caderno do professor
REALIZAÇÃO E DIREÇÃO
APOIO
PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO
APOIO FINANCEIRO
caderno do professor
PATROCÍNIO
caderno do professor
LENA JESUS PONTE
NADYA FERREIRA JESUS
sumário
apresentação 4
cronologia ilustrada
6
o pintor do novo mundo 16
israel pedrosa
a restauração dos painéis guerra e paz 20
cláudio valério teixeira e edson motta junior
declaração sobre uma cultura de paz organização das nações unidas (onu)
23
propostas de atividades
1. painéis da guerra e da paz 26
2. o palácio gustavo capanema – arquitetura e arte 30
3. mutirão do restauro 32
4.“paz sem voz não é paz, é medo!” 34
5. rap da paz 36
6. haicai
– poesia da delicadeza 39
7.“o coração do mundo é a pulsação da gente” 41
8. brincando de ser criança 45
9. dançar a paz é mais gostoso 50
10. de repente, o cordel 53
11. “brigas nunca mais” 59
12. “fui lata, hoje sou prata” 62
13. a luta contra a guerra, a guerra pela paz 66
14. “liberdade liberdade, abre as asas sobre nós” 71
15. “a mão está sempre compondo” 76
notas 80
referências Portinari pintando o painel Guerra
no galpão da TV Tupi.
Rio de Janeiro, 1955.
80
APRESENtação
Caros professores
Vocês, com seus alunos, participaram das atividades do
Programa Educativo Guerra e Paz – visitas guiadas para
acompanhamento de fases do restauro dos painéis de
Candido Portinari e oficinas de arte, realizadas no Ateliê
Aberto, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro,
de fevereiro a maio de 2011.
Agora vocês têm em mão o Caderno do Professor, para
o desdobramento das ações pedagógicas deflagradas
pela visita ao Ateliê Aberto. Este material, nas escolas,
possibilitará a exploração ainda maior de toda a riqueza
da obra de Portinari.
A primeira parte deste Caderno contém informações
básicas sobre o artista e sua obra, bem como sobre a
história dos painéis Guerra e Paz, detalhando informações
que já constavam do folder distribuído durante as
visitas guiadas.
A segunda parte oferece a vocês, professores, propostas
de atividades discentes, de caráter interdisciplinar,
abrangendo Língua Portuguesa, Artes e História.
A realização do projeto pedagógico que impulsiona a
programação do Ateliê Aberto de Restauro dos painéis
Guerra e Paz só foi possível com o patrocínio da
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência
de fomento do Ministério de Ciência e Tecnologia.
4
PROPOSTAS
DE ATIVIDADES
As atividades deste Caderno destinam-se aos alunos do sexto ao nono ano
do Ensino Fundamental, aos alunos do Ensino Médio e aos da Educação de
Jovens e Adultos (EJA). Essa abrangência não constitui problema, do ponto
de vista pedagógico, na medida em que as propostas de atividades possibilitam ao professor efetuar as adaptações que se façam necessárias – flexibilizando, reduzindo, simplificando, desenvolvendo, aprofundando cada uma
delas –, de acordo com o contexto de ensino-aprendizagem.
As propostas têm como objetivo mais amplo estimular a solidariedade e a
harmonia na escola e na família, contribuindo para promover uma cultura de
paz na sociedade. É exatamente nesse sentido que se enfatiza a execução
em grupo das atividades (estímulo à cooperação e à liderança positiva), bem
como a participação integrada, em algumas propostas, dos diversos atores
da comunidade escolar: diretores, alunos, professores, orientadores educacionais, familiares.
Os objetivos específicos consistem na ampliação do universo cultural dos
alunos e no desenvolvimento das seguintes capacidades: atenção, observação, concentração, organização, disciplina, compreensão, interpretação,
expressão e comunicação verbal e não verbal, relacionamento de fatos e
ideias, análise, síntese, senso crítico, argumentação, pensamento criativo,
colaboração, avaliação e autoavaliação, flexibilidade.
Os três grandes eixos temáticos que norteiam todo o conjunto das atividades
são a guerra, a paz e a arte de Portinari. Deixando claro que, coerentemente
com os painéis do artista, abordamos “guerra” e “paz” de forma simbólica,
como situações e contextos associados a esses conceitos. Assim, paz é harmonia, fraternidade, justiça, tolerância, respeito, preservação, alegria; guerra
é conflito, desunião, injustiça, intolerância, agressão, destruição, sofrimento.
As atividades propostas – pesquisa, leitura, entrevista, visita, análise de filmes, produção de textos, confecção de trabalhos de artes plásticas, criação
de coreografia, dramatização, produção musical, entre outras –, já diversificadas em função do próprio caráter interdisciplinar e da abrangência do públicoalvo, variam, também, quanto a ferramentas e recursos didáticos utilizados.
Concluindo, a obra de Portinari – em especial os painéis Guerra e Paz – inspirou a concepção deste Caderno, cujas propostas de atividades abrem espaços de comunicação, construção, comunhão, respeito e liberdade – fundamentos de uma Cultura de Paz.
5
cronologia ilustrada
1920
1903
Candido Portinari nasce a 30 de
dezembro na fazenda de café
Santa Rosa, próxima à cidade de
Brodowski, Estado de São Paulo,
na época um pequeno lugarejo
com cerca de 700 habitantes. É o
segundo dos 12 filhos de Baptista
Portinari e Dominga Torquato,
ambos italianos da região do
Vêneto, na Itália, que migraram
para o Brasil no final do século XIX,
momento de expansão
da cultura cafeeira.
1918
Passa por Brodowski um grupo itinerante
de pintores e escultores italianos que
decoravam igrejas de pequenas cidades
do interior. Candido é chamado para
ser ajudante, juntamente com Modesto
Giordano, seu companheiro de infância, que
relata: “Ele (Portinari) ficava lá trabalhando.
Cedo, era o primeiro que chegava lá [...]
quase nem ia comer em casa [...]. [Era]
doente para aprender a arte de pintor”.
Portinari matricula-se como
aluno livre na Escola Nacional
de Belas Artes (ENBA), cursando
regularmente as aulas de
desenho figurado. Encontra ali um
ambiente contraditório e tenso,
marcado por normas rígidas.
1922
Portinari expõe pela primeira vez
e recebe Menção Honrosa por
um retrato, provavelmente de seu
amigo Ezequiel Fonseca Filho.
Portinari na ENBA.
Baptista Portinari e
Dominga Torquato.
1906
Casa da Família Portinari em Brodowski.
Baptista e Dominga deixam
a fazenda e se estabelecem
como comerciantes em
Brodowski, parada para os
trens apanharem café e ponto
de passagem de retirantes em
busca de trabalho.
1911
Portinari frequenta a
escola em Brodowski,
provavelmente entre 1911
e 1916, não indo além
do terceiro ano do
curso primário.
1919
Candido Portinari parte para o
Rio de Janeiro em companhia da
família Toledo, amiga dos Portinari
e proprietária de uma pensão na
avenida Passos, nº 44. Portinari
aí se instala, prestando pequenos
serviços. Na capital, ingressa no
Liceu de Artes e Ofícios.
Baile na Roça
1924
1914
Aos 10 anos, Portinari
faz o Retrato de Carlos
Gomes, primeiro
desenho seu de que se
tem registro.
6
Escola de Brodowski. Portinari
é o primeiro, de pé, na terceira
fila, à direita, de baixo para cima.
Retrato de Carlos Gomes
Portinari se submete ao júri
de seleção do Salão da ENBA
com sete retratos e a tela
Baile na Roça, sua primeira
obra temática brasileira, pintada
durante as férias de verão
passadas em Brodowski.
Os retratos são aceitos, mas
Baile na Roça é recusado.
1929
Portinari a bordo do Bagé,
com Helena Duarte
e Campos de Oliveira.
Retrato de
Olegário Mariano
Portinari faz sua primeira
exposição individual, com 25
retratos, no Palace Hotel-RJ,
iniciativa da Associação dos
Artistas Brasileiros, dirigida
por Celso Kelly. Embarca
para a Europa no navio
brasileiro Bagé. Em Paris,
instala-se provisoriamente
em Montparnasse, reduto
dos artistas na época. Logo
se muda para o Hôtel
du Dragon e inicia sua
programação de estudos.
Decide não frequentar a
Académie Julien, como
era praxe entre os premiados
da ENBA.
Palaninho
1928
Ano decisivo na
trajetória artística de
Portinari. O pintor
apresenta 12 obras à
XXXV Exposição Geral
de Belas Artes e ganha
o Prêmio de Viagem à
Europa, com o Retrato
de Olegário Mariano.
A imprensa destaca a
vitória do artista.
De Paris, escreve a uma
colega na ENBA:
…Palaninho é da minha terra,
de Brodowski.
…Vim conhecer aqui o Palaninho,
depois de ter visto tantos
museus, tantos castelos e tanta
gente civilizada…
Aí no Brasil eu nunca pensei
no Palaninho…
…Daqui fiquei vendo melhor
a minha terra - fiquei vendo
Brodowski como ela é. Aqui não
tenho vontade de fazer nada…
Vou pintar o Palaninho, vou pintar
aquela gente com aquela roupa e
com aquela cor...
Maria Victoria,
Montevidéu
Foto: Faig
1932
1930
Participa da exposição
coletiva de arte brasileira
em Paris – Exposition d’Art
Brésilien (Exposição de
Arte Brasileira), realizada no
Foyer Brésilien, com duas
obras: um retrato e uma
natureza morta.
Conhece Maria Victoria
Martinelli, jovem uruguaia
de 19 anos – radicada com
a família em Paris – sua
companheira de toda a vida.
Maria e Candido Portinari no
apartamento-ateliê da Lapa.
Circo
Portinari apresenta
mais de 60 obras em
exposição individual no
Palace Hotel, promovida
pela Associação dos
Artistas Brasileiros. Pela
primeira vez, o artista
expõe telas de temática
brasileira, enfocando
cenas de infância, do
circo e de cirandas.
Os Despejados
1931
O casal regressa ao Brasil.
Candido Portinari traz na
bagagem seis obras: três
naturezas mortas, um
nu, um autorretrato e um
pequeno retrato de Maria.
De volta, recomeça a pintar
intensamente para garantir
a sobrevivência do casal.
Mestiço
1934
Portinari pinta
Os Despejados, sua primeira
obra com temática social.
A tela Mestiço é adquirida
pela Pinacoteca do Estado
de São Paulo, primeira
instituição pública a incluir
uma obra de Portinari em
seu acervo.
7
1935
1939
A convite de Celso Kelly,
é contratado para lecionar
pintura mural e de cavalete
no Instituto de Artes da
Universidade do Distrito
Federal (UDF), Rio de
Janeiro.
Em 20 de janeiro,
o presidente Getúlio
Vargas decreta a extinção
da UDF, encerrando,
consequentemente,
a carreira de Portinari
como professor.
Participa da exposição do
Instituto Carnegie, em
Pittsburgh, com a tela Café,
conquistando a Segunda
Menção Honrosa.
O artista realiza quatro
grandes painéis para o
Monumento Rodoviário,
na rodovia Washington Luís,
que liga o Rio de Janeiro a
São Paulo.
1938
Portinari realiza
centenas de
estudos a
carvão, crayon,
têmpera, guache
e aquarela para
a execução
dos 12 murais
em afresco
para a sede do
Ministério da
Educação, hoje
Palácio Gustavo
Capanema.
Nasce seu filho
João Candido.
Trabalhador
Café
Portinari pinta os painéis
Jangadas do Nordeste,
Cena Gaúcha e Noite de
São João para o Pavilhão
Brasileiro da Feira Mundial
de Nova York, cujo projeto
arquitetônico é de Lucio
Costa e Oscar Niemeyer.
Portinari e o filho
João Candido.
Museu Nacional
de Belas Artes.
O presidente
Getúlio Vargas
visita a Exposição
acompanhado do
Ministro da Educação
Gustavo Capanema.
Algodão
Trabalhador
Turma de alunos da UDF. Portinari ao centro.
Atrás dele, de pé, está o escritor Mário de Andrade.
É inaugurada no Museu
Nacional de Belas Artes
a maior exposição de
Portinari, com 269 obras.
O catálogo tem prefácio
de Manuel Bandeira e
Mário de Andrade.
8
1940
Participa da Latin American
Exhibition of Fine Arts (Mostra
Latino-Americana de Arte), no
Museu Riverside de Nova York,
com 35 obras.
A Exposição Portinari of Brazil
(Portinari do Brasil), com
aproximadamente 180 obras,
é realizada no Museu de
Arte Moderna de Nova York
(MoMA), e posteriormente
percorre diversas cidades
americanas.
1944
1942
São inaugurados os murais
na Fundação Hispânica da
Biblioteca do Congresso,
em Washington. Os painéis
apresentam uma temática
histórica latino-americana.
Portinari pintando os murais da Fundação
Hispânica da Biblioteca do Congresso
Americano, Washington.
Foto: Thomas D. McAvoy
Santa Luzia e São Pedro
(detalhe da Capelinha da Nonna).
Museu Casa de Portinari, Brodowski.
Exposição Portinari no Museu Nacional
de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Foto: Kazys Vosylius
1941
1943
A Universidade de Chicago
edita o álbum Portinari, his
Life and Art (Portinari, Vida
e Arte).
É inaugurada uma exposição
individual de Portinari no
Museu Nacional de Belas
Artes, com 168 trabalhos.
Portinari pinta a Capelinha
da Nonna, em Brodowski,
num dos cômodos da casa
da família, para sua avó
Pellegrina. Os santos que
decoram as paredes são
feitos em tamanho natural
e retratam pessoas de sua
família.
Memórias Pósthumas de Braz
Cubas, de Machado de Assis,
primeiro livro publicado pela
Sociedade dos Cem Bibliófilos
do Brasil, é ilustrado por
Candido Portinari.
Inaugura exposição
na Galeria de Arte da
Universidade de Howard,
em Washington.
Portinari participa da
exposição comemorativa
dos 15 anos de fundação
do MoMA – Art in
Progress (Arte em
Progresso) – com as
obras Espantalho e
Colonos Carregando Café.
Criança Morta
Portinari pinta os painéis
da série Retirantes.
Retirantes
Enterro na Rede
Painel de azulejos, Igreja de São Francisco de Assis,
Pampulha, Belo Horizonte, MG.
É concluído o conjunto
arquitetônico da Pampulha
em Belo Horizonte,
encomenda do então
prefeito Juscelino
Kubitschek a Oscar
Niemeyer, incluindo a Igreja
de São Francisco de Assis,
decorada por Candido
Portinari com azulejos na
parte externa e pintura mural
no interior.
9
1947
1945
A crescente preocupação
política de Portinari leva-o
a candidatar-se a deputado
federal. Sua plataforma
defende uma Constituinte
soberana, com base no
apoio popular à cultura,
à sindicalização dos
camponeses, contra a carestia,
a inflação, o latifúndio e o
Integralismo.
Apresenta sua candidatura ao
Senado pelo PCB, mas perde
a eleição por pequena margem
de votos.
1948
É exposto no Teatro Solis, em
Montevidéu, o painel A Primeira Missa
no Brasil, pintado para a nova sede do
Banco Boavista, no Rio de Janeiro.
Inaugurada sua primeira
exposição individual na Argentina,
no Salón Peuser, em Buenos
Aires, com 91 obras.
Portinari volta ao Brasil e, em dezembro,
faz uma exposição retrospectiva no
MASP, em São Paulo.
Propagada política.
A Primeira Missa no Brasil
Portinari pintando Retirantes, Rio de Janeiro.
Portinari com
amigos e
familiares em
Montevidéu.
Portinari com Nicolás Guillén e grupo de
visitantes na sua exposição. Montevidéu.
Foto: Justicia
Galeria Charpentier, Paris.
Foto: Agence France Presse
1946
A Galeria Charpentier, em
Paris, inaugura exposição de
Portinari com 84 trabalhos.
O governo francês
condecora Portinari com
a Legião de Honra.
10
O governo do Presidente
Eurico Dutra intensifica
a perseguição aos
comunistas. Em
novembro, Portinari
parte para o Uruguai
em exílio voluntário.
Em dezembro, a família
Portinari vai ao encontro
do artista.
Tiradentes
1952
Portinari faz o painel A chegada de
D. João VI à Bahia, encomenda do
Banco da Bahia.
1950
Visita, pela primeira vez,
Chiampo, cidade natal
de seu pai, na região
do Vêneto.
1949
Portinari inicia o painel Tiradentes
para o Colégio de Cataguases,
em Minas Gerais.
É convidado a participar, em Nova
York, da Conferência Cultural e
Científica para a Paz Mundial, mas
a Embaixada Americana nega-lhe
o visto de entrada.
Recebe a Medalha de
Ouro da Paz, por sua
obra Tiradentes, no
II Congresso Mundial
dos Partidários da Paz,
em Varsóvia.
O Secretário Geral das Nações
Unidas anuncia oferta, feita
pelo governo brasileiro, de dois
painéis (Guerra e Paz), que serão
executados por Portinari, e que
decorarão um dos salões da nova
sede da ONU.
A Chegada de D. João VI à Bahia
Portinari junto com familiares
italianos. Chiampo, Itália.
Portinari é intimado a comparecer
à Polícia Central para prestar
esclarecimentos por sua participação
na Universidade do Povo.
Exposição de Portinari, no Museu
de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
1953
1951
Portinari participa da
I Bienal de São Paulo.
É internado no Rio de Janeiro,
após sofrer hemorragia intestinal.
O diagnóstico aponta para o uso
de determinadas tintas contendo
metais pesados, como chumbo,
cádmio e prata.
Após dez anos sem expor
individualmente no Rio de
Janeiro, Portinari inaugura mostra
com 100 obras no Museu de
Arte Moderna – MAM.
11
1956
1954
Inaugura exposição
individual no Museu de
Arte de São Paulo – MASP
com mais de 100 obras,
entre elas, duas maquetes
para os painéis Guerra
e Paz da ONU.
Portinari entrega Guerra e Paz.
Os painéis, de 14m x 10m
cada um, foram realizados
a óleo sobre madeira
compensada naval, durante
nove meses, com a ajuda de
Eurico Bianco e Rosalina Leão.
Por determinação médica,
Portinari fica algum tempo
sem pintar. O chumbo das
tintas é a causa da doença.
“– Estou proibido de viver”,
diz Portinari.
Museu de Arte de São Paulo – MASP.
Foto: Alice Brill
1958
1957
É inaugurada exposição
individual de Portinari
na Maison de la
Pensée Française, em
Paris, patrocinada pela
Embaixada do Brasil.
A exposição é apresentada
depois em Munique e em
Colônia, na Alemanha.
Candido Portinari,
Presidente Juscelino
Kubistcheck e Sra.
no Theatro Municipal.
Portinari inaugura na
Galleria del Libraio,
em Bolonha, na Itália,
sua primeira exposição
individual na terra de
seus pais.
O artista é intimado
judicialmente a depor
no Departamento
Federal de Segurança
Pública, sendo
indiciado com Oscar
Niemeyer, Arnaldo
Estrela, Dalcídio
Jurandir e outros pelo
trabalho desenvolvido
na Escola do Povo.
Meninos a Cavalo
1955
É assinado o contrato
entre Portinari e o
Ministério das Relações
Exteriores para a
execução dos painéis
Guerra e Paz, cujos
estudos já se encontram
bastante adiantados.
Portinari participa da
III Bienal de São Paulo
com sala especial, hors
concours, e apresenta
12 estudos para o painel
Guerra, todos eles de
grandes dimensões.
Agraciado com a Medalha
de Ouro concedida
pelo International Fine
Arts Council – IFAC – ,
de Nova York, como o
melhor pintor do ano.
12
Exposição dos painéis Guerra e Paz
no Theatro Municipal, Rio de Janeiro, RJ.
