UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIAGNÓSTICO GENÉTICO E MOLECULAR EFEITOS IN VITRO DOS PRINCIPAIS METABÓLITOS ACUMULADOS NA ACIDEMIA ISOVALÉRICA SOBRE VÁRIOS PARÂMETROS DO METABOLISMO ENERGÉTICO EM CÉREBRO DE RATOS JOVENS Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Diagnóstico Genético e Molecular FABRÍCIO BALESTRO ORIENTADOR: Prof. Dr. MOACIR WAJNER CANOAS 2006 Dedico este trabalho a minha mãe Ana, que sempre me apoiou em minhas decisões e foi a principal idealizadora de minhas conquistas. 2 AGRADECIMENTOS A todos os colegas do Diagnóstico Genético pela excelente convivência. Às minhas colegas e amigas do laboratório 38: Carol, Anelise, Anna, Paula e Bianca pelo companheirismo e cooperação. Aos colegas e amigos Alexandre, Josué e Alexandre Solano pelo clima alegre que sempre proporcionaram. Às super Pati e Lali pelas dicas, instruções e alegria de ajudar e conviver. Aos meus “brothers azuis” Guilhian, Gus e Rafa pela amizade verdadeira, respeito, companheirismo e vibração tanto nos momentos de trabalho como naqueles de folga. Às amigas Karina Dalcin e Karina Scussiato, sempre presentes, e também a Carolzinha pela amizade e o ótimo convívio desenvolvido. À amiga e colega Vanessa, fundamental, pela competência e o empenho com que desempenhou todo o trabalho ao nosso lado durante estes dois anos. Ao meu grande amigo e parceiro César, “o pai do ano”, que foi indispensável para a realização deste trabalho, pela paciência, tranqüilidade, sabedoria e acima de tudo, extrema competência em tudo o que faz. Ao Professor, Orientador, amigo Moacir Wajner pelo carinho e dedicação demonstrados desde o primeiro momento, pelo entusiasmo manifestado a cada dia e pela infinita capacidade de concretizar sonhos. A todos os demais colegas do Departamento de Bioquímica, principalmente do laboratório de Erros Inatos do Metabolismo pela ajuda e amizade. 3 À minha família Ana, Alberto, Vinícius e Franciele, onde tudo começou, pelo carinho, amor, dedicação e apoio demonstrados sempre, principalmente em momentos difíceis. À vó Maria por tudo o que realizou por mim durante todos esses anos e principalmente agora. À Caro pela paciência, compreensão e ajuda durante toda esta jornada. A Deus. 4 Índice Lista de Abreviaturas............................................................................................ 09 Lista de Figuras.................................................................................................... 11 RESUMO................................................................................................................ 16 ABSTRACT............................................................................................................. 18 1.INTRODUÇÃO..................................................................................................... 20 1.1 Erros inatos do metabolismo........................................................................ 20 1.1.1 Acidemias Orgânicas.................................................................................. 22 1.1.1.1 Acidemia Isovalérica................................................................................ 24 1.1.1.1.1 Aspectos clínicos..................................................................................... 26 1.1.1.1.2 Metabólitos anormais............................................................................... 27 1.1.1.1.3 Deficiência da enzima e genética............................................................ 28 1.1.1.1.4 Diagnóstico.............................................................................................. 29 1.1.1.1.5 Tratamento............................................................................................... 31 1.2 Metabolismo energético cerebral................................................................. 32 1.2.1 Fosforilação oxidativa................................................................................. 34 1.2.1.1 NADH desidrogenase (Complexo I)............................................................ 36 1.2.1.2 Coenzima Q (Ubiquinona).......................................................................... 37 1.2.1.3 Complexo II e Succinato desidrogenase.................................................... 37 1.2.1.4 Complexo III: Complexo b-c1 e Citocromo c.............................................. 38 1.2.1.5 Complexo IV: Citocromo oxidase............................................................... 38 1.2.2 Bombeamento de prótons.......................................................................... 39 1.2.2.1 Transferência seqüencial de elétrons......................................................... 39 1.2.3 Creatina quinase ......................................................................................... 40 1.2.4 Na+,K+ATPase............................................................................................... 43 2.OBJETIVOS........................................................................................................ 47 2.1 Gerais............................................................................................................... 47 2.2Específicos........................................................................................................ 47 3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 48 3.1 Reagentes........................................................................................................ 48 3.1.1 Reagentes utilizados................................................................................... 48 5 3.1.2 Equipamentos.............................................................................................. 50 3.2 Caracterização da amostra.............................................................................. 51 3.3 Produção de CO2 por homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens.. ............................................................................................................................... 52 3.3.1 Preparação do tecido ................................................................................... 53 3.3.2 Captação de CO2 ......................................................................................... 53 3.4 Determinação das atividades dos complexos da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens....................................... 54 3.4.1 Soluções........................................................................................................ 54 3.4.1.1 Soluções para preparação da amostra....................................................... 54 3.4.1.2 Soluções para a determinação da atividade do complexo I....................... 55 3.4.1.3 Soluções para a determinação da atividade do complexo II e SDH ......... 55 3.4.1.4 Soluções para a determinação da atividade do complexo II+CoQ+III....... 56 3.4.1.5 Soluções para a determinação da atividade do complexo IV ................... 57 3.4.2 Preparação dos tecidos para a medida das atividades dos complexos da cadeia respiratória.................................................................................................. 57 3.4.3 Determinação da quantidade de proteína..................................................... 58 3.4.4 Medida das atividades dos complexos da cadeia respiratória...................... 58 3.4.4.1 Determinação da atividade do complexo I (NADH desidrogenase)........... 58 3.4.4.2 Determinação da atividade do complexo II (succinato DCIP oxiredutase). 59 3.4.4.3 Determinação da atividade da SDH (succinato: fenazina oxirredutase).... 59 3.4.4.4 Determinação da atividade do complexo II+CoQ+III (succinato: citocromo c oxiredutase)........................................................................................................... 60 3.4.4.5 Determinação da atividade do complexo IV (citocromo c oxidase)........... 60 3.5 Determinação da atividade da creatina quinase.......................................... 61 3.5.1 Soluções........................................................................................................ 61 3.5.2 Preparação de tecidos para a medida da atividade da creatina quinase...... 62 3.5.3 Determinação da quantidade de proteína..................................................... 63 3.5.4 Determinação da atividade enzimática da creatina quinase......................... 63 3.6 Determinação da atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens................................... 64 3.6.1 Preparação de membranas plasmáticas sinápticas...................................... 65 3.6.2 Preparação de membranas plasmáticas sinápticas com pré-incubação de 1 6 hora a 37°C............................................................................................................. 66 3.6.3 Determinação da quantidade de proteína..................................................... 66 3.6.4 Determinação da atividade enzimática.......................................................... 67 3.7 Análise estatística............................................................................................. 67 4. RESULTADOS................................................................................................... 69 4.1 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens................................. 69 4.2 Efeito in vitro dos principais metabólitos acumulados na acidemia isovalérica sobre a atividade dos complexos enzimáticos da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............ 73 4.2.1 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens.................................................................................................................... 73 4.2.2 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens....................................... 77 4.2.3 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens........................... 81 4.2.4 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens....................................... 85 4.2.5 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens....................................... 89 4.3 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens....................... 93 4.4 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase de membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos 7 jovens.................................................................................................................... 97 4.5 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C................................................... 101 4.6 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) na presença de glutationa reduzida (GSH), do inibidor da óxido nítrico sintase N -nitro-L-argininametiléster (LNAME), da vitamina E (VIT E) ou da creatina (Cr) sobre a atividade da Na+,K+ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando co-incubados durante 1 hora a 37°C...................................................................................................................... 105 5. DISCUSSÃO..................................................................................................... 108 6. CONCLUSÕES................................................................................................. 113 7. BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 115 8 Lista de Abreviaturas • 3-OHIVA – ácido 3-hidroxiisovalérico • ADP – adenosina difosfato • ANOVA – análise de variância de uma via • ATP – adenosina trifosfato • CG – cromatografia gasosa • CK – creatina quinase • CoA – coenzima A • CoQ – coenzima Q • COX – citocromo c oxidase • Cr – creatina • Cys – cisteína • DCIP – dicloroindofenol • EDTA – ácido etileno-diamino-tetra-acético • EIM – erros inatos do metabolismo • FAD – flavina adenina dinucleotídeo (forma oxidada) • FADH2 – flavina adenina dinucleotídeo (forma reduzida) • GSH – glutationa reduzida • HEPES – ácido N-2-hidroxietilpiperazina-N’-etano sulfônico • IVA – ácido isovalérico • IVG – isovalerilglicina • L-NAME – N -nitro-L-argininametiléster • MS/MS – espectrometria de massa em tandem 9 • NAD+ - nicotinamida adenina dinucleotídeo (forma oxidada) • NADH – nicotinamida adenina dinucleotídeo (forma reduzida) • PCr – fosfocreatina • pHMB – ácido p-hidroximercuribenzóico • Pi – fosfato inorgânico • POP - 2-difenil-oxazol • POPOP - 1,4-bis[2-(5-feniloxazolil)benzeno] • PMS – matassulfato de fenazina • SDH – succinato desidrogenase • SNC - sistema nervoso central • SPSS - pacote estatístico para ciências sociais • TCA – ácido tricloroacético 10 Lista de Figuras • Figura 1.1 Catabolismo da leucina..............................................................25 • Figura 1.2 Fluxo de elétrons pela cadeia respiratória.................................36 • Figura 1.3 Reação catalisada pela creatina quinase..................................40 • Figura 1.4 Função do sistema Cr/CK/PCr...................................................42 • Figura 1.5 Estrutura da Na+,K-ATPase.......................................................44 • Figura 4.1 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..........................................................................................................70 • Figura 4.2 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................................71 • Figura 4.3 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..........................................................................................................72 • Figura 4.4 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................74 • Figura 4.5 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens...................................................................75 • Figura 4.6 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................76 11 • Figura 4.7 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................78 • Figura 4.8 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens...................................................................79 • Figura 4.9 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................80 • Figura 4.10 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................................82 • Figura 4.11 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................83 • Figura 4.12 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................................84 • Figura 4.13 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................................86 • Figura 4.14 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens...................................................................87 12 • Figura 4.15 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................................88 • Figura 4.16 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................90 • Figura 4.17 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens...................................................................91 • Figura 4.18 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................92 • Figura 4.19 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................94 • Figura 4.20 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens...................................................................95 • Figura 4.21 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................................96 • Figura 4.22 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens..............................................................................98 13 • Figura 4.23 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens................................................99 • Figura 4.24 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens............................................................................100 • Figura 4.25 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubado durante 1 hora a 37°C..................102 • Figura 4.26 Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubado durante 1 hora a 37°C..........................................................................................................103 • Figura 4.27 Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubada durante 1 hora a 37°C.................104 • Figura 4.28 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) na presença do antioxidante glutationa reduzida (GSH, 1 mM) e do inibidor da óxido nítrico sintase N -nitro-L-argininametiléster (L-NAME, 1 mM) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral de ratos jovens quando co-incubados durante 1 hora a 37°C..........................................................................................................106 • Figura 4.29 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) na presença do antioxidante vitamina E (VIT E, 1 mM) e creatina (Cr, 1 mM) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de 14 córtex cerebral de ratos jovens quando co-incubados durante 1 hora a 37°C..........................................................................................................107 15 RESUMO A acidemia isovalérica é uma doença hereditária neurometabólica causada pela deficiência da isovaleril-CoA desidrogenase da rota de degradação da leucina, caracterizada bioquimicamente pelo acúmulo principalmente dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA), bem como da isovalerilglicina (IVG) nos tecidos e fluidos biológicos dos pacientes. Os pacientes apresentam também acidose metabólica, acidúria lática, cetonúrica, e hiperamonemia moderadas. Clinicamente caracteriza-se por sintomas neurológicos severos, tais como convulsões, coma e letargia. Tendo em vista que os mecanismos envolvidos no dano cerebral dessa doença até o momento são pouco conhecidos e que o aumento de ácido lático indica disfunção mitocondrial, o presente trabalho teve por objetivo investigar os efeitos in vitro do IVA, 3-OHIVA e da IVG sobre vários parâmetros do metabolismo energético em córtex cerebral de ratos de 30 dias de vida. Nossos resultados demonstraram que o IVA, nas concentrações de 0,01 a 5 mM e o 3-OHIVA e a IVG, nas concentrações de 0,01 a 1 mM, não inibiram a produção de CO2 por homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens a partir de acetato, indicando que os principais metabólitos acumulados na acidemia isovalérica não comprometem a atividade do ciclo do ácido cítrico. Similarmente, estes metabólitos, nas mesmas concentrações, não alteraram as atividades dos complexos I, II, II-III, e IV da cadeia respiratória, bem como da enzima sucinato desidrogenase em homogeneizados de córtex cerebral. Além disso, a creatina quinase, uma enzima crucial envolvida na transferência 16 intracelular de ATP, não foi modificada pela presença das doses máximas utilizadas dessas substâncias. Por outro lado, a atividade da Na+,K+-ATPase de membranas plasmáticas sinápticas foi significativamente inibida quando os homogeneizados de córtex cerebral foram pré-incubados por uma hora com 5 mM de IVA e as membranas sinápticas preparadas a seguir. No entanto, a exposição direta de membranas sinápticas purificadas de córtex cerebral ao IVA não provocou qualquer inibição da atividade da Na+,K+-ATPase, indicando que esse ácido provavelmente está agindo via um mecanismo indireto que provoca a inibição dessa atividade enzimática. Por outro lado, o 3-OHIVA e IVG não foram capazes de inibir essa enzima quando expostos aos homogeneizados ou diretamente às membranas sinápticas purificadas, indicando uma ação específica do IVA. Quando o IVA foi testado na presença dos antioxidantes vitamina E ou creatina, estes foram capazes de impedir a redução da atividade da enzima pela ação do IVA, sugerindo que a enzima teve a sua atividade diminuída via radicais livres, causando lipoperoxidação da membrana plasmática onde a enzima está inserida, assim afetando-a indiretamente. Concluindo, o presente trabalho demonstrou que o IVA, o metabólito que mais se acumula na acidemia isovalérica, inibe uma enzima crucial envolvida na manutenção do potencial de membrana basal necessária para uma neurotransmissão normal. É possível que a inibição dessa enzima possa contribuir, ao menos em parte para a encefalopatia encontrada na acidemia isovalérica, especialmente durante as crises de descompensação metabólica em que os metabólitos tóxicos acumulados aumentam dramaticamente suas concentrações teciduais. 17 ABSTRACT Isovaleric acidemia is an inherited neurometabolic disorder of the catabolism of leucine caused by deficiency of isovaleryl-CoA dehydrogenase, biochemically characterized by accumulation of isovaleric acid (IVA), 3hydroxyisovaleric acid (3-OHIVA), as well as isovalerylglycine (IVG) in tissues and biological fluids. Affected patients also present metabolic acidosis, lactic aciduria, ketonuria and moderate hiperammonemia. Clinically, it is characterized by severe neurological symptoms, such as convulsions, coma and lethargy. Since the mechanisms inolved in the cerebral damage in this disorder are still poorly known and the increase of lactic acid indicates mitochondrial dysfunction, the present work aimed to investigate the in vitro effects of IVA, 3OHIVA and IVG on various parameters of energy metabolism in cerebral cortex of 30-day-old rats. Our results showed that IVA, at concentrations varying from 0.01 to 5 mM, and 3-OHIVA and IVG, at concentrations varying from 0.01 to 1 mM, did not inhibit CO2 production from acetate by cerebral cortex homogenates from young rats, indicating that the principal metabolites accumulated in isovaleric acidemia do not compromise ctric acid cycle activity. Similarly, these metabolites, at the same concentrations, did not alter the activities of complexes I, II, II-III and IV of the respiratory chain and succinate dehydrogenase activity in cerebral cortex homogenates. In addition, creatine kinase, a crucial enzyme involved in intracellular ATP transfer, was not affected by the presence of maximal doses of these substances. 18 Conversely, the activity of Na+,K+-ATPase from synaptic plasma membranes was significantly inhibited when cortical homogenates were pre-incubated for one hour with 5 mM IVA and the synaptic membranes prepared afterwards. However, direct exposition of purified synaptic membranes from cerebral cortex to IVA did not provoke any inhibition of Na+,K+-ATPase activity, indicating that this acid probably acted through an indirect mechanism that cause inhibition of this enzyme activity. In contrast, 3-OHIVA and IVG were not able to inhibit this activity, when exposed to homogenates or directly to purified synaptic membranes, suggesting a selective effect of IVA. When IVA was tested in the presence of the antioxidants vitamin E or creatine, these compounds prevented the reduction of this enzyme activity caused by IVA, suggesting that the enzyme had its activity reduced via free radicals, probably causing lipid peroxidation of the plasma membrane where the enzyme is embebbed, thus causing an indirect action on the enzyme. In conclusion, the present work demonstrated that IVA, the metabolite that most accumulates in isovaleric acidemia, inhibits a crucial enzyme involved in the maintenance of the membrane potential necessary to a normal neurotransmission. It is possible that inhibition of this enzyme may contribute, at least in part, to the encephalopathy found in isovaleric acidemia, especially during crises of decompensation, in which the toxic metabolites dramatically increase their tissue concentrations. 19 1. INTRODUÇÃO 1.1 Erros inatos do metabolismo O termo erros inatos do metabolismo (EIM) foi utilizado pela primeira vez por Archibald Garrod em 1908, durante estudos realizados com pacientes com alcaptonúria, doença em que os pacientes afetados excretam grandes quantidades de ácido homogentísico na urina. O pesquisador observou que, freqüentemente, um ou mais indivíduos da mesma família demonstravam ser afetados sem que seus pais ou demais parentes apresentassem a doença. Baseado também na observação da maior incidência de consangüinidade entre os pais dos pacientes e nas leis de Mendel, Garrod propôs um modelo de herança autossômica recessiva para este distúrbio. Através da determinação do ácido homogentísico na urina de pacientes com alcaptonúria e da observação de que esta substância era um metabólito normal da degradação da tirosina, ele relacionou este acúmulo a um bloqueio na conversão do ácido homogentísico até fumarato e acetoacetato. Verificou-se mais tarde que tais alterações resultavam da síntese qualitativa ou quantitativamente anormal de uma proteína, enzimática ou não (Scriver et al., 2001). Atualmente, mais de 450 erros inatos do metabolismo foram descritos, a maioria deles envolvendo processos de síntese, degradação, transporte e armazenamento de moléculas no organismo (Scriver et al., 2001). Os pacientes portadores de algum tipo de EIM apresentam sintomatologia muito variada e inespecífica, mesmo entre aqueles que possuem o mesmo distúrbio. Essa variação fenotípica deve-se a diferentes graus de deficiência 20 enzimática, áreas do metabolismo envolvidas e tecidos afetados, podendo os episódios variar de vômitos e diarréia, até acometimento do SNC, com retardo neuropsicomotor e neurodegeneração progressiva (Burton, 1987). Os EIM foram classificados por Sinclair (1982), em quatro grupos, dependendo da função exercida pela enzima deficiente e do tecido envolvido, bem como dos aspectos clínicos, bioquímicos, patológicos e terapêuticos: 1) Desordens de transporte: afetam basicamente o transporte renal e/ou intestinal de moléculas orgânicas ou inorgânicas. Exemplos: deficiências de dissacaridases, defeito no transporte de magnésio e Doença de Hartnup. 2) Desordens de armazenamento, degradação e secreção: envolvem proteínas de organelas celulares como o aparelho de Golgi ou os lisossomas. Ocorre o acúmulo de macromoléculas em tecidos específicos. Exemplos: doenças lisossômicas de depósito, glicogenoses e cistinose. 3) Desordens de síntese: deficiência na síntese de proteínas ou outras substâncias com funções importantes tais como hormônios, proteínas plasmáticas e de defesa imunológica. Exemplos: hiperplasia adrenal congênita por deficiência da enzima 21-hidroxilase da rota da síntese do cortisol. 4) Desordens do metabolismo intermediário: caracterizam-se por deficiências enzimáticas das rotas do metabolismo intermediário de moléculas pequenas, comprometendo importantes rotas, como o ciclo do ácido tricarboxílico, o ciclo da uréia, ou outras rotas. Assim, o substrato da enzima deficiente se 21 acumula e, a menos que haja uma rota alternativa para metabolizá-lo, o produto final da reação não será formado. Os mecanismos de dano tecidual podem ocorrer pela ação do substrato acumulado que pode ser tóxico, levando a alterações bioquímicas e danos em determinados tecidos por ser liberado na circulação e transportado para todo o organismo, por seus metabólitos ou pela falta de substâncias essenciais ao desenvolvimento do organismo, causada pelo bloqueio metabólico. Considerados os mais freqüentes EIM, essas desordens têm como exemplo as acidúrias orgânicas, as aminoacidopatias, as desordens do metabolismo das purinas e pentoses, e outros. 1.1.1 Acidemias Orgânicas As acidemias ou acidúrias orgânicas são erros inatos do metabolismo nos quais um ou mais ácidos orgânicos acumulam-se nos tecidos dos pacientes afetados devido à deficiência da atividade de uma enzima do metabolismo de aminoácidos, lipídeos ou carboidratos (Chalmers & Lawson, 1982). Vários ácidos orgânicos estão presentes no sangue e na urina de indivíduos normais, porém em concentrações reduzidas. Nos pacientes com estes distúrbios, estes ácidos encontram-se em altas concentrações no sangue e, principalmente, na urina. Devido ao desconhecimento da classe médica, pela falta de laboratórios especializados e pela dificuldade de diagnóstico, a freqüência destas doenças na população em geral é pouco conhecida. Na Holanda, país considerado referência para o diagnóstico de erros inatos do metabolismo, a incidência destas doenças é estimada em 1: 2.200 habitantes, enquanto que na Alemanha, Israel e Inglaterra é de aproximadamente 1:6.000 – 1:9.000 recém-nascidos (Hoffmann et al., 2004). 