QUADRILÁTERO EMPRESARIAL
BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
INTERNACIONALIZAÇÃO
DO QUADRILÁTERO
E PROJEÇÃO DE
ESTRATÉGIAS FUTURAS
DE PROMOÇÃO DO
TERRITÓRIO
| 1
Índice
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE
ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO 1.INTRODUÇÃO
16
1.1.
Nota introdutória
16
2.
O TERRITÓRIO NACIONAL
20
2.1.
O Desenvolvimento Regional
20
2.2.
Enquadramento do Quadrilátero
23
2.2.1. Contexto político e institucional
27
2.2.2. Contexto social e demográfico
28
2.2.3. Contexto económico e empresarial
35
2.2.4. Contexto tecnológico
39
3.
COMPETITIVIDADE TERRITORIAL DO QUADRILÁTERO
46
3.1.
O tecido empresarial
46
3.1.1. Setores de atividade e tecido empresarial por concelho
48
3.1.2. Mercados internacionais de referência
58
3.1.3. Clusters empresariais
67
3.1.4. A análise SWOT72
4.
INTERNACIONALIZAÇÃO E BOAS PRÁTICAS
76
4.1
Abordagem metodológica
76
4.2.
O Quadrilátero e condições da envolvente
79
4.3.
Clusters e cooperação em rede
82
4.4.
Empreendedorismo e renovação do tecido empresarial
83
4.5.
Investigação, desenvolvimento e inovação
85
4.6.
Fatores críticos na afirmação internacional
87
4.7.Quadro-resumo
89
5.
ORIENTAÇÕES PARA O FUTURO
94
5.1.
Resultados obtidos
94
5.2.
Vetores estratégicos para a promoção do Quadrilátero
96
5.3
Propostas de ação
100
6.CONCLUSÃO
102
7.ANEXOS
107
7.1.
107
Fichas de entrevista
| 3
4 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Índice de abreviaturas
3B’s
Research Group in Biomaterials, Biodegradables and Biomimetics
ACIG
Associação Comercial e Industrial de Guimarães
AICEP
Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal
AIMinho
Associação Industrial do Minho
AIPCLOP
Associación de Industrias de Punto y Confección de Lugo, Ourense e
Pontevedra
AMP
Área Metropolitana do Porto
ANJE
Associação Nacional de Jovens Empresários
APBio
Associação Portuguesa de Bioindústrias
APCM
Associação Pólo de Competitividade da Moda
APIC
Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes
APIP
Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos
APICCAPS Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos
de Pele e seus Sucedâneos
AAUM
Associação Académica da Universidade do Minho
ATP
Associação Têxtil e Vestuário de Portugal
CAE
Classificação das Atividades Económicas
CCDRN
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte
CENTI
Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes
CESPU
Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário
CIM
Comunidade Intermunicipal
CIP
Confederação Empresarial de Portugal
CITEVE
Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal
CVR
Centro para a Valorização de Resíduos
CTCP
Centro Tecnológico do Calçado de Portugal
DGEEC
Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
EMI
Electro-mechanical impedance
GAPI
Gabinete de Apoio à Propriedade Industrial
I&D
Investigação & Desenvolvimento
IAPMEI
Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação
IB-S
Instituto de Ciência e Inovação para a Biosustentabilidade
IDE
Investimento Direto Estrangeiro
IDI
Investigação, Desenvolvimento e Inovação
IEFP
Instituto do Emprego e Formação Profissional
IMI
Imposto Municipal sobre Imóveis
INE
Instituto Nacional de Estatística
INL
Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia
INPI
Instituto Nacional da Propriedade Industrial
IPCA
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
IpC
Indicador per Capita
IRN
Instituto dos Registos e Notariado
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
ISDR
Índice Sintético de Desenvolvimento Regional
NUT
Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins estatísticos
PALOP
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
PDM
Plano Diretor Municipal
PEC
Programa Estratégico de Cooperação
PEDIP
Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa
PIB
Produto Interno Bruto
PIEP
Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros
PME
Pequena e Média Empresa
PORDATA Base de Dados de Portugal Contemporâneo
PPC
Paridade de Poder de Compra
PRODER
Programa de Desenvolvimento Rural
QREN
Quadro de Referência Estratégico Nacional
SCTN
Sistema Científico - Tecnológico Nacional
SHM
Structuring Health Monitiring
SIREVE
Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial
TecMinho Associação Universidade-Empresa para o Desenvolvimento
TIC
Tecnologias da Informação e Comunicação
TGV
Train à Grande Vitesse
UE
União Europeia
UERN
União Empresarial da Região Norte
UKTI
UK Trade & Investment
UMinho
Universidade do Minho
VAB
Valor Acrescentado Bruto
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6 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Sumário Executivo
1
O estudo “Internacionalização
que apoie a internacionalização
do Quadrilátero e Projeção de
do tecido empresarial e também a
Estratégias Futuras de Promoção do
captação de investimento para este
Território” visa, por um lado, identi-
território.
ficar e avaliar os projetos de internacionalização bem-sucedidos das empresas localizadas neste território e,
por outro, estabelecer um conjunto
de estratégias e ações futuras de
promoção territorial com vista à sua
internacionalização e à atração de
Investimento Direto Estrangeiro.
O estudo propõe-se estabelecer
um rumo estratégico que permita
2
Na análise das estratégias de
desenvolvimento, o espaço tem
um papel fundamental. A racionalidade da organização espacial e o
aproveitamento das dinâmicas regionais são essenciais para explicar
o sucesso ou insucesso das estratégias de competitividade territorial. A
organização espacial e a racionaliza-
3
O território em estudo apresenta-se como um espaço
territorial denso, no qual é possível
identificar um elevado número de
áreas com uma forte componente
urbana. A aglomeração urbana do
Porto emerge progressivamente
mais vocacionada para os setores
de serviços em geral, para a logística
e para as atividades associadas ao
conhecimento, à cultura e ao lazer.
Por sua vez, o Quadrilátero é um
território especializado em comércio, serviços, indústria, educação,
o desenvolvimento de um modelo
ção política das dinâmicas regionais
de intervenção concertado entre
devem enquadrar-se num processo
os municípios de Barcelos, Braga,
de construção bottom-up de médio
litoral, que vai de Vila do Conde
Guimarães e Vila Nova de Famalicão
e longo prazo.
até Caminha, passando por Póvoa
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
investigação e desenvolvimento,
património e turismo. Na faixa mais
de Varzim, Esposende e Viana do
e à fronteira de Valença (a mais
infraestruturas dotadas de boas
Castelo, o nível de especialização é,
movimentada do país). Por sua vez, a
condições gerais e boas acessibilida-
no essencial, turístico, ambiental e
autoestrada A11 facilita as ligações
des, com outras mal concebidas ou
de lazer. Nos territórios fronteiriços,
dos concelhos de Braga e Guimarães
mal localizadas.
o nível de especialização do aglome-
e a conexão com a autoestrada A28,
rado constituído por Valença e Tui
que faz a ligação do Litoral Norte. A
assenta nas relações transfrontei-
rede de autoestradas existente liga
riças e nas atividades de transporte
as cidades do Quadrilátero por au-
de mercadorias, ainda que a ativida-
toestrada, de forma direta em quase
de industrial tenha ganho um peso
todos os casos.
considerável nos últimos anos.
4
O Quadrilátero encaixa-se numa
6
8
Em termos demográficos, o
Quadrilátero é um território
predominantemente urbano, com
grandes espaços rururbanos, e com
uma elevada densidade populacional. Em 2011, a sua densidade
Em comparação com a rede de
populacional era de 591 habitantes/
autoestradas, a rede ferroviária
km2, um valor muito superior ao na-
está bastante menos desenvolvida
cional de 115 habitantes/km2, e ao
Galiza. Esta região espanhola possui
e o seu contributo para a articulação
da região Norte de 173 habitantes/
uma superfície de 29.575 km2 (6%
entre as quatro cidades é pratica-
da área total de Espanha), uma
mente marginal, destacando-se,
população de 2,8 milhões de habi-
por exemplo, o facto de Guimarães
tantes e uma estrutura produtiva
apenas possuir conexão ferroviária
diversificada, com setores tradi-
direta com umas das restantes três
cionais modernos e empresas bem
cidades que compõem o Quadriláte-
posicionadas nos seus respetivos
ro (Vila Nova de Famalicão). Ao nível
setores de atividade. A Euro-região
das ligações aéreas e marítimas,
constituída pela Galiza e pelo Norte
importa referir a proximidade com
de Portugal, constitui um espaço de
os aeroportos do Porto e de Vigo e
forte interação social, económica e
com os portos marítimos de Leixões,
cultural, sendo, por isso, um impor-
de Viana do Castelo e de Vigo. Estas
tante foco de desenvolvimento a
infraestruturas de transporte são
vários níveis.
cruciais para o desenvolvimento
área geográfica limítrofe da
5
Em média, as cidades do Quadrilátero distam entre si cerca
de 20-25 km, estando a menos de
30 minutos de distância-tempo. O
território usufrui de boas ligações
rodoviárias, sendo as principais
conexões rodoviárias a A7, a A3 e
a A11. A autoestrada A7 facilita a
mobilidade no eixo Oeste-Este, e a
km2. A nível concelhio, observam-se diferenças assinaláveis. Braga
tem uma densidade populacional de
990 habitantes/km2, Vila Nova de
Famalicão de 664 habitantes/km2,
Guimarães de 656 habitantes/km2 e
Barcelos de 318 habitantes/km2.
9
As mulheres representavam
cerca de 52% da população resi-
dente e os homens os 48% restantes. Na última década, a população
residente em Braga aumentou em
aproximadamente 11%, tratando-se
do segundo maior acréscimo a nível
do território, dado que facilitam a
nacional (seguindo-se ao município
circulação de pessoas e a mobili-
de Cascais). Este crescimento elevou
dade/escoamento de mercadorias,
Braga, com cerca de 182 mil habi-
nomeadamente das produções da
tantes, à sétima posição do ranking
indústria transformadora localizada
populacional dos municípios portu-
na região.
gueses, ultrapassando o município
7
Ainda no âmbito das infraestruturas, convém destacar a
existência de inúmeros parques in-
de Matosinhos.
10
As habilitações da população do Quadrilátero
ligação à A24, garante a conexão do
dustriais e empresariais nos quatro
litoral com Espanha. A autoestrada
concelhos que compõem o Quadrilá-
entre 1981 e o momento atual.
A3, no eixo Norte-Sul, é uma cone-
tero. A oferta destes equipamentos
Entre 1981 e 2011, a população com
xão prioritária nas ligações ao Porto
é muito heterogénea, convivendo
ensino secundário e ensino superior
alteraram-se significativamente
| 7
8 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
aumentou substancialmente. Nesse
2012, no total nacional, 41% dos
lho (26%); indústrias transformado-
período, o aumento da população
desempregados estavam inscritos
ras (14%), onde se inclui a indústria
com ensino secundário foi superior a
nos Centros de Emprego há pelo
têxtil e do vestuário; e, atividades de
1000%, passando-se, grosso modo,
menos 12 meses. No Norte, esta
consultoria, científicas, técnicas e
de 7.000 indivíduos em 1981 para
percentagem situava-se nos 21%.
similares (10%), onde se enquadram
72.000 indivíduos em 2011. Este
No Quadrilátero, o desemprego de
a maior parte das empresas que
crescimento verificou-se nos quatro
longa duração afetava cerca de 46%
atuam na área das tecnologias da
municípios do Quadrilátero de um
dos desempregados.
informação e comunicação. O setor
modo bastante uniforme. No total
do Quadrilátero, cerca de 12% da
população possui habilitações ao
nível do ensino superior.
11
13
A região Norte contribui em
cerca de um terço para a
formação do Produto Interno Bruto
português. Apesar de possuir uma
da construção civil tem também um
peso significativo (8%). Em termos
de volume de negócios, os setores com maior importância são a
indústria transformadora (41%), o
A melhoria nos níveis de
capacidade exportadora considerá-
qualificação da população
vel (a mais elevada de todas as NUT
no Quadrilátero deriva sobretudo
II), a estrutura produtiva apresenta-
da perceção da importância e valor
va, até há poucos anos, fragilidades
de uma formação escolar sólida.
evidentes, derivadas dos baixos
Resultou também, do desenho e
níveis de produtividade e do eleva-
implementação de políticas públicas
do peso relativo de um conjunto de
to Nacional da Propriedade Indus-
a nível nacional destinadas a escola-
setores intensivos em mão-de-obra,
trial, 65 dos quais com patente con-
rizar e manter no sistema educativo
com escassa dotação de capital e
cedida à universidade. Em 2012, a
os mais novos durante mais tempo.
reduzidos níveis de incorporação
Universidade do Minho, apresentou
Neste contexto, destaca-se ainda o
tecnológica. Estas fragilidades eram
14 pedidos de registo de patentes e
sucessivo aumento da escolaridade
ainda mais marcadas nas NUT III Ave
a Universidade do Porto 18 pedidos.
mínima obrigatória ao longo dos
e Cávado, devido à elevada con-
A existência de um grande número
anos.
centração de empresas com essas
de pedido de patentes registadas e/
características, ligadas sobretudo ao
ou concedidas não significa, porém,
setor da construção civil e à indús-
que esse conhecimento tecnológico
tria têxtil e do vestuário, as quais, na
venha a ser aproveitado para fins in-
primeira metade da década de dois
dustriais e/ou empresariais. Porém a
mil, enfrentaram dificuldades acres-
Universidade do Minho destaca-se,
cidas como consequência da pujante
nesta matéria, por ser a universida-
concorrência dos países da Asia
de portuguesa com mais tecnologia
central e sul-oriental, da Europa de
rendibilizada em contextos empre-
leste e, em menor medida, do norte
sariais, com cerca de vinte patentes
de África, assim como da profunda
utilizadas pela indústria.
12
No Quadrilátero, o desemprego afeta maioritariamen-
te o grupo etário dos 35-54 anos
seguido do grupo etário dos maiores
de 55 anos, em todos os municípios.
Os concelhos de Braga e de Guimarães são os mais afetados, em
termos absolutos, pelo desemprego,
com 15.135 e 14.213 desempregados registados, respetivamente. O
desemprego feminino representa
53% do desemprego total no Quadrilátero. O desemprego de longa
duração também tem uma expressão significativa neste território. Em
contração do mercado interno.
14
No território do Quadrilátero,
predominam as empresas
comércio (33%) e a construção civil
(13%).
15
Entre 1997 e 2010, a Universidade do Minho formalizou
100 pedidos de patentes no Institu-
16
No Quadrilátero, o contributo
da Universidade do Minho
para o desenvolvimento económico
pertencentes a três setores de ativi-
do território, nas últimas quatro
dade: comércio por grosso e a reta-
décadas, é absolutamente inegável.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Desde a sua instalação, em meados
quais 34% se situavam em Braga,
As empresas ligadas à vinicultura, à
da década de setenta do século XX,
25% em Guimarães, 21% em Vila
floricultura e à floresta e à extração
a universidade tem contribuído para
Nova de Famalicão e 20% em Bar-
de pedra, foram sendo substituídas
a formação de quadros, engenhei-
celos. No que respeita à densidade
por empresas ligadas ao setor ter-
ros e tecnólogos das empresas da
empresarial, medida em termos de
ciário. A agricultura tradicional está
região. Tem igualmente formado
empresas por cada 1.000 habitan-
em franco declínio, cingindo-se cada
muitos dos empreendedores que
tes, Braga apresenta 181,5 empre-
vez mais a uma atividade para auto-
pilotam iniciativas empresariais
sas, Guimarães 158,1, Vila Nova de
consumo. A sua indústria apresenta-
bem-sucedidas com sede no Qua-
Famalicão 133,8 e Barcelos 98,4.
-se cada vez mais diversificada,
drilátero e operações nos mercados
internacionais. Tem transferido
conhecimento, tecnologia e inovação para as empresas da envolvente
através das interaces que dispõe. A
Universidade do Minho atua ainda
como uma instituição equilibradora
no território, criadora de consensos
e de articulação das vontades e propostas dos vários agentes sedeados
no território, cujo potencial neste
domínio está longe de ser esgotado.
17
19
O município de Barcelos baseia as suas atividades eco-
nómicas essencialmente no setor
secundário. As principais produções
agrícolas assentam no cultivo de cereais, forragens e vinha, assim como
na cultura do pinheiro e do eucalipto e na produção de leite. Ao nível
industrial, as atividades exercidas
relacionam-se fundamentalmente
com a indústria têxtil e do vestuário,
a indústria do calçado e a indústria
destacando-se as empresas ligadas
à tecnologia e eletrónica, à indústria
metalúrgica e à construção civil. Com
menor presença mas da mesma forma representativos, destacam-se o
setor têxtil e do vestuário. No total,
estas indústrias representavam, em
2010, 24% das empresas do concelho, 62% do volume de negócios e
ocupavam 50% da população ativa.
21
À semelhança do que
acontece em Barcelos, em
O peso da indústria trans-
da construção civil, as quais geram
formadora é relativamente
cerca de 47% do volume de negó-
vestuário é também a mais relevan-
desigual entre os vários concelhos
cios total. A mais representativa de
te na estrutura setorial do concelho,
do Quadrilátero. Nos de Guimarães e
todas é a indústria têxtil e do ves-
de acordo com os vários indicadores
de Vila Nova de Famalicão, a indús-
tuário, que absorve 33% do volume
comummente utilizados. 19% das
tria transformadora é responsável
de negócios do concelho.
empresas vimaranenses perten-
por 52% e 65% do Valor Acrescentado Bruto total, respetivamente,
enquanto em Braga não ultrapassa
os 27%. Apesar da importância das
empresas ligadas às tecnologias de
informação e comunicação ser ainda
relativamente marginal, também se
observam diferenças interconcelhias
consideráveis.
18
20
Braga apresenta uma estrutura produtiva relativamen-
te diferente dos outros concelhos
em análise. A sua atividade económica distribui-se pelos setores do
comércio e os serviços, do ensino e
a investigação, da construção civil,
da informática e as novas tecnologias, do turismo, e por vários ramos
De acordo com o Instituto
da indústria e do artesanato. Como
Nacional de Estatística, em
consequência da sua expansão ur-
2010 o tecido empresarial do Qua-
bana e da terciarização da economia
drilátero era constituído por apro-
local, o setor primário tem atual-
ximadamente 58 mil empresas, das
mente uma presença testemunhal.
Guimarães a indústria têxtil e do
cem ao setor, o qual é responsável
por 37% do emprego no concelho.
Apesar do ligeiro decréscimo no
número de empresas e no número
de trabalhadores ao serviço nos últimos anos, em 2010, o setor obteve
um volume de negócios de cerca de
1.000 milhões de euros, representativos de 30% do total concelhio. Em
Guimarães, a indústria do calçado
também tem uma presença muito
destacada.
22
No concelho de Vila Nova de
Famalicão, o setor industrial
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10 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
tem um peso muito significativo.
25No Quadrilátero, os principais
iv. As exportações efetuadas por
Contudo, em algumas freguesias
mercados de destino das exporta-
empresas bracarenses incluem-se
do concelho, o setor primário ainda
ções, em 2011, foram a Alemanha, a
maioritariamente na categoria de
tem alguma importância. As culturas
Espanha, a França e o Reino Unido.
máquinas e aparelhos (64%), o que
predominantes são a vinha, o milho,
Estes quatro países de destino
confirma a importância da indústria
o feijão, os produtos hortícolas e
representaram 65% das exporta-
eletrónica neste município. O segun-
as árvores de fruto, assim como a
ções dos quatro concelhos, asseme-
criação de pecuária. Também neste
lhando-se ao que acontece ao nível
concelho, a indústria têxtil e do
nacional.
vestuário é preponderante. Esta indústria é responsável por aproximadamente 16% do total de volume de
negócios do concelho (628 milhões
de euros) e emprega cerca de 30%
dos trabalhadores.
23
O Norte domina as transações com o exterior, sendo
responsável, em 2011, por 37% das
exportações nacionais. Segue-se
Lisboa, com um peso de 33%. Na
comparação com o ano precedente, o Norte perdeu peso (-0,3 p.p.),
enquanto Lisboa o incrementou em
3,1 p.p. Em conjunto, estas duas NUT
II foram responsáveis por 70,4% das
exportações nacionais, em 2011.
24
As empresas localizadas no
Quadrilátero são responsá-
veis por cerca de 9% das exportações portuguesas (cerca de 4.045
milhões de euros) e 4% das importações nacionais (aproximadamente
2 mil milhões de euros). 25% das
exportações do Norte são realizadas
i. A Alemanha lidera as expedições
em Barcelos, Braga e Vila Nova
Famalicão, seguindo-se a Espanha, a França e o Reino Unido. Por
sua vez, as expedições efetuadas
por empresas de Guimarães têm
como principal destino a Espanha,
a França, o Reino Unido e a Alemanha. A Bélgica, a Itália e os Países
Baixos assumem-se igualmente
como importantes destinos das
exportações, contudo os seus níveis
de importância diferem de concelho
para concelho.
ii. O mercado angolano apresenta-se relevante para as expedições
efetuadas por Braga e Guimarães,
recebendo 5% e 2% das exportações, respetivamente. Por sua vez, o
mercado norte-americano mostra-se mais atrativo para as empresas
de Guimarães e Vila Nova de Famalicão, concentrando 6% e 4% das
expedições, respetivamente.
do grupo de produtos mais vendidos
no exterior são as matérias-primas
(13%), das quais uma grande proporção está relacionada com vestuário e os seus acessórios. Pode-se
constatar ainda a importância dos
metais comuns nas exportações
deste concelho (11%).
v. As exportações de Guimarães
pertencem à categoria de matérias-primas e suas obras, as quais envolvem dois terços das vendas totais
ao exterior (66%), seguindo-se o
calçado (15%) e os metais comuns
(7%). Estes dados confirmam a
relevância da indústria têxtil e do
vestuário, do calçado e da metalúrgica e metalomecânica na atividade
económica do município.
vi. O padrão das vendas ao exterior
em Vila Nova de Famalicão assume
contornos similares aos dos restantes municípios. Este concelho exporta, fundamentalmente, material de
transporte (50%), matérias-primas
(25%) e, em menor medida, máquinas e aparelhos (7%).
26
O conceito de cluster
por empresas localizadas nos con-
iii. No concelho de Barcelos são
celhos que compõem o Quadrilátero.
exportadas essencialmente maté-
Os países da União Europeia são os
rias-primas (74%), seguindo-se o
clusterização derivam dos fluxos
parceiros comerciais de eleição das
calçado (14%) e, com menor peso,
de informação sobre mercados,
empresas deste território, represen-
os plásticos e borrachas (3%). Estes
produtos e tecnologia, da existência
tando 87% das suas exportações e
três produtos compõem 91% dos
de fornecedores e clientes espe-
71% das suas importações.
bens exportados pelo concelho
cializados e da disponibilidade de
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
está sujeito a diversas
interpretações. As vantagens da
recursos humanos em quantidade e
de infraestruturas de excelência
giões apresentam-se como grandes
com as habilidades requeridas pelos
ao nível das telecomunicações e
ameaças às atividades desenvolvi-
setores de atividade que integram
da rede rodoviária que facilitam a
das no território.
o cluster. Estas vantagens podem
comunicação e as relações empresa-
resultar da acumulação de experiên-
riais com outros mercados nacionais
cias, saber-fazer, conhecimentos e
e internacionais. O território apre-
formas de organização e trabalho,
senta também um forte know-how
formais ou informais, ou da sua
em setores como o calçado, o têxtil e
promoção institucional a partir dos
vestuário, e, mais recentemente, no
recursos territoriais, potenciando-os
setor das tecnologias de informação
e orientando-os para a obtenção de
e comunicação, nos quais possui
ganhos de competitividade indivi-
vantagens competitivas em relação
duais ou coletivos. Acresce ainda
aos seus concorrentes internacio-
que essas vantagens, do ponto de
nais.
vista territorial, não têm porque se
concentrar num único setor. Aliás, é
razoável pensar que o seu desenvolvimento pode envolver mais setores
de atividade, relacionados de forma
direta ou indireta, que podem usufruir de vantagens similares, potenciando ainda mais a competitividade
do território em questão.
27
29
Os motores da institucionalização
do cluster são variados, ainda que
na literatura especializada habitualmente se aponte o desenvolvimento
de atividades de I&D e a potenciação da dimensão internacional das
empresas. A cooperação institucionalizada através do cluster permite
às empresas partilhar custos e obter
sinergias de diversa natureza.
rica e empírica, tanto nacional como
internacional, com especial destaque para a consulta efetuada em revistas especializadas e para a leitura
de outra informação complementar.
Numa segunda fase, entendeu-se
desenvolver uma análise qualitativa
recolha de dados para a elabora-
estrutura produtiva em fase de
ção deste trabalho teve por base a
transição da produção de bens de
entrevista, por se entender ser uma
baixo valor acrescentado, a reduzida
técnica por excelência para os estu-
dimensão das empresas, com níveis
dos de caso, possibilitando a obten-
de competitividade e internacionali-
ção de experiências acumuladas,
zação ainda insuficientes, a falta de
testemunhos, opiniões e confissões
liderança económica, política e insti-
dos entrevistados.
de estruturas de apoio à internacio-
para garantir o seu cumprimento.
recolha e seleção de literatura teó-
quezas, destaca-se uma
cluster permite definir
racionais, setoriais ou transversais,
envolveu, num primeiro momento, a
suportada em estudos de caso. A
tucional no território e a inexistência
formal e implementar planos ope-
na presente investigação
No que respeita às fra-
A institucionalização do
estratégias comuns de maneira
31
A metodologia aplicada
nalização de base territorial.
30
Ao analisar as oportunidades e ameaças que o
território enfrenta realça-se, entre
as primeiras, o ambiente empreendedor que envolve várias entidades regionais, nomeadamente as
instituições de ensino superior e os
centros tecnológicos, assim como a
existência de sistemas de incentivos
à I&D, que propiciam o desenvolvimento da capacidade inovadora
do território e a criação de novas
32
Os resultados das entrevistas foram tratados em 5
subcapítulos.
i. O Quadrilátero e condições da
envolvente: questões relacionadas
com as valências mais importantes
do território, como infraestruturas,
pessoas, vias de comunicação, contexto político, fiscal e económico.
ii. Clusters e cooperação em rede:
a importância das estratégias de
cooperação entre as empresas que
constituem o tecido produtivo do
Quadrilátero;
empresas. Por outro lado, a crise
iii. Empreendedorismo e renovação
Das forças do Quadrilátero,
económica e financeira nacional e a
do tecido empresarial: as condições
destacam-se a existência
forte concorrência de outras re-
oferecidas pelo território ao nível da
28
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12 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
inovação e do empreendedorismo
governança: o Quadrilátero carece
ladas neste território e para aquelas
e as áreas de atividade com maior
de uma estrutura de governação
que estejam a ponderar internacio-
potencial de desenvolvimento no
supramunicipal e de um modelo de
nalizar os seus produtos e serviços.
território, bem como as ações que
institutional governance. Um mode-
Estes serviços de facilitação e acon-
poderiam ser desenvolvidas para
lo de governança implica lideranças
selhamento e a disponibilização de
fomentar a geração de ideias e a
fortes e capazes de articular ações
eventuais estudos setoriais poderão
criação de projetos empresariais de
coletivas e interesses comuns. O
elevado valor científico e tecnológi-
processo de tomada de decisão para
co.
ser eficaz, tem necessariamente de
iv. Investigação, desenvolvimento e
inovação: a utilidade e a relevância
da ligação entre as empresas e as
entidades do Sistema Científico-Tecnológico Nacional para o desenvolvimento de produtos e serviços
de elevado valor acrescentado.
v. Fatores críticos na afirmação
internacional: o processo de internacionalização das empresas
instaladas no território, o potencial do território para a atração de
Investimento Direto Estrangeiro e
o papel e o trabalho desenvolvido
pelos organismos com competências
na área.
33
Um dos objetivos deste
estudo passa por projetar
um conjunto de estratégias e ações
futuras de promoção do Quadrilátero com vista à sua internacionalização e à atração de Investimento
Direto Estrangeiro. Definiram-se 6
vetores estratégicos considerados
basilares para a melhoria das condições existentes e para a criação de
um ambiente favorável à dinâmica e
crescimento do tecido empresarial.
34
ser ágil, devendo ter como base um
conjunto de princípios estratégicos
previamente discutidos e estabelecidos. A questão institucional em
reduzir e minimizar os tão referidos
custos com a obtenção de informação que as empresas enfrentam no
seu processo de internacionalização.
36
Vetor estratégico 3 - Proporcionar uma maior ligação
entre entidades do Sistema Científi-
torno do Quadrilátero é de particular
co - Tecnológico Nacional e o tecido
importância, na medida em que a
empresarial: Para que a ligação entre
estrutura que possa dar resposta às
as entidades do Sistema Científico
estratégias de cooperação acorda-
- Tecnológico Nacional e o tecido
das ou a acordar entre os quatro mu-
empresarial fosse mais efetiva e
nicípios, tem de estar capacitada e
profícua, seria conveniente definir
apetrechada dos recursos essenciais
um modelo de transferência de
à prossecução dos objetivos que lhe
estejam atribuídos.
35
Vetor estratégico 2 - Especializar uma estrutura
regional no marketing territorial e
na internacionalização do território:
Apesar de a AICEP ser o organismo
responsável pela internacionalização das empresas portuguesas e por
encorajar as empresas internacionais a olhar para Portugal como um
bom local para se investir, considera-se que a sua ação não consegue dar
uma resposta satisfatória e adequada às características intrínsecas de
territórios específicos. A existência
de uma estrutura dedicada à internacionalização do Quadrilátero, teria
conhecimento que envolvesse as
partes mas cujos resultados fossem
devidamente partilhados através de
um modelo de exploração definido a priori e que proporcionasse
vantagens mútuas. O território
deverá ser promovido numa lógica
restrita, definindo claramente em
que domínios ou setores apresenta
vantagens comparativas. Só através
da focalização em determinadas
áreas será possível fomentar a competitividade e a atratividade deste
território de forma eficaz e eficiente.
Aqui, o papel da Universidade do
Minho e das outras instituições de
ensino ou investigação do território
é fundamental, tendo em consideração as suas funções na formação
Vetor estratégico 1 - Definir
como principais objetivos fornecer
de recursos humanos altamente
para o território do Quadri-
um conjunto ímpar de serviços e
qualificados e as infraestruturas de
látero um modelo institucional e de
informações para as empresas insta-
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
I&D que deverão estar à disposição
O território do Quadrilátero carece
nentes culturais e criativas. Para
do tecido empresarial.
de condições de mobilidade susten-
isso, é fundamental requalificar as
tável, tanto aos níveis intraurbano
cidades e reabilitar os seus centros
como interurbano, as quais são
históricos, efetuando uma progra-
fundamentais para a criação de um
mação cultural integral verdadeira-
espaço de vida comum para cida-
mente articulada, associada a novos
dãos e empresas. Nesta linha de
modelos culturais e de revitalização
pensamento, torna-se necessário
da urbe. Questões culturais, organi-
desenvolver e gerir um sistema de
zacionais e ambientais entram agora
transporte integrado e intermodal,
na equação da atratividade de uma
capaz de proporcionar melhorias
região, lançando novos desafios aos
significativas na mobilidade das
diversos atores locais que necessi-
pessoas e bens. Atualmente, o Qua-
tam de promover o seu território e
drilátero não salvaguarda as infraes-
atrair os recursos que lhes garantam
truturas necessárias à dinâmica
maior competitividade, rumo ao
empresarial e, apesar das grandes
crescimento sustentado do territó-
melhorias verificadas ao nível das
rio onde se inserem.
37
Vetor estratégico 4 - Criar
redes/espaços de excelência
para fomentar o empreendedorismo
e os negócios: É importante criar
as condições para que os negócios
inovadores prosperem e floresçam.
Neste aspeto, o modo de funcionamento das instituições económicas
e políticas é essencial, na medida em
que são responsáveis por estabelecer os incentivos às empresas e
aos indivíduos. Neste sentido, a
realização continuada de ações de
sensibilização e informação ligadas
ao empreendedorismo e a criação
de espaços informais de partilha de
experiências entre empresários e
investigadores constituiriam grandes contributos para este propósito.
Sugere-se a criação de um clube de
empresários de elite/referência no
território e/ou a criação de um espaço aprazível (se possível em contex-
vias de comunicação, persistem
algumas deficiências, nomeadamente ao nível das ligações ferroviárias. Estes aspetos revestem-se
de particular importância para o
território, dado que minimizariam o
facto de ser um território, ainda que
geograficamente próximo, afastado
to universitário, mas onde exista
em termos logísticos dos grandes
facilidade de acesso e parques de
portos de embarque e desembarque
estacionamento), que facilitasse um
de mercadorias.
clima informal entre professores/investigadores, empresários e investidores. A criação de uma infraes-
39
40
A importância de um trabalho desta natureza assenta
no contributo que pretende dar para
o crescimento, desenvolvimento e
internacionalização de um território
com base numa estrutura em rede
que abreviadamente se denomina
por Quadrilátero. Neste sentido,
constatou-se a necessidade de
uma visão estratégica agregadora
e capaz, vocacionada para facilitar,
Vetor estratégico 6 - Pro-
dinamizar e aumentar a competitivi-
mover a qualificação e
dade do território e a internacionali-
atratividade do ambiente urbano do
zação do seu tecido empresarial. Ao
Quadrilátero: O conceito de cidade
longo deste estudo, foram identifi-
passou a implicar qualidade na vida
cadas e estudadas as oportunida-
urbana, nomeadamente no que se
des a explorar para o Quadrilátero,
relaciona com a estética, os valo-
apresentando-se propostas para
res e o convívio entre pessoas. O
o rumo a seguir e elencando-se
território do Quadrilátero em geral e
uma panóplia de ações capazes de
Vetor estratégico 5 - Garan-
as cidades em particular, ao promo-
desenvolver os vetores estratégicos
tir um sistema integrado
verem a relação com o exterior não
definidos, num contexto de facilita-
de mobilidade e de transportes nos
podem descurar a necessidade de
ção do aparecimento a prazo de uma
quatro concelhos do Quadrilátero:
assegurar a dolce vita e as compo-
nova economia, que incorpore mais
trutura ou programa especialmente
dirigido para angariar fundos e
capital (fundraising) neste território,
é igualmente uma ação crucial para
fomentar e criar condições ótimas
para o sucesso das start ups.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
valor acrescentado para o território.
41
Das principais conclusões
destaca-se a necessidade
de trabalhar na criação de uma
liderança clara para o Quadrilátero.
Enfatiza-se e aconselha-se a existência de uma estrutura regional
dedicada à internacionalização e ao
marketing territorial, que se foque
essencialmente na atração de Investimento Direto Estrangeiro, no apoio
à internacionalização de empresas
locais e na promoção internacional
do território.
42
Para promover as ideias
inovadoras, a Investigação
& Desenvolvimento e a competitividade, é importante criar redes e
espaços de excelência para fomentar o empreendedorismo e os
negócios no território, definindo-se
um modelo de transferência de tecnologia das universidades para as
empresas. Sugere-se ainda a criação
de um fundo de capital de risco para
apoiar a criação de empresas de
base tecnológica e inovadoras no
lhos que compõem o Quadrilátero,
de harmonização de políticas, recur-
considera-se igualmente funda-
sos e competências.
mental a adoção de uma estratégia
de promoção, de requalificação e
de gestão coletiva dos espaços de
acolhimento empresarial existentes
no território. Na ótica da mobilidade,
destaca-se a importância de ajustar
o sistema de transportes públicos e
privados ao território do Quadrilátero como um todo e, no longo prazo,
equacionar a implementação no
território de uma plataforma logística multimodal.
44
No que se refere à cultura e
à arte, destaca-se a impor-
tância de articular a oferta cultural
das quatro cidades, de promover
programas internacionais de intercâmbio com cidades inteligentes
e criativas e, a prazo, requalificar
os centros históricos, tornando-os
atrativos para uma população jovem
e cosmopolita.
45
Dada a sua natureza e
importância, este trabalho
tem como objetivo servir de contri-
Quadrilátero, o fomento de políticas
buto para a valorização de vetores
de empreendedorismo no território,
estratégicos numa sub-região
uniformizando-as em torno de um
como o Baixo Minho num país como
sistema de inovação com capaci-
Portugal. Revela-se extremamente
dade para gerar negócios de valor
importante para o tecido empresa-
acrescentado. Na vertente de I&D
rial a articulação com outros agentes
destaca-se, por exemplo, a neces-
que favoreçam a capacitação tec-
sidade de existir uma maior ligação
nológica e a competitividade. Tendo
entre as entidades do Sistema
em conta a perspetiva estratégica
Científico-Tecnológico Nacional e o
baseada na Sociedade do Conhe-
tecido empresarial.
cimento, é impossível descurar a
43
Para garantir as infraestruturas necessárias à dinâ-
mica empresarial nos quatro conce-
abordagem da temática em causa no
âmbito do Minho como “Região do
Conhecimento”, dada a importância
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
1. Introdução
1.1. NOTA INTRODUTÓRIA
À medida que os mercados internos
se abrem às transações comerciais
e ao capital estrangeiro, as regiões
urbanas ficam cada vez mais expostas às forças globais e às influências da conjuntura externa. Por um
lado, encontram-se mais expostas
a ameaças externas mas, por outro
lado, podem desenvolver as suas
2000).
Assim, segundo Webster e Muller
(2000), a competitividade territo-
riais (inovação), aparece como essencial para aumentar a atratividade
e sustentabilidade dos territórios.
rial de uma região/cidade depende
A competitividade de um território
da sua capacidade em produzir e
não provém apenas da competitivi-
comercializar bens (tangíveis) e
dade das empresas que nele estão
serviços (intangíveis) com um valor
instaladas e da sua capacidade de
superior ao dos bens e serviços
interação. As redes formais e infor-
produzidos noutras regiões urbanas,
mais de inovação e conhecimento,
próprias estratégias de competiti-
seja através do preço, qualidade ou
o capital social e a confiança insti-
vidade e penetrar em novos mer-
inovação associada. A capacidade de
tucional, são agentes coletivos que
cados a nível mundial. Tornando-se
criar conhecimento e de o integrar
assumem uma importância crescen-
mais competitivas, podem garantir
em novos produtos e processos
te. Desta forma, a aferição do nível
melhores qualidade e nível de vida
produtivos e organizacionais, ou em
de competitividade de um determi-
à sua população (Webster e Muller,
novas soluções materiais e imate-
nado território requer uma análise a
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
diferentes níveis, que se interligam
Em consequência, impõe-se uma
ta natureza revela-se fundamental
e se auto influenciam, passando
reflexão sobre o desenvolvimento
para o desenvolvimento e para a
tanto por fatores tangíveis como por
regional do Quadrilátero na ótica
competitividade territorial, tirando
fatores intangíveis, de difícil deter-
da competitividade e da internacio-
o máximo partido das sinergias, ex-
minação, não sendo portanto fácil
nalização do território que envolva
ternalidades e economias de escala
medir a sua competitividade.
todos os agentes direta ou indireta-
geradas. De acordo com o PEC - Pro-
mente associados e que tenha como
grama Estratégico de Cooperação
objetivo garantir que o património
(assinado em 2008), o projeto “Um
de recursos e o leque de oportuni-
Quadrilátero Urbano para a Compe-
dades das futuras gerações sejam
titividade, a Inovação e a Internacio-
superiores aos disponíveis para as
nalização” propunha-se a “potenciar
gerações atuais. Daí a importância
a relação entre um modelo urbano
de estudar, na ótica da estratégia e
policêntrico qualificado e inovador
da competitividade, o território do
nas práticas de governança urbana
Nos dias que correm, para se poder
ser competitivo, é necessário uma
aposta efetiva na diferenciação e/
ou na criação de algo novo e, por
isso, a inovação passou a ser um
fator-chave. A pressão e exigência do mercado motivam cada vez
mais as empresas para a busca de
vantagens competitivas diferenciadoras. Diferenças ao nível dos
valores, evolução histórica, tradição
industrial, papel do governo e dos
agentes locais, são tudo fatores que
influenciam a competitividade territorial. Mais do que dos seus recursos
territoriais, a competitividade de um
território depende da sua capacidade em transformá-los em vantagens
competitivas diferenciadoras e
geradoras de valor.
O desenvolvimento está cada vez
mais “territorializado e isso implica atuações mais relevantes
dos agentes económicos, sociais,
culturais e administrativos a nível
local e regional - municípios, empresas e associações empresariais,
sindicatos, organizações de defesa
do ambiente e do património, etc.
Todos exercem poderes reais. A par
dos poderes fácticos, de natureza
corporativa, os agentes territoriais
contribuem muito para que os governos nacionais tenham cada vez
menos poder” (Ferreira, 2007:32).
Quadrilátero, projetando-o enquanto rede, isto é, parceria de atores e
espaço de concertação económica,
social, institucional, tendo como
principal objetivo catapultar o território para novos patamares de desempenho e de projeção de imagem
que lhe potenciem a competitividade e fomentem a internacionalização e, logo, a internacionalização de
todo o seu tecido empresarial.
O Quadrilátero constitui um projeto
inovador a nível nacional. Através
da Associação de Municípios de Fins
Específicos - Quadrilátero Urbano,
criada em fevereiro de 2010, este
projeto encontra-se em ação nos
municípios de Barcelos, Braga,
Guimarães e Vila Nova Famalicão, e
conta com a participação de entidades de relevo para a região como a
AIMinho - Associação Industrial do
Minho, o CITEVE - Centro Tecnológico da indústria têxtil do vestuário de
Portugal e a UMinho - Universidade
do Minho.
A materialização de um projeto des-
e territorial e uma estratégia de
competitividade e internacionalização da base económica sustentada
em competências e recursos para a
inovação gerados a partir da ligação
entre os tecidos científicos, de formação, tecnológico e empresarial”.
O presente estudo, denominado
“Internacionalização do Quadrilátero
e Projeção de Estratégias Futuras de
Promoção do Território” visa, por um
lado, identificar e avaliar os projetos de internacionalização bem-sucedidos das empresas localizadas
neste território e, por outro lado,
estabelecer um conjunto de estratégias e ações futuras de promoção
territorial com vista à sua internacionalização e à atração de IDE - Investimento Direto Estrangeiro. De uma
forma geral, o estudo propõe-se a
estabelecer um modelo de intervenção concertado entre os municípios
de Barcelos, Braga, Guimarães e
Vila Nova de Famalicão que apoie
a internacionalização do tecido
empresarial e também a captação de
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
investimento para este território.
Este trabalho encontra-se organizado em nove capítulos. No capítulo
2 faz-se uma contextualização do
território português, através de uma
abordagem que vai do geral para o
particular, onde se analisa o desenvolvimento regional do país e, mais
seu tempo para a partilha de informação, experiência e saber. Todos
os seus contributos e a riqueza da
informação partilhada constituem
uma importante mais-valia para
o resultado final deste trabalho e
para o cumprimento dos objetivos
traçados.
concretamente o enquadramento
político, económico, social e tecnológico do território do Quadrilátero.
A análise ao tecido empresarial e
a estratégia territorial, focando os
principais setores de atividade, os
mercados internacionais de referência, a lógica de clusters empresariais e a identificação das forças
e fraquezas, das oportunidades e
ameaças é feita na terceira parte do
estudo. Casos bem-sucedidos ou
com potencial de sucesso, no que
à internacionalização diz respeito,
foram selecionados, estudados
e comparados no quarto capítulo
deste estudo.
A título de proposta, nos capítulos
cinco e seis identificam-se os vetores críticos para a promoção do Quadrilátero, expõe-se um conjunto de
possibilidades para viabilizar ações
no terreno que sustentem as opções
estratégicas defendidas e reúnem-se as principais conclusões.
Agradece a colaboração e a disponibilidade de todas as entidades
envolvidas no presente estudo,
com particular destaque para as
empresas que aceitaram ser caso de
estudo, disponibilizando algum do
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
2. O território nacional
2.1. O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Com o objetivo de contextualizar o
um lado, uma visão multidimensio-
turas físicas de cada sub-região para
desempenho das regiões, apresen-
nal do desenvolvimento regional e,
o seu desempenho em termos de
tam-se e comentam-se os valores
por outro, captar a complexidade do
competitividade, assim como o grau
dum índice de desenvolvimento,
desenvolvimento através da hetero-
de eficiência na trajetória seguida,
enquanto ferramenta válida para
geneidade dos perfis sub-regionais
medido pelos perfis educacional,
a aferição das divergências regio-
(INE, 2013). O ISDR assenta numa
profissional, empresarial e produti-
nais. O INE - Instituto Nacional de
Estatística - procedeu à elaboração
do ISDR - Índice Sintético de Desenvolvimento Regional, que visa medir
o desenvolvimento regional em
estrutura tridimensional em que o
desenvolvimento de cada região resulta da ponderação de três índices
temáticos parciais, concebidos com
base numa matriz de 65 indicadores.
vo, e, ainda, a eficácia na criação de
riqueza e a capacidade demonstrada
pelo tecido empresarial para competir no con texto internacional. Este
índice agrupa 25 indicadores, entre
Portugal. Ao sintetizar o desenvolvi-
São eles os seguintes:
mento regional nas diversas verten-
- Índice de Competitividade: preten-
(PIB) per capita, a produtividade do
tes (económica, social e ambiental),
de captar o potencial em termos de
trabalho, a relação entre as exporta-
o indicador proposto possibilita, por
recursos humanos e de infraestru-
ções e o PIB, a densidade populacio-
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
os quais, o Produto Interno Bruto
nal, a taxa de penetração da banda
habitante servido e a eco-eficiência
apresenta-se mais compacto e
larga e as despesas em I&D - Inves-
(INE, 2013).
equilibrado face às sub-regiões con-
tigação e Desenvolvimento no VAB
- Valor Acrescentado Bruto;
Tanto o indicador sintético de desenvolvimento regional como os três
tinentais do Interior Norte e do Sul e
às regiões autónomas insulares.
- Índice de Coesão: reflete o grau de
índices parciais temáticos fornecem
Figura 1 - Índice sintético de
acesso da população a equipamen-
uma base de comparação normaliza-
desenvolvimento regional (2010)
tos e serviços coletivos básicos de
da e relativizada da dimensão regio-
Fonte: INE, 2013
qualidade, os perfis conducentes a
nal à escala das NUT - Nomenclatura
uma maior inclusão social e a eficá-
das Unidades Territoriais para fins
cia das políticas públicas, traduzida
no aumento da qualidade de vida e
na redução das disparidades territoriais. Agrega 25 indicadores, dos
quais se destacam a esperança de
vida à nascença, a taxa quinquenal
de mortalidade infantil, o índice
regional de rendimento familiar por
habitante, o índice de juventude, a
taxa de retenção no ensino básico, a
taxa de criminalidade, o número de
médicos ao serviço nos centros de
saúde por 1.000 habitantes e a taxa
de fecundidade na adolescência;
- Índice de Qualidade Ambiental:
está associado às pressões exercidas pelas atividades económicas e
pelas práticas sociais sobre o meio
ambiente numa perspetiva vasta,
que se estende à qualificação e ao
ordenamento do território, aos respetivos efeitos sobre o estado ambiental e às consequentes respostas
económicas e sociais em termos de
comportamentos individuais e de
implementação de políticas públicas.
O índice incorpora 15 indicadores,
como, por exemplo, a qualidade
da água para consumo humano, a
qualidade do ar, a eficiência potencial do processo de urbanização, o
consumo doméstico de água por
estatísticos - II e III face à média
nacional (valor 100 dos índices em
apreço).
De acordo com os valores do IDSR,
entre 2004 e 2010, 21 das sub-regiões convergiram relativamente
à média nacional. No âmbito da
competitividade destacam as assimetrias entre o Litoral e o Interior,
Em 2010 apenas 5 das 30 sub-regiões superavam a média
nacional do índice sintético de
desenvolvimento regional: Grande
Lisboa (109,46), Cávado (100,75),
Baixo Vouga (100,32), Minho-Lima
(100,11) e Grande Porto (100,10). O
Ave e o Pinhal Litoral ficavam pouco
abaixo da média nacional.
registando o índice correspondente
valores mais elevados no Litoral.
Esta dicotomia prevalece no relativo à qualidade ambiental, embora
neste caso no índice correspondente ao Interior apresenta desempenhos mais favoráveis. No âmbito da
coesão, o espaço continental central
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 2 - Competitividade, Coesão e
Qualidade Ambiental (2010)
Fonte: INE, 2013
Relativamente ao índice de
Serra da Estrela (111,76), Alto
reduzida. Das principais conclusões
competitividade, apenas 4 sub-
Alentejo (109,50), Douro (107,38),
sobre os índices calibrados, o INE
regiões se posicionaram acima da
Alto Trás-os-Montes (106,88), Beira
destaca as seguintes:
média nacional, nomeadamente:
Interior Norte (106,86), Região
- “No que respeita ao índice de com-
Grande Lisboa (119,95), Grande
Porto (104,19), Baixo Vouga
(103,07) e Ave (100,52). No índice
de coesão, 17 das 30 sub-regiões
destacaram-se das demais: Baixo
Mondego (107,52), Alentejo Central
(106,72), Serra da Estrela (106,21),
Autónoma da Madeira (106,64),
Cova da Beira (105,64), Tâmega
(105,02), Pinhal Interior Sul
(104,94), Baixo Alentejo (104,93).
