OFICINAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONTRIBUIÇÕES NA
FORMAÇÃO INICIAL E DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO
ÂMBITO DO PIBID
SANTOS1, Fabiana Araújo- UFU/FACIP/PIBID/CAPES
Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: CAPES
Resumo
A Educação Ambiental tem por principal objetivo gerar uma consciência ecológica, política,
social e cidadã no ser humano, que se preocupe em ensejar a oportunidade de um
conhecimento maior para a mudança de comportamento volvido à proteção da natureza. O
presente trabalho resultante de atividades práticas do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID)/CAPES do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da
FACIP/UFU junto com os alunos/as do Ensino Médio de uma Escola da Rede Pública
Ituiutaba/MG; trabalhou questões ambientais com os mesmos. Durante a aplicação dessas
oficinas vários temas ligados ao reaproveitamento, reutilização e reciclagem, conhecidos
como os 3Rs foram abordados com os alunos. Em primeiro momento os alunos\bolsistas
apresentaram personagens do folclore, quadrinhos, que tinham como objetivo a proteção da
natureza, logo após foi feitos grupos na sala de aula, de modo que estes iriam pegar um
envelope aonde continha uma descrição de quais personagens eles deveriam adotar e colocar
nas peças que eles criariam. Aos que não tinham uma intimidade com a expressão através de
peças teatrais, tiveram a liberdade de criarem desenhos ou histórias em quadrinhos. Em geral,
independente da atividade executada, teve como uma grande participação dos alunos e foi
notável o interesse na oficina e principalmente em relação a objetivo geral, que seria a
conscientização dos alunos para com a conservação e preservação dos ambientes naturais. As
oficinas tornam-se importantes ferramentas de ensino, contribuindo tanto para a formação dos
alunos quanto para os professores. Dessa forma o PIBID torna-se importante na formação dos
futuros professores, pois os aproxima do ambiente escolar através das atividades realizadas,
fazendo com que eles aprendam novas metodologias, métodos de avaliação e como interagir
com os alunos.
Palavras-chave: PIBID. Educação Ambiental. Oficina.
1
Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia/Faculdade de Ciências Integradas
do Pontal. Bolsista do Projeto de Iniciação à Docência Subprojeto Biologia Campus Pontal – PIBID CAPES.
Email: [email protected]
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Introdução
A Educação Ambiental (EA) enquanto prática educativa não se deve resumir apenas a
datas comemorativas como o dia do meio ambiente, o dia da árvore, o dia da Terra, etc, mas
também no desenvolvimento de atividades por parte da comunidade escolar que visem à
conscientização tanto dos alunos como daqueles que estão a sua volta, pais, vizinhos e
funcionários da escola. É esse tipo de atividade que faz com que vá acontecendo correções no
comportamento do ser humano e que fará germinar a semente do respeito, da cidadania e da
responsabilidade social.
A Educação Ambiental visa induzir dinâmicas sociais, de início na comunidade local
e, posteriormente, em redes mais amplas de solidariedade, promovendo a abordagem
colaborativa e crítica das realidades socioambientais e uma compreensão autônoma e criativa
dos problemas que se apresentam e das soluções possíveis para eles. (Sauvé, 2007)
Segundo Sauvé (2007, p. 317),
A educação ambiental não é, portanto, uma “forma” de educação (uma “educação
para...”) entre inúmeras outras; não é simplesmente uma “ferramenta” para a
resolução de problemas ou de gestão do meio ambiente. Trata-se de uma dimensão
essencial da educação fundamental que diz respeito a uma esfera de interações que
está na base do desenvolvimento pessoal e social : a da relação com o meio em que
vivemos, com essa “casa de vida” compartilhada. A educação ambiental visa a
induzir dinâmicas sociais, de início na comunidade local e, posteriormente, em redes
mais amplas de solidariedade, promovendo a abordagem colaborativa e crítica das
realidades socioambientais e uma compreensão autônoma e criativa dos problemas
que se apresentam e das soluções possíveis para eles.
