Revista_Imprensa_4_Novembro_2015 Revista de Imprensa 1. As coisas por aí, Correio da Manhã, 04-11-2015 1 2. Humor bananal, Correio da Manhã, 04-11-2015 2 3. O negócio da moção, Correio da Manhã, 04-11-2015 3 4. Costa admite assinar dois acordos: um com Bloco e outro com PCP, Diário de Notícias, 04-11-2015 4 5. Mondeléz despede cem trabalhadores, Diário de Notícias, 04-11-2015 7 6. "Não estou contratado a quatro anos, mas contratado ao dia" - Entrevista a Carlos Costa Neves, Diário de Notícias, 04-11-2015 8 7. Marcelo é contra "eleições todos os seis meses", Diário de Notícias, 04-11-2015 11 8. Internos processam hospital que os obriga a fazer urgências a mais, Diário de Notícias, 04-11-2015 12 9. Investidores dão sinais de desconforto com incerteza política, Diário Económico, 04-11-2015 13 10. A soberania segundo a esquerda, Diário Económico, 04-11-2015 20 11. Catarina Martins assegura que já há acordo para descongelar pensões. Comente., Diário Económico, 0411-2015 22 12. Bloco de Esquerda mata prova dos professores contratados, Diário Económico, 04-11-2015 23 13. Juízes aconselhados a não aceitarem mais execuções de dívidas, Diário Económico, 04-11-2015 24 14. Editorial - E quando o doping desaparecer?, Diário Económico, 04-11-2015 26 15. Onde está o radicalismo?, Diário Económico, 04-11-2015 27 16. Editorial- Cavaco nunca gostou de dúvidas nem de incertezas..., i, 04-11-2015 28 17. Vítor Ramalho ao i: "Se houver ministros do PC e do BE, o compromisso é muito maior" - Entrevista a Vítor Ramalho, i, 04-11-2015 29 18. Sindicato teme desemprego, Jornal de Notícias, 04-11-2015 32 19. CGTP e UGT esperam concertação social, Jornal de Notícias, 04-11-2015 33 20. Fenprof apela a concentração, Jornal de Notícias, 04-11-2015 34 21. Críticos de Costa antecipam fracasso do acordo com PCP, Jornal de Notícias, 04-11-2015 35 22. Bater a incontinência, Jornal de Notícias, 04-11-2015 37 23. PSD e CDS querem início parlamentar, Jornal de Notícias, 04-11-2015 38 24. Inspetores da ASAE lutam por estatuto profissional e melhores condições de trabalho, Jornal de Notícias, 04-11-2015 39 25. Ministro defende mais verbas para rastreios, Jornal de Notícias, 04-11-2015 40 26. Candidatos deixam recados aos negociadores políticos, Jornal de Notícias, 04-11-2015 41 27. Trabalhadores ferroviários reclamam anulação das privatizações no setor, Jornal de Notícias, 04-11-2015 42 28. TAP - Venda da Groundforce leva Fernando Pinto à PJ, Negócios, 04-11-2015 43 29. Bruxelas insiste que precisa do projecto orçamental, Negócios, 04-11-2015 45 30. Oxalá chova café!, Negócios, 04-11-2015 46 31. Desemprego terá caído para 11,7%, Negócios, 04-11-2015 47 32. Acordo à esquerda prevê mais IRC sobre dividendos, Negócios, 04-11-2015 48 33. Mulheres de negócios - o mundo estaria melhor com mais mulheres no topo?, Negócios, 04-11-2015 55 34. Assis, alternativa no PS e os outros partidos, Negócios, 04-11-2015 60 35. Passos Coelho está disponível para liderar um governo de gestão, Público, 04-11-2015 61 36. Edgar Silva acusa Calvão da Silva de ter “pecado”, Público, 04-11-2015 63 37. Inspectores da ASAE em protesto pela “dignidade”, Público, 04-11-2015 64 38. Provedor de Justiça está a analisar 20 queixas de desempregados anulados sem aviso prévio pelo IEFP, Público, 04-11-2015 65 39. PSD e CDS querem instalar já comissões parlamentares, Público, 04-11-2015 67 40. Cultura, sim, mas com que Governo?, Público, 04-11-2015 68 41. Leal da Costa define prevenção como aposta apesar de “rumores de ministro curto”, Público, 04-11-2015 69 42. Editorial - Salário mínimo exige consensos mínimos, Público, 04-11-2015 70 43. Nova IPSS vai ajudar a pagar medicamentos aos mais pobres, Público, 04-11-2015 71 44. «O PSD afastou-se do centro e isso facilitou o acordo à esquerda» - Entrevista a Pedro Nuno Santos, Público, 04-11-2015 73 A1 ID: 61694801 04-11-2015 Tiragem: 164213 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 13,52 x 18,55 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 AS PALAVRAS As coisas por aí Baptista-Bastos Jornalista governo de António Costa, olhos e votar Soares. As semelhanças são eventual e previsível, mas não difusas, mas possuem um quociente de certo e firme, está a ser cercado razão. Os dirigentes comunistas percepor vários sítios, reavivando-se a beram que esta é uma ocasião soberana teoria dos medos, muito comum na nos- para influenciar o poder, como Cunhal sa História. Não é de espantar: a Coliga- entendeu os perigos que corriam com a ção está assustada e diz coisas desarti- eventual ascensão de Freitas do Amaral. culadas ou, até, insultuosas, como o tem Como se sabe, as decisões comunistas feito Paulo Portas. O chefe Passos Coe- são tomadas na Comissão Politica, saída lho é mais comedido, e infere-se que do Comité Central, e presume-se que Jeainda embala a ideia de uma relação rónimo de Sousa as aceitou a contragosafectuosa com o PS. A situação de ambi- to. A situação portuguesa tornou-se inaguidade, alimentada pela União de Es- ceitável, na possibilidade de Passos e os querda, aumenta o alvoroço seus regressarem ao goverda Coligação de Direita por- ~.....~~1. no, com a declarada bênção que não se trata, somente, do dr. Cavaco. Além do que a da substituição de um go- Jerónimo espectacular subida do-Bioverno por outro, mas de de Sousa co perturbou a direcção do uma profunda alteração nos não esconde PCP. Se avaliarmos a quesmétodos e nos modos cultão por este prisma, as coisas o semblante turais e sociais. tornar-se-ão mais claras. É acabrunhado António Costa aparenta uma simples equação. A radiante alegria de Cauma alegria por vezes for- e melancólico tarina Martins encontra na çada; Catarina Martins prudência do PCP uma esmuito esfuziante e afirmativa; mas jerónimo de Sousa não escon- pécie de freio. O partido sabe que as coide o semblante acabrunhado e melan- sas não são tão fáceis e não quer que a sua cólico, não será difícil perceber porquê. história seja beliscada por nenhum aven O espectro político português foi abala- tureirismo. De qualquer modo, esta do por uma convulsão que está a pôr em União de Esquerda é um acontecimento causa todas as aparências ideológicas que pode ser vital tanto para a política nas quais temos vivido há 4o anos, e portuguesa, como para a Europa, cuja até mais, se contarmos com a história rotina tem sido abalada por sacolejões que, afigura-se-me, não vão parar. do PCP. Fala-se em Cunhal e na sua estratégia, ao pedir aos militantes para taparem os Texto escrito com a antiga grafia O Página 1 A2 ID: 61695130 04-11-2015 Tiragem: 164213 Pág: 47 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,34 x 20,80 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 HUMOR BANANAL VOLTAMOS A SER O PARTIDO DOS CONTRIBUINTES! "SARE QUE MINISTRO SOU Eur A MINIS1 R0 DAS OBRAS PÚBLICAS R- MINISTRO DO AMBIENTE . C- MINISTRO DA CULTURA. D- MINISTRO DA EDUCAÇAO. E- MINISTRO DA DEFESA . F- MINISTRO DA ECONOMIA. G- SEI LÁ, PARA A SEMANA JÁ É IX-MINISTRO. CRÓNICA BANANALIDADES Aclarar ou não aclarar O líder parlamentar do PS diz que um acordo com o PCP e o Bloco de Esquerda tem de ficar "aclarado" até à discussão do programa de Governo. Sem isso, os socialistas não votarão favoravelmente qualquer moção de rejeição. E a coligação PàF lá vai torcendo pela escuridão... Página 2 A3 ID: 61694845 04-11-2015 Tiragem: 164213 Pág: 48 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,44 x 16,33 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 DIRETOR-ADJUNTO O negocio da moção epois da euforia chega a prudência. As dificuldades em negociar uma única moção de rejeição do governo mostram bem como o PCP começa a fazer valer a força que é própria de um fiel da balança. Com o poder de viabilizar ou matar um governo minoritário do PS apoiado à esquerda, os comunistas pesam os prós e contras da colagem. Uma coisa é tirar partido de medidas de reposição de direitos, outra coisa é um compromisso maior, de irmandade, que dilua a sua força e linguagem de protesto num texto que tem, também, de refletir t. a posição mais matizada do PS. Afinal, os tempos podem ter mudado, mas o PCP nem tanto. D Página 3 A4 ID: 61694344 DN+ 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Novo governo Catarina Martins, António Costa e as respetivas delegações estiveram reunidos a 12 de outubro, na sede bloqulsta, cinco dias após o secretário-geral do PS se ter encontrado com Jerónimo de Sousa. PS admite assinar acordos diferentes com BE e PCP Negociações. Caso António Costa seja forçado a avançar com documentos separados, a con- dição é que não existam contradições entre os compromissos assumidos com os dois partidos OCTÁVIO LOUSADA OLIVEIRA As negociações à esquerda prosseguem e, perante alguns sinais contraditórios que vão sendo dados por PS, BE e PCP, surge uma nova possibilidade no horizonte: ao invés de um acordo assinado pelos três partidos (e também pelo PEV), a solução pode passar por documentos autónomos rubricados por PS+BE, PS+PCP e PS+PEV. Segundo apurou o DN, a hipótese aparece como alternativa à formalizaçãode um acordo tripartido assinado por António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousaque continua a ser a possibilidade mais forte -, embora haja urna premissa clara: não podem existir contradições nos termos e compromissos políticos dos documentos que pusessem em causa a estabilidade do futuro governo. A existência de um documento único teria a vantagem de transmitir à opinião pública e ao Presiden- te da República um sinal político de força e unidade da convergência, embora também exista a convicção de que as balizas políticas, preto no branco em separado, não diminuem o acordo. Seria, de resto, uma forma de ultrapassar algumas divergências num processo de conversações que poderá estar muito próximo de estar fechado - o PS quer estar em condições de apresentar uma alternativa govemativa quando for discutido (e chumbado) o programa do governo PSD-CDS. Com as negociações a decorrer em paralelo, para já, não está marcado qualquer encontro a três (PS, BE, PCP), o que poderá acontecer quando for vencida a fase das reuniões técnicas e a discussão entrar na fase final, ao mais alto nível, com Costa, Catarina e Jerónimo. César pressiona esquerda Ontem, o líder parlamentar do PS voltou a colocar pressão sobre os partidos à sua esquerda dizendo que até à discussão do programado governo PSD-CDS tem de ficar "aclarado" se haverá um executivo alternativo, condição para que os socialistas façam cair a equipa de Passos Coelho. "Não votaremos nem apresentaremos nenhuma moção de rejeição se não tivermos em simultâneo a garantia de que temos uma alternativa acordada e consolidada", afirmou Carlos César após uma reunião institucional com o novo ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Costa Neves, em que adotou uma linguagem "prudente e responsável" sobre o eventual acordo. E, subscrevendo a versão oficial do partido de que não haverá uma coligação negativa, justificou: "Nós só nos constituiremos como força política que contribui para o derrube do governo PSD-CDS se formos simultaneamente portadores de uma alternativa responsável, estável, com sentido duradouro e que proporcione aos portugueses um sentimento de tranquilidade e de confiança" De caminho, o presidente da bancada do PS garantiu que "não está nenhum acordo fechado", embora tenha frisado que existe "alta probabilidade" de PS, BE e PCP se entenderem. O também o presidente rosa aproveitou a ocasião para sinalizar que as negociações decorrem com normalidade e enviou um recado para dentro de casa, mais concretamente para Francisco Assis: "Como socialista, digo apenas que não acredito que um socialista prefira um governo de direita com o apoio do PS a um governo do PS com o apoio da esquerda." PCP insiste em moção a solo Já João Oliveira, líder parlamentar do PCP, reafirmou que até "decisão em contrário", e mediante as negociações em curso com PS e BE, o partido tenciona avançar com uma moção de rejeição própria ao programa de governo. "É a única coisa que posso garantir", declarou. EUROPA Direita insiste em comprometer PS > PSD e CDS vão voltar a"provocar" o PS para aprovar no Parlamento um diploma sobre os compromissos europeus e internacionais de Portugal Apesar dos socialistas já terem dito que não haveria plenário antes de ser discutido o programa de governo, a coligação insiste em comprometer o PS numa matéria em que, é sabido, há consenso, deixando de fora o PCP e o BE. Esta manhã, Luís Montenegro e Nuno Magalhães vão insistir, na conferência de líderes parlamentares, no agendamento do projeto de resolução para reafirmar e vincular a Assembleia da República a todos acordos europeus e internacionais de Portugal. Entre eles, a União Europeia, a União Económica e Monetária, o Tratado Orçamental e o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ontem, o presidente do grupo parlamentar do PS frisou que se oporá à intenção da coligação em iniciar os trabalhos do plenário. Entretanto, a Comissão Europeia voltou a pressionar para que o governo entregue um esboço do Orçamento de Estado para 2016 em Bruxelas. Mas o executivo parece decidido a só responder a este apelo se estiver em plenitude de funções. Página 4 ID: 61694344 04-11-2015 Passos Coelho (primeiro-ministro) Sousa Ribeiro (pres. T. Constitucional) Marcelo Rebelo de Sousa Leonor Beleza Tiragem: 28137 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Vítor Bento João Lobo Antunes Bagão Félix Jorge Sampaio Ramalho Eanes Cavaco Silva (Presidente da República) o da DETENTORES DE Ie. CARGOS POLÍTICOS Conselho de Estado INDICADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ELEITOS PELA AR PRES. TRIBUNAL CONST. EX-PRESIDENTES E PROVEDOR DE JUSTIÇA W DA REPÚBLICA 0 1 O novo presidente da Assembleia da República. Ferro Rodrigues, vai tomar posse em breve Vasco Cordeiro (Açores) Miguel Albuquerque (Madeira) José de Faria Costa Alfredo Bruto (Provedor da Justiça) da Costa Mix de medidas para garantir atualização das pensões mais altas Contas. Descongelamento é direto para as pensões mais baixas. Salário mínimo e IVA da eletricidade e gás continuam em aberto OCTAVIO LOUSADA OLIVEIRA e MIGUEL MARUJO Foi Catarina Martins quem, nas páginas do DN, garantiu que "todas as pensões vão ser descongeladas", embora não tenha revelado as fórmulas previstas no acordo de esquerda para assegurar que o poder de compra dos pensionistas voltará a crescer. No entanto, segundo apurou o DN, a grande maioria dos pensionistas terá o seu rendimento atualizado em termos reais-numa proporção superior à taxa de inflação -, ao passo que no caso das pensões mais altas essa recuperação será feita com um mix de medidas, sobre o qual ninguém abre, para já, o jogo. A fórmula pode passar por diversos elementos que o BE e o PCP têm reivindicado, sobre os quais o PS tem feito contas e mais contas para que essa reposição não tenha de ser compensada pelo Orçamento do Estado. Essa alteração será, de resto, assegurada com o recuo do PS no que respeita à redução da taxa social única (TSU) quer para os trabalhadores quer para as empresas - medida prevista no programa que António Costa levou a eleições. A intenção da esquerda é que nenhum pensionista perca poder de compra durante a próxima legislatura, condição que tanto Catarina Martins como Je- rónimo de Sousa estipularaM para o entendimento. Do lado do PS ninguém quer que as contas ultrapassem as metas europeias, até porque, como já foi sinalizado, o acordo terá de ser feito no perímetro doTratado Orçamental, que impõe um défice de 3% do produto interno bruto (PIB) -documento a que bloquistas e comunistas se opõem. A esse mesmo propósito, ontem, no programa Falar Claro da Rádio Renascença, o ex-ministro da Justiça José Vera Jardim Descongelamento das pensões era uma das condições para o entendimento disse preferir a posição de Francisco Assis, exigindo um consenso à esquerda em que "as contas batam certo". "O que existe em matéria de negociações, para mim, é nada, zero. Tenho visto pequenas notas que saem não sei de onde", acrescentou o membro da Comissão Política do PS, quenão gostou de vera porta--vozdo BE a anunciar o descongelamento das pensões sem conhecer mais detalhes do entendimento. Impostos em negociação Em contrarrelógio mas ainda com alguns dias até o acordo ter de estai finalizado, PS, BE e PCP continuam a analisar todas as hipóteses no plano fiscal. E são muitos os dossiês em aberto. O IVA da eletricidade e do gás - sobre o qual os bloquistas e comunistas defendiam a descida para a taxa reduzida (6%) - continua em cima da mesa -, bem como a questão da sobretaxa de IRS. Segundo o DN apurou, acordo, para já, só mesmo quanto ao IVA da restauração, que deverá descer para 13%, conforme as três forças políticas inscreveram nos respetivos programas. Também ultrapassada estará a questão da eliminação dos cortes nos salários dos funcionários públicos, que deverá ser feita à razão de 25% a cada trimestre do próximo - exigindo um diploma anterior ao Orçamento do Estado para poder vigorar logo em janeiro. Já a atualização do salário mínimo também está por calibrar. É certo que será feita de forma gradual, embora ninguém acredite - como explicou Catarina Martins ao DN -que a fasquia dos 600 euros seja atingida já no início do próximo ano. Ainda ontem Armando Farias, dirigente da CGTP, dizia ao DN que o processo terá de ser "faseado" e com "um mínimo de realismo". Desde que, advertiu, não fique "para as calendas". Marques Mendes Manuel Alegre Luis Filipe Menezes F. Pinto Balsemão Ferro à espera de Cavaco para se sentar no Conselho de Estado coNFEReticia Parlamento discute hoje data para eleger os conselheiros de Estado. Sem certeza sobre se haverá lista única de candidatos Em breve, o novo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, tomará posse como conselheiro de Estado, ocupando o lugar deixado entretanto vago pela saída da anterior segunda figura do Estado, Assunção Esteves. É ao Presidente da República que compete empossar os membros do Conselho de Estado. O mesmo acontecerá com os "cinco cidadãos eleitos pela Assembleia da República, de harmonia com o princípio da representação proporcional, pelo período correspondente à duração da legislatura". Com diferenças: seAssunção Esteves não se sentará mais neste órgão político de consulta do Presidente da República (e no siteda Presidência da República jásó consta a referência ao "presidente da Assembleia da República", sem qualquer nome), os atuais cinco representantes eleitos pelo Parlamento -Alfredo Bruto da Costa, Francisco Pinto Balsemão, Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e ManuelAlegre -"mantêm-se em funções até à posse dos que os substituírem no exercício dos respetivos cargos". Hoje é dado o primeiro passo para esta substituição: a conferência de lideres parlamentares deverá inscrever na agenda da Assembleia da República a data para a eleição dos referidos representantes para o Conselho de Estado. Para este órgão basta uma maioria simples (50%+1) na eleição, o que não acontece para outros organismos, em que se exige uma maioria de dois terços. Na reunião de hoje, a conferência de líderes poderá agendar eleições de representantes do Parlamento para a Comissão Nacional de Eleições, para o Conselho Superior da Magistratura epara o Conselho Económico e Social. Lista de entendimento? Para o Conselho de Estado, a prática mais recente incluiu uma lista única, respeitando a relação de forças existente, num entendimento entre os dois maiores partidos parlamentares, PSD e PS. Agora, com uma Assembleia da República partida, os cenários estão todos em aberto, admitem fontes parlamentares. Mas a necessidade de se procurar entendimentos alargados para as escolhas de outros organismos pode condicionar neste ponto a lista a indicar para o órgão que o Presidente ouve em determinadas situações, como "a demissão do governo". Se não houver uma única lista, aplica-se o método de Hondt na hora de apontar os nomes a Belém. Os cinco representantes do Parlamento também só se tornarão membros efetivos do Conselho de Estado depois de serem empossados perante o Presidente da República. Será esse o segundo passo para a substituição dos atuais membros, três deles indicados pelo PSD (Balsemão, Mendes e Menezes) e dois apontados pelo PS (Bruto da Costa, que substituiu António José Seguro, depois da demissão do ex-secretário-geral do PS, e Alegre). MIGUEL mamo ePAULASÁ Página 5 ID: 61694344 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 20,53 x 11,33 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Costa admite assinar dois acordos: um com Bloco e outro com PCP CONTAS Costa prepara medidas para Alternativa. Negociação tem sido feita a dois e não há plano para encon- ajudar a atualizar tro tripartido. Acordos separados permitiriam ultrapassar divergências pensões mais altas o A uma semanada votação do programa do governo, as negociações à esquerda continuam, sempre a dois. Sem reuniões marcadas que juntem Costa, Jerónimo e Catarina, ganha espaço a hipótese de o líder socialista assinar não um acordo único mas dois autónomos, um com o BE e outro com o PCP. A premissa na base desta solução - que pode ser a forma de ultrapassar as divergências entre os três partidos -é que os termos e compromissos políticos dos diferentes documentos não podem ser contraditórios. Ontem, o líder parlamentar socia- lista, Carlos César, garantiu que o acordo não está fechado e pressionou BE e PCP para que clarifiquem o seu apoio a Costa. "Não votaremos nem apresentaremos moção de rejeição se não tivermos garantia de alternativa acordada e consolidada", voltou a dizer. DN+ PARLAMENTO PS pode escolher lista alternativa para o Conselho de Estado Página 6 A7 ID: 61694578 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 17 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,53 x 4,95 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Mondeléz despede cem trabalhadores DIKOCAUZAÇÃO A Mondeléz vai fe- char a fábrica de bolachas de Mem Martins em 2016 e transferir a produção para a República Checa, despedindo uma centena de trabalhadores. A Mondeléz, que sucedeu à Kraft Foods, é dona dallitinfo e da Proalimentar e detém as bolachas Oreo e os chocolates Cadbury. Página 7 A8 ID: 61694378 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Novo governo ENTREVISTA: CARLOS COSTA NEVES Ministro dos Assuntos Parlamentares Carlos Costa Neves espera que o PS ainda tenha um "rebate de consciência" e aprove o programa. Admite que documento terá as "boas ideias" dos socialistas. Já se instalou no gabinete, que tem a sua marca "Podem usurpar a nossa função, mas nós estamos para ficar" PAULA SÁ e RUI PEDRO ANTUNES O que trouxe para este gabinete nestes primeiros dias? Um conjunto de objetos pessoais, porque estou fora de caca Moro em Angra do Heroísmo, naTerceira, nos Açores, onde está a minha família. O que trouxe são algumas fotografias pessoais e pequenos objetos como estes carrinhos de lata, e isto [uma pedra] que a minha mãe pintou e me deu. Faz-me sentir que estou no meu espaço. De resto, não trouxe mais nada: só papéis, blocos. Porque aceitou ser ministro a curto prazo? Não sei sevai ser curto, porque sinto que estou cheio de razão. A maioria do povo votou de forma clara: não se pode dizer que se ganhou por 0,1%. Por outro lado, o Presidente deu posse a 53 membros do governo. Portanto, não estamos num plano dos jogos. Há uma investidura parlamentar que falta, mas os deputados são representantes do povo. Sinto-me não só cheio de razão, como me sinto com gosto e com honra ministro deste governo. E não tenho prazo. Aliás, um ministro nunca tem prazo. [Entra o secretário de Estado, Pedro Lomba, na sala, e entrega um papel ao ministro no qual estão elencados os governos da UE e a que família europeia pertencem] Mas o primeiro-ministro não fez essa advertência, de que seria para pouco tempo? Há uma coisa que tenho sempre na minha cabeça: não estou contratado a quatro anos, estou contratado ao dia. E, portanto, a qualquer momento o primeiro-ministro pode entender que eu afinal não tenho o perfil adequado, ou que a química não se deu, e que acabámos por não gostar um do outro. E, portanto, o contrato é ao dia É uma jornada diária. Mas há muitas sombras chinesas neste processo todo e acho que percebo à minha volta que pode haver uma coligação negativa de esquerda. Portanto, o primeiro-ministro não precisava de dizer nada. Perguntou-me só se precisava de tempo para comunicar à familia. Não é frustrante estar a preparar um programa de governo que já sabe que será chumbado? Como todos os membros do governo, estou a prazo. Mas o governo para mim não está aprazo, tem uma legitimidade à prova de bala. Podem usurpara nossa função, mas nós estamos para ficar. E o meu comportamento diário é de quem está para ficar. Acredito que o que está certo vai acontecer. E o que está certo tem muita força. Acresce que o programa de governo nos seus contornos gerais é o programa eleitoral da coligação. Não é exatamente igual, mas em termos doutrinários é o programa eleitoraL Vale sempre a pena discuti-lo. Para mim na segunda e na terça não acontece nada: apenas a discussão do programa de governo. A estrutura é a mesma, mas há uma tentativa de aproximação a algumas das propostas que foram feitas pelo PS. Que esforço está a ser feito nesse sentido? O programa vai com certeza conter os elementos de negociação com o PS. E, portanto, tudo aquilo que pusemos em cima da mesa é natural que seja acolhido. Por outro lado, nós temos de aceitar que em qualquer um dos programas que foi aprese n tado, dos partidos não eleitos aos eleitos, do PAN ao PSD, há boas ideias. Temos de aceitar que os outros têm boas ideias, que podem ser aproveitadas. Nós no programa vamos incorporar o que foi institucionalmente falado como PS e ainda o que, não tendo sido falado, são boas ideias do programa do PS. As 23 medidas serão todas incorporadas? Pode ser mais específico e dizer, por exemplo, em quantos anos será reduzida a sobretaxa? Costa Neves tem no gabinete carrinhos de lata e pedra pintada pela mãe Não posso divulgar, porque não sei. Não é querer fazer mistério, mas não sei especificamente como vai ser. Não sei se tem 23 medidas, se tem 21, se entretanto até achamos que há mais coisas interessantes e podem ser 27. Sublinho duas coisas: há um exercício muito interessante que pode ser feito - e não dá especial trabalho -, que é comparar o programa da coligação com o do PS. Garanto-vos que as semelhanças e as prioridades são muito mais nítidas do que as diferenças. As ideias programáticas, de ideal de sociedade da coligação e do PS, estão muito mais próximas entre si do que o ideal de sociedade entre PS, Bloco de Esquerda e PCP. E é isso que os portugueses veem. E se há algo que os portugueses detestam, e têm feito eco disso, são vitórias de secretaria. Mas pode ser que o PS ainda tenha um rebate de consciência. Parece que as negociações com o PS não existem Mas encontra-se hoje à tarde com o líder parlamentar do PS. Está com esperança de que dois homens dos Açores consigam fazer que PS e coligação se entendam? Se alguém era capaz de fazer um compromisso eram dois homens dos Açores, porque vivemos em espaço geográfico muito curto. Neste momento não há negociações abertas, formais, entre o PS e a coligação, embora haja contactos perman,entes.Vou falar com Carlos César e é natural que falemos do atual momento político e do programa também. Mas não vou para fazer uma coligação com o PS. Isso não só me ultrapassa como não está na ordem do dia. Mas se o PS quiser iniciar negociações amanhã ou hoje, a seguir à nossa reunião, por mim estou certo de que o PSD está aberto. Tudo o que disse mostra que tem orgulho de ser um homem de consensos. O discurso do Presidente não ajudou a crispar o diálogo entre as várias forças políticas? A visão que tenho é que o Presidente quis ser muito claro e que toda a gente o entendesse. Eu entendi-o e fiz a minha leitura, o PS entendeu. Não há frases equívocas e, num momento delicado como este, isso é bom. Quem não concorda, não concorda, mas o Presidente não pode ser acusado de estar a ser vago, de ser redondo. Percebe-se muito bem as chamadas de atenção que ele faz. Mas ele colocou o PCP e o BE quase no campo dos partidos antidemocráticos? BE e o PCP têm todo o direito de serem o que são e de o defenderem, mas não corresponde à opção maioritária dos portugueses nem aos compromissos internacionais de Portugal. Não é excluí-los de nada. Eles é que se autoexcluem. Admite que esta convergência à esquerda seja só o interesse pessoal dos líderes Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e António Costa? Catarina Martins segue o sonho de fazer parte do arco da governação, que é uma inspiração syriziana. Jerónimo terá lá assuas razões para Página 8 ID: 61694378 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 "Vamos incluir no programa as boas ideias do PS, mas não vamos travestis-nos' assim nunca aceitaria estar sentado aqui neste momento. Contam-se pelos dedos das duas mãos politicos que tenham sido sujeitos atue escrutínio tão profundo como nesse caso fui. Estou bem comigo próprio. O programa da coligação é perfei- Projetando para a frente. Há um tamente conhecido, com as ache- candidato da direita, que é Marcelo gas que possam aparecer, mas toda Rebelo de Sousa.Não teme que esta a gente intui quais vão ser. Um pro- situação o possa prejudicar? grama PS-PCP-BE é para mim um É o único candidato que se perspemistério. Se for uma coisa consis- tiva. Se as eleições fossem amanhã tente, vai ter um modelo de socie- era nele que votava. Quando foi predade inspirado pelo PCP e pelo BE, sidente do PSD, que é um dado mais como qual eu discordo totalmente. ou menos desconhecido, eu não só É completamente diferente da po- era presidente do PSD-Açores como sição do PS, que diz que vai chum- fui vice-presidente da comissão pobar um programa que vai incluir ele- lítica com ele. E ligam-me a ele laços mentos que ele próprio defende. de respeito. Todos os candidatos que Vamos incluir boas ideias que o pro- se perspetivam neste momento grama deles tem. Não nos vamos tra- estão confrontados com o mesmo vestir-nos, vamos ser o que sempre problema. A natureza da situação fomos. política tem impacto na candidaA eleição de Ferro Rodrigues mostura de Maria de Belém, de Sampaio trou o clima de crispação que exis- da Nóvoa, de Marcelo Rebelo de Sousa, de Edgar