Antes de seguirem para a
sede da ONU, em Nova York,
o Presidente da República,
Juscelino Kubitschek, inaugura
a exposição dos painéis no
Theatro Municipal do Rio de
Janeiro. Foi a primeira e única
vez que Portinari viu Guerra e
Paz erguidos. Na inauguração
da exposição, o Presidente
Kubitschek entrega a Portinari
a Medalha de Ouro concedida
pelo Internacional Fine Arts
Council, em 1955.
Portinari realiza a série D. Quixote, constituída por
22 desenhos a lápis de cor,
encomendada pela editora
José Olympio, para ilustrar os
poemas de Carlos Drummond
de Andrade.
Inauguração dos painéis Guerra e Paz,
na sede da ONU, Nova York.
São doados à ONU, em
cerimônia oficial, os painéis
Guerra e Paz. Portinari não
é convidado a comparecer
à cerimônia, em virtude do
seu envolvimento com o
Partido Comunista, sendo
representado pelo embaixador
Cyro de Freitas-Valle.
Dando início a sua atividade
literária, Portinari começa a
escrever Retalhos de Minha
Vida de Infância.
1959
Portinari participa da
exposição itinerante
Artistas Brasileiros na
Europa, organizada pelo
Museu de Arte Moderna
do Rio de Janeiro.
Ilustra o livro Menino de
Engenho, de José Lins
do Rego, editado pela
Sociedade dos Cem
Bibliófilos do Brasil.
A V Bienal de São Paulo
realiza retrospectiva
da obra de Portinari
com 127 obras.
1960
Nasce Denise, neta de
Candido Portinari. Nesse dia,
Portinari escreve: “– Minha
neta me libertará da solidão.”
O artista prosseguirá
representando sua neta
em poesia e em pintura.
É publicado na Itália o livro
Brasil, Dipinti di Portinari
(Brasil, Pintura de Portinari).
1961
1962
Em viagem à França, é impedido
de entrar no país pelo governo
francês. Após negociações,
recebe um visto de 60 dias,
com a condição de não fazer
declarações políticas.
Portinari falece em 6 fevereiro, intoxicado pelos
metais pesados contidos nas tintas.
O velório é realizado no Edifício Sede do Ministério
da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema.
Estavam presentes o ex-Presidente da República
Juscelino Kubitschek, Hermes Lima, representando
o Presidente João Goulart, os líderes comunistas
na clandestinidade, Luis Carlos Prestes e Carlos
Marighela, e o líder anticomunista e governador do
Estado da Guanabara Carlos Lacerda.
Retorna ao Brasil com a saúde
comprometida.
Realiza sua última exposição
individual em vida, na Galeria
Bonino, no Rio de Janeiro.
A Presidência da República emite nota de pesar e
é decretado luto oficial de três dias no Estado da
Guanabara.
Portinari faz três painéis em
azulejos: Frevo e Peixes, para o Pampulha Iate Clube, projeto de Oscar Niemeyer, e Pombas, para um edifício em Paris.
Peixes
Velório do artista no prédio do Ministério da
Educação e da Saúde Pública, Rio de Janeiro.
Denise com Pássaro
Frevo
Pombas
13
Meninos no Balanço, 1955
Desenho a grafite e lápis de cor/papel
25 x 24,5cm
Estudo para o painel Paz
Paz, 1955
Desenho a grafite, crayon,
sanguínea e lápis de cor/papel
51 x 36,5cm
Estudo para painel Paz
14
Mulher e Criança Chorando, 1955
Desenho a grafite e pastel/cartolina
32,7 x 22,7cm
Estudo para o painel Guerra
A OBRA
15
O Pintor
do Novo Mundo
Israel Pedrosa
Intervenção no Colóquio Internacional Portinari em Paris:
1946-2009, PUC-Rio, novembro de 2009
16
Menino com Cata-Vento,1955
Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel
31,5 x 15,5cm
Estudo para o painel Paz
Sempre que se quis definir Portinari, a partir da visão de sua obra, essa definição atingia
uma tal abrangência que ultrapassava em muito a caracterização, simplesmente humana,
do pintor.
Foi assim quando de sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, em que foi
apresentado como Portinari of Brazil, formulação que lhe dava o foro de pintor nacional
de seu país.
No catálogo da exposição Cem Obras-Primas de Portinari, realizada pelo Museu de Arte
de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), seu diretor Pietro Maria Bardi o qualificara
como “um intérprete das misérias do Terceiro Mundo”. Antônio Bento, algum tempo
depois, o denominou simplesmente: O Pintor do Terceiro Mundo.
Ao reduzir o termo, Bento ampliava-lhe o sentido, como que dissesse ser ele não apenas
o intérprete das misérias mas também das lutas, alegrias e esperanças comuns a esse
universo majoritário de nosso planeta.
Hoje, passadas várias décadas desses esforços de definição, delineia-se claramente o
perfil de Portinari como o de O Pintor do Novo Mundo. Epíteto que, ultrapassando o significado simplesmente geográfico, representa sobretudo o novo mundo social e espiritual
que o perene labor humano vem construindo, como fruto de seus melhores anseios: a
Nova Era de que Paul Klee e David Alfaro Siqueiros sonhavam ser os pioneiros. E que
realmente o foram, cada um a seu modo.
Este Novo Mundo, de que Portinari viria a ser seu grande intérprete e magno representante, é o Novo Mundo que começa a emergir em meio às lutas e às aspirações, não
apenas dos visionários das regiões periféricas e dos atuais países emergentes, mas também de toda a humanidade progressista. Mundo de paz, de trabalho produtivo, de alegria,
felicidade e amor entre os seres humanos, e de fraterna confiança entre os povos. (...)
O Realismo do século XX
Se aplicarmos à obra de Portinari o conceito de John Ruskin de que para a análise da obra
de arte a primeira pergunta a se fazer é: – o que ela nos ensina? a resposta será o espanto. Veremos que melhor que nos compêndios de História, de Economia, de Sociologia ou
de Política, o relato visual de Portinari expressa os mais avançados conceitos da cultura
de seu tempo, que aponta sempre para um horizonte promissor.
Tomada em seu conjunto, sua obra é como um imenso painel que aborda todos os aspectos da alma humana e da vida social, da miséria e desgraça, aos anseios da bem-aventurança terrestre. O brilho do olhar de seus miseráveis e degradados seres amoráveis tem
a chama reivindicativa da esperança. Sua obra, expressão coerente de sua generosa visão
de mundo, não decorre apenas de um “otimismo da vontade” em meio ao “pessimismo
da razão”. É expressão de uma razão combatente que, em meio à adversidade, revela os
lenitivos de uma cantata ao porvir.
(...) Sem desfalecimento, a obra de Portinari assume autêntica expressão do Realismo
do século XX.
17
(...) A universalidade de seu vocabulário plástico é ao mesmo tempo a única forma de
expressão de seu postulado estético.
É com ela que desde o início de sua saga ele revela um universo novo para a historicidade
da arte. Daí surgem as reminiscências rurais de sua infância, o cenário humilde das nascentes metrópoles, cenas e alma da vida brasileira.
A singeleza ou a monumentalidade dessas visões estão expressas nos murais da casa
de Brodósqui, da capela da Pampulha, do Ministério da Educação, da Biblioteca do Congresso, em Washington, e dos painéis e quadros que percorreram o território das três
Américas.
Os painéis Guerra e Paz
Para Portinari, os últimos anos da década de 1940 e os primeiros da seguinte são marcados pela realização de seus grandes painéis móveis: A Primeira Missa no Brasil (1948),
Tiradentes (1949), Chegada de D. João VI ao Brasil (1952), Guerra e Paz (1952-1956).
Em 1952, atendendo a convite do Itamaraty, Portinari inicia a realização das maquetes dos
dois imensos painéis (14m x 10m cada um) para a decoração do edifício sede da ONU,
em Nova York. Edifício projetado por Le Corbusier, e em cuja elaboração trabalhara Oscar
Niemeyer. Os temas escolhidos para os painéis foram a Guerra e a Paz. Síntese das preocupações e objetivos primordiais dos trabalhos das Nações Unidas.
Decorridos quatro anos de árduo trabalho, no dia 5 de janeiro de 1956 os imensos painéis
foram entregues ao Ministério das Relações Exteriores.
Durante o período de sua realização, a imprensa do País e do exterior acompanhou com
interesse o trabalho do artista. Ao ser anunciado o seu término, desencadeou-se imenso
movimento de opinião pública liderado por eminentes intelectuais, artistas e organizações culturais e até por sindicatos operários, desejando a exposição dos painéis no Brasil,
antes de seu envio para Nova York.
Atendendo a esse clamor geral, o Itamaraty organizou a mostra dos painéis Guerra e Paz,
no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, transformando-o no mais amplo salão de exposição visto no Brasil, até então, e no templo reverencial de um momento específico de
nossa contribuição à historicidade artística da humanidade.
No dia 27 de fevereiro de 1956, na presença do Presidente da República, Juscelino
Kubitschek de Oliveira, e altas autoridades, de representantes políticos de todas as tendências, de intelectuais, de artistas e de eufórica multidão em clima de júbilo nacional, foi
inaugurada a extraordinária mostra.
Pouco mais de um ano depois, ante o secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjold, e representantes do Brasil, embaixador Cyro de Freitas-Valle e ministro Jayme
de Barros, em setembro de 1957 foram inaugurados no edifício sede da ONU, em Nova
York, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari.
18
Considerações gerais
Em 2007, marcando o cinquentenário da inauguração dos painéis, o Projeto Portinari publicou o livro comemorativo da efeméride: Guerra e Paz – Portinari. Nele, eu afirmara que
os dois painéis constituíam “um discurso visual uno em sua complexa complementaridade sobre os extremos da desgraça e da bem-aventurança, na trágica e comovedora visão
pintada por Portinari.
Nas páginas da História da Arte, em que surgem incontáveis guerras datadas e localizadas, como as de Troia e do Peloponeso, pintadas por Eufrônio, as Batalhas de San Romano e Anghiari, de Paolo Uccello e de Da Vinci, ou Guernica, de Picasso, todas são narradas
por cenas que as identificam, localizam e datam. Com os recursos próprios ligados ao
tempo da pintura, cada uma delas participando da variada gama de conceitos que vai do
heroísmo à dor e ao desespero ou defendendo um solo, uma ideia ou uma causa que as
particularizam. A abordagem de Portinari é outra. Não identifica guerra alguma, como se
afirmasse que em essência todas se equivalem no desencadeamento de horror e animalidade. Nenhuma arma identificável, em Portinari; a cavalgada apocalíptica que corta a
cena em todas as direções, com seu cortejo de conquista, guerra, fome e morte, não traz
as cores bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco ou o amarelo. É o azul que
domina. Uma trágica e dorida sinfonia em azul, passando por toda sua escala. Os tons
escuros, soturnos, ricos em variadas e profundas nuanças violáceas, desenham as cenas
sobre fundo de claros azuis de reflexos verdátreos, tendentes aos leves citrinos.
Contrastando com esse universo azulado, valorizando-o cromaticamente, em contraponto tonal, o cavalo manchetado de carmim, a carnação de rostos, braços e pés saindo
das vestes escuras, surgem em vibrantes alaranjados que vão das sombras trevosas
violáceas, aos quase vermelhos e rosas de intensa crepitação luminosa. Nesse clima de
violentos contrastes, de soturna féerie, o tropel ininterrupto liberta as feras que aterrorizam o mundo.
(...) Realçado por clara luz, um eremita desnudo, de pé em penitência, cobre os olhos com
as mãos, em prece e lamento. Figuras em grupo compacto, genuflexo, braços levantados
com as mãos espalmadas e rostos voltados para o céu, nesse cenário de morte deixam
transparecer uma aragem de força e vida, de condenação à própria existência da guerra”.
No painel Paz, tal como acontece em seu par: “são múltiplas as reminiscências de obras
anteriores de Portinari, como também são vários os vestígios desses trabalhos em quadros posteriores do Mestre. O que significa dizer serem eles elos coerentes de uma
imensa produção pictórica da mais alta representatividade do poder criador do século
XX (...). O que emana desse painel, nos enleva e encanta, mais que a ideia de paz e da
paz, é a própria paz que nos invade ao contemplá-lo. É a sensação de penetrarmos num
universo sereno, de comunhão fraterna no trabalho produtivo, num reino mágico de cores
reluzentes, do som da ciranda de jovens num canto universal de fraternidade e confiança,
ou da candura dos folguedos infantis. Com todos esses tons dourados, alegres, crepitantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível. Dia virá em que a
humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.”
19
A restauração
dos painéis
Guerra e Paz
Cláudio Valério Teixeira
Edson Motta Junior
Detalhe do painel Paz: esbranquiçamento
da superfície da tinta é visível em toda
metade inferior do painel.
Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz,
no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, 2011.
20
Os dois painéis monumentais intitulados Guerra e Paz foram pintados por Candido Portinari entre 1952 e 1956 para o Hall dos Delegados da Sede das Nações Unidas, em
Nova York. O artista usou tintas a óleo. A estrutura dos painéis é composta pela junção
de quatorze módulos menores, de madeira compensada fina, que, unidos pelo verso por
parafusos, formam um todo, cuja dimensão total é de 14m (altura) x 9,53 m (largura) para
Paz e 14m (altura) x 10,58m (largura) para Guerra.
O estado de conservação das obras mostra os efeitos da exposição à luz, à poluição urbana e a mudanças dos níveis de umidade relativa. Essas condições ambientais fizeram
com que poeira e fuligem se acumulassem na superfície da tinta, atribuindo às pinturas
uma aparência acinzentada e encardida, que reduz a intensidade cromática e diminui a
escala de contrastes, valor vital para obras que querem transmitir o drama da guerra e
a alegria da paz. Além disso, a instabilidade dos níveis de umidade ao longo dos anos
provocou o desprendimento de tinta, especialmente nos locais de empastamento, e fez
aparecer, em áreas onde a tinta é mais fina, rachaduras e micro-ondulações na madeira
compensada, indicando o começo de um processo de descolamento das camadas de
madeira que formam a placa de compensado naval. A exposição à luz foi a causa mais
provável das áreas esbranquiçadas que se concentram em alguns campos de cor; mas
investigações científicas mais detalhadas serão necessárias para a identificação e posterior tratamento dessas alterações, pois, apesar de não representarem ameaça à integridade física da obra, traem substancialmente a intenção do artista, comprometendo a
beleza da pintura.
O processo de conservação e restauração de Guerra e Paz será discreto e minimalista,
e adotará procedimentos e materiais que respeitam a integridade física e estética das
obras. A limpeza da superfície será feita com métodos que empregam pequenos percentuais de produtos químicos diluídos em água, além de gomas macias especiais para o
recolhimento da poeira e da fuligem; a tinta em descolamento será fixada com adesivos
similares aos que Portinari usou na preparação dos painéis, evitando assim a introdução
de materiais estranhos aos que foram empregados pelo artista. Estão previstas, também,
pequenas intervenções onde a camada de tinta foi danificada. Nesses locais as lacunas
serão niveladas, texturizadas e retocadas com tintas apropriadas para restauração. Estas
serão aplicadas com um minúsculo pontilhado para que as áreas de restauro sejam fáceis
de localizar e não sejam confundidas com as tintas pintadas pelo mestre. Uma solução
diluída de uma resina estável poderá ser usada para aumentar a profundidade das tintas
e acentuar a intensidade das cores, mas o belíssimo contraste entre áreas brilhantes e
foscas, comum na pintura moderna e tão valorizado pela riqueza plástica que atribui à
obra, será preservado.
A vinda dos painéis Guerra e Paz para exposição e restauração no Brasil é um orgulho
para todos nós e uma oportunidade para apresentarmos a estudantes, estudiosos e ao
público interessado os modernos procedimentos e técnicas de restauro usados no Brasil.
Além disso é simbólico que este trabalho seja realizado num prédio que é um marco do
Modernismo brasileiro e onde se encontram outras obras-primas da pintura mural de
Candido Portinari.
21
“O que Portinari carrega como um manancial inesgotável
é sua maneira de nos oferecer sua paixão pela vida e
pela vida compartilhada, como um ensejo para melhor
conhecê-la e nos deslumbrarmos com ela, com suas
dores e alegrias, sempre capazes de se misturarem uma
na outra e de se alternarem uma pela outra. Isto quer significar que a presença da obra de Portinari
pode mobilizar a vida da escola, de seus educadores
e educandos, através de comoções estéticas,
que precisam ser também aprendidas. Afinal, seu
pensamento genial e sua sensibilidade tocante, além
de cartografar os corpos em movimento do Brasil,
capta e enreda as generosidades e as conflitividades
das paisagens sociais brasileiras e com elas da própria
humanidade em seus apelos de paz. (…) Quantas lições poderemos proporcionar aos nossos
professores e estudantes com a convivência de Candido
Portinari entre as experiências escolares? As pesquisas
educacionais vêm confirmando que não aprendemos
sem redes complexas de relações, sem vontade, sem
questões, sem dilemas e necessidades que façam
sentido para nossas vidas. Memorizações rígidas
pouco ajudam no encaminhamento e enfrentamento
dos desafios. Urge pensar e sentir, como ações
entrelaçadas historicamente, para irmos produzindo
sinergias educacionais e políticas que potencializem as
aprendizagens como modos de sentir, pensar e atuar na
vida, modificando-a.”
Célia Linhares
Professora Titular de Política Educacional
da Universidade Federal Fluminense
22
Mãos, 1955
Desenho a grafite, crayon e crayon colorido/papel
12 x 13cm
Estudo para o painel Paz
Declaração sobre
uma Cultura de Paz
Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e
estilos de vida baseados:
a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência
por meio da educação, do diálogo e da cooperação;
b)No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e
independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são,
essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com
a Carta das Nações Unidas e o direito internacional;
c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos
e liberdades fundamentais;
d)No compromisso com a solução pacífica dos conflitos;
e)Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento
e proteção do meio ambiente para as gerações presente e futuras;
f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento;
g)No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades
de mulheres e homens;
h)No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão,
opinião e informação;
i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância,
solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e
entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações;
e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.
Artigo 1º da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz – Assembleia Geral –
Organização das Nações Unidas – 19991
23
propostas
de atividades
“(...) majestoso diálogo
entre o trágico e o lírico,
entre a fúria e a ternura,
entre o drama e a poesia.”
João Candido Portinari, a respeito dos painéis Guerra e Paz,
de Portinari. Pintar ou viver. Guerra e Paz, p.147
“O tema é o homem”
Candido Portinari. Guerra e Paz, p.148
Menino com Diabolô, 1955
Desenho a grafite e lápis de cor/papel 21 x 15,5cm
Estudo para o painel Paz
proposta 1
Painéis da guerra e da paz
Trabalhar na escola uma Cultura de Paz é o objetivo principal de todas as propostas
de atividades. A arte de Portinari nos painéis Guerra e Paz é o fio condutor para
que os professores de Língua Portuguesa, de História, de Artes e de outras áreas
de conhecimento possam desenvolver esses temas na escola. Nesta primeira proposta, especificamente, os estudantes são convidados a dialogar com os painéis
do artista, criando seus próprios painéis de guerra e de paz, inspirados na realidade
que os cerca e com reutilização de materiais descartados.
sugestões de atividades
a) A cultura da paz
• Leitura do texto Declaração sobre uma Cultura de Paz, na página 23 deste
Caderno.
O professor solicita a vários alunos que leiam em voz alta cada um dos itens do
texto à maneira de um jogral.
“Trabalhe sempre com
gosto. Se cansar de uma
técnica, passe para outra.
Mude a cor do papel ou
o tema da pintura. Mas
conserve o amor.”
(Candido Portinari, citação de Maria
Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 37)
• Debate sobre o texto lido. Exemplos de alguns questionamentos possíveis:
Por que se estabelece comumente uma relação direta entre educação e respeito à vida humana? É aceitável a ideia de que os fins justificam os meios?
Como conciliar desenvolvimento e proteção ao meio ambiente? O que teria
originado, na maioria das culturas, a discriminação de gênero? A liberdade de
expressão, opinião e informação deve ser incondicional? Há alguns valores
e/ou atitudes abordados no texto que não vêm sendo observados no seu
ambiente escolar?
b) A guerra e a paz em Portinari
•Leitura dos seguintes fragmentos a respeito dos painéis Guerra e Paz, de
Portinari:
“A guerra seria representada através do sofrimento do povo e não de soldados em
combate.”