No caso do contexto escolar, é importante também lembrarmos que a entrada da
temática ambiental no currículo não foi resultado de um processo de integração das diferentes
disciplinas, mas da responsabilização de algumas disciplinas, sendo que Ciências e Biologia
e, em menor medida, Geografia foram vistas como um caminho preferencial pela escola. Essa
identificação pode ser compreendida, pelo menos em parte, porque a Ecologia e a Geografia
vinham de certa forma, chamando a atenção para as inter-relações entre seres humanos e
natureza. Além disso, a área das ciências da natureza sempre teve sob sua responsabilidade
trabalhar com os alunos conceitos relacionados aos meios biofísicos (TRIVELATO, 2001
citado por KAWASKI e CARVALHO, 2009 )
A questão ambiental torna-se uma reflexão e insere-se no âmbito da educação e da
EA. A partir da avaliação dos paradigmas e políticas educacionais de um projeto educacional,
oferece elementos críticos para o tratamento conferido de forma dominante à questão da crise
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ambiental e seus desdobramentos na educação para o desenvolvimento sustentável. Nesse
sentido, apresenta, em linhas gerais, o que de mais recorrente se encontra sobre a
problemática ecológica, revisitando acontecimentos expressivos da agenda ambientalista e
pontuando, nesse contexto, o papel atribuído à educação. Trazem contribuições significativas
para a área de ensino em EA, à medida que oferece, de modo mais sistemático, elementos
introdutórios sobre o tratamento vigente atribuído à sustentabilidade ambiental e seus
desdobramentos na educação. (Sauvé, 2007)
Segundo Mendes e Vaz (2009, p. 398)
Para a área da Educação Ambiental, é importante não só destacar esse tipo de
conhecimento desenvolvido pelo professor, como também aprofundar suas conexões
com a difusão de temas e conceitos relativos à área, porque o trabalho escolar com a
EA tem buscado o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos humanos
que considerem a relação entre sociedade e natureza. Pela complexidade de
abordagem, a EA encontra interface na habilidade dos professores em
desenvolverem meios de ensinar, atividade por si só complexa e sujeita a situações
inesperadas.
A sala de aula é um espaço que se distingue dos demais espaços, pelo tipo de atividade
nela desenvolvida. Nesse ambiente acontece o trabalho coletivo do professor e dos estudantes,
nos quais as práticas educativas se configuram entrecruzadas por tudo aquilo (sentidos,
conflitos, emoções, preocupações e outros) subjetiva cada um dos sujeitos que ali se
encontram. É um espaço de relações entre “estranhos” que se encontram e entre “diferentes”,
que debatem ideias, confrontam seus valores e suas visões de mundo, norteados pornormas
limites e, como não poderia deixar de serem, transgressões. Por isso, cheio de contradições,
de conflitos, de exigências, de desafios etc (QUADROS Et. Al 2010, p 294)
Segundo Sá e Moura (2008) entendendo o processo de ensino-aprendizagem como
algo construído em conjunto, com envolvimento ecompromisso mútuo professor-aluno, e não
como um processo unilateral no qual o professor “ensina” e o aluno “aprende”. Nesse
processo, caberia ao professor se empenhar no planejamento, na orientação e na condução do
curso e de sua dinâmica, e ao aluno dedicar-se às leituras, à realização das atividades
propostas e à participação em sala.
Nessa perspectiva, a sala de aula se aproximaria muito mais de um espaço de
esclarecimento e discussões sobre temas previamente programados e estudados do que de um
lugar no qual dá-se uma linear transmissão de conhecimentos. Nesse espaço, dúvidas,
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inquietações e reflexões apresentadaspelos alunos seriam os elementos centrais em debate.
(SÁ E MOURA, 2008).
