CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
ANA PAULA KNAUL
CONTRIBUIÇÕES DE PRÁTICAS TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO
DE CRIANÇAS ÍNDIGO
São José
2011
ANA PAULA KNAUL
CONTRIBUIÇÕES DE PRÁTICAS TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO
DE CRIANÇAS ÍNDIGO
Trabalho elaborado para a disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso
II, para aprovação no Curso de
Pedagogia do Centro Universitário
Municipal de São José – USJ.
Orientadora: Profª. Dra. Izabel
Cristina Feijó de Andrade.
São José
2011
ANA PAULA KNAUL
CONTRIBUÍÇÕES DE PRÁTICAS TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO
DE CRIANÇAS ÍNDIGO
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito final para a
aprovação no Curso de Pedagogia do Centro Universitário Municipal de São
José - USJ.
Avaliado em: 20 de Junho de 2011 por:
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Profª Dra. Izabel Cristina Feijó de Andrade – Orientador(a)
Orientadora
_______________________________________________________________
Profª MSc. Silvanira Lisboa Scheffler
Membro Examinador
_______________________________________________________________
Profª MSc. Marli Lucia Lisboa
Membro Examinador
Dedico este trabalho, a todas as crianças
índigo, compreendidas em sua essência
como uma rosa em seu desabrochar para
a vida, envolvida pela natureza que
conhece o seu papel neste mundo.
A esta profundeza de ser humano
incomparável que foi possível conhecer a
partir das vivências e às futuras gerações
que estão chegando nesse processo de
evolução e transformação da humanidade.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar coragem, força de vontade e determinação para ampliar
meus conhecimentos, com um desejo incessante de enfrentar desafios.
A minha família, que foi muito importante na construção deste projeto, porque
me proporcionou momentos de desabafo sobre os vários afazeres em que eu
estava envolvida, em meio a construção deste projeto e me motivou a seguir
em frente, para lutar pelos meus objetivos.
Ao meu namorado, meu amor, grande companheiro de todas as horas, que
soube me compreender nos momentos em que tive que me dedicar
inteiramente para construção deste projeto, escutando-me e dialogando
diariamente sobre a construção do mesmo.
A minha querida professora orientadora, Dra. Izabel Cristina Feijó de Andrade,
que me guiou, me instigando a buscar os fundamentos necessários para a
concretização deste projeto, fomentando a minha sede pelo conhecimento.
Aos demais membros da minha banca examinadora, por terem aceitado o meu
convite para fazerem parte da avaliação deste estudo em que dirijo um olhar
sensível sobre os educandos pesquisados.
A todos os professores que fizeram parte da minha caminhada acadêmica no
Centro Universitário Municipal de São José, contribuindo para aumentar minha
bagagem pedagógica e para elaboração desta pesquisa.
As minhas grandes amigas de sala de aula, Muller, Tavares, Hoffmann,
Córdova, Geleucther, Kuhn, Fontanella, que levarei em meu coração para o
resto da vida, porque juntas pudemos dialogar várias vezes sobre a elaboração
de nossos projetos, uma auxiliando a outra em suas dúvidas e considerações.
Ao Colégio Alternativo Talismã, por me ter proporcionado a oportunidade de
encontrar um espaço onde pude estar em contato com essas crianças
maravilhosas, que foram o foco principal do meu trabalho, e pela relação que
consegui estabelecer com todos os que lá trabalham.
Aos professores e parceiros do Colégio Alternativo Talismã, em especial à
professora Marilene Furtado, psicopedagoga que atua na escola, que me
ajudou em todos os momentos de dúvidas, respondendo aos meus
questionamentos, iluminando o meu caminho na busca de respostas sobre as
crianças índigo.
Às crianças maravilhosas, que compartilharam comigo vários momentos na
escola, e que me receberam todos os dias com muitos beijos e abraços,
dedicando-me um carinho imenso e fazendo com que eu me sentisse acolhida
no ambiente escolar em que realizei a minha pesquisa.
Às crianças índigo pesquisadas: ao Lírio, pela nobreza de sentimentos que ele
expressa através do olhar brilhante e de um sorriso esplêndido de felicidade; ao
Jasmim, pela pureza e sinceridade que expressa no olhar intenso e profundo,
que é como um rio de imaginações e sentimentos; e finalmente ao Girassol,
uma personalidade verdadeira e serena, que cultiva a verdade e a justiça em
todos os momentos. Agradeço a vocês, crianças, que me deixaram fazer parte
deste mundo especial que existe dentro de cada um que pude conhecer, aos
poucos, durante nossas vivências.
Enfim, agradeço a todos que compreenderam este momento pelo qual
atravessei e ao qual me dediquei de corpo e alma literalmente, para que este
estudo tivesse a mesma essência que descobri nas crianças índigo - uma
essência transcendental.
Por favor, sintam-se todos homenageados.
Convite para uma reflexão...
TRANSFORMAÇÃO - O recado do lago
Sou um lago que reflete o azul do céu, embora não seja o céu. Mesmo
sendo lago, tenho o sol em meu espelho, tenho as nuvens em minha superfície,
tenho a lua e as estrelas me adornando.
Vou mudando de forma, continuamente, a depender da estação do ano.
Posso tornar-me menor ou maior, mais calmo ou mais movimentado, mais
cristalino ou com águas mais turvas.
O mais importante é a riqueza que guardo em meu interior, os peixes
que abrigo e a vida que habita ao meu redor, as flores que permito existir às
minhas margens e as aves que vêm se encontrar e brincar em minhas águas.
Nunca serei o mesmo e sempre serei eu mesmo...
...Não temo a mudança - eu a abençôo. E quando, mais tarde, deixar
definitivamente de ser lago, minha água habitará o oceano ou o mais profundo
veio da terra; meu leito será, talvez, uma floresta; e minha memória estará
eternizada em todos os que se beneficiaram com meu ser inconstante.
Kau Mascarenhas
RESUMO
Esta é uma nova era, de crianças mais evoluídas, as chamadas crianças índigo,
que precisam de novas práticas pedagógicas para atender às suas
especificidades. Com isso, surge a necessidade de dirigir um novo olhar para a
educação, considerando o educando, sujeito complexo, como ponto de partida
para a elaboração de uma metodologia diferenciada, que trabalha o
conhecimento em diferentes níveis de realidade. Pensou-se, então, na prática
transdisciplinar para configurar este novo modelo de ensino, que ultrapassa as
disciplinas, fazendo com que o educando incorpore o conhecimento adquirido,
contextualizando-o em sua realidade. Para a elaboração desta pesquisa, foi
realizado um levantamento bibliográfico detalhado da temática em questão,
para então ir-se a campo observar as crianças e confirmar se realmente a teoria
se faz presente na prática cotidiana escolar. Esta pesquisa é qualitativa e conta
com as análises e observações da pesquisadora, com o objetivo de
compreender as vivências que envolvem o trio de alunos pesquisados. No
campo, a pesquisa participante se fez presente, sendo realizadas duas oficinas,
pautadas em estratégias transdisciplinares. Como estratégia para implantação
da prática transdisciplinar, contou-se com as contribuições da Programação
Neurolinguística ligada ao relaxamento a partir da imaginação criativa. Durante
o desenvolvimento desta pesquisa, foi possível perceber, na prática em campo,
nas observações realizadas, as dificuldades que os educadores têm para lidar
com as crianças índigo, constatando-se, com isso, a importância de utilizar um
novo método de trabalho, para conseguir realizar os exercícios pedagógicos
com as demais crianças do grupo. Assim, a necessidade de uma metodologia
diferenciada se fez presente durante as observações, quando se observou um
lado espiritual evoluído dos índigos, que precisa ser trabalhado e
compreendido, para que eles se desenvolvam juntamente às outras crianças.
Palavras-chave:
Crianças índigo. Transdisciplinaridade. Programação
Neurolinguística. Relaxamento. Imaginação criativa.
LISTA DE FOTOS
Foto 01
Foto 02
Foto 03
Foto 04
Foto 05
Foto 06
Foto 07
Foto 08
Foto 09
Foto 10
Foto 11
Foto 12
Foto 13
Foto 14
Foto 15
Foto 16
Foto 17
Foto 18
Foto 19
Foto 20
Foto 21
Foto 22
Foto 23
Foto 24
Lírio ..........................................................................................
Atividade da apostila de Lírio ...................................................
Jasmim .....................................................................................
Girassol ....................................................................................
Caixa de Valores ......................................................................
Momento da dinâmica da Caixa de Valores ............................
Relaxamento na oficina “A busca de si, no mundo da
imaginação” ..............................................................................
Girassol e Jasmim ....................................................................
Girassol realizando seu desenho .............................................
Desenho de Girassol ................................................................
Jasmim pintando seu desenho ................................................
Desenho de Jasmim ................................................................
Desenhos das demais crianças que participaram da oficina ...
Pesquisadora e as crianças no término da oficina ...................
Relaxamento na oficina o mundo mágico das cores e dos
sentidos ....................................................................................
Jasmim socializando a sua interpretação na dinâmica ............
Lírio contando sobre a sua experiência imaginária ..................
Momento da pintura da mandala .............................................
Mandala pintada por Lírio ........................................................
Mandala pintada por Jasmim ...................................................
Mandala pintada por Girassol ..................................................
Mandalas pintadas pelas demais crianças ..............................
Jasmim e a pesquisadora com a sua flor amor perfeito ..........
Índigos pesquisados: Girassol, Lírio e Jasmim ........................
54
55
59
65
73
74
75
77
77
78
78
79
79
80
81
84
85
86
86
87
87
88
89
89
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................
11
1.1
OBJETIVOS .................................................................................
13
1.1.1
Objetivo geral ...............................................................................
13
1.1.2
Objetivos específicos ...................................................................
14
2
REFERENCIAL TEÓRICO ..........................................................
15
2.1
CRIANÇAS ÍNDIGO ....................................................................
15
2.2
CARACTERÍSTICAS POSITIVAS DAS CRIANÇAS ÍNDIGO .....
21
2.3
CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS DAS CRIANÇAS ÍNDIGO ....
22
2.4
PRÁTICA TRANSFORMADORA: TRANSDISCIPLINARIDADE .
24
2.5
PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA ...................................
28
2.6
RELAXAMENTO A PARTIR DA IMAGINAÇÃO CRIATIVA ........
32
3
PERCURSO METODOLÓGICO .................................................
36
3.1
OFICINAS TRANSDISCIPLINARES/INTERVENÇÕES ..............
41
3.1.1
Oficina: a busca de si no mundo da imaginação .........................
42
3.1.1.1 Dinâmica da caixa de valores ......................................................
42
3.1.1.2 Relaxamento dirigido ...................................................................
42
3.1.2
Oficina: o mundo mágico das cores e dos sentidos ....................
45
3.1.2.1 Dinâmica dos sentimentos representados pelas cores ...............
47
4
ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES EM CAMPO ...........................
49
4.1
CARACTERÍSTICAS
DAS
CRIANÇAS
DO
COLÉGIO
ALTERNATIVO TALISMÃ – CONCEITUALIZAÇÃO COM OS
BIÓTIPOS DOS ÍNDIGOS, POR NANCY ANN TAPPE................
4.2
53
DIDÁTICA DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ENSINO –
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA ÍNDIGO ...................................
67
5
ANÁLISE
DAS
INTERVENÇÕES
/
PRÁTICA
TRANSDISCIPLINAR .................................................................
71
5.1
OFICINA: A BUSCA DE SI NOMUNDO DA IMAGINAÇÃO ........
71
5.2
OFICINA:
O
MUNDO
MÁGICO
DAS
CORES
E
DOS
SENTIDOS ..................................................................................
80
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................
93
ANEXOS ....................................................................................................
97
6
11
1 INTRODUÇÃO
Em busca de um novo olhar para a educação, um olhar focado no
educando, considerando o contexto em que cada um está inserido e
respeitando suas especificidades, é que esta pesquisa propõe alternativas
diferenciadas, com o objetivo de auxiliar no cotidiano, tanto escolar quanto
social das crianças índigo. Este novo olhar é fruto da evolução do universo e
para isso, é preciso atentar para esta nova geração de crianças, identificando
as estratégias adequadas para uma educação transformadora.
Os educadores da atualidade se deparam com uma nova geração de
crianças, mais evoluídas, com um comportamento ainda não classificado pela
psicologia, que não se contentam apenas com o conteúdo aplicado em sala de
aula, que buscam algo mais, algo que transcenda.
A utilização de disciplinas fragmentadas torna difícil associar a teoria à
prática. Por isso, há necessidade de uma prática transdisciplinar, de uma
caminhada entre as disciplinas, buscando ir além, trabalhando os diferentes
níveis de realidade. Como afirma Morin (2009, p. 20), “o conhecimento torna-se
pertinente quando é capaz de situar toda a informação em seu contexto e, se
possível, no conjunto global no qual se insere.”
No estágio de anos iniciais, percebeu-se a possibilidade de um fazer sersendo diferenciado. Isso serviu de guia para o desenvolvimento do tema em
questão, instigando a pesquisadora a aprofundar seus conhecimentos sobre o
assunto e a procurar argumentos válidos para realizar uma prática alternativa
que contemple as atuais exigências educacionais.
A teoria e a prática estão ligadas intrinsecamente e se fizeram presentes
durante a observação do estágio realizado junto a uma turma do 4º ano, no
Colégio Alternativo Talismã1. A classe era composta por três meninas e quatro
meninos, sendo que entre eles havia uma criança índigo. Durante uma
observação do estágio, pode-se presenciar a prática da professora que
lecionava naquela sala. Os alunos chegavam à sala, após uma aula de
Educação Física, e o educando índigo, principalmente, não conseguia se
1
Localizada no município de São José - SC, no bairro Barreiros, há 14 anos, a escola segue
uma perspectiva educacional inter e transdisciplinar, trazendo ao educando o saber como forma
de transformação da realidade.
12
concentrar e prestar atenção às explicações da professora, inquietando, assim,
os demais também. Então, a professora pediu que todos abaixassem a cabeça
e começou a acalmá-los fazendo uma massagem em seus ombros. Em
seguida, iniciou um relaxamento dirigido em que utilizou uma Programação
Neurolinguística adaptada, fazendo com que os alunos recuperassem a
atenção e participassem da aula. O resultado da prática daquela educadora foi
significativamente impulsionador para esta pesquisa. Considera-se interessante
citar aqui Vygotsky (1994, p. 340), que afirma:
[...] ainda que a experiência emocional da criança em relação ao meio
social é decisiva no curso de seu desenvolvimento psicológico, pois
determina o tipo de influência que a situação ou o meio terá sobre ela.
Não é um fator em si que influencia o curso do desenvolvimento da
criança, mas os diversos fatores refratados pelo prisma da experiência
emocional da criança.
A necessidade de uma metodologia diferenciada, voltada às crianças
índigo, criou um novo olhar para este educando, fazendo a pesquisadora
escolher a transdisciplinaridade como ferramenta estratégica na prática da
educação com estas crianças que hoje vêm sendo consideradas crianças
difíceis de lidar na sala de aula. Desta forma, o objetivo foi proporcionar
momentos de conhecimento interior, resultando em um melhor desenvolvimento
para as mesmas. Tais momentos podem ser mediados por técnicas de
relaxamento ou até mesmo de meditação. No caso desta pesquisa, optou-se
pela técnica do relaxamento, tendo em vista a seguinte afirmação de Goleman
(1999, p.32):
[...] a meditação treina a capacidade de prestar atenção. Isso a
diferencia de muitas outras formas de relaxamento que permite que a
mente divague à vontade. Esse aguçamento da atenção dura além
da própria sessão de meditação.
Com uma prática pautada em técnicas de relaxamento é possível
resgatar o mundo mágico da imaginação das crianças índigo, fazendo destas
experiências uma forma de se autoconhecer e de se autotransformar de dentro
para fora. Além da técnica de relaxamento, escolheu-se a Programação
Neurolinguística, que auxiliou no desenvolvimento da imaginação criativa
dessas crianças, e que nada mais é do que o relaxamento dirigido, pois a
transformação exterior é a conseqüência da transformação interior
13
Estas discussões no campo educacional ainda são novas, mas as
experiências
práticas
se
multiplicam
a
cada
dia.
Entre
elas,
a
transdisciplinaridade permite vislumbrar novos horizontes na área educacional.
Portanto, este foi o desafio: apresentar outra forma de relacionamento com as
crianças índigo e assim contribuir para a sua educação. Como ponto de partida,
utilizou-se a Carta da Transdisciplinaridade, elaborada pelo comitê de redação,
composto pelos autores Freitas, Morin, Nicolescu (1994), a qual aponta, no seu
terceiro artigo, um objetivo muito importante:
[...] a transdisciplinaridade é complementar à abordagem disciplinar;
ela faz emergir do confronto das disciplinas dos novos dados que as
articulam entre si; e ela nos oferece uma nova visão da natureza e da
realidade. A transdisciplinaridade não busca o domínio de várias
disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e
as ultrapassa.
Desta forma, acredita-se que este trabalho poderá servir como fonte de
referências para o aprofundamento científico na área da educação.
1.1
OBJETIVOS
A seguir apresentam-se o objetivo geral e, posteriormente, os objetivos
específicos. No objetivo geral, será apresentada a intenção principal desta
pesquisa. Nos objetivos específicos, essa intenção será detalhada em
categorias que serão contempladas no decorrer deste trabalho, para uma
melhor compreensão do leitor.
1.1.1 Objetivo geral
Propor uma metodologia transdisciplinar, utilizando como estratégias de
atuação o relaxamento e a programação neurolinguística, para a ampliação da
imaginação criativa e a busca do equilíbrio interior das crianças índigo,
servindo como facilitadores no processo pedagógico escolar.
14
1.1.2 Objetivos específicos
a)
Observar e apontar as características pontuais das crianças índigo,
suas qualidades e dificuldades.
b)
Aplicar a prática transdisciplinar no cotidiano escolar.
c)
Descrever as contribuições das técnicas de relaxamento e da
programação neurolinguística na educação de crianças índigo.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste tópico, serão apresentados os fundamentos teóricos, amparados
em autores que argumentam sobre: crianças índigo, prática transdisciplinar,
programação neurolinguística e relaxamento a partir da imaginação criativa.
2.1 CRIANÇAS ÍNDIGO
Com o propósito de discorrer um pouco mais sobre esta “nova era” que
vem movimentando nosso planeta, a chamada era das crianças, buscou-se
uma aproximação transdisciplinar na educação, na tentativa de seguir uma
caminhada que se construirá durante as vivências. Para tanto, iniciou-se
fazendo um levantamento bibliográfico detalhado, pois embora o assunto tenha
muita informação, sendo esta muito extensa, é também algo novo, por isso,
este levantamento tornou-se mais demorado e ao mesmo tempo desafiador. As
informações sobre o assunto, obtidas com diversos autores, ora eram iguais,
ora eram contraditórias. Neste estudo, procurou-se apontar as características
dessas crianças e qual sua principal função neste planeta.
A partir das leituras em Carrol e Tober (2008), Simon (2010) e Vecchio
(2006), relacionadas às crianças índigo, pode-se dizer que são seres
transformadores, que estão abrindo os caminhos de uma nova era e que, de
maneira pacífica e harmoniosa, querem dar uma nova oportunidade às pessoas
para que elas possam transformar o meio em que vivem e principalmente o seu
interior, buscando o crescimento espiritual e preparando-se para o que ainda há
por vir.
Conhecer e dividir experiências faz com que todos possam aprender e
aceitar o novo com outros olhos e de maneira mais aberta, sem preconceitos e
reprovações. Todos empreendem uma caminhada única, e terão que dividir
seus espaços, em todos os momentos, com pessoas que permanecerão junto
durante todo o percurso, que estarão por alguns minutos do seu lado ou que até
mesmo apenas passarão ao seu lado. Independente disso, é preciso fazer
desta convivência uma experiência única e transformadora para o crescimento
pessoal, pois cada um tem algo a ensinar e muito a aprender. Todos estes
16
momentos devem servir para o crescimento interior, de forma transformadora e
feliz.
Crianças do Novo Milênio, podendo ser assim chamadas, crianças que
começaram a surgir aos poucos, a partir dos anos 80, com uma aura diferente
ao seu redor, sendo ela azul claro, de acordo com Nancy Ann Tappe a primeira
pessoa conhecida por ter visto a aura de um índigo, como Carrol e Tober (2005)
abordam, (crianças que vieram com uma missão [para espiritualidade]
estabelecida a cumprir, espalhar o amor, paz no mundo). Segundo Carrol e
Tober (2005), os precursores do surgimento dos índigos, existem quatro
biótipos destes índigos, cada um com certas características mais presentes,
podendo ser: conceitual, artístico, interdimensional, humanista.
Conceitual: estas crianças adoram atividades físicas. Interessam-se
mais por projetos do que por pessoas, serão os futuros engenheiros, arquitetos,
projetistas, astronautas, pilotos e oficiais militares. São extremos controladores,
geralmente, dos pais. Na adolescência, têm grande chance de virem a usar
drogas, como um refúgio. Quando não compreendidos, tendem a se isolar.
Artístico: são seres extremamente sensíveis, com estrutura física menor
em estatura, comparando com os demais. Poderão ser futuros médicos, ou
seguirem seu lado artístico. Muito criativos, tem diversas aptidões artísticas.
Interdimensional: são mais evoluídos espiritualmente, trarão novas
filosofias para o mundo. Maiores em estatura. Desde cedo, têm caráter de autosuficiência, sempre argumentando que sabem tudo.
Humanista: serão os futuros doutores, advogados, professores,
vendedores, executivos e políticos, trabalharão com a massa. São hiperativos.
Leitores ferozes. São muito simpáticos e sociáveis. Sabem lidar bem com as
situações do cotidiano, têm grande aptidão para resolver problemas.
Franco (2007, p.02) vem contribuir com algumas informações a respeito
destes biótipos:
[...] qualquer tipo de agressividade torna-as rebeldes, o que pode
levar algumas a se tornar criminosos seriais. Os estudos
generalizados demonstram que algumas delas têm pendores
artísticos especiais, enquanto outras são portadoras de grandes
sentimentos humanistas, outras mais são emocionais e outras ainda
são portadoras de natureza transcendental. Aquelas transcendentais,
provavelmente serão os grandes e nobres governantes da
Humanidade no futuro. As artísticas vêm trazer uma visão
diferenciada a respeito do Mundo, da arte, da beleza. Qualquer tipo
17
de punição provoca-lhes ressentimento, amargura que podem levar à
violência, à perversidade.
As informações sobre as crianças índigos ainda são recentes para o
mundo acadêmico, e não há constatações científicas que possam apresentar
provas da chegada delas, porém as bibliografias existentes são bastante
convincentes e capazes de ajudar a chegar a alguma conclusão.
Assim sendo, de acordo com o site Fonte de Luz (2001, p. 01), comenta
que
As Crianças Índigo têm estado a encarnar na Terra nos últimos 100
anos. Os primeiros Índigos eram pioneiros e mostradores de
caminho. Depois da Segunda Guerra Mundial nasceram um numero
significativo delas e estes são os adultos Índigo de hoje. No entanto,
na década 70 uma onda grande de Índigos nasceu e por isso agora
temos uma geração inteira de Índigos que estão a atingir o fim dos
vinte anos e no principio dos seus trinta anos e que irão tomar o seu
lugar como lideres deste mundo. Os Índigos continuaram a nascer
até mais ou menos o ano 2000 com mais habilidades e maior grau de
sofisticação tecnológico e criativo.
Tais crianças apresentam maiores capacidades, aptidões, sensibilidade,
afetividade, percepção, espiritualismo; todas estas características aparecem
muito mais precocemente do que se está acostumado. Têm seus sentidos
muito aguçados, assim se diferenciando dos demais, tornando-se destaque
para observação e estudos no âmbito social.
Mas afinal, quem são essas crianças? Como se pode identificá-las?
Como se pode contribuir para sua evolução, buscando novas alternativas para
lidar com elas, para um melhor convívio em sociedade? São muitos
questionamentos que serão devidamente respondidos no decorrer da pesquisa.
De acordo com o texto de Menezes (2001), a partir da década de 80 a
chegada das crianças índigo começou a tornar-se visível de maneira mais
expressiva. Para o autor citado, estas crianças estão chegando ao planeta para
uma transformação social, educacional, familiar e espiritual. Os índigos utilizam
o cérebro de maneira diferente, sendo que o hemisfério direito é mais
potencializado e o esquerdo é menos, de acordo com Vecchio (2006). Isto
significa que elas estão muito além do plano intelectual, destacando-se pelo seu
comportamento.
