Anais do Seminário Nacional Literatura e Cultura
Vol. 1, agosto de 2009 – ISSN 2175-4128
06 e 07 de agosto de 2009
UFS – São Cristóvão, Brasil
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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA PERSONAGEM CONCEIÇÃO
NA OBRA O QUINZE DE RACHEL DE QUEIROZ
Isabel Carvalho da Silva (UFS)
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise da mulher do nordeste
brasileiro com base na personagem Conceição da obra O Quinze de Rachel de Queiroz. Para
tanto analisaremos as relações familiares da época, o papel social que a personagem possui,
bem como sua “relação amorosa” que não logra êxito por conta da distância intelectual
existente entre ela e seu primo Vicente, tudo isso como conseqüência de sua identidade, esta
será analisada sob as perspectivas de Bauman (2005) e Stuart Hall (2006).
Ao analisarmos as relações familiares e o papel social da mulher, faremos um paralelo
com o contexto histórico no qual a obra se passa, levando em consideração o que RochaCoutinho (1994) aborda sobre esse assunto.
Não podemos deixar de ressaltar que O Quinze está dentro da produção de 30, época
em que o Brasil passava por inúmeras transformações políticas, econômicas e sociais, o que
refletiu, também, numa produção literária diferenciada da fase heróica do modernismo.
1. O QUINZE: A PRODUÇÃO DE 30 E O CONTEXTO HISTÓRICO DA ÉPOCA
No Brasil é a fase do crescimento do Partido comunista, da organização da Aliança
Nacional Libertadora, da Ação Integralista, de Getúlio e seu populismo trabalhista.
A consciência da luta de classes, embora de forma confusa, penetra em todos os
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lugares – na literatura inclusive, e com uma profundidade que vai causar
transformações importantes. (LAFETÁ, 2000, p.28)
É nesse contexto histórico, em 1930, que a obra O Quinze de Rachel de Queiroz é
publicada. O Brasil está passando por uma revolução no âmbito político e isso influenciaria
muito na produção literária da época, assim O Quinze vem mostrar uma nova realidade social:
a seca nordestina.
Segundo Alfredo Bosi (1994) com essa obra, Rachel de Queiroz nos mostra uma prosa
enxuta e viva, uma prosa que está mais próxima do ideal neo – realista vigente na narrativa
social do nordeste. Tal narrativa já havia sido introduzida por José Américo de Almeida com
A Bagaceira (1928), obra que passou a ser o marco do romance regionalista de 30.
Vale ressaltar que o enfoque modernista anterior a esse momento era o da ruptura
com as estruturas passadistas, principalmente no que concerne à linguagem, tal fase Lafetá
(2000) chama de heróica e tem como obras importantes Memórias sentimentais de João Miramar
(1924) de Oswald de Andrade e Macunaíma (1928) de Mário de Andrade, as quais estão
centradas num projeto estético.
Um exame comparativo, superficial que seja, da fase heróica e da que segue à
Revolução mostra-nos uma diferença básica entre as duas: enquanto na primeira a
ênfase das discussões cai predominantemente no projeto estético (isto é, o que se
discute principalmente é a linguagem), na segunda a ênfase é sobre o projeto ideológico
(isto é, discute-se a função da literatura, o papel do escritor, as ligações da ideologia
com a arte). (LAFETÁ, 2000, p.28)
Vemos, então, que conquistado o projeto estético, a literatura, diante da politização
dos anos 30, volta-se para os problemas sociais e produz romances de denúncia a exemplo de
A Bagaceira, O Quinze, Vidas secas, entre outros.
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É com O Quinze que Rachel de Queiroz inaugura sua produção, o romance está
ambientado no Ceará, no ano de 1915, ano em que ocorreu uma grande seca que prejudicou
até a vida da família da própria autora, fazendo com que ela fosse embora para o Rio de
Janeiro.
Fica explícita, desde o título, a influência da seca na vida das pessoas, já que O Quinze
retoma um fato que produziu grandes conseqüências no Nordeste, mais especificamente, no
Ceará.
Além da temática da seca, esse romance retrata uma mulher numa condição social
diferenciada das outras de sua época e contexto, esse é o nosso objeto de análise. É por meio
de Conceição que estudaremos a mulher da sociedade moderna, sua identidade e as
implicações de suas ações no ambiente em que vive.
