REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO – NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Revelando a História
do Bonsucesso e Região
Nossa Cidade, Nossos Bairros!
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Núcleo central de Bonsucesso Velho, aproximadamente 1940. Fonte: AHCG.
Revelando a História do
Bonsucesso e Região
Nossa Cidade, Nossos Bairros!
Antônio Ferreira de Oliveira
Celso Luiz Pinho
Daniel Carlos de Campos
Elton Soares de Oliveira
José Abílio Ferreira
Luciana da Silva
Irmã Lucila Martina Martendal
Padre Renato Bernardes Duarte
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Copyright © 2010 by Noovha América Editora
Editor Responsável
Nelson de Aquino Azevedo
Projeto Gráfico, Capa e Diagramação
Braz Cardoso Junior
Autores
Antônio Ferreira de Oliveira
Celso Luiz Pinho
Daniel Carlos de Campos
Elton Soares de Oliveira
José Abílio Ferreira
Luciana da Silva
Irmã Lucila Martina Martendal
Padre Renato Bernardes Duarte
Revisão
Caroline Franco
Mapas
Daniel Carlos de Campos
Fotos
Agradecimentos especiais a Stefani Martini e Márcia Pinto pela cessão de
uso de imagens, bem como a todas as pessoas e entidades que colaboraram
com textos, depoimentos e fotos para que essa publicação fosse concluída.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
_________________________________________________________
Revelando a História do Bonsucesso e Região :
nossa cidade, nossos bairros! /
[fotos Stefani Martini]. –
São Paulo : Noovha América, 2010 –
(Série saberes locais)
Vários autores.
Vários colaboradores.
Bibliografia
ISBN 978-85-7673-231-0
1. Bairros – Guarulhos (SP) – Descrição
2. Bairros – Guarulhos (SP) – História
3. Guarulhos (SP) – História I. Vários autores
II. Série
10-07004
CDD-981.612
_________________________________________________________
Índices para catálogo sistemático:
1. Bairros : Guarulhos : São Paulo : Estado :
História
981.612
Todos os direitos desta edição reservados à
Noovha América Editora Distribuidora de Livros Ltda.
Rua Lincoln Albuquerque, 319 - Perdizes
São Paulo/SP - CEP 05004-010
Telefax: (0xx11) 3675-5488
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e-mail: [email protected]
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Preocupada com a importância do registro histórico dos bairros de Guarulhos, sem perder de vista
o contexto nacional, regional e a história da cidade,
a Secretaria de Educação de Guarulhos, em parceria
com a Diretoria Norte de Ensino e a Paróquia de Nossa Senhora do Bonsucesso, além de grupos, pessoas
e organizações da sociedade civil, por ocasião das
comemorações dos 60 anos de criação da Paróquia
do Bonsucesso e dos 450 anos de fundação de Guarulhos, tomou para si a responsabilidade de organizar
publicações nos gêneros escritos e audiovisuais sobre as localidades onde os munícipes habitam, sendo
a região do Bonsucesso a primeira experiência.
Refletindo sobre a importância do registro da história local, são bastante significativas as palavras de Capistrano de Abreu: ...Isolado, qualquer fato parece insignificante por mais importante que seja na realidade;
mas, ligado a seus congêneres, oposto a seus contrários, preso a seus antecedentes, toma grave importância filosófica, filia-se a um todo, compõe um sistema, é
regido por princípios e leis que se patenteiam ao estudo
consciencioso de um espírito investigador.
A iniciativa da Secretaria de Educação de Guarulhos não é consoante apenas com as palavras do
pesquisador Capistrano de Abreu, mas também uma
ação pedagógica prevista na proposta curricular “Saberes Necessários”, elaborada pelos educadores da
Rede Municipal de Ensino no transcorrer de 2009.
É deles a seguinte frase: Os saberes escolares, fundamentais para o processo de humanização, são derivados dos saberes de referência das Ciências, das
Artes e da Filosofia, e do tratamento pedagógico que
terão na escola. Para isto, o trabalho com projetos,
temas geradores, estudo do meio, experimentação,
problematização, são alternativas significativas.
(Proposta Curricular – Quadro de Saberes Necessários, p. 19).
Esta publicação não será única, pois ao todo
registraremos a história de mais sete regiões de Guarulhos: Jardim São João, Pimentas, Centro, Vila Galvão, Cabuçu, Taboão e Cumbica.
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Agradecimentos
Não conseguiríamos o resultado em nossa pesquisa histórica realizada sobre a região do Bonsucesso, não fosse pela participação de todos citados a seguir, a quem agradecemos: à diretora do
Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas, Sandra Soria e equipe; em especial
aos senhores Maria Aparecida Contin, Nery Nice Osmondes Travassos, Maciel Nascimento,
Maria de Fátima Ximenez, Maria Iraldina Pires, Maria Arlete Bastos Pereira, Alessandra Aparecida de Souza, Eduardo Calabria Martins, Mauro Rodrigues, Alecsandra Nóbrega, Francisca
Inácia de Alencar Carvalho Barros; diretor do Departamento de Manutenção de Próprios da
Educação, Luiz Fernando Sapun e equipe, em especial, ao arquiteto José Severino Sobrinho;
Jandira Aparecida da Silva, coordenadora pedagógica da Escola Manoel Resende da Silva;
Kátia Cacilda Lima, coordenadora do Orçamento Participativo; Adalberto Patero Mathias Pinto, da Coordenadoria de Assuntos Aeroportuários; Luiz Gonzaga Rael, geógrafo e cientista
político da Prefeitura de Guarulhos; Vanterli Gomes Fialho, da Casa Brasil Ponte Alta; Roseli
Silva Teixeira, da Secretaria de Obras; Ana Maria Melo, diretora do Curso de Comunicação
Social da Universidade Guarulhos; Antônio Manoel dos Santos Oliveira e William de Queiroz,
do Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Guarulhos; arquitetas Adriana Fuga e
Laura Maria da Silva Matos.
Imagem acima – Lagoa situada em frente ao Cemitério do Bonsucesso (Natal de 1981). Antiga cava de areia que
pertenceu a Felipe Romano.
Imagem abaixo – Foto da mesma localidade atualmente.
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Colaboradores
Elio de Assis, da Diretoria Estadual de Ensino Norte; Edith Alves de Souza e Guilherme
Gonçalves, diretores do Centro de Convivência Educacional do Colégio Paulo Freire; Sandra
Lúcia dos Santos Abreu, do Núcleo de Relações Comunitárias; historiador Benedito Antônio
Prezia; padre Antônio Carlos Frizzo; biólogo David de Almeida Braga.
Diretores(as) das escolas municipais: Andrea Paixão, Robson Rodrigues, Rita de Cássia
Xavier, Célia Regina de Araújo, Lhoco Okamura Goto, José Edson da Silva, Kátia Matias
da Silva, Manoel Rodrigues Português, Adriana Sanches Valença, Luciana Giandeli Malecka,
Cristina Hernandez Calciolari, Heloisa Helena Santos Jacobini, Lucinda de Oliveira Janoni,
Gislene Zadres Limão e Cecília Marta.
Diretores(as) das escolas estaduais: Francisco Vanderlei da Silva, Valdenilton dos Santos
Ferreira, Adriana Maura Sanavio Santos, Glauria Dias de Carvalho, Nivaldete de Souza Ramalho, Maria Eunice dos Santos Pereira, Levindo David dos Santos, Creivacim Silva, Mirtes
Abreu Silva, Marli Lina de Freitas, Adson Mota Bastos, Edna Molitor Ferreira de Lima, Edna
Antunes Dória Stelmo, Leila Rodrigues da Silva, Rosilene Ávila, Elaine dos Reis Nunes, Francisca Rosana Pinto, Kátia Mayumi Taseti, Elio Fortunato, Rosângela de Cássia Fernandes e
Maria Ângela Abude e demais gestores e funcionários da rede municipal e estadual.
Paulina Cardinali Adler, presidente da Instituição Allan Kardec – Alice Pereira e Mozard
Siqueira, seu coordenador pedagógico; Gláucia Garcia de Carvalho, Cristina Maria dos Santos
e Maria Zélia de Brito Souza, do Arquivo Histórico Municipal; Maria Cláudia Vieira Fernandes; Conceição de Maria do Ó’Medeiros; Levindo David dos Santos; freira irmã Marilene Dias
da Rocha, da Congregação das Irmãs Paroquiais de São Francisco; Márcia Pinto, fotógrafa.
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Cavaleiros rumo à Festa de Nossa Senhora do Bonsucesso. Ao fundo, construção dos apartamentos do
Parque Cecap- Cumbica. Antiga Estrada Geral, atual Monteiro Lobato.
SUMÁRIO
1 - Nossa Cidade, Nossos Bairros
11
2 - Localização Geográfica
15
3 - Paisagens Naturais
21
4 - Origens
33
5 - Formação Socioeconômica
41
6 - Lutas Populares
63
7 - História dos Bairros e suas Escolas
67
8 - Diversidade Étnica, Cultural e Religiosa
99
9 - Circuitos Turísticos
103
10 - Desafios
109
11 - Símbolos Oficiais
113
Referências Bibliográficas
120
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Cerimônia de abertura do seminário Saberes do Bonsucesso (12/4/2010).
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
C
om cerca de 1,3 milhão de habitantes, Guarulhos está completando 450 anos de fundação
em 2010. Em comum com algumas importantes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Fortaleza,
Sertãozinho, Petrópolis e Belo Horizonte, Guarulhos tem algo de muito especial: o bairro do Bonsucesso, o mais antigo de nossa cidade.
Quando nos perguntamos por onde deveríamos começar nosso trabalho envolvendo o Projeto
Saberes Locais levamos em consideração exatamente a história e a tradição deste bairro, com seu
comportamento empresarial e festas culturais e religiosas que envolvem todo seu povo, além de boa
parte da cidade.
Nossa cidade conta com centenas de bairros e cada um tem suas particularidades. A Vila Galvão é diferente do Cabuçu, do Jardim Presidente Dutra, que é diferente do Inocoop, do Cecap e do
Centro, que por sua vez difere do Bonsucesso.
Foi pensando nisso que surgiu o Projeto Saberes Locais, que de Bonsucesso já caminha para
o Jardim São João. Enquanto trabalhamos no projeto, em muitos momentos temos a sensação que
estamos revelando as fotos de um filme que ficou perdido durante muitos anos.
Nosso objetivo com este trabalho é organizar o maior volume possível de informações sobre o
bairro, porém, não apenas para documentar e sim para ser usado em favor da própria comunidade a
partir dos ensinamentos proporcionados às nossas crianças.
A rede municipal tem 126 escolas, um Centro de Educação Unificado – o CEU Guarulhos
Pimentas, 110 mil alunos e cerca de 5 mil educadores. Até 2012 serão construídas mais 40 novas
escolas, sendo 10 CEUs, o que aumentará substancialmente o número de alunos e professores.
O volume de informações que circula diariamente numa rede com as proporções da nossa é
quase imensurável, porém, estamos convencidos de que as escolas da Prefeitura precisam se apropriar
do conhecimento da comunidade instalada no seu entorno, até porque a unidade escolar é parte da
comunidade local.
A linha do Projeto Saberes Locais tem sua origem no Quadro de Saberes Necessários (QSN), a
nova proposta curricular da rede municipal que, entre muitas outras abordagens, preocupa-se com o
que os alunos da rede municipal, da Creche ao Ensino Fundamental, devem aprender.
O grupo de trabalho responsável pelo levantamento de dados deste projeto é formado por professores das redes municipal, estadual e particular, representantes da igreja, moradores e lideranças
locais, ou seja, gente que conhece a fundo a história do bairro em que moram. Para reunir as informações, diversas reuniões e seminários foram realizados com todos os atores envolvidos no processo.
Com os dados, a Secretaria de Educação, além deste livro, também vai elaborar um vídeo. Este
material será disponibilizado para as escolas da Prefeitura, para as escolas estaduais e particulares e
bibliotecas públicas da cidade.
Com o Projeto Saberes Locais oferecemos mais uma contribuição para a melhoria da qualidade
social da educação em nosso município, a partir da formação de alunos críticos, cidadãos autônomos
que representam a possibilidade real de dias melhores num futuro próximo.
Prof. Moacir de Souza
Secretário de Educação
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
1
NOSSA CIDADE,
NOSSOS BAIRROS
Rodovia Presidente Dutra nas proximidades do Bonsucesso, em 1960 e em 2010.
D
ia 8 de dezembro de 2010, Guarulhos
festejará, oficialmente, 450 anos de fundação. A
colonização portuguesa no território começou em
1560, portanto, 60 anos após o desembarque da frota
de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, Bahia.
Em 1560, sem documentação histórica que
comprove a data, o padre fundador, os indígenas
aldeados e os memorialistas guarulhenses levantam
a possibilidade que Guarulhos tenha sido fundada
na segunda metade do século XVI com o nome de
Aldeia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos. Aldeia, capela e cemitério indígena situados
nas proximidades do atual Centro Expandido (Vila
Moreira), quadra localizada entre as ruas Silvestre
Vasconcelos Calmon, José Esperança da Conceição, Barão de Mauá e Avenida Guarulhos.
A aldeia teria permanecido no referido local certo período, em seguida foi transferida para
a colina do centro, localidade onde se encontra
atualmente a Igreja Matriz, na Praça Tereza Cristina. Com base nas conclusões dos memorialistas,
em 1983, a Câmara de Vereadores votou a lei no
2.789/83 oficializando o nome do padre Manuel
de Paiva como fundador de Guarulhos, revendo
o nome do padre João Álvares citado no Hino a
Guarulhos, tido até então, como o padre fundador
da cidade.
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Garimpo de ouro do Jardim Hanna – Bacia Sedimentar de São Paulo (Agregados de cascalho).
Provável local de mineração de Geraldo Correia Sardinha.
Para o pesquisador de história indígena,
Benedito Antônio Prezia, baseado na documentação jesuítica (Serafim Leite, Hist. Comp. Jesus, v.
6, p. 503-504) e nas Atas da Câmara de São Paulo
(ACSP, V), Guarulhos foi fundada com o nome
de Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi,
por volta de 1607, sendo que este nome indígena foi mudado para Nossa Senhora da Conceição
dos Guarulhos, entre 1630 e 1640.
Após a expulsão dos jesuítas da cidade de
São Paulo, em 1640, esses indígenas abandonaram em massa a missão, indo para a região de
Atibaia, ficando apenas alguns poucos morando
em volta da Capela da Conceição [atual Igreja
Matiz], que era um local de romaria.
Benedito Prezia
PRIMEIRAS NOTÍCIAS SOBRE O
BOM SUCESSO VELHO
Os primeiros registros acerca do Bom Sucesso Velho retrocedem ao período do ciclo do
ouro em Guarulhos. Em um mapa da Capitania
de São Vicente (1553–1597), pode-se observar
o território situado entre São Miguel Paulista e a
Serra do Jaguamimbaba, atual Serra do Itaberaba.
No contexto da busca ao ouro, Afonso Sardinha, o
Velho, e o seu filho homônimo foram os primeiros
a descobrir ouro na cidade, em 1597. Em 1612,
12
outro bandeirante paulista, desta vez Geraldo Correia Sardinha, recebe uma carta de sesmaria nas
margens do Rio Maquirobu (atual Rio Baquirivu
Guaçu), também para exploração mineral.
Em 1666, o sertanista Francisco Cubas
Preto, um dos primeiros donos da Fazenda do
Bonsucesso, participa de expedição, provavelmente à Serra da Mantiqueira (Jaguamimbaba),
trazendo para sua propriedade um grupo de índios aprisionados. Em 1670, fundou uma capela
de fazenda que conserva como de Bonsucesso
até os dias de hoje.
O topônimo “Bom Sucesso” encontra-se em
muitas porções do Território Nacional e em Portugal. Na Guarulhos colonial, duas estradas com
nomes de santas tiveram grande importância na
época, Estradas de Nossa Senhora da Conceição
e de Nossa Senhora do Bom Sucesso, ambas confluíam para a região das lavras de ouro. A relação
histórica entre a cidade de Guarulhos e a região do
Bonsucesso é o que veremos nessa publicação.
Para saber mais
1. Guarulhos Tem História. Vários Autores.
Estante do Escritor, Biblioteca Monteiro Lobato, 2008.
2. Os Indígenas do Planalto Paulista.
Benedito A. Prezia. Humanitas, 2000.
3. Guarulhos - Cidade Símbolo. 1560 – 1960. Adolfo de
Vasconcelos Noronha. Estante do Escritor –
Biblioteca Monteiro Lobato, 1960.
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MAPA DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS – 1938
(Modificado pelo Instituto Geográfico e Geológico do Estado de São Paulo)
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
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LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA
Vista panorâmica da região do Bonsucesso.
A
região do Bonsucesso abrange os bairros
de Jardim Presidente Dutra, Parque São Luiz, Jardim
Maria Dirce, Parque Residencial Cumbica (Inocoop),
Jardim Fátima, Jardim Álamo, Vila Nova Bonsucesso, Vila Bonsucesso, Jardim Triunfo, assentamento
Anita Garibaldi, Jardim Santa Paula, Jardim Hanna,
Ponte Alta I e II, Jardim Campestre, Vila Carmela I e
II, Sítios do Recreio Rober, Parque Residencial Bambi, Mato das Cobras, Água Azul, Jardim Orquidiama,
Morro Grande e Tomé Gonçalves. Está localizada na
porção leste – nordeste do município de Guarulhos,
cidade inserida a nordeste da Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP) que agrega 39 municípios,
sendo uma das maiores conurbações do mundo. As
principais referências geográficas que estabelecem os
limites de Bonsucesso são: a Rodovia Presidente Dutra; o Ribeirão das Lavras; a Estrada Ary Jorge Zeitume e a divisa com o município de Arujá.
Em 2008, a Secretaria de Desenvolvimento
Urbano de Guarulhos (SDU), mediante o Decreto
Municipal no 25.303, estabeleceu 11 Unidades de
Planejamento Regional (UPR) no município, com
o objetivo de descentralização da gestão do espaço
público. Os critérios adotados para estabelecer esta
divisão foram o sistema viário, relevo e uso do solo.
A partir dessa divisão, a Comissão Saberes
Bonsucesso, tendo como objetivo o resgate da história local, tanto humana como geológica, adotou
um novo critério e estabeleceu uma nova divisão.
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De acordo com os critérios da SDU, a região do Jaguari
passa a ser uma UPR, que não
atende aos objetivos do Projeto
Saberes Locais, uma vez que a
referida região é caracterizada
por áreas ambientalmente protegidas e com uma insipiente ocupação urbana (somente o Jardim
Orquidiama) tendo, desta forma,
uma rica história do ponto de
vista das atividades econômicas
extrativistas no final do século
XIX e começo do XX, porém
com pouco a se dizer sobre sua
ocupação humana.
Desta forma, a Comissão Saberes Bonsucesso passa
a considerar a porção leste do
Jaguari a Bonsucesso e a porção oeste a São João. Assim, é
possível estabelecer uma relação sistêmica entre as atividades humanas e o meio ambiente
“natural”, ou seja, as relações
da população local com a rica
vegetação e a biodiversidade
animal existente na região.
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REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO
GUARULHOS
ROSA DOS VENTOS
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BAIRRO E JARDIM
Bairro é definido como cada uma das partes
em que se costuma dividir uma Cidade ou Vila. O
termo Bairro é uma herança da época da colonização portuguesa. Os bairros mais antigos de São
Paulo e Guarulhos, por exemplo, são originários
das antigas cartas de sesmarias.
Jardins são considerados por alguns pesquisadores como uma segunda fase da fundação
das cidades influenciadas pelo desenvolvimento
industrial. Os bairros “jardins” foram implantados obedecendo a um estilo anglo-saxão e em
São Paulo tinham como público-alvo a burguesia industrial. (Historia dos bairros de São Paulo
– Livro Aclimação). Acreditamos que a palavra
“Jardim” foi empregada em alusão ao Jardim do
Éden, definido como paraíso terrestre, local da
primitiva habitação do homem. A palavra “jardim” provém do hebreu “gan”, que significa proteger, defender, e “éden” que significa prazer.
Sesmaria
A ocupação das terras brasileiras pelos capitães descobridores, em nome da
Coroa, trouxe o modelo português de propriedade para o Brasil. Os registros de terras surgiram no País logo após o estabelecimento das Capitanias Hereditárias, cujos
documentos mais antigos datam de 1534,
com as doações de sesmarias.
Uma sesmaria media aproximadamente 6.500 metros quadrados. Muitas dessas
terras estavam sob a jurisdição eclesiástica
da Ordem de Cristo e lhes eram tributárias,
sujeitas ao pagamento do dízimo para a propagação da fé. Cada uma das partes da área
dividida levava o nome de sesmo. O vocábulo sesmaria derivou-se do termo sesma,
e significava 1/6 do valor estipulado para o
terreno. (Revista Histórica do Arquivo do Estado – Edição no 2 de 6 de junho de 2005).
BAIRROS, VILAS E JARDINS
Água Azul
Álamo
Anita Garibaldi (em processo
de regularização)
Bonsucesso
Campestre
Carmela I
Carmela II
Fátima
Hanna
Maria Dirce
Mato das Cobras
Morro Grande
Nova Bonsucesso
Orquidiama
Parque Residencial Bambi
Parque Residencial Cumbica
(Inocoop)
Parque São Luiz
Ponte Alta
Presidente Dutra
Recreio Rober
Sadokim
Santa Paula
Tomé Gonçalves
Triunfo
Entrada do Sítio das Rosas, de onde originou-se a Vila Carmela.
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DADOS GERAIS
Área de Guarulhos: 320 quilômetros quadrados aproximadamente.
Área de Bonsucesso: 71,2 quilômetros quadrados aproximadamente.
População de Guarulhos: 1.236.192 habitantes (IBGE-2007).
População estimada de Bonsucesso:
135.414 habitantes (IBGE e SEADE, 2002;
citado por S.D.U. 1/5/2002, 2009).
Renda:
Número total de responsáveis pela renda por
domicílio: 28.784 habitantes.
Número de responsáveis pela renda por
domicílio com renda: 24.774 habitantes.
Número de responsáveis pela renda por
domicílio sem renda: 4.010 habitantes.
Até 3 salários mínimos: 11.876 habitantes.
3 a 5 salários mínimos: 6.348 habitantes.
5 a 10 salários mínimos: 5.152 habitantes.
10 a 15 salários mínimos: 837 habitantes.
15 a 20 salários mínimos: 370 habitantes.
20 salários mínimos: 191 habitantes.
Nível de instrução:
Responsáveis por domicílios, segundo os
anos de estudo.
Sem instrução ou menos que 1 ano:
2.608 habitantes.
Com anos de estudo não determinado:
40 habitantes.
1 a 4 anos de estudo: 10.428 habitantes.
5 a 8 anos de estudo: 9.641 habitantes.
9 a 11 anos de estudo: 5.139 habitantes.
12 a 16 anos de estudo: 869 habitantes.
17 ou mais anos: 59 habitantes.
Principais atividades econômicas:
industrial e agricultura
Estabelecimentos de Saúde: 11 unidades
Estabelecimentos de Educação:
Municipais – 21
Estaduais - 16
Redesenhando Bonsucesso
Existe, entre os simpatizantes da história do Bonsucesso, conversas informais para implantação de um polo cultural situado na Vila do Bonsucesso Velho. As propostas convergem para um trabalho que integra o resgate histórico,
preservação do patrimônio, cultura, religiosidade popular e meio ambiente. A Vila de Nossa Senhora do Bonsucesso
Velho funcionaria como centro catalisador da região. Entre os militantes da região que discutem a proposta encontram-se a Associação Ururaí Arte e Cultura, representantes do Movimento Guarulhos Tem História, Comissão Saberes
Locais e representantes da Paróquia do Bonsucesso, contando também com a participação pessoas da Secretaria de
Cultura e da arquiteta Marli Araújo. (Imagem: Proposta – redesenho. Trabalho de Graduação Interdisciplinar/87).
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Foto: William de Queiroz
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
3
PAISAGENS NATURAIS
Morro Nhanguaçú, um dos mais antigos pontos de mineração de ouro e ardósia,
conhecido como Mirante do Água Azul ou “Morrão”.
A
o longo da história humana, o homem
drenou pântanos, cortou árvores, desviou rios,
construiu moradas, aldeias, vilarejos, bairros e cidades inteiras, modificando profundamente a paisagem, da maneira que julgou necessária para seu
desenvolvimento. O relacionamento do homem
com a natureza, conforme apontou Karl Marx, é
uma relação fundamental, não para que ele permaneça nela, mas ao contrário, pois ele luta contra ela.
É uma relação dialética. No decorrer desta luta, o
homem arranca da natureza aquilo que necessita
para manter sua própria vida e para superar uma
vida simplesmente natural.
No presente trabalho chamaremos de paisagem natural aquela que começou a evoluir há bilhões de anos, muito, muito antes da chegada dos
Maromomi, povo indígena descendente do chamado homem primitivo que migrou de outras regiões
do planeta para o litoral do sudeste brasileiro e,
posteriormente, para a região de Guarulhos.
As peculiaridades da paisagem natural de
cada região – os eventos geológicos ocorridos há
bilhões de anos, a formação do relevo e dos tipos
de solo, a cobertura vegetal e os recursos hídricos
– determinam a presença da fauna e a maneira
como o homem promoveu a ocupação do território. É esta paisagem, portanto, que orientou as
ações humanas neste território.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Garimpo de ouro do Ribeirão das Lavras, em Guarulhos. Rochas que se dobraram decorrentes da compressão
e de altas temperaturas das atividades vulcânicas há bilhões de anos.
BONSUCESSO HÁ BILHÕES DE ANOS
Desde a formação do planeta Terra, há 4,6
bilhões de anos, continentes inteiros surgiram
e foram destruídos várias vezes. A América e a
África, por exemplo, eram unidos e só se separaram há cerca de 65 milhões de anos, graças ao
constante movimento das chamadas placas tectônicas que se deslocam de 1,3 a 18,3 centímetros
por ano. Parece pouco, mas numa escala de tempo de bilhões de anos esse processo possibilitou
o surgimento dos continentes e dos oceanos tal
como os conhecemos hoje.
