1 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo I IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 2 I - IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO I.1 – Empresa de Mineração Responsável pela Área RAZÃO SOCIAL: COOPERATIVA DE EXTRAÇÃO MINERAL DOS TRABALHADORES DE CRICIÚMA – COOPERMINAS CNPJ : 80.957.540/0001-88 INSCRIÇÃO ESTADUAL: 252.857.518 ENDEREÇO: ESTRADA GERAL S/N – BAIRRO SANTA LÍBERA MUNICÍPIO: FORQUILHINHA-SC FONE: (48) 21011300 FAX: (48) 21011315 E-mail: [email protected] I.2 – Empresa Responsável pela Elaboração do PRAD RAZÃO SOCIAL: COOPERATIVA DE EXTRAÇÃO MINERAL DOS TRABALHADORES DE CRICIÚMA – COOPERMINAS CNPJ : 80.957.540/0001-88 INSCRIÇÃO ESTADUAL: 252.857.518 ENDEREÇO: ESTRADA GERAL S/N – BAIRRO SANTA LÍBERA MUNICÍPIO: FORQUILHINHA-SC FONE: (48) 21011300 FAX: (48) 21011315 E-mail: [email protected] Responsável Técnico: Engº de Minas LUIZ DONIZETTI CERÁVOLO Equipe Técnica que elaborou o PRAD: Geól. JOSÉ LUIZ AZEVEDO DOS SANTOS Biól. LUIS FELIPE GARCIA 3 I.3 – Legislação Pertinente - Leis Federais Praticamente o início da legislação ambiental no Brasil é a Resolução CONAMA 001/86, que, regulamentando-se na Lei n. 6.938 de 1981, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, definiu os empreendimentos passíveis de Licenciamento Ambiental, entre eles a mineração, e explicitou as suas regras. O licenciamento ambiental específico para as atividades de mineração foi regulamentado pelas Resoluções CONAMA 009/90 e 010/90, publicadas em 28 de dezembro de 1990, e estabeleceram as Normas e Procedimentos de Licenciamento Ambiental para o setor mineral. De carácter mais geral, mas de suma importância também é a Lei 9.605 de 1998 que fala dos Crimes Ambientais. Mais especificamente sobre a recuperação de áreas degradadas temos o Decreto n.o 97.632 de 1989 e a Portaria n.o 237 de 2001 do DNPM, que determina as Normas Reguladoras de Mineração. Outro marco ecológico para a região carbonífera foi a criação, por Decreto Presidencial em 14/12/2000, do Comitê Gestor de Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera que envolveu todas as entidades e empresas ligadas ao setor de extração de carvão e meio ambiente na busca de soluções para a degradação da região carbonífera, resultando numa mudança de atitude das empresas carboníferas através da implantação de SGA´s. Na COOPERMINAS, tem-se os Termos de Ajustamentos de Conduta números 10 /2005 e 26/2005 que estabelecem obrigações mínimas para adequação legal das atividades de exploração mineral, transporte, beneficiamento e deposição de rejeitos, com prazo determinado para cumprimento das obrigações relativas ao meio ambiente. Cabe ressaltar ainda a Sentença da Justiça Federal da Vara de Criciumal, em janeiro de 2000, que condenou as Carboníferas, o Estado e a União a realizarem a recuperação ambiental das áreas degradadas pela atividade de extração e beneficiamento de carvão, consideradas como passivos ambientais, e no caso específico da Cooperminas este PRAD atende a exigência da Ação Civil Pública n.o 2000.72.04.002543-9. 4 -Leis Estaduais A Legislação Ambiental do Estado de Santa Catarina está contida na Lei n.o 5.793 de 15 de outubro de 1980, que dispõe sobre a proteção e melhoria da qualidade ambiental e dá outras providências, regulamentada pelo Decreto n.o 14.250 de 05 de junho de 1981. Tendo sido alterada pela Lei n.o 5.960 de 04.11.81, Lei n.o 9.413 de 07.01.94 e Lei n.o 10.973 de 07.12.98. Como também as alterações do Decreto n.o 14.250 contidas nos Decretos n.os 19.380 de 11.05.83, 21.460 de 03/84, 344 de 03.08.87, 1.140 de 16.12.87, 1.250 de 30.12.87, 3.610 de 27.07.89 e 1.894 de 05.06.97. -Leis Municipais No Município de Criciúma a Lei n.o 2.974 de 1984 dispõe sobre a Legislação Ambiental, e no Município de Forquilhinha é a lei Orgânica que trata sobre o Meio Ambiente nos artigos 134 à 138. I. 4- Localização e Acesso à Área do Empreendimento A área do empreendimento a ser recuperada é constituída por um retângulo com cerca de 17,89 hectares, do antigo depósito de rejeitos piritosos da Mina 2 da CBCA e tem como vértice de sua poligonal as coordenadas UTM: 653.953 e 6.819.079 ; 653.835 e 6.819.075 ; 653.591 e 6.818.395 e 653.959 e 6.818.350 , localizada próximo ao Lavador da COOPERMINAS no Bairro Santa Libera, Município de Forquilhinha, no sul do Estado de Santa Catarina, estando limitada a Oeste pelo Córrego Santa Libera , a Leste pelo Rio Sangão, a Norte pelos depósitos de rejeitos da BELLUNO e a sul também pelo Rio Sangão. A figura a seguir apresenta uma vista área da área em estudos. 5 BRASIL FIGURA 01. Vista aérea da área em estudos e seus acessos. O acesso a área, em função de ser limitada pelo rio Sangão, pode ser feito a partir da Rodovia Estadual Gabriel Arns (SC-446), através de rodovia municipal Vante Rovaris (FOR-463). A partir do município de Criciúma a área pode ser acessada através da Rodovia Municipal Luiz Rosso que a cruza no Morro Estevão, podendo ainda ser acessada pela Rodovia Municipal Jorge Lacerda, na altura da Primeira Linha. Partindo de Criciúma o acesso dá-se pela Avenida Universitária, partindo-se do centro de Criciúma em direção ao município de Forquilhinha, via bairro Pinheirinho, passando pelo aeroporto Diomício Freitas. A partir do aeroporto, percorrendo-se aproximadamente 1,2 km, atinge-se o pátio da empresa que é contígua a área considerada, localizada a aproximadamente 1,4 Km de distância do beneficiamento instalada na unidade Mina 2, percorrido por estrada particular de uso exclusivo da mineradora. 6 MINA SÃO ROQUE CI PA L JO GO RG VE E RN AD LA OR CE RD A CIDADE ALTA ROVARIS SANTA LÍBERA POÇO MINA SÃO ROQUE SANGÃO IÚM A RO D. SC446 GAB RIE L ARN S P/ CR ICIÚ MA RIC IÚM A .M UN I P/C ÁREA DO SANTA LÍBERA PRAD. GA MUN ICIP GAB RIEL ARN S BR IEL 446 SCÃO RAÇ A EXT ARGIL E D LC PA NI CI ÃO RAÇ A EXT RGIL A DE MU A RODO VIA MUNICIPAL CRI-280 GOVERNADOR SÃO ROQUE SÃO ROQUE J ORGE RO DO VI I-280 RODV. MUNICIPAL CR MUNICIPAL 77 I-2 CR ARNS RI -27 7 SANGÃO RODO VIA OURO NEGRO MUNICIPAL MINA "A" MA A NH HI EXTRAÇÃO DE ARGILA IA OVIA AL IL 6 QU -44 SC /FOR P R ICIÚ ROD MINA "A" P/C SANGÃO RO DO V OURO NEGRO MINA "A" RO DV FOR-463 MINA "A" Á ANGU AJ Á/ ARAR RIC LAGOA FORMADA PELA SUBSIDÊNCIA DO DESMONTE DOS PILARES DO TERRENO DECORRENTE RAC P/C UM-1 RODOVIA METALFOR P/MA MUNICIPAL VANTE SANTA LÍBERA FIGURA 02. Acessos à área em estudos. O acesso também se dá pela rodovia Criciúma - Forquilhinha, adentrando-se ao acesso principal da comunidade de Santa Líbera, seguindo-se por mais 1 Km de rua não pavimentada e virando à direita pela Estrada Geral, estando o início norte da área a 1.200 metros da mesma. A figura acima mostra os acessos a área em estudos. A bacia hidrográfica em que está inserido o empreendimento está relacionada com o Rio Sangão, que possui 49 quilômetros de extensão e é afluente do Rio Mãe Luzia. I.5 – Caracterização do Empreendimento I.5.1. Substância Mineral Explorada O carvão mineral é um recurso energético, não renovável, de maior abundância no globo terrestre, sendo conhecido pelo homem muitos séculos antes de Cristo. 7 O carvão pode ser definido, sucintamente, como sendo uma rocha sedimentar combustível, formada através de determinados vegetais, que sofreram soterramentos e compactação em bacias originalmente pouco profundas. Fatores como a pressão, a temperatura, a tectônica e o seu tempo de atuação, determinaram a carbonificação gradativa da matéria vegetal original, que sofreu significativas modificações com a perda de O2 H2O e enriquecimento com carbono (C). A aparência lamelar do carvão deve-se aos seus constituintes individuais microscópicos elementares, chamados genéricamente de macerais, e por analogia podem ser comparados aos minerais das rochas. Os macerais presentes no carvão são classificados em três grupos, conforme pode ser constatado na tabela a seguir: GRUPO VITRINITA EXINITA ENERTINITA MACERAL COLINITA TELINITA ESPORINITA CUTINITA RESINITA ALGINITA SEMI-FUSINITA FUSINITA MACRINITA MICRINITA ESCLEROTINITA MACERAIS REATIVOS MACERAIS INERTES Fonte: Mineral Resources of the Republic of South Africa - 1976. TABELA 01. Grupos de Macerais formadores do Carvão mineral. I.5.2. Método de Lavra O método Câmaras e Pilares adotado, consiste basicamente na abertura de um eixo principal de desenvolvimento, composto por 9 (nove) galerias, ou mais, paralelas, e perpendicularmente a este são traçados os painéis de produção (ou câmaras), e entre elas são deixados pilares, que permanecem intactos, dimensionados através de critérios técnicos e com fator de segurança mínimo de 1,80 estabelecido pelo 11o DS/DNPM. Atualmente a mina 3 opera com quatro frentes de lavra (painéis), em regime de trabalho composto por 3 turnos de produção e 1 turno de manutenção. 8 Os equipamentos utilizados em cada frente de lavra são: - Martelete pneumático BBD-46W; - Perfuratriz hidráulica sobre chassi de MT; - Pá-carregadeira MT capacidade de 1.000 kg; – Pá-carregadeira BOBCAT capacidade de 410 kg; – Transformador de 225 kva. O ciclo operacional compreende as seguintes fases: preparação, perfuração de frente, carregamento, desmonte e limpeza/transporte, e podem assim ser descritos: I.5.2.1. Preparação a) Retoque de teto: compreende a retirada dos blocos e fragmentos soltos (“chocos”) presos no teto ou nas laterais das galerias. É executado com o emprego de alavancas. b) Escoramento de teto: compreende o ancoramento do teto com parafusos de teto em aço, com 1,20 metros de comprimento e diâmetro de 5/8”. Ancoragem protendida na rocha através de cartuchos de resina, placas metálicas e pranchas de madeira. A malha de atiramento usual é entre 0,9 à 1,1 unidade/m2. I.5.2.2. Perfuração de Frente Compreende a execução dos furos nas frentes de lavra, segundo um plano de fogo previamente estabelecido, e são realizados com o emprego de perfuratrizes hidráulicas sobre chassi de MT. I.5.2.3. Desmonte Compreende a escorva dos explosivos, sua colocação nos furos, instalação do sistema de iniciação (carregamento) e a detonação (desmonte). É executado com o auxilio de um adensador (“espaceta” ou “atacador”) que serve para compactar os cartuchos de explosivos nos furos, afim de melhorar a performance do desmonte. Uma vez carregado os furos, o blaster, utilizando um aparelho de teste, confere a instalação do sistema de iniciação elétrica. O plano de fogo empregado é o chamado “fogo no duro”. 9 São utilizados explosivos do tipo emulsão, em cartuchos de papel parafinado de dimensões 1 ¼ x 20, resistentes á umidade, e iniciado com iniciadores não elétricos tipo Brinel ou Magnel. I.5.2.4. Limpeza e Transporte Compreende o carregamento do carvão fragmentado das frentes de serviço, transporte e descarga nas correias transportadoras. É executado com o emprego de pá-carregadeira tipo “bobcat” acionada por motor elétrico e pá-carregadeira tipo MT com caçamba de 1.000kg de capacidade. Cada frente detonada produz em média 32 toneladas de ROM. I.5.2.5. Escoramento Adicional O escoramento de teto adicional é executado pelo método tradicional, de comprovada eficiência e baixo custo, isto é, com o emprego de prumos e barras nos vãos das galerias. A sua necessidade de colocação obedece a determinados critérios quanto ao estado em que se encontra o teto e seu posicionamento nos vãos abertos. Também são utilizados prumos de reforço, que geralmente são colocados nos cruzamentos das galerias e travessões, locais mais passiveis de caimentos. I.5.3. Método de Beneficiamento O beneficiamento de carvão da Cooperminas utiliza-se de separação gravimétrica com auxílio de um Jigue BATAC, hidrociclones espessadores e mesas concentradoras do tipo Wifley. Os finos, resultantes da britagem do ROM, são separados através da flotação, baseada nas propriedades físico-químicas superficiais das partículas. A primeira etapa do processo de beneficiamento é a redução da granulometria, feita em dois estágios. O primeiro estágio reduz as partículas até o diâmetro máximo de 152 mm, realizada por um britador de mandíbulas. A segunda etapa reduz o material para a faixa granulométrica de 0 a 38,00 mm, através de dois britadores de duplo rolo dispostos em paralelo. Os materiais são classificados granulometricamente em duas peneiras USK. 10 Após a britagem e classificação granulométrica, o material de 0 à 38 mm segue para o Jigue BATAC, com capacidade nominal para 600 t/h. O mesmo necessita uma vazão de água 1.700 m3/hora, dando razão de 2,83 m3/t. A água utilizada no processo é tratada com carbonato de cálcio, em uma estação de tratamento, compostas por tanques misturadores, agitadores e bombas centrífugas. A água permanece em circuito fechado, porem devido a evaporação e infiltração as vezes faz-se necessário adicionar água do córrego que liga a Lagoa da Santa Libera com o Rio Sangão. Na jigagem são produzidos quatro produtos: Carvão CE 4.500 ou CE-5200; Rejeito piritoso (R1); Rejeito carbonoso (R2); Finos (< 28# ou 0,59 mm). Os finos passam por peneiras desaguadoras com abertura de 28#. Duas bombas de polpa fazem a captação e alimentação de uma bateria mista de hidrociclones espessadores. O material concentrado no “underflow” alimenta a flotação, e “overflow” retornam para o tanque de recirculação da água do jigue. O circuito dos finos 1 é composto ainda por um conjunto de sete mesas concentradoras tipo “WIFLEY” e seis peneiras vibratórias. O esquema a seguir mostra as seqüências dos processos usados durante o beneficiamento da lavra. 11 a b c d e f g h FIGURA 03 - a) Transporte de ROM; b) britador; c) transporte por correias; d) lavador; e) estação de tratamento; f) circuito de finos 1; g) bacia de acumulação e h) tanque de decantação circuito de finos 12 Parte do efluente líquido com finos de carvão que saem das peneiras desaguadoras vão através de tubulação subterrânea para um tanque de acumulação de concreto que vai alimentar o circuito de finos 2. O circuito de finos 2, instalação terceirizada pela COOPERMINAS, tem o seguinte processo de beneficiamento: O processo de beneficiamento adotado no circuito de finos nas antigas bacias de decantação, é constituído por separação gravimétrica dos finos através de peneiras vibratórias e espirais concentradores. Os materiais finos constantes nos efluentes da COOPERMINAS e obtidos pelo desmonte hidráulico das bacias são bombeados diretamente para o “circuito de finos 2 a ”, composto por 12 peneiras vibratórias com malha de 80 mesh. O material “oversize” (sobrenadante) retorna para o processo novamente enquanto o “undersize” (passante) pelo “circuito de finos 2 a ” segue para o “circuito de finos 2 b ”, passando inicialmente por um conjunto de 18 peneiras vibratórias com malha de 100 mesh e após por gravidade para um conjunto de 18 espirais concentradoras. O retido nas peneiras de 100 mesh retorna para o início do processo. O rejeito final das espirais concentradoras é conduzido para uma caixa de estocagem e transportado para o depósito de rejeitos da COOPERMINAS por caminhões. O efluente líquido gerado no processo é descartado na bacia de decantação de finos. I.5.4. Produtos Os produtos vendáveis são: o carvão granulado energético CE 4500 que é fornecido para a Tractebel Energia; os finos metalúrgicos de granulometria abaixo de 28#, vendidos para as coquerias e moinhas energéticas fornecidos para as indústrias cerâmicas da região. A recuperação média de carvão contido no ROM da Mina 3 é de 35%, num total médio de 4000 t/dia de ROM tem-se uma geração de 2.600 toneladas de rejeitos. 13 Características Produtos Carvão CE 4500 Finos metalúrgicos Finos energéticos Teor de cinzas (%) 42.15 12 43,00 Teor de enxofre (%) 1.5 1.3 1.8 Umidade (%) 5.3 11,00 14 Valor calorífico (%) 4600 6000 4500 Material volátil (%) 21.76 25 20 Produção média mensal 18.035 15.000 TABELA 02. Características dos produtos do beneficiamento. I.5.5. Capacidade Instalada, Produção Média Anual e Vida Útil: A produção média anual nos últimos anos foi de cerca de 996.000 toneladas, o equivalente a 83.000 toneladas/mês e de 3.773 toneladas/dia, o que faz com que a jazida tenha uma vida útil de cerca de 22 anos. O ROM extraído é transportado para o Lavador Santa Libera (beneficiamento) através de caminhões basculantes convencionais terceirizados, com capacidade média de 20 toneladas. Cabe ressaltar que todos os caminhões são convenientemente enlonados, possuem calhas de proteção e estão sinalizados de acordo com as normas. Segundo a capacidade e produção média anual e a relação estéril minério apresentada a seguir, calculamos uma vida útil para o depósito de rejeitos atual para cerca de 9 anos. Após será implantado outro deposito de rejeito em local a ser definido posteriormente. I.5.6. Relação Estéril/Minério e Taxa de Recuperação da Lavra no Beneficiamento O rejeito primário (R1) representa cerca de 22% em peso do ROM produzido, sendo resultante do primeiro corte densimétrico do processo de jigagem, constituído principalmente por siltitos cinza-claro com nódulos de pirita, podendo conter frações carbonosas variáveis entre 0,8% à 20%, devido a não liberação da pirita no fracionamento por britagem, e também devido as imperfeições no processo. Sendo assim são produzidos mensalmente cerca de 18.260 toneladas de rejeitos do tipo R1 (primário), o equivalente a cerca de 440 toneladas de rejeitos por dia. O rejeito secundário (R2) representa 40% em peso do ROM da Mina 3, é constituído por siltitos claros a cinza-claros e siltitos carbonosos, com cerca de 3% de carvão contido. 14 Diariamente são produzidos cerca de 800 toneladas de rejeitos do tipo R2 (secundários) o que corresponde a cerca de 33.200 toneladas/mês. Os rejeitos finos representam cerca de 3,0% à 8,0% em peso de ROM, sendo depositados em tanques decantadores de concreto. Sendo assim são produzidos diariamente cerca de 60 à 200 toneladas de finos, o equivalente a 2.490 à 6.6400 toneladas/mês. A tabela abaixo apresenta a relação estéril/minério aplicada as unidades mineiras da Cooperminas: Produção ROM Rejeito primário (R1) Rejeito secundário (R2) Rejeito Finos Total do rejeito Recuperação Carvão CE-4500 + Finos 83.000 ton/mês 18.260 ton/mês 33.200 ton/mês 2.490 à 6.640 ton/mês De 53.950 à 58.100 ton/mês De 29.050 à 31.540 ton/mês TABELA 03. Relação estéril/minério Cooperminas. A taxa de recuperação da lavra no beneficiamento fica em torno de 35 à 38% gerando cerca de 30.000 t/mês de produtos (CE-4500 + Finos metalúrgicos). Estes valores são variáveis de acordo com a qualidade do carvão bruto da Mina 3. I.5.7. Caracterização dos Rejeitos (R1 e R2) O objetivo principal deste item é classificar os resíduos sólidos provenientes do beneficiamento do carvão, quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública. Para que possam ter a destinação adequada e atender a legislação aplicável. Sendo assim apresentamos uma classificação fundamentada na norma de classificação de resíduos – ABNT NBR 10004:2004. Para preparação da amostra coletou-se 25 Kg de cada tipo de resíduo (R1 e R2). A amostragem a campo seguiu os procedimentos estabelecidos pela NBR 10007/2004 (Amostragem de Resíduos). O resultado foi apresentado sob forma de relatório intitulado “Classificação de Resíduos da Mineração”, realizado pelo laboratório da Indústria Carbonífera Rio Deserto Ltda. Este relatório apresenta a classificação feita para algumas mineradoras da região, incluindo a Mineradora Cooperminas.A norma NBR 10004/2004, classifica os resíduos sólidos quanto ao seus riscos ao meio ambiente e a saúde pública. Os resíduos sólidos são classificados em dois grupos, classe I (resíduos perigosos) e classe II (resíduos não perigosos), sendo ainda este último subdividido em classe II A (resíduos não inertes) e classe II B (resíduos inertes). A tabela a seguir apresenta os resultados obtidos através dos ensaios laboratoriais. 15 CARACTERIZAÇÃO DOS REJEITOS DO LAVADOR MINA 2 - SANTA LÍBERA Caracterização das Amostras PARÂMETROS Um.Higroscópica Cinzas Matéria Volátil Carbono Fixo Enxofre Total Enxofre Pirítico Enxofre Sulfático Enxofre Orgânico pH - Corrosividade Resultado da lixiviação dos Resíduos PARÂMETROS pH lixiviado Chumbo Cromo Total Bário Cádmio Prata Arsênio Fluoreto Mercúrio Selênio R1 1,86 80,81 12,78 6,41 11,47 5,23 0,71 5,53 4,21 R2 1,29 78,82 11,14 10,04 5,48 4,87 0,15 0,46 4,78 R1 4,98 0,24 < 0,10 0,22 < 0,10 < 0,10 < 0,001 0,20 < 0,002 < 0,01 R2 4,97 0,25 < 0,10 0,29 < 0,10 < 0,10 < 0,001 0,20 < 0,002 < 0,001 Resultado da Solubilização dos Resíduos PARÂMETROS Ph Sulfatos Cloretos Fenol Ferro Total Manganês Cobre Zinco Alumínio Chumbo Sódio Cádmio Cromo Total Prata Bário Arsênio Fluoreto Mercúrio Nitrato Selênio R1 4,99 540,0 30,21 ND 24,60 1,27 < 0,10 0,25 0,81 0,07 54,50 0,02 0,03 ND 0,36 < 0,001 0,20 < 0,002 < 0,10 < 0,01 R2 7,00 291,00 11,43 ND 0,33 0,23 < 0,10 < 0,10 0,25 0,01 52,60 0,02 0,06 0,04 0,44 < 0,001 0,50 < 0,002 0,50 < 0,01 TABELA 04. Resultados obtidos no relatório de classificação de resíduos da mineração elaborados pela Engª Rosimeri Venâncio Redivo da CIRDE / janeiro de 2005. Pelos ultados da tabela acima, classifica-se o R1 e o R2 como resíduos não perigosos pertencentes a classe II a - não inertes 16 Para a lixiviação, a NBR 10004/2004 diz que o extrato obtido da amostra contiver qualquer um dos contaminantes em concentrações superiores aos valores constantes no anexo F desta NBR (em anexo), o resíduo será caracterizado como perigoso. Verificando a tabela apresentada, observamos que nenhum valor excedeu os valores estabelecidos na referida norma. Desta forma, para as análises decorrentes do teste de lixiviação os resíduos são caracterizados como não perigosos. Quanto a solubilização dos rejeitos R1 e R2 observou-se que todos os rejeitos são classificados como não perigosos (classe II – não inertes). As antigas bacias de decantação são fruto do beneficiamento de carvão mineral há vários anos no local, inicialmente pela CBCA e atualmente pela COOPERMINAS. Sobre esta área de antigas bacias está instalado um circuito de finos terceirizado que faz o aproveitamento dos rejeitos carbonosos gerados pelo descarte do efluente líquido do Lavador da Cooperminas, pelos rejeitos finos da bacia de decantação antiga da Cooperminas e pelo aproveitamento do material da “escolha” do ROM da mina da Cooperminas, que são as três matérias primas utilizados no processo de beneficiamento. Para aumentar a produção e obtenção de um melhor aproveitamento dos finos foi instalado em cima das bacias um circuito de rebeneficiamento dos finos através do desmonte hidráulico das bacias antigas e da captação dos efluentes descartados pelo lavador. Com a instalação de mais peneiras vibratórias, passou-se a aproveitar também os efluentes gerados pelo circuito de finos da COOPERMINAS que antes eram lançados na bacia de decantação. Finalmente, começaram a ser utilizados também os rejeitos grosseiros, com a instalação de sistema de britagem e moagem. Por estar localizada em cima de uma área já impactada, a empresa com a continuidade de sua operação, só contribuirá positivamente para recuperação, conforme PRAD apresentado nesta oportunidade. I.6 – Histórico do Empreendimento A Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá – CBCA, foi fundada em 12 de janeiro de 1917, na Cidade do Rio de janeiro, por idealistas como Cândido Gaffreé e Dr. André Gustavo 17 Paulo Frontin que, já naquela época, preocupavam-se com a industrialização e o progresso do País, principalmente da Região Carbonífera de Santa Catarina. Tinham como objetivo básico a mineração de carvão, bem como a construção do ramal ferroviário que ligaria os municípios de Tubarão, Jaguaruna, Criciúma e Araranguá. O Sr. Sebastião Neto Campos na década de 50, que trabalhava na Companhia Nacional de Mineração Barro Branco, empresa do mesmo grupo, compra parte das ações e passa a dirigir a Companhia na qualidade de Diretor-Presidente, até 1987, quando da falência da empresa. Através dos movimentos sindicais e de ações políticas, criou-se a Cooperativa de Extração de Carvão dos Trabalhadores de Criciúma Ltda – COOPERMINAS com a finalidade de administrar e dar continuidade às atividades da massa falida da CBCA, tendo sido o seu Estatuto aprovado em Assembléia Geral de 01/10/98. A COOPERMINAS, na condição de empresa autogestora, foi a pioneira no País em sua categoria. Hoje vem alcançado resultados satisfatórios nos vários segmentos em que atua, fruto de seu esforço em promover o desenvolvimento regional, reconhecido pela sociedade em geral. Sua política de participação nas decisões e lucros por parte dos cooperados, estabelece entre empresa-funcionário, uma relação íntegra de respeito e profissionalismo, que culminam em dois objetivos cruciais: melhoria da qualidade de vida dos cooperados e atendimento às necessidades de seus clientes. Em termos operacionais, a COOPERMINAS vem mantendo a mesma “postura” de uma indústria extrativa mineral, em especial, a extração e beneficiamento de carvão mineral, podendo participar de sociedade anônima, ou de responsabilidade limitada, no interesse de suas atividades. Sua forma jurídica de organização está definida como uma sociedade com Quotas de Responsabilidade Limitada, sucessora da C.B.C.A., com autorização judicial a partir de 1.998. A C.B.C.A. foi a empresa pioneira na mineração de carvão no País, desde sua fundação vem operando ininterruptamente, promovendo o desenvolvimento da região carbonífera de Santa Catarina, hoje, decorridos 18 anos como COOPERMINAS, conta com um quadro de 800 trabalhadores, além de centenas de empregos indiretos, representa uma referência em termos de autogestão e os processos trabalhistas da época da falência foram integralmente liquidados. 18 I.7 - Objetivos do Prad O PRAD prevê a conformação topográfica da área, a retirada dos rejeitos piritosos na faixa de dos 30 metros da margem do Córrego Santa Libera e Rio Sangão, consideradas Áreas de Proteção Ambiental, compactação dos rejeitos e o recobrimento com argila, solo e a revegetação com espécies herbáceas e arbóreas a fim de evitar as drenagens ácidas. Pretende-se, com estas ações, restabelecer o equilíbrio natural do ambiente local, propiciando o retorno e a manutenção da fauna e da flora nativa, além de minimizar as fontes de poluição visando a melhoria na qualidade dos recursos hídricos. Desta forma o PRAD da COOPERMINAS, tem como principal objetivo recuperar as condições ambientais da área do empreendimento e do seu entorno e, atender a Sentença do Ministério Público Federal, 2000.72.04.002543-9, mais especificamente da Ação Civil Pública n.o sobre a recuperação dos passivos ambientais das Empresas Carboníferas, onde foi estabelecido um prazo de 4 meses para a apresentação do PRAD, e sendo determinado também que este Prad deveria ser apresentado conforme modelo sugerido pelo Ministério Público. Com base nas informações geradas a partir do diagnóstico ambiental, realizado para a confecção deste PRAD, a COOPERMINAS, tendo em vista alcançar o objetivo proposto, seguirá a seguinte linha de ação: - Define e propõe procedimentos e critérios para retirada dos rejeitos piritosos da área de APA, e a cobertura dos rejeitos piritosos restantes; - Define áreas a serem revegetadas somente com espécies herbáceas e ou herbáceas/arbóreas; - Define a maneira como deve ser conduzida a reconstituição do solo; - Apresenta as metodologias e lista de espécies vegetais específicas visando reintrodução da vegetação e a aceleração do retorno da fauna original à área recuperada; - Estabelece plano de monitoramento ambiental. 19 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo II CRONOGRAMA DAS AÇÕES E DESEMBOLSO 20 II – CRONOGRAMA DAS AÇÕES E DESEMBOLSO A seguir apresentamos o Cronograma Executivo das Ações do PRAD, onde estão colocadas todas as atividades previstas, e que a COOPERMINAS vai executar utilizando seus equipamentos pesados, como trator, escavadeira e carregadeiras, para a recuperação da área degradada do depósito de rejeitos da antiga Mina 2 da CBCA (TABELA 05), onde estima-se 18 meses para execução do mesmo, ou seja 9 bimestres. COOPERMINAS CRONOGRAMA EXECUTIVO DO PRAD AÇÕES / MESES 1º Bim 1. Retirada dos rejeitos piritosos da área da APA 2. Conformação topográfica dos 17,89 ha 3. Recobrimento com argila 4. Compactação e Impermeabilização 5. Recobimento com solo 6. Incorporação de calcário e cama de aviário 7. Introdução vegetação herbácea 8. Plantio de mudas de espécies nativas 9. Implantação de rede piezométrica 10. Monitoramentos Físico-químico das águas 11. Medidas Compensatórias TABELA 05 – Cronograma das Ações 2º Bim 3º Bim 4º Bim 5º Bim 6º Bim 7º Bim 8º Bim 9º Bim 21 Na TABELA 06, está inserido o Cronograma de Desembolso, onde podem ser visualizados os gastos previstos durante os dezoito meses, após a aprovação do PRAD, onde estima-se um gasto total de R$ 309.680,00 para a recuperação de toda a área de 17,89 hectares, do terreno onde está localizado o depósito de rejeitos da antiga Mina 2. COOPERMINAS CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO DO PRAD AÇÕES / MESES 1. Retirada dos rejeitos piritosos da área da APA 1º Bim 2º Bim 3º Bim 4º Bim 5º Bim 6º Bim 7º Bim 8º Bim 9º Bim 12.000 12.000 12.000 12.000 12.000 6.720 2. Conformação topográfica dos 17,89 ha 6.720 6.720 6.720 6.720 12.720 12.720 12.720 12.720 12.720 3. Recobrimento com argila 8.800 4. Compactação e Impermeabilização 5. Recobimento com solo 6. Incorporação de calcário e cama de aviário 8.800 8.800 8.800 8.800 6.400 6.400 6.400 6.400 6.400 4.125 4.125 4.125 4.125 4.660 4.660 4.680 7.260 7.260 7.260 7. Introdução vegetação herbácea 8. Plantio de mudas de espécies nativas 9. Implantação de rede piezométrica 6.500 6.500 10. Monitoramentos Físico-químico das águas 3.000 3.000 3.000 3.000 2.000 2.000 2.000 2.000 11. Medidas Compensatórias TOTAL 12.000 12.000 18.720 31.440 46.640 50.265 62.185 48.965 27.465 TABELA 06. Cronograma de Desembolso 22 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo III DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 23 III– DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA III.1 – Meio Físico III.1.1 - Clima e condições meteorológicas A nível regional o Estado de Santa Catarina é dotado de um clima mesotérmico, com precipitação distribuída por todo o ano, apresentando na sua quase totalidade deficiências hídricas nulas e bons índices de excedentes hídricos. Os gráficos elaborados a partir do balanço hídrico propiciam analisar o comportamento climático no decorrer do ano todo. No presente trabalho foi utilizado a proposta de Thornthwaite (1984) e dados da Estação Meteorológica de Araranguá (n° 83.921), cuja altitude é de 12,30 metros em relação ao nível do mar, latitude 28° 53’ S e longitude 49° 31’ W. os quais foram confirmados pelos dados pluviométricos das Estações Meteorológicas de Orleans e Urussanga. Na análise do clima local, vários fatores devem ser considerados: radiação solar, latitude, continentalidade, massas de ar, correntes oceânicas. Tais fatores condicionam os elementos climáticos como: temperatura, precipitação, umidade do ar, pressão atmosférica, entre outros. Segundo a Fórmula Climática de Thornthwaite e aplicada aos dados da Estação Meteorológica de Araranguá, o tipo climático local é B1B’3ra – Clima Úmido Mesotérmico (úmidos da primeira). O clima da região sul é caracterizado pela ação de massas de ar intertropicais quentes e massas polares frias, sendo as últimas responsáveis pelo caráter mesotérmico do clima, de efeito acentuado, porém atuando em ondas esparsas, que são dominadas parcialmente pelas massas intertropicais - “Tropical Atlântica” de ação complementar. As oscilações da frente polar que atingem o território catarinense durante todo o ano, imprimem sobre o seu clima dois aspectos característicos, a instabilidade do tempo e a elevada pluviosidade no decorrer do ano. O predomínio das chuvas de verão se faz por interferência de expansão da massa equatorial continental para o sul, estendendo-se até o litoral sul da região. A região sul apresenta um clima subtropical úmido, segundo a classificação de Arthur Strahler, estando a mesma sujeita a uma ação da massa tropical marítima que pode dar lugar a outra massa de ar polar. 