PROGRAMA EQ-ANP Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural Simulação Numérica de um Hidrociclone Para Separação de Esferas Ocas de Lama de Perfuração Domícia Semele Tavares de Oliveira Projeto de Final de Curso Orientador Prof. Ricardo de Andrade Medronho, PhD Março de 2004 Simulação Numérica de um Hidrociclone para Separação de Esferas Ocas de Lama de Perfuração Domícia Semele Tavares de Oliveira Projeto de Final de Curso submetido ao Corpo Docente do Programa Escola de Química/Agência Nacional do Petróleo – Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria de Petróleo e Gás Natural, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira Química com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Engenharia de Petróleo. Aprovado por: ________________________________________ Prof., Marcelo Castier, PhD ________________________________________ Prof., Osvaldo Galvão Caldas da Cunha, PhD ________________________________________ Carlos Alberto Capela de Moraes, DSc Orientado por: ________________________________________ Ricardo de Andrade Medronho, PhD Rio de Janeiro, RJ - Brasil Março de 2004 ii Oliveira, Domícia Semele Tavares de. Simulação Numérica de Hidrociclone para Separação de Esferas Ocas de Lama de Perfuração / Domícia Semele Tavares de Oliveira. Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2004. vii, 93 f.; il. (Monografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, 2004. Orientador: Ricardo de Andrade Medronho. 1. Hidroclone. 2. CFD. 3. DGD / Esferas Ocas. 4. Monografia. (Graduação – UFRJ/EQ). 5. Ricardo de Andrade Medronho (PhD). iii "Se as coisas são inatingíveis, ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes seriam os caminhos se não fora a presença distante das estrelas." (Mário Quintana) iv AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a meus pais pelo apoio incondicional, pela dedicação, amor e carinho que tanto contribuíram para minha formação pessoal e profissional, sem os quais não teria conseguido concluir mais esta etapa de minha vida. Agradeço pelos sacrifícios feitos com tanto amor e por acreditar em mim, mesmo nas horas em que eu mesma não acreditava. A meus pais Odinéa Mendes e Sebastião Pereira eu dedico mais esta vitória. Agradeço a Luigi Trotta, meu namorado, pelas horas de sacrifício, pela compreensão da ausência, pelo apoio, amor e força compartilhados. Agradeço também aos meus irmãos Poliana Penélope, Diógenes Apoema e Musa Felícia pelo carinho e pela força. Agradeço ao meu orientador, Prof. Ricardo de Andrade Medronho, pela confiança depositada em mim, pelo apoio e amizade adquirida no convívio ao longo de um ano. Agradeço pela forma única e objetiva de compartilhar comigo e com todos seus alunos seus amplos conhecimentos. Agradeço aos meus companheiros de laboratório, Namar Barbosa de Faria e André Gonçalves Oliveira, por compartilharem comigo suas dúvidas e descobertas, e pela compreensão e paciência nos momentos mais difíceis. Agradeço principalmente a Namar pela eterna amizade, pela sua bondade e seu desprendimento (compartilhando comigo seus computadores). Agradeço aos professores da Escola de Química que ensinam por vocação e prazer, e que contribuem não só para a formação do profissional como também para a formação do indivíduo. Agradeço também aos funcionários da EQ, especialmente Mário Luiz Francisco, Ana Carreiro e Marcos Aurélio Araújo, da Informática, pela ajuda e por estarem sempre dispostos a resolver os mais complicados problemas. Agradeço também ao Lage e Rosana de Fátima, do CENPES/Petrobrás pelo fornecimento dos dados necessários para o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço ao Prof. Eduardo Mach, à Alzirene e à Cláudia Veloso, pelo apoio junto à ANP. E agradeço especialmente à Agencia Nacional do Petróleo, que apoiou este trabalho através de seu Programa de Recursos Humanos PRH-13. v Resumo do Projeto Final apresentado à Escola de Química como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheira Química com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Engenharia de Petróleo. SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UM HIDROCICLONE PARA SEPARAÇÃO DE ESFERAS OCAS DE LAMA DE PERFURAÇÃO Domícia Semele Tavares de Oliveira Março, 2004 Orientador: Prof. Ricardo de Andrade Medronho, PhD A proximidade das curvas de pressão nos poros e de fratura em perfurações sob grandes lâminas d'água torna a operação cara e complicada. Uma forma de minimizar este problema é através da redução da pressão exercida pelo fluido de perfuração na base do riser de modo a originar a condição denominada de duplo gradiente de perfuração. Uma análise da literatura sobre o tema mostra que existem, basicamente, 3 alternativas capazes de gerar esta redução: - Utilização de uma bomba no leito marítimo; - Injeção de gás na base do riser e - Injeção de esferas de baixa densidade relativa também na base do riser. A opção da bomba é tecnologicamente complicada e de alto custo. A injeção de gás na base do riser gera gradientes variáveis, dada à compressibilidade do gás. Desta forma, a opção, aparentemente, mais factível tanto do ponto de vista da complexidade tecnológica quanto dos custos envolvidos na operação consiste em diminuir a densidade do fluido de perfuração através da injeção, no riser, de esferas ocas de baixa densidade relativa. Para resistir à pressão na base do riser, estas esferas têm que ser fabricadas de um material compósito especial, sendo, portanto, de alto custo. Desta forma, este processo só poderá viabilizar-se, do ponto de vista econômico, se puder ser desenvolvido um processo eficiente de recuperação destas esferas, para re-injeção na base do poço. Hidrociclones são equipamentos de fácil construção e sua performance é função de sua geometria e tamanho. Portanto, o uso deste tipo de equipamento parece ser bastante adequado à separação das esferas ocas do fluido de perfuração. Esta adequação não se refere somente à sua eficiência na remoção de partículas de baixa densidade mas, também, à sua alta capacidade de processamento e ao pequeno espaço (floor space) requerido, o que o torna ideal para operações onde o espaço é crítico, como ocorre em plataformas de perfuração. Neste projeto, foram otimizadas as proporções geométricas de um hidrociclone, através da simulação de 18 geometrias obtidas no planejamento experimental, com a utilização da ferramenta chamada fluidodinâmica computacional (CFD), visando maximizar a separação de esferas ocas de densidade igual a 0,530 g/cm3 de fluidos de perfuração de densidades de 1,25 e 1,10 g/cm3, sendo o primeiro mais viscoso que o segunda, para sua re-injeção no riser. A geometria otimizada foi obtida por regressão linear e possui as seguintes proporções: 2,34 cm de diâmetro de entrada e 3,40 cm de diâmetro para os diâmetros do overflow e do undeflow. Fez-se a simulação desta geometria para cinco tamanhos de partículas, a fim de se obter sua eficiência granulométrica reduzida e sua posterior eficiência total de separação. vi Abstract of a Final Project presented to Escola de Química/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Chemical Engineer with emphasis on Petroleum and Natural Gas – Petroleum Engineering. NUMERICAL SIMULATION OF THE SEPARATION OF HOLLOW SPHERES FROM MUD USING A HYDROCICLONE Domícia Semele Tavares de Oliveira March 2004 Supervisor: Prof. Ricardo de Andrade Medronho, PhD In deepest waters the strict proximity between pore and fracture gradient curves lead to complex and expensive drilling operations. Dual-gradient drilling (DGD) is a hard studied technique used to reduce this trouble, by decreasing the gradient pressure inside the riser. Currently, three forms of DGD are available in the literature: - Use of marine pumps on the seafloor; - Injection of gas in the riser basis; - Injection of hollow spheres, made of lightweights compounds, in the riser basis. Pumping mud from the seafloor is a complicated and high cost technological option. Injection of gas in the riser basis creates non-linear gradient curves due to gas compressibility. Actually, the option that seems to be more appropriately, analyzing operations costs and technological complexity, is that related to the injection of lightweight hollow spheres. These spheres must be composed of composites or other materials in order to support the high pressure at the seafloor. At last, this system will be economically available only if it is developed a separation process that efficiently recovers those spheres to re-inject in the riser basis. Hydrociclones are devices of simple construction whose performance are geometry and size dependent. Thus, its use is expected to be adequate in the recover of spheres from mud (drilling fluid) because hydrociclones usually yield high recoveries in lightweight particles applications, as well as the high process capability and little floor space required, ten, that advantages turn them ideals devices in offshore drilling operations. In this project the geometric proportions of the hydrociclones were optimized using computational fluid dynamics (CFD), trying to achieve a maximum efficiency as possible in the recover of hollow spheres in the DGD system, because those spheres are continually re-injected in the riser. 18 geometries were obtained in the experimental design and they were simulated to achieve the optimized geometry that would maximize the separation of the hollow spheres (with 0,530 g/cm3 of specific weight) from drilling mud (with 1,25 g/cm3 of specific weight) in the riser. The optimized geometry obtained thought linear quadratic regression has these proportions: 2,34 cm of inlet diameter and 3,40 cm of overflow and underflow diameters. That geometry was simulated for five particle diameters, and the goal of this project is to obtain the reduced grade efficiency and finally the global efficiency of separation to the hydrociclone optimized. vii ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 1.1 Motivação 1.2 Objetivo 1.3 Organização do Presente Trabalho 2. PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO 2.1 Sondas e Perfuração Offshore 2.2 Tecnologias de Gradiente Duplo de Perfuração 2.3 Hidrociclones 3. TURBULÊNCIA 3.1 Introdução à Turbulência 3.2 Modelagem Matemática 3.3 Modelos de Turbulência 4. FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL (CFD) 4.1 Etapas para a Solução Numérica 4.2 Solução Numérica Representativa 4.3 Malha 4.4 Métodos de Discretização 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 Computador e Pacote Computacional Utilizados 5.2 Variáveis de Interesse 5.3 Caracterização do Fluido de Perfuração 5.4 Caracterização das Partículas 5.5 Planejamento Experimental e Geometrias Simuladas 5.6 Malhas 5.7 Parâmetros Utilizados e Simulações Realizadas 5.8 Eficiência Total de Separação 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 Resultados Gerais 6.2 Comparação e Escolha entre Modelos de Turbulência 6.3 Regressão Linear 6.4 Simulações com a Geometria Ótima 6.5 Eficiência Granulométrica Reduzida para Geometria Otimizada 6.6 Resultados Gráficos da Geometria Otimizada e Discussões 6.7 Eficiência Global de Separação 1 1 2 2 3 3 22 41 53 53 54 57 72 73 75 77 79 82 82 82 82 83 88 90 91 93 95 95 97 98 102 103 106 109 viii 7.0 CONCLUSÕES NOMENCLATURA ABREVIAÇÕES MAIS UTILIZADAS REFERÊNCIAS ANEXO 1 – Glossário ANEXO 2 - Malhas Utilizadas 112 114 117 118 124 126 ix CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO 1.1 Motivação A perfuração de poços de petróleo em alto-mar tem se expandido cada vez mais para águas mais profundas. Inicialmente, a perfuração offshore consistia na adaptação de sondas terrestres montadas sobre uma estrutura para perfurar em águas rasas, porém, com a crescente necessidade de se perfurar em águas mais profundas, desenvolveram-se novas de tecnologias de ponta e técnicas de perfuração especialmente orientadas para a perfuração marítima (Thomas, 2001). Os sistemas de perfuração convencionais, quando usados em águas profundas, em partes do mundo onde correntes marinhas são excessivamente fortes (Snyder, 1998) encaram grandes desafios que tornam difícil, e até inviável, a perfuração em águas cada vez mais profundas. Um deles é a excessiva pressão hidrostática exercida pela coluna de fluido de perfuração no anular do poço. Para vencer este desafio, sugere-se a utilização de um duplo gradiente de perfuração em contraste ao gradiente de perfuração único, tecnologia utilizada na perfuração convencional (Smith et al, 2000). Dentro deste contexto, surge um novo conceito dentro do duplo gradiente de perfuração (DGD – dual-gradient drilling), que é a injeção de esferas ocas de baixa densidade na coluna de retorno do sistema de perfuração, no intuito de se obter a redução da densidade do fluido de perfuração, a partir do ponto de injeção. Alguns problemas associados a esta tecnologia foram identificados como, por exemplo, o tamanho das partículas esféricas, a alta pressão de colapso requerida para as esferas, a quebra de partículas devido às altas taxas de cisalhamento, as altas concentrações de esferas no fluido de perfuração (Vera, 2002); além disto, a introdução desta nova tecnologia no mercado também está condicionada ao desenvolvimento, ou à otimização, 1 de um equipamento de separação capaz de maximizar a eficiência da separação das esferas ocas do fluido de perfuração utilizado. 1.1 Objetivo O principal objetivo deste projeto é a otimização da geometria de um hidrociclone cuja função será maximizar a eficiência de separação das esferas ocas utilizadas na tecnologia de duplo gradiente de perfuração. Para atingir este objetivo foram feitas simulações em fluidodinâmica computacional, CFD. O estudo foi iniciado com a fundamentação em conceitos de fluidodinâmica computacional, seguido pelo domínio do software que posteriormente seria utilizado na simulação computacional. Neste trabalho, utilizou-se o software CFX 5.6 para a simulação de escoamentos dentro de um volume de controle, que pode ser um equipamento, um duto ou até mesmo escoamento externo. Foi feito um planejamento experimental, partindo de uma geometria convencional de hidrociclones do tipo Bradley, modificando os parâmetros importantes a fim de se obter a geometria com a maior eficiência na separação desejada. Assim, obtivemos 18 geometrias, 14 diferentes entre si, para a simulação computacional. 1.2 Organização do Presente Trabalho O trabalho está dividido em 7 capítulos. O Capítulo I - Introdução contém a motivação e os objetivos do trabalho. O capítulo II - Perfuração versa sobre o processo em si, além das técnicas de duplo gradiente de perfuração; versa ainda sobre hidrociclones e sua eficiência. O Capítulo III – Turbulência contém uma introdução ao problema da turbulência, suas equações e os modelos envolvidos da fluidodinâmica computacional. O Capítulo IV – Fluidodinâmica Computacional explica as etapas para resolução de um problema, além dos métodos de discretização existentes e o utilizado. O Capítulo V – Materiais e Métodos. O Capítulo VI – Resultados e Discussões. O Capítulo VII – Conclusões. 2 CAPÍTULO II 2. PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO A perfuração de poços de petróleo é feita com a utilização de uma sonda, através de uma técnica rotativa. A formação rochosa é perfurada pela ação da rotação e do peso aplicados a uma broca, que é acoplada à extremidade da coluna de perfuração. A ruptura ou desagregação das rochas forma pequenas lascas, ou cascalhos, que serão removidos do fundo do poço e carreados até a superfície pelo fluxo do fluido de perfuração (Thomas, 2001). 2.1 Sondas e Perfuração Offshore 2.1.1 Sistemas de Sondas de Perfuração A sonda de perfuração é divida em vários sistemas com funções específicas. São eles: o sistema de sustentação de cargas, de geração e transmissão de energia, de movimentação de cargas, de rotação, de circulação e de segurança de poço. Além disso, temos os sistema de subsuperfície e outros equipamentos e ferramentas auxiliares. 3 Fig 2.1 – Sonda de Perfuração a) Sistema de Sustentação de Cargas O sistema de sustentação de cargas é responsável pela sustentação do peso da coluna de perfuração, que, na perfuração em terra (onshore), transfere o peso da carga ao mastro ou torre, este, conseqüentemente, descarrega na subestrutura e esta, por último, descarrega na fundação ou base. Na perfuração marítima (offshore), há vários tipos de plataformas que abrigam a sonda de perfuração, e que podem ter ou não base no fundo do mar. b) Sistema de Geração de Energia O sistema de geração de energia para a plataforma é formado por equipamentos com motores a diesel, e, na perfuração marítima devido à produção de gás, por turbina a gás. Também se pode utilizar energia elétrica, dependendo da disponibilidade e do tempo de 4 permanência da sonda na localidade. O sistema de transmissão de energia classifica a sonda como mecânica, devido à utilização de acoplamentos hidráulicos e embreagens, ou diesel-elétrica, devido à utilização de motores diesel ou turbinas a gás, que também podem receber energia elétrica. c) Sistema de Movimentação de Cargas O sistema de movimentação de cargas, como o nome expressa, permite a movimentação das colunas de perfuração, revestimentos do poço e outros equipamentos. Seus principais componentes são: guincho, bloco de coroamento, a catarina, cabo de perfuração, o gancho e elevador (Thomas, 2001). - O guincho é o equipamento que recebe a energia dos motores e fornece força para a movimentação vertical das tubulações no poço. O tambor principal enrola /desenrola o cabo de perfuração para movimentar as cargas. Os freios principal e auxiliar são usados para controlar as manobras. O primeiro é mecânico, o segundo, suporta maiores cargas e profundidades, e é hidráulico. - O bloco de coroamento é um conjunto de polias estacionárias, fixas na torre, e que suporta as elevadas cargas transmitidas durante as operações de perfuração, possibilitando movimentação vertical. - A catarina é um conjunto de polias móveis, não fixas à torre. A passagem do cabo de perfuração pelas polias da catarina e do bloco de coroamento permite a movimentação de cargas ao longo da altura da torre, elevando ou descendo os equipamentos no poço. - O gancho pode ser integrado ou não à catarina, e é o elemento que segura e suporta as cargas da coluna de perfuração e as transmite às polias. Na parte superior se liga a catarina através de uma alça em forma de U, e na parte inferior ao swivel e a coluna através de um gancho. - O cabo de perfuração parte do tambor do guincho, passa pelas polias do bloco de coroamento e catarina, por uma âncora (equipamento onde é instalado um sensor de medição do peso aplicado sobre a coluna), e tem sua outra extremidade presa 5 a uma bobina. Ele usa a energia rotativa do guincho como energia de suspensão para elevar as colunas de perfuração ou revestimento do poço. - O elevador, na sua parte central, prende os tubos das colunas durante as manobras, e é ligado ao gancho através de seus braços. d) Sistema de Rotação O sistema de rotação convencional utiliza a mesa rotativa, localizada na plataforma, donde a rotação é transmitida a toda coluna de perfuração. O elemento que recebe o torque, apoiado na mesa rotativa, e o transfere à coluna de perfuração é chamado kelly. Neste sistema há ainda o swivel, que separa elementos rotativos de estacionários, e possui entrada para a injeção de fluido de perfuração, no interior da coluna de perfuração. Também existem outros sistemas de rotação não-convencionais como: o top drive, onde o motor acoplado à catarina transmite rotação ao topo da coluna de perfuração; e o motor de fundo, localizado logo acima da broca, que transmite o torque pela passagem de fluido de perfuração em seu interior, esse motor pode ser de deslocamento positivo ou uma turbina. A terceira técnica, de motor de fundo, é a mais vantajosa, pois transmitir rotação para os tubos, a uma grande profundidade, gasta mais energia e, na prática, é mais complicada de se realizar. e) Sistema de Circulação O sistema de circulação é formado por equipamentos para tratamento do fluido de perfuração e de circulação. O fluido de perfuração é injetado no interior da coluna de perfuração por meio de bombas, passa pela broca, retorna pelo espaço anular entre o poço e a coluna e carreia os cascalhos até a superfície da sonda; na perfuração marítima o fluido com os cascalhos passam no espaço anular entre o riser e a coluna de perfuração. Na superfície ele passa para tanques, onde é acumulado e tratado para nova injeção. Fazem parte do sistema: peneiras vibratórias (shale shakers), o desgaseificador, o desarenador, o dessiltador, a centrífuga, o misturador e o funil de mistura. Esses equipamentos são mais bem especificados abaixo: 6 - A peneira vibratória tem sua abertura das telas determinada pelo tipo de rocha perfurada, e varia entre 10 e 150 mesh. A peneira extrai os sólidos de maior dimensão do fluido de perfuração, enquanto que, os sólidos mais finos são removidos por decantação em um tanque. - O desgaseificador elimina o gás contido no fluido; este gás é desprendido pela ação do movimento circular de um uma bomba centrífuga submersa. - O desarenador remove a areia do fluido de perfuração, e é composto por um conjunto de dois a três hidrociclones em série, alimentados por uma bomba centrífuga. As partículas sólidas são separadas por ação de força centrífuga e saem pela abertura inferior, para serem descartadas. O hidrociclone não tem partes móveis, o que se movimenta é a mistura que está em seu interior. - O dessiltador é composto por um conjunto de 8 a 10 hidrociclones de dimensões menores do os do desarenador, e é posicionado a seguir para retirar partículas menores, inferiores a 74 mícrons, que tenham passado pelo equipamento anterior. - A centrífuga extrai as partículas menores não retiradas pelos hidrociclones por ação de força centrífuga. Ao contrário do hidrociclone esse equipamento tem partes móveis. - O misturador homogeneíza o fluido nos tanques por turbulência, podendo ser do tipo agitador de fundo (com palhetas submersas no tanque) ou pistola de lama (tubo que recebe a lama injetada por bomba centrífuga). - O funil de mistura é por onde são adicionados os aditivos ao fluido de perfuração. 