Confiabilidade Humana Aplicada ao Reparo de Equipamentos – Caso Bombas Centrífugas Autores: Celso Figueirôa (1), Cesar Figueiredo Pimentel (2) Área: Manutenção Equipamentos, Confiabilidade, Falha Humana Palavras-chaves: Tarefa, Manutenção, Procedimentos, Confiabilidade, Operação, Lubrificação Resumo A compreensão do assunto englobado pela expressão Confiabilidade Humana passa pela aceitação da multidisciplinaridade envolvida e entendimento de que o sistema é desenvolvido, montado, instalado, operado e mantido por humanos. Apesar de ter complexidade no seu tratamento, a confiabilidade humana já é um conhecimento dominado, precisando apenas ser entendido pelas empresas as formas de usá-lo. O Reparo de um equipamento passa por tarefas conhecidas quanto a possíveis pontos de falha e oportunidades de melhoria do desempenho humano. A adequação do humano a esta sequencia de tarefas determina a qualidade do reparo realizado. É no desenvolvimento destas tarefas que podemos perceber fragilidades que induzem os executantes a cometerem erros. Abre-se oportunidade para a análise de risco, mas principalmente para que se tomem ações de redução e melhoria do desempenho. Neste trabalho é apresentado o resultado das conclusões de um grupo de especialistas em manutenção da indústria de refino de Petróleo, o qual necessitou desenvolver várias abordagens de análise para reduzir as quebras e aumentar a disponibilidade das bombas, o seu equipamento mais numeroso. Na unidade em que foi aplicada a abordagem pela confiabilidade humana as bombas chegaram a representar 15,51 % do total das perdas de processamento nos últimos 4 anos e 60,05% no orçamento da gerência de Equipamentos Dinâmicos do ano de 2008. Na primeira abordagem o fundamento teve como centro o equipamento, a bomba, e dele partiram as interpretações dos processos e tarefas envolvidos. Este enfoque permitiu vislumbrar os aspectos de Confiabilidade Humana em várias áreas distintas. Entre as saídas do trabalho que foram transformadas em ações, o sucesso nos resultados das ações em Confiabilidade Humana já são significativos e representam uma nova filosofia de reparar os equipamentos. A adoção de uma nova metodologia de reparo destes equipamentos contribuiu para a redução das bombas críticas indisponíveis de 19 (set/2008) para 8 (fev/2009); nas perdas de processamento , que caíram para 1,85% em 2009; na redução de 48% dos custos de manutenção associado ao reparo quando comparado os meses de Janeiro/2009 e Janeiro/2008; num curso teórico de bombas, com o conteúdo voltado para os conceitos utilizados nas tarefas, para executantes e assistência técnica; e num curso prático de aperfeiçoamento e avaliação das habilidades envolvidas na execução do reparo. Ocorreu um ganho significativo referente ao entendimento das tarefas humanas e seus pontos críticos, como a sobrecarga mental nas atividades, pelos profissionais da engenharia de manutenção envolvidos, o que permitiu a extensão para outras áreas da empresa. (1) CAPACIT Assessoria e Consultoria (2) Petrobras – Refinaria Landulfo Alves 1. INTRODUÇÃO O assunto Falha Humana, Erro Humano ou Confiabilidade Humana tem sua relevância reconhecida em todos os segmentos industriais, seja pelo impacto dos acidentes, da qualidade do produto, nos incidentes e na saúde do trabalhador ou nas pequenas perdas de produção que afetam o resultado da empresa. Porém, apesar de muitos se manifestarem a respeito dos seus programas e ações para melhoria da confiabilidade humana nas organizações industriais, muito pouco se realiza. O contraditório desta situação é que já se conhece muito sobre o tema, e quase todas as áreas em que se aplica já existem soluções implementadas com sucesso. 