24 FIGURA 04. Mapa da caracterização climática da região sul de SC. As massas de ar tropicais e polares, observadas na região, seguem fenômenos frontológicos que sujeitam estas áreas a bruscas mudanças de tempo graças às sucessivas invasões de fenômenos frontogenéticos em qualquer época do ano. Como resultado disto, temos o surgimento de um clima com dois traços característicos: instabilidade do tempo e elevada pluviosidade no decorrer do ano. As temperaturas variam bastante, estando a média anual entre 15ºC e 20ºC, sendo janeiro o mês mais quente e julho o mais frio. Segundo o sistema de classificação climático de Köeppen, a região se enquadra no clima do grupo C - mesotérmico, uma vez que as temperaturas médias do mês mais frio estão abaixo dos 18°C e acima de 3°C e neste grupo, ao tipo (f) sem estação seca distinta (Cf), pois não há índices pluviométricos mensais inferiores a 60 mm. Quanto à altitude da região, o clima se distingue por sub-tipo de verão (a) com temperaturas médias nos meses mais quentes de 28°C (Cfa). 25 As medições efetuadas na Estação Meteorológica de Araranguá, a mais próxima do empreendimento a cerca de 11 km ao sul, refletem uma amplitude pluviométrica com valores menores em comparação com outras regiões do Estado. A amplitude pluviométrica no Estado é de 1.254 mm, considerando-se as estações de Xanxerê (2.373 mm) no oeste, Orleans (1.530 mm) e Araranguá (1.219 mm) no litoral. No geral a pluviosidade está bem distribuída no território catarinense. Em Araranguá, obtiveram-se os seguintes valores: Pluviometria 140 120 100 80 (mm) 60 40 20 0 Jan. Fev. M ar. Abr. M ai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. M édia Anual GRÁFICO 01. Precipitação total mensal (mm) no estado de Santa Catarina. Genericamente, pode-se dizer que o regime pluviométrico comporta-se com maiores médias mensais nos meses de janeiro, fevereiro, março e setembro e menores índices pluviométricos entre os meses de abril a julho. Segundo a estação meteorológica de Orleans, o índice pluviométrico anual médio é de 1.530 mm, valor este confirmado pela estação meteorológica de Urussanga. A figura a seguir mostra a PRECIPITAÇÃO TOTAL e MÉDIA MENSAL observada nas duas estações, Orleans e Urussanga. 250 200 150 URUSSANGA 100 ORLEANS 50 0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ GRÁFICO 02. Precipitação total. 26 Os valores aparentemente semelhantes confirmam os resultados obtidos pela estação meteorológica de Araranguá, utilizada como referência para este trabalho. Ocorre ainda na região um EXCESSO HÍDRICO anual, em cotejo com a evapotranspiração potencial de aproximadamente 670 mm, o que equivale a 6.700 m³ por hectare. O gráfico a seguir demonstra, na média, as situações de PRECIPITAÇÃO X EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL. 250 200 150 EV.POTENCIAL PRECIPITAÇÃO 100 50 0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ GRÁFICO 03. Precipitação x Evapotranspiração Próximo a área de influência do depósito de rejeitos são frequentemente monitorados os valores pluviométricos para a área. A empresa conta com três pluviômetros instalados próximos a área em questão, com leituras imediatas logo após cada chuva e o registro em livro próprio. Os resultados obtidos com o monitoramento serviram como base para a elaboração do projeto básico de utilização do depósito de rejeitos da Cooperminas. FIGURA 05. Pluviômetros da Cooperminas no Bairro São Roque. 27 No litoral sul, os menores valores refletem as modificações locais de circulação atmosférica, determinada pela passagem livre de ventos vindos do oceano, que na sua rota do mar até as “fraldas” da Serra Geral, perdem sua umidade, também como da atuação da Corrente Fria das Malvinas. Este fenômeno climatológico comum na região são as denominadas chuvas orográficas, produzidas pela presença de relevo acidentado que provoca a elevação de grandes massas de ar carregadas de umidade, oriundas do litoral e devido ao resfriamento adiabático, há condensação da umidade ocasionando as precipitações. Quanto à temperatura evidenciam-se logo as características subtropicais. Os valores médios anuais estão na ordem de 18,9°C, conforme apresentados a seguir. Temperaturas 25 20 15 (ºC) 10 5 0 Jan. Fev. M ar. Abr. M ai. Jun. Jul. Ago. Set . Out . Nov. Dez. M édia Anual GRÁFICO 04. Temperaturas médias mensais (°C) em SC (Estação Araranguá). A nível regional os valores médios anuais definem a mesotermia apresentando valores que variam de 21,8°C (Itajaí) no litoral 13,0° C (São Joaquim) no planalto. Deve-se notar, que além da atuação das massas polares, reveladas nas amplitudes térmicas, variando entre 10,0°C e 7,0°C, tem-se a influência marcante da altimetria. Veja a figura 9 – Temperatura Média Anual, com as isotermas expressas em °C, no sul de Santa Catarina. Quanto às temperaturas médias em janeiro, a Estação de Araranguá registrou 23,3° C. A influência da topografia é notável no traçado das isotermas. No mês de julho a média de 14,4°C se distribui uniformemente no sul catarinense, nas terras mais baixas próximas ao litoral. 28 FIGURA 06. Isotermas médias no sul do estado de SC. III.1.2 - Geologia Regional A região da área em foco está inserida na estreita faixa de rochas sedimentares gonduânicas da Bacia do Paraná, de orientação geral N-S, compreendida entre as rochas do embasamento cristalino pré-cambriano – representado pela borda SW da Suíte Intrusiva Pedras Grandes a leste – e o topo da seqüência vulcano-sedimentar da Bacia do Paraná, representado por rochas efusivas da Formação Serra Geral a oeste. Nesta área afloram rochas sedimentares e ígneas intrusivas e extrusivas, que fazem parte da 29 seqüência gonduânica da borda leste da Bacia do Paraná, e sedimentos quaternários que são abundantes junto aos cursos d’água. Na porção correspondente à bacia do rio dos Porcos, situada ao sul da cidade de Criciúma, ocorrem depósitos síltico-arenosos de origem flúviolagunar. O mapa geológico, em anexo, mostra a distribuição em área, das diferentes unidades geológicas identificadas. As formações Rio Bonito e Palermo são as unidades estratigráficas de maior expressão na região, subordinadamente ocorrem rochas das formações Irati, Estrada Nova, Rio do Rasto, Serra Geral e Depósitos Flúvio-Lagunares ou Depósitos Aluviais. A seguir apresentamos a Coluna Estratigráfica Região Carbonífera ( TABELA 07) . 30 COLUNA ESTRATIGRÁFICA DA REGIÃO CARBONÍFERA DO SUL DE SANTA CATARINA UNIDADES CRONOESTRATIGRÁFICAS CENOZÓICO QUATERNÁRIO MEZOZÓICO JURO/CRETÁCEO UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS LITOLOGIAS DEPÓSITOS RECENTES Argilas, siltes, areias e seixos inconsolidados em calhas e planícies aluvionares e costeiras. GRUPO SÃO BENTO FORMAÇÃO SERRA GERAL FORMAÇÃO RIO DO RASTRO PERMIANO SUPERIOR GRUPO PASSA DOIS FORMAÇÃO ESTRADA NOVA Diabásios ocorrendo como diques e "sills". Siltitos e argilitos avermelhados com intercalações de arenitos finos também avermelhados. Siltitos e folhelhos cinza-escuro a pretos com intercalações de calcário. Siltitos e folhelhos cinza-escuro a FORMAÇÃO IRATI pretos, folhelhos pirobetuminosos e intercalações de calcários. PALEOZÓICO FORMAÇÃO PALERMO PERMIANO MÉDIO GRUPO GUATÁ PERMIANO INFERIOR GRUPO ITARARÉ PROTEROZÓICO SUPERIOR FORMAÇÃO RIO BONITO Siltito cinza-esverdeados com intercalações de arenitos finos. Arenitos finos, médios ou MEMBRO grosseiros com SIDERÓPOLIS intercalações de siltitos e camadas de carvão. Siltitos cinza ou esverdeados, com intercalaMEMBRO ções de arenitos PARAGUAÇU finos e camadas de carvão. Arenitos finos cinza claros, com MEMBRO intercalaTRIUNFO ções de siltitos, folhe- lhos e raros leitos carbonosos. FORMAÇÃO RIO Folhelhos e argilitos cinza escuros DO SUL Arenitos e diamictitos. SUÍTE PEDRAS GRANDES Microclínio-granitóides, porfiríticos com megacristais de feldspatos em matriz de composição granodiorítica. TABELA 07 – Coluna Estratigráfica – Elaborado por Geól. José Luiz Azevedo dos Santos Modificado de Nosse-2005 31 Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos – Granitóides Pedras Grandes Essas rochas graníticas praticamente não afloram na área do município de Criciúma, com exceção de uma pequena porção situada no bairro Demboski. São identificadas nas sondagens realizadas para prospecção de carvão executadas em diversos locais do município. Trata-se de uma rocha granítica de cor rósea, granulação média à grossa, textura porfirítica ou porfiróide, constituída principalmente de quartzo, plagioclásio, feldspato potássico e biotita. Como mineral acessório ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. É aparentemente isótropa e, freqüentemente, recortada por veios aplíticos ou pegmatíticos. Depósitos Sedimentares da Bacia do Paraná Formação Rio do Sul A exemplo do que acontece com as rochas graníticas, as litologias da Formação Rio do Sul também não afloram na área correspondente ao município de Criciúma. São identificadas nas sondagens realizadas para prospecção de carvão. Litologicamente é constituída de uma intercalação rítmica de siltitos e folhelhos cinza-escuro e cinza-claro, com laminação fina, plano-paralela e fissilidade elevada. Disseminados caoticamente nesta seqüência várvica, ocorrem seixos pingados. É freqüente, na sua porção basal, a presença de camadas areno-conglomeráticas que, quando intemperizadas, confundem-se com rochas alteradas do embasamento. Subordinadamente há, também, espessas camadas de diamectitos, com abundante matriz argilosa, de cor cinzaescura ou esverdeada, que engloba seixos ou blocos de rochas graníticas. Formação Rio Bonito A Formação Rio Bonito aflora na porção norte do município, junto à mancha urbana, na porção noroeste, ao longo do vale do rio Sangão, e na porção nordeste, ao longo dos vales dos rios Ronco D’água e Linha Anta, como pode ser verificado no mapa geológico. Mühlmann et al. (1974) realizaram a revisão estratigráfica da Bacia do Paraná e subdividiram a Formação Rio Bonito em três membros: Triunfo, Paraguaçu e Siderópolis. Krebs (2004), através de correlações litofaciológicas, com informações dos perfis litológicos dos furos de sonda, individualizou em mapa, pela primeira vez, o Membro Siderópolis em três seqüências litofaciológicas na área da bacia hidrográfica do rio Araranguá, a saber: Seqüência Inferior, Seqüência Média e Seqüência Superior. O trabalho do referido autor foi voltado para 32 o estudo hidrogeológico da área correspondente, a bacia hidrográfica do rio Araranguá. Por este motivo, no presente trabalho optou-se por utilizar as informações geológicas e estruturais disponibilizadas por Krebs (2004). O Membro Triunfo, que constitui a porção basal da referida formação, é representado por arenitos esbranquiçados, finos a médios, localmente grossos, moderadamente selecionados, com matriz argilosa. Intercalam siltitos e folhelhos de coloração cinza-escuro. As camadas possuem geometria sigmoidal e estão relacionadas a processos flúvio-deltaicos. Apresentam contato gradacional com as litologias da Formação Rio do Sul. O Membro Paraguaçu é caracterizado por uma sedimentação predominantemente pelítica, constituída de intercalação rítmica de siltitos e folhelhos com intercalações de camadas de arenitos muito finos, quartzosos, micáceos, com laminação paralela e ondulada. Apresenta também freqüentes bioturbações. Esta sedimentação é eminentemente transgressiva e caracteriza o afogamento do delta do Membro Triunfo. O Membro Siderópolis constitui um espesso pacote de arenitos, com intercalações de siltitos, folhelhos carbonosos e carvão. Na sua porção basal e média, geralmente os arenitos possuem cor cinza-amarelado, textura média, localmente grossa, são moderadamente classificados, com grãos arredondados a subarredondados de quartzo e, raramente, feldspato. Possuem abundante matriz quartzofeldspática. As camadas apresentam espessuras variáveis, desde alguns centímetros até mais de metro, geometria lenticular ou tabular e a estruturação interna é constituída por estratificação acanalada, de médio e grande porte. Na porção basal do Membro Siderópolis, ocorre uma espessa camada de carvão - Camada Bonito. Na porção média, intercaladas nessa seqüência arenosa, ocorrem, principalmente, camadas de siltito e folhelho carbonoso. As intercalações de camadas de carvão são muito subordinadas. No terço superior do Membro Siderópolis, ocorrem arenitos finos a médios, cor cinza-claro, bem retrabalhados, com grãos bem arredondados, quartzosos, com ou sem matriz silicosa. Estes arenitos apresentam geometria lenticular e a estruturação interna das camadas é formada por estratificação ondulada, com freqüentes “hummockys”, que evidenciam retrabalhamento por ondas. Neste intervalo ocorre a mais importante camada de carvão existente na Formação Rio Bonito, denominada Camada Barro Branco. Além dessa, em locais isolados, ocorre outra camada de carvão chamada Irapuá. A inter-relação das diferentes unidades de fácies identificadas nos Membros Siderópolis e 33 Triunfo sugerem um ambiente de depósito relacionado a um sistema lagunar e deltaico, influenciado por rios e ondas. A presença de cordões litorâneos, evidenciada pelo arenito de cobertura da camada de carvão Barro Branco, que apresenta freqüentes estruturas tipo “microhummocky”, indica que este ambiente lagunar/deltaico era periodicamente invadido pelo mar. Por outro lado, a persistência de fácies predominantemente pelíticas no Membro Paraguaçu sugerem a atuação de correntes de maré. Formação Palermo Ocupa a maior parte da área deste município, aflorando de maneira contínua ao longo da encosta do Morro da Cruz e Morro Cechinel, ocupando quase toda porção central do município e aflorando em ambas as encostas dos morros Esteves e Albino, até ser encoberta por sedimentos quaternários ao sul. A Formação Palermo, que caracteriza o início do evento transgressivo, é constituída de um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de leitos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. A análise dos perfis de sondagem para carvão demonstra, claramente, que há um decréscimo de areia da base para o topo desta formação. A espessura das camadas é variável e estas apresentam, caracteristicamente, laminação plano-paralela, ondulada ou lenticular. Na base, são freqüentes as estruturas de fluidização e bioturbação e na porção média e superior predominam estruturas do tipo “micro-hummocky”. A espessura total dessa formação, na região de Criciúma e Forquilhinha, de acordo com a correlação dos perfis de sondagens realizados na área da Mina B por Krebs et. al. (1982), é da ordem de 92m. A presença de fácies areno-pelíticas intercaladas bem como a freqüência de estruturas tipo “micro-hummocky”, bioturbação e estruturas de fluidização, sugerem um ambiente marinho raso, com intensa ação de ondas e atuação de microorganismos. Este evento marca o início da transgressão marinha que afogou o ambiente deltaico/lagunar da Formação Rio Bonito. Formação Irati A Formação Irati aflora continuamente ao longo dos morros Esteves e Albino, na porção centro-sul do município, e de maneira subordinada aflora também ao longo de uma estreita 34 faixa situada na encosta superior do Morro Cechinel. É afetada por uma intrusão de diabásio que ocorre sob a forma de “sill”, o qual consome grande parte desta formação. A influência térmica provocada pela colocação do “sill” alterou suas características em termos de cor e dureza, e geralmente é acompanhado pela presença de forte quebramento e redução acentuada de espessura. Comumente os afloramentos são muito decompostos. Variam de siltitos cinza-escuros e pretos a folhelhos pirobetuminosos com laminação paralela bem desenvolvida. Leitos e lentes de calcário impuro podem ser constatados no terço superior desta formação. A presença de litofácies pelíticas ricas em matéria orgânica, com laminação fina planoparalela e presença de calcário impuro, sugerem um ambiente marinho calmo, com águas mais profundas. Formação Estrada Nova Ocorre de maneira subordinada em uma pequena faixa situada na encosta superior do Morro da Cruz, na porção oeste, e também ao sul da BR 101, na área de nascente do rio dos Porcos. Do ponto de vista litológico, na sua porção inferior compreende uma seqüência constituída por folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a pretos. Quando intemperizados mostram cores cinza-claro a cinza-esverdeado e avermelhados, com tons amarelados. Normalmente são maciços ou possuem uma laminação plano-paralela incipiente, às vezes micáceos. Localmente, contêm lentes e concreções calcíferas, com formas elipsoidais e dimensões que podem alcançar até 1,5 m de comprimento por 50 cm de largura. Sua porção superior é constituída por argilitos, folhelhos e siltitos cinza-escuro e esverdeados, ritmicamente intercalados com arenitos muito finos, cinza-claro. Quando alteradas, estas rochas mostram cores diversificadas em tons violáceos, bordôs e avermelhados. Comumente apresentam lentes e concreções carbonáticas. A predominância de litofácies pelíticas, presença de calcário, laminação plano-paralela ou ondulada indicam um ambiente marinho plataformal. Formação Rio do Rastro Ocorre somente em uma pequena porção no extremo sul do município, na encosta superior do Morro Mãe Luzia. Litologicamente é constituído por lentes de arenitos finos, avermelhados, intercalados em siltitos e argilitos arroxeados. O conjunto mostra também cores em tonalidades verdes, chocolate, amareladas e esbranquiçadas. Suas principais estruturas 35 sedimentares são as estratificações cruzadas acanaladas, laminação plano-paralela e de corte e preenchimento. As camadas de arenitos apresentam geometria sigmoidal ou tabular e geralmente possuem espessuras superiores a 50cm, podendo alcançar em alguns casos mais de 2m. A intercalação de camadas arenosas com estruturação interna, constituída principalmente por estratificação acanalada e camadas com geometria sigmoidal, sugere um fácies progradante relacionado inicialmente a um sistema deltaico. Formação Serra Geral A Formação Serra Geral se faz representar por um “sill” de diabásio de extensão regional inserido ao nível da Formação Irati. Aflora no topo dos morros da Cruz, Cechinel, Esteves e Albino. Ocorre ainda no extremo sul da área do município, em cotas mais baixas à margem direita do rio dos Porcos. Tem espessura média de 30 metros e sustenta a topografia por efeito da resistência diferencial aos processos de intemperismo e erosão, desenhando uma forma de relevo do tipo mesa. Litologicamente é constituído por variedades de granulação muito fina a afanítica, de coloração cinza-escura a preta, eventualmente com passagens para fácies porfiríticas. Notáveis feições de disjunção colunar estão presentes. Petrograficamente são muito homogêneos, com pequenas variações composicionais entre basaltos e basaltos granofíricos. Em essência, constituem uma trama com plagioclásios (40 60%), tipo Anortita 30-50, e proporções menores de clinopiroxênios (augita-pigeonita). Como minerais subordinados podem apresentar hornblenda basáltica, quartzo-intersticial e matriz vítrea ou micrográfica a quartzo e feldspato potássico. Entre os acessórios estão a magnetita esqueletal, opacos e apatita acicular. Carbonatos, zeolitas, epidoto, sericita e clorita são produtos de alteração. Depósitos Quaternários (Recente) Depósitos de Leques Aluviais Ao longo da encosta inferior do vale do rio dos Porcos e ao longo do vale de alguns tributários pela margem esquerda do rio Sangão, em seu médio curso, ocorrem depósitos de leques aluviais. Nestes locais, os depósitos são pouco espessos, raramente atingindo espessuras superiores a 36 3m e constituídos predominantemente por seixos, grânulos e areia grossa. Apresentam geometria tabular ou lenticular e as camadas de cascalho e areia encontram-se amalgamadas. A estruturação interna é constituída principalmente de imbricação dos seixos e gradação normal. Flúvio-Lagunares com Retrabalhamento Eólico Ocorrem na porção sul do município, ao longo das planícies dos rios Sangão e dos Porcos. Do ponto de vista litofaciológico, ocorrem depósitos com espessura de alguns metros, essencialmente argilosos, de cor cinza-escuro ou com cores veriegadas, em tons amareloavermelhado. Geralmente apresentam plasticidade média a alta. Intercalam-se intervalos areno-argilosos ou arenosos de cores mais claras. A estrutura sedimentar mais freqüente é a laminação plano-paralela, evidenciada pela alternância de tonalidades. Na planície do rio dos Porcos, verificou-se que na porção superior ocorrem depósitos arenosos, constituídos de areias finas a médias e de cor cinza-claro. Estes depósitos são pouco espessos, raramente ultrapassando 1m. A origem dos mesmos deve estar relacionada à ação eólica sobre as barreiras litorâneas que ocorrem nas proximidades. Abaixo ocorre um espesso pacote de material argiloso com cores variegadas, explotado pelos oleiros de Içara, para a fabricação de tijolos e telhas. A estes depósitos é atribuída origem fluvial relacionada a processos de transbordamento. Abaixo deste intervalo estratigráfico, ocorrem argilas escuras com restos de matéria orgânica, que podem corresponder aos depósitos de fundo lagunar. Depósitos Aluviais Ocorrem com freqüência ao longo das planícies aluviais dos principais cursos d’água presentes neste município, onde os vales são mais abertos e afloram rochas pelíticas nas encostas dos morros. Os depósitos aluviais resultantes são mais expressivos e predominantemente argilosos ou areno-síltico-argilosos. O material geralmente apresenta plasticidade média e cores variadas, principalmente em tons cinza-amarelado. III.1.3 - Geologia Local Na área estudada, afloram principalmente rochas pertencentes às formações Palermo, e subordinadamente ocorrem litologias pertencentes às formações Irati e Serra Geral. Na planície do rio Sangão e seus principais tributários pela margem esquerda, ocorrem depósitos 37 aluviais. Na porção norte, nas proximidades do rio Sangão e junto às instalações da antiga Mina B, ocorrem depósitos de rejeito. O mapa geológico da área de estudo, mostra a distribuição em área das unidades geológicas identificadas. O Perfil Geológico, apresentado em anexo, mostram a profundidade aproximada em que se encontra a camada de carvão Barro Branco, bem como o comportamento dos blocos geológicos dentro do domínio da área estudada. A seguir descreve-se somente as principais formações aflorantes na área. - Formação Palermo Ocorre de maneira contínua a partir da porção norte até o extremo sul da área, onde constitui um relevo suave-ondulado. Do ponto de vista litológico, caracteriza-se por apresentar um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de leitos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. Localmente, verifica-se que as litologias adquirem uma tonalidade avermelhada, devido a intrusões de diabásio, como pode ser verificado na porção norte, nas proximidades do Posto Forgiarini. Ao nível de afloramento, estas litologias encontram-se muito intemperizadas e apresentam uma coloração amarelo-avermelhado. A espessura do manto de alteração é variável, atingindo em alguns locais mais de 10 metros. Pelo fato de suas litologias serem de natureza predominantemente argilosa, quando alteradas, geram um solo argiloso que é muito utilizado como matéria prima para a indústria cerâmica da região. - Formação Irati A Formação Irati tem suas exposições condicionadas a pequenas elevações do terreno, como aquela onde está situada a rodovia municipal CR 280. Aflora também, em um corte da rodovia Jorge Lacerda nas proximidades do acesso ao bairro Verdinho. Fora da área, nas proximidades de seu limite leste, aflora de maneira contínua ao longo da encosta inferior dos morros Esteves e Albino. O mapa geológico da área ilustra a distribuição desta formação. Do ponto de vista litológico, é constituída por um pacote de folhelhos cinza-escuros a pretos, intercalados com folhelhos pirobetuminosos. No terço superior ocorre lentes de marga de cor cinza-clara, com aspecto brechóide. Apresentam caracteristicamente laminação fina, planoparalela e alta fissilidade. Quando intemperizadas, as litologias apresentam coloração cremeamarelado. 