CONSTRUCAO DE BIBLIOTECAS NA ALEMANHA - CONCEITOS E
EXEMPLOS
Dr. Wolfram Henning, Hochschule der Medien Stuttgart
Tradução: Ana Teresa Vianna de Figueiredo Sannazzaro
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Introdução: Arquitetura de Biblioteca é um processo
O tesouro é subterrâneo - A construção da nova Biblioteca de Frankfurt am Main
Cinco corredores de salas de leitura - A Biblioteca Estadual da Baixa Saxônia e a Biblioteca
Universitária de Göttingen
Salão de leitura subterrâneo com teto de vidro - Biblioteca Estadual e Universitária de Dresden
Dueto de edificações com ponte - Biblioteca Municipal de Münster
Bibliecários e Arquitetos constroem "Mundos" (Welten) - Biblioteca Municipal de Bad Homburg
Futuro e tradição - O Projeto Biblioteca 21 em Stuttgart
Dar boas-vindas ao futuro
Workshop - 10-09-2003- Conceitos de Biblioteca e Arquitetura de Biblioteca
Grupo 1 - A Bibblioteca como ambiente educativo de informação e cultura para jovens
Grupo 2 - A Biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado
Grupo 3 - A Biblioteca como local de novas mídias
Introdução: Arquitetura de Bibliotecas é um processo
Diz-se assim: uma biblioteca está ou fica em algum lugar da cidade. Quer dizer, um negócio estático.
Entretanto, não nos enganemos – os edifícios das bibliotecas estão sempre movimento. Quando uma
nova unidade é inaugurada, primeiro veem as pequenas melhorias. Surgem novos desejos, novas
tecnologias, mais espaço para acervos e novos postos de trabalho são necessários, muitas vezes
após apenas 10 ou 20 anos há necessidade de obras de ampliação ou de uma nova construção
Hoje, quero informar-lhes sobre a construção de bibliotecas na Alemanha, neste honroso convite do
Instituto Goethe. Como conviver com isto? São construídas grandiosas bibliotecas de último tipo?
Naturalmente, os senhores esperam ouvir sobre construções interessantes de bibliotecas públicas e
científicas especializadas. Não deverão ser muitas, digamos 6 e não quero simplesmente mostrá-las.
Quero falar-lhes como foram concebidas. Como transcorreu o diálogo entre arquitetos e
bibliotecários, como a política favoreceu a realização ou lhe roubou forças e quão abertos os
conceitos das construções no futuro poderiam ser.
Conceitos, entendidos da perspectiva bibliotecária e eu sou bibliotecário –são assim como um manual
de procedimentos para o arquiteto. Entretanto, não é assim que funciona. O arquiteto também traz
uma concepção. Isto depende, como para os bibliotecários, das tendências em voga e de
concepções e experiências individuais. O urbanismo e as políticas públicas influenciam,
especialmente quando há o significado simbólico de uma biblioteca nacional.
Na Alemanha, a construção de bibliotecas públicas são via de regra, financiadas pelo município.
Subsídios e programas de fomento são possíveis através dos Estados. O financiamento de
bibliotecas universitárias é uma tarefa conjunta dos Estados e da Federação. Uma associação de
peritos, que é um grupo de trabalho para bibliotecas do Conselho Científico (Wissenschaftsrat), atenta
para que os subsídios federais se destinem apenas a bibliotecas de conceitos visando o futuro. Isto
significa especialmente que grande parte do acervo deva ser de livre acesso. É uma tarefa conjunta
das bibliotecas públicas e especializadas a integração do universo dos livros e do universo digital. A
concepção estética da biblioteca caminha lado a lado com a exigência por funcionalidade. O
Conselho Científico (Wissenschaftsrat) até mesmo exige uma atmosfera interna atrativa nas
bibliotecas universitárias. Edifícios de bibliotecas são entendidos como locais públicos de cultura e
comunicação.
A reunificação das Alemanhas levou a um boom de construção de bibliotecas universitárias. Por
causa da má situação econômica dos municípios, a construção de bibliotecas públicas inovadoras
nos novos Estados alemães, ainda está em compasso de espera. Reformas e reaproveitamento dos
prédios existentes estão em primeiro plano.
Recomendações úteis, mas não obrigatórias encontram-se em dois documentos. A norma
Bibliotheken ’93 contém indicações para planejamento de bibliotecas e a norma DIN 13, na edição de
1998, contém informações detalhadas para o cálculo da superfície necessária das bibliotecas
científicas especializadas.
O tesouro é subterrâneo – A construção da nova Deutsche Bibliothek em Frankfurt am Main.
Frankfurt am Main, no estado de Hessen, é um dos mais importantes centros financeiros e
econômicos da Alemanha. A Feira de Livros é considerada a maior do mundo. Em 1749, nasceu em
Frankfurt nosso maior escritor Johann Wolfgang von Goethe.
A Deutsche Bibliothek atua como biblioteca nacional. Está presente em três lugares distintos: em
Leipzig com a Deutsche Bücherei, fundada em 1912; em Frankfurt/Main com a Deutsche Bibliothek,
fundada em 1947 e em Berlim com o Arquivo Nacional de Música, que é parte da Deutsche Bibliothek
desde 1970. O estabelecimento em Frankfurt deve ser compreendido no contexto da divisão da
Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial. O projeto da obra em Frankfurt data da época da
Alemanha dividida, nos anos 80. Em 1990 a Alemanha foi reunificada e em 1997, o novo prédio da
Deutsche Bibliothek foi inaugurado.
Nos dezesseis anos da primeira concorrência pública entre arquitetos em 1981 até a inauguração
houve uma revolução na política, uma revolução na arquitetura , o pós-moderno floresceu e definhou
e uma revolução nas mídias, as mídias eletrônicas e audiovisuais desenvolveram-se com uma
dinâmica imprevista. Os projetos dos espaços precisaram ser várias vezes atualizados, no entanto, a
concepção final do prédio e o orçamento tiveram que ser seguidos à risca. No início, o diretor da
biblioteca desejou construir um edifício simbólico para ser o guardião da memória da nação. O juri
recomendou um projeto pós-moderno, o construtor preferia uma outra solução. Como não houve
consenso, nova concorrência pública foi realizada, resultando em um projeto consensual entre as
partes. O que finalmente foi decidido é: o edifício projetado pelo escritório de arquitetura Arat-KaiserKaiser de Stuttgart leva os visitantes da entrada para um hall redondo que funciona como hall de
distribuição. Daí, acessa-se a sala de leitura, a parte administrativa, o auditório, o restaurante e o
salão de exposições. Os últimos departamentos citados podem ser alugados para eventos.
Pela ótica do leitor, a concepção da sala de leitura representou um ganho. Em três planos,
distribuem-se a sala principal de leitura, a sala de leitura de periódicos e a sala de leitura multimídia.
