Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Curso de Fisioterapia
Trabalho de Conclusão de Curso
Avaliação do conhecimento dos fisioterapeutas da UTI adulto
do Hospital de Base-DF em relação à elevação adequada da
cabeceira do leito.
Autor: Daniel Bastos Carvalho
Orientadora: Profª. Priscilla Flávia de Melo
Brasília – DF
2013
Avaliação do conhecimento dos fisioterapeutas da UTI adulto do Hospital de
Base-DF em relação à elevação adequada da cabeceira do leito.
Artigo científico apresentado à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso como
requisito parcial à conclusão da Pós-graduação
do Curso de Fisioterapia na Universidade
Católica de Brasília – UCB.
Orientadora: Profª. Priscilla Flávia de Melo
BRASÍLIA
2013
RESUMO
Introdução: A elevação adequada da cabeceira do leito, embora seja um
procedimento simples, possui grande impacto na prevenção das complicações
relacionadas à Ventilação Mecânica. Objetivo: Avaliar o conhecimento dos
fisioterapeutas da UTI adulto do Hospital de Base-DF (HBDF) em relação à elevação
adequada da cabeceira do leito.
Métodos: Adotou-se o estudo observacional transversal. Foi aplicado um
questionário, composto por três perguntas, aos fisioterapeutas. Na análise da percepção
visual, foram utilizados três leitos da UTI com angulação diferente (15º, 30º e 45º).
Resultados: Amostra composta por 15 homens e 21mulheres, com média de
idade de 30,27 anos. O percentual de acertos das respostas relativo à elevação adequada
da cabeceira do leito foi de 94% e quanto à justificativa da elevação foi de 63,89%.
Houve associação entre tempo de experiência e o acerto em relação à justificativa
p=0,05. No levantamento da percepção visual ocorreu 25% de acertos à 15°; 47,2% à
30º e 52,8% à 45º. O número de acertos relacionado à percepção visual nos homens foi
de 55% e nas mulheres 31%; e quanto aos fisioterapeutas com mais de dois anos de
experiência foi de 39% e os com menos foi de 43%.
Conclusão: A maioria dos fisioterapeutas da UTI adulto do HBDF acertou a
elevação adequada da cabeceira do leito, bem como suas justificativas,havendo uma
associação estatisticamente significativa entre tempo de experiência e o acerto em
relação à justificativa. Contudo, verificou-se que as respostas sobre a percepção visual
em relação à elevação foram em sua maioria incorretas, principalmente nas mulheres.
Palavras-Chave: Elevação da cabeceira do leito; Fisioterapia; Pneumonia
associada à ventilação mecânica; Terapia Intensiva.
ABSTRACT
Introduction: Proper head-of-bed elevation, although it is a simple procedure,
has a great impact on the prevention of complications related to mechanical ventilation.
Objective: To evaluate the knowledge of physical therapists in adult ICU of the Hospital
de Base – DF (HBDF) in relation to the proper head-of-bed elevation.
Methods: It was adopted the cross-sectional observational study. A questionnaire
consisting of three questions was applied to the physiotherapists. Three ICU beds with
different angles (15 °, 30 ° and 45 °) were used in the analysis of visual perception.
Results: A sample of 15 men and 21women, mean age was 30,27 years. The
percentage of correct answers on the proper elevation of the headboard was 94% and the
justification for the elevation was 63.89%. An association between time of experience
and accuracy in relation to justification p = 0.05. In the survey of visual perception
occurred 25% accuracy at 15 °, 47.2% at 30 and 52.8% at 45 º. The number of correct
answers related to the visual perception in men was 55% and 31% in women, and as the
physiotherapists with more than two years of experience was 39% and less was 43%.
Conclusion: The majority of physiotherapists in adult ICU HBDF got the proper
head-of-bed elevation, as well as their justifications, there is a statistically significant
association between length of experience and accuracy in relation to justification.
However, it was found that the responses on the visual perception of the elevation were
for the most inaccurate, especially in women.
Keywords: head-of-bed elevation; Physiotherapy; pneumonia associated with
mechanical ventilation; intensive care.
INTRODUÇÃO
A Terapia Intensiva é por definição uma área de convergência multiprofissional
dentro do sistema hospitalar. Os resultados de suas atividades dependem
exclusivamente do estreito relacionamento entre seus membros (médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, farmacêuticos e nutricionistas) 1,2.