38 - Formação Serra Geral Ocorre sob a forma de diques que secionam as rochas sedimentares gonduânicas bem como sob a forma de “sill” que sustenta a topografia local, como ocorre nos morros Esteves e Albino, posicionados a leste da área. É constituída preferencialmente por rochas equigranulares finas a afaníticas, de coloração cinza-escura a preta, eventualmente com passagens para fácies porfiríticas. Na área da Mina 3 da COOPERMINAS, ocorrem com relativa freqüência, diques de diabásio encaixados em falhas de diferentes sistemas, bem como ”sills” intrudidos dentro da camada Barro Branco ou situados acima dela, ambos queimando o carvão. Na antiga Mina 2 de subsolo da COOPERMINAS, já desativada, posicionada próxima a área do PRAD, também ocorriam espessos diques de diabásio que localmente consumiram ou queimaram a camada de carvão Barro Branco. - Depósitos Aluviais Ocorrem ao longo das planícies do rio Sangão e de seus principais tributários pela margem esquerda. O Mapa Geológico da Área estudada mostra que nas proximidades da confluência do rio Sangão com a Sanga do Terneiro, ocorre uma grande área de banhado, que corresponde à Área de Proteção Ambiental da Lagoa do Verdinho. Nesta área de banhado se desenvolve um solo orgânico pouco espesso, muito plástico de cor escura. No restante da área, os depósitos aluviais são pouco expressivos, com espessuras geralmente inferiores a 2 metros. Devido à natureza predominantemente argilosa das litologias das formações Palermo e Irati, os depósitos resultantes são constituídos por material argiloso em tons amarelados, bastante plásticos. Nas proximidades do rio Sangão, como se verificou em alguns poços escavados estudados no Bairro Verdinho, estes depósitos apresentam delgado intervalo de cascalho em sua porção basal. - Depósitos de Rejeitos Os depósitos de rejeitos provenientes do beneficiamento de carvão ocorrem na área do PRAD no terreno da COOPERMINAS e em todo seu entorno, nas áreas da CSN, Carbonífera Criciúma, Belluno e da ICC. III.1.4 - Geologia Estrutural Caracterização tectônica e estrutural da área em estudo é fundamental para a determinação de 39 estruturas aqüíferas. Sabe-se que a capacidade de armazenamento e de transmissão de água subterrânea em rochas cristalinas está diretamente relacionada à existência de sistemas de juntas, fraturas ou falhas na rocha. Nos aqüíferos subterrâneos do tipo poroso, a presença de zonas de falha pode contribuir tanto para a recarga quanto para a contaminação dos mesmos. As principais feições estruturais presentes na região carbonífera são as falhas. Muitas destas falhas encaixam diques de diabásio que seccionam as rochas sedimentares gondwânicas. Ocorrem também “sills” de diabásio, relacionados a falhas regionais que sustentam a topografia em vários locais da bacia carbonífera. A leitura de mapas de contorno estrutural da lapa das camadas de carvão bem como verificações realizadas em subsolo indicam que ocorrem também dobras abertas, geralmente controladas por falhas. As principais direções de falhamentos são N5º-30ºW e N45º-75ºE. Subordinadamente ocorrem falhas com direção próxima de N-S, N300-450E, ou próxima de E-W. A seguir serão detalhadas as principais características de cada um destes sistemas de falhamentos. Sistema N50-300W Do ponto de vista hidrogeológico, este sistema N5º-30ºW é muito importante porque vários diques de diabásio identificados nas minas de carvão de subsolo estão encaixados em falhas deste sistema, sugerindo tratar-se de um sistema de falha aberto. No município de Forquilhinha ocorre a Falha Mãe Luziapertencente a este sistema, com rejeito vertical de 30,00 metros , e o rio Mãe Luzia tem seu curso controlado por este sistema de falhas. Sistema N600-750E O sistema N600-750E também é muito importante na bacia carbonífera. Estas falhas são mais jovens que o sistema N50-300W. Estas falhas geralmente possuem rejeitos significativos e exercem um forte controle estrutural no leito dos rios Sangão e Mãe Luzia. No município de Criciúma, este sistema está muito bem impresso. Nesta porção da Bacia Carbonífera ocorre a denominada Falha Criciúma. Esta falha é muito importante do ponto de vista da mineração porque controla várias unidades mineiras no referido município. Sistema N-S-N20oE O sistema de falhas com direção próxima de N-S, como pode ser verificado no Mapa Geológico, é muito importante na bacia carbonífera porque possui algumas falhas que se 40 estendem por vários quilômetros e, geralmente, encaixam diques de diabásio, como a que ocorre junto ao rio Mãe Luzia, no município de Forquilhinha, e na porção correspondente à Mina Esperança, no município de Treviso. Na região abrangida por este PRAD estas falhas geralmente encaixam diques de diabásio. Este sistema é muito importante do ponto de vista hidrogeológico pelo fato destas falhas terem caráter distensional, apresentando, portanto, grande perspectiva de conterem água e atuarem como aqüíferos fraturados. Além disso, sabe-se que estes diques de diabásio apresentam geralmente intenso diaclasamento devido ao rápido resfriamento. Sistema N300-450E Com relação ao sistema de falhas N300-450E, constatou-se que o mesmo está presente ao longo de praticamente toda a bacia carbonífera. Geralmente ocorrem a partir de uma falha maior (principal) pertencente a outro sistema. Este condicionamento sugere tratar-se de falhas sintéticas e antitéticas, originadas por ocasião da reativação do sistema principal. Algumas falhas deste sistema apresentam rejeitos verticais significativos e geralmente são pouco extensas. Nos municípios de Forquilhinha e Criciúma, nas minas Verdinho e Mina 3 este sistema é muito freqüente e localmente controla trechos do rio Sangão. Sistema N300-450W O sistema N300-450W, da mesma forma que o sistema N300-450E, embora esteja presente ao longo de toda a bacia, constitui-se de falhas de pequena extensão, geralmente associadas a uma falha principal pertencente a outro sistema. As falhas deste sistema possuem caráter compressional, indicando tratar-se de falhas inversas, fato observado por Krebs na mina do Trevo. A definição de zonas de esforço compressionais são muito importantes, do ponto de vista de lavra de carvão em subsolo, porque constituem zonas preferenciais para a ocorrência de caimento de teto ou soerguimento da lapa da camada de carvão. Sistema E-W O sistema de falha E-W, embora pouco freqüente na área, é muito importante do ponto de vista hidrogeológico visto que também encaixa diques de diabásio, devendo, portanto, tratar- 41 se de um sistema de falhas aberto. Sabe-se que o resfriamento rápido destes corpos ígneos propicia a formação de um sistema de juntas perpendiculares ao comprimento do dique, por onde geralmente ocorre grande infiltração de água. Estas falhas E-W secionam-se e, às vezes, deslocam falhas de outros sistemas, sugerindo tratar-se de um sistema de falhas mais jovens. III.1.5 - Geomorfologia e Topografia O contexto geomorfológico no qual está inserido o empreendimento, situa-se em terreno plano-ondulado, levemente inclinado para o mar, apresentando ruptura de declive em relação a planície marinha recente, entalhada em conseqüência da variação de nível base de erosão/deposição. Pequenos terraços sedimentares, de origem fluvial, caracterizado como área plana, levemente inclinada, apresentando rupturas de declive em relação ao leito do rio e às várzeas recentes, situadas em nível inferior, entalhada devido às mudanças de condições de escoamento e conseqüente retomada de erosão. As formas de relevo predominantes são de acumulação, compartimentadas no complexo de formas do modelado litorâneo, ocorrendo formas reliquiares, mais localizadas, como colinas de vertentes suaves sobre sedimentos paleozóicos. Posicionada no extremo sul de Santa Catarina, a Unidade Geomorfológica Depressão da Zona Carbonífera Catarinense configura uma faixa alongada na direção N-S, entre as Unidades Serra Geral a oeste, Planície Colúvio-Aluvionar a sudoeste, Serras do Tabuleiro-Itajaí a leste e finalmente Planície Litorânea a sul e sudeste. Ocupa uma área de 1.659 km², que correspondem a 1,73% da área mapeada. O relevo mostra duas feições bem marcantes. Da cidade de Siderópolis para o norte tem-se relevo colinoso com vales encaixados, as vertentes são íngremes com excesso manto de intemperismo que favorece a ocorrência de processos de solifluxão e ocasionalmente movimentos de massa rápidos. De Siderópolis para o Sul, as formas são côncavo-convexas, com vales abertos. Disseminados nessa área encontram-se relevos residuais de topo plano, mantido por rochas mais resistentes e remanescentes de antiga superfície de aplanamento, que fazem parte da Unidade Geomorfológica Patamares da Serra Geral. Os rios que drenam esta unidade direcionam-se para leste e apresentam-se geralmente encaixados. O padrão de drenagem é do tipo subparalelo. 42 III.1.6 – Solos A classificação de solos no Brasil iniciou-se em 1947 e baseava-se nos conceitos americanos sintetizados em publicações de 1938 e revisados em 1949. Nestes 50 anos ininterruptos de estudos de solos, várias mudanças ocorreram quanto aos conceitos originais, nomenclatura e definições de classes. Os solos da área foram classificados segundo o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos – SBCS (EMBRAPA – 1999). A edição atual, em processo de publicação, inova completamente a estrutura do sistema, tendo-se chegado ao tipo desejável de classificação hierárquica, multicategórica, descendente e aberta para inclusão de novas classes à medida que o país vai sendo mais bem conhecido. Para caracterização utilizamo-nos de descrição de material coletado e descrito na região pelo Eng. José Ricardo Vaz, publicado no ano de 2000, e também pela classificação e caracterização dos solos apresentada no EIA/RIMA Cooperminas. O novo sistema é estruturado com base em características de gênese do solo e propriedades pedogenéticas que imprimem marcas distintas em cada tipo de solo conhecido. As novas classes do sistema, apenas do 1O nível categórico (Ordem) e a correspondência aproximada com as designações empregadas na classificação que vinha sendo utilizada, são mostradas a seguir: • ALISSOLOS: Solos com alto teor de alumínio e horizonte B textural, anteriormente conhecidos com Rubrozem, Podzólico Bruno Acinzentado, Podzólico Vermelho-Amarelo; • ARGISSOLOS: Solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa, conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho-Amarelo, parte das Terras Roxas Estruturadas e similares, Terras Brunas, Podzólico Amarelo, Podzólico Vermelho-Escuro; • CAMBISSOLOS: Solos com horizonte B incipiente, assim designado anteriormente; • CHERNOSSOLOS: Solos escuros, ricos em bases e carbono. Anteriormente designados por Brunizem, Rendzina, Brunizem Avermelhado, Brunizem Hidromórfico; • ESPODOSSOLOS: Solos conhecidos anteriormente como Podzois; • GLEISSOLOS: Solos com horizonte glei, conhecidos como Glei Húmico ou Pouco Húmico, Hidromórfico Cinzento, Glei Tiomórfico; • LATOSSOLOS: Solos com horizonte B latossólico, anteriormente tinham a mesma 43 designação; • LUVISSOLOS: Solos ricos em bases, B textural, correspondendo aos Brunos não Cálcicos, Podzólicos Vermelho-Amarelos Eutróficos e similares; • NEOSSOLOS: Solos Pouco Desenvolvidos, anteriormente designados por Litossolos, Aluviais, Litólicos, Areias Quartzosas e Regossolos; • NITOSSOLOS: Solos com horizonte nítico, correspondendo Terra Roxa Estruturada e Similar, Terra Bruna Estruturada e Similar, alguns Podzólicos Vermelho-Escuros; • ORGANOSSOLOS: Solos orgânicos, conhecidos anteriormente por Solos Orgânicos, SemiOrgânicos, Turfosos, Tiomórficos; • PLANOSSOLOS: Solos com grande contraste textural, estrutura prismática, presença de sódio, anteriormente designados por Planossolos, Solonetz Solodizado, Hidromórfico Cinzento; • PLINTOSSOLOS: Solos com plintita, conhecidos como Laterita Hidromórfica, Podzólicos Plínticos, Latossolos Plínticos; • VERTISSOLOS: Solos com propriedades provenientes de argilas expansíveis. Anteriormente tinham a mesma designação. A figura a seguir apresenta as características do solo presente nesta área e sua classificação, segundo a CPRM. , bem como a descrição do solo identificado na vistoria de campo. ARGISSOLO VERMELHO ÁLICO (PVA) Conforme STRECK, et al. (2002) o termo Argissolo deriva da presença de um horizonte subsuperficial mais argiloso no perfil. Os Argissolos são solos geralmente profundos e bem drenados, apresentando um perfil com uma seqüência de horizontes A-Bt-C ou A-E-Bt-C, onde o Bt é do tipo B textural contendo argila com baixa CTC (T<= 27cmolc/Kg). Portanto são solos que apresentam perfil com gradiente textural, onde o horizonte B sempre é mais argiloso em comparação aos horizontes A ou A+E. Esses solos podem ser originados dos mais diversos tipos de rochas, como: basaltos, granitos, arenitos e outros sedimentos. Foram identificados arenitos na área do empreendimento. Os perfis destas classes apresentam-se profundos, bem desenvolvidos, tratando-se de solos minerais e não hidromórficos, sendo bem drenados. Apresentam a seqüência de horizontes diagnósticos A, Bt, C. 44 As análises físicas e químicas de perfis descritos na área apresentam, em geral, solos com baixa soma de bases, capacidade de troca catiônica e saturação por bases. A saturação por alumínio é elevada, sendo superior a 50 %, o que caracteriza os solos como sendo Álicos. O grau de floculação do horizonte B é próximo a 100 %, com relação silte/argila variável. Em algumas áreas este tipo de solo apresenta fortes sinais de erosão, seja por manejo inadequado, ou por características desfavoráveis do próprio solo. Diferenças texturais mais significativas entre os horizontes A (de textura pouco argilosa) e B provocam fortes e rápidas infiltrações na parte superficial, sendo bem mais lentas no horizonte B. Ocorre assim o processo de “piping”, que consiste no escoamento subsuperficial da água infiltrada. A partir deste mecanismo surgem os processos de erosão superficial e profunda, co significativas perdas de solo para a região. Na área de implantação do empreendimento são identificadas duas classes de argissolos, que se diferenciam entre si pelo tipo de relevo onde se situam. A classe PVa1 se caracteriza pelo relevo suave ondulado (3 a 8 %) e ondulado (8 a 20% de declividade), enquanto a classe PVa2, com relevo suave ondulado a forte ondulado (20 a 45 %). Algumas características desta unidade de mapeamento de solos: - Baixa CTC (Capacidade de Troca Catiônica); - Textura Média/Argilosa; - Horizonte A Proeminente; - Relevo suave ondulado a forte ondulado; - Álico; - Bem drenado; -Cor vermelho escuro, bruno-avermelhado, vermelho amarelo. No TABELA 08 apresentamos as características dos diferentes horizontes do solo conforme EMBRAPA. 45 Ap 0-15cm; bruno-escuro (7,5YR 3/3); franco siltoso; muito pequena e pequena granular; friável, plástico e pegajoso; transição clara e plana. B1t 15-55cm; bruno escuro (7,5YR 3/6); argila siltosa, pequena a média granular e muito pequena blocos subangulares; friável, plástico e pegajoso, transição gradual e plana. B21t 55-90cm; vermelho-amarelo (5YR 4/6); argila; pequena a média granular e pequena e muita pequena blocos subangulares; cerosidade comum e moderada; firme; muito plástico e muito pegajoso, transição clara e plana. B22t 90-130cm; vermelho a vermelho-escuro (2,5YR 4/6); muito argiloso; pequena a média blocos subangulares; cerosidade comum a moderada; firme, muito plástico e muito pegajoso. TABELA 08- Características horizontes de solo FIGURA 07 – Perfil do solo na área do empreendimento 46 III.1.7 - Hidrografia: A bacia hidrográfica em que está inserido o empreendimento está relacionada com o Rio Sangão, que possui 49 quilômetros de extensão e é afluente do Rio Mãe Luzia. Próximo a área do PRAD podemos visualizar na Figura 8 a Lagoa Santa Libera e o Córrego Santa Libera que vai da lagoa até o Rio Sangão. LAGOA STA. LÍBERA SANTA LÍBERA CIDADE ALTA SA LAGOA FORMADA PELA SUBSIDÊNCIA DO DESMONTE DOS PILARES DO TERRENO DECORRENTE RICIÚM A ROD. SC -446 GAB RIEL ARN S P/ CR ICIÚ MA MINA "A" ÁREA DO PRAD. O RI N HA IN LH MINA "A" A P RIO SANGÃO I QU OR /F IÚM SA ÃO MINA "A" RIC S G AN ÃO G P/C CÓRREGO SANTA LÍBERA FOR-463 MINA "A" ANGUÁ AJÁ/ARAR P/MARAC P/C JO RG E P/C RIC IÚM A LA O RI ÃO NG CE RD A SANTA LÍBERA EXTRAÇÃO DE ARGILA OURO NEGRO RO D OVI A MU NI C IPAL GAB RE I LARN S 6 44 RODOV IA SC OURO NEGRO RODOVIA MUNICIPAL CRI-280 MUNICIP AL CRI-280 GOVERNADOR SÃO ROQUE FIGURA 08. Hidrografia da área em estudos. Juntos, os rios Mãe Luzia e Sangão compõem a maior bacia hidrográfica do extremo sul catarinense, a Bacia do Rio Araranguá. Afluente da margem esquerda do rio Mãe-Luzia, o rio Sangão exibe um padrão meandrante de alta sinuosidade, divagando sobre uma extensa planície plana de leques aluviais retrabalhados. Este rio corre paralelamente ao baixo curso do rio Mãe-Luzia em direção N-S, desenvolvendo uma expressiva planície aluvial. No baixo-médio curso, até a localidade de Sangão, consiste num típico rio de planície, apresentando uma bacia de muito baixa densidade 47 de drenagem. No médio-alto curso, o rio Sangão ainda mantém o padrão de canal meandrante de alta sinuosidade e um amplo fundo de vale. Mas, à montante da localidade de Sangão, o relevo plano da bacia cede lugar a terrenos com colinas de baixa amplitude topográfica e é delimitado por baixos platôs e cristas sustentadas por rochas de derrames basálticos, formando as cabeceiras da bacia. Apesar destas cristas e platôs alcançarem cotas entre 300 e 500m, são relativamente modestas frente às altitudes atingidas pelo topo da escarpa da Serra Geral, que sustentam cotas entre 1100 e 1 500m. No relevo de colinas, o padrão de drenagem é dendrítico a sub-dendrítico, com densidade de drenagem média. Já sobre os terrenos íngremes das escarpas dos baixos platôs e das cristas, o padrão de drenagem é paralelo a treliça, com densidade de drenagem alta. Sobre sub-bacias tributárias do rio Sangão estão assentados os sítios urbanos de Criciúma, Rio Maina e Metropolitana e também áreas de mineração de carvão. Este fato acarretou uma grande descarga de sedimentos e poluentes no médio curso do rio Sangão, implicando sua degradação ambiental. Sendo uma das bacias da vertente atlântica, as nascentes do Rio Araranguá localizam-se junto à Serra Geral, tendo como formadores os rios Itoupava, Mãe Luzia, Sangão entre outros aproximadamente 15 cursos de água que compõe o sistema hídrico da bacia. Nesta região merecem destaque o sistema de lagoas interligadas, junto à planície litorânea. A bacia do Rio Araranguá possui uma área de drenagem de 3.020 km² e uma densidade de drenagem de 1,95 km/km² e uma vazão média de 40 m³/s, drenando os territórios de 11 municípios da região. Segundo dados do DNAEE, a Bacia do Rio Araranguá apresenta seus índices máximos de vazão no período de fevereiro a março. As vazões mínimas ocorrem no período de novembro a janeiro, situando-se ao redor de 18 m³/s. No que diz respeito a disponibilidade de água, segundo dados levantados pela CASAN, as vazões citadas referem-se em média de 30 dias de duração de estiagem. No município de Araranguá, merecem destaques os rios Itoupava, na divisa com os municípios de Turvo e Meleiro, o rio Mãe Luzia na divisa de Meleiro e Maracajá, que são os principais formadores do Rio Araranguá. Estudos recentes feitos sobre a qualidade das águas superficiais da Região Carbonífera de Santa Catarina, sob a coordenação do Centro Nacional de Controle da Poluição na Mineração – DNPM/SP – CECOPOMIN, em 1992, estendendo-se até meados de 1996, quando 48 finalizou-se o Convênio de Cooperação Técnica, celebrado entre o DNPM e a Japan International Cooperation Agency – JAICA, com destaque para a bacia hidrográfica do Rio Sangão. Após esse período, a equipe técnica do CECOPOMIN, com base nas técnicas japonesas assimiladas procurou dar continuidade aos estudos, realizando novas adaptações e redirecionamento dos objetivos inicialmente propostos, com intuito de fornecer melhor conhecimento das condições hídricas superficiais e subsidiar ações que venham a beneficiar a qualidade de vida da população na região. A principal causa de poluição das águas superficiais na região, entre outras, está relacionada com a natureza química e acidez dos efluentes lançados pelas atividades de mineração, em decorrência da oxidação da pirita (FeS2) disseminada no carvão. Quando exposta ao oxigênio do ar e da água, devido sua liberação nas diferentes etapas do processamento mineral, forma solução de ácido sulfúrico e sulfato ferroso. Decorrência disto aparece o rebaixamento do pH das águas, que desencadeia uma série de reações químicas, possibilitando por exemplo a solubilização de diversos elementos (ferro, manganês, cálcio, magnésio, sódio e metais pesados). Essas condições trazem em seu conjunto efeitos ecológicos desastrosos aos rios, tornando-os impróprios ao desenvolvimento normal das populações aquáticas. A qualidade das águas superficiais, na maior parte da região encontra-se comprometida em função das atividades antrópicas, principalmente relativos aos efluentes domésticos e industriais de áreas mais densamente povoadas e pela mineração e beneficiamento de carvão, além da contaminação por agrotóxicos, decorrência das atividades agrícolas. O assoreamento dos cursos de água é outro problema observado freqüentemente na região, sendo conseqüência da lavra e beneficiamento de carvão e do intenso desmatamento, inclusive de matas ciliares. Análises realizadas pelo IPAT/UNESC em pontos à jusante de onde está instalado o empreendimento apresentou os seguintes resultados médios: 49 pH = 2,8 Acidez total = 545 Condutividade = 1,492 Chumbo = <0,05 Cobre = 0,04 Ferro Total = 113,00 Manganês = 2,47 Sólidos sedimentados = 2,50 Sólidos Totais = 1.502 Zinco = 1,25 Sulfatos = 5 Turbidez = 104,0 Cor = 365 TABELA 09 – Análise de água a juzante. O movimento das águas superficiais e freáticas na região de entorno da área do PRAD está diretamente relacionado com a rede de drenagem, fluindo na direção preferencial sul sudeste no sentido do rio Sangão, como pode ser observado no mapa hidrogeológico em anexo. Segundo dados da Estação Meteorológica de Araranguá, o Excesso Hídrico, que é obtido através do cálculo do balanço hídrico, e que representa a fração supérflua da água de chuva que atravessa o solo, no sul de Santa Catarina, expresso em milímetros, está abaixo de 400 mm anuais. Esta umidade alimenta as águas do lençol freático, que migram através de solos arenosos e seixos os (mais permeáveis) mais restritos às zonas superficiais, pois abaixo da camada aluvial, ocorrem no local sedimentações argilosas paleozóicas, barreira impermeável que impede a migração para outros aqüíferos mais profundos. 50 III.1.8 – Hidrogeologia Na região da área de estudos do PRAD, foram caracterizados dois tipos de aqüíferos distintos, o aquífero freático e aqüífero profundo que serão analisados detalhadamente. III.1.8.1 – Aqüífero Profundo: Na área estudada, e pela sua importância, será descrito apenas o aqüífero profundo relacionado à Formação Palermo cuja ocorrência é predominante no subsolo da região, com uma espessura média em torno 85 metros. A Formação Palermo, que caracteriza o início do evento transgressivo, é constituída de um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de intervalos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. As intercalações arenosas possuem espessura variável, predominando na base da Formação Palermo. Da base para o topo, começa a aumentar a fração argilosa e, portanto, as condições de armazenamento de água diminuem. Caracterização do aqüífero: Do ponto de vista hidrogeológico, a Formação Palermo comportam-se como aqüífero de baixa potencialidade, apresentando vazões em torno de 10 m3/h, com exceção de um intervalo estratigráfico posicionado na base da formação constituído por intercalações de arenitos finos laminados com siltitos arenosos, ambos muito bioturbados, que podem apresentar vazões maiores. Este intervalo possui espessura inferior a 3 metros, e geralmente tem boa entrada de água. Por suas características litológicas e granulométricas, posicionamento estratigráfico e distribuição em área, pode-se concluir que este aqüífero possui porosidade intergranular e é extenso. Porém, pelo fato de ocorrer sob a forma de um espesso pacote rítmico, constituído predominantemente por rochas impermeáveis ou pouco permeáveis, com subordinadas intercalações arenosas, mesmo em suas áreas de afloramento, comporta-se como aqüífero confinado. Localmente, onde ocorre interseção de diferentes sistemas de falhas, pode se comportar como aqüífero intergranular extenso fraturado, livre ou confinado. Com exceção de um intervalo estratigráfico posicionado na base da formação constituído por 51 intercalações de arenitos finos laminados com siltitos arenosos, ambos muito bioturbados. Este intervalo possui espessura inferior a 3 metros, e geralmente tem boa entrada de água. Por suas características litológicas e granulométricas, posicionamento estratigráfico e distribuição em área, pode-se concluir que este aqüífero possui porosidade intergranular e é extenso. Porém, pelo fato de ocorrer sob a forma de um espesso pacote rítmico, constituído predominantemente por rochas impermeáveis ou pouco permeáveis, com subordinadas intercalações arenosas, mesmo em suas áreas de afloramento, comporta-se como aqüífero confinado, extenso. Localmente, onde ocorre interseção de diferentes sistemas de falhas, pode se comportar como aqüífero intergranular extenso fraturado, livre ou confinado. O modelo hidrogeológico indica que suas áreas de recarga estão situadas nas encostas do planalto gonduânico e morros (Estevão e Albino). Na área de afloramento desta Formação, a recarga dá-se por infiltração direta, a partir das precipitações, através dos solos residuais e transportados. A drenagem superficial não atua na realimentação do aqüífero, com exceção de locais específicos onde ocorrem falhas com caráter distensional. Vulnerabilidade natural e riscos de contaminação Devido à presença de camadas de natureza predominantemente pelítica, intercaladas no pacote sedimentar da Formação Palermo, que possuem comportamento impermeável, podemos afirmar que a vulnerabilidade natural é de baixa à moderada. Com relação aos riscos de contaminação, ao longo do curso do Rio Sangão, onde afloram rochas da Formação Palermo, o risco poderia ser alto apenas se houvesse falhas abertas , uma vez que as suas águas que já estão contaminadas pelas atividades de mineração de carvão, poderiam através das dessas falhas atingir o aqüífero profundo. Caracterização Hidroquímica Os tipos geoquímicos das águas amostradas nos intervalos aqüíferos das Formações Palermo mostram que as águas deste sistema aqüífero possuem grande variação composicional. O gráfico de Piper, mostra que existe uma dispersão grande no tipo hidroquímico das águas da Formação Palermo. Considerando-se os cátions pode-se verificar que a maioria das 52 amostras é do tipo águas mistas ou sódicas. Na classificação geral, a maioria das amostras são do tipo sulfatada ou cloretada cálcica ou magnesiana e, subordinadamente, do tipo sulfatada ou cloretada sódica. FIGURA 09: Gráfico de Piper para as águas da Formação Palermo.( Krebs 2004) A leitura das Tabelas, que sintetiza as características fisico-químicas e microbiológicas das águas das formações Palermo, mostram que segundo os padrões de potabilidade de água para consumo humano (Portaria do Ministério da Saúde n. 1469/00), os parâmetros mais restritivos são o manganês, alumínio e ferro total para a Formação Palermo. Constatou-se também que as águas já apresentam comprometimento devido à presença de coliformes totais e fecais, evidenciando a interferência antrópica nas características das águas deste Sistema Aqüífero. 53 TABELA 10: Características físico-químicas e microbiológicas dos pontos de água Formação Palermo. Extraído de ( KREBS 2004) A FIGURA 10 mostra o diagrama de RAS para a Formação Palermo. A leitura da referida Figura mostra que todas as águas possuem baixo risco de sódio. De uma maneira geral, estas águas podem ser utilizadas para fins de irrigação, sem necessidade de práticas especiais de controle de salinidade, com exceção da área correspondente à amostra que apresentou alto risco de salinização. 54 FIGURA 10: Diagrama para classificação das águas de irrigação em função dos teores de sais (salinidade) e sódio para a Formação Palermo( Krebs 2004). A TABELA 11 demonstra que 40% das amostras apresentaram baixa salinidade e baixos teores de sódio, indicando que estas águas podem ser utilizadas na irrigação sem o comprometimento do solo e das plantas (C1S1), 50% apresentam média salinidade e baixos teores de sódio, indicando que podem ser utilizadas sempre que haja um grau moderado de lavagem do solo, porém, sem a necessidade de práticas de controle de salinidade (C2S1), e 10 % das amostras apresentaram salinidade alta e baixos teores de sódio, indicando que não podem ser utilizadas em solos com drenagens insuficientes, podendo ser necessário o uso de práticas especiais para o controle de salinidade (C3S1). CLASSES NÚMERO FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA AMOSTRAS RELATIVA ACUMULADA (%) (%) C1 S1 4 40,0 40,0 C2 S1 5 50,0 90,0 C3 S1 1 10,0 100,0 TOTAL 10 - - TABELA 11: Número de amostras analisadas e percentuais em função dos teores de sais (salinidade) e sódio para a Formação Palermo 55 III.1.8.2 – Aqüífero Freático: Os aquíferos freáticos ou de águas sub-superficiais estão relacionados principalmente aos leques aluviais pertencentes à cobertura sedimentar de idade quaternária. Os leques aluviais, de extensa ocorrência, na região localizados principalmente na planície do Rio Santa Luzia e com limite a Leste ao longo do curso meandrante do Rio Sangão. Estes depósitos são constituídos por duas seqüências distintas: uma inferior, formada quase exclusivamente por material grosseiro de vários tamanhos (seixos, cascalhos e blocos) , e outra superior, de granulometria areno-argilosa . Na margem leste do Rio Sangão ocorre apenas a porção superior do leque aluvial. Este intervalo inferior, constituído predominantemente por material rudáceo, com pequena cobertura de material argilo-arenoso, constitui o melhor aqüífero com boas perspectivas para a explotação de água através de poços escavados, ponteiras ou poços tubulares. Litologicamente estes depósitos são formados por grânulos, seixos, cascalhos e blocos de rochas basálticas e, subordinadamente, areníticas ou pelíticas, com ou sem matriz arenosa. A espessura do aqüífero freático varia de 0,50 metros próximo ao Rio Sangão à cerca de 20,00 metros próximo ao Rio Mãe Luzia. Mais a oeste da área de estudo atinge mais de 30,00 metros de espessura (região de Maracajá-Meleiro). Caracterização do aqüífero As características hidrogeológicas presentes no aqüífero freático, permitem classificar o mesmo como um aqüífero de porosidade intergranular extenso, muito permeáveis, com regime de fluxo livre, semi-confinado ou confinado, com nível estático próximo à superfície. Quanto a potencialidade , principalmente na parte inferior do aqüífero, onde ocorrem seixos com matriz arenosa, são considerados os melhores da região, geralmente com vazões altas, atingindo até 50 m3/h na região de Maracajá, devido a grande permeabilidade e extensa área de recarga. A recarga se processa de maneira direta a partir das precipitações através dos próprios depósitos de leques ou de seus solos residuais e de maneira indireta a partir da infiltração de água nas encostas e deslocamento para as planícies onde se encontram os leques, isto é, no 56 sentido do declive hidráulico. Em alguns trechos os rios Mãe Luzia e Sangão contribuem para a recarga do aqüífero relacionado aos leques aluviais. Vulnerabilidade natural e riscos de contaminação O aqüífero freático possui vulnerabilidade natural que varia de moderada à alta. O que vai definir a vulnerabilidade é a presença ou não na parte superior do aqüífero de um material de cobertura síltico-argiloso, originada a partir de processos de transbordamento ou pela presença de solo residual espesso e pouco permeável. Quando isto ocorre a vulnerabilidade é moderada. Se na área, não ocorre esta cobertura de material argiloso, a vulnerabilidade do aqüífero será alta. Com relação ao risco de contaminação, o risco potencial mais alto relaciona-se às cargas difusas oriundas dos pesticidas utilizados de maneira extensiva nesta bacia, no domínio dos leques aluviais, prática comum para o cultivo de arroz irrigado. As atividades de mineração e de beneficiamento de carvão pouco interferem na área dos leques, a não ser indiretamente onde os agricultores que cultivam arroz irrigado aduzem águas poluídas do rio Mãe Luzia para dentro das canchas em áreas distantes vários quilômetros do referido rio ou quando acontecem cheias do Rio Sangão (totalmente poluído pela mineração do carvão) que inundam os terrenos margeantes com possibilidade de contaminação do aqüífero freático. Caracterização hidroquímica Os tipos geoquímicos das águas amostradas nos intervalos aqüíferos freáticos mostram que existem três famílias de água bem definidas neste sistema aqüífero, como está demonstrado no diagrama de Piper, apresentado na Figura 11. O grupo principal, constituído por 51,6% das amostras, concentra-se no campo das águas bicarbonatadas cálcicas ou magnesianas; 25,8% foram classificadas como águas sulfatadas ou cloretadas sódicas; e 16,1%, como bicarbonatadas sódicas. Somente 6,5% foram classificadas como sulfatadas ou cloretadas cálcicas ou magnesianas. Considerando-se o campo dos cátions, verifica-se que a maioria das águas, ou seja, 54,8%, é classificada como águas mistas e 41,9%, como águas sódicas. Considerando-se o campo dos ânions, constata-se que 67,7% são classificadas como águas bicarbonatadas e 25,8%, como águas cloretadas. 57 FIGURA 11: Diagrama de Piper para as águas do Sistema Aqüífero Leques Aluviais. ( Krebs 2004) A TABELA 12, apresenta os resultados de análises físico-químicas e microbiológicas deste sistema aqüífero no município de Forquilhinha. 