UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADE CATARATAS
FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
EMISSÃO DE MONÓXIDO DE CARBONO EM FORNALHA PELA QUEIMA DE
LENHA DE EUCALIPTO, SANTA FE DEL PARANÁ, PARAGUAI
MARCOS GIACOMELLI ALBINO
Foz do Iguaçu - PR
2009
I
MARCOS GIACOMELLI ALBINO
EMISSÃO DE MONÓXIDO DE CARBONO EM FORNALHAS PELA QUEIMA DE
LENHA DE EUCALIPTO, SANTA FE DEL PARANÁ, PARAGUAI
Trabalho
Final
de
Graduação
apresentado à banca examinadora da
Faculdade Dinâmica de Cataratas –
UDC, como requisito parcial para
obtenção de grau de Engenheiro
Ambiental.
Orientadora: Ana Carolina B. Kummer,
Ms.
Foz do Iguaçu – PR
2009
II
TERMO DE APROVAÇÃO
UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
EMISSÃO DE MONÓXIDO DE CARBONO EM FORNALHAS PELA QUEIMA DE
LENHA DE EUCALIPTO, SANTA FE DEL PARANÁ, PARAGUAI
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL
Aluno: Marcos Giacomelli Albino
Orientadora: Ana Carolina Barbosa Kummer
Conceito Final
Banca Examinadora:
Prof. Douglas Guedes Batista Torres
Prof. Elisandro Pires Frigo
Foz do Iguaçu, 27 de novembro de 2009.
III
Dedico este trabalho a, Natanaelen pela paciência, pelo amor e pelo auxilio
concedido nessa jornada.
IV
AGRADECIMENTOS
À Deus, que sempre iluminou a minha caminhada.
A minha orientadora Ana Carolina Barbosa Kummer pelo estímulo e atenção
que me concedeu durante esses últimos semestres
Aos meus pais pelo esforço a mim dedicado e por concederem o
empreendimento para estudo
Ao meu irmão Giovani Giacomelli Albino pelo apoio técnico.
Ao Professor Éderson Laurindo pelo material concedido.
A Karina Mireia Heidgger pelo apoio técnico, pelo material concedido e pelo
tempo disponibilizado.
A todos os meus familiares e amigos pelo apoio e colaboração.
Agradeço também aos meus professores que no decorrer do curso estiveram
me auxiliando e enriquecendo meu conhecimento.
V
“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”.
Confúcio
VI
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................
ABSTRACT..............................................................................................................
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................
2. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................
2.1 Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos.....................
2.2 Secagem de Grãos................................................................................
2.2.1 Fornalha a Lenha............................................................................
2.3 Lenha.....................................................................................................
2.3.1 Lenha de Eucalipto..........................................................................
2.4 Monóxido de Carbono (CO)...................................................................
2.4.1 Problemas do Monóxido de Carbono a Saúde................................
2.4.2 Poluição Atmosférica do CO............................................................
3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................,.......................
3.1 Caracterização da área de estudo........................................................
3.2 Processo Produtivo...............................................................................
3.3 Fornalha................................................................................................
3.4 Umidade da Lenha................................................................................
3.5. Medição da emissão de CO.................................................................
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................
4.1 Umidade da lenha.................................................................................
4.2 Medição de emissão de CO..................................................................
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.........................................................................
APÊNDICE...............................................................................................................
9
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35
37
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43
46
VII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Informação sobre o poder calorífico inferior (pci) da lenha......................
Tabela 2: Quantidade de lenha e energia necessária para a secagem de alguns
produtos agrícolas, em função dos seus teores de água na colheita e
armazenagem.............................................................................................
Tabela 3: Teor de umidade da lenha de eucalipto...................................................
Tabela 4: Medição da emissão de CO no exaustor da fornalha..............................
Tabela 5: Medição da emissão de CO no exaustor da fornalha..............................
21
23
36
38
38
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos.....................
Figura 2: Passagem de ar pela fornalha, ciclone e secador..................................
Figura 3: Sonda do aparelho testo 335....................................................................
Figura 4: Aparelho medindo a emissão de gases no exaustor da fornalha e do
secador....................................................................................................................
Figura 5: Gráfico com análise da primeira análise da emissão de CO....................
Figura 6: Gráfico do comportamento da emissão da segunda análise....................
29
31
33
34
40
40
IX
ALBINO, Marcos Giacomelli. Emissão de Monóxido de Carbono em Fornalha pela
Queima de Lenha de Eucalipto, Santa Fé del Paraná, Paraguai. Foz do Iguaçu,
2009. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Engenharia Ambiental) Faculdade Dinâmica de Cataratas.
RESUMO
O monóxido de carbono (CO) é um dos poluentes gasosos mais encontrados nas
grandes cidades. Este trabalho teve como objetivos avaliar a quantidade de
monóxido de carbono emitido na secagem de grãos em uma unidade de
processamento e armazenamento de grãos; analisar se a queima da lenha esta
sendo completa; e verificar se a emissão de CO está sendo prejudicial ao meio
ambiente. Para isto foi determinado a umidade da lenha utilizada como fonte de
energia à fornalha, e medido a emissão de CO. A emissão da primeira medição
atingiu o pico máximo de 56 ppm e da segunda medição foi de 52 ppm, ficando
abaixo dos parâmetros máximos permitidos pela legislação ambiental brasileira. A
umidade da lenha ficou na média de 24% A emissão de CO esta baixa, porém
devido aos problemas que o CO pode causar tanto ao homem como à natureza, é
importante que ela seja o mínimo possível para que a queima seja completa, pois
sua emissão esta ligada à eficiência da queima do combustível, ao
dimensionamento da fornalha, a umidade da lenha, e a quantidade de oxigênio.
Palavras-Chave: poluição atmosférica – combustão – secagem de grãos.
