REVISTA nº 9 Março 10 2 Boinas FUZILEIROS BRILHAM NA SOMÁLIA Pág. 26 COMANDANTE de do Corpo Homenagem ao Torre-e-Espada Fuzileiros visita AFEGANISTÃO Pág. 29 Ribeiro Pais Oliveira Monteiro e ao comandante Pág. 20 2 Sumário Índice Editorial Nova Vida, Novos Rumos............................. 3 Esclarecimento da Direcção.............................. 3 Eleições Eleições – novos Corpos Gerentes................ 4 Programa Programa de Acção...................................... 5 Visitas de Cortesia Câmara Municipal do Barreiro e APL............. 7 Comandante Alpoim Calvão......................... 7 Breves Órgãos eleitos apresentam cumprimentos ao Almirante CEMA... ............................. 8 ...e ao Comandante do Corpo...................... 8 Brevíssimas.................................................. 8 Eventos Moledo: Homenagem Aos Combatentes....... 9 Jantar de Natal no Porto............................... 9 Festa de Natal na Quinta Valenciana.......... 10 Jantar de Natal em Gaia............................. 11 Destaque Fuzileiros voltam à Pedra do Feitiço........... 12 Convívios 14º CFORN - Fuzileiros: lugares de passagem e de saudades com 40 anos . 14 CF 2/Guiné: Relatório Top Secreto............. 16 Filhos da Escola do 1º CFORN – 86/87....... 17 Escola de 94.............................................. 18 Escola de 62.............................................. 18 Donativos.................................................. 18 Caldeirada à Moda do Porto....................... 19 In Perpetuam Memoriam Falecimento de um Torre-e-Espada Fuzileiro................................................ 20 Primeiro-Sargento FZE, Graduado em Sargento-Mor, António Ribeiro Pais........ 20 Torre-e-Espada de Valor, Lealdade e Mérito.................................. 21 Oliveira Monteiro: uma carreira dedicada aos Fuzileiros......................... 22 Em memória do Amigo Francisco Oliveira Monteiro.................... 23 Nove Camaradas........................................ 25 Associação de Fuzileiros | 2010 Missões dos Fuzileiros O PELBOARD no combate à pirataria somali................................... 26 Rendições Base de Fuzileiros...................................... 27 CATT......................................................... 27 Estado-Maior e Operações.......................... 27 Dia do Fuzileiro Convite do Comandante do Corpo e do Presidente da Associação............... 28 Assinaturas................................................ 28 Destaque Visita do Comandante do Corpo de Fuzileiros ao Afeganistão.................. 29 As Nossas Armas MG42- Metralhadora de Fuzileiros (Parte-1)................................................. 30 Desporto Tiro Prático Desportivo.............................. 32 Equipa de Tiro Dinâmico em Tavira............ 33 Opinião O Espírito de Corpo................................... 34 Fuzo-Poesia A minha homenagem................................. 35 Sabadino Portugal...................................... 35 Na capa: A Equipa PELLBOARD acaba de apresar uma embarcação pirata e sua tripulação Ficha Técnica Director e Responsável Editorial: Cmte. Llano Preto. Director-Adjunto: Marques Pinto. Paginação: Paulo Teixeira; Redacção: Editor, Serafim Lobato; Colaboradores, Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos; Sargento Miranda Neto. Fotografia: A.J. Fernandes. Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó; Telf. 21 255 98 90; E-mail: [email protected]; www.tipografialobao.pt Propriedade e Edição: Associação de Fuzileiros, Rua Miguel Pais, nº 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro; Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156; E-mail: [email protected]; Site: www.associacaofuzileiros.pt Núcleo do Porto: Rua Coronel Helder Ribeiro (anexo ao farol da Boa nova), 4450-686 Leça da Palmeira Site: www.nucleofuzileirosporto.org Editorial 3 NOVA VIDA, NOVOS RUMOS Lhano Preto Presidente da Associação de Fuzileiros Caros consócios. Ao assumir o cargo de Presidente da Direcção e, por inerência, o cargo de Director do Boletim Informativo “O DESEMBARQUE”, penso que tenho a obrigação de me dirigir a vós, até para explicar algumas alterações que esta Direcção se propõe fazer nos próximos tempos, já que a proposta para os próximos dois anos está descrita no nosso programa, inserto na revista. Já que falei no nosso boletim, e tendo nos últimos tempos “O DESEMBARQUE” sido mais uma Revista do que um Boletim Informativo, dicidimos alterar-lhe a designação, e, assim foi feito. Também vos quero transmitir que tenciono adicionar-lhe mais informação sobre o Corpo de Fuzileiros e tentar integrar mais artigos de diferentes quadrantes, pelo que solicito a todos quantos queiram colaborar, mesmo com um único artigo, sobre o passado ou o presente, que o façam. Quem não gosta de saber o que os nossos camaradas estão a fazer no Afeganistão, a bordo de uma fragata algures em frente da Somália ou nos PALOP? Quem não está interessado em saber quem é o novo coman- dante da Escola de Fuzileiros ou que exercícios os nossos Fuzileiros realizaram? Quem não está interessado em saber como foi vista, na época, a Operação “Mar Verde” na Guiné ou a Operação “Viking” em Moçambique, aos olhos de um Oficial, Sargento, Marinheiro ou até Grumete? Escrevam. Como já foi mencionado no Boletim Informativo nº 8, devido a vicissitudes várias, houve necessidade de realizar eleições antecipadas que levaram à tomada de posse dos actuais Órgãos Sociais. Considero que não devo aqui tentar explicar tais problemas, pelo facto de não conseguir, com a correcção e isenção devidas, que todos vós mereceis, descrever os acontecimentos que levaram a tal. Ainda agora quando me são expostos, por diferentes elementos dos anteriores Órgãos Sociais ou por alguns sócios, são-me apresentados de forma diferente. Como sem dúvida é “mais o que nos une, que aquilo que nos separa” gostaria que tudo fosse esquecido, ou melhor, que apenas fosse lembrado para que a nossa união fosse cada vez mais forte e saudável. Conto com todos para o engrandecimento dos Fuzileiros, objectivo principal da nossa Associação. Quero-vos também afirmar que nos encontramos numa fase de alterações profundas, já que nestes dois meses concluímos que precisamos de novos estatutos e em especial, com o empenhamento de mais sócios. Pelo facto tencionamos apresentar já na próxima Assembleia Geral, os novos estatutos para serem discutidos. A tarefa da elaboração está a cargo do Vice-Presidente que tem contado com o contributo de muitos sócios, mas contamos em especial com o seu, para que no dia 20 os possamos aprovar. Em tempo oportuno, serão colocados no nosso site, para que todos os possam ler e discutir com tempo, e caso queiram, contribuir com propostas de alterações. Neste momento de todos espero, colaboração e compreensão para podermos atingir o objectivo final. ESCLARECIMENTO DA DIRECÇÃO “O Desembarque” – revista da Associação de Fuzileiros – N.º 8, de Outubro de 2009, inseriu um texto, a páginas 19, subordinado ao título “Associação de Fuzileiros celebra missa solene pelos marinheiros mortos”“Chefe de Estado preside a 22 de Janeiro” que, para além de ter sido publicado com alguma precipitação pode ter induzido a interpretações duvidosas. De facto, o Executivo anterior terá desenvolvido algumas diligências no sentido referen ciado no texto, sem que contudo se tenha obtido a mínima vin culação da Presidência da Repú blica para qualquer acto repre sentativo. Assim sendo, sem se colocar em causa a bondade da iniciativa de homenagear os Camaradas mortos em combate, a actual direcção, eleita a 12 de Dezembro passado, esclarece que o acto, indevidamente anunciado, não se efectuou. O Presidente da Direcção Associação de Fuzileiros | 2010 4 Eleições ELEIÇÕES – NOVOS cORPOS GERENTES Vista geral da Assembleia A Assembleia Extraordinária da Associação de Fuzileiros reuniuse, a 12 de Dezembro passado, para eleger os seus corpos gerentes para o biénio 2010/12. A Assembleia Extraordinária foi convocada expressamente para esse efeito – eleições antecipadas, decorrentes das demissões do Presidente e Vice-Presidente da Direcção, respectivamente, Ilídio das Neves e António Beltrão e de outros dirigentes, que provocou uma situação anómala, que teve se ser resolvida na reunião magna que teve lugar naquela data. As razões da antecipação das eleições para os corpos gerentes foram, oportunamente, comunicadas a todos os sócios, cujo texto foi inserido na anterior revista “Desembarque”. Ao acto eleitoral concorreu apenas uma lista registada como lista A, cujos mandatários foram o comandante Alpoím Calvão, comandante do primeiro des- Associação de Fuzileiros | 2010 tacamento que recebeu o número 8, e esteve em Comissão na Guiné entre 1966-70, e o dr. Paulo Lowndes Marques, que, como oficial da Reserva Naval, fez parte da Companhia nº 10, em Angola, entre 1966/68. A reunião eleitoral foi presidida pelo então presidente da Assembleia-Geral em funções, almirante Leiria Pinto. Os mandatários subscreveram um programa de acção, que divulgaram aos associados, e cujo texto se descreve mais à frente. O comandante Lhano Preto encabeçou a lista candidata à direcção, sendo candidato à presidência da mesa da AssembleiaGeral, o almirante Leiria Pinto. O candidato da lista a presidente do Conselho Fiscal foi o comandante Cardoso Moniz. Depois do período de discussão, o presidente da Mesa da Assembleia-Geral deu início à formalização do voto, por en- trega na urna em cartão secreto individual, finda a qual se procedeu à contagem de votos, a que se somaram os enviados por correspondência. Foram registados 283 votos válidos. No final, os corpos gerentes eleitos assinaram o livro de posse. Os membros eleitos estão discriminados de acordo com o organograma, que está impresso na página 6. O novo presidente da Direcção, comandante Lhano Preto, produziu um discurso de aceitação. Transcreve-se, em primeiro lugar, o programa de acção, subscrito pelos candidatos eleitos e apoiado pelos mandatários da lista vencedora: Alpoím Calvão e Paulo Lowndes Marques. Programa 5 PROGRAMA DE ACÇÃO Caberá aqui uma pequena referência quanto à motivação da presente candidatura. Como é sabido, pela informação que a todos nos foi veiculada, quer pelo Presidente do Conselho Fiscal, Comt. Cardoso Moniz, quer pelo Presidente da Assembleia Geral, almt. Leiria Pinto, a nossa Associação vem atravessando um período particularmente difícil. Lamentavelmente, adoe ceu, por largos meses e de forma grave, o Presidente da Direcção, dr. Ilídio Neves – hoje em fase de restabelecimento e para quem formulamos votos de rápidas e totais melhoras – e o Vice-Presidente, Comt. António Beltrão, viu-se obrigado a cessar funções por ponderosas razões de carácter pessoal e profissional. É óbvio que só estes acontecimentos proporcionariam, necessariamente, particulares dificuldades, ao que terão acrescido, quiçá, posturas que deterioraram o ambiente institucional e que conduziram à inexorável inevitabilidade da convocação de uma Assembleia-Geral para eleger novos titulares dos Órgãos Sociais. Quando estes percalços sucedem em Associações de direito privado que assentam a sua actividade no altruísmo do voluntariado, nem sempre é fácil encontrar pessoas dispostas a suportar as responsabilidades, em fases desta natureza, e ainda mais quando é necessário dar continuidade ao muito que já está feito e, se possível, fazer melhor. Esta candidatura surge, pois, na perspectiva de aliviar ambientes, unificar e aproveitar valias passíveis de concertar, e não como via de autopromoção de quem quase já pouco tem para autopromover. Apresentação A lista que se apresenta ao próximo acto eleito- ral de 12 de Dezembro foi possível de encontrar, numa filosofia de continuidade mas, seguramente, de mudança. Não se encontra agarrada àquilo que, porventura, de menos certo se terá feito, mas seguirá na senda de aproveitar, promover e ampliar tudo quanto de bom está realizado. Vale isto por dizer que se modificará aquilo que se entender conveniente modificar e se dará notoriedade a tudo quanto se considerar que deve permanecer, colhendo-se a ambição de se fazer o que pudermos no desenvolvimento da Associação de Fuzileiros e em benefício dos seus associados, no respeito por quem nos antecedeu e no engrandecimento, também, da nossa Marinha de Guerra, extraordinária mãe que à luz tão bons filhos trouxe. Resta aqui uma palavra relativa aos candidatos a titulares dos Órgãos que se propõem à eleição. Temos para nós que uma equipa