58 TABELA 12: Características físico-químicas e bacteriológicas dos pontos de águas dos leques aluviais. (Modificado de Krebs 2004) 59 Com relação ao pH, constatou-se que a maioria das amostras analisadas indicou valores inferiores a 6 pontos ( de 4,30 a 5,50), demonstrando que estas águas são levemente ácidas. Acredita-se que este fato esteja relacionado à prática de adução de águas ácidas do rio Mãe Luzia para irrigação das quadras de arroz. A TABELA 12 mostra que com relação aos metais, o alumínio e o ferro são os parâmetros mais restritivos para o uso destas águas para fins de potabilidade (Portaria 1469 de dez. 2000). O alumínio apresentou valores elevados no município de Forquilhinha ( 0,6 mg/L) e quanto ao ferro total os valores encontrados estão dentro dos limites de potabilidade (< que 0,30 mg/L). Com relação ao manganês, constatou-se que as águas deste sistema apresentam valores normais dentro dos padrões de potabilidade (< que 0,1 mg/L). Com relação às análises microbiológicas, a TABELA 12 mostra que, com raras exceções, as águas apresentam valores de coliformes totais e fecais fora dos padrões de potabilidade. Próximo a área do PRAD foi amostrado um único ponto, o piezômetro instalado pela CSN, localizado a cerca de 1.250 metros da área ocupada pelo depósito. O intuito desta amostragem é caracterizar a qualidade das águas subterrâneas no entorno ao antigo depósito de rejeitos. Sabe-se que todo o entorno foi ocupado por rejeitos do beneficiamento do carvão dispostos por anos sem controle algum, contudo torna-se fundamental caracterizar estas águas a fim de nortear a escolha da melhor alternativa para a elaboração e execução do presente projeto. Neste piezômetro o nível de água está a 5,70 metros de profundidade e os valores observados indicam a contaminação do freático. O pH fica em torno 2,41, e valores de ferro 1,43 mg/l e manganês 1,53 mg/l. Os demais parâmetros analisados assim como o laudo laboratorial são apresentado em anexo ao trabalho. Os procedimentos de amostragem e monitoramento de águas subterrâneas fundamentaram-se na norma CETESB 6410 de 1988. Com relação à utilização das águas dos leques aluviais para fins de irrigação, a FIGURA 12 e a TABELA 13 mostram que 63,20 % das águas possuem baixa salinidade e baixos teores de sódio, mostrando que estas águas podem ser utilizadas na irrigação sem causar nenhum problema às plantas e ao solo (C1S1). Os restantes 36,80 % apresentaram salinidade média com baixos teores de sódio, indicando que podem ser utilizadas sempre que houver um grau moderado de lavagem do solo, sem a necessidade de práticas especiais de controle da salinidade (C2S1). 60 FIGURA 12: Diagrama de SAR para as águas do Sistema Aqüífero Leques Aluviais. ( Krebs 2004) CLASSES NÚMERO AMOSTRAS C1 S1 C2 S1 TOTAL 12 7 19 FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) 63,20 36,80 - FREQÜÊNCIA ACUMULADA (%) 63,20 100,0 - TABELA 13: Número de amostras analisadas e percentuais em função dos teores de sais (salinidade) e sódio para os Depósitos de Leques Aluviais( Krebs 2004) 61 III.1.9 - Características Bióticas III.1.9.1 -Flora Formação Original – Caracterização das Florestas Primárias Quanto à vegetação, diversas foram às classificações apresentadas ao longo dos anos, entretanto, ao se realizar uma análise comparativa entre os trabalhos dos diferentes autores, percebe-se uma grande diferença de terminologias das formações vegetais para esta área. A causa das diferenças poderá estar na utilização de diversos critérios de agrupamento e classificação da cobertura vegetal e ausência de inúmeros elementos à determinação mais exata de algumas formações. A Mata atlântica recebeu diversas denominações desde que Martius, na primeira metade do século passado. Sendo assim, para classificação e estudos fitogeográficos utilizamos as designações atuais para a classificação da vegetação original que cobria a maior parte da região sul de Santa Catarina, incluindo a área de estudo a qual foi denominada de Mata Atlântica. A Mata Atlântica, segundo definição aprovada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em 1992, e incorporada ao Decreto Federal 750/93, correspondentes as áreas primitivamente ocupadas por formações vegetais constantes do Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988 e 1992) que, formavam originalmente uma cobertura praticamente contínua na região sul e sudeste: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Mista e Aberta. 62 MAPA FITOGEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA Florianópolis Porto de Imbituba Lagoa do Mirin Imbituba Lagoa de Imaruí Capivari de Baixo FLORESTA OMBRÓFILA DENSA Floresta Secundária e Atividade Agricola Gramínea-lenhosa SAVANA (CERRADO E CAMPO) SAVANA-CERRADO E CAMPO Gramíneo-lenhosa - Arb. Aberta - Ativ. Agrícola Gramíneo - lenhosa FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ÁREA / TENSÃO ECOLÓGICA Montana - Altomontana - Veget. Secundária Floresta Ombrófila Densa / Mista FLORESTA OMBRÓFILA MISTA Montana - Vegetação Secundária FLORESTA OMBRÓFILA DENSA Submontana - Montana - Veg. Secundária FLORESTA OMBRÓFILA MISTA Vegetação Secundária e Atividade Agrária Tubarão SAVANA ESTÉPICA Siderópolis Nova Veneza Laguna Jaguaruna Criciúma Forquilhinha Içara ÁREA / TENSÃO ECOLÓGICA Floresta Ombrófila Densa / Mista ÁREA DAS FORMAÇÕES PIONEIRAS Influência Fluvial - Restinga - Mangue ÁREA DO EMPREENDIMENTO Localização MAPA FITOGEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA (FONTE: VELOSO/IBGE, 1992) FIGURA 13. Mapa Fitogeográfico de Santa Catarina e localização da área em estudos. As designações mais comuns são: Floresta Atlântica (CAMPOS, 1944; RIZZINI, 1963), Mata Atlântica (AZEVEDO, 1950), Floresta Pluvial Tropical (VELOSO, 1966), Floresta Tropical Atlântica ou Mata Pluvial da Encosta Atlântica (KLEIN, 1978), Floresta Ombrófila Densa (VELOSO & GÓES-FILHO, 1982; VELOSO et al, 1991). A designação Floresta Ombrófila Densa é de ELLENBERG e MUELLER-DOMBOIS (1965). Incluída no novo sistema de classificação fisionômico-ecológica da vegetação mundial proposto a UNESCO, e por ela adotado em 1973, com algumas alterações (KLEIN & LEITE, 1987). Segundo (VELOSO, 1992), o termo Floresta Ombrófila Densa, criado por Ellemberg & Muller-Dombois (1965/6), substituiu o Pluvial (de origem latina) por Ombrófila (de origem grega), ambos com o mesmo significado “amigo das chuvas”. Alem disso, empregaram pela primeira vez os termos densa e aberta como divisão deste tipo de florestas dentro do espaço intertropical, muito embora este tipo de vegetação seja também conhecido pelo também pelo 63 nome original dado por Schiper (1903) e reafirmado por Richards (1952) de “ Floresta Pluvial Tropical”. Veloso, 1992, classifica a vegetação brasileira em: classes de formações, subclasses de formações, grupos de formações, subgrupos de formações, formações e subformações. Segundo esta nova classificação a área em estudos encontra-se na área de dominância da Floresta Ombrófila Higrófita Densa Submontana como no mapa a seguir. A área em estudo caracteriza-se por pertencer à Tipologia Vegetal denominada Floresta Ombrófila Densa, de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Este tipo de vegetação tem como característica ecológica principal a de pertencer aos ambientes ombrófilos. As características ombrotérmicas desta vegetação estão ligadas a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas, 25ºC de média, e de alta precipitação que é bem distribuída durante o ano, de 0 a 60 dias secos, o que determina uma situação bioecológica praticamente sem período seco (IBGE, 1992). Segundo o Projeto RADAM/BRASIL (IBGE, 1986) e (VELOSO, 1992), a Floresta Ombrófila Densa apresenta diversas divisões, sendo que na região de estudo ela é dominada pela Floresta Ombrófila Densa Submontana, pois esta formação encontra-se revestindo desde áreas planas do Quaternário, até bem acidentadas do Pré-Cambriano e Permiano até o Jurássico, em altitudes que variam de 30 a 400 metros de altitude. Este tipo de vegetação caracteriza-se por ter uma cobertura arbórea densa e uniforme, bem desenvolvida, atingindo 25 a 30 metros de altura. Pode-se dizer que o clima tropical faz com que exista um crescimento contínuo da vegetação pertencente a esta tipologia. Este mesmo clima tropical faz com que no interior da floresta ocorram muitas epífitas (IBGE, 1992). O estrato arbóreo superior é constituído por um grupo heterogêneo de espécies como o Schizolobium parahyba (guapuruvu), Pterocarpus violaceus (pau-sangue), Aspidosperma olivaceum (guatambú), Sloanea guianensis (laranjeira-do-mato), Cedrela fissilis (cedro), Cabralea canjerana (canjerana), Centrolobium robustum (araribá), entre outros.No estrato médio situam-se espécies como o Euterpe edulis (palmito), a Pera glabrata (tabocuva) e a Guarea sp (baga-de-morcego), entre outras. Entre as espécies arbóreas latifoliadas ocorrem nesta formação tem-se Ocotea catharinensis (canela-preta), Sloanea guinensis (laranjeira do mato), Aspidosperma olivaceum (peroba vermelha), Talauma ovata (baguaçu), Schizolobium parayba (guarapuvu) e Didymopanax angustissimum (pau-mandioca). Os estratos de arboretas são bastante homogêneos e 64 caracterizados pelas espécies: Actinostemon concolor (laranjeira-do-mato), Pêra glabrata (seca-ligeiro), Sorocea bomplandii (carapicica), Esembeckia grandiflora (cutia) e Euterpe edulis (palmiteiro) que muito contribuem para o aspecto fisionômico desta floresta (IBGE, 1986) O estrato herbáceo caracteriza-se, principalmente, pela ocorrência de Hedyosmum brasiliense (erva-cidreira), Calathea sp. (caeté) e o Helliconia veloziana (caeté-banana) (KLEIN, 1980). Caracterização da Vegetação Secundária Este remanescente está localizado ao norte da rodovia SC 446, Gabriel Arns, próxima ao antigo Depósito de Rejeitos da CBCA, de sua propriedade, nas margens do Rio Sangão, situada no município de Forquilhinha, SC, como mostra a FIGURA 14. FIGURA 14. Vista do Remanescente localizado na área em estudos. Este remanescente ocupa uma área de aproximadamente 6.276,98 m2, formada por vegetação pioneira caracterizando um ambiente de capoeirinha, e grande quantidade de Eucaliptus sp. Este fragmento encontra-se descaracterizado devido a forte influência das águas superficiais que percolam pelo depósito de rejeitos e grande quantidade de Eucaliptus sp.. No entorno do fragmento existe grande quantidade de vegetação herbácea caracterizada, principalmente, pela 65 presença abundante das espécies Pteridium aquilinum (Pteridaceae). A presença de samambaias ninho de galinha (Pteridium aquilinum) evidencia a formação de solos ácidos decorrentes de águas superficiais dos depósitos que circundam este fragmento e das águas do próprio Rio Sangão que em períodos de cheia invadem as áreas marginais, visto que esta é uma espécie típica de solos ácidos. O levantamento florístico deste remanescente foi realizado nos dias 25 e 26 de julho de 2005, com o primeiro caminhamento iniciando nas coordenadas UTM 0653945 e 6818454 finalizando nas coordenadas UTM 0653972 e 6818319, com o caminhamento perpendicular iniciando em 0653940 e 6818363, finalizando nas coordenadas 0653992 e 6818384. Neste remanescente foram encontradas 16 famílias botânicas, sendo que as família Myrtaceae, Melastomataceae e Euphorbiaceae apresentaram três espécies por família, pertencente a gêneros diferentes, seguidas da família Lauraceae, também com espécies pertencentes a gêneros diferentes. A fitossociologia apresentou a capororoca (Myrsine coriacea) como a espécie de maior densidade relativa com 58,19% dos indivíduos, seguidas de (Miconia sp.) com 6,55%, grandiúva (Trema micrantha) 5,74%, tanheiro (Alchornea triplinervia) com 4,10%, vassourão (Eupatorium inulaefolium) com 3,28%, tanheiro gay (Alchornea glandulosa) com 2,46%. As espécies (Eucaliptus sp.), (Jacaranda puberula) e (Cecropia glazouvi) apresentaram uma densidade relativa de 1,64% e as demais espécies com 0,82 %. Quanto aos índices utilizados na comparação entre os fragmento, este remanescente apresentou uma Diversidade de Shanon-Wiener com valor de H`: 0,62714, mostrando-se extremamente baixo, se comparado com as demais áreas, sendo que os valores máximos para este índice não ultrapassam H`max: 1,45. O valor total de Equitabilidade J (Shanon-Wiener) para este foi de J: 0,5472, este índice se refere à distribuição dos indivíduos entre as espécies, sendo proporcional à diversidade e inversamente proporcional a dominância. A medida de Equitabilidade ou Equidade, compara a diversidade de Shanon-Wiener com a distribuição das espécies observadas que maximiza a diversidade, estes valores são fundamentais quando se deseja comparar diferentes levantamentos. Os valores de Dominância (Simpson) mostram que a espécie Myrsine coriaceae (capororoca) apresenta a maior dominância com Abundância Relativa, pi: 0,6514, valores extremamente alto mostrando uma grande dominância desta espécie nesta área. A altura média dos indivíduos amostrados neste fragmento foi de 5,6 metros, a máxima de 66 17,5 e a mínima de 2,8 metros. Quanto ao DAP, tem-se uma média encontrada de 15,8 centímetros, o maior com 76,5 cm e o menor com 5,7 cm. Os dados fitossociológicos observados mostram valores encontrados para altura média da cobertura vegetal e valores de seu DAP, característicos de vegetação em estádio inicial de regeneração, capoeirinha SCHÄFFER; PROCHNOW (2002). A fitossociologia neste remanescente apresentou a capororoca (Myrsine coriacea) como a espécie de maior densidade absoluta de 3.550 indivíduos/ha. O valor médio de indivíduos amostrados por parcelas foi de 61,0 indivíduos, o que corresponde a uma densidade total de cerca de 6.100 indivíduos/ha. Confrontando os valores de densidades encontrados neste levantamento com os valores observados por MAUHS & BACKES (2002) e DORNELES & NEGRELLE (2000), percebemos uma densidade total relativamente baixa, características de estágios iniciais de regeneração (capoeirinha). Espécies Famílias Categorias Síndrome Altura DAP Sucessionais Disperção Média Médi (m) a (cm) Syagrus romanzoffiana Arecaceae Sta. Zooc. 3,8 8,0 Eupatorium inulaefolium Asteraceae Pion. Anemoc. 5,0 15,0 Jacaranda puberula Bignoniaceae Pion. Anemoc. 2,8 5,7 Cecropia glazioui Cecropiaceae Pion. Zooc. 3,83 10,0 Erythrxyilum deciduum Erythroxylaceae Pion. Zooc - - Alchornea glandulosa Euphorbiaceae Pion. Zooc. 7,45 33,3 Alchornea triplinervia Euphorbiaceae Pion.e Sin. Zooc. 4,77 18,4 Sapium glandulatum Euphorbiaceae Pion. Autoc. 4,5 12,0 Casearia sylvestris Flacourtiaceae Pion. Zooc. - - Nectandra membranaceae Lauraceae Sta. Zooc. 5,7 12,5 Ocotea porosa Lauraceae Pion./Sin. Zooc. 17,5 76,5 Miconia cabuçu Melastomataceae Pion. Zooc. 4,2 7,1 Miconia sp. Melastomataceae Pion./Sin. Zooc. 4,76 7,6 67 Tibouchina granulosa Melastomataceae Sin. Anemoc. 2,9 6,5 Mimosa bimucromata Mimosaceae Pion. Autoc. 7,6 29,0 Myrsine coriacea Myrsinaceae Sin. Zooc. 5,9 13,7 Eucaliptus sp.* Myrtaceae - Anemoc. 4,6 7,5 Myrcia glabra Myrtaceae - Zooc. 6,2 7,5 Myrcia rostrata Myrtaceae Pion. Zooc. - - Cupania vernalis Sapindaceae Pion. Zooc. 3,6 7,0 Luehea divaricata Tiliaceae Sin. Autoc. - - Trema micrantha Ulmaceae Pion. - 5,5 15,4 Aegiphila sellowiana Verbenaceae Sin. Zooc. 3,0 7,5 TABELA 14. Lista das espécies encontradas no remanescente 03, situado próximo ao antigo Depósito de Rejeitos da Carbonífera CBCA, Forquilhinha, SC. Lista de espécies, categorias sucessionais, altura média, DAP e síndromes de disperção, onde: (Pion.): Pioneiras, (Sin.): Secundária Inicial, (Sta.): Secundária Tardia e (Clim.): Clímax; (Zooc.): Zoocoria, (Anemoc.): Anemocoria e (Autoc.): Autocoria. Obs. (* espécie exótica). Quanto às síndromes de dispersão, a maioria das espécies apresentou dispersão por Zoocoria (68,2%), seguidas de Autocoria (13,6%) e Anemocoria (18,2%), gráfico 08. Plantas com disperção por Zoocoria são importantes atrativos na fauna, seus frutos com porção comestível e resistente proteção, nem sempre são digeridos e constituem um fator fundamental no processo de sucessão ecológica da comunidade vegetal. Já a anemocoria é fundamental na fase inicial de restauração do processo sucessional, visto que as sementes de tamanho reduzidos, muitas vezes semelhantes a pó; milhões/planta são dispersas pelo vento, contendo os processos erosivos e iniciando os processos de sucessão. 68 Síndromes de Dispersão 13.60% 18.20% 68.20% 1 Zoocoria 2 Anemocoria 3 Autocoria GRÁFICO 05. Síndromes de Dispersão das espécies amostradas no Remanescente. Categorias Sucessionais 62.50% 70.00% 60.00% 50.00% 29.20% 40.00% 30.00% 8.33% 20.00% 0% 10.00% 0.00% Pion. Sec.iniciais Sec. Tardias Climácicas GRÁFICO 06. Categorias Sucessionais das espécies amostradas no remanescente. Quanto as Categorias Sucessionais a grande maioria (62,5%) das espécies amostradas dentro e fora das parcelas (Levantamento florístico e fitossociológico) apresentou características de vegetação pioneira e 29,2% características de Secundárias Iniciais e 8,3% em estágios Secundário Tardio. Segundo dados fornecidos pelo levantamento fitossociológico, SCHÄFFER; PROCHNOW (2002) enquadrariam este remanescente como em estádio inicial (capoeirinha) Seria interessante integrar este remanescente ao desenvolvimento do empreendimento, em especial a construção do novo plano inclinado. É fundamental manter intacto e com possibilidades de enriquecimento este fragmento, pois apesar de estar profundamente descaracterizado é um fragmento fundamental na constituição da mata ciliar do Rio Sangão. 69 Também é necessário tomar providências quanto à acidez proveniente das águas que percolam do antigo depósito de rejeitos, pois estas águas comprometem a manutenção dos indivíduos deste fragmento. III.1.9.2 -Fauna Avifauna A avifauna é um grupo de vertebrados com grandes possibilidades de serem utilizadas como bioindicadores, pois é de ampla distribuição, fácil diagnóstico e bom indicador de impactos ambientais. As aves são de extrema importância, pois se pode obter dados em um curto espaço de tempo, são de habitat e hábitos variados podendo indicar assim o ecossistema da área em estudo. Assim áreas em recuperação podem ser monitoradas utilizando-se a ornitofauna como um bioindicador da qualidade ambiental que se pretende instalar na área a ser recuperada. No que se refere à ornitofauna, é assinalado para o Estado de Santa Catarina a presença de 596 espécies, com cerca de 60% junto a Floresta Ombrófila Densa da Encosta Atlântica A destruição desta formação, reduziu drasticamente a comunidade de aves, as quais dependem de ambientes densamente florestados. Entretanto, ao longo da Serra Geral as extensões significativas de floresta remanescente proporcionam uma riqueza de nichos, abrigando uma variada fauna, principalmente através das florestas densas, capoeirões e capoeiras (Rosário, 1996). É importante destacar as consultas bibliográficas no levantamento feito por Albuquerque, in FATMA e UFRGS (1978), realizado em áreas de vegetação em meio a depósitos de pirita, em Siderópolis, SC. Segundo Berger & Marteter (1991), entre as aves mais comuns nas zonas de planície da região carbonífera, caracterizada por depósitos de estéreis e rejeitos perigosos, algumas vezes com cobertura de plantios de eucalipto e capoeira, ressalta-se a presença de urubu-preto (Coragyps astratus), gavião-carrapateiro (Milvago chimachima), gavião-carijó (Buteo magnirostris), rolinha (Columbina talpacoti), anu-branco (Guira guira), saci (Tapera naevia), joão-de-barro (Furnarius rufus), o joão-tenenem (Synnallaxis spixi), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), andorinha (Notiochelidon cyanoleuca ), corruira (Trogloddites aedon), gente- 70 de-fora-vem (Cyclarhis gujanensis), canário-da-terra (Sicalis luteola) e tico-tico (Zonotrichia capensis) . Algumas áreas, onde os ambientes com forte alteração antrópica são mais comuns ou apresentam vegetação secundária arbórea baixa e arbustiva, é flagrante a ausência de complexidade na estrutura da vegetação, determinando uma escassez de sinúsias, condição fundamental para a distribuição da avifauna. Dentre as espécies encontradas sobrevoando ou pousadas na área podemos citar: forneira (Furnarius rufus), suiriri (Tyrannus melancholicus), quero-quero (Vanellus chilensis), bemte-vi (Pitangus sulphuratus), bem-te-vi-do-gado (Machetornis rixosus), tesourinha (Tyrannus savana), canário-da-terra (Sicalis flaveola), sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), canário-docampo (Emberizoides herbicola), andorinha-pequena (Notiochelidon cyanoleuca), corruíra (Troglodytes aedon), pardal (Passer domesticus). Herpetofauna A herpetofauna do estado de Santa Catarina é relativamente pouco conhecida se comparada a outros estados. Apesar disso, a riqueza de anfíbios e répteis para o estado é alta, estava sendo estimado em 1978 um número ao redor de 300 espécies, com cerca de 50% para cada um dos grupos. Este valor representa aproximadamente 20% das espécies da herpetofauna conhecidas para o Brasil e entre 3% a 5% da biodiversidade mundial de anfíbios e répteis respectivamente. O elevado grau de riqueza deve-se à ocorrência de alguns remanescentes da Floresta Atlântica e à existência de uma ampla gama de outras formações vegetais, em especial as Florestas Estacionais e os Campos de Altitude, em ambientes da Serra Geral e Serra do Mar. Quando do relevo mais acidentado, pode ser verificado certo isolamento geográfico a algumas populações, gerando alto grau de endemismo (Abe & Martins, 1998). Por outro lado, em ambientes de estéreis e rejeitos da mineração a céu aberto, é citada a ausência quase total de anfíbios e escassa presença de répteis, em especial o grupo dos Ophidia (Lema in FATMA & UFRGS,1978). Os anfíbios são abundantes e funcionalmente importantes em muitos habitats terrestres e aquáticos, sejam tropicais, subtropicais ou temperados. Sua maior diversidade ocorre nas florestas tropicais úmidas, onde o processo acelerado de desmatamento pode ter efeitos desastrosos sobre suas populações (PEDRALLI et al, 2001). 71 Em decorrência da acidez acentuada e da forte poluição das águas pelo carvão e outros tipos de contaminantes gerados por anos, as condições são desfavoráveis tanto para peixes como para anfíbios. Estes últimos podem viver também junto a algumas epífitas (Bromeliáceas), espécies que se adaptam bem a ambientes preservados. A maioria dessas espécies depende do meio hídrico, pelo menos na fase larval (girinos). Por isso, os anfíbios são altamente sensíveis tanto a alterações na qualidade da água (em especial sua contaminação por resíduos de inseticidas, fertilizantes e por drenagens de minerações), quanto à mudança hidrológica que afetam a umidade de seus hábitats. Os anfíbios constituem um grupo de animais potencialmente sensível a atividades impactantes, já que dependem da preservação de seu ambiente para obterem seu alimento, para reprodução e regulação fisiológica da temperatura e umidade corporal (PEDRALLI et al, 2001). Para a área em questão não foi identificada nenhuma espécies de anfíbio, apenas a presença de um exemplar de lagarto-de-papo-amarelo (Tupinambis teguixim). Próximo a área foram identificadas as seguintes espécies: sapo (Bufo ictericus) e rãs (Hila sp.). Moradores locais e funcionários relatam a existência de cobras peçonhentas, como as jararacas e cruzeiras (Bothrops sp.), coral (micrurus sp.), além de lagarto (Teyus teyou), lagarto-de-papo-amarelo (Tupinambis teguixim) e lagartixas (Hemidactylus mabouia). Mastofauna A área em estudos pertence a região de domínio da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial da encosta atlântica). Esta formação de caráter tropical está entre um dos ecossistemas com maior biodiversidade no planeta. De acordo com CABRERA (1980) podemos situar a região como de domínio zoogeografico Amazônico/Província Atlântica, possuindo uma fauna bem definida, com gêneros, espécies e subespécies endêmicos. Com referência à fauna de mamíferos, Santa Catarina possui 169 espécies. Segundo Cimardi (1996), entre as espécies ameaçadas para a região, destacam-se os felinos (Felis sp.), ocorrendo a sua quase totalidade em altitudes acima de 800 (Cimardi, 1996). Uma espécie ameaçada de extinção para o sul de Santa Catarina é a lontra (Lutra longicaudis), animal praticamente inexistente em decorrência, entre outros aspectos, da situação dos cursos de 72 água, a maioria poluídos pelos resíduos de atividade carbonífera e agrícola. Cabe ressaltar a extinção local do veado-galheiro (Dorcephalus dichotomus), citado por Rambo (1948, apud Cimardi, 1996) para o município de Sombrio. A região mais significativa no que se refere à biodiversidade, onde comunidades vegetais e animais permaneceram mais conservados, é a escarpa da Serra Geral. Daí deve-se o enriquecimento e a dispersão de animais que provém da chamada Área do Centro Oriental, podendo alastrar-se pela encosta inferior da Serra Geral até municípios como Criciúma e Forquilhinha. No que se refere aos mamíferos, as espécies de maior significância, provindo da região serrana, e que praticamente são muito raras ou ausentes na presente área, podem ser citados o gato-do-mato (Felis sp.), o bugio (Allouata fusca), o ouriço-caixeiro (Coendu sp.), o coati (Nasua narica) e a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) destaca-se a presença comum de roedores do gênero Cavia (preás). Por outro lado, certas espécies da fauna nativa favoreceram-se pela formação de novos habitats, resultando em algumas vezes no aumento da população de animais silvestres associadas a ambientes rurais, como no caso do graxaim (Dusicyon thous) e o gambá (Didelphis sp.) em bordas de matas. Nas proximidades de residências rurais, são relatadas as presenças constantes de gambá (Didelphis sp.), confirmada através do registro de pegada próximo a área (FIGURA 15, A). Através de registros indiretos foram observados várias tocas de tatu (Dasypodidae), espalhadas ao longo do fragmento estudado (FIGURA 15, B). A FIGURA 15 - A) Pegadas de gambá (Didelphis sp.) e B) Cova feita por tatu (Dasypodidae). B 73 Ictiofauna A fauna ictiológica é provavelmente a mais prejudicada, sendo que os corpos de água de maior volume apresentam-se seriamente comprometidos pela poluição decorrente dos depósitos de pirita, em especial os corpos d´água situados mais ao norte do área do empreendimento. Próximo a área, localizado a cerca de 1.300 metros, encontra-se a Lagoa Santa Libera (FIGURA 16), um dos poucos locais onde a qualidade de água encontra condições para manutenção da ictiofauna local. As ações de recuperação na área de pátio da empresa têm demonstrado mudanças significativas na qualidade ambiental desta lagoa. O redirecionamento das águas de pátio e o recobrimento do rejeito piritoso, antes exposto, vem contribuindo para a manutenção deste ecossistema. FIGURA 16 - Vista da Lagoa Santa Libera. O levantamento ictiofaunístico realizado durante a elaboração do EIA/RIMA (2006) e apresentado pela empresa em maio de 2006 apontou as espécies representantes da ictiofauna presente neste ambiente. Foram capturadas e observadas cinco espécies nas lagoas descritas anteriormente: Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) (cará), Astyanax jacuhiensis Cope, 1824 (lambari); Crenicichla sp. (badejo); Phallocerus caudimaculatus (Hensel, 1868) (barrigudinho); Hoplias mallabaricus (traíra). 74 A B C FIGURA 17 - Ictiofauna capturada na Lagoa Santa Líbera. a) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) (cará); b) Crenicichla sp. (Badejo); c) Hoplias mallabaricus (Traíra). Ao mesmo tempo em que os peixes fazem de um importante grupo que compõe a biodiversidade desses sistemas, os peixes podem ser um importante indicador para o meio biótico aquático. Variações na taxocenose da fauna têm sido atualmente utilizadas para indicar os níveis de poluição no meio aquático (BRUSCHI JÚNIOR et. al., 2000). Já que está demonstrado que as alterações na qualidade de um corpo d´água refletem-se na composição da fauna de peixes aí presente. Sendo assim é fundamental uma caracterização dos grupos ictiofaunísticos presentes nesta lagoa como forma de orientar o processo de elaboração e execução dos monitoramentos propostos. III.1.9.3 - Inter-relações entre Fauna e Flora O objetivo principal da recuperação de uma área degradada é iniciar o processo de resiliência, ou seja, o processo de regeneração natural do ambiente impactado, de forma que este retome 75 as suas características originais, ou mais próximas o possível. Sendo assim, é fundamental na recuperação de uma área, o inter-relacionamento entre fauna e flora. As características do meio que merecem ser consideradas numa avaliação da relação habitatfauna incluem não só a vegetação, mas também os aspectos físicos e geomorfológicos. A vegetação é certamente uma das mais importantes características do meio para a maioria dois animais. Assim impactos nesse segmento do habitat produzem efeitos diretos sobre a fauna, pela redução, aumento ou alteração dos atributos chave, que são alimento e o abrigo. Sendo assim, a escolha da metodologia adequada e espécies a serem utilizadas devem priorizar espécies atrativas a fauna, seja através de suas síndromes de dispersão ou polinização. Outro fator significativo na inter-relação fauna-flora é a escolha de espécies nativas em diferentes estágios sucessionais. As espécies climácicas, ou seja, as que se apresentam nos estádios de sucessão florestais mais adiantados com distribuição natural usualmente restrita, freqüentemente de forma endêmica (característica de cada local). São de crescimento lento com ciclo de vida longo, apresentando tolerância à sombra na fase jovem e exigência em luz na fase adulta. São espécies que se regeneram abundantemente e a disseminação das sementes (grandes) dá-se por gravidade ou zoocoria (mamíferos e pássaros grandes), sendo a viabilidade da semente muito curta. A madeira e o tronco das espécies são duros e pesados com grande diâmetro. As espécies climácicas permitem um grande epifitismo, com grande número de espécies, alem de serem muito atrativas a fauna. Espécies neste estágio sucessional mostram-se atrativas a fauna. A dispersão zoocórica além de atrair a fauna é responsável pela disperção de sementes para outras áreas, contribuindo com a regeneração natural de áreas mais afastadas. Segundo REIS (1999), outro fator considerável é a utilização de espécies “bagueiras” espécies com frutos carnosos. Entre estas espécies destacamos a utilização de Euterpe edulis (palmiteiro) extremamente atrativa a vários grupos de vertebrados, incluindo mamíferos de pequeno, médio e grande porte. Cabe ressaltar que a utilização desta espécie se dará após os primeiros anos da recuperação da área, pois esta espécie é muito exigente quanto a incidência da luz solar, necessitando de um ambiente propício para seu desenvolvimento. Também devera ser considerada a utilização de espécies nativas com síndrome de polinização por Zoofilia. Plantas com dispersão por Zoofilia apresentam flores vistosas; perianto com forma bizarra ou apropriada para pouso; presença de glândulas e nectários que elaboram essências aromáticas e substâncias açucaradas (VAN DER PIJL, 1979). 