CASO CLÍNICO - PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III NEOPLASIAS DA TIREÓIDE IDENTIFICAÇÃO: feminina, 30 anos, branca, casada, comerciaria, natural de Porto Alegre, procedente de Canoas, encaminhamento próprio. QUEIXA PRINICIPAL: “caroço no pescoço”. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: A paciente procura atendimento ambulatorial no HSL-PUC por ter notado (por palpação) “caroço” no pescoço quando tomava banho. Nega dor local, disfonia ou disfagia. Relata ainda discreta intolerância ao calor, palpitações e nervosismo atribuindo seu surgimento a “descoberta do caroço”. Não percebeu alteração de peso ou febre. REVISÃO DE SISTEMAS: -Refere discreto cansaço e cefaléia frontal pouco freqüente (1 a 2 vezes por mês). -1 gravidez e 1 parto normal. Ciclos menstruais regulares. Usa anticoncepcional oral. -Sem queixas nos demais sistemas. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: -Nega hospitalizações, exceto para a realização do parto. -Uso eventual de analgésico (quando tem cefaléia). -Nega tabagismo ou alcoolismo. HISTÓRIA FAMILIAR: Pai vivo (55 anos) – hígido. Mãe viva (52 anos)- dislipidêmica, sobrepeso (tem dificuldade para emagrecer apesar de fazer dieta). 1 irmão(25 anos) – hígido. Tem história de tireopatia na família (um prima que reside em outro Estado foi submetida a “cirurgia de tireóide”, porém não tem outras informações). HISTÓRIA PSICOSOCIAL: Reside com o esposo e um filho de 10 anos de idade em casa de alvenaria com boas condições habitacionais. Gosta de sua atividade profissional e refere ótima relação com o esposo e filho. Agora preocupada com o “caroço”. EXAME FÍSICO: Peso=65Kg; altura=170cm; IMC= 22,5 ;PA=130/80mmHg ; P=88ppm; Fr=20 mrm; afebril;bom estado geral; lúcida, orientada e coerente. Hidratada, corada e acianótica. Fácie atípica. Pele eutérmica, distribuição feminina de pelos; Mamas tróficas, sem nodulações ou galactorréia a expressão. Tórax sem deformidades, boa amplitude aos movimentos respiratórios. Ictus cordis invisível e impalpável .Ausculta cardíaca: ritmo regular, em 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros.Ausculta pulmonar: murmúrio vesicular uniformemente distribuído, sem ruídos adventícios.Exame de fundo de olho:papilas de bordos nítidos, ausência de exsudatos ou hemorragias, relação aarteriovenosa preservada. Tireóide: palpável, indolor, móvel, consistência elástica, sem aumento, exceto pela presença de nódulo situado junto ao terço distal do lobo esquerdo (com cerca de 2 cm de diâmetro, móvel à deglutição e de consistência endurecida). Palpa-se linfadenopatia em cadeia cervical anterior a direita(1cm de diâmetro). Abdômen plano, com algumas estrias grávidicas, sem dor á palpação ou visceromegalias. Membros inferiores bem perfundidos e desinfiltrados. Normoreflexia e ausência de alterações da força em membros. Marcha preservada. PONTOS PARA A DISCUSSÃO DO CASO 1. 2. 3. 4. 5. 6. Qual a prevalência dos nódulos tireoidianos e do câncer de tireóide na população geral? Qual a sintomatologia inicial e/ou como se da a detecção clinica Quais os exames iniciais e sua seqüência até a elucidação diagnóstica? PAAF? O que é exatamente? Qual sua importância? Qual o encaminhamento terapêutico quando sabemos o diagnóstico (benigno/maligno)? Como se da o acompanhamento a longo prazo após o tratamento inicial? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: VILAR, Lúcio. Et al; Endocrinologia Clínica. Terceira edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 BRAUNWALD, Eugene, ed et al.; Harrison’s Principles of Internal Medicine, 16th Ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006 CECIL, Goldman L., Aussiello D. Tratado de Medicina Interna. 22ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005 CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III EMERGÊNCIA METABÓLICA IDENTIFICAÇÃO: masculino, 14 anos, branco, estudante, natural e procedente de Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: náuseas, vômitos e dor abdominal. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: paciente chegou na Emergência do HSL-PUCRS com queixas de náuseas, vômitos, fraqueza e dor abdominal, que se agravaram nos últimos 4 dias. No dia que veio a Emergência, afirmou que tinha vomitado aproximadamente 3 vezes desde a noite anterior. Referia também dor no quadrante superior direito do abdômen, sem irradiação, que piorava quando respirava e após os episódios de vômitos. A mãe do menino relatou que não havia sangue ou substância tipo borra de café no vômito. Negou também que ele tenha apresentado constipação ou diarréia. A mãe negou que tenha apresentado febre ou calafrios. REVISÃO DE SISTEMAS GERAL: diminuição de 5 Kg nos últimos 30 dias, fraqueza e cansaço para suas atividades habituais. Nega febre. CABEÇA: cefaléia ocasional durante a aula. OLHOS: visão “borrada” há uma semana. Nunca foi ao oftalmologista. NARIZ E SEIOS PARA-NASAIS: coriza hialina. PESCOÇO: nega aumento do volume ou gânglios. CARDIOVASCULAR: nega dispnéia ou dor torácica. Respiração “ofegante” desde esta noite. RESPIRATÓRIO: nega tosse, expectoração ou chiado no peito. GASTROINTESTINAL: náuseas, vômitos e dor abdominal (vide HDA). Freqüência de evacuações 1 vez ao dia. GÊNITO-URINÁRIO: noctúria, poliúria e enurese noturna há 2 semanas. Nega disúria ou alteração na cor da urina. Nega início do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. ENDÓCRINO: nega intolerância ao frio ou calor, agitação, tremores, sudorese em excesso. Refere polidipsia, poliúria e polifagia. Demais sistemas: ndn. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA Doenças da infância: catapora Imunizações realizadas: DPT, pólio, sarampo, hepatite, hemófilus Cirurgias: nenhuma Traumatismos: nenhum Hospitalizações prévias: nenhuma Medicações em uso: nada Alergias: nega Hábitos: faz 4 refeições ao dia (café, almoço, lanche na escola e jantar), come de tudo, mas principalmente carboidratos. Sono era normal até 3 semanas atrás quando tem acordado para urinar. Joga futebol 2 vezes por semana, na escola. HISTÓRIA FAMILIAR: pai com 40 anos, hígido; mãe com 35 anos, hígida; um irmão com 10 anos, hígido; Nega Diabetes. HISTÓRIA PSICOSOCIAL Mora em casa de alvenaria junto com o pai, a mãe e o irmão. Estudante da oitava série, com bom rendimento na escola. EXAME FÍSICO Alerta, lúcido, orientado e coerente. Hálito cetônico. Temperatura: 37,5 °C Pulso: 124ppm FR: 30 mrm Peso: 42 Kg (P 10) Altura: 165 cm (P 75) TA: 90/60 mmHg Pele e anexos: sp Gânglios linfáticos: pequenos linfonodos em região cervical anterior, macios e móveis. Cabeça: sp Olhos: acuidade visual normal para perto e diminuída para longe. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Fundo de olho normal. Ouvidos e nariz: sp Boca e orofaringe: mucosa oral seca e corada, sem lesões. Pescoço: flexível e indolor a movimentação. Tireóide impalpável. Ausculta pulmonar: pulmões claros a ausculta e normais a percussão. Presença de tiragem. Ausência de estertores ou sibilos. Ausculta cardíaca: ritmo regular, 2 tempos, sem sopros. Abdômen: ruídos hidroaéreos normais, sem dor a palpação superficial e com leve dor a palpação profunda mais no hipocôndrio direito. Músculo-esquelético: sp Neurológico: pares cranianos, função motora e reflexos profundos: OK EXAMES COMPLEMENTARES Na: 135 mEq/L (135-145) K: 5,6 mEq/L (3,5-5,3) CO2: 8 mEq/L (20-28) Glicemia: 470 mg/dl Creatinina: 1,6 mg/dl Hematócrito: 48% Hemoglobina:16,7 g/dl Leucócitos: 15.400; 85% s 3% b 8% l 4% m Gasometria arterial: pH 7,22 (7,35-7,45) bic 11 meq/L (20-30mEq/L) pO2 110 mmHg pCo2 27 (31-44 mmHg) EQU: glicose ++++ cetonas +++ CONTEÚDO PROPOSTO 1 – Qual o significado da respiração “ofegante” deste menino? 2 – Porque este menino, com 14 anos, passou a apresentar enurese noturna? 3 – Qual a provável explicação para o quadro que motivou a consulta na emergência (náuseas, vômitos e dor abdominal)? 4 – Com os exames disponíveis como você classificaria a alteração glicêmica apresentada por este paciente? 5 – Com os dados disponíveis podemos disser que o paciente apresenta insuficiência renal? Porque? 6 – Você acha que o fígado tem alguma participação no distúrbio metabólico que está ocorrendo? 7 – Feito o diagnóstico correto, qual a melhor opção de tratamento considerando os diversos grupos de fármacos disponíveis para correção da hiperglicemia? CASO CLÍNICO - PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III EMAGRECIMENTO INVOLUNTÁRIO E TONTURA POSTURAL IDENTIFICAÇÃO: feminina, 40 anos, branca, casada, empregada doméstica (desempregada), natural de Porto Alegre e procedente de Gravataí, encaminhamento próprio. QUEIXA PRINCIPAL: Fraqueza e tontura. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: paciente refere fraqueza e tonturas freqüentes. Relata que os sintomas citados vêm ocorrendo nos últimos 12 meses, e tiveram exacerbação marcada nos últimos 3 dias após inicio de “estado gripal”. Relata ainda, desconforto abdominal, náuseas, emagrecimento (10 Kg/1 ano) e anorexia. REVISÃO DE SISTEMAS: Geral: apatia Pele: surgimento de “areas brancas” em dorso e membros, queda de cabelo Ap cardiovascular: cansaço fácil e “pressão baixa”( medida algumas vezes no Posto de Saúde) Gastrointestinal: ver HDA Antecedentes gineco-obstétricos: gestação=1 parto=1 (cesariana; há 10 anos); redução acentuada da libido; amenorreica há 6 meses. Hematológico: passado de tratamento para anemia (não soube precisar quando) HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA -Cesariana há 10 anos -Tratamento para depressão (descontinuou medicação-Sertralina-e parou de consultar com o psiquiatra há 3 meses) - Nega uso regular de outros medicamentos nos últimos 2 anos. HISTÓRIA FAMILIAR: -Pai falecido(75 anos): câncer de pulmão(era tabagista pesado), HAS -Mãe viva(65 anos): “tem tireóide”e usa medicação para tratar seu problema -1 irmã(35 anos): com diabetes desde a infância(usa insulina) HISTÓRIA PSICOSSOCIAL: É separada há 2 anos. Mora com 1 filha, a mãe e 1 irmã, em casa de alvenaria, com condições sanitárias adequadas; sobrevive com a pensão do mãe e auxílio da irmã que trabalha.Foi demitida porque “não estava mais agüentando o esforço para limpar uma casa”. EXAME FÍSICO: PA=90/60 mmHg P=96ppm-deitada e 80/40 mmHg P=120 ppm-ortostatismo, Fr=16 mrm, T axilar= 37,5 C. Regular estado geral, prostrada, emagrecida (IMC=18); mucosas secas e hipocoradas; hiperpigmentação generalizada (especialmente em face, pescoço, dorso e linhas das mãos, mamilo/aréola, cicatriz cirúrgica e cavidade oral), associado a áreas de vitiligo (dorso e extremidades). Redução da pilificação (axilas e região pubiana). Presença de pequeno bócio difuso, de consistência levemente aumentada. ACV: ritmo regular, em 2 tempos, bulhas hipofonéticas, sem sopros. Pulmões: murmúrio vesicular rude, sem ruídos adventícios. Abdômen: escavado, cicatriz cirúrgica em hipogástrio, leve desconforto á palpação, sem visceromegalias ou sinais de irritação peritonial. Marcha sem alterações. Pulsos perféricos de difícil palpação, com discreta palidez de extremidades. PONTOS PARA A DISCUSSÃO DO CASO: 1. Resuma a regulação do eixo hipotálamo/hipófise/adrenal. 