X
ALBINO, Marcos Giacomelli. Carbon monoxide emission in firewood burning oven by
eucalyptus, Santa Fé del Paraná, Paraguay. Foz do Iguacu, 2009. Completion of
course work (Bachelor of Environmental Engineering) - Faculdade Dinâmica de
Cataratas.
ABSTRACT
Carbon monoxide (CO) in addition to being one of the most hazardous toxic
breathing, is one of gaseous pollutants found in large cities. This work was goals to
assess the amount of carbon monoxide emitted in grain drying in a unit of processing
and storage of grain; examine whether burning firewood are complete; and verify that
the issue of CO is being detrimental to the environment. The CO emission
measurement was made through the appliance combustion gas analyser, with two
testo 335 measurements of a time, has also been given humidity firewood. The issue
of first measurement peaked maximum 56 ppm and second measurement was 52
ppm, and below the maximum permitted parameters by Brazilian environmental
legislation. Humidity firewood was average 24%. CO emission, but this low due to the
problems that can cause both man and nature, it is important that it is possible to
complete the burning, since its issuance this linked to fuel combustion efficiency, the
furnace sizing, humidity firewood and the quantity of oxygen.
Keywords: air pollution – combustion – grain drying.
11
1. INTRODUÇÃO
Uma unidade de processamento e armazenamento de grãos é um
aparelhamento destinado a receber e conservar os grãos, até serem vendidos,
conforme a demanda do mercado.
Na produtividade agrícola, a pós-colheita de grãos é um dos vários
setores que demandam energia e necessitam se enquadrar na situação energética
mundial; e dentro da pós-colheita agrícola, a secagem é o de maior consumo
energético. A disponibilidade de energia para a secagem constitui uma preocupação
para todos da área, devido à escassez dos recursos naturais: petróleo, lenha, entre
outros, e conseqüentemente, a alta de preço dos mesmos (KLAUTAU, 2008).
A lenha é um combustível utilizado como fonte de energia para
diversos fins, na indústria alimentícia em fornalhas e caldeiras, nas termoelétricas,
em casas para aquecer o ambiente e em fogões a lenha, isso se deve ao baixo
12
custo e a facilidade de extração. É um combustível muito utilizado pelos países
subdesenvolvidos, se for extraído de forma racional é uma fonte de energia
renovável.
O monóxido de carbono é um gás gerado pela queima incompleta de
combustíveis. No organismo humano se for inalado em pequenas quantidades
durante um longo período, pode causar falta memória, dores de cabeça, mal de
Parkinson a longos prazos e se inalado em grande quantidade por um curto período
de tempo pode causar asfixia, levando a morte. Na atmosfera ele é um dos gases
que contribuem indiretamente pelo smog fotoquímico e o efeito estufa.
Nesse sentido este trabalho teve como objetivos avaliar a
quantidade de monóxido de carbono emitido na secagem de grãos em uma unidade
de processamento e armazenamento de grãos; analisar se a queima da lenha esta
sendo completa; e verificar se a emissão de CO está sendo prejudicial ao meio
ambiente.
13
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos
O armazenamento de grãos a granel é a forma mais comum de se
armazenar grãos atualmente, devido aos avanços tecnológicos disponíveis aos
produtores, como colhedoras e estruturas de armazenamento e secagem de grãos.
Essa forma de armazenamento é apropriada para produções em maior escala e
pode ser feita em silos aéreo ou subterrâneo, e em armazéns em sistema hermético
(FONSECA, 2006).
O silo é o método mais seguro de armazenamento, permitindo maior
controle da qualidade, devido à facilidade de associação com sistemas de secagem
com ar forçado. Pode ser vertical ou horizontal, de acordo com a proporção
altura/largura (FONSECA, 2006).
14
Existe uma tendência mundial em depositar grãos em silos
horizontais, devido à maior facilidade de aeração e transilagem, que é a
movimentação da massa de grãos de um local para outro dentro do silo, que
conseqüentemente aumenta a vida útil dos grãos armazenados. É uma forma mais
eficiente e mais rápida na conservação de grandes montantes de grãos. Esse
sistema permite a mecanização e automação da carga e descarga, facilitando a
operação dos mecanismos de manejo de grãos (SILVA, 2002).
Puzzi (2000) ressalta que o armazenamento na propriedade,
realizado em boas condições técnicas, permite ao produtor guardar o produto, pois
logo após a colheita os preços ficam baixos devido à grande oferta, melhora também
a qualidade e regularidade de oferta para o consumidor, com reflexos diretos na
estabilidade dos preços.
Segundo o mesmo autor dentro da terminologia usada nos estudos
de armazenamento emprega-se, genericamente, a palavra grãos, a qual abrange os
cereais, grãos leguminosos secos, grãos oleaginosos, grãos de café e outros grãos
secos alimentícios.
Antes de serem armazenados, os grãos passam por diversas
etapas. O processamento tem início na pré-limpeza onde são retiradas as impurezas
na massa de grãos. Depois vão para um secador de grãos onde são submetidos à
correntes de ar aquecido por geradores de calor (fornalhas). Após a limpeza e
secagem, o produto é transportado para o interior do armazém através de
elevadores e correias transportadoras (BARRELLA e BRAGATTO, 2001).
Para que o produto seja conservado adequadamente é necessário a
realização de operações que visam otimizar o processo de armazenagem. É
realizada a medição da temperatura da massa de grãos através de um conjunto de
15
sensores distribuídos simetricamente no interior do silo. Também há o tratamento
fitossanitário e higienização do armazém que busca prevenir o aparecimento de
insetos e eliminá-los, além de evitar a presença de roedores (FETT e RODEL, 2007).