Da separação entre a América e a África
formou-se o Oceano Atlântico e no atual litoral brasileiro os terrenos se elevaram ao longo
de uma extensa faixa entre os atuais Estados do
Paraná, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em
seguida, o topo dessas elevações sofreu o afundamento de blocos de rochas, num processo chamado de “rifte”.
Durante milhões de anos as erosões* foram
desgastando as montanhas e depositando materiais nessa parte afundada, chamada de Bacia Sedimentar de São Paulo, situada entre as Serras do
Mar, da Mantiqueira e da Cantareira.
A porção ao sul do território de Bonsucesso, onde ficam os bairros Ponte Alta, Parque Residencial Bambi e a Estrada do Itaberaba, é caracterizada pela presença de rochas sedimentares
22
depositadas sobre as rochas cristalinas (embasamento cristalino), que podem ser encontradas
a até 250 metros de profundidade. Numa parte
dessa área baixa (bacia sedimentar), formaram-se os rios, córregos e ribeirões que hoje conhecemos como Rio Tietê, Paraíba do Sul, Araçau,
Lavras e Baquirivu Guaçu. Na porção norte da
região, que inclui Mato das Cobras, Água Azul,
Jardim Orquidiama e Morro Grande, predominam rochas mais duras e antigas, conhecidas
como rochas cristalinas.
Esses acontecimentos fazem parte da evolução do planeta e são estudados por uma ciência conhecida por Geologia. Recebem, por consequência, o nome de eventos geológicos. A ocorrência
de terremotos e a presença de muitos vulcões são
os eventos geológicos mais antigos da região de
Guarulhos. Desses eventos resultaram, há pouco
mais de 1,5 bilhão de anos, derrames de lavas que
foram sendo depositadas no fundo de um oceano
então existente na região.
_______________________________________
* Em condições naturais, a erosão consiste na
degradação, remoção e transporte de partículas de solo ou fragmentos de rochas pela ação,
combinada ou não, da gravidade com a água,
o vento, o gelo, organismos vivos e posterior
sedimentação.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
RELEVO
Os eventos geológicos resultam na formação
do relevo que, de um modo geral, é constituído por
cordilheiras, serras, montanhas, planaltos e planícies. A Geomorfologia é a ciência que estuda essas
formas, observando a associação da amplitude topográfica (diferença de altitude entre os pontos mais
altos e os mais baixos) e a declividade das encostas
(maior ou menor inclinação) de um terreno.
A porção norte da região do Bonsucesso
apresenta grandes altitudes e altas declividades,
sendo composta por morros altos e morros baixos. A parte sul é composta por relevos mais
baixos e de pouca declividade conhecidos por
morrotes, colinas e planícies, praticamente coincidentes com as rochas sedimentares.
Fato curioso é que a leste dos sítios do Recreio
Rober, nas nascentes do Rio Jaguari, ocorrem as menores altitudes de Guarulhos, com 660 metros acima
do nível do mar. Por outro lado, as áreas mais altas de
Bonsucesso encontram-se no Morro Grande.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Vista do relevo da região de Bonsucesso.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
TIPOS DE SOLOS
Os três tipos de solos presentes na região
do Bonsucesso são: Latossolo vermelho-escuro
(distrófico, de pouca fertilidade natural) e proeminente textura argilosa, sendo encontrado em relevo ondulado, suave ou não; o Argissolo vermelho-amarelo (também distrófico), que apresenta
argila de atividade baixa, pode ser encontrado em
relevo moderado ou fortemente ondulado ou em
relevo fortemente ondulado e montanhoso; Gleissolos que, no geral, corresponde a solo orgânico
superficial com textura argilosa. São encontrados
nos fundos de vales e nas várzeas, sob condições
de encharcamento.
O solo é, ao lado dos recursos hídricos, o
elemento natural mais determinante da maneira
como uma região é ocupada e transformada pelo
homem. É um recurso finito, também formado
pelos eventos geológicos, que pode levar milhares de anos para tornar-se produtivo.
Terra vermelha (Latossolo) no Jardim Triunfo,
tradicionalmente utilizada na Festa da Carpição.
Os solos, estudados por uma ciência conhecida como Pedologia, são
corpos dinâmicos naturais, cujas características decorrem das influências
combinadas de clima (chuva e temperatura, principalmente) e de atividades
bióticas e físicas. Sua formação tem
início com o intemperismo, conjunto
de fenômenos físicos e químicos que
degradam as rochas, formando uma
cobertura ainda não consolidada. Esse
material pode permanecer no mesmo
lugar (solos residuais) ou ser transportado pela água ou pelo vento, sofrendo
influência das chuvas e de mudanças
de temperatura, recebendo materiais
orgânicos, como vegetais e animais
em decomposição, tendo, enfim, modificadas as suas características físicas
e químicas, para, depois de um tempo
relativamente longo, constituir-se do
ponto de vista pedológico no verdadeiro solo.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
BACIAS HIDROGRÁFICAS E RECURSOS HÍDRICOS
A região do Bonsucesso possui uma rica
rede de lagos, rios, córregos e ribeirões, associada
a uma densa vegetação, a uma grande diversidade
de animais e inserida nas bacias hidrográficas do
Alto Tietê e do Rio Paraíba do Sul.
Bacia Hidrográfica do Alto Tietê: a porção do território ao sul do Água Azul e dos sítios
de Recreio Rober. As águas de chuva que caem
neste local seguem em direção ao Ribeirão Gua-
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raçau ou ao Ribeirão do Lavras, afluentes da margem direita do Rio Baquirivu Guaçu que, por sua
vez, segue para o Rio Tietê.
Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul: é
a porção norte do Bonsucesso, onde as águas de
chuva escoam para o Rio Jaguari. Este é afluente do Paraíba do Sul, que segue para o Estado
do Rio de Janeiro. Trata-se de uma área de mata
densa, com uma grande quantidade de cursos
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Rio Baquirivu Guaçu, trecho Guarulhos.
d’água. O único bairro neste território é o Jardim Orquidiama.
Rio Baquirivu Guaçu: inserido na Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê, tem suas nascentes no
Município de Arujá. Quando chega em Guarulhos
atravessa, no sentido leste-oeste, uma ampla planície ocupada pelos bairros do Jardim Álamo, Jardim
Nossa Senhora Aparecida, Jardim Fátima, Inocoop
e Jardim Presidente Dutra. O Rio Baquirivu Guaçu segue paralelo à Avenida Jamil João Zarif até
o Bairro do Taboão, onde muda o seu curso para
o sul, passando sob as rodovias Presidente Dutra e
Ayrton Senna até chegar ao Rio Tietê.
Além das águas superficiais (lagos, rios, córregos e ribeirões), a região do Bonsucesso conta com
a oferta de um manancial subterrâneo conhecido
como aquífero, formado pelas águas que se acumulam no subsolo. Os espaços vazios existentes entre
as rochas, conhecidos como gráben, são resultado
de movimentos geológicos favorecidos pelo tipo de
solo, que promove o acúmulo de água de ótima qualidade. A infiltração no solo é favorecida também
pela cobertura vegetal que, por meio de suas raízes,
abre caminho para a água alcançar o subsolo. Além
disso, as folhagens da cobertura vegetal retardam a
chegada da água ao solo, liberando-a lentamente e
propiciando melhores condições para a infiltração.
A densa mata existente na porção norte do
Bonsucesso favorece muito a recarga de água no
subsolo, onde se podem encontrar dois tipos de
água subterrânea: o Sistema Aquífero Cristalino
(água acumulada entre as rochas mais duras) e
o Sistema Aquífero Sedimentar (água acumulada
entre areias e cascalhos). Esta reserva de água é
utilizada para o consumo da população em pouca
escala, mas muito utilizada nas atividades comerciais e industriais da região, por meio da perfuração de poços profundos.
HISTÓRIA AMBIENTAL E
DA BIODIVERSIDADE
O tipo de vegetação do Bonsucesso é de
Mata Atlântica, uma floresta tropical úmida e
densa, exposta aos ventos que sopram do oceano,
que se constitui num dos mais ricos ecossistemas
do mundo. Essa floresta, encontrada ao norte da
região, integra os últimos remanescentes da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade
de São Paulo (RBCV), outorgada em 1994 pela
Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade. Esta densa vegetação promove a amenização
do clima, controla a poluição atmosférica e possui uma marcante beleza natural, além de abrigar
centenas de espécies animais e vegetais.
Historicamente, Bonsucesso é a região onde
foram desenvolvidas as principais atividades econômicas verificadas em Guarulhos. Os diferentes
ciclos de desenvolvimento (a mineração de ouro, a
agricultura, a extração de areia e a produção de tijolos, a produção em pequenas chácaras e granjas,
a extração de lenha, a implantação das primeiras
indústrias e o processo de urbanização) trouxeram
consequências ambientais negativas para a região.
Exemplo disso é o desaparecimento das
araucárias produtoras do pinhão, um dos itens
de alimentação que atraíram os indígenas Maromomi para a região de Guarulhos. A exploração
dos recursos florestais de forma irracional pelo
homem branco em seu processo “civilizatório”
extinguiu não só as araucárias, mas quase todas
as matas de Guarulhos.
As parcelas de florestas que restaram ou as
que foram se regenerando ao longo das décadas
continuam até hoje sob forte pressão de devastação. Estabeleceu-se uma paisagem com um grande número de fragmentos florestais de diferentes
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
idades, estágios de regeneração e tamanhos, além
de vários padrões de distância entre eles. Parte
desses fragmentos começa nos sítios de Recreio
Rober, segue a porção nordeste do Água Azul e
alcança os bairros do Jaguari e Tomé Gonçalves.
Recobrem toda a Serra de Itaberaba, estendendo-se ainda para outras regiões do município, no
sentido Tanque Grande – Cabuçu.
Na área urbana, por sua vez, na porção sul
do Bonsucesso, há porções menores de vegetação, mas de grande importância ambiental. As
áreas verdes em sítio urbano, segundo o geógrafo
João Carlos Nucci e o agrônomo Felisberto Cavalheiro, exercem resumidamente três funções.
Função ecológica: entre outras, a amenização do superaquecimento de áreas pavimentadas e concretadas (efeitos da “ilha do calor”),
proteção dos recursos hídricos, tanto qualitativos
como quantitativos, incluindo as águas subter-
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râneas, diminuição da poeira, proteção do solo
(evitando erosões e escorregamentos), atenuação
do vento e suporte da fauna.
Função estética: os benefícios relacionados
aos sentimentos que as áreas verdes propiciam.
Função de lazer: envolvem todo tipo de
utilização relacionado ao descanso, passeio, entretenimento e recreação.
O Mapa de Cobertura Vegetal do Bonsucesso evidencia o chamado “efeito de borda”, que faz
com que o perímetro da área desmatada, provocado pela expansão urbana, vá progressivamente
tirando da vegetação ainda existente a sua integridade. No entanto, há fragmentos remanescentes
distribuídos em diferentes porções da área urbana
do Bonsucesso, em que se destacam a capoeira,
que é o estágio inicial e intermediário da regeneração natural, e a vegetação de várzea, ainda presente nas planícies do Rio Baquirivu Guaçu.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Remanescente de Mata Atlântica, região nordeste do Bonsucesso.
FLORA
A Secretaria de Meio Ambiente do Estado
de São Paulo planeja criar um Sistema de Áreas
Protegidas do Contínuo da Cantareira, que abrange as serras de Itapetinga e Itaberaba. Por isso realizou estudos que identificaram entre as espécies
arbóreas mais comuns e representativas presentes
na Serra de Itaberaba, ao norte do Bonsucesso,
o capixinguí (Croton floribundus), a canela-toiça
(Endlicheria paniculata), a capororoca (Rapanea
umbellata), a maria-mole (Guapira opposita),
a caxeta (Psychotria vellosiana), a embaúba-vermelha (Cecropia glaziovi), a aroeira-mansa
(Schinus terebinthifoli), o jacarandá-bico-de-pato
(Machaerium nyctitans), a fruta-de-faraó (Allophylus edulis), a carne-de-vaca (Clethra scabra),
a peroba-vermelha (Aspidosperma olivaceum), o
tamanqueiro (Alchornea glandulosa), o angicorajado (Leucochloron incuriale), o pau-de-gaiola
(Aegiphila sellowiana), a canjarana (Cabralea
canjerana), o pessegueiro-do-mato (Prunus myrtifolia), o café-do-mato (Amaioua intermedia), o
canassu (Bathysa australis), a guaçatonga (Ca-
searia sylvestris), o guatambu-de-leite (Chrysophyllum marginatum), a peloteira (Solanum
pseudoquina), a embaúba-branca (Cecropia hololeuca) e a copaíba (Copaifera langsdorfii).
Outras espécies arbóreas que podem ser facilmente encontradas nos remanescentes florestais da região são o ingá-ferradura (Inga sessilis),
o manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis), o pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha), o guapuruvu
(Schizolobium parahyba), o tapiá (Alchornea triplinervia), o jerivá (Syagrus romanzoffiana) e o
açoita-cavalo (Luehea divaricata), entre outras.
Algumas espécies, como o cedro-rosa (Cedrela fissilis) e o jacarandá-paulista (Machaerium
villosu), estão ameaçados de extinção, já que as
florestas onde são encontradas vêm sofrendo severa diminuição e perda de qualidade de habitat.
Entre as espécies ameaçadas de extinção há ainda
a canela-cheirosa (Ocotea odorífera), a canela-burra (Ocotea nectandrifolia) e o palmito juçara
(Euterpe edulis), todas com histórico de exploração predatória intensiva.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
FAUNA
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Suçuarana (Puma concolor).
Estudos da Secretaria de Meio Ambiente
de Guarulhos, desenvolvidos dentro do programa Guarulhos tem Biodiversidade, revelam que
a região nordeste do município, onde se inclui a
porção norte do Bonsucesso, está entre as áreas
de maior prioridade municipal para a conservação ambiental. Pesquisas de campo realizadas na
Serra de Itaberaba já identificaram mais de 260
espécies de animais, entre aves, mamíferos, répteis, anfíbios e borboletas, número que cresce a
cada ano, à medida que os estudos avançam.
Relatos de moradores e trabalhadores do
Jaguari e de Tomé Gonçalves, confirmados em
pesquisas de campo, dão conta da existência de tamaduá-mirim (Tamanduá tetradactyla) e de cateto
(Pecari tajacu) na região. O conhecimento popular
sobre as espécies da fauna local oferece uma riqueza de detalhes que muitas vezes não é encontrada
nos livros. Por exemplo, moradores mais antigos
mencionam espécies como o macuco (Tinamus
solitarius), que já não são mais vistas na região,
Jaguatirica (Leopardus pardalis).
Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita).
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ou espécies como a asa-branca (Patagioenas picazuro), que só agora estão mais evidentes. Esses
apontamentos podem ser um reflexo das mudanças ambientais da região nas últimas décadas.
Na lista de espécies da fauna silvestre com
ocorrência no Município de Guarulhos, publicada
em 2009, foram divulgados pela primeira vez os
animais ameaçados de extinção, registrando 31
espécies. Entre elas estão o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) – encontrado apenas numa
pequena parte do Brasil, entre São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro, incluindo o município
de Guarulhos –, o sauá (Callicebus nigrifrons)
– primata não encontrado em nenhum outro ecossistema que não a Mata Atlântica, presente entre
a Bahia e o Estado de São Paulo –, a jaguatirica
(Leopardus pardalis) – o maior dos pequenos felídeos brasileiros –, e a suçuarana (Puma concolor),
o segundo maior felídeo das Américas, menor apenas que a onça-pintada, e predador de animais de
médio porte, como veados e capivaras.
Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris).
Textos: História Ambiental e da Biodiversidade, Fauna e
Flora – Autoria de David de Almeida Braga (biólogo).
Para saber mais
1. Atlas Escolar Histórico e Geográfico de Guarulhos.
César Cunha Ferreira, Daniel Carlos de Campos e Elton
Soares de Oliveira. São Paulo: Noovha América, 2010.
2. Caracterização do Meio Físico do Bairro Água Azul.
Mariza Viana Mesquita. Guaruhos:
Universidade Guarulhos, 1998.
3. Os Domínios de Natureza no Brasil. Aziz Ab’Saber.
Ateliê Editorial, 2003.
Garça (Egretta thula).
Sauá (Callicebus nigrifrons).
31
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
4
ORIGENS: DO BOM
SUCESSO VELHO À VILA
NOVA BONSUCESSO
Prédio da sub-delegacia de polícia de Bonsucesso, que ocupava o local onde encontra-se a
Casa Paroquial. Data e autoria da foto desconhecida.
P
or muito tempo “Bom Sucesso” foi escrito separadamente. É provável que a forma atual
da escrita seja coincidente com a reconfiguração
da fazenda que se transformou em loteamento urbano a partir da segunda metade do século XX,
quando surge a “ Nova Bonsucesso”.
Não são necessárias muitas explicações para
se perceber o significado da palavra “Bom Sucesso”
nos dias de hoje, mas qual teria sido a origem e o significado do termo nos primórdios da colonização?
Recorremos a dois pesquisadores guarulhenses, especialistas da história de Bonsucesso, e ambas as explicações retratam o imaginário do branco colonizador da época em questão. De acordo
com Washington Ribeiro de Macedo: O título de
Nossa Senhora do Bonsucesso, enquadra-se naqueles atribuídos à piedade popular ou à mística
dos religiosos conventuais, como “Nossa Senhora
Da Boa Morte”, “Nossa Senhora das Graças”,
“Nossa Senhora do Bom Parto”, “Nossa Senhora
da Boa Viagem”, “Nossa Senhora Aparecida” (no
Brasil), invocações essas usadas pelos fiéis para
atendimento de necessidades imediatas.
Para Maurício Pinheiro: Nossa Senhora do
Bonsucesso também era invocada como protetora dos
bens terrenos, devido ao êxito de uma das primeiras
“bandeiras”, que foi responsável por descobrir as
33
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Cascalho “lavado” de mineração de ouro – Jardim Hanna.
34
ricas jazidas de ouro no sopé de Itacolomi, atual cidade de Ouro Preto. [Descoberta]... a qual tornou
a santa muito popular, como nos conta Megale: seu
culto tomou grande incremento, espalhando-se pelo
Vale do Paraíba e na região das Minas Gerais. Essa
mistura de religiosidade e artimanhas para posse de
terras, controle de índios e riquezas nos leva a compreender o fato de a capela ter tido, em sua história,
alguns benfeitores que mantiveram e conservaram de
tempos em tempos, como é o caso da família Cubas
e, posteriormente, da família Bueno, entre outras.
Como visto, a formação do “Bom Sucesso
Velho” foi fortemente influenciada pela extração
de ouro nas margens do Rio Baquirivu Guaçu
e no conhecido garimpo do Campo dos Ouros,
Morro Nhanguaçu e Ribeirão Tomé Gonçalves,
além disso, por ser acesso para as principais lavras de ouro da antiga aldeia e Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos e de Minas Gerais, no início do século XVIII.
Três aspectos foram fundamentais para a
formação da antiga vila rural da fazenda: a existência do Rio Baquirivu Guaçu, a Estrada Geral e a
localização da primitiva capela de fazenda no sopé
da Serra do Itaberaba (antiga Jaguamimbaba).
Na origem da Fazenda do Bonsucesso aparecem os sobrenomes das famílias Bueno e Cubas.
Os documentos mais antigos localizado por nós
são as citações da carta de sesmaria dos Buenos,
de 1611, o testamento e o inventário de Francisco
Cubas Preto, respectivamente de 1672 e 1673.
O sobrenome “Cubas”, na pesquisa sobre a
extração de ouro, também aparece várias vezes. Inicialmente, em 1560, quando Braz Cubas descobre
ouro na sua vasta sesmaria, que compreende as atuais cidades de Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim. Em
1599, d. Francisco ordena que Pedro Cubas assista
com carne, pescado, azeite, farinha e todo necessário
ao capitão Diogo Lopes de Castro, os oficiais e soldados de sua companhia. No mesmo ano, d. Francisco de Souza se dirige a Braz Cubas chamando-o de
provedor da fazenda sediada na Vila de Santos.
Como se vê, alguns membros da família
Cubas, além de manterem trabalhos de exploração de ouro, participavam da administração de d.
Francisco de Souza.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Dom Francisco exerceu respectivamente os
cargos de 7o Governador Geral do Brasil e da Repartição do Sul, além de superintendente das minas
de ouro do Brasil. A Repartição do Sul abarcava as
capitanias de São Vicente, Espírito Santo e Rio de
Janeiro, atuais Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Após o ciclo do ouro e das atividades típicas
de uma grande fazenda, Bonsucesso passou por
uma reconfiguração, o que antes era rural se transformou em urbano, época em que surge a expressão “Nova Bonsucesso”. Sobre essa fase recente
comenta o imigrante japonês Morio Sakamoto:
Cheguei a Bonsucesso em 1929. No início dos
anos 1930, dava para contar nos dedos da mão o
número de famílias que morava na região. Eram
seis ou sete no máximo que viviam da lavoura.
Nessa época, o bairro era só mato e tinha apenas
a Estrada Velha (atual Avenida Papa João Paulo
I). A construção da Dutra foi a melhor coisa que
podia acontecer para o bairro. A partir de 1935,
começaram a chegar muitas famílias para morar
no bairro, atraídas pela boa terra e pela possibilidade de trabalhar com lavouras e granjas. Mas,
o bairro, até então, não tinha nenhuma infraestrutura para abrigar tanta gente. Foi a partir de
1951 que começaram aparecer as vilas, como o
Jardim Presidente Dutra, por exemplo. Não havia
fronteira e Bonsucesso se confundia com São Miguel Paulista. Os primeiros pontos de iluminação
pública e telefone chegaram ao bairro em 1958.
Televisão e rádio, muitos nem sabiam da existência”. (Trechos de entrevista publicada pelo Jornal
Folha Metropolitana, em 8/12/2006).
O Jardim Presidente Dutra foi inaugurado
e os lotes postos à venda em 1958. Dos loteamentos existentes no antigo território da fazenda, a Vila Nova Bonsucesso, que é de 1955, foi
o primeiro loteamento da região. De acordo com
mapa do município, até 1938, “Bonsucesso” era
escrito separadamente. Sobre a data, bem como o
motivo da mudança da escrita, não constam nos
documentos por nós consultados.
TRECHOS DO TESTAMENTO E INVENTÁRIO DE FRANCISCO CUBAS PRETO
A localização mais próxima ao Bonsucesso seria a cabeceira de Jaguari. Testamento de 1672 e
inventário de 1673, de Francisco Cubas Preto (Arquivo do Estado – Vol. 18).
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Para saber mais
Antigo Jardim Maringá, bairro que era vizinho ao Jardim
Presidente Dutra e que foi totalmente suprimido pela
construção do Aeroporto. Foto de 1979, cedida por um
morador do Jardim Presidente Dutra.
36
1. A Igreja e a Festa de Nossa Senhora do Bonsucesso:
Patrimônios Históricos e Culturais de Guarulhos. Washington Ribeiro de Macedo. Trabalho de conclusão de
curso – Faculdades de Guarulhos, 2005.
2. Santuário de Nossa Senhora de Bonsucesso: Uma Longa Tradição Profana. Mauricio Pinheiro. Dissertação de
Mestrado – UNESP, 2004.
3. Redesenhando Bonsucesso. Marli de Almeida Araújo.
Universidade de Guarulhos, 1987.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
JAGUAMIMBABA E MANTIQUEIRA: ORIGENS E SIGNIFICADOS
Capitania de São Vicente e adjacências no século XVI (1553-1597).
O lado paulista da Serra da Mantiqueira
era conhecido, nos primórdios do Brasil, como
Jaguamimbaba, cuja tradução em dicionários
da língua Guarani registra “jaguá”, que significa cachorro e “mimbá”, animal domesticado.
Já na língua Tupi, “Jaguapeba” seria cachorro pequeno e “Jaguará” traduz-se
tanto por onça como cachorro, sendo que
“mimbaba” equivale a animal de criação ou
doméstico. Assim, a tradução mais próxima
seria de cachorro domesticado ou de criação,
carecendo, no entanto, de novos estudos
para relacioná-lo com a tradução para onça.
Com certeza nestas regiões existiram em
abundância tanto os cachorros-do-mato como
as onças. Estando isso claro em nossa região
em dois nomes, “Jaguary” (antiga Bragança Paulista), como Rio das Onças, e o nome
“Lopo”, que vem do Latim lupus e significa lobo,
possivelmente alusivo à quantidade destes animais (lobos-guará e outros) na região.
O nome “Lopo” também pode advir
do sobrenome de antigas famílias que habitavam a região pois, em 1771, surge um
personagem nas cercanias com o nome de
Lopo dos Santos Serra. No entanto, há muito tempo já havia referência ao nome desta
serra, pois em 1601 a expedição de Francisco de Souza passou pela região conhecida
como Morro do Lopo. Na antiga Conceição
do Jaguary (Bragança Paulista), Nelson Silveira Martins e Domingos Laurito (Bragança
1763 a 1942) falam de aldeias enfeitadas
de penas, por volta de 1765, na Serra do
Lopo: Em 1791 Lino José de Morais obtém
meia légua por uma, no Bairro de Jacareí
e Cachoeira, no sertão do Morro do Lopo.
Quanto à Serra da Mantiqueira (do Tupi “a
água verte ou goteja”). O nome Jaguamimbaba é citado na fundação de Guarulhos (1560),
observando que as minas foram descobertas
em 1590 por Afonso Sardinha. “...Em 1560,
o Governador Geral Mem de Sá, tendo expulsado os franceses da Baía de Guanabara,
deteve-se na Capitania de São Vicente (...),
os sertanistas percorrem trezentas léguas
de sertão em busca de ouro e prata. Partindo de São Paulo e passando por Mogi das
Cruzes, desceram o Rio Paraíba, guiados pelos índios até a paragem de Cachoeira, onde
encontraram o caminho que atravessava do
litoral para a serra acima e tomando por esse
caminho subiram a Serra de Jaguamimbaba
(Mantiqueira). Não sei precisar quando estes
nomes se fundiram, ou melhor, quando toda a
montanha passou a chamar-se Mantiqueira”.