22 Na Arábia Saudita, onde a taxa de consangüidade é elevada, a freqüência é de 1: 740 nascidos vivos (Rashed et al., 1994). No início da década de 80, foi demonstrado que estes distúrbios eram os erros inatos do metabolismo mais freqüentes em crianças severamente enfermas (Chalmers et al., 1980), o que motivou maiores estudos clínico-laboratoriais e epidemiológicos nos anos que se seguiram. Clinicamente os pacientes afetados apresentam, como sintomatologia mais comum, disfunção neurológica em suas diversas formas de expressão: regressão neurológica, convulsões, coma, ataxia, hipotonia, hipertonia, irritabilidade, tremores, movimentos coreatetóticos, tetraparesia espástica, atraso no desenvolvimento psicomotor e outros. As mais freqüentes manifestações laboratoriais são cetose, cetonúria, neutropenia, trombocitopenia, acidose metabólica, baixos níveis de bicarbonato, hiperglicinemia, hiperglicinúria, hiperamonemia, hipo/hiperglicemia, acidemia lática, aumento dos níveis séricos de ácidos graxos livres, bem como cheiro peculiar na urina e/ou suor e outros (Scriver et al., 2001). Com a utilização da tomografia computadorizada e ressonância magnética nuclear, foram verificadas freqüentemente alterações de substância branca (hipomielização e/ou desmielização), atrofia cerebral generalizada ou de gânglios da base (necrose ou calcificação), megaencefalia, atrofia frontotemporal e atrofia cerebelar em pacientes afetados por estas doenças (Mayatepek et al., 1996). 23 1.1.1.1 Acidemia Isovalérica A acidemia isovalérica é uma acidemia orgânica causada pela deficiência da atividade da enzima Isovaleril-CoA Desidrogenase (Tanaka et al., 1966). Esta enzima é uma das presentes na rota catabólica da leucina (figura 1.1) e está localizada na mitocôndria (Scriver et al., 2001). Foi o primeiro distúrbio do metabolismo de ácidos orgânicos diagnosticado por cromatografia gasosa (GC), sendo esta técnica até o momento o melhor método analítico para ácidos orgânicos. Mais de 70 casos de acidemia isovalérica já foram relatados. A metodologia da espectrometria de massas em tandem (MS/MS ou Tandem MS) também tem se tornado útil para o diagnóstico da acidemia isovalérica pela detecção da elevação da isovalerilcarnitina (Millington et al., 1990). 24 Enzima Metabólitos L-Leucina Transaminase Ácido 2-Oxo-Isocapróico Ácido 2-Oxo Desidrogenase Isovaleril-CoA Isovaleril-CoA Desidrogenase 3-Metilcrotonil-CoA 3-Metilcrotonil-CoA Carboxilase 3-Metilglutaconil-CoA 3-Metilglutaconil-CoA Hidratase 3-Hidroxi-3-Metilglutaril-CoA 3-Hidroxi-3-Metilglutaril-CoA Liase* Redutase * Ácido Isovalérico Isovalerilglicina Ácido 3-OH-Isovalérico Ácido 4-OH-isovalérico Ácido Mesacônico Ácido Metilsuccinico Isovalerilglucoronídeo Ácido Isovalerilglutâmico Isovalerilalanina Isovalerilsarcosina Ácido3-OH-Isoheptanóico Isovalerilcarnitina Ácido 3-Metilcrotônico 3-Metilcrotonilglicina Ácido 3-OH-Isovalérico 3-OH-Isovalerilcarnitina Ácido3-Metilglutacônico Ácido 3-Metilglutárico 3-Metilglutarilcarnitina Ácido 3-OH-3-Metil glutárico * Ácido Acetoacético Acetil-CoA Ácido Mevalônico Mevalono Lactona Colesterol Figura 1.1 Catabolismo da Leucina (adaptado de Scriver et al., 2001). 25 1.1.1.1.1 Aspectos Clínicos Duas formas clínicas diferentes da acidemia isovalérica têm sido relatadas, com aproximadamente metade dos pacientes apresentando uma forma neonatal severa e aguda e a outra metade dos pacientes a forma intermitente e crônica. As duas formas são devidas ao mesmo defeito bioquímico, a deficiência da atividade da desidrogenase da isovaleril-CoA (Scriver et al., 2001). Na forma aguda, 3 a 6 dias após o nascimento, as crianças começam a recusar o alimento, iniciam a vomitar, tornando-se desidratadas, desatentas e letárgicas. Podem também se apresentar hipotérmicas, com tremores e convulsões (Cohn et al., 1978). Um odor de pés suados devido à elevação da concentração de ácido isovalérico é descrito. Também ocorre acidose metabólica com suave a moderada cetonúria, acidemia lática, hiperamonemia, trombocitopenia, neutropenia ou pancitopenia e hipocalcemia (Fischer et al., 1981). O progresso típico é que os pacientes tornem-se cianóticos e entrem em coma seguido de morte. Mais da metade dos pacientes inicialmente relatados com a forma aguda não sobreviveram, mas com o rápido diagnóstico e os recentes melhoramentos na terapia, bem como com a administração de glicina e carnitina, o resultado tem sido muito mais favorável nos últimos anos (Cohn et al., 1978). Na forma crônica, o quadro clínico é menos grave. O primeiro episódio da doença geralmente ocorre durante o primeiro ano de vida. Os episódios subseqüentes da doença freqüentemente ocorrem após infecções respiratórias ou aumento da ingestão de alimentos ricos em proteínas. Eles tipicamente envolvem vômitos, letargia progredindo para o coma, acidose com cetonúria e o 26 característico odor de pés suados (Shih et al., 1984). Nestas situações enfatize-se a necessidade de restrição de proteínas e infusão de glicose. Achados adicionais que podem ocorrer com os episódios incluem diarréia, trombocitopenia, neutropenia, pancitopenia, e em alguns casos alopecia e hiperglicemia; o último pode ser erroneamente confundido com cetoacidose diabética (Roe et al.,1984; Williams et al., 1981). Hiperglicemia pode ocorrer em várias acidemias orgânicas, incluindo a acidemia isovalérica. Alguns pacientes com a forma crônica intermitente da acidemia isovalérica tem desenvolvimento psicomotor normal, mas alguns tem o desenvolvimento atrasado e lento ou mesmo retardo mental severo (Budd et al., 1967; Shih et al., 1984). Muitos pacientes adquirem uma aversão natural para alimentos ricos em proteínas (Gerdes et al., 1988). 1.1.1.1.2 Metabólitos Anormais O nome acidemia isovalérica deriva de uma concentração elevada de ácido isovalérico encontrada no sangue dos pacientes (Tanaka et al., 1966). A concentração normal de ácido isovalérico no plasma é menor do que 10 M. Durante a remissão da doença em tratamento os pacientes podem ter uma concentração de ácido isovalérico normal ou até 10 vezes o normal (10 M), mas durante episódios severos os níveis alcançam até 100 a 500 vezes os níveis normais (600 a 5.000 M). A quantidade do ácido isovalérico na urina dos pacientes afetados é na ordem de 8 a 300 mol/dia (normal menos que 2 mol/dia) (Scriver et al., 2001). O metabólito da isovaleril-CoA que mais se acumula devido à deficiência da atividade da isovaleril-CoA desidrogenase não é o seu produto da hidrólise, o 27 ácido isovalérico, mas a isovalerilglicina, um composto amídico produzido pela conjugação com a glicina (Tanaka et al., 1967). Essa reação é catalizada pela enzima mitocondrial glicina N-acilase, a qual também forma benzoilglicina (ácido hipúrico) a partir de benzoil-CoA (Bartlett et al., 1974; Gregersen et al., 1986). A excreção urinária de isovalerilglicina por pacientes com acidemia isovalérica varia de 2.000 a 15.000 que 15 mol/dia, comparado com excreções normais de menos do mol/dia. A excreção é maior durante episódios agudos, mas é ainda muito alta durante a remissão. Durante episódios agudos, quando a quantidade de isovaleril-CoA é muito aumentada, a capacidade da glicina N-acilase é excedida, e o ácido isovalérico livre se torna elevado. Um segundo metabólito do ácido isovalérico que foi identificado é o ácido 3-hidroxi-isovalérico (Tanaka et al., 1968). Ele é excretado em quantidades anormais somente durante episódios agudos, quando pode estar tão alto quanto 3.000 mol/dia. A isovaleril-CoA pode formar também isovalerilcarnitina. No plasma ou em sangue em papel de filtro, a isovalerilcarnitina elevada é importante para o diagnóstico da doença (Scriver et al., 2001). 1.1.1.1.3 Deficiência da Enzima e Genética A oxidação do ácido isovalérico para CO2 em leucócitos e a oxidação da leucina para CO2 em fibroblastos é deficiente em pacientes com acidemia isovalérica (Tanaka et al., 1966; Shih et al., 1973; Tanaka et al., 1976), o que pode ser explicado pela deficiência da enzima isovaleril-CoA desidrogenase. Uma técnica sensível para medir a atividade da isovaleril-CoA desidrogenase é baseada na liberação de trítio da isovaleril-CoA (Rhead et al., 1981), mostrando 28 uma atividade da enzima em mitocôndrias isoladas de fibroblastos de pacientes com acidemia isovalérica da ordem 0 a 3,5% do normal (Hyman & Tanaka., 1986). A acidemia isovalérica é uma doença autossômica recessiva. O gene da isovaleril-CoA desidrogenase está localizado no cromossomo humano 15q14q15. A apresentação aguda neonatal e a forma intermitente crônica podem ocorrer na mesma família, sugerindo que a heterogeneidade clínica é causada por fatores não genéticos (Scriver et al., 2001). Os estudos genéticos complementares indicam que os pacientes afetados com a doença apresentam envolvimento de um único locus. Além disso, ocorre heterogeneidade molecular da isovaleril-CoA desidrogenase que foi demonstrada em fibroblastos de 15 pacientes com acidemia isovalérica, sendo oito mutações diferentes encontradas (Dubiel et al., 1983). 1.1.1.1.4 Diagnóstico O diagnóstico da acidemia isovalérica requer análise de ácidos orgânicos, visto que os aspectos clínicos são comuns para várias acidúrias orgânicas. Um odor de pés suados durante os episódios agudos pode ser sugestivo de acidemia isovalérica, mas deve ser distinguido de um odor similar que pode ocorrer na aciduria glutárica tipo 2 devido a acumulação dos ácidos isobutírico, 2metilbutírico e isovalérico. A possibilidade da acidemia isovalérica deve ser considerada em recém nascidos ou em crianças que ocorra uma combinação de recusa alimentar, vômitos, letargia, coma, acidose metabólica, cetose, hiperamonemia, hipocalcemia, neutropenia, trombocitopenia, e pancitopenia. A 29 análise de ácidos orgânicos voláteis de cadeia curta no plasma mostra elevação do ácido isovalérico sem elevação dos outros ácidos de cadeia curta, sugerindo o diagnóstico de acidemia isovalérica. No entanto, análises acuradas dos ácidos orgânicos de cadeia curta no plasma são difíceis e com freqüência não estão disponíveis. Assim, prefere-se a análise de ácidos orgânicos em geral que mostram elevações da isovalerilglicina e do ácido 3-hidroxiisovalérico (Tanaka et al., 1980). Além disso, também se encontram grandes elevações não específicas de lactato, bem como dos ácidos 3-hidroxibutírico e acetoacético. Durante a remissão, o único metabólito observado comumente é a isovalerilglicina (1000 a 3000 mmol/mol de creatinina). A análise dos ésteres de carnitina no sangue e urina é complementar à análise de ácidos orgânicos para o diagnóstico da acidemia isovalérica. As acilCoAs estão em equilíbrio com as suas acilcarnitinas, sendo as últimas presentes no plasma e prontamente excretadas na urina. A isovalerilcarnitina, portanto, em pequenas concentrações (10 a 20 mmol/mol de creatinina) tem sido identificada por tandem MS na urina de pacientes com acidemia isovalérica mesmo durante a remissão. A administração oral 100mg/kg de L-carnitina aumenta a excreção de isovalerilcarnitina até aproximadamente 3200 mmol/mol de creatinina, sugerindo que a administração de carnitina aumentaria a confiabilidade do diagnóstico da acidemia isovalérica por detecção de acilcarnitinas na urina. O diagnóstico da acidemia isovalérica por detecção dos metabólitos anormais pode ser confirmado pela deficiência severa da atividade da isovalerilCoA desidrogenase em fibroblastos pela liberação de trítio (Hyman & Tanaka, 1986). 30 O diagnóstico pré-natal da acidemia isovalérica pode ser feito pela detecção da atividade da isovaleril-CoA desidrogenase em cultura de amniócitos ou pela detecção de concentrações elevadas do ácido isovalérico e da isovalerilglicina no líquido amniótico após aminiocentese (Hine et al., 1986). Por exemplo, a isovalerilglicina é quase indetectável nos líquidos amnióticos normais, já em mulheres que tiveram fetos afetados com acidemia isovalérica, este composto aparece altamente elevado (3,50 a 6,02 µM). Portanto a quantificação deste composto no líquido amniótico, providencia um rápido e preciso diagnóstico de acidemia isovalérica. 1.1.1.1.5 Tratamento O tratamento de pacientes afetados por acidemia isovalérica durante os episódios agudos é praticamente o mesmo dos afetados por outras acidurias orgânicas e consta fundamentalmente de hidratação, infusão de glicose para prover calorias e reduzir o catabolismo proteico endógeno e infusão de bicarbonato de sódio para controlar a acidose (Tanaka & Rosemberg, 1983; Tanaka, 1986). O tratamento durante a recuperação e remissão geralmente consiste na restrição dietética de uma dieta natural protéica (1,5 g/Kg de proteína por dia), bem como de leucina que é precursora do ácido isovalérico. Este tratamento tem sido efetivo na diminuição da freqüência dos episódios de descompensação metabólica. Por outro lado, a concentração de glicina no plasma de pacientes com acidemia isovalérica tende a diminuir durante episódios agudos, sugerindo que quantias insuficientes de glicina estão disponíveis para a síntese da 31 isovalerilglicina (Krieger & Tanaka, 1976). Assim, o aumento da concentração de glicina plasmática através da ingestão de glicina (250 mg/Kg por dia de glicina dividida em 3 doses) é aconselhável no tratamento desses pacientes a longo prazo, o que provocaria um aumento da razão isovalerilglicina/ácido isovalérico por aumento da concentração de isovalerilglicina. Quando a glicina foi suplementada oralmente com um competidor da leucina para um paciente com acidemia isovalérica o aumento do ácido isovalérico no plasma foi prevenido e a excreção de isovalerilglicina dobrado (de Souza et al., 1986). Além disso, vários pacientes com acidemia isovalérica apresentam uma deficiência de carnitina total e uma grande percentagem de carnitina esterificada no plasma e na urina (Mayatepek et al., 1991; Roe et al., 1984). Daí ser aconselhável tratá-los rotineiramente com L-carnitina (100 mg/Kg por dia dividida em duas doses) (Lee et al., 1998). Embora seja difícil determinar se a glicina ou a carnitina é mais efetiva no tratamento prolongado da acidemia isovalérica, os dois medicamentos provocaram uma redução nos líquidos biológicos do ácido isovalérico e da isovalerilglicina. 