CONSTRUCAO DE BIBLIOTECAS NA ALEMANHA - CONCEITOS E EXEMPLOS Dr. Wolfram Henning, Hochschule der Medien Stuttgart Tradução: Ana Teresa Vianna de Figueiredo Sannazzaro - Introdução: Arquitetura de Biblioteca é um processo O tesouro é subterrâneo - A construção da nova Biblioteca de Frankfurt am Main Cinco corredores de salas de leitura - A Biblioteca Estadual da Baixa Saxônia e a Biblioteca Universitária de Göttingen Salão de leitura subterrâneo com teto de vidro - Biblioteca Estadual e Universitária de Dresden Dueto de edificações com ponte - Biblioteca Municipal de Münster Bibliecários e Arquitetos constroem "Mundos" (Welten) - Biblioteca Municipal de Bad Homburg Futuro e tradição - O Projeto Biblioteca 21 em Stuttgart Dar boas-vindas ao futuro Workshop - 10-09-2003- Conceitos de Biblioteca e Arquitetura de Biblioteca Grupo 1 - A Bibblioteca como ambiente educativo de informação e cultura para jovens Grupo 2 - A Biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado Grupo 3 - A Biblioteca como local de novas mídias Introdução: Arquitetura de Bibliotecas é um processo Diz-se assim: uma biblioteca está ou fica em algum lugar da cidade. Quer dizer, um negócio estático. Entretanto, não nos enganemos – os edifícios das bibliotecas estão sempre movimento. Quando uma nova unidade é inaugurada, primeiro veem as pequenas melhorias. Surgem novos desejos, novas tecnologias, mais espaço para acervos e novos postos de trabalho são necessários, muitas vezes após apenas 10 ou 20 anos há necessidade de obras de ampliação ou de uma nova construção Hoje, quero informar-lhes sobre a construção de bibliotecas na Alemanha, neste honroso convite do Instituto Goethe. Como conviver com isto? São construídas grandiosas bibliotecas de último tipo? Naturalmente, os senhores esperam ouvir sobre construções interessantes de bibliotecas públicas e científicas especializadas. Não deverão ser muitas, digamos 6 e não quero simplesmente mostrá-las. Quero falar-lhes como foram concebidas. Como transcorreu o diálogo entre arquitetos e bibliotecários, como a política favoreceu a realização ou lhe roubou forças e quão abertos os conceitos das construções no futuro poderiam ser. Conceitos, entendidos da perspectiva bibliotecária e eu sou bibliotecário –são assim como um manual de procedimentos para o arquiteto. Entretanto, não é assim que funciona. O arquiteto também traz uma concepção. Isto depende, como para os bibliotecários, das tendências em voga e de concepções e experiências individuais. O urbanismo e as políticas públicas influenciam, especialmente quando há o significado simbólico de uma biblioteca nacional. Na Alemanha, a construção de bibliotecas públicas são via de regra, financiadas pelo município. Subsídios e programas de fomento são possíveis através dos Estados. O financiamento de bibliotecas universitárias é uma tarefa conjunta dos Estados e da Federação. Uma associação de peritos, que é um grupo de trabalho para bibliotecas do Conselho Científico (Wissenschaftsrat), atenta para que os subsídios federais se destinem apenas a bibliotecas de conceitos visando o futuro. Isto significa especialmente que grande parte do acervo deva ser de livre acesso. É uma tarefa conjunta das bibliotecas públicas e especializadas a integração do universo dos livros e do universo digital. A concepção estética da biblioteca caminha lado a lado com a exigência por funcionalidade. O Conselho Científico (Wissenschaftsrat) até mesmo exige uma atmosfera interna atrativa nas bibliotecas universitárias. Edifícios de bibliotecas são entendidos como locais públicos de cultura e comunicação. A reunificação das Alemanhas levou a um boom de construção de bibliotecas universitárias. Por causa da má situação econômica dos municípios, a construção de bibliotecas públicas inovadoras nos novos Estados alemães, ainda está em compasso de espera. Reformas e reaproveitamento dos prédios existentes estão em primeiro plano. Recomendações úteis, mas não obrigatórias encontram-se em dois documentos. A norma Bibliotheken ’93 contém indicações para planejamento de bibliotecas e a norma DIN 13, na edição de 1998, contém informações detalhadas para o cálculo da superfície necessária das bibliotecas científicas especializadas. O tesouro é subterrâneo – A construção da nova Deutsche Bibliothek em Frankfurt am Main. Frankfurt am Main, no estado de Hessen, é um dos mais importantes centros financeiros e econômicos da Alemanha. A Feira de Livros é considerada a maior do mundo. Em 1749, nasceu em Frankfurt nosso maior escritor Johann Wolfgang von Goethe. A Deutsche Bibliothek atua como biblioteca nacional. Está presente em três lugares distintos: em Leipzig com a Deutsche Bücherei, fundada em 1912; em Frankfurt/Main com a Deutsche Bibliothek, fundada em 1947 e em Berlim com o Arquivo Nacional de Música, que é parte da Deutsche Bibliothek desde 1970. O estabelecimento em Frankfurt deve ser compreendido no contexto da divisão da Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial. O projeto da obra em Frankfurt data da época da Alemanha dividida, nos anos 80. Em 1990 a Alemanha foi reunificada e em 1997, o novo prédio da Deutsche Bibliothek foi inaugurado. Nos dezesseis anos da primeira concorrência pública entre arquitetos em 1981 até a inauguração houve uma revolução na política, uma revolução na arquitetura , o pós-moderno floresceu e definhou e uma revolução nas mídias, as mídias eletrônicas e audiovisuais desenvolveram-se com uma dinâmica imprevista. Os projetos dos espaços precisaram ser várias vezes atualizados, no entanto, a concepção final do prédio e o orçamento tiveram que ser seguidos à risca. No início, o diretor da biblioteca desejou construir um edifício simbólico para ser o guardião da memória da nação. O juri recomendou um projeto pós-moderno, o construtor preferia uma outra solução. Como não houve consenso, nova concorrência pública foi realizada, resultando em um projeto consensual entre as partes. O que finalmente foi decidido é: o edifício projetado pelo escritório de arquitetura Arat-KaiserKaiser de Stuttgart leva os visitantes da entrada para um hall redondo que funciona como hall de distribuição. Daí, acessa-se a sala de leitura, a parte administrativa, o auditório, o restaurante e o salão de exposições. Os últimos departamentos citados podem ser alugados para eventos. Pela ótica do leitor, a concepção da sala de leitura representou um ganho. Em três planos, distribuem-se a sala principal de leitura, a sala de leitura de periódicos e a sala de leitura multimídia. Esta foi inicialmente concebida para utilização de mídias audiovisuais, mas rapidamente se desenvolveu para a utilização das