não é um somatório de espectaculares valores excepcionais, mas antes um conjunto homogéneo e coerente de valores mínimos, impulsionado pelo mesmo projecto e partilhando, leal e disciplinadamente, os mesmos ideais e filosofia, no que concerne ao objecto concreto da acção, reunido à volta de uma liderança forte e democrática. Por isso tentámos – e cremos tê-lo conseguido – consensualizar as pessoas que integram os respectivos órgãos sociais procurando “alargá-los” e formando uma equipa de trabalho coesa e blindada. Continua na página seguinte » Associação de Fuzileiros | 2010 Programa 6 PROGRAMA DE ACÇÃO » Continuação da página anterior Desejamos que ela se mantenha no tempo fortemente unida, pelo menos, por um mandato. Linhas essenciais do programa 1 – Preservar os valores de referência da Associação de Fuzileiros, designadamente ao nível da sua declaração de princípios e dos seus fins estatutários e, em particular, os seus principais objectivos, previstos no Artº. 4º. do Estatuto; 2 – Salvaguardar o prestígio da Associação e promover a sua imagem, no País e além fronteiras, (especialmente nos Países de Língua Oficial Portuguesa e junto de instituições congéneres); 3 – Dar continuidade e consolidar as privilegiadas relações com a Marinha e, particularmente, com o seu Corpo de Fuzileiros (com especial atenção à Escola de Fuzileiros) estendendo tais relações ao Ministério da Defesa, à Autarquia do Barreiro, às Associações de Combatentes e, de forma geral, a todas as instituições afins, públicas e privadas, e muito especialmente, às que têm as suas raízes na Marinha de Guerra Portuguesa; 4 – Defender os interesses dos Associados por quem e para quem a Associação existe – promovendo o seu inter-relacionamento e convívio – e desenvolvendo todos os esforços no sentido da pacificação e da organização das estruturas e da descentralização das actividades e das competências, na justa medida de uma gestão eficaz e adequada à defesa “dos superiores interesses” do Corpo Associativo. Objectivos imediatos 1 - Reorganizar o executivo, restabelecendo e/ou criando/modificando os normativos internos – que se presumem abalados pelas prolongadas ausências dos Presidente e VicePresidente cessantes – impondo uma real disciplina consentida e agilizando metodologias de gestão e controlo nos domínios jurídicos, administrativo e financeiro; 2 – Promover estudo de revisão do Estatuto no sentido de recriar um instrumento ágil, simples e eficaz, constitutivo de princípios, de direitos e de garantias que vise regular o que, por lei, está regulado e remover lacunas existentes; 3 – Outrossim, promover estudo de revisão do Regulamento Geral Interno, regulamentando, tanto quanto possível, em pormenor, o respectivo Estatuto; 4 – Procurar apresentar os projectos referenciados em 2 e 3 na próxima sessão da Assembleia-Geral ordinária para eventual aprovação; 5 – Procurar dar continuidade ao processo de obtenção do Estatuto de Utilidade Pública conducente a proporcionar maiores facilidades de apoio no Associação de Fuzileiros | 2010 âmbito dos estatutos dos mecenatos e, designadamente, 5.1 – À possível obtenção de recursos para melhoria das instalações da sede nacional e, eventualmente, dos respectivos núcleos e delegações; 5.2 – À tentativa de recolher fundos para subsidiar projectos ao nível do desenvolvimento de estudos científicos, históricos e culturais relacionados com a actividade da Marinha e, em especial, dos Fuzileiros; 5.3 – Visando a hipótese de substituir a concessão de bolsas de estudo aos respectivos sócios e familiares descendentes; 5.4 – Subsidiar projecto – a longo prazo – de criação de uma “Casa de Fuzileiros Seniores – que possibilite apoiar e acompanhar os mais idosos ou os Associados com problemas de saúde, propiciando o fim do percurso do tempo que o tempo do nosso inexoravelmente impõe, com grande dignidade e cuidado. (Não se trata de uma promessa que não sabemos se é possível, mas de uma profunda ambição que temos para nós próprios e que, porventura, legaremos aos que nos sucederem exortando todos a contribuírem para este nobre objectivo já que, sonhar ainda não é pecado). Objectivos para o período do mandato 1 – Retomar a campanha de alargamento do quadro social motivando cada sócio a convidar e propor, pelo menos mais três, homenageando, significativamente, os três primeiros associados com o maior número de inscritos, visando reforçar o peso institucional da nossa Associação e objectivando o aumento do seu prestígio e o cada vez maior apoio aos associados, especialmente, aos que mais necessitem; 2 – Incrementar o volume de associados, através de iniciativas ao nível dos alunos da Escola Naval e da Escola de Fuzileiros; 3 – Incentivar e dar continuidade à utilização das novas tecnologias, designadamente, procurando melhorar o site da Associação e perspectivar uma comunicação em rede que projecte uma maior e mais fácil informação “inter” e “intra” institucional sendo como é sabido que, nesta nova civilização globalizada e globalizante, “o que não é conhecido não existe”; 4 – Incentivar e procurar dar corpo a seminários, conferências, palestras ou simples “conversas” organizadas, para divulgação de temáticas de interesse histórico, científico ou cultural e, designadamente, dar a conhecer estórias de acções relacionadas com os Fuzileiros ou simples estórias de vidas dos nossos associados; 5 – Dar continuidade e procurar incrementar actividades recreativas e des- portivas em geral e, particularmente, as relacionadas com as actividades náuticas (incentivando o aproveitamento do Rio Tejo, que banha a nossa sede, para a prática de desportos náuticos) como o tiro de competição, a corrida, a natação, a escalada e o “rappel”, bem como quaisquer outras, sempre no sentido de tentar a aproximação – e o saudável relacionamento dos Fuzileiros, suas famílias e simpatizantes – das causas que é nosso apanágio defender; 5.1 – Dar continuidade e procurar incrementar uma maior frequência das instalações da sede social nacional, considerando-a local privilegiado de encontro dos Destacamentos e Companhias de Fuzileiros que participaram na guerra de África, bem como das unidades que, posteriormente, integraram missões de Manutenção de Paz e, em geral, de todos os cursos que, no passado, hajam frequentado ou, no futuro, venham a frequentar a Escola de Fuzileiros; 6 – Procurar estabelecer protocolos com entidades públicas ou privadas que facilitem o benefício mútuo de vantagens e que possibilitem, designadamente, a assistência médico-sanitária aos sócios e famílias seja a nível das instalações da sede nacional, seja ao nível de outras estruturas dos núcleos e/ou delegações; 7 – Envidar todos os esforços para que se concretizem os seguintes objectivos: 7.1 – O projecto de construção do cais a oeste do edifício da sede nacional, que dinamizará, com certeza, a prática de desportos náuticos e, consequentemente, a vida da própria Associação; 7.2 – Acolher e dinamizar iniciativas viáveis provenientes dos núcleos e/ou delegações e, nomeadamente, os grupos musicais e de motards; 7.3 – Procurar promover eventos diversificando os estratos etários que possam constituir elos de ligação das diversas gerações; 7.4 – Procurar a criação de núcleos e/ou delegações procurando rever, ao nível regulamentar, a respectiva classificação; 7.5 – Aumento gradual da periodicidade da revista “Desembarque”, designando uma nova direcção e criando um órgão redactorial que assumirão responsabilidade solidária pelo órgão oficial da Associação de Fuzileiros. Barreiro, 16 de Novembro de 2009. Visitas de Cortesia 7 Câmara Municipal do Barreiro e APL A convite da Associação de Fuzileiros, deslocaram-se à nossa sede o Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Humberto de Carvalho, acompanhado pelo vereador responsável do Planeamento e Gestão Urbana, Rui Lopo, bem o administrador da APL (Administração dos Portos de Lisboa) engenheiro Leiria Pinto. O motivo deste encontro esteve relacionado com a requalificação da zona da Alborrica, onde está instalada o edíficiosede. O Presidente da Junta de Freguesia do Barreiro, Raul Malacão, também esteve presente. Foram recebidos pelos Presidentes da Direcção e da Mesa da Assembleia e o secretário da Direcção. Comandante Alpoim Calvão No dia 9 de Fevereiro, realizou‑se um almoço na sede da Associação de Fuzileiros, no Barreiro, em homenagem ao comandante Guilherme Alpoím Calvão, “o nosso Cocoana”. Estiveram presentes os comandantes Carreiro e Silva, Vasco Brazão, António Mateus, o ex-capelão Mário Azevedo, os ex-segundos-tenentes FZ RN Moreira Martins e António Pessanha. A direcção foi anfitriã, representada pelos seus Presidente, Vice-Presidente e Secretário. Associação de Fuzileiros | 2010 Breves 8 ÓRGÃOS ELEITOS APRESENTAM cUMPRIMENTOS AO ALMIRANTE cEMA... Após a Assembleia-Geral eleitoral, os novos órgãos sociais da Associação apresentaram cumprimentos ao Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Fernando Melo Gomes, e ao Director-Geral da Autoridades Marítima, em cerimónias que tiveram lugar a 5 de Janeiro passado. ...E AO cOMANDANTE DO cORPO Igualmente, os novos corpos gerentes eleitos a 12 de Dezembro, apresentaram cumprimentos ao comandante do Corpo de Fuzileiros, almirante Cortes Picciochi. S SIMA S Í V E BR Dia do corpo O Dia do Corpo de Fuzileiros terá lugar em 23 de Abril de 2010, apoiado no tema das Operações Especiais por ocasião das comemorações do 25º aniversário da génese do Destacamento de Acções Especiais. Associação de Fuzileiros | 2010 Sorteio O resultado do sorteio dos prémios das senhas, vendidas no DIA DO FUZILEIRO, foi o seguinte: 1º prémio senha branca com o nº 92 (saiu à casa, fruto da senhas compradas e oferecidas) 2º prémio senha azul com o nº 20 3º prémio senha amarela com o nº 06 Agradeço a todos quantos se habilitaram aos prémios, contribuin- do alguns camaradas, de forma muito generosa e oferecendo as senhas à Associação, número que quase chegou à centena. Aproveito para agradecer a ideia, e os dois primeiros prémios, à Dona Helena e seu marido Castro, dois sócios simpatizantes A todos quantos contribuíram para o sucesso desta ideia, BEM HAJAM. Por lapso o resultado não foi publicado (como prometido) no Desembarque nº 8 Eventos 9 Moledo: Homenagem aos combatentes Decorreu no dia 24/01/10, mais uma festividade na acolhedora aldeia do Moledo que a exemplo de outros anos, vem comemorando no dia do padroeiro da Freguesia, a homenagem aos Combatentes. Mais uma vez, esteve bem patente, a excelente organização, obra meritória da dedicação do Castro, Presidente da Delegação da Lourinhã dos Veteranos de Guerra, e Dona Helena, almas possantes de todas as envolvências que um evento desta natureza requer, sendo um exemplo de dedicação ano após ano. Para além de uma significativa representação de Fuzileiros capitaneados pelo Cte. Lhano Preto, Presidente da Associação, fizeram-se também representar elementos de outras Associações, nomeadamente os Presidentes da Direcção e Assembleia Geral da APVG, bem como outros elementos dos seus corpos Sociais. Sentimo-nos honrados pelo convite feito à Associação de Fuzileiros. A Direcção. JANTAR DE NATAL NO PORTO Realizou-se mais um Jantar de Natal do Núcleo de Fuzileiros do Porto, desta vez no Restaurante Guedes, em Perafita. Responderam à convocatória um número significativo de verdadeiros Fuzos, que não esqueceram a família da qual começaram a fazer parte na Escola de Fuzileiros. Foi um jantar animadíssimo. Este ano, deram-nos a honra de estarem presentes o Comandante da Base de Fuzileiros, CMG. Silva Campos, que também representava o Comandante do Corpo de Fuzileiros, o Cmd. Ferreira Costa, em representação da Escola de Fuzileiros e em representação do Comando da Zona Maritíma do Norte, o Cmd. Mateus Freitas que representava também o Almirante CEMA. Da Associação de Fuzileiros, tivemos a presença do Cte. Cardoso Moniz, do sargento-mor Egas Soares e do Cte Lhano Preto. Durante o Jantar, falou o presidente do Núcleo, Adriano Costa, que agradeceu a comparência de todos, esperando que as A mesa e comensais condições da sua sede sejam melhoradas. O Comandante da Base de Fuzileiros prometeu transmitir superiormente as preocupações da delegação quanto à sua sede. O Comandante Lhano Preto mostrou-se agradado com a presença de tantos fuzileiros, prometendo, também, zelar pelos interesses da delegação junto das autoridades competentes. Neste jantar, apareceram mais alguns “novos” Filhos da Escola, que esperamos ver com mais frequência