(Antônio Bento. Guerra e Paz, p. 48)
No painel Paz “(...) camponeses plantando, camponeses colhendo, o espantalho, os
batedores de arroz, homens, mulheres e meninos que cantam.” (Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)
• Localização, no painel Guerra, dos elementos mencionados no primeiro frag-
mento, ou seja, imagens de sofrimento do povo;
>
identificação, nesse painel, de imagens da mãe com o filho morto no colo – símbolo da dor máxima da humanidade; questionamentos: A que referência religiosa
e artística essas imagens remetem? Em que medida essas imagens representam ruptura dramática com o futuro?
• Localização, no painel Paz, dos elementos mencionados no segundo fragmento, ou seja, imagens de alegria do povo.
26
• Seleção, nos dois fragmentos, de vocábulos a serem agrupados em dois con-
juntos:
1º) área
2º)
de significação de tragédia, fúria e drama;
área de significação de lirismo, ternura e poesia.
c) Recriando Guerra e Paz
• Seleção e recorte, em jornais e revistas, de palavras, frases, manchetes, imagens, associadas às ideias de violência e de não violência.
• Criação de dois painéis: um, da guerra; outro, da paz. Utilização do material selecionado e recortado, além de sucata, tinta, lápis cera, etc.
• Exposição dos painéis no espaço da escola, junto com reproduções ampliadas
dos painéis de Portinari, para visitação pela comunidade escolar (familiares, professores, alunos, funcionários). Comparação entre os painéis dos alunos e os de
Portinari (personagens, situações, materiais, técnicas).
d) A década de 1950 no Brasil e no exterior
• Pesquisa histórica sobre o período em que foram criados os painéis Guerra e Paz
(1952-1957). Assuntos, relacionados tanto a guerra quanto a paz, que podem
ser desenvolvidos e debatidos nas aulas de História: reflexos do fim da Segunda
Guerra Mundial; a Guerra Fria; o temor de uma guerra nuclear; o papel da ONU;
lançamento do Sputnik I pela União Soviética; suicídio do Presidente Getúlio
Vargas; o governo de Juscelino Kubitschek; entre outros.
Um fato importante
Em 1956, “Portinari entrega os
painéis Guerra e Paz para serem
doados à ONU. Antes de seguirem
para os Estados Unidos, os painéis
são expostos no Theatro Municipal
do Rio de Janeiro. Na inauguração
da exposição o Presidente Juscelino
Kubitschek entrega a Portinari a
Medalha de Ouro pelo International
Fine Arts Council, como melhor pintor
do ano.” 2
“Mesmo diante da ameaça à própria vida, que sobreveio
quando completara 50 anos, Portinari não recuou,
aceitando o desafio mortal e enfrentando o trabalho
maior de toda a sua vida: os murais Guerra e Paz para
a sede da ONU em Nova York. O mais universal,
o mais profundo, também, em seu majestoso diálogo
entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura,
entre o drama e a poesia.”
(João Candido Portinari. Guerra e Paz, p.147)
27
escala humana
Guerra, 1952–1956
Painel a óleo/ madeira compensada
1400 x 1058cm
Paz, 1952–1956
Painel a óleo/madeira compensada
400 x 953cm
escala humana
proposta 2
O Palácio Gustavo Capanema –
Arquitetura e Arte
Esta proposta abre a possibilidade de que os estudantes visitem o Modernismo,
na Arte e na Arquitetura. Entre as várias atividades, a de pesquisa histórica a respeito do Palácio Gustavo Capanema reforça a necessidade de preservação desse
importante patrimônio histórico, que abriga, em 2011, os painéis Guerra e Paz para
restauração. Inspirados nos murais de azulejos desse Palácio, criados por Candido
Portinari, os estudantes podem exercitar sua criatividade.
sugestões de atividades
a) Conhecendo o Palácio Gustavo Capanema
• Pesquisa, por parte da turma, em enciclopédias e na internet, sobre os seguintes temas:
Cana, 1938
Pintura mural a afresco
280 x 247cm
Pau-Brasil, 1938
Pintura mural a afresco
280 x 250cm
1º)
2º)
características do Modernismo na arquitetura brasileira;
importância do Palácio Gustavo Capanema na arquitetura da cidade do Rio de
Janeiro;
3º)
artistas que participaram da concepção do projeto de construção do Palácio;
4º)
murais de azulejos de Candido Portinari;
>
fichamento, pela turma, das informações coletadas.
Divisão da turma em 4 grupos para distribuição, entre eles, dos temas pesquisados.
• Elaboração, pelo primeiro grupo, de esquema relativo ao primeiro tema, com
base no fichamento realizado;
>
apresentação do esquema, com explicações orais; projeção do esquema por
meio de slide show.
• Redação, pelo segundo grupo, de texto dissertativo relativo ao segundo
tema, com base no fichamento realizado;
>
>
desenho da planta do Palácio para confecção de maquete, com utilização de madeira, papelão, sucata, etc., a fim de ilustrar a exposição desse tema;
apresentação oral do texto e mostra da maquete.
• Redação, pelo terceiro grupo, de resumos dos dados biográficos dos artistas,
com base no fichamento realizado para o terceiro tema;
>
>
confecção de cartazes com os resumos, acompanhados de fotos dos artistas
pesquisados;
apresentação do trabalho.
• Redação, pelo quarto grupo, de resumo da história dos murais de azulejos
criados por Candido Portinari, com base no fichamento realizado para o quarto tema;
>
>
30
registro fotográfico dos murais em seu conjunto e em seus detalhes;
apresentação oral desse quarto tema; projeção das fotografias por meio de slide
show.
“No céu, no
mar, na terra!/
Canta Brasil!”
(Música “Canta Brasil”, de
Alcyr Pires Vermelho e David Nasser)
Fachada do edifício Gustavo Capanema
Foto: Elisa Guerra
Estrelas-do-Mar e Peixes
painel de azulejos
990 x 1510cm
b) Os motivos marinhos nos azulejos de Portinari
Mulher Reclinada, de Celso Antonio, 1940
Foto: Elisa Guerra
• Apreciação dos azulejos que enfeitam os pilotis do Palácio Capanema, para observação dos elementos marinhos e da forma decorativa de sua disposição no
espaço.
• Pesquisa de poemas cujo tema seja o mar;
>
recitação dos textos pesquisados.
• Criação de poemas, frases, pensamentos com temas associados a mar;
>
apresentação dos textos produzidos, com utilização expressiva da voz e dos gestos.
• Pesquisa de composições musicais cujo tema seja o mar, a exemplo das canções praieiras de Dorival Caymmi;
>
audição das músicas pesquisadas.
• Composição de canções praieiras;
>
apresentação das músicas criadas, com acompanhamento de instrumentos musicais
(flauta, violão, teclado...).
• Criação de painéis decorativos (ao estilo dos murais de Portinari no Palácio Capanema), a serem expostos na escola. Sugestão de materiais: papéis coloridos, EVA,
folhas de revistas, pedrinhas coloridas, massinhas de sopa, grãos, flores secas,
contas, miçangas, paetês, purpurina, algodão, etc.;
>
composição artística com elementos da terra (flores, plantas, cogumelos...);
>
composição artística com elementos do céu (estrelas, cometas, lua, sol, nuvens...).
Monumento à Juventude Brasileira,
de Bruno Giorgi, 1947
Foto: Elisa Guerra
31
proposta 3
Mutirão do restauro
O foco desta proposta é a educação patrimonial. As atividades, principalmente
de leitura, visita guiada e pesquisa histórica, conduzem ao objetivo final – procedimentos de “restauro”, pelos estudantes, de seu ambiente escolar. Isto dentro
da perspectiva maior de que preservação e cuidado são fundamentos de uma
Cultura de Paz.
sugestões de atividades
a) Preservar é preciso
• Leitura do texto A restauração dos painéis Guerra e Paz, de Cláudio Valério
Teixeira e Edson Motta Júnior, na página 21 do Caderno do Professor.
• Redação, em grupo, de resumo do texto lido, para compreensão da importância cultural do restauro de um patrimônio;
>
apresentação oral dos resumos pelos grupos.
Nessa etapa, o professor terá oportunidade de avaliar com os alunos a relevância das informações selecionadas para redação dos resumos.
• Visita guiada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para apreciação do trabalho de restauração desse importante patrimônio cultural da cidade.
Guerra e Paz
no Theatro Municipal do
Rio de Janeiro em 1956.
Uma observação importante – No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em
1956, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, foram expostos pela primeira vez para o público brasileiro durante o governo de Juscelino Kubitschek,
antes de seguirem para seu destino – a Sede da Organização das Nações
Unidas, em Nova York. Em dezembro de 2010, os painéis retornaram a esse
teatro para exposição ao grande público antes de sua restauração no Palácio
Gustavo Capanema.
b) Tem muita História...
Guerra e Paz
no Theatro Municipal do
Rio de Janeiro em 2011.
Foto: Elisa Guerra
32
• Pesquisa sucinta pelos alunos, em grupo, a respeito da sua escola: Quando
foi fundada? Quem a fundou? Quem lhe deu o nome e por quê? O nome da
escola homenageia alguém? Quem é essa personalidade? O que realizou? A
escola tem mais de uma unidade? A que nível(eis) escolar(es) atende? Que
datas históricas são comemoradas pela comunidade escolar? Algum familiar,
amigo, pessoa famosa já estudou nessa escola?
>
>
redação de resumos das informações obtidas na pesquisa;
apresentação dos resumos ao professor de Informática, para criação, pelos alunos, de um site da escola; caso já exista, verificar a possibilidade de inserção dos
conteúdos pesquisados.
“Quem ama cuida.”
(Leonardo Boff)
c) Projeto “Passando a limpo a escola”
O professor fará a leitura oral do texto a seguir, de Yanara Rodrigues3, 10 anos.
A minha escola
A minha escola é assim:
Tem flores e jardim.
Tem sala para ler.
Tem sala para escrever.
Ela é o máximo!
Ela é um amor.
Ela é o remédio da minha dor.
Ela é o futuro da minha vida.
Sem ela não sei viver,
Sem ela não sei ler,
Sem ela não sei escrever,
Sim, sem ela eu não sou nada.
Com ela eu sei viver,
Com ela eu sei escrever,
Com ela eu sei ler,
Com ela aprendo a ser boa e gentil
Por isso ela é importante para mim.
• Identificação e registro de alguns elementos danificados, passíveis de recuperação, simples e imediata, no espaço da escola: livros, objetos, cortinas, luminárias, paredes, mobiliário, fotos, uniformes, etc.
• Planejamento das ações de recuperação:
>
>
constituição de equipes de trabalho (inclusão de alunos, familiares, professores, funcionários), para a recuperação e a produção de um documentário;
distribuição de tarefas entre as equipes.
• Execução das ações de recuperação: colagem, costura, emenda, pintura, limpeza, etc.
d) Uma escola novinha em folha!
• Produção de documentário, em vídeo e/ou fotos e/ou textos, sobre o processo
de recuperação da escola: o “antes”; o “durante”; o “depois”;
>
registros fotográficos; depoimentos e entrevistas em vídeo; redação de textos; confecção de cartazes.
• Realização de evento festivo com a participação de toda a comunidade escolar;
>
exibição dos documentários;
>
apresentação dos objetos recuperados;
>
falas do(a) diretor(a) e de representantes de cada um dos segmentos da comunidade
escolar, para os devidos agradecimentos e estímulo a novos projetos.
e) A nota que eu dou
• Análise do processo de “restauro”, posteriormente, em sala de aula, com assistência do orientador educacional: Que achei do projeto? Que achei do processo?
Que achei dos resultados? Corresponderam às expectativas? Como me senti ao
participar? Eu fiz o melhor que podia?
• Avaliação do projeto “Passando a limpo a escola”, com atribuição de notas de
1 a 10.
f) Preservação da paz
• Debate: Como relacionar “restauro” a “paz”?
>
síntese, em tópicos, das conclusões.
• Elaboração de texto dissertativo com base nas conclusões do debate.
33
proposta 4
“Paz sem voz não é paz,
é medo!”4
Esta proposta consiste na criação de um jornal falado. Com essa atividade, os
estudantes trabalham os fatos reais de violência, no sentido não apenas de informar, mas de refletir sobre eles – revelando sonhos, aspirações de mudança – e de
propor soluções. A abordagem do conceito de utopia permite o engajamento das
mais diferentes disciplinas.
sugestões de atividades
a)“É fácil se você tentar” 5
Divisão da turma em dois grupos, para produção de um jornal falado: grupo
A, para noticiar situações de violência; grupo B, para noticiar situações de não
violência.
• Seleção, pelo grupo A, em jornais e revistas, de notícias reais de violência;
>
paráfrase das notícias;
>
edição do material: organização, ordenação.
• Criação, pelo grupo B, de notícias que expressem a concretização de suas
aspirações, anseios, desejos, sonhos – em relação a família, amigos, escola,
bairro, cidade, país, mundo;
>
redação dessas notícias;
>
edição do material: organização, ordenação.
• Criação, pelos alunos, do nome do jornal.
• Apresentação do jornal em dias diferentes, na ordem A, B.
Indicação de alunos de cada grupo para as funções de locutor, comentarista e
analista;
>
locução das notícias;
>
comentários;
>
análise.
b) Tem solução?
• Debate, por parte dos espectadores (os demais alunos), sobre as soluções
apontadas pelos analistas para os conflitos noticiados pelo grupo A.
• Debate sobre a viabilidade de realização das aspirações expressas pelo grupo B.
“As coisas comovedoras ferem de morte o artista
e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.”
34
(Candido Portinari, trecho do discurso dirigido a intelectuais argentinos, em 1947. Guerra e Paz, p. 153)
c) “Nenhuma razão para matar ou morrer”6
• Audição e canto, em coro, da seguinte música de John Lennon: Imagine.
Imagine que não existe céu
é fácil se você tentar
que nem há inferno abaixo de nós
acima de nós apenas o firmamento
imagine toda gente
vivendo só para o dia de hoje...
>
Imagine que não há países
não é difícil conseguir isto
nenhuma razão para matar ou morrer
nem tampouco religiões
imagine toda gente
vivendo a vida em paz...
observação, na letra da música, de possíveis aspirações expressas pelo grupo B em
suas notícias.
• Leitura extraclasse do livro O que é utopia, de Teixeira Coelho (Coleção Primeiros
Passos, Editora Brasiliense, SP,1980).
• Debate sobre o conceito de utopia, com base na leitura do livro de Teixeira Coelho.
d) Reflexão
• Interpretação livre, em sala de aula, do seguinte pensamento de Candido Portinari: “As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é
retransmitir a mensagem que recebe.”
Mãe e Filha, 1955
Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis cera/papel
39,5 x 28,5cm
Estudo para o painel Guerra
35
proposta 5
Rap da Paz
A essência desta proposta é mostrar que a arte pode ser uma arma poderosa
na luta pela paz. Aqui, a escola, como patrimônio de cultura, abre seus espaços
para variadas manifestações artísticas e culturais contemporâneas – grafite, rap,
breakdance, moda hip-hop –, possibilitando amplo engajamento interdisciplinar.
sugestões de atividades
a) “É bom você se ligar”
7
Divisão da turma em 5 grupos; distribuição, para cada grupo, de um dos seguintes temas relativos à cultura hip-hop: grafite, breakdance, indumentária,
comportamento, música e poesia (rap).
• Pesquisa, em grupo, sobre esses temas (internet, jornais e revistas);
>
fichamento das informações coletadas.
• Redação de resumos, com base nos fichamentos realizados por parte de cada
grupo;
>
apresentação, por parte de cada grupo, do resumo redigido.
• Planejamento, por grupo, de uma atividade relativa à manifestação cultural pesquisada:
>
grafitagem de um espaço da escola, previamente acordado com a direção;
>
improvisação de coreografias, para o tema “dança”;
>
desfile de modas, para o tema “indumentária”;
>
entrevistas, para o tema “comportamento”;
>
apresentação musical, para o tema “rap”.
b) “O rap é o caminho pra revolução”
8
• Audição do seguinte rap de MV Bill e leitura da letra: O crime nunca mais.
Ahn, 1999, o voo da paz
É bom você se ligar, é o bonde da justiça vai passar
Ahn, háhá, agora o bicho vai pegar, pode crê
Ahn, ahn, ahn, ahn, é bom você se ligar
(Segura a onda então)
As favelas não podem se dividir em partilho
Somos a maioria o povo pobre corre perigo
É o sangue da favela que está no chão
Por isso uso a minha voz para pedir a união
Cansei de ver o povo pobre apodrecer
36
Leituras dos estudos de Portinari para Guerra e Paz produzidas
por grafiteiros da ONG Artefeito no encerramento da exposição
dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Fotos: Elisa Guerra
(Candido Portinari. Jornal A noite,
de 2 de março de 1956)
O meu comando é a paz a força pra sobreviver
A nossa guerra é a arma poderosa do sistema
Exterminar o preto favelado é o esquema
E quando você se autodestruir novas cartas marcadas no baralho vão surgir
Ahn, enquanto você cheira eu faço a minha rima
Enquanto você fuma eu sigo a minha sina
O meu comando é a paz, proponho a paz para vocês
Somos mais um peão perdido nesse jogo de xadrez
Viciados, alcoviteiros, homicidas, somos mais uma vítima desse jogo contra a vida
O comando é a paz, o crime nunca mais
(segura a onda então, seja um bom rapaz)
O sistema administra nossa evolução
Quem morde a isca facilita a manipulação
Meu comando agora é a paz e a paz é meu partido
Eu vejo dragão cuspindo fogo de dentro do presídio
Gerando a destruição carcerária
“Pintar a guerra
é mais fácil, mas
pintar a paz é
mais gostoso.”
O mesmo rango a mesma grade o mesmo ódio estampado na cara
O amor traz a paz, a guerra desunião
As muralhas do muro do inferno o destino da civilização
Eu não nasci aqui não vou morrer assim
Cabeça sem nada oficina do diabo enfim
A luz que me conduz, seduz meu pensamento
O sonho de liberdade viver em paz no juramento
Sem polícia sem miséria sem malandragem
Cobrindo de paz todas as favelas da cidade
Quem sabe talvez o prêmio Nobel da paz
Cabeça erguida voltar pro crime nunca mais.
O comando é a paz, o crime nunca mais
(segura a onda então, seja um bom rapaz)
O governo prega a paz e financia a guerra
Tenta nos convencer que somos de outra terra
Todos me alertavam que eu corria perigo
Mas ninguém me mostrava o verdadeiro inimigo
37
O benefício da lei não chegou na favela
A paz não vai reinar se a justiça não impera
Mas agora eu sei que não estou sozinho
Vivo em outro Brasil mas encontrei o meu ninho
Moço sai daí, tu tá numa roubada
É um barril de pólvora uma canoa furada
O rap é o caminho pra revolução
O crime é o caminho pro campo de concentração
A nossa arma é nossa voz nosso pensamento
A munição atitude poesia e o sentimento
Carrega minha cruz, desatam mil nós
Brasil uhm, fazendo justiça com a própria voz
O comando é a paz, o crime nunca mais
(segura a onda então, seja um bom rapaz)
• Identificação, no rap de MV Bill, das características desse gênero musical,
quanto a letra e melodia.
Fotos: Elisa Guerra
• Relacionamento entre o conteúdo da letra e a pesquisa feita a respeito da
cultura hip-hop.
• Conversa, entre os alunos e o professor de História, sobre questões presentes na letra, passíveis de serem abordadas nessa disciplina: ideologia, sistemas econômicos, mídia, consumo, manipulação, classes sociais, injustiça
social, financiamento das guerras, interesses econômicos, os vários brasis,
entre outros assuntos.
“Minha arma é
minha pintura.”
(Candido Portinari, em entrevista
à revista Diretrizes, em 1945)
c) “Nossa arma é nossa voz”
9
• Criação musical, em grupo, de um rap da paz.
