Sonhos Sonhei um sonho sonhado Desse tempo já passado Por onde eu nunca passei. Nem nunca mais encontrei, O que perdi pela vida. Nessa busca sem sentido, Por essa noite perdida, Pelo nunca mais ter tido. Passava ruas estreitas, Encruzilhadas sem rumo, Tremendo pelas maleitas, A vida perdendo o prumo. Nesse sonho que sonhava Percebi tantas senzalas Mal percebia, acordava, Voltava pras mesmas salas. Os olhos podres sorriam, Voavam sobre meu rosto, Devoravam, renasciam Formas, paladar e gosto. Nos fraques que eles vestiam, Um sorriso de bom moço, No fundo todos sabiam, Cardápios do mesmo almoço. Nas bandejas, as cabeças, Dos sonhos que tive outrora, No meu sonho que às avessas, No pesadelo d´agora. Voltavam aves rapinas, Tragando tudo de novo, Destruindo essas campinas, Sugando todo esse povo. Forjavam outras correntes, Acorrentando os mais frágeis, Nos cantos, todos dementes, Na carne, as unhas mais ágeis. Expondo vísceras ocas Dos trôpegos caminhantes, Penetravam pelas bocas Destruíam como dantes. Numa dantesca folia, Riam-se, tão delirantes, Decepavam, maestria Como fizeram bem antes. Cuspiam todas as faces, Ladravam nessas orgias, Aproveitando os impasses, Repetiam melodias Cantadas nas tempestades, Criadas sem fantasia, Matavam as liberdades, Anoiteciam o dia. Nesse sonho já vivido, Abandonado num canto Crendo que estava perdido, Renasceu, prá meu espanto, Na noite, na madrugada, Sem luz de lua a brilhar, Sem vida, sem canto, nada Que se possa festejar. Meu Deus, afaste o tormento, Não me deixe mais sonhar. Quero viver o momento, Quero essa vida a brilhar. Não permita o pesadelo, Não deixe mais retornar, Corte o fio, esse novelo, Não pode recomeçar. Essas aves que cantaram, Não deixe de novo, agora, Pelos tantos que mataram, Pelos corpos,que lá fora, Apodrecem no quintal, Esquecidos nas favelas, Nas roças na capital, Já não quero tantas velas. Nem quero mais funeral, Do nosso povo sofrido, No grande canavial, Pelo tanto destruído, Pelo muito que roubado, Esfacelando esse povo, Pobre, sofrido, acoitado. Não permita isso de novo! X PARA QUE A NOITE TRAGA PARA QUE A NOITE TRAGA AOS TEUS SONHOS, A DELÍCIA DE SABER-TE BELA E SERENA. QUE, NO TEU COLO, A CRIANÇA DESCANSE A MACIEZ DE TEUS CABELOS, A DOÇURA DE TEUS LÁBIOS. PARA QUE SAIBAS QUE O AMOR TE FAZ BELA. QUE O BRILHO DAS ESTRELAS ROMPE A AURORA E TRAZ A SENSIBILIDADE MARAVILHOSA DO PODER ESTAR E SER, DO QUERER E TRANSGREDIR. DO NUNCA MAIS ESTAR E SER SÓ. PARA QUE SINTAS O VENTO ROÇANDO TEU ROSTO EXPOSTO AO CALOR DAS CARÍCIAS, DAS DELÍCIAS DE SABER-TE MINHA; E, POR FIM, PARA QUE TENHAS UMA BELA NOITE E UM MELHOR AMANHECER. TE QUERO x MINHA POESIA Falar da noite e do dia, do açoite e de Maria do acoitado sonho perdido, despedaçado falar de nada mais que tudo, nada inundo vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio vagabundo rolando entre astros, entre tantos entretantos e espreitando por trás das portas. Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida lânguida e cruel poesia. Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos resquícios do início precipício e me lançavas a esmo nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão. Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez. A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas , e conservas tuas mãos postas em mim. Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama meus males e minhas angústias. Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas. Minha mina mais cara, rara e companheira te quero poesia amada, necessito-te tanto esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti, sobrevivente. x Seu moço, minha tristeza, Vem desse amor acabado, Perdendo minha Tereza, Tanto sonho desprezado, Me resta somente dor, A saudade desse amor. Nasci nas Minas Gerais, No meio desse sertão, Seu doutor, não posso mais, Me dói a recordação, Daquela moça morena, A minha bela pequena. Foi embora sem deixar, Nada mais do que saudade, Como é que posso ficar, Sem lembrar tanta maldade. Daquela que tant’ amei Prá onde foi? Eu não sei... Minha Tereza era linda, Bonita como uma flor, Eu guardo no peito, ainda. A foto que me restou; Na lembrança, na retina, Daquela doce menina... Foi-se embora prá não mais, Nunca mais saber por que, Tudo deixando prá trás, Levando meu bem querer. Tereza moça maldosa, Espinho num pé de rosa! Meus companheiro acredita Que ela num quer mais voltar, Levando o corte de chita, Que tanto custei pagar. Mas, pior que esse chitão, Me rasgou o coração. Quando, de noite faz lua. Me bate a melancolia, Vou saindo pela rua, Nela amanheço meu dia. Perguntando pra quem passa, Só encontro na cachaça... Seu moço me dê licença, Vou voltar prá minha caça. Talvez tenha a recompensa, Depois, dormindo na praça, Quem sabe, então, toda nua, Ache Tereza na lua... X Nessa curva da saudade, Encontrei meu bem querer, Procurei felicidade A razão para eu viver. Mas, me deixaste sozinho, Coração tão miudinho... Foste buscar n’outros braços, Aquilo que eu quis te dar, Meus olhos ficando baços, Silêncio no meu cantar. Me negaste teu anel, Por que foste tão cruel? Quis te dar minha amizade, Nem isso quiseste ter, Para falar a verdade, Eu preferia morrer, A viver sem teu carinho, Meu coração pobrezinho... A vida segue doendo, Eu, na vida vou tão só, Na vida, sigo morrendo, E ninguém, de mim, tem dó. Quero somente te ver, Não consigo te esquecer... Marcada por essa sina, Minha vida não tem graça. Sem saber, és assassina, Culpada pela desgraça, Que se abate sobre mim, Não sabes que és tão ruim... Meu amor, por caridade, Não me deixe morrer não, Me mande essa novidade, Ajude meu coração. Fale que gosta de mim, Não me deixe, triste assim... X De tanto escrever na areia, O teu nome, minha amada, E, depois, na maré cheia, Não sobrar, dele, mais nada. De tanto sonhar contigo, Buscando teu colo amigo. De tanto querer em vão, Poder ter teu pensamento, Vasculhando todo o chão, Em busca d’um só momento, Podendo estar a teu lado, No final, desesperado... Por acreditar em ti, Por não crer mais, nem em mim, No que fui, tanto perdi, Queimando a dor, tão ruim, Quero viver um segundo, Em ti, o meu novo mundo. São palavras que lamento, São verdades que não digo, Tanto ardor, tanto tormento, Vida correndo perigo. Minha sede, no teu beijo, Matando mais que desejo... Foi embora, mas, fiquei. Esperando te encontrar, Dessas dores, eu bem sei, Não consigo nem lutar. Quero afinal, meu descanso, No mais sagrado remanso. Teimando em nunca temer, Achando, sem valentia, Onde encontrar meu querer, Seja noite ou seja dia, Montado nesse alazão, Que se chama: coração! X Nunca mais saber teu nome, Nem querer te conhecer, Preferia, assim, viver, Sabendo que tudo some, Vivendo amor sem ter fome, Nem escolhendo parada, Devorando a madrugada, Da poeira, companheiro, Seguindo esse mundo inteiro, Sem ter medo, sem ter nada! X No sertão do Ceará Encontrei linda princesa, Carregada de tristeza, De tanta dor prá contar. Beleza igual ao luar, O luar do meu sertão, Que, com toda essa emoção, Não consigo lhe esquecer. Tão bela quanto você, Não fez Deus, na criação. X Minha vida faz sentido, Somente se for você Quem, comigo, for viver. Senão, meu mundo perdido, Perde todo o colorido. O azul dos olhos seus, Que, quem dera, fossem meus, Seriam a salvação, Pediria, por perdão, Esses meus olhos ateus! X Sou natural das Gerais, Da terra de Tiradentes, Lá da Mata e das Vertentes. E, da vida, quero paz. Tudo que a sorte me traz, Eu guardo em meu embornal, Da terra, Deus é meu sal. E peço a Nosso Senhor, Que multiplique o amor, Para o bem vencer o mal! X Vivendo só da saudade, Percebendo a solidão, Companheira nesse chão, Onde errante, cedo ou tarde, Procurei felicidade. Nada tive, vou sozinho, Buscando novo caminho, Partindo pelas estradas, Nas noites enluaradas, Vou voando, passarinho. X Menina, me dê licença, D”eu contar a minha história , Enquanto a cabeça pensa, Vou falando de memória. Nasci nas terras do Juca, Lá pras bandas do Meião. Saudade quando cutuca, Maltrata meu coração. Minha mãe foi benzedeira, A melhor que havia lá, Curava qualquer besteira, Qualquer doença que há. Com a fé de quem rezava, Dia inteiro, se preciso, Tanto mal ela curava, E tá lá, no Paraíso. Foi embora, a dor é tanta, Mas, bonita sua cruz, Morreu sexta feira santa, Mesmo dia que Jesus. Lá no Céu teve festança, Movida a muito forró, Teve prenda e teve dança. Teve tudo o de melhor. Meu pai, foi sertanejo, Lavrador com muito orgulho, Lutando com tanto pejo, Viveu sem fazer barulho, A morte também, destino, Levou meu querido pai, Deixando, tal desatino, Que, da lembrança, não sai. Fiquei sozinho na lida, Sem mulher ou companheira, Tudo que tenho na vida, É a viola, estradeira. Tenho o sol como meu guia, A lua por namorada, Vou cantando todo dia, Canto só, sem ter parada. Não quero cantar tristeza, Nem tampouco solidão, Vou cantando essa beleza, A beleza do sertão. A vida deu regalia E tomou, sem perguntar, Se era isso o que eu queria, Mas não posso reclamar. Foi Deus quem me deu o dom, Dessa viola tocar, Quando dela, tiro um som, Canto sem pestanejar. Não quero amar a ninguém, Nem me prender a Maria, Preciso de ter um bem, Que a mim, não pertencia. Pois somente assim, menina, Não tendo amor que se implora, Nem tendo vida que atina, A minha viola chora... X Tanto medo sem motivo, Eu garanto pro senhor, Que, por mais que esteja vivo, Nunca mais incomodou, A gente tem, com certeza, Um pé atras, posso crer. Mas, em toda a natureza, Outro igual nunca vai ter. Nascido de mãe nervosa, E de pai desconhecido, Vivendo a vida tão prosa , Tendo esse olhar mais perdido. De menino, ele assombrava Quem passasse no caminho, Nunca que ele descansava, Mesmo que andasse sozinho. Criado por tia tonta, Sem ter noção do pecado, Qualquer coisa que se apronta, Nem adivinha o recado. Sendo feito de garrucha, A caneta que escrevia, Se esfregando, usando bucha, Pele dura, nem ardia. Sem medo de bala ou faca, Sem temer Deus nem diabo, Fincando o chão com estaca, De vivente, dando cabo. Foi moleque temerário, Dono de todo o sertão, Não precisava honorário, Nem tampouco gratidão. A morte feito lazer, Não precisava pagar, Não queria nem saber, Tinha prazer no matar... Pouca gente duvidava De toda essa valentia, Sua fama já se dava, Pelo sertão, percorria… Mas, na semana passada, Um fato então lá se deu, Nas matas das Embolada, Onde o capeta nasceu. Tocaiaram Chico Bento, Deram três tiros de sobra, Fora esse envenenamento, Da mordida duma cobra, Cascavel que deu o bote, Mas um cabra sertanejo, Resistindo até a morte, Na desgraça dando beijo, Mas, para azar do destino, Dessa ele não escapou, Foi-se embora tal menino, Que a desgraça carregou; Por cima das tempestades, Que a vida madrasta armou, Esquecendo as crueldades, Que falam que praticou. Na verdade era um garoto, Morte sempre bafejou, Da sorte só teve arroto, Inté que um dia, voou… X Minhanossassinhorinha, desceu tudo redondinho, fazendo cosquinha aqui, na palma dos meus dedinhos... o pensamento rebola, mando a peraltice imbora, amarro os braços na hora que a insensatez explode! E então pacientemente gatafunho inocente versos insonsos, descrendo que assim sejam para sempre! X Na casa antiga, de telha, Rede posta no quintal, Roupa quara no varal, Amor traz forte centelha Trazendo a lua vermelha; Fazendo brilhar o sol. Tudo vai agindo em prol Da felicidade ativa, Dos meus olhos és cativa, Nossa vida no arrebol... X Um dia a mais, noutro tempo. Noutro tempo fui tão só, Doendo a vida, dá dó, A quem tempo e contratempo, No meu tempo, passatempo, Foi solitária agonia Que me fez perder Maria, Que me trouxe solidão, Nunca sim, somente não, Naufragando a poesia... X Vai meu mar amar maré Maresia mar e sina, Amando Mar e Marina, No meu mar, morreu a fé, Nadava, mas não deu pé. Fui tragado por sereia, Que cantando, fez a teia, Que prendeu seu grande amor, Nem por reza ou por favor, Cessou brasa, que incendeia... X Caminhão vai cruzando essas estradas, Norte-sul, sem temer as curvas, segue. Nas descidas, banguela. Nas lombadas, Nada impede que suba e que carregue, Um país, nessas tantas toneladas... Percorrendo os caminhos de mãos dadas, O progresso e futuro, são seus passos... Vagando, sem temer má sorte e sina, Caminha, faz das retas, seus espaços, Muitas vezes, audaz, nem mesmo atina No valor que se insere nos seus braços... O caminhoneiro esquece seus cansaços... X Por que não sei falar dessa maneira, Usando os verbos vagos, virulentos, É que perdi meu tempo, uma bandeira, Desfraldada por sobre os excrementos De quem tentou ferir sobremaneira A quem amara, em todos os momentos. A vida me ensinando não temer, Eu vou correndo sempre, mas por quê? Quis tragar melodias e senzalas, Não pude mais conter esse chicote. Mas as costas lanhadas onde exalas, Não me deixam sinal, quebrei o pote... Traduzindo seara, levo malas Em busca da saída, vou a trote. Mas queria viver teus novos dias, Nas nocivas franquezas que medias... Num ato de belíssima vontade, Misturando, sagaz, novas cantigas. No que não poderemos crer saudade, Eram senão pedradas mais antigas. Coram, cegam, feroz realidade. Queimando como fosses tais urtigas, As que n’alma repetem cantinelas, As mesmas que quisemos, serem delas... No meu karma sei pétrea solidão, Onde navegaria tantos portos. No dizer sim, queria tanto o não, Carregando por certo, velhos mortos. Na melhor melodia que verão, Perderei tantos rumos, que sei tortos. Minha lança, lanceta e confraria, Nos bares e botecos; dê sangria... Capuccino, cachaça, chá e mate, Novos sabores, fluidos paladares; Da vida sempre torta, um arremate. Nos teus olhos repletos dos altares, Brilham loucos fantasmas do combate... Revejo minha triste lucidez Quem me dera perder a minha vez... Pus e sangue, mistura delicada, Que, emanando de todos os meus dedos; Fazem-me saber, como está errada A vida que criei de meus segredos. Quando permiti noite, madrugada, Deixei armazenados os meus medos... Num quero nem concebo liberdade, Vagando pelos parques da cidade... Nascido nessas terras das Gerais, No que pude sentir, foi tudo a esmo. Não temo nem tempestas, vendavais, Criado, de cedinho, com torresmo. Em meio a cercanias sem jornais, Aos olhos dessa noite, sou o mesmo... De pequeno, nutrido com coragem, Desse rio, conheço fundo e margem... Fui ninado com sangue e com melaço, Rasguei no mundo berro e valentia. Peito duro, mineiro, ferro e aço, Criado a tapa, restos, serventia... Força nos olhos, pernas e no laço, Por onde acordei, vida sem valia. Traquinagem, comer sem saber faca, Beber da fonte, tetas dessa vaca... Orgasmos madrugada, tua saia... No canto, no curral, em pleno mato, Nem sei de mar, vivendo minha praia Na beira doce, peixes no regato... Em plena confusão, rabo d’arraia, Na morte fiz carinho, sei dar trato... Quebrando minha perna, sem ter pena, De longe, traz as pernas da morena... Vadio violão foi meu resgate, No colo dessa serra, serenata... Saudade faz que mata, dá empate, Menina, levantei a tua bata... Preciso, cafuné, qu’alguém me trate, Eu quero te lavar nessa cascata. Jogando nessas pedras da ribeira, Teu corpo, penetrando-te, mineira... Costeleta da Serra D´Espinhaço, Fiz cabelo, bigode e barba, tudo... Eu quero me deitar no teu cansaço, Guardando meu diploma, meu canudo, Em meio a tuas pernas, teu regaço... Entrando mais calado, saio mudo. Talvez me guardes todos os mistérios, Nem temo teus amores, nem venéreos... Cresci sofrendo tapa e pescoção, Na lida atroz, enxada e cavadeira. Nos brejos, sem temer por podridão, A vida foi completa escarradeira. Vacina de menino, de peão, É feita de porrada, a vida inteira... Das vespas que mordiam, fiz meu mel, Da lida mais difícil trouxe céu... Meu medo foi ter medo de lutar, Não quis compressa, quero bisturi. Cada ferida nova que brotar, Capítulo relido que vivi... Somente meus, serão; velho luar, Os olhos dess’amor que já perdi... Capricho sem temer, por resultado, Os cortes que sangrei, apaixonado... Recebendo a herança mais maldita, O traste que pariu minha cadeia; Não queira meu Senhor, que se repita, A bosta que transcorre em minha veia... Minha mãe, talvez, fosse mais bonita, Se não tivesse sido uma sereia... Que o boto mais pilantra desse mundo, Safado caboclim, um verme imundo... Criado sem ter beira nem paragem, Escravo desd’o dia de nascido. A vida preparou a sacanagem, Bem no olho dessa serra, fui cuspido. Quase que me perdi na traquinagem, Mas, embora isso tudo, fui crescido... Vômito de mendigo esfomeado, Coragem coração, fez cadeado... Meu cigarro da palha mais curtida, No milharal da vida, colhi nada. Serei por certo, servo e despedida Nunca saberei sorte e tabuada, Mas não reclamo nada dessa vida, Estou vivo, e se dane essa embolada. Na poeira joguei nome e meu futuro, A morte me espreitando ‘trás do muro... Fiz cósca em cascavel, minha tapera, Tem as portas abertas para a morte. Não temo solidão, nem bicho fera; Eu queimo, em toda curva, a minha sorte. Cachaça com limão, vida tempera, Bem no meu coração, de grande porte, Cravei as verdadeiras, duras, garras. Não quero mais saber dessas amarras... Veloz, eu fugirei dessa saudade, A saudade de nunca mais ter sido. A saudade feroz, felicidade, Que nunca mais terei, nem conhecido. Oprime o peito, face essa verdade, A de não ter, jamais, nem ser nascido... Queria, por momento simplesmente, Um segundo sequer, me sentir gente... X Eu não te quero, apenas te desejo, Na minha solidão, guardo teu beijo. Um retrato deixado na parede... Tantas vezes sonhei, mas nem recordo, Apenas navegar, contigo a bordo. A garrafa demonstra minha sede... Eu já não mais anseio, nem quero ter, Tanto me faz ganhar ou te perder. Quem sabe, poderei me libertar. Cada momento segue sem depois, Não quero mais teus beijos, um ou dois. Talvez Deus permitisse, enfim sonhar.. X Se eu falar de saudade, diga nada, É simplesmente verso sem sentido, Amando vou levando, de empreitada, O tempo que jamais achei perdido. Das horas nem por ora faço caso, Em meio a tantas farsas, em me embraso... Sem fleugma, sem vergonha, mentiroso, Invento dores, falsas cãs atéias. Meu mundo nem sequer é sulfuroso, Não tive nem rainhas nem plebéias, Sou resto, rimo sempre por rimar, Nem tenho céu, quiçá terei luar... No jogo da permuta me lasquei, Troquei não ser feliz por fantasia, Confesso então, vadio já pequei, Nem esperei sequer raiar o dia, Montei no meu cavalo e fui embora, Não soube nem talvez irei agora. Quem sabe, na manhã que vai nascer, Eu possa, simplesmente ser feliz, Procuro em toda moça por você, Cadê? Onde andará a minha miss... Então por não saber dessa Maria, Desconto na cachaça – poesia! X Dos amores que tive, e foram tantos, Das mulheres que em sonhos concebi, Meus dedos, nas carícias, nunca santos, Tantos planos, enganos, que vivi... Foram peças cruéis do meu destino, Matando aos poucos, sonhos de menino... Nas mais diversas camas, chama ardeu... Nas mais divinas bocas, naufraguei, Embora tanta glória se perdeu, Julgava, tolamente, fosse rei... Percebo, na tardinha dessa vida, Que em cada encontro, havia despedida... Silenciar feroz dessa existência, A noite s’aproxima, vem inteira, Procuro noutros braços por clemência, Encontro a solidão por companheira, Não quero mais sentir esse bafio, Nem quero mais lutar, nem desafio. De todas essas fêmeas tão ingratas, As almas gêmeas foram simples mito, A voz cansada, tantas serenatas, Nem pretendo sonhar, digo e repito. As tive todas, ‘té de santo véu, Somente a poesia foi fiel! X A minha poesia me sustenta, Do que mais necessito p’ra viver, Quando busco dessa água, alma sedenta, Sacia sua sede de saber, Na fonte maviosa e cristalina Que só na poesia surge, mina... Quanto mais vou faminto, mais preciso, Desse maravilhoso, bel repasto, É pão... dessa ambrosia eu como e biso, Afastando o temor, cruel, nefasto... De sentir, madrugada afora, fome, Poesia-banquete me consome... Ar que respiro, base para a vida, Sem ela, poesia, me sufoco. Força mantenedora, minha lida, Nos meus versos, amores eu estoco... Eu pergunto-te então, como seria, Se não houvesse enfim, a poesia... X Vieste, em favor divino Para um velho sonhador, Que de novo, vai menino Vivendo esse novo amor. Traz esperança bendita Nos teus olhos, nesse brilho, Tua mãe, tão doce Rita, Agradeço-te esse filho. Minha vida, entardecer, Já não cabia esse dia, Em ti, de novo viver, Ressurgir a fantasia. No cansaço dessa lida, Outros cantos conceber Vai, esvaindo-se a vida, Outra vida faz viver... Amar-te é doce demais. É poder recuperar Tudo que fora capaz, Um dia poder sonhar. Menino, meu mimo e ninho. Teu canto, meu passarinho, A mais bela melodia, Traduzindo em alegria, Os meus olhos outonais Minha vida já sem vida, Meu mundo tão sem paz, A juventude perdida, Os tempos não voltam mais. Me trazes nova esperança, De me sentir tão capaz, De lutar por ti, criança, Nesse mundo tão cruel, Se puder trazer a lua, Iluminando teu céu, Cravejando tua rua, Por onde irás caminhar, Com pedrinhas de brilhante Só pro meu amor passar... Meu menino, meu gigante... X Quando o brilho dessa lua Clareia todo sertão A verdade surge nua Em forma de assombração. Correndo pelas estradas Acompanhando o luar No meio das madrugadas Num grito de apavorar, Ao longe se ouve distante O latido doloroso Esse ladrar inconstante Assustando, pavoroso Quem cruzasse no caminho Quem tentasse andar sozinho Pelas trilhas dessa terra, Travando sempre essa guerra, Entre vivente e defunto Nessa luta, tudo junto Se confunde na batalha, Mesmo que você atalha Por outro rumo ou estrada Não adiantará de nada Você não pode escapar. Se não vier lobisomem Outro poderá chegar Meio bicho meio homem. Nessa mata sem ninguém Mula sem cabeça vem Procurando devorar A quem puder encontrar. Mas, me contam e acredito No meio de tanto maldito Outra coisa perigosa É gente cheia de prosa, No meio desses fordunços Trabalha prá coronel Sem pena, manda pro céu. Essa turma de jagunços. O povo do meu sertão Vive toda ameaçada Bastar dizer um só não Ou então precisa nada. Na ponta de uma peixeira Ou na mira de um fuzil, De sangue, mancham a bandeira Envergonham o Brasil. X Penso no maio das mães, Com seus filhos massacrados Pior que fossem mil cães Nos gritos desesperados De quem tombou na batalha Os mortos pela navalha D’incompetência d’estado Deixando esse povo refém Do grito desesperado Respondido por ninguém Desse povo abandonado Tratado qual fosse gado. Penso nas camas vazias Nos olhos sem amanhã Nas teresas e marias Vivendo a vida malsã Esperando por seus filhos Perdidos, fora dos trilhos. As mães dos soldados mortos Sem perdão e sem por que Na visão dos homens tortos Tentando sobreviver... As mães que sempre sofreram Que as esperanças perderam. Sem poder nem apontar Os olhos para os culpados Que vivem para ocultar Os desmandos desgraçados Que tentam sempre esconder Teimando no negar ver Que os erros mais singulares Cometeram, sem perdão. Assassinando seus pares Provocando a reação De todos quantos conhecem As dores que elas padecem. As mães desses inocentes Quatrocentos que tombaram Nas ruas, pelas serpentes. Que no fundo assassinaram A todos sem exceção Por terrível omissão. Penso no pranto sofrido Dessas mulheres perdidas No terror tão desmedido Que carregou tantas vidas Me diga meu Deus por que Tanta dor pra se viver... Nos uniformes vazios Dos soldados e operários Nos olhos, trágicos fios. Que ligam aos mandatários Dos criminosos cretinos De todos os assassinos. Dos Pilatos que, omissos. Permitiram tal chacina Com seus olhos tão mortiços. Trouxeram lá da Argentina A visão das mães da praça Nessa dor que não disfarça. Nossas pobres mães paulistas Também carregam seu fardo. Procurando pelas listas Onde esteja assinalado O nome de seu rebento Carregado pelo vento... Se, nesse dois mil e seis, Teceram essa mortalha; Última, seja essa vez. Que não repita a batalha que nossas mães brasileiras não merecem tais bandeiras. X Na fumaça do cigarro Que se queima entre meus dedos Nessa penumbra me agarro Vou fugindo de meus medos Quero a sensação perfeita De poder seguir em frente A felicidade é feita Do sangue e carne de gente. Como a liberdade é flor Quer precisa pra brotar De suor sangue e terror, Pois senão ela não dá. Meu canto de liberdade Tem mais lágrimas que riso Atravessando a cidade Traz muito pouco sorriso, Reflete a melancolia Que se fez neste país Trazendo pouca alegria Quase morrendo por triz; A vida essa fantasia Essa pobre meretriz Que tampouco poderia Sonhar em ser mais feliz. Não podendo mais arcar Com essa dor que apavora Nessa luta por lutar Bem antes e mais agora. Nossa luta é tão constante Vem de tanto tempo atrás Transformando esse gigante Que aprende a ser tão capaz Quanto os velhos continentes. Trazendo nas mãos cansadas Sonhos de seres contentes Pela lua, iluminadas. As marcas de todos nós. Caminhamos de viés, Trazendo essa dor atroz Cortados, sangram os pés. Nossa luta mais certeira Da guerra que não engana Essa batalha altaneira Da latino americana Vida, como essa bandeira, Que carregamos sem jeito De todas és a primeira, Pesando forte no peito. Terra de tantas batalhas Das antigas injustiças Trazes nos olhos mortalha Vítima dessas cobiças Que sangraram os teus sonhos Em troca de prata e ouro Transformaram em medonhos Tua carne, pele e couro. Estropiaram teu povo Exterminaram teus cantos Extorquiram-te de novo Tenazes foram teus prantos. Agora, que tentas ser, De novo esse amanhecer Um amanhecer mais justo, Mãe que acalanta no busto Teus filhos mais sofredores Buscam todos teus amores Procuram beijo da paz Lutam pra serem bem mais Que simples melancolia Quiçá nesse novo dia Nessa brisa que acalenta Nesse canto que se assenta Sobre tuas mãos feridas Possamos nós teus meninos Esquecer das despedidas Cantando de novo esse hino, Um hino de amor a ti Terra onde sempre vivi Onde nasceram meus filhos Por onde seguem meus trilhos Iluminados ao sol Que traduz tua esperança De ser de novo a criança Dona do teu arrebol. Brincando nas cordilheiras Nas tuas florestas tantas Fazer dessas brincadeiras Ungindo tuas mãos santas. Surgindo de novo a vida Onde sangraste, ferida. América mãe de todos Que Deus ouça nossos rogos E te permita viver Sem ter que filhos vender Sem ter que, prostituída, Expor-se tão nua em vida. América, nosso lar, Nossa casa verdadeira. Que o brilho do teu luar Ilumine a terra inteira. Que nunca mais te maltrate Nem nunca mais te destrate Quem nunca te conheceu Quem jamais te concebeu Povo de terra estrangeira Que suga tanto teu sangue Atolando-te no mangue Te escarrando por inteira. X Seu moço, por caridade Escuta esse povo sofrido Que vive nas tempestade, Trabaia quar desgraçado Pelos mata e nas cidade. Esse povim sem parage, Vivendo sem amparage Dos home de capitár. Eles chinga nóis de tudo Quanto ruim há no mundo. Chama nois de vagabundo Que nois semo anarfabeto Que nois semo cachacero, Que num pode dá denhero, Pra móde sobreviver, Essa raça de safado Desses pobre desgraçado Que róba mais que ladrão. Eles conta a mentirada Pois num cunhece uma inxada Nem sabe o valô da gente, Pru mais que o mundo comente. Nóis num passa de pilantra Nossos fío, qui nem pranta Num percisa de comida. Essa gente é convencida E não cunhece nois não Não sabe o valô da vida Sufrida nesse sertão. Nem anda nesses comboio Quar boi em canga marcado Que anda dependurado Nesses trem cá da cidade. Nos otromóve eles passa, Nem percebe os coletivo Cheios desse bicho vivo Que eles cunhece pur massa; Trabaindo todo dia Pra pudê dá mordomia Presses homê, prus dotô Nóis semo quem aproduz A cumida que eles come Apois veja, a própra luz Que alumia bem os home Se num fosse os disgraçado Se num fosse o seu trabáio Já tava tudo apagado, Queria ver nos atáio Dessa vida, vivo táio, O rumo que eles tomava, Quem sabe se eles paráva Nus beco onde a gente véve Onde não há quem se atreve A chamar de residença Chei de criança e doença, Pra podê tê consciença Da vida que leva a gente Dexava nois té contente Preles pudê aprender Que num basta sabê lê Pra se dizê sabedor Que é percizo munto amô E bem sei, que só merece Amor, quem se conhece Que num sabe conhecê Aquele que nunca viu. Portanto, moço seria De munta serventia O sinhô pode passá Pobreza só pur um dia Pra mode valorizá O trabái de nossa gente Quem sabe, ansim seu dotô Havéra de valorá Esse povo brasilero Ia aprender mais, garanto Que nos livro lá da escola Nóis só presta em feverero Ou se for craque de bola Aí vanceis acha bão Inté pága pra nus vê. Nossas fía mais bunita Tumbém serve pra vancê Nas buate mais perdida Mais se incontra pra valê Com home de capitar Pra servi de companhia, Mas mar amanhece o dia Tudo vorta como era antes Dispois vem esse disprante De chamá di inguinorante O povo mais umiádo Nois tudo semo safado Na vóis desses doutô Se esquece que nois é home Nem percebe se nois come Se nossos fío tem fome Isso nem lembra o sinhô Na hora dos seus projeto Nois semo tudo uns inseto Sirvimo pra atrapaiá Sirvimo pra trabaiá Pra alimentá os dotô! Intonces já me vô indo Pros sertão to retornando Pras favela vô saino Meu tempo ta se acabano Vo vortá pro meu roçado Ou então pro meu serviço Passa dia mês e ano O carro num anda, enguiço, Já faiz tempo tá parado. Mais ficaria contente Se oceis perduasse a gente Num custa perdão pedido Perdoa por ter nascido Um fío meu lá em casa Que, pros óio dos doutô Foi feito por descuidado Nasceu fruto do pecado Da inguinorança da gente Mais me dexô bem contente Esse meu menino amado Que é fruto de munto amô. Que nois pobre, tombém ama Embora oceis me parece, Num cridita nisso não Nóis tudo fais nossa prece Nóis tombém somo cristão. Fíos do mesmo Sinhô Que morreu, naquela Cruz Que foi feito cum amô E era pobrinho, Jesus. Então pense por favô Nu munto que se ensinô O Pai de todos os home Dos que come e que tem fome De todos sem distinção Que nois tudo nessa vida Por mais que seja doída Por mais que seja distinta Diferente em sina e tinta, NOIS SEMO TODOS ÉRMÃO! X Nus óio dessa sodade, Preguntei móde sabê Adonde a felicidade, Pudia mió se escondê, Num incontrei a resposta, Prá pregunta qui eu fiz, Pois, di mim, sodade gosta, Sem ela, num sô filiz... Travei briga com Maria, Joaninha me dexô, Chorei de noite e de dia, Sodade do meus amô... Minha casa lá pur riba, Naquele canto de morro, Quando a sodade s’arriba, De vórta, prá lá eu corro... Minha mãe dexô tristeza, Quando Deus, triste levô, Tanta dor, que marvadeza, Sodade foi que restô... Faz treis meis que nunca chove, Nessa terra, sô dotô, A sodade me comove, Meu canto só sabe dô... Nu mei dos espin da vida, A sodade machucô, No amô, na dispidida, A sodade é uma frô... Os espin que ela carrega, São por Deus, abençoado, A sodade faiz entrega, Nesses peito apaxonado... Fiz cabana de sapé, Pra morá com meu amô, Mas, leite sem tê café, Sodade foi que restô... Vida sem sodade, cansa. É cavalo sem arreio, Sodade, no peito avança, Trazeno a lua, no seio... Quano pito meu cigarro; Da páia do mío, feito. Na sodade, eu me agarro, Martrata cumo malfeito... Minha Rita é tão bunita, Prefeita cumo uma frô, Sodade meu peito agita, Ao ti vê, bem disparô... Rélojo contano as hora, Trais sodade sem ter pressa, Meu amô, já foi-se embora, Coração bateu depressa... Vi meu bem saindo fora, Me dexô na solidão, Quê que vô fazê agora, Sodade no coração... Vórta pra mim, querida, Num me fais ingratidão, Sem ocê, a minha vida, De sodade, vale não... Meus óio anda tristonho Pércurando pur vancê, Tenho sodade do sonho, Onde pudia eu te vê... Sodade é coisa facêra, E besterenta tômbém, Vivi minha vida entera, Com sodade desse arguém... Vento balança o teiádo, Onde fiz minha chopana, Sodade quema um bucado, Arde qui nem taturana... Se tenho medo da vida, Da morte num tenho medo, A sodade dói doída, Mas dela, sei o segredo... Sodade faiz tempestade, Dirruba casa e barraco, Como dói a tar sodade, Parece chute no saco... Eu rezei prá Santo Antoim, Prá móde pudê casá, Finar de tudo, foi soim, Só sodade vai restá... Tenho sodade num nego, Essa é a maió certeza, Sodade cravando o prego, me furano de tristeza... Pedi perdão pru meu Deus, Pulos pecado que tive, Sodade, nos óios meus, Em cada lágrima, vive... Mardiçoei minha sorte, Foi o que eu pude fazê, Bejo de sodade é morte, Dessa morte vô morrê... X Eu sou mineiro de Minas, Lá das tais Minas Gerais, Canto versos, faço primas, Até não conseguir mais. O meu pai foi sertanejo, Minha mãe foi só desejo... Nas montanhas fiz a rede Pro meu corpo descansar. Fui matar a minha sede, Bem distante do teu mar. Nasci lá na Mantiqueira, Na minha terra mineira! Quem me ensinou a pescar, Foi o meu velho Francisco, Como é belo esse luar, Mesmo crispando o corisco. Na beleza das campinas, Vou te conhecendo, Minas. São diversas minhas dores, Como é belo entardecer, Tuas matas, meus amores, Nos teus braços, vou morrer! Nas tuas guerras fiz paz, Em teus abraços, Gerais! Sopro o vento lá na serra, O vento vem de mansinho, Canta o canário da terra, Também canta o coleirinho... Tanto canto que é capaz, Encanta Minas Gerais... Meu lamento vem distante, A saudade dess’ alguém! Meu amor, por um instante, Tanto amor tamanho trem... Sou mineiro e tenho fé, Nascido em Muriaé! Menina, faça o favor, De me prestar atenção, Tô falando d’ocê sô! Vem vindo do coração. A dor não mais arremata, Pois sou mineiro da Mata! Viola de doze cordas, São cordas do coração, Vê menina, vai acordas, Chora meu violão! Eu sou mineiro da Mata, Ouça a minha serenata! Eu comi feijão tropeiro, Misturado com tutu, Eu bem sei do mundo inteiro, No buraco do Tatu... Minha mãe é carioca Mas conheceu engenhoca! Tomei muita da guarapa, Adocei o meu café, Onça matei foi no tapa, Com pescoção e chulé... O meu pai de Miraí, Bem perto d’onde nasci! Fiz meu canto no repente, Nem pensei no que ia dar, Em careca, passo o pente, Tiro poeira do mar. Tanajura? Comi prato. Bebi Iara no regato... Vou terminando meu verso, Tô cansado de rimar, Vou buscar meu universo, Juro, mais tarde, voltar... Agora vou terminando, Devagar, já vou andando... X Quando quis viver contigo, Bem sei que não me querias, Meu amor, de tão antigo, Traz em suas cercanias, A certeza do perigo, Desse medo que vivias. No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Quis viver com muito luxo, Quis meu tempo de reinar, Carregando meu cartucho, Bala de todo lugar, Sou deveras, meio bruxo, Nessa arte de magiar. No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Da morte sei a sentença E também sei o perfume, Não há quem me convença, Nem que meu revólver fume, Não vai morrer de doença, Carne irá virando estrume... No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Sei de tanta malvadeza , E também sei da saudade, Tanta vida essa incerteza Sua melhor qualidade, Vivendo minha tristeza, Amores; sei de verdade. No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Bebi medo de serpente, Comi carne de ururbu, Minha sina, sei caliente, Na pena preta d’anu. Todo ser sobrevivente, Fugindo qual inhambu. No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Matei muitos, de emboscada, Não sei mais quantos matei, Dessa vida levo nada, Nada da vida levei, A não ser essa esporada, Desse reinado sem rei. No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Pois perdão; peço de fato, Sei o quanto errei também, Fiz de sangue, um regato, Nunca respeitei ninguém, Tanta morte por contrato, Por real ou por vintém, No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... Eu sei, confesso o pecado, Pequei, já não tenho cisma, Bem sei quanto estou errado, Não precisa cataclisma, Nem me chamar de safado. No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... No segredo dessa vida, Nem precisa repetir, Minha alma já vai perdida, Foi tudo o que eu consegui, Sei que a vida vai sofrida, Perdão, não custa pedir... No segredo dessa vida Minha alma já vai perdida... X Quando eu conheci Serena, Num galope a beira mar, Aquela bela morena, Tinha tudo pra encantar, Coração bate, dá pena, Dá vontade de chorar, Nunca mais poder cantar Num galope a beira mar... Serena foi minha vida, A razão do meu viver, Tanta dor já tão sentida, Sem vontade de sofrer, Eta vida mais sofrida, Não cansa mais de doer, Viola canta, luar... Num galope a beira mar... Minha voz anda cansada, Cansada de tanto pedir, Minha moda vai cantada, Cantada móde sentir, A viola enluarada, Que canta quase a carpir, Tanta coisa, sem parar, Num galope a beira mar... Levei Serena pra casa, Como manda o coração, Tanto casa, quanto embrasa, O luar do meu sertão, Meu amor quando se atrasa, É problema e solução. Como era belo sonhar Num galope a beira mar... Com Serena tive filho, Dois ou três se não me engano, Do amor seguindo o trilho, Passa dia, mês e ano, Mas o tempo tem gatilho, Detonando tanto plano. Nunca mais vou esperar Num galope a beira mar... O amor, de maravilha, Transformado na tristeza, Na promessa dessa ilha, No meio dessa beleza, Toda dor vem de matilha, Acabando a realeza. Tanta coisa pra contar Num galope a beira mar... Serena foi assassina, Do que belo, tinha em mim, Maltratando minha sina, Fazendo tão trist’assim Tanta dor que desatina, Do amor, foi meu Caim. Me matando, devagar, Num galope a beira mar... São tristezas, duras penas, Têm o gosto da mortalha, Só pedia a Deus, apenas, Outro tipo de cangalha, Noites mansas, mais amenas, Na minha casa de palha. Poder sonhar com meu lar, Num galope a beira mar... Já cantei minha verdade, Fiz meus versos sem vergonha, Procurei felicidade, Que é coisa que se sonha, Pelo campo ou na cidade, Não é coisa medonha. É meu direito tentar, Num galope a beira mar... O veneno em minha veia, Corre solto, vai matando, Essa aranha fez a teia, Minha vida foi sugando, Minha carne foi a ceia, Ela foi me envenenando. Até conseguir sangrar, Num galope a beira mar... Quando vi nos seus olhinhos, Verdes olhos cor de mata; Percebi que seus carinhos, Me diziam, ser ingrata, Aquela por quem meus ninhos Sonhavam amor em cascata, Nunca mais eu vou cantar, Num galope a beira mar... X Nasci naquela tapera, Perto da curva do rio, Onde à noite tanta fera, Traz mais forte seu bafio, Derrubando, sem demora, Sem temer nem ir embora... Tanta dor que me tempera, Não me deixa mais vazio, De tocaia, vou de espera, Conheço vela e pavio. Nem todo ovo que se gora, Nem todo gosto d’amora... Joguei cravinote longe, Matei onça de empreitada, Minha mãe fugiu com monge, Pelos palpos dessa estrada. Não tem mais como pereça Virou mula-sem-cabeça! Puxei forte da peixeira, Sangrei mais de dez safados, Fiz da morte, coisa useira, Cantei rimas desfiados, Fiz das primas meu deleite, E não há quem não me aceite... Sou peste sem pestanejo, Desejo toda morena, No meu sonho sertanejo, A dor de longe, me acena, Quem quiser ser a mulher, Tenho casa de sapé. No umbigo da montaria, Atrelei minha placenta, Vou correndo a fantasia, Quero ver quem me agüenta, Sou, de lado, vou de banda, Vendo sangue na quitanda... Tropecei nesse defunto, Esquecido no relento, Tanta coisa que fiz junto, Meu olhar mais remelento, Trago o gosto da remenda, O luar faz minha tenda... Mas não temo nem temia, Venda nova nem fracasso, Mingau da vida rugia, No poleiro do cangaço. Fiz mais três combinação, Quisera ser Lampião! Teimoso qual cascavel, Escorpião da caatinga, Roubando o brilho do céu, No véu da noiva respinga, Cascata da melodia, Dourando essa cercania... Meu falar enviesado, É difícil traduzir, É que, nele, vem atado, O que melhor vai luzir, Tradução de coração, É brotado de emoção. Vingança tem saliência Coça na mão e no coldre, Se for boa eficiência, Traz logo, cheiro de podre. Urubus descendo ao chão, Querem dizer proteção. Não virei mais à tardinha, Nem de noite mais virei, Na calada, vai sozinha, A rainha desse rei. Que não tem nem pode ter, Contas para receber. Já cumpri meus mandamentos, Já te fiz meus rapa pés, Nas feridas, sei ungüentos, Misturando tantas fés. Mastigando tais mezinhas, Riscando com ladainhas... Minha manta sei de couro, Como é de couro o chapéu Na boiada, meu estouro, É o estorvo do meu céu. Buscapé buscando gente, Queima tudo, de repente. No repente da viola, Eu puxei minha peixeira, Arrebentei a sacola, Fiz promessa a vida inteira, Nada consegui depois, Na boiada, fui os bois... Ferido de morte triste, Aposentei o meu laço, Esqueci tudo que existe, Abandonado sanhaço, Fui marcado sem perdão, Tanta dor no coração. Agora tô sossegado, Já não tenho mais vontade, Acabei envenenado, Por essa estranha maldade, Que matou o matador, Essa praga: o tal amor! X Amores, amizades, alegria, Palavras que; compondo minha vida, Traduzem, no meu canto, fantasia, Deveras, vai seguindo, Aparecida... Beleza da bondade, beatifica, Muda meu sofrimento em ser feliz, Das dores mais cruéis, me santifica Em tudo que traduzes, Beatriz... Cabendo certamente meu carinho, Em tudo que pensei tão cristalina Quanto fosse capaz, sem ser sozinho, Das fontes mais felizes és Cristina... Devendo devedor divino Deus, Serem os meus segredos sem marquise, Eu te vejo, reluzes nesses breus, Me trazes sensações, feliz Denise... Eu espero esperanças nos teus beijos, Na vida não sei dor que não se aplaine, Vivendo, convivendo com desejos, Te quero, te pretendo, doce Elaine... Fervem fervores, febre e fogaréu. Minha vida, transcorre vai mais branda, Quando estou procurando azul do céu, Somente encontrarei a ti, Fernanda... Gosto gesto gozando gota a gota, A toda solidão a vida impele, Mas quando, a solidão queimando, rota, Recolho-me aos braços de Gisele... Horas horrores, honra e homenagens, A quem a vida amou, serena brisa, Não quero mais saber dessas paragens, Distantes dos teus olhos, Heloisa... Instantes imortais, idolatria; Dessas noites passadas tão insone, Que nunca mais parece, vem o dia, Noites brancas, sozinho, sem Ivone... Jogos jamais jogados, jogatina... No tabuleiro-vida que me engana, Sabendo ter teu jeito de menina, Sabendo ser teu homem, Ó Joana... Liberdade levando leve luz, Descanso em meu brinquedo de pelúcia, Buscando tanto brilho que reluz, Vivendo por viver, amada Lúcia... Marcado morredouro mantimento, Sofrimento passando a ser a tônica Do que mais poderia ser lamento, Vou salvo, acreditando só em Mônica! Nascendo naufragado, néscio não, Provando essa amargura que venci. Maltrata devagar meu coração, Que bate, tresloucado, por Nadir... Ouvindo ondas ouvi outras ondinas, Que, por mais igual, nunca se repete O mar dessas belezas, das meninas, Que nunca chegariam ser Odete... Palavras perseguidas plenitude, Não sabem nem conhecem a delícia, De ter todo bom senso e atitude, Que surgem tão somente em ti, Patrícia... Restam risonhos risos e resquícios, Desse delicioso amor que agita, Salvando-me de todos precipícios, Só quero mergulhar em ti, Ó Rita... Sabendo sentimentos sem saudade, Melhor que ti, somente se for clone, Igual são muito poucas, na verdade... Sereno, saberei ser teu Simone... Trazendo tempestades tropicais, Em meio a tanto canto e mais beleza, Bebendo, vou tragando e quero mais, De tudo que vivi em ti, Tereza... Vivendo vou vencendo vacilantes Momentos em que tento abrir cratera, No peito que batia já bem antes De poder conhecer a bela Vera... X No mundo mais cruel que concebias, Cabia meu tormento em tuas liras, Percorrendo vazio, tantos dias, Sem saber que fingias tantas miras, Nas penumbras fatais, sem melodias, De tua mão, sentida flecha, atiras. Querendo sufocar minha cantiga, De tantas quanto herdei a mais amiga... Vivendo essa funérea desventura, Que traduz a verdade em sofrimento, Concebo claridade, minha jura, Tragada pela luta, meu tormento... Amargo o vinho, âmago, tortura, Na amargura de todo meu lamento. Amei-te, no passado mais distante, Por sorte, meu amor foi inconstante... Bem sei que naufragaste outro desejo, De quem não poderia te negar. Flagrada pois, em cândido cortejo, Atada a vários braços ao luar. Mereces bem, portanto escarro e beijo, Escárnio de quem possa procurar Em ti, por algo além do sensual, És página virada dum jornal! Não vejo em ti, portanto nada além De restos esquecidos sobre a mesa, Se eu já te quis, agora me és ninguém, Não vou te negar glória na beleza, Nem vou mentir, deveras, foi meu bem... Mas hoje, tão distante realeza; Se faz passado pútrido e mordaz. E, francamente, não te quero mais! X Canto I No sertão do Brasil, a fome impera, Devora mais solene, nada resta... O sol que se transforma na quimera Que traga, maltratando toda festa, A miséria cruel, qual fosse fera Não deixa nem sequer abrir a fresta Da esperança sutil. Porta fechada, A vida transcorrendo desgraçada! Amor pernambucano, sertanejo, As dores são sentidas sem ter pena, A chuva salvadora traz desejo. Mas tanta chuva assim, tudo envenena, Nos céus a tempestade, relampejo... Enchentes vão roubando toda a cena! Nasceste neste chão bem brasileiro, Misturas infernais, dor e braseiro... Cruel fome imperando sobre a terra, Nada mais restaria por fazer... Descer, subir, procuras outra serra; Onde enfim poderias lá viver... A noite tenebrosa, grita, berra... A luta é por poder sobreviver... Sertanejo, homem forte de verdade, Procura novo canto: liberdade! Irmãos são tantos, todos sonhadores. A terra amada fica para trás, Poder saber jardins, colméias flores, A rapadura doce satisfaz... A terra seca, guarda seus rancores, Noite escura promete ser capaz De trazer esperanças de melhora. A vida necessita aqui, agora! O cachorro latindo, a casa fica, Os olhos marejados, sofrimento. Estrada mais comprida, longa, estica... A dor cruel, terrível, do momento... A mãe tão pobre, sempre muito rica Do que importa na vida. Toma assento No pau d’arara pobre nordestino, Abandonando tudo, vai menino! A morte que rondava cada casa, Nos filhos desses pobres lutadores, Injustiça cruel, vem, tudo arrasa, Não deixando senão os seus horrores... O chão queimando, mata, velha brasa, A vida recordando seus valores: Amizade, carinho ao companheiro, A sina desse grande brasileiro! Foi, pelas mãos d’Eurídice saber, Conhecer a verdade dessa vida, Que mais importa a luta que vencer, A dor cruel, que corta, despedida... O mundo inteiro iria poder ver, Das terras do sertão vir, ressurgida, As lendas dos caboclos corajosos, Os mal vestidos, pobres, andrajosos... Dos oito que nasceram, oito filhos, Sétimo. Tinha sete anos, quando, Das terras sequiosas, andarilhos, Partiram para o Sul, lá procurando Caminhos para a vida, novos trilhos. A sorte, sobrevida, já raiando... Deixando as marcas: fome, sede, pranto. Nas tardes, nas auroras, novo canto! Treze dias, viagem complicada, Cruel fome espreitando cada curva, Sete anos, menino pensa em nada, Cada noite, visão ficando turva. A vida se parece com estrada, Quem dera meu Senhor, viesse chuva! Nunca precisaria se mudar, Do sertão brasileiro, seu luar! A miséria campeia, traga tudo, A fome que vagueia, tudo mata, No peito do moleque dói. Contudo Uma nova esperança qu’arrebata, Esse menino forte, parrudo. A vida não seria mais ingrata. Poder ajudar mãe, vencer os medos, Conhecer dessa vida, seus segredos... Ao chegar em São Paulo, o nordestino, Encontra, nas promessas renegadas, Outra luta cruel pelo destino, A vida não deixara nem pegadas, Arregaçando as mangas, o menino, Procura, nas esquinas, nas calçadas, A forma de melhor sobreviver. Trabalhando, laranjas prá vender! Para muitos, parece muito fácil, Para quem nunca a vida foi cruel. Um menino pequeno, forte, grácil, A distância d’inferno até o céu, Logo deu-se a saber. Luiz Inácio, Garoto inteligente, perspicaz, Soube, bem cedo a luta que se faz, Para poder viver nesse Brasil, Cantado em versos prosas, desumano... Num hino que sugere varonil; Enluta, ao transformar-se num engano. Seu brilho entre milhares, outras mil, Se perde na miséria. Noutro plano, As riquezas levadas dos mais pobres, Fizeram os palácios... Ouros, cobres... País de tantas lutas, liberdade, Buscaram teus antigos sonhadores, Nos campos, pelas ruas e cidade, Torturas que geraram sofredores... A lua que enebria de saudade, Vermelha, testemunha nossas dores... Nordeste, valentia nos sertões, Canudos, virgulinos Lampiões! Brasil, da escravidão todas as raças, No cárcere da fome e da miséria. Os olhos marejados, todo embaças, Latejas vais pulsando cada artéria. Nas crianças famintas, nossas praças, Decompostas são frágeis, na matéria, Mas as almas sedentas de justiça, Sobrepõem-se por sobre essa carniça! Um novo nordestino, velha sina. As bocas procurando uma saída, A morte, se renova, severina. Quem dera converter em nova vida, Quem olha, nem sequer pensa, imagina. O futuro fará da dor contida, Esperança feliz de novos tempos, Sobrepujando, assim, os contratempos! História, nas memórias mais antigas, As guerras, foram marcos, velhas lutas... Sorrisos de crianças, nas cantigas, As dores escondidas nessas grutas Da alma, que tenta brilho. Nas intrigas Dos poderosos, nada mais escutas; A não ser essa sede de poder. Tantas vezes restou sobreviver! “N’ auriverde pendão de minha terra,” Tanto sangue inocente avermelhou! Gado, povo marcado, o rico ferra Cravando as suas marcas. Já roubou, Matou, trucidou. Nossa terra encerra Somente a esperança que restou. Novos mundos, antigas tempestades. Brasil, vivem em ti, desigualdades... Era preciso, estava escrito assim; Que, nascido do povo, um operário, Trouxesse a esperança para, enfim, Moldássemos da dor, um relicário. Tivéssemos dureza do marfim, Na beleza gentil de ser contrário Ao rumo percorrido no passado; Por um povo sofrido, abandonado! CANTO II Nas vilas periféricas, favelas, A vida se demonstra mais cruel, Quem pintou dos subúrbios belas telas, Não tem noção sequer desse escarcéu. Tantas pessoas boas moram nelas, Porém se distanciam deste céu Cantado por poetas e cantores... Coexistindo as flores, muitas dores... Injustiças parecem muito fortes, Distâncias gigantescas entre vidas, Parecem bem distintas várias sortes. Caminhos tortos levam despedidas; São diferentes rumos, sinas, nortes, As lágrimas iguais são bem sortidas... Se morre baleado, ou prisioneiro, D’outra forma, escraviza o brasileiro... Nossas grandes cidades são infernos! Na discriminação, o nordestino, Vestidos pobremente sem ter ternos, Soam como se fossem desatino, Famintos sertanejos... Dos modernos Prédios, os escultores. Um menino, Sete anos, já conhece muito bem Como é dura essa vida... Ser alguém, Pensava esse moleque sonhador. As laranjas vendendo na cidade; Vicente de Carvalho, sim senhor, Logo o trazem de volta à realidade... Estudar, trabalhar, ser um doutor. Poder subir, viver na claridade... Mãe está esperando lá me casa... Mas, quando acorda, a vida tudo arrasa! Jogando futebol, sonho acalenta. Quem sabe jogaria no seu time. Mas um corintiano, tudo agüenta, Não há nada no mundo que se estime Mais que a vitória firme nos noventa Minutos. A derrota é como um crime, Teimosamente nunca campeão, Assim vai se treinando um coração! Periferia, fera que devora; Os sonhos são perdidos na poeira. A morte violenta que se aflora Em cada esquina. A gente brasileira Pobre, vai conhecendo assim nest’ hora, O quanto que é cruel, triste bandeira... Iguais, no sofrimento, aos do sertão, São irmãos nessa mesma escravidão! As laranjas maduras do menino, Vendidas pelas ruas, dúzias, centos... Muitas vezes azedam o destino; Outras tantas, trazendo ensinamentos, Demonstrando que a vida, sol a pino, Pelas lutas se transforma, novos ventos... Nessas mãos tão pequenas, tanta luta. No caderno, no lápis, força bruta! Nas batalhas do pai, estivador; Nos carinhos da mãe mulher zelosa, A vida acaricia, traz o odor De alegrias cheirando a flor, a rosa... Aprender, conhecer que só o amor, Uma força maior, misteriosa, É capaz de vencer dificuldades. Dar, ao final do túnel, claridades... No Rio de Janeiro, capital Do país, bem distante do menino, Em meio aos festejos, carnaval, Um homem batalhava seu destino... Trazia nos seus olhos, brilho tal, Legando ao nosso povo novo tino. Serpentes perseguiam o velhinho, Espremiam, deixando-o sozinho... Quem lutara feroz, estava só... O poder se tornara uma desgraça, Quem fora bem mais forte dava dó, O povo ia perdido pela praça... Pouco a pouco apertavam forte nó, Aumentavam criavam nova farsa. O Brasil, choraria com certeza A perda de quem fora fortaleza! Encurralado como fora um cão, Não vê outra saída mais honrosa. Aquele que passara, furacão; Deixando a vida, passa a ser u’a rosa A brilhar. Verdadeiro coração Batendo fortemente. Dolorosa História... Nosso herói, Getúlio Vargas, As minhas emoções, vozes... Embargas... Outro herói, Tiradentes... Temos poucos; Na verdade, esperanças são bem raras... Liberdade traz gritos belos, roucos, As nossas lutas sempre foram caras. Alguns sangrados vivo; outros loucos, As noites mais escuras serão claras, A mensagem virá do nosso povo. Do nosso sofrimento, vem o novo! Zumbi lá dos Palmares. Liberdade. O negro, nordestino, índio e pobre, Nos trarão, com certeza, a claridade. De tanto sangue e lutas, terra cobre, Sabermos, bem de perto, essa verdade. Pois antes que, de novo, o sino dobre, É preciso lutar, sem descansar. A vitória final, irá chegar! Canto III Brasil, em teus contrastes, tanta luta... A mão que acaricia é logo morta, Em teus sonhos, polui a força bruta. Calam sempre quem tenta abrir a porta. Conselheiro, Canudos. Funda a gruta Onde enterram teus sonhos, vida torta... Trucidaram Getúlio, esses farsantes... Só o tempo revela tais gigantes! De Minas aparece um sonhador... D’outras terras famintas das Gerais, Um médico, mas também um cantador, Peixe vivo não canta nunca mais... No Planalto central plantou u’a flor, Ninguém esquecerá dele, jamais... Tantas vezes maldito para os vermes, Nas batalhas, surgia um novo Hermes! Elites brasileiras são gulosas; Não permitem ao pobre nem um sonho... Não querem ver nascer jardins e rosas, Onde sempre viveu povo tristonho. As plagas brasileiras maviosas, Divididas serão sonho medonho! Matam, destroem, colhem sem plantar, As roças dos famintos. Explorar! Nosso sangue só serve: transfusão! Nossas filhas só servem para a cama, As mulheres sagradas, sem perdão, Acendem todo dia nova chama; A chama desse forno, do fogão... De resto, só nos resta então a lama... Analfabetos, simples brasileiros, Para eles, somos palha nos palheiros! Deus, permita em tua glória, meu Pai, Que nosso massacrado povo tenha, Algo mais que essa chuva que descai. Que não seja madeira, pó e lenha, Acesos nos porões onde se trai As lutas que marcaram. Ó Pai, venha Dar alento aos sofridos pequeninos, Nas mãos desses meninos, desatinos... Não permita que matem o botão, Não deixe que torturem quem não fere, A marca da pantera, solidão... As noites que surgiram, dor confere, As luas que brilharam no sertão, Não deixe que se morra nem que espere, Os humildes precisam de comida, Trabalho dignidade, enfim, de VIDA! O povo que escolheste para a glória, Não pode perecer sem esperanças, As mortes que sofremos, velha História, Não podem macular nossas crianças, Que nunca mais percamos, na memória, As dores que curtiram as lembranças... Nos passos desses velhos sofredores, Derrame tua glória, tuas flores! Brasil, filho do branco, índio e do preto, Num povo glorioso, vira lata, Das festas, carnavais e do coreto, As costas já lanhadas na chibata, No sonho de igualdade que me meto, Um Eldorado novo, d’ouro e prata! Traduzo em pão e vinho, nossa luta, Onde estás meu Senhor, que não me escuta! O menino nordestino engraxate, As dores por herança, mas não cansa, Tanta fome rondando, faz biscate, Para ver se a miséria não alcança... Um coração pequeno, teima e bate, Sem nunca desistir dessa esperança! Cresce menino, o tempo não irá Deixar de seguir, nunca vai parar... Escola, mãe zelosa, traz futuro, Emprego necessita profissão, Tão difícil transpor um alto muro, Faculdade? Doutor? Uma ilusão... Melhor do que tentar salto no escuro, Não podendo voar, os pés no chão... O que fazer então? Um brasileiro Se forma, metalúrgico torneiro... Enquanto isso, Brasília a capital, Dos sonhos dum mineiro diamantino, Construída, Planalto bem central, Coração do Brasil, d’outro menino, É possível, falaz, isso é real! As mãos tão delicadas do destino, Iriam transformar a realidade. Esperança traduz felicidade! Porém, a vida trouxe tempestades, Piores que pensavam pessimistas, Nos campos, pelas ruas e cidades, Mataram, torturaram, sequer pistas; Tantos breus esconderam claridades, A voz calada, sangram os artistas... Esperança brotava no começo, Mas a dor salpicou, criou tropeço... O Brasil que pensava, enfim, sonhar, Reformas necessárias planejadas, Brilhava, enfim, um belo, bom luar, Esperanças parecem vir raiadas, O povo pensava enfim em cantar, O sol a percorrer novas estradas... Mas a mão das elites é pesada, Destrói feroz, não deixa quase nada! Elegeram um louco presidente Que, tentando tornar-se ditador, Num dia, sem porque, nem que se tente Explicar, tal boçal conservador, Deixando a todo mundo, toda gente, Boquiabertos; renúncia traz torpor! Os mesmo que mataram velho Vargas, Novamente detonam suas cargas... E tentam impedir essas mudanças, Que poderiam dar uma igualdade. Tentaram proibir as novas danças, Lutaram contra a nossa liberdade, Fizeram tantas torpes alianças, Vedaram desse céu a claridade... Fizeram plebiscito pra calar, Mais forte, nosso povo foi gritar! Os tanques invadiram nossas praças, As ruas se transformam num deserto, Montaram diferentes, velhas farsas, Mentiras inverdades, longe e perto, As vozes duma treva nas trapaças, A noite devorando, o chão aberto, Tragando quem pensava e não queria, Satanás delirava nessa orgia! CANTO IV As trevas carcomendo todo sonho, As noites tenebrosas sanguinárias. Pesadelo vivido tão medonho... As ruas que perderam luminárias. Um grito tresloucado mais medonho; Expõe a carne podre, dores várias... Das fúnebres prisões um só lamento... A vida se tornando sofrimento... As marcas da chibata, do fuzil, As costas tão lanhadas, cicatrizes... O peito que antes fora varonil, Carrega descoradas tais matizes. A noite se quedou sobre o Brasil. As esperanças foram meretrizes. Os corpos nos galpões da ditadura. Testemunhas cruéis da noite escura! Os generais perdidos, tresloucados. O povo amordaçado num segundo... Os pobres outra vez abandonados, Nosso povo, alimária desse mundo... Os sonhos mais gentis, despedaçados. O corte penetrou, largo e profundo. Vivíamos penumbras e fantasmas, Dos corpos emanavam os miasmas... Estudantes cantando liberdade, As elites defendem os carrascos; Onde houvera esperança, crueldade. A revolta contida sob os cascos: Dos cavalos, dos donos da verdade. Aos céus subindo o nojo, vergonha, ascos... Só tínhamos certeza da vingança. A liberdade, nunca que se alcança! Nas mortes de meninos sonhadores, Orgulho para tétricos verdugos. Nos sorrisos cruéis, torturadores. Para o povo sequer restos, refugos. Nossa pátria perdida sem amores, Submetida, “gentil”, a podres jugos! Fagulhas explosivas dor remove, Um resto de esperança nos comove... Vertiginosamente tudo cai. As tropas derrubando sem perdão; A lágrima caída, o peito trai As sobras do que fora coração. A noite intransigente, nunca sai... Ao povo não restando solução. Uma mancha tenaz cobre a bandeira, O sangue dessa gente brasileira! “Pelos campos a fome”, plantações, Nas escolas fuzis tomando assento... Nas ruas, as elites, procissões. Nunca mais pararia tal tormento? A quem sonha só restam decepções. Decepados os pés, cessado o vento... Lutadores se exilam poucas ilhas, Alguns tentam lutando nas guerrilhas! Em São Paulo, o menino atento assiste, Frei Chico, seu irmão; um comunista. Um sonhador que nunca mais desiste, Por mais que a noite venha, que se insista. Um resto de esperança ali resiste; Esta vida, altaneira, deixa pista. Com olhos perspicazes um portal, Na batalha da luta sindical. O menino, já moço, inteligente, Percebe bem profunda essa esperança. Nas lutas vai buscando outra vertente; Da justiça mantida na lembrança... A sua mão cortada em acidente, Trabalho, metalúrgica Aliança... Aliança também trouxe Marisa, A mansa companheira, doce brisa... Nascia assim, o líder brasileiro. Testemunha real das injustiças. Nas veias corre sangue verdadeiro Das vítimas mais frágeis das cobiças. No peito avermelhado, tal braseiro; Que não teme sequer batalhas, liças... Mais forte então, surgia a esperança. Mais alto, no horizonte, a vista alcança! No país, atolado até o pescoço, Nas injustas carcaças do poder; Cada vez aumentando o triste fosso... O pobre mais faminto, quer comer! As balas explodiram Calabouço, O Sangue de estudantes a verter... Em Brasília distantes da verdade; As ordens que chegavam: crueldade! Nas matas d’Araguaia, a resistência, Caparaó, montanhas lutadoras. Não deixam nem sequer pedir clemência, As balas detonadas, matadoras. Os cães perderam toda a paciência; Cravaram suas presas sangradoras! Esperança manchada de vermelho, Mas o povo jamais dobra o joelho! Nos exílios, torturas, “suicídios”; Nas mães desesperadas, nos seus filhos, Em tantos vergonhosos homicídios. Nos olhos embaçados, parcos brilhos; Venenos de serpentes, maus, ofídicos. O sangue esparramado nos ladrilhos! Nosso povo sangrado, analfabeto, Estropiado, agônico, incompleto... Tantas farsas montadas nas cadeias, Tantos mortos deixados ao relento... O sangue percorrendo nossas veias; Levado por abutres, vai ao vento... Tantas luzes acesas nas candeias. Refletem agonia e sofrimento. Liberdade, pedia-se na rua. Dos sertões, avermelha-se a lua! CANTO V A ditadura trouxe a tempestade, Deixando muitos órfãos e viúvas, Nos campos pareciam com saúvas, A morte destruindo a mocidade, Não restando sequer felicidade. Em São Paulo, crescia um operário, Amante dessa vida, libertário, No sangue que corria em suas veias, A chama alimentando essas candeias. Lutando por justiça e por salários. Tristes anos setenta, representam As lutas desse povo varonil, As dores não calaram o Brasil, Brados fortes com raça se levantam, Nos abraços, fantasmas já se espantam... Resistência mais forte deste povo, Nossa vida não pode ser estorvo As gargantas unidas soltam grito, Deus onde estás? Pergunta o povo aflito. Liberdade, podemos ver de novo? A mão pesada quebra toda lei, Os coronéis submissos do Nordeste, A vida transformando-se na peste, Monarquia terrível sem ter rei, Desse país mais justo que sonhei, Nada resta senão caricatura, Essa noite cruel por ser escura, Não permite sequer benevolência, Impera Norte Sul, tal violência, Comum em toda torpe ditadura... Resquícios de justiça são bem raros, Prisões se transformando em cadafalsos, A todos são vendidos dados falsos, Os corpos esquecidos são bem caros, Os cães que torturavam, finos faros... Esgoto cloacal por um momento, Verdade se perdeu no esquecimento, As mortes dos meninos sonhadores, Rasgando, destruindo tantas flores, De balas de tortura, empalamento... Nas portas, nos jardins da nossa casa, As rosas se tornaram puro espinho, Não resta nem sequer um pedacinho. As tropas invadindo, tudo arrasa, A terra que se queima sol e brasa, Não deixa nem sequer sobreviver, As plantas que teimavam em nascer. As mãos dos generais são abortivas, As pedras atiradas destrutivas, A vida quer, teimosa renascer... Vivíamos AI cinco vergonhoso, As celas entupidas por crianças, Que tinham ideais e esperanças, Pensar era um rito perigoso. O clima que se via, sulfuroso. Completa dissonância de valores, A terra que dizia ter amores, As portas que se fecham para a vida, Os jardins sem as flores. Distraída A pátria convivia seus horrores. Jorrava iniqüidades qual vulcão Queimando toda forma de esperança, Realidade morta... Na vingança O gesto que maltrata sem perdão. Na boca o sangue jorra podridão, Brasil não tem sequer uma saída... Distante, bem distante passa a vida. Chorando a nossa pátria, mãe gentil, Deteriorando todo o meu Brasil... Nas mortes nas cadeias, “suicídios”, Nas rimas amputadas dos poetas, As pontas com veneno dessas setas, Os corpos escondidos, homicídios, Nas greves começando seus dissídios, Nas portas das escolas e dos sonhos, Quem dera se pudessem ser risonhos, Os dias de tempestas sem futuro... Jogados violentos, contra o muro, Os déspotas por certo são bisonhos! Luis Inácio trava forte luta, Pelo respeito ao povo e seu salário. A vida desse cabra, um operário, Acostumado a glória da disputa, Não teme nem a dor e nem a gruta. Na saga dum valente nordestino, O mundo não lhe nega seu destino, As portas do futuro estão abertas, A vida preparou os seus alertas, Abrindo seus caminhos pro menino! A lua que brilhava avermelhada, Do sangue que corria em nossas veias, Destino preparando suas