(Titulo original: Jaguamimbaba, Mantiqueira e Lopo - por Valter Cassalho. Texto
cedido a Fernando Emanuel Mamede em
2/6/2005).
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
A FESTA DA CARPIÇÃO
DO BONSUCESSO
A devoção de Nossa Senhora do Bonsucesso surge num contexto de exploração mineral.
Convém lembrar que o início da ocupação da região do Bonsucesso está ligado à descoberta de
ouro no Ribeirão Maquirobu ou Maquirivu, atual
Rio Baquirivu Guaçu, feita por Geraldo Correia
Sardinha, em 1612. Deste período conservam-se
alguns topônimos regionais que indicavam este
garimpo, como Lavras do Geraldo ou Lavras Velhas do Geraldo.
Em 1666, estas terras passaram a fazer
parte da propriedade de Francisco Cubas Preto,
neto de Manoel Preto. Este paulista casou-se com
Martha de Miranda e, em 1670, construiu uma
capela em honra à Nossa Senhora do Bonsucesso, certamente em agradecimento a alguma descoberta de mina ou pedindo proteção para que se
descobrissem minas de ouro.
Esta invocação aparecerá em outras regiões
do Brasil, como em Minas Gerais, num contexto
também mineiro. Em 1730, foi criada a Vila de
Nossa Senhora da Graça do Bom Sucesso das Minas Novas de Araçuaí, que se desmembrou da Vila
do Fanado de Minas Novas. Há nome semelhante
num distrito do Município de Patos e em duas serras, certamente ligados à exploração do ouro.
No Estado de São Paulo, além de Guarulhos,
este nome está presente num distrito do Município
de Itapeva e aparece em capelas de vários municípios do Vale do Paraíba, como Jacareí, Pindamonhangaba e São José dos Campos, sendo que neste
último a igreja dedicada à Nossa Senhora do Bonsucesso é popularmente conhecida como Capela
de Nossa Senhora da Carpição, com festa no dia
15 de agosto. A existência desta tradição no Vale
do Paraíba é bastante emblemática, pois foi uma
região de pessoas ligadas à exploração do ouro.
Quanto ao Bonsucesso de Guarulhos, a
partir de 1741 há referências sobre esta festa comemorada em 15 de agosto, Dia de Assunção de
Maria, assim como ao Dia da Carpição.
O que foi a carpição e que significado teria,
chegando a substituir a invocação principal?
38
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Este ato está ligado à tradição
de se carpir o mato em torno da capela, num sistema de mutirão, que é de
origem indígena, tendo em vista a Solenidade Mariana. Aquela santa, tão
poderosa e capaz de descobrir ouro,
deveria ser igualmente poderosa em
alcançar alguma outra graça, como a
cura de doenças ou prevenção de algum mal. Ao se limpar o terreno em
volta da capela, removia-se a terra, levando-a para casa, como se faz com
outros sacramentais católicos, como a
água benta, o óleo e até mesmo o pão
bento. É o que acontece também com o
ramo bento, originalmente usado para
aclamar Jesus por sua entrada triunfal
em Jerusalém, no Domingo de Ramos,
sendo levado para casa para se colocar
atrás da porta principal, visando a proteção contra diversos males e contra
os raios e trovões.
Na década de 1960, o pesquisador
Alceu Maynard Araújo relata: esta tradição, ocorrida em São José dos Campos,
usada também para os animais, quando
via-se o cão arrastado pelo dono, fazen- Assim como na Capela de São Miguel Paulista, o altar da igreja de Nossa
Senhora do Bonsucesso revela-se como documento arquitetônico que
do três percursos com a terra das ancas registra com fidelidade a arquitetura religiosa em São Paulo. Fonte: Proposta para restauro da Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso –
para que não tenha nambiuvu; é o caHelena Saia (Fev/2007).
valo a carregar um picuá no lombo ou
na cernelha [espinhela] para não ter ou curar-se sendo responsável pelo plantio dos alimentos, já
de pisaduras [equimose]; é o terneiro, como repre- que no seu ventre a criança é gerada. Esta necessentante do rebanho, puxado por uma peia, indo e sidade de sinal concreto em nosso culto religioso
vindo com um saquinho de terra para que o resto remonta à antiguidade, basta ver o simbolismo
do gado não apanhe bicheiras.
do fogo, da água, do sangue em quase todas as
A terra, desde a mais remota antiguidade, religiões. Mas a terra, como elemento de cura reestá associada à vida, à procriação e à regene- ligiosa, tal como um amuleto, é inédita no Brasil
ração. Para alguns povos da América, como os e certamente em outras partes da América.
incas, a terra é mãe, Pacha Mama, e a ela se faSeguramente herdamos de nossos ancesziam oferendas pedindo boa colheita. Para ou- trais indígenas e africanos a necessidade de se
tros, como os astecas, a terra é ambivalente: mãe ter símbolos materiais eloquentes e eficazes para
que alimenta, oferecendo-nos vegetais e caça e, acompanhar nossa vida. Mas a maior eficácia do
ao mesmo tempo, ventre voraz que devora os hu- efeito terapêutico da terra da carpição está na fé
manos, que nela são enterrados.
das pessoas que vão ali buscar um auxílio para
Na tradição dos indígenas das terras baixas suas necessidades do corpo e da alma.
do Brasil é a mulher que se relaciona com a terra,
Texto de Benedito Prezia
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
5
FORMAÇÃO
SOCIOECONÔMICA
Trabalho agrícola em Bonsucesso, data indefinida. Foto: AHCG.
A
economia guarulhense atual representa 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro
e o parque industrial localizado em Bonsucesso é
responsável por parte desse resultado, participando
do seleto grupo das 10 cidades brasileiras responsáveis por 25% desse produto. O tamanho de sua
economia se explica, principalmente, pela quantidade de unidades produtivas industriais presentes
em seu território. Já são mais de 2.890 indústrias e
54 unidades em meio rural, com 6.662 prestadores
de serviço e 11.835 estabelecimentos comerciais. O
parque industrial localizado em Bonsucesso integra
esse processo. Mas como foi que ele começou?
Bem antes dos 500 anos de dominação, expropriação dos territórios indígenas e exploração
da sua força de trabalho, prevaleciam as atividades
dos indígenas coletores Maromomi. Com o advento da chegada dos brancos colonizadores, instaurou-se a escravidão para a extração de ouro e para
o transporte de carga.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Antiga olaria do Bairro Água Azul, em 2010.
Durante a transição do trabalho escravo
para o trabalho “livre”, caracterizado pelo fim
do tráfico de negros africanos e pela chegada dos
imigrantes estrangeiros, Guarulhos reencontrou o
seu espaço na economia paulista, com a produção
em larga escala de tijolos, telhas, areia, verduras,
lenha e frutas. A industrialização ganhou forte
impulso no início do século XX, após as duas
grandes guerras mundiais.
Com exceção do primeiro momento da
industrialização da cidade, quando foram edificadas as primeiras indústrias ao longo da Estrada de Ferro Tramway da Cantareira (1911
a 1946), a região do Bonsucesso foi palco dos
42
principais acontecimentos econômicos verificados no município. A partir do segundo momento da industrialização, a região passou a ser
fortemente influenciada pelo setor fabril e pela
consequente expansão urbana que modificou a
paisagem natural.
Para saber mais
1. Guarulhos: Espaço de Muitos Povos – Prefeitura de
Guarulhos. Vários Autores. Editora Noovha América.
2. Identidade urbana e globalização. A formação dos
múltiplos territórios em Guarulhos / SP. Carlos José Ferreira dos Santos – Simpro Guarulhos. Editora Annablume.
3. Revirando a História de Guarulhos. Elói Pietá. Caja, 1992.
Criança transportando mandioca colhida
no antigo Bairro dos Fontes (atual bairro
Jardim Álamo).
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Indígenas coletores (Família Puri) aparentando os Maromomi.
OS INDÍGENAS COLETORES E A POLÊMICA SOBRE UMA ALDEIA
NO BONSUCESSO VELHO
Uma das várias polêmicas da história de
Guarulhos reside na questão da localização dos
primeiros indígenas aldeados pelos jesuítas. Para
os memorialistas João Ranali, Adolfo de Vasconcelos Noronha e Gasparino José Romão, que
escreveram sobre a história local, os indígenas
aldeados em 1560 foram os Guarulhos.
Diferentemente dos memorialistas, possui
outra tese o pesquisador de história indígena Benedito Antônio Prezia. Para ele, os indígenas são
os Maromomi, aldeados pelo jesuíta Manoel Viegas no final do século XVII. Para Prezia, baseado
na documentação jesuítica (Serafim Leite, História da Companhia de Jesus, v. 6, p. 503-504)
e nas atas da Câmara de São Paulo (ACSP, v,),
Guarulhos foi fundada com o nome de Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi por volta de
1607, sendo que este nome indígena foi mudado
para Guarulhos na década de 1630, passando a aldeia a ser chamada de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, situada onde hoje se encontra
a catedral.
Com a expulsão dos jesuítas da cidade de
São Paulo, em 1640, esses indígenas abandonaram em massa a missão, indo para a região de
Atibaia, ficando apenas alguns poucos morando
em volta da capela, que era um local de romaria.
O memorialista João Ranali admite que
Nossa Senhora da Conceição fosse a padroeira
dos Guarulhos e dos Maromomi. Para ele, a aldeia
dos Maromomi se localizava entre São Miguel e
a antiga região do Bonsucesso; e a dos Guarulho,
ficava na região central do município. Ranali,
com base nessa constatação, escreveu: Manuel
Viegas, desde o Colégio de São Paulo, onde era
mestre de meninos, assegurava a catequese da
aldeia dos Moromomi que fundara, e onde ia de
visita, mas aspirava a residência estável. A residência abriu-se entre 1607 e 1610.(Serafim Leite). E esta residência, aberta em 1607, quarenta
e sete anos após o surgimento da Conceição dos
Guarulhos, só podia referir-se a outra Conceição indiática, entre a de São Miguel e a nossa,
lá pelas bandas de Bom Sucesso ou Pimentas.
(Ranali, Repaginando a História, páginas 31 e
32). Uma coisa é certa: a aldeia que existiu no
Bairro dos Pimentas, em território guarulhense,
também se chamava São Miguel, já pela proximidade, já pela dependência para com os padres do
aldeamento homônimo.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Segundo Benedito Prezia: não há nenhuma
documentação que confirme a existência de aldeia no Bairro dos Pimentas. É uma leitura fantasiosa da documentação dizer que havia duas
aldeias com o nome de São Miguel. Sobre os pontos de vista acima mencionados, concordamos
com Benedito Antônio Prezia.
Acreditamos que seja necessário aprofundar os estudos sobre a data de formação da aldeia
na Vila Moreira, que pode ser anterior a 1607,
inclusive podendo ser em 1560.
Reconstrução e crânio de Luzia.
Lagoa Santa – Minas Gerais.
44
Outra informação preciosa que merece
destaque é sobre a existência da sesmaria real
de Ururaí (atual São Miguel Paulista), criada
em 1580. Levando em consideração o tamanho
médio das sesmarias, 6.500 metros quadrados,
medida que vigorou em Portugal e foi transplantada para as terras colonizadas pelos portugueses
além-mar, conclui-se que parte do atual Bairro
dos Pimentas ficava na sesmaria dos indígenas
de São Miguel Paulista.
Sobre a presença dos indígenas Guarulhos,
é importante levar em consideração a escravização de indígenas na mineração de ouro em São
Paulo, em fins do século XVI, bem como, sobre a
distribuição de força de trabalho de cativos trazidos do Espírito Santo para trabalhar nas minas de
ouro de São Paulo: Serra do Jaguamimbaba (Guarulhos), Pico do Jaraguá, Paranaguá, Parnaíba
e Sorocaba.
Para tanto, recorremos aos pesquisadores,
Adolfo de Vasconcelos Noronha e Pedro Taques
de Almeida Paes Leme. Segundo Noronha: (...)
d. Francisco de Souza, governador geral do Brasil, entusiasmado com as descobertas de Afonso
Sardinha, determinou ao capitão Arias, em dezembro de 1598, que conduzisse duzentos índios
para São Paulo (Guarulhos - Cidade Símbolo.
1880-1980 – página 43).
Sobre o mesmo fato escreveu Pedro Taques: Da Bahia saiu o senhor Francisco de Souza para a Capitania do Espírito Santo, de onde
enviou duzentos índios para o lavor das Minas
de São Paulo... (Notícias das Minas de São Paulo
– página 34).
Na informação dada por Noronha, faltou dizer que os indígenas eram do Espírito Santo. De
acordo com nossa pesquisa, os indígenas Guarulhos habitavam o vasto território do Vale do Rio
Paraíba do Sul, entre, os municípios de Campos
dos Goitacazes, São Fidelix e parte do Espírito
Santo. Em 1598, Guarulhos pode ter recebido indígenas para trabalhar nas lavras de ouro trazidos
dessa região.
Sobre a polêmica acerca dos indígenas Guarulhos ou Goarulho, constatamos que os mesmos
são originais do litoral norte do Rio de Janeiro.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Em visita ao Município de Campos dos Goitacazes, verificamos que lá existiu o Distrito de Santo
Antônio dos Guarulhos, criado pela decisão episcopal de 3 de janeiro de 1759. Em 1890, o Distrito foi elevado à condição de Freguesia, recebendo o nome de Santo Antônio dos Guarulhos. Na
cidade de Campos dos Goitacazes existe também
o Distrito dos Guarus, como observa um pesquisador de história local: A origem do nome Guarus
advém dos índios Guarulhos, tribo que habitava
a região no século XVII. A mudança de nome de
Guarulhos para Guarus ocorreu há alguns anos,
por decisão dos poderes municipais, para poderem diferenciar da denominação da cidade de
Guarulhos, no Estado de São Paulo. (Herbson
Freitas, pesquisador da história de Campos).
Ranali, refletindo sobre o etnônimo Guarulhos esclarece: E por que o nome Guarulhos?
O professor João Mendes Júnior diz: “(...) terem
sido eles trazidos” para estas paragens, procurando esclarecer-lhes o nome, assim: Gu-arú-bo, que
significa trazidos, composto de gu (recíproco), aru
(trazer) e bo (breve) para formar o supino.
Guarulhos, indicativo do modo de estar. E
alicerça a sua assertiva no fato de não haver, em
Tupi-Guarani, a letra L e muito menos o dígrafo
lh (...) Sobre a definição, cabe destacar que o professor João Mendes Júnior não era linguista. Com
o advento da colonização portuguesa no território
e a disseminação da Língua Geral Paulista, mistura de Tupi, Guarani e Português, e que foi falada pelos bandeirantes, verifica-se também uma
expansão da língua e cultura Tupi em regiões do
sertão antes dominadas por indígenas de língua
Jê. Como esta língua foi falada até o final do século XVIII em toda a região paulistana, ainda
hoje podem ser encontrados vocábulos Tupis em
território guarulhense, como Itaberaba, Cabuçu,
Guaraçu, Capuava, Pirucaia e Baquirivu Guaçu,
entre outros.
O processo de migração campo-cidade,
derivado da industrialização do Brasil, trouxe,
nestas últimas décadas, para o município mais
de uma dezena de etnias indígenas, sobretudo
originários do Nordeste, como os Pankararu, os
Pankararé, os Xukuru, os Wassu-Cocal, além de
Tupi-Guarani, totalizando cerca de 1.500 habitantes indígenas, alguns deles organizados em torno
da organização não-governamental Arte Nativa,
criada em 2006.
Sobre os indígenas Maromomi e a relação
com os primeiros habitantes do território brasileiro, com base nas pesquisas de Benedito Prezia
e do arqueólogo Walter Neves, concluímos que
os Maromomi foram expulsos do litoral norte
paulista pelos povos Tupi. Esses indígenas Tupi
migraram para a costa leste, por volta do século
XIV, num movimento de expansão que lhes era
próprio. Os Moromomi, depois da expulsão, passaram a viver num território entre a Serra do Mar
e a Serra da Mantiqueira.
Ao contrário dos Tupi, que eram grandes
ceramistas, os Maromomi eram de tradição coletora, não dominavam a técnica da cerâmica.
Falavam uma língua da família Puri, que era do
tronco linguístico Macro-Jê.
Estudos recentes chamam atenção para o
fato de que os Maromomi, por serem de tradição
coletora, podem ser descendentes de povoadores
do território brasileiro que viveram em Minas
Gerais, o chamado “homem da Lagoa Santa”,
etnia de origem africana que chegou ao Brasil há
mais de 12 mil anos atrás. Dessa primeira corrente migratória, o fóssil mais antigo encontrado é o de uma mulher, batizada com o nome de
Luzia, para lembrar um outro fóssil importante
encontrado na África e que recebeu o nome de
Lucy. Estes “primeiros brasileiros” espalharamse pelo território nacional, em um processo de
migração que levou, inclusive, a ocupar determinadas regiões do litoral paulista, como Caraguatatuba, que era conhecida no século XVII
com o nome de Enseada dos Maromomi.
Para saber mais
1. Repaginando a História. João Ranali. SOGE –
Faculdades Integradas de Guarulhos, 2002.
2. Conversão dos Cativos. Benedito A. Prezia. Nhanduti
Editora, 2009.
3. Guarulhos: 1880 – 1980. Adolfo de Vasconcelos Noronha e Gasparino José Romão. Prefeitura de Guarulhos e
Academia Guarulhense de Letras,1980.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
A MINERAÇÃO DE OURO EM BONSUCESSO
As histórias, os mitos e as lendas estão
presentes nos espaços físicos e humanos da atualidade. Já se disse que por trás de uma lenda
existe alguma verdade. Se pensarmos nos nomes
das localidades da cidade de Guarulhos podemos ficar curiosos pelas coincidências com a
sua história. Partindo de antigos caminhos e dos
cursos fluviais utilizados no período colonial,
pode-se encontrar algumas pistas sobre sua origem e formação.
O Rio Tietê, seus afluentes e tributários,
como é o Rio Baquirivu Guaçu, guardam lembranças que ajudam a entender algumas peculiaridades do passado colonial dessa e de outras
cidades paulistas.
Os rios, percorrendo longos caminhos até
desaguar no mar, ou em outros rios, sulcam o
relevo, as entranhas dos solos e das rochas,
atravessam galerias subterrâneas, arrastando
os mais diversos minerais. Dentre estes, os minerais metálicos [ouro] que, por serem mais pesados do que a água e a areia, são carregados
mais lentamente pelas águas, deixando boa parte
desses minerais no fundo dos rios, formando depósitos de sedimentos que, no primeiro século da
história colonial, eram ricos em ouro de aluvião.
(José Elmano de Medeiros Pinheiro, Guarulhos
Tem História, página 74.)
São muito esclarecedoras as palavras do
geógrafo José Elmano, membro do Movimento
Guarulhos Tem História. Em que pese o fato de
que muitas lendas sejam apenas lendas, no caso
da mineração de ouro em Guarulhos e na região
do Bonsucesso a realidade confirma a lenda, a
começar pela toponímia do território.
Nossa Senhora do Bonsucesso, por exemplo, foi a santa protetora dos mineradores de
ouro na Serra do Itacolomi, em Minas Gerais,
atividade iniciada há mais de 100 anos após a
descoberta de ouro em Guarulhos e na região
do Bonsucesso. Conforme Pedro Taques de
Almeida Paes Leme, a descoberta de ouro em
Guarulhos aconteceu em 1597. Afonso Sardi-
nha e seu filho do mesmo nome, foram os que
tiveram a glória de descobrir ouro de lavagem
nas serras de Jaguamimbaba e de Jaraguá, em
São Paulo, na de Voturuna, em Parnaíba e na
Biracoiaba, no Sertão do Rio Sorocaba, ouro,
prata e ferro, pelos anos de 1597. (Arquivo
da Câmara de São Paulo. Quadro de Ref. ttº.
1.600, página 36 v.).
Além do etnônimo Bonsucesso são bastante expressivas outras palavras da época da
mineração de ouro. Em Vila Carmela existe a
Rua Serra do Ouro; na Água Azul a Estrada
Morro Grande; o Morro Nhanguaçu; os Ribeirões Tomé Gonçalves, Guaracau, Pedregulho,
Jaguari, Tuiá e das Lavras, o Campo dos Ouros,
além do garimpo de ouro do Jardim Hanna, por
exemplo, localizado entre o Rio Baquirivu Guaçu e o Ribeirão das Lavras.
O segundo parágrafo dos escritos de Elmano relata a importância dos caminhos e dos
cursos fluviais para a mineração de metais pesados [ouro]. Nesse sentido, a história da região do
Bonsucesso é das mais ricas em exemplos. O Rio
Baquirivu Guaçu, afluente do Tietê, recebe todas
as águas das nascentes da Serra do Itaberaba. Os
cursos d’água mais conhecidos são: os ribeirões
das Lavras, Tanque Grande e Tomé Gonçalves.
O ouro de lavagem depositado nas vazantes dos rios Baquirivu Guaçu, Baquirivu Mirim
e Tietê, no trecho entre Guarulhos e São Paulo,
é originário da região aurífera de Guarulhos. As
informações mais antigas sobre a mineração de
ouro de lavagem em São Paulo datam de 1526,
quando da incursão de Aleixo Garcia. Em 1531,
ocorreu a segunda expedição oficial comandada
por Pero Lopes.
A partir de 1552, cartas do bispo d. Pero
Fernandes Sardinha e dos padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta citam achados em Jaraguá, Pirapora do Bom Jesus, Sorocaba e Guarulhos. Aureliano Leite também relata que Braz
Cubas encontrou ouro na margem esquerda do
Rio Tietê, em 1560.
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Jornal “A Gazeta” de 15 de abril de 1958. Reportagem sobre as lavras de ouro de Guarulhos.
CAMINHOS
O primeiro caminho dos colonizadores
rumo à América do Sul foi o mar. O segundo foram os rios, vias de acesso mais seguras em busca das jazidas de ouro. Guarulhos possui em seu
território três rios: o Tietê, o Baquirivu Guaçu e o
Cabuçu de Cima. Duas das maiores riquezas históricas da região do Bonsucesso são: o Rio Baquirivu Guaçu e as antigas estradas que interligavam a região aos atuais Estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro e as cidades paulistas.
O ouro das minas de Guarulhos e São Paulo
era transportado para Santos ou pelo Vale do Paraíba. Nas margens das estradas existiam as paradas dos tropeiros. Arujá, Bonsucesso, Capelinha,
Sete Pontes [Parque Cecap] e Córrego dos Cavalos eram algumas das paradas da Estrada Geral.
Desde a antiguidade, as cidades, as vilas e
os bairros se formaram às margens das estradas
e dos locais de fácil abastecimento de água. A
vila rural do Bonsucesso se beneficiou dos dois
fatores para se constituir em uma das localidades
mais antigas da história de Guarulhos. O Rio Baquirivu Guaçu e a Estrada Geral foram essenciais
para a formação e consolidação rural e urbana.
Segundo Noronha: (...) para se aquilatar o
valor histórico dos caminhos guarulhenses, basta
48
saber que foram os primeiros e, até princípios do
século XIX, os únicos da zona norte, pelos quais
se ia para Juqueri [Mairiporã], Atibaia, Nazaré,
Bragança, Cuiabá (Mato Grosso), Minas Gerais,
Goiás, Vale do Paraíba, Rio de Janeiro.
“A Estrada Geral (de Guarulhos a Bonsucesso) também foi aberta por volta de 1600, pois
servia às minas de ouro. A princípio, houve três
grandes ramos, tributários da Estrada Geral: o caminho das Lavras Velhas do Geraldo, que partia
de Bonsucesso; o das Catas Velhas, que ligava
a Estrada Geral em meio ao trajeto GuarulhosBonsucesso; e deste último, à esquerda, nascia o
terceiro ramo, que ia para o Tanque Grande, na
Serra do Bananal”.
Atualizando as citações de Noronha, vemos que o trecho da Estrada Geral de Guarulhos a
Bonsucesso corresponde à Rua Dom Pedro II e às
Para saber mais
1. Genealogia Geográfica e História no Espaço Paulista: O
Bairro de Itaquera – As Minas de São Paulo. José Elmano
de Medeiros Pinheiro Trabalho de Graduação – USP. 2000.
2. Estradas Reais – Introdução ao Estudo dos Caminhos
do Ouro e dos diamantes no Brasil. Márcio Santos.
Editora Estrada Real.
3. Tropas e Tropeiros na Formação do Brasil.
José Alípio Goulart. Temas Brasileiros.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Avenidas Monteiro Lobato e Papa João Paulo I. O
caminho das Lavras Velhas do Geraldo é a Estrada
do Morro Grande. O caminho das Catas Velhas,
em Cumbica, que atravessava a Base Aérea e o
Aeroporto, saindo no Jardim São João, corresponde à Estrada Guarulhos-Nazaré. O ramal à esquerda, no Jardim São João, tem o nome de Rua Juarez
Távora (via de ligação da Estrada do Saboó).
Os acessos para Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás se davam pela Estrada do Saboó e pela
Estrada Velha de Nazaré Paulista, por cima da
Serra da Mantiqueira, ramais que se encontravam
no Portão, conforme mapa da mineração ao lado.
O acesso para o Rio de Janeiro e demais cidades do Vale do Rio Paraíba era a Estrada Geral,
passando pelos atuais municípios de Arujá e Santa
Izabel, entre outros. Para o litoral paulista, passava-se por Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes. Em
Itaquaquecetuba ainda existe um trecho da Estrada
Velha do Bonsucesso. Achamos bastante apropria-
da a definição de um morador de Planaltina.
(...) Estrada Geral era aquela que ninguém
se perdia, já que o seu trajeto sempre chegava a
um povoado ou vila. (A Estrada Geral na História, de Erasmo de Castro).