Silva, de Marisa te no Parlamento. Matias. Todos acabam O calor dos debates é por estar condicionabem-vindo. Mas há lidos com o atual promites na relação pescesso político e toda soal que não devem ser ultrapassados. E no Espero que Passos a sua campanha está condicionada pelo Parlamento nos últiseja primeiromos anos têm-se ulatual processo políti-ministro a partir trapassado e há tenco.Todos eles têm uma de terça-feira" dência para aumentar. gestão dificil do seu disHá uma regra de ouro: curso e do seu enquadramento. não se pode fazer julgamentos de carácter em função de Há congresso em janeiro/fevereidivergências políticas. ro, vai haver diretas: Passos Coelho é o sucessor natural de Passos Está disponível para continuar a Coelho? Deve continuar líder se ser um negociador, como deputado, se o PSD passar à oposição? passar à oposição? Eu sou ministro dos Assuntos Gosto de me ver como uma pessoa Parlamentares deste governo. A leal. E às vezes até digo e as pessoas minha cabeça está a pensar nisso. não entendem que não só gosto de Detesto é pessoas que são uma coisa me ver como uma pessoa leal como num dia e são completamente di- cultivo a lealdade. Acho que o priferentes quando ocupam um cargo. meiro-ministro Passos Coelho fez um trabalho extraordinário no últiNão sei se refere a períodos difímo mandato. Tenho uma profunceis. Um dos casos mais difíceis que enfrentou foi a sua assinatura díssima admiração. Quando nós tivemos todos dúvidas, foi ele que teve estar no despacho que deu orias certezas, foi ele que conduziu e gem ao caso Portucale. Isso tem alguma carga política? foi um verdadeiro líder. Acresce que Refiro-me ao geral, não a esse caso. gostamos de quem nos aprecia, e Nesse caso tudo o que fiz foi na base não ignoro o facto de ele me ter conde uma profunda convicção. Sobre vidado para ser cabeça de lista no os poderes de um governo de ges- distrito de Castelo Branco em 2011, tão, cada constitucionalista diz uma e a estar na lista do Porto nestas eleicoisa, portanto, vamos deixá-los dis- ções. Aconteça o que acontecer cutirem isso. Poucos políticos em que espero que seja primeiro-miPortugal foram sujeitos, num de- nistro a partir de terça-feira-, estaterminado ato, a um escrutínio tão rei na primeira linha de quem o deprofundo como eu fui. E o proces- fende. Se na vida não há nada inso foi arquivado. E, portanto, não condicional, diria que esse apoio é devo nada a ninguém. Se não fosse incondicional. Na campanha eleitoral, a coligação criticou quando Costa anunciou um Orçamento que desconhecia. Garantir que não darão a mão ao PS ao longo da legislatura não é ter a postura que criticaram? PERFIL > Nasceu em Angra do Heroísmo há 61 anos > Licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa > Militante do PSD desde 1977, foi eurodeputado entre 1994 e 2002 > Carlos Costa Neves integrou o governo de Pedro Santana Lopes, como ministro da Agricultura, Pescas e Floresta. Cargo que lhe trouxe dissabores, em particular ao ver-se envolvido no caso Portucale, que acabou por ser arquivado. Volta agora ao executivo pela mão de Pedro Passos Coelho para a pasta dos Assuntos Parlamentares. O próprio define-se como um "homem de consensos", os que aprendeu a fazer na longa passagem pelo Parlamento Europeu. Na sequência desta experiência, Durão Barroso convidou-o para a SeCretaria de Estado dos Assuntos Europeus em 2002. fazer parte disso, talvez porque, no caso de entendimento PS-BE, seria muito dificil viabilizar um governo da coligação Portugal à Frente. Nem com a mão a tapar os olhos, como foram aconselhados a fazernoutros tempos. Portanto, está entalado. E, em relação a António Costa, o que diria é que às vezes somos tão inteligentes que somos capazes de nos enganara nós próprios. Gostava que ele pensasse nisso. Como imagina um governo de esquerda? Têm dito que é mau para a imagem externa dopais. Não sou capaz de antecipar. Acho que não vai acontecer porque seria muito mau para o país, instalaria a instabilidade, de que não precisamos. Nós saímos de um programa de assistência financeira, mas nós não passámos do oito para o 80. Ou seja: a situação ainda tem muito de melindrosa. Nesse aspeto, se o programa de governo for chumbado, o Presidente deve dar posse a =governo liderado porAntónio Costa? O programa de governo não pode ser chumbado. Aceitaria ser ministro de um governo de gestão? O que sei é que tenho de trabalhar num programa que tem de ser entregue ou quinta-feira à noite ou sexta-feira ao meio-dia. E estou a coordenar esse trabalho e quero que esteja pronto. E estou também a organizar o processo de debate parlamentar desse programa. O que vem a seguir? Espero que seja alguma tranquilidade. No plano teórico, é melhor um governo de gestão da coligação do que um governo com apoio majoritário à esquerda? O ideal era que o PS fizesse, pelo país, o que o PSD, perante governos minoritários do PS, sempre fez ao longo de 40 anos de história viabilizámos. O que esperávamos é que o PS esperasse pelo seu tempo, que não pensasse muito nos seus equilíbrios internos e no que acontece às suas lideranças atuais. E o PSD manterá essa postura. Marco António Costa disse nesta semana áTSF que, a acontecer, o casamento PS-BE-PCP é para a vida. Sabe que as circunstâncias são muito diferentes. Enquanto nós precisaríamos da viabilização do PS, essa coligação não precisa de nós para nada E se não funcionar? Se não funcionar, cai. Nos dois carrinhos é que não. Se fosse a situação contrária, como a história demonstra, o PSD viabilizaria um governo minoritário do PS. Fez isso com Guterres e com Sócrates. Página 9 ID: 61694378 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,39 x 4,57 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 CARLOS COSTA NEVES "Não estou contratado a quatro anos, mas contratado ao diás Página 10 A11 ID: 61694452 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 19,39 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Professor universitário visitou polo da Associação de Proteção à Criança na Póvoa de Santa Iria Marcelo é contra "eleições todos os seis meses Presidenciais. Candidato lembra que "no início da democracia" se viveu essa situação negativa e diz não concorrer à liderança de um partido, uma coligação ou uma fação MANUEL CARLOS FREIRE Marcelo Rebelo de Sousa qualificou ontem como negativo que o país tenha "eleições todos os seis meses, ou anos". O candidato presidencial do centro-direita lembrou que essa foi a realidade vivida "no início da democracia" em Portugal, há quatro décadas - e é uma situação que alguns observadores admitem voltar a ocorrer a curto prazo tendo em conta o resultado das eleições de 4 de outubro, ganhas pela coligação PSD-CDS com maioria relativa e que deverá levar em breve à posse de um governo de esquerda. O novo presidente da República, a empossar a 9 de março, pode dissolver o novo Parlamento a partir do início de abril- poucas semanas após a aprovação do Orçamento do Estado para 2016. Marcelo, que falava no final de uma visita à Associação de Proteção à Criança, afirmou também que um candidato presidencial não é um candidato à liderança de um "partido ou de uma coligação ou fação". Segundo o antigo presidente do PSD, "os partidos são muito importantes mas não esgotam a realidade nacional". Questionado sobre a situação política, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar "soluções concretas", sublinhando que há um governo em funções que irá apresentar o seu programa ao Parlamento. A candidata Maria de Belém foi recebida na sede da UGT pelo presidente da central sindical, Carlos Silva Reiterando posições já assumidas publicamente, o professor universitário defendeu que "é preciso encarar com serenidade" o processo de formação do governo, apesar de "ser longo demais", respeitando o funcionamento da democracia. "Um candidato presidencial não se deve pronunciar na fase atual dos acontecimentos", argumentou. Maria de Belém reuniu-se com a UGT A candidata presidencial Maria de Belém considerou ontem que o aumento do salário mínimo nacional não constitui uma problemática e deve ser feito sem pôr em risco empregos e sem gerar precariedade. "O problema não é aumentar o salário mínimo, acho que todos gostaríamos que os trabalhadores pudessem ganhar mais e as empresas portuguesas pudessem pagar mais", afirmou Maria de Belém, no final de uma reunião com a UGT, em Lisboa. Para a antiga ministra da Saúde, "a questão é fazê-lo de uma forma que garanta que a subida de rendimentos e o aumento dos rendimentos das famílias se faça sem criar desemprego", recusando-se a falar de montantes para o aumento do salário mínimo nacional. "A matriz do equilíbrio tem de ser encontrada em concertação social", observou Maria de Belém, adiantando que "a preocupação é fazer os aumentos que a economia consegue aguentar sem criação de desemprego e sem criação de mais precariedade". Maria de Belém afirmou que as relações laborais em Portugal estão marcadas por "uma grande precariedade, 'pois] o modelo em Portugal é de salários baixos porque a economia é uma economia frágil". Daí que a solução passe por "reforçar a solidez da economia" e das relações laborais, frisou. Quanto à reunião com a UGT, a ex-presidente do PS disse terem sido definidas algumas linhas de identidade que são partilhadas, como "a importância da concertação social como fator e como pedra matricial da legislação de trabalho", assim como "os princípios do direito de trabalho" ou a "definição da assimetria da relação laborar. Para a candidata, os "países mais desenvolvidos são aqueles que atribuem um papel relevante à concertação social". Com Lusa Página 11 A12 ID: 61694504 04-11-2015 Tiragem: 28137 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 15,34 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Internos processam hospital que os obriga a fazer urgências a mais Saúde. Numa ação inédita no país, dois médicos internos do Centro Hospitalar de Coimbra avançaram para os tribunais por estarem a fazer horas extras acima do que está previsto na lei circunstâncias, mas depois acabam quase sempre por desistir por receio de retaliações". Apesar dos A situação é rara, senão mesmo vários contactos com o conselho inédita no país. Dois médicos in- de administração, os médicos não ternos decidiram avançar com têm tido resposta ou então veem o uma ação contra o Centro Hospita- seu pedido "ser indeferido". O problema não é novo. Aliás, os lar e Universitário de Coimbra por estarem a ser obrigados a fazer ho- médicos do internato de cirurgia ras extraordinárias acima do que geral da mesma unidade remeteestá previsto na lei. Apesar de haver ram uma carta ao diretor clínico um limite de 200 horas por ano, o em julho, na qual "reiteraram a inhospital entende que a regra "não disponibilidade para prestar mais se aplica aos serviços de urgência", do que as 200 horas anuais de tramas admite estar a tentar dar uma balho suplementa?: Os dois médicos que decidiram resposta positiva aos clínicos". Até lá, as escalas continuam a prever, avançar com uma ação judicial, e por vezes, o dobro das horas extras que têm feito nove a dez horas exque estão na lei. Num dos meses, tras em média por semana, são um um dos internos está de urgência exemplo raro, diz o advogado Jorge Mata, da Federação Nacional dos ou de prevenção durante 20 dias. O advogado que representa es- Médicos (FNAM), que tem dado tes dois internos, Rui Lopes Rodri- apoio a vários processos de todo o gues, diz que foi contactado por país, porque os médicos não estão "pelo menos dez médicos nestas a poder descansar após a realizaDIANA MENDES ção de urgências. "Não tem havido processos deste género porque os internos têm receio de retaliações, são avaliados pelo seu trabalho. A maioria não protesta e acaba por aceitar." Em resposta ao DN, a unidade admitiu que "existem propostas de alguns internos para alteração do modo de funcionamento da urgência, pretendendo que as suas horas extraordinárias (remuneradas) não ultrapassem as 200 horas por ano. A interpretação da ACSS é a de que o limite não se aplica aos serviços de urgência". Confirmando a ação em curso, refere ter já enviado a sua oposição e que, "contudo, o pedido destes internos está a ser objeto de avaliação pelos serviços clínicos, tentando-se dar resposta positiva às suas pretensões." E destaca que "a formação pós-graduada no CHUC é muito exigente, além de que tem reconhecidamente formado especialistas ao mais alto nível nacional e internacional". O hospital refere ainda que o novo acordo coletivo, que substitui o anterior que referia o limite das 200 horas, já foi alterado e irá clarificar estas regras. 290 horas extra em 5 meses Os exemplos de trabalho excessivo em urgência são inúmeros. Um médico já tinha feito mais de 290 horas extras em apenas cinco meses do ano, ou seja, mais 90 do que era obrigado por lei. Independentemente disso, continuou a ser escalado nos meses seguintes. Num dos meses tinha já oito urgências de 12 horas marcadas (96 horas). Numa das escalas do hospital, a que o DN teve acesso, um dos internos trabalhou quase três semanas nas urgências, fossem elas no local de trabalho ou de prevenção em casa. Muitas vezes, comas idas ao hospital, acabam por ficar já para o dia seguinte, porque estão escalados logo às oito da manhã para o trabalho normal. Para evitar escalas semelhantes a estas, os dois internos decidiram interpor uma providência cautelar para anular as eealas e para que sejam aprovadas novas. A ação está "neste momento à espera de contraditório do hospital", diz o advogado. A ação "terá por base a anulação das escalas com efeitos retroativos, garantindo que as horas feitas em excesso possam ser descontadas, por exemplo, no ano seguinte". Ordem chama inspeção O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, diz que é "incompreensível que os hospitais estejam a obrigar os médicos a trabalhar para além do limite. Estão a obrigá-los a fazer as que não querem". A situação é grave especialmente para os internos. "Estão a prejudicar a sua formação, os estudos, a investigação científica, o trabalho na especialidade. Eles não podem ser usados enquanto força de trabalho para substituir a falta de especialistas", refere. Para a saúde pública, a falta de pessoas experientes pode gerar riscos. Por essa razão, a OM "já chamou a Autoridade para as Condições de Trabalho para investigar a verdadeira exploração de trabalho barato num hospital". Página 12 A13 ID: 61694343 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 31,11 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 7 Destaque Um mês depois das eleições Investidores dão sinais de nervosismo com incerteza política Mercados Após um mês de impasse político, os analistas mostram preocupações sobre a diferença cada vez maior entre as taxas da dívida portuguesa e as italianas e espanholas. Rui Barroso e Luís Reis Pires [email protected] A bolsa portuguesa tem aguentado a incerteza do impasse político. No entanto, no mercado de dívida surgem sinais de nervosismo. Sucedem-se os bancos de investimento a aconselhar os clientes a ter cautela com a dívida portuguesa, casos do Natixis, o Rabobank e o RBC Capital Markets, por exemplo. E, apesar de não se antever dificuldades para que o Estado cumpra o plano de financiamento para este ano, há algum cepticismo de que Portugal consiga, como planeado, amortizar antecipadamente dez mil milhões de euros ao FMI no próximo ano. O responsável pela estratégia de dívida do Commerzbank, David Schnautz, realça pela negativa o aumento das taxas da dívida portuguesa face à italiana. Se antes das eleições, o mercado exigia mais 66 pontos base para deter dívida portuguesa em vez de italiana, ontem esse diferencial era já de quase de cem pontos base. A taxa da dívida a portuguesa a dez anos sobe de 2,299% antes das eleições para 2,57%. David Schnautz, do Commerzbank, alerta para o pesado plano de amortizações de 2016, que inclui o pagamento antecipado de dez mil milhões de euros ao FMI. Ciaran O’Hagan, do Société Générale, considera que dadas os programa de compra de activos dos bancos centrais dão estabilidade ao mercado de dívida. “Com os investidores tão preocupados, alertaria para o pesado plano de amortizações” de 2016, refere Schnautz. No próximo ano, a agência que gere o crédito público, o IGCP, conta amortizar 17 mil milhões de euros (dez mil milhões ao FMI e sete mil milhões em obrigações que atingem a maturidade). Para o especialista do Commerzbank estas previsões “residem num ambiente construtivo para as obrigações portuguesas, o que não é o caso, observando a evolução dos ‘spreads’”. Nas reuniões do IGCP com investidores têm havido questões sobre a situação política portuguesa e existiram uma ou duas solicitações directas no sentido de se obter mais informação, sabe o Económico. Apesar das dúvidas de alguns analistas e investidores, a envolvente global dos mercados tem segurado a dívida pública portuguesa e impedido uma pressão vendedora sobre as Obrigações do Tesouro. “A grande onda de apetência pelo risco, por causa dos programas de alívio quantitativo do BCE, do banco central da China e do Banco do Japão e da reti- cência da Fed para subir juros, é o melhor cenário possível”, considera o responsável pela área de taxa fixa do Société Générale. “É muito difícil que a dívida portuguesa seja alvo de vendas agressivas”, acrescenta. Este ano, o Estado conta fazer ainda mais uma emissão de dívida de médio e longo prazo. Para Schnautz, é provável que essa operação ocorra já na próxima semana: “Contamos que o leilão ocorra na próxima semana e esperamos firmemente que o IGCP opte pela obrigação com maturidade em Outubro de 2022”. Outra forma de tentar aferir o comportamento da dívida é através de ‘Credit Default Swaps’, espécie de seguros contra o incumprimento. O prémio exigido pelo mercado para segurar dívida portuguesa tem-se mantido estável desde as eleições. Já na bolsa portuguesa, apesar de algumas sessões de maior nervosismo, o saldo é positivo. Desde 4 de Outubro, o PSI 20 avança 6,72%, o que compara com o ganho de 8,77% do índice que agrupa as 600 cotadas mais representativas do velho continente. ■ M.P. CRONOLOGIA DE UM MÊS DE INSTABILIDADE POLÍTICA 4 de Outubro Coligação vence eleições Coligação Portugal à Frente vence as eleições sem maioria. Bloco de Esquerda e PCP anunciam que não vão viabilizar um governo minoritário PSD/CDS e que vão apresentar uma moção de rejeição. O secretário-geral socialista, António Costa, admite a derrota eleitoral mas não se demite e garante que o PS não inviabilizará Governos sem ter um governo para viabilizar. Pelo PSD, Passos Coelho afirmou que, sem maioria absoluta, a coligação procurará entendimentos no Parlamento com os socialistas para fazer reformas como a da Segurança Social e ir ao encontro de todas as forças europeístas. 6 de Outubro 5 de Outubro PS com abertura para esquerda e direita O deputado do PS Vitalino Canas admitiu que o partido tem abertura para entendimentos à esquerda ou à direita: “O discurso do secretário-geral [do PS] é um discurso de grande responsabilidade que obviamente deve ser lido como sendo um discurso de abertura quer à esquerda quer à direita”. PSD e CDS aprovam acordo de Governo Os órgãos nacionais do PSD e do CDS aprovam o acordo de Governo negociado por dirigentes dos dois partidos, assinado dia 7. Passos Coelho reúne-se com o Presidente da República, no Palácio de Belém de onde sai mandatado para reunir com partidos para encontrar uma “solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país”. 7 de Outubro 9 de Outubro Coligação reúne com PS PS começa a reunir com partidos António Costa começa a reunir com os partidos. O primeiro encontro foi com o PCP na sede dos comunistas. No final, Jerónimo de Sousa reafirmou a disponibilidade para viabilizar um governo do PS e impedir que a coligação forme novo Executivo. Primeira reunião entre PSD/CDS e PS para procurar condições de governabilidade. A reunião durou três horas mas não foram apresentadas quaisquer propostas concretas. Por isso, foi marcada nova reunião para dia 13. Passos Página 13 ID: 61694343 04-11-2015 GRUPO PARLAMENTAR DO PSD ● Luís Montenegro recandidata-se a líder parlamentar do PSD com uma lista de 12 vice-presidentes, mais três do que a direcção cessante, que inclui os deputados estreantes Miguel Morgado e Berta Cabral. António Leitão Amaro, Sara Madruga da Costa, Sérgio Azevedo e Nuno Serra são os outros quatro novos vice-pre- Tiragem: 13063 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 31,16 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 7 sidentes da lista de Luís Montenegro, à qual a Lusa teve acesso, e que é a única concorrente às eleições de quinta-feira para a direcção do grupo parlamentar do PSD. João Paulo Dias / Arquivo Económico COMO TÊM EVOLUÍDO OS PRINCIPAIS INDICADORES DE MERCADO DESDE AS ELEIÇÕES? TAXA A DEZ ANOS ‘SPREAD’ FACE À ALEMANHA A taxa da dívida portuguesa subiu de 2,3% para 2,57% desde as eleições. O prémio de risco face à dívida alemã voltou a aproximar-se dos dois pontos percentuais. 3,25 250 2,75 210 170 2,25 30 Jun 15 30 Jun 15 02 Out 15 03 Nov 15 05 Out 15 03 Nov 15 Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg ‘SPREAD’ FACE A ITÁLIA ‘SPREAD’ FACE A ESPANHA O diferencial face a Itália já chegou a superar um ponto percentual. A diferença face à dívida espanhola também tem aumentado. 110 90,0 90 62,5 70 50 35,0 30 Jun 15 05 Out 15 03 Nov 15 30 Jun 15 05 Out 15 03 Nov 15 Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg BOLSA COM GANHOS ‘CREDIT DEFAULT SWAPS’ PSI 20 consegue ganhos de mais de 6% desde as eleições. O custo para proteger a posição em dívida portuguesa manteve-se estável desde as eleições. 107 240 Stoxx 600 PSI 20 100 210 93 180 86 150 30 Jun 15 05 Out 15 03 Nov 15 Fonte: Bloomberg disse que os dois partidos querem acolher propostas do PS sem traçar “linhas vermelhas” e perante a ausência de propostas ia fazer um “exercício mais atrevido” ao seleccionar propostas do PS. Costa reúne com o PEV, num encontro considerado de “muito produtivo”. 10 de Outubro Ferro alerta para “posição golpista” Depois de duas reuniões “muito produtivas” à esquerda e uma “bastante inconclusiva” com a direita, apoiantes de Costa criticam mandato de Cavaco a Passos. Ferro Rodrigues alerta para a “posição golpista” do Presidente. “A única posição antidemocrática ou golpista é a que não seja constitucional: impor o programa de qualquer Governo minoritário sem se aferir as reais condições de governabilidade”, diz. 12 de Outubro Costa vai a Belém e reúne com BE 11 de Outubro Sousa Pinto bate com a porta A imprensa revela que Sérgio Sousa Pinto demitiu-se do secretariado nacional do PS por oposição à estratégia se- guida pelo secretário geral do partido de aproximação ao PCP e ao Bloco de Esquerda. Na reunião do secretariado nacional a 7 de Outubro Sousa Pinto e Costa terão discutido violentamente. O Presidente da República recebe o secretário-geral do PS, no final, Costa classificou o encontro de importante, interessante e produtivo. Antes da reunião em Belém, António Costa encontrou-se com a porta-voz do BE, adiantando no final que foi possível encontrar pontos de “convergência”. Catarina Martins sustenta que “o Governo de Passos Coelho acabou” porque há “outra solução de 30 Jun 15 05 Out 15 03 Nov 15 Fonte: Bloomberg Governo” integrando as prioridades do Bloco - “emprego, salários e pensões”. PSD e CDS anunciaram que fizeram chegar ao PS um “documento facilitador de um compromisso” entre as partes. O PS reuniu também com o PAN. Página 14 ID: 61694343 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 31,38 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 7 Destaque Um mês depois das eleições Cumprir meta de 2015 não basta para sair do défice excessivo Orçamento Para fechar o procedimento, Bruxelas tem de acreditar que limite é cumprido em 2016 e 2017. Instabilidade ameaça atrasar o processo. Luís Reis Pires e Margarida Peixoto [email protected] A saída do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) levantado pela Comissão Europeia é o grande objectivo da coligação, mas só em Maio se vai ficar a saber se a meta foi cumprida. Para fechar o procedimento, não basta a Portugal terminar este ano com um défice inferior a 3% do PIB. É preciso que, em Maio, as previsões de Bruxelas apontem para valores inferiores a 3% também em 2016 e 2017. Nesse sentido, quanto mais tempo o país estiver sem o Orçamento para o próximo ano, mais difícil fica o objectivo. A ideia que tem circulado na opinião pública é a de que a saída dos défices excessivos poderá acontecer já Janeiro, quando se souber se Portugal cumpriu o limite em 2015. No entanto, Carlos Marinheiro, vogal do Conselho de Finanças Públicas, avisa que o processo é mais complicado. “Um PDE só é encerrado quando a correcção do défice for considerada duradoura. No nosso caso concreto, para que o PDE em curso possa ser encerrado no próximo ano, é necessário não só que o défice orçamental de 2015 seja inferior a 3% do PIB, mas também que a previsão (de Maio de 2016) da Comissão Europeia aponte para um défice inferior a 3% tanto para 2016 como para 2017”, explica, em declarações ao Económico. Por exemplo, desde Outubro 13 de Outubro Coligação volta a reunir com PS A segunda reunião entre PS e PSD/CDS termina sem qualquer acordo. No final do encontro, António Costa considerou “insuficiente” para um entendimento em torno de uma solução de Governo a proposta apresentada pela coligação PSD/CDS, mas adiantou que dará “mais uma oportunidade”, colocando por escrito as suas posições. Também Passos Coelho considerou que o encontro terminou “de forma absolutamente inconclu- do ano passado, quando o Governo apresentou o OE/15, que a Comissão duvida que Portugal atinja um défice abaixo de 3% este ano. Se o mesmo acontecer no próximo ano, o procedimento continuará aberto pelo menos até Novembro, na melhor das hipóteses, ou mesmo até ao início de 2017. A instabilidade política complica o cenário de saída dos défices excessivos. Desde logo, pelo efeito que possa ter no que falta da execução orçamental de 2015 - que já de si parece não estar a correr tão bem como se pensava. Os primeiros dados conhecidos depois das eleições mostram que o défice até Setembro ficou abaixo do registado no mesmo período do ano passado, mas tanto o ritmo de evolução da receita, como o da despesa continuam aquém do esperado. Aliás, a estimativa do crédito fiscal referente à devolução da sobretaxa de IRS foi revista em forte baixa pelo Governo: dos anteriores 35,3%, caiu para 9,7%. EXECUÇÃO ORÇAMENTAL Estado SFA Seg. Social Adm. Regional Adm. Local Adm. Públicas Jan-Set -3474 -90 Var. homóloga 46 -556 -104 -39 643 -3062 685 14 145 334 Valores em milhões de euros Fonte: UTAO siva” e defendeu que os socialistas devem esclarecer se têm ou não “vontade política” de se entenderem com a coligação. Depois destas declarações, Carlos César garantiu que os socialistas “não temem a ruptura” e que a continuação das negociações depende de Passos aceitar responder às questões económicas colocadas na carta que lhe será enviada. O documento foi entretanto divulgado. PS diz que Governo não responde, mas Marco António Costa garante que a ministra das Finanças já respondeu. Tanto o Conselho de Finanças Públicas, como a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (que presta assessoria ao Parlamento) recomendam cautela na análise dos números deste ano. Numa nota distribuída segunda-feira pelos deputados, a UTAO frisa que o Governo até pode conseguir compensar os desvios da receita e da despesa com margens orçamentais, mas piora o ajustamento estrutural (ver texto ao lado). Há outros motivos de preocupação: quanto mais tempo o país passar em duodécimos no próximo ano, mais difícil será continuar a consolidação. Sem novo Orçamento, há várias medidas de contenção da despesa que são automaticamente revertidas em 2016 - cortes salariais na Função Pública e pensões, por exemplo. Amanhã, Bruxelas vai divulgar novas previsões económicas e orçamentais, nas quais irá basear a análise e as recomendações aos orçamentos nacionais que devem ser conhecidas até meados de Novembro. Portugal continua sem enviar qualquer documento orçamental para a Comissão, que assim não pode começar a analisar as metas de 2016. As várias declarações de Passos Coelho sobre o tema deixam perceber que, enquanto a questão governativa não estiver resolvida, não será enviado qualquer documento. Ou seja, quanto mais tempo a incerteza se arrastar, mais se atrasam os procedimentos do Semestre Europeu relativos à economia portuguesa. ■ Mais 524 milhões para comprar bens e serviços Governo também já reforçou a dotação para gastos com pessoal em 168,5 milhões. Margarida Peixoto [email protected] O Governo já reforçou a dotação para a aquisição de bens e serviços da Administração Central em 524 milhões de euros. Esta é a rubrica que mais contribui para o desvio da redução da despesa, face ao previsto no Orçamento do Estado. O número consta da análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), distribuída segunda-feira no Parlamento. Esta é uma alteração ao Orçamento da competência do Executivo e não tem de ser autorizada pela Assembleia da República. 