2.2 Secagem de Grãos
A secagem de grãos é a operação que tem por finalidade reduzir o
teor de umidade do produto, a nível adequado à sua estocagem, por um período
prolongado. Constitui a principal operação, no sentido de se obter um produto de
boas características (PUZZI, 2000).
Segundo Afonso Jr et al. (2006) entre os diversos fatores que
influenciam na preservação da qualidade dos produtos agrícolas, o teor de água do
produto é um dos principais elementos a serem considerados.
No processo de secagem é diminuída a disponibilidade de água para
o desenvolvimento de fungos e bactérias. O teor de umidade corresponde à relação
percentual entre a massa de água presente e o peso total do produto. A meta maior
da armazenagem é a conservação da matéria seca. Para as condições brasileiras, o
teor de umidade ideal para a armazenagem de grãos e sementes é de 13%. Este
valor foi estipulado por estabilizar a atividade aquosa do produto e assim inviabilizar,
principalmente, o desenvolvimento de fungos e bactérias (WEBER, 2005).
O principio básico da secagem mecânica esta na capacidade de
secagem do ar ambiente aquecido que é forçado entre os grãos. O ar ambiente,
quando aquecido pelo secador faz pressão do vapor d’água existente nos grãos, e é
aumentada pelo aquecimento do produto, facilitando, assim, a saída da umidade.
16
Parte do calor do ar secante proporciona um aumento da temperatura do produto
(calor sensível) e parte fornece o calor necessário para a vaporização da água
contida nos grãos (calor latente), aumentando-se a temperatura do ar ambiente, a
sua umidade relativa diminui e, consequentemente, sua capacidade de absorver
umidade aumenta (PUZZI, 2000).
No processo de secagem, para que a água possa ser removida do
grão, torna-se necessário o fornecimento de certa quantidade de energia ao produto,
quantidade essa que dependerá do produto e dos seus teores iniciais e finais de
água. A escolha de um sistema mais adequado de secagem, independentemente do
produto a ser trabalhado, requer prévio estudo do custo da energia gasta no
processo para atingir os níveis de água desejados (AFONSO JR et.al. 2006).
Para a realização do processo de secagem artificial quase sempre é
necessário aumentar o potencial de secagem do ar. E isto é feito com o aumento da
temperatura do ar. Para isso são empregadas fornalhas, que devem ser
dimensionadas para garantir a combustão completa dos combustíveis (SILVA,
2005).
Um secador mecânico é composto de uma câmara, onde os grãos
ficam depositados, para o ar aquecido passar por eles, um centro produtor de calor,
onde o combustível é queimado, para aquecer o ar, e um sistema de ventilação, que
força o ar quente na massa de grãos. O combustível, mais freqüente, é o óleo
mineral ou gás, mas também, existem secadores que utilizam lenha ou carvão.
(PUZZI, 2000).
17
2.2.1 Fornalha a Lenha
As fornalhas fazem parte dos secadores e é o local em que se dá a
queima do combustível para a geração do calor necessário ao processo de
secagem; são projetadas de forma adequada para cada tipo de combustível a ser
utilizado e dimensionadas para a quantidade de calor a ser gerado por hora
(WEBER, 2005).
A combustão nessas fornalhas geralmente é incompleta, não libera
toda a energia química disponível e há emissão de monóxido de carbono, materiais
particulados e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, comprometendo assim a
qualidade dos grãos. A boa eficiência exige a queima completa do combustível,
associada à máxima transferência de calor. É necessário dosar corretamente o ar de
combustão, promover boa mistura desse ar com os gases combustíveis, criar
condições para a circulação turbulenta dos gases e reduzir a perda de calor para o
ambiente (KLAUTAU, 2008).
Na produção e processamento de produtos agrícolas, 60% da
energia são utilizadas na secagem. O baixo rendimento das fornalhas constitui uma
característica intrínseca das mesmas, exigindo por muito mais razão seu manejo de
forma otimizada (DONZELES et al., 2003).
As
fornalhas
devem ser
dimensionadas para possibilitar
o
aquecimento do combustível para que seja atingida a temperatura de ignição de
forma auto-sustentável, promover a mistura do ar com o combustível a uma
dosagem ideal e propiciar a retenção dos gases oriundo da queima do combustível
por um intervalo tempo, de tal forma, a ocorrer à combustão completa. Isto porque
estes gases ao sofrer combustão também liberam energia calorífica (SILVA, 2005a).
18
A maioria das fornalhas a lenha não dispõem de mecanismo de
controle do processo de combustão, requerendo então supervisão constante do
operador e, na maioria das vezes, são operadas inadequadamente. O manejo
inadequado de fornalhas favorece a combustão incompleta, a contaminação do
produto por resíduos da combustão presentes no ar de secagem e, dificuldades para
a manutenção constante da temperatura do ar durante a secagem (DONZELES et
al. 2003).
Segundo Oliveira (2008) as fornalhas à lenha, ficaram muito mais
seguras, devido ao desenvolvimento de um sistema de quebra-chamas com desvio
de fluxos e direcionadores na forma de caracol.
Para que ocorra a combustão o combustível deve atingir a
temperatura de ignição, no caso da lenha essa temperatura é de 300 ºC, se a
temperatura for inferior, ocorrerá combustão incompleta, o que gera fumaça e carvão
em excesso. O combustível e os gases voláteis gerados devem permanecer na
fornalha por um intervalo de tempo necessário para que ocorra a combustão
completa. O desenho da fornalha deve favorecer o movimento turbulento do ar.
Assim todo o combustível poderá ser envolvido pelo oxigênio presente no ar. Deste
modo, a reação de combustão ocorrerá de forma ideal (SILVA, 2005a)
2.3 Lenha
A biomassa é uma fonte de energia renovável e pode ser obtida
através do reflorestamento ou florestas nativas, é energia química, possui alta
19
densidade energética e tem facilidade de armazenamento. A principal fonte de
energia da biomassa é a lenha (KLAUTAU, 2008).
