1 SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE PÚBLICA GISELDA PASSOS GIAFFERIS, graduada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade do Sagrado Coração de Jesus–USC/Bauru (1988), Mestrado em Planejamento Urbano e Regional: Assentamentos Humanos pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP/Bauru (1999), especialização em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo-USP (2000), especialização em Engenharia em Saneamento Básico pela Universidade de São Carlos-UFSCAR (2001), Química do Departamento de Água e Esgoto de Bauru-DAE (1). PROF. DR. JOÃO SÉRGIO CORDEIRO. Departamento de Engenharia Civil, Hidráulica e Saneamento, Universidade Federal de São Carlos- UFSCAR. RESUMO Este trabalho tem a finalidade de mostrar a importância dos serviços de saneamento básico, junto aos indicadores de saúde e que a sua não aplicação gera os prejuízos à saúde pública. O conceito de saúde preconizado pela OMS é: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou defeito.” Quando a água não recebe o tratamento adequado, o prejuízo à saúde pública é enorme e muitas vezes irreparável, com a perda de tantas vidas humanas, principalmente de crianças inocentes. Os maiores problemas sanitários que afetam a população mundial estão diretamente ligados ao meio ambiente. Segundo GRILLO E NOGUEIRA (1998), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou dados que, o Brasil tem 3,6 milhões de famílias sem água tratada (2%) e 9,1 milhões de moradias sem esgoto sanitário. O maior problema é que desse total de casas sem esgoto, a maioria absoluta (91,2%) concentra-se nos municípios com até 50 mil habitantes. Dos 5.507 municípios brasileiros, 5.027 não têm ou têm saneamento apenas em alguns bairros, muitos estão na lista dos municípios mais pobres atendidos pelos programas da Comunidade Solidária. HÉLLER (1997), menciona as diarréias, que com mais de 4 2 bilhões de casos por ano, é a doença que mais aflige, atualmente a humanidade. Segundo PHILIPPI JR (1992), a evolução destes conceitos forma sistemas de organização coletiva, denominados Sistemas de Saneamento, que são: Sistemas de abastecimento de água, Sistemas de esgotos sanitários, Sistemas de drenagem urbana, Sistemas de limpeza pública, Sistemas de controle de poluição do ar, das águas e do solo. A crise ambiental global é um desafio para todos os países no próximo século. Por isso as palavras de ordem são: preservar e promover. Preservar os recursos naturais e promover o desenvolvimento justo, permitindo a melhor qualidade de vida sob todos os aspectos. PALAVRA-CHAVE: Saúde pública, saneamento, saúde e saneamento. 1. INTRODUÇÃO. Este trabalho tem a finalidade de mostrar a importância dos serviços de saneamento básico, junto aos indicadores de saúde e que a sua não aplicação gera os prejuízos à saúde pública. O homem com os avanços tecnológicos pode em contrapartida atenuar as dificuldades de sua adequação junto à natureza. Nos últimos dez anos reconheceu-se mundialmente, que a promoção e proteção da saúde são determinadas, pela qualidade do ambiente, entre outros fatores, atingindo o mais amplo contexto, (PHILIPPI JR, 1992). Segundo a Organização Mundial da Saúde-OMS (1978), a Constituição da OMS define: “o gozo de melhor estado de saúde constitui um direito fundamental de todos os seres humanos, sejam quais forem suas raças, suas religiões, suas opiniões políticas, suas condições econômicas e sociais. Saúde é um 3 estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas pela ausência de doenças.” Os efeitos favoráveis e desfavoráveis na saúde são condicionados pela qualidade dos vários componentes do meio físico, como: a água, o ar, o solo, os alimentos e o habitat. Por outro lado, os fatores antropológicos, sócioeconômicos, culturais e políticos influenciam o estado de saúde das populações, exercendo a sua ação, direta ou indiretamente, através da qualidade do ambiente físico que induzem, (PHILIPPI JR, 1992). Os maiores problemas sanitários que afetam a população mundial estão diretamente ligados ao meio ambiente. HÉLLER (1997), menciona as diarréias, que com mais de 4 bilhões de casos por ano, é a doença que mais aflige, atualmente a humanidade. Segundo HÉLLER (1997), a falta de instrumentos de planejamento relacionados à saúde pública é uma importante lacuna em programas governamentais no campo do saneamento no Brasil. As empresas de saneamento básico que no início da década de 1970 foram criadas com caráter eminentemente de construção de obras de água e esgotos, vem adquirindo consciência do seu papel de agentes de saúde e instrumento de política social, (MARTINS et al., 2001). Toda esta situação tem sido avaliada por técnicos e pelo próprio poder público, onde este último têm se manifestado legalmente e institucionalmente, com programas de saneamento básico, (HÉLLER, 1997). Entre 1950 e 2000 a população mundial aumentou de 2,5 bilhões para 6,1 bilhões, um acréscimo de 3,6 bilhões, conforme REVISTA BIO (1997). 4 Embora as taxas de nascimento tenham caído em quase todo o mundo, projeções recentes demonstram que a população deverá crescer para 8,9 bilhões até 2050, um acréscimo de 2,8 bilhões. Conforme HÉLLER (1997), a Lei Estadual nº 11720 de 28/12/94, relativa à política estadual de saneamento, determina que esta política considerará a adoção de indicadores e parâmetros sanitários, epidemiológicos e sócioeconômicos como norteadores das ações de saneamento básico. Todos os países clamam por uma postura diferente na gestão das políticas públicas, e que a participação popular, o controle social e o exercício da democracia, sejam componentes indispensáveis. O Projeto de Lei Federal 4.147/2000, inclui em suas diretrizes nacionais para o saneamento básico, no Capítulo V, regras que considerem na definição das metas nacionais, disparidades sociais e regionais, especialmente com relação aos riscos sanitários, epidemiológicos e ambientais. As empresas deverão passar a considerar indicadores de saúde pública para avaliação da eficiência das suas ações em suas áreas de atuação. Desta forma torna-se relevante buscar como objetivos deste trabalho: 1) mostrar a íntima relação entre saneamento básico e a saúde pública; 2) indicar o impacto causado sobre a saúde da população a falta de ações no saneamento. 2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO. 5 2.1. Evolução histórica da saúde ambiental. O reconhecimento da importância do saneamento e de sua associação com a saúde do homem remonta às mais antigas culturas. Ruínas de uma grande civilização, que se desenvolveu ao norte da Índia há cerca de 4.000 anos atrás, indicam evidências de hábitos sanitários, incluindo a presença de banheiros e de esgotos nas construções, além de drenagem nas ruas (ROSEN, 1994). HÉLLER (1997) apud KOTTEK escreveu: “O próprio Velho Testamento apresenta diversas abordagens vinculadas às práticas sanitárias do povo judeu, como por exemplo, sobre a importância do uso da água para limpeza de roupas sujas, que podem levar à doenças como a escabiose. Em função desta visão, cuidados como a garantia de que os poços fossem mantidos tampados, limpos e distantes de possíveis fontes de poluição e de árvores, são mencionados naquela obra.” A USEPA (1990) cita que existem relatos do ano de 2.000 a.C., de tradições médicas na Índia, recomendando que a água impura deve ser purificada, pela fervura sobre um fogo, pelo aquecimento no sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela, ou pode ainda ser purificada por filtração em areia ou cascalho, e então resfriada. A saúde pública pode ser considerada como tendo início quando o homem se apercebeu, que da vida em comunidade resultavam perigos especiais para a saúde dos indivíduos e foi descobrindo consciente e inconscientemente, meios de reduzir e evitar esses perigos. 6 De acordo com HÉLLER (1997) apud FERREIRA, “a experiência prática evoluiu para medidas e hábitos; estes para regras e leis e, finalmente, para a construção de um esboço, mesmo incipiente, de uma atuação coletiva, constituindo a saúde pública.” A partir do século IV a.C., através de livros considerado um tratado da ecologia humana, mostra o primeiro esforço sistemático para apresentar as relações causais entre os fatores do meio físico e as doenças. Essa obra forneceu sustentáculos teórico para a compreensão das doenças endêmicas e epidêmicas, permanecendo suas postulações sem mudanças fundamentais até o século XIX, (ROSEN, 1994). O avanço das práticas sanitárias coletivas, a par do aludido desenvolvimento conceitual do tema, encontrou sua expressão mais marcante na Antigüidade, nos aquedutos, banhos públicos, termas e esgotos romanos, tendo como símbolo histórico a conhecida Cloaca Máxima de Roma, (HÉLLER,1997). Ainda HÉLLER (1997), em 1854, já era comprovado cientificamente a associação entre a fonte de água consumida pela população de Londres e a incidência de cólera, como um fato histórico de saúde pública. Nessa situação, influentes sanitaristas, como Chadwick, já defendiam a importância do saneamento, fundamentados na teoria miasmática. A implantação de sistemas coletivos de saneamento, iniciado no século passado, mostra um progressivo reflexo positivo sobre a saúde. De acordo com HÉLLER (1997), no estado de Massachusetts (Estados Unidos da América), o decréscimo da mortalidade por febre tifóide e a diminuição da parcela populacional sem acesso ao abastecimento de água, 7 apresentaram uma tendência histórica no período 1885 a1940, com impressionante similaridade. A partir da década de 50, o crescimento urbano foi acelerado com uma periferia física e sócio-econômica que avança desastrosamente, sobre os espaços vitais da cidade, como as áreas de proteção aos mananciais, que correspondem a 36% da área do município, ocupadas por um milhão de habitantes em condições muito precárias de saneamento, conforme PHILIPPI JR (1992). A saúde e o bem-estar é fundamental para o resultado da ação combinada da sociedade no ambiente físico e social. Na década de 1960 verificou-se uma certa plerplexidade diante da constatação quanto às dificuldades em se detectarem os benefícios do saneamento com a saúde, e surgiram até mesmo dúvidas quanto à sua existência. HÉLLER (1997) apud BRISCOE et al., que “em meados da década de 1970 predominava a visão de que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos países em desenvolvimento, resultariam na redução das taxas de mortalidade, a exemplo dos países industrializados no século passado. A política para a área da saúde, vinda dos órgãos internacionais de fomento, excluiu dos programas de atenção primária à saúde tais intervenções. O argumento era de que o custo de cada disfunção infantil, prevenida por meio de programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, seriam muito superior ao custo correspondente ao de outras medidas de atenção primária, como terapia de reidratação oral, vacinas, tratamento contra a malária e o aleitamento materno.” A argumentação econômica, de acordo com HÉLLER (1997), empregada para privilegiar essas ações em detrimento com as intervenções 8 ambientais, equivocadamente considera os custos brutos dos programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário e não seus custos líquidos. “A partir da Década Internacional do Abastecimento de Água e do Esgotamento Sanitário, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o período 1981 a 1990, foi que se construiu uma compreensão mais aprofundada da relação entre condições sanitárias e saúde.”, segundo HÉLLER (1997) apud HUTTLY. A partir da década de 80, com essas motivações os estudos foram sendo desenvolvidos, buscando formular mais rigorosamente mecanismos responsáveis pelo comprometimento das condições de saúde da população, na ausência de condições adequadas de saneamento. 