1 A compreensão do assunto englobado pela expressão Confiabilidade Humana passa pela aceitação da multidisciplinaridade envolvida e entendimento de que o sistema é desenvolvido, montado, instalado, operado e mantido por humanos. Apesar de existirem livros tentando demonstrar que os conceitos são conciliáveis, o nosso ofício nos moldou a uma forma de pensar e de tratar de um assunto específico. Este texto tem como objetivo fortalecer as possibilidades de ganhos do uso do conhecimento desenvolvido sobre o assunto quando aplicado a atividade de manutenção no reparo de equipamentos industriais, com tarefas conhecidas, apresentando os resultados e as etapas desenvolvidas em um estudo de caso. 2. A FORMAÇÃO DAS SITUAÇÕES PROPENSAS A ERROS A combinação que leva que leva a falhas ou a desempenhos positivos deve ser sempre interpretada pelo tripé Homem x Organização x Tecnologia. Em torno destes fatores aparecem os aspectos externos sócio-econômico-culturais. Figura 1 – formação e manifestação das falhas humanas em Organizações [1] O grupo de equipamentos pode ser o mesmo, porém se usado em processo distintos com soluções de projeto diferentes e produtos diferentes criam uma relação com humano diferente. A forma como a organização distribui as suas atividades e como ela interpreta a importância de cada função e suas atividades correlatas tem um poder de influência significativa sobre os procedimentos desenhados. Porém muitas das situações criadas dentro das organizações e na presença de tecnologias já conhecidas se repetem, permitindo que possamos ir direto ao ponto acelerando o processo de solução para aumento da Confiabilidade do Sistema através do aumento do desempenho humano no sistema. 3. FALHA HUMANA EM MANUTENÇÃO O Primeiro segmento a tratar o assunto falha humana de maneira cientifica foi a indústria nuclear. Como a operação representava uma quantidade maior de falhas humanas, um enfoque grande foi dado a esta área [1]. O Transporte Aéreo aparece logo em seguida no estudo sobre o assunto. Em uma análise no fim da década de 90 verificou-se que a relação acidentes com perdas totais/ decolagens se mantinha constante há quase uma década. Com o constante aumento do tráfego aéreo se esta relação se mantivesse 2 constante o aumento de fatalidades seria muito grande. Como as ações sobre as falhas de tripulações já haviam avançado muito, buscou-se outras fontes de risco [2]. Neste ponto ficou evidente a falhas de manutenção. A análise do Acidente na Aloha Airlines no Havaí 1989 foi um marco para o governo americano estabelecer novas políticas para o estudo da falha humana na manutenção de aeronaves. Foram elas: − − − − − − Identificar os eventos mais comuns e suas causas criando bancos de dados Melhoria da Qualidade dos procedimentos escritos – adequação ao usuário Avaliações sobre as necessidades para formação de mecânicos e inspetores Avaliação do ambiente de trabalho – cultura de segurança Desenvolvimento de interfaces homem-máquina de auxílio à manutenção. Desenvolvimento do MRM – Gerenciamento dos Recursos de Manutenção 4. CARACTERÍSTICAS DAS TAREFAS DE MANUTENÇÃO Como dito anteriormente, as abordagens para reduzir falhas e aumentar o desempenho humano devem ser diferentes para cada função/ tarefa, e assim será com as atividades de manutenção. Tarefas Originais de Manutenção Inspeção Serviço Preservação da condição nominal da aplicação Avaliação e estimativa da condição atual técnica dos sistemas da aplicação técnica Recondicionamento Restauração da condição nominal da aplicação Técnica de um sistema do sistema -> limpeza -> lubrificação -> reajuste -> suprimento -> preservação -> Avaliação da condição atual -> Analisando Informações -> Estimativa da condição atual -> Início da Medidas -> reparando -> Recondicionamento -> Substituição por Recondicionamento -> Substituição Figura 2. Tarefas Típicas de Manutenção em equipamentos Podemos ver na tabela acima as tarefas típicas da manutenção de equipamentos independentemente do segmento a qual se referem estes equipamentos. O Reparo de um equipamento passa por tarefas conhecidas quanto a possíveis pontos de falha e oportunidades de melhoria do desempenho humano. Em um reparo de um equipamento, independente de ser uma ação preventiva ou corretiva, temos