Com referência aos cuidados progressivos, a Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), pode ser considerada o nível mais complexo e avançado dentro da hierarquia dos
serviços hospitalares. É um serviço de alta tecnologia, pronto atendimento e equipe
especializada 1,2.
Os cuidados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) são contínuos durante
24 horas e sete dias por semana em virtude da complexidade do doente crítico, assim
como pela existência do risco de infecção 2,3.
Nessa perspectiva, durante a última década no Brasil nota-se à gradual
incorporação do fisioterapeuta na UTI. Atualmente, quase todas as unidades dispõem de
algum acompanhamento fisioterápico 2.
Segundo o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica a Fisioterapia faz
parte do atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI). Sua atuação é extensa e se faz presente em vários segmentos do
tratamento intensivo, tais como o atendimento a pacientes críticos que não necessitam
de suporte ventilatório; assistência durante a recuperação pós-cirúrgica, com o objetivo
de evitar complicações respiratórias e motoras; assistência a pacientes graves que
necessitam de suporte ventilatório. Nesta fase, o fisioterapeuta tem uma importante
participação, auxiliando na condução da ventilação mecânica, desde o preparo e ajuste
do ventilador artificial à intubação, evolução do paciente durante a ventilação mecânica,
interrupção e desmame do suporte ventilatório e extubação 4.
As infecções respiratórias são aquelas mais prevalentes nas unidades de
Tratamento Intensivo, correspondendo a 50% das infecções nosocomiais em pacientes
criticamente enfermos 5,6. A incidência geral estimada varia entre 9 a 70%, dependendo
da população estudada 7. As variações nas taxas de incidência podem ser explicadas
tanto pelo tipo da UTI analisada quanto pelas características dos pacientes internados,
em que os fatores mais influentes são a severidade da doença sistêmica ou da doença
pulmonar subjacentes, a causa da insuficiência respiratória, a presença de
imunodeficiência e o uso de ventilação mecânica (VM) 1. Nos pacientes em uso
contínuo de ventilação (VM), a maioria dos estudos relata taxas médias de 20%, ou seja,
16 a 21 infecções em cada 100 pacientes 5,6,8.
A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é definida como
inflamação do parênquima pulmonar causada por agentes infecciosos após 48 a 72 horas
da intubação orotraqueal e do início da ventilação mecânica e caracteriza-se como a
infecção mais frequente em pacientes admitidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
7,9,10
. Ressalta-se que a PAVM ocasiona o aumento dos dias de internação hospitalares
e, desse modo, eleva os custos hospitalares, sendo a principal causa de morbidade e
mortalidade em pacientes críticos 7,9,11.
Nesse contexto, a indicação adequada para inclinação da cabeceira do leito deve
ser entre 30º e 45º, conforme evidências de diretrizes e estudos
6,12 -16
. Ademais estes
demonstram que o posicionamento adequado da cabeceira do leito é uma medida
importante no sentido de evitar a ocorrência da PAVM por broncoaspiração em paciente
intubados, por via orotraqueal ou por cânula de traqueostomia
9,11-13,17
. Contudo, a
aplicação da angulação mencionada é ainda pouco aplicada nas UTI’s seja por falta de
entendimento ou mesmo de percepção dos profissionais 14,18.
OBJETIVO
Avaliar o conhecimento dos fisioterapeutas da UTI adulto do Hospital de BaseDF (HBDF) em relação à elevação adequada da cabeceira do leito.
MÉTODOS
O estudo classifica-se como: Analítico observacional transversal.
