12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354 PERFIL DE EMPRESAS INCUBADAS E LEVANTAMENTO DAS EXPECTATIVAS DESSAS EMPRESAS COM RELAÇÃO AO PROCESSO DE INCUBAÇÃO: O CASO DA INCUBADORA DE BASE TECNOLÓCIGA DA UFJF Adriana Duque de Freitas, M.Sc. (UFF) Mara Telles Salles, D.Sc. (UFF) Resumo Reconhecidas como geradoras de conhecimento e informações as incubadoras de empresas são locais onde nascem, crescem e se desenvolvem pequenos negócios. Com o objetivo de conhecer e analisar o perfil das empresas incubadas e levantar as exppectativas das mesmas em relação ao processo de incubação, assim como o alcance dessas expectativas, foi realizado um estudo de caso em empresas oriundas da Incubadora de Base Tecnológica (IBT) ligada ao Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT) e pertencente à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Através de uma pesquisa exploratória de caráter qualitativo, foram entrevistados empresários incubados e graduados no período de 2003 a 2007. Os resultados demonstram pontos relevantes para o sucesso das empresas, como infraestrutura, serviços oferecidos, acesso a informações tecno-científicas e apoio no desenvolvimento do plano de negócio. No entanto, merecem uma atenção especial os itens relativos à aconselhamento técnico, acesso a laboratórios universitários e comunicação com órgãos internacionais. Aponta também a necessidade de atuação mais profícua da incubadora visando à disseminação do processo de incubação para o mercado uma vez que todas as empresas pesquisadas tem algum tipo de ligação com a instituição de origem. Palavras-chaves: Micro e pequenas empresas; Empreendedorismo; Incubadoras de empresas; Relação universidade-empresas VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 1 - INTRODUÇÃO: SITUAÇÃO PROBLEMA As grandes transformações do mundo atual, como a globalização, os avanços científicos e tecnológicos, o aumento significativo no número de micro e pequenas empresas formam pontos relevantes de estudo. Neste contexto surge o papel do empreendedor como agente de mudança e transformação, considerado o motor da economia. Conforme Hisrich e Peters (2004), empreendedor é o indivíduo que se arrisca e dá início a algo novo, combinando recursos, trabalho, materiais e outras características para transformar o valor de algo maior que antes. Amato Neto (2000) contribui ao afirmar que as relações intra e interempresas, particularmente aquelas envolvendo micro e pequenas empresas, são uma tendência da economia moderna. Na visão de Silva (2004), as micro e pequenas empresas têm demonstrado flexibilidade para se organizarem em arranjos1 com o intuito de alcançarem competitividade. São a partir destes arranjos empresariais que se produzem trocas de experiência de forma contínua entre os agentes envolvidos com o intuito de se desenvolver a tecnologia e consequentemente as empresas (VENCE DEZA, 2007). Neste cenário surgem as incubadoras de empresas “que além de incentivar o desenvolvimento de negócios de micro e pequeno porte, buscam capacitar os empreendedores na gestão do empreendimento” (BAETA, 2004, p.6). Segundo a Pesquisa GEM (2006) o aparecimento das incuboras demonstram um grande avanço no desenvolvimento do empreendedorismo, oferecendo estrutura física, acesso a informações, contribuindo para o desenvolvimento de novos negócios. Normalmente ligadas às universidades ou institutos de pesquisa, as incubadoras foram criadas para dar suporte aos pequenos empreendimentos, além de contribuir na formação de empreendedores inovadores. 