Tendo em consideração os valores
do ISDR entre 2004 e 2010, pode
petitividade, os valores apurados
apontam para um retrato territorial
da competitividade em que se destacam dois espaços centrados nos
territórios metropolitanos de Lisboa
e do Porto, que contrastam com o
restante território nacional e, em
Grande Lisboa (105,26), Médio Tejo
afirmar-se que existe uma eleva-
(104,68), Alto Alentejo (104,18),
da correlação entre os índices de
particular, com o Interior continental;
Pinhal Litoral (103,15), Península de
competitividade e de coesão e o
- No que se refere ao índice de coe-
Setúbal (103,01) e Grande Porto
índice sintético de desenvolvimento
(102,51). Quanto ao índice de
são, os resultados obtidos refletem
regional. Em contrapartida, a cor-
qualidade ambiental, são 19 as
um retrato territorial mais equili-
relação entre o índice de qualidade
brado, que evidencia um espaço
ambiental e o índice sintético de
continental central mais coeso,
desenvolvimento regional é muito
em comparação com as NUT III do
sub-regiões que apresentam valores
acima da média, das quais destacam:
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Interior Norte e do Sul e das Regiões
(2013), o facto de não haver mais
Autónomas;
sub-regiões com comportamentos
- Quanto ao índice de qualidade
ambiental, os resultados apurados
retratam uma imagem territorial em
que as NUT III do Interior continental
em geral apresentam valores mais
elevados. A Serra da Estrela apresenta o índice de qualidade ambiental mais elevado (111,76)” (INE,
2013:1).
Figura 3 - Índices de
Competitividade, Coesão e
Qualidade Ambiental (2010)
Fonte: INE, 2013
2.2. ENQUADRAMENTO DO
homogéneos em todos os índices
QUADRILÁTERO
afigura-se expectável tendo em
Na análise das estratégias de desen-
consideração as tensões entre
os fenómenos representados em
cada uma das componentes, o que
é revelador da complexidade do
desenvolvimento regional, quando
interpretado sob uma perspetiva
multidimensional.
volvimento o espaço tem um papel
fundamental. A racionalidade da
organização espacial e o aproveitamento das dinâmicas regionais são
essenciais para explicar o sucesso
ou insucesso das estratégias de
competitividade territorial. A organização espacial e a racionalização
política das dinâmicas regionais
devem enquadrar-se num processo
de construção botton-up de médio e
longo prazo.
O quadrilátero está inserido na NUT
A Grande Lisboa é a única sub-região que se situa acima da média
em todos os índices parciais que
constituem o ISDR. Por contraponto,
o Alentejo Litoral, o Algarve, Entre
Douro e Vouga e Dão-Lafões são as
únicas sub-regiões que apresentam
valores abaixo da média em todos
os índices. De acordo com o INE
II Norte. A região Norte de Portugal
possui uma área de 21.287 km2 e
uma densidade populacional de 175
habitantes/km2. Caracteriza-se por
uma forte concentração da população no litoral; a nível urbano verifica-se um forte contraste entre o litoral
e o interior. O Norte abrange oito
sub-regiões NUT III Norte: Minho-
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
-Lima, Cávado, Ave, Grande Porto,
desqualificados, e onde a dicotomia
lazer, resultantes de um processo de
Tâmega, Entre Douro e Vouga, Dou-
urbano-rural atinge uma expres-
requalificação urbana cujos resul-
ro e Alto Trás-os-Montes.
são significativa; e, v) áreas rurais,
tados começam a evidenciar-se em
afastadas das pressões urbanísticas
termos de atratividade.
O Norte caracteriza-se, do ponto
de vista espacial, pela existência de
cinco tipos de áreas: i) a Área Metropolitana do Porto (AMP) que tem o
seu centro na cidade do Porto e que
constitui um espaço maioritariamente urbano com fortes relações
e industriais, caracterizadas por
uma estrutura económica frágil,
pelos baixos níveis de prestação
de serviços e pelas dificuldades de
articulação com os centros urbanos
mais próximos.
A AMP tem um núcleo central que
se tem vindo a expandir e que vem
questionando o conceito de cidade
tradicional. Em torno deste núcleo
urbano central emerge uma coroa
em expansão, onde o urbano tem
de interdependência funcional in-
A região Norte evidencia um padrão
prevalência sobre outras formas
terna; ii) uma mancha urbano-indus-
urbano policêntrico, desequilibrado
de ocupação do solo e se assis-
trial descontínua, de algum modo
em termos espaciais, com uma de-
te à emergência de fenómenos
envolvente da mencionada área
ficiente articulação entre os dife-
de periurbanização. No contexto
metropolitana do Porto, integrada
rentes níveis hierárquicos e carente
territorial adjacente a este espaço
de suficientes centros de dimensão
desenvolve-se uma mancha difusa
intermédia com capacidade para as-
urbano-industrial, com povoamento
sumir as funções correspondentes
disperso, dinâmicas populacionais
em termos hierárquicos. A estrutura
e construtivas bem significativas
urbana da área metropolitana do
e morfologia urbana fragmentada.
Porto apresenta uma policentri-
Outros espaços urbanos progres-
cidade difusa, ainda que a cidade
sivamente mais integrados, como
central, o Porto, e a aglomeração
o Quadrilátero, têm consolidado as
desestruturada de Gaia, se desta-
malhas urbanas respetivas, qualifi-
quem relativamente às centralida-
cando e diversificando a sua oferta
lidação urbana, a nordeste da área
des envolventes.
de serviços, e melhorando a sua po-
metropolitana do Porto, com dinâmi-
As centralidades “periféricas” apre-
por cidades de pequena e média dimensão (à escala nacional), algumas
das quais têm vindo a desenvolver
novas funções terciárias, e por
contínuos rururbanos, sem funções
claramente definidas, que garantem, em certa medida, a existência
de alguma consistência em termos
espaciais entre os núcleos mais
qualificados; iii) uma área de conso-
cas territoriais, produtivas e de pres-
sentam uma diversidade elevada:
sição em termos hierárquicos, ainda
que as funções de ordem superior
e os serviços avançados que se lhe
tação de serviços tendencialmente
o quadrilátero de desenvolvimento
autónomas, que se consubstanciam
referido, no qual a cidade de Braga
no Quadrilátero de desenvolvimento
assume um papel hierárquico de
constituído pelas cidades de Braga,
ordem superior, diferencia-se pela
Guimarães, Vila Nova de Famalicão
sua crescente afirmação; os centros
Em termos funcionais, a região
e Barcelos, o qual se vê progressiva-
do Vale do Sousa caracterizam-se
Norte caracteriza-se por uma alta
mente reforçado pela atração que
pela fragilidade da oferta urbana e
diversidade funcional e por ele-
estes locais exercem sobre as áreas
a incapacidade de, pelo menos um
vados índices de terciarização. A
envolventes próximas; iv) áreas de
deles singularmente, oferecer servi-
consolidação de espaços urbanos
intermediação, onde prevalecem os
ços mais qualificados e destacar-se
funcionalmente mais autónomos
conflitos no uso dos solos, escassa
em termos hierárquicos; e a cidade
tem implicações para os espaços
dotação de infraestruturas básicas
de Viana do Castelo releva-se pelas
centrais da AMP, os quais têm reve-
e espaços urbanos fragmentados e
valências ambientais, turísticas e de
lado certa dificuldade para manter
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
associam continuem, em grande
medida, reservados para os espaços
centrais da AMP.
a sua centralidade competencial e
existência de certa homogeneidade
o seu status funcional, vendo-se
paisagística, social e cultural. Esta
obrigados a partilhá-los com outras
região, que ocupa uma superfície de
centralidades tendencialmente mais
4.885 km2 (que representa 5,5%
dinâmicas, como o Quadrilátero.
do território nacional), é composta
O território em estudo apresenta-se
como um espaço territorial denso,
no qual é possível identificar um
elevado número de áreas com uma
forte componente urbana. A aglomeração urbana do Porto emerge
progressivamente mais vocacionada
para os setores de serviços em geral,
para a logística e para as atividades
associadas ao conhecimento, à cultura e ao lazer. Por sua vez, o Quadrilátero é um território especializado
em comércio, serviços, indústria,
educação, investigação e desenvolvimento, património e turismo. Na
faixa mais litoral, que vai de Vila do
Conde até Caminha, passando por
Póvoa de Varzim, Esposende e Viana
do Castelo, o nível de especialização
é, no essencial, turístico, ambiental e
de lazer. Nos territórios fronteiriços,
o nível de especialização do aglomerado constituído por Valença e Tui
assenta nas relações transfrontei-
por dois distritos, os quais dividem a
região em Baixo Minho e Alto Minho:
o distrito de Braga e o distrito de
Viana do Castelo, respetivamente. O
Minho encontra-se limitado a Norte
e a Nordeste pela Galiza, a Este por
Trás-os-Montes e Alto Douro, a Sul
pelo Douro Litoral e a Oeste pelo
Oceano Atlântico. A área geográfica
da região minhota não se apresenta muito expressiva se comparada
com a densidade populacional que
representa. Apesar de existir certo
grau de heterogeneidade do ponto
de vista demográfico e económico,
numa perspetiva cultural, a região apresenta-se homogénea no
relativo aos seus usos e costumes,
às suas tradições e aos seus valores
morais.
O Minho, enquanto território, abrange quatro NUT III (Minho-Lima e
Cávado na sua totalidade e parte do
Ave e do Tâmega) e 24 municípios,
riças e nas atividades de transporte
nomeadamente:
de mercadorias, ainda que a ativida-
- Distrito de Braga: Amares, Bar-
de industrial tenha ganho um peso
celos, Braga, Esposende, Terras de
considerável nos últimos anos.
Bouro, Vila Verde, Fafe, Guimarães,
No âmbito da região Norte, a organi-
Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho,
zação do território pode responder
a outros critérios menos formais.
Neste contexto, o território noroes-
Vila Nova de Famalicão, Vizela,
do Castelo e Vila Nova de Cerveira.
O Quadrilátero enquadra-se no
Minho, nomeadamente no denominado Baixo Minho. O território do
Quadrilátero estende-se por uma
área de 1.004,90 km2 e tem uma
população total de aproximadamente 600 mil habitantes, distribuída
pelos quatro concelhos de forma
relativamente equitativa. Assume-se como um espaço de bastante
relevo a nível nacional, uma vez que
representa cerca de 6% da população nacional e concentra 35%
da população residente na região
Norte.
O Quadrilátero encaixa-se numa
área geográfica limítrofe da Galiza.
Esta região espanhola possui uma
superfície de 29.575 km2 (6% da
área total de Espanha), uma população de 2,8 milhões de habitantes e
uma estrutura produtiva diversificada, com setores tradicionais modernos e empresas bem posicionadas
nos seus respetivos setores de
atividade. A Euro-região constituída
pela Galiza e o Norte de Portugal
constitui um espaço de forte interação social, económica e cultural,
sendo, por isso, um importante foco
de desenvolvimento a vários níveis.
Para facilitar o seu enquadramento,
a Figura 4 destaca o território do
Quadrilátero no mapa de Portugal.
Cabeceiras de Basto e Celorico de
Basto; e,
te da região constitui o Minho. Esta
- Distrito de Viana do Castelo: Ar-
região responde a elementos de
cos de Valdevez, Caminha, Melgaço,
organização vinculados à tradição
Monção, Paredes de Coura, Ponte da
e ao entendimento endógeno da
Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
políticas estruturais e de coesão.
No território do Quadrilátero veri-
Apesar dos grandes investimentos
ficaram-se melhorias significativas
efetuados, nomeadamente no do-
no domínio das infraestruturas de
mínio infraestrutural, e das políticas
transporte e comunicação que facili-
públicas implementadas persistem
tam a mobilidade interna e a ligação
défices em certas áreas que difi-
com o exterior, melhorando a com-
cultam a integração e articulação
petitividade de empresas e setores
territorial, condicionam as dinâmicas
(Figura 5). Em média, as cidades do
de desenvolvimento, lastram a com-
Quadrilátero distam entre si cerca de
petitividade empresarial e atrasam
20-25 km, estando a menos de 30
a necessária coesão económica e
minutos de distância-tempo. O terri-
social.
tório usufrui de boas ligações rodo-
Existe evidência empírica na literatura que corrobora que, na maior
parte dos casos, as regiões assistidas por massivas injeções de fundos
comunitários não têm revelado
capacidade suficiente para crescer
para além dos patamares de assistência (Rodríguez-Pose e Fratesi,
2004). O único domínio onde é
Figura 4 - O território do
Quadrilátero
Fonte: PORDATA
A rede de equipamentos, de infraestruturas e as vias de comunicação à
disposição das empresas configuram
uma valência muito importante de
um território. Ao longo de mais de
25 anos de aplicação de fundos
comunitários em Portugal, materializou-se um forte investimento
nestas áreas por parte dos sucessivos governos. Desde a adesão de
Portugal à EU - União Europeia, em
1986, o Norte, classificada como
uma região de coesão, tem beneficiado de importantes apoios financeiros comunitários, dirigidos aos
mais variados setores de atividade
pública e privada, no âmbito das
possível identificar efeitos positivos
no médio-prazo é na educação e no
desenvolvimento do capital humano. Rodríguez-Pose e Fratesi (2004)
indicam ainda que em áreas periféricas, com uma base económica frágil
e vulnerável e com uma estrutura
empresarial pouco dinâmica, o
investimento em infraestruturas
viárias, sendo as principais conexões
rodoviárias a A7, a A3 e a A11. A autoestrada A7 facilita a mobilidade no
eixo Oeste-Este, e a ligação à A24,
que garante a conexão do litoral com
Espanha. A autoestrada A3, no eixo
Norte-Sul, é uma conexão prioritária
nas ligações ao Porto e à fronteira
de Valença (a mais movimentada do
país). Por sua vez, a autoestrada A11
facilita as ligações dos concelhos de
Braga e Guimarães e a conexão com
a autoestrada A28, que faz a ligação
do Litoral Norte. A rede de autoestradas existente liga as cidades do
Quadrilátero por autoestrada, de
forma direta em quase todos os
casos.
para melhorar as acessibilidades
Em comparação com a rede de
não é uma condição suficiente para
autoestradas, a rede ferroviária está
garantir o seu desenvolvimento.
bastante menos desenvolvida e o
Aliás, a adoção desta política implica
seu contributo para a articulação
normalmente o incremento do grau
entre as quatro cidades é pratica-
de exposição à concorrência de
mente marginal, destacando-se,
empresas tecnologicamente mais
por exemplo, o facto de Guimarães
fortes e avançadas, oriundas de
apenas possuir conexão ferroviária
regiões centrais, com consequências
direta com umas das restantes três
negativas sobre o tecido empresarial
cidades que compõem o Quadriláte-
local.
ro (Vila Nova de Famalicão). Ao nível
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
das ligações aéreas e marítimas,
a dotação de serviços das empresas
importa referir a proximidade com
e a modernização tecnológica do
os aeroportos do Porto e de Vigo e
tecido produtivo. Apesar dos pro-
E INSTITUCIONAL
com os portos marítimos de Leixões,
gressos efetuados, persistem impor-
de Viana do Castelo e de Vigo. Estas
tantes défices nestes domínios, que
O Quadrilátero é constituído por
infraestruturas de transporte são
convém colmatar nos próximo anos.
cruciais para o desenvolvimento do
Para tal afigura-se fundamental a
território, dado que facilitam a circu-
melhoria da concertação institucio-
lação de pessoas e a mobilidade/es-
nal dos vários agentes do território
coamento de mercadorias, nomea-
com vista à definição de uma es-
damente das produções da indústria
tratégia territorial competitiva que
transformadora localizada na região.
garanta a efetividade das políticas
Ainda no âmbito das infraestruturas,
adotadas e a aplicação eficiente dos
convém destacar a existência de
recursos disponíveis.
inúmeros parques industriais e em-
2.2.1. CONTEXTO POLÍTICO
quatro concelhos e subdivide-se
num total de 269 freguesias. Os
quatro municípios têm autonomia
executiva, administrativa e financeira, e estão governados pelas
respetivas Câmaras Municipais.
Desde o ano 1976, os concelhos de
Braga e Guimarães são governados
por presidentes do partido socialista. Vila Nova de Famalicão, pelo
contrário, é governada, desde 2001
por um presidente da coligação PPD/
PSD-CDS/PP, tendo uma tradição
política de alternância entre partidos de centro-esquerda e de centro-direita. Nas eleições autárquicas
de 2009, em Bacelos assistiu-se à
mudança do partido que estava à
frente da edilidade, tendo sido eleito
um presidente do partido socialista,
pondo termo a 20 anos de executivos social-democratas.
O Estado português tem uma estrutura político-administrativa extremamente centralizada. No enquadramento português não há espaço
para regiões político-administrati-
presariais nos quatro concelhos que
compõem o Quadrilátero. A oferta
destes equipamentos é muito heterogénea, convivendo infraestruturas
dotadas de boas condições gerais e
boas acessibilidades, com outras mal
concebidas e mal localizadas.
A mobilização dos fundos estruturais permitiu melhorar também a
qualificação dos recursos humanos,
vas, com poderes e competências
Figura 5 - Infraestruturas de
comunicação de ligação do
Quadrilátero
próprias e com representantes
políticos eleitos pelas populações
residentes nos seus territórios. O
Fonte: Programa Estratégico de
Estado português é portanto um
Cooperação (2008)
estado desconcentrado, no qual as
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) operam como delegações do governo
central, com escassas competências
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
próprias, que neste momento se
Neste contexto, no ano de 2008
contenção dos orçamentos muni-
circunscrevem, quase em exclusivo,
foi criada a figura das Comunidades
cipais, na generalidade dos casos,
à gestão dos programas operacio-
Intermunicipais (CIM). O objetivo
com exceção de Guimarães, que no
nais e ao licenciamento ambiental.
destas associações de municípios
Apesar das várias tentativas de
é conjugar, promover e articular
descentralizar o Estado português,
interesses comuns dos municípios
dividindo o país em várias regiões
que as integram. Surgem, desta
político-administrativas, a sua
forma, como mais um organismo
concretização está longe de ser uma
com competências e responsabilida-
realidade. A descentralização tem
des no desenvolvimento e projeção
enfrentado obstáculos de diversa
dos seus associados. Neste quadro
natureza, sobretudo pela falta de
legal, foi constituída, nesse mesmo
um modelo predefinido e a desin-
ano, a CIM do Cávado, que engloba
formação social sobre um processo
os concelhos de Amares, Braga, Bar-
que poderia melhorar a tomada de
celos, Esposende, Terras de Bouro e
decisões políticas e a afetação de
recursos públicos. As tentativas de
pseudo-descentralização promovidas pelos diferentes governos, desde finais da década de noventa, têm
ano de 2011 expandiu consideravelmente o seu orçamento. Neste caso,
essa expansão poderá estar explicada pela realização, no município, da
Capital Europeia da Cultura 2012.
Figura 6 - Câmaras municipais do
Quadrilátero: despesas, receitas e
saldo (2009-2011)
Fonte: PORDATA
Vila Verde. Mais tarde, em 2009, foi
criada a CIM do Ave, que engloba os
municípios de Fafe, Vizela, Póvoa de
Lanhoso, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto, Mondim de Basto,
2.2.2 CONTEXTO SOCIAL E
DEMOGRÁFICO
Em termos demográficos o Quadrilátero é um território predominante-
ficado muito aquém das expectati-
Guimarães e Vila Nova de Famalicão.
vas, pelas dificuldades de definição
Com a finalidade de ilustrar a dimen-
da escala territorial de intervenção
são dos municípios que integram
e de auto-organização dos agentes
o Quadrilátero e simultaneamente
territoriais, a escassez de recursos
caracterizar a situação das suas
para desenvolver as diversas inicia-
finanças, apresenta-se na Figura 6
superior ao nacional de 115 habitan-
tivas e a falta de um quadro legal
uma comparação da sua estrutura
tes/km2, e ao da região Norte de 173
suficientemente estável.
financeira. Os dados revelam uma
habitantes/km2. A nível concelhio
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
mente urbano, com grandes espaços
rururbanos, e com uma elevada
densidade populacional. Em 2011, a
sua densidade populacional era de
591 habitantes/km2, um valor muito
observam-se diferenças assina-
Quadrilátero atingiu os 593.841
a média nacional (128,6), com uma
láveis. Braga tem uma densidade
habitantes, um aumento de 4% face
proporção de cerca de 80 indivíduos
populacional de 990 habitantes/
a 2001. As mulheres representavam
com 65 ou mais anos por cada 100
km2, Vila Nova de Famalicão de 664
cerca de 52% da população residen-
indivíduos com idade inferior a 15
habitantes/km2, Guimarães de 656
te e os homens os 48% restantes.
habitantes/km2 e Barcelos de 318
habitantes/km2.
Na última década, a população
valor positivo, com uma média de 5
aproximadamente 11%, tratando-se
indivíduos em idade ativa por cada
do segundo maior acréscimo a nível
Quadrilátero (1981-2011)
nacional (seguindo-se ao município
Fonte: INE
de Cascais). Este crescimento elevou
população no Quadrilátero foi bastante positiva, graças aos aumentos
populacionais de Braga e Vila Nova
de Famalicão, que conseguiram
compensar os decréscimos registados em Barcelos e Guimarães. Ampliando o período inter-censal aos
últimos 30 anos (1981-2011), para
ter uma perspetiva mais abrangente, observa-se um crescimento da
população residente muito significativo em todos os concelhos (Figura
7).
potencial apresenta também um
residente em Braga aumentou em
Figura 7 - População Residente no
Entre 2001 e 2011, a evolução da
anos. O índice de sustentabilidade
idoso.
Braga, com cerca de 182 mil habitantes, à sétima posição do ranking
populacional dos municípios portugueses, ultrapassando o município
de Matosinhos.
Em 2012 o grupo etário dos maiores
de 64 anos representava cerca de
14% da população total (Figura 8).
Por sua vez, o grupo dos jovens até
aos 14 anos representava aproximadamente 16% da população residente. O índice de envelhecimento
do território, que traduz a relação
entre a população idosa e a população jovem, é de 79,9. Este valor
De acordo com os dados dos Cen-
demonstra que se trata de um terri-
sos de 2011, a população total do
tório jovem, quando comparado com
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
1.000 residentes, enquanto os resFigura 8 - Distribuição da população
do Quadrilátero por grupos etários
(2011)
Fonte: PORDATA
tantes municípios registaram uma
taxa de 8,9‰ (quase 9 nados-vivos
por cada 1.000 residentes). Estes
valores são inferiores aos registados
em 2001. Em 2000, Barcelos e Braga
Entre 2001 e 2011 verificou-se um
apresentavam taxas de natalidade
reforço do envelhecimento demo-
de 14,0‰, Guimarães de 13,6‰ e
gráfico no território do Quadrilátero.
Vila Nova de Famalicão de 13,3‰.
Em 2001 o índice de envelhecimen-
Relativamente à taxa de fecundida-
to era de aproximadamente 55 (55
de, em 2011, a taxa de fecundidade
residentes com idade superior a 65
no país foi de 38,6 nados-vivos por
anos por cada 100 residentes com
cada 1.000 mulheres entre os 15 e
menos de 15 anos). Também nesse
os 49 anos (idade fértil), enquanto
ano, o grupo etário “maiores de 64
na região Norte ficou-se pelos 34,6.
anos” representava 10,6% da popu-
No Quadrilátero foi de 34,0‰ e em
lação residente e o grupo etário dos
Braga de 36,8‰.
“jovens até aos 14 anos” tinha um
Famalicão.
Todos estes fatores contribuíram
para o aumento da população ao
longo dos últimos anos. Os valores
positivos da taxa de crescimento
natural, que expressa a diferença
entre a taxa de natalidade e a taxa
de mortalidade, corroboram as variações positivas da população residente nos quatro municípios. Apesar dos
seus valores serem muito baixos,
entre 2010 e 2011 houve uma ligeira
melhoria em todos os concelhos, a
exceção de Vila Nova de Famalicão.
Para o conjunto do país esta taxa
apresenta sistematicamente, desde
2007, valores negativos ou nulos. A
A taxa de mortalidade tem vindo
região Norte registou em 2011, pela
a diminuir ao longo dos anos. Em
primeira vez, nas últimas décadas,
Em 2011 a taxa de natalidade do
2011, a taxa de mortalidade no país
uma taxa de crescimento natural
país situava-se nos 9,2‰ e na
foi de 9,7‰ e na região Norte de
praticamente nula.
região Norte nos 8,5‰, ou seja,
8,6‰. Nos quatro concelhos que
8,5 nados-vivos por cada 1.000
compõem o Quadrilátero registam-
residentes. As taxas de natalidade
-se taxas de mortalidade substan-
dos concelhos do Quadrilátero foram
cialmente mais baixas que no país
superiores às da região Norte. Braga
e na região Norte: 5,9‰ em Braga,
apresentou a taxa mais elevada, com
6,8‰ em Guimarães, 6,9‰ em
cerca de 10 nados-vivos por cada
Barcelos e 7,1‰ em Vila Nova de
peso de 19,3% na população total.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
No que se refere ao saldo migratório, em 2011, Braga apresentou
pela primeira vez, nas últimas duas
décadas, um valor negativo, ou seja,
as entradas de população foram
inferiores às saídas. Contrariamente,
Vila Nova de Famalicão apresentou
um saldo migratório positivo. Os
tural e do saldo migratório permite
os decréscimos populacionais nos
restantes concelhos do Quadrilátero,
perceber se as variações popu-
concelhos de Barcelos e Guimarães
à semelhança do que acontece no
lacionais são mais influenciadas
foram influenciados maioritaria-
conjunto da região Norte, exibem
pelo efeito natural (nascimentos e
mente pela existência dum saldo
óbitos) ou pelo efeito migratório. Em
migratório negativo. Contrariamen-
Portugal, até 2009, o acréscimo de
te, os crescimentos populacionais
população é explicado pelos valores
dos concelhos de Braga e Vila Nova
positivos do saldo migratório, que
Famalicão são explicados pela conju-
saldos migratórios negativos desde
o início do milénio. O saldo migratório é igualmente um bom indicador para avaliar a atratividade das
diferentes regiões para as populações estrangeiras ou pertencentes
a outras regiões nacionais. Nesta
dimensão, à exceção de Vila Nova de
Famalicão, pode-se concluir que o
território do Quadrilátero não é atrativo para a captação de população.
A análise da evolução do saldo na-
compensou, em alguns anos, o valor
mais negativo do saldo natural. No
gação dos saldos naturais e migratórios positivos, verificados em vários
Norte, os decréscimos populacionais
dos últimos anos.
registados estão em grande medida
Figura 9 - Saldo natural e saldo
explicados por um saldo migratório
muito negativo. Quando se comparam estes dois indicadores em cada
um dos quatro concelhos (Figura 9),
migratório no Quadrilátero (20052011)
Fonte: INE
conclui-se que, entre 2005 e 2011,
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Na análise social do território
taneamente, a terciarização da
importa analisar os aspetos ligados
economia tem gerado uma procura
à qualificação e à capacidade de cap-
crescente de recursos humanos com
tar e fixar população com habilita-
níveis mais elevados de formação,
ções literárias superiores. O Norte
que acabou por incentivar a popula-
destacou-se ao longo de várias
ção a melhorar as suas qualificações
décadas pelas baixas qualificações
profissionais para ir ao encontro dos
da sua população ativa. As ativida-
requerimentos de uma economia
des agrícolas, sobretudo a agricultu-
mais complexa do ponto de vista se-
ra de subsistência e minifundiária,
as atividades de construção civil e as
torial. Adicionalmente, a adoção de
políticas públicas, à escala nacional,
tava 45% do emprego total.
As habilitações da população do
Quadrilátero alteraram-se significativamente entre 1981 e o momento
atual. A redução da população sem
qualquer nível de escolaridade foi
substancial (Figura 10). Em 2011
representava aproximadamente
8% da população total. Braga é
o município que apresenta o pior
destinadas a aumentar a escolarida-
desempenho neste domínio. Entre
de e as qualificações da população,
1981 e 2011, a população com
contribuiu significativamente para o
ensino secundário e ensino superior
aumento das qualificações literárias
aumentou substancialmente. Nesse
ao nível de formação secundária
da população do território.
período o aumento da população
e superior. Estas circunstâncias
Em 1981 o setor primário empregava
com ensino secundário foi superior
atividades industriais mão-de-obra
intensivas geraram, durante décadas, um grande número de ofertas
de trabalho sem grandes requisitos
fizeram com que esta região apre-
10% da população ativa dos quatro
a 1000%, passando-se, grosso
concelhos do Quadrilátero. Em 2011
modo, de 7.000 indivíduos em 1981
o setor passou a empregar apenas
para 72.000 indivíduos em 2011.
qualificação dos recursos humanos.
1% dos ativos. O setor terciário
Este crescimento foi mais ou menos
Este paradigma tem-se modificado
ocupava 27% da população ativa
uniforme nos quatro municípios do
nos últimos anos, em parte, por via
em 1981 e passou a ocupar 54%
da diminuição da população em-
Quadrilátero.
em 2011. Neste território o setor
pregada no setor primário, que se
secundário tem assumido persis-
transferiu para o setor secundário,
tentemente uma importância muito
onde os salários são apesar de tudo
significativa. Entre 1981 e 2001, em-
mais elevados e onde há exigências
pregou mais de 50% da população
mínimas de escolaridade. Simul-
ativa, enquanto em 2011 represen-
senta-se, nesse período, um dos
piores desempenhos em matéria de
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Figura 10 - Distribuição da
população por nível de escolaridade
no Quadrilátero (1981-2011)
Fonte: PORDATA
Em 2011, 28% da população do
ciências sociais, comércio e direito;
Quadrilátero possuía escolaridade
engenharia, indústrias transfor-
ao nível do 1º ciclo do ensino básico,
madoras e construção; e, ciências,
20% ao nível do 3º ciclo e 17% ao
matemática e informática.
nível do 2º ciclo. Os indivíduos com
ensino secundário representam
ano de escolaridade (secundário).
Tabela 1 - População por nível de
escolaridade no Quadrilátero (2011)
Fonte: PORDATA e DGEEC
A melhoria nos níveis de qualifica-
SEM NÍVEL DE
ESCOLARIDADE
BÁSICO 1º
CICLO
BÁSICO 2º
CICLO
BÁSICO 3º
CICLO
SECUNDÁRIO
MÉDIO
SUPERIOR
Barcelos
9%
30%
21%
20%
12%
0,7%
7%
Braga
7%
22%
13%
20%
17%
0,9%
19%
Guimarães
9%
31%
16%
20%
13%
0,7%
9%
Famalicão
9%
29%
18%
20%
14%
0,9%
10%
Quadrilátero
8%
28%
17%
20%
15%
0,8%
12%
aproximadamente 15% da população do Quadrilátero, destacando-se
o município de Braga com cerca de
17% da população com habilitações
deste tipo. O concelho de Braga é
também o que dispõe de uma maior
proporção de pessoas com ensino
superior, cerca de 19% do total,
seguindo-se o concelho de Vila Nova
de Famalicão com 10% do total. No
total do Quadrilátero, cerca de 12%
da população possui habilitações ao
nível do ensino superior.
ção da população no Quadrilátero
deriva sobretudo da perceção da
importância e valor de uma formação escolar sólida. Resultou também
do desenho e implementação de
políticas públicas a nível nacional
destinadas a escolarizar e manter
no sistema educativo os mais novos
durante mais tempo. Neste contexto, destaca o sucessivo aumento da
escolaridade mínima obrigatória ao
longo dos anos. A escolaridade obrigatória estabelecida para os indiví-
O aumento do número de universidades públicas e privadas e o
aumento do nível de vida das populações contribuiu igualmente para
a manutenção durante mais tempo
dos jovens no sistema de ensino.
O aumento substancial da população com ensino superior poderá
ser, em certa medida, justificado
pela abertura em Braga do Polo da
Universidade Católica Portuguesa,
em 1967, e da UMinho, em Braga e
Guimarães, em 1973. Entre 1981 e
2001, o aumento neste segmento
A população feminina foi predomi-
duos que nasceram antes de 1967
nante entre os alunos matriculados
era o 1º ciclo, tendo aumentado para
e, entre 2001 e 2011, foi de cerca de
em instituições de ensino superior
os 6 anos de escolaridade (2º ciclo)
120%. A abertura, na década de 80
nos quatro concelhos do Quadrilá-
para os indivíduos nascidos entre
e 90, de universidades privadas e de
tero, entre 1990 e 2012. De acordo
1967 e 1980. A partir de 1981 e para
institutos politécnicos no território
com a DGEEC - Direcção-Geral de
todos os indivíduos nascidos após
contribuiu igualmente para o au-
Estatísticas da Educação e Ciência,
esta data, passou a ser obrigatório
mento do nível médio de escolarida-
os alunos matriculados nesse perío-
o 9º ano de escolaridade (3º ciclo).
de da população aí residente. A este
do escolheram fundamentalmente
Mais recentemente, a escolaridade
nível, destaca-se a Universidade
três áreas de educação e formação:
obrigatória foi prolongada para o 12º
Lusíada de Vila Nova de Famalicão,
de população foi superior a 500%,
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34 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
a CESPU - Cooperativa de Ensino
Figura 11 - Evolução do número de
de longa duração afetava cerca de
Superior Politécnico e Universitário,
inscritos no IEFP por grupo etário no
46% dos desempregados.
também em Vila Nova de Famalicão,
Quadrilátero (2008-2012)
e o IPCA - Instituto Politécnico do
Fonte: Cálculos próprios com base no
Cávado e do Ave, em Barcelos. No
IEFP
âmbito da permanência no sistema
de ensino convém destacar também
a redução da taxa de abandono escolar verificada nas últimas décadas.
A título de exemplo, na região Norte,
entre 2002 e 2011, verificou-se uma
redução de 27 p.p. na taxa de abandono precoce.
A taxa de desemprego no Quadrilátero tem apresentado uma evolução
ascendente, entre 2008 e 2012,
apenas interrompida por uma pequena diminuição em 2011 (Figura
11). Segundo os dados do IEFP Instituto de Emprego e Formação
Profissional, em 2012, havia 45.000
desempregados inscritos nos Centros de Emprego dos concelhos do
Quadrilátero, mais 8.000 trabalhadores que em 2011 e mais 17.000
que em 2008.
A incidência do desemprego difere
também entre indivíduos, em função dos seus níveis de qualificação.
A população mais qualificada é a
No Quadrilátero, o desemprego afeta maioritariamente ao grupo etário
dos 35 anos 54 anos seguido do dos
maiores de 55 anos, em todos os
municípios. Os concelhos de Braga e
de Guimarães são os mais afetados,
em termos absolutos, pelo desemprego. O desemprego registado afeta 15.135 trabalhadores em Braga e
14.213 em Guimarães.
O desemprego feminino representa
53% do desemprego total no Quadrilátero. O desemprego de longa
duração também tem uma expressão significativa neste território. Em
2012, no conjunto do país, 41% dos
desempregados se encontravam
inscritos nos Centros de Emprego
há pelo menos 12 meses. No Norte,
esta percentagem situava-se nos
21%. No Quadrilátero o desemprego
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
menos afetada pelo desemprego.
Em 2012, do total de desempregados registados em Portugal, 12,8%
possuíam ensino superior, 24% ensino secundário e 59% habilitações
ao nível do ensino básico. A região
Norte apresenta um fraco desempenho ao nível do desemprego qualificado, dado que concentra 40% do
total de desempregados registados
no país com habilitação superior. Lisboa e o Centro concentravam 34% e
18%, respetivamente, e as regiões
do Alentejo e do Algarve, em conjunto, menos de 10% dos inscritos com
formação superior.
No contexto do Quadrilátero, o
grupo de trabalhadores com habilitações ao nível do 1º ciclo são os
mais afetados pelo desemprego. Em
2012, este grupo representa 30%
do total de desempregados. Os de-
neidade, sendo Braga o que apre-
português. Apesar de possuir uma
sempregados com ensino superior
senta o valor mais elevado (105,59),
capacidade exportadora consi-
representam 11% do desemprego
superior, por tanto, à média nacional
derável (a mais elevada de todas
(100). Quanto aos restantes, Bar-
as NUT II), a estrutura produtiva
Figura 12 - Evolução do número de
celos apresenta o valor mais baixo
apresentava, até há poucos anos,
inscritos no IEFP por nível de ensino
(67,49), seguido de Guimarães
fragilidades evidentes, derivadas
no Quadrilátero (2008-2012)
(79,78) e de Vila Nova de Famalicão
dos baixos níveis de produtividade e
Fonte: Cálculos próprios com base no
(82,37). De acordo com o INE, existe
do elevado peso de um conjunto de
IEFP
uma relação positiva entre o grau de
setores intensivos em mão-de-obra,
urbanização das unidades territo-
com escassa dotação de capital e
riais e o poder de compra efetivo.
reduzidos níveis de incorporação
Esta evidência justificaria, em certa
tecnológica. Estas fragilidades eram
medida, o valor registado em Braga.
ainda mais marcadas nas NUT III Ave
total no Quadrilátero.
Para aferir os níveis de bem-estar da
população do Quadrilátero recorreu-se ao Indicador do Poder de Compra
e Cávado, devido à elevada con-
per Capita (IpC). Este indicador tem
centração de empresas com essas
a vantagem de permitir efetuar comparações a nível municipal e regional
2.2.3. CONTEXTO
no contexto do país. De acordo com
ECONÓMICO E
dados de 2009, as regiões metropolitanas de Lisboa (145,25) e do Porto
EMPRESARIAL1
características, ligadas sobretudo ao
setor da construção civil e à indústria têxtil e do vestuário, as quais, na
primeira metade da década de dois
(115,04) e alguns concelhos noutras
A região Norte contribui em cerca
mil, enfrentaram dificuldades acres-
regiões do país são os que apresen-
de um terço para a formação do PIB
cidas como consequência da pujante
1 A ausência de dados disponíveis para
cada um dos quatro municípios que
compõem o Quadrilátero implicou a
realização de uma análise mais ampla,
utilizando os dados disponíveis para a
região Norte e as NUT III Cávado e Ave.
concorrência dos países de Asia
tam os valores mais elevados neste
indicador. O indicador médio para a
região Norte é de 87,6. Nos quatro
municípios que compõem o Quadrilátero observa-se alguma heteroge-
central e sul-oriental, de Europa do
leste e, em menor medida, do Norte
de África, assim como da profunda
contração do mercado interno.
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36 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
De acordo com a CCDRN, o PIB per
no Quadrilátero. Esse universo inclui
de negócios, os setores com maior
capita (medido em Paridade de Po-
sociedades, empresários em nome
importância são a indústria transfor-
der de Compra) da região Norte não
individual e trabalhadores indepen-
madora (41%), o comércio (33%) e a
ultrapassava, em 2011, os 64% da
dentes. Na Figura 13 apresenta-se a
construção civil (13%).
média da UE-27. O PIB per capita do
distribuição setorial dessas entida-
Cávado e o Ave representava 62%
des, classificadas de acordo com a
e 57% da mesma média, respeti-
revisão 3 do CAE - Classificação das
vamente. Na comparação com a
Atividades Económicas.
média nacional, o posicionamento
Figura 13 - Empresas por setor de
de ambas as sub-regiões é também
desfavorável. No mesmo ano, os
níveis de PIB per capita do Cávado e
atividade no Quadrilátero (2011)
Fonte: PORDATA
Como referido, a região Norte é a
NUT II com maior intensidade exportadora do país. Os territórios mais
próximos do litoral são os que mais
contribuem para as exportações
portuguesas, nomeadamente os
das NUT III de Entre Douro e Vouga
e do Ave. Contrariamente, os menos
do Ave representavam 78% e 72%
da média nacional, respetivamente
(índice = 100). Estes dados confirmam a existência de disparidades
significativas nos níveis de riqueza
produzida entre regiões. Aliás, da
análise da evolução temporal dos
mesmos resulta que, ao longo
dos anos, se tem assistido a um
agravamento das assimetrias de
rendimento entre regiões, tanto no
contexto do país como no contexto da UE. Um resultado paradoxal
dos últimos vente e cinco anos de
política regional comunitária é que
as assimetrias de rendimento entre
regiões à escala comunitária se têm
aprofundado, enquanto entre estados membros se têm esbatido, ainda
que de forma relativamente moderada. Entre 2000 e 2010, o Norte
No território do Quadrilátero predominam as empresas pertencentes
aos setores do comércio por grosso
e a retalho (26%), às indústrias
transformadoras (14%), onde se in-
dinâmicos em matéria de vendas ao
exterior são os territórios do interior
Norte, concretamente as NUT III do
Douro e de Alto Trás-os-Montes.
clui a indústria têxtil e do vestuário,
O Gráfico 9 mostra a evolução
e às atividades de consultoria, cien-
das exportações de mercadorias
tíficas, técnicas e similares (10%),
em valor dos quatro concelhos do
onde se enquadram a maior parte
Quadrilátero, na década de 2000.
das empresas que atuam na área
Nos primeiros anos, os montantes
das TIC - tecnologias da informação
e repartição inter-concelhia das
e comunicação. O setor da constru-
exportações mantiveram-se rela-
Em 2010, existiam cerca de 58 mil
ção civil tem também um peso signi-
tivamente estáveis, ainda que em
empresas não financeiras com sede
ficativo (8%). Em termos de volume
2005 se assistisse a um retrocesso
piorou a sua posição relativa tanto
no âmbito do país como no âmbito
comunitário. Esta evolução confirma
a tendência divergente que esta
região portuguesa tinha iniciado na
década precedente.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
dos valores exportados nos dois concelhos mais dinâmicos (Guimarães e Vila Nova de Famalicão). Entre 2002 e 2005,
o concelho de Braga registou um bom desempenho. A partir desse ano e até 2009, o valor das suas exportações
diminui progressivamente, para voltar a crescer novamente em 2010 (cerca de 20% num ano). Apesar de apresentar valores de vendas ao exterior superiores aos de Braga, Guimarães mostrou uma evolução similar na segunda
metade da década. Até o ano de 2005, Vila Nova de Famalicão foi o segundo concelho mais exportador do grupo. A
partir desse ano, o crescimento das suas vendas ao exterior o colocou à frente do ranking neste domínio. Barcelos
apresenta os níveis de exportação mais baixos do Quadrilátero (14% do total). Ao longo da série, as exportações do
concelho de Barcelos correspondem, em termos médios, a menos de metade (46%) das do concelho de Vila Nova de
Famalicão. Guimarães e Vila Nova de Famalicão são responsáveis por 63% das vendas ao exterior de mercadorias do
Quadrilátero, e os de Braga e Barcelos pelos 37% restantes.
Figura 14 - Evolução da exportação de mercadorias no Quadrilátero (2001-2010)
Fonte: CCDRN
Ao longo das últimas duas décadas o pessoal ao serviço médio das empresas da região Norte tem vindo a diminuir.
Esta evolução é consequência, por um lado, dos intensos processos de reestruturação e reorganização empresarial
levados a cabo nas grandes empresas de alguns setores e, por outro, do aumento do número de micro e pequenas
empresas (que empregam menos de 10 trabalhadores), derivada do crescimento da taxa de iniciativa empresarial.
Atualmente, a estrutura empresarial do Cávado e do Ave, em termos de dimensão medida pelo indicador do pessoal
ao serviço, é similar à do todo nacional (Figura 15).
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38 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 15 - Dimensão das empresas
empresarial, a análise das dinâmicas
definição e implementação da estra-
em função do pessoal ao serviço
empresariais implica o entendi-
tégia e na abordagem do mercado.
(2010)
mento dos fatores que explicam o
Entre os externos emergem a fraca
Fonte: INE
sucesso ou a capacidade das novas
qualidade da envolvente empresa-
iniciativas se manterem no merca-
rial e a falta de apoios, assim como
do. Em termos quantitativos estes
a conjuntura económica geral ou
últimos sintetizam-se na taxa de so-
do próprio setor de atividade. Num
brevivência das empresas. De acordo
contexto de crise, como o que se
com o INE, a taxa de sobrevivência
vive há vários anos, a manutenção
empresarial no Cávado e o Ave tem
das empresas no mercado torna-se
vindo a diminuir. Em 2006, a taxa de
bem mais difícil, razão pela qual, o
sobrevivência das empresas nasci-
número de falências e insolvências
das nos dois anos precedentes era
de empresas tem vindo a aumentar
de 63% no Cávado e de 66% no
exponencialmente.
Na última década, observa-se um incremento da capacidade de criação
de novos projetos empresariais. De
acordo com o INE, a taxa de natalidade empresarial,2 no Cávado e no Ave,
rondava os 14%, no ano de 2008
(último para o que existem dados).
Relativamente à taxa de mortalidade empresarial,3 nestas NUT III
situava-se nos 19%, no mesmo ano.
Nos anos prévios, a mortalidade empresarial tinha evoluído desfavoravelmente, dado que passou de 10%
em 2004 para 13% em 2007, e para
os referidos 19% um ano depois, já
Ave. Em 2010, essa percentagem
se reduziu em cerca de 10 p.p. no
Ave, situando-se nos 56%, e em
aproximadamente 7 p.p. no Cávado,
passando a ser de igualmente de
56%.
Entre 2009 e 2012 verificaram-se
aproximadamente 5 mil dissoluções de empresas, nos concelhos
do Quadrilátero (PORDATA). O setor
dos serviços é responsável por mais
de 62% do total. Em 2012 foram
depois do início da crise económico-
A evolução negativa da taxa de
comunicadas, no conjunto dos
-financeira.
sobrevivência empresarial revela
quatro concelhos, 1.283 dissoluções
que as empresas encontram gran-
de empresas, uma média de 3,5 dis-
des dificuldades para permanecer
soluções por dia. Braga e Guimarães
no mercado, por motivos internos ou
concentraram cerca de dois terços
externos. Entre os primeiros, impu-
do total de entidades dissolvidas. O
táveis exclusivamente às empresas,
rácio número de sociedades consti-
os mais destacados são os défices
tuídas sobre número de sociedades
no planeamento do negócio, na
dissolvidas é de cerca de 1,5. Isto
Para além da compreensão dos
fatores que promovem a iniciativa
2 Proporção de novas empresas no total
de empresas no ativo.
3 Proporção de empresas que deixam
de estar ativas no total de empresas no
ativo.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
significa que, mesmo num contexto
concedido aproximou-se dos 9 mil
fundamentalmente pelo esforço das
absolutamente desfavorável em
milhões euros, mais 4 mil milhões
empresas, que mais que duplicaram
termos de mercado, o número de so-
euros que em 2000. Em 2011, o cré-
o seu investimento nestas áreas.
ciedades constituídas é superior ao
dito concedido diminuiu ligeiramen-
Os benefícios fiscais outorgados
número de sociedades dissolvidas.
te (PORDATA). O concelho de Braga
aos investimentos em I&D levados
absorveu, ao longo da série, a maior
a cabo pelas empresas (dedução no
proporção do crédito concedido no
IRC de até 82,5% do investimento) e
contexto do Quadrilátero, seguido
a estratégia delineada para o desen-
do concelho de Guimarães.
volvimento da ciência e da tecnolo-
têm sido reiteradamente assinala-
Figura 16 - Crédito concedido por
gia são apontados pela UTEN como
das pelas empresas como graves
tipologia no Quadrilátero (2000-
entraves para o desenvolvimento e
2011)
crescimento do seu negócio. Entre
Fonte: PORDATA
Para além da degradação da atividade económica provocada pela
crise, nas várias escalas de análise,
as dificuldades de acesso ao crédito
2001 e 2010, houve um crescimen-
to acentuado do crédito concedido
aos agentes económicos residentes
no Quadrilátero (Figura 16). No ano
os fatores mais importantes para
explicar os excelentes resultados
alcançados pelo país nesta matéria.
O setor das tecnologias de infor-
2.2.4. CONTEXTO
TECNOLÓGICO
mação e comunicação apresenta a
percentagem mais alta de pessoal
afeto a atividades de I&D, seguido
2000, o crédito à habitação repre-
De acordo com a UTEN - University
do setor dos serviços, do setor de
sentava aproximadamente um terço
Technology Enterprise Network
equipamentos industriais e do setor
do total, destinando-se os restantes
(2012), entre 2005 e 2007, Portu-
dos serviços financeiros e de segu-
dois terços a financiar outras atividades de consumo ou investimento.
A partir do ano 2009, observa-se
uma distribuição equitativa do
crédito concedido entre essas duas
grandes tipologias. Em termos de
montantes, em 2010, o crédito
gal experimentou um pronunciado incremento das despesas em
I&D, as quais representaram, pela
primeira vez, mais de 1,2% do PIB,
igualando desta forma os valores
de Espanha, Irlanda e Itália. Este
aumento significativo é explicado
ros. No período compreendido entre
2005 e 2010, observou-se um forte
crescimento do pessoal afeto a atividades de investigação nas empresas
portuguesas (164%). De acordo
com o UTEN (2012), em apenas uma
década, Portugal duplicou o número
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40 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
de investigadores nas mais diversas áreas de atividade.
