A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO CONTEXTO ESCOLAR E FAMILIAR: UMA AMOSTRA DO PROJETO IMPLANTADO NA UNESPAR Autores: Anesandra Eliza de Oliveira Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana [email protected] Flávia Fernanda da Silva Machado Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana [email protected] Júlio Cesar Martins Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana [email protected] Richard Robson Sposito Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana [email protected] Orientadora: Professora Tania Terezinha Rissa de Souza Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana [email protected] Área Temática: Ensino, pesquisa e extensão: integração para o desenvolvimento do Paraná. 1 Resumo Este artigo tem como propósito relatar a importância que a educação financeira tem no contexto escolar e familiar, visando à abordagem do tema desde a vida escolar, as necessidades de se ter um incentivo do Estado e o papel fundamental que a família exerce para esse aprendizado. Mostrando as atividades e resultados adquiridos com o projeto implantado na UNESPAR de Economia Doméstica. A fundamentação teórica usada nesse artigo será a pesquisa bibliográfica com uma revisão acerca do tema proposto, com o intuito de mostrar o que autores vêm discutindo sobre o tema de economia doméstica e em seguida fazer apresentação de resultados de um projeto desenvolvido com esta temática. Assim se mostra a necessidade da implantação da educação financeira na vida dos jovens e o quanto isso pode refletir em seu futuro. Palavra-chave: Educação Financeira. Economia Doméstica. Planejamento Familiar. Abstract This article intends to describe the importance that financial education has on school and family context, in order to approach to the topic since school life, needs to have an state incentive and the central role that the family plays to that learning. Show the activities and results obtained with the project implemented in UNESPAR Home Economics. The theoretical foundation used in this article is the bibliographic research with a review of the topic proposed in order to show that the authors have been discussing about the subject of domestic economy and then make a presentation of results of a project developed to this topic.Just show the need for the implementation of financial educations in the lives of young people and how much this may reflect on his future. Keywords: Financial Education. Home Economics. Family Planning. 1 Introdução Entender e praticar a educação financeira pode ser uma das formas de se ter uma vida feliz, saudável e bem sucedida. Nunca é cedo demais para aprender a melhor forma de se usar o seu dinheiro, manter as suas dívidas sobre controle e investir para o futuro. Por ano empresas gastam milhões de reais com marketing de seus produtos e serviços, mostrando o quanto é acessível um empréstimo, cartões de crédito, contas correntes e muitas outras formas de pagamentos em longo prazo e com juros abusivos. Em comparação pouco se é gasto para proporcionar aos adolescentes, jovens e adultos 2 ferramentas que eles precisam para lidar com as decisões financeiras que irão enfrentar na vida. Colocar o ensino de educação financeira em prática desde a infância faz com que se tenha jovens mais estruturados em suas finanças pessoais e até mesmo empresariais. O problema é que muitos pais desconhecem o assunto e acabam tendo certas dificuldades em tratar e ensinar o tema aos seus filhos, isso se deve também a uma questão cultural, onde a economia brasileira antes do plano real era instável e não se sabia nem qual o valor do salário do próximo mês devido às altas inflações. A melhor forma de ser abordado o tema seria nas escolas com o apoio da família para a prática, assim os alunos entenderiam que a educação financeira não visa o enriquecimento e sim a conscientização para que o jovem desenvolva atitudes para saberem lidar com o dinheiro, podendo ter uma vida segura e confortável, que é afirmado por Sthepani (2005, p.12) Cada indivíduo participante do processo de formação do ser humano tem uma parte de responsabilidade nesse processo de mudança pela qual a educação passa. E a Educação Financeira vem ser um elo entre várias áreas do conhecimento, no sentido de fazer com que trabalhem juntas e formem na epistemologia do aluno conceitos capazes de instrumentalizá-lo para a construção de sua autonomia. Assim a educação financeira não será apenas um aprendizado em fase escolar, mas acompanhará o aluno por toda sua existência. 