76 Para o maior sucesso da recuperação ambiental proposta, é fundamental que o restabelecimento da vegetação seja acompanhado do aparecimento de diferentes grupos faunísticos, seja para alimentação ou abrigo. Através do diagnóstico da área fica estabelecida a situação inicial, a qual deve servir de comparativo para as etapas do monitoramento ambiental, especialmente suas conclusões. III.1.10 - Caracterização sócio-econômica – Municípios de Criciúma e Forquilhinha Este item tem por objetivo apresentar um diagnóstico Sócio-Econômico dos municípios de Criciúma e Forquilhinha, que fundamentalmente deve relacionar a influência da Cooperminas e da Santiago e Uggioni Ltda sobre estes municípios, principalmente o município de Forquilhinha onde esta inserido o empreendimento em questão. III.1.10.1 - Aspectos Econômicos Criciúma e Forquilhinha tiveram um grande avanço econômico devido à extração do carvão, atividade ainda hoje bastante atuante na região. Porém, houve uma diversificação nas atividades econômicas visando atender as demandas regionais. Atualmente, as principais atividades econômicas são a agroindústria, cerâmica, têxtil, plásticos, químicos, construção civil, comércio e serviços. Criciúma conta com mais de 800 indústrias, sendo o setor que mais emprega, tendo alguns setores industriais destaque nacional, como cerâmica, plástico e têxtil. O comércio é outra potência com mais de 1.600 estabelecimentos, bem como, o setor de serviços que atende a região com mais de 1.400 empresas. Forquilhinha aparece em 3ª lugar no setor industrial da AMREC com 43 estabelecimentos, destacando-se a agroindústria e a mineração, ficando em 5° no setor de comércio e serviços. No setor primário dos dois municípios, destacam-se os cultivos de milho, fumo, banana e arroz, além da avicultura e suinocultura. 77 Montante Movimentado (R$) Criciúma Forquilhinha Indústria 1.171.604.439 270.084.177 Comércio 944.212.557 43.439.874 Outros serviços 94.820.004 23.569.534 TABELA 15 : Tabela setores econômicos Categorias Criciúma Forquilhinha Indústria 821 43 Construção 164 06 Comércio 1.633 99 Serviços 1.409 83 Agropecuária 12 6 Total 4.039 237 TABELA 16 – Tabela estabelecimentos conforme categoria registrados Empresas Criciúma Forquilhinha Indústrias extrativas 40 10 Indústrias de transformação 1.504 83 Construção 208 15 3.701 311 465 35 Transporte armazenagem e 346 comunicações 46 Intermediação financeira - Comércio, reparação veículos automotores, de objetos pessoais domésticos Alojamento e alimentação e 84 78 Atividades imobiliárias aluguéis e serviços 1.167 prestados às empresas 79 Administração pública 11 defesa e seguridade social 02 Educação 93 12 Saúde e serviços sociais 148 03 Outros serviços coletivos 416 sociais e pessoais 51 TABELA 17 – Tabela número estabelecimentos O setor secundário é o de maior destaque na região, sendo seguido pelo terciário que é o que mais cresce. As empresas extrativas, apesar dos percalços da década de 80, vem ganhando força novamente e são bastante representativas na arrecadação regional. Setores Criciúma Forquilhinha Indústria 17.738 1.005 Construção 1.994 41 Comércio 7.199 354 Serviços 11.644 1.575 Agropecuária 62 12 Total 33.637 2.987 TABELA 18 - Empregos Formais A indústria e o comércio de Criciúma vem apresentando saldos semelhantes, já em Forquilhinha há uma discrepância, tendo a indústria arrecadação bem superior aos demais setores econômicos. Em Criciúma existe um carro para cada 25 habitantes e em Forquilhinha a relação e de 22 para 1. Fica clara a importância do transporte coletivo que por ser integrado dá mais agilidade e evita transtornos. Apesar disso, o trânsito vem ficando cada vez mais problemático na área central, ficando crítico em horários de pico nos gargalos. 79 Frota de Veículos Criciúma Forquilhinha Automóvel 43.646 4.199 Caminhão 2.745 368 Caminhonete 5.325 462 Motocicleta 11.502 3.200 Micro-ônibus 224 07 Ônibus 303 22 Outros 4.188 73 Total da Frota 67.933 8.331 TABELA 19 - Frota de Veículos Produto Interno Bruto – PIB Municipal O Produto Interno Bruto de Criciúma em 2002, segundo o IBGE, foi de R$ 1.398.764.000,00, gerando uma arrecadação de impostos no valor de R$ 107.860.000,00. O PIB per capta que em 1999 era de R$ 6.437,00 foi para R$ 7.888,00 em 2001. O PIB de Forquilhinha no mesmo ano foi de R$ 203.136.000,00, gerando uma arrecadação de impostos no valor de 3.383.000,00, obtendo um Pib per capta de R$10.375,00. Nos últimos cinco anos o município teve uma diminuição considerável no PIB, que em 1997 era de R$12 milhões .O número de pessoas com rendimento médio mensal inferior a dois salários mínimos equivale a 21% da população de Criciúma e de Forquilhinha, sendo que destes, 8% tem renda inferior a um salário mensal. Apenas 4,5% dos habitantes de Criciúma recebe mensalmente valor superior a dez salários mínimos, enquanto que em Forquilhinha são apenas 2,5%. A população considerada sem renda em Criciúma e Forquilhinha é, respectivamente, de 7,8% e 8,3%. 80 Rendimento nominal mensal % Forquilhinha % 8 1.636 9 mais de 1 a 2 21.739 salários mínimos 13 2.310 12 mais de 2 a 3 15.311 salários mínimos 9 2.201 12 mais de 3 a 5 16.716 salários mínimos 10 1.522 8 mais de 5 a 10 13.752 salários mínimos 8 909 5 mais de 10 a 20 5.088 salários mínimos 3 284 1.5 mais de 20 2.622 salários mínimos 1.5 139 1 (pessoas com Criciúma mais de 10 anos de idade). até 1 mínimo salário 13.822 TABELA 20 : Renda da População Transações financeiras (R$) Criciúma Forquilhinha Operações de Crédito 293.889.724,71 14.818.363,99 Depósitos à vista – governo 2.479.321,53 57.402,34 Depósitos à vista – privado 102.570.211,74 3.509.905,92 Poupança 207.940.219,98 8.173.815,70 Depósitos à prazo 97.766.936,44 150.010,52 Obrigações por Recebimento 102.910,09 2.223,02 TABELA 21- Transações financeiras 81 III.1.10.2 - Influência da Cooperminas no Município de Forquilhinha No bairro Santa Libera atualmente funcionam, além da Cooperminas e a Carbonífera Criciúma e um lavador de rejeito da Carbonífera Beluno. A Ferrovia Teresa Cristina cruza as áreas mineradas, fazendo o transporte do minério até a usina termelétrica de Capivari de Baixo percorrendo aproximadamente 60 quilômetros. Além das mineradoras instaladas em Santa Libera, existe a Mina 03 da COOPERMINAS a noroeste da lagoa do Verdinho, em meio a área rural com esparsa ocupação. O empreendimento localiza-se dentro dos pátios do beneficiamento da COOPERMINAS, mais precisamente entre as antigas bacias de decantação próximos ao Bairro Cidade Alta. Segundo o departamento de manutenção da Casan de Criciúma, praticamente todas as residências das localidades analisadas são abastecidas pela rede, não sendo comum a utilização de poços para consumo. Já ocorreram problemas de contaminação da água por matéria orgânica proveniente das fossas, causando casos de hepatite. O fato da área ser atravessada pelo rio Sangão e possuir atividade mineradora também pode comprometer a qualidade dos aqüíferos, caso não sejam realizados monitoramentos e executadas medidas de prevenção. A COOPERMINAS é uma cooperativa fundada pelos trabalhadores da Massa Falida da Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá – CBCA, autorizada a funcionar como empresa de mineração pelo Alvará nº 9.168 de 23/11/94, publicado no D.O.U. de 28/11/94, página 18.027. É a única empresa autogestora do país em sua categoria, tendo seu estatuto aprovado em 01/10/98, visando dar continuidade e administrar as atividades da massa falida da CBCA. A COOPERMINAS conta atualmente com cerca de 800 cooperados, sendo aproximadamente 100 de Forquilhinha e o restante de outros municípios da região. As atividades são realizadas no Bairro Santa Libera, onde ficam os escritórios, o beneficiamento e o depósito de rejeitos. No Bairro Verdinho ficam a MINA 3 de subsolo, oficinas, o poço e o plano inclinado. Existe um considerável passivo ambiental na localidade de Santa Libera e diversos projetos de recuperação de áreas degradadas em andamento, destacando-se os projetos da COOPERMINAS no entorno na Ferrovia e da área de beneficiamento da mina. A empresa tem piezômetros instalados em diversos pontos da localidade para periódica análise hídrica, realiza monitoramento da qualidade do ar, utiliza sismógrafos para avaliar o impacto das explosões de subsolo, bem como, os seus ruídos, além de manter um programa de gestão 82 ambiental interno com rígidos padrões estabelecidos. No dia 09 de fevereiro de 2005 foi firmado um acordo judicial entre a FATMA e COOPERMINAS, com base na ação civil pública nº 200472010210-5 proposta pelo Ministério Público Federal, visando a execução de medidas mitigadoras e/ou compensatórias para diminuir os efeitos negativos advindos do empreendimento, conforme firmado no Termo de Ajuste de Conduta n° 26/2005, com prazo de conclusão de 12 meses. - Reuniões periódicas com a comunidade onde se encontram os superficiários e atendimento de possíveis reivindicações por parte deles; - Informar a comunidade sobre a qualidade da água. III.1.11 - Uso e ocupação do solo Para a descrição deste item, apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para a elaboração do mapa temático referente a cobertura vegetal, uso e ocupação do solo. O presente mapa, em anexo, é apresentado em escala de 1:5.000, detalhando a cobertura vegetal e o uso do solo na região em estudo, tendo como objetivo principal suprir as necessidades de uma reorganização da ocupação do uso do solo e justificar a utilização desta área para disposição dos resíduos sólidos gerados pelo empreendimento. Metodologia A expressão “uso da terra” pode ser compreendida como a forma pela qual o espaço está sendo ocupado pelo homem, ou seja, é a utilização cultural da terra, enquanto que o termo “cobertura da terra” refere-se a todo o seu revestimento. O levantamento do uso da terra é de grande importância, na medida em que os efeitos do uso desordenado causam deterioração no ambiente. Os processos de deterioração de superfície são reflexos do uso inadequado do solo e possivelmente do uso inadequado do subsolo. Neste contexto, as imagens aéreas constituem uma técnica fundamental para a manutenção de registros atualizados da cobertura e do uso da terra sendo fontes essenciais para obtenção de informações do dinamismo do meio físico frente às atividades antrópicas. De acordo com, para o monitoramento da dinâmica do uso do solo e cobertura vegetal é fundamental a utilização de fotos aéreas. A interpretação visual das imagens aéreas é o processo de aquisição de informações sobre um dado alvo da superfície, através da análise de sua resposta espectral. Esse processo de extração de informações consiste basicamente na inspeção e identificação de diferentes 83 padrões tonais. De maneira geral, os elementos de reconhecimento mais significativos na interpretação de imagens orbitais foram os das fotografias aéreas convencionais: tonalidade, textura, padrão, formas de relevo, dentre outras, como sugeridos e utilizados por (SOARES e FIORI, 1976). Esses elementos, devidamente explicados por Garcia (1982), foram originariamente definidos para as fotografias aéreas e são aplicados às imagens orbitais com algumas considerações. Tais considerações se fazem necessárias em virtude das características utilizadas na obtenção de imagens aéreas (VENEZIANI e ANJOS, 1982). As imagens utilizadas foram extraídas das Plantas de Detalhes da Superfície (Ortofotos cartas utm aeroimagem / DNPM, em escala de 1/5.000 de fevereiro de 2002). O procedimento metodológico para análise de dados foi dividido em etapas: compilação de dados e operacionalização de dados. Estas etapas reúnem as atividades de levantamento e seleção dos dados e também os trabalhos de campo. Os trabalhos de campo são realizados para fins de coleta de informações adicionais e para verificação e validação do resultado final. O fácil acesso a uma parte da área de estudo em muito facilitou esta atividade. Estes procedimentos foram realizados praticamente ao mesmo tempo e a maior preocupação foi a melhor identificação, delimitação e posterior digitalização das referidas áreas homogêneas. Para facilitar a discriminação dos alvos de interesse, ou seja, para melhorar a qualidade dos dados originais, foram realizados alguns pré-processamentos nas imagens. No processo de interpretação, a cada categoria de cobertura vegetal e uso do solo está associada importante feição para sua identificação. Para o intérprete, as características mais importantes na interpretação de vegetação, áreas agrícolas, pastagens foram tonalidades, padrão, forma, dimensão, sombra, cor e relações de aspecto. Cobertura Vegetal, Uso e Ocupação do Solo atual Os principais itens observados na cobertura da área foram divididos e classificados segundo as observações feitas a campo: vegetação nativa, reflorestamento com Eucaliptus sp., mata nativa com Eucaliptus sp., pastagens, cultura de feijão, Cultura de Milho, cultura de mandioca, solo exposto. As áreas classificadas como culturas apresentam uma cultura cíclia sazonal sem uma utilização determinada. Os itens classificados como Cultura (CL), por apresentarem um sistema de cultura cíclica, foram nomeados apenas como cultura (CL) pois estes cultivos variam de acordo com o período do ano. Sendo assim em outras épocas do ano, algumas propriedades estabelecem também o cultivo de fumo e cana de açúcar. 84 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo IV IMPACTOS AMBIENTAIS 85 IV – IMPACTOS AMBIENTAIS A avaliação dos impactos ambientais considerou os processos no meio físico, que consistem numa série de fenômenos sucessivos com relação de causa e efeito, que resultam da interação de agentes físicos, químicos, biológicos ou humanos, num determinado ambiente, notando-se que as atividades da COOPERMINAS provocam alguns impactos ambientais reversíveis e outros irreversíveis, principalmente sobre o relevo local, nos solos, no ar e nos recursos hídricos. As alterações ambientais no meio físico, decorrentes das atividades de beneficiamento de finos de carvão, têm seu início no descarte do efluente liquido da Cooperminas, em sua estocagem na superfície, no transporte dos rejeitos grosseiros até o beneficiamento, nas pilhas de rejeitos, e das bacias de decantação, entre outros fatores que contribuem para o agravamento da degradação ambiental. Os impactos negativos que já alteraram a qualidade das águas superficiais e sub-superficiais, relacionam-se principalmente à poluição física e química provocada pelos passivos ambientais relacionados aos antigos depósitos de rejeitos a céu aberto da Mina 2 da CBCA onde a recuperação desta área está prevista no PRAD ora apresentado. Com relação aos recursos hídricos a degradação ambiental é notadamente acentuada. A poluição originada pelo lançamento dos efluentes líquidos nas bacias de decantação, lixiviação das pilhas de rejeito pelas águas pluviais, associados aos agrotóxicos provenientes das lavouras de fumo e arroz, aos efluentes urbanos, industriais e o lixo doméstico, contribuíram decisivamente para este processo de degradação. Este passivo ambiental, resultante de décadas de atividades de beneficiamento desordenado, está sendo trabalhado pela COOPERMINAS através de medidas de curto a médio prazo, com trabalhos de repercussão regional. A avaliação do meio biótico considerou a fotofisionomia da área, que se encontra em grande parte descaracterizada devido às inúmeras alterações ocasionadas pelas atividades antropogênicas ao longo dos anos, principalmente devido ao avanço dos depósitos de rejeitos e do desmatamento de áreas devido ao avanço da “mancha urbana” e para implantação de pastagens, agriculturas diversas, reflorestamentos com exóticas, entre outras. Quanto ao meio sócio-econômico, as atividades da COOPERMINAS refletem e refletirão 86 diretamente sobre as comunidades vizinhas, como os bairros Cidade Alta, Santa Libera, Sangão e São Roque e indiretamente nos municípios de Criciúma e Forquilhinha, sendo estas consideradas positivas e/ou negativas. Indiscutivelmente, as atividades de mineração e beneficiamento de carvão, nos municípios envolvidos resultaram num extenso passivo ambiental, alterando totalmente as características dos recursos hídricos locais como o caso do Rio Sangão, refletindo no agravamento da situação da sub-bacia do Rio Mãe Luzia, alterando ainda a qualidade o relevo pelos sucessivos depósitos de rejeitos em diversos locais, tendo por conseqüência a degradação da paisagem. Sabe-se que o peso da mineração de carvão na economia da região também é verificada, pois além da geração de empregos, e de receitas municipais, tem-se a possibilidade de ganhos ambientais, através da reabilitação dos passivos existentes onde a COOPERMINAS vem desenvolvendo atividades de recuperação ambiental. IV.1 - Identificação dos Impactos As ações do empreendimento incidem sobre diferentes aspectos dos ambientes físico, biótico e antrópico. A sinalização dos impactos ambientais nesta tabela mostra uma concentração maior da quantidade de impactos negativos produzidos pela atividade de mineração de carvão, isto irá A caracterização e a classificação dos impactos permitiram determinar a importância de cada impacto gerado. Esta análise forneceu elementos para a proposição das medidas mitigadoras, quando estas são possíveis, assim como as medidas de compensação, para impactos específicos e/ou para o empreendimento como um todo. As alterações ambientais no meio físico, decorrentes das atividades do empreendimento, têm seu início a partir do processo de beneficiamento de rejeito carbonoso com emissão de efluentes ácidos, geração de rejeitos sólidos, transporte e estocagem em superfície, entre outros fatores, que contribuem para o agravamento da degradação ambiental. Assim, com o reconhecimento de campo realizado, enumerou-se na tabela a seguir, de forma resumida os seguintes aspectos e impactos ambientais, provenientes dos diversos processos do beneficiamento da COOPERMINAS: 87 MEIOS ASPECTOS IMPACTOS Alterações na Morfologia Relevo SOLO Alterações na Paisagem Erosão Aspecto Visual Diminuição na Qualidade do Solo ÁGUA Drenagem Ácida Poeiras AR Ruídos Contaminação dos Recursos Hídricos Contaminação do Ar Poluição Sonora Afastamento da Fauna Supressão da Flora Alteração da Paisagem Afastamento da Fauna FAUNA/FLORA Retirada da Vegetação Destruição de Biocenoses Supressão Aquática Contaminação dos Recursos Hídricos Alteração da paisagem Tranqüilidade dos Moradores Aspecto Paisagístico MEIO ANTRÓPICO Circulação de Moeda Ruídos Aumento da Receita Geração de Empregos Uso da Água TABELA 22 - Aspectos e Impactos Ambientais 88 A seguir é descrito detalhadamente a caracterização de cada um dos impactos identificados no quadro, por fase do empreendimento: - alteração da paisagem e do relevo local: a contínua deposição de rejeitos alterou o relevo na localidade estudada e este processo só cessará com a paralisação da atividade de beneficiamento de carvão na região; - aspecto visual: com a construção dos depósitos de rejeitos ocorre uma poluição visual imediata, minorada com os recobrimentos de solo e vegetação que serão implementados; - diminuição da qualidade do solo: é conseqüência direta da erosão; - contaminação dos recursos hídricos: as infiltrações de águas ácidas no subsolo provocam alterações nos parâmetros físico-químicos da água, quando em contato com o carvão e a pirita presentes nos rejeitos piritosos cuja deposição foi realizada fora dos padrões recomendados pelas legislações vigentes, se tornando ações com extremo potencial de contaminação; - contaminação do ar: a qualidade do ar é alterada pela movimentação de máquinas e caminhões na formação de poeiras nas estradas e nos pátios; - poluição sonora; Ocorre pelo barulho causado pelas máquinas e caminhões; - afastamento da fauna: a movimentações de homens e máquinas, a contaminação das águas de superfície, os ruídos e a presença humana podem causar o afugentamento da fauna e o próprio desaparecimento da fauna aquática; - supressão da flora, alteração da paisagem, destruição de biocenoses e a supressão aquática são os impactos causados pela supressão da vegetação que na área deste PRAD já ocorreu a mais de 20 anos; - tranqüilidade dos moradores; a atividade de extração e deposição dos rejeitos do beneficiamento mineral traz consigo a movimentação de máquinas, caminhões e de pessoal, como qualquer outra atividade industrial, este fluxo de caminhões e movimentação de equipamentos são fatores que alteram a tranqüilidade dos moradores locais; 89 - circulação da moeda e aumento da receita do município; são causados pela geração de emprego no local, sendo que a atividade mineira é altamente assimiladora de mão de obra, segundo a Fundação Getúlio Vargas para cada emprego criado na mineração de carvão multiplica-se por 8 novos empregos na economia, e o impacto da indústria de extração de carvão nas demais atividades industriais e comerciais é de 3,49 vezes o valor da produção da própria indústria; - uso da água: Como nas localidades no entorno da área do empreendimento, existe o abastecimento de água da Casam, são poucas as famílias que se abastecem por poços escavados, cujas águas que poderiam ser contaminadas pela infiltração de águas ácidas geradas no empreendimento. IV.2 - Classificação dos Impactos A classificação dos impactos é feita de acordo com a possibilidade de sua reversibilidade (irreversível / reversível), da sua importância (baixa / média / alta), da sua ordem (direta / indireta), da sua valoração (positivo / negativo), da sua dinâmica ou durabilidade (curto prazo / médio prazo / longo prazo), da sua ação espacial (local / regional), e da possibilidade de sua mitigação (total / parcial / nenhuma / desnecessária). Na TABELA 23 (CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS), utiliza-se a seguinte simbologia para classificação de cada impacto: - valoração: positivo (P) ou negativo (N); - ordem: direta (D) ou indireta (I); - reversibilidade: reversível (R) ou irreversível (I); - importância: baixa (B), média (M) ou alta (A); - dinâmica: curto prazo (C), médio prazo (M) ou longo prazo (L); - espacial: local (L) ou regional (R); - possibilidade de mitigação: total (T), parcial (P), nenhuma (N) ou desnecessária (D) 90 CLASSIFICAÇÃO MEIOS IMPACTOS ALTERAÇÃO NA MORFOLOGIA SOLOS ALTERAÇÃO NA PAISAGEM ASPECTO VISUAL DIMINUIÇÃO NA QUALIDADE ÁGUA CONTAMINAÇÃO REC. HÍDRICOS CONTAMINAÇÃO DO AR AR POLUIÇÃO SONORA AFASTAMENTO DA FAUNA SUPRESSÃO DA FLORA ALTERAÇAO DA PAISAGEM FAUNA/FLORA AFASTAMENTO DA FAUNA DESTRUIÇAO DE BIOCENOSES SUPRESSÃO AQUÁTICA ALTERAÇÃO NA PAISAGEM MEIO ANTRÓPICO TRANQUILIDADE DOS MORADORES VALORAÇÃO ORDEM D N D N D N D N I N D N I N I N I N D N I N I N I N D N N CIRCULAÇÃO DE MOEDA P AUMENTO NA RECEITA P USO DA ÁGUA N TABELA 23 - Classificação dos Impactos I D D I POSSIBILIDADE REVERSIBILIDADE IMPORTÂNCIA DINÂMICA ESPACIAL DE MITIGAÇÃO I A L L P I A L L P I A L L P I A L L P I A L R P R M C L T R M C L P R A L L P I A L L P I A L L P R M L L P I A L L P I A L L P I A L L P R R I R A A A A C C C L L R R L P D D T 91 IV.3 - Principais Impactos Ambientais no Meio Físico Os principais impactos ambientais ocasionados pela deposição inadequada dos rejeitos piritosos sobre o meio físico, dizem respeito aos recursos hídricos superficiais e subsuperficiais, devido a possibilidade de infiltrações das águas pluviais nas pilhas de rejeitos construídas sem os devidos cuidados, acarretando a formação de drenagem ácida em superfície, poluindo os cursos d’água por incorporação dos elementos-traço sob a forma de íons solúveis de metais ferrosos, sulfatos, entre outros. Estas drenagens ácidas provêem da solubilização de minerais sulfetados por contato com a água, gerando, assim, uma água ácida semi-mineralizada. A drenagem ácida é considerada um dos problemas ambientais mais graves associados com a mineração/beneficiamento/estocagem de carvão. O aumento da acidez da água é devido à formação de ácido sulfúrico que mantém dissolvida grande parcela dos metais pesados liberados pela pirita, quando de sua oxidação, prejudicando tanto a vida aquática quanto os usos da água para abastecimento público, como se vê ao longo dos rios Sangão e Mãe Luzia e subsidiariamente ao longo do Córrego Santa Libera. Esta oxidação ocorre através de uma seqüência de reações envolvendo mecanismos diretos, indiretos e microbiológicos. Algumas reações de oxidação resultam na geração de ácidos, enquanto que outras resultam na dissolução e mobilização de metais pesados. A pirita (FeS2) é o principal mineral responsável pela geração de ácidos. A modificação do relevo com a formação das pilhas de rejeitos é outro impacto ambiental a ser considerado devido à modificação dos aspectos paisagísticos, além das drenagens ácidas já citadas. IV.4 - Principais Impactos Ambientais no Meio Biótico A área em questão, caracterizada pela deposição de rejeitos, encontra-se intensamente degradada e com vegetação constituída por remanescentes em estádio inicial e médio de regeneração característicos de formação secundária. Quanto à fauna, apesar da área se encontrar antropizada e apresentar uma coberta vegetal formada por poucas espécies nativas em meio aos eucaliptais, algumas espécies adaptadas a estas condições conseguem se manter no local. Sendo assim, o movimento intenso de 92 pedestres e a movimentação de máquinas podem influenciar na permanência e distribuição de algumas espécies. O remanescente vegetal identificado no estudo de campo e descrito no Diagnóstico Ambiental deste PRAD, apresenta condições de existência de fauna, que embora pouco diversificada é bem adaptada às condições dos mesmos, podendo ser afetada pelo desmatamento e aumento da contaminação dos recursos hídricos, principalmente se não for executada a recuperação proposta e continuar o aumento da construção de moradias próximas da Lagoa da Santa Líbera, rica em fauna aquática. Para ambos os biótipos, flora e fauna, é muito importante à manutenção dos núcleos de remanescentes vegetais, principalmente junto às drenagens naturais, nas margens da Lagoa da Santa Libera e nas margens do Córrego Santa Libera e Rio Sangão. IV.5 - Principais Impactos Ambientais no Meio Sócio-Econômico Os impactos ditos sócio-econômicos, e considerados no grupo de impactos negativos, são de ordem indireta, pois ocorrem com a presença de danos à superfície dos terrenos, provocados a contaminação pelas drenagens ácidas . Estes impactos refletirão no abastecimento de água aos moradores das zonas rurais que se utilizam do abastecimento do lençol freático através de poços escavados, sendo neste caso necessário outras formas não naturais para garantia do fornecimento de água aos mesmos. O outro grupo de impactos sócio-econômicos, considerados positivos, é a manutenção dos empregos mantidos direta e indiretamente pela COOPERMINAS, com mais de 800 empregos diretos, e hoje com vida útil prevista para mais de 20 anos, considerando-se a produção mensal projetada. Estes empregos geram uma massa salarial superior a R$ 1.100.000,00 (abril/2006), e com previsão de retorno da CFEM no valor de R$160.000,00 anuais (projetando-se para 20 anos o valor de R$3.200.000,00). Outros impostos serão recolhidos indiretamente pelo movimento econômico gerado pelo empreendimento. 93 IV.6 - Conclusões da Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais A equipe técnica, após a elaboração do Diagnóstico Ambiental, identificou os principais impactos ambientais existentes e os prováveis que poderão ocorrer, e através destas informações pode-se elaborar as Medidas Mitigadoras e Compensatórias, as Ações de Recuperação e finalmente um Plano de Monitoramento para a área deste PRAD, que estão descritas nos próximos módulos. 