1.2 Metabolismo Energético Cerebral O cérebro possui uma intensa atividade metabólica, no entanto suas reservas energéticas são extremamente pequenas em relação à sua demanda. Assim, há a necessidade de substratos energéticos para o cérebro de mamíferos, sendo a glicose o principal deles, onde, em contraste com outros tecidos, não necessita de insulina para ser captada e oxidada (Dickinson, 1996). No entanto, o padrão de utilização deste nutriente varia conforme a etapa de desenvolvimento 32 do sistema nervoso central (SNC), o estado nutricional do indivíduo e o destino de sua cadeia de átomos de carbono (Marks et al., 1996). Por exemplo, o lactato é a principal fonte de obtenção de energia cerebral após o nascimento (Vicario et al., 1991). Quando inicia o período de amamentação, já começa uma utilização de grandes quantidades de corpos cetônicos, que são formados a partir da oxidação dos ácidos graxos contidos no leite materno, sendo uma importante fonte de energia para o cérebro nas primeiras semanas de vida. Neste período, o consumo de glicose pelo cérebro está reduzido, sendo aumentado em poucas semanas durante o desenvolvimento, até por volta dos 18 dias de vida, quando a utilização de glicose se torna preferencial em condições normais (Crone, 1965; Cremer et al., 1976). Essa utilização também pode ser modulada por padrões nutricionais, como, por exemplo, situações de jejum prolongado, onde o SNC utiliza corpos cetônicos. O ciclo do ácido cítrico é a via comum de oxidação dos glicídios, aminoácidos e ácidos graxos (aproximadamente 95% do ATP sintetizado). O metabolismo energético cerebral se mostra essencialmente aeróbico, sendo a glicose o principal substrato utilizado (Clark et al., 1993), entrando no ciclo sob a forma de acetil-CoA, que é então oxidada completamente a CO2. As reações anapleróticas, que alimentam o ciclo fornecendo diretamente seus intermediários, também fornecem substratos para as reações de oxidação no cérebro. Quando não há hipóxia, a fosforilação oxidativa é dependente da concentração de ATP, ADP e fosfato inorgânico (Pi) e da razão mitocondrial de NADH/NAD+, que é determinada pela atividade da cadeia transportadora de elétrons e pela transferência de elétrons provenientes de reações catalisadas por enzimas mitocondriais. A cadeia transportadora de elétrons oxida o NADH e bombeia 33 prótons para o espaço intermembrana da mitocôndria formando assim um gradiente de prótons que através da passagem pela ATP-sintase, produz ATP na fosforilação oxidativa (Erecinska & Silver, 1994). Outro importante sistema que auxilia a manutenção dos níveis cerebrais de ATP é o da creatina quinase, que está presente tanto no citosol quanto ligada às membranas mitocondriais e catalisa a transferência reversível de um grupamento fosfato entre a fosfocreatina e o ATP. Esse sistema tem sido associado a algumas funções particularmente importantes para o cérebro, como tamponamento energético (através da regeneração do ATP e da manutenção de níveis baixos de ADP) e transferência de ATP de sítios de produção para outros de consumo (Erecinska & Silver, 1994). 1.2.1 Fosforilação Oxidativa Fosforilação oxidativa é o processo mais importante do metabolismo de produção energética em organismos aeróbicos. Todos os passos da degradação de carboidratos, lipídeos e aminoácidos convergem para este estágio final da respiração celular em que os elétrons provenientes do NADH e FADH2 dirigem a síntese de ATP. Em eucariotos, a fosforilação oxidativa ocorre nas mitocôndrias e envolve a redução do O2 a H2O com elétrons doados por NADH ou FADH2, que fluem por vários pares redox (cadeia respiratória) ocorrendo concomitante produção de ATP a partir de ADP + Pi. Nosso atual entendimento de síntese de ATP está baseado na hipótese introduzida por Peter Mitchel em 1961 (teoria quimiosmótica), que diz que diferenças transmembrana na concentração de 34 prótons são o reservatório da energia extraída de reações de oxidação biológica (Nelson & Cox, 2004). As mitocôndrias são corpúsculos envolvidos por uma membrana externa, facilmente permeável a pequenas moléculas e íons, e por uma membrana interna, impermeável à maioria das moléculas e íons, incluindo prótons H+ (Nelson & Cox, 2000). A membrana interna contém transportadores específicos para substâncias como o piruvato, glicerolfosfato, malato, ácidos graxos e outras moléculas essenciais às funções mitocondriais. O fluxo de elétrons do NADH e FADH2 até o O2 se dá através de complexos enzimáticos ancorados na membrana mitocondrial interna. Essa transferência de elétrons é impulsionada por um crescente potencial redox entre NADH e FADH2, os complexos enzimáticos e O2, o aceptor final da cadeia respiratória. Como mostra a Figura 1.2, a cadeia respiratória possui vários complexos protéicos: NADH desidrogenase (complexo I), sucinato: ubiquininona oxirredutase (complexo II), complexo citocromo b-c1 (complexo III) e citocromo oxidase (complexo IV), além de elementos móveis que se localizam entre os complexos. São eles a coenzima Q (CoQ), um componente não protéico lipossolúvel que carreia elétrons entre os complexos I e III, e o citocromo c, uma pequena proteína localizada na face externa da membrana que transfere os elétrons do complexo III para o complexo IV (Marks et al., 1996). 35 Figura 1.2 – Fluxo de elétrons através dos complexos da cadeia respiratória (adaptado de Nelson; Cox, 2000). 1.2.1.1 NADH desidrogenase (Complexo I) O complexo I contém flavina mononucleotídeo (FMN) e centros ferroenxofre (Fe-S). FMN recebe elétrons do NADH e é capaz de transferi-los aos centros Fe-S. O NADH é reoxidado a NAD+ e retorna para o ciclo de Krebs ou para outras rotas metabólicas para receber elétrons. Os centros Fe-S estão envolvidos na transferência de elétrons para a CoQ (Marks et al., 1996). 36 1.2.1.2 Coenzima Q (Ubiquinona) A CoQ, também chamada de ubiquinona, é o único componente da cadeia respiratória que não é ligado a proteínas. A CoQ é capaz de difundir-se através dos lipídios da membrana mitocondrial interna, devido ao alto grau hidrofóbico da sua cadeia lateral. Este movimento transmembrana faz parte do mecanismo de bombeamento de prótons da NADH desidrogenase e do complexo b-c1 (Marks et al., 1996). 1.2.1.3 Complexo II e Succinato desidrogenase O complexo II, também conhecido como sucinato: ubiquinona oxirredutase (Abeles et al., 1992), é um tetrâmero composto por duas subunidades polipeptídicas catalíticas que correspondem à sucinato desidrogenase solúvel (SDH) ou sucinato: metassulfato de fenazina oxirredutase (Fischer et. al., 1985), e duas subunidades polipeptídicas ancoradas na membrana mitocondrial interna. A sucinato desidrogenase ocupa uma posição única como parte integrante do ciclo do ácido cítrico e também da cadeia respiratória (Oyedotum & Lemire, 1999). Ligado à SDH, o FAD recebe 2 elétrons e é reduzido a FAD(2H). Este transfere seus elétrons para os centros Fe-S da enzima que então doa esses elétrons para a CoQ, para que estes fluam pela cadeia respiratória. Esse complexo, diferente dos outros (complexos I, III e IV), não funciona como bomba de prótons, não gerando gradiente eletroquímico (Marks et al., 1996). 37 1.2.1.4 Complexo III: Complexo b-c1 e Citocromo c Os citocromos são proteínas que contêm um grupamento heme (um átomo de ferro ligado a um núcleo porfirina formado por 4 anéis pirrólicos). Os elétrons fluem entre os citocromos no sentido do citocromo de menor potencial redox para o de maior. Os átomos de ferro nos citocromos se encontram no estado Fe+3. Quando este recebe um elétron é reduzido para Fe+2, e, ao passar este elétron para o próximo componente da cadeia respiratória, é reoxidado a Fe+3. Os citocromos b e c1, juntamente com outras proteínas, formam o complexo de membrana b-c1. O citocromo c é uma pequena proteína localizada na face externa da membrana mitocondrial interna, e, assim como a CoQ, é um transportador móvel de elétrons que transfere os elétrons do complexo b-c1 para a citocromo oxidase (Marks et al., 1996). 1.2.1.5 Complexo IV: Citocromo Oxidase A citocromo oxidase (COX), último complexo da cadeia respiratória, transfere elétrons do citocromo c para o O2. Este complexo contém os citocromos a e a3 e um sítio de ligação ao O2. Cada molécula de O2 precisa receber 4 elétrons para ser reduzida a duas moléculas de H2O. Na COX, a presença de íons Cu+2 facilita a redução do O2. Como o Km da COX para o O2 é muito menor que o Km da mioglobina e da hemoglobina, o O2 dos eritrócitos é facilmente transferido para seus sítios de redução (Marks et al., 1996). 38 1.2.2 Bombeamento de prótons O bombeamento de prótons da matriz mitocondrial para o espaço entre as membranas interna e externa (espaço intermembranas) da mitocôndria ocorre simultaneamente com a transferência de elétrons do NADH para a CoQ (catalisado pelo complexo I) e da CoQ para o citocromo c (catalisado pelo complexo III). A cada ciclo, a CoQ recebe 2 prótons e 2 elétrons da matriz mitocondrial. Ela transfere os 2 prótons para o espaço intermembranas e doa um elétron de volta para outro componente do complexo III e o outro para o citocromo c. O citocromo c transfere então este elétron para a COX (complexo IV) que também bombeia prótons para fora da matriz, contribuindo para a formação do gradiente de prótons. O complexo II não atua diretamente como bomba de prótons e participa diretamente do ciclo de Krebs (Marks et al., 1996). 1.2.2.1 Transferência seqüencial de elétrons O fluxo de elétrons na cadeia transportadora de elétrons deve ser seqüencial a partir do NADH ou FADH2 até o O2 para que ocorra a geração de ATP. Na cadeia respiratória, cada complexo que atua como bomba de prótons está associado à formação de aproximadamente uma molécula de ATP. Portanto, o bloqueio em qualquer ponto da cadeia transportadora de elétrons prejudica a formação ATP, pois o bombeamento de prótons para o espaço intermembrana está associado ao movimento dos elétrons de um carreador para o seguinte, e impede a formação do potencial eletroquímico (Marks et al., 1996). 39 1.2.3 Creatina Quinase Figura 1.3. Foram identificadas cinco isoenzimas de CK (duas mitocondriais e três citosólicas), cujas subunidades são produzidas por genes distintos com expressão tecido-específica. As isoenzimas citosólicas (Cy-CK) existem exclusivamente como moléculas diméricas, compostas por dois tipos de subunidades (CK-B e CK-M), originando três diferentes isoformas: CK-MM (predominante em músculo esquelético adulto), CK-BB (predominante em cérebro) e CK-MB (predominante em músculo cardíaco) (Manos et al., 1991; Molloy et al., 1992). As duas isoenzimas mitocondriais, Mi-CK ubíqua e Mi-CK sarcomérica, são encontradas no espaço intermembranas, formando moléculas homodiméricas ou homooctaméricas prontamente interconversíveis (Wyss & Kaddurah-Daouk, 2000). A Mi-CK octamérica é considerada a forma predominante e ativa in vivo, sendo muito importante para a função da enzima (Soboll et al., 1999). A Mi-CK interage simultaneamente com as membranas mitocondriais interna e externa, permanecendo acoplada à translocase de nucleotídeos de adenina, canal transportador do ATP da matriz mitocondrial para o espaço intermembranas. O grupamento -fosfato do ATP é transferido pela Mi-CK no espaço intermembranas para a Cr, formando ADP e PCr. A PCr deixa a mitocôndria e se difunde através do citoplasma até os sítios de consumo de energia, onde, por ação das isoenzimas citosólicas (CK-MM, CK-MB ou CK-BB), irá regenerar o ATP e formar novamente Cr. A Cr liberada pode retornar a mitocôndria fechando o ciclo (Figura 1.4) (Wyss & Kaddurah-Daouk, 2000). Foi também verificado que, em regiões cerebrais ricas em mitocôndrias, grandes quantidades de Mi-CK foram encontradas juntamente com CK-BB, o que poderia reforçar a hipótese desta associação (Kaldis et al., 1996). 41 Figura 1.4. Função do sistema Cr/CK/PCr na difusão dos grupamentos fosfato e no tamponamento dos níveis de ATP junto aos sítios de consumo. Tem sido demonstrada também uma relação da CK com ATPases celulares específicas, como as bombas responsáveis por manter gradientes iônicos transmembranas (Molloy et al., 1992; Kaldis et al., 1996). São relatadas, basicamente, duas funções para o sistema Cr/CK/PCr: a função de tamponamento energético e a função de transporte de grupamentos fosfato. Enquanto para o tamponamento energético uma alta atividade da Mi-CK não seria requerida, para a função de transporte sua atividade pode ser essencial, principalmente quando a difusão de nucleotídeos de adenina através da membrana mitocondrial externa for limitada. De acordo com esta idéia, a atividade da Mi-CK está relacionada à capacidade oxidativa da musculatura 42 estriada, sendo muito maior no tecido cardíaco (cerca de 35% da atividade total da CK) que em músculo esquelético (0,5 - 2% da ativdade da CK total) (Wyss & Kaddurah-Daouk, 2000). Recentemente, foi demonstrado que a Mi-CK é susceptível à inativação por peroxinitrito, produto que se acumula em diversas doenças neurodegenerativas. Esta inibição está relacionada à alteração de seus grupos tióis mediante a ação de agentes oxidantes (Stachowiak et al., 1998). Além disso, a diminuição de atividade da CK-BB tem sido encontrada em pacientes com doenças como a doença de Alzheimer, em que o dano oxidativo parece estar relacionado à neurodegeneração (Aksenov et al., 2000). Inibição in vitro da atividade total da CK, bem como de suas isoenzimas citosólica e mitocondrial causada por ácidos orgânicos acumulados em algumas acidemias orgânicas, clinicamente caracterizadas por severa encefalopatia, têm causado um prejuízo na produção ou no consumo de energia, podendo estar relacionado com a fisiopatogenia destas doenças (da Silva et al., 2004). 