Um Framework Baseado no Protocolo IPv6 para Suporte
a Ambientes Virtuais Distribuídos
Leopoldo W. Malacrida Dundes
[email protected]
Ronaldo C. Messias Correia
[email protected]
Rogério Eduardo Garcia
[email protected]
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP
Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT
Presidente Prudente – SP
ABSTRACT
Most of architectures proposed for developing Distributed
Virtual Environment (DVE) allow limited number of users. To
support the development of applications using the internet
infrastructure based on IPv4 protocol, with hundred or, perhaps,
thousands users logged simultaneously on DVE, several
techniques for managing resources, such as bandwidth and
capability of processing, must be implemented. We have
proposed a framework for supporting communication on DVE
using the next generation protocol: IPv6. The facilities in IPv6,
such as the scalability of multicast and anycast routing, allows
for more efficient forwarding and greater flexibility to improve
the communication process on a DVE. In this paper we present
the results obtained by simulating a DVE using a framework
based on IPv6, showing the protocol efficiency on DVE.
Keywords
IPv6, Multicast, Distributed Virtual Environment, Framework,
Anycast, Quality of Service.
1.
INTRODUÇÃO
Ambientes virtuais distribuídos (AVD) devem satisfazer uma
variedade de características, como: possibilidade de crescimento
incremental, tolerância a falhas, facilidade de manutenção,
interação em tempo real, escalabilidade, resposta rápida a novos
requisitos de sistemas, fidelidade da inserção do usuário no
ambiente (13).
Satisfazer todas essas características é um problema complexo
considerando a estrutura atual da Internet, cujo protocolo de
comunicação utilizado é o IPv4. Sua implementação não garante
níveis de performance satisfatórios a AVDs em larga escala,
pois em geral, a entrada de novos usuários aumenta a quantidade
de dados compartilhados e o nível de interação no ambiente,
exigindo mais recursos de rede do que os proporcionados pelo
IPv4 para manter os dados atualizados e disseminar as
interações entre os participantes. Assim, como a rede é usada
para transmitir informações e sincronizar objetos compartilhados
no ambiente e fazer com que o ambiente se aproxime ao máximo
de um ambiente real, a taxa de transferência e a escalabilidade
desses sistemas ficam limitados aos escassos recursos do IPv4
em relação a sistemas distribuídos.
Uma solução mais adequada para atingir todas as características
inerentes a estes ambientes é a adoção do protocolo IPv6 no
processo de comunicação. O IPv6 apresenta diversas
funcionalidades que possibilitam obter um aumento na
eficiência de comunicação em um ambiente distribuído se
comparado com o IPv4, dentre elas: multicast nativo,
roteamento mais eficiente, anycast, maior faixa de
endereçamentos, IPSec (IP Security Protocol) integrado, QoS
(Quality of Service) padronizado (12).
Esta artigo tem o objetivo de apresentar o framework AVDNet6,
capaz de manipular eficientemente funcionalidades do IPv6,
fornecendo estrutura e comportamento genéricos para os AVDs
e podendo ser adaptado ou estendido para atender variadas
necessidades.
A AVDNet6 teve motivação na necessidade de prover à
AVDNet, que é uma arquitetura de software consistente e
flexível para criação e gerenciamento de aplicações de realidade
virtual distribuída não específicas (7), uma camada de
gerenciamento mais eficaz e acima de tudo otimizar o uso dos
limitados recursos de rede em AVDs não específicos de larga
escala.
Para apresentar detalhes desta pesquisa, o artigo encontra-se
organizado como segue. Na seção 2 são apresentados conceitos e
características inerentes aos ambientes virtuais distribuídos. Na
seção 3 é apresentada a arquitetura AVDNet. São apresentados
características que beneficiam o uso do IPv6 em AVDs na seção
4. A AVDNet6 é apresentada na seção 5. São apresentadas as
simulações e a conclusão na seção 6 e 7, respectivamente.