2. Qual a fisiopatologia da insuficiência adrenal? 3. Conceituar insuficiência primaria/secundaria; aguda/crônica. 4. Quando devemos suspeitar do diagnóstico de insuficiência adrenal? 5. Quais os sintomas e sinais mais freqüentes e as situações de risco? 6. No caso apresentado, qual a provável relação entre função adrenal, bócio difuso e vitiligo? 7. Que exames complementares podem contribuir para o diagnóstico? 8. Como e quando iniciar o tratamento? 9. Como se da o manejo terapêutico a longo prazo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: VILAR, Lúcio. et al.; Endocrinologia Clínica.Terceira edição.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2006 BRAUNWALD, Eugene, et al.; Harrison’s Principles of Internal Medicine 16th Ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006 CECIL, Goldman L., Aussielo D. Tratado de Medicina Interna. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. FRITSCHER, Carlos C. et al; Manual de Urgências Médicas.Porto Alegre; EDIPUCRS, 2002 CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III NEOPLASIA ENDÓCRINA IDENTIFICAÇÃO: paciente feminina, 28 anos, casada, balconista, natural e residente em Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: amenorréia secundária e galactorréia. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: paciente refere que há cerca de dois anos vem notando que seu ciclo menstrual foi ficando progressivamente mais longo, inicialmente 45 dias, e após, cerca de 90 dias. Há oito meses não apresenta fluxo menstrual. Além disso, o fluxo menstrual vinha diminuindo em intensidade e em duração, de maneira progressiva. Há noventa dias, notou secreção mamária esbranquiçada, “como se fosse leite”, inicialmente após manipulação das mamas e, nos últimos 30 dias, espontânea e em grande quantidade. Vem notando, também, progressiva diminuição da libido desde o início do quadro, que se agravou nos últimos seis meses, acompanhada de dispareunia, relatada espontaneamente. Preocupada com a possibilidade de estar grávida, solicitou a realização de três determinações de hCG séricas nos últimos seis meses, as quais descartaram a possibilidade de gestação. Há cerca de dez dias, devido a cefaléia muito intensa, procurou a emergência do HSL, onde foi solicitada uma TC de crânio, a qual revelou como única anormalidade uma tumefação arredondada, de 6mm de maior diâmetro, localizada na glândula pituitária. No dia seguinte, por solicitação do médico residente de sobreaviso do serviço de Endocrinologia, realizou uma determinação de prolactina sérica, a qual resultou em 160 ng/mL (VR: 5-25ng/mL). REVISÃO DOS SISTEMAS: os dados relevantes são os seguintes: a) Cabeça: cefaléia progressivamente mais intensa no último ano, de localização frontal ou retro-orbitária, não acompanhada de sintomas visuais. b) Olhos: visão normal, sem necessidade de uso de lentes. c) Mamas: vide HDA. d) Genital: menarca aos 12 anos. Ciclos menstruais regulares, 28/5, acompanhados de hipersensibilidade mamária e cólicas, até dois anos atrás, quando iniciou o quadro atual. Usou ACO por cinco anos, dos 18 aos 23 anos de idade. Atualmente faz contracepção com preservativo. Nulípara. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: hígida até dois anos atrás. Não faz uso de qualquer medicação de uso contínuo, embora utilize Paracetamol com maior freqüência nos últimos tempos para tratamento de cefaléia. HISTÓRIA FAMILIAR: pais vivos e com boa saúde. Dois irmãos vivos, mais jovens, com boa saúde. Não há casos de endocrinopatias, incluindo Diabete Melito, em seus familiares próximos. HISTÓRIA PSICOSSOCIAL: casada há quatro anos; marido é funcionário público estadual. Condição econômica estável. Deseja muito poder engravidar. Chorou durante a consulta, “por receio de não poder engravidar e por apresentar esse tumor na cabeça”. EXAME FÍSICO: A: 1,58m P: 72kg FR: 20 mpm PR: 82ppm CA: 94cm PA: 120/80mmHg FC: 82 bpm O exame físico não apresentou alterações dignas de nota, exceto volumosa galactorréia à espressão, bilateralmente e presença de aumento difuso da glândula tireóide, de consistência macia, de grau discreto. PONTOS DE DISCUSSÃO: 1º) Quais são os sintomas e sinais associados com a hiperprolactinemia em homens e mulheres? 2º) Explicar a fisiopatologia das manifestações clínicas que resultam da hiperprolactinemia. 3º) Quais as causas de hiperprolactinemia? 4º) Qual a avaliação subsidiária necessária a ser utilizada em um paciente portador de hiperprolactinemia? 