XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 ASPECTOS METEOROLÓGICOS E AMBIENTAIS NO DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (7 de setembro de 1999) Marcos Anderson Duffles Andrade Jornalista Mtb. 14.490 E-mail [email protected] Caixa Postal 45310-2 CEP 04009-970 São Paulo – SP BRASIL Abstract September 7 th is very significant in Brazil history, for 177 years ago by the banks of Ipiranga stream, the Regent prince D. Pedro assuming responsability canceled the political dependence of Brazil to Portugal, proclaming: "Independência ou morte" which means Independence or death. Pedro Américo notable painter registered cumulus mediocris and humilis clouds on a picturesque camwas-oil. That picture can be appreciated in Museu Paulista where it belongs and has been shown in a book published by "Museu Paulista da Universidade de São Paulo". This work will present data concerning Braziliam climate in September and more precisely on Independence Day 1999. At it was in São Paulo where notorious proclamation took place the data concerning it will be more detailed. According to Gaussen's climatic classification based on the biological climate allows better knowledge of ecological conditions in all national territory. More than 2/3 of the Braziliam territory , including Sào Paulo state corresponds to a xeroquimenical (tropical) region , characterized by short dry days, with thermical curve always positive, xerothermic index with values between 0 and 200 and during the dry period between 0 to 8 months, thus dry winters and rainy summers. The great majority of São Paulo territory is of sub-thermaxeric transition (tropical sub-hot and sub-dry). The capital São Paulo has a mild mesothermic with sub-dryme climate. It has been established a relation between satelite image , sinoptical condition (cold front in RS) instability line in MT (picture 1) and rains (picture 2) It has been established a relation between dry conditions and fire focus in MS (picture 3) 1) Introdução O dia 7 de setembro é uma data importantíssima na história do Brasil, porque naquele dia, há 177 anos, nas proximidades do riacho do Ipiranga, o Príncipe Regente D. Pedro tomou a atitude de cancelar a dependência política do Brasil em relação a Portugal ao proclamar Ïndependência ou Morte". O pintor Pedro Américo em 1888 num quadro óleo sobre tela intitulado "Independência ou Morte" mostrou o céu , naquela data histórica com nuvens cúmulus mediocris e humilis. Tal quadro encontra-se no Museu Paulista da Universidade de São Paulo e publicado no livro "MP/USP O Museu Paulista da Universidade de Sào Paulo". Serão apresentados dados a respeito do clima brasileiro em setembro, bem como dados meteorológicos e ambientais no dia 7 de setembro de 1999. Como o local da proclamação da Independência encontra-se no estado de São Paulo, os dados referentes a este estado serão mais pormenorizados. A classificação climática de Gaussen (Nimer, 1972) baseada no clima biológico permite um melhor conhecimento das condições ecológicas no território brasileiro. Mais de 2/3 do território nacional, incluindo o estado de São Paulo, corresponde a região climática xeroquimênica (tropical) caracterizada pôr dias curtos secos com curva térmica sempre positiva, índice xerotérmico com valores entre 0 e 200 e duração do período seco entre 0 e 8 meses, portanto clima de invernos secos e verões chuvosos. A maior parte do território paulista é de clima subtermaxérico de transição (tropical sub-quente e sub-seco) e a capital São Paulo é de clima mesotérmico brando com sub-seca. Foi estabelecida a relação entre imagens do satélite, condições sinópticas – frente fria no RS Rio Grande do Sul e linha de instabilidade no MT Mato Grosso (figura 1) e as chuvas ocorridas no dia 7 de setembro (figura 2).. Assim como a relação entre condições de seca e focos de calor em MT (figura 3) Estes dados foram obtidos na INTERNET que também 1952 XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 possibilitaram estabelecer relações entre condições sinópticas na cidade de São Paulo e os índices de poluição do ar nesta cidade. 