94 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo V MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS 95 V – MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS V.1 - Medidas Mitigadoras A atividade de extração mineral e beneficiamento pode ser caracterizada como uma atividade fortemente impactante e por este motivo há necessidade de se estabelecer controles, restrições e atitudes operacionais com a finalidade de se evitar, ou minimizar, os impactos provocados pela atividade. No caso do empreendimento em estudo as ações impactantes concentram-se nas questões dos recursos hídricos de modo geral devido à drenagem ácida produzida pela contato da águas pluviométricas com os rejeitos piritosos. Portanto, no sentido de proteção ambiental, deverão ocorrer medidas que eliminem, ou reduzam estes impactos ao mínimo possível. O Rio Sangão e o Córrego Santa Libera, que envolvem a área do PRAD, já apresentam seus parâmetros físico-químicos alterados pela existência de diferentes tipos de passivos ambientais e cargas poluentes à montante da área do PRAD da COOPERMINAS. Muito embora seja esta a realidade local, a atividade proposta pelo empreendedor deverá ser mitigar a partir da implantação das ações de recuperação os impactos sobre estes dois corpos dágua. O controle efetivo disto será o monitoramento dos recursos hídricos locais, propostos neste estudo. Na TABELA 24 estão inseridos os impactos ambientais presentes na TABELA 22, juntamente com as medidas mitigadoras sugeridas neste PRAD; 96 MEIOS IMPACTOS Recomposição Topográfica Revegetação Corretiva Curto Corret/Prev. Longo Aspecto Visual Revegetação – Cortina Vegetal Correção do Solo Recuperação da área degradada Corretiva Diminuição na Qualidade do Solo Contaminação dos Recursos Hídricos Contaminação do Ar AR NATUREZA PRAZOS Alterações na Morfologia Alterações na Paisagem SOLO ÁGUA MEDIDAS MITIGADORAS Poluição Sonora Retirada dos rejeitos da margem do Córrego Sta. Libera e Rio Sangão Longo Corret/Prev. Médio Corret/Prev. Longo Corretiva Médio Impermeabilização da área do PRAD Corret/Prev. Longo Umidificação das vias e pátios Cortinas Vegetais Controle de horários de transporte Revegetação com espécies Nativas (Dispersão p/Zoocoria) Isolamento por cercas de áreas verdes Revegetação de áreas e terrenos não operacionais Reposição da mata ciliar Corret/Prev. Curto Preventiva Longo Preventiva Curto Preventiva Preventiva Longo Médio Preventiva Curto Corretiva Longo Educação Ambiental Controle de ruídos Vegetação Adequada Preventiva Preventiva Preventiva Longo Longo Longo Supressão Aquática Recuperação das áreas degradadas Corretiva Longo Contaminação dos Recursos Hídricos Alteração da paisagem Impermeabilização do depósito Corret/Prev. Longo de rejeito e controle da erosão Revegetação Corret/Prev. Longo Conformação Topográfica Corretiva Curto Afastamento da Fauna Supressão da Flora Alteração da Paisagem Afastamento da Fauna FAUNA/FLORA Destruição de Biocenoses Tranqüilidade dos Moradores MEIO ANTRÓPICO Uso da Água Controle horários de transporte Preventiva Comunicação permanente com a comunidade Preventiva Recuperação de áreas degradadas Longo Longo Corret/Prev. Longo TABELA 24 . Quadro de Impactos e Medidas Mitigadoras A seguir estão descritas detalhadamente cada uma das Medidas Mitigadoras que reduzirão significativamente os impactos ambientais identificados e que serão adotadas pela 97 COOPERMINAS: - Retirada dos rejeitos piritosos das margens do Córrego Santa Libera e Rio Sangão Como os rejeitos foram depositados a mais de 20 anos, não seguiram as normas vigentes da legislação atual, ou seja foram colocados na margem do rio e córrego, não respeitando a área de preservação permanente (faixa dos 30 metros). Este material será agora retirado e substituído por camadas de argila. - Recomposição Topográfica A recomposição topográfica será feita com utilização de equipamentos pertencentes à empresa, após a retirada dos rejeitos piritosos das margens. – Impermeabilização pilhas de rejeitos com argilas A principal medida mitigadora, em função da gravidade do problema, quanto ao meio físico, consiste no recobrimento com argila e compactação da mesma para a impermeabilização do depósito de rejeito piritoso, evitando desta forma que as águas pluviométricas percolem no deposito e contaminem o lençol freático e as águas ácidas escoem para o Córrego Santa Libera e Rio Sangão. A recobertura com matéria orgânica e plantio de gramíneas e outras vegetações servirão para evitar a erosão futura e o contato da água e ar com os rejeitos soterrados. – Controle da poeira A continuidade do processo de umidificação das vias de transporte utilizadas pela COOPERMINAS deve ser continuado pela mesma, esta operação abate a formação de poeiras no ar. O controle de poeiras nas vias de acesso visa atenuar as emissões de poeiras pela movimentação de veículos na estrada e acesso à mina. A utilização de aspersão nas vias de acesso e pátios de manobra, realizada por um caminhões do tipo “pipa”, é a prática mais comum e vem sendo utilizado pela COOPERMINAS. – Controle de ruídos Realizar a manutenção adequada dos equipamentos da empresa de tal forma que os ruídos sejam os normais ao equipamento de fábrica. Exigir dos terceirizados a manutenção dos caminhões, principalmente do sistema de descarga de gases, mantendo o “silencioso” original de fábrica. 98 – Recuperação ambiental das áreas degradadas – depósitos de rejeitos A COOPERMINAS iniciou a reabilitação de áreas de depósitos de rejeitos abandonados, e as áreas não utilizadas para operação, a fim de propiciar a recomposição e reintegração destas áreas à paisagem local, eliminando os impactos negativos como as drenagens ácidas locais, promovendo o desenvolvimento de uma vegetação permanente a fim de evitar a erosão de materiais em direção aos recursos hídricos. Estas atividades de reabilitação envolvem a recomposição topográfica dos aterros de rejeitos, a cobertura com materiais argilosos neutros, correção do pH e melhoria da fertilidade, e revegetação. Este processo está iniciado, porém sabe-se que esta atividade se estende de médio a longo prazo. O controle da erosão se mediante a correção topográfica quando necessária e a revegetação com espécies de fácil propagação, como gramíneas perenes, que retêm o solo com maior eficiência. É a fase principal para se obter a formação de um novo solo, controlar a erosão, evitar a poluição das águas e promover o retorno de vida na área. Na região há uma tendência natural de querer-se ver a área revegetada e verde o mais rápido possível, normalmente com o plantio de árvores de crescimento rápido como eucaliptos e outras exóticas. Na verdade o desejo é de amenizar o impacto visual da degradação em curto prazo, se possível em menos de um ano. Entretanto essa pressa pode induzir a seleção de espécies vegetais que não sejam o mais adequado para o uso futuro escolhido, ou para evitarse a continuidade da produção de poluentes devido o contato do ar e água com os rejeitos depositados. Em alguns depósitos de rejeitos locais é comum ver as áreas “recuperadas” onde houve o simples plantio de eucaliptos ou pinus, e que depois foram abandonadas. O plantio homogêneo de espécies arbóreas exóticas é normalmente aceitável somente quando o uso futuro será reflorestamento comercial, o que não será o objetivo da empresa. Cabe ressaltar que, sobre os depósitos de rejeitos não deveriam ser plantadas árvores, somente gramíneas. Na superfície dos depósitos e dos terrenos planos recomenda-se o plantio por hidrosemeadura, logo após a aplicação dos insumos necessários à correção e adubação do solo, observando-se que seja no término de inverno, com uma combinação de diversas herbáceas. 99 – Isolamento da área operacional da mina – depósitos de rejeitos A área operacional da mina e os acessos a partir da estrada geral encontram-se isolados por cerca de arames, com placas de advertência proibindo o ingresso sem autorização e alerta de perigo em toda a sua extensão. Porém, a área utilizada para deposição de rejeitos não encontra-se isolada e tampouco identificada, tendo-se dificuldades de saber os seus limites, em vista disto recomenda-se o isolamento da área operacional dos depósitos de rejeitos com instalação de cercas e placas indicativas da empresa para se evitar a presença de estranhos e possíveis acidentes que venham a prejudicar a COOPERMINAS. V.2 - Medidas Compensatórias A COOPERMINAS vem desenvolvendo inúmeras atividades através do SGA – Sistema de Gestão Ambiental que podem ser consideradas como compensatórias aos danos ambientais provocados pela atividade de extração e beneficiamento de carvão. Estas atividades são desenvolvidas junto às comunidades abrangidas pela mesma. Além disto, o Art. 36 da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação nº 9.985 de 18 de julho de 2000 e ao Art. 36 da Lei do Sistema Estadual de Unidades de Conservação nº 11.986 de 12 de novembro de 2001, e nos termos de aplicação constantes da Portaria FATMA nº 078/2004, que trata do Programa de Compensação Ambiental e o Plano de Aplicação Financeira, obriga a COOPERMINAS a fixar um percentual do investimento do projeto para compensação ambiental a ser implantada em alguma das reservas biológicas do estado. A região sul possui duas unidades de conservação, a APA da Baleia Franca e a Reserva Ambiental do Aguaí, preferencialmente a Reserva do Aguaí será a indicada pela empresa, evitando-se que recursos deste empreendimento sejam destinados para áreas distantes desta região. A COOPERMINAS, em acordo com o órgão ambiental, irá se comprometer com ações de compensações ambientais e ações para com as comunidades envolvidas, estas iniciativas servirão para demonstrar a preocupação da COOPERMINAS para com os passivos ambientais deixados pela mineração em tempos pretéritos. Sugere-se ainda as seguintes medidas compensatórias, entre outras que poderão ser sugeridas a partir das audiências públicas. 100 – Recomposição de mata ciliar e cortina verde A COOPERMINAS deverá desenvolver propostas de recomposição florestal das margens do Córrego Santa Libera e do Rio Sangão junto aos terrenos de sua propriedade, como também da rede de drenagem secundária existente na área de influência direta dos empreendimentos. A empresa deverá implantar junto às extremas do terreno uma “cortina verde” composta por vegetação nativa de crescimento rápido (maricás e bracatingas), de modo a minimizar o impacto paisagístico (visual) provocado pelos depósitos de rejeitos. Nos taludes sugere-se a revegetação com espécies de fácil propagação, ou sejam, gramíneas perenes estoloníferas, que retêm o solo com maior eficiência. – Continuidade das parcerias com as comunidades envolvidas Ampliar as atividades de parceria e apoio às necessidades sócio culturais das comunidades inseridas na área de influência da COOPERMINAS, desde que estas não substituam as obrigações entidades públicas municipais, estaduais e federais. 101 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo VI AÇÕES DE RECUPERAÇÃO 102 VI - AÇÕES DE RECUPERAÇÃO: Os 17,89 hectares que compreendem o antigo depósito de rejeitos sólidos da CBCA foram depositados neste local na década de 70 e são oriundos da antiga Mina 2. Nos últimos 5 anos estes rejeitos estão sendo reaproveitados pela Cooperminas, que está relavando os mesmos no Lavador Santa Libera.. O projeto de recuperação ambiental aqui exposto deverá ser executado obedecendo às seguintes etapas: Retirada do rejeito nas margens do córrego Santa Libera e Rio Sangão; Conformação topográfica; Compactação; Recobrimento com argila; Compactação (Impermeabilização); Recobrimento do solo com substrato para reconstrução do solo (recobrimento com terra vegetal); Incorporação de calcário (concha calcária moída) ao solo construído; Incorporação de cama de aviário ao solo construído ou turfa de raspagem estabilizada; Introdução da vegetação herbácea, por meio de semeadura à lanço; Abertura de covas, correção do solo e plantio de mudas de espécies pioneiras, secundárias iniciais e climácicas; Monitoramento das águas, das características geotécnicas do solo, da fauna e flora, durante e após a recuperação ambiental da área. A execução do projeto elaborado visa a recuperação paisagística, mas acima de tudo, visa propiciar o isolamento e/ou a eliminação das fontes de poluição. Com a retirada do rejeito piritoso das margens do Córrego Santa Líbera e Rio Sangão, e a reconstituição do solo na Área de Preservação Permanente pretende-se além do isolamento das fontes poluidoras, a reconstituição da vegetação ciliar. 103 Na área onde temos material piritoso exposto, será efetuada a conformação topográfica em bancadas, o recobrimento do rejeito e a revegetação com espécies herbáceas. Já na faixa dos 30 metros (APA) deverá ser retirado todo o rejeito e recoberto com argila e solo vegetal, a fim de dar seqüência a reconstituição do solo e o plantio de espécies pioneiras, secundárias iniciais e climácicas, características de vegetação ciliar. VI.1 - Retirada do Rejeito Piritoso das Margens do Córrego Santa Libera e Rio Sangão De acordo com a legislação vigente aplicada a esta situação, a faixa de 30 metros as margens do Córrego Santa Libera e do Rio Sangão são consideradas como Áreas de Preservação Permanente, devendo ser preservadas e constituídas novamente a vegetação ciliar característica dos locais. O rejeito acumulado as margens do Córrego Santa Líbera será retirado e substituído por sucessivas camadas de argila compactada e solo vegetal. Na faixa de 30 metros das margens do Córrego será feita a revegetação com espécies nativas arbóreas características de vegetação ciliar. No caso das margens do Rio Sangão será executado o mesmo. Todo o processo de recuperação esta descrito detalhadamente a seguir no item Plantio e Distribuição de Vegetação Arbustiva e Arbórea. FIGURA 18 - Área em estudos - PRAD- COOPERMINAS. 104 Ao todo serão retiradas cerca de 79.200 m3 de rejeitos, o equivalente a cerca de 11.314 viagens de caminhões basculantes, com capacidade de 7 m3. O material retirado será colocado no próprio depósito de rejeito, compactado e recoberto pelas camadas de argila e solo vegetal para um perfeito isolamento dos materiais contaminantes. FIGURA 19 - Área em estudos - PRAD- COOPERMINAS. Contudo, alem do isolamento do material contaminante, pretende-se reintroduzir a vegetação ciliar que outrora existiu, modificando assim a configuração paisagística do local. A figura a seguir apresenta um perfil da configuração final que se pretende instalar neste local. FIGURA 20 - Perfil de configuração final do depósito de rejeitos. 105 VI.2 - Conformação Topográfica A área ocupada pelo antigo depósito de rejeito da Cooperminas deve ser previamente remodelada de tal forma que os contornos topográficos sejam suavizados e que permaneçam com uma pequena declividade no sentido do sistema de drenagem superficial. Outro aspecto importante é a conformação do rejeito em bancadas, seguindo o modelo proposto no Projeto Executivo, elaborado em 1983 pelo consórcio ZETA-IESA. As figuras a seguir e o mapa planialtimétrico, em anexo, mostram a situação topográfica da área em estudos. FIGURA 21 - Área em estudos - PRAD- COOPERMINAS. FIGURA 22 - Área em estudos - PRAD- COOPERMINAS. 106 FIGURA 23 - Área em estudos - PRAD- COOPERMINAS. FIGURA 24 - Área em estudos – PRAD – COOPERMINAS. 107 FIGURA 25 - Área em estudos – PRAD – COOPERMINAS A conformação topográfica compreende os trabalhos de campo para a retificação da poligonal básica do depósito, a demarcação dos offset`s, dos eixos dos sistemas de drenagem e seus dispositivos, de acesso rodoviário ao mesmo, do projeto geométrico e suas aferições ao longo do desenvolvimento das diversas etapas dos serviços. Considerando que os elementos geométricos do projeto se repetem nas plataformas subseqüentes, é conveniente demarcar os pontos topográficos auxiliares e suas amarrações, que facilitem estas demarcações. Nestes pontos auxiliares deverão ser instalados marcos, preferencialmente de concreto, com referências de nível, de modo a permanecer ao longo da vida útil do depósito e devem estar resguardados de possíveis danos pela circulação de máquinas e veículos. Em uma primeira etapa os taludes formados pelas pilhas de rejeitos devem ser conformados de forma que suas inclinações não ultrapassem nunca 45º. Em alguns locais será necessária a retificação dos taludes antigos. projetados para este PRAD. A seguir apresentamos esquema do perfil dos taludes 108 FIGURA 26: Perfil da configuração final do depósito de rejeitos existente na área em estudos. Nesta etapa será realizado o processo de conformação topográfica das pilhas de rejeitos, presentes na área. O principal objetivo desta primeira etapa é a remodelagem e o redirecionamento das águas superficiais que escoam pelo depósito, fazendo com que todas as águas pluviométricas não contaminadas sejam direcionadas até o córrego Santa Libera. FIGURA 27 - Área em estudos – Vista do talude parcialmente recuperado. 109 FIGURA 28 – Talude parcialmente recuperado. FIGURA 29 - Talude presente na área em estudos. 110 FIGURA 30 - Talude presente na área em estudo. Para a disposição dos rejeitos sólidos é necessário realizar o espalhamento e a compactação dos rejeitos no depósito. A disposição de rejeito deve ser feita em camadas horizontais de até 0,30 m de espessura e devidamente compactadas, o que minimizará os índices de vazios da massa de rejeitos e consequentemente reduzirá a circulação de água e ar sobre a pirita, elementos geradores de poluição. Após a conformação topográfica e compactação da área serão executadas as obras civis necessárias, tais como a implantação de valas, valetas, calhas, mata burros, caixas de acumulação, enfim, preparação de todo o sistema de drenagem das águas superficiais. De acordo com vistoria in loco, a principal fonte de poluição presente na área são infiltrações e o escoamento de águas pluviais contaminadas pelo contato com o rejeito piritoso, formando voçorocas (FIGURA 31). Assim, a primeira ação para minimizar o problema de poluição das águas superficiais e subterrâneas será a adoção dos procedimentos descritos no item a seguir, intitulado: Recomendações para Cobertura de Rejeitos. As etapas previstas neste projeto visam isolar o rejeito e eliminar as fontes de poluição, seja através do arraste eólico, infiltração ou escoamento superficial. 111 FIGURA 31 - Voçorocas formadas pela ausência do sistema de drenagem. O sistema de drenagem do local será implantado concomitantemente com a reintrodução das espécies vegetais, ficando a cargo da empresa a decisão de construção do sistema de drenagem através de calhas de concreto ou calhas construídas em solo, cimento e cal. Recomendamos que a empresa construa uma cerca de arame no perímetro de sua propriedade, por questões patrimoniais e principalmente de segurança. VI.3 – Compactação e Impermeabilização A compactação é uma operação pela qual se provoca uma maior aproximação das partículas do solo, de forma que as mesmas venham a ocupar vazios inicialmente existentes entre elas. Este efeito é provocado pela aplicação de energia e é percebido pelo aumento da massa específica aparente. Os objetivos da compactação giram em torno das melhorias feitas para as características geotécnicas dos materiais, ou seja, aumentar a resistência à ruptura, aumentar a resistência à erosão, diminuir a compressibilidade e os recalques. Neste caso específico, a compactação 112 destina-se principalmente à impermeabilização das camadas de rejeito. Por se tratar de uma camada formada por rejeitos piritosos (FIGURA 32), deve-se realizar a impermeabilização das camadas de rejeitos, a fim de assegurar o mínimo de permeabilidade, diminuindo assim, a infiltração e a contaminação do lençol freático. As águas pluviométricas sem contato com os rejeitos poderão ser direcionadas para fora do terreno, sem que venha causar impacto algum ao meio ambiente, desde que sejam monitoradas, afim de assegurar a qualidade destas águas. FIGURA 32 - Detalhe do rejeito piritoso desprovido de cobertura. As sucessivas camadas de solo argiloso, devidamente compactadas, devem isolar a infiltração das águas de chuva na área. Este material será proveniente de escavações do solo na área onde o novo plano inclinado foi projetado, desde que o projeto do novo plano seja aprovado pelos órgão competentes. As camadas de solo argiloso devem ter 0,50 m podendo chegar até 1 metro nas áreas onde será estabelecida a vegetação arbustivo-arbórea. Para a cobertura do rejeito piritoso exposto na área aplainada no topo do depósito e na margem do Córrego Santa Libera e Rio Sangãoserão empregados cerca de 45.000 m3 de argila, valor correspondente a 6.428 viagens de caminhão basculante, com capacidade de aproximadamente 7 m3. 113 A impermeabilização da superfície dos taludes (FIGURA 33), compostas por rejeitos de carvão, sob o ponto de vista geotécnico, requer a aplicação de uma camada de argila bem homogênea, de fácil compactação e isenta de grânulos capazes de introduzir porosidades e propiciar percolação de água para o interior da pilha de rejeito. Para o recobrimento dos taludes ao redor do depósito de rejeito, calcula-se um valor aproximado de 44.450 m3 de argila, o equivalente a cerca de 6.350 viagens, trabalhando-se com caminhões basculante com capacidade aproximada de 7 m3. Objetivos da cobertura de rejeitos O objetivo principal da cobertura dos rejeitos piritosos com argila esta focado principalmente: Redução do fluxo de ar nos rejeitos para prevenir ou retardar a geração de drenagem ácida; Redução do fluxo de ar nos rejeitos devido à chuva e ao escoamento superficial; Isolar o rejeito criando uma barreira física entre o rejeito, o ambiente humano e o natural. Procedimentos e critérios para cobertura dos rejeitos Para atingir os objetivos acima mencionados, a empresa deverá adotar os critérios descritos a seguir, que consistem em quatro componentes distintos: Camada de rejeito: a camada de rejeito sob a cobertura final do solo fornecerá a fundação estrutural e os contornos topográficos finais para a cobertura, por isto as camadas de rejeito devem ser terraplanadas com declives finais de 3 a 5 % e, adequadamente compactada para satisfazer as exigências de um preenchimento estrutural. Camada de barreira hidráulica: A espessura desta camada pode variar, porém recomendamos uma espessura que varie de 30 a 40 cm. A camada de barreira hidráulica deverá ser constituída de solos de argila (conter mais de 20 % de finos) compactados com uma condutividade hidráulica de 10 −7 cm/s. Camada de armazenamento de água: tem como função reter a umidade para sustentar a camada com vegetação. Esta camada deve ser composta de solo, preferencialmente mineral, contendo sedimentos, e argila, devendo ser compactada apenas com o trator 114 de esteira, num lugar onde a condutividade hidráulica varie entre 10 −3 e 10 −5 cm/s. A camada de armazenamento deve ter pelo menos de 20 a 30 cm para reter umidade suficiente. Camada de capeamento/vegetação: esta camada é constituída de um solo orgânico com textura média, turfa ou cama de aviário. Esta camada deve ter uma espessura mínima de 5 cm. A camada de vegetação será constituída por espécies não lenhosas, que com mais detalhes estão descritas no item plantio de gramíneas. FIGURA 33 - Perfil da cobertura a ser utilizada para o recobrimento do rejeito. O processo de compactação deve ser minuciosamente acompanhado, levando-se em consideração as orientações do item a seguir intitulado controle de compactação. Desta forma, pode-se utilizar o método de compactação adotado em áreas de impermeabilização superficial, as quais serão realizadas com camadas de solo argiloso. Os principais equipamentos utilizados para compactação de solos em obras de terra são: rolo pé de carneiro; rolo liso estático ou vibratório; 115 rolo de pneu. A escolha do tipo de rolo compactador depende do tipo de solo ou material a compactar, bem como disponibilidades financeiras do empreendedor. O rolo liso é geralmente utilizado para compactar solos granulares, já o rolo de pneus é para compactar solos arenosos finos. No caso do rolo tipo pé de carneiro, as patas são peças fixadas a parte externa de um cilindro que transmite uma carga para o material que está sendo compactado. Existem dois tipos de patas que são patas longas e patas curtas. As patas longas variam de 18 a 20 cm, e as patas curtas de 5 a 7 cm, as patas longas são aconselhadas para compactação de material argiloso. Contudo, o tipo de rolo a ser utilizado na compactação do material será definido a partir dos estudos de compactação contratado pelo SIECESC, e atualmente em andamento. Controle da Compactação O controle da compactação tem por objetivo controlar a massa específica aparente (MEA) e a umidade de compactação do material. Controle da Umidade em Campo Este controle tem por objetivo controlar a umidade ideal para a compactação do material. Os valores da umidade de campo devem ser compatíveis ou próximos dos determinados em laboratório, o qual ficou em torno de 30,60%. Para esta atividade sugere-se o método “speedy“. Este ensaio pode ser executado pelo procedimento apresentado no Método de Ensaio DNER-ME 25-64. A execução deste ensaio compõe das seguintes etapas principais: - colocar dentro do recipiente (garrafa): amostra do material de empréstimo, cápsulas de vidro com carbureto e esfera de aço. Fechar o recipiente com a tampa; - agitar o recipiente para quebrar as cápsulas com carbureto; - esperar a reação da água do material com carbureto, formando gás acetileno. - a reação é expansiva, o que faz aumentar a pressão no interior do recipiente; 116 - medir a variação de pressão através do manômetro acoplado à tampa; - determinar o teor de umidade através do ábaco de calibração: pressão por umidade. Controle da Massa Específica Aparente Os valores de MEA e da umidade de campo devem ser compatíveis ou próximos dos determinados em laboratório, em torno de 1,498 como verificados nos ensaios laboratoriais de compactação. Consiste na determinação da massa específica aparente (MEA) do material compactado, que corrigida pela umidade fornece a massa específica aparente seca (MEAS) do material, que é um dos parâmetros utilizados para controle de compactação no campo. Para determinar a massa específica aparente seca é necessário conhecer o peso úmido (Ph), o volume (V) e a umidade (h) de porção do material compactado. Através das equações abaixo pode-se calcular a MEAS: (γseca) do solo. γ umida = Pumido / V γ umida γ sec o = h 1 + 100 onde Ph = é determinado por uma balança h = é determinado pelo método speedy V = é obtido pelo método do frasco de areia Para o método do frasco de areia: Este ensaio pode ser executado pelo procedimento apresentado no Método de ensaio DNERME 92-64. O princípio básico para determinação é o seguinte: - colocar a bandeja sobre o material que se quer ensaiar - executar um furo no material através de um orifício existente no centro da bandeja e pesar a 117 amostra de material retirada (Ph); - pesar o frasco cheio de areia (P1). A areia deve ser seca e ter a massa específica aparente conhecida (γareia); - colocar o frasco de areia sobre a bandeja com o funil ajustado ao orifício e o registro fechado; - abrir o registro e deixar a areia escoar até preencher o furo e o funil. O peso da areia que preenche o funil deve ser determinado previamente (P2); - fechar o registro, retirar o frasco de areia e pesá-lo (P3); - determinar o peso de areias que preenche o furo (Pa); Pa = P1 + P3 – P2 determinar o volume do furo (v): V= Pa γ areia determinar a MEA do solo: γ umida = Ph V Equipamento do Ensaio com Frasco de Areia Com os dados acima especificados podemos encontrar o grau de compactação necessário para que o paramento argiloso desenvolva uma boa impermeabilização, assim deste modo temos: γ GC = sec o γ s.máximo *100 onde GC = Grau de Compactação A massa específica aparente seca máxima (MEAS máxima) podemos tirar da curva de compactação: Estes métodos de controle da compactação têm por objetivo controlar a massa específica aparente (MEA) e a umidade de compactação do material. Os valores de MEA e da umidade de campo estando compatíveis ou próximos dos determinados em laboratório garantem uma 118 maior garantia da eficácia do processo de compactação. VI.4 - Correção das Características Físicas, Químicas e Microbiológicas do Solo. O procedimento inicial para correção do solo a ser utilizado na recuperação da área, deve iniciar com a coleta e análise das características físico-químicas do material contido na jazida. O laudo será fornecido pelo EPAGRI/CIDASC e deverá ser utilizado como referência para o processo de correção e para o calculo da estimativa de material (calcário e adubo) utilizado na correção deste material. A coleta, manuseio, armazenagem e correção das amostras de solos seguirão as orientações do Manual de Adubação e Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (EMBRAPA, 1995). Serão analisados os parâmetros básicos como: textura, pH, índice SMP, fósforo, potássio, matéria orgânica, alumínio, cálcio, magnésio, sódio, H+AL, pH (CaCl), soma de bases (S), capacidade de troca de cátions (CTC), saturação de bases (V) e também a composição granulométrica. Na interpretação dos resultados serão utilizados critérios definidos pela EMBRAPA (1995) e OLEYNIK et al. (1998). A correção do substrato para introdução da vegetação exigirá a aplicação de conchas calcárias na proporção de aproximadamente 80 Kg/ha ou calcário com PRNT de 75,1 % (Classe C). A distribuição poderá ser realizada com auxílio de uma calcareadeira ou manualmente. Durante esta operação, será aplicado sobre os estéreis reconfigurados 70 % do volume total de calcário necessário. O restante será misturado à argila que recobrirá o rejeito nas áreas planas, permitindo desta forma a correção do substrato, além de tornar indisponíveis metais tóxicos como Ferro, Manganês e o alumínio. Para que haja incorporação do calcário junto ao substrato que dará origem ao solo construído, sugerimos o uso de uma grade de disco dentada, com pouco ângulo de abertura, ou um escarificador fixo em trator. Após a compactação, impermeabilização e calagem da área em estudos, deverá ser colocada uma camada de solo orgânico com espessura de 0,5 m sobre toda a superfície destes terrenos, podendo este ser substituído por misturas de casca de arroz com cama de galinheiro. Esta medida terá como objetivo permitir a implantação de uma cobertura vegetal constituída por Brachiarias, onde serão realizados serviços de impermeabilização, que protegerá a superfície 119 do terreno da atuação de processos erosivos relacionados ao escoamento superficial. O material será espalhado manualmente devido a sua pouca espessura. Entende-se como “substrato orgânico” o meio em que as raízes das plantas são cultivadas (Kämpf, 2000). Considera-se como sua função primordial, promover suporte as plantas nele cultivadas, podendo ainda regular a disponibilidade de nutrientes e de água (Kämpf, 2000), sendo um fator importante no desenvolvimento da vegetação. Esta etapa de recobrimento com terra vegetal ou matéria orgânica é fundamental para o processo de restabelecimento da vegetação, que embora não seja muito exigente em termos de matéria orgânica, desenvolvemse melhor na presença destes elementos, o que diminui os gastos na semeadura e correção do solo. Propomos para a situação descrita o uso de cama de aviário estabilizada e turfa – medida esta que terá como objetivo melhorar as características físicas, químicas e microbiológicas do substrato, assim como, prover um banco de sementes para iniciar o processo de revegetação nas áreas em questão, diminuindo desta forma, o risco de erosão. Esta recomendação será para a área as margens reconfiguradas do Córrego Santa Líbera e para o depósito de rejeitos também já reconfigurados, sendo que nesta ultima área será revegetado apenas com vegetação rasteira (gramíneas) com objetivo único de isolar o rejeito piritoso. Caso o monitoramento demonstre que o processo de correção do solo não forneceu os resultados esperados, será realizado novo laudo de análise do solo e nova correção. VI.5 - Revegetação Os terrenos impermeabilizados com argilas, que servem como isolante, terão a topografia adequada para o correto escoamento das águas, sem que haja infiltrações e sem que sejam retiradas as argilas por um eventual processo de erosão. O trabalho de revegetação, com espécies gramíneas, tem como objetivo a proteção da camada de argila contra a erosão, infiltração e a máxima diversificação das espécies utilizadas em sua cobertura para propiciar o desenvolvimento de um ambiente também bastante diversificado, que tenha condições de se perenizar. A reintrodução da vegetação herbácea, arbustiva e arbórea, objetiva além do reestabelecimento da cobertura vegetal, aumentar a oferta de habitats para a fauna, propiciando o retorno da mesma à área recomposta. Através das pesquisas bibliográficas e da descrição florística do fragmento localizado próximo à área a ser recuperada, sugerimos que a 120 seleção de sementes e mudas devão privilegiar espécies nativas características de vegetação ciliar e, preferencialmente, produtoras de bagas. As chamadas “bagueiras”, conforme destaca Reis et al. (1996), são espécies com frutos carnosos atrativos para fauna. Como exemplo, podemos citar as figueiras (Ficus sp.), a grandiúva (Trema micrantha), a capororoca (Myrsine coriacea), o palmiteiro (Euterpe edulis), os ingas (Inga sp.) entre outras, encontradas nos remanescentes florestais estudados na área e no seu entorno, que estão descritos no EIA/RIMA Cooperminas e no item anterior deste trabalho, intitulado Flora Local. Dentre os grupos ecofisiológicos e espécies a serem utilizadas, se destaca o grupo das pioneiras edáficas, principalmente para áreas degradadas. È importante não se restringir as arbóreas, mas contemplar outros grupos de espécies como gramíneas nativas e arbustivas, que conferem uma rápida proteção do solo, principalmente em áreas totalmente desprovidas de vegetação (ALMEIDA, 2000). Devido à instabilidade do substrato que dará origem ao solo construído, sugerimos o plantio de Brachiarias logo após a aplicação de calcário. Esta ação visa melhorar as características físico-químicas e fixar as partículas do solo evitando-se a formação de processos erosivos iniciais. Além do uso de Brachiarias para estabilização dos solos, na área as margens do Córrego Santa Líbera, após a retirada do rejeito piritoso e o preenchimento com argila e terra vegetal, recomendamos o plantio de espécies arbustivo-arbóreas características de vegetação ciliar. A figura a seguir apresenta os pontos onde serão introduzidas as espécies herbáceas e as arbustivo-arbóreas, conforme a metodologia descrita a seguir. 