nos nossos futuros eventos. Reapareceram alguns outros que já não víamos há algum tempo. Bem vindos a todos. O Núcleo é de todos e a Direcção apenas trabalha para que se execute o que os sócios deliberarem. A Delegação do Porto Associação de Fuzileiros | 2010 10 Eventos FESTA DE NATAL NA QUINTA VALENCIANA o António Ribeiro Ramos (pelos brindes que nos tem dado em “O Desembarque” como articulista de serviço); e os não menos dedicados, Campos e Sousa e Pacheco de Amorim, autores do nosso hino (e de quem tanto vamos necessitar para o gravar em CD). E não só por razões protocolares e de cortesia mas porque nos calam sempre profundamente as presenças solidárias que demonstram, cumpre-nos referir a honra que nos deram e agradecer: Em cima, aspecto da presidência da mesa da Festa do Natal; em baixo, quando a festa já entrara em pleno baile e animação… No mesmo dia em que se realizou a Assembleia Geral eleitoral, teve lugar à noite a Festa do Natal que decorreu, em alegria e camaradagem, na Quinta Valenciana, em Fernão Ferro, Seixal, que foi razoavelmente assaltada por cerca de 200 membros da Família FUZA, satisfazendo assim aqueles que se quiseram associar ao jantar natalício. Contudo, esperamos sinceramente que, no futuro, este evento - um dos mais significativos por ter o particular mérito de afagar as nossas afectividades, propiciar nostalgias e saudades positivas e transmitir emoções e solidariedades às nossas famílias - venha a tomar cada vez mais expressão e um aspecto organizativo de maior rigor que a dimensão desta numerosa Família justificará. Porém, não faltaram à chamada todos aqueles que já nos habituaram à sua continuada e despretensiosa presença. Sem ser possível nestas breves linhas referenciarmos todos, sentimo-nos quase obrigados a lembrar, a título muito excepcional, dois casos paradigAssociação de Fuzileiros | 2010 máticos, quais sejam aqueles que, de momento, nos saltam ao correr da pena (e que nos desculpem todos quantos também mereceriam ser citados e não o são por não caberem nestas limitadas páginas): trata-se do camarada Águas e da sua família que ano após ano insiste em estar presente, rumando de Portimão, mesmo depois do seu estado de saúde ter sofrido forte abalo, e do Gonçalves que, do extremo Norte de Portugal, navegou de Ponte de Lima para nos brindar com a lição de que “fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre”. Uma referência, também, a todos os nossos Sócios Simpatizantes, aos quais nos apetece chamar Aderentes já que, para além de simpatizarem ou serem amigos de alguns de nós, aderiram às causas de uma Associação que se caracteriza pelo amor a Portugal, pela amizade, pelo aprumo cívico e pela solidariedade, tendo os valores dos Fuzileiros no coração. E apenas como exemplo, apetece-nos citar: o Pedro Marques da Luz e a sua família (porque não esquecemos o que nos têm ajudado); Ao Sr. Comt. do Corpo de Fuzileiros, Almt. Picciochi, também em representação de Sexa o Almirante CEMA; ao Sr. Capelão Licínio, também em representação do Comt. da Esc. de Fuzileiros; ao Dr. Ilídio Neves Luís, Presidente cessante da Direcção que, pese embora em fase de restabelecimento, fez questão de se deslocar do Norte para usufruir dos muitos afectos que lhe foram dispensados. Os corpos sociais, eleitos na tarde deste mesmo dia, estiveram presentes, na quase totalidade, destacando-se: o Presidente da Assembleia Geral, Almt. Leiria Pinto, o Presidente do Conselho Fiscal, Comt. Cardoso Moniz e os Presidente e Vice-Presidente da Direcção, Comt. Francisco Lhano Preto e Dr. Carlos Marques Pinto Pereira, respectivamente. Cumpre, outrossim, agradecer especialmente, o prestimoso contributo dado pelo grupo musical, de que faz parte um dos nossos sócios, o Silva Santos, que, a custo zero, colaborou no evento. E para que não falte ninguém, aqui fica a gratidão a todos quantos, pelas mais diversas formas, ora trabalhando na organização, ora contribuindo com as suas presenças emprestaram prestígio ao nosso jantar de Natal e, sobretudo, deram vida à vida e ao tempo dos nossos afectos. A Direcção. Eventos 11 JANTAR DE NATAL EM GAIA A Delegação De Fuzileiros de Gaia realizou pela primeira vez a sua festa de Natal…e foi um grande dia para a família dos fuzos de Gaia, pois teve uma adesão fabulosa. Juntamos 95 pessoas…57 dos quais Fuzileiros. Os restantes eram familiares, amigos e convidados. Foi gratificante ver que o trabalho de um punhado de Fuzileiros está a dar frutos aqui na delegação de Fuzileiros de Gaia. A festa já tinha começado na nossa Delegação, pois foi o local de encontro, antes da ida para o restaurante Peixe na Brasa A delegação ficou a abarrotar de Fuzileiros, familiares e amigos, todos em amena cavaqueira e a beber uma mini ou um vinho do Porto fabuloso trazido pelo nosso grande amigo paraquedista Eduardo. Nesta primeira Festa de Natal da Delegação de Fuzileiros de Gaia esteve presente o Comandante Lhano Preto, presidente da Associação de Fuzileiros, sargento-mor Egas Soares, secretário da Direcção da Associação, o grande poeta e fuzileiro Mário Manso e a Ana, funcionária da nossa associação, todos em representação da AF. Esteve também na nossa festa o grande fuzileiro “Matosinhos” que até se comoveu com tanta alegria pois havia camaradas que ele já não via…há séculos. A festa começou com algumas palavras de Fernando “Lau”, presidente da Delegação Fuzileiros e seguidamente falou o Cmte e presidente da Associação de Fuzileiros, Lanho Preto, que se congratulou com a organização do evento e teceu rasgados elogios à evolução e desenvolvimento da mesma delegação. Foi tocado o hino nacional pelo nosso camarada Fuzileiro Manuel Gonçalves e seguidamente acompanhou todos os presentes com o seu trompete na Marcha da Associação, foi um momento inesquecível e marcante pois todos os presentes cantaram em uníssono, foi bonito de se ver e ouvir. Mário Manso no fim presenteounos com um belo momento de sua poesia. A nossa festa foi abrilhantada pelo camarada fuzileiro Gonçalves e o seu trompete que nos brindou com umas músicas antigas muito bem tocadas, e pelo amigo paraquedista Eduardo que com as suas filhas Madalena e Irene tocaram e presentearam-nos com algumas canções. Até para o ano. A Delegação de Gaia Associação de Fuzileiros | 2010 Destaque 12 FUZILEIROS VOLTAM À PEDRA DO FEITIÇO A pedra que renova os nossos feitiços Eh pá! Já fiz duas comissões na Pedra do Feitiço! É com esta pilhéria, ou outras de cariz semelhante, que, ainda hoje, os fuzileiros mais antigos tentam impressionar os mais modernos acerca da sua pretensa antiguidade. Ficou-lhes o jeito das conversas repetidamente ouvidas durante as longas noites de serviço ou à roda das mesas de bar onde andaram, então, por terras de Santo António do Zaire, agora Soyo. Nas décadas de 60 e 70, davam largas à sua imaginação e contavam as suas aventuras africanas em relatos, naturalmente, envolvidos em alguma fantasia mas, no essencial, próximos da dura realidade que a guerra impunha e, também, com o mesmo intuito de impressionar a atenta assistência Os fuzileiros de todos os tempos habituaram-se a ouvir falar da Pedra do Feitiço, como se de um local mítico se tratasse onde todas as incursões, mesmo que imaginárias, são permitidas e tão válidas como as mais perigosas operações reais. Quando o tema é a Pedra do Feitiço, Associação de Fuzileiros | 2010 tudo se aceita e tudo se tolera numa complacência e tolerância quase doutrinárias. Memórias de outros cenários de África permanecem, também, bem vivas nas conversas entre fuzileiros. Basta dar uma vista de olhos pelos muitos “blogs” criados pela comunidade FZ espalhada pelo mundo para o constatar, mas parece-nos que uma das que mais pontua no imaginário FZ é mesmo a Pedra. Por isso, foi com uma ponta de emoção que, no dia 5 de Dezembro de 2009, seis Fuzileiros Portugueses demandaram e desembarcaram na Pedra do Feitiço. A oportunidade surgiu da necessidade de, no âmbito da Cooperação Técnico-Militar, verificar as condições de treino bilateral na área operacional onde o Batalhão FZ Angolano mantém o seu dispositivo com a missão de patrulhar e fiscalizar o rio Zaire, desde a Foz até Noqui, para conter a infiltração de estrangeiros ilegais vindos da República Democrática do Congo ou de outros países a norte. Mudaram os tempos, mudou o contexto, mas a missão dos Fuzileiros, no essencial, mantém‑se naquela zona de fronteira estratégica para Angola. O dia 5 de Dezembro de 2009 nasceu cinzento, parecendo querer carregar, ainda mais, a emoção que de todos nós se apoderara. O comandante Loureiro Nunes (LN), uma espécie de patrocinador e cicerone, que, cumprindo missão na Pedra do Feitiço, ali passou dois anos da sua juventude, exteriorizava essa mesma emoção: “Rapaziada se eu começar a falar de mais, dêem-me um toque”. E vários toques… foram necessários tal a vontade de tudo dizer, de tudo mostrar, enfim, de tudo reviver. Acompanhados pelo comandante Bamba, comandante do Corpo de Fuzileiros de Angola e outros oficiais angolanos, largámos da Base Naval do Soyo e aí vamos nós, rio acima, em duas lanchas cedidas pelo LN que, qual velho marujo, manobrava habilmente uma delas. Máxima velocidade! Temos pela frente 60 milhas e não podemos deixar de fazer uma rápida passa- Destaque gem pela Ilha da Kissanga para cumprimentar os Fuzos que guarnecem aquela posição. Jamais nos perdoariam tendo em conta o isolamento em que se encontram. Vencendo a fortíssima corrente, somos envolvidos pela beleza do mangal que, numa paleta policromática, avança pela margem continuamente ponteada de pequenos povoados de pescadores. Casas, tipo palafita, assentes em estacas cravadas em chão de “mabanga” sobrepõem-se à água. Porquê? Será para aproveitar o fresco das águas? Questões de segurança? Talvez? A paragem na ilha da Kissanga foi rápida, mas valeu a pena. Cenário idílico que tivemos de deixar para trás. O objectivo principal estava ainda bastante longe. Uma chuva quente e forte deixou-nos encharcados até aos ossos, mas nada de desânimos. O magnífico sol africano se encarregará de resolver o problema logo a seguir. A vista espraia-se pelo imenso estuário e, ao longe, começa a vislumbrar-se a Pedra do Feitiço num cenário magnífico de calmaria das águas, do verde da vegetação que nelas se reflecte e das construções em anfiteatro numa ponta de terra que termina em enormes rochedos. Espectacular! Saltamos para terra, estamos na Pedra do Feitiço. Um nervoso miudinho invade-nos a todos. Passado o impacto inicial soltam-se as emoções e é um tropel de informações que o LN começa a debitar. Parecia que ainda lá estava em comissão tal o realismo dos seus relatos. Mas os vestígios da passagem dos fuzileiros portugueses por aquelas paragens são ainda bem evidentes e preservados e falam por si. Os fuzileiros angolanos respeitam o passado preservando as inscrições, os registos pessoais e, em suma, tudo o que se relaciona com a nossa passagem por aquele local. Mais calmos, sentados debaixo do cajueiro grande, bebemos uma Cuca (cerveja angolana de grandes tradições) em fraterno convívio com os fuzileiros angolanos, apreciando a tranquilidade do local, olhando o rio espelhado e vivendo aquele momento místico, provavelmente irrepetível para nós. Rapazes! Temos de regressar! Era a voz do LN …. Apesar da corrente, agora a favor, temos as tais sessenta milhas para percorrer e o almoço com o Vice-Almirante Comandante da Região Naval Norte, no Soyo, não espera. Deixamos a Pedra do Feitiço com a alma lavada, na plena 13 consciência de que, ao fazer esta visita, homenageamos, muito justamente, tantos quantos por aqui passaram, estejam eles onde estiverem. Agradecimentos: – À Marinha de Guerra Angolana que autorizou a missão e a apoiou através da preciosa colaboração do Comandante da Região Naval Norte, VALM Valentim Alberto António. – Ao comandante Loureiro Nunes, de forma emocionada, cujo apoio com meios, disponibilidade pessoal e saber, foi fundamental para o sucesso do empreendimento a que nos propusemos. Participaram nesta expedição pela parte portuguesa: CMG FZ RN Loureiro Nunes; 19.º CFORN, CFR FZ RN Benjamim Correia; 23.º CFORN, CTEN FZ Clemente Gil, 2TEN ST FZ Figueiredo Pereira; 1SAR FZ Basílio Perfeito, CAB FZ Correia Alvélos Benjamim Correia CFR FZ RN, 23º CFORN Fontes: Texto e fotos do CFR FZ RN Bejamim de Jesus Correia, 23.