Estas crianças têm características tão diferenciadas que acabam por
desafiar o ambiente em que vivem, quebrando paradigmas, fazendo com que o
18
agir e o pensar andem juntos ou pelo menos dentro do mesmo patamar,
gerando uma sociedade mais coesa, confiante, transparente e, principalmente,
muito mais autêntica. Além disso, estas crianças mostram que eu e o próximo
somos um só, restabelecendo a confiança mútua, a confiança na humanidade,
tendo como objetivo diminuir o egoísmo, a inveja, o ódio e potencializar
conseqüentemente, mais solidariedade e doação.
O que vem ocorrendo há anos com muita freqüência, é que estas
crianças estão sendo confundidas, sendo chamadas de crianças com déficit de
atenção e hiperatividade, também podendo ser confundidas com crianças
autistas ou asperger.
Com intuito de conhecer um pouco mais sobre o que se trata essas
síndromes, alguns autores vêm argumentar: segundo Benczik (2000, p. 25)
define o Transtorno de déficit de atenção/Hiperatividade como “um problema de
saúde mental, considerando-o como um distúrbio bidimensional, que envolve a
atenção e a hiperatividade/impulsividade”. Para Dias... et. al. (2009, p. 03) a
síndrome de Asperger ou "Psicopatia Autística"
como a síndrome foi inicialmente denominada pelo pediatra vienense
Hans Asperger que, em 1944 descreveu um grupo de crianças,
principalmente meninos, com um padrão típico de comportamentos e
déficits. Ao resumir as características típicas desta alteração, o autor
pontuou a aparência física das crianças, seu bom nível intelectual,
dificuldades de linguagem e de atenção, um comportamento
problemático em situações sociais e dificuldades emocionais.
O autismo, como Klin (2006, p. 03) aborda, “também conhecido como
transtorno autistico, autismo da infância, autismo infantil e autismo infantil
precoce, é o TID mais conhecido. Nessa condição, existe um marcado e
permanente prejuízo na interação social, alterações da comunicação e padrões
limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses”.
De acordo com as características apresentadas pelas síndromes,
algumas possuem pontos em comum com as características das crianças
índigo, no entanto, as características dos índigos se sobressaem, podendo
assim, considerá-los como as novas crianças mais evoluídas, como veremos
posteriormente de forma mais detalhada.
19
Simon (2010) afirma que, atualmente, casos de crianças rebeldes, que
se recusam a obedecer, comer, dormir e que desprezam a maior parte dos
adultos deixaram de ser exceção e estão se tornando regra. Os pais,
preocupados, não compreendendo a reação de seus filhos, acabam por achar
que são crianças com problemas psicológicos, levando seus filhos a se
consultarem com psiquiatras e a serem tratados com medicamentos
psicotrópicos. Simon ainda completa afirmando que na França há cerca de 370
institutos de reeducação que acolhem crianças de 5 a 12 anos.
Ainda conforme Simon (2010, p. 14):
[...] esse tratamento químico é uma faca de dois gumes. Ele pode,
com efeito, permitir que essas crianças hiperativas se integrem as
normas em uso e, assim, tranqüilizar os pais, mas, como todas as
drogas desse tipo, gera uma certa euforia que permite aos
consumidores esquecer suas diferenças e seus complexos em
relação aos outros. Contudo, paralelamente a essas vantagens
teóricas, ele destrói a personalidade, a intuição, os dons espirituais,
as faculdades extrassensoriais dessas crianças e, sem sombra de
dúvida, sua saúde física.
Considerando o que foi aqui exposto, um dos grandes desafios desta
pesquisa é de desmistificar estes conceitos pré-estabelecidos e compreender
melhor estas crianças, procurando uma melhor forma de convívio com elas e
delas com o mundo. Vecchio2 (2007, p.63) vem contribuir, mostrando alguns
obstáculos no desenvolvimento das crianças índigo, dentre os quais:
[...] incutir-lhe medo, sem compreender a autêntica verdade de como
funcionam as coisas; preocupá-lo desnecessariamente; fazer um
drama trágico por coisas que sempre podem ser solucionadas;
mostrar a ela aspectos baixos e negativos da vida, como se essa
fosse a única realidade humana; não confiar na sua pureza de
intenções; ter intenção pouco firme em assuntos que colocam em
jogo os valores humanos;
Por serem crianças com características diferenciadas das demais, tornase necessário adotar um convívio diferenciado com elas e com as demais, não
2
Egídio Vecchio, radicado no Brasil desde o ano de 1972, é argentino, doutor em psicologia,
psicopedagogia,e psicologia clínica (Universidade Argentina John F. Kennedy). Pesquisador,
professor universitário, palestrante e escritor com várias obras publicadas. Atende crianças e
adolescentes índigos, bem como orienta pais e professores para ajudá-los a conviver melhor
com seus filhos e alunos, de modo que estes possam desenvolver melhor, sem dificuldades,
suas potencialidades tão especiais.
20
excluindo ninguém, criando assim uma nova maneira de lidar com as crianças
na escola e na sociedade.
Simon (2010) vem contribuir, explicando que as crianças índigo são
especificamente criativas, querem sempre inovar, não gostam de atividades
repetitivas, o que acarreta dificuldades durante o seu percurso escolar. Quando
não compreendidas, algumas se fecham em sua inquietude, em seu mundo
interior, não exteriorizando o que sentem, por isso, podem chegar a ser
confundidas com autistas, com características semelhantes. Em alguns casos,
essas crianças começam a desenvolver a telepatia3 como meio de
comunicação.
O tema sobre os índigos, as novas crianças, é muito interessante, porém
é algo ainda novo. Antes dos anos 80, as crianças índigos morriam cedo, pois a
freqüência do planeta não era ajustada para a sua permanência por aqui,
porém, com o passar do tempo, estas crianças fizeram transformações
formidáveis no planeta, tornando-o melhor, possibilitando o aumento destas
criaturas, que estão transformando o mundo.
Os autores Carroll e Tober (1999) que escreveram o livro com o título
“The índigo children”, fizeram, por longo tempo, um estudo em relação a estas
crianças e perceberam a grande transformação que estes seres “azuis”
estavam promovendo no planeta. Puderam também verificar a dificuldade com
que os pais lidavam com elas. Eles comentam ainda, que este aparecimento
não é um fenômeno norte-americano, ele foi testemunhado em três continentes
diferentes, mas ninguém deu atenção, exatamente por seguir paradigmas da
psicologia que acreditam que a evolução só é possível da maneira como já foi
considerada anteriormente. Na verdade, a evolução está chegando de maneira
branda e revolucionária, mas poucos estão se dando conta.
Então, o que é uma Criança Índigo? Para os autores citados, é aquela
que apresenta um novo conjunto de atributos psicológicos e tem, em geral, um
comportamento que ainda não foi documentado. Já para Vecchio (2006, p.20):
Uma das diferenças que caracterizam a criança índigo é sua
estrutura psicobiológica e espiritual diferente. Suas células
são diferentes; o código genético é diferente; a psique é
3
É definida na parapsicologia como a habilidade de adquirir informação acerca dos
pensamentos, sentimentos ou atividades de outra pessoa. Segundo wikipédia: a enciclopédia
livre.
21
diferente porque sua biologia também é diferente. Sua
condição antropológica é diferente, a energia é diferente, a
freqüência vibracional é diferente. Os índigos são algo mais
que simplesmente criaturas superdotadas. Eles “vêm” ao
mundo nada mais nada menos que para mudar a natureza
humana.
Seus comportamentos, no entanto, deixam claro que os que interagem
com elas precisam mudar seu tratamento para que encontrem o equilíbrio e não
venham a causar danos a elas. Vecchio (2006) argumenta que a escola,
juntamente
com
a
Pedagogia
de
Valores,
pode
contribuir
para
o
desenvolvimento destas crianças, passando a elas os valores necessários á
sabedoria, para, assim, serem úteis para si mesmas e para o próximo,
aproveitando suas potencialidades em prol do bem.
2.2 CARACTERÍSTICAS POSITIVAS DAS CRIANÇAS ÍNDIGO
Alertando que nem todas as crianças índigo apresentam todas estas
características ao mesmo tempo, pois um indivíduo difere do outro, esta relação
de características foi pesquisada em referenciais teóricos de autores que
argumentam sobre a existência dos índigos, sendo eles: Carroll, Tober (2005),
Vecchio (2006), Simon (2010). A partir destas leituras, considera-se que as
características mais presentes são as seguintes:
a) Nascem, agem e se desenvolvem de uma forma mais madura e
preparada.
b) Têm uma boa auto-estima.
c) Sabem quem são e para que vieram a este mundo.
d) Têm facilidade em identificar tarefas facilitadoras para certos
trabalhos, facilidade em resolver problemas.
e) Não têm vergonha de expressar suas necessidades e o que
precisam.
f)
Acreditam ser capazes de realizar tudo.
g) São crianças que possuem metas e objetivos estabelecidos
claramente em sua memória.
h) Possuem diversos talentos.
i)
Têm alta sensibilidade espiritual, social, ética e emocional.
22
j)
Aprendem rápido o que lhes é ensinado.
k) Têm muita energia, são muito ativos.
l)
Parecem ter contato extra-sensorial.
m) Têm todos os sentidos do corpo muito aguçados.
n) Encantam-se desde cedo pela tecnologia.
o) São carinhosos, perseverantes, carismáticos.
p) Têm inteligência múltipla e intuitiva.
q) Têm perfil para liderança.
r)
Possuem grande agilidade mental.
s) São dotados de uma estrutura física maior e de um metabolismo
acelerado.
t)
Têm uma atenção e um respeito maior com a natureza, os animais, a
preservação.
u) Em muitos casos, são vegetarianos.
v) Não suportam a mentira e a manipulação de pessoas.
w) São seres evoluídos e muito criativos.
O fato de ser portadora destas características ou algumas delas não
significa que uma criança é um indivíduo índigo, mas é necessário estar sempre
alerta para compreender estes seres desde muito cedo, pois desta maneira
torna-se possível colaborar com a sua missão. Estas crianças, de alguma
forma, estão sempre pedindo ajuda para descobrir novos limites, ajustes para
suas habilidades ou talentos e assim poder desenvolver o seu “crescimento”.
2.3 CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS DAS CRIANÇAS ÍNDIGO
Estas características são descritas a partir de leituras de Atwater (2008),
Cañete (s.d), entre outros teóricos da área. São elas:
a) Não aceitam receber ordens, serem controlados e seguirem padrões.
b) São impacientes.
c) Em alguns casos, são rotulados como crianças com déficit de
atenção, hiperatividade e como bipolares.
d) Não têm medo de nada, têm caráter de auto-suficiência.
23
e) Quando não compreendidos, eles se fecham em seu mundo interior,
tentando buscar a compreensão dentro de si.
f) Alguns, quando não compreendidos, passam a ser confundidos com
crianças autistas.
g) Aborrecem-se facilmente, pois querem tudo rápido, como a
velocidade do seu pensamento.
h) Têm grande nível de auto-estima, mas a queda desse nível pode
levar à depressão.
i) Seu estado psíquico é inconstante.
j) Se não compreendidos, podem se frustrar.
Para Menezes (2001), a chegada das crianças índigos fez a primeira
transformação na família, pois esta se baseia na imposição de regras. A família
atual está cada vez mais comprometida com suas atividades diárias e seus
membros acabam tendo cada vez menos tempo para dedicar-se uns aos
outros.
As crianças índigos, por terem um diferencial, não se adaptam às
estruturas rígidas, pois elas primam pelas relações verdadeiras e para isso,
querem o entendimento e a negociação. São crianças intuitivas, sendo assim,
podem ver as verdadeiras intenções e fraquezas dos adultos.
Por serem questionadoras, acabam por resolver os conflitos de maneira
diferente dos demais, isto também influenciará em seu comportamento nas
demais atividades como, por exemplo, no mercado de trabalho, cidadania, nas
relações interpessoais, relações amorosas e nas instituições espirituais, por
serem essencialmente dirigidas pelo hemisfério direito.
Os autores clássicos, como Carroll e Tober (2008), mencionam três
complicações que as crianças índigos podem experimentar e que foram por
eles testemunhadas tanto na vida particular quanto profissional. São as
seguintes:
a) Elas têm a vida como preciosa demais para deixar escapar, sendo
assim, freqüentemente, forçam algumas situações para realizarem o
desejado, fazendo com que seus pais cedam e caiam nas suas
armadilhas, muitas vezes, deixando de ser o exemplo, a modelagem,
fazendo a inversão de papéis.
24
b) Estas crianças podem tornar-se emocionalmente irritadas por pessoas
que não as entendam. Quando jovens, podem ter problemas de
ajustamento com outras crianças.
c) Normalmente, as crianças índigos são diagnosticadas como crianças
hiperativas, sendo muitas vezes tratadas com medicamentos, quando
poderiam ser tratadas apenas de forma diferente.
Diante do exposto, é possível concluir que estas crianças são seres
espiritualmente desenvolvidos, vindos com a missão de transformar o planeta,
portanto, deve-se dar a elas a oportunidade de se expressar e dar a todos a
oportunidade
de
aprender
e
mudar,
considerando-as
como
agentes
transformadores e ouvindo o que elas têm a dizer.
Sua chegada tem por objetivo a transformação de cada ser, é um pedido
de amor pela humanidade e, principalmente, é um apelo para que o homem não
se perca diante de sua própria inteligência, abastecendo principalmente o ser e
o seu interior, chamado “alma”. Novamente recorre-se a Vecchio (2006, p.19),
que vem contribuir com informações sobre as crianças índigo:
Evidências científicas comprovarão, aos poucos, a existência
das 12 hélices às quais Lee Carroll referiu-se, que trata-se de
uma tese compartilhada não só por cientistas mas por
pesquisadores espiritualistas. Os primeiros, como a doutora
Berrenda Fox, obtiveram evidências de mudanças celulares e
de formação de outras hélices no DNA, e os segundos
receberam espiritualmente a informação que teremos 12
hélices de DNA.
Contudo, aos poucos, os índigos estão sendo inseridos no meio
acadêmico, como crianças mais evoluídas, assim, este trabalho pode vir a ser
mais uma fonte de referências para o estudo da temática. As novas crianças
vêm para transformar o mundo, gerando, com isso, a evolução da espécie
humana.
2.4 PRÁTICA TRANSFORMADORA: TRANSDICIPLINARIDADE
Atualmente, ouve-se falar muito sobre as práticas interdisciplinares na
educação, trabalhando todas as disciplinas englobadas num contexto a que se
quer chegar. A transdisciplinaridade é algo que vai além destas disciplinas, que
25
ultrapassa a interdisciplinaridade, que requer algo mais complexo, que é
trabalhar a espiritualidade das crianças em torno da realidade em que se
encontram, alcançando assim um equilíbrio físico, emocional sobre o corpo, a
mente, o espaço e o mundo a sua volta.
A educação Transdisciplinar vem para preencher um vazio que existe
nos indivíduos, acessando o mundo interior, muitas vezes desconhecido pelas
crianças, como aborda Peres... et. al. (2007). Com esta educação, parte-se do
ponto de vista do “eu” da criança, dando voz e autonomia a ela para se
manifestar e ter atitudes diante das situações geradas. A criança deve ser o
foco na sociedade, é ela que se encarregará do futuro, devendo ser regada de
muito equilíbrio, paz, amor e tranqüilidade. Além de todo conteúdo adquirido no
ambiente escolar, deve-se trabalhar a parte espiritual destas crianças para que
assim ela aprenda a lidar com as situações cotidianas inconstantes da vida.
É necessário preparar as crianças não só para o conhecimento, mas
também para um mundo novo, de contextos sociais os mais diversos. O novo
olhar para a transdisciplinaridade requer a liberdade de espírito para transitar
em todas as áreas da diversidade nas disciplinas da vida. Morin (2003, p. 99100) ressalta que:
A imensa máquina da educação é rígida e inflexível, fechada,
burocratizada. Muitos professores estão instalados em seus
hábitos e autonomia disciplinares. [...] Para eles o desafio é
invisível. [...] Mas é preciso começar e o começo pode ser
desviante e marginal. [...] Como sempre, a iniciativa só pode
partir de uma minoria, a princípio incompreendida, às vezes
perseguida. Depois a idéia é disseminada, quando se
difunde, torna-se força atuante.
Como Morin (2001) aborda sobre em sua obra “os sete saberes
necessários à educação do futuro”, julga-se de grande valia ressaltá-los nesta
pesquisa, como fundamento necessário para a educação da nova geração de
crianças. Esses sete saberes compreendem: primeiro, estudar o próprio
conhecimento; segundo, manter a coerência e pertinência dos conteúdos
aplicados, ligando-os à realidade; terceiro, considerar a importância de estudar
a condição humana, trabalhando de uma maneira ampla no assunto; quarto,
ensinar a identidade terrena, de modo a fazer o indivíduo notar o seu papel
social; quinto, saber enfrentar as incertezas a partir de fundamentos científicos,
assim podendo ir além; sexto, aprender a compreender o diferente; e sétimo, o
26
indivíduo construindo a ética global da sua relação com o mundo e a sociedade,
englobando assim, todas as práticas necessárias à educação do futuro.
Partindo deste novo foco, a educação de índigos, o doutor Herrera
Figueroa e Miguel Reale, seu pai, foram os precursores do trialismo4, trazendo
uma nova metodologia a ser trabalhada. No entender de Vecchio (2006), “o
trialismo vem contribuir para uma nova pedagogia espiritualista, que está
contida em nossas células”. Para essa nova Pedagogia, Herrera Figueroa, traz
a Paidosofia5, sendo ela dividida em três modos de viver: físico, mental e
espiritual-valorativo. Desta forma, a nova Pedagogia de Valores traz como eixos
centrais: os valores, os conhecimentos e normas, e os fatos. Mais uma vez
citando Vecchio (2006, p.85-86), considera-se que
na educação paidosófica o índigo aprende a utilizar a sua Inteligência
Emocional para lidar com os próprios valores, conhecimentos e
acontecimentos, como também aprende a lidar com os
acontecimentos, valores e fatos referentes a condutas dos outros.
Isto para “paidosóficos”, é educar.
Conforme rege a “Paidosofia”, Vecchio (2006) afirma que os índigos
necessitam de uma educação que mostre os caminhos que os levem à
verdade, trazendo a justiça como valor básico da vida humana, conhecida como
“Dikelogia6”. As pessoas, atualmente, são educadas seguindo o paradigma dos
antigos, sendo influenciados a acreditar no que eles acreditam, e por fim, se
dão conta de que não é isso que realmente é o correto para si. Então, caem no
medo, na culpa, por não aceitarem os mesmos valores que seus pais acreditam
serem os certos. A mente da criança deve ser alimentada pelas normas que a
sociedade deve seguir para então ela mesma criar suas próprias leis, baseada
no que é certo. A criança deve ativar a sua Inteligência Lógica, para assim ser
feliz, e usar esta inteligência criando uma relação das normas da sociedade e
com as suas próprias regras, dando origem à sua personalidade equilibrada.
Para Vecchio (2006, p.89), os principais objetivos da Pedagogia
Paidosófica são:
4
Para Vecchio (2006), é a corrente científica da nova era, que nos trouxe a nova energia.
Segundo Herrera Figueroa e Miguel Reale, os três formam a base da existência, de uma nova
visão do mundo e das coisas.
5
Do grego paidós = crianças e sofia = sabedoria. Herrera Figueroa traz a Paidosofia como a
sabedoria acerca das crianças.
6
É a ciência da prática da justiça consigo mesmo e com os outros. Diké, quer dizer valor, em
grego, sendo o estudo de valores.
27
Facilitar a aquisição de conhecimentos para o índigo criar as próprias
normas de conduta; facilitar a construção de valores para o índigo
viver em paz; gerar fatos comportamentais que integrem o índigo
consigo mesmo, com seus semelhantes e com Deus; facilitar os
caminhos para o índigo completar sua evolução holística a partir de
um “DNA capacitado”.
O educador, na escola, precisa optar por um papel de facilitador, no qual
ele cria soluções e alternativas para lidar com as crianças índigo, auxiliando
assim
na
sua
interação
com
o
grupo
e
contribuindo
para
o
seu
desenvolvimento. Em muitos casos, quando a criança tem um gênio difícil, o
educador deve saber negociar com ela, alcançando sua confiança para ter o
controle da situação.
De acordo com Vecchio (2006), as práticas da Pedagogia de Valores são
eficazes na atuação com crianças índigo. Precisam existir diversos momentos
de aprendizado, de maneira criativa e inovadora, em que a criança índigo possa
desenvolver suas potencialidades. O educador tem de assumir o papel de
facilitador, que contribui no desenvolvimento dos índigos. Toda criança
necessita de motivação, principalmente as crianças índigo, por serem mais
sensíveis e influenciáveis. Por isso a importância de tratá-las como únicas. É
preciso trabalhar com as crianças os valores e as verdades, como lei da vida.
Muitos índigos não gostam da escola, pelo passo vagaroso que ela segue em
comparação ao seu desenvolvimento rápido. Por este motivo, eles sentem a
necessidade de uma prática diferenciada, diversificada e inovadora, que foque
suas potencialidades, a fim de sentirem-se úteis e motivados a aprender cada
vez mais, saciando a sua sede de conhecimentos. Há necessidade de uma
pedagogia da autonomia, fazendo das crianças índigo os autores de suas
próprias decisões e tornando o educador um impulsionador de tudo isto.
Não é possível deixar de falar sobre a pedagogia de valores criada a
partir da metodologia de Maria Montessori (1907) e do Dr. Rudolf Steiner,
criador da Antroposofia. Steiner (1919) apresentou seu método pedagógico
chamado Waldorf, que vem tratar, na metodologia, do amor à criança. Segundo
Franco (2007, p. 01):
[...] a criança não é um adulto em miniatura. É um ser que está sendo
formado, que merece o nosso melhor carinho. A criança não é objeto
de exibição, e deve ser tratada como criança. Sem pieguismo, mas
também sem exigências acima do seu nível intelectual. Então, essas
crianças esperam encontrar uma visão diferenciada, porque, ao
28
serem matriculadas em escolas convencionais, tornam-se quase
insuportáveis.
De acordo com Vecchio (2006) esta pedagogia de Steiner serviu como
impulsionadora de um novo olhar para as crianças, considerando-as como
ponto de partida, para toda e qualquer construção de conhecimento. A criança é
considerada como criança, em sua essência, para fazer o educador doar
espaço da sala de aula às suas idéias e vontades. Da ligação entre a
pedagogia montessoriana e a pedagogia de Steiner surge a Pedagogia de
Valores.
2.5 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA
A mente é a maior força que o ser humano tem em mãos, mas muitas
vezes ele não se dá conta deste poder. É ela que o guia e o estimula a fazer as
coisas. Estando rodeado de pólos negativos e positivos, o ser humano precisa
aprender a filtrar estes pólos de conhecimento, de uma maneira qualitativa para
a prática da vida. A partir das experiências negativas, surge o medo, que serve
para se aprender com os erros, não voltando a cometê-los. Com as
experiências positivas, o homem é estimulado e instigado e refazer estas
ações. Não se pode dizer que devem existir apenas acontecimentos e fatos
positivos, pois é preciso encontrar o equilíbrio e assim ter a experiência como
ponto de partida para alcançar o sucesso esperado.
Em seus estudos, O’Connor (1995, p.19) explica que a
Programação neurolinguística é a arte e a ciência da excelência, ou
seja, das qualidades pessoais. É arte porque cada pessoa imprime
sua personalidade e seu estilo, àquilo que faz, algo que jamais pode
ser apreendido através de palavras ou técnicas. E é ciência porque
utiliza um método e um processo para determinar os padrões que as
pessoas usam para obter resultados excepcionais naquilo que fazem.
Esse processo chama-se modelagem, e os padrões, habilidades e
técnicas descobertas através dele estão sendo cada vez mais usados
em terapia, no campo educacional e profissional, para criar um nível
de comunicação mais eficaz, um melhor desenvolvimento pessoal e
uma aprendizagem mais rápida.
29
A programação neurolinguística teve origem nos anos 70, com os
precursores John Grinder e Richard Bandler, uma parceria feita com o objetivo
de encontrar novas técnicas para melhorar a comunicação entre as pessoas,
através de uma mudança pessoal, e para melhorar a convivência entre os
indivíduos alcançando a felicidade e o bem estar social de todos.
A fim de compreender melhor a programação neurolinguística, acreditase que é importante resgatar o momento em que foi elaborada esta palavra
para chamar esta nova técnica inventada por Grinder e Bandler, em 1976.
Dessa forma, O’Connor et. al. (1995, p.21) assim definem:
A parte “Neuro” da PNL reconhece a idéia fundamental de que todos
os comportamentos nascem dos processos neurológicos da visão,
audição, olfato, paladar, tato e sensação. Percebemos o mundo
através dos cinco sentidos. “Compreendemos” a informação e depois
agimos. Nossa neurologia inclui não apenas os processos mentais
invisíveis, mas também as reações fisiológicas as idéias e
acontecimentos. Uns refletem os outros no nível físico. Corpo e
mente formam uma unidade inseparável, um ser humano. A parte
“Lingüística” do título indica que usamos a linguagem para ordenar
nossos pensamentos e comportamentos e nos comunicarmos com os
outros. A “Programação” refere-se à maneira como organizamos
nossas idéias e ações a fim de produzir resultados.