7 Fig 2.2 – Sistema de Extração de Sólidos f) Sistema de Segurança de Poço O sistema de segurança de poço é formado pela cabeça de poço e de preventores. Os preventores fecham o espaço anular do poço e podem ser de dois tipos: preventor anular, feito em borracha; preventor de gaveta, formado por válvulas gavetas. O principal deles é o Blowout Preventer (BOP), um conjunto de válvulas que permitem fechar o poço quando ocorrer um acidente chamado blowout, que provoca danos aos equipamentos da sonda, acidentes pessoais, perda parcial ou total do reservatório, poluição e dano ao meio ambiente, entre outros. O blowout é explicado na letra “e” deste item 2.1.4. Fig 2.3 – Sistema de Segurança de Poço, BOP 8 g) Sistema de Subsuperfície O sistema de subsuperfície é composto pelos elementos tubulares e pela broca. Os elementos tubulares compõem a coluna de perfuração, são eles os comandos, os tubos pesados e os tubos de perfuração. Suas funções são: aplicar peso ao sistema, prover rigidez à coluna, conduzir o fluido de perfuração, garantir a inclinação e direção do poço, etc. Explicamos suas respectivas funções abaixo, de acordo com Thomas (2001) e Lang (1985): - Os comandos, ou drill colars, são tubos de paredes espessas e, com diâmetro interno inferior aos dos tubos de perfuração, e diâmetro externo superior. São responsáveis por aplicar peso ao sistema e prover rigidez à coluna. Trabalha em sua maior extensão sob compressão, poupando assim os tubos de perfuração. Podem ter corpo liso ou espiralado, o que reduz o risco de pressão diferencial; - Os tubos pesados, ou heavy weight, promovem a transição entre os comandos e os tubos de perfuração, evitando ou diminuindo a falha por fadiga. São usados em poços direcionais porque provocam menor torque e arraste nos trechos inclinados, devido à menor área de contato com o poço; além disso, proporcionam menor tempo de manobra e manuseio mais fácil; - Os tubos de perfuração, ou drill pipes, são tubos de aço especial e de paredes finas. Os diâmetros mais comuns são de 4 ½” e 5 ½”, e seu comprimento varia de 18 a 45 pés. São caracterizados pelo seu peso nominal, em libras / pés, e pelo tipo ou grau do aço, em psi. Estes tipos de tubos não podem trabalhar sob compressão, e deve-se ter cuidado quanto à ocorrência de pressão interna, colapso, fadiga, ranhuras, sulcos ou corrosão. Fig. 2.4 – Comandos 9 Fig 2.5 – Tubos Pesados Fig. 2.6 – Tubos de Perfuração A broca de perfuração é o elemento posicionado na extremidade inferior da coluna de perfuração que recebe peso (fornecido pelos comandos) e rotação. A broca obtém o avanço de profundidade promovendo a ruptura e desagregação das rochas. Elas podem ser classificadas em quatro grupos principais e possuir ou não partes móveis. As brocas sem partes móveis são: integral de lâminas de aço, diamante natural ou artificial, PDC – Polycrystalline Diamond Compact. As brocas de partes móveis são as brocas de cones, usualmente tricônicas. Abaixo, os tipos de brocas existentes: - As de lâminas de aço foram as primeiras a serem usadas, e, por sua vez, praticamente substituídas pelas brocas de cones, devido a sua baixa vida útil. - As brocas de diamantes naturais são usadas principalmente em testemunhagem, ou em formações extremamente duras e abrasivas. Possuem um custo mais elevado. - As brocas de PDC são projetadas para formações mais moles e médias com alta taxa de penetração e maior vida útil, e para formações mais duras utilizam-se as TSP (Thermal Stable Polycristalline), que são resistentes ao calor. As brocas de 10 diamante, natural ou PDC/TSP, são bem específicas, e projetadas para a formação de acordo com o tamanho e quantidade de cortadores. - As brocas com partes móveis são as mais utilizadas devido à sua eficiência e menor custo inicial. Podem ter um a quatro cones, e seus dentes de aço ou insertos de tungstênio. Os cones giram em torno do seu eixo enquanto a broca gira em torno do poço. Fig 2.7 – Brocas Tricônicas Fig 2.8 – Brocas de Diamantes Artificiais e Naturais 2.1.2 Classificação de Sondas para Perfuração e Produção Offshore Existem três diferenças básicas entre a perfuração marítima e a feita em terra: primeiro, não existem fundações na perfuração offshore; segundo, no retorno do fluido de perfuração utiliza-se um riser para confinar o fluido e levá-lo até a superfície; terceiro, o sistema de segurança de poço pode operar na superfície (plataformas fixas ou apoiadas no fundo do mar), ou submerso (plataformas flutuantes). De acordo com essas 11 diferenças e com as necessidades específicas de cada campo a ser perfurado deve-se escolher entre os diversos tipos de sondas existentes para melhor rendimento. A produção em campos marítimos é mais cara e complexa do que a feita em terra, envolvendo investimentos em aquisição ou construção da plataforma, perfuração e desenvolvimento de poços, instalação de linhas flexíveis e dutos submarinos e infraestrutura de escoamento de petróleo e gás para o continente. Nas sondas marítimas o processo de perfuração é semelhante ao das terrestres, sendo que seus equipamentos ficam sobre uma plataforma cujas características dependem da profundidade e condições marítimas. São, em sua maioria, unidades móveis que se deslocam através de propulsão própria ou com auxílio de reboques, e que devem flutuar com segurança, mas também devem permanecer estacionadas nas coordenadas do poço para executar as operações. As sondas devem abrigar os sistemas descritos no item 2.1, letra a até g, além da estocagem de material, alojamento de pessoal, e outras instalações necessárias para a produção dos poços. Existem diferentes tipos de plataformas e estas devem ser escolhidas de acordo com o tamanho da lâmina d’água, das condições do mar, relevo do fundo do mar, finalidade do poço, disponibilidade de apoio logístico, e relação custo / benefício. Explica-se a seguir os principais tipos de plataformas: - As plataformas fixas e auto-eleváveis possuem extensão até o fundo do mar; na primeira, a estrutura de aço está cravada e, na segunda, a estrutura de apoio, ou pernas, está apenas assentada no fundo. Esses dois tipos de plataformas são utilizados para pequenas lâminas d’águas: as plataformas fixas podem ser utilizadas em lâminas de até 300 metros, e as plataformas auto-eleváveis numa faixa de 5 a 130 metros. As plataformas fixas têm um custo alto no projeto e instalação. As plataformas auto-eleváveis apresentam dificuldades quanto ao reboque, nas grandes movimentações e nas operações de elevação e abaixamento das pernas, e devem ser instaladas em locais planos. - As plataformas submersíveis são apoiadas por flutuadores lastreados até o seu casco inferior chegar ao fundo, que deve ser macio e pouco acidentado, além de 12 serem utilizadas para águas calmas, em rios, ou bacias com pequena lâmina d’água. - As plataformas flutuantes são de dois tipos: semi-submersíveis e navios-sonda. Elas sofrem ação das ondas, correntes e ventos, e por isso, devem ser posicionadas na superfície do mar, dentro de um círculo de tolerância determinado pelos equipamentos de superfície. Por isso elas têm dois tipos de sistemas responsáveis pelo seu posicionamento, o sistema de ancoragem e o de posicionamento dinâmico. A plataforma semi-submersível é apoiada por coluna em flutuadores submersos e ancoradas por oito a doze âncoras e cabos e/ou correntes, capazes de restaurar a posição do flutuante (Thomas, 2001). Os navios-sonda possuem um sistema de posicionamento dinâmico, e não têm ligação física com o fundo do mar. As plataformas flutuantes podem ter ou não propulsão própria, possuindo grande mobilidade, e são utilizadas para lâminas d’água de até 3.000 metros, também possuem baixo custo de projeto e implantação comparado às plataformas fixas. - Outro tipo de plataforma é a Tension-Leg que são similares às plataformas semisubmersíveis em sua estrutura, sendo que suas pernas principais são ancoradas no fundo do mar por meio de cabos tubulares. Suas pernas se mantêm tracionadas, reduzindo seu movimento, igualando-as às plataformas fixas nas operações de perfuração e completação. 13 Fig 2.9 – Tipos de Plataformas, fixa, auto-elevável, semi-submersível e navio sonda, respectivamente Fig 2.10 – Plataforma Tension Leg 2.1.3 Classificação de Poços Os poços de petróleo podem ser verticais ou direcionais. Os poços verticais não são absolutamente verticais, pois podem possuir uma inclinação de até 5º (Thomas, 2001), o 14 poço pioneiro num campo, e o primeiro poço numa plataforma de perfuração marítima é sempre vertical. Os poços direcionais têm várias finalidades, dentre as quais podemos citar: controle de um poço em blowout, perfurando poços de alívio; atingir formações abaixo de locais inacessíveis, como rios, lagos, cidades; desviar trajetória do poço de acidentes geológicos, como domos salinos e falhas nas formações; perfurar vários poços de um mesmo ponto, como na produção em plataformas marítimas; desviar poços que tiveram trecho final perdido por problemas operacionais, como prisão da coluna de perfuração. Outro tipo atualmente em evidência por proporcionar um aumento da produtividade e da recuperação final de hidrocarbonetos, além de possuir longo alcance, é chamado poço horizontal – tipo III. Este possui um trecho reto que se prolonga dentro da formação produtora, aumentando a capacidade de drenagem. Fig 2.11 – Tipos de poços direcionais 2.1.4 Fases da perfuração – Importância das Pressões de Poros e Fratura Uma das principais funções do fluido de perfuração é exercer pressão hidrostática sobre as formações a serem perfuradas, sem que se frature a formação ou que haja influxo de fluidos para o poço. A pressão nos poros é a pressão dos fluidos no interior dos poros das rochas da formação e dos reservatórios e, a pressão de fratura é a pressão requerida no interior do poço para iniciar a fratura da formação e perda de circulação (Traugott, 1997). Sob altas pressões hidrostáticas, exercidas pela lama, o fluido de perfuração 15 penetrará na formação podendo ocorrer perda de circulação. Sob baixa pressão hidrostática, ou seja, quando a pressão do fluido de perfuração for menor que a pressão dos poros, e sendo a formação permeável, os fluidos de dentro da formação penetrarão no poço. Quando esse influxo for controlável diz-se que o poço está em kick; se incontrolável, diz-se em blowout. Um poço é perfurado em fases, que dependem de sua profundidade final e das características das formações a serem perfuradas. Os poços de petróleo têm, normalmente, de três a oito fases, sendo que, em cada fase concluída, a coluna de revestimento é fixada e cimentada. O número de fases e o comprimento das colunas de revestimento são determinados em função das pressões de poros e de fratura previstas (Thomas, 2001), pois se trabalha entre essas duas curvas de pressão. Perfurar na estreita faixa entre as curvas de pressão de poros e de fratura é muito difícil, pois é necessário manter-se a pressão hidrostática do fluido de perfuração entre essas duas curvas ao longo do poço. Este é um dos principais problemas encontrados na perfuração em águas profundas, ao lado do problema de instabilidade do riser (explicado na seção 2.2.2). A técnica de duplo gradiente de perfuração muda a direção da curva de pressão hidrostática do fluido de perfuração, que na técnica convencional consiste em uma linha reta entre as curvas de pressão de poros e de fratura; esta linha se estende da superfície do fundo do mar até o fundo do poço na perfuração convencional, e na perfuração com DGD se estende do fundo mar até o fundo do poço. Daí a necessidade de menor número de fluido e de revestimentos, ou seja, teremos menos fases na perfuração de um poço (Vera, 2002). 16 Fig. 2.12 – À esquerda, perfuração convencional (com o gradiente de pressão se estendendo até a superfície); à direita, perfuração com duplo gradiente (com o gradiente de pressão se estendendo até o fundo do mar) No exemplo da figura, com a técnica DGD necessita-se de menos fases na perfuração, portanto, de menos revestimentos, também é igualmente reduzido o número de lamas de diferentes densidades utilizadas para se perfurar. Esse sistema será útil tanto para as últimas fases da perfuração quanto para as primeiras duas fases, pois permitirá uma redução no peso da lama de 3 a 5 ppg; nas seções mais profundas será útil, pois a perfuração não exigirá o uso das lamas mais pesadas (14 a 18 ppg); nas seções superficiais será favorável porque sua perfuração convencional requer lamas leves, com pesos específicos tipicamente menores que 14 ppg. 17 2.1.5 Fluido de Perfuração Fluidos de perfuração são misturas de componentes líquidos, sólidos e até mesmo gasosos que possuem características específicas para execução de suas funções na perfuração. Dentre suas funções podemos citar (Thomas, 2001): - Limpar o fundo do poço dos cascalhos gerados pela broca, e transporta-los até a superfície; - Exercer pressão hidrostática sobre as formações, evitando o influxo de fluidos indesejáveis, genericamente chamados de kick; - Estabilizar as paredes do poço evitando desmoronamento; - Resfriamento e lubrificação da coluna de perfuração e da broca. As características intrínsecas destes fluidos dependem prioritariamente das funções realizadas pelo mesmo e do tipo de formação a ser perfurada. Estes são preparados e especificados de forma a garantir uma perfuração rápida e segura. Podemos citar algumas de suas características desejáveis (Thomas, 2001): - Ser estável quimicamente; - Promover estabilidade mecânica e química nas paredes do poço, o que depende diretamente do tipo de formação; - Facilitar a separação dos cascalhos na superfície; - Manter os sólidos de sua constituição em suspensão quando em repouso; - Ser inerte às rochas produtoras, não lhes causando danos; - Aceitar tratamento físico e químico; - Ser bombeável; - Ter baixo grau de corrosão e de abrasão em relação aos equipamentos de perfuração – coluna de perfuração, riser e equipamentos de circulação; 18 - Facilitar interpretações geológicas do material retirado do poço; - Apresentar custos compatíveis com a operação. Os fluidos de perfuração são classificados segundo sua composição, e o principal critério é a fase contínua ou dispersante utilizada como base. Eles se classificam como fluido à base de água, óleo, ar ou gás. Vale ressaltar que os mais utilizados são os fluidos à base de água (Thomas, 2001), também foi o tipo utilizado para as simulações deste projeto. a) Fluidos à base de água (Thomas, 2001) São fluidos cuja fase contínua e o seu principal componente é a água, que pode ser doce, dura ou até mesmo salgada. A sua composição é o principal fator para o controle de suas propriedades. A principal função da água como fluido contínuo é promover a dispersão dos materiais coloidais. Também estão dispersos sólidos ativos ou inertes. Os materiais coloidais são as argilas e polímeros, que controlam viscosidade, limite de escoamento, forças géis e volume de filtrado com uma alta taxa de remoção de sólidos perfurados e capacidade de estabilização das paredes do poço. Os sólidos ativos são materiais argilosos, cuja função principal é de aumentar a viscosidade o fluido. Os sólidos inertes adensam o fluido de perfuração, para que se possa perfurar a maiores profundidades, e se originam de detritos finos de rochas perfuradas ou outros materiais industrializados. Entre os fatores que influenciam na seleção da água para preparo do fluido de perfuração indicamos o custo de transporte (pesa muito na perfuração marítima), o custo do tratamento, as formações geológicas a serem perfuradas, os produtos químicos adicionados ao fluido, o equipamento e a técnica de perfuração a serem utilizas na avaliação das formações. Pode-se produzir fluidos especiais, chamados inibidos, e que possuirão funções específicas. Dentre eles citamos: 19 - Fluido à base de água com adição de cal, ou sais NaCl, KCl e CaCl2, para baixar a solubilidade de formações rochosas salinas na água; - Fluidos à base de água emulsionados com óleo, que evitam a perda de circulação em zonas de baixa pressão de poros ou de fratura; - Fluidos à base de água com baixo teor de sólidos, usados para aumentar a taxa de penetração da broca em formações mais duras, reduzindo o custo total da perfuração. b) Fluidos à base de óleo (Thomas, 2001) Os fluidos de perfuração são classificados como fluidos à base de óleo quando sua fase contínua, ou a fase dispersante, é formada por hidrocarbonetos líquidos. A fase descontínua é composta por pequenas gotículas de água dispersas, ou de solução aquosa. Também estão dispersos sólidos orgânicos ou inorgânicos. São fluidos excelentes para: perfuração de poços de alta pressão e temperatura, para formações de folhelhos argilosos e plásticos, formações salinas, formações de arenitos produtores, poços direcionais delgados ou de longo afastamento, formações com baixas pressões de poros ou de fratura. Suas vantagens podem ser enumeradas como: - Possuem grau de inibição elevado em relação às rochas ativas; são usados quando a água for reativa com a rocha, ex: formações rochosas salinas; - Possuem taxa de corrosão baixíssima; - Possuem grau de lubricidade elevado, isto é, são bons lubrificantes; - Intervalo amplo de densidade, variando de 0,89 a 2,4 g/cm3; - Possuem baixíssima solubilidade de sais inorgânicos; Suas desvantagens em relação aos fluidos à base de água são: 20 - Dificuldade na detecção de gás no poço, pois este se solubiliza na fase contínua; - Baixa taxa de penetração; - Mais poluente; - Dificuldade no controle da perda de circulação; - Maior custo inicial. c) Fluidos à base de ar ou gás (Thomas, 2001) Os fluidos de perfuração são classificados como fluidos à base de ar ou gás quando o ar ou gás é usado como fluido circulante. Utiliza-se ar comprimido ou nitrogênio como fluido. São fluidos excelentes para perfuração com zonas de perdas de circulação severas e formações produtoras de baixas pressões, ou muito suscetíveis a danos, também são utilizados em locais com escassez de água. Essa técnica permite aumentar a taxa de penetração em formações duras, estáveis ou fissuradas. Não são bons fluidos para perfuração em formações que produzam elevadas quantidades de água ou de hidrocarbonetos. A espuma, dispersão de gás em líquido estabilizada por um tensoativo denominado emulsificante, por sua alta viscosidade, é empregada quando se necessita de uma eficiência elevada de carreamento de sólidos. 