Afrânio Coutinho (2001) ao falar da temática de Rachel de Queiroz, afirma:
A temática principal da autora, dentro do pano de fundo dos problemas geográficos
e sociais nordestinos, é a posição da mulher na sociedade moderna, com os seus
preconceitos morais e sociais. As figuras femininas, em seus livros, são esboçadas
com finura psicológica, situadas em posição de reação contra a dependência e a
inferioridade da mulher. (COUTINHO, 2001, p.279)
Assim sendo, conheçamos Conceição, a primeira personagem feminina de Rachel de
Queiroz, a professora da cidade que possui idéias diferentes sobre o amor, o casamento e seu
papel na sociedade.
2. CONCEIÇÃO: LEITORA CRÍTICA E MULHER INDEPENDENTE
Conceição é uma professora que ensina na cidade de Fortaleza, embora criada com a
avó, nunca ficou presa ao interior de Quixadá, onde Dona Inácia morava. A avó representa,
então, a tradição, já Conceição representa a ruptura da tradição, especialmente no que se refere
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ao papel social da mulher. Ela consegue coisas que provavelmente, naquela sociedade, apenas
homens conseguiriam. Foi ela quem arranjou um emprego para seu compadre Chico Bento e
também umas passagens para São Paulo para que a família dele pudesse viajar em busca de
melhores oportunidades de vida. “As passagens se obtiveram não sem custo. Conceição
conheceu a maçada das esperas intermináveis nas salas do Palácio. (...) Enfim, aí estavam na
sua mão os papelinhos azuis” (O Quinze, p.106). Mesmo sem direito ao voto, pois só em 1932
a mulher o obteve, através dessa passagem percebemos que Conceição tinha consciência de
seus direitos bem como de seu papel social.
Podemos dizer que Conceição é o que Hall (2006) chama de sujeito sociológico.
A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo
moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era autônomo,
mas era formado na relação com “outras pessoas importantes para ele”, que
mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos – a cultura – dos mundos
que ele/ela habitava. [...] a identidade é formada na “interação” entre o eu e a
sociedade. (HALL, 2006, p.11)
Conceição tem a sociedade como peça fundamental na formação de sua identidade, a
questão é que ela não aceita a maioria das concepções adotadas pelas outras mulheres da
sociedade.
Por conta da seca, o narrador nos diz que foram construídos campos de concentração
para abrigar os retirantes que saíam do campo procurando melhorias diante da pobreza que se
instaurava; Conceição, sensibilizada, também ajudava aquele povo, entendendo que agir para
transformar a realidade era muito mais importante do que ficar apenas reclamando da miséria.
“Conceição estava na escola. Saía de casa às dez horas e findava a aula às duas. Da escola ia
para o Campo de Concentração, auxiliar na entrega dos socorros.” (O Quinze, p. 78)
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Tudo isso nos aponta para uma identidade construída, que por sua vez é diferenciada
das outras no romance em questão. As outras mulheres quando não estavam em casa, estavam
na igreja rezando ou com seus maridos passando necessidades.
De acordo com Rocha-Coutinho (1994) a identidade feminina é transmitida por uma
ideologia que é abordada em nossa cultura e a ideologia que caracteriza as outras mulheres da
obra é justamente aquela que vê a mulher como mãe, esposa e dona de casa.
A identidade feminina, portanto, que a sociedade patriarcal inventou para as
mulheres, moldura estreita e artificial na qual trata de encaixá-la à força, é
transmitida através de um discurso ideológico que permeia todos os aspectos de
nossa cultura. Ela se fazia presente e enformava os sermões e ensinamentos das
mães que, até pouco tempo atrás, transmitiam para suas filhas lições de recato e
hipocrisia com vistas a atrair e reter um homem. (ROCHA-COUTINHO, 1994, p.
52)
Dessa forma, numa sociedade patriarcal como a que Conceição vivia, seria natural que
ela seguisse o mesmo caminho das demais mulheres que aparecem no romance: casar, ter
filhos e viver para a família, a exemplo de sua prima Lourdinha e Cordulina, a mulher do
retirante Chico Bento.