Esta foi inicialmente concebida para utilização de mídias audiovisuais, mas rapidamente se
desenvolveu para a utilização das mídias eletrônicas, ampliando a concepção.
No princípio, foram instalados, entre outros, os seguintes equipamentos: Uma rede de alta velocidade
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Terminais multimídias com possibilidades gráficas e sonoras
Aparelhos leitores e armazenadores de publicações eletrônicas
Um sistema multimídia para utilização e arquivamento de longo tempo de mídias eletrônicas.
Um grande desafio para uma biblioteca com funções de arquivo nacional é assegurar o acesso por
longo tempo às mídias eletrônicas, transformando-as de um suporte a outro.
A sala de leitura tem uma agradável atmosfera de trabalho obtendo imediatamente grande aceitação
pelo público. Isto causou preocupações nos funcionários: a função arquivística pareceu ameaçada se
os materiais fossem constantemente solicitados. Utilização sim, mas apenas daqui a cem anos, para
um pequeno público de pesquisadores.
O maior tesouro da biblioteca é subterrâneo: um depósito de 30.000 m2 para aproximadamente 18
milhões de volumes, que devem bastar para 50 anos. A área útil total da biblioteca é de 47.000 m2..
A área destinada ao público é de apenas 3.200m2, foram projetados 350 lugares, ou seja, menos do
que em muitas bibliotecas universitárias. A crítica arquitetônica e ideológica constatou o seguinte
após a conclusão da construção: local de trabalho muito agradável mas uma casa modesta, sem
imponência, mais para uma biblioteca escolar do que uma biblioteca nacional.
Em Paris, pelo contrário, quase ao mesmo tempo foi concluída a Bibliothèque de France com suas
simbólicas quatro torres que apresenta a França como nação cultural e Estado nacional. Uma
observação que pode ser transposta para a construção dos novos prédios de bibliotecas nacionais da
Europa Oriental
Cinco corredores de salas de leitura – A Biblioteca Estadual da Baixa Saxônia e a Biblioteca
Universitária de Göttingen
Göttingen, no estado de Niedersachsen (Baixa Saxônia) é uma tradicional cidade universitária. Em
1993 foi inaugurado o novo prédio da biblioteca da Universidade, após longo tempo de projeto e
construção de 15 anos. O diretor da biblioteca é Elmar Mittler, uma das mais inovadoras
personalidades na biblioteconomia alemã. Quando Mittler foi para Göttingen em 1990, a obra estava
a pouco tempo da festa de inauguração. Mittler encontrou realizadas muitas das idéias que dez anos
atrás ele havia sugerido: situação favorável e nítida articulação do prédio, frequência de uso como
critério de localização do setores do público, flexibilidade nas áreas de livros e leitura, possiblidade de
introdução de novas mídias, salas de trabalhos menores para os funcionários, que podem ser
mantidos sem ar condicionado. Mittler fez questão de piso oco para quase a totalidade da biblioteca,
preparando-a para instalação de mídias eletrônicas. Enquanto existirem catálogos em Göttingen, eles
permanecem sobre mesas que já estão preparadas para computadores.
Mittler enquadrou o estilo do arquiteto Eckhard Gerber de Dortmund como sendo Moderno Iluminista.
Este elogio é uma alfinetada na arquitetura de anos passados. Bibliotecas universitárias são muitas
vezes castelos de cimento cinza, com grandes áreas flexíveis, com infindáveis estantes sem
nenhuma estética. Gerber projetou uma edificação clara, aberta, que oferece um agradável local de
trabalho ao visitante e que convidativamente se abre para a cidade de Göttingen.. Direcionado ao
campus universitário, o edifício tem uma predominante forma retangular, na direção sul, de encontro
ao centro da cidade, as salas de leitura se estendem escalonadas e sutilmente articuladas – os
famosos corredores de bibliotecas.
A edificação se abre através de um hall redondo, que evoca a biblioteca municipal Asplunds em
Stocolmo, construída em 1928. Através do hall de entrada que serve quatro andares, acessam-se
importantes serviços como acervo e balcão de empréstimo, entrada para as salas de leitura, entre
outros. A parte administrativa é totalmente separada e o depósito é subterrâneo.
Entre os corredores de biblioteca há espaços abertos com clarabóias Desta forma, possibilita uma
agradável atmosfera para leitura, na qual a orientação é facilitada e a luz natural chega a todos os
cantos da sala. Têm-se a visão do verde e da silhueta do centro histórico. Uma comodidade especial
para o trabalho difícil nas bibliotecas, 50 cabines individuais com 7m2 cada. A biblioteca tem uma
área útil de 23.000m2. O acervo engloba aproximadamente 3,9 milhões de volumes, sendo que
apenas 450 mil são de livre acesso. Nas salas de leitura encontram-se 600 lugares.
A biblioteca de Göttingen tornou-se tão popular entre os arquitetos alemães que cópias deste projeto
surgiram na licitação para a nova biblioteca pública de Stuttgart. Naturalmente não se notou que a
biblioteca de Stuttgart desenvolveu um conceito completamente diferente, que não poderia utilizar a
mesma estrutura da biblioteca de Göttingen.
Para ver a planta da biblioteca clique aqui.
Salão de leitura subterrâneo com teto de vidro – Biblioteca Estadual e Universitária de Dresden
A capital do estado de Sachsen (Saxônia), Dresden, é internacionalmente conhecida por seus ricos
tesouros artísticos. Um memorial especial para a cultura foi projetado em honra da reunificação. Nos
tempos da Alemanha oriental faltavam verbas para construção de novas bibliotecas e as existentes
se deterioraram. Após a reunificação, quando foram disponibilizadas grandes somas para construção
de bibliotecas públicas, o estado de Sachsen encontrava-se na seguinte situação: havia em Dresden
uma biblioteca estadual e uma biblioteca técnica universitária, ambas dependentes do Estado. Pela
ótica do Estado, foi sugerido um único prédio novo para ambas. Pela ótica dos bibliotecários, isto
significava um ataque para a sagrada independência. Cidadãos tradicionais de Dresden apoiaram o
plano de reformar um antigo depósito para a biblioteca estadual, impossibilitando a inclusão da
segunda biblioteca. O estado impôs sua vontade e a universidade exigiu a construção do novo prédio
próximo aos institutos. Um ginásio de esportes estava disponível como espaço e era cercado de tílias.
As tílias deveriam permanecer para não prejudicar a qualidade do ar na cidade de Dresden. Esta
constelação inspirou os arquitetos Ortner&Ortner, com escritórios em Berlim e Viena, a construir uma
biblioteca subterrânea. O ponto central da biblioteca é um salão grande, que não é avistado pelo lado
de fora, que recebe a luz do dia através do piso de vidro. Este salão de leitura é um compartimento
comum a ambas as bibliotecas. É difícil dizer o que foi mais complicado: a reunificação das duas
Alemanhas ou a unificação de duas bibliotecas em um único edifício com um salão comum de leitura.