A criação do rap deverá ser coletiva: um aluno, de cada vez, contribuirá com um
dos versos da letra, observando o desenvolvimento dos assuntos, a continuidade das ideias, enfim, a coerência.
O professor colocará no quadro os seguintes fragmentos 10, que deverão constituir-se nos versos iniciais do rap a ser criado pelos alunos:
“(...) A paz é igual / ao computador / Quem não tem / se danou.”
(Luis Fernando M. S. Bezerra, 14 anos )
“(...) Se nós não tivermos paz, / O que é que a gente faz? / (...) Você que tem
paz em casa / Se dá bem / Imagine quem não tem?”
(Alexandra Oliveira Firmino, 13 anos)
• Apresentação musical do rap criado pela turma para toda a comunidade escolar;
>
38
preparação: grafitagem do cenário, com inspiração no painel Paz, de Portinari;
coreografia e figurinos, concebidos segundo a estética hip-hop.
proposta 6
Haicai – poesia da delicadeza
O centro desta proposta é a criação literária, a partir da união de dois extremos: o contato dos estudantes com uma poesia multissecular de origem japonesa e a utilização
das novas mídias globais, para divulgação de mensagens de carinho e respeito, sob a
forma de haicais – a poesia da delicadeza.
sugestões de atividades
a) O menor poema do mundo...
Haicai é um tipo de poesia multissecular, de origem japonesa.
O haicai japonês tradicional apresenta, em geral, as seguintes características formais: constitui-se de três versos (o primeiro com 5 sílabas poéticas; o segundo,
com 7; o terceiro, com 5); apresenta linguagem simples e sintética; não tem título;
costuma não ter rima; constitui-se predominantemente de frases nominais, com
presença maior de substantivos (no caso de frases verbais, os verbos em geral se
encontram no presente).
“(...) os quadros
de Portinari são
poemas que podem
ser lidos
e declamados.”
(Mauro Santayana. Guerra e Paz, p.145)
Quanto às características temáticas, observam-se basicamente as seguintes: é
uma poesia muito visual, capta um instantâneo poético, priorizando o detalhe; é
essencialmente sensorial (não lógica); aborda assuntos agradáveis, de maneira
mais sugestiva que explicativa. No haicai, a natureza é presença central (termos
ligados às estações do ano). O eu lírico quase nunca aparece, não há extravasamento emotivo.
Exemplo de haicai, criado por um haicaísta brasileiro que segue as regras formais
do haicai tradicional:
Paz. Forte em ruínas.
E na boca de um canhão
Um ninho de pássaros.
(Luís Antônio Pimentel)
Observação – No Ocidente alguns haicaístas imprimiram mudanças tanto de ordem formal quanto temática nos seus haicais.
• Pesquisa em grupo, na internet e/ou em enciclopédias, sobre Matsuo Bashô, o
mais importante haicaísta de todos os tempos:
>
levantamento de dados biográficos;
>
contextualização histórica;
>
>
seleção de alguns haicais criados por Bashô (inclusive o haicai da rã, o mais famoso
do mundo);
apresentação escrita dos resultados da pesquisa.
39
Observação – O professor de História terá oportunidade de aprofundar a contextualização histórica.
• Leitura do haicai de Luís Antônio Pimentel, anteriormente citado;
>
divisão da turma em 2 grupos: o primeiro lê em coro o primeiro verso; o segundo
lê em coro o segundo verso; um(a) único(a) aluno(a) recita o terceiro verso.
• Identificação, ainda nesse haicai, das características formais e temáticas dessa forma de poesia;
>
apresentação oral da análise feita.
• Ilustração do haicai de Pimentel por meio de foto, pintura, colagem ou desenho (no Japão, é comum o haicai vir acompanhado de ilustração – haiga);
>
apresentação em cartazes confeccionados pelos alunos.
b) Mensageiros da paz
• Pesquisa, no site do Projeto Portinari, de quadros de Candido Portinari que
expressem situações de paz;
>
seleção de alguns dos quadros pesquisados;
>
reprodução desses quadros (cópia impressa).
• Criação individual, pelos alunos, de haicais que expressem verbalmente as
situações retratadas pelo artista;
>
Coro, 1955
Desenho em técnica não identificada
Suporte não identificado
Dimensões desconhecidas
divulgação, entre parentes e amigos do Brasil e/ou do exterior, dos haicais
criados, acompanhados, quando possível, das reproduções dos quadros de
Portinari: envio por msn, e-mail, sms, twitter; postagem em blogs e redes
sociais; inserção em site da escola.
curiosidade
“Aliás, (...) novidades tecnológicas não chocariam Portinari, que tinha uma
grande curiosidade pelos avanços da ciência e que desejava que sua arte
‘não dependesse tanto do suporte para se multiplicar nos corações e nas
mentes das pessoas comuns.’” 11
• Decoração de objetos – caixinhas, ventarolas, lanternas, quadros pequenos,
cartões, marcadores de livros, camisetas, etc. – com os haicais criados e as
correspondentes reproduções dos quadros de Portinari (um haicai e uma
reprodução para cada objeto).
c) Lendo em duas direções
• Leitura do seguinte haicai:
Portinari – o mundo
Assiste à explosão de cores.
Zero de estilhaços.
(Lena Jesus Ponte)
>
observação das letras iniciais dos três versos do poema.
• Definição de acróstico com base na observação feita.
Divisão da turma em 5 grupos.
40
• Criação de acrósticos com as seguintes palavras: amor, harmonia, respeito,
diálogo, liberdade (neste caso, como as palavras têm mais de três letras, os
acrósticos não serão haicais).
proposta 7
“O coração do mundo
é a pulsação da gente”
12
Nesta proposta, professores e estudantes trabalham basicamente hábitos e atitudes
de respeito, cuidado e preservação. Um código de ética é criado pelos próprios estudantes, para nortear sua conduta na escola. Propõe-se, ainda, a formação de um coral
para interpretação de músicas que denunciam os horrores da guerra, sugerem reconstrução, falam de fraternidade, mostram a alegria da infância, louvam o amor à
Terra – patrimônio maior da humanidade.
sugestões de atividades
a) Afagar a Terra
• Leitura e audição do seguinte poema de Vinicius de Moraes, musicado por Gerson
Conrad: A rosa de Hiroxima.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
Menino Chorando, 1955
Desenho a nanquim
bico de pena/papelão
18,2 x 11,2cm
Estudo para o painel Guerra
Mulher, 1955
Desenho a grafite e
lápis de cor/papel
32,5 x 15cm
Estudo para o painel Guerra
Sofrimento de Mãe, 1955
Desenho a grafite, crayon
e lápis de cor/papel pardo
32,5 x 23cm
Estudo para o painel Guerra
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o professor de História,
para uma conversa sobre os fatos que inspiraram o poema de Vinicius de Moraes: a Segunda Guerra Mundial; o uso da energia nuclear com fins bélicos; os
efeitos devastadores da bomba atômica em duas cidades japonesas.
• Identificação, no poema de Vinicius de Moraes, de palavras e expressões que
denunciem os efeitos devastadores da bomba.
41
“(...) um coral de meninos de todas as raças,
• Localização, no painel Guerra, de Portinari, de elementos que poderiam ilustrar o poema A rosa de Hiroshima.
• Pesquisa, com ajuda de um professor da área de Ciências, sobre o uso da
energia nuclear com fins pacíficos;
>
>
>
apresentação dos resultados da pesquisa ao professor;
organização de uma pequena palestra sobre o assunto, com a ajuda do professor;
realização da palestra no auditório da escola para as outras turmas; abertura para
debates ao final.
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Gilberto Gil e João Donato
(fragmento): A paz.
A paz
A paz
Invadiu o meu coração
Fez o mar da revolução
De repente, me encheu de paz
Invadir meu destino, a paz
Como se o vento de um tufão
Como aquela grande explosão
Arrancasse meus pés do chão
Uma bomba sobre o Japão
Onde eu já não me enterro mais
Fez nascer o Japão da paz
• Pesquisa, na internet e/ou em enciclopédias, sobre o Parque Memorial da
Paz, em Hiroshima: localização; história da construção; finalidade do Parque;
monumentos e museu existentes no Parque; frase escrita no Hiroshima Peace City Memorial; registros: a história de Hiroshima antes e depois da bomba, consequências do bombardeio, réplica da bomba atômica, as “cinzas da
morte”;
>
“Ele pintava o que
conhecia bem:
a ternura, os jogos
da infância, a alegria
das colheitas fartas,
o peso da solidão,
a dor das perdas
(...) Na Paz, via o
gozo de coisas
singelas, ao alcance
de todos: o canto,
a dança, o trabalho
compartilhado,
a fraternidade.”
(Maria Luiza Leão,
sobre Portinari. Guerra e Paz,
pp. 37 e 39)
42
apresentação dos resultados da pesquisa para a turma, com projeção por meio
de slide show.
• Interpretação do seguinte trecho: “Uma bomba sobre o Japão / Fez nascer o
Japão da paz”. Como se explica essa contradição?
Observação: a resposta a essa questão poderá apoiar-se na pesquisa sobre
Hiroshima.
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento: De
magia de dança e pés.
De magia, de dança e pés
te tocando, me consumindo
de criança, cantor e mãos
A pulsação do mundo é
Alameda de gente e vida
o coração da gente
fecha e mata qualquer ferida
o coração do mundo é
De carinho, de roda e mãos
a pulsação da gente
de esperança, de corpo e pés
Ninguém nos pode impor, meu irmão
a paixão que me está surgindo
o que é o melhor pra gente
• Debate, com a ajuda do orientador educacional, sobre a frase “Ninguém
nos pode impor, meu irmão / o que é o melhor pra gente”; sugestão de
assuntos: É possível e/ou desejável o exercício da liberdade total? Há limites para a liberdade? Quais? Autoridade é o mesmo que autoritarismo? Que
conflitos podem decorrer de atitudes autoritárias? Afinal, “o que é o melhor
pra gente”?
assim como nós, brasileiros (...)”
(Clarivaldo do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)
O mediador (orientador educacional) deverá listar os aspectos mais relevantes
que emergirem do debate, além das conclusões a que os alunos chegarem; esse
material deverá ser impresso e distribuído aos alunos para embasamento de um
texto a ser escrito individualmente.
• Redação, pelos alunos, de dissertação argumentativa sobre o seguinte tema:
Liberdade e responsabilidade andam sempre de mãos dadas?
O professor deverá orientar a redação, explicando as características gerais de um
texto argumentativo: para a introdução, escolha de um ponto de vista – de concordância ou discordância em relação à questão proposta; para o desenvolvimento,
defesa do ponto de vista com exemplos, provas, fatos, dados estatísticos, testemunhos fidedignos e autorizados; para a conclusão, elementos que reforcem o ponto
de vista explicitado na introdução.
• Leitura oral de todos os textos produzidos.
• Localização, no painel Paz, de Candido Portinari, de cenas que poderiam ilustrar
o trecho inicial da música “De magia de dança e pés” (desde “De magia” até
“me consumindo”).
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando
Brant: Bola de meia, bola de gude.
Há um menino
há um moleque
morando sempre no meu coração
toda vez que o adulto balança
ele vem pra me dar a mão
Há um passado
no meu presente
um sol bem quente lá no meu quintal
toda vez que a bruxa me assombra
o menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas que eu
acredito que não deixarão de existir
amizade, palavra, respeito, caráter,
bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo, não quero
viver como toda essa gente insiste
em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia
bola de gude
o solidário não quer solidão
toda vez que a tristeza me alcança
o menino me dá a mão
Há um menino
há um moleque
morando sempre no meu coração
toda vez que o adulto fraqueja
ele vem pra me dar a mão
Futebol, 1935
Pintura a óleo/tela
97 x 130cm
• Leitura do texto “Declaração sobre uma Cultura de Paz”, na página 23 deste
Caderno do Professor.
• Identificação, na letra da música, de valores, atitudes, comportamentos e estilos
de vida, próprios de uma Cultura de Paz, abordados no texto lido.
• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o orientador educacional para uma conversa a respeito das seguintes ideias: “Pois não posso, não
devo, não quero / viver como toda essa gente insiste em viver / E não posso
aceitar sossegado / Qualquer sacanagem ser coisa normal”.
Para início de conversa: Que críticas ao comportamento de algumas pessoas estão implícitas nesse trecho? O que cada um tem feito para não viver da forma que
o autor da música denuncia? Para o compositor, há esperança de mudança? E para
você? Qual a diferença entre o “não posso” e o “não devo”?
• Elaboração, pelos alunos, de um código de ética, para valer como princípio de
convivência pacífica e harmoniosa entre todos da turma;
43
>
avaliação semestral dos alunos, com seu representante, quanto à observância
dos preceitos éticos estabelecidos pela própria turma.
• Localização, no painel Paz, de Portinari, de personagens ligados ao universo
infantil;
>
conversa entre professor e alunos: Por que Portinari teria colocado tantas crianças
em seu painel Paz? É possível ser um pouco criança mesmo na vida adulta? Em
que medida? Há um menino morando sempre no seu coração? Como ele é?
curiosidade
Pomba, 1952
Palavras de Candido Portinari: “Sabe por que eu pinto tanto menina
e menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos...”
(Portinari, o menino de Brodósqui, p. 39)
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Chico
Buarque: O cio da terra.
• Interpretação:
Debulhar o trigo
>
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
Pomba, 1960
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
>
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
identificação, em “O cio da terra”, de
vocábulos que contribuem para a criação da imagem de um encontro amoroso entre um homem e uma mulher;
troca de ideias: O que teria motivado
os autores a tratar dessa forma a relação do homem com a terra?
identificação, nesse texto, de versos
que expressam a transformação do
“natural” em “cultural” pela intervenção do homem na terra por meio de
seu trabalho;
verificação, no dicionário, dos possíveis significados da palavra “cultura”; interpretação: Considerando o
sentido geral do texto, qual(is) dessas acepções pode(m) ser percebida(s) no
conteúdo da letra?
E fecundar o chão
>
>
identificação, no mesmo texto, de vocábulos da área semântica de violência,
empregados com sentido de paz.
• Localização, no painel Paz, de Portinari, de cenas que poderiam ilustrar a letra
de “O cio da terra”.
b) “canta canta, minha gente”13
• Formação, pelo professor de Música, de um coral, caso não haja na escola;
>
ensaio das composições musicais analisadas na atividade anterior (Afagar a Terra).
• Criação de coreografia para o coral, sugestiva de união, solidariedade, amizade, fraternidade, alegria.
Pomba, 1960
• Criação de figurino a ser usado na apresentação do coral;
>
escolha, dentre as imagens de pombas criadas por Candido Portinari, de uma a
ser usada na concepção do figurino.
• Apresentação do coral para toda a comunidade escolar.
44
proposta 8
Brincando de ser criança
Nesta proposta, os estudantes tomam conhecimento de jogos, brincadeiras, brinquedos, diversões, de baixo custo, presentes desde muito tempo no universo infantil.
Em oficinas, eles trabalham ludicamente na criação artesanal de brinquedos e, ainda,
organizam um grande evento ao ar livre – soltam pipas confeccionadas com motivos
de paz. Há o reaproveitamento criativo de materiais, dentro de uma perspectiva de
preservação do patrimônio ambiental.
sugestões de atividades
a) Jogos de encantamento
• Leitura dos seguintes fragmentos de textos de Candido Portinari:
“Nossos brinquedos eram variados, conforme o mês, e também havia os para o
dia e os para a noite. Para o dia eram: gude, pião, arco, avião, papagaio, diabolô,
bilboquê, ioiô, botão, balão, malha e futebol. Para a noite: pique, barra-manteiga,
pulando carniça etc.”(Candido Portinari. Portinari, o menino de Brodósqui, p.42)
“Não tínhamos nenhum brinquedo
Comprado. Fabricávamos
Nossos papagaios, piões,
Diabolô. (...)
Certas noites de céu estrelado
E lua, ficávamos deitados na
Grama da igreja de olhos presos
Por fios luminosos vindos do céu
era jogo de
Encantamento. (...)”
(Candido Portinari. Portinari poemas p. 29)
• Pesquisa de quadros de Portinari que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras
infantis;
>
>
observação, dentre esses brinquedos, jogos e brincadeiras, daqueles que permanecem nos dias de hoje: Onde podem ser encontrados? Como são criados? Qual o
perfil social de quem se diverte com eles?
troca de ideias em torno das seguintes questões: O brinquedo comprado é mais jogo
de encantamento do que o brinquedo feito em casa? Existe, no universo infantil,
uma relação direta entre alegria e poder aquisitivo? Comprar ou fazer – o que é melhor? Melhor para quem? Melhor por quê?
“Todos os figurantes da Paz são os meninos de
Brodósqui (...) nas gangorras (...) em cambalhotas e
piruetas, ou armando arapucas (...)”
(Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)
45
b) Mãos à obra!
• Confecção de cata-ventos
Passo a passo da execução:
>
>
>
>
>
>
Menina com Cata-Vento,1955
Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel
31,5 x 15,5cm
Estudo para o painel Paz
>
>
materiais necessários: garrafa pet de 2 litros, de formato liso; palito longo para
churrasco; arame fino; canudo de plástico; tesoura; pincel; tintas; agulha de ponta
grossa;
modo de fazer:
cortar o bocal e o fundo da garrafa; dobrar uma
das pontas do meio da garrafa, formando um
triângulo; cortar a parte dobrada com a tesoura,
ignorando o excesso;
abrir o triângulo, formando um quadrado; decorar com tintas de cores variadas;
cortar 7 cm das 4 pontas do quadrado, levando
a tesoura em direção ao centro da peça; fazer
um orifício no meio do quadrado com uma agulha de ponta grossa, para poder passar um arame fino e maleável; furar também as 4 pontas
do quadrado;
passar um arame de cerca de 10 cm pelo orifício do centro do quadrado;
dobrar cada ponta furada, encaixando-as no arame para formar o cata-vento; dobrar a ponta do
arame e prender todas as pontas do quadrado
juntas, de modo que o arame não deixe as pontas escaparem;
cortar um pedaço do canudo de plástico e encaixá-lo no outro extremo do arame; em seguida
prendê-lo na ponta do palito de churrasco.
Cata-vento pronto, é só curtir!
Fotos: Elisa Guerra
46
• Confecção de bilboquês
Passo a passo da execução:
>
>
>
>
>
>
materiais necessários: uma garrafa pet; uma tampinha de refrigerante; barbante; tesoura; materiais para decoração;
modo de fazer:
cortar a garrafa na altura do gargalo, lembrando uma
pequena taça;
cortar cerca de 30 cm do barbante;
amarrar uma ponta do barbante na tampinha de refrigerante e a outra ponta, no bocal da garrafa;
decorar o brinquedo com materiais variados.
Como brincar: tentar pôr a tampinha dentro da garrafa
sem usar as mãos.
É preciso ser craque!
Foto: Elisa Guerra
• Confecção de diabolôs
Passo a passo da execução:
>
materiais necessários: 2 garrafas pet com formato arredondado; tesoura; lixa; tinta
ou plástico adesivo; 2 varetas de 8 mm de diâmetro por 25 cm de comprimento;
1 m de barbante;
>
modo de fazer:
>
cortar as garrafas 15 cm a partir do bocal, ignorando a parte inferior;
>
cortar também o gargalo de uma delas; lixar as bordas para tirar as arestas;
>
encaixar as duas peças pelo bocal e rosquear a tampa, prendendo uma na outra;
>
decorar o brinquedo com tinta ou plástico adesivo;
>
>
usar, para o suporte, as duas varetas e o barbante;
furar as duas varetas em uma das extremidades e passá-las pelo barbante, dando
um nó nas pontas.