a sequencia abaixo: 3 Remoção – desmontagem – diagnóstico – inspeção – medição – reparos – inspeção – montagem – instalação – teste A adequação do humano a esta sequencia de tarefas determina a qualidade do reparo realizado. É no desenvolvimento destas tarefas que podemos perceber fragilidades que induzem os executantes a cometerem erros. Sabemos por referência a várias pesquisas [2] [3] em áreas distintas que a montagem e a instalação são os momentos mais críticos, e parece ser o natural já que após estas etapas só serão percebidas as falhas no teste de aceitação que nem sempre consegue ser suficiente para cobrir todas as situações. O que passou desapercebido nestas etapas terá custos significativos, mesmo que sejam percebidos no teste de aceitação. Abre-se oportunidade para a análise de risco, mas principalmente para que se tomem ações de redução e melhoria do desempenho, nos pontos críticos conhecidos. 5. SOLUÇÕES PARA AUMENTAR A CONFIABILIDADE HUMANA Além das linhas de ação desenvolvidas na aviação citadas anteriormente, no segmento de petróleo existe a referência da API 770 (versão Fev 2001) [4], e da combinação delas e de ações que são reconhecidas como capazes de gerar bons resultados, pode-se resumir em uma sequencia de Ações a serem tomadas: • ANÁLISE DA TAREFA • MELHORIA PROCEDIMENTOS • SINALIZAÇÃO • AUDITORIA SITUAÇÕES PROPENSAS A ERROS • PROJETO CONSIDERANDO O HUMANO • MELHORIA DA EQUIPE Em comum o redesenho de procedimentos adequado aos usuários é percebido nas duas análises como importante fator no desempenho de tarefas na manutenção de equipamentos. 5.1 Análise da Tarefa – “A Realidade da Tarefa” Antes de estabelecermos padrões para uso na manutenção adequados ao humano, precisamos entender como a atividade realmente ocorre. A Tarefa é momento em que se encontram os Sistemas Técnicos com o Humano e a Organização. A associação destes sistemas é dinâmica, cada um influencia e é influenciado pelo outro. São influenciados pela cultura, sistema sócio-econômico em que se insere e pelas suas histórias. Durante a Análise de Tarefa perceberemos a necessidade de mudar o processo para adequar ao desempenho humano, se buscamos o aumento da confiabilidade humana. 5.2 Desenvolvendo Procedimentos 4 Após conhecer a tarefa e estabelecer os seus referenciais de risco, desenvolvem-se processos adequados ao executante da tarefa real. 5.2.1 Procedimento Centrado no Humano - Princípios de Falha Humana e Usabilidade no Projeto Os autores que tratam o assunto projeto [5] [6] [7] [8] [9] [10] considerando a relação com o humano e como reduzir falhas nesta interface identificam as suas idéias com nomes distintos, porém têm em comum as sete linhas de orientação apresentadas abaixo. 1. Simplifique a Tarefa - Ex.: Troca de Óleo do Motor do Carro – é fácil para um mecânico, mas complexo para um motorista iniciante; 2. Use Contexto para Conduzir Execução da tarefa – Ex. Suportes de equipamentos se bem projetados induzem a montar sempre de uma única maneira. 3. Considere Sempre o Erro Humano – O Homem é um ser racional, mas com grande Criatividade – soluções de Cobertura de outros profissionais 4. Use Restrições para Montagem/conexão – Ex.: o Lego é complexo, mas bem projetado; 5. Torne Visível – Feedback Adequado – Ex.: Alarmes; 6. Torne Recuperável o Erro – Ex.: Crie um teste de aceitação antes de liberar o equipamento para operar. O projeto define a forma de executar uma tarefa, então os mesmos princípios devem ser usados quando analisamos as tarefas de manutenção. Caso o projeto não esteja adequado à tarefa do humano qualificado para ela, o projeto deve ser modificado. Caso não seja possível a modificação, o que é a situação mais comum na indústria, precisaremos criar um ambiente para tarefa que será a organização que irá suprir as demandas necessárias, usando os mesmo critérios. 