Tendo em vista a necessidade que todos têm de organizar seus
pensamentos, objetivos, suas metas para criar as estratégias de ação, surge a
PNL como ferramenta a ser utilizada para se encontrar o equilíbrio esperado
diante das situações e viajar no mundo imaginário.
Com o auxílio da Programação Neurolinguística é possível dar uma
ressignificação aos fatos ocorridos durantes as vivências das pessoas, que
muitas vezes deixaram um sentimento negativo. Em muitos casos, nota-se que
pessoas próximas possuem traumas por situações ocorridas em algum
momento da sua vida, mal interpretadas quando ocorridas, e durante a vida
carregam consigo a carga negativa do acontecimento. Este pensamento
negativo é uma crença que o indivíduo tem e interioriza ao se deparar com a
situação. A PNL pode ser considerada um filtro, por meio do qual cada indivíduo
pode moldar e mudar a interpretação a respeito de algo. Por este motivo, nunca
se tem a garantia de que a pessoa compreendeu aquilo que alguém está
tentando comunicar. Segundo O’Connor et. al. (1995), as pessoas analisam
também a linguagem corporal, o tom de voz e as palavras que o outro utiliza ao
repassar a informação, para então criar a sua interpretação.
30
Também Mascarenhas (2007, p. 43) vem tratar do “[...] pressuposto da
PNL, de que, por detrás de qualquer comportamento negativo, há sempre uma
intenção positiva. Todas as subpersonalidades têm uma razão, uma motivação
positiva no fundo, para fazerem o que fazem.”
Estas subpersonalidades que Mascarenhas (2007) aborda, constituem
um conjunto de “eus” existentes dentro de cada um e que em algum momento
de sua vida o indivíduo irá manifestar, pois poderá se deparar com situações
em que será necessário que este “eu” desconhecido venha à tona para dominar
a situação. Mesmo não gostando deste “eu” existente de si, o ser humano não
pode matá-lo, pois ele contribui para a formação de sua personalidade,
equilibrando suas características. É preciso educar essas subpersonalidades,
como são chamadas, pois assim como os seres humanos, essas identidades
internas também são capazes de crescer, se transformar e evoluir
significativamente.
É
de
grande
importância
a
criação
do
equilíbrio
entre
as
subpersonalidades, servindo como estratégia interessante para trabalhá-las,
fazer uma ligação com a prática da PNL e o relaxamento dirigido, a partir da
imaginação criativa, no qual o educador conduz o educando a um relaxamento,
concentrando as emoções, juntamente com a atenção do corpo e da mente.
Falando sobre este assunto, Bolstad (1997, p.02) enfatiza que:
[...] aprender e criar funcionam melhor quando a mente do
estudante está livre da distração, quando está em estado de
calma e alerta quase meditativos. Pesquisas mostram que
conseguindo que os estudantes relaxem no inicio de cada
sessão de estudo, o seu rendimento aumentará 25%. A PNL
nos fornece algumas maneiras notáveis de colocar os
estudantes rapidamente naquele estado.
Como uma estratégia que vem a ser fundamentada neste estudo, a
prática do relaxamento, ligada a PNL, tem por objetivo criar uma nova
metodologia na atuação com as crianças índigo que, na maioria dos casos,
exibem um comportamento muito ativo, comparado ao das demais crianças.
Para realizar o relaxamento com a prática da PNL dirigida, existe um manual
que indica os níveis necessários para obter a mudança, ou seja, para encontrar
o equilíbrio, a atenção, que é o foco neste trabalho junto com as crianças
índigo. Seguem alguns itens que, segundo Mascarenhas (2007, p.62), são
necessários para que a transformação e a aprendizagem ocorram:
31
[...] ambiente (onde): tudo aquilo que nos rodeia, os contextos onde
estamos inseridos; comportamento (o quê): atos, posturas, falas,
pensamentos; o que provocamos; capacidades (como): estratégias,
habilidades, competências, talentos; conjunto de potenciais que
colocamos a serviço; crenças e valores (os porquês): convicções que
constroem nossos paradigmas; o que é importante; certezas e
definições que norteiam nossas vidas; identidade (quem): papéis que
desempenhamos personas; nosso eu diante do mundo e nossa
missão; espiritual (quem mais): os diversos sistemas maiores que o
eu com os quais estou conectado: eu e comunidade, eu e família, eu
e Deus, eu e universo, etc.
Estes níveis explicam as necessidades envolvidas na prática da PNL,
para sua eficácia na transmissão através das palavras juntamente com o
relaxamento dirigido. É necessário todo um contexto para que a prática venha a
fazer a diferença no cotidiano do educando.
Ainda segundo O’Connor et. al. (1995, p.26), “os indivíduos têm quatro
estágios
de
aprendizagem:
incompetência
inconsciente,
incompetência
consciente, competência consciente, competência inconsciente”. Por isso a
necessidade de esclarecer estes possíveis níveis de aprendizado, fazendo com
que o indivíduo se reeduque a partir de sua auto-avaliação diante dos
acontecimentos ocorridos em suas vivências.
É interessante compreender como a PNL se desenvolve no cérebro e
respalda comportamento das pessoas. O’Connor et. al. (1995, p.132) assim se
expressam sobre o tema:
o hemisfério esquerdo, geralmente considerado o lado dominante,
cuida da linguagem. Ele processa a informação da maneira analítica
e racional. O lado direito, conhecido como o hemisfério não
7
dominante, trata a informação de maneira mais hoslística e intuitiva.
Parece também estar mais envolvido na música, na visualização e
em tarefas que incluem comparação e mudança gradativa.
É possível realizar a ressignificação em seis etapas, conforme descreve
O’Connor (1995), que são: identificar o comportamento que quer ser mudado;
estabelecer uma comunicação do lado responsável com o lado a ser mudado
no indivíduo; descobrir a intenção positiva deste comportamento; pedir ao seu
lado criativo ajuda para criar novas maneiras de alcançar o mesmo objetivo;
7
Segundo Weil (2006, p.01), o movimento holístico consiste em passar da realidade relativa do
mundo concreto à realidade absoluta do mundo de luz e integrar os dois mundos de tal modo
que o programa do todo se encontra em todas as partes. O movimento holístico, por
conseguinte, transcende toda fragmentação disciplinar e integra nele o novo paradigma
transdisciplinar, tal como foi descrito, por Basarab Nicolescu.
32
perguntar ao lado da ação a ser mudada se aceita novas opções de
comportamento; realizar uma verificação ecológica para saber se há alguma
outra parte de mim que não queira aceitar esta mudança de comportamento.
2.6 RELAXAMENTO A PARTIR DA IMAGINAÇÃO CRIATIVA
Na atualidade, existe um número bastante grande de crianças com um
desenvolvimento intelectual muito avançado, o que dificulta um pouco, para o
educador, pensar em uma metodologia diferenciada que atenda a este
movimento acelerado, este novo ritmo que vem tomando conta das novas
crianças. Se alguém parar para analisar a criança e a sua essência, lembrará
de coisas que fazia quando era criança como, por exemplo, inventar histórias
durante as brincadeiras. Em todos os momentos, a imaginação falava mais alto,
era ela quem guiava, quem levava a criança a fazer das brincadeiras um
momento mágico e inesquecível.
Ao parar para pensar nessas novas crianças, com este desenvolvimento
intelectual, espiritual, extra-sensorial avançado e, com certeza, com uma
imaginação muito mais fértil, sem limites entre o pensar e o imaginar, o
pedagogo (ou o profissional da educação) descobrirá que é possível unir o útil
ao agradável, utilizando como estratégia metodológica a imaginação das
crianças, para então alcançar seus objetivos nesta prática pedagógica.
Juntamente com a imaginação, o relaxamento vem fazer com que as crianças
tenham um olhar para dentro de si, alcançando um equilíbrio emocional e físico,
para então dar início às atividades pedagógicas. A este propósito, Hay (1991,
p.45) diz que “o relaxamento é uma grande ajuda. É absolutamente essencial
para poder se contactar o poder dentro de nós. Se estivermos tensos e
assustados, ficamos automaticamente desligados dessa energia.”
Pode-se pensar também na utilização desta metodologia, de imaginação
e relaxamento para a introdução de algum conteúdo programado que o
educador quer trazer, tornando este novo conhecimento mais significativo, pois
inicia com uma introdução na mente das crianças, para então exteriorizar as
sensações e os conhecimentos iniciais sobre a temática em questão
Levando em conta esses aspectos, no estágio nos anos iniciais foi
realizado
através
do
relaxamento
dirigido.
A
partir
da
abordagem
33
transdisciplinar como uma prática alternativa, utilizou-se o relaxamento como
uma forma de introdução ao conteúdo a ser trabalhado, tanto na disciplina de
artes como na de filosofia. Fazendo uma ligação intrínseca entre os conteúdos,
através de uma prática diferenciada, realizou-se um relaxamento, induzido por
uma das estagiárias, que remeteu o aluno a uma contextualização imaginária
em volta do conteúdo indígena que seria trabalhado. O objetivo era atingir a
atenção diferenciada dos educandos e obter uma melhor assimilação quanto à
cultura indígena, instigando sua curiosidade e provocando questionamentos
sobre a temática. Criando um clima de relaxamento, foi proposta uma viagem
imaginária, despertando para a criatividade, mediante o uso de uma técnica de
meditação dirigida para obter o relaxamento desejado. Segundo Goleman
(1999, p.32):
[...] a meditação treina a capacidade de prestar atenção. Isso a
diferencia de muitas outras formas de relaxamento que permitem que
a mente divague a vontade [...] Verificou-se, por exemplo, que a
meditação aperfeiçoa a habilidade da pessoa de captar sutis
manifestações no ambiente e de prestar atenção ao que está
acontecendo, em vez de deixar a mente dispersar-se.
A meditação é um guia para um caminho desconhecido. Goleman
(1999), em uma de suas obras, define a meditação como a arte da atenção.
Mantendo o equilíbrio do corpo, da mente e do seu espírito, o indivíduo
consegue aumentar o seu nível de concentração em tudo que faz. Pode-se
trabalhar a meditação de uma maneira positiva dentro da instituição, buscando,
através dela, uma ressignificação de fatos na vida dos educandos.
A prática do relaxamento, na busca da imaginação criativa, também está
ligada à Programação Neurolinguística, pois será através da palavra falada do
condutor/educador que a criança irá alcançar o nível de relaxamento esperado.
Por intermédio dessa projeção, durante o relaxamento dirigido, o educando
trabalha a atenção, ao ouvir cada detalhe com a expressão oral do educador, e
transporta estas informações para a imaginação, que vai tecendo uma história,
um contexto, construído a partir do que é escutado. Este procedimento faz com
que a fala do educador se internalize e viaje nos pensamentos das crianças.
Contando sua história, Hay (1991, p.15) afirma:
34
[...] na escola também ninguém me ensinou que a minha
escolha das palavras tinha alguma coisa a ver com as minhas
experiências futuras ao longo da vida. Ninguém me disse que
os meus pensamentos tinham um potencial criador, nem que
podiam literalmente moldar a minha vida. Nunca ninguém me
esclareceu que as palavras que saíssem da minha boca serme-iam devolvidas como experiência.
É possível praticar com as crianças uma nova forma de se moldarem a
pensar e a falar coisas positivas, e utilizando esta imaginação fantástica,
podem-se
criar
contextos
que
serão
trabalhados
nas
disciplinas,
ressignificando, ou seja, dando novos sentidos aos acontecimentos e
esclarecendo questões de uma maneira objetiva. Goleman (1999, p. 63) afirma
que “as crenças da pessoa que medita determinam de que modo ela interpreta
e rotula as suas experiências de meditação.” O indivíduo deve estar aberto à
ressignificação de rótulos, rompendo com paradigmas falsos, internalizados em
sua subjetividade, com o objetivo de auxiliar no seu cotidiano e nas relações
sociais. Com relação ao que se acabou de comentar, Freire (2002, p.46)
afirma:
[...] respeitar a leitura do mundo do educando significa tomála como ponto de partida para compreensão do papel da
curiosidade, de modo geral, e da humana, de modo especial,
como um dos impulsos fundantes da produção do
conhecimento.
Atualmente
a
escola
vem
tentando
se
adaptar
aos
métodos
interdisciplinaridades de educar, caminhando entre as disciplinas, mas ainda há
muita resistência por conta do material didático que o educador deve seguir,
principalmente em escolas públicas, em que as disciplinas ainda estão muito
fragmentadas. A mudança deve partir do educador, que deve trazer uma nova
perspectiva para a educação, iniciando com seus alunos esse novo olhar, mais
focado no ser educando.
Entretanto, os alunos já estão tão acomodados à esse modelo de
educação que muitas vezes acabam se desmotivando de freqüentar as aulas,
por isso, qualquer prática nova que seja abordada com eles irá criar um impacto
e influenciar seus olhares sobre a escola.
Na busca de argumentos para a fundamentação desta questão,
consultou-se Goleman (1999, p. 36), que declara o seguinte:
35
... a meditação é o esforço para reexercitar a atenção. É isso
que dá a meditação os efeitos incomparáveis de obtenção de
conhecimentos, aumento da concentração e capacidade de
relacionar-se com empatia. A meditação é porém mais usada
como uma técnica rápida e fácil de relaxamento.
Os avanços tecnológicos e o desenvolvimento mundial trazem uma
bagagem de informações muito grande, que muitas vezes se perde, porque o
indivíduo não consegue organizá-las dentro de si e assim, acaba não
assimilando o necessário. A prática transdisciplinar é o olhar para o aluno, para
auxiliá-lo a encontrar o equilíbrio, para conseguir, de uma maneira significativa
e satisfatória, organizar toda esta explosão de informações do cotidiano,
propiciando uma melhor qualidade de vida, com equilíbrio de corpo, mente e
alma.
Para finalizar estas considerações, cita-se novamente Goleman (1999)
para quem “o efeito mais importante da meditação, do relaxamento, seja a paz
interior, um refúgio onde você pode escapar da turbulência do seu dia-dia.
Fazendo do hábito de meditar uma prática que lhe trará calma e energia”.
Desta forma, o relaxamento vem para contribuir significativamente no
desenvolvimento do educando na escola, auxiliando em sua concentração, para
então realizar as atividades pedagógicas.
36
3 PERCURSO METODOLÓGICO
No decorrer do percurso acadêmico no Centro Universitário Municipal de
São José, deparei-me com diferentes metodologias de ensino e pensadores
que influenciaram significativamente a história da educação. Durante minha
formação acadêmica, sempre tive como objetivo buscar novos desafios, e
realizar e lutar por algo que realmente acredito ser o correto para a educação.
Ainda como acadêmica, pude compreender que, como fala Vygotsky (1994), o
meio social influencia significativamente na formação e no desenvolvimento da
criança. Também acompanhei o pensamento de Piaget (1975) que, em suas
teorias da cognição e percepção, afirma que o desenvolvimento da criança
ocorre por estágios, sendo o educador um precursor de estímulos para as
crianças.
Entretanto, todo este conhecimento adquirido ao longo dos anos não
bastou e sendo assim, me propus a enfrentar um desafio maior, buscando algo
novo, que pudesse criar um impacto positivo e transformador na educação.
Depois de estudar tantas teorias realmente comprovadas por vários pensadores
na área da educação, pude perceber a necessidade de estratégias para por em
prática uma educação transformadora, que conquista a criança, trazendo-a para
a escola. Descobri então que a palavra certa é ousar, partindo dos educadores
o desafio de efetivar uma educação voltada à criança como um ser - sendo.
Mas
foi
somente
quando
me
deparei
com
o
estudo
da
transdisciplinaridade que pude enxergar a peça que faltava no jogo de ensinar e
aprender, de troca de experiências no ambiente pedagógico. Exatamente no
momento do estágio, ao observar as crianças, com suas brincadeiras, suas
especificidades, seus olhares, suas vontades, seus medos, tão distintos uns
dos outros, é que pude notar, na sua individualidade, os seus comportamentos.
Percebi que a maioria tem personalidade muito específica, cada uma com um
jeito diferente de reagir às situações, mas em meio a tantas, notei um pequeno
grupo que se destacava dos demais. Estas crianças, com suas personalidades
um tanto quanto rebeldes, sem medo de agir, incontroláveis ou até mesmo,
incompreendidas, talvez se sentissem diferentes diante do grupo. E constatei
37
que elas precisavam de uma atenção diferenciada, que o educador trouxesse
uma prática que realmente trabalhasse de forma significativa, no sentido de
desenvolver para evoluir. De fato, as crianças índigo, precisam de uma
evolução interior, elas precisam compreender a si mesmas para depois
entender o mundo e evoluir, juntamente com seus colegas e parceiros. Por isso,
busquei na transdisciplinaridade a prática voltada às crianças índigo,
trabalhando não somente entre as disciplinas, fazendo a realidade agir entre
elas, mas com o objetivo de englobar os diversos níveis de realidade, fazendo o
educando incorporar esta prática, pois conforme Peres et. al. (2007, p.14):
A transdisciplinaridade vem preencher o vazio existencial no qual a
humanidade está imersa, pois tal concepção integra diferentes níveis
de realidade, mais flagrantemente dicotômicos no mundo dominante,
uma vez que a crise da modernidade se origina dessas rupturas e é
nutrida por elas. É fundamental, dentro desta perspectiva, a
valorização de uma consciência social, ecológica, planetária e
espiritual própria da antropologia globalizante [...]
Para a execução desta prática transdisciplinar a que me refiro nesta
pesquisa, foi de suma importância fazer um levantamento bibliográfico
detalhado buscando, através das argumentações teóricas, um aprendizado
sobre a identidade dessas novas crianças e sobre as contribuições da
abordagem transdisciplinar no âmbito pedagógico. Sempre com a intenção de
atingir uma metodologia aplicada que ajude a potencializar as inteligências
destas crianças procurei enfatizar as comprovações científicas da Programação
Neurolinguística (PNL). Este novo olhar para a transdisciplinaridade, juntamente
com a PNL, a força das palavras faladas, traz consigo a necessidade de uma
atuação pedagógica significativa rumo a uma metodologia que trabalhe o que a
criança tem de mais puro e ingênuo dentro de si, a sua imaginação, que torna
mágico o mundo infantil.
A PNL, junto com o relaxamento, vem equilibrar os sentimentos e as
emoções, organizando tudo isto no interior da criança, resultando assim em
atitudes externas equilibradas, objetivas e conscientes.
Essa postura de pesquisador engendra um movimento qualitativo dos
dados. Segundo Gil (2002, p. 133) vem argumentar sobre os fatores que
influenciam nesta pesquisa:
38
... tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra,
os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que
nortearam a investigação. Pode-se, no entanto, definir esse processo
como uma seqüência de atividades, que envolve a redução dos
dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação
do relatório.
Esses fatores garantem uma argumentação capaz de suportar todos os
questionamentos possíveis sobre o objeto estudado, com amparo de grandes
referenciais teóricos da área.
Ainda conforme Gil (2009, p.175), “... não há fórmulas ou receitas
predefinidas para orientar os pesquisadores. Assim, a análise dos dados na
pesquisa qualitativa passa a depender muito da capacidade e do estilo do
pesquisador”.
Como afirma Gil (2009) a pesquisa qualitativa deixa claro o papel do
pesquisador diante da temática em estudo, sendo ele o indicador dos caminhos
a seguir, no percurso metodológico, para alcançar os objetivos esperados.
Nesse sentido, buscou-se por um novo caminho a seguir na prática
pedagógica, com o objetivo de melhorar o desenvolvimento das crianças índigo,
procurando
compreendê-las
e
atendê-las
por
meio
de
uma
prática
contextualizada, voltada ao ser educando, respeitando suas especificidades e
utilizando seus desejos e suas vontades como ferramentas na construção de
uma nova metodologia voltada para elas.
No momento da pesquisa de campo, optei por ver, na prática, como
funciona toda a teoria que os envolve. Assim, fiz contato com o Colégio
Alternativo Talismã, localizado em Barreiros, São José/SC, lembrando que
neste mesmo colégio surgiu a escolha pela temática desta pesquisa, quando
realizei o estágio de ensino fundamental e séries iniciais, na 7ª fase do meu
percurso acadêmico.
O presente estudo tem como foco especial o desenvolvimento das
crianças índigo, por isso, senti a necessidade de realizar observações na
instituição, com o intuito de lançar um olhar minucioso sobre as crianças que se
destacam das demais, ou seja, aquelas que possuem as características
específicas das crianças índigo. Por isso, se fez necessário a realização de sete
observações, nas quais procurei ressaltar as características mais marcantes
dessas crianças, com a ajuda dos profissionais da escola, dentre eles,
39
professores, diretora e psicopedagoga, salientando os obstáculos encontrados
durante o processo de ensino-aprendizagem e na interação das crianças índigo
com as demais na instituição.
A respeito do estudo de campo, Gil (2002, p. 53) vem contribuir quando
explica que
a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das
atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para
captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo.
Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros,
tais como a análise de documentos, filmagens e fotografias.
Desta forma, Gil (2002) enfatiza a contribuição do contato pessoal do
pesquisador com o envolvido, observando de modo a ter uma experiência direta
com seu objeto de estudo. O mesmo autor também afirma que a presença do
pesquisador no campo torna os resultados mais fidedignos.
Uma vez que meu intuito era o de considerar e efetivar o método
transdisciplinar com as crianças índigo, foi preciso colocar a proposta em
prática,
colhendo
posteriormente,
as
serem
informações
analisadas
geradas
e
durante
estruturadas
o
de
percurso
acordo
para,
com
a
fundamentação teórica de autores que defendem o método.
No campo, a pesquisa participante se fez presente, em que foram
realizadas duas oficinas, pautadas em estratégias transdisciplinares. Desse
modo, analisei os relatos das crianças, desvendando todo o processo. Sobre a
realização das oficinas pedagógicas, Veiga (1995, apud Lins e Miyata, 2008,
p.12) vem contribuir ao declarar que “as oficinas permitem o ensino de um
determinado ofício na prática, possibilitando ao aluno experimentar as diversas
técnicas disponíveis naquele ofício”. Criam-se, assim, possibilidades para o
educando ir além do que está sendo proposto, instigando a sua criatividade a
partir da prática gerada, podendo, posteriormente, utilizar a produção desta
imaginação para criar formas distintas de construir conhecimentos.
Este estudo teve caráter participativo, uma vez que, segundo Gil (2002,
p. 55), “a pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se
pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.” Ou
seja, há uma intensa interação do pesquisador com o pesquisado. Para Grossi
(1981), a
40
pesquisa participante é um processo de pesquisa no qual a
comunidade participa na análise de sua própria realidade, com vistas
a promover uma transformação social em benefício dos participantes
que são oprimidos. Portanto, é uma atividade de pesquisa,
educacional orientada para a ação. Em certa medida, tentativa da
Pesquisa Participante foi vista como uma abordagem que poderia
resolver a tensão contínua entre o processo de geração de
conhecimento e o uso deste conhecimento, entre o mundo
"acadêmico" e o "irreal", entre intelectuais e trabalhadores, entre
ciência e vida.
Para complementar as observações sobre pesquisa participante, Lakatos
e Marconi (1991) vêm definir
a pesquisa participante como um tipo de pesquisa que não possui um
planejamento ou um projeto anterior à prática, sendo que o mesmo
só será construído junto aos participantes (objetos de pesquisa). Os
quais auxiliarão na escolha das bases teóricas da pesquisa de seus
objetivos e hipóteses e na elaboração do cronograma de atividades.
As oficinas foram justamente sendo realizadas com a participação ativa
das crianças e permitiram descobrir a essência que faz com que elas se sintam
estimuladas. Desta forma, pode-se trabalhar com uma metodologia aplicada à
interação das mesmas, respeitando suas especificidades, considerando o olhar
do educando como ponto de partida para a criação de uma prática pedagógica
transdisciplinar.
As crianças pesquisadas foram observadas em suas salas de aula, no
momento em que realizavam atividades pedagógicas propostas pela professora
da classe, com a intenção de analisar suas reações e contribuições, diante das
situações geradas no meio.
No decorrer da pesquisa, na instituição de ensino, tive a ajuda da
psicopedagoga da escola e dos parceiros, sendo eles professores, diretores,
entre outros. Todos contribuíram para a formulação do conceito sobre as
crianças índigo naquele grande grupo observado, sendo que já havia, por parte
da instituição de ensino, um prévio conhecimento sobre o tema das crianças
índigo.
Todos os professores relataram casos já ocorridos com seus educandos
na escola, apontando as crianças que mais chamavam a atenção por conta do
seu perfil, e que, portanto, tinham a possibilidade de serem crianças índigo.