mídias eletrônicas, ampliando a concepção. No princípio, foram instalados, entre outros, os seguintes equipamentos: Uma rede de alta velocidade • • • Terminais multimídias com possibilidades gráficas e sonoras Aparelhos leitores e armazenadores de publicações eletrônicas Um sistema multimídia para utilização e arquivamento de longo tempo de mídias eletrônicas. Um grande desafio para uma biblioteca com funções de arquivo nacional é assegurar o acesso por longo tempo às mídias eletrônicas, transformando-as de um suporte a outro. A sala de leitura tem uma agradável atmosfera de trabalho obtendo imediatamente grande aceitação pelo público. Isto causou preocupações nos funcionários: a função arquivística pareceu ameaçada se os materiais fossem constantemente solicitados. Utilização sim, mas apenas daqui a cem anos, para um pequeno público de pesquisadores. O maior tesouro da biblioteca é subterrâneo: um depósito de 30.000 m2 para aproximadamente 18 milhões de volumes, que devem bastar para 50 anos. A área útil total da biblioteca é de 47.000 m2.. A área destinada ao público é de apenas 3.200m2, foram projetados 350 lugares, ou seja, menos do que em muitas bibliotecas universitárias. A crítica arquitetônica e ideológica constatou o seguinte após a conclusão da construção: local de trabalho muito agradável mas uma casa modesta, sem imponência, mais para uma biblioteca escolar do que uma biblioteca nacional. Em Paris, pelo contrário, quase ao mesmo tempo foi concluída a Bibliothèque de France com suas simbólicas quatro torres que apresenta a França como nação cultural e Estado nacional. Uma observação que pode ser transposta para a construção dos novos prédios de bibliotecas nacionais da Europa Oriental Cinco corredores de salas de leitura – A Biblioteca Estadual da Baixa Saxônia e a Biblioteca Universitária de Göttingen Göttingen, no estado de Niedersachsen (Baixa Saxônia) é uma tradicional cidade universitária. Em 1993 foi inaugurado o novo prédio da biblioteca da Universidade, após longo tempo de projeto e construção de 15 anos. O diretor da biblioteca é Elmar Mittler, uma das mais inovadoras personalidades na biblioteconomia alemã. Quando Mittler foi para Göttingen em 1990, a obra estava a pouco tempo da festa de inauguração. Mittler encontrou realizadas muitas das idéias que dez anos atrás ele havia sugerido: situação favorável e nítida articulação do prédio, frequência de uso como critério de localização do setores do público, flexibilidade nas áreas de livros e leitura, possiblidade de introdução de novas mídias, salas de trabalhos menores para os funcionários, que podem ser mantidos sem ar condicionado. Mittler fez questão de piso oco para quase a totalidade da biblioteca, preparando-a para instalação de mídias eletrônicas. Enquanto existirem catálogos em Göttingen, eles permanecem sobre mesas que já estão preparadas para computadores. Mittler enquadrou o estilo do arquiteto Eckhard Gerber de Dortmund como sendo Moderno Iluminista. Este elogio é uma alfinetada na arquitetura de anos passados. Bibliotecas universitárias são muitas vezes castelos de cimento cinza, com grandes áreas flexíveis, com infindáveis estantes sem nenhuma estética. Gerber projetou uma edificação clara, aberta, que oferece um agradável local de trabalho ao visitante e que convidativamente se abre para a cidade de Göttingen.. Direcionado ao campus universitário, o edifício tem uma predominante forma retangular, na direção sul, de encontro ao centro da cidade, as salas de leitura se estendem escalonadas e sutilmente articuladas – os famosos corredores de bibliotecas. A edificação se abre através de um hall redondo, que evoca a biblioteca municipal Asplunds em Stocolmo, construída em 1928. Através do hall de entrada que serve quatro andares, acessam-se importantes serviços como acervo e balcão de empréstimo, entrada para as salas de leitura, entre outros. A parte administrativa é totalmente separada e o depósito é subterrâneo. Entre os corredores de biblioteca há espaços abertos com clarabóias Desta forma, possibilita uma agradável atmosfera para leitura, na qual a orientação é facilitada e a luz natural chega a todos os cantos da sala. Têm-se a visão do verde e da silhueta do centro histórico. Uma comodidade especial para o trabalho difícil nas bibliotecas, 50 cabines individuais com 7m2 cada. A biblioteca tem uma área útil de 23.000m2. O acervo engloba aproximadamente 3,9 milhões de volumes, sendo que apenas 450 mil são de livre acesso. Nas salas de leitura encontram-se 600 lugares. A biblioteca de Göttingen tornou-se tão popular entre os arquitetos alemães que cópias deste projeto surgiram na licitação para a nova biblioteca pública de Stuttgart. Naturalmente não se notou que a biblioteca de Stuttgart desenvolveu um conceito completamente diferente, que não poderia utilizar a mesma estrutura da biblioteca de Göttingen. Para ver a planta da biblioteca clique aqui. Salão de leitura subterrâneo com teto de vidro – Biblioteca Estadual e Universitária de Dresden A capital do estado de Sachsen (Saxônia), Dresden, é internacionalmente conhecida por seus ricos tesouros artísticos. Um memorial especial para a cultura foi projetado em honra da reunificação. Nos tempos da Alemanha oriental faltavam verbas para construção de novas bibliotecas e as existentes se deterioraram. Após a reunificação, quando foram disponibilizadas grandes somas para construção de bibliotecas públicas, o estado de Sachsen encontrava-se na seguinte situação: havia em Dresden uma biblioteca estadual e uma biblioteca técnica universitária, ambas dependentes do Estado. Pela ótica do Estado, foi sugerido um único prédio novo para ambas. Pela ótica dos bibliotecários, isto significava um ataque para a sagrada independência. Cidadãos tradicionais de Dresden apoiaram o plano de reformar um antigo depósito para a biblioteca estadual, impossibilitando a inclusão da segunda biblioteca. O estado impôs sua vontade e a universidade exigiu a construção do novo prédio próximo aos institutos. Um ginásio de esportes estava disponível como espaço e era cercado de tílias. As tílias deveriam permanecer para não prejudicar a qualidade do ar na cidade de Dresden. Esta constelação inspirou os arquitetos Ortner&Ortner, com escritórios em Berlim e Viena, a construir uma biblioteca subterrânea. O ponto central da biblioteca é um salão grande, que não é avistado pelo lado de fora, que recebe a luz do dia através do piso de vidro. Este salão de leitura é um compartimento comum a ambas as bibliotecas. É difícil dizer o que foi mais complicado: a reunificação das duas Alemanhas ou a unificação de duas bibliotecas em um único edifício