1 Constituem aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, que apresentam vínculos consistentes de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais. 2 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 No ano de 2007 o Brasil já contava com 393 incubadoras em operação, com grande concentração nas regiões sul e sudeste e apresentava um crescimento em torno de 10% em comparação com o ano anterior. Em cinco anos o movimento cresceu mais de 300% ( ANPROTEC, 2006). Dentre as modalidades de incubadoras existentes, no Brasil desta-case a Incubação de Base Tecnólogica, com cerca de 48% das incubadoras existentes em 2007 (ANPROTEC, 2008). Tratam-se de incubadoras que abrigam empreendimentos cujo o conhecimento é o principal insumo, e que comercializam produtos com alto valor agregado. Para Fornieles (2007), a capacidade inovadora de um país depende muito da harmonia existente entre as entidades que gerenciam e transferem o conhecimento tecnológico nas empresas, como as Incubadoras, os Centros Tecnológicos; as Universidades, Centros de Formação Intelectual e a política de financiamento da pesquisa, querem seja público ou privado. O desenvolvimento sócio-econômico de um país tem no processo inovador a base para a sua evolução. Sendo assim, o presente trabalho visa conhecer e analisar o perfil de empresas incubadas e levantar as expectativas dessas empresas com relação ao processo de incubação, assim como o alcançe dessas expectativas, tanto pela perspectiva dos empreendedores quanto pela do gerente da incubadora. 2 - OBJETIVO Conhecer e analisar o perfil das empresas incubadas e levantar as expectativas dessas empresas com relação ao processo de incubação, assim como o alcance dessas expectativas. 3 – REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 – Incubadoras de Empresas: surgimento, definições e classificação Os fatos indicam que os programas de incubação de empresas surgiram no final da década de 50 nos Estados Unidos. Esses programas tiveram sua origem em três movimentos diferentes e que se desenvolveram simultaneamente, os programas de empreendedorismo, os 3 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 de investimento em empresas de tecnologia e os de condomínios de empresas (ARANHA, 2002). Baeta (1997, p. 38) afirma que, As incubadoras americanas originaram-se de iniciativas de empreendedores privados ou de grupos de investidores, interessados em transferir a novos empreendedores sua experiência e conhecimentos. Com essa finalidade, criaram ambientes de incubação, de modo a propiciarem às empresas nascentes o sucesso da comercialização e da inovação tecnológica. De acordo com a National Business Incubator Association (NBIA, 2008), a maior agência de desenvolvimento do empreendedorismo e de incubadoras de empresas do mundo, o movimento de incubação só ganhou destaque a partir de meados dos anos 80. No início dessa década, havia apenas 12 incubadoras em território norte-americano, em 2002, esse número saltava para o patamar de 900 incubadoras em operação. A instalação das incubadoras próximas a centros de excelência em pesquisa gerou um ambiente propício ao desenvolvimento de novas tecnologias. O sucesso nesse processo de instalação só foi possível devido ao envolvimento e incentivo do Governo, das Universidades e da Indústria. Essa cooperação contribuiu de forma efetiva para a proliferação de empresas de ponta nas áreas de computação, comunicação e eletrônica (STAINSACK, 2003). Para Lalkaka (2002), as iniciativas de estudantes universitários de Stanford, como Hewlett e Packard, dentre outros, corrobora a constatação do sucesso desse modelo de associação. É a partir da experiência norte-americana que muitas práticas nessa área foram transmitidas para os países em desenvolvimento. Quanto às definições, Aranha (2002) afirma que as incubadoras de empresas são ambientes onde as dimensões científicas e empresariais se misturam. Na realidade, a principal função dessa junção é criar um elo entre o pensamento acadêmico-científico com a aplicação empresarial. Dessa forma, leva-se à sociedade o resultado dessa união que são novos processos, novos produtos e novos serviços. Outro fator destacado é o importante papel que as incubadoras desempenham na região em que estão inseridas, que é a de incentivadoras do desenvolvimento socioeconômico e cultural. As incubadoras de empresas são locais onde nascem, crescem e desenvolvem-se pequenos negócios, normalmente de base tecnológica (que têm no conhecimento seu principal insumo de produção), assistidos por uma infraestrutura