Mas essas contribuições não bastaram, tive de analisar sob vários ângulos as
crianças mencionadas, para então, filtrar as informações obtidas e, juntamente
41
com as análises, identificar três crianças com características específicas de
serem prováveis índigos.
O grupo pesquisado possui três crianças índigo que no decorrer deste
estudo foram mencionadas por nomes de flores, preservando a sua real
identidade. São elas: Lírio, com 5 anos de idade, que freqüenta o Pré; Jasmim,
com 9 anos, que freqüenta o 3º ano; e Girassol, com 9 anos, que freqüenta o 5º
ano. Todos são do sexo masculino e alunos do Colégio Alternativo Talismã.
Na realização das oficinas transdisciplinares, além das três crianças
pesquisadas que participaram da dinâmica, procurei trazer, juntamente com
elas, outras quatro crianças que estudam em suas salas, e que têm maiores
afinidades com as pesquisadas, com o objetivo de gerar uma interação maior
com o grande grupo.
3.1 OFICINAS TRANSDISCIPLINARES / INTERVENÇÕES
As oficinas transdisciplinares têm como objetivo trabalhar o lado interior
das crianças para assim alcançarem um entendimento de si e do grupo. Para
se autoconhecer e facilitar a interação entre elas e o educador, de modo a
encurtar as distâncias existentes e explorar um lado que as crianças têm
necessidade de conhecer para então evoluir significativamente. Juntamente
com uma metodologia diferenciada, é possível atender às especificidades de
cada criança e fazer do mundo imaginário as portas para a criatividade e para o
desenvolvimento de suas potencialidades.
Foram realizadas duas oficinas, cada uma com duração aproximada de
60 minutos. É importante ressaltar, que as oficinas foram efetuadas após o
intervalo do recreio, com o objetivo de mostrar o efeito da oficina na criança
índigo, trazendo as contribuições da mesma no processo pedagógico escolar.
Essa metodologia aplicada às crianças índigo e às demais auxilia o processo de
ensino aprendizagem, podendo ser uma forma de introduzir um conteúdo ou
trabalhar a partir da imaginação das crianças, além de proporcionar o
desenvolvimento das aptidões para o conhecer. O uso do relaxamento vem
equilibrar as emoções, de forma a organizar, assim, as informações que a
criança irá receber. Apresenta-se, a seguir, o desenvolvimento de cada oficina.
42
3.1.1 Oficina: a busca de si no mundo da imaginação
Na primeira dinâmica que esta oficina propôs, as crianças estiveram em
contato com os valores necessários do ser humano, socializando com os
demais a sua interpretação sobre estes valores. Durante esta oficina, as
crianças tiveram um entendimento melhor de si, propiciado por um momento de
tranqüilidade, relaxante.
3.1.1.1 Dinâmica da caixa de valores
a) Ferramentas necessárias:
- caixa decorada;
- cartões contendo palavras que representam valores como, por
exemplo: honestidade, verdade, justiça, ética, disciplina, integridade,
paz, auto-estima, autocontrole, autoconfiança, auto-aceitação e
desapego, amor, fé.
b) Atividade:
Organizadas em uma roda, as crianças tiveram que retirar da caixa
um cartão e socializar com o grupo o que significava o valor para elas.
c) Objetivos:
Promover a interação entre os pesquisados, sobre os valores que
fazem parte de nossa personalidade, com objetivo de criar um diálogo
entre os mesmos para assim se conhecerem melhor uns aos outros e
a si mesmos, a partir do significado atribuído por eles a cada valor.
3.1.1.2 Relaxamento dirigido
a) Ferramentas necessárias na construção do relaxamento:
Na construção da oficina no Colégio Alternativa Talismã, foi
necessário um ambiente espaçoso, para colocar colchonetes no chão,
e que tivesse luz de baixa intensidade. A decoração também foi muito
importante e para tornar o ambiente harmônico, ele foi decorado com
43
estrelas nas paredes, mandala, almofadas, essências com cheiro
suave, transmitindo paz. Também foi colocada uma música de fundo
calma e relaxante, criando assim um local apropriado para a
realização da oficina e para a busca de si.
Com o objetivo de iniciar a oficina no momento em que as crianças
estivessem mais ativas, foi decidido fazê-la após o recreio, para ser de
grande impacto o efeito das contribuições da oficina.
b) O relaxamento passo a passo
Iniciou-se a oficina explicando o que seria feito e pedindo a ajuda de
todos para que participassem, colaborando com o que seria proposto.
Então, foi dito às crianças que se sentissem bem, escutando a música
de fundo e assim entrando em sintonia com o ambiente num clima de
paz e relaxamento. Logo depois, pediu-se que elas se deitassem nos
colchonetes, sentindo-se à vontade, sem nada incomodando, em uma
posição confortável.
Começou-se, então, o relaxamento propriamente dito, dando-se as
instruções, de modo calmo, às crianças:
“Fechem os olhos e suavemente vamos relaxar os pés, soltando-os,
deixando-os leve; depois as pernas, deixando-as cair, acalmando-as,
em seguida soltando o quadril, deixando-o relaxar e respirando
profundamente. Agora relaxe os braços, o peito, solte-os, deixe-os
sentirem-se bem e em paz. Agora o pescoço, sinta-o confortável e
solto, relaxe seus olhos, descanse-os, mas fique atento à minha fala,
pois você irá conhecer o desconhecido, que existe dentro de si. Escute
atento, descanse, relaxe, respire. Agora, em harmonia, vamos respirar
bem fundo, inspirar, puxar o ar pelo nariz e imaginar que você está
inspirando uma luz azul, que vai purificando todo o seu corpo, fazendo
você quase flutuar, de tão leve que sente seu corpo. Inspire essa luz
azul e solte o ar. Solte o ar e imagine que ele é escuro, um ar sujo,
pois estão saindo de você as energias negativas, que agora não
fazem mais parte do seu ser. Inspire a luz azul e solte o ar escuro e
sujo, e sinta seu corpo sendo purificado e pronto para viajar no mundo
44
desconhecido da imaginação. Você vai viajar para se autoconhecer e
compreender as suas atitudes, vontades, seus medos, sentimentos,
compreendendo melhor o seu papel no mundo.
Acompanhando a minha fala, agora, nesse momento, você vai se
dirigir ao momento em que você se encontrava dentro da barriga da
sua mãe, sentindo o calor que o aquecia, a tranqüilidade que você
tinha naquele espaço que era só seu. Era o seu momento. Sinta essa
sensação boa, agora veja você criança, vindo ao mundo, dando os
primeiros passos, falando as primeiras palavras, lembre dos seus pais
e do sentimento deles por você naquele momento de descobertas.
Veja você bem pequeno, agora, converse com a criança que você vê,
pergunte a ele o que ele gosta de fazer, sinta o que o aflige, pergunte
do que tem medo e porque tem medo, escute-o compreenda-o,
converse com ele, leia os pensamentos dele, dessa criança que é
você, que agora você tem a oportunidade de conhecer melhor,
conhecer a sua essência.
Após esse contato com você, no seu íntimo, dê um abraço em você e
diga com seu pensamento que o entende e que o ama. Pois você ama
a si mesmo, você pode e é capaz de conseguir o que quiser, basta
querer. Então, agora, se despeça dessa criança em quem você se vê
e nesse momento você vai se sentir bem e em paz consigo, porque
conseguiu conhecer a sua essência, para assim compreender o
mundo do qual faz parte. Você volta, agora, com um conhecimento
acerca de quem é você mesmo e do seu papel no mundo. Você sabe
que é capaz e vai conseguir fazer o bem e dar o bem sempre. Agora,
nesse momento, você vai voltando da viagem e vai sentindo seu
corpo, sentindo todo o seu corpo relaxado, e se dá conta que está
deitado em um colchonete, vai tomando consciência da sala em que
está. E agora você irá abrir seus olhos e se sentirá muito bem. Você já
pode abrir os olhos, ficando sentado em cima do colchonete”.
c) Após o relaxamento
45
Iniciou-se então uma conversa com os alunos para que trocassem
idéias com os colegas e parceiros sobre a experiência realizada na
infância interior de cada um, falando sobre medos, vontades,
sentimentos, o que gostavam de fazer. O objetivo dessa conversa era
o de conhecer melhor os sujeitos estudados, quem eles são na sua
individualidade.
Após essa conversa, deu-se a cada criança uma folha para que
escrevessem o que sentiram durante o relaxamento e qual foi a
sensação, se conseguiram realmente alcançar o objetivo da atividade
e mergulhar no mundo imaginário. Logo após descreverem o que
sentiram, pediu-se que fizessem um desenho descrevendo o que
imaginaram durante a sessão de relaxamento, para então, registrar a
oficina transdisciplinar.
d) Objetivos esperados
A partir da situação proposta, fazer com que os educando tenham
um olhar focado para dentro de si, com o objetivo de se
autoconhecerem para se autocontrolarem de forma equilibrada nas
situações inconstantes do dia-a-dia.
Promover um bem estar
coletivo, com o intuito de alcançar mais tranqüilidade e calma para
execução das atividades escolares.
3.1.2 Oficina: o mundo mágico das cores e dos sentidos
Nesta oficina, as crianças entraram em contato com seus sentimentos e
emoções, a partir de uma viagem em seu mundo imaginário. As cores
escolhidas para compor os desenhos que foram feitos após a oficina
representaram estes sentimentos.
a) O relaxamento passo a passo
Na segunda oficina, voltou-se a falar com as crianças:
“Hoje nós iremos viajar no mundo mágico das cores e dos sentidos. E
vocês sabem onde fica este mundo? Dentro de cada um de nós e
46
cada um irá representar ao seu modo, do seu jeito. Irei iniciar
contando uma história para vocês, para depois, realizarmos uma
atividade sobre o que foi contado.
Neste momento, você pode deitar sobre os colchonetes, na posição
que melhor se adapta para o seu conforto. Feche seus olhos e viaje a
partir da minha voz, no mundo imaginário que está dentro de você.
Relaxe seus pés, suas pernas, todo o seu corpo, solte-o e deixe-o
descansar no local em que você está deitado. Sinta seu corpo
relaxado e com uma paz imensa dentro de si, sentindo-se leve como
uma pena, para voar até onde a sua mente permitir.
Agora imagine você leve com uma pena, voando muito alto, com uma
paz intensa dentro do seu coração, e de repente você enxerga, lá de
cima, um ambiente muito colorido, mas você não sabe o que é, então,
sua curiosidade se torna maior que a sua vontade de voar e você
desce até este local colorido. Chegando ao destino, você fica
impressionado, pois são muitas cores: azul céu, amarelo, branco,
cinza, dourado, laranja, lilás, marrom, mostarda, ouro, prata, rosa
claro, rosa choque, verde água, verde bandeira, vermelho, violeta. E
então você percebe muitas formas: quadrados, triângulos, losangos,
retângulos, formas ovais... Então você se aproxima e consegue ver,
além dos seus próprios olhos, consegue sentir o cheiro agradável e
suave que exalam. Você sente este cheiro que vai purificando seu
corpo, deixando-o feliz e contente. Ao mesmo tempo em que observa
as cores, você tem vários sentimentos: amor, carinho, saudade, afeto,
emoção, curiosidade, alegria, beleza, tranqüilidade, harmonia. Estes
sentimentos bons vão tomando conta de você. Você fica se
questionando: o que serão essas cores com formas que você está
vendo? Então, você se aproxima e cada vez que vai chegando mais
perto, e você pode notar essas cores em movimento, e percebe que
as elas estão caindo do céu em cima de você e que são flores: rosas,
jasmins, girassóis, lírios, cravos, margaridas, orquídeas, tulipas,
violetas, que trazem consigo um perfume fantástico e uma beleza
inconfundível. São elas que vêm para trazer a energia que você
precisa. Então, neste momento em que você se depara com estas
47
lindas flores, vem à sua mente a imagem da sua linda mãe, que
merece um presente. Você seleciona a mais bela de todas, para dar à
sua doce mãe, que sempre o acolheu com tanto amor e cuidado,
durante todos estes anos. Traga consigo essa flor que concentra uma
paz imensa em sua beleza e se despeça do ambiente que trouxe uma
sensação muito boa para você. Aos poucos você vai se distanciando,
se sentindo leve e voltando, em paz consigo e com o mundo,
herdando desta viagem um presente para sua mãe. Agora você vai
sentindo todo o seu corpo e vai se dando conta do local em que você
está. E você levanta contente e feliz, com uma sensação muito boa,
sentindo-se calmo e leve
.
b) Após o relaxamento
Foi feita a socialização no grupo, e as crianças falaram sobre os
sentimentos e as emoções sentidas durante o relaxamento. O objetivo
era analisar o envolvimento dos pesquisados durante a dinâmica
proposta.
c) Objetivos esperados:
A partir do relaxamento realizado, proporcionar aos educandos um
momento para si, podendo vivenciar uma imensa quantidade de
sentimentos
bons
durante
esta
prática.
As
crianças
índigo
pesquisadas e que realizaram o relaxamento são muito ativas, daí a
importância de desta forma, auxiliando no equilíbrio dos seus
sentimentos, com uma metodologia voltada para si.
3.1.2.1 Dinâmica dos sentimentos representados pelas cores
a) Ferramentas necessárias:
- música relaxante;
- imagens de mandalas para colorir;
- lápis de cor.
48
b) Atividade:
As crianças escolheram a imagem de mandala que mais as atraiu,
para então colori-la com lápis de cor, expressando seus sentimentos
sobre aquele momento a partir das cores.
c) Objetivos:
Realizar uma análise das imagens das mandalas, no que diz respeito
às cores que os educandos utilizaram em sua produção, as quais,
segundo Grisa (2009), vem fundamentar estas representações.
49
4 ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES EM CAMPO
Para dar início à pesquisa de campo, considerou-se de suma importância
ter um amparo teórico aprofundado que guiasse a execução do trabalho e para
tanto, consultaram-se diversas bibliografias que tratam sobre as crianças
índigo. Com base nos argumentos teóricos pesquisados, pode-se conhecer, na
prática, a essência que rege estas crianças, as características que as
diferenciam das demais, suas ações diante das situações geradas no ambiente
pedagógico, concretizando a sua presença no meio.
Em suas pesquisas, Carrol eTober (2005, p.21), argumentam sobre essa
nova criança dizendo que
...uma criança índigo é aquela que apresenta um conjunto de
características psicológicas incomuns e um padrão de
comportamento que ainda não classificado pela ciência. Esse tipo de
comportamento faz com que todos os que interagem com ela
(principalmente seus pais) tenham de se adaptar as circunstâncias
diferentes e a um tipo específico de criação. Ignorar estas
características é obrigar essa nova vida a crescer em um ambiente
instável e insatisfatório.
Considerando os referenciais, pareceu indispensável uma preparação,
por parte da pesquisadora, para ir a campo e observar estas crianças, com um
olhar sensível, conhecendo o que constitui cada uma delas, para então
compreender suas atitudes, lembrando sempre da parábola do “Pequeno
Príncipe” de Saint-Exupéry: “é somente com o coração que se pode ver; o que
é essencial é invisível a olho nu.” Realmente, foi necessário ver além dos
próprios olhos, sentir a reação dos educandos no seu íntimo para poder
entendê-los.
Dessa maneira, a partir das leituras realizadas sobre a temática e da
prática em campo, foi-se evidenciando, para a pesquisadora, a existência
dessas crianças, permitindo-lhe dirigir um olhar diferenciado para todas as
crianças, observando, além de suas atitudes, os valores que formam sua
personalidade. E foi assim que se pode destacar, em meio a tantas, a
existência das crianças índigo, inseridas no grupo de alunos da escola, as quais
já vinham mostrando seu diferencial há longo tempo. Julga-se que é
fundamental salientar aqui o entendimento de Carroll e Tober (2005), para
quem
50
as crianças índigo trazem consigo características específicas que se
tornam presentes quando observadas e analisadas, trazendo consigo
uma certeza no seu desenvolvimento, agindo como nobres, sabem
dizer quem são e com uma certeza absoluta, sobre o seu papel no
mundo. Tem uma auto-estima muito alta, pois se sentem como seres
especiais. Apresentando também algumas complicações para sua
convivência no mundo atual, não seguem ordens, têm muita
dificuldade em lidar com isto, pois tudo deve ser conversado e
esclarecido. Estas crianças, não conseguem se habituar a rotina, pois
precisam de atividades que desenvolvam a sua criatividade, que é
inigualável, e inalcançável, a não ser por outro índigo, que está no
mesmo ritmo acelerado de evolução.
Após muita leitura e com a ajuda essencial dos professores da escola, foi
possível identificar os índigos no Colégio Alternativo Talismã e conceituá-los por
meio da vivência e da troca de experiências com os educadores.
Para a construção de conceitos acerca da existência das crianças índigo
no colégio, foi preciso fazer várias observações, durante algumas tardes e
manhãs, nas salas de Pré, 3º, 4º e 5º ano, com o intuito de observar os
educandos com idades de 5 a 10 anos, analisando a interação das crianças
entre si, durante a realização das atividades propostas, contando com o auxílio
da professora da classe para guiar na identificação dos alunos que possuem
um diferencial especial.
Um caso interessante marcou o início da pesquisa. Durante uma
observação realizada pela pesquisadora na turma do 3º ano, conversando com
a professora da classe sobre a temática e sobre o que se estava buscando em
campo, a educadora relatou que F, um educando do 3º ano, é muito inteligente
e que ela tinha certeza de que o mesmo é índigo, afirmação esta baseada em
algumas leituras que ela mesma fizera sobre o tema. A educadora prosseguiu,
afirmando que o aluno se sobressai em meio às outras crianças, pois pensa
muito rápido, e escreve muito bem, sendo o melhor aluno da classe,
inteligentíssimo, segundo ela. Intrigada com esta inteligência que ela
descreveu, a pesquisadora passou a observá-lo, tanto nas suas atitudes quanto
nas suas contribuições durante as aulas, muito marcantes e consideráveis. Mas
não foi possível ver mais do que isso, apenas um aluno superdotado, que não
apresentou, em momento algum, as características específicas que definem as
crianças índigo. Diante dessa constatação, é importante ressaltar uma
afirmação de Simon (2010, p.25):
51
os superdotados podem se tornar gênios em matemática, pois o
hemisfério esquerdo de seu cérebro é hipertrofiado, e possuem
dados racionais e analíticos. Mesmo assim, elas não têm uma visão
sintética do mundo, ao passo que, nas crianças índigo, os dois
hemisférios são bem equilibrados, o que lhes permite utilizar o
pensamento global ou o pensamento concreto, de acordo com as
circunstâncias.
A situação ocorrida em campo deixa claro o papel do pesquisador, que
deve ter o olhar voltado para o educando, sempre com o amparo dos
referenciais teóricos que argumentam sobre as crianças índigo, deixando claro
quem são elas, para não confundi-las com nenhuma outra. Foi neste momento
em campo que se percebeu ser necessária muita sensibilidade por parte da
pesquisadora, a fim de não se deixar guiar somente pelo que é relatado.
Outro auxílio importante foi o trabalho da psicopedagoga da escola, que
presta auxilio aos educadores, quando estes têm dificuldades em lidar com os
educandos. É ela quem projeta novas metodologias e cria situações que
venham a instigar o educando a buscar conhecimento para assim suprir suas
dificuldades. Deste modo, a psicopedagoga ajuda os educadores, que algumas
vezes não se sentem preparados para lidar com as diversas situações que
ocorrem durante o ano letivo e não sabem como agir diante das mesmas.
Simon (2010) contribui neste ponto, afirmando que as crianças índigo, não
aceitam qualquer resposta, só se forem muito bem fundamentadas. Elas não se
adaptam ao ensino repetitivo e lento, pois estão muito à frente das demais
crianças, querem informações novas sempre, para estar sempre evoluindo.
A psicopedagoga foi uma espécie de guia para o encontro da
pesquisadora com as crianças índigo que estudam na escola, revelando
situações ocorridas que criaram um ponto de interrogação e instigaram a busca
por respostas. A psicopedagoga, há cinco anos, realiza um estudo sobre as
crianças índigo, porque sentiu a necessidade de se aprofundar no tema, a partir
do cotidiano que presenciou no Colégio Alternativo Talismã.
Diante dos indícios da existência de três crianças índigo na instituição,
com a ajuda dos parceiros da escola, as análises das observações realizadas
foram divididas em duas categorias, em virtude da sua presença continua
durante as observações. As categorias elencadas são: características das
crianças índigo do colégio alternativo talismã - conceitualização com os biótipos
52
dos índigos, por Nancy Ann Tappe; e didática do educador no processo ensinoaprendizagem da criança índigo.
Nas categorias foram analisadas as características presentes durante as
observações das três crianças pesquisadas. Ressalta-se que foi a partir de um
levantamento bibliográfico detalhado que surgiu a possibilidade de criar esta
ponte entre as características das crianças índigo e as peculiaridades das
demais crianças no Colégio Alternativo Talismã, para então ser estabelecido o
conceito de índigo. Somente após a análise das observações, juntamente com
os referenciais teóricos é que se estabeleceu este conceito.
Durante as análises, foi imprescindível todo o cuidado para preservar a
identidade das crianças, que foram identificadas na pesquisa com nomes de
flores, quais sejam: Lírio, Jasmim e Girassol. Na escolha dos nomes das
flores, pesquisou-se, inicialmente, o significado de cada nome de flor, segundo
a
fonte
de
pesquisa:
<http://www.floresrosas.com.pt/significado-flor.htm>.
Assim, Lírio é o educando que estuda no Pré e o significado do nome da flor é
doçura, inocência, pureza; Jasmim é o educando do 3º ano e o significado do
nome da flor é amor, beleza delicada, graça; e Girassol é o educando do 5º ano
e o significado do nome da flor é dignidade, glória, paixão. Desta forma,
procurou-se atribuir o significado do nome de cada flor a cada criança
pesquisada, destacando as características em comum.
A seguir, apresentam-se as análises das observações das crianças, a
partir das categorias escolhidas, consideradas as mais marcantes durante o
percurso de observação. São elas: características das crianças do Colégio
Alternativo Talismã - conceitualização com os biótipos dos índigos, por Nancy
Ann Tappe; e didática do educador no processo ensino-aprendizagem da
criança índigo.
53
4.1 CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DO COLÉGIO ALTERNATIVO
TALISMÃ - CONCEITUALIZAÇÃO COM OS BIOTIPOS DOS ÍNDIGOS,
POR NANCY ANN TAPPE
No percurso das observações na classe do Pré, foi interessante perceber
as diferenças apresentadas pela criança índigo, em sua interação com as
demais. Quando Lírio se apresentou para a pesquisadora, diante dos demais, já
trouxe um linguajar diferenciado, conforme se observa no Relatório de
Observação do dia 16/03/2011:
no momento em que iniciou as apresentações, eu ainda não sabia
quem era Lírio no meio de tantas crianças, foi no momento da
apresentação que notei em suas primeiras palavras, ele se levantou
dizendo: - Só um minuto professora, meu célebro ta confuso. Esperou
uns instantes e disse: – Deu, agora já posso falar. Então se
apresentou, com um olhar diferenciado dos demais, e uma firmeza
em seu linguajar, notória.
Apesar de sua personalidade estar ainda em processo de construção,
podendo sofrer alterações ao longo do seu desenvolvimento, Lírio, com cinco
anos de idade, demonstra, em vários momentos, uma visão global de mundo
diante das questões solicitadas durante as atividades, conforme Relatório de
Observação do dia 16/03/2011:
durante uma atividade da aula de Inglês em que pintavam um
desenho sobre a diferença do dia e da noite, sentei ao lado de Lírio
contribuindo: - Nossa! Que lindo que está ficando o seu desenho,
bem colorido. E questionei: - Mas, não entendi uma coisa Lírio,
porque no mar você pintou metade dele roxo claro e metade roxo
escuro? Lírio respondeu: - É porquê o mar, assim como o mundo
todo, muda todos os dias, uma hora ele ta roxo claro, daqui a pouco
ele já fica escuro. – Assim, como todas as coisas do mundo mudam,
podemos pintar da cor que queremos. Explicando minuciosamente
uma simples pintura.
Lírio sempre fundamenta muito bem as suas explicações, trazendo uma
visão ampla dos cuidados necessários que se deve ter com o planeta. Como
abordam Carroll, Tober (2005, p. 135-136) sobre a preocupação e o amor que
as crianças índigo têm pelo mundo, “essas crianças se preocupam com todos
os seres vivos: o planeta, os animais, as plantas e as pessoas. Reagem a
qualquer demonstração de crueldade, injustiça, violência e insensibilidade.”