21 2.2 Tecnologias de Gradiente Duplo de Perfuração O conceito de duplo gradiente de perfuração, dual-gradient drilling (DGD), foi introduzido ao final da década de 60 e início da década de 70, com o objetivo de resolver alguns problemas freqüentes na perfuração offshore (Vera, 2002), além de viabilizar economicamente a extração de petróleo em algumas reservas tidas como marginais. Os altos preços atingidos pelo petróleo nas sucessivas crises dos anos 70 e 80 resultaram numa inversão da prioridade dos investimentos no sentido do downstream para o upstream, que culminou no desenvolvimento de tecnologias offshore para águas cada vez mais profundas e na viabilização de reservas petrolíferas até então não econômicas. A necessidade de inovações tecnológicas para atingir maiores alvos em profundidade e viabilizar a extração em reservas de petróleo que são hoje inviáveis, levou a novos estudos para se otimizar ou desenvolver as técnicas já existentes de gradiente duplo de perfuração. Dentre os novos conceitos, surge o da utilização de esferas ocas de baixa densidade injetadas no riser com o intuito de se diminuir a densidade média do fluido no riser. Outro aspecto importante e que se deve atentar no desenvolvimento dessas tecnologias para águas profundas é o revestimento. Devido à alta pressão na cabeça do poço, imposta pelo peso do fluido de perfuração, as operações de perfuração convencionais com riser (CRD – conventional riser drilling) requerem numerosos revestimentos. As técnicas existentes de duplo gradiente de perfuração, explicadas a seguir no item 2.2.1, reduzem o número de revestimentos necessários para a perfuração, pela redução do número de fases necessárias no poço. 2.2.1 Conceito e Vantagens do DGD O duplo gradiente de perfuração tem por objetivo reduzir a pressão na base do riser para, idealmente, atingir uma pressão menor ou igual àquela que seria obtida se o riser 22 estivesse cheio apenas com água do mar. A técnica, em si, consiste em controlar a pressão do fundo do poço, bottomhole pressure, pela manipulação de dois gradientes de pressão: um, mais pesado, que vai do fundo do poço ao leito do fundo do mar (Fig. 2.12 - mudline); e outro gradiente, igual ao que seria obtido com água do mar, que se estende da superfície até o fundo do mar; de acordo com Smith et al (1999), Escobar (1999) e Forrest et al. (2001). A técnica de duplo gradiente de perfuração (DGD) permite que se tenha uma pressão hidrostática no fundo do poço igual à obtida através da técnica convencional (CRD), porém, esse novo arranjo leva a um efeito similar ao que seria observado caso os equipamentos de perfuração estivessem instalados no fundo do mar (Smith et al, 2000). O gradiente duplo de perfuração simula uma situação que seria obtida se a plataforma estivesse no leito marinho, como mostra a figura 2.13 (Kingdom, 2004). Perfuração Convencional Perfuração com Gradiente Duplo Fig. 2.13 – Comparação entre a Perfuração Convencional e DGD Uma das vantagens dessa nova configuração é redução do número de fases na perfuração (ver item 2.1.4 sobre fases de perfuração), o que, conseqüentemente, reduzirá o número de camadas de revestimento (casing strings) necessárias na perfuração de um poço. Isto ocorre porque, como se obtém um efeito similar ao de 23 equipamentos instalados no fundo do mar, as curvas de pressão de poros e de fratura têm uma margem menos estreita, pois sua referência agora é o leito do fundo do mar. A redução no número de revestimentos traz muitas vantagens (Smith et al, 1999), entre elas a de permitir que se atinjam maiores profundidades, e que se aumente o tamanho final do poço e que se coloque tubos mais largos, facilitando as operações de completação mais complexas. Além disso, permite a economia de aproximadamente U$ 1 milhão por cada revestimento eliminado (Gault, 1999). Outras vantagens do gradiente duplo foram citadas por MacLeod (1976), Gault (1996), e Choe et al (1997) e entre elas estão: capitalização de recursos e de tempo, menor peso suportado pela sonda, menor espaço requerido na sonda, pressões mais baixas na bomba de lama de superfície, minimização dos problemas de perda de circulação, maior eficiência na perfuração devido ao aumento na margem entre o gradiente de fratura e do peso efetivo do fluido de perfuração, maior eficiência na completação devido a maiores diâmetros no poço, permite a entrega mais rápida do poço, maior produtividade, melhor controle do poço, e operações mais seguras. 2.2.2 Lifting Mecânico ou Diluição da Lama de Retorno Existem duas categorias principais que agrupam os métodos existentes para se atingir o duplo gradiente de perfuração: lifting mecânico e diluição da lama que retorna do anular do poço. Um problema comum à técnica convencional de perfuração está relacionado ao uso de risers nas operações de perfuração offshore em grandes profundidades, pois, apesar do seu uso freqüente e, até mesmo, com sucesso em profundidades maiores que 2.000 m (7.000 ft )) é impraticável se extrapolar a sua utilização, com as tecnologias disponíveis hoje em dia, para profundidades de 3.000 m (10.000 ft) (Choe, 1997, 1998 e 1999) em diante. 24 Dentre os problemas associados à utilização de risers estão a necessidade de sondas adequadas para suportar o peso excessivo e o espaço requerido para o equipamento e seus acessórios (Choe, 1997, 1998 e 1999). O riser é também exposto a severas tensões resultantes de seu peso e do peso do fluido, do movimento da linha suspensa, e das correntes marítimas no fundo e na superfície. A espessura da parede do riser deve aumentar para poder lidar com essas tensões, e resistir a altas pressões internas de ruptura provocadas pelo peso do fluido. Todos esses fatores contribuem significativamente para aumentar o custo das unidades que compõem o riser, de acordo com o aumento da profundidade (Choe, 1999). Uma forma de equacionar estes problemas é pela utilização de uma técnica nãoconvencional de perfuração chamada Riserless Drilling. Esta técnica, ao invés de utilizar um riser de largo diâmetro e concêntrico com a coluna de perfuração, utiliza um tubo de diâmetro relativamente pequeno como linha de retorno da lama, transportando-a do fundo do mar para a superfície. O conceito do riserless drilling é o conceito do gradiente duplo de perfuração e esta técnica é aplicada na perfuração DGD com Lifting de Lama e apesar da injeção de gás e de esferas ocas serem primeiramente mostradas com a utilização de risers convencionais, esses sistemas podem também ser riserless, ou seja, com a linha de retorno de lama separada da coluna de perfuração e de menor diâmetro. Um problema associado à operação com duplo gradiente de perfuração - DGD, está relacionado ao gerenciamento do efeito do tubo em U. No duplo gradiente de perfuração, a pressão hidrostática dentro da coluna de perfuração é maior que a do espaço anular, pois dentro da coluna o gradiente de pressão é simples, isto é, devido somente à coluna de lama. Por esta razão, toda vez que a bomba da superfície for desligada, em qualquer tipo de sistema DGD – esferas ou bombeamento de lama, o nível da lama na coluna de perfuração irá cair e do riser irá subir, até que o equilíbrio seja atingido (Vera, 2002). O efeito do tubo em U pode ser mecanicamente evitado pelo uso de uma válvula que atue dentro da coluna de perfuração (Smith et al, 2000). Esta válvula impede o fluxo quando a bomba de superfície de circulação de lama for desligada. 25 2.2.2.1 Lifting Mecânico da Lama Fundamentalmente, este sistema consiste na elevação da lama que retorna pelo anular do poço até a superfície, através do emprego de um sistema de bombas de subsuperfície instaladas no fundo do mar. O duplo gradiente de perfuração é atingido pela aplicação e manutenção de uma pressão hidrostática na lama, pois a lama que retorna é redirecionada do anular por um desviador submerso (subsea diverter) para a sucção da bomba submersa. No sistema de Lifting, ou bombeamento da lama, a proposta é que a lama que retorna seja coletada no leito do fundo do mar, numa pressão hidrostática igual à do fundo do mar, e que ela seja bombeada até a superfície para que seja recirculada. O lifting mecânico da lama de perfuração é o conceito de duplo gradiente mais estudado até hoje. Os maiores projetos que envolvem esse conceito são, segundo Vera (2002) e Maurer Technology (2003): Subsea Mudlift Drilling – SMD; DeepVision Project; e Shell’s Subsea Pumping System - SSPS. Entre eles, a tecnologia SMD é a única que já foi testada em campo, e os outros estão em estágios avançados de desenvolvimento. Os sistemas de Lifting de Lama diferenciam-se entre si principalmente pelas bombas submersas utilizadas para executar essa função: bombas centrífugas, bombas elétricas submersíveis, e bombas do tipo diafragma. As desvantagens desse tipo de sistema são seu alto custo e a baixa confiabilidade com relação aos problemas inerentes à manutenção de um sistema complexo de bombeamento em operação no fundo do mar (Maurer Technology, 2003). 26 Fig. 2.14 – Lifting mecânico da Lama de Perfuração A seguir apresenta-se uma descrição mais detalhada de três projetos de lifting de lama. a) Subsea Mudlift Drilling (SMD) É um projeto de parceria (Joint Industy Project - JIP) entre as empresas CONOCO e HYDRIL (Smith et al, 2000). Usa um sistema com três a seis bombas de diafragma de deslocamento positivo, de 80 galões por minuto cada. As bombas são acionadas hidraulicamente por água do mar pressurizada, que chegam da superfície através de uma linha de 5 a 6 in – ID anexada ao riser. Essas bombas trabalham em modo automático e, por isso, elas partem ou param de acordo com a pressão no topo do anular do poço. Não necessita de cabos elétricos ou equipamentos submersíveis complexos. 27 A lama é desviada do anular do poço por um divisor de rotação submerso (SRD - Subsea Rotanting Diverter). Depois do divisor e antes da passagem pelas bombas, a lama com os cascalhos passam por um britador que reduz o tamanho das partículas para até 1 ½ in de diâmetro. Usa uma linha de retorno (riser de retorno da lama) de 5 a 6 in – ID. Usa uma válvula DSV (drill string valve – válvula de retenção da perfuração) localizada próxima à broca, para evitar o efeito do U-tube. SMD foi testado com sucesso no final de 2001 e está em vias de ser comercializado. Fig. 2.15 – SMD (Hydril e CONOCO) b) Deep Vision É um projeto de parceria (Joint Industy Project - JIP) entre as empresas BAKER Hughes e TRANSOCEAN Sedco Forex, iniciado em 1997; 28 posteriormente, na fase III do projeto, que engloba teste dos componentes e comercialização, a Chevron se juntou àquelas empresas. Usa um sistema de bombas centrífugas de múltiplos estágios operando em série. As bombas são acionadas eletricamente. Um sistema com isolamento mecânico, Mechanical Seawater-Mud Isolation System, separa e define o exato local de separação do anular do poço do riser de retorno da lama. Inclui lâminas de trituração que quebra as partículas em tamanho menores que 0,5 in de diâmetro. Um tubo flexível de largo diâmetro está sendo desenvolvido para permitir uma circulação contínua. O peso específico máximo admitido para lama é de 19,2 ppg (pounds per gallon). Usa uma válvula que fecha a coluna de perfuração para evitar o efeito do tubo em U. A figura abaixo mostra um equipamento para profundidade de 10.000 ft, que utiliza 5 bombas centrífugas (4.050 hp) e que pesa 350.000 lb. 29 Fig. 2.16 – Sistema Deep Vision Fig. 2.17 – Bomba Centrífuga Utilizada nos Sistema Deep Vision c) Shell’s Subsea Pumping System (SSPS) A Shell desenvolve esta tecnologia. Usa um sistema de bombas elétricas submersíveis (ESPs – seafloor electric-submersible pumps) que operam em série. As bombas do SSPS são parecidas com as bombas ESPs utilizadas para o bombeamento de óleo e de água em poços de óleo. 30 Um leito de nitrogênio separa o poço do sistema de bombeamento submerso e assegura que a pressão no espaço anular esteja equalizada com a pressão hidrostática da água do mar. As argilas aglomeradas “gambo” e os cascalhos maiores que 0,25 in são separados da lama de perfuração no local (fundo do mar), e são descartadas na água. Esta configuração é desfavorável ambientalmente (poluidora), já que, o ideal seria que não houvesse descarte no mar. É um sistema é projetado para uma fácil detecção de kicks, comparado aos outros sistemas de DGD, pois nele a maneira de se detectar é a convencional, quando os BOP são fechados (item perfuração). A lama contendo gás é circulada num desgaseificador, então, o gás sai por um vent e a lama retorna a um tanque onde é bombeada para a superfície. Os testes para os principais componentes foram completados recentemente. Fig. 2.18 – Sistema da Shell As referências para o subitem 2.2.2.1, letras a, b e c são Smith et al. (1999), Smith et al. (2000), Maurer Technology (2003) e Vera (2002). 31 2.2.2.2 Diluição da Lama A segunda forma utilizada para se atingir um gradiente duplo de perfuração consiste na alteração da densidade da lama de perfuração pela injeção de componentes mais leves. A técnica em si consiste na diluição da lama que retorna pelo riser, com o auxílio de componentes leves como, por exemplo, gás e esferas ocas. Esses componentes de baixa densidade, quando misturados a outro mais pesado, diminuem sua densidade, de acordo com a concentração empregada. A concentração requerida é definida pela concentração da lama que retorna pelo riser, sendo que, o conceito de DGD requer que a pressão hidrostática no riser seja igual à pressão hidrostática da água do mar, que possui densidade de 8,6 ppg. Em alguns casos a densidade requerida no riser pode ser maior ou menor que 8,6 ppg, dependendo das curvas de pressão de poro e de fratura do campo. a) Gas Lift – Injeção de Gás Características e vantagens do sistema de injeção de gás: Utiliza nitrogênio como fluido para baixar a densidade da lama. Necessita de espaço para armazenagem dos grandes volumes de gás; Utiliza grandes compressores; O gás que sai dos compressores é injetado numa linha lateral que sai da plataforma na superfície e é ligada ao riser no fundo do mar, logo após os equipamentos de segurança; Atinge o gradiente duplo de perfuração sem modificações no riser; Não têm problemas com controle elétrico de bombas, e com utilização de cabos ou outros equipamentos submersos complexos; 32 Segundo McDonald et al e Vera (2002), as desvantagens do sistema de injeção de gás são: Alto custo com a utilização de compressores; Alto custo com nitrogênio (gás injetado); Problemas de controle de pressão ao longo da profundidade, pois devido à compressibilidade do gás seu gradiente de pressão torna-se não-linear; Dificuldades com a desgaseificação da lama antes de sua re-injeção no poço. Os separadores existentes são grandes e ineficientes na manipulação de fluido/gás/sólidos; Grande espaço (floor space) requerido nas plataformas, devido à utilização de grandes compressores e da armazenagem de grandes volumes de gás. Fig. 2.19 – Sistema de Gás Lift 33 b) Injeção de Esferas Ocas de Baixa Densidade A companhia americana Maurer Techonology desenvolveu um novo conceito na técnica de gradiente de perfuração chamada de Multi-gradient ou Curved Gradient, que consiste na injeção de materiais leves como, por exemplo, esferas ocas, gases e sólidos leves em um ou mais pontos no riser. Esses pontos estão submersos e a injeção desses materiais leves produz um gradiente curvo que permitem a utilização do mesmo revestimento ao longo de maiores distâncias (Maurer Techonology, 2003), possibilitando a manutenção da pressão entre as curvas de pressão de poro e de fratura, reduzindo o número necessário de fases na perfuração. Tradicionalmente, esferas ocas feitas de vidro (HGS – Hollow Glass Spheres) eram usadas em cimentos (Smith et al., 1980) como materiais redutores de densidade para obtenção de massas aquosas ultraleves de cimento, que eram utilizadas na cimentação de poços, para poder reduzir a pressão hidrostática exercida em formações frágeis. As esferas ocas também estão sendo utilizadas para produzir uma perfuração com pressões hidrostáticas abaixo da pressão nos poros, chamada perfuração sub-balanceada ou underbalanced drilling, de acordo com Maurer et al. (2001). Uma suspensão concentrada de esferas ocas é bombeada pelas bombas de superfície no ponto (A) da Figura 2.20, na sonda de perfuração, e chega ao fundo através de uma linha lateral de fluxo (B) ao riser, e se comunica com ele através do ponto de mistura acima dos equipamentos de segurança do poço, sendo injetadas no riser no ponto (C). Elas são diluídas na lama durante sua trajetória pelo anular do riser (D). Inicialmente, quando a lama, os cascalhos e as esferas retornam à superfície, eles são transferidos ao separador (E), onde os cascalhos serão extraídos, e, posteriormente, as esferas serão separadas lama, que, eventualmente, sofrerá um tratamento nos tanques de lama e será reinjetada novamente no poço pelas bombas em (F). A figura abaixo mostra o sistema de esferas ocas (Maurer Technology, 2003). 34 F F A D B C Fig. 2.20 – Tecnologia DGD com esferas ocas A técnica de injeção no riser é similar à utilizada no sistema de injeção de gás, porém as vantagens do sistema com esferas ocas sobre o sistema de gás são grandes, e se baseiam, na sua maioria, nas propriedades das partículas utilizadas. O sistema DGD com injeção de esferas ocas também é vantajoso em relação aos sistemas com bombeamento de lama, devido à ausência dos sistemas submersos, dentre outras vantagens. São listadas, a seguir, as vantagens do sistema de esferas ocas com perfuração de duplo gradiente: - As esferas são incompressíveis e, por isso, o gradiente de pressão hidrostática da mistura (lama + esferas) é linear; - Também devido à sua incompressibilidade, essa configuração necessita de menos potência de bombeamento; - Sobre o sistema de gás lift é vantajoso, pois elimina o gás que fica alojado nas bombas de fundo, não necessita de compressores ou de nitrogênio, que elevam o custo da configuração daquele sistema; 35 - O sistema reduz ou elimina a necessidade de bombas submersíveis, pois pode ser um sistema com ou sem o riser convencional; - Elimina os complexos equipamentos de fundo necessários para outras técnicas DGD; - Elimina as linhas e cabos elétricos e hidráulicos que se estendem da superfície até o fundo; - O sistema aproveita as bombas de superfície convencionais; - Não há o inconveniente de os cascalhos e outros fragmentos de rocha passaram pelo sistema de bombas; - Fácil detecção de kiks e de controle dos poços; - Manutenção do gradiente mesmo durante operações de conexão; A concentração de esferas na lama de perfuração está operacionalmente limitada a uma faixa entre 25 e 35% para a configuração da Figura 2.20, em que se apresenta somente um ponto de injeção de esferas no riser. Para concentrações volumétricas maiores de até 50% deve-se utilizar esquemas alternativos de injeção. Dentre esses sistemas alternativos, a Maurer Technology (2003) sugere a utilização de um esquema com gás lift para complementação da diluição da lama, ou sistemas com mais de um ponto de injeção de esferas. A Maurer Technology é a detentora desta tecnologia, com os estudos iniciados em 2001, e a de Vera (2002) vem auxiliar estes estudos através da discussão da viabilidade técnica da utilização de esferas ocas na perfuração com duplo gradiente. 