comum e, por vezes com a presença 4 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 de uma Universidade, de forma a transformar ideias em produtos, serviços e processos (WOLFFENBÜTTEL, 2001). São também formas de unir tecnologia, capital e know how para alavancar o talento empreendedor e acelerar o desenvolvimento de novas empresas (GRIMALDI; GRANDI, 2003). Uma incubadora de empresas é um mecanismo de aceleração do desenvolvimento de empreendimentos mediante um regime de negócios, serviços e suporte técnico compartilhado, além de orientação prática e profissional. O principal objetivo de uma incubadora deve ser a produção de empresas de sucesso, em constante desenvolvimento, financeiramente viáveis e competitivas em seu mercado (DORNELAS, 2002). No Brasil o movimento de incubadoras de empresas teve o seu início na década de 80. Em 1987, foi criada a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC), que passou a representar as entidades gestoras de incubadoras de empresas, pólos e parques tecnológicos. A ANPROTEC passou a representar não só as incubadoras de empresas, mas todo e qualquer empreendimento que utilizasse o processo de incubação para gerar inovação no País. A ANPROTEC (2002) e NBIA (2008) definem incubadoras de empresas como um ambiente planejado para acolher micro e pequenas empresas nascentes, assim como as que buscam a modernização das atividades, transformando idéias em produtos, processos e/ou serviços. Nestes casos, o processo de incubação pretende dar às empresas condições favoráveis para detectar tendências, incorporar novidades e acompanhar as mudanças no mercado, atuando ainda como interface entre o setor acadêmico e produtivo. Quanto à classificação, as incubadoras seguem os seguintes critérios: instituições líder, objetivo estratégico, localização, modelo operacional, razão do empreendimento e foco (ARANHA, 2003). Segundo o mesmo autor, o que define mais claramente o tipo de incubadora é o seu foco, que as classifica como sendo tradicionais, mistas, tecnológicas, culturais, sociais, agroindustriais, serviços e target2. (ARANHA, 2003) Para Guimarães e Salomão (2006, p. 20), “o foco, portanto, é a dinamização de diferentes nichos para o desenvolvimento de caráter não-excludente. Para tanto trabalham em seu processo de incubação com métodos adaptados às necessidades de seu público alvo”. Para fins deste trabalho, utilizaremos a classificação da ANPROTEC (2002) e SEBRAE (2002), onde as incubadoras podem ser de dez tipos, dependendo do tipo de empresa que as 2 São aquelas incubadoras em que o foco algumas vezes pode ser mais específico do que o foco já definido, podendo, neste caso, trabalhar em nichos específicos. 5 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 abriga: agroindustrial, cultural, de artes, de cooperativa, de empresas de base tecnológica, dos setores tradicionais, mista, setorial, social e virtual. De acordo com estatísticas da ANPROTEC, através da pesquisa Panorama 2005, que vem se consolidando a cada ano, a grande maioria das incubadoras incentiva a criação de empreendimentos ligados ao desenvolvimento de novas tecnologias, de empreendimentos mistos e tradicionais no Brasil. Do total, 40% das incubadoras são de Base Tecnológica, 23%, Mistas e 18%, Tradicionais. As empresas de base tecnológica vêm chamando a atenção de vários setores da sociedade econômica e produtiva não só pelo potencial empreendedor e capacidade inovadora desses empreendimentos, mas também pela contribuição no desenvolvimento socioeconômico, na incorporação de tecnologias de vanguarda e do seu papel estratégico no desenvolvimento de uma nação (TRENADO, 2007). As incubadoras de base tecnológica têm como objetivo promover um ambiente econômico mais avançado e propenso ao desenvolvimento tecnológico, que favoreça também o socioeconômico, deixando-o competitivo e sustentado. (VEDOVELLO, 2005) Baeta (1997, p. 35) define empresas de base tecnológicas como “sinônimo de empresas de alta tecnologia ou de tecnologia avançada” e que procuram “gerar produtos existentes com