XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE CALOR
DE FORNOS DE QUEIMA DE
PORCELANAS EM UMA EMPRESA NA
CIDADE DE CAMPO LARGO - PR
Odair Jose Bonato Schervinski (UTFPR )
[email protected]
Rodrigo Eduardo Catai (UTFPR )
[email protected]
Ezequiel Pinto Da Silva Netto (UTFPR )
[email protected]
Cezar Augusto Romano (UTFPR )
[email protected]
O ambiente de trabalho pode expor os trabalhadores a condições
desfavoráveis devido à presença de riscos ambientais, entre eles o
calor. Este causa desconforto e pode aumentar o risco de acidentes e
provocar danos consideráveis a saúde dos colaboradores. Os riscos,
quando presentes no ambiente de trabalho acima dos limites de
tolerância estabelecidos pela legislação brasileira, caracterizam o
ambiente como insalubre e devem ser tratados com atenção. Neste
contexto, fundamentado nos parâmetros da NR-15, o presente trabalho
apresenta uma avaliação dos níveis de calor dos fornos utilizados para
a queima de peças de porcelanas em uma empresa localizada na
cidade de Campo Largo. Foram realizadas avaliações quantitativas de
calor com termômetro de globo da marca INSTRUTHERM, modelo
TGD-300 e os diferentes resultados encontrados foram comparados
com os limites de tolerância estabelecidos pela Norma
Regulamentadora. Desta forma, se faz necessário medidas corretivas e
preventivas visando contribuir para a segurança e o bem estar dos
funcionários. São apresentadas algumas sugestões para proporcionar
um local de trabalho onde os agentes de riscos são controlados,
colaborando com a saúde dos funcionários, podendo também servir de
base para futuros estudos para empresas que atuam neste segmento.
Palavras-chaves: Calor, Fornos, Insalubridade, NR-15.
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1.
Introdução
Campo Largo está localizado na região metropolitana de Curitiba e é considerada a capital
nacional da louça de cerâmica e porcelana. Esta fama se deve à existência de matériasprimas necessárias para a produção de cerâmica e por constituir um centro de compras, com
lojas e varejos das fábricas e uma diversidade de artesanatos.
Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social -IPARDES
(2006), 14 estabelecimentos do município de Campo Largo pertenciam ao segmento de
cerâmicas e porcelanas utilitárias e decorativas. Andrade (2010) explica que houve um
aumento na quantidade de estabelecimentos, e atualmente totalizam-se 28 empresas
fabricantes de cerâmicas e porcelanas na cidade. Todas as empresas deste segmento
utilizam fornos para a queima de porcelanas, e a temperatura é um parâmetro quantificável
em diversas atividades neste processo. As fontes de calor liberam uma grande quantidade
de energia no ambiente, expondo os trabalhadores a intensidades elevadas de sobrecarga
térmica.
Quando os trabalhadores estão expostos a altas temperaturas, podem sofrer conseqüências
indesejáveis a saúde, comprometer o seu rendimento no trabalho e colaborar para a
ocorrência de acidentes. O calor é um risco presente nas atividades analisadas e que merece
tratamento dos mais importantes pela consequência que pode apresentar naqueles que a
ele se expõem.
Neste contexto, busca-se avaliar a condições de trabalho conforme o calor térmico nessas
empresas e se estão de acordo com os limites de tolerâncias estabelecidos pela Norma
Regulamentadora nº 15 (NR-15), Anexo 3.
2.
Revisão Bibliográfica
2.1 Processos de Fabricação.
A cerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos obtidos após
tratamento térmico em temperaturas elevadas. O setor cerâmico pode ser classificado como
2
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(SILVA, 2007): cerâmica vermelha; materiais de revestimento; cerâmica branca; materiais
refratários; isolantes térmicos; vidro, cimento e cal; cerâmica de alta tecnologia.
As porcelanas são fabricadas com massas constituídas a partir de argilominerais (argila
plástica e caulim), quartzo e feldspato bastante puros, que são queimados a temperaturas
superiores a 1250°C.