Em linhas gerais, o ideal seria que a dinâmica das aulas girasse em torno dos temas
programados no plano do curso, tendo como ponto de partida os textos e filmes determinados
para cada encontro. Assim, oprofessor deveria apresentar e/ou esclarecer a temática e o(s)
texto(s), destacando pontos de maior relevânciae/ou complexidade em sua visão (SÁ E
MOURA, 2008).
PIBID: Subprojeto Ciências Biológicas Campus Pontal
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID subprojeto
Ciências Biológicas Campus Pontal elaborado para o curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas da FACIP/UFU está direcionado para a formação de futuros professores de modo
que sejam norteados os princípios como: a irredutibilidade entre ensino, pesquisa e extensão,
a inter e multidisciplinaridade dos conteúdos específicos e pedagógicos; identificação de
problemas socioambientais e das necessidades atuais da sociedade; ética e adoção de práticas
avaliativas contínuas no processo de ensino e aprendizagem no ambiente escolar.
Mediante esse contexto e em engajamento com os objetivos do PIBID, o presente
subprojeto tem como propósito promover aos estudantes do Curso de Ciências Biológicas da
FACIP/UFU a melhoria da formação de professores de Biologia através da inserção e atuação
na educação básica pública, contemplando os objetivos à saber: valorizar o trabalho docente,
estimular a formação de professores de Ciências e/ou Biologia para a Educação Básica,
especialmente para o Ensino Médio.
O subprojeto incentiva os estudantes a optarem pela carreira docente; proporcionar,
através da aproximação entre as escolas e a universidade, a inserção dos licenciandos nas
práticas e saberes da docência na área da Biologia; orientar a elaboração e aplicação de
oficinas pedagógicas de Biologia, bem como reflexão quanto às possíveis propostas,
estratégias, metodologias e recursos didáticos pedagógicos; fomentar experiências
metodológicas e práticas docentes de caráter inovador, que utilizem recursos de tecnologia da
informação e da comunicação, por meio da parceria e do reconhecimento dos professores
experientes da rede estadual como co-formadores e, também, contribuir para a formação
continuada daqueles que estão em efetivo exercício do magistério.
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Desenvolvimento
Foram elaboradas e aplicadas no 2º semestre/2012, oficinas que visavam a Educação
Ambiental, de modo que foram discutidos temas como o reaproveitamento do lixo e uma
reflexão sobre a preservação ambiental.
O público alvo foram alunos do Ensino Médio de uma Escola pública, os espaços
utilizados para a realização das oficinas foram a sala de aula e a quadra poliesportiva da
escola.
Descrevendo a Atividade
As oficinas tiveram como intuito o tema Educação Ambiental focando desde o lixo e
seus diferentes usos a uma reflexão e diálogo sobre o papel da preservação ambiental.
Em primeiro momento, os alunos/bolsistas apresentaram alguns personagens de
quadrinhos, folclóricos, anime e personagens históricos, que tinham como o objetivo a
proteção da natureza, logo após fizeram grupos na sala de aula, esses grupos iriam pegar um
envelope aonde tinham uma descrição de quais personagens eles deveria adotar em colocar
nas peças que eles criariam. Os grupos que apresentaram as peças teatrais, eles tiveram 15
minutos, sendo 10 para a elaboração da peça e 5 no máximo para a apresentação do mesmo.
Aos que não tinham uma intimidade com a expressão através de peças teatrais, tiveram
a liberdade de criarem desenhos ou histórias em quadrinhos, conforme se observa nas figuras
representadas logo adiante, que fossem pertinentes ao tema, por meio de sorteio os alunos
representavam os personagens em historias em quadrinho.
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Figura 1. História em quadrinho sobre o personagem Mapinguari.
Fonte: Aluno do Ensino Médio de Escola Pública
O primeiro grupo sorteou o personagem Mapinguari, um animal de aproximadamente
dois metros e meio de altura, pêlo marrom avermelhado, com um olho só e boca no umbigo,
defensor dos animais mora na floresta amazônica, onde segundo a lenda ele ataca os
caçadores e quem passa por sua frente. Conforme a Figura1, pudemos avaliar a compreensão
dos alunos sobre o personagem que foi apresentado inicialmente pelos bolsistas, notamos o
Mapinguari observando os animais presos em seu habitat (representado por um muro com
cadeado e do outro lado da estrada a destruição da continuação do habitat por meio de
desmatamento) devido à ação do homem podendo ser comprovada pela presença de uma
estrada no desenho.