com um salão comum de leitura. Acima da terra, são visíveis apenas dois blocos, que marcam as duas extremidades do antigo ginásio de esportes e hoje abrigam escritórios de trabalho, a cafeteria, o auditório e um museu histórico do livro. O museu abriga uma inscrição maia do século 13. O depósito de livros é subterrâneo ao lado do departamento de livre acesso e da sala de leitura. O bloco de mármore contrasta com a atmosfera confortável das salas de leitura em tons marrons, que com suas galerias estendem-se por três andares. A biblioteca foi inaugurada há um ano. Tem uma área útil de aproximadamente 30.000m², o acervo abriga 4.200.000 volumes, sendo que 550.000 são de livre acesso. Há 675 lugares. Por causa das condições específicas de Dresden, os arquitetos lançaram mão de uma idéia arquitetônica do século 19: a sala de leitura como centro do mundo (da biblioteca). Para visitar a biblioteca clique aqui. Para ver fotos da construção clique aqui. Dueto de edificações com ponte – Biblioteca Municipal de Münster Münster é uma cidade muito antiga, católica, no estado de Nordrhein-Westfalen (Renânia do Norte). É cidade universitária e arcebispado. Há 30 anos, iniciou-se em Münster um desenvolvimento, que até hoje influencia fortemente o conceito de bibliotecas públicas. Naquela época, iniciou-se o arranjo de parte do arcervo não mais em rígidas sistemáticas bibliotecárias, mas em grupos mais soltos, os chamados campos de interesse. Mais tarde falou-se a respeito do conceito filosófico de conexões vitais. Esteticamente, significa, um “local de fácil acesso”, isto é, grupos especiais que se localizam próximo a entrada da biblioteca, de modo a serem imediatamente descobertos pelo público visitante. O sucesso de público desta novidade foi enorme. Outras bibliotecas desenvolveram este sistema e algumas até mesmo rearranjaram o acervo na totalidade. Informações mais completas encontram-se no exemplo de Bad Hombug. Hoje, fala-se sobre locais de fácil acesso, praças, Gabinetes, Pools e Ateliers – os conceitos indicam sempre arranjos no espaço. Em 1985, quando iniciou a licitação para o projeto de um novo edifício para a biblioteca, o então diretor Edmunds, o „descobridor“ da nova concepção, queria que o este local de fácil acesso tivesse um papel de destaque no conjunto do prédio. Haviam, entretanto dois outros temas muito importantes. Pode-se construir um prédio moderno em um ambiente próximo a tantos prédios antigos? Pode-se construir uma nova biblioteca em dois prédios distintos? Na concorrência pública para o projeto, deveriam primeiramente ser dadas sugestões de como um estacionamento no centro da cidade poderia abrigar dois prédios culturais, uma biblioteca e um museu. O projeto mais impressionante previa uma alameda entre os dois prédios, que permitia a vista para uma famosa igreja da cidade. Esta mistura, edificações modernas com claras referências para a antiga Münster, recebeu, sob o aspecto arquitetônico, grandes elogios. Um ano após, quando da concorrência para a realização do projeto, as prerrogativas haviam mudado. Encontrou-se outro local para o museu, o prédio seria apenas da biblioteca. O famoso escritório de arquitetura Bolles-Wilson manteve-se, todavia, fiel à sua façanha urbanística e projetou uma biblioteca com dois edifícios! O camiho que ligava os dois prédios passou a ser conhecido como a Travessa da Biblioteca. A ligação entre os dois prédios deveria ser subterrânea, mas sobretudo através de uma espécie de ponte dos suspiros veneziana na altura do 1º andar. Um corpo da edificação foi projetado de forma retangular, o outro direcionado para a rua, tinha forma de um barco. De acordo com as normas para construção de bibliotecas, a biblioteca deveria ter desistido da construção desta forma. Entretanto, não o fez. Via-se que o projeto, funcionalmente, não era o melhor, mas que prometia uma qualidade interna extraordinária. Visitar a biblioteca seria uma grande experiência! A biblioteca participou da decisão do juri e procurou tornar viável a prosposta. Em 1993 foi inaugurada a nova biblioteca pública. Uma parte da construção é a mais movimentada, com entrada, café, sala de leitura de periódicos, empréstimo e “área de fácil acesso”, uma bela escada conduz para a ponte e para a central de informações. Daqui atingi-se o „barco“ com a maior parte do acervo. O “barco” é a parte mais silenciosa do edifício. A biblioteca infantil e a mediateca são subterrâneas, onde o visitante pode movimentar-se entre os prédios. Espaços internos impactantes com detalhes interessantes, com forte apelo externo, um exemplo de construção moderno em um contexto histórico. A biblioteca tem uma área útil de 6.400m2, sendo 800m2 de depósito, o acervo compõ-se atualmente de 213.000 mídias, a maior parte de livre acesso, estando disponíveis 270 lugares. O empréstimo aumentou 80% em dez anos. A diretora atual fortalece a crença de que a funcionalidade não é tudo, o prédio de uma biblioteca deve agradar também ao sentimento dos clientes. Bibliotecários e arquitetos constroem "Welten" (Mundos) Biblioteca Municipal de Bad Homburg Bad Homburg é uma cidade pequena e agradável próxima a Franfurt am Main. A biblioteca municipal estava localizada pobremente em um prédio do antigo Forum. A biblioteca decidiu aumentar seu espaço, através de obras de ampliação. Isto já se passou e o novo prédio da biblioteca foi inaugurado em fevereiro de 2003, o antigo prédio precisa ainda ser restaurado. Os grupos de trabalho de bibliotecários, que em várias reuniões planejaram o novo prédio, queriam uma nova solução qualitativa e não apenas quantitativa. Como conceito central que amarrava as diferentes idéias, surgiu a palavra mundo (Welt). Desta palavra desenvolveu-se a concepção, um ano e meio antes da inauguração. Desta concepção eu cito: Um abrangente número de blocos temáticos e áreas, facilitam de imediato a orientação e o acesso à biblioteca. Singularidades locais fluem: Hölderlin, cidades termais, Bem-estar, corpo, alma, espírito, o monte Taunus, caminhadas, natureza são colocados em evidência , por vezes com rejeição irônica. Expressivos, sonoros, por vezes também objetivos e até mesmo nomes poéticos descrevem o conteúdo de forma precisa, inspiram o descobrimento e descortinam novos mundos. Os leitores não precisam raciocinar muito para saber quais os temas indicados, já que os nomes das áreas trazem associação clara pela leitura ou o visitante precisa apenas seguir o caminho para desvendar o desconhecido ou o vago. Todos sabem o que os esperam nos departamentos www ou cds, um quinto das mídias é audio-visual. Por exemplo, as áreas profissão, carreira, economia ou construção, moradia, jardim