O termo biomassa engloba a matéria vegetal gerada através da
fotossíntese e seus derivados, tais como: resíduos florestais e agrícolas, resíduos
animais e a matéria orgânica contida nos resíduos industriais, domésticos e
comerciais (NOGUEIRA e LORA, 2003).
A lenha é um insumo energético que ainda desempenha um papel
importante na matriz energética brasileira (HENRIQUEZ, 2004). O manejo adequado
das florestas e o uso racional da madeira como energia podem promover a oferta de
energia renovável e de grande qualidade ecológica (GATTO, 2002).
A madeira verde tem acima de 40% de umidade, sendo que quando
estocada a sua umidade se reduz para 20% ou menos. O poder calorífico depende
da espécie da madeira e diminui com o conteúdo de umidade (HENRIQUEZ, 2004).
De acordo com FAO (1985) apud Gatto (2002), um metro cúbico
lenha seca ao ar (aproximadamente 15% de umidade) produz em torno de 10 kW h-1
de energia. Sabe-se também que aumentando o teor de umidade, maior será o
gasto de energia para secar a lenha no momento da queima e menor o rendimento
de energia produzido por um metro cúbico. Conseqüentemente, o melhor
aproveitamento da lenha será quando esta tiver a menor porcentagem de umidade
(GATTO 2002).
Segundo Weber (2005) a composição aproximada lenha seca é de
47,5% de Carbono, 6 % de Hidrogênio, 44% de Oxigênio, 1 % de nitrogênio e 1,5 %
de cinzas. O carbono e hidrogênio com boa participação na composição do ar e da
lenha são os maiores responsáveis pela formação de calor sendo que o enxofre
quase inexistente na lenha participa com uma pequena parcela e os demais
20
elementos não reagem com o oxigênio do ar sendo completamente inúteis e mesmo
prejudiciais.
Para Farinhaque (1981) apud Durlo et al. (2003) um bom
aproveitamento da combustão da madeira se dá com teores de umidade abaixo de
25%. Isso porque a madeira com teores acima de 25% não só reduz
acentuadamente a quantia de calorias, mas também a temperatura da câmara de
queima e a temperatura dos gases de escape. Além disso, o excesso de umidade
promove a formação de crostas de fuligem nos chaminés e no interior da câmara de
combustão.
Silva (2005a) cita as principais vantagens do uso de lenha como
fonte energia: menor custo por tonelada de energia, emprego de mão-de-obra não
qualificada, fácil armazenagem a céu aberto e a geração de baixos teores de cinza
de enxofre, alem disso é um combustível renovável. Porém apresenta as
desvantagens: fornecimento irregular, baixo poder calorífico, difícil automatização
das fornalhas e exigências ambientais que fazem requerer o uso racional, sendo
então, necessário o planejamento do cultivo e exploração.
Miller (2007) relaciona as vantagens e desvantagens em se queimar
a biomassa sólida como combustível. Entre as vantagens o autor destaca ao grande
potencial de suprimento em algumas áreas; custos moderados; ausência de
aumento do CO líquido se colhida e queimada de forma sustentável; plantação pode
ajudar a restaurar terras degradadas. As desvantagens do uso da biomassa são:
não renovável se colhida de maneira não sustentável; impacto de moderado a alto;
emissões de CO2 se colhida e queimada de maneira não sustentável; baixa
eficiência fotossintética; erosão do solo, poluição da água e perda do habitat
selvagem; plantações podem competir com as terras para cultivo (MILLER, 2007).
21
A energia liberada por uma quantidade de combustível não esta na
dependência exclusiva do material do combustível e do peso da massa disponível
para queima, mas o tipo de combustível ou no caso da madeira, do tipo de madeira
e a forma de apresentação fazem com que varie o poder calorífico que também varia
com a percentagem de umidade e outros aspectos, como na Tabela 01 que tem o
poder calorífico inferior do pinho, da serragem do pinho e dos cavacos de pinho. O
poder calorífico é a quantidade de calor liberada pela unidade de massa ou volume
do combustível submetido à combustão completa, o poder calorífico inferior (PCI), é
o utilizado no cálculo dos combustíveis para secagem de grãos (Weber, 2005).
Tabela 01: Informação sobre o poder calorífico inferior (pci) da lenha
COMBUSTÍVEL
DENSIDADE kg/m³
Pci
Eucalipto
3340
Cedro
3990
Canelinha
4010
Pinho
3300
Serragem de Pinho
300
2000
Cavacos de Pinho
500
2500
Fonte: Weber, 2005.
Durante a queima da lenha ocorre emissão gasosa. A reação de
combustão mais largamente utilizada na indústria é a que utiliza o oxigênio como
elemento comburente. Na combustão completa, há reação total do carbono com o
oxigênio, gerando como produtos dióxido de carbono, vapor d’água, óxidos de
enxofre e nitrogênio. Na combustão incompleta, parte do carbono não reage com o
oxigênio, produzindo, além dos compostos anteriores, monóxido de carbono
(PORTO 2006 apud ALMEIDA et al 2007).
22
Para uma queima completa, é necessário que a mistura do
combustível com o ar de combustão se dê com o ar em excesso. Mas a vazão deve
ser controlada, evitando um excesso de ar muito elevado que roubaria calor da
combustão e aumentaria o consumo de combustível. Ou seja, se a correta
proporção entre o ar e o combustível não for mantida, haverá insuficiência ou
excesso de ar, além do mínimo recomendável e, conseqüentemente perda de
eficiência no processo (TAPIA et al 2000 apud ALMEIDA 2007 et al.).