5.2.2 Melhoria dos Procedimentos Escritos É uma característica da tarefa de manutenção a possibilidade de usar um procedimento escrito enquanto da sua execução. [9] Em seu trabalho sobre procedimentos escritos em ambientes de alto risco, Embrey [12] aborda um aspecto que trata sobre a dificuldade nos métodos de traduzir a realidade da tarefa, que ele conclui ser a razão pela qual os procedimentos escritos não são usados. Para tratar o problema sobre qual o tipo e formato de documento escrito o executante da tarefa deve usar, D. Embrey (2000) propõe um método, chamado de CARMAN (Consensus based Approach to Risk Management), levando as práticas de trabalho, as tarefas reais, como base para alimentar o gerenciamento dos riscos. Os grupos de trabalho buscam escrever um procedimento com as melhores práticas, trazendo a experiência do campo para análise e desenvolvimento de procedimentos da tarefa. Os padrões de trabalho ou instruções devem seguir regras gerais de auxiliar o executante, conforme check-list existentes nos diversos livros Confiabilidade Humana [11], Manutenabilidade [2][13] e Ergonomia [14]. Desenvolva padrões de trabalho que sirvam de auxílio ao executante e não para atender ao sistema de controle ou arquivamento da empresa. 5 6. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE CONFIABILIDADE HUMANA NA MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA Como estudo de caso neste trabalho é apresentado o resultado das conclusões de um grupo de especialistas em manutenção da indústria de refino de Petróleo, o qual necessitou desenvolver várias abordagens de análise para reduzir as quebras e aumentar a disponibilidade das bombas, o seu equipamento mais numeroso. Entre as saídas do trabalho que foram transformadas em ações, o sucesso nos resultados em Confiabilidade Humana já são significativos e representam uma nova filosofia de reparar os equipamentos nesta planta. 6.1 O Desenvolvimento do Modelo Na primeira abordagem o fundamento teve como centro o equipamento, a bomba, e dele partiram as interpretações dos processos e tarefas envolvidos. Este enfoque permitiu vislumbrar os aspectos de Confiabilidade Humana em várias áreas distintas, e demandou uma abordagem específica. Com a nova abordagem percebeu-se que o centro dos questionamentos era falha, não o equipamento, e na perspectiva de se identificar quais os fatores, técnicos e humanos, que possuem influência na recorrência de falhas das bombas centrifugas, explicitado na figura 3. Figura 3 – Modelo abordagem Interação das Falhas 6 Pode-se perceber que os fatores identificados no lado direito abordam os aspectos da interação homem-máquina da operação e da manutenção do equipamento. Aspectos como competência, procedimentos e ferramentas que garantem a qualidade da interação homem-máquina foram alvo de avaliação do grupo. No outro extremo da figura estão explicitados os fatores que definem a qualidade do ambiente em que a operação e manutenção destes equipamentos são realizadas, isto é, determinam o quão este ambiente é propicio ou não a introdução de erros pelos atores. Algumas ações que já haviam sido tratadas: Projeto. Nesta dimensão foi identificado os projetos dos equipamentos e sistemas com grande potencial de induzir os oficiais de manutenção ao erro. As atividades abaixo explicitam a análise, porém devido à necessidade de investimentos as soluções são de médio e longo prazo. • Selos mecânicos tipo componente. Este tipo de selo exige do mecânico a realização de uma quantidade excessiva de medidas para que seja montado corretamente, ambiente suscetível a erros na seqüência de montagem dos componentes do selo e na medição dos espaços entre estes. A opção foi adotar um programa de modernização de selagem com selos tipo cartucho em que a montagem ocorre independente do equipamento propiciando testes de aceitação. • Requalificação de estoque. Foi desenvolvido um programa de requalificação de 6000 sobressalentes com os principais fabricantes de bombas e acionadores. Esta ação visa disponibilizar sobressalentes originais minimizando a carga de análise e correção de itens a serem substituídos durante o reparo. Entre as orientações algumas coincidiram com as linhas de ação de correção propostas pelo governo Americano. Este fato reforçou a adoção da confiabilidade humana principalmente nos seguintes temas: • Redesenho dos procedimentos; • Identificação das necessidades da formação dos mecânicos; • Redefinição dos papeis dos executantes e técnicos de manutenção. 