se agrupam em áreas ou temas afins. Outros departamentos, ao contrário, ficam em aberto, como mundo da literatura, corpo, alma, espírito ou mundo das artes propiciando encontros interessantes com o aspecto musical ou filosófico da vida. A idéia "mundos" deu a necessária segurança para a consecução e o aspecto da área do público. A idéia central para o térreo era dar maior destaque a computadores, cds, dvds e oferta de temas atuais a um público interessado, sem deixar de fora os tradicionalistas e os que procuram sossego. Por isto, está em primeiro plano a Internet, profissão, carreira, economia, atualidades, informações. Em local mais sossegado estão os locais para descanso. Materias sobre „Bad Homburg” e sobre os rios Reno e Meno irão para o prédio antigo após a reforma, onde também se encontrarão construção, morar, jardim além de natureza e técnica. O segundo andar contém o mundo do aprendizado em si, onde o acervo está arranjado segundo as matérias escolares dos jovens visitantes. Como são reconhecidos esses “mundos”? Por sorte, os arquitetos do escritório MFA de Frankfurt fizeram um projeto econômico. Nem tudo foi considerado na idéia de “mundo”, ainda existem também estantes dispostas normalmente. Com mais clareza se destacam as áreas principais. A apresentação de assuntos nas estantes é feita por meios de grandes bandeiras coloridas, que contém textos e imagens. Locais de trabalho e leitura são em parte integrados e em parte colocados frente as janelas. A biblioteca tem área útil total de 2.500m2 somando-se o prédio antigo e o novo, anteriormente eram 800m2. Há à disposição do público 12 computadores para Internet e 3 para multimídia. O acervo compõe-se de 80.000 mídias, sendo 20% CDs, CD-Roms, Videos e DVDs. Concepção, arquitetura e interior estão estreitamente relacionados, o que é unusual. Para visitar a biblioteca clique aqui. Futuro e tradição – o Projeto da Biblioteca 21 em Stuttgart Stuttgart, acapital do estado de Baden-Württemberg, é sede de um complexo automobilístico conhecido internacionalmente e é também uma interessante cidade cultural. A brasileira Marcia Haydée foi por muito tempo, festejada primeira bailarina do Ballet de Stuttgart. Biblioteca 21 – relaciona-se naturalmente com o novo milênio, mas também com o grande projeto de construção Stuttgart 21. Atrás da estação central de trem de Stuttgart deverá haver um aumento da área central da cidade em 80 hectares, com edifícios administrativos, de compras, gastronomia, residências e também uma grande biblioteca, que como sucessora da atual biblioteca pública central deverá ser grande sucesso de público. Condição indispensável é que os trens da estação central passem a circular no subterrâneo liberando toda a área para a construção. O próprio departamento ferroviário federal sugeriu esta solução e a cidade de Stuttgart vê grandes chances futuras. No momento, já a situação paradoxal: a biblioteca 21 já foi aprovada pela Câmara Municipal e já há verba para construí-la. O conceito da biblioteca passou a ser tão internacionalmente conhecido que em muitos países, acredita-se que ela já exista. Entretanto, a cidade de Stuttgart ainda não iniciou a construção, pois o departamento ferroviário federal deve revisar o projeto geral. Sem esta solução, a biblioteca ficaria totalmente isolada em um terreno baldio. No momento, a cidade espera poder lançar a pedra fundamental em 2004. Apesar disto, por que é inspirador ocupar-se com o conceito da biblioteca 21? Talvez porque, o conceito idealizado pela antiga diretora da biblioteca, Hannelore Jouly, engloba diversas idéias que são discutidas ou realizadas isoladamente pelos bibliotecários, propiciando um todo dinâmico e engenhoso. Palavras chaves como sociedade de informação, mídas, informação, aprendizagem estão relacionadas com cultura e muitas vezes são estranhas aos especialistas em computação. Além disto, o arquiteto coreano Eun Young Yi, Köln/Seoul, 1999 ganhou a concorrência com um projeto que impressiona. A filosofia da biblioteca compõe-se de 16 pontos. Aqui faço um resumo, a explicação integral será exposta aos participantes do Workshop em 10-9-2003, em São Paulo. 1. A Biblioteca 21 é uma base para a socieade científica do futuro. 2. Toma a si a responsabilidade pedagógica como tradutora, na passagem da cultura alfabética para a cultura digital. 3. Desenvolve estratégias no mundo virtual para o domínio do excesso de informação. 4. É ponto de apoio de um aprendizado vitalício, autogerenciado e inovativo. 5. É um local de sedução do pensar e aprender. 6. É um local literário, que cuida da tradição e do futuro do livro e da literatura. 7. É um local que apoia o aprendizado e a orientação para a vida profissional e para o mundo do trabalho. 8. É um ponto de agregação da vida cultural da cidade. 9. É uma casa inspirada.. 10. Está aberta praticamente 24 horas. 11. Desenvolve plataformas para a biblioteca real 12. É convidativa e hospitaleira. 13. Agrega redes eletrônicas regionais e internacionais. 14.Trabalha com gestão racional de recursos e com eficiência. 15. Otimiza a organização do trabalho como empreendimento de aprendizagem. 16. Ela dá as boas vindas ao futuro. No quadro de informações para o público estão relacionados estes conceitos. A área aberta é um vestíbulo do prédio da biblioteca, que diariamente deve ficar aberta das 7 às 24 horas com acessso a entretenimento, artes e aprendizagem, com local de descanso, serviços de informação e pesquisa, leitura de jornais, jardim de inverno e café internacional. O "coração" polivalente da biblioteca quer, por exemplo, promover a expectativa entre a tradição e modernidade, entre a meditação e o mundo globalizado. O arquiteto projetou um cubo de vidro e esclarece: O prédio da biblioteca pode ser adentrado pelos quatro lados. Através da área aberta chega-se ao coração, a parte central da biblioteca. Ao mesmo tempo, é circundado por uma segunda fachada, é um salão em forma de cubo no centro da edificação, onde a luz entra apenas pelo teto. O coração tem forma anelada em todos os andares e é contornado pela sala de leitura, a biblioteca de música, o salão de artes e a Gráfica. Seu “oculus” desemboca em um salão de leitura afunilado. Este, se estende sobre quatro andares e liga os 8 ateliers distintos.. O coração deve ser um local de tranquilidade, quase uma experiência meditativa. O coração deve ser ao mesmo tempo um local de conecção,um local de comunicação na acepção da palavra, quer dizer, com acesso à Internet e com ela o espaço sideral. Estes conceitos reproduzem meu ponto de vista sobre a arquitetura deste período de transformação da virada do século, isto é, da cultura