º CFORN, compilados a partir de colaboração na Cooperação Técnico-Militar com Angola, Projecto 8 – Marinha. Associação de Fuzileiros | 2010 Convívios 14 14º CFORN - Fuzileiros: Lugares de passagem e de saudades com 40 anos Antigos cadetes e oficiais instruendos, com o comandante Pecorelli e o “cicerone” instrutor comandante Carmona O 14 º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval fez 40 anos do seu alistamento de 1969. Comemorámos no último terço de 2009. Fazemos questão de integrar o relato neste número do “Desembarque”. No total do curso foram 44 cadetes, divididos apenas por duas especialidades: Marinha e Fuzileiros. Estes, no seu início, eram, em número certo, vinte. Foi, precisamente, essa a quantidade que veio a terminar o curso. Depois de um período escolar - aliás curto - passado em conjunto na Escola Naval, os fuzileiros rumaram, com ordem de marcha, para a Escola de Fuzileiros. Eram uns putos jovens, mesmo muito jovens, metade tinha apenas 20 anos. Havia, somente, dois ou três veteranões, o mais velho de todos, o Gonçalves Madeira, com 25 anos, quase já médico formado. Fora obrigado, pelas vicissitudes académicas de então, a entrar naquilo que se chamava tropa. Escolheu a Marinha, ou seja, neste caso, os fuzos. Associação de Fuzileiros | 2010 Provenientes de diferentes estratos sociais, de diferentes zonas do país, de diversificadas culturas, mais viajados ou com mais calos da vida do que outros, o certo é que este grupo se interligou e sobreviveu num contentor na Escola de Fuzileiros, que lhe foi destinado como camarata - ainda hoje existe na EF e deveria ser preservado como peça arqueológica importante para o conhecimento do que foram aqueles anos da vida castrense dos garbosos cadetes! Aguentaram, naquele contentor, os frios e os calores, alguma chuva que, até por vezes, entrava. Tinham de deliciar‑se com os odores das peúgas, das roncadelas noctívagas de alguns que até acordavam os mochos, das ensaboadelas políticas dos mais versados (havia cadetes que conseguiam dormir quando os afoitos mestres da lábia militante debitavam e debitavam). Eu, da minha parte, foi, ali, naquela tabanca, que recebi, sorrateiramente, pela primeira vez na vida, um panfleto de um dos partidos da oposição que concorriam às eleições - não esquecer que estávamos em 1969 e, nesse ano, houve um arremedo de acto eleitoral em que os oposicionistas eram praticamente clandestinos. O curso forjou-se ali, uniu-se ali. Formava todos os dias, após o almoço, em posição deitada, debaixo das árvores numa pequena sesta para apresentação ao Director de Instrução, que era o então primeiro-tenente Costa Pecorelli, mas apenas o penico, o João Sousa Araújo, se deslocava, garbosamente, junto do gabinete e jurava a pés juntos: “O pessoal está pronto”. E esteve sempre pronto para cumprir as tarefas. Poderia haver um senhor cadete, mais renitente em correr e que chegava à porta de armas em passo acelerado de corrida e afirmava, com arreganho, “já dei o que tinha a dar”, e prosseguia a passo e passo, mas, nunca, nunca, os restantes o deixaram para trás, chegavam a correr com ele, em braços, e todos, terminaram, em pelotão, o fim do exercício. Convívios 15 A gloriosa tabanca: quartel general dos cadetes do 14º curso (1969) Não sei porquê, este curso de fuzileiros, findas as comissões de serviço, começou a encontrar-se regularmente. Primeiro, era de dois em dois anos, uma outra vez o interregno foi maior, mas, aí há 25 anos, a tendência é um encontro anual. Mas, este encontro, não é uma mera reunião em torno de um almoço. É sempre um fim-de‑semana. Com programa cultural, gastronómico e vivencial - sempre bem regado. Que na última década tem sido acompanhado pelas respectivas caras-metades – as que querem ir - e convidados especiais, mesmo de outras artes das Forças Armadas Como existem contingências da vida, apenas uma vez conseguimos juntar 19. Nunca chegámos a reencontrar um dos nossos, o Martins Ferraz, que emigrou para o Brasil, logo após o 25 de Abril, e apesar das tentativas para saber onde residia, nunca o descortinámos. Há quatro anos, um de nós, através de uns contactos diplomáticos, veio a saber que ele falecera algures na região de São Paulo. O Ferraz, que fez parelha com o Caló, em Moçambique, num Destacamento, era um rapaz transmontano, que teve de aprender rapidamente como se vivia com a maltózia da cidade. Desses 20, nestes quarenta anos, tivemos de abater ao serviço mais um. Uma morte, para nós, inesperada: o Neves Silvei- ra, que andou com o Pelica pelas lalas do Lungué-Bungo. Os restantes estão todos vivos. Para a Guiné, zarparam nada mais, nada menos que 12, passaram por destacamentos e companhias. Estávamos em contacto, lá de vez em quando, e isto quando nos encontrávamos em Bissau, ou quando o “comboio” de embarcações, que comandavam, passava por Ganturé, a principal base naval fora da capital guineense. Os nomes são dignos de serem relembrados: Sousa Dias, Veiga Rica, Gaspar dos Santos, Antunes Roldão, Ferreira Januário, Mesquita e Carmo, Costa Nogueira, Cardoso Ferreira, Carmo Soares, Graça Matias, Teixeira Rodrigues e eu, que assino este texto. O João Sousa Araújo foi escolhido para ir comandar um pelotão de fuzileiros em Cabo Verde. O Madeira seguiu mais tarde para o Comando Naval em Luanda e o Miranda Correia andou pela Terras do Fim do Mundo, em Pereira D’Eça, Angola. Finalmente, o Fernando Pires, por razões especiais, foi o único a prestar serviço militar em Lisboa. Para comemorar os 40 anos, fizemos um pacto: vamos juntar também todos os oficiais, do nosso curso de instrução, se ainda estiverem vivos, ou contactáveis, e, neste caso, queiram comparecer, bem como o nosso director de Instrução. O comandante Pecorelli respondeu prontamente à nossa ousadia. Dos oficiais estiveram presentes: os então segundostenentes Costa Ruas e Teles Ribeiro e primeiro-tenente Pereira da Cruz. O primeiro-tenente Eça Soares faleceu há cerca de 10 anos, o comandante Silva Dias, naquele dia, estava fora do Continente português, e o segundo-tenente fuzileiro Mendes da Silva não estava contactável. Desta vez, fizemos um delicado convite a um jovem periquito Pato Góis, de outro curso, que teve de suportar durante meses os terríveis Mesquita e Carmo Soares, especialmente devido a um problema de quadrícula. Ficou aprovado. Amavelmente, o antigo comandante da Escola de Fuzileiros e ex-segundo comandante do Corpo de Fuzileiros capitão de mar-e-guerra Pires Carmona, prontificou-se a servir de cicerone e explicador das novas situações em que vivem os fuzileiros actuais. Repartimos esta comemoração por dois locais: a nossa escolamãe, a EF, e o restaurante da Associação de Fuzileiros, tendo a direcção se prontificado a receber-nos com todo o garbo, apesar de não sermos sócios. Serafim Lobato Associação de Fuzileiros | 2010 16 Convívios CF 2/Guiné: Relatório top secreto No dia 02/05/09, a Companhia nº 2 de Fuzileiros (Guiné 1972/1974) realizou o seu XII encontro na linda cidade de Vila Real do nosso Portugal Transmontano, com concentração junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Foi sob a batuta do camarada Felisberto Jesus dos Santos Pina que toda a orquestra funcionou, com as suas vozes afinadas, lembrando os episódios de que nunca nos fartamos de trazer, ao concerto da nossa memória. Pelas 11.00 horas, foi dada ordem de embarque, no autocarro, que a todos levou a conhecer os pontos estratégicos da cidade. Após hora e meia de visitas memoráveis, regressámos ao ponto de reunião. De seguida, foi dado a todos os chefes de esquadra o azimute que determinava o objectivo a conquistar, Vilarinho da Samardã. Este foi o local, onde todos entraram em combate, com aquela determinação que caracteriza os fuzileiros. Sabiase de antemão, que o inimigo se encontrava bem municiado e totalmente disponível para nos dar luta. A primeira e última emboscada, foi terrificamente desenvolvida no FORNO local, onde outras batalhas tiveram já lugar, sem que alguém tivesse Associação de Fuzileiros | 2010 conseguido vencer inimigo tão aguerrido. Os estragos, causados pelo assalto da companhia Dois de Fuzileiros, não tiveram consequências maiores, porque o inimigo se fez nosso amigo, e nos franqueou tudo, sem que tivesse sido necessário fazer uso das nossas capacidades dissuasoras. Foi por isso, que tudo ficou direito, portanto, sem consequências futuras, palavras tantas vezes escritas infelizmente nos boletins de saúde, quando algum camarada foi ferido e não morreu, e que em nada os ajudou à posterior. Antes de se dar os últimos acordes, caso dos parabéns, fui indigitado como maestro desta orquestra, onde fiz uma das minhas quatro comissões em dois palcos distintos da guerra, Guiné e Angola, que muito contribuiu para o nascimento do HOMEM FERRO, hoje, tenor considerado e muito respeitado, pelos demais, e meus iguais. Coube-me, pois, louvar o organizador de toda a logística, para que o golpe de mão tivesse sido um êxito total. Os rios da Guiné foram a matéria-prima para que todos comungassem num princípio que determina as vitórias, sempre unidos, nunca vencidos. Não fora os mísseis terra-ar Strella de fabrico rus- so terem acabado por matar o nosso anjo da guarda, (apoio aéreo), que de alguma forma nos dava alento e protecção nos momentos mais difíceis, alguns dos camaradas presentes por lá teriam ficado dizimados por alguma bazucada, bem menos simpática e diferente das bazucas que nos refrescavam a garganta. Davam-se os últimos acordes, e a debandada estava para breve, no entanto, ensaiava-se já, o próximo (concerto) assalto que terá o seu epicentro, em Sintra no ano de 2010. A retirada estava difícil, mas o que tem que ser tem muita força, mas nunca tanta, quanto a nossa camaradagem. Em cima da retirada, foram notadas algumas condecorações, bem visíveis nas camisas dos nossos heróis, muito especialmente, na do FELISBERTO PINA, resultado dos vários golpes (de copo cheio copo vazio) de mão. Por estas e por outras é que, FUZILEIRO UMA VEZ FUZILEIRO PARA SEMPRE, nunca estará desactualizado. Manuel Pires da Silva (HOMEM FERRO) Convívios 17 Filhos da Escola do 1º CFORN – 86/87 cabelo e os grisalhos, mais ou menos acentuados. Os abraços calorosos que nos encheram a alma de alegria, esses vamos todos recordar durante um ano, já que ficou já agendado o próximo convívio para o fim deste ano, desta vez a Norte do País. Após as obrigatórias poses para as fotos seguiu-se um “Ataque Frontal” a um restaurante local. Eliminados os inimigos “fome” e “sede”, o convívio continuou com o regresso à ESCOLA de FUZILEIROS e a visita ao MUSEU do FUZILEIRO. Realizou-se no dia 10 de Janeiro de 2010 o convívio entre os filhos da escola 1º CFORN 86/87. Marcaram presença 22, sendo que os restantes quatro foram impossibilitados por motivos de saúde, de trabalho no estrangeiro ou por falta de contactos actualizados. Esta disponibilidade total de todos, alguns vindos de distâncias superiores a 400 km, mostra que o espírito de camaradagem, de amizade e de prontidão que nos foi ensinado na ESCOLA de FUZILEIROS continua fortemente vincado nas nossas personalidades 24 anos depois. O convívio começou por um encontro e visita à nossa Associação de Fuzileiros e foi aí que se constataram algumas significativas diferenças nos diâmetros dos abdómenes, as maiores ou menores faltas de As prontas disponibilidades do Cmte Francisco Preto e do Sargento Marta para uma visita guiada ao Museu deixou este PELOTÃO de FUZILEIROS sensibilizados, agradecidos e com o sentimento ainda mais forte de que ainda somos da casa. FUZILEIRO UMA VEZ FUZILEIRO PARA SEMPRE. O “aluno dia” Joaquim José RUMIÃO SILVA. [email protected] Associação de Fuzileiros | 2010 18 Convívios Escola de 94 vando na posição de sentido, o máximo das suas vozes, com o grito dos Fuzos. Desta vez, por dificuldades de logística não se digladiaram na pista de lodo, que tanto prazer lhes dá fazer. Tenho pena, que nos tivessem privado do gozo que eles dão, a quem os segue naquele percurso problemático. A colocação de uma coroa de flores no monumento da Escola de Fuzileiros, é uma atitude comportamental de profundo respeito, com que os jovens camaradas de 94 fazem questão de dispensar, ao homenagearem os fuzileiros mortos, ele- Escola de 62 Depois da indispensável visita à Escola todos se dirigiram à quinta da Valenciana para ai matar a malvada que começava apertar com o pessoal. No final, o Peniche, consegue sempre pescar alguém para o acompanhar até à sua Vila piscatória não deixando que a festa termine às 00h00. É um grupo que, com ou sem motas o Zé da respectiva atravessa a ponte de carro, por falta de mota para rapinar. Não desanimar, é meio caminho para lá chegar, força rapaziada. DONATIVOS