2.3.1 Lenha de Eucalipto
Por ser uma árvore de rápido crescimento e de fácil adaptação às
mais diferentes condições de solo e clima, o eucalipto plantado, passou a ser uma
alternativa racional contra a devastação das florestas nativas em diversas regiões do
planeta (EMBRAPA, 2003).
O investimento em produção de lenha de eucalipto, em áreas de
lavoura para suprimento de combustível para secagem da produção agrícola,
mostrou-se, de modo geral, viável economicamente e capaz de promover economia
nas despesas referentes ao consumo de combustíveis, uma vez que o custo de
produção da lenha se apresentou inferior ao preço médio de aquisição desse
combustível (AFONSO JR et al, 2006).
Na Tabela 2, são apresentadas as quantidades de energia e lenha
necessárias para secagem de diversos produtos agrícolas. Observa-se que produtos
com teores de água na colheita mais elevados requerem maior quantidade de
energia para a realização do processo de secagem e, conseqüentemente, mais
23
combustível para a evaporação da água contida no produto até o teor de água
adequado para armazenamento seguro (AFONSO JR et. al, 2006).
Tabela 2: Quantidade de lenha e energia necessária para a secagem de alguns
produtos agrícolas, em função dos seus teores de água na colheita e armazenagem.
Teor de
Teor de Água
Quantidade de
Energia Requerida
Água na
na
Lenha
para Secagem
Produto
Colheita
Armazenagem
Necessária
Agrícola
(%b.u.)
Café
(%b.u.)
(1.000 x kJ por
(m³ por
tonelada de produto
tonelada de
seco)
produto seco)
45
11
4.204,98
0,88
Milho
25
13
1.172,07
0,25
Arroz
20
13
640,98
0,13
Feijão
25
13
1.172,07
0,25
Soja
20
11
824,09
0,17
(coco)
Fonte: Afonso Jr et al., 2006.
Para produção de energia há interesse em mais altos teores de
lignina, de extrativos, de carbono orgânico e mais alta densidade básica da madeira.
A casca queima e carboniza da mesma forma que a madeira. Só que com menos
eficiência e resultados. A presença da casca nos resíduos ajuda a fornecer mais
biomassa, mas reduz o poder calorífico por cada unidade de peso seco da
biomassa. As cascas são ricas em minerais e possuem mais baixa densidade básica
que a madeira. Possuem menos carbono orgânico por unidade de peso seco
(FOELKEL, 2007).
24
2.4 Monóxido de Carbono (CO)
O CO é um gás perigoso, incolor, inodoro, sem sabor e não irritante
(LACERDA, 2005). Não somente contribui para a poluição atmosférica, como
também representa uma perda de energia. Na presença de excesso de ar, a
concentração de equilíbrio de CO em baixas temperaturas é desprezível, contudo,
em temperaturas de chama, o equilíbrio favorece a presença de CO (LAWN &
GOODRIDGE, 1987 apud CARVALHO JR e LACAVA, 2003).
O monóxido de carbono resulta da combustão incompleta dos
combustíveis e é um poluente primário formado na fonte de emissão. Os
combustíveis de biomassa são as principais fontes emissoras de CO, com 66% das
emissões em 1994. O principal combustível em termos de emissões de monóxido de
carbono é a lenha, com 38%, seguida da gasolina, com (27%) e do álcool etílico
(11%) (MCT, 2006).
Além de ser um dos mais perigosos tóxicos respiratórios, é um dos
poluentes gasosos mais encontrados nas grandes cidades, a principal fonte de
emissão são os motores dos veículos em atividade (BRANCO E MURGEL, 2004).
Dados recentes sobre concentrações de CO relatam que a presença
média no ambiente é em média 50 a 120 partes por milhão (ppm) no ambiente. Os
valores são maiores no hemisfério norte do que no hemisfério sul e o nível flutua
igualmente de acordo com as estações do ano, onde no verão os valores são mais
baixos (IPCS, 1999 apud LACERDA et al., 2005).
25
2.4.1 Problemas do Monóxido de Carbono a Saúde
Os estudos consagrados à exposição humana demonstram que o
gás do escapamento dos veículos à combustão é a fonte mais freqüente de altas
concentrações de CO (LACERDA et al., 2005).
O CO desprende-se juntamente com o gás carbônico (CO2), vapor
de água (H2O) e fuligem, resultantes da combustão de madeira, carvão mineral,
petróleo ou outro combustível orgânico. Numa combustão o volume de monóxido de
carbono formado depende do volume de oxigênio fornecido. As queimas com pouco
oxigênio geram maior quantidade de CO, como de fuligem (BRANCO E MURGEL,
2004).
Como técnica para reduzir emissões de CO deve-se procurar operar
com certo excesso de ar e, sempre que possível incrementar a taxa de mistura entre
combustível e ar (CARVALHO JR e LACAVA, 2003).
No organismo humano ele combina rapidamente com a hemoglobina
do sangue, formando a carboemoglobina, no processo de respiração. Dessa forma,
ao tomar o lugar do oxigênio que deveria ser transportado pela hemoglobina até as
células, ele produz a asfixia (BRANCO E MURGEL, 2004).
A existência de uma intoxicação crônica ao CO resultante de uma
exposição prolongada a baixas concentrações pode ocasionar efeitos tóxicos
cumulativos como insônia, cefaléia, fadiga, diminuição da capacidade física,
tonturas, vertigens, náuseas, vômitos, distúrbios visuais, alterações auditivas,
doenças respiratórias, anorexia, síndrome de Parkinson, isquemia cardíaca,
cardiopatias e arterosclerose (IPCS, 1999 apud LACERDA et al., 2005)
26
2.4.2 Poluição atmosférica por CO
O CO contribui para a formação do smog fotoquímico, que é
caracterizado como uma neblina de cor amarela amarronzada que se deve à
presença no ar de pequenas gotas de água contendo produto derivados de reações
químicas ocorridas entre os poluentes do ar. O smog apresenta com freqüência, um
odor desagradável devido a alguns de seus componentes. Os produtos
intermediários e finais das reações que ocorre no smog afetam a saúde humana de
maneira séria e podem causar danos às plantas, aos animais e a alguns materiais
(XAVIER, 2004).