2. AMBIENTES VIRTUAIS DISTRIBUÍDOS
Ambientes Virtuais Distribuídos (AVDs) são sistemas de
software que permitem que múltiplos usuários interajam em
tempo real num ambiente compartilhado, independente da
localização geográfica desses usuários (13).
A variedade de funcionalidades que os AVDs devem apresentar
torna esse tipo de sistema cada vez mais complexo à medida que
se pretende aproximá-lo dos ambientes reais. Esses ambientes
de simulação devem suportar intensa interação distribuída, pois
com a participação de diversos usuários o ambiente deve
garantir confiabilidade e desempenho satisfatórios para que
participantes possam interagir entre si em tempo real, e
inclusive reagir a informações do ambiente também em tempo
real.
A taxa máxima de transmissão e o tempo de retardo das redes de
comunicação têm grande influência na qualidade dos AVDs,
principalmente no que diz respeito à interação em tempo real e
ao número máximo de participantes. Atualmente, o grande
desafio encontrado na implementação de AVDs é o baixo
desempenho das redes de computadores em geral,
principalmente das redes Wide Area Network (WAN) (7).
Os AVDs precisam garantir que a entrega de pacotes tenha
latência mínima para permitir que as imagens do ambiente
virtual sejam geradas, para cada um dos usuários, numa
freqüência suficiente para garantir a ilusão de realidade.
A unidade básica de transmissão de dados entre os participantes
em um AVD é o PDU (Protocol Data Unit). Para ocorrer troca
de informações em um AVD é necessário o uso de um padrão de
mensagens para que todos os seus diversos participantes possam
manipular de forma uniforme essas informações. Esse protocolo
deve ser capaz de modelar todo o fluxo de informações
necessárias para que o AVD funcione eficientemente. Na
evolução dos AVDs, dois modelos merecem destaque: o
protocolo DIS (Distributed Interactive Simulation), que consiste
num grupo de padrões desenvolvidos pelo Departamento de
Defesa Americano e por entidades da indústria cujo principal
emprego destina-se a construção dos simuladores militares, mas
especificamente para campos de batalha; e os protocolos Games
que também são conhecidos como SRMPs (Scalable Reliable
Multicast Protocols) e são inspirados em jogos multiusuários de
computadores. Os protocolos Games não necessitam transmitir
definições completas do estado de um objeto, podendo
apresentar diversos tipos de PDUs especializadas para cada
operação realizada por uma determinada entidade virtual
(mover, falar, voar, etc.), ao contrário do protocolo DIS (14).
adicionais que podem ser gerados pela distribuição dos dados
(latência); modelagem dos objetos tridimensionais e seus
comportamentos; sincronização da visualização do ambiente
entre os participantes e resposta rápida a novos requisitos do
sistema (7).
A escalabilidade em ambientes virtuais distribuídos é
determinada pelo número de participantes simultâneos que eles
podem suportar. Para isso, métodos e técnicas que gerenciam
recursos de largura de banda de rede e capacidade de
processamento foram propostos e integrados na AVDNet, tais
como: gerenciamento de áreas de interesse ou regiões, predição
da posição dos objetos através do Dead reckoning, nível de
detalhamento da imagem através da distância do avatar,
agregação e compressão de pacotes de atualização,
balanceamento da carga através de servidores adicionais, e em
especial a proposta do protocolo de comunicação multicast em
nível de aplicação, que permite a utilização das aplicações por
qualquer host da Internet, independente dos roteadores
suportarem ou não multicast nativo (3).
A organização da arquitetura distribui os requisitos em vários
componentes inter-relacionados, destacando-se três módulos de
acordo com suas funcionalidades: Modelagem, Gerenciamento e
Comunicação. Para cada um dos módulos, destacam-se os
componentes, que oferecem e utilizam serviços uns dos outros e
especificam os padrões e procedimentos para a realização de
suas funções, conforme apresentado na Figura 1.