15 de Outubro 14 de Outubro Coligação rompe negociações com PS PS e PSD/CDS trocam críticas. Passos Coelho avisou que não vai governar com o programa do PS e recusou sujeitar o país a uma “chantagem política”, uma vez que foi a coligação Mas revela que os planos iniciais de poupança com estes gastos deverão sair furados. O Executivo poderá até ainda não ter gasto a totalidade das verbas transferidas, mas o reforço indicia que prevê executar mais despesa. Por enquanto, os números da execução orçamental não são favoráveis. O relatório da UTAO explica que o OE/15 prevê um corte de 2,2% na despesa com aquisição de bens e serviços. Contudo, até Setembro verifica-se um aumento de 3,2%. O resultado é um grau de execução desta despesa de 73,2%, mais 3,9 pontos percentuais que o registado em 2014. Os gastos com a aquisição de bens e serviços são o principal motivo do desvio da despesa efectiva. quem venceu as eleições e adiantou que não tenciona ter mais nenhuma reunião com o PS. Socialistas divulgam documento enviado à coligação solicitando esclarecimentos sobre custos de medidas do seu programa. Conhecidos resultados finais Cavaco Silva anuncia que vai receber os partidos políticos que elegeram deputados nos próximos dias 20 e 21, cumprindo uma obrigação constitucional. São divulgados os resultados dos círculos da emigração ficando a ser conhecidos os resultados finais do escrutínio. António Costa e Catarina Martins reúnem com dirigentes europeus das respectivas famílias políticas. Passos reúne com líderes europeus. Página 15 ID: 61694343 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 6,09 x 30,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 7 Paulo Alexandre Coelho Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, reafirmou já várias vezes que a meta orçamental prevista para este ano será cumprida. Outra rubrica que o Governo já reforçou foi a de gastos com pessoal da administração central: entre Janeiro e Setembro houve um reforço de 168,5 milhões de euros. Tanto a UTAO, como o Conselho de Finanças Públicas, frisaram já que a este ritmo haverá uma derrapagem nas despesas com pessoal. Conforme explica a UTAO, a existência de margens no OE/15 - como a reserva orçamental ou a dotação provisional - permitem que o Governo vá executando estas alterações sem ter de recorrer ao Parlamento para aprovar um Rectificativo. Contudo, o resultado será um ajustamento estruturalmente pior. Mais: tendo em conta a recuperação da actividade económica e a dificuldade em cortar a despesa primária, “perspectiva-se uma evolução do saldo orçamental adversa do ponto de vista estrutural em 2015 e 2016”, avisa a UTAO. ■ RESULTADOS ELEITORAIS Coligação PSD/CDS foi a força política mais votada. Esquerda tem maioria no Parlamento. Partido PSD/CDS PS BE CDU PAN Resultado 38,57% Mandatos 107 32,31% 10,19% 8,25% 1,39% 86 19 17 1 Fonte: Comissão Nacional de eleições Página 16 ID: 61694343 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 31,38 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 5 de 7 Destaque Um mês depois das eleições PS pressiona PCP a assinar acordo para a legislatura Passos venceu as eleições gerais mas pode estar a dias de ser derrubado e ir para a oposição. Oposição ‘Entourage’ de Costa preocupada com resistência do PCP. César deixa dúvidas no ar. João Oliveira confirma intenção do PCP de não apresentar moção de rejeição a três. Márcia Galrão [email protected] César disse de que ainda não há qualquer acordo entre PS, PCP e BE para a apresentação de uma moção de rejeição conjunta ao programa do Governo de Passos. A postura do PCP, que continua a resistir em colocar a sua assinatura num acordo escrito para quatro anos, com medidas concretas, está a deixar a ‘entourage’ de António Costa preocupada. Ontem, Carlos César aumentou a pressão pública aos comunistas, deixando claro que o PS “só inviabilizará o Governo” de Passos, se o acordo à esquerda “for conseguido”. E aí, o PS “apresentará a sua própria moção de rejeição”, garantiu o líder parlamentar socialista. Ao que o Económico apurou, o PCP tem tentado inverter os passos a dar. Ou seja, Jerónimo de Sousa quer que primeiro o Governo de Passos caia - com a garantia da “palavra dada” pelo PCP de que não permitirá que se João Oliveira, reafirmou a intenção do PCP de apresentar uma moção de rejeição autónoma ao novo Governo aquando da apresentação do seu programa. deite abaixo um Governo do PS - para depois ir negociando ao longo da legislatura com António Costa as medidas que considerar pertinentes. Mas o secretário-geral não aceita este princípio e já ouviu Catarina Martins, do BE, sustentar o seu argumento: “A palavra é uma coisa muito importante, mas quando se fazem documentos assinam-se”, disse a líder do Bloco ao “Diário de Notícias”. E mais: o acordo a existir “só se for com os três partidos, por uma questão de estabilidade do Parlamento”. É por isso que ontem, apesar das várias fontes reafirmarem ao Económico que o acordo entre PS e Bloco está fechado, Carlos César veio dizer que ainda “não há acordo nenhum”. Isto porque para ser válido, o acordo que derrube o Go- Assis posiciona-se para o pós-Costa Francisco Assis quer mostrar publicamente que está contra a estratégia de António Costa de virar o PS para a esquerda e, por isso, convocou um almoço com os militantes igualmente críticos dessa posição. Mas do encontro na Mealhada, no sábado, não parece esperar-se muito mais do que uma tomada de posição pública. Assis não quer deputados a furar a disciplina de voto na hora de rejeitar o Governo de Passos, mas como esse derrube continua a ser uma dúvida até o acordo PS, PCP e BE estar fechado, o eurodeputado socialista quis posicionar-se já para uma eventual situação em que Costa não consiga derrubar o 16 de Outubro Prosseguem reuniões entre PS, BE e PCP PS prossegue reuniões técnicas com Bloco de Esquerda e PCP para procurar uma alternativa de governação à esquerda e entrega à coligação PSD/CDS uma carta com a apreciação crítica às propostas apresentadas. O secretário-geral do PS acusou ainda a coligação de não ter fornecido o essencial dos dados económicos e financeiros sobre a situação do país. Governo e fique sem margem para negociar com Passos e Portas. Se isso acontecer – como Assis ainda espera – o antigo líder parlamentar do PS é visto como o nome ideal para suceder a Costa e encetar negociações que permitam sustentar a coligação de direita até próximas eleições. O Económico sabe que Assis já teve inclusive conversas com altos dirigentes do PSD nesse sentido. Para já, Assis reunirá à sua volta na Mealhada poucos militantes de peso dentro do partido. João Proença, José Junqueiro ou Eurico Brilhante Dias são os nomes mais conhecidos. Mesmo Vera Jardim, que ontem disse apoiar uma “solução Assis”, 17 de Outubro Costa fala em “surpresas desagradáveis” escondidas pela coligação Azeda o tom e acusações entre coligação e PS. Marco António Costa, porta-voz do PSD, diz que a carta de António Costa não é “uma contraproposta política de trabalho que sirva de base para o avanço das negociações” e acusa o PS de não foi muito assertivo. Prefere “esperar para ver os termos do acordo” e que “o ‘timing’ [de Assis] poderá não ter sido o melhor”. Um facto que está a ser muito criticado, mesmo entre os que estão do lado de Assis, é o almoço estar a ser organizado por Ricardo Gonçalves, ex-deputado do PS que ficou conhecido por uma polémica com Maria José Nogueira Pinto, que acusou de se “vender a qualquer preço para ser eleita por qualquer partido”. O facto de ter ao seu lado os seguristas que no passado estiveram contra a sua candidatura quando disputou a liderança com Seguro é também criticado. M.G. tentar impor o seu programa eleitoral à coligação. Na entrevista à TVI24, António Costa falou em “surpresas desagradáveis” sobre a situação do país que terão sido referidas nos dois encontros que houve entre delegações do PSD, CDS e PS. verno terá de contar com o PCP. “Se esse acordo for conseguido – e tem alta probabilidade de o ser – apresentaremos a nossa própria moção de rejeição. Se assim não for, não deixaremos o país sem Governo”, sublinhou Carlos César. O socialista acrescentou ainda que o PS “não se desviou do cenário” de procurar concluir um acordo sólido com as forças à sua esquerda. Em termos técnicos, o PCP tem resistido na questão de aceitar a subida faseada do salário mínimo – contudo ontem a CGTP já assumia essa possibilidade –, embora fontes socialistas ao Económico assumam que pode haver uma estratégia dos comunistas para adiar o fecho das negociações, por não quererem assinar nenhum acordo escrito que os “amarre” por quatro anos. Pouco depois das declarações de Carlos César, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, reafirmou a intenção de apresentar uma moção de rejeição autónoma ao novo Governo, aquando da apresentação do seu programa, até “decisão em contrário”, e consoante as negociações com PS e BE. O programa do XX Governo Constitucional é discutido na segunda e terça-feira na Assembleia da República, tendo eventuais moções de rejeição de dar entrada até ao final do debate. João Oliveira acrescentou ainda sobre as conversações à esquerda que “a palavra de um comunista vale tanto como um papel assinado, nesta circunstância”, sem qualquer “novidade ou comentário”, pois o processo está em curso. ■ 18 de Outubro Passos desafia Costa a entrar no Governo Passos Coelho desafiou António Costa a enviar uma “contraproposta objectiva” para mostrar empenho nas negociações e a dizer com clareza se pretende entrar numa coligação de Governo com PSD e CDS. 19 de Outubro Costa responde a Passos António Costa responde ao desafio de Passos e diz que as divergências entre os dois partidos são de “reorientação política” e não de lugares. Passos volta a Belém para informar o Presidente sobre as diligências feitas junto dos partidos para encontrar uma solução governativa. 20 de Outubro Cavaco começa a receber partidos Presidente da República começa a receber os partidos que elegeram deputados ao Parlamento, antes de indigitar o primeiro-ministro. Página 17 ID: 61694343 04-11-2015 Paulo Alexandre Coelho Paula Nunes António Costa perdeu as eleições de 4 de Outubro mas está a uns passos de ser primeiro-ministro. Tiragem: 13063 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 31,29 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 6 de 7 O mês em que se traçou uma fronteira entre a.C. e d.C. Politólogos admitem que António Costa está a acabar com “o preconceito da esquerda”. Inês David Bastos [email protected] Golpe de Estado; assalto ao poder, subversão do regime; ilegitimidade; PREC II; ganhar o poder na secretaria. Faz hoje trinta dias que estas expressões entraram em força no léxico político, num mês que - razões ou indignações à parte - já marcou para sempre, todos admitem, a política portuguesa. Na linha da frente do baralhar de peças do tabuleiro de xadrez a que todos, com uma inovação aqui outra ali, estavam habituados desde o 25 de Abril está António Costa, o líder do PS, que, perdendo as eleições, forçou uma solução inédita para derrubar a coligação que ganhou mas sem maioria absoluta. Daí que o politólogo Adelino Maltez afirme ao Económico que, dure o tempo que durar, Costa já trouxe uma mudança: “Podemos dizer que há um a.C e um d.C.”. Um paralelismo a antes de Cristo e depois de Cristo. Porque protagonizou Costa uma ‘machadada’ na tradição política e na própria geometria de poder? Por três razões: porque quem ganhou as eleições de há um mês poderá não ser quem ficará a governar. Porque foi Costa quem perdeu as eleições, não se demitiu e prepara-se para subir ao poder através do Parlamento (quanto tempo? A incógnita é tal que ninguém arrisca prognósticos). E, por fim, porque esta subida se fará (ainda não está fechado) alavancada em dois partidos com quem o PS tem mantido há anos uma relação (quase) antagónica e de guerrilha: o BE e o PCP. Sobretudo nas questões sobre as regras orçamentais europeias. A juntar a isto tudo há outra 22 de Outubro Presidente indigita Passos como primeiro-ministro 21 Outubro Conhecidos primeiros contornos do acordo da esquerda Prosseguem reuniões entre o PS, BE e PCP e são conhecidas as primeiras medidas que vão fazer parte do acordo entre o PS e o BE. PCP faz tabu sobre o assunto. Terminadas as reuniões com os partidos, Cavaco Silva anuncia ao país que decidiu indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro. O Presidente faz ainda duras críticas ao PCP e BE frisando que um governo de esquerda seria “uma alternativa claramente inconsistente”. O Chefe de Estado criticou também os partidos que chamou “europeístas” - PSD, CDS/PP e PS - de não terem conseguido chegar a um consenso. novidade que faz muitos analistas dizerem que se derrubou um “preconceito”: o PCP poderá deixar de ser apenas um partido de oposição, apoiando e colaborando com um Governo. A maioria de esquerda já teve uma concretização prática: pela primeira vez o presidente do Parlamento não saiu partido mais votado, o PSD, mas sim do PS. “Uma coisa já mudou também: as maiorias relativas a partir de agora perdem importância e a contabilidade do vencedor de umas eleições será outra”, antevê Adelino Maltez, para quem o último mês “desfez o que até agora se conhecia como arco da governação”. Para o politólogo, que espelha uma opinião generalizada, a entrada do BE e do PCP no arco da governação “é um começo de um poder novo, que pode germinar ou não”. Mais: é o “fim do preconceito da esquerda”, isto é, lutas entre PCP e PS, e o fim “dos fantasmas da direita”. Perante todas estas situações inéditas este foi um mês aceso e carregado de declarações políticas, antevisões de comentadores, alertas de constitucionalistas, surpresas para politólogos e de frenesim no palco e nos bastidores. E com Cavaco, o Presidente da República, no epicentro. Passos ganhou, Costa não saiu de cena e exigiu ser primeiro-ministro alegando que conseguiria um acordo à esquerda, com BE e PCP. Juntos, no Parlamento, Politólogo José Adelino Maltez não tem dúvida que este mês mudou a política nacional: acabou o preconceito de esquerda e os fantasmas da direita. 23 de Outubro Assembleia da República toma posse Os novos deputados da Assembleia da República tomam posse e elegem o socialista Ferro Rodrigues como Presidente do Parlamento. Pela primeira vez nos últimos 20 anos o Presidente da Assembleia não é da mesma cor política que o Governo. têm mais de 116 deputados. “Isto é um PREC II”, agitou Paulo Portas. “Quem ganhou as eleições deve governar”, reiterou até à exaustão Passos Coelho. “Isto é ilegítimo”, ajudou Bagão Félix. “É um assalto ao poder”, atirou Manuela Ferreira Leite. Do outro lado, ouviam-se constitucionalistas como Vital Moreira a avisar: “É legítimo Costa formar Governo se Passos cair porque Portugal é uma democracia parlamentar e o PS foi o segundo partido mais votado.” Até Marques Mendes, ex-líder do PSD, embora surpreendido com o rumo do impasse político desde as eleições, admitia que a indigitação de Costa não seria inconstitucional. O Chefe de Estado decidiu dar posse a Passos e Portas, apesar de não garantirem estabilidade política. Seguiu a “tradição”, justificou. E, de facto, era essa a tradição: o próprio Cavaco tinha tomado posse em 1985 sem maioria absoluta e o mesmo sucedeu a Guterres (1995 e 1999) e a Sócrates (2009). Mas Costa avisou que vai derrubar o novo Executivo (que poderá vir a ser dos mais curtos dos últimos anos) porque vai conseguir aquilo que há muito certas facções da esquerda já tinham ensaiado: unir PS, BE e PCP. E a verdade é que nunca os três estiveram tão próximos. O BE já fechou acordo e no futuro até podem existir ministros bloquistas. O PCP está a oferecer mais resistência. Os analistas concordam que, apesar de haver uma alteração à tradição, não existe subversão da democracia porque o Governo proposto por Costa assenta numa maioria que sai do Parlamento. O líder do PS aproveita ainda o facto de o Presidente estar impedido de dissolver a AR e de marcar eleições para impor um Governo de base parlamentar. ■ 30 de Outubro Novo Governo toma posse Toma posse o XX Governo constitucional. Cavaco voltou a frisar que não lhe foi apresentada pela esquerda “uma alternativa estável, coerente e credível” e avisa que “sem estabilidade política, Portugal tornar-se-á um país ingovernável”. Página 18 ID: 61694343 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,44 x 22,45 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 7 de 7 Investidores dão sinais de desconforto com incerteza política Após um mês de impasse político não há susto: a bolsa recupera e o mercado de dívida segue anestesiado pelo BCE. Mas há sinais na comparação entre Portugal e outros países periféricos que revelam a apreensão dos investidores. ➥ P4 A 9 PS pressiona PCP a assinar acordo para quatro anos Cumprir meta de 2015 não basta para sair de défice excessivo Página 19 A20 ID: 61694392 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 27 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,75 x 12,48 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 A soberania segundo a esquerda Um dos objectivos de um governo de esquerda é mostrar que o país não deve ficar refém dos mercados financeiros. A intenção será promover o consumo repondo os salários e aumentando as pensões, além da aprovação de outras medidas para André que as pessoas tenham mais dinheiAbrantes ro na carteira. Amaral O conceito parte do pressuposto Advogado que não o fazer é uma opção ideológica, como se alguém preferisse a austeridade à prosperidade. A esquerda faz uso deste esquema mental ao mesmo tempo que não explica como se paga a alternativa. É que, da mesma maneira que interessa confundir austeridade com ideologia, não convém lembrar que as políticas de esquerda serão financiadas pelos mercados. Como os impostos não chegam para pagar o socialismo, serão os investidores estrangeiros a emprestar o dinheiro necessário, com juros mais altos que aqueles que uma política de rigor permitiria. É curioso como as políticas de esquerda, que pugnam pela soberania de Portugal, respondem por um maior endividamento do país e o pagamento de juros que o povo de forma soberana, através do voto, declarou não querer, mas que certos políticos soberanamente entenderam de outra forma. É que bem analisado para a esquerda a soberania não passa da possibilidade de um grupo fechado deci- dir de acordo com os seus interesses sem querer saber das consequências; sem querer saber que isso implica hipotecar ainda mais o país e as pessoas. Para a esquerda a soberania do país não é mais que uma justificação para agir sem freios. A soberania tal como é percepcionada pela esquerda não se trata da liberdade de cada um de nós ser capaz de escolher. A soberania para a esquerda é o exercício do poder por poucos em nome de todos e com o menor escrutínio possível. Até porque é a isso que a escassez de dinheiro obriga: ao exame minucioso da utilização dada ao dinheiro público; à percepção que este não é mais que a entrega, baseada num contrato entre o povo e o poder político, de parte dos rendimentos dos cidadãos para que sejam bem aplicados em nome da comunidade. Nada que espante quando sabemos o valor que a esquerda dá ao voto. Para PS, PCP e Bloco não interessa que os respectivos programas eleitorais sejam antagónicos e jamais uma aliança entre os três tenha sido referida para ser votada. Não interessa que os três tenham perdido as eleições. Como tantos à esquerda têm notado, PSD e CDS não ganharam; apenas tiveram mais votos. Quando tudo se reinventa, o que mais resta? Para uns a consciência, para outros a falta de vergonha. Mas a soberania de um povo, de um país, é muito mais que as inúmeras justificações de um golpe, formalmente possível, mas ética e politicamente inaceitável. ■ Página 20 ID: 61694392 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 8,10 x 2,33 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2 André Abrantes Amaral Como tantos à esquerda têm notado, PSD e CDS não ganharam; apenas tiveram mais votos. Quando tudo se reinventa, o que mais resta? ➥ P27 Página 21 A22 ID: 61694334 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 20,75 x 21,80 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Blogosfera Catarina Martins assegura que já há acordo para descongelar pensões. Comente. Preconceitos Alternativas Doutrina socrática Miserável Francisco Madelino Gabriel Leite Mota Ricardo Ferraz Ricardo G. Francisco Jurista Economista Economista Economista Não descongelar pensões pode ser preconceituoso. Na sua base pode estar a tese que um acordo das esquerdas, liderado pelo PS, seria irresponsavelmente despesista e condenado ao fracasso. Normalmente vê-se a questão apenas por uma parte da realidade, ou pelas despesas sociais ou pelo mercado de trabalho. Há muita dificuldade em a discutir o todo. Poderá esta questão, também, ter na fonte uma precaução realista. Será, com as atuais restrições do Tratado Orçamental, e com a situação estrutural do crescimento económico e das finanças públicas, alguém se pode comprometer assim? Que actualização se estaria a pensar? Recuperando as desvalorizações inflacionistas havidas? Em quanto tempo? Esta questão têm de ser vista na estratégia global das políticas públicas, com realce para as orçamentais, fiscais e macroeconómicas. Percebe-se a curiosidade. Entende-se a precaução. Já não se aceita o preconceito. O que determina tudo é o crescimento económico. Com ele, muito é possível. Sem ele, nada é sustentável. Nem as pensões, nem o SNS e nem a economia. A elaboração de um Orçamento do Estado é uma tarefa política. Mesmo as metas do défice e da dívida pública a que estamos sujeitos resultam de decisões políticas europeias. Por isso, quando são ventiladas políticas orçamentais, do putativo governo de esquerda liderado pelo PS, diferentes daquelas a que a coligação de direita nos habituou nos últimos quatro anos, estamos perante a realidade das alternativas. A esquerda portuguesa soube munir-se de economistas de valia, o que lhes permite apresentar propostas de OE tecnicamente válidas e, ao mesmo tempo, promotoras de inflexão das políticas da direita. A questão de fundo da política é a distribuição: quem fica com o quê. As políticas neoliberais que têm governado o mundo ocidental promovem o desmatamento da classe média e o engordar das classes super-ricas. Uma política minimamente de esquerda tem que fazer o oposto: transferir riqueza dos multimilionários para as classes médias e mais desfavorecidas. Descongelar pensões é um passo nessa senda do reencontro com o equilíbrio social. Portugal perderá se António Costa for bem sucedido na luta pela sua sobrevivência política. Quantos empresários investirão se existir um governo refém de forças políticas declaradamente inimigas do capital e permeáveis às reivindicações sindicais? Num contexto em que esse governo dependerá de quem defende a renegociação da dívida e a desvinculação do Tratado Orçamental, quanto cobrarão os mercados pelos seus empréstimos para financiar as políticas (de esquerda) que farão derrapar o défice? Porém, estas preocupações não existiriam se António Costa tivesse feito doutrina do que afirmou José Sócrates, em 2009, na apresentação do Programa do XVIII Governo Constitucional: “O novo quadro parlamentar não confere a nenhum partido uma maioria absoluta. (...) Mas isso não significa que as eleições não tenham tido um partido vencedor (...). Este é, portanto, um Governo com inteira legitimidade democrática para governar”. Infelizmente não fez, mas nunca é tarde para se ir ao encontro dos interesses nacionais. A ver vamos. Parece que o BE soma vitórias na negociação com o PS. Temos presente o anterior governo cheio de malvados, inimigos dos idosos e negligentes dos seus votos, que fizeram cortes que também incidiram nas pensões, especialmente as mais altas. Porque gostam de fazer mal aos idosos, claro. São de direita. Depois o PS, no seu programa com contas feitas, também fazia cortes nas pensões. Com contas e números também eram de direita. Grande vitória a do BE que conseguiu a eliminação dos cortes nas pensões nas negociações com o PS, transformando-o em um partido de esquerda. Parece que o PS, que já perdeu as eleições com um conjunto de promessas de tudo para todos em que poucos acreditaram, para governar terá de cair na armadilha de caucionar a narrativa de que os cortes da despesa são uma opção, não uma inevitabilidade para o Estado português ser viável dentro da zona euro. Inevitável para a manutenção a soro do Estado Social construído pelo PS, PSD e CDS nos últimos 40 anos, suportados consistentemente por vasta maiorias dos votos. Página 22 A23 04-11-2015 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 20,75 x 29,76 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Paulo Alexandre Coelho ID: 61694385 Tiragem: 13063 A prova tinha sido introduzida na lei com o PS sob a tutela de Maria de Lurdes Rodrigues, em 2007, mas só foi aplicada em 2013 com Nuno Crato. A 13 de Outubro foi declarada inconstitucional pelo TC. Bloco de Esquerda mata prova dos professores contratados Educação Bloquistas entregam primeira iniciativa desta legislatura para a Educação, que passa por retirar da lei a prova obrigatória para os contratados com menos de cinco anos de serviço. Ana Petronilho [email protected] A prova para os professores contratados já estava ferida desde que o Tribunal Constitucional a declarou inconstitucional pela forma como foi legislada. Agora, o Bloco de Esquerda vai dar-lhe o golpe final ao entregar uma proposta de lei no Parlamento para revogar e retirar da lei a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC). Esta é, aliás, a primeira iniciativa desta legislatura para a Educação, entregue por um partido da esquerda, que à partida será viabilizada. PS e PCP também já assumiram estar contra o exame. O ex-ministro Nuno Crato tinha marcado a prova obrigatória para todos os professores contratados com menos de cinco anos de serviço para 18 de Dezembro. Mas a 13 de Outubro o TC, que analisou o diploma a pedido da Fenprof, entendeu que o exame é inconstitucional por ter sido introduzido no Estatuto da Carreira Docente (ECD) pelo Governo, em 2007, sem a autorização do Parlamen- to. A prova de Dezembro ficou, assim, sem efeito. Mas o ministro Nuno Crato que entendia ser “essencial” que a prova se realizasse para se oferecer aos alunos “a melhor educação possível” - disse que os serviços jurídicos do Ministério da Educação estavam a “estudar possíveis soluções para sanar” este impasse que teria de ser resolvido “em sede parlamentar”. Para garantir que o exame não se realiza, o Bloco de Esquerda revelou ao Diário Económico A iniciativa do BE será entregue na próxima semana para que “seja discutida o mais rápido possível”, anunciou o deputado José Soeiro. que vai entregar no Parlamento, no início da próxima semana, uma proposta para retirar a PACC da lei. Iniciativa que o BE espera que “seja discutida o mais rápido possível”, disse ao Económico o deputado José Soeiro que tendo em conta “as críticas à prova dos três partidos da esquerda” tem a “expectativa de que a proposta seja viabilizada”. O objectivo do partido é retirar a alínea f) do artigo 22º do ECD, que estabelece os requisitos de admissão aos concursos de colocação dos professores. Além disso, o BE quer revogar o decreto-regulamentar nº 7/2013 que desenha as regras do exame. Caso o MEC contorne a lei e realize a prova, o projecto-lei do BE, explicou ainda José Soeiro, visa garantir “que os professores que não resolvam o exame se possam apresentar ao concurso”. A prova foi introduzida na lei em 2007 com o PS, sob a tutela de Maria de Lurdes Rodrigues, mas só foi aplicada em 2013, já com Nuno Crato, sob forte protesto dos professores. Apesar de ter sido uma iniciativa socialista, o PS já fez saber que não é esta a prova que tinha em mente tendo inscrito no seu programa eleitoral a revisão do processo de recrutamento dos professores e a suspensão da prova. Para a Fenprof é positivo “tudo o que for banir” a prova da lei. Mas o secretário-geral Mário Nogueira, que é hoje recebido pelo BE e pelo PS, defende que agora “o mais importante é compensar quem foi penalizado pela prova inconstitucional”. O sindicalista diz que devia ser “devolvido a todos os professores o dinheiro que pagaram para resolver a prova”. Além disso, “devia ser compensado quem teria sido colocado e ficou sem o seu salário e sem o tempo de serviço por causa da prova”, defende Nogueira, que vai aproveitar as reuniões de hoje para alertar os partidos para esta situação. Sem a prova os professores contratados com menos de cinco anos de serviço não podiam concorrer a um lugar numa escola para poderem dar aulas. No ano passado houve cerca de dois mil docentes que ficaram impedidos de concorrer por terem chumbaPágina do ou faltado ao exame. ■ 23 A24 ID: 61694388 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 30,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 Juízes aconselhados a não aceitarem acções executivas “acima do limite” Justiça CSM recomenda regras apertadas para combater pendências executivas e deixa caderno de encargos ao Governo. [email protected] O Conselho Superior da Magistratura (CSM) acaba de aconselhar os juízes que decidem processos de cobrança de dívidas a não aceitarem acções “acima do limite”. Um conselho que poderá causar transtornos ao juiz-presidente do tribunal e ao Governo, dado que actualmente já há muitos magistrados que têm mais processos em mãos do que os definidos por lei. No intitulado manual de “Boas Práticas nas Execuções”, a que o Diário Económico teve acesso, o CSM - órgão de gestão e disciplina dos juízes - pede às secções de execução que façam uma “contingentação processual efectiva”, isto é, que aceitem apenas os processos que estão dentro dos limites definidos como possíveis de resolução eficaz. Existe um Valor Processual de Referência (VPR) para cada tribunal e juiz - número de processos que cada um pode ter e resolver num ano. O que o Conselho vem agora dizer aos juízes é que não ultrapassem esse número. No documento, o CSM propõe ainda que sejam criadas equipas especiais de magistraRECOMENDAÇÕES DO CSM ● Criação de grupos provisórios de apoio com juízes e funcionários. ● CSM aconselha os juízes a não aceitarem processos acima do limite. ● Alocação de mais juízes e funcionários a secções de execução. ● Definição do Estatuto do Agente de Execução. ● Ser o agente obrigado a tramitar acções no Citius. ● Reforçar o controlo aos Agentes de Execução. dos e funcionários para “recuperar pendências acumuladas”. Ao longo de 39 páginas, o Conselho Superior define “métodos de trabalho” para os juízes e deixa um caderno de encargos para o próximo ministro da Justiça para tentar resolver aquele que é há muito visto como o principal ‘cancro’ da Justiça: o elevado número de pendências nas acções de cobrança de dívidas. No manual, o CSM constata que existem “diversos problemas no funcionamento das secções de execução” e diz que “o bom funcionamento” desta justiça em particular depende da conjugação de três factores: resposta eficaz dos tribunais, adequada articulação entre juízes e Agentes de Execução (que tramitam os processos) e melhor tramitação processual. O CSM avisa mesmo que muitos utentes ainda desconhecem que existe uma figura fora do tribunal (Agente de Execução) que trata destes processos e que, por isso, entopem as secretarias das secções com papéis e requerimentos. Paulo Figueiredo Inês David Bastos Reptos para o Governo O elevado número de processos