física para cultura tecnológica. A Biblioteca 21 terá uma área útil de 11.200 m2. O acervo abriga 500.000 mídias. A inauguração está prevista para o ano de 2007. Para maiores informações sobre arquitetura de biblioteca e design leia o texto de: Ingrid Bußmann . Dar as boas-vindas ao futuro Comigo, os senhores deram uma olhada, espero que não muito longa, na cena de conceitos e edifícios para bibliotecas na Alemanha. Foram apresentados exemplos gerais e diferentes uns dos outros. Talvez, tenham notado também contradições. Permitam-me, para encerrar, citar uma frase da filosofia da Biblioteca 21 A Biblioteca 21 dá as boas vindas ao futuro.A filosofia descrita é hoje padrão. Sem dúvida, as transformações tecnológias, sociais e artísticas irão modificar o conceito das bibliotecas. As edificações devem propiciar estas transformações, sem carregar o caráter pouco específico de uma flexibilidade irrefletida. Penso que esta posição nos auxilia, por ocasião dos debates entre bibliotecários, arquitetos e políticos sobre o futuro das bibliotecas e seus edifícios. Princípios sim, dogmas nunca. Permaneçamos abertos. Eu lhes agradeço. Mais informações sobre arquitetura e design de biblioteca visite o site: http://www.goethe.de/uk/ney/alae.htm Workshop: Conceitos de Bibliotecas e Arquitetura de Biblioteca Introdução A palestra do Prof. Dr. Wolfram Henning realizada no Centro Cultural São Paulo como docente da Fachhochschule für Medien em Stuttgart especialista no tema construção e administração de bibliotecas, enfoca o panorama atual desta discussão na lemanhas e apresenta alguns projetos especialmente escolhidos. O workshop realizado como parte do evento, proporcionou a bibliotecários, arquitetos e engenheiros interessados, a possibiblidade de uma intensa troca de informação e experiências. Os três grupos de participantes do workshop, desenvolveram inspirados projetos de como as bibliotecas do futuro se apresentarão, além de revisar e aperfeiçoar os conceitos discutidos no evento. Decidimos, conjuntamente, divulgar os produtos deste trabalho na Internet. Tema 1: A Biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado No centro do Grupo 1 está o projeto de um "mundo de aprendizado" como parte integrante de uma biblioteca (ex. jovens profissionais ou escolares). Estabelecimento de um mix adequado de mídias, atividades e prestação de serviços especiais por pessoal especializado. O espaço e o mobiliário devem ser projetados visando estas condições pré-estabelecidas de modo que o visitante se sinta motivado a leitura e aprendizado. Tema 2: A biblioteca de arte como espaço de experimentação e aprendizado O Grupo 2 dedicou-se a um tema especial. No centro do projeto está a apresentação e a preservação das artes cênicas sob o aspecto de um aprendizado vitalício e de vivência da arte como um todo. Tema 3: A Biblioteca como local de novas mídias O Grupo 3 projetou parte de uma biblioteca como um lounge de mídias que propicie um contato estimulante com as novas mídias eletrônicas e audiovisuais como CDs, CD-ROMs, DVDs e Internet. Depois de estabelecidos fatores como público-alvo, atividades e serviços, o grupo irá orientar em questões como apresentação, equipamentos e mobiliário deste lounge de mídias. Os projetos dos grupos de trabalho foram publicados sem nenhuma alteração. Comentários bem como sugestões de projetos e parcerias futuras são benvindos. Agradecimentos especiais a Márcia Rosetto, presidente da FEBAB e a Maria Zenita Monteiro, diretora da Divisão da Bibliotecas do Centro Cultural São Paulo, cujo apoio e trabalho incansável foram fundamentais para o sucesso dos dois eventos. http://www.goethe.de/br/sap/bibl/pribib.htm Palestra do Prof. Dr. Wolfram Henning: Arquitetura de Bibliotecas Grupo 1 - Biblioteca como ambiente educativo de informação e cultura para jovens Introdução Esta é uma proposta apresentada no workshop “Conceitos e construções de bibliotecas” realizado pelo Prof. Wolfram Henning, da Fachhochschule Stuttgart – Hochschule der Medien, patrocinado pelo Instituto Goethe de São Paulo, em 10 de setembro de 2003. O objetivo do workshop era o desenvolvimento de conceitos voltados para edifícios e mobiliários de bibliotecas, segundo as exigências do século XXI, tomando como parâmetro os 16 pontos que integram a filosofia do Projeto da Biblioteca 21 em Stuttgart (HENNING, 2003). 1- Conceitos fundadores O desafio de conceber uma biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado para o século XXI nos impõe uma reflexão sobre quais conceitos farão parte da fundação desse espaço. A sociedade urbana neste início do novo milênio é marcada pela intensa globalização de todos os setores da vida econômica, política e cultural. Se, por um lado, isso derruba de certa forma as fronteiras geopolíticas tradicionais (como fica evidenciado no uso cada vez mais disseminado da internet), por outro lado, acentua-se uma crise das relações sociais e interpessoais. O segmento da sociedade muito afetado por essas condições é o jovem que se vê num momento de transição, libertando-se da proteção natural do meio familiar e sendo cobrado na responsabilidade de uma atuação social à qual ainda não está pronto para exercer. A situação torna-se mais dramática quando se verifica em grande parte dos centros urbanos do mundo, uma desorganização da família em cujo interior são construídas as primeiras fases da socialização de uma pessoa – ou seja, a formação da sua estrutura de personalidade. Essa situação não é privilégio de um determinado setor social – dos economicamente desfavorecidos, por exemplo. Ao contrário, está presente na sociedade urbana contemporânea como um todo, apresentando diferenças próprias do contexto e da história de cada lugar e das pessoas que nele vivem. São essas condições que nos levam a propor uma biblioteca como espaço de socialização para jovens que tenha como meta a construção de interações/interrelações pessoais, ambientais, informacionais, culturais e comunicacionais. Para que essas metas sejam alcançadas não basta dar às pessoas o acesso à informação e à cultura, solução freqüentemente presente nas políticas públicas e nos programas promovidos pelas administrações das várias instâncias governamentais e institucionais. Mais do que o acesso à informação e aos bens culturais, é fundamental que ocorra a apropriação, o apoderamento da instituição biblioteca, seus produtos e serviços pelo jovem e pelo cidadão como um todo. Para tanto, a diversidade cultural em seus variados aspectos (sócioeconômico-culturais, geográficos, de faixa etária, cronológicos, de linguagens e de mídias) deve ser o conceito a conformar as noções norteadoras da construção não só física, mas também das ações cotidianas da biblioteca, quais sejam: a autonomia, a afetividade, a ludicidade e a sociabilidade (OBATA, 1999, 95-96). 