UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS CONTABILIDADE FINANCEIRA II Equipa Docente: Data: 8 de Janeiro de 2008 Cristina Neto de Carvalho Duração: 2 horas Sofia Pereira 2ª Frequência Responda a cada grupo em folha separada A Ibersol tem como objectivo liderar o negócio da Restauração Comercial, primeiro em Portugal e depois na Península Ibérica e atingir, a longo prazo, uma dimensão que a coloque entre as mais importantes empresas europeias do sector. No exercício de 1996 a Ibersol desenvolveu a sua actividade em diferentes segmentos através das seguintes marcas: Pizza Hut, Pasta Caffé, Pizza Móvil, Cantina Mariachi, Pap’aki, Arroz Maria, Ò Kilo, KFC, Pans & Company, Bocatta, Burger King, Café Sô e Quiosques de Café. No exercício de 2006 o grupo adquiriu a totalidade do Capital Social da Lurca, que explora um conjunto de unidades Burger King localizadas na região de Madrid. Já no termo do exercício foi adquirida uma nova posição no Capital Social da QRM, passando o grupo a controlar esta sociedade e indirectamente as respectivas participadas. Em simultâneo com esta operação, a QRM adquiriu a totalidade do Capital Social da J. Silva Carvalho, que actua preferencialmente no mercado de Lisboa. Durante o exercício foram inauguradas 21 unidades, adquiridas 40 e encerradas 7, o que representou um acréscimo de 54 unidades no parque de lojas. Grupo I – (4.5 valores – 30 minutos) Tendo em conta as Demonstrações Financeiras Consolidadas da Ibersol, referente ao ano de 2006, responda às seguintes questões. 1) Analise a estrutura de custos operacionais da Ibersol em 2006 (valores, estrutura e evolução), tendo em conta a actividade da empresa. (máx. 15 linhas) Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 1/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS 2) Calcule os valores do EBITDA, do EBIT e do RAEFI, referentes ao ano 2006. Utilize, se necessário, a informação presente na Nota 25: 3) Analise as Demostrações de Resultados dos dois anos utilizando os resultados obtidos no cálculo das seguintes rentabilidades das Vendas: EBITDA/Vendas; EBIT/Vendas; RAI/Vendas; RL/Vendas. Grupo II – (3.5 valores – 20 minutos) 1) A Ibersol desenvolve projectos de Pesquisa e Desenvolvimento, relativos ao design e teste de novos produtos. No entanto, nem todos os projectos têm viabilidades tecnológica e comercial. Explique de que forma a Ibersol deve contabilizar os custos incorridos nestes projectos, explicitando em que condições é que estes são passíveis de ser capitalizados. 2) Comente a definição de custo de aquisição do software e o período de vida útil estimado, descritos na nota 2.6.c) do Anexo: 3) Discuta as vantagens e os inconvenientes do método de depreciação de quotas degressivas face ao método das quotas constantes. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 2/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Grupo III – (5.5 valores – 30 minutos) 1) Comente a política de Dividendos da empresa: 2) Explique como é que a Ibersol aplicou o seu resultado de 2005. 3) Se a Ibersol decidir fazer um aumento de capital por incorporação de reservas, de que forma é afectada a riqueza dos actuais accionistas? 4) Calcule os valores nominal e contabilístico das acções da Ibersol, nos anos de 2006 e 2005, tendo em conta que o Capital Social está representado por 20.000.000 acções. 5) Relacione os valores de mercado com os valores calculados na questão anterior e justifique as diferenças. 6) Explique porque razão a Distribuição de dividendos (18 de Maio) conduz a uma redução na cotação do título. Máx. 3 linhas. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 3/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 4/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Grupo IV – (6.5 valores – 40 minutos) 1) Comente, na medida do possível, a evolução do valor do Activo e o nível de investimentos realizados pela Ibersol em 2006. Máx. 5 linhas. 2) Analise a Demonstração de Fluxos de Caixa relativa a 2006. Não deixe de explicar o que significa um valor de Caixa e seus equivalentes negativo no final do ano. Máx. 10 linhas. 3) O Relatório e Contas da empresa apresenta a seguinte informação: a) Tente explicar como é que a empresa calcula o endividamento líquido remunerado. b) O que procura explicar o indicador “Dívida líquida/ EBITDA”? c) Diga se concorda com o comentário e a recomendação que constam do 4º parágrafo do texto. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 5/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 6/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 7/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 8/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 9/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS RESOLUÇÃO SUCINTA Grupo I 1) A Ibersol apresentou, em 2006, custos operacionais no valor de 151,834 k€, apresentando um crescimento de 15.7% (+20,622 k€) em relação ao ano anterior (custos operacionais 2005 = 131,211 k€). Estes custos são maioritariamente constituídos por Custo das Vendas (24.7% do total de custos operacionais), FSE (33.2%) e Custos com Pessoal (33.8%), ou seja, 92% dos custos são custos directamente relacionados com a actividade principal da empresa. Os restantes 8% dos custos operacionais referem-se essencialmente a Depreciações e Perdas por Imparidade. As diversas rubricas de custos tiveram crescimentos diferentes: Custo das Vendas: apresentou um crescimento de +20.2% em relação ao ano de 2005. Enquanto em 2005, este valor representava 21.4% dos proveitos operacionais, este valor aumentou em 2006 para 22.1%, o que pode indicar que os restaurantes abertos em 2006 têm uma estrutura de custos mais pesada do que a média dos restaurantes em funcionamento em 2005; Custos com Pessoal: apresentou um padrão semelhante, com crescimento de +18.4%, ou seja superior ao crescimento dos proveitos operacionais. Em 2005, esta rubrica representava 29.7% dos proveitos operacionais, enquanto em 2006 passou a representar 30.3%. FSE: esta rubrica cresceu apenas 9.3% no ano de 2006, o que pode indicar uma política agressiva de controle de custos, uma vez que este valor representava 31.6% dos proveitos operacionais em 2005 e passou a representar 29.7%. O controle de custos nesta rubrica permitiu à Ibersol absorver os aumentos registados nas outras rubricas: o crescimento dos custos operacionais registado em 2006, de 15.7%, acompanhou o crescimento da empresa de uma forma favorável, uma vez que esta tendo apresentado um crescimento dos Proveitos Operacionais de 16.3%, superior ao crescimento dos custos, permitiu à Ibersol aumentar os seus resultados Operacionais em 21.8%. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 10/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS 2) Resultados operacionais (EBIT) Amort, dep. e perdas de imparidade EBITDA 2006 17,776,141 10,008,547 27,784,688 2005 14,592,171 9,307,177 23,899,348 RAI + Juros suportados RAEFI 15,932,867 1,956,896 17,889,763 13,570,452 1,110,824 14,681,276 3) EBITDA Resultados operacionais (EBIT) RAI Resultado líquido 2006 27,785,161 17,776,614 15,932,867 11,418,009 Total de proveitos operacionais 169,599,999 % 16.4% 10.5% 9.4% 6.7% 2005 23,899,348 14,592,171 13,570,452 9,566,797 % 16.4% 10.0% 9.3% 6.6% 100.0% 145,803,648 100.0% A Ibersol apresentou em 2006 um EBITDA no valor de 27,785 k€, ou seja 16.4% do total de proveitos operacionais. Este indicador é idêntico ao mesmo valor apresentado em 2005, denotando que a empresa foi capaz de manter a rentabilidade da sua actividade de restauração, com o acréscimo de proveitos registado em 2006 de +23,796 k€ e com um crescimento da base de custos operacionais foi inferior ao crescimento dos proveitos, facto já analisado na questão 1. O resultado operacional (EBIT) foi 10.5% em 2006, registando um aumento de +5pp em relação a 2005. Este “ganho” de rentabilidade resulta essencialmente do facto de a parcela de custos relacionados com Depreciações ter registado um aumento (+7.5%) muito inferior ao crescimento dos proveitos operacionais. Este ganho de rentabilidade operacional de 2006 foi consideravelmente reduzido pelo facto de os custos de financiamento terem aumentado 79.4%. Por este motivo, o RAI foi 9.4% em 2006, ou seja apenas 1pp superior ao mesmo valor de 2005. Por último, o Resultado Líquido foi 6.7% em 2006, ou seja +1pp em relação aos 6.6% de 2005, indicando que a carga fiscal da empresa não sofreu alterações significativas no ano de 2006. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 11/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Grupo II 1) Os custos de projectos que não têm viabilidade tecnológica e comercial deverão ser levados à DR como custo do período em que são incorridos (como aliás se faz durante todo o período de pesquisa). A capitalização, que consiste na incorporação destes custos ao Activo, poderá ser feita, se e só se a entidade demonstrar: • Possibilidade técnica de concluir o activo intangível afim de que esteja disponível para uso ou venda; • Intenção de concluir o activo intangível e de usá-lo ou vendê-lo; • Capacidade de usar/vender o bem; • Explicação de como é que o activo irá gerar benefícios económicos futuros; • Disponibilidade de recursos para concluir o desenvolvimento e usar ou vender o activo intangível; • Capacidade de medir com confiança o gasto atribuível durante a sua fase de desenvolvimento. 