de cobrança de dívidas que se arrastam nos tribunais - representam mais de 70% do total das pendências - foi um dos entraves apontado pela ‘troika’ à colocação da Justiça ao serviço da economia. Paula Teixeira da Cruz, ex-ministra, avançou com algumas reformas, mas à medida que se reduziam estatísticas e se tiravam processos do sistema outros entravam com o agravamento da crise. Perante este cenário, o Conselho - para “desbloquear constrangimentos - deixa uma espécie de caderno de encargos ao poder Executivo. Antes de mais, que desloque mais funcionários e magistrados para estes tribunais. Uma luta e reivindicação antiga dos juízes que não tem sido atendida pelos governos na dimensão pretendida. O CSM pede ainda ao Governo (o que agora tomou posse ou o que se seguir se o de Passos/Portas cair no Parlamento) que torne mais “minucioso” o O elevado volume de pendências em cobrança de dívidas é um dos principais problemas da Justiça. O Conselho Superior da Magistratura aprovou um manual de Boas Práticas para tentar resolver bloqueios nas acções de cobrança de dívidas. regime legal e que reveja o Estatuto do Agente de Execução. Neste campo, e porque o Conselho alega que a comunicação entre os agentes e os juízes está a falhar, o órgão de supervisão entende que aqueles profissionais devem ser obrigados a tramitar os processos na plataforma Citius (usada nos tribunais). Pedem ainda que seja definida a nomeação aleatória em todos os casos e uma “tabela única e rígida” de honorários. Indirectamente, o CSM está a pedir ao Governo que aperte ainda mais o cerco à actividade destes profissionais para evitar irregularidades, desvios e atrasos. Mais: o CSM exige ao Ministério da Justiça e à Câmara dos Solicitadores (que regula estes profissionais) que façam uma “supervisão e controlo apertados das situações de dependência económica ou jurídica de exequentes [quem coloca a acção] e de situações de angariação ilegal de clientela”. ■ Página 24 ID: 61694388 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 3,98 x 2,82 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2 Juízes aconselhados a não aceitarem mais execuções de dívidas ➥ P14 Página 25 A26 ID: 61694327 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,57 x 27,81 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Editorial E quando o doping desaparecer? Exactamente um mês depois das eleições, com a tão desejada clarificação política ainda longe, já é possível fazer um balanço deste período. A nível político muita coisa mudou, e para sempre, como veremos em futuros actos eleitorais. A nível financeiro, no entanto, o panorama é mais difícil de analisar. Uma coisa se pode dizer: a desgraça que se ia abater sobre as nossas cabeças com um Governo apoiado pelos partidos da esquerda não se materializou, felizmente. Dito isto, também há que dizer que a análise não é linear nem definitiva. No que toca à dívida pública, o efeito do massivo programa de compras do BCE está a funcionar como um doping que teve a aliviar todas as dívidas europeias, incluindo naturalmente a nossa. Quer isto dizer que as taxas no mercado secundário não reflectem de forma total e unicamente a percepção de risco de Portugal para os investidores. Estes continuam alegremente a comprar, porque sabem que, se quiserem sair, têm sempre o BCE de maço de notas na mão, cuja procura no mercado vai mantendo artificialmente os preços. Ainda assim, há um efeito que se pode notar, que está a haver uma divergência entre as taxas de Portugal face a Espanha e a Itália, que estão a beneficiar mais do que nós desse efeito BCE. Ou seja, há receios e há dúvidas, lançadas também por analistas conceituados, e há também um custo que, por agora, é limitado. A pergunta para um bilião de euros é a seguinte: e quando acabar (e irá acabar) o doping de Mario Draghi? ■ Página 26 A27 ID: 61694339 04-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 19,83 x 21,63 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Opinião Onde está o radicalismo? Paulo Figueiredo João Cardoso Rosas Professor Universitário O leitor que lê estas crónicas com regularidade sabe bem do meu cepticismo em relação à estratégia de António Costa. Mas uma coisa é criticar uma estratégia política e outra, completamente diferente, é transformar essa crítica numa visão desinformada ou manipuladora sobre o funcionamento da democracia representativa. Pois bem, é isto mesmo que tem estado a acontecer por parte de inúmeros comentadores e políticos de direita. O primeiro argumento destas pessoas é o de que as esquerdas estão a levar a cabo uma espécie de “golpe de estado”. É muito curioso que se acuse de golpismo quem, fazendo uso das prerrogativas do regime representativo, procura consensos entre partidos diferentes com vista a permitir a estabilidade governativa. Mas então não é verdade que tanto o Governo como o Presidente da República passam o tempo a apelar ao consenso e à estabilidade? Pois bem, é isso mesmo que procuram actualmente os partidos de esquerda. O segundo argumento consiste em dizer que estamos a regressar ao PREC, com a formação de uma frente de esquerda que inclui desta vez o PS, pondo assim em causa o próprio regime democrático. Ora, aquilo a que temos estado a assistir com a tentativa de um acordo parlamentar à esquerda é, precisamente, o contrário do frentismo popular do PREC. O que temos visto é a soberania do parlamento em pleno. Se há algum frentismo neste momento, ele vem da direita, com a convocação de uma manifestação com vista a contrariar possíveis acordos parlamentares à esquerda. O terceiro argumento é o da suposta deriva da democracia representativa para uma democracia populista. Mas não se encontra nada disso no contexto político actual. A visão populista – como é, por exemplo, a do Podemos em Espanha – situa-se “para além” da esquerda e da direita, fazendo antes apelo à clivagem entre a “casta” e o “povo”, Aquilo a que temos estado a assistir com a tentativa de um acordo parlamentar à esquerda é, precisamente, o contrário do frentismo popular do PREC. “os de cima” e “os de baixo”. Estas tendências estão totalmente ausentes do contexto português. Pelo contrário, aquilo a que estamos a assistir é à reafirmação da dicotomia tradicional “esquerda-direita” que corresponde a uma visão horizontal e não vertical da política e que caracteriza todos os regimes constitucionais e representativos. Em suma: aquilo que a esquerda está a fazer neste momento, quer se concorde quer não, é procurar consensos e estabilidade no quadro parlamentar e representativo e sem qualquer populismo. Os partidos de esquerda revelam um comportamento de partidos de governo. Pelo contrário, o comportamento da direita é de tipo frentista e coloca em causa a soberania do parlamento. É como se o radicalismo antidemocrático de que acusam a extrema-esquerda se tivesse subitamente transferido para o lado direito do espectro político. ■ Página 27 A28 ID: 61694735 04-11-2015 Tiragem: 16000 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 6,72 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 EDITORIAL Cavaco nunca gostou de dúvidas nem de incertezas... Vítor Rainho O xadrez político portugués está cada vez mais parecido com um jogo de póquer. Se num dia parece que o vencedor está encontrado, no outro o adversário mostra as cartas e tudo muda Mas a esquizofrenia é tanta que quem dá as cartas (será o Presidente?) nem percebe muito bem quem são os jogadores. Vamos por partes: há um governo em exercício, mas ninguém o leva a sério até ao próximo dia 10, altura em que o programa do executivo de Passos será apresentado e, supostamente, vetado. Quase todos funcionam na lógica de que o que vale será o governo de António Costa, apoiado pelo PCP e BE, que se seguirá ao da coligação de direita. Acontece que dentro do próprio PS. não é líquido que o partido deva chegar ao poder através do acordo com os partidos mais à sua esquerda. Além disso, também o BE e o PCP parecem jogar,tudo na importância que terão para a viabilidade desse governo único de esquerda que fará do país uma nação mais justa, mais igualitária e onde os pobres serão menos pobres e os ricos menos ricos. Se tudo fosse assim tão fácil, o PS já se teria entendido com os seus prováveis parceiros ou a coligação de direita leria seguido tal cartilha. Acontece que é muito difícil estar bem com Deus e com o Diabo, pois a rapaziada que empresta o dinheiro não está muito virada para lirismos. E, no fundo, o PS sabe que não poderá entrar nos sonhos dos seus parceiros parlamentares, já que é um dado adquirido que estes não farão parte do governo, mas terão uma palavra decisiva em cada assunto sobre o qual não estejam de acordo. Posto isto, será o PS capaz de assinar um memorando para quatro anos com o BE e o PCP? E se não o conseguir, depois de o governo de Passos Coelho cair, o Presidente dar-lhe-á posse na mesma? São muitas as dúvidas e poucas as certezas, e sabe-se que Cavaco sempre gostou de não ter dúvidas e de ter muitas certezas. Como irão casar então estes parceiros tão diferentes? Parece-me uma união quase impossível e cada vez mais se adivinha um governo de gestão até ao dia em que possa haver novas eleições... Página 28 A29 ID: 61694773 04-11-2015 Tiragem: 16000 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 ENTREVISTA C, Radar // Vítor Ramalho avisa que PS tem de deixar claro que governo de esquerda não é "um exercício do poder pelo poder" AstuNIO 1'1,1»a SANTOS Vítor Ramalho. "Se o governo tiver ministros do PCP e do BE, o compromisso é muito maior" Dirigente do PS lembra a António Costa que deve ouvir os militantes para evitar mais divisões no partido e assume que aliança com comunistas e bloquistas envolve riscos. "Só querh não olha para a realidade é que não vê riscos", diz - LUÍS CLARO luis.clarogionline.pt Vítor Ramalho, que pertence à comissão política do PS e foi consultor da casa civil do Presidente da República nos tempos de Mário Soares, não acredita que Cavaco rejeite uma solução de esquerda e avisa que o agravamento da crise à escala global não deixa espaço para um governo de gestão. O Presidente da República fez um discurso multo crítico de uma solução de governo que incluísse o PCP e o BE. Acha que o PR pode rejeitar o governo de esquerda? Acho que o Presidente dificilmente deixará de dar posse ao governo alternativo liderado por António Costa com o apoio do PCP e do BE. Não acredita que o Presidente opte por deixar este governo em gestão? Tudo pode ser feito, nomeadamente isso, mas há aqui situações delicadas. Num período destes, tão complexo, em que se vão adensar fortemente factores de crise à escala global e com efeitos internos muito sérios, não é desejável que seja um governo de gestão. O Presidente classificou o governo de esquerda como uma alternativa inconsistente. Sim, mas vi este Segundo discurso de forma diferente. O primeiro foi um discurso muito marcado pela ideia de que o governo teria de ser um governo daquilo a que se chama os partidos do arco da governação. O segundo foi mais um alerta para o futuro que propriamente uma condicionante absoluta para a indigitação do António Costa como primeiro-ministro. Defendeu a realização de um referendo interno no PS para saber se os militantes aprovam a aliança com o PCP e o BE. Continua a achar que o PS deveria consultar os militantes? Seria de grande utilidade haver uma forma de os militantes se poderem pronunciar. Infelizmente começo a constatar que os acontecimentos se precipitaram a um ponto tal que duvido que isso seja exequível neste momento. Não tenciona insistir nessa proposta? Já apresentei essa posição duas vezes à comissão política. Estou expectante relativamente ao conteúdo daquilo que vai ser apresentado e a como vai ser apresentado relativamente aos acordos que vão ser feitos. Tenho de aferir qual é o conteúdo do acordo e qual é a vontade da direcção. Mas tenho esperança que haja uma forma de auscultação muita alargada dos militantes. Isso é fundamental. Seria bom, até ao congresso do PS, os militantes serem ouvidos. porque há aqui uma alteração do posicionamento do PS. Isso já foi experimentado pelo Mário Soares em 1983, no bloco central. O SPD Alemão fez um referendo interno para fazer um acordo com Merkel e o PS francês fez um referendo relativamente à coligação para as autárquicas. É uma questão de princípio e nas questões de princípio não podemos claudicar. Nesse sentido acha saudável a corrente alternativa que está a ser criada pelo Francisco Assis? Os estatutos do partido contem- "Seria bom que os militantes fossem ouvidos até ao congresso do PS. É fundamental" "O Presidente dificilmente deixará de dar posse a um governo de esquerda" Página 29 ID: 61694773 04-11-2015 piam a possibilidade de serem criadas correntes internas, e portanto não tenho nada a objectar. Isso não é negativo. Se porventura tivesse havido hipótese de um alargamento da auscultação militante, isso reforçaria o partido. Não o clivaria tanto. Os críticos deste acordo à esquerda têm avisado que o PS corre muitos riscos. Não teme que o PCP e o BE deixem cair o governo se forem precisas medidas impopulares? Só quem não olha para a realidade é que não vé riscos. Nós temos de falar aos portugueses de uma forma clara e nesta solução, perante a opinião pública. tem dc ficar claro que isto resulta da defesa de causas e não do exercício do poder pelo poder. Mas não se revê nas criticas de Francisco Assis... Não concordo com elas. Sendo certo que há aqui a necessidade de um alerta muito forte para os riscos que representa esta opção, também não me revejo nas posições que o Francisco Assis sustenta. São posições de direita. sem que se ofereçam alternativas reais aquilo que é o conteúdo do socialismo democrático. Julga que um governo do PS apoiado pelo PCP e pelo BE pode durar quatro anos? Vai depender muito de várias questões. Vai depender da clarificação dos objectivos que forem traçados, da firmeza com que Tiragem: 16000 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 11,26 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 eles vão ser concretizados, mas também das pessoas, que têm de estar à altura destes desafios. São três factores que têm de estar conjugados. Isto é feito dc pessoas e é preciso saber com que pessoas o António Costa vai contar para isto. E finalmente como a governação vai passar para a Assembleia. é muito importante não descurar a acção partidária. Pode ser fatal descurar a acção partidária O partido deve ter a maior atenção a esse ponto, muito mais do que teve até à data. Há necessidade de um partido socialista ideologicamente reforçado e humanamente mais apoiado. Prefere um acordo dc incidência parlamentar ou o PCP e o BE deveriam ter ministros no governo? Se o governo incorporar pessoas de outros partidos, sobretudo do PCP e do BE, o comprometimento é muito maior. É o que me diz a experiência O compromisso é maior, porque é responsabilizado colectivamente. Era preferível um governo com ministros do PCP e do BE? Há posições diferentes dentro do partido. Qual é a sua posição? Quando foi da fase de transição para a democracia defendi a integração. É muitíssimo mais co-responsabilizante haver a presença de representantes do PCP e do Bloco. Página 30 ID: 61694773 04-11-2015 Tiragem: 16000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 8,61 x 3,37 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Vítor Ramalho ao i: "Se houver ministros do PC e do BE, o compromisso é muito malor'llpidis.a4 Página 31 A32 ID: 61694719 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,76 x 5,61 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 PT Sindicato teme desemprego • O sindicato dos trabalhadores das telecomunicações SINTTAV alertou que a estratégia de "drástica redução de custos" da Altice. nova dona da PT. "vai provocar o desemprego de milhares de trabalhadores" temporários e em regime de outsourcing. "A designada 'reestruturação da PT 'está em marcha acelerada'. afirmou. Página 32 A33 ID: 61694641 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 6,55 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 CGTP e UGT esperam concertação social SALÁRIO MÍNIMO A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) vai esperar pelas contra- propostas do novo Governo em sede de concertação para negociar a subida do salário mínimo nacional (SMN). A reivindicação da CGTP é de 600 euros já em 2016, a mesma que consta do programa eleitoral da CDU, que juntou Verdes e PCP, par- tido este que. com o Bloco de Esquerda, está a negociar um acordo de alternativa governativa com o Partido Socialista. As mais recentes noticias dão conta da abertura para um aumento faseado do SMN. "Não pensem que nós aceitamos que. a pretexto agora desta discussão, se vá protelar a resolução do SMN. Tem de ser atualizado, é da res- ponsabilidade do Governo fazê-lo todos os anos e, no dia 1 de janeiro, tem de haver um novo SMN. O valor... estamos disponíveis para o discutir. Os outros entretanto que se disponibilizem para dizer o que pretendem". afirmou Arménio Carlos, líder da CGTP. que ontem recebeu o candidato presidencial comunista, Edgar Silva. Do seu lado, o secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT) encontrou-se ontem com a candidata presidencial Maria de Belém para abordar o mesmo tema e dizer ser "um erro" a discussão ser levada a cabo na praça pública. "como se fosse uma arma de arremesso entre partidos". Diz Carlos Silva que os parceiros sociais "não de- clinam" a sua responsabilidade e querem a matéria discutida com empregadores, sindicatos e Governo. Os partidos "não podem nem devem ponderar retirar ou esvaziar a concertação social porque ela é fundamental para discutir questões como o SMN", para o qual a UGT propõe uma atualização para 535 euros. • Página 33 A34 ID: 61694667 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,78 x 5,77 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Governo Fenprof apela a concentração • A Fenprof apelou ontem a "uma forte participação" dos professores. educadores e investigadores, na concentração agendada frente ao Parlamento no dia 10. A iniciativa foi marcada pela CGT!) para terça-feira, dia em termina a apresentação do programa do Governo e das moções de rejeição anunciadas pela Oposição. Página 34 A35 ID: 61694629 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,83 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Fsquerda Carlos César avisa que sem pacto claro a três não há moção de rejeição PS anil-Costa antecipa fracasso do acordo com PCP Ex-deputado José Junqueiro considera que "António Costa falhou ~tudo" Helena Teixeira da Silva [email protected] ► A fação do PS "desiludida" com António Costa está cada vez mais convencida de que não haverá um acordo de Esquerda. Sobretudo depois de ontem o líder parlamentar socialista. Carlos César, ter anunciado que sem um compromisso claro assinado pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Comunista não será apresentada moção de rejeição ao programa de Governo, o que deixa supor que o Executivo PSD/CDS-PP ainda tem uma hipótese de não chegar a cair. "Há duas leituras possíveis do que disse Carlos César: tentou exercer pressão sobre o PCP ou está já a admitir que o acordo não terá êxito". antecipou ao IN o ex-deputado José banqueiro. um dos partldpantes confirmados no almoço de rutura com Costa, promovido por Francisco Assis, e agendado para sábado, na Mealhada [ler em baixo!. "Uma solução governativa à Esquerda significa que o PCP estaria na disposição de se dissolver no PS e posteriormente desaparecer como desapareceram todos os partidos comunistas que, num determinado momento, acéttaram fazer parte de uma solução governativa. Só quem não conhece a História do PCP acha isso possível", sublinha. No entanto, ressalva, "se António Costa, que até agora falhou em tudo, conseguir envolver o PCP, tiro-lhe o chapéu". banqueiro dá o PCP mantém que coligação não tem condições para se manter em funções "Acordo de denominador mínimo comum é frágil" Francisco Assis, mentor do "almoço de rutura" de sábado, na Mealhada, para desenhar uma alternativa para o congresso que irá realizar-se logo após as presidenciais, tem cada vez mais apoiantes. Cem estão já garantidos. Os opositores desta dinâmica desvalorizam. "Cem é pouco". Os participantes insuflam a importánALTERNATIVA cia. "Há um grande conjunto de pessoas que entende que a circunstância é tão inédita que é importante debatê-la com liberdade". defende Eurico Brilhante Dias, a quem não agrada o possível entendimento entre PS. BE e PCP. "Costa não tem de ir para o Governo a todo o custo e não deve assinar o que não for benéfico para o beneficio da dúvida ao secretário-geral do partido, mas com a convicção de que a solução proposta pelo líder socialista não é a correta. "O país precisa de poupar 2,5 mil milhões para continuar a reduzir o défice. O caderno de encargos do PCP e do BE, apesar de não estar quantificado, não suporta as medidas que é preciso tomar. Mesmo que esses partidos viabilizem um acordo agora, vão depois procurar pretextos para se demarcarem". O PCP, cujo secretário-geral, lerónimo de Sousa, esteve ontem numa "reunião privada com elementos da sociedade civil" no Porto, discorda desta interpretação. E apesar de continuar a manter a prudênda nas declarações. insistiu em sublinhar dois factos ao IN: por um lado, o Governo PSD/CDS, agora empossado, não tem condições de. por si só, se manter em funções": por outro, "há na Assembleia da República uma maioria de deputados que é condição bastante para a formação de um Governo do PS, a apresentação do seu programa e a sua entrada em funções e para a adoção de uma política que assegura uma solução duradoura". Esta solução "de apoio, mas de não pertença ao Governo" é justamente uma parte do problema para a fatia do PS que não se revê neste caminho. Sem querer tomar posição "antes de ser conhecido o desfecho das démarches para que Costa foi mandatado". um dirigente do partido frisou que "bem avisou que era preciso muita cautela neste processo". Hoje, há reunião da direção da bancada parlamentar e, diz outro dirigente descontente, "talvez nos seja mostrada alguma luz". • país", considera o dirigente, subscrevendo o que já dissera Vera Jardim, da comissão política do PS, à Renascença: "Preferia a solução de Assis a um acordo sem contas". "Um acordo baseado no denominador comum é frágil, sobretudo num Governo que terá falta de legitimidade, porque perdeu as eleições". torna Brilhante Dias. José lunqueiro corrobora - "é difícil concordar com um acordo que ninguém conhece" - e antecipa: "No congresso. tiraremos as consequências deste almoço". H.Ts Página 35 ID: 61694629 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,97 x 3,01 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 PS Críticos de Costa antecipam fracasso do acordo com PCP Página 10 Página 36 A37 ID: 61694577 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 9,63 x 25,32 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Jornal de.Notkias Fundado em 1888 Pedro Fm Carvallo Editor-executivo-adjunto A abrir Bater a incontinência nossa vida pessoal e profissional pode ser uma fonte inesgotável de gestos nobres e realizações memoráveis, mas basta-nos uma ou duas escorregadelas para ficarmos com o currículo cheio de nódoas negras. Na politica. esta perversão é ainda mais marcante, porque o pecado é e será sempre o de nos recordarmos unicamente dos dias tristes dos nossos representantes. Não que eles sejam obrigados por definição ou investidura divina a fazer apenas o bem, mas porque a sua dimensão de servidores da causa pública acarreta essa responsabilidade e alimenta genuinamente essa expectativa. Passos Coelho designou para ministro da Administração Interna um homem com alguma experiência política, bastante traquejo empresarial e académico e uma capacidade invejável para julgar caracteres. A Calvão da Silva bastaram três dias para agarrar uma das pastas mais sensíveis do Governo com a ligeireza de movimentos de um elefante numa loja de porcelanas. Em poucas horas, pulverizou a imagem institucional do homem que manda nas polidas (e as polidas não andam contentes) e transformou-se numa anedota política que as redes sociais propalaram com a eficácia do costume. Fez bem o ministro em ter ido, lesto, ao Algarve, testemunhar os estragos causados por uma bátega de água de proporções bíblicas. O poder também se constrói com a proximidade. Fez trã1 o ministro em não se ter ficado pelo desprendimento das galochas e pela nobreza do silêncio. Provavelmente, também só agora Passos Coelho descobriu que Calvão da Silva é um homem profundamente religioso, capaz de ver na morte terrível de um português levado por uma enxurrada a imagem de uma criatura que "se entregou a Deus". Talvez Passos Coelho não tenha reparado que foi o mesmo Calvão da Silva que justificou, num parecer jurídico, os 14 milhões de euros dados por um empreiteiro a Ricardo Salgado - parecer esse que foi fundamental para não afastar o banqueiro da liderança do BES - com o "bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade - comum unidade -. com espírito de entreajuda e solidariedade". Talvez não tenhamos todos entendido que 'Deus nem sempre é amigo" quando chove a cântaros, mas que isso não é fundamental quando há quem seja bem-sucedido em contar-nos histórias que não lembram ao Diabo. No fundo, é mais uma tradição que se quebra. Não estávamos era habituados a um ministro que, três dias após tomar posse, ordena às forças policiais que lhe preparem uma receção de boas-vindas, para ele conhecer os cantos à casa antes que o Governo caia. Eu apreciei o gesto: perante tanta incontinência verbal. Calvão da Silva quer apenas expiar os demónios de um mau começo batendo uma patriótica continência militar. Deus dá com uma mão e tira com a outra. não é verdade? A Página 37 A38 ID: 61694635 04-11-2015 AGOPA POPTUGAL PODE MAIS Tiragem: 76966 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,51 x 20,19 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 •' , 11.111~~~11, Balsemão diz que quer ver "famoso acordo" entre partidos de Esquerda PSD e CDS querem início parlamentar GOVERNO Num clima de indefinição à Esquerda - ontem foi a vez de o deputado ecologista José Luis Ferreira anunciar que pondera apresentar uma moção de rejeição autónoma ao programa de Governo - a coligação PSD/CDS reitera que o Parlamento está na "plenitude de funções" e que os "trabalhos devem arrancar com toda a normalidade". É a mensagem que pretendem passar hoje na conferência de lideres, confirmou Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD. Também Nuno Magalhães. líder parlamentar do CDS-PP, sustentou que o Parlamento deve encetar trabalhos, mesmo que o programa de Governo seja chumbado na próxima semana: "Mais do que inexplicável, começa a ser embaraçoso". Sobre a insistência de Bruxelas para que o Governo liderado por Pedro Passos Coelho - indepen - dentemente de estar, ou não, a prazo -, envie o esboço do Orçamento do Estado para 2016 (que já devia ter enviado até 15 de outubro). é que já não houve comentários. E. no entanto, o vice-presidente responsável pelo euro voltou a frisar que o atraso é "um problema". Mesmo o fundador do PS[) e antigo primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão, que ontem falou com os jornalistas em Maddd, onde foi receber o Prémio Otto de Habsburgo. referiu-se apenas ao "famoso acordo" de governação de Esquerda. dizendo que gostava de o ver e de saber se o PCP e o Bloco de Esquerda mantém "a oposição e a relutância" à União Europeia e ao euro. "Não quero estar a julgar, mas gostava de ver o famoso papel e saber em que bases é que há uma proposta de Governo. que têm de ser muito concretas", insistiu. • Página 38 A39 ID: 61694663 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,10 x 8,52 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Inspetores da ASAE lutam por estatuto profissional e melhores condições de trabalho • Uma centena de inspetores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) manifestaram-se ontem. no Porto, para reivindicar um estatuto profissional e melhores condições de trabalho, pedindo ainda a demissão do inspetor-geral. Pedro Portugal Gaspar. por "falta de lealdade". Empunhando bandeiras azuis da ASAE, ao som de apitos e buzinas. os inspetores concentraram-se junto à Biblioteca Municipal Almeida Garrett, onde decorriam as comemorações do 10.