Assim, nos primórdios da mineração de ouro,
a história de Guarulhos e da região do Bonsucesso andam juntas. Devido à importância que teve a
mineração de ouro em Guarulhos, e especialmente
em Bonsucesso, encontra-se em discussão em Guarulhos e em São Paulo a implantação do Geoparque do Ciclo do Ouro de Guarulhos, bem como o
tombamento do Sítio Arqueológico do Garimpo de
Ouro do Ribeirão das Lavras, pelo Condephaat.
Na economia fiduciária, a riqueza de um
país se media pela quantidade de ouro que possuía. Em 1447, na cidade de Gênova, na Itália, decidiu-se que todos os pagamentos fossem efetuados em ouro. Teria sido esse o principal elemento
propulsor da mineração no Período Colonial.
AVENIDA PAPA JOÃO PAULO I E MONTEIRO LOBATO – TRECHOS DA
ANTIGA ESTRADA GERAL, LIGANDO AS LAVRAS DE OURO.
Com a abertura do Caminho Novo, por
Magé e Petrópolis, na Capitania do Rio de Janeiro, a ligação entre Guaratinguetá e o Caminho
Velho, para Minas Gerais, ficou obsoleta. Entretanto, em Santa Anna e em Conceição (Guarulhos), ainda era praticado um caminho por São
Pedro, Sapucaí e a Serra de Mogi-Açu, percurso
mais curto para os paulistas atingirem as Minas
Gerais e as trilhas para Goiás e Mato Grosso.
O chamado Caminho Geral do Sertão,
Caminho dos Paulistas ou Caminho de São
Paulo, era a mais antiga via de acesso ao
sertão das Minas Gerais, à época do Brasil
Colônia, através da qual haviam passado as
inúmeras bandeiras até os afluentes superiores do Rio São Francisco.
O Caminho de São Paulo foi objeto de
muitos relatos, entre eles o Itinerário de Glimmer e o Roteiro do Padre Faria, que o denomina como Estrada Real do Sertão. Originado
numa antiga trilha indígena, percorrida pelos
índios Guaianases, era primitivamente conhecida como Trilha dos Guaianases.
O trajeto iniciava-se na altura da atual
Jundiaí, passava por São Paulo de Piratininga e alcançava as margens do Rio Paraíba
do Sul, onde, em função do garimpo, se constituíram diversos arraiais - Mogi das Cruzes
(que posteriormente declinaria em favor de
Guarulhos, gerando uma variante do percurso), Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba
e Guaratinguetá, que até ao século XVIII se
constituiu o maior entroncamento viário da região Centro-Sul da Colônia.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Quadro que retrata a casa de Felício Marcondes Munhoz.
FAZENDA DO BONSUCESSO: NOTÍCIAS SOBRE OS
NOVOS E ANTIGOS PROPRIETÁRIOS
De fazenda a pequenos lotes urbanos, território tantas vezes modificado por diferentes
personagens. Quais fatores foram determinantes
para tamanha mudança e quais as implicações sociais, culturais e ambientais desse processo? Em
que ano teria começado a formação da fazenda?
Como vimos no tópico sobre a mineração,
a história da região do Bonsucesso foi muito influenciada pelo ciclo do ouro em São Paulo e em
Minas Gerais. Aos caçadores de ouro não importava tanto o tamanho da propriedade, mas a
quantidade e o controle das riquezas minerais,
muitas vezes contidas em uma pequena gleba
chamada garimpo.
Com o passar do tempo, o conceito de riqueza no Brasil foi mudando. Rico passou a ser aquele
que tinha grandes extensões de terras rurais. Por
meio da distribuição das cartas de sesmaria, de
1534 a 1822, teve início a formação dos latifúndios
no Brasil. A Fazenda Bonsucesso foi um deles.
Entre os ex-proprietários da Fazenda do
Bonsucesso encontramos os nomes de Francisco Cubas Preto, Amador Bueno da Veiga, João
Álvares de Siqueira Bueno, Antônio Xavier
D’Ávila, Felício Marcondes Munhoz e Estevam
Dias Tavares.
50
Francisco Cubas Preto e os Bueno – Em
1710, consta que os indígenas escravizados, bem
como a capela de Nossa Senhora do Bonsucesso,
encontravam-se sob o poder de Amador Bueno
da Veiga, controle obtido após a morte de Brígida
Sobrinha, a última filha de Francisco Cubas Preto. Sobre a presença da família Cubas na história
da fazenda e também sobre a criação das chamadas “aldeias reais”, relata John Monteiro:
Por volta de 1660, a Câmara de São Paulo
passou a permitir a ocupação das terras da Sesmaria de Ururaí, que havia sido dada pela Coroa
portuguesa como propriedade à aldeia indígena
de São Miguel, desde 1580. A partir daí, passou
a ser ocupada por colonos de origem portuguesa e por bandeirantes... O fazendeiro Francisco
Cubas, proprietário de muitas terras e índios
nesta região, mandou construir a primeira Capela de Nossa Senhora do Bonsucesso por volta de
1670.... (Negros da Terra, página 141).
Em 1612, Geraldo Correia Sardinha recebeu
uma carta de sesmaria para explorar ouro nas proximidades do Ribeirão Baquirivu Guaçu. Sobre
esse assunto, quem nos orienta é Sílvio Bontempi: Aquelas terras eram muito procuradas e para
a sua direção voltaram-se muitos colonos, atraí-
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
dos em 1612 pelo prosperar de Geraldo Correia
Sardinha, então empenhado na exploração das
minas de ouro descobertas nas proximidades do
Ribeirão Maquirobu, atual Baquirivu.
Bontempi informa também que um certo Bartolomeu Bueno tornou-se confrontante de
Correia Sardinha também em São Miguel, com
título transladado em 15 de março de 1611. É
dessa mesma data o traslado da carta de sesmaria
de Amador Bueno, concedida pelo Capitão Gaspar Coqueiro em fevereiro de 1611....
Em consulta ao testamento de Francisco
Cubas Preto, datado de 1672, como também ao
seu inventário (1673), não encontramos o nome
de Brígida Sobrinha, citada como filha de Cubas
na disputa da Fazenda do Bonsucesso contra
Amador Bueno da Veiga, em 1710. Quanto aos
Bueno mencionados por Bontempi, são eles:
Bartolomeu Bueno da Ribeira e Amador Bueno
da Ribeira. O primeiro foi casado com Maria Pires, tataraneta do cacique Piquerobi, o maioral
de Ururaí; o segundo chegou a ser aclamado rei
de São Paulo, em 1641.
João Álvares de Siqueira Bueno – Em
seu testamento, datado de 1904, consta que era
herdeiro de extensa propriedade que ia além de
Bonsucesso e chegava ao Parque Cecap (antigo
Sete Pontes), englobando a Base Aérea de Cumbica, o Aeroporto, a Cidade Satélite Industrial de
Cumbica e as fazendas Bananal (atual casa da
Candinha) e Tanque Grande.
João Álvares nasceu em Guarulhos no dia 12
de julho de 1834. Foi eleito deputado provincial
por São Paulo em 1880. Há relatos de que trabalhou nos bastidores para a elevação da Freguesia
de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos à
condição de Vila, ocorrida nesse mesmo ano.
Atuou como fabriqueiro (mantenedor) da Igreja do
Bonsucesso, tal como seu pai, Bonifácio de Siqueira Bueno (1806-1880). Faleceu em 1912.
Antonio Xavier D’Ávila – Um informativo
sobre a história da Paróquia do Bonsucesso dá conta
de que, em 1800, a atual Igreja de mesmo nome,
bem como a Capela de São Benedito dos Homens
Pretos, foram construídas a mando de Antônio Xa-
Casa de D. Neiza (à direita da Igreja), antigo espaço da casa de Felício Marcondes Munhoz.
51
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Rua Direita [São Paulo]. (Informativo Sincomércio, nº. 16 – junho
de 2007. Entrevista concedida por
Neiza Marcondes Munhoz e seu
filho Fábio Marcondes Menino).
Com a Proclamação da República, em 1889, e a dissolução
das Câmaras de Vereadores em
todo o País, uma junta de quatro
intendentes (equivalente na época para o cargo de prefeito) foi
nomeada pelo governo provisório para administrar a então Vila
de Nossa Senhora da Conceição
dos Guarulhos. Felício MarconRodão manual de ralar mandioca da antiga fazenda onde
des Munhoz era um desses insitua-se o atual Jardim Álamo.
tendentes. Restabelecido o funvier D’Ávila. Após consulta a livros e trabalhos cionamento das Câmaras, foi eleito vereador em
acadêmicos, encontramos apenas duas menções oito ocasiões e escolhido pelos próprios colegas
ao seu nome: uma menciona que foi Juiz de Paz de vereadores para ser presidente da Casa, cargo que
exerceu entre 1892 e 1919.
Guarulhos, a outra, que era fazendeiro na região.
Na época do meu bisavô, conta Fábio, a
Felício Marcondes Munhoz e Estevam Fazenda do Bonsucesso tinha 100 alqueires.
Dias Tavares – Sobre Felício Marcondes Mu- Estevam Dias Tavares era professor da Vila do
nhoz, ouvimos o relato de sua neta, d. Neiza, Bonsucesso Velho e dono de uma pequena chámoradora há mais de 80 anos na Praça de Nossa cara, que ficava do lado da Capela de São Benedito. Até hoje existem os alicerces da casa de
Senhora do Bonsucesso:
O meu avô tinha plantações de uvas, fazia taipa dos Tavares onde eu brincava.
Tudo leva a crer que a fazenda loteada pela
vinhos, fazia plantações de mandioca para fazer
farinha de mandioca. Aqui, era grande a fábrica Família Marcondes Munhoz era muito maior. A
de farinha, era toda de madeira. Lembro quan- partir das décadas de 1940 e 1950, foi dividida
do eu trabalhei lá... Meu avô tinha também um em pequenos sítios, chácaras e lotes urbanos.
Quanto aos impactos sócioambientais causados
alambique para produzir pinga.
A vila foi construída junto com a Igreja de pela transformação das terras indígenas em faSão Miguel. O meu pai dizia que a festa aqui era zenda e posteriormente em bairros, basta lembrar
do tempo do meu avô e durava o mês todo. Tinha das consequências da escravidão indígena e dos
também no mês de abril a Festa de São Benedi- negros africanos, o aquecimento local e global, as
enchentes e as raízes da violência urbana.
to... os festeiros daqui eram famílias ricas...
Era muito bonito e bom aqui pra viver. Não
tinha ladrão, a casa ficava aberta, janela aberta,
Para saber mais
todo mundo até meia-noite, vizinhos, pai, mãe, conversavam na rua, as crianças brincavam, brinca1. O bairro de São Miguel Paulista. Silvio Bontempi.
2. Testamento e Inventário de Braz Cubas Preto.
deiras de anel, pular corda... Tudo com as crianças
Arquivo do Estado Vol. XVIII.
3. Negros da Terra. Índios e Bandeirantes nas
com 10, 11 anos... Só depois vendeu uma parte do
Origens de São Paulo. John Manuel Monteiro. 1994.
terreno, em tantas vezes, a perder de vista, que a
gente tinha de ir buscar a prestação de bonde, lá na
52
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
O guardião da Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso
Cândida Rodrigues Barbosa
A Igreja de Nossa Se(1902-1970), mais conhecida
nhora do Bonsucesso tem
como dona Candinha, persouma característica especial:
nagem muito conhecida na
é a única igreja em Guaruregião do Jardim São João e
lhos que ainda abriga restos
que será melhor estudada em
mortais humanos, prática cooutro volume desta coleção.
mum no Período Colonial e
Bonifácio de Siqueira
Imperial e abolida em 1820.
Bueno faleceu em 4 de feveTrata-se dos despojos de
reiro de 1880, sendo sepultaBonifácio de Siqueira Bueno
do junto ao altar-mor da igre(1806-1880), rico fazendeija. Posteriormente, em 1903,
ro, professor primário, “faseu filho, João Álvares, por
briqueiro”, mantenedor da
ocasião de reforma da igreigreja e antigo morador da
Bonifácio de Siqueira Bueno.
ja, mandou erigir uma capela
Fazenda Bananal. Sua genealogia é ligada à história de São Paulo e (Capela de São Bonifácio) ao lado do altarmor, onde até hoje repousam os despojos de
vale a pena ser conhecida.
Nascido em 19 de julho de 1806, Boni- seu pai. Embora a capela esteja inativa há um
fácio era filho do guarda-mor Antônio Bueno projeto para reativá-la.
da Silveira, nascido em 1766, e de dona Anna
Fonte: LEME, Luiz Gonzaga da Silva, GeJoaquina de Castro (1768-1836), e sobrinho–
neto de Amador Bueno da Veiga (1650-1719), nealogia Paulistana, Editora Duprat, 1905.
que por sua vez, foi bisneto de Amador Bueno da Ribeira (1584-1649), o homem que em
1641 foi aclamado “rei de São Paulo”.
É interessante salientar que seu hepta–avô (7o), Bartolomeu Bueno da Ribeira,
conhecido como O Sevilhano, foi casado com
Maria Pires, filha da índia paulista Mecia-Assu,
depois batizada pelo padre José de Anchieta
(1533-1597) como Mécia Fernandes.
Mecia-Assu era bisneta do cacique Piqueroby, chefe dos índios Ururays que habitavam a margem esquerda do Rio Tietê, na região entre os bairros de São Miguel e Penha.
Mecia-Assu também era prima em terceiro
grau da índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá
(irmão de Piqueroby) e mulher de João Ramalho (1493-1580), o fundador de Santo André.
Também merece destaque a genealogia descendente de Bonifácio de Siqueira
Bueno. Foi ele pai do doutor João Álvares
de Siqueira Bueno (1834-1912), deputado
provincial de São Paulo e um dos principais
responsáveis pela elevação de Guarulhos à
categoria de Cidade, em 1880.
Bonifácio também foi avô de Olegário
João Álvares de Siqueira Bueno.
de Almeida Barbosa (1878-1932), marido de
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Bonsucesso Velho. Casa de tijolo e taipa de mão situada na Praça de Nossa Senhora do Bonsucesso.
Foto: AHCG - Data indefinida.
ITALIANOS E ALEMÃES NA HISTÓRIA DO BONSUCESSO
Certamente a geração de hoje nunca ouviu
falar da olaria de Felipe Romano, local de fabricação de tijolos que ficava em frente ao Cemitério
do Bonsucesso. Ou da olaria do Zé Italiano, que
existiu em frente à entrada da Vila Carmela. Ou
mesmo da olaria de Valadar Dehin. É a presença
dos descendentes italianos e alemães na história
do Bonsucesso.
Quando se olha de frente do Cemitério do
Bonsucesso, avista-se uma lagoa e a ocupação
Anita Garibaldi. O que teria sido aquele lago no
passado e qual a sua serventia? O que esses fatores, a cava de areia que virou lago e as olarias têm
a ver com a história de modo geral, e especialmente, com a região do Bonsucesso?
Uma das muitas formas de se revelar a história de uma localidade é a leitura que pode ser
feita, partindo da observação dos materiais e do
uso das técnicas construtivas, adotadas nas edificações de casas, igrejas, Câmaras de Vereadores,
cemitérios e fábricas, por exemplo. Nesse sentido, Bonsucesso constitui uma raridade na história
do Brasil.
54
No transcorrer dos quatro primeiros séculos da história de São Paulo, as construções eram
feitas, basicamente, de taipa de pilão. A taipa foi
adotada em São Paulo por quase 400 anos pelos colonizadores portugueses, por ser um modo
construtivo muito barato e duradouro. A construção em taipa demanda: terra, água, capim, madeira e pedra, essencialmente.
Das três técnicas construtivas mais usadas
nos últimos séculos no Brasil, Bonsucesso pode
ser incluído como estudo de caso. Em seu conjunto arquitetônico percebe-se, construções em
taipa de pilão, tijolos cozidos e materiais à base
de argamassa de concreto armado.
Das muitas edificações de taipa de pilão, que
existiram na região do Bonsucesso, ainda se encontram a Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso
e a parede da frente da Igreja de São Benedito dos
Homens Pretos. Igrejas dos brancos colonizadores
e dos negros escravizados, que em comum tinham
apenas a taipa de pilão e as coberturas com telhas.
No casario da vila é possível observar residências de tijolos cozidos, certamente os mais antigos
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
do território guarulhense. O período industrial modificou a configuração social da região, bem como, os
materiais construtivos, aspectos que trabalharemos
no período industrial e na migração nacional.
A primeira notícia a respeito da instalação de
uma olaria em São Paulo data de 1575, produzia-se basicamente telhas. A produção de tijolos cozidos em larga escala teve início por volta de 1870, a
partir da chegada dos imigrantes italianos no interior paulista, nas fazendas de café. Em Guarulhos,
o primeiro exemplar de tijolo consta de 1884.
Na época, os barões enfrentavam problemas com a destruição do terreiro de secagem do
café. Os terreiros se estragavam constantemente
com as chuvas. Veio dos imigrantes italianos a
solução do uso do tijolo cozido como piso de revestimento. Do uso nos terreiros às construções
de paredes não levou muito tempo.
Quanto à importância do tijolo cozido em
São Paulo, veja as palavras da pesquisadora Clara
Correia D’Alembert:
A expansão ferroviária na década de 1860
e a imigração estrangeira trazem, principalmente, alemães e italianos que colaboraram muito
para a difusão do uso da alvenaria de tijolos no
Estado de São Paulo. As fazendas de café do interior paulista foram pioneiras na utilização do
tijolo em suas instalações, principalmente nos
terreiros de secagem de café na primeira metade do século XIX. Os cafeicultores importaram
para as cidades a novidade tecnológica do tijolo,
que tão bem solucionaram problemas técnicos e
construtivos nas suas fazendas.
Água, argila, areia, madeira e pedra, condições naturais existentes nas várzeas dos rios Tiete,
Cabuçu de Cima e no Baquirivu Guaçu em Guarulhos e na Região do Bonsucesso, bem como a
proximidade com São Paulo e o Vale do Paraíba,
possibilitou a diversificação das atividades econômicas no Bonsucesso, tendo como produtos, a
extração de areia e a produção de tijolos cozidos.
O uso do tijolo cozido no município e nas
demais cidades do entorno, largamente utilizados
em construções de casas, galpões industriais, vilas operárias, igrejas, prédios públicos, pontes e
etc., fez surgir muitas olarias em Guarulhos.
Pipa de amassar barro, movida a tração animal.
Olaria do Valadar, em 2010.
55
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Na região do Bonsucesso, através de relatos orais e imagens fotográficas, percebe-se que
foram muito significativas as atividades oleiras e
a extração de areia. Os fornos de olarias melhor
preservados de Guarulhos se encontram na região
do Bonsucesso, na margem esquerda do Ribeirão
das Lavras na Ponte Alta, Bairro Água Azul e na
Estrada Albino Martelo. O lagoão existente em
frente ao Cemitério do Bonsucesso era uma cava
de areia, propriedade do oleiro Felipe Romano.
No Jardim Presidente Dutra existiu um dos maiores portos de areia de Guarulhos.
Analisando a constituição dos solos da região,
observa-se que é farto em argilossolo e latossolo,
tipo de recurso natural rico em argila e areia.
As olarias diversificaram as atividades econômicas em Guarulhos e também a composição
social da região do Bonsucesso que, em processos
anteriores, contava com as presenças indígenas,
dos brancos colonizadores, dos negros trazidos da
África e, a partir de então, com os imigrantes europeus, como visto italianos e alemães.
Para saber mais
1. O tijolo nas Construções Paulistanas do Século XIX.
Clara Correa D´alambert. 1993.
2. Os Antônios. A História da Imigração no Estado de São Paulo.
Levi Araújo. 2006. (Capítulos sobre os Imigrantes Italianos e Alemães).
3. Fragmentos da Memória de uma Cidade – Guarulhos.
João Machado e Antonio Cerveira Moura, 2005.
Lagoa do Bonsucesso, antiga cava de extração de areia e argila para produção de tijolos e telhas em olaria.
56
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Primeiras famílias japonesas cultivando hortaliças no Bonsucesso. Foto: AHCG (data indefinida).
OS JAPONESES NA HISTÓRIA DO BONSUCESSO
Ao entrar no Cemitério do Bonsucesso podem ser observadas muitas lápides com nomes
japoneses. Ushi Higa, Fakeshi Motonaga e sobrenomes como: Izumi, Fushimi, Matsushita, Nakata, Sugahora, Mori, Moshizuki, Koguti, Legouri,
Jyuzan, Yogi, Nakamura, Maeda, entre outros.
O mais velho sepultado é o senhor Ushi
Higa, que nasceu em 5 de abril de 1891 e faleceu
em 22 de junho de 1981. Por que os japoneses
vieram para Guarulhos e depois para o Bonsucesso? Quais suas principais contribuições na economia, no esporte, na gastronomia, nas questões
religiosas e culturais dos bairros da região?
Em 2008, a comunidade nipônica radicada
no Brasil comemorou 100 anos da chegada dos
primeiros imigrantes ao Porto de Santos. Foram
muitos eventos comemorativos aos pioneiros da
imigração asiática que desembarcaram do navio
Kasato Maru na baixada santista. Entre essas primeiras famílias se encontrava um jovem chamado
Naoê Sonoda, que na época viajou na condição de
filho adotivo, por isso seu nome não consta da lista dos passageiros de 1908. Do Porto de Santos,
Naoê e as demais famílias, inicialmente, foram
trabalhar em fazendas no interior de São Paulo.
Em 1923, Naoê Sonoda, vindo de Andradina,
chegou a Guarulhos e se estabeleceu no Bairro do
Macedo, onde comprou uma gleba de terra. O segundo fluxo de imigração japonesa do interior de
São Paulo para Guarulhos aconteceu em 1927. Em
1932, já com mais de 50 familias radicadas em Guarulhos, é fundada a Nipponjinkai Associação Cultural Japonesa, com objetivo de ensinar a língua aos
filhos de japoneses e reunir os jovens para diversão.
Pouco tempo depois, Tatsukiti, pai do fotógrafo Massami Kishi, funda outra Associação
Cultural Japonesa, justificando ter sido discriminado na Associação Nipponjinkai. Em 1934, cerca de dez famílias produtoras de tomate, moradoras do Jardim Santa Francisca, imediações da
atual Praça IV Centenário, criaram uma cooperativa de pequenos agricultores.
No contexto da economia brasileira, no
início da década de 1930, a região metropolitana paulista começa ganhar força no mercado
de consumo urbano. A proximidade do Cinturão Verde com a Capital e demais cidades, bem
como o pequeno avanço nas técnicas agrícolas
57
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Cerimônia em frente à Casa Paroquial, na Praça Nossa Senhora do Bonsucesso. Presença do
padre Carlos “Espanhol”, prefeito Waldomiro Pompêo e Môrio Sakamoto.
empregadas nas plantações nas várzeas dos rios Sakamoto comprou um sítio de três alqueires na
Baquirivu Guaçu, Cabuçu de Cima e Tietê, ele- região de Bonsucesso, na margem da Estrada de
varam a produção que passa a abastecer o mer- São Miguel. Construiu uma casa e uma venda,
cado com hortifrutigranjeiros. Tomate, batata, onde oferecia querosene para lampião, ferrauva, alface, ovos, carne, passam a fazer parte das mentas e comida. Vendia para todos os caboclos
refeições dos moradores das novas centralidades da região. Com os lucros obtidos na venda, foi
urbanas. Principalmente, imigrantes asiáticos e comprando terras vizinhas e acumulou respeitámuitos portugueses, beneficiaram-se desse mer- veis 65 alqueires. (Kishi, página 172).
cado paulistano em expansão.
Sobre a presença, certamente, da primeira família japonesa em
Bonsucesso, relata Massami Kishi:
Sakamoto chegou ao Brasil
em 1926... Sakamoto comprou...
uma charrete em que levava seus
filhos Tadayoshi, Katsumi, Moriô e os do vizinho para a escola.
(Kishi, página 172).
Naquela época, a falta de
tecnologia obrigava o agricultor
a plantar a batata num determinado espaço apenas uma vez, se
quisesse uma colheita saudável.
Os agricultores procuravam,
então, terras que nunca haviam
recebido uma plantação de batata. Na procura por terra nova, Esportistas que disputaram as Olimpíadas Colegiais Guarulhenses, em 1975.
58
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
De acordo com Moriô Sakamoto, em sua
entrevista ao Jornal Folha Metropolitana, citada
no capítulo sobre as Origens do Bonsucesso, a família Sakamoto chegou a Bonsucesso em 1929.
No início da década de 1930, Guarulhos também passa a ser conhecida pela produção de batatas.
Antes da chegada dos primeiros imigrantes asiáticos à cidade o mercado era abastecido com batatas
importadas da Argentina. Famílias como Morita,
Norimatsu, Miyahara, Tokunaga, Fugita, Iemoto,
Kida, Nakagima e Sakamoto foram as pioneiras na
produção de batata, tomates e hortaliças nas proximidades da várzea do Rio Baquirivu Guaçu.
A presença dos japoneses em Bonsucesso
pode ser observada em nomes de escolas, templos
religiosos, pontos comerciais, nomes de ruas, de
bairros e no esporte, por exemplo.
Ao observarmos imagens fotográficas das
olimpíadas ginasiais guarulhenses é perceptível
a presença da juventude nipônica de Bonsucesso
no vôlei, xadrez e tênis de mesa.
Sabemos que a história dos japoneses em
Bonsucesso é muito mais rica em detalhes do
que foi retratado aqui. Nessas breves palavras
queremos despertar as gerações do presente e
do futuro para a necessidade de ampliar o tema
pautado por nós.
Para saber mais
1. Os Antônios. A História da Imigração no Estado de São
Paulo. Levi Araújo. 2006.
2. Guarulhos Século XX - Imagens e História.
Massami Kishi. 2007.
3. Corações Sujos. Fernando Morais. Cia. das Letras, 2009.
Populares na cerimônia em frente à Casa Paroquial.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
OS NORDESTINOS E OS REFLEXOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO
NA HISTÓRIA DO BONSUCESSO
Quando se passa pelas ruas da região do
Bonsucesso se depara com muitos traços do nordeste brasileiro. Forró, xote, baião, por exemplo, é
muito comum se escutar os diferentes ritmos musicais que extrapolam as residências e os bares.