Figura 17 - Investigadores a tempo integral nas empresas em Portugal (2005-2010)
Fonte: INE
Lisboa e Vale do Tejo e a região Norte são as NUT II do país com maior número de pessoas afetas a atividades de
I&D a tempo integral (Figura 17). No lado oposto, encontram-se as regiões do Alentejo e do Algarve. Em 2005, a
região Norte ocupava já uma posição favorável, registando o segundo valor mais elevado. Esta evolução confirma a
importância crescente que as empresas atribuem ao investimento em I&D, razão pela qual se justifica o desenho de
políticas de incentivo a este tipo de atividades, entre as quais as de carácter fiscal devem continuar a ter um papel
destacado. Um aspeto interessante sobre o pessoal ao serviço em atividades de I&D nas empresas portuguesas é
a predominância dos homens face às mulheres (em média, três quartos versus um quarto), em todas as regiões do
país, ao longo da série (Figura 18).
A prioridade estratégica outorgada ao desenvolvimento científico e tecnológico foi igualmente acompanhada por
uma forte mobilização da comunidade científica. De acordo com o UTEN (2012), Portugal experimentou um notório
crescimento da produção científica, com resultados visíveis a nível internacional, registando um aumento do número
de publicações em revistas científicas internacionais.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Figura 18 - Investigadores a tempo integral nas empresas por género, em Portugal (2005-2010)
Fonte: INE
No que diz respeito ao número de doutoramentos realizados e reconhecidos em Portugal, verificou-se também um aumento considerável (Figura 19). Entre 2000 e 2010, o número de doutoramentos cresceu à volta
de 94%. Desde 2008, têm-se registado cerca de 1.500 novos doutoramentos por ano. Convém destacar ainda
que, a partir desse ano, a maioria dos doutoramentos foram obtidos por mulheres.
Figura 19 - Doutoramentos realizados e reconhecidos em Portugal (2000-2010)
Fonte: DGEEC
De acordo com o UTEN (2012), estas alterações estruturais foram acompanhadas por profundas alterações
no ensino superior. As reformas neste nível de ensino permitiram abrir as suas portas à sociedade e a outros
grupos sociais, à mobilidade e ao reconhecimento internacional, assim como promover o reconhecimento da
diversidade de programas de educação e a diversidade curricular.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 20 - Evolução de pedido de invenções em Portugal (2007-2012)
Fonte: INPI
De acordo com o INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial, Lisboa e Vale do Tejo e a região Norte são as
regiões do país com maior atividade inventiva, em oposição ao Alentejo e ao Algarve (Figura 20). Em 2012, 31% dos
pedidos de registo tiveram origem na região Norte (212), ficando apenas atrás de Lisboa e Vale do Tejo, a qual foi
responsável por 33% dos pedidos (225) (Tabela 2). Em termos relativos, ou seja, ponderando o número de pedidos
de registo pela população da NUT II, a região Norte ocupa a quarta posição, atrás, por esta ordem, da região Centro,
de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve, com 57 pedidos de registo de invenções por milhão de habitantes.
Tabela 2 - Pedidos de registo de invenções por NUT II (2011-2012)
Fonte: INPI
NUT II
2011
2012
% ANUAL
% SOBRE
TOTAL
PEDIDOS POR MILHÃO DE
HABITANTES
Alentejo
27
20
-26%
3%
26
Algarve
31
30
-3%
4%
67
Centro
177
195
10%
28%
84
Lisboa
228
225
-1%
33%
80
Norte
188
212
13%
31%
57
Madeira
6
8
33%
1%
30
Açores
3
3
0%
0,4%
12
Total
660
693
5,0%
100%
Média nacional
66
Na região Norte, 62 dos 212 pedidos de registo de invenções foram requeridos por empresas, 75 por inventores
independentes, 40 por universidades e 1 por parte de uma instituição de investigação. Estes dados corroboram a
intensa atividade das empresas da região Norte nas atividades de I&D. Em termos percentuais, apenas as empresas
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
da região Centro apresentam uma dinâmica similar às do Norte neste domínio, com perto de 30% dos pedidos de
registo de invenções totais a nível regional, em ambos os casos.
Entre 1997 e 2010, a UMinho formalizou 100 pedidos de patentes no INPI, 65 dos quais com patente concedida à
universidade. Em 2012, a UMinho apresentou 14 pedidos de registo de patentes, ficando atrás da Universidade do
Porto, com 18 pedidos, da Universidade de Coimbra e do Instituto Superior Técnico, ambos com 16 pedidos cada um,
e da Universidade de Aveiro, com 15 pedidos a dar entrada no INPI. A existência de um grande número de pedidos de
patentes registadas e/ou concedidas não significa, porém, que esse conhecimento tecnológico venha a ser aproveitado para fins industriais e/ou empresariais. A UMinho destaca-se, nesta matéria, por ser a universidade com mais
tecnologia rendibilizada em contextos empresariais, com aproximadamente vinte patentes utilizadas pela indústria.
Para a materialização de um número crescente de invenções e impulsionar os processos de inovação, é de extrema
importância manter o esforço de I&D. De acordo com DGEEC (2011),4 na região Norte a despesa total em I&D, no ano
de 2010, foi de aproximadamente 735 milhões euros. Este montante é representativo de 27% da despesa total em
I&D a nível nacional, nesse ano, apenas ultrapassada por Lisboa e Vale do Tejo. Entre 2005 e 2010, o crescimento
deste tipo de despesas foi muito significativo, tendo praticamente triplicado o seu valor nesse período. Nas empresas o crescimento foi ainda mais intenso, até tal ponto que, em 2010, 46% do investimento total em I&D, realizado
na região Norte, foi executado por empresas (Figura 21). As instituições de ensino superior e investigação foram as
segundas em ordem de importância, sendo responsáveis por 38% do investimento total. Estes dados confirmam
novamente a dinâmica de investimento neste domínio do setor empresarial da região. Adicionalmente traduz uma
atitude mais ativa na utilização de tecnologia e o esforço por acompanhar as novas exigências ao nível de um modelo
de desenvolvimento mais competitivo, assente em fatores dinâmicos de competitividade, tais como a tecnologia, a
qualidade, a diferenciação, a propriedade intelectual e os recursos humanos qualificados.
Figura 21 - Despesas em I&D na região Norte, por setor de execução (2005, 2009 e 2010)
Fonte: DGEEC
4 Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional.
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44 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Apesar das dificuldades de medição
do impacte económico das instituições de ensino superior nos territórios onde se inserem, estas instituições são usualmente consideradas
como importantes mecanismos
de desenvolvimento económico e
regional. A transferência de tecnologia dos laboratórios das universidades para o setor privado e a criação
de novas empresas baseadas no
com alunos e outros empreende-
acolhe um conjunto de empresas
dores locais, têm abraçado projetos
de base científica ou tecnológica ou
empresariais e lançado no mercado
cuja atividade precisa da disponibili-
start-ups com um elevado poten-
dade de excelentes infraestruturas
cial de crescimento. Por último, a
tecnológicas e de comunicação.5 Ao
UMinho atua como uma instituição
nível das infraestruturas e equipa-
equilibradora no território, criadora
mentos para a promoção da ciência
de consensos e de articulação das
e a tecnologia destacam-se tam-
vontades e propostas dos vários
bém, pelo seu potencial em termos
agentes sedeados no território, cujo
de investigação, aquando do seu
potencial neste domínio está longe
funcionamento a pleno rendimen-
de ser esgotado.
to, o INL - Laboratório Ibérico de
conhecimento são aspetos que têm
À volta da universidade, umas vezes
ganho a atenção dos especialistas
com participação direta e outras
em desenvolvimento regional.
indireta, tem-se desenvolvido um
No Quadrilátero, o contributo da
UMinho para o desenvolvimento
económico do território, nas últimas três décadas, é absolutamente
inegável. Desde a sua instalação,
em meados da década de setenta, a
universidade tem contribuído para a
formação de quadros, engenheiros e
tecnólogos das empresas da região.
Tem igualmente formado muitos dos
empreendedores que pilotam iniciativas empresariais bem-sucedidas
com sede no Quadrilátero e operações nos mercados internacionais.
Tem transferido conhecimento, tec-
ecossistema de apoio ao desenvolvimento empresarial, constituído
maioritariamente por parques
Nanotecnologia, em Braga, e, pelo
seu papel no apoio à qualificação e
complexificação do setor tradicional mais importante da região, o do
têxtil e do vestuário, o CITEVE, em
Vila Nova de Famalicão.
tecnológicos e incubadoras empre-
Ao nível de infraestruturas para
sariais. O investimento em infraes-
incubação de empresas, nos con-
truturas e equipamentos desta na-
celhos do Quadrilátero existem
tureza tinha como principal objetivo
várias alternativas promovidas por
criar as condições necessárias para
entidades tanto públicas como
o surgimento de novas empresas,
privadas. Destacam-se, por exemplo,
sobretudo de empresas inovadoras
o Spinpark - Centro de Incubação
de base científica e/ou tecnológica.
de Base Tecnológica, inserido no
No âmbito do Quadrilátero, destaca
Avepark, em Guimarães; o BICMI-
a este respeito o AvePark, sedeado
NHO, que integra a rede europeia
no concelho de Guimarães e for-
de Business Innovation Centres
temente vinculado à UMinho, que
(Centros de Inovação Empresarial)
nologia e inovação para as empresas
da envolvente através da TecMinho
- Associação Universidade-Empresa
para o Desenvolvimento. Muitos
dos seus departamentos e centros
de investigação prestam serviços
especializados e de consultadoria
às empresas e entidades para-empresariais da região. Inclusivamente
alguns dos seus investigadores, de
forma individual ou em conjunto
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
5 O IASP - International Association
of Science Parks elenca, por ordem
decrescente de importância, as principais razões apontadas pelas empresas
quando optam por se localizar num PCT:
prestígio e imagem do parque; proximidade e cooperação com universidades e
outros centros de I&D; localização geográfica (proximidade a importantes vias
de comunicação); apoio e presença institucionais; presença de empresas âncora;
acesso aos mercados; e, a existência de
procura e clientes na área (IASP, 2012).
e que possui duas incubadoras,
uma em Braga e outra em Viana do
Castelo; a Ideia Atlântico - Centro de
Negócios e Incubadora de Empresas, de iniciativa privada e também
localizado em Braga, e o Centro de
Incubação de Barcelos, resultante de
uma parceria entre a ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários
e da autarquia de local. Em Vila Nova
de Famalicão existe o CAR IDT Centro de Alto Rendimento de I&DT,
que foi promovido pelo CITEVE para
incubar iniciativas empresariais que
apostem em atividades de I&D como
base para o desenvolvimento dos
seus negócios.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
3.Competitividade territorial
do Quadrilátero
3.1.
O TECIDO EMPRESARIAL
O tecido empresarial dos conce-
tor transformador destacam ainda,
lhos que integram o Quadrilátero é
pela sua contribuição para a forma-
eminentemente industrial. O VAB
ção do VAB, o comércio por grosso
das empresas transformadoras re-
e a retalho e o setor da construção
presentava, em 2011, praticamente
civil (Figura 22). Os setores de média
metade do VAB empresarial nesse
e alta tecnologia contribuem ainda
território (47,14%). Para além do se-
relativamente pouco para a forma-
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
ção do VAB do território.
Figura 22 - Repartição setorial do
VAB das empresas do Quadrilátero,
em % do total (2011)
Fonte: PORDATA
O peso da indústria transformadora
tecido empresarial do Quadrilátero
No ano de 2010, as empresas com
é relativamente desigual entre os
era constituído por aproximadamen-
sede no território eram responsáveis
vários concelhos. Nos de Guimarães
te 58 mil empresas, das quais 34%
por 1.157.300 de euros de volume
e Vila Nova de Famalicão a indústria
se situavam em Braga, 25% em
de negócios, o que representa 5%
transformadora é responsável por
Guimarães, 21% em Vila Nova de Fa-
do volume de negócios nacional
52% e 65% do VAB total, respe-
malicão e 20% em Barcelos. No que
e 17% do volume de negócios da
tivamente, enquanto em Braga
respeita à densidade empresarial,
região Norte. O tecido empresarial
não ultrapassa os 27%. Apesar da
medida em termos de empresas por
do Quadrilátero é constituído predo-
importância das empresas ligadas
cada 1.000 habitantes, Braga apre-
minantemente por micro empresas
às Tecnologias de Informação e
senta 181,5 empresas, Guimarães
e pequenas e médias empresas
Comunicação ser ainda relativamen-
158,1, Vila Nova de Famalicão 133,8
(PME). A dimensão das empresas
te marginal, também se observam
e Barcelos 98,4. Entre 2004 e 2008,
tem reflexo no número de traba-
diferenças interconcelhias conside-
observa-se um crescimento do nú-
lhadores ao serviço. Devido ao seu
ráveis. O peso do VAB deste setor no
mero de empresas, tanto em termos
reduzido tamanho, a grande maioria
concelho de Braga é de 3%, enquan-
agregados como em termos conce-
das empresas localizadas nos quatro
to nos restantes municípios a sua
lhios (Figura 23). A partir de 2008,
concelhos tem menos de 10 traba-
importância, medida nos mesmos
assiste-se a um ligeiro decréscimo
lhadores (95% em Braga, 94% em
termos, não ultrapassou os 0,5%.
no número de empresas, que deverá
Vila Nova de Famalicão, 93% em
Em outros setores de elevado valor
ser maioritariamente explicado pela
Barcelos e 92% em Guimarães). Os
acrescentado, tais como as ativida-
grave crise que atravessa a econo-
trabalhadores ao serviço destas
des de consultoria científica e téc-
mia portuguesa desde esse ano.
empresas representam 5% do total
nica e as relacionadas com a saúde
humana e o apoio social, observam-se também diferenças significativas
entre Braga e os restantes concelhos que integram o Quadrilátero.
De acordo com o INE, em 2010 o
Figura 23 - Evolução do número de
empresas no Quadrilátero (20042010)
Fonte: INE
nacional e 18% do da região Norte.
Do ponto de vista da sua identidade
jurídica, uma elevada percentagem
das empresas é constituída por
empresários em nome individual
e trabalhadores independentes.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Concretamente, estes representam
principais produções agrícolas as-
68% das empresas em Barcelos,
sentam no cultivo de cereais, forra-
66% em Braga, 65% em Vila Nova
gens e vinha, assim como na cultura
de Famalicão e 62% em Guimarães.
do pinheiro e do eucalipto e na produção de leite. Ao nível industrial, as
atividades exercidas relacionam-se
fundamentalmente com a indústria
3.1.1. SETORES DE
têxtil e do vestuário, a indústria do
ATIVIDADE E TECIDO
calçado e a indústria da construção
EMPRESARIAL POR
civil, as quais geram cerca de 47%
CONCELHO
do volume de negócios total.6 A mais
representativa de todas é a indústria
No Quadrilátero, as atividades em-
têxtil e do vestuário, a qual absor-
presariais, que no passado estive-
ve 33% do volume de negócios do
ram intimamente ligadas à agricul-
concelho.
tura e a outras atividades do setor
primário, têm vindo reorientar-se
Tabela 3 - Setores dominantes do
progressivamente para as indústrias
tecido empresarial de Barcelos
transformadoras e os serviços. Como
(2010)
referido, a indústria têxtil e do ves-
Fonte: IRN
tuário e o setor da construção civil
assumem uma importância fulcral
INDÚSTRIA
EMPRESAS
TRABALHADORES
VOLUME DE NEGÓCIOS
% VOLUME DE NEGÓCIOS NO TOTAL
Têxtil e vestuário
1.355
13.955
796.387.637,09
33%
Construção civil
815
6.053
226.204.940,49
11%
Calçado
31
1.287
81.705.215,67
3%
em todos os concelhos do Quadrilátero. Em termos tendenciais, observa-se que o setor das tecnologias
de informação e comunicação está
progressivamente a ganhar importância, quer em termos de volume
de negócios e número de empresas
quer em termos de emprego.
O município de Barcelos baseia as
suas atividades económicas essencialmente no setor secundário. As
As principais indústrias do concelho
concentram aproximadamente 39%
das empresas do município e 62%
do emprego. A indústria têxtil e do
vestuário é responsável por 40%
do emprego em Barcelos, enquanto
os setores da construção civil e de
produção de calçado representam
18% e 4% do emprego concelhio,
respetivamente.
6 Dados do IRN - Instituto dos Registos
e Notariado, relativos a ano de 2010.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Tabela 4 - Maiores empresas de
Barcelos (2011)
Fonte: Diário Económico
A importância das principais indústrias também se manifesta no vetor
da internacionalização. A maioria
das empresas internacionalizadas
POSIÇÃO RANKING
NACIONAL
VOLUME DE NEGÓCIOS
(€)
EXPORTAÇÕES (€)
Gabor Portugal - Indústria de Calçado, Lda.
374
81.973.160
80.921.122
Alexandre Barbosa Borges, S.A.
534
59.426.061
n.d.
Águas do Noroeste, S.A.
780
42.016.939
n.d.
992
33.745.038
n.d.
Petcom - Comércio de Combustíveis e Lubrificantes, Lda
zadas (Figura 24).
Quatro das 1.000 maiores empresas
de Portugal estão localizadas neste
município.7 As mais relevantes, em
termos de volume de negócios,
são a Gabor Portugal - Indústria
de Calçado, Lda. (374ª posição),
que desenvolve a sua atividade na
indústria do calçado e a Alexandre
Barbosa Borges, S.A. (534ª posição),
que atua no setor da construção civil
(Tabela 4).
do concelho de Barcelos opera
Figura 24 - Empresas
nestas indústrias (cerca de 39% das
internacionalizadas, por setores
empresas), sendo notória a importância da indústria têxtil e do vestuário, a qual é responsável por 28%
das exportações. Nos últimos anos,
(2006-2010)
Fonte: IRN
é de notar o decréscimo do número
de empresas internacionalizadas,
De acordo com a APICCAPS,8 Barce-
nomeadamente na indústria têxtil e
los é o 5º concelho no ranking portu-
do vestuário. O setor da construção,
guês de exportações de calçado e o
com uma importância historica-
sexto no de trabalhadores do setor.
mente forte, tem experimentado
7 Diário Económico nº 5569 - 10 dezembro de 2012.
mais representativos, em Barcelos
também uma variação negativa no
número de empresas internacionali-
8 APICCAPS - Associação Portuguesa
dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Nos últimos anos tem-se assistido a
sendo cada vez mais uma atividade
composto por 379 empresas, que
um forte crescimento das exporta-
para autoconsumo. A sua indústria
empregavam 6.351 trabalhadores,
ções em valor. Em 2005, as expor-
apresenta-se cada vez mais diversi-
atingindo um volume de negócios
tações de calçado do concelho eram
ficada, destacando-se as empresas
de 933 milhões de euros. A indús-
de 45 milhões euros e passaram a
ligadas à tecnologia e à eletrónica,
tria têxtil e do vestuário tem uma
ser de 74 milhões euros, em 2010.
à indústria metalúrgica e à constru-
presença relativamente modesta,
Esta variação representou um cres-
ção civil. Com menor presença, mas
cimento do valor das exportações de
da mesma forma representativos,
65%, num período de cinco anos.
destacam-se o setor têxtil e do
O concelho de Braga apresenta
uma estrutura produtiva relativamente diferente dos outros concelhos em análise. A sua atividade
económica distribui-se pelos setores
vestuário. No total, estas indústrias
representavam, em 2010, 24% das
empresas do concelho, 62% do volume de negócios e ocupavam 50%
da população ativa.
do comércio e os serviços, do ensino
Tabela 5 - Setores dominantes do
e a investigação, da construção civil,
tecido empresarial de Braga (2010)
da informática e as novas tecnolo-
Fonte: IRN
com um peso de 2% no volume
de negócios total do concelho. As
atividades ligadas à informática e
às novas tecnologias têm vindo a
ganhar importância no concelho.
O setor da eletrónica9 tem crescido
gradualmente a uma taxa média de
7% por ano.
gias, do turismo, e por vários ramos
INDÚSTRIA
EMPRESAS
TRABALHADORES
VOLUME DE
NEGÓCIOS
VOLUME DE NEGÓCIOS NO
TOTAL
Construção civil
1.404
10.191
1.409.332.560,41
27%
379
6.351
933.695.119,04
18%
Eletrónica
16
2.115
598.550.663,21
11%
Saúde humana
339
3.053
186.816.600,53
4%
Têxtil e vestuário
269
3.224
131.464.233,15
2%
Metalúrgica e Metalomecânica
da indústria e do artesanato.
Como consequência da sua expansão urbana e da terciarização da
economia local, o setor primário
tem atualmente uma presença
testemunhal. As empresas ligadas à
vinicultura, à floricultura e à floresta
e à extração de pedra foram sendo
substituídas por empresas ligadas
ao setor terciário. A agricultura
tradicional está em franco declínio,
O setor da construção civil ocupa
um lugar de destaque, integrando
1.404 empresas, com um volume
de negócios agregado de 1.409
milhões de euros, correspondente a
27% do volume de negócios total do
concelho. O setor conta com 10.191
trabalhadores, destacando-se também nesta dimensão das restantes
indústrias. O setor da metalúrgica
e metalomecânica, por sua vez, é
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
9 Inclui a fabricação de equipamentos
informáticos, equipamento para comunicações e produtos eletrónicos e óticos
(CAE Rev. 3 - Divisão 26)
Tabela 6 - Maiores empresas de
Braga (2011)
Fonte: Diário Económico
POSIÇÃO RANKING
NACIONAL
VOLUME DE NEGÓCIOS (€)
EXPORTAÇÕES (€)
Bosch Car Multimedia Portugal, S.A.
32
651.264.100
118.011.824
Ilídio Mota - Petróleos e Derivados, Lda.
71
351.054.834
n.d.
Casais - Engenharia e Construção, S.A.
254
116.343.216
12.652.167
257
114.764.324
n.d.
Domingos da Silva Teixeira, S.A.
269
111.530.154
199.885
Auto - Sueco, Lda.
371
82.419.728
n.d.
Carclasse - Comércio de Automóveis, S.A.
403
76.279.020
916.987
Navarra - Extrusão Alumínio, S.A.
555
56.909.672
27.531.290
Groupfix N - Engenharia e Serviços, S.A.
683
46.971.299
n.d.
Arlindo Correia & Filhos, S.A
723
45.215.118
n.d.
Escala Braga - Sociedade Gestora do Estabelecimento, S.A.
No ranking das maiores empresas
Portuguesas encontram-se várias
empresas do concelho (Tabela 5).
Por volume de faturação as mais
relevantes são a Bosch Car Multimedia Portugal, S.A., na 32ª posição, e a
Ilídio Mota - Petróleos e Derivados,
Lda., na 71ª posição. Neste grupo
significativo de empresas ligadas ao
setor da construção civil.
Figura 25 - Empresas
internacionalizadas, por setores
mais representativos, em Braga
(2006-2010)
Fonte: IRN
destacam-se ainda um número
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
As empresas internacionaliza-
dos. Entre os principais produtos so-
cimo no número de empresas e no
das distribuem-se pelos vários
bressaem a vinha, a batata, o milho e
número de trabalhadores ao serviço
setores de atividade do conce-
o feijão, além de produtos pecuários
nos últimos anos, em 2010, o setor
lho. A proporção de empresas
como o leite e a carne, sendo estas
obteve um volume de negócios
internacionalizadas é bastante
as principais fontes de rendimento
de cerca de mil milhões de euros,
reduzida. Os setores com maior
das explorações agrícolas. O setor
representativos de 30% do total do
percentagem de empresas
secundário é o mais importante em
concelho. Em Guimarães a indústria
termos setoriais. Muitas das fregue-
do calçado também tem uma pre-
sias do concelho são os espaços com
sença muito destacada. Segundo a
maiores índices de industrialização
APICCAPS, o concelho de Guimarães
(8,2%). Convém destacar ainda,
no âmbito do Quadrilátero.
é o 3º maior exportador de calçado,
nesta matéria, que a indústria
Tabela 7 - Setores dominantes do
têxtil e do vestuário, apesar de
tecido empresarial de Guimarães
ser responsável por apenas 2%
(2010)
do volume de negócios con-
Fonte: IRN
internacionalizadas são o da
metalúrgica e metalomecânica
(8,4%) e o da construção civil
empregador do país neste setor. Ousetorial Vimaranense são os setores
da construção civil, da metalome-
internacionalizado do concelho.
EMPRESAS
Santa Maria da Feira, e o 4º maior
tros setores relevantes na estrutura
celhio, é o terceiro setor mais
INDÚSTRIA
em valor, atrás de Felgueiras e de
TRABALHADORES
VOLUME DE
VOLUME DE NEGÓCIOS NO TOTAL
NEGÓCIOS
Têxtil e vestuário
1.716
19.484
1.109.780.639,70
30%
Calçado
266
4.342
216.440.149,95
6%
Construção civil
830
3.663
233.242.802,29
6%
208
3.193
239.408.413,72
6%
Saúde humana
190
2.436
119.299.435,60
3%
Alimentar
69
1.271
60.245.952,38
2%
Metalúrgica e Metalomecânica
Em Guimarães, apesar da
riqueza do solo para o desenvolvimento de atividades agrícolas
e das boas condições para a
pecuária, as atividades do setor
primário baseiam-se no trabalho intensivo das famílias e destinam-se fundamentalmente ao
autoconsumo nesses agrega-
À semelhança do que acontece em
Barcelos, em Guimarães a indústria
têxtil e do vestuário é também a
mais relevante na estrutura setorial
do concelho, de acordo com os vários
indicadores comummente utilizados.
19% das empresas Vimaranenses
pertencem ao setor, o qual é responsável por 37% do emprego no
concelho. Apesar do ligeiro decrés-
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
cânica, da saúde humana e o setor
alimentar (Tabela 7). O conjunto
desses setores representa 36%
das empresas, 52% do volume de
negócios e 65% dos trabalhadores
ao serviço no concelho.
Tabela 8 - Maiores empresas de Guimarães (2011)
Fonte: Diário Económico
POSIÇÃO RANKING
VOLUME DE NEGÓCIOS (€)
EXPORTAÇÕES (€)
370
82.524.886
20.802.282
432
71.705.052
70.906.273
Amtrol - Alfa Metalomecânica, S.A.
542
58.486.290
55.120.991
Lameirinho - Indústria Têxtil, S.A.
605
52.895.041
47.785.692
702
46.124.883
29.691.256
711
45.783.183
1.339.234
930
36.081.295
31.291.315
935
35.971.229
2.595.501
NACIONAL
Mundifios - Comércio de Fios, S.A.
Polopiqué - Comércio e Indústria de
Confecções, S.A
António de Almeida & Filhos - Têxteis, S.A.
A. Rodrigues Correia Lopes, Bebidas
e Alimentação, S.A
Somelos - Tecidos, S.A.
Filasa - Fiação de Armando da Silva
Antunes, S.A.
Guimarães conta com um conjunto alargado de empresas entre as maiores do país (Tabela 8). Das oito empresas
incluídas no ranking das 1.000 maiores, seis estão ligadas à indústria têxtil e do vestuário. As duas maiores, com uma
faturação conjunta superior a 150 milhões de euros, são a Mundifios - Comércio de Fios, S.A. e a Polopiqué - Comércio e Indústria de Confecções, S.A. É também importante a Amtrol - Alfa Metalomecânica, S.A., pelo que contribui em
termos de diversificação setorial e internacionalização.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 26 - Empresas internacionalizadas, por setores mais representativos, em Guimarães (2006-2010)
Fonte: IRN
Aproximadamente 18% das empresas de Guimarães desenvolvem atividades em mercados externos. Uma proporção muito significativa das empresas internacionalizadas pertence à indústria têxtil e do vestuário (Figura 26). Nos
últimos anos tem havido variações no número de empresas com atividade internacional. Até 2008 registou-se um
aumento no número de empresas com atividade internacional em todos os setores, com exceção da metalúrgica e a
metalomecânica. A partir de 2009 houve uma ligeira diminuição nas atividades internacionais das empresas Vimaranenses em quase todos os setores.
No concelho de Vila Nova de Famalicão o setor industrial tem um peso muito significativo. Contudo, em algumas
freguesias do concelho o setor primário ainda tem alguma importância. Nestas, as culturas predominantes são a
vinha, o milho, o feijão, os produtos hortícolas e as árvores de fruto, assim como a criação de pecuária. Também neste
concelho, a indústria têxtil e do vestuário é preponderante. Esta indústria é responsável por aproximadamente 16%
do volume de negócios total do concelho (628 milhões de euros) e emprega cerca de 30% dos trabalhadores (Tabela
9). A construção civil assume também um papel importante, representando 14% do volume de negócios concelhio
(570 milhões de euros) e ocupando 12% da mão-de-obra residente.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Tabela 9 - Setores dominantes do tecido empresarial de Vila Nova de Famalicão (2010)
Fonte: IRN
INDÚSTRIA
EMPRESAS
TRABALHADORES
VOLUME DE NEGÓCIOS (€)
PESO NO VN TOTAL
Borracha e Plásticos
39
1.919
629.702.054,83
16%
Têxtil e vestuário
1.094
12.382
628.016.747,70
16%
Construção civil
879
4.887
570.701.717,56
14%
271
3.676
301.770.157,43
8%
Alimentar
147
2.686
286.078.832,21
7%
Eletrónica
14
832
71.834.880,34
2%
Metalúrgica e Metalomecânica
No caso de Vila Nova de Famalicão, a indústria da borracha e do plástico é a primeira em termos de faturação. Contudo, o setor está integralmente concentrado numa única empresa (Continental Mabor). Em 2010, as empresas desta
indústria obtiveram um volume de negócios de 629 milhões de euros, superior ao da indústria têxtil e do vestuário.
Adicionalmente, em Vila Nova de Famalicão, a indústria alimentar, a metalúrgica e metalomecânica, a eletrónica e a
do automóvel são também muito importantes, tanto do ponto de vista do número de empresas, como da produção e
da mão-de-obra empregue.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Tabela 10 - Maiores empresas de
Vila Nova de Famalicão (2011)
Fonte: Diário Económico
POSIÇÃO RANKING VOLUME DE NEGÓCIOS (€)
EXPORTAÇÕES (€)
NACIONAL
Continental Mabor - Indústria de
Pneus, S.A.
29
744.468.528
724.328.187
Construções Gabriel A.S. Couto,
S.A.
308
97.828.248
478.931
Coindu - Componentes para a
Indústria Automóvel, S.A.
384
80.524.610
78.535.942
Indústria Têxtil do Ave, S.A.
411
75.070.473
40.946.020
Irmãos Vila Nova, S.A.
446
69.683.566
36.068.754
ICM - Indústrias de Carnes do
Minho, S.A.
544
58.155.992
21.127.701
Riopele Textêis, S.A.
562
56.340.085
45.042.077
Continental Pneus (Portugal), S.A. 582
54.309.038
51.617
Empresa de Construções Amândio Carvalho, S.A.
620
51.835.109
72.860
TMG - Tecidos Plastificados e outros Revestimentos p/a Indústria
Automóvel, S.A.
628
51.264.042
48.301.925
Alberto Couto Alves, S.A.
667
48.290.608
n.d.
Carnes Campicarn, S.A.
752
43.602.997
4.738.405
Cofemel - Sociedade de Vestuário, S.A.
832
39.541.122
97.756
SLS salsa - Comércio e Difusão de
Vestuário, S.A.
837
39.273.947
n.d.
Ricon Industrial - Produção de
Vestuário, S.A.
884
37.767.053
31.525.537
Leica - Aparelhos Ópticos de
Precisão, S.A.
887
37.691.460
37.526.944
Primor Charcutaria - Prima, S.A.
924
36.266.262
3.488.561
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
No ranking nacional das 1.000 maiores empresas existem 17 empresas localizadas no concelho de Vila Nova de
Famalicão (Tabela 10). Entre elas destaca-se a Continental Mabor - Indústria de Pneus, S.A., posicionada no 29º lugar
do ranking nacional, com exportações que rondam os 724 milhões de euros.
Figura 27 - Empresas internacionalizadas, por setores mais representativos, em Famalicão (2006-2010)
Fonte: IRN
Em Vila Nova de Famalicão existem 1.250 empresas internacionalizadas, das quais 21% pertencem à indústria têxtil
e do vestuário. As empresas dos restantes setores representam valores inferiores a 5%. Nos últimos anos, observa-se uma queda do número de empresas com atividade internacional, especialmente a partir de 2009 (Figura 27).
Em suma, as atividades relacionadas com a indústria têxtil e do vestuário, a construção civil, a metalúrgica e metalomecânica, a eletrónica, a alimentar, o calçado e a saúde humana são de elevada importância no Quadrilátero, devido
ao seu valor acrescentado para a economia regional e nacional, ao número de trabalhadores empregues e a sua
importância no comércio internacional (Tabela 11).
Tabela 11 - Indústrias relevantes por município do Quadrilátero
Fonte: Elaboração própria
POSIÇÃO
BARCELOS
GUIMARÃES
FAMALICÃO
BRAGA
1º
Têxtil e vestuário
Têxtil e vestuário
Borracha e Plásticos
Construção civil
2º
Construção civil
Calçado
Têxtil e vestuário
3º
Calçado
Construção civil
Construção civil
4º
-
Metalúrgica e metalome-
Metalúrgica e metalomecâ-
cânica
nica
5º
-
Saúde humana
Alimentar
Têxtil e vestuário
6º
-
Alimentar
Eletrónica
-
Metalúrgica e metalomecânica
Eletrónica
Saúde humana
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Para além dos setores tradicionais, os setores da eletrónica e
3.1.2. MERCADOS
das Tecnologias de Informação
INTERNACIONAIS DE
e Comunicação merecem algum
REFERÊNCIA
destaque. O primeiro tem alcançado
alguma relevância nos concelhos de
Vila Nova de Famalicão e Braga. O
segundo apresenta elevadas taxas
de crescimento em todos os municípios. Entre 2006 e 2010, o volume
de negócios do setor, nos quatro
municípios, registou um crescimento
de 40%, o que equivale a uma taxa
de crescimento média anual de 9%,
aproximadamente.
Tabela 12 - Crescimento do setor das
TIC no Quadrilátero (2006-2010)
Fonte: IRN
externo, com um peso de 12%, com
as expedições de bens a aumentar cerca de 17% por ano. França
compra veículos e outro material de
O valor das exportações nacionais,
em 2011, foi consideravelmente
superior ao registado nos dois anos
anteriores. Nesse ano, o valor das
exportações portuguesas rondou os
43 mil milhões de euros. Os principais mercados exteriores foram
Espanha, Alemanha e França. No
total, estes três países, representaram 51% do valor total de saídas de
bens.
Espanha mantém-se como o principal cliente externo, com um peso de
25%, ainda que nos últimos anos se
transporte, máquinas e aparelhos
e plásticos e borrachas. O mercado
angolano foi o quarto maior mercado externo com um peso de 5,4%,
tendo aumentado significativamente o seu peso em comparação com o
ano 2010 (+22%), nomeadamente
pelo crescimento das vendas de
produtos alimentares, agrícolas e
de metais comuns. O Reino Unido
ocupa o quinto lugar no ranking dos
clientes das empresas portuguesas,
com um peso de 5%.
Por seu lado, os Países Baixos, Itália
e Estados Unidos ocuparam as
VOLUME DE
NEGÓCIOS EM
2010
PESO NO
VOLUME DE
NEGÓCIOS TOTAL
EMPRESAS
Barcelos
2.335.571,24
0,10%
22
179%
29%
Braga
43.888.561,39
0,83%
178
38%
8%
Guimarães
9.569.771,75
0,26%
67
36%
8%
Famalicão
2.851.177,39
0,07%
50
40%
9%
MUNICÍPIO
2006-2010 (%)
O maior crescimento do setor, em
tenha registado uma redução do seu
termos de volume de negócios,
peso relativo. Por sua vez, a Alema-
verificou-se no concelho de Barcelos
nha contabiliza o maior aumento em
(Tabela 12). Os restantes municípios
valor, com um acréscimo anual de
apresentam taxas de crescimento
20%, principalmente em resultado
mais baixas. O volume de negócios
da expedição de veículos e outro
no concelho de Braga rondou os 44
material de transporte. Mantém-
milhões de euros (bastante superior
-se, desta forma, como segundo
ao dos restantes concelhos).
CRESCIMENTO
maior cliente, com um peso de 14%.
França é o terceiro maior cliente
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
TAXA DE
CRESCIMENTO
MÉDIA ANUAL
seguintes posições cimeiras, com
pesos de 3,9%, 3,7% e 3,5%, respetivamente. Deve-se ainda destacar o
peso relativo que a Bélgica e o Brasil
têm assumido como destino das
exportações nacionais, reflexo do
acréscimo anual registado em 2011
(+37% e +33%, respetivamente).
A região Norte domina as transações
com o exterior, sendo responsável,
em 2011, por 37% das exportações
nacionais. Segue-se Lisboa, com um
peso de 33% (Figura 28). Na comparação com o ano precedente, o Norte
perdeu peso (-0,3 p.p.), enquanto
Lisboa o incrementou em 3,1 p.p. Em
conjunto, estas duas NUT II foram
responsáveis por 70,4% das exportações, em 2011.
(60% do total).
Relativamente aos países de destino
das exportações, o Norte e o Centro
são os territórios que mais se assemelham ao padrão nacional (Gráfico
24). Em Lisboa, Espanha é o principal destino das vendas ao exterior,
seguida de Alemanha e de Angola,
muito devido às expedições de com-
Figura 28 - Exportações por regiões
bustíveis minerais. Nas restantes
NUT II (2011)
NUT II, Espanha é o principal merca-
Fonte: INE (2011)
do, exceto na Região Autónoma da
Madeira. No Alentejo os mercados
As empresas sedeadas no Centro e
no Alentejo foram responsáveis por
19% e 6% do total das expedições
de bens em 2011, respetivamente.
As Regiões Autónomas da Madeira
e dos Açores e o Algarve têm uma
importância marginal em matéria
de comércio externo, dado que
francês e holandês têm uma importância considerável. No Algarve, a
China e Angola têm vindo a ganhar
importância como compradores. A
Região Autónoma dos Açores tem
entre os seus três principais parceiros comerciais o Gana e a Itália.
representam, em conjunto, menos
de 1% das exportações nacionais.
Apesar disto, convém assinalar que
a Região Autónoma da Madeira é
na que as transações extracomunitárias têm um peso mais elevado
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 29 - Comércio Internacional: Saída de bens por país de destino e por NUT II (2011)
Fonte: INE
Tabela 13 - Comércio internacional português de serviços (2011)
Fonte: AICEP- Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal
EXPORTAÇÕES
IMPORTAÇÕES
BENS
TOTAL
% TOTAL
TOTAL
% TOTAL
TOTAL
19.158.930
100,00%
11.461.954
100,0%
Viagens e turismo
8.145.557
43%
2.973.567
26%
Transportes
5.184.460
27%
3.401.395
30%
Outros serviços fornecidos por empresas
3.585.652
19%
2.406.798
21%
Serviços de construção
570.743
3%
116.804
1%
Serviços de comunicação
472.192
3%
419.850
4%
Serviços de informação e de informática
377.121
2%
440.305
4%
Serviços de natureza pessoal, cultural e recreativa
239.584
1%
478.571
4%
Operações governamentais
205.659
1%
91.160
0,8%
Serviços financeiros
227.349
1%
521.700
5%
Seguros
107.017
0,6%
224.723
2%
Direitos de utilização
43.596
0,2%
387.082
3%
UE
13.692.871
72%
8.067.989
70%
Resto do Mundo
5.466.059
29%
3.393.965
30%
MERCADOS
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
No âmbito dos serviços, o valor
serviços (Tabela 14). Destaca-se
das exportações portuguesas, em
ainda o facto de, entre os principais
2011, foi de 19 mil milhões de euros,
destinos, existirem três países de
ultrapassando o valor dos serviços
fora da UE: Angola, Brasil e EUA.
importados, que equivaliam a 11 mil
milhões de euros. As viagens e o
turismo são os serviços mais transacionados internacionalmente (43%
do total), seguidos dos serviços de
transporte (27%) e da categoria
de outros serviços fornecidos por
empresas (19%) (Tabela 13). Por
sua vez, serviços de construção,
comunicação, informação e informática, de natureza pessoal, cultural e
recreativa, entre outros, apresentam
vendas exteriores pouco significativas, perfazendo, no seu conjunto,
cerca de 12% das exportações de
serviços. A maioria destas vendas de
serviços concentra-se no mercado
europeu (cerca de 70%). O Reino
Unido (15%), a França (14%) e a
Espanha (13%) são os principais
Ao nível regional, os municípios em
análise, do Cávado e do Ave, apresentam uma taxa de cobertura das
Nas importações, de forma similar às
importações pelas exportações
exportações, o capítulo mais impor-
superior à média nacional (72%).
tante são os serviços de transporte
Em 2010, as exportações do Cávado
(30%), seguidos das viagens e
e do Ave representaram, respeti-
turismo (26%) e dos outros serviços
vamente, 166% e 161% das suas
fornecidos por empresas (21%).
importações. Apesar disto, a inten-
Cerca de 70% das importações
sidade exportadora destas regiões
são oriundas da UE. Por países, as
apresenta-se bastante diferente,
aquisições de serviços são realiza-
tendo sofrido várias oscilações
das maioritariamente em Espanha
ao longo dos anos (Figura 30). O
(24%), no Reino Unido (11%) e em
Ave apresenta valores geralmente
França (10%) (Tabela 14). O saldo
acima dos 50%, tendo sofrido um
das transações de serviços com
pequeno decréscimo em 2009, e
Espanha e a Suíça apresentam um
registando uma intensidade máxima
saldo negativo.
de exportação de 63% do PIB, em
Tabela 14 - Comércio internacional
de serviços por país (2011)
Fonte: AICEP- Agência para o Investimento e
Comércio Externo de Portugal
1998. Por sua vez, o Cávado manteve valores abaixo dos 50% ao longo
da série, tendo vindo a decrescer ao
logo dos anos.
mercados para a exportação de
EXPORTAÇÃO
IMPORTAÇÃO
SALDO
TOTAL 2011
% TOTAL
TOTAL 2011
% TOTAL
Reino Unido
2.778.127
15%
1.218.639
11%
1.559.488
França
2.685.754
14%
1.097.741
10%
1.588.013
Espanha
2.529.201
13%
2.720.462
24%
-191.261
Alemanha
1.891.657
10%
969.000
9%
922.657
Angola
1.084.988
6%
134.703
1%
950.285
Brasil
998.468
5%
369.759
3%
628.709
EUA
893.699
5%
668.841
6%
224.858
Países Baixos
809.939
4%
515.620
5%
294.319
Suíça
689.180
4%
965.348
8%
-276.168
Bélgica
574.469
3%
351.645
3%
222.824
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 30 - Intensidade exportadora das empresas NUT III Cávado e Ave (1995-2011)
Fonte: INE
À semelhança da intensidade exportadora, o grau de abertura observado nas NUT III do Quadrilátero, em 2010, é
bastante diverso. Enquanto o grau de abertura do Cávado é bastante superior à média nacional (54% face a 22%),
no Ave os valores encontram-se muito próximos (29% face a 22%).
As empresas localizadas no Quadrilátero são responsáveis por cerca de 9% das exportações Portuguesas (à volta
de 4.045 milhões de euros) e 4% das importações nacionais (aproximadamente 2 mil milhões de euros). 25% das
exportações do Norte são realizadas por empresas localizadas nos concelhos que integram o Quadrilátero. Os países
da UE são os parceiros comerciais de eleição das empresas localizadas neste território, representando 87% das suas
exportações e 71% das suas importações (Tabela 15).
Tabela 15 - Comércio internacional de mercadorias no Quadrilátero de sede dos operadores (2011)
Fonte: INE
UNIDADE:
MILHARES DE
EUROS
EXPORTAÇÕES
TOTAL
IMPORTAÇÕES
COMÉRCIO
COMÉRCIO
INTRACOMU-
EXTRACOMU-
NITÁRIO
NITÁRIO
TOTAL
COMÉRCIO INTRA-
COMÉRCIO EXTRA-
COMUNITÁRIO
COMUNITÁRIO
BARCELOS
597.353
554.260
43.093
208.038
183.660
24.378
BRAGA
933.154
851.037
82.117
672.063
538.340
133.723
GUIMARÃES
1.077.165
892.300
184.865
590.519
324-.197
266.322
FAMALICÃO
1.437.546
1.204.629
232.917
856.018
615.501
240.517
QUADRILÁTERO
4.045.218
3.502.226
542.992
2.326.638
1.337.501
664.940
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
No Quadrilátero, os principais mer-
exportações do concelho de Barce-
das expedições, respetivamente.
cados de destino das exportações,
los, com uma importância relativa
em 2011, foram Alemanha, Espa-
de 3%. A Suécia apresenta um peso
Os setores tradicionais ainda assu-
nha, França e o Reino Unido (Figura
relativo de 3% e a Dinamarca de 1%.
31). Estes quatro países de destino
representam 65% das exportações
dos quatro concelhos, assemelhando-se ao que acontece ao nível
nacional.
A quota nas exportações Famalicenses da Suécia é ainda maior (4%).
mem uma importância fulcral nas
exportações do Quadrilátero. Em
2011, os principais produtos exportados foram os materiais têxteis, o
Neste concelho, a República Checa
material de transporte e as máqui-
apresenta uma quota bastante
nas e aparelhos, que no conjunto
similar (4%).
representaram 76% do total das
Entre os dez principais mercados de
vendas exteriores do Quadrilátero
(Figura 33).
Figura 31 - Principais países
de destino das exportações do
Quadrilátero (2011)
Fonte: INE
A Alemanha lidera as expedições
em Barcelos, Braga e Vila Nova de
Famalicão, seguindo-se a Espanha,
a França e o Reino Unido (Figura 32).
exportação das empresas locali-
Por sua vez, as expedições efetua-
zadas em Braga, Guimarães e Vila
das por empresas de Guimarães têm
Nova de Famalicão estão dois países
como principal destino a Espanha,
extracomunitários: Angola e os
seguindo-se a França, o Reino Unido
Estados Unidos. O mercado angola-
e a Alemanha. A Bélgica, a Itália e os
no apresenta-se relevante para as
Países Baixos assumem-se igualmente como importantes destinos
das exportações, contudo os seus
níveis de importância diferem de
concelho para concelho.
Figura 32 - Principais países nas
exportações do Quadrilátero por
concelho (2011)
Fonte: INE
expedições efetuadas por Braga e
Guimarães, recebendo 5% e 2% das
exportações, respetivamente. Por
sua vez, o mercado norte-americano
mostra-se mais atrativo para as em-
A Tunísia surge entre os dez prin-
presas de Guimarães e Vila Nova de
cipais mercados de destino das
Famalicão, concentrando 6% e 4%
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Figura 33 - Principais grupos de produtos exportados pelos municípios do Quadrilátero (2011)
Fonte: INE
No concelho de Barcelos são exportadas essencialmente matérias-primas (74%), seguindo-se de calçado (14%) e,
em menor medida, de plásticos e borrachas (3%) (Tabela 16). Estes três produtos representam 91% dos bens exportados pelo concelho.
Tabela 16 - Principais grupos de produtos exportados de Barcelos (2011)
Fonte: INE
GRUPO DE PRODUTO
VALOR DAS EXPORTAÇÕES (€)
PESO NAS EXPORTAÇÕES (%)
Materiais têxteis
440.372.702,00
74%
Calçado
85.134.929,00
14%
Plásticos e borracha
19.949.268,00
3%
13.159.332,00
2%
Animais Vivos e produtos do Reino animal
6.158.750,00
1%
Outros produtos
32.459.169,00
5%
Obras de pedra e matérias semelhantes,
produtos cerâmicos e vidro
As exportações efetuadas por empresas bracarenses incluem-se maioritariamente na categoria de máquinas e aparelhos (64%), o qual confirma a importância da indústria eletrónica neste município (Tabela 17). O segundo grupo de
produtos mais vendidos no exterior são os materiais têxteis (13%), dos quais, uma grande proporção, estão relacionados com o vestuário e os seus acessórios. Pode-se constatar ainda a importância dos metais comuns nas exportações deste concelho (11%).
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Tabela 17 - Principais grupos de produtos exportados de Braga (2011)
Fonte: INE
GRUPO DE PRODUTO
VALOR DAS EXPORTAÇÕES (€)
PESO NAS EXPORTAÇÕES (%)
Máquinas e aparelhos
593.831.452,00
64%
Materiais têxteis
116.653.338,00
13%
Metais comuns
104.092.353,00
11%
Pérolas, pedras e metais preciosos e outros
30.732.828,00
3%
Material de transporte
26.875.422,00
3%
Outros produtos
60.968.773,00
7%
Tabela 18 - Principais grupos de produtos exportados de Guimarães (2011)
Fonte: INE
GRUPO DE PRODUTO
VALOR DAS EXPORTAÇÕES (€)
PESO NAS EXPORTAÇÕES
Materiais Têxteis
713.242.319,00
66%
Calçado
161.856.477,00
15%
Metais Comuns
70.933.718,00
7%
Máquinas e Aparelhos
63.843.655,00
6%
Madeira e Cortiça
12.663.472,00
1%
Outros Produtos
54.624.872,00
5%
As exportações de Guimarães pertencem à categoria de matérias-primas e suas obras, as quais envolvem dois terços
das vendas totais ao exterior (66%), seguindo-se do calçado (15%) e dos metais comuns (7%) (Tabela 18). Estes
dados confirmam a relevância da indústria têxtil e do vestuário, do calçado e da metalúrgica e metalomecânica na
atividade económica do município.