2 Educação Financeira 2.1 Conceitos de Educação Financeira As decisões, no âmbito financeiro, acontecem de maneira muitas vezes impensada e irresponsável, o que, por sua vez, produz impactos negativos na vida de um cidadão. Isso decorre também do fato de que há uma falha no que se refere à efetivação da educação financeira nas escolas e de que ainda é um desafio para as mesmas a inserção da família no processo de alfabetização financeira, ou seja, de romper com uma socialização orientada para o consumismo. 3 A educação financeira não é algo novo, pois há muito tempo percebe-se a preocupação com os gastos exagerados e problemas financeiros, em vários aspectos. Identifica-se, por exemplo, desde a Idade Média, a preocupação em se poupar dinheiro: Como afirmou Aristóteles (Ética a Nicômaco, in “Os Pensadores”, São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 180), “a pessoa que tende para o excesso e é vulgar excede-se, como já dissemos, por gastar além do que seria razoável. Agindo assim, ela gasta demais e demonstra um exibicionismo de mau gosto em ocasiões pouco importantes [...]. E tudo isso ela faz não por motivo nobilitante, mas para exibir sua riqueza, e por pensar que é admirada em consequência dessa maneira de agir; ademais, onde deve gastar muito ela gasta pouco, e onde deve gastar pouco gasta muito” (ARISTÓTELES, 1996, p. 180 apud SILVA, 2012, p. 8). Sendo assim, constata-se que antigos pensadores, embora não fazendo uso do termo educação financeira, já sinalizavam a necessidade de refletir sobre o tema, sobretudo com relação a uma maneira consciente de consumir. Faveri, Kroetz e Valentim (2013) observam que o desenvolvimento da economia, o surgimento de demanda por produtos cada vez mais diferenciados e a busca pela resolução de problemas oriundos da má gestão dos recursos financeiros impulsionaram o aprofundamento das discussões sobre educação financeira. Araújo e Souza (2012) observam que de acordo com a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD 2005), o fácil acesso ao crédito, às novas tecnologias para acesso e comercialização, o aumento da expectativa de vida da população e as recentes reformas nos sistemas previdenciários, as quais gradativamente transferem aos cidadãos a responsabilidade de sua aposentadoria também são fatores que demonstram a importância da educação financeira. Tratando especificamente do Brasil, os autores colocam que, além desses fatores, o alto spread bancário (diferença da taxa de empréstimo e de captação), em virtude de grande parcela de a população possuir pouco ou desconhecer os acessos ao sistema financeiro, embora todos os municípios possuam algum acesso ao sistema, e pela cultura gerada por décadas de inflação alta, e a necessidade de que os cidadãos cumpram seus deveres para com a sociedade, uma vez que pessoas educadas financeiramente podem planejar melhor suas compras e cumprem seus compromissos financeiros, intensificam a necessidade da educação financeira. Assim, é visível que são diversos os aspectos que fazem com que haja necessidade que a educação financeira seja efetivada. Com relação à concepção de educação financeira, é possível afirmar que não há um conceito unívoco entre os autores que tratam de tal assunto. Para Peter e Palmeira (2013), a educação financeira abrange a capacidade de leitura e aplicabilidade de matemáticas básicas para fazer escolhas financeiras sábias, bem como abrange o conhecimento de termos, práticas, direitos, normas sociais, e atitudes que se fazem 4 necessárias para a compreensão e funcionamento dessas tarefas. Ou seja, refere-se à capacidade de um indivíduo fazer julgamentos bem informados e decisões efetivas sobre o uso e gerenciamento de seu dinheiro. Teixeira et al. (2010, p. 27) define a educação financeira como “a arte de aplicar os princípios e conceitos de finanças em auxílio à tomada de decisões financeiras pessoais”. Permitindo, assim, ao indivíduo condições de obter um resultado satisfatório em relação a suas finanças. A educação financeira pode ser definida ainda como “a habilidade que os indivíduos apresentam de fazer escolhas adequadas ao administrar suas finanças pessoais durante o ciclo de sua vida” (HILL, 2009 apud SOUZA, 2012, p. 29). Pode-se identificar que os próprios conceitos de educação financeira trazem consigo a importância do tema. Ou seja, ao analisar os conceitos de educação financeira, percebe-se que está embutida a relevância de sua realização. É preciso, portanto, que o Estado disponibilize meios para concretizar a alfabetização financeira. Um dos meios encontrados pelo Brasil foi a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída pelo Decreto nº. 7397, de 22 de dezembro de 2010, com a finalidade de “promover a educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores” (BRASIL, 2010). Na literatura existente, o tema encontra-se, geralmente, vinculado a escola e a família (Cássia