Vive-se para Deus como bom mordomo
“... porquanto o Senhor era com ele [José]” (Gênesis 39.23).
Ao pensarmos na vida de José, como fizemos nas últimas duas devocionais, nos perguntamos: Porque José foi bem
sucedido por onde passava e em tudo o que fazia? Não é esse o intento de toda pessoa, ou seja, ser bem-sucedido?
Todos nós não queremos ter uma vida significativa e de sucesso? O verdadeiro sucesso da vida de José foi o amor de
Deus para com ele. Logicamente que o fato de ser amado por Deus, não o eximiu de ser responsável e lutar frente às
crises e situações da existência, mas ainda assim, ninguém vencerá se a boa mão do Senhor não for sobre ele.
Mesmo quando Deus está com sua boa mão sobre nós, não significa que não teremos lutas e “fracassos”. Da
perspectiva de muitos colegas e conhecidos de José, ele tinha fracassado quando foi vendido pelos irmãos. Quando
foi feito escravo de Potifar ou quando foi lançado na cadeia. Porém, fracasso não se define pelo que pensam de nós
ou como enxergam as situações ao nosso redor, mas sim se somos capazes de abrir mão de nossos valores para evitar
humilhação e sofrimentos pontuais. O fracasso consiste em não ter coragem de viver o que se crê e em não honrar a
intenção do Criador a seu respeito. Os “fracassos” na vida de José prepararam-no para as magníficas vitórias que se
seguiriam, assim como a irritação que a areia produz na ostra leva-a a formar as mais lindas e preciosas pérolas.
Por duas vezes se insere na história de José o seguinte: “O Senhor era com ele” (Gn 39.3,23) e a consequência:
“Tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos”. Aqui está o segredo do sucesso de José. Quando o Senhor
está conosco e procuramos viver com a dignidade de pessoas amadas por Deus, Ele mesmo se incumbe de prosperar
o trabalho de nossas mãos. E mesmo que pareça haver insucesso em dado momento, Deus revelará a realidade dos
fatos, a frente, como fez com José.
Mais interessante ainda é que não só as pessoas viram que o Senhor era com José, mas ele mesmo percebeu essa ação
divina em sua história. Quando seu pai Jacó morre seus irmãos temeram que José os vingasse e prostraram-se perante
ele. Então José lhes declarou: “Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus? Vós na verdade, intentastes o mal
contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. Não
temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos.” (Gn 50.19-21). Veja que releitura fantástica José fez
da história e especificamente do triste episódio em sua vida, ou seja, ser quase assassinado e depois vendido como
escravo. José não os puniu, também não deixou de responsabilizá-los, mas sinalizou para um Deus comandando
soberanamente as situações da existência para o bem do seu povo.
José optou por ver Deus agindo em toda a sua história, para executar um bem excepcionalmente maior do que seus
dias de dor. Perceba nas palavras de José como ele expressa essa verdade: “Vós... intentastes o mal contra mim;
porém Deus o tornou em bem, para ... que se conserve muita gente em vida.” Para aqueles que temem ao Senhor,
não há mal que não reverta em bem, ainda que, por vezes, não se perceba tal bem, e não há bem que não seja para
ajudar o próximo.
A segunda forma de percebemos que José era ciente da ação de Deus em sua história é através do nome que ele dá a
seus filhos. No oriente antigo, o nome da pessoa trazia consigo a história ou fatos ocorridos no momento do
nascimento da pessoa. Assim José ao nomear seus filhos, explica a razão de tal escolha. Ao primogênito chamou
Manassés, pois disse: “Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos e de toda a casa de meu pai” e ao segundo,
chamou Efraim, pois disse: “Deus me fez próspero na terra da minha aflição” (Gn 41.51,52). José percebeu Deus em
sua história: Deus me fez esquecer... Deus me fez próspero... Ele sabia que sua prosperidade era fruto da ação
intencional de Deus sobre sua vida. Não há outra forma de ser bem-sucedido, ainda que para a sociedade ao redor
sucesso seja tudo aquilo que te dá tudo, menos aquilo que, de fato, é o tudo capaz de preencher a essência de sua
existência – a convicção de que se é amado de Deus.
A razão suprema do sucesso de José? “O Senhor era com ele”. Pense! Temos valorizado a presença e cuidado de
Deus conosco? Como interpretamos nossa história? Vemos as dificuldades enfrentadas como experiência para ajudar
os que sofrem ou como um poço de lamentações? Pense nisso!!!
Capelão Rev. Heliel G. Carvalho – [email protected]
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026 - Moldando o mundo II