2) Dados Graças à INTERNET foram obtidos a maior parte dos dados de nebulosidade, sistemas sinópticos, temperaturas, precipitações e condições ambientais como índice de focos de calor e de poluição do ar. Os sites acessados foram os do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da CETESB (Companhia Estadual de Tecnologia do Estado de São Paulo). As observações meteorológicas da cidade de São Paulo foram fornecidas pôr: 1) pela estação meteorológica da Água Funda, operada pelo IAG-USP pôr ser mais representativa devido ao fato de se localizar bem próximo do local da proclamação da Independência. 2) pela estação meteorológica do Mirante de Santana operada pelo 7 DISME INMET. 3) Metodologia Serão apresentadas imagens do satélite GOES 8 IR, (figura 1), carta sinóptica (figura 4) e suas relações com nebulosidade, temperaturas (figura 5), precipitações (figura 2) e com o meio ambiente no Brasil, como focos de calor (figura 3) e na cidade de São Paulo com os índices de poluição do ar. Os dados do Brasil e da cidade de São Paulo serão analisados separadamente. A) Dados do Brasil Imagens do satélite GOES 8 IR mostram duas áreas de nebulosidade ao longo do dia 7 de setembro. Uma localizada ao norte do estado de MT e sul dos estados de AM (Amazonas) e PA (Pará) , a qual após apresentar intensificação, sofre um processo de desintensificação. A tarde devido ao aquecimento diurno houve aumento da nebulosidade no estado do AM. Aquela nebulosidade correspondeu à uma área de instabilidade que acarretou chuvas naquela região (figura 2) e isto causou uma queda no índice de queimadas em MT. A segunda área de nebulosidade correspondeu à uma frente fria que vinda do Uruguai , estacionou ao longo do dia na metade sul do RS onde ocorreu precipitações e queda de temperatura (figuras 2 e 5). As imagens das 15 e 18 Z (12 e 15 horas de Brasília) mostraram um forte aquecimento diurno principalmente nos estados de SP (São Paulo) PR (Paraná) SC (Santa Catarina) RS (parte norte) MS (Mato Grosso do Sul) MG (Minas Gerais) BA (Bahia) CE (Ceará e PI (Piauí) . Os baixos índices de umidade relativa (figura 8) de 30 a 50% ,causaram um elevado índice de focos de calor (queimadas) assim distribuídos MS (662) RO (Rondônia) 384 e MT (278) , num total no Brasil de 1446, dados obtidos pelo satélite NOAA 12 em passagem noturna (figura 3) B) Dados do estado de São Paulo Pôr se encontrar neste estado o local da proclamação da Independência, serão apresentados mais dados desta unidade da federação. A imagem setorizada, região sudeste do satélite GOES 8 do canal 4 ( infravermelho) das 15 Z (figura 7) mostra um forte aquecimento diurno no estado de São Paulo, responsável pelo recorde de temperaturas máximas do inverno de 1999 na cidade de São Paulo. No dia 7 de setembro registrou-se as máximas de 33,8 ºC na estação meteorológica da Água Funda e 33,5 ºC na estação do Mirante de Santana. As temperaturas médias foram respectivamente 24,8 ºC e 26,0 ºC, sendo os desvios positivos de temperaturas médias 7,1 e 7,2 respectivamente e referentes à média de setembro de 1999 Estação meteorológica Água Funda Mirante do Santana Número Ano de início Coordenadas geográficas Altitude (m) 83004 83781 1933 1946 23º 39'S 46 º 37 'W 800 792 23 º 30 'S 46 º 37 'W 1953 XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 O grande afastamento das isóbaras no estado de São Paulo explicou os ventos fracos ocorridos na capital paulista e daí as condições desfavoráveis à dispersão dos poluentes os quais apresentaram em geral qualidade regular segundo os dados da CETESB Diariamente a CETESB monitora na Grande São Paulo e em Cubatào 5 parâmetros referentes à qualidade do ar 1) dióxido de enxofre (SO2) 2) monóxido de carbono (CO) 3) bióxido de nitrogênio (NO2) 4) ozônio (O3) 5) partículas inaláveis ( material particulado com diâmetro aerodinâmico menor que 10 micrômetros). Destes o dióxido de enxofre apresenta os melhores índices de qualidade do ar , pois as 7 estações medidoras marcaram qualidade boa e portanto atenderam ao padrão de qualidade. Quanto ao monóxido de carbono apenas 1/3 das estações das 9 estações indicaram qualidade boa e os 2/3 restantes qualidade regular e desta forma