Historicamente, padrões de mensagem que são usados em AVDs
são compilados por software e todas as entidades que participam
do ambiente devem utilizar esses padrões para que seja possível
a interação entre todos os participantes.
3. A ARQUITETURA AVDNet
A AVDNet é uma arquitetura de software consistente e flexível
para criação e gerenciamento de aplicações de realidade virtual
distribuída não específicas, capaz de suportar uma grande
quantidade de participantes conectados ao ambiente, através da
infra-estrutura disponível atualmente na Internet (7). Permite
implementar a interação e a detecção de colisão de objetos em
tempo real, mantendo a sincronia e consistência do estado dos
objetos. Possibilita também o tratamento dos aspectos
envolvidos na colaboração entre os participantes do mundo
virtual. Ela identifica e sustenta os requisitos funcionais e não
funcionais relacionados ao desenvolvimento e gerenciamento de
AVDs, tais como: comunicação e interação entre os objetos e
participantes do ambiente virtual em tempo real; tráfego gerado
por sistemas desse tipo; impactos causados por atrasos
Figura 1. Estrutura da AVDNet
O módulo de Comunicação permite que as estações participem
efetivamente em sessões de comunicação em grupo, fornecendo
um canal de comunicação entre os grupos de participantes, de
forma a aperfeiçoar e gerenciar as mensagens enviadas e
recebidas entre os participantes.
A AVDNet, baseada na infra-estrutura atual da Internet, propõe
o protocolo de comunicação multicast em nível de aplicação
como uma técnica alternativa para o gerenciamento da
comunicação em grupo em aplicações de realidade virtual
distribuída. O mapeamento da topologia física da proposta deste
protocolo é apresentado na Figura 2, e por meio de uma análise
rápida na qual é considerado somente o número de pacotes
transmitidos em todos os enlaces físicos, identifica-se que são
enviadas 33, 23, e 16 cópias de pacotes respectivamente para as
comunicações unicast, multicast em nível de aplicação, e IP
multicast. Assim, a respeito do unicast, o IP multicast reduz os
recursos usados em 52% e multicast em nível de aplicação em
30%. Dependendo da distribuição física das estações esses
percentuais podem variar, e para algumas situações o
desempenho do multicast em nível de aplicação pode ser ainda
melhor.
de informações de forma eficiente ao longo da rede. A
capacidade de rede é um recurso limitado, portanto deve ser
cuidadosamente alocada aos fluxos gerados em um AVD.
A variedade de características faz com que AVDs se tornem
muito complexos a medida que se aproximam dos ambientes
reais, o que se faz necessário o uso de uma tecnologia que
possibilite que múltiplos usuários interajam simultaneamente de
forma escalável e com ótimo desempenho.
As vantagens do IPv6 são superiores quando comparados ao
IPv4. Dentre as vantagens, destacam-se: capacidade de
endereçamento expandida, cabeçalho aprimorado de 40 bytes
com suporte a extensão, autoconfiguração de endereços,
alocação e direcionamento de recursos, novo tipo de conexão,
autenticação e privacidade bem definidos, conexão multicast
nativa.
A representação de endereços IPv6 utiliza 128 bits ao invés dos
32 bits do protocolo IPv4, aumentando significamente a
possibilidade de representação de participantes em AVDs. Esse
novo endereçamento exige uma notação diferente da
representação decimal separada por pontos usada no IPv4.
A seguir são apresentadas algumas funcionalidades do IPv6 que
são exploradas na comunicação de AVDs para aumentar a
eficiência no processo de comunicação, e que foram
consideradas na AVDNet6:
4.1 Multicast
Conexões multicast provêem um poderoso e flexível método
para distribuir mensagens para um grande número de
participantes em um AVD com o mínimo esforço de distribuição
e uso dos recursos de rede.
Figura 2. Mapeamento da Topologia Física da AVDNet.