2.2 Fornos
Do calor do sol, para os fornos atuais utilizados para tornar as peças mais firmes, a história da
cerâmica percorreu e auxiliou no cotidiano de todos os povos.
Os funcionários hábeis
continuam transformando blocos de argila e criando novas utilidades para a população.
Costa e Silva (2007) afirmam que a queima é um dos processos mais importantes na
fabricação de produtos de cerâmica e porcelana, pois é nela que o material adquire
propriedades adequadas a seu uso, como dureza, resistência e agentes químicos.
O Instituto de Ensino Camões (1999) ressalta que o calor necessário para as transformações é
fornecido pela reação oxidante do oxigênio do ar, com o carbono, com o hidrogênio e com a
pequena quantidade de enxofre do óleo combustível, exceto os fornos elétricos. Em todos os
fornos à combustão, distingue-se 4 (quatro) partes principais (SILVA, 2007): aparelho de
combustão; câmara de combustão; aparelhos de expulsão;exaustor e chaminés; e acessórios
para controle do forno.
A NR-14 (BRASIL, 2011a) define que para qualquer fim de utilização dos fornos, devem ser
construídos solidamente, revestidos de materiais refratários, para que o calor radiante não
ultrapasse os limites de tolerância determinado pela NR-15, para garantir a segurança e
conforto ao trabalhador.
2.3 Instrumentação
A instrumentação básica é constituída de um conjunto de termômetros, chamado de
“Árvore dos Termômetros”. A NR-15 estabelece alguns instrumentos para fazer a medição
da temperatura de calor (BRASIL, 2011b): O termômetro de globo, para a medição de calor
radiante (TG) na carga térmica do organismo acoplada a globo de cobre; Termômetro de
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bulbo úmido natural (Tbn), que consiste na escala de 0ºC e 100ºC, acoplado num recipiente
com água destilada. Mede a capacidade de troca entre a pele e meio através a evaporação
da água. Este é influenciado pela umidade relativa e pela velocidade do ar; Termômetro de
bulbo seco (Tbs), o qual mede a capacidade de troca térmica entre a pele e o meio, através
da condução, sedo influenciado pela velocidade do ar. Utilizado quando a situação térmica
envolve carga solar, sua escala é de 0ºC e 100ºC. Atualmente o uso da instrumentação
eletrônica vem substituindo os termômetros convencionais, por fornecer maior precisão e
valores tbn, tg e tbs, isoladamente, e o cálculo do IBUTG.
2.4 Legislação
A Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, em sua Norma Regulamentadora NR-15, Anexo
3, adota para a avaliação de exposição ao calor, o índice de Bulbo Úmido – termômetro de
globo (IBUTG) que considera os cinco principais fatores nas trocas térmicas entre o indivíduo
e o meio são: a temperatura do ar, a velocidade do ar, umidade do ar, o calor radiante e o
tipo de atividade.
2.4.1 Insalubridade
A palavra “insalubre” significa tudo que origina doença. Araújo e Regazzi (2002) explicam
que o trabalho insalubre e aquele que pode causar efeitos nocivos à saúde do trabalhador
devido à exposição habitual e permanente aos agentes considerados insalubres pela legislação.
A NR-15 estabelece que sejam consideradas atividades ou condições insalubres as que são
desenvolvidas acima dos limites de tolerâncias. Então, devem-se caracterizar previamente
pontos importantes como: regime e ciclo de trabalho, tipo de atividade física e atividade com
ou sem solar.
Saliba (2004) explica que o termo higiene ocupacional, que abrange a modalidade industrial é
uma ciência que atua no campo da saúde ocupacional, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle de fatores que podem causar doenças e desconforto aos
trabalhadores. Desta forma o calor aqui referido neste trabalho, se enquadra como um fator de
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risco físico para o trabalhador. A exposição de calor deve ser avaliada através do Índice de
Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), definido pelas seguintes Equações 1 e 2:
 Ambientes internos ou externos sem carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg
(Eq. 1)
 Ambientes externos com carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 02 tg
(Eq. 2)
Onde: tbn = temperatura de bulbo úmido; tg = temperatura de globo; tbs = temperatura de
bulbo seco.