teias, Da mancha desta gente torturada, Os píncaros celestes, madrugada, Carregam tantos corpos, vão pesados, Os olhos que choraram marejados, Os dedos que perdemos nas batalhas, Segredos se perderam nas navalhas. O rosto desse povo desgraçado. A lua vai virando de mansinho, Vê Surgindo uma estrela em seu lugar, Mais forte refletindo luz solar, Estrela vem surgindo do carinho, Da luta desse povo pobrezinho, Dos sonhos que fizeram liberdade. As portas vão se abrindo, claridade. D’uma estrela vermelha como o sangue, Nas praças nas estradas, campos, mangue Esperança conhece realidade! CANTO VI A noite escura tantas vezes matou, Tantas vezes torturas e lamentos, Nas sangrias terríveis e tormentos, Que um belo dia a noite clareou. O povo adormecido, levantou E viu que a noite nunca seria eterna. Liberdade renasce cria perna E começa de novo a sussurrar, Num gemido; difícil segurar A manhã renascendo, mansa terna... Em São Paulo, o menino aparecendo... Presidente sindicato, liberdade! Gritando o nosso povo, na cidade As flores vencerão! De novo tendo A possibilidade renascendo, O sol que já raiou brilhando forte. Não temendo dor, guerra nem a morte, Acorda a nossa pátria mãe gentil. De novo a liberdade no Brasil! Os dados são jogados com a sorte... Os que se foram, voltam...São heróis, O povo num só canto nas diretas, Nas lutas por justiça, velhas metas. Unidos representam u’a só voz! Quem dera não voltasse noite atroz... Quem já sofreu não quer essa tormenta! Coração solidário não agüenta A dor de se saber sozinho assim... A noite que morreu, fugindo enfim, Novos brilhos o céu tão belo ostenta! As greves por melhores condições, Trabalho e salário fábricas fechadas, As mãos pesadas forças mal amadas, Armadas não conseguem, nos portões, Conter voz operária. Multidões Andando pelas praças reivindicam Direitos esquecidos, modificam Relações de trabalho escravagistas, Nos palcos os cantores e artistas, Nas escolas, vitórias se edificam... As bandeiras de luta são vermelhas... Estrelas no céu voltam a brilhar. A multidão cansada de esperar Nas ruas e nas fábricas, centelhas... Cansados de tais lobos, as ovelhas Resolvem, simplesmente ir para a luta. Não temem nem sequer a força bruta. O povo já prepara sua couraça. A mesma voz que cala, se amordaça, Não se omite mais, entra na disputa! O menino lutando então é preso... Garras apodrecidas o pegaram, Amordaçar o povo enfim, tentaram... Mas o povo não cede, vai coeso. Quem se sentia frágil, indefeso, Não teme mais nefastas, más chibatas Nas novas circunstâncias, novas matas, Vida raiando bela, esperançosa, A ditadura podre, vergonhosa, Morrendo aos poucos, restos, lixos, latas... Eurídice, menino está na cadeia, Teu guerreiro, Luis, aprisionado... Um passarinho livre, engaiolado. A noite escurecendo já preteia O horizonte na brasa que incendeia! Eurídice, seu Lula, seu garoto... Jogado pelos ratos desse esgoto Vergonhoso que fede, ditadura. Eurídice mãe, zelo de ternura, As dores que vieram, não suporta. A noite prendeu Lula, deixou morta Guerreira maltratada, vida dura! Olhos fechados, noite violenta... A guerra começando, não termina. A vida do menino, sua sina. As correntes ferozes, arrebenta. Na luta que não pára, sempre aumenta. No dia que promete renascer, As batalhas difíceis de vencer. Lutando todo dia, a liberdade, Parece inda distante realidade. O novo dia tarda, vai nascer! Igreja, sindicatos, estudantes. A luta na harmonia se fez santa. Vontade de mudar, o povo canta! Os tempos que não param são mutantes. Os livros reaparecem nas estantes! Vermelhos são os olhos que choraram Vermelho o sangue que já derramaram! Vermelhos nossos sonhos de vingança; Vermelha passa ser a esperança! Vermelhos nossos dias se contaram! Estrelas no céu, brilhos mais fortes... Estrelas no mar, belas e sensíveis. Estrelas nossos sonhos impossíveis. Estrelas guias, rumos, metas, nortes... Estrelas divinais nos darão sortes... Estrelas radiantes lá do céu. Estrelas nos cobrindo, doce véu. Estrelas envolvidas de ternura, Estrelas representam a bravura. Estrelas avermelham meu dossel! Nasce nova esperança, um novo sonho! Noites nunca jamais serão iguais. No fundo dessa noite brilha a paz! De novo poderemos ter risonho O dia que passamos, tão medonho! Num novo canto, belo amanhecer, Num novo dia, novo alvorecer. Estrela avermelhada, nosso guia. Estrela ressurgida, poesia! Nascendo nova estrela no PT! CANTO VII Depois das tempestades mais cruéis, Estrela brasileira quer brilhar... Estrelas lá do céu, refletem mar... Distantes generais e coronéis, Os sonhos ressurgiram seus corcéis... O povo pelas ruas exigente, Espera ver nascer, tão de repente, O sonho que sonhara todo dia... Renascer no Brasil, democracia! O dia clareou tão envolvente!!! Nas ruas, batalhões procuram paz. Diretas eleições prá presidente; Gritava nosso povo, nossa gente... Tempos negros, sangrentos, nunca mais! O povo quer mostrar do que é capaz! Nas ruas, batalhões foram frustrados, Últimos estertores, des’perados, Os donos do poder, podres servis, Calaram nossos sonhos juvenis... Os últimos grilhões foram mostrados! Eleições indiretas novamente... As portas semiabertas já mostravam, Que os dias mais felizes,já chegavam Mas essa ditadura renitente, Não queria sair impunemente... Nos plenários eleito foi Tancredo, Mas a morte mistura-se com medo E não deixou mineiro governar. José Sarney entrou em seu lugar, Estrela começava seu enredo! Nesses anos confuso presidente, Momentos belos, triste seu final. As elites preparam festival. Criando com sotaque diferente, Um ser extraterrestre: Minha gente! Crescia d’outro lado um operário, Um nome com sentido libertário, Estrela começando, quer brilhar, Mas a podridão não quer deixar... O rio procurando outro estuário! Imprensa brasileira, tão servil... Lacerda deixou muita tradição. Dos nossos jornalistas, traição! Jornais se transformando num covil. Os submissos covardes do Brasil, Criaram criatura mais infame, Os jornais foram feitos de reclame. Os vermes vendilhões interessados, Trafegam com gravadores empunhados, Estrume cultural há quem declame! Esses mesmos pilantras de hoje em dia, Vendidos pra vender uma revista, Espelham na verdade essa golpista Visão. Tentam lamber a burguesia... A verdade? Pra quê? Essa se adia... Tentam roubar do povo o coração... Se escondem disfarçados qual ladrão. Imprensa brasileira, me envergonha! Tentando distorcer, rouba quem sonha. O povo que te deu a concessão!!! Nossa imprensa calhorda e tão safada; Forjando tempestades num só lado, Visando destruir sem ter plantado, Maltrata nossa terra mãe amada, Ocultando essa faca bem guardada, Nas mãos que maltrataram, sem afago, Tubarões e piranhas neste lago, Empapuçam de sangue essa alvorada!! Roubada por mentiras e patranha, Estrela nunca mais irá dormir! O seu tempo não tarda mais a vir... Mesmo contra essa gente tão estranha, Os ladrões e falsários... Arrebanha O povo mais simplório mais sofrido... Um país tão cruelmente dividido, A fome se espalhando pelas ruas... As lutas verdadeiras são as suas, Estrela avermelhada do menino... O Brasil buscará o seu destino.. Nas nossas lutas, bela, continuas... O boneco criado pela imprensa, Em flagrante delito já foi pego... Pelo poder elite tem apego, Muitas vezes o crime, sim, compensa... Os jornais não puderam fechar prensa, O nosso povo, saiu para a praça, Nas escolas meninos... tal fumaça Assustou poderosos e canalhas... Escondidos, os ratos, velhas tralhas, Disfarçados, misturam-se na massa!!! CANTO VIII Nosso povo sofrido, brasileiro; Espera pelo santo salvador. Nossa terra, vencido o seu valor, Precisa desse sonho verdadeiro. Poder gritar ao grande mundo inteiro. Que somos orgulhosos deste chão! Que esse nosso desejo não foi vão! Que temos novidades para o mundo. Que nosso país, belo e tão fecundo, Nele posso viver uma nação! Nas horas mais difíceis nossa luta! Nos campos a faminta mocidade, Nos olhos sem temor, a claridade. Outra voz diferente não se escuta A esperança vencer a força bruta! Brasil, de vossos filhos novo canto! Nossa terra encerrando tanto encanto! Nosso povo mais simples varonil! Orgulho desta audaz terra Brasil! Nunca mais ouvirás o nosso pranto! Entretanto, ladrões se apossariam De teus bens de teu solo e teu orgulho! Prostitutas soturnas, sem barulho, Riquezas de teu povo venderiam, Da nossa mãe gentil se perderiam... Tais vândalos hipócritas audazes Usando de disfarces bem mordazes, Dilapidaram tudo que se tinha! Bando de ave safada erva daninha, Roubaram pobre povo sofredor. Esquecendo qualquer ato de amor... Nosso dia sonhado nunca vinha!!! Quatro anos era pouco, querem mais! Se preciso compram vil consciência! No país em frangalhos a decência! No governo tais víboras boçais, Estropiam destroem, animais! Oito anos de cruel destruição! O povo tão faminto deste chão, Procura pela estrela salvadora A vida se precisa redentora. As flores que nasceram no sertão! Os vendilhões vestidos do poder Rasgaram nossa terra nas entranhas. Nossos bens pr’ essas gentes tão estranhas, Foram cedidos. Roubam o querer, Esperança jamais amanhecer! A vergonha estampada em nosso peito, O Brasil se transforma, sem direito, Nosso povo faminto não tem chance, Nossa vista perdendo todo alcance, Nossa pátria parece não ter jeito! Escândalos calados no Congresso, A voz de nosso povo anda distante... Um povo espoliado a cada instante.. Tanto erro cometido e não confesso, A fome transtornando põe do avesso As mentiras contadas pelos crápulas, Nas nossas carnes marcas dessas máculas, Os olhos esperando novos dias, Por tempos de cantar de poesias, Mas nosso sangue exposto a tais vermes, dráculas! Sivam, telefonia, vale, tantos..., Desmandos dessa corja vil, canalha... As mentiras seus campos de batalha, Ocultando os seus roubos pelos cantos, Não se importam com todos nossos prantos. A pátria prostituta foi criada, De tal forma a riqueza foi roubada Nosso solo esgotado por safados, Brasileiros jamais foram roubados Desta forma, sedenta e esfomeada! Oito anos de total insensatez, Nos engavetadores da justiça, Nossa esperança velha e sem cobiça, Reduzida a pó, nunca tem a vez. Quando será? Terá enfim talvez? Nos desfalques banqueiros sem igual, Mas nunca tem problema, não é mal, Nosso povo faminto paga a conta... Por mais que a burguesia vil apronta Nosso governo pensa: é natural!!! Bilhões de reais foram roubados, Nós Pagamos bem caro as roubalheiras. As cores que pintaram as bandeiras, Desse negro cruel dos enlutados, Nos destinos do povo: esfomeados! Na certeza de nunca mais ter glória. O sangue respingando em nossa história. Da terra prometida somos nada, Até nossa cor verde foi roubada... A marca da pantera na memória! Canto IX Nosso povo cansado desta liça De tantas falcatruas e desvios. A marca que domina, a da cobiça, Os olhos dos ladrões, mirando frios. Esperança que nunca foi noviça De novo percorrendo nossos rios. A mão desta criança esfomeada, Que se senta na beira da calçada... O medo reunido nesta elite, Não quer que nosso povo tenha luz. Não há mais coração que não palpite No meio dessa plebe já reluz Estrela avermelhada sem limite, É força que nos guia e nos seduz! Aurora que vivia envergonhada Já surge na manhã tão estrelada! Quem fora tempestade já não manda, Os rastros se demonstram mais seguros. Amor de juventude não desanda, Os dias se prometem sobre os muros, A lua que nos brilha, de Luanda Nos trouxe tantos lumes nos chãos duros. O Brasil carregando esta criança Acende seu luzeiro de esperança! Da boca da criança quase um riso, Promessa de viver um novo canto. O sangue derramado foi preciso A noite que virá terá encanto, Amor incendiado em paraíso Espalha-se por certo em cada canto. A vida se mostrando liberdade, Distante vive a dor e a falsidade... As tempestades chegam, se dissipam, Os olhos do país miram p’ra frente. Os laivos das vergonhas já se extirpam O rosto da criança é envolvente, As luzes que virão já se antecipam, Um povo que se achava mais doente Estrela avermelhada clareou. O deus que é da esperança, enfim, vibrou! X Nas minhas fantasias, te vi solta, As marcas do teu beijo em minha boca, São labaredas, queimam. Minha escolta Procura navegar a nave louca... Mas teimo em estampar minha revolta, A voz que grita aflita, fica rouca... Meu tempo que perdi, nada edifica A dor que já sangrei, me dignifica Não resta nem sequer teu telefone, Meus versos que joguei garganta abaixo, Das noites que passei, quedei insone, Procuro, tantas vezes, e nada acho, Quem dera fosse assim, um Al Capone; Das trevas que passei, um simples facho... Terias, com certeza, mais respeito. Amar demais passou a ser defeito! Vomitas imbecis tais impropérios, Fazendo dos meus versos, teus faróis, Das mortes que cultuas, cemitérios, As notas que queimaste sob os sóis... Vagando não te temo. Necrotérios Esperam quem zombava nos lençóis... A vida fez comédia mais sem graça. A morte, sutilmente, nem disfarça... Mas teimas, tuas queimas virão lentas... As asas assassinas são vorazes, Na chama que te chama, não esquentas, As dores que me trazes são audazes; Nas portas, nas cadeiras, onde sentas Cortando fortemente essas tenazes... Não quero nada sinto, nem prazer, As horas que disfarças sem querer... Cigarros vou fumando sem ter pressa, Na fumaça percebo tua cara. Não pretendo nem quero essa conversa, A maldita cachaça me enganara. Sentimento profundo, vil. Ora essa! A boca que me cospe se escancara, A noite que não tarda, não te viu, A mão que te servia vai servil... Perdeste tanto tempo, mas ganhaste, Essa batalha torpe que me inventas. As noites que sequer enluaraste, Na porta das lembranças são sangrentas... Não podes reclamar nem que ficaste, Pois são mais convulsivas, violentas... Na porta da senzala que m’abrigas, As velhas, costumeiras, vãs, intrigas... Não sei mais o teu nome, nem me importa... Carpi teu corpo, morto na memória, Fechei a tua casa, tranquei porta, Jamais vou reviver a nossa história... A boca que cuspiste já vai torta, Tristezas que traduzes, minha glória! Pútridas as manhãs que me feriste, Nessa tua gaiola, nem alpiste... Me restam pois somente esses segundos, Não quero reviver tais leviandades, Irei te perseguir por tantos mundos, Mataste, bem cruel, felicidades... Nos mares, caçarei, ‘té nos profundos, Abismos onde houver as claridades... Não sinta-se feliz nem satisfeita, A vingança será mais que perfeita... Veneno que bebi já faz efeito, A cabeça rodando vem a paz... Olhando pro teu corpo no meu leito, Não quero mais saber se sou capaz... As horas que se passam, tudo espreito. Consigo distinguir lá: Satanás! As mortes que refiz são libertárias. As dores que senti, se foram, várias... Meus últimos segundos esvaindo... A morte acaricia meus delírios Teu corpo, nossos corpos já vão indo... Cobertos estarão por belos lírios Amei-te... Foi demais, e foi tão lindo... Valeram enfim todos meus martírios... Vivi profundamente meu desejo... Despeço-me com calma, nesse beijo X No teu brilho estrelar, és solar fácula; Na tua trilha sigo, meu farol. Sem te ter, perderei meu rumo, sol! Minhas noites perdidas, pura mácula... X Salmo 2 - Versos Brancos Os gentios amontinados, vão; Os povos imaginam coisas vãs. Os reis da terra se erguem contra o Pai E contra seu ungido, então dizendo: Rompamos ataduras, sacudamos De nós as suas cordas. Deus rirá, O Senhor zombará desses gentios... Então lhes falará, na sua raiva, E no furor, os turbará, enfim. Proclamarei decreto dito a mim, Pelo Pai: Tu és filho meu gerado; Te darei os gentios por herança, Os fins de toda terra, possessão... Os esmigalhará, com tua vara, Os despedaça como um vaso frágil. Ungi meu Rei no monte do Sião! Agora, reis, sejais bem mais prudentes. Juiz da terra, deixa-se instruir. Servi, ao meu Senhor, com tal temor; Beijai ao filho, fuja de tal ira. Para que não pereças no caminho... Quando acender, su’ira, brevemente. Boa ventura então, aos que confiam... X Salmo 1 - Versos Brancos Homem que não seguir conselhos d’ímpios, E nem dos pecadores, segue a trilha; Nem de quem escarnece, sent’à roda, É bem aventurado, com certeza... Antes, tem seu prazer na lei de Deus. Medita dia e noite sobre a lei... Qual árvore plantada no ribeiro, Dá frutos no seu tempo; suas folhas, Não cairão, prospera em todos atos. Pois são como a moinha que se espalha. Os ímpios não resistem no juízo, Nem mesmo os pecadores entre justos. Pois o Senhor conhece,desses justos, O caminho, que jamais perecerá! X Salmo 10 - Versos Brancos Por que estás tão distante, Meu Senhor? Nesse tempo d’angúsitas t’escondes... Os ímpios perseguindo o pobre, fúria! Que sejam apanhados nas ciladas, Que eles mesmos, cruéis, já maquinaram... Bendizendo o avaro, nega o Pai; Deus, eles não buscam por altivez... Renegam existência do Meu Deus. No caminho, atormentam toda vez. Desprezam inimigos, seus juízos Estão acima, os abalos não temem... Imprecações povoam suas bocas, Assim como os enganos e astúcias... Malícias e maldades nessa língua. Nas aldeias, tocaias já preparam, Matando os inocentes e os mais pobres. Armas estão ciladas, escondidas... Prontas para roubar, qualquer um pobre... Diz, em seu coração, que Deus não viu... Levanta-te Senhor, erguei as mãos; Não te esqueças jamais, desses humildes! Tu viste esses tais ímpios, quebre braços! O pobre se encomenda ao Meu Senhor, És auxílio Senhor, dos órfãos todos.. És, pois, o Rei Eterno, em Tuas terras, Perecerão gentios. Ó Meu Pai, Ouviste então, desejos dos mansos, Conforte os corações. Os Teus ouvidos Abertos, sei, para eles estarão! Faças cair justiça sobre os pobres, Que os órfãos, reconheçam-na também, E qu’homem não prossiga em violência... X Percorro meus delírios, sonhos, medos... Segredos ponho, barcos e tempestas; Festas e fantasias, carnaval... Aval de Deus permite cada luz... Iluminas as minas de minha alma... Acalmas todas dores que virão. Por certo não conjugas sofrimento Com meus desejos mais sutis, carinho... Num átimo, meu último segundo. Caçando tais estrelas ness’astral. Sim, nossa verdadeira manhã morre. Escorrem dos meus dedos, nossa vida. Ávida vida, deve breve vértice... Artífice da sorte, motes mortes... Temo o temor, tremendo teus tentáculos. Meus oráculos mentem, nada tenho... Venho desse jamais tivesse sido... Duvido do óbvio, vingo minhas chagas. Algas nas águas, mágoas nas lagoas; Entoas novas loas, trovas, canto. Tanto tempo terei temporal, medo... Segredo meu segredo segregado... Minhas minas terminas temerária. Na confusão dos cios, ciclovia... Havia álibi, livre colibri. Mas quando vi, estavas só vagando... E te perdi, pedi a penitência. Feche teus olhos, veja o meu desejo. Num martírio, deliro e nada resta, Pela fresta, janelas, portas... Morta A solidão, revive viva vida. Não quero mais senão, sertão, serralha. Nem a canalha forma que me forma. E que me informa: foste tão fugaz... X Amor fluindo pelos dedos, sal... Quero essa sombra, divinal, cometa... Navegarei sem me cansar, o astral Buscando conhecer novo planeta. X Quando percebo; o fim da noite vem, Trazendo essa alvorada com o sol, Manhãs tão radiantes, são promessas, Da vida renascendo sem tempestas... Meus medos são desejos não cumpridos. A sorte nada faz senão mentir... Me cabe nessa história ser poeta. À parte do que sinto, nada falo... Queria transformar os meus caprichos, Mas omitindo, vou seguindo mudo... Repito meus dilemas, num soneto; A morte s’aproxima, mas me calo... Revendo por rever os meus problemas, Quem dera nada fosse tão difícil. Em versos brancos, fiz sentidos vários... Canários vão cantando, nessa mata. Me mata essa saudade de você. Você que me permite então sonhar. Sonhar que é outra forma de viver... Viver sem ter segredos, traz verdade; Verdades são momentos de prazer; Prazer dos beijos loucos que me deste, Deste mundo jamais vou me evadir; Evadir por quê? Sinto essa presença... Presença mais vital, felicidade... Felicidade brilha no horizonte. Horizonte trazendo novo dia... Dia mais feliz, quero, de fato... Fatos novos são luzes sobre trevas... Trevas que na minh’alma são tristezas; Tristezas por saber que nada sei, Sei somente do canto que ensinaste, Ensinaste, depressa, a não morrer... Morrer dessa saudade, dor cruel, Cruel como a distância que guardaste, Guardaste, sem saber a minha luz, Luz dos teus olhos vão brilhando, cegam... Cegam um coração vadio, louco... Louco dessa vontade de saber. Saber em que caminhos, te perdi... Perdi na minha luta contra a morte. Morte que se traduz, em não te ter... X Eu quero o gosto salutar do beijo, Roçando os lábios, mansidão trazendo; Nesse querer, aprofundar desejo, Num renascer, por todo amor, morrendo... Quero viver ansiedade... Vejo Nos olhos, brilho do luar, sorvendo... Ah! Quem me dera conhecer perdão, Seria assim, como m’erguer do chão... Eu quero a mansidão do teu carinho, Quero a ternura mansa de teus dedos Percorrendo; macios, todo o ninho, Onde se esconde todos meus segredos... Eu quero me sentir belo azevinho, E não guardar, sequer, nenhum dos medos, Que tantas vezes foram empecilhos, Que impediram, seguir enfim, meus trilhos... Eu quero a sombra d’arvoredo em mim, Beijar as mãos de quem carícia traz. Sentir o teu poder, trazido assim, Nessas manhãs que me permitem paz... Esquecer quem sou, vindo d’onde vim, Saber cada minuto, ser capaz De penetrar esses caminhos tortos, Vou esquecendo tudo, até meus mortos... Ter amor, ter paixão, felicidade... Saber que estás, por perto a todo instante; Conhecer quão amarga uma saudade. Amor, palavra que traduz constante, Num diário exercício, liberdade... Ao contrário, paixão, inebriante, Delira e me maltrata, sem ter pena, Enquanto o amor, suave manso, acena... Perdido num passado me encontrava, Sem luz, sem brilho, delirante algoz; Juro-te, então, jamais imaginava, Que poderia ouvir silente voz, A voz do coração, que se negava, Sequer mais uma chance, dor atroz... Agora que conheço ser feliz, Mergulho no teu colo e peço bis. Amiga, me permita um desabafo, A vida foi cruel, mas é passado... Da fera solidão, senti seu bafo, Meu mundo tantas vezes foi errado. Quantas vezes calado estou, abafo A sensação feroz do triste cardo. Nos seus espinhos me feri demais, Minha memória grita então, Jamais! Quero a delicadeza de teus pés, No caminho feliz que me ensinaste... A vida tantas vezes no viés Desviou-se do rumo que traçaste... Meu barco, naufragando sem convés, És o porto seguro, fiel haste Sustentas com vigor a minha vida, Quem dera nunca houvesse despedida... Se bem sabes o quanto que te quero, E quanto devo nunca tenhas cismas; Em cada novo verso, eu sempre esmero, Tentando prosseguir sem cataclismas; Porquanto tanto amor, sempre tempero As luzes vou filtrando em novos prismas... Amada, nunca fujas de meus beijos, A vida se traduz nesses desejos... X Fui andando para o norte Procurando o meu caminho, Dei azar, nunca dei sorte, Por isso estou tão sozinho, Nas curvas do bem querer, Eu me perdi de você... Não quero saber mais nada, Tenho minhas mãos cansadas, Mulher, quanto mais amada, Mais duras, as nossas estradas... Quero saber de seu colo, Lhe deitar, mansa, no solo... Tenho calos nos meus pés, De tanto que caminhei, Fui em frente, de viés, Meu caminho eu já errei... Mas não passo de idiota, Perdendo meu rumo e rota... Vi nas travas do destino, O olhar dessa quimera, Meu amor é de menino, Mas ela é uma pantera. Tenho sede, um copo dágua... Para aplacar minha mágoa. Sei que não teria cento, Por isso quis a dezena, Meu amor o seu assento, Com jeitinho, me envenena. Quis ter beijo da mulata, Seu ciúme me maltrata... Nas bugigangas da vida, Encontrei o seu retrato, Minha dor na despedida, Coração pagando o pato... Vem pra casa meu amor... Faz frio quero calor. Batendo o queixo de frio, Procurei por meu amor, Coração bate vazio, Esperando o cobertor... Vem pra cá minha menina, Coração bate em surdina... No gole desse conhaque, Vou acabar meu enredo, Meu amor não é de araque Sem você, vivo com medo... Medo de ter solidão, Sem você não vivo não... Meu sapato já furou, Minha calça está rasgada. Seu amor foi que ficou, Sem você não tenho nada, Vi a curva desse vento, No meio d’esquecimento... Fui pescar lá no riacho, Uma sereia peguei, Bananeira já deu cacho, Todo menino é um rei... Quis saber de sua boca, Acabou, dormi de touca... Usei isca de primeira, Pra pegar peixe mulher, Mas caí, tomei rasteira, Agora, ninguém me quer... Não sei mais falar bonito, Tanto sofro quanto grito... Joguei rede pra pescar, Agarrou no meio fio, Quando a noite é de luar, Coração bate de frio... Nas curvas dessa saudade, Eu só encontrei maldade... Vou buscar um curativo, Pra curar minha ferida, Amorzinho, fica ativo, Seu amor nem Deus duvida, Amor bicho interesseiro, Procura outro travesseiro... Fiz a cama no terraço, Esperando pela lua, Meu amor me deu cansaço, Minha luta continua... Procurando por Maria, Encontrei quem não queria... Vendo espaço lá no céu, Quem quiser pode comprar, Deixa levantar o véu, Espera o que vou mostrar... De carroça capotei, Duas pernas eu quebrei... Procurei a minha chave, Não achei nem fechadura, Ciúme é como um entrave, Tem gente que não atura... Quero o gosto da maçã, O perfume d’hortelã... Minhas dores são do parto, Meus amores são de fé, Vou lhe propor mais um trato Acho que esse vai dar pé, Você canta seu bolero, Eu imito o quero quero... Quis um beijo me negou Quis carinho, não me deu, Andando por onde vou, Não vai nem ela nem eu... Meu amor me disse não, Acabou todo meu chão... Vou terminar essa joça, Não tenho mais paciência, Vou me deitar na palhoça, O resto é coincidência... Fiz um verso pra você, Mas você não quis nem ler... X Quero a vida bem de manso, Nunca quero me estressar. Na cadeira de balanço, Vivo de papo pro ar . Quando chove mato a sede, Deitado na minha rede... Pingo d’água na goteira, Não deixou meu bem dormir, De segunda a sexta feira, Meu amor, estou aqui. No sábado e no domingo, Desse amor quero respingo. Coisa chata é trabalhar , Já dizia meu avô; Andando de lá pra cá, Faço o que meu vô falou; Trabalho cansa demais, No trabalho perco a paz... Aprendi somente rima, Eu nem sei tocar viola. Minha vida vale a prima, Mesmo fugido da escola, Aprendi fazer meu verso, Olhando para o universo... Já viu que coisa bonita, É a flor na primavera. Bela moça, laço, fita, Fosse minha, quem me dera... Mas quê que eu posso fazer? Só tenho amor pra viver... Chove chuva pequenina, Vem molhar o meu chapéu, A chuva trouxe a menina, O castigo vem do céu... Gostei tanto dessa moça, De chorar, fiz uma poça... A porta do tempo bate, Vento batendo na porta. Amor azul e escarlate, Teu amor é que me importa... Arco íris cobre tudo, Sem teu amor, fico mudo... Mas não posso ter segredo, Nem posso falar a verdade. Tal amor foi meu enredo, Resultou felicidade. Quero saber de teu beijo, Onde está nosso desejo? Eleição tem nesse ano, Eu já tenho candidato. Na terra do desengano, Eu não vou pagar o pato. Você governa meu peito, O seu amor tá eleito... Vinha na curva do rio, Quando na margem avistei, Chamei para o desafio, Na sua terra fui rei. A vida andando tão boa, Nos braços dessa coroa... Na montanha dos prazeres, Meu amor encontro fé, Na placa tem os dizeres, Minha casa é de sapé. Tem a moeda dois lados, Nossos casos separados... Vim de tarde sem magia, Procurei por Madalena, Encontrei só a Maria, Sem amores, sem ter pena... Veneno de jararaca, Se for ela, a vida empaca... Fui levar o meu amor, No cinema, prá ver fita. Nem bem ela lá chegou, Quis tomar uma birita. Moça pinguça de fato, O filme acabou no mato... Depois dessa choradeira, De neném no meu ouvido. Acabou-se a brincadeira, A vida perdeu sentido, Todo dia bem cedinho, Me levanto sem carinho... A coisa tá diferente, Já não tenho mais sossego, Todo dia no batente, Tenho que estar lá n’emprego... Patrão é coisa do demo, Levando o barco com remo... Cineminha sem vergonha, Acabou com minha paz. ‘Tô parecendo um pamonha, Ninguém me conhece mais... De tarde já ‘tô cansado, Levando vida de gado... A cachaça é que tem sido, Minha leal companheira. Só ela me dá ouvido, O resto todo é besteira. Bebo sim, e bebo tudo, Nada falo, fico mudo... A danada da mulher, Fica em casa o dia todo. Faz tudo o que bem quer, Não anda, criando lodo... Me restou só essa pinga, Mas um dia, a gente vinga... Me mandaram um recado, Pro trabalho seu doutor. Tinha um cabra bem safado, Debaixo do cobertor. Agora virei chifrudo. É bom que acabo com tudo... Tão os dois aqui do lado, Veja que coisa bonita. Ela nua ele pelado, Olha a cara da maldita. Eu é que fiquei feliz, Tome essa meretriz... Seu delegado desculpe, Não quero mais complicar. Por favor não mais me culpe, Nunca mais vou trabalhar... Eu já pedi demissão, Libertei meu coração! X Seu moço me dê licença, Vou contar para você, A vida traz recompensa, Já não quero mais morrer, Quero o gosto da partida, Tudo de bom nessa vida; Não deixa nem um sinal, No ranço dessa saudade, Corro meu canavial, Vou voltar para a cidade, Nas ondas do rio mar, Sem ter hora pra voltar... Quero o desejo da moça, Na boca que tanto quis, Não me interessa essa poça, Eu só quero ser feliz... Tenho duas mãos cansadas, Nas carícias, bem treinadas... Tenho os pés para pular, Nas mantiqueiras da vida, Nem preciso mais voar, Trago dor já bem curtida, No couro que Deus me deu, Quem sabe de mim, sou eu... Quis ver a banda passar, Cantando coisa d’amor, Meu amor deixei por lá, Chora um peito sofredor, Pelas bandas do sertão, Eu deixei meu coração... Nosso amor que eu não esqueço, E também teve valia, Tanta dor que não mereço, Dói de noite, dói de dia. Mas agora vou de lado, Esqueci do teu recado... Tudo em volta era tristeza, Eu deixei tudo pra trás, Agora busquei beleza, Agora eu só quero paz... Já não quero mais a morte, Encontrei saúde e sorte... Nos braços dessa morena, Foi a minha solução, Amor demais me dá pena, Bate firme coração... No canto da sabiá, Meu coração bate lá... Fiz um verso pra Maria, Joana quem quis ouvir, Meu amor, bem que queria, Meu amor eu bem te vi... Mas não quero mais mentira, Nem amarras nem embira... Caprichoso e nordestino, Fui seguindo meu caminho, No meu mundo, meu destino, Antes só que ser sozinho, Tenho o canto do tié, Eu canto, canta você... Já podeis da terra, filho... Lembrar dessa cigana, Da vida sei estribilho, Ela nunca mais me engana... Sorte cigana cruel, Muito amargo, traz o mel... Eu plantei o meu roçado, Deu formiga comeu tudo, Nem fiquei preocupado, Entrou calado sai mudo... Formiga tanto que deu, No seu roçado sou eu... Meu amor troce de Minas, Ouro em pó e muita rês, Nas pernas dessas meninas Enrosco tudo de vez, Queria ter meu balanço, Colado contigo, danço... Faz frio quero teu colo, Vem comigo se aninhar, Eu vou te deitar no solo, Tanto amor pra se amar... Não reclame dessa sina, Relaxe minha menina... Quis um beijo não me deu, Um abraço me negou, Meu amor, então morreu, Nem quer saber mais quem sou... Chorei, um choro fingido, É melhor que eu ter morrido... A lua é de São Jorge, O cavalo e o dragão; A saudade em meu alforje, Vai pesando o coração... De banda, então eu caminho, Já não ando mais sozinho... Quis ter medo nada tive, Meu segredo sei de cor, Tanta dor que me contive, Não quero viver mais só, Preciso de companhia, Seja de noite ou de dia... Vagabundo coração, Bate tanto sem ter senso; Meu amor peço perdão, Noutra coisa já não penso... Quero a vida divertida, Nos teus braços quero a vida... Meu carro perdeu a roda, Ao subir nessa alameda, Vou cantando minha moda, Queimando na labareda... Faz assim um só carinho, Coração apressadinho... Meu amor, quando se gosta, Não sei rezar outra prece; Até mesmo um vira bosta, Cantando nunca se esquece... Quero teu carinho amada, Toda noite e madrugada... Meu amor tem um cadinho De tudo que posso ter, Machucando, vagarinho, Matando sem perceber... Amor trouxe novidade. Agora? Maternidade! Na fumaça do cigarro, Amor fez as espirais; No ronco desse meu carro, Não te esquecerei jamais... És a rosa na janela, Tens o lume dessa vela... Mas um amor pirilampo, Não merece essa atenção; É forte como relampo, Mas num firma o brilho não... Acendendo e apagando, Meu coração vai matando... Amor tem que ter saudade, Já dizia esse poeta; Um grande amor, na verdade, Que é nossa principal meta, Tem que deixar ess’azedo, Certeza cheirando a medo... Terminando meu cantar, Eu falarei com clareza; Não dá nem pra comparar, É no mundo a realeza... Bem maior, digo a verdade, Que todo amor, a amizade! X Lavo os olhos na saudade, Meu caminho segue o mar No mote que eu encontrar, Minha sorte de verdade É saber da claridade, É não poder mais ver morte, Nem cruzar o pólo norte, Nem sanar essa ferida, Nem cuidar da despedida. Nem reclamar dessa sorte... Minha lida foi marcada, Pela curva desse vento, Meu maior, grande provento; É não saber mais de nada, Não ser boi nem ser manada, Nem usar cabeça baixa, Tanto amor, a gente acha, Na serra dessa esperança, Que maltrata essa criança Cuja morte não se encaixa... Quero sentir teu perfume, Acalentar o teu pranto, Esconder-te em meu recanto, Não quero mais teu queixume Não cabe mais teu ciúme... Quero te dar, namorada, A minha mão cansada, Para poder descansar, A vida inteira, te amar, Sem ter mais medo de nada... E quando, enfim, a saudade, Bater forte sem descanso, Pensa então nesse remanso; No lago azul, claridade, Que te amei, com tal verdade, Que nunca, alguém amaria, Te desejei todo dia, A cada instante sem medo. De Deus já sei o segredo, Tanto bem que te queria.. X Saudade – mulher amada, Dos nossos beijos roubados, Saudade dos tempos passados, Na noite, na madrugada, Da tua boca molhada, Dos corpos entrelaçados, Dos desejos mais molhados, Desse tempo que não volta, E, por não voltar, revolta, Corações apaixonados... Saudade da minha infância, Onde vivi felicidade, Trazendo tanta saudade, A quem não teve constância, Da sorte teve distância, Mas foi feliz por um dia, Vivendo da fantasia, Que nunca mais voltará, Saudades torrada e chá, Que minha mãe me trazia... Saudades da minha terra, Que ficou no meu passado, Olho o tempo, vou de lado, O coração não encerra, Pesando daquela serra, Inclinado vai andando, Tanto lugar se mostrando, Nas curvas da existência, Mas, saudade, diz clemência, Num retrato, recordando... Saudade da juventude, Onde não tinha nem medo, A força era meu segredo, Onde sempre quis não pude, Amar assim, amiúde, Quem nunca mais queria, Mas a vida era vadia; Nem sonhava recompensa, Vida leve, breve, densa, Saudade faz melodia... Saudades do grande amigo, Que ficou lá no sertão, Seguindo por outro chão, Nunca mais terei comigo, No conselho, paz, abrigo... Na vontade de ser rei, Tantas vezes que eu errei, Tive o braço companheiro, Hoje sei do mundo inteiro, Mas saudade também sei... Saudade do Botafogo, De Garrincha e de Didi, Do melhor time que vi, Não tinha nem pena e rogo, Brincando, ganhava jogo, Nas pernas tortas e loucas, Vozes delirando roucas, No Maracanã da vida, Pena que vai esquecida, As lembranças são bem poucas... De minha mãe a saudade, Dói essa dor tão cruel, Mãe na terra, mãe do céu, Simbolizas claridade, Se a vida traz falsidade, A verdade em ti está, Onde eu estiver, é lá, Que teus olhos estarão, Nesse imundo mundo cão, És um porto mais seguro, Se me escondo nesse escuro, Representas o clarão... Saudades desse meu filho, Ceifado logo bem cedo, Deixando meu grande medo, Novo enredo que hoje eu trilho, Sua dor, meu estribilho, Entoando todo dia, Martiriza a noite fria, A saudade rasga o peito, Pergunto qual meu direito! Vou vivendo essa agonia... Saudades dessa esperança, De viver um mundo justo, De respeitarem arbusto, De respirar nova dança, De teimar em ser criança, De ter um mundo melhor, Sem diferenças e guerras, Nossa Terra, tantas terras, Nosso sonho ser maior, Justiça saber de cor... Saudade trazendo um laço, Prendendo o que for saudade, Saindo da realidade, A vida acolhendo meu passo, Descansar esse cansaço, Duns olhos de sertanejo, Na campina, no desejo, Do trabalho, lindo sonho, Minha saudade, te ponho, No canto dum realejo... Saudade dessa mulher, Saudade dessa criança, Saudade dessa festança, Saudade, jovem, me quer. Saudade, jogo qualquer... Saudade tão companheira Saudade dor parideira, Saudade doce Natal, Saudade desse ideal, Saudade da vida, inteira... X Falando minha verdade, Buscando novo cantar, Procuro tanto teu mar, Mares dessa saudade; Reviver a liberdade... Quero a boca que me nega; Que nunca, jamais , sossega... Quero tentar ter amor; Desses prados sei a flor, Flores que a lágrima rega... Falta minha temporada, A primavera da vida; Onde não sei despedida, Na mais feliz alvorada, Por amores inundada... Quero ser tua semana, Uma esperança que emana De cada novo cantar, Horizontes por voar... Minha luta mais temprana... Turbilhão de sentimentos, Não queria tempestade, Mas tudo isso me invade, Em todos novos momentos, Tantos velhos tormentos... A sombra do que já fui, Nada mais tenho, se exclui O que tive, o que passei; Nos braços aonde errei, Meu mundo se queda, rui... Num silêncio vou solene, Buscando por minha luz, Carregando velha cruz, Não há dor que não me empene; Amor que sonhei perene. Perante tanta vergonha, Tudo de bom que se sonha, Passa para pesadelo, No frio que corta, gelo; Restará só dor medonha... Pus meu barco nesse rumo, Sem leme, o barco virou; Do nada que me restou, A saudade dá seu prumo, Minha vida virou grumo, Recebi trato da morte, Não quero ter essa sorte, Nem quero mais solavanco, Assisti tudo no banco, Na arquibancada dei bote... Fiz a casa desse barro, Feito de sangue e pudim, O que mais quero pra mim É saber que, se me esbarro, Nas tristezas qu’hoje varro, Foi revés, mas eu reverto, Minha dor vive em aperto, Carteada do destino, Se tem dor, logo me empino, No final terei conserto... Nas matas nos pinheirais, Tudo que for machadada. Tudo que suar enxada, São coisas que pedem mais, A violência que traz paz, O corte dessa esperança, A morte vem de criança, Nos braços dessa parteira, Sangrando essa terra inteira, Engorda a pança se dança... Desculpe tanta flechada, Acenderei teu pavio, Secarei esse teu rio, Não terás mata fechada, Não te restarás mais nada, Nem sombra de natureza, Quem sabe, sem ter beleza, Sem ter água pra beber, Poderá, pois, conceber, Meu amor em tua mesa.. X No vermelho dos meus olhos A luta por liberdade No trânsito da cidade No tropeço nestes óleos Que simulam solidão. Na solidez do desejo No navegar da paixão Procurando pelo beijo, Desse teu vermelho lábio Que, carnudo, encarna o sábio Amor, sem conter limites, Ao sabor dos teus convites; Da solidão, inimigo, Vivendo sempre contigo Os sonhos de um amanhã, No vermelhar da manhã Desse sol que me engrandece, Nascendo, a todos aquece. Me faz retornar à prece Em que agradeço ao Senhor A vida que me concede Pelo sol e seu calor. No vermelho do meu sangue Que traduz toda esperança, No mar, no rio ou no mangue Nos brinquedos de criança, Este sangue que trafega Dando vida a quem mais ama, Pela mão pega e carrega Vai acendendo essa chama. Chama vermelha da vida Que arde no fogo, feroz. Trazendo sem despedida, O brilho que, nunca atroz, Reflete a luta bendita Contra toda essa desdita Que possa nos maltratar. Sabendo, bem mais, amar; Confortando o sofrimento, Chama de amor e lamento Vermelha como paixão. Trazendo pro coração, O retorno da beleza, O término da tristeza, Afagando , compaixão. No Mar Vermelho da vida, Atravessando, sem medo Para trás, sem despedida À frente, grande segredo, Um novo canto de fé, Onde, e por que Deus quiser Possa –se recomeçar Um novo tempo de glória Um novo marco na história Um novo canto ao luar. No vermelhar dessa areia, Onde encontrei a Sereia Com seu canto a encantar Trazendo ardente delírio No vermelho deste lírio, Cultivado com o sangrar, Das lágrimas da morena Que em meu canto, virou tema Da forma sutil, serena. Dos meus sonhos, meu lema No meu barco, virou leme, Pois ardor, não há que treme, Sem o vermelho da louca, Transtornando minha boca Procurando tua boca, No molho desse espaguete, Vermelho, como o confete Que encontrei na tua boca Esquecido, e recordando O tempo que foi passando. À procura de teu mar. Vermelho, conjugo amar! X Quando enfim encontrei o teu retrato, Descorado e jogado na gaveta; Assinado seu nome, com caneta, Percebi com saudade, fui ingrato... Tinhas um olhar triste e tão distante, Como quem procurasse amor, prazer; Ou quem sabe, somente, reviver, Tantos sonhos perdidos, e bem antes... Não podia sonhar d’outra maneira, Quem a vida feriu e maltratou; Tua fotografia me mostrou, Tanto amor que viveu, a vida inteira... Me recordo das noites que passamos, Nossas camas, sentidos e visões; Em um só, transformando os corações. Hoje eu bem sei o quanto, nos amamos.. Em teu corpo desejos eram vias, Tuas mãos delicadas mil delícias, No sofá, nossa cama, das carícias Que trocamos, fantásticas orgias... Teu colo, âmbar , beleza sem igual. Nos desfiles nas nossas loucas noites, Nossas línguas desciam, qual açoites Que traziam eterno carnaval... Quanto tempo passado, vou sozinho, Minha cama jamais teve outro alguém; Procurei sem saber, um novo bem, Todo mundo passando, eu passarinho... Na procura silente, quero crer, Que tal mel, tua boca, só me traz. Perseguido e tentando ser capaz, De encontrar outr’amor para viver... Encontrar teu retrato foi doído Desespero tomou tudo d’assalto; Como pude tentar, sou tão incauto Reviver esse tempo já vivido... Nunca mais reviver a tua foto, Nem revirar gavetas, nem passado. Me perdoe, se tanto andei errado, Minha vida,um retrato tão remoto... X Meu amor se escondendo faz doer, O que jamais senti por essa luz. Amor só, sem amores, não seduz, Nem mesmo me dá forças p’ra viver... Num barco se navego, sou distante; Na vida sem ciúmes tenho medo. Quem sabe do meu parto, meu degredo, É quem me permitiu ser inconstante... Na mata tem palmeiras, tem Palmares, No campo tenho flores impossíveis. Amores são deveras insensíveis, Procuro por amor, noutros lugares... Setembro já me trouxe primavera; As flores que brotaram nessa mata, Misturam-se no belo da cascata. Amores de verdade, quem me dera! Tenho mudanças nessa minha vida; Que não consigo máximo nem tédio, A vida transbordou esse remédio, Amor é uma cantiga despedida... No beijo de Maria sei Dolores, Nem quero pressentir tanta mudança; Quem me dissera lúdica esperança, Murchou num triste vaso sem ter flores... Num momento de glória quis Jesus, Que o perdão fosse enfim, uma verdade, Por isso meu amor, por caridade. Perdão te peço, em nome dessa Cruz... De tantas valentias que menti, Não peço nem pergunto por que queres, Se sabe Tiradentes, foi alferes, Esferas são as feras só por ti... X Eu trago, nos meus olhos, a saudade, De quem jamais devia me ausentar; Sem ela, desconheço claridade, Sem ela, vou buscando meu luar... Quem dera Deus tivesse compaixão, De quem , errou na vida sem saber. De quem somente teve sempre não, Como resposta hostil, sem ter por que... Não quero mais sentir a ventania, Roçando meus cabelos, sem ter pena. Quisera conhecer, um novo dia, A noite, cruelmente, faz novena... Vencido por temer guerra e fastio, Num último poema, tento vê-la; Sem ela, não existo, sou vazio, Vagando, vaga-lume, quero estrela... O zéfiro respira, me bafeja, Transgrido as ordens, erro sem destino; Perdido, sigo tendo essa peleja, Perdendo meu sentido, desatino... Quem dera se pudesse ser criança. De novo correria para os braços; Daquela que pensei, triste lembrança, Um dia cerraria tantos laços... Mas sinto que não posso resistir, Em vão procuro tenras mansidões. De tudo não consigo nem pedir, Paz renovada, lastro dos perdões... Momento atroz , penumbra d’existência, Cartas jogadas fora, sem valor. Te peço, tão somente por clemência, Quem dera conhecesses minha dor... Quiçá, então tivesses piedade, Num último delírio dum poeta. A vida não seria, essa verdade Que extermina, de forma tão completa. Amores já os tive, e os perdi, Retratos bolorentos do passado. Mas amar, tal qual amo, só por ti O meu verso entoando triste brado... Nunca mais te terei, minha centelha Dessa luz que transporta meu desejo. A lágrima que escorre vai vermelha, Da boca que sonhei com tanto pejo... Arranco dessa rosa, seu pendão, Espinhos vão cortando os pobres dedos. A terra vai s’abrindo, some o chão, Em volta, nos contornos, só meus medos... Vencido pela angústia e pelo fado, Meus pés vagueiam loucos por estradas. Que nunca compartilham, mesmo lado, Seguindo paralelas, já cansadas... Meus mares são vazios, sem marés, A barca dos meus sonhos naufragou. Eu pergunto a mim mesmo, se tu és Meu todo, me responda o que sobrou? Vivendo sem ter rumo e sem porém, De que me serve luta sem ter glória. Sem ter porque viver, sem ter alguém, Meus dias vou perdendo, na memória... Enfim, melhor morrer se não te tenho, De que me servem festas da natura. As matas todas, por onde eu me embrenho, São cadafalsos, plenos d’amargura... Te quero tão somente por querer, Eu te fiz minha lira e minha voz. Procurei por alhures, mas cadê? A noite me tragou, vida feroz... Quem sabe num momento de ternura, Possamos reparar o que findou. A luz, enfim, brilhando, noite escura, Me traga essa esperança que restou.. X Salmo 4 em versos brancos Ó meu Deus da justiça, ouça o clamor! Tenha misericórdia: ouça oração! Tentam converter glória em vil infâmia! Buscam vaidade e nas mentiras vivem! Meu Senhor separou quem for piedoso. Ouvirá com certeza, o meu clamor! Não pequeis e falais com coração! Dês então sacrifícios de justiça! Confieis nesse Pai que é Salvador! O Senhor nos exulta o rosto e brilho! Mais que todo trigo e todo vinho As alegrias em mim, multiplicaste! Deitarei, dormirei em total paz, Por que me fazes habitar seguro! X Salmo 3 em versos brancos Tantos são adversários meus ó Pai! Multiplicam-se erguendo contra mim! E tentam me ofuscar a salvação. Porém Senhor, és meu escudo e glória! Ouviste meu clamor do velho monte... Deitei, dormi, acordo e me sustentas! Não temerei milhares que me cerquem! Me salves , meu Senhor, dos inimigos! Feriste-os nos queixos, dentes partes! Que Vossa Salvação nos abençoe! X Fantasmas de amores... Assombras meus sonhos. Fantasmas de amores... Nas noites me dramaste Me fizeste me mataste Me supriste e não me deste. Fantasmas andam sem paragem... Sem visagens, sem viagens. Fantasmas são pajens E pajés... La luna que me deste A pluma que não veio A fome de legaste. A festa que não tive A fresta que fechaste. As horas que negaste As hastes que quebraste Quero tua parte Mas nada, partes... Lã e tosquio. Arrepio. Frio. Rio Nos tais fantasmas me desfio! X Conta gotas Amor Gotas Conta gotas Remedia? X Cigarro Pigarro Agarro Teu rabo, solidão! X Porta aberta Alerta Entra. Volta? Revolta! Não retornes! X Prazer: te conheci? Talvez foste moleque Meu leque não pedi Emblemas poemas E temas tremas Lemas lesmas... Mesmas palavras. Larvas e lavras Sal lavas. Salivas... Ogivas Giras. Iras Miras Martírios; Muito prazer! Não há de quê Amanhã não amanheço; Prazer; eu te conheço? X Dês meu ninho em desalinho. Dês meu linho que te aninho, Dês meu solo, sou sozinho Dês meu passo, Passarinho... X Lama vento Lamento... Mote e serra, Mortalha. Batalha Falha e estupidez. Versos são conversas Converso e converto, Cabarés Bares Cabem Fés... Firo e não atiro, Martirizo... Preciso Siso Isso que quero. Amores que não firo Prefiro a lama. Lama e vento. Lama vento Lamento... Mote e s... X Ócios e ossos, ofícios... Oficio meu vazio cio, Se não sou Quem me dera... Se não vou Nada espera. Sou Servo E conserva. Sirvo de mote. Bote e fardo. Trote e mansidão. Ocos os ossos, ofícios. Cruz fixa, frouxa. Crucifixo, Fixos os olhos. Bote e morte. Naufrágios! Sufrágios Elegi-te Elegia, Letargia E adormeço... X Rosas vermelhas, Centelhas, Espelham as rosas. Moscas voando Moças passando Meu cadáver espera... Meus cravos... A rosa. Brigamos... Morte/amores. Quebranto... X Nas horas senhoras sem senso, Penso e não compensas. As ofensas caricias... Os meus olhos Molhos Folhas de papel, Correnteza, faço barcos. O pião entrou na roda o pião entrou na roda, o pião... X Montanhas de Minas. Mares de Minas, distantes... Montanhas e mares, Mares mineiros são utópicos. Típicos de salgada lagoa. Pampulha, pampas mineiros... Mares e luas Só te faltam mares... Nas montanhas os segredos, Monásticos segredos. Medos e senzalas. Café com pão, Pão e leite. Broa. Milho. Montanhas Queijo. Desejo de mares. Mares de minhas manhãs. Minhas manhas mineiros mares. Montanhas entranhas. Lagos e afagos, Teu fado é sem tino Destino dos nossos mares... Mares mineiros são meus sonhos... As lágrimas que me deste Encheram o rio de sal. Meus mares mineiros Estão no meu quintal! X Abandonas as ondas e me mordes. Me mordes nas ondas que abandonas. Somos ondas e mares, Moréias e marés. Somos abandono... Fino sono. Soníferos. Sonhos feros, Feras vozes, Vorazes! X Suprema fonte de todos os meus sonhos! Suprema fonte! Como te quero... Das tramas que fomos, Somos uma só fonte. X Procurei as frases feitas, as festas e frestas... A noite me nega um novo dia... A poesia, a posse, o poço e o fosso, são fósseis. As asas e os corcéis. Os meus dias, mel e mal, mãe... A trama desanda, a vida anda andor e dor. Condor! Conforto e carinho, ninho e certidão. Bodas, cordas, colas, compras, colméias... Mesas, salas, copas, berços, filhos... Ilhas filhas, milhas e milho. Manhas e manhãs... Cãs, cães, chão, repouso e pouso, fossa e conversa. Aço penetra, aço corta, corta a luz, a água, mágoa, penso Pensão. Parto, marte, morte, sorte ressurreição... Natação, menino, hino, escola, cola, bola, fome e tráfego. Moto, carro, escola, cola, estrada, fado, sina, tino, barba. Namoro, filho, neto, remeto e não comento. Espero e não desminto, belos velos, velozes os triciclos, Os ciclos se refazem. Refazendo a fazenda, a velha lenda. Cordas, pescoço, imensas prendas, velhas rendas, Mentiras e verdades, sangue e corte. Suor, andor, Amor Ar A vida recomeçará. Conforto e carinho, ninho e certidão... X Meu cigarro aceso, penso e não revelo. Atropelo meus medos. Os dedos As cinzas As cinzas do cigarro. As cinzas da noite As cinzas esparsas. As cinzas fumaça As cinzas açoite. As cinzas espalhadas. Os ventos e as cinzas Queimam corpo e alma! X Não quero falar de amores tontos, Nem quero perceber quais foram os sonhos... As madrugadas parecem mais risonhas, Os meus dias são pétreos abandonos... Queria navegar teu horizonte. Da fonte dos desejos, uma moeda; A mordaça cansaços e delírios. As crisálidas que fomos não vingaram... Quero o defeito de não ter solução, Quero o direito de não ter mais meu fracasso. Aço fraco, frascos, ascos e escusas... As blusas abertas, o blues que tocas.. As tocas onde deixo meus degredos e segredos... Meus medos, sutis medos, temerário... Meu salário que recebo, um passo sem estrada... Uma escada sem degraus. Um mar sem ter naus... O caos absoluto... Me enluto e não te esqueço. Tropeço, vou do avesso... Me arremesso, não peço nem prossigo. Se persigo não consigo consistência. A ciência Da consciência esparsa, farsa...Belas taças Jogadas num vago espaço... Trago o aço da batalha, navalha, falhas e pecados... Quero o acero da alma, a chama, acalma e tramas sem nexo... Quero o frio gosto do rosto exposto sem rugas... As rusgas as tropas e as trôpegas pegadas... As pegas, os rogos, os lagos e barcos. Arcos, areia, marcos, penteia a sereia os cabelos... A morte não traíra nem traria uma traição. Ação e coragem, aragem e sertão. As serralhas e as fornalhas, acendidas. As mãos descansadas, o peito aberto. Meu medo completo, a nau, o sol... Quero teu prazer e tua lei. Quero poder ser teu rei Quero o que não sei, O seio, o veio, O meio Um mar Distante mar, Luz e luar, plenilúnio Quero saber teu infortúnio. Quero nada mais que minha sina. Um frágil delírio, um vício, um principio. Um banal gesto trazendo um desencontro louco, As tarde sem Marina. Saudades fúteis e inúteis, fétidas... Se ainda me quisesses não poderias dizer adeus... Quem sabe os sonhos meus te trariam de novo. O gosto amargo da saudade... Olhos tristes, A vida resiste e não insiste, existe. Exige! A face da esfinge se finge ágil e frágil. As horas não passam, nem peço. Meus passos, tropeço. Me apresso E não Vou.... X Quem acreditar nesses meus delírios Por certo nunca mais terá sossego... As cordas arrancadas, meus martírios; Não posso decifrar um tal apego... Quem quiser prosseguir nesta charrete, Não sabe dum corcel que desaponte... A lua mergulhante não reflete Atravesso canais canis e ponte... Nasci para viver sem serventia, Servil serei se formos formas fórmicas... Valete que verti sem valentia... As barcas que embarcas são mais fóbicas... Fantoches que me iludem são palhaços, Os aços dos meus cantos são reveses, Os erros cometidos são mais crassos, Pedaços que larguei nunca desprezes! Minutas dos contratos rescisórios Me mostram certidões que foram trágicas. Os beijos permitidos ilusórios, As fímbrias do passado soam mágicas... Não quero mais valores nem vestais... Não posso preservar tal iguaria; Tantos sexos expostos, carnavais, A vida não chegou ao meio dia! X Nos pórticos gigantes da saudade, Valei-me Meu Deus peço caridade! De quem me valem luzes sem ter brilho... A morte vem singrando um velho trilho... Me deste tais mentiras como um fato. Falaste de mordazes sentimentos... Quebraste vilãmente teu retrato, Queimaste soberana, meus proventos... Faliste torpemente meus cenários... Amei-te, tolamente, fui capacho. As portas que entreabristes meus armários, Das luzes que perdi, tu foste facho! Respiro vorazmente teu flagelo... Perjuras insensatas foram mote. Na vida me cortaste teu cutelo... Nas óperas tu brilhas vero spot. Nos pórticos gigantes me jogaste Atei-me sem temer qualquer disfarce. O que me restarei serei vil traste. O tempo que vivi nunca se esparse... X Resplandeceste cruelmente bela... Nas tuas mãos, relíquias maviosas, Pintores mais felizes buscam tela Na alvura quirodáctila olorosa... Tem delicada formosura, face... A mansidão serena deste rio... Não há nenhum pecado que disfarce A brandura feliz do desafio. Amor, cabedal frêmito, falácia... Penúrias das canduras e dos medos... Cortando friamente toda fáscia, Percorre meus tendões, perfura os dedos... Frenéticos sentidos se misturam, Levedo com segredo simples rimas, Amores sem desejos não maturam, Laranjas para suco não são limas... Estimas sem amores, amizades. As luas sem luares vertem medo. Primeiro Deus criou as claridades Depois o sol, me conte esse segredo! As mãos que me passeiam não são tuas, Nunca acupunturaste tais agulhas, As bocas que mordeste estavam cruas Nos beijos que roubaste, nem fagulhas... Antítese venal, amor doloso. Recíproca fatal, versos em branco... Amores carnaval, sou mais guloso, Sangria vendaval que não estanco... Mentores de favores flatulentos, Não fazes curativos queres gazes? Não pedes certidões nem documentos, Bolívia proibindo tantos gases... Marinha americana, Portobello, Esquadra escravocrata traz a morte. Defesas sertanejas num rastelo, A América sanguínea vem do Norte... Amores são perfeitos imbecis, Esquecem de saudades e de medos... Apanham vergonhosos pedem bis... Pedradas atropelam os penedos... Rasteja com idônea insensatez Vasculha tantas coisas que se perde... Respinga tempestade sem talvez, Desfaz esperançosa luta verde... Amores são palhaças ilusões, Restolho do que nunca houvera sido. Abrindo logo fecha os meus portões, Repara disfarçado olho comprido... Nas bocas o mau hálito disfarça, Quem fora indiferente nem parece, Quem já foi companheiro hoje é comparsa, Amores infelizes quem merece? Sisudo cavalheiro vira infante, Mostrando mais sutil embasbacado, Formigas se transformam elefante. Difícil discernir se apaixonado! Cigarros vou fumando, sem parar, Cartelas e cartelas devorando... A lua apaixonante num luar, As horas demorosas vão passando Escrevo meus sonetos faço versos, Respiro mais custoso, quase morro... Mirando las estrellas do universo, Não há quase ninguém a dar socorro! Amores criadores, tanto caso, Não deixam respirar a criatura.. Do que me restará de vida, ocaso. Faz parecer um corte, arranhadura... Melindres se transbordam viram cena. Sensíveis palavrões a boca rota... Voando sem ter asas sequer pena, A vida vai levando à bancarrota! Disfarçado de rei se sabe reles, Quem sonha ser princesa espera o sapo. Amores disfarçados, tantas peles, No final não dispensa nem sopapo. Amor é cantilena sem refrão, Depois de certo tempo, brotam filhos... As rugas enraivecem coração. Quem já sonhara esquece os estribilhos!!! Amores verborrágicos patéticos, São venais mestres na arte de enganar. Começam serenáticos, poéticos, Estrambóticos, bélicos, sem mar... Martírios, marionetes são palhaços, Delírios, apoplécticos, mortais... Amores desfolhantes, visgos, traços; São bem vesgos, estrábicos, banais... Amores tartamudos tartarugas. Canhões se disfarçando em mansidão. Depois, inevitáveis, vêm as rugas, A tropa se desfaz do pelotão. Não quero tais amores, nem pretendo... Siameses, telúricos, almáticos... Nem esses lindos olhos, nego, vendo... Amores que se quebram, são reumáticos... Não quero misturar alhos com olhos, Bagulhos nem bugalhos, nem cebolas... Perdidamente louco nego Abrolhos, Não quero essa Al Kaeda, nem Hizzbolahs... Vertiginosamente não mergulho, O mar já reconheço tempestades, Distante das marés e do marulho, Das pestes que me emprestas “veleidades”... Vingativa virás hipocrisia. Vastas visões vertigens são velórios. Sedas sacras, senzalas sacristia, Não pretendo suspeitos suspensórios... Vou liberto, matando essas paixões, Em cada nova ninfa vejo um Demo, As flores que te dei boca leões, As que fingiste negam crisantemo... Nos cravos que entupiste um ataúde Desejas bons sinais num idiota... Se faço teus remendos viras grude, Misturas fantasias, falsa rota... Não cravo tantos dentes sou banguela, Nem temo teus acintes, sou velhaco... Não quero tantos cravos na capela, Nem quero acompanhar o velho Baco. Que fazes a chorar, sua imbecil? Não quero teu amor, já o renego. Não quero ter nenhuma, nem és mil, Não posso desfazer se sempre prego. Não chores por favor, não me comoves... As lágrimas caídas, crocodilo... Com sentimentos frágeis não me moves, Não quero nem mais isto nem aquilo... Não tentes disfarçar tuas mordidas, Os beijos que prometes são venenos... Serpente que se preza dá lambidas, Depois a presa morta, nem somenos... Não chores, te implorando por favor! Não posso me enganar pois, novamente! Quem fora já picado pelo amor, Não morre envenenado por serpente! Não chore assim, te peço caridade, Os meus lábios secaram toda fonte... A lua nunca entrega claridade, A vida começou triste desmonte. Vem cá, me dê teus braços num segundo, Meus olhos já procuram pelos teus, Que vou fazer meu Pai! Pare esse mundo, Eu não suportarei a luz nos breus... Não deixe que me leve essa vontade, Não permita sequer que eu me enamore... Quebranto vem quebrando a tal saudade A boca inebriada te percorre!!! Meu Deus, não me permita essa loucura! Vem cá me deixe louco de prazer! Afaste de mim Pai, tal criatura; Mas se parares certo irei morrer! X Quando a vi, envolvida na neblina Das mágicas poções sempre conquistam, Minha vida promessa, cristalina, Ressurgia, em teu corpo que alucina!!! Teus olhos, negros, belos como o breu... Brilham como a buscar mais claridade, Coração que decifra, camafeu... Vida quimerizada em brevidade... Não sei se me visitas ou se foge, Não percebi distâncias que separem... Carrego tanto amor no meu alforje, Defesas esquecidas que anteparem... Vistosas mãos carinhos prometidos... Sestrosos dedos, lúdicos brinquedos, Quem saga não reparte sãos sentidos, Mestiços sentimentos mentem medos... Vê-la envolta, neblina sensual. Réstias, hóstias, segredos seculares... Caminhas teu disfarce casual, Simulas teres vindo dos altares!!! Nas horas mais difíceis não conferes, Constranges m’as fenícias invasões, Pesadas consciências por halteres, Conspiras contra tolos corações... Neblina que me nega ver teu rosto, Embalde procurei por teu retrato, Nos jardins poluídos meu desgosto, Nas partituras métricas, maltrato... Trepido meus farsantes sentimentos. Vasculho por um lápis, lapiseira, Não consigo lembrar quais os momentos... Te perdi, num segundo, a vida inteira... Não foste pois, sequer a despedida, Não tenho outra lembrança mais feliz. Respondo a toda lua que convida Amante nebulosa, meretriz... Nas neblinas, garoas e nos fobs Entrevi teus macios espetáculos, Nas certezas que perco, não afobes, A vida me negou não quero oráculos. Acalmo-me, fantasma delirante, Não verto mais as lágrimas vazias. Repouso os sentimentos numa estante, Ao mesmo instante, logram-me valias... No cárcere saudoso teatral, As pombas nunca mais retornariam, Arquipélagos reinam meu astral, Quiçá foram manobras que mentiam... No cais que deveria ser meu porto, Começam meus saveiros naufragantes Perfazes tão somente um triste aborto, Não pude mergulhar qual navegantes... Restando tua ausência neste barco, Que a vida nunca turve este teu céu. No fulcro da discórdia, tinges arco, A porta que entreabriste, dum bordel... Amantíssima orgia que não pude, Ambrosias me deste por engano. Verdadeira sonata do ataúde Que formam derradeiro, cego plano... Nos surtos fantasias e complexos, Nos cantos melodias e serpentes... Mascate negocias trapos sexos, Os beijos nas neblinas absorventes. Tentei quitar as dívidas com Deus, Eu quis me transbordar desse desejo... Não tive nem promessas, himeneus, As mãos vazias nunca se calejam! Quando a vi, nebulosa, mascarada. Sangrei por todos poros, hemorrágico. Não pude concluir, te vi calada, O que pensei romântico é tão trágico. Mas beijo esse teu manto de princesa, Não podes me surtir nenhum efeito. Da morte, te forjei, a realeza, És parte deste amor meu, contrafeito... Fenestras que fechaste não refiz. Nas frestas meus fantasmas buscam farpa. Não me permitirão nem ser feliz... A morte dilacera, corta, escarpa... A moça emoldurada justifica A dor de me saber velho e ignaro... Nos lodos que freqüento se amplifica Mortalhas me seguindo, torpe faro... A podridão que invade, traz minha alma De encontro a rapinais aves de agouro. Não deixando enlutada uma vivalma Não deixando sequer mapa ou tesouro! Tu foste amortalhada mansidão. Mirraste meus delírios de grandeza. Pachorrenta andorinha sem verão. Loteaste infortúnios com vileza... Fui latifundiário sem limites, Amei dissimulando tantas vezes... Criei amores falsos, paixonites, Mereço por mentir dias e meses... A minha cicatriz não se consuma, A parte que me cabe não consola, Das leis que te omiti, formaste suma. Hemorragicamente foi escola... Me sinto tão cretino, não te nego. Meu par enebriante foi um mito. Dos olhos nebulosos que carrego, Um grito emana, salta ao infinito! Não vês que me embriago de luxúrias, Não viste que fingi um ser errante. As marcas no teu corpo são espúrias. O beijo da pantera asfixiante... Te deixo, sepultura minha, em vida... Refaço meu caminho sem segredo. Mecânicas as mãos na despedida, Os hóspedes não fingem sequer medo.. O coração piloso, t’as melenas... O peito analfabeto quer poemas... Não deixo por querer as velhas penas... Amor e sofrimento, os mesmos temas! Espraio meus sentidos pelo norte, Vasculho cada canto do meu ser... A poesia farta-se de morte, Partilhas vai fazer, depois morrer... Amada, me perdoe não ter tido O filho que jamais querias ver. Amante mais boçal, mais distraído, Irias nesse mundo conhecer? A tua face escondes azul véu, O velcro da saudade foi satânico. Impede conceber viver o céu, Não deixa refletir senão meu pânico! Despeço-me de ti, ó fantasia! Na névoa abençoada te criei. A porta do barraco, permitia Amar assim a quem jamais amei! X Salmo 8 Em versos brancos Senhor Nosso, admirável o seu nome Por sobre toda a Terra, tua glória Está acima de todas as coisas vãs! Nas bocas das crianças, tua força! Calando a inimigo e vingador. Quando vejo estes céus, obras dos dedos Teus. Essa lua e estrelas que preparas! Que é esse homem mortal para que lembres? E seu filho por que enfim o visitas? Porque pouco menor que Vossos anjos, O fizeste... De glórias o cobriste! Faze com que ele tenha tal domínio Sobre as obras das Tuas Santas mãos! Porque tudo puseste sob seus pés! Tantas ovelhas, bois, bichos selvagens, As aves deste céu, peixes marinhos, Tudo o que passará pelas veredas Dos mares. Ó Senhor, quanto se admira O Teu nome por toda nossa Terra! X A vida se esvaindo em diluências, Nos escribas, falsários, testemunhas; Tantos rasos cortando amor em cunhas, Já reverbam meu