ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DO LIXO NA PRAIA DOS BÚZIOS, ILHA DE ITAPARICA - BA Salles¹ ², R. S.; Sales¹ ², A. B. L.; Bezerra¹ ³, J. T. F. ¹ UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Departamento de Educação, Campus VIII, Paulo Afonso, Bahia. 2- Graduandos em Engenharia de Pesca ([email protected]) 3- Licenciatura em Ciências Biológicas. RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar quali-quantitativamente o lixo encontrado na região supralitoral localizado a aproximadamente 1 metro do início da berma na Praia dos Búzios, Ilha de Itaparica, Bahia. A coleta foi realizada em 1,5 km de extensão, totalizando quatro amostragens entre os dias 04/01/2009 e 08/01/2009. Em cada amostragem, o lixo coletado foi acondicionado em sacos plásticos para posterior contagem e triagem, foi calculado o percentual de cada amostragem de resíduos plásticos, vidro, metal, papel e outros. No total foram coletados 3.321 itens, sendo o principal o plástico, com 74,2% (2.464 unidades), seguido pelo papel com 12,76% (424), outros como o isopor, a madeira e materiais provenientes da pesca artesanal com 8,34% (277), metal 3,4% (113) e vidro com 1,3% (43). Diante os resultados obtidos, ficou evidente, que o lixo encontrado na praia, tem origem dos próprios freqüentadores, sejam eles diaristas ou veranistas, e que esse mesmo lixo quando não é retirado pode chegar aos recifes de coral e ser transportado para outros pontos da praia pela maré, e que o item com maior representatividade foi o plástico em todas as quatro amostragens. Podendo notar uma causa de urgência da execução e ações que visem solucionar a causa do lixo na praia dos Búzios. Palavras Chave: Resíduos Sólidos, Praia dos Búzios, Meio Ambiente INTRODUÇÃO Ao longo do tempo, as civilizações sempre produziram detritos sólidos, porém inicialmente esses resíduos eram de fácil reassimilação pela natureza, por se tratarem basicamente de materiais de rápida decomposição (Araújo, 2003). A modificação na quantidade e composição do lixo foi determinada essencialmente pelo processo de industrialização, o que acarretou profundas alterações nos hábitos de consumo da sociedade. A poluição desconhece fronteiras. O lixo produzido localmente, quando atinge um rio, por exemplo, pode viajar quilômetros, chegar ao mar e rapidamente se espalhar (por ação dos ventos e correntes) para outras regiões. Além disso, o acúmulo de resíduos sólidos em uma área pode contaminar o solo local e adjacente, os lençóis freáticos, rios, lagos e mares (WHO/EHG, 1997). O Brasil possui 7.408 km de extensão de linha de costa, o que gera uma área de aproximadamente 442.000 km² de zona costeira. Cinco das nove maiores regiões metropolitanas brasileiras encontram-se a beira mar, o que significa 15% da população do país. Os 70 milhões de habitantes da zona costeira geram cerca de 56.000 toneladas/dia de lixo, sendo coletadas apenas 42.000 toneladas (Cnio, 1998). O município de Itaparica está situado na Baía de todos os Santos à 14 km da capital Salvador, possuindo aproximadamente 35 km² de área. O seu litoral limita-se ao norte e ao leste pelo Oceano Atlântico, ao sul por Vera Cruz e a oeste por Salinas das Margaridas. E uma altitude média de 2 metros do nível do mar. Com uma população de cerca de 22.000 habitantes (Bahiatursa, 2008). Assim, o trabalho visou caracterizar quali-quantitativamente o lixo encontrado na região supralitoral localizado a aproximadamente 1 metro do início da berma de praia compreendido na praia dos Búzios (Ilha de Itaparica – BA). MATERIAIS E MÉTODOS As amostragens