grande redução de custos e de tempo de produção ou produzir novos produtos necessários à sociedade”. ANPROTEC (2002, p. 61) colabora com este conceito ao afirmar que incubadoras de empresas de base tecnológica são “organizações que abrigam empresas cujos produtos, processos e serviços resultam de pesquisa científica, para os quais a tecnologia representa alto valor agregado.” Ainda usando a ANPROTEC (2002, p.61), o que distingue esse tipo de incubadora das incubadoras de empresas tradicionais é que “estas abrigam exclusivamente empreendimentos oriundos de pesquisa científica”. Para que o processo de incubação seja satisfatório é necessário ainda que a incubadora tenha infraestrutura adequada e que os serviços oferecidos dêem suporte às expectativas das incubadas. 6 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 3.2 – Infraestrutura, serviços oferecidos e processo de incubação Com relação ao conjunto de serviços e recursos de infraestrutura, cada incubadora deve oferecer uma gama deles, conforme suas especificidades, levando em consideração as características dos empreendimentos aos quais pretende auxiliar, além de atuar em parceria com outras organizações como empresas de consultoria, universidades e institutos de pesquisa, o que é ilustrado no Quadro 1 a seguir. Infraestrutura Serviços Infraestrutura e Serviços de uma Incubadora Espaço Físico, Salas, Laboratórios, Ambientes para Reuniões e Eventos Portfólio de Serviços Programas de Suporte Estratégico e Gerencial Programa de Suporte Tecnológico Serviços de Suporte Operacional Quadro 1 – Infraestrutura e Serviços de uma Incubadora Fonte: Adaptado de Fiates (2005, p. 50) No entanto, nem sempre isso acontece: Fiates (2005, p. 48) reforça essa afirmativa ao dizer que “muitas vezes as incubadoras oferecem um conjunto de serviços e implementam uma infraestrutura que não atendem à demanda dos empreendedores e não contribuem para gerar resultados relevantes”. Ainda segundo Fiates (2005, p. 48), “um portfólio de serviços diversificado e de qualidade e uma infraestrutura moderna e completa, certamente constituem um bom começo para que a incubadora tenha uma boa aceitação junto aos empreendedores e possa cumprir a sua missão de gerar empresas inovadoras e competitivas”. O Gráfico 1 apresenta a distribuição de serviços e infraestrutura oferecidos aos empreendimentos incubados, segundo pesquisa da ANPROTEC, Panorama 2003, que teve como base 144 incubadoras. 7 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Gráfico 1 – Serviços/ Infraestrutura oferecidos às incubadas Fonte: Adaptado Pesquisa PANORAMA 2003 (p. 32) De certa forma, o público-alvo das incubadoras se aproxima mais do empreendedor inovador, que conhece o seu produto ou serviço, mas desconhece a melhor maneira de comercializá-lo. Portanto, o que os empreendimentos esperam é uma atuação mais efetiva por parte das incubadoras, por seus processos de gestão e organização se diferenciarem da estrutura disponível às micros e pequenas empresas (GUIMARÃES, 2006). Outro aspecto relevante é o processo de incubação de empresas em suas diversas fases: prospecção, seleção de empresas, pré-incubação, avaliação e acompanhamento durante a incubação, graduação ou liberação e ainda pós-incubação (FIATES, 2005). O papel da incubadora é importante em cada etapa e de formas distintas, de maneira a garantir o atendimento das empresas incubadas e a obtenção dos resultados planejados. 8 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 4 - METODOLOGIA Tipo de pesquisa: trata-se de uma pesquisa exploratória de caráter qualitativo, adotandose o estudo de caso (YIN, 2005). O universo foi constituido de sete empresas graduadas pela IBT/CRITT no período de 2003 a 2007. A escolha do período foi em função de apresentar dados mais recentes e, em levantamentos prévios juntos à incubadora, percebeu-se um volume condizente com o trabalho em questão. No entanto, a amostra ficou reduzida a cinco empresas, pois duas delas não participaram, sendo que uma, apesar de inúmeras tentativas, não se dispôs a colaborar