ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTILO DE VIDA E EXPOSIÇÃO AMBIENTAL DE HOMENS
DE CASAIS INFÉRTEIS SERGIPANOS E ALTERAÇÕES DO ESPERMOGRAMA, EM
UMA CLÍNICA DE REPRODUÇÃO DE ARACAJU
IÚRI DONATI TELLES DE SOUZA 1, ANDRÉA PORTO PINHEIRO TELLES 1, VICTOR CÉSAR DE PAULA S. NASCIMENTO 2,
DANIELE PINHEIRO DE FREITAS 2, PAULA DUARTE DO NASCIMENTO ABUD 3, ADRIANO ANTUNES DE SOUZA ARAUJO 4.
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1-Médico Ginecologista Fertilità Medicina Reprodutiva;
2-Biomédico e embriologista do laboratório de fertilizazão in-vitro da Fertilità Medicina Reprodutiva;
3-Médica Ultrassonografista da Fertilità Medicina Reprodutiva;
4- Professor de Bioestatística da Universidade Federal de Sergipe.
INTRODUÇÃO:
A análise seminal é um método de investigação da capacidade reprodutiva masculina. Muitos estudos vêm demonstrando um declínio na qualidade do sêmen em todo o mundo1. Os
parâmetros seminais foram, recentemente, modificados pela organização mundial da saúde (OMS), e atualmente os indivíduos oligozoospérmicos são aqueles que apresentam
concentrações abaixo de 15 milhões de espermatozóides por mL. São tidos como hipospérmicos os que apresentam volume de ejaculado menor que 1,5mL, astenozoospérmicos os que
apresentam motilidade abaixo de 32% de espermatozóides progressivos, e teratozoospérmicos os que apresentam morfologia abaixo de 4% de normais2. A possibilidade do declínio na
qualidade do sêmen despertou interesses em se investigar como os fatores sócio-ambientais podem exercer efeitos prejudiciais sobre os parâmetros seminais1,3. Alguns estudos mostram que
o estilo de vida influencia nos diversos parâmetros demonstrando que o uso excessivo do álcool e do tabaco aliado a uma vida de stress e sedentarismo, são motivos para a diminuição da
qualidade seminal de homens em idade reprodutiva 1,3,5. Boa alimentação, rica em vitaminas e minerais, aliado a práticas regulares de exercícios físicos, e estilo de vida saudáveis, vem
sendo citados como fatores que podem ajudar a melhorar a qualidade seminal, solucionando problemas relacionados à infertilidade masculina6.
OBJETIVOS:
Avaliar o impacto do estilo de vida e da exposição ambiental sobre a fertilidade masculina em homens de casais inférteis sergipanos, numa clínica de reprodução humana de Aracaju.
MÉTODOS:
Estudo tipo caso controle, por meio da análise de questionário respondido por 263 homens que se submeteram a espermograma, na referida clínica. Fatores como: consumo excessivo de
álcool, tabagismo, uso de medicamentos, drogas e anabolizantes, prática de exercícios físicos, alimentação, exposição a agrotóxicos, pesticidas, raio-x, temperatura elevadas, vestimenta
quente ou apertada, DST´s, caxumba e padrão alimentar foram avaliados em associação com alterações da qualidade seminal: oligospermia severa, astenozoospermia, teratozoospermia e
hipospermia. Os dados foram analisados estatisticamente de forma descritiva utilizando gráficos e percentuais a partir do Programa Origin versão 8.1. Para comparação entre as frequências
absolutas dos grupos teste e controle (normais) foi utilizado o teste de associação do Qui-quadrado utilizando 95% de confiança.
RESULTADOS:
O estilo de vida e a exposição ambiental não se associaram com oligozoospermia severa, astenozoospermia, hipospermia e teratozoospermia. Uma vez que os portadores dessas alterações
seminais não apresentaram diferença estatisticamente significante quando expostos ou não a esses fatores.
Interferências ambientais
Uso de medicamentos
Prática de exercício físico
90
90
60
80
80
70
50
sim
não
40
30
Percentagem %
Percentagem %
60
40
sim
não
30
Percentagem %
50
70
20
60
50
sim
não
40
30
20
20
10
10
10
0
0
hipo
oligo sev
terato
asteno
normais
hipo
0
B
hipo
Gráfico 1: Associação de alterações seminais (Hipospermia, Oligozoospermia
severa, Teratozoospermia, astenozoospermia) com o uso de medicamentos (p >
0,05).
asteno
80
80
90
70
80
70
40
30
60
50
sim
não
40
30
Percentagem %
100
Percentagem %
90
sim
não
70
60
40
30
20
10
10
10
0
0
0
oligo sev
terato
asteno
normais
Gráfico 4: Associação de alterações seminais (Hipospermia, Oligozoospermia
severa, teratozoospermia, astenozoospermia) com o tabagismo (p > 0,05).
sim
não
50
20
hipo
normais
Uso excessivo de álcool
90
50
asteno
Gráfico 3: Associação de alterações seminais (Hipospermia, Oligozoospermia severa,
teratozoospermia, astenozoospermia) com interferências ambientais (p > 0,05).
Interferências alimentares
60
terato
normais
Gráfico 2: Associação de alterações seminais (Hipospermia, Teratospermia, Astenospermia)
com a prática de exercício físico (p > 0,05).
Tabagismo
Percentagem %
terato
oligo sev
20
hipo
oligo sev
terato
asteno
normais
Gráfico 5: Associação de alterações seminais (Hipospermia, Oligozoospermia severa,
teratozoospermia, astenozoospermia) com interferências ambientais (p > 0,05).
hipo
oligo sev
terato
asteno
normais
Gráfico 6 : Associação de alterações seminais (Hipospermia, Oligozoospermia severa,
teratozoospermia, astenozoospermia) com interferências ambientais (p > 0,05).
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO:
Na população estudada o estilo de vida e exposição ambiental não foram causa da alteração na fertilidade masculina. De acordo com meta-análise recentemente publicada os hábitos de vida
podem alterar a qualidade seminal de maneira variada nos diferentes países do mundo1. O tabaco se associa com redução da concentração total e da concentração de espermatozóides
progressivos em todos os países1.
REFERÊNCIAS:
1LI,
Y, et al. Association between socio-psycho-behavioral factors and male semen quality: systematic review and meta-analyses; Fertility and Sterility, v.95, n.1, p 116-123, 2011.
2World Health Organization. Who Laboratory manual for the examination and processing of human semen. Fifth edition, 2010.
3COELHO, C, et al. Tabaco e infertilidade masculina: Estudo Retrospectivo em casais Inférteis. Act Med Port, n 22, p.753-758, 2009.
4ÁLVAREZ, C, et al. Biological variation of seminal parameters in healthy subjects Human Reproduction, v.18, N.10 ,p. 2082- 2088, 2003 .
5PASQUALOTTO, EB, et al. A análise seminal deve ser requisitada para homens com histórico de fertilidade prévia?, Rev Bras Ginecol Obstet, v.28, n.11, 2006.
6EGOROVA, EA , et al. Studies of bioavailability of different food sources of selenium in experiment. Vopr Pitan, V.75, n. 3, p.45, 2006.
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Associação entre estilo de vida e exposição ambiental de homens