foram realizadas na Praia dos Búzios na Ilha de Itaparica, com coleta em busca intensiva num total de 1,5 km de extensão. Foram efetuadas quatro amostragens na área nos dias 04/01/2009 e 08/01/2009. Em cada amostragem o lixo coletado foi acondicionado em sacos plásticos para posterior contagem e em seguida foi calculado o percentual de cada amostragem de resíduos plásticos, vidro, metal, papel e outros como o isopor e a madeira. RESULTADOS E DISCUSSÕES Num total de 1,5 km de extensão de berma foram coletados 3.321 unidades, composto principal por plástico com 74,2% (2464 unidades), seguido pelo papel com 12,76% (424), outros como o isopor, madeira e materiais provenientes da pesca artesanal com 8,34% (277), metal com 3,4% vidro e por fim o vidro com 1,3% (43) (Figura 1). Observou-se que boa parte do lixo encontrado no local é devido à pesca artesanal realizada de forma não consciente dos pescadores da região, onde os mesmos descartam seus apetrechos de pesca ao mar (Figura 2 A, B e C). O diarista provavelmente não se preocupa com o destino final dos resíduos decorrentes de sua estadia na praia, ou pela ignorância com relação aos efeitos do lixo no ambiente, ou por que é mais cômodo deixá-lo no próprio local do que procurar uma lixeira para depositá-lo. A evidente supremacia dos plásticos em relação aos outros componentes do lixo já foi relatada por inúmeros outros autores em trabalhos semelhantes realizados nas praias de diversos países (Debrot et al. 1999; Garrity e Levings, 1993; Ross et al. 1991), e portanto, reflete um padrão mundial. Os plásticos apresentam uma série de características (produção crescente, difícil degradação, fácil dispersão e ampla disseminação) que os fazem hoje, um dos cinco tipos de poluição marinha candidatos a ser alvo de monitoramento permanente a nível mundial (Gregory, 1999). C Figura 2 - A Resíduos sólidos deixados na praia pelos diaristas; B - Acúmulo dos resíduos na região de berma de praia; C - Resíduos sólidos jogados nas proximidades de barracas de praia na praia dos Búzios, Ilha de Itaparica-BA no período de 04/01/09 à 08/01/09. CONCLUSÕES Diante os resultados obtidos, ficou evidente, que o lixo encontrado na praia, tem origem dos próprios freqüentadores, sejam eles diaristas ou veranistas, e que esse mesmo lixo quando não é retirado pode chegar aos recifes de coral e ser transportado para outros pontos da praia pela maré. O item com maior representatividade foi o plástico em todas as quatro coletas. Podendo notar uma causa de urgência da execução e ações que visem solucionar a causa do lixo na praia dos Búzios. Foto: Salles (2009) B Foto: Salles (2009) A Foto: Salles (2009) Figura 1 - Percentuais (%) de resíduos sólidos na praia dos Búzios, Ilha de Itaparica-BA no período de 04/01/09 à 08/01/09. REFERÊNCIAS ARAÚJO, M. C. B., & COSTA, M. F. 2003. Análise quali-quantitativa do lixo deixado na Baía de Tamandaré – PE - Brasil por excursionistas. Gerenciamento Costeiro Integrado, 3 (1): 58-61. C.N.I.O. Comissão Nacional Independente Sobre os Oceanos. O Brasil e o mar no século XXI.Relatório aos Tomadores de Decisão do País. Rio de Janeiro. 1998. DEBROT, A. O.; TIEL, A. B.; BRADSHAW, J. E. 1999. Beach debris in Curacao. GARRITY, S. D.; LEVINGS, S. C. 1993. Marine debris along the Caribbean coast of Panama. Marine Pollution Bulletin, 26 (6): 317-324. GREGORY, M. R. 1999. Plastics and South Pacific Island shores: environmental implications. Ocean Coastal Manegement, 42 (6-7): 603-615. WHO/EHG/ 1997. Health and Enviroment in sustainable development: Five years after the Earth summit. WHO, Geneva.