2.4.2 Limites de Tolerância para Exposição ao Calor
Há duas formas de se chegar aos limites de tolerâncias para a exposição ao calor em regime
de trabalho intermitente. A primeira forma de trabalho é com períodos de descanso no próprio
local, realizando atividades leves. Conforme o resultado obtido, o regime de trabalho é
definido segundo o Quadro 1. A Determinação do tipo de atividade ( leve, moderada ou
pesada) é de acordo com o Quadro 3.
Quadro 1: Atividades e Operações Insalubres
Regime de Trabalho Intermitente com Tipo de Atividade
descanso no próprio local de trabalho (por Leve
Moderada
hora)
Trabalho contínuo
até 30,0
até 26,7
45 minutos trabalho
30,1 à 30,6
26,8 à 28,0
15 minutos descaso
30 minutos trabalho
30,7 à 31,4
28,1 à 29,4
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 à 32,2
29,5 à 31,1
45 minutos descaso
Não é permitido o trabalho, sem a adoção de acima
de acima
de
medidas adequadas de controle
32,2
31,1
Pesada
até 25,0
25,1 à 25,9
26,0 à 27,9
28,0 à 30,0
acima
30,0
de
FONTE: BRASIL (2011b)
A segunda forma, o colaborador exerce outra atividade em outro local de trabalho com
temperaturas termicamente mais amenas, realizando atividades leves ou em repouso. Para
determinar a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, utiliza-se a equação 3,
representada pela seguinte fórmula:
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M = Mt x Tt + Md x Td
(Eq. 3)
60
Onde: Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho; Tt - soma dos tempos, em minutos, em
que se permanece no local de trabalho; Md - taxa de metabolismo no local de
descanso; Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de
descanso.
Após determinado o resultado para taxa de metabolismo média ponderada, os limites de
tolerância são obtidos, comparado o resultado encontrado com os valores do quadro 2.
Quadro 2: Limites de Tolerância
M (kcal/ h)
Máximo IBUTG
175
30,5
200
30,0
250
28,5
300
27,5
350
26,5
400
26,0
450
25,5
500
25,0
FONTE: BRASIL (2011b)
Para se obter as taxas de metabolismo no local de trabalho e no local de descanso, consulta-se
o Quadro 3.
Quadro 3: Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade (NR-15)
Tipo de Atividade
kcal/h
Sentado em Repouso
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia).
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir).
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços.
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas.
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com
pá).
Trabalho fatigante
100
125
150
150
180
175
220
300
440
550
FONTE: BRASIL (2011b)
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Para chegar ao valor IBUTG médio ponderado para uma hora, utiliza-se a fórmula
representada pela equação 4:
______
IBUTG
= IBUTGt x Tt + IBUTGd xTd
(Eq. 4)
60
Sendo: IBUTGt - valor do IBUTG no local de trabalho; IBUTGd - valor do IBUTG no local
de descanso; Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho;
Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.
3
Metodologia
Este trabalho consiste em uma pesquisa de campo que tem como objetivo principal medir o
calor de três tipos de fornos utilizados para queima de peças de porcelanas.
A empresa estudada será chamada nesta pesquisa de Empresa ALFA, devido a não
autorização da exposição de seu nome. A mesma encontra-se localizada na cidade de Campo
Largo/PR – região metropolitana de Curitiba.
3.1 Delimitação da Pesquisa
3.1.1 Delineamento da Pesquisa
Inicialmente, foi realizado um levantamento dos locais de trabalho e em seguida foram
determinados os indicadores de calor, por meio de um termômetro digital da marca
INSTRUTHERM, modelo TGD-300, que mede os valores de temperatura de bulbo seco, bulbo
úmido natural, globo e IBUTG. As medições foram realizadas nos locais onde os funcionários
realizam as atividades de trabalho, na altura da região do tronco, para então mensurá-los.