36 2.2.3 Propriedades das Esferas Ocas de Baixa Densidade As esferas ocas disponíveis no mercado podem ser constituídas de vidro, plástico, compósito, metal, etc. Muitas indústrias produzem comercialmente esferas ocas, e todas elas diferem nas propriedades finais: densidade, pressão de colapso, faixa de tamanhos, temperatura de fusão e composição. As esferas de compósito são muito utilizadas em operações que envolvam empuxo em riser offshore e possuem composição e propriedades bem uniformes (Maurer Technology, 2003). A Tabela 2.1, abaixo, lista as principais esferas comercializadas de compósitos: Tabela 2.1 – Propriedades de Esferas de Compósitos (Maurer, 2003) Densidade do Sistema (g/cm3) Profundidade da Água (ft) Macroesferas Miniesferas Miniesfersas Termoplásticos GRE Fibra Carbono PVC 1.000 0,25 0,28 2.000 0,36 0,34 0,40 3.000 0,36 0,41 4.000 0,39 0,45 5.000 0,43 0,48 0,43 6.000 0,44 0,51 0,45 7.000 0,48 0,55 0,46 8.000 0,53 0,60 0,48 9.000 0,53 0,62 0,50 0,65 0,53 10.000 11.000 0,56 12.000 0,59 13.000 0,61 15.000 0,66 O conceito de duplo gradiente de perfuração desenvolvido por Maurer Technology JIP (2003) envolve a utilização de esferas de diâmetro maiores que os existentes hoje em 37 dia (> 100 µm), pois um dos gargalos mais importantes dessa tecnologia é a separação dessas esferas da lama de perfuração. A Balmoral desenvolveu para este sistema DGD específico, esferas ocas com as seguintes propriedades: diâmetro em torno de 10mm, densidade de 0,43 a 0,66 g/cm3 e suportando pressões de até 6.500 psi, em profundidades de até 15.000 ft. A 3M também desenvolveu esferas com uma faixa de diâmetro de 2,0 a 3,0 mm. As esferas ocas devem ser estáveis quimicamente, não devem modificar as propriedades da lama de perfuração, devem ser menos densas que o fluido para poderem diminuir sua densidade, além de não quebrarem quando expostas às forças e pressões exercidas pelo sistema de bombeamento. Suas propriedades químicas desejáveis são: estabilidade, baixa alcalinidade, não-combustíveis, não porosas, e resistentes à água. 2.2.3.1 Pressão de Colapso das Esferas Ocas A pressão de colapso numa esfera define sua durabilidade em águas profundas. Pois, essas partículas estão expostas a condições severas de pressão e cisalhamento. Elas devem permanecer durante vários ciclos sendo injetadas e retornando pelo riser, além de passar por sistemas de separação e de bombeamento. Quanto maior a resistência requerida, maior será a pressão de colapso, levando a espessuras de parede maiores. A espessura de parede numa esfera oca influi diretamente em sua densidade, segundo a equação: ⎧b3 − a 3 ⎫ ⎬ 3 ⎩ b ⎭ ρs = ρm ⋅ ⎨ (2.1) Onde ρ e ρm são, respectivamente, as densidades da esfera oca e do material que a compõe, e a e b são, respectivamente, os diâmetros internos e externos das esferas. A equação que define a pressão de colapso numa esfera é (Roark e Young, 1975): 38 Pc = 2σ m 3 ⎧b3 − a 3 ⎫ ⎨ ⎬ 3 ⎩ b ⎭ (2.2.a) Substituindo a equação (2.1) na equação (2.2.a) encontramos a equação abaixo: Pc = 2σ m ρ s 3ρ m (2.2.b) Onde Pc é a pressão de colapso, σm é a tensão de cisalhamento, ρm é a densidade do material, e a e b são, respectivamente, os diâmetros internos e externos das esferas. A pressão máxima a que as esferas estão expostas é a pressão devido à coluna de lama do anular e às perdas por fricção no riser. Às perdas são, geralmente, de poucos psi: 2,7 psi/1.000 ft para concentração de 60% de esferas, em lama de 10,75 ppg, para riser de grande diâmetro; ou de 42 psi/1.000 ft para riser de 6.0 in; 108 psi/1.000 ft para riser de 4.5 in (Vera, 2002). A equação que descreve a pressão na base do riser (no fundo do mar), é a seguinte: Pmar = 0,052 ⋅ ρ riser ⋅ Dw + ∆p riser (2.3) Onde Pmar (psi) é a pressão no fundo do mar, ρriser (ppg) é densidade da lama no riser, ∆priser é queda de pressão por atrito (psi), e Dw (ft) é a profundidade da lâmina d’água. 2.2.3.2 Diluição de Esferas Ocas Sugere-se para injeção das esferas a utilização de água do mar ou de lama de perfuração como fluido carreador, como explicado a seguir. No sistema de injeção de esferas, onde o fluido carreador é a água do mar, as esferas serão separadas no fundo do mar antes da injeção, como mostra a configuração da 39 figura (2.21), então, a densidade da mistura de lama e esferas no riser pode ser calculada pela seguinte fórmula (Vera, 2002): ρ riser = (1 − C v )ρ lama + C v ρ s (2.4) Onde ρriser, ρlama e ρs são as densidades da mistura no riser, lama e das partículas, respectivamente. Cv é a concentração volumétrica das esferas na mistura. No sistema de injeção de esferas, onde o fluido carreador é a lama de perfuração (Figura 2.21), e não há separação antes da injeção, logo, a densidade da mistura de lama e esferas no riser pode ser calculada pela seguinte fórmula (Vera, 2002): ρ riser = ρ lama ⋅ q + ρ mistura ⋅ Q s q + Qs (2.5) Onde ρriser, ρlama e ρmistura são as densidades da mistura no riser, lama e da mistura da linha de injeção de lama concentrada em partículas, respectivamente. Qs é vazão na linha de injeção, e q é a vazão de lama que sai da coluna de perfuração e passa pela broca, antes do ponto de injeção. Fig. 2.21 – Sistema de injeção de esferas ocas, à esquerda, utilizando lama de perfuração, e à direita, usando água do mar como fluido carreador 40 2.3 Hidrociclones O hidrociclone consiste de uma seção cônica acoplada a uma seção cilíndrica, na qual se encaixa a entrada tangencial que alimenta o equipamento. Na parte superior do hidrociclone há um tubo de saída denominado overflow, com um alongamento axial para dentro do equipamento (vortex finder). O vortex finder é o tubo de saída estendido, e serve para minimizar o by-pass de ar da alimentação para o overflow. Na parte inferior há um orifício de saída denominado underflow. A mistura é injetada tangencialmente no hidrociclone através do tubo de alimentação e, ao entrar no hidrociclone, inicia um movimento circular descendente, seguindo a tendência de saída pelo underflow. Como a abertura do underflow é relativamente pequena, somente parte do líquido consegue escapar. O líquido que não consegue sair por este caminho volta, formando um vórtice interno, e finalmente escapa pelo overflow. No caso do presente trabalho, bem como na separação água / óleo, onde a partícula dispersa é menos densa, a corrente mais concentrada em esferas ocas sai pelo overflow, e a corrente mais diluída pelo underflow (ver Figura 2.22). Fig. 2.22 – Hidrociclone para Separação de Eferas Ocas de Lama de Perfuração 41 Um núcleo central gasoso, air core, geralmente se encontra presente em equipamentos cuja descarga se dá à pressão atmosférica. Os hidrociclones são equipamentos versáteis, pois podem ser utilizados como separadores, tanto para suspensões diluídas quanto concentradas, e as partículas dispersas podem ser sólidas, líquidas ou bolhas de gás. Eles também são usados como clarificadores, concentradores e equipamento de lavagem, podendo ainda funcionar como desgaseificadores e classificadores (Heiskanen, 1993). Outras vantagens na sua utilização são a sua simplicidade de construção (Svarovsky, 1990; Heiskanen, 1993), o baixo custo de instalação e operação, a versatilidade de aplicação, e seu pequeno tamanho quando comparados a outros equipamentos de separação (Svarovsky, 1990). Algumas desvantagens desse equipamento são a sua relativa inflexibilidade, uma vez já instalados, pois são inflexíveis à instabilidade na vazão e na concentração dos sólidos alimentados. Hidrociclones são suscetíveis a abrasão, além de gerarem altas taxas de cisalhamento, o que faz com que este não seja um equipamento adequado para utilização de floculação, pois os flocos são quebrados no seu interior (Svarovsky, 1990). Sua alta eficiência de separação e alta capacidade de processamento, aliadas ao pequeno espaço (floor space) requerido, o torna ideal para operações onde o espaço é crítico, como ocorre em plataformas de perfuração. Portanto, o uso deste tipo de equipamento parece ser, a princípio, bastante adequado à separação desejada. 2.3.1 Separação Sólido-Líquido Apesar de não possuírem partes móveis, como ocorre em centrífugas, os hidrociclones têm o mesmo princípio (sedimentação em campo centrífugo) e não têm partes móveis, pois o movimento em vórtice é feito pelo fluido (Medronho, 2000) alimentado. A força centrífuga desenvolvida no interior do equipamento tende a mover as partículas mais densas radialmente, em direção à parede, e as que conseguem atingir a parede vão 42 deslizando pela seção cônica até serem coletadas no underflow (McCabe, 1985). Partículas com densidade menor que a densidade da fase contínua movem-se radialmente, em direção ao eixo central, deixando o hidrociclone pelo tubo de overflow. 2.3.1.1 Eficiência de Separação As previsões de performance de um hidrociclone são baseadas na lei de Stokes para o cálculo da velocidade terminal e essa separação só ocorre se há uma diferença de densidade entre o fluido e as partículas. A fração mássica de esfera oca recuperada no overflow será dada por (Svarovsky, 1990): E t = wso ws (2.6) Onde, Et é a eficiência total, Wso é a vazão mássica de sólidos no overflow e, Ws é a vazão mássica de sólidos alimentados. A fração de fluido recuperada no overflow, ou razão de fluido (Rf), é dada por: w fo Rf = Rf = wf Q o (1 − C vo ) Q (1 − C v ) (2.7) (2.8) Observa-se que Rf é o fator divisor do fluido, que deve ser descontado da eficiência total para que se chegue à eficiência real de separação, a eficiência total reduzida ou eficiência centrífuga. Wfo é a vazão mássica do fluido no overflow e, Wf é a vazão mássica do fluido alimentado. A equação (2.9) fornece a eficiência total reduzida (Svarovsky, 1990): 43 E 't = Et − R f 1− Rf (2.9) A eficiência granulométrica, G, é a eficiência calculada para um dado tamanho de partícula, enquanto que a eficiência total, Et, é a eficiência global para uma dada distribuição de tamanhos de partículas. A eficiência granulométrica reduzida é a eficiência granulométrica corrigida para a razão de fluido. Podemos utilizar as mesmas equações que calculam a eficiência total para o cálculo da eficiência granulométrica, assim obtemos (Svarovsky, 1990): G= wso d ws d (2.10) E, G' = G − Rf (2.11) 1− Rf A distribuição de tamanho das partículas pode ser representada pela equação (2.12) de Rosin-Rammler (Rosin e Rammer, 1933) e a eficiência granulométrica reduzida por uma equação de Rosin-Rammler-Bennett Modificada (equação 2.13): ⎡ ⎛ d ⎞m ⎤ y = 1 − exp ⎢− ⎜ ⎟ ⎥ ⎢⎣ ⎝ k ⎠ ⎥⎦ ⎡ ⎛ d G ' = 1 − exp ⎢− 0.693 ⋅ ⎜⎜ ⎢ ⎝ d ' 50 ⎣ (2.12) ⎞ ⎟⎟ ⎠ n ⎤ ⎥ ⎥ ⎦ (2.13) y é a distribuição cumulativa menor que dado tamanho de partícula. 44 O expoente n, da equação acima, é dois para uma separação onde as partículas em dispersão são menos densas (Leahy-Dios e Medronho, 2003), e três para partículas mais densas que o fluido (Coelho e Medronho, 2001). As equações (2.14) e (2.15) fornecem a eficiência total ou eficiência total reduzida, respectivamente (Svarovsky, 1990): 1 E t = ∫ G ⋅ dy (2.14) 0 1 E 't = ∫ G '⋅dy (2.15) 0 2.3.1.2 Performance de Hidrociclones A força centrífuga, que é a responsável diretamente pela deposição das partículas, é inversamente proporcional ao raio e proporcional ao quadrado da velocidade tangencial, segundo a equação: Fc = m u 2tan r (2.16) Onde utan é a velocidade tangencial, m é a massa da partícula e r é o raio. Isto mostra que, ao se diminuir o raio, aumenta-se a força centrífuga, ou seja, aumenta a eficiência de separação, pois maior número de partículas irão para a parede. Logo, hidrociclones são geralmente equipamentos de pequeno diâmetro. No caso em estudo o tamanho do hidrociclone foi limitado pelo tamanho das partículas a serem separadas. Um aumento na vazão de alimentação pode melhorar a eficiência de coleta, mesmo com um pequeno aumento no diâmetro do hidrociclone, pois o aumento na área contrabalança o decréscimo da força centrífuga (McCabe, 1985). Também pode-se 45 confirmar a veracidade dessa afirmação através da equação (2.16), pois a força centrífuga aumenta com o quadrado da velocidade tangencial, portanto, a eficiência sofrerá um aumento com o acréscimo na vazão. A concentração das partículas na alimentação também é uma variável extremamente importante, e que influencia a eficiência de separação e o gradiente de pressão para um dado hidrociclone. Com o aumento da concentração, a eficiência de separação diminui apreciavelmente, isto é o diâmetro de corte aumenta e, conseqüentemente, a razão de fluido Rf, deve ser aumentada, o que afeta diretamente a eficiência de separação. Com o aumento da concentração, também há um considerável aumento na queda de pressão dentro do equipamento. As dimensões de um equipamento também são projetadas para obter a maior eficiência possível. Os hidrociclones são equipamentos cuja eficiência de separação é função de sua geometria e tamanho, no que pode resultar em uma combinação única, com dimensões nunca antes testadas; devido a isso há modelos para avaliar sua performance sem que este hidrociclone precise ser construído, ou até para avaliação da performance de um equipamento em operação. a) Equações com grupos adimensionais No dimensionamento de um hidrociclone utiliza-se uma série de equações baseadas em teorias disponíveis e em relações na forma adimensional, com constantes empíricas obtidas de dados experimentais. Os grupos adimensionais utilizados no dimensionamento e otimização de um hidrociclone são (Svarovsky, 1984; Castilho e Medronho, 2000): Stk50 (número de Stokes), Eu (número de Euler) e Re (número de Reynolds). Suas equações estão descritas abaixo: d ∆pν = 50 2 Stk 50 18µDc (2.17) 46 Onde a velocidade, ν = 4 π 2 , é calculada na seção reta do corpo cilíndrico do Dc hidrociclone. Eu = π 2 ∆P Dc4 8 ρQ 2 (2.18) O produto entre estes dois grupos adimensionais gera a equação (2.19): π (ρ s − ρ )∆PDc (d ' 50 )2 Stk 50 Eu = 36 µρQ (2.19) E, finalmente, o conhecido número de Reynolds: Re = 4 ρQ πµDc (2.20) As equações (2.17), (2.18) e (2.20) podem ser utilizadas em quaisquer sistemas de unidades coerentes como, por exemplo, o Sistema Internacional de Unidades (SI) (Medronho, 2000). b) Equações de projeto e de previsão de performance As proporções geométricas estabelecidas para um hidrociclone do tipo Bradley são baseadas no diâmetro da porção cilíndrica do mesmo, as equações para o cálculo das dimensões do equipamento estão abaixo (Bradley, 1965): Tabela 2.2 – Proporções Geométricas para hidrociclone do tipo Bradley Hidrociclone Di/Dc Do/Dc L/Dc Ll/Dc l/Dc θ Bradley 1/7 1/5 - 1/2 1/3 9º Sabemos que para a geometria do tipo Bradley o melhor ângulo para a seção cônica é o ângulo do Bradley típico, ou seja, de 9º de acordo com Leahy-Dios e Medronho, 2003. 47 Um aumento no comprimento do vortex finder, de símbolo l , aumenta a eficiência de remoção das maiores partículas, porém, diminui a eficiência de remoção dos finos (Svarovsky, 1990). Entretanto, o comprimento da porção cônica do hidrociclone depende do diâmetro e do ângulo do underflow, segundo a equação: L= Dc 2 + ⎛⎜ ⎝ Dc 2 − Du ( ) ⎞ ⋅ tan θ 2 ⎟⎠ 2 (2.21) Um pequeno diâmetro de saída, por onde as partículas serão separadas, implica em uma alta concentração dos sólidos recuperados. Entretanto, quanto menor for este diâmetro menor será a eficiência. O dilema consiste na melhor proporção entre pequenos diâmetros na saída, e altas taxas de recuperação de sólidos, que não podem ser atingidos ao mesmo tempo e um deve ser sacrificado em detrimento do outro (Svarovsky, 1990). O diâmetro do overflow também deve ser dimensionado de acordo com o tamanho das partículas, e não deve ser menor que oito vezes o tamanho da maior partícula a ser separada, sob pena de ocorrer entupimento. Medronho (1984) mostrou através de seus trabalhos experimentais que o produto Stk50Eu é uma função da razão de fluido (Rf) e da concentração volumétrica (Cv). n1 ⎡ ⎛ ⎞⎤ Stk 50 Eu = k1 ⎢ln⎜ 1 ⎟⎥ exp(n 2 C v ) R f ⎠⎦ ⎣ ⎝ (2.22) Eu = k 2 Re n3 exp(n 4 C v ) (2.23) ⎛D R f = k 3 ⎜⎜ u ⎝ Dc n5 ⎞ ⎟⎟ Eu n6 ⎠ (2.24) 48 A Tabela 2.3 dá os valores para os parâmetros das equações (2.22), (2.23) e (2.24), respectivamente, de acordo com Medronho (1984) e Medronho e Antunes (1992): Tabela 2.3 – Coeficientes para as equações de Medronho (1984) e Medronho e Antunes (1992) Hidrociclone k1 n1 n2 k2 n3 n4 k3 n5 n6 Bradley 0,0550 0,66 12,0 258,0 0,37 0,0 1,21 E+06 2,63 -1,12 As equações (2.22), (2.23) e (2.24) podem ser usadas em qualquer sistema de unidades coerente. Dessas equações, especificando-se o tipo de hidrociclone e o diâmetro de corte desejado, a densidade do fluido, sua viscosidade, além da vazão de alimentação, pode-se encontrar o diâmetro da seção cilíndrica do hidrociclone e o número de hidrociclones necessários para se atingir determinada queda de pressão. 2.3.2 Perfil de Velocidade em Hidrociclones A velocidade no interior do hidrociclone pode ser decomposta em três componentes: radial, tangencial e axial. Podemos descrever as velocidades conforme abaixo: 49 a) Velocidade Tangencial – próximo à parede, ela aumenta, inicialmente, com o decréscimo do raio, numa relação dada pela equação (2.25), onde cte significa constante. A Velocidade tangencial então passa por um máximo, decrescendo na direção do núcleo central de gás. O perfil de velocidade tangencial é razoavelmente independente da posição vertical, mas sofre os efeitos do air core, parede e do vortex finder (Svarovsky, 1990). vr n = cte (0.6 ≤ n ≤ 0.9) (2.25) Fig. 2.23 – Perfil de Velocidade Tangencial no hidrociclone b) Velocidade Axial – Há uma região bem definida com velocidade axial nula (locus of zero vertical velocity - LZVV), que se situa ao longo do perfil do hidrociclone (Svarovsky, 1990). Tanto na porção cônica quanto na cilíndrica tem-se um fluxo descendente próximo à parede. Já na região central o fluxo é ascendente. Ao redor do vortex finder um fluxo descendente pode ser observado (by-pass). 50 Fig. 2.24 – Perfil de Velocidade Axial no hidrociclone c) Velocidade Radial – seus componentes são muito menores que os dois outros acima e, por isso, é muito mais difícil de medí-la. A velocidade radial é decrescente com o decréscimo do raio, e acima da borda do vortex finder e próximo ao topo do hidrociclone há fortes velocidades radiais em direção ao centro e à base do vortex finder, causando um by-pass (Svarovky, 1981). Fig. 2.25 – Perfil de Velocidade Radial no hidrociclone 51 Os perfis de velocidade num hidrociclone são muito complexos, mesmo para a água que possui baixa densidade e viscosidade, e pode ser incorreto assumir perfis precisamente similares aos descritos acima para hidrociclones com geometrias consideravelmente diferentes ou com líquidos de alta viscosidade (Svarovsky, 1990). 52 CAPÍTULO III 3. TURBULÊNCIA 3.1 Introdução à Turbulência Grande parte dos escoamentos encontrados na natureza e em aplicações práticas é turbulento. Os escoamentos turbulentos são instáveis e contém flutuações que são dependentes do tempo e da posição no espaço (Neto et al., 2002). Disso advém a dificuldade de se descrever os violentos movimentos de flutuação, como, por exemplo, se prever o local onde se formará um turbilhão ou vórtice turbulento (turbulent eddy) e o campo de velocidades com precisão, dentre outras dificuldades. A turbulência é um fenômeno que envolve, principalmente, transferências convectivas de momento, massa e energia. Ela gera, portanto, escoamentos necessariamente tridimensionais (Neto et al., 2002). A turbulência é um fenômeno altamente dissipativo, pois parte da energia cinética é transformada em aquecimento devido às tensões de cisalhamento que são intensificadas no regime turbulento. Quanto maiores as flutuações de velocidades, maiores os gradientes e o cisalhamento local, e, em conseqüência, maior o efeito de dissipação viscosa (Neto et al., 2002). 3.1.1 Escoamentos Turbulentos O Perfil de Turbulento de Velocidades é mais a achatado que o laminar (Fig. 3.1). Este é um perfil mais homogêneo devido às fortes transferências convectivas intrínsecas ao regime. A transição do regime laminar para o turbulento, especificamente em tubos cilíndricos, por exemplo, ocorre em um número de Reynolds crítico, maior que 2.100. 