2- A proposta: o centro em todo lugar Nos conceitos propostos acima, a pessoa deve não só estar no centro, mas deve ser também o próprio centro das relações. O desafio é fazer com que o centro esteja em todo lugar. E que a biblioteca seja um espaço de acolhimento e de inclusão social em todos os sentidos. 2.1- Da estrutura arquitetônica A forma circular é a que melhor responde aos objetivos propostos (ver ilustração Tema 1 – Esquema 2). Além de proporcionar uma melhor realização da construção das interações/interrelações pessoais com o ambiente, com os recursos informacionais, com os bens culturais e com os processos comunicacionais, o círculo é também uma representação simbólica dessas idéias. Além disso, a biblioteca deve estar localizada no ponto central da cidade, do bairro ou da instituição (ver ilustração Tema 1 - Esquema 1). Para ela devem convergir caminhos e olhares e, a partir dela, deve ser possível alcançar os horizontes e a vida do seu entorno. Por isso, as suas paredes externas devem ser transparentes, permitindo a integração do exterior com o interior e, ao mesmo tempo, de dentro para fora. Do mesmo modo, internamente, nenhum espaço terá barreiras que criem um isolamento visual e sonoro total. Quando necessário – como é o caso do auditório e das salas de oficinas e outros espaços que exigem um isolamento sonoro –, portas transparentes, meias-paredes e mobiliários poderão ser utilizados para que não ocorra isolamento visual permanente. As portas, assim como as paredes externas podem receber periodicamente – e quando for necessário um isolamento visual – painéis removíveis, que se utiliza, ao mesmo tempo, para comunicação/exposição de informações e outras manifestações, tanto para o público externo quanto interno. Visando eliminar a impressão de monotonia e/ou ausência de referências que o círculo pode transmitir, a área central tem a forma de uma elipse, como as órbitas dos planetas no sistema solar. Abriga um jardim de inverno e acomodações para leitura, audição com uso de fones, bate-papos e espaços para exposição/comunicação. No teto, uma clarabóia elíptica central reforça a presença da iluminação natural já presente nas paredes externas. Áreas transparentes permitem ver o céu, a olho nu ou com auxílio de lunetas, especialmente à noite. Serão vários os ambientes da biblioteca, de acordo com os serviços oferecidos, conforme apresentados no item 2.3. 2.2- Do mobiliário e outros equipamentos Além da sua primeira função utilitária, o mobiliário servirá também como elemento delimitador e indicador dos espaços e das suas funções. Estantes e armários devem ser mais baixos que os tradicionais para não impedir a visualização de toda a biblioteca; devem levar em consideração a diversidade dos meios e suas linguagens (materiais textuais, áudio, visuais, audiovisuais, tridimensionais, eletrônicos, digitais). Mesas e/ou bancadas devem ter formatos e tamanhos que levem em conta a diversidade dos atos de leitura e das ações de expressão e comunicação. Estantes, armários e mesas devem ser componíveis e ter mobilidade. Os assentos – cadeiras, bancos, poltronas, almofadas – devem ser adequados para os vários usos, as várias situações e os vários públicos. Além de posntos com equipamentos para acesso aos bancos de dados da biblioteca e de outras instituições e à internet, estrategicamente distribuídos, várias mesas para leitura individual ou em grupo também terão computadores. Totens próprios para exposição e comunicação cotidiana da biblioteca são colocados em algumas áreas da biblioteca – como é o caso da entrada da biblioteca e nas áreas próximas do jardim de inverno. Banners suspensos devem servir como meios informativos sobre a característica e o uso dos vários ambientes e equipamentos existentes. 2.3- Dos serviços A construção da biblioteca não se encerra quando o edifício e as suas instalações ficam prontos. Ao contrário, a sua construção deve ser cotidiana e se realiza através dos serviços oferecidos e da apropriação desses serviços pelas pessoas da comunidade. a) Serviço de atendimento e informação/orientação pessoal ao público. Localizado na entrada e em, pelo menos, três outros espaços no interior da biblioteca. Auto-serviço de empréstimo que pode ser realizado em qualquer computador da biblioteca. b) Auditório de eventos para grande público. c) Áreas de exposição nas entradas e próximo ao jardim de inverno. d) Áreas de encontros, leituras e audição individuais, descanso e reflexão: café, jardim de inverno e o pequeno auditório de multi-uso. e) Espaços para uso individual ou em pequenos grupos de Audiovisuais e Multimeios. f) Salas para Oficinas com fins educativos (para uso e produção da informação e dos produtos culturais), de educação continuada e de lazer. g) Pequeno auditório multi-uso semi-aberto para ações rápidas e voltadas para grupos pequenos (por exemplo, contação de histórias, apresentação de uma produção realizada pelo público). h) Áreas para leitura e trabalho individual ou em grupos. i) Áreas para o acervo (distribuídas estrategicamente próximo às áreas de leitura e trabalho individual ou em grupos). j) Áreas da administração da biblioteca. k) No subsolo, áreas para a reserva técnica da biblioteca, sanitários e estacionamento. 3- Conclusão A construção de uma biblioteca exige que os bibliotecários tenham idéias claras dos objetivos que se deseja alcançar e quais as noções que deverão embasar o projeto do espaço, equipamentos e serviços adequados para se atingir as metas propostas. Conhecimentos e experiências adquiridas são fontes muito importantes para o nosso aprendizado. Porém, para conceber a biblioteca do século XXI é preciso muito mais. Exige-se que nos libertemos de parâmetros antigos que muitas vezes nos impedem de sonhar e de concretizar os sonhos necessários. Participantes do Grupo Regina Keiko Obata F. Amaro Augusta Oliveira Silva Claudia M. Tavares de Mello Franz Roos Ivone Tálamo Maria Helena P. O. Cardim Maria Lúcia A. Attar Maria Lúcia V. Lunardelli Maria Luiza Christiani Marisa Rocha Neide Carnevale Agradecemos a colabaração de Fernando Matias e Carlos André Amaro BIBLIOGRAFIA HENNING, Wolfram. Construção de bibliotecas na Alemanha: conceitos e exemplos. http://www.goethe.de/br/sap/bibl/priarch.htm. Acesso em 26/09/03. OBATA, Regina Keiko. Biblioteca Interativa: construção de novas relações entre Biblioteca e Educação. R. Bras. Biblioteconon. Doc., Nova Série, São Paulo, v.1, n.1, p.91-103, 1999. WORKSHOP - CONCEITOS E CONSTRUÇÕES DE BIBLIOTECAS