tempo em inclemências! Vestido de servil inapetência, Quis teus olhos, mirando no passado. Quem viveu condescende na impotência, O meu rastro não sabe, vitimado... Sacrificante, ledo, apaixonado... Das resinas formais vêm meus defeitos. O parto que negaste placentado, Os ossos me quebraste deste jeitos... As balas que me atiras, de confeito, Os traços que não falho, são mentores, Amor tão desbragante no meu peito. Anseios, sortilégios, meus pendores... Quem, brusca, me negou são amadores, Oásis que não seca minha fonte... Costumes que menti progenitores, A luz maravilhosa no horizonte!!! Gramínea essa paixão suplanta a ponte, Expressando vestígios que não firmam, No parque do que resta foi Creonte, As mortes que me legas não me arrimam... Vértices portentosos são disformes, Minha culpa ferina e mais felina.... Despista quem cortava, são enormes Os lodos que tropeças, saturnina... Quando não me querias fui feliz, Andávamos perdidos sem resquícios, Nas portas dos meus medos, nuvem diz Quem viver é delícia, santo vício! X A vida que renasce os sentimentos Felizes de quem sonha liberdade, Porta aberta permite mansos ventos, Amores que escancaro na cidade... Receba suavemente meu recado, Permita que consiga te dizer, Do coração que sangra apaixonado, Rasgando todo medo de morrer! Nas páginas do livro desta vida, Marcadas por perfume e chocolate, Nossa história refaz-se repetida, No sonho que de noite vem, abate... E respingam divinas esperanças, Produzem todo senso de vitória, Me recordo quando éramos crianças, Teus olhos não me saem da memória. Brincávamos libertos, nossa rua; O mundo que esperávamos imenso, O pensamento voa, vai, flutua. A paz vem me invadindo traz incenso... Olhávamos distantes amanhãs, Sorvíamos da vida pura essência. Tu eras minha linda cunhatã, A vida sempre fora essa inocência. Sorriamos de tudo sem ter medo, Dançávamos, nos sonhos pueris, Guardávamos embalde tais segredos, Mas o céu se ofuscou nas cores gris... Nascemos de vitelos tão selvagens, Vertíamos desejos mal contidos, Durante nossas lúdicas viagens, As bocas se perderam nos olvidos... Nos ouvidos perdiam-se as línguas Mas nada se podia comparar, Nossos comas tetânicos às minguas, As mãos se deliciam, passear... Mas nada disso foi realidade, Delírios desse jovem tresloucado. Mudaste teu reinado de cidade, Restou-me então ficar, descompassado... Eu conheci diversas companheiras, Neste jogo cruel da sedução. As loucuras tornaram verdadeiras Embrenhei tantas matas no sertão. Sutilmente, não tive mais sossego, Me casei, descasei, casei de novo... Pela vida fingi perder apego. Mentiras não me causam mais estorvo... A ponta desta lança que deixaste, Partida não permite mais a guerra, Escuridão que sempre iluminaste, Agora vem percorrendo toda a terra. E vives és eterna no meu peito. A foto que guardei sempre revejo... O mundo vai rodando do seu jeito, A memória não trai o doce beijo... És o amor que recorro, sempre amigo, Nos momentos ferozes, solidão... Teu retrato carrego bem comigo, Amuleto que salva o coração... És paixão que jamais irá morrer, Nunca quero nem posso te deixar. Esqueci tentação de te esquecer. Para sempre, decerto, eu vou te amar... A beleza feliz que sempre trazes, Emoldura o passado que foi meu... Nos meus sonhos delírios mais audazes, Um poema divino, santo ateu... Não me deixes, jamais teria forças, Se seguisses caminhos tão diversos. Nos teus lépidos passos, fossem corças, Resumem minhas musas e meus versos... Agora, cedo soube da chegada, Vieste retornaste para cá. Minha alma pede força redobrada, O que fazer, o tempo me dirá! Mas, pensando, te imploro que não venhas, Meu amor louco irá desmoronar, A chama do meu peito pede lenhas, O carvão que jamais vai retornar... Não quero nem procuro te rever, Decerto nunca mais serás tão minha O sonho que vivi pode morrer, És retrato por sobre escrivaninha... És o que foste e nunca mais serás. Simplesmente passado que ficou... Não és o hoje, decerto não virás, És a felicidade que restou.... X Minha tapera tem lua, Tem viola e tem sertão, Tem Maria toda nua, Disparando o coração. Tem um ninho de andorinha Tem minha alma tão sozinha!! Tapera que fiz no mato, Cobertura de sapé, Na margem desse regato, Lá plantei muito café, Toda tarde e de noitinha, Tem minha alma tão sozinha! Não quero falar de dores, Nem tampouco de saudade Na tapera, meus amores, Procuram por claridade. Quem me dera fosses minha, A minha alma é tão sozinha! Meu roçado tem feijão, Tem milho e tem capineira, Tem também um coração, Que chora uma noite inteira. Quando a noite se avizinha, A minha alma está sozinha! Na tapera que te fiz, Nunca vieste morar, Por isso não sou feliz, Onde posso te encontrar? Sem te ter perdi a linha, Minha alma vive sozinha! Recebi tua mensagem, Quando é que vais voltar? Não vais perder a viagem Estou louco a te esperar! A minha alma coitadinha, Não quer mais ficar sozinha!!! X Vestido dessas saudades Procurei pela esperança Vasculhei pelas cidades Ninguém me manda lembrança; A saudade se disfarça... Esperança? Fez pirraça! X Desofusquei meus olhos ao te ver, Beleza que transcende à liberdade! Que sonho meu Senhor, alvorecer Criaste tal mulher sem humildade! Nem mesmo a maciez duma pantera Pode, com precisão, equiparar-se, Tens a brandura amarga duma fera, Teu sorriso, um remanso num disfarce... A luz do meu verão, tu és meu sol! Me queimas e bronzeias com delícias. Perdido, vou tentando um girassol, Tresloucado, procuro por carícias... Refulges, da natura és a rainha... Oásis mavioso em um deserto... Quem dera tanta luz fosse só minha, Ofuscas quem quiser chegar mais perto! Feliz a nação de onde tu vieste! Iluminada brilha solar êxtase! Rebrilhando esse mundo oeste a leste, Meus passos paralisas numa estase... Catarse, catatônica ilusão! Amar-te na platônica jornada. À parte em histriônica paixão, Beleza arquitetônica mostrada! Furacão de matizes delirantes, Meus olhos enebrias sutilmente... Absinto teus olhares penetrantes, Desfaz completamente minha mente... Riacho mais piscoso da beleza, Levante boreal forjado em ouro Penetras, impedindo uma defesa, És ilha da magia e do tesouro... A boca desenhada por pincel, Na fala traz a mansa, doce brisa, Sorrindo me refletes belo céu, Enigmática, nova Mona Lisa... Teu hálito perfume que transcende Recorda o das mais lúbricas essências! À mistura de flores sim, recende, Num misto de torpores e indecências! Lábios carnudos, veros espetáculos! Mordiscando tenazes que deliram, Beijando funcionam qual tentáculos Pena que para mim jamais se abriram... Tens a pele suave de criança Os cabelos produzem ventania. Os olhos reparei, bela esperança, Amar-te simplesmente, uma mania! Perdido em tal beleza, me embeveço, Não posso caminhar sem ter teus passos, Quem dera te pudesse, mas mereço? As cordas se romperam, velhos laços... Os órgãos todos querem teu orgasmo, Os mares que percorro te procuram, Não te encontrando, fico louco, pasmo, As noites mal dormidas me torturam! Visto minhas melhores ambições Fumando, desbragado, fico insone... Nas jaulas aprisiono meus leões, E salto a cada toque, telefone... A voz que me procura não é tua, A boca que beijei não te pertence, O sol que tanto quis verteu-se lua A sorte de não ter não me convence... Quis um momento simples de ternura, Um segundo somente mas não tive... Macias tuas mãos, fruta madura, Nas fotos que guardei, eterna vive... Definitivamente és obra prima, Não posso e nem pretendo me envolver, Acima disso está minha auto estima, Se não parar talvez possa morrer... Mas, cada vez que passas o que faço? Não posso me queixar nenhum segundo. No universo gigante, tanto espaço. És razão de existência deste mundo. Saber que vives basta a quem tanto ama. Para quem viveu sonhos mais ateus És finalmente, toda luz e chama. És a prova cabal que existe Deus, X Pela vida deixei caminhos claros, Cansados velhos pés e tristes mãos... Os medos se repetem não são raros... Os dias se tornaram meus irmãos! As dores, companheiras dessa estrada, Não querem permitir tua visita. À noite não me resta madrugada, O coração destrói-se, dura brita... Jardim morrendo, perco uma tulipa, Já morta, não deixando a flor de lis. A dor veloz, sorrindo me antecipa, Irônica me diz: não és feliz! Nas pontas das chibatas, desatinas... O sangue que se escorre nunca estanca... As praias no deserto minhas sinas, A noite que sonhei, termina branca! Perdido, me desfaço nos teus veios... A lua não permite esse esplendor. A mãe que me sustenta nega seios, Estranhas tempestades, desamor! Das rosas nunca tive seus eflúvios, As portas que fechaste, são etéricas, Os medos transformados em dilúvios, As mortes são sinfônicas, histéricas! Sonhara sempre ter comigo as graças, Pensara tantas vidas imortais. A vida me prepara tais desgraças. Os sonhos que sofri, não quero mais! Nas torpes caminhadas tantas eras, As bocas escarrantes dos amigos... As pragas meu castelo, velhas heras, Não me protegerão desses perigos! Num recôndito deixo o podre templo, Não queira mais saber nem sei mais onde... O resto dos meus laços, não contemplo. Nos passos derrapantes perco o bonde... Tantas vezes tentei saber segredos, Muitas vezes perdi-me em teus ciúmes... Nas portas da ambição velhos degredos, Nos parques da emoção tensos queixumes... Pois, como me deixaste em tenebrosos Pesadelos, jamais vida circula Entre os restos mortais, vis pavorosos... A morte sanguinária traz dracula! O meu desesperado tinto, sangue. Vinícola fartura apaixonado... No que me sobrar: podre, mar, mangue, O passo que pensei descompassado... As vísceras expostas, minha morte. As pétalas rasgando o manso sonho... Queimando-me venais expulsam sorte. O karma minha herança, é mais medonho! Nas vastidões perdido, pois sei frias, Percebendo, ansiado, tal fluidez... Nos pântanos nos pélagos, morrias. Agora, percebi, é minha vez! Quem me dera saber de teus mistérios! Quem sempre fora amante, vai simbólica! Dos tons que me dedicas, cemitérios, Antenas minhas dores, parabólica! Perdido, em desespero, olhos tão lívidos, Bem sabes que legaste olhos mais frios. Matando as sensações de serem vívidos, Respingas teus venenos mais sombrios! Muitas vezes perdido, sem ter rumo. Adormecido em sarjetas velhas praças... Jamais sobreviver, levantar prumo. Servindo de isca viva para as caças. Nas pontes, velhas fontes, nas Igrejas... Dormindo pelas ruas da cidade... Cansado das derrotas nas pelejas, Buscando pela vida, claridade! Resumo de fatal encenação, Verdugo de mim mesmo, sem futuro. Não sei de meus caminhos nem portão! As cordas que salvam, salto o muro... Vacinas e bacilos são venéreos Espadas que me cortam, passageiras. Os sons que me repetes nunca estéreos Mordes-me com as presas verdadeiras! Sorrateira manhã que não atrevo A ponte que me deste, levadiça... A vida sempre deixa um cruel trevo. A morte me namora e me cobiça!!! No meu quintal brotou urtigas, urzes, A franja da ilusão raspando irônica. Nas costas tanto peso, lenhos, cruzes... Gargalha a gralha rindo-se histriônica! Nos pontos de partida, sem destino. As portas da saudade são ferozes. Quem fora simplesmente esse menino, As pernas nunca marcham, invelozes! Só sei deste meu nada em nada creio, Castelos de princesas desabados. Não sou metade nunca tive um meio Apelos que já fiz, desesperados! Espero pela dor depois da curva, A morte se prepara para a festa. A vista que me deixa, fica turva O lobo me devora na floresta!!! Mereço ter meu mundo estropiado, Rasgado pelas garras desta peste. Os prêmios que perdi, paguei dobrado. O fogo vem subindo em minha veste. Cáspite! Merecia melhor sorte! A dívida que tenho nunca acaba. Quem sabe sorriria para a morte, A noite no meu norte se desaba! Vasculho nos meus bolsos, nada tenho.. Vasculho em minha cama, nem lençol, Persigo meus defeitos de onde venho, Não pude nem conheço nascer sol! Nas catedrais silentes, velhos túmulos... Homúnculos vestidos de quimera. Nos altos dos meus sonhos, ledos cúmulos Nas cartas que não fiz, parca e megera!!! No parto que enfrentei, resta placenta. A porca que engordei, morde ferrenha. Resumos que não fiz, a noite venta, Na mata sem saída a vida embrenha... Nada mais tenho, nada mais terei, Num canto, abandonado, fico mudo. A vida me deixou u’a fatal lei. O pássaro não voa, sou miúdo... A bala engatilhada me responde. Num revólver, resolvo meu problema. Quem pensaria nobre, qual visconde, Não deixa de cumprir esse dilema... Da rapa do meu monte da lembrança, Desperta, num momento essa aliança, Vida, não sei se amor ou por vingança. Num átimo reluz velha esperança!!! X Nostálgica mistura lusitana, Trazendo amargor junto com doçura. A mesma mão maltrata e logo abana... O mesmo beijo adula na amargura... Sagrada insanidade me desperta, Nos sonhos traga luz e já m'ofusca Adormece-me manso, mas alerta, Carícia que me corta, por ser brusca... Remédio que envenena tarda a cura, Maremoto sereno nos afoga Imersos nesses breus, tanta brancura. Nos traz muitas lembranças, frágil droga... Nas minhas noites brancas, companheira. Nos meus desejos loucos, forja farsas. A paz que me levaste, verdadeira, O peso que carrego nunca esparsas... Nenúfares terrestres conta-senso, Nefária calmaria, mansidão... Flores pequenas, jardim tão imenso. Traz na mão que tortura compaixão! Sortilégio beático, carnal... Temerário menino, sem maldade. Prostituta que sente-se vestal. Eqüina montaria na cidade... Parturiente louca por luxúrias, Pacifista que se arma até os dentes. Leve brisa que traz dos ventos, fúrias. Brancas mãos calejadas nos nubentes... Como restos de sangue no sorriso, Como a fome deixada nos banquetes, Voluntária no pássaro indeciso, No silêncio dos fogos dos foguetes! Sedenta na amazônica floresta, Uma enchente saárica, desértica... O dobro do que tinha é que me resta, Insensível na pura arte poética... Simulando real ingratidão, Agradece depois o que não feito. Bem calma, disparando o coração. Imperfeita no que fora perfeito... Sargaços que nos salvam do naufrágio Âncoras que nos levam flutuar. Qual funkeiros repiques num adágio. Tal qual sol se banhando no luar... Vacilante passada dum intrépido Um olhar mais sereno em um insano. Lentidão nos caminhos do mais lépido. Oração formulada por profano... Partitura que toca um olho cego, Claridade que traz escuridão. Afirmativa audaz que já renego, Serviçal que comanda seu patrão... És a rainha louca que condena, És a vontade lúcida de um pânico, És a atriz que se perde numa cena, És divinal sorriso mais satânico! Teus cabelos ao vento fazem sombra, Os meus velhos tormentos fazes coro Em tantas minha fraquezas, se assombra, Penetras num segundo qualquer poro... És sutil matreirice mais feroz, És verdugo que salva, salma e trata. És ferrenha inimiga mais velos, Muitas vezes amiga me destrata... Quando distante muitas vezes perto, Quando inconstante tantas vezes luto, Quando errático, sempre estou mais certo, Quando mais manso, muitas vezes bruto! É companheira sempre diz amor, É verdadeira, mesmo quando falsa, Sempre certeira, nega desamor... Dançarina cruel, dança essa valsa... Fatalidade, novo recomeço... Novas marchas nos pés que se cansaram... Mostrando-nos reversos desse avesso, As minhas mãos cansadas, buscaram... Em lodo se mudando, toda vez... Em lobo transformando simples cão. Dos simples mais humildes, altivez. Enchentes que inundaram meu sertão... Quem dera nato fosse meu soneto, Sem marte nem mentiras me poeto... Nos braços que me embaças me arremeto, Nas partes que me partes me completo... Te fiz essas quadrinhas sem ter mérito. Nos tempos que passei não tem futuro, Na vida que bebi, sempre pretérito. O salto que tentei, quebrei meu muro.! Recebo de teus dedos teu bofete, Nas cartas escondidas nessa manga. Os carnavais se foram sem confete, Das fantasias sobra tal miçanga. Repentes mais formais, deformam formas Nos fornos que forjei fórceps ferrenhos, Das notas anotei as novas normas. Lutas lentas lutei, levei meus lenhos... As parcas nessas barcas poucas arcas, As asas assaz sinas assassinam... Manhas sem manhãs, minhas mansas marcas... Ensejos entranhei erros ensinam... Salvei saúde sem sentir certeza. Cerrei os cortes cegos, cimitarra, Baús das brancas bélicas belezas... Nos gritos dissonantes da guitarra... Nos medos de transpor meus sentimentos, Nas velas que velei, só veleidade... Nas termas que teimei, tantos tormentos, Soçobram meus sentidos, sã saudade! X Solidão feroz chega de mansinho... Abarca todos sonhos que me movem. A pedra que esqueci trava o caminho, Impede que essas forças se renovem... As urzes entrevaram minhas pernas... Deixei de caminhar por sobre pedras, As perdas que acumulo são eternas. Na luta que deixei, perdidas cerdas... Combato o bom combate, mas me canso... Os risos foram formas de vitória. Defendo meus defeitos, nada alcanço. A solidão faz parte da memória... Quebrei a lança parto essa saudade. Ausculto as queixas que fizeste amada... As minhas farpas carreguei na idade Em que podia. Saberei mais nada... Solidão companheira que me aborta, Agrada meus demônios, os convida... Do meu peito, escancara abrindo a porta. Contamina virótica, essa vida... Muitas vezes perdido sem destino, Solidão revigora-se em meu peito. Das lembranças que guardo do menino, Que amava demais, nunca satisfeito, Solidão é deveras mais dileta... Comprazia-me tonto com teus passos, Das distâncias amiga predileta. Prima irmã da saudade, fortes laços... Das quimeras que trago, a mais constante, Dos sentidos meus mapas a consagram... Nas palavras que falo, a mais distante, Paladares e cheiros que se amargam... Nas noites confortáveis vez em quando, Destruindo o que penso ser prazer, Velozmente se chega aproximando Melancolicamente faz sofrer! Solidão se reveste de farsante, Sacerdotisa preme meu futuro, Ao te saber, assim, mais inconstante, O meu mundo colapsa todo escuro... Se esvaindo nas doces serenatas, P’ra depois disso tudo, ressurgir... Teu incêndio devora minhas matas, Me impedindo, sequer posso fugir! Nas colunas diversas que me tragam, Das sonatas ferozes que não canto, Tuas duras tenazes já me esmagam, Nada resta talvez me sobre o pranto... Solidão voraz perco o meu bom senso... O mar que me arruína é o que navego. Qual jangada enfrentando o mar imenso, As saudades atrozes que carrego! Solidão meus imersos tristes versos, Dediquei a teus beijos infelizes... Solução que busquei nos universos, Tua boca simula meretrizes... Falseaste parâmetros e metas, Me deixaste sozinho em minha dor, Desperdiço meus arcos, minhas setas, Procurei por espinhos onde flor... Mas não me deixas és fiel erica, Respiro teus ciúmes quando eu amo.. Quando me vês feliz, cedo replica, Não conténs se não ardo, não me inflamo! Nas peleas da vida torpe prenda, Nos escárnios que sofro, sempre ris, Não aceitas qualquer nova oferenda, Tua glória transforma-me infeliz! X Nos meus desejos, torpes e imorais, As noites invernosas são mais frias. Por quanto tempo posso querer mais Se não consigo conceber nem querias... Espero pelas duras noites, ânsias, Procuro por qualquer forma de vê-las, As horas que confundo são ganâncias As noites que prometo sem estrelas! Não sei se posso, medos sem desejo... Nas horas mais tristonhas, vou seguindo, As formas que corrompem antevejo Os brilhos mais incríveis. E é tão lindo! O tempo que passei, eu te esperando, Dos olhos que sonhei, me lembro azuis... Montanhas gigantescas vou galgando, No final desta estrada sei da cruz... Embalde tentei lúdicos meus cânticos Candura não prospera meus jardins... Os medos indefesos pois românticos, Impedem florescer nestes jasmins! Nos céus permitem lúbricos arranjos? Me explique então como consegues tanto! Nas entrelinhas tão audaz quais anjos Conseguinte enganar com tal ar santo? Nas minhas tentativas sou silvestre, Amador nunca tive competência! Inquebrantável finjo-me, campestre, No fundo sou o fim da paciência. Não teço meus caminhos elegância, Nem peço mil perdões por coerência Coleciono teus pares, discrepância Espreito minha vez tua indecência! Formato meus cabelos com teus verbos, Nas contas que te tive, tão cruel. Olhavas-me com ares mais soberbos, Negava-me tentar chegar meu céu Ancorei meus destinos nos teus lastros, Infelizes os momentos que passei, Teus braços como fossem alabastros, Espelham meus reinados sem ter rei! Vasculho cada metro deste mar... Espero em cada concha teu retorno. Nos verbos que esqueci de conjugar O calor que perdi, retorna morno... Entranhei tal soberba, canalículos, Concebi novos versos, fui carrasco! E na verdade conheci versículos, Tuas mãos enojadas vertem asco. Respirei teus suspiros na ante-sala, Formamos um capítulo final. Teus arroios vivi apoios tala... Capitulo meus sonhos sou banal! Quiseste meus sorrisos, tomas pranto. Quiseste ser precisa, fraciono... Ensinas nossas sinas, velho pranto, Nas dores, com mestrado, leciono! As rupturas que marcam meu respaldo, Nas espátulas quebro meus conselhos, Sentimentos mais simples já desfraldo, Quebraste desamor, os meus artelhos... Enraízo cadáveres da sorte. Peraltices transformam velho em jovem Não há mais dor que sempre se suporte. Nem caminhos desfeitos que renovem... Acalento essa velha precisão. Acalantos fizeram meus princípios. Desbravei meus temores incisão. Te procurei por tantos municípios! Nada treme nem teme quem te adora, Mas réptil escancaras teu veneno. Amar-te foi perder a fauna, a flora. Aflora-me decerto fui ameno... Nas capturas perdi meus apetrechos, Minhas rédeas trocaram-se de mãos Amarguras, as trilho em tantos trechos, As batalhas, meus erros foram vãos! Pétalas que sonhei nem mais as creio, Num vago sentimento sou restolho. Esculpindo desculpas, meu anseio. A farpa penetrando no meu olho. As vísporas, metáforas e metas, Salgadas as manhãs que já se formam... Em monjas assassinas, mas corretas. Os cárceres que levo me deformam... Infância, meu resquício e poesia; Marcada por venais solicitudes. A bordo do veleiro que fugia, Me castram repelindo as atitudes... Destrambelhei perdi a consciência Não sopro nem verdades nem mentiras. A vida se transforma em coincidência Não troco meus poemas por tais liras. Se vasculho,mergulho nas entranhas. Espreito na tocaia quem me beija. Falácias tais mentiras e patranhas Por certo quem me forja, vem, aleija! Nas páginas que caem, sobre a mesa, As letras se embaralham sem ter senso... Quebrei meu duro prato, sobremesa Não quero nem permito contra-senso. Um dia, após, um ano sem notícias. Delego meus pecados sem ter pressa... Refugo tantas novas, más carícias. Amar-te foi fugir dessa conversa! Vestido de total insensatez Claudico procurando por teu colo. Espéculos, lunetas, nada vês, Te busco sou patusco, quero solo. Farpas, aspas, nas hostes de glutões; Esparso meus cadarços amarrados. Metralho, se já tive, as ilusões. Procuro meus resíduos agarrados Nos ossos desses membros que perdi. Amputados caminhos busco mar. Desespero me leva haraquiri Catapultas me lançam, vou chegar? Kamikaze pressinto esta derrota. O meu terno jogado no sofá. Meu passado, feroz, já me amarrota. No que resta, tristeza, jogo pá... Me faculto o desejo de saber Onde estás com quem vais, por onde segues... Na partilha de tudo quero crer Sempre que me vês cedo me persegues... Não obstante instantes seguem sendo. Martirizo capangas que me cacem. Embrenhado nas matas que pretendo, Esparramo esse mal que não disfarcem... Minhas vastas certezas são piadas, Azadas essas vezes que refazes. Obesas sensações já desfiadas, Feridas descobertas pedem gazes... Osculas essas mãos que te apedrejam, Remorsos remontando ao meu perdão. Onde quer que mortiças, mais não sejam Vestidas de petúnias, supetão! Nas pregas dessas trevas não clareia. Meus átimos são átomos sem par. Nas águas que já turvas és lampreia Meus medos arremedos sem lugar... Mas basta, não mereces nem um til. Não quero profanar o que fui eu. Te beijo de maneira mais sutil, Perdoe quem te amou, e te perdeu! X Meu amor nos caminhos que tu fores, Não esqueças jamais de nossas luas. Das catedrais que fomos, velhas cores; Das madrugadas bêbadas, nas ruas... Os castiçais que sempre se acenderam Nas velas que iluminam nossas noites Penumbras que jamais nos esqueceram, As cordas que latejam, vis açoites! Da sorte que nos nega a fantasia, Dos cortes que teimamos produzir, Do parto que fingira essa alegria, Dos olhos que mentiste sem luzir. Os pútridos carinhos que me deste. Nas pétalas murchadas desencanto. O beijo tão satânico e agreste, As lágrimas fingidas de teu pranto! Não deixe que medonhas tempestades Te levem o que resta deste cais. Os parvos cantos lúbricas saudades, As farpas que me deste, Satanás! Não quero mais profanas juventudes. Nem bacantes vorazes que me esfreguem. Negar as tuas podres atitudes Fugir de tuas mãos antes que peguem... Não saio deste mar nem que me rogues, Pretendo tais marés que sempre matam... Nas ondas que produzem que te afogues, De teus ciúmes loucos já se fartam! Pélagos abissais e calabares Jamais iriam ter tal paciência Nem santos que profanas nos altares Nem deuses pediriam por clemência! Expulsas venenosa companheira, A sorte que jamais, karma, deixaste. A dor que me legaste, verdadeira. Os meus destinos, víbora, mataste... Não me restam sequer palavras mansas. A mansidão sugaste num tormento. Fugir para bem longe de tais lanças Que rogas contra mim, cada momento! A vida me negou a doce espera, O tempo foi cruel, nem pestaneja. Carpindo minhas dores morro fera, Nos cânticos de paz, minha peleja! Rugidos dos felinos assassinos, Nos uivos de tais lobos na floresta, Ouvindo na distância, dobram sinos, A parte purulenta é que me resta! Das pústulas que herdei, postulo paz, Nas crápulas manhãs que me restaram. Um canto certamente se desfaz, As páginas felizes se acabaram! Não posso prosseguir a tal viagem... Não tenho forças perco leme e rumo. A praga que rogaste minha imagem. Não tenho nem sequer, eu me acostumo... Vencido pelas mágoas, vou cansado. Nem sei se tenho vida ou me desfaço. As urzes me deixaram seu recado, A morte vencerá pelo cansaço! Rapéis nessas montanhas, sofrimento... Eu mergulho em total insensatez. A cada passo novo ferimento, Jamais posso lembrar nem terei vez... Plutão já me esperando, me traz sorte. A boca que entreabro já não canta. O ponto de partida, rumo norte, Boneca embalsamada não me encanta! Vestal fingiste, lúbrica te vi... Nas transparências, tuas belas formas... O que não conseguiste trago aqui, Em porcelanas falsas, já transformas! Tantas moscas bicheiras na tua alma, Os bernes que me deixas, vil herança! Nem o diazepínico me acalma. Nem mesmo a mansidão da contra dança... Se tento os barbitúricos, me canso. Dilapidado fico sem caminho... O que seria sonho nem alcanço Mergulho enfim num pântano marinho... Nas profundezas deste pesadelo, Encontro com serpentes abismais... Sorrindo, já me mostram como um selo, A tua garatuja: Satanás! X Caminhando sozinha pelas brumas, Teus passos são perfeitas jóias raras, Meus sonhos traduzidos nas espumas Por onde passas, tantas noites claras! Como esquecer, enfim, lindas searas, Enfeitiçadas pelo teu perfume, A lua embevecida traz tiaras Tresloucada, morrendo de ciúmes! Pelos teus passos, alvos de inocência, Estrelas radiosas, num cortejo. Ao te verem passar, pedem clemência Na natureza inteira, um só desejo! Em teu corpo permeiam claridades Roubadas pelos céus desse infinito. As ondas desse mar, as tempestades, Nos teus passos professam novo rito! Quem não soubera ouvir da terra os brados, Quem não pudera ver: os ventos clamam. Os teus pés iluminam tantos prados, As vozes mais divinas te reclamam! Caminhas simplesmente livres passos, Quem os vê silencia, fica mudo. Espelham luz dos céus, tantos espaços.. E representas, nos meus versos, tudo! Quem me dera saber dos teus desejos! Quem me dera viver nos teus anseios... Minhas noites teriam tantos beijos. Os meus sonhos dormindo nos teus seios! As noites sem te ter são tão geladas... Delícias se esvaindo como o fumo, Tantas vezes sozinhas madrugadas, Só de lembra-te perco todo o rumo! Minhas tardes, de pobre caminheiro Espalham pelos campos toda essa ânsia! Amo-te e isso é mais puro e verdadeiro! A cada instante sinto essa fragrância! Quem me dera saber dos teus caminhos! Viveria por toda a vida amando! Quem souber que me conte teus carinhos, Minha vida seria, enfim, cantando! Te procurei por todos esses mundos! Eu já te quis buscar na eternidade! Meus olhos são tristonhos, são profundos, Só vivem por viver essa saudade! Quantas vezes dos meus sonhos, vens surgindo... Apascentas meus olhos desolados... Ao lembrar que te vi assim dormindo, Em tal momento estão ensolarados! Por tantas madrugadas foi atroz Os sons que me chegaram pelos ventos... A porta aberta deixa ouvir a voz Que me recorda tantos pensamentos! Na maciez serena dos cabelos, Na maravilha audaz de tais melenas... Dessa lã que compõe os tais novelos, A sensação feliz das noites plenas! Delicadeza doce dessas pernas, Na sutileza breve da ilusão! Os meus sentidos todos, já governas, Justificas assim meu coração! Beleza igual, jamais verei em vida! Em lugar algum nunca mais existe. A mão macia calma e comovida, Num gesto mais suave eu te vi triste! A cada dia vivo perseguindo Os teus olhos, reflexo irisado, Teu perfume nobreza, vou pedindo Aos teus pés num repente apaixonado! Em teus pés livres belos os contornos, Flutuas pelos céus, anjo adorável! Teus sorrisos precisos, meigos mornos, Refletem tal beleza sempre amável! Nunca mais poderei te ver angélica Minhas asas partiram sem saber. Minha noite revoa psicodélica Meus sonhos, pesadelos passam ser... És estilo clareza e velho cio. Esquentas, acalentas meus enganos Nas horas mais geladas traz estio. És parte principal de tantos planos! A morte sem te ter atinge o cúmulo! Não consigo descanso sem teus olhos! Meus versos levarei para o meu túmulo, Das flores que colhi, diversos molhos! Não sabes desse amor, nem o pretendo. A porta que me mostras da saída. Viver assim parece estou morrendo. A morte representa toda a vida! Já não sei de teus beijos minha amada, Nunca soube nem tive tal coragem... A porta que me deixas vai fechada, Por ela penetrando essa friagem... És meu princípio e fim de toda luta. És o começo triste da chegada. Minha vida cruel já vai, se enluta És a marca final da minha estrada! Passei por tanto tempo minha história, Em meio a tempestades mais bravias... Não me resta sequer doce memória Nada ficou nem mesmo esses meus dias! Eu passe simplesmente em teu caminho, E nada mais seria, nem revés! Tanta flor que brotando, traz espinho. A vida me pegou me fez viés! Nas bordas deste mar, sufocam ondas. Areia que pisei foi do deserto... As horas que passei, frias, redondas Nunca estiveste ao menos nem por perto... As flores que te dei já se murcharam, Os partos que pensei foram abortos. Meus sonhos que sonhei, despetalaram Os olhos que mirei, são mais absortos... Não vi nem penetrei a tua entranha... Resumo minha vida em simples lodo. Nas mortes que vivi, tu foste estranha Pois nem sequer fui parte deste todo. Veneno que tomei já faz efeito, Tudo embaçado vejo, nada sinto... O mundo me parece mais direito. Embriagado tomo mais absinto! Rodando meu passado e meu presente Futuro nunca tive e nem terei A mão da morte sinto, mão tão quente, Carinho derradeiro me faz rei! Nunca mais sofrerei a tal desdita Que te fez tão rainha dos meus sonhos. Agora ouso dizer: tu és maldita. Por ti sonhei os sonhos mais medonhos! Afasta-te serpente não te quero! Inferno foi herança que me deste. Cruel destino é tudo que venero Que morras precipício feroz peste! Teu corpo profanado pelos vermes. Necrofágicos seres te possuam... Jamais terás nenhum dos vários Hermes Que sonhaste, que os cardos te poluam! Que esse corpo padeça sem perdão! Que nas pernas te comam as varizes, Que apodreçam, em vida, o coração. Que a morte sempre pinte vãs matizes! Teus filhos devorados pelo vício, Que nas pedras tempestas te maltratem... Que não sobre de ti sequer indício. Que as cracas e os corais rosas te matem! A morte se aproxima tudo sinto. O gosto desse beijo da medusa. As dores da saudade já pressinto Calor vai consumindo minha blusa... Arranco, mais depressa minha vida... Nos olhos carregados de paixão. Te peço, me desculpe essa ferida... E que tenhas, feliz, teu coração! X Salmo 7 - em versos brancos Confio em Ti, Senhor, me salve, Pai; Me livre então daqueles que perseguem! E que não despedacem a minha alma Sem que haja quem a livre do leão! Se paguei com o mal o pacifista, Que inimigo consiga pegar a alma, Minha alma... E que reduza minha glória Ao pó. Levantai tua ira ; desperte Por mim, ao tal juízo que ordenaste! Assim te cercarão, pois, nas alturas! Julgue-me com justiça e integridade, Que se finda dos ímpios, a malícia! Se estabeleça, enfim, os que são justos! Meu escudo é meu Deus, que salva os retos De coração! Juiz justo, meu Pai, Se ira todos os dias. Sua espada Afiada p’ra quem não se converte! As setas no arco armado, emparelhado, Inflamadas irão aos que perseguem! Desses perversos, dores; pois trabalhos Conceberam, produzem mais mentiras! Cavaram poço fundo e lá quedaram. Sua obra desmorona sobre os próprios! Louvarei meu Senhor, Sua justiça, E cantarei louvores ao Seu Nome! X Salmo 6 - em versos brancos Em tua ira, meu Pai, não me repreendas! Também não me castigue em Teu furor! Tenha misericórdia de mim, Pai! Eu sou fraco, me cure meu Senhor! Até quando meu Pai? Minha alma está Perturbada! Livrai-a Pai benigno! Pois na morte, não há lembrança em Ti, Pois quem te louvará neste sepulcro? Do meu gemido estou já bem cansado, Inundam, minhas lagrimas, meu leito! Meus olhos envelhecem tantas mágoas Que causam inimigos meus, meu Pai! Apartai, de mim, iniqüidades; Já ouviste meu pranto e minha súplica! Então que se envergonhem inimigos! E que, enfim, perturbados, tornem antes! X Salmo 5 em versos brancos Ouça-me meu Senhor, minhas palavras... Atenda enfim a voz deste clamor! Na manhã ouvirás a minha voz! Te farei oração. Vigiarei! Iniqüidade nunca foi prazer, O mal jamais habitará teu reino! Os tais loucos fugirão dos teus olhos, Odeias os maldosos e a maldade... Destruirás também os mentirosos, Os fraudulentos, sanguinários, cortas... Tua benignidade e t’a grandeza Permitirão que eu entre em Sua casa... Me inclinarei no templo, ao teu temor. Guia-me na justiça meu Senhor! Endireita o caminho para mim, Pois não há retidão senão em ti. Dos ímpios as entranhas são maldades Suas gargantas são sepulcro aberto! As lisonjas são feitas pelas línguas! Que caiam pelos próprios vis conselhos. Que das transgressões múltiplas se lancem Fora! Pois contra Ti se rebelaram! Que se alegrem os que, em Ti confiam! Se exultem para sempre defendidos... Que em Ti pois, se gloriem no Teu nome! Abençoarás justos, Meu Senhor! E os defenderá com Teu escudo! X Minha esperança morreu Na curva de teu desejo Minha vida virou breu Onde encontrarei teu beijo? Minha pobre alma, avezinha Agora canta sozinha... Me recordo de teu beijo, Nas sombras dessa mangueira O que fazer do desejo Te esperei a vida inteira... Hoje meu amor findou, Me responde o quê que sou? Meu jardim já não tem flores, Cadê a flor do desejo? Onde estão nossos amores, Morreram... Faltou teu beijo, A lembrança traz saudade Teu amor quis liberdade! Meu passarinho voou Da gaiola já fugiu Pouca coisa ele deixou Tanta dor ele pariu... Amor me dê o teu beijo, Vem matar o meu desejo... Não deixaste nem meu sonho, Nas estradas vou sozinho, O meu barco, aonde eu ponho? Eu já morri, passarinho... Amor me dê o teu beijo, Vem matar o meu desejo... X Quando desprezas a minha alma cega, Não percebeste meus tormentos tantos... Minha esperança, simplesmente nega Que me trarás nossos momentos santos... Nada mais belo quando trazes canto, Nas estrelares caminhadas, mansas... És o princípio do total encanto. Tens a beleza sensual de danças. Na tua voz a maciez de lagos, O paraíso está nos calmos braços Em tuas mãos conhecerei afagos, E dormirei a repousar cansaços... Fico a pensar por quanto tempo só, Tenho minha alma solitária e triste. Sem tuas luzes retornei ao pó Sem teu carinho o que demais existe? Por meses, anos, procurei ferido, Qual fosse pássaro perdendo vôo Se vou tão pálido é que sei perdido O grito solto, que jamais ecôo! Nas tuas pernas enrosquei as minhas, Mas tropecei sem perceber a queda... As minhas dores são perdidas linhas A noite escura, de tristezas, veda... Os teus cabelos, de magia feitos, Da negritude de ébano fantástico. Teus alvos dentes de marfim, perfeitos, Na total precisão, artista plástico... Mas me deixaste aqui sozinho e parco... Tolas as noites que julguei-te bela. À solidão velha orbital, seu arco, Sempre pergunto, mas responde, é dela Trilho traçado pela vida afora... O que fazer? Não poderei dizer, Estrela dela, vou sair agora, Penso me resta a minha vida ter... Levar o barco e procurar um cais... Deixar as mágoas num distante mar. Posso, no máximo, encontrar a paz, Mesmo se assim, jamais irei amar! X Nas artimanha da vida Espreitando pelas greta Incontrei a dispidida Nas ponta da baioneta, Moço falo que me mata, Num tenho medo da sina, Vô carreando nas mata, A mão se mostra assassina, Sô fío de gente pobre, Orguioso sei que sô, Num tenhu prú via um cobre, Mas eu sô trabaiadô, Nas terra do Coroné, Sua fía é cumo frô, Mas a danada me qué, O coroné qué dotô. Eu mar sei lê i contá, Eu intendo é dessa lida, Das mudança do luá, Das istrada mais comprida... U coroné me falô De manera deslambida, Qui num bastava os amô, Prá fía dele arribá Tinha qui sê professô... Seu coroné eu li digo, Aprenda cum sertanejo, Vai guardá essa cuntigo, Si num basta esse desejo, Se pra vancê é pirigo, Na moça num dô um bejo, Cum penuginha de amô, Num vô fazê sofredô, Um coração tão bunito, Mais digo i li arripito, Uma coisa procê vê, Há muntos anos atráis, Vancê deve di sabê, Qui nas históra da bibra, Nosso Sinhô, dus escriba, I sacerdote de riba, Perferiu num iscoiê, Us hôme que ele quiria, Era uns cabra de valô. Prá li fazê compania Perferiu us pescadô. Esses home era de luta, Tinha até a prostituta, Só num tinha era dotô... Apois bem dispois de morto, Quem foi li dá o conforto, Num foi ninhum professô, A moça que era batuta, Na verdade ela era puta, Mais tinha munto valô... Acho que vancê num leu, E se leu já esqueceu, Ou piór, num intendeu... Só prá cumpretá recado, Dispois veio um sordado, Prá ajudá nosso Sinhô, Aprecurei um dotô, Só achei evangelista, É munto poco na lista, Mais vancê num sabe disso, Num sei pruquê fazê comiço, E querer achá sumiço, Num me dexé eu casá, Num percisa preocupá, Aqui vancê tem um homi, A fia num passa fome, Inté posso li ajudá! Presta atenção nas históra, Si vancê num tem memorá, A gente ajuda a lembrá.... X Na ponta do cravinote, Nas abas do meu chapéu, Nos dentes deste serrote, Na beiradinha do céu Minha vida é meu mote, Não posso zombar da sorte, Se estou vivo é que sou forte, Experimentei seu corte Arrebento pedra e pote, Não há conta que se anote, Nem destino que me note, Nem cavalo que se esgote, Não vou fugir neste trote, A cobra já me deu bote, Mergulhei no teu decote, Se naveguei peço bote, Me enterrar pede culote, Agarrei no seu cangote, Da vida nunca se embote, Na caça virei coiote, Sou um príncipe consorte, De tristeza vendi lote, Não há coisa que me dote Nem amor que me conforte, Nem certeza que comporte, Praticando tanto esporte, Não sei lidar com bedel, Nem vasculhando o farnel, Nem rasgando esse papel, Nem se for Papai Noel, Nada mais triste ser réu, A dor que mata, cruel, Menina me dê anel, Vou andar assim ao léu, Vou fazer o meu cordel, Caldo de cana e pastel, Da noiva roubei o véu, A levei até bordel, Pensava que era Bornéu, Mergulhei que nem ilhéu, Amargando vida e fel, Fui parar lá no Borel... Menina namoradeira, Se bobear dá bandeira, Vai deitar na minha esteira, Não vai ficar de bobeira, Quem da minha rosa cheira, Vem correndo, de primeira, Não pode pensar besteira, Fica sem eira nem beira, Vai virar xepa de feira, Nem me vem bancar a freira, Pode vir, moça faceira, Vou bancar a faxineira, Eu vou te lavar inteira, Pensa que sou lavadeira, Arrombei tanta porteira, E deitei na cumeeira, Eu bati na caneleira, Já te fiz chá e chaleira, Eu te dei chá de cadeira, Em plena segunda feira, Amor batendo pedreira, Não deixa na geladeira, Penetrar, fazer carreira, Vou trepar na trepadeira, Nem adianta a romeira, Minha mulher verdadeira, Vem dançar o Zé pereira, Se pingar vira goteira, Pode vir qualquer maneira, Vamos dançar esse xote, Nosso amor é fogaréu... X Quando saudade machuca, Não pede sequer licença Toda dor que recompensa, Se perde nesta saudade. Vida trazendo maldade, Dói qual pancada na nuca, Deixando essa gente maluca Fazendo sangrar o peito, Nada mais penso direito, Nada deixa satisfeito Um coração disparado, Que batuca aqui do lado, Um bater desesperado, Sem ter jeito de parar... Minha vida a te encontrar Nas curvas deste caminho Não posso seguir sozinho Perco rumo, desalinho Nada mais posso falar, A saudade faz paragem, Desvia rumo e viagem, Faz tremenda sacanagem, Procurando por bagagem, Esperei por nova aragem, Depois da curva a barragem, Amor me fez pilantragem, O resto tudo é bobagem, Não me importando a vendagem, Se perdi foi tua pajem Me encontrei nesta listagem Que fizeste minha amada, Não quero mais essa estrada, Não tem porta nem entrada, Se cair, caio da escada, A vida, tal batucada, Não me deixou mais nada, A canção agalopada, A morte desenfreada, A rama desesperada, A roseira tá quebrada, A sina tá desgraçada, Na manhã mais festejada, O resto não vale pão, Me perderei no teu chão Não quero caramanchão, Vou fugir da confusão, Vou voltar pro sertão, Estrada traz solução Nada mais eu saberia Não queria ter teu dia, Se deixar não me cutuca, Não boto a mão em cumbuca, Do cigarro, só bituca, Nada mais olhar butuca Quando saudade machuca... X Cobra coral, coralínea praia, Desfaço meus passos e não te vejo. Andrajoso caminheiro sem coragem. A margem esquerda do riacho, Acho que não posso te esquecer... Ver o mar vencerá quem quiser... Quem me quer, mal me quer, quem puder No meu manto, canto, encanto e cantochão. Cara a cara com a rara formosura, se mensura A brandura na ternura, terna cura que não doura Na madura moldura que me dás. Remedas as ondas e as árduas amarguras... Nas volúpias, cópulas e cúpulas. Apaziguas... Te quero vencido e vencedor, vencer a dor, Vendeta e colheita, completa sedução. Rastelo e castelo, somos mar e cordilheira, Girassol e contratempo, carisma e solidão. Sempre te procuro, mata escura, candura E carnaval... Pierrô, colombina, se combina tantas diversidades. Cidades e províncias, vícios e santidade... Princípios e terminais. Umbrais e porões. Multidões.. Me mutilas e te espreito, és meu peito e meu pendão. És meu sim, sinônimo do não. Acordes sem acordos, acordeão. Varizes e valores, vinis e venais vergões. Vértices e abismos, paris e lirismo, istmo e atol. Mesmice e repertório, veleiro e velório. Insone e opiácio, pirão e pescaria. Temor e meio dia, melodia e melancolia... Matagal e mataria, manto e montaria, Fogaréu e afago, ganho e derrocada. Cada parte e multidão. Serva sem sermão, sertão e serenata. És a minha nata e sabiá, catarei teu canto e cantoria. Autor áudio, auditoria, marte e sereno. Vaia e veneno, versos e complexos comparsas, persas, praças, asas, asas, as, a.. X Eu sei que tu jamais retornarás, O medo se aproxima, traz seu cheiro... Na porta dos palácios me permito, Viver esta esperança sem juízo... Eu sei que terminou o nosso caso, Não pude receber o teu recado. O jeito foi fingir que não te quero, Meu pranto percorrendo todo o rosto... Vasculho cada ponto de partida, Encontro solução mas não vigoro, Enluto um coração tão sem coragem, A mão que acaricia também bate... Nos bailes que freqüentas, nada danço Os olhos espremidos de tristeza. Me deste solidão que não mereço. Tropeço cada passo, sem perdão... Avanço teus castelos, fantasia, Amores que não pude constatar, Balanças tuas mãos num até breve, Capítulos refeitos desta história... Digeres cada beijo que te dei, Espremes sem piedade, meus sorrisos, Farpas esparramadas pelo chão. Guardaste minhas dores num recanto, Hoje descobri quanto me negavas, Idolatrei teus passos, infeliz... Joguei as esperanças neste lixo. Lograste tantas falas mais hipócritas, Mentiste sobre cada novo fato, Na mão direita levas meu amor Ostentas teu sorriso de vingança... Percebo que não queres o meu braço Quebraste meus encantos sem perdão, Resgato meu amor no teu regato, Saudade foi herança que sobrou. Tarântula devora o pobre macho, Urdindo tantos planos que nem sei, Vinganças que te movem, cada passo... Xingaste que te amou e não quiseste... Zeraste tanta vida sem piedade... Amor, então perdoa, vivo pálido, Basta desse querer assim, esquálido, Na barca da saudade, sou inválido, Teus olhos se mostraram, belos, cálidos... Não pude constatar porque sou plácido Vestidos que queimaste, jogas ácido, Esvaindo nas quimeras, somos gélidos, Nos versos que te faço, caço métrica, A noite dos amores, vem mais tétrica. Vontade de te ter, machuca pétrea, As mãos a percorrer, fustigam límbicas, Querem-te devorar, mas são tão tímidas, No escárnio que te move, finges úmida, Mas sei que não me queres és tetânica Espero que perdoes cada cântico, Não sei fazer meu verso mais romântico, Amor que dediquei, enorme, atlântico, Tentava ser mais manso, e mais pacífico, Não pude nem fingir que fosse bélico, Os ventos que me movem, força eólica, As dores que sentimos, forte cólica, Por fim nos dividimos, bola e búlica... Nos vestiu, tanto tempo, a mesma túnica; Sorrindo me demonstras como és cínica, Beijando me mordeste qual famélica. Quem vê o teu sorriso mais angélico, Não sabe distinguir como és atômica, Deixaste tanta gente assim, atônita, No fundo te fizeste catatônica, Mentiste com verdade cruel cômica, Minha garganta cala, mais afônica, Viver sem ser feliz é minha tônica... Agora que mataste não se ria, O mundo que navego perde ria, Na porta da saudade que seria, Não posso me esquecer do que se via... Amor, agora chega aqui do lado, Te quero, vem fazer um cafuné, Não deixe tanta coisa assim de lado, Não posso me encantar, perder a fé, Amada, vem sacode essa roseira, A noite que me trazes, companheira, Te quero, na verdade assim como és... X Nos meus olhos cansados de viver, A morte se demonstra solução. Não posso nem consigo te esquecer... Quem sabe me darias o perdão! Mas nada que passei demonstra tanto, Pranteio com saudades meu passado, Há quanto não consigo ouvir teu canto. O pranto que rolei, desesperado... Nas pontas do lençol onde me agarro, Rastejo pela sala e te procuro. Na fumaça que sobe, do cigarro, Nas espirais encontro meu futuro... O câncer que cultivo me amedronta, Mas atrai penetrante sentimento... A vida que julguei tanto me apronta, Palavras se perdendo com o vento... Nos campos que plantei sequer espinhos, As urzes proliferam e me espantam... Nas árvores maus tratos, pobres ninhos, Cadáveres sedentos se levantam... O manto não me cobre nem aquece, Resumo minha dor neste poema... Esperança não resta, e já fenece, Viver sem poder ser virou meu lema... Mentiste teus propósitos escusos, Na sombra de teus passos me eclipsei, Meus versos se tornaram mais obtusos, Nas lendas esquecidas não fui rei... Recebo teus recados sem sentido, Concebo meus pecados, fantasias... No livro que jamais houvera lido , As vozes nos corais, nas melodias... Vestido de cruel maledicência, Desnudo o meu âmago sem cortes... Não pude conhecer as tais clemências, Disponho tão somente dessas mortes... A sorte me lancei nestas batalhas, Não pude conhecer senão reveses, Na ponta do punhal, corte e navalhas. Me deste tão somente urina e fezes... Crocitas palavrões que não conheço, Vestida de vestal tanto me enganas... Da vida conheci queda e tropeço, Me mordes e depois mansa, me abanas... Fingiste maciez, doce recato, Não pude te entender, me deste bote... Cuspiste tão risonha no meu prato, Abriste venalmente o teu decote... Os seios antevistos me enfeitiçam, A boca mais carnuda já me engole. Meus olhos catatônicos cobiçam, Me embriagando assim de gole em gole... Braseiro que incendeia corpo e alma, Não deixas de tentar me seduzir, A noite que me embota pede calma, A lua de teus olhos a luzir... Mergulho cegamente em teu delírio, Não deixo de viver belo delito, As marcas que me mordes, meu martírio, Me enlouqueço demente, em tal conflito... Se me queres, me dês mais atenção, Mas foges tão somente surge o dia... Espalhas e semeias tanto grão, No fundo me transformas fantasia... No mundo que me guias, um abismo... No resto que percebo sem ter rumo. Um dia, tarde ou cedo, me acostumo, Por hora vou morrendo, fanatismo... Não deixo de viver e não me farto, A mão direita mostra uma roseira, No peito a sensação dura do infarto, Amar-te é ser assim a vida inteira. Na mão esquerda trazes um punhal, Que não respeita nunca uma armadura, Espalha teu olhar no milharal, Não me permite lume, a noite escura... Que faço deste mar que não habito, Que faço desta lua que me queima... Os versos que te endeuso não repito, Viver sem poder ter é simples teima... Nos olhos verdadeira e louca chama, Na boca uma ironia mais fantástica Prometes diamante e me dás lama, Me mobiliza inteiro e estás estática... No ramo deste fruto traz espinho, Na barca que navego, meu naufrágio, Venenos espalhaste pelo ninho. Meus versos que inventei, tu viste plágio... Agora que te tenho nunca tive, Agora que te foste és toda minha... A morte que me deste é donde vive A boca que me salva e é daninha... Perfumes que me espalhas, afugenta, Metade do que tenho não és nada... A corda que prendeste me arrebenta, Degraus que nunca subo desta escada... Versículos componho em tua glória, Canais que construímos nada servem, Princípio e final de toda história, Enigma que meus olhos não se atrevem... Desculpa se te fiz este poema, A noite não me impede de sonhar, És clara enquanto vivo desta gema, (És ria que me impede um grande mar...) Não sei se te persigo pelos bosques, Nem sei se te encontrei nas cordilheiras, Vencidas as quermesses nos quiosques, Mergulho por alturas altaneiras... Bastardos os meus dias sem te ter, Disparo meus canhões, atiro a esmo... Nas páginas dos medos não sei ler, Nas dores meus amores, sou o mesmo... Não posso e concretizo um velho tema, Metade do que sou tanto te quer, Metade do que resta vive extrema Vontade de esganar essa mulher... X Seu moço mi dê licença Deu falá ansim procê. Nóis avéve nas duença, Nóis num prendeu a lê... Nóis é tudo anarfabeto, E nóis num qué sê esperto... Eu sei vancê é dotô, Hôme di sabedoria, Nóis é tudo lavradô, Nóis ganha tudo prú dia, Mais nóis num sêmo ladrão, Nóis tem munta inducação! Vancê é hôme letrado, Sabe falá dos ingreis, Nóis é uns bicho acoitado, Mai que már que a gente feiz? Nóis tudo véve nos mato, Na bêrada dos regato... Nóis perciza se entendê, Nóis é tudo brazilêro, A gente perciza vivê Im riba desse polêro, Mai seu dotô arrespeito, Nóis tem os mermo derêito... O sinhô é um dotô, Das hingiena bem sei, Mai pru quê que ocê pensô Qui pudia sê um rei? Vancê num tem humirdade, Pérciza tranquilidade, Cada veiz que ocê parece Vem falá que é um dotô, Né disso que nóis carece, Nóis perciza é de valô, Os sertanejo trabáia Carregano uma cangáia... Os hôme da capitá, De Sum Paulo, num percebe Qui nóis mórre de trabaiá. O dinhero qui nóis recebe É que é bem poquim seu moço, Dá mar e mar prus almoço. Nóis num sêmo vagabundo, Nóis sêmo é pobre dotô, Nóis véve no memo mundo, Nóis tudo é trabaiadô, Vassuncê é que num sabe Quantas dô num hôme cabe... Vancê num teve seus fio, Cumeno os resto dus boi, Vancê num véve no estio, Num sabe memo onde foi Qui nasceu nosso Sinhô? No mei dos trabaiadô! Vancê num tem os dereito Da inguinorança insurtá, Se vancê qué sê eleito, É mió ir istudá Um pôco deste sertão, Prá incontrá solução... Vancê véve avoano, Mai num pára prá zoiá, As coisa tá miorano, Mai vancê qué piorá. Nóis tudo têmo esperança. Num vem matá a criança... Nóis pudia inté lhi ouvi, Mais perciza de inducação, Di cachorro prá lati, Avéve cheio o sertão, Tem um cabra na Bahia, Qui inté onti inda latia... Um coroné marvadeza, Ixproradô da mizéra, Um moço da realeza, Latia pió que fera, Apregunto pru dotô, Pronde esse cabra vazô? Nóis num perciza chibata, Nóis num qué mais sê robádo Dessa gente que martrata, O pobre já tá cansado, Nóis qué é sujeto amigo, Prá num corrê mais perigo... Do sangue da gente pobre, Munta gente empaturrô, Robáva até memo uns cobre Munta gente inté matô, Mais as coisa tá mudano, Já cansamo desse engano... Os coroné que restaro, Tão do lado do dotô, Nóis num é mais tão otáro, Nosso pobrim acordô, Nóis qué tê liberdade, Percizamo dignidade. Nóis sabêmo que vancê, Amigo dos coroné, Num consegue convencê Nóis sabemo o que nóis qué, É um Brazi mais cristão, Onde nóis tudo é ermão! Os nosso fio merece Um Brazi munto mió, Tanta dô que nos padece, Vancê nunca têve dó... Só fala das capitá, Vancê qué nus enganá! Me faláro qui o dotô Gosta di riligião, Parece num iscutô, A voiz do seu coração. Jesus Cristo nasceu pobre, I foi vendido pruns cobre. Cunhicia o traidô, Mesmo ansim vancê num sabe Qui Jesus o perduô, Essas coisa é qui num cabe Na cabeça de vancês, Dispois do qui Juda feiz... É qui o pobre seu dotô, Num véve di falsidade, Sabe munto dá valô A verdadera amizade. O erro é que é odiado, E o amigo, perdoado... Mai num vô falá mais não, Nem ovi vancê num qué, Mai vem cá pru meu sertão, Vai miorá sua fé, Isquece essa gente má, Isquece dus coroné, Vancê vai se adimirá De vê cumo miorô, Eu sei, vancê é dotô, Mais perciza de lição, Vem abri seu coração, Sabê da gente mais pobre, Qui véve de valentia, O quanto qui uns poco cobre Dá prá cumê pur uns dia... Quando Jesus, no deserto, Veno seu povo faminto, Pegô uns pão i uns pêxe, Póde crê qui eu num minto, E falô pru povo dêxe Qui nóis num vai mais morrê Dispois di tudo vancê, Num intendeu o recado, Desse povo disgraçado, Si juntô aos coroné, Dexâno esse povo a pé, Inda vem falá di fé? O qui vancê num divia É a pobreza insurtá Nossa dô que se alivia, Com vancê vai piorá, As coisa das nossa terra, As coisa desse Brazi, As montanha e as serra, Beleza que nunca vi, Tanta amô mais verdadero, Vendê prus cabra estrangero? Vancê diz que vende não, Mais qué vendê avião! Dispois cumo acreditá No qui vancê fô falá! Se o prefêto da cidade Quisé vendê otromóve, Cum toda a tranquiladade, Num vai sobrá um imóve... Seu dotô, já vô imbora, Tô cansado de falá, Vê se prus cabra de fora Finge sabê iscutá, Vem cá pra minha tapera, Passá uns dia de fome, Vai vê qui a vida dum home, É di trabáio i di fé, O só isturricadô Rezamo prá São José, Nosso trabáio e valô, Num depende mais da chuva, Nem di seca ou di istiage Memo que venha sauva, Os coroné, pilantrage, Nóis num morre mais de fome. Arrespeite entonce o home Qui nus deu essa vantage, É um pobre nordestino, E num é um dotô não, Passô fome, foi minino, Aprendeu iducação. Ouça as palavra dotô, Vai fazê um bem danado, Aprenda a dá mais valô Presse povo istrupiado, Quem sabe vancê intenda, Qui prá sê um bom cristão, Nóis num percisa contenda, Abasta tê coração! X Nas istrada da sodade Incontrei meu bem querê, A vida trais crueldade, Apercuro pur vancê Nos canto das ingrenage Nas bêra dessas viage... Moça bunita dá jeito, Num dêxa os óio chorá Amor prá sê mai perfeito, Num pode os óio alagá, Eu perdi minhas bagage, Nos canto das ingrenage... Incomendei um vistido, Prá moça linda vestí, O meus amô é sufrido, Das dô qui tanto vivi, Rebentô essas barrage, Nos canto das ingrenage... Tantas noite que chorei, As mágua num derum paiz, Eu jamais esquecerei Tanta dô a vida traiz, Parece que é pilantrage, Nos canto das ingrenage... Maria me deu um bêjo, A sodade machucô, Minha vida é só desejo De vortá pru meus amô, Mas já fiz tanta bobage, Nos canto das ingrenage... Num tenho medo de nada, Nem de cabra valentão, Minha viola é espada Nas noite do meu sertão, Num suporto fardunçage Nos canto das ingrenage... Meus óio já tá cansado, Destas coisa que inventáro, Eu sô cabra bem casado, Mai gosto deste açucaro, Vivê nessas vadiage, Nos canto das ingrenage... Nos canto das ingrenage Eu termino a cantoria, Já falei munta bobage, Vô pegá na muntaria... Eu termino essa viage Nos canto das ingrenage... X Noite escaldante, noite das esperanças... Cruas crianças vestem-se de danças, As danças descalças insensatas... Os medos e os ledos desejos, segredos e manhas... Trazes as crases e as aspas, cruzes e vespas, Urzes e brasas... Acesas brasas... As asas e os pés cansados, atados e feridos. Noites escaldantes, noite das lembranças Das pujanças e das lanças, alças os velozes E vilosos pés. Segregas e negas, afagas... Nas terras distantes, Crianças e gnomos. Gomos de esperança... Somos todos o nada, Absortos e distintos, Intestinais... Versos e versões, imersões... Noite escaldante... Daqui para adiante, Avante e diante de ti, Os pés descalços, os percalços... Somos o mesmo eco, o repeteco, O esterco e o nascimento, O cimento e a base, Arquiteto divino. Nada impede o tropeço. O meu preço é o recomeço. Meço meus medos por meus olhos Lacrimejo meu desejo mais espúrio. Cúrias e Mercúrios... Deuses... Reveses. Cruzes Luzes Urzes. Reverso E medalha. X Vivendo num palácio sem pudores, As gralhas esquecidas sugam sangue. Olhos esfomeados, lutos, dores... O perfume emanado, lembra mangue, A praça não cabendo esses atores. Nas mãos estropiadas trazem flores... O rosto macilento das crianças, Suas mãos estendidas pedem pão... Disfarçam pois não querem nem lembranças, Companheiros dormindo o mesmo chão... Adormecidas sobram esperanças, Por sobre essas cabeças, setas, lanças... As gralhas ao passar, tampam nariz, O cheiro da miséria contagia. Quem passa pela vida, um aprendiz, Já sabe muito bem de tal sangria, Mas outro que percebe e nada diz, A vida representa ser feliz... Nas mãos contaminadas pelo lixo, Nos vermes devorando tudo, aos poucos... Não são pessoas, quase lembram bicho, Os olhos tresloucados, todos loucos... O mundo se apresenta como um nicho, Sua alma carregada, carrapicho... A fome que parece hereditária, Não deixa nem sequer pedir licença, Nas mãos que se sangraram, alimária, O crime parecendo recompensa... Nas ruas um veneno, Nos olhos sem segredo, O mundo é bem pequeno Viver é um degredo!!! Onde estarás meu Pai? Que não vê isto! Crianças vão pedindo por clemência! Adiantou acaso mandar Cristo? A fome não espera paciência! Seus filhos esquecidos na sarjeta A podridão devora tudo enfim, Me mande tantos raios, seu cometa, Rasgando, a tempestade dentro em mim... Não posso concordar com tal vergonha, A vida não merece essa desgraça.. O dedo na ferida, venha, ponha, Não posso conceber tanta falácia! O sangue já sem tinta desta gente, Sua cama estendida no chão duro... Amar é necessário e mais urgente... Precisamos resgate, dar futuro... Os olhos dessas gralhas canibais, Não podem nem aceitam tal verdade, Os homens sempre foram animais, Escolhem, encobrindo tal maldade... Meninos vão brincando nos esgotos... As almas são lavadas pela merda... Os risos traduzindo perdigotos, O corte mais profundo tanta perda... Depois de certo tempo, a mesma história. As gralhas nunca deixam nem migalhas, A cachaça embotando sem memória, Maconha e cocaína, filhos gralhas... Restando assim somente a podridão, Cadáveres jogados nas chacinas... Recendem no perfume, o coração, Das gralhas, suas almas, fedentinas... Onde estarás, meu Deus? Por favor, eu te espero! Secai os olhos meus! O medo, desespero! Essas gralhas são famintas, Não perdoam nem centavos... Desse sangue bebem tintas, Açoitantes acham bravos, As bravatas que proferem, Esses vermes que a querem! Nos seus carros importados, Nos seus olhos protegidos, Fingem nem olhar pros lados, Nos seus sonhos corrompidos, Nas viagens esperadas, Nas suas portas fechadas... No sorriso de deboche, Na marca triste e profana, Ouro carrega no broche, Sonhos de riso e de grana, Nas peles falsificadas, Nas suas portas fechadas... Na exploração do faminto, Nos seus lucros infindáveis, Nos porres do mesmo absinto, No sangue dos miseráveis, Nas orgias preparadas. Nas suas portas fechadas... Os meus olhos embaço e tento ver Em meio a tanta dor, uma saída... Minha felicidade sem porque, Uma sombra acompanha a nossa vida... Nos lixões da cidade, exposta a fome, A alegria envergonha-se, vai, some... Guardado no meu canto, minha cama, O olhar dessa pobreza e da miséria, Uma gralha empombada não reclama, Cidade adormecida, finge séria... Do outro lado da rua, na calçada, Adormece a menina abandonada... Uma sombra abraçando a tal menina, Um sorriso feroz, vil ironia.. Num canto apavorante, que alucina, A noite envergonhada, quieta e fria, Na penumbra percebo o sombreado, Desse bico a sorrir, ensangüentado.. X Por esse tempo todo que passei, Ao te rever, parece que foi ontem... A mesma boca triste que fez lei, Impede que as saudades se recontem... A mão que tenebrosa, foi açoite, O tempo que passamos, antes, juntos, Refletem no espetáculo da noite... Estávamos distantes, sem assuntos... As minhas mãos, teimavam serem dela Os olhos que mirei no camarote, Ao fundo decorando triste tela, Amor secando a fonte até que esgote... O tempo irresponsável, fez cisão, Uma parede atroz enfim se erguia... O medo precipita a decisão, No lago não concebe mais enguia... Não posso desculpar-me, pois apenas Uma saudade enorme, na porta entre... Não vejo tempestades nem acenas, Nos barcos que permitam que se adentre... Desatam-se tão céleres os nós, Não resta nem metade que fui eu. Resume-se tristeza volta aos pós, No fundo amor que mata, mereceu... Nos medos que me deste e eu vivia, O tempo amargurando nosso doce, Não posso perceber maior valia, Derrotas, acumulo... A noite trouxe... Rever-te foi somente triste alento, A noite da partida se confessa, Saudades vão e voltam com o vento, Os erros cometidos não dão pressa... Amar demais passou a dar vertigem, Um coração se agita nesta cela... O medo conspurcando a falsa virgem, O rosto transtornado da donzela... Quem fora só metade quer o tanto, Quem sabe da saudade, diz amor, A noite espreitando nosso canto, No resto desta história, desamor... Não quero conceber que seja jogo, O medo no teu rosto se revela... Ardendo me derreto no seu fogo, A noite se ilumina tua vela... Nos olhos negros, luzes irradias, Nos medos pardos, sangue que destilas, Nos cantos alvos, cruzes que me guias, Nos prados verdes, brilham-te, pupilas... Tua partida deixa seus recados, Destróis a vida, partes, tantos nacos.. Agora está valendo, rolam dados, O que restará, junte aos meus cacos! X A minha alma, tristonha caminheira, Buscando pelos passos de quem amo... Nas endeixas perdida por inteira, Nos braços de quem peço, triste clamo... Como a criança sofre com os medos, Os gozos que persigo atemorizam... Nas vezes que persigo seus segredos, As dores de minha alma traumatizam... Pomba rola que voa sem destino, O pântano que me deste de presente, Causando em mim, perjuras, desatino, O nada que se perde, nem pressente... As noites sem sentido, são mundanas, Os beijos que teimei foram ocaso, Tais marcas de veneno que me empanas, São formas de viver simples acaso... A noite que mendigo é tão aflita, Perdido nesta mata, neste bosque... No peito silencioso a alma se agita, Nas noites tanta perna que se enrosque... Minha alma, empedernida, não se acorda, Dos sonhos que alucinam meus sentidos... A borda do que somos, perde corda, Os montes que vivemos, dos olvidos... Minha alma, procurando pelo alvor, Destila toda cor de bela aurora, Trepida, procurando por calor, A vida que me deste foi embora... Quebrado todo o pote, foi-se o doce, As pombas que cantaram, seu arrulo, Quem dera que restasse nunca fosse Amor que me encantava, já não bulo... Ouvindo toda noite tal soluço, O canto das cigarras não se imita, Nos trotes do cavalo, rocim, ruço, O peito tartamudo louco, grita... Procuro por passagem neste porto, Espero conseguir um novo pouso... Um resto de sentido queda morto, Das tétricas saudades, sou esposo.. A porta que fechaste, gemedora, Não pode nem sequer por isso chora, A mão que me carinha, redentora, Olhar que agora lanço, já te implora... No meio de tristezas tudo somo, No seio desta noite, pleno breu, O mundo se ilumina deste assomo, O tanto quanto amei já se perdeu... Perdendo meu sentido e toda a calma, Pressinto renascerem ilusões, São falsas e disfarçam a minha alma, Sentidos e promessas, ilações... Quem dera tanto amor de