2.2. Doença, Saúde pública e epidemiologia. “Doença é o desajustamento ou falha nos mecanismos de adaptação do organismo, ou uma ausência de reação aos estímulos, a cuja ação está exposto.”, conforme ROUQUAYROL (1988) apud JEWICEK E CLEROUX. A evolução do processo saúde-doença ocorre quando o homem interage a um estímulo, que pode ser um agente infeccioso, uma substância química, uma situação ambiental e responde com modificações dos tecidos, a que se segue o aparecimento de sinais e sintomas, até que a doença seja extinta pelo tempo ou por um tratamento, (MUDADO MALETTA, 1988). O conceito de saúde preconizado pela OMS é: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença 9 ou defeito.” Conforme NATAL (2000), trata-se de um conceito amplo, pois aborda além do componente físico, a inserção do homem no ambiente social e sua estabilidade psicológica. Em suma, o conceito extrapola o sistema corpóreo. Nesse sentido, a exclusão social pode ter muito a ver com a doença e uma pessoa vivendo essa situação, naturalmente não seria saudável. De acordo com PHILIPPI JR. (1992), tanto a saúde como a doença encerram problemas, que a Saúde Pública se encarrega de prevenir a doença, orientando não apenas o homem doente, mas também o homem são e investigando as causas das doenças que existem no ambiente que o rodeia. Saúde Pública conforme PHILIPPI JR. (1992), é a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. Na saúde pública a abordagem é mais complexa, pois estamos interessados não na saúde individual, mas na saúde coletiva. Tem como colaboradores principais, a medicina preventiva, social e o saneamento do meio. De acordo com que define PAIM (1980). A expressão Saúde Pública pode dar margem a muitas discussões quanto sua definição, campo de aplicação e eventual correspondência com noções veiculadas, muitas vezes, de modo equivalente, tais Social/Preventiva/Comunitária”, como “Saúde “Higienismo”, Coletiva”, “Sanitarismo.”Em “Medicina geral a conotação veiculada pela instância da Saúde Pública, costuma referir-se a formas de agenciamento político/governamental (programas, serviços, instituições) no sentido de dirigir intervenções voltadas às denominadas “necessidades sociais de saúde”. 10 Conforme PHILIPPI JR. (1992), a medicina preventiva, que se distingüe da medicina curativa, atua através do exame periódico, da imunização, da educação sanitária e de outras medidas. Segundo FRENK (1992), pode-se identificar em torno de cinco conotações diferentes em que a expressão “saúde pública” é empregada, sem incluir hibridismo: o termo pública equivale ao setor público, governamental; pode incluir a participação da comunidade organizada, o “público”; identifica-se aos serviços dirigidos à dimensão coletiva, como por exemplo o saneamento; acrescenta ao anterior serviços pessoais dirigidos a grupos vulneráveis, como por exemplo programas de saúde materno infantil; refere-se a problemas de elevada ocorrência e/ou ameaçadores. A saúde tem sido uma batalha contínua em que o homem está empenhado para manter um balanço positivo contra as forças biológicas, físicoquímicas, mentais e sociais que tendem a romper este equilíbrio. Segundo NATAL (2000), a vida em nosso planeta é altamente organizada, obedecendo um espectro biológico. Do mais simples ao mais complexo temos: protoplasma, célula, tecido, órgão e organismo. Poderíamos parar por aí e dizer que os organismos são as unidades que atingiram o ponto máximo da organização. Mas, uma simples análise nos leva a acreditar que os organismos não vivem sozinhos, pois necessitam uns dos outros da mesma espécie e em conjunto compõem uma população. Populações de diferentes espécies se inter-relacionam e formam as comunidades. Mas, as comunidades não estão soltas no espaço, pois ocupam um lugar representado pelo ambiente. Quando discutimos as inter-relações do ambiente com as comunidades e vice-versa, estamos falando 11 em ecossistema. Uma vez mais, em nosso planeta, os ecossistemas não estão isolados, pois uns se relacionam e até mesmo trocam materiais com os outros. Não é difícil acreditar que a Terra é coberta por um mosáico de ecossistemas. A somatória de todos os ecossistemas que envolvem o planeta constitui o conceito de biosfera. Isso, nada mais é que os espaços onde a vida é possível no ambiente terrestre. A doença é um problema de saúde pública quando é causa frequente de morbidade e mortalidade, quando existem métodos eficientes para a sua prevenção e controle, mas esses métodos não são adequadamente empregados pela sociedade, quando ao ser objeto de campanha destinada ao controle, ocorre pela sua persistência com pouca ou nenhuma alteração, (NATAL, 2000). Já a epidemiologia é bastante antropocêntrica, pois se preocupa com a saúde do homem. De acordo com NATAL (2000), poderíamos nos contentar com o nível de população humana e dizer que já seria suficiente, não necessitando de uma abordagem ecológica mais complexa? Ficaria difícil, pois embora a preocupação central seja a saúde da população humana, no relacionamento de nossa espécie com outras populações (conceito de comunidade) pode surgir muitos agravos como zoonoses, parasitoses, doenças transmitidas por vetores, acidentes com animais peçonhentos, etc. Quando nossa população e outras se relacionam com o ambiente (conceito de ecossistema), uma série de fatores podem atuar como determinantes da saúde ou da doença, como: clima, topografia, posição geográfica, insolação, fenômenos naturais (terremotos, furacões e tornados), etc. Até uma preocupação com a biosfera torna-se cada vez mais 12 importante, à medida que se compreende que o homem, através da poluição pode provocar mudanças na camada de ozônio e no teor de gás carbônico atmosférico, colocando a vida na Terra sob novos riscos. Existem numerosos agravos à saúde e doenças que afetam o homem. Numa dada área geográfica, algumas doenças emergem como problema de Saúde pública, (NATAL, 2000). NATAL (2000) define que epidemiologia ocorre pelo desdobramento de três componentes derivados do grego, sendo que epi significa sobre (entende-se a ocorrência de algum processo sobre a população), demio corresponde à população afetada por algum processo mórbido, logia relaciona-se a estudo. Nesse sentido, epidemiologia seria o estudo de algum processo que ocorre sobre a população, que pode ser interpretado tanto como a doença que incide ou como fatores determinantes que agem. A epidemiologia não se preocupa apenas com o efeito doença, mas volta-se à busca de seus determinantes. A pesquisa da associação entre indicadores de saúde e condições de saneamento empregando dados secundários, sobretudo através de estudos ecológicos, apresenta significativo potencial, em vista da disponibilidade desses dados. É necessário uma avaliação criteriosa prévia da confiabilidade das fontes secundárias (HÉLLER E ARAÚJO, 1999). 2.3. Serviços de saneamento básico. Segundo PHILIPPI JR. (1992), a fixação do homem em qualquer região está intimamente vinculada à disponibilidade, quantitativa e qualitativa, da 13 energia necessária à sua subsistência: luz solar, ar, água e alimento. A eficiência do homem ao consumir energia não é total, resultando desta utilização diversos tipos de resíduos, entre os quais predominam o esgoto e o lixo. O instinto que conduz o homem a ficar próximo das fontes de energia, não se propaga suficientemente para imbuí-lo da necessidade de afastar seus resíduos. Este comodismo natural, de acordo com PHILIPPI JR. (1992), possibilita um contato íntimo entre as fontes de energia e os resíduos, e o homem se submete paulatinamente, ao consumo de energias impuras, cujas proporções podem se tornar indesejáveis à vida. O agravamento das condições de salubridade de uma comunidade pode atingir níveis inadequados, prejudiciais à saúde e ao desenvolvimento da comunidade. Neste estágio, o instinto de autoconservação das comunidades mais evoluídas reage com a implantação de medidas destinadas à correção das causas interferentes na qualidade e quantidade das fontes de energia, (PHILIPPI JR, 1992). O rápido crescimento urbano concentrou populações de baixo poder aquisitivo, em periferias carentes de serviços essenciais de saneamento. Isso contribuiu para gerar poluição concentrada, sérios problemas de drenagem agravados pela inadequada disposição do lixo, assoreamento dos corpos d’água e conseqüente diminuição das velocidades de escoamento das águas, (PHILIPPI JR., 1992). A quantidade de água doce produzida pelo ciclo hidrológico é hoje basicamente a mesma que em 1950 e deverá ser a mesma em 2050, de acordo com REVISTA BIO (1997). 