54
Foto 01: Lírio
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Em outra observação, mais um acontecimento semelhante relativo ao
cuidado e à compreensão da natureza, chamou a atenção, pela facilidade que
Lírio tem de formular conceitos a partir das ações humanas, contextualizando a
ação na futura conseqüência da mesma. No Relatório de observação do dia
07/04/2011, pode-se perceber este fato:
folheando sua apostila, reparei em um desenho que me intrigou em
que o enunciado dizia: - Desenhe abaixo, como ficará a natureza se
não cuidarmos dela. Lírio desenhou uns bonecos pintados em
vermelho, e no canto um tronco com uma serra ao lado e um boneco
também em vermelho em cima do mesmo, e acima uma nuvem preta.
Curiosa, em ter a explicação do significado do desenho de Lírio,
iniciamos uma conversa: Pesquisadora: - O que você desenhou aqui?
Lírio: - Então, essa parte escura é um arco-íris, que vai ficar assim se
não cuidarmos. Pesquisadora: - E esses bonecos em vermelho o que
é? Lírio: - esses em vermelhos somos nós que vamos ficar tristes e
vamos morrer por causa da poluição, se não cuidarmos.
Pesquisadora: - E porque este tronco, com esta pessoa em cima
pintada de vermelho, e essa serra ao lado? Lírio: - É que se cortarem
as árvores, vão destruir o planeta, o tronco vai cair, porque foi
cortado, e com ele a pessoa que está em cima vai morrer por isso ela
está pintada de vermelho.
55
Foto 02: Atividade da apostila de Lírio.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Reforça-se esta afirmativa com as palavras de Simon (2010, p.157),
quando ela assim se manifesta:
... todas as crianças índigo afirmam, sem exceção, que estão a
serviço do universo em que evoluem e que tudo é solidário com tudo.
Elas estão, dessa forma, particularmente designadas para nos ajudar
a preservar a Terra e seus habitantes. Não temos um planeta
suplementar e devemos salvar este em que vivemos.
Segundo a mesma autora, todos os índigos têm essa missão, mesmo
que implícita em suas atitudes, que ao longo do tempo vão demonstrando a
partir de suas ações cotidianas.
Em conversa com a professora da classe, ela também contribuiu
afirmando que, do mesmo modo que Lírio expõe suas opiniões bem
fundamentadas, ele exige igualmente explicações minuciosas sobre os seus
questionamentos, caso contrário, não se dá por satisfeito.
Mais uma vez
recorre-se a Simon (2010, p. 23) que vem ilustrar esta questão:
... essas crianças do terceiro milênio mostram uma insaciável
necessidade de conhecimento. Elas fazem perguntas pertinentes e
exigem respostas apropriadas. Não desejam absolutamente um
ensino estereotipado e se recusam a aprender o que consideram
desinteressante e que, sem dúvida, lhes é inútil para a vida.
Outra característica interessante notada foi a empatia de Lírio com
relação a algumas pessoas, especialmente com a pesquisadora. Durante a
pesquisa na escola, foi necessário criar um vínculo de amizade com ele, que no
começo demonstrou resistência, mas a pesquisadora persistiu com a conversa,
interessada em conhecê-lo. Nesse sentido, Vecchio (2006, p. 165) vem
contribuir quando fala sobre a importância do diálogo: “Dialogar sem impor
56
decisões, aprender a brincar, a rir, a respeitar para ser respeitado, são atitudes
essenciais que honram os sentimentos e a inteligência do índigo.” De fato, aos
poucos, o aluno foi se soltando e assim diminuiu a distância existente, dando
chance de se compreender um pouco mais o seu universo interior e toda essa
vibração que ele quer manifestar e compartilhar com todos, demonstrando-se
muito ativo em todos os momentos. Vecchio (2006, p. 34) trata justamente
dessa característica presente no índigo, que
capta com a sua Intuição Emocional as emoções e sentimentos de
pessoas que se aproximam dele. Quando o índigo possui essa
empatia, constitui-se em verdadeiro radar que sintoniza tanto os
sentimentos amorosos, nobres, positivos de uma pessoa, quanto os
negativos. Isso explica muitas vezes porque o índigo, pode, na
mesma hora, sem razão aparente, mostrar-se amistoso e carinhoso
diante de uma pessoa, e até de um desconhecido ou, ao contrário,
fechar-se, não conversar, não querer nada com essa pessoa, negarse até cumprimentá-la, mesmo que seus pais o obriguem a cumprir
um ritual considerado como parte de conduta social de uma pessoa
bem-educada.
Esta característica presente na criança índigo fez resgatar uma conversa,
realizada com a professora da turma, sobre a presença da pesquisadora na
sala de aula observando Lírio, como se constata no Relatório de Obseração do
dia 16/03/2011:
simpatizei-me muito com ele, e percebi que ele também gostou de
mim, a educadora da sala disse que tive sorte disso acontecer, pois
ano passado outra menina fez estágio na sala dele, e ela não
conseguiu realizar nada com eles, pois pelo fato dele não simpatizar
com a estagiária, ele não contribui com nenhuma aula, atrapalhando
o andamento das atividades, tirando a atenção dos demais.
De acordo ainda com Vecchio (2006), as crianças índigo possuem
personalidades fortes e tendem a se fechar quando não compreendidas ou
quando sua opinião não é levada em conta. Isto ocorreu durante a participação
da pesquisadora na brincadeira com papéis picados com as crianças, em uma
das observações, como o Relatório de observação do dia 15/04/2011 atesta:
Lírio não conseguia pegar os papéis picado, então ficava bravo todas
as vezes, mas pedia repetição, não querendo desistir. As crianças
começaram a pedir para poderem jogar o papel no meu lugar, Lírio
ficou emburrado e disse que só participaria se eu continuasse a jogar.
Atendendo o pedido de uma criança deixei-o jogar, Lírio então, se
negou a continuar participando. Mostrando o seu lado rebelde, que as
57
coisas devem ser como ele quer e planeja, caso contrário ele não
participa. No instante do acontecido à educadora, apontou para
situação que estava ocorrendo, contribuindo dizendo que é assim que
ele reage diariamente as posições da qual ele não está de acordo,
por isso ela tem sempre de agir com muita cautela com o mesmo,
negociando questões, e argumentando através de uma conversa
minuciosa, fazendo-o compreender, mas dificilmente ele cede, só
quando ele quer.
No decorrer das vivências com as crianças da turma do Pré, no Colégio
Alternativo Talismã, a professora contou que Lírio sempre realiza as atividades
propostas com muita facilidade e rapidez, com um raciocínio muito acelerado,
trazendo contribuições às aulas, e que muitas vezes, ela mesma se pergunta
como ele sabe tanto sobre tantos assuntos e de onde tira várias idéias curiosas,
sobressaindo-se diante dos demais educandos. Realmente, Carrol e Tober
(2008, p. 19) ressaltam que:
índigos possuem muita sabedoria. É interessante observá-los.
Parecem ter na ponta da língua, uma lista de questões e perguntas
muito sérias sobre a vida, pronta para ser despejada em qualquer um
que esteja disposto a ouvi-las. Até os que não fazem tantas
perguntas possuem uma forma de raciocínio muito perspicaz.
Teve-se um exemplo dessa inteligência especial quando, durante uma
conversa, Lírio interferiu fazendo um comentário inusitado, transcrito no
Relatório de Observação do dia 16/03/2011:
Um colega de Lírio que estava sentado próximo me questionou: - Tia,
de que planeta você é? Então respondi: - Eu sou do planeta terra e
você? Ele responde: - Ah, eu também. Lírio, então contribui, dizendo:
- Não! Ele não é do planeta terra, ele é de um planeta em que os et’s
controlam a mente das pessoas. E seguiu terminando a sua pintura.
É nesse momento que se para a fim de pensar de onde vem esse
conhecimento das crianças índigo acerca destas questões do Além, sendo que
as demais crianças desconhecem quase tudo sobre o assunto. Ressalta-se
ainda a quantidade de palavras que o menino domina em seu vocabulário,
destacando-se das demais crianças.
A partir das características que Lírio apresentou, juntamente com as
leituras realizadas sobre os biótipos de Lee Carroll e Nancy Ann Tappe, foi
possível notar em Lírio as características de um índigo humanista. Com efeito,
nas adaptações de Vecchio (2006, p.57) aos biótipos criados, o autor esclarece
que os indivíduos índigos
58
são muito sociais, amorosos, superativos (não hiperativos) e de
opiniões muito firmes. Displicentes com seu corpo, brincam com
diversos brinquedos. Não gostam de ordenar seu quarto ou sala, são
leitores ávidos e revelam grande capacidade de persuasão. Possíveis
profissões:
médico,
sociólogo,
psicólogo,
psicopedagogo,
conselheiro, professor, vendedor, empresário, político.
Analisando as características mais presentes nessas crianças, é possível
apaixonar-se por elas, conhecendo a sua essência e a pureza que trazem os
significados das coisas em suas palavras. Mas não se pode negar também que
elas devem ser educadas com muita cautela, tanto pelos pais como pelos
educadores, para assim conviver em sociedade de forma harmônica e saudável
para sua evolução.
A partir dos biótipos formulados por Nancy Ann Tappe em que Carroll e
Tober (2005) abordam, conceituando as diferentes personalidades dos índigos
com características muito específicas, fica mais fácil compreendê-los. Todos
apresentam peculiaridades em comum, mas ao mesmo tempo trazem traços
bem distintos, que podem ser explicados através das quatro categorias:
humanista, conceitual, artística e interdimensional, criadas pelos respectivos
autores.
Nesta pesquisa, durante as observações das crianças e ao fazer as
análises das mesmas, conseguiu-se identificar três biótipos de crianças índigo:
humanista, interdimensional e conceitual. Para formular este conceito, levou-se
em conta as características de cada biótipo apoiada nas idéias de Nancy Ann
Tappe, ressaltando, porém, uma consideração de Vecchio (2006, p. 59): “ [...]
não encontraremos um biótipo puro. Encontramos, sim, biótipos mesclados,
porém com a predominância de um deles.”
Observando Jasmim, durante a aula, no 3º ano, não foi possível notar
nenhuma característica aparente, ele demonstrou ser apenas um educando que
apresenta déficit de atenção e um alto grau de hiperatividade, o que dificulta
sua concentração para a realização das atividades propostas, segundo a
professora da sala já havia mencionado e ficou registrado no Relatório de
Observação do dia 25/03/2011:
ele apresentava muita dificuldade na elaboração da escrita das
palavras, e na leitura das mesmas. Um aluno com perfil tímido, com
déficit de atenção, e muita hiperatividade, que pela conversa que tive
com a sua educadora, esta hiperatividade vem sendo inibida por um
medicamento que ele toma já faz algum tempo, a ritalina.
59
Foto 03: Jasmim
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
No decorrer das aulas, Jasmim demonstrava, em vários momentos, uma
certa agitação, não alcançando a concentração necessária para as atividades
que eram propostas, e se negando a fazê-las, dizendo que não conseguia.
Relativamente a esta falta de atenção, Cañete (s/d, p.02) aborda, em um artigo,
as rotulagens atribuídas às crianças atualmente:
Não é a toa que estamos assistindo a uma verdadeira epidemia de
crianças, jovens e agora de adultos rotulados de DDA (distúrbio de
déficit de atenção) e de DDAH (distúrbio de déficit de atenção com
hiperatividade), de bipolaridade, de crianças problemas. Na verdade,
os rótulos são tentativas da ciência de fragmentar, catalogar e assim
poder controlar por meio da supressão dos sintomas. Nem estamos
falando de cura. É evidente aqui, que faço uma ressalva importante
para a necessidade de que profissionais competentes avaliem e
façam um diagnóstico diferencial. Mas, por enquanto ainda é
pequeno o número de profissionais, médicos, psicólogos, pedagogos
que se dispuseram a encarar um estudo mais atento e profundo, sem
preconceitos, a este tema tão desafiador.
Por isso, é importante desmistificar estes conceitos estabelecidos,
trazendo uma nova explicação para as atitudes destas crianças com um
desenvolvimento espiritual superior ao das demais, que são chamadas de
crianças índigo.
Neste ponto, Simon (2010, p. 20) vem contribuir, fazendo a distinção:
60
Muitas vezes tendemos a fazer o amálgama entre as crianças índigo
e a crianças que sofrem de transtornos obsessivos do
comportamento, de hiperatividade, ou de déficit de atenção, mas as
crianças que sofrem de déficit de atenção não são de forma alguma
índigo. Existem inúmeras diferenças entre elas e é impossível
constatar qualquer anomalia física nas crianças índigo.
Foi durante uma conversa com a psicopedagoga que se teve
conhecimento de que Jasmim sabe ler, mas no seu tempo, e durante as aulas
sempre se nega a fazê-lo. A psicopedagoga da escola realiza atendimentos
semanais com Jasmim, trabalhando a prática da leitura, instigando-o com
histórias inusitadas, como contos antigos. Ela relatou que tudo com ele deve ser
muito negociado, para que então ele aceite o que está sendo proposto, como
se pode constatar no Relatório de Observação do dia 25/03/2011:
Chegando a sala, a educadora sugeriu que lessem um livro de
histórias, e ele não quis, então ela começou a conversar com ele
perguntando porque ele estava tão nervoso, não querendo realizar as
atividades. Ele não respondeu, apenas dizia que não queria fazer
nada.
Esta é uma característica muito presente nos índigos, em que tudo deve
ser muito bem argumentado e negociado.
Todas as três crianças pesquisadas apresentaram esta característica
marcante e por isso cita-se Vecchio (2006, p.164), que se manifesta sobre as
contribuições da Pedagogia de Valores aplicada ao índigo durante as
negociações:
[...] é baseada na negociação com o índigo: negociar, negociar,
negociar. Por negociação devemos entender, dar opções à criança,
propor acordos que não sejam autoritários nem manipuladores.
Permitir e incentivar o índigo a buscar suas próprias soluções. Seja
qual for a situação, expor a verdade dos fatos. Procurar com cuidado,
bom senso e tolerância, transmitir aquilo que poderá ferir sua
sensibilidade.
Ao longo das observações, as visitas da pesquisadora às salas dos
pesquisados se tornaram freqüentes, e por isso, ela pode notar em Jasmim
momentos de muita agitação, em que mal conseguia ficar sentado,
demonstrando necessidade de se locomover pela sala, mas também notou
momentos em que ele aparentava estar fechado no seu mundo interior, quieto
em seu canto. Estes momentos podem ser justificados pelo uso do
61
medicamento, ritalina8, que inibe a personalidade do consumidor. Segundo
Simon (2010, p. 14):
[...] esse tratamento químico é uma faca de dois gumes. Ele pode,
com efeito, permitir que essas crianças hiperativas se integrem às
normas em uso e, assim tranqüilizar os pais, mas, como todas as
drogas desse tipo, gera uma certa euforia que permite aos
consumidores esquecer sua diferença e seus complexos em relação
aos outros. Contudo, paralelamente a essas vantagens teóricas, ele
destrói a personalidade, a intuição, os dons espirituais, as faculdades
extrassensoriais dessas crianças e, sem sombra de dúvida, sua
saúde física.
Muitas vezes, a pesquisadora observou Jasmim, em sua sala, ainda
ativo, não conseguindo se concentrar nas palavras da educadora. Durante uma
conversa com a psicopedagoga da escola, sobre os atendimentos que ela
presta a Jasmim, a profissional trouxe a questão de falta de concentração como
um empecilho, como algo que vem a perturbar o aluno há muito tempo. Segue
a conversa de Jasmim com a educadora, constante do Relatório de Observação
do dia 06/04/2011:
Jasmim chegou à sala impaciente, negando-se realizar as atividades
propostas pela educadora, então, iniciaram uma conversa, pois ela
queria saber o porquê dele estar agindo desta forma, a criança
começou a contar que não consegue se concentrar, por causa dos
seus amigos ocultos que ficam lhe perturbando.
Jasmim relatou os motivos pelos quais não consegue se concentrar nas
aulas, sendo por isso diagnosticado com déficit de atenção. Outro relato, sobre
uma situação semelhante, de outra criança índigo, citado por Carrol e Tober
(2008, p. 110) mostra os pontos em comum que essas crianças têm:
meu primeiro filho morreu durante o parto. Seu nome seria Douglas.
Jessica nasceu 13 meses depois e nunca escondemos dela que
quase teve um irmão. Sempre dissemos que ele havia morrido e que
fora para o céu. Às vezes, ela me diz que falou com ele e me
transmite seus recados. Também fala de seu “anjo”, que se chama
Sabrina. Jamais lhe disse que essas visões são fruto de sua
8
RITALINA é um estimulante do sistema nervoso central. Seu mecanismo de ação no homem
ainda não foi completamente elucidado, mas presumivelmente ele exerce seu efeito estimulante
ativando o sistema de excitação do tronco cerebral e o córtex. O mecanismo pelo qual ele
produz seus efeitos psíquicos e comportamentais em crianças não está claramente
estabelecido, nem há evidência conclusiva que demonstre como esses efeitos se relacionam
com a condição do sistema nervoso central. RITALINA dada a crianças psicóticas pode
exacerbar os sintomas comportamentais e as alterações de pensamento. O abuso de RITALINA
pode conduzir à tolerância acentuada e dependência psíquica com graus variados de
comportamento anormal.
Fonte: http://www.bulas.med.br/bula/3721/ritalina.htm
62
imaginação (como meus pais faziam comigo). Acredito que suas
experiências como o mundo espiritual são tão (ou mais) válidas
quanto as que temos neste nível de realidade em que vivemos.
Carrol e Tober (2008) entendem que essas crianças são espiritualmente
mais desenvolvidas, sentem-se bem em um ambiente religioso, pois acreditam
em Deus e sentem que possuem algo que vai além da realidade, constituindo o
ser. Para os autores, essas crianças são extremamente sensíveis, podendo
sentir a energia vibracional das pessoas com as quais convivem.
Jasmim contou mais sobre as crianças que ele costuma ver e que o
perturbam muito, e estas informações constam do Relatório de Observação do
dia 06/04/2011:
eles estão aqui, bem ao seu lado, eles não querem que eu faça as
atividades, porque eles falam que quando estavam na escola,
também não faziam. A educadora questionou novamente: - Mas
como eles são? Como você sabe que estão aqui? Jasmim responde:
- Eu to vendo eles, os dois estão com uma calça azul e uma blusa
vermelha, é o Rã-rã e o Tcheury, e eles dizem que não é pra eu fazer
a atividade. A psicopedagoga chegou a ficar assustada por este
relato, então, conversou com o menino dizendo que esses amigos
devem ir embora, porque ele sabe sim fazer a atividade. Realizou
com o menino uma oração, abraçando-o, pedindo a Deus para que
faça com que parem de perturbá-lo, Durante a oração Jasmim. dizia:
- Olha! eles estão indo embora, estão subindo e desaparecendo.
É importante que tanto os pais, quanto educadores das crianças índigo,
respeitem e aceitem este comportamento, pois se a criança índigo é
compreendida, ela continua evoluindo. Nas palavras de Carrol e Tober (2008,
p.83):
[...] quanto mais leve e tranqüilo for o processo, melhor será o
relacionamento familiar. Os pais podem evitar dar grande atenção a
fatos e circunstâncias negativas e se concentrar nas experiências
positivas e no aprendizado, contribuindo para o processo de evolução
da raça humana ao oferecer ao mundo um ser mais equilibrado que
pode transmitir a todos ao seu redor muito amor, compaixão e paz.
Por sua vez, Galvão (1995, apud Vega e Silva, 2008, p. 03) mencionam
a importância da afetividade, segundo a teoria walloniana:
[...] a inteligência e a afetividade estão integradas auxiliando no
processo da aprendizagem. A teoria Walloniana suscita uma prática
que deve atender as necessidades da criança nos planos afetivo,
cognitivo e motor, promovendo o seu desenvolvimento em todos
esses níveis.
63
Esta afetividade se fez presente em uma das observações, em que se
pode notar as contribuições da mesma no desenvolvimento de Jasmim, de
acordo com o que se lê no Relatório de Observação do dia 06/042011:
quando Jasmim ganhou o cartão do seu colega ficou muito feliz, pois
estava escrito: Para o meu melhor amigo, seguindo com um desenho
em baixo de uma carro-foguete, ele adorou e disse que gosta muito
do amigo também. Foi interessante notar, como ele muda diante de
situações de afetividade, demonstrando amor e afeto com os colegas,
diferentemente de outras vezes que o presenciei na sala de aula,
quieto em seu canto, e muito fechado. Até a professora da sala
comentou, que ele teve um grande avanço nos últimos dias,
interagindo melhor com os colegas.
Por isso, é fundamental dirigir um olhar sensível para estas crianças,
compreendendo a sua essência e atendendo às suas necessidades ao longo do
seu desenvolvimento.
Finalmente, analisando os biótipos elencados por Nancy Ann Tappe,
acredita-se que Jasmim apresentou características do índigo interdimensional.
Também Carrol e Tober (2005, p.31), em seus estudos, dizem que estes
indivíduos
são fisicamente mais desenvolvidos que os outros índigos e já aos
dois anos respondem a tudo dizendo: eu sei e posso fazer sozinho.
Deixe-me em paz. Trarão novas filosofias e religiões ao mundo.
Podem ser briguentos por causa de seu tamanho e por não se
encaixarem na sociedade como os outros tipos.
Já segundo Vecchio (2006, p.58-59), de acordo com as características
que Jasmim apresentou, ele é um índigo multidimensional, porque estas
crianças
gostam de filosofia acerca do cosmo, revelam tendência para a
espiritualidade, vivem com a sensação de não pertencer a este
mundo, buscam por si mesmo sua relação com Deus. Com alguma
freqüência, quando crianças, expressam que enxergam seres do
Além como anjo, parentes falecidos etc. Apresentam apuradíssimo
senso de justiça. Mesmo quando crianças constituem-se em
corajosos defensores dos menos capacitados, seja física, seja
psiquicamente.
A partir desta análise e dos argumentos teóricos que fundamentam tais
características, é possível compreender as atitudes de Jasmim durante o seu
desenvolvimento.
Ao observar Girassol, estudante do 5º ano, notaram-se características
em comum com Lírio e Jasmim. A educadora relatou que, em vários momentos
64
das aulas, é necessária uma abordagem de negociação para facilitar a
convivência com ele e conseguir realizar o seu planejamento pedagógico com a
turma. O relato da educadora, durante uma observação, está registrado no
Relatório de Observação do dia 12/04/2011:
contribuiu confirmando que Girassol é muito diferente das outras
crianças, é preciso negociar situações com ele, pois se num
momento ele não quer realizar uma atividade, ele não deixa que os
demais façam, por isso, ela relata que conseguiu ter um novo olhar
para com ele, aprendendo melhor a lidar, para assim facilitar a
convivência dele com o grupo e sua interação na aula, utilizando-o
como ajudante em diversos momentos das aula, assim ela conseguiu
estreitar as distâncias, criando um laço de harmonia com o educando.
Outro dado importante a ressaltar foi uma atitude que Girassol teve, no
final do ano passado, chamando a sua mãe para uma conversa séria que é
relatada na seqüência, dentro do Relatório de Observação do dia 12/04/2011:
em uma conversa com a mãe de Girassol que trabalha na instituição
em que realizo as observações, ela vem contar que no final do ano
passado Girassol quis ter uma conversa muito séria com ela,
segundo ele mesmo a comunicou, dizendo que se sentia diferente
das outras crianças, que ele não queria mais ser assim. Disse
também, que iria mudar, para todos gostarem dele. Segundo a mãe
de Girassol ele brigava muito com os colegas, pois não os respeitava.
Girassol tinha um olhar de auto-suficiência para si, o que prejudica
suas vivências com os colegas. Ele prometeu a mãe que iria mudar,
iria ser mais calmo, ouvir mais os colegas, para ser igual a todo
mundo.
Girassol demonstrou, com sua atitude, ter uma visão adulta quando
tomou a iniciativa de chamar a mãe para conversar sobre uma dificuldade que
atrapalhava seu relacionamento com os demais colegas. Pronunciando-se
sobre esses seres frágeis, Carroll e Tober (2008, p. 83) apontam o tratamento
que deve ser dado a eles:
ao reconhecer em seu filho ou neto as características índigo, sua
família terá melhores resultados em termos de educação tratando-o
com respeito e amor como se fosse um adulto miniatura ou mesmo
como um Cristo mirim. É preciso que se lembrem, constantemente,
de dar o máximo em termos de apoio e incentivo a esse ser que
habita ainda um frágil corpo infantil.
As crianças índigo incorporam uma personalidade forte, demonstrando
em muitos momentos um instinto de liderança, tornando-se, na maioria das
vezes, o centro das atenções do grupo. Segundo um relato da educadora
65
quanto à posição de Girassol diante dos demais: “... Girassol sempre teve um
instinto de liderança, uma influência sobre os colegas, conseguindo dominar a
todos, fazendo-os participar ou não das atividades propostas.” (Relatório de
observação do dia 12/04/2011).