6.2. Metodologia Visando abordar os três temas acima identificados adotou-se um estudo completo da tarefa, reparo de bombas, colocando no centro o executante. Para tanto foram adotadas as seguintes técnicas: • Análise de Tarefa (“Task Analisys”) com foco na identificação dos requisitos necessários a bom desempenho da tarefa pelo executante; • CARMAN (Consensus based Approach to Risk Management) com foco no desenvolvimento de procedimentos compatíveis com os executantes. [11] 6.3 A realidade da Tarefa Um dos primeiros diferenciais foi a avaliação, presencial e por entrevista, das tarefas desenvolvidas pelos mecânicos nas unidades e nas oficinas. Nesta avaliação foi possível identificar as condições de realização das tarefas, os instrumentos e os procedimentos, como também os conhecimentos e as habilidades necessárias. Já nesta avaliação foi possível identificar uma incompatibilidade entre o nível de precisão das medidas, centésimo de milímetro, com as posições de medição, principalmente as executadas no campo. 7 Outro ganho desta etapa foi o aumento significativo da relação de confiança entre os executantes e supervisores com o GT, já que o tratamento do assunto estava se dando no nível e com os atores que efetivamente participam do processo. Os aspectos observados nesta etapa forem: • Análise baseada na MEDIÇÃO - 83 PONTOS de Medição • Uso de vários TIPOS de Instrumentos, com escalas diferentes; • Métodos de Medição inadequados para garantir Repetitibilidade e Exatidão; • Erros evidentes de uso do instrumento de medida; • Registro das medidas muitas vezes feito posteriormente; • Muitas dúvidas entre executantes do local exato de medição. 6.4 O mapeamento das tarefas e seus requisitos A aplicação da análise de tarefa, “Task Analisys”, permitiu uma avaliação profunda dos requisitos necessários para a realização da tarefa com qualidade. O reparo de uma bomba centrífuga pode ser resumido nos passos descritos na Figura 4. Durante as discussões, nas primeiras reuniões e entrevistas ficou claro que a Cultura de trabalho nesta indústria tinha um foco no DIAGNÓSTICO e REPARO. A preocupação era garantir que não houvessem erros durante a montagem, fazendo com que se perdesse tempo nesta etapa. Isto era devido a toda a tramitação burocrática para compra de materiais e pagamento de serviços a contratada. O tempo e a energia envolvidas nestas etapas colocava menos foco em etapas onde geralmente aparecem falhas humanas, MONTAGEM e INSTALAÇÃO. REMOÇÃO DESMONTAGEM Equipamento na Oficina DIAGNÓSTICO REPARO MONTAGEM Processual com Contratada consumindo energia INSTALAÇÃO TESTE Etapas reconhecidas Maior Índice de Falhas Humanas Figura 4. Principais passos para reparo de uma bomba centrífuga. 6.5 Soluções Um novo modelo de trabalho com enfoque para as etapas de maior possibilidade de falhas foi proposto, associado a um novo formato de documento de registro e auxílio à memória para uso do executante. O quadro de medidas a serem realizadas no processo de diagnóstico foi reduzido drasticamente. 8 A forma de comunicar as demandas para o reparo também evoluíram, passando a equipe de assistência técnica a ter uma nova postura de participação e a equipe de Preditiva a detalhar mais os elementos que devem ser verificados ou substituídos. É importante ressaltar que os recursos tecnológicos já existiam, e de última geração tanto para acompanhamento preditivo como lubrificação e softwares, mas as práticas não conseguiam ser estabelecidas. Também se transformou em um curso teórico de bombas, com o conteúdo voltado para os conceitos utilizados nas tarefas, para executantes e assistência técnica; e num curso prático de aperfeiçoamento e avaliação das habilidades envolvidas na execução do reparo. Ocorreu um ganho significativo referente ao entendimento das tarefas humanas e seus pontos críticos, como a sobrecarga mental nas atividades, pelos profissionais da engenharia de manutenção envolvidos, o que permitiu a extensão do programa para outras áreas da empresa, como lubrificação e operação, e para outros equipamentos. 