Não só isso. Nomes de ruas como: Vitória
da Conquista, Anagé, Caculé, além da existência
de inúmeras casas do norte que vendem produtos
tipicamente do sertão nordestino como farinha,
carne seca, fumo, feijão de corda, polvilho entre
outras coisas. Por que tantas pessoas saíram do
nordeste e vieram para cidades e bairros periféricos da Região Metropolitana de São Paulo?
Para iniciar essa reflexão sobre a presença
nordestina em Bonsucesso, achamos apropriado
transcrever um subsídio elaborado pelo padre
Raimundo Forget, pároco da Paróquia de Bonsucesso. Com isso, queremos prestar uma homenagem aos 60 anos de criação da Paróquia do
Bonsucesso e ao autor da pesquisa. A Paróquia
do Bonsucesso foi criada em 1950, período de
grande fluxo migratório de nordestinos para São
Paulo e Guarulhos, relata padre Raimundo:
Se quisesse resumir a realidade de Guarulhos em poucas palavras, dir-se-ia o seguinte: é
um município industrial com crescimento muito
rápido, sem planejamento adequado, composto
por uma população migratória, cidade periférica, onde existe uma igreja nova.
Basta passar pela Rodovia Presidente Dutra para constatar que se trata de um corredor industrial: da Ponte Grande à Aracília, somando os
dois lados da Dutra, conta-se na beira da estrada
mais de 80 indústrias. Porém, as fábricas não foram construídas apenas às margens da Dutra.
Elas se espalharam por quase todos os bairros do município de Guarulhos.
Calcula-se que existem em Guarulhos mais
de 924 indústrias entre pequenas, médias e grandes. As principais são do setor metalúrgico, mas
existem outros setores como o de produtos farmacêuticos, borracha, químicos, dentre outros. É
bom lembrar como se deu o surgimento de tantas
60
indústrias. Em 1940, havia apenas 61 estabelecimentos, empregando 535 pessoas. Em 1970, os
estabelecimentos industriais e comerciais eram
720, com 39.659 pessoas ocupadas no setor.
Fonte: Guarulhos, Nossa Cidade. Nossa Diocese. Centro de Animação Social
Caritas Diocesana, Guarulhos, 1986.
Crescimento rápido da população – Além
do surgimento de muitas indústrias, a população
cresceu entre 1970 e 1980 a um ritmo de 7,4 % ao
ano. Nos anos 1980 e 1986, com a crise econômica, é de supor que esse ritmo diminuiu um pouco.
População Migrante – É claro que se a população cresceu tão rapidamente não foi simplesmente porque muitas crianças nasceram aqui no
município, mas porque muita gente veio de outras partes do Brasil. Com efeito, se a população
cresceu 9% a cada ano de 1940 até 1950, mais
de 10% a cada ano entre 1960 e 1970 e, depois
7,4% até 1980, isto significa que a grande maioria veio de fora, expulsa muitas vezes do campo
e atraídas pela grande cidade e as indústrias. Por
isso, em 1980, dos 532.724 habitantes de Guarulhos, 379.652 tinham nascido fora do município,
isto é, 71,3% das pessoas eram migrantes.
População operária e pobre – A grande
parte da população, por ser formada de migrantes expulsos do campo, são pessoas pobres ou de
poucas posses em geral. Dá para verificar que a
população, na grande maioria, consegue apenas
sobreviver e ter um pedacinho de terra com muito custo. São bem poucos os bairros luxuosos de
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Guarulhos e são relativamente pequenos: Vila
A partir dos anos 1940, São Paulo foi palRosália, Vila Galvão, Parque Renato Maia.
co de uma extraordinária expansão urbana e industrial comparável a poucas cidades em âmbito
Problemas habitacionais graves – De mundial. O início do grande fluxo de migrantes
acordo com dados da Prefeitura, Guarulhos teria nordestinos a Guarulhos começou com a construuma população de 85 mil pessoas morando em ção da Base Aérea de Cumbica, no começo da
favelas. Mas, há um outro problema: os lotea- década de 1940, data correspondente às informentos irregulares ou clandestinos, pois neles mações de Moriô Sakamoto e de Paulo Fontes.
moram muitas famílias que por diversos moti- Outro dado a se considerar é o início da venda
vos não conseguem o título de propriedade. A de lotes da Fazenda do Bonsucesso pela Empresa
cidade cresceu de uma maneira desordenada, Mateu Bei, em princípios da década de 1950.
com loteamentos espalhados, longe uns dos ouCabem maiores estudos sobre a presença dos
tros, com muitos espaços vazios.
imigrantes do Oriente Médio, bem como dos chaNos trechos do Subsídio Guarulhos Nossa mados bolivianos na região. Sobre os imigrantes
Cidade, Nossa Diocese, publicado em 8 de de- do Oriente Médio, encontram-se em Bonsucesso os
zembro de 1986, quanto à migração de nordesti- nomes de Ari Jorge Zeitune, patrono de uma escola
nos para São Paulo, achamos bastante apropriada estadual, e Naim Jorge Zeitune, nome da estrada que
a citação de Paulo Fontes: O impacto sobre São separa a região do Bonsucesso do Jardim São João.
Paulo dos migrantes nordestinos, que chegaram
A presença dos migrantes nacionais na reà cidade no meio do século XX, foi tão grande gião do Bonsucesso pode ser notada em diversos
quanto os efeitos produzidos pelos imigrantes aspectos do cotidiano da população.
que vieram da Europa, do Oriente Médio e da
Ásia, em décadas anteriores.
Para saber mais
Nos dois casos, os que dominavam a cidade
1. Guarulhos, Nossa Cidade. Nossa Diocese. 1986
incentivaram a vinda desses trabalhadores e suas
2. Um Nordeste em São Paulo. Paulo Fontes. FGV Editora. 2008
3. A (Re)produção do Espaço na Área Aeroportuária:
famílias, cuja mão de obra barata facilitou consio exemplo do Bairro Jardim Presidente Dutra. José
deravelmente o notável crescimento econômico
Rogério Correia. USP, 1994.
de São Paulo.
Periferia da região, loteamento popular e moradias em favela.
61
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
62
Matéria do Jornal “O Repórter de Guarulhos”, de agosto de 1979.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
6
LUTAS POPULARES
Vista parcial do antigo Jardim Maringá, bairro que foi totalmente suprimido pela
construção do Aeroporto.
A
resistência das populações indígenas, negras e dos operários brasileiros e estrangeiros aconteceu, pelo menos, em dois níveis:
na preservação de suas culturas como fatores essenciais de resistência e nas lutas diretas contra
o sistema.
A primeira resistência veio dos indígenas,
que não aceitaram docilmente a tentativa de aldeamento feita pelos colonizadores. Diante da insistência em aldeá-los e escravizá-los, em 1640, os
indígenas Maromomi reagiram de forma violenta, ateando fogo em duas fazendas e expulsando
seus proprietários.
Com o advento da escravidão da população
negra, podemos constatar, no mapa da mineração
do município, a existência do Ribeirão dos Quilombos, no Pico Itaberaba. É provável que no local tenha existido um quilombo. A presença da
Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário,
no Centro antigo, e de São Benedito dos Homens
Pretos, na vilinha do Bonsucesso Antigo, revelam
uma expressiva organização dos afro-brasileiros
em Guarulhos.
63
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
A implantação da indústria na cidade trouxe consigo a formação da classe operária e a expansão urbana de forma desordenada. No período, surgem as primeiras lutas de bairros e em
locais de trabalho. Contrariando o mito de um
operariado dócil, os trabalhadores rapidamente
amadureceram como classe e se organizaram em
comissões de bairro, associações, partidos políticos, sindicatos e outras formas.
A partir da década de 1970, aparecem novas estratégias de organização entre os trabalhadores, com movimentos sociais voltados para a
defesa dos direitos das mulheres, negros, homossexuais, crianças e adolescentes, idosos, meio
ambiente, saúde, educação etc, todos com grande
representatividade em Guarulhos. Especialmente
na região do Bonsucesso, a luta contra a implantação do Aeroporto e pelo abastecimento de água
tiveram grande destaque, conforme veremos.
MUITAS LUTAS NOS BAIRROS
Cinco bairros podem ser considerados
os núcleos básicos das lutas sociais na região
do Bonsucesso: Jardim Presidente Dutra, Jardim Triunfo, Vila Carmela, Ponte Alta e Jardim
Álamo. Formados a partir do final da década de
1950, esses territórios foram ocupados ao longo
do período em que a população urbana brasileira
saltava de 45%, em 1960, para 75%, em 1980.
Durante esses 30 anos, o campo praticamente se
esvaziou, enquanto as cidades explodiram.
Observando-se a forma geográfica da região, vemos que esses núcleos se concentram
próximos ao Trevo do Bonsucesso, que é cortado
pela Via Dutra, no limite com a região dos Pimentas, que por sua vez dá acesso a São Miguel
Paulista, já em território paulistano. Outro dado a
se ressaltar nesse sentido é que as características
mais urbanas do território diminuem na medida
em que a sua ocupação se distancia da Via Dutra, sendo substituída por áreas de vegetação mais
densa e preservada.
Surpreendido pela explosão demográfica
que se verificou no período, o Poder Público guarulhense, marcado por uma tradição de atendimento
prioritário aos interesses particulares de uma elite,
64
viu-se forçado a dar ouvidos a uma população que
já se organizava na luta por moradia, transporte,
asfalto, escolas, água encanada, esgoto e atendimento à saúde, entre outros serviços urbanos.
A LUTA CONTRA A CONSTRUÇÃO
DO AEROPORTO
Em 1979, com o início dos processos de desapropriação para a construção do Aeroporto Internacional, parte do território habitado, como o
Jardim Maringá, desapareceu, assim como alguns
dos bairros vizinhos foram parcialmente suprimidos. Cerca de 8 mil pessoas foram obrigadas a
deixar suas moradias.
Por conta disso, eclodiu na região um movimento social de resistência contra a implantação do
Aeroporto, com destaque para a atuação de indivíduos como o imigrante japonês Kan Kise (vereador
da municipalidade na legislatura de 1977/1982),
além do senhor Brandão, ambientalistas de São
Paulo, entre outros. O movimento foi derrotado.
Breve histórico da construção
do Aeroporto
Em 1940, a área pertencente à empresa Marillis Ltda. e à família Guinle foi
doada para a implantação da Base Aérea de São Paulo (BASP), inaugurada em
1945. Sua finalidade era proteger o maior
centro industrial do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1968, o Ministério da Aeronáutica contratou estudos destinados a resolver o grave problema de congestionamento aéreo no eixo Rio-São Paulo, visto que
os aeroportos do Galeão (Rio de Janeiro)
e Congonhas (São Paulo) já se encontravam saturados. A solução encontrada foi
a construção de um novo aeroporto, tendo
como opções as áreas de Campinas, Cotia
e Caucaia do Alto, além de Guarulhos.
Finalmente, em 1977, o Ministério da
Aeronáutica definiu o local para a instalação do aeroporto, inaugurado no dia 20 de
janeiro de 1985, sob a administração da
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ÁGUA ENCANADA: UMA GRANDE VITÓRIA DOS LUTADORES NOS BAIRROS
Assembleia em frente à Igreja do Bonsucesso.
Aproveitando a visibilidade da Campanha
da Fraternidade, organizada anualmente pela
Igreja Católica, e cujo tema daquele ano era Para
que todos tenham vida, uma assembleia do movimento escolheu como sua principal bandeira a
luta por água encanada, uma das mais importantes promessas feitas pelo então prefeito Oswaldo
de Carlos, durante a campanha eleitoral de 1982.
A mobilização dos moradores da região chegou ao auge em 1984, momento em que a eles se
juntaram instituições de caráter religioso como a
Assembleia de Deus e as Comunidades Eclesiais de
Base (CEBs), ligadas à Igreja Católica, e também
organizações como o Grupo Fenix Ecologia, além
de representantes de alguns partidos políticos.
Em julho de 1984, uma comissão, acompanhada de uma manifestação, em frente à Prefeitura,
entregou ao prefeito as 8.283 assinaturas que, colhidas entre abril e junho, representavam as reivindicações de mais de 44 mil moradores de toda a região.
No dia 4 de novembro, após várias assembleias e
visitas frustradas à Prefeitura, cerca de mil manifestantes paralisaram a Via Dutra por três horas, com a
cobertura dos principais jornais impressos, rádios e
emissoras de televisão de São Paulo.
Em dezembro veio a resposta do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Guarulhos:
poços artesianos seriam perfurados na região e, até
março do ano seguinte, a água encanada chegaria a
alguns bairros. Mas, a região do Jardim Triunfo tem
uma peculiaridade de ordem geológica: uma enorme
rocha existente no subsolo impede que as perfurações
alcancem os lençóis freáticos. Durante algum tempo
os moradores foram atendidos por caminhões-pipa.
Matéria da Folha de São Paulo, de 5 de novembro de 1984.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
7
HISTÓRIA DOS BAIRROS
E SUAS ESCOLAS
Maquete do loteamento Jardim Presidente Dutra, implantado em 1958.
O
local onde habita e estuda nossa gente
é retratado pelos modernos meios de comunicação social como inseguro e feio. As imagens tidas
como belas mostram o círculo de convivência dos
chamados incluídos no alto mercado de consumo.
Os moradores dos bairros são “bombardeados” cotidianamente com notíciais sobre as periferias
que só mostram o lado negativo: crimes, enchentes,
assassinatos, assaltos, brigas, estupro, etc, raramente
divulgando alguns aspectos vistos como positivos. Os
programas campeões de audiência nada contribuem
para o desenvolvimento de uma política de preservação do patrimônio cultural e ambiental dos locais de
moradia dos trabalhadores.
A carência de informações sobre a história
dos bairros e das escolas é tão grande que muitos
participantes do seminário, evento que originou esta
publicação, disseram que se fosse publicado apenas
um breve relato histórico sobre os bairros e as escolas já seria um grande avanço para o início de uma
política de educação patrimonial no espaço escolar.
A soma do trabalho de todos permitiu ir além
da expectativa daqueles que se contentavam apenas com um resumo da história dos bairros e das
escolas. Só se respeita aquilo que se conhece!
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLAS DA REGIÃO
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
VILA DO BONSUCESSO VELHO
Vila ou “Vilinha” do Bonsucesso Velho é
a expressão recolhida entre os moradores mais
antigos da região. A referida “vilinha”, desde tempos imemoriais, é uma centralidade que
compreende atividades religiosas, comerciais e
culturais, além de importante acesso viário para
a zona leste de São Paulo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro. O espaço conhecido como “Vilinha
do Bonsucesso Velho”, no seu início, abrigava
um ramal da Estrada Geral, certamente a capela
da fazenda, o pouso dos tropeiros, posteriormente, o Dia da Carpição e a realização da Festa de
Nossa Senhora do Bonsucesso, eventos de cunho
religioso e cultural realizados desde 1741. Com
a construção da atual Igreja de Nossa Senhora
do Bonsucesso e da Capela de São Benedito dos
Pretos, em 1800, o perímetro da vila ficou maior.
A construção da escola e da Sala dos Milagres,
no meio da vila reduziu o espaço de atividades
dos romeiros.
Segundo depoimentos: aqui era dormitório, era passagem dos tropeiros... tinha uma
bela casa de pau-a-pique, tinha o barracão dos
pobres que a Prefeitura tirou, ali d. Pedro pernoitava. Meu pai dizia que ele trazia jarros de
prata e depois ia para São Paulo, não era nem
no Centro de Guarulhos que passava, era aqui...
Informativo Sincomércio, nº 16 – junho de 2007.
Entrevista com Neiza e Fábio – familiares de Felício Marcondes Munhoz.
ESCOLA ESTADUAL “ESTEVAM DIAS TAVARES”
Avenida Doutor Arthur Marcondes de Siqueira, no 121. Vila do Bonsucesso Velho.
Fone: 2436-1446. Decreto de Fundação no
2.969, de 29 de agosto de 1981. É a escola
mais antiga da região. O prédio atual foi
construído em 1953. Em 1981, passou a denominar-se Estevam Dias Tavares.
Estevam Dias Tavares foi professor, vereador da Câmara de Guarulhos e morador do Bonsucesso Velho. Veio do Rio de Janeiro para lecionar
em Bonsucesso. Seu nome aparece pela primeira
vez na Ata da 14o legislatura (1920/1922), depois
na 15o, 16o e 17o legislaturas (última participação
na legislatura de 1929/1931).
Estevam Dias Tavares e seus familiares moravam em um casarão de taipa de pilão, do lado
da Capela de São Benedito dos Homens Pretos.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
VILA NOVA BONSUCESSO
O loteamento de Bonsucesso tem sua origem no ano de 1955, quando os irmãos Armando e
Fábio Bei, juntamente com seu primo, Guilherme
Cimere resolveram lotear o antigo “Sítio do Formigueiro Vermelho”, (assim chamado pelo fato
de lá existir aqueles enormes formigueiros que
mais parecem antigos fornos de barro), propriedade essa herdada por força do falecimento de seus
pais, que adquiriram a área ainda em 1945.
De início, a região era inóspita e desabitada, formada integralmente por grandes sítios e
chácaras, tendo os irmãos Bei providenciado as
primeiras obras de infraestrutura, inclusive a vin-
da, a partir do Bairro de São Miguel, de energia
elétrica para a região.
O senhor Carlos Bei, sobrinho-neto de Armando Bei, não soube precisar qual o tamanho
da área total do Sítio do Formigueiro Vermelho,
mas sabe que as escrituras (ainda hoje) vêm com
esse detalhe “...lote número tal da rua tal, parte do
antigo Sítio do Formigueiro Vermelho, em Bonsucesso, Comarca de Guarulhos”.
Na relação de escolas da região, não consta
a história da Escola da Prefeitura de Guarulhos
“Tia Carmela”, pois esta se encontra desativada
para reforma.
ESCOLA ESTADUAL “PROF. ARTHUR MARRET”
Rua Itutinga, s/no, Vila Nova Bonsucesso.
Fone: 2436-1769. Decreto de Fundação
no 23.102, de 3 de fevereiro de 1954.
É a escola estadual mais antiga da região do
Bonsucesso. Inicialmente, funcionava na Praça de
Nossa Senhora do Bonsucesso Velho. Em 1976, foi
transferida para a Vila Nova Bonsucesso. Foram
feitas várias tentativas e não conseguimos informações históricas sobre o patrono Arthur Marret.
Memórias de uma professora – No auge
dos meus 19 anos, preparo o que hoje chamo de
mochila: marmita, água, sapato velho, agasalho,
guarda-chuva e principalmente esperança no coração vibrante. Meu destino? Grupo Escolar “Prof.
Arthur Marret” – Bonsucesso – Guarulhos, a 25
quilômetros de São Paulo. Era uma viagem de
“Pássaro Marron”, viagem curta, com descida na
Via Dutra, com acolhida dos garotos e garotas.
Então pude começar minha jornada frente
a 32 queridas crianças, “nisseis”, que com muito
70
respeito, dedicação e arte, me ofereciam lindos e
criativos desenhos de “cryon”, feitos num piscar
de olhos, além de todas as lições programadas.
....Não parecia profissão ou trabalho, mas
uma aventura deliciosa, marcada com os mais
variados momentos. E quantas sacolas de verduras ganhávamos das mães dos alunos! Aquelas
adoráveis crianças! Os habitantes se dedicavam
à agricultura, cultivando belas hortas, e também
à olaria.... Lá fiquei durante o ano de 1966.
Profa Layde Terra
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “ZUMBI DOS PALMARES”
Rua Bom Jesus da Lapa, s/no, Vila Nova Bonsucesso. Fone: 2438-2792. Decreto de Fundação no 23.776, de 5 de maio de 2006.
Zumbi (1655-1695) nasceu em Palmares,
Alagoas. Foi o último dos líderes do famoso Quilombo dos Palmares, localizado entre os atuais
Estados de Alagoas e Pernambuco.
Um quilombo era uma comunidade autossustentável, um reino formado por escravos negros que escapavam das fazendas, prisões e senzalas brasileiras.
Zumbi faleceu em 20 de novembro de 1695
em uma emboscada. Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um
símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua
morte foi adotada como o Dia da Consciência
Negra. É também um dos nomes mais importantes da capoeira. A partir de 2010, o dia 20 de novembro será considerado um feriado nacional.
ESCOLA ESTADUAL “PROF. HÉLIO POLESEL”
Rua Cordeiros, no 1.465, Vila Nova Bonsucesso. Fone: 2436-2008. Decreto de Fundação
no 18.371, de 12 de janeiro de 1982.
Hélio Polesel (1946–1987) nasceu na cidade
de Quatá e faleceu em São Paulo. Casou-se com
Ramires Gonçalves Folha Polesel, e dessa união
nasceu a filha Heloísa Gonçalves Polesel. Formou-se em Pedagogia, Administração Escolar e Orientação Escolar pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Guarulhos (FIG), além de ter cursado
Supervisão Escolar de 1o e 2o Graus na Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras Nove de Julho.
Após ter lecionado como substituto em várias
escolas do interior paulista, começou a ministrar
aulas, em 1971, na Escola Masculina do Bairro da
Capelinha, em Guarulhos, como professor primário efetivo. Assumiu o cargo de diretor da Escola
Estadual de 1o Grau Professor Genoefa D’Aquino
Pacitti, em Guarulhos, e, posteriormente, o de supervisor de ensino na antiga DRECAP I.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
JARDIM PRESIDENTE DUTRA
Em 1958, foi inaugurado o loteamento Jardim
Presidente Dutra. Conforme publicação no Jornal
Gazeta Panorâmica, de 2001, no dia 10 de julho
de 1956, as famílias alemãs Mehler, Neumann,
Ratzersdorf, Leipziger e Herzberg registraram no
Cartório de Registro de Imóveis de Guarulhos, a
cessão dos sítios Olho D’Água, Oliveira, Aterrado
Comprido e Scatamachia à S/A Indústrias Reunidas F. Matarazzo. Foi neles que a empresa abriu
loteamento que deu origem ao bairro.
A origem do nome Jardim Presidente Dutra
vem da homenagem prestada ao ex-presidente da
República Eurico Gaspar Dutra. Foi Dutra o responsável pela inauguração do trecho de 21 quilômetros da Via Dutra, em Guarulhos, no dia 15 de
julho de 1951, e do Loteamento Jardim Presidente Dutra, em 1958.
Conforme foto do catálogo de divulgação do empreendimento pode-se observar que
Foto do catálogo de divulgação do
empreendimento (15/6/1958).
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o objetivo era a implantação de um loteamento
de alto padrão, evidenciado no catálogo de venda que trazia o seguinte slogan; “Jardim Presidente Dutra: ontem loteamento, hoje bairro,
amanhã cidade!”
O Jardim Presidente Dutra é uma divisão
administrativa do Município de Guarulhos, reconhecido como Distrito pela Lei Estadual nº 3.198,
de 23 de dezembro de 1981.
O Jardim Presidente Dutra, de acordo com
José Rogério Correia, estudioso da história do
bairro, mais recentemente foi muito influenciado pelo processo de expansão urbana ocorrido
no Município de Guarulhos e pela construção
do Aeroporto.
O ritmo de crescimento urbano e a existência de galpões industriais se deram no final
da década de 1960, época em que começou o
desmembramento das chácaras em lotes de 250
quilômetros quadrados, para fins de moradias e
de maior tamanho para atividades produtivas, comerciais e de prestação de serviços. Na década de
1990, a Prefeitura autorizou o desmembramento
dos lotes residenciais de 250 para 125 quilômetros quadrados.
Em 1977, com o início do processo de desapropriação para a construção do Aeroporto Internacional, parte do território habitado, como o
Jardim Maringá, desapareceu, assim como alguns
dos bairros vizinhos foram parcialmente suprimidos. Cerca de oito mil pessoas foram obrigadas a
deixar as suas moradias. Mesmo diante das restrições impostas pelo zoneamento foram construídos vários equipamentos públicos, entre eles as
escolas públicas, municipais e estaduais.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “MARIAZINHA REZENDE FUSARI”
Rua Itaparantim, no 1.321, Jardim Presidente
Dutra. Fone: 2431-9158. Decreto de Fundação no 23.542, de 9 de dezembro de 2005.
Maria Felisminda de Rezende e Fusari nasceu no dia 10 de novembro de 1940 e faleceu em
21 de abril de 1999. Mineira de Belo Horizonte, viveu desde a infância em São Paulo. Sempre quis ser professora, conforme declarou no
memorial que fez para efetivar-se na Faculdade
de Educação da USP. Percorreu todos os níveis
do Magistério, chegando à docência e orientação
nos cursos de pós-graduação da FEUSP.
Mariazinha Rezende Fusari, como era mais
conhecida, colocou sua sabedoria nos livros e nos
artigos que escreveu, divulgando sua visão sobre
educação e arte. Parte do seu trabalho também foi
dedicada ao Ensino Infantil.
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “PERSEU ABRAMO”
Rua Bela Vista do Paraíso, s/no, Jardim Presidente Dutra. Fone: 2432-2614. Decreto de
Fundação no 22.449, de 9 de janeiro de 2004.
Perseu Abramo era sociólogo e jornalista.
Nasceu em São Paulo (SP), em 17 de julho de
1929. Morreu em 6 de março de 1996, aos 66
anos. Em 1959, formou-se no curso de Ciências
Sociais da então Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo, como
bacharel e licenciado em Sociologia. Em 1968,
obteve o grau de mestre em Ciências Humanas,
na Universidade Federal da Bahia.
No plano político-partidário, Perseu Abramo também teve intensa participação. Ainda como
secundarista, participou das campanhas de anistia
e da luta contra a Ditadura Vargas, em 1945/1946.
A partir de 1981, passou a ocupar postos no Diretório e na Executiva Nacional do PT.
Uma fundação do partido, em São Paulo,
também leva seu nome.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA ESTADUAL “PROFª. ZILDA ROMEIRO PINTO MOREIRA DA SILVA”
Rua Macarani, no 1.750, Jardim Presidente
Dutra. Fone: 2431-1901. Decreto de Fundação no 7.517, de 4 de fevereiro de 1976.