com o trabalho e a outra não se encontrava mais na ativa. A pesquisa foi realizada nas empresas foco do trabalho com entrevista pessoal, mediante questionário contendo perguntas abertas e fechadas. Foram entrevistados os proprietários/empreendedores através de entrevista pessoal, em horário previamente agendado. E, para acesso às empresas, teve-se o apoio da incubadora, que se propôs a fazer um contato preliminar, uma vez que tinha interesse na pesquisa. Na incubadora, a entrevista foi direcionada ao gestor em exercício e, como se trata de uma pesquisa exploratória, na qual existem várias perspectivas a serem investigadas, visando uma melhor compreensão do tema abordado, optou-se por utilizar entrevista semi-estrutrada. 5 – RESULTADOS Os resultados apresentados nessa seção versam primeiramente sobre o perfil e características das empresas incubadas e, a seguir, apresentam-se os aspectos relacionados ao processo de incubação, que visa avaliar o que as empresas esperavam e o que foi obtido, gerando um cruzamento de dados entre a incubadora e empresas incubadas. 9 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 5.1 - Empresas oriundas da incubadora IBT no período de 2003 a 2007: perfil e características O universo da pesquisa estava limitado a sete empresas oriundas da incubação no período proposto, no entanto, a amostra limitou-se a cinco, pois uma não se encontra mais na ativa - Only Tech Solutions e a outra não se propôs a participar deste trabalho - Zeus Rio Solutions. No Quadro 2 são apresentadas as características gerais, os principais pontos coletados nas empresas pesquisadas, refletindo os aspectos relativos à identificação do respondente e ao processo de incubação. Empresa Setor de Tempo atividade no mercado Cargo do Nível de entrevistado formação (a) profissional do entrevistado (a) Dynamiccad Serviço Sócio- 12 anos Software Mestrado Tempo de Tempo de experiência incubação do entrevistado (a) no negócio 12 anos 5 anos Mestrado 13 anos 4 anos Doutorado 10 anos 7 anos Especialização 10 anos 5 anos Especialização 11 anos 3 anos fundador Técnico Ltda. Gemini Serviço 13 anos Sistemas fundador Ortofarma Serviço 10 anos Laboratório de Controle Sócio- Sóciofundador de Qualidade Virtual Serviço 7 anos Business Vale fundador Verde Serviço Agropecuária Sócio- 11 anos Sóciofundador e Informática Quadro 2 – Principais características das empresas pesquisadas 10 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Com relação à formação profissional, conforme demonstrado no gráfico 2, percebe-se um excelente nível profissional, sendo especialistas, mestres ou doutores. Foi verificado também que o tempo de experiência do entrevistado no negócio situa-se entre dez e treze anos, considerando aí o momento anterior ao processo de incubação. É importante ressaltar que a pesquisa foi aplicada nos meses de agosto e setembro de 2009, refletindo aí o parâmetro de tempo. 20% 40% Mestrado Pós-graduação Doutorado 40% Gráfico 2 – Nível de formação dos entrevistados Conforme dados apresentados, verifica-se que todas as empresas pesquisadas (100%) são prestadoras de serviços. Em se tratando do tempo de incubação, que foi de três a sete anos, variou de acordo com os programas ofertados pela incubadora e com questões peculiares de cada processo. A empresa Gemini Sistemas, por exemplo, se desligou da incubadora, graduando-se com quatro anos em função da aprovação de um projeto, em que um dos pré-requisitos era se graduar. Já a empresa Ortofarma Laboratório de Controle de Qualidade apresentou um tempo maior, sete anos, justificando a renovação do contrato em virtude das peculiaridades da empresa farmacêutica. As demais seguiram o tempo de graduação proposto pela incubadora que, para algumas era de três anos e, posteriormente, 11 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 para outras de cinco anos, em função de mudanças da própria incubadora. Um dado relevante também é o tempo que essas empresas estão no mercado, variando entre sete e treze anos, mostrando uma maturidade empresarial. Quanto às