O padrão das vendas ao exterior em Vila Nova de Famalicão assume contornos similares aos dos restantes municípios (Tabela 19). Este concelho exporta, fundamentalmente, material de transporte (50%), matérias-primas (25%)
e, em menor medida, máquinas e aparelhos (7%).
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66 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Tabela 19 - Principais grupos de produtos exportados de Famalicão (2011)
Fonte: INE
GRUPO DE PRODUTO
VALOR DAS EXPORTAÇÕES (€)
PESO NAS EXPORTAÇÕES
Plásticos e Borracha
711.239.515,00
50%
Materiais Têxteis
360.256.086,00
25%
Máquinas e Aparelhos
105.836.042,00
7%
Mercadorias e Produtos diversos
88.290.675,00
6%
Animais Vivos e Produtos do Reino Animal
38.007.884,00
3%
Outros Produtos
133.902.258,00
9%
Os mercados mais relevantes em cada indústria constam da Tabela 20. No caso da indústria têxtil e do vestuário
(têxteis-lar, vestuário e o têxtil) os principais mercados de exportação são Espanha, França, Alemanha, Reino Unido
e os EUA. Por sua vez, a indústria alimentar tem como principais clientes Espanha, Angola, França e o Reino Unido. Já
o setor automóvel, que faz parte do setor metalúrgico e metalomecânico, concentra as suas vendas nos mercados
alemão, espanhol, francês e inglês.
Tabela 20 - Comércio Externo de produtos com origem no Quadrilátero (2011)
Fonte: AICEP
SETOR
CLIENTES (4 PAÍSES MAIS RELEVANTES)
FORNECEDORES (4 PAÍSES MAIS RELEVANTES)
Têxteis-lar
Espanha, França, EUA e Reino Unido
Espanha, Índia, Alemanha, China
Alimentar
Espanha, Angola, França e Reino Unido
Espanha, França, Alemanha e Brasil
Automóvel
Alemanha, Espanha, França e Reino Unido
Alemanha, Espanha, França, Itália
Vestuário
Espanha, França, Alemanha e Reino Unido
Espanha, Itália, França e China
Calçado
França, Alemanha, Holanda e Espanha
Espanha, Itália, China, Bélgica
Têxtil
Espanha, França, Alemanha e Reino Unido
Espanha, Itália, França, Alemanha
Por sua vez, a indústria alimentar tem como principais clientes a Espanha, a Angola, a França e o Reino Unido. Já o
setor automóvel, que faz parte do setor metalúrgico e metalomecânico, remete as suas expedições para o mercado
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
alemão, espanhol, francês e inglês.
3.1.3. CLUSTERS
EMPRESARIAIS
O conceito de cluster está sujeito a
diversas interpretações. A sua classificação depende, em certa medida,
das dimensões que se tenham em
consideração em cada momento,
nomeadamente, as de tipo setorial,
institucional, organizacional, entre
outras. Em todo caso, é relativamente consensual que os clusters
são agrupamentos de empresas,
regra geral, situadas relativamente
próximas entre si, e que, na maioria
dos casos, partilham setor de atividade em sentido lato. A clusterização da atividade económica poderá
ser espontânea ou dirigida. Entre os
agrupamentos espontâneos encontram-se os distritos industriais
e entre os dirigidos os parques de
fornecedores. A meio caminho entre
ambos estão um conjunto de estruturas nas que, partindo de agrupamentos espontâneos, se promove,
mediante políticas públicas de base
territorial, o desenvolvimento de
empresas relacionadas, com o intuito de promover sinergias, assentes
na iteração e na definição de estratégias cooperativas. As vantagens
da clusterização derivam dos fluxos
de informação sobre mercados,
produtos e tecnologia, da existência
setores de atividade que integram
são aqueles cujo desenvolvimento
o cluster. Estas vantagens podem
é espontâneo e a apropriação das
resultar da acumulação de experiên-
vantagens derivadas da concentra-
cias, saber-fazer, conhecimentos e
ção espacial da atividade é relativa-
formas de organização e trabalho,
mente inconsciente. Por outro lado,
formais ou informais, ou da sua
os clusters em sentido estrito que
promoção institucional a partir dos
são aqueles cujo desenvolvimento é
recursos territoriais, potenciando-os
dirigido e responde a uma estraté-
e orientando-os para a obtenção de
gia cooperativa das empresas e de
ganhos de competitividade indivi-
outros agentes do território. Neste
duais ou coletivos. Acresce ainda
caso, a apropriação das vantagens
que essas vantagens, do ponto de
derivadas da concentração espacial
vista territorial, não têm porque se
e da cooperação entre agentes é
concentrar num único setor. Aliás é
consciente, e não está necessaria-
razoável pensar que o seu desenvol-
mente aberta à comunidade. Con-
vimento pode envolver mais setores
vém não confundir, neste âmbito,
de atividade, relacionados de forma
direta ou indireta, que podem usufruir de vantagens similares, potenciando ainda mais a competitividade
do território em questão.
A institucionalização do cluster
permite definir estratégias comuns
de maneira formal e implementar planos operacionais, setoriais
ou transversais, para garantir o
seu cumprimento. Os motores da
institucionalização do cluster são
os Clusters em sentido estrito com
as associações setoriais dedicadas
à defesa dos interesses de um dado
setor de atividade, as quais poderão
ou não estabelecer acordos com
outras entidades para potenciar
algumas dimensões que promovam
a competitividade dos seus associados (I&D/Internacionalização).
Nestas iniciativas, as empresas não
partilham a mesma base territorial
e o envolvimento de agentes não
variados, ainda que na literatura
empresariais costuma ser totalmen-
especializada costumam apontar-se
te preterido.
o desenvolvimento de atividades de
Com o intuito de se identificar os
I&D e a potenciação da dimensão
internacional das empresas. A
cooperação institucionalizada
através do cluster permite às
empresas partilhar custos e obter
sinergias de diversa natureza.
clusters em sentido lato presentes no território do Quadrilátero,
calculou-se o grau de concentração
de atividade económica, por ramo de
atividade. Para este efeito, utilizou-se como instrumento o quociente
de fornecedores e clientes espe-
A diferenciação estabelecida per-
de localização (QL), que compara
cializados e da disponibilidade de
mite classificar os clusters em duas
o contributo de um determinado
recursos humanos em quantidade e
grandes categorias. Por um lado,
setor de atividade para a atividade
com as habilidades requeridas pelos
os clusters em sentido lato que
económica de um dado território,
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68 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
com o contributo setorial, medido
De acordo com os resultados, o Qua-
existentes nos quatro municípios
da mesma forma, num território de
drilátero está extremamente espe-
que compõem o Quadrilátero, em vá-
referência, que normalmente inclui o
cializado na fabricação de têxteis. O
rios setores, comparando-o depois
primeiro.
quociente de localização neste caso
com a totalidade das empresas a
é de 8,22. Praticamente metade
nível nacional, em cada setor. Esta
dos trabalhadores que, em território
medida permitirá perceber qual
nacional, participa na atividade de
a proporção de empresas de um
fabricação de têxteis localiza-se no
determinado setor localizado neste
Quadrilátero, sendo o concelho de
território face ao todo nacional, ob-
Guimarães o que concentra maior
tendo-se consequentemente uma
atividade neste setor. A indústria
medida de concentração empresa-
do vestuário também apresenta um
rial. Os resultados obtidos constam
elevado QL neste território, concre-
da Tabela 22:
Considerando que o território alvo
do estudo é o Quadrilátero e que o
território de referência é a totalidade do território nacional, este indicador permite identificar as atividades
económicas em que o Quadrilátero
apresenta uma maior especialização
face ao todo nacional. Para o cálculo
do QL foram utilizados dados de
emprego, desagregados territorial e
setorialmente, para o ano de 2009
(último ano para o que existem
dados), retirados da base de dados
Quadros do Pessoal. Os resultados
da análise constam na tabela 21.
Tabela 21 - Quociente de localização
no Quadrilátero, por setor de
atividade (2009)
Fonte: cálculos próprios, com base
nos Quadros de Pessoal, Ministério da
Solidariedade e Segurança Social
tamente de 5,36. No ano de 2009,
o território do Quadrilátero garantia
ocupação laboral a cerca de 32,8%
da população empregada neste
ramo de atividade, no total do país.
Barcelos é o município que mais contribui para esta realidade, dado que
representa 38,2% dos empregados
totais do Quadrilátero neste setor.
Com a finalidade de complementar
a análise anterior, foi calculada a
densidade empresarial dos setores
acima identificados. Desta forma,
foi apurado o número de empresas
CAE
DESCRIÇÃO
QL
13
Fabricação de têxteis
8,22
14
Indústria do vestuário
5,36
26
Fabricação de equipamentos informáticos, equipamentos para comunicações e
produtos eletrónicos e óticos
4,05
15
Indústria do couro e produtos do couro (inclui o calçado)
2,36
24
Indústrias metalúrgicas de base
2,12
22
Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas
2,00
42
Engenharia Civil (inclui construção)
1,40
25
Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos
1,30
10
Indústrias alimentares
0,98
86
Atividades de saúde humana
0,62
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Tabela 22 - Proporção das indústrias
nomeadamente o setor da fabrica-
As iniciativas associativas que se
no Quadrilátero em comparação com
ção de equipamentos informáticos,
identificam a seguir têm, em alguns
o território nacional (2009)
equipamentos para comunicações e
casos, uma intervenção relativa-
Fonte: cálculos próprios, com base na
produtos eletrónicos e óticos e o de
mente tradicional e noutros se-
base de dados Amadeus
fabricação de artigos de borracha e
guem uma abordagem cooperativa
de matérias plásticas.
muito mais proactiva. A ATP - Associação do Têxtil e Vestuário de
CAE
DESCRIÇÃO
13
Fabricação de têxteis
8,22
14
Indústria do vestuário
5,36
26
QL
Fabricação de equipamentos informáticos, equipamentos para comunicações e produtos
eletrónicos e óticos
4,05
15
Indústria do couro e produtos do couro (inclui o calçado)
2,36
24
Indústrias metalúrgicas de base
2,12
22
Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas
2,00
42
Engenharia Civil (inclui construção)
1,40
25
Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos
1,30
10
Indústrias alimentares
0,98
86
Atividades de saúde humana
0,62
A Tabela 22 demonstra, mais uma
Apesar da forte concentração em-
vez, a predominância do setor do
presarial e de atividade económica e
têxtil e do vestuário no Quadrilátero.
emprego em alguns setores no Qua-
Repare-se que, em ambos os casos,
drilátero, nenhum destes clusters
a região acolhe mais de 40% das
empresas ligadas ao setor localizadas em Portugal. As metalúrgicas de
base afirmam-se como o terceiro setor com maior proporção de empresas, albergando cerca de 14% das
empresas nacionais ligadas a esta
atividade. Da análise dos valores do
QL e da concentração empresarial
depreende-se que, para além de
existir uma importante especialização em setores tradicionais, o
Quadrilátero concentra um número
significativo de atividade e empresas em setores com um grau de incorporação tecnológica média-alta,
em sentido lato têm evoluído para
clusters em sentido estrito, de carácter setorial e, muito menos, para
um cluster multissetorial de base
regional. No entanto, nestes setores
existem várias associações setoriais,
muitas delas com um âmbito de
intervenção que extravasa os limites
do Quadrilátero e inclusivamente da
região Norte. Estas iniciativas têm
algum interesse no contexto deste
levantamento, dado que permitem
identificar setores onde existe um
histórico cooperativo ou uma maior
propensão a concertar posições e
delinear estratégias comuns.
Portugal agrupa à indústria têxtil
e do vestuário portuguesa. Esta
associação, integrada maioritariamente por PME (96%), tem uma
base bastante heterogénea, compreendendo empresas dedicadas às
várias fases de produção e a diversas atividades, desde a produção de
fibras até à confeção de vestuário.
No âmbito deste setor, a ATP em
parceria com a Asociación de
Industrias de Punto y Confección
de Lugo, Ourense e Pontevedra
(AIPCLOP), da Galiza, assinaram
um protocolo de cooperação com a
finalidade de criar um megacluster
inter-regional do setor do têxtil e do
vestuário. Desta forma, em 2009,
constituiu-se o Euroclustex que,
para além das duas associações
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70 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
referidas anteriormente, teve tam-
da indústria a nível da inovação e
em abril de 2011, está constituída
bém o apoio do CITEVE. O objetivo
conceção de novos produtos, e de
pelas principais empresas do setor
deste projeto é fomentar a coope-
forma a complementar o espectro
com sede no Quadrilátero; pretende
ração intersetorial, aproveitando as
desta associação, juntaram-se aos
promover a internacionalização dos
experiências e as complementari-
fundadores algumas organizações
seus sócios, através da cooperação
dades resultantes da diversificação
de renome no âmbito do desenvol-
interempresarial. A criação de um
estrutural das atividades ligadas
vimento tecnológico e da inovação.
grupo coeso de empresas ligadas ao
ao setor na Euro-região Norte de
O principal objetivo da APCM passa
setor tem como finalidade aumentar
Portugal-Galiza. A ATP conside-
por garantir a afirmação de Portugal
a capacidade de negociação, afir-
ra importante ainda a criação de
a nível internacional como produtor
mar o cluster a nível internacional,
parcerias comerciais, com benefícios
e criador de moda. Segundo a APCM,
incrementar os níveis de inovação
para ambas as partes, com o setor
a convergência da indústria têxtil, do
no setor e definir estratégias con-
do calçado, do automóvel, da saúde,
vestuário, do calçado, da ourivesaria
juntas para o desenvolvimento da
dos curtumes, da cortiça e dos
e da joalharia traduz-se na criação
atividade. Integram esta associação
produtos químicos. Prevê-se que a
de sinergias que, se aproveitadas
diversas empresas ligadas à cons-
cooperação entre setores sirva de
de forma coordenada, permitirá a
trução de edifícios, obras de enge-
base para solucionar os problemas
desejada projeção dos produtos
nharia civil, madeiras e carpintaria,
que a indústria têxtil e do vestuário
portugueses internacionalmente,
pichelaria, fabricação de estruturas
enfrenta. Por outro lado, a ATP reco-
viabilizando a progressão da indús-
metálicas e partes de estruturas,
nhece a importância de potenciar a
tria na cadeia de valor. A associação
instalações elétricas, materiais de
internacionalização das empresas,
considera ser fundamental reforçar
construção, atividades de arquitetu-
através da participação em feiras in-
as competências nacionais a nível
ra e engenharia e outras áreas espe-
ternacionais e em desfiles de moda
da vigilância e inteligência compe-
cializadas. Recentemente, a UMinho
e de promover a formação profissio-
titiva, recebendo atempadamente
e a AFCM assinaram um protocolo de
nal e o marketing.
informações sobre as tendências da
cooperação, que procura promover o
moda que se desenvolvem a nível
reforço da cooperação técnico-cien-
internacional e perceber as estra-
tífica entre as instituições. Neste
tégias dos restantes concorrentes,
contexto, deverão ser desenvolvidos
assim como os principais riscos e
mecanismos de cooperação que
oportunidades daí resultantes. Por
possibilitem um maior investimento
outro lado, promover a inovação é
em investigação e desenvolvimento,
também uma prioridade, principal-
materializando projetos que permi-
mente na vertente da I&D, com o
tam projetar as empresas no âmbito
propósito de diferenciar a oferta e
da inovação.
Em 2008, foi criada a APCM - Associação Pólo de Competitividade
da Moda, a qual apenas entrou em
pleno funcionamento em 2009.
De entre as entidades fundadoras
desta associação, que, na generalidade, atua nos subsetores da moda
(indústria têxtil, do vestuário, do calçado, da ourivesaria e da relojoaria),
destaca-se a presença de empresas
como a Flor Moda (Barcelos), Irmãos
Vila Nova e Riopele (Vila Nova de
Famalicão) e Kyaya e Somelos Fiafio
(Guimarães). Com o intuito de pro-
minimizar as desvantagens do custo
de produção, tentando assim amenizar a discrepância face aos concorrentes que beneficiam de custos de
mão-de-obra mais reduzidos.
A Portugal Foods é uma associação
constituída por empresas,
instituições e outros agentes representativos dos vários subsetores
agroalimentares, que tem como
mover a competitividade do setor
A Associação da Fileira da Cons-
principal objetivo incrementar a
da moda, que passa pela afirmação
trução do Minho (AFCM), criada
competitividade das empresas do
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
setor através da inovação e da inves-
ceção, desenvolvimento, fabrico e
tigação, mediante novos métodos
comercialização de equipamentos e
de cooperação. A Portugal Foods
serviços ligados à saúde, em nichos
tem ainda como objetivo a orienta-
de mercado e de tecnologia selecio-
ção dos produtos agroalimentares
nados, tendo como objetivo principal
portugueses para o mercado exter-
o reconhecimento da excelência por
no, identificando e captando oportu-
parte do mercado externo. O HCP
nidades de negócio no estrangeiro.
procura também promover o desen-
Em 2011 as empresas que integram
volvimento económico e social das
esta associação geravam cerca de
regiões onde se localizam os sócios
16% do volume de negócios e 18%
do projeto, assim como do país em
das exportações da indústria agroa-
geral. As iniciativas conduzidas por
limentar portuguesa e empregavam
esta organização visam o incre-
cerca de 14.250 colaboradores.
mento do volume de negócios, das
Apesar dos seus associados estarem
exportações e do emprego quali-
distribuídos por todo o território
ficado nas atividades económicas
nacional, vários deles têm a sua
ligadas à saúde. De um modo geral,
sede e operações em concelhos do
procura-se também contribuir para
Quadrilátero, como por exemplo a
a melhoria da prestação de cuidados
Porminho Alimentação, a Vieira de
de saúde à população. No sentido de
Castro e a Primor. Existem também
atingir os seus objetivos, a associa-
um conjunto de empresas que, não
ção privilegia a sua atuação na área
estando localizadas no Quadriláte-
do bem-estar e do envelhecimen-
ro, situam-se em concelhos muito
to, procurando combater doenças
próximos. As mais destacadas são a
neuro-degenerativas, cancerígenas,
Minho Fumeiro, em Ponte de Lima,
cardiovasculares, degenerativas
e a Cerealis e a Frulact, ambas com
osteoarticulares, inflamatórias, infe-
sede na Maia.
ciosas e metabólicas. A sua aposta
O Health Cluster Portugal - Associação do Polo de Competitividade
da Saúde integra diversas empresas
e instituições nacionais ligadas ao
setor da saúde. Criada em abril de
2008, trata-se de uma associação
de direito privado sem fins lucrativos, com mais de 120 associados,
principal em termos de intervenção
é a promoção do conhecimento e
da I&D, procurando dar especial
preponderância à biotecnologia e
às nanotecnologias. O Quadrilátero
está representado nesta iniciativa,
através de diversas empresas e
instituições da região.
de cooperação entre as empresas
do setor. Este polo foi formalmente
fundando em 2009, no âmbito das
Estratégias de Eficiência Coletiva
do QREN - Quadro de Referência
Estratégico Nacional, engloba 50
associados e 28 empresas das
regiões Norte, Centro e Lisboa e Vale
do Tejo. Entre estas destacam-se
algumas com sede e operações no
Quadrilátero. As empresas associadas têm um volume de negócios
conjunto de aproximadamente
5.400 milhões de euros, dos quais
500 milhões procedem do mercado
externo. O montante canalizado
para I&D pelos associados é de 130
milhões de euros, representativo de 3% do volume de negócios
conjunto. Este Polo tenciona tornar
Portugal numa referência mundial
ao nível das TICE. Com essa finalidade pretende-se incrementar o peso
das TICE no PIB, no emprego, e no
volume de exportações. O Polo de
Competitividade e Tecnologia tem
como objetivo promover a cooperação e a criação de sinergias entre
empresas do setor, nomeadamente
entre as grandes empresas e as
PME. Todavia, dinamiza e apoia candidaturas das empresas a programas
de incentivos que lhes permitam
ganhar capacidade financeira para
realizar projetos mais arrojados. A
presença e representação portu-
distribuídos pela totalidade do
No contexto das Tecnologias de In-
guesa em eventos internacionais é
território nacional. A missão desta
formação e Comunicação destaca o
também uma preocupação do polo,
associação é tornar Portugal num
Polo das Tecnologias de Informação,
que reconhece que as empresas
local de referência internacional
Comunicação e Eletrónica (TICE), o
devem acompanhar e delinear a sua
nos campos da investigação, con-
qual pretende promover as relações
estratégia com base nas principais
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72 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
tendências mundiais. Na agenda do
tucional e de liderança, surgem os
TICE está também a promoção da
défices de arquitetura institucional
cooperação entre instituições de
e governança e a falta de liderança
ensino superior, associações do foro
económica, política e mesmo institu-
tecnológico e da inovação e o tecido
cional no território.
empresarial.
Na Tabela 24 incluem-se as principais oportunidades e ameaças que
3.1.4.A ANÁLISE SWOT
A análise SWOT é uma das ferramentas mais utilizadas na realização
de diagnósticos e na avaliação de
potenciais. É utilizada em diversos
âmbitos para análise e avaliação
de empresas, mercados, setores e
territórios, entre outros. Esta análise
baseia-se numa matriz que relaciona Forças (Strengths), Fraquezas
(Weaknesses), Oportunidades
(Oportunities) e Ameaças (Threats).
A Tabela 23 sintetiza as principais
forças e fraquezas do Quadrilátero.
Entre as forças destacam-se o elevado know-how em setores como o
têxtil e o vestuário e o calçado, apresentando vantagens competitivas
face a muitos players internacionais
e o acolhimento de alguns setores
atividade com elevado potencial de
crescimento, nomeadamente na
área das TIC, da biotecnologia e dos
materiais. Releva ainda a existência
enfrenta o território em análise.
Entre as primeiras convém destacar
a progressiva compreensão da necessidade de articular iniciativas de
cooperação e concertação territorial
para potenciar a competitividade
regional a vários níveis, a existência de condições favoráveis para
tornar o território num centro de
competências e inovação nalgumas
áreas do conhecimento a partir das
capacidades existentes na UMinho
e noutras instituições de referência,
como o INL.
Os concelhos do Quadrilátero apresentam, da mesma forma, condições
e infraestruturas adequadas para a
instalação de empresas estrangeiras. Por outro lado, a crise económica
e financeira nacional e o incremento
da competitividade de espaços concorrentes em termos de produção
e posicionamento apresentam-se
como grandes ameaça às atividades
desenvolvidas no território.
de tradição e capacidade exportadora no tecido empresarial. Entre
as principais fraquezas as mais
relevantes derivam do facto de a
estrutura produtiva estar numa fase
de transição da produção de bens
de baixo valor acrescentado para um
outra de bens e serviços com maior
valor acrescentado. A nível instiQUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Tabela 23 - Forças e Fraquezas do
território do Quadrilátero
Fonte: Elaboração própria
FORÇAS
- Elevado know-how em setores como o calçado, têxtil e vestuário, apresentando inclusive vantagens competitivas face a muitos players internacionais;
- Existência de tradição e capacidade exportadora no tecido empresarial;
- Acolhimento de alguns setores atividade com elevado potencial de crescimento, nomeadamente na área das TIC, da biotecnologia e dos materiais;
- Oferta de mão-de-obra relativamente jovem e crescentemente qualificada;
- Existência de instituições do ensino superior crescentemente prestigiadas e com alguma relação de proximidade com a indústria;
- Presença de vários centros de I&D e de centros de investigação aplicada no âmbito universitário, reconhecidos quer nacional e quer internacionalmente;
- Existência de associações empresariais setoriais interessadas na internacionalização, na promoção do I&D e na formação do capital humano;
- Posicionamento junto de grandes eixos infraestruturais (rodoviários, aeroportuários, marítimos, digitais - fibra ótica - e de transporte de
eletricidade e gás natural);
- Existência de um vasto património histórico e natural e existência de espaços diversificados para a realização de eventos;
- Presença de uma incipiente especialização no turismo cultural e religioso.
FRAQUEZAS
- Estrutura produtiva em fase de transição da produção de bens de baixo valor acrescentado, na maioria das vezes num quadro de subcontratação internacional, para a produção de bens e serviços com maior valor acrescentado, nalguns casos com distribuição e/ou com marcas próprias;
- Reduzida dimensão das empresas, com níveis de competitividade e internacionalização ainda insuficientes;
- Baixo nível de informatização das PME;
- Reduzido investimento em I&D;
- Elevada taxa de desemprego e elevada percentagem de mão-de-obra detentora de baixas qualificações académicas e profissionais;
- Falta de liderança económica, política e institucional no território;
- Ausência de estruturas (político-administrativas) de nível supramunicipal consistentes e convenientemente legitimadas, capazes de se
constituir num interlocutor credível com os agentes sociais e empresariais do território e em parceiros na consolidação e desenvolvimento do
Quadrilátero;
- Falta de uma estratégia territorial que melhore a sua articulação e amorteça as consequências negativas da sua desestruturação;
- Inexistência de estruturas de apoio à internacionalização de base territorial;
- Ausência de uma estratégia de marketing territorial;
- Falta de infraestruturas logísticas de apoio às empresas.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Tabela 24 - Oportunidades
e Ameaças do território do
Quadrilátero
Fonte: Elaboração própria
OPORTUNIDADES
- Progressiva compreensão da necessidade de articular iniciativas de cooperação e concertação territorial para potenciar a competitividade
regional a vários níveis;
- Existência de condições favoráveis para tornar o território num centro de competências e inovação nalgumas áreas do conhecimento a partir
das capacidades existentes na UMinho e noutras instituições de referência, como o INL;
- Crescente interiorização, por parte dos atores regionais, da importância da criatividade, a inovação e o conhecimento na geração de oportunidades económicas;
- Crescente reconhecimento nacional e internacional de entidades instaladas no território que pertencem ao SCTN - Sistema Científico-Tecnológico Nacional;
- Crescente sensibilidade para a necessidade de conseguir uma maior simbiose Universidade-Empresa, com o objetivo de acrescentar valor aos
bens produzidos e comercializados pelo tecido empresarial;
- Existência de sistemas de incentivos fiscais à I&D empresarial;
- Disponibilidade de programas de apoio e incentivo ao investimento;
- Progressiva valorização social do espírito de iniciativa e da capacidade empreendedora;
- Potencial aproveitamento do crescimento do setor das TIC e dos efeitos de desdobramento que pode provocar em outros âmbitos e atividades
do território;
- Existência de boas condições e de adequadas infraestruturas de acolhimento de empresas internacionais (IDE);
- Eventual investimento em redes de infraestruturas e sistemas logísticos que facilitem o escoamento de produtos e auxiliem a integração da
cadeia de valor das empresas multiplanta, com operações em vários países;
- Proximidade ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e crescimento da oferta de novas rotas das companhias aéreas low-cost;
- Proximidade ao Porto de Leixões;
- Proximidade geográfica e cultural com a Galiza (Espanha);
- Capitalização potencial dos canais de exposição internacional do território (desporto, redes de I&D, turismo religioso, entre outros).
AMEAÇAS
- Continuação da crise económica e financeira nacional e internacional;
- Incremento da competitividade de espaços concorrentes em termos de produção e posicionamento;
- Elevada taxa de desemprego;
- Intensificação do envelhecimento populacional;
- Reforço do Porto e da sua área metropolitana como centro aglutinador de recursos;
- Desadequação do sistema fiscal português: autismo permanente relativamente às características intrínsecas dos territórios e das empresas;
- Falta de coerência entre as políticas públicas de âmbito nacional e regional/local;
- Falta de competência da administração pública: crescente burocrática e centralizada;
- Ineficácia e lentidão do sistema judiciário português;
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
4.Internacionalização
e boas práticas
4.1. ABORDAGEM METODOLÓGICA
A metodologia de pesquisa e inves-
ternacionalização do Quadrilátero e
necessidade de a organizar também
tigação que se entendeu adotar
Projeção de Estratégias Futuras de
por áreas, considerando as várias
no presente estudo foi objeto de
Promoção do Território” foi impor-
perspetivas de visualização e
particular atenção tendo em conta a
tante a consulta de alguns trabalhos
entendimento da realidade em
sua importância para os resultados a
já realizados sobre a temática da
atingir. Consistindo em várias fases,
cooperação territorial e a promoção
a metodologia aplicada na presente
e atratividade do território para
investigação envolveu, num primeiro
arrecadar investimento. Em razão
momento, a recolha e seleção de
disso, procedeu-se à recolha de
literatura teórica e empírica, tanto
informação científica existente, e
nacional como internacional, com
posterior seleção e validação, tendo
especial destaque para a consulta
como referência a sua atualidade e
efetuada em revistas especializadas
relevância.
e para a leitura de outra informação.
Para a elaboração do relatório “In-
análise. O objetivo centrou-se em
facilitar o acesso rápido e intuitivo
a uma panóplia de informação
em constante atualização, cuja
relevância se mostrou transversal
a todos os momentos de reflexão
e de redação deste relatório.
Simultaneamente, houve lugar à
recolha documental, o que implicou o levantamento da informação
À medida que a recolha da
estatística disponível, estudos e
informação se avolumou, houve
outras publicações consideradas
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
de interesse para a temática em
tório do Quadrilátero, mais propria-
instaladas no território do Quadrilá-
estudo. Existiu aqui uma vontade
mente do seu tecido empresarial,
tero e alguns agentes relacionados
expressa e denunciada de aprovei-
com o objetivo de projetar o seu
a instituições de relevo no território
tar, tanto quanto possível, todo o
futuro e a sua internacionalização,
como a UMinho, a AIMinho e o IAP-
trabalho desenvolvido até então.
potenciando as sinergias e os divi-
MEI - Instituto de Apoio às Pequenas
Ultrapassada esta fase, foi possível
dendos que, no curto e no longo pra-
e Médias Empresas e à Inovação.
ampliar o conhecimento do assunto
zo, daí possam advir. Neste sentido,
e delinear o trabalho que se preten-
considerou-se importante identificar
Esta fase implicou a elaboração de
dia desenvolver.
um conjunto de empresas conside-
Tratando-se de uma população
radas casos de sucesso e, através de
restrita, entendeu-se desenvolver
também uma análise qualitativa
suportada por estudos de caso.
A recolha de dados mais crítica
para a elaboração deste trabalho
balizou-se na entrevista, dado ser
uma técnica por excelência para os
estudos de caso. Esta técnica possui
entrevistas semiestruturadas, poder
os ultrapassar. Esta metodologia
serviu igualmente para envolver as
empresas num projeto em que estas
se assumem como principal parte
As entrevistas foram desencadea-
aprazível de obtenção de dados com
alguma pormenorização, o recurso
à entrevista facilita a introdução
ou o afastamento de potenciais
questões. Decidiu-se enveredar
pela aplicação da entrevista do tipo
focalizado, pois interessava que o
tempo de realização da entrevista
não excedesse os noventa minutos.
Neste âmbito, foi pensado e definido
um guião de entrevista, no qual está
patente um conjunto de questões e
tópicos de conversação. Esta técnica
permite cruzar distintas opiniões, as
quais dão lugar a uma análise qualitativa mais concisa e efetiva.
informação complementar:
principais estratégias adotadas para
dade de obtenção de experiências
Ao consubstanciar-se numa forma
é possível visualizarmos alguma
principais obstáculos e quais as
interessada.
e confissões dos entrevistados.
ratórias. Na tabela que se segue,
compreender, no terreno, quais os
como grande vantagem a possibiliacumuladas, testemunhos, opiniões
um total de 17 entrevistas explo-
das visando os principais responsáveis de cada entidade. Foi efetuado
um trabalho de levantamento e
identificação do leque de projetos
de internacionalização das empresas que se enquadram nos clusters
do Quadrilátero (reunindo empresas fortemente exportadoras mas
também projetos empresariais com
um forte potencial de internacionalização), assim como um conjunto de
casos cujas estratégias de internacionalização se apresentam bem-sucedidas, procurando diversificar a
escolha das empresas tanto quanto
possível quer em termos setoriais
quer em termos de características
intrínsecas. Para além deste conjunto de empresas, entendeu-se tam-
Este estudo propôs-se fazer uma
bém abordar algumas das empresas
análise concreta e prática do terri-
multinacionais que se encontram
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Tabela 25 - Entrevistas realizadas
NOME DA ENTIDADE
NOME DO ENTREVISTADO
Balanças Marques de José Pimenta Marques, Lda.
Paulo Marques e Tiago Marques
Primavera - Business Software Solutions, S.A.
José Dionísio
DIA E HORA
02 abril
SICI 93 BRAGA - Sociedade de Investimentos Comerciais e Industriais, S.A.
António Ressurreição
Silicolife, Lda.
Simão Soares
Critical Materials, S.A.
Gustavo Dias
Coltec - Neves & Companhia, Lda.
Francisco Fernandes
Success Gadget - Nanotecnologia e Novos Materiais,
Lda.
Pedro Pinto
CELOPLAS - Plásticos para a Indústria, S.A.
João Cortez
APC - Instrumentos Musicais, Lda.
António Pinto Carvalho
Porminho - Alimentação S.A.
Tiago Freitas
Amtrol Holding Portugal, SGPS, Unipessoal Lda.
Tiago Oliveira
Construções Gabriel A.S. Couto, S.A.
Ricardo Poças
LEICA - Aparelhos Óticos de Precisão, S.A.
Filomena Machado
Domingos da Silva Teixeira, S.A.
José Teixeira
AIMinho
José Manuel de Capa Pereira
IAPMEI
João Carvalho Fernandes
14h30
04 abril
9h30
04 abril
15h00
04 abril
18h00
10 abril
14h30
15 abril
10h00
16 abril
10h00
10 maio
16h00
15 maio
9h30
15 maio
14h30
17 maio
11h30
29 maio
14h30
29 maio
10h30
5 junho
18h00
16 maio
11h00
31 maio
10h30
3 junho
UMinho
Manuel José Magalhães Gomes Mota
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
14h30
Com o devido consentimento dos
não apresentarem, até ao momento,
interessante tradição e um tecido
visados, as entrevistas foram grava-
impactes e efeitos visíveis no terri-
industrial ainda tradicional com o
das e cronometradas, o que possi-
tório equivalentes aos da UMinho.
potencial para absorver processos
bilitou complementar as anotações
Para isso, sugere que é necessária
de I&DT.
que foram retiradas no decorrer das
a existência de uma visão global,
entrevistas. A realização das entre-
estratégica e integradora para estes
vistas sucedeu-se entre abril e maio
projetos.
de 2013. O tratamento dos dados
foi realizado através da elaboração
de fichas de entrevista (em anexo)
validadas pelos entrevistados.
Optou-se também por uma abordagem qualitativa na análise dos dados
recolhidos, até porque o objetivo
científico neste tipo de investigação
(estudo qualitativo) está orientado
para a compreensão e construção
(e não para a verificação, como
acontece nas investigações quantitativas). A investigação qualitativa
não pretende atingir quantificadores
universais. Muito pelo contrário, a
condição de sucesso da investigação qualitativa não é a confirmação
de hipóteses (tal como acontece
nos estudos quantitativos) mas a
emergência de algo novo ou inesperado através de um questionamento
aberto e exploratório acerca do que
se pretende estudar (não se decidindo nada a priori).
CONDIÇÕES DA ENVOLVENTE
conexão e orientação estratégica.
Não bastam as infraestruturas exis-
Os responsáveis pela Primavera
tentes como o Avepark/Spinpark. De
BSS foram alunos da UMinho e
acordo com Simão Soares da Silicoli-
reconhecem a importância que esta
fe, estes espaços não compreendem
instituição tem tido para a região,
elevados custos e são interessantes
nomeadamente para o desenvolvi-
na ótica do marketing, em virtude
mento de iniciativas empresariais
de terem o rótulo de “parque tec-
na área das tecnologias de comu-
nológico”. Os principais problemas
nicação e informação. Porém, são
também apologistas de que o tecido
associativo encontra-se demasiado
repartido por cidades ou concelhos e
este território merecia uma liderança associativa de cariz empresarial
mais forte. Referem, por exemplo,
que não se encontram espaços
destinados a uma elite empresarial,
apontados a esta estrutura estão
sobretudo relacionados com a sua
localização e ao défice de estratégia,
de rede e de dinamismo. Embora
não esteja sedeada num parque
desta natureza, a Success Gadget
também concorda com o facto de
serem excelentes estruturas para
promover a imagem e a credibilidade
facilitadores do networking e dos
das empresas que comportam.
negócios.
A mobilidade digital, como a fibra
Gustavo Dias fundador da Critical
ótica, embora seja mais colateral,
Materials, afirma que a região
tem hoje excelentes condições de
partida para um projeto de desenvolvimento regional a médio e longo
prazo. São disso exemplo a UMinho
e os seus interfaces (TecMinho/GAPI
4.2. O QUADRILÁTERO E
O Quadrilátero carece de uma maior
- Gabinete de Apoio à Propriedade
Industrial, Avepark/Spinpark, 3B’s
- Research Group in Biomaterials,
não deixa de ser importante para
uma maior conexão no território entre os seus agentes. Contudo, não é
suficiente para uma mobilidade física que se quer maior entre os quatro
concelhos. Daí que alguns empresários apontem para o facto de que
um metro de superfície ou uma rede
ferroviária que ligue Guimarães a
Braga poderia assumir-se como uma
De acordo com António Ressurrei-
Biodegradables and Biomimetics e
ção, CEO da S.I.C.I., nos últimos 40
o CVR - Centro para a Valorização
anos, a UMinho foi o investimento
de Resíduos), mas também o INL, a
Simão Soares considera necessário
estrutural mais importante que se
existência de uma população jovem
alterar aspetos culturais importan-
realizou neste território. Todavia,
e qualificada, vontade empreende-
tes, pouco abertos à cooperação.
salienta o facto de o INL e o Avepark
dora em contexto académico, uma
Esta empresa entende a sua presen-
mais-valia para o território.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
ça no Minho como natural, reco-
definir uma matriz de interesses e
cos sentem-se desconfortáveis com
nhecendo vantagens na angariação
de especialização sobre a qual possa
a liderança da UMinho.
de recursos humanos qualificados.
trabalhar com alguma autonomia,
Todavia, António Ressurreição
nomeadamente ao nível da dina-
reconhece que falta uma visão para
mização empresarial e de atração
território suficientemente forte e
de investimento. Nesse sentido,
capaz de orientar os agentes e os
haveria que definir por consenso
projetos para o mesmo sentido.
as bases mínimas em matéria de
Segundo Gustavo Dias, o Minho tem
objetivos e, assim, a gestão poderia
uma relação ambivalente com o Porto e “sofre” por estar na sua órbitra,
operar com alguma autonomia e
eficácia dentro desta associação de
dificultando ações que ultrapassem
municípios.
essa condição. Para as Constru-
Exprimindo a opinião de que o Minho
ções Gabriel Couto, a proximidade
com o Porto de Leixões e com o
Aeroporto Francisco Sá Carneiro são
uma enorme vantagem para o tecido
carece de uma maior liderança
empresarial, Capa Pereira acrescenta que, simultaneamente, na
relação entre Braga e Guimarães,
Apesar de tudo, segundo Carvalho
Fernandes, com funções na extensão de Braga do Centro de Desenvolvimento Empresarial do Norte do
IAPMEI, o território do Quadrilátero
beneficia de uma cultura de trabalho
que lhe é reconhecida e de um conjunto de indústrias muito capazes.
Em Portugal há custos de contexto
desfavoráveis. De acordo com o
dirigente da S.I.C.I., a política fiscal
é cega e não é viável passar subitamente de um certo laxismo para
uma evidente rigidez, pois o processo tem de ser incremental e constru-
é importante manter presente que
tivo e não radical e destrutivo.
a UMinho é um parceiro indispen-
Para Simão Soares, o ponto de maior
sável nomeadamente no seu papel
desvantagem será a limitação do
de promoção e de fortalecimento
mercado nacional, a burocracia, a
de eixos de entendimento. Manuel
ausência de uma estratégia de clus-
Mota, que foi vice-reitor UMinho,
ter tecnológico e um capital nacional
acrescenta que se considerarmos o
muito limitado que dificulta finan-
Minho como uma região, denota-se
ciamento. João Cortez da Celoplás
que Viana do Castelo tem cumplici-
e António Ressurreição realçam que
José Capa Pereira, ex-presidente da
dade implícita com o Porto. Segundo
os apoios e incentivos destinados às
AIMinho, considera que juntar as
Manuel Mota as dificuldades de pro-
quatro cidades/concelhos do Baixo
jetos como o Quadrilátero prendem-
Minho “faz todo o sentido”. Porém,
-se com o protagonismo político e
o Quadrilátero não pode estar tão
pela concorrência que se estabelece
muito genérica, rígida e burocrática.
exposto a conjunturas e motiva-
entre os cabeças de cartaz e jus-
ções de índole político-partidário.
tificar os obstáculos que se criam
Ao nível das políticas públicas portu-
A grande razão de ser da estrutura
com questões relacionadas com as
considera serem necessárias pes-
institucional entretanto criada - a
diferentes tendências políticas é
soas que conheçam a realidade no
Associação Municípios para Fins Es-
insuficiente. Porém, ao contrário do
terreno, e que existem demasiadas
pecíficos Quadrilátero Urbano - não
que seria de esperar e, tendo em
estruturas com o propósito enuncia-
pode cingir-se ao acesso a financia-
consideração a experiência que a
do de apoiar as empresas. Para além
mentos públicos e comunitários. É
UMinho viveu com o seu projeto de
disso, a política de financiamento
necessária também uma liderança
cooperação para o Minho enquanto
tem de ser revista, tendo em conta
com peso institucional, capaz de
“Região do Conhecimento”, os políti-
que os bancos e os fundos públicos
empresarial do território do Quadrilátero, destacando o facto de que
a estrutura portuária é o principal
canal de comunicação utilizado pela
empresa no transporte de equipamentos e mercadorias para os mercados internacionais, assim como o
aeroporto o é para o transporte de
pessoas, técnicos e engenheiros.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
empresas não estão bem formatados, dando-se o exemplo da formação financiada que é apontada como
guesas, o CEO da Success Gadget
não estão devidamente formatados
as ações prioritárias e promover a
dade”, o que permite uma transfor-
às reais necessidades do tecido
afetação dos recursos a essas ações.
mação significativa nas empresas
empresarial. Considerando que o
país vai atravessar vários anos de
enormes dificuldades e precisa de se
reformar, reorganizar e reestruturar,
João Cortez identifica também o
problema de que o ensino secundário não forma convenientemente os
jovens. O sistema de ensino devia
ser dual, unindo os ensinamentos
teóricos da escola ou universidade
com a aprendizagem prática da
empresa.
O país evidencia grandes disparidades e diferentes realidades
socioeconómicas, em particular
quando se olha para os grandes
centros urbanos. De acordo com
Carvalho Fernandes, Lisboa assume
uma preponderância, ao ponto de
a crise económica e financeira, desencadeada em 2008, ter tido, em
média, um impacto mais ténue na
capital até 2011, quando se deram
as primeiras descidas de salários na
António Pinto Carvalho, da APC
função pública e os aumentos de
Instrumentos Musicais, destaca
impostos; quando na região já se
o facto de Portugal ter de contrariar
sentia, por força do encerramento
os entraves e as burocracias que co-
de empresas, em particular, a partir
loca ao crescimento das empresas.
do início deste século, sobretudo
Tiago Freitas, da Porminho Ali-
devido à concorrência internacional,
mentação, acrescenta ainda que
à abertura de fronteiras a Leste e à
o direito laboral evoluiu mas ainda
desproteção aduaneira ocorrida na
carece de ajustes.
UE relativamente ao Oriente. O te-
João Carvalho Fernandes e Capa
Pereira estão de acordo no que respeita às políticas públicas. Existem
aspetos a melhorar na definição de
prioridades e articulações ao nível
do Estado e dos organismos da
Administração Pública. João Carvalho
Fernandes acrescenta ainda que há
necessidade de uma maior consistência das políticas públicas implementadas, mas também ao nível da
gestão das equipas que estão no
terreno. Os resultados alcançados
com essas políticas refletem algu-
cido económico da região de Lisboa
está mais dependente do terciário o
portuguesas que as fazem “pensar
global”. Todavia, ao nível internacional, a UE tem de se pronunciar
sobre os desequilíbrios comerciais à
escala internacional e deve clarificar a sua posição relativamente
às regras a que deve atender, sob
pena de pôr em causa o bem-estar
económico dos países membros e de
hipotecar irremediavelmente o seu
modelo social, considera Carvalho
Fernandes. Segundo, o dirigente da
Critical Materials, de forma geral,
falta especialização à diplomacia
económica portuguesa; além de
ser, em parte por essa razão, pouco
operacional. António Pinto Carvalho
acrescenta que importa uma maior
diplomacia económica para reduzir
as taxas aduaneiras em países como
o Brasil: “Se for o Brasil a vender a
Portugal há um tipo de tratamento,
mas se for Portugal a vender para o
que, apesar da limitação de atribui-
Brasil há outro”.
ção de fundos, ajuda a explicar esta
No que diz respeito à atração de
diferença. Adicionalmente, com a
entrada na UE e na moeda única,
Portugal passou a enfrentar um
quadro macro e microeconómico de
enorme condicionamento. O tecido
empresarial português está a ser
penalizado pela atual situação a nível interno e pelas suas implicações
em termos de condicionamento
financeiro.
IDE em Portugal, José Capa Pereira
refere que o impacto da justiça no
IDE é muito grande para quem decide a melhor localização para o seu
negócio, assim como as questões
associadas ao licenciamento industrial, à fiscalidade e ao direito do
trabalho. Para Tiago Oliveira da multinacional Amtrol-Alfa, o território
português apresenta vantagens em
mas debilidades e inconsistências e
Ricardo Poças da Construções Ga-
termos de inovação e desvantagens
se as políticas públicas continuarem
briel Couto entende que a menta-
no que toca aos custos de produção
a ter uma eficácia muito baixa é ne-
lidade em Portugal está a mudar. “Ir
(a evolução do euro face ao dólar
cessário identificar criteriosamente
lá para fora tornou-se uma necessi-
não se tem manifestado vantajosa).
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Porém, os investidores, no momento
intermédio do conceito de cluster,
tendo em conta a expressão que
da tomada de decisão para escolher
reconhecendo que existe neste ter-
este tipo de indústria apresenta
um país para o seu investimento, pri-
ritório um conjunto de especialistas
neste território. Para Tiago Freitas,
vilegiam a “competência, o ambiente
em diversas áreas da cadeia de valor,
denota-se que cada empresário atua
político e o conhecimento tecnoló-
nomeadamente no setor do têxtil
por si quando em alguns domínios a
gico” e, a este nível, os portugueses
e do vestuário. Por seu lado, Pedro
cooperação seria mais benéfica.
Pinto da Success Gadget, confirma
As próprias associações empre-
estão bem posicionados.
que os empresários são, genericamente, muito egoístas e fechados
4.3. CLUSTERS E
COOPERAÇÃO EM REDE
Na opinião do João Cortez, tudo se
resume ao verbo “fazer”. Na sua opinião, Portugal carece de empresas
com dimensão crítica para pensarem
não apenas nacional mas também
global. Embora o país também necessite de se reformar e reorganizar,
empresas com estas características só se conseguem refazendo e
juntando, o que necessariamente
implica uma maior abertura dos
e também não tem dúvidas de que
“juntos, somos mais fortes”. Tiago
Freitas, uma indústria de carnes localizada em Vila Nova de Famalicão,
considera que a cooperação win-win
entre empresas ganha mais consistência e sentido com esta geração
de empresários do que com a sua
antecessora. Os clusters, nomeadamente o das TIC, resumem-se a 5/6
empresários que se dão bem, o que
é manifestamente pouco, refere José
Dionísio da Primavera BSS.
empresários nacionais a modelos de
Em determinadas áreas como a
cooperação. Nos contactos estabe-
nanotecnologia, há muito a fazer
lecidos com a Balanças Marques,
para potenciar as estruturas e o
empresa sedeada no concelho de
know-how já existentes no territó-
Braga, verificou-se que gostavam de
rio. Para a Success Gadget, uma
chegar a um país como um cluster,
“NanoValor” (agrupamento com-
em vez de terem de provar o que fa-
plementar de empresas entretanto
zem, muito por força de que, muitas
vezes, os clientes nem sabem onde
fica Portugal.
Segundo António Ressurreição, as
infraestruturas existentes são mui-
criado) é um exemplo do quanto se
pode fazer na ótica da cooperação.