Assim esta pesquisa pode ser caracterizada por estudo de caso de caráter comparativo. O
trabalho consiste em realizar avaliações quantitativas de calor no mês de setembro e
comparar com a NR-15 Anexo 3, e verificar se existe insalubridade e sugerir alternativas para
melhorar o ambiente de trabalho para os funcionários nos três tipos de fornos de queima de
porcelanas.
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3.2 População e Amostra
A presente pesquisa adota o procedimento da amostragem não probabilística. Segundo
Lakatos (2001, p.108) esta seleção “permite a utilização de tratamento estatístico, que
possibilita
compensar
erros
amostrais
e
outros
aspectos
relevantes
para
a
representatividade e significância da amostra”.
3.3 Coleta
A coleta de dados é de caráter quantitativo, pois utiliza de documentos já existentes na
empresa e medições por meio de instrumentos, que permitem comparar os índices de
temperatura de calor. Os locais avaliados estão representados, conforme esquema da figura
abaixo.
Figura 1: Croqui
FONTE: O autor (2011)
A coleta de dados foi realizada nos dias 16 e 19 de setembro de 2011, nos períodos da manhã
e tarde. De acordo com o levantamento realizado na empresa, existem três tipos de fornos
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utilizados para a queima de porcelanas, esse fornos serão chamados de forno 1, forno 2, forno
3.
Forno 1: Possui 40 metros de comprimento, seu combustível é o gás natural. Sua queima
varia de 800ºC a 1000ºC, com ciclo de queima de 15 horas. Nesse forno trabalham 12
funcionários, divididos em 4 turnos de 6 horas, com 3 funcionários em cada turno. Nesse
setor é realizada a atividade de carregar os vagonetes com peças cruas e descarregar com
peças já queimadas (biscoito). Após realizar a descarga de peças queimadas dos vagonetes,
são armazenadas em carrinhos estaleiros que ficam a disposição para o processo de
envernizamento. Na seqüência é realizado a carga com novas peças cruas, após a carga, os
vagonetes se deslocam automaticamente através de trilhos até a entrada do forno biscoito.
Figura 2: Saída, carga e descarga do forno 1
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
Forno 2: Possui 64 metros de comprimento, é movida a gás natural. A temperatura de
queima varia de 1300ºC a 1400ºC, com ciclo de queima de 8 horas. Nesse forno trabalham
16 funcionários divididos em 4 turnos de seis horas, com 4 funcionários cada turno. As
principais fontes de calor estão na descarga onde as peças saem já queimadas e quentes, e
próximos aos maçaricos. Neste forno é realizada a carga de peças envernizadas, essa carga é
realizada nos dois lados dos vagonetes. Depois de realizada a carga, os vagonetes carregados
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se deslocam automaticamente através de trilhos até a entrada do forno, para queima com
temperaturas que variam de 1300ºC a 1400ºC. Após queima, as peças saem pela abertura de
saída do forno e são descarregadas. Logo descarregadas, as peças queimadas são colocadas
em carrinhos, para serem transportadas para o lixamento, onde será realizada a limpeza do
fundo das peças, à aproximadamente 7 metros da descarga do forno.
Figura 6: Entrada Forno 2
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
Forno 3. Logo após a saída dos secadores, recebem esmalte e são queimados no forno 3,
que tem capacidade para carga de 15 m³, temperaturas na queima de até 1380 ºC, com
ciclo de queima de 10 horas. Esse forno tem formato de um quadrado, onde os vagonetes
são carregados e fechados para a queima. Nesse forno trabalham 4 funcionários em um
único turno de 8 horas, onde os mesmos realizam a carga e descarga. A principal fonte de
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calor no ambiente é na descarga, que recebe influencia do forno 1, pois a descarga é
realizada a alguns metros da saída do forno 1. Na carga a fonte de calor é apenas o calor
ambiente, pois a carga é realizada próximo ao forno câmara, que é ligado às 14:00 horas e
desligado as 00:00 hora. O processo de resfriamento ocorre pela madrugada, onde não tem
nenhum colaborador nesse ambiente durante o resfriamento. Realizado a carga, os
vagonetes carregados são deslocados sobre os trilhos até o forno 3. Logo o forno é fechado,
e permanecem por 10 horas na queima. Depois da queima, as peças passam seis horas em
processo de resfriamento, após o resfriamento as peças vão para a descarga e são
descarregadas próximo a saída do forno 1. A descarga é realizada direto em caixas, que são
destinadas ao setor de classificação.