Nome António Gomes Beltrão 20,00 € António C. Ribeiro Ramos 30,00 € António Capela Loureiro 40,00 € António Vieira Sousa 37,85 € João Augusto B. Alves 40,00 € João Miguel Sequeira 50,00 € João Pedro da Luz José Cardoso Moniz José Fernandes Rosa Costa A reunião destes filhos da escola, passados 47 anos, foi motivos para reencontros e um repassar de lembranças que os congregaram naquela época e se manteve até hoje. Associação de Fuzileiros | 2010 Donativo 200,00 € 13,00 € (Marchandise) 350,00 € José Júlio Oliveira 50,00 € José Sequeira (Convivio Comp Fz Nº1 66/69) 40,00 € Maria José Proença Pais 10,00 € Marinha 23 Livros Marinha 2 Barcos Sargento Almeida Vários Livros Sargento Almeida Uma Cresta Convívios 19 Caldeirada À moda do Porto Entre os muitos valores que nos foram transmitidos na Escola de Fuzileiros, a camaradagem foi um dos mais importantes. Assim, qualquer pretexto serve para que os Fuzos do Núcleo do Porto se reúnam em convívio. Desta vez a confraternização passou-se à volta de uma caldeirada, excelentemente confeccionada pelo Manel e pelo João, dois pescadores da Afurada, que fazem parte do grupo de amigos do Núcleo de Fuzileiros do Porto. Cerca de duas dezenas de Fuzos, alguns acompanhados das respectivas famílias, compareceram ao repasto, que se realizou na nossa sede. Após o jantar seguiu-se a habitual cavaqueira entre os presentes, tendo o nosso amigo Cmd. Miranda de Castro brindado os presentes com alguns fados e outras canções. Ao fim de algumas horas de convívio, os Fu- zos do Norte retiraram-se para as suas casas. Outros convívios se seguirão para que nunca deixemos esmorecer o espírito de grupo que é apanágio dos Fuzileiros, e para fazermos jus ao lema da nossa Associação, “FUZILEIROS UMA VEZ, FUZILEIROS PARA SEMPRE”. Associação de Fuzileiros | 2010 20 In Perpetuam Memoriam FALECIMENTO DE UM TORRE-E-ESPADA FUZILEIRO Primeiro-sargento FZE, graduado em sargento-mor, António Ribeiro Pais No passado dia 4 de Maio do ano passado, faleceu o sargento-mor fuzileiro António Ribeiro Pais, um dos quatro membros da Armada portuguesa condecorados com a medalha de Torre-e-Espada por feitos cometidos na guerra de África, isto no período de 1961 a 1975. Embora se soubesse tardiamente do seu passamento, não teve, no entanto, tal facto o relevo que já deveria merecer na altura. Fazemolo, agora, porque assim deve ser lembrado um camarada simples e humilde que teve as honrarias militares mais elevadas do País. António Ribeiro País nasceu, a 22 de Julho de 1940, na freguesia de Penso, concelho de Sernacelhe, distrito de Viseu. O sargento António Ribeiro Pais completou 19 anos de serviço na Armada. Frequentou o curso de Fuzileiro Especial na Escola de Fuzileiros em 1963. Possuía ainda o curso do 2º grau FZ (1969), I. I. M. Terrestres e Armadilhas (1970), o Curso de Pisteiro de Combate (1971), o Curso de Minas e Armadilhas (1972), o Curso de Inactivação de Minas e Armadilhas (1972). Em terra, desempenhou funções inerentes à condição de Fuzileiro Especial, voluntariamente, nas ex-províncias ultramarinas da Guiné e Moçambique. A 3 de Julho de 80, transitou da situação de RAa à situação de Reforma Extraordinária por nesta data ter sido considerado deficiente das Forças Armadas (DFA), por despacho do Almirante CEMA, e ter sido considerado incapaz do serviço activo, com o grau de incapacidade de 53 por cento. Alistou-se na Armada com 20 anos, precisamente, a 18 de Março de 1961, tendo frequentado o curso de manobra, curso, de que todavia, não gostou. Acabou com um aproveitamento de 58 por cento. A sua carreira nesta classe iniciou-se, Associação de Fuzileiros | 2010 Foi o segundo militar da Armada falecido, portador da Torre-e-Espada, por feitos no Ultramar entre 1961 e 1975. Anos atrás, morreu o capitão de mar-e-guerra fuzileiro Alberto Rebordão de Brito. Vivos estão o capitão de mar-e-guerra Guilherme Alpoim Calvão e o sargento-mor Manuel Martins Ferreira. Todos estes militares da Marinha de Guerra receberam a mais alta condecoração ao serviço dos fuzileiros. O Chefe de Estado cumprimenta o sargentomor Ribeiro Pais em cerimónia comemorativa dos 200 anos da instituição da Torre-e-Espada portanto, naquela data como segundo grumete recruta. Saiu, a 9 de Fevereiro de 1962, segundo grumete manobra, tendo ascendido a primeiro grumete manobra cerca de seis meses depois, a 10 de Setembro. De imediato, pediu, logo que soube da constituição das primeiras unidades que partiram para o Ultramar, a possibilidade de frequência do curso de conversão a fuzileiro que veio a ocorrer a 16 de Abril de 1963. Terminou-o aproveitamento elevado, com 15 valores. Ingressou, deste modo, na classe de Fuzileiros a 3 de Agosto de 1963, com o posto de primeiro grumete fuzileiro. A 31 de Março de 1965, foi promovido a marinheiro fuzileiro especial, e passando, dois anos depois, 31 de Março de 1967 a cabo FE. O posto de segundo sargento fuzileiro especial veio a obtê-lo a 23 de Maio de 1969. E dois anos depois, justamente no mesmo dia de Maio de 1973, ascendeu a primeiro-sargento do ramo. Fez três comissões em Destacamentos de Fuzileiros Especiais, a primeira na Guiné com o primeiro destacamento nº 8, comandado então pelo primeiro-tenente Alpoím Calvão. Este- In Perpetuam Memoriam ve nessa antiga província ultramarina entre 23 de Outubro de 1963 até 16 de Janeiro de 1966. A segunda comissão iniciou-a, cerca de dois meses depois, na antiga província de Moçambique, também no DFE 8, de 24 de Março de 1966 a 20 de Janeiro de 1969, sob o comando do então primeiro-tenente Pereira Bastos. Na sua terceira comissão, também em Moçambique, de 6 de Abril de 1971 até de Dezembro de 1972, no DFE 7, que foi comandado pelo então primeiro-tenente Sadler Simões. Da sua folha de serviços constam vários louvores e condecorações, de que se destacam duas medalhas da Cruz de Guerra de 4.ª e 2.ª Classe, Distintivo Especial da Cruz de Guerra do DFE-8, Medalha Militar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito com o Grau de Cavaleiro, Distintivo Especial da Ordem da Torre e Espada – Prateado e Medalhas Militares Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas com as Legendas “Guiné 1963-64-65”, “Moçambique 1966-1968” e “Moçambique 1971-1972”. O sargento António Ribeiro Pais foi casado com a senhora D. Maria José Proença Pais. O sargento Ribeiro Pais faleceu em Vila da Ponte, sendo sepultado no Cemitério de Penso – Sernancelhe. 21 TORRE-E-ESPADA DE VALOR, LEALDADE E MéRITO De entre os vários louvores, citamos o que deu origem à concessão da Medalha Militar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito com o Grau de Cavaleiro, tendo recebido a condecoração em cerimónia pública do 10JUN72 em Lisboa. Em 14 Outubro de 1972 – O 2.º S.FZE N.º 6961 António Ribeiro Pais desempenhou toda a comissão as funções de chefe do grupo de assalto. Militar dotado de excepcional sentido do dever e dedicação ao serviço, elevado aprumo militar e qualidades de carácter mereceu sempre o referido sargento a máxima confiança do Comando. Na fase inicial da comissão foi nomeado para frequentar um curso de Pisteiros de Combate, tendo merecido da parte dos instrutores e camaradas as melhores referências e obtido as mais altas classificações, honrando o nome dos Fuzileiros da sua unidade e da Armada. Após concluir o seu curso imediatamente procurou aplicar os conhecimentos obtidos. Assim, em todas as operações do Distrito de Cabo Delgado em que tomou parte, tornouse no primeiro homem de coluna, para que era voluntário, procurando por ao servi- ço da sua Unidade aquilo que lhe tinham ensinado. A sua acção esclarecida e o seu entusiasmo estiveram na base da maioria dos êxitos conseguidos em Cabo Delgado, Moçambique, entre os quais se destaca a operação “BEIRA MAR 2”. Rapidamente conquistou a inteira confiança do Comando à custa dos conhecimentos de Pisteiro e muitas das suas sugestões retiradas de análises do terreno, foram seguidas sem hesitações. Em face do exposto e usando da competência que me confere o R.D.Militar, louvo o 2.º Sarg. FZE António Ribeiro Pais pelas suas excepcionais qualidades e virtudes militares, reveladas por actos praticados em Campanha, pelos quais deve ser apontado ao respeito e consideração pública. Louvor dado pelo Comandante do DFE-7, António Sadler Simões, 1.º Tenente. Associação de Fuzileiros | 2010 22 In Perpetuam Memoriam OLIVEIRA MONTEIRO: Uma carreira dedicada aos Fuzileiros No passado dia 20 de Janeiro, faleceu o comandante Francisco Isidoro Montes de Oliveira Monteiro, que exerceu o cargo de comandante do Corpo de Fuzileiros, durante 10 anos, precisamente de 1982 a 1992. Nascido a 5 de Fevereiro de 1941, Oliveira Monteiro entrou para a Escola Naval em 1958, tendo ali frequentado até 1962 o curso que lhe deu a licenciatura em Ciências Militares Navais, classe de Marinha. Esteve, depois, cerca de um ano como imediato do Draga Minas Rosário, sendo destacado para tirar o curso de fuzileiros especiais. Foi como segundo-tenente FZE, que, em 1964 seguiu para a Guiné, como imediato do Destacamento de Fuzileiros Especiais nº9, sob o comando do então primeiro-tenente Metelo de Nápoles. Regressou daquela antiga província em 1966. Nesta missão recebeu vários louvores – adiante referidos por feitos em combate que o levaram a ser proposto para ser agraciado, entre outras medalhas, com a Cruz de Guerra de Primeira Classe Finda a comissão na Guiné, veio a ser oficial de guarnição da primeira fragata Almirante Pereira da Silva, onde exerceu, precisamente, a função de oficial de navegação entre 1966 e 1969. Entre 1969 e 1973, veio a ser o comandante de duas Lanchas de Fiscalização. A primeira, a Corvina, com área de jurisdição na Zona Marítima do Norte até 1971. Depois seguiu, para uma nova comissão, desta vez, em Angola, a bordo da Cunene, onde permaneceu até 1973. A partir de 1974, a sua vida militar de carreira esteve sempre ligada aos fuzileiros. Associação de Fuzileiros | 2010 Precisamente, entre 1974 e 1976, foi comandante do Batalhão de Fuzileiros nº 2. Nesse ano de 76, optou pela carreira de Fuzileiros, em detrimento da classe de Marinha. Tinha, então, o posto de capitão-tenente. Em 1977, é escolhido para comandar a Escola de Fuzileiros, cargo em que permanece até 1978. Neste ano, ascende a comandante da Força de Fuzileiros do Continente, onde se mantém até 1982. Neste mesmo ano, vai frequentar o curso de Comando Superior em Espanha. Depois deste curso, será empossado, ainda em 1982 no cargo de Comandante do Corpo de Fuzileiros, onde permanecerá dez anos, até 1992. O comandante Oliveira Monteiro foi agraciado com numerosas condecorações nacionais e estrangeiras, sendo que a mais destacada lhe foi outorgada pela sua actividade como oficial fuzileiro combatente na Guiné, como imediato do DFE 9. É, precsiamente, a Medalha de Cruz de Guerra de 1ª Classe, cujo agraciamento foi despoletado pelos louvores dados, respectivamnete, a 16 de Outubro de 1964 pelo comdantechefe das Forças Armadas da Guiné,, a 7 de Julho de 1975, pelo comandante da Defesa Marítima da Guiné, capitão de mar-e-guerra Ferrer Caeiro, e a 01 de Fevereiro de 1966 pelo mesmo oficial superior da Marinha. Tudo em função das suas missões em combate. Recebeu ainda as seguintes medalhas: • MedalhadaOrdemMilitarde Avis; • Medalha de Ouro dos Serviços Distintos; • 2MedalhasdePratadosServiços Distintos; • MedalhadeMéritoMilitarde 1ª Classe; • MedalhadeMéritoMilitarde 3ª Classe; • MedalhadeCruzNavalde2ª Classe; • Medalha de Comportamento Exemplar – Prata; • MedalhaComemorativasdas Campanha da Guiné; • Medalha Comemorativa das Campanhas de Angola; • Medalha Henriques; de Afonso • MedalhadeMéritoTamandaré (Marinha do Brasil); • Distintivo da Ordem Militar da Torre-e-Espada de Valor, Lealdade e Mérito. A morte do comandante Oliveira Monteiro mereceu as sentidas condolências de camaradas dos seus cursos e de outros que com eles conviveram. Podemos apenas inserir um desses testemunhos, por razões de espaço. In Perpetuam Memoriam 23 em MemÓria do amigo Francisco Oliveira Monteiro pelo comandante Carvalho Rosado Na Guiné, durante o mês de Novembro de 1965, o DFE 4 fez cinco operações com o DFE 9, num programa chamado de PTB (Período de Treino Básico), e que no fundo constituía o termo da nossa aprendizagem de FZE. Este período foi muito importante para o nosso desempenho posterior, pois tivemos a oportunidade, enquanto periquitos, de fazer actividade operacional integrados em outra unidade, já calejada nos meandros do combate. Tivemos como mestres o DFE 9 do Comt. Metelo de Nápoles sendo Imediato o agora meu saudoso amigo Chico Oliveira Monteiro. Vivemos e aprendemos muito durante este período, pois andámos sempre em sítios complicados, onde os contactos de fogo foram uma constante, e assim, logicamente foi-nos dado viver experiências valiosas, que muito nos ajudaram ao longo da comissão que íamos iniciar. Imaginem o que significava para um grupo de combate de tropas especiais poder “sentir” o IN sem a responsabilidade de decidir o “como fazer”. Eu an- dava colado ao Chico Monteiro e o Rui Santos Paiva, Comt. do DFE4, ao lado do Comt. Metelo. As cinco operações decorreram em duas bacias hidrográficas: três operações no Rio Geba e duas no Rio Cacine. Foi na operação “Faneca” em 5 Nov. 1965, a primeira vez que alguns de nós no DFE 4, tivemos o nosso baptismo de fogo, e, logo aí aconteceu o 1º episódio trágico-cómico vivido ao lado do meu amigo Chico Monteiro. Desembarcámos de noite na zona de Gâ João, e progredimos em direcção à tabanca respectiva. Cerca das 0700h, tivemos o nosso 1º contacto de fogo. Atravessávamos uma zona aberta quando ouvimos a primeira rajada do IN para a testa da coluna. O Chico, eu e a minha ordenança, o Júlio, comprimíamo-nos atrás de um monte de baga-baga, tentando ver o que se passava à nossa frente, onde a 3 ou 4 metros seguia a ordenança do Chico Monteiro, o Parafuso. Este, perante o fogo da emboscada, mergulhou num buraco que de tão pequeno, só lhe tapava e mal a cabeça. Claro que as balas começaram a cair ao lado do “rabo de fora” do Parafuso que estaria provavelmente convencido que estava seguro. Ao ver a cena o meu amigo Chico Monteiro bem gritava: - “Parafuso sai daí, abrigate aqui ao pé de nós!”