° aniversário da ASAE. Segundo o presidente da Associação Sindical dos Funcionários da ASAE. Albuquerque do Amaral, a manifestação demonstra a "indignação" à forma como a tutela nega "reiteradamente" a criação de uma carreira. Página 39 A40 ID: 61694657 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,70 x 7,38 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Ministro defende mais verbas para rastreios DIABETES O ministro da Saúde. Fernando Leal da Costa, mostrouse ontem desiludido com os rastreios à retinopatia diabética no Algarve. que baixaram mais de 90%, e defendeu o dobro do investimento atual nos rastreios. O relatório Tactos e Números da Diabetes do Observatório Nacional de 2014" revelou que, apesar de o número de pessoas com diabetes abrangidas por este programa ter vindo a aumentar desde 2009 (223%), em 2014 verificou-se uma diminuição acentuada (17%) de utentes observados (de 115 284 para 95 535). Por região, a maior descida deu-se no Algarve (menos 91%), seguida do Norte, com uma quebra de 17%. Fernando Leal da Costa justificou a quebra com a falta de recursos aliada à recusa de profissionais de saúde em fazerem o rastreio. Situações como esta acontecem "quando temos falhas relativamente à não participação de profissionais onde os recursos são mais escassos". O governante entende ser preciso perceber se os recursos em 2015 servem para acautelar a recuperação em 2016 e sublinha a necessidade de "aumentar verbas para a prevenção secundária". Diz Leal da Costa que, em consequência dos rastreios que não foram feitos, 6% dos utentes poderão ter que vir a ser sujeitos a processos terapêuticos específicos de retinopatia. "Temos que dobrar o que gastamos na área do rastreio". • Página 40 A41 ID: 61694645 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,29 x 24,32 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Candidatos deixam recados aos negociadores políticos PRESIDENCIAIS Membro do Comité Central do PCP e candidato à Presidência da República. Edgar Silva deixou ontem um recado claro a quem está a negociar um acordo de alternativa governativa envolvendo o PS, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista: a pobreza é um facto que não pode ser ignorado e "uma condição indispensável" à futura governação passa pelo "aumento dos rendimentos, dos salários" e do salário mínimo (SMN). Incontornável para vencer esta canga que oprime milhares de homens e mulheres neste nosso país. Quem não se resigna com esta situação - a pobreza não pode ser encarada como um fatalismo não pode deixar de estar comprometido com o aumento imediato do SMN. Os 600 euros não podem ser um patamar último, mas são um primeiro degrau para objetivos de justiça social", disse. Isto quando nas negociações palra a hipótese de um aumento faseado. lá para a candidata presidencial Maria de Belém, socialista sem apoio do PS. o aumento do SMN não constitui uma problemática. mas deve ser feito sem pór em risco empregos e sem gerar precariedade. "Acho que todos nós gostariamos que os trabalhadores pudessem ganhar mais e as empresas portuguesas pudessem pagar mais. A questão é fazê-lo de uma forma que garanta que a subida de rendimentos e o aumento dos rendimentos das famílias se faça sem criar desemprego", disse. recusando-se a falar de montantes para o aumento do SMN. "A matriz do equilíbrio tem de ser encontrada em concertação social", considerou Maria de Belém. alinhando com as posições das centrais sindicais. • Página 41 A42 ID: 61694708 04-11-2015 Tiragem: 76966 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,02 x 6,07 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Transportes Trabalhadores ferroviários reclamam anulação das privatizações no setor • Os trabalhadores ferroviários querem que os deputados eleitos revertam a fusão da Refer com a Estradas de Portugal, parem a privatização da CP-Carga e elaborem um plano nacional de transportes 'que assente num sistema ferroviário como espinha dorsal". Nos termos de uma resolução, ontem, aprovada por unanimidade num plenário de representantes dos trabalha- dores ferroviários, em Lisboa, os signatários defendem que à 'nova maioria" resultante das legislativas de 4 de outubro - referindo-se ao PS, CDU e Bloco de Esquerda - "tem de ser exigida uma nova política". Segundo a Fectrans, o plenário contou com cerca de uma centena de representantes dos trabalhadores da CP, CP Carga. EME:1' e Infraestruturas de Portugal. Página 42 A43 ID: 61694510 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,07 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 Miguel Baltazar TOME NOTA Os obstáculos à venda da TAP A renegociação da dívida com a banca pode estar perto do fim e as recomendações da «AC são tidas como conciliáveis pela Atlantk Gateway. Resta a contestação judicial e a instabilidade politica. Fernando Pinto foi ouvido no Ambito de Investigações desencadeadas por uma denúncia anónima. AVIAÇÃO Venda da Groundforce leva Fernando Pinto à PJ A venda de 50,1% da Groundforce à Urbanos em 2012 justificou que o presidente da TAP fosse ouvido na P1 na qualidade de testemunha, na mesma altura em que a Urbanos procura travar a privatização da empresa. CELSO FILIPE cfilipe©negocios.pt MARIA JOÃO BABO mbabo(4negocios.pt N o mesmo dia em que foi noticiado que o grupo Urbanos entregou uma providência cautelar para travar a privatização da TAP, por receio que a venda à Atlantic Gateway ponha em risco a sua opção de comprados 49,9% da Groundforce, o presidente da companhia aérea foi ouvido na PJ sobre a venda da empresa de "handling" em 2012 àquele grupo. Ao Negócios, a ProcuradoriaGeral da República (PGR) confirmou que Fernando Pinto foi ouvido como testemunha, no ambito de um inquérito que corre no DIAP de Lisboa. A investigação, acrescentou ainda, está delegada na Polícia Judiciária e está em segredo de justiça. A investigação é consequência de uma denúncia anónima relacionada com a empresa de "handling", razão suficiente para que haja lugar a uma investigação. Contactado pelo Negócios, o grupo Urbanos escusou-se a comentar estas investigações, assim como a notícia do Diário Económico, que esta terça-feira deu conta de que o grupo entregou uma providência cautelar para travar a venda da companhia aérea. Fonte oficial do Ministério da Economia confirmou ao Negócios ter recebido a providência cautelar, que está neste momento a ser analisada. No final de 2011, o grupo Urbanos chegou a um acordo de princípio com a TAP para a compra de 50,1% do capital da empresa de assistência nos aeroportos, o qual foi oficializado no ano seguinte após obtidas autorizações das autoridades da concorrência nacional e europeia. No acordo ficou estabelecido que a Urbanos teria direito a comprar os 49,9% detidos pela TAP na Groundforce e que, caso não quisesse avançar para a aquisição de 100% do "handling", teria de abdicar da participação maioritária que controla. O "tiin ing," da reacção da Urbanos para travar a venda da TAP à Atlantic Gateway não deixou de surpreender fontes ligadas do sector. É que o acordo de venda de 61% da companhia foi assinado a 24 de Junho, estando o processo próximo de ser concluído. • A renegociação da divida da 1..TAP com os bancos credores é um passo essencial para concluir a venda de 61% da empresa à Atlantic Gateway. Os novos donos querem assegurar uma extensão dás maturidades por sete anos e que não são accionadas as cláusulas de mudança de controlo de forma a que os 338 milhões que vão injectar na companhia aérea não sejam apropriados pela banca. A Autoridade Nacional da *Aviação Civil deu, no parecer prévio, luz verde ao negócio mas impôs alterações ao consórcio. Para que o regulador aprove em definitivo a operação, os novos donos têm de garantir - nos estatutos, no acordo parassocial e na governante que é Humberto Pedrosa que tem o controlo efectivo. 2 o Depois das providências caue...).telares da associação Peço a Palavra e de Germán Efromovich, o Diário Económico avançou esta terça-feira que também o grupo Urbanos entregou uma providência cautelar para travar o processo, por receio de que a venda da companhia aérea ponha em risco a opção de compra dos 49,9% do capital da Groundforce que ainda estão nas mãos da TAP. A A instabilidade política é outroo dos riscos do processo de privatização da TAP. O PCP e o Bloco de Esquerda têm defendido a reversão do negócio, com o qual o PS A investigação foi aberta na sequência de uma denúncia anónima. também discorda. No entanto, os socialistas estão conscientes que a situação da companhia aérea pode ser mais grave do que pensam. O P5, que se queixava de défice de informação do anterior Governo de Passos Coelho, tem a noção que é preciso prudência antes de se tomar uma decisão sobre a TAP. Página 43 ID: 61694510 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 8,21 x 2,45 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2 TAP Venda da Groundforce leva Fernando Pinto à PJ EMPRESAS 12 Página 44 A45 ID: 61694664 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 9,83 x 31,29 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Bruxelas insiste que precisa do projecto orçamental A Comissão Europeia reiterou esta terça-feira que aguarda o envio, por Lisboa, do projecto de orçamento para 2016, sublinhando que necessita do documento. "Queremos fazer uma análise das tendências orçamentais e precisamos de dados comparáveis de todos os Estados-membros da Zona Euro", disse esta terça-feira a porta-voz da Comissão Europeia para os Assuntos Económicos, Ann ika Breidthardt "Não estamos a ser meramente burocráticos quando dizemos que encorajamos o Governo português a entregar um esboço de plano orçamental baseado num cenário de políticas inalteradas", sublinhou, na conferência de imprensa diária do executivo comunitário. A Comissão Europeia continua a aguardar que Portugal envie um projecto de orçamento para 2016, e espera "que este assunto possa ser resolvido em breve", escusando-se a "especular" sobre que medidas poderá tomar se tal não suceder. Na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, a porta-voz dos Assuntos Económicos apontou que, apesar dos contactos em curso com as auto- 66 Precisamos de dados comparáveis de todos os Estados-membros da Zona Euro. ANNIKA BREIDTHARDT Comissão para os Assuntos Económicos ridades portuguesas, "sob diversas formas", ainda não chegou a Bruxelas um esboço do plano orçamental para o próximo ano, que a Comissão Europeia insiste em receber, "em cumprimento dos regulamentos legais", tendo a data-limite (15 de Outubro) já expirado. Portugal devia ter entregado até 15 de Outubro um plano orçamental provisório (baseado num cenário de políticas inalteradas), tendo Bruxelas já desenvolvido várias formas de contactos com o Ministério das Finanças. No dia 21de Outubro, o vice'-presidente responsável pelo euro, Valdis Dombrovskis, disse que a Comissão admite tomar medidas se Portugal não apresentagse nos próximos dias um plano orçamental para 2016, e aconselhou o Governo a seguira "prática estabelecida". Questionado pela Lusa sobre o atraso na apresentação do plano orçamental de Portugal, que o Governo justificou a Bruxelas com a realização de eleições legislativas (a 4 de Outubro), o vice-presidente com a pasta do euro admitiu que se trata de "um problema". "É suposto todos os Estados-membros apresentarem os seus planos orçamentais até 15 de Outubro, e Portugal não foi o primeiro país a ter eleições" nesta altura do ano, mas foi o primeiro a falhar o prazo previsto no "semestre europeu" de coordenação de políticas económicas, recordou. BLUSA Página 45 A46 ID: 61694725 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 36 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 7,59 x 30,02 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 O PULO DO GATO FERNANDO SOBRAL Grande repórter Oxalá chova café! a muitos anos Juan Luís Guerra pedia, numa das suas mais conhecidas canções, que "Ojalá que llueI I va café", uma forma de pedir aos céus que chovesse café para que os camponeses da República Dominicana não sofressem tanto. A chuva que caiu em Albufeira no domingo fez cair do céu um ministro, que se chama, segundo se julga saber, Calvão da Silva e que não tem uma voz tão cristalina como Juan Luís Guerra. Azar nosso. A queda de Calvão, no lugar de um anjo, permitiu perceber que deste novo Governo não se pode esperar muito, para lá de palavras e de uma devoção religiosa nos seguros. Ou seja, os portugueses podem deixar de acreditar no Governo: ou governam-se por eles ou acreditam nos deuses. É uma boa forma de um ministro lavar as mãos na chuva como se fosse um Pilatos mundano. As palavras de Calvão da Silva atestam a honradez do Governo: calamidade pública "não é uma lei que se faz por qualquer coisa". Só se faz, imagina-se, quando o mundo implodiu ou, quanto muito, o ministério de Calvão for inundado por uma chuvada. Antes disso, o minis- Para tro mantém a calma. Porque, à fal- Calvão, ta de Estado, os seguros cobrem to- os portudas as desgraças. Quem não tem, gueses azar: é "uma lição devida", diz o mi- portaramnistro. É claro que Calvão da Silva -se mal. E, esquece que muita desta catástro- assim, dos fe é obra do Estado. As licenças que céus, caiu durante anos se passaram para a o dilúvio. construção desordenada, iludindo ribeiras e linhas de água, tiveram o aval do Estado. A lei criou as condições para o desastre. E agora o Estado diz que não é nada com ele. O mais fantástico ainda é um ministro do Estado português atiraras responsabilidades para o divino, para o Deus em que os portugueses acreditam. Mas este não pode ser uma desculpa para as omissões do Estado nem para a irrelevância da função de ministro da Administração Interna. Calvão diz: "Houve uma fúria da natureza que se revoltou. Deus nem sempre é amigo, também acha que de vez em quando nos dá uns períodos de provação." Para Calvão os portugueses portaram-se mal. E, assim, dos céus, caiu o dilúvio. E, em forma de raio, um ministro. • Página 46 A47 ID: 61694690 04-11-2015 MERCADO LABORAL DESEMPREGO TERÁ CAÍDO PARA 11,7% A taxa de desemprego deverá ter baixado ligeiramente no terceiro trimestre do ano face ao trimestre anterior, ficando entre 11,8% e 11,6%, segundo estimativas de departamentos de estudos económicos e financeiros recolhidas pela agência Lusa. O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta quarta-feira as estatísticas do emprego relativas ao terceiro trimestre de 2015. Entre as previsões recolhidas pela agência Lusa, a taxa de desemprego no terceiro trimestre deverá rondar os 11,7%, com o Núcleo de Estudos sobre a Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, a estimar que a taxa desça para Tiragem: 12114 Pág: 23 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,63 x 10,94 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 11,6%, enquanto o banco Montepio estima uma redução para 11,8%. No segundo trimestre, a taxa de desemprego recuou para 11,9%. ■ Página 47 A48 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 7 PRIMEIRA LINHA NEGOCIAÇÕES PARA O GOVERNO Acordo à esquerda actualiza pensões até 628 euros em 2016 O acordo à esquerda prevê que o PS recupere as regras de actualização automática das pensões fixadas em 2006 e suspensas durante a crise. Assim, em 2016, as pensões até 628,83 euros seriam aumentadas à inflação - qualquer coisa em torno dos 0,3%. Miguel Baltazar RUI PERES JORGE ELISABETE MIRANDA NUNO AGUIAR [email protected] o abrigo do acordo negociado entre o PS, BE, e o PCP, aspensões até 628,83 euros poderão ser actualizadas à taxa de inflação no próximo ano. Em causa estarão cerca de 1,6 milhões de pensões da Segurança Social e mais uma centena de milhar de reformas pagas pela Caixa Geral de Aposentações, que, na sua maioria, têm estado congeladas desde 2010, e que, no próximo ano, poderão ser actualizadas a umvalorpróximo dos 0,3%. A fórmula encontrada pelos partidos de esquerda para descongelar a maioria das pensões (uma das linhas vermelhas de Catarina Martins e também uma exigência do PCP) e não agravar substancialmente as contas públicas (prerrogativa do PS, que só queria aumentar as pensões mínimas) passa por retomar as regras de actualização que estão estabelecidas desde 2007, mas foram suspensas durante a crise, apurou o Negócios junto de fontes partidárias próximas do processo negociai. À luz destas regras automáticas (Lei 53-B/2006), sempre que a média do crescimento económico dos dois anos anteriores seja inferior a 2%, apenas são actualizadas as pensões até 1,5 vezes o indexante de apoios sociais (628,83 euros), e à taxa média de inflação sem habitação dos dozes meses terminados em Novembro do ano anterior. Como o crescimento real da economia foi muito baixo no passado, é esta a situação que se aplicará para o ano. Ainda não é possível saber qual a taxa média da inflação de Novembro, mas, se se tomar por referência o mês de Setembro. é possível ter-se A Um eventual programa suportado pelos trás partidos da esquerda parlamentar passará por valorizara reposição de rendimentos das famílias, uma das bandeiras do PS. uma noção da magnitude do que se está a falar: trata-se de uma actualização em torno dos 0,27%. Com os preços praticamente estagnados e a economia débil, as restantes pensões, acima de 1,5 vezes o IAS, ficam como estão no próximo ano. Ou seja, apesar de o mecanismo de actualização das pensões ser totalmente descongelado no próximo ano, há algumas pensões (cerca de 28% do total) que não terão aumentos. Mais rendimentos no centro da estratégia Um eventual programa suportado pelos três partidos da esquerda parlamentar apostará numa política económicaque valorizará a reposição de rendimentos das famílias, urna das bandeiras do PS acompanhada pelo Bloco e pelo PCP. À ligeira actualização das pensões juntar-se-ão outras medidas com impactos nos sectores Com o PIB baixo e os preços quase estagnados, as pensões sobem muito pouco. privado e público. Tal como já foi avançado, um Orçamento do Estado à esquerda irá suportar a reposição integral do corte salarial dos funcionários públicos até ao final de 2016 (um quarto do corte ainda em vigor será reposto a cadatrimestre), a eliminação de metade sobretaxa de IRS em 2016 e da outra metade em 2017, a redução da TSU suportada pelos trabalhadores com salários mais baixos e a criação de um complemento salarial para trabalhadores pobres em sede de IRS. No sector privado a medida que mais poderá puxar pelos rendimentos dos trabalhadores será a actuali- zação do salário mínimo nacional actualmente em 505 euros - urna medida sensível e que estará ainda em negociação entre PS, BE e PCP. Depois de traçada a posição negociai de partida de um eventual futuro governo, a ideia é que as negociações transitem para a concertação social, para onde serão também remetidas outras medidas previstas no programado PS, como o impostos sobre heranças acima de um milhão de euros, a redução da TSU dos empregadores, a penalização das empresas com rotatividade excessiva de trabalhadores ou o regime conciliatório de cessação de contrato de trabalho. ■ Página 48 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 7 NEGOCIAÇÃO Promessa de alívio na TSU para salários abaixo de 600 euros O que segue para a concertação Várias das medidas do programa socialista associadas ao combate O limite são os 600 euros e a ideia é que a redução da Taxa Social Única apoie o rendimento dos trabalhadores com salários mais baixos, muitos dos quais não beneficiam com a extinção da sobretaxa em sede IRS. à precariedade laborai e à diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social seguirão para debate em concertação social. Miguel Baltaiai REGRAS Como serão actualizadas pensões O crescimento económico real usado como referência diz respeito à média do crescimento dos dois últimos anos; e a taxa de inflação de referência refere-se à variação média dos 12 meses terminados em Novembro, excluindo a habitação. -1 PENSÕES ATÉ 1 .628,83 EUROS As pensões mais baixas serão actualizadas à taxa de inflação se o crescimento real for inferior a 2%. É o que se passará em 2016. Se ficar entre 2% e 3%, a actualização corresponderá à inflação adicionada de 20% da taxa decrescimento - com um mínimo de 0,5 pontos acima da inflação. Se crescimento superar os 3%, a actualização será igual à inflação adicionada de 20% do crescimento. 2 ENTRE 628,83 E .2515,32 EUROS Com crescimento abaixo de 2%, a actualização será a inflação deduzida de 0,5 pontos: dai o congelamento em 2016. Com crescimento entre 2% e 3%, a actualização igualará a inflação. Crescimento acima de 3% implica que as pensões subirão o valor da inflação somado de 12,5% da taxa de crescimento real. ACIMA DE 2515,32 t). EUROS Serão actualizadas à inflação subtraída de 0,75 pontos caso o crescimento seja inferior a 2%, e de 0,25 pontos se o crescimento ficar entre 2% e 3%. Se a economia crescer acima de 3%, estas reformas serão actualizadas à taxa de inflação. As contribuições sociais suportadas pelos trabalhadores com salários até 600 euros baixará 1,3 pontos percentuais em 2016, caso o PS consiga formar Governo. Nesse cenário, poderá voltar a descer pelo mesmo valor nos dois anos seguintes. O corte é temporário devendo ser revertido a partir de 2019. Ao contrário do desenho anterior desta medida, ela não prejudicará as pensões futuras dos trabalhadores que por ela sejam abrangidos. Este é um dos resultados das negociações em curso entre PS, Bloco de Esquerda e PCP, apurou o Negócios junto de fontes de mais do que de um dos partidos envolvidos, que quiseram o anonimato enquanto o processo negociai esteja a decorrer. Trata-se de uma versão mitigada de uma das medidas emblemáticas do programa do PS que não diferenciava entre salários. Nessa versão, a redução em quatro pontos da Taxa Social Única (TSU) dos trabalhadores - actualmente em 11% - aconteceria até 2018, para ser reposta ao longo dos oito anos seguintes. Estava também prevista uma compensação actuarial no valor das pensões a receber. Ou seja, o valor do aumento de rendimento presente seria compensado no futuro com pensões mais baixas. Esta compensação actuarial que garantia a neutralidade orçamental ao longo dos anos desaparecerá na versão que poderá ter o acordo do três partidos. Na sua versão original, o PS pretendia que esta medida fosse classificada como uma reforma estrutural por Bruxelas, algo que, neste modelo, já não poderá acontecer. Com este desenho, a perda de receita orçamental não é tão si- COMBATE À PRECARIEDADE LABORAL O combate à precariedade laborai foi uma das bandeiras do Partido Socialista (P5) e uma das áreas em que apresentou medidas mais inovadoras, mas também polémicas. São exemplos a criação de uma penalização da TSU suportada pela empresas com excessiva rotatividade laborai: um regime conciliatório de despedimentos que visa facilitar o despedimento por mútuo acordo em troca de indemnizações mais elevadas; ou a limitação da utilização de contratos A proposta do P5 foi alterada e deverá aplicar-se só aos salários mais baixos. a prazo. Por agora estas medidas ficam fora de um acordo com o PCP e gnificativa, permitindo, ao mesmo tempo, que alguns trabalhadores vejam o seu rendimento aumentar, o que não aconteceria por outra via (a eliminação da sobretaxa, por exemplo, não os afectará). o Bloco de Esquerda. A probabilida- Número incerto de trabalhadores afectados Segundo os dados da Segurança Social, há quase um milhão de trabalhadores em Portugal com uma remuneração base até 600 euros por mês. Mas isso não significa que todos estejam abrangidos pela medida. Primeiro. há que perceber qual o universo a que ela se aplica. Por exemplo, se se replicar a ideia original prevista no programado PS, os funcionários públi- A descida da TSU não se traduzirá em cortes futuros nas pensões. cos estariam de fora. Depois, apenas se previa que fossem abrangidos os trabalhadores que pagam TSU máxima, o que excluiria por exemplo praticantes desportivos, pessoal agrícola e das pescas, ou funcionários de 1PSS. Só por esta via, ficariam de fora 16% dos trabalhadores por conta de outrem (TCO). A proposta original também excluía quem tivesse mais de 60 anos, o equivalente a 6% do total de TCO. Também nem todo o rendimento estava em causa. A TSU incide sobre vários tipos de remuneração (salário base, subsídios de exclusividade, isenção por horário de trabalho, prémios), mas a proposta original previa que a redução na TSU apenas incida sobre o salário base. No que diz respeito a política rem uneratória, outro ponto acerca do qual ainda não são conhecidos resultados é o salário mínimo. O Negócios apurou que o objectivo continua a ser atingir os 600 euros no final da legislatura, mas ainda não é claro qual o ponto de partida em 2016. Ontem, o Diário Económico avançava que no próxi mo ano subi ria para 522 euros. ■ RPJ/EM/NA de de virem a ser alteradas aumenta com a necessidade do PS procurar o apoio dos dois partidos à sua esquerda. É que embora a precariedade laborai seja um preocupação comum, os três partidos têm visões muito distintas quanto à forma como poderá ser combatida. Por exemplo, a simplificação dos despedimentos encontra grande resistência no Bloco de Esquerda e PCP. DIVERSIFICAÇÃO DE FINANCIAMENTO DA SEGURANÇA SOCIAL Caso o P5 forme Governo com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP há já um segundo pacote de medidas - a par das relacionadas com a segmentação do mercado de trabalho - que têm discussão prevista em concertação social: a diversificação de financiamento da Segurança Social, onde se incluem medidas defendidas pelo PS como a consignação de parte do IRC ao financiamento da segurança social, a criação de um imposto sucessório. e mexidas na TSU suportada pelas empresas. Novamente aqui, as posições entre os três partidos divergem, em particular no que diz respeito à redução da taxa social única paga pelos empregadores. Página 49 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 7 PRIMEIRA LINHA NEGOCIAÇÕES PARA O GOVERNO Isenção de dividendos só para posições acima de 10% O acordo à esquerda prevê que o regime de eliminação de dupla tributação sobre os lucros em IRC só se aplique a participações mínimas de 10% em diante. O período durante o qual as empresas podem reportar prejuízos fiscais também é menos generoso que o actual. Cál ia Barbosa ELISABETE MIRANDA RUI PERES JORGE NUNO AGUIAR ISENÇÃO DE IRC É o nível de participação mínimo exigido para que as empresas possam ficar isentas de IRC sobre os dividendos que distribuem e recebem. elisabeterniranda0negocios.pt O acordo à esquerda entre o PS, BE e PCP não prevê grandes abalos ao nível do IRC, mas dá-lhe algumas sacudidelas. Além de se travar uma nova descida da taxa nominal do imposto, baixa-se o período de reporte de prejuízos e sobese o nível de participação mínima necessária para que os lucros distribuídos e recebidos fiquem isentos de IRC, apurou o Negócios junto de fontes próximas da negociação. Na prática, se o PS chegar ao Governo, pretende reverter parcialmente algumas das medidas que causaram mais incómodo na reforma fiscal liderada por António Lobo Xavier e adoptada pelo PSD/CDS, embora sem mexer muito na sua estrutura. No chamado "participation exemption", uma das medidas mais emblemáticas do anterior Governo e que colocaram Portugal com tra- 5% Se o acordo entre P5, BE e PCP chegar a bom porto, o periodo de reporte de prejuízos fiscais será menos generoso do que agora. tamentos fiscais dados às mais-valias e aos dividendos próximos dos de territórios como a Holanda ou o Luxemburgo, a ideia será a de manter a configuração do regime, mas exigindo um nível de participação mínimo de 10%, contra os 5% actuais. 10% é a taxa que vigorava antes da reforma do IRC, quando toda aconfiguração do regime era menos favorável à circulação de capitais de e para fora de Portugal. Caso o PS forme Governo com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda e o PCP, estará também Heranças e fortunas escapam em 2016 Nem imposto sobre sucessões e doações, nem imposto sobre grandes fortunas. As grandes bandeiras fiscaisda esquerda, que mais suores frios causam aos capitalistas, nãoestão previstas no acordo entre o PS, PCP e Bloco deEsquerda. Pelo menospara 2016. A reintrodução do imposto sobre sucessões e doações está prevista no programa do PS para heranças de valorsuperioraum rnilhãodeeunas,eserveparacompensarparcialrnenteaperda de receitada SegurançaSocial, devido à descida das taxas sociais únicas (empresas e trabalhadores).Contudo, apor de estar alinhada com as preocupaçõesdistnbutivasdoPCPedo Bloco de Esquerda, a medida não avança para já, passando a integrar o pacote queficaparadiscussãoem sededeconcertação social, soube o Negócios junto de fontes ligadas à negociação. Já o imposto sobre grandes fortunas não constado programa do PS, mas tem sido uma das bandeirasdos partidos à sua esquerda, o que fez levantar dúvidas sobre a sua eventual adopção. Contudo, ao que o Negócios apurou, esta hipótese não integrará o programa mínimo entre os partidos. O facto de não constarem dos planos de curto prazo não significa, contudo, queasquestõesnãovenhama ser equacionadas. Por um lado, porqueo PS, a ser Governo, precisará de manter algumas almofadas para fazer face a eventuais derrapagens orçamentais que tenha pela frente. Por outro lado. porque o contexto académko e político internacional é hoje em dia mais favorável àadopção destegénero de me- didas, sobretudo se elas servirem para aliviar impostossobreotrabalhode salários mais baixos. Impostos sobre "os mais ricos" ficam de fora do programa de curto prazo. Prova disso é o mais recente relatório da Comissão Europeia, intitulado"taxpoficychallengesforeconomic gxowthandfiscalsustainability",onde ainstituiçãoreconhecequeasquestões rediStrilautivasestão de novo aganhar peso na política fiscal, e que os impostos sobres riqueza e as heranças estão aserencaradoscomo uma basepotencialde receita Bruxelas reconheceque, nas últimas décadas, os impostos sobre grandes fortunas foram censurados, essencialmente devido ao elevado nível de evasão que provocariam, e os Página 50 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 7 IVA da restauração baixa no próximo Orçamento A descida do IVA na restauração era uma bandeira eleitoral do PS, do PC P e do Bloco de Esquerda, e, segundo o acordo que está a ser gizado entre as três formações partidárias, é mesmo para avançar já no Orçamento do Estado para 2016. A ideia será repor a taxa de IVA nos 13%, o nível em que se encontrava antes de 2012. Em termos orçamentais, e para um exercício completo de 12 meses, estarão em causa entre 200 a 240 milhões de euros de receita fiscal que o Estado deixa de encaixar. Os partidos argumentam, contudo, que a descida da taxa permitirá ao sector aumentar as rendibilidades e contratar mais gente. Já o IVA sobre a energia, que também subiu abruptamente em 2012 para os 23%, deverá ficar na taxa normal. Apesar de este ser um bem mais essencial do que os serviços de restauração, o Partido Socialista recusou descê-lo com o argumento orçamental. Para contrabalançar, deverá ser reforçada a tarifa social. ■ EM/RPJ/NA comprometido a baixar o período máximo de reporte de prejuízos. Actualmente, as empresas podem aproveitar o prejuízo fiscal de um determinado exercício, abatendoo à factura fiscal dos 12 exercícios seguintes, e o plano passará por baixar esse limite para cerca de metade do tempo. Inalterada deverá manter-se a regra que limita a dedução dos prejuízos até à concor- rência de 70% do lucro tributável, segundo fontes próximas do processo negociai. A taxa nominal do imposto - é já dado assente - não volta a baixar com um governo socialista. Aqui, a ideia é pegar na receita que se perderia e consigná-la ao financiamento da Segurança Social e das pensões futuras. De fora do acordo estarão, pelo menos para já, medidas como o reforço daderrama estadual - uma espécie de adicional sobre o 1RC para empresas com lucros tributáveis de 1,5 milhões de euros em diante. Esta poderá ser uma medida que fica de reserva para ocaso de surgirem surpresas orçamentais no futuro e ser necessário lançar mão do aumento de impostos. ■ seuseievadoscustosdeadrninistração. Contudo,dizaComissão,odebateusobre a utilidadede taYassobre a riqueza e, de forma mais ampla, sobre a desigualdadeda distribuição do rendimento, ganhou proeminência" após a crise. Além da teoria fiscal discutir se é mais eficiente tributir o rendimento ou a riqueza, também as reservas práticasqueexistiam estãoa ser postas em causa. Com as trocas de informação que estãoaser acordadas a nível internacional, aevasão fiscal é mais difícil e menos lucrativa.