Figura 4: Carga forno 3
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
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Resultados e Discussões
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Durante as avaliações realizadas nos fornos da empresa, foi possível observar diferentes
situações e processos de trabalho. As avaliações foram realizadas levando em consideração o
processo e forma de como as atividades são realizadas na empresa.
Os dados levantados e resultados das avaliações quantitativas de calor para o forno 1, 2 e 3,
encontram-se ilustradas nos quadros 4, 5, 6 e 7. No forno 2 é possível observar a necessidade
de avaliar a carga e descarga do forno 2 separadamente, devido a divisão de atividades no
setor.
Quadro 4: Avaliação Quantitativa de Calor do Forno 1
SETOR: Forno 1
DATA: 19/09/2011
HORÁRIO: 11:20 hs.
PONTOS ONDE FORAM REALIZADOS AS MEDIÇÕES
Ponto 1: Carga e descarga dos vagonetes, próximo saída do forno;
Ponto 2: Descanso em outro local mais ameno.
CICLO DE TRABALHO: (para base de cálculo de 60 minutos)
Minutos gastos no local de trabalho: 35 minutos
Minutos gastos no local de descanso: 25 minutos
TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA
Ponto 1: Moderada – 220 kcal/h
Ponto 2: Moderada – 300 kcal/h
VALORES ENCONTRADOS NAS MEDIÇÕES
Ponto 1: Termômetro de Globo= 31,5°C
Termômetro de Bulbo Úmido= 28,3°C
Ponto 2: Termômetro de Globo= 28,6 °C
Termômetro de Bulbo Úmido= 26,2°C
RESULTADOS
Ponto 1: IBUTGt= 29,26°C
Ponto 2: IBUTGd: 26,92°C
IBUTG Médio: 28,28°C
TAXA METABOLISMO Médio: 253,33 kcal/h
LIMITE DE TOLERÂNCIA: 27,5°C
FONTE: Dados da Pesquisa, 2011
Ao fazer uma análise do quadro 4 e comparar o valor encontrado de 28,28°C para IBUTG
Médio, com os valores do quadro nº 2 dos limites de tolerância, chegou-se a 27,5°C, sendo
esse valor o Máximo de IBUTG admitido nesta situação. Desta forma com IBUTG Médio
maior que o Máximo IBUTG admitido para essa situação, a atividade é considerada
Insalubre.
Quadro 5: Avaliação Quantitativa de Calor Carga do Forno2
SETOR: Carga Forno 2
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DATA: 16/09/2011
HORÁRIO: 09:45 hs
PONTOS ONDE FORAM REALIZADOS AS MEDIÇÕES
Ponto 1: Carga dos vagonetes, lateral direita a dois metros saída do forno;
Ponto 2: Descanso, lateral esquerda do forno dos vagonetes.
CICLO DE TRABALHO: (para base de cálculo de 60 minutos)
Minutos gasto no local de trabalho: 50 minutos
Minutos gastos no local de descanso: 10 minutos.
TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA
Ponto 1: Moderada – 220 kcal/h
Ponto 2: leve – 125 kcal/h
VALORES ENCONTRADOS NAS MEDIÇÕES
Ponto 1: Termômetro de Globo= 30,9 °C
Termômetro de Bulbo Úmido= 28,5 °C
Ponto 2: Termômetro de Globo= 20,1 °C
Termômetro de Bulbo Úmido= 18,4 °C
RESULTADOS
Ponto 1: IBUTGt= 29,22
Ponto 2: IBUTGd: 18,91
IBUTG Médio: 27,50
TAXA METABOLISMO Médio: 204,17 kcal/h
LIMITE DE TOLERÂNCIA: 28,5°C
FONTE: Dados da Pesquisa, 2011
Ao analisar o quadro 5 e comparar o valor encontrado de IBUTG Médio 27,50°C com os
valores do quadro nº 2 dos limites de tolerância, chegou-se ao Máximo de IBUTG admitido
para essa situação que é de a de a 28,5°C. Observou-se que o IBUTG Médio encontrado foi
menor que o admitido para essa situação, sendo a atividade nessa situação considerada não
insalubre.
Quadro 6: Avaliação Quantitativa de Calor Descarga do Forno 2
SETOR: Descarga Forno 2
DATA: 19/09/2011
HORÁRIO: 09:50
PONTOS ONDE FORAM REALIZADOS AS MEDIÇÕES
Ponto 1: Descarga dos vagonetes, saída do forno 2;
Ponto 2: Descanso, lixamento de peças.
CICLO DE TRABALHO: (para base de cálculo de 60 minutos)
Minutos gasto no local de trabalho: 25 minutos
Minutos gastos no local de descanso: 35 minutos.
TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA
Ponto 1: Moderada – 220 kcal/h
Ponto 2: Moderada – 300 kcal/h
VALORES ENCONTRADOS NAS MEDIÇÕES
Ponto 1: Termômetro de Globo= 30,6 °C
Termômetro de Bulbo Úmido= 26,6 °C
Ponto 2: Termômetro de Globo= 27,7 °C
Termômetro de Bulbo Úmido= 24,8 °C
RESULTADOS
Ponto 1: IBUTGt= 27,8
Ponto 2: IBUTGd: 25,67
IBUTG Médio: 26,56
TAXA METABOLISMO Médio: 266,67 kcal/h
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LIMITE DE TOLERÂNCIA: 27,5°C.
FONTE: Dados da Pesquisa, 2011
Ao analisar o quadro 6 e comparar o valor encontrado de IBUTG Médio 26,56°C com os
valores do quadro nº 2 dos limites de tolerância, chegou-se ao Máximo de IBUTG admitido
para essa situação que é de a de a 27,5°C. Observou-se que o IBUTG Médio encontrado foi
menor que o admitido para essa situação, sendo a atividade nessa situação considerada não
insalubre.
Quadro 7: Avaliação Quantitativa de Calor do Forno 3
SETOR: Forno 3
DATA: 19/09/2011
HORÁRIO: 09:30 hs
PONTOS ONDE FORAM REALIZADAS AS MEDIÇÕES
Ponto 1: Descarga dos vagonetes, a cinco metros da saída do forno biscoito;
Ponto 2: Carga dos vagonetes.
CICLO DE TRABALHO: (para base de cálculo de 60 minutos)
Minutos gasto no local de trabalho (descarga): 30 minutos
Minutos gastos no local de descanso (carga): 30 minutos
TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA
Ponto 1: Moderada – 220 kcal/h
Ponto 2: Moderada – 220 kcal/h
VALORES ENCONTRADOS NAS MEDIÇÕES
Ponto 1: Termômetro de Globo= 24,8°C
Termômetro de Bulbo Úmido= 22,0°C
Ponto 2: Termômetro de Globo= 23,3 °C
Termômetro de Bulbo Úmido= 21,6°C
RESULTADOS
Ponto 1: IBUTGt= 22,84°C
Ponto 2: IBUTGd: 22,11°C
IBUTG Médio: 22,48°C
TAXA METABOLISMO Médio: 220 kcal/h
LIMITE DE TOLERÂNCIA: 28,5°C
FONTE: Dados da Pesquisa, 2011
Ao analisar o quadro 7 e comparar o valor encontrado de IBUTG Médio 22,48°C com os
valores do quadro nº 2 dos limites de tolerância, chegou-se ao Máximo de IBUTG admitido
para essa situação que é de a de a 28,5°C. Observou-se que o IBUTG Médio encontrado foi
menor que o admitido para essa situação, sendo a atividade nessa situação considerada não
insalubre.