2) O custo de aquisição do software é definido de acordo com as regras de valorimetria de qualquer activo, isto é, inclui o valor da factura e de todas as despesas adicionais de compra. Já a amortização em 5 anos parece demasiado longa face ao ritmo de evolução tecnológica. 3) Vantagens: o método das quotas degressivas antecipa as depreciações permitindo às empresas lucrativas posteciparem a tributação em sede de IRC. Inconvenientes: resultado líquido mais baixo com impacto em termos de imagem perante investidores, banca, e outros stakeholders. Também menor nível de dividendos. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 12/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Grupo III 1) A empresa tem mantido nos últimos anos uma política de dividendos estáveis distribuindo sempre 0.055 € por acção. A empresa procura desta forma garantir anualmente uma remuneração fixa aos seus investidores à qual acrescerá a mais-valia na valorização dos títulos. 2) Ver na Demonstração das Alterações do C.P.: Transferência para Reservas e resultados transitados: 8,157,329 euros Dividendos: 1,013,633 euros 3) A incorporação de reservas não aumenta a riqueza dos accionistas a não ser pelo efeito liquidez. 4) Capital Capital Próprio Nº de acções 2006 euros 20.000.000 euros 60.090.147 20.000.000 2005 20.000.000 50.693.015 20.000.000 Valor nominal euros 1,00 1,00 Valor contabilístico euros 3,00 2,53 Nota: no calculo do valor contabilístico seria mais correcto dividir o C.P. pelo (nº de accções – nº acções próprias) mas não temos a informação sobre o nº de acções próprias de 2005. 5) Valor de mercado 2006 9,75 2005 6,03 Valor de mercado/ Valor contabilístico 3,25 2,38 O valor de mercado supera em 2,38 vezes (2005) e em 3,25 (2006) vezes o valor contabilístico, indiciando activos subavaliados, nomeadamente marcas próprias. Por outro lado, os valores contabilísticos não reflectem o potencial de negócio da empresa. 6) A distribuição de dividendos faz descer imediatamente o valor de mercado de cada acção uma vez que está a ser retirada riqueza da empresa nesse montante. Ano Lectivo: 2007/08 1º semestre Pág. 13/14 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS Grupo IV 1) O valor do Activo total passa de 114 para 191 milhões de euros, crescendo assim 77 milhões de euros ou seja 67%. O crescimento do Activo verificou-se particularmente nas rubricas de Activo fixo tangível, Diferenças de consolidação e Activos intangíveis indiciando a aquisição de outras empresas e eventualmente o investimento directo. 2) O Fluxo das actividades operacionais é positivo e mais do que suficiente para cobrir os juros, os dividendos e o investimento de substituição. Cobre parcialmente os investimentos realizados uma vez que o nível de investimentos é, conforme foi referido na alínea anterior, muitíssimo elevado. Para financiar estes investimentos a empresa recorreu, não só aos fluxos gerados no exercício, mas também a empréstimos obtidos e ao descoberto bancário. O saldo de caixa e seus equivalentes negativo reflecte a diferença entre o saldo activo de caixa e seus equivalentes e o descoberto bancário. 3a) O endividamento líquido remunerado: inclui o valor dos empréstimos correntes e não correntes líquido de caixa e seus equivalentes, embora em 2006 o valor reportado no texto (78,4) seja superior ao valor calculado (33,1 + 47,1 – 6,4 = 73,8). 3b) Divida líquida EBITDA Divida líquida/ EBITDA 2006 78,4 28 2,82 2005 18 24 0,75 Resultados operacionais 17.776.614 14.592.171 Amort, dep. e perdas de imparidade 10.008.547 9.307.177 EBITDA 27.785.161 23.899.348 Procura medir quantos anos a empresa demoraria a gerar cash-flow (óptica tradicional) suficientes para pagar a dívida. 3c) O nível de endividamento disparou em 2006 passando o P/A de 55% para 68% ainda assim valores aceitáveis. A recomendação é muitíssimo oportuna porque é evidente que a empresa dificilmente irá gerar o cash-flow necessário para pagar o empréstimo corrente. 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