D’Aquino, por exemplo), que por sua vez são agentes importantes para a concretização de tal fim. Torna-se, impossível, no entanto, pensar a respeito do conhecimento de tais práticas sem pensar em um espaço para desenvolvê-las. Assim, se pensar que “boa parte da vida do cidadão ele passa nos bancos escolares buscando se desenvolver como ser humano e obtendo conhecimento para mais tarde entrar no mercado de trabalho” (PETER; PALMEIRA, 2013, p. 1), compreende-se que a escola seja um lócus privilegiado para possibilitar o conhecimento sobre os mais diversos conteúdos relevantes para a vida dos cidadãos, dentre os quais, inserem os assuntos relacionados à educação financeira. Carvalho (2010) apud Theodoro, Gindro e Colenci Junior (2010) também afirma que a escola é o lugar ideal para a implantação de uma nova cultura financeira. Contudo, também não há como delegar a função da educação financeira para a escola sem que essa receba apoio para o desenvolvimento de tal tarefa. É necessário, portanto, refletir sobre o papel do Estado a esse respeito. O Código de Defesa do Consumidor (1990) coloca que o Estado possui o dever de proporcionar a Educação Financeira através de órgãos específicos. Segundo Teixeira et al. (2010) o Estado encontra- 5 se ausente e apático, não contribuindo para a disseminação do conteúdo de educação financeira nas escolas. É preciso, ainda, compreender que a família também possui responsabilidades na educação financeira. Não há um consenso entre os autores que estudam o tema se a responsabilidade de educar financeiramente cabe à família ou a escola, entretanto, é elucidativo que estas duas esferas são complementares nessa tarefa. Ewald (2010) defende que a família é a principal responsável pela educação financeira, sobretudo por ser quem oferece exemplos. Porém, nem sempre a família, por si própria, possui condições para realizar a alfabetização financeira. Sendo assim, Ewald (2010) reconhece que a escola ao criar e desenvolver projetos de educação financeira deve, primeiramente, reunir os pais, apresentar a proposta de trabalho e mostrar que o exemplo vem de casa. Desse modo, fica claro que a família deve receber da escola o apoio necessário para desenvolver a sua função, aprendendo com essa a como lidar com os filhos nas situações que envolvem finanças e orçamento doméstico. É imprescindível que haja uma articulação entre as três dimensões no processo de alfabetização financeira, na qual o Estado deva oferecer apoio para as escolas, com relação à ampliação e capacitação de recursos humanos bem como um aparato legal, entre outros; a escola, por sua vez, consiga efetivar a alfabetização financeira, enquanto uma disciplina contínua durante toda a vida escolar, desde o ensino fundamental até o médio e, possa, dessa forma, inserir a família no contexto para que a mesma adquira a possibilidade de vivenciar, conjuntamente, aquilo que é transmitido aos seus filhos e seja capaz de também educá-los financeiramente no ambiente doméstico. 2.2 A importância da educação financeira nas escolas A importância da educação financeira nas escolas é um tema em discussão atualmente, principalmente a pretensão de incluir a disciplina na grade curricular das escolas públicas através do programa do governo ENEF, em 2010, visto que algumas escolas particulares já adotam o método de ensino (Site Vida e Dinheiro). O modelo educacional atual é discutido por alguns especialistas financeiros que enxergam a falta de conhecimento financeiro por parte dos brasileiros, dentre os motivos está o método de ensino. "Nos cinco séculos de história de nossa cultura, a busca pela prosperidade foi tida como uma exclusividade da nobreza. Falar sobre dinheiro não fazia sentido, mesmo porque o dinheiro disponível aos brasileiros nunca permitiu fazer escolhas" (CERBASI, 2013 apud ABREU, 2013, p. 12). 6 A importância da educação financeira está em formar profissionais conscientes e capacitados para o mundo moderno, porém não é o quadro atual da economia tanto no Brasil quanto no mundo. Kioyosaki (2000, p. 81): Como os estudantes deixam a escola sem habilidades financeiras, milhões de pessoas instruídas obtêm sucesso em suas profissões, mas depois se deparam com dificuldades financeiras. Trabalham muito, mas não progridem. O que falta em sua educação não é saber como ganhar dinheiro, mas sim como gastá-lo (...). Essas pessoas muitas vezes trabalham mais do que seria necessário porque aprenderam a trabalhar arduamente, mas não como fazer o dinheiro trabalhar para elas. O que se percebe no mundo hoje é exatamente isso, pessoas instruídas com um currículo profissional de certo modo invejável, porém sem habilidades financeiras adequadas para se estabilizarem e obter a independência financeira