Como brincar: colocar o diabolô no chão e passar a corda por baixo dele, segurando uma vareta em cada mão; rolar o brinquedo pelo chão para pegar embalo
e levantá-lo; dar puxadas rápidas com uma das mãos, para que o diabolô gire
somente em um sentido (a outra mão apenas acompanha os movimentos); ficar
sempre de frente para uma das bocas do diabolô; se ele pender para a frente ou
para trás, ajeitá-lo novamente; dominados esses movimentos, é possível jogar o
diabolô para o alto: abrir rapidamente os braços, dando um impulso para cima;
para pegá-lo, mirar o cordão no centro do brinquedo e, assim que ele voltar, afrouxar o cordão.
Foto: Elisa Guerra
Agora, é fazer sua exibição e receber os aplausos!
47
• Confecção de jogos da memória
• Reprodução impressa, em tamanho 7 cm x 7 cm, dos quadros de Portinari
pesquisados na atividade anterior (Jogos de encantamento), que retratam
brinquedos, jogos e brincadeiras.
• Colagem das reproduções em papel-cartão (duas cópias de cada quadro).
• Confecção de caixa para acondicionar as peças do jogo, com inserção das
regras.
Observação – No site www.guerraepaz.org.br, na seção Programa Educativo, encontra-se disponível um jogo da memória com estudos dos painéis Guerra e Paz.
• Criação de palavras cruzadas
• Resolução, pelos alunos, de jogos de palavras cruzadas fornecidos pelo professor, que servirão de modelo para orientar a montagem de outras palavras
cruzadas.
Divisão da turma em 4 grupos, para distribuição de um dos seguintes conjuntos de palavras para cada grupo:
>
>
>
>
grupo 1 – brinquedos (bilboquê, pipa, gangorra, boneca, bola, carrinho, peteca,
etc.);
grupo 2 – férias (praia, cinema, teatro, pracinha, amigos, namoro, sorvete, etc.);
grupo 3 – paz (paz, pomba, branco, fraternidade, beijo, abraço, calma, respeito,
etc.);
grupo 4 – Portinari (Brodowski, tela, pincel, paleta, tinta, mural, painel, Candinho,
poema, pintura, cor, etc.).
• Redação, por grupo, de definições e/ou explicações relativas a cada palavra a
ser utilizada; o sentido da palavra pode ser dado direta ou indiretamente, por
exemplo: paz – harmonia, tranquilidade / paz – antônimo de guerra.
• Montagem do jogo de acordo com os modelos observados inicialmente.
• Criação de caça-palavras
• Resolução, pelos alunos, de jogos de caça-palavras, fornecidos pelo professor,
que servirão de modelo para orientar a montagem de outros caça-palavras.
Divisão da turma em 4 grupos.
• Preparação para a montagem do jogo:
>
>
sugestão, pelos grupos, de palavras da mesma área de significação de cada um
dos seguintes vocábulos: trabalho – infância – arte – Brasil;
seleção, pelos grupos, de palavras de cada área de significação, que deverão estar “escondidas” no meio de muitas letras inseridas aleatoriamente.
• Montagem do jogo com essas palavras selecionadas, de acordo com os modelos apresentados pelo professor.
• Reunião dos jogos de caça-palavras e palavras cruzadas criados pelos grupos,
para confecção de um livreto; respostas dos jogos na última página, em letra
pequena, na posição invertida;
>
48
reprodução do livreto para distribuição em outras turmas.
• Criação de pipas (papagaios, pandorgas);
>
idealização, pelos alunos, de pipas que transmitam a ideia de paz, por meio do formato, da decoração com palavras, desenhos, cores, etc.
• Realização do evento PIPA(Z)
• Convocação, via internet, telefone fixo ou celular, bilhete, carta, boca a boca,
para um encontro de confraternização ao ar livre, durante o qual os alunos soltarão as pipas confeccionadas.
• Redação de palavras de ordem que estimulem a paz (exemplo: Abaixo o cerol!),
para divulgação do evento;
>
confecção de cartazes para serem afixados nas paredes da escola.
• Realização do evento com a presença de responsáveis (pais, professores, funcionários);
>
escolha de lugar aberto, descampado, sem fiação, sem riscos;
>
registro do evento em foto ou vídeo;
>
exibição dos vídeos e exposição das fotos.
Meninos Soltando Pipas, 1947
Pintura a óleo/tela
60,5 x 73,5cm
curiosidade
“Dizem que foram os monges budistas chineses que levaram o costume de
empinar pipas para o Japão. (...) O ato de construir e empinar takôs é uma
tradição milenar e tem vários significados para a cultura japonesa. Na religião,
o takô é um elo entre o céu e a Terra e ajuda a afugentar os maus espíritos.
Para alguns, o takô traz prosperidade, saúde e boa colheita. (...) Hoje, praticar
o takô é um evento comemorativo, tanto nas festas do Ano-Novo como no
Dia dos Meninos, em 5 de maio, quando as koinoboris, as famosas pipas
com formato de carpas, são empinadas e expostas, simbolizando força e
perseverança. No Japão existem grupos organizados formados pelas pessoas
das comunidades que competem nos festivais de takô. Alguns festivais são
famosos mundialmente, como nas cidades de Hamamatsu e Nagasaki.” 14
49
proposta 9
Dançar a paz é mais gostoso
Esta proposta é mais uma oportunidade de reflexão interdisciplinar, por parte dos
estudantes com os professores, sobre a guerra e sobre a paz. Os recursos principais são a pesquisa histórica e a apreciação de dois filmes cujos personagens
simbolizam a violência e a não violência – O grande ditador e O garoto, ambos de
Charlie Chaplin. Esta atividade culmina com a criação, pelos estudantes, de uma
coreografia que expresse seus sentimentos e ideias sobre os temas em questão.
sugestões de atividades
a) Laboratório de guerra e de paz
Exibição, pelo professor, do filme O grande ditador, de Charlie Chaplin (1940).
• Análise do filme;
>
>
>
troca livre de ideias e impressões sobre o filme;
pesquisa biográfica a respeito de Chaplin; apresentação sucinta dos resultados
da pesquisa;
registro de situações do filme, relacionadas a opressão, violência, sofrimento,
angústia, desespero.
• Pesquisa histórica;
>
>
leitura sobre fatos relativos à Segunda Guerra Mundial;
pesquisa a respeito da figura histórica de Adolf Hitler, satirizada no filme por meio
do personagem Hinkel; apresentação breve dos resultados da pesquisa.
• Realização de “tempestade de ideias”: listagem de situações e sentimentos
pessoais relacionados a conflitos.
Exibição, pelo professor, do filme O garoto, de Charlie Chaplin (1921).
• Análise do filme;
>
>
>
troca livre de ideias e impressões sobre o filme;
pesquisa sobre o personagem Carlitos; descrição das características psicológicas
e sociais do personagem;
registro de situações do filme, relacionadas a paz, alegria, amizade, solidariedade,
amor.
• Pesquisa sobre a era do cinema mudo; apresentação sucinta dos resultados
da pesquisa.
• Realização de “tempestade de ideias”: listagem de reminiscências pessoais
agradáveis; gestos e atitudes de amizade, de carinho; reconciliações; momentos de alegria e paz.
50
b) Primeiros passos
Divisão da turma em 2 grandes grupos, para criação de uma coreografia que expresse os conceitos de guerra e de paz.
• (grupo 1) Criação da primeira parte da coreografia, para expressão da ideia de
guerra;
>
>
localização de cenas de sofrimento no painel Guerra, de Candido Portinari: observação de cores, tons, figuras (humanas e não humanas), movimentos, gestos, expressões faciais;
concepção e composição da sequência de movimentos, passos, gestos.
• (grupo 2) Criação da segunda parte da coreografia, para expressão da ideia de
paz;
>
>
localização de cenas de harmonia no painel Paz, de Candido Portinari: observação
de cores, tons, figuras (humanas e não humanas), movimentos, gestos, expressões
faciais;
concepção e composição da sequência de movimentos, passos, gestos.
• Criação de trilha sonora, cenário, figurinos e iluminação para servir a cada uma
das partes da coreografia – a parte da guerra e a parte da paz:
>
>
>
>
grupo 1: pesquisa e seleção de melodias que expressem vigor, agitação, contundência, agressividade; grupo 2: pesquisa e seleção de melodias que expressem calma,
leveza, vagar, serenidade;
grupo 1: concepção e confecção de cenário, inspirado no painel Guerra, de Portinari;
grupo 2: concepção e confecção de cenário, inspirado no painel Paz, de Portinari;
concepção, desenho e confecção de figurinos, por ambos os grupos, coerentes com
o conceito de cada parte da coreografia;
criação da iluminação, por ambos os grupos, coerente com o conceito de cada parte
da coreografia: utilização de lâmpadas, papel celofane, luzes pisca-piscas; exploração
de cores, contrastes, luz e sombra, etc.
Observação – Um grupo deverá levar ao conhecimento do outro grupo os resultados do trabalho realizado até aqui.
c) O ensaio do trágico e do lírico
• Ensaios do grupo 1.
• Ensaios do grupo 2.
Mulher, 1955
Desenho a grafite, crayon
e crayon colorido/papel
30 x 38cm
Estudo para o painel Guerra
Figura de Mulher, 1955
Desenho a grafite e lápis de cor papel
36 x 21cm (aproximadas)
Estudo para o painel Paz
51
d) A união da fúria e da ternura
• Troca de ideias entre os grupos 1 e 2 sobre a integração das duas partes – primeiramente a guerra; depois a paz – para a coreografia geral.
• Fusão das duas partes da coreografia;
>
ensaios da coreografia completa.
• Leitura do seguinte trecho do discurso final do filme O grande ditador 15:
“Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos
de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que
é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A
cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e
tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a
época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que
produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos
céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que
de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de
violência e tudo será perdido.”
• Troca de ideias e impressões a respeito do trecho lido: Você concorda com as afirmativas do autor? Valem para todas as pessoas? As denúncias são pertinentes? Por
quê? Valem para todas as épocas?
• Planejamento da inserção desse trecho do discurso, parcial ou integralmente, na
apresentação coreográfica; sugestões: falado em voz alta por um só aluno; projetado, em fragmentos escritos, no cenário; falado em voz alta por vários alunos, em
circulação pelo palco, à medida que cada um vai desfazendo o último gesto; etc.
e) A dança do drama e da poesia
• Apresentação da coreografia no auditório para a comunidade escolar.
• Registro da apresentação em fotos e/ou vídeos.
• Exibição posterior das fotos e/ou vídeos para a turma.
“(...) o pintor parece nos
dizer: (...) Dia virá em que
a humanidade desfrutará a
paz sem limites no espaço
e no tempo.”
(Israel Pedrosa. Guerra e Paz, p. 126)
52
Dança de Roda, 1955
Desenho a grafite, crayon, crayon
colorido, sanguínea e sépia/cartão
35,5 x 35,5cm
Estudo para o painel Paz
proposta 10
De repente, o cordel
Nesta proposta os estudantes tomam conhecimento da literatura de cordel e realizam
diversas atividades: pesquisa biográfica sobre Portinari e personalidades brasileiras
contemporâneas do pintor; pesquisa a respeito de figuras importantes na luta pela paz
mundial e criação de cordéis que as homenageiem.
sugestões de atividades
a) O povo conta / canta sua história
• Visita, pela turma, ao site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, entre
outras fontes de consulta sobre esse tipo de literatura.
Divisão da turma em 4 grupos.
• Leitura da história do Cordel pelo primeiro grupo;
>
redação de resumo;
>
apresentação do resumo, por meio de leitura oral, para os demais grupos.
• Leitura, pelo segundo grupo, de alguns cordéis, para identificação de suas características: temas recorrentes; variantes linguísticas; tamanho dos títulos; tipos
de estrofes, versos e rimas;
>
elaboração de esquema dessas características;
>
apresentação do esquema, em cartaz, para os demais grupos.
• Pesquisa, pelo terceiro grupo, sobre os principais cordelistas;
>
>
redação de resumos biográficos;
apresentação dos resumos para os demais grupos, por meio de cartazes em mural,
com retratos dos cordelistas.
• Pesquisa, pelo quarto grupo, sobre o tipo de ilustração característico dos livrinhos (folhetos) de cordel;
>
principais ilustradores;
>
a técnica de xilogravura;
>
apresentação, para os demais grupos, do resultado da pesquisa, por meio de slide
show, com inserção de reproduções de capas de cordéis para exemplificação.
“(...) Com muita felicidade / (...) De nascer chegou a vez /
Duma grande sumidade.”
(Daniel Fiúza. Um gênio da arte; Candido Portinari)
53
b) Portinari em prosa e verso
• Leitura do seguinte cordel de Daniel Fiúza: Um gênio da arte; Candido Portinari.
Pracinha de Brodowski, 1958
Pintura a óleo/madeira
45 x 27cm
1ª parte
Com saudades do Brasil
No interior de São Paulo
Em trinta e um retornou
Brodósqui foi a cidade
Suas telas retratam o povo
No dia trinta de dezembro
Do Brasil com seu valor,
Com muita felicidade
Esquece o academismo
Mil novecentos e três
Pelo experimentalismo
De nascer chegou a vez
No modernismo adentrou.
Duma grande sumidade.
No Instituto Carnegi
Filho de italianos
Lá nos Estados Unidos
Gente humilde emigrante
No ano de trinta e cinco
Portinari veio ao mundo
Foi um dos escolhidos
Para mudar o semblante
Recebeu menção honrosa
Nasceu pobre na fazenda
Pela tela primorosa
Para depois virar lenda
“Café”, grãos sendo colhidos.
Artista tão importante.
Na plantação de café
Lavrador de Café, 1934
Pintura a óleo/tela
100 x 81cm
Onde seu pai trabalhava
Estudou só o primário,
Mas outro poder saltava
A sua vocação de artista
Pra todos dava na vista,
Pois já se manifestava.
Aos quinze anos de idade
Foi pro Rio de Janeiro
Buscar o conhecimento
Do puro e verdadeiro
Entra fazendo apartes
Na escola de belas artes
Pra logo ser o primeiro.
Foi no ano de vinte e oito
O primeiro prêmio ganhou
Na exposição geral
Retrato de Olegário Mariano, 1928
Pintura a óleo/tela
198 x 65,3cm
Que belas artes criou
Pro estrangeiro viajar
E em Paris foi morar
E um ano por lá ficou.
Construção de Rodovia I, 1936
Painel a óleo/tela
96 x 768cm
54
Gostava de fazer murais
Tinha essa inclinação
No ano de trinta e seis
Fez dois com dedicação
pra via Dutra inaugurada
e ao ministério dedicada
da saúde e educação.
Dessa data em diante
Sua concepção mudou
Para uma nova temática
Portinari se voltou
Na pintura informal
Foi pro cunho social
O seu fio condutor.
Café, 1935
Pintura a óleo/tela
130 x 195cm
Companheiro de poeta,
Pela universidade de
O mural de São Francisco
Escritores e artista
Chicago, patrocinado
Na igreja foi destacado
Muita gente da cultura
Foi “His Life and Art”
Com painéis de azulejos
Diplomata e jornalista
Na introdução dedicado
Outras coisas foi mostrado
No final dos anos trinta
Por uma mente excelente
A Via Sacra de Jesus
Já na projeção sucinta
O grande Rockwell Kent
Encheu a igreja de luz
Na América tá na crista.
Com tudo bem acabado.
Desse pincel iluminado.
Retrato de
Carlos Drummond
de Andrade, 1936
Pintura a óleo/ tela
72 x 58cm
Catequese, 1941
Pintura mural a têmpera
494 x 463cm
Reproduzidas no livro
A sua obra rica e bela
2ª parte
No ano de trinta e nove
Executa três painéis
Para a feira mundial
Ganhando uma nota dez
Cada uma mais perfeita
Empáfia verde amarela
Foi orgulho pro Brasil
Quando esse livro saiu
Sobre o pintor e sua tela.
A América viu seu toque
E o museu de Nova York
Ficou rendido aos seus pés.
Adquire a tela “Morro”
Que tava no pavilhão
Saindo em todo jornal
Com grande repercussão
Morro, 1933
Pintura a óleo/tela
114 x 146cm
Já no ano de quarenta
Na arte latina aventa
Numa nova exposição.
Na cidade de Detroit
Na fundação Hispânica da
No instituto de arte,
Biblioteca do Congresso
No museu de Nova York
No ano quarenta e um
Portinari teve parte
Quatro murais fez sucesso
Expõe individual
Washington era a cidade
Faz um sucesso geral
História latinidade
Da crítica em toda parte.
No tema que foi imerso.
Teve sucesso de venda
O grande Oscar Niemeyer
É um público majestoso
Pro gênio fez um Convite
Em dezembro desse ano
No ano de quarenta e quatro
Teve um ganho pomposo
Que exigiu seu limite
Um livro sobre o pintor
Num desafio mergulha
Sua arte e seu louvor
Na catedral da Pampulha
Foi tudo maravilhoso.
Seguindo novo palpite.
São Francisco de Assis, 1944
Painel de azulejos
750 x 2120cm (painel)
15 x 15cm (azulejos)
55
• Observação da variante popular da língua no cordel de Daniel Fiúza:
>
identificação, nesse cordel, de fragmentos que apresentam desvios gramaticais,
característicos dessa variante linguística.
• Reescritura desses fragmentos na variante culta da língua.
• Levantamento, com base no texto, de dados biográficos de Candido Portinari: data e local de nascimento; caracterização psicológica e social do personagem; fatos da infância e da vida adulta; a vocação; o estudo no exterior; as
premiações; a obra (temática e estilo); entre outras informações;
>
>
>
comparação dos dados levantados nesse cordel com a cronobiografia de Portinari, nas páginas 6 a 13 deste Caderno do Professor, quanto à precisão das informações: Alguma omissão? Alguma discrepância de dados? Algum dado fictício?
comparação do cordel com o texto da cronobiografia de Portinari, quanto ao tipo
de linguagem – informativa ou poética;
comparação do cordel com o texto da cronobiografia de Portinari, quanto à variante linguística – culta ou popular.
• Redação de uma terceira parte para o cordel: inserção de informações relevantes sobre a vida e a obra de Portinari que não tenham sido contadas até
o final da segunda parte.
• Pesquisa, no site do Projeto Portinari, das obras do artista citadas no cordel
de Daniel Fiúza;
>
“E seu interesse
pelo retrato nasce
da intuição de que
está diante de fatores
históricos dignos de
serem perpetuados:
os homens.”
(Israel Pedrosa, a respeito do Candido
Portinari retratista. Na contramão dos
preconceitos estéticos da Era dos
Extremos, p. 34)
>
reprodução impressa dessas obras, com inclusão de fichas técnicas (título, data,
técnica, material, dimensão);
exposição das reproduções em mural, na sala de aula.
Leitura em voz alta, pelo professor, dos seguintes versos do cordel:
“Companheiro de poeta, / Escritores e artista / Muita gente da cultura /
Diplomata e jornalista”.
• Pesquisa, em grupo, sobre algumas personalidades contemporâneas de Portinari: Oscar Niemeyer, Carlos Drummond de Andrade, Olegário Mariano,
Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Radamés Gnattali,
Murilo Mendes, Jorge Amado, Aníbal Machado, Antonio Callado, Vinicius de
Moraes, Raul Bopp, Patrícia Galvão (Pagu), entre outras;
>
redação de resumos de suas biografias: vida e obra; importância para a vida cultural brasileira.
• Reprodução impressa de retratos dessas personalidades, pintados por Portinari (pesquisa no site do Projeto Portinari).
• Confecção de cartazes com os resumos e as reproduções dos retratos pesquisados.
• Montagem de uma exposição com os cartazes confeccionados.
• Leitura de textos de alguns dos escritores pesquisados;
>
seleção, pelos alunos, de alguns textos especialmente apreciados por eles;
>
roda de leitura desses textos.
“Assim nascem os Retratos (...) a mais completa e abrangente galeria de
análise social e psicológica de um país, em qualquer tempo.”
56
(Israel Pedrosa, a respeito do Candido Portinari retratista.
Na contramão dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos, p. 30)
• Pesquisa, na internet, de fotos de obras arquitetônicas projetadas por Oscar
Niemeyer;
>
seleção e reprodução impressa de algumas dessas fotos;
>
exposição das fotos em mural.