1.2.4 Na+,K+-ATPase A Na+,K+-ATPase é uma proteína transmembrana constituída por dois tipos de subunidades, a subunidade α, de 110 kD e não-glicosilada que contém os sítios de atividade catalítica da enzima e de ligação de íons, e a subunidade β, que é uma glicoproteína de 55 kD de função desconhecida, formando uma estrutura dimérica (αβ)2 (Figura 1.5). 43 Figura 1.5: Estrutura da Na+,K-ATPase (Fonte: Voet &Voet, 1995). A função desta enzima é translocar Na+ (muito mais concentrado fora do que dentro da célula) e K+ (muito mais concentrado dentro do que fora da célula), através da membrana plasmática, contra seus gradientes de concentração utilizando energia (ATP). A enzima transporta simultaneamente 3 Na+ para fora e 2 K+ para dentro da célula. A saída de Na+ capacita as células animais a controlar osmoticamente seu conteúdo de água. Como três cargas positivas são transportadas para o meio extracelular e apenas duas para o meio intracelular, o fluxo de íons Na+ e K+ produz um gradiente eletroquímico através da membrana celular (Lingrel & Kuntzweiler, 1994), que é usado como fonte de energia para a despolarização e repolarização do potencial de membrana, manutenção e regulação do volume celular, transporte ativo, transporte dependente de Na+, de glicose, de aminoácidos e de neurotransmissores e cotransporte/antiporte de outros íons (Geering, 1990). Enfatiza-se que todas as células eucarióticas superiores consomem grandes quantidades do ATP por elas produzido para a manutenção das concentrações citosólicas de Na+ e K+, sendo que o consumo chega a ser de 40 a 60% nas células neuronais (Whittan, 1962). A reação catalisada pela Na+,K+-ATPase é a seguinte: 44 → 3Na + (intracelular ) + 2K + ( extracelular ) + ATP ← 3Na + (extracelular ) + 2K + (int racelular ) + ADP + Pi Alterações nos mecanismos que mantêm o equilíbrio entre a taxa de sódio e potássio intra e extraneuronal podem ter conseqüências graves para as células do SNC (Erecinska & Silver, 1994) tendo sido associadas com despolarização excessiva, instabilidade da membrana e descargas paroxísticas (Donaldson et al., 1977). O efeito de radicais livres sobre a Na+, K+-ATPase tem sido enfatizado como a principal fonte de dano celular na reperfusão seguida de isquemia do miocárdio. Estudos têm demonstrado uma inibição in vitro da enzima quando exposta a radicais hidroxila (Hitschke et al., 1994) e também quando exposta a sistemas artificiais produtores de radicais livres em homogenizado de cérebro de ratos (Tsakiris et al., 2000). Por outro lado, a inibição da atividade da enzima tem sido associada a diversas patologias neurológicas (Renkavec et al., 1992; Grisar, 1984; Bem-Ari, 1985; Lees & Leong, 1995) Além disso, Hanglund e colaboradores (1985) demonstraram que uma menor atividade da enzima Na+, K+-ATPase em algumas regiões cerebrais parece estar relacionada a episódios convulsivos, talvez refletindo uma menor atividade na regulação do potássio extracelular. Rapport e colaboradores (1975) encontraram uma diminuição de 60% na atividade da Na+,K+-ATPase em córtex cerebral obtido de um paciente que apresentava convulsões generalizadas intratáveis. Além disso, a inibição da enzima está associada à liberação de neurotransmissores em uma variedade de preparações neuronais (Jacobson et al., 1986). 45 Através de estudos dos efeitos in vivo da administração de fenilalanina sobre a atividade da Na+,K+-ATPase de córtex cerebral de ratos, Wyse e colaboradores (1995) demonstraram que na hiperfenilalaninemia experimental produzida pela administração crônica de fenilalanina ocorre uma diminuição significativa na atividade específica da Na+,K+-ATPase. Posteriormente, foi demonstrado também que tanto a administração crônica de ácido propiônico como a presença deste ácido no meio de incubação inibem a atividade da Na+,K+ATPase em córtex cerebral de ratos (Wyse et al., 1998). Silva e colaboradores (1999) demonstraram ainda que o íon amônio, a citrulina, o ácido arginínico, a Nacetilarginina, a homoarginina e os três últimos metabólitos combinados diminuem significativamente a atividade da Na+,K+-ATPase quando testados in vitro. Tais resultados poderiam ser relevantes na explicação dos sintomas neurológicos apresentados por pacientes com citrulinemia e argininemia. 46 2 OBJETIVOS 2.1 Gerais O presente trabalho visa investigar o efeito in vitro dos principais metabólitos acumulados na acidemia isovalérica sobre alguns parâmetros importantes do metabolismo energético em córtex cerebral de ratos, visando contribuir para uma melhor compreensão da fisiopatogenia do dano neurológico dessa doença. 2.2 Específicos a) Determinar os efeitos in vitro dos ácidos isovalérico e 3-hidroxiisovalérico, bem como da isovalerilglicina sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizado de córtex cerebral de ratos jovens; b) Determinar os efeitos in vitro dos ácidos isovalérico e 3-hidroxiisovalérico, bem como da isovalerilglicina sobre as atividades dos complexos da cadeia respiratória em homogeneizado de córtex cerebral de ratos jovens; c) Determinar os efeitos in vitro dos ácidos isovalérico e 3-hidroxiisovalérico, bem como da isovalerilglicina sobre as atividades da creatina quinase em homogeneizado de córtex cerebral de ratos jovens; d) Determinar os efeitos in vitro dos ácidos isovalérico e 3-hidroxiisovalérico, bem como da isovalerilglicina sobre a atividade da Na+,K+-ATPase de membranas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens. 47 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Reagentes Todos os reagentes utilizados no presente trabalho foram de grau de pureza pró-análise (p.a.). Os ácidos isovalérico e 3-hidroxiisovalérico, bem como a isovalerilglicina foram sempre dissolvidos e diluídos na solução tampão específica para cada técnica no dia da realização dos ensaios. 3.1.1 Reagentes utilizados • α-Naftol – Sigma • Acetato de etila - Merck • [1-14C] ácido acético - Amersham • Ácido acético - Merck • Ácido clorídrico - Merck • Ácido etileno-diamino-tetra-acético (EDTA) sal dissódico – Sigma • Ácido isovalérico • Ácido 3-hidroxiisovalérico • Ácido N-2-hidroxietilpiperazina-N’-etano sulfônico (HEPES) – Sigma • Ácido orto-fosfórico - Merck • Ácido p-hidroximercuribenzóico (pHMB) – Sigma • Ácido sulfúrico - Merck • Ácido tricloroacético - Merck • Adenina-5’-difosfato (ADP) – Sigma 48 • Adenosina-5’-trifosfato (ATP) - Sigma • Albumina bovina - Sigma • Azida sódica - Sigma • Bicarbonato de potássio - Reagen • Borohidrato de sódio – Sigma • Cianeto de potássio - Merck • Citocromo c – Sigma • Cloreto de magnésio hexahidratado - Sigma • Cloreto de potássio - Merck • Cloreto de sódio –Sigma • Coomasie Brilhante Blue G - Sigma • Creatina - Sigma • Diacetil - ICN • Dicloroindofenol (DCIP) – Sigma • Etanol absoluto - Merck • Fosfato de potássio dibásico - Reagen • Fosfato de potássio monobásico - Merck • Fosfocreatina - Sigma • Glicose – Sigma • Glutationa - Sigma • Heparina 5.000 U.I./mL – Cristália • Hiamina - Sigma • Hidróxido de sódio – Vetec • Isovalerilglicina • Lauril-maltosídeo – Sigma 49 • Líquido de cintilação Opti Phase “hi-Safe” 3 - Wallac • Metassulfato de fenazina (PMS) – Sigma • Molibdato de amônio - Vetec • Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido ( -NADH) – Sigma • Ouabaína - Sigma • POP - Sigma • POPOP - Sigma • Rotenona - Sigma • Sacarose - Reagen • Succinato de sódio hexahidratado - Sigma • Sulfato de magnésio heptahidratado - Reagen • Tolueno - Merck • Trisma base – Sigma • Verde malaquita – Sigma 3.1.2 Equipamentos - Agitador de tubos modelo Maxi Mix Plus (Thermolyne). - Agitador magnético modelo 1005 (Fisaton). - Balança analítica digital (Sartorius Basic). - Balança digital modelo 430-21 (Kern). - Banho metabólico (Dubnoff). - Banho-maria modelo 1052 (Biomatic). - Centrífuga modelo 5403 (Eppendorf). - Contador de cintilação líquida modelo 1409 (Wallac). 50 - Deionizador. - Destilador. - Espectrofotômetro de leitura cinética e com controlador de temperatura modelo U-2001(Hitachi). - Espectrofotômetro modelo Spectronic Genesys 5 (Milton Roy). - Freezer -20° modelo H5 Electrolux (Prosdócimo). - Freezer -70°C (Scien Temp). - Geladeira (Brastemp). - Guilhotina. - Homogenizador elétrico modelo Potter S (B. Braun Biotech International). - Máquina de fazer gelo (Everest). - Material cirúrgico: tesouras, bisturis e espátulas. - Micropipetas de volume regulável (Gilson). - Microultracentrífuga modelo Himac CS 120 GX (Hitachi). - Potenciômetro modelo Tec-2 (Tecnal). - Tubos plásticos (Eppendorf). - Vidraria: provetas, pipetas graduadas, potter de vidro, balões volumétricos, placas de Petry, pipetas Pasteur, tubos de ensaio, béqueres, funis, cubetas, vials. 3.2 Caracterização da amostra Para a determinação da produção de CO2 , das atividades enzimáticas dos complexos da cadeia respiratória, da creatina quinase, e da atividade da enzima Na+,K+-ATPase, foram utilizadas amostras de córtex cerebral de 140 ratos Wistar 51 de 30 dias de idade de ambos os sexos. Os animais, fornecidos pelo Departamento de Bioquímica – ICBS – UFRGS, foram mantidos em temperatura constante (20 ± 1 °C), em intervalos de 12 horas de ciclo claro/escuro, alimentados com ração padrão (Supra ou Purina, São Leopoldo, RS) e livre acesso à água. Este trabalho faz parte de um projeto maior intitulado “Estudo dos mecanismos de neurotoxicidade de ácidos orgânicos” já aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (projeto e parecer 0351/2001). A utilização dos animais seguiu um protocolo experimental aprovado pelo Comitê de Ética acima mencionado e seguiu os Princípios de Cuidados de Animais de Laboratório (Principles of Laboratory Animal Care, Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos da América, NIH, publicação número 85-23, revisada em 1985). 3.3 Produção de CO2 por homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A produção de CO2 por homogeneizados de córtex cerebral foi determinada a partir de [1-14C] ácido acético (0,055 Ci) na presença de 1 mM de ácido acético não marcado no meio de incubação. Nestes experimentos os tubos testes continham 0,01, 0,1, 1, e 5 mM de ácido isovalé.25172 o, 0,01, 0 Td 0,1(e)Tj e 1 mM 6.25172 de ácido 0 Td3(r)Tj 3c hidroxiisoval 52 3.3.1 Preparação do tecido Os animais foram sacrificados por decapitação, sem anestesia. O cérebro foi rapidamente removido e dissecado sobre uma placa de Petry em gelo para a obtenção do córtex cerebral, de onde todo o sangue visível foi removido com o auxílio de um papel filtro. O córtex cerebral foi isolado, pesado e homogeneizado na proporção de 1:10 (p/v) em solução tampão contendo KHCO3 30 mM, KH2PO4 30 mM, NaCl 30 mM, MgCl2 3,5 mM, EDTA 0,2 mM e sacarose 24 mM, pH 7,4, previamente aerada com mistura carbogênica durante 10 minutos. 3.3.2 Captação de CO2 Um volume de 450 L de homogeneizado, contendo aproximadamente 45 mg de cérebro médio, foi pré-incubado na presença de 1,4 mM de laurilmaltosídeo por 20 minutos a 35°C em banho metabólico com agitação. Após, foram acrescentados ao meio de incubação os substratos marcados e os ácidos a serem testados (tubos testes). Os frascos foram fechados com tampas de borracha contendo caçapas de vidro com papel filtro dobrado em forma de “W”, vedados com parafilme e devolvidos ao banho. Transcorrida 1 hora de incubação a reação foi interrompida pela adição de 200 L de TCA 50% ao homogeneizado e foram adicionados então 100 L de hiamina dentro das caçapas. Os frascos foram devolvidos ao banho por 30 minutos para que o CO2 pudesse ser incorporado ao papel filtro impregnado por hiamina. Terminado este procedimento, o papel filtro embebido em hiamina foi retirado com o auxílio de uma pinça e de uma micropipeta sendo transferido para tubos de plástico. Em 53 cada tubo foi adicionado 3 mL de líquido de cintilação POP/POPOP/tolueno (4g/ 50 mg/ tolueno q.s.p 1000 mL) quando da adição do papel filtro e da hiamina nos tubos. Posteriormente, os tubos foram agitados e a radioatividade incorporada ao CO2 foi determinada em contador de cintilação líquida. A produção de CO2 foi expressa em percentagem do controle. 3.4 Determinação das atividades dos complexos da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A atividade dos complexos II, SDH, II-III e IV da cadeia respiratória foi determinada na presença de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM do ácido isovalérico, ou na presença de 0,01, 0,1 e 1 mM do ácido 3-hidroxiisovalérico ou da isovalerilglicina (tubos testes). Os tubos controle não continham nenhum dos metabólitos testados. Já a atividade do complexo I foi determinada na presença de 1 e 5 mM do ácido isovalérico ou 1 mM do ácido 3-hidroxiisovalérico ou da isovalerilglicina (tubos testes). Os tubos controle não continham nenhum dos metabólitos estudados. Ambos os compostos foram sempre dissolvidos e diluídos na solução tampão específica de cada técnica. Os experimentos foram realizados em duplicata. 3.4.1 Soluções 3.4.1.1 Soluções para preparação da amostra a. Tampão SETH 54 Solubilizar 4,28 g de sacarose, 0,0372 g de EDTA, 0,0605 g de trisma-base e 0,5 mL de heparina 5000 U.I./mL em 40 mL de água MiliQ. Ajustar o pH para 7,4 com HCl e completar o volume para 50 mL. 3.4.1.2 Soluções para a determinação da atividade do complexo I a. Tampão fosfato 100 mM pH 7,4 Solubilizar 1,75 g de K2HPO4 em 100 mL de água MilliQ (solução A) e 1,36 g de KH2PO4 em 100 mL de água MilliQ (solução B). Ajustar o pH da solução A adicionando a solução B até atingir pH 7,4. b. NADH 14 mM Solubilizar 0,0497 g de NADH em 10,0 mL de água MilliQ. c. Rotenona 2 mM Solubilizar 0,00159 g de rotenona em 2 mL de etanol absoluto. d. Ferricianato de potássio 10 mM Solubilizar 0,01646 g de ferricianato de potássio em 5 mL de água MilliQ. 