14 Os números populacionais continuam a aumentar, enquanto que os sistemas da Terra não. Na medida em que a população cresce, o suprimento per capita cada vez menor desses recursos naturais, ameaçam não apenas a qualidade de vida, mas em certas situações até mesmo a própria vida. Segundo GRILLO E NOGUEIRA (1998), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou dados que, o Brasil tem 3,6 milhões de famílias sem água tratada (2%) e 9,1 milhões de moradias sem esgoto sanitário. O maior problema é que desse total de casas sem esgoto, a maioria absoluta (91,2%) concentra-se nos municípios com até 50 mil habitantes. Dos 5.507 municípios brasileiros, 5.027 não têm ou têm saneamento apenas em alguns bairros, muitos estão na lista dos municípios mais pobres atendidos pelos programas da Comunidade Solidária. Esta situação do saneamento no Brasil tem consequências graves para a qualidade de vida da população, principalmente as mais pobres, residente na periferia das metrópoles ou nas pequenas e médias cidades do interior. A população diretamente afetada são as crianças, (ESGOTO É VIDA, 2001). O Quadro 1 mostra o déficit de saneamento básico no Brasil em 1998. QUADRO 1 – Carência de saneamento básico no Brasil em 1998. Déficit na oferta de saneamento básico no Brasil (1998) Área Nº de domicílios Domicílios não atendidos por Domicílios não atendidos com rede geral de água coleta de esgoto sanitário (em mil) (em mil) % (em mil) % Urbana 33.994 3.891 11,4 16.608 48,9 Rural 6.489 6.489 82,7 6.609 84,2 15 Total 10.380 10.380 24,8 23.217 55,5 Nota: na área rural, o déficit em esgoto é determinado pela inexistência de rede e fossa séptica, (IBGE, PNAD 1998 citado por ESGOTO É VIDA). Estudos feitos pelo Departamento de Saneamento da Escola Nacional de Saúde Pública-ENSP (2001), indicam que quando é feita uma intervenção sanitária (instalação de esgoto sanitário ou de rede de água) em uma região, há redução média de 21% nos índices de mortalidade infantil. Os dados citados por ESGOTO É VIDA (2001) apud IBGE em 1998, 65% das internações hospitalares de crianças menores de 10 anos estão associadas à falta de saneamento básico. Este é o fator principal, responsável pela morte por diarréia de menores de 5 anos no Brasil. O MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS) (1997), relata que 50 pessoas morreram por dia no Brasil vitimadas por enfermidades relacionadas à falta de saneamento básico, sendo 40% crianças de 0 a 4 anos de idade. Vinte crianças de 0 a 4 anos morrem por dia ou uma criança de 0 a 4 anos morre a cada 72 minutos no Brasil, por falta de saneamento básico, mais precisamente por falta de esgoto sanitário. ESGOTO É VIDA (2000) mostra os da dos da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) de 2000, onde diz que os investimentos em saneamento básico têm efeito direto na redução dos gastos públicos com serviços de saúde. Para cada R$ 1,00 investido no setor de saneamento básico, economiza-se R$ 4,00 na área de medicina curativa. Segundo PHILIPPI JR (1992), a evolução destes conceitos forma sistemas de organização coletiva, denominados Sistemas de Saneamento, que são: Sistemas de abastecimento de água, Sistemas de esgotos sanitários, Sistemas de 16 drenagem urbana, Sistemas de limpeza pública, Sistemas de controle de poluição do ar, das águas e do solo. Alguns modelos têm sido propostos para explicar a relação entre ações de saneamento e saúde. A compreensão sanitária do abastecimento de água e do esgotamento sanitário são ações reconhecidas por alguns autores. Nesta linha também encontram-se como medida importante, a drenagem pluvial e a disposição de resíduos sólidos. Os efeitos positivos que o saneamento básico traz a uma população são inúmeros e os investimentos em esgotamento sanitário tem um forte impacto sobre a economia dos municípios, (ESGOTO É VIDA, 2001). 2.3.1. Sistema de Abastecimento de água. A água é um bem comum que precisa ser preservado, pois é finito, principalmente quanto a sua potabilidade. Uma das tendências menos visível, configurando nosso futuro, é a queda dos lençóis freáticos. De acordo com REVISTA BIO (1997), embora os problemas com a irrigação, como a saturação, sanilização e assoreamento venham de milhares de anos, a exaustão dos aquíferos é um problema novo. Na última metade do século, bombas possantes a óleo diesel e elétricas viabilizaram a extração da água subterrânea, num rítmo que excede a recarga natural da chuva e o degelo da neve. O excesso de bombeamento de aqüíferos na China, Índia, África do Norte, Arábia Saudita e Estados Unidos, excede 160 bilhões de toneladas de água por ano, (REVISTA BIO, 1997). 17 Oa mananciais superficiais, principalmente nas grande e médias cidades todos estão completamente poluídos, em virtude dos lançamentos de esgotos sem tratamento. A partir de 2002, todos que utilizam água, seja superficial ou subterrânea, seja captada ou utilizando o manancial para despejo, deverão pagar por ela. A arrecadação ficará nos Comitês de bacias hidrográficas e será investido exclusivamente em recuperação e preservação dos recursos hídricos. Quase metade da população mundial, carece de meios aceitáveis de saneamento e praticamente um quinto, não dispõe adequadamente de abastecimento de água, conforme REVISTA BIO (1997). As principais alterações da qualidade da água de um recurso hídrico estão relacionadas ao crescimento ou adensamento das populações urbanas, à expansão industrial e aos usos diferentes do solo da bacia. a contaminação é a denominação genérica das conseqüências da poluição, tais como os efeitos da introdução de substâncias ou de organismos nocivos no recurso hídrico, causando doenças no ser humano. Segundo BATALHA e COSTA (1994) em 1848, John Snow demonstrou a correlação entre a água para consumo humano e doenças por meio de mapeamento e técnicas de levantamento. Seguindo a sua intuição científica, de que a cólera existente em algumas regiões de Londres estava relacionada a impurezas presentes na água utilizada para consumo humano, indicou num mapa os casos de morte por cólera e examinou a área próxima ao domicílio. Ele demonstrou que as residências abastecidas pela água de um rio que recebia descargas de esgotos domésticos a montante, apresentavam uma taxa de 18 mortalidade por cólera seis vezes mais acentuadas, do que aquelas residências que se utilizavam da água antes do lançamento dos esgotos. Pela simples remoção do local de bombeamento, iniciou a ciência da epidemiologia analítica e constatou a possibilidade de a água servir como veículo para a transmissão de doenças. A adoção de técnicas de tratamento da água, como a filtração e cloração, tornou-se relativamente seguro o emprego das fontes de abastecimento de água, pois a poluição dos mananciais ainda não tinha provocado a deterioração da qualidade dos dias de hoje. Com a rápida implantação dos sistemas de abastecimento, a ocorrência de epidemias transmitidas pela água caiu a níveis muito baixos nos países que executaram seus programas de saneamento, (BATALHA E COSTA, 1994). Segundo a OMS em 2000 foi constatado que 80% de todas as doenças que se alastram nos países de Terceiro Mundo são provenientes de água contaminada. Sabe-se que, a diarréia é responsável pelos elevados índices de mortalidade na América Latina e no Caribe, provocando cerca de 200 mil mortes a cada ano, cifra esta lamentavelmente muito superior se incluída a febre tifóide e a hepatite. No período compreendido entre 1971 e 1974 nos Estados Unidos, 65% das doenças transmissíveis pela água tiveram como origem deficiências no tratamento, tais como: cloração inadequada ou a sua interrupção, (BATALHA e COSTA, 1994). Em 1981, constatou-se uma epidemia provocada por cistos de Giardia lamblia no sistema público de abastecimento de água de Highland, Califórnia. Segundo BATALHA E COSTA (1994), os principais fatores que 19 contribuíram para a presença de cistos no sistema distributivo foram: drástica redução da concentração e tempo de contato do cloro (estudos demonstraram que cistos da Giardia lamblia é sensível à ação de 2 mg/l de cloro num pH entre 6 e 7 e tempo de contato de 60 minutos) provocada por falhas no bombeamento, deficiências de projeto como ausência de tratamento químico, isto é, coagulação e floculação antes da sedimentação, aplicação não apropriada de água bruta nos filtros e falhas no monitoramento, que potenciaram a epidemia, (BATALHA E COSTA, 1994). A expansão das doenças infecciosas transmitidas pela água está sob controle nos países desenvolvidos, a menos que ocorram falhas operacionais, tornando-se o grande problema desta década a contaminação dos cursos d'água, pelas substâncias química e a incapacidade dos sistemas convencionais em removêlas. De acordo com BATALHA E COSTA (1994), com as múltiplas atividades dos seres humanos, executadas tanto no seu micro como no seu macro ambiente, aliadas ao crescimento e à mentalidade da sociedade de consumo, geraram a dispersão ambiental das substâncias químicas, em maior intensidade as orgânicas e numa menor as inorgânicas, na sua maioria não detectáveis pelos atuais métodos analíticos, alterando a qualidade dos mananciais. Com isso, entraram em cena novos riscos à saúde dos seres humanos, cujas conseqüências a curto e a longo prazo podem provocar efeitos cancerígenos, mutagênicos ou teratogênicos. Os compostos organoclorados estão entre os conhecidos ou suspeitos de ocasionar câncer em experimentos com animais, podendo estar presentes na água de consumo humano. 20 As entidades sanitárias como a OMS e a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), vêm alertando para a necessidade de limitar o contato humano aos agentes tóxicos, bem como, do imperativo de manter as doenças transmissíveis em níveis reduzidos. Segundo estimativas, existem cerca de 4 milhões de diferentes substâncias químicas resultantes da atividade humana e deste total, cerca de 60 mil possuem uso comum, as quais uma vez no ambiente, experimentam uma série de transformações físicas e químicas, inclusive a combinação com outros produtos químicos que intensificam ou diminuem a sua toxicidade aos seres humanos e organismos vivos (BATALHA E COSTA, 1994). O Brasil, e o Estado de São Paulo preocupam-se em extender o benefício de água e saneamento básico à expressiva porcentagem da população. Nesta ânsia de produzir e distribuir quantidade, a qualidade da água e dos serviços em geral não foram pensados com o mesmo grau de preocupação. No Brasil apesar de existir uma determinação do Ministério da Saúde estabelecendo a obrigatoriedade do controle da qualidade da água para consumo humano dos sistemas públicos, a legislação quase nunca é cumprida. Pode-se até dizer que são muito raros os sistemas de abastecimento dotados com este tipo de preocupação, muitas vezes pelo conhecimento de uma metodologia operacional, (BATALHA E COSTA, 1994). Ainda BATALHA e COSTA (1994), definem as doenças transmitidas pela água podem ser agrupadas em dois grupos: doenças de transmissão hídrica e doenças de origem hídrica. As doenças de transmissão hídrica são aquelas em que a água é um importante meio de transmissão de doenças, notadamente do aparelho intestinal. Os microorganismos denominados patogênicos 21 e que são responsáveis pela transmissão de doenças, atingem a água com os excretas de pessoas ou de animais infectados, provocando as doenças de transmissão hídrica. As doenças de origem hídrica são aquelas causadas por substâncias que possuem propriedades tóxicas quando presentes na água em proporção superior a certos limites específicos. As principais substâncias são: arsênico, bário, cádmio, chumbo, selênio, manganês, nitrato, fenóis e outros. BATALHA E COSTA (1994), relatam que as principais doenças veiculadas pela água são as que a água tem grande importância e tem como agente infeccioso: a) bactérias: cólera, febre tifóide, febre paratifóide e desinteria bacilar; b) protozoários: amebíase ou desinteria amebiana; e c) verme: esquistossomose. As doenças em que a água tem menor importância são: a) vírus: hepatite infecciosa, poliomielite e b) teor excessivo de substâncias químicas: saturnismo (excesso de chumbo). Existem algumas condições que representam importantes indícios de comprometimento da qualidade da água dos sistemas individuais de abastecimento, segundo BATALHA E COSTA (1994). Certas situações isoladas ou em conjunto podem contribuir para tornar imprópria uma água destinada ao consumo humano e cujo reconhecimento pode ser inferido a partir da existência dos seguintes sintomas: a) persistência de doenças, especialmente as relacionadas com os intestinos; b) proximidade de privadas, fossas, currais, estábulos, chiqueiros ou plantações; c) inexistência de cobertura, proteção e com possibilidades de inundação; 22 d) proximidade de depósitos de lixo; e) ausência de valetas divisoras de águas pluviais e de cercados para impedir o acesso de animais; f) localização em áreas densamente povoadas e onde não existe sistemas de esgotos sanitários; e g) emprego das mãos ou vasilhames contaminados para retirar a água. Para que o manancial de onde aflora a nascente mantenha-se em estado de controle, ou seja, sem proporcionar risco à saúde, BATALHA E COSTA (1994) orientam que torna-se necessário: a) localização das instalações sanitárias em cota mais baixa do que a fonte ( no mínimo 30 metros de qualquer instalação sanitária); b) inexistência na proximidade da nascente de águas provenientes de estábulos, chiqueiro, fossa, privada ou água de enxurradas; c) erradicação da vegetação na área de inundação da nascente e, ao mesmo tempo, estímulo ao reflorestamento como proteção contra a erosão; d) proibição da disposição final de resíduos sólidos, em qualquer ponto da área de proteção da nascente; e) construção de valetas divisoras para águas de enxurradas e de cercado para impedir o acesso de animais, a uma distância entre 8 a 10 metros da nascente; f) na construção da captação da nascente verificar a existência de: proteção do topo de caixa de areia e da tomada da água, por meio de uma soleira estanque, com uma coberta; dispositivo para descarga de fundo; meios para inspeção e, se necessário, escala de marinheiro; extravasor com tela e torneira para distribuição da água; equipamento para desinfecção da água, se houver condições; e 23 g) emprego das mãos ou vasilhames contaminados para retirar a água. Segundo a REUTERS (2000), a meta da OMS é reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso a água saneada no mundo até 2015, para obter como consequência direta a queda no número de mortes decorrentes de doenças transmissíveis pela água. O relatório feito em conjunto pela ONU, OMS, UNICEF e o Conselho Colaborativo para o Suprimento de Água e Saneamento (WSSCC), calcula que 2,4 bilhões de pessoas no mundo não têm esgoto e 1,1 bilhão de pessoas no mundo não recebem água. Mais da metade da população se acesso a essas necessidades estão na Ásia e na África. Essas pessoas representam entre 1/6 e 2/5 da população mundial. Nos dados mostrados pela REVISTA BIO (1997), o déficit provoca um aumento considerável do número de mortes e enfermidades relacionadas à falta de higiene e tratamento de água. Segundo a OMS as doenças que mais afetam a população sem acesso ao saneamento são a diarréia, os vermes intestinais e a cegueira por tracoma (conjuntivite contagiosa). Todo ano ocorrem 4 bilhões de casos de diarréia no mundo e 2,2 milhões de mortes. Verifica-se ainda, que 10% da população mundial têm parasitas intestinais, seis milhões de pessoas são cegas por causa de doenças infecciosas e 200 milhões sofrem de esquistossomose, (REVISTA BIO, 1997). Segundo dados da REVISTA BIO (1997), para reverter este problema, seriam necessários investimentos adicionais anuais de US$ 7 bilhões, ao longo dos próximos 25 anos. À primeira vista, pode parecer muito dinheiro, mas é menos de um décimo do que a Europa gasta anualmente em álcool e menos da metade do que os Estados Unidos consomem com rações para animais domésticos. 24 A tendência atual é garantir o acesso universal ao saneamento e à água até 2025. O objetivo do Conselho Mundial de Colaboração em Água Potável e Saneamento, órgão de assessoramento da OMS, é elaborar um programa mundial para fazer frente à situação. A idéia é que até 2015, pelo menos metade do déficit seja sanado, isto, na prática significa dotar 300 mil pessoas por dia com abastecimento de água e 400 mil com rede de esgoto. Dados do ESGOTO É VIDA (2001), diz que a porcentagem da população que conta com melhoria no acesso ao abastecimento de água cresceu de 79%, ou seja 4,1 milhões, índice registrado em 1999 para 82%, 4,9 milhões em 2000. No início de 2000, 1,100 milhões de pessoas, em escala mundial, ainda necessitam de abastecimento de água adequado. De acordo com TEIXEIRA (1997), o conceito moderno de tratamento da água para abastecimento público compreende um conjunto de procedimentos, realizados por meios de técnicas adequadas, cujo objetivo é alterar a qualidade da água de determinado manancial, adequando-a ao consumo humano, em termos sanitários, estéticos e econômicos. Estas alterações podem ser de natureza física, química e biológica e normalmente, promovem a remoção de determinados constituintes presentes na água a ser tratada, ou na adição de outros à mesma. O produto final deve apresentar características compatíveis com as diferentes utilizações a que se detina, ou seja, para a dessedentação, preparo de alimentos, higiene pessoal, limpezas diversas, recreação e outros, não acarretando riscos à saúde e podendo ser obtido a custos aceitáveis para a sociedade. 25 2.3.1.1. Importância qualitativa e quantitativa das características físicoquímicas e bacteriológica das águas. O porcentual de fornecimento de água tratada é a relação entre o número de domicílios abastecidos com água tratada e o número total de domicílios. Como é evidenciado, o saneamento básico é peça-chave quando se fala de saúde preventiva. Estima-se que 65% das internações hospitalares do sistema público de saúde refere-se a menores de 10 anos com doenças associadas à poluição hídrica, de acordo com dados da SANEPAR (2001), como se pode observar no gráfico da Figura 1. FIGURA 1 – Índice de fornecimento de água pela SANEPAR na cidade de Guarapuava-PR., (ACIG, 2000). 26 Além disso, estima-se que cada US$ 4 investidos em saneamento, representam uma economia de US$ 10 em saúde, segundo SANEPAR (2001). Segundo OLIVEIRA (1999), foi publicado no jornal “O Liberal”, em Belém do Pará, no norte do Brasil, que 200 mil pessoas, aproximadamente um sexto da população da cidade, não possuem água encanada em suas casas. Milhares de pessoas caminham diariamente, com latas e panelas para buscarem água nas torneiras públicas. A nocividade da água pode resultar de má qualidade ou de quantidade insuficiente. Segundo PHILIPPI JR. (1992), o fator quantidade tem tanta importância que a qualidade da água na prevenção de algumas doenças. A escassez da água dificultando a limpeza corporal e a do meio ambiente, permite a disseminação de enfermidades associadas à falta de higiene. Assim, a incidência de certas doenças diarréicas, do tipo shigelose, varia inversamente à quantidade de água disponível per capita., mesmo que essa água seja de qualidade muito boa. A tracoma, que ocorre em vastas áreas de zona rural brasileira, tem como uma das bases de sua profilaxia, o abastecimento d'água no domicílio, em quantidade para permitir o asseio corporal satisfatório. Também algumas doenças cutâneas e infecções por ectoparasitos, como os piolhos podem ser evitados ou atenuados onde existe conjugação de bons hábitos higiênicos e quantidade de água suficiente. Para uma água ter boa qualidade para consumo humano, esta tem que ser potável. Do ponto de vista da potabilidade, o conceito de pureza da água é totalmente diferente do conceito químico. Os padrões de potabilidade indicam ou 27 fixam os limites gerais aceitáveis para as impurezas contidas nas águas destinadas ao abastecimento público, (PHILIPPI JR, 1992). Os padrões podem ser estabelecidos, exigidos, adotados ou recomendados pelos órgãos internacionais (OMS), pelas instituições técnicas (Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT) e entidades governamentais (Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, etc). De acordo com PHILIPPI JR. (1992), o critério de potabilidade adotado pelos padrões é: a água destinada ao consumo humano deve ser isenta de contaminantes químicos ou biológicos, além de apresentar certos requisitos de ordem estética. Entre os contaminantes químicos estão compreendidos os elementos ou compostos tóxicos, inclusive os de origem orgânica, e os elementos emissores de radiações ionizantes. Entre os contaminantes biológicos são citados organismos patogênicos, principalmente vírus, bactérias, protozoários e vermes que veiculados pela água, possam parasitar o organismo humano por ingestão ou simples contato. Os requisitos de ordem estética são principalmente, baixos índices de cor e turbidez e ausência de propriedades organolépticas, como odor e sabor. Os índices de qualidade da água distribuída é o resultado médio de quatro parâmetros (cor, turbidez, matéria orgânica média, mínima e matéria orgânica média e máxima), analisados pela SANEPAR nos seus pontos de captação, semestralmente e calculado pela Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA). A qualidade da água é a condição básica para a saúde da população, além de demonstrar preocupação com o meio ambiente. Este é um índice importante controlado pela SANEPAR (2001), como mostra a Figura 2. 28 A Portaria nº 36 de 19 de janeiro de 1990 do Ministério da Saúde, atribui as normas e o padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano, para todo o território brasileiro. É considerado como controle da qualidade da água de abastecimento público: “conjunto de atividades executadas pelo Serviço de Abastecimento Público de Água, com o objetivo de obter e manter a potabilidade da água.” Figura 2- Índice de qualidade da água distribuída pela SANEPAR na cidade de Guarapuava-PR., (ACIG, 2000). Define como padrão de potabilidade: “o conjunto de valores 29 máximos permissíveis, das características de qualidade da água destinada ao consumo humano.” 2.3.2. Sistema de esgotos sanitários. Segundo PHILIPPI JR. (1992), os conglumerados humanos produzem resíduos de natureza líquida, os esgotos. Estes constituem as águas residuárias e compreendem os esgotos domésticos (águas imundas que contém matéria fecal, água de lavagem de cozinha, de instalações sanitárias e de roupas em geral), resíduos líquidos industriais, águas pluviais e águas de infiltração (que penetram nos condutos através de juntas mal acabadas, trincas nas tubulações, etc). A destinação das águas servidas é tão importante quanto o fornecimento de água tratada. O objetivo da coleta é impedir a contaminação do ambiente, principalmente de águas de superfície e de lençóis freáticos. De acordo com ESGOTO É VIDA (2001), os problemas decorrentes da falta de um sistema de coleta, tratamento e disposição final do esgoto sanitário agravam-se quando existe fornecimento de água tratada à população, pois a cada metro cúbico de água utilizada produz outro metro cúbico de esgoto sanitário. Conforme o Relatório apresentado pela OMS em 2000, a pior situação de esgoto é a da Ásia, onde apenas 48% da população têm algum tipo de cobertura sanitária. Na América Latina e Caribe, esse índice chega a 78% e na América do Norte a 100%. 