duas vidas, Não fosse de repente assim fanado... As marcas que me mostram despedidas, Percorrem sem destino os feros fados... Quem duvida não pode nem quer crer, Amar um triste jogo, perigoso, Mesmo que ganhe, sempre vai perder... A mão que te machuca te dá gozo... Exclama tempestades sempre já... Nunca espera nascerem novas folhas, A lua que brilhou não brilhará. As rosas que espreitaste não recolhas... As páginas que tanto foram lidas, São restos do que vida, já se foram... Carinhos que me deste, despedidas, Os medos qual foguetes, sempre estouram... As dores que me urtigas são remotas, As noites que me levas são chorosas, De tanto que sonhei perdi as cotas, Amar sempre traduz, maravilhosas... Quem dera dedicar todo meu canto, A vida se resume em gesto nobre, Minha alma vai buscando teu encanto, O medo da saudade já me cobre... Num vale dolorido, amor desmaia... Na pantomima mímicas venais, A calmaria foge desta praia, Os olhos embotados, nunca mais... Não quero nem permito tantas queixas Do coração que bate nova plaga, Misturam-se desejos com as gueixas, A forma de viver tudo, me alaga... Amar que me pergunta sempre e quando, As pétalas desfeitas nunca beija, Nos sonhos que produzes, mergulhando. A cama se demora e não deseja... Levanta sutilmente a tua saia, Sem perceber, audaz, a noite avança... Deitados envolvidos nesta praia, Amantes se desnudam, tanta dança... A vida por tristezas vai banhada, Nos medos que deixei restaram prantos... A calma se transtorna, desolada, Nosso sexo invadindo sob os mantos... Amor que se delira com afinco, Na mata penetrante mais escura, Recebo com delícias o teu brinco, Amar-te é consumir toda a ternura... O medo de morrer já me levou Às margens do que fora um triste rio... Meu pranto que, de espanto, já nevou, Derrama sobre tudo um canto frio... Minha alma de ternuras ressuscita Palavras que jamais compreendi, Rompendo meus sinais, resume a fita, Minha alma vai perdida em mim, sofri... Minha alma de rancores violentos, Por céus penetra, infinda, como o medo... Os campos que conhece, são sedentos, De tudo quanto tive, um arremedo... Viscerais tempestades me envolveste, Minha alma seduzida nunca está Amar por tantas vezes, inconteste, Um barco que jamais navegará... Vasculho por sinais, felicidade, Esmago qualquer forma de sofrer, Não peço paciência, veleidade, Minha alma, nos teus braços, quer viver... Agora que não tenho solução, Espreito meu caminho nos penedos... Aberto sempre deixo o coração. Carinhos que te faço com os dedos... Mortalhas que vesti são meus delírios, Os prados que visito são falsários... No fundo o que resta são martírios, Tal qual corvo imitando esse canário... Nas fimbrias do vestido que desnudo, Nos pátios destas casas que freqüento... Não quero teu amor, mas quero tudo, Montanha que resiste a todo vento... Dedico minhas noites a minha alma, O beco que te dei não tem saída... A boca que me beija sempre acalma, Resumo a minha alma em tua vida.. X Não te vi, nem pretendia A noite não traduz dia... Versejando fantasia, Esqueci da melodia... Amar demais a Maria, Que sei, jamais, amaria... Todo amor que se cumpria, A dor que no peito estia... Não te vi, nem pretendi, Jamais pude estar aqui, Por tanto tempo vivi, O teu amor esqueci! No teu livro tanto li, Depois de tudo perdi O prumo. Meu souvenir, É saber que estás ali... Não te vi nem pretendia, Jamais pude estar aqui, Versejando fantasia, Por tanto tempo vivi! A noite não traduz dia, Não te vi, nem pretendi, Esqueci da melodia E prumo, meu Souvenir.. X Quando queres verdades, dás mentiras, Quando mentes cidades, vives campos, Sertanejas sandálias nunca tiras, Atiras nos pacatos pirilampos... Me negas sentimentos que padeces, Nas preces a prudência não te salva, Nas horas mais vividas desfaleces, Perfumas meu cadáver com a malva... Vencida não se entrega quer vingança, A lança que quebraste já não fere. Desferida esperneias esperança, Na dança que fingiste não me espere. As amas que secaste não deleite, O leite que me deste foi azedo, Azado este momento, me respeite, Aceite meu tormento por segredo... Arremedo poema não tem fim, A fim de esquecer tua falsidade, Verdade é que não gostas mais de mim. Carmim a boca doce da saudade. Vontade de ficar mas tenho pressa, Confessa que não viste este penedo. O medo me transfere para Odessa, Dessa mesma maneira que me enredo... Vontade de voraz caricatura, Na escura mansidão que não me negas... Navegas pela mata mais escura, Candura que fingiste não me apegas... As pegas corvorizas nas sarjetas, Tarjetas que ultrajaste incompletas... As fases que tiraste dos cometas, As bocas que lambeste vão repletas... Vontade de saber o que não cabe, Amarras os convés e não ancoras, Descoras insensatas regalias, Nas gralhas que imitaste sem demoras, Amoras que comeste em noites frias... Versículos, capítulos, promessas, Compressas quase nunca são bastante, Distante de meus olhos, já me apressas, Verdades sempre em forma delirante... Nas teclas que pianas operetas, Nas marcas que maceras nas maçãs, As maças que amassaste nas vendetas, As vendas que fechamos, cortesãs... Amor, te quero mesmo sendo insana, Amar-te é ser o mesmo que não ter... Calor demasiado a vida abana, A morte é a vontade de viver... Entre tanto entretanto na entressafra, A pele que compele se completa... A mão que me ebaniza da deusa afra, Das paixões que me deste a predileta. Amar a tal pantera me inebria, Originariamente me devora, Cigarros que fumei na noite fria, A tosse intransigente me decora. Amar a negritude desta bela, Nos laços dalmatizam meus amores, Contrastes sempre foi forma singela, Da homenagem que peço enfim às flores... Amando-te esperando meu desejo. No canto que te embale a despedida... No gosto chocolate de teu beijo. És a razão final de minha vida! X Sua boca tão gostosa Tem a delícia da rosa, Traz em si o meu desejo... Essa boca mais cheirosa, Me deixando todo prosa, Quando consigo seu beijo... Moça bonita me dê Seu amor pr’eu viver, Sem ele não tem mais jeito.. Não consigo lhe esquecer, Por onde anda você, Saber isso é meu direito... Nos caminhos lhe procuro, Terra batida, é tão duro, Passar a vida sozinho... O fruto que está maduro, É meu coração tão puro, Procuro pelo caminho... Estradas que já passei, Nesse mundo triste lei, Onde você se escondeu? Nas estrelas procurei, Neste reinado sem rei, Meu amor já se perdeu... Na manhã do nosso amor, Não houve tarde, só dor... A vida é meu desafio... Como posso sem calor, Perfume procura a flor, Eu mergulho negro rio... Nada encontro, seu segredo, Tanta noite, tanto medo... Onde posso procurar? Na terra do meu degredo, Meu mundo não tem enredo, Persigo o belo luar... A vida sem alegria, Passando sem fantasia, Traz a tristeza sem fim... Não vejo raiar o dia, Minha vida sem Maria, O que será Deus, de mim? Quando vejo esse vestido, No varal tão esquecido... Me lembro dessa mulher... Todo amor que houvera tido, Tudo que fui vai perdido, Só a saudade me quer! Volta pra mim, eu lhe imploro, Se não voltar não demoro, Logo, logo vou partir... O meu céu já não decoro, Tanta lágrima que choro, Como posso resistir? Minha viola plangente, Pergunto pra toda gente, Por onde anda meu amor... Assim acabo doente, Ou então fico demente, Não suporto tanta dor... Quero você nessa vida, Não suporto despedida... Vai me sobrar só a morte... Volta minha querida, Minha tristeza incontida, Implora por melhor sorte... Quem souber da minha amada, Não precisa falar nada, Só lhe mando esse recado... A cama de madrugada, Inda está toda arrumada, Só falta você do lado... X Noite triste, madrugada, Procurando minha amada, Nada do que fui restou... A saudade dolorida, Vai tomando minha vida, Eu já nem sei mais quem sou... Tu te lembras da casinha, Onde um dia foste minha, Esta casa desabou... As mentiras que disseste, As saudades que me deste, Foi, de tudo, o que sobrou... Passarinho que cantava, Na manhã que mal chegava, O seu canto se calou... Meu peito desesperado, Te procura do meu lado, Um vazio já chegou... Nas noites frias, abrigo, Agora , como prossigo? Sem meus pés para onde vou? Eras o sonho mais puro, Mas o coração tão duro, Tristezas o que legou! Ferido pela tristeza, Procuro tua beleza, Mas a vida me negou... Perdido, sem esperanças, Só me restam lembranças Desse tempo que passou... X A vida te trouxe a sina De ser água cristalina De ser bela criatura De não ter sequer defeito De viver em tal brandura, De ser ente perfeito! Semente dos meus sonhares, És fruto dos meus pomares, Amores que não têm fim... És manto mais delicado, Pois és sempre o vero sim Coração apaixonado... Os olhos são dois brilhantes, De brilhos raros, constantes, Orientam meu caminho Clareiam todo meu rumo, Mirando-me dão carinho, Acertam a vida e prumo... Os olhos desta princesa Hinos à delicadeza, Faróis que guiam meu barco Em meio a tais tempestades, Se sou seta, são meu arco, Refletem as claridades... Olhos distantes, serenos, De ternura são mais plenos, Esmeraldinas manhãs, Solar espelho traduzem, Sem eles como são vãs, Meus amores não reluzem... Os olhos da minha amada, Auroram na madrugada, Roubam todo belo astral, Mergulham claro desejo No brilho imitam cristal, Neles, a beleza vejo... Olhos pacificadores, Os olhos dos meus amores, Doce chuva calmaria, Mansas águas deste lago... Repetem-me todo dia Todo esse profundo afago... Prelúdio de mansidão Penetram meu coração, Não deixam nada sem brilho, Nem me permitem tristeza, Com eles acerto o trilho, São os marcos da beleza... Sonatas tentei compor, Homenageando amor, Amor que trazes nos olhos, As rosas que já colhi, Carregando em belos molhos, Nos teus olhos me perdi... Nas serenatas que faço, De teus olhos busco o traço, O canto que quero dar, Nos caminhos que percorro, Os raios deste luar, Sem eles, peço socorro... A saudade ninguém planta, Teu olhar já me levanta Não me deixa nem sonhar. Prá quê que eu quero o sonhado, Se o melhor vou encontrar Estando assim acordado! Teus olhos deixam felizes Os olhos destas matizes Que nunca mais encontrei. Nem princesa nem rainha, No meu reinado sem lei, Meu olhar no teu se aninha... Olhos verdes desta mata, Onde derramas cascata Onde produzem esperas, Dominando toda flora Toda fauna e tantas feras, Sem teu olhar, lua chora... Olhar hipnotizador, Refletindo meu amor, Me deixou sem ter saída, De que vale todo mundo, De que vale minha vida, Sem o teu olhar profundo... Mas, ontem pensei depressa, Mudando nossa conversa, Estava deitado na rede, Quando pude reparar Nos olhos da cobra verde, Encontrei o teu olhar... Reparei neste momento, Começou o meu tormento, Esperei o tempo inteiro Para poder descansar, O teu olhar traiçoeiro, Não me deixa respirar... Eu não tenho mais saída, Nada de meu nessa vida, Nada mais posso fazer, Estou perdido e não nego, Te peço pra compreender, Furei meus olhos, sou cego! X Calor que me invadiu, teu olhar... No mar de esperançosas ventanias... Nos dias que passei, luas redondas Nas ondas deste mar que tanto espero No fero sentimento te adorar! Naufragar em teus braços minha amada... Cada noite que passo, mais te sonho... Ponho meus tristes barcos, meus saveiros, Canteiros que produzem rosas belas. Telas onde emolduraste tal beleza, Certeza de que há Deus e que ele ama! Na chama eternizada dos teus olhos. Molhos de delicadas ervas trazes. Fases lunares linda tempestade... Arde a sutil manhã que prometeste. Inconteste delírio destes deuses Reluzes nos orgásticos desejos. Nos beijos que prometes inebrias... Frias as minhas noites se não vens... Tens o poder sublime da loucura. Moldura que encontrou grande pintor. Amor que deslindando-se enlanguesce. Esquece as amarguras e penúrias. Nas cúrias nos escuros parlamentos, Ungüentos que me curam e transformam... Formando delirantes desvarios, Vários rios que levam para o mar. Martírios que deixei no pó da estrada. Fada que me encantou, embriagante Elegante desígnio divinal. Final de toda dor, ressurreição! Afeição extremada, desejosa... Maravilhosamente apaixonante. Diante de tanta luz, que faço Deus? Os meus tormentos mortos, esperanças! Lembranças destes tempos cristalinos. Alabastrinos seios doce alvor. Calor que permanece sem segredo. O medo de perder, evanescente, Nascentes deste rio que navego, Carrego toda luz que te roubei... Sei de tantos amores, vida breve, Leve folha, flutua nos meus sonhos... Medonhos tais fantasmas se perderam... Eram deveras tristes os meus dias... Frias as noites, versos sem sentido... Incontido desejo mergulhava... Sonhava com paixão, felicidade... A tarde nunca vinha, nebulosa... A rosa que plantei só deu espinhos... Caminhos que segui perdi a esmo... Mesmo minhas canções eram de dor. Amor que se omitia, velho e morto. Porto que sempre nega desembarque. Parque que não pretende ter criança, Dança que não deseja nem carinho... Ninho que desprezou um passarinho... Vinho que não me deixa embriagado, Fado, destino, sina, desespero... Tempero para a vida, sinal glória... Memória triste, vaga, traz saudade... Claridade que desfeita, deixa o breu... Ateu coração pede por um Deus... Meus olhos imploraram tal visão! Solução para torpe solidão. Solidão esvaindo-se depressa. Compressa cicatriza essa ferida. A vida que pensei agora trazes, Fazes todos meus dias melodias, Orgias são bacantes amplitudes... Quietudes maravilhas, ambrosia... Poesia deflagras na fragrância... Elegância caminha mais suave, Na nave que julguei fosse perdida, Comovida, esperando delicia, Caricia naufrágios tão amargos... Nos lagos dos meus sonhos és remanso. Um remanso que em versos, traz calor, Calor que me invadiu, teu olhar... X Se tantas vezes luto, agora festa, Meus dias vagabundo, agora canto.. Nas horas mais difíceis foste fresta Nos dias sofredores, meu encanto. Buscando tuas mãos, encontrei fada. As marcas do destino nunca saem. Que bom estar contigo, minha amada, Os meus olhos sorrindo não me traem.. Querida companheira estou contigo, Em todos os momentos desta vida. A curva do caminho traz perigo, Na curva do teu corpo, distraída, Derrapo meus sentidos, perco o chão. Não deixe que se acabe o sentimento, Amor que não precisa de perdão, É livre passarinho, solto ao vento... Vestido de esperanças te procuro, Encontro um verde prado a me esperar, Dos males deste mundo, já me curo, O rumo dos meus olhos, teu olhar... Menina sei por certo nossos rios, Deságuam no oceano deste amor... Não deixe que meus sonhos sempre esguios, Nas ilusões te traga meu pavor... Nas noites que lutamos, sem espadas, As bocas nos servindo de punhais... São noites mais difíceis, pois geladas, As ruas vão sonhando seus metais... Nos cantos desta noite, retratadas, As dores que se tornam desleais; Navegam procurando a madrugada. Por vezes nos amamos, canibais... Não deixe que se chegue indiferença Preciso de teus braços p’ra nadar. Amar quem só recebe recompensa, É simplesmente troca, sem amar... Amores que vivemos são tão raros, Nas noites mais difíceis, aquecer... Os vasos conservamos, pois são caros, Assim como é querido o bom viver... Tua beleza intensa faz feliz, Viver tuas promessas, me faz rei... Na cama minha intensa meretriz, Nas ruas minha dama, disso eu sei... Morrer ao lado teu. Ó quem me dera! Viver as fantasias dolorosas... Nas curvas do teu corpo, primavera, As tuas mãos sedentas, carinhosas... Belezas sem igual, ninguém mais tece, Da forma que forjaram, resta nada... Amar-te se tornou a minha prece. Nunca te deixarei abandonada... Meus olhos esquecidos sem descanso A musa que me inspira, com certeza, Promete-me viver doce remanso... Castelos dos meus sonhos, realeza... Não deixe que termine nosso caso, Não quero mais viver sem teu perdão... A vida sem te ter, me leva: ocaso, Mas quando junto a ti: é solução! Menina me ninando teu carinho, Na rede descansando nossos beijos... Libertos encontrando um manso ninho, A vida se renova, nos lampejos. Musa, minha rainha e minha amada, Princesa que me fez um sonhador. Escuta esta canção apaixonada É feita da verdade deste amor... X Meus versos, universos procurando, No seio da mulher que tanto sonho... Teus mares meus saveiros navegando. Os olhos que te perdem, mar medonho... O tempo que não tive, vai passando. Mortalhas estendidas no porão... Esparsos, os meus sonhos formam bando, Invadem teu veleiro e coração... Mascaro minhas dores com teu riso, Massacro meus amores sem perdão... De tudo o que vivemos, teu sorriso, Reflete tanta luz nesta amplidão! Na sede que matamos, mutuamente... Meu canto que persigo não preciso... As luas vão rodando em minha mente. Nos olhos, minha amada, o paraíso... Te faço meus poemas, sem segredos... Esqueço de minha alma, redundante... Não deixe que esses torpes, frios medos Impeçam teu caminho, sempre avante... Meus versos inundados de desejo Não trazem suas rimas: solução. A vida que conheço no teu beijo, Impede conceber a solidão... A boca que profanas, sempre mente. Bem sabes que vivemos sem martírio... Amamos e sofremos simplesmente, As luzes deste amor, feliz colírio... Cantando nas gaiolas tristes cantos... Amores se tornando prisioneiros... Não posso permitir os desencantos, Amor que não morremos, verdadeiros... Espero por teu verso, minha amada. Mas não demores nunca, tenho pressa... A noite que na aurora, vai calada, Esquece de cumprir sua promessa.... Os raios boreais minha aquarela. O medo de sofre mais desengano... Teu rosto emoldurado, bela tela, Pinacoteca minha, disso ufano... Afrodite, decerto, tem inveja Da beleza sutil desta mulher... Hermes, extasiado te deseja, Teu brilho é invulgar, não é qualquer... Dancemos homenagens para o deus Que permitiu a vinda desta musa... Teus olhos na verdade são ateus, Espreito belos seios nesta blusa... Meus versos desejando: sou feliz. Não nego meu amor: eu te venero... Vivendo minha sorte por um triz, És muito mais que penso, nem espero... Amada, minha ninfa, meu tormento... A noite que passamos, sem marasmo... Esqueço assim qualquer um sofrimento, Envolto nas delícias deste orgasmo... X As memórias, companheiras, Sempre trago no meu peito. Nas horas mais derradeiras Quando não tiver mais jeito, Quando só restar saudade Quando a vida for-se embora Se não houver claridade Na minha derradeira hora Quando só restar o frio Batendo na minha porta Quando um coração vazio Quando a esperança for morta Quando nada mais sobrar, A morte vindo sem bis Quando não houver luar No palco, essa velha atriz Destino de todo ser Nada mais posso esperar Quando estiver a morrer E nada poder achar Tanta verdade esquecida, Nossas montanhas sem cume. Quando enfim a minha vida Não encontrar mais seu lume Quando meu peito calado, Amor é simples palavra A dor trazendo por fado Em terra seca se lavra Nada mais me fará falta Nem o gosto da vitória A morte que sempre assalta Me redimindo com glória. Um gosto amargo na boca De vinho, sangue e de sal. A voz quedando-se rouca, Não resta nada afinal! A não ser esta mortalha Que levarei sem segredo. No final desta batalha, Só me restará degredo... Memórias do que vivi, Lembranças do que passei. É tudo que trago aqui, É, na verdade, o que sei. A boca que não beijei O medo da tempestade, Amores que não amei, O brilho desta cidade... O verso que não consigo, Os olhos que nunca brilham. Amores que sempre sigo Nas ruas que não se trilham... O tempo que não se conta, O verbo que não conjugo A roupa que não se apronta A mão do carrasco, o jugo... A mãe que sempre me amou, Mulheres que a vida trouxe O filho que me deixou Acabando o que era doce... Os pés atados, correntes, Olhos libertos, futuro. A noite rangendo os dentes. O salto, a vida, esse muro... O frio da madrugada, O calor deste deserto A vida que foi passada, Dia que sempre desperto... Nada mais me restará Nem meus versos nem meus sonhos, Nem aqui nem acolá, Nem os mares medonhos... Nem procelas nem tempestas, Nem meus barcos e saveiros... Nem alegrias e festas, Nem calor de fevereiros... Nada mais levo, por certo, No final de minha história... A morte, final deserto, Só me deixará memória... X Deste firulas, as gulas e as fulas, Fuás... Cafusas confusas sem blusa, musas Viés Desejado gado, fado enfadonho, sonho Convés Leste o que teste reveste e conteste. Ritos escritos benditos e aflitos Graves e greves, neves que laves revés... Fala me entala se cala sem gala e galés... Ornamentos de estética Métrica e método Mentes e mentores... Quero o simples, A cúmplice Cumprem-se e se revogam As vogas e vogais dispersas Persas tapetes... E todas as prestações de contas Serão suspensas. Às expensas do que não tem sentido. Tido com sem, cem centavos.. Naves e ravinas. Cravos e cravíneas Carnificinas... X Improviso meu pedido Meu sonido e desculpas... As culpas foram deixadas As asas, passarinhada. Esfarinham minha sorte... Não posso tentar meu rumo. Assumo e me consumo Sou sumo e não sumi... Não toco e nem sou toco Rouco... Louco É pouco a pouco Meu foco e meu reboco... Amo os temas E as tremas. Gemas e não mais claras Faros e faraós. Partos e parecidas. Paciência... Víspora de véspera é vespeiro... Nada mais a dizer Pego o meu boné Para não perder o bonde Da História... X No vasto mar amar é onda Abissal, abismal ventarola... Remansos e tempestas Festas Netunais... Carnavais e montarias... Sereia espera cavalo marinho... Celacanto provoca tsunami. Ame e não deixe, espere e reveja... As águas as mágoas... Mariazinha foi pro mar, Cadê Mariazinha Que não sabe amar? Se não sei nadar A culpa é dos peixinhos Que marinheiro só Nunca fez verão.. X Fumo e aço, Filme e passado Assado na cozinha Tinha um cheiro Beira de fogão... Curva coração Cura e me remete Comete Cometa Que se perdeu... X A cidade adormecida Aço penetrante Fogo nas ladeiras Estrangeiras Estranhas fogueiras humanas... À cavalo, malas e estradas. Terra e barro. Sertão e seca Serão e gado Servidão... Andando pelos distritos Cavalo selado... Povo selado. Gado... X Uma banda, banda Umbanda, Velho Pai Pele Negritude... Orixás Ogum Oxum Oxumaré. Mares e rios Marés e sangue... Senzalas... Grito do povo, ode ao povo, de novo o povo, ovo, Angola... Uma banda tocando dobrado, Dobrando os sinos Dobrado o valor, Vales e lágrimas. Lamas na alma. Almas e lamas, Quilombolas Ora bolas Somos iguais... Gás, Bolívar, Bolívia. PetroGás. Lama, alma, lhama... Chama e chaminé Suor e sangue, lágrimas, índios, imãs. Grito do povo ode ao povo, de novo o povo, ovo... Renovo. Revolvo e retorno. Índio, negro, SIMON BOLÍVAR SIMON SISMOS E PAROXISMOS PARA ORTODOXOS. Exodontias... X Nascerão espinhos Pinos e incertezas... Alcalóides e eucaliptos. Naftas e resinas Vinhoto. Bagaços Bagos Sangue Pus... X Vamos embora Hora chama Chama cama Cama e seios Seios e remansos. Frágeis as desculpas Lupas e prenúncios. Passos e fantasmas Brados e orgasmos. Te amo O que posso fazer? X Meus parcos arcos e mancos sonhos... Medonhos e tristonhos, vagueio. Seios e somas, lodos e engodos. Engenho e arte. Parte e têmpera. Têmpora e temporal. Atemporais... Vieste do cometa que não vi. Sondaste com teus pés e não percebo. Sendo o que não sou, és muito mais. Paz e cais. Capoeira. Na poeira que meus olhos não discerne. Meu cerne e minha morada. Vaticínio e Vaticano. Engano e pontaria. Meio e dia. Melodia... Meus olhos são vizinhos dos teus olhos. Repleto de teus olhos, olhos, olhos... Óleos bentos. Remeto-me ao cometa donde vens. Meu bem, bens e benfeitorias. Feitora e escravo, Me lavo mas o cravo que me espera... Fera e ferrão. Sol e solidão. Pai e paixão. Chão, vão e nada mais... X Recebi as flores. Muito aquém da primavera... As cordas e as marchas Meus funerais... Somos capazes ases e coringas. Brigas e mandingas Assassinos... Recebi os vasos Deixei de lado e nada. Romas e armas, aromas... Somas e despesas, mesas Sobremesas e destemperos. Tempero o gozo com mágoa. Nas águas e lagoas. Ressoas. Somos siameses. Sião. Nada se revela A não ser as flores Procuro primavera... X Versifico com cuidado Não pretendo magoar Aquela que foi passado, Nunca mais irá voltar Não procuro por saudade, Nem cheguei a perguntar. Vago ruas na cidade Esperanças de voltar. Teus braços são meus descansos Nas estradas que passei. Os olhos são os remansos Onde enfim descansei. Quem quisera ser saudade Dos meus braços sairá, A canção da liberdade, Todo pranto cantará. Minha senda é sempre leve, Meu caminho pesa cruzes. Meu amor passou tão breve; Nos espinhos e nas urzes. Quem não quer ser mais sereno Trovejando vai passar Amor que não tem veneno Serenatas ao luar. Minha luta é sem destino, Os meus olhos negam sol. O amor desse menino, Ilumina qual farol, Todo tempo que não tenho, Nada fiz que não valia. Quando em tristezas me lenho, A noite não traz o dia. Toda minha fantasia, Se perdendo num abismo. Quem souber da poesia Esquece do fanatismo. Quadro que pinto não nego, Tenho as tintas que encontrei. Toda dor que não carrego, Nas espadas dessa lei. Vi meus barcos naufragando, Vi meu tempo sem remédio. Meu amor já foi mudando, A vida não quer mais tédio. Toda trama me envolvendo, Nunca pude revelar, Minha dor pede remendo Nas espreitas do luar. Vacinei a tempestade, Encampei a solidão Esqueci felicidade Fechei porteira e portão. Menina não tenho prenda, Não me prende teu amor. Vestido de chita e renda Nos cabelos, uma flor. Na mão a rosa vermelha, Certezas no coração. A vida pede centelha, Não terá mais solução. O meu verso de repente, Volta e meia não tem fim. Todo amor que se sente, Emana dentro de mim. Quero o tempo sem certeza Sem ontem nem amanhã Tudo que tiver na mesa Procurei com muito afã A geléia e sobremesa Vieram lá do quintal. Só restou esta certeza, Minha vida no varal, Quarando qual fosse sina, Que não deixa seu recado. A mão que cedo assassina Não permite um belo fado. Recado que não foi dado Às expensas da paixão. Quando foi, foi malcriado Esperando teu perdão. Navego por sete mares, Oceanos sem penedos. Minhas noites sem luares, Meus pesadelos, segredos. Na rosa que tu me deste, Espinhos fincaram fundo. Amor que tens não empreste Meu coração viramundo Sabe das horas sem rumo Quem não sabe não deseja Amor que não mede prumo Nunca nega nem me beija. Sempre vaga estrela morta, Sempre rouba no final Minha vida morre torta, De tristezas, festival. O canto do passarinho, Na gaiola não se ouviu. Buscando seu velho ninho, Muitas saudades pariu. Minha mão não tem as linhas Nem da sorte nem da morte, Migrando qual avezinhas Procurando pelo norte. Somos versos reversos, Inversos e inversões Não quero mais universos Nem quero rebeliões Quero o canto mais sensato Da vida que não me leva. O meu medo é do regato, Alma triste já neva. Sofreguidão traz demência Não pode servir de alento. É tudo coincidência A mão da sorte no vento. Um remendo sem sentido, Um vaso que não se quebra Um amor mal resolvido Nunca nas danças requebra Me empurrando do penhasco Amor que não deve nada Se no final me sobra asco Amor de carta marcada. Revezando meu barraco, Sai Joana entra Maria Na vida sei que sou fraco Vivo errando pontaria Meu descanso é trabalhando No suor já fiz a cama. Muito tempo procurando, Esqueci como se chama. O monte que não divide A terra que não concebe O medo que nunca tive O resto não se recebe. O dedo que não aponta, A faca que nunca corta Estrela que não tem ponta Minha esperança é morta, Vizinho não sei o nome Mortalha que não me cabe. Se vou comendo sem fome Meu mundo que não se acabe Se viver virou meu mote, Se não posso mais cantar Enchi de fel esse pote, Encharquei água do mar Fiz desejo minha luta A força que nunca tive. A mão se anuncia bruta O pranto que não contive. O resto levo na vida Na vida que não me resta Liberdade sei perdida, Observando pela fresta. Vivendo sem ter juízo, Não tenho medo ou saída Vou morrer no paraíso Preparando a despedida Não quero choro nem vela Nem discursos de mentira A fita que tenho amarela Não restou sequer a tira. No velório que se preza Defunto que não se enfaixa Não quero nem mesmo reza Derrame muita cachaça. Quero dança e rapapé Quero riso da viúva Depois de ter rastapé Que me caia muita chuva. Mordida de jararaca E de formiga saúva. A sobra deixo de inhaca. Pra sogra mostro essa luva. O parto que nunca parte Pois o resto fica aqui. Molambo por toda parte Dessa terra onde nasci. Um gosto de rapadura Um cheiro de café fresco A noite que seja escura Já pintei o meu afresco. “Aqui jaz quem não jazera Se jazesse a medicina” Minha casa foi tapera Minha morte, minha sina. Defunto não fala nada Minha voz já não tem força Vai chegando a madrugada, Por mais que torça e retorça, No final quase não sobra. Vencida minha batalha, Vestido couro de cobra, Na ponta dessa navalha. Eta corpo mais pesado, Como pesa esse presunto. Que pena não ser alado, O danado do defunto.. X Ouvindo a voz macia de da manhã Me vacinei deveras contra o medo... Trabalho com certeza muito afã, O mar não me negou um só segredo... Enredo que me enreda meu perdão. As vaias que sofreu meu coração! Minto pois não credito nada a vida. Não quero a santidade nem credito. Os versos que escrevi amaravida. No canto que ensinaste em vão repito... Enredo que me enreda teu perdão As vaias que sofreu meu coração! Na farsa que montaste tão espúria... Os rumos bulevares belvederes... Não posso conservar a minha fúria Os braços se quebraram nos alteres... Enredo que te enreda meu perdão As vaias que sofreu meu coração! As bancas de tal sorte nem decifro. Os restos desta pátria sem futuro. Os chofres e os enxofres, versos chifro O medo da floresta que me enduro... Enredo que te enreda teu perdão As vaias que sofreu meu coração! As vaias que sofreu teu coração Enredo que me enreda teu perdão. Nas viças e voraz és amplidão. No medo que me enreda solidão Teu dedo não revela a solução Nas vaias que me dá teu coração! X Botequim e tremoços, língua defumada... Cerveja e amigos, noites afora... As lembranças e os não sei. As mentiras e as conquistas. Vitórias e derrotas se misturam. Verdades são jogadas ao vento. Um pobre mendigo e um coração de boi, Manjubinhas e sardinhas fritas. Rosas e estrelas, noites e coiotes... Motes e medalhas, mortalhas e meretrizes... Botequim, Lapa, Rio, esquinas... A música ao longe e tão perto. O futuro incerto, o medo da noite. O açoite e o pernoite. Hotéis de terceira categoria. Se ria mas não seria séria se não fosse. Ofuscada noite, o Fusca e a moça. A blusa aberta, os seios caídos. Os ouvidos abertos, as balas e os carros. Confusas noites, pernas e sexos... O sol nascerá.. X Silencias as ruas As nuas braças Os braços espessos Espertos e esparsos. Massas e repentes. Pentes e pentecostes. Hostes e revelações Revoluções. Ações Paes e Pães. Pasteis e pastéis. Invés e revés. Revestes os meus mares. Ares e martes, mortes e marés... Ruas silêncios ócios e cios. Ossos expostos, postos e óstios Osmose... Estilos e tílias. Filhas e tilápias. Pias e preás Sorvendo o vento enveneno... Ao ver a vera linda ainda fera, espero espera e esfera. Mulher, como poderia saber vicejar? Qualquer verso que souber amar Amar inverso avesso ao mar... Silencias as ruas, Passas esgueiras, Passas bunda... Passas rindo. Passarinho... Passado, Assim assado, Jasmim, rosal Ansiedade Cidade Ânsia Ansiada Cada asa Cardo e cartório. Valha-me Deus! Cama e cinzel, Borda e bordel, Ragu rango rapunzel! Me deste mediste disseste pediste, ouviste? Não posso roço, caço e coço, desosso e desmiolo. Átomo atolo, aiatolá estou cá e lá élan... Passei por horas tristes... Mestra destra, canhestra e canhota.... a porta e o aporte. A meta, moeda e morte... Norte e sertão... Resta a mesa na sala, onde ninguém mais fala, se cala se esfola e fala...e cala e sala, a salsa... X Quantas vezes almas e perdões, Mentes e sangria... Boêmia, bares e cerveja. Bares e mentes, sangue e garrafas. Aspas e melodias. MPB e rock, pedra vai rolar. Amar e cachaça. Canalha e galhardia. Novas mentiras e danças. Mansas e agressivas culpas. Desculpas. Dez, dez para as duas... Viva a revolução!!!! Arroz, feijão, saúde... Nada mais resta, presta ou investe. O medo reveste. O filho o fio o medo... Segredos de um botequim... Choro e chorinho, esperanças... Danças e mudanças. Avanços e remansos. Revoluções!!! No fundo éramos felizes... X “Saudade, palavra triste” Que machuca um bem querer, Saudade é tudo que existe De saudade vou morrer... Nos braços dessa saudade, Vida virando maldade... Estrelas brilham no céu Não me importando mais nada A noite descobre o véu Faz nascer a madrugada A minha vida, nessa hora Quer namorar essa aurora! Estrela que foi se embora Só me deixando saudade... No meu peito tudo chora, A vida dói, de verdade... Não posso saber beleza No coração, só tristeza... Procuro pela clareza Dessa lua e nada tenho... Descendo na correnteza, Morto de saudade, venho Esperando teu sorriso Que é tudo o que mais preciso... Se procurei paraíso Só inferno eu encontrei Saudade perco o juízo Tanta dor que já passei... Esse mundo é meu destino, Viver nesse desatino!!! Se já perdi o meu tino, Saudade foi capitã, Meu coração pequenino Espera nova manhã Minha vida vale nada Sem ter você, minha amada... Perdido vou, quero estrada Não encontrei meu caminho Saudade é carta marcada, Vou morrer assim sozinho, Meu barco está naufragando, A minha vida acabando... Eu te pergunto até quando? Saudade vai residir O meu peito está sangrando, Outro dia inda há de vir Nas ondas desse meu mar Outro amor vou encontrar... Preciso novo lugar Para deixar o meu barco. Saudade vai me matar Meu coração virou caco Tanta dor trago no peito Como vou viver direito? Meu amar não é defeito Saudade vem latejada, Eu não fiz nenhum malfeito Pra me perseguir, danada. A roda do mundo gira Tanta dor assim me atira Por mais que essa noite fira Nada mais vai me conter Saudade dança catira Eu não consigo entender Como pode essa maldade Da diaba da saudade! X Nas estradas do castelo Já capinei com rastelo, Encontrei linda princesa Que no Tororó deixei, Dona de rara beleza Por ela me apaixonei... No rosto trazia a lua, Quando andava tão nua Tinha gosto de saudade Tinha o brilho desse sol Ao ver essa claridade Eu virei um girassol! A sua pele macia, Só me trazia alegria Era linda como poucas Diamante era o sorriso, As minhas noites tão loucas Ao seu lado, o paraíso... Os olhos dessa rainha Brilhavam sempre à tardinha. No seu olhar de brilhante Eu plantei meu bem querer, Eu me sentia um gigante Tanta alegria viver! Suas mãos tão delicadas Pareciam mãos de fadas No carinho que me dava Tanta amor eu encontrei Tanto que por fim achava Nesse mundo ser um rei! Nessa boca peço um beijo, Vou matar o meu desejo... A fantasia da vida É a rosa mais bonita Nunca viver despedida Pobre coração agita! No castelo essa donzela Rosa vermelha amarela Hei de amar até morrer, Seus caminhos ladrilhei, Como vou poder viver O amor era nossa lei! Como pode um peixe vivo, Viver nesse mundo altivo Sem a sua companhia Sem essa bela princesa Como vai nascer o dia Como pode haver beleza? Vamos todos cirandar Nesse reino do luar Em volta dessa rainha Nos caminhos tão dourados A saudade essa vizinha Os meus olhos marejados... Encontrei linda morena O meu coração acena Procurando por descanso Nas asas dessa saudade Vou encontrar meu remanso, No reino da claridade! Companheira de solidão Brilhando nesta amplidão Lua não me deixa só, Iluminando essa mina A vida não tem mais dó Procurei essa menina... Meu coração vagabundo Já procurou pelo mundo, Só tristeza ele encontrou No jogo da cabra cega Deste pouco que restou O resto minha alma nega... Persegui felicidade No reino da claridade Só encontrei meu sofrer, Procurei a fantasia Nos braços do bem querer Me restou só poesia!! X Salmo 12 - em versos brancos Nos salve, Meu Senhor não há piedoso Dentre os filhos dos homens, infiéis! A falsidade impera e a lisonja. Corte Senhor os lábios lisonjeiros E as línguas que estão plenas de soberba! Acreditam,pois, serem seus senhores! Por causa da opressão aos miseráveis E do gemido atroz dos que precisam, O Senhor se levanta e os protege. Suas palavras puras como a prata Refinada em fornalha que é de barro Também purificada sete vezes! X Salmo 11 - em versos brancos No meu Senhor, em toda plenitude, Confio cegamente, por completo... Eu não irei fugir para este monte Como se fosse um pássaro inseguro! Os ímpios armam arco, põem a flecha E tentam atirar nos homens bons Às ocultas, tocaias, escondidos... Mas, se os fundamentos destruir O quê que poderá fazer o justo? O Senhor permanece no seu templo Santo, pois o seu trono está nos céus, Os seus olhos contemplam lá de cima, Todos os filhos do homem, provação. O Senhor prova tanto o que for justo Como aquele que for ímpio, em pecado... A alma divina odeia o violento. Enxofre, fogaréu irá chover Sobre os ímpios. No copo, um vento forte Terrível vento, forte e abrasador! X Não posso permitir que me torture A dor d’uma existência sem sentido. Por mais que a tempestade se perdure, O dia brilhará, eu não duvido! Preciso muitas vezes que se cure A dor da solidão no amargo olvido. O trilho que me trouxe ao teu regaço Com minhas mãos sedentas, o desfaço. Vieste qual penumbra dos meus sonhos, Nasceste com a marca da pantera. Os dias que vivemos, vãos, medonhos, Por certo de se jogaram na cratera Do esquecimento. Morta essa quimera, Nascerão com certeza mais risonhos. O sol que nunca brilha, se esvaindo. A lua dos amores vem surgindo! Recebo das manhãs, doce promessa Da vida que se fez enamorada. Albor de bela aurora me confessa Os sonhos que guardei da madrugada. Querer ser mais feliz, já tenho pressa, Procuro nos meus sonhos nova fada. Vestindo claros mantos, mansa lua, Desfila nos meus édens, toda nua... Respiro seus momentos de prazer, No cio que jamais vou confessar. Penetra feramente todo o ser, Na calmaria atroz vinda do mar. Soprando nova brisa, converter As duras tempestades, calmo ar... Forjando sua imagem, minha mente, Encontra teu olhar, puro, envolvente... Meus versos disfarçados em sementes Fecundam os teus olhos, mostram lume. Os gritos que bradara, vãos, dementes, Perderam intensidade de costume, A boca que mordia sem os dentes, Tua flor já me inunda de perfume. Amor que não soubera paradeiro, Invade, me tomando por inteiro... Não quero mais saudades nem tristezas, A vida se demonstra mais sincera. Percebo que virão tantas certezas Matando a solidão, minha quimera. Os campos se encharcando de belezas, Nascendo, finalmente, a primavera! Recebo desta vida, seu pendor, Na doce mansidão do teu amor!!!! II Porém o tal destino, traiçoeiro, Derruba meus castelos, mata o mundo. Amor que se mostrara verdadeiro, As máscaras se quedam num segundo! Rasgaste nossos sonhos, sequer traço, As luas que te viram morrem pasmas, Meu barco desgoverna, perde espaço; Restam-me tão somente meus fantasmas... Quem trouxe tanta luz, morre no breu, Quem fora juventude traz a morte; Quem fora claridade, escureceu. Quem fora meu caminho, perco o norte... Vestígios do que fui, velho retrato, Jogado na parede, despencou... Nas noites em que lembro, me debato, Procuro, não encontro mais quem sou... Desfaço-me nas dores da saudade, O rumo que seguia perde prumo. Ao peso tão cruel da mocidade Desfeita, me esvaindo como o fumo... Acordes dissonantes são meu mote, A dor vem entranhada e traz receio Meu barco naufragado, sem um bote, Dos campos que sonhei, morre centeio. A vida se transcorre, sem abrigo, O medo de morrer já não assombra. A tal felicidade, nem persigo, Nas ruas onde passa, sequer sombra... Qual noite que perdeu o firmamento, Qual reino que jamais teve tesouro. Qual sonho num presságio de tormento, Destrói as esperanças, mau agouro... Mendigo pelas ruas, noites frias, Estrelas que me tragam esperanças. As luas se gargalham, vãs, vadias, Restando-me somente estas lembranças... No cálice do vinho que não bebo, Amarga solidão encontra cura. Quem fora, em pensamento, tal qual Febo, Deforma-se infeliz caricatura. III Vestígios deste amor? Nunca mais os terei... As cordas que rebento, esquecem-se dos nós. A dor qual vil quimera, erguida, faz a lei... Meu rio, assoreado esquece-se da foz. Esboço minha queixa, aguardando meu fim. Meu canto que brilhava, embalde, sem festim... IV Os astros tão distantes, decorando Todo o céu com seus raios generosos, Percebem fogo fátuo se emanando Dos meus olhos vazios, lacrimosos... Astros! Meus companheiros de desdita! Desfaçam esta dor, cruel, maldita! Entretanto, uma estrela mais sensata, Mostra-me, no seu rastro, meu caminho! A noite que negara serenata, Entrega-se num canto, passarinho... O raio desta estela-viajante, Explode-se em luz; forte, radiante! Meus olhos qual procelas disfarçadas Ressurgem tempestades mais bravias... Cortantes, tantas trevas; de guardadas Rebentam num segundo, nas sangrias. Amar que parecera ser inútil, Num átimo devora, não é fútil... Qual vergalhão penetra no meu peito, Dilacera simplesmente, corta fundo. Quem fora despedida, novo leito, Do mar que naufragara, já me inundo! Respiro, aliviado, essa promessa, Nas pedras deste cais, vida arremessa! Estrela luminária, sou falena, Inebrias meus sonhos, aguardente. Em tantos turbilhões, em louca cena, No manto desta estrela, sou demente! Rasgando minhas dores mostro entranhas, Feridas terebrantes são tamanhas! Estrela radiosa, meu destino, Seus rastros me levaram para o mar... Do canto que escutei, volvi menino, Deveras mergulhei, sou constelar. Cometa que lhe trouxe, minha estrela, A noite dos amores, revivê-la! Ao ver a mansidão desse sorriso, Ao ver a paz que enfim já se aproxima, Descubro que conheço o paraíso, A fonte que me trouxe, tanta estima.... Nos olhos tão tranqüilos, calmaria, Bonança que promete um novo dia... Amores tão sutis quanto a manhã, Na aurora sem ter nuvens, dia claro. Recebo mansamente a guardiã Que trouxe em minha vida, rumo raro... Na maciez dos olhos, sem quimera, O renascer divino, uma nova era...! Sem guerras, sem desgraças e desmandos... Sem medos, sem angústias, fim e rota... As aves calmamente, tantos bandos, Nascentes tão suaves, vida brota... Recebo no bafejo desta brisa, As boas novas que a alegria avisa... Eflúvios matinais, forte esperança... Os lagos, placidez, as águas mansas. Das dores nem sequer triste lembrança. A noite que virá promete danças... Recebo seu carinho, estrela amada, As mãos tão carinhosas duma fada! V Nesse amor o meu celeiro. Promessas de amanhecer, Vontade de renascer E vagar o mundo inteiro. Vivendo sem ter queixume, Espalhando um bom perfume Por campos, terras e mares, Sem temer sequer a luta, A vida que fora bruta, Desmaia em belos luares. Vestígios da solidão Dormitam, não amanhecem, São cadáveres que apodrecem. Fenecem na podridão. Os vermes já devoraram No passado, se esgotaram... O canto do passarinho Engaiolado d’outrora Há muito já foi embora, Não cantarei mais sozinho... Meus versos procuram rimas Nos claros desta paisagem Na brisa mansa, na aragem, Pomares, laranjas, limas... Nas flores deste jardim Perfumes, rosas, jasmim... A mão macia da vida Desliza num rosto calmo. Meu canto, meu manso salmo, A dor deveras vencida! Nem as densas tempestades Que cismam pelos espaços, Trazendo futuros baços, Nem as garras das saudades, Nem a morte que angustia, Com a mão cortante e fria, Nem a sombra da mortalha, Nem sequer o vago medo Conhecedor do segredo Do corte desta navalha. Nem o vento do deserto, Nem procelas e quimeras Nem o bafio das feras, Nada mais anda por perto. Minha vida se renasce, Amor me mostra outra face, A face mansa, serena, De quem sabe perdoar Do beijo manso do mar... A vida renasce plena! Vestido de paciência, Rompendo com tristes elos, Dias se passam tão belos Refazem-se na clemência. No perdão, no amor completo De saber-se predileto, De saber que é tão feliz, Do saber-se iluminado, De saber do belo fado, De ser tudo o que se quis! Amor desta estrela guia Que da noite fez a luz Abelha que mel produz Derramando poesia Nos rumos belos, floridos, Nos caminhos divididos, Olhares de mansa delícia, Sem as trevas, negra noite, Sem cicatrizes, açoite, Nas mãos, a plena carícia! Amor que nunca promete Não me torna prisioneiro, É tinta do meu tinteiro. É brilho que me reflete. Amor, promessas divinas Das águas mais cristalinas! Recebendo manso beijo Da fantasia mais pura. Refletindo tal ternura Que me inunda de desejo! Amor praieiro destino, Enfrentando a solidão, Abençoado perdão. Meu peito refaz menino. É brilho, doce manhã, Esperança temporã Trazendo-me calmaria Dedico meus longos versos, Aos seus belos universos, À luz clara desse dia! V Descortinando toda angústia fera, O gosto da saudade, amargo vinho, Deixado, abandonado não impera. Meu canto que era, outrora, desalinho, Se esgueira da tocaia da pantera. Trazendo a mansidão d’um passarinho... Não posso conceber a crueldade, A vida se refez nesta verdade! Meus olhos que viviam tão tristonhos, São provas de que existem esperanças. No mundo que te trago, puros sonhos, Persiste essa alegria das crianças. Os vales que caminho são risonhos, Refletem tantos cantos, tantas danças. A casa dos meus sonhos traz o mar. O verbo que conjugo: pleno amar! Meus dias vão passando sem tormentos, A noite que já fora tão escura Explode de alegria e sentimentos, Aprendo a cada dia, que a ternura Destrói, tão mansamente, os sofrimentos... As dores que vivi tiveram cura, A vida se renasce em mil momentos... Estrela que ilumina tristes breus? Nos braços tão amados de MEU DEUS! X Amores e suores, ruas e estrelas As cordas soltas do violão Liberdade e esperança. Versos meus não são lanças, Mas sangram... Quem me fez assim? Fim e precipício Queria ser início, nem indício... Indicio meu amor com palavras vãs. Espero a feliz cidade que ano que vem e nunca vime... Vi-me esteira e cais, caos... Nascendo de suores e prazeres, Deve ser por isso que a vida pesa, preza e não completa... Reta e meta que me remetam ao final do caos, à fênix... Egoísta, sim, eu sou profundamente. Mente profunda, em profusão... Minto mesmo e dane-se! Cosmo e cais, castidade e castiçais. Sais de fruta que ninguém é de ferro. Ferro de Carlos, nas almas... Mineiro, sou mineiro e matreiro, como todo mateiro... Minhas fontes e farsas, fomes e fornalhas, são versos e vermes. Veros vermes... Quero um vermífugo, preciso expirar. Êxtases e estases, canção... Cigarros e cigarras, primaveras e fumo, me esfumo no ar... Alma e álamo. Alameda. Amêndoa e olhos, carinhos, vem prá cá Que a noite urge, o tempo urge, a vida urge... A morte ruge E ronda... Solidão, amiga, amiga, amiga, amiga... Amanhã irei a Marte, quem sabe à morte A minha norma é sempre ir, ir , ir. Ir ermo, eremita e ermitão, Ereto e retrátil. Táctil e tétrico. Métrico e Martinis... Por incrível que pareça, não bebo, não bato, não firo, não caio... Não saio e nem saia... Faz tempo, saias e searas... Cios e sombras.. Sou o contrário do que quis e não querias. Sou marceneiro e macerado... Carpinteiro e carpido, Sou o fado, o resto deixa pra lá... Mas te amo, sinceramente te amo, embora não vieste, Embora não te toque nem existas. Resistes. E resisto. Desistes? Não desisto! X Vergalhões e vergastas, Gastos meus gestos e minhas graças... Garças livres alvas voam. Ventos e ventanas, vestes e ciganas Se engana se pensa que não amo. Amor meu moleque Brincando de queimada Se queimou... Amor que quem dera não daria (faz cócegas) Não vale a vela nem velório Valeria? Valério. É, eu sou valério por isso vale e rio Riso e resvale, velando meu cadáver Cada ver cada via cada veio Cada não valia. Porcada por cada porcariada Escrevo meus versos reversos e incertos. Corretos e carretos. Sei de cor! Enfaixas em gazes e faixas de gazas Azares. Azedos ácidos e ansiosos Siso e seio. Parece... Padeço e não expresso, expressão. Palavra bonita boa fita boa broa, boda? Deu bode! Bodega e botequim Química danada Cachaça batizada! Uísque? Quem disse? Cerveja e caninha, No máximo um rum. Rumo ruim e remoso. Reinoso. Reinado... Menino malandro, Urubu malandro Pixinguinha. Pizindim... Bateu amor em mim. Que faço? Recomeço ou tropeço? Te peço ou me guias? Mergulho ou orgulho... Gorgulho! Fio fosco e frio. Fenestrado... Mestrando e mostrado, amansado Maestria... Domesticado fica melhor que amansado. Doméstico, do mestre, da maestrina. Minha sina é ser assim? Asmante. Aos montes Amante sem mares Nem marés, De viés Sem fé. A pé! X Não me venha falar de minha alma Ela precisa de um corpo, o meu não vale... Esquecido pela sorte dos pintores Pelo mote dos cantores Pelos perfumes, flores Se fores Não contes com a volta; Quem quis ás, morre curinga! Não vinga... Respingos de vela e mãos talentosas Até que poderiam dar um jeito... Mas parto sem partilha Sou ilha quase vulcânica Expiro a cada momento, Não quero falar dessa alma, Até que não é das piores, O complemento é que mata. Matas e cascatas, casas, casamatas. São metódicas e trágicas retóricas São fúnebres! Meus modos e meus medos, medonhos! Caídos os dentes, o alho inda continua... A falha da fala o falo falava mas calou-se... Recipiente sem pente, serpente sem dente... Peço desculpas se te incomodo Não tenho modos Sou assim. Início sem fim, Final de feira Xepa! Fragatas e fragrâncias: flagrante! Vísporas e vésperas ; vespeiro! Não tente temores nem humores, Sou vão vou vão vivo vão morro vão Vadio... Vazio. Misturo meus mares e meus mundos Nada sobra, Sombras e escombros, Dou de ombros E vou. Não me assombro nem somo, Nem sou. Restei... Alma toma juízo e procura um novo porto! Estou apaixonado pela sereia Mas e daí? Não veio nem virá Nem que seja poente Nem de repente, Nem estrelares Nem aldeias Minhas veias? Minhas vias? Ser feliz! X Noite e dia Canto e silêncio Espora e corcel Lua e sol Praia e montanha Vento e proteção. Relento e agasalho Certeza e dúvida Dívida e acerto Concerto e conserto Mata e cidade Perdição e rumo... As pontas opostas Dispostas desta estrela Trazendo um núcleo Igual, repartido. Elétron e próton Platonicamente correto. Politicamente nem tanto. Encantos e recantos se misturam Moscas pousam sobre os talheres... Segredos com partilhas compartilhados... Medos e modos distintos, Distinta e indistinto Instinto e razão. Tinto vinho, veneno e verão. Versos e solidez. Avesso e reverso Meu verso procura A cura e ternura, Na jura e na rima Arrimo e contrasenso. Estrito e imenso, Imantados Pólos opostos Atos e apóstolos, Postulas e não posso Pústulas carrego Nego e me pegas, Corvos e pegas... Percas e ganhos... Enganos e ganas Gerânios e gerúndios. Como pode um peixe vivo... Nas horas mais estranhas Entranhas e temperos. Seios e rodeios, Cavalgada... Vagas calvas dos montes. Remontes e desmontes. Pouso e gozo, órgãos e orgasmos. Espasmo e espantos, Contratos e contraltos Remessas e conversas. Discutir a relação! Relatos e remédios Rotas sem tédios Temidas e terminais... Tolas discussões Sessões de culpa Desculpa e me culpa Culpa Culpa Quero lupa! A pupa apupa e apóia Quase que bóia A jibóia me aperta. O nó da gravata Bravata e graveto. Vate e barata Barbatanas De tubarão São afrodisíacas! Paradisíacas misturas, curas e chicotes. Látegos e latejos. Polens e pré-juizos. Prejuízos? Quem sabe A porta se abre, Se cabe ou se acabe não cabe! Será? Só sei que te amo! X Não poderia ver o vale... O mundo não deixaria outra escolha. Cola e cavalo, casa e casal... Casamento! Pergunta que não se responde, Bonde vai, bonde vem... Ninguém poderia saber Ao certo se duvidoso. Nascido e criado, talvez morto No vale que jamais deixaria. Ria e chorava, rio e riacho, Diacho de vida! Maria e casamento. Momento difícil de escolha. Escola distante, futuro traz fruto Semente e sêmen, momento de glória. Sem ismos e achismos, marcas e marchas. Festa e refastelo. Cama e chama No final, moleque, Um leque que não abre, Um mundo que não cabe Na curva deste rio Nas ruas da viela, No vale onde nascera. Mundo comprido e tão distante. A cada instante novidade. O vento da liberdade Vencido pelo morro, Trazendo seu socorro, Maria do Socorro... Rebentos à vontade. Qualidade e quantidade, Eta gurizada bonita!!! Novilha e cabrita, café e cafuné, resultado: menino! A vida se passa e se comparsa. Tem farsa, Mas disfarça que o cavalo ao vale vem... Antes tinha trem Agora ninguém vem, Somente a vida, trem Danado de bom... Não sabe de São Paulo, Nem Rio nem Belzonte, O belo do horizonte Termina ali na curva, Nas curvas do socorro, Ancas de Socorro. Resultado: mais guri... A mão que se quebrou O breu logo curou, Um canto curioso Na serra curió. A vida deu um nó, Nasceu tanto menino... Na ponta do cipó, Na curva do destino. Saudade desse tempo Do vento em minha nuca, A vida é arapuca Não bole nem remexe. Vazando pelos pastos, Nos gostos e nos gastos. Sementes de esperança Plantadas no quintal. Do seu canavial, havia novo aval Ser feliz! X Estou pergaminhado, tanta ruga... O mar que naveguei virou um rio... A casa que vendi ninguém aluga. O cobertor usado traz o frio. Vencido por outonos, já me inverno. A lágrima rolava? Já secou. As traças devoraram velho terno, O barco dos meus sonhos naufragou! Não ouço mais teus cantos, estou surdo. As luzes que trouxeste? Vago cego. Nas guerras que inda enfrento, morro curdo. Amor que me trouxeste, já renego. Meu mundo Num segundo Vira mundo Vagabundo... Afundo o travesseiro Travessas e viseiras Trastes velharias Se gostas de velórios Passas satisfeita. Não falo de despeito Nem medo e tentação Ação que não se tenta, Morre sem perdão. Perdendo já me perco Perdido me perdi. Achei um firmamento. Momento que me firmo. Afirmo que sou vão, Verão já nem conheço Remessa vou avesso, Me deste o meu norte. A morte que rodeia Na veia inoculada. Na beira da calçada. A banda já passou! X Me perco, manso e safado, asco e desejo, Arpejo e salamandra, enormes vagalumes... Colibris e paraméceos, cios e senzalas... Sou mar e marina, amaria e não amar Rumar por ruas e aspas, métricas e rimas, Cismas e sismos. Cinismos. Me perco... Nada mais posso dizer, viver é saber mar. Mar que não freqüento, vento que não tenho, Cenho já fechado, arado que não ara, ar, aragem... Paragem, freno e fornalha, parafernália. Meu último segundo, mundo que inibe, bélico... Eólico, fatídico, fraternal e farsante. Farsa andante, ando meio à toa. À tona. Átona... Teimo com tremas e temas, átomos, tomos E temeridades. Temer idades. Temer cidades. Temer os hinos, Termino Término. Termos e hinos, Meninos... Meus hinos e meus mimos, martírio. Quero o gosto, gozo e gesto. Vivo pro gasto, pro fausto e pro fastio Pro afã, profano... Giro por entre gestos incontestes com testes, contextos. Com textos e texturas. Puras peraltices. Altas pernas, pernaltas, pernas longas... Pernilongos, longos, logos, lagos, escunas E lagunas. Lacustre sonho, medonho me exponho e me ponho no mar... Ar e medo, arremedo absoluto. Absurdo, Surdo a soldo, sola, soldado... Calo e refaço, Farsa e cobrança Aliança. Mansidão.... Te amo e que se dane! X Indomável corcel por onde andaste? Nas estrelas, nos céus, em plena lua? Espaços siderais te procurei... Vagando por sidéria tempestade... Envolto em impossíveis pensamentos, Nas trevas, sendo luz e claridade? Trilhando improváveis sofrimentos, Mansamente, obedeço tua lei. Nas minhas fantasias, bela e nua; Provinda dos espaços que criaste. Indomável corcel estou sozinho, As fontes dos desejos se secaram? Olhando para os astros não te vejo... Decerto tantas vezes te escondeste Por entre belas nuvens, disfarçado... Amor tão delirante é inconteste Percorre por milênios, disfarçado. A vida sempre traz um novo teste, Nas festas, nas orgias do desejo. Quando destino e tempo se encontraram, Um corcel indomável volta ao ninho. X Nas istrada do sertão Incontrei munta sodade, Revirei o coração Incontrei tanta maldade Mai zóiando lá pru chão Eu achei calaridade... Nus trombôio que carrego Tantas coisa qui num acho, Essas verdade num nego, Quem qué pisão é capacho, E coisa que eu arrenego É o tar do bicho macho... É bicho fei, isquisito, Tem cara di mijacão, Fedendo mai qui cabrito Nessa barba de bodão, Se colá dá logo atrito, Meto logo um pescoção! Mas, porém eu li garanto, Coisa estranha, pode crer, O meu cunhado, entretanto Quando esse bicho ele vê, Amua logo num canto, Faiz biquim assim procê. Minha muié num repara, Falano que eu tô errado. A verdade tá na cara, Na cara do meu cunhado, Cum muié ele num para, Prus bichim fica assanhado... Eu aqui ficano quieto Num vô mexê im vespêro. Se o cabra qué dá afeto, Ou qué se dá pur intêro Qué se dá é pur compreto Dessas tinta faiz tintêreo... Minha sogra coitadinha, Nem repara nu bichano Quano chega, de noitinha O cabôco fais seus prano, Vai botano uma sainha Daquelas qui fárta pano... Dispois coloca batão, Prá boca ficá vermeia. Dórme di camisolão, As iscova qui penteia, Tem forma di coração, Um tempão pra botá meia... Eu já falei pra muié, É perciso sê isperto, Mas seja u qui Deus quizé Eu é qui num fico perto, O meu negócio é muié; O resto é procê, Gilberto! X Meu amor, passageiro de minha alma, Desliza entre fornalhas e braseiros... Meu destino se prende à sua palma Em sentimentos crus, mas verdadeiros... Nos delírios, defeitos e recados, Contrafeitos sentidos, se polvilha, Buscando encontrar novos fados, Amantissimamente, uma novilha. Sai vagabundeante pelo astral Deslizando entre estrelas e luares... Tantas vezes proscrito e tão banal, Esperançosamente traz olhares... Mendigando carinhos e perdões, Nos desérticos astros do universo; Procura por temáticas versões, Maltrata e dilacera cada verso.... Meu amor caçador pede tocaia, Espreita pelos passos, minha amada... Derrama-se solar, plena praia, Amanhece tal gado na invernada... Vem sorrateiramente, uma serpente, Preparando finalmente seu bote. Me cura e tantas vezes cai doente. Repetindo fielmente seu mote. Amor moleque, cais e tempestade, Previne e tantas vezes vaticina. Nas horas mais difíceis, na saudade, Nunca se encontrará sequer vacina... Nas lutas mais homéricas, refém... Nas procelas, remédio e calmaria... Maldito muitas vezes traz o bem, É noite que amanhece em belo dia... Tantas vezes pilantra, outras é santo, Aguardente que mata, refresco que ajuda, Mordida que alivia e traz encanto. Passarinho sofrendo a dor da muda... Na dor, prazer, perfeito equilibrista. No medo e gozo, brinca qual funâmbulo. Nos arados, natura, um vero artista. Nas noites, vaga quarto é um sonâmbulo! No plantio é semente fecundada, Garapa desta cana adocicada. Abelhas e zangões resultam mel, Delícias gordurosas pedem fel... Imortal sensação de desamparo, Reflete escuridão trazendo o sol. Na doçura promete ser amaro, É ilha em arquipélago, um atol! Fortaleza traduz fragilidade, Infinito, termina num adeus... Mentira que me trouxe essa verdade. Demônio disfarçado, imita Deus! X Pérolas que carregas, seus poemas, Alvíssaras e paz, levam consigo. Recendem esperanças, tantos temas, As alamedas belas que prossigo... Nebulosos destinos, os reverte. Única pérola, liberta o mar; Resume-se em sereia, que o converte Incrustando o desejo de voar... A luz se prometendo incendiária, Cabendo dentro deste sonho: amar! As algas, os marulhos.... Procelária Revoa livremente, sem parar. Lume se revigora, fonte vária, As estrelas não podem reclamar! ( a poetisa é sempre libertária) X Estava cansado Pensando na vida, Estrela caída, Morrendo no mar. Depois a tristeza. Brincou de princesa, Ficou do meu lado, Não quis descansar... Vestido de forte, Pensei na saudade Foi tanta maldade, Não pude sonhar... Na vida quem sonha Deixando a vergonha Se esquece da morte, Não quer mais lutar... Procuro teu beijo Cadê, meu amor, Me resta esta dor, A dor da minha alma, É tanta que choro, Te peço, te imploro, É grande o desejo, Viver sem ter trauma... Chegou o momento De ter teu carinho, Não vou mais sozinho, Espero o luar... Não quero essa cruz, Procuro essa luz Vital pensamento Que possa brilhar... Meu povo sofrido, De fome calado, É gado marcado Não pode falar. Senzala resiste A dor inda existe Um grito contido Já tenta ecoar... Chibata sangrando O couro cortava A mãe que chorava O filho gentil, Depressa se cala, No quarto e na sala Aos poucos matando O nosso Brasil. X Sonhei um sonho sonhado Desse tempo já passado Por onde eu nunca passei. Nem nunca mais encontrei, O que perdi pela vida. Nessa busca sem sentido, Por essa noite perdida, Pelo nunca mais ter tido. Passava ruas estreitas, Encruzilhadas sem rumo, Tremendo pelas maleitas, A vida perdendo o prumo. Nesse sonho que sonhava Percebi tantas senzalas Mal percebia, acordava, Voltava pras mesmas salas. Os olhos podres sorriam, Voavam sobre meu rosto, Devoravam, renasciam Formas, paladar e gosto. Nos fraques que eles vestiam, Um sorriso de bom moço, No fundo todos sabiam, Cardápios do mesmo almoço. Nas bandejas, as cabeças, Dos sonhos que tive outrora, No meu sonho que às avessas, No pesadelo d’agora. Voltavam aves rapinas, Tragando tudo de novo, Destruindo essas campinas, Sugando todo esse povo. Forjavam outras correntes, Acorrentando os mais frágeis, Nos cantos, todos dementes, Na carne, as unhas mais ágeis. Expondo vísceras ocas Dos trôpegos caminhantes, Penetravam pelas bocas Destruíam como dantes. Numa dantesca folia, Riam-se, tão delirantes, Decepavam, maestria Como fizeram bem antes. Cuspiam todas as faces, Ladravam nessas orgias, Aproveitando os impasses, Repetiam melodias Cantadas nas tempestades, Criadas sem fantasia, Matavam as liberdades, Anoiteciam o dia. Nesse sonho já vivido, Abandonado num canto Crendo que estava perdido, Renasceu, prá meu espanto, Na noite, na madrugada, Sem luz de lua a brilhar, Sem vida, sem canto, nada Que se possa festejar. Meu Deus, afaste o tormento, Não me deixe mais sonhar. Quero viver o momento, Quero essa vida a brilhar. Não permita o pesadelo, Não deixe mais retornar, Corte o fio, esse novelo, Não pode recomeçar. Essas aves que cantaram, Não deixe de novo, agora, Pelos tantos que mataram, Pelos corpos,que lá fora, Apodrecem no quintal, Esquecidos nas favelas, Nas roças na capital, Já não quero tantas velas. Nem quero mais funeral, Do nosso povo sofrido, No grande canavial, Pelo tanto destruído, Pelo muito que roubado, Esfacelando esse povo, Pobre, sofrido, acoitado. Não permita isso de novo! X Minha gente estou contente, Estou contente de fato, Vou contente, minha gente A gente tem candidato. Nada mudou na verdade, É candidato de novo, Pelo campo e na cidade, É candidato do povo. Se quatro anos foi pouco, Outros quatro eu quero ter. De gritar, ficando rouco, Louco pra gente vencer. A pobreza brasileira, Precisa desse operário, Nossa nação verdadeira, Não quer mais um salafrário. Não queremos apagão Nem tampouco esse tucano A luz chegou no sertão, Eu, de novo não me engano. Meu filho na faculdade Tá bonito como quê, Transpira felicidade, De novo, vamos vencer! A roça tá controlada Os juros posso pagar, Tá linda minha boiada Tudo está no seu lugar. A comida tá barata Emprego tá aumentando, Meu bolso tem bem mais prata, As coisas tá melhorando... Pode contar com meu voto, O meu e da minha filha, Aliás, vê nessa foto, Vota junta essa família. Que é gente trabalhadora Que trabalha com afinco, Sabe que como a lavoura, Esse país tá um brinco... Bem sei das dificuldades De governar a nação, Conheço essas crueldades Dessa tal oposição. Tiveram por muito tempo, Com as mãos nesse timão, Criaram foi contratempo, Pra impedir a evolução. Chamaram ele de burro, Cachaceiro e vagabundo, Bem sei o quanto que é duro, Saber que em todo esse mundo, O nordestino valente É respeitado demais. Essa gente tá doente, Tá perdendo até a paz, Partiram pra estupidez Xingando o pobre coitado Ora só, vejam vocês. Eles ‘tão descontrolado... Num adianta chorar Nem querer ameaçar Vocês têm que aturar, De novo vamos ganhar. Pro bem do povo carente Da nossa gente mais pobre, A nossa gente contente Que não cheira a ouro e a cobre... Veja essa luz lá no fundo, Não há mais bela que assente, Vou contar pra todo mundo: É LULA PRA PRESIDENTE! X Quando o brilho dessa lua Clareia todo sertão A verdade surge nua Em forma de assombração. Correndo pelas estradas Acompanhando o luar No meio das madrugadas Num grito de apavorar, Ao longe se ouve distante O latido doloroso Esse ladrar inconstante Assustando, pavoroso Quem cruzasse no caminho Quem tentasse andar sozinho Pelas trilhas dessa terra, Travando sempre essa guerra, Entre vivente e defunto Nessa luta, tudo junto Se confunde na batalha, Mesmo que você atalha Por outro rumo ou estrada Não adiantará de nada Você não pode escapar. Se não vier lobisomem Outro poderá chegar Meio bicho meio homem. Nessa mata sem ninguém Mula sem cabeça vem Procurando devorar A quem puder encontrar. Mas, me contam e acredito No meio de tanto maldito Outra coisa perigosa É gente cheia de prosa, No meio desses fordunços