■ RAVRRI/NA Página 51 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 5 de 7 PRIMEIRA LINHA NEGOCIAÇÕES PARA O GOVERNO PS e PCP têm reunião decisiva esta quarta-feira Cl principal tópico em cima da mesa é o grau de envolvimento do Partido Comunista na solução de Governo que o P5 apresentará ao Presidente da República, assim como o detalhe que o acordo poderá ter. Miguel Baltazar NUNO AGUIAR RUI PERES JORGE ELISABETE MIRANDA nago [email protected] acordo entre o Partido Socialista e o Bloco de Esquerdaparece mesmo fechado. No entanto, o "sim" definitivo está ainda dependente da posição que for assumida pelo Partido Comunista. Ontem, Carlos César admitiu a possibilidade de não haver acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda e do programado actual Governo ser viabilizado. Esta noite, os representantes do PS e do PCP têm uma reunião para resolver as pontas soltas. Fontes ligadas às negociações explicam ao Negócios que o debate não estará tão centrado em medidas concretas, mas mais no modelo que apoio dos comunistas ao Governo. Isto é, definir o grau de envolvimento do PCP, assim como a abrangência e pormenor do acordo que poderão vir a assinar. Ontem, o Diário Económico noticiou que António Costa já tinha fechado ó acordo com o Bloco de Esquerda. Segundo apurou o Negócios, a última barreiraa ultrapassar é precisamente concluir as negociações com PCP. Se não houver acordo entre socialistas e comunistas, o BE poderá ter de rever a sua posição. Do lado do PS, continua a ser sublinhada a ideia de que, qualquerque sejam os moldes do acordo, ele terá uma duração de quatro anos. Além disso, é também referido que as vertentes técnicas estão fechadas. Agora, o debate está no plano político. Onde estão então as dúvidas? No grau de detalhe desse compromisso. Isto é, se o PCP ficará aganado a medidas e objectivos concretos ou se o texto do acordo terá uma linguagem mais abrangente. Para o PS, o ideal O mate, PS • PCP ~rio encontrar-se para continuar as negociações. é um acordo o mais concreto possível, o PCP parece pretender uma linguagem mais vaga. PS admite não haver acordo à esquerda Ao longo do dia, vários protagonistas colocaram água na fervura em relação à certeza de um acordo. As declarações que mereceram mais atenção foram as de Carlos César. O recém-eleito líder da bancada parlamentar do PS admitiu um cenário em que não exista acordo e em que o PS deixe passar o programa de Governo do PSD e CDS-PP. Carlos César admitiu um cenário em que não há acordo à esquerda. "Não está nenhum acordo fechado?, afirmou à saída de uma reunião como ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Costa Neves. "Se esse acordo for conseguido - e presume-se que tem uma alta probabilidade de o ser -, votaremos a nossa própria moção de rejeição, se for ela a primeira a ser votada Se assim não for, vale aquilo que dissemos na noite das eleições: não deixaremos o país sem Governo." Carlos C.Mar utilizou vários adjectivos que têm sido repetidos por outros dirigentes do PS. O objectivo é formar uma "alternativa responsável, estável, com sentido durador e que proporcione aos portugueses um sentimento de tranquilidade e de confiança", acrescentou. "Enquanto não existir um acordo firmado com o PCP e Bloco de Esquerda, não vale a pena valorar o estado das negociações como estando a 90 ou a 40%", referiu, citado pela Lusa. No final da reunião entre o PCP e Costa Neves, João Oliveira garantiu que "a palavra de um comunista vale tanto como um papel assinado", quando confrontado com a possibilidade de um acordo por escrito entre PS, PCP e BE. O deputado comunista recusou-se a comentar as negociações. Do lado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares disse que a reunião de ontem serviu para falar "das relações institucionais que existem com um Governo que está a prazo, mas que em todo o caso é aquele que neste momento existe". Terminada a ronda com todos os partidos, Carlos Costa Neves deixou críticas à esquerda. "Acho estranha a negociação, a expectativa de que algum acordo seja possível, acho estranho que as coisas continuem [...) tenho muita dificuldade em perceber como é que pode haver um entendimento entre o PS e uma esquerda radical", disse. "Qualquer outro Governo, que não este, não tem legitimidade." • Página 52 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 6 de 7 Mi uel Baltazar Em 2011 foi anunciado) O corte na TSU, que não se fez Da parte da coligação não há disponibilidade para anular o que considera ser reformas estruturais realizadas na era da troika. Se esse acordo [com Bloco e PCP] for conseguido - e presume-se que tem uma alta probabilidade de o ser - votaremos a nossa própria moção de rejeição, se for ela a primeira a ser votada. Se assim não for, vale aquilo que dissemos na noite das eleições: não deixaremos o país sem Governo. Programa do Governo abre margem para negociar com PS Irá a conselho de ministro na quinta-feira. O programa do Governo sinalizará abertura para negociar com o PS e preferência pela redução do IRS. Na perspectiva da coligação é inviável uma reposição mais rápida dos salários da Função Pública. CARLOS CÉSAR Líder da bancada parlamentar do PS A palavra de um comunista vale tanto como um papel assinado. JOÃO OLIVEIRA Deputado do PCP Tenho muita dificuldade em perceber como é que pode haver um entendimento entre o PS e uma esquerda radical. CARLOS COSTA NEVES Ministro dos Assuntos Parlamentares 99 O programa do Governo tem como referência° programa eleitoral da coligação PSD/CDS, mas com disponibilidade para negociar dentro da margem que permite respeitar os objectivos para o défice orçamental e para a redução dadívida pública. Estas foram as linhas gerais que revelaram ao Negócios fontes ligadas ao processo de elaboração do programa. "Será um programa adequado às circunstâncias" políticas, ou seja, à ausência de uma maioria absoluta, considera o Governo. As matérias em que o Executivo vai manifestar abertura para negociar coincidem genericamente com as que mostrou nos encontros com o PS, designadamente através do Documento Facilitador. Na perspectiva do Governo, a margem dentro da qual é possível fazer escolhas, respeitando os compromissos europeus, é muito curta. Com o espaço orçamental que tem, prefere eliminar mais rapidamente a sobretaxa do que acelerar a reposição dos salários da Função Pública. O Executivo, revela ainda a fonte contactada pelo Negócios, mostrar-se-á contudo aberto a negociar uma reposição mais rápida dos salários dos trabalhadores do Estado. A primeira razão para a preferência do Governo pela redução da sobretaxa está no facto de a redução do IRS abranger mais pessoas e o segundo argumento está Na perspectiva do Governo, é muito curta a margem orçamental dentro da qual é possível fazer escolhas. relacionado com a necessidade de abrir espaço orçamental para descongelar as carreiras na Função Pública (desde 2010 que não há promoções). Da parte da coligação não existe disponibilidade para anular aquilo que considera ser reformas estruturais realizadas durante a era da troika. Entre elas estão matérias relativas à legislação labora]. Pedro Passos Coelho tem feito saber que não está disponível para governar a qualquer preço, estando aberto a negociar matérias de acordo com o que considera ser positivo para o país. O texto final do programado Governo deverá ser concluído esta quarta-feira .4 de Novembro, depois de recebidos os contributos dos ministros. I rá quinta-feira a conselho de ministros e entrará no Parlamento o mais tardar na sexta, a data limite. O programa irá a votos dia 10, não se sabendo ainda se será ou não chumbado. um O programa do primeiro Executivo de Pedro Passos Coelho, o XIX Governo Constitucional, anunciava várias medidas concretas. Entre elas a descida da TSU tendo como objectivo enquadrada numa "política de "desvalorização fiscal" que visará criar emprego e promover o crescimento económico". Uma medida que esteve na origem de. uma das mais graves crises do anterior governo e que nunca foi para a frente. Agora está na agenda das negociações à esquerda. É no dia da apresentação do programa do Governo, a 30 de Junho de 2011 que Pedro Passos Coelho anuncia a "contribuição especial para o ajustamento orçamental" que correspondera a reter como IRS 50% do subsídio de Natal. É o nascimento da "sobretaxa" que se debate agora, em 2015, reduzir. É ainda nesse programa de governo que são anunciadas um conjunto de privatizações e o fim das acções preferenciais (as 'golden share') que o Estado tem em empresas como a Portugal Telecom. Com mais de 130 páginas, o programa do XIX governo constitucional abrangia todas as áreas da governação, com grande orientações. ■ VEJA O VÍDEO EM WWW.NEGOCIOS.PT Use o seu leitor QR para aceder directamente ao vídeo do Negócios que marca um mês das eleições legislativas. É o filme dos acontecimentos. Página 53 ID: 61694474 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 19,90 x 19,90 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 7 de 7 Acordo à esquerda prevê mais IRC sobre dividendos Imposto sobre heranças não é para já Pensões até 628 euros actualizadas e alívio na TSU Governo abre margem para negociar com PS PMMEMALMHA4a9 Página 54 A55 ID: 61695001 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 16 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 5 NEGOCIOS INICIATIVAS Máxima Mulher de Negócios 2015 LIDERANÇA A diferença que (não) faz ser mulher A discussão sobre lideranças no feminino e no masculino está cheia de lugares comuns. Diz-se que os homens são mais competitivos, imediatistas e propensos ao risco e diz-se que se houvesse mais mulheres no topo, as coisas estariam melhores. Será mesmo assim? ELISABETE MIRANDA elisabetemtranda0_)negocios.pt s estatísticas são conhecidas e reveladoras de umasituação persistentemente discriminatória: apesar de igualarem os homens em nível de instrução e de força labor-alas mulheres ganham menos e têm maior dificuldade em ascender aos cargos de topo. O problema não é estritamente português mas é tipicamente mais português, já que, por cá, os indicadores de desigualdade gritam mais alto: na administração das empresas do PSI-20, só 9% dos lugares são ocupados por mulheres; entre os reguladores, só cinco em 21 são mulheres; e no sector privado, para funções iguais, a remuneração é 21% mais baixa, com adiscriminação a aumentar à medida que a qualificação sobe. Será que "as mulheres têm estilos de gestão diferentes - e menos eficazes - do que os homens", é, por isso, uma perguntaque tem ocupado muitos investigadores, mas que não tem produzido resposta conclusiva. Nelson Ramalho, doutorado em psicologia social e organizacional, chama a atenção para duas leituras de sinal contrário que vêm sendo feitas, e que, em sua opinião, são igualmente enganadoras. Por um lado, o este- A reótipo que diz que as mulheres não têm o que é preciso para serem boas líderes. Assertividade, autoridade, controlo emocional são "boas" características de liderança, e encontramse nos homens. Por outro lado, e para contrariar a discriminação, "começa a haver pressão social no sentido de reconhecernamulher um estilo de liderançaquevenha colmataros erros do homem". É nesta última categoria que o professordo ISCTE inclui as teses que defendem que, se houvesse mais mulheres a mandar no sector financeiro, o sistema não tinha implodido: "Não se pode dizer tal coisa. O desempenho das mulheres depende da socialização de que,foram alvo, e se ela tiver sido exactamente igual à que levou os homens a tomar o risco, não faz diferença nenhuma. O problema está nos valores veiculados, e aí encontramos uma amplitude muito grande dentro de cada sexo". Patrícia Palma, coordenadora da Escola de Liderança e Inovação do ISCSP,concordaquenãose podem co•locarasdiferençasem termosde sexo, mas considera que "se tivessem sido adoptadas lideranças mais femininas queactuassemem contrapontoàfideranças masculinas, de certezaque não teria havido tantas decisões imprudentes". Eaqui introduz uma diferença subtil mas significativa para quem investigaestas matérias: umacoisasão as distinções baseadas no sexo (homem/mulher) outra as baseadas no género (feminino/masculino). En- quanto as primeiros assentam em di- 66 Não se pode dizer que as mulheres têm um estilo de liderança diferente. Tudo depende da socialização de que foram alvo. NELSON RAMALHO Professor no ISCTE, especialista em Psicologia Social e Organizacional Em Portugal temos uma matriz cultural formal e paternal. Nesse sentido, o estilo de gestão masculino é mais premiado. PATRÍCIA PALMA Coordenadora da Escola de Liderança e Inovação do ISCSP ferenças biológicas, as segundas ilustram papéis sociais e psicológicos. Na prática, isto diz-nos que hácaracterísticasclassificadascomotipicamente masculinas (centralização, racionalidade, competitividade) e femininas (empatia, delegação de poder) que podem ser encontradas em homens e em mulheres - isto é, "podemos ter homens que são líderes femininos e mulheres masculinos". Se até agora temos visto mais mulheres a adoptar estilos masculinos do que ao contrário é porque estes são os estilos prevalecentes. "Portugal é um país com grande distanciamento hierárquico, temos uma matriz cultural muito formal e paternal, com baixo nível de autonomia, e nesse sentido o estilo de gestãomasculinoémais premiado", sustenta a professora universitária Nelson Ramalho acompanhou uma investigação recente no ISCTE que é ilustrativa. A partir do teste a quatro competências essenciais para uma boa liderança (perspicácia social, as capacidades de influenciar e estabelecer networldng e o aparentarser sincero), concluiu-se que não há diferença-nadistribuição destas características entre homens e mulheres. Contudo, quando se comparam as características com °género (as tais reprcsentações sociais do feminino e do masculino) registam-se diferenças cm todas. Mais: quanto maior a presença das características dos dois géneros, maior é o nível de competên- cias - ou seja, melhoro líder. Se até aqui os papéis masculinos têm sidovistoscomo maiseficaws, no futuro, a tendência é para que as diferençasse esbatam, acredita Patrícia dois, três anos para cá a Palma. investigação diz que a crise impõe novos modelos de organização que coloquem o cliente no centro da relação eaícaractexísticas como acapacidade decomunicaçãoeaempatiacomeçam apredominar". Nelson Ramalhoconcorda: "Há características que remetempara que alguns traços mais femininos ajudem a responder a necessidades do futuro: comunicação, integração, construção de redes, vão mais ao encontro das interdependências queestãoa ser criadas". Umavez mais: traços mais femininos não são necessariamente atribuíveis a mulheres. Mas, se não se podem imputar diferençassignificativas degestào a mulheres e homens, porquê tanta ênfase nanecessidade de as mulheres ocuparem mais cargos de topo? "Por uma questão de igualdade" responde Nelson Ramalho."E não é nada pouco".• Página 55 ID: 61695001 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 17 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 5 Toby Melville/Reuters IGUALDADE A mudança lenta que está em curso Depois da Assembleia da Republica, onde as listas de candidatos a depu- tados têm de prever pelo menos 1/3 de mulheres, também os reguladores deverão garantir maior equilíbrio de género. No sector privado, há tentativas de sensibilização. REGULADORES: ALTERNÂNCIA E QUOTAS A lei das entidades reguladoras determina a alternância de género na presidência dos reguladores e uma quota de 33% dos lugares para o sexo sub-representado (neste caso, as mulheres). isto significa que os próximos presidentes da CMVM, ERSE e ISP deverão ser mulheres e que os conselhos de administração deverão ser mais diversos do ponto de vista do género. O Banco de Portugal tem um estatuto à parte, não está abrangido por estas regras (e tem regredido nesta matéria). SECTOR PÚBLICO: PLANOS DE IGUALDADE As empresas do sector empresarial do A pergunta sobre as diferenças de gestão no feminino e no masculino tem ocupado muitos investigadores. IGUALDADE O Estado da arte Em Portugal as mulheres não só escasseiam nos lugares de topo das empresas privadas, como são mais mal pagas para áreas funcionais idênticas. O retrato é ligeiramente melhor para °sector empresarial do Estado. Já os reguladores são um compêndio de desigualdades. 9% MULHERES Nos conselhos de administração das empresas do PSI-20, há 9% de mulheres (2014). Pior que Portugal só Malta. Grécia, Hungria e Chipre. Estado estão obrigadas a preparar periodicamente planos de igualdade. 22% 5 LUGARES A administração nas empresas públicas tem 22% de mulheres. 10,8% estão na presidência. A situação não é famosa, mas as empresas do Estado comparam melhor. MULHERES Há cinco mulheres entre os 21 administradores de cinco reguladores: Cmvm. Banco de Portugal, Autoridade dos Seguros, ERSE e Anacom. "Presidentas" só há uma. -21% -29% 2.100 DE REMUNERAÇÃO No privado, para as mesmas áreas funcionais, as mulheres ganham em média menos 21% do que os homens. O estudo compara 84 dos 99 ramos de actividade. NOS QUADROS ALTOS Quanto maior a qualificação maior a diferença salarial, ou seja. a discriminação é maior entre os quadros superiores: em média, as mulheres ganham menos 29%. MILHÕES DE DÓLARES É o crescimento potencial das economias da Europa Ocidental, em 2025, caso se alcance até lá a igualdade de género, segundo contas da consultora McKinsey. COTADAS: 30% DE MULHERES É ASPIRAÇÃO No sector privado, há tentativas de persuasão. Teresa Morais, ex-secretária de Estado da Igualdade, que duranteo seu mandato desafiou os gestores (e chegou a classificar a nossa classe empresarial de "profundamente retrógrada") sensibilizou as empresas cotadas para que, até ao final de 2018, tenham pelo menos 30% de mulheres nos conselhos de administração. Na Alemanha, a regra será obrigatória a partir de 2016. SECTOR FINANCEIRO: FIXAR OBJECTIVOS Para o sector financeiro, o regime geral das instituições de crédito passou a prever, de 2014 em diante, que a politica interna de selecção e avaliação dos membros dos órgãos de administração e fiscalização deve fixar objectivos para a representação de homens e mulheres e conceber uma politica destinada a aumentar o número de pessoas do género sub-representado. Página 56 ID: 61695001 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 5 NEGÓCIOS INICIATIVAS Máxima Mulher de Negócios 2015 MAIS PODEROSOS Poucas mulheres nos cinco anos de Poderosos O Negócios publica, desde 2010, a lista dos Mais Poderosos da economia portuguesa. É um "ranking" que mostra um poder no masculino. 2011 foi o ano com mais poder no feminino: seis em 50. s Mais Poderosos do Negócios tem tido poucas vozes femininas, expressão, afinal. do que se passa no pais. Quem manda nas empresas e quem manda na política. Não é, pois, por acaso que a maior presença de mulheres nos Mais Poderosos do Negócios seja estrangeira. A chanceler alemã Angela Merkel e a empresária angolana lsa- O As poderosas do Negócios desde 2010 bel dos Santos foram as únicas que garantiram nos cinco anos da iniciativa do Negócios um lugar na lista e quase sempre no top 10. Apenas nos dois primeiros anos (2010 e 2011) ficaram abaixo. 2011 marcou uma alteração dos poderes em Portugal, com a mudança de Governo - saiu José Sócrates e entrou Pedro Passos Coelho - e com a entrada da troika - Comissão Eu- contrapartida, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, ganhou poder. Simbolicamente o poder financeiro voltou ao Terreiro do Paço, onde em 2013 se passou asentar uma mulher, fruto da saída do Governo de Vítor Gaspar e que, aliás, levou à cri se da coligação nesse ano, com a demissão de Paulo Portas que acabou por ficar com mais poder. 2014 é outro dos grandes marcos de mudança de poderes em Portugal. A queda do BES assim o ditou, arrastando banqueiros, mas também gestores, nomeadamente os que estavam ligados à Portugal Telecom. Estes foram, no entanto, po- 2014 2011 2012 36 1 1 1. -- 7 v 26 18 9 6 4 CHRISTINE LAGARDE 35 26 33 MARIA DO CARMO MONIZ GALVÃO 44 DILMA ROUSSEFF 45 27 36 ••• ISABEL JONET 46 45 19 17 2 ISABEL DOS SANTOS MARIA LUÍS ALBUQUERQUE í. ro, para Portugal há dois tabuleiros onde ainda pode mexer as pedras: Angola e Brasil". Um poder que acabou por se desvanecer, tal como o da própria Dilma Rousseff que, nos últimos tempos, se vê a braços com a impopularidade nacional e até com ameaças de destituição. Estes anos de troika trouxeram à lista dos Mais Poderosos a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, que com o fim do programa de ajustamento económico e financeiro também ditou a sua saída da lista dos Mais Poderosos. Já não constou em 2014 e em 2015, anos em que, em 2010 ANGELA MERKEL Angela Merkel já foi por quatro vezes a mais poderosa da lista do Negócios. Em 2015 voltou ao pódio. No top 10 apenas Isabel dos Santos faz companhia no lado feminino do poder. ropeia, BCE e FMI - em decorrência do pedido de ajuda externa que o país teve de fazer para se financiar. Uma crise que levou à venda de empresas e a um caderno de encargos de privatizações que levaram a mãos estrangeiras algumas das maiores empresas portuguegag. Daí o surgimento nesse ano de líderes como Dilma Rousseff. "O Brasil exerce hoje uma enorme força de atracção sobre a economia portuguesa", explica, então, o Negócios o 45.0 lugar da Presidente do Brasil. Um poder que subiu no ano seguinte, com a justificação: "face à União Europeia e à nebulosa que pode ser o seu futu- 2013 LEONOR BELEZA 36 al ISABEL VAZ Página 57 ID: 61695001 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 5 PRÉMIO MÁXIMA MULHER DE NEGÓCIOS 2015 A gestão no feminino é premiada deres no mascul i no, com excepção da matriarca Maria do Carmo Moniz Gaivão, que ainda surgiu na lista do poder em 2011. Em contrapartida, Isabel Vaz acaba por entrar nos Mais Poderosos precisamente no ano em que a Luz Saúde já não tinha ligação ao BES e já estava em mãos chinesas. Em 2015, a lista de 50 Mais Poderosos tinha quatro mulheres, o mesmo número que em 2014. Mas 2015 marca, no entanto, o regresso de uma líder ao primeiro lugar. A Alemanha ganhou.■ AM 2015 1A A Máxima está a lançar a edição deste ano do Prémio Máxima Mulher de Negócios, criado há mais de duas décadas pela fundadora da revista, Madalena Fragoso. O Prémio tem a parceria do Negócios. Haverá duas categorias principais e uma selecção em três momentos. REGULAMENTO CATEGORIAS DO PRÉMIO 1. MULHER DE NEGÓCIOS DO ANO Des- tinado a empresárias, presidentes e administradoras de empresas, mulheres que atingiram o topo das suas carreiras e que estão na primeira linha da liderança das empresas. 2. EXECUTIVA DO ANO Destinado a directoras e executivas de primeira linha, bem como a empreendedoras que estão a caminho do topo, constituindo a próxima geração de lideres. PROCESSO DE SELECÇÃO 3. APURAMENTO DA VENCEDORA O júri escolherá as vencedoras de entre as três finalistas de cada categoria. MENÇÕES HONROSAS À semelhança da edição anterior, alargamos a esfera de prémios através de cinco categorias que extravasam a área estritamente empresarial. A selecção e atribuição destes prémios é feita directamente pelo júri. • PRÉMIO CARREIRA Distingue uma mulher com provas dadas de profissionalismo e sucesso ao longo do seu percurso profissional. • PRÉMIO INOVAÇÃO Reconhece uma ideia, um projecto, urna iniciativa de sucesso. • PRÉMIO CIÊNCIA Elege uma individualidade que se tenha distinguido no campo científico. • PRÉMIO CULTURA Identifica a pessoa responsável pelo projecto ou iniciativa que tenha enriquecido a cultura nacional. • PRÉMIO CIDADANIA A consciência ética, social ou ecológica estará em evidência nesta nova categoria. JÚRI FERNANDA SOARES 9 1. ESCOLHA DAS NOMEADAS Um júri constituído por directores e editores de publicações económicas, bem como personalidades ligadas ao universo dos negócios, fará uma pré-selecção das nomeadas para as duas categorias do prémio. 2. SELECÇÃO DAS FINALISTAS As listas de nomeadas serão colocadas à votação das leitoras e leitores da Máxima e do Jornal de Negócios num "site" criado especialmente para o efeito: mulherdenegocios.maxima.xl.pt. As três primeiras nomeadas em cada categoria passarão à fase final de selecção. Directora da revista Máxima. Iniciou a carreira de jornalista em 1997. Formada em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnica de Lisboa, passou por publicações masculinas, de lifestyle e de saúde e bem-estar, antes de chegar às revistas femininas. HELENA GARRIDO Directora do Jornal de Negócios e professora de Jornalismo Económico e Jornalismo e Instituições Europeias na Universidade Lusófona. Iniciou a carreira de jornalista em 1987. É licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Recebeu o prémio Excelência no Jornalismo Económico em 2013, da Ordem dos Economistas. CAMILO LOURENÇO Começou por ser jornalista no Semanário (1987), foi editor de Economia da Rádio Correio da Manhã, redactor principal do Semanário Económico e coordenador do Diário Económico. Foi director-adjunto e director da Valor, revista que ajudou a fundar em 1992: editor da Rádio Comercial e director editorial de várias revistas da Editora Abril/Controljornal. Dirigiu a revista Mais-valia entre 2003 e 2005. ESMERALDA DOURADO Acumulando funções que incluem a presidência do Conselho de Estratégia da Partac (Family Office), da AMC - Associação Missão Crescimento e do Conselho Consultivo do Centro Hospitalar Lisboa Norte, entre outras, fá-lo em paralelo com colaborações para instituições com fins não lucrativos. É licenciada em Engenharia Química Industrial, pelo Instituto Superior Técnico. DALILA PINTO DE ALMEIDA Formada em psicologia, tem uma pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos e trabalha há mais de 20 anos em Consul- toria, na área de Gestão de Talento: Executive Search ("headhunting"), Business Coaching e Assessment de Competências. Criou a DPA Consultoria. o seu próprio projecto de Gestão de Talentos. LUÍS MAGALHÃES managing partner da Deloitte em portugal. é licenciado em Economia pela Université Libre de Bruxelles e especializado em auditoria a instituições financeiras. A especialização no sector financeiro iniciou-se em 1987. Foi responsável pela auditoria ao Citibank (Portugal) e ao Banco Espírito Santo e foi o sócio responsável pela auditoria ao Grupo Caixa Geral de Depósitos e BPI. VENCEDORAS DAS EDIÇÕES ANTERIORES 6 A 1992 1998 MARIA CÂNDIDA MORAIS Foi premiada quando era presidente do conselho de administração BA • Fábrica de Vidros Barbosa & Almeida. Passou pelo sector dos media, saúde e pelas autarquias. LEONOR SÁ MACHADO Era, em 1998, directora-geral da Bimbo Portugal. Depois foi para Angola trabalhar para o Banco Espírito Santo. Em 2012 e 2013 criou em São Paulo e Luanda a TheBridgeGlobal. 1995 48 MARIA LUÍSA ANTAS Na altura em que venceu o prémio, era administradora executiva no Banco Finantia. Continua ligada a esta instituição. Antes tinha trabalho em Washington. executivas a partir de 2010, abraçando vários projectos ao nível da sociedade civil. reja presidente e fundadora. recebeu o Prémio de Melhor Empresária da Europa. 2006 2013 MANUELA MEDEIROS Criou a Parfois em 1994. marca que levou a outros países. Em 2006 estava empenhada na internacionalização da marca. DEOLINDA NUNES Na Nestlé Portugal, tem a seu cargo as relações institucionais e comunicação corporativa. 