O objetivo desta associação, considerada essencial para o intercâmbio,
para o network e para as sinergias
sariais e sindicais têm um papel
importante na sociedade em geral,
e na região, em particular, afirma
António Ressurreição. Defende que
estas organizações deveriam ter
como razão de ser “pensar, propor,
intervir e ter uma visão para o território”. Devia ser esse o seu principal
papel, ao invés de se envolverem
em projetos que se resumem à sua
“sobrevivência”. João Carvalho Fernandes, também é defensor de que
as associações empresariais devem
ser agentes mobilizadores, com
capacidade de agregação e liderança. A este nível, destaca-se o facto
das Construções Gabriel Couto
e do grupo DST estarem a trabalhar
em rede através de um agrupamento complementar de empresas que
foi criado no Minho para a fileira da
construção, numa iniciativa desencadeada com a colaboração da
AIMinho. Trata-se de um exemplo
de que a promoção e o fomento dos
clusters empresariais se afigura
essencial para facilitar a cooperação
das empresas e a internacionaliza-
to importantes para a promoção da
que podem ser desenvolvidas, é dar
cooperação mas não são suficientes
consistência à rede e às políticas de
per si. É necessário uma maior arti-
cooperação. Na ótica do responsá-
É necessário promover todas as
culação e funcionamento em rede.
vel da Porminho Alimentação,
formas de aquisição de massa
Apesar disso, o empresário têxtil
também faria sentido a criação no
crítica das empresas e instituições,
confirma as vantagens e os contri-
Quadrilátero de uma associação ou
considera José Capa Pereira dando
butos que podem ser obtidos por
cluster para a área agroalimentar,
como exemplos a cooperação, mas
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
ção.
também as fusões e aquisições de
empresariais e tecnológicas capazes
ser analisada a pertinência da
empresas. Nos bens transacioná-
(o Spinpark e o Avepark, único ponto
constituição de uma infraestrutura
veis, para se ir além do mercado
do país com 4 redundâncias de fibra
regional com essa vocação.
local, a escala é decisiva. Todavia, a
ótica mas, que está a ser fortemen-
grande motivação, por exemplo, para
te penalizado por não usufruir de
o estabelecimento de um agrupa-
um acesso direto à autoestrada). O
mento complementar de empresas
conhecimento de ponta e a exis-
ou de outro tipo de base associativa,
tência de empresas de referência
tem sido a perceção ou existência
em áreas emergentes das tecno-
de uma ameaça externa (ou seja, a
logias como as TIC, os materiais e
A renovação do tecido empresarial
cooperação tem surgido apenas em
a biotecnologia, os espaços como
só se obtém através do empreen-
contextos de grande adversidade).
o GNRation com capacidade para
dedorismo no seu sentido mais lato
João Cortez sumariza este raciocínio
fazer evoluir as indústrias criativas
(entrepreneurship e/ou intra-
referindo que temos de “fazer” (refa-
e, presença de uma estrutura como
preneurship). Da entrevista com
o INL, direcionada para apostar nos
Gustavo Dias da Critical Materials,
novos materiais são também desta-
percebe-se que a malha empresarial
cados como forças e oportunidades
deve mudar com base numa aposta
para este território. Como principais
efetiva no empreendedorismo tec-
fragilidades do Quadrilátero, aponta
nológico, até porque neste território
a inexistência de lideranças políticas
sente-se que “há vontade de fazer
fortes e com capacidade de inter-
coisas”.
zer, juntar, reorganizar) empresas
com dimensão crítica para pensarem
não apenas nacional mas sobretudo
global.
Na opinião de José Dionísio, CEO da
Primavera BSS, deveriam existir políticas de ordem fiscal para
incentivar a fusão de empresas
com maturidade no mercado. Pelo
contrário, acrescenta, em Portugal
temos as “Empresas na Hora” que
praticamente não necessitam de
venção (capazes de influenciar as
decisões de Lisboa) e a existência
de um problema cultural associado
a um certo egoísmo minhoto, onde
existe tendência para dividir em vez
4.4. EMPREENDEDORISMO
E RENOVAÇÃO DO TECIDO
EMPRESARIAL
Para além de ser importante criar
empresas tecnológicas novas, é
igualmente necessário incubar start
ups no tecido empresarial atual, já
envelhecido. De acordo com este
capital social e que fomentam a
de unir.
que sejamos um país composto por
À semelhança do que AIMinho
ou ideias de negócio devem origi-
tentou fazer com a criação de um
nar a criação de novas empresas.
Centro Internacional de Negócios,
Na maior parte dos casos, faz mais
de acordo com José Capa Pereira,
sentido integrá-las em empresas
seria importante que o território
existentes, já consolidadas no
pudesse contar com um conjunto de
mercado, dado ser uma estratégia
Segundo Manuel Mota, catedrático
recursos técnicos especializados e
que pode beneficiar ambas. Gustavo
da UMinho, existem forças e oportu-
articulados, dedicados à captação
Dias considera ser preciso “reinven-
nidades no território do Quadrilátero
de investimento e à promoção de
tar” os setores tradicionais (têxtil
que devem ser aproveitadas para as
estratégias de cooperação entre
e construção) através das TIC e do
sinergias que se devem desenvolver
empresas (seguindo o modelo de
software. Existem também condi-
em torno dos conceitos de rede e
operação das câmara de comércio e
ções no Quadrilátero para apostar
cooperação. Destaca, por exemplo,
indústria existentes noutros luga-
na área da saúde e para se optar
a existência de infraestruturas
res). Acredita ainda que deve mesmo
numa especialização em alguns
empresas unipessoais. Daí a necessidade de pensarmos que tipo de
tecido empresarial pretendemos ter
nos próximos anos em Portugal e,
em particular, no Quadrilátero.
empresário, nem todos os projetos
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84 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
nichos de mercado. Uma opção por
mental uma política em torno do
sumir a disponibilização de espaços
áreas técnico-científicas capazes de
empreendedorismo devidamente
e condições para que os investidores
aportar negócios e produtos de ele-
concertada e integrada, com re-
estejam continuamente nos campi a
vado valor acrescentado, benefician-
cursos suficientes para alterar os
conhecer as novas ideias e projetos.
do de vários cruzamentos possíveis
padrões culturais e os modelos
entre elas (software com materiais,
e condições de financiamento: é
software com biologia, biologia com
necessário ter capacidade de “pagar
materiais, etc…) pode trazer, agora
para ver”, considera o empresário
e no futuro, muito retorno para este
da Critical Materials. Para além da
território.
necessidade de continuar a alimen-
Na opinião de José Capa Pereira,
tar a geração constante de ideias em
mantém-se vigente a necessidade
de conceção de um espaço vocacionado à promoção de encontros
informais entre empresários, docentes universitários, investigadores,
alunos/empreendedores e investidores, funcionando necessariamente como um facilitador de uma
renovação empresarial por via do
conhecimento. O ideal era conseguir
cruzar e estabelecer relações de caráter informal entre pessoas ligadas
ao contexto académico e ao tecido
empresarial deste território. Mesmo
considerando apenas os próprios
contexto académico e das conexões
que devem ser estabelecidas entre
os diversos players da região, importa ter disponível seed e venture
capital ou outros meios financeiros
para o “grande salto”. Para Gustavo
Dias, o processo de financiamento
tem de cobrir as várias fases de desenvolvimento dos projetos. Nesse
sentido, é vital que o financiamento
seja pensado e operacionalizado de
modo a evitar bloqueios inibidores
que desanimam os empreendedores e que levam ao fracasso ou ao
abandono prematuro dos projetos.
Simão Soares refere por experiência
própria que, nos casos de empresas
de menor dimensão, apoios específicos e não burocratizados destinados
à captação de fundos para arranque
e expansão de start ups, financiamento para prospeção e marketing
internacional, angariação de projetos públicos, serviços de informação
comercial e facilitação de contactos
com mercados externos e fomento
da cooperação e da prática de clustering, são altamente valorizados
pelos empreendedores.
Considerando que a tónica do financiamento é realmente crucial, Gustavo Dias acrescenta ser necessário
proporcionar meios para operações
de financiamento de maior envergadura e/ou de capitalização. No
entender da Critical Materials, é
fundamental alavancar o crescimen-
empresários, este encontro seria
O financiamento deverá ser fasea-
de grande valia, na medida em esta
do, assegurando as várias fases do
rotina era propiciadora da identifi-
percurso: investigação; desenvol-
cação de novas ideias de negócio
vimento de soluções e protótipos;
(benchmarking) e, simultaneamen-
licenciamento/patentes; criação de
te, potenciadora de difusão de boas
empresa; e, acesso aos mercados de
práticas. Dado que já existiram ten-
destino.
tativas semelhantes no passado que
António Ressurreição também
uma estrutura de fundraising (com
entende que, ao nível do empreen-
capitais públicos e privados) com
dedorismo, não deve ser o empreen-
impacto na captação de recursos
dedor ou o aluno da UMinho a ter de
capazes de gerar “campeões”. Existe
procurar financiamento junto dos
um problema de capitalização das
Business Angels ou de outros inves-
empresas tecnológicas: são neces-
Todavia, para se alterar a malha
tidores. Pelo contrário, acrescenta
sários acionistas de longo prazo ao
empresarial do território, é funda-
que a universidade é que deveria as-
invés de empréstimos comerciais
não funcionaram, considera que são
necessários animadores e dirigentes
que promovam a dinâmica do espaço
para que uma estrutura desta natureza possa ter sucesso.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
to da estrutura empresarial visando
criar empresas com capacidade
para competir à escala global, o que
requer a existência de fundos específicos e de acesso a capital de uma
forma estruturada. Simultaneamente entende importante a criação de
de curto e médio prazo, remata este
definidos, uma estratégia devida-
no mercado. Uma competição mais
empresário.
mente sustentada e com a conjuga-
focada no mix do produto aporta
ção de vontades das forças locais e
benefícios para a empresa e exter-
regionais, tudo se torna possível.
nalidades positivas para a região em
Para além das questões de financiamento e capacitação de um tecido
que se insere. A deteção de opor-
empresarial que se quer fortalecido
e renovado, João Cortez, salienta o
tunidades do ponto de vista tecno-
facto de termos “péssimos gestores”
4.5. INVESTIGAÇÃO,
em Portugal. O problema da com-
DESENVOLVIMENTO E
petitividade das empresas não está
no trabalhador ou no operário mas
sim em quem as dirige. Há muitos
patrões e poucos empresários,
ressalvando as deficiências de
planeamento (inclusive pessoal) que
apresentam.
A liderança faz-se com base numa
estratégia sustentada, clara e bem
definida. Para a Critical Materials,
sedeada no Spinpark, o complexo
Avepark/Spinpark carece de uma
maior definição estratégica para
favorecer a própria continuidade do
projeto. Para além da necessidade
de atração de empresas-âncora com
dimensão, o mais importante passa
pela existência de uma ideia estratégica sustentada que cative os
empreendedores nacionais e locais
e o investimento industrial externo.
INOVAÇÃO
lógico contribui para a reinvenção
constante do tecido empresarial e
potencia a sua afirmação internacional. A própria Primavera BSS,
Com base na auscultação efetua-
surgiu no encalce de uma oportu-
da a algumas empresas do teci-
nidade que identificou na área do
do empresarial do Quadrilátero,
software. A sua aposta foi desen-
verificou-se que existem temáticas
volver software de gestão com base
e preocupações que são transver-
no sistema operativo Windows,
sais à maior parte dos empresários
contrariando o que o mercado da
entrevistados. O enriquecimento da
altura fazia, mantendo os desenvol-
proposta de valor dos produtos, com
vimentos para MS-DOS.
origem nas empresas do território
Para Gustavo Dias, uma ligação mais
do Quadrilátero é um tópico comum
que corroboram, na medida em que
reconhecem a importância da IDI na
cadeia de valor. A ligação do tecido
empresarial ao SCTN, nomeadamente à UMinho e a outros centros
tecnológicos ou do saber, permite
uma aposta na inovação que é fundamental para competir num mundo
globalizado.
estreita entre o potencial de “software” proporcionado pela academia
minhota e o tecido empresarial
é uma necessidade e uma forte
possibilidade, por um lado, tendo
em conta o upgrade de inovação e
tecnologia de que a indústria carece
e, por outro, com base no acesso
à indústria que se revela vital para
os investigadores. O objetivo dessa
parceria resultaria na capacidade
Uma maior especialização em áreas
Sedeada em Braga, a Success
de IDI ou setores de atividade pode
Gadget, uma PME do setor têxtil
ser uma das estratégias a seguir, até
vocacionada para as nanotecnolo-
porque, a título de exemplo, pode-
gias que ainda se encontra em fase
ria fazer sentido a criação de um
de afirmação comercial, também
campus exclusivamente destinado a
privilegia o bom relacionamento com
gicos deste processo.
empresas de software. Estendendo
as instituições e fontes de saber. A
O fortalecimento do tecido empre-
o Quadrilátero como um todo, muito
existência destes agentes no terri-
sarial no território do Quadrilátero
pode ser feito a este nível, até por-
tório permite ganhos significativos
pode ser conseguido apoiando a
que basta partirmos do que já existe
para as empresas que se pretendem
criação de valor. José Carvalho Fer-
e que pode ser potenciado quase de
afirmar pela inovação, pelo valor
nandes afirma mesmo ser “neces-
imediato. Mediante objetivos bem
acrescentado e pela diferenciação
sário juntar quem sabe com quem
sustentada de oferecer ao mercado
global produtos e soluções de maior
valor, até porque o resultado económico deve ser um dos focos estraté-
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
produz” e, simultaneamente captar
deveriam fomentar encontros com
mitir atuar ao nível das Smart Grids
investimentos externos provenien-
pessoas da indústria e com investi-
e também dos elementos passivos
tes do estrangeiro ou de outras
dores. Simultaneamente, a avaliação
de construção, o que será de grande
regiões do país. Apoiar a criação de
dos resultados da I&D não deveria
valia para o setor que representa.
valor nas empresas implica conceber
ser efetuada com base em patentes.
um modelo de negócio onde sejam
No seu entender, a I&D também tem
Neste sentido, Gustavo Dias da
envolvidos os investigadores da
de ter utilidade para gerar riqueza,
UMinho (ou de outras entidades do
sendo certo que transformar I&D em
SCTN) e onde a partilha de resulta-
produtos continua a ser uma grande
dos esteja bem definida, existindo
dificuldade que ainda não consegui-
inclusivamente apoios comunitários
mos ultrapassar.
que devem ser aproveitados para
esse fim.
A Coltec que atua no setor têxtil e
do vestuário e que reconhece que
Critical Materials, entende como
fundamental a definição de uma
visão comum para o território.
Todavia, esta visão para o território tem de ser apontada com base
no retorno económico e não nas
áreas do saber. A própria UMinho
não deveria prestar serviços que já
estão no domínio das empresas e
Tiago Oliveira, vice-Presidente da
a proximidade com entidades de IDI
Amtrol-Alfa, uma multinacional
deve ser particularmente valorizada
sedeada em Guimarães que é uma
pela indústria. Francisco Fernandes
das maiores exportadoras mundiais
é um dos apologistas de que as
de garrafas de gás transportáveis,
relações com este tipo de institui-
considera existir um problema com
ções são de grande utilidade, sendo
a indústria que é não reconhecer a
para isso necessário manter os
excelência do conhecimento tec-
canais abertos e facilitar a comu-
nológico. A indústria tem de ir às
nicação das empresas com estes
universidades procurar o que lhe
agentes, nomeadamente no quadro
interessa e, depois, a indústria deve
da participação em consórcios que
“guiar” as universidades para um de-
permitam aproveitar recursos que
senvolvimento mais aplicado da I&D
potenciem a inovação de produtos e
Embora persista alguma dificul-
que se faz nestes centros de saber.
processos.
dade em aceder a financiamento
Todavia, o mais importante nestes
processos não são as instituições,
mas sim as pessoas, isto é, os canais
que importa cultivar são, sobretudo,
os informais/pessoais.
José Teixeira, presidente do grupo
DST, reconhece que o Quadrilátero
beneficia de uma “ótima universidade, inovadora e aberta”. Atento
às áreas de maior interesse para o
A relação bilateral universidades
grupo DST, elogia o trabalho desen-
- empresas pode ser muito profí-
volvido pela Escola de Engenharia e
cua para as partes mas, apesar de
destaca que existe neste momento
existirem casos bem-sucedidos, é
um projeto de grande interesse que
certo que ainda há muito a fazer
se encontra em curso na UMinho e
para que os resultados possam ser
que se denomina IB-S - Instituto de
mais amplos e eficazes. Na opinião
Ciência e Inovação para a Bio-sus-
de João Cortez, as instituições de
tentabilidade. Este novo projeto que
ensino superior e de investigação
está a ser criado na UMinho vai per-
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
do mercado, mas sim serviços com
inovação e com risco tecnológico. O
contexto necessário à construção
de uma “Região do Conhecimento” só se obtém ou modifica, com
mecanismos que garantam uma
geração continuada de ideias na
ótica académica e empresarial e com
financiamento público e privado capaz de implementar esses projetos
de elevado valor acrescentado.
para projetos desta natureza, uma
vez que os investidores continuam
reticentes a negócios que não têm
retorno imediato, como é o caso de
negócios baseados em IDI, o certo é
que existem vários casos no território do Quadrilátero que se revelaram
bem-sucedidos e com escala global.
4.6. FATORES CRÍTICOS
NA AFIRMAÇÃO
INTERNACIONAL
A Primavera BSS reconhece a
importância dos PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
para o arranque do seu processo de
internacionalização. Esta opinião é
partilhada por outras empresas que,
à semelhança da Primavera BSS,
também valorizam as comunidades
portuguesas na sua afirmação internacional, em grande medida devido
à importância da língua portuguesa,
uma vez que figura entre as línguas
mais faladas no mundo. A Coltec é
um desses exemplos: sabendo que a
entrada no mercado asiático (principalmente na China) é inatingível,
internacional, o country manager
valoriza as ações de grande enver-
deve ser português. Para além disso,
gadura (do tipo mega-missões) que
é importante a informação sobre
a AICEP promove com a presença de
o mercado e o apoio ao nível de
governantes, dado entender que
serviços de consultoria que facilite
estes eventos podem interessar
os “contactos certos”. Apesar das di-
mais a grandes grupos económicos
ficuldades sentidas com a operação
e não tanto às pequenas empresas
em Espanha, José Dionísio afirmou
tecnológicas como a sua. Para além
que não têm nenhum dado que dê
disso são, em geral, entidades de-
substância à ideia de existência de
masiado institucionais, não ajudan-
descrédito nos produtos de origem
do a resolver as dificuldades mais
portugueses, destaca ainda que
quotidianas deste tipo de empresas.
no mercado africano os produtos e
serviços da Primavera BSS “são
estrelas”. Todavia, foi também referido que é necessária capacidade
de financiamento para aguentar
o tempo necessário ao retorno
do investimento, principalmente
quando este tarda em chegar.
José Dionísio acrescenta que, a estrutura da AICEP precisaria de estar
fora do país e não cá dentro. As empresas portuguesas viriam com bons
olhos um maior apoio nos mercados
externos e nos seus processos de
internacionalização. A ideia seria a
AICEP trabalhar do exterior para Por-
encontra-se a delinear estratégias
De acordo com o testemunho de
tugal. O que se verifica atualmente
que lhe permitam entrar no Brasil e
João Carvalho Fernandes do IAPMEI,
é que os recursos fora de portas são
nos mercados africanos, aproveitan-
o processo de internacionalização
escassos, resumindo-se à presença
do nomeadamente as vantagens da
das empresas deve ser planeado e
de uma pessoa no país de destino
partilha da língua.
o risco que implica deve ser acaute-
e a um papel de cariz marcadamen-
lado. As empresas devem ponderar,
te informativo. Para além disso, a
sempre que possível, a realização de
avaliação do desempenho dessa
parcerias com empresas locais, uma
pessoa deveria ser efetuada com
vez que estas conhecem em primei-
base em objetivos. Se assim fosse,
ra mão a realidade do mercado que
essa pessoa estaria motivada e inte-
se tenta abordar.
ressada em fazer o follow up e atrair
Um outro fator a ter em consideração no processo de internacionalização é a dimensão da empresa.
No momento em que a Primavera
BSS pensou na internacionalização,
verificou que não tinha dimensão
as empresas portuguesas para esse
para o fazer. O processo de interna-
Segundo António Pinto Carvalho,
cionalização incorpora riscos eleva-
uma empresa de Braga com história
dos e são necessários recursos que
e know-how reconhecido inter-
Na opinião de Francisco Fernandes,
permitam a instalação do negócio
nacionalmente nos instrumentos
CEO da Coltec, o esforço da AICEP
num outro país, onde é necessário
de corda, “é preciso quem abra
é apreciado em matéria de trazer
contrariar a distância e conquistar a
portas lá fora”. Considera que as
“mercado” para as empresas, se
confiança do mercado. Da experiên-
associações empresariais e a AICEP
bem que também entende que os
cia acumulada, esta empresa con-
deveriam empenhar esforços numa
contactos propiciados nem sempre
cluiu que para que o desenvolvimen-
maior promoção internacional
são direcionados como deviam ser.
to de negócio seja eficaz no mercado
das empresas. Simão Soares não
Considera que há um caminho a
mercado em concreto.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
fazer por aquele organismo ou por
seus donos e gestores à unidade
de um organismo facilitador que
outro que se possa criar em matéria
sedeada no Quadrilátero. Porém,
apoie as empresas de pequena e
de facilitação de contactos específi-
estas deslocações que fazem a Por-
média dimensão no seu processo de
cos, similares àqueles que resultam
tugal são por eles muito apreciadas,
internacionalização seria muito im-
da ação dos agentes comerciais que
em virtude do sol, da proximidade
portante. Simão Soares reforça que
as empresas mantêm.
do mar, do saber receber do povo
uma eventual estrutura que venha
português e da sua vontade de fazer
a ser criada pode ser interessante
mais e melhor. Em contraponto, o
para as empresas emergentes (tec-
administrador da Celoplás acres-
nológicas, para o mercado global),
centa que a marca “Portugal” não é
mas deve incorporar regras claras
bem vista nos mercados internacio-
e simples: liderança eficiente com
nais, tendo em conta que a presença
estratégia bem definida para apoio
da Troika não contribui para melho-
a micro e pequenas empresas; baixo
rar a imagem externa do país.
custo operacional; especialização
Outro aspeto considerado fundamental pela maior parte dos entrevistados é o facto de que este
território carece de políticas de
marketing que o promovam internacionalmente, até porque consideram que as empresas tecnológicas
nacionais são aceites com naturali-
na exportação de conhecimento; e,
dade nos mercados externos. Tiago
O Quadrilátero carece de estratégias
Oliveira da multinacional Amtrol-Alfa
de marketing territorial que promo-
refere com conhecimento de causa
vam a região e que possam associar
Quanto à criação de um organismo
que Portugal é reconhecido no ex-
a componente turística à cultural,
regional para desenvolver um pro-
terior como um país de “1.º mundo”,
defende Manuel Mota. Nesta linha
jeto de internacionalização para o
inovador e feito de gente trabalha-
de pensamento, o líder do grupo
território, a resposta do dirigente da
dora. Porém, acredita também que
DST, acrescenta que para atrairmos
Critical Materials, não sendo pre-
“Portugal é demasiado pequeno
IDE para o Quadrilátero, importa
cisa, é positiva mas com reservas. As
para ser visto [a partir do exterior]
que exista um programa integrado
barreiras podem vir de dentro, espe-
como constituído por diferentes
que considere as quatro parcelas do
cialmente das estruturas existentes,
territórios”, isto é, as oportunidades
território como um todo e nos mais
dos objetivos do próprio projeto e,
oferecidas pelas distintas localiza-
variados aspetos, que capacite o
acima de tido, da liderança. Todavia,
ções regionais do país não se distan-
território para um maior cosmopoli-
considera que a avaliação dos seus
ciam ao ponto de justificarem uma
tismo. Simultaneamente têm-se que
resultados deve ser feita através da
política de marketing diferenciada.
comunicar através do marketing
taxa de conversão em negócio que
territorial as excelentes condições
conseguirem produzir ou facilitar.
de trabalho e de vida de que dispo-
Esta entidade devia evitar o que as
mos (tempo, condições naturais e
associações empresariais costumam
segurança pública).
fazer, isto é, “misturarem tudo”. Para
Filomena Machado exerce funções
de controlling na multinacional
Leica, cuja unidade portuguesa
de produção de aparelhos óticos
foco nos apoios quotidianos.
além disso, podia apoiar na “desbu-
de precisão está localizada em
Ricardo Poças, da direção de pla-
Vila Nova de Famalicão. Na sua
neamento e controle de obras das
perspetiva, para este território ser
Construções Gabriel Couto, o
capaz de atrair IDE, deve potenciar e
território do Quadrilátero apresen-
comunicar todos os seus atributos.
ta todas as condições necessárias
No caso concreto da Leica, a casa-
para o desenvolvimento da sua
Para José Capa Pereira, no passado
-mãe encontra-se na Alemanha, o
atividade empresarial. Contudo,
muito ligado à AIMinho, o Quadrilá-
que obriga a várias deslocações dos
também defende que a existência
tero é um processo. A região carece
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
rocratização” dos projetos financiados e, simultaneamente promover a
consolidação empresarial e a fusão e
aquisição de empresas.
de uma verdadeira “infraestrutura
sobremaneira.
institucional”, isto é, de uma prática
organizativa e sistémica de cooperação efetiva que “alinhe” estratégias,
valorizando as complementaridades
mais do que as divergências. João
Carvalho Fernandes do IAPMEI corrobora deste pensamento, dizendo
que para a captação de investimento, os agentes têm de ser diretamente envolvidos. Para tal, salienta
ser necessário criar consensos em
torno de uma Carta de Negócio para
o território (com os benefícios e as
disponibilidades bem estabelecidas)
que incluísse as questões fiscais,
4.7. QUADRO-RESUMO
Na tabela que se segue, são
destacados os principais pontos
referidos pelos três entrevistados
com ligações, no presente ou no
passado, à AIMinho, à UMinho e
ao IAPMEI. Tenta-se resumir os
quatro pontos anteriores de forma
esquemática e de fácil consulta e
são apenas referidos os contributos
mais relevantes partilhados pelos
entrevistados.
laborais, ambientais, de licenciamento e formação, mas que também
considerasse eventuais reduções de
custos de contexto através do IRS,
do IMI, da derrama e das taxas de
licenciamento de água, tratamento
de esgotos e resíduos. Uma medida desta natureza teria um forte
impacto, com resultados visíveis no
imediato, embora só fosse fazível
pondo todos os organismos em contacto e a trabalhar em conjunto.
Por seu lado, Manuel Mota, professor catedrático da UMinho, considera que, a ser possível a criação de
uma agência de desenvolvimento
supramunicipal, seria fundamental
que os municípios acordassem entre
si um modelo de funcionamento e
governança em áreas cuja cooperação se revela um fator crítico de
sucesso. Tanto a internacionalização
como o marketing territorial são
domínios, entre outros possíveis, em
que a cooperação poderia resultar
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Tabela 26 - Contributos dos
entrevistados ligados à AIMinho,
UMinho e IAPMEI
DIMENSÕES-CHAVE
CONTRIBUIÇÕES DOS ENTREVISTADOS
QUADRILÁTERO
Com a entrada na UE, particularmente, na moeda única, Portugal passou a enfrentar um quadro macro e
E CONDIÇÕES DA
microeconómico de enorme condicionamento. A UE tem de se pronunciar sobre os desequilíbrios comerciais à
ENVOLVENTE
escala internacional e deve clarificar a sua posição relativamente às regras a que deve atender, sob pena de pôr
em causa o bem-estar económico dos países membros. O tecido empresarial português está a ser penalizado
pela atual situação a nível interno e pelas suas implicações em termos de condicionamento financeiro (Carvalho
Fernandes).
Existem aspetos a melhorar na definição de prioridades e articulações ao nível do Estado e dos organismos da
Administração Pública. Há necessidade de uma maior consistência das políticas públicas implementadas, mas
também ao nível da gestão das equipas que estão no terreno (Carvalho Fernandes).
A eficiência do sistema judicial, o licenciamento industrial, a fiscalidade e o direito do trabalho são fatores muito
importante para quem decide a melhor localização para o seu negócio (José Capa Pereira).
Dada a pouca eficácia das políticas públicas é necessário identificar criteriosamente as ações prioritárias e promover a afetação dos recursos a essas ações prioritárias (José Capa Pereira).
O Quadrilátero não pode estar tão exposto a conjunturas e motivações de índole político-partidário. É necessária
uma liderança com peso institucional, capaz de definir uma matriz de interesses e de especialização sobre a qual
possa trabalhar com autonomia, nomeadamente ao nível da dinamização empresarial e de atração de investimento (José Capa Pereira).
As dificuldades de projetos como o Quadrilátero prendem-se com o “protagonismo” político e pela concorrência
que se estabelece entre os “cabeças de cartaz” (Manuel Mota).
CLUSTERS E
No Quadrilátero existem infraestruturas empresariais e tecnológicas capazes, conhecimento de ponta e em-
COOPERAÇÃO EM REDE
presas de referência em áreas emergentes das tecnologias como as TIC, os materiais e a biotecnologia (Manuel
Mota). Seria importante que o território pudesse contar com um conjunto de recursos técnicos especializados e
articulados, dedicados à captação de investimento e à promoção de estratégias de cooperação entre empresas
(José Capa Pereira).
É necessário promover todas as formas de aquisição de massa crítica das empresas e instituições. A cooperação tem surgido apenas em contextos de grande adversidade (José Capa Pereira). As associações empresariais
devem ser agentes mobilizadores, com capacidade de agregação e liderança (Carvalho Fernandes). A UMinho
é também um parceiro indispensável, nomeadamente no seu papel de promoção e fortalecimento de eixos de
entendimento (José Capa Pereira).
Faltam lideranças políticas fortes, com capacidade de intervenção e capazes de influenciar as decisões de
Lisboa. Existe ainda um problema cultural associado a um certo egoísmo minhoto, onde existe tendência para
dividir em vez de unir (Manuel Mota).
EMPREENDEDORISMO E
Sente-se a necessidade de criar de um espaço que promova encontros informais entre os empresários, os
RENOVAÇÃO DO TECIDO
professores universitários e os investigadores. O objetivo seria cruzar e estabelecer relações de caráter informal
EMPRESARIAL
entre pessoas ligadas ao contexto académico e ao tecido empresarial. Para uma estrutura desta natureza poder
ter sucesso, terá de ter alguém responsável pela dinâmica do espaço (José Capa Pereira).
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
INVESTIGAÇÃO,
Para fortalecer o tecido empresarial no território do Quadrilátero deve-se apoiar a criação de valor (“é necessário
DESENVOLVIMENTO E
juntar quem sabe com quem produz”) e captar investimentos externos. Apoiar a criação de valor nas empresas
INOVAÇÃO
implica conceber um modelo de negócio onde sejam envolvidos os investigadores e onde a partilha de resultados esteja bem definida (Carvalho Fernandes).
FATORES CRÍTICOS
O processo de internacionalização das empresas deve ser planeado e o risco deve ser acautelado. As empresas
NA AFIRMAÇÃO
devem ponderar a realização de parcerias com empresas locais, uma vez que estas conhecem a realidade do
INTERNACIONAL
mercado que se tenta abordar (Carvalho Fernandes).
Para a captação de investimento, os agentes têm de ser diretamente envolvidos. Uma boa solução seria a criação
de uma Carta de Negócio para o território que incluísse as questões fiscais, laborais, ambientais, de licenciamento e formação, mas que também considerasse eventuais reduções de custos de contexto através do IRS, do IMI,
da derrama e das taxas de licenciamento de água, tratamento de esgotos e resíduos (Carvalho Fernandes).
O Quadrilátero é um processo. O território carece de uma verdadeira “infraestrutura institucional”, isto é, de uma
prática organizativa e sistémica de cooperação efetiva que alinhe estratégias, valorizando as complementaridades mais do que as divergências (José Capa Pereira). O Quadrilátero carece de estratégias de marketing territorial
que promovam o território e que possam associar a componente turística à cultural. A criação de uma agência
de desenvolvimento supramunicipal faria sentido se os municípios acordassem entre si um modelo de funcionamento e governança em áreas cuja cooperação se revela um fator crítico de sucesso (Manuel Mota).
Na tabela seguinte, são destacadas as principais ideias-chave referidas pelos representantes das empresas. O objetivo passa por apresentar de forma esquemática e simples os contributos mais relevantes partilhados pelos entrevistados.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Tabela 27 - Contributos dos representantes
das empresas entrevistadas
DIMENSÕES-CHAVE
CONTRIBUIÇÕES DOS ENTREVISTADOS
QUADRILÁTERO
E CONDIÇÕES DA
ENVOLVENTE
O tecido associativo encontra-se repartido por cidades/concelhos. É necessário criar espaços e condições facilitadoras do networking e dos negócios (José Dionísio, Primavera BSS). É crucial reformar, organizar e reestruturar (João Cortez, Celoplás). Existe a necessidade de uma maior mobilidade entre os 4 concelhos (Gustavo Dias,
Critical Materials).
É urgente, uma visão para o território, capaz de orientar e direcionar as vontades no mesmo sentido (António
Ressureição, S.I.C.I.). A este nível, é também importante que os decisores de política sejam pessoas conhecedoras da realidade no terreno (Pedro Pinto, Success Gadget).
A diplomacia económica é pouco eficaz (Gustavo Dias, Critical Materials). Nomeia-se o caso das relações económicas com o Brasil, onde existe uma diferença muito grande entre as taxas aduaneiras aplicadas ao comércio
Brasil-Portugal e ao comércio Portugal-Brasil (António Carvalho, APC Instrumentos Musicais).
É necessário diminuir a burocracia que impede o crescimento das empresas (António Carvalho, APC Instrumentos Musicais e Simão Soares, Silicolife). Os apoios e incentivos às empresas estão mal formatados. Deverão
estar mais adequados às necessidades reais do tecido empresarial (João Cortez, Celoplás e António Ressureição,
S.I.C.I.).
Apesar da recente evolução do direito laboral, são ainda necessário alguns ajustamentos (Tiago Freitas, Porminho Alimentação).
CLUSTERS E
COOPERAÇÃO EM REDE
Os empresários são, genericamente, muito egoístas e fechados (Pedro Pinto, Success Gadget). É necessário
alterar os aspetos culturais pouco abertos à cooperação. (Simão Soares, Silicolife e António Ressureição, S.I.C.I.).
Os clusters são importantes pois sinalizam a especialização produtiva dos territórios, identificam a existência de
especialistas (António Ressureição, S.I.C.I.) o que reduz a necessidade de provar a competência e a qualidade do
que se faz (Paulo Marques e José Marques, Balanças Marques). A promoção e o fomento dos clusters empresariais afigura-se essencial para facilitar a cooperação das empresas e a internacionalização (Ricardo Poças,
Construções Gabriel Couto).
A política fiscal deveria incentivar a fusão de empresas (José Dionísio, Primavera BSS). É importante que as
empresas tenham dimensão crítica para pensarem nacional e global (João Cortez, Celoplás).
As associações empresariais devem ter como razão de ser “pensar, propor, intervir e ter uma visão para o território” (António Ressureição, S.I.C.I.). Deve-se aproveitar a existência do INL como uma infraestrutura de referência
para o território (Pedro Pinto, Success Gadget)
EMPREENDEDORISMO
E RENOVAÇÃO DO
TECIDO EMPRESARIAL
É necessária uma aposta efetiva no empreendedorismo tecnológico e incubar start ups no tecido empresarial
envelhecido (Gustavo Dias, Critical Materials). A universidade deve criar condições para que os investidores vão
à universidade conhecer as ideias e projetos (António Ressureição, S.I.C.I.).
O complexo AvePark/Spinpark carece de definição, de uma ideia estratégica sustentada, que cative os empreendedores nacionais/locais e o investimento industrial externo e que favoreça a própria continuidade do projeto
(Gustavo Dias, Critical Materials).
Existe um problema de capitalização das empresas tecnológicas: são necessários acionistas de longo prazo em
substituição de empréstimos. É preciso criar uma estrutura para o fundraising de capitais públicos e privados
(Gustavo Dias, Critical Materials).
O financiamento e apoio às startups devem ser desburocratizados e pensados de uma forma faseada. Inicialmente deve-se assegurar o investimento em I&DT, em protótipos, em licenciamento/patentes, na própria
criação de empresa e no acesso aos mercados de destino (Simão Soares, Silicolife). Em fases posteriores, há
uma questão de “mega financiamento” e/ou de capitalização (Gustavo Dias, Critical Materials).
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
INVESTIGAÇÃO,
DESENVOLVIMENTO E
INOVAÇÃO
A parceria entre as universidades e as empresas deveria ter como objetivo a oferta de produtos/soluções de
maior valor (Gustavo Dias, Critical Materials). É de extrema utilidade manter canais abertos e facilitar a comunicação das empresas com o SCTN, aproveitando recursos que potenciem a inovação de produtos e processos
(Francisco Fernandes, Coltec).
As instituições do SCTN devem fomentar o encontro entre a indústria e os investidores. Os resultados da I&D
devem ser medidos com base na geração de riqueza para a economia). É necessário transformar I&D em produtos (João Cortez, Celoplás). A indústria deve “guiar” as universidades para um desenvolvimento mais aplicado da
I&D (Tiago Oliveira, Amtrol-Alfa).
FATORES CRÍTICOS
NA AFIRMAÇÃO
INTERNACIONAL
A marca “Portugal” não é muito bem vista nos mercados externos e a presença da Troika não ajuda a melhorar a
sua imagem externa (João Cortez, Celoplás). O território carece de políticas de marketing que o promovam (José
Dionísio, Primavera BSS).
Na atração de IDE deve-se potenciar e comunicar todos atributos do território. O sol, a proximidade do mar, o
saber receber do povo português e a sua vontade de fazer mais e melhor, as condições de trabalho e de vida
devem ser bem comunicadas e potenciadas (José Teixeira, grupo DST e Filomena Machado, Leica).
As mega-missões da AICEP são mais eficazes para os grandes grupos económicos e menos às pequenas empresas tecnológicas (Simão Soares, Silicolife).
A AICEP, como organismo de apoio para as empresas nacionais, deveria empenhar esforços numa maior
promoção internacional das empresas (António Carvalho, APC Instrumentos Musicais). A presença no exterior
deveria ser reforçada, verificando-se que os recursos “fora de portas” são escassos, resumindo-se à presença
de uma pessoa no país de destino e a um papel de cariz informativo (José Dionísio, Primavera BSS). Os contactos
propiciados nem sempre são direcionados como deviam ser, isto é, entende-se que há um caminho em matéria
de facilitação de contactos específicos (Francisco Fernandes, Coltec).
A criação de uma estrutura de promoção e de fomento à internacionalização do Quadrilátero pode ser interessante para as empresas emergentes. Importa que sejam definidas regras claras, simples, para garantir uma
liderança eficiente deste território (Simão Soares, Silicolife e Ricardo Poças, Construções Gabriel Couto).
A avaliação dos organismos de promoção territorial e internacionalização deve ser feita através da taxa de conversão em negócio que conseguirem produzir ou facilitar, devem ser definido um sistema de avaliação com base
em objetivos (José Dionísio, Primavera BSS e Gustavo Dias, Critical Materials).
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
5.Orientações para
o futuro
5.1. RESULTADOS OBTIDOS
O conceito de território transformou-se numa realidade incontornável. A noção de território “passou a englobar, para além do espaço físico ou geográfico, as vertentes do espaço administrativo, económico, social e percetivo.
Ou seja: atualmente, o conceito de território, exprime a entidade suporte,
de integração e de síntese, de toda a atividade humana, com particular
realce para as atividades produtivas, o habitat, os recursos naturais e
ambientais, as identidades, bem como os agentes desses processos”
(Ferreira, 2007: 31). A competitividade territorial ganha maior relevo com a
intensificação da competitividade global, a qual passa a conferir uma maior
importância ao “lugar”. Fatores qualitativos inerentes ao território podem
constituir fatores de atração entre empresas, pessoas e capitais (Carvalho,
2002).
Ao longo dos tempos, a competitividade territorial tem assumido cada vez
mais importância, atribuindo-se particular atenção à valorização do território. Tendo em conta que é possível dividir o território em vários níveis,
importa considerarmos que, para cada nível de território, definem-se políticas públicas que influenciam a produtividade das empresas e dos setores. Em consequência, o território é uma unidade de análise em termos de
competitividade, cuja gestão é assumida pelo poder público. Desta forma, as
políticas públicas são uma variável de extrema importância, em virtude de
influenciarem significativamente o ambiente de competitividade de um país
(Porter, 1994).
e enquadradas nas especificidades
do território que compõe o Quadrilátero, capazes de produzir efeitos no
curto, no médio e no longo prazo, no
que à competitividade e à internacionalização diz respeito. Quando se
fala de competitividade de um território, deve-se ter presente que em
todas as regiões existem empresas
extremamente competitivas em detrimento de outras nada competitivas, mas isso não é determinante da
competitividade global do território.
Em contrapartida, características/fatores inerentes ao próprio território
afetam e influenciam a competitividade de todas as empresas situadas
nessa região (Comissão Europeia,
1999). A competitividade de um
território depende assim, não tanto
da existência ou não de empresas
competitivas, mas principalmente
da existência de diversos fatores
inerentes à região em si, sejam eles
naturais, humanos ou sociais, que
Este estudo surge como um contributo para suportar decisões e opções de
promovam a competitividade da
carácter estratégico (mas também operacional), devidamente sustentadas
região como um todo.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Como resultado das 17 entrevistas exploratórias, dos contributos e ideias-chave partilhadas e com base na análise
SWOT elaborada para o território, estruturou-se uma matriz estratégica (Tabela 28) para o território do Quadrilátero.
A apresentação sob a forma de matriz estratégica pretende facilitar a leitura e interpretação da informação.
Tabela 28 - Matriz estratégica
Fonte: Elaboração própria
IDEIAS-FORÇA
- Afirmar este território como “Região do Conhecimento”, potenciando as redes empresariais e de I&D;
PARTILHADAS
- Dotar a Associação de Municípios de Fins Específicos Quadrilátero Urbano de recursos e competências
capazes de potenciar o território para acolher empresas internacionais e para projetar as empresas
nacionais no mercado internacional;
- Projetar o Quadrilátero no contexto nacional e europeu;
- Identificar e promover as vantagens competitivas setoriais internas existentes e otimizar (racionalizar
esforços, individualidades e coerência, projetar a região, extrair benefícios materiais do processo);
- Identificar e apostar no âmbito do Quadrilátero em áreas/clusters de excelência, tanto a nível nacional
como europeu, com capacidade de atração e retenção de investimento e capital humano talentoso e
qualificado;
- Colmatar as carências existentes ao nível da identidade e da notoriedade do Quadrilátero. Clarificar e
acionar uma estratégia de comunicação e de marketing eficaz (marketing territorial);
- Potenciar a ligação entre as universidades e as entidades do SCTN e o tecido empresarial do território,
de forma a enriquecer a proposta de valor dos produtos e serviços;
- Definir uma estratégia de atuação para o Avepark e para outras estruturas de apoio às empresas,
reforçando o funcionamento em rede e a dinâmica deste espaço;
- Criar condições para tornar o INL num investimento estruturante para o território.
- Tornar a rede de transportes eficiente e adequar a rede à generalidade dos operadores, isto criar, uma
verdadeira infraestrutura logística para o território;
- Progressiva compreensão da necessidade de articular iniciativas de cooperação e concertação territorial para potenciar a competitividade regional a vários níveis;
- Crescente interiorização, por parte dos atores regionais, da importância da criatividade, a inovação e o
conhecimento na geração de oportunidades económicas;
RISCOS E/OU
- Insuficiente solidariedade política e institucional entre os atores do Quadrilátero e entre outras forças
ADVERSIDADES
ou stakeholders;
- Afastamento das associações empresariais do tecido produtivo, não dando respostas às reais necessidades do mesmo.
- Barreiras regionais/nacionais de natureza financeira e políticas decorrentes de incoerências nas políticas públicas ou de um processo de regionalização;
- Instabilidade do sistema fiscal e judicial;
- Problemas e burocracia relacionada com o licenciamento industrial;
- Não concretização dos projetos relacionados com a operacionalização do território ao nível do sistema
de transporte público (rodoviário e ferroviário);
- Inexistência de um enquadramento legal para o ordenamento e planeamento dos transportes;
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Vetor estratégico 1: Definir
a rede de atores é tão alargada e
para o território do Quadriláte-
heterogénea que inclui cidadãos,
ro um modelo institucional e de
empresas públicas e privadas, asso-
A PROMOÇÃO DO
governança
ciações, institutos, fundações, entre
QUADRILÁTERO
Um dos pontos fracos apontados na
outras entidades de natureza similar
Um dos objetivos deste estudo,
análise teórica do presente estudo
ou equivalente.
está relacionado com a ausência de
Um modelo institucional bem defi-
estruturas político-administrativas
nido pode exercer um importante
5.2. VETORES
ESTRATÉGICOS PARA
delineados e apresentados anteriormente, passa por estabelecer
um conjunto de estratégias e ações
futuras de promoção do Quadrilátero com vista à sua internacionalização e à atração de IDE. De uma
forma geral, o presente capítulo
pretende apresentar os vetores
estratégicos para a criação de um
modelo de intervenção concertado
entre os municípios que compõem
o Quadrilátero que apoie e fomente
a internacionalização do tecido em-
de nível supramunicipal consistentes e convenientemente legitimadas, capazes de se constituírem
como um interlocutor credível na
relação com agentes sociais e empresariais do território e parceiros
no projeto de consolidação e desenvolvimento do Quadrilátero. Um
outro ponto a resolver está ligado
com a problemática da liderança
económica, política e institucional
presarial e, também, a captação de
do território.
investimento para estes territórios.
Face ao exposto, o Quadrilátero ca-
Neste sentido, apresentam-se
rece de uma estrutura de governa-
de seguida os vetores estratégicos considerados basilares para a
melhoria das condições existentes
e para a criação de um ambiente
favorável à dinâmica e crescimento
do tecido empresarial. O conjunto de
propostas que se seguem, baseiam-se, por um lado, na leitura ampla do
território por parte dos consultores
e autores deste estudo e, por outro,
na análise crítica dos empresários
ção supramunicipal e de um modelo
de institutional governance. Um
modelo de governança implica lideranças fortes e capazes de articular
ações coletivas e interesses comuns.
O processo de tomada de decisão
para ser eficaz, tem necessariamente de ser ágil, devendo ter como
base um conjunto de princípios
estratégicos previamente discutidos
e estabelecidos.
papel no sucesso da gestão e promoção do território. Para isso, uma
carta de objetivos (bem definidos)
e um plano de atividades (coerente
com os propósitos), são fatores a
ter em conta na estruturação de
um modelo de governança para o
Quadrilátero.
A questão institucional em torno
do Quadrilátero é de particular
importância, na medida em que a
estrutura que possa dar resposta às
estratégias de cooperação acordadas ou a acordar entre os quatro municípios, tem de estar capacitada e
apetrechada dos recursos essenciais
à prossecução dos objetivos que lhe
estejam atribuídos.
Para que o modelo de intervenção
funcione, são necessários mecanismos que possam minimizar ou
eliminar os conflitos de interesse. O
impacto da governança corporativa
deve ser sentido através da maximização de valor para os intervenien-
estabelecidos no território que,
Embora se entenda como o vetor
melhor que ninguém e dentro da
estratégico mais importante para
sua área de atuação, conhecem as
o Quadrilátero, são inúmeros os
dificuldades quotidianas encaradas
exemplos e possibilidades para a
O institutional governance é
no terreno e que, com o saber e
definição de um sistema de gover-
composto por um conjunto de
experiência acumulada, identifi-
nança capaz de acomodar interesses
mecanismos e regras pelas quais se
cam os aspetos mais importantes e
e levar a efeito ações de cooperação
estabelecem formas de controlo e
prementes.
entre os mais diversos atores. Aliás,
de gestão, com instrumentos de mo-
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
tes diretos, neste caso, os municípios.
nitorização e de responsabilização
sentido, é comum a manipulação de
reduzir e minimizar os tão referidos
das lideranças pelas suas decisões
instrumentos de política regional,
custos com a obtenção de informa-
ou atos de gestão. A governança
desde benefícios fiscais a incentivos
ção que as empresas enfrentam no
corporativa visa diminuir os even-
financeiros, no processo de concor-
seu processo de internacionalização.
tuais problemas que podem surgir
rência inter-regional pela atração
na relação entre as lideranças de
das empresas.
uma estrutura institucional para o
Para além da vertente Quadrilátero-Mundo, este organismo iria
A internacionalização dos territórios
igualmente promover a vertente
é algo muito estudado e abordado
Mundo-Quadrilátero, ou seja, o IDE
pelos críticos e pensadores econó-
Vetor estratégico 2: Especiali-
no território, fornecendo, para além
micos. Todavia, para além dos quatro
zar uma estrutura regional no
do apoio personalizado, um conjunto
municípios que a constituem, da
marketing territorial e na inter-
de informações que vão desde os
AIMinho, do CITEVE e da UMinho,
nacionalização do território
incentivos ao investimento, o acesso
é necessário conseguir um maior
ao financiamento, as áreas de aco-
Numa economia e sociedade inten-
envolvimento por parte das outras
lhimento empresarial, a legislação,
associações empresariais existentes
até à I&D e inovação. Pretende-se
Quadrilátero e os intervenientes que
lhe estão diretamente associados.
sivas em conhecimento e sujeitas
cada vez mais à competição global, o
sucesso e a competitividade de uma
cidade/região parece depender de
diversos fatores, deixando de estar
no território. É necessário garantir
uma parceria e um entendimento
entre os agentes empresariais e os
decisores políticos para a concreti-
tão relacionada com aspetos físicos
zação desta estrutura.
e com os seus recursos naturais. No-
Apesar de a AICEP ser o organismo
vas formas de cooperação e atuação
e, ao mesmo tempo, novas formas
de estar e novos valores, lançam
novos desafios à administração local
e demais atores da região, ao exigirem um esforço adicional ao nível da
promoção regional, de forma a atrair
e reter recursos potenciadores do
crescimento e garantir a manutenção da competitividade do território.
responsável pela internacionalização das empresas portuguesas e por
encorajar as empresas internacionais a olhar para Portugal como um
bom local para se investir, considera-se que a sua ação não consegue dar
uma resposta satisfatória e adequada às características intrínsecas de
territórios específicos. A existência
de uma estrutura dedicada à inter-
que esta estrutura assuma uma
postura ativa e dinâmica na atração
de investimento estrangeiro para o
território (marketing territorial).