desejável. Por isso a importância das escolas aderirem o projeto de educação financeira nas salas de aula. Hoje tem o método de ensino DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar), criado pelo educador financeiro Reinaldo Domingos em 2008, com objetivo de expandir a educação financeira no Brasil e desenvolver jovens capacitados para o futuro (Site DSOP). Com parceria junto ao ENEF, a DISOP Educação Financeira tem obtido resultados significativos tanto nas escolas particulares quanto nas públicas, em um teste realizado com mais de 150 escolas em 2009 (Site DSOP). A preocupação com a inadimplência brasileira é outro ponto positivo para ensinar os jovens sobre o dinheiro e o consumo consciente, e assim evitar outra geração de endividados no país. Segundo dados divulgados pelo Portal Terra (2014) 62% das famílias têm algum tipo de dívida e por isso a melhor opção para o Brasil é focar na educação financeira das crianças e jovens. Em maio de 2014 o Ministério da Educação anunciou o projeto de educação financeira nas escolas, viabilizando cerca de 2.962 escolas públicas de ensino médio até 2015 (Site OABPrev Paraná). Em base nisso Domingos (2014) avalia que "a educação financeira é imprescindível para construir um país mais realizador de sonhos" e ainda "não é finanças, nem exatamente apenas poupar. É mais do que cálculos e matemática, é sobre hábitos, costumes e comportamentos.”. Porém é importante ressaltar qual será o método de ensino e quem irá aplicá-lo, já que o professor responsável deve ser o exemplo daquilo que repassa aos alunos, ou seja, praticar a educação financeira para poder ensinar CALIL (2013) apud ABREU (2013). Afinal, 7 os alunos necessitam de educadores financeiros eficientes e preparados para que desenvolvam a própria inteligência financeira. A implantação da educação financeira em si, tem uma nova metodologia de ensino que além de beneficiar os alunos também ajuda os professores e os pais, gerando uma sociedade unida e consciente para o Brasil. E o importante é a proximidade da escola e da família na educação do jovens, sendo cada esfera um complemento para o desenvolvimento financeiro dos mesmos e para um futuro próspero e sadio. Esta inclusão da educação financeira na grade curricular, também revela um novo processo de ensino que começa no país, visto a preocupação com o futuro da economia e com o comportamento destes novos agentes econômicos que em breve ingressarão no mercado financeiro. 2.3 Planejamento Familiar e os meios utilizados para conscientização e educação financeira dos filhos A história econômica brasileira não favorece o ensinamento da educação financeira, não há o hábito da conversa sobre dinheiro, investimentos e planejamento com filhos. A realidade de nossos pais e avós era bem diferente da que se vive atualmente. Não havia possibilidade de se criar um planejamento financeiro, pois com a inflação nem sabiam o valor do salário do mês seguinte. Só se tornou possível planejar em longo prazo posteriormente ao Plano Real. A rotina do dinheiro só era necessária após certa idade, com o trabalho. Não havia instrução financeira e essa falta de noção é prejudicial à vida da criança, podendo dificultar toda sua vida. Segundo Vilhena (2011) “aprendizagem é o caminho mais eficaz para que seu pequeno se transforme em um adulto capaz de lidar com o dinheiro de uma forma inteligente”. Para a autora os pais são os maiores responsáveis pelo aprendizado da criança. De acordo com a autora: “Não foi possível ou não sabíamos da importância de cuidar da inteligência financeira de nossos jovens e crianças. Ainda assim, com o tempo ele acabará aprendendo as melhores condutas e os comportamentos financeiros adequados, mas o caminho será mais difícil. Os erros, é claro, sempre ensinam.” Idem, (2011). Conforme Cerbasi (2013) as decisões com relação ao dinheiro devem ser discutidas e explicadas para as crianças. A inicialização das crianças na educação 8 financeira deve ser iniciada cedo, não existe uma idade certa, porém o exemplo e a explicação têm que estar sempre presentes. Por exemplo, ao realizar uma compra à vista deve-se explicar o porquê de esperar um pouco mais para o acúmulo do dinheiro para a compra. O comportamento financeiro dos pais é imprescindível na formação da criança, afinal, devem dar o exemplo. Se você não economiza água, seu filho não economizará. Para o autor “não adianta exigir dos filhos que guardem dinheiro no cofrinho se os pais não têm também seu cofrinho – mesmo que acumulem menos que os filhos. Não adianta pedir para economizar energia elétrica e deixar as luzes acesas na casa inteira” (Idem, 2013, p. 102). A imposição de limites é também um aliado à formação do filho. Regras para consumo de