53 Fig. 3.1 Comparação entre os perfis de velocidade no interior de uma canalização para uma mesma vazão: i) escoamento laminar; ii) escoamento turbulento; adaptado de Tritton (1988) As equações de transporte podem ser usadas para o regime turbulento tomando-se, por simplicidade, sua média temporal, sendo chamadas, então, de equações suavizadas no tempo ou time-smoothed equations, assim, poderão ser utilizadas para se obter os perfis de velocidade e pressão. Uma questão importante para se obter um resultado numérico acurado em fluxos turbulentos industriais é a formulação e o tratamento numérico das equações de transporte próximas às paredes sólidas. 3.2 Modelagem Matemática Para escalas de tempo maiores que a escala das flutuações turbulentas, a turbulência exibe propriedades médias. O conceito de tensão de Reynolds, introduzido por Osborne Reynolds (1895), usa a idéia de escoamento médio como ponto de partida para a resolução da maioria dos problemas de escoamento industriais. Essa idéia consiste em expressar qualquer propriedade do escoamento através de uma quantidade média e outra de flutuação turbulenta. Isto é, todas as variáveis podem ser escritas como a soma de sua média e sua flutuação: Φ = Φ + Φ' (3.1) 54 Onde Φ é o valor da variável em um instante t, Φ é a sua média temporal e Φ ’ é a flutuação turbulenta naquele instante t. Podemos, então, decompor a velocidade de acordo com Reynolds: U z =U z + uz (3.2) Onde U z é o valor médio das velocidades calculado sobre um grande número de flutuações. Essas flutuações devem ser obtidas num período de tempo pequeno o suficiente para captar as mudanças na função, mas grande o suficiente para se pegar os períodos das flutuações, daí então poderá se obter a função média suavizada. No nosso caso temos a velocidade suavizada no tempo. Uz = 1 t +1 / 2t0 U z (s ) ds ∫ t 0 t −1 / 2t0 (3.3) De acordo com a definição acima obtemos: uz = 0 ; uz = 0 ; U zu z = 0 ; uzuz ≠ 0 (3.4) A equação do movimento de Navier-Stokes é escrita como: ∂ ρU = −[∇ • ρU ⊗ U ] − ∇p − [∇ • τ ] + ρg ∂t (3.5) Onde em negrito temos os vetores, ex: U e g. A função τ é um tensor de 2ª ordem. A média temporal, independente do tempo, da equação da continuidade ou conservação de Navier-Stokes ficará como (Bird, 2002): ∂ρ + ∇ • ρ ⋅U = 0 ∂t (3.6) 55 Sendo que, para fluidos incompressíveis: ∇ •U = 0 e ∇• u = 0 (3.7) Desconsiderando as flutuações sobre a massa específica e viscosidade, de forma que seus efeitos sobre a turbulência possam ser desprezados, e aplicando-se a média temporal na equação do momento (3.5), e as equações (3.4) e (3.7), a equação de Navier-Stokes de conservação de momento ficará então, segundo Bird (2002): [ ] V T ∂ ρ U = − ∇ • ρ U ⊗ U − ∇ p − ⎡⎢∇ • ⎛⎜ τ + τ ⎝ ∂t ⎣ ⎞⎟⎤ + ρg ⎠⎥⎦ (3.8) Simplificando a expressão acima teremos: ∇•τ V ( = −∇ • µ∇U ) (3.9) Se µ for constante poderemos simplificar o operador ∇ • ∇ = ∇ 2 (operador Laplaciano) para: ∇•τ V = − µ∇ 2 U (3.10) T ∇ • τ = −∇ • ρ u ⊗ u (3.11) Logo, substituindo as equações (3.9) e (3.10) na equação (3.8), teremos a equação do movimento para fluido incompressível de viscosidade constante: [ ] ∂ ρ U = − ∇ • ρ U ⊗ U − ∇ p + µ ∇ 2 U + ∇ • ρ u ⊗ u + ρg ∂t (3.12) 56 V T Onde τ é o tensor relacionado ao fluxo do momento viscoso e τ é o tensor do fluxo de momento turbulento, também chamado de Reynolds stresses ou Tensores de Reynolds. A única diferença entre a equação do movimento instantânea, equação (3.5), e a média temporal da equação do movimento, equação (3.8), é o termo que envolve o divergente do tensor turbulento. Este divergente mostrado na equação (3.11) é conhecido como força turbulenta e representa a força de inércia extra, causada pela aceleração convectiva das velocidades flutuantes. 3.3 Modelos de Turbulência Atualmente, apesar da aplicabilidade industrial das equações instantâneas de NavierStokes, não se pode resolvê-las pela aplicação de simulações numéricas diretas (DNS – Direct Numerical Simulation) (Deschamps, 2002). Somente situações relativamente simples de escoamento turbulentos foram resolvidas, até o momento, através de DNS. Isso se deve a característica tridimensional e transiente do escoamento turbulento, com a presença de vórtices, e com escalas de comprimento e tempo que requerem níveis de discretização espacial e temporal extremamente pequenos para suas corretas caracterizações (Deschamps, 2002). Os escoamentos turbulentos são escoamentos com graus de liberdade (Ngl) muito grandes, pois quanto maior o número de Reynolds maior será o grau de liberdade (Neto, 2002). Sabendo-se que, a análise teórica de um problema passa pela solução de sistemas compostos por um número de equações igual ao Ngl, vê-se que a solução teórica ou numérica da maioria dos problemas de turbulência está fora das possibilidades atuais. Num escoamento com Re = 4.000, o Ngl é igual a 1,3x108, calculado pela equação abaixo: Ngl = Re9L / 4 (3.13) Com a proposição da média temporal das equações governantes é possível o uso de malhas bem menos refinadas e o emprego de hipóteses simplificadoras para essas equações, como, por exemplo, escoamento bidimensional, regime permanente, etc. 57 Como conseqüência, obtém-se uma redução drástica dos recursos computacionais demandados. O único termo que permanece na média temporal das equações governante é o termo do tensor de Reynolds τ T = u ⊗ u e seu divergente é dado pela equação (3.11). Pode-se utilizar duas abordagens para se resolver os problemas da modelagem da turbulência: - Modelagem estatística clássica (simulação numérica do comportamento médio dos escoamentos turbulentos); - Modelagem da sub-malha (simulação numérica de grandes escalas, onde as grandes estruturas são resolvidas explicitamente e as menores são modeladas). Dentro da modelagem estatística clássica, para se descrever os tensores de Reynolds dois tipos de modelos são os mais utilizados: - Modelos baseados na viscosidade turbulenta; - Modelos dos Tensores de Reynolds. Dentro da modelagem de sub-malha resolvem-se numericamente as Médias de Reynolds das equações de Navier-Stokes (RANS – Reynolds Averaged Navier-Stokes) através do seguinte modelo: - A Simulação dos Grandes Vórtices ou de Grandes Escalas (Large Eddy Simulation); O problema de fechamento das equações (Closure problems) consiste em se ter uma quantidade de equações suficientes para resolver todas as variáveis desconhecidas. Aos 58 usuários de fluidodinâmica computacional cabe o fornecimento de um método para determinação dos tensores de Reynolds que descreva adequadamente o maior número de situações dentro do escoamento desejado. As equações utilizadas para fechar o sistema definem o tipo de modelo de turbulência. 3.3.1 Modelos de Viscosidade Turbulenta Admite-se a hipótese originalmente proposta por Boussinesq (1877) de que as tensões de Reynolds são proporcionais à viscosidade turbulenta, levando a uma relação similar ao do comportamento do escoamento laminar de fluidos Newtonianos, sendo que a viscosidade turbulenta não é uma propriedade física do fluido, mas sim uma medida do nível de turbulência. Para simplificação dos modelos omitimos a média temporal nas equações a seguir. No modelo de viscosidade turbulenta o tensor de Reynolds pode ser definido como: τ T = µ T ∇U T (3.14) Colocando-se na forma generalizada proposta por Kolmogorov (1942), o tensor de Reynolds pode ser avaliado através da seguinte equação: − ρu ⊗ u = − ( 2 2 ρκδ − µ T ∇ • Uδ + µ T ∇U + (∇U )T 3 3 ) (3.15) Podemos definir: u é a velocidade das flutuações turbulentas, U é a velocidade média, τ T é a tensão cisalhante, k = 1 u 2 é a energia cinética turbulenta, µT é a viscosidade 2 turbulenta, e δ é o delta de Kronecker. Substituindo a definição de tensão turbulenta de Kolmogorov (3.15) na equação (3.8) obtemos a equação abaixo: 59 { [ ∂ ρU + ∇ • ρ (U ⊗ U ) = B − ∇p '+∇ • µ eff ∇U + (∇U )T ∂t ]} (3.16) Onde B é a soma de todas as forças de campo, e a viscosidade efetiva µeff é definida como: µ eff = µ + µ T (3.17) Como µ é a viscosidade absoluta, µT é a viscosidade turbulenta e p’ é a pressão modificada, que pode ser definida por: p' = p + 2 ⎛2 ⎞ ρκ + ∇ • U ⎜ µ eff − ζ ⎟ 3 ⎝3 ⎠ (3.18) Onde ζ é a viscosidade bulk. 3.3.1.1 Modelos à equação zero (Zero equation) O modelo à equação zero para a viscosidade turbulenta calcula o valor global de µt através de fórmulas empíricas, utilizando a velocidade média do escoamento e a escala de comprimento geométrico, gerando resultados aproximados, porém com bastante rapidez (Hirsch, 1989). Porém, é um modelo de predição limitado, pois a escala de comprimento deve ser especificada empiricamente, segundo Speziale (1996) e Deschamps (2002). Neste modelo não há resolução de equação de transporte adicional, o que implica em simplicidade e rapidez de resolução, porém, não é um modelo que forneça soluções acuradas, tornando-o adequado para sistemas e geometria muito simples; sendo muito 60 utilizado como condição inicial para resolução de outros modelos de turbulência mais complexos. Modelos deste tipo foram propostos independentemente por Prandtl (1945) e Kolmogorov (1942), para preverem a viscosidade turbulenta como um produto da escala de velocidade e da escala de comprimento. Com este modelo há somente um valor de viscosidade turbulenta para todo o domínio do fluido. Abaixo, apresenta-se a equação do modelo à equação zero do CFX (2003): µ t = ρ f µ U t lt (3.19) Onde, ρ é a viscosidade do fluido, fµ é uma constante de proporcionalidade, Ut é a escala de velocidade turbulenta, e lt é a escala de comprimento turbulento. A escala de velocidade turbulenta é considerada como sendo a velocidade máxima do fluido. A escala de comprimento turbulento, nesse modelo, é dada através da seguinte expressão: 1 V 3 lt = D 7 (3.20) Onde VD é o volume total do domínio. 3.1. Modelo à equação zero para a fase dispersa (Dispersed Phase Zero Equation) O modelo de turbulência utilizado para as partículas é um modelo à equação zero adaptado à fase dispersa. Neste modelo, o parâmetro σ é o número de Prandtl turbulento que relaciona a viscosidade cinemática turbulenta da fase dispersa à viscosidade cinemática turbulenta da fase contínua, segundo a equação abaixo (3.21). 61 σ= ν td ν tc (3.21) Logo, a viscosidade turbulenta dispersa que entra na equação de Prandtl e Kolmogorov (3.19) é a equação (3.22) mostrada abaixo: µ tc = ρ d µ tc ρc σ (3.22) 3.3.1.2 Modelos a duas equações Nos modelos a duas equações, as escalas de velocidade e do comprimento são resolvidas usando equações de transporte distintas, donde advém o nome para esses modelos. Nesses tipos de modelo, a viscosidade turbulenta é modelada como o produto entre as escalas de velocidade e de comprimento turbulento. A escala de velocidade turbulenta é calculada através da equação de transporte para a energia cinética turbulenta; e, a escala de comprimento turbulenta é estimada de duas propriedades do campo turbulento, como energia cinética turbulenta e sua taxa de dissipação (CFX, 2003). Estes são modelos largamente empregados, pois oferecem ao mesmo tempo poder numéricos e acurácia computacional. a) Modelo κ-ε É um dos modelos mais importantes. É um modelo estável e robusto numericamente, para propósitos genéricos oferece robustez e acurácia ao mesmo tempo. Porém é um modelo deficiente nas seguintes situações, segundo Deschamps (2002) e CFX (2003): 62 - Escoamento na presença de curvatura de linhas de corrente; - Escoamento sob ação de gradientes de pressão muito grandes; - Escoamentos com regiões de separação; - Jatos; - Escoamentos sob ação de campos de forças. O modelo κ−ε gera uma turbulência isotrópica, sendo impróprio para a simulação de escoamentos circulares mais complexos (com anisotropia), já que superestimam a tensão turbulenta, prevendo de forma errada as velocidades tangencial e axial. Neste modelo a viscosidade turbulenta é definida como: µT = C µ ρ κ2 ε (3.23) Onde Cµ é uma constante, κ é a energia cinética turbulenta e ε é a taxa dissipação da energia cinética turbulenta. Abaixo são apresentadas as equações modificadas da continuidade e da conservação de momento para o modelo κ−ε, respectivamente: ∂ρ + ∇ • ( ρU ) = 0 ∂t (3.24) ∂ ρU + ∇ • ρ (U ⊗ U ) − ∇ • (µ eff ∇U ) = B + ∇p"+∇ • (µ eff ∇U )T ∂t (3.25) 63 Onde µeff é dada pela equação (3.17) e a pressão modificada (p”) é dada pela equação (3.26): p" = p + 2 ρκ 3 (3.26) Os valores de κ, que entrarão na equação da viscosidade turbulenta (3.23) podem ser calculados pela seguinte equação: ⎞ ⎛ µ eff ∂ ( ρκ ) ρε + ∇ • ( ρUκ ) = ∇ • ⎜⎜ ∇ κ ⎟⎟ + Pk − { { σk ∂t ⎠ ⎝ III II 144244 3 (3.27) I O termo I representa a transferência de energia cinética por difusão e o termo III representa a dissipação de energia cinética por cisalhamento. O termo II, variável Pk, é a produção de turbulência devido às forças viscosas (cisalhamento) e de empuxo, que é modelada segundo a equação (3.28). ( ) Pk = µ T ∇U • ∇U + ∇U T − 2 ∇ • U (3µ T ∇ • U + ρκ ) + Pkb 3 (3.28) Os valores de ε são encontrados na equação diferencial de transporte abaixo: ⎛ µ eff ⎞ ε ∂ (ρε ) + ∇ • (ρUε ) = ∇ • ⎜⎜ ∇ε ⎟⎟ + (C ε 1 Pκ − C ε 2 ρε ) ∂t ⎝ σε ⎠ κ (3.29) Os valores das constantes Cε1, Cε2, σκ e σε estão na tabela abaixo: Tabela 3.1 – Valores das constantes da equação da taxa de dissipação turbulenta Variáveis Cε1 Cε2 σκ σε Faixa de valores 1,44- 1,55 1,92-2,00 1,0 1,3 64 b) Modelo RNG κ−ε Este modelo é uma variante do modelo κ−ε, recentemente proposta por Orszag et al. (1993), e foi derivada a partir da Teoria da Renormalização de Grupo. Segundo Deschamps (2002), as constantes e funções que aparecem no modelo são obtidas teoricamente, e não empiricamente, como no κ−ε tradicional. Além disso, esse modelo pode ser aplicado à subcamada limite viscosa sem a necessidade de inclusão de correções nas constantes ou funções nas equações de transporte. Orszag et al. (1993) defendem que o modelo RNG κ−ε fornece um espectro maior de aplicação, e, segundo Deschamps (2002), este modelo daria previsões mais precisas do que o modelo κ−ε tradicional, em situações de escoamento incluindo separação, linhas de corrente curvas e regiões de estagnação. A única diferença entre a equação (3.27) e a (3.30) e a equação (3.29) e (3.31), respectivamente utilizadas para o cálculo de κ (3.28) e de ε (3.29), são os valores das suas constantes: ⎛ µ eff ⎞ ∂ ( ρκ ) + ∇ • (ρUκ ) = ∇ • ⎜⎜ ∇κ ⎟⎟ + Pk − ρε ∂t ⎝ σ κRNG ⎠ (3.30) ⎞ ε ⎛ µ eff ∂(ρε ) + ∇ • ( ρUε ) = ∇ • ⎜⎜ ∇ε ⎟⎟ + (Cε 1RNG Pk − Cε 2 RNG ρε ) ∂t ⎠ κ ⎝ σ εRNG (3.31) O coeficiente Cε1RNG do modelo RNG κ−ε, é explicitado abaixo na equação (3.32). Este coeficiente é dependente de dois outros, fη e η, que também são dados a seguir: C ε 1RNG = 1,42 − f η (3.32) 65 ⎛ η ⎜1 − η ⎞ ⎟ ⎝ 4,38 ⎠ fη = 1 + β RNGη 3 ( ) (3.32.a) Pκ ρC µRNG ε η= (3.32.b) Cε2RNG, CµRNG, βRNG, σκRNG e σεRNG são constantes do modelo, com valores fixados na tabela abaixo: Tabela 3.2 – Valores das constantes do modelo RNG κ−ε Variáveis Cε2RNG CµRNG βRNG σκRNG σεRNG Valores 1,92 0,085 0,012 0,7179 0,7179. c) Modelo κ-ω Esse modelo foi formulado para o cálculo de escoamentos de baixos números de Reynolds, perto da parede, sendo mais apropriado para problemas de aerodinâmica (escoamento com regiões de separação). O modelo não envolve as funções não-lineares necessárias para o modelo κ-ε, tornando-se, portanto, mais preciso e robusto. Como esse tipo de escoamento possui baixo número de Reynolds perto da parede, o modelo demandaria uma malha (grid) muito refinada. Porém, o tratamento utilizado pelo κ−ω, próximo a parede, troca automaticamente do modelo de baixo número de Reynolds para uma função de parede (wall function); é o chamado tratamento automático próximo à parede (ver item (3.4), onde se explica o tratamento utilizado pelos modelos de turbulência nas regiões próximas às paredes). 3.3.2 Modelos dos Tensores de Reynolds Os modelos de tensores de Reynolds (RSM – Reynolds Stress Model), ou de fechamento de segunda ordem (FSO), são baseados nas equações de transporte para todos os componentes do tensor tensão de Reynolds e da taxa de dissipação turbulenta, 66 sendo adequados para escoamentos fortemente anisotrópicos (Launder, 1989). Esses modelos não utilizam a hipótese da viscosidade turbulenta, mas resolvem equações individuais para o transporte das tensões de Reynolds no fluido. Os modelos de RSM são apropriados para os seguintes escoamentos, segundo Deschamps (2002) e CFX (2003): - Com efeitos de curvatura; - Com mudanças repentinas na taxa de cisalhamento; - Escoamentos secundários; - Escoamentos com empuxo. O cálculo exato do termo de produção, e a modelagem inerente ao modelo das tensões anisotrópicas fazem com que, em tese, os modelos de RSM sejam mais apropriados para escoamentos complexos. 3.3.3 Simulação de Grandes Vórtices Nos escoamentos turbulentos, podemos ter uma idéia da ordem de grandeza das variáveis envolvidas nos fenômenos através das escalas características da turbulência. Estas escalas estão relacionadas com tempo, comprimento, velocidades, energia, e vorticidade. Segundo Neto (2002), dada a escala de comprimento e a de velocidade, pode-se definir as demais escalas de turbulência, na seguinte ordem: tempo, vorticidade e energia. As maiores estruturas de um escoamento são determinas pela geometria que lhes dão origem. A simulação de grandes vórtices, ou de grandes escalas, iniciou-se com os trabalhos do meteorologista Smagorinski (1963) e surgiu da necessidade de se simular apenas 67 grandes escalas de escoamentos atmosféricos, na impossibilidade de simular todo o espectro de escalas. Segundo Neto (2002), a Simulação de Grandes Escalas é uma metodologia intermediária à Simulação Direta e à simulação via equações médias de Reynolds. Para grandes escalas, as equações de transporte são resolvidas diretamente da solução das equações filtradas; para as escalas menores, usa-se modelagem, pois elas tendem a ser mais homogêneas e isotrópicas e menos afetadas pelas condições de contorno. No CFX 5.6 está disponível o modelo LES (Large Eddy Simulation) para simulações de grandes escalas. Esse modelo deve ser aplicado em altos números de Reynolds (Re>5000) para as seguintes condições: - O escoamento tende a ser instável, com grandes oscilações sobre superfícies cisalhantes ou descolamento dos vórtices; - O fluxo tende a ser não-estacionário com estruturas coerentes; - O empuxo é importante no escoamento, com grandes regiões de instabilidade criadas pelo aquecimento, ou por fluidos de baixo peso específico abaixo de fluidos mais pesados (em dutos inclinados no escoamento multifásico); - Quando é requerida uma boa representação das pequenas escalas, como em processos com reação ou micro-mistura; - Quando são necessárias informações das flutuações. O LES não é recomendado em escoamentos confinados. 3.3.4 Simulação Numérica Direta A DNS resolve as equações de Navier-Stokes para todos os parâmetros do movimento do escoamento turbulento. 68 A abordagem mais exata para a simulação de turbulência é a resolução das equações de Navier-Stokes, sem que sejam utilizados a média dos parâmetros ou qualquer outro tipo de aproximação, com exceção das aproximações inerentes aos métodos numéricos de discretização, cujos erros podem ser estimados e controlados. Do ponto de vista conceitual, esse tipo de abordagem é a mais simples, porém a mais difícil de ser implementada na prática, por requerer grande capacidade de processamento e memória computacional. 3.4 Perfil de Velocidade Turbulenta Próxima a Parede Perto de uma parede, num escoamento turbulento, podem-se distinguir quatro regiões ou camadas de fluxo: 1. Subcamada laminar é a camada mais próxima à parede, onde a viscosidade do fluido tem um papel fundamental. 2. Camada tampão, na qual ocorre a transição entre a região inercial e a subcamada laminar. 3. Camada ou região inercial é o começo da corrente principal de turbulência, na qual a viscosidade já não tem um papel muito importante. 