Vetor estratégico 3: Proporcionar uma maior ligação entre
entidades do SCTN e o tecido
empresarial
Para que a ligação entre as entidades do STCN e o tecido empresarial
fosse mais efetiva e profícua, seria
conveniente definir um modelo de
transferência de conhecimento que
envolvesse as partes mas cujos
resultados fossem devidamente
partilhados através de um modelo
Atualmente, assiste-se a uma inten-
nacionalização do Quadrilátero, teria
sificação das ações de divulgação e
como principais objetivos fornecer
promoção da imagem das cidades
um conjunto ímpar de serviços e
e das regiões junto dos potenciais
informações para as empresas insta-
A renovação do tecido empresarial
empreendedores locais, regionais,
ladas neste território e para aquelas
do território deverá ter em conside-
nacionais e internacionais. O
que estejam a ponderar internacio-
ração a definição clara de objetivos
desenvolvimento económico de
nalizar os seus produtos e serviços.
e de áreas estratégicas, formando
uma região depende em grande
Estes serviços de facilitação e acon-
quadros qualificados e desenvolven-
parte da sua capacidade de atração
selhamento e a disponibilização de
do conhecimento aplicado, integran-
e fixação de indústrias e, neste
eventuais estudos setoriais poderão
do novas ideias e projetos de valor
de exploração definido a priori e que
proporcionasse vantagens mútuas.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
em empresas já consolidadas no
das associações, beneficiam de
que os negócios inovadores pros-
mercado e apoiando novas start ups
uma relação mais estreita com o
perem e floresçam. Neste aspeto,
aos mais diversos níveis. O território
tecido empresarial, sendo assim um
o modo de funcionamento das
deverá ser promovido numa lógica
excelente interlocutor entre este e a
instituições económicas e políti-
restrita, definindo claramente em
universidade.
cas é essencial, na medida em que
que áreas ou setores apresenta vantagens comparativas. Só através da
focalização em determinadas áreas
será possível fomentar a competitividade e a atratividade deste território de forma eficaz e eficiente. Aqui,
o papel da UMinho e das outras instituições de ensino ou investigação
do território é fundamental, tendo
em consideração as suas funções
na formação de recursos humanos
altamente qualificados e as infraestruturas de I&D que deverão estar
à disposição do tecido empresarial.
Embora, a UMinho seja já considerada a, nível nacional, a universidade
com maior número de patentes rendibilizadas em contexto empresarial,
Ainda neste âmbito, destaca-se o
papel do Avepark como interface
da própria universidade. Sendo
o Avepark uma infraestrutura de
relevo para as empresas de base
tecnológica, urge a definição de uma
estratégia que se foque na captação
das empresas inovadoras e de base
tecnológica, na aposta no marketing
internacional, como forma de atrair
empresas-âncora e investidores. Infraestruturas como o INL ou os 3B’s
têm de ser potenciadas no território.
Vetor estratégico 4: Criar redes/espaços de excelência para
fomentar o empreendedorismo
e os negócios
considera-se que, até pela poten-
Em termos históricos, o conceito de
cialidade do território em questão,
mobilidade social (ideia/capacidade
se deveriam intensificar as colabo-
de alterar o estatuto económico e
rações universidade-empresa. A
social) revela-se um elemento mar-
UMinho, neste território, é o player
cante neste território. Fato que jus-
melhor posicionado, com boas
tifica a forte iniciativa empresarial e
condições infraestruturais e com
competitividade do Quadrilátero ao
excelentes capacidades para prestar
longo dos anos. Mais recentemente,
serviços de maior risco tecnológico
e a título de exemplo, verificou-se a
às empresas que pretendem apostar
criação e dinamização, na UMinho,
em novos produtos e desenvolver
de uma oferta formativa de curta
ideias inovadoras (serviços, estes,
duração em áreas de empreende-
que o mercado não oferece).
dorismo e de inovação, que aliadas
A interligação entre a UMinho,
outras entidades do SCTN e as
associações empresariais, é igualmente uma importante mais-valia
para o território, dado que, no caso
à apetência/vontade de criar um
negócio próprio, fez crescer a economia em torno de determinados
setores, nomeadamente as TIC.
É importante criar as condições para
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
são responsáveis por estabelecer
os incentivos às empresas e aos
indivíduos. As instituições económicas e políticas são responsáveis
por determinar os incentivos para os
indivíduos se instruírem, pouparem,
investirem, inovarem e adotarem
novas tecnologias. As instituições
influenciam o comportamento e os
incentivos na vida real e, por conseguinte, contribuem para o êxito ou
fracasso das nações e, em menor
escala, dos territórios (Acemoglu e
Robinson, 2013).
Acemoglu e Robinson (2013)
afirmam que “o talento individual
é importante, a todos os níveis da
sociedade, mas necessita de um
quadro institucional que o transforme numa força positiva”. Exemplificam recorrendo ao caso de Bill Gates
e da Microsoft: “Bill Gates, tal como
outras figuras lendárias da indústria das TIC, possuía um talento
imenso e ambição. Mas, em última
análise, respondeu a incentivos. O
sistema educativo dos EUA permitiu a Gates e a outros como ele
adquirirem um conjunto único de
aptidões para complementarem o
seu talento. As instituições económicas dos EUA permitiram-lhes
criar facilmente empresas… Essas
instituições viabilizaram também
o financiamento dos seus projetos. Os mercados laborais dos EUA
permitiram-lhes contratar pessoal
tável, tanto aos níveis intraurbano
ção das preocupações com a polui-
qualificado e as condições relati-
como interurbano, as quais são
ção e o meio-ambiente e, por outro,
vamente competitivas do mercado
fundamentais para a criação de um
pela necessidade de uma oferta
permitiram-lhes expandir as suas
espaço de vida comum para cida-
ferroviária e de uma rede intermodal
empresas e comercializar os seus
dãos e empresas. Nesta linha de
de qualidade, garantindo a facilida-
produtos”. Desta forma, as institui-
pensamento, torna-se necessário
de de comunicação e circulação de
ções e a forma como funcionam são
desenvolver e gerir um sistema de
pessoas e mercadorias através da
cruciais para os territórios.
transporte integrado e intermodal,
rede de transportes públicos.
As universidades enquanto fontes
recetoras de fundos para I&D por
excelência, funcionam como centros
capaz de proporcionar melhorias
significativas na mobilidade tanto de
pessoas como de bens.
A ideia de criação de um sistema
multimodal (pessoas e mercadorias), à semelhança do que se fez
de investigação e desenvolvimento
Simultaneamente, pela sua configu-
em Lisboa com a Gare do Oriente,
e criação de empresas spin-off, li-
ração nuclear, o território do Qua-
deveria ser pensado também para
derando muitas vezes o processo de
drilátero é um forte potenciador de
este território, quanto mais não
inovação tecnológica. Por outro lado,
outras articulações funcionais entre
seja quando se vier a equacionar
atraem e desenvolvem talentos,
os aglomerados urbanos vizinhos, o
a possibilidade de uma estação de
que deve ser aproveitado. O sub-
comboio de altas prestações no
sistema formado pelas cidades de
Quadrilátero se o investimento para
Braga, Barcelos, Amares e Vila Verde
uma ligação Porto-Vigo avançar.
é um dos exemplos, necessitando
Independentemente de se tratar de
de uma solução intermunicipal para
um investimento que não se vislum-
os transportes urbanos/suburba-
bra para os próximos tempos, é de
nos. Do mesmo modo, também se
referir a elevada importância para o
verifica uma forte interdependência
território de se conseguir influenciar
entre as cidades de Guimarães e
para que, a médio ou a longo prazo,
Fafe, Vizela e Felgueiras, Vila Nova
venha a ser efetuada uma ligação de
de Famalicão, Santo Tirso e Trofa.
TGV (Train à Grand Vitesse) entre
promovendo o intercâmbio de ideias
e o empreendedorismo e, ao mesmo
tempo, moldam o ambiente externo
onde estão inseridas, tornando-o
mais aberto e recetivo a novas ideias
e à diversidade.
Em Portugal, muito se fez, ao longo
dos últimos anos, para melhorar
o sistema educativo e as instituições em geral. Contudo, apesar dos
recentes esforços, o trabalho feito
ao nível da promoção do espírito empreendedor é ainda muito incipiente.
A este nível considera-se que as
Atualmente, o Quadrilátero não
salvaguarda as infraestruturas
necessárias à dinâmica empresarial
Porto e Vigo, onde esteja garantida
a passagem por Braga ou mesmo
pelas imediações de Braga.
e, apesar das grandes melhorias
Apesar da atual conjuntura econó-
verificadas ao nível das vias de co-
mica nacional e dado o elevado in-
municação, persistem algumas de-
vestimento que estaria envolvido na
ficiências, nomeadamente ao nível
concretização das propostas apre-
das ligações ferroviárias. Apesar do
sentadas no presente vetor estraté-
transporte ferroviário não ter tanta
gico, realça-se a importância, para o
expressão como o transporte rodo-
território, de uma rede de transpor-
viário, perspetiva-se a inversão da
tes mais eficiente e eficaz que asse-
tendência dominante. Por um lado,
gure a intermodalidade. No passado
O território do Quadrilátero carece
devido ao contínuo aumento do pre-
recente, foram realizados avultados
de condições de mobilidade susten-
ço dos combustíveis, à generaliza-
investimentos na rede rodoviária,
estruturas do Quadrilátero, estando
tão próximas da realidade do território estão numa posição privilegiada
para atuarem.
Vetor 5: Garantir um sistema
integrado de mobilidade e de
transportes nos quatro concelhos do Quadrilátero
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
contudo as recentes orientações
humano. A competitividade de uma
dade e a tudo quanto pode oferecer
da UE conduzem para uma maior uti-
cidade e/ou região depende larga-
em termos de história, cosmopolitis-
lização da rede ferroviária de forma
mente da “qualidade” do seu capital
mo, alimentação, desporto, cultura,
a minimizar o crescente aumento do
humano, sendo que quanto maior
saúde, ambiente e sociedade. O
preço dos combustíveis e o impacte
for essa concentração de capital
conceito de cidade passou a implicar
ambiental provocado pela excessiva
humano criativo e talentoso, mais
qualidade na vida urbana, nomea-
utilização do transporte rodoviário.
competitivo será o território e, mais
damente no que se relaciona com
atrativo será para a concentração de
a estética, os valores e o convívio
indústrias inovadoras e de base tec-
entre pessoas. O território do Qua-
nológica. Assim, quanto mais criativa
drilátero em geral e as cidades em
e diversificada for uma cidade/
particular, ao promoverem a relação
região, quer seja como resultado da
com o exterior não podem descurar
sua abertura ou devido à existência
a necessidade de assegurar a dolce
de uma percentagem elevada de
vita e as componentes culturais e
população estrangeira, maior será
criativas. Para isso, é fundamental
o seu nível de empreendedorismo e
requalificar as cidades e reabilitar os
inovação, aumentando a sua compe-
seus centros históricos, efetuando
titividade.
uma programação cultural integral
Vetor 6: Promover a qualificação e atratividade do ambiente
urbano do Quadrilátero
Atualmente há dois vetores que
moldam o mundo: a tecnologia e
a globalização. O primeiro ajuda
a determinar as preferências
humanas e o segundo as realidades
económicas (Levitt, 1991). A
criatividade surge agora como fator
decisivo para o desenvolvimento
regional.
O sucesso de uma cidade está relacionado com diferentes dimensões:
talento; inovação; conectividade; e,
características distintivas. Estas dimensões é que a tornam num espaço único e mais competitivo/atrativo
que as demais cidades. Na socieda-
À medida que passamos da
antiga “economia industrial”
para a emergente “economia
criativa”, reforçando o papel do
conhecimento e da criatividade
enquanto fontes de crescimento
da inovação e de produtividade,
as próprias universidades passam
a desempenhar um importante
de do conhecimento, valorizam-se
papel ao nível dos “3 T’s” do
novas dimensões que até então não
desenvolvimento económico:
faziam sentido. O capital humano
tecnologia, talento e tolerância,
(talentos), a capacidade de inova-
conforme defendem os autores
ção e de geração de novas ideias, a
Florida, Gates, Knudsen e Stolarick
abertura, diversidade e ligações a
(2006). A “atração e fixação de
outras regiões, a interação cultural e
ocupações criativas podem funcio-
as suas características e infraestru-
nar como motores da capacidade
turas, em conjunto, contribuem para
de inovação e do desenvolvimento
a inovação e criatividade, promoven-
económico de áreas rurais e peque-
do o sucesso e competitividade da
nos centros urbanos”.
sociedade.
verdadeiramente articulada associada a novos modelos culturais e
de revitalização da urbe. Questões
culturais, organizacionais e ambientais entram agora na equação da
atratividade de uma região, lançando novos desafios aos diversos
atores locais que necessitam de
promover o seu território e atrair os
recursos que lhes garantam maior
competitividade, rumo ao crescimento sustentado do território onde
se inserem.
5.3. PROPOSTAS DE AÇÃO
Na tabela seguinte ilustram-se as
ações a realizar no curto e no médio
e longo prazo que pretendem dar
resposta aos vetores estratégicos
As novas gerações procuram cada
apresentados no ponto anterior.
O desenvolvimento regional não
vez mais um estilo de vida saudável
Trata-se de ações concretas que
pode ser dissociado do capital
associado à qualidade de vida da ci-
visam contribuir para capacitação
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
tecnológica e para o aumento da competitividade do território, pressupondo a aposta no capital humano, no conhecimento, na criatividade e na excelência para a sua afirmação na nacional e internacional.
Tabela 29 - Propostas de ação no curto, médio e longo prazo para a promoção do Quadrilátero
VETOR ESTRATÉGICO
CURTO PRAZO
1: DEFINIR PARA
O TERRITÓRIO DO
QUADRILÁTERO UM
MODELO INSTITUCIONAL E
DE GOVERNANÇA.
# Criar uma infraestrutura própria do Quadrilátero focada na atração de IDE,
no apoio à internacionalização de empresas locais e na promoção internacional do território (que pode vir a ser integrada na Associação de Fins
Específicos Quadrilátero Urbano);
2: ESPECIALIZAR UMA
ESTRUTURA REGIONAL
NO MARKETING
TERRITORIAL E NA
INTERNACIONALIZAÇÃO DO
TERRITÓRIO
MÉDIO E LONGO PRAZO
# Elaborar um plano de comunicação e marketing territorial para o Quadrilá- # Desenvolver, de forma constero, realçando as forças deste território face a outros;
tante e no próprio território,
iniciativas de marketing que
# Conceber uma marca e uma imagem comum para o Quadrilátero (branpermitam consolidar internading territorial), promovendo a identidade do território, os focos de compemente os conceitos e o posiciotitividade e definindo o posicionamento estratégico.
namento que estão subjacentes
# Associar o território ao conhecimento e à tecnologia, usando a excelência ao branding territorial definido.
em nanotecnologia como mensagem principal;
# Criar uma plataforma de disponibilização de dados estatísticos e recolha
de informação relevante sobre o Quadrilátero;
# Desenvolver esforços para fomentar a criação de uma delegação/representação de um jornal de alcance nacional, em Braga.
# Definir um modelo de transferência da tecnologia das universidades para
as empresas;
# Disponibilizar as infraestruturas de I&D em prol de projetos que surjam do
tecido empresarial;
# Desenvolver uma estratégia para o Avepark, apostando na instalação de
empresas exclusivamente de base tecnológica ou inovadoras;
3: PROPORCIONAR UMA
MAIOR LIGAÇÃO ENTRE
ENTIDADES DO SCTN E O
TECIDO EMPRESARIAL
# Definir de forma clara as prioridades do território em termos de oferta
formativa dirigida para o tecido empresarial;
# Criar condições para intersetar o conhecimento em
nanotecnologia com outras
áreas de referência como as TIC,
os polímeros ou os materiais,
fomentando a existência de
investigação aplicada para
setores mais tradicionais como
o têxtil ou a construção.
# Assumir a nanotecnologia e outras áreas relacionadas como uma área de
excelência na promoção do Quadrilátero e ajustar a investigação e a oferta
de cursos superiores às necessidades e às oportunidades existentes em
torno das novas tecnologias;
# Organizar tertúlias periódicas entre empresários e investigadores e
outros stakeholders;
# Contribuir para o aumento da massa crítica e do conhecimento em nanotecnologia, promovendo o surgimento de novas empresas que atuem nesta
área, garantindo investimento que potencie negócios com escala global;
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
# Criar e fomentar um fundo de capital de risco para apoiar a criação de
empresas de base tecnológica e inovadoras no Quadrilátero;
4: CRIAR REDES/
ESPAÇOS DE EXCELÊNCIA
PARA FOMENTAR O
EMPREENDEDORISMO E OS
NEGÓCIOS
# Estabelecer relações com
redes de empreendedorismo e
inovação internacionais;
# Sensibilizar os empresários já instalados a “apadrinhar” start ups ou
projetos inovadores que surjam neste território;
# Conceber um espaço informal que promova o encontro entre o público
universitário, investidores, empresários, empreendedores, investigadores
e outros stakeholders que seja dinamizado através de um conjunto de
eventos de interesse (clube de negócios);
# Agregar as políticas de empreendedorismo do território, uniformizando-as em torno de um sistema de inovação com capacidade para gerar negócios de valor acrescentado;
5: GARANTIR UM
SISTEMA INTEGRADO
DE MOBILIDADE E DE
TRANSPORTES NOS
QUATRO CONCELHOS DO
QUADRILÁTERO
# Ajustar o sistema de transportes públicos e privados ao território do
Quadrilátero como um todo, invertendo a lógica concelhia de carácter mais
individualizada que existe atualmente;
# Implementar a plataforma
multimodal
# Fomentar a utilização de transportes amigos do ambiente, menos poluidores e energeticamente mais eficientes;
# Realizar um estudo de custo-benefício para a construção de uma plataforma logística multimodal no território;
# Adotar uma estratégia de promoção, de requalificação e de gestão coletiva dos espaços de acolhimento empresarial existentes no território.
# Articular a oferta cultural das quatro cidades para o território do Quadrilátero como um todo;
6: PROMOVER A
QUALIFICAÇÃO E
ATRATIVIDADE DO
AMBIENTE URBANO DO
QUADRILÁTERO
# Promover programas internacionais de intercâmbio com cidades inteligentes e criativas de referência;
# Criar eventos mobilizadores periódicos que envolvam as quatro cidades
em torno da criatividade e da expressão artística e cultural;
# Incentivar projetos inovadores na área do comércio e da restauração,
revitalizando o centro urbano das quatro cidades.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
# Requalificar os centros
históricos das quatro cidades,
tornando-os atrativos para uma
população jovem e cosmopolita;
# Concertar os investimentos
dos municípios em infraestruturas culturais e desportivas,
considerando o território na sua
globalidade.
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104 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
6.Conclusão
As regiões não são meros espaços
produção, VAB e níveis de investi-
Porter (1998) defende que países
geográficos dado que surgem dota-
mento (nacional e estrangeiro) está
e economias prósperas não advêm
das de recursos e competências de
a revelar-se claramente insuficiente.
apenas de recursos naturais e da
variada natureza, quantidade e valor.
Esta abordagem deve ser comple-
força de trabalho disponível ou do
No caso da região Minho, é possível
mentada a outros níveis. Fatores
valor da moeda nacional. Depen-
identificar uma raiz endógena de de-
como as condições geográficas,
dem, sobretudo, da capacidade dos
senvolvimento, sendo fundamental
localização, infraestruturas existen-
seus atores utilizarem os recursos
aferir na atualidade e para o futuro
tes, recursos naturais, custo de vida
disponíveis de forma eficiente,
e a imagem urbana da região são
assim como da sua capacidade de
também fatores determinantes da
inovação e introdução de mudanças
competitividade territorial. Por sua
que garantam um desenvolvimento
vez, o desenvolvimento dos seus
sustentável. A criação e assimilação
recursos humanos, a qualidade da
de conhecimento são também con-
educação e formação, assim como
sideradas cruciais. A determinação
o nível de habilitações literárias são
da competitividade de um território
vitais no sentido de acompanharem
envolve a utilização de um indica-
e suportarem o aumento da compe-
dor tridimensional que depende de
A tendência tradicional de focar a
titividade. A questão cultural e insti-
áreas como: as relações económicas
determinação da competitividade
tucional, a existência de políticas de
internacionais; os recursos naturais,
de um território na sua estrutura
fomento e um ambiente propício aos
ecológicos, financeiros e legais; e, a
económica em elementos como a
negócios também não devem ser
localização geográfica/conjuntura
composição setorial, produtividade,
esquecidas.
económica em que se atua.
as potencialidades do seu tecido
empresarial e as capacidades da
rede em que assenta a base produtiva deste território. Embora marcado
por uma forte componente rural e
agrícola, o Minho não deixa de ser
conhecido pela sua tradição industrial e pela sua vitalidade económica
e cultural.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Na economia do conhecimento, as
papel das matérias-primas e dos
pretende dar para o crescimento,
regiões “tornam-se competitivas se
recursos naturais, enquanto fatores
desenvolvimento e internacionaliza-
forem capazes de atrair trabalhado-
decisivos para o desenvolvimento
ção de um território com base numa
res qualificados, para criar e aplicar
regional, perdeu peso em prol da
estrutura em rede que abreviada-
conhecimento no desenvolvimen-
criatividade, que surge agora como
mente se denomina por Quadrilá-
to de clusters de atividades que
fator decisivo para a competitivida-
tero. Neste sentido, constatou-se a
propiciem crescimento económico e
de territorial. Apesar disso, todos
necessidade de uma visão estratégi-
gerem níveis de vida padronizados
parecem concordar que as condições
ca agregadora e capaz, vocacionada
para os seus habitantes. Para isso,
naturais e infraestruturais de uma
para facilitar, dinamizar e aumentar
exige-se uma grande capacidade
determinada região são fatores de-
a competitividade do território e a
organizacional e de liderança. A
cisivos para a atratividade e desen-
internacionalização do seu tecido
capacidade de inserção de uma ci-
volvimento desse mesmo território.
empresarial.
dade na economia do conhecimento
De acordo com Figueiredo e Guima-
Ao longo deste estudo, foram
rães et al. (2002), a decisão de loca-
identificadas e estudadas as opor-
lização das empresas deriva quer de
tunidades a explorar para o Quadri-
fatores pessoais e de networking,
látero, apresentando-se propostas
quer de assimetria de informação
para o rumo a seguir e elencando-se
sobre o ambiente urbano e regio-
uma panóplia de ações capazes de
nal. Estes autores afirmam que, em
desenvolver os vetores estratégicos
muitas ocasiões, mesmo os investi-
definidos, num contexto de facilita-
dores bem-informados apresentam
ção do aparecimento a prazo de uma
alguma relutância em optar por
nova economia, que incorpore mais
regiões diferentes das do seu local
valor acrescentado para o território.
de residência, onde o conhecimento
O estudo desenvolvido apoiou-se na
do território e a rede de contactos
realização de 17 entrevistas explora-
é naturalmente maior. Os aspetos
tórias. Todas as entidades entrevis-
intangíveis, difíceis de mensurar,
tadas reconheceram a importância
nomeadamente a existência de
da cooperação estratégica em
relações de networking com insti-
torno de uma ideia comum para o
tuições e entidades, impossíveis de
aumento da competitividade de um
replicar em outros locais, assumem
território como este, o que pressu-
especial relevo e influência na de-
põe a aposta no capital humano, no
cisão de localização das empresas,
conhecimento, na criatividade e na
com especial destaque para as em-
excelência para a sua afirmação na
presas de capital nacional. Os laços
“aldeia global”.
define-se pela dimensão, excelência
e diversidade das suas bases económica (constituída pelas atividades
transacionáveis) e do conhecimento
(constituída pelos níveis educacional e criativo da população e pelas
instituições produtoras de conhecimento científico, cultural e artístico),
pela sua conectividade (incluindo a
digital), pela qualidade de vida que
proporciona aos seus habitantes e
visitantes, pela diversidade urbana e
pela capacidade de integração social
dos diferentes grupos populacionais que a habitam” (Martins et al.
2007:1).
As redes têm também um papel
vital aquando da seleção do local ou
região onde investir, funcionando
como meio privilegiado de divulgação de informação essencial para
apoiar o processo de decisão de
investimento. Atualmente, há dois
vetores que moldam o mundo: a tecnologia e a globalização. O primeiro
ajuda a determinar as preferências
formais e informais com entidades
públicas e privadas assumem, assim,
alguma importância na decisão da
localização do negócio.
Das principais conclusões destaca-se a necessidade de trabalhar na
criação de uma liderança clara e
uníssona para o Quadrilátero, de
humanas e, o segundo, as realidades
A importância de um trabalho desta
forma a definir e estabelecer uma
económicas (Levitt, 1991). O antigo
natureza assenta no contributo que
matriz de estratégias de atuação
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
comum a este território. A atribui-
empresarial, com recurso à organi-
Dada a sua natureza e importância,
ção de poderes e competências e
zação de tertúlias periódicas entre
este trabalho tem como objetivo
o reconhecimento institucional da
empresários e investigadores e
servir de contributo para a valoriza-
Associação Municípios de Fins Espe-
outros stakeholders, com a dispo-
ção de vetores estratégicos numa
cíficos Quadrilátero Urbano é fulcral
nibilização das infraestruturas de
para a implementação deste projeto,
I&D em prol de projetos que surjam
não podendo cingir-se ao simples
do tecido empresarial e através da
acesso e gestão de projetos de fi-
definição e desenvolvimento uma
nanciamentos público e comunitário.
Enfatiza-se e aconselha-se a criação de uma estrutura regional
estratégia para o Avepark, apostando na instalação de empresas
exclusivamente inovadoras ou de
dedicada à internacionalização e
valor acrescentado.
ao marketing territorial, que se
Para garantir as infraestruturas
foque essencialmente na atração
de IDE, no apoio à internacionalização de empresas locais e
na promoção internacional do
território.
necessárias à dinâmica empresarial nos quatro concelhos que compõem o Quadrilátero, considera-se
igualmente fundamental a adoção
de uma estratégia de promoção,
Para promover as ideias inovadoras,
de requalificação e de gestão
o I&D e a competitividade é impor-
coletiva dos espaços de acolhi-
tante criar redes e espaços de exce-
mento empresarial existentes no
lência para fomentar o empreende-
território.
dorismo e os negócios no território,
definindo-se um modelo de
transferência de tecnologia das
universidades para as empresas.
Para tal, sugere-se, por exemplo, a
criação de um fundo de capital
de risco para apoiar a criação de
empresas de base tecnológica e inovadoras no Quadrilátero, o fomento
de políticas de empreendedoris-
Na ótica da mobilidade, destaca-se
a importância de ajustar o sistema
de transportes públicos e privados ao território do Quadrilátero
como um todo e, no longo prazo,
equacionar a implementação no
território de uma plataforma
logística multimodal.
Por fim, no que se refere à cultura
mo no território, uniformizando-
e à arte, destaca-se a importância
-as em torno de um sistema de
de articular a oferta cultural das
inovação com capacidade para
quatro cidades, de promover pro-
gerar negócios de valor acrescen-
gramas internacionais de inter-
tado. Na vertente de I&D destaca-
câmbio com cidades inteligentes
-se, por exemplo, a necessidade de
e criativas e, a prazo, requalificar
existir uma maior ligação entre as
os centros históricos, tornando-
estruturas da UMinho e outras
-os atrativos para uma população
entidades do SCTN e o tecido
jovem e cosmopolita.
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
sub-região como o Baixo Minho num
país como Portugal. Como vimos,
revela-se extremamente importante para o tecido empresarial a articulação com outros agentes que favoreçam a capacitação tecnológica e
a competitividade. Tendo em conta
a perspetiva estratégica baseada
na Sociedade do Conhecimento, é
impossível descurar a abordagem
da temática em causa no âmbito
do Minho como “Região do Conhecimento”, dada a importância de
harmonização de políticas, recursos
e competências.
7.Anexos
7.1. FICHAS DE ENTREVISTA
FICHA DE ENTREVISTA N.º 1
Empresa: Balanças Marques, de José Pimenta Marques, Lda.
Interlocutor da empresa: Paulo Marques e
Tiago Pereira
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Nuno Pinto
Bastos
Caracterização da empresa: Com sede em
Braga, a empresa Balanças Marques, de José
Pimenta Marques, Lda, conta já com um historial de 40 anos. Teve início como Entidade em
Nome Individual e evoluiu para uma sociedade por quotas (em 1989). Por este motivo, a
história da empresa confunde-se com a do
seu sócio fundador.
Inicialmente, a empresa só atuava na área
das balanças industriais. Posteriormente,
a partir de 2004, as Balanças Marques
especializaram-se no fabrico de balanças para
a indústria e comércio, incluindo balanças
para supermercados, sendo hoje uma das
principais empresas a operar na Península
Ibérica nestes setores da pesagem.
Esta PME bracarense caracteriza-se por ter
uma equipa dinâmica, mas também pela
tecnologia que aplica aos produtos, balanças
integradas especialmente vocacionadas
para a indústria (logística) e para o comércio
(supermercados). A empresa investiu em
instalações novas, tendo-se mudado para um
parque industrial (Celeirós) em meados dos
anos 90 do Século XX. Beneficia de instalações modernas e funcionais, que incluem
desde áreas de construção a áreas reservadas
à assistência técnica e espaços destinados
à exposição dos produtos, atendimento ao
público e escritórios.
A certificação CE dos seus principais produtos
e, particularmente, a certificação do seu
sistema de qualidade, em 2002, foram
marcos importantes na evolução e percurso
da empresa. No ano 2005, o seu volume de
negócios internacional ultrapassou metade
da sua faturação. No ano que se sucedeu, no
quadro de uma reestruturação orgânica dos
negócios da família (Marques), a empresa foi
integrada no Grupo José Pimenta Marques, o
qual contempla outras empresas do setor de
pesagem mas também empresas de outras
áreas de negócio. Ao longo dos anos, tem obtido certificações várias no âmbito do Sistema
de Gestão da Qualidade.
Desta reorganização resultou a diversificação do produto oferecido ao mercado com a
autonomização de uma empresa dedicada
à produção de software para balanças e
design, que comercializa diretamente os seus
produtos.
Envolvente e estratégia empresarial: A
ligação à UMinho e a aposta na inovação têm
sido responsáveis pelo sucesso obtido. Refira-se, a propósito, que o software é desenvolvido internamente ao grupo empresarial.
Mais recentes são a ligação ao IPCA (design)
e a uma instituição universitária de Bilbau
(desenvolvimento de hardware/eletrónica).
Tendo hoje como base duas marcas registadas (“Marques” e “EPS”), a internacionalização
da empresa iniciou-se em Espanha (País
Basco), onde hoje em dia tem um distribuidor
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
(empresa) próprio(a). Outro mercado relevante, onde mantém operação própria, é França,
embora operem também na Áustria, entre
outros destinos.
O princípio subjacente à internacionalização
é o da procura de um parceiro técnico no país
onde pretendem operar. Essa orientação
prende-se com a aposta na oferta de respostas flexíveis aos clientes. O acompanhamento técnico dos distribuidores também é
considerado um elemento central do sucesso
da operação da empresa.
A principal ideia estratégica enunciada,
conforme já referido, exprime-se na palavra
“flexibilidade”. Sublinhada com recurso à expressão “IKEA das balanças”, isto é, a empresa
tomar por referência o modelo de produto/
operação oferecido pelo IKEA. Esta ideia
é completada por outra, que é: “o parceiro
comercial preferido é aquele que tiver mais
capacidade técnica” (independentemente da
sua capacidade comercial). Para que possam
“tratar bem o produto”, cuja durabilidade pode
ser de 20 anos, se houver uma boa manutenção, a empresa disponibiliza constantemente
formação e acompanhamento aos seus
distribuidores ou parceiros.
Como elementos promocionais, a empresa
tem um canal no Youtube e uma página no
Facebook. Por estes canais, disponibiliza
vídeos sobre a empresa e os seus produtos.
Para identificar clientes e chegar a novos
mercados, tem participado quer em missões empresariais quer em feiras, aparte
uma postura ativa em matéria de contactos
individuais.
Os responsáveis da empresa são críticos
sobre a atuação do movimento associativo
empresarial. Nas palavras de um dos entrevistados, que é vice-presidente da AIMinho, “É
difícil rendibilizar o tempo gasto no movimento associativo”.
Contributos, propostas ou opiniões: Os
principais contributos e propostas retiradas
desta entrevista são descritos nos pontos
seguintes.
i) Considera a localização da sua sede a mais
adequada. Foi dito por um dos entrevistados
que “Não vejo outra região mais interessante
que esta para operarmos”. Todavia, acrescenta que “Gostava muito de chegar a um país
como um cluster, em vez de ter de provar o
que fazemos - alguns clientes nem sabem
onde fica Portugal”.
ii) São críticos do movimento associativo
empresarial e descreem do trabalho dos
chamados especialistas (consultores) de
internacionalização.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 2
empresário).
Empresa: Primavera - Business Software
Solutions, S.A.
Atualmente, a Primavera BSS está presente
em Portugal, Espanha, Angola, Moçambique,
Cabo Verde e Guiné-Bissau, sendo líder de
mercado em muitos destes países. Foi estudado o mercado brasileiro, tendo-se concluído
que os produtos da Primavera BSS não estão
adequados às especificidades (fiscais) do Brasil. Também foi estudado o mercado polaco.
Interlocutor da empresa: José Dionísio
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Nuno Pinto
Bastos
Volume de negócios (2012): 15 milhões
de euros
Nº de empregados (2012): 220 empregados
% de exportação (2012): 40%
Caracterização da empresa: Nasceu em
1993 (ano de crise) pela mão de dois promotores, então provenientes de outra empresa
do setor, onde trabalharam durante 7 anos.
No dizer do entrevistado, “A crise aguçou o
engenho”. A oportunidade tecnológica detetada baseou-se na conceção de um software
de gestão baseado no sistema operativo
Windows, ao invés de MS-DOS, como acontecia com os restantes softwares existentes
no mercado.
Não nasceu numa garagem, mas quase. Tendo nascido num apartamento, com o objetivo
de desenvolver soluções de vanguarda que
respondessem às necessidades futuras das
empresas. Criada e sedeada em Braga, a
Primavera BSS é atualmente o maior fabricante português de software de gestão para
o mercado empresarial. A Primavera BSS é
hoje uma empresa que se dedica ao desenvolvimento e comercialização de soluções
de gestão e plataformas para integração de
processos empresariais num mercado global,
disponibilizando soluções para as PME, as
Grandes Organizações e a Administração
Pública.
Em 1994, não estavam a pensar na internacionalização mas curiosamente, três anos
volvidos, estavam internacionalizados. Este
processo iniciou-se em 1997, através dos
PALOP, muito por força do contexto familiar
de ambos os empreendedores, de origem
angolana e moçambicana. A introdução do IVA
- Imposto sobre o Valor Acrescentado nestes
países, na década de 90 do Século XX, fez
com que procurassem soluções em Portugal.
Foram decisores (contactos) portugueses que
colocaram a empresa nestes outros mercados.
Há sete anos (2006), entraram em Espanha
(Madrid) e, para isso, tiveram de recorrer
à banca, solicitando 500 mil euros. A ideia
inicial era adquirirem uma empresa local mas
tal não foi conseguido. Espanha foi desde o
início um mercado muito difícil, entre outros
motivos, pela multiplicidade de comunidades
autónomas e de línguas/culturas regionais.
Só agora começam a recuperar parte do investimento realizado (mas 4 milhões de euros
não são recuperáveis no curto prazo, referiu o
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
A empresa pertence ao grupo das 500 maiores empresas europeias com maior potencial
de crescimento, num ranking promovido pela
Growth Plus. Em 2006, ganhou o prémio PME
Inovação, atribuído pela COTEC Portugal e,
em 2009, renovou a sua presença na Rede
Inovação da COTEC.
Segundo José Dionísio, a sua empresa é
um negócio atrativo para outros (grandes)
operadores do mercado.
Envolvente e estratégia empresarial: Os
dois responsáveis pela Primavera BSS foram
alunos da UMinho e reconhecem a importância que esta instituição tem tido para a
região, nomeadamente para o desenvolvimento de iniciativas empresariais na área das
tecnologias de comunicação e informação. A
localização em Braga também é facilitadora
do acesso a mão-de-obra especializada, com
custos competitivos relativamente a outras
localizações mais centrais.
Quando quiseram internacionalizar-se,
verificaram que não tinham dimensão para
o fazer. Um processo de internacionalização
incorpora riscos elevados e são necessários
recursos que permitam a instalação num
outro país, onde é necessário contrariar a distância e conquistar a confiança do mercado.
Da experiência acumulada, concluíram que o
country manager tem de ser português para
que resulte. Para além disso, é importante a
informação sobre o mercado e apoio ao nível
de serviços de consultoria que facilitem os
“contactos certos”. Entre 2013 e 2015, pretendem alargar o seu negócio para França.
Apesar das dificuldades sentidas com a
operação em Espanha, foi dito que não têm
nenhum dado que dê substância à ideia de
existência de descrédito nos produtos de
origem portugueses, realçando, por exemplo,
o facto de os seus produtos em África serem
“estrelas”.
Contributos, propostas ou opiniões: Da
conversa com José Dionísio, foi possível retirar
alguns pontos que considera pertinentes ou
fundamentais, a saber:
i) A estrutura da AICEP precisaria de estar
mais fora do país e não tanto cá dentro. A
ideia seria trabalhar no exterior para Portugal.
O que se verifica atualmente é que os recursos “fora de portas” são escassos, resumindo-se à presença de uma pessoa no país de
destino e a um papel de cariz essencialmente
informativo. Acresce o facto de que a avaliação do desempenho dessa pessoa deveria
ser efetuada com base em objetivos que
tivessem a ver com a concretização efetiva de
negócios das empresas portuguesas nesses
países. Se assim fosse, essa pessoa estaria
motivada e interessada em fazer o follow up
e “puxar” as empresas portuguesas para esse
mercado;
ii) “Não há profissão que seja tão exigente como ser empresário”: em Portugal há
licenças e certificados para tudo, mas para
ser empresário qualquer um pode sê-lo sem
que seja necessária qualquer preparação para
esse efeito;
iii) O tecido associativo encontra-se repartido
por cidades/concelhos. Os líderes não estão
lá e não se encontram espaços (ex.: clubes)
destinados a uma elite empresarial, facilitadores do networking e dos negócios. Para
além disso, não se revê na “linguagem das
associações”, quer regionais quer nacionais;
iv) Deveriam existir políticas de ordem fiscal
para incentivar a fusão de empresas. Pelo
contrário, temos “Empresas na Hora” que
praticamente não necessitam de capital
social e que fomentam a que sejamos um país
composto por empresas unipessoais;
v) Os clusters, nomeadamente o das TIC,
resumem-se a 5/6 empresários que se dão
bem, o que é manifestamente pouco;
vi) Este território carece de políticas de
marketing que o promovam: a título de
exemplo, refira-se os Seminários do Expresso,
que decorreram recentemente, em que a
“demografia” foi o tema discutido em Braga e
a “tecnologia” foi o tema abordado em Aveiro.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 3
Empresa: Silicolife, Lda.
Interlocutor da empresa: Simão Soares
Consultores: Álvaro Cristóvam; Nuno Pinto
Bastos
Volume de Negócios (2012): 103 mil
euros
Nº de empregados (2012): 6 trabalhadores
% de exportação (2012): 100%
Caracterização da empresa: A Silicolife foi
fundada a 14 de abril de 2010 por elementos
do Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia, Laboratório Associado (UMinho e
Instituto Superior Técnico) e do Centro de
Ciências e Tecnologias da Computação da
UMinho. A empresa, spin-off do programa
MIT Portugal Bioengenharia, é uma start up
dedicada à criação de soluções de Biologia
Computacional para as Ciências da Vida. O seu
quadro técnico apresenta larga experiência e
know-how nesta área e conta já com diversas
colaborações internacionais.
Desde a sua génese, tem beneficiado de
alguns apoios proporcionados por estruturas
da UMinho: a TecMinho (através do IdeaLab);
o Liftoff (a primeira sede da empresa foi no
edifício da AAUM - Associação Académica
da Universidade do Minho); e, o Spinpark
(incubadora onde se encontra a funcionar
atualmente). Neste processo de afirmação, foi
vencedora de um concurso nacional de empreendedorismo - o “Atreve-te 2010”- onde
obteve um apoio monetário de 30 mil euros.
O modelo de negócio consiste na prestação
de serviços de computação especializada, para apoio a projetos e processos de
investigação, em regra a grandes empresas
industriais que não possuam departamentos
próprios. A empresa fundamenta-se nos seus
recursos técnicos internos e na fonte de alimentação de recursos humanos da UMinho.
A Silicolife disponibiliza serviços altamente
especializados, e normalmente ausentes nas
empresas dos setores da Biotecnologia e da
Saúde, procurando maximizar a rentabilização
das potencialidades oferecidas pela análise
de informação de origem genómica na I&D
nestes setores, bem como fornecer soluções
no âmbito da exploração de diversos tipos de
dados experimentais.
A empresa procura colmatar a ausência,
verificada em diversos tipos de empresas, de
vários serviços e produtos que colocam as
Ciências da Computação ao serviço da Saúde
e da Biotecnologia industrial. Para tal, oferecem diferentes serviços e ferramentas, desde
o tratamento estatístico de dados biológicos,
a sua exploração, análise e integração, até à
reconstrução de modelos de microrganismos
e sua utilização na otimização de estirpes in
silico.
Os setores-alvo são a petroquímica e os laboratórios/produtores de medicamentos. Trata-se de uma born global firm, razão porque
atua desde o seu início para o mercado global
(especialmente USA, Japão e Europa). Como
se percebe, é pouca a presença de clientes
nacionais.
Esta microempresa tem a sua gestão técnica
e de marketing centralizada no CEO (Simão
Soares), recorrendo ao aconselhamento
científico de professores investigadores da
UMinho (alguns dos quais sócios deste projeto empresarial). Esta ligação privilegiada aos
centros de saber, permite-lhe beneficiar de
uma network internacional importante.
O facto de terem valorizado a análise estratégica e o plano de negócios para a constituição
da empresa (2010), justifica o facto de terem
conseguido os primeiros contactos comerciais
em 2011 e a assinatura do primeiro contrato
em 2012. A empresa tem já em curso projetos
com clientes de peso. Na sua estratégia de
negócio tem privilegiado a participação em
diversos eventos, como o European Forum
for Industrial Biotechnology and Biobased
Economy, em 2010, onde fez a sua primeira
apresentação internacional. Só desta participação resultaram dois contratos com multinacionais estrangeiras que dada a sua dimensão
ainda se encontram em curso. Esta tem sido a
sua estratégia de entrada no mercado, sendo
que a proximidade com a UMinho tem proporcionado algumas vantagens, nomeadamente
algumas colaborações nos Estados Unidos, na
Espanha, na Dinamarca e em Inglaterra.
Envolvente e estratégia empresarial:
O mercado-alvo dos serviços prestados pela
Silicolife reside na intersecção entre o mercado da Bioinformática, Biologia e Sistemas
e o mercado da biotecnologia industrial.
A maior aposta desta PME recai sobre a
Simulação e Otimização de microrganismos,
pois observa-se o seu grande potencial de
mercado, sobretudo devido ao interesse
crescente das indústrias de biotecnologia. No
futuro perspetiva-se que muitos processos
na indústria química, na têxtil e em outras indústrias tradicionais serão progressivamente
substituídos por processos de biotecnologia.
O desenvolvimento de produtos inovadores
em biotecnologia está, por isso, intimamente
relacionado com desenvolvimentos científicos, expresso na elevada formação dos
recursos humanos e no peso das atividades
de I&D das empresas.
Atuando no mercado global e dada a reduzida
dimensão do mercado nacional, a proximidade da UMinho tem servido de alavanca para
a inserção comercial. A aposta na inovação
e no I&D faz parte do ADN da empresa, tudo
fazendo para se relacionar ao máximo com
a sua envolvente. As empresas tecnológicas
nacionais são aceites com naturalidade nos
mercados internacionais. O custo dos recursos humanos pode ser fator de vantagem
em termos europeus (embora seja relativo,
atendendo a que há regiões com potencial
tecnológico, ainda mais baratas).
A empresa identifica como principais dificuldades, o acesso aos clientes e a impossibilidade de usar os clientes como referência no
processo de angariação de novos clientes (o
sigilo e a reserva têm cláusulas muito exigentes nos contratos obtidos).
Ao nível associativo, é sócia da APBio - Associação Portuguesa de Bioindústrias (principal
interlocutor com a UE para as estratégias
nesta área “bio”).
Contributos, propostas ou opiniões: Da
entrevista destacam-se os seguintes pontos:
i) A presença no Minho como natural, reconhecendo vantagens na angariação de recursos humanos qualificados (a UMinho tem boa
cotação na área em que atuam).
ii) A sua presença no Avepark/Spinpark não
compreende elevados custos e é interessan-
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110 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
te na ótica do marketing (em virtude de se
tratar de um parque tecnológico). O problema
que apontam é a sua localização, o défice
de estratégia e o dinamismo deste tipo de
estruturas.
iii) O ponto de maior desvantagem será a
limitação do mercado nacional, a burocracia,
a ausência de uma estratégia de cluster tecnológico e um capital nacional muito restrito
que dificulta financiamento.
iv) As ações de grande envergadura - do
tipo mega missões AICEP, com presença de
governantes, etc. - são eventos que interessam apenas aos grandes grupos económicos
e menos às pequenas empresas tecnológicas.
Para além disso são, em geral, demasiado institucionais (pelo que não ajudam a resolver as
dificuldades deste tipo de empresas, as quais
são essencialmente quotidianas);
ii) Valoriza apoios específicos, não burocratizados e que estejam ao alcance da capacidade administrativa/financeira das start
ups (ex: captação de fundos para arranque e
expansão, angariação de projetos públicos,
financiamento da presença em feiras e de
outras despesas de promoção nos mercados, preparação de contactos com outros
mercados, serviços de informação comercial, fomento da cooperação e da prática de
clustering);
iii) Uma eventual “estrutura” pode ser interessante para as empresas emergentes (tecnológicas, para o mercado global), mas com
regras claras e simples: liderança eficiente,
estratégia bem definida para apoio a micro e
pequenas empresas; baixo custo operacional;
especialização na exportação de conhecimento; e, foco nos apoios quotidianos.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 4
Empresa: S.I.C.I. 93 Braga - Soc. de Investimentos Comerciais e Industriais, S.A.
Interlocutor da empresa: António Ressurreição
Consultores: Francisco Carballo-Cruz; Nuno
Pinto Bastos
Volume de negócios (2012): 5 milhões
de euros
Nº de empregados (2012): 32 trabalhadores
% de exportação (2012): 100%
Caracterização da empresa: António
Ressurreição, promotor, impulsionador e
dirigente da S.I.C.I. Braga - Soc. de Investimentos Comerciais e Industriais SA, é licenciado
em Engenharia Têxtil pela Universidade do
Minho. Desempenhou funções no setor até
decidir abrir esta empresa, muito por força da
sua discordância com o rumo que se estava
a seguir.
A S.I.C.I. foi fundada em 1993 e, desde essa altura, a sua produção é totalmente destinada
ao mercado externo (born global firm). Situada em Braga, a empresa dedica-se à confeção
de vestuário, trabalhando sobretudo com o
private label, nomeadamente para grandes
marcas internacionais que se direcionam para
um segmento de mercado médio-alto.
A empresa cedo percebeu a importância da
“terciarização” do processo produtivo, valorizando a componente dos serviços que poderia prestar para incorporar valor na cadeia
produtiva. Foi assim que, ao contrário do que
acontecia com a maior parte das empresas do
setor em Portugal, começou a integrar serviços na sua oferta, como são disso exemplo os
serviços prestados ao nível do design. A relação de proximidade com o cliente e a lógica de
parceria de negócio alimentaram desde muito
cedo este princípio.
Aliás, o mercado daquela altura (década de
90 do Século XX) começava a dar uma importância crescente ao mix do preço no processo
de escolha do fornecedor. Os serviços viriam
a revelar-se um fator crítico de sucesso
da S.I.C.I., na medida em que criavam uma
interdependência da empresa com os seus
clientes.
O mercado internacional era muito regulamentado, mas com a globalização sofreu profundas alterações, o que implicou um maior
foco estratégico e adaptações constantes
ao modelo de negócio. Em 1999, nasce um
segundo projeto empresarial: a NaturaPura
Ibérica - Produção e Comércio de Produtos
Naturais S.A.. Esta ideia de negócio surgiu
com os movimentos ecológicos verificados
no Centro da Europa, em meados da década
de 90 (Século XX). A empresa da marca
“Natura Pura” dedica-se ao fabrico e venda de
produtos orgânicos, denominados por Têxteis
Verdes ou eco-têxteis, contribuindo para a
sustentabilidade do planeta. A sua produção
é destinada ao mercado interno (50%) e ao
mercado externo (50%).