Acima da terra, são visíveis apenas dois blocos, que marcam as duas extremidades do antigo ginásio
de esportes e hoje abrigam escritórios de trabalho, a cafeteria, o auditório e um museu histórico do
livro. O museu abriga uma inscrição maia do século 13. O depósito de livros é subterrâneo ao lado do
departamento de livre acesso e da sala de leitura. O bloco de mármore contrasta com a atmosfera
confortável das salas de leitura em tons marrons, que com suas galerias estendem-se por três
andares. A biblioteca foi inaugurada há um ano. Tem uma área útil de aproximadamente 30.000m², o
acervo abriga 4.200.000 volumes, sendo que 550.000 são de livre acesso. Há 675 lugares.
Por causa das condições específicas de Dresden, os arquitetos lançaram mão de uma idéia
arquitetônica do século 19: a sala de leitura como centro do mundo (da biblioteca).
Para visitar a biblioteca clique aqui.
Para ver fotos da construção clique aqui.
Dueto de edificações com ponte – Biblioteca Municipal de Münster
Münster é uma cidade muito antiga, católica, no estado de Nordrhein-Westfalen (Renânia do Norte). É
cidade universitária e arcebispado. Há 30 anos, iniciou-se em Münster um desenvolvimento, que até
hoje influencia fortemente o conceito de bibliotecas públicas. Naquela época, iniciou-se o arranjo de
parte do arcervo não mais em rígidas sistemáticas bibliotecárias, mas em grupos mais soltos, os
chamados campos de interesse. Mais tarde falou-se a respeito do conceito filosófico de conexões
vitais. Esteticamente, significa, um “local de fácil acesso”, isto é, grupos especiais que se localizam
próximo a entrada da biblioteca, de modo a serem imediatamente descobertos pelo público visitante.
O sucesso de público desta novidade foi enorme.
Outras bibliotecas desenvolveram este sistema e algumas até mesmo rearranjaram o acervo na
totalidade. Informações mais completas encontram-se no exemplo de Bad Hombug. Hoje, fala-se
sobre locais de fácil acesso, praças, Gabinetes, Pools e Ateliers – os conceitos indicam sempre
arranjos no espaço.
Em 1985, quando iniciou a licitação para o projeto de um novo edifício para a biblioteca, o então
diretor Edmunds, o „descobridor“ da nova concepção, queria que o este local de fácil acesso tivesse
um papel de destaque no conjunto do prédio. Haviam, entretanto dois outros temas muito
importantes. Pode-se construir um prédio moderno em um ambiente próximo a tantos prédios
antigos? Pode-se construir uma nova biblioteca em dois prédios distintos?
Na concorrência pública para o projeto, deveriam primeiramente ser dadas sugestões de como um
estacionamento no centro da cidade poderia abrigar dois prédios culturais, uma biblioteca e um
museu. O projeto mais impressionante previa uma alameda entre os dois prédios, que permitia a vista
para uma famosa igreja da cidade. Esta mistura, edificações modernas com claras referências para a
antiga Münster, recebeu, sob o aspecto arquitetônico, grandes elogios. Um ano após, quando da
concorrência para a realização do projeto, as prerrogativas haviam mudado. Encontrou-se outro local
para o museu, o prédio seria apenas da biblioteca. O famoso escritório de arquitetura Bolles-Wilson
manteve-se, todavia, fiel à sua façanha urbanística e projetou uma biblioteca com dois edifícios! O
camiho que ligava os dois prédios passou a ser conhecido como a Travessa da Biblioteca. A ligação
entre os dois prédios deveria ser subterrânea, mas sobretudo através de uma espécie de ponte dos
suspiros veneziana na altura do 1º andar. Um corpo da edificação foi projetado de forma retangular, o
outro direcionado para a rua, tinha forma de um barco.
De acordo com as normas para construção de bibliotecas, a biblioteca deveria ter desistido da
construção desta forma. Entretanto, não o fez. Via-se que o projeto, funcionalmente, não era o
melhor, mas que prometia uma qualidade interna extraordinária. Visitar a biblioteca seria uma grande
experiência! A biblioteca participou da decisão do juri e procurou tornar viável a prosposta. Em 1993
foi inaugurada a nova biblioteca pública. Uma parte da construção é a mais movimentada, com
entrada, café, sala de leitura de periódicos, empréstimo e “área de fácil acesso”, uma bela escada
conduz para a ponte e para a central de informações. Daqui atingi-se o „barco“ com a maior parte do
acervo. O “barco” é a parte mais silenciosa do edifício. A biblioteca infantil e a mediateca são
subterrâneas, onde o visitante pode movimentar-se entre os prédios.
Espaços internos impactantes com detalhes interessantes, com forte apelo externo, um exemplo de
construção moderno em um contexto histórico.
A biblioteca tem uma área útil de 6.400m2, sendo 800m2 de depósito, o acervo compõ-se atualmente
de 213.000 mídias, a maior parte de livre acesso, estando disponíveis 270 lugares. O empréstimo
aumentou 80% em dez anos. A diretora atual fortalece a crença de que a funcionalidade não é tudo, o
prédio de uma biblioteca deve agradar também ao sentimento dos clientes.
Bibliotecários e arquitetos constroem "Welten" (Mundos) Biblioteca Municipal de Bad
Homburg
Bad Homburg é uma cidade pequena e agradável próxima a Franfurt am Main. A biblioteca municipal
estava localizada pobremente em um prédio do antigo Forum. A biblioteca decidiu aumentar seu
espaço, através de obras de ampliação. Isto já se passou e o novo prédio da biblioteca foi inaugurado
em fevereiro de 2003, o antigo prédio precisa ainda ser restaurado. Os grupos de trabalho de
bibliotecários, que em várias reuniões planejaram o novo prédio, queriam uma nova solução
qualitativa e não apenas quantitativa. Como conceito central que amarrava as diferentes idéias,
surgiu a palavra mundo (Welt). Desta palavra desenvolveu-se a concepção, um ano e meio antes da
inauguração. Desta concepção eu cito:
Um abrangente número de blocos temáticos e áreas, facilitam de imediato a orientação e o acesso à
biblioteca. Singularidades locais fluem: Hölderlin, cidades termais, Bem-estar, corpo, alma, espírito, o
monte Taunus, caminhadas, natureza são colocados em evidência , por vezes com rejeição irônica.
Expressivos, sonoros, por vezes também objetivos e até mesmo nomes poéticos descrevem o
conteúdo de forma precisa, inspiram o descobrimento e descortinam novos mundos. Os leitores não
precisam raciocinar muito para saber quais os temas indicados, já que os nomes das áreas trazem
associação clara pela leitura ou o visitante precisa apenas seguir o caminho para desvendar o
desconhecido ou o vago. Todos sabem o que os esperam nos departamentos www ou cds, um quinto
das mídias é audio-visual.