Como critério para avaliar foi aplicado um questionário (Anexo 2) aos 36
fisioterapeutas intensivistas da UTI adulto do HBDF, com duração de cerca de 15
minutos. Observa-se que os referidos fisioterapeutas foram convidados pessoalmente
pelo pesquisador responsável no HBDF e no horário de intervalo do trabalho dos
mesmos. O questionário é composto por três perguntas que abordam: a recomendação
adequada para a elevação da cabeceira do leito; o motivo que justifica essa elevação; e a
percepção visual dos fisioterapeutas em três angulações de elevação de cabeceira
diferentes, à beira leito. Nesta análise da percepção, foram utilizados três leitos da UTI
com pacientes internados com quadro clínico estável, especialmente que não estivessem
hemodinamicamente instáveis, tampouco em uso de derivação ventricular externa
(DVE) ou com Hipertensão intra-craniana(HIC), de modo que não causasse qualquer
prejuízo aos pacientes. Cada leito foi colocado em uma angulação diferente (15º, 30º e
45º). Estas elevações foram confirmadas pela goniometria. Para elaborar sua resposta, o
participante foi conduzido pelo pesquisador para o lado dos leitos descritos, a fim de
que o fisioterapeuta visualizasse a elevação da cabeceira do leito e o pesquisador
registrasse sua resposta. Todas as questões foram redigidas pelo pesquisador com
fidelidade às respostas dos participantes. O questionário foi aplicado pelo próprio
pesquisador aos profissionais mediante autorização da chefia imediata e após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 1) pelos
fisioterapeutas. Observa-se que aplicação do questionário foi durante o turno de trabalho
dos indivíduos participantes, no horário que o profissional achasse melhor sem
prejudicar o atendimento aos pacientes.
Para inclusão do individuo na pesquisa foi feito o uso dos critérios seguintes:

Graduado em Fisioterapia;

Ambos os sexos;

Lotação na UTI adulto HBDF e

Assinatura do TCLE pelos fisioterapeutas participantes.
Critérios de exclusão:
 Ausência no dia/turno da aplicação do questionário;
 Profissionais de férias;
 O não consentimento do profissional em responder o questionário.
Para análise estatística, os dados quantitativos foram tabulados e descritos por
média, desvio padrão, frequências e o teste do qui-quadrado com significância de 5%
utilizando os softwares Microsoft Excel e o Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS) versão 20.0 para Windows e apresentados por meio de gráficos para verificação
das conclusões.
RESULTADOS
Dos 36 fisioterapeutas incluídos no estudo, 15 (41,6%) eram do sexo
masculino e 21 (58,3%) do sexo feminino. Ressalta-se que dois fisioterapeutas não
participaram da pesquisa, pois preenchiam o critério de exclusão, sendo que um
encontrava-se de atestado médico e outro de férias.
A faixa etária de idade dos fisioterapeutas participantes do estudo foi de
25 a 42 anos, resultando na média de 30,27 anos.
Com relação ao tempo de experiência dos fisioterapeutas avaliados houve
a variação de 4 meses a 16 anos, sendo a média de 3,23 anos.
Quanto à resposta da adequada elevação da cabeceira do leito os dados
obtidos se encontram no Gráfico 1.
6%
11%
30°
30-45°
25%
58%
45°
> 45°
Gráfico 1 – Resposta da elevação adequada da cabeceira.
Das respostas obtidas no estudo quanto à justificativa da elevação da
cabeceira do leito, manifestaram-se na população analisada, em primeiro lugar a
otimização da ventilação em 22 respostas (61,1%), a broncoaspiração em 13
respostas (36,1%), pneumonia 10 respostas (27,8%), PAVM 8 respostas (22,2%) e
outras em menor escala, como mostra o Gráfico 2.
Frequência (%)
65.0
55.0
45.0
35.0
25.0
15.0
5.0
-5.0
61.1
36.1
27.8
22.2
16.7 13.9
11.1 8.3
5.6 2.8
Justificativas
VM -ventilação mecânica, PAVM- pneumonia associada à ventilação mecânica, GEgastro-esofágico, DVE- derivação ventricular externa, PIC- pressão intra-craniana
Gráfico 2 – Justificativas da elevação da cabeceira do leito.
O percentual de acertos dos fisioterapeutas em relação à justificativa foi de
63,89% e de erros 36,11%. Quanto ao tempo de experiência e justificativa da elevação,
verificou-se que os fisioterapeutas com mais de 2 anos de experiência acertaram 81%
das justificativas ao passo que os abaixo de 2 anos acertaram 50%,conforme gráfico 3.
Ademais foi realizado o teste qui-quadrado para associação entre tempo de experiência
e o acerto em relação à justificativa da elevação da cabeceira sendo verificado
associação estatisticamente significativa com p=0,05.