Trabalha prá coronel Sem pena, manda pro céu. Essa turma de jagunços. O povo do meu sertão Vive toda ameaçada Bastar dizer um só não Ou então precisa nada. Na ponta de uma peixeira Ou na mira de um fuzil, De sangue, mancham a bandeira Envergonham o Brasil. X Na fumaça do cigarro Que se queima entre meus dedos Nessa penumbra me agarro Vou fugindo de meus medos Quero a sensação perfeita De poder seguir em frente A felicidade é feita Do sangue e carne de gente. Como a liberdade é flor Quer precisa pra brotar De suor sangue e terror, Pois senão ela não dá. Meu canto de liberdade Tem mais lágrimas que riso Atravessando a cidade Traz muito pouco sorriso, Reflete a melancolia Que se fez neste país Trazendo pouca alegria Quase morrendo por triz; A vida essa fantasia Essa pobre meretriz Que tampouco poderia Sonhar em ser mais feliz. Não podendo mais arcar Com essa dor que apavora Nessa luta por lutar Bem antes e mais agora. Nossa luta é tão constante Vem de tanto tempo atrás Transformando esse gigante Que aprende a ser tão capaz Quanto os velhos continentes. Trazendo nas mãos cansadas Sonhos de seres contentes Pela lua, iluminadas. As marcas de todos nós. Caminhamos de viés, Trazendo essa dor atroz Cortados, sangram os pés. Nossa luta mais certeira Da guerra que não engana Essa batalha altaneira Da latino americana Vida, como essa bandeira, Que carregamos sem jeito De todas és a primeira, Pesando forte no peito. Terra de tantas batalhas Das antigas injustiças Trazes nos olhos mortalha Vítima dessas cobiças Que sangraram os teus sonhos Em troca de prata e ouro Transformaram em medonhos Tua carne, pele e couro. Estropiaram teu povo Exterminaram teus cantos Extorquiram-te de novo Tenazes foram teus prantos. Agora, que tentas ser, De novo esse amanhecer Um amanhecer mais justo, Mãe que acalanta no busto Teus filhos mais sofredores Buscam todos teus amores Procuram beijo da paz Lutam pra serem bem mais Que simples melancolia Quiçá nesse novo dia Nessa brisa que acalenta Nesse canto que se assenta Sobre tuas mãos feridas Possamos nós teus meninos Esquecer das despedidas Cantando de novo esse hino, Um hino de amor a ti Terra onde sempre vivi Onde nasceram meus filhos Por onde seguem meus trilhos Iluminados ao sol Que traduz tua esperança De ser de novo a criança Dona do teu arrebol. Brincando nas cordilheiras Nas tuas florestas tantas Fazer dessas brincadeiras Ungindo tuas mãos santas. Surgindo de novo a vida Onde sangraste, ferida. América mãe de todos Que Deus ouça nossos rogos E te permita viver Sem ter que filhos vender Sem ter que, prostituída, Expor-se tão nua em vida. América, nosso lar, Nossa casa verdadeira. Que o brilho do teu luar Ilumine a terra inteira. Que nunca mais te maltrate Nem nunca mais te destrate Quem nunca te conheceu Quem jamais te concebeu Povo de terra estrangeira Que suga tanto teu sangue Atolando-te no mangue Te escarrando por inteira X Sem ter nada por dizer Desse tanto que já disse Por ter medo de viver Sem ter nada que afligisse Pelo canto mais sensato Desse rio, do regato. Por não temer o cansaço Por nem ter o teu regaço Quis fazer essa manhã Com teu gosto minha amada Ter no meu peito a terçã Ter nos olhos madrugada Sem saber por onde andar Nem ter medo da saudade Nem vontade de voar Quero ter somente a lua Mudando a forma, mas nua. Percorrendo cada rua Como se fosse ela, a tua. Como poder ser teu colo Como transformar teu solo Como navegar ao pólo Como resistir ao canto Envolvendo-me no teu manto Encantando-me teu encanto Navegando no teu mar Procurando teu cantar Sabendo bem mais te amar Que poderia essa vida Ser estrada tão comprida Que nunca pode estancar O que sangra sem segredo Esse amor me dando medo No meu último degredo No final dessa cantiga Que de tanto ou mais antiga Vai queimando feito urtiga Fazendo a vida serena Dando dor a quem tem pena Dando essa asa a quem não voa Vou levando a vida à toa Navegando essa canoa, Vivendo essa vida boa. Com o gosto da saudade No peito essa liberdade Carregando a vaidade De ser livre, sem ter medo. De saber qual o segredo Para poder suportar As dores mais poderosas Vou tentando perfumar Com os olores das rosas A quem queira me amar. Quero saber dessa sina Que me traz a ti, menina. Que me faz sentir, calor, Nos braços do meu amor Na rede toda preguiça Que vem, prende me atiça. Me dando essa sensação De chegar nesse meu chão Carregado de perdão; Lavando toda certeza Na chuva da madrugada Tornando desesperada Cada ausência sem você Querendo, só por querer. Querendo sem nem poder Amar quem nunca esqueci Na vida que já perdi, Na curva dessa esperança Ser de novo tão criança Trazendo em minha lembrança O gesto mais delicado Onde amor tornou-se fado A vida dando o recado O medo andando de banda Pesando o peito sofrido Que por muito já vivido Leva seu tempo perdido Vai em busca da certeza De encontrar essa beleza Que todos chamam verdade, Mas pra mim, sinceridade. Conhecendo a liberdade Chamo de FELICIDADE! X Salmo 24 em versos brancos A terra é do Senhor em toda plenitude. Também é todo o mundo e todos que o habitam. Por que ela foi fundada em cima destes mares Por que ela foi firmada em cima destes rios. Quem subirá ao monte onde está meu Senhor, Ou quem logo estará no seu lugar que é santo? Quem for limpo das mãos e puro em coração Quem não for vaidoso e nunca jura em vão, Será abençoado, e terá salvação. Tal é a geração dos que buscam t’a face, Ó Senhor de Jacó. Ó portas levantai Vossas cabeças alto. Ó entradas eternas Rei da glória entrará! Quem é o rei da glória? O Senhor poderoso e forte na batalha. Ó portas levantai vossas cabeças alto. Rei da Glória entrará, ó entradas eternas. Quem é o rei da Glória? O senhor dos exércitos! (Ele é o rei da Glória!) X Salmo 23 em versos brancos Meu Pai é meu pastor , nada me faltará! Em pasto verdejante ele me faz deitar. Guia-me mansamente a águas mais tranqüilas. Refrigera a minha alma;a trilha da justiça Leva-me, por amor do seu divino nome. Ainda que eu caminhe o vale tão sombrio Da morte, mal algum, eu nunca temerei, Pois comigo estás, Pai.Tua vara e cajado Consolam-me, Senhor. Preparas uma mesa Perante mim, defronte a tantos inimigos. Meu cálice transborda unges minha cabeça Com óleo. Certamente essa misericórdia E bondade estarão em todos os meus dias. Na casa do Senhor viverei longos dias. X Salmo 22 - em versos brancos Por que desamparaste assim meu Senhor Deus? Por que estás afastado e não mais me auxilias? Por que não ouves mais minhas palavras, Pai? Eu clamo-te de dia, embalde, não mais ouves. Eu clamo-te de noite, embalde, sem sossego... Contudo tu és santo, estás entronizado Sobre todo o louvor que existe em Israel. Nossos pais já livraste, em ti, pois, confiaram. Foram salvos, meu Pai, enquanto te clamaram. Confiaram em ti e não os confundiste. Porém eu sou um verme, um opróbrio dos homens, O povo me despreza e todos já se zombam. Me dizem, Meu Senhor: já que em ti confiei Que me liberte Pai, pois em ti, meu prazer. Tu és quem me tiraste e que me preservaste Desde quando, pequeno, ainda em minha mãe; A teus braços, lançado és meu Deus desde o ventre. Não te alongues de mim. Angústia está bem perto E, meu Pai, meu Senhor, não há quem me acuda! Os touros de Basã me cercam e rodeiam, Contra mim, boca aberta assim como o leão Que despedaça a presa e ruge, violento! Derramei-me qual água e quebrei os meus ossos! Meu coração derrete em cera nas entranhas. Minha força secou qual fora um simples caco. Tu puseste-me o pó de uma terrível morte. Rodeado por cães, malfeitores me cercam Me transpassam os pés e também minhas mãos. Os ossos posso contar, eles me olham e miram. Repartem, entre si, todas as minhas vestes. Mas tu, meu Senhor, não te alongues de mim. Me socorra, meu Pai, por que és a minha força! Pai, me livre da espada e do poder do cão, Da boca do leão e dos chifres do boi. Anunciarei teu nome a todos os irmãos E na congregação, eu sempre louvarei: Vós que temeis a Deus, louvai-o todos vós. Ó filhos de Jacó, temei, glorificai Ao Senhor, todos vós, herdeiros de Israel! Porque não desprezou e nem abominou Toda aflição do aflito. Nem dele se escondeu. Pois quando foi clamado ouviu-o, plenamente! De ti vem meu louvor nessa congregação. Meus votos, pagarei perante os que te temem. Os mansos comerão, se fartarão, Louvarão ao Senhor, aqueles que te buscam. Que o vosso coração, viva em eternidade. Nos limites da terra, o teu nome lembrado, E se converterão, diante do teu nome, Por todas as nações tu serás adorado. O domínio é do Pai, e reina sobre todos. Os grandes desta terra te adorarão, meu Pai. Os que descem ao pó, os que não retêm vida, Diante do Senhor, todos se prostrarão! Futuro o servirá, falar-se-á de ti, À geração vindoura, em sua plenitude. Anunciarão ao outro tua justiça Ao povo que nascer , o que fizeste, Pai, A todos contarão, será anunciado! X Amor que tanto mimo escusa-se de engano. Minha alma feita seixo, em águas se lavava. Qual alga neste mar, nos sonhos flutuava. A noite que chegou, promete duro dano. Quem sabe deste amor, se lava em desengano. Em calmaria audaz traz vulcânica lava. Na boca, mais mordaz, a faca, em costas, crava. Amor sabe procela, embarca no oceano... Vestígios de saudade, a tarde sempre traz. O rumo do meu verso, a lágrima distrai. A tarde em minha vida, ao meio dia cai, De tudo que escrevi, só peço a minha paz. Não sou mais controverso, aguardo teu recado, O mar deste universo, espreito da janela. A cor desta morena ou jambo ou canela. O mote que me deste, escuro e maltratado Peço-te não perdoe, espero teu castigo; A mão anda cansada, estreita, dura, em prece. Amor que tanto mimo, a lua não merece. Depois de tanta coisa, eu quero estar contigo. Um carro em disparada, a rua é tão deserta, O manto da alvorada, estrelas são a linha. Amor que se conteve, agora não és minha! Depois de tanta luta, esqueces minha oferta. Bendita claridade! Embora esteja escuro. O vão já se desaba e caio desta ponte. No meu olhar, distante, aguardo um horizonte. O chão , depois do tombo, eu sei que é bem mais duro. Vestígios do que fui, te trago na bandeja. Da santa guilhotina, o resto sempre é teu. Na faca que me lambe, o meu amor morreu. Amor que nunca tive, o pranto não deseja. Repare nesta estrela... O brilho é muito escasso. Cometa repentino, espero um novo dia. Agora, não se esqueça, a velha fantasia. O mundo me carrega, aguardo um novo passo. Em verso alexandrino, eu canto esta desdita. O sol que não raiou, estrela que não veio... O mundo que restou... Só quero ter teu seio. A noite me embriaga... A cachaça é maldita! X Ela acordou bem cedo, o sol não tinha vindo; A roupa no varal quarando, pede sol No rádio que escutava, as notícias chegavam. Notícias doutro tempo onde fora feliz. Sempre se repetia aquele mesmo fato. O rádio prometia, a vida, então negava. A mesma novidade, esperança não morre! Parecia que o rádio havia se esquecido Que o tempo nunca pára, as coisas sempre mudam! O marido se fora em busca da morena, Uma vizinha antiga, o caso também era... Tudo bem, nunca amou! Dera graças a Deus! Um homem não tem dona... é bicho do sereno! A revolta maior foi a televisão. Comprada em prestação. Novela? Nunca mais! Ainda bem que tinha o rádio que gostava. O rádio e a notícia: a notícia de sempre... X Salmo 21 - em versos brancos Na força do Senhor, o rei se alegra, Na tua salvação, se regozija. Deste o que desejava o coração, A petição dos lábios não negaste De bênçãos excelentes, o proveste. Coroa d’ouro fino, o Senhor deu. U’a vida longa, eterna, Deus lhe deu. Pois grande é sua glória em teu socorro, De majestade e d’honras o reveste! Fazê-o para sempre abençoado, Enchê-o de prazer, tua presença. No Pai, o rei confia e na bondade D’Altíssimo será inabalável! A tua mão alcança os inimigos A todos que te odeiam os alcança. Tu os fará fornalha ardente Pai, Quando vieres. Fogo os queimará. Destruirá a prole desta terra, E a sua descendência morrerá. Pois contra ti intentaram todo o mal, Maquinaram ardil, serão vencidos! Tu os porá em fuga, meu Senhor! Te exalta em tua força, Grande Pai, Teu poder; cantaremos, louvaremos! X Amor de Salvação Nesta ânsia de viver, por vezes penso Como é difícil perceber o sonho. O mundo me promete ser imenso, O que me resta é meu olhar, medonho! Embalde tantas vezes me pergunto Onde estará essa mulher vibrante? Depressa, no silêncio, mudo assunto Encontro seu fantasma, delirante! O sonho que procuro, se esvaiu... Mundo... Em tolos fantasmas me desfaço... A força que pressinto traz ardil, Em plena tempestade não disfarço... Mendigo alguns olhares, vida nega... Procuro pelos cantos, nada encontro. O brilho do passado inda me cega, A vida traz em si, um desencontro... Quem dera transformasse dor em ouro. O medo não seria companheiro, O aço penetrando fundo, o couro. Vasculho por espaços, mundo inteiro... O beijo que recebo, solidão! As vagas que navego, meu naufrágio. Embalde procurei, peço perdão. A morte de repente, meu adágio. Vencidas as quimeras, vou sozinho... O pranto não decorre da saudade. Revôo deste pobre passarinho Por sobre toda a paz desta cidade. Ser feliz parecia meu direito. Pesados olhos, canso-me da luta. Revejo quanto tempo em desrespeito Vivi, ao me guiar por força bruta. Deram-me tão somente sensações Da vida tão inútil sempre a esmo.. Meu canto enfim se forma sem ter paz. Motivo desta angústia, sempre o mesmo. A coragem de viver, não tenho mais... O manto que me cobre, soledade... O frio que me dobra, sem promessas. Um vento em tempestade já me invade Virando minhas luzes às avessas. Em plena negritude, um pesadelo... Imensos fogaréus rolam espaços, O mundo se desfia qual novelo, Diabólicos miasmas abrem braços Abarcam os meus pés e não os soltam; A noite esmigalhando, me sufoca. Os mares, em procelas, se revoltam. Fantástica pantera sai da toca, Os olhos do passado me mirando. O beijo das quimeras, louca prenda. O universo vomita, procurando Meu caminho, meu passo e minha senda. Desesperado, nada me sustenta. Em fogo me enveredo por caminhos Distantes...A minha alma, louca, tenta Encontrar noutras terras novos ninhos... A vida se demonstra vã, embalde... Os furacões, tufões, a tempestade. Viver me parecendo ser a fraude Divina, um louco blefe, falsidade. Vejo-me sem ter porto nem saída, O cais se revelando tão distante. A morte se mostrando, sorridente; A ponta enegrecida da navalha, O frio revelando-se, envolvente... Minha pele, poreja e se retalha. Nos poros destilando podre sangue, Acaba-se,em delírios a esperança... Entretanto, do pobre e néscio mangue, Um ser maravilhoso já me alcança. Nos olhos redenção de primavera. Nos lábios, o desejo descoberto, A mansidão distante nega a fera Que morre em coração, puro e aberto. Vejo-te, minha luz e salvação. Surgida no momento mais mordaz... Nos olhos, a promessa do perdão, Sorriso delicado de quem ama. Risonho, meu caminho, pede paz, Apagas, num segundo a negra chama... X Salmo 20- em versos brancos No dia desta angústia dolorosa Que o Senhor ouça-te e proteja sempre. Envie-te socorro lá dos Céus E que já te sustenha de Sião! Lembre-te das ofertas, sacrifícios. Conceda-te conforme o coração Deseje e cumpra todo o teu desígnio! A tua salvação alegrará, Pendões arvoraremos ao Senhor. Satisfaça o Senhor nas petições. O Senhor sempre salva o seu ungido E lhe responderá do Santo Céu, Com força salvadora, sua destra. Uns confiam em carros ou cavalos, Nós faremos menção ao Nosso Pai; Uns encurvam-se e caem, nós nos erguemos. Salve-nos meu Senhor, nos ouça a prece! X Um vaso quebrado, Um disco arranhado, Um velho fado, O monte de esterco E o risco de incêndio... Maria se foi, Foi-se meu mar. Ia a promessa, Promessa de vida Vida com canto, Um canto sem jardim, Jardim sem perfume, Perfume sem flor A flor pede vaso, Um vaso quebrado... X Não sei se te queria ou não... O certo é que sonhava algumas vezes. Bem perto, distante, tanto faz A minha boca te procurava. Mas, engraçado, meus olhos não te viam... Era bonita, disso eu tenho certeza. Sem rosto definido, ou coisa assim, Mas realmente muito bonita! Os meus sentidos todos te sentiam. Menos a visão. Essa não podia dizer Se eras branca, negra, morena, asiática Apenas te desejava. Tua nudez era ansiada! Deveras ansiada e Imaginada! Teus seios me pareciam deliciosamente Lactogênicos. E o sabor deste leite entranhava meus lábios... O leite que nunca produziste, Ou quem sabe será meu. Mel e manto, espantos... Outra coisa que me chamava a atenção Era o perfume de teus olhos. Tinham um quê de pêssego e de maçã. Transcendiam a um tempo onde fui feliz. Vestido desta fantasia, não pude deixar de te ouvir. A tua voz era algo assim como Se uma sereia. Serei-a? me perguntaste. Sim serás... Sinceras as minhas respostas. Uma sereia que sabe o sabor do sal. Do salgado desta vida e dos meus olhos... Por que não voltas? X Em meu canto, me espanto e te procuro. Me curo em tua cura e teu decoro. A lua em seu encanto me faz coro. Clareia e me incendeia nega escuro. Vencido tenho sido mas não ligo. Me abrigo do perigo em tuas mãos! Os chãos que da amplidão perecem vãos, Disfarçam noutra face do perigo... Vorazes as audazes asas, ases, Sem freio sem receio, caçam meio Encontram seus encantos no teu seio. Os versos que enveredo são mordazes. Mentiras quando atiras sobram tiras. Tiaras e searas são serpentes. Os pentes nos repentes quando sentes Se entranham e se estranham, ledas liras. Meu mote neste pote forte fica. Fortifica quem liça faz a festa. Me resta tão somente frágil fresta. Amor que não se entende, não se explica! X Amor que me transcende sem queixume Buscando em qualquer flor, o seu perfume. É vaso que transpira uma esperança. Abraça, carinhoso, minha musa. É minha melodia mais difusa, É doce que carrego na lembrança! Um passageiro busca, de viagem, Viver felicidade, bela imagem. Retrata tantos brilhos de criança! Jamais a solidão será seu fardo, Em seu caminho, nunca mais um cardo. A dor, em sua vida não alcança. Um som que ao longe escuto, cantoria. É pleno de verdade e fantasia. Convida-me feliz à nova dança! Brincando de poeta solto um verso, Que sempre te procura no universo. Será que encontrará em plena França? Um lírico desejo, ser feliz... Em toda minha vida, sempre quis... Não temo sofrimento nem vingança! A moça dos meus sonhos me renova. É brilho nos meus olhos, nova trova. É pacto divinal, linda aliança... Teus olhos desfilando na cidade, São lumes que me trazem claridade. Trazendo a toda gente essa bonança! Meu verso renitente, nunca pára. A dor não se avizinha, já se apara. Amor e alegria na balança... Não tenho nem terei, na vida, medo. Conheço seus caminhos, seu segredo. A vida corre plena, na abastança. A vida passageira sem ter pressa, Amor venha correndo aqui, depressa. Senão a poesia já se cansa X Salmo 19 - em versos brancos . Os céus proclamam glória de meu Deus Sua obra, o firmamento me anuncia. Um dia se declara a outro dia. Conhecimento, a noite passa a outra. Não há palavras, fala, nada escuto... Mas sua linha e fala: universais! Qual noivo que se alegra quando sai, Qual herói a correr sua carreira, Deus pôs em tudo, tenda para o sol, Que se estende por todo esse universo, Ao seu calor, por isso, nada foge! A lei do meu Senhor, perfeita lei, Minha alma refrigera e aos mais simples Já dá sabedoria, Meu Senhor! Todo o seu testemunho é mais fiel. Seus preceitos são retos e me alegram. Seu mandamento é puro e me ilumina. Temor ao Senhor, limpo e permanente. Juízos do Senhor veros e justos! São bem mais desejáveis do que ouro; Mais doce do que mel que vem em favos. Para quem os guardar, a recompensa. Quem pode discernir os próprios erros? Me purifique então dos que não sei. Me guarda da terrível presunção Que nunca se apoderem mais de mim! Então, serei perfeito em Deus, Liberto! Os termos que eu disser mais agradáveis, Assim também meditação perante A tua face Deus, que é minha rocha E redentor! X Salmo 18 - em versos brancos Te amo meu Senhor, és minha força! A rocha, fortaleza e liberdade; Onde está meu refúgio e meu escudo. Meu Pai, tu és a força e salvação! Invoco o Senhor digno de louvor E isso me salvará dos inimigos. Cordas duras da morte me cercaram Perdição em torrentes já temi. As cordas do Seol já me cingiram Tantos laços da morte, de surpresa... Angustiado, invoco meu Senhor Do seu templo divino, ouviu a voz O meu clamor chegou aos seus ouvidos... A terra se abalou e se tremeu, As bases desses montes se moveram Porquanto meu Senhor se indignou. Fogo devorador em sua boca Fumaça das narinas, brasas ardentes! Os céus, Ele abaixou e veio á Terra, Sob os seus pés, as trevas mais espessas; Num querubim montou e voou sim, Sobre as asas do vento, ele voou! Seu retiro secreto, fez das trevas, Escuridão das águas, pavilhão, Assim como as espessas nuvens, céu... Do resplendor desta presença santa Saíram saraivadas chamas, brasas. Então o meu Senhor trovejou voz, Por entre tantas brasas, chamas, fogo. Despediu suas setas e as espalhou Raios multiplicou e os perturbou Já vejo os leitos d’águas. Fundamentos Deste mundo se mostram, descobertos; À tua repreensão sopro do vento Das narinas do Senhor, meu Grande Pai... Estendendo seus braços me tomou, Me tirando das águas que são muitas! Do inimigo mais forte me livrou, E dos que me odiavam e eram fortes! Quando em calamidade, me flagraram, Mas o Senhor, meu Pai, foi meu amparo! Num lugar espaçoso me levou, Por que tinha prazer também em mim. E me recompensou o meu Senhor, As minhas mãos tão puras, a justiça, As conhecem meu Pai, o Meu Senhor! Eu guardo seus caminhos, não me afasto, Por isso sou, do Pai, recompensado. Eu nunca me afastei dos estatutos, E todas ordenanças eu conheço! Fui irrepreensível diante dele, De toda iniqüidade, me guardei! Por ser mais justo, puro diante dele, Eu fui recompensado pelo Pai! Com o benigno sempre és mais benigno; Para o homem perfeito és mais perfeito! Para aquele que é puro sempre és puro; Para com os perversos, o contrário! Pois que tu livras o povo tão aflito, Mas os olhos altivos, os abates! Acendes a candeia meu Senhor, As trevas que são minhas, alumias! Eu salto uma muralha com meu Deus Também com seu auxílio vejo a tropa. Seu caminho é perfeito, meu escudo! São todas as promessas já provadas. O Meu Senhor é Deus, o meu rochedo Deus me cinge de força em meu caminho. Faz dos meus pés como os das corças rápidas, Nos lugares mais altos, me protege... As minhas mãos prepara p’ra batalha, Meus braços vergarão um brônzeo arco... Da tua salvação me deste o escudo. A tua mão direita me sustém; Toda a tua clemência me engrandece! Alargas os caminhos que já vejo, Impedindo que os pés meus resvalem. Persigo os inimigos, os alcanço. Só retorno depois de consumi-los! Os transpasso de forma que não se ergam, Os deixo, então, caídos sob meus pés! Na peleja, cingiste-me de força, E prostras sob mim, os inimigos! Que me dêem as costas, também fazes, Aos que me odeiam, os destruo, Pai! Clamam, porém não há libertador, Clamam ao meu Senhor, não os responde! Como o pó frente ao vento, os esmiúço. Como a lama das ruas, lanço fora! Me livres das contendas deste povo Me fazes, das nações, sua cabeça. Quem não me conhecia, se sujeite! E que eles me obedeçam ao me ouvir Com lisonja, estrangeiros se submetam! Estrangeiros, tremendo, desfalecem Dos seus esconderijos, sim, já saem! Te exalto, meu Senhor de salvação! Meu Deus me dá vingança e meu poder, Livra-me de inimigos e me exalta Livra-me de ser homem violento. Por isso, meu Senhor, te louvarei Entre todas nações te louvarei! Dá grande livramento pr’o seu rei Dá benignidade a quem ungiu. E para com Davi, seus descendentes, (Para sempre!) X I Nas horas da manhã, a brisa calma e fresca, Buscando neste afã, um sonho mavioso. Não posso me esquecer da cena pitoresca, Nos teus olhos posso ver futuro tenebroso... Por certo já te amei, na vida vão momento, Julgava fosse rei, sobrou saudade imensa... O vento que me deste, agora é um tormento. Meu peito se reveste, espera a recompensa... A lua que morreu, nasceu lá no estrangeiro O vento se esqueceu buscando este luar As ondas que conheço, espero por inteiro, Amor que não mereço, aguarda um novo mar... Quem dera ser feliz, meu sonho de criança Felicidade quis, distante está de mim... Não tenho outra saída, aguardo esta esperança, O bem maior da vida, a luz antes do fim... Manhã que me tortura a lua me deixou, A vida que era pura, espera um novo trilho... No lume deste dia, meu coração vagou, Em plena poesia, amor, meu estribilho... Em vão, persigo agora, a mansidão da vida... Quem foi feliz outrora, aguarda novo tempo; Um peito tão errante vivendo a despedida, Da noite fui amante, agora contratempo! Mulher, bela visão! Teu brilho se faz cálido. Em plena solidão, vislumbro meu futuro... Entretanto, o meu rosto em um segundo, pálido! Saudade tomou posto, o templo faz-se escuro! Essa dor que me assombra esconde meu desejo, Do que já fui, nem sombra, um mendigo andrajoso... Aguardo minha morte... Inútil, mas versejo. Quem já perdeu seu norte, a vida não traz gozo... II Dos mares que lutei, nada mais resta... Nem ondas nem falésias, morro só! Quem sempre imaginara louca festa Não deixa nem sequer marcas, é pó! A dor que enfim carrego não contesta As lágrimas que escondo, negam dó. Resumo meus poemas em delírios. Amar não pode ter tantos martírios! Tragado por quimera, já não luto... Vestido deste lodo que legaste, No peito que cravaste, negro luto.. Quem dera fosse colmo, simples haste, O vento não seria assim tão bruto... A força do meu peito, já arrancaste! À noite, nos meus sonhos, solidão! Embalde bate um louco coração... Não consigo, jamais, te perdoar, Sou triste mariposa sem ter lume. Por vezes imagino onde encontrar As forças para ter novo perfume. Minha esperança morre com luar, Ninguém pode escutar o meu queixume... Meus versos se perderam, pedem rumo... Na voz da solidão, perco meu prumo! No dia que nasci, sorte maldita! As conjunções astrais, mau veredicto... Meu mundo se transforma na desdita Meu grito vai embalde, mais aflito! A morte dolorosa já me fita Meu sonho morre em astros, no infinito! Amor se desenhando qual navalha, A dor inevitável, nunca falha! Meu rumo necessita do astrolábio Perdido em minha luta contra o mal. A boca que me beija, um frio lábio Que morde com delírio canibal. Na vida sempre tento ser mais sábio, Mas resto parcamente, morte e sal... Procuro novos braços nova fonte. O céu já se nublou, sem horizonte... III Quem me dera ser feliz! O meu sonho te esperava, Deste vulcão foste lava Na vida, tu foste atriz... Meu amor, tanto te quis Mas nunca tiveste pena, Saudade de longe acena Tanta alegria de outrora Há muito já foi embora Minha morte faz-se plena! Procurei por novo dia O tempo foi se escorrendo, Minha esperança morrendo, A noite que veio, fria, Me restou a poesia, Companheira predileta, Minha vida está repleta De tanta desesperança, Somente em minha lembrança Minha vida se completa... Tempo que já se passou Das águas puras da fonte, Dessa estrada, dessa ponte Que depressa despencou Nada mais me restou. Da verdura desta mata Do véu daquela cascata, Enegreceram essa água Todo o meu canto de mágoa Encanto que me maltrata! Tinha bem perto meu pai, A minha mãe companheira... Uma paz tão verdadeira... Da lembrança não me sai... Saudade distante vai Me restando a solidão! Me arrasta como tufão, Minha noite faz escura, Procuro pela ternura Não encontro solução! Vencido pela quimera, Não conheço mais carícia Da vida a mansa delícia Já se foi! Ah! Quem me dera! Morando nesta tapera Saudade me traz calafrio, Não tenho manto pro frio, Não tenho mais esperança. Eu já matei a criança, Agora sigo vazio! Meus bons tempos, quando infante, Correndo pelo quintal, A lua, sensacional, O meu sonho delirante, Agora nada adiante Vou seguindo qual funâmbulo Pelos bares um noctâmbulo, Embriagado de vinho Um caminheiro sozinho, A morte como preâmbulo! Meu peito que foi sinfônico Orquestra novas desgraças, Dormindo no chão, em praças, O meu canto sai afônico, Todo o meu amor mecônico Sou aborto que viveu No meu coração ateu; Me elevo como miasma, Vivendo pobre fantasma, Não sabe que já morreu! Minha vida não tem cura, A morte é minha aliada, Trazendo na mão, a fada Se aproveita da loucura E mata toda a ternura Se deita na minha rede, A morte me mata a sede Companheira dos enganos. Desfazendo todos os planos, Me lança contra a parede! Ah! Meus versos como dói! O meu barco naufragado, O meu mundo desmanchado O tempo negro corrói Tanta saudade destrói Quem procurou ser feliz, A lua por meretriz, O sol por triste verdugo, Na vida virei refugo, Minha sorte não me quis! Meu canto, minha agonia... Vai torpe desconsolado. Um grito desesperado. É pura melancolia. É noite má e bravia. Um canto sem esperança; Da morte, firme aliança, Felicidade? Resquício. Vivendo no precipício Minha morte já me alcança! IV Felicidade some, embalde procurei... Fogo que me consome em minha vida é lei! Por vezes, vou calado, esperando o final! Meu sonho sideral, morre no triste fado. Procuro pelo prado, encontro podre astral. Vida que é canibal, meu sonho amortalhado! O grito da procela, estupenda visão! O meu barco sem vela, esqueceu direção... Minha vida, sem ninho, espedaça-se nua. Minha alma não flutua, explode, vou sozinho.. Qual pobre passarinho, a luta continua... Minha casa é na rua, o meu remédio, o vinho! Sou esboço mal feito o resto que se perdeu. Meu mundo não tem jeito, o que sobrou fui eu... O meu canto distante embalde nunca ecoa... Perdi minha canoa, a luta foi constante Quem se sonhou amante, em gaiolas não voa Vida? Quem dera boa! A morte é meu brilhante! Temida podridão devorando-me vivo Resto de coração finge-se mais altivo... Minha noite incendeia, a madrugada some... Já não há luz que assome, enredo-me na teia... Lume que não clareia, amor sempre consome... Noite fria de fome, amor morto na veia! No cigarro que fumo, esperança dilui Vida, perdido sumo, em fumo leve flui... Dor, minha camarada, amo-te mais que tudo! Tantas vezes vou mudo, aguardando esta fada! Na mão da minha amada o tapa onde me iludo, Outras vezes, contudo, a dor não me diz nada! Quantas vezes te quero e nunca estás aqui! O teu beijo mais fero, o melhor que sofri! Te canto no meu verso, em onda tão profusa Minha lua cafuza espalha no universo... Dor que tanto converso, abre meu peito e blusa... A vida tão confusa... O meu mundo disperso! V A minha dor companheira Abraça-me docemente, Girando na minha mente. Deita na minha esteira Amante tão verdadeira Traz a vida de repente! No brilho da cortesã, O gosto da minha morte, Procuro num doce afã Outro destino, outra sorte... Quem sonha com amanhã Não escuta o brado forte Da dor que sempre domina, Meu desejo e minha sina! Vasculho nesta amplidão A lua que não quis vir. Eu venho embalde pedir, Onde está a solidão? Pergunta meu coração. Neste breu em vão luzir! Nunca mais vai me deixar, Me observa assim, calada Minha dor é meu luar, Está quieta ali, sentada... Em seus raios morro mar Muda, não me fala nada... No canto da boca, um riso, Promessa de paraíso! X Salmo 17 - em versos brancos Atenda ao meu clamor, ó meu Senhor! Ouça a minha oração, pois não engano. Tua sentença aguardo pois é justa. Pois pode procurar iniqüidade E transgressão que nunca encontrará! Os meus passos se apegam as veredas Tuas, como também minhas pegadas. Clamo-te meu Senhor, por isso me ouça! Tuas beneficências, Salvador, Aos que se refugiam ao teu lado, Tem feito maravilhas meu Senhor. Me esconda na sombra das asas Tuas contra inimigos que me cercam. Fecham seus corações e são soberbos. Andam rondando os passos e me miram Prontos a me atirarem sobre a terra. Tal qual leão que quer matar a presa Com leãozinho pronto de tocaia. Derrube-os Senhor, me livre de ímpios Por tua mão Senhor de homens do mundo. Nosso maior quinhão está aqui. A ira entesourada de meu Pai Lhes encherá o ventre. Fartarão Dela os filhos, as sobras por herança. Minha satisfação na semelhança Que encontrarei quando acordar em Ti... X Salmo 16 - em versos brancos Em ti, Ó meu Senhor, me refugio! Tu és o meu Senhor, único bem! Aquele que escolher um outro Deus Terá multiplicadas suas dores. Não tomarei seus nomes em meus lábios E nem me lembrarei ao sacrifício. És a porção da herança, meu quinhão; Tu és o sustentáculo, meu cálice. Sortes que me caíram em lugares Deliciosos, a formosa herança! Bendigo esse Senhor que me aconselha. Está sempre diante do meu ser, É minha mão direita, não me abalo! Meu coração alegra e a minha alma Se regozija sempre, estou seguro. Não deixarás minha alma ao relento, Nem me permitirás a corrupção Nem que teu Santo possa vê-la. Nunca! A vereda da vida mostrarás! Pois na tua presença, a plenitude Da alegria, delícias são perpétuas! X Salmo 15 - em versos brancos Na tenda do Senhor, quem morará? E quem habitará teu santo monte? Quem pratica a justiça e é verdadeiro, Seja irrepreensível nos seus atos! Aquele que jamais usa de infâmia Nem faz o mal ao próximo, nem afronta. Quem desprezar o réprobo também, Quem honrar os tementes ao Senhor! Mesmo que seja contra si não muda Na jura que fizer. Que não usura E não recebe peitas contra o puro. Nunca terá abalos, sendo assim. X Salmo 14 - em versos brancos O coração do néscio nega Deus. Abomináveis homens corrompidos, Em suas obras, não fazem o bem. Para os filhos dos homens, Deus olhou Procurando entre tantos quem O buscasse, Todos se desviaram, são imundos! Acaso não percebem? São iníquos ! Devoram o meu povo e negam Deus! Terão grande pavor pois Deus é justo! Nunca conseguirão frustrar, dos pobres, O conselho, pois Deus é seu refúgio. Que de Sião viesse a salvação Quando o nosso Senhor, enfim, voltar! X Salmo 13 - em versos brancos Ó meu Pai! Até quando esconderás De mim teu santo rosto. Esquecerás De mim eternamente meu Senhor? Até quando minha alma se encherá De cuidados; tristezas cada dia. Até quando o inimigo sobre mim Se exaltará? Pergunto-te meu Pai. Alumia os meus olhos, que eu não morra, Para não permitir ao inimigo O grande regozijo da vitória! Tua benignidade não permite Que tal coisa aconteça és salvação. Cantarei ao Senhor todo esse bem Que a mim, meu Grande Pai tem dedicado! X Procuro a liberdade pelos ares Nas asas das fantásticas libélulas. Em cada criatura, em suas células, Nas frutas que colhi nos meus pomares, Nas árvores frondosas, nas cascatas; Nos passos delicados da pantera, Nos olhos do leão, de qualquer fera; Em toda ventania, em densas matas. Procuro a liberdade no meu canto, Nos pássaros canoros e libertos. Nos rumos das estrelas, tão incertos, Na lua com seu belo e alvo manto... Nas ruas e mansões, nas capitais; Nas praças e coretos das cidades. Na luz em forte brilho, claridades, Nas ondas e profundas abissais.. Na força da natura e na beleza, Nas altas cordilheiras e nos planos. Em todos os lugares, desenganos. E mesmo no universo uma incerteza. Liberdade meu sonho mais feliz, Onde estarão as asas que procuro? A busquei no clarão, em pleno escuro, Nas ásperas escarpas, céus anis. Esta procura louca já me cansa Em busca da ansiada liberdade. Encontrando por vezes a saudade, Meu olhar mais distante não alcança O cimo das montanhas e os rios. A luz de tantos sóis já me cegava. O brilho da manhã não encontrava, Amauróticos olhos perdem fios... Depois, total cegueira em minha vida. A perda da visão, minha prisão! Pensara num momento, em solidão; A luta que travei está perdida... Porém quando julguei que estava só, Um pássaro em gaiola, solitário. Recebendo o carinho solidário, Amor que não deseja e nem tem dó, Amor que me acalenta e fortalece Que traz essa certeza de vitória Que me mostra o caminho para a glória Que a cada novo dia me enriquece. Amor que soluciona meus problemas E não cobra e nem sabe me ofender. Que não precisa d’ódio p’ra viver, E que traz alegrias como lemas. Amor que me sussurra e me perdoa, Não guarda nem rancores nem vinganças, É pleno em atitudes e esperanças, E mesmo sem ter asas, livre voa... Num segundo percebo essa verdade, Cansado da procura e quase cego, Descubro, em minha busca, o que carrego Vivo em meu terno amor: a liberdade! X Desculpe se lhe falo com franqueza Se pensa que conhece quase tudo, E por isso se esconde, carrancudo, Nesta fantasia sem beleza; Lhe falo meu amigo e companheiro, A vida não se esconde desse jeito. O mundo pode ser tão imperfeito, Mas tem o seu encanto verdadeiro. As coisas por difíceis que pareçam Não devem ser levadas ferro e fogo, Quem mata essa criança perde o jogo Não deixa que essas nuvens espaireçam! Vestido de total iniqüidade Vencido pelas urzes do caminho. O canto que enobrece o passarinho Não pode ser deixado na saudade... Tanto riso, eu concordo, sem sentido Nos fazem parecer como boçais. Nos trazem sentimentos que jamais Podemos desprezar no nosso olvido. Quem ri-se sem saber como e por que, Parece que não traz discernimento E, vago, se dilui em pleno vento, Não sabe nem sequer onde e cadê. Porém quem nunca ri mostra, talvez, Últimos estertores da esperança. Da vida, já rompidas alianças. E plena sensação de estupidez! X Percebo nos seus erros que é humano; Embora se demonstre mais correto. Eu falo, não escondo, sou direto, Pois nós somos passiveis d’um engano. Por tantas vezes mente e não percebe Que a vida não se faz a ferro e fogo, O mundo que vivemos traz seu jogo, Muitas vezes quem dá nunca recebe. Erramos, isto torna-nos perfeitos, Nós somos divinais caricaturas As mãos que nos fizeram eram puras Porém do velho barro os seus defeitos! Não quero e não prometo santidade Seria assim mostrar tanta arrogância Má sorte que lhe trouxe tal ganância Esconde-se em vestal honestidade Que nunca poderá mostrar-se plena Pois traz em sua origem tanto vício. Não quero lhe falar em precipício Nem vou emoldurar u’a falsa cena... Perceba que lhe falo com carinho, Por isso não me queira mal, lhe peço. Meus erros quando os faço não confesso Me levam por fatal redemoinho... Agora ao lhe ver triste num canto, Jogado no relento, um criminoso, Escuta: neste peito melindroso A luz se refazendo, num encanto. O que você me disse com seu ato, Acredita, me deixa mais feliz. Embora tanta coisa que se diz, Percebo que é um homem sim, de fato! X Amigo: como é bom falar seu nome! Por ruas e vielas caminhamos Nas curvas perigosas encontramos Tocaias. Tanta dor que nos consome! Cotidianas lutas nos alcançam E trazem as difíceis decisões, Nos abrem e nos fecham mil portões Ao mesmo tempo cessam e nos lançam. Por vezes a maldita tempestade Nos deixa sem ter rumo nesta estrada. Sentados neste canto da calçada Queremos conhecer felicidade Mesmo que disfarçada em outra face, Mesmo que escondida noutro canto. Nos rendemos ao brilho e seu encanto, Esperamos por manso desenlace. Nas horas mais doridas desta vida, Quando esta solidão nos fere inteiros, Os olhos procurando os verdadeiros Rumos de nossa estrada dividida, Quando o distante sol nos nega o brilho, Quando a manhã em nuvens tudo apaga, Quando a vida tristonha não afaga, Nos achamos perdidos, sem ter trilho; Se fomos torturados cruelmente Se temos nossos olhos arrancados Todos os nossos gritos des’perados Um eco nos responde, de repente. E nos traz novamente uma esperança, A vida não parece mais pesada. O pranto que negava a madrugada, Esvai-se mal percebe esta aliança! Minha alma em duplicata siamesa, Agüentando o vigor desta procela, Num sentimento nobre se revela O máximo que pode essa grandeza! Em tudo que passamos, unidade; Nas horas mais difíceis, solidário. Quem tem amigo nunca é solitário Maior que amor, na vida, uma amizade! X A vida pode ser uma quimera Trazer dificuldades todo dia. Sua alma parecer triste e vazia. A noite sugerir que é insincera. As pedras revoltosas do caminho, O medo transtornar o seu juízo Distante se mostrar o paraíso, A rosa lhe espetar com seu espinho... As portas se fecharem sem motivo, O mundo desabar tão de repente. A boca que lhe beija, da serpente. O vento que acalmava está nocivo. Cadáveres dispostos sobre a mesa, As duras tempestades e procelas. As cores se perdendo de aquarelas, O mundo lhe negando a sobremesa. Os vermes passeando no seu colo, As larvas espreitando o seu sorriso, O sonho em derrocada, morto o siso. Crateras revirando todo o solo. A morte parecer a solução, O gosto da tristeza tão amaro. A fera lhe sentir, vir pelo faro A pele decompor-se em podridão! O cheiro da sulfúrica excrescência A bicada do abutre, figadal, As chamas percorrendo todo astral Em busca dos seus restos, penitência. O corvo que não larga seu destino, A marca da pantera em sua face. A vida lhe negando seu disfarce Matando, mais cruel, o seu menino... Os olhos engolidos no banquete Oferecido aos deuses em delírio. A vida lhe negar qualquer colírio E trazer a sua alma num joguete. Mas saibas que não pode mais contar Com quem sempre esperara estar contigo Saiba que se encontrar qualquer perigo, Encontre suas forças p’ra lutar! X Envolto em tão fantástica ilusão, Persigo sem minuto de descanso A sorte que nem sempre vem. Alcanço Muitas vezes espaços na amplidão, Porém o que desejo já me escapa Sempre me deixa solitário e triste. Quem luta, não se cansa e não desiste, Nas curvas do caminho se derrapa Mas não desiste nunca deste sonho! Eu quero ser feliz e que se dane Não deixo que a quimera sempre engane Das lágrimas e risos me componho. Não temo, resoluto, qualquer dano O manto que me veste me traz Marte. Amores posso achar em qualquer parte, Mas eu quero esse amor mais leviano Das brigas e das guerras sem ter tréguas, Das camas desfrutadas com prazer, Vontade de matar e de morrer. Correr neste horizonte, longas léguas... Trazendo em minha mão a dura adaga, O gosto da vingança e do desejo. Ao mesmo tempo mordo e peço beijo, Ao mesmo tempo morde e já me afaga... Nas mãos trazendo trágicos tentáculos, Nas pernas maciez, a carne dura. A lua que escurece a noite escura, Tresloucando assim, todos os oráculos! Quero teu desejo e meu delírio Sutileza divina da dentada. A voz que nunca sai, asfixiada, A santificação neste martírio! Paixão, voracidade que não teme. Em meio a tempestade está feliz Viver quase morrer só por um triz Na dor e no prazer, a perna treme... Inebriante cálice de vinho Que sangra e que soprando traz a cura. A mão que esbofeteia forte e dura Depois em desespero quer carinho... Não deixa nem sequer um sentimento Que possa resistir ao furacão Detona e reconstrói um coração, Os restos espalhados pelo vento... Explode no corcel e na pantera No vôo e na boca que entrelaça É sorte tanto quanto me desgraça É morte e alimento da quimera! Nossas roupas rasgadas pelo chão. A loucura se espalha, perco o nexo, A noite se rebenta em tanto sexo. E depois disso tudo, a solidão! Não quero ter amor que não maltrate. Nem quero a mansidão desta amizade. Amor se quer viver: cumplicidade, Paixão no mesmo engate, desengate... Agora que chegaste e que já fomos, Vá-te embora não quero o teu amor! Secamos toda fonte em todo ardor, Da fruta que comemos cadê gomos? Procure quem te queira, de verdade, Não quero mais viver a noite fria. A vida necessita fantasia. Não restará sequer uma saudade! X Tantas vezes a vida fecha a porta, Pensamos, num instante, estamos sós! Dos caminhos que temos, meros pós Nos restam.Nossa estrada fica torta Sem deixar solução ou mesmo rumo. Ira nos dominando, nos impede De tentar observar que a vida pede Outra porta que traga novo aprumo... Assim se deu comigo, estou sozinho... Ao ter do teu amor me despedido, Meu mundo sem saída, está perdido. Sou ave que perdeu o doce ninho... Ao ver-te noutros braços que não meus, O medo de viver me transtornou. E dentre o quase nada que sobrou, Procuro pelas marcas desse adeus... Vazio, sem sequer ter esperança, Meu canto se transforma em agonia. A noite que passei estava fria Repete tantas dores na lembrança. Amada, por que foste esta quimera? Não sei se merecia este descaso, O coração declina em pleno ocaso. Ser feliz novamente, quem me dera! Escuta minha lástima querida Amiga, me desculpe, ao menos tente, Se das dores, te faço confidente. A porta está fechada em minha vida! De tanto que chorei sem recompensa Espero pela morte com frieza. Se em tudo já não vejo mais beleza Minha alma em minha morte, tanto pensa... Vestido da mortalha que ganhei, Não posso e nem devo ser feliz. A lua que se mostra, em seu matiz, Demonstra que na noite acinzentei. Teus olhos tão amigos tão serenos... Teu colo tão suave me acalenta. Quando estás perto brisa tão lenta Acalma e me salva dos venenos... Amiga quem me dera fosses minha! Talvez não precisasse mais sofrer. Teria nova gana p’ra viver Nos braços desta lúdica andorinha. Minha boca roçando tua boca Num beijo delicado e desejoso. O mundo então seria carinhoso. A vida não seria triste e louca... Talvez a minha sorte já mudasse, Em paz e calmaria, num segundo. Nesta porta entreaberta, um novo mundo... Se depois disso tudo, a mim, amasse! X Bem sabes que feriste cruelmente Aquele que só quis o teu carinho. Agora que estou livre e vou sozinho, Te mostro meu futuro, sorridente... Nas manhãs deste amor tu foste luz. Ilusão que cultivo sem malícia, Julgava-me envolvido por delícia, Efeito deslumbrante que produz Amor quando julgamos repartido. Belo canto de pássaros ouvi O resto de esperança estava em ti. E tudo em minha vida, resolvido... Quem sempre fora só, por um momento, Pensou na liberdade sem castigo. O bom da minha vida está contigo Pensei. Não terei, nunca mais, tormento... Embevecido pelo teu encanto Senti-me qual senhor deste universo. Meu mundo sempre fora tão adverso E pensei ser feliz. Pr’a meu espanto A luz desta manhã cedo nublou. O canto que escutava, em desafino, O Fado muda o rumo em desatino E tudo que brilhava se apagou... Teu amor transformado em vingança, Um gosto de derrota na garganta... A tétrica quimera se levanta E mata feramente, esta esperança... Os raios e trovões tomando conta O céu enegrecido pelos nimbos. Percorro, mesmo em vida, vários limbos A morte solitária, ao longe aponta! Vergastas desta sorte que carrego... Amor nunca me teve como amigo. O sonho mavioso que persigo, Embalde, sem ter luz, caminho cego! As chagas terebrantes que causaste Em carne viva mostram tuas garras. Procuro me livrar destas amarras, As costas corroídas, vil desgaste... Ao meio dia estava em tal mortalha, Meu sangue inundando todo o chão As unhas deste amor no coração, O corte mais profundo da navalha! Agonizando em plena tempestade, A morte se transforma num oásis Amores que julguei fossem capazes Açoites que me negam liberdade! Minha tarde, entretanto, devagar, Abrindo o negro céu, um raio manso. O sol revigorante já alcanço, Promessa tão serena do luar. Agora que voltaste minha amiga, As feridas estão cicatrizadas As marcas dessas garras e dentadas Não mais impedirão que eu já prossiga. Na nova estrada vivo a minha lei: De tudo que causaste, sequer sombra... A poesia que negaste não se assombra E procura outros versos. Me curei! X Onde estás meu amor? E por que foste embora? Minha janela aberta aguarda essa presença Pois tudo está tão triste...Espero recompensa Da prenda que não veio. A solidão demora... Meu canto rasga o céu numa esperança em prece. O mau jardim distante, esquece-se da flor, A cada novo sonho, um mínimo rumor, Meu peito enamorado aos poucos desfalece. Percebe que não vens... E não virás jamais. Em torno dessa lua o grito doloroso, A minha alma chorosa, um espectro andrajoso, Procura por parada, a vida nega o cais... Tantas vezes sozinho. Em busca da verdade, A dor dessa saudade espreita na tocaia... O meu mar tão distante, a fina areia a praia... Só me resta essa cruz, a dor da soledade... Um dia fui feliz, um breve dia assim. O beijo amaciado, a mansidão da noite... O vento que soprava espera teu pernoite Trazendo, no horizonte, amor que não tem fim... Mas nunca regressaste espero-te cansado... A solução da vida, a paz tão almejada. O tempo vai passando, e não me sobra nada. Meu leito de viúvo, a cama, o triste fado... Nas cinzas do cigarro, imagem espectral, Um resto de conhaque o pensamento voa.. Uma alma dolorida embalde inda ressoa, A noite vai passando ... Inferno sideral. O meu canto tristonho, amargura da vida. O meu peito vazio, a noite sem ninguém. Tortura o vento frio, aguardo pelo bem Que sei que não virá, a noite está perdida. Sou preso em dissabor, do amor que nunca tive Quimera que me mata, a noite sem desejo. O manto que me cobre, o sonho que versejo. O templo que carrego, a saudade revive... A marca mais profunda, imensa cicatriz, Em brasa tatuada, espessa e dolorida, Um bem que nunca veio, uma gota de vida Num oceano imersa, e como ser feliz? X Num sonho espectral tive intensa sensação Da morte em eminente aspecto mais cruel. Nem bem adormecido, em plena convulsão, Senti a mão macia e um negro e triste véu Qual fosse ave agourenta em sobrevôo manso. Pensei que fosse embora, o sentido, não alcanço... Perfume adocicado em plena fantasia. Um olhar sorridente estende seu carinho. A noite que era quente, em um segundo; fria. Cruel ave agourenta, espero, volta ao ninho... Mas nada, estava ali, sorridente e mordaz. Há muito tempo vivo esquecido da paz. Nada falava, quieta. A noite se passava Naquele ritual, macabro ritual... A morte que eu sonhara eu nunca imaginava Que fosse assim, tortura... Achara tão banal Que explicações sem nexo eu procurava dar. Delírio, fantasia... Ao sabor do luar.. Pois bem sabes a lua em momentos assim Muitas vezes traz culpa em situações vãs. Lunático, isso mesmo, essa ave vive em mim! Acordando comigo em todas as manhãs, Me acompanhando sempre, existe no meu ego É manto que me cobre e sombra que carrego. Dormirei mais tranqüilo e depois isso passa. Qual nada! Inda está lá, sorridente e sutil. Por um momento ou outro eu sinto que me abraça. Meu peito ardendo em brasa, a noite não se abriu E deixou essa quimera em forma de mortalha. Não me deixará nunca. A noite vem, não falha... Se cada vez que tento, embalde, descansar A sombra não deixar de vir, o que farei? Onde eu acharei força e paz para tentar Viver? A cada dia enlouqueço...Cansei, Mas no dia seguinte, a vida continua. O trabalho não pára e não posso fugir. Ao voltar para a casa eu não posso dormir. Já tentei sair, dormir num outro quarto, Dormir em outra casa, inútil, não me deixa... Marcada cicatriz, dela não mais me aparto. Pontual é dormir ela vem, não desleixa. Namoro, casamento...Esqueci, estou só. E rezo, toda noite, em prece peço dó Mas nada me responde, a quimera não larga! Eu peço minha morte, assim talvez, quem sabe... Esta rapineira ave estúpida e vil praga Se vá para não mais e tudo isso acabe... Te peço Meu Senhor, desesperadamente! Escute meu pedido, o lamento de um demente! Há quase um mês não durmo, e sempre esse fantasma; O sorriso calado, a mão fria, o vazio... É sombra, espectro, Fado, ou será simples plasma, Um pesadelo, cisma? O fato é que é sombrio. Cansado, estou cansado... Eu não suporto mais... Milagres? Já não creio. Eu só imploro Paz! Decerto que acostumo, eu quase já não ligo. A sombra me domina em todos os momentos... Nem ansiada cura, embalde, não persigo. A cada dia sinto o fim dos meus tormentos. Essa presença fria, um câncer terminal, É minha companhia, o meu amor fatal! X As asas da saudade abertas em meu peito Invadem cada canto e não me dão sossego. Voltando de onde vim acham-se no direito De dominarem tudo, então eu peço arrego. É duro compreender o que querem as asas Nem elas sabem, o que posso te dizer É que me queimam, isso eu sinto nessas brasas Que sabem misturar a dor com meu prazer. Me lembro delas um dia onde a tristeza Se mostrava rainha em mansa sutileza, Saudade de quem fui, principalmente disso. Da minha mocidade esquecida faz tempo! Agora em meu outono o brilho perde viço A opacidade surge e cada contratempo! Na seda dessa pele, a morena me acende. As asas da saudade abertas novamente, A mão da lucidez vem e de novo estende O meu manto outonal, ela nunca me mente! Ainda bem que existe alguma lucidez, Senão, ‘stava perdido, a dor então, medonha! Tudo tem a sua hora e tudo a sua vez... Mas o meu coração, desgraçado, inda sonha! X Dos cadáveres que levo algum me pesa tanto Que não consigo crer como agüentei o pranto E a dor da perda. Não pretendo mais falar Das mulheres, do medo e da fatal espera Que sempre me acompanha. Esqueço do luar, Da casa pequenina e até desta tapera. Fui tantas vezes frio, outras queimei no estio, Em verdade omiti as curvas deste rio Onde afoguei o verso, imerso sem ter dó. Também eu não pedi nem vou pedir mais nada; Apenas que me deixe. Eu prefiro estar só, Sem ter preocupação se vem a madrugada! Uma saudade estranha: o medo que não tive; Mistérios deste templo onde a quimera vive. Vive e me traz vergonha, estou meio cansado. Estou na idade em que os sonhos são mais mansos. Não devo mais beber; me deixe aqui do lado E pode ir procurar os seus belos remansos... Depois de tanto disse, e não disse, e dirá, O que não sei aqui, eu nunca serei lá. Lá, onde as manhãs que jamais eu sonhei ter, Acordarão do medo, eterno medo do nada, Do vazio, do que sei que nunca irei saber. Algo assim como beijo e carinho de uma fada. A safada não veio e nunca mais notícias. Aliás estou só, e sonho com carícias, Nem que sejam assim tortas ou insinceras Das mulheres que sei que jamais me amariam... E por falar de amor, onde estão as panteras Que prometeste, vida? Eu sei que não viriam. O gosto da saudade: um chocolate amargo, Dá prazer e maltrata. O mundo é longo e largo, Embargo a voz, um trago e depois a ressaca. Meu barco corroído em plena tempestade É um naufrágio certo, a culpa é sua, craca, Assim como também é culpa da saudade... Música e botequim, mistura corrosiva... Depois de certo tempo, uma mulher é diva, Pouco me importa, sou o que sempre desejo, Pirata, submarino, olho cego e viseira, Cataclismo irreal, amor me dê teu beijo. Na cauda do cometa, espreito a terra inteira. Depois, peço desculpa e se não me der; tchau! Viajo pela noite, espaço sideral! E volto para casa, amargo e tão sozinho... A lua é companheira, o copo de conhaque... Espero tua mão, em vão, cadê carinho? Mas não repare não, a lágrima é de araque! X salmo 25 em versos brancos Elevo-te minha alma. Em ti, meu Pai, confio. Que eu não seja humilhado; inimigos não triunfem Sobre mim. Que não seja humilhado também Os que esperam em ti. Mas sim, os traiçoeiros! Mostre-me teu caminho e também t’as veredas. Guia-me na verdade, ensina-me, és meu Deus De minha salvação. Espero-te o dia todo! Da tua compaixão, lembra-te meu Senhor. E da benignidade, elas são eternas! Não lembres do pecado em minha mocidade, E nem das transgressões, tenha misericórdia, Pela tua bondade, esqueça dos meus erros. Bom e reto, o Senhor, ensina aos pecadores Os caminhos e guia os mansos no que é reto. Veredas do Senhor são de misericórdia E verdade a quem guarda o pacto e testemunhos, Por amor do teu nome, a minha iniqüidade Que é grande, Pai, perdoe. Homem que teme ao Pai Ensinará o rumo ao qual tu seguirás. Próspero será, e a terra será sua, Dos herdeiros, também. O conselho do Pai E o saber do seu pacto é para os que temem. Ao Pai, o meu olhar estará sempre posto, Meus pés desatará. Tenha misericórdia Estou desamparado estou também aflito. Pai, olhe para mim. Coração alivie, Da angústia, me tirai. Olhe minha aflição, Repare minha dor, perdoa meus pecados. Meus inimigos veja e verás cruel ódio. Guarda a minha alma e livre, pois em ti, meu refugio. Retidão me proteja .Em ti, Pai, eu espero. Redime, de Israel de todas as angústias! X Vasculhei minha gaveta Procurando tua foto. Amarelada pelo tempo, Esquecida em algum canto. Amassada... A vida é mesmo engraçada. Por causa desta foto Chorei léguas de saudade... Coração é moleque E não guarda recado. Vai trem, vem trem, vai trem, vem trem... Fica a estação! X Passo a passo, Meu passado Sina e fado Aço e sina Corte são Cortesão Assassina A moça e o passo. Pásso preto Açum preto Cego canta A mão espanta E ouve a promessa... A mão se esquece E recomeça O velho passo... “Maria foi passear O passeio de Maria Ainda faz mamãe chorar” Saudade da casa velha Do mel da abelha, De toda a telha Que fez goteira. A porteira O gado. O fado Levou.... Restou meu peito. Vadio e pesado Carrega todo o passado E nem abre a porteira.. X Noite faz promessa Dança nunca cansa Esperança alcança Avança e tropeça Vida prega peça Dispensa a saudade Minha idade avança A lança se cansa Na mansa cidade Da moça saudade Minha mocidade... X Mais uma noite branca! Agora não tem jeito. No cabaré vazio um cheiro de masmorra. Não surge um que explique e ao menos me socorra. É greve de mulher? Alguém fez um mal feito? Nem mesmo essa aguardente, aquela batizada, Me esquenta nessa noite. O frio é de lascar! Vontade de gritar, vontade de dançar! Vontade de xingar em plena madrugada. Nem ao menos Maria, a das coxas roliças, A da boca pequena, a mordida gostosa, A lambida sofrida, a mão maravilhosa... A dos restos mortais, Maria das carniças... Nem ela. Ao menos ela! Eu vou voltar p’ra casa. Prá casa não! Me lembro, aqui tem um pé sujo. Depois daquela esquina, depois do Caramujo, Eu acho que é ali. Eu boto fogo na brasa... “Refúgio da Moleca”, o nome do boteco. Será que aceita cheque? Estou meio lesado. Prá quê eu vou ficar assim tão preocupado? Mas se o lugar for bom, depois tem repeteco! Eu soube que Joana, antiga cafetina Andou em confusão com Chica Quero Quero. Nessa panela velha, eu acho que tempero. Pois Joana é danada, acha cada menina! Depois disso eu garanto eu não vou mais ligar. É disse que me disse, eu falo mas eu nego. Martelo pede cabo o cabo pede prego. O prego quer martelo... E como vou ficar? É melhor me calar. Assunto que encomprida Depois de muito papo aumenta como o quê; De pequeno, gigante, aí é que você vê. Amanhã pego o trem, ‘stá na hora da partida... Mais uma noite branca, e daí o que fazer? Minas é tão distante acho que não vou não. Depois o que fazer? Voltar para a mesmice? É tanta da fofoca, um disse que me disse. Depois tem problema. A Paula Caminhão. Eu prometi casar! Cachaça vagabunda! Foi só tomar um trago, a noite estava fria... A cama bem quentinha, a coceira subia. É num buraco desses que um caboclo se afunda. A mãe dela é comadre e meio aparentada. A cabeça não pensa, a gente é que se lasca. No fim valeu a pena, a boa da borrasca. Eu soube, assim por alto, ela caiu na estrada. Mas, de qualquer maneira a volta é complicada. Minha mãe está velha e a noite é muito nova... Eu sei que ela não gosta e sei que não aprova O fato d’eu chegar em plena madrugada. Meu pai era peão, e bom de montaria, Morreu numa tocaia, a mando de um ricaço. Que depois foi prefeito e que já foi pr’espaço. Fez aqui, aqui paga a minha avó dizia. Já tava me esquecendo o meu nome é Gilberto, Me chamam de Mineiro, eu gosto mais assim... Eu trabalho no cais, já mexi com jardim, Faço qualquer serviço, até que sou esperto. No Rio de Janeiro estou já faz um tempo, Morei lá no Turano, agora, no Salgueiro. Sim, eu já fui casado, agora estou solteiro. Tanta coisa já fiz... Já tive contratempo. Eu sempre defendi o pão do dia a dia Trabalhando, vendendo ervas medicinais, Outras ervas vendi, outras coisinhas mais. Não venha recriminar, noite sem rango é fria... Minha mãe? Sabe não! Mas com quatro crianças, Fazer o quê? Se dane. A vida é muito dura, Eu preciso de grana, a barra tá escura. O que você me disse? Esqueça as esperanças! Isso é papo furado, a luta é complicada. Jacaré fica quieto? A cobra dá o bote. Vendia sim senhor! De porção até lote. Pelo menos assim, a barriga pesada! Mas voltar para trás? Deixar a molecada? Nem pensar seu doutor! Favela é um perigo! Aqui posso falar, mas lá? Eu nem te digo. A boca e a formiga. Eu não falo mais nada! Voltando a vaca fria, eu não volto pra Minas. Minha vida é aqui, com todos os problemas. Com toda confusão. Tenho lá meus dilemas, Tem a Praça Mauá e tem essas meninas... X Minha alma não sossega, aguarda um novo sonho. Onde possa encontrar amor em profusão. Minha alma sempre esquece: amor é perdição. Mas um dia, quem sabe, o sol chegue, risonho... Os segredos da vida escondem-se no mesmo Instante que nasci, depois? É descobrir... É vontade de ficar, mas tendo de partir, Vivendo a cada dia, o tempo corre a esmo... É brincar de esperança e saber que jamais Terá u’a recompensa... e sofrer meio a toa, E reclamar que a vida, ingrata, te magoa. E de repente achar que já sofreu demais... Eu bem sei deste jogo, amor vira pantera E depois de um minuto a vida recomeça. Mas eu também não tenho a sombra d’uma pressa, Se morreu, já passou, a vida nunca espera... Depois o botequim, a dança na boate, Outra morena passa, o beijo não demora... A vida não tem pressa, a noite não tem hora... Morena caçadora, em um segundo abate. A noite no motel, a taça de champanha, Nessa cama redonda, a cabeça girando... Aquela velha história, o tempo vai passando, A dor parece um monte, o prazer é montanha! Percebendo a jogada, a vida não tem freio. Passa noite após noite o dia sempre vem. Se hoje estou tão sozinho, amanhã? Sem ninguém. Tudo bem. Nasci só. Que há um Deus, eu creio. E que eu vou morrer. Certo, isso eu tenho certeza Absoluta. Se dane! A cachaça me cura. Eu não quero saber se é clara ou se é escura Se é loura ou se é morena, o que importa? Beleza! E um jeito sem vergonha, um beijo mais macio, Um cheiro de pecado, o gosto do veneno. Amor não tem tamanho, ou grande ou é pequeno, O que importa em verdade, o resultado do cio... Um dia inda me mudo, ou nunca mais, quem sabe... Se mudar, cadê limo? Assim vivo melhor. Danado colibri. A flor? Eu sei de cor. Nesse mundo de Deus, toda saudade cabe... Até que sou feliz, e gosto do verão. O vento é generoso, as pernas da morena... Também é perigoso, amor trocando pena... Hoje, amanhã, depois...Lá vem outra paixão! E tudo recomeça, a cachaça, o bar... As pernas, a morena, o beijo, esse motel. E tudo vai girando, enorme carrossel... Minha alma não sossega e prá que sossegar? X Amor tanto machuca após prometer cura. A noite na minha alma é sempre tão escura. Não tendo teu carinho, espero teu perdão. A lua no meu peito aguarda a escuridão. Meu verso te dedico, espero teu carinho. Não posso mais ficar nem quero ser sozinho... A vida me deixou num canto, tão sozinho. Na boca que me morde aguardo minha cura; Eu que jamais esqueço um ato de carinho; Por mais que seja estranho, espero a noite escura. Sou como pirilampo, adoro a escuridão. Por isso minha amada, entregue-se ao perdão! Quem passa pela vida em busca do perdão, No fim de seu caminho, encontra-se sozinho. Quem busca neste sol, imensa escuridão, É como quem procura a dor pensando em cura. A luz tanto incendeia a noite mais escura Quanto esta alvorada, imersa em teu carinho. Eu quero o teu amor, em forma de carinho, Aguardo assim, querida, um laivo de perdão. A profundeza da alma está, sem ti, escura. Cansado desta estrada, andando tão sozinho, Espero pela amada, a certeza da cura... Quem sabe inda tenha, a luz na escuridão? A tempestade chega em plena escuridão. A lua vai embora, esperava um carinho De estrela enamorada, a dor negou a cura. A noite nebulosa, em raios, sem perdão, Avisa à pobre lua. Um cometa sozinho, Passa, qual fora um raio, em plena noite escura. Assim é meu amor, saudade tão escura Em busca do teu beijo, encontro escuridão. Melhor morrer assim, sem nada, tão sozinho... Sem sonho que me traga, amor, calor, carinho. Eu sei nunca darás, o dom do teu perdão... A minha lua morta, esparsa-se, sem cura... Cura é um mero sonho, a vida é breve, escura... Perdão simples palavra em plena escuridão. Carinho nunca tive, agora vou sozinho... X A terra é do Senhor em toda plenitude. Também é todo o mundo e todos que o habitam. Por que ela foi fundada em cima destes mares Por que ela foi firmada em cima destes rios. Quem subirá ao monte onde está meu Senhor, Ou quem logo estará no seu lugar que é santo? Quem for limpo das mãos e puro em coração Quem não for vaidoso e nunca jura em vão, Será abençoado, e terá salvação. Tal é a geração dos que buscam t’a face, Ó Senhor de Jacó. Ó portas levantai Vossas cabeças alto. Ó entradas eternas Rei da glória entrará! Quem é o rei da glória? O Senhor poderoso e forte na batalha. Ó portas levantai vossas cabeças alto. Rei da Glória entrará, ó entradas eternas. Quem é o rei da Glória? O senhor dos exércitos! (Ele é o rei da Glória!) X Minha alma tão inquieta anda por essas ruas Em busca de uma lira onde se encante a musa. Por vezes tão sofrida e mesmo assim, confusa, Espera nesta esquina o brilho de outras luas... Por