. Claro que o Parafuso só gritava: “Não vou porque eles estão-me a ver”. E, de facto era verdade, o IN estava mesmo a vê-lo, pois as munições não paravam de bater no chão à sua volta. Como a situação não se alterava o Chico Monteiro lá teve de sair de trás do monte e puxar o Parafuso para junto de nós, ficando uma amálgama de quatro homens que se colavam com força à sombra do montículo, que se tornava cada vez mais pequeno para nos tapar a todos. E assim foi o nosso 1º contacto de fogo na Guiné, caricato pelas exclamações do Parafuso quando corria perigo de vida e, simultaneamente, grande pela lição de solidariedade que o meu amigo Chico nos deu a Continua na página seguinte » Lançamento ao mar das cinzas de Cte Oliveira Monteiro Associação de Fuzileiros | 2010 24 In Perpetuam Memoriam em MemÓria do amigo Francisco Oliveira Monteiro » Continuação da pág. anterior todos. Confirmámos aquilo que tínhamos aprendido no curso na Escola de Fuzileiros, “um por todos e todos por um”. A história seguinte sucedeu na operação Rasto, na margem sul do Rio Cacine, em 25 Novembro 1965, local que naquela altura, era dos mais complicados do ponto de vista operacional. Já pela manhã, eu e o Chico Monteiro pisámos, inadvertidamente, um trilho de formigas gigantes (julgo que seriam baga-baga) e fomos literalmente assaltados pelas ditas feras que entravam pelo nosso camuflado adentro. A situação tornouse de tal modo complicada que pura e simplesmente eu e o Chico Monteiro tivemos que tirar os camuflados para arrancar as formigas do nosso corpo que ficou com as cabeças dos “carnívoros” agarradas, enquanto nós, em pelota, ficávamos com o corpo delas entre os nosso dedos. Enfim, num sítio onde o IN era muito forte, ver os segundos responsáveis pelos DFE’s em pelota desvairados a caçar formigas sem nos lembrarmos que podíamos literalmente ser apanhados de calças na mão, era um quadro no mínimo desesperadamente ridículo. Por fim lá continuámos a operação, e em dado momento tivemos mesmo que atravessar uma clareira, coisa muito perigosa, pois não tínhamos possibilidade de nos abrigar em caso de emboscada. Infelizmente assim aconteceu. Ia a testa da coluna a meio da referida clareira, quando fomos fortemente emboscados pelo IN, que estava enfiado connosco e emboscado na mata, e nos alvejou com RPG’s e tiros de metralhadora. Atiramo-nos todos ao chão e, enquanto tentávamos ver se ninguém estava ferido, aconteceu que um T6 que estava perto de nós, pilotado pelo grande aviador Honório, caiu de asa e largou uma bomba sobre o IN que nos tinha surpreendido, em situação totalmente desfavorável para nós. Salvou-nos. Associação de Fuzileiros | 2010 A urna do comandante Oliveira Monteiro em câmara ardente Com este cenário o Chico Monteiro deu o grito de retirada para a orla da mata donde tínhamos vindo, ordem que não foi fácil de cumprir, pois acabámos por perder o contacto visual entre nós. Eis senão quando chega o Comt. Metelo e pergunta ao Chico: - “Estão todos ou falta algum?”. O meu amigo Chico e eu lá contámos o pessoal e verificámos que faltavam 3 ou 4 elementos, entre eles um guia nativo do DFE 9 e um Sarg. do DFE 4, o Lopes Henriques. Reacção imediata do Chefe Metelo (que não hesitava em momentos difíceis) dirigindo-se ao Chico e a mim gritou: - “Tudo para a clareira e vão buscar os homens que faltam”. Lá partimos nós rastejando, debaixo de algumas rajadas esporádicas, tentando encontrar os elementos que tinham ficado na clareira, o que aconteceu pouco depois. Os homens apanharam, sem dúvida, um valente susto, e nós sentimos na pele as consequências do que uma falta de controle pode provocar em situações de grande pressão. Algo correu mal naquela retirada. Mais uma lição aprendida e prudentemente agarrada na nossa memória. Mais episódios ainda eu poderia contar, e alguns deles bem mais dramáticos, onde sempre sobressaíram as qualidades humanas do Chico. Não é agora altura de o fazer. Em algum momento futuro, se Deus permitir, isso acontecerá. Hoje, 21 de Janeiro 2010, o Chico partiu, deixando-nos a todos que com ele partilhámos momentos difíceis, mais pobres e mais tristes. A sua não presença, em primeiro lugar sentida pela sua família próxima, depois pelos elementos do seu DFE, a começar pelo Comt. Metelo de Nápoles, e depois pelos vários fuzileiros do DFE 9 que tive oportunidade de abraçar no dia do funeral, entre eles, a sua ordenança, o Parafuso, que não conseguia conter as lágrimas que lhe corriam pela cara. Partiu um Homem de Valores, competente, corajoso, solidário e generoso. A sua amizade não será por nós esquecida. Chico, até sempre, onde quer que tu te encontres... voltaremos a ver-nos... In Perpetuam Memoriam Desde a saída dos dois últimos números da revista “Desembarque” tivemos conhecimento dos falecimentos de nove camaradas, todos sócios da nossa Associação, enviando os nossos sinceros pêsames às suas famílias. Um deles, o Filipe Custódio da Palma, teve de ser apoiado para que tivesse um funeral digno. Transcrevemos partes de uma carta que o sócio José João Santos Sara enviou à Associação de Fuzileiros a este respeito. “Em meu nome pessoal e do 1º Destacamento de Fuzileiros Especiais (Moçambique 19641966), vimos agradecer todo o empenho e diligências que a Associação de Fuzileiros, na pessoa do sr. Sarg. Francisco Egas Soares, secretário da nossa Associação, empreendeu para que 25 o nosso companheiro Filipe Custódio da Palma tivesse um funeral digno de alguém que serviu a Pátria, tanto na guerra como na paz”. Agradecemos, comovidamente, a carta enviada por este sócio e reafirmamos que a nossa Associação foi criada para servir os Fuzileiros, em particular quando eles mais precisam. Associação de Fuzileiros | 2010 26 Missões dos Fuzileiros O PELBOARD NO COMBATE À PIRATARIA SOMALI Equipa PELLBOARD com equipamento capturado As notícias vão chegando, com alguma frequência, sobre o sucesso da participação da Fragata Côrte-Real (FRAREAL) no combate à pirataria marítima ao largo da Somália, a qual, desde o início do segundo trimestre de 2009, cumpre a missão de Navio-Chefe da SNMG1 (Standing NATO Maritime Group ONE). Permanentemente atribuída à NATO, a SNMG1 é uma Força Naval multinacional que garante à Aliança a capacidade de responder rapidamente a situações de crise em qualquer parte do mundo. O Contra-almirante Pereira da Cunha exerceu, desde 23 de Janeiro de 2009 a 25 de Janeiro de 2010, o Comando desta Força de reacção imediata da NATO. Quem são, militares? Os relatos, mais ou menos esclarecidos, vindos a público pelos diversos meios de comunicação social sobre o desempenho deste navio, referem-se aleatoriamente à intervenção de “uma equipa de Fuzileiros da Côrte-Real”, “militares da Côrte-Real” ou “uma força da Côrte-Real”. Os fuzileiros ali presentes constituem um “Grupo de Abordagem” do Pelotão de Abordagem (PELBOARD). Para atingirem estas capacidades, os militares do PELBOARD passam por um processo de selecção rigoroso, por acções de formação específicas e por treinos dirigidos muito exigentes, atingindo padrões credíveis de proficiência necessários ao cumprimento de missões a bordo dos Navios de Guerra Portugueses, quer nestas quer noutras operações de interesse nacional. Associação de Fuzileiros | 2010 afinal, estes Trata-se de um Grupo de Abordagem constituído por Fuzileiros pertencentes ao Batalhão de Fuzileiros nº1 – PELBOARD – cujo conceito de emprego legal está direccionado para actuação em conjunto e de forma integrada, com as Unidades Navais e seus helicópteros, actuando prioritariamente como “Grupo de Segurança”, devendo estar preparado para executar tarefas de abordagem por meios aéreos e de superfície e para enfrentar situações progressivas de ameaça, designadamente no âmbito de acções de combate a actividades ilícitas, como é exemplo do combate à pirataria marítima. Aproximando-se, do seu termo, esta missão ao largo da Somália, é justo referir que a capacidade já demonstrada por este “Grupo de Abordagem” tem contribuído, também, para o sucesso que o NRP Côrte-Real tem vindo a alcançar nestas latitudes, registando-se, para o futuro, duas importantes intervenções: - No final de Abril, impediram um ataque de piratas a um petroleiro norueguês com pavilhão das Bahamas. Foram presos 19 piratas e a respectiva embarcação, assim como um vasto arsenal, incluindo explosivos de grande potência; - Em 22 de Junho, impediram o sequestro de um cargueiro de Singapura, prendendo 8 piratas e a respectiva embarcação, assim como o armamento que transportavam, as escadas e outro material que serviria para o assalto. Como na anterior, esta operação foi de elevado risco ao exigir perseguição e uso de vários métodos para tentar a rendição dos piratas, o que foi conseguido. Sarg. Almeida Rendições Base de Fuzileiros No passado dia 22 de Dezembro de 2009, tomou posse como Comandante da Base de Fuzileiros, o CMG FZ Alberto António Ova Correia, em substituição do CMG FZ António da Silva Campos. A cerimónia foi presidida pelo VALM Saldanha Lopes, actual Comandante Naval , tendo estado presente o Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Cortes Picciochi, além de outros Oficiais e convidados Estado-maior e operações 27 CATT O comandante do Corpo de Fuzileiros, almirante Cortes Picciochi, presidiu, a 11 de Fevereiro, à cerimónia de rendição do comando da CATT (Companhia de Apoio de Transportes Tácticos), unidade que enquadrará os novos veículos blindados de transportes tácticos, conhecidos por VBLA. O novo comandante desta unidade, Rodrigues Palma, sucede ao comandante Neves Varela, que ascendeu ao cargo de chefe do Centro de Situação Operacional do Corpo. Comunicações & Logística No dia 04 de Fevereiro de 2010 teve lugar, no Salão Nobre, na Base de Fuzileiros, a cerimónia de tomada de posse do cargo de Chefe do Centro de Comunicações do Comando do Corpo de Fuzileiros pelo 2ten fz tiago josé de jesus gameiro catela, e a cerimónia de tomada de posse No dia 15 de Janeiro de 2010 teve lugar, no Salão Nobre, na Base de Fuzileiros, a cerimónia de tomada de posse do cargo de Chefe do Estado-Maior do Comando do Corpo de Fuzileiros pelo CFR FZ Carlos Teixeira Moreira; e a cerimónia de rendição do cargo de Chefe da Secção de Operações do EstadoMaior do Comando do Corpo de Fuzileiros, tendo sido exonerado o CFR FZ Mário Rui Gomes Tavares e empossado o CFR FZ Pedro Eduardo Fernandes Fonseca. do cargo de Chefe da Secção de Logística do Estado-Maior do Comando do Corpo de Fuzileiros pelo CFR SEF Carlos Alberto dos Santos Madureira. Associação de Fuzileiros | 2010 28 Dia do Fuzileiro 2.