Mas não é isso que a personagem faz, “Conceição tinha vinte e dois anos e não falava
em casar. As suas poucas tentativas tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de
normalista; dizia alegremente que nascera solteirona” (O Quinze, p. 31). Observa-se nesse
trecho que para Conceição, o casamento não era prioridade, embora isso lhe rendesse
adjetivos de solteirona e aleijão.
Outra característica marcante é que ela gostava de fazer leituras que, segundo a avó,
lhe proporcionavam idéias estranhas, “Chegara até a se arriscar em leituras socialistas, e
justamente dessas leituras é que lhe saíam as piores das tais idéias, estranhas e absurdas à avó”.
(O Quinze, p.31). São essas leituras que nos dizem muito da construção da identidade de
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Conceição, pois segundo Bauman (2005), a identidade é algo a ser inventado como alvo de um
esforço.
[...] a “identidade” só nos é revelada como algo a ser inventado, e não descoberto,
como alvo de um esforço, “um objetivo”, como uma coisa que ainda se precisa
construir a partir do zero ou escolher entre as alternativas e então lutar por ela e
protegê-la lutando ainda mais [...]. (BAUMAN, 2005, p.22)
Então podemos dizer que Conceição constrói sua identidade, tem seus objetivos e luta
por eles. Suas leituras não servem como passatempo, mas como reflexões, que devem
proporcionar mudanças de comportamento, e como garantia de saber seus direitos como
mulher.
- E esses livros prestam pra moça ler, Conceição? No meu tempo, moça só lia
romance que o padre mandava...
Conceição riu de novo:
- Isso não é romance Mãe Nácia. Você está vendo? É um livro sério, de estudo...
- De que trata? Você sabe que eu não entendo francês...
Conceição ante aquela ouvinte inesperada, tentou fazer uma síntese do tema da
obra, procurando ingenuamente encaminhar a avó para suas tais idéias:
- Trata da questão feminina, da situação da mulher na sociedade, dos direitos
maternais, do problema...
Dona Inácia juntou as mãos, aflita:
- E minha filha, para que uma moça precisa saber disso? Você quererá ser doutora,
dar para escrever livros?
Novamente o riso da moça soou:
- Qual o que, mãe Nácia! Leio para aprender, para me documentar...
- E só para isso, você vive queimando os olhos, emagrecendo... Lendo essas
tolices...
- Mãe Nácia, quando a gente renuncia a certas obrigações, casa, filhos, família, tem
que arranjar outras coisas com que se preocupe... Senão a vida fica fazia demais...
- e para que você torceu sua natureza? Por que não se casa?
Conceição olhou a avó de revés, maliciosa:
- Nunca achei quem valesse a pena... (O Quinze, p.118)
Esse diálogo deixa clara a oposição entre os pensamentos de Conceição e os de sua
avó. Para a avó, Conceição lê tolices e torceu a natureza da mulher por não querer casar-se, e
isso deixa implícito o discurso patriarcal da sociedade da época que valoriza a mulher casada e
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menospreza a solteira. É como se o casamento fosse a única carreira que a mulher pudesse
seguir e ficar solteira era um desprestígio para ela.
No entanto, Sturt Hall (2006) quando fala da modernidade [entenda-se modernidade
como “estilo e costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do
século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência”
(GIDDENS, 1991, p.11)], nos mostra uma forma nova de concepção do sujeito individual e
de sua identidade.
As transformações associadas à modernidade libertaram o indivíduo de seus apoios
estáveis nas tradições e estruturas. Antes se acreditava que essas eram divinamente
estabelecidas; não estavam sujeitas, portanto, a mudanças fundamentais. (HALL,
2006, p. 25)
Conceição está inserida nesse grupo de indivíduos liberto das tradições, embora em
parte, pois mesmo sendo solteira, ela não podia morar sozinha além de não poder esbanjar sua
sexualidade, apesar de a obra não atentar para tal questão sexual. Quando ela estava na cidade
sem sua avó, morava com as Rodrigues, outras solteironas, e se dedicava exclusivamente à
escola e ao campo de concentração.
O que acontece com Conceição é que, sendo ela uma mulher moderna, ela opta por
trabalhar para obter sua independência financeira e para não precisar do dinheiro de ninguém.
Isso, de certa forma influencia em sua decisão de não querer casar, diferenciando-a das outras
moças de seu tempo e como disse Stuart Hall (2006) libertando-a de seus apoios estáveis nas
tradições.