Por exemplo, as áreas profissão, carreira, economia ou construção, moradia, jardim se agrupam em
áreas ou temas afins. Outros departamentos, ao contrário, ficam em aberto, como mundo da
literatura, corpo, alma, espírito ou mundo das artes propiciando encontros interessantes com o
aspecto musical ou filosófico da vida.
A idéia "mundos" deu a necessária segurança para a consecução e o aspecto da área do público. A
idéia central para o térreo era dar maior destaque a computadores, cds, dvds e oferta de temas atuais
a um público interessado, sem deixar de fora os tradicionalistas e os que procuram sossego. Por isto,
está em primeiro plano a Internet, profissão, carreira, economia, atualidades, informações. Em local
mais sossegado estão os locais para descanso. Materias sobre „Bad Homburg” e sobre os rios Reno
e Meno irão para o prédio antigo após a reforma, onde também se encontrarão construção, morar,
jardim além de natureza e técnica.
O segundo andar contém o mundo do aprendizado em si, onde o acervo está arranjado segundo as
matérias escolares dos jovens visitantes. Como são reconhecidos esses “mundos”? Por sorte, os
arquitetos do escritório MFA de Frankfurt fizeram um projeto econômico. Nem tudo foi considerado na
idéia de “mundo”, ainda existem também estantes dispostas normalmente. Com mais clareza se
destacam as áreas principais. A apresentação de assuntos nas estantes é feita por meios de grandes
bandeiras coloridas, que contém textos e imagens. Locais de trabalho e leitura são em parte
integrados e em parte colocados frente as janelas. A biblioteca tem área útil total de 2.500m2
somando-se o prédio antigo e o novo, anteriormente eram 800m2. Há à disposição do público 12
computadores para Internet e 3 para multimídia. O acervo compõe-se de 80.000 mídias, sendo 20%
CDs, CD-Roms, Videos e DVDs. Concepção, arquitetura e interior estão estreitamente relacionados,
o que é unusual.
Para visitar a biblioteca clique aqui.
Futuro e tradição – o Projeto da Biblioteca 21 em Stuttgart
Stuttgart, acapital do estado de Baden-Württemberg, é sede de um complexo automobilístico
conhecido
internacionalmente e é também uma interessante cidade cultural. A brasileira Marcia
Haydée foi por muito tempo, festejada primeira bailarina do Ballet de Stuttgart.
Biblioteca 21 – relaciona-se naturalmente com o novo milênio, mas também com o grande projeto de
construção Stuttgart 21. Atrás da estação central de trem de Stuttgart deverá haver um aumento da
área central da cidade em 80 hectares, com edifícios administrativos, de compras, gastronomia,
residências e também uma grande biblioteca, que como sucessora da atual biblioteca pública central
deverá ser grande sucesso de público. Condição indispensável é que os trens da estação central
passem a circular no subterrâneo liberando toda a área para a construção. O próprio departamento
ferroviário federal sugeriu esta solução e a cidade de Stuttgart vê grandes chances futuras.
No momento, já a situação paradoxal: a biblioteca 21 já foi aprovada pela Câmara Municipal e já há
verba para construí-la. O conceito da biblioteca passou a ser tão internacionalmente conhecido que
em muitos países, acredita-se que ela já exista. Entretanto, a cidade de Stuttgart ainda não iniciou a
construção, pois o departamento ferroviário federal deve revisar o projeto geral. Sem esta solução, a
biblioteca ficaria totalmente isolada em um terreno baldio. No momento, a cidade espera poder lançar
a pedra fundamental em 2004.
Apesar disto, por que é inspirador ocupar-se com o conceito da biblioteca 21? Talvez porque, o
conceito idealizado pela antiga diretora da biblioteca, Hannelore Jouly, engloba diversas idéias que
são discutidas ou realizadas isoladamente pelos bibliotecários, propiciando um todo dinâmico e
engenhoso. Palavras chaves como sociedade de informação, mídas, informação, aprendizagem
estão relacionadas com cultura e muitas vezes são estranhas aos especialistas em computação.
Além disto, o arquiteto coreano Eun Young Yi, Köln/Seoul, 1999 ganhou a concorrência com um
projeto que impressiona.
A filosofia da biblioteca compõe-se de 16 pontos. Aqui faço um resumo, a explicação integral será
exposta aos participantes do Workshop em 10-9-2003, em São Paulo.
1. A Biblioteca 21 é uma base para a socieade científica do futuro.
2. Toma a si a responsabilidade pedagógica como tradutora, na passagem da cultura
alfabética para a cultura digital.
3. Desenvolve estratégias no mundo virtual para o domínio do excesso de informação.
4. É ponto de apoio de um aprendizado vitalício, autogerenciado e inovativo.
5. É um local de sedução do pensar e aprender.
6. É um local literário, que cuida da tradição e do futuro do livro e da literatura.
7. É um local que apoia o aprendizado e a orientação para a vida profissional e para o mundo
do trabalho.
8. É um ponto de agregação da vida cultural da cidade.
9. É uma casa inspirada..
10. Está aberta praticamente 24 horas.
11. Desenvolve plataformas para a biblioteca real
12. É convidativa e hospitaleira.
13. Agrega redes eletrônicas regionais e internacionais.
14.Trabalha com gestão racional de recursos e com eficiência.
15. Otimiza a organização do trabalho como empreendimento de aprendizagem.
16. Ela dá as boas vindas ao futuro.
No quadro de informações para o público estão relacionados estes conceitos.
A área aberta é um vestíbulo do prédio da biblioteca, que diariamente deve ficar aberta das 7 às 24
horas com acessso a entretenimento, artes e aprendizagem, com local de descanso, serviços de
informação e pesquisa, leitura de jornais, jardim de inverno e café internacional.
O "coração" polivalente da biblioteca quer, por exemplo, promover a expectativa entre a tradição e
modernidade, entre a meditação e o mundo globalizado. O arquiteto projetou um cubo de vidro e
esclarece:
O prédio da biblioteca pode ser adentrado pelos quatro lados. Através da área aberta chega-se ao
coração, a parte central da biblioteca. Ao mesmo tempo, é circundado por uma segunda fachada, é
um salão em forma de cubo no centro da edificação, onde a luz entra apenas pelo teto. O coração
tem forma anelada em todos os andares e é contornado pela sala de leitura, a biblioteca de música, o
salão de artes e a Gráfica. Seu “oculus” desemboca em um salão de leitura afunilado. Este, se
estende sobre quatro andares e liga os 8 ateliers distintos.. O coração deve ser um local de
tranquilidade, quase uma experiência meditativa. O coração deve ser ao mesmo tempo um local de
conecção,um local de comunicação na acepção da palavra, quer dizer, com acesso à Internet e com
ela o espaço sideral. Estes conceitos reproduzem meu ponto de vista sobre a arquitetura deste
período de transformação da virada do século, isto é, da cultura física para cultura tecnológica.