produtos caros e supérfluos deverão ser estabelecidas, e também deverão ser seguidas pelos pais. Assim, deve-se evitar a compra destes, a título de exemplo, a compra de um vídeo game em uma data não comemorativa. “Para uma criança de 3 anos, ganhar um carrinho com controle remoto pode ser tão bom quanto ganhar uma bola ou um skate” (Idem, 2013, p. 100-101). O contato com o dinheiro desde cedo ajudará no entendimento do mesmo pela criança, porém o conceito de mesada deverá ser discutido entre pais e filhos de acordo com suas necessidades e possibilidades. De acordo com a maturidade do filho defina pagamentos quinzenais, para crianças menores, ou mensais, para os mais velhos. O filho deverá se organizar para que o dinheiro não acabe antes do prazo, e caso ocorra terá de se reorganizar para que no próximo período não aconteça novamente. A mesada não deverá ser utilizada como forma de punição, caso, por exemplo, o filho desobedeça ou tire nota baixa. Porém, métodos como “bônus” por algum ato bem sucedido, como passar de ano. Com base em seu acompanhamento da educação infantil Cerbasi (2011) criou o quadro abaixo, que mostra o comportamento do filho para cada faixa etária: Quadro 1 – Características de cada fase da criança/adolescente 9 É responsabilidade dos pais, juntamente com a escola, formar cidadãos capazes de controlar seu orçamento e sua vida adequadamente, utilizando os meios como sites especializados e livros. Porém, também é dever de todos os pais oferecer uma educação 10 baseada no amor, carinho, paciência, perseverança e dedicação para formação de adultos responsáveis tanto social quanto financeiramente, contribuindo para o futuro de nosso país. 3 Procedimentos Metodológicos O presente trabalho caracteriza-se pela pesquisa bibliográfica, na qual para Gil (2002) “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. (Gil, 2002, p.45) Poderá fazer uso também, da Pesquisa Documental, que constitui-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, tais como relatórios, decretos, leis, regimentos (GIL, 2009). Quanto à abordagem utiliza-se a pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa se opõem ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa. (Goldenberg, 1999 apud Gerhardt, Silveira, 2009, p. 31-32). Na Unespar Campus Apucarana, no ano de 2013 foi desenvolvido um projeto de extensão e iniciação científica sobre Economia Doméstica, que envolveu alunos dos cursos de administração e ciências econômicas. Com o objetivo de mostrar o que é, e quais os benefícios da educação financeira na vida de cada um. 4 Resultado e Discussão Analisando o tema abordado, fica evidente a implantação da educação financeira na vida dos jovens e o quanto pode refletir em seu futuro, tornando-os adultos conscientes e independentes financeiramente. O Brasil ainda é um país arcaico no que diz respeito à 11 educação financeira, embora tenha enfatizado o tema recentemente e implantado o projeto com auxilio do ENEF e DSOP junto ao Ministério da Educação. Este processo de implantação está ligado às três esferas importante, o Estado, a Escola e a Família. Sendo função de o Estado auxiliar a implantação nas escolas, dando todo o suporte e infraestrutura para as instituições de ensino e para os professores, já as escolas cabe a responsabilidade de ensinar os métodos financeiros, através de aulas práticas e projetos e ainda fazer o acompanhamento desde os primeiros anos até o ensino médio. Já a família fica incumbida de garantir que o aprendizado do filhos na escola seja posto em prática, e ainda fortalecer a educação financeira dentro do ambiente familiar e complementando o ensino desenvolvido pela escola, para isso deverá acompanhar a educação dos filhos junto aos professores. 4.1 Projeto de Extensão de Economia Doméstica na Unespar Campus de Apucarana Com objetivo de auxiliar a comunidade, foi elaborado, em 2013, um projeto de extensão em Economia Doméstica na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) no Campus de Apucarana que visava, em primeira instância, fomentar um trabalho junto aos colégios de ensino fundamental e médio da cidade. Este trabalho seria efetuado com os alunos para conscientizá-los e educá-los financeiramente abordo do Orçamento Doméstico. No final do ano foi promovido no Colégio Osmar Guaracy Freire, do Núcleo Habitacional Adriano Corrêa, a iniciação de educação financeira voltada para o planejamento doméstico, onde teve participação dos alunos que receberam noções de como elaborar um orçamento familiar, respeitando as particularidades financeiras de cada família. Para a realização do projeto, foi elaborado cartilhas explicativas com dicas de consumo consciente e entregues aos estudantes para lerem e levarem para seus