30 A porcentagem da população que conta com melhoria no acesso a redes de esgoto cresceu de 55%, ou seja, 2,9 milhões de pessoas atendidas em 1999 para 60%, 3,6 milhões em 2000. Embora este dado seja positivo, no início de 2000, 2,4 milhões de pessoas, em escala mundial ainda carecem de esgotamento sanitário, (ESGOTO É VIDA, 2001). ESGOTO É VIDA (2001) apud IBGE, os números indicam que atualmente, há no Brasil 12,8 milhões despejos de esgoto sanitário, mais potentes e prejudiciais à qualidade de vida da população, do que os 9 milhões de domicílios que não são atendidos por redes de abastecimento de água. Todos os 41,8 milhões de domicílios brasileiros produzem esgoto sanitário, desde total 31,5 milhões produzem esgoto de forma intensiva porque utilizam água fornecida pelas redes de abastecimento. Estes 12,8 milhões despejam diariamente o esgoto sanitário a céu aberto ou em fossas sépticas que apresentam elevado potencial de contaminação de solos, lençóis freáticos e outros. Segundo PHILIPPI Jr. (1992), a maioria das doenças transmissíveis se propaga por meio de material infectante expelido nos excretas, como as fezes e urina de doentes e portadores. Entre as doenças relacionadas com os dejetos, citam-se entre as principais a ancilostomíase, esquistossomíase, febre tifóide e paratifóide, amebíase e diarréias infecciosas. As helmintoses, embora em sua grande maioria não tenham alto índice de mortalidade, apresentam alta incidência e desgastam o homem, diminuindo sua capacidade de trabalho, como mostra o Quadro 2. De acordo com PHILIPPI JR. (1992), podemos observar que a transmissão ocorre pelo contato direto da pele com o solo contaminado por larvas 31 de helmintos, provenientes de fezes de portadores de parasitoses. As fezes do homem doente, portador de ancilostomíase e estrongiloidíase contêm ovos dos parasitas que, uma vez no solo, eclodem, libertando as larvas; estas aguardam a oportunidade de penetrar na pele de outra pessoa, vindo localizar-se no seu intestino, depois de longo trajeto por vários órgãos. Como medida de controle, o uso de privadas evita a contaminação da superfície do solo. Quadro 2- Doenças relacionadas com a ausência de rede de esgoto. Doenças relacionadas com a ausência de rede de esgoto Grupo de doenças Forma de transmissão Feco-orais Contato (não bacterianas) para não pessoas • de pessoa, se pessoal tem e Principais doenças Poliomielite quando • Hepatite tipo A higiene • Giardíase doméstica • adequada • Feco-orais Contato de pessoa para • (bacteriana) pessoa; • Melhorar as moradias e as instalações sanitárias • Implantar sistemas de abastecimento de água Disinteria amebiana Diarréia por vírus • Promover a educação sanitária Febre tifóide • Implantar sistema adequado de disposição de esgotos Ingestão e contato com • Diarréias e disinterias • Melhorar as moradias e as alimentos contaminados bacterianas, como a instalações sanitárias e contato com fontes de cólera Ingestão de alimentos • da pele com o solo infectados sistema de Ascaridíase • Promover a educação sanitária • Construir e manter limpas as (lombriga) • Tricuríase • Ancilostomíase Tênias (solitárias) na Ingestão de carnes mal • de Implantar abastecimento de água transmitidos pelo solo contaminados e contato carne de boi e de cozidas • contaminadas pelas fezes porco • Febre paratifóide água Helmintos Formas de prevenção animais • instalações sanitárias • Tratar os esgotos antes da disposição no solo (amarelão) • Evitar contato direto da pele Teníase • com o solo (usar calçados) Construir e manter limpas as instalações sanitárias Cisticercose • Tratar os esgotos antes da disposição no solo • Inspecionar a carne e Ter cuidados na sua preparação 32 Helmintos Contato da pele com • associados à água água contaminada Esquistossomose • Construir e manter limpas as instalações sanitárias • Tratar os esgotos antes da disposição no solo Insetos vetores Procriação de insetos • • Controlar os caramujos • Evitar Filaríase (elefantíase) • relacionados com as em locais contaminados fezes pelas fezes contato contaminada Combater com os água insetos transmissores • Eliminar condições que possam favorecer criadouros • Evitar contao com criadouros e utilizar meios de proteção individuais ESGOTO É VIDA, 2001. Pode ocorrer a transmissão por contato direto da pele com água contaminada, como acontece com cercárias do Schistossoma. O uso de privadas evita a contaminação das águas superficiais (lagos, córregos) e deve-se evitar os banhos em lagoas nas regiões onde houver incidência de esquistossomíase, (PHILIPPI JR., 1992). Como mostra a Figura 3, o esgoto não coletado contamina os corpos d’ água e o solo, criando ambiente propício à propagação de microorganismos patogênicos, que contaminam os mananciais de onde será captada a água para o consumo humano. 33 Figura 3- Meio de contaminação dos mananciais por microorganismos patogênicos (ESGOTO É VIDA, 2001). Pela ingestão de alimentos contaminados diretamente pelos dejetos ou pela água contaminada pode-se ter a transmissão de doenças como a ascaridíase, amebíase, febres tifóide e paratifóide e de outras doenças. Lavar bem frutas e verduras em água potável e evitar a poluição fecal das águas de irrigação, são medidas de controle, (PHILIPPI JR., 1992). A ingestão de alimentos contaminados por moscas que pousam em locais poluídos por dejetos e depois assenta no alimento, contaminando-o. Citamse nesse caso as diarréias infecciosas, febre tifóide e paratifóide. Como medidas de controle deve-se proteger os alimentos e eliminar os focos de proliferação de moscas. De acordo com PHILIPPI JR.(1992), ocorre a transmissão das diarréias infecciosas, que são as grandes responsáveis pela taxa de mortalidade infantil, através da ingestão de alimentos contaminados pela mão do homem, por falta de higiene pessoal. Lavar as mãos, após o uso da privada, antes de manipular alimentos e ao cuidar de crianças pequenas, são medidas de controle. Confome PHILIPPI JR. (1992), a ingestão de carnes contaminadas por cisteres, como a Taenia solium e a Taenia saginata que enquistam-se nos tecidos do porco e do boi, sob a forma de larvas (cisticercos), que uma vez ingerida pelo homem, na carne crua ou mal cozida, a Taenia desenvolve-se no seu 34 próprio corpo (anéis) contendo ovos, e nas fezes expostas podem ser ingeridas por bovinos e suínos, fechando o ciclo de transmissão da doença. As medidas de controle são o uso de privadas, evitando a contaminação das pastagens e impedindo a ingestão de fezes pelos porcos, cozinhar bem as carnes, principalmente as fornecidas em localidades onde o abate de animais é feito sem inspeção sanitária. O Quadro 3 mostra claramente as doenças que são veiculadas pela água contaminada. Quadro 3 – Doenças relacionadas com água contaminada. Doenças relacionadas com água contaminada Grupo de doenças Principais doenças pela O organismo patogênico • Transmitidas via Formas de transmissão feco-oral (agente (alimentos causador da doença) é ingerido contaminados higiene condições abastecimento e evitar o uso de a cólera e fontes contaminadas Leptospirose • Amebíase adequada e promover a higiene • Hepatite infecciosa pessoal e dos alimentos Infecções na pele e • Fornecer água em quantidade olhos como adequada e promover a higiene tracoma e pessoal insuficiente Proteger e tratar as águas de como • pela A falta de água e a • limpeza da água Diarréias e disinterias • giardíase por fezes Controlados Formas de prevenção criam favoráveis relacionado para a sua disseminação Associadas à água O patogênico penetra • • o o tifo pessoal e doméstica com piolhos e a escabiose Esquistossomose • (uma parte do ciclo pela pele ou é ingerido ocorre em animal um • vetores que Evitar o contato de pessoas com águas infectadas aquático Transmitidas Adotar medidas adequadas para a disposição de esgotos de vida do agente infeccioso Fornecer água em quantidade por As doenças são • se propagadas por insetos • Malária Dengue água Elefantíase • Proteger mananciais • Combater • intermediário Eliminar condições que possam o hospedeiro favorecer criadouros Febre amarela relacionam com a que nascem na água ou • picam perto dela • • Combater os insetos transmissores • Evitar o contato com criadouros • Utilizar individuais meios de proteção 35 ESGOTO É VIDA, 2001. PHILIPPI JR. (1992) explica que o problema da disposição dos excretas na zona rural ou nas áreas urbanas, desprovidas de sistema de esgotos sanitários, quando não dispõe de abastecimento de água canalizada, são chamados de transporte hídrico ou sistema estático, e quando se dispõe desse melhoramento básico são chamados de transporte hídrico ou sistema dinâmico. As soluções sanitárias para o sistema estático são: privada com fossa seca ou higiênica, privada com fossa tubular, privada com fossa estanque, privada com fossa de fermentação, privada química, privada com receptáculo móvel. As soluções não-sanitárias são a fossa negra, privada construída sobre curso d'água e privada sem fossa, (PHILIPPI JR., 1992). As soluções para o sistema dinâmico ou com transporte hídrico, segundo PHILIPPI JR. (1992), devem considerar os seguintes aspectos: a) quando dispõe de água corrente, o afastamento e disposição dos excretas pode ser feitos em condições mais favoráveis, se for aproveitada a água como veículo para o transporte dos escretas; b) transporte hídrico permite o afastamento dos esgotos domésticos, ou seja, das águas imundas de lavagem; c) o transporte hídrico permite as instalações sanitárias dentro de casa; e d) a disposição dos dejetos incluídos nos esgotos, complica pelo aumento do volume, o que exigirá unidades complementares. Portanto, as soluções neste caso, quando existe água encanada no 36 domicílio e pode ser utilizada privada, chuveiro e outras instalações e não existe sistema de esgotos, podem ser: fossa absorvente, tanque séptico e tanque Imhoff. De acordo com PHILIPPI JR. (1992), o saneamento do meio é a barreira que quebra essa cadeia, através da disposição conveniente dos excretas, de modo que estes não sejam acessíveis ao homem e aos vetores animados, não poluam a água e o solo, não acarretem outros inconvenientes, como maus odores e mau aspecto. Devido à falta de medidas práticas de saneamento do meio e de educação para a saúde, uma grande parte da população tende a lançar os dejetos diretamente sobe o solo, criando assim, situações favoráveis à transmissão de doenças. Economicamente, a disposição adequada dos dejetos visa ao aumento da vida média do homem, pela redução da mortalidade, em consequência da redução das doenças veiculadas pela água contaminada; da vida média produtiva, pela redução do tempo desperdiçado com doenças. Além desse aspectos visa, prevenir o encarecimento do tratamento de água resultante da poluição dos mananciais, evitar a obstrução de rios e canais e até controlar a poluição das praias e dos locais de recreação em geral, com o objetivo de promover o turismo e obter o conseqüente aumento de renda. Para fins didáticos, o estudo da disposição dos dejetos humanos ou das águas residuárias é feito para o meio rural uma solução individual e para o meio urbano, solução coletiva, (PHILIPPI JR., 1992). 