Acertos
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
> 2 anos
< 2 anos
Tempo de experiência
Gráfico 3- Acertos das justificativas da elevação da cabeceira com relação
ao tempo de experiência dos fisioterapeutas.
O levantamento da percepção visual demonstrou que houveram
9
acertos(25%) em relação à posição de 15 graus; 17 acertos(47,2%) à 30 graus e 19
acertos(52,8%) à 45 graus,de acordo com o Gráfico 4.
58.3
60.0
52.8
47.2
Frequência (%)
50.0
40.0
30.0
20.0
33.3
27.8
25.0
19.4
16.7
19.4
Abaixo
Acertou
Acima
10.0
0.0
15°
30°
45°
Graus de elevação da cabeceira
Gráfico 4- Percepção visual dos fisioterapeutas em relação à elevação da
cabeceira do leito.
O número de acertos relacionado à percepção visual no sexo masculino
foi de 55% e no sexo feminino 31% como consta no Gráfico 5.
31%
Homem
55%
Mulher
Gráfico 5 – Acerto da percepção visual da cabeceira do leito relacionado ao gênero.
Com relação ao tempo de experiência dos fisioterapeutas e acerto da percepção
visual da cabeceira do leito, aqueles com mais de 2 anos de experiência acertaram
39% e os com menos de 2 anos de experiência acertaram 43%.
DISCUSSÃO
A elevação adequada da cabeceira do leito embora seja um procedimento
simples possui um grande impacto na prevenção das complicações relacionadas à
Ventilação Mecânica (VM) ao paciente crítico, tais como broncoaspiração, refluxogástrico e PAVM 12,17. Ademais, apesar das evidências, esta angulação é pouco aplicada
nas UTI’s por falta de orientação médica, de comunicação ou de percepção dos
profissionais 18.
O estudo de Narang et al.10 demonstrou que a utilização da inclinação da
cabeceira do leito entre 30º e 45º resultou na diminuição da incidência de PAVM em
24% dos pacientes cirúrgicos e em 12% dos pacientes clínicos. Correlacionando com o
trabalho realizado por Niël-Weise et al.19 , que embora não tenha constatado benefícios
clínicos da elevação da cabeceira, demonstrou que especialistas preferem essa posição
maior que 30° em VM desde que não gere conflitos entre outras áreas profissionais e
prejudique a saúde do paciente.
No que diz respeito à relação entre a posição da cabeceira do leito e a pressão do
balonete no estudo sobre esse tema
20
observou-se que tanto a 0° quanto a 60º houve
uma diminuição da pressão do balonete, bem como o aumento da pressão de pico das
vias aéreas quando comparadas as medições à 30°, ocorrendo assim o escape aéreo e o
risco de ocorrência de PAVM. Nesse sentido, este estudo corrobora no entendimento da
adequada elevação da cabeceira do leito entre 30º e 45º.
Ademais, o estudo de Bassi et al.11 demonstrou o benefício da elevação da
cabeceira a 45° sobre a incidência da PAVM, contudo possui uma evidência muito
limitada com relação à elevação mínima para prevenir a mesma. Neste estudo há
evidências que a posição prona (decúbito ventral) desempenha um papel eficaz na
prevenção da PAV, porém recomendada apenas para pacientes com SDRA(Síndrome
do desconforto respiratório agudo), em virtude de efeitos adversos. E comenta também
o grande potencial da posição leve-trendelenburg, no entanto fazem-se necessários mais
estudos em seres humanos.
No presente estudo 94% das respostas da inclinação adequada da elevação foi
entre 30 a 45 graus, mesmo resultado encontrado no estudo recente
21
onde 89
enfermeiros e 21 fisioterapeutas acertaram a inclinação adequada para prevenção de
PAVM.
Quanto à distribuição das respostas mais frequêntes relacionadas à justificativa
da elevação da cabeiceira do leito, no presente estudo a resposta com maior incidência
foi otimizar a ventilação (61,1%), a qual correlaciona-se ao estudo de Lyerla et al.
18
onde a elevação da cabeceira foi maior nos paciente com diagnóstico relacionado a
patologia pulmonar.
A segunda resposta mais recorrente foi relacionada à Broncoaspiração (36,6%),
seguida de Pneumonia (27,7%), visto que a elevação da cabeceira diminui frequência e
riscos de bronco aspiração e consequentemente pneumonia, em especial em pacientes
que recebem nutrição enteral 22.