A Biblioteca 21 terá uma área útil de 11.200 m2. O acervo abriga 500.000 mídias. A inauguração está
prevista para o ano de 2007.
Para maiores informações sobre arquitetura de biblioteca e design leia o texto de: Ingrid Bußmann .
Dar as boas-vindas ao futuro
Comigo, os senhores deram uma olhada, espero que não muito longa, na cena de conceitos e
edifícios para bibliotecas na Alemanha. Foram apresentados exemplos gerais e diferentes uns dos
outros. Talvez, tenham notado também contradições.
Permitam-me, para encerrar, citar uma frase da filosofia da Biblioteca 21
A Biblioteca 21 dá as boas vindas ao futuro.A filosofia descrita é hoje padrão. Sem dúvida, as
transformações tecnológias, sociais e artísticas irão modificar o conceito das bibliotecas. As
edificações devem propiciar estas transformações, sem carregar o caráter pouco específico de uma
flexibilidade irrefletida.
Penso que esta posição nos auxilia, por ocasião dos debates entre bibliotecários, arquitetos e
políticos sobre o futuro das bibliotecas e seus edifícios. Princípios sim, dogmas nunca.
Permaneçamos abertos.
Eu lhes agradeço.
Mais informações sobre arquitetura e design de biblioteca visite o site:
http://www.goethe.de/uk/ney/alae.htm
Workshop: Conceitos de Bibliotecas e Arquitetura de Biblioteca
Introdução
A palestra do Prof. Dr. Wolfram Henning realizada no Centro Cultural São Paulo como docente da
Fachhochschule für Medien em Stuttgart especialista no tema construção e administração de
bibliotecas, enfoca o panorama atual desta discussão na lemanhas e apresenta alguns projetos
especialmente escolhidos.
O workshop realizado como parte do evento, proporcionou a bibliotecários, arquitetos e engenheiros
interessados, a possibiblidade de uma intensa troca de informação e experiências.
Os três grupos de participantes do workshop, desenvolveram inspirados projetos de como as
bibliotecas do futuro se apresentarão, além de revisar e aperfeiçoar os conceitos discutidos no
evento. Decidimos, conjuntamente, divulgar os produtos deste trabalho na Internet.
Tema 1: A Biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado
No centro do Grupo 1 está o projeto de um "mundo de aprendizado" como parte integrante de uma
biblioteca (ex. jovens profissionais ou escolares). Estabelecimento de um mix adequado de mídias,
atividades e prestação de serviços especiais por pessoal especializado. O espaço e o mobiliário
devem ser projetados visando estas condições pré-estabelecidas de modo que o visitante se sinta
motivado a leitura e aprendizado.
Tema 2: A biblioteca de arte como espaço de experimentação e aprendizado
O Grupo 2 dedicou-se a um tema especial. No centro do projeto está a apresentação e a preservação
das artes cênicas sob o aspecto de um aprendizado vitalício e de vivência da arte como um todo.
Tema 3: A Biblioteca como local de novas mídias
O Grupo 3 projetou parte de uma biblioteca como um lounge de mídias que propicie um contato
estimulante com as novas mídias eletrônicas e audiovisuais como CDs, CD-ROMs, DVDs e Internet.
Depois de estabelecidos fatores como público-alvo, atividades e serviços, o grupo irá orientar em
questões como apresentação, equipamentos e mobiliário deste lounge de mídias.
Os projetos dos grupos de trabalho foram publicados sem nenhuma alteração. Comentários bem
como sugestões de projetos e parcerias futuras são benvindos.
Agradecimentos especiais a Márcia Rosetto, presidente da FEBAB e a Maria Zenita Monteiro, diretora
da Divisão da Bibliotecas do Centro Cultural São Paulo, cujo apoio e trabalho incansável foram
fundamentais para o sucesso dos dois eventos.
http://www.goethe.de/br/sap/bibl/pribib.htm
Palestra do Prof. Dr. Wolfram Henning: Arquitetura de Bibliotecas
Grupo 1 - Biblioteca como ambiente educativo de informação e cultura para jovens
Introdução
Esta é uma proposta apresentada no workshop “Conceitos e construções de bibliotecas” realizado
pelo Prof. Wolfram Henning, da Fachhochschule Stuttgart – Hochschule der Medien, patrocinado pelo
Instituto Goethe de São Paulo, em 10 de setembro de 2003. O objetivo do workshop era o
desenvolvimento de conceitos voltados para edifícios e mobiliários de bibliotecas, segundo as
exigências do século XXI, tomando como parâmetro os 16 pontos que integram a filosofia do Projeto
da Biblioteca 21 em Stuttgart (HENNING, 2003).
1- Conceitos fundadores
O desafio de conceber uma biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado para o
século XXI nos impõe uma reflexão sobre quais conceitos farão parte da fundação desse espaço.
A sociedade urbana neste início do novo milênio é marcada pela intensa globalização de todos os
setores da vida econômica, política e cultural. Se, por um lado, isso derruba de certa forma as
fronteiras geopolíticas tradicionais (como fica evidenciado no uso cada vez mais disseminado da
internet), por outro lado, acentua-se uma crise das relações sociais e interpessoais.
O segmento da sociedade muito afetado por essas condições é o jovem que se vê num momento de
transição, libertando-se da proteção natural do meio familiar e sendo cobrado na responsabilidade de
uma atuação social à qual ainda não está pronto para exercer. A situação torna-se mais dramática
quando se verifica em grande parte dos centros urbanos do mundo, uma desorganização da família
em cujo interior são construídas as primeiras fases da socialização de uma pessoa – ou seja, a
formação da sua estrutura de personalidade. Essa situação não é privilégio de um determinado setor
social – dos economicamente desfavorecidos, por exemplo. Ao contrário, está presente na sociedade
urbana contemporânea como um todo, apresentando diferenças próprias do contexto e da história de
cada lugar e das pessoas que nele vivem.
São essas condições que nos levam a propor uma biblioteca como espaço de socialização para
jovens que tenha como meta a construção de interações/interrelações pessoais, ambientais,
informacionais, culturais e comunicacionais. Para que essas metas sejam alcançadas não basta dar
às pessoas o acesso à informação e à cultura, solução freqüentemente presente nas políticas
públicas e nos programas promovidos pelas administrações das várias instâncias governamentais e
institucionais. Mais do que o acesso à informação e aos bens culturais, é fundamental que ocorra a
apropriação, o apoderamento da instituição biblioteca, seus produtos e serviços pelo jovem e pelo
cidadão como um todo. Para tanto, a diversidade cultural em seus variados aspectos (sócioeconômico-culturais, geográficos, de faixa etária, cronológicos, de linguagens e de mídias) deve ser o
conceito a conformar as noções norteadoras da construção não só física, mas também das ações
cotidianas da biblioteca, quais sejam: a autonomia, a afetividade, a ludicidade e a sociabilidade
(OBATA, 1999, 95-96).