Segundo Baird (2002)
os
reagentes mais
importantes
nas
ocorrências de smog fotoquímico são o óxido nítrico e os hidocarbonetos, que são
poluentes emitidos no ar, provenientes da queima incompleta dos motores de
combustão interna e de outras fontes.
O CO também contribui para o efeito estufa, apesar de não ter um
efeito direto, ele influencia na formação e destruição do ozônio, que tem a
propriedade de adsorver o efeito da radiação terrestre (XAVIER, 2004).
No efeito estufa a energia da radiação eletromagnética emitida pelo
sol atinge a atmosfera, principalmente na forma de radiação luminosa, e uma parte
menor de infravermelha e ultravioleta. Parte da radiação é refletida pela atmosfera,
parte é adsorvida e outra parte atravessa a atmosfera, alcançando a superfície
terrestre. A superfície terrestre reflete a parcela da radiação eletromagnética de
ondas luminosas e absorve outra parcela (TONELLO, 2007).
As radiações adsorvidas participam de processos físicos e sua
energia transforma-se, resultando ao final na emissão pela Terra de calor, sob forma
27
de radiação infravermelha térmica. O calor irradiado pela Terra se dirige ao espaço,
porem parte dele é aprisionado na atmosfera, devido a presença dos gases
causadores do efeito estufa (TONELLO, 2007).
Os gases que provocam naturalmente o efeito estufa são o vapor
d’água, o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso e o ozônio (LORA 2000
apud XAVIER 2004).
28
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização da área de estudo
O Estudo foi realizado no mês de julho de 2009, na unidade de
processamento e armazenamento de grãos, figura 01, localizada na fazenda São
Francisco de Assis, em Santa Fé Del Paraná, estado de Alto Paraná, Paraguai à
latitude 25º10’14.51’’S, longitude 54º34’37.70’O.
Esta unidade tem capacidade estatica para 3000 toneladas sendo
dividos em dois armazens, um em forma de tubo metálico e o outro construido em
alvenaria com capacidade de 1500 toneladas cada. Possui quatro elevadores para o
transporte dos graõs, um secador de grãos com capacidade de 30 toneladas, uma
fornalha com capacidade compatível a do secador, duas moegas com capacidade
29
de 150 toneladas cada. Uma máquina de pré-limpeza com capacidade para 60
toneladas.
Figura 01: Unidade de Processamento e Armazenamento de Grãos.
Os produtos agrícolas processados e armazenados nesta unidade
dependendo do calendário agrícola são: milho, trigo e soja.
3.2 Processo Produtivo
Os grãos chegam da lavoura através de caminhões, passam pela
balança onde são pesados, descarregados nas moegas, e através dos elevadores
são transportados até a máquina de pré-limpeza.
30
Depois da retirada as impurezas dos grãos, na etapa de pré-limpeza,
estes são transportados ao secador. Neste os grãos são secos através do calor
gerado pela fornalha. O secador possui uma torre central montada pela
superposição vertical de caixa de dutos. Cada caixa de duto é formada por dutos
montados em uma fileira horizontal, onde os grãos são movimentados pela vibração
de uma mesa de descarga, que é responsável pela regulagem da velocidade da
descida dos grãos.
Os grãos são transportados da mesa de descarga até o topo da torre
do secador através de elevadores, e essa circulação dos grãos pelos dutos faz com
que os grãos sequem. Eles ficam nesse ciclo até atingir a umidade necessária para
armazenamento. Quando atinge a umidade ideal, são resfriados e então
armazenados até a venda.
3.3 Fornalha
A fornalha é constituída na parte interna de tijolos maciços e
refratários nas áreas de maior temperatura. Sua porta de alimentação, grelhas e
suportes são em ferro fundido; a cobertura com pré-laje e concreto armado. A
potência nominal da fornalha é de 1,8 MW.
Na figura 01 é apresentado um esquema da passagem de ar quente
da fornalha até o exaustor. O ciclone serve para evitar que fagulhas de fogo entrem
no secador. O ar quente sai da fornalha, passa pelo ciclone, entra no secador com a
temperatura média de 110 °C, depois sai pelo exaustor onde é disperso na
atmosfera.
31
Figura 02: Passagem de ar pela fornalha, ciclone e secador.
Pode-se observar no apêndice 01 que a saída de gases da fornalha
é a mesma saída de gases do secador. O funcionamento da fornalha acontece com
a sucção provocada pelo exaustor do secador, onde o ar aquecido passa através do
cereal, retirando sua umidade.
3.4 Umidade da Lenha
Foram selecionadas 34 toras de eucalipto de diferentes diâmetros
com um metro de comprimento, retiradas de duas pilhas que estavam prestes a
queimar. Durlo (2003) em seu estudo selecionou 47 toras de onze pilhas de
32
eucalipto, neste trabalho foram feitos 34 para ter um número considerável de
amostras de diferentes diâmetros. Do meio de cada tora, foram retirados discos de
cinco centímetros de espessura, que caracterizaram as amostras para a
determinação da umidade.
A metodologia utilizada foi adaptada de Durlo (2003), onde as
amostras foram inicialmente pesadas para a obtenção da massa inicial úmida (Pu), e
em seguida colocadas em estufa a 105°C, até atingirem peso constante. O tempo de
permanência na estufa foi de aproximadamente 22 horas, e após esse período, as
amostras foram novamente pesadas.