2005 ESMERALDA DOURADO Era, então, presidente executiva da SAG e presidente do conselho de administração da Unidas, no Brasil. Deixou de ter funções 2012 2014 SANDRA CORREIA Foi o ano de investimentos para a Pelcor. que actua na área da cortiça. Sandra Cor- MAGDA LOURENÇO Fundadora da Nails4'US ganhou o prémio em 2014. Página 58 ID: 61695001 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,97 x 6,09 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 5 de 5 Mulheres de Negócios O mundo estaria melhor com mais mulheres no topo? Prémio Máxima Mulher de Negócios vai começar Página 59 A60 ID: 61694697 04-11-2015 Tiragem: 12114 Pág: 34 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 6,87 x 30,37 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 A COR DO DINHEIRO CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia [email protected] Assis, a alternativa no PS e os outros partidos F rancisco Assis está a reunir as tropas para criar um movimento interno de alternativa ao secretário-geral António Costa. A ideia é saudável. Não apenas para criar uma alternativa à eventual queda de Costa... mas para deslocar o centro do partido, criando uma tendência interna (àdireita) diferente da linha oficial. O problema não é exclusivo do Partido Socialista. No CDS e no PSD também não existe urna tendência organizada de direita: quando se ouve Paulo Portas falar de certos assuntos, questionamo-nos se não estamos perante um dirigente do PS... No PSD isso não se sente tanto, mas é agora. Porque na liderança do partido está Passos Coelho, um liberal. Ou seja, ele próprio recentrou o partido. Só que o problema continua a colocar-se: quando Passos sair, o partido voltará a guinar àesquerda? Ou vai manter o novo ADN? A alternativa A de Assis alternativa de vai puxar Assis vai puxar a discussão intera discussão na, no PS, para a interna, direita. Isto é, ao no PS, definir as suas opções, António para a Costa terá de ledireita. var em conta as ideias de Assis e seus apoiantes. No PSD e no CDS, se houver uma tendência liberal, ela forçará a direcção a encarar seriamente as ideias deste movimento e a apresentá-las ao eleitorado. A recentragem dos partidos é fundamental para evitar que a esmagadora maioria das propostas políticas que se fazem em Portugal esteja conotada com a esquerda. A esquerda dominou Portugal na maior parte nos últimos 41 anos. E a direita, quando governou, implementou políticas de esquerda. E o resultado não é brilhante... • Página 60 A61 ID: 61694422 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Pedro Passos Coelho disposto a ficar à frente de um governo de gestão Primeiro-ministro está a adaptar o programa à situação de governo de minoria e está aberto a negociar com o PS no Parlamento. Mas já afirmou que continuará em gestão “até ser substituído” DANIEL ROCHA Governo São José Almeida Pedro Passos Coelho está disposto a permanecer como primeiro-ministro em gestão no caso de o seu executivo ser derrubado por uma moção de rejeição do programa de governo que decorre segunda e terça-feira na Assembleia da República. O PÚBLICO sabe que Passos Coelho disse claramente que está disponível para permanecer à frente do Governo, em gestão, até que haja uma solução, caso o Presidente da República decida não dar posse a um governo minoritário do PS, apoiado pelo BE e pelo PCP no Parlamento. “Serei primeiro-ministro até ser substituído, não penso meter baixa, fazer greve, dizer que me vou embora”, afirmou Passos Coelho, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO. Segundo as mesmas informações, o primeiro-ministro também já afirmou: “Tenho estado a preparar a acção governativa para ser Governo. Quem derrubar o Governo tem de dizer o que quer fazer, se a maioria absoluta atirar o Governo abaixo tem de dizer o que quer fazer.” O confronto entre o Governo do PSD e do CDS e a oposição que une PS, BE, PCP e PEV está assim anunciado e o primeiro-ministro apresentar-se-á disponível para pedir responsabilidades aos partidos de esquerda parlamentar que têm procedido a negociações com vista a obtenção de um acordo que sirva de guião a um suporte parlamentar de um governo do PS, apoiado pelo BE, pelo PCP e pelo PEV. Por outro lado, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, Passos Coelho está disponível para procurar entendimentos com o PS de forma a poder obter uma base de apoio parlamentar que o permita cumprir a legislatura. “Apresentarei no Parlamento o Governo com o programa sufragado pelos portugueses adaptado à circunstância de existir uma maioria relativa, logo um programa aberto à negociação e ao compromisso, e é nessa base que faremos a discussão”, afirmou Passos Coelho, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO. O programa do XX Governo, que irá ser apresentado ao Parla- Passos Coelho tomou posse como primeiro-ministro do XX Governo Constitucional a 30 de Outubro mento de modo a ser o protagonista do primeiro debate em plenário da XIII Legislatura tem estado a ser preparado por Passos Coelho, líder do PSD, e por Paulo Portas, líder do CDS. Com o programa de governo em fase de elaboração, o primeiro-ministro prepara-se, assim, para se apresentar perante o Parlamento com a atitude de quem está disposto a cumprir a legislatura, tanto mais que ganhou as eleições. Mas fá-lo com a noção de que o seu Governo não é suportado por uma maioria absoluta de deputados, logo está sujeito a negociar parlamentarmente cada decisão e cada passo de governação. Esperar em gestão O primeiro-ministro tem, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, consciência de que dificilmente verá o seu Governo passar na investidura parlamentar, daí que esteja disponível para se manter em gestão e esperar. Joga para isso com o facto de o Parlamento não poder ser dissolvido antes de cumprir seis meses de legislatura. Esse período de espera permitiria uma dramatização da vida política e uma vitimização da coligação do PSD e do CDS. Nesse período e com um governo de gestão, seria impossível apresentar e aprovar um Orçamento do Estado para 2016 e o país viveria de duodécimos nos primeiros meses do ano. Essa realidade faria com que toda a legislação que viesse a ser aprovada pela maioria de esquerda no Parlamento e que implicasse custos orçamentais ficasse suspensa de aplicação até ser orçamentalmente contemplada num orçamento a aprovar por um futuro governo. Mas só o facto de ser aprovada legislação “despesista” iria favorecer o discurso de vitimização do governo em gestão. A possibilidade de o Governo que tomou posse a 30 de Novembro permanecer em gestão caso o seu programa venha a ser alvo de uma moção de rejeição tem sido levantada por vários observadores como conclusão lógica do que tem sido a posição de Cavaco Silva. E é admitido até que apenas o próximo Presidente venha a empossar um novo primeiroministro, convocando novas eleições ou aceitando chamar outro primeiroministro que não Passos Coelho. A hipótese de Cavaco Silva se recusar a indigitar António Costa como primeiro-ministro é sustentada pelo facto de o Presidente defender, desde a crise governativa de 2013, uma negociação no âmbito do que é chamado “arco da governação”, ou seja, do PSD, do PS e do CDS. E quer no seu discurso do 25 de Abril quer quando convocou eleições insistiu na ideia. Já depois das eleições de 4 de Outubro, ao encarregar Passos Coelho de iniciar negociações para a formação de um governo, Cavaco tornou veemente a defesa de que há um conjunto de princípios que unem os “partidos do arco da governação” que quer ver respeitados pelo próximo governo. E apontou mesmo a adesão e defesa do projecto europeu, bem como o respeito pelo Tratado Orçamental, a pertença à zona euro e o respeito pelos compromissos internacionais de Portugal como uma condição para a formação de um governo. A defesa destes princípios foi dramatizada pelo Presidente da República na comunicação que fez ao país a 22 de Outubro. E no discurso de posse do Governo, a 30 de Outubro, ainda que em tom mais cordato, voltou a reafirmar a exigência de que o Governo seja respeitador dos compromissos internacionais. Página 61 ID: 61694422 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 17,47 x 7,77 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Passos Coelho está disponível para liderar um governo de gestão Primeiro-ministro disponível para permanecer à frente do Governo, em gestão, até que haja uma solução, se o Presidente não der posse a um governo minoritário do PS, com apoio do BE e do PCP Portugal, 6 Página 62 A63 ID: 61694435 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,95 x 29,88 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Edgar Silva acusa Calvão da Silva de ter “pecado” Eleições presidenciais Candidato defende que em situações como a vivida no Algarve os governantes devem estar do lado das vítimas O candidato presidencial apoiado pelo PCP considerou ontem que o novo ministro da Administração Interna, Calvão da Silva, pecou pela falta de “solidariedade e humanidade” nas declarações que fez na segunda-feira, em Albufeira, a propósito das cheias verificadas no Algarve (ver notícia na página 15). “Como candidato à Presidência da República — e, se o povo assim quiser, através do voto, como Presidente da República —, não poderá haver outra atitude que não estar do lado das pessoas que são injustiçadas e vítimas destas situações. Há declarações que, lamentavelmente, não revelam o mínimo de solidariedade e de humanidade”, disse o antigo padre e dirigente comunista Edgar Silva, após uma reunião com a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), em Lisboa. O responsável governamental utilizou expressões como “fúria da naEdgar Silva diz que Calvão da Silva pecou pela falta de solidariedade e humanidade no caso das cheias tureza” para justificar o sucedido e afirmou que a única vítima mortal do temporal, em Boliqueime, “entregouse a Deus”, por exemplo, para além de ter dito que os comerciantes têm que aprender a lição e começar a fazer seguros. “A situação vivida pelas populações vítimas desta catástrofe só pode merecer total solidariedade, da parte de quem tenha o mínimo de consciência social e sensibilidade aos dramas humanos”, declarou Edgar Silva. O ministro Calvão da Silva disse também que a declaração do estado de calamidade pública “não é uma lei que se faz por qualquer coisinha”. O presidente da Câmara de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, pediu, entretanto, que fosse decretado o estado de calamidade pública no concelho, devido aos “danos elevados” provocados pelas inundações de domingo. Lusa Página 63 A64 ID: 61694469 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,78 x 29,83 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 PAULO PIMENTA Manifestantes exigiram um estatuto da carreira que dê “dignidade aos inspectores” Inspectores da ASAE em protesto pela “dignidade” Trabalho Hugo Morgadinho Cerca de 100 inspectores da ASAE manifestaram-se ontem, no Porto, pela criação do estatuto de carreira profissional O ruidoso protesto, com gritos, buzinas e apitos, instalou-se durante várias horas, na manhã de ontem, junto à Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, onde decorriam as comemorações do décimo aniversário da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Cá fora, cerca de uma centena de inspectores reclamava por melhores condições de trabalho, pela criação de um estatuto de carreira profissional e por um reforço dos meios técnicos e humanos. Além desta manifestação, a Associação Sindical dos Funcionários da ASAE (ASF-ASAE) marcou também para ontem uma greve de 24 horas. “Luto por um estatuto”, “Chega de promessas! Exigimos respeito”, “ASAE fiscaliza, por dentro paralisa”. As frases ilustraram os cartazes dos inspectadores que insistiam no mesmo refrão de protesto: “A carreira é um direito, sem estatuto nada feito”. Ao PÚBLICO, Albuquerque do Amaral, presidente da ASF-ASAE, explicou que o estatuto de carreira profissional deve garantir a “dignidade dos inspectores” e enumerar “as especificidades da acção e da função de cada inspector”. Denunciando que chegam à ASAE pessoas “vindas de outras instituições a ocuparem de imediato lugares de chefia”, o dirigente sindical espera que este “importantíssimo” documento clarifique “como se entra (no organismo), e clarifique quem vai para os lugares de chefia, entre outras situações”. “Os inspectores adjuntos são um terço do total de inspectores, executam as mesmas funções que os restantes inspectores. Ganham apenas 854 euros e há casos de inspectores adjuntos que já estão a chefiar. Se se reconhece valor, então tem de ser criada uma compensação pelo mérito. Mas mérito não existe na ASAE”, explicou Albuquerque do Amaral, que fez questão de afirmar que na ASAE existe “compadrio, amiguismo político e pessoal”. “Os inspectores adjuntos fazem exactamente a mesma coisa que fazem os inspectores superiores, mas estes ganham praticamente o dobro”, lamentou também uma das manifestantes, Ana Madeira, inspectora adjunta há oito anos, que fez questão de lembrar que “esta luta não é porque os inspectores superiores ganham mais, é porque os inspectores adjuntos ganham muito menos”. Bruno Figueiredo, também inspector adjunto, é da mesma opinião: “Temos enormes discrepâncias no interior da ASAE, o que cria divisão entre os funcionários. Existem três carreiras de inspecção (adjunto, técnico e superior), mas não há um conteúdo funcional distinto para cada uma delas. Ou seja, faço tanto quanto um inspector superior que esteja no topo da carreira, e que ganha três ou quatro vezes mais do que aquilo que eu ganho. É completamente injusto”. Sobre a falta de meios humanos, o presidente da ASF-ASAE lembra ainda que nos últimos quatro anos a ASAE passou de 270 inspectores, “que já era manifestamente pouco” para 230 inspectores. A melhoria das condições laborais é outra das exigências dos manifestantes, que pedem mais meios técnicos. As viaturas que utilizam “têm mais de 15 anos, mais de 300 mil quilómetros” e, por isso, “avariam constantemente”, disse Ana Madeira. “Há viaturas a ficar nas estradas. Temos conhecimento de que em Lisboa há nove viaturas por reparar.”, lembrou o presidente da ASF-ASAE. Bruno Figueiredo explicou que faltam “impressoras para andar na rua, portáteis, e até já falharam materiais elementares de escritório como agrafadores ou canetas”. Em resposta a estas reivindicações, o inspector-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, disse ao PÚBLICO que tenciona remeter ao Governo uma nova proposta de criação do estatuto de carreira profissional: “Em Janeiro de 2014, apresentei uma proposta para início da discussão junto da tutela e agora com um novo Governo tenciono, naturalmente, apresentar uma nova proposta para reabrir este dossier, que já está identificado”. Texto editado por Andrea Cunha Freitas Página 64 A65 ID: 61694544 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 20 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 21,24 x 29,83 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Provedor de Justiça está a analisar 20 queixas de desempregados anulados sem aviso prévio pelo IEFP RITA FRANCA Emprego Raquel Martins Em causa estão pessoas sem direito a subsídio que não responderam ou não receberam as convocatórias enviadas O provedor de Justiça, José de Faria Costa, continua a receber queixas de desempregados não subsidiados que viram anulada a sua inscrição no centro de emprego, sem aviso prévio. Só nos últimos meses chegaram ao provedor 20 queixas a contestar os procedimentos seguidos pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). “Continuam a ser apresentadas queixas sobre problemas relacionados com a anulação da inscrição de desempregados não beneficiários de prestações de desemprego, que vêm sendo apreciadas caso a caso por este órgão do Estado”, adiantou ao PÚBLICO fonte oficial da Provedoria de Justiça, acrescentando que neste momento estão registados 20 pedidos de intervenção. Todos os meses, o IEFP identifica uma amostra de desempregados não subsidiados que estão há mais de 60 dias sem contactar os centros de emprego e envia-lhes uma convocatória, por correio normal, a que têm de responder no prazo de dez dias. Se não o fizerem, a inscrição é anulada e os desempregados ficam sem poder beneficiar de alguns programas de apoio ao emprego que têm como pré-requisito a inscrição num centro de emprego. Também podem ser anulados os desempregados que recusem ofertas de trabalho ou de formação profissional. O procedimento é muito semelhante ao que é seguido para os desempregados que recebem subsídio, com a diferença de que, antes da anulação, não é enviada uma carta registada a avisar que a inscrição vai ser anulada, nem é promovida audiência prévia com os visados. Muitas pessoas só se apercebem de que já não estão inscritas quando tentam aceder a programas de apoio que dependem da inscrição, quando pedem a reforma antecipada por desemprego de longa duração ou quando precisam de uma declaração do IEFP para, por exemplo, movimentarem uma conta poupança reforma. A forma como é feita a anulação Desde 2009 que provedor e IEFP têm entendimentos diferentes quanto à anulação de inscrições tem sido contestada desde, pelo menos, 2009. Numa resposta ao PÚBLICO em Junho, a Provedoria de Justiça — que na altura estava a analisar três queixas — explicava que os desempregados contestavam, sobretudo, a imposição de deveres semelhantes aos que são exigidos aos beneficiários de prestações de desemprego, nomeadamente a obrigação de comparecer nas datas e nos locais determinados pelo serviço de emprego. “É especialmente contestada a imposição de tais deveres, quando o seu cumprimento implica a realização de despesas pelos desempregados. Por exemplo, para se deslocarem Os procedimentos “são do conhecimento de todos os candidatos, desde o momento em que efectuam a sua inscrição ou reinscrição para emprego”, argumenta fonte oficial do IEFP do seu local de residência aos locais determinados pelo serviço de emprego”, adiantava a Provedoria. Mas há também quem conteste o facto de a anulação ser feita sem se ouvir o desempregado em causa e sem o envio prévio de uma carta registada. Até porque, em alguns dos casos analisados pelo provedor, as pessoas não tinham recebido as cartas enviadas em correio normal. Instituto desdramatiza O IEFP desdramatiza e lembra que os procedimentos seguidos “são do conhecimento de todos os candidatos, desde o momento em que efectuam a sua inscrição ou reinscrição para emprego”. Fonte oficial do instituto explica ainda que os serviços de emprego entregam aos desempregados um documento onde se encontram explicitados os seus direitos e deveres. Neste documento, acrescenta, “encontram-se definidos os pressupostos que podem conduzir à anulação da candidatura a emprego”, nomeadamente a falta a convocatória, a recusa de emprego ou formação, desde que enquadrados no plano pessoal de emprego, e a não aceitação de uma oferta de trabalho proposta pelos serviços. Assim, conclui o instituto dirigido por Jorge Gaspar, “sempre que é emitida convocatória, nos termos definidos no Código do Procedimento Administrativo, da qual resulta uma falta injustificada ou com justificação não aceite, a candidatura a emprego é anulada”. Essa situação é reversível “sempre que o candidato, mesmo já depois da anulação da candidatura a emprego, apresentar justificação para a falta que seja considerada atendível”. Nesse caso, garante o IEFP, “não existe qualquer penalização”, uma vez que é reposta a data que constaria do processo se a anulação não tivesse ocorrido. Já em 2010 era esse o entendimento do IEFP, na altura presidido por Francisco Madelino. Numa troca de correspondência com a Provedoria, o instituto alegava que a anulação da inscrição por ausência de resposta ao controlo postal era mencionada na convocatória enviada: “Daí a anulação sem qualquer informação adicional, uma vez que a medida não se traduz na perda de qualquer direito.” A Provedoria não aceitava a interpretação e lembrava que, “embora a anulação não se traduza em si mesma na perda de qualquer direito, pode condicionar o exercício de um direito e implicar indirectamente a perda de um benefício reconhecido legalmente aos intePágina 65 ressados”. ID: 61694544 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 48 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,81 x 3,45 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Provedor está a analisar 20 queixas de desempregados Em causa estão pessoas que viram anulada a sua inscrição no centro de emprego p20 Página 66 A67 ID: 61694439 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,65 x 30,05 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 NUNO FERREIRA SANTOS Costa Neves, novo ministro da Administração Interna, reuniu-se com todos os grupos parlamentares PSD e CDS querem instalar já comissões parlamentares Assembleia da República Maria Lopes Costa Neves terminou ronda. Direita avisa que regimes totalitários também fizeram dos parlamentos mera encenação Enquanto as bancadas dos partidos da oposição viram as reuniões de meia hora com o novo ministro dos Assuntos Parlamentares como meras visitas de cortesia — para dar cumprimentos de boas-vindas que podem ser também já de despedida, como descreveu o deputado ecologista José Luís Ferreira —, as da direita olharam para aqueles preciosos oito minutos em que estiveram com Carlos Costa Neves como uma oportunidade para acusar a esquerda de estar a bloquear a actividade da Assembleia da República. E admitiram que fizeram queixas ao ministro. PSD e CDS defendem que as propostas de constituição das comissões parlamentares devem ser discutidas e aprovadas já hoje, na conferência de líderes, e querem marcar as reuniões do plenário. Porque, alegam, os portugueses “não vêem com bons olhos” que tenham escolhido os deputados há um mês e o Parlamento se mantenha “praticamente em suspenso”. “Era o que faltava que isso agora se fosse prolongar por muito mais tempo”, avisou Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, que acusou PS, Bloco, PCP e PEV de terem feito, há uma semana, uma “aliança negativa” e bloquearem a proposta da direita de agendar um plenário para esta semana para discutir um projecto seu sobre a “reafirmação dos principais compromissos de Portugal em matéria europeia”. O líder da bancada centrista foi ainda mais contundente. Disse que a situação é “inexplicável e embaraçosa” e criticou a oposição pelo “mal que está a fazer à democracia” e também quem considera uma perda de tempo a constituição de comissões parlamentares sem que haja um Governo em plenas funções, com o programa aprovado na Assembleia da República — um dos argumentos usados por Ferro Rodrigues na passada semana. “A democracia e os espaços democráticos nunca são uma perda de tempo nem uma encenação e foi assim que começaram os regimes totalitários. É bom que todos tenhamos, nesta fase, cuidado com as palavras, porque todos os regimes totalitários, quer à extrema esquerda, quer à extrema direita, começaram a dizer ‘é uma perda de tempo o voto’ e acabaram a fazer dos parlamentos uma mera encenação”, protestou Nuno Magalhães. Uma busca nas actas da primeira sessão legislativa das pelo menos últimas seis legislaturas mostra que, de facto, entre a primeira sessão plenária de eleição do presidente do Parlamento e as sessões de discussão do programa de Governo não há quaisquer outros agendamentos. E mostra também que desta vez o hiato de 17 dias entre essa eleição e a discussão do programa será até mais curto do que em 2009, no segundo Governo de Sócrates, que foi de 21. A única excepção no período de governos constitucionais foi o terceiro, em que houve uma reunião para debater assuntos de ordem prática de funcionamento do Parlamento, disse ao PÚBLICO o gabinete de Ferro Rodrigues — que confirmou que o tema das comissões está na agenda de hoje. O novo ministro dos Assuntos Parlamentares teve ontem uma maratona de encontros com as várias bancadas parlamentares depois de na segunda-feira ter sido recebido pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e à saída ter defendido que continuará, em representação do Governo, a procurar pontes e entendimentos com o PS “até ao fim” — mesmo que esse fim esteja anunciado para muito breve — e foi isso que também disse ao conterrâneo socialista Carlos César. Se da direita ouviu queixas da oposição, da oposição ouviu críticas ao Governo e ao Presidente por o ter indigitado e levou a certeza de que o programa será rejeitado, como contou o comunista João Oliveira. Às bancadas, o ministro falou da necessidade de uma relação institucional cordial entre Governo e Parlamento, mas nas suas declarações aos jornalistas o fôlego foi quase todo para o namoro ao PS — com quem o PSD mais se identifica ideologicamente e mais partilha objectivos e medidas, não se cansou de repetir Costa Neves. De tal forma que considerou “estranha” a negociação e a expectativa de acordo entre PS e a “esquerda radical”, constituída por “trotskistas” e “marxistas-leninistas”, e avisou que qualquer outro Governo que não este de direita “não tem legitimidade”. Página 67 A68 ID: 61694632 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 46 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 20,02 x 30,07 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Cultura, sim, mas com que Governo? JOSÉ SARMENTO MATOS O Debate Nova legislatura José Jorge Letria novo Governo está constituído e só resta saber, no incerto contexto político actual, com uma maioria parlamentar que lhe é desfavorável, de quanto tempo irá dispor para mostrar o que é e quais são as suas políticas. É certo que voltou a existir um Ministério da Cultura, que também é da Igualdade e da Cidadania, mas esse regresso pouco significado terá se porventura for curta a vida desta equipa governativa, o que tudo leva a crer que irá acontecer. Sendo a Assembleia da República o centro legítimo da nossa vida democrática, será ali que ocorrerá a legitimação do Governo e da sua política, facto essencial para que Portugal encontre a estabilidade essencial para poder superar a crise que tanto nos afecta. Na área da Cultura como nas outras, não basta existir um ministério. É preciso que existam políticas e essas políticas não poderão ser as herdadas do Governo que agora cessou funções, porque foram insuficientes e erradas, mesmo se tivermos em conta que, no plano legislativo, foi possível criar e fazer aprovar, mesmo contra a vontade do Presidente da República, a Lei da Cópia Privada, pela qual os autores durante tantos anos se bateram. A lei existe e poderá ser a base material do apoio aos projectos criativos de autores que recorram ao Fundo Cultural criado pela Agecop (Associação para a Gestão da Cópia Privada). Neste momento tudo se encontra em aberto, porque só com um Governo estável e durável poderemos saber quem é quem no diálogo que irá orientar-se para a resolução dos problemas e carências mais graves. Quando me perguntam como vejo a criação de um Ministério da Cultura, confesso ter dificuldade em responder, pois não sei o que lhe irá acontecer nos próximos dias, como consequência daquilo que maioritariamente o Parlamento virá a decidir. Continua a ser difícil saber, neste momento, que Governo irá ter a cargo a responsabilidade de governar Portugal nos próximos quatro anos, ou mesmo nos próximos meses. Seja qual for o desfecho deste complexo processo, é certo e indiscutível que ninguém, com os autores e artistas em destaque, poderá esquecer o que foi a experiência vivida nestes quatro anos e que se caracterizou por uma sistemática privação de meios para apoiar a criação e a difusão do trabalho cultural. Foi essa a vontade do anterior Governo e do seu primeiro-ministro, que se caracterizou, desde logo, convém não o esquecermos, pela supressão do Ministério da Cultura na estrutura governativa e pela atribuição a um secretário de Estado a responsabilidade de gerir, na directa dependência do chefe do Governo, os assuntos desta área. Foram tempos difíceis, que os constrangimentos orçamentais seriamente agravaram. E nem vale a pena recordar agora o que se passou com as obras do catalão Joan Miró para se perceber que a Cultura foi, manifestamente, o parente pobre do Governo, que terá esquecido ou ignorado o seu significativo contributo para a riqueza nacional e para a criação de emprego, tendo esse contributo sido mesmo superior ao de outras indústrias consideradas de importância estratégica. Por isso, muitos foram os autores que, durante a recente campanha eleitoral, apontaram a criação do Ministério da Cultura como uma prioridade inadiável do Governo eleito. O PS comprometeu-se a assumir essa responsabilidade e a assumir o carácter prioritário do investimento na ciência e na investigação e também a necessidade urgente de se repensar o modo de funcionamento da televisão pública. O ministério quer agora voltar a existir, mas resta saber durante quanto tempo e com que asas para tentar voar. Se for para cair, o melhor será não sair do ponto de partida. As ilusões não fazem bem à Cultura e a quem a cria e difunde. Existe uma tradição de que a França de André Malraux, gaulista, grande escritor e ensaísta, mas também herói do combate contra o nazismo na Guerra Civil de Espanha e na Segunda Guerra Mundial, é o mais estimulante exemplo. Essa tradição, Não podem os agentes culturais deixar de exigir ao novo Governo, a este ou ao próximo, a adopção de consistentes políticas culturais que teve a criação de um Ministério da Cultura em França como referência, não pode ser afastada do moderno processo de formação de um Governo que perceba, mesmo sob o constrangimento das restrições financeiras, quais são as áreas prioritárias quando se trata de valorizar o que temos de mais mobilizador, criativo e gerador de riqueza para o Estado e de estímulo psicológico para uma população apreensiva e ansiosa por respostas para as suas muitas incertezas e dúvidas. Nesta matéria, a esquerda costuma ser mais ousada e construtiva do que a direita, que tende, como sempre acontece nessa área ideológica, a desconfiar dos intelectuais, dos artistas e dos autores, por considerar que eles são uma espécie de “exército” das ideias livres e da contestação social e política. Mesmo se assim fosse, neste Portugal que procura caminhos e respostas num tempo de revalorização do debate político, é imperioso que se reconheça aos agentes culturais uma capacidade e um potencial de realização e transformação essencial para a requalificação da nossa vida colectiva. Por este motivo, não podem os autores e restantes agentes culturais deixar de exigir ao novo Governo, a este ou ao próximo, a adopção de consistentes políticas culturais que o apetrechem com a dinâmica necessária para tornar estratégica uma área tão relevante da nossa vida colectiva. Creio que nisso todos podemos e devemos estar de acordo, porque, como dizia o dramaturgo e cronista brasileiro Nelson Rodrigues, trata-se do “óbvio ululante”. É urgente que sejam repensadas as formas de se apoiar e preservar o nosso património cultural e de se repensar o circuito de promoção e difusão das nossas obras culturais no estrangeiro onde é grande o número dos que admiram a nossa música, a nossa literatura e outras disciplinas criativas com muitas provas dadas. Dizer isto não é mera retórica política em tempo de decisões urgentes. É, isso sim, a constatação de uma evidência que o debate político intenso não pode adiar ou fazer caducar. O que o próximo Governo, este ou outro, de acordo com a indiscutível vontade parlamentar, fizer com a Cultura e em nome dela irá dizer muito sobre a sua natureza e sobre as prioridades que o unem e motivam. Se a Cultura vier a ter, como se deseja e exige, um papel estratégico na acção governativa próxima, há muitas medidas operativas e de carácter legislativo que deverão orientar os processos de intervenção neste domínio. Importante é que os criadores e outros agentes culturais não se resignem nunca com soluções pobres que condenem a Cultura e os seus agentes a uma insuportável e injusta subalternidade. Escritor, jornalista e presidente da Página 68 Sociedade Portuguesa de Autores A69 ID: 61694453 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,54 x 30,05 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Leal da Costa define prevenção como aposta apesar de “rumores de ministro curto” Saúde Romana Borja-Santos Novo ministro da Saúde quer mais verbas destinadas a prevenir doenças em vez de aposta apenas no tratamento O discurso do novo ministro da Saúde, feito durante a apresentação do relatório Diabetes: Factos e Números, oscilou entre as preocupações com o retrato desta doença em Portugal, os planos para uma legislatura de quatro anos e o impasse que se antevê no Parlamento e que pode ditar para breve o fim do segundo Governo de Passos Coelho. “Apesar de correrem rumores não confirmados de que eventualmente poderei ser um ministro curto, a verdade dos factos é que não deixarei de continuar a pugnar por aquilo em que eu acredito e defender os objectivos da legislatura”, garantiu Leal da Costa, assegurando que a prevenção de doenças como a diabetes será uma prioridade. Depois de uma referência feita pelo