANIZO, A; HERNÁNDEZ, M; VEJA, F; SOLA, I; MARÍA ANTONIA, FORTUÑO, J P. Cardiomyocyte Apoptosis and Cardiac Angiotensin-Converting Enzyme in Spontaneously Hypertensive Rats. Hypertension. 1997; 30: 1029-1034 DORIS, P. Genetic susceptibility to hypertensive renal disease. Cell Mol Life Sci. 2012, 69: 3751-3763. FOGO, A.B. Glomerular hypertension, abnormal glomerular growth, and progression of renal diseases. Kidney Int., v.75, p.S15-S21, 2000 FROLIK, E.D. Risk mechanisms in hypertensive heart disease. Hypertension, 1999, v.34, p.782-789. FROLIK, E. D. Local Hemodinamic Changes in Hypertension. Hypertension, 2001, 38: 1388-1394. 28 GODOY P, Rins, Sistema urinário; Geraldo Brasileiro Filho In: Bogliolo Patologia, 7 ed. São Paulo, Guanabara Koogan, 2006, cap. 16. GRYNBERG A. Hypertension prevention: From nutrients to (fortified) foods to dietary patterns. Focus on fatty acids. Journal of Human Hypertension 2005;19:25-33. HILL G.S. Hypertensive nephrosclerosis. Curr Opin Nephrol Hypertens. 2008 May;17(3):266-70. IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL (DBHA). Arq Bras Cardiol 2004;82 (supl IV). JIANG, W; TAN, L; GUO, Y; LI, X; TANG, X; YANG, K. Effect of renal denervation procedure on left ventricular hypertrophy of hypertensive rats and its mechanisms. Acta Cirúrgica Brasileira - Vol. 27 (11) 2012 - 815 JÍMENEZ NAVARRO, M.F., DÍEZ MARTINEZ, J., DELGADO JIMÉNEZ, J.F., CRESPO LEIRO, M.G. La insuficiência cardíaca en 2005. Rev. Esp cardiol, 2006, v.59, p.55-56. KEARNEY, P.M.; WHELTON, M.; REYNOLDS, K.; MUNTNER, P.; WHELTON, P.K.; HE, J. Global burden of hypertension: analysis of worldwide data. Lancet, v.365, p.217-223, 2005 KINCAID-SMITH, P. Clinical diagnostic of hypertensive nephrosclerosis. Nephrol Dial Transplant 1999;14: 2255-2256. KLAG MJ; WHELTON PK; RANDALL BL; NEATON FL; FORD CE; SHULMAN NB; STAMLER J. Blood pressure and end-stage renal disease in men. New England Journal of Medicine 1996; 334:13-18. KUNCIO GS, NEILSON EG, HAVERTY T. Mechanisms of tubulointerstitial fibrosis. Kidney Int 1991, 39:550-556. MARCANTONI, C.; JAFAR, T.H.; OLDRIZZI, L.; LEVEY, A.S.; MASCHIO, G. The role of systemic hypertension in the progression of nondiabetic renal disease. Kidney Int., v.75, p.S44-S48, 2000. MIHAILOVIC-STANOJEVIC, N; JOVOVIC, D; MILORADOVIC, Z; GRUJICMILANOVIC, J; JERKIC, M; MARKOVIC-LIPKOVSKI, J. Reduced progression of adriamycin nephropathy in spontaneously hypertensive rats treated by losartan. Nephrol. Dial. Transplant. 2009 Apr;24(4):1142-50. MULVANY MJ. Vascular growth in hypertension. Journal of Cardiovascular Pharmacology (1992);22: 7-11. NANGAKU M. Chronic hypoxia and tubulointerstitial injury: a final common pathway to end-stage renal failure. J Am Soc Nephrol 2006; 17:17–25. NORMAN JT, FINE LG. Intrarenal oxygenation in chronic renal failure. Clin Exp. Pharmacol Physiol 2006; 33:989–996. 29 NORONHA IL, FUJIHARA CK, ZATZ R. The inflammatory component in progressive renal disease—are interventions possible? Nephrol Dial Transplant (2002) 17: 363–368. OFSTAD J, IVERSEN BM. Glomerular and tubular damage in normotensive rats. Am J Physiol Renal Physio. 