O teor de umidade em base seca foi calculada por meio da equação
1.
Equação 1
Em que:
Pu = peso inicial da peça de madeira (g);
Po = peso final da peça de madeira (g);
Tu = teor de umidade (%).
3.5 Medição da emissão de CO
O equipamento utilizado para a medição das emissões foi o
analisador de gases de combustão TESTO 335, através de sonda de medição
eletroquímica de O2 e CO (Figura 02). O certificado de calibração do aparelho é de
13 de agosto de 2008.
33
Figura 03: Sonda do aparelho testo 335.
O aparelho permite que as medições sejam programadas por até 2
horas com a escolha entre as cinco programações pré-definidas e o tipo de
combustível a ser analisado.
Esse aparelho foi instalado, seguindo as recomendações da NBR
10.701, na terceira parte do exaustor (Figura 03) por onde passa a fumaça vinda do
secador.
As medições de CO foram realizadas no dia 27 de julho de 2009, em
duas etapas, a primeira teve início as 14h44min e a outra as 16h25min, com
duração de uma hora cada. A fornalha começou a operar as 12h05min. Foram feitas
duas medições para verificar se a quantidade de monóxido de carbono emitida
continuaria a no mesmo padrão de emissão da primeira análise já que a segunda
34
análise foi feita depois do forno estar operando a mais de quatro horas. A primeira
análise de emissão foi realizada com a umidade do ar a 87% e temperatura a 22º C;
e a segunda analise foi realizada com a umidade do ar a 86% e temperatura a 22º C.
Figura 04: Aparelho medindo a emissão de gases no exaustor da fornalha e do
secador.
Todas as medições das emissões de gases de combustão foram
efetuadas com o forno em operação em condições normais, com a sonda inserida
na chaminé a uma altura de aproximadamente três metros acima da base do forno
em um período de uma hora, com registro de valores das amostras a cada 300
segundos para média das emissões, obtendo-se, assim, treze medições.
35
4 RESULTADOS
4.1 Umidade da lenha
Na tabela 03 é apresentado o resultado dos ensaios realizados em
laboratório para determinação do teor de umidade da lenha de eucalipto.
Algumas amostras de madeira apresentaram teor de umidade em
torno de 40%, entretanto a média geral foi de aproximadamente 24%. Esse valor
está bem próximo do recomendado por Farinhaque (1981) apud Durlo et al. (2003),
que relataram que para valores de umidade abaixo de 25% há um bom
aproveitamento da combustão da madeira.
36
Tabela 03: Teor de umidade da lenha de eucalipto
AMOSTRA
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
27
28
29
30
31
33
34
35
36
Média
Desvio padrão
Coeficiente de variação
PESO UMIDO (Kg)
0,522
0,512
0,668
0,592
0,472
0,490
0,356
0,400
0,406
0,458
0,422
0,480
0,348
0,284
0,276
0,272
0,246
0,384
0,144
0,168
0,162
0,138
o,158
o,172
1,260
0,836
0,774
1,242
1,342
1,264
1,276
1,428
1,536
1,256
PESO SECO (Kg)
0,434
0,426
0,514
o,456
0,336
0,352
0,298
0,334
0,328
0,372
0,298
0,344
0,284
0,234
0,226
0,224
0,202
0,314
0,120
0,138
0,132
0,112
0,132
0,140
1,072
0,684
0,633
1,052
1,118
1,060
1,054
1,180
1,302
1,060
UMIDADE (%)
20,28
20,19
29,96
29,82
40,47
39,20
19,46
19,76
23,78
23,12
41,61
39,53
22,54
21,37
23,89
21,43
21,78
22,29
20,00
21,74
22,73
23,21
19,70
22,86
17,54
22,22
22,27
18,04
20,04
19,25
21,06
21,02
17,97
18,49
23,78
6,65
0,29
Segundo Gatto (2002) quando se queima lenha com a umidade
acima de 25% a temperatura da câmara de queima reduz junto com a temperatura
dos gases e promove a formação de crostas de fuligem nas chaminés e no interior
37
da câmara de combustão, ocasionando menor rendimento de energia produzido por
um metro cúbico (GATTO 2002). Foi possível notar, na hora da queima do
combustível, que não teve presença de fuligem no exaustor. Também foi observado
que a cor da chama estava com a cor amarelada, e segundo Klautau (2008) quanto
mais próximo do amarelo claro for a chama mais completa é a combustão. Sendo
assim a combustão estava próxima da ideal.
A lenha é queimada com casca na fornalha, segundo Foelkel (2007),
a presença da casca diminui o poder calorífico do combustível. Com isso é
necessário queimar uma maior quantidade de lenha para processar a mesma
quantidade de produto, emitindo uma maior quantidade de CO.
4.2 Medição da emissão de CO
Os resultados da emissão de CO são apresentados na Tabela 04 e
05.
o
Conforme RESOLUÇÃO CONAMA n 382/06 (BRASIL, 2006), para
sistemas com potência de 1MW até 10MW, poderá o órgão ambiental licenciador
aceitar avaliações periódicas de CO, com limite máximo de emissão deste poluente
3
de 1300mg/Nm (1040ppm). O pico máximo na primeira etapa foi de 56 ppm e na
segunda etapa foi de 52 ppm ficando bem abaixo do máximo permitido. Para Branco
(2009) o valor ideal para a emissão de CO na queima de lenha é abaixo de 200
ppm.
Klautau (2008) apresentou um estudo exploratório de uma fornalha a
lenha de fluxo co-corrente, e para esse estudo foram medidos a concentração de
38
monóxido de carbono e encontrou resultados para a emissão de CO 73 a 171 ppm,
a fornalha neste estudo é de fluxo contra-corrente, porém apresentou emissão de
CO mais baixa.