3.4.1.3 Soluções para a determinação da atividade do complexo II e SDH a. Succinato 250 mM Solubilizar 0,3376 g de succinato de sódio hexahidratado em 4 mL de água MilliQ, ajustar o pH para 7,4 com KOH. Completar o volume até 5 mL com água MilliQ. b. Tampão fosfato 62,5 mM pH 7,4 55 Solubilizar 2,23 g de K2HPO4 em 200 mL de água MilliQ (solução A) e 1,275 g de KH2PO4 em 150 ml de água MilliQ (solução B). Adicionar a solução B em 150 mL da solução A até o pH tornar-se 7,4. c. Dicloroindofenol (DCIP) 0,5 mM Solubilizar 0,00145 g de DCIP em 10 mL de água. d. Azida sódica 100 mM Solubilizar 0,013 g de azida sódica em 2 mL de água MilliQ. e. Rotenona 2 mM Solubilizar 0,00159 g de rotenona em 2 mL de etanol absoluto. f. Metassulfato de fenazina (PMS) 24 mM Solubilizar 0,00735 g de metassulfato de fenazina em 1 mL de água MilliQ. 3.4.1.4 Soluções para a determinação da atividade do complexo II+CoQ+III a. Tampão fosfato de potássio 62,5 mM pH 7,4 Solubilizar 2,23 g de K2HPO4 em 200 mL de água MilliQ (solução A) e 1,275 g de KH2PO4 em 150 mL de água MilliQ (solução B). Adicionar a solução B em 150 mL da solução A até o pH tornar-se 7,4. b. Citocromo c 0,5% Solubilizar 0,010 g de citocromo c em 2 mL de água MilliQ. c. Azida sódica 100 mM Solubilizar 0,013 g de azida sódica em 2 mL de água MilliQ. d. Rotenona 2 mM Solubilizar 0,00159 g de rotenona em 2 mL de etanol absoluto. 56 e. Sucinato 250 mM pH 7,4 Solubilizar 0,3376 g de succinato de sódio hexahidratado em 5 mL de tampão fosfato de potássio 62,5 mM pH 7,4. Se necessário ajustar o pH com KOH para 7,4. 3.4.1.5 Soluções para a determinação da atividade do complexo IV a. Tampão fosfato 10 mM pH 7,0 Solubilizar 0,348 g de K2HPO4 em 200 mL de água MilliQ (solução A) e 0,204 g de KH2PO4 em 150 mL de água MilliQ (solução B). Em 175 mL da solução A acrescentar a solução B até o pH tornar-se igual a 7,0. b. Lauril-maltosídio 125 mM Solubilizar 0,319 g de lauril-maltósito em 5 mL de água MilliQ. c. Citocromo c reduzido Solubilizar em copo de béquer 0,025 g de citocromo c em 2,5 mL de água MilliQ. Adicionar 0,004 g de borato de sódio (Sigma), misturando-o por 2 minutos e tampar o copo de béquer com Parafilm. Colocar a solução sobre o gelo e esperar por 30 minutos para ajustar o pH até 7,0 com HCl 1 N. 3.4.2 Preparação dos tecidos para a medida das atividades dos complexos da cadeia respiratória Os animais foram sacrificados por decapitação sem anestesia, o cérebro foi rapidamente removido, e o córtex cerebral rapidamente isolado e homogeneizado 1:20 (p/v) em tampão SETH (sacarose 250 mM, EDTA 2 mM, 57 Trisma base 10 mM e heparina dissolvidos em água destilada e deionizada q.s.p 50 mL) pH 7,4. Os homogeneizados foram centrifugados a 800 x g por 10 minutos e os sobrenadantes separados em alíquotas de 200 a 300 L e mantidos a -70°C por um período máximo de um mês até o momento das determinações enzimáticas. No momento das determinações, as amostras foram congeladas e descongeladas por duas vezes consecutivas para a determinação da atividade dos complexos I, II e II-III. 3.4.3 Determinação da quantidade de proteína O conteúdo protéico das amostras foi determinado pelo método de Lowry et al. (1951) usando albumina bovina como padrão. 3.4.4 Medida das atividades dos complexos da cadeia respiratória 3.4.4.1 Determinação da atividade do Complexo I (NADH desidrogenase) O meio de reação foi feito em tampão fosfato de potássio 100 mM, pH 7,4, contendo ferricianeto de potássio 0,5 mM, rotenona 5 µM e 0,1 mg/mL de proteína (homogeneizado de córtex cerebral). A reação foi iniciada pela adição de NADH a uma concentração final de 200 µM. A redução do ferricianeto a 420 nm e 37º C foi acompanhada na presença ou na ausência dos compostos a serem testados durante 3 minutos. A atividade foi expressa em mmol de ferricianeto reduzido/min/mg proteína (Cassina & Radi, 1996). 58 3.4.4.2 Determinação da atividade do Complexo II (succinato: DCIP oxirredutase) O meio de incubação era constituído de fosfato de potássio (40 mM pH 7,4), succinato de sódio (16 mM) e DCIP (8 µM). Inicialmente pré-incubava-se com 40-80 µg de proteínas do homogeneizado a 30°C por 20 minutos os tubos testes e controles. Depois, foram adicionados ao meio 4 mM de azida sódica e 7 µM de rotenona e a reação foi iniciada pela adição de 40 µM de DCIP. As absorbâncias foram registradas por 5 minutos a 600nm. A atividade do complexo II foi medida pela diminuição da absorbância causada pela redução do 2,6dicloroindofenol (DCIP) a 600 nm (Fischer et al., 1985). 3.4.4.3 Determinação da atividade da SDH (sucinato: fenazina oxirredutase) O meio de reação constituído de fosfato de potássio (40 mM, pH 7,4), succinato de sódio (16 mM) e DCIP (8 µM) foi pré-incubado com 40-80 µg de proteína do homogeneizado a 30°C por 20 minutos. Depois foram adicionados 4mM de azida sódica, 7 µM de rotenona e 40 µM de DCIP. A reação foi iniciada pela adição de 1 mM de PMS. As absorbâncias foram registradas por 5 minutos a 600 nm. A atividade da enzima succinato: fenazina oxiredutase (succinato desidrogenase solúvel - SDH) foi medida nas amostras de homogeneizado na presença de metassulfato de fenazina (PMS) pela diminuição na absorbância causada pela redução do 2,6-dicloroindofenol (DCIP) (Sorensen & Mehler, 1982). 59 3.4.4.4 Determinação da atividade do Complexo II+CoQ+III (succinato: citocromo c oxirredutase) Ao meio de reação constituído de tampão fosfato de potássio 40 mM pH 7,4 e sucinato de sódio 16 mM, foi adicionada amostra contendo 40 a 80 µg de proteína. Tubos testes e controles foram pré-incubados por 30 minutos a 37°C e, após, foram adicionados 4 mM de azida sódica e 7 µM de rotenona e a reação foi iniciada pela adição de 0,6 µg/mL de citocromo c. A redução do citocromo c foi registrada em 550 nm a 25°C durante 5 minutos (Fischer et al.,1985). A atividade foi expressa em nmol de citocromo c reduzido / min / mg de proteína. 3.4.4.5 Determinação da atividade do Complexo IV (citocromo c oxidase) O meio de incubação continha tampão fosfato de potássio (10 mM, pH 7,0), lauril-maltosídio (0,6 mM) e 10-20 µg de proteína (homogenizado). A reação foi iniciada com a adição de 0,7 µg de citocromo c. A atividade do complexo IV foi medida a 25°C por 10 minutos na presença e na ausência dos ácidos bem como da isovalerilglicina. A atividade da citocromo c oxidase (COX) foi medida pelo decréscimo na absorbância devido à oxidação de citocromo c previamente reduzido com borohidrato de sódio. As leituras serão feitas em 550 nm (Rustin et al, 1994). A atividade foi expressa em nmol de citocromo c oxidado / min / mg de proteína. 60 3.5 Determinação da atividade da creatina quinase 3.5.1 Soluções a.Tampão Trisma-sulfato de magnésio pH 7,5 (trisma-base 100 mM e MgSO4 15 mM). Solubilizar 2,42 g de trisma-base e 0,740 g de sulfato de magnésio heptahidratado (MgSO4) em 180 mL de água MilliQ, ajustar o pH até 7,4 com HCl 10 N e completar o volume até 200 mL com água MilliQ. b. Fosfocreatina (11,8 mM) Solubilizar 0,09 g de fosfocreatina em 30 mL do tampão trismasulfato de magnésio. c. ADP-glutationa (ADP 16 mM e glutationa 4 mM) Solubilizar 0,006146 g de glutationa em 5 mL de água MiliQ gelada e em seguida dissolver nessa solução 0,0342 g de Adenina-5' -difosfato (ADP). A solução final é separada em alíquotas de 500 µL e congelada. d. Hidróxido de sódio (NaOH) 10 N Solubilizar 4 g de hidróxido de sódio em 10 mL de água MiliQ. e. Ácido p-hidroximercuribenzóico (50 mM) Solubilizar 0,18035 g de ácido p-hidroximercuribenzóico (pHMB) em 10 mL de água MilliQ e 2 gotas de NaOH 10 N. f. Hidróxido de sódio (NaOH) 1,5 N Solubilizar 30 g de NaOH em 500 mL de água MiliQ. g. α- Naftol (20%) 61 Solubilizar 0,20 mg de α-naftol, no momento do uso, em 10 mL de NaOH 1,5 N. h. Solução de diacetil (20%) Misturar 20 µL de diacetil em 100 mL de água MiliQ. i. Solução de creatina-padrão (1 mM) Solubilizar 0,00262 g de creatina em 1 mL de água MiliQ. 3.5.2 Preparação de tecidos para a medida da atividade da creatina quinase Ratos Wistar de 30 dias de vida foram sacrificados por decapitação sem anestesia, o cérebro foi removido sobre placa de Petry em gelo, e o córtex cerebral foi rapidamente isolado. Posteriormente, o tecido foi homogeneizado na proporção de 1:10 (p/v) em solução salina 0,85% tamponada, pH 7,5. A homogeneização foi feita manualmente utilizando homogeneizador de vidro em gelo. O homogeneizado foi armazenado em alíquotas de 10 µL a -70°C por, no máximo uma semana, até o momento da medição da atividade total da enzima creatina quinase (CK total). A atividade total da enzima (CK total) foi determinada na presença de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM do ácido isovalérico, e 0,01, 0,1 e 1 mM do ácido 3hidroxiisovalérico, bem como da isovalerilglicina (tubos testes) e também na ausência destes (tubos controles). Os ácidos e a isovalerilglicina foram dissolvidos e diluídos na solução tampão da técnica e os experimentos realizados em triplicata. 62 3.5.3 Determinação da quantidade de proteína O conteúdo protéico das amostras foi determinado pelo método de Lowry et al., (1951) usando albumina bovina como padrão. 3.5.4 Determinação da atividade enzimática da creatina quinase A atividade da CK (CK total) foi medida em homogeneizado de córtex cerebral. A mistura reacional continha tampão Tris-HCl 60 mM, pH 7,5, fosfocreatina 7 mM, MgSO4 9 mM, lauril-maltosídeo 0,625 aproximadamente 0,4-1,2 µg de proteína em um volume final de 100 mM e L. Os sistemas (tubos testes e controles) foram pré-incubados por um período de 15 minutos a 37°C, sendo a reação iniciada com a adição de ADP e glutationa reduzida a uma concentração final de 3,2 mM e 0,8 mM, respectivamente. A reação foi interrompida após 10 minutos de incubação com a adição de 20 µL de ácido p-hidroximercuribenzóico (pHMB) 50 mM. A creatina formada foi estimada através de método colorimétrico, e a coloração foi obtida pela adição de 100 µL de α-naftol 20%, 680 µL de água deionizada e 100 µL de diacetil 20%. A leitura foi feita após uma segunda incubação de 20 minutos a 37°C por espectrofotometria a 540 nm (Hughes, 1962). O resultado final foi expresso em µmol de creatina formada / min / mg de proteína. Para calcular a atividade da creatina quinase (CK) nas amostras, foi feita uma curva de calibração com creatina nas concentrações de 4 nmol/mL (60 µL de fosfocreatina, 10 µL de creatina-padrão e 10 µL de água MilliQ) e 8nmol/mL (60 63 µL de fosfocreatina e 20µL de creatina-padrão. Através deste obteve-se o fator de calibração médio (FCM) necessário para os cálculos de atividade da CK. 3.6 Determinação da atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens A atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas foi determinada na presença de 0,01, 0,1, 1,0 e 5,0 mM de ácido isovalérico, ou na presença de 0,01, 0,1 e 1,0 mM do ácido 3-hidroxiisovalérico, ou na presença de isovalerilglicina nessas mesmas concentrações. Nestes casos, os metabólitos foram expostos diretamente a membranas sinápticas isoladas. A atividade da Na+,K+-ATPase também foi determinada em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral pré-incubadas durante 1 hora a 37°C na presença de 1,0 e 5,0 mM de ácido isovalérico, ou na presença de 1,0 mM de 3hidroxiisovalérico ou isovalerilglicina. Nestes casos, as membranas sinápticas foram preparadas após esta pré-incubação. Os experimentos com os antioxidantes (L-NAME, GSH, Vitamina E, Creatina) foram realizados somente quando a determinação da atividade da enzima Na+,K+-ATPase foi realizada em membranas de córtex cerebral préincubadas durante 1 hora a 37°C na presença de 5,0 mM de ácido isovalérico. A realização dos experimentos foi condicionada a presença de tubos controle que não continham nenhum dos ácidos testados, ou isovalerilglicina. Todos os metabólitos testados foram dissolvidos na solução tampão específica da técnica. Os ensaios foram realizados em duplicata. 64 3.6.1 Preparação de membranas plasmáticas sinápticas As membranas foram preparadas de acordo com o método de Jones e Matus (1974). O animal foi decapitado sem anestesia, o córtex cerebral foi isolado e homogeneizado em 10 volumes de uma solução contendo 0,32 mM de sacarose, 5,0 mM de HEPES e 0,1 mM de EDTA. O homogeneizado foi centrifugado a 3.000 rpm por 10 minutos a 4°C. A solução sobrenadante foi separada e novamente centrifugada a 14.000 rpm por 20 minutos a 4°C. O sedimento resultante foi suspenso em uma solução hipotônica de Tris-HCl 5 mM pH 8,1 sendo mantido em gelo durante 20 minutos, onde a cada 5 minutos era agitado suavemente para que ocorresse a lise dos sinaptossomas e vesículas em geral. Com estas amostras foi montado um gradiente descontínuo de sacarose constituído de três camadas de diferentes concentrações (48, 28,5, e 10%). Este gradiente, contendo a amostra misturada à fração mais densa de sacarose (48%), foi centrifugado a 30.000 rpm por 1 hora e 50 minutos a 4°C. Conforme Jones e Matus (1974), após esta centrifugação, a fração de menor concentração (sacarose 10%) é composta basicamente por mielina; a fração intermediária é constituída principalmente por membranas plasmáticas sinápticas (situadas na interface das soluções 28,5 e 48%) e a última fração (sedimento) composta por mitocôndrias. Com o auxílio de uma micropipeta de volume regulável, a fração intermediária foi aspirada e suspensa em tampão Tris-HCl 5 mM pH 8,1, sendo centrifugada a 14.000 rpm durante 20 minutos a 4°C , para a remoção da sacarose residual. O sedimento, contendo as membranas plasmáticas sinápticas purificadas, foi suspenso no tampão anteriormente citado de modo a obter-se uma concentração final de proteínas entre 0,15 e 0,3 mg/ml. As amostras foram 65 então separadas em alíquotas e armazenadas a -70°C até o momento da determinação enzimática. 