mais que siga só, minha alma é de poeta E sendo assim, espera um minuto de paz Mas sabe que, por isso a saudade é mordaz. Amor quando se engana esquece a linha reta... Quem sabe inda terei a paz mais verdadeira Que nunca mais deixou o mais leve perfume. A noite sempre vem escura, esquece o lume Como se enfim pudesse amar a vida inteira. Não quero o sentimento exposto a tanta mágoa; O que resta da vida, a paz não encontrava Senão um seco rio escorre um fio d’água Nos olhos que pensei mas nunca imaginava... Agora que te vejo aguardo tais sementes Da muda que me deste esqueço a mansa rosa Os olhos no futuro, a vida gloriosa Quem sabe no meu sonho, os gozos diferentes... Do gosto do carinho, a tal felicidade Virá sem perceber que cala meus soluços Amores que não vejo em volta são avulsos E trazem sem querer o gozo da saudade... Não quero mais levar o peso desta vida Nas costas, me machuca e nega, sempre o colo. Quem sabe plantarei semente em novo solo E minha mocidade em calma, resolvida... Não quero mais saber do teu e do meu pranto Quem sabe então a lua em cantos não fulgura. A noite deixará de ser assim escura, O mar que me levou trará o teu encanto! As estrelas virão, trarão todo universo Total felicidade espalha-se na terra. No vale, na planície enfim por sobre a serra E também, finalmente, em todo esse meu verso! X Envelhecemos juntos, minha amada! Fantasticamente nos amamos E cada dia juntos que passamos Espelham-se nos rumos desta estrada... Antes, adolescentes mais libertos, Buscávamos o gozo da manhã Vivemos sem buscar novo amanhã Os céus de nossas vidas, sempre abertos. O tempo nos ensina a cada dia Que a vida se refaz, rejuvenesce, Amor quando mutável, sempre cresce Senão virá fatal melancolia... Um mês, um ano, décadas afora, Conjunto que se expande sem ter pressa, De dois viramos tantos nas remessas Que Deus sempre nos deu, se comemora! As rugas que nasceram em nosso rosto São marcas tão discretas, nem percebo, De tanta luz que deste amor recebo A vida se passou sem ter desgosto. Aprendemos que amor não é instável, Apenas necessita de amplo chão. É quase nunca ter que dar perdão Entretanto, amor sempre é mutável... Da foto em preto e branco à digital Do beijo do escurinho do cinema, Amor que quer-se eterno, o mesmo lema: A lua continua o mesmo astral. Amor que nunca cede ao tal marasmo Renova as esperanças, concretiza. Se a ruga dentro d’alma nos avisa, Amor traz, em seguida, entusiasmo! X Não quero conquistar os teus espaços É teu. Isso, respeito, é minha luta; Quando há poder no amor, a força bruta Vence, irá romper os frouxos laços Que sempre formarão o nosso caso. Pois seja quem vencer esta batalha Está exposto ao corte da navalha E no final de tudo, só o ocaso... Eu amo cada dia que passamos Embora não passamos tantos dias. Espero a cada dia as melodias Depois de tantos anos, nos amamos... Amor sempre mistura tanta cor Inventa quase sempre um bom matiz Quem pensa que esqueceu de ser feliz Jorrando suas forças no pavor. Não posso ter escrava do meu ego Nem vago por esferas solitário Amor quando conhece itinerário Não deixa meu caminho torto e cego. De tantas plantas formo meu jardim Nenhuma delas manda no meu braço Em meio a teu perfume me embaraço O mundo que pretendo está no fim. Afim de que não deixes mais meu mundo Não posso e nem quero ser teu dono. Senão de madrugada perco o sono E deixo de sonhar por um segundo. Se és minha é porque sabe que te quero, Se sou teu é porque queres ser minha Não é só porque tenho ou se não tinha Deixaria de viver o que venero. Ao contrário se perco ou se não ganho Não deves perceber se tu me queres Os dentes quando mordem fundo, feres Cabelo que balança sempre assanho... Amor que quer poder não é amor Somente escravidão. Nunca completa O sentimento breve que desperta, No látego, o carinho do feitor! X Não posso mais negar a claridade Embora muitas vezes dolorosa. Perfume que se livra assim da rosa Não pode compreender realidade! Não basta, neste mundo sem fronteira, Achar que sempre é bom ficar sozinho, Quem busca pela rua a companheira, No fundo o que procura é por um ninho... Mas saiba minha amiga, que, entretanto, Quanto mais se aproxima deste amor, A dor se extasiando sem pudor Espera que decidas, no seu canto... Se entregas sem pensar seu sentimento, O bote se prepara e estás na mira. A dor neste momento já delira E salta num segundo, sem lamento... Inda mais se esse amor não for pequeno. Quanto mais alto o sonho, maior queda. O rombo, no teu peito, nada veda, Não há sequer antídoto ao veneno... Porém eu te aconselho, nunca tema... O gozo é bem maior que o sofrimento. Por isso nunca mate o sentimento Nem mesmo se depois tudo se trema. “As pernas que tremeram por amor Também irão tremendo com a dor...” X Não sei se para sempre ou por um dia Nem quero do teu ser ser simples dono Não me importa amanhã teu abandono O que quero é morrer na fantasia... Minhas mãos percorrendo, não se cansam, Tua boca traz mel e chocolate. Não temo nem o frio que se abate Meus olhos te traduzem e te alcançam Nas noites que se vão e nem mais sei Se te quero e desejo mais um tempo. Mas se vier será um contratempo. O meu mar no teu barco, naufraguei... Teu gozo e teu tormento, tudo passa... A vida continua e não se pára Depois de tudo feito se antepara Meu sonho nessas curvas sem desgraça. Não me deste sinal de que amanhã Meu mundo no teu mundo viramundo Meu peito vagará mais vagabundo Na procura desta febre mais terçã Que cura noutra febre, noutro colo. A noite não promete contradança Nem tampouco viver sem esperança Apenas te deitar neste meu solo Que não promete flores nem semente. Vencido sem jamais ser perdedor O mundo vai girando neste amor Que começa e termina, de repente... Não quero ser escravo nem feitor Apenas me provoque e vai embora. Se chove ou se não chove, isto é lá fora Aqui só se conhece teu calor. Depois desta loucura e tanto gozo A lua necessita doutra fase Feriu-se? Que procure noutra gaze A cura deste beijo doloroso, Embora não te quero, te desejo. Eu te amo como nunca amei ninguém Verdades mentirosas caem bem E depois que se dane o doce beijo... X Quando pensas que estás mais solitária Não sabes que jamais estarás só. Não precisas pedir, não terei dó, A vida sempre foi tão solidária E nunca percebeste, num segundo, Que tudo que clareia pede lume, Que toda bela flor, em seu perfume, Traz a felicidade deste mundo. Mendigas por carinho, não me importo. O rosto que se vira, tua meta. Se queres tua vida mais completa Não venhas ao meu colo como um porto. Vencido por flagrante desespero, Vagueio no universo sem parada A noite se dizia enluarada Não me trouxe sequer um só luzeiro... Vestido das estrelas sem juízo Percorro siderais desilusões O mundo das eternas amplidões Negou a quem sonhou um só sorriso. Os mantos que me deste, tempestade, Carrego e não desfilo pela vida. A rua me demonstra a despedida Meu barco já naufraga, realidade... Não vejo mais futuro; em desencanto Espreito pelo salto da pantera. As presas afiadas desta fera Meus ossos se quebrando sem espanto. Não quero mais saber deste teu choro. A tua solidão ofende quem Desesperado pede por alguém Que jamais percebeu que eu tanto imploro Pelo beijo, carinho e mansidão Pela noite maviosa, enluarada Parece que não vê, sou quase nada. Não demonstra a menor satisfação Mas perceba que existo companheira Eu amo-te não vês que estou aqui? Teu mundo no meu sonho já perdi Espero teu amor, a vida inteira! X Quando vieste, lembro-me sereno, Prometeste-me um mundo delirante Na chama que incendeia cada amante Amor um sentimento mais ameno... Sonhei em cada noite que passamos Com tempos mais felizes e fantásticos O medo, a solidão, teriam drásticos Finais. Mas, entretanto nós erramos... Quero-te, isto me basta plenamente! Não quero teu passado e sim futuro Do chão que já pisaste, mesmo duro, O vôo que prometes, num repente Me importa muito mais do que imaginas... Não quero teu lamento nem teu pranto. A vida se renova em cada encanto Que guarde tuas garras assassinas! Não quero este perfume que carregas, Olores que tu trazes do passado. Se foram as estradas, velho cardo. As horas se partiram, morrem cegas... Não quero que transformes nosso caso Em sombras que não posso carregar. Cada dia trazendo novo amar Fazendo do que foi simples ocaso. Não posso te trazer a primavera Se nunca se esqueceres deste inverno. Nossa vida será eterno inferno. Quem nunca se renova, nunca gera. Percebo que tu queres neste instante Reviver esta chama que te queima. Do fogo que trouxeste e sempre teima Reacender na noite delirante Onde estamos distantes e tão perto Teu prazer eu não quero e não preciso Vá viver teu passado paraíso E me deixes seguir no meu deserto! X As nossas diferenças nos uniram Em versos, ilusões, em poesia Eu sempre fui a noite e foste o dia Os sonhos que te trouxe já fugiram... Embora nossos mundo se conflitem Em coisas que julgamos importantes Na soma de diversos mas constantes Queremos que universos nos habitem E tragam neste misto benfazejo As cores mais diversas da aquarela. A vida que virá me mostra a tela Pintada com meu medo e teu desejo... Somos a divisão que não foi feita Nas somas mais perfeitas anulamos As dores e os receios que encontramos Em busca duma vida mais perfeita. Espero sem saber, tu sempre sabes. Aguardo o que sonhei, tu nunca sonhas. Se temos nossas garras mais medonhas, Quando começas rezo pra que acabes... Nesta complexidade somos unos E pólos diferentes sempre juntos. Por mais que não concebas meus assuntos Adágios se confundem com noturnos... Cigarros quando fumo, ecologia. Bebidas que não bebo, embriagada. Em minha calmaria és estouvada Em tua realidade, fantasia... Mas assim nossas luzes não disputam E deixam que a penumbra nos carregue Se em cada afirmação não há quem negue As bocas ao beijarem nunca lutam. Em plena mansidão: coexistência Pacífica nos traz, a cada dia, A certeza completa da harmonia Que sempre nos permite coerência. E assim vamos vivendo Completos em nós mesmos... X Desesperadamente creio em ti, No teu amor, em tudo o que me dizes! Desejo que sejamos mais felizes Depois de tanta dor que já sofri! Eu creio nas palavras que disseste Na noite em que juramos nosso amor. Vento da solidão, pleno pavor, Desvia seu caminho para leste E me deste carinho e liberdade No gozo do prazer que desfrutamos. Eu mal posso entender, mas nos amamos; Prefiro acreditar nessa verdade! Quando estamos tão pertos, tudo some, A vida se transcorre como um rio Que, indo para o mar, trama nosso cio E mata nossa sede e nossa fome... Acredito nas luzes que iluminam As beiras das estradas que fizemos Com sangue e com suor que já bebemos Nas noites que devoram e alucinam! Eu creio em nosso caso de loucura Que traz a faca exposta quando beija Que traz a lua ingrata se deseja E mata ao mesmo instante que me cura! Eu creio em nossa vida entreaberta Não posso duvidar deste teu seio Exposto nessa noite sem receio No gozo que me fere e que me alerta. Eu creio em tuas mãos tão delicadas Percorrendo os caminhos sem paragem, Eu creio que no fim desta viagem As mãos que se procuram, mãos de fadas Depois de tantas grutas e mergulhos, Rolando pelos seixos e cascatas Entrando pelos bosques, pelas matas, Subindo e derrubando pedregulhos, Não possam se dizer mais inconstantes Não deixam de viverem nossos sonhos, Momentos de prazer bem mais risonhos, Vértices abissais de dois amantes! X Quem não ama e não sente desta vida O gosto da alegria e da tristeza O sonho e fantasia da beleza, A glória de viver se foi, perdida... Também quem não sentiu o vento manso Batendo levemente no seu rosto Ou não teve sequer nenhum desgosto E nunca descansou em um remanso. Quem jamais percebeu suavidade Na mão que acaricia levemente, Quem nunca teve o gozo da semente Que brota, num segundo, eternidade; Vencido pelo medo nunca amou Nem soube da fantástica ilusão Que comanda esse jovem coração Num rumo mavioso, Deus traçou. Quem jamais sentirá dor e saudade Do beijo que esta vida nunca deu, Quem sempre se esqueceu e não viveu, Distante se escondeu da majestade Divina desta vida em pleno gozo. Não sabe do sabor e frescor d’água Da fonte cristalina. Pura mágoa Domina um ser humano desastroso... Pois quem, sem coração, vai pelo mundo, Mal sabe que jamais será capaz De entender o valor da eterna paz. Pois nasceu e morreu, tudo num segundo... X Eu só quero saber o que não sabes Embora sempre mostres arrogância. Duma flor desconheces a fragrância No mundo que pretendes já não cabes... Tu pensas que és maior e que domina. A vida te dará sua lição. Se julgas que conhece essa amplidão, Tua alma te acompanha pequenina... Bem sei que nada sei mas acredito Talvez eu possa um dia saber mais. Agora em universos maiorais Todo o conhecimento é infinito... Um grão de areia em gigantesca praia Todo o nosso saber é quase nada, Não consegues falar da madrugada Nem da lua que em areia já se espraia. Um pássaro perdido em pleno céu, Uma gota minúscula no mar. Não sabes nem sequer o que é amar Nem da morte que traz seu negro véu... Desculpe minha amiga, ser tão duro. Não posso te omitir esta verdade. Quem pensa que conhece a claridade Pode se preparar para o escuro! X Quando a vi percebi que não notara Nos olhos que seguiam cada passo... Mudando meu olhar logo disfarço Embora é tão difícil, jóia rara... Cada vez que procuro pelas ruas Não deixa nem sequer uma esperança. Sei, ao chegar em casa, nem lembrança As vozes da verdade são bem cruas Mas devem ser ouvidas, com certeza... Me sinto tão sozinho, abandonado... Quem sabe se terei num novo fado Um mundo mais repleto de leveza... Qual flor que sempre fica no jardim Esperando o carinho de quem passa A morte já me ronda e me desgraça, Indiferença mata. Estou no fim.... X Resistir aos teus olhos, não consigo... Sou como um helianto apaixonado! O grito deste amor, desesperado, É tudo que desejo e que persigo! Não sabes que caí em desespero, Mas juro que não tive outra saída... És tudo o que sonhei, és minha vida. Por isso meu completo destempero... Andavas pelas ruas sem sentir Que dois olhos seguiam cada passo. Sonhavam com teu beijo ou teu abraço E quase que sem jeito, fui pedir Um pouco de atenção e de carinho... Por sorte percebi que tu querias Trazer também teu brilho para os dias Que em meio a tantas trevas fui sozinho... Nesta hora, te confesso, tive medo; A vida não permite nova chance, Agora que vivemos um romance Divino e estamos longe do degredo, Entendo, meu amor, falo sem queixa; Quem quer felicidade não esqueça, Mesmo que a negação já te aborreça Uma oportunidade não se deixa... X Quero a felicidade de quem amo, Não posso magoar quem esperei. Aquele que procura ser a lei E esquece da leveza deste ramo Não sabe quanto dói ingratidão. E, penso, não merece mais perdão! A vida me ensinou a ver no canto Um símbolo divino de esperança, Amor, quando foi feito uma aliança Exige a cada dia um novo encanto... Se quero ser feliz, que eu sempre faça Feliz a quem está sempre comigo. Senão o vento duro do castigo, No livro dos meus sonhos traz a traça Que devora e não deixa nem resquícios. Amor sem ter prazer: aos precipícios! Eu quero teu sorriso verdadeiro, Eu quero essa alegria sem pudor De quem extasiado em pleno amor Conhece, num segundo, o mundo inteiro! Espero pela porta sempre aberta, A lua nem precisa se esconder No sonho mavioso de viver, A mão que te acarinha, sempre alerta! Amada, amiga, tantas as palavras Nos campos de esperanças, minhas lavras... X Cada vez que procuras pelo sol Esqueces deste brilho que há em ti. Por tantas violências que sofri, Nunca deixei de crer em um farol. O brilho das estrelas te magoa, Pois achas que jamais verás a lua. Pois saibas nossa vida continua Embora o nosso canto vá à toa... Não creia nas quimeras nem nas dores, Um dia, ao perceber, estás curada. Depois de tanta dor o quase nada Assim como também falsos amores... O vento da mudança sempre vem Trazendo nossas vidas mais serenas. As chuvas que virão, bem mais amenas. Depois de tanto tempo sem ninguém Tu verás que jamais andou sozinha, Procura a companhia que precisas Em meio a tantas luzes imprecisas Saberás que em teu reino és a rainha. Nasceste só, assim tu morrerás, Nasceste nua assim irás ao céu. A roupa que tu vestes, simples véu, A tua alma jamais a vestirá! Te falo desse amor que sempre faz Da vida uma seara de esperança. A mão que traz a seta e traz a lança Depois de tanta guerra pede paz... Não queiras as riquezas mais profanas Nem mesmo quem bajule e que te agrade. Te perderás nas travas desta grade. Não se esqueça, na terra és soberana! O temor interposto com a sorte Não permite que renasça o belo dia. Entretanto, conheça a fantasia, Ela ameniza a dor do duro corte. Não sigas as saudades pois morreram, Beije-as como se fossem um retrato, A vida nunca volta, isso é um fato. As horas que se foram, se perderam... Mas saiba que a manhã sempre retorna E traz uma certeza que não falha. Por mais que seja dura essa batalha No fim de tudo o louro sempre adorna Pois és vitoriosa, minha amiga O fato de existires nos gloria Sem ti a nossa vida é sempre fria Da humanidade inteira és uma liga E sem a qual jamais serei feliz, Das tristezas escrevas teu futuro Todo lume precisa que esse escuro Venha, senão cadê a diretriz? Toda dificuldade traz ensino Mas aprender nem sempre vem sem dor. Do barro, sem sentido e por amor, Fomos feitos num sonho mais divino! X Procuro por um ponto de partida Que leve meu saveiro para o mar Evitando as procelas. Navegar Calmamente, sem dores, pela vida... Eu sei que esta viagem traz os medos Naturais de quem sempre foi sozinho. Mas sei quanto é preciso ter um ninho Depois de tantas lutas e degredos... Espero que este canto então me leve Pela vida. As promessas deixo ao largo... A vida tantas vezes trouxe amargo Gosto. Agora proponho um novo, leve... Os rumos a seguir são mais diversos, Meu barco já perdeu rosa dos ventos. Ao norte encontrarei meus sofrimentos, Ao sul já morrerão todos os versos... Ao leste, dispersada solidão, A oeste tempestades e penhascos. Rebento-me e nem sinto, tantos cascos, Em meio tão esparsa solução. Bem sei que sempre perco mas não canso, A luta é necessária e muito aflita. A morte tantas vezes foi bendita Porém o que procuro, um mar mais manso, Não posso perguntar de onde viria, Pois sinto que jamais serei feliz. E traço meu destino e diretriz Com olhos espalhados noite e dia... Os astros me deixaram ao relento Sem porto nem talvez terei cais. A sorte, com certeza, nunca mais. Meu barco vai sozinho, solto ao vento.. X Se queres alegria, a distribua. A vida necessita do sorriso. Pois a morte virá sem ter aviso E quem sempre sorri, manso flutua... A tua vida espelha a minha vida, Estou feliz em ti e vice-versa, O resto, neste mundo, é só conversa; A lua que não se acha, vai perdida... Espero teu carinho em ansiedade Esperas meu amor tão calmamente, Unidos, nos tornamos, de repente Um elo que trará eternidade... É bom saber que sempre estás feliz, Embora tantas urzes nos caminhos. Essas águas que movem os moinhos, Nunca voltam jamais pedirão bis... Mas seja, desta casa, a claridade. Entregue teu amor manso e sincero, De ti jamais desejo nem espero Pois sei que tu trarás em liberdade. De tua mocidade traga o brilho, De minha sobriedade deixo a vela. Do encontro divinal já se revela O rumo que teremos, nosso trilho... Eu sou feliz por seres sempre minha, Nas horas mais difíceis, o meu porto. Um dia, quando o sonho semimorto, Irei para os teus braços, andorinha. E fecharás os olhos de um poeta Que amou e que sofreu demais na vida. E mesmo assim na nossa despedida, Saiba que nossa vida foi completa! X Sei que não sou perfeito e não serei. Eu trago um triste fardo e nunca nego Dos ancestrais humanos e carrego Com toda mansidão que sempre usei. Quem sabe seus pecados dá um passo Importante na busca do perdão E mata, pouco a pouco, a solidão. A mão que me desenha esquece o traço Mostrado num espelho que destrói. Não fale dos meus erros como sendo Aqueles que condenam, mesmo crendo Que conhecer-se sempre só constrói... Mas sei por que sempre ages desta forma, Te dá prazer saber: não sou perfeito. Com isso também se achas no direito De romper sem temor a regra e norma. Teu regozijo, sinto, em minhas falhas. Escute eu nunca quero o teu fracasso. Mas serás mais feliz se romper laço Atado nos meus atos que embaralhas Com os teus. Pressentindo vou dizer; Querida tu procuras teu disfarce Tentando te encontrar na minha face; E nisso desfrutar do teu prazer! X Quando estás solitária e tão tristonha, Envolta em tempestades violentas As nuvens se aproximam, chegam lentas Do belo dia em treva mais medonha! Tuas lágrimas formam forte chuva, Se evaporam e voltam nas tempestas. Não deixam neste espaço sequer frestas, Inundam o teu leito de viúva... Tristes nuvens tomando todo o céu... O sol, envergonhado, não desponta. O mundo num dilúvio se dá conta E manda a mansa noite como um véu... Porém nem tanta estrela e plena lua Não conseguem vencer o negro manto Que cobre o teu olhar perdendo encanto. A dor, em plena noite continua... Um dia, o sol virá com claridade Absoluta, vencendo o sofrimento. O tempo vence tudo: esquecimento. Não restará sequer uma saudade... Aí, com força plena de seu brilho, O sol invadirá o teu sorriso, Trazendo p’ro teu mundo o mais preciso E belo rumo, um sempre claro trilho. Verás então estrelas, lua e sol, Com toda a fantasia que merecem, Os amores, as dores, sempre tecem No fim da tempestade um bel farol. Não deixes que essa dor, essa tristeza, E o medo de sentir raio solar Impeçam a tua alma de voar Nos céus que nos envolvem em beleza. Amiga, ser feliz é simplesmente Deixar que o sol rebrilhe em tua vida A sorte que julgavas já perdida, Retorna num segundo, de repente! X Eu sei que estás cansada desta vida... Tantas dores mataram teu sorriso O mundo te negou o paraíso, A sorte que querias, vai perdida... Aquele que sonhavas foi embora. O dia prometido nunca veio. Deixando o teu olhar a esmo,alheio... A dor mais violenta já se aflora. As promessas e enganos te levaram Aos mais distantes campos da existência Onde a dor se assomando sem clemência Teus sonhos nos amores naufragaram... Adormeces sozinha, sem ninguém, E pensas que esta vida já se esvai.. Pensaste ser feliz, a noite trai E nunca mais será a do teu bem... Vestida de viúva, guardas luto Em mortalha sofrida e sem encanto, Teus olhos sempre vertem-se no pranto O vazio da noite, é sempre bruto. A máscara dorida da saudade Está tomando o rosto de quem ama. Não resta nem sequer faísca e chama A morte te promete lealdade... Não posso te dizer quase mais nada, A não ser que estarei sempre contigo, Eu tento proteger-te do perigo, Da dor que sempre traz a madrugada. Amiga, minha amada te proponho Um dia mais feliz de mansa lua A vida não se acaba, continha Embora teu tormento mais medonho. Se não posso trazer-te o paraíso, Se não posso fazer-te mais feliz, Eu te darei, ao menos, mais gentis Sonhos. E, se quiseres, meu sorriso! X Não deixe que a tristeza te domine Em tudo o que fizeres, alegria! A vida se renasce todo dia Que essa luz que carregas, ilumine Os passos que darás a vida inteira Alegria é da vida, companheira. Demonstre esta coragem: ser feliz! Não deixe que a saudade te maltrate Serás o vencedor do duro embate Que te trará, da vida outro matiz A luta não termina e recomeça A cada novo dia e nova dor Alegria ressurge como a flor Precisa de coragem e tem pressa. Não faça como o triste caminheiro Somente reparou nas duras urzes A vida se redime e traz as luzes O mundo sorrirá mais verdadeiro Não deixe teu caminho pelo mundo Sem ter essa coragem de plantar A cada novo tempo libertar E viver toda vida num segundo. Sabendo que tiveste um novo dia Mais Pleno de carinho e sem tristeza, De tudo nesse mundo, mor beleza Explode num sorriso de alegria! X O que embeleza a noite é a luz de cada dia O bom de uma alegria é não sentir-se triste O que valoriza o ser: saber que o nada existe. Na luz de cada estrela amor em fantasia. Vitória sem derrota o gozo sem a dor O pranto sem o riso o fim sem esperança A morte sem a vida o velho sem criança O manto sem nudez o mundo sem amor. A paz sem ter a guerra o todo sem vazio O mar sem continente a cura sem doente O homem sem mulher, perdão sem a serpente O ramo sem a flor, deserto sem o rio O canto sem silêncio a lua sem o sol Côncavo sem convexo. Pois nada valeria Sem termos o contrário, o belo não teria Sequer um só caminho, e sem esse farol Que clareia essa noite escura em tempestade A vida perderia o gozo e a fantasia Que traçam o meu verso e toda a poesia E fazem com que o sonho alcance a liberdade! X Beleza nos liberta e traz a fantasia Que invade toda a terra em menos de um segundo O brilho de um olhar, a paz em todo o mundo O canto em liberdade o renascer do dia. A mão que nos afaga, o perfume das flores O lume do luar, o mar, a branca areia, O vento no deserto, o canto da sereia Em toda essa beleza, os matizes, as cores... O gesto de esperança, a liberdade plena Espaço sideral, estrelas e planetas Amor do girassol, os rios e cometas As águas na cascata a lagoa serena O negro da pantera e também do corcel Uma alta cordilheira, um vale , uma floresta O coração feliz, uma alma em plena festa Uma jóia bem feita, azulejo do céu A música que embala a tela em aquarela O riso que se explode, a mansidão da luz O vôo da andorinha, amor que reproduz Em tudo neste mundo, o belo se revela... O sonho de vitória, a doce melodia. O mar em rebeldia, a louca tempestade As lutas da paixão, a plena claridade Nos versos do pintor, beleza e poesia! X Paixão! Sonho que fere e quase sempre mata Desejo de viver, vontade de morrer O mundo em nossas mãos, espaços percorrer E depois disso tudo, entrar em densa mata E sumir. Receber o vento como açoite Cariciar a dor e negar esperança. Sonhar sem ter limite e ser tal qual criança Que teme a tempestade, o sonho, o frio, a noite. Devora, às vezes, salva e torna a devorar. Nos escraviza sempre e depois nos liberta Mas voltamos porém esteja disso certa As braços da quimera, um novo escravizar. Paixão que tudo move e depois nos amarra. Nos prende com corrente esquece sempre a chave. Do chão, eterno sonho, um vôo sem ter nave Em meio a seu carinho, unha virando garra. Mata-nos lentamente impede uma saída Não deixa nem sobrar um pouco de esperança; A cada passo dado aviva-se em lembrança E corta pouco a pouco, o que resta de vida. É fome que sacia e mata novamente É sol que tanto esfria e queima sem sentirmos É rumo que nos leva e não deixa mais nós irmos. É tempo que se esgota, assim tão de repente... Amamos o chicote e a mão desse feitor Que bate fortemente e sangra sem perdão. Da senzala em nossa alma, atada a tal paixão Somente uma saída, o pleno e manso amor! X Em todos os momentos mais difíceis Que passamos na vida, companheira; Nas guerras que nos trazem bombas, mísseis, Na luta mais cruel e verdadeira, Amor sempre será o vencedor Nada pode vencer o nosso amor! Quando o cansaço surge ao fim do dia Nossa alma empoeirada e maltratada Pelos vários espinhos desta estrada E quase morta toda a fantasia, Quando o tempo parece que não corre A saudade machuca, o mundo cresce, A noite tenebrosa, aos poucos desce Vemos que a esperança já se escorre Deixa-nos, lentamente, em carne viva O mundo nos matando já nos priva E impede a caminhada pelas ruas Mais floridas. Os olhos lacrimejam Distantes desses sonhos que desejam, Flores despetaladas, quase nuas. O sorriso se esconde e não ressurge, A vida nos parece triste senda. Vontade de morrer, a tristeza urge, Felicidade mostra-se uma lenda. Em meio à tempestade violenta Toda dor dentro d’alma se arrebenta. Quando estamos sozinhos, sem um norte, A solidão renasce como fera, Invade e nosso mundo nada espera A não ser este frio e a dura morte. O amor com toda a força e rebeldia Aparece e comanda uma mudança Feita a base do sonho e da alegria Nos mostra um novo brilho de esperança. E transformando nossa realidade Em todos os espaços, santo, invade... X Eu não conheço o medo nem a dor Disfarço o sentimento mas não mudo. Por vezes me imagino quase mudo Mas sempre me pretendo um sonhador. Amor me faz gigante e temerário, Não sinto mais a noite nem o frio O vaso não se quebra e vou vadio Em busca do meu mundo solidário. Invisto meus desejos, mas me calo, Não posso mais fugir, por isso encaro, Quem traz um sentimento assim tão raro Não pode receber o duro estalo Que faz de todo açoite seu carrasco, Nas borrascas perdido nunca ganha Nem mesmo a tempestade não assanha E passa a ter da vida nojo e asco. Eu guardo meus desejos, não espalho, Pois sinto que talvez torne profano O maior dos delírios, soberano Que cobre quem me trouxe o agasalho. Porém assim percebo cada dia Um novo se transforma sem delongas As noites não se passam, ficam longas E cada verso mostra a fantasia. Porém, neste milagre mais sagrado, O tempo não demora e me maltrata O corte tão profundo me arrebata E lega ao meu futuro um duro fado. Te peço não me deixes, estou farto Das dores que latejam sem descanso, Se fores o meu peito calmo e manso Desaba e obscurece todo o quarto. Portanto, minha amada, me perdoe Se não consigo mais ficar calado, O vento que me trouxe pr’a o seu lado Empurra as minhas asas pr’a que voe... X Nas horas mais difíceis te conheço Bastam que essas quimeras me profanem Que todos deste mundo já me enganem Para saber se em ti me reconheço! Meus erros, meus enganos, meus defeitos, São todos testemunhas que eu existo, Se a nada neste mundo não resisto Talvez os meus problemas sejam feitos Das velhas tempestades que passei, As sortes e presságios tão obscuros Prometem velhos céus bem mais escuros Em nada do que tive, me encontrei. Rasguei a fantasia que escondera A podre maciez que sempre fere O lume desta noite se interfere, E traz na madrugada a doida fera. Agora que não trago mais meus medos Envolvidos pela noite que me corta, Que toda essa ilusão se mostra morta O mundo me prepara meus degredos... As galés e as cadeias que me tragam Engolem um humano e me trituram O rosto e meus desejos desfiguram Os planos de viver contigo estragam... Se falas que me adoras e me queres Agora é que terei minha resposta Meu mundo dilacera tudo em posta E não promete luzes nem talheres. Apenas um restolho de esperança Um prato carcomido e sem futuro O mundo que teremos será duro A morte poderá vir como lança. Por isso é que durante a tempestade Que corta que alucina e que destrói Com tudo que sonhamos já corrói Se teu amor enfim é de verdade! X Tu foste meu primeiro amor, querida. Quem foi a primavera, em pleno outono Ao meu lado, nem sombra de abandono. Do começo ao final de toda a vida. De todas as mulheres, seus mistérios, Se encontram nos desejos de uma só. O medo, o destempero, amor e dó, O gozo da tormenta e seus critérios A luz na madrugada, a força, o vento Depois a calmaria e recompensa, A dor que nunca deixa, tão imensa E a vontade de morrer, o fingimento... Perfumes delicados de tais flores, Vergonha de saber-se sedutora Vontade de chorar e de ir-se embora, Saber que toda vida traz horrores. Saudade de dançar de madrugada Estranhas convulsões fortes delírios O mundo se revela em tais martírios E depois bem depois, o quase nada... E sorrir e chorar sem ter por que Viver cada manhã como se fosse A última. Saber que a vida trouxe E depois não deixou, onde e cadê! Querer o gosto amargo sem ter pressa Depois se derramar em chocolate, Fugir e desejar todo o combate Sair e não voltar, correr depressa. Castelos e soldados e guerreiros, Mentiras que acalenta a cada sonho. Em volta todo mundo mais tristonho E gargalhar depois, do mundo inteiro. Pedir a Deus perdão pelo que quer Depois mentir ao próprio coração. Saber que nunca achamos solução Olhar indecifrável de mulher... Querer conter o mundo em seu regaço, Depois amar, sofrer querer a briga E iluminar o mundo na barriga Estrias e varizes, peso e traço. Amamentar sorrindo mas pensando Nas horas que passaram e perdeu. No mundo que esperava e que morreu Depois de todo sonho, delirando... Querer cortar os pulsos e se rir, Vestígios de prazeres pela noite A solidão que teme, velho açoite Não sabe se conter e quer fugir.. Morder essa maçã, temer serpente, Unhas e dentes bocas e batom, Cabelos se transformam cada tom E tudo se revela de repente. Na lua procurar a luz do sol, Em pleno sol querer a luz da lua, Andar de madrugada, toda nua E ter a solidão triste do atol. Vencer os seus complexos sem medo Guardar cada caminho como seu Andar sem medo em pleno e negro breu E não conseguir guardar segredo. De todas as mulheres que conheço Todas cabem naquela que escolhi E todo grande amor que não perdi Encontro em minha amada e o mereço! X Quando te conheci eu já sabia Que teria em minha vida tal beleza Emoldurada em luz, viva certeza E que sempre me encanta, a cada dia... Pois sei que és rara e guardo tua luz Que me protegerá a vida inteira. Serás a derradeira companheira Sem a qual a vida não conduz Ao destino feliz que se deseja. Pois embora não saibas, te conheço, E nisso tudo vejo e reconheço Que estás dentro daquilo que eu almejo. Ao te ver passeando pela estrada Na mansidão suave de teus passos Prendi de imediato todos laços E sinto que acertei nesta mirada. Bem sei do que preferes, nesta vida Amores que traduzem todo o norte Que traças com teu pulso firme e forte Mesmo quando a tristeza for sentida. Eu, que muitas vezes me enganei Achando que encontrara minha sorte, Aos poucos se revela a dura morte De todos os destinos que tracei. Depois destas quimeras mil enganos. Depois destes tormentos e desditas, Das falsas e terríveis, más pepitas Que marcaram com traços desumanos, Descobri que não basta só saber De onde vem p’ra onde vai, como se chama... Simplesmente sabendo do que se ama Já se torna possível conhecer X Não quero a perfeição de quem desejo, Na verdade isso nunca seria amor. Não posso e nem pretendo ser censor, Espelho que reflete e não me vejo... Eu quero teu amor por ele mesmo, Sem máscaras mentiras ou engodos. Nem sempre maciez nem sempre lodos, Erros, acertos, jogos vãos a esmo. Não use mais disfarces, fiques nua. O manto que te cobre não te cabe, No fim da tarde o sol de tudo sabe Não quero que me impeça a bela lua. Não seja teu caminho o que mais quero. Apenas vá, prossiga sem demora. Um dia, com certeza tudo aflora E o paladar terá outro tempero. Não veja o que desejo, sou parceiro E como tal meu brilho não te ofusca, A vida que procuro nunca busca Um brilho que não seja verdadeiro. Senão, quando preciso sempre falha, Por que não terá sido o que pensava. Nesta hora a falsa luz que assim brilhava Em plena escuridão, sem luz, se espalha... Agora que te mostras mais desnuda Eu tenho essa certeza que me ampara Que tudo que vivemos, minha cara, Jamais, nem mesmo o tempo, nada muda! X Amor sempre nos traz felicidade Mesmo que esteja envolto na tristeza. A mágica da vida com certeza É sempre perceber variedade. A mão que nos afaga e que nos corta Decerto também teve muita dor. Mas saiba que é preciso, para o amor, Que a vida se renasça mesmo torta E traga novo brilho e nova estada Sabendo que teremos fantasia A vida nos permite, a cada dia, O gosto do nascer d’uma alvorada. Nem sempre conseguimos ser amados Mas isso não se pede, se conquista. Não há um simples ser que inda resista Aos ventos que lhe tragam mansos fados. Porém, mesmo que a sorte lhe proíba De ver o seu reflexo neste espelho, De tudo nessa vida que assemelho Amor sempre carrega e nos arriba. Portanto minha amiga e companheira Não deixe de sonhar, pois desengano Faz parte desta vida e traça o plano Que sempre te fará mais verdadeira. Embalde muitas vezes, sem luar, A noite deste amor é sempre bela; O sentimento nobre nos revela: Bem mais que receber é sempre dar! X A paixão que devora simplesmente, Nunca traz a certeza de um amor. Nem sempre do botão a bela flor Desabrocha, pois morre de repente. De tudo que, entretanto, forja a mente O fogo nos queimando com ardor Por vezes nos invade de pavor E o rio não deságua mansamente. Não falo que não deixe cicatrizes, São elas inerentes a quem sofre A chave que se esconde, deste cofre, Torna-nos quase sempre em infelizes. Mas nunca tenha medo de viver, A dor que embalde traz nos purifica. De cores, a paixão, é sempre rica, Embora nos transtorne, dá prazer. X Te amo tanto querida, não se espante A cada dia amando-te bem mais O mundo se renova em tanta paz E se demonstra sempre delirante... Ao ver-te na janela, uma criança, Outra criança sonha com um dia Onde possa viver a fantasia Trazendo, a cada noite, essa esperança... O tempo passa, vejo-me distante, Os olhos que sonhara estão lá longe... Na solidão doída, qual um monge, A vida me matando a cada instante; Pois decerto encontrara um companheiro Tão bela madrugada espera o sol E juntos formarão o girassol. Iluminarão este mundo inteiro... Também a vida trouxe-me essa lua Com a qual fui feliz, isso não nego. Porém essa saudade que carrego De tudo que passamos, continua... A tarde chega, e mostra meu verão. A lua que me acalma sempre fria O sol queimando tua fantasia A vida serpenteia pelo chão... Depois deste verão, o manso outono. Trazendo a calmaria que me amorna, A lua já se foi, a vida entorna A dor que me promete duro sono... As lágrimas enchendo um triste rio Em dilúvios, transcorre para o mar. São tantas que não deixam de salgar Inda mais, aumentando o meu vazio... Bem sei que meu inverno se desponta Ao largo deste mar no meu crepúsculo... E neste fim, tormento mor, maiúsculo A vida cobrará por certo a conta. Não pude ser feliz completamente. Faltou-me tanta coisa, eu asseguro, O mundo que vivi, por certo duro, Não deixa bela marca em minha mente. Um dia, a solidão queimando fundo, Ardendo e me matando pouco a pouco Cortando e me deixando quase louco, Agozinantemente e moribundo A porta que deixara sempre aberta, Num átimo demonstra uma saída. Quem já pensara estar de despedida Da treva uma surpresa me desperta! Ao ver teus olhos mansos tão gentis Em frente a minha porta escancarada Ressurge, em minha vida essa alvorada Embora quase morto, eu sou feliz!!!! X Quem, nesta vida, sempre imerso em pleno lodo Espera pelo mar em noite maviosa, Aguarda na esperança o perfume da rosa Não sabe que será simples parte do todo Que formando um conjunto esparso em todo espaço Faz parte como tudo em volta, natureza. Não sabe conhecer sequer uma beleza E perde todo o tempo em vôo cego e baço. E tudo que aprendeu esquece totalmente Não sabe que esta vida esboça a forma santa Da natura tão febril, dessa alegria tanta De ser uma fração de tudo, simplesmente... Pois neste vasto mundo a força mais robusta Não sabe seu caminho, espera seu destino Na lua que nasceu a vida de um menino Não sabe se será ou não será augusta. Não há sequer quem viva em total claridade Assim caminha a vida em luta desumana, A luz que nunca brilha em pouco tempo emana Aquele que não sabe e perde essa verdade E acha que desse mundo é parte mais imensa Um dia saberá imerso em turbilhões Que fora mera parte, uma gota em bilhões Felicidade então será t’a recompensa. Pois todo esse universo em margem infinita Circula num caminho estranho e sem final No rumo que não traço imenso e sideral Apenas uma coisa em todas é bendita E sempre se trará no rosto mais feliz, O gosto da conquista, o louro da vitória Por mais que maiorais não trazem toda glória. Na opressão de minha alma, o medo me desdiz. Quem dera se tivesse o rumo que esperei Por mares sem sentido em busca da verdade Nas luas que vasculho a mera claridade Não trazem o que quero, e não serão a lei. Com meu olhar mais fixo espreito meu futuro A porta que se fecha, abertos meus umbrais, Deixa-me nessa espera, aguardo e quero mais Da vida que não tramo o chão que piso, duro... A mão do meu destino espera sem demora, A prece que não fiz, o manto que me cobre Na noite que não traz o sino que se dobre, E tudo que não pude o sonho rememora. Se fiz minha cantiga aguardando alvorada Que jamais terá sido aquela que esperava, Talvez sem ter carinho a noite me tragava E depois me deixava exposto sem ter nada. Marcadas pelo açoite em busca desta serra Que pode me levar aos campos que desejo, A parte que me cabe, em lágrimas, não vejo Esconde-se ferina e matando desterra... Por mais que sempre tento esbarro sem resposta Na dor que não se cala, o gozo e a saudade. Não sei mais ir liberto, em tal disparidade Que faz do meu futuro uma simples aposta. No sonho que propus um pouco de esperança Espera sem demora o fim desta tristeza A mágoa e a mentira, o laço da riqueza Que trava e não perdoa e nem a vida alcança; Busquei felicidade, essa libertação, Nas mesas do banquete em festas e navios, Saveiros, mansos cais, orgias loucos cios, No rosto da promessa em toda vastidão. Nas jóias, no castelo, em tudo com fervor, Por mais que procurasse um sonho tão risonho, A cada dia via um olhar mais tristonho Em cada novo rosto expressão de pavor... Nesta alegria falsa, o riso sem motivo, Na festa que termina e nunca determina Nos céus que imaginei, em nada se destina A tal felicidade, o meu sonho mais vivo. Depois de, já cansado, esperar pela resposta Por mundos viajar fiquei decepcionado E resolvi dormir, exposto ao duro fado. Nunca serei feliz! Eu perdi minha aposta... Porém, na noite calma, um suave calor, Em sonhos, de repente ouço uma mansa voz Que fala bem baixinho: o mundo é bem atroz Mas a felicidade? É simples, está no amor! X Procurei meu amor da mocidade Esquecida e perdida nos alvores Neste inverno fatal, nos estertores Finais, quando me resta só saudade... Agora em meu jardim, as flores mortas, Somente erva daninha sobrevive. São restos que carrego d’onde estive Penetram minha casa, abrem as portas, Tomando minha sala, entram no quarto, Deitam-se nessa cama e já me abraçam. Envolvem meu pescoço se entrelaçam E tentam sufocar. Da vida farto Espero o desenlace deste abraço, Aos poucos apertando mais e mais Até que sofrimento e dor, jamais! Ao fim deste namoro nem um traço Do que fui restará mais neste mundo. Coberto pelas folhas, sufocado, Nesta agonia tudo terminado Trazendo a liberdade, num segundo... De tais folhas e galhos, sinto o gosto Agridoce da vida que se vai... Em momento algum nada me distrai Nem mesmo a cicatriz mascara o rosto. Recordo-me que um dia fui feliz, Eu tinha todo amor que se deseja. Meus irmãos, minha mãe, a vida beija De forma tão sutil... Tudo o que quis Se perdendo nas curvas do caminho, A cada dia, aos poucos, foi morrendo A esperança que tinha. Corroendo A minha sorte, até ficar sozinho... Não tenho sequer medo, a dor levou... De tudo que guardei apenas vento Da saudade me traz contentamento. A solidão foi tudo o que restou. Agora em meu jardim esta quimera Crescendo pouco a pouco e me matando Nos galhos e nas folhas me mostrando Tal qual fosse o sorriso duma fera. Da venenosa amiga e seus tentáculos O carinho final que tanto espero. Em momento algum, nunca desespero, Talvez sejam meus últimos obstáculos. A sombra da mortalha que virá, Nas costas minhas asas já não pesam, Sem ar, as minhas pernas se retesam E sinto que minha hora chegará Nos braços desta amada e doce planta Que sabe que me cura quando mata No derradeiro beijo em serenata O frio dentro d’alma se agiganta E sigo meu caminho, agora em paz... Porém quando te vejo do meu lado, O abraço como fora um apertado Nó pressinto que amar não fui capaz!... X Proteja-me meu Pai pois sofro tanto. O canto da esperança não escuto. O vento da maldade, sempre bruto, Não deixa-me sentir Teu vento, santo. Por vezes vou sozinho, mas me guias, Nas noites mais difíceis, tentações. Espero conseguir das amplidões As luzes que me tragam novos dias. Pequei por tantas vezes, meu Senhor, Nos sonhos, nas palavras, no meu gesto, Por isso estou aqui, meu canto empresto Ao pedido maior neste louvor. Bem sabes que caminho sobre as urzes Deixadas de propósito, meu Pai. A treva que em minha alma sempre cai Lembra-me que temos nossas cruzes. Farei o que desejas, mas perdoa, Não deixe que este triste filho Teu Se perca neste escuro e vago breu, Meu grito pelos vales sempre ecoa... Desculpe se perdi o meu caminho, Desculpe se não pude ser feliz, A vida me marcando com seu giz Cravando em cada pé um grande espinho. Mas saiba que Te adoro e que por isso, Estou aqui em plena madrugada A minha voz em prantos, já cansada, Pretendo, desta vida, ter o viço. Meus erros cometidos me maltratam São pedras que carrego, tanto pesam. Os olhos dos irmãos já me desprezam, As asas da tristeza me arrebatam... Somente em Ti encontro a solução, Não deixe em minha vida essa quimera. Amor quando em amor, só amor gera, Por isso é que te imploro o Teu perdão! X Nas horas derradeiras desta vida Que à noite nas boates terminava Sem medo de viver a despedida E nas dores cruéis agonizava No prazer maior destes bacantes Trazendo tantos gozos delirantes... Investido de lágrimas e sonhos Abraço teu cadáver, triunfante Os gozos que me deste enfadonhos Teu fim é meu começo, delirante. O corpo desta fera pesa tanto E traz ao meu destino, um novo encanto... Ao me ver assim bêbado infeliz Escarrado pelas ruas, um mendigo, Buscando meu prazer na meretriz Meu último quinhão, o meu abrigo Nas noites friorentas deste inverno Que sempre se traduzem como inferno! Nas portas que fechaste com teus pés A vergonha invadindo minha vida Meu barco naufragado sem convés Amargo da saudade desvalida E o fel deste teu beijo envenenado Teu fim sempre sonhei, tão desejado... Mortalha não carrego, comemoro! Em cálices de amarga lucidez. Os olhos sobre o corpo já demoro E rio, me gargalho dessa tez Lívida, arroxeada e sem mistério. A morte executada sem critério... Agora que me livro desta fera Encontro meu destino mais feliz. O rosto venenoso de quimera Não guarda mais sequer a cicatriz Marcada pelo golpe que te dei Nas horas onde foste a triste lei... Vencida esta batalha, resta o sonho Em busca d’outros dias sem fronteira. Vejo-te em podridão, acho bisonho Quem fora sempre forte, a vida inteira, Coberta pelas lavras se destrói O mais mísero verme te corrói. A minha mocidade destruíste Em todos os orgasmos não deixaste Todos os meus desejos já puíste E em cada sonho meu sempre escarraste Não pude decifrar sequer teu rosto Que agora, está em restos, decomposto... Meus olhos regozijam com a tela Demonstrada e pintada em vera cena No brilho do matiz, esta aquarela Resume o belo fim de minha pena. Eu vejo destroçado quem me corta. Depois deste cenário, a nova porta. Agonizaste a cada navalhada, Penetrante e sutil em tal prazer Dada que esfacelou, não restou nada Apenas a vontade de viver Que renasceu com fúria no meu peito. Descanso no meu leito, satisfeito... Esperei por tal fato sem descanso, Lutei tão bravamente e te venci! Futuro tão distante, sim, alcanço Num gesto quase heróico estás ai Morta enfim. Destroçada sem perdão! Livrei-me da quimera: a solidão! X Estrela que nasceu na morte de Maria Brilhante qual a lua embeleza meu céu... Por mais que desejei a beleza do véu Não mais me trará paz, verei, a cada dia A marca que deixei da morte que carrego. Lembro-me, sem querer, de cada nova noite, Do beijo e do carinho em todo esse pernoite A morte que te dei, na vida deixa cego... Agora que morreste, espero meu destino Em cada tempestade o resto que me trazes São luas que não vejo, o ferimento, as gazes, O mar que me devora, o sonho do menino... Maria nunca mais terei de novo a sorte De ter o teu desejo e morder tua boca. A noite que te trouxe e te levou vai louca Em nosso manso leito, a sombra desta morte! X A noite me trará teu canto numa prece Que me revelará um profundo amargor; Pois quem sempre mentiu não me trará amor. Mas mesmo assim, querida, a vida te agradece. Nas vezes que busquei no céu, no firmamento, Teu riso se mostrava um rio venenoso Por onde destilava um ar tão vaporoso Que sempre me matara a cada vão tormento... A noite ouve meu canto, um canto de partida, Que traz o sentimento esparso e violento Da vida que caminha um rumo manso e lento E perecendo um pouco a cada dor sofrida. Embora não deseje, eu sinto que vou tarde, O gosto da saudade, o cheiro deste incenso, O mar sem claridade, o meu amor imenso... A vida me maltrata e corta fundo, me arde. Bem sei do meu destino, aqui estão as chaves. Depois de tanta treva aguardo, enfim, a luz Que sei que não virá, pois nada mais reluz E nem nestes meus céus, o revôo das aves... Nas hordas sou falena em busca do luzeiro Mas nada mais me resta, os olhos tristes nevam... Aos céus em pouco tempo os braços já me levam E não ouvirás jamais, meu canto derradeiro... X Toda a minha esperança esbarra na saudade Que sempre me rondando está deveras perto. Meu mundo sem carinho, um vazio deserto. Espero então que morra a triste realidade. Sonhando a cada dia, a minha alma soluça Espero por um dia, a vida estando calma, Que Deus já me liberte abraçando a minha alma Que sem ter outro colo, em ti já se debruça. Amor se fez quimera e clama o triste fado, A luz desse luar reclama um sonho, uma asa Que possa libertar apagando essa brasa Devoradora. Clamo um brado amargurado... Fecho-me sem saber que o frio amor recorta Os céus por onde andei em fúria e se levanta Dando-me a sensação perfeita que me encanta Do amor que tanto quis batendo em minha porta! X Vindo do canto que canto que canto que canto que canto Vento que invento e que repito ecôo. Sem mar sem amar sem amara sem amarra sem arma. Sem rumo. Sem prumo Me aprumo e desarrumo tudo depois. Arrimo que não rimo e nem rima Apenas primo e prima Primaz. Primata. Pré nata Recém nato e depois desato e destrato. Abstrato. Amor quero teu gozo Amor quero teu gomo Tua fome e teu sonho Se tudo der certo Amanhã não volto mais... Quero o sentimento farto e frágil, ágil e grácil, Que agrade e não congele. Nas esquinas e nas galerias, vazias e distantes Nos serões e nos sertões, nas certezas. Letreiros e visão, invasão sem ter fim. Posse e possessão fico possesso e não rimo, estimo... Melindro e não meandro, apenas desando e me perco. Somos gomos e pomos, sonhamos sofremos e nos danamos. Te amo, amo demais e por isso, adeus. Não consigo mais conter E não deixo que o mundo me domine Quero a liberdade e sonho com ela. Entornas a poesia e cadê busca? Noite brusca e tempestades Tempos e temporais Atemporais meus desejos Ensejos e seixos Apenas isso Seixos e sexo. X Um minuto a mais Somente isso. Depois disso, esquece; A vida tem pressa e não despreza Compensa. Na porta deste bar uma frase que não esqueço O tempo não tem dono e nem tem tempo. Apenas existe. Assim como nosso amor No começo festa e fantasia Agora ... Tudo bem que nos amamos muito Aliás excedemos na dose, aí o porre é certo. O duro é a ressaca amanhã; Agora vou indo, A esquina fica logo ali Qualquer coisa, dobre-a E quem sabe? X Tantas vezes nos magoamos com palavras soltas Sem sentido, mas com direção exata e constante Ferirmos um ao outro sem por que Sem saber que assim nos matamos Naufragamos e morremos Ao mesmo tempo em que nos vingamos Do que não nos pertence E do que nunca foi nosso: amor! X Já não tenho barco Nem tenho rumo, Meu mundo em tuas mãos Agarro teu vestido E não consigo mais sair Em teus braços sem saída Busco toda vida e Nada encontro A não ser o desencontro De nossas pernas e mãos Agora, amada Espero outro navio que me leve Outra vela que me deixe navegar Já que não consigo mais um porto Espero que encontre um cais Sem caos, em paz, na amplidão! Me deste teu segredo Sem medo e me arremeto Te segredo meu sonho Agora onde ponho Meu sonho e meu mar. Não me deste sentido Não te dei caminho Apenas vivemos Cada momento e cada segundo Nosso mundo foi vão Um vão em vão Sem sim senão Somente de mentiras E metades do que sonhamos ser Agir e conseguir uma saída Que traga nova vida E que não deixe nosso barco à deriva. Me escute, ouça Eu te amo E isso basta Isso desgasta e desbasta mas salva É disso que é feito meu sal Sol e sonata Certeza e serenata Serenidade.... X De tudo que te fiz Refiz e não quiseste; A dor que não se sente De repente expele E repele Mas compele ao novo dia Onde pura fantasia Venha trazer o dia que se revela E que não mais viria Se toda essa alegria Dormisse e não me fizesse E não quisesse E não deixasse E me mostrasse Que depois da curva, a curva, a curva O tempo que se estrepa e não estepe. A melodia que se fez A tez que não se cobre E o sol que queima tudo. Me inundo do meu mundo e Se não posso, não passo, descanso e não vou. Me dê teu braço, vamos dançar A lua não espera. Amor de primavera de vera prima Primeira e última, ultima E não deixa sequer resposta Aposta e nunca perde Rede que me prende E me rendo Na renda desta saia e se pinta e se trama e se chama desta cama não escapo! X Amor mortalha amortiza Amortece amor tece E me esquece... X X Vento e sombra A manhã não veria o rosto Amargo da saudade Estampado e corrosivo... O som da noite ecoando E trazendo o velho medo De nada ser A não ser segredo... Artelhos e joelhos, remendos.... A véspera a vésper a vespa Na vestal que se fingira A tira estira e não aflige Corrige.... Mais nobre poder da criação Inconsciente desengano. Sem ter plano e sem um canto Me risco pelo arisco tempo E tempestade. Cidade e saudade, soledade... A agonia que a noite deixa A queixa que não fiz O cavalo que voou O manto que não cobre O mato tudo cobre Um matuto que me cobra Coração de bronze e cobre Cobra e serpentina Serpente cristalina Que assassina alma menina E sem crina desatina Pela vida afora.... X A morte virá, mansa e calma Ou em plena confusão. Não adianta o medo, O principal segredo é relaxar E tirar do fruto a semente Que traz a vida mas não eterniza Sabes o nome do teu tataravô por acaso? O que tens na vida é só a vida O resto a sorte te emprestou. E depois vais ter que devolver Com juros ou sem juras Mas devolverás. Nada levas e nada tens Apenas estão contigo e só isso. Nasces nu e vais nu Solidão é a primeira e a última parceira. E daí? Nada te pertence mas és feliz. Simplesmente por seres e não por teres. Valorize o ser somente o ser Nada existe além do ser E nada mais importa. Não se importe com a porta Ela vai se abrir Ou então não vale a pena A dor não se cura nem perdura Se esvoaça e passa. Corte cicatriza E se não cicatrizou, esqueça Se conseguir, cicatrizou. Ame muito, esvazia a alma. Vista a mortalha de vez em quando Vale a pena saber que isto é finito Mas também o que seria dos que Ainda virão se a gente não partisse? Morte é sacrifício para que a vida venha Não se esqueça de que o amor É proporcional á serenidade Com relação à morte. Se não de que vale ter filhos, netos, bisnetos, tataranetos... Xô ! Vá embora que a vida não espera! X Amor não se cria nem se cobra, se dá Simplesmente é doação. Doação absoluta sem querer recompensa, Amar quem nos ama é obrigação Obrigar a ação de quem não nos ama É estupidez, absoluta estupidez; Se amor cobra pedágio Ou então reflexo Não é amor, é egoísmo. Olho por olho e amor por amor é a mesmíssima coisa Sem hipocrisia de marchado e sândalo Cavalo dá coice? Tô fora! Agora não espero perfume Nem corte Apenas sorte Boa ou má. Que se dane! Amar é conhecer Ou melhor conheço para amar E nunca para desamar, Se não valer a pena, esqueço Mas sempre vale a pena Mesmo que apenas uma pena Vale a pena. Sem vale quanto pesa Vale o que se preza E sempre se preza Prezada amada A pressa inimiga O tempo prossegue E nada se consegue Se não for por amor. Mesmo que não vente O vento que ventei Valeu a pena Esvaziei a alma. Ela está tão carregada de amor Que se eu não soltar Ela me esmaga O peso do amor é enorme Por isso não acumule, distribua! X Amor não envelhece e não envelhece ninguém Regenera e não degenera, se gera por si próprio A cada dia, cada canto, novo encanto Amor é santo e santifica. Se fica, então... Amanhece a cada dia como o sol Que sempre volta e não deixa De brilhar De trazer vida. Isso, o amor traz vida E não duvida Que se bobear Procria. Aliás, amor quando procria vira espetáculo Vira festa e transborda todo mundo Em todo o mundo. Contagia e renasce Cada disfarce e cada face fazem dele O espelho multifacetário e maravilhoso Que se chama solidariedade! X Amor não é guloso e, ao contrário da paixão e do desejo, se alimenta de pouca coisa... um sorriso, um carinho, um beijo, bom dia... às vezes nem isso. Muitas vezes não cobra nada e nem pede, nem reciprocidade. Paixão, muito pelo contrário, a cada dia se rebela e tumultua tudo. Não sabe viver sem não Sem senão sem porquê Sem calmaria e tempestade Invade e nem pergunta, invade. Amor bate na porta, paixão arromba. Amor diz bom dia, paixão nem pergunta Amor respeita, paixão inunda Amor é sempre paixão é nunca. Amor perdoa, paixão castiga Mas se queres ser feliz, ame! Entenda o que é o amor e o alimente sempre Mas não deixe que a paixão o destrua. Nem o mude, já que a paixão vira amor e consolida Se o amor virar paixão destrói e não deixa nem sombra. Acima dos dois, somente a amizade. Essa não pergunta e não se trai. E se trai perdoa, e continua um ritmo todo especial. Feliz da paixão que vira amor e morre amizade. É perfeita! O desejo? Maria foi para a cama a chama de Maria já me chama e me sacia. Depois? Outro dia.. X Viver é fazer a cada dia Com que o sonho se torne real Acredite e viva Não deixe de viver tudo o que acredita Senão não valerá a pena Será cena sem verdade Apenas cena E não adianta pena que o tempo passa E não concretiza o que sonhas Não desista. Insista que virá Se não vier O que fazer? Mas lute desesperadamente lute. A força é bruta mas amacia E traz outro dia do dia que se foi. Daí o renovar-se O fato é que sem amor Não vale a dor Sem dor cadê amor? Amor é sacrifício E oficio E vício. Senão de que vale? O vale e a montanha Existem por causa do contraste Senão a vida passa E a gente não valoriza... Não seja concha, se mostre E demonstre, principalmente. Mas, principal, não minta Mas se preciso minta, Mas nunca a ti próprio Aí passa a ser burrice E ponto de partida Para o precipício E precipício e sacrifício não combinam É suicídio! X Não se deixe enganar Tudo nessa vida é frágil O tempo urge Mas seja ágil Senão... Os erros são os berros da verdade Sem eles não as conhecemos. Mas manera... O tempo que passa Confere essa esperança Que nem sempre se alcança Mas um dia a gente cansa E nada mais terá sentido... Duvido que se acabe, Não cabe mais no mundo O viver sem ter o sonho O sonho de viver A cada dia um novo tempo Contratempo contrariedade Contra a seriedade dê um riso O paraíso é por aí... Mas não se deixe enganar Principalmente por você mesma; Senão qualquer coisa vira lei Qualquer erro se perdoa Machuca e nem percebe Daí vira pecado E tô fora... Adeus. Não minta para você Isso a violenta de tal sorte Que começa a morte E nem santo prá dar cura. A vida fica escura E depois, amargura Solidão E pecado E jura E perjúrio Arrependimento Volta como o vento Que traz a tempestade. Esfria toda a alma E nunca mais se acalma Vira tsunami Mas ame Verdadeiramente ame! Aí todos os meus versos serão vãos X . Quem se ocupa não preocupa Age! E na ação reage e se liberta. Esteja certa A porta aberta exige a chave Mas a chave sem porta de que vale? Meu vale quer montanha Cabelo que se assanha No vento me faz livre E me livre Meu Senhor Da opressão Da prisão Do senão Do não Eu quero o passarinho Que cantava liberdade E sem ter sequer saudade Da gaiola escapou Deixa que a noite vem Inevitavelmente vem E sempre trará dia E sempre trará noite E sempre trará dia E sempre trará noite Mesmo depois da nossa morte Sempre trará dia... Então preocupar-se por quê? Besteira sofrer. Besteira – asneira Burreira! Barreira se transpõe ou faça a curva Leve o guarda chuva e, se tiver, galocha. Na coxa da morena Eu deitei o meu poema Acordei nesse marasmo... Vontade de fazer nada Nada mais pode prender A alma em liberdade. Se amanhã não vier Outra vem, A noite continua E o mundo também... X Em cada dia a promessa Do novo dia que vem E nova vida E novo mundo A lua é nova O céu é velho Mas sempre agradece. Na promessa da lua nova O plenilúnio... Antegozo e fantasia Seja otimista! Basicamente otimista Ótimo e otimismo Tudo a haver Tudo ver E não temer o que virá. Verá que a vera vida se faz em canto e esperança. Esperança espera-alcança espera-avança e espera-aliança Pois sozinho não dá pé. Aliás, nada sozinho é algo, vira nada E depois como se vira? As ondas se recuperam E voltam, Mesmo que pareça difícil Um dia vencem as falésias... Por mais altas e duras que sejam. Maria será minha como é minha a poesia Que trouxe Maria e não traria se esquecesse... A manga traz o doce e o que foi-se que se dane Não me engane, se não ama não me beija Se me beija não me ame, e se ama não reclama Que essa lua dá tesão! E haja otimismo, Senão o abismo Tanto cismo Tanto sismo E não tenho sismógrafo! Amor é nata Será nata? Serenata E renata a lua Renata nua E tudo continua... Se refaz No regaço, do cansaço. Deste amasso. Velho traço nem disfarço E daí cama... Cama e chama Novo plano e nova plaina Tanta faina e tanto brio Carregado neste cio Mergulho sem orgulho Não vejo pedregulho E daí recomeçamos... X Sabedoria não se sabe nem se tem Apenas vai e vem nas curvas E nas chuvas e tempestades. Galgo meu espaço no abraço e sem cansaço Meu cajado me assegura. A noite é fria, a vida é dura Mas espero uma alegria Que seja constante Da qual um louco amante Não se afaste nem um pouco. Se grito fico rouco e desespero Mas me tempero na esperança Alecrim e manjericão de minha alma. Peço calma e sem trauma não reluto Luto cada vez mais. Peço paz e se não vem, dane-se! Me ufano de meu gozo E nada me contraria Nem mesmo a fantasia Que já tive e foi negada A vida é fada! Safada e bem sutil Gentil, gananciosa... Nos ensina e sem a menor cerimônia Abandona e nem sequer se lembra. Não rememora nem comemora, Apenas ensina. Em sua cartilha A noite esquece O dia tece E a gente apodrece Se não sentir a forte brisa Que sempre nos avisa Sê feliz! Aprenda com a dor mas não muito Ela vem e, se bobear, gruda. Depois, cadê ajuda? Não se muda e nem por prece nem reza Nem orada. Agora é madrugada a vida passa o tempo roça E nada mais me resta Senão a certeza Da curva que não fiz, do medo que mantive A vida quer declive, eu quero uma esplanada. Sabedoria é ser feliz!!!! Portanto, por tão pouco Não se perca Nem perca a esperança. Se lembre da criança Ri e depois chora, chora e depois ri. ESQUECE!!!! Esqueça da dor, seja seletivo A vida dá motivo E depois, se não quiser, que pague, Ah. O preço é caro, Amor é bicho raro E se não tiver amparo Se vai neste disparo E ninguém alcança... Dance. Recomece sempre E dance. Ame e desame. Dance. Sonhe e acorde. Dance. Lamba quem te morde. Dance. E não se canse de dançar. Senão , dança... Não perca a esperança Aprenda com ela. A noite traz lua e tempestade O dia traz sol e tempestade A vida traz tempestade Mas também sopra a ferida; Cicatriza... Ah! Antes que eu acabe Pegue essa viola A lua tá um brinco. Brinque com ela E dance a vida inteira Sorria e se permita Ser sábio E ser feliz!!!! X Não tenho medo da queda Ela nos torna mais fortes E seguros. Os medos do passado no futuro Nos criam asas Nossos pés mais duros Calos formados, Sonhos marcantes Futuro suave. Engraçado, a criança sabe E o adulto esquece... Cada nova manhã Lições a mais, Trazendo a saudade Muitas vezes empacamos E não fazemos mais nada Como um burro na estrada. Regredimos? X Quando estás tão sozinha, minha amiga, Percebas que causaste este tormento A vida necessita do alimento, Amor, para que sempre, em paz, prossiga. Das vezes que te isolas deste mundo As lágrimas, o preço que tu pagas, A fera solidão tu mesmo afagas Esqueces quanto belo e mais profundo, Beleza de viver a cada dia Ao lado das pessoas que tu amas Não deixe que se apaguem essas chamas O mundo necessita fantasia... Não faça do teu mundo, fortaleza Paredes que constróis proíbem luz A dor que tu carregas, reproduz A fonte que alimenta essa tristeza É feita a cada dia por teus braços. Construa uma janela em tua vida Toda luz que encontrava-se escondida De novo mandará os belos traços. Em todo o teu caminho, tire as urzes Espalhe teu sorriso pelo mundo Verás que tudo muda num segundo Das pedras que carregas, tuas cruzes, O peso se fará bem mais suave Em busca das belezas, tantas fontes Esperam que tu faças tuas pontes E tirarás, da vida, todo entrave. Amiga, se permita ser feliz, Sorria e se demore com a brisa. Pois nela a mão divina, mansa, alisa Os teus cabelos soltos sem ser gris... Abrindo este