5º) Quais as opções de tratamento para esta paciente? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1) Harrison’s Principles of Internal Medicine, 17th Edition (2008) 2) Endocrinologia Clínica, Editor Lúcio Vilar, 3ª Edição (2006) CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III HIPOTIREOIDISMO E HIPERTIREOIDISMO IDENTIFICAÇÃO: feminina, 32 anos, branca, casada, procedente de POA. QUEIXA PRINCIPAL: desânimo e cansaço nas atividades diárias. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Paciente refere que há 3 anos começou a apresentar perda de peso, embora com apetite aumentado, nervosismo, palpitações e fraqueza. Procurou cardiologista que prescreveu propranolol 40 mg de 8/8 horas com certa melhora do quadro. Após 8 meses, familiar notou aumento de volume em região cervical e a paciente percebeu que os olhos estavam avermelhados e com lacrimejamento. Consultou com endocrinologista por piora dos sintomas, inclusive com intolerância ao calor, sudorese, tremores de extremidades, prurido e dispnéia aos pequenos e médios esforços. Iniciou tratamento com Tapazol 40 mg/dia. Em 3 meses os sintomas tinham desaparecidos, parou o medicamento por conta própria. Após 4 meses os sintomas voltaram e a paciente foi encaminhada para tratamento com iodo radioativo. Fez acompanhamento por 6 meses e não retornou mais. Atualmente refere desânimo, cansaço freqüente, sono, constipação intestinal e edema de MsIs. REVISÃO DE SISTEMAS Geral: dificuldade para perder peso, pele e cabelos secos, queda de cabelos. Endócrino: intolerância ao frio. Gastrointestinal: fezes muito ressequidas, evacua 1 vez na semana, sendo que antes evacuava 2 ou 3 vezes ao dia. Genitourinário: ciclos menstruais irregulares com períodos de 2 a 3 meses e com menorragia. Gesta 3, Para 3, Abortos 0. Olhos e região periorbitária: edema palpebral. Cardiovascular: Tinha pressão normal, mas recentemente foi detectada pressão alta (sic). Neurológico: relata pensamento lento, dificuldade de concentração e diminuição da memória. Muscular: fraqueza principalmente em braços e pernas, dores articulares e dificuldade para movimentar-se. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Apendicectomia e cirurgia de úlcera gástrica há 20 anos. Não fuma e não faz uso de bebida alcoólica. HISTÓRIA FAMILIAR: Mãe e 2 irmãos com bócio e hipertireoidismo. Tia fez tireoidectomia. Nega diabetes na família. EXAME FÍSICO: Altura 1,56, Peso 68kg, IMC 27. Regular estado geral, hipocorada, com voz rouca TA 150 X 90 mmHg e FC 60 bpm. Pele: amarelada, áspera, seca e descamativa e fria. Cabelos secos e ralos. Cabeça: edema palpebral, ausência de hiperemia ou lacrimejamento oculares. Mobilidade ocular preservada. Tireóide: diminuída de tamanho com consistência aumentada, sem nódulos. Pulmões - limpos, sem estertores, murmúrio vesicular simétrico. Ausculta cardíaca: bulhas hipofonéticas, ritmo regular, 2 tempos, sem sopros audíveis. Abdômen - sem alterações. Membros inferiores - edema de + / 4, pulsos periféricos pediosos e tibiais presentes. EXAMES LABORATORIAIS: DATA 02/2005 04/2006 04/2007 01/2008 TSH (0,4-4,5 mUI/L) < 0,01 0,4 6,0 40 T4 (4,5-12 µg/dL) 24 11 6,5 2,5 Exames atuais: Hemograma: eritrócitos 3.400.000 Hemoglobina: 10,5g/dl Hematócrito: 32% Ácido úrico: 9,2 mg/dl Colesterol total: 420mg/dl, colesterol LDL: 190mg/dl, colesterol HDL: 40 mg/dl Triglicerídeos: 280mg/dl Antitireoperoxidase (Anti-TPO): 250 UI/mL (< 34 UI/mL) CONTEÚDO PROPOSTO Hipertireoidismo: 1. Quais as principais causas de Hipertireoidismo e Tireotoxicose e como diferenciá-las? 2. Testes laboratoriais para diagnóstico e acompanhamento. 3. Quais as alternativas de tratamento e suas finalidades? Hipotireoidismo: 1. Quais as principais causas de hipotireoidismo? 2. Quais são os exames laboratoriais mínimos para diagnóstico e os exames complementares? 3. Qual a terapia deste caso neste momento? CASO CLÍNICO - PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III OBESIDADE MÓRBIDA IDENTIFICAÇÃO: feminina, 32 anos Obesidade desde infância, com piora progressiva após os 12 anos; hipertensa há 4 anos, apnéia do sono, colesterol e tri glicerídeos elevados, edema de membros inferiores e erisipelas de repetição, amenorréia há 7 meses; inúmeras tentativas de dietas, uso prévio de fenproporex, mazindol, fórmulas com produtos “naturais”, fluoxetina, etc. Chegou a reduzir 30 kg em 1 ano com reengorda posterior; história familiar: HAS, Obesidade, DM2, IAM, AVE; medicações em uso: Hidroclorotiazida 50mg 1x, Captopril 50mg 3x, Atenolol 50mg 2x, Penicilina Benzatina 1.200.000UI 1x ao mês, uso freqüente de Diclofenaco de sódio para dores no corpo. Peso: 245 kg altura=168m. IMC=86,8kg/m². PA=180x110mmHg (medida em antebraço). FC=72bpm FR=22 ipm Ausculta cardiovascular e pulmonar com murmúrios reduzidos pelo excesso de gordura. Edema 3+/4+ em tornozelos e pés, dermatite ocre e cicatrizes de erisipela, acantose nigricans em pescoço, axilas e joelhos. Dificuldade de deambulação tolera períodos curtos em pé ou caminhando. EXAMES COMPLEMENTARES Laboratoriais: Glicose jj: 108mg/dl, insulina: 23 mU/mL, Homa IR: 6,12 (até 2,5), colesterol: 314mg/dl, HDL: 42 mg/dl, tri glicerídeos: 210mg/dl, ácido úrico: 5,4 mg/dl, função