país, com o intuito participarem do orçamento familiar no âmbito doméstico, e também foi realizado uma dinâmica em sala de aula para que os alunos retratassem bem a importância do consumo consciente e da organização da finanças dentro de suas possibilidades. Os resultados foram positivos tanto para a escola, por conseguir criar a conscientização dos alunos, quanto os jovens e suas famílias que conseguiram levar para casa as lições aprendidas no projeto e praticá-las com os pais. O retorno também foi gratificante para os estudantes que elaboram o projeto junto a comunidade, pois enxergaram a importância de repassar seus conhecimentos para as crianças, gerando assim, uma sociedade adepta ao controle financeiro e a prática da conscientização. Para este ano de 2014, o projeto de Extensão tem a perspectiva de ir além da iniciação efetuada neste colégio de ensino médio. O foco será jovens de 17 a 30 anos de 12 idade com interesse em educar-se financeiramente, através de mini cursos gratuitos sobre educação financeira, planejamento financeiro e noções de investimentos. E ainda a realização de um estudo de caso referente ao comportamento dos estudantes da Unespar de Apucarana analisando sua relação com finanças e endividamento. 4.2 Educação Financeira e a importância para sociedade A educação financeira para sociedade tem relevado a sua importância, principalmente na conscientização que atinge os indivíduos a cumprirem seus deveres no âmbito social e a fazerem planejamentos. Pessoas educadas financeiramente não tem preocupação com inadimplência e sabem distribuir melhor a sua renda, pois efetuam as compras necessária para o consumo sem esquecer dos seus compromissos financeiros, (BACEM, 2008). O beneficio gerado pela educação financeira ao país atinge toda a sociedade, desde que seja contínua e melhorada. Por isso a importância de ser praticada pelos jovens com incentivo da escola e da família, pois se esta educação for permanente em sua vida irá causar consequências boas não só para o próprio futuro, mas também para o futuro de toda nação. Se for caracterizado ao jovem este comportamento financeiro sadio, isto se torna sua rotina e consequentemente aplicada diariamente. É esta conscientização que os jovens devem adquirir desde o começo de suas vidas, a prática leva a independência financeira e melhora o quadro econômico nacional. 5 Considerações Finais O presente trabalho abordou a temática da Educação Financeira, de forma a analisar como Estado, Escola e Família podem contribuir na formação de cidadãos economicamente conscientes. A relevância desta pesquisa justifica-se pelo fato de que a temática a ser abordada, embora de extrema importância para a vida de qualquer cidadão, não vem sendo realizada para toda a sociedade de forma ampla, nem mesmo no âmbito escolar, o qual por ser o local onde os indivíduos, geralmente, passam a maior parte de sua vida, é o espaço privilegiado para a socialização de saberes. Contudo, a escola não é o único agente na tarefa da alfabetização financeira, família e Estado também são chamados a contribuir para tal processo, o que denota que cada instituição possui um papel importante no que diz respeito à tomada consciente de decisões financeiras. 13 Esse é o intuído do projeto de Economia Doméstica da UNESPAR, mostrar aos jovens e adolescentes que a educação financeira é um aprendizado diário e não somente pelos pais e nem somente pelas escolas, mas sim por ambos, pois juntos se completam. Na escola temos o acompanhamento pedagógico e em casa os pais usam dos melhores meios de se aprender com mesada, cofrinho, exemplos diários como forma de incentivo e aprendizado. Acredita-se que essa seja a base para o desenvolvimento de um adulto consciente e responsável socialmente e financeiramente. Portanto, a análise se restringiu a verificar os papéis de cada uma das instituições, tendo como objetivo analisar de que forma as mesmas, articuladas, podem contribuir para a formação de cidadãos economicamente conscientes. Contudo é de extrema importância que estes três pilares: Escola, Família e Estado assumam seus papéis para que de fato a educação financeira se concretize. 14 REFERÊNCIAS ABREU, Isabella. Falta de Educação Financeira: Estudo aponta que o brasileiro desconhece princípios básicos de Finanças e Investimentos. Rio de Janeiro: Revista RI, 2013, p. 10-16. AGÊNCIA BRASIL. Educação financeira chegará a escolas públicas até 2015. Mai. 2014. Disponível em: http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-12--2520140506&tit=educacao+financeira+chegara+a+escolas+publicas+ate+2015. Acesso em: 17 jul. 2014. ARAÚJO, Fábio de Almeida Lopes; SOUZA, Marcos Aguerri Pimenta de. 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