6.6 Resultados Na unidade em que foi aplicada a abordagem pela confiabilidade humana as bombas chegaram a representar 15,51 % do total das perdas de processamento nos últimos 4 anos e 60,05% no orçamento da gerência de Equipamentos Dinâmicos do ano de 2008. A adoção de uma nova metodologia de reparo destes equipamentos contribuiu para a redução das bombas críticas indisponíveis de 19 (set/2008) para 8 (fev/2009); nas perdas de processamento , que caíram para 1,85% em 2009; na redução de 48% dos custos de manutenção associado ao reparo quando comparado os meses de Janeiro/2009 e Janeiro/2008. • Tempo Médio Para Reparo (TMPR). Redução do TMPR devido a minimização dos escopos de serviços e racionalização das tarefas de medição. O gráfico 1 representa a media mensal e acumulado de 12 meses. Gráfico 1. TMPR após aplicação da nova metodologia. 9 • Consumo de mancais. A precisão da definição do escopo de serviço permitiu intervenções recuperando apenas as regiões que realmente deixaram de desempenhar suas funções. Com isso a abertura completa do equipamento deixou de ser um padrão de serviço. No gráfico 2 é representado o consumo médio mensal e acumulado de 12 meses de mancais por intervenção. Gráfico 2. Consumo de mancais por intervenção após aplicação da metodologia. • Perdas de Processamento. Tomando como referência o ano de 2005, o gráfico 4 representa a evolução em percentuais das perdas nos anos de 2006 a 2008 e a projeção de 2009. Os valores de projeção de 2009 demonstram que o nível atual de perda é o melhor dos últimos 4 anos. Perdas de Processamento devido a Bombas Referência Ano de 2006 200% 180% 160% 140% 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% BBA/Acumulado 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 100% 124% 187% 151% 29% Gráfico 3. Perdas de processamento devido a indisponibilidade de bombas centrifugas. 10 • Custo de Intervenção. A racionalização do escopo de serviço, associado com outras ações de correção, reduziu do consumo de sobressalentes com impacto direto nos custos de manutenção. Como base o ano de 2007, o gráfico 5 representa a evolução da média mensal do custo de manutenção. Média Mensal de Custo de Manutenção de Bombas Referência Ano 2007 140,00% 120,00% 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% Média Mensal 2007 2008 2009 100,00% 122,09% 78,56% Gráfico 4. Custo Mensal de Intervenção 7. CONCLUSÕES Muito se fala sobre o assunto Confiabilidade Humana, mas no mercado nacional as aplicações na manutenção de equipamentos não são muito conhecidas. A compreensão de que o domínio deste conhecimento e de suas metodologias de implantação pode melhorar o desempenho dos equipamentos traz uma nova dimensão às análises das tarefas de manutenção. Nesta nova abordagem, onde sai do centro o equipamento e entra a falha, a perspectiva de envolver os fatores técnicos, humanos e organizacionais demonstrou identificar os caminhos das ações nos sistemas industriais complexos atuais. BIBLIOGRAFIA 1. HOLLNAGEL, E.. Human Reliability Analysis: Context and Control. Academic Press: London, 1993. 2. Federal Aviation Administration. Site:http://hfskyway.faa.gov. Consultado em set/2009. 3. REASON, J., Alan Hobbs. Management Human Error, A Practical Guide. Ashgate Publishing Company, Hampshire –En, 1a ed, 2003. 4. API 770 – A Management Guide to Reduce Human Errors – Improving Human Performance in Process Industries. American Institute Petroleum API Publication 770. Março 2001 5. SHINGO, S.. 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