hepática e renal normais, hemograma e coagulação sem alterações, função tireoidiana e cortisol normais, βHCG: neg., LH: 1,2mUI/ml, FSH: 3,2 mUI/ml, Estradiol < 20pg/ml. Rx tórax: Pulmões hipoexpandidos, demais sp. ECG: FC 70bpm, ritmo sinusal. Ecocardiograma: Sobrecarga de VE, ventrículo com hipertrofia concêntrica, sem alterações valvares, FEj 55%. Cintilografia miocárdica: Não evidenciou alterações isquêmicas. Ecografia abdominal: Fígado com ecotextura aumentada (sugestivo de esteatose), vesícula sem cálculos, útero e ovários de difícil visualização, demais sp. Espirometria: Distúrbio ventilatório restritivo leve-moderado, sem resposta ao brocodilatador. Endoscopia digestiva alta: Gastrite crônica, hérnia hiatal de pequeno porte, Pesquisa de HP negativo. LISTA DOS PROBLEMAS • Obesidade grau III (IMC: 86,8kg/m²) • Hipertensão arterial sistêmica • Cardiopatia hipertensiva • Apnéia Obstrutiva do sono • Dislipidemia mista • Glicemia de jejum alterada • Hiperinsulinemia • Esteatose hepática • Amenorréia secundária • Erisipelas de repetição, insuficiência venosa de MsIs • Dores articulares crônicas • Gastrite crônica e pequena hérnia hiatal CONDUTA: - Indicado cirurgia bariátrica, ficou internada por algumas semanas para redução de peso e estabilização clínica antes da cirurgia. - Operada em maio de 2002. Peso pré-op: 198kg, IMC: 70,2kg/m² - Técnica cirúrgica: By pass Gastrointestinal com anastomose em Y de Roux e colocação de anel de silicone (Técnica de Fobi-Capella) EVOLUÇÃO CLÍNICA IMEDIATA: - Cirurgia transcorreu sem intercorrências, boa evolução clínica, alta no 7º PO, em uso de Ranitidina xarope (protetor gástrico), enalapril 20mg 2x ao dia, atenolol 50mg 2 x ao dia, heparina 5000UI, até completar 21 dias. - Evoluiu com dieta líquida por 10 dias, após dieta líquida e pastosa até o 25º PO e introdução progressiva dos sólidos após este período; - Retorna para consulta com nutricionista, clínico e cirurgião mensalmente até o terceiro mês e após trimestralmente, por 2 anos, e após semestralmente. - Iniciado polivitamínico (Centrum) a partir do 1º mês PO. Apresentou níveis baixos de ferro, ferritina e ácido fólico após o 2º Mês PO, fazendo reposição de ferro quelato 500mg 2x ao dia e ácido fólico 5mg 1 x ao dia por 3 meses. Após o 3º mês reduziu níveis séricos de vitamina B12 passando a repor Citoneurin 5000 1 amp. Im 1 x ao Mês REDUÇÃO DO EXCESSO DE PESO: Peso inicial: 245 kg IMC inicial: 86,6 kg/m² IMC Final: 30,1 kg/m2 Peso “normal” (IMC=25): 71kg/m2 Excesso de peso inicial: 174kg EVOLUÇÃO CLÍNICA TARDIA: - Atualmente com HAS controlada somente com atenolol 50mg /dia; - Níveis de glicose, colesterol, tri glicerídeos, normais; - Voltou a menstruar desde o 3º Mês PO; - Não tem mais apnéias; - Não repetiu episódios de erisipela desde a cirurgia; - Mantém uso de Polivitamínico, necessitou reposição de ferro endovenoso antes de realizar 2 cirurgias plásticas (já fez 4 cirurgias); - Faz caminhada de 60 minutos 3-4 vezes por semana; - Raramente necessita analgésicos ou antiinflamatórios para dores articulares ou musculares. OBJETIVOS: 1. Relacionar Obesidade como Enfermidades Crônicas 2. Obesidade Mórbida como Doença Grave 3. Exames complementares importantes no Diagnóstico da Obesidade Mórbida 4. Tratamento Imediato da Obesidade Mórbida 5. Tratamento Tardio da Obesidade Mórbida CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III TUMOR DE MEDIASTINO IDENTIFICAÇÃO: Mulher, 48 anos, branca, casada, do lar, natural e procedente de Gravataí. QUEIXA PRINCIPAL: Sensação de “sufocação”. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Paciente refere sensação de sufocação ao deitar, que iniciou há um ano e apresenta piora progressiva nos últimos meses. Associado a esta sintomatologia, notou dificuldade para ingerir alimentos, especialmente líquidos, que aspira com muita facilidade. Nega pirose, queixa de refluxo gastro-esofágico, nega anorexia ou perda ponderal. REVISÃO DE SISTEMAS: Portadora de HAS e DM tipo ll, fazendo uso regular de medicamentos (anti-hipertensivo e hipoglicemiante oral). Apendicectomia há 30 anos Dois partos cesáreos, aos 24 e 27 anos. Mãe e irmã operadas da tireóide (SIC). EXAME FÍSICO: Bom estado geral, eutrófica, sobrepeso (IMC= 28). Lúcida e orientada no tempo e no espaço. Mucosas úmidas e coradas, anictéricas. Ausência de linfonodos palpáveis. Pulsos periféricos amplos e simétricos. Sinais vitais: PA: 150x95 mmHg; FC: 84 bpm; FR: 12 mrpm; Temp.ax: 36,5ºC. Auscultas cardíacas e pulmonares sem anormalidades. EXAMES LABORATORIAIS: Glicose: 109 g/dl; hemograma normal; creatinina: 1; Uréia: 40; enzimas hepáticas dentro da normalidade; TSH, T3 e T4 dentro dos limites da normalidade. EXAMES DE IMAGEM: Raios X de tórax: alargamento do mediastino superior às custas de massa com densidade de partes moles que desvia a traquéia lateralmente para a direita, e determina compressão na parede anterior do esôfago. Ausência de lesões pleuro-pulmonares; aorta calibrosa e discreto aumento do ventrículo esquerdo. Tomografia computadorizada de tórax: Massa heterogênea, medindo 4,5x3,8x6,2 cm , localizada em topografia do mediastino ântero-superior estendendo-se até a carena traqueal, determinando compressão do esôfago na transição cérvicotorácica. Há áreas de calcificações esparsas no interior da lesão. ROTEIRO DE DISCUSSÃO: 1. Hipótese diagnóstica? 