Zilda Romeiro Pinto Moreira da Silva (1887
– 1950) nasceu na cidade de Campos do Jordão,
fundada por seu avô paterno, mas viveu em várias
cidades do interior do Estado de São Paulo.
Formada pela Escola Normal de Campinas,
aos 22 anos, em 1911, já era nomeada professora
substituta da Escola de Jacareí. No ano seguinte, transferiu-se para o Grupo Escolar de Mogi
Mirim, onde permaneceu até 1918, quando, a seu
pedido, foi exonerada.
Depois que retomou sua carreira no Magistério (1925), lecionou nas cidades de Espírito
Santo do Pinhal, Franca, Tabatinga, Bariri, Pedreira, Bragança Paulista e, por fim, São Paulo,
onde faleceu.
ESCOLA ESTADUAL “PADRE BRUNO RICCO”
Avenida Rio Real no 379, Jardim Presidente
Dutra. Fone: 2431-1955. Decreto de Fundação
no 42.703, de 29 de novembro de 1963.
A escola Bruno Ricco começou a funcionar
em 1964 com quatro salas de aula. O local onde
funcionava foi desapropriado para a implantação
do Aeroporto, sendo transferida para o Jardim
Presidente Dutra. Em 1981 foi ampliada para
nove salas de aula.
O sacerdote Bruno Ricco nasceu em São
Paulo, em 15 de maio de 1915. Fez seus estudos
humanísticos e eclesiásticos em Lavrinhas, SP,
ordenando-se sacerdote em 8 de dezembro de
1943. Em 1953, foi nomeado vigário do Santuário do Coração de Jesus, onde permaneceu até
1957, quando foi elevado à direção do Colégio
Salesiano, em Piracicaba. Em 1960, assumiu
a direção do Instituto Dom Bosco e a Paróquia
de Nossa Senhora Auxiliadora. Faleceu em São
Paulo em 23 de outubro de 1961.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA ESTADUAL “PROFª. CACILDA CAÇAPAVA DE OLIVEIRA”
Rua Amélia Rodrigues, s/no, Jardim Presidente Dutra. Fone: 2432-4848. Lei no 3.717, de 30
de janeiro de 1967, e Decreto de Fundação
no 2.957, de 4 de agosto de 1985.
Cacilda Caçapava de Oliveira nasceu em
Tietê, SP, em 2 de janeiro de 1889. Cursou a
“Escola Modelo Complementar” de Itapetininga,
formando-se em 1905. Iniciou a carreira no Magistério em 1907. Lecionou em várias escolas do
interior, sendo nomeada em 1912, para a 2a Escola Mista de Guarulhos, que funcionava na Rua
Direita (atual D. Pedro II) mais ou menos no local
onde hoje se localiza as Casas Pernanbucanas.
A professora Cacilda Caçapava de Oliveira viveu durante 69 anos na cidade de Guarulhos
(1912 a 1981). Morou no casarão da Rua 7 de
Setembro, esquina com a Felício Marcondes. Foi
casada com José Maurício de Oliveira, cirurgião
dentista, vereador, presidente da Câmara, delegado de polícia e prefeito municipal, durante 15
anos. O casal teve 6 filhos, entre eles, Dr. Heitor
Maurício de Oliveira, casado com a professora
Zilda Graça M. de Oliveira.
CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO
“JARDIM PRESIDENTE DUTRA”
ESCOLAS PARTICULARES
E CONVENIADAS
Além das escolas públicas, existem na região
vários estabelecimentos particulares e conveniados.
CEU Jardim Presidente Dutra, em construção (2010).
Colégio Garatuja – Jardim Presidente Dutra.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
JARDIM FÁTIMA
O loteamento da área hoje chamada de Jardim Fátima, provavelmente porque era local de
passagem para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, situada no Jardim Aracília, começou por volta de 1963. Na época habitavam o local cerca de
seis famílias, entre elas a de Antônio Rodrigues
de Ávila, antigo proprietário da área e descendente de Antônio Xavier D’Ávila, construtor da Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, em 1800.
O Jardim Fátima era antes uma chácara
de produção de flores, frutas e hortaliças, que
depois foi transformada num loteamento de uso
misto destinado a moradias e indústrias. Os equipamentos e serviços hoje existentes no bairro,
como a regularização dos terrenos, a luz elétrica
nas residências (1979) e nas ruas (1992), o transporte coletivo e a escola municipal, inaugurada
em 1994 e ampliada em 2004, quando recebeu
o nome de E.P.G. Mônica Aparecida Moredo,
são resultado da luta dos próprios moradores,
que no entanto ainda enfrentam problemas com
o forte cheiro emitido por uma fábrica de tintas
presente no bairro, que causa náuseas e dores
de cabeça.
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “MÔNICA APARECIDA MOREDO”
Rua Mônica Aparecida Moredo, no 173,
Jardim Fátima. Fone: 2438-6676. Decreto de
Fundação no 18.618, de 2 de julho de 1994.
Mônica Aparecida Moredo (1964–1974)
nasceu em São Paulo. Filha de Branca Moredo
e Alberto do Nascimento Moredo, empresário de
Guarulhos e proprietário da Bonsucesso Mármores e Granitos.
Mônica faleceu aos 10 anos de idade, vítima de uma doença na medula, causando uma
séria anemia.
A Escola da Prefeitura de Guarulhos “Mônica Aparecida Moredo” foi inaugurada em 24 de
setembro de 1995, data em que a patronesse completaria 30 anos de vida.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
JARDIM MARIA DIRCE
O Jardim Maria Dirce se compõe do Jardim
Maria Dirce I e Jardim Maria Dirce II. O Maria
Dirce é separado pela Rodovia Presidente Dutra.
Para quem se desloca no sentido São Paulo-Rio
de Janeiro, o Maria Dirce I, fica do lado esquerdo da
Dutra, o Maria Dirce II do lado direito da Rodovia.
Na década de 1960, a Imobiliária Ingaí,
com sede na Avenida São João, em São Paulo,
por intermédio do corretor Nelo Morganti, começou a vender os primeiros lotes. Segundo relatou
Dirce dos Santos: Meu marido comprou, em 1969
e em 1973. Quando cheguei do Rio de Janeiro
com meus três filhos passamos muitas dificuldades. Aqui só tinham algumas casas e nenhuma
escola para as crianças, era quase tudo mato.
Naquela época não tinha passarela na Dutra, era muito difícil para as crianças atravessarem
a rodovia para frequentar uma salinha de aula, que
hoje é a Escola Osvaldo Sampaio Alves. Não tinha
água encanada e não tinha iluminação pública.
Sobre o nome “Maria Dirce”, conta que era
casada com um dos filhos do loteador Nelo Morganti. O nome do loteamento foi dado em homenagem à nora. Em 1975, Maria Dirce matou o
esposo, fato divulgado na imprensa. (Entrevista
de Dirce dos Santos, merendeira aposentada da
Escola Estadual Vicente Melro).
Uma das auxiliares de limpeza da Escola da
Prefeitura de Guarulhos Professor Wilson Pereira
da Silva contou que Maria Dirce era dona do sítio que deu origem ao loteamento e que era uma
mulher muito boa. Dizem que ela doou muitos
terrenos para os pobres dos dois lados da Via Dutra no Maria Dirce. Sobre a origem do nome, não
encontramos nenhum documento que comprove
nenhuma das duas versões.
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “WILSON PEREIRA DA SILVA”
Rua Itajuibe, no 531 / Rua Treze de Julho no
421, Jardim Maria Dirce. Fone: 2431-2841.
Decreto de Fundação no 12.615, de
22 de janeiro de 1987.
Wilson Pereira da Silva (1921-1995) nasceu na Paraíba e era professor de Português e
Francês. Chegou ao Jardim Presidente Dutra em
1959, fundando a Escola Particular Presidente
Dutra, reconhecida como de utilidade pública.
Irmão efetivo da Fraternidade Rosa Cruciana São Paulo, fundou, poucos anos depois, a
Escola Dominical Presidente Dutra, que durante
muitos anos foi o principal fórum dos acontecimentos políticos, religiosos e cívicos da região.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA ESTADUAL “VICENTE MELRO”
Rua Belmonte, no 50, Jardim Maria Dirce I.
Fone: 2431-2200. Decreto de Fundação
no 9.491, de 11 de fevereiro de 1977.
Vicente Melro (1920–1978) nasceu em São
Paulo, era presidente do Centro Espírita Nosso
Lar – Casas André Luiz.
Vicente Melro, desde pequeno, ajudava a
sua família, sem prejudicar os estudos que fazia
no Grupo Escolar “São Vicente de Paulo”, próximo de sua residência, no Bairro da Ponte Pequena, em São Paulo.
Foi um exemplo de dedicação ao trabalho
e de renúncia aos bens materiais. Viveu para auxiliar aqueles que, mais do que ele, necessitavam
de assistência, de compreensão e, acima de tudo,
amor. As dificuldades financeiras da família o
impediram de ter um diploma, mas não de ser um
cidadão que deu tudo de si para que a agrura dos
menores portadores de necessidades especiais
fosse menos sofrida.
ESCOLA ESTADUAL “JARDIM
MARIA DIRCE II”
ESCOLA ESTADUAL “JARDIM
MARIA DIRCE III”
Rua Belmonte, no 88, Jardim Maria Dirce I.
Fone: 2433-5015. Decreto de Fundação
no 46.573, de 1o de março de 2002.
Rua Treze de Julho, no 421, Jardim Maria
Dirce I. Fone: 2433-1438. Decreto de Fundação no 46.273, de 13 de novembro de 2001.
Escolas desmembradas a partir da Escola Vicente Melro, para atender a crescente demanda de vagas nas escolas da região.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
JARDIM PONTE ALTA
O Jardim Ponte Alta é composto por Ponte
Alta I, II, III e IV. Relata a população que a origem do nome “ Ponte Alta” advém de uma ponte
que existia sobre o Córrego Guaraçau. Em épocas
de chuvas fortes se levantava a ponte, daí surgiu
o nome Ponte Alta. O Ponte Alta localiza-se entre os bairros das Lavras e a Vila do Bonsucesso
Velho. A principal via de ligação entre essas localidades se dava, antigamente, pela Estrada do
Itaberaba, atual Mato das Cobras.
No Período Colonial, o Ponte Alta pertencia
à Fazenda Bonsucesso. No século XX, o avanço
da urbanização da cidade, rumo às regiões nordeste e leste, fez com que a fazenda fosse sendo
dividida em grandes glebas. Foi nessa época que
os Zannotti compraram uma chácara suficiente
para garantir a sobrevivência da família com atividades agrícolas. Segundo Geraldo Romildo Zannotti, cujos pais eram imigrantes italianos (Luiz
Zannotti, de Veneza e Maria Bertollatti, de Pádua), eles chegaram ao “Bairro Jardim” em 1943.
A expansão urbana começou se consolidar com a
compra das terras pela família Matarazzo, que, em
1970 as vendeu para a empresa Esquadra, responsável pela implantação do loteamento.
No começo era tudo mais difícil, conta Geraldo Romildo Zannotti. Escola e armazém, por
exemplo, somente em Bonsucesso, São Miguel ou
Cumbica. Luz elétrica e água encanada só chegaram por volta de 1987, antes disso era comum o uso
de lampiões e beber água de poço. A história do
loteamento Ponte Alta é marcada por famílias que
compraram seus lotes e por trabalhadores assalariados que ocuparam os terrenos. Em 2001, aconteceu
a última grande ocupação no Ponte Alta, criando o
acampamento Anita Garibaldi com mais de mil famílias. Fonte: Documentário, Suor e Sonhos.
A conquista de equipamentos públicos com
escolas, água, luz, posto de saúde e transporte só
chegou após muita luta dos moradores. Além do
Ponte Alta, as crianças, os jovens e os adultos do
Jardim Santa Paula e Anita Garibaldi são atendidas em um centro educacional e em sete escolas
púbicas, estaduais e municipais.
Estrutura do antigo projeto do Centro Administrativo e Fórum de Guarulhos, atual Centro Municipal de Educação
“Paschoal Lemme”.
79
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO “PASCHOAL LEMME”
Estrada Mato das Cobras, s/no, Jardim Ponte
Alta. Fone: 2431-2200.
O prédio que abriga as atividades de educação, cultura, lazer, saúde e orientações do
atual Centro Paschoal Lemme era abandonado.
As acomodações tinham sido construídas para
abrigar o Fórum do Poder Judiciário de Guarulhos. A obra foi iniciada em 1988, mas paralisada por denúncia de favorecimento ao prefeito
da época, que possuía grande extensão de terras
nas proximidades. Através do orçamento participativo, os moradores passaram a reivindicar a
utilização do equipamento com atividades voltadas para suprir as necessidades dos moradores
da região.
O Centro de Educação foi implantado dia
20 de março de 2005, com o nome de Centro Municipal de Educação “Educriança”. Em março de
2007, mediante o Decreto no 24.225, houve alteração do nome para Centro Municipal Paschoal
Lemme, onde também funciona a Escola da Prefeitura de Guarulhos “Edson Nunes Malecka”.
Todas as escolas municipais, mediante o decre80
to municipal no 27.686, de 7 de maio de 2010,
passaram a denominar-se Escola da Prefeitura de
Guarulhos, seguido do nome do patrono.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Brasileira (1996), os municípios
ganharam autonomia para organizar suas redes
de ensino e obrigatoriamente gastar 25% do orçamento da cidade em educação. Antes de 1996
a Prefeitura tinha poucas escolas e o Estado a
maior quantidade.
Paschoal Lemme nasceu no Rio de Janeiro, em 1904, e faleceu em 1997. Engenheiro de
formação e educador, atuou na rede pública de
educação como professor e administrador. Idealizador de mudanças no sistema de ensino, no final
da década de 1920, participou ativamente da reforma da instrução pública. Pioneiro na educação
para adultos.
Em 1934, foi um dos autores do Manifesto dos Inspetores de Ensino do Estado do Rio de
Janeiro, clamando por mudanças estruturais e
ideológicas no ensino público. Em 1936, quando
dirigia a Superintendência da Educação de Adultos, foi preso e acusado de ministrar curso com
orientação marxista aos operários. Durante o Regime Militar instaurado em 1964, foi perseguido
por seu ideário marxista.
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “EDSON NUNES MALECKA”
Estrada Mato das Cobras s/ no, Jardim Ponte
Alta. Fone: 2438-1404. Decreto de Fundação
no 26.323, de 23, de abril de 2009.
Edson Nunes Malecka (1972–2008) era
professor de Língua Portuguesa e Inglês. Nos últimos anos de sua vida trabalhou como professor
efetivo da Rede Estadual de Ensino, atuando em
vários bairros da periferia da cidade de Guarulhos. Sempre morou no Jardim Paraventi e Santa
Clara. Elegeu, como sua grande missão de vida,
a evangelização de jovens. Era membro da Igreja
Metodista de Guarulhos. Relato feito pela esposa
Luciana Malecka.
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO ROSAS DA SILVA GALVÃO”
Rua Zeferino Alves de Oliveira, s/no, Jardim
Ponte Alta. Fone: 2436-2046. Decreto de
Fundação no 33.244, de 9 de maio de 1991.
É a escola mais antiga do Jardim Ponte
Alta. Construída em madeira, em 1991, era conhecida popularmente por “Barracão”. Das quatro escolas estaduais foi a última a ser construída
em alvenaria.
A escola foi reinaugurada com o nome de
Antônio Rosas da Silva Galvão, homenagem em
vida ao ex-diretor Professor Antônio Rosas da
Silva Galvão, que nasceu em Recife, PE, em 18
de junho de 1941, onde estudou até o curso universitário pela Universidade Católica, formandose em História Natural. No Estado de São Paulo
concluiu Pedagogia na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Guarulhos. Lecionou, coordenou e dirigiu escolas particulares e estaduais.
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “CASTRO ALVES”
Rua Izabel Camarero Losano, no 141, Jardim
Ponte Alta. Fone: 2436-1667. Decreto de
Fundação no 22.080, de 14 de abril de 2003.
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu
na Fazenda Cabaceiras, Vila de Nossa Senhora
da Conceição de Curralinho, Bahia, em 14 de
março de 1847, e faleceu no dia 6 de julho de
1871, em Salvador.
Seus versos mais conhecidos são marcados
pelo combate à escravidão, motivo pelo qual é
conhecido como “Poeta dos Escravos”. No dia
10 de novembro de 1863, teria recitado as primeiras poesias em uma festa no Ginásio, em sarau, estilo festa de arte, música, poesia e declamação de versos.
Teve fase de intensa produção literária e
a do seu apostolado por duas grandes causas:
uma, humanitária, e outra política, respectivamente, a abolição da escravatura e a implantação da República.
81
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA ESTADUAL “PROF. MÁRIO BOMBASSEI FILHO”
Rua Zeferino Alves de Oliveira, no 300. Jardim Ponte Alta. Fone: 2436-1614. Decreto de
Fundação no 46.498, de 16 de janeiro de 2002.
Por vários anos, Mário Bombassei Filho
dividiu seu tempo entre o exercício do cargo de
gerente do Banco Holandês do Brasil e o ensino
de artes na então Escola Estadual Parque Alvorada (hoje E.E. Maria Aparecida Rodrigues), em
Guarulhos. Em 1984, decidiu abandonar a carreira bancária para se dedicar exclusivamente
ao Magistério.
Naquela escola a comunidade se reuniu
para criar a Biblioteca Cora Coralina, entre outras realizações comunitárias que revelaram o
seu poder de mobilização. Ao se transferir para
esta escola do Jardim Ponte Alta, a professora
Agmália Lopes Ferreira (dona Lia), colaboradora
de Bombassei no Jardim Alvorada, sugeriu seu
nome como patrono.
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “AMÉLIA DUARTE DA SILVA”
Rua Maria Quitéria de Jesus Medeiros, no 585,
Jardim Ponte Alta. Fone: 2436-0521. Decreto de
Fundação no 4.187, de 25 de novembro de 1992.
Amélia Duarte da Silva (1916–1992) é originaria do Ceará. Nasceu na Fazenda Riachão, Distrito de Buriti. No dia 4 de fevereiro de 1947, em uma
viagem que durou 23 dias, chegou em Onda Verde,
depois tranferiu residência para Nhandeara e Santa
Fé do Sul, três localidades no interior de São Paulo. Mudou-se para Guarulhos em 7 de setembro de
1955, fixando residência no Bairro de Gopouva, aos
37 anos, permanecendo até o fim de sua vida.
Era uma mulher muito preocupada com a espiritualidade e com a formação religiosa. Em 1948,
em Nhandeara, converteu-se à Igreja Presbiteriana
e, em Santa Fé do Sul, frequentava a Igreja Presbiteriana Conservadora. Em 1955, por não existir em
Guarulhos a Igreja Presbiteriana, cedeu a casa para
realização dos primeiros cultos, fundando a igreja
localizada na Avenida Torres Tibagi, no 34.
82
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “VINICIUS DE MORAES”
Rua Edmar Bressan, no 149, Jardim Ponte
Alta. Fone: 2438-5840. Decreto de Fundação
no 24.305, de 23 de março de 2007.
Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes,
nascido no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de
1913, faleceu em 9 de julho de 1980, deixando
uma extensa obra na literatura, música, teatro e
cinema, com parcerias na música brasileira que
incluem nomes como Tom Jobim, Toquinho,
João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra e
Baden Powell.
No final de 1968, o AI-5, imposto pelo Regime Militar, o destituiu do cargo de diplomata,
alegando que a boemia de Vinicius atrapalhava
suas funções.
Em 1970, torna-se próximo do músico
Toquinho, outra parceria que rende belos frutos
à MPB (Música Popular Brasileira).
ESCOLA ESTADUAL “PONTE ALTA III”
Rua Doutor Mário Romeu de Lucca, no 93,
Jardim Ponte Alta. Fone: 2438-6319. Decreto
de Fundação no 46.573, de 1o de março de 2002.
Alunos do antigo “Barracão”.
83
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
BAIRRO ÁGUA AZUL
O nome “Bairro Água Azul” tem sua origem em 1970, ano em que a loteadora Lutfalla
começou a implantação do loteamento e fez uma
parede de contenção das águas dos córregos que
formou o grande lago no centro do bairro. O nome
“Água Azul” foi dado em função do reflexo da luz
do Sol sobre a água que se mistura com o verde
das plantas que envolvem o lago de aproximadamente 52.000 metros quadrados. Contam os moradores que em certas épocas a água fica azul.
O atual Bairro Água Azul, antigamente pertencia à fazenda do senhor Vasco. Depois, ele vendeu para um japonês de nome Kawaka e foi que
junto à Lutfalla que implantou o loteamento, ou
seja, dividiram em chácaras de tamanho mínimo
de 900 metros quadrados. O Bairro Água Azul está
inserido na zona de proteção e desenvolvimento ambiental e sustentável, protegido pela Lei no
6.253 de 2007. As chácaras no bairro eram vendidas pelo corretor Feliciano. (Informações obtidas
junto ao morador Antônio Carlos Batista Bento).
A principal via de acesso para o Bairro Água
Azul ainda é pela antiga Estrada do Morro Grande, topônimo em alusão ao Pico do Itaberaba.
Está em andamento a implantação do Parque
Aquático onde está previsto um lago natural, Centro
de Educação Ambiental, playground, jatos d’água,
bicicletário, pistas de caminhada e piscina infantil.
ESCOLA ESTADUAL “JOSÉ LEME LOPES”
Rua Acapulco, s/no, Bairro Água Azul. Fone:
2436-2005. Decreto de Fundação no 31.184,
de 6 de fevereiro de 1990.
José Leme Lopes (1904 – 1990) era médico
psiquiatra, professor e autor de diversos livros.
Foi presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Academia Nacional de Medicina.
Nasceu no Bairro de Botafogo e foi um renomado professor de Psiquiatria do Instituto de
Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, que obteve reconhecimento nacional e
internacional. Em 1954, publicou a sua mais importante tese, “As dimensões do diagnóstico psiquiátrico e contribuição para sua sistematização”.
A mesma teve reconhecimento internacional ao
ter sua capa original reproduzida no Compêndio
de Kaplan & Sadock, o livro de referência mais
importante na área da psiquiatria.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
JARDIM TRIUNFO
O loteamento do Jardim Triunfo, sinônimo
de Bonsucesso, ligado, como tudo indica, à tradição simbólica do Centro Histórico da região teve
início em 1975.
Os telefones mais próximos eram o da Paróquia do Bonsucesso e o do Posto Policial da Avenida Armando Bei, limite entre os dois bairros.
As únicas escolas da época eram a Estevam Dias
Tavares, na Praça Nossa Senhora do Bonsucesso,
e a Artur Marret, na Vila Carmela. Não havia estrada ou transporte para o Centro de Guarulhos.
O acesso mais próximo a algum centro urbano
era o Bairro de São Miguel Paulista, no extremo
leste da cidade de São Paulo.
Os vereadores na época ainda eram muito
atrelados aos poderosos. Foi então que o povo decidiu se organizar para reivindicar transporte, água,
esgoto, luz, telefone e posto de saúde, que também
não existiam na região, conta o senhor Paulo Magalhães Sales, morador do bairro desde 1977 e presidente da Sociedade Amigos do Jardim Triunfo e
Bonsucesso no começo da década de 1980.
Prof. Estevam Dias Tavares (sentado, o segundo da direita para a esquerda), um dos pioneiros da educação
em Bonsucesso. De acordo com informações, residia no Jardim Triunfo.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “CLEMENTINA DE JESUS”
Rua Santa Cruz do Descalvado, no 346,
Jardim Triunfo. Fone: 2436-4355. Decreto de
Fundação no 23.543, de 9 de dezembro de 2005.
Clementina de Jesus da Silva (1901-1987)
foi uma cantora carioca de samba. Neta de escravos, empregada doméstica por mais de 20 anos,
foi revelada para o mercado fonográfico em 1963,
quando passou a fazer sucesso. Além de samba,
gravou outros gêneros ainda mais conectados com
as raízes afro-brasileiras, como corimás, jongos e
cantos de trabalho.
A ternura da negra velha sorridente cativou a todos com quem se envolveu e que tinham
a compulsão de chamá-la de “Mãe”. O respeito
ao peso ancestral de sua voz e a uma África que
estava diluída em nossa cultura é evocado na voz
e nos cânticos que aprendeu com sua mãe, filha
de escravos. Clementina surgiu como o elo perdido entre a moderna cultura negra brasileira e a
África Mãe.
ESCOLA ESTADUAL “PROF. ARY JORGE ZEITUNE”
Rua São Pedro, no 20, Jardim Triunfo.
Fone: 2436-1578. Decreto de Fundação
no 2.174, de 23 de novembro de 1979.
Ary Jorge Zeitune, libanês, nasceu em 1906,
estudou no Colégio Carmelitano em Kabayat, Líbano, onde formou-se e lecionou Francês no mesmo
colégio. Chegou em Guarulhos em 1923 e fixou-se
na casa de seu tio Antônio Jorge Zeitune. Passados
alguns meses, abriu, por conta própria, um armazém de secos e molhados, em Itaquaquecetuba.
Em 1937, se estabeleceu no Bairro do Bonsucesso,
abrindo outro armazém de secos e molhados.
O comércio expandiu e Ary passou a comercializar, também, lenha, areia, tijolos, etc, sempre
em Bonsucesso. Foi nomeado por d. Paulo Rolin
Loureiro, tesoureiro da Paróquia do Bonsucesso,
por 4 anos. Com a renda desses anos, foi feita
a Casa Paroquial, onde mora o atual padre. Em
1962, mudou-se para o centro de Guarulhos, onde
abriu a Casa da Borracha.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
JARDIM ÁLAMO
A palavra “Álamo” é empregada em duas
situações: uma, como sendo uma árvore; a outra,
em uma batalha travada no México pelo controle
de um Forte, em 1896. Nossa conclusão sobre a
origem do nome “Jardim Álamo” vai ao encontro
da primeira definição.