A quarta resposta diz respeito à PAVM (22,2%), a qual vai de acordo com o
estudo realizado que constatou que fisioterapeutas e enfermeiros identificaram
corretamente a elevação da cabeceira com a diminuição da PAVM 21.
A quinta resposta mais frequente foi pautada no Refluxo-Gástrico(16,7%),
coincidindo com as constatações da literatura atual
17,22,23
. Evidenciado especialmente
no estudo que indica que pelo menos uma aspiração gástrica foi identificada em 88%
dos 320 pacientes estudados, sendo a elevação baixa um fator de risco para aspiração
gástrica e a elevação adequada uma medida simples para prevenir o refluxo-gástrico 24.
A sexta resposta foi relacionada ao posicionamento de DVE(13,9%),seguida de
evitar escara (11,1%), a qual vai de encontro com o estudo
sobre o adequado
posicionamento do paciente crítico que constatou que a interface de tecido gera menos
pressão quando os pacientes foram colocados em uma posição de semi-Fowler com o
âgulo elevado da cabeceira do leito até 30° e joelhos elevados a 30° 13.
Cabe mencionar que no presente estudo observou-se uma associação
significativa de justificativas acertadas com um tempo maior de experiência dos
fisioterapeutas.
Quanto à percepção visual dos fisioterapeutas ao que diz respeito ao grau de
elevação da cabeceira do leito, independente do tempo de experiência, houve um baixo
índice de acertos concordando com o estudo de Lyerla et al.18 que analisou 33
enfermeiros com tempo de experiência em UTI diferenciado.
Com relação à percepção a 15 graus, os fisioterapeutas analisados nesse estudo
superestimaram a angulação proposta, coicidindo com as costatações de estudos atuais
18,21
.
Os acertos relativos à percepção visual a 30 graus e 45 graus, foi de 47% e 52%,
respectivamente. Destaca-se que a porcentagem da percepção visual a 30 graus foi
mediana se comparada ao estudo de Hiner et al.21, no qual 86% dos 21 fisioterapeutas
perceberam corretamente a elevação de 30 graus.
Cabe mencionar que no presente estudo conforme o aumento da elevação do
grau da cabeceira do leito observou-se o aumento da porcentagem dos acertos referênte
a percepção visual.
Em estudos atuais relativos à elevação adequada da cabeceira do leito realizado
em equipes multiplicinares em UTIs constatou-se que a média de elevação durante o
estudo foram baixas, 21,7 graus
12
e 19,2 graus
24
, sendo que neste último 70% dos
indivíduos estavam em posição supino. E no estudo de LIU et al.14 a taxa global de
alcançar a meta (igual ou maior a 30 graus) foi de 27,8%. Apenas foi encontrado o
estudo de WOLKEN et al.
16
em que a média de elevação adequada apresentou-se um
pouco mais elevada, qual seja, de 61% .
Nesse sentido, é notório o déficit na aplicação da elevação adequada da
cabeceira do leito pelos profissionais analisados. Fato igualmente verificado no presente
estudo, visto que os fisioterapeutas com mais de 2 anos de experiência acertaram 39%
da percepção visual da cabeceira do leito e os com menos de 2 anos de experiência
acertaram 43%.
Cabe elucidar que no estudo de WOLKEN et al.
16
quando a angulação da
cabeceira do leito foi monitorizada por sensor sonoro a angulação maior que 30° foi
encontrada em 76% das horas em comparação a
61% das horas que não eram
monitorizada. Dessa forma, o sensor sonoro da angulação configura-se em um bom
instrumento para auxiliar a equipe multidiciplinar na monitorização da elevação
adequada,embora gere um ônus financeiro maior à unidade.
Com relação ao número de acertos da percepção visual, quando comparado ao
gênero, constatou-se neste estudo que a percepção visual no sexo masculino (55%) foi
maior se comparado ao do sexo feminino (31%). Destaca-se que não foram encontrados
estudos que abordassem a questão de gênero.