4. PROTOCOLO IPV6
O IPv6 (Internet Protocol version 6), é o protocolo de
comunicação tido como sucessor do IPv4. Apesar do tempo de
uso do IPv4, que surgiu no final da década de 1970, o principal
motivo para a atualização do IP foi a limitação no espaço de
endereços, que poderá ser uma barreira ao aumento potencial
dos aparelhos conectados a internet, proporcionado
principalmente pelos aparelhos móveis: celulares, PDAs,
câmeras (12). Porém, o IPv6 acabou incorporando muitas outras
melhorias e funcionalidades. Apesar de muitas semelhanças
conceituais entre os dois protocolos, o IPv6 muda a maior parte
dos detalhes. Os projetistas aproveitaram a oportunidade para
ajustar e ampliar aspectos do IPv4 com base na experiência
operacional acumulada sobre esse protocolo.
Muitas técnicas têm sido desenvolvidas para diminuir o tráfego
de pacotes enviados a rede, porém poucas para gerenciar o fluxo
É um tipo de serviço que permite a rede suportar comunicações
ponto-multiponto, ou seja, um pacote pode ser endereçado para
um grupo de participantes que possuem endereço único, assim o
roteador é o responsável em replicar os pacotes e encaminhá-los
para um ou mais participantes presentes na sua sub-rede.
Portanto, para que conexões multicast sejam estabelecidas, é
necessário que os roteadores dêem suporte a este tipo de
conexão (7). Essa tecnologia já está disponível em grande parte
dos equipamentos de rede mais recentes. A maioria dos novos
roteadores já vem com suporte a IPv6 através do dual-stack. No
entanto, o problema de se utilizar sistemas distribuídos
multicast na Internet situa-se nos roteadores já instalados e
ativos, já que na rede mundial de computadores é inviável
prever um determinado caminho na qual existam somente
roteadores habilitados com dual-stack e multicast. O uso de
túneis faz-se necessário nesses casos para que pacotes IPv6
possam trafegar sobre uma rede IPv4.
4.2 QoS – Quality of Service
O suporte a QoS implementado no IPv6 disponibiliza um
mecanismo robusto de colaboração entre os objetos em um
AVD. A especificação (15) determina uma estrutura mais
aprimorada e mais simples que no IPv4, todo cabeçalho possui
um campo Traffic Class de 8 bits e um Flow Label de 20 bits.
O Traffic Class distingue as diferentes classes e prioridades no
pacote IPv6. O que permite direcionar tipos de tráfegos
especiais a determinados processamentos, podendo obter
escalabilidade e processamento diferenciados a cada nó no
caminho do tráfego. Já o Flow Label é usado para rotular pacotes
que pertencem a fluxos particulares para os quais o remetente
requisita tratamento especial.
4.2 Anycast
Um mesmo endereço anycast pode ser atribuído a múltiplas
interfaces de rede simultaneamente. Isso permite que um pacote
destinado a um endereço anycast seja enviado para a melhor
interface de rede de acordo com o protocolo de roteamento (17).
eles não são aplicações completas, são definidos pontos de
extensão que devem ser preenchidos pela aplicação que os
utilizam.
A organização da estrutura do framework AVDNet6 foi baseada
em módulos separados de acordo com suas funcionalidades:
Cliente e Servidor. Para cada módulo foram especificados
componentes que interagem entre si e declaram padrões e
procedimentos para a realização das respectivas funções:
O anycast é geralmente usado como uma maneira de fornecer a
disponibilidade elevada a determinado serviço ou servidor
específico, além de ser usado também como forma de
balanceamento de carga para serviços sem estado (6).
Porém, a tecnologia requer uma infra-estrutura de controle mais
complexa do que as requeridas em conexões unicast. E
determinadas topologias em AVDs podem se beneficiar do uso
do anycast, como topologias Cliente-Servidor de múltiplos
servidores permitem que o participante possa encontrar o melhor
servidor para conexão inicial ao ambiente (6).