Com base na entrevista do morador Adalto Alves de Almeida concluímos que a origem
do nome “Jardim Álamo” é proveniente de um
tipo de árvore de grande porte que existia lugar,
antigamente. A espécie álamo-preto é definida
como uma árvore ornamental, de grande porte, da
família das salicáceas (Populus nigra), de casca
lisa e acinzentada, folhas alternas, com pecíolos
vermelhos e madeira útil para marcenaria. (Dicionário Aurélio).
O Jardim Álamo teve três momentos marcantes em sua história. No período em que a
localidade pertencia a Arujá se chamava “Bairro dos Fontes”. Através do Decreto Estadual
no 9.775, de 30 de novembro de 1938, deixou de
pertencer a Arujá e passou para Guarulhos. Em
seguida, a localidade ganhou o nome de Bairro
Sadokin. O loteamento Jardim Álamo começou
em 1978. No início foi embargado. Já em janeiro
de 1979, a Esquadra retomou a venda dos lotes
que pertenciam a Luiz Bocaloto e Delfino Faccini (propriedade comprada em 1952 da família
Caraça Oliveira).
O morador mais antigo do Bairro dos Fontes, conforme entrevista, foi o senhor Emílio Caraça de Oliveira, pai de Benedito de Oliveira e
avô paterno de Carmem e Eunice, que relataram:
Meu pai [Benedito] nasceu em 1912 e meu avô
provavelmente em 1882, ambos no Bairro dos
Fontes. O terreno loteado foi comprado da família dos meus pais. Eles trabalhavam produzindo
farinha de mandioca.
Dona Ana Adélia Marcondes da Silva relata: Quando cheguei aqui, em 1973, para ir a
Arujá e ao Centro de Guarulhos, o caminho era
a Estrada Velha do Bonsucesso (Estrada Geral,
atual João Paulo I). Aqui tinha muitas chácaras e
muitos japoneses.
Jardim Álamo, década de 1970. Propriedade da
família de Emílio Caraça.
87
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “TERESINHA MIAN ALVES”
Rua José de Souza Abrantes, s/no, Jardim
Álamo. Fone: 2436-2332. Decreto de Fundação no 25.004, de 13 de dezembro de 2007.
Teresinha Mian Alves (1954-2006) era
professora. Iniciou as atividades no Magistério
no começo da década de 1980 na rede pública,
como professora eventual.
Foram longos anos dedicados ao Magistério. Sua primeira experiência foi no período de
1983 a 1985, época em que lecionou na Escola
Estadual Zilda Romeiro e na Escola da Prefeitura de Guarulhos “Machado de Assis”, no Parque Cecap. Passou pelas escolas Cyro Barreiro,
Jardim Lenise e Anna Lamberga Zeglio. Entre
2002 e 2003, assumiu, como diretora designada,
a Escola Estadual Bairro dos Pimentas V e como
coordenadora do Projeto Mova na Prefeitura. A
professora Terezinha acreditava na participação
da comunidade decidindo os destinos da escola.
ESCOLA ESTADUAL “DONA CHYO YAMAMOTO”
Rua São Pedro, no 20 / Avenida Yamamoto,
s/no, Jardim Álamo. Fone: 2436-1578. Decreto
de Fundação no 2.174, de 23 de novembro
de 1979.
A Escola Estadual Dona Chyo Yamamoto
teve seu funcionamento inicial, em 1959, em uma
pequena sala anexa à Fábrica de Lâmpadas Sadokin. A professora d. Chyo Yamamoto, esposa
do dono da fábrica, o senhor Katsuto Yamamoto,
lecionava gratuitamente para as crianças do bairro. Segue relato de Eunice: Eu estudei com dona
Chyo e depois trabalhei na Sadokin.
Era uma pessoa muito preocupada com o
futuro das crianças, demonstrava carinho e afeto com todos os seus alunos. Em função do seu
trabalho como uma das primeiras professoras do
bairro Sadokin, foi homenageada como patronesse da escola estadual.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
VILA CARMELA
O local onde hoje se situa a Vila Carmela
era uma fazenda que, posteriormente, passou a se
chamar Sítio das Rosas. Em 22 de novembro de
1970, foi comprada de Ulysses Pereira de Mello
uma grande área com 391.551 metros quadrados,
da gleba A; 362.652 metros quadrados da gleba
I; 13.998 metros quadrados gleba II; e 15.000
metros quadrados da gleba III, pelo senhor Paschoal Thomeu.
Os primeiros lotes começaram a ser vendidos em 1980. Em homenagem à genitora do então
proprietário deu-se o nome de Vila Carmela. Essa
imensa área foi loteada pela Imobiliária Gabriel
Gonçalves Loteamentos e Construções. Relacionamos aqui os nomes dos moradores pioneiros, que
muito contribuíram para o desenvolvimento deste
bairro: Sérgio Garrido, dr. Ademil Gois, Arnô Testa, Oscar Scherer, Clara Olsfki, Severino Manuel de
Freitas, Manoel Reis da Silva, José Fernandes, Israel, Durval, Lacerda, dentre muitos outros.
(Fonte: Atlas do Bairro. Trabalho realizado
pelos alunos da EMEI Jocymara de Falchi Jorge, 1999 e depoimento de Antônio Marcussso, da
Loja de Material de Construção Rosa e Filhos).
Praça da Amizade, na Vila Carmela. Final da década de 1980.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “JOCYMARA DE FALCHI JORGE”
Rua Flor da Serra, no 314, Vila Carmela.
Fone: 2436-4362. Decreto de Fundação
no 18.981, de 4 de abril de 1995.
Nascida em 10 de maio de 1978, no Bairro
da Penha, Jocymara era filha única de Mara de
Falchi Jorge e de Antônio Jorge, neta de Maria
Aparecida Falchi e Giovanni Falchi. Era uma menina muito alegre, estudiosa, que cativava a todos. Tivera uma infância sadia e muito divertida
no sítio da família, no Bairro Água Azul.
Em 1994, estava frequentando o Ensino
Médio na Escola Nossa Senhora de Auxiliadora, no Bairro do Brás, onde era muito querida
pelos professores e colegas. Seu avô, senhor
Giovanni Falchi, fora sócio e amigo do ex-prefeito Paschoal Thomeu.
Jocymara faleceu no dia 31 de março de
1994, de mal súbito, e deixou a todos desconsolados, conforme conta a família.
ESCOLA ESTADUAL “PROFa ZILDA GRAÇA MARTINS DE OLIVEIRA”
Rua Manoel Reis da Silva, no 493, Vila Carmela. Fone: 2436-5294. Decreto de fundação
no 43.074, de 2 de janeiro de 1999.
Nasceu em São Paulo e casou-se com Heitor Maurício de Oliveira, advogado e professor,
com quem teve dois filhos: Heitor Maurício de
Oliveira Filho e José Arthur Maurício de Oliveira e, mais dois filhos adotivos, Maria Cristina de
Freitas e Luiz Antônio de Freitas.
Formada no Magistério pela Escola Modelo Caetano de Campos, em São Paulo, a Profa
Zilda Graça Martins de Oliveira era nora de José
Maurício de Oliveira, prefeito de Guarulhos de
1919 a 1930 e de 1940 a 1945.
Lecionou nas cidades de Santa Adélia e Tatuí, SP, antes de ser transferida, em 1945, para a
Escola Estadual Capistrano de Abreu, em Guarulhos, onde se aposentou em 1976. Em 2001, o
Projeto de Lei no 503 instituiu seu nome como patronesse da Escola Estadual Jardim Carmela II.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “CELSO FURTADO”
Rua Manoel Reis da Silva, s/no, Vila Carmela.
Fone: 2436-6683. Decreto de Fundação
no 21.214, de 25 de março de 2001.
Celso Monteiro Furtado (1920 – 2004)
nasceu em Pombal, PB. Economista, foi um dos
mais destacados intelectuais do País ao longo do
século XX. Suas ideias sobre o desenvolvimento
e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas
econômicas dominantes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre
o funcionamento da economia.
Em 1946, ingressou no curso de doutoramento em Economia da Universidade de Paris-Sorbonne,
concluído em 1948 com uma tese sobre a economia
brasileira no Período Colonial. Retornou ao Brasil, trabalhou no Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP) e na Fundação Getúlio Vargas. Foi
eleito em 7 de agosto de 1997 como oitavo ocupante
da cadeira 11, da Acadêmia Brasileira de Letras.
ESCOLA ESTADUAL “RAFAEL THOMEU”
Rua Flor da Serra, s/no, Vila Carmela. Fone: 2436-2066.
Decreto de Fundação no 5.888, de 29 de janeiro de 1987.
Rafael Thomeu era filho do ex-prefeito Paschoal Thomeu e d. Marina Thomeu. Faleceu em um
trágico acidente automobilístico na Via Dutra. Em 29 de janeiro de 1987, a Escola Estadual de 1o
Grau (Agrupada) da Vila Carmela passou a denominar-se Rafael Thomeu.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
RESIDENCIAL PARQUE CUMBICA (INOCOOP)
Diz Odete Geralda Tavares, enfermeira
aposentada da Prefeitura de São Paulo e uma
das primeiras moradoras do Residencial Parque
Cumbica, popularmente chamado de Inocoop:
As primeiras casas entregues foram as da Rua
7, no dia 7 de março de 1982. Em 1984, com a
falência da construtora, foi noticiado no Jornal
Nacional que as casas estavam abandonadas e
no dia seguinte, houve uma grande invasão. Uma
comissão do bairro, juntamente com Carlos Derman e Elói Pietá, abriu negociação com a Caixa
Econômica Federal e nós passamos a pagar as
prestações no valor de 52,00 reais, na sede da
Caixa, na Praça Getúlio Vargas.
Instituto de Orientação às Cooperativas
Habitacionais (Inocoop) é uma sigla que designa um sistema de cooperativas, muitas vezes
utilizada como denominação de bairros. Existem bairros com o nome Inocoop em São Paulo, Vitória, Guarulhos e Vitória da Conquista,
na Bahia. O Inocoop-SP, configurado desde sua
criação como uma empresa privada prestadora
de serviços, sem fins lucrativos, foi credenciado
pelo BNH para orientar as cooperativas desde a
sua constituição. Foi fundado no dia 20 de dezembro de 1966 por um grupo de empresários
ligados à Associação de Dirigentes Cristãos
(ADCE-SP).
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “BÁRBARA ANDRADE TENÓRIO DE LIMA”
Quadra 4 – Rua Ó, no 67, Residencial Parque
Cumbica. Fone: 2431-2520. Decreto de Fundação no 22.083, de 15 de abril de 2003.
O local onde foi construída a escola era
destinado para uma praça pública. Os moradores
do bairro, através do Orçamento Participativo de
2002, conseguiram a aprovação da construção. É
considerado como data de fundação o dia 28 de
agosto de 2002. Em 2004, a Escola Municipal do
Inocoop passou a se chamar “Bárbara Tenório
de Lima.
Bárbara faleceu quando tinha cerca de 5
anos de idade, em um acidente de automóvel.
Não residia no bairro, mas era conhecida do prefeito Elói Pietá. Este, em nome dessa amizade,
homenageou Waldemar Tenório, pai de Bárbara,
colocando o nome de Bárbara na escola.
92
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
ESCOLA ESTADUAL “PREFEITO ANTÔNIO PRÁTICI”
Rua Carlos Drummond de Andrade, no 350,
Residencial Parque Cumbica. Fone: 24312244. Decreto de Fundação no 21.921, de
31 de janeiro de 1984.
Antônio Prátici foi vereador e prefeito em
Guarulhos nas décadas de 1950 e 1960, prefeito
na gestão 1952/1953. Prátici nasceu dia 24 de dezembro de 1914, na cidade de São Paulo. Era filho
de Aniello Prátici e Antonieta Gennaro, imigrantes de origem italiana. Casou-se com d. Catharina
Iervolino no dia 25 de janeiro de 1938. Do casamento teve um filho, Roberto Antônio Prátici.
Antônio Prátici faleceu dia 6 de abril de
1985. Político e admirador da arte cinematográfica, em 1948 foi suplente de vereador e logo em
seguida assumiu a vereança. Após sua gestão
como prefeito, foi reeleito vereador no período de
1952/55, tendo exercido a presidência da Câmara
de 1956 a 1959 e 1960 a 1963. Antônio Prátici foi
o último prefeito nomeado de Guarulhos.
ESCOLA ESTADUAL “INOCOOP II”
Rua Elias Dabarian, no 477, Residencial Parque Cumbica. Fone: 2433-3152.
Decreto de Fundação no 46.273, de 13 de novembro de 2001.
93
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
JARDIM SANTA PAULA
No dia 8 de dezembro de 1984, o casal Marinha de Jesus dos Santos e José Francisco dos
Santos instalou-se num terreno acidentado, coberto por densa vegetação, separado do Jardim
Ponte Alta pela Avenida Mato das Cobras, loteado e comercializado pela Imobiliária Continental.
Iniciava-se, assim, o Jardim Santa Paula.
Ficamos um ano e oito meses sem energia
elétrica, lembra José Francisco, o popular Baixinho do Bar, dono do estabelecimento que lhe valeu o apelido. Naquela época, afirma d. Marinha,
eu levava a minha filha Viviane, de quatro anos
de idade, a pé, todos os dias, até o Estevam Dias
Tavares, em Bonsucesso.
O número de salas da antiga Escola Estadual Ponte Alta I, conhecida como “Barracão” e
mais tarde reestruturada como Escola Estadual
Antônio Rosas da Silva Galvão, foi ampliado.
Atualmente, as crianças do Jardim Santa Paula
são atendidas pela Escola Estadual Ponte Alta V,
bem mais próxima, situada do outro lado da Avenida Mato das Cobras.
Santa Paula (347 – 404) nasceu na Itália
e é uma santa cristã homenageada pela Igreja
Católica no dia 26 de janeiro. É a padroeira das
viúvas. Pertencia à nobreza italiana, tendo sido
casada com o senador Toxócio, teve cinco filhos, entre eles Santa Eustóquia e Santa Blesila.
No ano de 379 d.C., aos 32 anos, ficou viúva,
dedicando sua fortuna e o resto de sua vida ao
desenvolvimento espiritual e ao cuidado com
os pobres.
ESCOLA ESTADUAL “PONTE ALTA V”
Estrada Mato das Cobras, no 1.346, Jardim Ponte Alta. Fone: 2438-7557.
Decreto de Fundação no 46.498, de 16 de janeiro de 2002.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
PARQUE RESIDENCIAL BAMBI
O Parque Residencial Bambi, antes de
ser um local de moradia popular, era chamado
de Sítio Bambi e pertencia ao senhor Tuji. Pensando em lotear o sítio, criou uma imobiliária,
mas o negócio não prosperou. Em 1995, após
falecimento do senhor Tuji, sua filha Masi Tuji,
associou-se à Imobiliária Continental e, finalmente conseguiu implantar o loteamento Parque
Residencial Bambi.
Contam os moradores que o nome “Bambi” tem sua origem no fato de que na região existiam muitos animais dessa espécie, atualmente
em menor quantidade, em função da caça. Bambi é um animal mamífero, da ordem dos artio-
dáctilos, da família dos cervídeos, desprovidos
de chifres e em geral muito tímidos e velozes.
(Dicionário Aurélio).
Bambi também é título de uma animação
infantil, de 1942. A história acontece numa floresta onde os animais ficam agitados com a notícia do nascimento de um filhote de cervo, Bambi,
que foi chamado de “Príncipe da Floresta”. Este
cresce e descobre o amor, Falina. Após sua mãe
ser morta por caçadores, Bambi aprende a viver
sozinho com a ajuda de seu pai.
A principal via de acesso ao Sítio Bambi
ainda se dá pela antiga Estrada do Morro Grande,
topônimo em alusão ao Pico do Itaberaba.
Casarão do Sítio Bambi.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “MANOEL REZENDE DA SILVA”
Rua Benedito Thieso, s/no, Parque Residencial Bambi. Fone: 2436-2298. Decreto de
Fundação no 20.238, de 29 de abril de 1998.
Manoel Rezende da Silva (1934-1997) era
economista. Na Prefeitura de Guarulhos foi funcionário concursado e Secretário de Finanças.
Nasceu no município de Avencas, no interior de
São Paulo. Aos 18 anos era lavrador e semianalfabeto. Mudou-se para Campinas, onde trabalhava e custeava seus estudos. Passou como primeiro colocado no vestibular da PUC de Campinas,
no curso de Economia, em 1936.
Em 1997, após coordenar a campanha vitoriosa do então candidato a prefeito Néfi Tales,
foi convidado a assumir o cargo de Secretário de
Serviços Públicos e, em março do mesmo ano,
Secretário de Finanças. Em 13 de junho de 1997,
foi morto na porta de sua residência, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.
ESCOLA ESTADUAL “RESIDENCIAL BAMBI”
Rua Gabriela Gurgel de Freitas, s/no, Parque Residencial Bambi. Fone: 2438-7639.
Decreto de Fundação no 46.573, de 1o de março de 2001.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Escolas Reunidas Allan Kardec – Alice Pereira, no Jardim Presidente Dutra. O termo “escolas reunidas” tem sua origem
na junção dos estabelecimentos de ensino que eram separados por sexo masculino e feminino. Entre os patronos das
escolas da região, por exemplo, o Prof. Hélio Polesel, nomeado para lecionar em uma escola masculina, no Bairro Capelinha, em Guarulhos. Atualmente, a Escola Allan Kardec – Alice Pereira é conveniada à Secretaria Municipal
de Educação e, em 2010, completará 52 anos de atividade.
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Em relação à história da educação no Brasil,
é importante observar que a primeira grande alteração travou-se com a chegada dos portugueses.
Cabe ressaltar que a educação que se praticava
entre as populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu.
No Período Colonial, a educação no País
inicia-se quando começam as primeiras relações
entre Estado e educação, por meio dos jesuítas
que aqui chegaram em 1549. Em 1640, houve
a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas),
passando a ser instituído o ensino laico e público, com conteúdos baseados nas Cartas Régias.
Muitas mudanças ocorreram até que se chegasse
à Pedagogia dos dias de hoje. É a partir de 1930,
início da Era Vargas, que surgem as reformas
educacionais mais modernas. A primeira Lei de
Diretrizes e Bases é promulgada em 1946 (Lei nº
4.024/61), que instiga o desencadeamento de vários debates acerca do tema. A história da educação no Brasil, como um processo sistematizado
de transmissão de conhecimentos, é indissociável da história da Companhia de Jesus. As negociações de d. João III, “o piedoso”, junto a esta
ordem missionária católica pode ser considerado
um marco.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
8
DIVERSIDADE ÉTNICA,
CULTURAL E RELIGIOSA
Festa de Nossa Senhora do Bonsucesso.
A
diversidade étnica, cultural e religiosa
que enreda o tecido social da região do Bonsucesso, urdido com fios de diferentes cores e texturas, revestem o conjunto de textos e imagens que
constituem este livro, revelando as contribuições
fundamentais para a compreensão do processo
de ocupação humana do território guarulhense. A
multiplicidade étnica, cultural e religiosa da região
do Bonsucesso é um microuniverso do que ocorre
não só em Guarulhos, mas também no Estado de
São Paulo e em todo o Brasil. Aqui, as três formas
iniciais de organizar a vida social e de conceber e
expressar a realidade entraram em contato: a dos
indígenas, primeiros habitantes do território; a dos
portugueses colonizadores; e a dos africanos escravizados. Se for verdade que herdamos de nossos
ancestrais indígenas e africanos a necessidade de
se ter símbolos materiais eloquentes e eficazes para
acompanhar nossa vida, que é o papel da terra na
tradicional Festa de Nossa Senhora do Bonsucesso, também é verdade que os portugueses fixaram
entre nós o “hábito” da organização social em torno de uma igreja – lembremos que desde o início
do Período Colonial (1532), até a promulgação da
primeira Constituição Republicana (1891), a Igreja
Católica fazia parte do Poder Público, não havendo
separação entre as estruturas civil e eclesiástica.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Modernamente, o Cristianismo passou a se
expressar também por meio das igrejas oriundas
do Protestantismo, como a Presbiteriana, a Batista, a Metodista, a Luterana, a Pentecostal, a
Messiânica, as igrejas Brasil para Cristo, Congregação Cristã no Brasil e Perfecty Liberty, além
de segmentos religiosos orientais como o Budismo e Seicho-No-Ie. O universo religioso de matriz africana, do qual fazem parte a Umbanda e o
Candomblé, também permanece. Doutrinas como
o Espiritismo ganharam espaço, transformando o
Brasil no país com o maior número de espíritas
do mundo.
Capela de São Benedito dos Homens Pretos – Bonsucesso.
Evento realizado no C.M.E. Paschoal Lemme, julho de 2010.
Congregação Cristã no Brasil – Jardim Fátima.
A partir do século XX, os imigrantes europeus e asiáticos, os árabes e os libaneses, os
paulistas do interior, os mineiros, os cariocas e os
nordestinos, entre outros grupos populacionais,
acrescentaram com a sua presença novos elementos à já variada gama de ritmos, cheiros, cores e
sabores da cultura nacional.
MARCAS DA IMIGRAÇÃO
As marcas da diversidade, presentes na
construção de Guarulhos, podem ser notadas
em cada detalhe da cidade, conforme a abordagem sobre as olarias de Felipe Romano ou do Zé
Italiano, o predomínio de nomes japoneses nas
lápides do Cemitério do Bonsucesso, o pioneirismo de outros povos imigrantes no processo
de urbanização de certos bairros e a lembrança
de remotas localidades nordestinas nomeando
as ruas.
100
Instituto Allan Kardec “Alice Pereira” – Jardim
Presidente Dutra.
Foto: Projeto Bonsucesso em Foco (FunCultura).
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Igreja Japonesa Tenrikyo – Vila Carmela.
PRAÇA OROBÓ
No centro geográfico do Jardim Presidente Dutra fica a Praça Orobó, palavra indígena que nomeia
uma fruta muito utilizada em certos rituais do Candomblé, mas que também é o nome de um município
pernambucano localizado a 112 quilômetros da Capital, Recife. Há também a Serra Orobó, no interior
do Estado da Bahia, palco de lutas entre indígenas e
bandeirantes à procura de ouro no século XVIII.
Enriquecido por essa carga simbólica, o centro comunitário da Praça Orobó foi transformado,
em 2002, num complexo de cultura e lazer com
campo de futebol, quadra poliesportiva, pista para
caminhada e uma biblioteca para uso da comunidade, tornando-se referência para a implantação de
outros espaços do gênero na cidade de Guarulhos.
Casa das Irmãs Franciscanas – Bonsucesso.
Praça Orobó – Jardim Presidente Dutra.
BLOCO CARNAVALESCO DA
VILA CARMELA
Paróquia Santa Cruz e Nossa Senhora Aparecida –
Jardim Presidente Dutra.
Em 1987, as reuniões semanais de um time
de futebol society, acompanhadas por instrumentos de percussão, cuja saudação era O treme-treme é raça / O treme-treme é fogo / Se vacilar é
treme-treme de novo, deram origem ao Bloco
de Carnaval Treme-treme, fundado por Alfrânio
Moura, Valmir e Celso Vermelhinho, todos moradores de Vila Carmela.
Em 1992, o Treme-treme realizou o seu
primeiro desfile, com cerca de 30 componentes,
pelas ruas do bairro. No carnaval de 2010 apresentou o samba-enredo 450 anos de Guarulhos,
composição de Jaú, Jajá e Celso Vermelhinho.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
9
CIRCUITOS TURÍSTICOS
PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS
E AMBIENTAIS
A
presentar um circuito turístico não é a
mesma coisa que falar de roteiro turístico. É mais
que isso. É algo referenciado na história, na cultura e na história natural.
Jamais poderíamos contar a história da mineração em Bonsucesso se em sua formação geológica não houvesse ouro. A história do Bonsucesso
poderia ser muito diferente se em seu território não
existisse o Rio Baquirivu Guaçu, por exemplo.
A construção de circuitos turísticos exige
o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento
para explicar os tipos de patrimônios materiais e
imateriais existentes na região. A realidade é muito mais complexa para ser compreendida, apenas,
a partir da história social.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
CIRCUITO 1 – SANTUÁRIO DE NOSSA
SENHORA DO BONSUCESSO
Quando chegamos à Praça de Nossa Senhora do Bonsucesso, temos a sensação de estarmos
em um lugarejo, numa pequena cidade do interior
do Brasil. Nas partes mais altas da praça estão
localizadas duas igrejas, muito próximas. A dos
brancos foi chamada de Igreja de Nossa Senhora
do Bonsucesso. A dos negros recebeu o nome de
São Benedito. Entre os dois templos religiosos
fica a Sala dos Milagres.
A pequena praça é cortada por um ramal da
antiga Estrada Geral, aberta em 1600 para ligar as
lavras de ouro do Bonsucesso às da Capitania de
São Vicente. A poucos metros da Praça do Bonsucesso Velho fica o Cemitério, um dos mais antigos
de Guarulhos. A praça é cercada por um casario que,
apesar de muito modificado, guarda traços da época
da vila rural da antiga Fazenda do Bonsucesso. Na
praça chegou a existir uma Subdelegacia de Polícia.
A Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso e a de São
Benedito são tombadas como patrimônios históricos
da cidade pelo Decreto no 21.143, de 2000.
SALA DOS MILAGRES
A Sala dos Milagres, localizada nas dependências da Paróquia do Bonsucesso, pode ser vista como um dos principais símbolos da diversidade cultural e religiosa que a região abriga. Nela
encontram-se objetos de todo tipo: fotografias,
quadros, cartas de agradecimento, saquinhos com
terra da ‘carpição’ e objetos ligados às graças
alcançadas (como peças de cera no formato do
órgão ou membro do corpo curado), lá deixados
como pagamento de ‘promessas’ feitas à Santa
em troca do atendimento aos pedidos diversos,
incluindo a cura de enfermidades de animais.
A presença de tais objetos, entre eles uma
imagem de Iemanjá (própria das religiões de matriz africana) e outra do padre Cícero (originária
da realidade popular nordestina), mostra que as
crenças locais não são apenas aquelas que se enquadram propriamente na tradição católica, fundada pelos portugueses no Brasil.