Tabela 04: Medição da emissão de CO no exaustor da fornalha.
Data / hora
21/7/2009 14:44:45
21/7/2009 14:49:45
21/7/2009 14:54:45
21/7/2009 14:59:45
21/7/2009 15:04:45
21/7/2009 15:09:45
21/7/2009 15:14:45
21/7/2009 15:19:45
21/7/2009 15:24:45
21/7/2009 15:29:45
21/7/2009 15:34:45
21/7/2009 15:39:45
21/7/2009 15:44:45
Mínimo (total)
Máximo (total)
Valor médio (total)
Desvio padrão (total)
Tempo (s)
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
2700
3000
3300
3600
O2 (%)
20,21
20,24
20,09
20,18
20,26
20,24
20,31
20,05
20,19
20,26
19,81
20,17
20,18
19,81
20,31
20,17
0,12
CO (ppm) CO2 (%)
24
40
24
28
37
41
56
25
33
50
8
1
6
24
6
1
56
1
30
1
14
0
T °C
30,2
31,2
31,6
32,1
32,7
32,9
33,0
33,2
33,3
33,6
33,6
34,5
34,3
30,2
34,5
32,8
1,2
Tabela 05: Medição da emissão de CO no exaustor da fornalha.
Data / hora
21/7/2009 16:25:30
21/7/2009 16:30:30
21/7/2009 16:35:30
21/7/2009 16:40:30
21/7/2009 16:45:30
21/7/2009 16:50:30
21/7/2009 16:55:30
21/7/2009 17:00:30
21/7/2009 17:05:30
21/7/2009 17:10:30
21/7/2009 17:15:30
21/7/2009 17:20:30
21/7/2009 17:25:30
Mínimo (total)
Máximo (total)
Valor médio (total)
Desvio padrão (total)
Tempo (s)
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
2700
3000
3300
3600
O2 (%)
20,26
20,34
20,20
20,36
20,35
20,42
20,25
20,36
20,24
20,34
20,39
20,31
20,33
20,20
20,42
20,32
0,06
CO (ppm)
12
53
16
32
18
38
12
26
10
21
32
36
25
10
53
25
12
CO2 (%)
-
T °C
34,1
34,2
34,1
34,2
34,4
34,3
34,1
34,2
34,2
34,3
34,4
34,3
34,2
34,1
34,4
34,2
0,1
39
Avaliando a medição de gases de combustão produzidos pela
queima de lenha em duas olarias Almeida et al (2007) obteve como resultado para
emissão de CO valores entre 3500 a 6500 ppm para uma olaria e valores entre 100
a 1200 ppm para a outra olaria, as emissões foram acima do encontrado nesse
estudo.
O oxigênio se manteve entre 19 e 21% sendo que segundo
Donzeles et al. (2003) para combustíveis sólidos o excesso de ar deve situar-se
entre 30 e 60% para que haja a combustão completa. Porém como pode observar
na tabela 04 e 05 a emissão de CO foi menor quando o excesso de ar estava em
19,81%. Pode ser que para o dimensionamento dessa fornalha o excesso de ar
deve ser menor do que o recomendado por esse autor. Para Branco (2009) ar em
deficiência desperdiça combustível o que ocasiona a formação do CO e este pode
ser gerado até mesmo com grande excesso de ar.
As figuras 04 e 05 mostram a concentração do monóxido de
carbono, a temperatura e a quantidade de oxigênio em função do tempo de
medição.
Segundo Bastos Filho et al (2006) a emissão de CO depende da
condição e da atmosfera de queima do forno. Se a queima for realizada em um
ambiente rico em oxigênio, a emissão do monóxido de carbono será mínima, por
outro lado se não houver oxigênio suficiente na atmosfera do forno, ocorrerá à
combustão incompleta do material, não havendo condições de formar o CO2, logo a
quantidade de CO emitida será grande.
40
Figura 05: Gráfico com análise da primeira análise da emissão de CO.
Figura 06: Gráfico do comportamento da emissão da segunda análise.
41
Na fornalha estudada a porta de abastecimento da lenha fica em
média quinze minutos aberta até que seja reabastecida com lenha contribuindo
assim para uma entrada maior de ar. Nesse sentido a reposição da lenha deveria
ser realizada mais rápido, e ser colocada mais vezes para não deixar a chama ficar
baixa.
Os pontos de baixa e alta da emissão de CO, ainda nas figuras 04 e
05, ocorreram porque o abastecimento de lenha na fornalha não é feito
continuamente, isto é, a lenha é colocada quando a fornalha esta com a temperatura
mais baixa. Com isso quando é colocado mais lenha a chama é abafada ocorrendo
então o aumento da emissão de CO. Segundo Xavier (2004) a extinção da chama e
a temperatura de combustão reduzida pode contribuir para uma combustão
incompleta.
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os níveis de emissão de monóxido de carbono se enquadram nos
parâmetros exigidos pela legislação ambiental brasileira, entretanto não existe
legislação ambiental para emissões atmosféricas no Paraguai.
Para reduzir a emissão de CO é necessário que a fornalha funcione
na potencia total, com abastecimento constante de lenha, ou seja, sempre que o
fogo estiver alto, para que a temperatura não diminua. Assim a eficiência do
combustível aumenta contribuindo para uma menor demanda do mesmo.
Devido aos problemas que o CO pode causar tanto ao homem como
à natureza, é importante cada vez mais os produtores invistam em equipamentos
que emitam menos CO, pois sua emissão esta ligada à eficiência da queima do
combustível, ao dimensionamento da fornalha, a umidade da lenha, e a quantidade
de oxigênio.
43
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46
APÊNDICE
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Apêndice 01: Croqui do processo de secagem de grãos.
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ANEXOS
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