4.4 Fragmentação/Remontagem
O IPv6 não permite a fragmentação e remontagem de
datagramas IP em roteadores intermediários, ao contrário do
IPv4. Essas operações podem ser realizadas somente pelo
remetente e pelo destinatário do tráfego. Assim, se um
datagrama for maior que a MTU (Maximum Transmission Unit)
da rede, o roteador simplesmente o descarta e envia uma
mensagem ICMP (Internet Control Message Protocol) para a
origem, que então o fragmenta em múltiplos datagramas
menores. A montagem e fragmentação de datagramas IP são
processos que consomem muito tempo, a execução de tais
tarefas apenas nos sistemas finais acelera consideravelmente o
repasse de pacotes e conseqüentemente melhora a eficiência em
AVDs.
Para evitar que os datagramas sejam fragmentados sucessivas
vezes, o IPv6 utiliza uma técnica para que um percurso seja
escolhido dinamicamente de modo que seja um bom caminho a
ser percorrido pelos datagramas, técnica conhecida como PMTU
(Path MTU Discovery). Se o caminho entre o remetente e o
destinatário não estiver situado na mesma rede, provavelmente
neste caminho existe uma rede que tenha menor MTU do que as
outras, e assim o tamanho do pacote é limitado pela menor MTU
das redes presentes no caminho do pacote.
Enfim, o uso de IPv6 em AVDs pode aumentar substancialmente
o troughput e suprir as necessidades de criação e gerenciamento
de aplicações distribuídas que necessitem suportar uma grande
quantidade de participantes conectados ao ambiente. Na Seção 5
são apresentados os resultados e desempenhos obtidos em
relação aos protocolos IPv6 e IPv4.
5. FRAMEWORK AVDNet6
O desenvolvimento de um framework requer um enorme esforço
de desenvolvimento, pois as principais características de um
framework são, entre outras, modularidade, reusabilidade,
extensibilidade e inversão de controle que eles oferecem aos
desenvolvedores (7). Pela própria característica dos framework,
Figura 3: Módulos AVDNet6
O framework AVDNet6 provê características específicas a
AVDNet através do acoplamento de funcionalidades
implementadas pelo IPv6 e que contribuem para aumentar a
eficiência do ambiente.
O framework, proposto para estudo neste artigo, é utilizado
como uma camada de extensão da camada de comunicação da
AVDNet. Assim como mostrado na figura 4:
Figura 4. Extensão da Camada de Comunicação da AVDNet
Além da AVDNet6 contribuir para que a AVDNet suporte IPv6,
o framework pode ser facilmente estendido para uso em AVDs
não específicos.
A AVDNet6 atua como uma camada intermediária entre toda a
comunicação estabelecida nos AVDs. As conexões pelos
participantes do ambiente são efetuadas com o uso de threads
de controle, fornecendo agilidade e funcionalidade inerentes à
AVD. O dinamismo das threads na AVDNet6 permite que o
módulo Servidor sempre fique disponível a conexões de
participantes, e que o módulo Cliente sempre fique disponível
para o envio de mensagens.
A flexibilidade da AVDNet6 permite que cada módulo atue
independentemente, tanto que garante recursos de usabilidade
tanto para participantes que atuam como servidor, cliente, ou
ambos.
A simplicidade de utilização do framework garante que o
AVDNet6 seja utilizado nas mais diversas arquiteturas de
AVDs com alta confiabilidade. A curva de aprendizagem de
usabilidade do framework é relativamente pequena, pois acima
de tudo, o esforço de desenvolvimento na manutenção de
parâmetros como simplicidade, integração e eficiência tornam-se
fundamentais.
encapsulado ao protocolo IPv6 para o envio aos destinatários
presentes no AVD.
5.1 Troca de Mensagens
Como os PDUs que são utilizados em AVDs são simples, e
geralmente de tamanho pequeno (3), a leitura da mensagem
XML para validação e manipulação é realizada com a criação de
uma representação na memória em forma de árvore, também
conhecido como parser DOM (Document Object Model).