Celebração do Dia da Carpição (2/7/2010).
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Morro Nhanguaçu. Ao fundo, a Serra do Itaberaba, com 1.438 metros de altitude.
CIRCUITO 2 – PAISAGENS NATURAIS
Partindo da Vila do Bonsucesso Velho pela
Estrada do Morro Grande, chega-se a uma porção
da maior área verde em meio urbano do mundo.
Trata-se da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde
de São Paulo (RBCV), tombada como patrimônio
da humanidade pela Unesco, em 1993, e pela Prefeitura, mediante o Decreto no 21.143, de 2000.
Localizada nas porções norte, nordeste e leste
da região do Bonsucesso, a biodiversidade encanta
pela quantidade de nascentes de água, pela variedade
de vegetação da Mata Atlântica, pela grande quantidade de espécies animais e por suas montanhas. Trata-se de uma região intermediária, onde localizam-se
os pontos de maior e menor altitude de Guarulhos.
No circuito, pode ser observado o Horto Florestal
Municipal Burle Marx, o Lago do Bairro Azul, a Cachoeira do Parque Orquidiama, o Pesqueiro Ponte
Preta e o Mirante do Bairro Água Azul.
Centro de Educação Ambiental – Parque Burle Marx.
Bairro Água Azul. Futuras instalações do Parque Aquático.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Morro Nhanguaçu, popularmente conhecido como Mirante do Água Azul ou “Morrão”.
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Aglomerado de cascalho – Antigo garimpo de ouro do Bairro Jardim Hanna.
CIRCUITO 3 – VÁRZEA DO RIO BAQUIRIVU GUAÇU
Do processo de colonização portuguesa,
ocorrida em Bonsucesso, à industrialização, é
possível observar em diversas partes do território
as marcas dos distintos períodos de exploração
dos recursos naturais da região.
Da exploração do ouro, passando pela produção dos engenhos, chácaras, olarias, portos de
areia, aos modernos galpões industriais, a memória econômica pode ser observada, principalmente, na várzea do Rio Baquirivu Guaçu.
Forno de olaria de “queima” de tijolos.
Famílias agricultoras às margens do Baquirivu.
Modernas instalações industriais do Jardim Fátima.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
10
Manifestação dos moradores da região por água, em frente ao SAAE (Serviço Autônomo de Água
e Esgoto), em 1987.
DESAFIOS
A
s experiências narradas nas páginas
deste livro ensinam que o lugar em que hoje vivemos é apenas um instante da imensa e incessante
transformação geológica do planeta. Ensinam também que o homem, como parte desse movimento,
interfere no mundo natural, sendo ao mesmo tempo
transformado a cada ação. Trata-se, além disso, de
uma ação coletiva, que ganha dimensões épicas no
jogo de luz e sombras da história.
Indígenas, portugueses, africanos, imigrantes
estrangeiros e brasileiros, todos construíram o Brasil, o Estado de São Paulo, a cidade de Guarulhos e
a região do Bonsucesso. E, ao longo do tempo, no
constante embate entre as forças sociais, alguns desafios foram transformados em conquistas, veremos
a seguir.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Bonsucesso.
SANEAMENTO AMBIENTAL
regos. Para alcançar o desafio da convivência das
águas entre as pessoas, a Prefeitura de Guarulhos
Saneamento ambiental engloba o esgotamenelaborou seu Plano Diretor de Drenagem, disponíto sanitário, resíduos sólidos (coleta, reciclagem e
vel em www.guarulhos.sp.gov.br
destinação final do lixo), drenagem das águas de
chuva e abastecimento de água (este item não será
abordado pois o sistema já está universalizado).
Esgotamento Sanitário: O Plano Diretor
do Sistema de Esgotamento Sanitário (PDSE),
elaborado entre 2003 e 2004, prevê a construção de cinco Estações de Tratamento de Esgoto
(ETEs) no Município, a saber: São João, Várzea
do Palácio, Cabuçu, Fortaleza e Bonsucesso. Está
Enchente no Rio Baquirivu Guaçu. Acervo PMG.
prevista também a implantação de coletores-tronco para a condução do esgoto até as ETEs.
REGULARIZAÇÃO DE LOTEAMENTOS
Resíduos sólidos: São varridos e coletados
perto de 100% do lixo em Guarulhos e encamiDurante as nossas pesquisas junto aos monhado ao Aterro Sanitário Quitaúna, no Cabuçu. radores dos diversos bairros da região do BonO desafio para a região do Bonsucesso e toda sucesso, observamos uma constante preocupação
Guarulhos é a reciclagem deste lixo.
com a regularização dos terrenos e com a necesEnchentes: Quando chove intensamente, as sidade de obras de melhoria. Centenas de famíáguas nos rios e córregos extravasam para as áreas lias que compraram ou ocuparam lotes não conmarginais ou várzeas, num fenômeno natural co- seguem obter as escrituras ou os títulos de posse
nhecido como enchente ou inundação. As enchentes das casas. Onde estão as raízes desse problema?
são agravadas pela ocupação urbana, principalmen- Na má fé do loteador que, conhecedor do que o
te com a consequente impermeabilização excessiva obriga a Lei no 6.766/79 (parcelamento e uso do
do solo, por meio de superfícies cimentadas, ruas solo), não cumpre com as suas obrigações legais?
asfaltadas e telhados das edificações, fazendo com Na omissão dos órgãos oficiais no processo de
que as águas de chuva escoem mais rapidamente fiscalização? Na falta de organização eficiente da
para as chamadas várzeas, terrenos baixos e planos. população para exigir os seus direitos?
Estes são os espaços que a natureza reservou para
Todas as alternativas estão corretas. Sem a
as águas, os pontos baixos, aumentando o volume vigilância das autoridades e sem a pressão orgade água acima da capacidade natural dos rios e cór- nizada dos principais interessados, os responsá110
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
Avião decolando no Jardim Presidente Dutra. Acervo PMG.
veis por tais loteamentos ficam mais à vontade
para ludibriar a população. Além disso, o poder
público fica impedido legalmente de implantar
infraestrutura em áreas particulares não regularizadas perante a justiça.
Ainda existe a problemática de grandes terrenos desocupados, especulando e não cumprindo
o que a Constituição brasileira prevê: o uso social
da propriedade, enquando milhares carecem de
terrenos para construir suas casas.
A INCÔMODA PRESENÇA
DO AEROPORTO
Os bairros mais impactados pela presença
do Aeroporto Internacional são o Jardim Presidente Dutra, Inocoop, Jardim Triunfo e Jardim
Fátima, principalmente. São aproximadamente
250 pousos ou decolagens que diariamente incomodam os moradores com a poluição sonora
provocada pelo tráfego de aeronaves.
De modo geral, os efeitos do ruído aeronáutico são manifestados de forma direta na comunidade, como os desconfortos e modificações
no comportamento das pessoas, tais como dificuldade para dormir, irritação, falta de capacidade de concentração, além de interferências nos
aparelhos eletrônicos e rachaduras nos imóveis,
nos casos mais graves. Há consenso sobre os danos na capacidade auditiva das pessoas, uma vez
que tal impacto é provocado pela incidência de
ondas sonoras no aparelho auditivo e, por esta razão, não está relacionado a percepções subjetivas
e sim a danos físicos diretos.
IDENTIDADE
Em relação a esse tema, o grande desafio do
município é assumir uma identidade própria, já
que o conjunto de seus moradores acostumou-se
à ideia de que Guarulhos não passa de um microuniverso de São Paulo.
Entretanto, o reconhecimento do pioneirismo da extração de ouro no território e da Serra
da Cantareira como um patrimônio ambiental da
cidade, a valorização da tradição histórica da Festa do Bonsucesso e o reaproveitamento do espaço da antiga Fábrica Adamastor, a construção do
Viaduto Cidade de Guarulhos e os esforços de reparação pela demolição da Igreja do Rosário dos
Homens Pretos, são iniciativas de recuperação da
diversidade identitária guarulhense.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DO
ENSINO BÁSICO (IDEB)
Há um consenso na sociedade brasileira de
que o Sistema Brasileiro de Ensino está universalizado. O grande desafio é a elevação do aproveitamento escolar.
Para tanto, foi criado pelo Governo Federal,
o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico
(Ideb), destinado a subsidiar o aperfeiçoamento
das políticas educacionais. Por meio de avaliações dos alunos e com escala de 0 a 10, é possível
se ter uma ideia da qualidade do ensino.
Na região do Bonsucesso, de modo geral,
a média do índice elevou-se nas redes municipal
e estadual.
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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
11
Igualdade. Óleo sobre tela, 1999. Este quadro tem mais de 400 reproduções espalhadas por todo o
Brasil. O pintor baiano Haroldo Santos, autor da obra, é morador do Bairro Água Azul.
SÍMBOLOS OFICIAIS
T
odos os entes da República Federativa
do Brasil têm os seus respectivos símbolos oficiais:
a Bandeira, o Brasão de Armas e o Hino, no caso
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
e também o Selo Nacional, no caso da União. O
Selo Nacional reproduz a esfera existente no centro da Bandeira do Brasil e é de uso obrigatório em
qualquer ato do Governo e em diplomas e certificados escolares.
Já o Brasão de Armas da União deve estar
presente em todos os edifícios-sede dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem
como nos quartéis militares e policiais de todo o
País. Os papéis oficiais federais também devem
ser timbrados com o Brasão de Armas Nacional.
113
REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!
OS SÍMBOLOS DE GUARULHOS
O Brasão de Armas foi o primeiro símbolo modificações, fato que revela as transformações
oficial instituído no município, em 1932. A Ban- históricas pelas quais vem passando a cidade.
deira e o Hino vieram 39 anos depois (1971), emBRASÃO ORIGINAL
bora o Hino a Guarulhos tenha surgido em 1960,
Acima do escudo porpor meio de um concurso realizado como parte
tuguês
está a coroa privativa
das comemorações do IV Centenário de fundação
das municipalidades. A lua
da cidade.
crescente simboliza Nossa
BANDEIRA
Senhora da Conceição e a cruz representa a presença da instituição católica no município. As três
cabeças homenageiam os indígenas, os bandeirantes e os colonizadores portugueses. As aves ao
lado do escudo são anhumas, que outrora emprestaram seu nome ao Rio Tietê (Rio das Anhumas).
Abaixo do escudo, há ramos de cana-de-açúcar
e de trigo, que Taunay considerou serem as duas
mais antigas culturas do município. Na fita, a frase latina “vere pavlislarvm sangvis mevs” – meu
sangue é verdadeiramente paulistano.
o
Instituída pela Lei n 1.679, de 7 de dezemEm 1971, Jean Pierre Herman de Morais
bro de 1971, e calcada no trabalho do heraldista Barros, nomeado interventor (junho de 1970/jaArcinoé Antônio Peixoto Faria, a Bandeira Mu- neiro de 1973) para substituir o então prefeito
nicipal simboliza o espírito cristão de Guarulhos Alfredo Antônio Nader (janeiro/junho de 1970),
(esquartejamento em cruz), a administração mu- cassado pelo Regime Militar, mandou modificar,
nicipal (Brasão) e a sede do governo (losango). de maneira equivocada, o Brasão.
As faixas determinam o Poder Municipal a expanSEGUNDO BRASÃO
dir-se por todos os quadrantes do território e os
quartéis representam as suas propriedades rurais.
O azul simboliza a justiça, a nobreza e a
perseverança. O selo, a lealdade, a recreação e
a formosura. O branco representa paz, trabalho,
amizade, prosperidade e pureza. O amor, a dedicação, a audácia, o desprendimento, o valor, a intrepidez, a coragem e a valentia são simbolizados
pelo vermelho.
BRASÃO DE ARMAS
Foi instituído no dia 1o de fevereiro de 1932,
em ato do major reformado da Polícia Militar
Ariovaldo Panadés, prefeito (abril de 1931/agosto
de 1932) nomeado pela Ditadura Vargas. Elaborado pelo engenheiro Affonso Taunay, o Brasão
passou a ser obrigatório em todas as repartições e
impressos da municipalidade a partir de setembro
daquele ano. Esse símbolo municipal já sofreu três
114
A representação bandeirante foi suprimida e
as figuras indígenas ficaram mais parecidas com os
astecas do que com os povos indígenas brasileiros.
No início dos anos 1990, o prefeito Paschoal
Thomeu (1989/1992) nomeou uma comissão que,
após cuidadoso e exaustivo trabalho, restaurou e
melhorou os valores simbólicos do brasão original,
NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO
trabalho este aprovado pela Câmara Municipal por
meio da Lei no 3.761, de 24 de abril de 1991.
BRASÃO RESTAURADO
Valorizou a simbologia original.
HINO
A letra do Hino a Guarulhos foi escrita
pela professora Nicolina Bispo, com música de
Vicente Aricó Júnior e orquestração de Wenceslau Nasari Campos.
HINO A GUARULHOS
BRASÃO ATUAL
Instituído pela Lei no 6.357, de 25 de março
de 2008, sintoniza-se com as conquistas democráticas dos últimos anos. Nele foram introduzidas as figuras de uma mulher e de um negro.
Sob o céu desta Pátria querida
mais cem anos de luta e labor
cingem hoje o teu nome Guarulhos,
que se ergueu por seu próprio valor.
Chaminés, como lanças erguidas,
nos apontam o caminho a seguir
trabalhando, vencendo empecilhos,
desfraldando o pendão do porvir.
Tuas praças são livros abertos,
onde lemos futuro e glória.
Crispiniano e Bueno fulguram
como vultos eternos na História.
Que teu nome em mais um centenário
e na língua Tupi proclamado,
seja um hino de paz, de esperança,
por teu povo feliz entoado.
Pequenina nasceste, João Álvares,
jesuíta, benzeu-te com fé.
Tu és hoje cidade progresso,
uma terra que vence de pé.
Eia, pois, guarulhenses, avante,
com bravura na luta febril,
Por São Paulo e por tudo o que é nosso,
e, acima de tudo o Brasil!
Paço Municipal, em 1976 – Antiga Sede da Fazenda Bom Clima.
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GALERIA DE PREFEITOS INDICADOS E ELEITOS POR VOTO DIRETO
Capitão Gabriel
José Antônio
1908 a 1915
Felício Antônio Alves
1915 a 1916
Zeferino Pires
de Freitas
1917 a 1919
José Maurício de
Oliveira Sobrinho
1919 a 1930
1940 a 1945
João Eduardo
da Silva
1930
Delezino de Almeida
Franco
1930 a 1931
Dr. Alberto Cardoso
de Melo
1931
Major Ariovaldo
Panadés
1931 a 1933
Dr. Alfredo Ferreira
Paulino Filho
1932
Carlos Panadés
1933
Guilhermino Rodrigues
de Lima
1933 a 1938
Gentil Bicudo
1936, 1938 e 1945
José Saraceni
1936
Major José Moreira
Matos
1938 a 1940
Dr. Heitor Maurício
de Oliveira
1945 a 1947
Vasco Elídio Egidio
Brancaleoni
1945
Dulce Insuelo
Macedo
1947
João Mendonça
Falcão
1947
Dr. Olivier Ramos
Nogueira
1947 a 1948
Fioravante Iervolino
1948 a 1952
1957 a 1961
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Antônio Prátici
1952 a 1953
Rinaldo Poli
1953 a 1957
Dr. Mário Antonelli
1961 a 1966
Francisco Antunes
Filho
1962
Waldomiro Pompêo
1966 a 1970
1973 a 1977
Alfredo Antônio
Nader
1970
Jean Pierre Hermann
de Morais Barros
1970 a 1973
Prof. Néfi Tales
1977 a 1982
1997 a 1998
Dr. Rafael Rodrigues
Filho
1982 a 1983
Dr. Oswaldo
de Carlos
1983 a 1988
Paschoal Thomeu
1988 a 1992
Vicentino Papotto
1993 a 1996
Jovino Cândido
da Silva
1998 a 2000
Elói Pietá
2001 a 2004
2005 a 2008
Sebastião Almeida
2009 a 2012
Obs.: Não constam nesta galeria as fotos do intendentes (cargo correspondente ao de prefeito) – Capitão Joaquim
Francisco de Paula Rebello; Antônio José Siqueira Bueno; Junta de Intendentes (Vicente Ferreira de Siqueira Bueno, Felício
Marcondes Munhoz, Antônio Dias Tavares e Luiz Dini); Jesuíno José de Souza; Lúcio Francisco Pereira Paiva; Lúcio Francisco Pereira; João Francisco da Silva Portilho; Dr. Leonardo Valardi; Capitão João Teófilo de Assis Ferreira.
Ata de instalação da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (Município):
“Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro de 1881, nesta Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos,
comarca da imperial cidade de São Paulo, na casa destinada para sessões da Câmara Municipal da mesma, ao meiodia, comparecerão os Srs. Presidente e Vereadores da Câmara Municipal da Capital, D. João Mendes de Almeida Junior,
Américo Brasiliense, Almada Melho, Antônio Francisco Aguiar Castro, Augusto de Souza Queiróz, TTE Cel. Antônio José
Fernandes Braga, para a instalação da Câmara Municipal da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, e dar
juramento e posse aos vereadores eleitos (...)”
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Tropeiro na Vilinha do Bonsucesso Velha. Autoria e data desconhecidas.
RETROSPECTIVA HISTÓRICA
...Memórias nos ajudam a fazer sentido no mundo em que vivemos... embutido em relações complexas de classe, gênero e poder, que determinam o que pode ser relembrado (ou esquecido), por
quem e para que fim.
Marilena Chauí
•
1,5 Bilhões de Anos – Geologia em
Guarulhos: A Terra tem aproximadamente 4,5
bilhões de anos. Os eventos geológicos mais
antigos em Guarulhos retrocedem há um bilhão
e quinhentos milhões de anos, época em que o
território era coberto por um oceano. Existia vulcões e terremotos.
•
65 milhões de Anos – Formação do
Relevo: Por ocasião da separação dos continentes, Guarulhos adquiriu as principais características do seu relevo atual.
•
12 mil anos – Primeiros Brasileiros: Chegam à “América”, por meio do Estreito de Bering,
os primeiros habitantes do território brasileiro.
•
1400 – Primeiros Habitantes de Guarulhos: Expulsos do litoral norte paulista, os indígenas Maromomi passam a frequentar mais intensamente a região em busca de alimentos.
•
1444 – Ouro como Moeda: Em Gênova,
na Itália, decide-se que todos os pagamentos
seriam efetuados em ouro.
•
1500 – Essa Terra Tinha Dono: Chegada de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro, fato
que levará à colonização portuguesa e expropriação das terras indígenas.
•
1532 – Primeira Vila do Brasil: Fundação
das Capitanias e criação da Vila de São Vicente.
118
•
1553 – Primeira Vila fora do litoral:
Implantação da Vila de Santo André da Borda
do Campo.
•
1554 – Fundação do Colégio São Paulo: Com a transferência da Vila de Santo André
da Borda do Campo para o povoado de São
Paulo dos Campos de Piratininga. Já, em 1560,
é criada a Vila de São Paulo.
•
1560 – Guarulhos Aldeia: Data oficial da
fundação de uma aldeia indígena em Guarulhos.
•
1580 – Aldeia de Ururaí: Carta de sesmaria criando a aldeia real de São Miguel Paulista, pelas dimensões, o atual Bairro dos Pimentas
estava incluso.
•
1597 – Ouro em Guarulhos: O bandeirante paulista Afonso Sardinha e seu filho homônimo descobrem ouro em Guarulhos (Serra do
Jaguamimbaba, atual Itaberaba).
•
1600 – Estrada Ligando as Lavras de
Ouro: Abertura da Estrada Geral, também conhecida como Estrada Velha de Bonsucesso.
•
1612 – Carta de Sesmaria no Baquirivu Guaçu: Geraldo Correia Sardinha ganha
carta para explorar ouro no Maquirobu (Rio Baquirivu Guaçu).
•
1640 – Nossa Senhora da Conceição:
Guarulhos deixa de se chamar “Nossa Senho-
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ra da Conceição dos Maromomi” e passa a ser
denominada “Nossa Senhora da Conceição dos
Guarulhos ou dos Goarulho”. Expulsão dos padres Jesuítas do Brasil.
1660 – Invasão das Aldeias Reais: A
•
partir dessa data, bandeirantes passam a ocupar as terras das aldeias reais.
1666 – Escravidão Indígena: O bandei•
rante Francisco Cubas Preto (um dos primeiros
proprietários de terras em Bonsucesso) participa
de expedição à Serra da Mantiqueira em busca
de força de trabalho indígena.
1670 – Capela de Fazenda: Francisco
•
Cubas Preto manda erguer na fazenda uma capela, que até hoje conserva o nome de Bonsucesso.
1675 – Distrito: Guarulhos foi decretado
•
como uma divisão territorial e administrativa ligada a São Paulo.
1685 – Guarulhos Freguesia e Paró•
quia: Guarulhos é elevada à condição de Freguesia. Concomitante, foi criada a Paróquia de
Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos,
atual Igreja Matriz, na Praça Tereza Cristina.
1741 – Dia da Carpição: De acordo com
•
a documentação da Igreja Católica, ocorreu pela
primeira vez o Dia da Carpição, bem como a festa de Nossa Senhora do Bonsucesso.
1750 – Igreja dos Homens Pretos: De
•
acordo com certidão da Diocese de Guarulhos,
a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi benta na segunda
metade do século XVIII.
1800 – Igreja do Bonsucesso e Capela
•
de São Benedito: São edificadas a atual Igreja de
Nossa Senhora do Bonsucesso e a Capela de São
Benedito, a mando de Antônio Xavier D’Ávila.
1870 – Imigração Estrangeira: O Esta•
do de São Paulo passa a receber grande fluxo
de imigrantes europeus. Em 1883, há registro da
presença de imigrantes italianos em Guarulhos.
1880 – Guarulhos Município: Median•
te a Lei n.º 34 Guarulhos é elevado à condição
de Vila (município), desmembrando-se de São
Paulo. Ato que permitiu a criação dos Três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
1884 – Produção de Tijolos: Inicia-se
•
a produção de tijolos cozidos em Guarulhos,
exemplar existente no Museu da Cidade.
•
1885 – Nomeação de Professora: Dia
5 de agosto o intendente capitão Joaquim Francisco de Paula Rebelo nomeia uma professora
para lecionar na vila.
1889 – Brasil República: Dia 15 de no•
vembro ocorre a Proclamação da República. Por
conta desse fato, quatro intendentes foram nomeados para a Câmara de Vereadores: Felício
Marcondes Munhoz, Vicente Ferreira de Siqueira Bueno e Luiz Dini.
1908 – Imigração Japonesa: Começam a
•
chegar a São Paulo os imigrantes japoneses. Entre 1923 e 1927, Guarulhos passa a receber muitos
japoneses provenientes do interior de São Paulo.
1910 – Imigrantes do Oriente Médio: O
•
libanês Antônio Jorge se estabelece como comerciante de tecidos na atual Rua Dom Pedro II,
loja Dois Irmãos.
1940 – Migrantes Nacionais: Guarulhos
•
passa a receber muitos migrantes nacionais, especialmente do Nordeste, de Minas Gerais e de
cidades do interior de São Paulo e do Paraná.
População: 13.439 habitantes.
1942 – Segunda Guerra e os japoneses:
•
Assim como em todo o Brasil, os japoneses que residiam em Guarulhos sofreram perseguições e reagiram boicotando a produção de uniformes militares.
1945 – Base Aérea: Inaugurada a Base
•
Aérea de São Paulo, em Cumbica.
1950 – Paróquia: Criação da Paróquia
•
de Nossa Senhora do Bonsucesso.
1951 – Rodovia Presidente Dutra: É
•
inaugurado no dia 15 de julho o trecho de 21 quilômetros da Via Dutra, em Guarulhos. População: 35.523 habitantes
1955 – Nova Bonsucesso: Inauguração
•
do loteamento Vila Nova Bonsucesso.
1964 – Regime Militar: Instaurado o Re•
gime Militar que duraria 21 anos.
1968 – AI-5: O Ato Institucional nº 5 suspen•
de os direitos individuais de todos os brasileiros.
1980 – Auge da Imigração. Lutas Popula•
res e Sindicais: A crise econômica e o crescimento
repentino das cidades levam os trabalhadores a lutar
por aumento de salário e melhores condições de vida.
Neste contexto, há o enfraquecimento do Regime Militar e o clamor cresce para a redemocratização do
País. No dia 8 de dezembro, Guarulhos comemora
100 anos da criação do Município (1880-1980). População. 532.724 habitantes (migrantes 71,3%).
•
1981 – Diocese de Guarulhos: Em 5 de
abril, é criada a Diocese de Guarulhos. Seu primeiro bispo d. João Bergese.
•
1985 – Aeroporto de Cumbica: Dia 20 de
janeiro acontece a inauguração do Aeroporto Internacional de São Paulo – Guarulhos (Cumbica).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Mesma Capitania. Belo Horizonte, Editora Itatiaia.
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(1837). Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 2 v. (Publicações do Arquivo Público Mineiro,
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PINHEIRO, José Elmano de Medeiros. Genealogia Geográfica e Histórica no Espaço Paulista. O bairro de Itaquera – As Minas de São Paulo. Universidade de São Paulo. Trabalho de Graduação Individual: TGI-II, 2000.
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PREZIA, Benedito. Conversão dos Cativos. Humanitas.
PREZIA, Benedito. Os indígenas do planalto nas crônicas quinhentistas e seiscentistas. São
Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2000.
RANALI, João. Repaginando a História. Guarulhos: Soge – Faculdades Integradas de Guarulhos, 2002.
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SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Identidade urbana e globalização. A formação dos múltiplos territórios em Guarulhos/SP – Simpro. Guarulhos. Editora Annablume, 2006.
VÁRIOS. Conto, canto e encanto com a minha história... Guarulhos – Espaço de muitos povos.
a
2 Ed. São Paulo: Noovha América Editora, 2009.
Consulte também as obras sugeridas ao longo desta publicação, mencionadas nos boxes “Para
Saber Mais”.
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