2- A proposta: o centro em todo lugar
Nos conceitos propostos acima, a pessoa deve não só estar no centro, mas deve ser também o
próprio centro das relações. O desafio é fazer com que o centro esteja em todo lugar. E que a
biblioteca seja um espaço de acolhimento e de inclusão social em todos os sentidos.
2.1- Da estrutura arquitetônica
A forma circular é a que melhor responde aos objetivos propostos (ver ilustração Tema 1 – Esquema
2). Além de proporcionar uma melhor realização da construção das interações/interrelações pessoais
com o ambiente, com os recursos informacionais, com os bens culturais e com os processos
comunicacionais, o círculo é também uma representação simbólica dessas idéias.
Além disso, a biblioteca deve estar localizada no ponto central da cidade, do bairro ou da instituição
(ver ilustração Tema 1 - Esquema 1). Para ela devem convergir caminhos e olhares e, a partir dela,
deve ser possível alcançar os horizontes e a vida do seu entorno. Por isso, as suas paredes externas
devem ser transparentes, permitindo a integração do exterior com o interior e, ao mesmo tempo, de
dentro para fora.
Do mesmo modo, internamente, nenhum espaço terá barreiras que criem um isolamento visual e
sonoro total. Quando necessário – como é o caso do auditório e das salas de oficinas e outros
espaços que exigem um isolamento sonoro –, portas transparentes, meias-paredes e mobiliários
poderão ser utilizados para que não ocorra isolamento visual permanente. As portas, assim como as
paredes externas podem receber periodicamente – e quando for necessário um isolamento visual –
painéis removíveis, que se utiliza, ao mesmo tempo, para comunicação/exposição de informações e
outras manifestações, tanto para o público externo quanto interno.
Visando eliminar a impressão de monotonia e/ou ausência de referências que o círculo pode
transmitir, a área central tem a forma de uma elipse, como as órbitas dos planetas no sistema solar.
Abriga um jardim de inverno e acomodações para leitura, audição com uso de fones, bate-papos e
espaços para exposição/comunicação.
No teto, uma clarabóia elíptica central reforça a presença da iluminação natural já presente nas
paredes externas. Áreas transparentes permitem ver o céu, a olho nu ou com auxílio de lunetas,
especialmente à noite.
Serão vários os ambientes da biblioteca, de acordo com os serviços oferecidos, conforme
apresentados no item 2.3.
2.2- Do mobiliário e outros equipamentos
Além da sua primeira função utilitária, o mobiliário servirá também como elemento delimitador e
indicador dos espaços e das suas funções. Estantes e armários devem ser mais baixos que os
tradicionais para não impedir a visualização de toda a biblioteca; devem levar em consideração a
diversidade dos meios e suas linguagens (materiais textuais, áudio, visuais, audiovisuais,
tridimensionais, eletrônicos, digitais). Mesas e/ou bancadas devem ter formatos e tamanhos que
levem em conta a diversidade dos atos de leitura e das ações de expressão e comunicação.
Estantes, armários e mesas devem ser componíveis e ter mobilidade. Os assentos – cadeiras,
bancos, poltronas, almofadas – devem ser adequados para os vários usos, as várias situações e os
vários públicos.
Além de posntos com equipamentos para acesso aos bancos de dados da biblioteca e de outras
instituições e à internet, estrategicamente distribuídos, várias mesas para leitura individual ou em
grupo também terão computadores.
Totens próprios para exposição e comunicação cotidiana da biblioteca são colocados em algumas
áreas da biblioteca – como é o caso da entrada da biblioteca e nas áreas próximas do jardim de
inverno. Banners suspensos devem servir como meios informativos sobre a característica e o uso dos
vários ambientes e equipamentos existentes.
2.3- Dos serviços
A construção da biblioteca não se encerra quando o edifício e as suas instalações ficam prontos. Ao
contrário, a sua construção deve ser cotidiana e se realiza através dos serviços oferecidos e da
apropriação desses serviços pelas pessoas da comunidade.
a) Serviço de atendimento e informação/orientação pessoal ao público. Localizado na entrada e em,
pelo menos, três outros espaços no interior da biblioteca. Auto-serviço de empréstimo que pode ser
realizado em qualquer computador da biblioteca. b) Auditório de eventos para grande público.
c) Áreas de exposição nas entradas e próximo ao jardim de inverno.
d) Áreas de encontros, leituras e audição individuais, descanso e reflexão: café, jardim de inverno e o
pequeno auditório de multi-uso.
e) Espaços para uso individual ou em pequenos grupos de Audiovisuais e Multimeios.
f) Salas para Oficinas com fins educativos (para uso e produção da informação e dos produtos
culturais), de educação continuada e de lazer.
g) Pequeno auditório multi-uso semi-aberto para ações rápidas e voltadas para grupos pequenos (por
exemplo, contação de histórias, apresentação de uma produção realizada pelo público).
h) Áreas para leitura e trabalho individual ou em grupos.
i) Áreas para o acervo (distribuídas estrategicamente próximo às áreas de leitura e trabalho individual
ou em grupos).
j) Áreas da administração da biblioteca.
k) No subsolo, áreas para a reserva técnica da biblioteca, sanitários e estacionamento.
3- Conclusão
A construção de uma biblioteca exige que os bibliotecários tenham idéias claras dos objetivos que se
deseja alcançar e quais as noções que deverão embasar o projeto do espaço, equipamentos e
serviços adequados para se atingir as metas propostas. Conhecimentos e experiências adquiridas
são fontes muito importantes para o nosso aprendizado. Porém, para conceber a biblioteca do século
XXI é preciso muito mais. Exige-se que nos libertemos de parâmetros antigos que muitas vezes nos
impedem de sonhar e de concretizar os sonhos necessários.
Participantes do Grupo
Regina Keiko Obata F. Amaro
Augusta Oliveira Silva
Claudia M. Tavares de Mello
Franz Roos
Ivone Tálamo
Maria Helena P. O. Cardim
Maria Lúcia A. Attar
Maria Lúcia V. Lunardelli
Maria Luiza Christiani
Marisa Rocha
Neide Carnevale
Agradecemos a colabaração de Fernando Matias e Carlos André Amaro
BIBLIOGRAFIA
HENNING, Wolfram. Construção de bibliotecas na Alemanha: conceitos e exemplos.
http://www.goethe.de/br/sap/bibl/priarch.htm. Acesso em 26/09/03.
OBATA, Regina Keiko. Biblioteca Interativa: construção de novas relações entre Biblioteca e
Educação. R. Bras. Biblioteconon. Doc., Nova Série, São Paulo, v.1, n.1, p.91-103, 1999.