As interações podem ser realizadas entre participantes e entre
participantes e objetos do ambiente em um AVD. Quando um
objeto pode sofrer alterações de posição e orientação, e tais
orientações devem ser replicadas a todos os participantes para
garantir a integridade do ambiente.
Além do mais, tradicionalmente, AVDs podem operar somente
com padrões de mensagens que estão definidos quando o AVD
inicia, ou seja, se algum novo protocolo ou PDU necessite ser
adicionado à arquitetura, o ambiente tem que ser parado,
compilado e reiniciado para que as novas alterações tenham
efeito, contrariando totalmente a dinâmica e a percepção de
realidade de AVDs.
Como o framework AVDNet6 foi desenvolvido para atuar em
diversos AVDs, inclusive na AVDNet, um padrão de mensagens
foi desenvolvido para ser utilizado e garantir a heterogeneidade.
A AVDNet6 utiliza o XML (Extensible Markup Language) para
encapsular todas as trocas de informações entre os participantes.
A figura a seguir, mostra o processo de comunicação da
AVDNet6 em relação a AVDNet.
A facilidade com que as mensagens são criadas e manipuladas
permite explorar recursos específicos de determinado ambiente
obtendo uma melhor performance da rede.
Para evitar que mensagens XML inválidas possam trafegar pelo
AVD, as mensagens XML que trafegam pelo AVDNet6
permitem que sejam validadas por um DTD (Document Type
Definition), permitindo um desenvolvimento flexível, provendo
um meio não proprietário, robusto, verificável e padronizado
para armazenamento e transmissão de dados pela rede de
comunicação (3).
6. Resultados
Para que o AVDNet6 seja avaliado, é suficiente que o
framework seja instanciado em algum AVD. Porém, no
desenvolvimento dos AVDs pode ser implementados uma
variedade de métodos e técnicas para garantir a gerência de
recursos, como largura de rede e capacidade de processamento,
compressão e agregação de pacotes, servidores adicionais,
gerenciamento de interesse, etc. Entretanto, a avaliação do
framework não pode depender do processamento de algum
AVD, já que todo o processamento e gerência de recursos
podem ser centralizados no AVD, o que não causaria
confiabilidade nos resultados apresentados.
Para que a AVDNet6 seja utilizada nas simulações foi criado
um sistema de apoio para fornecer funcionalidade ao framework
e simular o comportamento de um AVD. O sistema de apoio é
capaz de gerar PDUs dinamicamente para que operações que
envolvam troca de pacotes e avaliação de desempenho desses
pacotes na rede de comunicação sejam avaliadas.
Figura 5: Comunicação na AVDNet6
A linguagem XML define uma forma padronizada para adição
de marcações e documentos contendo informação estruturada
(5). A capacidade de extensão e flexibilidade da linguagem
permite que ela se adapte a qualquer tipo de documento,
favorecendo que qualquer sistema que possa suportar XML
poderá participar do AVD através da AVDNet6.
A linguagem é adequada a AVDs cuja necessidade de trabalhar
com rápidas mudanças é fundamental, além de promover o reúso
de informações, permitindo que as informações possam fluir
entre aplicações diversas e AVDs de arquiteturas desconhecidas.
Para que a AVDNet6 seja estendida a diversos AVDs, a
AVDNet6 possui um mecanismo capaz de transformar um objeto
PDU, gerado pelo AVD e de estrutura desconhecida ao
framework, em um documento XML que é posteriormente
A estrutura da rede Ethernet de comunicação utilizada para as
simulações foi feita com o uso de dois computadores utilizando
como Sistema Operacional GNU/Linux com Kernel 2.4.31 e
com um switch interligando-os. A rede foi configurada para
aceitar ambos os tipos de protocolos: IPv4 e IPv6.