4. Região plenamente turbulenta, na qual a distribuição de velocidade é praticamente plana (velocidade é a mesma na camada) e onde a viscosidade se torna irrelevante. Fig. 3.2 Camadas de um escoamento turbulento 69 As camadas 2 e 3 também podem ser agrupadas numa única, chamando-se Região Logarítmica. Perto de uma parede no-slip (com condição de não-deslizamento, velocidade na parede = 0), há fortes gradientes nas variáveis dependentes, e os efeitos viscosos atuam fortemente nos processos de transporte. A representação dos processos dentro de uma simulação numérica encara os seguintes problemas: a) como avaliar os efeitos viscosos perto da parede; b) como resolver as grandes variações das variáveis do fluxo que ocorrem dentro de uma região / camada de contorno. Duas aproximações são usualmente utilizadas para modelar o fluxo turbulento perto da região da parede: - Utilizar funções de parede (wall functions: modelos que mostram a distribuição da média temporal das velocidades na vizinhança de uma parede); Exemplo: Lei da Potência (Power Law), logarítmica, desenvolvimento em séries de Taylor, e no CFX 5.6 funções de parede scalable, standard e automatic; - O método do Baixo Número de Reynolds (Low Reynolds number method). As funções de parede são uma coleção de equações semi-empíricas e funções que fazem uma ligação entre as condições na parede, provendo condições de contorno perto da parede nas subcamadas afetadas pela viscosidade (ex: tensor tensão na parede), e as variáveis dependentes na região do fluxo turbulento principal. Essas equações são acionadas a partir do primeiro nó (node) próximo à parede. O inconveniente de uma aproximação por uma função de parede para simulação numérica é que as predições dependem de saber localizar o ponto mais próximo à parede onde começa a camada turbulenta e a influência da sensibilidade da malha na função de parede. 70 No CFX 5.6 devemos aplicar as funções de parede escalonáveis (Scalable Wall Functions) para todos os modelos de turbulência baseados nas ε -equações. Esse método escalonável aplica automaticamente as funções de parede, sem a preocupação com refinamento demasiado dessa malha ou com localização de regiões aplicáveis. A função y + mede a distância, adimensional, da parede. Bem próximo a parede, o perfil de velocidade passa de logarítmico a linear, sendo que o perfil logarítmico está entre 5 ≤ y + ≤ 10 , o viscoso até y + = 5 , e o turbulento a partir de y + = 11 . O CFX 5.6 também disponibiliza um método chamado Standard Wall Functions, onde, ao contrário do método escalonável, devemos saber a localização da região em que começa a camada turbulenta. A malha próxima à parede deve estar com o refinamento adequado, tal que o y+ (Yplus) não esteja abaixo de 11. Para números de y+ menores que este valor resolvem-se as equações de turbulência utilizando-se as funções de parede (para modelos ε). Para os modelos k − ω aplica-se um tratamento automático perto da parede. Este é um modelo que muda automaticamente das funções de parede para a aproximação de baixo N° de Reynolds, à medida que a malha é refinada. A idéia principal é se obter uma formulação que combine o valor de parede para ω entre o perfil logarítmico e a formulação perto da parede. A aproximação do baixo número de Reynolds requer uma malha muito refinada na zona próxima à parede; neste método não se usam funções de aproximação, como as funções de parede, mas sim, consiste em estender o uso das equações empíricas com que se resolve o escoamento turbulento para as subcamadas que sofrem efeito da viscosidade, que são as camadas próximas às paredes. 71 CAPÍTULO IV 4. FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL (CFD) O objetivo da dinâmica dos fluidos computacional é ajudar a entender os eventos físicos que ocorrem num escoamento de fluidos, num determinado volume de controle, através da simulação computacional dos fenômenos que os envolve. A simulação em CFD é feita pela discretização de equações diferenciais parciais das equações de transporte (momento, massa e energia) que descrevem o escoamento. (Fortuna, 2000; Lomax, 2001). A dinâmica dos fluidos computacional – CFD, pode ser utilizada para o cálculo dos mais diversos fenômenos: dissipação, difusão, convecção, ondas, superfícies livres, camadas de contorno e turbulência. Esses fenômenos estão associados aos mais diversos tipos de escoamentos, tanto externos (na aerodinâmica de naves espaciais, aviões e automóveis, hidrodinâmica de navios, hidrologia e oceanografia, fluxos nos rios, mares e oceanos, engenharia ambiental, etc.), quanto internos (sistemas reacionais, combustão e turbinas a gás, transferência de calor e massa em equipamentos, transporte em dutos e engenharia biomédica, etc.) (Versteeg e Malalasekera, 1995). Basicamente, o usuário de CFD está interessado em obter as distribuições de velocidade, pressões e temperaturas na região do escoamento. Ao usuário também são disponibilizadas ferramentas para cálculo de determinadas variáveis de interesse, por exemplo, no caso da simulação de hidrociclones e outros equipamentos de separação, avaliar as eficiências de separação; e, no caso de misturas reacionais, a conversão da reação e a quantidade de produto formado. CFD é muito utilizado para simular escoamentos turbulentos, porém, a maior parte das soluções para esse tipo de escoamento contém modelos de turbulência que são apenas aproximações das características físicas reais do mesmo, e /ou que dependem de dados empíricos para a obtenção de diversas constantes agregadas nesses modelos. Daí surgem erros, pois além dos modelos muitas vezes não serem adequados (em todo ou em parte) 72 ao caso estudado, a solução numérica para cada equação também introduz erros aos resultados finais, pois são sempre aproximadas. Portanto, as diferenças entre os resultados computados e os dados reais contêm erros devido a: hipóteses feitas nas equações diferenciais originais, aproximações inerentes ao processo de discretização, ou a erros gerados pelos métodos iterativos utilizados na geração da solução numérica. Os erros gerados na solução numérica podem levar a pouca representatividade, ou a nenhuma, da solução, quando comparada com a realidade física. Logo, a ferramenta numérica é adequada e confiável quando se está de posse de um método numérico que resolva corretamente as equações diferenciais, e de um modelo matemático que represente com fidelidade o fenômeno físico. Vale ressaltar que a correta visualização e interpretação das soluções geradas é tão importante quanto à solução em si. A comparação dos resultados numéricos (RN) com os resultados analíticos (RA) das equações diferenciais, se existirem, ou com outros numéricos, caracteriza a validação numérica. Por outro lado, a comparação dos resultados numéricos (RN) com os resultados experimentais (RE) identifica a validação física. 4.1 Etapas para a Solução Numérica A aplicação de CFD a problemas físicos, e sua resolução pela aplicação de modelos matemáticos num domínio limitado, segue os seguintes passos ou etapas, visualizadas na figura (4.1) abaixo: 73 1. Problema Físico 2. Modelagem Matemática 5. Condições de Contorno 6. Resolução das Equações Equações Governantes 3. Discretização Sistema de Equações Algébricas 4. Geração da Malha Solução Aproximada 7. Análise e Interpretação Figura 4.1: Etapas da resolução de problemas em CFD O primeiro passo para aplicação de CFD é a modelagem do problema físico, determinando as grandezas que atuam sobre o sistema e como o afetam, além da determinação dos limites de estudo do problema físico. O problema físico será modelado matematicamente (segundo passo), sendo expresso na forma das leis de conservação de momento, massa e energia. Esses modelos irão explicar o sistema estudado, além de prever seu comportamento em diferentes situações. Após a modelagem matemática devemos definir a região de aplicação e validade das equações, essa região é chamada de domínio. O terceiro passo é a discretização do domínio, ou seja, sua divisão em pontos de aplicação das equações, para obtenção das soluções numéricas. A distribuição adequada dos pontos no domínio é fundamental para se obter uma solução numérica representativa do escoamento. As soluções numéricas não podem ser obtidas sobre uma região contínua, mas sim dentro de sub-regiões dentro do domínio, que são denominados elementos. Portanto, o quarto passo consiste na geração da malha, que é o conjunto de elementos que compõem o domínio. Após a geração da malha, devemos introduzir as condições de contorno necessárias para resolução das equações (quinto passo). Essas condições de contorno, condições iniciais, 74 ao lado das propriedades físicas do fluido e dos parâmetros do escoamento especificam o problema a ser tratado. Obtém-se, então, um sistema com equações algébricas, geralmente lineares, que podem ou não estar acopladas. Finalmente, no sexto passo, essas equações são resolvidas, fornecendo a solução numérica para o problema analisado. A solução obtida deve ser, por conseguinte, analisada e interpretada (sétimo passo). Eventualmente, se for necessário, o modelo deve ser ajustado para que se tenha um resultado confiável, de modo que se possa extrair as variáveis de interesse e visualizar a solução do problema. No item 4.1.1 estão descritas as características que atestam a confiabilidade da solução numérica aproximada. 4.2 Solução Numérica Representativa As características necessárias para que a solução numérica seja representativa, ou seja, que tenha significado físico e que reproduza a realidade do escoamento, estão listadas abaixo (Ferziper, 1996) e (Versteeg e Malalasekera, 1995): - Consistência: a consistência de uma solução é verificada pela diferença entre a equação discretizada e a exata, através do erro de truncamento. O erro de truncamento de um método consistente deve ser zero, quando o limite do tempo e espaço tender a zero: ( ∆t → 0 e ∆xi → 0 ). - Estabilidade: o método de solução numérica é estável se não houver aumento dos erros ao longo do processo de solução numérica, ou seja, se os resultados não divergirem. - Convergência: é a propriedade de um método numérico de produzir uma solução que se aproxima a solução exata das equações diferenciais, quando o espaçamento da malha, o tamanho do volume de controle ou do elemento tender a zero. Um método pode atingir uma solução convergente, mas a solução pode 75 ser dependente da malha, isto é, se a malha mudar a solução muda. No entanto, há um tamanho de malha mínimo na qual a solução é independente dela. - Conservação: um método iterativo pode chegar a uma solução de três formas: quando o critério de convergência for o erro quadrático da raiz (RMS) das equações resolvidas; ou quando atingir um critério de convergência para o fechamento do balanço das equações simuladas. No estado estacionário, e na ausência de geração, a quantidade que sai dentro de um volume fechado é igual à quantidade que entra o mesmo volume, ou seja, baseados nas leis de conservação o que entra é igual ao que sai. No CFX a conservação pode ser avaliada pelo resultado dos balanços de momento e massa; que está mostrado no arquivo de extensão .out, ao término da simulação. - Precisão: Existem três tipos de erro nas soluções numéricas de problemas de escoamento de fluidos. São eles: os erros de modelagem, introduzidos na solução por meio das suposições feitas nas derivações das equações de transporte, pela simplificação da geometria, do domínio e das condições de contorno; erros de discretização, introduzidos na solução por aproximações do sistema algébrico de equações discretizadas e, portanto, podem ser reduzidos usando interpolações, ou aplicando aproximações a regiões menores; erros de convergência, que são calculados pela diferença entre as soluções iterativas e exatas dos sistemas de equações algébricas.É essencial controlar e estimar erros de convergência e discretização antes de julgar a validade dos modelos de fenômenos físicos. - Viabilidade da solução: devemos ter modelos projetados especificamente para resolução de alguns fenômenos muito complexos como, por exemplo, para turbulência, combustão, e escoamento multifásico, a fim de que os resultados tenham significado físico, e de que as soluções não divirjam. 76 4.3 Malha A malha é o conjunto de sub-regiões, ou elementos, em que se divide o domínio geométrico do problema. As equações são resolvidas gerando variáveis com valores discretos, em cada elemento, e a solução de um elemento será utilizada como condição de contorno para o elemento adjacente. Devido a isso, devemos ter uma malha apropriada, com refinamento em regiões cujos gradientes de variação das variáveis são mais elevados, para que se possa captar essas variações (como ocorre nas regiões de parede). O tipo de malha adequado para o escoamento depende de sua complexidade e da geometria do domínio. As malhas se dividem em estruturadas e não-estruturadas. As malhas estruturadas (figuras 4.2 e 4.3) apresentam uma estrutura, uma regularidade na distribuição espacial de seus pontos. Um exemplo de malha estruturada é a malha hexaédrica. Também são utilizadas malhas não-estruturadas (figura 4.4) na discretização dos domínios, sendo que, esses tipos de malha são caracterizados pela ausência de regularidade na distribuição espacial dos pontos (malha tetraédrica). As malhas não-estruturadas são mais utilizadas para geometrias complexas. As malhas estruturadas podem ser uniformes (figura 4.2), quando seus pontos estão igualmente espaçados, sendo muito utilizadas para geometria simples; também podem ser não-uniformes (figura 4.3), quando seus pontos são espaçados de acordo com a necessidade do domínio, possibilitando a aglutinação ou o maior espaçamento dos pontos em áreas específicas. Os pontos aglutinados estão nas áreas em que se espera que a variação espacial da solução seja grande. Já os pontos afastados entre si estão nas regiões nas quais a solução apresenta pequena variação espacial. As malhas nãoestruturadas são geralmente não-uniformes. 77 Fig 4.2 Malha estruturada uniforme Fig 4.3 Malha estruturada não-uniforme Fig 4.4 Malha não-estruturada 78 4.4 Métodos de Discretização Ao contrário dos métodos analíticos, que fornecem uma solução exata e fechada para as equações diferenciais de interesse e para um número infinito de pontos; os métodos numéricos resolvem essas derivadas para um número finito de pontos, que compõem a malha, substituindo-as por expressões algébricas e aplicando-as para cada elemento de volume. A forma de aplicação do método numérico é o que caracteriza o método de discretização. 4.4.1 Método de Diferenças Finitas (MDF) e Método dos Elementos Finitos (MEF) O MDF utiliza as equações diferenciais parciais na forma numérica, em função dos pontos da malha. São obtidas equações algébricas, escritas para cada ponto da região em que se deseja calcular a solução de problema. Pode-se pensar, nas aproximações de diferenças finitas como o inverso do processo de determinação do limite. As aproximações de diferenças finitas podem ser obtidas de várias formas, como por expansão em série de Taylor e interpolação polinomial.(Fortuna, 2000). A interpolação é utilizada para se obter valores das variáveis em outros locais que não sejam nos nós da malha. O MEF se baseia na divisão do domínio em um conjunto de volumes discretos, ou elementos finitos, geralmente não-estruturados. A característica marcante desse método é a multiplicação das equações por uma função-peso antes de serem integradas em todo o domínio, onde a solução é aproximada por uma função linear dentro de cada elemento, garantindo a continuidade da solução através das condições de contornos em cada elemento (Ferziper e Péric, 1996). O MDF sempre foi empregado pelos analistas da área de escoamento de fluidos, enquanto o MEF era utilizado na a área estrutural, para a solução de problemas de elasticidade. Os problemas, do ponto de vista físico, são completamente diferentes. Os de escoamento são altamente não-lineares (equações de Navier-Stokes), enquanto os da 79 elasticidade não possuem os termos convectivos, não-lineares, assemelhando-se a problemas puramente difusivos de transferência de calor. O MDF pode ser aplicado a qualquer tipo de malha, sendo usualmente aplicados a malhas estruturadas, pois são mais simples e eficientes. Por outro lado, o MEF tem a vantagem de usar malhas não-estruturadas, o que permite a resolução de problemas em geometrias mais complexas. Portanto, até o início da década de 70, o que tínhamos era um método com grande experiência na área de fluidos, mas sem habilidades para tratar geometrias complexas (o MDF); e um método hábil no tratamento da geometria, mas sem ferramentas pra tratar os termos convectivos presentes nas equações do movimento (o MEF). 4.4.2 Método dos Volumes Finitos (MVF) Os problemas encarados na seção 4.3.1, e outros similares, motivaram pesquisas para o desenvolvimento e aprimoramento do método dos volumes finitos (MVF), no qual as equações aproximadas são obtidas através de balanços de conservação da propriedade envolvida (massa, quantidade de movimento, entalpia, etc.) no volume elementar. A observação do caráter físico de cada termo da equação diferencial permitiu que métodos mais robustos fossem desenvolvidos. O método de volumes finitos é por vezes confundido com o método das diferenças finitas, apesar de terem formulações bem diferentes, pois, em vários casos, as equações discretizadas obtidas por ambos os métodos são iguais. Enquanto o método de diferenças finitas tem uma dedução puramente matemática, a partir das aproximações de derivadas usando séries de Taylor, a formulação do método de volumes finitos tem base física, a partir da integração das equações diferenciais parciais em uma região, ou volume, do espaço (Pinto e Lage, 2001). A sua desvantagem em relação ao método das diferenças finitas é que para sistemas com escoamento tridimensional são necessários os usos de interpolação e integração, ao passo que no método de diferenças finitas é necessário somente interpolação. 80 A aplicação da técnica de volumes finitos permite escrever equações de diferenças finitas que exprimem diretamente as equações desejadas. As equações diferenciais parciais (EDPs) são integradas diretamente sobre a malha, o que facilita a obtenção das equações de diferenças finitas e sua posterior solução numérica. A interpretação física das equações resultantes da aplicação do método de volumes finitos, bem como a possibilidade de aplicá-lo diretamente sobre as malhas com espaçamentos nãouniformes, em problemas com duas ou três dimensões, são duas das razões que explicam sua popularidade. Esse método pode ser aplicado a qualquer tipo de malha e para geometrias complexas. Praticamente todos os grandes pacotes de CFD hoje disponíveis no mercado para a solução de problemas de escoamento de fluidos com transferência de calor empregam o MVF (Maliska, 1995). 81 CAPÍTULO V 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 Computador e Pacote Computacional Utilizados As simulações foram administradas em microcomputadores com as seguintes características: Pentium IV 1,8 GHz, da Intel, e memória RAM de 522 MB. O software utilizado para realização das simulações em fluidodinâmica computacional foi o CFX 5.6 da ANSYS Technology. 5.2 Variáveis de Interesse As variáveis e perfis importantes na análise da performance de um hidrociclone são: perfis de velocidade e de pressão, razão de fluido, eficiência granulométrica reduzida e eficiência total. 