Em 2004/2005 nasce uma terceira empresa nas instalações da S.I.C.I., a denominada
PlayVest S.A.. Este projeto empresarial
insere-se no subsetor dos têxteis funcionais
(os denominados Smart Textiles) e a sua
produção é totalmente destinada ao mercado
externo.
Envolvente e estratégia empresarial: “O
mundo está a mudar e muda para todos”, considera o promotor. Neste seguimento, tem-se
verificado um efeito “Cauda Longa”, que veio
substituir a venda grandes quantidades de
produtos menos variados, pela venda de
poucas quantidades de uma maior variedade
de produtos.
O promotor considera que Portugal beneficia
neste momento de algumas circunstâncias
específicas: verifica-se uma mudança no
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
mundo em relação ao custo do dinheiro (os
custos financeiros no nosso país são mais
reduzidos, dado que não há cartas de crédito);
quanto ao custo do petróleo, o transporte
de mercadorias na Europa é mais barato; a
Pegada do CO2, cujos efeitos se traduzirão
num aumento dos custos de transporte
também são uma oportunidade; e, ao nível da
Segurança, não existe instabilidade política e
violência, do mesmo modo que acontece em
outros países que competem nesta área com
Portugal.
Para o dirigente, o que mais lhe interessa é
saber qual a estratégia do cliente-alvo e de
que modo a empresa se pode encaixar na
mesma (importa ser um espécie de “Provedor
do Cliente”). Em sua opinião, as empresas
devem ir ao encontro do cliente que lhes interessa e serem capazes de “pescar” o cliente.
O empresário valoriza também os aspetos
mais intangíveis do negócio. Por isso, aposta
fortemente nas relações informais, nas redes
pessoais e na network que se consegue criar.
A estratégia da S.I.C.I. passa pela dispersão
do risco, aspeto que o leva a investir em áreas
diferentes dentro do setor em que atua.
Contributos, propostas ou opiniões: Da
entrevista com o promotor, destaca-se:
i) Existe neste território uma série de especialistas em diversas áreas da cadeia de valor.
Todavia, há custos de contexto desfavoráveis, a “política fiscal é cega” e não podemos
passar subitamente de um certo laxismo para
uma evidente rigidez, pois o processo tem de
ser incremental e construtivo e não radical e
destrutivo.
ii) Nos últimos 40 anos, a Universidade do
Minho foi o investimento estrutural mais
importante que se realizou neste território.
Quanto ao INL e ao Avepark ainda não se
veem os seus efeitos e entende necessário
que tenham impactos visíveis no território.
Para isso, é necessária a existência de uma visão global, estratégica, integradora suficientemente forte e capaz de orientar os agentes
e os projetos para o mesmo sentido;
iii) Ao nível do empreendedorismo, considera
que não deve ser o aluno da UMinho a ter
de procurar financiamento nos Business
Angels ou outros investidores. Pelo contrário,
sugere que a universidade é que deveria ser
responsável por criar condições para que os
investidores possam ir à universidade conhecer as ideias e projetos;
iv) Considera necessário alterar aspetos
culturais importantes, pouco abertos à
cooperação;
v) As associações empresariais e sindicais
têm um papel importante na sociedade em
geral, e na região, em particular. Assim, estas
organizações deveriam ter como razão de ser
“pensar, propor, intervir e ter uma visão para
o território”. Devia ser esse o seu principal
papel, ao invés de se envolverem em projetos
que se resumem à sua “sobrevivência”;
vi) Os apoios e incentivos destinados às
empresas não estão bem formatados e
dá o exemplo da formação financiada, tão
genérica, rígida e burocrática. Na sua opinião,
falta a disponibilização de formação mais
especializada e adequada às necessidades
reais do tecido empresarial, isto é, “formação
com retorno”. Por exemplo, uma empresa que
adquira um equipamento produtivo novo e
complexo, cuja formação tem de ser contratada no estrangeiro e é altamente dispendiosa.
Contudo, se a empresa tivesse a oportunidade de enviar uma pessoa para outro país
receber formação aplicada nesse equipamento, em que os custos pudessem ser comparticipados, isso era realmente interessante e
teria impacto, até porque internalizávamos
competências e essa pessoa poderia integrar
nos quadros da empresa após a formação.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 5
Empresa: Critical Materials, Lda.
Interlocutor da empresa: Prof. Doutor
Gustavo Dias
Consultores: Álvaro Cristóvam; Nuno Pinto
Bastos
Volume de negócios (2012): 635 mil
euros
Nº de empregados (2012): 20 trabalhadores
% de exportação (2012): 60%
Caracterização da empresa: A Critical Materials está sedeada em Guimarães desde o
início da sua atividade, em 2008. A criação da
empresa resultou de uma Joint Venture entre
o Grupo Critical Software e dois investigadores da UMinho. Por um lado, o Grupo Critical
Software forneceu e fornece o suporte
necessário para a entrada e manutenção no
mercado, e, por outro lado, os dois investigadores da UMinho contribuem com a experiência e know-how na área dos materiais e
estruturas.
A empresa atua no ramo das atividades de
programação informática, mais especificamente, fornece soluções tecnológicas e produtos de tecnologia de diagnóstico, avaliação
e manutenção de diversos equipamentos,
designadas tecnologias SHM (Structural
Health Monitoring).
Os fundadores da Critical Materials possuem mais de dez anos de experiência em
I&D, nomeadamente no campo da análise
estrutural e desenvolvimento de materiais e
aplicação dos mesmos às indústrias aeronáuticas, espacial, automóvel, da energia e das
infraestruturas. Os promotores desenvolve-
ram trabalhos de referência com empresas de
renome nacional e internacional, tais como a
Simoldes, Plasfil, PSA, AutoEuropa, Amtrol-Alfa, Boeing, Lockheed e ESA, entre outras.
A Critical Materials tem como objetivos
principais oferecer serviços e produtos que
possibilitem o aumento da durabilidade dos
equipamentos, sistemas de monitorização
das estruturas dos aviões e helicópteros
e sistemas de monitorização, diagnóstico
e prognóstico com aplicação em condutas
de petróleo, turbinas eólicas, entre outras
infraestruturas energéticas.
Os mercados-alvo e os setores-alvo da Critical
Materials são diversos, tratando-se de uma
born global firm: “A Europa não é internacionalização para nós”, refere o dirigente. A
equipa técnica da empresa é multidisciplinar:
os seus quadros têm formação nas áreas de
engenharia dos materiais, eletrónica, software e hardware, características singulares que
permitem o desenvolvimento de soluções
tecnológicas inovadoras por si só e também
pela aplicação de diferentes domínios do
saber. Materials with intelligence é a assinatura de marca da empresa. Na sua essência
estão três aspetos que a empresa considera
cruciais: Software, Materiais e Hardware.
Envolvente e estratégia empresarial: O
setor das TIC caracteriza-se por uma mão-de-obra qualificada, com grande versatilidade,
elevada empatia cultural, preços competitivos, qualidade das instituições de ensino
superior e de I&D, incluindo instituições de
interface, e acesso privilegiado a mercados
de língua oficial portuguesa com elevado
crescimento projetado.
A crise económica e financeira no mundo
desenvolvido, em particular na Europa e em
Portugal, a emergência de novos modelos
de negócio nas TIC, com propensão à grande
escala, e a deslocalização de multinacionais
resultam no quadro de ameaças. Outros pontos fracos que devem ser melhorados estão
relacionados com a insuficiente orientação
para o exterior do setor TIC português. De
facto, existe uma oferta indiferenciada e de
baixo valor acrescentado, não obstante os
desenvolvimentos mais recentes no software
e nos serviços em matéria de IDE. Há ainda
problemas de imagem global do país; os mercados internacionais não associam Portugal a
tecnologia nem a um país inovador.
A estes fatores acresce a falta de players
nacionais de dimensão, com massa crítica
e capacidade para marcar presença em
concursos internacionais e para alavancar a
estrutura das nossas PME. A tudo isto junta-se a baixa capacidade do setor TIC nacional
para desenvolver software e soluções TIC
escaláveis, passíveis de serem produzidos
e vendidos internacionalmente, devido a
debilidades em matéria de gestão de produto,
marketing, vendas e valorização económica
da I&D e da Propriedade Intelectual.
Analisando os pontos anteriores, verifica-se que a Critical Materials encontra-se bem
posicionada face à concorrência, principalmente no sentido em que não partilha com o
setor os pontos fracos identificados. De facto,
a cooperação com o SCTN é permanente, os
seus recursos humanos detêm qualificações
superiores e a aposta na inovação é intrínseca à missão empresarial, possuindo mesmo
um departamento de I&D. Por outro lado, a
Critical Materials pertence a um grupo português que desde a sua génese trabalhou com
os mercados externos e, por esse motivo, os
produtos produzidos pela empresa adaptam-se a qualquer mercado internacional.
No futuro imediato, o principal objetivo da
Critical Materials é a consolidação da empresa
e dos seus produtos e serviços no mercado
e aumentar o seu rendimento financeiro.
Para tal, como estratégia de curto prazo, tem
investido na área da energia eólica offshore. As especificações e a versatilidade do
seu principal produto, o PRODDIA, têm sido
aproveitadas neste nicho de mercado ainda
em desenvolvimento. Se por um lado, as tecnologias para equipamentos eólicos onshore
estão já muito desenvolvidas, por outro lado
ainda existem desenvolvimentos insuficientes para as tecnologias de near offshore e
deep offshore. Esta PME encontra-se já a
desenvolver alguns trabalhos nesta área.
Também na área de negócio da aeronáutica,
a empresa decidiu-se por uma estratégia
de curto prazo, através da adaptação do
PRODDIA aos helicópteros, sendo este um
mercado light quando comparado com os
aviões, permite no entanto algum retorno
financeiro no curto prazo.
A Critical Materials aposta fortemente na
componente de inovação, investigação e desenvolvimento. Como perspetivas de futuro
pretende desenvolver uma tecnologia EMI
(Electro - mechanical impedance) que é uma
tecnologia de diagnóstico (SHM) e de controlo
de qualidade dos processos de fabrico e de
diagnóstico, com diversas aplicabilidades.
Também é objetivo da Critical Materials, o
reconhecimento e atuação internacional
e, para isso, tem beneficiado de programas
europeus destinados a apoiar o I&D e a internacionalização, o que lhe permite conhecer
as características intrínsecas dos países-alvo
e aumentar a sua notoriedade em mercados
como o Reino Unido (onde a indústria de defesa é muito desenvolvida e interessada em
nova tecnologia) e o Brasil (onde esta é uma
área emergente, do ponto de vista do crescimento). No futuro, não exclui a hipótese de
virem a ter uma subsidiária no Reino Unido.
Contributos, propostas ou opiniões:
Segundo o dirigente da Critical Materials:
i) Falta especialização à diplomacia económi-
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
ca portuguesa; além de ser, em parte por essa
razão, pouco operacional. A este propósito focou o seu contacto com a realidade do Reino
Unido, que possui instrumentos operacionais
interessantes como é o caso da UKTI. Trata-se
de uma estrutura de diplomacia económica
de facilitação local, que estabelece contactos,
apoiam as empresas na criação de ambientes
favoráveis aos negócios e à venda, visitam
inclusivamente empresas estrangeiras que
têm negócios com o Reino Unido e fazem o
follow up destes processos.
ii) O Minho (ou o Quadrilátero) tem uma
relação ambivalente com o Porto e “sofre” por
estar na sua órbitra, dificultando ações que
ultrapassem essa condição. Porém a região,
com uma taxa de desemprego muito elevada,
tem hoje excelentes condições de partida
para um projeto de desenvolvimento regional
a médio/longo prazo, dispondo objetivamente
de um apreciável potencial: a UMinho e seus
interfaces (TecMinho/GAPI, Avepark/Spinpark, 3B’s, CVR, PIEP eCCG); o INL; uma população jovem e qualificada; vontade empreendedora em contexto académico/tecnológico;
e, um interessante tecido (ainda) industrial
tradicional (setores têxtil, calçado, construção e metalurgia), potencialmente capaz de
absorver processos de I&DT).
iii) A ligação mais estreita entre o potencial
de software proporcionado pela academia e
o tecido empresarial é ao mesmo tempo uma
necessidade e uma forte possibilidade, com
vista ao upgrade de inovação e tecnologia
de que a indústria carece, por um lado, e ao
acesso à indústria que é vital para os investigadores/tecnólogos, por outro. O objetivo
dessa “parceria” resultaria na capacidade
sustentada de oferecer ao mercado global
produtos/soluções de maior valor. O resultado
económico deve ser um dos focos estratégicos deste processo;
iv) É necessária uma aposta efetiva no
empreendedorismo tecnológico. Neste
território sente-se que “há vontade de fazer
coisas”, até pelos concursos de ideias, mas
há concursos a mais. É preciso criar empresas
tecnológicas e incubar start ups no tecido
empresarial envelhecido. Na opinião do
empresário, nem todos os projetos/ideias
devem originar a criação de novas empresas.
Na maior parte dos casos, faz mais sentido
integrá-las em empresas já existentes, dado
que pode beneficiar ambas.
v) É preciso “reinventar” os setores
tradicionais (têxtil, construção) através das
TIC e do software. Existem condições para
apostar na área da saúde e especializar
em nichos, isto é, áreas técnico-científicas
capazes de ancorar negócios e produtos
de elevado valor acrescentado, podendo
fazer cruzamentos (software com materiais, software com biológica, biológica com
materiais, etc). Depois é necessário “pagar
para ver”, alterando a cultura e as condições
de financiamento. Em 10/15 anos é preciso alterar o tecido empresarial da região, mas para
isso é necessário uma maior articulação (em
especial na UMinho) e uma visão agregadora
para direcionar os recursos existentes para
o que faz sentido. É necessária uma maior
articulação entre a UMinho e as associações empresariais para mudar a estrutura
industrial e económica, criando conexões com
o que já está estabelecido e proporcionando
um stream de ideias constante (com seed e
venture capital e outros meios financeiros
para o “salto grande”);
vi) O processo de financiamento, nas várias
fases do desenvolvimento dos projetos é
vital, tendo mesmo de ser pensado e operacionalizado para evitar bloqueios inibidores
que desanimam, levam ao fracasso ou ao
abandono prematuro. O financiamento
deverá ser faseado, primeiro assegurando
as várias fases do percurso: investigação,
desenvolvimento de soluções e protótipos,
licenciamento/patentes, criação de empresa,
acesso aos mercados de destino;
vii) Em seguida, haverá uma questão de mega
financiamento e/ou de capitalização. Após a
consolidação das fases anteriores, é fundamental alavancar o crescimento da estrutura
empresarial visando criar empresas globais.
Situação que requer a existência de fundos
específicos e de acesso a capital de uma forma estruturada (de novo, o dirigente referiu o
exemplo do Reino Unido e o seu conhecimento do trading investment aí praticado).
com base no retorno económico e não na
área do saber. A própria UMinho não deveria
prestar serviços que já estão no domínio das
empresas e do mercado, mas sim serviços
com inovação e com risco tecnológico. O contexto só se modifica com geração de ideias,
financiamento/parcerias público-privadas e
ferramentas empresariais (investimento e
fusões/aquisições numa fase mais madura do
processo);
xii) A opinião quanto à criação de um organismo regional para desenvolver um projeto
de internacionalização para o território,
não sendo precisa, é positiva mas com
reservas. As barreiras podem vir de dentro,
especialmente das estruturas existentes,
dos objetivos do próprio projeto e, acima de
tudo, da liderança… Todavia, considera que a
avaliação dos seus resultados deve ser feita
através da taxa de conversão em negócio
que conseguirem produzir ou facilitar. Esta
entidade devia evitar o que as associações
empresariais costumam fazer, isto é, “misturarem tudo”. Para além disso, podia apoiar na
“desburocratização” dos projetos financiados
e, simultaneamente promover a consolidação
empresarial (existe um estigma em que cada
um quer ser “dono da sua quinta”) e a fusão/
aquisição de empresas (agregando muitas
“pequeninas”).
FICHA DE ENTREVISTA N.º 6
Empresa: Coltec - Neves & Companhia, Lda.
viii) Para além disso, era importante a criação
de fundraising (com capitais públicos e privados) com capacidade para captar recursos
capazes de gerar “campeões”. Existe um
problema de capitalização das empresas
tecnológicas: são necessários acionistas de
longo prazo ao invés de empréstimos;
Interlocutor da empresa: Francisco
Fernandes
ix) O complexo AvePark/Spinpark carece de
definição, de uma ideia estratégica sustentada, que cative os empreendedores nacionais/
locais e o investimento industrial externo,
que favoreça a continuidade do projeto (ex.:
criação de um campus destinado apenas
a empresas de software). Ainda carece de
empresas-âncora e com dimensão. A este nível há, seguramente, bastante a fazer, a partir
do que já existe e que pode ser potenciado
quase de imediato. Mediante uma estratégia
sustentada e conjugação de vontades das
forças locais/regionais, mas com objetivos
bem definidos;
Nº de empregados (2012): 35 trabalhadores
x) Existe a necessidade de uma maior mobilidade entre os quatro concelhos. A mobilidade
física no Quadrilátero é reduzida. Um metro
de superfície ou uma rede ferroviária escalável que ligue inicialmente Guimarães a Braga
poderia fazer todo o sentido;
xi) É fundamental uma visão comum para o
território. Esta visão tem de ser apontada
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Carlos
Pereira
Volume de negócios (2012): 3,5 milhões
de euros
% de exportação (2012): 32%
Caracterização da empresa: A empresa
Coltec foi criada em 1981 com o intuito de
comercializar produtos para o calçado a
retalho e fornecer serviços ligados ao setor.
Na fase inicial, a empresa não dispunha de
linha de produção própria, tendo que recorrer
a subcontratados para a realização dos seus
produtos.
No final da década de 80, a empresa investiu
em maquinaria para o calçado que lhe
permitiu aumentar o seu leque de produtos
para colmatar necessidades específicas neste
setor. As funcionalidades da maquinaria
adquirida e a sua capacidade de produção
originaram novos produtos e pautaram a
entrada da marca em novas áreas de negócio:
calçado, têxteis-lar; e têxteis técnicos, como
por exemplo o setor automóvel.
Em 2004 a empresa decidiu mudar de instalações, de que resultou a implantação atual,
no parque industrial de Sezim. Esta mudança
visou o alargamento da sua infraestrutura,
tornando viável a instalação de tecnologias
de laminação, o que permitiu à empresa
desenvolver novas áreas de negócio, (tecnologias de colagem de materiais; aplicações
no âmbito dos têxteis-lar; vestuário técnico;
aplicações no âmbito dos calçado; aplicações
no âmbito da área da saúde) definindo assim
aquilo que a empresa faz atualmente.
A estratégia de produção da Coltec passa
pela aposta na disponibilização de gama
alargada de produtos e por uma resposta
centrada no cliente, isto é, flexibilidade de
resposta às necessidades do cliente. A Coltec
não produz diretamente para o consumidor
final. Os fatores competitivos em que aposta
são: a flexibilidade; a qualidade; e o desenvolvimento/inovação. A empresa pretende
colmatar lacunas existentes nos mercados
em que opera, oferecendo assim uma solução
personalizada a cada cliente.
Envolvente e estratégia empresarial: A
Coltec procura oferecer produtos de elevada
qualidade, apostando na inovação e desenvolvimento constante, aparte o cumprimento
de prazos na resposta às encomendas. Para
tanto, mantém uma política de vigilância tecnológica no exterior (nomeadamente, através
da visita a feiras), por forma a acompanhar os
desenvolvimentos tecnológicos que vão ocorrendo (novos produtos; e novos mercados).
A Coltec marca presença assídua em feiras no
exterior, normalmente acompanhada de outros empresários portugueses, que permitem
a realização de contactos no mercado externo. Também tem participado em missões
empresariais organizadas pela AICEP. Sobre a
AICEP anota a preocupação deste organismo
em trazer algum “mercado”, se bem que entenda os contactos propiciados nem sempre
são direcionados como deviam ser.
Neste momento, a empresa têxtil está presente apenas no mercado europeu, particularmente em Espanha, Bélgica e França. A
empresa exporta diretamente cerca de 40%
da sua produção, estimando o engenheiro
Francisco Fernandes que 70% dos produtos poderão chegar ao mercado externo
indiretamente, por meio dos seus clientes.
Por esta via, sabe-se que os produtos Coltec
já chegaram ao Japão e aos Estados Unidos da
América, por exemplo.
Sabendo que a entrada no mercado asiático
(principalmente na China) é inatingível, a
Coltec encontra-se a delinear estratégias que
lhe permitam entrar no Brasil e nos mercados
africanos, aproveitando as vantagens da
partilha da língua, nomeadamente.
A atual crise financeira que o país atravessa
abala um pouco a imagem que os seus clien-
tes internacionais têm da marca portuguesa.
No entanto, os clientes acabam por reconhecer a qualidades dos produtos assim que
estabelecem contacto direto ou começam a
ser fornecidos pela Coltec.
No mercado interno também se verificam
algumas dificuldades. Contudo, os efeitos no
volume de negócios agregado não se fazem
sentir porque a empresa tenta compensar a
quebra de vendas nos produtos mais afetados pelas quedas e procura com as vendas
noutras áreas de negócio.
As relações com as instituições presentes
no meio envolvente possibilitam à empresa
o acesso a um conjunto de ferramentas extremamente úteis para delinear estratégias e
formas de abordar os mercados, assim como
avançar para a criação de novos produtos.
Desde cedo que a Coltec se associou ao CTCP,
uma ligação que foi central no desenvolvimento na sua fase inicial de operação. Em
2008, a empresa começou também a criar
relações com o CITEVE e com a UMinho.
A relação com o CITEVE é de enorme importância, dado que a empresa necessita obter a
certificação dos seus produtos na área têxtil,
sendo esta a instituição que lhe proporciona
esse serviço.
A UMinho também é um parceiro importante
dado que desta parceria surgiram produtos
inovadores que potenciaram a Coltec.
A empresa é ainda associada da ATP e da
ACIG, onde recorre para aceder a ações de
formação e o apoio jurídico.
A localização no Baixo Minho é considerada uma boa localização em expressão das
infraestruturas (nomeadamente acessibilidades físicas) e equipamentos disponíveis.
O acesso a tecnologia não é um elemento
condicionador da localização.
Contributos, propostas ou opiniões:
Da entrevista destacam-se as seguintes
declarações:
i) É apreciado o esforço da AICEP em matéria
de trazer “mercado” para as empresas, se
bem que entenda os contactos propiciados
nem sempre são direcionados como deviam
ser, isto é, entende-se que há um caminho a
fazer por aquele organismo ou por outro que
se possa criar em matéria de facilitação de
contactos específicos (similares àqueles que
resultam da ação dos agentes comerciais que
as empresas mantêm);
ii) A empresa mantêm relação associativa ou
desenvolve parcerias com diversos agentes
coletivos existentes no território, onde vai
buscar apoio em matéria de certificação de
produtos, inovação de produto e processos, formação de ativos e apoio jurídico; dá
particular importância à relação com alguns
desses agentes, desde o seu lançamento,
onde teve papel importante o CTCP, estando
o seu posicionamento mais recente suportado em parcerias com o CITEVE e a UMinho,
especialmente; daqui, deduz-se a utilidade de
manter canais abertos e facilitar a comunicação das empresas com estes agentes,
nomeadamente no quadro da participação
em consórcios que permitam aproveitar recursos que potenciem a inovação de produtos
e processos.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 7
Empresa: Success Gadget - Nanotecnologia
e Novos Materiais, Lda.
Interlocutor da empresa: Pedro Pinto
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Nuno Pinto
Bastos
Volume de negócios (2012): 64 mil euros
Nº de trabalhadores (2012): 4 trabalhadores
% de exportações (2012): 0%
Caracterização da empresa: A Success
Gadget foi criada em 2010 pensada para produção de soluções inovadoras, em concreto,
assumiu por missão conceber e produzir soluções na área dos têxteis técnicos e biofuncionais que promovam o conforto, bem-estar
e/ou minimizar ou resolver necessidades
das pessoas de forma a contribuir para uma
sociedade mais saudável.
Até ao momento, já foram investidos cerca
de 500 mil euros e, no dizer do seu promotor,
“a empresa ainda não vendeu praticamente
nada”. De acordo também com o empresário,
em inovação, não devemos comprar tecnologia. O que importa é desenvolvê-la. Por isso,
embora a Success Gadegt tenha sido criada
para ser uma empresa prestadora de serviços,
transformou-se numa empresa de tecnologia:
o que vende aos fabricantes de têxteis e de
vestuário são nanopartículas. O processo de
investigação e desenvolvimento é constante,
para que possam manter sempre elevados os
padrões de qualidade e inovação.
Todas as soluções da Success Gadget passam
por um intensivo processo de testes desenvolvidos por laboratórios independentes, de
grande prestígio a nível mundial.
O objetivo da empresa passa por identificar e
desenvolver soluções inovadoras de elevado
valor acrescentado out of the box no domínio
da nanotecnologia, biotecnologia, têxteis
biofuncionais e saúde, desafiando as regras e
paradigmas estabelecidos, trazendo ganhos
de competitividade e novos mercados para as
empresas de forma rápida e continuada, com
custos controlados.
Nesta altura, encontram-se em processo de
registo de patente. Consideram que dispõem
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
de um produto versátil e com muita utilidade
para aplicação em têxteis e em tintas (para a
construção). Dizem mesmo ser a única empresa em Portugal e, muito provavelmente,
na Europa a produzir nanopartículas com as
funcionalidades que o seu produto apresenta.
Envolvente e estratégia empresarial: A
empresa privilegia o bom relacionamento com
as instituições e com as fontes de saber. No
quadro de contactos mantidos com a UMinho,
o entrevistado encontrou um aluno que
estava a desenvolver uma tese com aplicação na área identificada e que lhes permitiu
desenvolver um reator, juntamente com uma
empresa de Barcelos, para materializar a
operação da empresa. Recorrem também ao
CITEVE, nomeadamente para a realização de
testes de laboratório.
O potencial de internacionalização da empresa encontra-se em mercados como África,
Brasil, Índia, Vietname, Tailândia e Bangladesh, países onde a sua tecnologia pode ser
muito competitiva e eficaz, fundamentalmente nos seus atributos “anti - mosquito”
e/ou “anti-microbiano” (considerados como
“produtos estrela”, pese embora a diversificação que têm estado a levar a efeito).
Ao nível do marketing internacional, a empresa encontra-se a preparar um workshop na
Alfândega do Porto, destinado a embaixadores e outros homens de negócio. Todavia, reconhece que no processo de internacionalização, os lobbies são muito fortes e influentes,
o que dificulta a penetração nos mercados.
Como estratégia de expansão, pretendem
abrir concessões (cedência de direitos de
exclusivos de produção dos seus produtos)
em diversos países, sendo o marketing da exclusiva responsabilidade da Success Gadget.
Em Angola já estão a ser comercializados
lençóis (produzidos pela Lameirinho) com
aplicações antimicrobianas fornecidas pela
Success Gadget. Estão nesta altura em negociações com a Decathlon para virem a ser
seus eventuais fornecedores.
Contributos, propostas ou opiniões:
Desta entrevista, concluiu-se o seguinte:
i) É um erro constituir uma start up para criação do 1.º emprego. Todavia, ao contrário do
que se passa nos Estados Unidos da América,
existe um problema de financiamento de
start ups em Portugal;
ii) Sobre os problemas culturais e de contexto
é realçado que, de forma genérica, os empresários são, genericamente, muito egoístas e
fechados (defendendo-se a premissa “juntos,
somos mais fortes”); deve-se perceber claramente o que fazem as universidades e o que
fazem as empresas (o âmbito não se pode
misturar); ao nível do financiamento, é necessário convencer os investidores tradicionais
que os negócios que implicam inovação não
têm retorno imediato;
iii) Deve-se aproveitar a existência do INL
como uma infraestrutura de referência para
o território. A “NanoValor”, um agrupamento
complementar de empresas entretanto criado, é uma associação considerada importante
para o intercâmbio, o network e sinergias,
mas deve ser mais agregador;
iv) Considera o Minho e Aveiro como bons
ambientes para fazer florescer negócios
desta natureza, também por força da existência de parques tecnológicos, que entende
serem excelentes estruturas para promover a
imagem e a credibilidade das empresas neles
sedeadas;
i) Ao nível das políticas públicas, considera
serem necessárias pessoas que conheçam a
realidade no terreno, e que existem estruturas a mais criadas com o propósito enunciado
de apoiar as empresas. Para além disso, a
política de financiamento tem de ser revista,
tendo em conta que os bancos e os fundos
públicos são, por vezes, mal aplicados devido
aos favoritismos existentes;
vi) Consideram o IAPMEI muito pesado e têm
boa impressão da AICEP.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 8
Empresa: Celoplás - Plásticos para a Indústria S.A.
Interlocutor da empresa: João Cortez
Consultores: Nuno Pinto Bastos; Álvaro
Cristóvam
Volume de Negócios (2012): 21,5 milhões
de euros
Nº de empregados (2012): 140
% de exportação (2012): diretamente
35% e indiretamente 60%
Caracterização da empresa: A Celoplás
surgiu em Barcelos no ano de 1989 e possui
atualmente cerca de 150 trabalhadores, onde
se inclui um corpo técnico composto por 30
engenheiros (no total das 4 empresas do grupo, estamos a falar de 250 postos de trabalho
criados). O core business da empresa está na
conceção e desenvolvimento de componentes plásticos de pequena dimensão e alguns
na área micro para a indústria, nomeadamente indústria automóvel, indústria eletrónica
e indústria elétrica e médica. O seu capital
social é de 500 mil euros e é detido em 100%
por acionistas nacionais. A empresa conta
atualmente com um parque de 66 máquinas
de injeção em 10 mil m2 de área coberta.
Fabricando mais de 100 milhões de peças/
ano, utiliza mais de 160 tipos diferentes de
termoplásticos de engenharia, bem como
termoendurecíveis, BMC’s e silicones.
Trabalhando 7 dias por semana, a Celoplás
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
conta com 27% de licenciados nos seus
quadros. Quase todos os trabalhadores foram
recrutados aquando do seu 1.º emprego, com
vista à melhor integração na cultura e metodologia da organização. A aposta em I&D e
em processo internos de formação contínua,
que inclusivamente relevam para fins de
avaliação de desempenho e de progresso na
carreira, é uma constante nesta empresa. No
que respeita à vertente financeira da gestão,
a empresa não depende das instituições
bancárias para a sua atividade global.
As suas vendas destinam-se, direta ou indiretamente, à exportação (mais de 95%), em
especial para a Europa (Alemanha) e Japão.
A Mercedes-Benz, a Tyco, a Yazaki, a Bosh, a
Denso ou a Leica são alguns dos exemplos da
sua carteira de clientes. Certificada em 1995
pela norma ISO 9002, atualmente a Celoplás
encontra-se também certificada segundo as
normas ISO 9001:2008, ISO TS 16949:2009
e ISO 14001:2004. É ainda de realçar a
importância que dá à responsabilidade social,
dado o relacionamento que estabelece com
entidades locais como os Bombeiros Voluntários de Viatodos.
A Celoplás dispõe atualmente de participações em outras empresas, nomeadamente:
CCL - Plásticos para a Indústria Lda; Celoprint
- Impressões Lda; Centi - Support, Máquinas
e Equipamentos para Indústria Lda; e, Nanologic - Tecnologias de Micro e Nanomoldação
Lda.
Envolvente e estratégia empresarial: A
empresa identifica três vetores que considera
essenciais: o empowerment (onde está a
mais-valia das pessoas que nela trabalham); a
consolidação; e, o crescimento.
Neste sentido, privilegia muito os recursos
humanos e a sua formação e valorização profissional. Simultaneamente, dado o seu foco
em atividades de I&D (onde investe 3,3% do
seu volume de negócios), estabelece relações
de grande proximidade com várias entidades
do Sistema Científico Tecnológico Nacional,
como a Universidade do Minho, a Universidade do Porto, a Universidade de Coimbra,
o CITEVE ou o PIEP - Pólo de Inovação em
Engenharia de Polímeros (entidade em que é
sócia-fundadora). A ligação que estabelece,
facilita-lhe e garante-lhe o acesso a quadros técnicos com habilitações superiores,
fundamentalmente em áreas derivadas da
engenharia.
Todavia, e tendo em conta que a empresa
opta por recrutar pessoas em condições de 1.º
emprego, a Celoplás preocupa-se em complementar a formação dos seus quadros (referindo mesmo que um novo quadro demora 4/5
anos a formar e a “formatar” de acordo com
a política da empresa). Existe uma grande
disponibilidade para formação de qualidade e
que acrescente competências, seja em áreas
técnicas ou comportamentais. Todavia, é de
salientar que a melhoria contínua é transversal à estrutura, ao ponto que o trabalhador
que não tiver propostas de melhoria contínua
não tem aumento salarial.
A administração da empresa dispõe de um
modelo de gestão composto por 25 indicadores, 11 dos quais estratégicos, o que permite
uma monitorização constante do negócio.
Para além disso, a realização de exercícios de
benchmarking que posicionem a empresa e
a sua envolvente está bem presente na sua
equipa gestora.
Ao nível dos clusters, João Cortez, fundador e
administrador da empresa, considera que, se
não tiverem uma dinâmica própria, poderão resultar apenas em custos para o país,
sem trazer quaisquer resultados práticos.
Todavia, é da opinião de que se deve testar
e avaliar com todos os parceiros um plano
trabalho e de cativação dos empresários para
a discussão e criação clusters potenciando as
sinergias em grupo, com o grande objetivo de
atacar mercados-alvo muito bem caracterizados desde no início. Devido à dimensão da
empresa e implementação no mercado global
em que atua, demonstra valorizar particularmente o cluster da saúde, onde se manifesta
bastante ativo.
A Celoplás tem também ligações com associações do setor como a APIP - Associação
Portuguesa da Indústria de Plásticos ou com
entidades promotoras da inovação como a
COTEC Portugal. O networking é também
muito valorizado pela gestão de topo, sendo
de realçar o facto de que a empresa vai patrocinar reuniões no PIEP e nos 3B’s de modo a
mostrar a sua rede.
Uma dúvida que subsiste é se a Celoplás
deve internacionalizar-se ou investir no seu
país (é evidente a dificuldade existente para
ultrapassar condicionalismos de contexto e
os seus custos, porém “estamos no melhor
país da Europa” com as “melhores pessoas”,
competentes e com preços salariais adequados quando integradas em organizações
eficientes; já para não falar dos “dias de sol
que temos ao longo do ano”).
Contributos, propostas ou opiniões: Do
contacto estabelecido com João Cortez, administrador da Celoplás, foi possível concluir
o seguinte:
i) A marca “Portugal” não é muito bem vista
nos mercados externos (e a presença da
Troika não ajuda a melhorar a sua imagem
externa);
ii) Em Portugal, temos “péssimos gestores” e
somos “péssimos” no planeamento pessoal
(há muitos patrões e poucos empresários/
empreendedores, o problema não está no
trabalhador/operário);
iii) O ensino secundário não forma convenientemente (a maior parte dos jovens com o
12.º ano “não sabe a tabuada”). O sistema de
ensino devia ser dual, unindo os ensinamentos teóricos da escola ou universidade com a
aprendizagem prática da empresa. Para além
disso, considera a matemática fundamental;
iv) As instituições de ensino superior e de
investigação deveriam fomentar encontros
com pessoas da indústria e com investidores.
Simultaneamente, a avaliação dos resultados
da I&D não deveria ser efetuada com base
em patentes (a I&D tem de ter utilidade para
gerar riqueza);
v) Existe uma grande dificuldade que não
conseguimos ultrapassar: transformar I&D
em produtos;
vi) Temos de “fazer” (refazer, juntar, reorganizar) empresas com dimensão crítica para
pensarem nacional e global;
vii) Os incentivos comunitários estão mal
formatados (ex.: formação financiada);
viii) O país vai atravessar um “vale da morte”
que vai durar vários anos e precisa de se reformar, reorganizar e reestruturar (o segredo
está no verbo “fazer”).
FICHA DE ENTREVISTA N.º 9
Empresa: APC - Instrumentos Musicais Lda.
Interlocutor da empresa: Sr. António Pinto
Carvalho
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Nuno Pinto
Bastos
Volume de Negócios (2012): 850 mil
euros
Nº de empregados (2012): 40
% de exportação (2012): 70%
Caracterização da empresa: António Pinto Carvalho tem sido a alma do negócio dos
instrumentos musicais em Braga. Em 1961,
começou a trabalhar na produção de Cavaquinhos com um artesão talentoso, por sinal, seu
avô, na pequena oficina artesanal que aquele
dispunha. Estudou à noite, esteve na Guerra
Colonial e em Timor e tinha intenção de tirar o
curso de Economia na Universidade do Porto
no pós-25 de abril de 1974 mas nessa altura
tal não se mostrou viável.
A “APC” (siglas de António Pinto Carvalho)
surgiu em 1976 enquanto empresa em nome
individual. O mercado “empurrou” o promotor
para crescer. Entre 1982/83, transferiu o
negócio para as atuais instalações, as quais
foram aumentando ao longo do tempo de
acordo com as necessidades e com as possibilidades que a localização oferece.
A prospeção internacional começou em 1990,
numa abordagem ao mercado espanhol que
o empresário decidiu fazer de carro para adquirir uma máquina. Resultado dos contactos
estabelecidos aquando da visita referida,
volvidos 2 anos, a empresa conseguiu um
cliente no País Basco, em Espanha, que se
manteve por 10 anos. Uma nova incursão de
carro, desta feia ao mercado francês, é feita
em 1992, aproveitando o conhecimento da
realidade local de um amigo.
Desde o início que a “APC” tentou “evangelizar” a marca “Portugal”. Os clientes internacionais pediam frequentemente para colocar
a expressão “Made in UE”, em vez de “Made
in Portugal”. Foi sendo assim mas por pouco
tempo.
Tendo sido entretanto transformada em
sociedade por quotas, a APC - Instrumentos Musicais Lda. detém atualmente várias
marcas comerciais registadas: “APC”, “António
Carvalho”, “Ibéria” e “Lusitânia”.
Encontra-se certificada ao nível do sistema
de gestão da qualidade baseado na norma
ISO 9001:2008. Sendo uma empresa com
uma forte tradição na área dos instrumentos
musicais de corda, é única no país nas suas
característicos e gama de produtos e um
dos valores que defende é a satisfação dos
clientes.
Envolvente e estratégia empresarial:
Braga não apresenta uma grande mais-valia
ao nível da atividade da APC - Instrumentos
Musicais Lda., uma vez que a cena artística
local é relativamente pobre. Todavia, é a partir
deste território que exporta instrumentos
musicais para a Europa, Estados Unidos da
América, Malásia, Coreia do Sul, Rússia, Croácia e, mais recentemente, China e Moçambique. Cerca de 70% da sua produção tem por
destino o mercado externo.
Parte dos seus clientes são os maiores vendedores mundiais online. Todavia, uma grande
parte dos seus clientes são empresas que
fazem distribuição destes produtos para o
retalho.
A empresa marca presença em feiras internacionais, dada a visibilidade e os contactos que
consegue neste tipo de eventos. A este nível,
tem beneficiado de alguns apoios do QREN de
fomento à internacionalização das PME.
António Pinto Carvalho é um entusiasta do
seu negócio mas considera que “a verdade
não tem dono”. Demonstra uma grande
admiração pelo seu avô, ao considerar que
não foi muito conhecido por estar em Braga e
não em Lisboa.
Os principais entraves com que se tem deparado prendem-se com questões ligadas à
burocracia e ao licenciamento.
Possui funcionários com muitos anos de casa,
alguns dos quais (sete) com capacidade de
construir artesanalmente uma guitarra, e
conta já com o apoio dos seus 2 filhos, que
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
entretanto concluíram os seus estudos.
Acredita que o futuro está em África e na
América do Sul e nas várias deslocações que
faz ao estrangeiro diz pedir para que comprem português (para ele, somos um povo
trabalhador que merece ser reconhecido e é
bem visto no exterior).
Contributos, propostas ou opiniões: Da
entrevista efetuada, foi possível identificar os
seguintes pontos como principais opiniões:
i) As associações empresariais e a AICEP
deveriam empenhar esforços numa maior
promoção internacional das empresas (“é
preciso quem abra portas lá fora”);
ii) Portugal tem de contrariar os entraves e
as burocracias que coloca ao crescimento das
empresas;
iii) Importa uma maior diplomacia económica
para reduzir as taxas aduaneiras em países
como o Brasil (68%). Se for o Brasil a vender a
Portugal há um tipo de tratamento, mas se for
Portugal a vender para o Brasil há outro.”
FICHA DE ENTREVISTA N.º 10
Entrevistado: José Manuel Capa Pereira
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Francisco
Carballo-Cruz; Nuno Pinto Bastos
Contextualização: José Manuel Capa
Pereira desempenhou funções enquanto
Presidente da AIMinho durante dois mandatos entre 1996 e 2002. Anteriormente tinha
cumprido também dois mandatos como Vice-Presidente. Atualmente, não tem responsabilidades nos órgãos sociais da AIMinho,
com cujo percurso recente se não identifica,
e dedica-se essencialmente à atividade empresarial, onde também tem assumido papéis
de destaque. Foi também, no mesmo período,
Presidente da UERN - União Empresarial da
Região Norte (de que é Presidente Honorário).
Lembra que, nos tempos em que presidiu
à AIMinho, beneficiou de uma conjuntura
favorável ao desenvolvimento de iniciativas e
programas de apoio à atividade empresarial.
Admite que alguns instrumentos de políticas
públicas então implementados não tiveram a
eficácia esperada e o correspondente impacto
na alteração do tecido empresarial e da competitividade da região não correspondeu ao
grande empenho e esforço desenvolvidos na
conceção e execução de programas. Na última
fase em que exerceu funções de direção na
AIMinho, a tendência inverteu-se e houve
necessidade de redimensionar a organização
e a estrutura da associação e, por isso, foi
decidido autonomizar algumas competências
através da criação de empresas spin-off, que
ainda hoje se mantêm no mercado.
Considera a AIMinho como a “maior associa-
ção empresarial de base regional” existente
no país. Em seu entender, ao contrário do que
seria de esperar, “não houve alterações significativas do comportamento dos empresários
[da região] nos últimos anos”. Para além do
facto de o perfil do tecido empresarial não
ter mudado de configuração (as micro e pequenas empresas continuam a ser predominantes), continua a notar-se alguma falta de
preparação dos empresários para as funções
de gestão e a inexistência de uma verdadeira “cultura empresarial”. Em razão disso,
entende que, a nível associativo, é necessário
continuar a trabalhar alguns aspetos numa
lógica voluntarista, abordando temas de
impacto direto na atividade empresarial mas
sem esquecer outros aspetos como sejam os
que se prendem com a melhoria da envolvente. A componente da representação por
parte da AIMinho do “lobby” patronal regional
deverá continuar a ser marginal.
Continua a verificar-se uma tendência para
o individualismo que tem face positiva uma
vez que potencia a iniciativa empresarial
ma soutra negativa (preponderante) que
pulveriza as iniciativas não lhes conferindo
a escala que, num quadro de competição
globalizada, é necessária. Continua a sentir-se a relutância para a cooperação ou para as
fusões e aquisições. Nota-se que, em muitos
casos, o problema não é apenas cultural mas
também de formação. Seria de esperar que a
entrada no mercado de empresas formadas
por empresários com níveis de qualificação
mais altos permitisse alterar a qualidade da
gestão das empresas. Mas esta tendência
não é ainda visível.
Contrariando o que seria expectável, os
empresários que saíram da UM deram contributos ainda insuficientes para alterar esse
padrão.
Contributos, propostas ou opiniões:
Da entrevista efetuada, foi possível registar
algumas reflexões, ideias e contributos mais
marcantes, que passamos a apresentar:
i) O Quadrilátero é um processo. A região carece de uma verdadeira “infraestrutura institucional”, isto é, de uma prática organizativa e
sistémica de cooperação efetiva que “alinhe”
estratégias, valorizando as complementaridades mais do que as divergências;
ii) Continuando a eficácia das políticas públicas a ser muito baixa é necessário identificar
criteriosamente as ações prioritárias e promover a afetação dos recursos a essas ações;
iii) É necessário promover todas as formas de
aquisição de massa crítica das empresas e
instituições, por exemplo: fusões e aquisições
de empresas e a cooperação. Nos bens transacionáveis, para se ir além do mercado local,
a escala é decisiva. Todavia, a grande motivação, por exemplo, para o estabelecimento de
um agrupamento complementar de empresas
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
ou de outro tipo de base associativa, o que
tem funcionado tem sido é a existência/perceção de existência de uma ameaça externa
(ou seja, a cooperação tem surgido apenas
em contextos de grande adversidade);
iv) É necessária uma requalificação do tecido
empresarial, a qual pode ser obtida com a
atração de investimento estrangeiro de qualidade (nem todo o IDE tem interesse: Que tipo
de atividade? Quanto tempo permanece? Que
tipo de interação com o tecido empresarial e
instituições locais?) e com a capacidade de
angariação de financiamento para empresas start up e spin-offs (falta na região, por
exemplo, uma prática organizada de business
angels);
v) O impacto da “Justiça” no IDE é muito grande para quem decide a melhor localização
para o seu negócio, assim como as questões
associadas ao licenciamento industrial, à
fiscalidade e ao direito do trabalho;
vi) Mantém-se a necessidade de criação de
um espaço que promova encontros informais entre os empresários e os professores
universitários e investigadores. No passado, a
AIMinho já o tentou a nível estrito de espaço
de encontro entre empresários, embora sem
o sucesso desejado. O ideal era conseguir cruzar e estabelecer relações de caráter informal
entre pessoas ligadas ao contexto académico
e ao tecido empresarial deste território (mesmo entre os próprios empresários é importante este “encontro” porque, no fundo, trata-se
de uma prática que tem implicações em
matéria de difusão de boas práticas e pode
ser propiciadora da identificação de novas
ideias de negócio (benchmarking). Para uma
estrutura desta natureza poder ter sucesso,
terá de ter alguém responsável pela dinâmica
do espaço (isto é, são necessários animadores e dirigentes que o promovam);
vii) Juntar as 4 cidades/concelhos do Baixo Minho “faz todo o sentido”. Porém, o Quadrilátero não pode estar tão exposto a conjunturas
e motivações de índole “político-partidário”. A
grande razão de ser da estrutura institucional
entretanto criada (Associação Municípios
para Fins Específicos Quadrilátero Urbano)
não pode cingir-se ao acesso a financiamentos públicos e comunitários. É necessária
também uma liderança com peso institucional, capaz de definir uma matriz de interesses
e de especialização sobre a qual possa trabalhar com alguma autonomia, nomeadamente
ao nível da dinamização empresarial e de
atração de investimento (haveria que definir
por consenso as bases mínimas em matéria
de objetivos e, assim, a gestão poderia operar
com alguma autonomia e eficácia dentro
desta associação de municípios);
viii) À semelhança do que AIMinho tentou fazer com a criação de um Centro Internacional
de Negócios, seria importante que o território
pudesse contar com um conjunto de recursos
técnicos especializados e articulados, dedicados à captação de investimento e à promoção
de estratégias de cooperação entre empresas
(seguindo o modelo de operação das câmara
de comércio e indústria existentes noutros
lugares). Deve ser analisada a pertinência da
constituição de uma infraestrutura regional
com essa vocação;
ix) Simultaneamente, na relação entre Braga
e Guimarães, é importante manter presente
que a UMinho é um parceiro indispensável
nomeadamente no seu papel de grande
importância na promoção e fortalecimento de
eixos de entendimento;
x) Por último, exprimiu a opinião que o Minho
carece de uma maior “liderança empresarial”.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 11
Empresa: Amtrol-Alfa Metalomecânica S.A.
Interlocutor da empresa: Tiago Oliveira
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Nuno Pinto
Bastos
Volume de Negócios (2012): 63 Milhões
de Euros
Nº de empregados (2012): 550
% de exportação (2012): 96%
Caracterização da empresa: A Amtrol-Alfa é uma empresa de capitais estrangeiros
sedeada na freguesia de Brito, Guimarães,
cuja dimensão a configura na tipologia das
“grandes empresas”. Sendo o maior produtor
europeu e um dos 3 maiores exportadores
do mundo de garrafas de gás transportáveis,
a Amtrol-Alfa é especializada no fabrico
de garrafas de gás para o mercado do Gás
Petróleo Liquefeito (GPL) e de gases técnicos,
desde os 34 aos 134 litros de capacidade. A
partir de 2005, começou a produzir uma linha
de garrafas, de conceção nacional, à base de
materiais compósitos: mais leve, com design
que permite um fácil manuseamento, isenta
de corrosão e amiga do ambiente.
Neste momento, os produtos da empresa
resumem-se a 4 tipos de garrafa, sendo de
destacar o facto de terem conseguido passar
de produtos destinados a uma pressão de
teste até 60 Bar para produtos capazes de
suportar pressões até aos 450 Bar (pressão
de teste). As garrafas de metal são responsáveis por 70% das vendas, embora os novos
materiais compósitos utilizados nos novos
produtos (resultantes dos investimentos
feitos em I&D dos últimos 5 anos) totalizem
os 30% remanescentes.