Para análise dos pacotes, foi utilizado um analisador de pacotes
para que todo tipo de tráfego IPv6 ou IPv4 sejam capturados,
chamado de Ethereal:
ao mesmo pacote em IPv4. Porém, nesta simulação, diversos
pacotes foram gerados para reproduzir o comportamento do
modelo de tráfego de um AVD. A figura 8 mostra os resultados
encontrados:
Figura 6: Ethereal
A partir do sistema de apoio, um único PDU de informações foi
gerado e repassado para a AVDNet6 que posteriormente foi
enviado pela rede de comunicação em formato XML por meio de
comunicação unicast. O tamanho do PDU foi aumentado em
cada sessão de envio para verificar as mudanças ocorridas no
tempo de roteamento. O tempo que o pacote IPv6 levou para
percorrer todo o caminho entre os dois computadores apresentou
um menor tempo e, conseqüentemente, um melhor resultado da
taxa de transferência do que o mesmo PDU empacotado pelo
IPv4. O gráfico da Figura 7 exprime os resultados:
Figura 8: Tempo de vantagem em segundos do IPv6 sobre o
IPv4 por meio do envio crescente de PDUs de 86 bytes
Os PDUs de atualização e estado dos participantes são
freqüentes e de extrema importância em AVDs. Toda interação
criada no AVD gera um PDU correspondente de atualização ou
estado, como por exemplo: entrada de um novo participante no
sistema, interações com objetos pelos participantes,
movimentação pelo ambiente, etc.
7. Conclusão
A popularização do uso de computadores nos mais diversos
segmentos da sociedade e a expansão da internet são alguns dos
fatores que têm impulsionado a pesquisa e o desenvolvimento
de tecnologias computacionais cada vez mais elaboradas e
parecidas ao cotidiano das pessoas. As facilidades de acesso a
redes de comunicação são responsáveis em expandir o uso de
computador na sociedade (7) (11).
Os resultados apresentados pelas simulações da AVDNet6,
mostram a potencialidade do protocolo IPv6 em integrar
Ambientes Virtuais Distribuídos, contribuindo para um avanço
no senso de realismo aos participantes envolvidos.
Figura 7: Relação entre tamanho e tempo no IPv6 e IPv4
O pacote IPv6, apesar de apresentar um maior cabeçalho de
dados do que o IPv4, obtêm um ganho significativo no
roteamento pelo switch quando os pacotes de dados (PDUs) são
de aproximadamente 1.000 bytes, ou maiores.
Entretanto no modelo de tráfego de AVD, as estações geram
uma grande quantidade de pacotes. As taxas de ativação desses
serviços estão geralmente relacionadas com as ações realizadas
pelos participantes do ambiente.
O gráfico a seguir mostra a vantagem no tempo de tráfego que
um PDU de 86 bytes empacotado pelo IPv6 leva em comparação
Pacotes de informações de tamanho maior no IPv6 apresentam
melhor tempo de envio do que pacotes de informações de
tamanho menor. Pacotes maiores de dados exploram melhor os
recursos de rede e são melhores roteados pelos equipamentos de
rede.
A AVDNet6 permite que procedimentos e métodos responsáveis
pelo processo de comunicação da AVDNet possam ser retirados,
movendo toda essa responsabilidade da camada de comunicação
para a AVDNet6. Além da AVDNet, outros AVDs podem
usufruir dessa vantagem e retirar a carga extra do sistema no
processo de comunicação. A flexibilidade do framework
AVDNet6 permite que AVDs com configurações heterogêneas
possam ser integrados ao framework com sucesso e facilidade.
Como padrão de mensagens para envio de dados, a linguagem
XML não é um método compacto para representar dados. Para
perspectivas futuras, técnicas de compressão XML podem ser
usadas para produzirem mensagens de menor tamanho e
possibilitar que menos recursos de redes de comunicação sejam
utilizados.
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15/01/2008
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Um Framework Baseado no Protocolo IPv6 para Suporte a