todos estes índices atenderam ao padrão.. Quanto ao dióxido de nitrogênio apenas uma das 8 estações mostrou qualidade boa, as demais qualidade regular e portanto ainda atenderam ao padrão de qualidade. Concluindo nestes 3 parâmetros (bióxido de enxofre, monóxido de carbono e bióxido de nitrogênio) todas estações medidoras indicaram qualidade do ar que atende aos padrões. Quanto ao ozônio apenas uma estação indicou qualidade boa e 7 qualidade regular e desta forma72,72% das estações indicaram qualidade do ar que atende aos padrões. As 3 restantes mostraram qualidade inadequada e portanto 27,27% não atenderam ao padrão. A pior situação é referente à partículas inaláveis pois 10 das 17 estações indicaram qualidade inadequada e portanto 58,82% não atenderam ao padrão. Seis estações mediram qualidade regular e somente uma qualidade boa e desta maneira somente 41,17% atenderam ao padrão de qualidade do ar. 4) Tabela de qualidade do ar e do número de estações medidoras da CETESB Qualidade do ar Parâmetro 1) Dióxido de enxofre 2) Monóxido de carbono 3) dióxido de nitrogênio 4) Ozônio 5) Partículas inaláveis BOA REGULAR INADEQUADA TOTAL 7 ( 100%) 3 ( 33,3%( 1 (12,5% 1 (9,09) 1 (5,88( -------------6 (66,6%) 7 (87,5%) 7 (63,63%) 6 (35,29%) -------------------------------------------------------------3 ( 27,27%) 10 (58,82%) 7 9 9 11 17 As porcentagens à direita dos números são referidas ao total de estações medidoras consideradas. 5) Tabela de dados das estações medidoras da Água Funda e do Mirante de Santana UR UR UR min. média % max. % % Estação Temp. max º C Desvio Temp. min. º C Desvio Temp. média Desvio Água Funda Mirante Santana 33,8 +8,9 16,3 +3,4 24,8 +7,1 81 24 51,6 33,5 +9,6 18,7 +4,8 26,0 +8,9 57 22 39 6) Conclusão Comprovou-se a relação entre a situação sinóptica (frente fria no RS) e área de instabilidade ao norte de MT com as quedas de precipitações nestes estados. Como conseqüência verificou-se queda da temperatura no RS e do número de focos de queimadas no MT. As baixas nebulosidade na maior parte do Brasil acarretaram um forte aquecimento diurno em vários estados incluindo SP cuja capital registrou a máxima absoluta do inverno 99 e os baixos índices de umidade relativa condizentes com a estação seca explicaram o elevado 1954 XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 número de queimadas, especialmente em MS e RO. O fraco gradiente isobárico no estado de São Paulo, especialmente, provocou fracos ventos e portanto condições desfavoráveis à dispersão de poluentes na cidade de São Paulo, especialmente quanto à partículas inaláveis, pois a maioria das estações indicaram qualidade inadequada do ar. 7) Agradecimentos O autor agradece a todos que direta ou indiretamente tornaram possível a conclusão deste trabalho, destacando-se o IAG-USP pela digitalização das ilustrações e o 7º Distrito do INMet cujas estações meteorológicas forneceram os dados. 8) Referências bibliográficas 1) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO ASTRONÔMICO E GEOFÍSICO Observações meteorológicas de superfície Estação da Água Funda Setembro 99 2) INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA 7º DISTRITO DE METEOROLOGIA Registros Climatológicos diários de Superfície Estação do Mirante de Santana Setembro de 1999 3) INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – DIVISÃO DE SATÉLITE AMBIENTAIS INPE/DAS Imagens de satélite GOES 8 IR 07/09/1999 4) CPTEC INPE/MCT Modelo Regional ETA Análise e previsão América do Sul 08/09/1999 5) CETESB Boletim de Qualidade do Ar 7/09/1999 6) VELLOSO, GALVÃO, MARÍLIA Regiões Bioclimáticas do Brasil Revista Brasileira de Geografia jan/mar 1967 Ano 29 7) NIMER, EDMON Climatologia da Região Sudeste do Brasil Introdução à Climatologia Dinâmica Revista Brasileira de Geografia Ano 34 nº 1 jan.março 1972 8) MARQUES DE PAIVA, ORLANDO MP/USP O Museu Paulista da Universidade de São Paulo 1984 1955 XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 9) Ilustrações Figura 1 Figura 2 Figura 3 1956 XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 Figura 4 Figura 5 1957 XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 Figura 6 Figura 7 1958