Foto 04: Girassol
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Quando se refere a essa característica presente nos índigos, Condron
(2008, p. 40) declara que eles possuem
alta auto-estima, forte integridade, honesta, direta, altamente
sensível. Possui um senso de missão e o exibe desde cedo. Não será
dissuadida depois que seu coração/cabeça tiver se decidido.
Demanda escolhas e o direito de fazê-las. Energia excessiva leva a
mudanças rápidas de atenção. Entedia-se facilmente. Precisa de
adultos estáveis emocionalmente, amor constante. Habilidades de
curas inatas. Atraídas por pensamento de grupo quanto a
necessidade apresenta-se, não será isolada. Desenvolvimento do
ser.
Na verdade, durante as observações, Girassol sempre demonstrou este
instinto de liderança, tanto nas brincadeiras realizadas quanto durante as aulas,
nos momentos em que queria se destacar, respondendo a todos os
questionamentos que a educadora fazia durante o processo de ensinoaprendizagem. Numa tarde, foi possível perceber isso mais claramente, e o fato
consta do Relatório de Observação do dia 16/03/2011:
66
girassol se pronúncia com muita firmeza e determinação, uma autoestima muito forte. Na atividade da apostila, a questão pedia para
citar o nome de objetos e Girassol declara: - eu coloquei lápis,
borracha e apontador, porque é tudo que eu preciso neste momento.
Outra situação marcou uma característica muito relevante de Girassol,
que é a de não aceitar ordens e imposições feitas pelos adultos. O fato ocorreu
no estágio de séries iniciais, quando a pesquisadora ainda me encontrava na
fase de amadurecimento desta temática para o projeto de conclusão de curso.
O que me impressionou realmente foi a atitude de Girassol em resposta a uma
situação em que se contrariou sua vontade, como destacado no Relato do
Estágio de séries iniciais da Intervenção em outubro/2010 apresentado a seguir:
durante a realização desta atividade pedagógica, uma reação de
Girassol fez com que fosse interrompida a atividade. Girassol era um
dos auxiliares que estavam filmando. Durante a filmagem, ele brigou
com um colega da outra sala, pois não queria que este aparecesse
na filmagem, empurrando-o, entre várias discussões. Por este motivo,
retirei a máquina filmadora dele, passando este papel a outro aluno,
pois ele não estava se comportando. Com esta ação, Girassol ficou
irremediável, pois foi contrariado. Repetindo várias vezes: - Não! sou
eu quem vai filmar, a professora disse que eu iria fazer este papel.
Ela não pode tirar a máquina de mim, sou eu que devo filmar. Com
isso, gerou conflitos e tivemos que nos reunir na sala de aula para
conversar com todos sobre o acontecido. Girassol ainda muito bravo,
pelo fato da estagiária ter tirado a câmera dele respondeu: - Foi
combinado! Nós já tínhamos combinado que eu iria filmar, ela não
podia ter tirado a máquina de mim.
A partir do relato deste acontecimento ocorrido no estágio de séries
iniciais, é possível constatar a forte personalidade que Girassol apresenta, não
aceitando ser contrariado quanto às decisões acordadas inicialmente,
mostrando assim ter um gênio inflexível diante de situações impostas. Simon
(2010, p. 31) explica essa atitude das crianças, dizendo que:
[...] elas resistem ao tom autoritário, mas ouvem as explicações
sensatas. Detestam se sentir depreciadas ou ser criticadas em
público e suportam com dificuldade que lhes seja sugerida uma
orientação de vida, pois julgam saber melhor do que ninguém o que
farão mais tarde, mesmo que isso não corresponda aos hábitos
familiares. Recusam receber ordens injustificadas, mas buscam o
diálogo e desejam principalmente ser interlocutores para seus pais.
O mesmo autor também alerta sobre a importância do diálogo com estas
novas crianças, frisando que é preciso explicar minuciosamente caso ocorra
mudanças de planos nas situações, se não cumprirem o prometido.
67
Com a análise das características de Girassol segundo os referenciais
teóricos, foi possível o encaixe do educando dentro do biótipo Conceitual,
segundo as idéias de Nancy Ann Tappe expressas por Menezes (2001, p. 04):
[...] índigos conceituais estão mais para projetos do que para
pessoas. Serão os futuros engenheiros, arquitetos, projetistas,
astronautas, pilotos e oficiais militares. Eles não são desajeitados, ao
contrário, são bem atléticos como crianças. Eles têm um ar de
controle e a pessoa que eles tentam controlar na maioria das vezes é
a mãe se são meninos. As meninas tentam controlar os pais. Se eles
são impedidos de fazer isso, existe um grande problema. Este tipo de
Índigo tem tendência para outras inclinações, especialmente as
drogas na puberdade. Os pais precisam observar bem o padrão de
comportamento dessas crianças quando elas começarem a esconder
ou a dizer coisas tais como, "Não chegue perto do meu quarto": é
exatamente quando os pais precisam se aproximar mais.
Finalizando esta análise, constataram-se, no decorrer das observações,
as características presentes nos pesquisados, e a partir da análise, as
especificidades foram salientadas com o auxílio de referenciais teóricos
constituindo, assim, a criança índigo.
4.2
DIDÁTICA
DO
EDUCADOR
NO
PROCESSO
DE
ENSINO-
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA ÍNDIGO
Ao observar, na prática docente, como funciona o direcionamento das
atividades destinadas às crianças índigo, juntamente com as demais crianças,
considerou-se interessante notar a didática que o educador adota para lidar
com estas crianças, que são um tanto quanto rebeldes e não aceitam ordens,
ao mesmo tempo em que consegue concentrar a atenção da turma em sua
interações. Em vários momentos das observações, as estratégias que os
educadores utilizaram para lidar com as crianças índigo tornaram as vivências
em grupo satisfatórias para todos, a partir de um “jogo de cintura”, durante as
atividades que eram propostas. A educadora comentou sobre as atitudes de
Lírio, na sala do Pré, mostrando como ela lida com ele, e essa conversa pode
ser lida no Relatório de Observação do dia 16/03/2011:
68
[...] tudo deve ser negociado com ele. Dizendo o porquê que ele
precisa fazer a atividade, e que só pode ir ao parque no término da
mesma, utilizando de argumentos bem fundamentados. Uma
resposta do tipo: - Não pode, porque não, jamais pode ser dada a ele,
pois jamais é aceita. Ela afirma que conseguindo lidar com ele em
sala de aula, é possível de realizar a atividade em que todos
participem, ele é o centro das atenções da turma, as crianças
seguem o que ele faz e acata.
Nas atividades pedagógicas, a educadora mostrou a importância de
gerar problematizações, instigando o educando a buscar o conhecimento. O
Relatório de Observação do dia 07/04/2011 apresenta esse relato:
em um momento a educadora, mostrou uma imagem que
apresentava a foto de um crocodilo com a boca aberta e dentro da
boca do animal, um passarinho intacto, não ferido pelo animal. Então,
ela questionou: - O que será que esse passarinho ta fazendo dentro
da boca do crocodilo? E as crianças logo responderam: - Ele vai ser
comido, professora! Ele vai morrer! E Lírio antenado na questão,
ainda em silêncio esperou a educadora se pronunciar quanto a
resposta dos colegas. E ela questiona novamente: - Será mesmo?
Lírio então, se manifesta: - Não, professora. Ele só ta limpando o
dente do crocodilo, por isso que ele está vivo. A educadora
demonstra-se surpresa, e pergunta como ele sabe. Logo Lírio
responde dizendo que viu na televisão. Até mesmo as crianças ficam
surpresas com as atitudes de Lírio diante das situações que são
proposta, pois ele se sobressai entre o grupo.
Com relação à forma de aquisição do conhecimento, Freire (1994, apud
Freitas, 2004, p. 05) defende a importância da curiosidade epistemológica ao se
referir a uma
educação que se comprometa em promover essa passagem da
curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, que estimule
criticamente a capacidade de aprender, de aventurar-se e arriscar-se
no exercício fundamental da inteligibilidade crítica do mundo.
Neste ponto é possível estabelecer uma relação com o que a professora
propôs aos educandos do Pré, na sala de aula de Lírio.
Igualmente quando Freitas (2004) discorre sobre a proposta de Paulo
Freire para a educação, ela diz que o papel do educador é o de motivar o
educando a ir à busca do conhecimento epistemológico, dessa forma, a
curiosidade se torna agente principal da construção do conhecimento, tornandoo muito mais significativo.
69
Em uma situação na sala de aula, em que Lírio ficou bravo por não ter
sido feita a sua vontade e se excluiu da brincadeira, a educadora da turma
procedeu de modo a conseguir sua adesão, como ela mesma me contou e está
registrado no Relatório de Observação do dia 15/04/2011:
no instante do acontecido à educadora, apontou para situação que
estava ocorrendo, contribuindo dizendo que é assim que ele reage
diariamente as posições da qual ele não está de acordo, por isso ela
tem sempre de agir com muita cautela com o mesmo, negociando
questões, e argumentando através de uma conversa minuciosa,
fazendo-o compreender, mas dificilmente ele cede, só quando ele
quer. [...] deixando claro o “jogo de cintura” que a educadora deve ter
para lidar com ele, caso contrário, como já descreveu a mesma sobre
o educando, ele não faz as atividades propostas e tira a atenção de
todos da turma, não os deixando participar.
Na observação de Jasmim, a psicopedagoga deixou clara a necessidade
da conversa com o educando, para que ele possa expor seus pensamentos e
posteriormente consiga se concentrar na atividade que ela vai propor. O
Relatório de Observação do dia 25/03/2011 ilustra essa atitude:
chegando a sala, a educadora sugeriu que lessem um livro de
histórias, e ele não quis, então ela começou a conversar com ele
perguntando porque ele estava tão nervoso, não querendo realizar as
atividades. Ele não respondeu, apenas dizia que não queria fazer
nada. Ela continuou interrogando-o sobre o final de semana, e os
amigos que tem no quarto dele, se ainda estão aparecendo, então ele
começou a falar: - Olha, o meu amigo cacariano ainda vem me visitar.
A educadora propõe a conversa como estratégia para lidar com as
resistências do educando à realização dos seus objetivos, com o intuito de
compreender melhor o que se passa em sua mente e o que o impede de fazer o
que é solicitado.
Em alguns momentos, Jasmim mencionou as conversas que ele tem
com amigos ocultos, contando detalhes das mesmas para a educadora, e a
pesquisadora registrou essa conversa no Relatório de Observação do dia
25/03/2011:
a educadora segue questionando, mas quem é ele? Jasmim
responde: - Ele é como um bicho de estimação é uma mistura de
homem com cachorro. Ela continua, mas pra quê ele vai a sua casa?
- Ele vai lá em casa porque os espíritos incomodam ele na rua, ai ele
vai lá. O planeta dele foi destruído e eu tava lá, eu era um deles. A
educadora pergunta: - Mas ele não pode ir à sua casa, ele tem que
voltar para o lugar de onde ele veio. Jasmim fala: - Não, ele precisa
70
evoluir, e quando acontecer isso ele vai ganhar mísseis para
combater os seus inimigos. A educadora segue: - Você tem que
esquecer esse amigo, pois se ele tem inimigos ele não é do bem.
Neste relato, foi possível notar a importância que a educadora dá às
histórias que Jasmim conta. Ela o escutou com atenção, e em momento algum
contradisse o que ele contou como se fosse uma invenção. Mas o alertou,
dizendo que não é bom continuar tendo estas influências negativas. Sobre
essas visões, Carrol e Tober (2005, p. 56) acrescentam que
a maioria dos índigos consegue ver anjos e outros seres e descrevem
tudo com detalhes. E não se trata de imaginação, mas de mera
explicação. Costumam falar abertamente de suas visões um com o
outro a não ser que sejam reprimidos pelos pais. Por sorte, as
pessoas estão um pouco mais abertas e dispostas a ouvir esses
emissários. Nossas fantasias sobre crianças estão sendo, pouco a
pouco, substituídas pela curiosidade e pela confiança.
Com base nesta vivência, é importante ressaltar a necessidade que as
crianças índigo têm de serem compreendidas e escutadas com respeito,
levando em conta suas contribuições.
A partir desta análise foi possível identificar também o perfil que o
educador precisa possuir para aprender a lidar melhor com estas novas
crianças que vêm habitando a terra cada em número maior. É preciso ser um
educador com uma ampla flexibilidade para então, a partir de um
aprofundamento sobre a temática, criar um ambiente qualitativo para o
desenvolvimento das potencialidades das crianças, sendo elas compreendidas,
cada uma em sua especificidade.
71
5 ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES / PRÁTICA TRANSDISCIPLINAR
Nesta parte do trabalho, analisa-se a prática transdisciplinar realizada
com as crianças índigo através das oficinas pedagógicas, salientando as
contribuições das dinâmicas, com o amparo de referenciais teóricos que
confirmam as contribuições.
5.1 OFICINA: A BUSCA DE SI, NO MUNDO DA IMAGINAÇÃO
Esta oficina tem como objetivo principal propor as contribuições das
práticas transdisciplinares na educação de crianças índigo, com a intenção de
relacionar a Programação Neurolinguística ao relaxamento a partir da
imaginação criativa, para trabalhar além das disciplinas, proporcionando
momentos de interação do educando consigo mesmo. Esses momentos são
essenciais ao desenvolvimento dos índigos, porque lhes proporcionam uma
nova maneira de lidarem com sentimentos e emoções que podem ser
prejudiciais ao seu desenvolvimento, caso não sejam compreendidos, por
serem as crianças índigo muito sensíveis. Vecchio (2006, p.153), em suas
pesquisas, dá uma orientação prática para lidar com a criança índigo:
[...] um bom facilitador, pai ou professor conscientiza as pessoas
sobre o valor de vivenciar as sete palavras-chaves. Ensina como
harmonizar a mente, as emoções, os instintos e o corpo. Ensina
como conhecer as energias. Conduz aos poucos seus filhos e alunos
até eles alcançarem os quatro primeiros valores, a fim de que,
completando a vivência dos 28 valores, tenham pleno o poder da
sabedoria em seu coração e em suas mãos.
Na realização da oficina pedagógica, participaram três crianças índigo:
Lírio, Jasmim e Girassol, que foram assim conceituadas a partir da leitura de
estudos de diversos autores e das análises de suas características. Juntamente
com estas, mais quatro crianças se fizeram presentes na atuação da dinâmica.
Foi possível perceber, com a prática do relaxamento provocando a imaginação
criativa, a influência gerada nas crianças índigo, foco principal deste estudo.
A prática transdisciplinar contribui para o desenvolvimento do grupo todo,
mas atende especialmente às especificidades espirituais que os índigos
apresentam, de forma crescente e diferenciada dos demais. Nicolescu (1999, p.
72
103) contribui com seu comentário sobre a personalidade complexa dos
sujeitos:
a máscara torna-se mais importante que o rosto. Há um único rosto,
mas várias máscaras. A máscara a persona – corresponde a uma
certa personalidade, em função das necessidades da vida individual e
social. O desacordo constante entre a vida individual e social produz
as múltiplas personalidades de um único e mesmo indivíduo. As
contradições e os conflitos entre as diferentes personalidades de uma
única e mesma pessoa levam a dissolução do ser interior, que não se
reconhece dentro de suas múltiplas máscaras.
Diante dessa constatação, torna-se difícil o desenvolvimento, tanto
individual como social, a vivência dos sujeitos com essas várias realidades que
habitam dentro de si. Do mesmo modo Mascarenhas (2007) se manifesta sobre
as várias subpersonalidades existentes dentro de uma personalidade,
evidenciando a necessidade de educar cada uma delas, para melhor lidar com
as situações cotidianas. Daí a necessidade desta prática transdisciplinar,
fazendo
com
que
o
indivíduo
incorpore,
a
partir
da
programação
neurolinguística auxiliada pelo relaxamento, um bem-estar equilibrado e valores
importantes para o seu desenvolvimento.
Na oficina proposta, o objetivo principal foi de fazer com que os
educandos tivessem um olhar focado para dentro de si, com o intuito de se
autoconhecerem para se autocontrolarem de forma equilibrada nas situações
inconstantes do dia-a-dia, promovendo um bem estar coletivo e alcançando
mais tranqüilidade e calma para execução das atividades escolares.
Iniciou-se com a dinâmica da “Caixa de Valores”, em que o educando
precisava retirar da caixa um valor e socializar o significado do mesmo com o
grupo.
Foto 05: Caixa de Valores
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
73
O objetivo principal era o de promover a interação entre os pesquisados
sobre os valores que fazem parte de sua personalidade, desta forma, criando
um diálogo entre eles, para conhecerem melhor uns aos outros e a si mesmos a
partir do significado que cada um atribuiu. A seguir, apresenta-se o Relatório da
Intervenção do dia 18/04/2011, com o registro desse momento:
no momento da dinâmica todos participaram, contribuindo sobre as
suas interpretações sobre cada valor. Para Lírio de 5 anos, justiça, é
fazer o correto sempre. Para Girassol de 9 anos, paz, é tranqüilidade
e silêncio. Jasmim de 9 anos, argumentou sobre o valor da “fé”, e ele
contribui dizendo que fé é acreditar nas pessoas, em deus, é
acreditar nos anjos... Então eu questiono: Mas você acredita em
anjos? Jasmim responde: - Sim, eu era um anjo. Sempre andava eu e
mais dois anjos. Então questionei: - E lembras o seu nome de anjo?
E ele responde: Sim, eu tinha o nome de Misael, era bem legal.
Algumas crianças que estavam presentes na roda começaram a rir,
do que Jasmim estava contando, dizendo: - Até parece que ele já foi
anjo. Nesse momento Jasmim encerrou o assunto e não quis mais
falar sobre.
Foto 06: Momento da dinâmica da Caixa de Valores.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Essas crianças têm necessidade de um conhecimento específico sobre
os valores necessários que o ser humano deve possuir para ser feliz. Recorrese mais uma vez a Vecchio (2006, p.129), que destaca o que Osho diz ao
abordar o tema da importância da conscientização na criança:
[...] quando Osho fala “consciência” entenda “conscientização”. A
única possibilidade que a criança tem de criar um mundo belo, pleno
de paz e alegria depende de não ser contaminada pelo passado
negativo dos adultos. Quanto mais condicionamentos e
programações negativas pais e educadores induzirem o índigo, nessa
mesma proporção diminuirá a capacidade dessa criança ser feliz na
busca de si mesma e de Deus.
74
Nesse sentido, torna-se importante para o desenvolvimento das crianças
índigo, principalmente por serem mais suscetíveis às energias e vibrações do
meio, conforme trazem Carroll e Tober (2005), a contribuição do convívio com
valores que somem em sua personalidade, abolindo, assim, o “script de vida”,
como diz Eric Berne (1995), para então anular as questões negativas gravadas
no inconsciente das crianças. A esse respeito Vecchio (2006, p.130) vem
considerar:
um choque emocional ou mental que resgate a pessoa à própria
realidade; eliminação de programações, tal como fazemos no
primeiro passo da Pedagogia de Valores; uma educação baseada em
valores espirituais, principalmente a partir do valor Justiça amparado
pelo valor verdade. Com esse tipo de orientação, a criança aprende a
aplicar primeiro em si mesma esse valor e depois aplicará o que
corresponde aos outros.
As crianças índigo, em vários momentos de suas vivências, demonstram
ter tido um contato com o além, ultrapassando a realidade, como no caso de
Jasmim, que disse já ter sido um anjo. A educadora Constance Snow (apud
Carrol e Tober, 2008, p. 86), relata o seguinte sobre os seus alunos índigos:
[...] em vários momentos assuntos espirituais ou discussões sobre a
vida vêm à tona. Essas crianças têm uma consciência desses
assuntos, muito mais desenvolvida que a de seus pais. Á medida que
evoluo espiritualmente, percebo melhor (e me surpreendo) com os
conceitos claros e coerentes que elas apresentam.
Muitas destas novas crianças apresentam características paranormais
sendo que, segundo Atwater (2008, p. 79):
[...] sonhos vividos, projeções mentais de vida real, imaginação
criativa, comunicação telepática, clarividência, clariaudição,
claricognição e clariolfato são comuns. Os lobos pré-frontais são
ativos em estados mais elevados de conhecimento intuitivo. Eles
funcionam como se fossem “asas” do cérebro – ampliando nossas
mentes para experiências mais ricas de nós mesmas, nossos
relacionamentos com os outros e com o nosso mundo.
As crianças índigo apresentam um conjunto de características que as
diferenciam das demais, por isso, um trabalho voltado ao seu desenvolvimento,
com técnicas que as auxiliam a desabrochar, é tão importante.
75
No momento do relaxamento, com o despertar da imaginação criativa,
pode-se perceber as crianças mergulharem na história, pelas suas expressões
corporais durante a atividade realizada.
Foto 07: Relaxamento na oficina “A busca de si, no mundo da imaginação”.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Elas deitaram-se nos colchonetes, seguindo a voz da pesquisadora,
prontas para a viagem ao mundo imaginário, cujo objetivo era resgatar a si
próprio desde pequeno, com o auxílio de afirmações positivas que a
pesquisadora foi reproduzindo, guiando-os para o autoconhecimento de uma
maneira positiva e construtiva. Hay (1998, p. 19) contribui com sua
argumentação sobre a importância das afirmações positivas:
[...] se quisermos obter resultados positivos precisamos de introduzir
padrões positivos ao nível do pensamento e linguagem. Está disposto
a mudar o seu diálogo interior para afirmações positivas? Lembre-se
que cada palavra que pronuncia, cada pensamento que ocorre,
representam sempre uma afirmação. A afirmação é um ponto de
partida. Abre-nos o caminho para a mudança. Fundamentalmente
estamos a transmitir ao nosso subconsciente o seguinte: "Assumi o
controle. Estou ciente que há coisas que têm de mudar." Quando me
refiro a fazer afirmações quero significar uma escolha consciente de
frases ou de palavras que, de um modo positivo, o ajudem a eliminar
algo na sua vida ou que contribuam para criar algo de novo.
Na verdade, o que Hay (1998) quer destacar é o poder que a palavra
falada tem sobre o indivíduo, a partir das afirmações positivas, ressignificando
sentimentos para um autoconhecimento da sua essência interior. Vale repetir
que as crianças índigo necessitam de compreensão, inicialmente por si
mesmas, posteriormente pelos outros.
76
Também O’Connor e Seymour (1995, p.144) afirmam suas idéias sobre a
ressignificação por intermédio da programação neurolinguística:
[...] o ponto fundamental da ressignificação é a distinção entre
comportamento e intenção o que você faz e o que está realmente
tentando obter com esta ação. É uma diferença primordial que deve
ser feita quando lidamos com qualquer tipo de comportamento.
Após todas essas colocações, pode-se enfatizar que os objetivos da
pesquisa foram alcançados, com a prática realizada junto às crianças índigo,
iniciando com o relaxamento, em que obtiveram uma tranqüilidade e calma,
para posteriormente alcançarem uma melhor concentração para realizar suas
atividades escolares. Ressalta-se que vários professores da instituição já
alegaram que sentem dificuldades em conseguir a atenção dessas crianças em
sala de aula, por serem muito ativas e difíceis de lidar. Para Hay (1998, p. 23):
[...] é sempre bom relaxar o corpo antes de começar a sua
reprogramação. Algumas pessoas começam pelas pontas dos pés e
vão subindo até à cabeça, contraindo e relaxando. Seja qual for a
técnica, liberte a tensão. Entregue as emoções. Tente alcançar um
estado de abertura e receptividade. Quando mais relaxado estiver,
mais fácil será receber a nova informação. Não se esqueça que está
sempre em controlo e que está sempre a salvo.
Procura-se novamente amparo em Goleman (2001, p. 94), que assim se
manifesta sobre a importância do equilíbrio das emoções para a prática da
atenção:
[...] na medida em que estejamos preocupados com pensamentos
movidos pela emoção, dispomos, na mesma proporção, de menos
espaço para atenção em nossa memória operacional. Para uma
criança em idade escolar, isso significa menos atenção a ser dada ao
professor, a um livro, a um dever de casa. Quando isso se mantêm
ao logo dos anos, o resultado é a deficiência no aprendizado que se
refletiu nas notas baixas [...]
Desta forma, pode-se concluir que o objetivo da oficina foi alcançado,
recuperando-se a atenção dos educandos através da prática realizada. Os
próprios alunos, posteriormente, deram seus relatos e fizeram um desenho
sobre suas interpretações imaginárias durante o processo realizado. Lírio, um
dos índigos pesquisados e analisados na escola, não esteve presente nesta
prática, participando apenas da primeira dinâmica da “caixa de valores”, pois
sua mãe chegou mais cedo para buscá-lo.
77
Foto 08: Girassol e Jasmim.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Por sua vez, Girassol relatou após a dinâmica: - eu adorei, agora to
sentindo uma paz, uma coisa boa. E quanto ao desenho que realizou, Girassol
argumentou: - Eu desenhei esse menino verde, pois no começo da minha
imaginação, ele veio na minha mente, e ficou nela em toda a tua fala, por isso
que desenhei ele.