director-geral da Saúde, Francisco George, ao trabalho que Leal da Costa desenvolveu nos últimos anos na área da diabetes, o ministro fez questão de sublinhar que esse trabalho foi ainda feito como secretário de Estado Adjunto e da Saúde de Paulo Macedo. “Mas o meu antecessor partilhava obviamente dos meus pontos de vista sobre estes temas”, disse. O ministro considerou também que seria um “erro político grave” focar-se no “conflito político-partidário”, em vez de nas medidas para os próximos anos. Por isso, avançou que o reforço das verbas dedicadas à prevenção será uma prioridade. Voltando ao relatório do Observatório Nacional da Diabetes, Leal de Costa destacou que “hoje a diabetes é uma doença com a qual se consegue viver mais tempo e com mais qualidade. Isso deve-se em grande parte ao facto de haver uma melhor intervenção dos actores e uma mais precoce intervenção”. No entanto, admitiu: “É expectável que durante os próximos anos tenhamos de vir ainda a assistir a um aumento progressivo do número de doentes” com diabetes. Para isso, segundo o governante, contribui o envelhecimento da população, mas Leal da Costa acredita que as políticas certas podem ajudar a travar o aparecimento de novos casos. De acordo com o relatório, em Por- tugal, mais de 13% das pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos têm diabetes, o que significa que mais de um milhão de pessoas têm esta doença que rouba pelo menos nove anos de vida a quem tem menos de 70 anos. A juntar-se a este dado, há outros preocupantes: além das pessoas com diabetes, há dois milhões de pessoas em risco de prédiabetes. Há praticamente 150 novos casos por dia e, apesar deste número elevado, estima-se que cerca de 40% das pessoas não saibam que têm a doença, pelo que não estão devidamente acompanhadas. Leal da Costa mostrou-se preocupado com estes dados, mas destacou que há agora menos internamentos associados à diabetes, o que atribui às “intervenções em ambulatório e também a uma maior capacidade terapêutica em ambulatório”. Apesar da redução dos óbitos associados à diabetes, o ministro reconheceu que é preciso ir mais longe nas políticas direccionadas à prevenção, dando como exemplo o incentivo do exercício físico, da alimentação saudável e da redução do tabagismo. “Temos tido Leal da Costa disse mesmo temer um retrocesso nos resultados em saúde se vier outro executivo ganhos significativos em saúde mais à custa de intervenções eminentemente terapêuticas do que por intervenções preventivas”, disse. E acrescentou: “O grande desafio na próxima legislatura deste Governo — que eu desejo para o bem dos portugueses que tenha duração — é uma intervenção ao nível da prevenção. Temos de nos aproximar da média europeia nos nossos gastos em prevenção”. Mais tarde, aos jornalistas, reforçou que “o Serviço Nacional de Saúde tem sido essencialmente financiado numa lógica de tratamento” e disse que a ideia é apostar mais na prevenção, nomeadamente com rastreios para várias doenças, tal como já acontece na vacinação. Questionado sobre se sente condicionado perante as actuais circunstâncias políticas, Leal da Costa garantiu que “não”, mas avisou: “É importante que os portugueses percebam que o Governo que escolheram para legitimamente os governar está neste momento ameaçado por um conjunto de circunstâncias que são politicamente ilegítimas”. Página 69 A70 ID: 61694598 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 44 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 14,18 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 EDITORIAL Salário mínimo exige consensos mínimos A decisão de aumentar o salário mínimo é do Governo, mas não se pode dispensar a concertação O salário mínimo nacional (SMN) é um instrumento que desempenha uma função social determinante e que permite garantir a quem trabalha uma remuneração minimamente condigna. E impede que as empresas concorram entre si através de uma desvalorização salarial agressiva e selvagem que colocaria o rendimento dos trabalhadores no limiar da pobreza em alturas de maior desemprego. Num país como o nosso, em que 20% dos trabalhadores por conta de outrem e a tempo completo auferem a remuneração mínima, a subida do SMN teria também um impacto significativo a nível do consumo, já que a propensão e a capacidade para poupar de quem ganha pouco são baixas ou quase nulas. Mas há que ter em atenção o reverso da medalha; sendo inquestionável a necessidade de ajustar o SMN, também é aconselhável que esta subida seja feita de forma gradual e moderada, já que um aumento repentino para os 600 euros (como defendem a CGTP, o PCP e o Bloco) representaria uma subida de 19% de um ano para outro e, eventualmente, poderia colocar em causa a sobrevivência de várias pequenas e médias empresas. Se é verdade que é o Governo que determina o SMN, não menos verdade é a necessidade de qualquer alteração no valor ter de ser debatida em sede de concertação social, pois mais importante do que a agenda política deste ou daquele partido é aquilo que os patrões acham que podem pagar e aquilo que os sindicatos reclamam ter direito a receber. E é do encontro dessas posições, que à partida parecem inconciliáveis, que nasce um consenso em relação a uma valorização salarial que seja justa. Foi assim em 2006, quando se fez um acordo tripartido histórico para aumentar o SMN até aos 500 euros em 2011 (interrompido pela chegada da troika), e foi assim em 2014, quando se colocou o SMN nos 505 euros. Qualquer decisão tomada nas sedes partidárias e à revelia desta tradição vai com certeza dar mau resultado. O apagamento A s eleições na Turquia foram lidas como um referendo ao Presidente, Recep Erdogan, cujo partido fora incapaz, no Verão, de ganhar uma maioria suficientemente forte para formar governo, mas que agora conquistou 50% dos votos. Para surpresa de todos. Não lhe deu os dois terços necessários para mudar a Constituição e a natureza do regime turco. Mas o apagamento político e pessoal do primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, formalmente o homem reeleito no domingo, deixa antever que o Presidente que quer ter poderes executivos não vai desistir. Note-se a frase do seu discurso de vitória: “A nova Turquia será construída sob a liderança do Presidente Erdogan.” Davutoglu não falou nos seus próprios planos para o país; não disse o que faria com a nova maioria. Entregou, à frente de todos, o poder executivo a Erdogan. Simbolicamente já conseguiu. Daqui a tornar a Turquia num sistema presidencialista feito à sua medida, esperemos, demora mais alguns passos. Página 70 A71 ID: 61694460 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,10 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Nova IPSS vai ajudar a pagar medicamentos aos mais pobres Vai ser criada hoje uma instituição de solidariedade social para gerir fundo que vai ser alimentado com contribuições de empresas e de cidadãos. Portugueses vão ter apoio “social” para comprar remédios MIGUEL MANSO Solidariedade Alexandra Campos Os portugueses mais carenciados vão passar a poder levar todos os medicamentos de que necessitam nas farmácias, mesmo que não tenham dinheiro, já a partir do próximo ano, se tudo correr como previsto. Para que esta ideia se torne realidade, vai ser constituída hoje, em Coimbra, uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) que terá como missão principal a gestão de um programa e um fundo de apoio social, que será alimentado com contribuições de empresas mas também de cidadãos que queiram participar. “Trata-se de um fundo permanente destinado a comparticipar a aquisição de medicamentos por parte de cidadãos com necessidades económicas, em toda a rede de farmácias”, explica a Associação Nacional de Farmácias (ANF), que é a promotora da ideia, em nota. Com o nome Dignitude, a nova IPSS tem a ANF e a associação da indústria farmacêutica (Apifarma) como fundadoras, além da Cáritas Portugal e da Plataforma Saúde em Diálogo, organização que reúne várias associações de doentes. Conta ainda com o apoio de vários “embaixadores” de peso, como o ex-ministro dos Assuntos Sociais António Arnaut, o ex-Presidente da República Ramalho Eanes e a ex-ministra da Saúde e actual candidata à Presidência da República Maria de Belém. A ANF não quis adiantar mais detalhes, mas este programa de apoio já tinha sido antecipado ao PÚBLICO em Junho, quando se encontrava ainda numa fase embrionária. O objectivo é o de fazer com as pessoas que não conseguem comprar todos os medicamentos de que necessitam por falta de dinheiro tenham um apoio suplementar através de um fundo. Actualmente, o Estado comparticipa os medicamentos (suportando uma parte do preço) na mesma proporção para todos os cidadãos, independentemente de estes ganharem muito ou pouco dinheiro. O que se pretende com este projecto é ajudar corrigir esta injustiça, enquanto não é revista a forma de comparticipação estatal, como é reclamado tempo, Apoio na compra de medicamentos vai ser dado em função do rendimento e das doenças dos cidadãos de maneira a que o apoio passe a ser dado em função do rendimento e das doenças dos cidadãos. “Dói-me o coração quando vou à farmácia e vejo pessoas a perguntar quanto custam os medicamentos. Se [este programa] funcionar bem, isto deixará de acontecer. Isto não é caridade, é solidariedade”, enfatiza António Arnaut, para quem esta é uma “acção que o próprio Estado não está em condições de fazer”. “Seria bom que o Estado social pudesse fazer isto, mas o Estado não pode fazer tudo”, diz. Este é um projecto de “responsabilidade social, não um sistema de comparticipação nacional, mas sim de acesso para pessoas muito desfavorecidas”, explicou na altura ao PÚBLICO o secretário-geral da ANF, Nuno Flora. Justamente para que não possa ser confundido com uma espécie de “sopa dos pobres” dos medicamentos, os beneficiários terão acesso a estas comparticipações sem serem identificados nas farmácias. Como é que isto vai ser operacionalizado? A ideia é a de que baste apresentar o cartão do cidadão, mas será necessário criar uma base de dados que poderá ser gerida pela Segurança Social que já tem o grupo carenciado identificado (pessoas que recebem o rendimento social de inserção ou o complemento solidário de idosos). Actualmente, os cidadãos em dificuldades apenas podem recorrer aos bancos farmacêuticos. Sem conseguir precisar quantas pessoas deixam de comprar medicamentos por não terem dinheiro, Nuno Flora adiantava que “cerca de 20% a 25%” das prescrições médicas não são aviadas nas farmácias, por várias razões. O montante a atribuir de maneira a reduzir ao máximo a parte da factura que não é comparticipada pelo Estado vai depender das contribuições para o fundo. Não só contribuições directas, mas também as resultantes de um processo angariação dirigido a cidadãos, empresas, indústria farmacêutica, instituições de solidariedade e agências governamentais. Os cidadãos podem ajudar com donativos ou através do “sistema de arredonda”, ou seja, arredondando o valor da factura a pagar na farmácia, exemplificou Nuno Flora. Página 71 ID: 61694460 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,91 x 4,54 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Nova IPSS vai pagar medicamentos aos mais pobres Nasce hoje em Coimbra instituição para gerir fundo alimentado por empresas e “embaixadores” da saúde como António Arnaut p13 Página 72 A73 ID: 61694404 NOVO GOVERNO 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 29,83 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 4 Pedro Nuno Santos tem chefiado a delegação do PS nas negociações à esquerda “Afastamento do PSD do centro facilitou” acordo à esquerda A mensagem é clara para quem contesta o acordo do PS com o BE e o PCP. Mais antinatural do que assinar um acordo com esses partidos seria “viabilizar um Governo de direita, talvez o mais radical que o país já conheceu”. E argumenta que foi a deriva do PSD que aproximou o PS da esquerda Entrevista São José Almeida e Nuno Sá Lourenço P edro Nuno Santos sabe o que é um compromisso irrevogável. Líder da distrital socialista de Aveiro e um dos rostos da negociação de um acordo de Governo à esquerda, nunca na vida será apanhado com sapatos produzidos fora de Portugal. Porque essa indústria faz parte da história da sua família. O avô era sapateiro. O pai era mecânico na fábrica Califa – das camisas Victor Emanuel – até que criou a empresa que se tornou na maior fornecedora de maquinaria e equipamentos ao sector, tendo também sido vereador pelo PS em São João da Madeira e presidente da concelhia. Foi depois de se formar como economista no ISEG, em Lisboa, que Pedro Nuno Santos trabalhou na empresa do pai durante “dois ou três anos”. Regressou à Tecmacal, entre 2009 e 2011, no único interregno que fez nas funções de deputado. Aos 38 anos, este socialista está prestes a dar o próximo salto, o executivo, agora que a esquerda parece próxima de um acordo que permite sustentar um Governo liderado pelo PS. Acredita que o PCP vai assinar o acordo? É para isso que estamos a trabalhar, conseguir que os quatro partidos à esquerda consigam proporcionar ao país uma maioria que seja duradoura, estável e credível. É essencial para o PS a assinatura de um acordo escrito? Tenho dificuldade em perceber que possa ser de outra forma. É essencial que o país perceba e sinta que estamos a falar de um acordo que tenha o horizonte de uma legislatura, que garanta estabilidade e que seja sólido e credível. Como chefe da delegação do PS, considera que é mais fácil negociar com o BE ou com o PCP? Eu não vou fazer essa distinção, são dois partidos diferentes, com culturas políticas e históricas diferentes, mas dois partidos comprometidos com o bem-estar da população portuguesa e é com esse objectivo que estamos a trabalhar com eles e eles estão a trabalhar connosco. E qual é a sua expectativa sobre qual dos dois vai romper primeiro o acordo? Não tenho nenhuma expectativa sobre essa matéria. Acho que os dois partidos assegurarão que a governação será estável, duradora e que vai dar resposta às preocupações do povo português. O próximo Governo poderá ter de avançar com a remodelação do sector bancário e da TAP. Acredita que, se houver despedimentos significativos, o PCP e o BE se mantêm no apoio ao Governo do PS? Percebo que se queira fazer conjecturas sobre o futuro, mas não faz sentido, nesta fase, fazer especulação sobre coisas que não existem hoje. Isso é o que se chama não querer responder... Não é isso. Estamos a fazer o acordo e ele prevê como o Governo se deve comportar em situações excepcionais. Portanto, se houver surpresas orçamentais nós queremos assumir o compromisso de que isso não vai afectar os rendimentos dos trabalhadores, dos pensionistas, que não haverá cortes nas pensões, nos salários, ou aumentos nos impostos sobre rendimentos do trabalho. E despedimentos? Não posso estar a falar da situação da TAP sem sequer a conhecermos, sem estarmos de facto confrontados com a realidade da TAP. Mas isso tem sido falado nas reuniões... Nas reuniões, o que ficou Página 73 ID: 61694404 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 27,41 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 4 FOTOS: ENRIC VIVES-RUBIO estabelecido foram as posições dos partidos. O PCP e o BE defendem a manutenção da totalidade do capital por parte do Estado, o PS defende que seja a maioria do capital. Esta é uma diferença que se vai manter e não é razão para que não façamos acordo. E em relação ao sector bancário, ao Banif, à CGD, que soluções têm encontrado? Não vou, na entrevista, discutir a substância das nossas reuniões ou do nosso acordo. Não percebo o cuidado — o PCP e o BE têm falado sobre o acordo... Mas um acordo só é acordo quando está fechado. Então como vê a entrevista da Catarina Martins? Ela foi prolixa a falar do acordo? Não há incómodo nenhum sobre as declarações que os líderes fazem, nenhum partido se vai anular ou perder a autonomia. O PS opta por não falar do acordo enquanto não estiver fechado. É conhecido só dia 10. Não vão dar tempo aos portugueses de o conhecerem antes de ser votada a moção de rejeição? Não está nada fechado sobre essa matéria. Os portugueses vão conhecer o acordo quando ele estiver fechado. E antes de votarem a moção de rejeição, como prometeu o secretário-geral do PS? Julgo que sim. O acordo será conhecido no momento certo e quando estiver fechado. António Costa foi muito claro. Não deixaremos o país sem Governo. Não criaremos uma crise política. O que quer dizer que só viabilizaremos o Governo da coligação se não tivermos uma alternativa que seja duradoura, estável, sólida. E obviamente que ela terá de ser divulgada e apresentada no Parlamento. Esse acordo será um passo inédito na democracia portuguesa. O que tem a dizer aos portugueses que não estavam à espera deste passo à esquerda? Há desde logo uma pedagogia sobre o que é uma democracia parlamentar, que cabe a todos e que é preciso ser feita. Temos uma democracia jovem que não esgotou ainda todas as possibilidades previstas na Constituição e é natural que ao longo dos anos estas diferentes configurações que resultam das legislativas se vão concretizando. Esta é a questão mais importante de todas: percebermos finalmente que elegemos um Parlamento e que os Governos emanam das maiorias criadas no Parlamento. Mas o PS tem de fazer um esforço para ir ao encontro dos portugueses que ainda não perceberam a legitimidade política desta solução... Passado este tempo, já ninguém coloca em causa a legitimidade constitucional da solução e são muito poucos os que colocam em causa a legitimidade política. Não podemos avaliar a coligação dos partidos à esquerda sem ter em conta que havia uma alternativa. Tem de ser analisada uma contra a outra. Um apoio do PS a um Governo de direita carecia de muito mais legitimidade política, nomeadamente pelas questões programáticas que nos distanciam. E António Costa disse sempre que não viabilizaria um Governo minoritário de direita. E nunca disse que não formaria uma maioria com os partidos à esquerda. Do que tem transpirado, o acordo centra-se nos salários, pensões e impostos. O próximo Governo terá de abordar outras matérias. O PS pensa negociar essas matérias apenas com a esquerda ou admite fazê-lo à direita quando não conseguir o apoio da esquerda? O programa de governo terá como base o programa eleitoral do PS, alterado pelo resultado das negociações com o PCP e o BE. O programa que tem de ser cumprido é esse. Num conjunto de outras matérias, que não as orçamentais, procuraremos sempre o entendimento, o apoio dos restantes partidos, sendo que eles não estão obrigados [a isso]. Por restantes partidos, entende partidos da esquerda? Sim. Procuraremos encontrar, com os partidos com quem estamos a trabalhar no acordo, soluções nas mais diversas matérias, mesmo naquelas que não sejam orçamentais. Houve debate interno suficiente no PS sobre este acordo à esquerda? Mas este é um debate em contínuo no PS. Não nasceu hoje. É uma das críticas que são feitas pela oposição interna... Se houver surpresas orçamentais, nós queremos assumir o compromisso de que isso não vai afectar os rendimentos dos trabalhadores, dos pensionistas Nós pretendemos um Estado social universal, público e tendencialmente gratuito. E isso não se faz com a direita Nós reagimos com absoluta normalidade em relação à crítica. O PS é um partido plural. Mas não tenho dúvida nenhuma de que a esmagadora maioria dos militantes do PS apoia a estratégia que está a ser seguida pela direcção do PS. Porque se há coisa que os militantes não querem que o PS seja é a muleta de um Governo minoritário de direita. Nós não temos a menor dúvida de que a esmagadora maioria do partido apoia esta estratégia. Mas o facto de a aliança à esquerda se tornar possível muda o próprio debate. É diferente debater isto agora ou numa altura em que o PCP rejeitava um acordo liminarmente... O debate sobre a política de alianças no PS sempre foi uma constante. E também temos de entender que não estamos a falar de um PSD qualquer. Estamos a falar de um PSD que se radicalizou, que se encostou ao CDS e que abandonou o centro. Pedir ao PS, depois da campanha que fez, depois daquilo que disse, para viabilizar um Governo de direita, talvez o mais radical que o país já conheceu, era pedir demasiado ao PS e aos seus militantes. São essas as questões programáticas que distinguem o PS do PSD e CDS? Claro. Quais são elas? Nós temos ouvido de alguns críticos da estratégia que está a ser seguida a acusação de que abandonámos o centro. O PS não abandonou o seu programa de sempre. Primeiro: não abandonou a maioria que defende a manutenção de Portugal no projecto europeu. O programa de governo garantirá isso. Segundo: o PS também não abandonou a maioria que defende a preservação e defesa do Estado social português. E por isso, desse ponto de vista, o PS não mudou. O PS mantém-se na intersecção das duas grandes maiorias que compõem a vontade do povo português. Já o PSD abandonou o centro político ao abandonar o consenso nacional na preservação e defesa do Estado social. Estou a falar do Serviço Nacional de Saúde. Nos últimos quatro anos empurraram-se para fora do SNS centenas de milhares de portugueses com o aumento das taxas moderadoras, nalguns casos para o dobro e triplo. E a direita propõe-se a continuar a fazê-lo. Essa é uma estratégia a prazo de privatização da saúde pública. O mesmo aconteceu com a Educação. O Governo PSD-CDS, ao abrigo da liberdade de escolha, permite que se façam contratos de associação com escolas privadas onde nas proximidades existem escolas públicas a funcionar abaixo da sua capacidade. Temos uma coligação de direita que se propôs a privatizar parte das receitas da Segurança Social, numa visão diametralmente oposta àquela que o PS defende. O mesmo acontece no emprego. Se atentarmos ao programa eleitoral do PS, é dada uma grande prioridade à precariedade no sector privado e público. É importante que se perceba isto: nós hoje chegámos a um ponto em que o PSD se encostou ao programa liberal do CDS e assim se afastou do centro. E foi esse afastamento do PSD do centro que facilitou o que estamos a fazer com o PCP e BE. c Página 74 ID: 61694404 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 4 NOVO GOVERNO É a classe média que precisa, antes de mais, de um Estado social forte, público e universal, tendencialmente gratuito. E é essa classe média que, com a degradação dos serviços públicos, mais sofreu nos últimos quatro anos. E é para a classe média que o PS fala, quando fala da defesa do Estado social. Pela forma como caracteriza este PSD, parece evidente que será difícil qualquer acordo nos próximos anos... O PSD precisaria de rever profundamente a sua visão sobre o Estado e sobre as funções sociais do Estado. Nós não permitiremos nunca que o Estado social continue a ser atacado como tem sido. Qual o peso que pode adquirir a tendência organizada no interior do PS por Francisco Assis? Pode levar a uma cisão? O PS não terá cisões nem à direita nem à esquerda. O PS sempre conviveu bem com as suas diferenças internas. Quem está à espera disso, continuará a enganar-se. Agora, não acredito que os militantes do PS gostem — no momento em que o partido está a ser alvo dos ataques mais fortes dos últimos anos — de ver dirigentes do PS a dar munições à direita. Há quem diga, dentro do PS, que um acordo com o PCP e BE impedirá que se façam reformas importantes, por exemplo, na Segurança Social. Esse é, de facto, o debate mais importante a fazer. Nós hoje já não temos uma divisão entre costismo e segurismo. Agora existe uma diferença ideológica que tem de ser debatida. O PS já fez reformas no passado e chegou a fazer uma reforma sobre Segurança Social com o apoio do PCP e do BE. E as reformas que temos de fazer são as que mantenham a Segurança Social pública. A única reforma que poderíamos fazer com a direita era uma que privatizasse parte da Segurança Social. Por isso, de facto, é verdade que uma aliança com o PCP e BE pressupõe uma forma de reformar o Estado social. E um apoio a um Governo de direita pressupõe reformas noutro sentido. E esse é o debate que temos de fazer. Nós pretendemos um Estado social universal, público e tendencialmente gratuito. E isso não se faz com a direita. Não acredita que possa surgir um partido ao centro? A nossa democracia tem mostrado que vão surgindo novos partidos de eleição para eleição. É verdade que o centro-direita deixou de facto o centro vazio. Esse vazio poderá ser preenchido no centro-direita. Já não me parece que haja espaço para isso no centro-esquerda. O acordo implica o PCP e o BE no Conselho de Ministros? Essa questão não está encerrada. Não é mais frágil um Governo só do PS? O que é mais relevante, no que diz respeito à estabilidade e durabilidade do Governo, é o apoio maioritário do Parlamento. É aí, efectivamente, que se vê se um Governo tem apoio. Mas a aceitação por parte dos outros partidos em fazer parte do Governo é um sinal de compromisso em relação a esse Governo... Se atingirmos um acordo, estaremos a atingir um grau de compromisso de todos os partidos para com esse acordo. O PS não vai ceder na recusa do aumento do salário mínimo para 600 euros em 2016? Confirmo. Mas o PS defende a valorização do salário mínimo, anual e real. O PS também não vai ceder na baixa da taxa do IVA na electricidade? Não vou falar sobre isso. O PCP e o BE querem a devolução da sobretaxa do IRS em 2016. O PS aceitou? [silêncio longo] Não vou falar sobre o acordo. Os salários da função pública serão repostos até ao final de 2016? [silêncio longo] Já disse que não falaria sobre a substância do acordo. Enquanto o acordo não estiver fechado, não há acordo. Com as alterações que terão de ser feitas, o que é que vai sobrar do programa do PS? A maioria esmagadora do programa de Governo é o programa do PS. A revisão da legislação laboral vai manter-se tal como está no programa eleitoral do PS? Seria demasiado gravoso para o país aceitar que um Presidente da República pudesse preferir um Governo de gestão ou de iniciativa presidencial a um Governo com apoio maioritário, aliás como esse Presidente sempre exigiu Isto é injusto, porque na terçafeira da próxima semana poderia falar abertamente. Eu percebo a razão da pergunta, mas quando se está num processo negocial com quatro partidos e não temos um acordo, é natural que, por razões de lealdade, não possa falar... Mas pode dizer se vai mudar alguma coisa nas propostas sobre a legislação laboral... Quando nós partimos para uma negociação, temos de estar disponíveis para nos aproximarmos das outras partes. Isso implica cedências de todos os lados. Deixando cair medidas como a relativa à Taxa Social Única? Implica cedências de todos os lados. Só assim se consegue um acordo, sendo que a base do programa de Governo é o programa eleitoral do PS. Mas Catarina Martins já disse que as pensões serão repostas até ao fim da legislatura... É objectivo do próximo Governo recuperar os rendimentos dos trabalhadores do sector público e privado, dos reformados e pensionistas do nosso país. Como é que responde aos que dizem que um Governo de esquerda provocará um novo resgate? Isso não tem nenhum sentido. A direita conseguiu, infelizmente, convencer uma parte considerável do país de que nós não tínhamos direito a mais. Só que é possível. Aquilo que mostrará o programa do Governo liderado pelo PS é que não só é possível recuperar rendimentos e proteger os serviços públicos, como é possível fazê-lo dentro das restrições orçamentais que nos permitem cumprir uma trajectória que não ponha em causa os nossos compromissos internacionais. Isso será confirmado no momento em que for apresentado o programa que terá também as contas feitas, como nós apresentámos durante a campanha. E o programa de Governo também terá as contas feitas. Poderá dar a segurança que as pessoas precisam relativamente ao cumprimento das metas. Em próximas eleições, no caso de tudo isto se confirmar, admite que os quatro partidos do acordo, para serem consequentes, terão de se apresentar coligados? Não, não admito. Este acordo é a sua prova de maioridade política? Este acordo é uma enorme responsabilidade, mas também um enorme gosto. Estou a fazer algo que me está a satisfazer. Porque era fundamental, não só para a democracia portuguesa, mas para o próprio PS, que se conseguisse acabar com o monopólio da direita no que diz respeito às alianças. Nem eu, nem a minha geração, queremos continuar a viver os próximos anos sem conseguir trabalhar com os partidos à nossa esquerda. Temos diferenças, que são respeitadas, mas temos pontos em comum. Resta trabalhá-los. Isso está a dar-me muito gozo. A política só faz sentido quando nos sentimos bem com aquilo que fazemos. Se o acordo falha agora, não destrói a possibilidade por muitos anos? Primeiro ponto: isto já foi uma vitória, independentemente do resultado final. É a primeira vez que se consegue sentar estes quatro partidos para discutir um programa de Governo. Isto é importante porque nós conhecemo-nos melhor, sabemos melhor o que é que cada um quer e defende, até onde é que pode ir. Isso representa um ganho inestimável. Segundo ponto: seria um desperdício enorme, não para os partidos, mas para o povo português, para a classe média, para os reformados, se não conseguíssemos chegar a um acordo. Era inaceitável. É inaceitável agora não se chegar a um acordo? Não é agora, já era no dia 4 de Outubro! Que a maioria representada no Parlamento não tivesse a capacidade de tentar e de se entender efectivamente. Equaciona que o Presidente, depois da rejeição do programa da coligação, não dê posse a António Costa? Isso não me passa sequer pela cabeça. Mas qual deve ser a resposta da esquerda se o Presidente não der posse a Costa? Não acredito que isso algum dia se concretize. Seria demasiado gravoso para o país aceitar que um Presidente da República pudesse preferir um Governo de gestão ou de iniciativa presidencial a um Governo com apoio maioritário, aliás como esse Presidente sempre exigiu. Página 75 ID: 61694404 04-11-2015 Tiragem: 33573 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 14,83 x 17,47 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 4 de 4 ENRIC VIVES-RUBIO PEDRO NUNO SANTOS O PSD AFASTOU-SE DO CENTRO E ISSO FACILITOU O ACORDO À ESQUERDA Destaque, 2 a 4 Deputado tem chefiado a delegação do PS nas negociações com os partidos à esquerda Página 76