37 A Figura 4 mostra um sistema de saneamento urbano adequado. Figura 4 – Sistema urbano de saneamento. (ESGOTO É VIDA, 2001). A disposição conveniente dos dejetos humanos, no meio rural, constitui um dos mais sérios problemas da Saúde Pública em diversas regiões, de grande número de países, e isto devido ao baixo nível econômico das populações dessas regiões e à falta de educação sanitária das mesmas. Este mesmo problema ocorre na parte da zona urbana, desprovida de sistema de esgotos sanitários, (PHILIPPI JR., 1992). A solução dos problemas das águas residuárias no meio urbano é o estabelecimento de sistemas públicos de esgotos, cujos objetivos a serem atingidos são de natureza sanitária, social e econômica. 38 A Figura 5 mostra um macrosistema de saneamento básico ideal. Figura 5 – Macrosistema de saneamento básico. (ESGOTO É VIDA , 2001). Pode-se afirmar que as vantagens de ordem sanitária, ocorrem pela melhoria do controle e prevenção de doenças, com o afastamento rápido, seguro e disposição adequada das águas residuárias. Segundo PHILIPPI JR. (1992), nas questões sociais ocorre a melhoria das condições de conforto, segurança com a eliminação dos aspectos ofensivos ao senso estético, eliminação de erosões, principalmente devida às águas pluviais. Economicamente, há o aumento da vida útil dos indivíduos, aumento das comunidades devido à implantação de indústrias e melhoria do conforto, ocorre melhoria da conservação das áreas públicas e redução de danos 39 materiais. No norte do Brasil, como no Estado do Pará, em Belém, a antiga rede pública de esgotamento sanitário, atende menos de 5% da população. Praticamente todo o esgoto da cidade é lançado na Baía de Guajará, pois os caminhões tanques das empresas que fazem o esgotamento/limpeza das fossas dos 95% restantes da população. Esta carga é toda despejada em igarapés, bueiros e até em valas da cidade, pois a Prefeitura não determina um local adequado para os dejetos recolhidos, HIRANO (2001). O prejuízo à saúde pública é enorme, principalmente no verão, quando os banhistas frequentam praias fluviais da orla da cidade. Apesar do grande volume de água da Baia de Guajará, muitas praias ficam sem a mínima balneabilidade, provocando grande aumento das doenças de veiculação hídrica. De acordo com ESGOTO É VIDA (2001), investir em esgoto pode significar um grande salto para o município, em termos de dotação da infraestrutura requerida para a instalação das modernas empresas, cada vez mais comuns na era da globalização. 2.3.3. Resíduos sólidos e Limpeza Pública. Conforme BIDONE (1999), o homem, no início foi submetido às leis da natureza, posteriormente tentou entendê-las e modificá-las. Os resíduos produzidos à época eram basicamente excrementos. Com o início da atividade agrícola e de produção e os próprios objetos, após a sua utilização. Como os materiais utilizados eram em grande parte de origem natural, a sua disposição 40 inadvertida não causava grandes impactos ao meio ambiente. Além disso, o crescimento demográfico e a densidade populacional não tinham a importância atual. Em BIDONE (1999), ele acrescenta que a evolução e a forte industrialização que ocorreu neste século XX, colaboraram com o crescimento vertiginoso de resíduos, de diversas naturezas, biodegradáveis, não biodegradáveis, recalcitrantes ou xenobióticos, que determiram um processo contínuo de deterioração ambiental com sérias implicações na qualidade de vida do homem. Enquanto que no passado a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos por habitante por ano (kg/hab.ano), países como os Estados Unidos produzem hoje, cerca de 700 kg/hab.ano e no Brasil a média é de 180 kg/hab.ano, nas cidades mais populosas, (BIDONE, 1999). Segundo PHILIPPI JR. (1992), a definição oficial dos resíduos sólidos, no Brasil, adotada pela norma brasileira NBR10004/87 é: “aqueles resíduos em estados sólidos e semi-sólidos que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de taratamento de água, aqueles gerados de equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviáveis seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível”. Os resíduos sólidos, segundo PHILIPPI JR. (1992) comumente denominados lixo, constituem resíduos das atividades humanas, ou mesmo, quando 41 qualquer material se torna um resíduo, quando seu proprietário ou produtor não o considera mais com valor suficiente para conservá-lo. O lixo, ou os resíduos resultantes do seu tratamento, pode influir na qualidade do ambiente e na saúde do homem (saúde pública) e na preservação dos recursos naturais. O problema dos resíduos sólidos surgiu quando os homens começaram a abandonar a vida nômade, tornando-se sedentários, fixando-se em determinados lugares, (PHILIPPI JR., 1992). Os primeiros processos de manipulação dos resíduos sólidos, desde as antigas civilizações, visavam afastar para bem longe tudo o que sobrasse das atividades humana. Provavelmente foi quando surgiu as primeiras práticas do lançamento dos resíduos sólidos ao ar livre (céu aberto), bem como em cursos d´água, PHILIPPI JR. (1992). Ainda conta que, há aproximadamente um século é que começaram a surgir as soluções consideradas racionais quanto ao problema dos resíduos sólidos, através de processos e sistemas capazes de atender as questões sanitárias, de conforto e estética, e do aspecto econômico. Em conseqüência ao crescimento das populações urbanas e do desenvolvimento industrial, acompanhados de outros fatores, o saneamento dos resíduos sólidos passou a constituir um sério problema de saúde pública. Considerado o “primo pobre” do saneamento ambiental, o lixo é um dos mais graves problemas do Brasil. Em 1995, segundo dados do IBGE 28 milhões dos 38,9 milhões de domicílios têm seus resíduos sólidos coletados, dos quais 27,2 milhões estão na região urbana e apenas 778 mil na área rural, segundo 42 REVISTA BIO (1997). Segundo SARTOR (2000), uma taxa de cerscimento econômico como a da segunda metade do século XX se mantida, terá consequências catastróficas e irreversíveis para o ambiente natural deste planeta, comprometendo a espécie humana. Os equilíbrios fundamentais do planeta e do ser vivo estão ameaçados, assim como os interesses das gerações futuras. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública, REVISTA BIO (1997), 76% dos detritos produzidos no país são jogados em lixões e outros 13%nos chamados aterros controlados (locais onde o lixo é somente confinado, sem técnicas básicas de engenharia que protejam o meio ambiente. Apenas 10% do total são colocados em aterros sanitários que oferecem melhores condições estruturais de minimizar os danos ambientais. Como quase 90% do lixo brasileiro são jogados a céu aberto, há no país uma dificuldade para o controle de epidemias, pois os lixões fornecem condições propícias para a proliferação de vetores e doenças, como moscas, baratas e ratos. Além dos danos ambientais, pois a decomposição do lixo libera o chorume, líquido que contamina o solo, o ar, os rios e os lençóis freáticos. A alternativa de acordo com SARTOR (2000) apud BIRD em 1992 é: “produzir de forma diferente e não produzir menos”. De acordo com PHILIPPI Jr. (1992), a limpeza pública ou urbana é o conjunto de atividades que permite o adequado estado de limpeza de uma cidade, sem prejudicar a qualidade do ambiente, inclusive na região que a circunda. Entre essas atividades destacam-se o acondicionamento, a coleta, transporte, tratamento 43 e disposição dos resíduos sólidos. Segundo HÉLLER (1997) apud TCHONABOGLOUS , consideram bastante clara a relação entre a saúde pública e o acondicionamento, a coleta e a disposição dos resíduos sólidos. “As autoridades sanitárias dos Estados Unidos estabeleceram uma relação entre 22 doenças e o inadequado manuseio dos resíduos.” (TCHOBANOGLOUS et al, 1997 apud HANKS). NAJM (s.d.), propõe um esquema das vias de contato lixo-homem que, sinteticamente explica as trajetórias pelas quais pode ocorrer transmissão de doenças oriundas da disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos. Avaliando precisamente a ocorrência de vetores, HÉLLER (1997) apud DANIEL et al. “pesquisaram espécies de artrópodes, nos dois pontos de disposição final do lixo no Cairo, no Egito e identificaram 56 espécies, destacando o seguintes, pela importância epidemiológica: a) Pulgas (Xenopsylla cheosis e Ctenocephalides felis) em roedores (Rattus norvegicus); b) Carrapatos (Rhipicephalus sanguineus); e c) Moscas sinantrópicas (Musca domestica vicina, Musca sorbens e Piophila casei).” A solução do problema do acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e/ou disposição dos resíduos sólidos está intimamente ligada à sua composição qualitativa, assim como as suas características físicas, químicas, físicoquímicas e biológicas. A composição e as características dos resíduos sólidos vêm sofrendo ponderáveis modificações , principalmente oriundas do desenvolvimento e do progresso em muitas regiões (PHILIPPI JR., 1992). 44 Como exemplo, PHILIPPI JR. (1992), afirma que deve ser considerada as quantidades de papéis, papelões e plásticos que vêm crescendo acentuadamente. Por outro lado, tem-se a grande necessidades de conservar e proteger os recursos naturais, como a recuperação do papel que é um aspecto interessante a ser considerado em muitas regiões, pois redunda em menor número de árvores abatidas para a sua produção. Este fato é importante, apesar das medidas de reflorestamento, adotadas em muitos países. De acordo com PHILIPPI JR. (1992), quanto à poluição ambiental, os resíduos sólidos podem contribuir para a poluição do solo, pois dispostos inadequadamente, sem as técnicas aplicadas nos aterros sanitários, pode criar problemas às águas subterrâneas ou superficiais. A importância da solução do problema dos resíduos sólidos e limpeza pública deve ser vista tanto pelos aspectos sanitários e sócio-econômicos, incluindo os relacionados ao bem-estar. A solução repousa em medidas do governo em todos os níveis, municipal, estadual e federal, bem como da ação em nível internacional, segundo PHILIPPI JR. (1992). Do ponto de vista sanitário, não está bem comprovado que o lixo é causa direta de doenças. mas como fator indireto, o lixo tem grande importância na transmissão de doenças, através dos vetores como as moscas, mosquitos, baratas e roedores, que encontram no lixo alimento e condições adequadas para proliferação. O Brasil voltou a conviver com doenças que já estavam erradicadas das cidades há cerca de cinqüenta anos, como é o caso da febre amarela. Existem outras tão sérias, como a leptospirose, (PHILIPPI JR., 1992). 