WORKSHOP - CONCEITOS E CONSTRUÇÕES DE BIBLIOTECAS
Prof. Wolfram Henning
Fachhochschule Stuttgart - Hochschule der Medien
Instituto Goethe / FEBAB - 19 de setembro de 2003
Grupo 2 - A Biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado
Objetivo: Biblioteca de Artes Cênicas como espaço de experimentação, aprendizado permanente e
pesquisa
Cenário:
· Redução do público das bibliotecas
· Mudança do perfil da demanda
· Dispersão das coleções especializadas e dificuldade de acesso às mesmas
· Cidade (São Paulo) não facilita o deslocamento e o encontro para troca de informações e
experiências
· Inexistência de espaços públicos agradáveis e funcionais
Temas: teatro, dança, circo, performance, ópera, teatro de bonecos, teatro de rua, mímica,
arquitetura teatral, cenografia, iluminação, etc.
Atividades: ver, ouvir, pensar, criar, fazer, conviver, trocar...
· Acesso à informação sob qualquer suporte
· Leitura individual e em grupo
· Exposições
· Palestras, mesas-redondas
· Leituras dramáticas
· Exibição de filmes e vídeos
· Cursos
· Ensaios e oficinas/experiências
· Orientação para pesquisas nas bases de dados locais e na internet
· Projetos especiais para comunidades de baixa renda
· Eventos - articulação com outros eventos da dicade
Público-alvo: publico em geral interessado em artes cênicas, amadores e profissionais, artistas,
atores, bailarinos, dramaturgos, diretores, coreógrafos, cenógrafos, técnicos em iluminação,
arquitetos, fotógrafos especializados, editores, jornalistas, professores, pesquisadores, críticos e
historiadores...
Tipos de documentos: publicações (livros, periódicos, programas, teses, etc), cadernos de cena,
manuscritos, fotos/slides, vídeos, filmes, registros sonoros, desenhos (de figurinos, de cenários, etc),
projetos arquitetônicos, maquetes, etc.
Projeto arquitetônico:
(Renato Hofer)
O partido adotado para o projeto foi a criação de uma grande caixa estrutural coberta, que abriga as
diversas atividades, caracterizadas por materiais, formas e volumes, possibilitando uma visualização
e identificação a partir da rua (fig.1).
O acesso à biblioteca se dá pelo nível térreo, uma grande praça onde se localizam arcos de
informação, café, restaurante e acesso ao bloco administrativo.
A partir desta praça, o público já visualiza os telões do mezzanino multimeios (onde são projetadas as
atividades desenvolvidas nos computadores), a "torre dos livros" (que concentra o acervo
bibliográfico) e o altíssimo pé direito (espaço para exposições, intervenções cenográficas, eventos).
(fig.2)
O bloco térreo abriga, além da administração, sala de variadas dimensões voltadas para atividades
relacionadas à prática teatral: leituras dramáticas, ensaios, atividades corporais. No mezzanino se
concentra o acervo multimeios, com salas abertas para sessões de vídeo/DVD e computadores para
pesquisas na internet e CD-Rom. O acervo se concentra na "torre dos livros", um grande bloco em
vidro serigrafado que exibe o conteúdo de cada setor.
Do lado oposto estão as salas de leitura - uma com conexão para lap-tops e outra sem - com vista
para as áreas externas e iluminação natural. Conectando estes dois blocos, localiza-se a torre de
circulação vertical e o mezzanino dos bibliotecários.
Outro volume marcante é a "máquina de experimentos", uma caixa estrutural com variadas
possibilidades de conformação espacial (arena, teatro italiano, palco para eventos externos, etc.).
(fig.3) É o local para experimentar os conhecimentos e pesquisas desenvolvidos na biblioteca, com
toda maquinaria de palco, luz e som disponível.
Também abriga a cabine de projeção para o grande telão localizado junto à calçada, caracterizando
junto à praça um cinema ao ar livre, cuja programação fará parte das atividades desenvolvidas na
biblioteca.
Participantes do Grupo
Maria Cecilia Soubhia [email protected]
Maria Christina Barbosa de Almeida [email protected]
Maria Edméia Ferrer [email protected]
Morgana Carneiro de Andrade [email protected]
Paulo Simões de Almeida Pina [email protected]
Pedra Margarete de S. Guidil Pires [email protected]
Renato Hofer [email protected]
Para ver imagens clique aqui
Grupo 3 - A Biblioteca como local de novas mídias
O Evento
Workshop Conceitos e Construções de Bibliotecas, realizado em 10 de setembro de 2003 e
ministrado pelo Prof. Dr. Wolfram Henning (docente da Hochschule der Medien, antiga Faculdade de
Biblioteconomia da Fachhochschule de Stuttgart, estado de Baden-Württenberg, Alemanha). O prof.
Wolfram leciona as disciplinas: Construção e mobiliário de bibliotecas e Políticas e concepção de
bibliotecas.
O Instituto Goethe Centro Cultural Brasil-Alemanha, em parceria com a Federação Brasileira de
Associação de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituição – FEBAB, foram os promotores
do workshop.
O Objetivo
O Encontro teve como proposta enfocar os atuais conceitos para edifícios e mobiliário de bibliotecas,
a partir das exigências das modernas bibliotecas do século 21. A intenção baseou-se na reflexão de
questões sobre:
a) As concepções dos espaços físicos que, na atualidade, agregam livros, cds, dvds, internet, sendo
ao mesmo tempo locais de aprendizagem, pesquisa, trabalho e lazer;
b) Necessidades específicas devem ser alvo de intensa troca de informações entre bibliotecários e
arquitetos.
Procurou-se tratar, por meio da troca de experiências entre os participantes, os conceitos e exemplos
expostos pelo prof. Wolfram Henning.
OS Temas para discussão e refelexão
Para cada tema proposto foi montado um grupo de trabalho, de modo a formar uma certa atmosfera
de competição de idéias, visualizadas quando da apresentação e discussão dos resultados.
Os temas foram:
•
•
•
A biblioteca como local de um aprendizado vitalício e autogerenciado. Planejar um “mundo do
aprendizado” como parte de uma biblioteca.
A biblioteca do século 21. Imaginar uma biblioteca central para o novo milênio para uma
grande cidade brasileira.
A biblioteca como local de novas mídias. A idéia de mobiliar parte da biblioteca como
departamento multimídia, a fim de facilitar o estimulante convívio com as mídias eletrônicas e
audiovisuais com cds, cd-roms, dvds e internet. Como sugestão para reflexão, o tema propôs
questões sobre: Para quais leitores v. quer mobiliar o departamento de multimídia?
Quais atividades devem ser possíveis, quais serviços serão oferecidos pelo pessoal
técnico? Como está equipado o departamento multimídia? Qual departamento e quais
móveis vocês acha que são especialmente importantes? Faça um esquema de suas
idéias nas transparências.
O Grupo de Trabalho
Na formação do grupo, que escolheu como tema de desenvolvimento: a biblioteca como local de
novas mídias, ocorreu uma feliz composição de bibliotecários de bibliotecas universitárias (a maioria
de diretores de sistemas), dois arquitetos (interessados na temática construção de bibliotecas), e um
professor (docência em Biblioteconomia).
