Anápolis, de 18 a 24 de fevereiro de 2012 - nº 7793 06 O Anápolis Tropeçada... Carlos Antônio tenta “jogo duplo” com professores e governo, é gravado, e se enrola com os dois lados Em vídeo feito em escola de Anápolis, Carlos Antônio insinua que foi induzido ao erro pelo governo e usa desastrosamente como exemplo o Sintego: ele ainda se queixa que não foi procurado por ninguém da categoria para contestar o projeto A intenção era para ser o conciliador. Mas acabou revelando como é o estilo “Carlos Antônio” de tocar uma negociação e de ser transparente com as partes envolvidas. Para ele, pior impossível. Para a população, melhor chance de conhecer o jeito “maroto” de negociar com todos os lados sem causar prejuízo a si mesmo. Diante de um grupo de professores da rede estadual em Anápolis, o deputado estadual Carlos Antônio (PSC) se colocou como o representante da categoria em greve para tentar modificar projeto do governo aprovado na Assembleia este ano que derrubou benefícios salariais dos professores. Mas como toda obra mata a intenção, o parlamentar anapolino, ao tentar conquistar a simpatia (e os votos) dos docentes, acabou por dar um tiro no pé e se queimar com o outro lado da negociação: o governo Marconi Perillo (PSDB). O episódio que marca a tentativa de redenção de Carlos Antônio com professores foi registrado em vídeo que circulou na internet na última segunda-feira, 13, após reunião com os docentes de Anápolis. O parlamentar protagoniza cena na qual insinua que foi enganado pelo governo na votação do projeto que altera o Plano de Carreira e Salário da categoria. Além disso, reconhece que errou ao votar favorável as mudanças que acabou com as gratificações por titularidade, achatou salários e em- purrou a categoria para uma greve. No vídeo, Carlos Antônio relembra aos professores audiência do secretário de Educação, Thiago Peixoto, com os deputados da oposição. O parlamentar relata que o auxiliar do governador teria dito aos colegas de bancada que os docentes seriam reparados “imediatamente” com as alterações e que as consequências não seriam graves “porque os professores teriam vantagens no salário no final de janeiro” O relato serviu para que o parlamentar iniciasse o processo de desgaste com o outro lado da negociação. No vídeo, Carlos Antônio insinua que foi induzido ao erro pelo governo e usa desastrosamente como exemplo o Sindicato dos Trabalhadores na Educação do Estado de Goiás. “Vocês são liderados pelo Sintego e se o sindicato pontuar algo para vocês, vocês não vão acreditar?”, questionou o deputado, que mal terminou o pensamento lógico que chegaria no governo, para ser muito contestado pelo professores na reunião. Diante dos professores, Carlos Antônio se queixa que não foi procurado por ninguém da categoria para contestar o projeto. “Nunca fui procurado por alguém da Educação que dissesse que este artigo aqui tem tal consequência”, disse o parlamentar. E, para piorar, critica a atuação do Sintego na negociação ao afirmar que o sindicato poderia ter feito “um trabalho diferenciado”. “Ao invés de trabalhar com deputados da oposição, deveriam ter procurados os da situação”, disse. Depois de bater dos dois lados, o deputado, flagrado no vídeo, atuou em busca do seu perdão, com os professores. Diante da “gravidade” da situação, reconhecida por ele na gravação, o deputado assumi o erro ao votar favorável ao projeto. “Se necessário, farei isso publicamente. Estou arrependido”, confessou aos docentes. Carlos Antônio foi além, para governistas até extrapolou. Disse que os professores de Anápolis passa a ter um aliado na Assembleia e que se posicionará contra o governo em projetos que contrariarem a categoria em Anápolis. “O governador pode mandar o que for à Assembleia, se e os professores de Anápolis se posicionarem contra, eles terão meu voto”, disse. O parlamentar, que passa a ser oposição a Marconi Perillo nos projetos de interesse dos trabalhadores da educação, disse que tem conversado com mais três deputados da situação para juntos irem ao governador apresentar uma proposta do Sintego. Carlos Antônio sinalizou que esse grupo pode ser maior. “Queremos chegar a oito, mas se eu falar aqui (os nomes) pode haver pressão (do governo) e não chegar a esse número”, argumentou, sem deixar de macular aos professores a confiança na relação com governo. as imagens retiradas do vídeo postado no site youtube.com em que o deputado Carlos Antônio revela que teria recebido uma proposta no valor de R$ 150 mil do Governo de Goiás para fazer política nas escolas, através de reformas e outras medidas e que, com isto, ficasse mais “simpático” aos projetos apresentados pelo Governo contra os interesses dos professores Comportamento de deputado evidencia perfil de base ‘interesseira’ e fisiológica A atrapalhada tentativa de conciliação evidenciou um comportamento singular de Carlos Antônio na vida pública e vivenciada por seus colegas vereadores em Anápolis em 2009 e 2010 e nas últimos eleições que o conduziu à Assembleia Legistati- va. Embora dissesse integrante da base do prefeito Antônio Gomide, o ex-vereador se colocou contra projetos polêmicos da prefeitura. Além disso, no segundo turno da disputa ao governo o então deputado eleito chegou a anunciar apoio a Marconi Perillo, mas por força do partido teve que voltar atrás e publicamente declarar apoio a Iris Rezende (PMDB). O episódio também evidenciou o comportamento não apenas de Carlos Antônio, mas dos integrantes da base de Marconi Perillo, que entra em seu segundo ano de mandato sem condições de municiar seus aliados defender seu governo, e sem mesmo motivar seus aliados a defender um projeto. O que se vê, no entanto, é um emaranhado de relações políticas motivadas por interesse e não por crença no desenvolvimento de um trabalho ou um projeto efetivo. Assim como demonstrou Carlos Antônio, vários deputados estaduais da base marconista estão promovendo o uso das vantagens pela proximidade com o governo para realizar uma política pessoal e não corporativa, visando o grupo. Usam das verbas do Estado para se promoverem e deixam esquecidos ou até tecem críticas ao Governo. Carlos Antônio, e seu jeito único de fazer política, apontam nesta direção.