• Pesquisa, na internet, de composições musicais de Radamés Gnattali e de Vinicius de Moraes;
>
audição de algumas dessas composições.
c) Vivendo o cordel
• Leitura do seguinte texto, a ser utilizado como fonte de consulta:
O Prêmio Nobel da Paz
Desde 1901 o Prêmio Nobel vem homenageando homens e mulheres de todas
as partes do mundo por suas ações meritórias em Física, Química, Medicina, Literatura e por trabalho dedicado à paz. As fundações para o prêmio foram instituídas em 1895 quando Alfred Nobel escreveu o seu último testamento, deixando
a maior parte de sua fortuna para a constituição do Prêmio Nobel. Mas quem foi
Alfred Nobel?
Alfred Nobel (1833-1896) nasceu em Estocolmo, Suécia, no dia 21 de outubro
de 1833. Sua família era descendente de Olof Rudbeck, o mais conhecido gênio
técnico na Suécia, no século XVII, uma época em que a Suécia era uma grande potência do Norte da Europa. Nobel era fluente em muitas línguas e escreveu poesia
e prosa. Nobel era também muito interessado nas questões sociais relacionadas
com a paz e sustentou pontos de vista considerados radicais para a sua época.
Em 27 de novembro de 1895 Alfred Nobel assinou seu último testamento em
Paris. Após a sua morte, quando foi aberto e lido, causou muitas controvérsias,
na Suécia e internacionalmente, porque Nobel tinha deixado muito da sua fortuna
para a criação de um prêmio. Sua família se opôs à criação do Prêmio Nobel, e os
indicados por Alfred para receberem o prêmio se recusaram a obedecer ao que ele
tinha determinado em seu testamento. O primeiro Prêmio Nobel só foi acontecer
5 anos após a sua morte, em 1901.
Alguns laureados com o Nobel da Paz:
1993 – Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk (ambos ex-presidentes da África do Sul), “por seu trabalho no fim pacífico do regime do apartheid e por assentar
os fundamentos de uma nova e democrática África do Sul”.
1989 – 14º Dalai Lama (líder espiritual do Tibete), por seus esforços pela libertação
do Tibete sem o uso da violência.
1979 – Madre Teresa de Calcutá (líder humanitária na Índia), por seu trabalho humanitário à frente das Missionárias da Caridade, na Índia.
1964 – Martin Luther King Jr. (líder afro-americano), por sua luta pela universalização dos direitos civis nos EUA.
Algumas entidades laureadas:
1954 e 1981 – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR),
por seu papel na ajuda a refugiados nos anos pós-guerra.
1963 – Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, pelo trabalho de ambas as organizações no socorro a combatentes feridos
em tempos de guerra.
57
1965 – Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por seu trabalho pela
promoção do bem-estar das crianças no mundo.
1969 – Organização Internacional do Trabalho (OIT), por seu trabalho pela promoção de direitos dos trabalhadores ao redor do mundo.
1977 – Anistia Internacional, pelo trabalho da organização contra a tortura, os
movimentos autoritários e o terrorismo.
1988 – Forças de Paz da ONU, pelo papel das forças de paz na solução de
conflitos armados.
1999 – ONG Médicos Sem Fronteiras, “em reconhecimento ao trabalho humanitário pioneiro em diversos continentes”.
Divisão da turma em 6 grupos para distribuição das tarefas a seguir.
• Criação, por 5 grupos da turma, de cordéis sobre a vida e a obra de cinco
personalidades que se destacaram na luta pela paz no mundo.
• Distribuição, pelo professor, dos seguintes temas entre os 5 grupos – Martin Luther King; 14º Dalai Lama; Madre Tereza de Calcutá; Nelson Mandela;
Mahatma Gandhi (este, não laureado com o Nobel, embora várias vezes indicado).
• Pesquisa biográfica sobre a personalidade-tema que coube a cada grupo.
• Redação de texto de cordel sobre essa personalidade, com base na pesquisa
realizada.
• Ilustração, pelo grupo 6, dos cinco textos de cordel criados pelos outros
grupos.
• Confecção, pelo grupo 6, de livrinhos (folhetos) com os textos e as ilustrações.
• Recitação dos cordéis pelos grupos.
• Exposição dos folhetos, pendurados em barbantes, como nas feiras nordestinas.
58
proposta 11
“Brigas nunca mais”16
Esta proposta possibilita que os estudantes elaborem conflitos afetivos e familiares,
por meio de diferentes atividades: dramatização de situações de desarmonia, com
apresentação de soluções; leitura de peça de teatro e criação de desfecho direcionado
à resolução do conflito central; pesquisa histórica a respeito de amores famosos que
vingaram em meio a cenários de convulsão social e política. Ainda aqui, os estudantes
realizam pesquisa para montagem de uma exposição que retrate a amizade e o amor
em Portinari.
sugestões de atividades
a) “O amor tem dessas fases más”
17
• Troca de ideias entre a turma, o professor e o orientador educacional, a respeito
de situações de “guerra” no cotidiano dos alunos; sugestão de temas: conflitos
entre namorados; amigos; pais e filhos; famílias.
Divisão da turma em grupos; distribuição aos grupos dos temas desenvolvidos
durante a troca de ideias, para dramatização.
• Criação, pelos grupos, de esquetes para dramatização de cada conflito;
>
>
elaboração de esboços dos roteiros (esquetes curtos, com duração máxima de cinco
minutos, sem apresentação de soluções para os conflitos);
redação dos esquetes.
• Realização dos ensaios pelos grupos.
• Apresentação dramatizada dos conflitos pelos grupos.
• Reflexão, por parte da plateia (restante da turma), no sentido de que se encontrem soluções pacíficas para os conflitos.
Observação – O processo de reflexão para a busca de soluções deverá ocorrer
após a apresentação de cada conflito.
b) “Bom é mesmo amar em paz”18
• Encaminhamento, pela plateia, de propostas concretas de solução pacífica para
cada conflito.
Esquematização, por parte do professor ou do orientador, das propostas, à medida
que forem sendo apresentadas.
• Debate dos alunos com o professor e/ou orientador educacional a respeito das
soluções propostas.
• Dramatização improvisada de algumas das soluções.
“Candinho não pintou uma guerra; pintou a guerra, quase em seu
estado puro. E pintou a paz. Ou seja, esquivo momento de paz (...)”
(Mauro Santayana. Guerra e Paz, p. 143)
59
c) É bom fazer as pazes
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Tom Jobim e Vinicius de
Moraes: Brigas nunca mais.
Chegou, sorriu, venceu, depois chorou
Então fui eu quem consolou sua tristeza
Na certeza de que o amor tem dessas fases más
E é bom para fazer as pazes, mas
Depois fui eu quem dela precisou
E ela então me socorreu
E o nosso amor mostrou que veio pra ficar
Mais uma vez por toda a vida
Namorados, 1940
Pintura a óleo/tela
60 x 73cm
Bom é mesmo amar em paz
Brigas nunca mais
• Representação improvisada da letra dessa música apenas por meio de linguagem gestual.
d) “A voz que vem do coração”19
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando Brant: Canção da América.
Amigo é coisa pra se guardar
debaixo de sete chaves
dentro do coração
assim falava a canção
que na América ouvi
mas quem cantava chorou
ao ver seu amigo partir
Amigo é coisa pra se guardar
no lado esquerdo do peito
mesmo que o tempo e a distância
digam não
mesmo esquecendo a canção
o que importa é ouvir
a voz que vem do coração
Mas quem ficou, no pensamento
voou
com seu canto que o outro lembrou
e quem voou, no pensamento ficou
com a lembrança que o outro cantou
Pois seja o que vier, venha o que vier
qualquer dia, amigo, eu volto
a te encontrar
qualquer dia, amigo, a gente
vai se encontrar
• Elaboração, em grupo, de um texto que transponha para a linguagem informativa a mensagem poética de “Canção da América”;
>
reconhecimento, na letra da música, do emprego da linguagem figurada (debaixo
de sete chaves; lado esquerdo do peito; quem voou; etc.);
troca de ideias sobre o significado dessas metáforas no contexto da letra;
>
redação, em grupo, do texto.
>
• Leitura oral dos textos criados; comparação entre esses textos e a letra da
música: Houve omissão de algum dado importante da letra da música? Foi
feito acréscimo de algum elemento desnecessário? Os textos criados foram
fiéis à ideia original?
60
e) “Longe de qualquer problema /
perto de um final feliz” 20
• Leitura extraclasse de uma adaptação para público juvenil da peça Romeu e Julieta,
de William Shakespeare.
Exibição, pelo professor, do filme Romeu e Julieta, de Franco Zeffirelli (1968).
• Identificação, em Romeu e Julieta, do conflito central, que leva ao fim trágico do
casal de protagonistas.
• Criação, em grupo, de um final feliz para a história;
>
improvisação oral e/ou redação.
f) Histórias de amor
Divisão da turma em grupos.
• Abordagem de assuntos históricos sob a forma de miniaulas;
>
>
>
pesquisa sobre os seguintes assuntos: os romances de Anita Garibaldi com Giuseppe
Garibaldi e de Maria Bonita com Lampião, vividos em meio a conflitos ocorridos na História do Brasil – ambiente, época, contexto social em que viveram essas figuras históricas;
seus papéis nos conflitos;
planejamento pelos grupos das miniaulas, para desenvolvimento dos assuntos pesquisados: Como passar os conteúdos? Quais os recursos de apoio? Como dinamizar, tornar
as “aulas” interessantes? Como motivar os “alunos”? Que instrumentos criar para aferir
o aproveitamento?
apresentação dos assuntos pelos grupos sob a forma de miniaulas.
g) Imagens que ficam
Casamento na Roça, 1944
Pintura a óleo/tela
98 x 79cm
• Montagem de uma pequena exposição, com reproduções de quadros de Candido
Portinari que expressam situações de amor e de amizade: casamento, namoro,
beijo, crianças em grupo, etc.;
>
visita ao site do Projeto Portinari para pesquisa desses temas;
>
seleção de quadros;
>
reprodução impressa dos quadros selecionados;
>
>
colocação das reproduções em mural, com a respectiva ficha técnica: autor, título, data,
técnica, suporte, dimensão;
criação de pequenas frases sobre amor e amizade, a serem distribuídas esteticamente
no espaço da exposição.
• Confecção de um folder para a exposição: dados relativos ao artista, às obras apresentadas e ao conceito da exposição (amor e amizade);
>
impressão e distribuição.
• Exposição para a comunidade escolar.
61
proposta 12
“Fui lata, hoje sou prata” 21
Os estudantes, nesta proposta, começam por pesquisar a respeito dos conflitos
históricos citados na letra de um samba-enredo; informam-se sobre as figuras
humanas presentes tanto no samba quanto na obra de Portinari; questionam a
legitimidade ou não de guerras feitas em nome da paz. Por fim, refletem sobre a
questão da violência numa cidade grande e criam um samba-enredo que retrate a
pacificação dessa cidade.
sugestões de atividades
a) “A mão que faz a guerra faz a paz”22
•Leitura da letra e audição do seguinte samba-enredo do Grêmio Recreativo
Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, de 2003, de Betinho, J.C. Coelho,
Ribeirinho, Glyvaldo, Luis Otávio, Manoel do Cavaco, Serginho Sumaré e Vinícius: O povo conta a sua história: “saco vazio não para em pé” – a mão
que faz a guerra faz a paz.
“(...) soltando a voz no
planeta carnaval /
eu quero: liberdade,
dignidade, união (...)”
Luz divina luz que me conduz
Clareia meu clarear clareia
Nas veredas da verdade,
cadê a felicidade
Aportei, num santuário de ambição
E o índio muito forte resistiu (bis)
À tortura implacável assistiu
Enquanto o negro cantava saudade
Da terra mãe de liberdade
Na França é tomada a Bastilha
O povo mostra a indignação
Revoltado com o diabo
Que amassou o nosso pão
Grito forte dos Palmares... Zumbi (bis)
Herói da Inconfidência... Tiradentes
Nas caatingas do Nordeste... Lampião
Todos lutaram contra força da
opressão
Nasce então
Poderosa, guerreira
Que desenvolve seu trabalho social
Cultura aos pobres, abrigou maltrapilhos
Fraternidade, de modo geral
Brava gente sofrida, da Baixada
Soltando a voz no planeta carnaval
Eu quero liberdade, dignidade e união
Fui lata, hoje sou prata
Lixo, ouro da região
Chega de ganhar tão pouco
Tô no sufoco vou desabafar
Pare com essa ganância, pois a
tolerância
Pode se acabar...
Oh!!! meu Brasil (bis)
Overdose de amor nos traz
Se espelha, na família “Beija-Flor”
Lutando eternamente pela paz
• Montagem de mural com quadros de Candido Portinari nos quais estejam
presentes as figuras do índio, do negro, de Tiradentes e de Lampião, citadas
na letra desse samba;
>
62
visita ao site do Projeto Portinari, para pesquisa;
>
seleção de quadros; reprodução impressa;
>
exposição das reproduções em mural.
• Roda de conversa, da turma com o professor de História, sobre os movimentos,
revoltas, insurreições, conflitos, citados na letra do samba;
>
>
identificação, no texto, dessas lutas;
pesquisa em grupo, na internet e/ou em livros e enciclopédias, a respeito dessas
lutas.
• Redação de resumos sobre cada luta: o fato, os envolvidos, a época, o ambiente,
as causas, as consequências;
>
Tiradentes, 1948–1949
Painel a têmpera/tela
309 x 1767cm
apresentação oral dos resumos.
• Troca de ideias da turma com o professor de História a respeito de movimentos
sociais de resistência à opressão: legitimidade ou não das lutas; formas de luta;
contextos históricos condicionantes das lutas.
• Leitura e audição do seguinte trecho da música de Marcos Valle e Paulo Sérgio
Valle, cuja primeira versão foi gravada em 1967: Viola enluarada.
A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra
Mata o mundo, fere a terra
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino
Louva a morte
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada
Esperança de vingança
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta
Capoeira
“(...) A
voz que
canta uma canção
Se for preciso
canta um hino (...)”
• Roda de conversa do professor de História com os alunos a respeito do contexto
histórico do Brasil à época em que essa música foi gravada: Golpe de 1964;
ditadura militar; censura; movimento estudantil; vertente de protesto da música
popular brasileira; entre outros fatos.
• Interpretação: Considerando o contexto histórico do momento em que a música
foi gravada, o que explicaria, na letra, a louvação à guerra, à morte, à vingança,
à luta?
63
• Leitura do seguinte fragmento do poema A mão, de Carlos Drummond de
Andrade, em homenagem a Candido Portinari, Pintor da Paz:
“A mão está sempre compondo (...) / e semeia margaridinhas de bem-querer
no baú dos vencidos.”
>
>
troca de ideias dos alunos, em roda, com o professor de História: comparação da
mão que “semeia margaridinhas de bem-querer” com a mão que “se for preciso
faz a guerra”, considerando que em ambos os contextos poéticos está presente
a denúncia da opressão e a defesa da liberdade;
questionamento quanto à eficácia das diferentes formas de luta: a arte (como denúncia de problemas e instrumento de conscientização política); a guerra (como
confronto radical para enfrentamento de conflitos); o pacifismo (como defesa
combativa da paz universal e do desarmamento das nações).
Exibição do filme Gandhi, de Richard Attenboroug (2002).
• Roda de conversa com o professor de História: o movimento pacifista; líderes mundiais influenciados por Gandhi.
“A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a
luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para
ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças,
para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras
mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do
Progresso e da Fraternidade entre os povos.” 23 (Candido Portinari)
b) “O primeiro a colorir / nossos problemas sociais” 24
• Leitura da letra e audição do seguinte samba-enredo do Grêmio Recreativo
Escola de Samba Império da Tijuca, de 1968, de Ailton Furtado e Mario Pereira: Exaltação a Candido Portinari.
Verdes campos da minha terra
Florescem, para inspirar
Livre canto da minha terra
Canto forte, para exaltar
Sertão
Grande inspirador
Daquele que seria
O nosso maior pintor
Portinari
Do azul celestial
A beleza pictórica do mural
Morro
Também foste retratado
E o moleque esfarrapado
Que vendia alguma coisa
No tabuleiro, para ganhar o pão
Ele pintou com emoção
Com destemor
Retratou, sem fantasia
Nosso diário labor
Sonhos e sobrevivência
Nos cafezais, no algodoeiro
Na procura eterna, o garimpeiro
Garimpo, 1938
Pintura mural a afresco
280 x 298cm
Algodão, 1938
Pintura mural a afresco
280x 300cm
64
Pintou, com poesia
A força que no agreste se fazia
Nosso chorar, nosso sorrir
Na tela, gigantescos murais
Foi o primeiro a colorir
Nossos problemas sociais
E quando a ONU o convidou
Para o painel da Sala das Nações
Deslumbrou, na cor
O tema profundo
“Guerra e Paz” no mundo
Assegurando o seu lugar
Além dos nossos corações
É imortal, na história da pintura universal
(bis)
• Levantamento, na letra do samba, de temas que Portinari aborda em sua obra;
>
visita ao site do Projeto Portinari para pesquisa de obras que retratam esses temas;
>
reprodução impressa de algumas dessas obras;
>
apresentação, por meio de slide show, das reproduções, acompanhadas do(s)
verso(s) correspondente(s).
•“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, afirmou Liev Tolstói,
escritor russo. Assim o fez Candido Portinari, segundo declaração de João Candido Portinari;
>
interpretação: Que trechos do samba-enredo narram esse percurso do artista, do
local para o global?
c) Cidade compartida
“Durante dez meses, Zuenir Ventura (...) frequentou a favela de Vigário Geral (tristemente famosa pela chacina de 21 pessoas em agosto de 1993), convivendo
com o outro lado da cidade, onde a vida não vale nada e a violência é a linguagem
do cotidiano. Ao mesmo tempo, acompanhava ativamente a mobilização da sociedade civil contra a violência, que resultou no movimento Viva Rio.”
No livro Cidade partida, o autor relata essa experiência naquele subúrbio do
Rio de Janeiro (RJ), sinalizando para o fato de que a “solução não consiste
meramente em destruir um suposto inimigo, mas em incorporar a massa de
excluídos à sociedade.” (Adaptação do texto da quarta capa do livro Cidade partida, de Zuenir Ventura.
Companhia das Letras, São Paulo, 1994.)
• Debate, com base na informação anterior: Por que o jornalista Zuenir Ventura
teria atribuído esse título ao livro? Qual a diferença entre “partir” e “compartir”?
Como relacionar “partir / compartir” a “excluir / incluir”?
• Troca de ideias: Que figuras brasileiras da atualidade contribuem ou contribuíram, com suas ações, para a inclusão social? Em que consistem ou consistiram
essas ações? Como cada um pode dar sua contribuição, pequena que seja, no
sentido de reverter ou diminuir o problema da exclusão?
Divisão da turma em 5 grupos, para criação de um samba-enredo.
• Idealização do enredo para uma escola de samba imaginária, com base na seguinte ideia: “Rio maravilhoso de Janeiro a janeiro – Unindo a cidade partida”.
• Criação do samba-enredo.
• Apresentação cantada, para a turma, dos sambas-enredo criados;
>
escolha pela turma do samba-enredo em que melhor tenha sido desenvolvida a ideia
proposta.
• Gravação de CD com os cinco sambas-enredo criados pela turma.
• Idealização, para um desfile imaginário, de alas, fantasias, alegorias, carros,
etc.;
>
representação, por meio de desenhos, do que foi idealizado;
>
exposição dos desenhos em mural, com a letra do samba escolhido pela turma.
65
proposta 13
A luta contra a guerra,
a guerra pela paz 25
Nesta proposta são abordadas, do ponto de vista da ética, questões referentes a
tolerância e intolerância; a relação necessária entre esses conceitos e os conceitos
de guerra e de paz. Os estudantes questionam os limites da tolerância e realizam
uma reportagem sobre atitudes de omissão e conivência em relação a fatos que
não podem ser tolerados. Por meio de várias atividades, debatem sobre a possibilidade de um novo mundo, de uma paz universal.
sugestões de atividades
a) A arte da tolerância
• Leitura em voz alta, com a participação do professor, da turma e do orientador
educacional, do seguinte texto de Frei Betto: A arte da tolerância.
Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o divergente.
Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e
ideias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar
a luz sob o meu teto.
Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregarlhes a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande
silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse não é
a verdade”. O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Eu anunciei o que
foi revelado pelos céus!”
O objetante retrucou: “Existem três verdades. A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira”.
Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Assim ocorre com Milosevic,
ao manter-se intransigente e não admitir os direitos dos kosovares, e com
Clinton, ao decidir que seus mísseis são o melhor argumento para convencer
o mundo de que a Casa Branca tem sempre razão.
Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um
náufrago à tábua que o mantém à tona. Ele não é capaz de ver o outro como
outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo ou, como diz um
personagem de Sartre, “o inferno”. Ou um potencial discípulo que deve acatar
docilmente suas opiniões.
O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele
apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais
deve ser negada.
Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da
1ª Carta aos Coríntios (13, 4-7): “é paciente e prestativo, não é invejoso nem
ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu
66
próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e
se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice.
O tolerante não desata tempestade em copo d’água, não troca o atacado pelo
varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe. Ele jamais cede quando se
trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um
ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte
em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.
Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu.
Quem somos nós para, em nome de Deus, decretar se esses são os eleitos e,
aqueles, os condenados?
Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não
contabiliza ações e reações do ser amado e faz, da sua vida, um gesto de doação.
• Troca de ideias entre os alunos e o professor de História: Qual o papel histórico
de Milosevic e de Clinton? Que fatos históricos justificam a avaliação do autor a
respeito desses governantes?
• Interpretação do texto: Qual a diferença entre o diferente e o divergente? Por
que todo intolerante é um inseguro? Que é ver o outro como outro?
• Debate: Qual é, para você, a intolerância mais repugnante? Por quê? Existe uma
relação necessária entre tolerância e amor?
“Portinari (... )
revela toda sua
atualidade e
sua humanidade,
a dos que lutam
por um mundo
possível.”
(Emir Sader. Guerra e Paz, p. 41)
• Reflexão sobre a seguinte afirmativa de Frei Betto a respeito da pessoa tolerante: “Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser
negada.” Que significa alteridade radical, singular? Por que jamais deveria ser
negada? Você concorda com esse pensamento de Frei Betto?
• Interpretação: preenchimento das lacunas a seguir com três adjetivos, de acordo com as ideias expressas pelo autor no seguinte trecho: “O tolerante evita
colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas
alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário.
Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.”
• Portanto, o tolerante não é ________________; não é _______________; não é
____________________.
• Interpretação: preenchimento das lacunas a seguir com dez substantivos, de
acordo com as ideias expressas pelo autor no seguinte trecho: “Pode-se aplicar
ao tolerante o perfil descrito por São Paulo no Hino ao Amor da 1ª Carta aos
Coríntios (13, 4-7): ‘é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se
incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com
a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.’”
• Logo, por oposição, seria possível atribuir ao intolerante as seguintes características: ________________; _______________________; _______________________;
___________________; _______________________; _________________________;
____________________; _______________________; _________________________;
____________________.
• Levantamento de assuntos a respeito dos quais fique evidente a divergência dos
alunos quanto a opiniões, posições, crenças, ideias; exemplos: obrigatoriedade
do voto, sistema de cotas para ingresso na universidade;
>
apresentação oral dos diferentes pontos de vista;
>
defesa dos pontos de vista (argumentação);
>
ratificação ou revisão de conceitos.
67
• Narração oral, pelos alunos, com a intermediação do professor e do orientador educacional, de experiências que exemplifiquem atitudes de intolerância,
quanto à não aceitação das diferenças individuais (na escola, na família e em
outros contextos da vida pessoal).
• Reelaboração imaginária dessas histórias, transformando-as em relatos de tolerância.
Divisão da turma em grupos.
• Redação, em grupo, de um diálogo que expresse a seguinte ideia:
“Ele jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem
como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência,
desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.”
• Apresentação, por meio de leitura dramatizada, dos diálogos produzidos.
b) Tolerância tem limite?
• Leitura, em voz alta, com a participação do professor, da turma e do orientador
educacional, do seguinte texto de Leonardo Boff: Limites da tolerância.
Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os
profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas porque ergueram sua voz
e tiveram a coragem de dizer: “não te é permitido fazer o que fazes”. Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa,
insensibilidade ética ou comodismo.
Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida
humana do Planeta e de destruir grande parte da biosfera. Há que submetê-los
a controles severos.
Não devemos ser tolerantes com aqueles que assassinam inocentes, abusam
sexualmente de crianças, traficam órgãos humanos. Cabe aplicar-lhes duramente as leis.
Não devemos ser tolerantes com aqueles que escravizam menores para
produzir mais barato e lucrar no mercado mundial. Aplicar contra eles a legislação mundial.
Não devemos ser tolerantes com terroristas que, em nome de sua religião ou
projeto político, cometem crimes e matanças. Prendê-los e levá-los às barras
dos tribunais.
Não devemos ser tolerantes com aqueles que falsificam remédios que levam pessoas à morte ou instauram políticas de corrupção que dilapidam os
bens públicos. Contra estes devemos ser especialmente duros pois ferem
o bem comum.
Não devemos ser tolerantes com as máfias das armas, das drogas e da prostituição, que incluem sequestros, torturas e eliminação física de pessoas. Há
punições claras.
Não devemos ser tolerantes com práticas que, em nome da cultura, cortam
as mãos dos ladrões e submetem mulheres a mutilações genitais. Contra isso
valem os direitos humanos.
Nestes níveis não há que ser tolerantes, mas decididamente firmes, rigorosos
e severos. Isso é virtude da justiça e não vício da intolerância. Se não formos
assim, não teremos princípios e seremos cúmplices com o mal.
68
A tolerância sem limites liquida com a tolerância assim como a liberdade sem limites conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam,
portanto, da proteção da lei. Senão assistiremos à ditadura de uma única visão
de mundo, que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vingança,
fermento do terrorismo.
Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos
e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tolerância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro.
Os direitos ganharam sua expressão na Carta dos Direitos Humanos da ONU, assinada por todos os países. Todas as tradições devem se confrontar com aqueles
preceitos. Se práticas implicarem violação daqueles enunciados, não podem se
justificar. A Carta da Terra zela pelos direitos da natureza. Quem os violar perde
legitimidade.
Por fim, é possível ser tolerante com os intolerantes? A história comprovou que
combater a intolerância com outra intolerância leva à espiral da intolerância. A
atitude pragmática busca estabelecer limites. Se a intolerância implicar crime e
prejuízo manifesto a outros, vale o rigor da lei e a intolerância deve ser enquadrada.
Fora deste constrangimento legal, vale a liberdade. Deve-se confrontar o intolerante com a realidade que todos compartem como espaço vital. Deve-se levá-lo ao
diálogo incansável e fazê-lo perceber as contradições de sua posição. O melhor
caminho é a democracia sem fim, que se propõe incluir a todos e respeitar um
pacto social comum.
Divisão da turma em grupos, para distribuição dos seguintes temas: violação dos
direitos humanos e agressão à natureza.
• Criação de textos jornalísticos que denunciem atitudes de conivência com o
intolerável relativamente a esses temas;
>
leitura e reflexão, por parte da turma, do seguinte trecho:
“A tolerância sem limites liquida com a tolerância assim como a liberdade sem
limites conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam, portanto, da proteção da lei. Senão assistiremos à ditadura de uma única
visão de mundo, que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vingança, fermento do terrorismo.
Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos
e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tolerância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro.”
>
>
levantamento, por grupo, de fatos da vida real que exemplifiquem “cumplicidade
com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo” (manifestação
dessas atitudes no que diz respeito aos direitos humanos e à natureza);
redação dos textos.
• Registro fotográfico, quando possível, dos fatos abordados nos textos criados
pelos alunos.
• Realização de reportagem com os textos jornalísticos e os registros fotográficos.
• Veiculação da reportagem no jornal da escola ou em mural.
69
Um especial exemplo de intolerância:
Em setembro de 1957, “os painéis Guerra e Paz são finalmente inaugurados
na sede da ONU, em cerimônia oficial. (...) Em vista do envolvimento de Portinari
com o Partido Comunista, a receptividade dos Estados Unidos esfriara.
As autoridades americanas não participaram do evento e Portinari sequer
foi convidado.” 26
d) “Promessas de um novo mundo”
27
• Debate, com a participação do professor de História, sobre o conflito no
Oriente Médio: causas, consequências, geografia do conflito, principais atores, etc.
Exibição, pelo professor, do filme Promessas de um novo mundo, de Justine
Arlin, Carlos Bolado, B.Z.Goldberg (2001).
• Debate sobre o filme: Que atos de intolerância, preconceito, estigmatização
são mostrados no filme? Em que consistem as promessas de um mundo
novo que o filme sugere?
e) “A paz universal é possível” 28
• Produção de um texto dissertativo;
>
troca de ideias, por toda a turma em uma grande roda, a respeito do significado
dos seguintes pensamentos de Mahatma Gandhi:
“Temos de nos tornar na mudança que queremos ver.”
“O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.”
“Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.”
Árabe e Israelita, 1956
Desenho a grafite e crayon/papel
23 x 16cm
“Olho por olho e o mundo acabará cego.”
>
>
redação individual da dissertação, com aproveitamento, em sua estrutura, dos
pensamentos analisados;
apresentação oral dos textos.
• Organização de uma coletânea dos textos produzidos, que tenha o seguinte
título: “Por um mundo possível”;
>
>
ordenação dos textos, de acordo com critérios preestabelecidos;
escolha, pela turma, de um quadro de Candido Portinari que expresse, na visão
dos alunos, ideia ou sentimento de paz (consulta ao site do Projeto Portinari);
>
reprodução impressa do quadro escolhido;
>
confecção de capa para a coletânea; ilustração com a reprodução do quadro.
• Reprodução da coletânea para distribuição entre os alunos.
• Realização de uma Feira do Livro na escola, no caso de várias turmas se
engajarem nesta atividade; além dos livros criados pelas turmas, exposição
e venda de outros títulos, de editoras diversas, todos vinculados à Cultura
da Paz.
Observação – A direção da escola e os professores poderão articular-se com
as editoras, no sentido de viabilizar a realização da Feira. 70
proposta 14
“Liberdade liberdade,
abre as asas sobre nós”29
A temática social em Portinari é a motivação desta proposta. Os estudantes realizam
pesquisa histórica sobre a formação de comunidades, avaliam os espaços em que
residem, levantam problemas, propõem soluções, dirigem-se por escrito a autoridades para reivindicações concretas. Paralelamente, pesquisam sobre outros caminhos,
abertos por grupos da sociedade organizada. Por fim, reelaboram situações de penúria
e dificuldades, expressas em quatro obras de Portinari, por meio de narrativas em que
a perspectiva de mudança é possível.
sugestões de atividades
a) “Eu só quero é ser feliz”30
• Leitura do seguinte texto31, de autoria dos alunos Brenda, Taís, Ezequiel, Graciana, David Patrick, Dominique, Taís, Weslem, Daniel, Vinícius, John Lennon,
Maic, Bruno, Vanessa, Jonas, Monique, Pedro: O que tem na Rocinha?
Muita violência,
Muito pobre,
Muito rico.
Eu quero que acabe a violência!
Tem lixeiro, praia
Mata, cachoeira
Tem filhos doentes na rua
com a mãe pedindo comida.
Tem colégio, oficina,
Muitos prédios,
Casas de tijolos,
Barracos de madeira.
Tem caminhão de lixo,
pedra e areia
Tem motos.
As motos já atropelaram muita gente.
Tem escadas, lixo na rua,
Quadra, flores,
Sendas e Novo Mundo também.
Tem coelho, pombo,
Cachorro vira-lata, pit bull
Tem crianças e adultos
Tem polícia pra matar todo mundo.
Tem bola na loja e na vala,
Tem túnel e paraquedas
Paraquedas?
Não, é asa-delta!
• Ilustração do poema por meio de desenho, pintura, colagem ou fotografia.
“(...) todos os
meninos (...) sejam
vertiginosamente
felizes (...)”
(Trecho do poema A mão,
de Carlos Drummond de Andrade.
Guerra e Paz, pp. 218 - 219)
• Interpretação:
>
levantamento, no texto, de aspectos positivos do lugar descrito pelos jovens autores;
>
levantamento, no texto, dos problemas listados por eles;
>
análise da visão dos autores sobre o lugar onde moram, considerando a relação entre
a quantidade de problemas e a de aspectos positivos.
• Criação individual de poemas com a descrição do local onde o aluno reside (rua,
bairro ou cidade);
>
levantamento prévio de aspectos positivos e negativos do local;
71
>
elaboração do texto poético;
>
apresentação dos poemas em uma roda de recitação.
Exibição, pelo professor, do vídeo Rap da felicidade 32.
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Julinho Rasta e Kátia: Rap
da felicidade.
(refrão)
(refrão)
Eu só quero é ser feliz
Diversão hoje em dia não podemos
nem pensar
Andar tranquilamente
Na favela onde eu nasci
É...
E poder me orgulhar
E ter a consciência
Que o pobre tem seu lugar
Fé em Deus DJ
(refrão)
Minha cara autoridade eu já não sei
o que fazer
Com tanta violência eu sinto medo
de viver
Pois moro na favela e sou muito
desrespeitado
A tristeza e alegria que caminham
lado a lado
Eu faço uma oração para uma santa
protetora
Mas sou interrompido a tiros
de metralhadora
Enquanto os ricos moram numa
casa grande e bela
O pobre é humilhado,
esculachado na favela
Já não aguento mais essa onda
de violência
Pois até lá nos bailes eles vêm
nos humilhar
Ficar lá na praça que era tudo
tão normal
Agora virou moda a violência no local
Pessoas inocentes que não têm
nada a ver
Estão perdendo hoje o seu direito
de viver
Nunca vi cartão-postal que se
destaque
uma favela
Só vejo paisagem muito linda
e muito bela
Quem vai pro exterior da favela
sente saudade
O gringo vem aqui e não conhece
a realidade
Vai pra zona sul pra conhecer
água de coco
E o pobre na favela vive passando
sufoco
Trocaram a presidência uma nova
esperança
Sofri na tempestade agora eu quero
a bonança
Povo tem a força, precisa descobrir
Só peço autoridades um pouco
mais de competência
Se eles lá não fazem nada faremos
tudo daqui
Vamos lá
(refrão)
Vamos lá
• Interpretação:
>
levantamento, pelos alunos, das denúncias contidas na letra do rap;
>
levantamento, pelos alunos, das aspirações expressas nesse rap.
• Leitura das letras e audição dos seguintes sambas (fragmentos): “Ave-Maria
no morro”, de Herivelto Martins, gravada em 1942; “Alvorada no morro”, de
Cartola, Carlos Cachaça, Herminio Bello de Carvalho, 1968.
72
Ave-Maria no morro
Barracão
De zinco, sem telhado
Sem pintura, lá no morro
Barracão é bangalô.
Lá não existe
Felicidade de arranha-céu
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu.
Tem alvorada, tem passarada,
Alvorecer
Sinfonia de pardais
Anunciando o anoitecer.
Favela, 1957
Pintura a óleo/tela
46 x 55cm
Alvorada no morro
Alvorada
Lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há
tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo
É tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo
Tingindo, tingindo
Morro, 1951
Pintura a óleo/tela
46 x 55cm
• Troca de ideias com o professor de História: comparação entre as descrições de
uma favela – nos sambas, no poema “O que tem na Rocinha?” e no “Rap da
felicidade” – Teriam as favelas mudado radicalmente com o passar dos anos?
Teria surgido com o passar do tempo algum fato novo? Nos sambas em questão
teria havido apenas uma idealização da realidade?
• Troca de ideias com o professor de História sobre a formação das favelas no Rio
de Janeiro; seus problemas desde o início; o recrudescimento desses problemas no fim do século XX; as tentativas de solução por parte de governos, de
organizações não governamentais, da sociedade civil.
• Reflexão, em grande roda, com o professor de História: Como conseguir a paz
em espaços sociais de conflito?
b) “Minha cara autoridade”
33
• Criação individual de carta a uma autoridade;
>
>
debate a respeito dos assuntos a serem tratados na carta: Como é o lugar (rua, bairro,
cidade) onde o aluno mora? Quais os problemas mais graves? O que melhorou? Que
soluções acredita serem possíveis? O que esperar das autoridades?
redação da carta conforme a estrutura a seguir:
•
lugar e data;
•
vocativo (pronome de tratamento adequado);
•
introdução – explicitação do objetivo da carta: fazer denúncias da existência de problemas no lugar onde o aluno mora; solicitar providências para solucioná-los;
73
•
desenvolvimento – inicialmente, enumeração e detalhamento dos problemas locais em algumas das seguintes esferas: moradia, lazer, educação e cultura, saúde
e saneamento, segurança; a seguir, apresentação de algumas propostas de solução;
•
fecho – expressão do anseio de que seja atendido(a); despedida cordial e respeitosa;
•
assinatura do remetente.
Atenção quanto ao uso da variante culta e do registro formal da língua, adequados ao destinatário e à situação.
c) “Agora eu quero a bonança” 34
• Leitura do seguinte pensamento:
“Os pobres só entram para a História quando arrombam as portas. Alguns as
arrombam com as armas (...) Outros as arrombam com seu corajoso talento,
como Candido Portinari (...)” (Mauro Santayana. Guerra e Paz, p. 145)
• Troca de ideias: Arrombar portas com o talento contribui para uma Cultura
de Paz?
>
>
pesquisa, nos diferentes veículos de comunicação, a respeito de ações socioculturais promovidas por grupos da sociedade civil organizada, a exemplo do Viva
Rio, do AfroReggae, do Nós do Morro, da Central Única das Favelas (CUFA) e do
Museu de Favela (MUF): Onde se localizam? Quando e como surgiram? A que
público atendem? Que projetos socioculturais desenvolvem? Quais seus objetivos? Em que medida esses grupos contribuem para a não violência?
reflexão: Qual o meu talento? Como desenvolvê-lo? Como colocá-lo a serviço da
paz?
d) Viramos o jogo
• Reconhecimento da temática social em Candido Portinari;
>
leitura da seguinte consideração a respeito do artista:
“De fato, Portinari não pintava apenas por pintar. (...) É claro que amava a pintura a ponto de por ela sacrificar a sua própria vida. Mas era um homem obcecado pela missão que carregava dentro de si: a de lutar por valores sociais e
humanos, a de servir ao humano.” (João Candido Portinari. Portinari pintor da paz, apresentação)
>
Menino do Tabuleiro, 1947
Pintura a óleo/tela
100 x 81cm
74
Mulher do Pilão, 1945
Pintura a óleo/tela
100 x 81cm
análise das seguintes obras de Portinari:
Quais os personagens? Qual o aspecto físico? Como estão vestidos? Que objetos podem ser vistos? Qual a relação desses objetos com os personagens?
Como é o ambiente em que se encontram ? O que fazem? O que as suas feições
expressam?
>
interpretação: A observação das quatro obras confirma a consideração feita por João
Candido Portinari? Por quê?
Lavadeiras, 1937
Pintura a têmpera/madeira
46 x 54,5cm
Os Retirantes, 1955
Pintura a óleo/madeira
23 x 14,5cm
• Criação de narrativas em que os personagens sejam os mesmos das quatro
obras analisadas (cada obra deverá inspirar uma narrativa);
>
•
•
•
esquematização do texto:
início: “Era uma vez um menino...”; “Era uma vez uma mulher...”; “Era uma vez duas
mulheres...”; “Era uma vez uma família...”
desenvolvimento: O que aconteceu? Com quem? Quando? Onde? Por quê?
inserção de um dado na história dos personagens, capaz de virar positivamente o jogo
de sua vidas: descoberta de um talento inato; esforço pessoal de superação; ajuda
providencial de conhecido ou desconhecido; amparo de uma instituição governamental ou não governamental; etc.;
>
redação das narrativas.