Foto 09: Girassol realizando seu desenho.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
No desenho, Girassol mostra sua interpretação durante a dinâmica,
representando o que conseguiu pensar por meio do desenho de um menino
verde em cima de uma montanha, separada das demais montanhas.
78
Foto 10: Desenho de Girassol.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Finalmente, Jasmim fez seu relato sobre a dinâmica do relaxamento
dizendo: - Eu consegui me ver, vi vários “eus”, eu bem pequeno, eu mais novo
e eu mais velho.
Foto11: Jasmim pintando seu desenho.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Jasmim conseguiu incorporar a dinâmica de maneira positiva, ele relatou
que estava se sentindo muito bem, distribuindo vários sorrisos e continuando a
contar a história que imaginou: - Eu me vi bem pequeno, eu tinha uma coisa na
pele, e uma doença estomacal, por isso eu vivia de fraldas.
79
Foto 12: Desenho de Jasmim.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Pelo relato de Jasmim, pode-se notar a sua incorporação na prática
transdisciplinar elaborada e também as suas contribuições posteriores sobre a
mesma, fundamentando de maneira minuciosa e instigante a sua interpretação.
Foto 13: Desenhos das demais crianças que participaram da oficina.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
80
São esses relatos acerca das contribuições da prática que fomentam a
vontade de implantar cada vez mais esta dinâmica no âmbito escolar,
principalmente na atuação com crianças índigo, que demonstraram a
incorporação do sentido e da essência da oficina.
Foto 14: Pesquisadora e as crianças no término da oficina.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
5.2 OFICINA: O MUNDO MÁGICO DAS CORES E DOS SENTIDOS
A segunda oficina pedagógica realizada teve como objetivo principal,
proporcionar às crianças uma viagem no seu mundo imaginário através das
cores e dos sentidos. Os educandos tiveram a oportunidade de imaginar cores,
formas, aromas e sentimentos, podendo sentir as boas sensações que a
dinâmica tinha como intuito propor. Foi um momento único para cada um que
participou, considerando cada interpretação e fantasia que posteriormente as
crianças tiveram a oportunidade de socializar com os demais. Saes (2010, p.
40) fala sobre o que vem a ser a imaginação para Aristóteles:
[...] a imaginação depende de nossa vontade, de uma maneira que os
juízos não podem depender. Pois podemos imaginar o que bem
quisermos, e em nossa imaginação as imagens formam livremente,
sem que sua verdade ou falsidade esteja em questão.
Foi exatamente esta liberdade de pensamentos e interpretações que a
prática da oficina tinha como intuito de oferecer às crianças, para então se
poder conversar sobre os valores dos sentimentos que a criança pôde
experimentar na dinâmica, respeitando suas especificidades, dando liberdade a
81
cada uma para viajar em seu mundo imaginário, guardando os sentimentos em
seu interior. Também se referindo à imaginação, Postic (1993, p. 13) assim
argumenta:
[...] imaginar é evocar seres, colocá-los em determinada situação,
fazê-los viver como se quer. É criar um mundo a seu bel-prazer,
libertando-se. Tudo é possível. Tudo acontece. Na vida artística,
imaginar é um ato criador. Na vida cotidiana, imaginar é uma
atividade paralela à ação que exercemos ligada à realidade. A
imaginação é um processo. O imaginário é seu produto.
Isto quer dizer que é possível utilizar como ferramenta, no ambiente
pedagógico, este imaginário, produto construído com as crianças, como
estratégia para a construção de conhecimentos e valores necessários à
formação e ao desenvolvimento da criança e na prática do educador em sala de
aula.
Esta oficina se propôs, em vários momentos, a trabalhar a significação
dos sentimentos bons e das emoções do ser humano, fazendo com que o
educando incorporasse este sentimento, a partir do relaxamento dirigido.
Foto 15: Relaxamento na oficina o mundo mágico das cores e dos sentidos
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
A mente humana tem um enorme poder para captar o que é dito, ou seja,
a palavra falada tem domínio sobre o ser humano, influencia significativamente
em seus pensamentos e em suas atitudes cotidianas, como Hay (1998, p. 19)
explica:
A mente subconsciente é extremamente directa. Não tem quaisquer
estratégias ou desígnios secretos. Age em conformidade com o que
lhe dizem. Se disser "Odeio este carro", ela não lhe vai dar um carro
novo fantástico, porque não sabe o que pretende. Caso venha a ter
82
um carro novo, provavelmente passado pouco tempo, vai estar a
detestá-lo porque essa era a mensagem que andava a transmitir. O
subconsciente fixou apenas, odeio este carro. Por isso é importante
declarar os nossos desejos de uma forma positiva, por exemplo:
"Tenho um carro novo fantástico que satisfaz todas as minhas
necessidades."
A oficina buscou interiorizar no educando as afirmações positivas que se
fizeram presentes durante toda a dinâmica do relaxamento. Os educandos
participaram significativamente da dinâmica proposta, conseguindo incorporar a
essência dessa atividade, o que pôde ser comprovado nos seus relatos após o
relaxamento.
Girassol socializou com o grupo a sua experiência na intervenção
realizada: “Eu me senti tão leve, igual a uma pena mesmo, e consegui ver duas
flores, uma igual a esta aqui e outra bem diferente.” Esta flor que Girassol citou
estava presente na sala, enfeitando-a, e posteriormente deu-se uma a cada
criança, no término da atividade, como recordação. A intenção, ao se escolher a
flor a ser dada, foi justamente o seu significado, Amor-Perfeito, que é
relacionado a pensamentos e recordações de acordo com a fonte:
<http://www.floresrosas.com.pt/significado-flor.htm>.
Girassol continuou o seu relato: “Essa flor que eu trouxe da viagem, darei
uma para minha mãe, e outra para minha televisão, porque eu amo muito ela.
Seguiu com risadas. Essa outra flor bem diferente que lhe falei é como um Lírio,
pois minha mãe ama lírios.” Girassol deixa explícito o valor que dá as
tecnologias, conceituando-se assim como índigo conceitual, como já foi
analisado. Após o relato de Girassol, a pesquisadora completou sua fala,
lembrando aos alunos que essa flor que cada um trouxera da viagem imaginária
deveria ser guardada em seus corações, pois ela simboliza o sentimento que
deve ser dado todos os dias a esta pessoa tão especial em suas vidas.
Após essa viagem imaginária, foi interessante perceber a mudança do
estado de agitação de Girassol, que é sempre muito ativo, e que após a
atividade aparentou estar muito calmo, tranqüilo, sem a ansiedade que está
presente diariamente nas demais atividades escolares, como os professores já
haviam comentado, e que também foi possível perceber durante as
observações realizadas na escola.
83
Hay (1998, p. 45) dá este depoimento sobre as contribuições do
relaxamento para o ser humano:
[...] o relaxamento é uma grande ajuda. É absolutamente essencial
para poder contactar o Poder dentro de nós. Se estivermos tensos e
assustados, ficamos automaticamente desligados dessa energia.
Bastam uns minutos por dia para nos libertar e relaxar. Em qualquer
altura podemos inspirar profundamente, fechar os olhos e soltar a
tensão que tenhamos sobre os ombros. Quando expirar, concentre-se
e faça a seguinte afirmação em silêncio: "Amo-te. Está tudo bem." Vai
ver como fica mais calmo. Esse é um processo de construção de
mensagens que nos acalmam, que afirmam que não é necessário
viver debaixo de fogo, assustados o tempo inteiro.
Diante dessa afirmação, torna-se importante a aplicação deste método
na educação das crianças índigo, que geralmente vêm sendo confundidas com
crianças portadoras de hiperatividade e déficit de atenção, como aborda
Vecchio (2006), por serem, na maioria das vezes, muito ativas e não
conseguirem fixar a atenção em algo por muito tempo.
Goleman (2001, p. 88) vem afirmar sobre a importância da mente
tranqüila, para alcançar a atenção:
[...] a área pré-frontal é o local da memória operacional, que é a
capacidade de prestar atenção e reter na mente qualquer informação
que seja destacada. A memória operacional é vital para a
compreensão e o entendimento, o planejamento e a tomada de
decisões, o raciocínio e o aprendizado. Quando a mente está
tranqüila, a memória operacional tem seu melhor desempenho. Mas,
quando ocorre uma emergência, o cérebro passa para um estado de
autoproteção, retirando recursos da memória operacional e
distribuindo-os para outras áreas do cérebro, a fim de manter os
sentidos superalertas, ou seja, assumir uma postura mental delineada
para a sobrevivência.
Por isso, considera-se a necessidade de equilibrar as emoções e os
sentimentos, para conquistar a atenção nas demais atividades cotidianas. No
decorrer das socializações, as crianças foram se manifestando, contando até
onde conseguiram chegar, a partir da proposta. Jasmim veio contribuir na
intervenção realizada, com uma fala diferenciada das demais crianças,
relatando: “Eu vi várias flores, era muito lindo, mas era umas flores diferentes,
estranhas, eram pessoas flores, uma coisa que eu nunca vi antes. Foi bem
legal. Quando eu tava voltando dessa viagem, tinha alguém me perseguindo e
era um menino de 15 anos, ele me contou a sua idade, tinha os olhos bem
84
puxados também. Nesse momento, Lírio completou: Ah... ele era japonês
então.
Foto 16: Jasmim socializando a sua interpretação na dinâmica.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Julga-se oportuno citar uma situação ocorrida neste mesmo dia, na
escola: “um relato da psicopedagoga da escola me fez criar relação a este
“menino de olho puxado” que Jasmim relatou. A psicopedagoga havia
mencionado há alguns minutos antes da dinâmica, quando encontrei com a
mesma no corredor da escola, que Jasmim agora estava tendo visões com um
menino japonês. A psicopedagoga relata que foi nos atendimentos que ela
realiza com Jasmim, ele relatou sobre este “amigo oculto”.
Como já foi mencionado, Jasmim é um índigo interdimensional.
Segundo Vecchio (2006), esses indivíduos expressam ter visões diariamente,
com anjos e espíritos, como se tivessem o “canal aberto” para as vibrações
externas, mas em outros níveis de realidade que não se consegue alcançar.
Como Carrol e Tober (2010, p.70) vêm considerar:
[...] os índigos têm uma forte conexão espiritual, independentemente
da denominação religiosa em que forem socializados pelos pais e
família. Repetidamente, as crianças dizem: “Deus é amor; Deus é
Deus; é claro que existe um Deus.”
Os índigos têm um desenvolvimento espiritual muito mais desenvolvido
que as outras crianças, e com isso, têm uma grande ligação com o Divino, pois
elas sabem que são especiais.
De fato, ao analisar as considerações dos índigos a partir da oficina, foi
possível observar, em seus relatos, essa espiritualidade. Assim, continuando a
85
contar sobre suas experiências Lírio fez um comentário inusitado: “eu achei que
parece que a gente tava num velório, de morte. Por que vi muitas flores, e
parecia que alguém morreu.”
Foto 17: Lírio contando sobre a sua experiência imaginária.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Lírio, de apenas 5 anos, terminou a sua consideração e ficou com a
aparência séria, demonstrando aos seus amigos a sua interpretação e a sua
incorporação na dinâmica.
No fim da socialização do relaxamento, foi possível perceber a interação
das crianças com o que foi proposto, resultando em bons sentimentos que elas
deixaram guardados em seu interior.
Após a socialização, as crianças realizaram a pintura de uma mandala
que os remetia à imagem de uma flor com várias formas, como o relaxamento
também propôs em sua imaginação.
Nesse momento, foi solicitado que as crianças deixassem transparecer,
a partir das cores, os sentimentos e as emoções sentidos durante o
relaxamento, expressando assim o que se passou no seu íntimo. Elas puderam
escolher o desenho da mandala que mais lhes chamou a atenção, tendo várias
opções, para então colori-las.
86
Foto 18: Momento da pintura da mandala.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Os desenhos ficaram maravilhosos, com uma imensidão de cores, e
todos pintaram entusiasmados, as formas que as mandalas apresentavam.
Após esta pintura, como ferramenta de análise, foi necessário o amparo em
referenciais teóricos que argumentam sobre o significado das cores, para então
ser possível interpretar todos os sentimentos e as emoções que as crianças
estavam sentindo, em especial, os pesquisados: Lírio, Jasmim e Girassol.
Lírio, em seu desenho, deu destaque para as cores: verde, preto,
vermelho, rosa, violeta, azul, amarelo, ouro.
Foto 19: Mandala pintada por Lírio.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Jasmim, em sua representação pelas cores, encontrou um lápis do
colega, um lápis que tinha todas as cores em um único material. Jasmim assim
se expressou: “Nossa. Perfeito este lápis para esta pintura, é como um arco-íris
87
tem todas as cores, e o arco-íris me deixa muito feliz.” Então, Jasmim realizou
toda a sua pintura com um lápis que englobava todas as cores.
Foto 20: Mandala pintada por Jasmim.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Girassol utilizou o azul índigo no centro de sua pintura, e ainda vermelho,
preto, azul claro, amarelo, laranja e verde.
Foto 21: Mandala pintada por Girassol.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Grisa (2009, p. 197-199) fala do significado das cores escolhidas pelas
crianças índigo pesquisadas:
[...] o AZUL está presente na cor do céu. O azul é firmamento é a
tranqüilidade colocada acima de nossas cabeças. Imagine um céu
vermelho ou laranja! O cinza dos dias nublados já nos acabrunha... O
AMARELO faz-se presente na cor do sol que transmite vitalidade
aos seres vivos. O sol, através de sua energia amarela, transmite
naturalmente, ALEGRIA, ENTUSIASMO...O VERDE representa a
88
saúde, especialmente a saúde psíquica: tranqüilidade e vitalidade são
os elementos básicos de equilíbrio psíquico... O VERMELHO é a cor
quente, representa o estímulo mais forte das energias coloridas. O
vermelho se faz presente na cor do sangue e do fogo,
particularmente na brasa... O VIOLETA é obtido misturando-se o azul
com o vermelho. No choque entre o quente e o frio não há aço que
resista... protege-nos , ainda, contra males mentais ou espirituais,
contra as perturbações psíquicas... O DOURADO representando a
PERFEIÇÃO... O PRETO é ausência de energia.
A partir destas representações foi possível conhecer os sentimentos e
emoções presentes nas crianças índigo após o relaxamento dirigido.
Foto 22: Mandalas pintadas pelas demais crianças.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Grisa (2009, p.91) também se pronuncia sobre as contribuições do rilex
psicossomático, o relaxamento, sobre quem o pratica:
[...] essas técnicas, como o próprio nome já diz, visam dar-lhe a
oportunidade de exercitar o relaxamento, afrouxamento, o desligar
das tensões físicas, musculares e nervosas, obtendo –
simultaneamente – uma tranqüilizarão interior, da mente e do
coração.
Essa prática auxilia a equilibrar o lado interior das crianças índigo, por
terem sua espiritualidade mais desenvolvida que as demais crianças da escola.
Esta metodologia faz com que a criança muito ativa e que apresenta grande
falta de atenção durante as atividades pedagógicas reencontre sua atenção,
através da paz e da harmonia que irá reinar em seu interior.
89
Foto 23: Jasmim e a pesquisadora com a sua flor amor perfeito.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Um campo que vem sendo estudado aos poucos é o da inteligência
espiritual, existindo teóricos da área, como Emmons (2000, apud Silva, 2001, p.
04), que já estruturaram habilidades para os indivíduos que a possuem. Com
efeito,
Emmons sugere cinco habilidades como sendo os componentes
operacionais que caraterizam a "inteligência espiritual" são cinco: a
capacidade de transcendência; a habilidade de entrar em estados
espiritualmente iluminados de consciência; a capacidade de investir
em atividades, eventos e relacionamentos carregados com senso do
sagrado; a habilidade de utilizar recursos espirituais para resolver
problemas na vida e a capacidade de ser virtuoso e de se comportar
efetivamente como tal.
Foto 24: Índigos pesquisados: Girassol, Lírio e Jasmim.
Fonte: Colégio Alternativo Talismã, 2011.
Considerando-se que os índigos representam uma nova realidade de
crianças, com características específicas, ficou clara, na presente pesquisa, a
90
necessidade da implantação de novas práticas pedagógicas para atender essas
novas crianças que vem surgindo no mundo e que necessitam de uma
metodologia diferenciada para se desenvolver. Uma das estratégias que podem
ser
adotadas
para
atender
a
estas
especificidades
tão
distintas,
compreendendo-as em sua essência, vem a ser a transdisciplinaridade.
91
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No processo de construção do Relatório de Pesquisa em questão, foi
possível analisar a educação de vários pontos de vista, compreendendo a
prática transdisciplinar como necessária dentro do ambiente pedagógico, onde
o educando não apenas adquire os conhecimentos sobre determinada temática,
mas também incorpora este conhecimento em sua realidade social. Esta ciência
ultrapassa as barreiras existentes entre as disciplinas, ela vai além,
desfragmentando conceitos, tornando-os intrinsecamente ligados, na formação
do mesmo.
Como um exemplo para explicar melhor esta questão, pode-se citar a
educação dos anos 70, época em que os pais eram muito rígidos com seus
filhos, ensinando em casa os valores que a criança deveria seguir, para crescer
como uma pessoa de caráter, respeitando os demais. Com o passar dos anos,
essa educação foi deixando a desejar, os pais sentiram-se muito envolvidos
com seu lado profissional e com isso, não deram mais a devida atenção e a
educação necessária, que deveria partir de casa, aos seus filhos.
O impacto dessa mudança foi sentido na escola, e hoje as crianças
chegam sem demonstrar respeito pelos educadores, tornando-se cada vez mais
difícil para os educadores lidarem com essas crianças. Entre elas, vêm também
inseridas as crianças índigo, que precisam de uma atenção diferenciada e de
uma nova maneira de lidar, como este projeto vem abordar.
Durante esta pesquisa, foi possível perceber, na prática em campo, nas
observações realizadas, as dificuldades que os educadores têm para lidar com
as crianças índigo, negociando momentos. Isso mostrou a importância de se
trabalhar utilizando um novo método, para então conseguir realizar os
exercícios pedagógicos com as demais crianças do grupo.
Assim, a necessidade de uma metodologia diferenciada se fez presente
durante as observações, mostrando um lado espiritual evoluído dos índigos,
que precisa ser trabalhado e compreendido, para que então se desenvolvam
juntamente às outras crianças.
A prática transdisciplinar é a metodologia da transformação, sendo
preciso implantá-la nas escolas, como uma nova forma de ensinar os valores
humanos e científicos às crianças, criando, nesses pequenos seres, uma
92
consciência acerca dos conhecimentos imprescindíveis para a formação do
sujeito.
Como estratégias de apoio à prática transdisciplinar, a Programação
Neurolinguística e o relaxamento conseguiram potencializar o que as crianças
têm de mais legítimo e específico: a sua imaginação criativa e o seu lado
interior. As crianças pesquisadas relataram o bem-estar que a prática trouxe a
elas, ajudando a tranqüilizá-las para assim equilibrar suas emoções e seus
sentimentos, com isso auxiliando na busca da atenção, para a retomada dos
conteúdos em sala de aula.
Foi possível notar que as abordagens utilizadas durante essa pesquisa,
trouxeram um grande benefício às crianças pesquisadas, com a contribuição
dos educadores de cada uma delas, os quais vieram reportar a melhora no
comportamento de seus alunos após as oficinas.
Desta forma, esta pesquisa de campo, com caráter participativo, deixou
clara a efetivação da prática realizada e a sua real contribuição. Assim,
considera-se que é interessante estimular os novos educadores a se
apropriarem da mesma, para lidarem com seus alunos, auxiliando no convívio e
no desenvolvimento de alguns alunos específicos, como os índigos, essa nova
era de crianças mais evoluídas.
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATWATER, P. M. H. Além das crianças índigo: a consciência da nova
geração. Tradução de Miriam Cavalli Machado e Júlia Báráni Yaari. São Paulo:
ProLíbera Editora, 2008.
BENCZIK, Edyleine B. P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade:
atualização diagnóstica e terapêutica: características, avaliação,
diagnóstico e tratamento: um guia de orientação para profissionais. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
BERNE, Eric. Os jogos da vida: análise transacional e o relacionamento entre
pessoas. São Paulo: Nobel, 1995.
BOLSTAD, Richard. Pnl na Educação. Ensinando com a linguagem do
cérebro. Portal da Pnl do Brasil. 1997.
Disponível em: <http://www.golfinho.com.br/artigospnl/educ.asp> Acesso em:
17 nov. 2010 às 22h56min.
CAÑETE, Ingrid. Crianças índigo.
Disponível em: <http://www.ingridcanete.com.br/pt/>Acesso em: 22 nov. 2010
às 22h33min.
CAÑETE,
Ingrid.
Medo
dos
índigos?
Disponível
em:
<http://www.ingridcanete.com.br/pt/artigoInd005.html> Acesso em: 28 abr. 2011
às 14h23min.
CARROLL, L. TOBER, J. As Crianças Índigo. Tradução Yma Vick. São Paulo:
Butterfly, 2005.
CARROL, L. TOBER, J. Crianças índigo 10 anos depois. Tradução Sonia
Augusto. Osasco, São Paulo: Novo Século Editora, 2010.
CARROL, L. TOBER, J. Índigos: histórias e revelações de uma nova geração.
Tradução Yma Vick. São Paulo: Butterfly, 2008.
CONDRON, Barbara. Aprenda a educar a criança índigo. Tradução de Carlos
França. São Paulo: Butterfly, 2008.
DIAS, Karin Z. … et. al. Avaliação da linguagem oral e escrita em sujeitos
com
Síndrome
de
Asperger.
2009.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151618462009000600014&lang=pt> Acessado em: 03 Mai. 2011.
FRANCO, Divaldo Pereira. Crianças índigo e cristal. Programa Televisivo O
Espiritismo Responde, da União Regional Espírita: Maringá, 2007. Disponível
em: <http://www.luzespirita.com/subpag/artigos/criancas_indigo.htm> Acesso
em: 19 mar. 2011 às 17h27min.
94
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.
FREITAS, Ana L. S. Pedagogia da conscientização: um legado de Paulo
Freire
à
formação
de
professores.
Disponível
em:
<http://www.ufpel.edu.br/fae/paulofreire/novo/br/pdf/543.pdf> Acessado em: 22
abr. 2011 às 12h34min.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo:
Atlas, 2009.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2002.
GOLEMAN, Daniel. A Arte da Meditação. Rio de Janeiro: Sextante, 1999.
GOLEMAN, Daniel. Ph. D. Trabalhando com a inteligência emocional. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001.
GRISA, Pedro A. Liberte seu poder extra. Florianópolis: EDIPAPPI, 2009.
GROSSI. Pesquisa participante. 1981.
Disponível em: <http://giselacastr.vilabol.uol.com.br/pesquisapart.htm> Acesso
em: 20 fev. 2011 às 15h35min.
HAY, Louise. O poder está dentro de si. Traduzido de The Power is within
you. Califórnia, USA: Editora Pergaminho, 1998.
KLIN, Ami. Autismo e síndrome de Arperger: uma visão geral. 2006. Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151644462006000500002&lang=pt> Acessado em: 03 Mai. 2011.
LAKATOS E MARCONI. Pesquisa participante. 1991.
Disponível em: <http://giselacastr.vilabol.uol.com.br/pesquisapart.htm> Acesso
em: 20 fev. 2011 às 15h32min.
LINS, Maria J. S. C. MIYATA, Edson S. Avaliando a aprendizagem de
criatividade em uma oficina pedagógica. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010440362008000300008&lang=pt> Acesso em: 16 abr. 2011 às 22h52min.
MASCARENHAS, Kau. Mudando para melhor: programação neurolinguística
e espiritualidade. Contagem, MG: Altos Planos, 2007.
MENEZES, Dailton. As crianças índigo. 2001.
Disponível em: <http://taniajuliani.blog.terra.com.br/?s=Flor+da+vida> Acesso
em: 01 nov. 2010 às 14h32min.
MORIN, Edgar. Educação e Complexidade: os sete saberes e outros ensaios.
São Paulo: Cortez, 2009.
95
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2003.
MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3ª Ed.
São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2001
NICOLESCU, Basarab. O Manifesto da Trasndisciplinaridade. São Paulo:
Triom, 1999.
O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR John. Introdução à programação
neurolinguística: como entender e influenciar as pessoas. São Paulo:
Summus, 1995.
PERES, Annabel C. F. et. al. Trilhando caminhos da transdisciplinaridade:
uma experiência de ser-sendo. São Paulo: Laborciência, 2007.
PIAGET, Jean. A contrução do conhecimento segundo Piaget. 1975.
Disponível
em:
<http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm>
Acesso em: 22 fev. 2011 às 18h30min.