5.3 Caracterização do Fluido de Perfuração O fluido de perfuração, ou lama de perfuração, utilizada como fase contínua nas simulações é a base de água, porém sua composição não foi fornecida por ser uma das combinações utilizadas no processo de perfuração de poços da PETROBRÁS. O fluido de perfuração analisado não é um fluido newtoniano, e sim pseudoplástico. Pode-se portanto, aplicar a lei de potência para representar a viscosidade aparente µ’ e a tensão de cisalhamento τ. µ ' = Kγ n −1 (5.1) τ = µ 'γ (5.2) 82 Onde K é uma constante de proporcionalidade, γ é a taxa de cisalhamento e n é o parâmetro de modelo. No presente trabalho, a caracterização da viscosidade do fluido foi realizada em um viscosímetro FANN, muito utilizado na indústria petrolífera, com o qual se obteve a curva a seguir da Figura 5.1: Tensão cisalhante, lbf/100ft 2 120 100 80 60 y =5,2703x0,4391 R2 =0,9996 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 -1 Taxa de cisalhamento, s Fig. 5.1. – Gráfico da Tensão de cisalhamento de um fluido de perfuração I pseudoplástico O ajuste da equação ao gráfico acima (Figura 5.1) foi excelente, como mostrado pelo R2 do gráfico, cujo valor está muito próximo de 1. As equações ajustadas para a viscosidade e tensão de cisalhamento são dadas abaixo (5.3 e 5.4, respectivamente): µ ' = 5,27 ⋅ γ −0,56 (5.3) τ = 5,27 ⋅ γ 0, 44 (5.4) Tabela 5.1 Caracterização do Fluido de Perfuração Densidade 10,4 ppg ou 1246,2 kg/m3 Faixa de Viscosidades 1,082 – 21,108 p 5.4 Caracterização das Partículas As partículas utilizadas para a simulação computacional são as partículas da 3M especialmente confeccionadas para a técnica DGD. Essas esferas são feitas de material compósito, e suas características são dadas a seguir na Tabela 5.2: 83 Tabela 5.2 Caracterização das Esferas ocas Faixa de densidades 0,52 a 0,56 g/cm3 Faixa de tamanhos 1,0 a 3,0 mm Pressão de Colapso > 6.500 psi Figura 5.2 – Esferas Ocas feitas de material compósito Porém, as amostras das esferas recebidas por Maurer para viabilizar o estudo da tecnologia DGD com utilização de esferas ocas de baixa densidade possuíam as seguintes características (Maurer Technology, 2003), mostradas na Tabela 5.3: Tabela 5.3 Caracterização das Amostras de Esferas ocas (Maurer Technology, 2003) Densidade média 0,53 g/cm3 Faixa de tamanho médio 2,7 a 3,0 mm Pressão de colapso média 8.200 psi Do histograma da densidade das partículas (Figura 5.3), pode-se calcular a média da densidade da amostra como 0,53 g/cm3. 84 F R E Q Ü Ê N C I A Densidade da Esfera Oca (g/cm3) Fig. 5.3 – Histograma da Densidade das Esferas feitas de Compósito Para se saber a concentração necessária de esferas para um dado fluido de perfuração, deve-se utilizar a equação (2.5) do capítulo 2, que é apropriada para um sistema DGD no qual o fluido carreador das esferas é a própria lama de perfuração. Com o auxílio da equação (2.5) podemos plotar um gráfico (Figura 5.4) da concentração requerida de esferas no riser (Cv) para se encontrar uma determinada densidade dentro do riser (ρriser). A intenção, segundo a técnica do DGD, é de se atingir dentro do riser a densidade da água do mar, que é de 1,04 g/cm3 (8,7 ppg); porém, no projeto estudado, seguindo orientações da Petrobrás a intenção era de se atingir 1,07 g/cm3 (8,91 ppg) como densidade final no riser. 85 Densidade da Mistura no Riser pela Concentração Volumétrica das Esferas 8,7 ppg 13 13,00 10,4 ppg Densidade no riser (ppg) 12 12,00 11,0 ppg 11,5 ppg 11 11,00 12,0 ppg 10,0 ppg 10 10,00 9 9,00 Densidade da água do 8 8,00 7 7,00 6 6,00 5 5,00 0 10 20 30 40 50 60 70 Concentração de esferas Cv (%) Fig. 5.4 – Gráfico da concentração requerida de Esferas Ocas para baixar a densidade da Lama de Perfuração no riser Logo, para uma dada lama de perfuração com 1,246 g/cm3 (10,4 ppg) atingir a densidade da água do mar, é necessário que se tenha em suspensão cerca de 28%, em volume, de esferas ocas dentro riser. Entretanto, para se alcançar o valor de 1,07 g/cm3 (8,91 ppg), valor requerido pela Petrobrás, é necessário que se tenha em suspensão 24,5 % de esferas ocas misturadas à lama de perfuração, dentro do riser. Porém, para se obter esta concentração no riser, deve-se injetar em sua base 1633 gpm de uma suspensão com 35% de esferas ocas, uma vez que o fluido proveniente do anular do poço tem uma vazão de 700 gpm (Figura 5.5). 86 Fig. 5.5 – Vazões e concentrações no ponto de injeção A pressão de colapso das esferas é um fator muito importante para a sua caracterização. Essa pressão de colapso deve ser suficientemente grande para suportar o peso da coluna de fluido de perfuração acima dela e dentro do riser (ver capítulo 2, item 2.2.3.1). Para a maioria das aplicações em perfuração com duplo gradiente – DGD – as partículas que possuem pressão de colapso de até 6.000 psi são adequadas (Maurer, 2003). A Figura 5.6 mostra um histograma da pressão de colapso para as esferas ocas de compósito fabricadas pela 3M. F R E Q Ü Ê N C I A Pressão de Colapso (psi) Fig. 5.6 – Histograma da Pressão de Colapso das Esferas feitas de Compósito 87 5.5 Planejamento Experimental e Geometrias Simuladas O hidrociclone básico foi dimensionado através de programa feito em Fortran (Silva, 1989), onde se calculou o número de hidrociclones necessários, o diâmetro da seção cilíndrica do equipamento, o diâmetro do underflow e a queda de pressão no hidrociclone; as condições dadas para esse cálculo foram as densidades das partículas e do fluido, a viscosidade do fluido, a razão de fluido desejada, a concentração de partículas, a vazão total e o diâmetro de corte desejado. Este programa utiliza as equações para simulação de performance de um hidrociclone, que foram apresentadas no capítulo 2, seção 2.3.1.2. As equações disponíveis para otimização da geometria de um hidrociclone são baseadas em partículas mais densas que o fluido em fase contínua no equipamento. Utilizaram-se essas mesmas equações para otimização do hidrociclone do presente trabalho, porém, considerou-se positiva a diferença entre densidade da partícula e a do fluido. Os resultados obtidos pelo programa foram o número de hidrociclones em paralelo igual a 16, diâmetro de hidrociclone de 17,0 cm, diâmetro do underflow de 3,40 cm. Para o planejamento experimental, utilizou-se um programa, escrito em Visual Basic for Aplications, denominado Essential Regression 97 (Steppan et al, 1998). O planejamento utilizado RSM (Response Surface Modeling) foi o que permitiu a identificação detalhada da dependência entre os fatores e a resposta. Ele se divide em CCD (Central Composite Designs) e Box-Behnken Designs. Para maior simplificação, iremos somente explicar o planejamento circunscrito central composto, que é um dos que compõe o modelo CCD. Neste planejamento especificam-se os valores máximos e mínimos de cada fator para gerar as simulações que conterão pontos axiais internos aos dados. A Tabela 5.4 mostra os valores adotados para os três fatores que foram variados (Di, Do, Du) para obtenção de uma resposta (G’) com a fixação de 4 pontos centrais, que junto às 14 corridas geradas pelo planejamento circunscrito composto central (central composite), totalizaram 18 simulações computacionais. 88 Tabela 5.4 Faixa de Valores do Planejamento Circunscrito Central Fatores Mínimo Central Máximo 1,78 2,38 2,98 Di (cm) 2,40 2,90 3,40 Do (cm) 3,40 4,25 5,10 Du (cm) O diâmetro mínimo do overflow Do adotado foi de 8 vezes o tamanho máximo de partícula, no intuito de se evitar entupimento quando da saída das esferas pelo overflow. O diâmetro central do underflow Du foi calculado como o mesmo fosse o do overflow, pois no presente trabalho o hidrociclone funciona ao contrário dos equipamentos tradicionais, isto é, a saída das partículas se dá pelo overflow e desta forma utilizou-se um Du central igual a 0,25 vezes o diâmetro da parte cilíndrica do hidrociclone. O valor central adotado para o diâmetro de entrada Di foi de 0,14 vezes o diâmetro da parte cilíndrica (recomendações Bradley, 1965). O desenho esquemático de um hidrociclone convencional é mostrado na Figura 5.7 a seguir: Fig 5.7 – Desenho esquemático de um hidrociclone 89 Na confecção da geometria foram adotados alguns prolongamentos nas saídas do overflow e do underflow para simularem, respectivamente, a saída para uma tubulação e a saída para a atmosfera (descarga em um tanque ou container). As dimensões das 18 geometrias a serem simuladas, variando Di, Do e Du, são mostradas na Tabela 5.5. Tabela 5.5 – Dimensões dos hidrociclones simulados Exp Dc (cm) Di (cm) Do (cm) Du (cm) 17,0 2,40 2,90 4,25 1 17,0 2,40 2,90 4,25 2 17,0 2,76 2,60 4,76 3 17,0 2,76 3,20 3,74 4 17,0 2,04 3,20 3,74 5 17,0 2,04 2,60 3,74 6 17,0 2,04 2,60 4,76 7 17,0 2,76 3,20 4,76 8 17,0 3,00 2,90 4,25 9 17,0 2,76 2,60 3,74 10 17,0 2,40 2,40 4,25 11 17,0 2,40 2,90 4,25 12 17,0 2,40 2,90 4,25 13 17,0 2,40 2,90 3,40 14 17,0 1,80 2,90 4,25 15 17,0 2,04 3,20 4,76 16 17,0 2,40 2,90 5,10 17 17,0 2,40 3,40 4,25 18 L (cm) Ll (cm) l (cm) 89,50 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 86,29 8,50 5,61 92,71 8,50 5,61 92,71 8,50 5,61 92,71 8,50 5,61 86,29 8,50 5,61 86,29 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 92,71 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 94,90 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 86,29 8,50 5,61 84,10 8,50 5,61 89,50 8,50 5,61 5.6 Malhas A malha utilizada é composta por elementos tetraédricos, contendo camadas de células prismáticas próximo às paredes (inflated boundaries). Essas inflated boundaries são apropriadas para utilização de funções de parede escalonáveis (ver item 3.3) A malha é a principal responsável pela qualidade da solução, e deve-se atentar à sua construção, a fim de que ela não influencie no resultado, mas que seja somente um instrumento para chegar a ele. Sua manipulação no programa CFX 5.6 é muito difícil, por isso, tentou-se obter malhas que estivessem dentro de uma determinada faixa de valores tais que não houvesse significativa influência sobre o resultado e, ao mesmo 90 tempo, não tornasse a resolução computacional lenta e dispendiosa. Chegou-se a uma faixa de valores entre 850.000 e 1.000.000 de elementos. A Tabela 5.6 mostra o número de elementos de volume presente nas malhas utilizadas. Tabela 5.6 – Nº elementos de volumes presentes nas malhas Experimento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Malha Utilizada 945.243 945.243 967107 879.179 1.002.274 956.911 914.883 915.826 923.259 1.074.397 930.337 945.243 945.243 898.341 942.387 937.645 948.786 907.685 No Anexo 2 podem ser encontradas as malhas descritas na Tabela 5.6. 5.7 Parâmetros Utilizados e Simulações Realizadas As condições de contorno são: entrada, overflow, underflow e parede. A entrada foi especificada no CFX como inlet, e as saídas overflow e underflow devem ser especificadas como opening, pois nesta condição o escoamento se encontra livre para entrar ou sair do equipamento. Para a entrada devemos dar as vazões mássicas das esferas e do fluido de perfuração, além de intensidade de turbulência, que foi calculada pela seguinte equação (Fluent, 2000): I = 0,16 ⋅ Re −1 8 (5.5) 91 Para o overflow e underflow foram especificadas as pressões manométricas de saída, e a direção normal à superfície (para o overflow). Essa combinação de condições de contorno, especificando no inlet a vazão mássica e nas saídas a pressão, é a combinação mais robusta em termos de resolução computacional, pois é simples de se prever a pressão total no inlet como resultado da simulação (CFX, 2003). Para a parede recomenda-se free slip (condição em que há deslizamento) (CFX, 2003) para as partículas, e no slip (condição de não-deslizamento) para o fluido contínuo. A implementação da condição de não-deslizamento implica que o fluido imediatamente junto à parede tenha velocidade igual a ela, sendo que, nas simulações realizadas as paredes são estáticas. A Tabela 5.7 mostra a vazão média da lama de perfuração realizada numa plataforma (cedido pela Petrobrás), e os valores utilizados para as condições de contorno da alimentação do hidrociclone. Tabela 5.7 – Condições de entrada da alimentação do hidrociclone Valores para a Alimentação no Hidrociclone Vazão mássica de Esferas Ocas 1,1946 kg/s Concentração Volumétrica de Esferas Ocas Vazão mássica de Lama de Perfuração 0,245 8,6561 kg/s Intensidade de turbulência 0,055 Vazão total (para todos os hidrociclones) 147.189,4 cm3/s Vazão de entrada (para um hidrociclone) 9.200 cm3/s A Tabelas 5.8 mostra as condições de contorno usadas nas simulações realizadas. Tabela 5.8 – Condições de contorno adotadas Parâmetro Valor Pressão de Referência 1,013x105 Pa Condição de Contorno: entrada Vazões mássicas de alimentação Condição de Contorno: Poverflow 0 Pa (manométrica) Condição de Contorno: Punderflow 0 Pa (manométrica) Parede: Partículas Free slip Parede: Fluido Contínuo No slip 92 Tipo de Simulação Estacionária Função de parede Escalonável Modelo de Turbulência: Fluido RNG κ−ε Modelo de Turbulência: Partículas Dispersed Phase Zero Equation Velocidade e Fração Volumétrica de Condições iniciais Entrada Critério de convergência RMS (Raiz do desvio quadrático médio) 1 x10-8 Resíduo máximo permitido 5.8 Eficiência Total de Separação O cálculo da eficiência total de separação requer que se conheça a eficiência granulométrica reduzida de alguns tamanhos de partícula, obtendo-se assim um gráfico com a distribuição de eficiência granulométrica reduzida versus o diâmetro da partícula. A partir deste gráfico obtém-se o diâmetro de corte reduzido (d’50), que traduz o tamanho da partícula no qual se obtém uma eficiência granulométrica reduzida de 50%. A equação de Rosin-Rammler-Bennet modificada (2.13, capítulo 2), ou da eficiência granulométrica reduzida, deve ser linearizada (5.9) e, conseqüentemente, deve-se plotar y versus x, e se ajustar uma curva ao gráfico linearizado, para se poder calcular o expoente n. ⎛ d ⎞ ⎡ ⎛ 1 ⎞⎤ ⎟⎟ + ln(0,693) ln ⎢ln⎜ ⎟⎥ = n ⋅ ln⎜⎜ 1 − G ' ⎠⎦ ' d ⎝ ⎣ 50 ⎝ 24 144244 3 1 4 3⎠ y (5.6) x Com os devidos valores da potência (n) e d’50 é possível calcular-se a eficiência total reduzida (Et’) do hidrociclone otimizado através da integração de G’ (equação 2.15, capítulo 2). Esta equação, substituída em G’ e em d torna-se a equação (5.11). Da distribuição de RRB (Rosin e Rammler, 1933) para as partículas: 93 ⎡ ⎛ d ⎞m ⎤ y = 1 − exp ⎢− ⎜ ⎟ ⎥ ⎣⎢ ⎝ k ⎠ ⎦⎥ 1 ⎡ ⎛ ⎢ ⎜ ⎡ ⎛ 1 ⎞⎤ m ⎟⎟⎥ ⎢ ⎜ k ⋅ ⎢ln⎜⎜ 1 ⎢ ⎜ ⎣ ⎝ 1 − y ⎠⎦ ' ET = ∫ 0 1 − exp ⎢− 0,693⎜ ' d 50 ⎢ ⎜ ⎢ ⎜⎜ ⎢⎣ ⎝ (5.7) ⎞ ⎟ ⎟ ⎟ ⎟ ⎟ ⎟⎟ ⎠ n ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥dy ⎥ ⎥ ⎥⎦ (5.8) Finalmente, com os valores da eficiência total reduzida e da razão de fluido se poderá calcular a eficiência total (Et) do equipamento, equação (5.12) abaixo: ( ) ET = E 'T 1 − R f + R f (5.9) 94 CAPÍTULO VI 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 Resultados Gerais Os resultados gerais das 18 simulações realizadas estão descritos na Tabela 6.1 abaixo. Para cada simulação realizada temos queda de pressão, vazões de esferas na alimentação (Qs) e no overflow (Qso), razão de fluido (Rf), eficiência granulométrica, eficiência granulométrica corrigida e concentração volumétrica de esferas no overflow. Todas as simulações foram conduzidas com o modelo RNG κ−ε, porém, para atingir a convergência mais rapidamente, utilizaram-se como valores iniciais os resultados obtidos com o modelo de equação zero e com o modelo κ−ε. Tabela 6.1 Resultados Gerais Geometria Di (cm) Do (cm) Du (cm) geo1 geo2 geo3 geo4 geo5 geo6 geo7 geo8 geo9 geo10 geo11 geo12 geo13 geo14 geo15 geo16 geo17 geo18 2,40 2,40 2,76 2,76 2,04 2,04 2,04 2,76 3,00 2,76 2,40 2,40 2,40 2,40 1,80 2,04 2,40 2,40 2,90 2,90 2,60 3,20 3,20 2,60 2,60 3,20 2,90 2,60 2,40 2,90 2,90 2,90 2,90 3,20 2,90 3,40 4,25 4,25 4,76 3,74 3,74 3,74 4,76 4,76 4,25 3,74 4,25 4,25 4,25 3,40 4,25 4,76 5,10 4,25 ∆P (bar) 0,851 0,851 0,580 0,620 1,809 1,828 1,679 0,547 0,047 0,612 0,884 0,851 0,851 1,049 2,683 1,591 0,800 0,903 Qso Qs 3 (cm /s) (cm3/s) 2,242 2,242 2,245 2,242 2,274 2,289 2,234 2,214 2,223 2,216 2,246 2,242 2,242 2,221 2,236 2,222 2,224 2,236 0,809 0,809 0,562 1,096 1,014 0,834 0,478 0,685 0,764 0,899 0,473 0,809 0,809 1,194 0,527 0,560 0,384 0,940 Rf G G' (%) Cvo 0,198 0,198 0,129 0,318 0,271 0,218 0,155 0,179 0,210 0,251 0,153 0,198 0,198 0,316 0,121 0,129 0,095 0,247 0,361 0,361 0,250 0,489 0,446 0,365 0,214 0,309 0,344 0,406 0,211 0,361 0,361 0,538 0,236 0,252 0,173 0,420 20,33 20,33 13,96 25,10 24,02 18,74 7,03 15,89 16,94 20,69 6,81 20,33 20,33 32,40 13,01 14,11 8,56 23,02 0,361 0,361 0,250 0,489 0,446 0,365 0,214 0,309 0,344 0,406 0,211 0,361 0,361 0,538 0,236 0,252 0,173 0,420 Os cálculos da razão de fluido, eficiência granulométrica e eficiência granulométrica reduzida foram feitos com as equações (2.7), (2.10) e (2.11). 95 Os resultados mostram que o hidrociclone com a geometria 14 forneceu a maior eficiência granulométrica reduzida (32,4 %), como também a maior concentração volumétrica de esferas no overflow (53,8 %). 96 6.2 Comparação e Escolha entre Modelos de Turbulência As simulações 3 e 8 foram feitas para os seguintes modelos de turbulência: κ−ε e RNG κ−ε. Os resultados são mostrados na Tabela 6.2. Tabela 6.2 – Comparações entre os modelos de turbulência Simulação Modelo Turb. geo3 geo3 geo8 geo8 κ−ε RNG κ−ε κ−ε RNG κ−ε d (mm) DP (bar) 2,7 2,7 2,7 2,7 0,601 0,580 0,568 0,547 Rf (%) G (%) G' (%) 0,1248 0,1289 0,1700 0,1790 24,229 25,048 29,450 30,944 13,425 13,955 15,005 15,886 O modelo κ−ε também foi utilizado como valor inicial para outras simulações (exceto para a simulação 4 que utilizou o modelo à equação zero), porém, nesses casos, não deixou-se atingir o critério de convergência; antes de atingí-lo, paravam-se as simulações e modificava-se o modelo de turbulência para o modelo RNG κ−ε. Percebe-se que o modelo κ−ε superestimou a queda de pressão em relação ao modelo RNG κ−ε e, no entanto, subestimou a razão de fluido e eficiências granulométricas. O modelo de turbulência RNG κ−ε foi escolhido para simulação dos hidrociclones (geometrias 1 a 18) com base nas informações abaixo: - O modelo κ−ε não é indicado para escoamentos com curvaturas nas linhas de corrente e anisotropia (Deschamps; 2002). - Baseado na literatura, vê-se que o modelo RNG κ−ε tem sido muito utilizado em simulações de escoamento em hidrociclones (Dyakowsky e Williams, 1993; Malhotra et al, 1994; Dai et al, 1999; He et al, 1999). Este modelo é defendido por Orszag et al. (1993) e Deschamps (2002) quanto a seus resultados em situações com regiões curvas, entre outras (ver item 3.3.1.2, letra b). 97 Embora o modelo RNG κ−ε seja defendido e utilizado por sua robustez e estabilidade, além do menor tempo computacional requerido, o modelo que é indicado por Deschamps (2002) e pelo manual do CFX 5.6 (2003) para escoamentos complexos é o modelo dos tensores de Reynolds RSM (ver item 3.3.2), entretanto, por resolver os tensores de Reynolds, este modelo requer maiores esforços computacionais e a experiência da literatura (descritas no parágrafo acima) nos assegura a viabilidade da utilização do modelo escolhido RNG κ−ε. 6.3 Regressão Linear Foi realizada uma regressão nos resultados obtidos para as 18 simulações utilizando o programa EREGRESS (Steppan et al, 1998). As equações lineares ajustadas para conter somente constantes com significância adequada (< 0,1) foram utilizadas como modelo de predição das respostas G e Cvo, equações (6.1) e (6.2) respectivamente. Para visualizar a qualidade do modelo deve-se plotar o valor da variável simulada e o valor da variável predita para, assim, ajustar uma linha de tendência e encontrar os coeficientes de correlação R e R2. Entretanto, somente uma combinação adequada dos valores de R2, R2 ajustado e R2 para predição podem nos dar uma impressão do ajuste do modelo à realidade prática. Num bom modelo esses três parâmetros não devem diferir muito entre si (Steppan et al, 1998). As variáveis de entrada do modelo de regressão foram os diâmetros do hidrociclone Di, Do e Du, pois foram estas variáveis também as utilizadas como fatores para o planejamento experimental (item 5.5). As variáveis de saída ou de resposta foram duas: eficiência granulométrica e concentração volumétrica de sólidos no overflow. Com o resultado da regressão linear pode ser avaliada a dependência de G e Cvo em relação aos diâmetros do hidrociclone. Depois foi realizada uma otimização dos diâmetros do hidrociclone, utilizando o solver do excel, para se obter a geometria de maior eficiência granulométrica tal que a concentração de partículas na saída do 98 hidrociclone fosse maior que 35%, que é a concentração de esferas necessária para se atingir a densidade desejada no riser (ver item 5.3). Uma análise da significância das variáveis envolvidas no modelo foi realizada, ou seja, apenas um modelo com significâncias próximas de zero e R2 mais próximos da unidade representaria um modelo eficiente. Para o G o modelo escolhido está mostrado na Tabela 6.3, e para a concentração volumétrica de esferas o modelo escolhido está mostrado na Tabela 6.5. A equação obtida para a regressão linear de G é mostrada na equação abaixo (6.1), onde se percebe a dependência linear da eficiência granulométrica com Di, Do e Du e a dependência quadrática em função de Di. Os valores das constantes, sua significância e erro padrão estão na Tabela 6.4: G = b0 + b1 ⋅ Di + b 2 ⋅ Do + b3 ⋅ Du + b 4 ⋅ Di 2 (6.1) Tabela 6.3 – Regressão linear quadrática para G G = b0 + b1*Di + b2*Do + b3*Du + b4*Di*Di Valores Significância b0 -0,313 0,377 b1 0,779 0,01453 b2 0,151 3,425e-05 b3 -0,187 8,209e-09 b4 -0,147 0,02386 O gráfico da Figura 6.1 mostra os valores preditos pela equação (6.1) versus os valores encontrados para as simulações para G, e a Tabela 6.4 mostra o ajuste do gráfico e seu erro padrão. 