Figura 2. História em quadrinho sobre o contrabando de animais silvestres.
Fonte: Aluno do Ensino Médio de Escola Pública.
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O grupo ainda representou como mostra a Figura 2, sobre o contrabando de animais
silvestres, ainda muito comum em nosso país. A expressão do caçador é irônica representada
de forma negativa o que entende que os alunos ao retratá-lo estavam cientes que esta atividade
é ilegal.
Figura4. Tráfico de animais silvestres.
Fonte: Aluno do Ensino Médio de Escola Pública.
Conforme se observa na Figura 4, o grupo representou através desse desenho a caça e
a comercialização ilegal de animais silvestres, prática muito realizada em nosso país.
Em um segundo momento foi feita apresentação de slides, com imagens e vídeos
mostrando o lixo em diversos ambientes (cidade, florestas, riachos, etc.) com diferentes usos e
formas.
Após a apresentação dos slides, pedimos para os alunos formarem grupos de 5, depois
de formados os grupos, distribuímos uma folha com uma pergunta e sua respectiva resposta
junto de uma cartolina branca e canetinhas, para que eles ilustrassem no papel com desenhos
o que entenderam do que lhes foi apresentado em slides e referente a pergunta e a resposta.
Levantamos alguns pontos referentes às imagens mostradas de casos ocorridos na
cidade e em outros locais que exemplificam a importância de se cuidar do lixo. Com o lixo
em foco, utilizamos a pedagogia dos 3 R’s (reciclar, reutilizar e reduzir).
Após a discussão, os alunos foram levados para a quadra onde foi feita uma dinâmica,
mostrando como é importante jogar o lixo nos lugares corretos e como eles se sentiriam com
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outras pessoas sujando o local em que vivem. Ao final dessa dinâmica, levamos os alunos
para a sala de aula para que pudéssemos discutir os desenhos feitos pelos grupos. Essa parte
da oficina foi muito importante, pois, conseguimos observar o quanto o conteúdo passado foi
absorvido pelos alunos, alguns se mostraram meio tímidos para discutir, por outro lado, outros
alunos já estavam mais tranquilos para expor seus comentários e duvidas que aparecessem
durante a discussão.
Em geral, independente da atividade executada, teve como uma grande participação
dos alunos e foi notável o interesse na oficina e principalmente em relação a objetivo geral,
que seria a conscientização dos alunos para com a conservação e preservação dos ambientes
naturais.
Considerações Finais
As oficinas tornam-se importantes ferramentas de ensino, contribuindo tanto para a
formação dos alunos quanto para os professores.
Para a área da Educação Ambiental, é importante não só destacar esse tipo de
conhecimento desenvolvido pelo professor, com também aprofundar suas conexões com a
difusão de temas e conceitos relativos à área, porque o trabalho escolar com a EA tem
buscado o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos humanos que considerem a
relação entre sociedade e natureza. Pela complexidade de abordagem, a EA encontra interface
na habilidade dos professores em desenvolverem meios de ensinar, atividade por si só
complexa e sujeita a situações inesperadas. (Mendes e Vaz, 2009 p. 398).
Por fim observou-se então que há a necessidade da abordagem de temas de interesse
dos alunos e que isso traz consigo um aumento na participação do mesmo na atividade
aplicada.
Desse
modo
o
PIBID
torna-se
de
grande
valia
na
formação
dos
licenciandos\bolsistas, pois através das atividades propostas os futuros professores tenham a
oportunidade do contato com o cotidiano escolar, interesse dos alunos, sendo assim,
aprendendo metodologias alternativas, métodos de avaliação e como interagir com os alunos.
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