2. Conduta? CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III DPOC IDENTIFICAÇÃO: masculino, 65 anos, casado, comerciante, aposentado, natural e procedente de Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: dispnéia progressiva HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Paciente refere dispnéia que iniciou há aproximadamente 12 meses, com piora progressiva, relatando não conseguir realizar suas atividades habituais pelo menos nos últimos 6 meses. Apresenta também tosse produtiva, com expectoração mucopurulenta há duas semanas. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: Tabagismo dos 15 aos 65 anos de 30 cigarros/dia. Um episódio de dor retroesternal não investigado. Nega história de DM. EXAMES FÍSICOS FC=110bpm FR=30mrpm TA=130x90mmHg Temp=36,8ºC AR: aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax. MV difusamente diminuído; alguns sibilos expiratórios ACV: bulhas hipofonéticas, RR 2 tempos Abdome: fígado palpável 2 dedos abaixo do rebordo costal D, indolor à palpação. Extremidades: pulsos palpáveis, edema de MsIs ++/4 EXAMES SOLICITADOS RX de tórax: hiperexpansão pulmonar, áreas de enfisema diafragmáticas CT de tórax: áreas de enfisema esparsas por ambos os campos Hemograma: Hematócrito=60%, Hb=17g/dL, Leucócitos=7000 Bioquímica: Na=135 K=4,0 Gasometria arterial: pH=7,25 PO2=60 PCO2=55 esparsas, retificação das cúpulas pulmonares. (sem desvio à esquerda) HCO3=38 PROVAS DE FUNÇÃO PULMONAR CVF=2,2(76%) VEF1=0,9(39%) VEF1/CVF=42 CPT=7,7(3,5-5.7)( 167%) VR=5,4(0,9-2,5)(315%) VR/CPT=70 DLCO=8,2(35%) DISCUSSÃO 1) Quais os fatores de risco para o diagnóstico do paciente descrito? 2) Quais os aspectos do exame físico são importantes para a avaliação do caso? 3) Qual o significado prognóstico da hipercapnia? 4) Qual a importância do achado de função pulmonar em relação à escolha da terapêutica neste caso? 5) Qual o tratamento deveríamos propor? CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III CARCINOMA BRÔNQUICO IDENTIFICAÇÃO: Masculino, 65 anos, branco, casado, comerciante, natural e procedente de Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: Tosse com expectoração hemática. HISTÓRIA DE DOENÇA ATUAL: Paciente refere que há 30 dias vem apresentando escarros hemáticos.Tem tosse irritativa há mais de 6 meses.Apresenta emagrecimento de 10/ 65 Kg nos últimos meses. Refere também anorexia e astenia. Fuma 20 cigarros por dia há 45 anos. EXAME FÍSICO: Bom estado geral, orientado no tempo e no espaço. FC: 80 bpm FR: 14 mpm T: 36,5 C PA: 130/ 80 mm Hg Tórax globoso. Ausculta pulmonar com roncos e sibilos bilaterais. Presença de hipocratismo digital. EXAMES SOLICITADOS: Radiograma de tórax em incidências PA e perfil Tomografia computadorizada de tórax Espirometria Broncofibroscopia DISCUSSÃO: Diagnóstico de tumores centrais e periféricos. Estadiamento. Tratamento. Prognóstico. Quando indicar cirurgia? CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III ASMA IDENTIFICAÇÃO: masculino, 19 anos, solteiro, natural e procedente de Porto Alegre, estudante. QUEIXA PRINCIPAL: episódios repetidos de falta de ar HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: consultou no ambulatório de Pneumologia do Hospital São Lucas da PUCRS em janeiro de 2002, encaminhado pelo setor de Emergências, informando apresentar episódios repetidos de falta de ar, com chiado no peito desde os 3 anos de idade. Tais episódios progressivamente tornaram-se mais espaçados e menos graves até os 16 anos, quando reiniciaram a ser freqüentes e de maior intensidade. Atribuía suas crises principalmente à exposição à poeira doméstica, cheiros fortes, mudanças de temperatura e exercícios físicos. Fazia uso freqüente (3 a 4 vezes ao dia) de salbutamol para alívio dos sintomas e vinha comparecendo a diferentes serviços de emergência nos 6 meses anteriores. Em uma consulta com clínico geral, 4 meses antes, lhe fora receitado beclometasona 500mcg, 2 vezes ao dia, mas interrompera a referida medicação porque não notara alívio imediato dos sintomas. REVISÃO DOS SISTEMAS: nada digno de nota, exceto as queixas respiratórias HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: dermatite atópica na infância, vários episódios de sinusite, sendo um comprovado radiologicamente; inúmeras infecções respiratórias (cerca de 3 a 4 por anos, com prescrição e uso de antibióticos na maioria das vezes HISTÓRIA FAMILIAR: família constituída do casal e três filhos, todos com boa saúde, exceto por mãe e irmãos (2) com rinite alérgica e pai com asma brônquica; irmão menor de 4 anos sem doenças a registrar; Pai e mãe fumantes de 20 cigarros por dia desde os 15 e 20 anos respectivamente. HISTÓRIA PSICO-SOCIAL: mora com os pais e irmãos em uma casa de madeira na Vila Cruzeiro do Sul, com luz elétrica e água encanada mas com sistema de esgotos precários; estuda no 3º ano do 2º grau, em escola pública, vida sexual ativa desde os 16 anos, usando preservativos; fuma 10 cigarros por dia desde os 16 anos; uso de cerveja em fins-de-semana, em festas. A família cria um gato e um cão. Há ratos e