Prof. Wolfram Henning Fachhochschule Stuttgart - Hochschule der Medien Instituto Goethe / FEBAB - 19 de setembro de 2003 Grupo 2 - A Biblioteca como local de aprendizado vitalício e autogerenciado Objetivo: Biblioteca de Artes Cênicas como espaço de experimentação, aprendizado permanente e pesquisa Cenário: · Redução do público das bibliotecas · Mudança do perfil da demanda · Dispersão das coleções especializadas e dificuldade de acesso às mesmas · Cidade (São Paulo) não facilita o deslocamento e o encontro para troca de informações e experiências · Inexistência de espaços públicos agradáveis e funcionais Temas: teatro, dança, circo, performance, ópera, teatro de bonecos, teatro de rua, mímica, arquitetura teatral, cenografia, iluminação, etc. Atividades: ver, ouvir, pensar, criar, fazer, conviver, trocar... · Acesso à informação sob qualquer suporte · Leitura individual e em grupo · Exposições · Palestras, mesas-redondas · Leituras dramáticas · Exibição de filmes e vídeos · Cursos · Ensaios e oficinas/experiências · Orientação para pesquisas nas bases de dados locais e na internet · Projetos especiais para comunidades de baixa renda · Eventos - articulação com outros eventos da dicade Público-alvo: publico em geral interessado em artes cênicas, amadores e profissionais, artistas, atores, bailarinos, dramaturgos, diretores, coreógrafos, cenógrafos, técnicos em iluminação, arquitetos, fotógrafos especializados, editores, jornalistas, professores, pesquisadores, críticos e historiadores... Tipos de documentos: publicações (livros, periódicos, programas, teses, etc), cadernos de cena, manuscritos, fotos/slides, vídeos, filmes, registros sonoros, desenhos (de figurinos, de cenários, etc), projetos arquitetônicos, maquetes, etc. Projeto arquitetônico: (Renato Hofer) O partido adotado para o projeto foi a criação de uma grande caixa estrutural coberta, que abriga as diversas atividades, caracterizadas por materiais, formas e volumes, possibilitando uma visualização e identificação a partir da rua (fig.1). O acesso à biblioteca se dá pelo nível térreo, uma grande praça onde se localizam arcos de informação, café, restaurante e acesso ao bloco administrativo. A partir desta praça, o público já visualiza os telões do mezzanino multimeios (onde são projetadas as atividades desenvolvidas nos computadores), a "torre dos livros" (que concentra o acervo bibliográfico) e o altíssimo pé direito (espaço para exposições, intervenções cenográficas, eventos). (fig.2) O bloco térreo abriga, além da administração, sala de variadas dimensões voltadas para atividades relacionadas à prática teatral: leituras dramáticas, ensaios, atividades corporais. No mezzanino se concentra o acervo multimeios, com salas abertas para sessões de vídeo/DVD e computadores para pesquisas na internet e CD-Rom. O acervo se concentra na "torre dos livros", um grande bloco em vidro serigrafado que exibe o conteúdo de cada setor. Do lado oposto estão as salas de leitura - uma com conexão para lap-tops e outra sem - com vista para as áreas externas e iluminação natural. Conectando estes dois blocos, localiza-se a torre de circulação vertical e o mezzanino dos bibliotecários. Outro volume marcante é a "máquina de experimentos", uma caixa estrutural com variadas possibilidades de conformação espacial (arena, teatro italiano, palco para eventos externos, etc.). (fig.3) É o local para experimentar os conhecimentos e pesquisas desenvolvidos na biblioteca, com toda maquinaria de palco, luz e som disponível. Também abriga a cabine de projeção para o grande telão localizado junto à calçada, caracterizando junto à praça um cinema ao ar livre, cuja programação fará parte das atividades desenvolvidas na biblioteca. Participantes do Grupo Maria Cecilia Soubhia [email protected] Maria Christina Barbosa de Almeida [email protected] Maria Edméia Ferrer [email protected] Morgana Carneiro de Andrade [email protected] Paulo Simões de Almeida Pina [email protected] Pedra Margarete de S. Guidil Pires [email protected] Renato Hofer [email protected] Para ver imagens clique aqui Grupo 3 - A Biblioteca como local de novas mídias O Evento Workshop Conceitos e Construções de Bibliotecas, realizado em 10 de setembro de 2003 e ministrado pelo Prof. Dr. Wolfram Henning (docente da Hochschule der Medien, antiga Faculdade de Biblioteconomia da Fachhochschule de Stuttgart, estado de Baden-Württenberg, Alemanha). O prof. Wolfram leciona as disciplinas: Construção e mobiliário de bibliotecas e Políticas e concepção de bibliotecas. O Instituto Goethe Centro Cultural Brasil-Alemanha, em parceria com a Federação Brasileira de Associação de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituição – FEBAB, foram os promotores do workshop. O Objetivo O Encontro teve como proposta enfocar os atuais conceitos para edifícios e mobiliário de bibliotecas, a partir das exigências das modernas bibliotecas do século 21. A intenção baseou-se na reflexão de questões sobre: a) As concepções dos espaços físicos que, na atualidade, agregam livros, cds, dvds, internet, sendo ao mesmo tempo locais de aprendizagem, pesquisa, trabalho e lazer; b) Necessidades específicas devem ser alvo de intensa troca de informações entre bibliotecários e arquitetos. Procurou-se tratar, por meio da troca de experiências entre os participantes, os conceitos e exemplos expostos pelo prof. Wolfram Henning. OS Temas para discussão e refelexão Para cada tema proposto foi montado um grupo de trabalho, de modo a formar uma certa atmosfera de competição de idéias, visualizadas quando da apresentação e discussão dos resultados. Os temas foram: • • • A biblioteca como local de um aprendizado vitalício e autogerenciado. Planejar um “mundo do aprendizado” como parte de uma biblioteca. A biblioteca do século 21. Imaginar uma biblioteca central para o novo milênio para uma grande cidade brasileira. A biblioteca como local de novas mídias. A idéia de mobiliar parte da biblioteca como departamento multimídia, a fim de facilitar o estimulante convívio com as mídias eletrônicas e audiovisuais com cds, cd-roms, dvds e internet. Como sugestão para reflexão, o tema propôs questões sobre: Para quais leitores v. quer mobiliar o departamento de multimídia? Quais atividades devem ser possíveis, quais serviços serão oferecidos pelo pessoal técnico? Como está equipado o departamento multimídia? Qual departamento e quais móveis vocês acha que são especialmente importantes? Faça um esquema de suas idéias nas transparências. O Grupo de Trabalho Na formação do grupo, que escolheu como tema de desenvolvimento: a biblioteca como local de novas mídias, ocorreu uma feliz composição de