alternativas que fizeram parte do processo de incubação, percebe-se que todas as empresas pesquisadas passaram especificamente pelo processo de incubação e graduação, sendo esta a proposta da incubadora àquela época. Quando se avalia como as empresas tiveram informações da incubadora, nenhuma empresa citou os meios de comunicação apresentados, como televisão, rádio, jornal, palestras ou amigos. Dentre as opções propostas, todas as empresas optaram pela alternativa “outros”, ressaltando pontos como algum tipo de ligação com a universidade: contatos com a instituição, ter sido aluno de algum curso de graduação ou pós-graduação, bolsista de iniciação científica e funcionário da instituição. No que diz respeito aos motivos que levaram as empresas a buscar a incubadora, remetendo às expectativas das empresas quanto ao processo de incubação, conforme demonstrado na Quadro 3, percebe-se que, para todas as empresas pesquisadas, o item infraestrutura e serviços oferecidos foram relevantes. Para uma delas, outro aspecto importante foi à facilidade de crédito e, para outra, destaca-se também o apoio no desenvolvimento do Plano de Negócios. Infraestrutura e serviços oferecidos 5 Facilidade de crédito Apoio no desenvolvimento do Plano de Negócio Outros 1 1 4 Quadro 3 – Motivos que levaram a buscar a incubadora Além dos itens apresentados, o item “outros” é citado por 80% das empresas entrevistadas, prevalecendo os seguintes pontos: a possibilidade de troca de informações com outras empresas do mesmo segmento já incubadas, busca de capacitação e orientação na área administrativa, pois tinham origens em áreas técnicas. Ainda com relação ao item “outros”, um ponto apresentado por um dos entrevistados merece destaque: segundo o mesmo “a 12 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 universidade não tem boa infraestrutura, mas a informação nasce aqui. O conhecimento brota aqui”. Por fim, apresenta-se o número de pessoas ocupadas (sócios, funcionários e estagiários) no período da incubação e da realização da pesquisa, conforme quadro 4 a seguir: Empresa Número de sócios Incubação Período Número de funcionários da Incubação Pesquisa Dynamiccad Software Técnico Ltda. Gemini Sistemas Ortofarma Laboratório de Controle de Qualidade Virtual Business Vale Verde Agropecuária e Informática Período Número de estagiários da Incubação Pesquisa Período Pesquisa 2 3 0a2 7 1a2 2 3 2 2 4 0 9 2 2 3 90 2 6 1 3 0 20 1 6 3 3 1 150 6 18 Quadro 4 – Número de pessoas ocupadas Com os dados acima se percebe uma significativa importância de tais empresas no cenário atual, principalmente pelo expressivo número de empregos gerados, o que corrobora as estatísticas de contribuição das micro e pequenas empresas no mercado de trabalho. Vê-se também um expressivo número de estágios gerados, proporcionando capacitação para atuação no mercado. 13 da VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 5.2 – Aspectos relativos ao processo de incubação: expectativas das empresas incubadas e atingimento das mesmas. Com relação ao processo de incubação, onde se avalia o que as empresas esperavam e o que foi obtido, utilizou-se uma escala de 1 a 5 da seguinte maneira: A incubadora, ao ser entrevistada, classifica os serviços oferecidos como sendo: 1– Péssimo; 2- Ruim; 3-Bom; 4-Muito Bom; 5-Excelente; 6-Não tenho opinião/Não sei. Já as empresas incubadas, indicaram o grau de satisfação em relação aos itens descritos, como sendo: 1- Péssimo; 2- Ruim; 3- Bom; 4- Muito Bom; 5- Excelente e 6– Não tenho opinião/Não sei. O confronto dos dados são apresentados no quadro 5 a seguir: Quadro 5 – Quadro comparativo entre a IBT X Empresas Incubadas quanto aos aspectos descritos Referente ao espaço físico, ambiente de cooperação, acesso a financiamentos, acesso a laboratórios universitários, cursos e seminários, participação em feiras e exposições e 14 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 oportunidades de negócios e oportunidades de negócios, a IBT afirma ser excelente o serviço prestado, enquanto as empresas afirmam ser muito