POSTIC, Marcel. O imaginário na relação pedagógica. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1993.
SAES, Sílvia F. A. Percepção e imaginação. São Paulo: Editora WMF Martins
Fontes, 2010.
SILVA, Leonice M. K. Existe uma inteligência existencial/espiritual? O
debata entre H. Gardner e R. A. Emmons. 2001
Disponível em: <http://www.pucsp.br/rever/rv3_2001/p_silva.pdf> Acesso em:
17 mai. 2011 às 10h32min.
SIMON, Sylvie. Crianças índigo: uma nova consciência planetária. São Paulo:
Madras, 2010.
VEGA, M. La, SILVA, M. M. P. Aprendizagem acelerativa: recuperando a
auto-estima
do
aluno.
Disponível
em:
<http://www.faa.edu.br/revista/v1_n1_art07.pdf> Acesso em: 30 abr. 2011 às
15h13min.
VECCHIO, Egidio. Educando Crianças índigo. São Paulo: Butterfly Editora,
2006.
VIRTUE, Doreen. Crianças Índigo e Cristais. 2001.
Disponível em: <http://www.fontedeluz.com/index.php?ver=2&id=700> Acesso
em: 22 out. 2010 às 15h33min
VYGOTSKY, L.S. A formação social de mente. 5 ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1994.
96
WEIL, Pierre. O que é holístico? 2006
Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:4tQk20L6cQJ:novaconsciencia.multiply.com/journal/item/27+hol%C3%ADstico&c
d=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br> Acesso em: 20
mar. 2011 às 12h26min.
Significado das flores.
Disponível em: <http://www.floresrosas.com.pt/significado-flor.htm> Acesso em:
23 abr. 2011 às 18h56min.
97
ANEXOS
Os anexos apresentam os relatórios das observações realizadas no
Colégio Alternativo Talismã.
1ª OBSERVAÇÃO
DIA: 16.03.2011
Observando Girassol
Idade: 9 anos
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Vespertino
Duração: 2 horas e 30 minutos.
Turma: 5º ano / 4ª série
Na chegada a escola os educandos estavam na sala de dinâmicas
realizando um jogo de mímicas, da disciplina de Geografia. Tinham de adivinhar
o que o colega estava representando na mímica, sobre a temática de geografia,
as respostas estavam distribuídas em um quadro, para auxiliá-los na
adivinhação. Girassol estava muito entusiasmado com a brincadeira, ficava
sempre se pronunciando: - Essa eu sei, vocês não irão acertar. Ele sempre
chamando a atenção da turma com a sua participação ativa.
Após esta atividade, seguimos para a sala, em que realizavam uma
atividade na apostila, Girassol se pronúncia com muita firmeza e determinação,
uma auto-estima muito forte. Na atividade da apostila, a questão pedia para
citar o nome de objetos e Girassol declara: - eu coloquei lápis, borracha e
apontador, porque é tudo que eu preciso neste momento.
Reflexão sobre pontos importantes:
A partir da minha caminhada na escola, durante uma intervenção do
estágio em séries inicias, que meu grupo propôs para a sala de Girassol um
acontecimento marcou muito aquela tarde, ficando registrado na minha
memória. Hoje, utilizando deste acontecimento como base para estudos, o qual
98
venho realizando sobre crianças índigo, acho de suma necessidade citar este
fato.
Durante uma intervenção proposta à turma do 4º ano no Colégio
Alternativo Talismã, no estágio de séries iniciais, foi realizado entrevistas nas
salas de aula da escola, com o auxílio de máquinas filmadoras e um microfone
confeccionado por um dos alunos, para então, fizessem o papel de repórteres
entrevistando as turmas. Os alunos do 4º ano foram divididos em: dois
repórteres, dois filmavam, e os demais faziam as anotações do que as crianças
iam falando sobre o que mais gostavam na escola, e também o que seria
interessante ter na escola para melhorias, entre outras questões. Durante a
realização desta atividade pedagógica, uma reação de Girassol fez com que
fosse interrompida a atividade. Girassol era um dos auxiliares que estavam
filmando. Durante a filmagem, ele brigou com um colega da outra sala, pois não
queria que este aparecesse na filmagem, empurrando-o, entre várias
discussões. Por este motivo, retirei a máquina filmadora dele, passando este
papel a outro aluno, pois ele não estava se comportando. Com esta ação,
Girassol ficou irremediável, pois foi contrariado. Repetindo várias vezes: - Não!
sou eu quem vai filmar, a professora disse que eu iria fazer este papel. Ela não
pode tirar a máquina de mim, sou eu que devo filmar. Com isso, gerou conflitos
e tivemos que nos reunir na sala de aula para conversar com todos sobre o
acontecido.
Girassol ainda muito bravo, pelo fato da estagiária ter tirado a câmera
dele respondeu: - Foi combinado! Nós já tínhamos combinado que eu iria filmar,
ela não podia ter tirado a máquina de mim.
Analisando este fato, pude perceber a necessidade que existe em
cumprir com acordos, e a importância da conversa com estes alunos, pois
senão eles deixam de ser bons alunos, para se rebelarem diante dos demais,
gerando conflito com toda a turma. Deve ser usados argumentos bem
fundamentados, na explicação de um fato com as crianças índigo, para assim
não causar situações como esta que presenciamos. Não se pode realizar uma
ação sem comunicá-lo antes, e sem argumentar bem o porquê que será feito tal
coisa.
99
2 ª OBSERVAÇÃO
DIA: 16.03.2011
Observando Lírio
Idade: 5 anos
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Vespertino
Duração: 2 horas.
Turma: Pré
Antes de iniciar a observação, conversei bastante com a educadora do
pré, questionando como ocorre o desenvolvimento do Lírio na sala de aula. Ela
declarou que tudo deve ser negociado com ele. Dizendo o porquê que ele
precisa fazer a atividade, e que só pode ir ao parque no término da mesma,
utilizando de argumentos bem fundamentados. Uma resposta do tipo: - Não
pode, porque não, jamais pode ser dada a ele, pois jamais é aceita. Ela afirma
que conseguindo lidar com ele em sala de aula, é possível de realizar a
atividade em que todos participem, ele é o centro das atenções da turma, as
crianças seguem o que ele faz e acata.
Ao iniciar a observação, fiz uma apresentação para a turma, dizendo que
ficaria com eles até o fim daquela tarde, e que gostaria que todos se
apresentassem. No momento em que iniciou as apresentações, eu ainda não
sabia quem era Lírio no meio de tantas crianças, foi no momento da
apresentação que notei em suas primeiras palavras, ele se levantou dizendo: Só um minuto professora, meu celebro ta confuso. Esperou alguns instantes e
disse: – Deu, agora já posso falar. Então se apresentou, com um olhar
diferenciado dos demais, e uma firmeza em seu linguajar, notória. Simpatizeime muito com ele, e percebi que ele também gostou de mim, a educadora da
sala disse que tive sorte disso acontecer, pois ano passado outra menina fez
estágio na sala dele, e ela não conseguiu realizar nada com eles, pois pelo fato
dele não simpatizar com a estagiária, ele não contribui com nenhuma aula,
atrapalhando o andamento das atividades, tirando a atenção dos demais.
100
Durante uma atividade da aula de Inglês em que pintavam um desenho
sobre a diferença do dia e da noite, sentei ao lado de Lírio contribuindo: Nossa! Que lindo que está ficando o seu desenho, bem colorido. E questionei: Mas, não entendi uma coisa Irã, porque no mar você pintou metade dele roxo
claro e metade roxo escuro? Lírio respondeu: - É porque o mar, assim como o
mundo todo, muda todos os dias, uma hora ele ta roxo claro, daqui a pouco ele
já fica escuro. – Assim, como todas as coisas do mundo mudam, podemos
pintar da cor que queremos. Explicando minuciosamente uma simples pintura.
Um colega de Lírio que estava sentado próximo me questionou: - Tia, de
que planeta você é? Então respondi: - Eu sou do planeta terra e você? Ele
responde: - Ah, eu também. Irã então contribui dizendo: - Não! Ele não é do
planeta terra, ele é de um planeta em que os et’s controlam a mente das
pessoas. E seguiu terminando a sua pintura.
É interessante destacar, a quantidade de palavras existente em seu
vocabulário, assim se destacando das demais crianças. Em sua pronúncia
sempre uma certeza, do que é e de quem é. E um conhecimento a cerca de
questões do além, que as outras crianças não tratam durante o cotidiano.
101
3ª OBSERVAÇÃO
DIA: 25.03.2011
Observando Jasmim
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Matutino
Duração: 1 hora.
Turma: 3º ano
Todos os alunos que observei, tive um indicativo da psicopedagoga da
escola, que atualmente realiza um estudado aprofundado em crianças índigo. A
mesma me indicou as crianças que ela nota algo diferente, com características
que se encaixam no perfil das crianças índigo.
Durante a observação realizada na sala de aula, não notei nenhuma
característica que pudesse caracterizar esta criança como índigo. Ele
apresentava muita dificuldade na elaboração da escrita das palavras, e na
leitura das mesmas. Um aluno com perfil tímido, com déficit de atenção, e muita
hiperatividade, que pela conversa que tive com a sua educadora, esta
hiperatividade vem sendo inibida por um medicamento que ele toma já faz
algum tempo, ritalina.
Este aluno sempre necessita da intervenção da educadora na realização
das atividades, pois não consegue alcançar o objetivo sozinho.
Após esta observação não consegui compreender o porquê da
psicopedagoga acreditar que o educando seja índigo. Comecei a questioná-la,
então ela pediu que eu voltasse num outro dia para observar o atendimento
dado a este aluno, o qual ela realiza três vezes por semana, no período de uma
hora por atendimento.
Chegando a sala, a educadora sugeriu que lessem um livro de histórias,
e ele não quis, então ela começou a conversar com ele perguntando porque ele
estava tão nervoso, não querendo realizar as atividades. Ele não respondeu,
apenas dizia que não queria fazer nada. Ela continuou interrogando-o sobre o
final de semana, e os amigos que tem no quarto dele, se ainda estão
102
aparecendo, então ele começou a falar: - Olha o meu amigo cacariano ainda
vem me visitar.
A educadora segue questionando, mas quem é ele?
Jasmim responde:
- Ele é como um bicho de estimação é uma mistura de homem com
cachorro.
Ela continua, mas pra quê ele vai a sua casa?
- Ele vai lá em casa porque os espíritos incomodam ele na rua, ai ele vai
lá. O planeta dele foi destruído e eu tava lá, eu era um deles.
A educadora pergunta:
- Mas ele não pode ir na sua casa, ele tem que voltar para o lugar de
onde ele veio.
Jasmim fala:
- Não, ele precisa evoluir, e quando acontecer isso ele vai ganhar
mísseis para combater os seus inimigos.
A educadora segue:
- Você tem que esquecer esse amigo, pois se ele tem inimigos ele não é
do bem.
- Será que ele é real?
Jasmim responde:
- É sim, basta eu acreditar nele.
A psicopedagoga disse que já conversou com a mãe do menino pra ela
não o deixar ver muitos filmes com história de ficção, pois a sua imaginação é
muito rápida e ele começa a fantasiar muita coisa.
A psicopedagoga acha de suma importância realizar este trabalho com o
aluno, pois pelo fato de ele ter uma sensibilidade muito grande, engendra em
uma imaginação muito fértil também. Dificultando sua concentração na
realização das atividades pedagógicas, pois sua mente não para, dá para
perceber só olhando para ele, em sua agitação.
É necessário uma prática que tire ele desse mundo imaginário espiritual,
que trata de temas não reais na realidade em que vive, com isso se tornando
diferente das demais crianças. É preciso que ele se envolva com conteúdos que
fazem parte do seu cotidiano, para não ter tanto tempo para fantasiar. Mas é de
grande necessidade também, trabalhar este lado espiritual tão evoluído, que
103
segue num ritmo acelerado em comparação às demais crianças. Ele precisa de
momento para trabalhar o seu lado interior.
104
4ª OBSERVAÇÃO
DIA: 06.04.2011
Observando Jasmim
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Vespertino
Duração: 2 horas e 30 minutos.
Turma: 3º ano
Relatos
sobre
acontecimentos
com
Jasmim
antes
desta
observação: “Na chegada à escola, fui logo conversar a psicopedagoga, para
saber como está o desenvolvimento do Jasmim durante os atendimentos. Ela
me relatou um caso ocorrido durante a manhã, em um atendimento. Jasmim
chegou a sala impaciente, negando realizar as atividades propostas pela
educadora, então, iniciaram uma conversa, pois ela queria saber o porquê dele
estar agindo desta forma, a criança começou a contar que não consegue se
concentrar, por causa dos seus amigos ocultos que ficam lhe perturbando.
A educadora questionou-o, querendo aprofundar no assunto, para saber
quem são esses amigos. O menino, logo, respondeu: - Eles estão aqui, bem ao
seu lado, eles não querem que eu faça as atividades, porque eles falam que
quando estavam na escola, também não faziam. A educadora questionou
novamente: - Mas como eles são? Como você sabe que estão aqui? Jasmim
responde: - Eu to vendo eles, os dois estão com uma calça azul e uma blusa
vermelha, é o Rã-rã e o Dcheury, e eles dizem que eu não é pra eu fazer a
atividade.
A psicopedagoga chegou a ficar assustada por este relato, então,
conversou com o menino dizendo que esses amigos devem ir embora, porque
ele sabe sim fazer a atividade. Realizou com o menino uma oração, abraçandoo, pedindo a Deus para que faça com que parem de perturbá-lo, Durante a
oração Jasmim disse: - Olha! eles estão indo embora, estão subindo e
desaparecendo.
A educadora demonstrou-se muito assustada
com o
acontecido. Mas, em todo o momento, escutou o que Jasmim tinha a dizer, com
105
intuito de compreendê-lo. Após o ocorrido, ele se acalmou e conseguiu voltar a
se concentrar na atividade que ela estava propondo anteriormente.
Jasmim relata para a psicopedagoga, ter essas visões diariamente,
dizendo que o perturbam muito, não o deixando fazer nada.
Continuando a conversa com a psicopedagoga, ela me relata de outro
caso ocorrido com Jasmim em uma situação em que o pai de Jasmim vem até a
escola e puxa a sua orelha em frente a todos os colegas. Jasmim conversando
com a psicopedagoga relata se sentir muito mal com isso, pois ninguém
acredita nele. E demonstra ter se sentido ridicularizado em frente a todos os
seus colegas, pela ação do pai. Curiosa, do por que do ocorrido, me dirigi à
educadora da sala, a professora que atua na sala de Jasmim, e ela relata que
se sentiu culpada pelo acontecido. Então, perguntei o motivo, e ela responde: Pois, contei ao pai, que Jasmim não quis realizar a atividade em sala de aula,
pois dizia que tinha passarinhos perto de sua mesa, que não o deixavam em
paz, para ele se concentrar para fazer. Ela conta que presenciou a cena, do pai
brigando com Jasmim e dizendo para ele parar de inventar coisas, logo,
puxando a sua orelha.”
Relato do Início da observação em sala de aula: “Chegando a sala, todos
estavam entretidos na produção de um coração com papel reciclado, que os
mesmos fizeram. Este coração seria entregue ao seu amigo secreto, a partir do
sorteio realizado. Tinham de escrever no coração uma mensagem para este
amigo secreto, que posteriormente seria revelado, e guardar o segredo.
Terminada a construção do cartão, fomos até o pátio da escola, sentar embaixo
das árvores para realizar a revelação do amigo secreto.
Na revelação do amigo secreto todos estavam muito entusiasmados,
para ver o que o amigo havia escrito sobre quem pegou. Quando Jasmim
ganhou o cartão do seu colega ficou muito feliz, pois estava escrito: Para o meu
melhor amigo, seguindo com um desenho em baixo de uma carro-foguete, ele
adorou e disse que gosta muito do amigo também. Foi interessante notar, como
ele muda diante de situações de afetividade, demonstrando amor e afeto com
os colegas, diferentemente de outras vezes que o presenciei na sala de aula,
quieto em seu canto, e muito fechado. Até a professora da sala comentou, que
106
ele teve um grande avanço nos últimos dias, interagindo melhor com os
colegas.”
107
5ª OBSERVAÇÃO
DIA: 07.04.2011
Observando Lírio
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Vespertino
Duração: 3 horas.
Turma: Pré
A educadora inicia a tarde, com uma conversa sobre os animais,
perguntando às crianças quem são eles e onde vivem. Todos queriam falar ao
mesmo tempo, intervindo continuamente na explicação da educadora com suas
contribuições. Iran sempre era o primeiro a responder as perguntas que ela
trazia, sobre a temática em questão. Ela apresentava imagens contidas na
apostila, e questionava as crianças sobre que animal se tratava, e onde o
mesmo morava. Iran sempre demonstrando muito interesse e conhecimento
acerca dos animais.
Em um momento a educadora, mostrou uma imagem que apresentava a
foto de um crocodilo com a boca aberta e dentro da boca do animal, um
passarinho intacto, não ferido pelo animal. Então, ela questionou: - O que será
que esse passarinho ta fazendo dentro da boca do crocodilo? E as crianças
logo responderam: - Ele vai ser comido, professora! Ele vai morrer! E Lírio
antenado na questão, ainda em silêncio esperou a educadora se pronunciar
quanto a resposta dos colegas. E ela questiona novamente: - Será mesmo?
Lírio então, se manifesta: - Não, professora. Ele só ta limpando o dente do
crocodilo, por isso que ele está vivo. A educadora demonstra-se surpresa, e
pergunta como ele sabe. Logo Lírio responde dizendo que viu na televisão. Até
mesmo as crianças ficam surpresas com as atitudes de Lírio diante das
situações que são proposta, pois ele se sobressai entre o grupo.
Durante a tarde, segui-se com atividades referentes aos animais e seus
habitats, trabalhando na produção da escrita e da leitura a partir da temática
abordada.
Conversando com Lírio, pedi para olhar sua apostila, para ver suas
produções. Ele logo reagiu com muita simpatia ao meu interesse sobre suas
108
atividades. Folheando sua apostila, reparei em um desenho que me intrigou em
que o enunciado dizia: - Desenhe abaixo, como ficará a natureza se não
cuidarmos dela. Lírio desenhou uns bonecos pintados em vermelho, e no canto
um tronco com uma serra ao lado e um boneco também em vermelho em cima
do mesmo, e acima uma nuvem preta. Curiosa, em ter a explicação do
significado do desenho de Iran, iniciamos uma conversa:
Pesquisadora: - O que você desenhou aqui, Iran?
Lírio: - Então, essa parte escura é um arco-íris, que vai ficar assim se não
cuidarmos.
Pesquisadora: - E esses bonecos em vermelho o que é?
Lírio: - esses em vermelhos somos nós que vamos ficar tristes e vamos morrer
por causa da poluição, se não cuidarmos.
Pesquisadora: - E porque este tronco, com esta pessoa em cima pintada de
vermelho, e essa serra ao lado?
Lírio: - É que se cortarem as árvores, vão destruir o planeta, o tronco vai cair,
porque foi cortado, e com ele a pessoa que está em cima vai morrer, por isso
ela está pintada de vermelho.
Foi
muito
significativo
poder
observar,
como
ele
gerou
esta
contextualização em volta da temática abordada na atividade, representando
através do desenho desde a ação das pessoas quanto a natureza, até as
conseqüências e o impacto causado na natureza e nos seres humanos.
109
6ª OBSERVAÇÃO
DIA: 12.04.2011
Observando Girassol
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Vespertino
Duração: 3 horas.
Turma: 5º ano
Iniciando mais uma tarde de observação, os alunos se encontravam na
quadra para a aula de educação física, começando por um alongamento em
que todos participavam. A educadora propôs a brincadeira de “congelar,
interagindo com os educandos na diversão. Tive logo, um primeiro contato com
a educadora, conversando sobre a minha temática, e fazendo questionamentos
quanto ao comportamento do aluno Girassol. No mesmo instante, ela contribuiu
confirmando que Girassol é muito diferente das outras crianças, é preciso
negociar situações com ele, pois se num momento ele não quer realizar uma
atividade, ele não deixa que os demais façam, por isso, ela relata que
conseguiu ter um novo olhar para com ele, aprendendo melhor a lidar, para
assim facilitar a convivência dele com o grupo e sua interação na aula,
utilizando-o como ajudante em diversos momentos das aulas, assim ela
conseguiu estreitar as distâncias, criando um laço de harmonia com o
educando.
A educadora prossegue contando que Girassol sempre teve um instinto
de liderança, uma influência sobre os colegas, conseguindo dominar a todos,
fazendo-os participar ou não das atividades propostas. Por isso, a educadora
precisou aprender a observar, para então trabalhar com Girassol conquistandoo para as suas aulas, assim conquistando também os demais.
A educadora vem contribui afirmando que Girassol mudou muito seu
comportamento do ano passado para o presente momento. Está mais calmo,
respeitando mais os colegas, aceitando as opiniões alheias, com isso, tendo um
melhor convívio com todos.
Em uma conversa com a mãe de Girassol que trabalha na instituição em
que realizo as observações, ela vem contar que no final do ano passado
110
Girassol teve uma conversa muito séria com ela, dizendo que se sentia
diferente das outras crianças, que ele não queria mais ser assim. Disse
também, que iria mudar, para todos gostarem dele. Segundo a mãe de Girassol
ele brigava muito com os colegas, pois não os respeitava, Girassol tinha um
olhar de auto-suficiência para si, o que prejudica suas vivências com os
colegas. Ele prometeu a mãe que iria mudar, iria ser mais calmo, ouvir mais os
colegas, para ser igual a todo mundo.
Como confirmado pela educadora de educação física, ele está
totalmente diferente neste ano, mais calmo, centrado, respeitando a voz dos
colegas e participando ativamente das atividades propostas, mas ainda com
seu diferencial diante dos demais, dando contribuições nas aulas que muitas
vezes nem imagina de onde ele tirou tal coisa.
É interessante notar, que a dificuldade para lidar com ele existe, mas a
educadora teve de criar toda uma prática para conquistar o educando,
trazendo-o para o seu lado. É necessário que o educador tenha esta
sensibilidade para enxergar as diferenças existentes no grupo para então
compreender cada um em sua especificidade, criando novas abordagens para
lidar com estes.
111
7ª OBSERVAÇÃO
DIA: 15.04.2011
Observando Lírio
Instituição: Colégio Alternativo Talismã
Período: Vespertino
Duração: 3 horas.
Turma: Pré
Chegando a sala as crianças realizavam uma atividade na apostila, Lírio
vem logo me cumprimentar com um sorriso intenso, mostrando o desenho que
havia feito. Durante este percurso de observação me senti todos os dias muito
acolhida por todos da turma, inclusive pela professora sempre me
recepcionando muito bem, e comentando sobre o desenvolvimento de Lírio na
escola, dizendo que ele tem sempre muita rapidez e aptidão em realizar as
atividades, contribuindo sempre com comentários que a educadora diz se
perguntar de onde que ele tira tudo isso.
Durante a explicação da educadora sobre os animais, tema no qual
estão trabalhando, Lírio sempre se sobressai com seus comentários e
questionamentos inusitados e curiosos, ao qual até mesmo os outros
educandos ficam impressionados com seu raciocínio acelerado.
Iniciamos uma brincadeira enquanto a educadora arrumava a sala para
dar continuidade às atividades. A brincadeira do papel picado, eu jogava pra
cima os papéis e quem conseguisse pegar a maior quantidade era o vencedor.
Contávamos juntos os resultados, trabalhando na matemática, que todos
sentiam muita facilidade, e contavam na maior descontração, sempre pedindo
“bis” na brincadeira. Lírio não conseguia pegar os papéis picado, então ficava
bravo todas as vezes, mas pedia repetição, não querendo desistir. As crianças
começaram a pedir para poderem jogar o papel no meu lugar, Lírio ficou
emburrado e disse que só participaria se eu continuasse a jogar. Atendendo o
pedido de uma criança deixei-o jogar, Iran então, se negou a continuar
participando. Mostrando o seu lado rebelde, que as coisas devem ser como ele
quer e planeja, caso contrário ele não participa.
112
No instante do acontecido à educadora, apontou para situação que
estava ocorrendo, contribuindo dizendo que é assim que ele reage diariamente
as posições da qual ele não está de acordo, por isso ela tem sempre de agir
com muita cautela com o mesmo, negociando questões, e argumentando
através de uma conversa minuciosa, fazendo-o compreender, mas dificilmente
ele cede, só quando ele quer.
É importante ressaltar, sobre as atitudes de Lírio diante de suas
vontades, deixando claro o “jogo de cintura” que a educadora deve ter para lidar
com ele, caso contrário, como já descreveu a mesma sobre o educando, ele
não faz as atividades propostas e tira a atenção de todos da turma, não os
deixando participar.
Download

KNAUL, Ana Paula. Contribuições de práticas