CONCLUSÃO
A maioria dos fisioterapeutas da UTI adulto do Hospital de Base acertou
a elevação adequada da cabeceira do leito, bem como suas justificativas. Ressalta-se que
houve associação estatisticamente significativa entre tempo de experiência dos
fisioterapeutas e o acerto em relação à justificativa da elevação da cabeceira do leito.
Contudo, verificou-se que as respostas sobre a percepção visual dos fisioterapeutas em
relação à elevação da cabeceira do leito foram em sua maioria incorretas,
principalmente no sexo feminino.
Neste sentido, cabe ressaltar que uma maior atenção quanto aos cuidados
da elevação da cabeceira do leito é importante na diminuição da incidência da PAVM,
promovendo a redução dos dias e custos da internação hospitalar, bem como
consequentemente a diminuição da morbidade/mortalidade em pacientes críticos
7,9,11
.
Destaca-se que é fundamental a monitorização da equipe multidisciplinar na elevação
adequada da cabeceira do leito.
Cumpre salientar que os pesquisadores têm conhecimento da carência de
mais estudos relacionados a esse assunto para elucidar questões ainda não bem
compreendidas, como acontece nesse grupo específico.
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critical care. Intensive and Critical Care Nursing. 2003;19:68–74.
ANEXO 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
O (a) Senhor(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto:Avaliação do
conhecimento dos fisioterapeutas da UTI adulto do Hospital de Base-DF(HBDF) em
relação à elevação adequada da cabeceira do leito.
O nosso objetivo é avaliar o conhecimento dos fisioterapeutas da UTI adulto do
Hospital de Base-DF (HBDF) em relação à elevação adequada da cabeceira do leito.
O(a) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer
da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais
rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam
identificá-lo(a).
A sua participação será através de um questionário que você deverá responder
no setor de terapia intensiva adulto na data combinada com um tempo estimado para seu
preenchimento de: 15 minutos. Não existe obrigatoriamente, um tempo prédeterminado, para responder o questionário. Será respeitado o tempo de cada um para
respondê-lo. Informamos que o (a) Senhor(a) pode se recusar a responder qualquer
questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em
qualquer momento sem nenhum prejuízo para o (a) senhor(a) no âmbito da profissão.
Este projeto apresenta como benefícios o levantamento e solidificação de
informações que servirão de insumo para estudos epidemiológicos relacionados ao tema
proposto; bem como para uma possível realização de palestra ou discussão científica aos
participantes. Ademais, contribui na melhoria do serviço no sentido de prevenir as
complicações relacionadas à VM ao paciente crítico. E apresenta o seguinte risco:
constrangimento dos participantes ao preencher o questionário, devido reconhecimento
da letra, o qual será minimizado pelo preenchimento do questionário pelo próprio
pesquisador, bem como este se responsabilizará pelo absoluto sigilo da identificação
dos autores das respostas na divulgação à chefia. Ressalta-se que havendo o interesse do
participante em saber o resultado do seu questionário, será divulgado exclusivamente à
ele.
Os resultados da pesquisa serão divulgados aqui no Setor de UTI adulto do
HBDF, e na Universidade Católica de Brasília podendo ser publicados posteriormente.
Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda do pesquisador.
Se o (a) Senhor(a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor
telefone para: Pesquisador responsável: Daniel Bastos Carvalho, telefone:(61) 32336988/ (61) 9992-8457,ou pesquisador colaborador: Priscila Flavia de Melo telefone:
(61) 81269291.
Este projeto foi Aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da UCB/DF e
SES/DF, número do protocolo CAAE: 22814413900000029. As dúvidas com relação à
assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos através dos
telefones: (61) 3356-9784 ou (61) 3325-4955, respectivamente.
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador
responsável e a outra com o sujeito da pesquisa.
______________________________________________
Nome / assinatura
____________________________________________
Daniel Bastos Carvalho
Brasília, ___ de __________de _________
ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO
Tempo de experiência na UTI:_________________________
1) - A quantos graus de elevação a cabeceira do leito deve ser mantida?
________________________________________________________________
2) - Por que se deve manter a cabeceira elevada?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
3) - Identifique visualmente:
a) Com quantos graus de elevação se encontra a cabeceira do leito
__________?
b) Com quantos graus de elevação se encontra a cabeceira do leito
__________?
c) Com quantos graus de elevação se encontra a cabeceira do leito __________?
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