caminho para a sorte Permita que o amor seja parceiro Assim tu viverás o verdadeiro Amor, que nos liberta até da morte! X Não guarde do passado uma lembrança Pois ele nunca mais irá voltar O tempo que se perde, valerá? Passado não renova uma esperança. O mundo não permite que se pare O canto que cantavas não encanta E podes destruir a velha manta, Não te cabe mais. Nunca se antepare Nas hastes que guardavam seus segredos A vida que enferruja e não perdoa Essa asa já quebrada não revoa Esqueça o que passou, velho degredo. A mão que maltratava se perdeu O vento que soprava virou brisa A vida, verdadeira poetisa Renova toda luz no negro breu. Portanto não esqueça minha amiga Se faça, a cada dia, bem melhor Alegria se faz de cada dor Desde que teu caminho se prossiga. As horas que passaram não retornam Apenas são pequenas cicatrizes De tempos que julgamos mais felizes Simplesmente são flores, nos adornam Mas não podem ser nossos alimentos Futuro não conhece o que passou Aberta essa janela Deus entrou Nosso passado foi-se com os ventos! X Quando se mostra a bela criatura Andando, flutuando na leveza Em pasmo toda a grande natureza Explode num momento de ternura. Ao vê-la desfilando, uma esperança Que pode ser chamada atrevimento, Invade meu sorriso, em um momento, E passo a me sentir como criança; Depois de ter chegado o triste outono, À doce primavera eu me remeto; Ao tempo preferido e tão dileto, Sentindo-me escapar deste abandono. Não olhas nem ao menos, me sorris. Porém só por saber que tu existes, Agradeço ao Senhor que, mesmo tristes, Tenho olhos para vê-la e sou feliz! X Em toda esse incerteza que me move, Apenas uma coisa te proponho, Que dividas, comigo, o mesmo sonho, Que a pedra do caminho, se remove. O rumo que divido mais incerto Nos levará, talvez, ao duro frio. Nas vezes em que choras, desconfio Nas vezes em que ris, me desconcerto. Diversas mas unidas, nossas vidas São feitas desse barro e desse chão. Não temos , e nem quero, solução, Jamais conheceremos despedidas... Diversos mas unidos, vou contigo, Atados numa única esperança , Colados numa mágica aliança Ligados, pelo amor, no mesmo umbigo! X Amor que não se rege na razão, Em tudo que pretendo, desconcerta, Nem sempre me indicando qual a certa E a mais segura e calma direção. Se perco, ao mesmo tempo, uma esperança Amor se prevalece e não me deixa Embora meu ciúme, tua queixa, Difícil conviver com tal mudança. Amor quando não trai, nada consente Ao mesmo tempo corta em carne viva Minha alma deste amor, qual fugitiva, Procura voar solta, livremente. Porém ao mesmo tempo não deseja Voar, em liberdade pelos céus. A noite quando envolve nos seus véus, Não deixa nem sequer que amor me veja. Fugindo deste amor, sou seu cativo. Deveras tresloucado, me divide. Exige tantas vezes que eu decide, Se morrer de amor ou ficar vivo! X Dos lagos onde, ninfa, se banhava Beleza dessa deusa semi nua. Num flerte delirante a bela lua Em toda a densa mata repousava. Os olhos comovidos e tão ternos Emocionadamente todo astral Descia deste espaço sideral Em mágica beleza mais eternos... A deusa não sabia deste encanto E nem se dava conta da beleza De toda apaixonada natureza Nesta maravilha, um doce canto... E Deus ao ver também a bela cena Num momento de raro e louco amor, Ao ver a bela deusa, cara flor, Nos deu toda a beleza da açucena! X Amor quando em vinganças baseado Semelha –se a areia movediça. Não é, talvez, amor; mera cobiça De ver a dor em pleno ser amado. Não deixa que floresça a bela flor, Se perdendo em meio a tanto espinho Esquece que o amor feito em carinho Espelha só na pétala, esplendor. Matando então a fonte de perfume, Transformando em serpente a bela rosa, Nos braços da vingança mais maldosa, Invade nossa vida e cessa o lume. Todo o desejo manso, mais cruel. Porém daquele brilho, uma centelha Iludindo, confunde a pobre abelha, Que fabrica veneno invés de mel. X Não vele minha dor teu triste manto, Ela não te pertence e a ninguém Mais. É meu derradeiro e doce bem, Meu último lamento e meu encanto. Guardada neste cofre, coração, Regada pelas velhas decepções Buscando nos espaços, amplidões Um resto do que fosse teu perdão... Agora que já finda meu caminho, Não quero teu velório, por favor. Quem sempre se negou ao meu amor É melhor que me deixe aqui, sozinho... Tivemos tantas chances, não quiseste, Em outros braços foste, sem demora. Eu sei que a solidão já te devora, E queres, no meu colo, o vento leste. Esqueça! Não serei jamais amante De quem, por toda a vida, nunca quis. Deixe-me, por favor morrer feliz, Mantenha tua garra mais distante. X Indefeso perante esta beleza, Por onde quer que vais, eu acompanho... O brilho que irradias, é tamanho Que sempre dá inveja à natureza. Eu temo que este amor logo alucine E deixe-me em completo e bom torpor, Num êxtase divino e sem pudor, Força descomunal que me domine E não deixe sequer seguir meus passos. Aos poucos vou perdendo todo o chão, Distante já percebo que a Razão Deixa-me, com ciúme dos teus braços. - Não deves prosseguir nesta aventura! Avisa-me, a Razão, amedrontada. Mas minha alma, na tua voa atada, Intrépida, nos rumos da loucura! X Nas lutas pelo amor sou vencedor, Embora por teus olhos fui vencido, Encontro-me deveras mais perdido Nas tramas maviosas deste amor. O brilho que me trazes forma o brilho Que emano dentro da alma, meu farol. Do sol que tu me deste faço o sol Em tua maravilha maravilho. Amor que me reflete verdadeiro, Nas asas com que voas, minhas asas. Nas bases que me embaso tu te embasas, Na soma das metades mais inteiros. Amor que me deseja te desejo. Os pés com que caminhas, os meus pés, Nós somos sempre quais e nunca invés. Nas íris dos teus olhos já me vejo. Mas saibas minha amada companheira Com isso não pretendo te sugar Dos meus raios brilham sol, luar. E encharcam, de beleza, a terra inteira! X O teu olhar piedoso me procura Pelas noites que passo sem descanso. Quem dera te encontrar nesse remanso Que sempre me transtorna em noite escura. Embalde vou seguindo minha trilha Sem ter essa certeza de encontrar Os rastros que me levem ao olhar Que sobre a natureza, maravilha... Cansado de sentir desesperança, Vasculho em plena mata pelo brilho. Os grilos me repetem, estribilho, Que teus olhos ficaram na lembrança... Saudade de te ter, tão mansa e nua, Deitada nos meus braços, graciosa. Saudade desta vida venturosa... Encontro teu olhar, na plena lua! X Amar tem merecer, tenha certeza, O rumo que esperança traz, o norte Depende desse amor sereno e forte. Em todo seu vigor, a fortaleza. Quem pena pela vida, sem saber O quanto é necessário, sim, amar Confunde luz do sol com o luar E passa pela vida a se perder. Amor traz mansidão, é como a lua, Nos raios que se entornam, maciez. É clara e traz doçura de uma vez, É leve e nos seus raios se flutua. O sol, que nos queimando, sem perdão, Nos raios violentos, queima tudo. Coração assustado fica mudo Envolto nesses raios da paixão! X Aurora sempre traz uma esperança. O dia se renova com um brilho Permite que se trace novo trilho, A noite se perdendo, sem lembrança. Não faça desta noite teu tormento, O sol compensará escuridão. Portanto não se esqueça do perdão, Não deixe dentro d’alma esse lamento. Permita-se viver outra aventura A cada novo dia, nova história. Apague essa tristeza da memória E viva, com prazer e com ventura. A força com que encaras novo dia, Refeita a cada novo amanhecer. Viva em tua vida, teu prazer, Libere no teu peito, a fantasia!!! X Não penses que este mundo traz repouso, Por isso não se canse de lutar. Nossa felicidade é como o mar, As águas turbulentas negam pouso. Porém é tão preciso navegar E ter a precisão de um timoneiro. Enfrente com vigor o nevoeiro, Não deixe essa água mansa te enganar. As ondas costumeiras e diárias São qual fortalecer nos exercícios, Exigem, muitas vezes, sacrifícios Nas horas onde mostram-se contrárias. Não penses que isso seja um vil castigo, Depois de tanta fúria, a calmaria. Enfrente toda dor com alegria Assim superarás qualquer perigo... E ame, acima de tudo, não se esqueça, O coração comanda o teu navio. Depois da tempestade, vem estio. Permita que o amor sempre amanheça! X Teus olhos, meu amor, são dois luzeiros Que nem o sol, em toda a claridade Consegue tanto brilho e suavidade Que possuis em teus olhos qual braseiros... Ao longe, quando os vejo, iluminando Os caminhos que predizem minha sorte, Encontro, nos teus olhos, o meu norte E toda a minha vida clareando. Minha alma se deleita neste brilho E trago em minha noite, pleno sol. De tudo que eu almejo, meu farol, Em toda essa beleza, maravilho. Percebo, nos teus olhos, tal clarão Que nem em vários sóis eu encontrei. Estrela solitária que hoje eu sei, Inveja teu olhar: constelação X A cada novo dia uma disputa, Na luta que não finda-se no dia. Em cada novo sonho, rebeldia, Viver é transformar a pedra bruta. Teus sonhos são um campo de batalha Não deixe, simplesmente de luta, E Faça o teu jardim neste luar, A força de vontade em tudo espalha. Não deixe que esse medo te domine, Nem mesmo solidão cessa teu brilho. Amar completamente, um estribilho Não há dor, neste mundo, que alucine E não deixe vencer, se tu quiseres. Perceba em cada guerra, tua gana. Em tudo brilhará é soberana. E sempre que lutar, teus caracteres... Amigo, és vencedor não se esqueça. Perceba que jamais nada derrota Aquele que não perde sua rota. E na dificuldade, sempre cresça! Assim, depois de toda caminhada, Quando a noite chegar em tua vida. Não falarás jamais em despedida. Apenas continua tua estrada... X Nessa diversidade a nossa maravilha. Toda proximidade esboça certo espelho Muitas vezes azul, outras, vermelho, E nesta confusão, formamos nossa trilha... Muito bom sonhar junto, os sonhos sendo vários. Assim, nesta mistura, a vida faz sentido. Mesmo no mesmo leito, o rumo é dividido. Amor que já se anula é sempre temerário. Importante é somar frações tão diferentes, E, disso, transformar plenamente as vidas. As dores são assim facilmente esquecidas. Mas nunca devem ser vias incongruentes. Há que haver liberdade e também respeitar As diferenças. Disso é feito nosso amor, Não sou espelho enfim. Porém por onde eu for Eu te quero ao meu lado. O mesmo caminhar. Cada qual com seu passo, e sempre solidários. Para que não haja queda e, se houver, não nos lese. Difícil carregar por isso nunca pese, Difícil de sonhar os sonhos solitários. Nesta soma que temos, felicidade. Já que não invadimos espaços Cada qual tendo a própria claridade Estreitam-se sempre nossos laços, Aprendemos viver com liberdade E toda noite, juntos nos abraços Que nos irmanam, fazem o futuro. O chão, com nossa força, é menos duro... As nossas diferenças sem segredo, Enfrentam ilusões, desesperanças, Esquecem, bem distante, nosso medo Fortalecendo sempre as alianças Que nunca deixarão que este degredo Domine nossos dias e lembranças. Nosso amor não transforma e modifica. Na vida, esse somar nos edifica. Eu não quero sugar todo o teu mel, Apenas conviver com teu prazer. Assim, como é difícil te esquecer, No nosso sentimento um claro céu. As nuvens que se chegam, logo espanto. Vontade de fugir, bem cedo passa. Não sou teu caçador nem sou a caça. Nessa nossa harmonia, um belo canto... Aliados diversos, mesma guerra... Sem capitão, major ou general, Na luta pela vida, tudo igual, Planalto que não pede morro e serra. Todo sonho em conjunto é mais possível Também escuridão logo se aclara, Sabemos o que somos, não se para A caminhada, nada é impossível! Mas se a dor se aproxima e nos maltrata, Se a noite escureceu, a vida dói, E nada nessa vida nos destrói Tal firmeza do laço que nos ata! Assim, com toda força e sem temor, Vencendo tempestades sem degredo. Nas nossas diferenças, o segredo, A base que formou o nosso amor! X Quando estava sozinho em plena dor; A vida parecia sem sentido Apenas um caminho já perdido Por entre tempestades e pavor. A liberdade, sonho tão distante, Inalcançável! Tudo terminado, O jardim sem as flores, destroçado. Parecia morrer, agonizante. Sem saber sequer por onde andavas A minha esperança semimorta A saudade batendo em minha porta Em minha alma erupção, vertido em lavas. A cada pesadelo um sofrimento Que se torna maior; felicidade, Quem me dera! Somente essa saudade... A cada nova noite um só lamento! Fui feliz, disso tenho uma certeza Que me deixa pensar em esperança. E voltar novamente a ser criança Guardando, dessa vida, só beleza... Mas o tempo passando me sussurra Esquece! Pois jamais serás feliz... Perdido, sem poder ter o que quis A dor se rebelando, mais forte, urra. E em toda essa agonia, a vida passa. Não deixando sequer sobrar um cais, E o tempo sempre fala: nunca mais. A cada novo sonho, uma desgraça A mais, eu vou seguindo em desespero. Muitas vezes pensei ser o culpado De tudo que passei. Fiz tudo errado, Agora, a solidão, o tempo inteiro! Nosso amor começou qual primavera Em plena calmaria, mansa areia Onde as ondas morriam... Quem me dera! Mas a vida, entretanto me incendeia E nas brasas queimando meu futuro, Errei. Valorizei outro prazer. Agora é tão difícil te esquecer, Meu céu nebuloso, mais escuro... A minha alma se arrasta em plena lama. O vento da saudade tudo arrasa. Procuro por teu rosto em toda a casa, Só a quimera dorme em minha cama... O frio desta noite um punhal, aço... Que penetra e me cortando com certeza Acaba destruindo a fortaleza Invade sem ter pena, o meu espaço E rouba esta esperança, plenamente. A dor que me devora, imensa, tanta. Qualquer pequeno mal já se agiganta E passa a me matar, bem lentamente... As garras afiadas do felino Rasgando cada ruga do meu rosto, Expondo esta mazela, o meu desgosto, Aos poucos vão traçando o meu destino... Minha vida, quimera desumana, Perdida, sem sequer felicidade, Fechada em tantas marcas, crueldade, Em plena podridão, só dor emana. Sentimentos confusos, turbilhões, A cada novo dia, mais intensos, Se tornam violentos, são imensos; Aguardo, do destino, soluções! Correntes que me prendem, sou escravo, Cativo do passado tão cruel. Mortalha de tristeza é o meu véu, Nas águas mais medonhas já me lavo... Porém desse fantasma que me ronda, A morte, uma certeza nova traz. De tudo o que mais quero, peço a paz Que trouxe meu amor, numa praia, onda... Da noite que me trouxe escuridão, Ao longe, bem distante, um novo sol; Onde talvez, quem sabe, meu farol. Aos poucos aumentando esse clarão... Os olhos tão divinos vão chegando E posso distinguir um novo brilho. Ao ver essa beleza, maravilho. Cada vez mais os vejo aproximando... Estranho, a tempestade dentro da alma Cessando, lentamente vira brisa... Um olhar tão sereno, já me alisa Na mansidão da noite, tudo acalma... Ar que me sufocava, agora manso. Flutuo levemente, e nem percebo. No carinho dos olhos, que recebo, Incrível que pareça, leve, danço... A terra se tornando tão pequena, Os astros se aproximam, mais e mais... Em todo esse universo, tanta paz. A felicidade morta já me acena... Os olhos acompanham, sorridentes, O vôo que prossegue em calmaria. Da noite que vivi, um pleno dia... Os males se parecem quais dementes. E cada vez menores, não os vejo... O claro que se mostra, me domina Em festa todo o brilho me alucina Aos poucos realizo o meu desejo. Sorrindo, se aproxima a boa sorte, Sem máscaras, aberta, mostra o peito. E dentro, um coração mais satisfeito, Recebe, em alegria, a minha morte! X Que tua vida traga a mansidão E também a loucura e o sofrimento Que te faça ter paz e ter tormento Elementos que formam a paixão. Alegria em um dia, a dor, tristeza, Pois sem elas jamais serás feliz. Todo o contraste forma esse matiz E na diversidade está beleza. Somente em sofrimento cresceremos Esta é uma verdade inquestionável Pois toda a maravilha é ser mutável Mas acima de tudo, nos amemos, Quando ele se refaz se fortalece, Não deixe que saudade te domine Ela nunca terá luz que te ilumine Se encontra na penumbra; estão, esquece. Mas deixe a fantasia renascer Nela está o teu sonho, companheiro, Mas não se esqueça; amor só verdadeiro, Senão em pouco tempo irás sofrer. Aceite todo o brilho de quem amas, Poderá clarear a tua estrada Mas não fique na sombra, iluminada, E saiba que produzes tuas chamas. São tuas não apague-as jamais. Pois amanhã terás teu próprio dia A noite, sem teu lume, será fria. E mostre que também tu és capaz. Não deixe que esperança te atormente E te impeça de ver a claridade, Mas não a deixe morta. A liberdade É feita em tentativas, sempre tente. Porém nunca desistas deste amor Que guia e que transforma nossa vida, Lembre-se que de toda despedida Nos traz um novo encontro, traz calor. E tente ser deveras humorado Mau humor contagia e fere fundo. Por vezes se espalhando num segundo Não deixa que ninguém fique ao teu lado. Terrível solidão, tão importante. Quando estamos sozinhos, nós crescemos, Pensamos, torturamos, conhecemos E talvez não erremos adiante. Saiba que dessa treva faz-se a luz, Deste tempo nublado, em tempestade O mundo nos trará fecundidade. Das lágrimas celestes se produz. Não há nada nocivo totalmente Nem nada que não seja tão benéfico Com certeza, benéfico e maléfico, Se encontram no veneno da serpente, Até na doce abelha em favo, mel, A morte pode estar a nossa espreita. Nenhuma criatura nos foi feita P’ra nos satisfazer. Deste pincel, Aprenda que o conjunto nos revela A beleza final de toda essa obra. E se nunca cuidares, a vida cobra, Não deixe que destruam esta tela, És dela, personagem e como tal, Também irás morrer se não cuidares, Das águas, das florestas e dos ares. De todo vegetal e do animal. Ânima, animado, alma, como a tua. Receba a doce brisa deste amor, Incorruptível, mágico senhor, Que traz toda a beleza da alma nua. Também deixe que a música te invada, Ela amenizará os teus tormentos, Com ela uma certeza d’outros ventos, Descansa nossa vida tão cansada! A cada flor que nasce um novo tempo De vida que refaz em própria vida Da morte muitas vezes dolorida. Este ciclo não deixa contratempo. A tua própria morte é necessária Senão como teremos nossos filhos? O trem que descarrila dos seus trilhos Deixa toda a viagem temerária. É preciso seguir sempre, não canse; Não deixe este desânimo vencer. Embora preguiça é bom de ter, Seja hoje ou amanhã, teu sonho alcance, Mas, se não conseguires, não desista. Depois, prorrogação, se Deus quiser! E venha, sabe Deus, o que vier. viver a cada dia e ser artista. Todas as promessas são de paz. Em todas as discórdias, o bom senso. O mundo é tão pequeno e tão imenso, Acaba num segundo e nunca mais! Por isso, companheira, por favor, De tudo que eu já disse nos meus versos, De tudo que houver nos universos, O que nos salvará? Somente amor! X Em plena multidão estou sozinho Procuro pela face que não vejo A mão que me tortura, a do desejo, Não deixa que eu encontre meu caminho... Por vezes, esquecido no meu canto Busquei a mais cruel felicidade Às horas se passaram sem vontade E tudo terminou num triste pranto. Vencido pela triste coincidência De teres me olvidado totalmente O resto do que trago não desmente E a vida necessita paciência O negro da mortalha que carrego Dentro d’alma não deixa suspirar, Vontade de morrer em meio ao mar Porém se perguntares sempre nego. Não quero que tu saibas quanto peno, Seria isso por certo, uma vergonha, Minto-te, mas te digo que é risonha A vida e que meu mundo é sempre ameno. Cortado pelo frio que não sentes Espero que consigas ser feliz, O canto que te peço terá bis Mas deixe que se sirvam as serpentes E levem o que resta para o fausto Banquete que terão ao fim do dia. Agora que me envolvo em poesia Não deixo que tu rias deste infausto. Em plena multidão meu sofrimento Aos poucos me consome e me devora Quem sabe se depois que for embora A noite não te deixe um só momento. Eu quero tua morte em duras cenas O gozo da vitória sorrirá E cada dia sempre sofrerá As mais cruéis terríveis, e vis penas. Mereces toda dor sem ter nem tréguas Os cortes no teu peito mais profundos Os sonhos te transtornam vagabundos Arrastas as correntes por mil léguas As serpes te mordendo e te sangrando Aos poucos tua pele decompõe A dor sobre teu corpo sobrepõe E tua pele arraias devorando. Vencida e se arrastando pelo chão Em braços que te batem teus carrascos De todos os que queres nojos, ascos, O cheiro em tua tez de podridão. Verás neste segundo que te chamo E,embora maltrataste inda te quero Apesar de todo podre mundo fero, Eu quero que tu saibas que eu te amo! X Não caminho sem medo pela estrada Pois percebo que trazes meu futuro Sem dúvida parece bem mais duro E não impede as dores da chegada. Vencido pelos medos e bravatas Alcanço meu destino em cada porto A saudade trazendo semi morto Só me deixa as derivas das fragatas. Mentiste mas por isso sempre adoro A cor que não consigo desfrutar E canto sem ao menos esperar Pois sei que ao fim da tarde não demoro. Não luto sem temer a valentia Que trazes escondida no bornal Aurora que não seja boreal Esconde a mansidão do novo dia. Voltando deste espaço que não tive Respeito essas mortalhas que fizeste O vento me levando a sudoeste Em versos que não fiz ainda vive. Na glória de lutar tudo consiste O medo, a valentia e a coragem O tempo não permite a nova aragem Eu não posso ficar deveras triste Nas luzes que prometem alvorada Espero pela curva que não veio A mão vai passeando no teu seio Depois de toda noite resta nada. Agora que disperso meus sentidos E sinto desta noite seu bafejo De tudo nesta vida o que desejo Resume meus amores nos olvidos. Mas não te permito este descaso Nem vejo teu amor por solução Se queres é melhor dizer-me não Do que me condenar ao triste ocaso. Versejo sem ter medo de teu canto Pois sei que no final esquecerás De tudo que puder serei teu ás E sempre servirei ao teu encanto. Destarte de desejo todo dia Um gozo que jamais receberás Agora se não temes temerás O medo de portar a fantasia Desculpe se te trago minhas dores, São formas de mostrar que tanto quero Na soma do que temos desespero Do que resta se formam os amores. Vencido por procelas e tempestas Me resta meu delírio e fantasia Não deixe de tentar raiar o dia Depois de tanto gozo e tanta festa... Por certo não te esqueço nem desejo És feita do meu sal e do meu sangue Amor quando se exprime morre exangue Depois desta delícia que é teu beijo. Mas amo e com certeza não dispenso O gosto de teu mel em minha boca A lua que te trouxe morre louca Em motes que traduzem o que penso. Vencido sem ter forças nem coragem Prometo pelo menos muita luta A noite que te trouxe já te enluta Apenas mal começa essa viagem. Adeus não mais permite quem te clama Certezas que encontrei em teu suspiro Amor quanto mais queixo mais transpiro E deixa que eu não arda nesta chama Assim se te mordi e não gostaste Veremos qual o fim deste poema No fundo não viver virou o lema E tudo que me trazes não ganhaste. Vencido pela ausência deste amor Espero que não digas que me queres O mundo que me fere teus halteres Serão os vasos negros do pavor! X O dia mal nasceu E estou totalmente embriagado. Noite passada Amor passado Todo o passado Deixado nos goles do aguardente. Aguardo o nascente Do novo dia Que, sei, jamais virá. Aliás, tudo isso é muito engraçado. O tempo O passado O futuro E essa aurora que nunca vem. Eu pego o trem E vou morrer na cama Que é lugar quente! X Indas e vindas Visitas meu coração A cada semana. Finge que fica Fica mas finge Esfinge Tu vais No primeiro trem que passa. -Breve voltarei. Nova ameaça Outra mordaça A cachaça disfarça Mas não alcança. A vida avança E a mesma contradança. Finge que fica E sempre vai embora. Amor tem hora? Amor tem tempo? Respeito a liberdade De chegar quando quiser. De ir embora e, se puder Voltar. Mas estou cansado Ameaça e não resiste, Voa. Amor moleque. Tomara que se arrebente. Depois a gente sente E fica a ver navios... Que vão para outro porto Que vão para outro cais E a gente? Jamais X Meu verso sem juízo Não quer deixar meu peito em paz. Inquieto, insatisfeito, Faz que vem mas jamais... Verso mais audaz Tem vida própria Se apropria ,desapropria E o quê que eu faço do meu coração? X Vida moleca Na boneca do milho, Traz um gosto desse tempo Em meio a tantas brincadeiras Que a fogueira da saudade sempre acende... Água doce, cana doce, doce mel, tudo foi-se Restou a foice da saudade. Quanto dói. Meu pai trazia esperança de sementes Na terra escancarada, aberta em covas. Na chuva que caia, pleno êxtase, Deste orgasmo brotava a nova vida. E da nova vida, a nova vida, renovação. Plantação. Restou saudade. Aguada por outras águas Que brotam Da fonte Coração X Minha alma entristecida dobra um sino Por esse nosso amor que hoje se vai. A chuva dolorosa já se trai E mostra nestas lágrimas, destino... Na vidraça entreaberta uma falena Em vôo sem sentido adentra o quarto, Nas asas deste inseto também parto Em busca de outra plaga mais amena... No vento em doce brisa, meu revôo Por sobre multidões de flores tristes, Relembram por instantes que inda existes Os túmulos d’amores sobrevôo... A mariposa ri, mais debochada E mostra em pleno céu, um arvoredo, Seu lar em tempestade, meu degredo, A terra toda em lágrima encharcada... Depois, como em milagre, tudo acalma, A chuva que caia, traz o sol, Nos olhos da falena, um farol, E na falena posso ver minha alma! X Procuro meu deleite nesta vida De lágrimas curtidas e sedentas, Embarco minha vida nas tormentas Aguardo pela lívida partida. Por onde quer que siga, fugidio, Meu barco não consegue mais um cais, O medo de viver torna incapaz O sonho de encontrar meu mar, teu rio... Na foz do teu amor, meu mar sereno, Nas águas do meu mar, tua água doce. Quem dera meu amor se fosse Tranqüilo nosso encontro, mais ameno... Porém em tempestades sempre trago, As águas do meu peito tão bravio, Perturbam águas mansas do teu rio, Provocam em nosso amor, medonho estrago. A culpa desta estranha pororoca É de outras correntezas já passadas, Deixam em tsunamis vis, marcadas, As ondas que este amor sempre provoca. Mas com certeza, um dia, acalmarão, Trazendo calmaria no meu mar. Aí talvez eu saiba como amar, E esqueça de querer louca paixão! X Plantando tantas vezes em meus sonhos As flores que tentei sempre morreram, Do jardineiro, os sonhos se esqueceram, Agora me prometes mais risonhos Os dias que jamais esquecerei, Em todos os tormentos que passei, As flores com perfumes maviosos Dos sonhos que prometem-se olorosos. As hastes destas flores que brotaram Ao vento manso pêndulo, balançam. Meus olhos, os destinos bons alcançam Nos sonho que, em delírio, me encantaram... Embora não consigo disfarçar A alegria que invade minha noite, Temendo por final e duro açoite Nas horas mais difíceis de sonhar Esqueço que jamais, felicidade Esteve do meu lado, por um dia, E toda minha louca fantasia Espera por temível crueldade! As dores em minha alma, vil colméia Aguardam pelas flores, doce mel, Porém o meu destino tão cruel, Só fez brotar carnívora dionéia! X A noite que te trouxe em amargura, Inunda toda Terra, sofrimento. Em cada novo canto, meu lamento A noite que te trouxe, tão escura! Agora que persistes em ficar A cada novo dia o meu martírio, Em vão procuro a lua, em meu delírio E nada de encontrar o meu luar. Não deixas nem sequer pensar sozinho, Dominas meus desejos e receios. Carregas multidões dentro dos seios Embora me garantas ser meu ninho. Depois de tu vieste, mais ninguém, As horas não se passam, cicatrizes De tempos que julgava mais felizes De novo, a cada noite, traz alguém. Mataste o que já foi felicidade, Agora és minha noiva e minha amante. Já não me largarás um só instante. Tatuada em minha alma, uma Saudade! X Angústia dominando a minha noite! O medo de perder-te me devora, O tempo não se passa, a vida chora, E queima em minhas costas como açoite! Meu pensamento voa e me tortura Se deita em minha cama, triste fera, Em dor, toda a minha alma se tempera, Deixando um certo gosto de amargura. Quem sabe não terei o meu descanso? O vento me responde um não feroz, Em lanhos, minhas costas, dor atroz, E em meio a tantas pedras, noite avanço. Saudades são mortalhas que carrego, No peso desta vida, vão granito, Um grito, meu lamento, no infinito, Os mares da tormenta eu já navego... Escute, minha amada, sou um rio Que em margens desmatadas, assoreio. O sangue se espalhando por meu veio, E embalde tanta dor, inda sorrio... X Amor meu companheiro de viagem, Por quantas madrugadas desfrutamos Das dores e ternuras que inventamos Dos ventos e tempestas, das aragens... Em camas e motéis, tanto calor, Banquetes de desejos, mil talheres, Nos corpos seminus, muitas mulheres, Gigantescos delírios, pouco amor... Nas luas que, em vermute, me enlouquecem Nas vozes e cantigas, nos bordéis, Nas hordas mais incríveis, de viés São coisas que vivemos e se esquecem... Por quantas noites, santas rebeldias, Paixões, velhas doenças que torturam, E somente em paixões novas se curam. E ferem sem marcar os nossos dias. Amor, meu companheiro delirante, Passamos tanto tempo em minha vida Chorando e renovando a despedida, Durante toda a vida, meu amante! X No mar que mergulhei minha saudade Nas ondas que me trazem as lembranças Nos ventos mais terríveis, as vinganças Que a vida preparou, contrariedade... As nuvens que me mostras, negras, densas, Descrevem maus agouros, minha sorte, A chuva que virá, por certo forte, Em cascatas trará dores imensas O meu sol desmaiando no poente Esboça sem ter raios, meu futuro, O tempo que virá, trará no escuro, As sombras que vivi sem ser contente. Embora meus caminhos foram tantos Que mesmo nas escarpas não caí, Em pleno mar feroz sobrevivi, A vida que passei tão sem encantos.... Percebo que na vida, quase nada, Sem ter a fantasia que alimenta Dos mares e do sol que tanto esquenta. Me coube ser a areia, vil, pisada. X Velho, tristonho, sigo sem sorriso, A vida me negou o alvorecer, Na ausência de uma vida, vou morrer, Talvez, encontre enfim o paraíso. Os versos vãos de amor que sempre invento Falando dos amores que não tive, Ao menos, por instantes, se revive O sonho que deveras, já nem tento. Distante, bem longínqua mocidade Esboça a fantasia que matei. Nos dias enfadonhos que vaguei, Não resta nem um pouco de saudade. Não fui e nem ao menos tentei ser. Agora que meu tempo já se esfuma Nem ondas nem areia nem espuma Nem resto deste mar eu posso ter. Velhice que se chega sobre o nada, É morte que não teve sequer vida. A chance de viver se vai, perdida, Na tarde que não teve uma alvorada! X Se por acaso um dia me deixares Durante as tempestades do caminho; Em fogo lento, ardendo, mais sozinho, Eu me esfumaçarei pelos ares. Tua presença amiga é meu sustento, A força dos meus passos, minha meta. Se tento em pobres versos, ser poeta Carrego meu amor exposto ao vento. Não deixe que esta chama boa apague, Por mais que nessa estrada, seus perigos, Por mais que em cada curva os inimigos, Amor com mais amor, deveras, pague. Vencida pelas urzes, matarás. Vencendo tais mazelas, minha glória! O amor, que está presente na vitória, Dos louros desta luta, traga a paz! X Sei que quando te traio, traio o amor, E o amor não deve nunca ser traído; Porém tu não percebes tal sentido Que faz com te enganes, sem pudor. Movido pelos mesmos desenganos Que há tempos nos convidam a sair E, mesmo, nos impelem a trair, A vida me legou diversos planos. Carinho desde sempre abandonado, Desejos esquecidos sem encanto. Amores me tomaram para espanto Dos sonhos que vivemos no passado. Eu te peço que me ouças, ao partir: Amor sem ter amor , em nossos braços, Procuro teu amor pelos espaços, Cansado desse amor tanto pedir. “Eu te perdôo, amor, por te trair!” X Qual pena por amar-te assim, mereço? Perdoe se te causo sofrimento. Pois quem de amar, na vida, está isento? E se amar for pecado, eu me confesso. Em cada novo sonho, o meu fiasco, A cada madrugada, uma lamúria. Sou vítima da dor em sua fúria Amor passou a ser o meu carrasco... Só quero que tu saibas, nada peço, Apenas que desculpes meu amor. Lastimo que te cause tanto horror, Eu tento e não consigo, eu não te esqueço. Às vezes me pergunto e não entendo Como posso ferir alguém assim? Pois, por certo sou vil e tão ruim. Pelo fato de amar eu tanto ofendo. X Bem sei que é dura a pena que mereço Por ter te magoado, com dureza. Tu falas com desprezos e aspereza; Perdão, pelos meus erros, eu te peço. A dor que me provocas, merecida, As lágrimas que causo terão fim. Pois tudo o que já sei, melhor em mim, A minha alma à tua alma, oferecida. Carrego, desde sempre, esse defeito; De ser tão machucado pela vida, A cada novo passo, uma ferida, Ferir também pensei ser meu direito... Nem sinto, muitas vezes, que te ofendo. Por isso é que me calo, quase mudo, Meu coração usando como escudo, Com duros dardos sempre me defendo... X Ao nosso amor, servi a vida inteira, Sem ter ao menos paga nem vitória. Não mais pretendo noite merencória, Nem flecha de Cupido tão certeira. Não vejo mais futuro nestes planos Não quero ser servil nem ser tão vil Que pense que este sonho pueril Traduza tão somente meus enganos. Imagem que pensara redentora, Esvai-se na fumaça do tormento. Quem trama esse terrível sentimento Não é, hoje, nem sombra do que fora. Por isso minha amada não lamente A culpa, com certeza não foi sua. A vida sem seus braços, continua; Minha alma é que alimenta esta serpente! X Se pago, com amor, a penitência Por erros que cometo a cada dia, Deveras aumentando tal sangria, Aos poucos vou perdendo a consciência. A morte talvez seja uma esperança Que o louco amor por vezes desobriga, Se em minha juventude já castiga A cada novo tempo uma vingança. Quando chegar, enfim, o meu inverno, Mal posso imaginar se terei vida. Melhor antecipar a despedida Do que viver a vida neste inferno! X Suspiras por alguém que não te quer, Pressentes, com tristeza e tanto medo, Que embalde tentarás um novo enredo, Usando teus segredos de mulher. Não sabes que a Fortuna, tão ingrata, Por vezes se alimenta dos enganos. Se perdes, por acaso, verdes anos, Ao veres, teus cabelos quase prata. Não deixes que estas falsas esperanças Dominem os teus dias mais felizes. Ciúmes, com certeza já me dizes, Por teres desprezado as alianças Que um dia, tresloucado, ofereci. Desculpe se te trago, inda no peito, Amar parece ser inda um direito Embalde, com certeza eu te perdi. Mas saibas que não quero mais a chama Que, um dia, incendiara minha vida. Eu sei de que minha alma estás perdida. No fundo é meu amor que ainda te ama! X Sustenta minha vida , essa esperança Nascida num momento mais feliz Poder ter, finalmente, o que mais quis, Um vento que transforma, de mudança. O bem que mais queria, confiado Aos braços tão cansados desta luta. Minha alma sequiosa não se enluta Nos olhos deste amor, sou sustentado. Suspiros que arrancara, há tantos dias, Nos trêmulos carinhos que não tive, De tais recordações minha alma vive, Embora se permita fantasias. Ao fim de tal jornada, uma surpresa Permite que eu sossegue meu lamento. De tudo em minha vida, meu sustento, Amor não me deixou sua leveza. Agora que não tenho quase nada, Que a noite se aproxima, em meu crepúsculo. Num fulgor que estonteia, pois maiúsculo, Tu vens iluminando minha estrada! X Que te levou de mim, amado sonho Que em tantas noites foi meu companheiro? Procuro por teu braço o mundo inteiro, Esquecido da sorte a que proponho. Recebo estas lufadas do passado Que dizem que jamais tu voltarás, Por onde, quais caminhos, andarás, Deixando –me deveras mais cansado. Bem sabes que amputaste meu futuro Ao veres a minha alma desnudada, Em troca não deixaste quase nada A não ser este vazio tão escuro. Amor que vai sugando tudo em volta Buraco negro, nada te resiste. O tempo de viver que inda me existe Não quero que se torne só revolta... Amor que desamor trouxe em cuidado, Chorando, minha sina continua Quem nasceu em pureza, alma tão nua, Por toda a vida segue assim, chorando... X Beleza traduzida nesse amor Que salva e que me torna qual gigante Promessas dum viver mais delirante Em meio a maciez, manso vigor... Vivendo deste amor em harmonia, Preparo minha entrada ao paraíso, De tudo, neste mundo, que preciso, Encontro nesse encontro de alegria. Amor que nos transporta em vivo sonho, Por mares e cascatas e delírios Na pureza, esperança lembra os lírios Citados por Jesus; amor risonho... Transforma-se em sinônimo: beleza Renasce da beleza em que se fez, Transmuda-se em beleza tanta vez Perpetua a beleza na beleza... X As flores me traduzem primavera Assim como traduzem sofrimento. As rosas que perfumam num momento Em látegos espinhos vira fera... Também amor, mortalha e alegria, Em cores deslumbrantes faz feliz Depois, modificando seu matiz Nos mata e não permite fantasia... Vencido pelas dores dos espinhos, Assim como saudade nos amores, Belezas e prazeres nestas flores, Tal qual nos nossos doces ninhos! X Minha ventura exposta, num contexto Expõe todo o meu peito em desventura, A vida não seria essa aventura Nem mesmo serviria de pretexto. Vivendo sem temer contentamento Pois muitas vezes arde, até machuca. Saudade de sofrer já se caduca, Embora necessite sofrimento... Amando como amei-te sem ter prazos, Nem tempo nem tampouco pouco espaço Desejo teu desejo num abraço, Os olhos lagrimados, d’água, rasos... Falando da peçonha, amores plenos, Espero o viperino e manso beijo. Depois de tanta mágoa já desejo, Viciado que estou, em teus venenos! X Em meio a desamor passei a vida, Esperava teu colo e não vieste... Amor que em pleno amor somente investe, Aguarda pela fria despedida... Não posso mais tentar um novo plano A salvação não veio e nem virá, Meu mundo, em desamor se ruirá Somente restará um ledo engano... A morte pesarosa companheira, Por certo sempre ronda meu caminho. Se ultrapasso os obstáculos sozinho, Quem sabe terei sorte verdadeira Se vieres ao lado. Te pedi Porém eu já percebo com temor, Que nada vencerá teu desamor, Eu sinto que para isso, em vão, nasci! X Nas lutas que travei contra a saudade, Embalde muitas vezes derrotado Desde que chegaste e tenho-te ao meu lado, Sem medos, consegui a liberdade! Nossas armas usadas nas batalhas Não foram num segundo descobertas, Tampamos as feridas mais abertas, E nunca demonstramos nossas falhas... Nas guerras que travamos, sem sossego, Os poucos arranhões, cicatrizamos. E cada vez mais fortes nos achamos, Unidos a um desejo; nosso apego... Saudade se alimenta de paixão, E sempre, traiçoeira, na tocaia, Penetra mal paixão, vadia, saia. Porém sempre é vencida por perdão! X A Fortuna invejosa desta sorte Que se abate por sobre nossas vidas, Profere em agonias desvalidas E queda-se aliada à dura morte. Em versos meus inflamo esse desejo Que impeça tantas formas de desdém Fortuna desejosa deste bem Embalde nos tomando, num lampejo... A pária solidão nos atocaia Embaixo dessa cama onde deitamos E sempre, com prazeres, nos amamos, Tentando impedir que a lua saia... Não temo esta Fortuna desdenhosa Pois tenho teu amor sempre ao meu lado, E contra tua força nem o Fado Nem a Fortuna vencem, valorosa! X Nos olhos sem sentido da saudade Amor em solidão deitou quebranto, Negando a maciez de um novo canto, Aprisionado, pede liberdade... Vencido pela dor e sofrimento; Amor sem ter promessas se desfez. Agora que a saudade toma a vez, Nas dores desse amor, todo o lamento... Quem sabe se saneie por inteiro, E possa ressurgir purificado. Sem ter sequer vergonha , ter amado, De novo seja eterno companheiro. Quiçá um novo dia, então, se faça Erigido dos túmulos da dor, E dançaremos livres, sem pudor, Nosso peito desnudo, em plena praça! X Nas penas que me causas, sem pudor, Apagas belos lumes das estrelas, E matas esperanças, minhas velas, Naufragas meu saveiro em desamor... Não podes traduzir as tempestades Que foram, cada dia, mais potentes. As dores se tornaram envolventes, Sem o brilho estrelar, obscuridade! Com o tempo, essas penas desbaratam, E não restam sequer mínimos traços. Estrelas voltarão aos seus espaços E as tramas dolorosas se desatam. Aguardo feramente tais mudanças, Numa aspereza tal que já me estanho, Pois depois desta perda virá ganho, E os ares venenosos das vinganças! X A sorte me acompanha, destemida, Nos dias em que tenho teu amor. Vencendo todo trágico temor, Eu vejo renascer a minha vida... Nos tempos mais doridos, quis a morte, Que para minha sorte me esqueceu. O mundo que perdia, fora ateu. Hoje em teu braço, carinho que conforte. Não vejo meu retrato na parede Que trama toda a sorte da saudade, Estou nas belas teias, realidade, Das fontes onde mato minha sede. Não deixe que este encanto se desfaça Mas vamos, ao contrário, mais felizes, Amarmo-nos nos vários chafarizes Que forjam a beleza em cada praça! X Teus olhos são as flores que desejo No jardim maravilhoso que sonhei. Deveras tantas rosas já plantei Mas em nenhuma delas inda vejo Beleza como tens nos teus olhares, Meu canto que traduz o manifesto Mais puro, mais feliz e mais honesto Do que todas as preces nos altares. Feliz por desfrutar desta beleza, Se bem que depois disso, mortas flores Que invejam tanto brilho e os olores Que fazem-te suprema natureza. Deveras compreendo este ciúme; Beleza também têm as pobres rosas, Que são tal qual teus olhos olorosas, Porém não trazem todo esse teu lume! X Contra o mar, tempestades e procelas, Vencendo nossa nau, mansa flutua. Os raios desta noite, em plena lua, Deliram nossos céus em mansas telas... Não deixe esmorecer nossa vontade, Com força que derruba o sofrimento Que sempre nos proponha calmo vento Nos dando esta perfeita liberdade. Amiga como é bom saber que te amo! Se trazes meu destino em tuas mãos, Mais forte construímos nossos chãos E sem motivos, nunca mais reclamo... Que a morte, desejosa, não nos veja Tampouco esta alvorada em novo dia, Nem mesmo uma invejada fantasia, Que, mais que todos, sempre nos inveja! X A Razão vencedora da batalha Que travo noite e dia contra a dor. A morte sem remédio, deste amor, Esboça-se no corte da navalha... Quem vive neste mundo sem razão Deveras sofrimentos o alcança, Maltrata qualquer traço da esperança E esgarça totalmente o coração; Que, pobre, pelas ruas já mendiga Pedindo por migalhas de carinho. Não quero meu amor sempre sozinho, Por isso te proponho, minha amiga. Bem sei que estás ferida por paixão Que tanto magoou quanto sangrou. Bem pouco do que foste já restou, Quem sabe das migalhas nosso pão? X Eu sempre receei o teu amor, Trazias, eu bem sei, desconfianças, Embalde minhas fortes esperanças No fundo prometias desamor. Valendo do provérbio que me diz Que quem espera, é certo, sempre alcança, Fiei-me de viver nossa aliança. Que um dia me faria mais feliz... Perdi todo esse tempo nesta espera Que nunca traduziu-se na verdade, Nem lume ou esperança ou claridade, Vieram, só deixaram u’a cratera. Promessas e desejos não bastaram Talvez eu seja um mau semeador, Nos grãos que eu escolhi, decerto amor Entre as sementes nunca se encontraram... X Meus olhos te percebem nesta estrada Distante dos meus olhos caminheiros, O brilho que me mostras, verdadeiro Reflete nesta noite enluarada... Durante tanto tempo em minha vida, Busquei pelo brilhar dos olhos teus, Embalde nos teus olhos quis ver Deus, Em cada nova aurora amanhecida. Vestido da ilusão que me tomara, O tempo se passou e te perdi. Dos olhos que mostravas me esqueci, A jóia de viver tornou-se cara. Depois de tanto tempo e sem costume, Ao ver o brilho manso que trazia; Reparo como é grande a fantasia, Do brilho dos teus olhos, vaga lume... X Perdoe meu amor em desatino, Em tantas madrugadas me perdi, Nos sonhos que jamais eu me esqueci Traduzo as ilusões deste menino Que mora sem licença no meu peito Inda se achando pleno de direito De maltratar meu pobre coração! X Agora que acendeste este luzeiro, Não deixes que a fornalha nunca apague, Bem sei que vez em quando, tanto blague Esconde nosso caso verdadeiro. Nas esporas teu corcel perdeu o rumo, Pantera desdentada inda me beija. O mundo que sonhei não se deseja Nem mesmo permite novo aprumo. Regresso em nossa noite enluarada, Vasculho no teu corpo cada canto. A fonte do que sempre deu encanto, Encontro seu caminho, minha amada. E vamos retornar à noite calma, Deitados e sangrando sem ter nexo, Amores que traduzem nosso sexo, Nos dando, num momento, uma só alma! X Proponho não guardar mais o segredo Vivermos nossa vida sem temor. O tempo desfará qualquer um medo Embora em nossa cama, tal pavor Que sempre nos trará um novo enredo... Desejo de beijar a tua boca Depois fugir correndo sem ter rumo. A mão que te deseja morre louca... Depois de tanto não já me acostumo. No fundo essa verdade era bem pouca... Meu barco vou levando docemente, E sempre meu caminho sigo atento. Se mente ou se remete, já desmente, A nau que se flutua sem ter vento. Na boca que não beijo, mais contente... Agora nossa noite traz a lua, O sonho de viver tão doce fado, Embora sem certezas, continua É bom te ter deitada aqui do lado, Principalmente assim, exposta e nua! X Abstrato desejo de viver Torna-se violento em meu outono Causando a sensação dum abandono Embora, com certeza irei morrer. Ao ver a tua imagem traduzida Em vários e espelhados desenganos. Lembranças d’outros tempos mais tempranos Reforçam meus amores pela vida. Ao ver teu corpo nu tão longemente Nas páginas viradas do caderno Que trago na gaveta deste inverno, Em voltas desconexas minha mente Retorna aos destinos pueris, Dos sonhos que alimento, ser feliz, E, vejo que não passo deste sonho, Da vida refazendo uma ilusão. Morrer é quase sempre a solução De tanta dor que trago, mar medonho. Prossigo sem rever tua nudez, E sinto que jamais a reverei Eternidade sei que não terei, Porém na morte, a vida se refez... X Perdoe, mas morrer de amor! Quem me dera pudesse acreditar nessa balela Amor não mata, cura e salva e, às vezes faz neném... O que mata é desamor. Diz amor e não é Assim como o que mata é a fome E não a vontade de comer. Quem ama não se engana nem engana, Quem desama, desengana... A sorte é bem engraçada e sem vergonha Boa ou má depende do ângulo Que se veja. Que se creia ou que se doa. Se perde, perdoa, assim dá pé, senão: Desamor! Menina quero tua crina tua sina e teu mel.... Bacana, se a cana vem, Se não vem, sacana e vira fel: Desamor... Receba o meu beijo Se quiseres, Se não queres e não flores, minhas dores, meus perderes... Nem preciso dizer que desamor... Agora é melhor a gente se empaturrar de amor. Não dá indigestão, somente empaturra e ilumina. Fica bonito, milhões de quilowats. Mas se não conseguir tal feito, (Há estômagos mais sensíveis) Pelo menos tome um trago, Coma um pouco E viva feliz, Ou melhor Podes até morrer feliz. E isso é para poucos. Morrer feliz é uma arte, Destarte AME. Se quiseres podes ir treinando a alma. Com certeza vai aumentando a capacidade de amar Até que, sublime felicidade, Possas empaturrar-se de amor. Aí ninguém te segura! Vai ajudar ao céu brilhar um pouco mais. E serás eterno.. X Vencido pelo medo de perder Quem por toda a vida sempre quis Espero viajar no ser feliz E, enfim rever vontade de viver... Negro cavaleiro sem corcel Em plena madrugada me perdi Estrelas dos amores que vivi Espreitam nas escadas lá do céu. Mas deixe estar, a lua voltará E me trará nos raios que perdeste; Dos medos que te trouxe, conheceste A luz que para sempre brilhará. A mansa vastidão deste universo Diverso do que sempre imaginastes, Por mais que liberdade desejastes Não sabes como é livre esse meu verso! X Minhas lágrimas, gritos e tormentas Tolos, vago espaços, mais remotos... Nas irradiações, rotações lentas. Guardados os teus olhos, velhas fotos Amareladas quedam-se esquecidas... Os anjos, os arcanjos vão passando, Proclamam tanto amor por pobres vidas. Nas tormentas celestes, renovando... Religiões, enigmas, convulsões Das hiperestesias, dos portões Abertos nos castelos do meu sonho... Deliciosamente uma ambrosia Regada ao néctar; lúbrica folia... Transmudam meu delírio, enfim risonho... X Os cabelos caídos sobre o colo, Negritude divina em alvo viço. Contraste mavioso, céu e solo Serpenteando... Quanto te cobiço! Na trança distraída, o esplendor. Meu desejo transborda e narcotiza... Por vezes se imiscui tolo pavor, Nas minhas catedrais, sacerdotisa! Delírios sensuais na bela tela, Uma obra prima feita do prazer. Cabelos negros, crinas, sela... Vontade de ficar, voar, viver... Galopo meus desejos infinitos... No corpo dessa deusa divinal Que traz para o meu sonho todo o astral... Obrigado meu Deus... Sonhos benditos! Embora não percebas tal mistura Alvor de tua pele tão amena E o ébano sem par desta melena Transbordam de magia essa pintura! X O sol quando encoberto , no mormaço, Lembra-me nosso amor quase falido. Ao tempo vai, aos poucos, corroído Em uma oxidação veloz qual aço. As nuvens no romance já são tantas Que , embora, sempre vente não sustenta. A noite se promete vil tormenta Nas trevas tão ferozes que te espantas. Amor que necessita de cuidado Em queda se transforma em solidão, Esmaga nossa sorte pelo chão E tem o seu futuro destroçado. Mormaço, sem cuidado, também queima Sem brilho, ou alegria nem ventura. Na chama sem prazer que nos tortura Amor se sobrevive só de teima. Lutemos pelo brilho do luar, Que a tarde já se passa, sem encanto. Talvez um novo dia, traga o canto Que possa, nosso amor, revigorar! X Amar o nosso amor, tão simplesmente Que nada se compare com seu brilho. Que invada nossa vida, docemente E traga em cada dia manso trilho... Amor, em perfeição, mais absoluto. Caríssima vontade, e tal firmeza Que impeça nossa dor na correnteza Que leva com certeza ao triste luto. Não me deixe estar só, um só momento, Somente sem ter luzes, me embaraço E tropeço, te peço que este laço Nunca afrouxe!Remoce o pensamento. Amar o nosso amor, é ter o mundo. E não saber de perdas nem enganos. Amor que já nos torna soberanos, Libertos e vassalos, num segundo. X Tenha certeza, amor não te neguei Nem posso imaginar, esteja certa. Trazendo na minha alma de poeta O brilho desta lua, negarei? Amor em minha vida sempre esteve Nos versos que te faço e que não lês Em todos os meus dias, toda vez, Fazendo com que a dor me seja breve. Amor está nas preces que remeto Aos céus, quando implorando teu perdão, Nos dias onde a torpe solidão Me cobra todas luas que prometo. Estás nas minha noites mais vazias Estás nos meus momentos de ternura Estás até na minha desventura E mesmo nas saudades vivas, frias... Estás nas tempestades e nos ventos Nos beijos da quimera e neste sol, Na cama que não durmo, em meu lençol Em todos os meus loucos pensamentos. Amor, meu companheiro de viagem, É força que me traga e me enfraquece É rumo que se perde e me enlouquece É medo que me dá toda a coragem! X Ilusões transformadas nos jardins Que tento semear nesta esperança. O vento que te trouxe já me alcança Lembrando dos tropeços e dos fins... Meu triste sol morrente sem futuro, Furtando a claridade de uma lua Parece que a tristeza continua No templo das promessas, mais escuro... Porém as ilusões, asas partidas Esperam mais um dia pelo vôo. Que nada... Tanta dor que não perdôo Morando em nossas casas divididas. O mar que se arrebenta feramente, Em todas as falésias dos meus sonhos. Repete esses momentos mais tristonhos E quebra em suas ondas totalmente As ilusões que teimam resistir. A vida, mais teimosa, não quer ir E dorme em minha cama, tristemente... X Num entardecer triste e soberano, Trazendo essas saudades em meu peito Transporto belos sonhos ao meu leito, Quem sabe, pelo menos já me engano! O luto da saudade me pesando Na mortalha cerzida pela morte. O vento que tramita queda forte E vaza nos meus olhos, transbordando... Nas ilusões servis, sem serventia O canto que me trazem os pardais Dizendo um repetido nunca mais Matando novamente um outro dia. Sem noites que me tragam alegrias, Espero o pesadelo de sonhar, Quem sabe se terei um novo amar, E vivas ressurrectas fantasias? X Destino não permite que eu invada A casa que, bem sei, somente tua. A dor que prenuncia em mim flutua E mata minhas sortes todas, cada... Da grave pena trago um desagravo Em vão, pois sabes sempre condenar Me invisto do que possa ser amar Nas águas poluídas que me lavo. Daquilo que mais quero, me negaste E sempre se esquivaste sutilmente. Não queiras que te trague, de repente, A base que sustente uma fina haste. Não quero te omitir, embora peças, Que nada que senti inda carrego, Deste-me tais mares que navego Bem longe das estrelas que tropeças... X Se não posso curar a minha dor, Como queres que eu cure a dor que é tua, Nas dores minha vida continua Embora se resguarde deste amor. A cura que procuras não te dou Por ter dentro em minha alma te esperado Em tempos mais distantes do passado E sempre que te quis sempre negou. Agora que tu queres que eu te cure Bem sabes que não posso te curar Na vida que busquei não pude dar Enquanto houver a dor que me torture Não posso precisar sequer a cura Que tanto necessito por amar-te Poder curar a dor da dor que parte Da causadora, minha desventura... X Banhando o lindo seio em minhas águas, A bela criatura não sabia Que em braços destas braças minhas rias As lágrimas corriam, minhas mágoas... Vertido neste rio que, em cascatas, Amor não permitiu felicidade, Ao ver a triste chama da saudade Em meio a minhas dores fluo em matas. Depois desses milênios solitário, Revejo uma esperança na nudez Nos carinhos que faço em bela tez Nos beijos que transbordo, temerário... Em meio a meu desejo temo enchente Embora se secarem os meus olhos, Alegrias vertendo, como em molhos Talvez do triste rio, vire gente. E abrace tão formosa criatura Fazendo destas luas novos trilhos, Das lágrimas nascendo nossos filhos, Minha alma verterá água tão pura... X Morte cruel amiga e companheira Que sempre determina meu destino Pois desde que te soube, inda menino Acompanho teus passos, derradeira. Embora não te tema, te respeito, E sempre saberei que vencerás, Mas isso não termina a minha paz E sei que este viver é meu direito. Mortalhas vestirei em plena vida Se nunca permitir que venha o amor. Matando não serei o vencedor Batalha que quem vence a traz perdida... Por vezes nos espólios da saudade A morte se demonstra quase inteira Reflete, pois, a morte verdadeira E nega a quem sofre, a claridade. Amando minha morte e seu perfume Talvez essa saudade não persiga E, morto em plena vida enfim consiga Matar essa saudade, de ciúme! X Saudades. Que quereis deste meu canto Se sabes que não quero seus pendores Matando essas saudades nos amores, Desfaço de seus braços, seu encanto. Mal vejo meu retrato neste espelho Que mostram as saudades narcisistas Meus olhos se desnudam, seguem pistas Que não os façam ter matiz vermelho. As verdes esperanças não me deixem! E sempre que as saudades me atormentam, Olhos esmeraldinos me alimentam E fazem que saudades sempre queixem. Envolto nos carinhos da esperança Saudade sempre espia nossos beijos, E mostra seu ciúme dos desejos Que fazem na esperança uma aliança. Não sabem quanto custa ser feliz, Vermelho que propõem não alcanço, No verde de teus olhos já me lanço, Esperança, renasço em teu matiz! X Acompanhando os passos deste amor Por essas madrugadas mais distantes Percebo que seremos bons amantes Sem termos nem saudade nem temor. Vencendo estas estradas dolorosas Que sempre magoaram quem sonhou, Encontro nos caminhos onde vou Perfumes que deixaste em rastros, rosas... Não posso mais seguir em solidão, Minha alma reclamando a tua falta, Nos tímidos espaços a alma salta E espera por teus braços em perdão. Resiste a toda sorte de presságios Às tempestades vis, duras procelas, Às dores mais temíveis e mazelas Às pestes violentas seus contágios, A tudo neste mundo, sem temor. Aos ventos mais bravios, furacões, Às secas, às enchentes aos vulcões, Porém se fragiliza em desamor... X Quem sabe desta estátua da beleza Que um artista esculpira, toda em ouro, Conhece deste mundo tal tesouro Que traz em seu formato, a realeza. Humanos os desejos, mas divinos Os olhos deste artista soberano Que não concebe nunca mais engano E marca em suas obras os destinos... Não guardo nem um traço na memória De outra obra tão feliz e generosa, A mão que te criou, mais orgulhosa, Estampa suas luzes de vitória Nos céus que te desejam todo dia. Nos raios destes sóis multiplicados Por olhos que, morenos, gloriados E feitos qual farol para a alegria. De todos os jardins, completa flor, Olores que presumem maravilha, Beleza que encantando flórea trilha, Desterrando a minha alma em pleno amor! X O tempo que, por vezes, nos maltrata, Contigo, p’lo contrário, te embeleza. Amor tal sentimento que te preza E forja, em teus cabelos, fina prata. Cativo deste amor por tantos anos, Persisto nos meus sonhos desejando. E vendo-te, em contínuo, sigo amando Teus olhos, dos meus sonhos, soberanos. A glória de te amar tão docemente E sempre e cada vez com mais desejo Fazendo com que em manso e simples beijo Amor já se refaça, eternamente. X Belo sol transpassando essa janela Trazendo, nos seus raios, meu encanto, Os olhos que se foram, desencanto, Deixaram esta dor que se revela Em cada canto tímido que faço E sempre que, sem alma, me esfumaço. Cansaço de viver sem ter teu porto Exposto a tantas dores e mazelas As luas se apagaram, as estrelas Testemunhando um sonho semi morto. Das neves que me encharcas peço rosas Embora sem certeza, sempre peço. No pântano insalubre que tropeço Encontro as estrelas maviosas... Amor que me negaste, vivo engano, No pântano em minha alma refugia, E, claro, se alimenta em fantasia À noite em fogo fátuo vai, metano... X Quero ter meu amor, humanamente Embora em seus divinos braços, sonho Meu barco nos seus mares me proponho A viver o manso amor intensamente. Se mente minha sorte e porto nega Procuro e me aventuro noutro cais. Não posso naufragar do amor jamais, Pois minha alma em amor já se carrega. Vencido pela dor não vejo o trilho Que traça essa minha alma sem amor. Por onde for preciso e sem temor Amor já me embalando como ao filho. Embora seja humano meu destino, Embora seja humana a tua boca, Assim como é humana a voz mais rouca Que pede, em desespero, amor divino! X Amor minha perfeita experiência De ser feliz ao menos por um dia Em seus braços meu risco de alegria E nas suas asas próspera excelência. Sabendo que me queres a ventura De ser não tão somente sofrimento, Viver a fantasia em um momento E ter n’alma a certeza que me cura. Embora naveguemos outros mares Que são diversos mas porém se vertem Na mesma dimensão em que convertem De nossa escuridão belos luares. Não somos passageiros sem destino, Vivemos nossos casos separados, Porém se nossos mares encontrados Transformam calmaria em desatino. Por isso não te quero eternamente E ternamente sempre te terei, Não quero teu reinado nem t’a lei Quero poder amar-te, simplesmente... X Quem percebe a beleza deste beijo Nos lábios sempre sábios com que beijas Das dádivas divinas que desejas, As tramas que trouxestes com traquejo. Quem sabe merecer o teu pecado Tantos trôpegos passos mais incertos Que nunca navegaram meus desertos Em naves que concebes sina e fado. Amor que se tivesses, eu daria O mundo, mesmo assim não te bastava O universo que em sonhos te entregava O mar, a terra, o céu, a noite, o dia... E Mesmo assim, querida, não seria Bastante p’ra tão imenso amor. Pois quanto mais te dou, sou devedor, Se quanto mais te amar, mais te amaria! X Salmo 27 em versos brancos Senhor é minha luz e salvação; Força da minha vida, meu Senhor. Eu nada temerei em minha vida! Ainda que um exército me ataque Ainda que uma guerra contra mim, Conservarei a minha confiança! Peço então, ao Meu Pai, e buscarei, Morar em sua casa todo o dia Contemplando a beleza do Senhor! Pois no seu pavilhão me esconderá E no seu tabernáculo, também Nos dias onde houver adversidade! E no seu tabernáculo, o louvor! Mas ouça minha voz, Pai, quando o clamo. Compadecei de mim e me responda. Teu rosto buscarei não o me escondas. Não rejeites teu servo, meu Senhor. E não me desampares. Minha ajuda Tem sido, desde sempre, amado Pai. Se os pais abandonarem, o Senhor É a nossa acolhida, com certeza. Me guie por vereda plana em meu caminho. Ensine meu caminho e me proteja! Não me entregue à vontade desses ímpios Pois contra mim levantam-se, meu Pai. Hei de ver a bondade nesta terra. Espere pelo Pai, animação!, Força no coração. Ele Virá! X Em meio ao abandono, na natura, A aranha tece a teia que protege, A natureza sábia assim a rege Num ato de defesa e de ternura. Aranha, sem saber bem o porquê, Defende-se das tramas da batalha Nas tramas que constrói em cordoalha, Não sabe mas destino se antevê. Assim como essa aranha, um passarinho, Demonstrando também sua defesa Num ato de beleza e de pureza. Constrói, para os filhotes, o seu ninho... Ao ver o homem quase abandonado, Exposto à dor temível da quimera. Que nasce da paixão e degenera E traz, sem perceber, um triste fado, Exposto à valentia e sofrimento Exposto a tais espinhos, pela vida, Da solidão, saudade, tão doída... O Nosso Pai criou um sentimento Que mata a solidão e a saudade, Supera o desengano da paixão. Protege nosso frágil coração: A força alentadora da amizade! X Meu angélico amor tão sem cuidado Desnudo dorme em praças, ao relento... O beijo que me trazes, é do vento Que teima em me lembrar: abandonado! Vestido de ilusões que se frustraram A cada novo dia, mais distante. Os olhos desta minha aurora amante Em meio aos desatinos se levaram... Misturas mais difíceis de entender Amor e abandono não se rimam Porém não posso crer como se estimam E teimam, toda noite, em me esquecer. Contrastes que se tornam sofrimento Desprezos e desejos se entrecruzam De dores e dos beijos tanto abusam Que quase não percebo o triste vento... Deixando o coração em tal tormenta Que embora sou feliz, infeliz sou, Concebo deste quase que restou, A luz que me maltrata e alimenta! X Quem me dera esquecer a dor suprema Que me traz violentos sofrimentos, As noites solitárias, meus tormentos... Quem sabe ser feliz fosse meu lema... Por vezes no abandono de um amor, Não tenho nem descanso nem alento. A morte não me sai do pensamento Trazendo, no meu peito tanto horror! A Desditosa pena que padeço Não permite sequer um calmo sono Sentimento feroz de um abandono Será meu santo Deus, que eu a mereço? Na minha solidão, tanta verdade, O gosto de saber que não vivi. O tempo que passei contigo, aqui, Matando mal nascia, a mocidade! Mas, Mesmo assim, queria estar consigo Amor devorador e sem sentido E tendo esse caminho conhecido, Talvez eu reconheça cada perigo E possa em recomeço, caminhar. Sem medo do tropeço que maltrata, Sabendo que conheço a densa mata, Quem sabe poderei, enfim, amar? X Meu cigarro aceso, Preso a minha ânsia e vontade. Nada de que me farpas me decide. Dramas que invento soam mal. Amalgamando meus ódios e remédios. Sou tédio e te entedio. Sou ébrio e te inebrio Sou sombra e não sombreias... Ombros e escombros meus destinos. Destilas e decides meus desejos. Anátema e teimosia Âmbar e ambrosia. Somos néctares e fanatismo. Trismos e mordeduras. No meu cigarro, asma e miasma. Sou fátuo e não pactuo, Mergulho no vazio que me deste. Me remas e me desfazes. Sou fases e frases, somos impares Aos pares... Faróis e opacidades. Opalas e ônix. Fênix Ressurgirei a cada dia, a cada canto A cada tempestade... X Olhando bem pros teus olhos. Comecei a perceber O quanto que dói a vida, Essa vida por viver. Tens a magia que encanta E traduzes muita dor Nos olhos teus tanto brilho, Refletem o meu amor. Tenho medo, e isso é tudo, Não consigo mais fugir, Do visgo que me prendeste Nada mais vai impedir... Olhando para teus olhos, Reconheci o luar O sol que emitem, transfere, Brilho que morre no mar. Quero a verdade da vida Contida no teu olhar, Esperando a despedida, Com ganas de te encontrar. Me enfeitiças e me tragas, Traz prazer e solidão. Eu quero sempre o teu sim, Embora escute só não. Na fúria dos meus desejos Nunca encontro o teu reflexo. A cada dia, em teus beijos, Despertando todo sexo. Mas, vadias, olhos tontos Me deixas ir sem sentido Melhor morrer, pois então Melhor não ter conhecido, Nunca ter visto afinal Os olhos que arreparei, Pois se eu já soubesse disso, Não amava a quem amei... X Pois eu tanto quisera ser feliz, Ninguém mais, com certeza, merecia, Tantas dores carrego, nego o bis, A vida me deixando a poesia, Tudo que falo, nada mais me diz, Me deixando, somente, fantasia... Quem me dera viver a fantasia, De cavalgar solene e tão feliz, Mas a saudade, cega, vem e diz, Quem amou assim, tanto merecia, Mas de tanto viver na poesia, Felicidade