3.6.2 Preparação de membranas plasmáticas sinápticas com pré-incubação de 1 hora a 37°C Quando as membranas preparadas para a medida da atividade Na+,K+ATPase necessitavam ser pré-incubadas durante 1 hora a 37°C, o animal era decapitado sem anestesia, o córtex cerebral foi isolado e homogeneizado em 10 volumes de uma solução contendo 0,32 mM de sacarose, 5,0 mM de HEPES e 0,1 mM de EDTA. Neste momento o ácido isovalérico, ou o 3-hidroxiisovalérico ou a isovalerilglicina era adicionado ao homogeneizado, bem como os antioxidantes L-NAME 1mM ou GSH 1 mM ou Vitamina E 1 mM ou Creatina 1 mM, que foram utilizados exclusivamente nos experimentos na presença de 5,0 mM de ácido isovalérico e imediatamente incubados por 1 hora a 37°C juntamente com os controles que não possuíam os metabólitos e antioxidantes. Em seguida as membranas seguiam a preparação de acordo com o método de Jones e Matus (1974). 3.6.3 Determinação da quantidade de proteína A concentração de proteínas das amostras foi determinada pelo método de Bradford (1976), utilizando-se albumina sérica bovina como padrão. 66 3.6.4 Determinação da atividade enzimática A atividade da enzima Na+,K+-ATPase foi medida conforme o método de Tsarkis e Deliconstantinus (1984). O meio de reação continha MgCl2 5 mM, NaCl 80 mM, KCl 20 mM, Tris-HCl 40 mM pH 7,4 em um volume final de 200 µl. A atividade de outras ATPases foi medida na presença de ouabaína 1mM (inibidor específico da Na+,K+-ATPase). A atividade da Na+,K+-ATPase foi então calculada como sendo resultante da diferença da atividade obtida pelas ATPases no meio sem ouabaína da atividade das ATPases do meio contendo ouabaína. As amostras de membranas sináptica foram adicionadas ao meio em um volume de 10 µl (0,015 – 0,03 µg de proteína) e pré-incubadas na presença ou ausência dos metabólitos testados a 37°C durante 10 minutos. A reação foi iniciada pela adição de ATP 3 mM e o término, após 5 minutos de incubação a 37°C, ocorreu pela adição de 200 µl de TCA 10%. O fosfato inorgânico (Pi) liberado durante a incubação foi medido pelo método de Chan, Delfert e Junger (1986). A atividade foi expressa em nmol de Pi liberado/min/mg de proteína. 3.7 Análise estatística Utilizou-se análise de variância de uma via (ANOVA) para comparação de três ou mais , médias, seguida do teste de múltipla amplitude de Duncan, quando o valor de F foi significativo. Também se utilizou o teste t de Student para amostras pareadas para comparação de duas médias. O limite para significância foi de p<0,05. Os resultados foram analisados usando o programa SPSS 67 (Statistical Package for the Social Sciences) versão 11.0 em um computador PC compatível. 68 4 RESULTADOS 4.1 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.1 mostra que o IVA, nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM, não inibe significativamente a produção de CO2 a partir de acetato [F(4,14)= 0,088; p>0,05]. Por outro lado, o 3-OHIVA (figura 4.2) [F(3,15)= 1,123; p>0,05] e a IVG (figura 4.3) [F(3,16)= 0,688; p>0,05], nas concentrações de 0,01, 0,1 e 1,0 mM, também não inibem significativamente a produção de CO2 a partir de acetato. 69 Produção de 14CO2 (percentual do controle) 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.1. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam médias ± erro padrão (n=5) e foram expressos como percentagem do controle (2,20 ± 0,5 µmol de acetato convertido a CO2 / mg de proteína / hora de incubação). A diferença entre as médias foi calculada por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 70 Produção de 14CO 2 (percentual do controle) 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle 0,01 0,1 1 Concetração de 3-OHIVA (mM) Figura 4.2. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam médias ± erro padrão (n=5) e foram expressos como percentagem do controle (2,20 ± 0,5 µmol de acetato convertido a CO2 / mg de proteína / hora de incubação). A diferença entre as médias foi calculada por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 71 Produção de 14CO2 (percentual do controle) 120 100 80 60 40 20 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.3. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a produção de CO2 a partir de acetato em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam médias ± erro padrão (n=5) e foram expressos como percentagem do controle (4,50 ± 0,8 µmol de acetato convertido a CO2 / mg de proteína / hora de incubação). A diferença entre as médias foi calculada por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 72 4.2 Efeito in vitro dos principais metabólitos acumulados na acidemia isovalérica sobre a atividade dos complexos enzimáticos da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens 4.2.1 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.4 mostra que o IVA nas concentrações de 1 e 5 mM não teve efeito sobre a atividade do complexo I [F(2,12)= 1,602; p>0,05]. As figuras 4.5 e 4.6, respectivamente, mostram que o 3-OHIVA [t(8)= -2,523; p>0,05] e a IVG [t(8)= -1,863; p>0,05], na concentração de 1 mM, também não reduziram a atividade do complexo I. 73 Atividade do Complexo I (mmol de ferricianeto reduzido / min / mg proteína) 750 600 450 300 150 0 Controle 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.4. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). A diferença entre as médias foi calculada por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 74 Atividade do Complexo I (mmol de ferricianeto reduzido / min / mg proteína) 600 500 400 300 200 100 0 Controle 3-OHIVA (1 mM) Figura 4.5. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados com teste t de Student para amostras nãopareadas. Não houve diferença significativa entre os grupos. 75 Atividade do Complexo I (mmol de ferricianeto reduzido / min / mg proteína) 600 500 400 300 200 100 0 Controle IVG (1 mM) Figura 4.6. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo I da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados com teste t de Student para amostras não-pareadas. Não houve diferença significativa entre os grupos. 76 4.2.2 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.7 mostra que o IVA nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM não teve efeito significativo sobre a atividade do complexo II [F(4,20)= 1,080; p>0,05]. Por outro lado, as figuras 4.8 e 4.9 mostram, respectivamente, que o 3OHIVA [F(3,16)= 0,581; p>0,05] e a IVG [F(3,16)= 2,230; p>0,05] nas concentrações de 0,01, 0,1, e 1 mM não reduziram a atividade do complexo II. 77 Atividade do Complexo II (nmol de DCIP reduzido/min/mg de proteína) 7 6 5 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.7 Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 78 Atividade do ComplexoII (nmol de DCIP reduzido/min/mg de proteína) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de 3-OHIVA (mM) Figura 4.8. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 79 Atividade do Complexo II (nmol de DCIP reduzido/min/mg de proteína) 5 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.9. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 80 4.2.3 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.10 mostra que o IVA nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM não teve efeito significativo sobre a atividade da enzima SDH [F(4,20)= 0,411; p>0,05]. Além disso, as figuras 4.11 e 4.12 mostram, respectivamente, que o 3OHIVA [F(3,8)= 1,166; p>0,05] e a IVG [F(3,16)= 3,178; p>0,05] nas concentrações de 0,01, 0,1 e 1 mM também não tiveram efeito significativo sobre a atividade da enzima SDH. 81 Atividade da succinato desidrogenase (nmol de DCIP reduzido/min/mg de proteína) 25 20 15 10 5 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.10. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 82 Atividade da succinato desidrogenase (nmol de DCIP reduzido/min/mg de proteína) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de 3-OHIVA (mM) Figura 4.11. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=3). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 83 Atividade da succinato desidrogenase(nmol de DCIP reduzido/min/mg de proteína) 12 10 8 6 4 2 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.12. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima succinato desidrogenase (SDH) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 84 4.2.4 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.13 mostra que o IVA nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM não teve efeito significativo sobre a atividade do complexo II-III [F(4,23)= 0,492; p>0,05]. Por outro lado, as figuras 4.14 e 4.15, respectivamente, mostram que o 3-OHIVA [F(3,16)= 0,289; p>0,05] e a IVG [F(3,16)= 0,140; p>0,05] nas concentrações de 0,01, 0,1, e 1 mM não reduziram a atividade do complexo II-III. 85 Atividade do Complexo II-III (nmol de citocromo c reduzido/min/mg de proteína) 25 20 15 10 5 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.13. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 86 Atividade do Complexo II-III (nmol de citocromo c reduzido/min/mg de proteína) 25 20 15 10 5 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de 3-OHIVA (mM) Figura4.14. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 87 Atividade do Complexo II-III(nmol de citocromo c reduzido/min/mg de proteína) 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.15. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo II-III da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 88 4.2.5 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA), ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.16 mostra que o IVA nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM não teve efeito significativo sobre a atividade do complexo IV [F(4,15)= 0,703; p>0,05]. Além disso, as figuras 4.17 e 4.18 mostram, respectivamente, que o 3OHIVA [F(3,12)= 0,311; p>0,05] e a IVG [F(3,12)= 0,700; p>0,05] nas concentrações de 0,01, 0,1, e 1 mM também não tiveram efeito significativo sobre a atividade do complexo IV. 89 Atividade do Complexo IV (nmol de citocromo c oxidado/min/mg de proteína) 300 250 200 150 100 50 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.16. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 90 Atividade do Complexo IV (nmol de citocromo c oxidado/min/mg de proteína) 300 250 200 150 100 50 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de 3-OHIVA (mM) Figura 4.17. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 91 Atividade do Complexo IV (nmol de citocromo c oxidado/min/mg de proteína) 350 300 250 200 150 100 50 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.18. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade do complexo IV da cadeia respiratória em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 92 4.3 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.19 mostra que o IVA nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM não exerceu nenhum efeito significativo sobre a atividade da enzima creatina quinase (CK) [F(4,27)= 0,176; p>0,05]. Por outro lado, as figuras 4.20 e 4.21, respectivamente, mostram que o 3-OHIVA [F(3,16)= 0,695; p>0,05] e a IVG [F(3,16)= 0,270; p>0,05] nas concentrações de 0,01, 0,1, e 1 mM não provocaram nenhum efeito significativo sobre a atividade da enzima CK. 93 Atividade da creatina quinase ( µ mol de creatina/min/mg de proteína) 5 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.19. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade total da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 94 Atividade da creatina quinase ( µ mol de creatina/min/mg de proteína) 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de 3-OHIVA (mM) Figura 4.20. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade total da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 95 Atividade da creatina quinase ( µ mol de creatina/min/mg de proteína) 6 5 4 3 2 1 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.21. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade total da enzima creatina quinase (CK total) em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 96 4.4 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase de membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens A figura 4.22 mostra que o IVA nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM não exerceu nenhum efeito sobre a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens [F(4,15)= 1,050; p>0,05]. Além disso, as figuras 4.23 e 4.24, respectivamente, mostram que o 3-OHIVA [F(3,16)= 0,191; p>0,05] e a IVG [F(3,20)= 1,59; p>0,05] nas concentrações de 0,01, 0,1 e 1 mM não reduziram a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens. 97 Atividade da enzima Na +, K+ ATPase (percentual do controle) 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle 0,01 0,1 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.22. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=4) e foram expressos em percentagem do controle (801,3 ± 42,2 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 98 Atividade da enzima Na +, K+ ATPase (Percentual do Controle) 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de 3-OHIVA (mM) Figura 4.23. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=5) e foram expressos em percentagem do controle (1288,0 ± 186,6 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 99 Atividade da enzima Na +, K+ ATPase (percentual do controle) 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle 0,01 0,1 1 Concentração de IVG (mM) Figura 4.24. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens. Os valores representam média ± erro padrão (n=6) e foram expressos em percentagem do controle (1340,2 ± 208,8 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via. Não houve diferença significativa entre os grupos. 