2005 Apr; 288 (4): F665-72. OLIVETTI G. MELISSARI M. BALBI T. Myocyte cellular hypertrophy is responsible for ventricular remodeling in the hypertrophied heart of middle aged individuals in the absence of cardiac failure. Cardiovasc res 1994;28:1199-2008. ORTOLAN, GL; BIONDO-SIMÕES, MLP; FÁVERO, GM; FERNANADES, D; MONTEMÓR NETTO, MR; OLCHANHESKI Jr, LR. Influence of arterial hypertension on colonic healing in rats. Acta Cir Bras. 27(8): 515-521 Ilus, TAB, 2012. PAHOR M.; BERNABEI R.; SGADARI A.; GAMBASSI G.JR; LO GIUDICE P.; PACIFICI L.; RAMACCI M.T.; LAGRASTA C.; OLIVETTI G.; CARBONIN P. 1991: Enalapril prevents cardiac fibrosis and arrhythmias in hypertensive rats. Hypertension. 18(2): 148-157 PARDO MINDÁN FJ; PANIZO A. Alterations in the extracellular matrix of the myocardium in essential hypertension. Eur Heart J 1993;14:12-4. PFEFFER JM, PFEFFER MA, FISHBEIN MC, FROHLICH ED. Cardiac function and morphology with aging in the spontaneously hypertensive rat. Am J Physiol 1979; 237:461-8 QUEREJETA R. VARO N. LÓPEZ B. LARMAN M. ARTIÑANO E. ETAYO JC. Serum carboxy-terminal propeptide of procollagen type I is a marker of myocardial fibrosis in hypertensive heart disease. Circulation 2000;101:1729-1735. REHMAN, A; LEIBOWITZ, A; YAMAMOTO, N; RAUTUREAU, Y; PARADIS, P; SCHIFFRIN, EL. Angiotensin Type 2 Receptor Agonist Compound 21 Reduces Vascular Injury and Myocardial Fibrosis in Stroke-Prone Spontaneously Hypertensive Rats. Hypertension. 2012;59:291-299. REISIN E, JACK AV. Obesity and hypertension: mechanisms, cardio-renal consequences, and therapeutic approaches. Med Clin North Am. 2009 May;93(3):733-51. ROHATGI R, FLORES D. Intratubular hydrodynamic forces influence tubulointerstitial fibrosis in the kidney. Curr Opin Nephrol Hypertens. 2010 Jan;19(1):65-71. ROSSI, MA. Pathologic fibrosis and connective tissue matrixin left ventricular hypertrophy due to chronic arterial hypertension in humans. Journal Hypertension 1998;16:1031-1041. ROTHERMUND, L; LUCKERT, S; KOßMEHL, P; PAUL, M; KREUTZ, R. Renal Endothelin ETA/ETB Receptor Imbalance Differentiates Salt-Sensitive From Salt-Resistant Spontaneous Hypertension. Hypertension. 2001;37:275-280 SAEED, A; GURON, G; OLDFORS, A; LINDELOW, B; HERLITZ, H. Cardiac fibrosis triggered by the kidney: a case report. Nephrol Dial Transplant, 2006, v 21, p.1713-1715. 30 SCHULZ, A; LITFIN, A; KOSSMEHL, P; KREUTZ, R. Genetic dissection of increased urinary albumin excretion in the Munich Wistar Frömter rat. J Am Soc Nephrol 13: 2706– 2714, 2002. SYDOW, K; SCHMITZ, C; VON LEITNER, EC;VON LEITNER, R; KLINKE, A; ATZLER, D; KREBS, C; WIEBOLDT, H. EHMKE, H; SCHWEDHELM, E; MEINERTZ, T; BLANKENBERG, S; BOGER, RH; MAGNUS, T; BALDUS, S; WENZEL, U. Dimethylarginine Dimethylaminohydrolase1 is anOrgan-Specific Mediator of End Organ Damage in a Murine Model of Hypertension. PLOS ONE 7(10): e 48150 THANDAPILLY SJ, LOUIS XL, BEHBAHANI J, MOVAHED A, YU L, FANDRICH R, ZHANG S, KARDAMI E, ANDERSON HD, NETTICADAN T. Reduced hemodynamic load aids lowdose resveratrol in reversing cardiovascular defects in hypertensive rats. Hypertens Res. 2013 Jun 20. YEE J; KUNCIO GS; NEILSON EG. Tubulointerstitial injury following glomerulonephritis. Semin Nephrol 1991, 11: 361-366. WEBER, K.T. Fibrosis and hypertensive heart disease. Curr Opinion Cardiol., 2000, v.15, p.264-272. ZUCCHELLI P; ZUCCALA A. Can we accurately diagnose nephrosclerosis? Nephron Dial Transplant 1995;10(suppl 6): 2-6.