bom. O Gráfico 2 a seguir apresenta uma comparação desses dados utilizando-se a moda. 7 6 5 Percepções 4 EI IBT 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Aspectos Descritos Gráfico 2 – Gráfico comparativo entre a Moda - IBT X Empresas Incubadas (EI) Concernente aos serviços de escritório e ao aconselhamento técnico, a IBT afirma que o serviço prestado é excelente, enquanto as empresas afirmam ser apenas bom, gerando aí pontos discrepantes. No que tange a parceiros adequados, acesso a informações tecno-científicas e apoio no desenvolvimento do plano de negócio a IBT e as empresas concordam com o nível de excelência. Observando-se o acesso a laboratórios de empresas a IBT acredita ser excelente, enquanto as empresas não opinaram ou não sabiam. Em complementação, duas empresas responderam que “não procuravam por tais laboratórios” e que, em seu caso específico, “não se aplicava”. E quanto à comunicação com órgãos internacionais a IBT acredita ser bom o seu desempenho enquanto as empresas não opinaram ou não sabiam. Neste caso, faz-se necessário um trabalho mais direcionado à questão para verificar os motivos pelos quais as empresas não souberam responder. 15 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Em termos de aconselhamento técnico, acesso a laboratórios universitários e comunicação com órgãos internacionais, as empresas demonstraram não ter percepções próximas. Há de se pensar em uma alternativa que unifique tais procedimentos. 6 – CONCLUSÕES O presente estudo teve como objetivo conhecer e analisar o perfil das empresas incubadas na IBT e levantar as expectativas dessas empresas com relação ao processo de incubação, assim como o alcance dessas expectativas. Tais objetivos foram alcançados, permitindo compreender as características que versam em uma empresa oriunda de uma incubadora. Avaliou-se o que essas empresas esperavam e o que foi obtido e, concluímos que as incubadoras de empresas, quando cumprem o papel ao qual se propõem, são elementos fundamentais para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras e inovadoras no país. A pesquisa desenvolvida corrobora para ratificar o desempenho da incubadora, com relação ao que as empresas esperavam (espaço físico, serviços de escritório, aconselhamento técnico...) e o que foi obtido. As expectativas são atendidas, existindo uma pequena defasagem entre aquilo que a incubadora tem de percepção com relação à das empresas. Merecem uma atenção especial os itens relativos a aconselhamento técnico, acesso a laboratórios universitários e comunicação com órgãos internacionais, que apresentaram uma diferença de percepção. Aponta também a necessidade de atuação mais profícua da incubadora visando à disseminação do processo de incubação para o mercado uma vez que todas às empresas pesquisadas têm algum tipo de ligação com a instituição de origem. Outro fator relevante da pesquisa está relacionado ao tempo de experiência dos entrevistados e das empresas no mercado, variando de sete a treze anos, além de um excelente nível de formação profissional. Empreendimentos em que o valor agregado pelo capital intelectual é mister para o sucesso assumem cada vez mais a necessidade de parcerias frutíferas. Neste sentido a junção empresas-universidade-incubadora apresenta um papel fundamental à medida que potencializa a transformação de idéias nascentes na Academia, em produtos inovadores e a transferência de tecnologia. 16 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Como contribuição científica do trabalho: O modelo pode ser aproveitado para verificação do desempenho da IBT. Serve ainda como parâmetro para outras empresas que pretendam entrar no mercado, ou que visem participar de um processo de incubação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais: oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2000. ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (org). Disponível em http://www.anprotec.org.br. Acesso em Jan. de 2011. ______. Pesquisa PANORAMA 2008. 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