45 O que vem mais assustando é a ameaça da dengue hemorrágica que, segundo os sanitaristas, pode vir a se transformar numa epidemia, sem igual registros na história da saúde pública no Brasil. Em pelo menos vinte estados brasileiros e em mais de 2.020 municípios, já foi identificado o vetor da dengue. Isto significa que 56 milhões de pessoas habitam em áreas infectadas pelo mosquito, de acordo com REVISTA BIO (1997). Deve-se mencionar ainda, as alterações de saúde que podem ocorrer nos coletores de lixo, como resultado de esforços físicos dissimétricos, continuados e intensos, os quais aumentam quando a altura de carga é grande e o volume dos recipientes é elevado. A possibilidade de acidentes a que os coletores de lixo e os varredores estão sujeitos devem ser levadas em conta. Segundo a ONU (1992) na Agenda 21, aproximadamente 5,2 milhões de pessoas, incluindo 4 milhões de crianças morrem a cada ano de doenças relacionadas ao lixo. Como exemplo temos o surto de cólera que eclodiu no Peru em 1991 e se espalhou para outros países, que originou-se do lixo. Outras doenças de veiculadas ao lixo são a presença de vetores como os ratos que veicula a raiva, triquinose, tifo, peste bubônica, leptospirose e hanta vírus; o Aedes aegypti (em criadouros) que transmite a dengue e a febre amarela e suínos que se alimentam dos lixões e através da carne comercializada clandestinamente pode causar triquinose e peste suína africana, (PHILIPPI JR., 1992). Os resíduos sólidos não apresentam o valor econômico que pretendem lhe atribuir. Os resultados financeiros que deles se podem tirar devem ser encarados como contribuição parcial para a solução do problema econômico- 46 financeiro do custo de instalação, operação e manutenção do sistema. Segundo PHILIPPI JR. (1992), o aproveitamento econômico dos resíduos sólidos, que está basicamente ligado ao seu tratamento e/ou disposição, relaciona-se intimamente às condições urbanas e regionais. Assim, a produção do composto pode ser interessante numa região agrícola e a execução de aterro sanitário ser muito onerosa numa região de lençol freático de água subterrânea muito elevado. O desenvolvimento sustentável exige que todo material retirado do meio ambiente seja utilizado ao máximo, segundo COSTA (2000). 2.3.4. Poluição do ar. As investigações epidemiológicas investigadas nos últimos anos, tem mostrado os efeitos na saúde pela contaminação do ar, em concentrações a que está normalmente submetida a provação, e tem oferecido um amplofundamento para prognóstico de vários efeitos adversos que podem estar relacionados com a exposição a contaminantes presentes na atmosfera, conforme (VELASCO, 2000). É importante saber que o efeito da contaminação do ar, sobre a mortalidade, inclusive vários fatores de risco, tais como a idade, o sexo, o tabagismo, a massa corporal e a exposição no trabalho. Segundo VELASCO (2000), os últimos estudos efetuados no México, um dos países maiores poluidores do ar, indicaram que as taxas de mortalidade se relacionam com anuais de contaminantes, sobre todo o material particulado. 47 Todavia, há pouca informação sobre o mecanismo de ação das partículas ou sua composição e a presença de outros contaminantes. 2.3.5. Drenagem Urbana. Não existem dados disponíveis e confiáveis sobre drenagem urbana no Brasil, embora estime-se que a cobertura desse serviço, em particular a microdrenagem, atinja um patamar superior ao de coleta de esgotos. Segundo PHILIPPI JR. (1992), existe um quadro de insuficiência na infra-estrutura, o que faz com que cerca de 45 milhões de pessoas aproximadamente, sofram as consequências da falta de drenagem em todo o Brasil. Na macrodrenagem são conhecidas as situações críticas ocasionadas por cheias nas cidades. Agravadas pelo crescimento desordenado das áreas urbanas e em especial a ocupação das várzeas e fundos de vales. Na maioria das capitais brasileiras são normais a ocorrência de cenas que traz como resultado o agravamento de doenças como a hepatite, leptospirose e diarréia, entre outras, (PHILIPPI JR., 1992). 2.4. Educação Sanitária e ambiental. Segundo CARVALHO E SANTOS (2000), a Educação ambiental pode ser entendida como um processo, através do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, atitudes, interesse ativo e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, essencial para a qualidade de vida 48 saudável. Esta deve estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e setores do processo educativo (motivador). Existem inúmeras atividades humanas que geram impactos de menor ou maior intensidade no meio em que vivemos, tornando-as potencialmente desastrosas para a vida, apesar de imprescindíveis para a sociedade, (CARVALHO E SANTOS, 2000). A disposição dos dejetos humanos apresenta um valor sanitário muito grande e que é reconhecido por toda área técnica. De acordo com PHILIPPI JR. (1992), as importâncias sanitárias, econômica e social variam de acordo com cada situação particular, aumentando seus níveis com o crescimento da população e da concentração desta população em espaços menores. As soluções individuais exigem participação direta do indivíduo, desde a implantação, operação e manutenção até a sua utilização. As soluções coletivas dependem das ações do Governo, mas necessitam do apoio e participação do indivíduo, através da coletividade, (PHILIPPI JR., 1992). Nas soluções individuais, os processos educativos e de promoção devem estar presentes em todas as etapas da solução para o destino dos dejetos, enquanto que nas soluções coletivas, a educação e a promoção são dirigidas mais a utilização e preservação do sistema. A população educada sanitariamente exige melhoria ou implantação de novos sistemas e compreende e aceita melhor o ônus decorrente, segundo PHILIPPI JR. (1992). Conforme CARVALHO E SANTOS (2000, pelo seu caráter multi e interdisciplinar, a Educação Ambiental é um importante instrumento para o 49 desenvolvimento e a implementação de políticas voltadas à melhoria da qualidade de vida, principalmente nos grandes centros urbanos. CARVALHO E SANTOS (2000), citam que a Agenda 21 e a Constituição do Estado de São Paulo, Capítulo IV, Seção I, II e IV, que tratam sobre o meio ambiente, recursos naturais, hídricos e saneamento, passando pelas legislações federal e estadual sobre o meio ambiente e Unidade de Negócio de Tratamento de Esgotos-AE, o Serviço de Abastecimento do Estado de São PauloSABESP está implantando um programa de educação ambiental. A Educação Ambiental é um tema que já integra o cotidiano de grande parte dos vários segmentos da sociedade, e vem ganhando espaço maior nas instituições de ensino, empresas e indústrias. Apresentar alternativas para promover o desenvolvimento sustentável é um desafio muito grande, inclusive do Governo que cria programas para estimular a inclusão da educação ambiental nos programas e ações dos órgãos e entidades do Sistema Estadual do Meio Ambiente-SISEMA, (CARVALHO E SANTOS, 2000). 2.5. Índicadores de saúde pública que evidenciam os níveis de qualidade de vida de uma população. 2.5.1. Coeficiente de mortalidade infantil. Este índice reflete os cuidados da sociedade com o recém-nato e é um indicativo da qualidade genética do ambiente a que está exposto. Mais do que 50 investimentos em infra-estrutura hospitalar, a mortalidade infantil diminui com a educação e com os cuidados simples relativos à higiene e ao saneamento básico, (ACIG, 2000). O coeficiente de mortalidade infantil é obtido pelo número de óbitos de crianças menores de um ano de idade por mil nascidos vivos (número de óbitos/1.000 vivos), como mostra a Figura 6. Os países desenvolvidos têm coeficientes abaixo de quinze óbitos por mil nascidos vivos. O Canadá, que tem o melhor sistema de saúde do mundo, apresenta sete óbitos por mil nascidos vivos. Em 1996, o coeficiente brasileiro foi de quarenta óbitos por mil nascidos vivos, de acordo com a OMS (2000). O coeficiente compreende mortalidade neonatal e pós-natal, embora se reconheça que a mortalidade neonatal não tem, necessariamente, ligação direta com a qualidade de vida. 51 Figura 6 – Coeficiente de mortalidade infantil pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, (ACIG, 2000). 2.5.2.Coeficiente de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. Este índice expressa a mortalidade ocasionada por mais de duzentas doenças controláveis pela melhoria da qualidade de vida. As principais doenças são: tuberculose, hanseníase, AIDS, as hepatites, dengue, meningites, sarampo, leptospirose, poliomielite, febre tifóide, febre reumática, difteria, tétano, coqueluche, raiva e cólera, todas de notificação compulsória. O coeficiente de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias é o número de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias por cem mil habitantes (número de óbitos/100.000 habitantes), como mostra a Figura 7. 52 Figura 7 – Coeficiente de mortalidade infantil por doenças infecciosas e parasitárias pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, (ACIG, 2000). As doenças infecciosas e parasitárias são controláveis por vacinas, vigilância epidemiológica, saneamento básico e ambiental e programas educacionais. 2.5.3. Coeficiente de morbidade por enfermidades diarréicas. De acordo com HÉLLER (1997), a diarréia é usualmente definida como a passagem de três ou mais movimentos intestinais líquidos, que assumem a forma do recipiente, em 24 horas. 