4.1 Sugestões e Melhorias
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Visando contribuir para a segurança e o bem estar dos colaboradores que trabalham em fornos
da empresa, são sugeridas algumas melhorias para os fornos avaliados. O forno 1 necessita de
melhorias urgentes, devido os valores encontrados estarem acima dos limites de tolerância
estabelecidos pela NR-15 Anexo 3. Desta forma sugere-se as seguintes ações combinadas,
como: Mudar o processo de carga e descarga para próximo a entrada do forno, pois nesse
local não ocorre o calor excessivo; Instalar barreiras isolantes do calor, entre a lateral do forno
e os pontos onde são realizadas a carga e a descarga; Adotar o regime próximo de 20 minutos
de trabalho e 40 minutos em atividade leve e em temperatura mais amena, considerada de
descanso, e verificando se as combinações com outras medidas podem aumentar o regime de
exposição no local de “trabalho”; Melhorar a ventilação do ambiente, introduzindo exaustores
e ventiladores; Realizar rodízios no setor, diminuindo o tempo de exposição ao calor do forno,
alternado os funcionários em funções diferentes; Ingerir líquidos freqüentemente; Definir
atividades leves, para realizar no tempo de descanso; Reavaliar as medições da temperatura de
calor nos meses mais quentes do ano; Treinamento, orientação e adequação dos funcionários
para adaptação ao calor; Acompanhamento médico por meio de exames periódicos.
As sugestões de melhorias para os fornos 2 e 3 são semelhantes as adotadas no forno 1, porém
sem a finalidade de abaixar a níveis aceitáveis abaixo dos limites de tolerância, e sim
pensando na melhoria contínua do conforto dos ambientes de trabalho.
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Conclusão
O instrumento de dados utilizado permitiu atingir os objetivos propostos, e conhecer a real
situação dos profissionais que trabalham nas atividades relacionadas aos fornos com relação
às altas temperaturas de calor, a que estão expostos. Os dados obtidos referentes à pesquisa
por meio das ferramentas utilizadas apresentaram resultados que respondem ao segundo
objetivo, sendo este, indicar as temperaturas de calor as quais os funcionários estão expostos.
É possível constatar de acordo com os resultados, referente ao forno 1, que os níveis de calor
que os colaboradores estão expostos, estão acima do limite de tolerância, comparando com o
Anexo nº 3 da NR-15, sendo considera insalubre. E nos fornos 2 e 3, conforme os resultados
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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
mostraram, os colaboradores executam atividades dentro dos limites de tolerâncias
estabelecidos pela NR 15, anexo nº 3, sendo considerados não insalubres. As avaliações
desses fornos serviram para obter conhecimento mais amplo do assunto abordado, da real
situação a que diversas empresas nesse segmento, tanto em Campo Largo, quanto no restante
do País, podem estar enquadradas, e as várias atividades desenvolvidas pelos colaboradores,
os quais se expõem ao calor, podendo muitas vezes agredir a própria saúde.
Faz-se necessário investimento e melhorias no processo de produção e no fator humano,
visando a qualidade de vida, segurança e proporcionar uma ambiente mais saudável e
confortável, para que os colaboradores exerçam suas atividades sem conseqüências a saúde.
Além disso, sugere-se para futuros trabalhos, realizar avaliações de temperatura em outras
empresas que utilizam fornos para queima de porcelanas, e comparar os índices de calor entre
os fornos das empresas.
REFERÊNCIAS
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SALIBA, T.M. Curso Básico de Segurança e Higiene Ocupacional. Editora: LTr, São Paulo, 2004.
SILVA, C; SILVA, J. Dossiê Técnico. Louça e Porcelanas de Uso Doméstico. Instituto de Tecnologia do
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AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE CALOR DE FORNOS DE