100 4.5 Efeito in vitro dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA) e da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C A figura 4.25 mostra que o IVA, na concentração de 5 mM, quando préincubado com homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens durante 1 hora a 37°C, inibiu significativamente a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas [F(2,12)= 5,439; p<0,05]. No entanto, as figuras 4.26 e 4.27, respectivamente, mostram que o 3-OHIVA [t(6)= -0,453; p>0,05] e a IVG [t(4)= -1,449, p>0,05] quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C na concentração de 1 mM não exerceram nenhum efeito sobre a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. 101 Atividade da enzima Na +, K+ ATPase (percentual do controle) 120 100 * 80 60 40 20 0 Controle 1 5 Concentração de IVA (mM) Figura 4.25. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C. Os valores representam média ± erro padrão (n=4), expressos em percentagem do controle (899,1 ± 68,9 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via seguida do teste de múltipla amplitude de Duncan. * P < 0.05, diferente dos controles. 102 (percentual do controle) Atividade da enzima Na +, K+ ATPase 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle 3-OHIVA (1 mM) Figura 4.26. Efeito in vitro do ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C. Os valores representam média ± erro padrão (n=4), expressos em percentagem do controle (1002,5 ± 174,9 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados pelo teste t de Student para amostras dependentes. Não houve diferença significativa entre os grupos. 103 (percentual do controle) Atividade da enzima Na +, K+ ATPase 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle IVG (1 mM) Figura 4.27. Efeito in vitro da isovalerilglicina (IVG) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C. Os valores representam média ± erro padrão (n=3), expressos em percentagem do controle (1171,4 ± 94,5 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados pelo teste t de Student para amostras dependentes. Não houve diferença significativa entre os grupos. 104 4.6. Efeito in vitro do ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens quando co-incubado durante 1 hora a 37°C na presença de glutationa reduzida (GSH), do inibidor da óxido nítrico sintase N -nitro-L-argininametiléster (L-NAME), da vitamina E (VIT E) ou da creatina (Cr) A figura 4.28 mostra que a inibição provocada pelo IVA (na concentração de 5 mM) sobre a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens não foi alterada pela glutationa reduzida (GSH, 1 mM) ou pelo inibidor da enzima óxido nítrico sintase N -nitro-L-argininametiléster (L-NAME, 1 mM) quando coincubados durante 1 hora a 37°C [F(3,19)= 5,533; p<0,05]. Por outro lado, a figura 4.29 mostra que a inibição provocada pelo IVA (na concentração de 5 mM) sobre a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas isoladas de homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens foi prevenida pela vitamina E (Vit E, 1 mM) e pela creatina (Cr, 1 mM) quando co-incubados durante 1 hora a 37°C [F(3,16)= 3,696; p<0,05] . 105 incubada durante 1 hora (percentual do controle) Atividade da enzima Na +, K+ ATPase pré- 120 100 * 80 * * 60 40 20 0 Controle IVA 5 mM IVA 5 mM +GSH 1 mM IVA 5 mM + LNAME 1 mM Figura 4.28. Efeito in vitro dos antioxidantes glutationa reduzida (GSH, 1 mM) e do inibidor da óxido nítrico sintase N -nitro-L-argininametiléster (LNAME, 1 mM) sobre a inibição provocada pelo ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral de ratos jovens quando co-incubados durante 1 hora a 37°C. Os valores representam média ± erro padrão (n=5-6) e foram expressos como percentagem do controle (798,4 ± 27,1 µmol Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via seguida pelo teste de múltipla amplitude de Duncan. * P < 0,05, diferente dos controles. 106 # 120 + + Atividade da enzima Na , K ATPase (percentual do controle) 140 # 100 * 80 60 40 20 0 Controle IVA 5 mM IVA 5 mM + VIT IVA 5 mM + Cr E 1 mM 1 mM Figura 4.29. Efeito in vitro do antioxidante vitamina E (VIT E, 1mM) e da creatina (Cr, 1 mM) sobre a inibição provocada pelo ácido isovalérico (IVA) sobre a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas de córtex cerebral de ratos jovens quando co-incubados durante 1 hora a 37°C. Os valores representam média ± desvio padrão (n=5) e foram expressos como percentagem do controle (786,5 ± 96,4 µmol de Pi / min / mg de proteínas). Os resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) de uma via seguida pelo teste de múltipla amplitude de Duncan. * P < 0.05, diferente dos controles, # P < 0,05, diferente de IVA. 107 5. DISCUSSÃO A acidemia isovalérica é uma doença neurometabólica autossômica recessiva do catabolismo do aminoácido leucina causada pela deficiência da atividade da enzima isovaleril-CoA desidrogenase (Tanaka et al, 1966), levando ao acúmulo preponderante dos ácidos isovalérico (IVA) e 3-hidroxiisovalérico (3OHIVA), bem como de isovalerilglicina (IVG). O nome da doença deve-se ao ácido isovalérico que apresenta concentração milimolar no sangue dos pacientes, principalmente durante episódios agudos (Tanaka et al., 1966). Existem dois fenótipos clínicos da acidemia isovalérica, ambos devidos ao mesmo defeito bioquímico. São eles a forma neonatal, severa aguda e a forma crônica, menos grave, com início de apresentação mais tardio (Scriver et al., 2001). Em ambos os variantes, os sintomas neurológicos, como hipotonia, letargia, coma e convulsões são predominantes. Os achados laboratoriais são de acidose metabólica, moderada cetonúria, acidemia/acidúria láctica e hiperamonemia (Fischer et al., 1981). O acúmulo dos metabólitos ácidos nesta doença não explica os sintomas clínicos neurológicos dos pacientes, indicando que se faz necessária uma investigação do papel desses metabólitos sobre a função do sistema nervoso central que posssam esclarecer ao menos em parte a fisiolopatologia do dano cerebral nesta doença. Tendo em vista que o ácido lático também se acumula nos pacientes afetados principalmente durante os episódios de crise, indicando uma disfunção mitocondrial, o presente trabalho teve como objetivo investigar os efeitos do IVA, 3-OHIVA, e da IVG sobre alguns parâmetros importantes do metabolismo energético em córtex cerebral de ratos jovens, tais como a produção 108 de 14 CO2 a partir de [1-14C] acetato, bem como sobre as atividades dos complexos I-IV da cadeia respiratória, da creatina quinase e da Na+, K+-ATPase em membranas sinápticas. As doses do IVA utilizadas nos ensaios in vitro foram similares às encontradas no sangue dos pacientes afetados por acidemia isovalérica que se aproximam de 5 mM durante as crises. Já o 3-OHIVA e a IVG foram utilizadas na dose máxima de 1 mM, visto que estas substâncias se acumulam em menores concentrações. Primeiramente nossos resultados demonstraram que o IVA, nas concentrações de 0,01 a 5 mM, e o 3-OHIVA e a IVG, nas concentrações de 0,01 a 1 mM, não inibiram a produção de CO2 por homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens a partir de acetato, indicando que os principais metabólitos acumulados na acidemia isovalérica não comprometem a atividade do ciclo do ácido cítrico. Similarmente, estes metabólitos, nas mesmas concentrações, não alteraram as atividades dos complexos I, II, II-III, e IV da cadeia respiratória, bem como da enzima sucinato desidrogenase em homogeneizados de córtex cerebral. Além disso, a creatina quinase, uma enzima crucial envolvida na transferência intracelular de ATP, não foi modificada pela presença das doses máximas utilizadas dessas substâncias. Portanto, podemos concluir que o IVA, 3OHIVA e IVG provavelmente não comprometem in vitro a produção e a transferência de energia em cérebro de ratos. Por outro lado, a atividade da Na+,K+-ATPase de membranas plasmáticas sinápticas foi significativamente inibida por 5 mM de IVA quando os homogeneizados de córtex cerebral foram pré-incubados por uma hora com o IVA e as membranas sinápticas preparadas a seguir. No entanto, a exposição direta 109 de membranas sinápticas purificadas de córtex cerebral ao IVA não provocou qualquer inibição da atividade da Na+,K+-ATPase, indicando que esse ácido provavelmente estava agindo via um mecanismo indireto que provoca a inibição dessa atividade enzimática. Por outro lado, o 3-OHIVA e IVG não foram capazes de inibir essa enzima quando expostos aos homogeneizados ou diretamente às membranas sinápticas purificadas, indicando uma ação seletiva do IVA. Considerando-se que a enzima Na+, K+-ATPase é muito vulnerável a ataque de radicais livres (Lees, 1993; Kurella et al., 1997; Yousef et al., 2002), os próximos ensaios foram feitos para testar o efeito de vários antioxidantes sobre a inibição provocada pelo IVA sobre a atividade da Na+,K+-ATPase. O prétratamento dos homogeneizados de córtex cerebral com trolox (vitamina E solúvel) e creatina preveniram totalmente a inibição provocada pelo IVA sobre esta enzima, indicando que radicais peróxidos ou outros radicais livres que agem contra grupamentos críticos para a função da enzima estão envolvidos com a ação inibitória do IVA. Por outro lado, o pré-tratamento dos homogeneizados corticiais com L-NAME e GSH não alteraram o efeito inibitório do IVA, sugerindo que o óxido nítrico ou modificações dos grupos sulfidrilas da enzima que são protegidos por GSH não são responsáveis por esse efeito. Relativamente aos mecanismos responsáveis pela ação inibitória do IVA sobre a atividade da Na+, K+-ATPase, poder-se-ia supor que eles fossem devidos, ao menos em parte, a peroxidação lipídica da membrana plasmática sináptica, onde a enzima está ancorada, já que, como demonstrado no presente estudo, a inibição provocada pelo IVA foi completamente prevenida por vitamina E que age sabidamente prevenindo ou removendo a formação de peróxidos. 110 No que diz respeito as consequências advindas da inibição da atividade da Na+, K+-ATPase pelo IVA ao metabolismo e à função das células neurais, evidências tem sido demonstradas associando alterações na atividade da Na+,K+-ATPase com neurotoxicidade (Swedner, 1979; Lees et al., 1990; Satoh & Nakazato, 1992; Lees, 1993), bem como pode levar aos processos de apoptose e necrose (Xiao et al., 2000; Wang et al., 2003). Além disso, uma redução da atividade da Na+,K+-ATPase no córtex cerebral de um neonato foi considerada estar diretamente envolvida com o estado epiléptico e com a leucoencefalopatia (Renkawek et al., 1992). Inibição da Na+, K+-ATPase tem também sido associada à excitotoxidade e epilepsia (Grisar, 1984; Ben-Ari, 1985; Choi & Rothman, 1990; Cousin et al., 1995; Lees & Leong, 1995). Nossos resultados poderiam, portanto, explicar as crises encefalopáticas que ocorrem nos pacientes afetados pela acidemia isovalérica após infecções ou outras situações de estresse caracterizadas por catabolismo em que os níveis plasmáticos do IVA durante esses episódios agudos atingem 5 mM (Scriver et al., 2001), similar aos que provocaram inibição significante da atividade da Na+, K+-ATPase. Concluindo, o presente trabalho demonstrou pela primeira vez que o IVA, o metabólito que mais se acumula na acidedmia isovalérica, inibe uma enzima crucial envolvida na manutenção do potencial de membrana basal necessária para uma neurotransmissão normal. Se nossos resultados in vitro de inibição da Na+, K+-ATPase forem confirmados in vivo e na doença humana em amostras postmortem de cérebro, é possível que a inibição dessa enzima possa contribuir, ao menos em parte para a encefalopatia encontrada na acidemia isovalérica, especialmente durante as crises de descompensação metabólica em que os 111 metabólitos tóxicos acumulados aumentam dramaticamente suas concentrações teciduais. 112 6. CONCLUSÕES • O ácido isovalérico (IVA) nas concentrações de 0,01, 0,1, 1, e 5 mM, bem como o ácido 3-hidroxiisovalérico (3-OHIVA) e a isovalerilglicina (IVG) nas concentrações de 0,01, 0,1, e 1 mM, não inibiram significativamente a produção de CO2 a partir de acetato por homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. • O IVA, na concentração de 1 e 5 mM, não inibiu a atividade do complexo I da cadeia respiratória, bem como a atividade dos complexos II, II-III, IV e da SDH nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. • O 3-OHIVA e a IVG não inibiram a atividade do complexo I em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens na concentração de 1 mM, bem como também não reduziram a atividade dos complexos II, II-III, IV e da SDH nas concentrações de 0,01, 0,1 e 1 mM. • O IVA, nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM, bem como o 3-OHIVA e a IVG nas concentrações de 0,01, 0,1 e 1 mM, não reduziram a atividade da enzima creatina quinase em homogeneizados de córtex cerebral de ratos jovens. • O IVA, nas concentrações de 0,01, 0,1, 1 e 5 mM, bem como o 3-OHIVA e a IVG, nas concentrações de 0,01, 0,1 e 1 mM, não alteraram a atividade 113 da enzima Na+,K+-ATPase em membranas sinápticas plasmáticas isoladas de córtex cerebral de ratos jovens. • O IVA, na concentração de 5 mM, quando pré-incubado durante 1 hora a 37°C com homogeneizados de córtex cerebral, inibiu em cerca de 40% a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas sinápticas plasmáticas de córtex cerebral de ratos jovens. • O efeito inibitório do IVA, na concentração de 5 mM, sobre a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas sinápticas plasmáticas de córtex cerebral de ratos jovens foi totalmente prevenido pela co-incubação de vitamina E (1 mM) ou creatina (1 mM) com os homogeneizados por 1 hora a 37°C. • O efeito inibitório do IVA na concentração de 5 mM sobre a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas sinápticas plasmáticas de córtex cerebral de ratos jovens não foi prevenido quando co-incubado com homogeneizados por 1 hora a 37°C e com os antioxidantes L-NAME (1 mM) ou GSH (1 mM). • O 3-OHIVA e a IVG, na concentração de 1 mM, quando pré-incubados durante 1 hora a 37°C não alteraram a atividade da enzima Na+,K+-ATPase em membranas sinápticas plasmáticas de córtex cerebral de ratos jovens. 114 7. 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