53 PHILIPP et al. (1993), define diarréia quando está presente uma ou mais das seguintes ocorrências: a) acréscimo anaormal no peso diário das fezes; b) acréscimo anormal na liquefação das fezes; e c) acréscimo anormal na freqüência de evacuação. Muitas vezes acompanhado pela urgência, desconforto anal ou incontinência, ou ainda uma combinação das três. É importante salientar que a diarréia constitui o sintoma de diversas etiologias diferentes, cada qual com seus respectivos fatores de risco. Entretanto, o estudo das enfermidades diarréicas e seus determinantes tem sido habitual, dado o seu significado em termos de saúde pública e à possibilidade do desenvolvimento de estratégias comuns de controle para a diarréia, independentemente da etiologia, (HÉLLER, 1997). Segundo HÉLLER (1997) apud BRISCOE et al, as doenças diarréicas são a causa principal de morbidade na maioria dos países desenvolvidos. Mesmo nos países desenvolvidos, a morbidade e a mortalidade por essas enfermidades, ainda constituem importantes problemas de saúde pública, permanecendo os mesmos fatores de risco básicos quanto à sua transmissão. Conforme MATA (1987), em 1976, de 24 países da América Latina, em cinco deles (21%) as enfermidades diarréicas constituíam a primeira causa da morte, em dez (42%) a Segunda e em três (13%) a terceira. HÉLLER (1997) cita que em uma compilação clássica realizada em 1982, por Snyder e Merson estimaram que no início da década de 1980, a morbidade por doenças diarréicas em crianças menores de cinco anos equivalia anualmente de 744 milhões a um bilhão de episódios/criança.ano, na África, Ásia (excluindo a China) e América Latina. Este estudo foi atualizado dez anos após, 54 conduzindo a uma incidência média de 2,6 episódios de diarréia por criança.ano. Quanto à mortalidade, o estudo estimou cinco milhões de óbitos anuais por doenças diarréicas, decorrentes de uma taxa média de 13,6 óbitos/1000 crianças menor que 5 anos.ano. Normalmente estes trabalhos são baseados em notificações de morbidade e em declarações de óbito, enquanto que as demais estimativas são provenientes da compilação de studos longitudinais em comunidades, nos quais o registro de morbidade e de mortalidade são obtidos por meio de visitas domiciliares com freqüência mínima quinzenal para morbidade e mensal para mortalidade. 2.6. Investimento em saneamento básico X diminuição de gastos na área da saúde. Segundo MARTINS et al. (2001), a análise dos gastos das áreas de saúde e saneamento básico pode representar um poderoso instrumento de apoio ao planejamento nos níveis federal, estadual e municipal, tendo em vista a interdependência entre esses fatores. Na área da saúde, uma parcela significativa dos recursos é destinada a curar doenças perfeitamente evitáveis pelo saneamento básico, como as enteroparasitárias. Em pesquisa realizada por MARTINS (1995), em comunidades rurais no Vale do Ribeira, concluiu que gastos anuais per capita de US$ 103,50 com a implantação de sistemas convencionais de abastecimento de água e esgotamento sanitário, corresponderam a redução de gastos anuais per capita de 55 US$ 195,27 na área de saúde, referente ao tratamento das doenças, internações hospitalares, despesas administrativas locais e centralizadas da Secretaria Estadual de Saúde, bem como da estimativa dos benefícios indiretos auferidos pela população. Conforme estudos feitos pela OMS, US$ 16 mil investidos em saneamento básico podem evitar um óbito por doenças enteroparasitárias. Essa correlação, no entanto depende de uma série de fatores, que torna difícil a sua aceitação sem conhecimento dos detalhes do padrão dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário e do nível inicial de saúde da população beneficiada, (MARTINS et al., 2001). No Brasil ocorre um paradoxo no setor saúde. Por outro lado são aplicados poucos recursos per capita anual, em comparação com outros países. Como por exemplo na França o per capita anual é de US$ 1.800,no Canadá US$ 1.900, nos Estados Unidos US$ 3.000, na Argentina US$ 600 e no Brasil são gastos US$ 200. Diante destes dados e que em 1996, o Brasil gastou 60 vezes mais com medicina curativa do que com saneamento básico, pode-se dizer que gasta-se mais com saúde do que com saneamento e mesmo assim, esse montante é pouco para atender às necessidades da população, (MARTINS et al., 2001). Para melhor esclarecer como deve ser considerado a relação saneameto e saúde, pode-se verificar no estudo de caso do município de Itapetininga em 1997, exposto por MARTINS et al. (2001): 56 Tabela 1 – Resultado operacional do Município de Itapetininga-SP, em 1997 (R$X1000). Ano Faturamento Despesas Resultado Operacional 1997 9.225,00 Unidade Operação Central Total 6.264,00 1.625,00 1.212,00 9.102,00 123,00 MARTINS et al., 2001 apud SABESP. Nas unidades de saúde, em 1997 houve 7.447 consultas ambulatoriais, em que os diagnósticos apontaram doenças infecciosas intestinais e helmintíases. Considerando que para cada episódio mórbido houve duas consultas (MS, 1999), pode-se concluir que o total de episódios de doenças causadas por essas enfermidades foi de 3.724. Houve também, 203 internações hospitalares, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 1994 a 1997, por essas causas que resultaram em 3,50 óbitos por 100 mil habitantes, (MS, 1999). Cada episódio implicou em gastos com consultas médicas, tratamento por meio de medicamentos, assim como em custos sociais que podem ser mensurados pelos dias de afastamento do trabalho e de faltas `as aulas, como mostra a Tabela 2, além de outros transtornos imensuráveis na vida dos pacientes. Como os custos SABESP são praticados no mercado, para efeito de comparação no cálculo dos custos das consultas e das internações, da Tabela 2, foram considerados valores pagos pelos planos privados de saúde, tendo em vista que os valores pagos pelo (SUS) são extremamente baixos e não cobrem os custos dos hospitais conveniados, levando-os a permanente situação de crise econômicafinanceira. 57 Tabela 2 – Cálculo dos gastos com as doenças infecciosas intestinais e helmintíases da população de Itapetininga-SP, em 1997. Consultas médicas 7.447 consultas x R$19,43 144.695,21 5 Tratamento medicamentoso 3.724 casos x R$36,00/caso 134.064,00 Internação hospitalar 203 x R$533,09 108.217,27 3.937 consultas Aulas perdidas 6 / 2 consultas por 7 paciente x R$2,47 x 10 dias 3.724 casos x 0,60 Absenteísmo no trabalho 9 48.621,25 8 x R$748,12 10 x 557.199,77 10 dias / 30 dias do mês Total em R$ 992.798,20 Total em US$ 920.877,66 Per capita anual em US$, por 9,21 100 mil habitantes 5 média de duas consultas por habitante (MS,1999); 6 total de consultas no grupo de idades entre 5 e 19 anos (SMS 1994 a 1997); 7 custos do ensino fundamental, por aluno, por dia, considerando 200 dias no ano letivo (Fundação SEADE, 1999); 8 estimativa de dias de falta às aulas por causa da enfermidade (MARTINS,1995); 9 proporção da população economicamente ativa de Itapetininga em 1991 (Fundação IBGE, 1991); 10 renda média mensal dos postos de trabalho no Estado de São Paulo em 1997 (AL-SP, 2001), MARTINS et al., 2001 apud SABESP. Considerando que o valor per capita de US$ 2,26 gasto em saneamento básico, contribuiu para a redução de um óbito, no grupo de 100 mil habitantes, e esse óbito resultou das 7.477 consultas e 203 internações, inferiu-se que o correspondente valor per capita, gasto na área de saúde US$ 2,63 (US$ 9,21/ 3,50) por 100 mil habitantes, será eliminado, a curto prazo, pela redução dos fatores de risco existentes. Dessa forma, a relação entre os gastos com saneamento básico e os correspondentes evitados na área de saúde será: US$ 2,26 : US$ 2,63 ou 1,00 : 1,16. MARTINS et al. (2001) afirmam que há uma série de benefícios imensuráveis advindos do saneamento, como: a) conforto decorrente da eliminação do mau cheiro e diminuição de pernilongos; 58 b) o tempo ganho pelas mães com os cuidados que os doentes requerem; c) os anos acrescidos na expectativa de vida das pessoas que deixam de ficar doentes; e d) a manutenção da produtividade que cai quando a pessoa fica doente, mesmo após a sua recuperação e a propensão a adquirir outras doenças, por causa da diminuição da resistência orgânica dos indivíduos portadores. Esses benefícios permitem multiplicar por três o valor obtido para a área de saúde. Assim, tem-se que gastos de US$ 1,00 em saneamento básico resultam em redução de gastos de US$ 3,50 no setor de saúde. Fica evidente, que é muito mais barato prevenir doenças, por meios destas ações no saneamento, do que tentar a cura depois que a pessoa fica doente, (MARTINS et al., 2001). 3. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO. Quando a água não recebe o tratamento adequado, o prejuízo à saúde pública é enorme e muitas vezes irreparável, com a perda de tantas vidas humanas, principalmente de crianças inocentes. As agressões cometidas para as contaminações dos mananciais superficiais e subterrâneos, sejam através de esgoto, “lixões” urbanos, pela falta de tratamento da água, não podem ser permitidas e devem ser imediatamente combatidas. Os dados oficiais não deixam dúvidas sobre a importância do investimento em sistemas de coleta, tratamento e disposição dos esgotos sanitários, para a melhoria da qualidade de vidad da população brasileira. 59 Há necessidade do Brasil ter uma legislação que traga avanços para o saneamento ambiental, na medida em que deve tratar o setor como permanentemente estratégico para o desenvolvimento social e econômico do país. Deve haver expectativa de que, com diretrizes para o setor possam ser extintas as iniqüidades de acesso à água potável e aos serviços de esgotamento sanitário. Para os ecólogos em geral a poluição decorre de qualquer alteração da natureza física, química, biológica ou mesmo de regime hidrológico que produza desequilíbrios no ciclo biológico normal, alterando a composição da fauna e flora do meio. Para os sanitaristas, a poluição de um recurso hídrico resulta, principalmente, do lançamento de águas oriundas de atividades industriais, agrícolas ou humanas. Além de regulamentação, o saneamento precisa da retomada dos investimentos. São gastos milhões de reais todos os anos na construção de novos hospitais e em internações, com o objetivo de aliviar os sintomas das doenças. Correto seria acabar com as suas causas, investindo na saúde preventiva. A crise ambiental global é um desafio para todos os países no próximo século. Por isso as palavras de ordem são: preservar e promover. Preservar os recursos naturais e promover o desenvolvimento justo, permitindo a melhor qualidade de vida sob todos os aspectos. Com esta atitude dos gestores municipais, menos crianças morrerão diariamente no Brasil, em decorrência das doenças por veiculação hídrica. 60 4. REFERÊNCIAS ACIG. Presidência de Julio Cezar Pacheco Agner. Guarapuava, 2001. Coeficiente de mortalidade infantil. Disponível em: < http://www.acig.com.br/iqv/infantil.php >. Acesso em: 05 fev. 2002. ACIG. Presidência de Julio Cezar Pacheco Agner. Guarapuava, 2001. Coeficiente de mortalidade por doenças infeciosas e parasitárias. Disponível em: < http://www.acig.com.br/iqv/doencas.php > Acesso em: 05 fev. 2002. ACIG. Presidência de Julio Cezar Pacheco Agner. Guarapuava, 2001. Índice de qualidade de água tratada-IQAD dos rios. Disponível em: < http://www.acig.com.br/iqv/agua_qual.php > Acesso em: 05 fev. 2002. ACIG. Presidência de Julio Cezar Pacheco Agner. Guarapuava, 2001. Percentual de fornecimento de água tratada. Disponível em: < http://www.acig.com.br/iqv/agua_tratada.php >. Acesso em: 05 fev. 2002. ACIG. 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