ª Edição CONVITE DO COMANDANTE DO CORPO E DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO No próximo dia 10 de Julho, terá lugar, na Escola de Fuzileiros, o “Dia do Fuzileiro”. Trata-se de um dia onde se pretende reunir, na casa-mãe, as antigas e novas gerações. Uma cerimónia simples, onde a presença de todos lhe emprestará a dignidade que lhe é devida. O sucesso do ano anterior serviu de estímulo à sua continuidade. Aprendemos e vamos melhorar o que correu menos bem. O seu programa, bem como a indicação da forma de confirmar a presença, estarão disponíveis, logo que possível, na página no sítio http://fuzileiros.marinha.pt/CFuzileiros/site/pt e www.associacaofuzileiros.pt O almirante Cortes Picciochi e o Presidente da direcção da AF fazem este convite, através do Desembarque, endereçado, a título pessoal, a cada um de vós, deixando uma especial saudação e um abraço fraterno. A cerimónia da primeira edição ocorreu a 27 de Junho, estando presentes cerca de dois mil participantes (fuzileiros e suas famílias). Do evento fizeram parte um desfile militar e uma cerimónia de confraternização entre os actuais e antigos fuzileiros, que decorreu nas instalações da Escola de Fuzileiros. O Museu do Fuzileiro esteve aberto ao público e houve a apresentações várias de equipamentos e armamentos militares, bom como uma demonstração de cães de guerra. ASSINATURAS O Desembarque é a revista da Associação de Fuzileiros distribuída gratuitamente aos seus sócios. No entanto, nada impede que a exemplo de outras congéneres, possa também ter os seus assinantes. Para dar satisfação a alguns sócios, que manifestaram interesse em se tornarem assinantes do Desembarque. Aqui se dá conta, da primeira lista de subscritores, (1ª Secção de Assalto) contribuindo assim para atenuar os custos da sua impressão e distribuição. O valor anual da assinatura será de 10,00 €. Caso queira fazer parte deste grupo solidário, preencha o destacável, (ou use uma fotocópia, se não quiser cortar a revista) e envie para a Associação. Já assinaram: Nome Afonso Meneses dos S. Brandão 1277 António Carlos Ribeiro (Toni) 1053 Fernando Garcia Mendes Costa 1772 Francisco Manuel Neves Jordão 1634 José Coelho Coisinhas 147 José Lopes Henriques 938 Júlio Jorge Correia Lopo 1807 Manuel António F. Piteira 1423 Manuel Martins Teixeira 218 Manuel Pires da Silva 513 Mário Henriques Manso 161 Oscar da Conceição Barradas Santos Associação de Fuzileiros | 2010 Sócio 1670 Destaque 29 Visita do Comandante do Corpo de Fuzileiros ao Afeganistão Entre os dias 16 e 17 de Dezembro de 2009, uma delegação do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) e dos três Ramos, Marinha, Exército e Força Aérea visitou as Forças Nacionais Destacadas (FNDs) no Afeganistão. A delegação era chefiada pelo MGEN Martins Ribeiro do EMGFA e incluía o Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Cortes Picciochi, da Marinha, e outros Oficiais representando o EMGFA, o Exército e a Força Aérea. Encontram-se em missão no Afeganistão 104 militares portugueses dos três Ramos das FAs, dos quais 35 da Marinha, sendo 29 Fuzileiros. Em pouco mais de 24 horas, o Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Cortes Picciochi, teve oportunidade de inteirar-se acerca dos trabalhos que estão a ser realizados pela Equipa de mentores da Operational Mentor and Liaison Team (OMLT) GSU, que assessoria a Garrison HQ do Corpo de Exército 201 em Pol-e-Charki, pela Equipa de mentores da OMLT KCD, que presta assessoria à Kabul Capital Division (KCD), pelos militares do Destacamento médico português, em serviço em Kaia no Hospital Multinacional ROLE 3 e, pelos militares do Módulo de Apoio, que asseguram ta- refas ao nível da manutenção, das comunicações e de Force Protection. Foi um Programa de Visita intenso, tendo permitido ao Comandante do Corpo de Fuzileiros estar com todos os militares Fuzileiros e da Marinha em missão no Afeganistão bem como contactar com diversas entidades da International Security Assistance Force (ISAF/NATO) e do Exército Afegão. No âmbito deste Programa teve a oportunidade de visitar Camp Warehouse, a KCD e o Hospital Multinacional ROLE 3 em Kaia. Em Camp Warehouse o Comandante do Corpo de Fuzileiros contactou com os militares Fuzileiros e da Marinha que integram a 4ª OMLT GSU e o Módulo de Apoio. Acompanhou as rotinas e apercebeu-se das dificuldades, dos riscos e dos desafios dos marinheiros que estão em missão, permitindo assim ficar com uma nova perspectiva acerca do que verdadeiramente se faz no Teatro do Afeganistão. No final dirigiu algumas palavras de incentivo e apreço a todos os Fuzileiros e militares da Marinha, desejando votos de continuação de uma boa missão e de um Bom Ano 2010. Na visita à KCD foi reconhecido o trabalho desenvolvido pelos militares portugueses e, os rasgados elogios a Portugal foram uma constante. A KCD é a principal responsável pela segurança na cidade e província de Cabul. No Hospital Multinacional ROLE 3, em Kaia, visitou as instalações e constatou a importância do Destacamento médico português para o bom funcionamento deste Hospital. Portugal tem o 2º maior contingente em missão, 16 militares dos três Ramos das FAs, dos quais cinco são da Marinha, prestando apoio permanente em cuidados de saúde aos militares da ISAF, do Exército do Afeganistão e à população carenciada da cidade de Cabul. O Programa da Visita da delegação culminou com um almoço em Kaia, onde estiveram presentes os Comandantes das FNDs, onde de seguida foram trocadas algumas lembranças. Associação de Fuzileiros | 2010 30 As nossas armas MG42- Metralhadora de Fuzileiros (Parte-1) Tendo surgido a oportunidade, julgamos interessante publicar neste espaço um artigo sobre a MG42 e MG3, pois trata-se duma arma cheia de carisma e comum a várias gerações de Fuzileiros... Introdução 1985 Marca o meu primeiro contacto com uma metralhadora MG3, aquando do meu curso de Fuzileiro da Amada Portuguesa. Desde logo me apercebi que esta arma, mais concretamente a MG42, detinha uma elevada mística entre os Fuzileiros Especiais que serviram na Guerra Colonial, sendo que a MG42 era tema de conversa assíduo e parte integrante dos combates mais importantes ocorridos naquelas terras. Um ano mais tarde, vi-me na posição de chefe de equipa da metralhadora MG3 e nessa posição tive oportunidade para explorar bem o potencial desta arma. Ponderei bastante sobre a tarefa de escrever um artigo sobre a MG3, pois não obstante o facto de a ter carregado às costas por todo o lado e ter disparado milhares de munições, cedo me apercebi das dificuldades que iria encontrar, tal é o historial desta arma. Contudo, a história desta metralhadora que tanto serviu e serve Portugal, merece ser contada, tenha embora a consciência que num simples artigo é quase impossível escrever tudo o que devia ser escrito, fica aqui o desafio... O termo Metralhadora de Uso Polivalente significa que estas armas podem ser empregues numa larga variedade de cenários operacionais, nomeadamente como armas de infantaria de elevado ritmo de fogo, montadas em viaturas, meios navais, defesa de instalações militares e ainda como armas anti-aéreas contra aviões a baixa altitude. A MG3 é o último modelo duma longa linhagem de metralhadoAssociação de Fuzileiros | 2010 ras alemãs de uso polivalente. Com uma reputação forjada em combate, quando bem operada, esta arma é extremamente fiável, robusta, simples de operar e dotada de um elevadíssimo potencial mortífero, que só encontra rival nas modernas metralhadoras dispondo de canos múltiplos. Escrever sobre a MG3 é escrever sobre todos os outros modelos de metralhadoras que a antecederam, mas cujo relacionamento é íntimo, sendo assim obrigatório descrever, ainda que de modo ligeiro, os aconte- Sempre boa companheira No ataque era uma fera Sempre muito prazenteira Foi grande amiga na guerra cimentos históricos e modelos que conduziram ao surgimento da MG3. A metralhadora MG34 Conforme descrito numa das cláusulas do Tratado de Versailles (1919), a Alemanha estava proibida de desenvolver e produzir qualquer tipo de arma de tiro rápido. Contudo, em 1920 os fabricantes de armamento Alemães Rheinmetall-Borsig e Mauser Werke AG, encontraram formas de contornar esta questão, ao deslocalizarem a produção para países como a Áustria e a Suíça. Aí, pesquisas e desenvolvimentos sobre armamentos arrefecidos a ar tiveram como consequência a produção de algumas metralhadoras, nomeadamente os modelos Solothurn 1930/MG30, MG15, MG17, MG 131 (estas três ultimas concebidas como metralhadoras para aviação), MG151 e a MG34. De todas as metralhadoras concebidas até então, a MG34 (apresentada em 1934) era a que apresentava o melhor design para servir como metralhadora de uso polivalente, sendo capaz de disparar muitos tiros durante longos períodos de tempo, graças à capacidade de trocar rapidamente de cano. Em 1936 e após aprovação das Forças Armadas Alemãs, deu-se início à sua produção em larga escala. De imediato a MG 34 foi um enorme sucesso, tendo sido adquirida por todos os Ramos das Forças Armadas e Polícia Alemã. A infantaria podia disparar a MG34 a partir da utilização de bipés e tripés (e ainda a partir das designadas posições de assalto). Até ao final da II Grande Guerra a procura por metralhadoras MG34 foi sempre alta, mas a produção não conseguia acompanhar as necessidades bélicas das Forças do Eixo, não somente pela complexidade e morosidade do seu fabrico, mas As nossas armas também pela perda de tempo gasta em novos acessórios e outros gadgets. Não obstante tratar-se duma arma excepcionalmente bem conseguida, as MG4 ao serviço da infantaria eram sensíveis à neve, lamas e outras sujidades as quais provocavam inúmeras falhas de fogo. Foram construídos ainda outros modelos que incluíam a MG34m dispondo dum cano mais pesado (para servir em carros de combate), uma versão curta designada por MG34s e a MG34/41 para fogo antiaéreo. Foram construídas mais de 300.000 metralhadoras MG34. A metralhadora MG42 Não obstante as excepcionais qualidades da MG34, estas eram muito delicadas para a tarefa e a sua produção muito cara. Então, os engenheiros da Mauser (também já ocupados na produção de metralhadoras MG34 e na não menos famosa pistola-metralhadora MP40) começaram a pensar num modo mais simples para produzir metralhadoras, tendo por base a experiência obtida com os métodos de produção empregues no fabrico da MP40. Os engenheiros de armamento sabiam que alguns dos componentes da MG34 podiam ser melhorados e foi desta amálgama que nasceu a MG39/41, a qual, após uma extensa bateria de ensaios e testes altamente satisfatórios, foi rebaptizada com o legendário nome de Maschinengewehr 42 ou MG42. O método de produção das MG42 era tão eficiente que atingiu escalas de produção nunca antes vistas neste tipo de armamento. O baptismo de fogo da MG42 deu-se em 1942 na Frente Russa e no Norte de África e depois disso “combateu” em todos os teatros de operações, mas sem nunca ter completado o papel para que tinha sido construída ou seja substituir a MG34. Foi naquele conflito mundial que a Ontem e hoje sempre nobre Com todos filhos da escola Uma dádiva em nada pobre Que todos os Fuzos consola MG42 alcançou uma tremenda reputação e o respeito de todos os combatentes, sendo ainda hoje recordada por muitos dos veteranos em entrevistas, filmes e documentários como 31 uma verdadeira “máquina assassina”, cujo som característico produzido pelos disparos era imediatamente reconhecido e mote para grandes preocupações. Nos últimos anos de guerra, o fabricante Mauser começou a desenvolver a MG45, esta última dotada de um ainda maior ritmo de fogo, mas com o final da guerra o seu desenvolvimento foi abandonado, mas a MG42 continuaria a servir em muitos dos actuais exércitos. Sarg. Fz. Miranda Neto Agradecemos a contribuição dos camaradas, com textos e fotos (se possível) sobre a MG42, destacando a sua prestimosa colaboração nas acções de combate, durante a Guerra Colonial. Características da MG34 Calibre....................................................................... 7.92mm Comprimento Total.................................................. 1,219mm Comprimento do Cano................................................ 627mm Peso................................. 11.5kg com bipé; 29.7kg com tripé Velocidade à Boca..................................................... 755 m/s Alcance Máximo Efectivo.............................................. 2000m Ritmo de Fogo............................. 800-900 tpm (fogo cíclico) Alimentação...................................... Fitas para 50 munições ou tambor para 75 munições Características da MG42 Calibre........................................................................ 