121 FIGURA 34 – Áreas a serem recuperadas com vegetação arbustiva, arbórea e herbáceas. VI.5.1 - Plantio de herbáceas As espécies listadas na (TABELA 25) serão plantadas a lanço, consorciadas, respeitando-se a época de semeadura. Este recurso tem como objetivo promover a fixação do solo, oferecendo proteção contra a erosão uma vez que estas espécies possuem grande capacidade de colonizar solos degradados, cobrindo-os e incorporando grande quantidade de matéria orgânica no solo. As espécies utilizadas na recuperação devem ser selecionadas, tendo em vista os objetivos a curto e longo prazo, as condições fisico-químicas do local, o clima, a viabilidade de sementes, a taxa e forma de crescimento e a compatibilidade com outras espécies. Além disso, a consorciação de espécies para determinada operação deve variar de acordo com as mudanças das condições mencionadas. Segundo (REIS, 1994) deve ser considerado benéfico o uso de oito a dez combinações de espécies diferentes, entretanto, a seleção das espécies é especifica para cada situação local e para as condições diversas dentro de um determinado ambiente. Sendo assim, recomendamos a utilização de gramíneas e leguminosas, tais como Brachiaria decumbens, Brachiária brizantha(MG 5), Melinis minutiflora, Panicum maximum. Para revegetação da área em estudos optamos pela introdução de Bracharias MG-5 em maior 122 proporção, por apresentar um rápido crescimento, tolerância ao clima e ao solo da região e por apresentarem um ciclo vegetativo perene. Na prática, esta espécie tem apresentado resultados satisfatórios, com um rápido crescimento quando comparado com as demais espécies. David (1994) relata que ao utilizar Mellinis minutiflora (capim gordura) para cobertura, devese ter cuidado com o seu crescimento agressivo, pois o mesmo impede o crescimento de árvores, inviabilizando o processo de sucessão secundária, além de ser suscetível ao fogo em época de seca. A estabilização do solo reconstruído, altamente frágil, poderá ser reforçada pela aplicação de turfa, na quantidade recomendada por Zimmermann (2001), cuja espessura sugerida é de 5,0 cm por m², ou 300.000 kg/ha, e de acordo com as análises das características da turfa. A turfa, além de suprimir carências de nutrientes orgânicos no solo, representa um banco de sementes considerável, as quais estão perfeitamente adaptadas às condições tipicamente ácidas. A cobertura será feita com uma mistura de sementes das seguintes espécies e proporções abaixo: Nome vulgar Nome científico Porcentagem Quantidade/hectar Brachiaria Brachiaria brizantha (MG-5) 40% 32 a 40 Kg/ha Capim gordura Melinis multiflora 20% 16 a 20 Kg/ha Brachiaria decumbens Brachiaria decumbens 20% 16 a 20 Kg/ha Capim colonião Panicum maximum 20% 16 a 20 Kg/ha 100% 80 a 100 Kg/ha Total TABELA 25 - Espécies sugeridas para a recuperação das áreas degradadas (Consorciação de sementes e suas proporções). A tabela abaixo apresenta as características da Brachiaria MG-5, a ser utilizada em maior proporção na recuperação da área. 123 Nome Científico: Brachiaria brizantha cv MG- Vitória Origem: Burundi / Africa Fertilidade: Solos de média e alta fertilidade Forma de crescimento: Touceira decumbente Altura: Até 1,60 m Utilização: Pastoreio e Recuperação de áreas Preciptação Pluviométrica: De 800 a 3000 mm/ano Tolerância a seca: Muito boa Drenados: Muito boa Teor de proteínas e matéria seca: 8,7 a 13,5% Profundidade de plantio: 1 a 3 cm Ciclo vegetativo: Perene FIGURA 35- Mg5–Brachiaria brizantha. TABELA 26 - Características da Brachiaria MG-5. Poderão ser utilizados em consorciação espécies como Brachiaria brizantha (MG-5), Melinis multiflora (capim gordura), Brachiaria decumbens e Panicum maximum (colonião) em proporções de 2:1:1:1. Todo o plantio será realizado através de semeadura a lanço com quantidades de 80 a 100 Kg/ha. Em locais de difícil estabelecimento da vegetação será feito o plantio manual das sementes, especialmente nas áreas próximas as drenagens. A época mais propícia para o plantio é de agosto a outubro ou início das estações de chuvas. Próxima as drenagens superficiais onde os processos erosivos são mais acentuados será plantado gramíneas rasteira em leivas e com espessura de cerca de 1 metro para cada lado da drenagem. 124 FIGURA 36 – Modelo de revegetação de talude implantado na Cooperminas O principal objetivo da utilização de gramíneas e leguminosas na recuperação de áreas com rejeitos sólidos é o isolamento do rejeito piritoso e das águas pluviais e, principalmente, na contenção dos processos erosivos e na produção de matéria orgânica, importante para o restabelecimento da vegetação arbustivo-arbórea. De todo o processo de recuperação ambiental, o revegetativo e o processo que mais se destaca, pois coroa todos os esforços de integração da área degradada com o meio ambiente e anula o impacto agressivo do mesmo, dando colorido as suas superfícies e armonizando-as com o restante da região, ao mesmo tempo em que as protege dos processos erosivos das águas de chuvas. VI.5.2 - Plantio e Distribuição de Vegetação Arbustiva e Arbórea Para a recuperação ambiental, tenta-se reproduzir o processo natural e se este já é bem conhecido, procura-se acelerar as mudanças das comunidades, visando atingir o clímax. Segundo REIS (1999, apud ALMEIDA, 2000) e BRITEZ et al. (1992) deve-se promover a sucessão de todos os elementos (solo, microflora, flora e fauna), o que fará com que a área ganhe nova resiliência, que é a capacidade de voltar a um estado de equilíbrio. 125 Para promover a sucessão ecológica na recuperação ambiental, considerando o atual nível de conhecimento biológico de ecossistemas e sucessão, bem como a grande interação entre flora e fauna em áreas de floresta tropical, que inclui a Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), onde a área está inserida, deve-se preferir utilizar espécies típicas dos ambientes específicos que estão sendo recuperados, neste caso, espécies características de vegetação ciliar DE Florestas Ombrófilas Densa. Para isto é importante a utilização de levantamentos florísticos realizados na região, como forma de direcionar a escolha das espécies vegetais a serem utilizadas. Dentre os grupos ecofisiológicos e espécies a serem utilizados, o grupo de espécies pioneiras edáficas se destaca, principalmente para áreas mais degradadas e é importante não se restringir a espécies arbóreas, mas contemplar outros grupos de espécies como gramíneas e arbustivas, que conferem uma rápida proteção aos solos degradados, principalmente em áreas totalmente desprovidas de vegetação (ALMEIDA, 2000). Portanto, na recuperação de áreas degradadas, necessita-se de espécies de crescimento rápido, que acelere o recobrimento do solo, com sistemas radiculares profundos que transloquem nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfície, promovendo a ciclagem de nutrientes e acumulando matéria orgânica nas camadas superiores, criando condições para o desenvolvimento de outras espécies. Também é considerada como característica desejável, um bom formato da copa, com a parte aérea bem desenvolvida, lateralmente, para proteção do solo. Segundo DEDECEK (1992), para recuperar uma área degradada é necessário identificar quais as limitações impostas pelo tipo de solo a ser recuperado. Para alguns solos a recuperação passa apenas pela recomposição do nível de fertilidade perdido. Os impactos da degradação nesta área poderá alterar o solo por deslocamento, sendo este efeito fruto do arraste causado pela erosão hídrica e eólica. O principal problema esta na diminuição da matéria orgânica, fator este condicionante para o restabelecimento de novas espécies vegetais. Este impacto deverá ser minimizado com a introdução de espécies herbáceas citadas anteriormente. O processo de restabelecimento da vegetação arbustivo-arbórea a ser introduzida na área será dividido em duas diferentes etapas, com a utilização da vegetação herbácea durante o período inicial e a introdução das arbustivas e arbóreas após os primeiros 5 meses. PALLAZO JR. e BOTH (2001) recomendam que na fase inicial (fase um), que compreende os dois primeiros anos, deve-se realizar o plantio aproximado em grande densidade, não mais de 2 metros entre mudas das seguintes espécies vegetais arbustivo-arbóreas: Mimosa scabrella (Bracatinga), 126 Cecropia glazioui (Embaúba, Pau-formiga), Schizolobium parahyba (Guarapuvú), Lantana camara (Lantana) (FIGURA 38). Estas pioneiras são importantes para o inicio do processo sucessional e a manutenção das espécies secundárias tardias e de clímax. Pi 2 metros 2 metros Pi Pi 2 metros 2 metros Pi Pioneiras - Pi FIGURA 37 - Disposição das espécies arbóreas pioneiras (Pi) na fase inicial (fase 1). A seguir, com base em BRITEZ (1992), CITADINI-ZANETTE (1995), ALMEIDA (2000) e PALLAZO JR. e BOTH (2001) e em observações locais, sugere-se a forma mais adequada e as espécies a serem utilizadas para a restauração dos ambientes degradados na área do empreendimento. A segunda etapa (fase 2) compreende o plantio de mudas de espécie secundárias tardias e de clímax, cercadas de pioneiras e secundárias iniciais, espaçadas 2,0 (dois) metros uma das outras, conforme mostra a (FIGURA 38). 127 FIGURA 38 - Distribuição das espécies arbóreas pioneiras (Pi), secundárias (S) e climácicas (C) listadas nas tabelas a seguir (segunda fase). Dois a três anos após a introdução das mudas de espécies pioneiras (primeira fase), serão implantadas as espécies secundárias e climácicas (segunda fase), conforme indicado na figura a seguir, utilizando as espécies listadas nas tabelas a seguir. Nas tabelas abaixo são apresentadas as espécies e suas respectivas classes de acordo com os levantamentos bibliográficos realizados. Na TABELA 27 são apresentadas as espécies pioneiras sugeridas para a primeira fase (fase um) do processo de recuperação. Já a TABELA 28 apresenta as espécies secundárias e de clímax sugeridas para implantação na segunda fase de execução deste PRAD. A pesquisa bibliográfica referente à florística local e a recuperação de áreas degradadas, fundamentou-se em alguns trabalhos, entre os quais destacamos: Britez (1992), Citadini-Zanette (1995), Almeida (2000) e Pallazo Jr. & Both (2001). Levou-se em conta também as recomendações de Reis et al. (1996, 1999) e Almeida (2000). Baseado nestas pesquisas, na disponibilidade de mudas nos viveiros da região e observações locais, sugere-se as espécies a serem utilizadas na recuperação da referida área. 128 Nome científico Nome popular Schinus terebinitifolius Aroeira Jacaranda micrantha Caroba Cecropia glazioui Embauba Centela asiatica Centela Senna multijuga Pau-de-cigarra Clethra scabra Carne-de-vaca Alchornea triplinervia Tanheiro Croton celtidifolius Pau-sangue Sapium glandulatum Pau-de-leite Trema micrantha Grandiuva Piptadenia gonoacantha Pau-jacaré Tetrorchidium rubrivenium Canema TABELA 27 – Espécies pioneiras (Pi), recomendadas para implantação da primeira fase do projeto de recuperação. Nome científico Nome popular Casearia sylvestris Chá-de-bugre Inga semialata Ingá-feijão Jacaranda puberula Carobinha Hieronyma alchorneoides Licurana Aioea saligna Canela-fogo Myrcia rostrata Guamirim Tibouchina sellowiana Quaresmeira Fícus enormis Figueira-do-mato Nectandra oppositifolia Canela-amarela Inga sessilis Ingá-ferradura Myrsine coriacea Capororoca Aegiphyla sellowiana Gaioleiro Ocotea puberula Canela-de-corvo Inga semialata Ingá-feijão Xylopia brasiliensis Pindaíba 129 Cabralea cangerana Cangerana Camponamesia cf. reitziana Guabiroba Cedrela fissilis Cedro Psidium cattleyanum Araçá Guapira opposita Maria-mole Matayba guianensis Camboatá Talauma ovata Baguaçu TABELA 28 - Espécies secundárias iniciais (Si) e tardias (St), recomendadas para a implantação da segunda fase do projeto de recuperação. Nome científico Nome popular Ficus insipida Figueira-purgante Trichilia lepidota Guacá Euterpe edulis Palmiteiro Virola bicuhyba Bicuíba Aspidosperma olivaceum Peroba Syagrus romanzoffiana Coqueiro Bactris lindmaniana Tucum Eugenia multicostata Pau-azalão Sloanea guianensis Laranjeira-do-mato Cinnamomum glaziovii Canela-papagaio Mollinedia schottiana Pimenteira Brosimum lactescens Leiteiro Psychotria suterella Café-do-mato TABELA 29 - Espécies climácicas (C) recomendadas para a implantação da segunda fase do projeto de recuperação. As espécies arbustivas e arbóreas a serem introduzidas, serão plantadas em covas com 0,5 m x 0,5 m x 0,5 m. As necessidades nutricionais e de calagem por muda são de aproximadamente 2 kg de calcário, 5 kg de cama de aves e 150 g de fertilizante organo-mineral na formulação 03-10-06. Portanto, na implantação da primeira fase do projeto, onde serão introduzidas as 130 espécies pioneiras, serão aplicados 9.750 kg de calcário, 24.375 kg de cama de aves e 731.25 kg de adubo. No plantio das espécies secundárias iniciais/tardias e climácicas serão aplicados um total de 12.187 kg de calcário e 905 kg de adubo. Objetivando uma contribuição para o restabelecimento do processo de resiliência que se deseja instalar, utilizaremos a avifauna como dispersora de sementes, através da implantação de poleiros artificiais, como pontos de pouso para avifauna local. A metodologia para criação dos poleiros artificiais, sugeridos por REIS (1999), consiste na preparação de poleiros construídos em forma de T, onde em um raio de 1 metro o terreno deve estar limpo e preparado para a germinação das sementes. VI.6 – Quantificação dos Materiais a Serem Utilizados na Recuperação Na TABELA 30 apresentamos um resumo quantitativo, dos materiais a serem utilizados na recuperação da área de 17,89 hectares, do PRAD da COOPERMINAS. Material Por hectare Subtotal Total 1 Argila Sobre o rejeito reconfigurado (área PRAD.) 5.000,0 m³ 45.000 m³ Nos taludes de rejeito reconfigurado 44.450 m³ 5.000,0 m³ TOTAL 88.450 m3 2 Calcário Misturado com a argila de cobertura 4,0 ton. 71,6 ton. Nas covas para plantio de mudas 2 Kg / 0,002 t. 9,75 ton. TOTAL 81,35 ton. 3 Cama de aviário Misturado com solo de cobertura 250,0 m³ . Nas covas para plantio de mudas das 20,0 m³ 4.472,5 m³ 357,0 m³ espécies arbustivas e arbóreas TOTAL 4.829,5 m3 131 4 Turfa Sobre a argila de cobertura da área onde 300,0 m³ 585,0 m³ será introduzida a vegetação TOTAL 585,0 m3 5 Sementes Capim gordura (Mellinis minutiflora) 16,0 kg 255,04 kg Decumbens (Brachiaria decumbens) 16,0 kg 255,04 kg Colonião (Panicum maximum) 16,0 kg 255,04 kg MG – 5 (Brachiaria brizantha) 32,0 Kg 510,08 Kg TOTAL 1.275,20 Kg 6 Mudas Pioneiras por ha. 5.000 mudas 9.750 mudas Secundárias (Si, St) 5.000 mudas 9.750 mudas Climácicas 1.250 mudas 2.437 mudas TOTAL 21.937 mudas 7 Adubação Nas covas para o plantio de espécies 14,85 kg 28,96 kg pioneiras, secundárias e climácicas. Sob a argila de cobertura dos rejeitos e nos 75,0 kg 1.341,0 kg estéreis reconfigurados (antes do plantio) TOTAL 1.369,96 Kg TABELA 30 - Estimativa da quantidade dos materiais que serão necessários para implantação do PRAD. VI. 7 – Uso Futuro Por se tratar de uma área topográficamente desfavorável para qualquer atividade , não estamos prevendo no momento alguma utilização econômica para a área. Entretanto é 132 importante a recomposição da vegetação como forma de criar futuros núcleos com vegetação arbustiva nativa, servindo de suporte e manutenção da fauna migratória e o restabelecimento dos processos de sucessão vegetal. 133 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo VII PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO 134 VII - PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS O acompanhamento ou monitoramento do projeto de recuperação de uma área degradada consiste na avaliação, em intervalos regulares, dos resultados obtidos a partir da implementação das técnicas de recuperação propostas. Para tanto, deve-se definir quais indicadores ambientais serão monitorados ao longo dos anos, assim como a localização dos pontos de amostragem. Indicadores ambientais são parâmetros ou conjunto de parâmetros passíveis de serem medidos, por meio dos quais pode-se identificar possíveis mudanças de ordem física, química, biológica ou sócio-cultural a que determinado ambiente foi submetido, seja por ação antrópica ou por processos naturais. Embora ainda pouco usado como parte fundamental de projetos de recuperação de áreas degradadas, o monitoramento, quando planejado adequadamente, possibilita não só uma avaliação da eficiência dos métodos aplicados, mas também a correção de rumos do processo de recuperação. A falta desta medida representa um grande desperdício do principal capital destes programas, que é a informação disponível. A geração de dados de acompanhamento de cada método é o principal instrumento para a progressiva melhoria de sua eficiência e conseqüentemente dos resultados da recuperação. Dada a importância que o programa de monitoramento assume como parte diretamente ligada ao projeto de recuperação de áreas degradadas, deverá ser implementado desde o inicio da execução do projeto, até o fim das atividades de mineração na área objeto deste estudo e, sempre buscar atender os padrões ambientais estabelecidos pela Legislação Ambiental específica. VII.1 - Objetivos do Programa de Acompanhamento e Monitoramento O monitoramento dos parâmetros indicadores da qualidade ambiental de determinada área, bem como a geração de um banco de dados técnico científicos, obtidos a curto, médio e longo prazo, e que deêm suporte à tomada de decisões acerca da condução do processo de recuperação de áreas degradadas, são os objetivos do plano de monitoramento ambiental proposto a seguir. O programa propõe: 135 ● Monitorar a evolução da qualidade física e química do solo das áreas recuperadas; ● Monitorar a evolução da qualidade física e química das águas superficiais e subterrâneas; ● Monitorar o sentido do fluxo e as cotas do nível freático das águas subterrâneas; ● Verificar a presença de processos erosivos durante e após a complementação dos trabalhos de recuperação, indicando medidas corretivas quando necessário; ● Constituir banco de dados que de suporte para realização de medidas corretivas; ● Avaliar a efetividade do plano de recuperação de área degradada proposto. VII.2 - Plano de Monitoramento dos Recursos Hídricos Superficiais VII.2.1 - Indicadores de Qualidade dos Recursos Hídricos Superficiais Os indicadores definidos neste plano estão voltados ao monitoramento da qualidade ambiental dos recursos hídricos superficiais, através do qual, pretende-se avaliar a eficiência dos trabalhos de recuperação ambiental projetados para a área do depósito de rejeitos, direta ou indiretamente impactadas pela atividade de mineração e beneficiamento de carvão mineral. Os parâmetros indicados para o monitoramento da qualidade ambiental das águas superficiais são: vazão, pH, ferro total, manganês total, acidez, condutividade, alumínio total, sulfatos e temperatura. Esses parâmetros são os mesmos adotados nas campanhas de monitoramento da qualidade dos recursos hídricos superficiais, que são coordenadas e realizadas pelo SIECESC, e que irão compor o banco de dados do SIECESC, composto pelo monitoramento de todas as empresas do setor carbonífero. VII.2.2 - Justificativa para Escolha dos Indicadores A qualidade das águas superficiais nos pontos internos e externos a área a ser recuperada refletem as características químicas dos materiais depositados. Desta forma, a coleta de informações sobre os indicadores de qualidade da água possibilita avaliar a eficiência das intervenções propostas para recuperar a área degradada. 136 Acidez e sulfato são parâmetros indicados por encontrarem-se em cursos d’água que drenam áreas expostas com rejeitos da atividade de mineração de carvão e resultam da oxidação direta da pirita existente nas camadas de carvão e suas encaixantes. De acordo com a avaliação dos resultados das campanhas efetuadas, verifica-se que a acidez é o parâmetro que está diretamente relacionado com a geração de drenagem ácida, apresentando o maior coeficiente de correlação quando comparado com qualquer outro parâmetro físicoquímico. A origem dos metais ferro, manganês e alumínio entre outros está associada à mineralogia das rochas drenadas pelos cursos d’água que compõem as bacias hidrográficas. Sua solubilização sela ela parcial ou total é atribuída à mudança no ambiente geoquímico e resulta da redução do pH e redução ou aumento do potencial de oxi-redução promovido pelo aporte da carga de acidez originada pelas reações de oxidação e hidrólise da pirita. A condutividade é o parâmetro que fornece uma medida da concentração iônica em solução e o pH uma medida da concentração relativa de hidrogênio em relação à hidroxila. Esses indicadores permitem uma avaliação quantitativa das cargas dos metais e da acidez para o momento da amostragem e a estimativa dos custos do tratamento ativo, passivo e suas combinações. Outros parâmetros como DQO, DBO, OD, sólidos dissolvidos, fosfato, nitrogênio, sulfetos e metais Cd, Pb, Cr, Cu e Zn apontados pela assessoria técnica do MPF não serão adotados neste plano em razão das seguintes justificativas: a) Sulfeto: o sulfeto assume a forma de sulfato nas condições de oxidação da pirita e marcassita. Permanece na forma solúvel até pH 8,5. A redução de sulfato para sulfeto ocorre lentamente em ambientes muito redutores e na presença de bactérias (BRS). Entendemos que a dosagem de sulfeto como indicador de qualidade não acrescenta informações em relação aos parâmetros a serem adotados no plano de monitoramento proposto; b) Cd, Pb, Cr, Cu e Zn: a solubilização desses metais entre outros presentes nos minerais formadores das rochas está diretamente associada com a drenagem ácida no ambiente supergênico. A elevação da acidez determina sua precipitação, ficando a água dentro dos padrões determinados pela legislação ambiental para lançamento de efluentes (Art. 34, tabela X da Resolução CONAMA 357/05). Os metais Fe, Al e 137 Mn são metais mais comuns e presentes em drenagens ácidas e serão utilizados como indicadores de qualidade ambiental; c) Sólidos dissolvidos: este parâmetro tem uma relação direta com a acidez e condutividade nas drenagens ácidas e não acrescenta informações adicionais como indicador de qualidade dos recursos hídricos que estejam já monitoradas através da acidez e condutividade. Este parâmetro não está relacionado como parâmetro nos padrões de lançamento de efluentes (Art. 34, tabela X da Resolução CONAMA 357/05); d) OD, DBO e DQO: são parâmetros apropriados para o monitoramento da carga orgânica e não estão relacionados, à exceção do OD, à poluição hídrica de origem na drenagem ácida. Também não são indicados como parâmetros nos padrões de lançamento de efluentes (Art. 34, tabela X da Resolução CONAMA 357/05); e) Fosfato e nitrogênio: são encontrados, principalmente, em compostos de fertilizantes e não têm relação direta com a geração de drenagem ácida. VII.2.3 - Rede de Amostragem – Dimensionamento e Distribuição Espacial Na área de influência direta das atividades de beneficiamento do Lavador Santa Líbera, alguns pontos já vem sendo monitorados. Na área do projeto em questão, será dada continuidade ao monitoramento já existente, com referência a qualidade das águas superficiais que é realizada trimestralmente pela empresa. Novos pontos serão implementados, mais precisamente serão quatro novos pontos de amostragem, dois pontos no Rio Sangão e dois no Córrego Santa Líbera, como podemos observar na figura a seguir e no Mapa de Recursos Hídricos e Monitoramento, em anexo. 655500 655000 654500 654000 653500 653000 652500 138 IPAT - UNESC PZ - SL 02 6820500 LAGOA SANTA LÍBERA BACIA ICC. P 02 P 06 SANGÃO RG EL AC ER DA DEPÓSITO DE REJEITOS COOPERMINAS SA 6819500 N ÃO G JO COOPERMINAS CÓRREGO SANTA LÍBERA PZ - SL 01 6820000 RO DO VIA O RI P 07 ROD OVIA GAB RIE LA R NS PZ - SR 04 NG ÃO ÁREA DO PRAD. COOPERMINAS SA CÓRREGO SANTA LÍBERA 6819000 17,89 Ha 6818500 P 04 PZ - SR 03 SA NG ÃO P 05 6818000 RO VI DO A IE BR GA L NS AR OURO NEGRO SANGÃO SÃO ROQUE CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS (LEGENDA) SISTEMA VIÁRIO PONTOS DE AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUPERFICIAL CURVA DE NÍVEL MESTRA PONTOS DE AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUBTERRÂNEA CURVA DE NÍVEL INTERMEDIÁRIA LIMITE DO EMPREENDIMENTO (ÁREA A SER RECUPERADA) HIDROGRAFIA VETOR DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL FIGURA 39 – Mapa Hidrográfico e rede de amostragem VII.2.4 - Periodicidade da Amostragem A periodicidade da amostragem será semestral, seguindo-se o critério de uma amostragem em cada período hidrológico nos meses de março e abril (estação chuvosa) e setembro e outubro 139 (estação seca). A implantação do programa de monitoramento será analisada pela FATMA e iniciará no mesmo semestre de sua aprovação. VII.3 - Plano de Monitoramento para os Recursos Hídricos Subterrâneos VII.3.1 - Indicadores de Qualidade dos Recursos Hídricos Subterrâneos A metodologia adotada na espacialização da rede de poços de monitoramento é baseada nos objetivos propostos e relacionados com o monitoramento da qualidade da água subterrânea dos sistemas aqüíferos existentes no âmbito das áreas degradadas pelo depósito de rejeitos da antiga Mina 2 da CBCA. Nesse sentido, leva-se em consideração todas as informações existentes sobre a geologia e hidrogeologia conhecidas em razão dos levantamentos geológico e hidrogeológico realizados. No que se refere à definição dos indicadores de qualidade e considerando o caráter pioneiro da investigação dos recursos hídricos subterrâneos, adotou-se como critério de escolha os parâmetros necessários para a classificação hidroquímica das águas de subsuperfície, segundo a metodologia proposta por Stiff, Piper e Scholler adotada pela CPRM na elaboração dos mapas hidroquímicos das bacias do Araranguá e Urussanga com as águas coletadas em poços tubulares, escavados e fontes. Os parâmetros indicados para o monitoramento da qualidade ambiental das águas subterrâneas são: pH, alcalinidade total, condutividade, Fe, Mn, acidez, Ca, Na, K, sulfatos, Mg, Cl e Al. A adoção dos mesmos parâmetros para classificação hidroquímica, associado às dosagens de metais (Fe, Al e Mn), sulfato, acidez e pH, permitirão não apenas concluir-se sobre a eventual contaminação dos recursos hídricos subterrâneos, por drenagens ácidas como também, contribuir com estudos geoquímicos futuros. A seguir, são apresentados os parâmetros a serem analisados no monitoramento dos recursos hídricos subterrâneos. → Temperatura; → pH; 140 → Condutividade elétrica; → Alcalinidade; → Acidez; → Manganês total; → Magnésio; → Ferro total; → Alumínio; → Cálcio; → Sódio; → Potássio; → Cloretos; → Sulfato. Será medido também nos piezômetros o nível estático da água, em amostragens trimestrais. Estes dados são fundamentais tanto para definir o sentido do fluxo das águas subterrâneas como para determinar se existe alteração no nível devido a atividade de mineração de subsolo. No mapa em anexo, intitulado Mapa de Recursos Hídricos e Monitoramento, podem ser observadas as localizações dos piezômetros e o sentido dos fluxos da água nos aqüíferos profundos e freáticos. A figura a seguir mostra um perfil construtivo dos poços piezométricos a serem construídos no entorno da área em estudos. 141 Coordenadas UTM E N XXXXXX XXXXXXXX PERFIL GEOLÓGICO Tampa e sobretampa de ferro Tampa de pressão de 4" Ø 12" 0,00m Acabamento com dreno preenchido com cimento areia e brita (concreto) Nível Estático: X,XXm Perfuração de 6" Revestimento Geomecânico de 4" Argila Cimento Compactolit Lacre Filtro Geomecânico 4" Tampa de fundo 4" FIGURA 40 – Perfil dos poços de monitoramento a serem construídos. VII.3.2 - Justificativa para a escolha dos Horizontes de Investigação Os sistemas aqüíferos mais importantes identificados no levantamento hidrogeológico da região onde está inserida a área de estudos são dois: Aqüífero da Formação Palermo e Aqüífero Freático, sendo detalhados neste PRAD, apenas estes dois aqüíferos por ocorrerem na área principalmente as rochas pertencentes à Formação Palermo e acima dela a cobertura quaternária que compõe o aqüífero freático. 