A sua carteira de clientes é muito vasta.
Atualmente, tem clientes em mais de 100 países (60 dos quais ativos nos últimos 2 anos)
e produz cerca de 4 milhões de garrafas por
ano. Do seu volume de negócios anual, cerca
de 95% é oriundo dos mercados externos.
Foi das primeiras empresas em Portugal a
certificar-se no sistema de gestão da qualidade baseado na norma portuguesa ISO 9001,
processo que se revelou muito importante
sob o ponto de vista organizacional.
A empresa tem sido contemplada com várias
distinções, podendo destacar-se o facto de
ter sido vencedora do Prémio de Júri Especial
na categoria de “Spirit of Conquest”, da JEC
Innovations Composites Awards Programme
2005, a que se juntam vários prémios de
design de produto conseguidos em países/
mercados como a Austrália, a Espanha, a
Alemanha, o Japão ou os Estados Unidos.
Envolvente e estratégia empresarial:
O início da exportação dá-se em 1974. Dez
anos volvidos, dá-se a integração da Comanor
- Companhia de Manufacturas Metálicas do
Norte S.A. na Petroleo Macanica Alfa e passa
a ser um dos maiores fabricantes mundiais
na sua área de intervenção. Em 1997 o Grupo
Comanor-Alfa é adquirido pela Amtrol Inc
(USA), nascendo então a Amtrol-Alfa. Em
2003/2004, surge a “Pluma”, um produto
altamente inovador, responsável por vários
prémios (dando-lhe visibilidade e notoriedade) e que teve a capacidade de “integrar a
inovação como um processo tão importante
como a produção”. Daqui resulta uma patente
para a Amtrol-Alfa, o que vem coroar a aposta
que faz em I&D.
A empresa dispõe atualmente de um sistema
de inovação e desenvolvimento baseado em
equipas por projeto e mantém uma relação de
grande proximidade com a Universidade do
Minho (ao nível do cálculo matemático e estudos de eletricidade estática), com o PIEP (no
que toca aos materiais compósitos e plásticos) e com a Universidade do Porto. Consideram que são reconhecidos por desenvolverem
aquilo a que apelidam de “inovação séria”.
Incluindo mão-de-obra, assumem que possuem “56% de incorporação nacional”. Aliás,
privilegiam os fornecedores de equipamento
locais e nacionais e integram os fornecedores
de componentes em novos projetos de inovação ou desenvolvimento, neste que dizem ser
um negócio muito regulado, sujeito a normas
muito exigentes.
Os principais concorrentes das garrafas
“tradicionais” encontram-se em economias
baseadas em dólares, nomeadamente Tailândia, Índia e Marrocos. Anotam que se registou
nos últimos tempos uma “retração brutal de
mercado na Europa”, com exceção dos países
nórdicos, o que os obrigou a compensar a
redução havida neste mercado com outros,
especialmente no Médio Oriente e em África.
A Amtrol-Alfa só produz garrafas em Guimarães e reconhece o seu interesse em estar
sedeada no território do Quadrilátero, tendo
em conta o aproveitamento que consegue
fazer da sua localização (embora reconheça a
distância a Lisboa, enquanto centro de decisão política). Todavia, o Quadrilátero oferece
boas infraestruturas rodoviárias e marítimas,
para além de que conseguem recrutar com
facilidade o tipo de pessoa que procuram.
Aproveitam alguns apoios estatais ao nível da
Educação e da Inovação, embora não tomem
as iniciativas que têm desenvolvido, nomeadamente em matéria de I&D, para beneficiar
de incentivos. É política da empresa atuar a
esse nível e, havendo programas de apoio que
se enquadrem, obviamente que não deixam
de os aproveitar.
Consideram ser “a referência mundial neste
negócio”, particularmente em virtude da sua
imagem inovadora ser reconhecida internacionalmente. O apoio que a Amtrol-Alfa
recebe da AICEP é bastante apreciado, tendo
em conta os serviços “sérios” que são disponibilizados e, sobretudo, as respostas “rápidas”
que têm tido por parte daquele organismo às
suas solicitações.
Contributos, propostas ou opiniões:
Como resultados extraídos da entrevista
efetuada, elencamos os seguintes:
i) O território português apresenta vantagens
em termos de inovação e desvantagens no
que toca aos custos de produção (a evolução
do euro face ao dólar não se tem manifestado
vantajosa);
ii) Reconhecido no exterior como um país de
“1.º mundo”, inovador e de gente trabalhadora, “Portugal é demasiado pequeno para ser
visto [a partir do exterior] como constituído
por diferentes territórios” (oportunidades
associadas à opção por distintas localizações
regionais);
iii) Os investidores, aquando da tomada de
decisão para escolher um país para o seu
investimento, privilegiam a “competência, o
ambiente político (greves…) e o conhecimento tecnológico” e, a este nível, os portugueses
estão bem posicionados;
iv) Há um problema com a indústria que está
relacionado com o não reconhecimento da
excelência do conhecimento tecnológico. A
indústria tem de ir às universidades procurar
o que lhe interessa e, depois, a indústria deve
“guiar” as universidades para um desenvolvimento mais aplicado da I&D que se faz nestes
centros de saber. Todavia, o mais importante
nestes processos não são as instituições,
mas sim as pessoas, isto é, os canais que
importa cultivar são, sobretudo, os informais/
pessoais.
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
FICHA DE ENTREVISTA N.º 12
Empresa: Porminho Alimentação, S.A.
Interlocutor da empresa: Tiago Freitas
Consultores: Nuno Pinto Bastos; Álvaro
Cristóvam
Volume de Negócios (2012): 28,5 milhões
de euros
Nº de empregados (2012): 160
% de exportação (2012): 10%
Caracterização da empresa: Fundada
em 1984 por Alcino Freitas e Olinda Freitas, a Porminho iniciou a sua atividade com
a comercialização de carne de suíno. Em
1998, realiza o objetivo da implementação
de um matadouro próprio e passa a abater
e desmanchar os animais para posterior
distribuição.
O crescimento do negócio implicou que a
carteira de produtos evoluísse das carnes
frescas e congeladas para produtos transformados de charcutaria. Em 2002, obtém a
certificação de acordo com a norma NP EN ISO
9001:2000, reforçando a sua competitividade
e aumentando as garantias de qualidade e
segurança alimentar.
Paralelamente, a empresa reforçou os seus
quadros, com a integração dos filhos dos fundadores, Tânia Freitas e Tiago Freitas, com
formação em Engenharia Alimentar e Gestão,
respetivamente.
Num processo de crescimento contínuo,
a Porminho passou a ser uma referência
nacional no setor alimentar, nomeadamente
na indústria de carnes. “Porminho”, “Vale da
Garça” e “Outeiro Bravo” são as marcas registadas da empresa. A evolução do negócio
implicou o aumento das instalações para não
perder a capacidade de resposta, o que se
veio a verificar em duas fases.
A empresa identifica dois fatores que impulsionaram sobremaneira a sua atividade: por
um lado, o fornecimento de produtos para as
cadeias nacionais de grande distribuição; e,
por outro, a exportação para mercados como
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Espanha,
França, Bélgica, Luxemburgo e Inglaterra.
As vendas para as grandes superfícies, implicaram um aumento substancial das quantidades produzidas e uma adaptação da empresa
às exigências logísticas e de negociação destes players. No caso concreto da exportação,
é de assinalar que representa atualmente
10% do volume de negócios. Tendo surgido
como uma oportunidade para a empresa,
as vendas para o exterior são realizadas por
via da exportação direta mas também por
intermédio das tradings (exportação indireta).
Envolvente e estratégia empresarial:
O processo de internacionalização implicou
alguma preparação por parte da empresa,
nomeadamente ao nível da análise de dados
estatísticos e comerciais e, fundamentalmente, viagens de prospeção para avaliar a
cultura, os hábitos de consumo e as necessidades ao nível do produto e da embalagem.
Neste momento, a Porminho pretende entrar
no mercado brasileiro, e posteriormente no
mercado russo, estando a ser desenvolvidos
contactos nesse sentido.
vezes no recurso às agências de trabalho
temporário).
A empresa pretende privilegiar a exportação onde possa predominar a sua principal
marca (baseada na relação qualidade/preço)
e os mercados onde esta ligação possa ser
sustentável e duradoura.
Consultores: Nuno Pinto Bastos; J. Cadima
Ribeiro
Ao nível dos apoios e incentivos, a Porminho
encontra-se a finalizar um projeto PRODER
- Programa de Desenvolvimento Rural e um
QREN Qualificação e Internacionalização de
PME. Embora a indústria que atua no negócio
das carnes esteja fortemente localizada no
Montijo e no Minho, o “peso” da APIC - Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes
(da qual é associada) faz-se sentir mais a sul.
Nº de empregados (2012): 709
Recentemente, a Porminho esteve representada em dois certames nacionais, o “SISAB
Portugal 2013” e a “Alimentaria & Horexpo
Lisboa” onde lançou um produto inovador que
entretanto foi colocado no mercado denominado “Mini-snacks”. Este produto resultou da
I&D desenvolvida pela Porminho com entidades do SCTN, numa estratégia de competição
pelo “produto” em substituição da componente “preço”. A empresa prepara-se agora para
encarar a inovação como um vetor essencial
para a sua estratégia de desenvolvimento.
Contributos, propostas ou opiniões: Ao
nível das sugestões e propostas, o entrevistado destaca o seguinte:
i) Faria sentido a criação no Quadrilátero de
uma associação ou cluster para a área agroalimentar, tendo em conta a expressão que este
tipo de indústria apresenta neste território
(denota-se que cada empresário atua por si
quando em alguns domínios a cooperação
seria mais benéfica);
ii) É necessária uma aposta no marketing
territorial para promover o Quadrilátero,
sendo importante salientar “a força da marca
Minho”;
iii) A cooperação win-win entre empresas
ganha mais consistência e sentido com esta
geração de empresários;
iv) O custo de mão-de-obra no Quadrilátero
não é desajustado;
v) O direito laboral evoluiu mas ainda carece
de ajustes. Um trabalhador facilmente se
despede de uma empresa mas, inversamente,
o despedimento de um trabalhador, mesmo
havendo justa causa, é um processo difícil, o
que retrai os empresários na contratação de
novos trabalhadores (e a opção recai muitas
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
FICHA DE ENTREVISTA N.º 13
Empresa: Leica Portugal - Aparelhos Óticos
de Precisão S.A.
Interlocutor da empresa: Dra. Filomena
Machado
Volume de Negócios (2012): 39,7 milhões
de euros
% de exportação (2012): 99,3%
Caracterização da empresa: Leica
Portugal - Aparelhos Óticos de Precisão S.A.
é o nome da subsidiária portuguesa de uma
marca reconhecida mundialmente simplesmente por “Leica”. Localizada em Vila Nova
de Famalicão, a empresa inaugurou em finais
de 2012 as suas novas instalações, tendo-se
deslocado para a freguesia de Lousado.
A história da Leica em Portugal tem início
em 1973 (sessenta anos depois da primeira
câmara Leica ter sido inventada) numa pequena unidade fabril com lugar no centro da
cidade de Vila Nova de Famalicão, por decisão
dos austríacos irmãos Leitz, que optaram
pela deslocalização de parte da produção.
Com o crescimento da marca, deslocaram-se em 1976 para a periferia de Vila Nova de
Famalicão, mais concretamente para Antas,
onde, de um pavilhão industrial, passaram
em poucos anos para três (mecânica, ótica e
montagem).
A opção por Vila Nova de Famalicão poderá
ter estado relacionada com muitos fatores,
destacando-se os seguintes: o facto de nos
anos 70 do século XX existir neste território
experiência em máquinas de precisão, como
os relógios (muito por força da presença
da empresa “A Boa Reguladora Lda”) e em
trabalhos manuais (como os têxteis); o
historial que este concelho apresenta ao
nível de investimentos alemães, como é disso
exemplo a Continental Mabor; e a emigração
de algumas famílias para a Alemanha, que
facilitou que a língua fosse falada por alguns
famalicenses. Todavia, estes motivos não
foram confirmados pela representante da
empresa.
Hoje, a importância enquanto unidade fabril
da filial portuguesa já ultrapassou a da casa-mãe alemã. Embora tivesse chegado a ser
equacionada a deslocalização para países
com mão-de-obra mais barata, o certo é que o
investimento que fizeram nas novas instalações vem fazer “a ponte para os próximos 40
anos”. A nova unidade produtiva encontra-se
apetrechada com equipamento tecnológi-
co de ponta, instalado nos 11.700 metros
quadrados que foram implementados, num
total de 21 mil metros quadrados de espaço
disponível (o que facilita o alargamento
futuro das instalações, se necessário for). As
novas instalações da Leica, em Lousado, vêm
colmatar as deficiências que existiam ao nível
da capacidade de resposta e melhorar ainda
mais os elevados padrões de qualidade que a
marca faz questão de manter.
O grupo Leica conta com cerca de 1700
trabalhadores, 700 dos quais se encontram
na unidade fabril portuguesa. As secções da
mecânica e ótica laboram em três turnos.
Acrescentando a secção de montagem,
todas contam com um departamento de
qualidade, que avalia ao detalhe a conceção
de cada componente. A sincronização entre
as secções da mecânica e ótica é planeada
ao detalhe, para não interromper a fluidez
da produção, uma vez que tudo funciona ao
“cronómetro”. A capacidade para produzir
componentes óticos com tolerâncias muito
exigentes é uma vantagem competitiva
que distingue a Leica da sua concorrência
(Asamplant, Hasselblad, Nikon e Canon, em
câmaras, e Swarovski, em binóculos).
A Leica Portugal produz máquinas fotográficas digitais (mas também algumas
analógicas), binóculos, medidores de
distâncias e miras telescópicas. Apenas os
binóculos compactos têm a indicação “Made
in Portugal”. Todos os restantes produtos
são rotulados “Made in German”. Porém, esta
fábrica portuguesa produz 95% da máquina
fotográfica, estando a conceção/montagem
final entregue à casa-mãe, na Alemanha
(responsável pela colocação de um pequeno
sensor essencial ao seu funcionamento).
Como foi dito, a principal unidade produtiva
da Leica é a portuguesa. Entretanto, tudo que
produz é exportado para a casa-mãe.
A nível logístico, saliente-se que a interação
ente a unidade portuguesa e a casa-mãe é
feita sobretudo por camião, que parte para a
Alemanha todas as 6ªs feiras.
Envolvente e estratégia empresarial: O
departamento de I&D encontra-se localizado
na Alemanha. Os primeiros modelos de série
já são desenvolvidos com a colaboração da
unidade portuguesa. Todavia, no que respeita
ao processo, o I&D é todo ele nacional.
Os quadros superiores da Leica Portugal
começaram por ser ocupados por alemães
mas gradualmente têm sido substituídos
por portugueses. Porém, a cultura de rigor,
trabalho e reconhecimento que se vive na
Leica tem passado de geração para geração.
A qualidade do trabalho dos colaboradores
portugueses é apontada como o principal
fator para a empresa se manter em Portugal.
O know-how acumulado em quarenta anos é
um ativo muito valioso, até porque a estrutura de trabalhadores da empresa mantém-se
muito estável.
A língua alemã tem vindo a dar lugar ao inglês
dentro da empresa, embora ao nível técnico e
no que toca a grandes decisões se mantenha
o uso do alemão. A aposta e depósito de confiança que tem sido feito com a transferência
de mais projetos de produção demonstram
que a envolvente da Leica Portugal tem-se
manifestado muito favorável ao desenvolvimento do negócio e ao crescimento que a
marca tem registado nas vendas em todo o
globo.
O fornecimento da empresa portuguesa
é decidido na Alemanha. As compras que
fazem são oriundas de todo o mundo, como
é disso demonstrador a compra de vidro no
mercado asiático. Porém, casos há em que os
fornecimentos são portugueses (a Celoplás,
localizada em Barcelos, é um dos exemplos).
A unidade portuguesa apresenta ligações
de proximidade com a AICEP, estrutura que
facilita os processos de regularização de
dívidas do Estado em termos de IVA e apoia
noutros domínios quando a empresa solicita a
sua intervenção.
Ao nível internacional, a empresa apostou
forte no marketing e no conceito da “Leica Store”, lojas comerciais que implantou
nos centros mais cosmopolitas do mundo.
Atualmente, o grupo atravessa o seu melhor
momento, a julgar pelos records históricos
de vendas em todo o mundo. Europa, Ásia,
Japão, EUA e, mais recentemente, Coreia do
Sul e Tailândia, são os principais mercados da
marca.
Contributos, propostas ou opiniões:
Como principal contributo retirado da entrevista efetuada, salientamos um que congrega
em si mesmo várias sugestões:
i) Para este território atrair IDE deve potenciar e comunicar todos os seus atributos. No
caso dos donos da empresa e da gestão de
topo, são muito apreciadas as deslocações
que fazem a Portugal, em virtude do sol, da
proximidade do mar, do saber receber do povo
português e da sua vontade de fazer mais e
melhor.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 14
Empresa: Construções Gabriel A. S. Couto,
S.A.
Interlocutor da empresa: Ricardo Poças
Consultores: Nuno Pinto Bastos; Bruna Dias
Volume de Negócios (2012): 103 milhões
de euros
Nº de empregados (2012): 715
% de exportação (2012): 25%
Caracterização da empresa: A Gabriel
Couto é das empresas mais antigas em
Portugal a operar na área da construção
civil. Surgiu há mais de 50 anos como uma
empresa de cariz familiar e, durante muitos
anos, o seu core business foi a construção de
vias rodoviárias e ferroviárias e escolas. Em
virtude das oportunidades geradas pelo mercado, a atividade da empresa alargou-se para
a construção de parques eólicos (iniciou-se
nesta área no ano 2000, sendo responsável
pela construção de 35% dos parques eólicos
que existiam em Portugal), infraestruturas de
águas (drenagens e etares) e outras construções de grande envergadura.
A empresa conta com muitos trabalhadores
locais (a taxa de permanência é elevada) e
dispõe de um parque de máquinas considerável, o que lhe tem permitido capacidade de
resposta para os projetos de construção que
realiza. Todavia, a maturação e o abrandamento do mercado da construção civil em
Portugal levaram a empresa a apostar nos
mercados internacionais como forma de
garantir e manter a sua dimensão e o nível de
emprego. A sua primeira experiência internacional teve lugar em 1996, com a aquisição de
uma empresa moçambicana. Atualmente, a
aposta em projetos internacionais encontra-se fortemente enraizada na empresa e são
disso exemplo a angariação de negócios na
Roménia, na Moldávia, em Angola, em Moçambique e na Suazilândia. A partir de 2005,
o acesso aos mercados internacionais passou
a ser um vetor estratégico da gestão de topo.
A abordagem aos mercados externos foi diferente de acordo com o país em questão. As
estratégias de entrada adotadas, passaram
pelo estabelecimento de parcerias com empresas já instaladas no mercado de destino,
pela criação de sucursais/ representações da
Gabriel Couto nesses mesmos mercados ou
pela compra de participações de empresas
sedeadas no mercado de destino. A escolha
pelo mercado africano justifica-se sobretudo
pela ligação e proximidade histórica com Portugal, bem como pela Língua Portuguesa.
Envolvente e estratégia empresarial:
A empresa valoriza as relações com as
associações empresariais do setor e com as
entidades do SCTN, nomeadamente com a
FEPICOP - Federação Portuguesa da Indústria
da Construção e Obras Públicas, a AICCOPN
- Associação dos Industriais de Construção
Civil e Obras Públicas, a AIMinho e a UMinho.
Ricardo Poças considera que o associativismo
é benéfico, pois proporciona e facilita a troca
de ideias.
Realça ainda, que no setor da construção civil
é frequente o estabelecimento de consórcios
e que existe uma relação de cooperação
entre as empresas do setor como forma de
reduzir o risco envolvido em alguns projetos
mas também para aumentar a proposta de
valor e para obter a dimensão necessária para
os projetos apresentados. A Associação da
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120 |
INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
Fileira da Construção do Minho (“cluster da
construção”) constituída em abril de 2011 por
iniciativa da AIMinho materializa os esforços
de união que têm sido realizados.
Ao nível do I&D, a empresa desenvolve atividades em colaboração com a UMinho, nomeadamente atividades de investigação na área
dos pavimentos betuminosos (aplicações a
frio) e dos materiais reciclados.
Ricardo Poças refere também a importância da AICEP e da sua atuação. Afirma que
a criação da figura do gestor do cliente se
assumiu como uma mais-valia, uma vez
que consegue estabelecer uma linha de
comunicação direta com a empresa. A relação
com a AICEP permite à empresa, entre outros
serviços, aceder a oportunidades de negócio
de âmbito internacional e também a linhas de
crédito especiais que foram criadas especificamente para os mercados de Angola e
Moçambique.
Recentemente, o envolvimento do Ministério da Economia na promoção do setor da
construção civil mostrou-se igualmente de
elevada relevância para a Gabriel Couto, tendo
esta, em conjunto com outras empresas,
beneficiado da diplomacia económica, o que
lhes proporcionará a muito breve prazo alguns
negócios na Argélia.
Por fim, a ligação à banca é essencial para
o desenvolvimento da atividade da Gabriel
Couto e a este nível Ricardo Poças refere que
dada a dimensão e a história da empresa e
apesar das recentes restrições à obtenção de
financiamento que se verifica na economia
em geral, este não se apresenta como um
problema para a Gabriel Couto. A empresa
tem também o privilégio de possuir alguns
fundos e equipamentos próprios, o que lhe
proporciona alguma segurança e estabilidade.
Contributos, propostas ou opiniões: Ao
nível das sugestões e propostas, o entrevistado destaca o seguinte:
i) O território apresenta todas as condições
necessárias para o desenvolvimento da atividade empresarial, contudo reconhece que a
existência de um organismo facilitador e que
apoie sobretudo as PME no seu processo de
internacionalização seria muito importante;
ii) A promoção e o fomento dos clusters empresariais afigura-se essencial para facilitar
a cooperação das empresas e a internacionalização;
iii) A distância com Lisboa não é um problema,
embora sejam necessárias várias deslocações
de quadros da empresa para que não fiquem
“fora” deste importante centro de decisão;
iv) A proximidade com o Porto de Leixões
e com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro
são uma enorme vantagem para o tecido
empresarial do território do Quadrilátero (a
estrutura portuária é o principal canal de
comunicação utilizado pela Gabriel Couto no
transporte de equipamentos e mercadorias
para os mercados internacionais, assim como
o aeroporto o é para o transporte de pessoas,
técnicos e engenheiros);
A mentalidade em Portugal está a mudar. “Ir lá
para fora tornou-se uma necessidade”, o que
permite uma transformação significativa nas
empresas portuguesas que as fazem “pensar
global”.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 15
Empresa: João Carvalho Fernandes
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Francisco
Carballo-Cruz; Nuno Pinto Bastos
Contextualização: João Carvalho Fernandes começou a trabalhar no IAPMEI no
ano de 1982. As funções que então exercia
prendiam-se fundamentalmente com a
preparação de estudos económicos e dossiês
de financiamento para apoiar as empresas
industriais na obtenção de crédito. Mais
recentemente foi diretor da delegação de
Braga deste instituto tutelado pelo Ministério
da Economia, cargo que deixou entretanto de
existir em virtude de uma remodelação orgânica que transformou a estrutura existente
em Braga numa extensão do IAPMEI Porto.
No seu entender, os apoios estruturais marcam a história do IAPMEI. Entre o 25 de abril
de 1974 e finais da década de 80 do século
XX, o então denominado Instituto de Apoio às
Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento encontrava-se muito vocacionado
para a indústria e, a título de exceção, para a
prestação de serviços diretamente relacionados com a gestão dos processos produtivos.
Neste período, o conceito de empreendedorismo não existia como o conhecemos hoje
e, por isso, pode-se atribuir ao IAPMEI algum
pioneirismo na sua introdução nos meios
empresariais, muito por força do denominado
concurso de projetos industriais promovido
pela Caixa Geral de Depósitos, onde o IAPMEI
prestava funções de “avalista”.
Com a entrada de Portugal na UE, o país
passou a beneficiar de fundos estruturais,
facto que implicou uma mudança na principal
entidade de apoio ao tecido empresarial. O
IAPMEI alargou o seu âmbito de atuação e
passou a responder também às solicitações
do comércio e do setor da construção. Surgem
os fundos PEDIP - Programa Específico de
Desenvolvimento da Indústria Portuguesa, o
capital de risco e o sistema de garantia mútua. Note-se que este sistema de garantia foi
“inventado” pelo IAPMEI, contando com uma
grande recetividade da banca portuguesa
(por permitir a diminuição dos riscos de crédito). Este sistema veio permitir a diversificação
dos instrumentos financeiros disponíveis
(como são disso exemplo as linhas de crédito
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
PME Invest ou PME Crescimento). O IAPMEI
assume agora um papel mais relevante na
intermediação, tendo em consideração que os
instrumentos de apoio não estão na instituição (por exemplo: a “Portugal Ventures” tem
a sua própria personalidade jurídica por estar
organizada enquanto Portugal Capital Ventures - Sociedade de Capital de Risco S.A.).
Uma área do IAPMEI que se desenvolveu
nos últimos anos, também por força da crise
que assola o país, foi a da recuperação de
empresas. O papel desempenhado por este
organismo público enquadra-se no programa
Revitalizar, no qual está inserido o SIREVE
- Sistema de Recuperação de Empresas por
Via Extrajudicial, a que Carvalho Fernandes
dedica atualmente a maior parte do tempo.
Contributos e propostas: Como resultado
da entrevista realizada, passamos a elencar
as principais notas ou ilações:
i) Existem aspetos a melhorar na definição de
prioridades e articulações ao nível do Estado
e dos organismos da Administração Pública.
Há necessidade de uma maior consistência
das políticas públicas implementadas, mas
também ao nível da gestão das equipas que
estão no terreno. Os resultados alcançados
com essas políticas refletem algumas debilidades e inconsistências;
ii) O país evidencia grandes disparidades e
diferentes realidades socioeconómicas, em
particular quando se olha para os grandes
centros urbanos. Lisboa assume uma preponderância, ao ponto de a crise financeira e económica, desencadeada em 2008, ter tido, em
média, um impacto mais ténue na capital até
2011, quando se deram as primeiras descidas
de salários na função pública e os aumentos
de impostos; quando na região já se sentia,
por força do encerramento de empresas,
em particular, a partir do início deste século,
empresas estas sujeitas à concorrência
internacional, à abertura de fronteiras a Leste
e à “desproteção” aduaneira ocorrida na UE
relativamente ao Oriente. O tecido económico
da região de Lisboa está mais dependente
do terciário o que, apesar da limitação de
atribuição de fundos, ajuda a explicar esta
diferença.
iii) Com a entrada na UE e na moeda única,
Portugal passou a enfrentar um quadro macro
e microeconómico de enorme condicionamento;
iv) A UE tem de se pronunciar sobre os desequilíbrios comerciais à escala internacional e
deve clarificar a sua posição relativamente às
regras a que deve atender, sob pena de pôr
em causa o bem-estar económico dos países
membros e de hipotecar irremediavelmente o
seu modelo social;
v) O tecido empresarial português está a ser
penalizado pela atual situação a nível interno
e pelas suas implicações em termos de
condicionamento financeiro (falta de crédito
mais barato em função do rating do Estado
português);
vi) O processo de internacionalização das empresas deve ser planeado e o risco que implica
deve ser acautelado. As empresas devem
ponderar, sempre que possível, a realização
de parcerias com empresas locais, uma vez
que estas conhecem em primeira mão a realidade do mercado que se tenta abordar;
vii) O território do Quadrilátero beneficia de
uma cultura de trabalho que lhe é reconhecida e de um conjunto de indústrias muito
capazes (independentemente das dificuldades que atravessam);
viii) As associações empresariais devem ser
agentes mobilizadores, com capacidade de
agregação e liderança;
ix) Para fortalecer o tecido empresarial no
território do Quadrilátero deve-se apoiar a
criação de valor (“é necessário juntar quem
sabe com quem produz”) e captar investimentos externos (provenientes do estrangeiro ou
de outras regiões do país). Apoiar a criação
de valor nas empresas implica conceber um
modelo de negócio onde sejam envolvidos
os investigadores da UMinho ou de outras
entidades do SCTN e onde a partilha de resultados esteja bem definida (sem esquecer o
contributo que pode vir via instrumentos do
QREN, tais como o Vale Inovação e o Vale IDT).
x) Para a captação de investimento, os agentes têm de estar/ser diretamente envolvidos.
Para tal, seria necessário criar consensos em
torno de uma Carta de Negócio para o território (com os benefícios e as disponibilidades
bem estabelecidas) que incluísse as questões
fiscais, laborais, ambientais, de licenciamento
e formação, mas que também considerasse
eventuais reduções de custos de contexto
através do IRS, do IMI, da derrama e das
taxas de licenciamento de água, tratamento
de esgotos e resíduos. Isto só será possível
de alcançar pondo todos os organismos em
contacto e a trabalhar em conjunto.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 16
Entrevistado: Prof. Doutor Manuel Mota
Consultores: Francisco Carballo-Cruz; Nuno
Pinto Bastos
Contextualização: O Prof. Doutor Manuel
José Magalhães Gomes Mota é Professor
Catedrático do Departamento de Engenharia
Biológica da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, atualmente aposentado.
Exerceu ao longo da sua carreira funções de
relevo das quais aqui se destacam apenas as
seguintes: Membro do Conselho Científico da
UMinho; Presidente da Direção da Associação
Spinpark; Presidente do Conselho de Administração da TecMinho; e, Vice-Reitor da UMinho.
A UMinho foi fundada em Braga em 1973,
iniciou as suas atividades académicas em
1975/1976 e foi integrada no denominado
grupo das “Novas Universidades” que vieram
alterar o panorama do ensino superior público
em Portugal.
Quando ingressou na UMinho, em 1990, o
Prof. Doutor Manuel Mota considera que a
instituição já tinha um papel muito importante na região. Contrariando a praxis das “universidades clássicas”, a UMinho foi a primeira
universidade do país a criar um ambiente de
integração profissional na sua oferta formativa, dando um enquadramento institucional
aos estágios curriculares. Este contacto dos
alunos com as entidades da região permitiu
uma forte ligação da universidade com o
tecido empresarial e um diálogo permanente
com cerca de 3.000 empresas. O processo de
Bolonha que ocorreu na primeira década deste século trouxe naturalmente adaptações a
este projeto, mantendo-se agora com mais
incidência no 2.ª ciclo (cursos de mestrado).
Por outro lado, a UMinho cedo privilegiou
as parcerias com a comunidade empresarial
envolvente e estabeleceu relações de proximidade com as associações empresariais da
região. O fato destas entidades terem beneficiado de fundos do anterior quadro comunitário de apoio como o PEDIP, permitiu consolidar
o relacionamento com as empresas. Mais
recentemente, com o QREN, mas também
com projetos europeus como o Interreg, a
relação foi saindo sempre fortalecida.
O projeto Quadrilátero é também consequência da tentativa do anterior Reitor da UMinho,
o Prof. Doutor António Guimarães Rodrigues,
tentar unir os 23 concelhos que compõe a
região Minho (distritos de Braga e de Viana do
Castelo) em torno de projetos estratégicos e
de cooperação. O Pacto de Desenvolvimento
Regional então desenvolvido chega a ser
assinado em 2004 por 19 Câmaras Municipais
provenientes do Baixo Minho e do Alto Minho.
Para além de todo este historial, a constituição do Quadrilátero, em Fevereiro de 2010,
permite materializar um projeto de cooperação em torno de Barcelos, Braga, Guimarães
e Vila Nova de Famalicão. O Quadrilátero
acrescenta o fato das autarquias começarem
a absorver a importâncias das estratégias
conjuntas em rede.
O papel da UMinho na região tem sido tão
estruturante na região Minho que resultou no
“embrião de uma zona metropolitana vasta”
(só na cidade de Braga, regista-se à semana
mais entradas do que saídas de pessoas, o
que só acontece em Lisboa e Porto e em mais
nenhuma zona do país).
Contributos, propostas ou opiniões: Os
contributos e propostas resultantes da entrevista realizada são enunciados de seguida:
i) Considerando o Minho como uma região,
denota-se que Viana do Castelo tem cumplicidade implícita com o Porto;
ii) Forças e oportunidades no território do
Quadrilátero: existência de infraestruturas
empresariais e tecnológicas capazes (por
exemplo: o Spinpark/Avepark é o único ponto
do país com 4 redundâncias de fibra ótica,
mas está a ser fortemente penalizado por não
usufruir de um acesso direto à autoestrada);
conhecimento de ponta e empresas de referência em áreas emergentes das tecnologias
como as TIC, os Materiais (para setores tradicionais como o têxtil e vestuário, o calçado e a
construção e metalomecânica; ou, avançados
como nos plásticos técnicos) e a Biotecnologia (alimentar e industrial, da saúde e
ambiental); espaços como o GNRation com
capacidade para fazer evoluir as indústrias
criativas; e, presença de uma estrutura como
o INL, direcionada para apostar nos novos
materiais;
iii) Principais fragilidades do Quadrilátero:
faltam lideranças políticas fortes, com capacidade de intervenção e capazes de influenciar as decisões de Lisboa; e, existência de
um problema cultural associado a um certo
egoísmo minhoto, onde existe tendência para
dividir em vez de unir (incapacidade quase
generalizada para as pessoas chegarem a
acordo);
iv) As dificuldades de projetos como o Quadrilátero prendem-se com o “protagonismo”
político e pela concorrência que se estabelece
entre os “cabeças de cartaz”. Justificar os obstáculos que se criam com questões relacionadas com as diferentes tendências políticas é
de todo insuficiente;
v) Ao contrário do que seria de esperar, e a
julgar pela experiência que a UMinho viveu
com o seu projeto de cooperação para o
Minho enquanto “Região do Conhecimento”,
os políticos sentem-se desconfortáveis com
a liderança da UMinho e as lideranças para
funcionarem têm de ser aceites;
vi) Conciliar a oferta cultural e pensá-la para
o território do Quadrilátero como um todo
é fundamental, sendo para isso necessário
ultrapassar questiúnculas que porventura
possam existir com os agentes culturais que
operam no território e que não estão diretamente envolvidos com a administração local
de cada município;
vii) O Quadrilátero carece de estratégias de
marketing territorial que promovam a região e
que possam associar a componente turística
à cultural;
viii) Em Portugal, existe uma figura que pode
ser apelidada de “Gnomo dos Ministérios” que
apenas serve para complicar, criar entraves e
incluir na legislação toda essa entropia;
ix) Os incentivos comunitários (QREN) para
as empresas estão desajustados e mal dese-
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
nhados;
ideias inovadoras).
estratégica do grupo DST.
x) A criação de uma agência de desenvolvimento supramunicipal faria sentido se os
municípios acordassem entre si um modelo
de funcionamento e governança em áreas
cuja cooperação se revela um fator crítico de
sucesso.
O grupo DST assegura toda a sua atividade através de um conjunto assinalável de
empresas detidas na totalidade ou em cujo
capital participa (dst, s.a.; dte, empreitadas
eléctricas, s.a.; cari construtores, s.a.; bysteel,
s.a.; tgeotecnia s.a.; tmodular, s.a.; tagregados, s.a.; tbetão, s.a.; way2b, ace; steelgreen,
s.a.; dst renováveis, sgps, s.a.; geswater, sgps
s.a.; aquapor serviços, s.a.; dstelecom, s.a.;
innovation point, s.a.).
Consciente da importância de competir pelo
produto e não tanto pelo preço, optou por
investir no ambiente, uma nova área que
permitiu a incorporação de conhecimento e
gerar valor acrescentado, para que pudessem atuar nas águas, nas renováveis e nos
resíduos. Esta aposta no ambiente é feita
com base na Blue Ocean Strategy, de modo a
diferenciar-se da concorrência (e a potenciar
a internacionalização).
Ao longo da sua história, o grupo DST foi reconhecido com prémios e distinções da mais
diversa ordem. Neste momento, acaba de ser
considerado por um estudo da revista Exame
(em parceria com a consultora Accenture)
como uma das “Melhores Empresas para
Trabalhar” em Portugal (2013), tendo sido
também distinguido com o prémio “Excelência
no Trabalho” num estudo desenvolvido pelo
Diário Económico, em parceria com a Heidrick
& Struggles e a ISCTE Business School.
Na estratégia da DST, os conceitos de rede e
networking foram sempre muito valorizados,
assim como as ligações estabelecidas com
associações empresariais ou setoriais. A criação em 2011 da AFCM - Associação da Fileira
da Construção do Minho, foi um passo muito
importante para o cluster minhoto da construção, permitindo desenvolver estratégias
de cooperação e um maior foco e capacidade
de atuação no que a negócios internacionais
se refere.
O grupo DST conta com um sistema de gestão
de qualidade certificado (ISO 9001) nos
seguintes âmbitos: Construção Civil e Obras
Públicas; Ensaios Laboratoriais e Manutenção de Equipamentos e Viaturas; Conceção,
Desenvolvimento Produção e Aplicação de
Betão Betuminoso; e, Conceção, Desenvolvimento e Fabrico de Produtos de Madeira
e Derivados de Madeira e Mobiliário. Tem também atribuído a marca CE aos seus agregados
e misturas betuminosas. O grupo é ainda
certificado pelas OSHAS e NP 4397 - Higiene
e Segurança no Trabalho. Quanto ao ambiente, está certificado pela Norma 14001:2004
no que diz respeito à Produção de Betão
Pronto, Transformação de Rochas Ornamentais, Fabrico de Produtos de Madeira e
Mobiliário, Produção de Estruturas Metálicas
e Manutenção de Viaturas e Equipamentos.
Por fim, algumas das empresas do grupo já se
encontram também certificadas pela Norma
NP 4457:2007 que visa acreditar Sistemas de
Gestão da Investigação, Desenvolvimento e
Inovação.
A internacionalização tem sido a tábua de
salvação de muitos industriais portugueses
do setor da construção. O país atravessa uma
fase de enormes dificuldades, o que obriga as
empresas a procurarem novas oportunidades.
As mudanças da banca portuguesa na relação
que estabelecia com as empresas portugueses (diminuindo e dificultando o acesso ao
crédito), os “cortes” (e não “ajustamento”)
que estão a ser efetuados para equilibrar as
finanças públicas e a capacidade de invasão e
intrusão no tecido empresarial que a “máquina fiscal” ganhou, complicaram muito a vida
das empresas do setor da construção: “estas
empresas tinham competências de engenharia mas não de gestão”. O que acontecia
era que os empresários investiam por feeling
(porque as margens assim o permitiam) e não
com base num Plano de Negócios. Todavia,
“não pode haver uma transição que não seja
geracional”. No passado, os empreendedores surgiam do trabalho infantil e não das
universidades: “não se consegue jogar xadrez
quando só se sabe jogar às damas”. Existe,
por isso, nos dias que correm, uma necessidade muito grande de abertura dos empresários
ao conhecimento.
FICHA DE ENTREVISTA N.º 17
Empresa: Domingos da Silva Teixeira S.A.
Interlocutor da empresa: José Teixeira
Consultores: J. Cadima Ribeiro; Francisco
Carballo-Cruz; Nuno Pinto Bastos
Volume de Negócios (2012): 310 milhões
de euros
Nº de empregados (2012): 970
% de exportação (2012): 17%
Caracterização da empresa: Fundado
em Braga, o grupo DST (Domingos da Silva
Teixeira) emprega hoje cerca de mil colaboradores, desenvolvendo a sua atividade
na engenharia civil, setor que está na sua
origem e no qual é um dos players nacionais
de referência. O grupo DST tem alargado o
seu portfólio de negócios, expandindo as
suas áreas de intervenção a setores como o
da Água e Ambiente, das Telecomunicações,
das Energias Renováveis e da Inovação, com
investimentos em curso quer a nível nacional,
quer a nível internacional. Sedeada em Braga,
num parque com 1.000.000 metros quadrados, a empresa dispõe também de escritórios
em Lisboa, embora a sua atividade decorra
no país inteiro e se encontre estendida por
outras partes do mundo como são exemplo
França, Angola, Moçambique.
A DST é a empresa do grupo que se dedica à
construção civil e obras públicas com experiência comprovada ao longo de décadas. O
reconhecimento que a DST goza no mercado
nacional e internacional deriva do facto de, ab
initio, ter sabido acompanhar as exigências e
tendências de mercado, apostando em áreas
de atividade competitivas e de maior valor
acrescentado.
Fortemente vocacionado para a construção civil (edifícios comerciais, edifícios de
habitação, naves industriais, remodelações e
infraestruturas desportivas) e Obras Públicas
(vias de comunicação, terraplanagens, infraestruturas, parque escolar e obras de arte),
a atividade do grupo DST distribui-se hoje
por uma panóplia de atividades associadas ou
complementares, nomeadamente: montagem
de negócios (superfícies comerciais, parques
comerciais e parques industriais); energias
renováveis (eólica, solar, hídrica e eficiência
energética); água e ambiente (resíduos,
abastecimento de água e saneamento, águas
residuais e sistemas de rega); telecomunicações (infraestruturas de fibra ótica); e, inclusivamente, I&D (produção e comercialização de
Envolvente: José Teixeira, presidente, considera que o mais importante ao final de um
dia de trabalho é “constatar que vendemos
mais do que compramos”. Pensando através
da sequência empresa-região-país e nunca
o contrário (porque assim não fica à espera
que terceiros resolvam os seus problemas),
preocupa-se com o futuro, com as mudanças
de comportamento e de compra e com a
evolução das tendências de mercado. No seu
entender, importa saber que produtos e serviços vão ser consumidos no futuro e de que
modo pode ajustar as competências da DST a
essa nova oferta (e não o contrário).
Para percecionar o futuro, a DST tem estudado o que está a acontecer nas principais
cidades mundiais e tem procurado seguir o
pensamento, os gostos e as vontades das novas gerações. Este exercício de benchmarking
é dito ser muito importante para a definição
QUADRILÁTERO EMPRESARIAL BARCELOS . BRAGA . FAMALICÃO . GUIMARÃES
Neste momento, o setor da construção em
Portugal encontra-se em declínio e precisa
de atravessar um processo de reposicionamento e de mudança do modelo de negócio,
capacitando-se para produtos de maior
valor acrescentado. A indústria têxtil desta
região já passou por isso e conseguiu dar
a volta, mas levou 10 a 12 anos a fazê-lo. A
fuga de empresários e trabalhadores para o
estrangeiro é um ato de coragem fruto de um
instinto de sobrevivência, embora continuem
lá fora a fazer o que sabem (que é construir
alugando mão-de-obra e equipamentos e
não a gerir). Internacionalizar implica capital
e investimento numa fase inicial, só depois se
pode ter retorno. Neste momento, são muito
os empresários que vão lá para fora sem
dinheiro, isto é, numa completa aventura.
A internacionalização da DST assenta numa
lógica de parcerias que são estabelecidas
localmente (nos países de destino), onde se
troca o saber-fazer pela posição que esses
players ocupam no mercado, e decorrente
capacidade local de lobby. Isto porque, “o saber fazer do ponto de vista orgânico demora
muitos anos”.
O forte investimento que têm realizado
em engenharia e em software de apoio,
permitiu-lhes adquirir know-how para aceder
a grandes obras no exterior, “desenhando em
Braga e aparafusando em qualquer parte do
mundo”. Todavia, na DST cada projeto tem de
ser sustentável per si, pelo que implica sempre uma avaliação do negócio e do risco.
O grupo DST investe muito na formação dos
seus quadros e também em atividades e
iniciativas que promovam a inovação. Sempre
que possível, aproveita os mecanismos de
apoio do QREN. Os serviços disponibilizados
pelo AICEP são muito elogiados pelo Presidente do grupo, que considera que “estão a
fazer bem o seu trabalho”.
O foco do grupo DST na inovação percebe-se
pelos projetos a que se associa. O Dia da Associada COTEC é uma das iniciativas que promove, mas é também de referir que o grupo
dispõe de uma empresa dedicada à produção
e comercialização de ideias inovadoras.
Contando com 970 trabalhadores nas empresas detidas a 100%, é com agrado que o José
Teixeira explica o programa “DecidInovar”,
um projeto interno que considera altamente “disruptivo”. Com este programa, cada
trabalhador dedica diariamente 30 minutos
à inovação, tendo de contribuir para a “Caixa
de Inovação”. Até ao momento, destaca duas
ideias aí geradas: a Matriz de Empatia com o
Cliente (que permite recolher e armazenar
informações sobre o perfil e os gostos pessoais do cliente); e, um Processo para Gestão
de Conflitos (que implica a análise dos mais
diversos conflitos e uma intervenção para solucionar as causas mais comuns ou transversais). Aparte estas questões, o grupo é muito
sensível a questões que se prendem com a
responsabilidade social, sendo de destacar,
entre outras iniciativas, o “Grande Prémio de
Literatura DST”, que já vai na sua 18.ª edição.
A regeneração urbana é uma área que a DST
tem prestado particular atenção e a que vai
continuar a fazê-lo no futuro. Este desafio
é um negócio em torno da habitação nos
centros das cidades mas, para ser bem-sucedido, tem de ter inovação. Um estudo
desenvolvido pela DST, que analisou várias
cidades por todo o mundo, permitiu concluir
que esta nova geração, mais jovem, tende a
viver nos centros históricos em apartamentos pequenos (40 metros quadrados), mas
modulares e com espaços partilhados. A DST
encontra-se inclusivamente a projetar novos
modelos de negócio que permitam arrendar
espaços habitacionais a um preço que inclua
utilities, como eletricidade, água e internet
e onde o cliente, para além de poder exercer
uma opção de compra do imóvel (à semelhança do Leaseback), possa também beneficiar
de um sistema de troca de pontos para mudar
de habitação.
O tempo digital, as experiências Erasmus e o
gosto por viajar deste público-alvo encurtam
as diferenças e aceleram as tendências. Por
isso, do ponto de vista social, é preciso estar
muito desperto para estas situações e entender o que pretendem os novos consumidores:
viver num centro citadino que tem de ser
cosmopolita, cool e culto.
Em jeito de conclusão, disse-nos o nosso
interlocutor que é necessário “um ajustamento da agulha para o conhecimento”, o que
implica para uma grande parte das empresas
“mudar de vida e começar de novo”.
Contributos, propostas ou opiniões: As
principais sugestões e propostas recolhidas
nesta entrevista, foram as seguintes:
i) O GNRation, em Braga, é espaço de enorme
potencial, capaz de promover as artes digitais
e as indústrias criativas e de atrair novos
públicos. Todavia, a capacidade para criar um
“campo de atração” só se consegue se tivermos um “programa de cidade”, com bares, com
lojas e com outros espaços que congreguem e
“agarrem” a população alvo, isto é, os jovens.
Mas não basta ter, é preciso comunicar e,
neste aspeto, o marketing territorial tem um
importante papel a desempenhar para comunicar e valorizar os atributos conseguidos;
ii) O ordenamento do território, nomeadamente ao nível do PDM - Plano Diretor Municipal, é concebido por engenheiros e arquitetos, mas é fundamental que a equipa inclua
cientistas sociais (é preciso ouvir o mercado
e cada geração tem projetos de consumo e
modelos de satisfação diferentes);
iii) Para atrair IDE para o Quadrilátero, importa
que: exista um “programa de cidade” para
cada uma das quatro parcelas do território,
capacitando-as para um maior cosmopolitismo; e, comunicar através do marketing territorial as excelentes condições de trabalho e
de vida de que dispomos (tempo, condições
naturais e segurança pública);
iv) O Quadrilátero beneficia de uma “ótima
universidade, inovadora e aberta”, sendo de
destacar o trabalho desenvolvido pela Escola
de Engenharia e, mais recentemente, também pela Escola de Ciências da Saúde. Existe
um projeto de grande interesse, denominado
IB-S - Instituto de Ciência e Inovação para a
Bio-sustentabilidade, que está a ser criado na
UMinho e que vai permitir atuar ao nível das
Smart Grids e também dos elementos passivos de construção (também aqui os investigadores sociais não devem ser esquecidos
porque até as grandes empresas globais têm
antropólogos e filósofos nos seus quadros).
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INTERNACIONALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO E PROJEÇÃO DE ESTRATÉGIAS FUTURAS DE PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
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Ficha técnica
Título
Quadrilátero Empresarial - Internacionalização do Quadrilátero e Projeção
de Estratégias Futuras de Promoção do Território
Edição e Coordenação
AIMinho – Associação Industrial do Minho
CITEVE – Centro Tecnológico das Industrias Têxtil e do Vestuário de Portugal
Produção de Conteúdos Especializados
EDIT VALUE - Consultoria Empresarial
Equipa técnica: Nuno Pinto Bastos, Bruna Dias, Cristiano Guimarães,
Carlos Pereira, Lara Leite, Diana Carvalho,
J.Cadima Ribeiro, Francisco Carballo-Cruz, Alvaro Cristovam.
Design e Impressão
LK Comunicação
Tiragem
500 exemplares
Depósito Legal
367888/13
Outubro 2013
“É completamente interdita a reprodução mesmo parcial, de textos e ou
ilustrações, sem autorização escrita dos editores”
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PROMOÇÃO DO TERRITÓRIO
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