7.92mm Comprimento Total................................................... 1220mm Comprimento do Cano................................................ 533mm Peso: 11.5kg com bipé................................ 29.7kg com tripé Velocidade à Boca..................................................... 755 m/s Alimentação...................................... Fitas para 50 munições Alcance Máximo Efectivo.............................................. 2000m Ritmo de Fogo.................................. 1550 tpm (fogo cíclico) Associação de Fuzileiros | 2010 32 Desporto Tiro Prático Desportivo Passado mais um ano, chega a altura de fazer o balanço das actividades desportivas. Sendo actualmente o nosso maior impacto desportivo as modalidades de Tiro de Recreio e Desportivo, é de realçar que a Secção de Tiro da Associação de Fuzileiros tem vindo a crescer e como consequência disso tem vindo a participar cada vez mais em competições dentro das diversas modalidades! A Equipa de Tiro Prático Desportivo (IPSC) que em 2009 contava com cinco atiradores em competição, efectuou várias provas de nível Nacional e Internacional de Norte a Sul do País, tendo obtido as seguintes classificações individuais a nível de Ranking Nacional na Divisão de Modified: 8º / 9º / 12º / 15º / 38º lugar! A Associação de Fuzileiros esteve representada com quatro do seus atiradores no Camp. Nacional de IPSC, que se realizou em Braga no passado dia 04/05 de Outubro de 2009, prova de grande envergadura que contou com vários atiradores estrangeiros. Com muita pena, e uma grande perda para a Equipa de Tiro de IPSC da nossa associação, o sócio Nuno Arrojado viu-se na necessidade a abandonar a práAssociação de Fuzileiros | 2010 tica de tiro desportivo por motivos vários! O sócio Nuno Arrojado, portador do Titulo de Mestre Atirador emitido pela Federação Portuguesa de Tiro, foi a “fonte de ignição” do surgimento do tiro de IPSC na Associação de Fuzileiros, foi com ele que demos os primeiros paços dentro da modalidade que até à data nos era desconhecida Valeu-nos a passagem do seu conhecimento como grande atirador, para que hoje possamos estar onde estamos e a seguir o caminho que estamos a seguir! A Secção de Tiro da Associação de Fuzileiros, agradece-te toda a tua dedicação e deseja-te um bom futuro pessoal e profissional! O nosso obrigado! Para o ano de 2010, a Equipa de IPSC apresenta-se com dois novos atiradores, passando a fazer-se representar com seis elementos, mas um futuro risonho prevê-se devido ao conhecido interesse de novos sócios nesta modalidade! É de salientar também, as competições em Pistola de AR Comprimido (PAC) e Carabina de Cano Articulado ( CCArt. ), onde a maioria dos nossos atiradores compete e pouco a pouco tem vindo a marcar posição! Actualmente a Secção de Tiro da Ass. de Fz. tem 17 sócios Federados em Competições dentro das várias modalidades praticadas a Nível Nacional! Na Área de Actividades de Ar Livre, temos previsto a realização de passeios pedestres na Serra da Arrábida e Serra de São Luís ao longo do ano que estarão brevemente disponíveis com as respectivas datas no nosso Site na Internet . As Cartas de Campista e de Montanheiro, já se encontram disponíveis para levantamento na Sede da Ass. de Fz., bem como a aceitação de novas inscrições! Relembro que ser-se portador da Carta de Campista permite-nos aceder aos parques de Campismo da Federação com condições e preços bastante convidativos A Secção Desportiva, continua a procurar Sócios Efectivos que tenham vontade e disponibilidade para dar vida e coordenar novas secções como é o caso do BTT, Orientação Desportiva, entre outras! Quem se sentir a vontade nestas áreas, não exite em contactar a nossa Associação que necessita de se tornar mais activa desportivamente e que para o qual somos todos necessários! Saudações desportivas, Espada Pereira Desporto 33 EQUIPA DE TIRO DINÂMICO EM TAVIRA No passado dia 20 de Fevereiro de 2010, a Equipa de Tiro Dinâmico ( IPSC) da Associação de Fuzileiros deslocou-se a Tavira no Algarve para realizar a 1ª prova de tiro de 2010, tendo sido ela o “OPEN de IPSC da Cidade de Tavira 2010 “. total de oito pistas e com uma qualidade e nível de dificuldade bastante boa, a prova realizouse num ambiente de grande desportivismo e convívio entre os atletas dos vários clubes Nacionais e Estrangeiros que estiveram presentes! Com as nuvens a ameaçar tornar a prova num verdadeiro “teatro anfíbio”, lá se iniciou as competições ás 14.00h. Com o Apesar de alguns dos atiradores já terem concluído a prova de noite e terem sido um pouco penalizados por isso a nível de resultados finais, podemos concluir que foi uma prova bastante boa a nível geral! Na Divisão de Modified em que a nossa equipa competiu, obtivemos como resultados finais o 4º,5º, 8º,9º, 10º 11º lugares! Está previsto a próxima competição para 29/30 de Maio, que será o Campeonato Regional Sul a realizar-se também em Tavira! Associação de Fuzileiros | 2010 Opinião 34 O espírito de corpo No relatório do General Pereira de Eça, Comandante em Chefe das forças expedicionárias portuguesas que combateram no sul de Angola em 1914-1915, durante a primeira guerra mundial e nas quais estava integrado o batalhão de Marinha, lêem-se as seguintes palavras a propósito do desempenho destes antepassados recentes dos actuais Fuzileiros: “Todas as unidades cumpriram o seu dever de forma a justificar o grande orgulho que sinto em tê-las comandado; porém, julgo merecedor de especial menção do batalhão de Marinha. Esta unidade mostrou sempre a maior correcção, a nítida compreensão dos seus deveres cívicos e militares tanto no período que antecedeu às operações como durante as operações. Foi sem o menor exagero uma unidade de elite, cuja têmpera fica definida dizendo que foi a mais resistente nas marchas, a mais esforçada nos combates, e durante os quatro dias em que, na Mongua, estivemos reduzidos a um quarto de ração, as suas sentinelas chegaram a cair de fraqueza nos respectivos postos, sendo imediatamente rendidas sem que disso o comando superior tivesse conhecimento, pois essa unidade sabia bem que esse comando nada podia fazer que modificasse de pronto a situação.” No mesmo relatório, o General Pereira de Eça elogia também o inimigo, “como é de justiça”, e com uma notável elegância de carácter, refere-se a este como um “adversário cuja bravura foi inexcedível”. Resta ainda acrescentar que, em contraste com o que acontecera durante as missões de pacificação dos finais do século XIX, este inimigo se encontrava bem armado e treinado pelos nossos opositores no conflito. Entre os oficiais que integravam o batalhão de Marinha figuravam o então 1º Tenente Afonso Cerqueira, figura emblemática e referencial de Oficial de MariAssociação de Fuzileiros | 2010 nha, protagonista de inúmeros actos tanto de bravura como de altruísmo, cujo nome se encontra hoje atribuído à nossa corveta F488, e outros dois heróis navais o então 2º Tenente Carvalho Araújo mais tarde morto em combate já como 1º Tenente, no comando do caça minas “Augusto de Castilho” durante o valoroso combate desigual contra um submarino alemão ainda durante a primeira guerra mundial, e o 1º Tenente Raul Cascais também posteriormente morto durante o mesmo conflito, quando comandava o caça minas “Roberto Ivens” que embateu numa mina inimiga ao largo de Cascais. Os uniformes no batalhão de Marinha correspondiam ao padrão cinzento característico dos corpos expedicionários da época. No entanto, as praças assumiam ainda assim o atavio de nele conservarem o alcache, que lhes conferia identidade e garbo. Releio as palavras do General Pereira de Eça com a mesma emoção que senti quando as li pela primeira vez! Pois do exemplo e do valor do batalhão de Marinha, onde os actuais Fuzileiros se revêem sem dúvida mediante episódios de algum modo semelhantes, transparece um espírito sublime e intemporal da alma militar, que lhe acrescenta a capacidade colectiva para as mais prodigiosas e arrebatadoras realizações humanas. O espírito de corpo. Obviamente que o espírito de corpo tem de coexistir necessariamente com outras virtudes importantes tanto individuais como colectivas, como a boa formação humana, o entendimento, a honestidade, a camaradagem ou a lealdade, mas é este que cimenta a coesão do grupo e que lhe confere a capacidade de se articular como uma equipa eficiente, capaz de atingir objectivos. Trata-se de um forte denominador comum que produz confiança porque cada elemento se encontra disponível para se colocar ao serviço do grupo e sabe que pode contar com ele também. Produz respeito sincero e confiança, alicerçados em relações de admiração recíprocas que atenuam os eventuais atritos, tanto interpessoais como entre a hierarquia, partilhando-se naturalmente o conhecimento e a consciência das coisas ou seja, geram-se sinergias que acrescentam eficiência, porque produzem economia de tempo e de esforço, logo, muito menor desgaste. Eleva também o moral e produz boa disposição, condição essencial para o sucesso de qualquer grupo, porque lhe permite recuperar melhor nas adversidades e porque se multiplica com os êxitos. É pena que este admirável espírito, não se alargue também a outras áreas da convivência humana como instrumento de suporte, acima de tudo para a justa solução dos problemas sociais onde as dissonâncias e as assimetrias se instalam com frequência, ao ponto de cortarem a comunicação vital e de criarem mentalidades individualistas, essencialmente egocentristas, egoístas e estéreis. Aqui fica pois a minha modesta mas sentida homenagem às forças expedicionárias portuguesas que combateram no sul de Angola em 1914-1915 com uma especial deferência para os bravos do batalhão de Marinha, esses notáveis antepassados de todos os nossos Fuzileiros. Comte António Ribeiro Ramos Sócio Simpatizante nº 1053 Fuzo-Poesia 35 a minha homenagem Partistes sem ter idade E tinhas muito para viver Eras duro de verdade Mas não conseguiste sobreviver Fica a minha homenagem A um Fuzileiro Especial Continuas em romagem Como tu não houve igual Se houver para lá da vida Um paraíso para recordar Vou pedir a Jesus Cristo Para de novo nos juntar Partistes muito antes da hora Mesmo assim deixaste história Valores que não deito fora Homenageando tua memória Eras um homem com bravura Não escolhias os momentos Não dispensavas ternura Eras o LAJE, o oitocentos O meu nome soletraste Pouco antes da partida Depois sei que choraste De seguida perdeste a vida Foram oito anos contigo Aturei-te por querer Foste sempre meu amigo Mas não te pude valer Por tudo quanto te marque No apoio aos coitadinhos Debitou para o Desembarque O teu amigo Matosinhos Não fugias ao momento Não te fazias manhoso Fizesse chuva ou vento Assoavas qualquer ranhoso João Lopes Martins Fuzileiro Especial, 6931 “O Matosinhos DOIS AMIGOS DE VERDADE EM ÁGUAS DO MESMO LEITO LIGADOS PELA LEALDADE DUPLA DE GRANDE RESPEITO Cabo FZE Lage (Oitocentos) Cabo FZE Martins Matosinhos Sabadino portugal Informa-se que no dia 8 de Maio se vai realizar, na Quinta Valenciana, um almoço convívio abrilhantado com música, que tem como objectivo angariar fundos para que Sabadino Portugal possa ir a Moçambique visitar a família, e a terra onde nasceu. E até mesmo, iniciar por lá a sua vida. O preço por adulto será de 20,00 €. A Associação de Fuzileiros dispõe-se colaborar com a aceitação das inscrições e informações aos associados e demais interessados. É caricato e incompreensível que uma pessoa, passados mais de quarenta anos de ter nascido em território Português – e sem nunca dele ter saído! – até à data, ainda lhe seja negado o acesso ao trabalho, por não ter bilhete de identidade. Documento, que lhe tem vindo a ser negado, pelas muitas dificuldades burocráticas com que as autoridades o confrontam, e a todos quantos se propuseram ajudá-lo, “que têm sido os seus protectores, de várias décadas, desde a data em que foi poupado e protegido, nas matas de Moçambique”. Infelizmente que o Sabadino Portugal não é futebolista, ou estrangeiro, porque seria, num mês, cidadão nacional de plenos direitos. Qualquer cidadão se sentirá incomodado com o inexplicável desta história, porque ela ultrapassa tudo quanto é razoável. Servirá pelo menos, para que se compreenda muitas das angústias dos nossos semelhantes que se têm de confrontar, quantas vezes também, com incongruências duma máquina ferrugenta da administração Pública, que nada contribui para o progresso e humanização. Mário Manso Associação de Fuzileiros | 2010 36 Associação de Fuzileiros | 2010