baratas na vizinhança. exame físico Altura: 175cm; peso: 69Kg; bom estado geral e de nutrição; lúcido, orientado; informando bem mucosas úmidas e coradas, sem edemas pele, cabeça e pescoço, abdome, membros superiores e inferiores e pulsos periféricos: sem particularidades Ap. cardiovascular: PA 110/70mmHg; FC:100bpm, sem sopros, ritmo regular, ictus invisível e impalpável Ap.respiratório: FR:24mpm, tiragem intercostal e supraclavicular, murmúrio vesicular diminuído homogeneamente em ambos os pulmões, sibilos difusos em ambos os campos pulmonares. EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma normal, exceto por aumento de eosinófilos (10%); RX de tórax: normal, exceto por pequeno aumento do diâmetro postero-anterior do tórax. Espirometria: distúrbio ventilatório obstrutivo, com VEF1 de 2,10 L (55% do previsto) aumentando para 2,70 L após broncodilatador. Evolução Nesta consulta, foi associado um beta 2 agonista de ação prolongada ao corticóide inalatório, treinou-se o paciente com o dispositivo de inalação, bem como fez-se uma completa explicação sobre o que é asma, como preveni-la e qual o modo de ação da medicação prescrita. Foi mantido salbutamol, se necessário para alívio dos sintomas. Cerca de 4 meses após, retornou para revisão, informando não ter mais comparecido a unidades de emergência; usara, em apenas 2 ocasiões, um broncodilatador para alívio dos sintomas e havia seguido na integra as recomendações da última consulta. Estava praticando esportes sem apresentar dispnéia com chiado. Ao exame físico, não apresentava sibilos e a espirometria mostrava VEF1 de 3,9 L (97,5% do previsto) passando para 4 L após broncodilatador. Reenfatizou-se a importância da prevenção, conferiu-se o uso correto do inalador e reduziu-se o CI para metade da dose, mantendo-se o beta 2 de ação prolongada. Novo controle marcado em 90 dias. Em julho paciente, retornou, referindo estar resfriado, porém sem dispnéia ou chiado. Ausculta pulmonar estava normal e espirometria semelhante a anterior. Continuava sua medicação de controle e não referiu mais necessidade de uso de salbutamol. Manteve-se o mesmo tratamento e marcado nova consulta em 3 meses. CONTEÚDO PROPOSTO E ESTRATÉGIA Divisão da turma em 3 grupos para leitura do caso clínico. Após a leitura, discussão do caso (45 minutos); a turma toda reune-se em uma só sala para completar discussão e buscar o consenso (45 minutos). 1) 2) 3) 4) 5) 6) Qual o diagnóstico mais provável considerando-se apenas a anamnese? Quais os diagnósticos diferenciados? A história familiar neste caso foi importante para o diagnóstico? Os exames complementares foram suficientes? O tratamento instituído seria o mesmo se o paciente tivera 50 anos de idade? Podemos considerar o paciente curado após 6 meses de tratamento? Referências Bibliográficas III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma. Jornal de Pneumologia. Vol. 28, Suplemento 1 - Junho de 2002. www.ginasthma.org CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III TUBERCULOSE IDENTIFICAÇÃO: Masculino, 25 anos, branco, solteiro, natural e procedente de Alvorada HISTÓRIA DE DOENÇA ATUAL: Paciente refere que há 4 meses vem apresentando tosse com expectoração purulenta e hemática e febre acompanhada de sudorese noturna e emagrecimento. Fuma 20 cigarros por dia há 10 anos. Nega alcoolismo. Consultou há 2 meses em serviço de emergência e foi prescrito levofloxacina por 7 dias. Teve melhora parcial dos sintomas. EXAME FÍSICO: Bom estado geral, orientado no tempo e no espaço. Cicatriz de vacina BCG no braço direito. FC: 80 bpm FR: 16 mpm T: 38,2 C PA: 120/ 75 mm Hg Ausculta pulmonar com estertores crepitantes na metade superior do hemitórax direito. EXAMES COMPLEMENTARES: H emograma Bacteriológico e pesquisa de BAAR no escarro Radiograma de tórax em incidências PA e perfil Anti-HIV Reação de Mantoux. DISCUSSÃO: Dados epidemiológicos Sintomas e sinais TB infecção/ TB doença Lesões pulmonares e extrapulmonares Métodos diagnósticos Achados bacteriológicos e histopatológicos Tratamento CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III ABSCESSO DE PULMÃO IDENTIFICAÇÃO: Masculino, 61 anos, branco, casado, mecânico, natural e procedente de Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: Tosse com expectoração purulenta e hemática HISTÓRIA DE DOENÇA ATUAL: Paciente refere que há 15 dias após episódio de perda de consciência por ingestão de grande quantidade de bebidas alcoólicas, passou a apresentar tosse com expectoração purulenta e hemática com odor fétido acompanhada de febre e dor no hemitórax direito. Fuma 30 cigarros por dia há 41 anos e ingere cerveja e cachaça diariamente. EXAME FÍSICO: Regular estado geral, orientado no tempo e no espaço. Gengivite e dentes em mau estado de conservação. FC=90 bpm FR=16mpm T=38 °C PA=125/ 85mmHg Ausculta pulmonar com estertores crepitantes na metade superior do hemitórax direito. Ausência de cianose e hipocratismo digital. EXAMES SOLICITADOS: Hemograma Bacteriológico e pesquisa de BAAR no escarro Radiograma de tórax em incidências PA e perfil Reação de Mantoux Broncofibroscopia DISCUSSÃO: Fatores predisponentes Sintomas e sinais Mecanismo de chegada do gérmen ao pulmão Aspectos radiológicos