R E D A Ç Ã O ITA – UFSCar – VUNESP ITA - 2009 Instruções para redação Considere a tira de Laerte, reproduzida abaixo. Identifique seu tema e, sobre ele, redija uma dissertação em prosa, na folha a ela destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A redação deve ser feita com caneta azul ou preta. Na avaliação de sua redação, serão considerados: a) clareza e consistência dos argumentos em defesa de um ponto de vista sobre o assunto; b) coesão e coerência do texto; c) domínio do português padrão. ITA - 2009 BLINDE-SE ARME-SE Analogia entre homem e objeto (carro, arma) dependência APROVEITE A VIDA SEGURANÇA Condomínio fechado, casas muradas e cercadas eletronicamente MEDO; PRECONCEITO; BUSCA POR SEGURANÇA Assegurar a própria vida: isolamento dentro de uma sociedade que não permite a liberdade plena. O direito pétreo de “ir e vir, ficar e permanecer”, garantido pela Constituição Federal, ficou reduzido ao espaço da possibilidade. Por isso a liberdade atual é cada vez menos frequente, razão pela qual se tornou um produto de consumo. ITA - 2009 Tese Argumentação Conclusão Somos escravos da segurança e não temos consciência disso • Goethe • a divisão social e o preconceito crescentes; compramos nossa “liberdade assistida”, isto é, controlada; é funcional ao capitalismo de hoje. • PROBLEMA: o medo constante • Condomínio = aquário Precisamos de liberdade; só teremos segurança se não formos reféns dela. ITA - 2009 Projeto de texto = T + A + C 1) O que o tema diz? (T = IT + PP) Hoje a vida, para ser desfrutada, necessita de que o medo seja vencido, ele que não permite frequentemente com que nos sintamos protegidos em todos os lugares e o todo tempo. De fato nunca fomos livres o suficiente para agirmos como desejamos, e isso em qualquer situação, todavia é cada vez mais rara a possibilidade de agirmos sem nos acercamos antes da certeza de que tudo está sob controle. Para isso criamos as paredes dos condomínios e compramos todos os produtos – caros sempre – para nossa segurança. E dela somos, na verdade, reféns. ITA - 2009 Projeto de texto = T + A + C 2) O que sei sobre ele? (A = AT + A/P) AT O maior escravo é aquele que se julga livre sem o ser Johann Wolfgang von Goethe A1 Assim o homem contemporâneo torna-se escravo da busca amiúde por segurança, mesmo sem consciência da situação. Isso acontece inquestionavelmente pelo fato de convivermos com o medo constante, isto é, pressionados pelas imagens midiatizadas da violência crescente pelo mundo, sentimo-nos compelidos a buscar meios de segurança, todos tecnológicos e caros, naturalmente. E ao solidificarmos nossas muralhas eletrificadas, não sabemos mais quem de fato é livre em nosso mundo. ITA - 2009 Projeto de texto = T + A + C A2 Isso tem ampliado os desvãos sociais, forçando a separação entre as pessoas, na mesma medida em que o preconceito tem se fortalecido. Não que seja uma ideia justificável essa divisão social, mas para o modelo capitalista hodierno ela é a mola propulsora das ações humanas, portanto, bem-vinda e incentivada. Basta que vejamos os jornais ou assistamos aos noticiários televisivos para sentirmos o desejo crescente por intensificar a segurança onde vivemos. Esse é o motivo de o direito pétreo de “ir e vir, ficar e permanecer”, garantido pela Constituição Federal, terse reduzido aos espaços da possibilidade. ITA - 2009 Projeto de texto = T + A + C Comparação entre o condomínio fechado e um aquário A/P Temos medo, essa é a verdade, e vivemos o paradoxo da liberdade assistida, como quem alimenta peixes em um aquário, admirado com tamanha beleza. Mas nossa humanidade ficou selvagem demais, as disparidades econômicas são assustadoras, a reação violenta cerca-nos a todo instante. Quiçá não é este o motivo de cuidarmos de aquários tão carinhosamente: na verdade estamos em condição semelhante, e sem perceber cuidamos de nós, ali dentro, num jogo de transferência. Homens-peixe, de liberdade controlada, sem a total consciência do quanto somos reféns das “grades de vidro”, tão frágeis, que criamos para nós mesmos. ITA - 2009 Projeto de texto = T + A + C 3) C O que fazer? (C = T + “S” + t) Nossa vida carece, mesmo, de liberdade. E ambas serão nossas desconhecidas enquanto não tivermos a coragem de vivermos como homens que de fato somos. Mesmo diante da beleza dos aquários, da paz que eles nos transmitem, somos humanos, e precisamos, de verdade, de uma sociedade que nos permita ser a agir com a segurança que merecemos ter, sem desta sermos reféns.