Se, inicialmente, uma certa timidez natural limitou os participantes em pensar sobre a temática a ser
desenvolvida, após a livre manifestação de opiniões de cada um, ajudou a direcionar os trabalhos.
Acordado o interesse comum, definiu-se em planejar uma biblioteca universitária, que poderia ser
uma biblioteca central. Ao invés de detalhar o ambiente preconcebido, optou-se por idealiza-la.
Pensar um ambiente que fosse diferenciado do comum, mas não deixasse de ser exeqüível.
A Idealização da Biblioteca
Ao pensar a unidade de informação, não se detalha suas características operacionais ou físicas, mas
uma concepção de biblioteca universitária.
Sua finalidade é servir como ambiente de difusão do conhecimento para professores, pesquisadores,
estudantes, funcionários e comunidade externa a universidade. Um espaço de inserção social e
comunitária.
Para tanto, deve oferecer serviços tradicionais e serviços inovadores. Entre esses serviços, alguns
voltados à recepção de visitantes e de novos usuários. Com salas apropriadas, para que o visitante
possa ter acesso por meio de vídeo ou de sistema de realidade virtual, a informações que lhe permita
conhecer a biblioteca e seus recursos. Para os jovens, inclui-se a adoção de RPG (Role-Playing
Games) com a mesma finalidade de aclimatação ao ambiente da informação, de maneira lúdica.
Na biblioteca encontra-se integrado um museu interativo. Um ambiente no qual as pessoas possam
interagir com os objetos e aprofundarem os conhecimentos por meio da consulta ao acervo
bibliográfico.
O espaço de recepção, dessa biblioteca, funcionará 24 horas, abrigando um cybercafé, um
restaurante, auditório para eventos e shows, cinema, terminais bancários 24 horas, ateliês de
aprendizagem onde a comunidade possa ter acesso a cursos e palestras. Além de espaços para
exposição e feiras literárias.
A biblioteca terá um espaço de capacitação digital, não limitado apenas a dispor equipamentos e
recursos para uso, mas sobre formas de melhor explorar tais recursos.
A coleção da biblioteca, não estaria dividida pelo suporte, mas pela temática. Assim, materiais
impressos e eletrônicos conviveriam em um mesmo espaço temático, evitando deslocamento dos
usuários. O espaço de formatação, organização e acesso ao conhecimento (processamento técnico e
administrativo), devem ser integrados ao ambiente, como um elo de conexão entre os mundos de
conhecimento no qual se dividirá a base informacional da biblioteca.
Fisicamente, a biblioteca deve estar integrada a flora da região, projetando no seu ambiente também
está situação de contato com a natureza, sem que isto, no entanto afete a preservação de seus
equipamentos.
O ambiente de informação deve permitir uma visualização do espaço interno e do externo. Um
espaço no qual as pessoas possam caminhar e descobrir coisas, tendo seus sentidos estimulados.
Tenha locais agradáveis para estudo em grupos, estudos individuais, realizar uma leitura prazerosa
sentada em um sofá, em uma espreguiçadeira, ou mesmo deitada em um divã. O importante é sentirse confortável.
A Concepção Arquitetônica
A concepção delineada no encontro é apenas um esboço desse pensar o espaço de informação no
ambiente universitário. A biblioteca seria o centro de integração das pessoas e de conhecimento
gerado no campus universitário. Um espaço de passagem das pessoas no deslocamento para as
várias unidades ou espaços acadêmicos.
Na fig.1 é projetada está visão de integração. Duas torres, interligadas por largas passarelas, nas
quais as pessoas poderão se deter para uma leitura ou simplesmente conversarem. O espaço
também permitiria a realização de exposições variadas. O objetivo é a interação e a convivência
social.
Considerando, na concepção, que a biblioteca é um ambiente de passagem para outras localidades
no campus, o térreo dos edifícios formaria um amplo corredor no qual haveria exposições, concertos,
feiras acadêmicas. No térreo, também, se localizaria o ateliê de capacitação, o teatro, um cybercafé,
o museu tecnológico, um restaurante e a quiosque de bancos, além da recepção da biblioteca. Esse
espaço de trânsito de pedestres seria um corredor no qual as pessoas pudessem caminhar e
descobrir coisas tendo estimulado seus sentidos. Por outro ângulo ( fig 2) temos um esboço do
espaço informacional, que deverá estar integrado à flora existente no campus. Um ambiente cercado
de muito verde, bem iluminado em termos de aproveitamento da luminosidade natural.
Além da arquitetura externa, teria mais alguns andares no subsolo, contendo espaços para o depósito
de acervo. Ambiente de conservação e restauro, almoxarifado, sala para funcionários e administração
Logicamente, que o edifício dever ser bem amplo na sua projeção. Possibilitando criar mundos
internos na disposição do acervo e dos produtos informativos. Um mundo não limitado apenas a um
sistema de classificação, mas de ser um ambiente de aprendizagem no qual as pessoas possam
encontrar o que necessitam. Ambiente onde a informação possa ser organizada como espaços
interconectados. No espaço da biblioteca, estaria a área de eventos, o mundo da literatura, da
música, da imagem. O convívio do impresso com o digital
Conclusão
Certamente, há nesta exposição falta de maior detalhamento ao projeto de uma biblioteca para o
século 21. Como já mencionado, elaborou-se um esboço baseado numa concepção idealizada. Não
houve maior preocupação em detalhar acervo e sua disposição. Da mesma forma, não houve
preocupação em definir processos de organização e acesso ao conhecimento ou ainda definir
tipologia de público alvo.
A intenção foi, no contexto proposto pelo prof. Walfram, imaginar e refletir um ambiente próximo do
que o grupo de profissionais considera como ideal e agradável de freqüentar e utilizar. Um ambiente
de socialização, inclusão e, fundamentalmente, de comunicação entre pessoas.
Composição dos membros do Grupo de Trabalho, em ordem alfabéticca:
Cristina M. Bolonho,
bibliotecária,
UNISAL,
[email protected]
[email protected]
Cybelle A. Fontes,
bibliotecária, FOB/USP,
Fernando Modesto,
professor,
ECA/USP,
[email protected]
Henrique Rocha,
arquiteto,
PUCRS,
[email protected]
Maria Crestana,
bibliotecária, EEFE/USP,
[email protected]
Maria Julia A. Freddi,
bibliotecária, FMUSP,
[email protected]
Rita A. Sponchiado,
bibliotecária, IFGW/UNICAMP, [email protected]
Sibele Planicki,
arquiteta,
PUC/PR,
[email protected]
Suely Campos Cardoso, bibliotecária,
FMUSP,
[email protected]
www.goethe.de/saopaulo
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Palestra do Prof. Dr. Wolfram Henning - Goethe