Televisão e Memória: a ficção histórica em Portugal e Espanha
(2000-2012)
Televisión y Memoria: la ficción histórica en Portugal y España
(2000-2012)
O conceito "memória" tem adquirido, nos últimos anos, um estatuto cada vez mais
relevante nos estudos das Humanidades e das Ciências Sociais. A complexidade da
relação entre história e memória e, sobretudo, a necessidade de estudar as
políticas da memória desde um enfoque histórico, tem sido objecto de vários
autores (entre outros, Olick & Robbins, 1998; Pérez Garzón, 2000). Não obstante,
parece faltar, no espaço ibérico, uma linha de trabalho suficientemente sólida
relativa à função dos media como “agentes”, “produtores” ou “reprodutores” de
memória.
O desenvolvimento dos estudos de recepção, na perspectiva dos Cultural Studies
(entre outros, Alasuutari, 1999; Hall, 1973; Morley, 1986), contribuiu para a
consolidação de uma linha de trabalho interessada na relação entre a recepção, os
leitores, os textos mediáticos e a construção de significados. Partindo de um
contexto territorial e sociocultural, estes trabalhos permitem aferir como os
indivíduos apreendem e descodificam as representações do nacional e do regional,
em especial pela televisão, um meio de grande penetração no espaço privado e
familiar. Se, através destas análises, é possível compreender como é que a televisão
potencia a construção simbólica de “famílias nacionais” (Morley, 1992), pensamos
que uma abordagem às rotinas produtivas, onde se inscrevem as dinâmicas globallocal dos sistemas mediáticos actuais, poderá completar o quadro interpretativo.
Partindo desta ideia e tomando a Península Ibérica como espaço de análise,
elegemos a televisão como paradigma e as narrativas ficcionais, de recorte
histórico, como estudos de caso. As motivações para esta escolha assentam no
facto dos conteúdos ficcionais desempenharem um papel funcional nas grelhas de
programação (Hobson, 2003), e no facto de se observar, nos últimos anos e nos
dois Países, um aumento de conteúdos considerados históricos. De definição
complexa, podemos adiantar uma dupla acepção de “conteúdos históricos”: a)
narrativas ambientadas num passado; b) narrativas que apresentam um discurso e
personagens históricas com influência directa no desenvolvimento da trama.
A produção destes conteúdos pode ser vista como uma “prática de memória
mediática” (Neiger et al., 2011), ao procurar-se representar um (ou mais)
passado(s) colectivo(s). Em certas ocasiões, as políticas de produção estão
vinculadas à agenda oficial de efemérides públicas (caso das iniciativas do canal de
serviço público português, RTP1, para a comemoração do centenário de
implementação da República em 2010: República, A noite do fim do mundo, O
segredo de Miguel Zuzarte, Noite Sangrenta). Em outras ocasiões, podemos falar em
desenvolvimentos narrativos derivados de êxitos de audiência – como ocorre com
a telenovela em Espanha – vinculando-se às políticas oficiais de memória sobre a
Guerra Civil ou sobre o Franquismo (Amar en tiempos revueltos; 14 de Abril. La
República).
Também se podem citar as orientações temáticas e formatos paralelos em ambos
os países, desde a ficcionalização dessacralizadoras das figuras de Salazar e Franco
(A vida privada de Salazar; 20-N. Los últimos dias de Franco) até à evocação do
quotidiano num registo nostálgico, perpectivando historicamente as respectivas
transições políticas (Conta-me como foi; Cuéntame como pasó).
Perante estas constatações, o principal objectivo do projecto é analisar, de forma
sistemática, os modelos de organização e criação profissionalizada da chamada
“memória televisiva” na ficção histórica televisiva em Portugal e Espanha, num
período temporal recente (2000-2012).
Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECC) FCH-UCP:
Catarina Duff Burnay, Carlos Barroso Capucho, Eduardo Cintra Torres, José Miguel
Sardica, Pedro Lopes, Rogério Santos
Universidad Complutense de Madrid:
José Carlos Rueda Laffond, Isabel Martin Sanchez, Carlota Coronado Ruiz
Universidad Carlos III – Madrid:
Elena Galán Fajardo, Susana Díaz
22 de Novembro
18h30-20h00 | sala 121
Claves generales de la ficción histórica española
José Carlos Rueda Laffond es doctor en Historia Contemporánea y Periodismo. Es
Profesor Titular en la Universidad Complutense de Madrid, y ha sido Profesor
Visitante en distintas universidades de Israel, Bélgica o Italia. Ha trabajado
cuestiones referidas a la historia de la televisión en España, la historia
sociocultural, o las relaciones entre narrativa, memoria y estrategias mediáticas. Es
autor de una decena de libros y medio centenar de artículos que se han publicado
en revistas españolas e internacionales.
Desmontando a Franco: la visión televisiva de la muerte de Franco
Carlota Coronado Ruiz es licenciada en Comunicación Audiovisual y Doctora en
Periodismo. En la actualidad es Profesora en la Facultad de Ciencias de la Información,
Departamento de Historia de la Comunicación Social de la Universidad Complutense de
Madrid. Es autora de varios estudios sobre la historia del cine italiano y su público, la
relación entre Historia y cine, así como sobre la imagen de la mujer italiana en
noticiarios cinematográficos. En los últimos años su trabajo se ha centrado en el estudio
de la representación de la historia en la televisión. Resultado de esta investigación es el
libro La mirada televisiva. Ficción y representación histórica en España.
23 de Novembro
18h30-20h00 | sala Sony
La representación de la guerra civil española en formato telenovela:
Amar en tiempos revueltos (TVE-1, 2005-2012)
Elena Galán Fajardo es Doctora en Comunicación Audiovisual (2005) y
Licenciada en C.C. de la Información por la Universidad Complutense de Madrid.
Profesora Titular en la Universidad Carlos III de Madrid desde 2011. Sus áreas de
interés investigador se centran en el marco de los Estudios Televisivos, y,
singularmente, en el análisis de estereotipos y en las conexiones entre televisión,
identidad y memoria. Pertenece al grupo de investigación TECMERIN (Televisióncine: memoria, representación e industria) de la Universidad Carlos III. Es autora
de diversos trabajos editados en revistas especializadas en las áreas de Estudios
Culturales y Comunicación.
14 de abril. La República. Simplificación y dramatización narrativa
Isabel Martin Sanchez es Doctora en Ciencias de la Información y Profesora
Contratada Doctora en el Dpto. de Historia de la Comunicación Social (Facultad de
Ciencias de la Información - Universidad Complutense de Madrid). Investigadora
Principal del Proyecto "Televisión y Memoria. Estrategias de representación de la
Guerra Civil y la Transición". Autora, junto con la profesora Carlota Coronado Ruiz,
del artículo titulado "Exilio y televisión: le memoria mediática de la represión
franquista", publicado en la revista Hispania Nova, y junto al profesor José Carlos
Rueda Laffond, del artículo "Memoria viva y simplificación histórica. Pautas de
representación en el documental televisivo El exilio", en la revista Hispanic
Research Journal.
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