3. CONCEIÇÃO E VICENTE: CASAL ESQUISITO, AMOR IMPOSSÍVEL
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Vicente é primo de Conceição, ele não estudou como o irmão, preferiu ficar preso ao
espaço da fazenda, cuidando do gado e das necessidades da família, embora isso, a princípio,
entristecesse sua mãe. Conceição admirava-o, mas algo lhe impedia de concretizar uma
relação: a diferença intelectual existente entre eles.
Vicente nos é mostra do como um homem grosso, rude, queimado do sol e como
alguém que sempre quis ser um vaqueiro. Já Conceição é muito diferente dele “Foi então que
lembrou de que, provavelmente, Vicente nunca lera o Machado... Nem nada do que ela lia. [...]
Num relevo mais forte, tão forte quanto nunca o sentira, foi-lhe aparecendo a diferença que
havia entre ambos de gosto, de vida” (O Quinze, p.84)
Então, para Conceição a diferença entre eles impedia que o amor acontecesse, só amálo não bastava, era preciso haver semelhanças. Bauman (2005) nos diz que amar é fazer um
acordo sobre o futuro, levando em consideração alguns itens.
Amar significa estar determinado a compartilhar e fundir duas biografias, cada qual
portando uma carga diferente de experiências e recordações, e cada qual seguindo o
seu próprio rumo. Justamente por isso, significa um acordo sobre o futuro e,
portanto, sobre um grande desconhecido. [...]. Também significa fazer-se
dependente de outra pessoa dotada de igual liberdade e da vontade de seguir essa
escolha – e portanto cheia de surpresas, imprevisível. (BAUMAN, 2005, p.69)
Compartilhar e fundir as biografias de Conceição e Vicente era impossível, visto que
nenhum deles abria mão de ser quem era; também não era característica da identidade de
Conceição fazer-se dependente de ninguém e para ela, eles formariam um casal esquisito.
“Pensou no esquisito casal que seria o deles, quando à noite, nos serões da fazenda,
ela sublinhasse num livro querido um pensamento feliz e quisesse repartir com
alguém a impressão recebida. Talvez Vicente levantasse um “é” distraído por detrás
do jornal... Mas naturalmente a que distância e com quanta indiferença.” (O Quinze,
p.85)
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De acordo com Bauman (2005) nós buscamos o amor com o objetivo de
encontrarmos auxílio, confiança e segurança. Conceição, por sua vez, acha que é difícil
encontrar tal amor.
Ora o amor!... essa história de amor, absoluto e incoerente, é muito difícil de achar...
eu, pelo menos, nunca o vi... o que vejo por aí, é um instrumento de aproximação
muito obscuro e tímido, a que a gente obedece conforme as conveniências... aliás,
não falo por mim... que eu nem esse instinto... tenho a certeza de que nasci para
viver só.” (O Quinze, p.136)
A personagem entende que o que acontece nos relacionamentos está ligado às
conveniências sociais. Se para Conceição o amor é difícil de achar e viver sob conveniências, já
vimos que não é objetivo dela, de forma bem segura ela conclui “tenho certeza que nasci para
viver só” (O Quinze, p. 136).
Assim, vimos que durante toda a trajetória da personagem, sua identidade vem sendo
construída através de suas leitura críticas, feministas e até socialistas. Sua profissão de
professora lhe proporciona certa independência, especificamente, em termos econômicos.
Tudo isso lhe dá o direito de fazer escolhas, inclusive a de não querer casar e a de morar na
capital, longe da tradição, de certa forma. Ela é o que Hall (2006) chama de sujeito soberano,
aquele que rompe com o passado e está vivendo a modernidade.
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BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução de Carlos Alberto
Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 40. ed. São Paulo: Cultrix, 1994. p.
396-397.
COUTINHO,
5. p. 263-280.
Afrânio (Org.). A literatura no Brasil. 6. ed. São Paulo: Global, 2001. v.
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo:
UNESP, 1991. pp. 11-29; 51-59.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e
Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p. 7-46.
LAFETÁ, João Luiz. 1930: A crítica e o modernismo. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34,
2000. p.19-38.
QUEIROZ, Rachel. O Quinze. 14. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. Tecendo por trás dos panos: a mulher brasileira nas
relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. pp. 48-53; 82-83; 93-95.
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Isabel Carvalho da Silva