Diagnóstico Tratamento: Antibioticoterapia, fisioterapia respiratória Quando indicar cirurgia? CASO CLÍNICO – PRÁTICA EM SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III TABAGISMO IDENTIFICAÇÃO: Homem, 50 anos, casado, eletricitário, natural do RJ. QP & HDA: falta de ar e chiado no peito que têm se agravado nos últimos meses. HDA: comparece a um programa para cessação do tabagismo por apresentar cardiopatia hipertensiva e diabetes há 10 anos. HPP: Crise convulsiva febril e asma na infância. Bronquite crônica tabágica, em uso de Symbicort 12/400 HISTÓRIA TABÁGICA: Experimentou cigarros aos 10 anos; aos 12 anos fumava regularmente; pais fumantes. Cigarro faz parte de sua vida, sendo rara atividade na qual o cigarro não esteja presente. Fuma cerca de 60 cigarros por dia (mais de 3 maços/dia) durante a semana e até 120 cigarros/dia nos finais de semana USO DE OUTRAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: Em finais de semana, bebe quantidades moderadas de cerveja, sempre com amigos. Às vezes, toma sozinho alguma cerveja ao sair do trabalho. Nega uso de outras drogas psicoativas. ESCALA DE NICOTINO-DEPENDÊNCIA DE FAGERSTRÖM: 10 pontos. TENTATIVAS PARA DEIXAR DE FUMAR: Sete tentativas, sendo a última há 1 ano; geralmente já na 1ª semana tem ansiedade intensa e começa a comer em demasia; fica tão nervoso que retorna a fumar em torno do 5º dia. Conseguiu ficar sem fumar durante 2 anos com redução gradual para a cessação. PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES COMPORTAMENTAIS: associa o cigarro a toda sua rotina diária (falar ao telefone, após café, após refeições, com bebida alcoólica, ir ao banheiro pela manhã, ao tomar banho, em momentos de aborrecimento, preocupação, alegria ou tristeza). PRINCIPAIS RAZÕES PARA FUMAR: sou muito estressado, fumar acalma, ajuda a me concentrar nas tarefas do trabalho PRINCIPAIS RAZÕES PARA DEIXAR SÃO: Prejuízo à saúde, medo de enfisema e não poder mais fumar na empresa. ESTÁGIO MOTIVACIONAL: precisa parar de fumar, mas o desejo de fumar ainda é grande. A frase que melhor se encaixa é “eu penso em parar algum dia na vida, porém ainda não penso marcar uma data no próximo mês”. AUTO-EFICÁCIA: atribui grande importância ao ato de deixar de fumar, mas sua auto-confiança é baixa, pelo que precisa de ajuda inclusive de medicamentos; teme muito o fracasso. EXPECTATIVA COM O TRATAMENTO: sente-se animado, mas teme não conseguir, espera recuperar mais a saúde. OBSTÁCULOS & DIFICULDADES: principais barreiras: álcool e comida: quando bebe fuma muito, e “tem medo de engordar muito”. ESTILO DE VIDA: vida sedentária, não pratica qualquer atividade física tampouco freqüenta atividades culturais. É muito ansioso, de pavio curto e muito compulsivo para comer. CONTEXTO FAMILIAR: vive com esposa também fumante e 2 filhos adolescentes, nenhum fumante. Tem um amigo especial no trabalho, saem sempre juntos às 6ª feiras para um bate papo e tomar algumas cervejas; ambos fumam. CONTEXTO DO TRABALHO: o ambiente de trabalho lhe causa muito estresse, as pessoas não acreditam que ele vá conseguir parar de fumar. SUPORTE SOCIAL: encontra maior suporte para a cessação com “seus colegas de trabalho”. EX FÍSICO: PA: 150 x 90mm Hg, FC: 84 bpm; FR: 18 mpm; Peso: 114,4 kg, Altura: 1,78 m. EX. SUBSIDIÁRIOS INICIAIS: Sat02 em repouso: 96%. CO exalado: 48 ppm. HAD (escala hospitalar de ansiedade e depressão): Escala de Ansiedade: 18 (em 21 possíveis); Depressão: 8 (em 21 possíveis). 1. Qual o estágio motivacional deste paciente? (A) Pré-contemplativo (B) Contemplativo (C) Preparado para ação (D) Em ação 2. O que valorizar mais na abordagem para a cessação tabágica deste paciente? (A) Avaliar o consumo de tabaco em relação ao quadro clínico geral (B) Avaliar os níveis de monóxido de carbono (C) Analisar os exames de função pulmonar (D) Solicitar radiografia de tórax 3. Quais são as melhores ferramentas para avaliar a conduta a ser tomada? (A) TFDN e o nível de COexalado. (B) Estado clínico do paciente (C) Grau de motivação e a auto-eficácia do paciente (D) Todas as respostas anteriores são válidas. 4. Como conduzir a abordagem terapêutica neste paciente? (A) Apresentar protocolos de tratamento disponíveis com evidências científicas que podem ajudar a deixar de fumar. (B) Considerar sempre que possível a(s) preferência(s) do paciente tanto na TCC quanto na farmacológica. (C) Identificar os medicamentos já em uso, considerar os riscos na escolha da farmacoterapia para o tabagismo. (D) Todas as respostas anteriores são válidas. 5. Quais poderiam ser os cenários possíveis no prognóstico da paciente? (A) É reservado pelo quadro de comorbidades (provável síndrome metabólica). (B) Na melhor das hipóteses, este paciente poderia conseguir uma redução significativa do nº de cigarros fumados. (C) Pela história tabágica apresentada, poderá alcançar abstinência, todavia irá requerer um tempo mais prolongado de atenção e eventualmente, haverá que considerar a combinação de fármacos associada a TCC. (D) Este tipo de paciente terá muita dificuldade para frequentar o grupo terapêutico e pela escassa rede de apoio familiar além de a esposa ser fumante, mesmo parando, certamente recairá em pouco tempo.