99 Fig. 6.1 – Gráfico que compara o G previsto pelo modelo quadrático e o G obtido nas simulações Tabela 6.4 Coeficientes de Ajuste da Regressão |R| 0,972 2 0,946 2 R ajustado 0,929 Erro Padrão 0,02698 R 2 R para Predição 0,883 Pode-se concluir que o modelo se ajustou bem às respostas dos valores simulados de G, pois os coeficientes de correlação estão próximos e o erro padrão é pequeno (2,7 %). A equação obtida para a regressão linear de Cvo é mostrada na equação abaixo (6.2) onde se percebe a dependência da concentração de esferas no overflow com Di e Do linearmente, e com Di e Do*Du quadraticamente. Os valores das constantes, sua significância e erro padrão estão na Tabela 6.5: C vo = b0 + b1 ⋅ Di + b 2 ⋅ Do + b3 ⋅ Di 2 + b 4 ⋅ Do ⋅ Du (6.2) Tabela 6.5 – Regressão linear quadrática para Cvso Cvo = b0 + b1*Di + b2*Do + b3*Di*Di + b4*Do*Du Valores Significância b0 -1,109 0,00477 b1 0,779 0,01231 b2 0,426 4,819e-09 b3 -0,147 0,02056 b4 -0,06455 5,529e-09 100 O gráfico da Figura 6.2 mostra os valores preditos pela equação (6.2) versus os valores encontrados para as simulações para Cvo, e a Tabela 6.6 mostra o ajuste do gráfico e seu erro padrão. Fig. 6.2 – Gráfico que compara o Cvso previsto pelo modelo quadrático e o Cvso obtido nas simulações Tabela 6.6 Coeficientes de Ajuste da Regressão |R| 2 R 2 R ajustado Erro Padrão R2 para Predição 0,974 0,949 0,933 0,02618 0,890 Pode-se concluir que o modelo se ajustou bem às respostas dos valores simulados de Cvo, pois os coeficientes de correlação estão próximos e o erro padrão é pequeno (2,6 %). Este modelo é ainda melhor que o primeiro, porque seus coeficientes de correlação são maiores. Através das equações (6.1) e (6.2), com os respectivos valores de suas constantes (Tabelas 6.3 e 6.5), pode-se otimizar a geometria de um hidrociclone para separação de esferas ocas de lama de perfuração, impondo-se quatro condições: concentração de esferas no overflow superior a 35%; diâmetro de entrada, overflow e underflow devem estar entre os valores máximos e mínimos que estão na Tabela 5.4. 101 O hidrociclone ótimo encontrado é aquele que possui: Di de 2,35 cm, Do de 3,4 cm e Du de 3,4 cm. 6.4 Simulações com a Geometria Ótima Após encontrar a geometria otimizada (ver Tabela 6.8), através de regressão linear quadrática, foram feitas mais sete simulações com essa geometria. Dentre essas simulações, cinco utilizaram o fluido de perfuração mais viscoso (Tabela ) para tamanhos de partículas diferentes (Tabela 6.8); outras duas simulações foram realizadas para um fluido de perfuração menos viscoso (Tabela 6.7) e dois tamanhos de partículas. As propriedades da lama de perfuração II, que é uma lama menos densa e viscosa que a primeira, à base de carbonato, são as seguintes: Tabela 6.7 Caracterização do Fluido de Perfuração II 1,1 kg/m3 Densidade Faixa de Viscosidade 0,0289 – 2,6514 p A Tabela 6.8 mostra as dimensões do hidrociclone de geometria otimizada, e a Tabela 6.9 mostra as novas simulações feitas para a geometria otimizada. Tabela 6.8 – Geometria Otimizada Exp Dc (cm) Di (cm) Do (cm) Du (cm) L (cm) Ll (cm) l (cm) 17,0 1 2,35 3,40 3,40 94,90 8,50 5,61 Tabela 6.9 – Simulações feitas com a Geometrias Otimizada Exp 19 20 21 22 23 24 25 Dc (cm) Di (cm) Do (cm) Du (cm) 17,0 17,0 17,0 17,0 17,0 17,0 17,0 2,65 2,65 2,65 2,65 2,65 2,65 2,65 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 3,40 Malha 874.884 874.884 874.884 874.884 874.884 874.884 874.884 Lama Dp(mm) Utilizada I 1,0 I 1,5 I 2,1 I 2,7 I 3,0 II 2,7 II 3,0 102 Abaixo a caracterização da viscosidade do fluido de perfuração II, ou menos viscoso, foi realizada em um viscosímetro FANN, e os valores da tensão de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento estão plotadas no gráfico da Figura 6.3. Fig. 6.3 – Gráfico da Tensão de cisalhamento de um fluido de perfuração II pseudo-plástico 6.5 Resultados Gerais A tabela a seguir mostra os resultados para uma mesma geometria, geometria otimizada (Tabela 6.10). São apresentados a queda de pressão, a razão de fluido, as eficiências granulométricas, a concentração volumétrica das esferas na saída, o tipo de fluido contínuo (fluido de perfuração I ou II) e os diâmetros de partícula rodados. Tabela 6.10 Resultados Gerais Geometria Dp (mm) geo20_sim19 1,00 geo20_sim20 1,50 geo20_sim21 2,10 geo20_sim22 2,70 geo20_sim23 3,00 geo20_sim24 2,70 geo20_sim25 3,00 Lama I I I I I II II ∆P (bar) 0,763 0,764 0,766 0,758 0,768 0,760 0,760 Rf 0,4042 0,380 0,3812 0,3803 0,3815 0,3701 0,3636 G 0,4753 0,4905 0,5831 0,6245 0,6587 0,7770 0,8131 G' (%) 11,9341 17,8265 32,6266 39,4013 44,8181 64,5935 70,6386 Cvo 0,475 0,489 0,583 0,624 0,644 0,777 0,813 103 6.6 Eficiência Granulométrica Reduzida e Diâmetro de Corte Da curva de eficiência granulométrica reduzida versus dp (diâmetro de partícula) podemos achar o diâmetro de corte reduzido, através do ajuste de um polinômio. Para os dados apresentados, d’50 = 3,23 mm. A Figura 6.5 abaixo mostra a curva de eficiência granulométrica reduzida em função do tamanho de partícula para as simulações 19 a 23, com a lama de perfuração mais viscosa. A Figura 6.6 mostra a curva de eficiência granulométrica reduzida em função do diâmetro de corte reduzido (d’50) adimensionalizado (d/d’50). De acordo com Nageswararao (1995) e Coelho e Medronho (2001), esta curva é a mesma para hidrociclones convencionais, independente da geometria. Fig. 6.4 – Ajuste da curva de eficiência granulométrica reduzida para se extrair o diâmetro de corte 104 Fig. 6.5 – Curva de eficiência granulométrica reduzida para a geometria otimizada Bradley Fig. 6.6 – Curva de eficiência granulométrica reduzida versus d/d’50 para a geometria otimizada Bradley 105 Utilizou-se a equação de Rosin-Rammler-Bennett Modificada (equação 2.13), com a potência obtida por Leahy-Dios e Medronho (2003) para ajustar os pontos obtidos para eficiência granulométrica do hidrociclone otimizado, como mostram as Figuras 6.5 e 6.6. Como pode ser observado, estes pontos ajustam-se razoavelmente bem à equação de Rosin-Rammler-Bennett Modificada e com um expoente n = 2, equação (6.3), o que indica que esta equação pode ser usada para qualquer geometria de hidrociclones. ⎡ ⎛ d G' = 1 − exp ⎢− 0,693⎜⎜ ⎢ ⎝ d' 50 ⎣ ⎞ ⎟⎟ ⎠ 2 ⎤ ⎥ ⎥ ⎦ (6.3) 6.7 Resultados Gráficos de uma Geometria Otimizada e Discussões Escolheu-se a simulação 22, com a lama de perfuração mais viscosa, que simulou o diâmetro de partícula de 2,7 mm, para se visualizar os perfis de velocidade, pressão e linhas de corrente no fluido. Nas Figuras 6.7 e 6.8 podem ser vistas as linhas de corrente e os vetores velocidade do fluido de perfuração em escoamento no interior do hidrociclone. Nestas figuras pode-se notar o vórtice descendente externo, que irá gerar o underflow, e o vórtice ascendente interno, que irá formar o overflow. Fig. 6.7 – Linhas de correntes do fluido Fig. 6.8 – Vetores Velocidade 106 Observar na Figura 6.9 o by-pass das esferas ocas, previsto no item 2.3.2 (letra c) que fala sobre perfil de velocidade radial no hidrociclone. Fig. 6.9 – Velocidade Axial Na Figura 6.10 observa-se o perfil de velocidades verticais do hidrociclone. Fig. 6.10 – Velocidade Axial 107 A Figura 6.11 mostra o perfil de pressão manométrica da geometria escolhida, onde o hidroclone foi alimentado com partículas sólidas de 2,7 mm. Fig. 6.11 – Perfil de Pressão no hidrociclone O perfil de pressão na parede do hidrociclone pode ser observado na Figura 6.12. Notar a maior pressão na região de “impacto” do fluido logo na entrada do hidrociclone. 108 Fig. 6.12 – Perfil de Pressão no hidrociclone Pode-se notar o efeito sobre o perfil de pressões devido à projeção do tubo de overflow para o interior do corpo do hidrociclone, projeção essa conhecida como vortex finder. O gradiente de pressão do tubo de overflow se estende pelo vortex finder e se propaga abaixo dele. 6.8 Eficiência Global de Separação para Fluido Mais Viscoso A curva de distribuição de tamanhos de partículas de Weibull utilizada para o cálculo da eficiência global de separação é a seguinte: ⎡ ⎛ d − a ⎞m ⎤ y = 1 − exp ⎢− ⎜ ⎟ ⎥ ⎣⎢ ⎝ k ⎠ ⎥⎦ (6.4) Onde a é o tamanho da menor partícula (considerou-se 2,7 mm), k e m são parâmetros do modelo. ⎡ ⎛ d − 2,7 ⎞3,1 ⎤ y = 1 − exp ⎢− ⎜⎜ ⎟ ⎥ 0,194 ⎟⎠ ⎥ ⎣⎢ ⎝ ⎦ (6.5) Então a equação para a eficiência global (5.8) se torna: 2 1 ⎡ ⎞ ⎤ ⎛ 3 , 1 ⎟ ⎥ ⎜ ⎡ ⎛ 1 ⎞⎤ ⎢ ⎟⎟⎥ + 2,7 ⎟ ⎥ ⎜ 0,194 ⋅ ⎢ln⎜⎜ ⎢ 1 ⎣ ⎝ 1 − y ⎠⎦ ⎟ ⎥dy ET' = ∫ 1 − exp ⎢− 0,693⎜ ⎟ ⎥ ⎜ 0 ⎢ 3,23 ⎟ ⎥ ⎜ ⎢ ⎟ ⎥ ⎜ ⎢ ⎠ ⎦⎥ ⎝ ⎣⎢ (6.6) Logo, calculando-se a integral achamos uma eficiência global reduzida de E’t = 0,4221. 109 Para uma razão de fluido de 38,55 % (média entre as razões de fluido das simulações), calcula-se a eficiência global de separação pela equação (5.9): Et (%) = 64,5. 6.9 Eficiência Global de Separação para Fluido Menos Viscoso Achou-se o diâmetro de corte reduzido através do gráfico de G’ (eficiência granulométrica reduzida) versus dp (diâmetro de partícula). Esse valor para d’50é de 2,11 mm. Utilizando-se a distribuição de tamanho de partículas do item 6.8 para as partículas das simulações 24 e 25, temos a equação 6.5. Então a equação para a eficiência global (5.8) se torna: 2 1 ⎤ ⎡ ⎞ ⎛ ⎟ ⎥ ⎜ ⎡ ⎛ 1 ⎞⎤ 3,1 ⎢ ⎟⎟⎥ + 2,7 ⎟ ⎥ ⎜ 0,194 ⋅ ⎢ln⎜⎜ ⎢ 1 y − 1 ⎠⎦ ⎣ ⎝ ⎟ ⎥dy ET' = ∫ 1 − exp ⎢− 0,693⎜ ⎟ ⎥ ⎜ 0 ⎢ 2,11 ⎟ ⎥ ⎜ ⎢ ⎟ ⎥ ⎜ ⎢ ⎠ ⎦⎥ ⎝ ⎣⎢ (6.6) Logo, calculando-se a integral achamos uma eficiência global reduzida de E’t = 0,7231. Para uma razão de fluido de 36,68 % (média entre as razões de fluido das simulações), calcula-se a eficiência global de separação pela equação (5.9): Et (%) = 82,47. 110 CAPÍTULO VII 7. CONCLUSÕES Uma bateria com 16 hidrociclones de 17,0 cm de diâmetro foi projetada para a separação de esferas ocas de lama de perfuração, na técnica de gradiente duplo de perfuração. A bateria de hidrociclones foi projetada para uma vazão de 0,1472 m3/h de lama de perfuração contendo 24,5% de concentração de esferas. A geometria do hidrociclone foi otimizada, com auxílio de CFD, de tal forma que sua eficiência total de separação para a lama de perfuração mais viscosa foi de 64,5 % e para a lama de perfuração menos viscosa de 82,47 %. Uma solução para maximizar a recuperação de esferas ocas para cerca de 100 % das esferas ocas, que é a recuperação desejada, poderá ser feita através da utilização da geometria otimizada em substituição aos dessiltadores existentes (para separação de esferas ocas de silt). Esse hidrociclone recuperaria pelo overflow as esferas ocas concentradas na lama de perfuração, e pelo underflow sairiam as esferas ocas que escaparam mais as partículas de silt. A recuperação total das esferas seria feita através de peneiras situadas após o underflow do hidrociclone, e as esferas ocas, por serem maiores em diâmetro, seriam primeiramente separadas, e após sua separação as partículas de silt são retidas na peneira, pois são partículas mais finas. Assim, a lama de perfuração sem esferas e sem silt estaria pronta para ser re-injetada no poço. E, conseqüentemente, a mistura de saída do overflow, concentrada em esferas, e deve também receber as partículas recuperadas pelo underflow deve ser diluída até atingir a concentração necessária para sua re-injeção na base do riser. Também se sugere que, quando for possível, utilize-se o fluido menos viscoso para perfuração, pois a eficiência global de separação é maior, como pode ser visto no item 6.9. Abaixo, na figura 7.1, a proposta de separação de esferas ocas, utilizando hidrociclone para tentar viabilizar a tecnologia de duplo gradiente de perfuração. 111 Fig. 7.1 Sugestão para separação de esferas ocas do sistema DGD 112 NOMENCLATURA LETRAS LATINAS Símbolo Descrição Dimensão a Diâmetro da esfera oca L b Diâmetro da esfera oca L B Somatório das forças que atuam num corpo M L T-2 Cε1 Constante do modelo κ−ε - Cε2 Constante do modelo κ−ε - Cµ Constante do modelo κ−ε - Cε2RNG Constante do modelo RNG κ−ε - CµRNG Constante do modelo RNG κ−ε - Cv Concentração volumétrica dos sólidos na alimentação Cvo Concentração volumétrica dos sólidos no overflow d’50 Diâmetro de corte do hidrociclone L Dc Diâmetro do corpo cilíndrico do hidrociclone L Di Diâmetro da alimentação do hidrociclone L Do Diâmetro do overflow do hidrociclone L Du Diâmetro do underflow do hidrociclone L Dw Profundidade da lâmina d’água L Et Eficiência global do hidrociclone E’t Eficiência global reduzida do hidrociclone Eu Número de Euler fµ Constante de proporcionalidade (viscosidade turbulenta) - fη Coeficiente do modelo RNG κ−ε - G Eficiência granulométrica calculada para um dado tamanho de partícula G’ Eficiência granulométrica reduzida calculada para um dado tamanho de partícula g Vetor gravidade k Constante da equação de Rosin-Rammler k1, k2 e k3 Coeficientes para as equações de Medronho (1984) e Medronho e Antunes (1992) l Comprimento do vortex finder do hidrociclone L L Comprimento do hidrociclone (seção cilíndrica e cônica) L L T-2 113 LETRAS LATINAS Ll Comprimento da seção cilíndrica do hidrociclone L lt Escala de comprimento turbulento L m Constante da equação de Rosin-Rammler n1, n2, n3, n4, Coeficientes para as equações de Medronho (1984) e n5 e n6 Medronho e Antunes (1992) p Pressão estática parcial M L-1 T-2 p’ Pressão modificada (modelo viscosidade turbulenta) M L-1 T-2 p” Pressão modificada (modelo κ−ε) M L-1 T-2 Pc Pressão de colapso das esferas ocas M L-1 T-2 Pmar Pressão no fundo do mar M L-1 T-2 Pk Produção de turbulência por cisalhamento (modelos κ−ε ) M L-1 T-2 q Vazão de lama que passa pela coluna de perfuração e pelo poço (antes do ponto de injeção) L3 T Q Vazão de entrada do hidrociclone L3 T Qs Vazão na linha de injeção L3 T Re Número de Reynolds Rf Fator divisor do fluido ou razão de fluido Stk50 número de Stokes u Flutuação do vetor velocidade em torno da média L T-1 U Valor médio do vetor velocidade L T-1 Ut Escala de velocidade turbulenta L T-1 v Velocidade calculada na seção cilíndrica do hidrociclone L T-1 Ws Vazão mássica de sólidos alimentados no hidrociclone M T-1 Wso Vazão mássica de sólidos no overflow M T-1 y Distribuição cumulativa menor que dado tamanho de partícula y+ Função Yplus, que mede a distância até a parede - LETRAS GREGAS βRNG Constante do modelo RNG κ−ε - ∆p Queda de pressão no hidrociclone M L-1 T-2 ∆priser Queda de pressão por atrito no riser M L-1 T-2 ε η Taxa de dissipação da energia cinética turbulenta L2 T-3 Coeficiente do modelo RNG κ−ε - κ Energia cinética turbulenta (por unidade de massa) L2 T-2 114 µ Viscosidade dinâmica ou absoluta M L-1 T-1 µT Viscosidade turbulenta M L-1 T-1 µ eff Viscosidade efetiva M L-1 T-1 ρ Densidade do fluido M L-3 ρm Densidade da partícula M L-3 ρs Densidade do material que compões a partícula M L-3 ρlama Densidade da lama de perfuração quando sozinha M L-3 ρmistura Densidade da mistura de lama de perfuração e esferas ocas M L-3 no tubo de injeção ρriser Densidade da mistura de lama de perfuração e esferas ocas M L-3 no riser θ Ângulo do cone do hidrociclone σε Constante do modelo κ−ε - σκ Constante do modelo κ−ε - τ Tensor tensão de 2ª ordem M L-1 T-2 σεRNG Constante do modelo RNG κ−ε - σκRNG Constante do modelo RNG κ−ε - τT Tensor tensão turbulento M L-1 T-2 ζ Viscosidade bulk M L-1 T-1 SOBRESCRITOS E SUBSCRITOS o u V T κ ε RNG Overflow Underflow Viscoso Turbulento (pode ser sub ou sobrescrito) Relativo à energia cinética Relativo à taxa de dissipação da energia cinética Relativo ao modelo de mesmo nome RNG κ−ε OPERADORES DIVERSOS ∇ ∇ ∇• 2 ⊗ δij d Gradiente Operador Laplaciano Divergente Produto diádico entre dois vetores Delta de Kronecker Significa que está aplicado para um dado tamanho de partícula 115 ABREVIAÇÕES MAIS UTILIZADAS BOP – Blowout Preventer, faz parte do sistema de segurança do poço. CFD – fluidodinâmica computacional. CFX – software utilizado para as simulações. DGD – dual gradient drilling, ou, duplo gradiente de perfuração. DSV – drill string valve (válvula de retenção de perfuração). ESPs – electric-submersible pumps (bombas submersíveis elétricas). HGS – Hollow Glass Spheres (Esferas Ocas de Vidro). LZVV - Locus of zero vertical velocity (região de velocidade axial vertical nula). PDC – Polycrystalline Diamond Compact (Diamante Policristalino Compacto). SMD – Subsea Mudlift Drilling (Perfuração com Lifting Submerso de Lama). SRD – Subsea Rotanting Diverter (Desviador Rotatório Submerso), tecnologia SMD. SSPS – Shell’s Subsea Pumping System (Sistema de Bombeamento Submerso da Shell). TSP – Thermal Stable Polycristalline (Diamante Policristalino Termicamente Estável). 116 REFERÊNCIAS Bird, R. Byron; Stewart, Warren E.; Lightfoot Edwin N.: Transport Phenomena; 2nd. edition; John Wiley & Sons, Inc.; 2002. 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Versteeg, H.K., Malalasekera, W., An Introduction to Computational Fluid Dynamics – The Finite Volume Method, Longman, London, 1995. 122 ANEXO 1 – Glossário Completação – é o conjunto de operações destinadas a equipar o poço para produzir óleo ou gás, ou injetar fluidos no reservatório (Thomas, 2001). CRD – Conventional Riser Drilling, ou perfuração convencional com riser. Dowstream – engloba as atividades de refino de petróleo, transporte e comercialização de seus derivados. mudline – linha de lama no fundo do mar. Offshore – alto-mar. Reservas de petróleo – é o subconjunto dos recursos existentes de petróleo que já foram identificados com relativa certeza, em termos de localização, dimensão e qualidade, e cuja extração é considerada possível, dados os atuais parâmetros de preço e tecnologia. Revestimento (casing string) – tubo de metal usado para cobrir uma parte ou todo de um poço; coluna de revestimento a ser descida no poço que possuem diferentes diâmetros; o número de casings é igual ao número de fases da perfuração de um poço. Riser – tubulação concêntrica à coluna de perfuração, e responsável pelo retorno do fluido de perfuração até a superfície na perfuração offshore. Rochas produtoras ou rochas reservatório – Todas as rochas sedimentares com porosidade intergranular, entre os grãos, e permeáveis. Exemplo: arenitos, calcarenitos, folhelhos permeáveis e carbonatos permeáveis (quando fraturados). Testemunhagem – é o processo de obtenção de uma amostra real de rocha de subsuperfície, chamado testemunho, (...), obtém-se informações referentes à geologia, engenharia de reservatórios, litologia, textura, porosidade, permeabilidade, etc (Thomas, 2001). 123 Upstream (E&P) – engloba as atividades de exploração, perfuração e produção de petróleo. 124 ANEXO 2 – Malhas Utilizadas ⇒ Malha da Geometria 1, 2, 12 e 13: ⇒ Malha da Geometria 3: 125 ⇒ Malha da Geometria 4: ⇒ Malha da Geometria 5: 126 ⇒ Malha da Geometria 6: ⇒ Malha da Geometria 7: 127 ⇒ Malha da Geometria 8: ⇒ Malha da Geometria 9: 128 ⇒ Malha da Geometria 10: 129 ⇒ Malha da Geometria 11: ⇒ Malha da Geometria 14: 130 ⇒ Malha da Geometria 15: ⇒ Malha da Geometria 16: 131 ⇒ Malha da Geometria 17: 132 ⇒ Malha da Geometria 18: ⇒ Malha da Geometria Otimizada (simulações 19 a 25): 133