bibliotecários de bibliotecas universitárias (a maioria de diretores de sistemas), dois arquitetos (interessados na temática construção de bibliotecas), e um professor (docência em Biblioteconomia). Se, inicialmente, uma certa timidez natural limitou os participantes em pensar sobre a temática a ser desenvolvida, após a livre manifestação de opiniões de cada um, ajudou a direcionar os trabalhos. Acordado o interesse comum, definiu-se em planejar uma biblioteca universitária, que poderia ser uma biblioteca central. Ao invés de detalhar o ambiente preconcebido, optou-se por idealiza-la. Pensar um ambiente que fosse diferenciado do comum, mas não deixasse de ser exeqüível. A Idealização da Biblioteca Ao pensar a unidade de informação, não se detalha suas características operacionais ou físicas, mas uma concepção de biblioteca universitária. Sua finalidade é servir como ambiente de difusão do conhecimento para professores, pesquisadores, estudantes, funcionários e comunidade externa a universidade. Um espaço de inserção social e comunitária. Para tanto, deve oferecer serviços tradicionais e serviços inovadores. Entre esses serviços, alguns voltados à recepção de visitantes e de novos usuários. Com salas apropriadas, para que o visitante possa ter acesso por meio de vídeo ou de sistema de realidade virtual, a informações que lhe permita conhecer a biblioteca e seus recursos. Para os jovens, inclui-se a adoção de RPG (Role-Playing Games) com a mesma finalidade de aclimatação ao ambiente da informação, de maneira lúdica. Na biblioteca encontra-se integrado um museu interativo. Um ambiente no qual as pessoas possam interagir com os objetos e aprofundarem os conhecimentos por meio da consulta ao acervo bibliográfico. O espaço de recepção, dessa biblioteca, funcionará 24 horas, abrigando um cybercafé, um restaurante, auditório para eventos e shows, cinema, terminais bancários 24 horas, ateliês de aprendizagem onde a comunidade possa ter acesso a cursos e palestras. Além de espaços para exposição e feiras literárias. A biblioteca terá um espaço de capacitação digital, não limitado apenas a dispor equipamentos e recursos para uso, mas sobre formas de melhor explorar tais recursos. A coleção da biblioteca, não estaria dividida pelo suporte, mas pela temática. Assim, materiais impressos e eletrônicos conviveriam em um mesmo espaço temático, evitando deslocamento dos usuários. O espaço de formatação, organização e acesso ao conhecimento (processamento técnico e administrativo), devem ser integrados ao ambiente, como um elo de conexão entre os mundos de conhecimento no qual se dividirá a base informacional da biblioteca. Fisicamente, a biblioteca deve estar integrada a flora da região, projetando no seu ambiente também está situação de contato com a natureza, sem que isto, no entanto afete a preservação de seus equipamentos. O ambiente de informação deve permitir uma visualização do espaço interno e do externo. Um espaço no qual as pessoas possam caminhar e descobrir coisas, tendo seus sentidos estimulados. Tenha locais agradáveis para estudo em grupos, estudos individuais, realizar uma leitura prazerosa sentada em um sofá, em uma espreguiçadeira, ou mesmo deitada em um divã. O importante é sentirse confortável. A Concepção Arquitetônica A concepção delineada no encontro é apenas um esboço desse pensar o espaço de informação no ambiente universitário. A biblioteca seria o centro de integração das pessoas e de conhecimento gerado no campus universitário. Um espaço de passagem das pessoas no deslocamento para as várias unidades ou espaços acadêmicos. Na fig.1 é projetada está visão de integração. Duas torres, interligadas por largas passarelas, nas quais as pessoas poderão se deter para uma leitura ou simplesmente conversarem. O espaço também permitiria a realização de exposições variadas. O objetivo é a interação e a convivência social. Considerando, na concepção, que a biblioteca é um ambiente de passagem para outras localidades no campus, o térreo dos edifícios formaria um amplo corredor no qual haveria exposições, concertos, feiras acadêmicas. No térreo, também, se localizaria o ateliê de capacitação, o teatro, um cybercafé, o museu tecnológico, um restaurante e a quiosque de bancos, além da recepção da biblioteca. Esse espaço de trânsito de pedestres seria um corredor no qual as pessoas pudessem caminhar e descobrir coisas tendo estimulado seus sentidos. Por outro ângulo ( fig 2) temos um esboço do espaço informacional, que deverá estar integrado à flora existente no campus. Um ambiente cercado de muito verde, bem iluminado em termos de aproveitamento da luminosidade natural. Além da arquitetura externa, teria mais alguns andares no subsolo, contendo espaços para o depósito de acervo. Ambiente de conservação e restauro, almoxarifado, sala para funcionários e administração Logicamente, que o edifício dever ser bem amplo na sua projeção. Possibilitando criar mundos internos na disposição do acervo e dos produtos informativos. Um mundo não limitado apenas a um sistema de classificação, mas de ser um ambiente de aprendizagem no qual as pessoas possam encontrar o que necessitam. Ambiente onde a informação possa ser organizada como espaços interconectados. No espaço da biblioteca, estaria a área de eventos, o mundo da literatura, da música, da imagem. O convívio do impresso com o digital Conclusão Certamente, há nesta exposição falta de maior detalhamento ao projeto de uma biblioteca para o século 21. Como já mencionado, elaborou-se um esboço baseado numa concepção idealizada. Não houve maior preocupação em detalhar acervo e sua disposição. Da mesma forma, não houve preocupação em definir processos de organização e acesso ao conhecimento ou ainda definir tipologia de público alvo. A intenção foi, no contexto proposto pelo prof. Walfram, imaginar e refletir um ambiente próximo do que o grupo de profissionais considera como ideal e agradável de freqüentar e utilizar. Um ambiente de socialização, inclusão e, fundamentalmente, de comunicação entre pessoas. Composição dos membros do Grupo de Trabalho, em ordem alfabéticca: Cristina M. Bolonho, bibliotecária, UNISAL, [email protected] [email protected] Cybelle A. Fontes, bibliotecária, FOB/USP, Fernando Modesto, professor, ECA/USP, [email protected] Henrique Rocha, arquiteto, PUCRS, [email protected] Maria Crestana, bibliotecária, EEFE/USP, [email protected] Maria Julia A. Freddi, bibliotecária, FMUSP, [email protected] Rita A. Sponchiado, bibliotecária, IFGW/UNICAMP, [email protected] Sibele Planicki, arquiteta, PUC/PR, [email protected] Suely Campos Cardoso, bibliotecária, FMUSP, [email protected] www.goethe.de/saopaulo