• Ilustração de cada história: no início, com reprodução impressa da obra de Portinari que inspirou o texto; no final, com desenho ou colagem de imagens que
expressem as transformações por que passaram os personagens.
• Confecção individual de livrinho com a história criada e as ilustrações.
75
proposta 15
“A mão está sempre compondo”35
Nesta proposta, os estudantes redigem uma carta simbólica a Candido Portinari,
em resposta ao que significou para eles o percurso, realizado até aqui, através da
obra do artista: o que sentiram, o que aprenderam, o que ganharam, o que neles
ficou desta viagem.
(Esta carta pode ser enviada para o Projeto Portinari pelo correio ou pelo e-mail
[email protected])
Carlos Drummond de Andrade, em 1962, presta a seguinte homenagem ao
amigo Candido Portinari:
A mão
Entre o cafezal e o sonho
o garoto pinta uma estrela dourada
na parede da capela,
e nada mais resiste à mão pintora.
A mão cresce e pinta
o que não é para ser pintado mas sofrido.
A mão está sempre compondo
módul-murmurando
o que escapou à fadiga da Criação
e revê ensaios de formas
e corrige o oblíquo pelo aéreo
e semeia margaridinhas de bem-querer no baú dos vencidos.
A mão cresce mais e faz
do mundo-como-se-repete o mundo que telequeremos.
A mão sabe a cor da cor
e com ela veste o nu e o invisível.
Tudo tem explicação porque tudo tem (nova) cor.
Tudo existe porque foi pintado à feição de laranja mágica
não para aplacar a sede dos companheiros,
principalmente para aguçá-la
Mãos Entrelaçadas, 1955
Desenho a grafite
e crayon colorido/papel
10 x 10cm
Estudo para o painel Guerra
até o limite do sentimento da terra domicílio do homem.
Entre o sonho e o cafezal
entre guerra e paz
entre mártires, ofendidos,
músicos, jangadas, pandorgas,
entre os roceiros mecanizados de Israel,
a memória de Giotto e o aroma primeiro do Brasil
76
entre o amor e o ofício
eis que a mão decide:
todos os meninos, ainda os mais desgraçados
sejam vertiginosamente felizes
como feliz é o retrato
múltiplo verde-róseo em duas gerações
da criança que balança como flor no cosmo
e torna humilde, serviçal e doméstica a mão excedente
em seu poder de encantação.
Agora há uma verdade sem angústia
mesmo no estar-angustiado.
O que era dor é flor, conhecimento
plástico do mundo.
E por assim haver disposto o essencial,
deixando o resto aos doutores de Bizâncio,
bruscamente se cala
e voa para nunca-mais
a mão infinita
a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari.
Autorretrato, 1957
Pintura a óleo/madeira
55 x 46cm
“O que era dor é flor, conhecimento / plástico do mundo.”
(Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218-219)
Fazer este Caderno foi uma emocionante viagem.
Conduziu-nos docemente a “mão infinita / a mão-de-olhos-azuis
de Candido Portinari”.
Guiados pelo Artista, visitamos a Guerra e a Paz, em seus múltiplos
e sutis significados.
Buscamos seguir os passos do Mestre, ouvir sua voz, olhar com
seu olhar, ao sugerirmos que todas as atividades tivessem o sabor
de “coisas singelas ao alcance de todos: o canto, a dança,
o trabalho compartilhado, a fraternidade” 36.
Na definição de João Candido Portinari 37, a obra do Artista
“(...) é como uma grande carta que ele escreve ao povo brasileiro”.
Vamos, então, prosseguir esta viagem, respondendo à carta
de Candido Portinari?
77
A Candido Portinari
Aos cuidados de João Candido Portinari
Diretor-Fundador do Projeto Portinari/ Puc-Rio
Rua Marquês de São Vicente, 225
Gávea, Rio de Janeiro, RJ
Cep: 22453-900
78
Escola:
Turma:
Remetente:
79
Notas
1. Disponível em http://www.comitepaz.org.br/
dec_prog_1.htm
2. Portinari – o bauzinho do pintor. Linha do tempo
1903-1962.
3. Programa Oficina da Criança, da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social, publicação
Sacudindo as ideias - RJ, 2000.
4. Trecho da letra da música “Minha alma
(A paz que eu não quero)”, de Marcelo Yuka –
Grupo O Rappa.
5.Trecho da tradução da música “Imagine”,
de John Lennon. Tradução de autoria não
identificada, extraída do livro História do Brasil
(2º grau), de Joel Rufino dos Santos, p. 174.
6. Trecho da tradução da música “Imagine”,
de John Lennon.
7. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill.
8. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill.
9. Trecho do rap “O crime nunca mais”, de MV Bill.
10. Programa Oficina da Criança, da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social, publicação
Sacudindo as ideias - RJ, 2000.
11. João Candido Portinari. Portinari pintor da paz.
Mostra Brasil Telecom.
12. Trecho da letra da música “De magia de dança
e pés”, de Milton Nascimento.
13. Título de música de Martinho da Vila.
14. Nereide Schilaro Santa Rosa. Papel e tinta, artes
do Japão. São Paulo: Editora Callis, 2008, p. 57.
15. Disponível em http://pedagogiaemfoco.pro.br/
discurso.htm
26. Portinari pintor da paz. Mostra Brasil Telecom.
27. Título do filme de Justine Arlin, Carlos Bolado,
B.Z.Goldberg (2001).
28. Fragmento de texto de Israel Pedrosa. Guerra
e Paz, p. 126: “Com todos esses tons dourados,
alegres, crepitantes de vida, o pintor parece nos
dizer: A paz universal é possível.”
29. Trecho do “Hino à Proclamação da República”,
de José Joaquim de Campos da Costa de
Medeiros e Albuquerque (letra) e Leopoldo
Miguez (música).
30. Trecho da letra do “Rap da felicidade”,
de Julinho Rasta e Kátia.
31. Texto dos alunos da Escola Municipal Paula
Brito. Programa Oficina da Criança, da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social, publicação
Sacudindo as ideias – RJ, 2000.
32. Vídeo disponível em http://www.youtube.com/
watch?v=aQPLEk_ynHI
33. Trecho do “Rap da felicidade”,
de Julinho Rasta e Kátia.
34. Trecho do “Rap da felicidade”,
de Julinho Rasta e Kátia.
35. Trecho do poema A mão, de Carlos Drummond
de Andrade. Guerra e Paz, pp. 218-219.
36. Fragmento de texto de Maria Luiza Leão.
Guerra e Paz, p. 39: “Na Paz, via o gozo de coisas
singelas, ao alcance de todos: o canto, a dança,
o trabalho compartilhado, a fraternidade.”
16. Título de música de Tom Jobim e Vinicius
de Moraes.
37. João Candido Portinari, Diretor-Fundador
do Projeto Portinari / Puc-Rio. Rua Marquês
de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.
17. Trecho da letra da música “Brigas nunca
mais”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
REFERÊNCIAS
18. Trecho da letra da música “Brigas nunca
mais”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
A – Publicações impressas
19. Trecho da letra da música “Canção
da América”, de Milton Nascimento e
Fernando Brant.
20. Trecho da letra da música “Flagra”,
de Rita Lee e Roberto de Carvalho.
21. Trecho da letra de “O povo conta a sua
história: ‘saco vazio não para em pé’ – a mão que
faz a guerra faz a paz”, samba-enredo de 2003,
do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor
de Nilópolis.
22. “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não
para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”,
samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo
Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.
23. Trecho de mensagem escrita por Candido
Portinari. Guerra e Paz, p. 148.
24. Trecho de “Exaltação a Candido Portinari”,
samba-enredo de 1968, do Grêmio Recreativo
Escola de Samba Império da Tijuca.
25. Fragmento de texto de Emir Sader. Guerra
e Paz, p. 40: “Por isso a paz foi um dos temas
igualmente privilegiados pelos mais importantes
80
artistas do mundo contemporâneo – a paz, a luta
contra a guerra, a guerra pela paz.”
COELHO, Teixeira. O que é utopia. São Paulo:
Brasiliense, 1999.
LINHARES, Célia. “Portinari na escola. Outras
pontes e fronteiras para aprendizagem”. In:
O escritor. Revista da UBE – União Brasileira
de Escritores, número 121, julho de 2009.
MOSTRA Brasil Telecom. Portinari, pintor da paz.
PEDROSA, Israel. “Portinari e os preconceitos
estéticos da Era dos Extremos.” In: Na contramão
dos preconceitos estéticos da Era dos Extremos.
Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2007.
PIMENTEL, Luís Antônio. Obras reunidas, 2. Prosa
e Poesia Reunidas. Organização e notas de Aníbal
Bragança. Niterói, RJ: Niterói Livros, 2004.
PORTINARI, João Candido e PENNA, Christina
(editoria). Candido Portinari – o lavrador de
quadros. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 2003.
PORTINARI, João Candido (concepção e
coordenação geral), PENNA, Christina (organização)
e HAWKINS, Lisa Dean (versão para o inglês).
Candido Portinari: catálogo raisonné. Rio de Janeiro:
Projeto Portinari, 2004.
PORTINARI, João Candido (organização). Guerra e
Paz. Projeto Portinari, Rio de Janeiro.
PORTINARI, Candido. Poemas. São Paulo: Editora
Callis, 1999.
PORTINARI, Candido. Portinari, o menino de
Brodósqui. 2ª edição, São Paulo: Livroarte, 2001.
SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Papel e tinta,
artes do Japão. São Paulo: Editora Callis, 2008.
VENTURA, Zuenir. Cidade partida. São Paulo:
Companhia das Letras, 1994.
B – Sites
1. Academia Brasileira de Literatura de Cordel –
www.ablc.com.br
2. Comitê da Paz – www.comitepaz.org.br
3. Dicionário Cravo Albin da Música Popular
Brasileira – www.dicionariompb.com.br
4. Projeto Portinari – www.portinari.org.br
Sites que ensinam a fazer brinquedos:
http://educarparacrescer.abril.com.br/
aprendizagem/brinquedos-artesanais-408190.
shtml?page=page7
http://www.blogdajulieta.com.br
http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/
documentos/espaco-virtual/espaco-praxispedagogicas/MATERIAIS%20DID%C3%81TICOS/
brinquedosartesanais.pdf
C – Textos encontrados na internet
1. “A arte da tolerância”. Frei Betto. Disponível
em <http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/
artigos/espaco-aberto/pensamentos/1549.html>
(último acesso em 16 de dezembro de 2010).
2. “Alvorada no morro”. Cartola, Carlos Cachaça
e Hermínio Bello de Carvalho. Disponível em
< http://letras.terra.com.br/clara-nunes/121207/ >
(último acesso em 10 de janeiro de 2011).
3. “Ave-Maria no morro”. Herivelto Martins.
Disponível em <http://www.vagalume.com.br/
dalva-de-oliveira/ave-maria-no-morro.html> (último
acesso em 8 de janeiro de 2011).
4. “Bola de meia, bola de gude”. Milton
Nascimento e Fernando Brant. Disponível em
<http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra/>
(último acesso em 16 de dezembro de 2010).
5. “Brigas nunca mais”. Tom Jobim e Vinicius
de Moraes. Disponível em <http://www.
viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_
article=1095> (último acesso em 23 de dezembro
de 2010).
6. “Canção da América”. Milton Nascimento e
Fernando Brant. Disponível em <http://www.
miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso
em 16 de dezembro de 2010).
9. De magia de dança e pés. Milton Nascimento.
Disponível em <http://www.miltonnascimento.
com.br/#/obra/> (último acesso em 16 de
dezembro de 2010).
10. “Exaltação a Candido Portinari”. Ailton Furtado
e Mário Pereira. Samba-enredo de 1968, do
Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da
Tijuca. Disponível em <http://letras.terra.com.br/
grese-imperio-da-tijuca/1738003/> (último acesso
em 16 de dezembro de 2010).
11. “Flagra”. Rita Lee e Roberto de Carvalho.
Disponível em <http://letras.terra.com.br/ritalee/66794/> (último acesso em 9 de janeiro de 2011).
12. “Limites da tolerância”. Leonardo Boff.
Disponível em <http://www.humaniversidade.
com.br/boletins/limites_da_tolerancia.htm> (último
acesso em 16 de dezembro de 2010).
13. “O cio da terra”. Chico Buarque e Milton
Nascimento. Disponível em <http://www.
miltonnascimento.com.br/#/obra/> (último acesso
em 16 de dezembro de 2010).
14. “O crime nunca mais”. MV Bill. Disponível
em <http://letras.terra.com.br/mv-bill/1055679/>
(último acesso em 9 de janeiro de 2011).
15. “O discurso final do filme O grande
ditador”. Charlie Chaplin. Disponível em <http://
pedagogiaemfoco.pro.br/discurso.htm> (último
acesso em 10 de janeiro de 2011).
16. “O povo conta a sua história: ‘saco vazio não
para em pé’ – a mão que faz a guerra faz a paz”.
Samba-enredo de 2003, do Grêmio Recreativo
Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. J. C.
Betinho, Ribeirinho, Glyvaldo, Luis Otávio, Manoel
do Cavaco, Serginho Sumaré e Vinícius. Disponível
em <http://letras.terra.com.br/beija-flor-rj/120087/>
(último acesso em 16 de dezembro de 2010).
17. “O Prêmio Nobel da Paz”. Disponível em
<http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laurea>
(último acesso em 6 de dezembro de 2010).
Tradução/adaptação.
18. “Um gênio da arte; Candido Portinari (1ª.
parte)”. Daniel Fiúza. Disponível em <http://
www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.
php?cod=7028&cat=Cordel> (último acesso em
16 de dezembro de 2010).
19. “Um gênio da arte; Candido Portinari (2ª.
parte). Daniel Fiúza. Disponível em <http://www.
usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=7059
&cat=Cordel&vinda=S> (último acesso em 16 de
dezembro de 2010).
20. “Viola enluarada”. Marcos Valle e Paulo Sérgio
Valle. Disponível em <http://letras.terra.com.br/
marcos-valle/181016/> (último acesso em 9 de
janeiro de 2011).
D - Filmes
7. “Canta Brasil”. David Nasser e Alcyr Pires
Vermelho. Disponível em <http://www.letras.com.
br/david-nasser/canta-brasil> (último acesso em 10
de janeiro de 2011).
1. Gandhi. Richard Attenboroug, 2002.
8. “Declaração sobre uma Cultura de Paz”.
Disponível em <http://www.comitepaz.org.br/
dec_prog_1.htm> (último acesso em 10 de janeiro
de 2011).
4. Promessas de um novo mundo. Justine Arlin;
Carlos Bolado e B.Z. Goldberg, 2001.
2. Garoto, O. Charlie Chaplin, 1921.
3. Grande ditador, O. Charlie Chaplin, 1940.
5. Romeu e Julieta. Franco Zeffirelli, 1968.
81
Direção e Realização
Projeto Portinari
Direção Geral
João Candido Portinari
Direção Executiva
Maria Duarte
Assistente de Direção
Soledad Dominguez
Estagiária
Sarah Bazin
Acervo de Obras
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Acervo de Fotos e Vídeos
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Vera Bendia
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Coordenação
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Zeraik Advogados Associados
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Website Guerra e Paz
Coordenação Geral e Editorial
Maria Duarte
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Assistentes de Conteúdo
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Sarah Bazin
Desenvolvimento e Programação
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Designer
Lui Azevedo
Desenvolvimento
Afonso Praça
Diogo Lean
Estagiários
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Lais Tavares
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Zeno Rocha
Assessoria
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Assistente de Coordenação
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Coordenação do Projeto
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Helena Leopardi
Lilian Fraiji
Coordenação Técnica
Alessandra Labate Rosso
Cecília Zuchi Vezzoni
Cristiane Morine
Coordenação Administrativa
Lucila Mantovani
Ana Maria Barcellos de Lima
Maria Izabel Casas Novas
Andréia Leite
82
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Approach’
Tools+
GESTÃO ADMINISTRATIVOFINANCEIRA
Rolim & Passos
ATELIÊ aberto DE RESTAURO
Palácio Gustavo Capanema, RJ, fevereiro a maio, 2011
Programa Educativo
RESTAURAÇÃO
Concepção e Coordenação
Projeto Portinari
Expomus
Cordenacão
Hólos Consultores Associados
Coordenação Geral
Suely Avellar
Carolina Vilas Boas
Assistente de Coordenação
Isabel Reis
Supervisão Editorial
Maria Duarte
Elaboração do Caderno do Professor
Nadya Ferreira Jesus
Lena Jesus Ponte
Assistente
Monique Lopes Inocêncio
Atividades de Educação Patrimonial
e de Restauro
Edson Motta Jr. (UFRJ)
Claudio Valério Teixeira
Coordenacão da Visita Guiada
Maria Célia Leite Avellar
Monitoras
Angélica Parada
Joyce Enzler
Karla Cristina Gomes
Maria Beatriz Machado
Rachel Leite Avelar
Virginia Jesus de Oliveira
Arte-Educadoras
Fernanda Lago
Monica Carvalho
Rosinete Lobato dos Santos
Coordenação Técnica
Edson Motta Jr. (UFRJ)
Claudio Valério Teixeira
Consultora Eventual
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Chefe de Equipe
Humberto Farias de Carvalho
Restauradores
Elisabete Edelvita Chaves da Silva
Raimundo Nonato dos Santos Silva
Anderson Nonato Pereira
Denise de Oliveira Guiglemeti
Juliana da Silva Lopes
Adian Moutinho Somma
Juliana Baptista Lanhas
Aurea Ferreira Chagas
Manuela Pita Santos
Pedro Rubens Martin Felício Teixeira
Viviane Silveira Teixeira
Laís Neri da Silva Pimentel
Rodrigo Matos Mandarino
Eliane Costaldello
Celio de Assunção Belem
Milton Eulálio Perpétuo
Assistente de Restauração
Aloizio Gonçalves Marinho
Coordenação Geral
Christina Gabaglia Penna
Assistente de Coordenação
Patricia Galliez de Salles
ANÁLISE CIENTÍFICA DE MATERIAIS
E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA
POR IMAGEM
Lacicor – laboratório de ciência
da conservação
Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais
Cientista da Conservação
Luiz A. C. Souza
Materiais e Técnicas Pictóricas
Alessandra Rosado
Documentação Científica
Alexandre Leão
Análise de Materiais e Espectrometria
de Fluorescência de Raios X
Isolda Mendes
Bolsistas
Marcos Gohn
Laura Guimarães do Rego Macedo
MUSEOGRAFIA
RM Arquitetos
Projeto e Execução
Marcus Pencai
Reinaldo Marques
Gerente de Espaço
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Alessandra Labate Rosso
Sandra Sautter
Suely Avellar
Gerente de Projeto
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Identidade Visual
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eg.design
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Carolina Ferman
Direção de Arte e Coordenação
Evelyn Grumach
Designers
Carolina Ferman
Tatiana Buratta
Estagiárias
Deborah Piragibe
Lais Tavares
Finalização
Carlos Alberto da Silva
créditos capa
Dança de Roda, 1955
Desenho a grafite, crayon, crayon
colorido, sanguínea e sépia/cartão
35,5 x 35,5cm
Estudo para o painel Paz
Mãe com Filho Morto, 1955
Desenho a grafite, crayon e sanguínea/papel
32,5 x 34,5cm
Estudo para o painel Guerra
Mãos Entrelaçadas, 1955
Desenho a grafite
e crayon colorido/papel
10 x 10cm
Estudo para o painel Paz
créditos 4ª capa
Paz, 1955
Desenho a grafite e lápis de cor/papel
101 x 70.5cm
Estudo para o painel Paz
Portinari pintando o painel Guerra
no galpão da TV Tupi.
Rio de Janeiro, 1955.
83
www.guerraepaz.org.br
84
caderno do professor
REALIZAÇÃO E DIREÇÃO
APOIO
PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO
APOIO FINANCEIRO
caderno do professor
PATROCÍNIO
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CADERNO DO PROFESSOR