142 Uma investigação com a implantação de poços de monitoramento em escala regional faz parte das exigências da sentença em consideração e será objeto de proposta a ser apresentada em conjunto pelas empresas requeridas e deverá incorporar conhecimentos sobre as áreas fontes de contaminação e, eventualmente, indicar a necessidade de adensamento da rede de poços numa fase posterior de detalhamento do programa de monitoramento. O horizonte de investigação proposto para o monitoramento da qualidade da água subterrânea é focado principalmente no aqüífero freático dos Depósitos Aluviais, que pela componente vertical de fluxo da água subterrânea podem recarregar o sistema aqüífero profundo com drenagem ácida, e que na área de estudos trata-se do aqüífero da Formação Palermo. FIGURA 41 - Amostra de solo e argila onde se acumulam as águas do Aqüífero Freático (Piezômetro 05-VP) 143 Subsidiariamente será monitorado também o horizonte do aqüífero profundo Palermo, que por exigir um poço de monitoramento mais dispendioso, será monitorado em apenas um ponto inicialmente, localizado em área próxima ao depósito de rejeitos, para definir se existe ou não contaminação dos aqüíferos mais profundos. FIGURA 42 – Amostra de siltito da Formação Palermo intensamente fraturado – onde se acumula preferencialmente as águas do Aqüífero Palermo.(Furo de Sonda SR-06) 144 VII.3.3 - Rede de Amostragem – Dimensionamento e Distribuição Espacial As informações disponíveis sobre hidrogeologia local não permitiram no prazo de execução determinado pela sentença para a apresentação deste plano a espacialização definitiva dos poços de monitoramento em razão dos poucos estudos referentes ao deslocamento da água subterrânea para esta área. O monitoramento das águas subterrâneas proposto será feito nos quatro piezômetros que serão implantados, sendo três deles no aqüífero freático (PzSL-1, PzSL-2 e PzSR-3) e em um no aqüífero profundo da Formação Palermo (PzSR-4), como apresentado no Mapa de Recursos Hídricos e Monitoramento. O posicionamento dos poços mostrados no mapa de recursos hídricos e monitoramento não são definitivos, porque mudanças de localização poderão ocorrer em função da permissão ou não de uso do solo por parte do proprietário do terreno, aspectos geológicos e possibilidade de transporte e operação dos equipamentos de perfuração. Essas questões serão resolvidas caso a caso e fazem parte da fase de planejamento e projeto de construção e implantação da rede de monitoramento. VII.3.4 - Periodicidade da Amostragem A periodicidade da amostragem será, inicialmente, semestral, seguindo-se o critério de uma amostragem em cada período hidrológico. Vale lembrar que se trata de um programa pioneiro de monitoramento sistemático de água subterrânea nesta área e, portanto, a freqüência da amostragem e os parâmetros estão condicionados, inicialmente, a uma avaliação através de várias campanhas de monitoramento das variáveis físico-químicas dos sistemas aqüíferos a monitorar até que se tenha uma amostragem representativa que possa embasar sua caracterização hidroquímica e, eventualmente, propor a redução de algum parâmetro e/ou adoção de outros indicadores físico-químicos. 145 VII.4 - Plano de monitoramento do solo O monitoramento da qualidade física e química do solo será efetuado no primeiro ano após o processo de recuperação das áreas (será dividida em glebas), na cobertura com argila sobre os antigos depósitos de rejeitos e nos estéreis reconfigurados. Após esta primeira etapa de análise do solo somente após o terceiro de implementação da recuperação é que será efetuado uma nova amostragem. A metodologia de amostragem de solo nas áreas acima segue as recomendações da EMBRAPA (1995). As amostras serão encaminhadas para análise em laboratório para identificação dos seguintes parâmetros: → pH; → Textura; → Índice SMP; → Matéria orgânica; → Fósforo (P); → Potássio (K); → Alumínio trocável (Al); → Magnésio (Mg); → Cálcio (Ca); → Ferro (Fe); → Sódio (Na); → H + Al; → pH – CaCl 2 → Soma de bases; → Saturação de bases; → Capacidade de Troca Catiônica (CTC); → Permeabilidade. 146 VII.5 - Plano de Monitoramento Geotécnico Com o estabelecimento de um plano de monitoramento geológico-geotécnico podemos determinar os processos erosivos que poderão ocorrer nos locais de recuperação, principalmente na camada de cobertura com argila sobre os depósitos de rejeitos reconfigurados, visto a diferença física entre ambos os materiais. O acompanhamento da ocorrência de processos erosivos na área em questão deverá ser feito da seguinte forma: → Identificação das feições erosivas no local recuperado; → Dimensionamento do problema: determinação da profundidade, largura e comprimento da erosão → Proposição de técnicas de contenção da erosão O levantamento dos aspectos físicos que envolvem a recuperação deve ser realizado em toda a área do projeto, desde o inicio da execução do projeto, até a contemplação final do projeto, tendo uma periodicidade semestral. Por não se tratar de uma amostragem pontual, consideramos toda á área em estudos e, principalmente, os taludes e áreas com inclinação mais acentuada, como ponto de amostragem. VII.6 - Plano de monitoramento da vegetação Com relação ao monitoramento da vegetação, o mesmo se dará pelo acompanhamento do desenvolvimento das espécies introduzidas, nas margens do Córrego Santa Libera e Rio sangão e da vegetação herbácea na área do depósito de rejeitos. VII.6.1 - Metodologia e Indicadores O monitoramento da vegetação na área de estudo deve ser realizado estabelecendo-se pontos aleatórios de observação na área do remanescente descrito no diagnóstico e nas áreas em recuperação, locadas na área de influência direta do depósito de rejeitos. Serão observados os seguintes indicadores: Acompanhamento do desenvolvimento das espécies introduzidas; 147 Percentual de vegetação acrescida ou suprimida (área em metros quadrados por tipo de vegetação), comparado com os registros antes do inicio das atividades de monitoramento (mapa de cobertura vegetal); Produção de Serapilheira. Embora alguns aspectos importantes não sejam passiveis de quantificação, devem ser observados e relatados no relatório de acompanhamento, entre eles destacamos os seguintes aspectos: Registro de mortalidade anormal de plantas, associadas ou não as alterações de substrato; Identificação de possíveis espécies raras ou não comumente encontradas nesta região. Será elaborado um relatório síntese anual com avaliação do estado da vegetação, dos impactos observados, previstos e não previstos, e das conseqüências sobre a vegetação. O relatório anual incluirá ainda a avaliação do próprio processo de monitoramento, especialmente de sua eficácia. VII.6.2 - Acompanhamento do Desenvolvimento das Espécies Introduzidas O desenvolvimento das espécies introduzidas e aquelas em regeneração natural serão monitorados observando-se os seguintes aspectos: ● Taxa de mortalidade e sobrevivência das espécies introduzidas; ● Medidas de diâmetro na base dos caules (DAB) e altura das espécies introduzidas. As espécies identificadas fornecerão dados importantes sobre a regeneração da área e serão classificadas por grupos ecológicos de acordo com a classificação sugerida por PinaRodrigues et al (1989), Citadini-Zanette (1992) e Martins (2001). As espécies pioneiras e secundárias iniciais serão reunidas no grupo denominado PIONEIRAS e as secundárias tardias e clímax serão agrupadas como NÃO-PIONEIRAS. Estas classificações mostram-se 148 necessárias para um melhor entendimento das relações ecológicas e dinâmicas populacionais das espécies em regeneração. A metodologia de amostragem consiste na utilização de parcelas de 10 m x 10 m lançadas aleatoriamente sobre as áreas em regeneração. O desenvolvimento será observado através de medições do diâmetro no nível do solo, e da altura das plântulas e plantas jovens, presente nas parcelas amostradas. Os resultados observados serão expressos em gráficos para melhor visualização e interpretação dos resultados. O monitoramento do desenvolvimento da vegetação introduzida servirá para avaliar as espécies dentro da área onde será introduzida as espécies arbustivas e arbóreas, em especial seus sucessos e insucessos, servindo como base para tomada de medidas corretivas e mitigadoras. Para avaliar o desenvolvimento da vegetação herbácea (gramíneas), deverá ser realizada vistoria periódica (mensalmente) com objetivo de quantificar a área desprovida de cobertura e, propor medidas pontuais de correção através da re-semeadura. VII.6.3 - Percentual de Vegetação Acrescida ou Suprimida Através da análise multi-temporal com Produtos Cartográficos Disponíveis e Imagens Orbitais objetiva-se identificar, limitar e quantificar a cobertura vegetal e uso do solo (depósito de rejeito, vegetação nativa, áreas em recuperação, etc.). Através de técnicas de processamento digital de imagens, produtos cartográficos existentes e imagens de satélites a adquirir. Delimitada as áreas com cobertura vegetal, apresentada em forma de Mapa de Cobertura, traçamos um perfil da área em questão, e comparamos as imagens atualizadas com as áreas selecionadas através da Planta de Superfície (Ortofoto Cartas UTM Aeroimagem) de fevereiro de 2002 cedida pelo DNPM/ SC. A atualização do mapa de cobertura vegetal será feita esporadicamente através do processamento digital de imagens, produtos cartográficos e imagens de satélites a serem adquiridas pelo SIECESC. Através da comparação entre as plantas de detalhe de superfície (Ortofoto) e a elaboração de mapas de cobertura vegetal e uso do solo conseguimos calcular o percentual de vegetação suprimida ou acrescida, observando e monitorando os fragmentos da vegetação existente. A metodologia empregada será a comumente encontrada em processos de análise multitemporal tradicionais, onde a primeira etapa trata (ortorretificação) das imperfeições causadas 149 na formação da imagem pelo sistema sensor ou por imprecisão dos dados de posicionamento da plataforma (aeronave ou satélite). Num segundo momento, inicia-se a interpretação e digitalização das feições diretamente em tela (monitor), opta-se por não usar algoritmos de classificação supervisionada ou não-supervisionada devido à preocupação com a consistência dos resultados. Terminada a interpretação e digitalização faz-se a conversão do plano de informação para uma plataforma SIG e em seguida, empregam-se técnicas de superposição de camadas (overlay) para comparação das transformações antrópicas ou naturais ocorridas entre os períodos estabelecidos. E por último, a geração de relatórios descritivos e mapas. VII.6.4 - Produção de Serapilheira A serapilheira compreende, principalmente, o material de origem vegetal e o de origem animal, em menor proporção, depositado na superfície do solo. Atua como sistema de entrada e saída, recebendo entradas via vegetação e, por sua vez, decompondo-se e suprindo o solo e as raízes com nutrientes e com matéria orgânica. Este processo é particularmente importante na restauração da fertilidade do solo nas áreas em início de sucessão ecológica. Em comunidades sucessionais, o acumulo de serapilheira e o tempo de sua remoção pode produzir mudanças radicais na estrutura, afetando a substituição de espécies dominantes, bem como a riqueza e a diversidade. A quantificação da serapilheira, ao longo do ano, permite estimar a produção anual por hectare. Esta informação é muito importante, pois possibilita a comparação com outros estudos realizados em outras áreas. Se a produção de serapilheira de uma área for muito baixa em comparação com outras, podem estar ocorrendo problemas de ciclagem de nutrientes. Propomos o monitoramento da produção de serapilheira nas áreas em recuperação, através da coleta do material em quadrantes de 1m x 1m, em diferentes pontos da área e escolhidos aleatoriamente. O material coletados será acomodados em saco plásticos de 20 litros. Este material será pesado e seu valor anotado para posterior comparação com as demais áreas. VII.6.5 - Registro de Mortalidade Anormal de Plantas. O monitoramento de flora contará com um registro de mortalidade anormal de plantas, bem como observações das possíveis causas da mortalidade, seja por alteração de substrato ou 150 influência antrópica sobre a área em questão. A mortalidade de vegetação será observada ao longo da área de influência direta. Quando observado o registro de mortalidade anormal de plantas, se possível, será especificado quais as espécies que apresentam este registro anormal, e relatado aos órgãos competentes, bem como, sugestões de medidas mitigadoras. O método de observação será o caminhamento expedito, citado por FIGUEIRAS (1994), e realizado por profissional Biólogo habilitado para esta função. VII.6.6 - Identificação de Possíveis Espécies Raras ou não Comumente Encontradas nesta Região Os relatórios de monitoramento contarão com observações e identificação de possíveis espécies raras ou espécies que não tenham sido descritas no item Diagnóstico Ambiental apresentado neste relatório. A identificação será feita através de observação direta pelo método de caminhamento expedito, citado por FIGUEIRAS (1994), e realizados na área de influência direta e indireta ao empreendimento. Quando necessário, nas coletas, utilizaremos tesoura de alta poda e poda manual. O material botânico será identificado com bases em (RIZZINI, 1976), (REITZ et al., 1979) e (LORENZI, 1992) em termos de família, gênero e espécie e herborizados, seguindo as orientações básicas propostas por VELOSO (1992). As espécies serão identificadas pelo profissional responsável e quando necessário contarão com auxilio de especialistas do Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz, da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Serão ainda registradas a ocorrência de espécies exóticas e espécies não comumente encontradas na região de dominância de Floresta Ombrófila Densa. Todas as espécies que possivelmente forem observadas serão relatadas através do relatório anual, herborizadas e arquivadas no departamento de meio ambiente da empresa. VII.6.7 - Rede de Amostragem – Dimensionamento e Distribuição Espacial O monitoramento da vegetação arbustiva e arbórea deve ser realizado estabelecendo-se pontos aleatórios de observação na área as margens do Córrego (arbustivo-arbóreas) e ao longo do Depósito de Rejeitos (herbáceas). Por não se tratar de uma amostragem pontual, consideramos toda a área de influência direta como área de amostragem. Cada ponto amostrado será georreferenciado e descrito nos relatórios de acompanhamento. O monitoramento será diferenciado de acordo com a área 151 amostral, sendo divido em duas diferentes áreas, uma reconstituída com vegetação herbácea e a outra por vegetação nativa característica de ambiente ciliar. A figura a seguir mostra as duas áreas a serem monitoradas. FIGURA 43– Áreas a serem monitoradas (meio biótico – flora). VII.6.8 - Periodicidade da Amostragem A periodicidade de amostragem será anual. Os resultados observados durante a amostragem serão apresentados em forma de relatório. A implantação do programa de monitoramento será analisada pela FATMA e iniciará no mesmo semestre de sua aprovação. Quanto ao monitoramento do percentual de vegetação acrescida ou suprimida, a atualização do mapa de cobertura vegetal será feita esporadicamente através do processamento digital de imagens, produtos cartográficos e imagens de satélites a serem adquiridas pelo SIECESC. Ate o momento não existe uma previsão nem um cronograma detalhado a respeito da aquisição de imagens por parte do SIECESC, sendo assim a periodicidade amostral deste indicador estará condicionada a aquisição destas imagens. Sabe-se que a sazonalidade altera a produção da serapilheira, sendo assim, a periodicidade amostral deste indicador será trimestral e também ocorrera juntamente com o restante dos monitoramentos do meio biótico. Os resultados obtidos, bem como as observações e 152 conclusões, constarão no relatório de síntese anual a ser elaborado e discutido juntamente com os técnicos da empresa. VII.7 - Plano de Monitoramento da Fauna O monitoramento dos vertebrados no ambiente em recuperação do presente PRAD, serve como indicativo dos resultados das metodologias empregadas na recuperação. VII.7.1 - Metodologia e Indicadores Os melhores indicadores para este plano de recuperação são as aves. As aves funcionam como bioindicadores, ou seja, são “termômetros biológicos” que ajudam a identificar a evolução e o estágio de recuperação das regiões impactadas pela mineração. Além disso, são importantes disseminadores de sementes, o que também favorece a recomposição da flora local. Assim como as aves, alguns mamíferos podem indicar aspectos relevantes sobre o estagio sucessional que se pretende instalar na área. O monitoramento deverá ser feito através de observações a campo, sejam por métodos diretos ou indiretos. De um modo geral, o monitoramento da fauna será feito trimensalmente, sendo observado as espécies observadas e sua relação com o meio. Toda a macrofauna será observada, inclusive a ictiofauna presente na lagoa do São Roque. O restante da fauna será registrado através de observações diretas “visuais” e indiretas, seja pela presença de ninhos, tocas, atividades de alimentação, pegadas, carapaças ou ate mesmo vocalização. Vários estudos têm proposto um conjunto de indicadores de avaliação da recuperação e da sustentabilidade dos projetos de restauração e/ou manejo de ecossistemas. A diversidade de espécies pode ser utilizada como indicador da situação de degradação em que se encontra o meio ambiente, nesse sentido, a freqüência das espécies de uma área pode também indicar a situação de equilíbrio ecológico em que esta área se encontra. Sendo assim, a utilização destes dados é fundamental na qualificação e, principalmente, na quantificação dos resultados alcançados com o projeto de recuperação de uma área. 153 O Índice de Diversidade a ser utilizado será o de Shanon-Wiener e se refere à distribuição dos indivíduos entre as espécies, sendo proporcional à diversidade e inversamente proporcional a dominância. Este índice é calculado através da seguinte formula matemática: Onde: H´ = índice de diversidade de Shanon-Wiener pi = proporção de ocorrência da espécie i na amostra S = número total de espécies na amostra. Este índice possui uma vantagem em relação aos cálculos de índices como os de Margalef, Gleason e Menhinick, pois é apropriado para amostras aleatórias de espécie de uma comunidade ou sub-comunidade. A diversidade de espécies tem sido muito utilizada como indicador da situação de degradação em que se encontra o meio ambiente. Um ambiente degradado ou poluído envolve uma situação de pressão ambiental para as espécies naturais, onde o desequilíbrio dos fatores ambientais, como o aumento da concentração de determinada substância ou a falta de outra, afeta a ocorrência das espécies no sítio, resultando em uma menor diversidade biológica, onde apenas poucas espécies mais resistentes podem sobreviver. Desta forma um ambiente degradado é caracterizado pela presença de muitos indivíduos de poucas espécies, sendo este o maior indicador da riqueza e do equilíbrio ecológico, podendo ser quantificado através dos índices de diversidade. Devido a grande variedade morfológica e de hábitos no grupo dos vertebrados, citamos alguns métodos que podem ser eficazes no processo de monitoramento ambiental, detalhando estes métodos de acordo com as necessidades de cada classe de vertebrado estudado. Serão utilizadas diferentes técnicas de coleta, com vistas a obter o máximo de sucesso na amostragem do conjunto heterogêneo, usando metodologia mais adequada aos mesmos, como apresentado a seguir. VII.7.1.1 – Avifauna Conhecer e monitorar a diversidade da avifauna (aves) através da observação e gravação de vocalizações (cantos), registros fotográficos, censos visuais, identificações taxonômicas, e organização de bancos de dados do arquivo sonoro e fotográfico, para posteriores consultas. 154 Para observação e registro de indivíduos será utilizado um binóculo Zenith 10x50, guias de campo, máquina fotográfica Pentax MZM 50 (lente 80 – 200 mm), e gravador. Na identificação de espécies não comumente encontradas, será feito o registro nas fichas de monitoramento e será tomado o geoposicionamento da referida espécie através do aparelho de GPS modelo Etrex Garmin. O Objetivo do referido geoposicionamento é a futura elaboração de um mapa contendo a localização dos grupos faunísticos observados. Para a identificação do grupo faunístico utilizaremos listas e guia de identificação baseados nos trabalhos de BEGE et al. (1991), HÖFLING et al (1999) e SICK (1993). Os horários de observação das aves serão concentrados principalmente ao amanhecer e nas ultimas horas do dia, antes do crepúsculo. VII.7.1.2 - Mastofauna Conhecer a diversidade dos mamíferos através de métodos que incluem observações diretas e procura de evidências indiretas como pegadas, tocas, fragmentos de fezes, crânios, ossos etc. Para mamíferos de médio e grande porte serão realizadas, entrevistas com moradores, moldes de pegadas e levantamentos bibliográficos. Será utilizada armadilhas do tipo pitfall, como forma de amostragem de pequenos vertebrados. Os horários de observação dos mamíferos será concentrado principalmente a noite e nas ultimas horas do dia, antes do crepúsculo. VII.7.1.2.1 - Pittfall As armadilhas do tipo pitfall são métodos importantes quando se procura levantar certa variedade de grupos de animais, este método vem sendo utilizado com sucesso para a captura de pequenos mamíferos, répteis e anfíbios. Estabeleceremos dois pontos de amostragem, um em meio ao fragmento de vegetação nativa e outro em meio a área em recuperação. Serão instaladas uma estação de pitfall em cada ponto, com 4 baldes, de 40 cm de comprimento, enterrados formando uma estrela de três pontas. Estes baldes serão destampados ao anoitecer, antes do início da campanha de campo e revisados na manhã seguinte, sendo identificado “in situ” e devolvidos ao ambiente natural, metodologia semelhante à utilizada e sugerida por JORGE & PIVELLO (1999). 155 A localização das armadilhas será marcada com uma fita plástica amarela amarrada ao troco contendo o número da armadilha e o posicionamento georreferencial tomado com GPS Etrex Gramin. Este método facilita muito no momento da retirada das armadilhas. VII.7.1.2.2 - Armadilha de Pegadas O registro de pegadas e rastros será feito seguindo a metodologia descrita por JORGE & PIVELLO (1999), onde serão construídos 2 canteiros com uma base de lona preta recoberta por areia lavada de aproximadamente 2 m2 , contendo uma isca. As iscas utilizadas como atrativos para os animais são sugeridas e utilizadas por CHEREM et al. (1996); CÁCERES et al. (2002), ROCHA (1999) e TALAMONI (1999). Sugerimos a utilização de iscas de banana, milho verde com pasta de amendoim, abacaxi, bacon, batata-doce e uma mistura de creme de amendoim com sardinhas colocadas nas armadilhas de pegadas. Quando possível, será preparado moldes em gesso com o formato das pegadas com o objetivo de serem arquivados. As pegadas serão identificadas “in situ” com base em BECKER & DALPONTE (1999), anotando ainda a espécie, o local/estação, a data e o horário e, finalmente, iscando novamente as parcelas. Sempre que necessário, as parcelas serão molhadas entre um dia de coleta e outro. Na dúvida serão enviadas fotos e moldes da pegada para identificação no Laboratório de Zoologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. Será registrado a presença de fragmentos, tais como pêlos, crânios e outros, os quais seriam recolhidos, identificados. VII.7.1.3 - Herpetofauna O levantamento faunístico de répteis (cobras, lagartos) e anfíbios (rãs, sapos), através de identificação e captura, a qual será manual e acontecerá durante o período diurno e noturno sendo associado com a coleta em pitfall. Os ambientes a serem amostrados devem ser, preferencialmente, a lagoas ou pequenos riachos no interior da mata e charcos temporários na borda da mata; corpos d´água temporárias nas trilhas da mata e trilhas no interior da mata. A maior parte das observações deve restringir-se ao período noturno, período de atividade da maioria das espécies, embora observações serão realizadas. Os turnos noturnos de observação devem iniciar no final da tarde e durar até cerca 156 de meia-noite, enquanto as observações diurnas serão feitas esporadicamente ao caminhar ao longo das trilhas, revirando-se troncos e pedras a procura dos animais. VII.7.1.4 - Ictiofauna Para o monitoramento da ictiofauna será percorrida a margem da Lagoa São Roque. Na amostragem da ictiofauna serão utilizadas: 04 covos, armadas na margem, pela manhã (08:00hs) e revisadas ao entardecer (16:00hs), sendo recolocadas as (16:00 hs) e revisadas as (8:00 hs) do dia seguinte, metodologia sugerida e utilizada por LEMES & GARUTTI (2002). Outros instrumentos de pesca como anzóis também serão utilizados, como sugeridos por BITTENCOURT (1989). Os anzóis serão usados em coletas de espera deixando-se estes iscados e armados nos diversos pontos estudados, explorando, quando possível, os ambientes lóticos, lênticos, de forma a amostrar heterogeneamente o grupo faunístico. Todos os exemplares capturados serão identificados in situ, fotografados e devolvidos ao habitat natural. Além disso, serão efetuadas entrevistas com moradores da área de entorno, especialmente com pescadores e moradores próximos aos corpos d água. VII.7.2 - Periodicidade da Amostragem A periodicidade de amostragem será trimestral e realizada de forma isolada para cada grupo faunístico estudado, contudo durante a amostragem não se descarta o registro e observação de todos os grupos. Os resultados observados durante a amostragem constarão no relatório anual. A proposta de implantação do programa de monitoramento será analisada pela FATMA e iniciará no mesmo semestre de sua aprovação. A periodicidade é fator condicionante para estudos faunísticos, principalmente se levarmos em consideração que a distribuição e ocorrência de algumas espécies esta relacionada com a sazonalidade e com o horário de observação. Ao todo o esforço amostral será de 44 horas por trimestre o equivalente a 176 horas/ano. VII.7.3 - Rede de Amostragem Na definição da rede amostral deve ser levado em consideração o tamanho da área, importante para a determinação dos pontos de amostragem e da periodicidade de amostragem. Os 157 resultados a serem obtidos estarão certamente relacionados com o período amostral, o tempo de amostragem e principalmente o número de pontos amostrados. O monitoramento da fauna na área de estudo deve ser realizado estabelecendo-se pontos aleatórios de observação nas áreas em recuperação. Por não se tratar de uma amostragem pontual, consideramos toda a área de influência direta como área de amostragem. Cada ponto amostrado será georreferenciado e descrito nos relatórios de acompanhamento. Para o monitoramento da ictiofauna a amostragem será pontual e realizada na lagoa presente na localidade de São Roque, nas coordenadas UTM 653581 e 6816238, localizada a cerca de 2,5 km da área em estudos. Este é o único ponto que ainda abriga e sustenta a fauna aquática local. A figura a seguir mostra o ponto de amostragem da ictiofauna. FIGURA 44 – Ponto de amostragem da Ictiofauna (Lagoa São Roque). RODOVIA 158 VIA DO RO FIGURA 45– Ponto de amostragem da Ictiofauna (Lagoa São Roque). VII.8 - Saúde Ocupacional A Cooperminas possui na empresa, para atendimento de seus cooperados um Médico do Trabalho, com freqüência diária no ambulatório na Mina 3. Além deste ambulatório na Mina 3 a empresa possui outro localizado no setor de beneficiamento, onde o atendimento é feito por um enfermeiro. Além destes atendimentos mantém convênio com a ERGOMED para atendimento médico com especialistas, extensivo aos familiares dos funcionários. A Cooperminas mantém ainda um programa de controle médico de saúde ocupacional, onde são realizados exames periódicos para atendimento à NR 7, conforme a função e setor de trabalho onde o funcionário está exposto a agentes de riscos ambientais tais como: 159 Audiometria: exame que deve ser realizado anualmente para trabalhadores expostos a agentes físicos ruído (perda auditiva). Espirometria: exame que deve ser realizado anualmente para trabalhadores expostos a agentes químicos poeiras minerais e outros produtos químicos que possam ser inalados por via respiratória (insuficiência respiratória). Rx de tórax: exame que deve ser realizado anualmente para trabalhadores expostos a agentes químicos poeiras minerais (sílica causando pneumoconiose). Também são realizados exames complementares de conformidade da função tais como: Motoristas e Vigias: deverão realizar anualmente exames de acuidade visual (perda visual) e gama GT (teor de álcool no organismo). Eletrecistas: deverão realizar anualmente eletrocardiograma (insuficiência cardíaca). 160 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA PRAD Módulo VIII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 161 VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, J.L.B. Fauna Regional de Vertebrados - Aves. In: SANTA CATARINA, Fundação de Amparo a Tecnologia e Meio Ambiente - FATMA; Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Instituto de Biociências. Curso de Pós Graduação em Ecologia. Estudos sobre o impacto ecológico da mineração e do beneficiamento do carvão na região sul do estado de Santa Catarina, 1978. p. 83 - 91. ÁVILA, E. L. Caracterização hidrogeológica e hidroquímica da Formação Rio Bonito na região de Criciúma e adjacências. Rio Grande: UFSC - Departamento de Geociências, 1992. v. 1. (dissertação de Mestrado em Geografia, Área de Concentração: Utilização e Conservação de Recursos Naturais). AZEVEDO, A.. 1950. Regiões Climatobotânicas do Brasil. Paul Geograf. (6): 32 – 43. BECKER, M. & DALPONTE, J.C. 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