deixou, sem seu bis... Perdido pela sorte sem ter bis, Nem chance de tentar, sem fantasia, Me perco, vago mundo e poesia, Ness’altar que sonhei, viver feliz, Hoje, enfim eu percebo, merecia Bem mais que essa tal sorte vem e diz... Não quero mais saber o que é que diz, Quem me negou poder, num novo bis, Achando que jamais eu merecia, Só por acreditar na fantasia, Que me fez incapaz de ser feliz, Por viver impossível poesia... Quem, portanto, acredita poesia, Quem por ela morrendo, tudo diz, Acreditando nela ser feliz, Mesmo tendo na vida, todo o bis, Por ela viverá da fantasia, Sem ao menos saber se merecia... Mas talvez, melhor sorte merecia, Quem amou vida afora a poesia, Eu sou seu prisioneiro, fantasia... Vem; chega devagar, então me diz: Pelo amor do Senhor, último bis, Me deixe, num segundo, ser feliz... Eu quero ser feliz, bem merecia, Amor eu peço bis, na poesia; Vem correndo e me diz: é fantasia X Amor, minh’alma triste te procura, No amanhecer da vida foste fera; Agora que, saudade já impera, A noite se aproxima, mata escura... Num momento feliz, foi tão amigo; Mas a vida transforma toda gente, E depois, tão cruel, foi diferente, A paz, então, jamais vive comigo... Sentir a baforada dessa boca, Que acalenta a dor, vero sentimento; É conseguir suprir meu pensamento, Dessa ternura audaz, a voz mais rouca... Amor quimera, mera diversão, Que maltrata quem sonha liberdade; Tão faminto, traduz voracidade. Começa a devorar, sem ter perdão... Amor, é doce fruta que envenena, E vicia quem dela for provar; E bêbado, tropeça no luar, Agiganta a que fora tão pequena... Nos lábios, minha amada, meu desejo; Um resto de ilusão bate na porta. Contigo, essa tristeza já vai morta, No cálice fantástico do beijo... Teus olhos, são promessas d’esperanças, Num tempo mais feliz da minha vida. Seus brilhos iluminam a avenida, Por onde caminhávamos, crianças... Nos teus cabelos trazes maciez, Que minha mão jamais vai esquecer; Neles, vou embrenhar-me e conhecer, O que fora da glória, essa altivez... Em teu pescoço; jóias e colares. Em teu louvor cantar todos os hinos, Buscando, nos teus olhos cristalinos, A força que leva aos teus altares... Beber de teu sorriso tanto mel, Saber de tuas noites orvalhadas; Sonhar contigo minhas madrugadas, Por ti, agradecer a Deus do Céu... Amada, tão risonhos os meus dias; Desde o momento mágico que tive, Felicidade igual onde, sei, vive Os pássaros que encantam, melodias... Teus pés de tão macios e pequenos, São obras d’arte feitas com louvor; Por quem foi o mais mágico escultor, Que por inspiração, não fez por menos... E caminhas? Flutuas pelos ares, Teus passos são concertos orquestrados; Meus olhos na procura, extasiados, Desejam conhecer os teus altares... X Eu tenho confiado em ti Meu Pai Andado integramente e não vacilo. Me examine Senhor , estou à prova Vasculhe o coração e minha mente. Sei o quanto és benigno e, por isso, Eu tenho andado Pai na t’a verdade. Não me sento com falsos homens Pai Nem dissimuladores meu Senhor. Odeio malfeitores esses ímpios, Na inocência lavo as minhas mãos E assim, estou bem perto desse altar Para ouvir os louvores e contar As tuas maravilhas meu Senhor Eu amo tua casa me plena glória. Não mistures minha alma com os ímpios E nem a minha vida aos violentos Maléficos, corruptos e venais. Ando em integridade, meu Senhor, Por isso me resgate e tende Pai, Piedade de mim, os meus pés firmes. E bendigo ao Senhor Meu Pai, Meu Deus! X Céu cinzento traz a chuva Que como parto me farta. Falta a sorte que me cubra Na curva que vejo enfarta Sou triste? problema meu Meus olhos empoeirados... Nesta chuva são lavados E levados pelo breu Das almas que não me tocam E que trocam de patrão Sigo sendo sem meu não O não que nunca quis ser Nos olhos que vou morrer Morto de tanta tristeza Meu bem deitado na mesa. Sobremesa sem jantar. Altar dos sonhos quem dera... Quem me queima? essa quimera Não era que me queria Querida não se perdoe O mundo quase que canta O medo não mais me encanta E o céu cinzento não chove... X Meu velho companheiro, nossa luta Por termos um destino mais tranqüilo Depois de tanto tempo sem vacilo Te digo que a saudade é força bruta Vencidos por batalhas nos amores, As vidas separadas, mas amigos. Depois de reviver tantos perigos, Os campos reproduzem velhas cores. Mulheres e caminhos que seguimos Os casamentos dores, risos filhos, Vertidos por diversos belos trilhos. Os sonhos que lutamos prosseguimos. Rever-te bem depois de tantos dias. É bom, refaz minha alma em alegria. Trazendo velhos tempos que eu queria Não fossem mais deixados, velharias... Amigo como é bom saber-te bem E forte como sempre te encontrava Minha alma neste encontro já se lava Pois sabe que em tua alma sempre tem Uma alma que distância não levou Refletindo um bocado do que sou Matando a sensação de ser ninguém! X Amor que em amizade se converte Por certo sempre cresce mais um pouco Decerto acalentando um sonho novo, Renovam velhas marcas que ficaram. Amaram quem pensava se perderem. Quem dera não se percam nunca mais. A paz que se demonstra companheira, Inteira na amizade satisfaz, Versejo meu desejo de saber Por onde minha amiga inda se encontra Afrontas que vencemos, no passado, Agora vão em versos devoradas Se decoro minha alma em teu matiz Feliz por poder ter uma amizade Que tarde nunca surge em nossa vida Ávida de saber que inda rebrilha Na trilha dos amores vãos, perdidos Os idos tempos nos trouxeram amor. Criança que acalento com carinho, Do ninho se tornou maturidade Saudade fez viver o sofrimento Lamento tão sincero nos deu luto Na luta pela mansa liberdade Amor se transformou em amizade! X O tempo traz contentes tentativas De termos novos termos aos amores. Olores mais profícuos destas flores Dos amores perfeitos, sempre-vivas. Agouros que me trazes, sempre bons, E sorte que desejas, nas venturas, Conformes e com formas de ternuras Os sonhos que se sonham são seus sons... Pressinto que te sinto aqui do lado No fado que desenha meu futuro Apuro que me curo no teu fado, Abraço teu amor e me asseguro. Se queres meu amor, sorte e fortuna, Se queres vou viver como quiseres, Por tanto que penei outras mulheres Navego nossos mares, minha escuna. Vivemos nos viveiros somos presos Aos mesmos desencantos e fornalhas Que forjam deste ferro as navalhas Trazidas nas batalhas, nos defesos. Amor trago a saudade de te ter Embora tendo tanto tempo amado Que o tempo que inda temos por viver No tempo vá perdendo seu traçado. De sorte que não posso me esquecer Que aqueço meu amor em nosso sonho Compondo meu futuro mais risonho, Nos braços deste amor que quero ter! X Meus olhos são tomados pelo belo Ao verem teus olhares minha amada, Em campos que pretendo, disfarçada Mostrando-me destino por quem velo. Diviso com teus olhos envolventes O siso vou perdendo num instante Não quero dos amores ir distante Apenas dos tristonhos e descrentes Se tenho meu amor em doce esfera Espero que me mostre bom futuro Se vago pelos cantos, salto o muro Enfrento finas garras desta fera. Estranha solidão não posso crer Que venha deste amor que já concebo Os ventos dos olhares que recebo, Em cego amor prossigo e vou viver! X Em mágoas feitas saudades Adormeço meu querer Que não posso jamais ver Faltando-me claridades A imaginação toma cada lume E não permite sonhos que me aqueçam Quando de minhas mágoas enlouqueçam E me entornem os olhos no queixume. Vencido pelas dores da saudade Desfaleço em sofrimento meus sonhares Caminhando por todos os lugares Procurando por nova claridade... Não deixo sequer lume, abarco escuridão... Nos sonhos que não trago, amaros sentimentos E sempre me disfarço em todos os momentos Em busca de teu colo e quem sabe, perdão... Recebendo esse vento eu prevejo saudade Adormeço meu sonho em busca dos amores Que eu sei, jamais terei, nem perfume da flores Nem o lume do olhar que me nega a claridade! X Vencido pela fria sinfonia Que trouxe tanto frio que não quis De tanto que sofri não peço bis Em meio a tempestade e fantasia. Vencido pelo canto que não tramo Nem mesmo se quisesse poderia, A lua que me fez a sinfonia Espelha cada galho e cada ramo. No barco que meu arco fez remendo Um parco sentimento de esperança Vestido de remendos da lembrança O medo de ser livre me envolvendo. Amor que nada cura já se inflama Depois de certo tempo matará A sorte que da morte trairá Talvez inda me leve à tua cama. Não posso desprezar a nossa luta Que, bruta, tanto enluta quanto salva. A lua em sinfonia está tão alva, Embora dentro d’alma já se enluta. Amada te desejo num segundo, É mote que remete ao meu futuro Que sempre salvará do mar escuro Aquele que deseja amor profundo! X A noite me trouxe Vera Que me espera e nunca vem Meu amor se desespera E não espera ninguém... Amor feito da saudade De Vera que sempre quis Matando a felicidade Qualquer noite ser feliz.. X Solidão é companheira De cada noite que passo, Tento ,tento e não disfarço, Me acompanha a vida inteira... Solidão fez o meu canto E também faz os meus versos, Embora me traga encanto Me traga nos universos... Espero que um dia eu possa Com solidão me casar, Na noite que é toda nossa Aguardo pelo luar Que sei que nunca virá Cavaleiro solitário A solidão mudará Todo o seu itinerário Solidão e desamor Irmãos gêmeos da saudade No jardim que plantei flor Não nasceu felicidade... Somente nasceu meu sonho Que tenta mas não me alcança. Montado na solidão Matando minha esperança! X Vencido pela saudade Deixado na solidão, Vai batendo o coração Sem saber felicidade. Procuro uma novidade Que me traga teu perdão Pelas ruas da cidade, Mas só escuto teu não. Tanta dor e tanto engano Que já tive nesta vida Meu amor logo decida Qualquer que seja teu plano Amor sempre soberano Minha noite está perdida Minha sorte decidida Não quero viver insano. Não me fale que esqueceste Desse amor que tanto quis Por eles vou infeliz Em nada te convenceste. Pois logo te aborreceste Com os versos que te fiz, Da saudade sou matiz Desde que, amor, perdeste. Nada faço sem perder, Minha vida é incompleta Nem consigo ser poeta Quanto mais te convencer. Tudo que quero saber Qual teu rumo, tua meta. Minha vida se completa Nesse amor que quero ter, Tua boca carmesim, Tua pele de alabastro, Meu amor perdeu o lastro, Tenho que viver assim? Mas eu tento até o fim. “No meu céu, tu és meu astro, Por isso sigo teu rastro, És princípio e és meu fim...” X Bebendo do vento A brisa que deu A todo momento Coração ateu Não sabe da noite Que trouxe esse frio Coração vadio A cada pernoite Procura por ela Que nada me fala Coração se cala E nada revela. Total perfeição A moça que tinha No meu coração Virou avezinha. Fugiu desse ninho Que tanto sofreu Sou qual passarinho, Que, triste, morreu! Eu amo essa moça Que já não me quer De que serve a louça Sem nenhum talher? X Eu nunca mais terei alguém assim Que me traga o sorriso a cada dia E me mostre que amar é poesia E que o bem dessa vida não tem fim... Que sorria comigo meu sorriso, E que traga esperança no olhar. Que saiba simplesmente amar, Construindo sem dor, o paraíso... Alguém que caminhe meu caminho Pelas trevas e breus da solidão Que saiba, delicada, dizer não, Mas me traga a certeza em nosso ninho. Eu jamais poderia me esquecer De tudo que vivemos, nesta vida. A dor que me trouxe esta partida, Em meu peito, calando, faz sofrer. Nunca mais poderei ser tão feliz, Ao perder tudo aquilo que já tive, Vontade de morrer, eu mal contive, O meu céu, da tristeza fez matiz. Mas, à noite, sozinho no meu quarto, Quando esse vento bate na janela, Eu bem sei que decerto é, de novo, ela. E nos seus braços, louco, então me farto. X Os céus estão em festa, meu amor! Um ano a mais vivendo essa ventura De estar ao lado teu, tanta ternura, O mundo todo mostra este esplendor. Recordo-me das noites que passara À espera deste bem que nunca vinha. Uma alma não suporta, se sozinha, A dor que nos maltrata e desampara. Por tanto que passei sem ter ninguém A noite sem ter sonhos, enfadonha. Promessas de uma vida mais risonha, Na busca em desespero por um bem... Em meio a tempestades que chegavam Dos dias solitários que previa. Embalde sem saber d’uma alegria Os céus, sem esperanças, se nublavam... Mas quando parecia mais distante O rumo que tentava percorrer, Das trevas, bela luz eu pude ver, Um brilho diferente e deslumbrante. Vontade de dançar a noite inteira Vontade de sonhar sempre acordado, Estavas finalmente, aqui do lado, Em ti a derradeira companheira! Mais um ano se passa e sou feliz! Ao lado de quem sempre desejei Rainha que, no mundo, me fez rei Da vida quero mais e peço bis... No nosso aniversário, se pressente, Que sempre junto a ti eu hei de estar. Contigo eu aprendi o que é amar. A Deus agradecer esse presente Que tanto procurava, pela vida. E que recebo sempre, em ti, querida! X Amor, poesia Amor desencanto Fazendo meu canto De novo brotar. Amor é “combate Que os fortes abate” Mas vale lutar. Amor, esperança Que sempre me invade Pois nunca se é tarde P’ra de novo amar. Amor é promessa De nova remessa De novo sonhar. Vencendo, me perco Nos braços felizes De tantos matizes Mal posso esperar Que amor sempre traga Uma doce adaga Que possa matar. Amor sem ter medo Lua prateada Que traz minha amada A cada luar. Amor é meu sonho Que, sempre risonho, Eu vivo a sonhar. Amor, meu segredo Tenho-te querida A força da vida Sem medo a lutar Não temo mais morte Amor me faz forte Sem nada esperar. De tudo que tenho Na vida sem medo, Não faço segredo, Eu vou te contar: Não temas a vida A força querida É sempre te amar! Parafraseando A Canção do Tamoio de Gonçalves Dias X Tristeza de partir deixando o amor Nas mãos desta saudade traiçoeira. Os olhos embotados de poeira No rumo da saudade, traidor. Onde a dor se retrata mais tratante. Destrata todo trato que tramamos Momento em que por vezes nos amamos, Ficando, nesta estrada, tão distante. Os danos da saudade e da distância Se podem destruir o sentimento, Ao mesmo tempo trazem sofrimento Que tento disfarçar com inconstância. Fingindo que não quero quem eu amo Esqueço que não posso te esquecer Pois vivo meu viver em teu viver E amo nosso amor, chama que chamo. Pretendo que se fores, flores nego. Beijando as flores belas do caminho, Sabendo que se fores, o espinho Em todas essas flores já carrego, Mas medo de perder faz meu degredo Na estrada que saudade me deixou. Por isso meu amor eu tenho medo, E não irei partir, aqui estou. X Tempo que devorando me devora, Acaba tão depressa que nem sinto. O tempo que eu queria, não te minto, Parasse e não passasse a toda hora. Pressinto que não tenho tempo, amada, De ter o teu amor que sempre quis. Se o tempo de viver, de ser feliz, Passando não me deixa quase nada. Se espero, desespero, e não me tens. E se corro, escorrendo o tempo voa, Impávido não pára e nem perdoa. Esquece tão depressa se não vens. Portanto neste tempo tanto tento, Que invento a todo tempo teu amor. E se tento escapar, por onde for, O tempo não me sai do pensamento. Tempo que te trouxe te levou Há tempos que não tenho teu amor. Há tempos contratempos, minha dor, Nem o tempo de amar aqui restou. Mas sinto que no vento, um novo dia Se faça assim presente no futuro. O tempo que virá, não mais escuro, Talvez seja meu tempo de alegria! X Amor, quanto mais dou, maior eu fico E nesta roda viva eu já me encharco Descrevo toda vez esse mesmo arco Que em mim nunca termina e multiplico. Nesse moto perpétuo renovando O mesmo sentimento que me move. A pedra do caminho se remove De amor que gera amor, me alimentando. Se pago teu amor com mais amor, Amor que te paguei, amor recebo. Recebo tanto amor que não concebo Que amor é desse amor o gerador. Porém se me desejas desamor, Amor que tanto trago não te basta, A vida sem amor já se desgasta E salva-se somente noutro amor... X Desejo de viver do desejado Objeto do desejo que desejo, Em versos que pretenso, te versejo Eu vejo meu destino em ti traçado. Se traço esses meus versos dos teus traços, Por certo farei verso mais bonito. Não creio no receio deste grito Que solto, nos meus versos, nos espaços. Embora temeroso que não gostes Dos versos que desejo que tu leias. São feitos desse amor que salta as veias. E fazem meus desejos minhas hostes. Se faço destes traços meu pedido, Me perco no desejo de dizer Em tudo nesse mundo posso crer Sem medo de saber desiludido. Se culpa já carrego, pois desejo, Desculpas não consigo nem pretendo. Nos versos que desejo ver-te lendo, Desejo que me dês primeiro beijo! X Fazendo a Natureza, a obra prima, De todas as belezas, fez a sua. Toda a divina chama continua Mostrando amor de Deus, perfeita estima. Estrelas nos olhares, radiantes. Nas formas belas ninfas desejosas. O carmesim dos lábios, roubam rosas Desejos que seduzem, deslumbrantes. Em toda a mansidão a tempestade Não cabe nos desejos femininos. Amores divinais, perfeitos hinos, Em flores e suores, claridade. Estampas a magia nos seus seios Alimentam, por certo, esses infantes, Alimento dos sonhos delirantes Que amantes, torturando, traçam meios. Vestida se desnuda então reveste Meus passos na nudez que se prepara Amando sem temer a jóia rara, Dos sonhos de nudez, minha alma veste. X Por seres da maneira que tu és, Assim tão possessiva, mas formosa. Transformas toda noite em gloriosa Desde que eu sempre esteja assim aos pés. Vivemos toneladas de prazeres A cada novo dia que te adoro, Porém se a cada dia não te imploro, Prazeres se perdendo, não me queres. Se quero teu amor, eu quero o gozo Embora teu amor não seja meu. Mas queres meu querer somente teu. De tudo o que mais queres ‘stou cioso. Não vejo meu olhar em teu olhar Mas queres que eu enxergue por teus olhos. Carrego meus espinhos, tantos molhos, Sem olhos, como os olhos vou mirar? Preciso de viver urgentemente Urgente, é necessário que eu mais viva A vida que da vida sobreviva Não podes ter a minha totalmente! X Matando quem merece ser amado Amando quem não sabe merecer Tirando uma vontade de viver Nas ânsias deste mar, mais mareado. Esquivos pensamentos esquisitos Estranhas esperanças esquecidas. Que fantasia trazem nossa vidas Que não permitem sonhos mais bonitos. Com sonhos e desejos por alguém Que nunca mais voltou nem voltará Aos poucos todo céu se fechará E em pouco tempo, nunca mais ninguém. E queres que eu te escute sem ter dores. Se bem que nem percebes quanto dói. Não sabes que meu mundo se destrói Em volta das memórias, teus amores. E queres que eu me mate em sofrimento Assim como desejas que eu te cure? Em mim o tanto quanto se procure Não bastam ao teu vago sentimento. X Cansado de chorar a cada dia, tristezas que me trazes a cansar-me. Pedindo, por favor, quero o desarme, antes que me desarme uma alegria. Desamas se rechaças quem sempre ama, embora não percebas, mas me cansa. O sonho de viver já não se alcança, nas dores que me causas, finda a chama. Nas chamas que não deixas mais acesas, amores se esfumaçam quando chamas e dizes que, tristonha, ainda me amas. Não creio nos amores em tristezas. E tentas convencer que é mesmo assim, Que a dor se cura em dor que a dor produz assim como da luz se faz a luz. Que todo meio sempre vem do fim. Nas mágoas que magoas minhas mágoas, Não curam minhas mágoas nem me deixam. Os olhos embotados já se queixam, de tanto que choraram , tantas águas... X Por cima dessas mágoas que causaste Em termos mais doridos que trocamos Amamos e portanto desarmamos As armas do combate, mas trocaste. Vencido por verdugos sentimentos Abates meus amores no combate. Amando essa guerrilha me marcaste Com lanças e terríveis sofrimentos. Não quero combater a quem desejo, No afã de me mostrar como se fere Esfera desdenhosa que interfere E causa sensação de nojo, pejo... Rendeste meu amor em pouco tempo Só pude, em desespero, te esperar. Temperas teus desejos sem amar E sempre que procuras, contratempo. Atado sem sair, perdendo o espaço, Disfarço meu cansaço desta luta. Amor que se deseja e se reputa Na disputa revela o seu fracasso! X Não te cales meu Pai, as minhas súplicas Ouça pois minhas mãos estão erguidas. Juntamente com ímpios, com iníquos, Não me arraste, Senhor; falam de paz Mas têm todo mal dentro de s’as almas. Retribui-lhes segundo as suas obras E segundo a malícia dos seus feitos. Retribui-lhes o que eles mereceram. Bendito seja o Pai por ter me ouvido! Pois és a minha força e meu escudo, Todo o meu coração, em ti, confio Pois sei que sempre irás me socorrer, E em teu nome, Pai, eu louvarei. Do seu povo és a força e fortaleza Salvadora p’ra quem, por ti, ungido. Teu povo, salve Pai, abençoando A tua herança, sempre, os exaltando! X Queres que eu te dedique sofrimento? Por tanto que não fiz e não faria, Sem termos que lutar pela alegria, Não valorizaremos sentimento. A sorte que bafeja mansamente Talvez não seja aquela que virá. O mundo que pretendo nos trará Um porto, nos receba calmamente. Por vezes, desfavores são favores, Amor que veramente tanto estimo Não posso embriagar com o meu mimo. A liberdade salva, então, amores. Percebo que, pareça mais incrível, Não queres meu amor, e sim o teu Refletes tanta luz que morro breu Embrenho meu desejo mais falível Nas trevas que me deste como amor. Não posso dedicar a minha dor! X A vida te ofereço minha amada Do mal de amor que em lágrimas padeço, Esqueço que não posso, mas te peço Que sempre que chegar a madrugada Estejas esperando meu cansaço. Em tudo que tiveres sou pedaço. Pedaço de saudade que comove, Pedaço do poente que entristece Pedaço desse canto que enlouquece Pedaço desta vida que te move. Movido por pedaços que carrego, Espero ter inteira a quem desejo. Nas linhas que recebes meu versejo Pedaços de oceanos que navego. Minha alma espedaçada nos espaços Nos paços e nas praças da cidade. Buscando por pedaços, claridade, Espaços que pressinto, meus pedaços. Em pedaços percebo que, afinal, Ao menos em pedaços, foste minha. Cansaço de viver uma avezinha Espera por teu ninho, no final. X Amando quem não ama-me, mas ama Amado por amada a quem amei. Atento que jamais eu a terei Na cama que reclama uma outra chama. Rejeitas meus defeitos, isso sinto, Consentes nos defeitos de quem amas. As teias que faziam nossas tramas, Não queimam pois é tal vulcão extinto... Um dia se quiseres quem te queira Talvez possa escutar meu coração. Não posso mas irei pedir perdão, Por nunca permitires uma beira. Qual cego apaixonado vou amando A mando de quem sabe que não és. Trocando, e merecendo, mãos por pés, Vou vendo que não segues meu comando. Esperança faz trama assaz constante E brinca como quem não me obedece Na teia que esperança tanto tece, Talvez, um dia, eu seja teu amante! X A sorte abandonando meu caminho Não deixa-me saber por onde irei. Deveras nas estradas que passei, Amores esquecidos, velho ninho. Perdido procurando as esperanças Não vejo um horizonte que me caiba Não sei se saberei o que se saiba Nas curvas mais fechadas das lembranças. No meu destino mel não se percebe O mal o fel o bem não se misturam Porventura serei o que procuram Aqueles que a ventura não concebe. Do tédio meu remédio, uma migalha Que o mal, em meu caminho, sempre espalha. Um mal nunca se cura noutro mal Assim como com mel não se mistura O fel que recebi da criatura, Que sempre produziu só fel e mal! X Como é difícil compreender-lhe amor, Envolto nessas brumas da saudade, Procuro nos seus rastros a verdade E nunca me percebo em seu favor. Nega-me a claridade, sem motivos, Mas busco em sua luz a minha própria Minha alma parecendo ser imprópria Aos favores de amores emotivos. Nos segredos de minha alma não sabia Que amor não poderia visitar-me Tampouco caberia revelar-me Essa luz que só nasce em fantasia. Estava tão guardado no meu peito Em cofres que não guardo seus segredos, Não sei se decifrando seus enredos Consiga ter amor como um direito. Vencido pelas noites sem amor Cansado desta luta mais inglória Pressinto que, afinal, sem ter memória, Amor se tornará meu desamor. X Amor em amor consome E alimenta todo dia. Não divida, mas sim some Resultado: uma alegria! Amor faz do sentimento Alimento pra viver Mesmo quando faz doer Espalha-se pelo vento. E venta tanta saudade E também felicidade. Venta também o tormento Ventando pela cidade... E Não pára um só momento Ventando no velho e moço, Fazendo tanto alvoroço, Venta em mulher e criança, De vento até no pescoço De vento, enchendo essa pança, É tanto vento que dança Em plena praça e na rua, Esse vento continua Nunca pára de ventar Nesse vento me afogar, Jamais me sai da lembrança É vento de uma esperança! X Amor trazendo ciúme É coisa que tanto agita A rosa com tal perfume Fica sempre mais bonita. No ciúme, com certeza Essa rosa se alimenta Vaidosa e quer mais beleza; De tão bela, se arrebenta. Da rosa que tenho em ti, Orgulhosa, pois é flor, Todo amor que já vivi, Arrebentando de amor. Ilumina toda a terra, Faz o mundo mais feliz. No peito que, amor, encerra. Todo amor que sempre quis. Minha amada, me perdoa Se te faço assim sofrer Mas a vida só é boa, Se um pouquinho, ela doer. Ciúmes não precisava Pois te quero tanto bem Eu não quero mais ninguém Por tanto que já te amava; Mas gostei da reação, Que, ciumenta, tu tiveste; Quando amor, ciúme, veste, Embeleza o coração X Nas ondas do mar Que, na areia, morrem, Raios do luar... Nas águas que correm, No doce do mel, Estrelas do céu. Na felicidade Na claridade, Barco de papel. Numa pipa no ar, Rosto de criança Ir ao céu, voar Toda esperança Nessa verde mata Queda da cascata Riso tão feliz Todo bom matiz, O belo arrebata. Um sonho de infância Na calma do ninho Na paz duma estância Asa, passarinho. Em tudo na vida E também no amor. No doce calor No abraço fraterno Carinho tão terno Que impede uma dor. Na voz tão serena Que acalma quem chora Na luz mais amena Que a vida decora. Nos braços da amada Na bela alvorada, Nos sonhos risonhos Nos mais belos sonhos, No rumo, na estrada... Não deixa que escuro Se torne meu mundo Amor tão maduro Maior e profundo. Andando, comigo, Não vejo perigo, A vida se acalma Inunda a minha alma No amor de um amigo! X “Venceu-me, o amor, não nego”. E vencido, assim, prossigo Vou carregando comigo A dor que sempre carrego Acostumei-me e nem ligo! De tudo que nesse mundo Procurei, tenha a certeza, Esse amor que é mais profundo Agiganta-se na baixeza Causando-me uma tristeza. Amor que não se traduz Por fazer alguém contente Toda a vida, de repente Perde o brilho e vai sem luz. E no coração da gente, Só saudade inda reluz. Vencido, sem esperança, Procurando pelo nada, Nada resta na lembrança Só o nada já me alcança Para o nada, minha estrada... X Amando quem tanto amei Minha vida se passava E nada mais encontrava A saudade virou lei E pouco a pouco, matava. Saudade fez covardia Com meu peito sofredor Maltratando, todo dia Matando minha alegria, Mostrando só desamor. Não posso falar de flores Acabou-se meu jardim, O meu sofrer, sem fim, Causado pelos amores Que rimando com as dores, Vão matando tudo em mim. Amor que, virando fera, Mostra logo suas presas Coração se dilacera A vida se desespera, Já não tenho mais defesas. Mas de que vale uma rosa Sem ter cor e sem perfume. Ouvindo tanto queixume, A rosa tão orgulhosa Morreu, morta de ciúme! X Rita, quando conheci, Encontrei nos olhos teus A luz que ilumina os meus Em teus olhos me perdi. Minha vida tão tristonha, Tão sem rumo, de saudade. Sem saber felicidade, Seguia mais enfadonha... Minha trilha, meu caminho, Sem destino, me deixava, Toda noite assim pensava, Como é duro ser sozinho Até o mel me amargava. Já trazia tanto medo Que não pude ser feliz, Pois tudo que sempre quis Acabava num degredo. Nos descasos alheios, Meu coração se perdia, Eu não tinha poesia, Minha vida em mil receios. Minha trilha, meu caminho, Sem destino, me deixava, Toda vida assim pensava Como é duro ser sozinho, Até a fé me amargava. Mas depois tu chegaste Minha vida, então mudou, Meu caminho iluminou Na noite que enluaraste. Agora estou satisfeito E feliz como se vê Agora tenho um por que, Ser feliz é meu direito! Minha trilha, meu caminho, Tua luz iluminando Toda vida assim passando, Já não sigo mais sozinho. Até o fel me adoçando! X Amor comanda a minha alma E sempre me desengana A minha alma soberana Já está perdendo a calma. Amor sempre sem razão, Não me deixa um só segundo, Vou me perdendo, no mundo, Em busca de um coração. A minha alma tem pavor, Pois sabe que nunca vejo Esse amor do meu desejo. Que livre essa alma do amor! X Meu tormento é companheiro Que não me larga jamais. Onde vou, seguindo atrás Me acompanha o mundo inteiro. Já me acostumei assim, O tormento é meu amigo, Pois, sempre andando comigo, Vai comigo até o fim. Se esse tormento morresse Eu morreria também Eu procuro por alguém Que nunca se aborrecesse Dividir meu pensamento Com esse bendito tormento! X O teu canto me encantando Faz meu canto ter encanto E te canto, assim meu canto. Nosso canto, vou cantando. Esperando novo tempo Que não traga sofrimento Assim a todo momento, Sem esperar contratempo. Amor que sempre revela Esse amor que a gente tem. Sem teu amor, sou ninguém, Sou um quadro sem a tela Vazio, e nada me encanta Por isso, quando canta, Todos os males espanta!! X Amor que me transtornando Não me deixa prosseguir, Venho aqui me despedir, É melhor seguindo andando. Toda a minha desventura Na aventura que tentei Tanta dor eu encontrei Vivendo sem ter ventura. Amor fez estripulia Com quem menos merecia. Matou minha fantasia Acabou com a alegria. E assim, por toda a vida Que penei, eu quero paz Por isso essa despedida. Graças a Deus! Nunca mais! X Em amores, me maltrato Cada vez mais sofredor Sofrendo por esse amor Procuro pelo retrato Guardado numa gaveta Que nem sei onde é que está. Muito menos se está lá Ou então numa maleta Que deixei na penteadeira Ou talvez no porta mala Quem sabe deixei na sala, Procurei a casa inteira! Fui ao quarto de visita E na sala de jantar, Já cansei de procurar, A minha alma andando aflita. Vasculhei o quarto inteiro Todo lado e todo canto, Teu amor foi meu encanto... Já procurei no banheiro? Foste minha companheira Tanto tempo nos amamos... Mas tantas vezes brigamos. Me lembrei! ‘Stá na lixeira! X Olhos verdes, onde andais? Vos procuro todo dia. Toda a minha fantasia Não vos terei jamais? Olhos verdes, eu sonhava Verdes sonhos de esperança Mas restou só a lembrança Que nunca me abandonava... Nos céus pergunto à lua E as estrelas; nada falam... Ou não sabem ou se calam Minha angústia continua... Essa dor que me maltrata E me deixa pleno em medo. Encontrei-vos no arvoredo, Nos olhos verdes da mata! X Meu olhar já te procura Em qualquer lugar que for Em teus olhos pede a cura Para o triste desamor. Porém eu nunca te vejo. Escondida estás, de mim, Mesmo assim eu te desejo Um desejo que é sem fim. Tanta dor que já carrego, E o cansaço de esperar. Quando resolver me olhar, Que fazer? Estarei cego! X Amando quem não amava Amado por quem amei Tanto tempo assim passei E nada me completava. Um dia quis ter Maria Mas Maria não me quis Com Renata fui feliz Mas não durou nem um dia. Maria vendo Renata Agora Maria quer! Eu não entendo a mulher Quanto mais ata, desata. Vou fazer um juramento De não tentar entender O siso quero manter, Se não vai perdido, ao vento... X Os enganos que, hoje, faço São causados pelas dores Que vieram dos amores Que perderam forte laço. Esperando teu abraço, Vou vivendo sem prazer Meu amor, como é incrível, Viver um sonho impossível Como é possível viver? Assim vou ficar louco Sem saber se tu desejas Embora, nestas pelejas, O possível seja pouco... X As rosas do meu jardim Procuram por olhos teus, Que, um dia, já foram meus, Mas nada encontram, no fim. Elas e todas as flores Sabem todas dos meus ais. Também sentem minhas dores, Pois não voltarás jamais! X Amor vendo que sofria, Por causa do bem querer; Que me fazia sofrer, Fosse de noite ou de dia. Em conjunto com destino Tantas fez que isso mudou; Mas a saudade chegou, E voltou o desatino. Nessa confusão, sofro eu; Os males desta saudade, Que nascem na tempestade; Em trevas, escuro breu. Uma quer que não mais ame, Outro quer que eu sempre adore; Uma quer que sempre chore, Outro quer que eu não reclame. Que faço Meu Deus da vida? A quem obedeço enfim? Onde quer que eu me decida, Eu irei sofrer no fim... X Conheço desde menino A dor que tanto me dói E, que aos poucos, me corrói E domina o meu destino. Amor sempre me ordenou Que eu tentasse ser feliz Mas, vivendo por um triz, Todo o meu rumo trocou. Se nada mais me oferece O destino traiçoeiro Amor assim verdadeiro Na vida não aparece. Vivo sem tranqüilidade Pedindo só teu amor, Em troca recebo a dor E a danada da saudade. Vou levando, assim, a vida, Sempre sofrendo no fim Até que alguém se decida E tenha pena de mim... X Amor que tortura De noite na cama Que apaga essa chama Faz a noite escura Maltrata demais Não deixa que eu ame Nem quer que reclame Já não satisfaz. Amor que maldito Me trouxe veneno Amor tão pequeno Me deixando aflito. Não vê que te quero Morena faceira Minha vida inteira Em ti me tempero E perco o juízo Não foste bondosa Perdi minha rosa Cadê paraíso? X O mundo, meu inimigo Não permite que te tenha E, muito menos, que venha Viver a vida comigo Pois sei que temes perigo. Mas perigo não te trago, Meu amor protegerá Estando aqui ou por lá Só darei o meu afago, Amor com amor, eu pago. Mas se não queres vir O que vou fazer da vida, Pois, pense nisso e decida Tudo que posso pedir, Pois nada pode impedir Um amor quando se tem, Não há nada que convença Em amor a recompensa Que em amor já me convém. Pois sem amor, sou ninguém! X O gosto da poesia Tem sabor dessa saudade Que me invade todo dia Que todo dia me invade. Não me deixa um só momento Nem um momento me deixa, E não adianta queixa, Invade meu sentimento... Faz, na vida, uma sangria. Mata a luz e claridade Aborta minha alegria Me expondo, nu, na cidade... X Gosto amargo da saudade Fica na boca da gente Quando vem a claridade Com o sol lá no nascente. E o sol, que sempre brilhou Na aurora de nossa vida, Há muito que não voltou; E se foi, sem despedida... Bem sei que já vai embora A mulher que tanto amo, Correndo por mundo afora, Teu nome, somente, chamo... X Perguntei ao passarinho Onde encontrava você Ele apontou p'ro meu ninho Onde podia esconder O amor que tive na vida, E, bem triste, já perdi. Eu disse; não estava ali. Ele, então, na despedida: Eu bem te vi, bem te vi... X Tesoura cortando pano, Me faz lembrar de você Quando era vivo esse engano, De nossa vida, viver. Toda noite, minha amada, Esperava seu carinho, Hoje, em minha madrugada, Cada vez vou mais sozinho E tudo foi, simplesmente, Mentira sem serventia, Hoje sei, completamente, Que foi tudo, fantasia. X Rosa tenho tanto medo De perder o teu perfume Conhecendo teu segredo, Sabendo do teu ciúme. Rosa vermelha é paixão, Rosa branca pede paz Mas toda rosa é capaz De ferir meu coração... Das rosas que conheci, Nenhuma é assim tão bela, É pena que te perdi Rosa branca e amarela... X A porca de tão pesada Já não anda, meu senhor A vida desconsolada, Nada serve sem amor. Não se esqueça, minha amada, Meu coração sofredor... Quero o pó dessa estrada Alimenta o sonhador Na noite, na madrugada E por onde quer que eu for... X Vi meu rosto nesse espelho, Reflexo revelador, No outro lado, bem mais velho Valha-me Nosso Senhor. Mas o coração safado Mesmo assim não toma jeito Achando-se com direito De pender para o teu lado... X Vagamundo, vagabundo Coração sem serventia, Rasgando rasgo profundo Morrendo um pouco por dia Cada dia sem Maria Sem magia e sem valor Trazendo tanta folia Transbordando esse calor Coração, bem que podia, Traduzir taquicardia Noutra palavra, amor... X Minha espera, atrás da porta na espreita, observando cada momento, o bote o norte perdido, meus medos e segredos minha gula e sensibilidade. Procuro, cidades e vales quanto vale a espera? Na caça da luminosidade dos olhos da madrugada. Nada mais quero, nem desejo talvez teu beijo, talvez num átimo, um último desejo, sem nexo sem sexo, apenas abraço cansaço e manhas, artes e manhas, artimanhas da saudade. Saudade do já pensado, sonhado; nunca vivido. Sempre na espera; da vésper estrela, cometa errático que cometa todos os erros e acertos. Mas que prometa todos as esperanças para essa criança coração. Minha nunca, sempre não... X Minha vida vai passando Pelos campos, devagar. Tantos verbos conjugando, Viver, sofrer e lutar... Vivendo na poesia Sofrendo por teu amor Vou lutando todo dia Pelo caminho que for. Nos campos dessa saudade Plantei a minha esperança Não brotou sequer verdade, Só restou uma lembrança; Do jardim da minha vida, Do rosal do meu caminho. Minha alegria esquecida Marcada por cada espinho. Os teus beijos tão amenos Os carinhos, meus remansos, Os teus olhos mais serenos Teus belos seios, tão mansos... Nada mais aqui ficou Só a dor de não te ter. Pelos caminhos que vou, A vontade de morrer... X Nesse copo de aguardente Vejo a imagem de quem amo, Tudo muda, de repente, Quando por teu nome chamo... O brilho volta no olhar, De felicidades, rio. Vontade de te encontrar, O meu maior desafio... Toda noite aqui sozinho, Neste bar, eu te encontrei. Mas é duro o meu caminho... Por tanto que procurei. Só encontro, na verdade, Quando bebo assim, demais. Afogando essa saudade, Só assim encontro paz. Em cada copo, num trago, Eu te vejo, de repente, E te faço, tanto afago... E fico aqui, tão contente... X Nasci no meio do mato, Entre montanhas e serras E, nadando no regato, Vou em busca d’outras terras... Onde talvez, de verdade, Encontre felicidade. Amando que não me quis Toda tristeza devora. Meu coração infeliz, De saudades, também chora. Desta mulher que pensava, Enganado, que me amava... Vento me diz em segredo Que jamais tu voltarás, A vida plena de medo. Onde, Deus meu, tu estás? Tudo em volta, sem beleza, O meu céu perdeu a cor Minha sina é a tristeza, Assim vou morrer de amor... Mesmo assim, resta uma esperança Transformada em meu desejo. Inda guardo na lembrança, A delícia do teu beijo... X As estrelas de cristal No céu brilhando belas, Desde espaço sideral, Iluminam como velas Minha noite tão gelada. Saudades de minha amada! Nas ânsias e nos desejos, Meu pensamento subindo... Procuro pelos teus beijos... Estradas no céu, abrindo. E na dor da madrugada, Saudades de minha amada! Nuvens escuras na noite, Os anjos cantando tristes, O vento cruel açoite Pergunta se ainda existes. E não respondo mais nada. Saudades de minha amada! A vida parece tão breve O mundo parece imenso, Em minha alma pura neve Somente em ti sempre penso. Na beleza da alvorada, Saudades de minha amada! Que se foi há tantos anos, Voando p’ra o infinito. Depois disso, só enganos, Do peito um terrível grito, Escapa e não dizes nada. Procuro na madrugada, Aguardando essa alvorada. Sempre nada, nada, nada... X Nossa noite, sem tristeza, Na nossa cama, querida No teu leito de princesa, A vida mais colorida... Sabendo de nossa sorte Sabendo que sou feliz, Coração batendo forte Do jeito que sempre quis. Minha vida em tal destino, Minha sorte no caminho. Amor diamante tão fino, Não me deixas mais sozinho... Eu tenho a felicidade A vida que procurei. Eu já conheço a verdade, Mundo que sempre sonhei! Nessas quadras que te faço, Com desejo e muito amor, Em cada verso um abraço, Em cada estrofe uma flor. Os medos que já senti, Esquecidos pela estrada Desde que cheguei aqui. Nos braços de minha amada. Amor que tanto comove E me deixa emocionado Todas as pedras remove, Coração pesa de um lado. Escute minha canção Que te faço com carinho, Em feitio de oração Um canto de passarinho Que vibra em meu coração. X Seu moço, tanta saudade, Foi feita de sofrimento. Por um único momento, Vasculhei realidade, Passei por campo e cidade. Procurei por meu amor, Quero seu colo e calor. Não encontrei nem indício, Meu amor foi precipício, Onde afoguei minha dor... Meu tempo, disso estou certo, Não teve nem mais valia, Decerto que não sabia, Não estava nem por perto... Sei que viver é correto, Mas de que vale sem ter, Sem seu amor vou morrer, Disso não tenho medo. Seu amor foi o segredo Mas que faço sem você? Nas noites de solidão, Que são as mais doloridas, Me lembro das despedidas, Vou pedindo seu perdão... Me devolva o coração, Sem ele, minha querida, De que vale minha vida, Nisso é melhor nem pensar, Não tenho rumo ou lugar, Não cicatriza a ferida... Meus versos são bem tristonhos, Por que ‘inda quero sonhar? Sem você não há luar, De que servem os meus sonhos... Somente sonhos medonhos, Povoam a madrugada, Minha vida não é nada, Sem ter você nada sou, Minha estrada se acabou, Cadê você, minha amada? Nascido em terra distante, Meu amor foi verdadeiro, Da minha vida, o primeiro, Que me deixou radiante. Achei que eu era importante, Em sua vida, meu bem. Hoje sei que fui ninguém, Nada fui para você, Mas como posso viver, A minha vida é um trem... É tão triste a sina, agora, A de não ter a mulher, Que o peito da gente quer, Por quem a gente só chora. Saudade vem, me devora, Engole meu coração, Vomitando solidão, Saudade bicha danada, Acompanhou minha estrada, Não quer me deixar mais não... Procurei pelos seus braços, Por sua boca divina, Fiz minha alma cristalina, E nem quis outros abraços, De você nem vi os traços... Perdida por outra banda, Por onde é que você anda, Me responde, eu lhe peço, Senão, lhe juro, tropeço, Nas danças dessa ciranda... Meu amor trago meu canto, Nas décimas que lhe faço, Mas já perdi meu compasso. Naufragado em seu encanto; Restando só o meu pranto, Não consigo meu intento, Minha voz, perdida ao vento, Você nunca vai ouvir, Desde o dia que perdi, Só conheci sofrimento... Quem souber dessa morena, E cujo nome é Ritinha, Não é alta, é bem baixinha, Tem uma boca pequena. É calma, muito serena. É bem fácil de encontrar, É só olhar pro luar, E reparar na beleza, Assim, com toda certeza, Fica mais fácil de achar... Ela não anda, flutua, A fala dela é de fada, Por todos é adorada, Ilumina toda a rua. Minha vida é toda sua... Tem os pés mais delicados, São, por Deus, abençoados. São provas que Deus amou, Tudo que dela restou, No meio dos meus guardados, São essas fotografias, Que mostro para vocês, Repare bem nessa tez... São repletas de magias, Obra prima que Deus fez... Moço, me diga a verdade, Por minha felicidade, Me responde, bem ligeiro Se já viu, no mundo inteiro, Me diga, por caridade, Onde encontra essa tal moça, Em que país ou Estado? Coração descompassado, Chorando, pede que ouça, Meu lamento desgraçado Já não chora outro chorar, Não canso de procurar Quero encontrar a Ritinha Que num dia já foi minha, E que não sei onde está... X Minha vida sem te ter Perde toda essa razão Que faz a gente viver Acelera o coração! Vida que da vida faz A luz que tudo clareia É chama que me incendeia É teia que tanto apraz Sou capaz de nessa teia Prender o meu sentimento Sem ter arrependimento Por um momento sequer Nos braços dessa mulher Que tanto me ajuda a ver A beleza de viver Razão de minha alegria É Sol que traz o meu dia E faz-me ser girassol. Nas horas mais demoradas, Quando as mãos estão cansadas De tanto amor que já dei. De toda dor que passei Sem saber como fazer Teu amor me dá prazer Iluminando essa vida Que pensava já perdida Sem ter muito o que sonhar Contigo, aprendendo amar Sem medo sem solidão Meu verso encontrando então, A razão para viver! X Saindo pela manhã Nesse afã de mais viver Sem temer nem amanhã Nem dia que vai nascer Sem medo de escravidão Nem sequer da liberdade. Com toda essa ansiedade Que liberta o coração E plena do manso perdão, Da alegria, seu pendão; Fantasias dos amores Que se formam belas flores Espinhos também produzem Nas horas que mais reluzem Tocaias da solidão... X Na minha alma, tão serena E por vezes, mais amena Acena a luz deste amor Que se for por onde vou Acabará com a dor Que tanto tempo marcou A vida de quem amou Ávida vida sem gozo, Sem gosto quase de nada E sem sequer ter amada Que possa me traduzir. Que não precise pedir Pois sei que sempre virá Ao meu lado ficará Nos momentos mais difíceis Impossíveis de viver. Que não me deixe sofrer As esporas da saudade E que traga claridade E gosto de liberdade, Vontade de viajar Pelos raios do luar Pelo céu, estrela e mar, Por toda essa imensidão Guardada, numa paixão, Dentro do meu coração! X Leda dor que me maltrata Que me trata como louco Amor que tinha, bem pouco, De gritar, ficando rouco, Fazendo uma serenata Lua brilhando em cascata Ilumina toda a mata Do meu triste coração Que Leda não saberia Vestido de uma alegria, Trazendo, na poesia, O vento duma esperança. Que minha alma sempre alcança Mas se cansa de esperar. Em Leda, todo o luar, Toda a beleza que espera Como o bafio da fera Que me espanta e que me atrai Todo amor da vida trai E, depressa, se distrai E parte noutro caminho, Deixando-me tão sozinho. Sofrendo qual passarinho Que perdeu o pobre ninho. E voa sem ter paragem... X Por amar Maria tanto Sem Maria, então, me amar; Amaria por encanto Nesse mar vou me afogar No mar que trouxe Maria Que jamais enfrenta o mar Mas que sempre me amaria Se soubesse navegar As ondas do amor maior Que aprendi e sei de cor, E que quero te ensinar. Vem Maria pros meus braços, Teus abraços, nossos laços, Em ondas de amor gigantes, Nos fazendo dois amantes Que sabemos como amar. Porém se não me quiseres, Vou voltar para o teu mar E no mar que amou Maria, Matando minha alegria, Entornando a fantasia, Nunca mais vou navegar! X Por tudo que passei já nessa vida, Te peço perdão pelos desatinos, Sei bem porque nascido em despedida, Conheci os diversos sóis, meninos, Navegantes que, errantes nesta lida, Não conhecem senão nem seus destinos. Vi tudo quanto posso, nego nada, Nada nego e sossego, minha amada... Explodindo balão nem sei junino, Na festança embolada, penitência... Meus fracassos selados que eu assino, Libélula voraz da coincidência. Salgado em insalubre lar marino, Balanço, transgredindo essa impotência Que faz de meus melindres borbotão, Vou borboleteando essa amplidão! Moleque; fui sacado, por safado, Sereno, fui moleque sem paragem. Nem sabia sertão soubera prado, Vivendo na completa vadiagem, Sem nem conhecer fada; quiçá fado, Pescando no meu rio, velha margem... Solitárias, lombrigas na barriga; Por mais que não quisesse, tanta briga... Decadentes; de leite, caem dentes, Restando meu sorriso de faminto, Não quero pretender que tu me esquentes, Nem que disfarce, finja que só minto, Finos, nas cabeleiras, passas pentes, Crescendo molecote, frango e pinto. Nas penumbras noturnas lobisomem, As minhas tempestades, todas somem... Fui crescido na marra, sem pergunta, Jogando futebol pelas calçadas, Um menino levado, quando junta; Preparem-se, nem noites mais caladas, Resistem aos malandros nem se muita. Forçando ser feliz nestas estadas, Criando serpentina faz confete, Sei, jamais haverá nenhum bofete... Criado sem tempero nem espora, Vazando pelos muros do vizinho, Sem ter tempo perdido, sem ter hora, Estilingue matando passarinho. O melhor do viver é sempre agora, Amanhã, talvez, tétrico, sozinho... Brincando levarei felicidade, Quem sabe saberei saber idade... Sabedoria, sendo meu confeito. Gosto de podridão deliciosa, O que fiz, já farei, senão tá feito... Lúdico esse luar, me trouxe Rosa, Amor tragado estraga, rasga o peito... Faz olhar as estrelas, deixa prosa O calado moleque. Parapeito Da vizinha mostrada sensual Mostra blusa entreaberta, casual... Besteira amar tão jovem! fala o pai; A mãe, conhecedora da tristeza, Avisa: Quem está dentro já sai, Amor significando estupideza, Trama vazia, tanta dor atrai, Diga: quem poderá, tal realeza, Ludibriar, vivendo em tal cenário, Cantando livremente, qual canário! X Meu amor se escondendo faz doer, O que jamais senti por essa luz. Amor só, sem amores, não seduz, Nem mesmo me dá forças p’ra viver... Num barco se navego, sou distante; Na vida sem ciúmes tenho medo. Quem sabe do meu parto, meu degredo, É quem me permitiu ser inconstante... Na mata tem palmeiras, tem Palmares, No campo tenho flores impossíveis. Amores são deveras insensíveis, Procuro por amor, noutros lugares... Setembro já me trouxe primavera; As flores que brotaram nessa mata, Misturam-se no belo da cascata. Amores de verdade, quem me dera! Tenho mudanças nessa minha vida; Que não consigo máximo nem tédio, A vida transbordou esse remédio, Amor é uma cantiga despedida... No beijo de Maria sei Dolores, Nem quero pressentir tanta mudança; Quem me dissera lúdica esperança, Murchou num triste vaso sem ter flores... Num momento de glória quis Jesus, Que o perdão fosse enfim, uma verdade, Por isso meu amor, por caridade. Perdão te peço, em nome dessa Cruz... De tantas valentias que menti, Não peço nem pergunto por que queres, Pois sabes, Tiradentes, foi alferes, Esferas são as feras só por ti... X Fui andando para o norte Procurando o meu caminho, Dei azar, nunca dei sorte, Por isso estou tão sozinho, Nas curvas do bem querer, Eu me perdi de você... Não quero saber mais nada, Tenho minhas mãos cansadas, Mulher, quanto mais amada, Mais duras, as nossas estradas... Quero saber de seu colo, Lhe deitar, mansa, no solo... Tenho calos nos meus pés, De tanto que caminhei, Fui em frente, de viés, Meu caminho eu já errei... Mas não passo de idiota, Perdendo meu rumo e rota... Vi nas travas do destino, O olhar dessa quimera, Meu amor é de menino, Mas ela é uma pantera. Tenho sede, um copo dágua... Para aplacar minha mágoa. Sei que não teria cento, Por isso quis a dezena, Meu amor o seu assento, Com jeitinho, me envenena. Quis ter beijo da mulata, Seu ciúme me maltrata... Nas bugigangas da vida, Encontrei o seu retrato, Minha dor na despedida, Coração pagando o pato... Vem pra casa meu amor... Faz frio quero calor. Batendo o queixo de frio, Procurei por meu amor, Coração bate vazio, Esperando o cobertor... Vem pra cá minha menina, Coração bate em surdina... No gole desse conhaque, Vou acabar meu enredo, Meu amor não é de araque Sem você, vivo com medo... Medo de ter solidão, Sem você não vivo não... Meu sapato já furou, Minha calça está rasgada. Seu amor foi que ficou, Sem você não tenho nada, Vi a curva desse vento, No meio d’esquecimento... Fui pescar lá no riacho, Uma sereia peguei, Bananeira já deu cacho, Todo menino é um rei... Quis saber de sua boca, Acabou, dormi de touca... Usei isca de primeira, Pra pegar peixe mulher, Mas caí, tomei rasteira, Agora, ninguém me quer... Não sei mais falar bonito, Tanto sofro quanto grito... Joguei rede pra pescar, Agarrou no meio fio, Quando a noite é de luar, Coração bate de frio... Nas curvas dessa saudade, Eu só encontrei maldade... Vou buscar um curativo, Pra curar minha ferida, Amorzinho, fica ativo, Seu amor nem Deus duvida, Amor bicho interesseiro, Procura outro travesseiro... Fiz a cama no terraço, Esperando pela lua, Meu amor me deu cansaço, Minha luta continua... Procurando por Maria, Encontrei quem não queria... Vendo espaço lá no céu, Quem quiser pode comprar, Deixa levantar o véu, Espera o que vou mostrar... De carroça capotei, Duas pernas eu quebrei... Procurei a minha chave, Não achei nem fechadura, Ciúme é como um entrave, Tem gente que não atura... Quero o gosto da maçã, O perfume d’hortelã... Minhas dores são do parto, Meus amores são de fé, Vou lhe propor mais um trato Acho que esse vai dar pé, Você canta seu bolero, Eu imito o quero quero... Quis um beijo me negou Quis carinho, não me deu, Andando por onde vou, Não vai nem ela nem eu... Meu amor me disse não, Acabou todo meu chão... Vou terminar essa joça, Não tenho mais paciência, Vou me deitar na palhoça, O resto é coincidência... Fiz um verso pra você, Mas você não quis nem ler.. X A lua, companheira de jornada, Pelos versos que faço a minha amada Que nem lê, nem percebe que a quero, Apenas imagina que esta lua Que tanto canto e, sempre que a venero, Na verdade, venero a luz que é tua. No teu brilho me espraio toda noite Toda noite sonhando com pernoite Ao lado desta lua que não vê Meus olhos mendigando o teu carinho. Tantas vezes procuro mas, cadê? E no final, sempre vou dormir sozinho... Mas espero que a lua te convença A dar-me, no final, a recompensa, De poder despertar ao lado teu, Todo envolvido pelo teu luar, Meu medo é que vivendo neste breu, A claridade enfim, possa cegar! X Eu bem fiz minha morada Desse peito sofredor No final, não deu em nada Pouca coisa que restou Foi somente essa saudade Que me faz seguir em frente, Amar, amei de verdade, Me curei? Fiquei doente! X Conheci tantas mulheres, Tantas que perdi a conta, No meio desses talheres, Minha boca ficou tonta, Procurando por carinho, Devorando essa saudade, Pois em todo o meu caminho Esperei felicidade. De Maria a ponta, a faca, Apontada pro pescoço. Tanta dor que não se aplaca Mas, na cama, que colosso! Juliana foi meu prato E também minha colher, E de noite, no meu quarto, Maravilha de Mulher! No garfo, sempre espetava, A mordida da Paulinha, Era bom, mas machucava, A boca da danadinha... Mas agora, te encontrei, Acabou esse joguete. Levo uma vida de rei. Toda noite tem banquete! X Eu nem sei como tu chamas, Também nem quero saber. Só sei que quando me chamas, Vou, bem rápido atender. Pois, se me chamas querida, Tem sabor de bem querer Teu nome, já sei, é Vida, Só por ti, quero viver... X Das tristezas que carrego Nesta vida, em desatino, Teu amor eu nunca nego, Te espero desde menino... Tu te foste com o vento Mas prometes retornar, Só aumenta o sofrimento, Quando é que tu vais voltar? Cada vez que me prometes, Retornar ao meu viver Que pecado tu cometes, Cometes sem o saber. Vai matando, devagar, Lentamente sem ter dó, Que prazer tens em matar, Esse coração tão só? X “O vento balançando as palhas do coqueiro, Vento encrespando as ondas deste mar” Falando deste amor, o meu primeiro, Que, nas ondas do mar, irá voltar... O vento da saudade sempre acena Escuto, em plena praia, sua queixa, Lembro-me quando, ao vento, uma madeixa Solta, esvoaçante, da morena Que se foi e jamais irá voltar... Na areia desta praia, uma pegada, O vento carregou-a para o mar E não deixou, nesta vida quase nada, Somente um coração triste a cantar Uma canção de amor, desconsolada... “Eu hoje estou tão triste, e tu também! Tão triste, recordando o nosso bem... Mas me diga, por favor, Onde se escondeu, amor? X Seja feliz por toda a tua vida Mesmo que a solidão fale teu nome Mesmo que essa tristeza que consome Demore-se em teu peito, dolorida. Por tantas vezes somos enganados Pela sorte ferina, traiçoeira; Pensamos ter a dor por companheira E que são tão medonhos nossos fados. A cada novo sonho em descompasso. Às vésperas da morte, em um fracasso, Que a noite nos transforma em infelizes Todo o tempo perdido em um amor Que a solidão impede que revises E transformes com calma e sem rancor. Mas eu te peço, querida, Em nome dessa amizade Que essa dor tão dolorida, Feita de tanta saudade Não te impeça a claridade Não consuma tua vida Pois a tal felicidade Nunca esteja, enfim, perdida... Saiba que te quero, amiga, Amizade é forte liga. Como é belo teu brilhar! Tua vida continua. Tens na potência do mar Toda a beleza da lua! X Na voracidade da dor Num canibalismo louco Devorando pouco a pouco Pressentindo o meu pavor, Tua boca entreaberta Aguarda os restos finais Nos amores canibais Que teu desejo desperta. Não vou me entregar inteiro Nem pretensos suicídios Nos teus venenos, ofídios Nas armas deste faqueiro. Vencido por não ter medo Arremeto-me afinal, Neste teu mundo abissal Eterno mar, meu degredo. Parido da própria morte Ambivalente sentido. Sem rumo, sigo perdido, Teu amor era meu norte. Mas tanta fome, querida, E nada mais me sobrou. Entreguei, a quem me amou, O resto de minha vida! X Não meço meu amor, nunca se mede; Amores e carinhos não têm preço… Se dores me causais, tão logo esqueço, Pois perdão, com certeza, amor me pede. Se deito meu cansaço em teu regaço, No abraço que me dás, a redenção. Pois, Mais perto do teu, meu coração, Se encontra, no calor do nosso abraço. Meus passos, sem teus passos, se tropeçam E caio, com certeza e me torturo. Amor que nós sentimos, de tão puro, Faz com que dois amores se mereçam! Querida, minha vida em tua vida, Refaz-se em minha vida, se alimenta De tudo que, tão vivo, amor inventa, E impede, a cada dia a despedida. Amor que tanto amor, amor se deu, Co’a força desse amor, nada resiste. A dor nos abandona e vai tão triste, Sabendo que, no fim, amor venceu! X Preso na garganta Grito que não solto Tanto me revolto A vida dói, tanta. No canto que tento Invento meu cais O meu grito, atento Não solto jamais. Recebo em tempesta A festa que fazes Nas frases mais feitas Não peço mais pazes As horas perfeitas Desfeitas em dor, O grito que penso Mas não me convenço O grito do amor! X Nas voltas que demos Não nos demos bem... Amor que tivemos, Sem paz, sem ninguém! Dançamos sem medo Sem medo da dor Da dor sei segredo, Segredos do amor. Amor sem ter dor Não sei se é amor. As rosas que exalas Perfumes que falas Nessa alma que tens Abertas as salas, Na noite que vens A porta escancaro Pressinto teu faro É caro o meu bem É claro que tem Amor que é tão raro, Sem ele, ninguém. Dançávamos valsas Nas danças da noite Açoites os ventos Valsávamos tanto Da valsa, esse encanto Que encanta meu bem. Sem ter o teu canto, Meu pranto já vem... Na dança que danço Não canso da dança Amor sempre alcanço E nunca mais canso No manso dançar. Que mostra esta rua E se continua Estás toda nua Tua alma flutua Na alma que é tua A minha se avança E dança, tão mansa, Nos braços da lua! X Amiga, quando estávamos sozinhos, Distantes dos amores, das tristezas, O mundo se enfeitava com belezas Diversas que alimentam nossos ninhos Das flores mais tranqüilas da existência, Que turvam-se, depois da adolescência. Porém, na primavera, tempestades, Hormônios traduzidos em paixões. Da calmaria surgem furacões, Misturam-se diversas qualidades De sentimentos loucos e fraternos. As vidas transformando-se em infernos. Depois de tantas lutas e ciúmes, Caminhos diferentes, novas trilhas, Em meio a confusões e maravilhas, Os sonhos se perdendo dos perfumes... Os casamentos, filhos, os divórcios. Empresas procurando novos sócios.... Após, maturidade se aproxima, Os ventos que se tornam brisas mansas, As noites de loucura, calmas danças, Paixão se transmudando em doce estima. Ao ver-te minha amiga verdadeira, Penso na derradeira companheira! X Eu te amo. Simplesmente és minha vida! Tantas vezes eu sofri, Minha noite, por vezes, vã, perdida... E tu estavas aqui. Caminheiro sem rumo, sem estrada, Mas hoje vivendo em festa, Pensava tantas vezes, não ter nada, Na expectativa que resta De poder ser, enfim, bem mais feliz, E chegaste, como em sonho! Tu és, da minha vida, o que mais quis. O meu sonho mais risonho! Agora que tenho O amor que sonhei Dos sonhos, a lei Da felicidade Que mata a saudade Que traz o sorriso, Vivo paraíso, Meu mundo de paz, Agora, capaz, Viver, quero mais. A morte, jamais. Assim vou vivendo Do mundo, aprendiz, O tempo correndo, Com claro matiz Minha alma sorri, Meu mundo é aqui Ao lado desse anjo O mais belo arranjo Que Deus já criou! X A minha vida inteira penso em ti; Nas horas mais difíceis, solidão, A saudade remói no coração Lembranças desse tempo em que vivi Ao lado de quem sempre desejara. Um amor como o nosso é coisa rara... Desejo os teus momentos mais felizes Ao lado de quem sempre desejaste. Nosso amor que morrendo por desgaste Foi perdendo por certo tais matizes Que embelezavam toda nossa estrada, E depois disso tudo, deu em nada... Quando ouvindo o cantar de um passarinho, Belas asas abertas da esperança, Eu me lembro como era manso, o ninho Mostrando em nosso amor, nossa aliança. A gaiola do tempo te levou Sabiá, de tristezas, não cantou... Ao ouvir o lamento da saudade Batendo nesta porta que fechaste, Pergunto-me por que que tu mataste Nossa felicidade, sem piedade. A minha vida inteira penso em ti E ,por vezes, te sinto bem aqui. Ao meu lado querida primavera Que negou, neste inverno, meu jardim. Quem me dera te ter, ó quem me dera, Os meus últimos dias junto a mim... X Resta uma mesa na sala E uma rosa no jardim Tudo canta, tudo fala Saudade batendo em mim Te vejo sentada à mesa, Na jarra, vermelha rosa, Refletindo essa beleza, Nossa vida maviosa; Coração de porta aberta Refletindo o sol nascente. No frio, nossa coberta, O nosso amor envolvente... Foste embora, minha amada Nunca mais poderei ter Minha vida anda cansada, Mil vezes melhor morrer... X Meus parabéns, querida, parabéns! Mais um ano passando sem te ter. A saudade corrói e faz doer. Procuro-te... Cadê? Mas tu não vens... A noite passada Na busca por ti Não vejo mais nada Será te perdi? Estavas tristonha A vida maltrata A gente que sonha Depressa destrata Não deixa mais nada... Um ano a mais A vida traz O sonho triste Nada resiste Ao triste sonho, Amor risonho Fica medonho, Mas te proponho Volta p’rá mim! Meu amor És a flor Que plantei Se fui rei Ou se errei Mil perdões. Amplidões Corações Sem alguém Sem teu bem Sou ninguém... Mas será que ouvirás a minha voz? Meu canto agônico, perdido, triste... Meu coração tão temerário, insiste, Teimosamente. A vida é mais atroz... Mas sinto que estarás aqui, amor, Neste Nosso Natal, o da esperança, Teus olhos carrego na lembrança, Como ao perfume, guarda a triste flor... Esse vento batendo na janela... Toda noite trazendo o frio intenso. Amor que se foi, forte e tão imenso... Com o vento batendo, na dor, penso. Mas a sombra da lua, me revela Que não é mais o vento! Será ela? X Amor, a cantilena que domina. Perfeita ladainha que repetes. Nos ombros dolorosos, os confetes, Em festas nunca deixam serpentina. Nas horas que ignoraste meu tormento, Isento das verdades e dos tinos, Nas mãos que me carinham, desatinos, Quem dera se viver fosse um alento. Veria que falseias sem cuidados, As mentiras, imbróglios, falsidade. Depois de tanto sonho ter saudade, De novo meus desejos sepultados. Mas nada me impediu de te querer, Nos mares que me deste em penitência. Plantando no jardim quem quis hortênsia, Deixou a solidão, triste prazer! X Amor que me arrebata e me corrói. Jaz seta em velho peito sofredor, Que vai de tanto embalde, sem amor, E sempre que soluça, me destrói. Amor embarco tolo em seus navios Sem rumos em temíveis maremotos. Distante dos juízos mais remotos, Desata a lucidez, não deixa fios. Amor envelhecido sem sucesso Em formas de tormentas faz carinho. Sem ter amor talvez morrer sozinho Pareça o meu destino, meu progresso. E nada que me impeça uma loucura! Nem mesmo se farsante ou insincero, Dê-me somente um beijo! Nisso espero Talvez a solução, a minha cura! X Num jardim adornado pelas flores Maravilhosamente perfumada, Passeias desfilando teus amores, Deixando a tola rosa enciumada... Violetas e gerânios perfumosos, Sentindo essa presença tão divina, Murchando, pois que são tão melindrosos, Lamentam, tão tristonhos, triste sina... A flor cuja semente Deus guardou E jamais brotará noutro jardim, Ao ver que quase nada me restou, Guardou essa semente para mim! X Em todo pensamento o meu desejo De ter aquela musa que atormenta O sentido e prazer demais sobejo Que a cada novo beijo só aumenta. Se traço meu destino ou não mereço, Não vendo teus caminhos, me revolto. E sempre que possível agradeço Amor; pois, das mortalhas, já me solto. Vencido por sentir que a vida passa Nas horas mais fecundas eu me perco. E tudo que não vejo me desgraça De dores e quimeras vis, me cerco. Mas quando o pensamento traz teu lume, O gozo do ciúme me transtorna. Amor que exagerado, sempre entorna, Recende, nos teus seios, mais perfume! X O vento, o mar, a lua, a tempestade Formando nossas musas e quimeras; Belezas e bafios mansas feras Às vezes nas unhadas, a maldade; Deitados sobre mares revoltosos, Nos beijos e mordidas revezados Os olhos quase sempre iluminados Reviram e maltratam tantos gozos. Vieste em minha vida, um pouco cedo, Mas sendo seu remédio, não te curo. Apenas destratamos, mas procuro Saber de teus perfumes, arvoredo. O vento que no mar maltrata a lua Em tempestades busca o seu remanso. Nas noites que te caço, durmo manso. E acordo co’a pantera linda e nua... X Não quero a liberdade sem te ter, É breve meu caminho e quero festa. Amor; pois, com certeza é o que me resta, Decerto sem amor, cadê prazer? Idade vai passando e sem motivos, Não posso cultivar mais esse engano, O tempo cruelmente aumenta o dano Em corações diversos e emotivos. Correndo sempre atrás de uma esperança Alcanço, mal disfarço, meu começo, Percebo que nascendo, meu tropeço, Ao mesmo tempo caço e já me alcança; Pressinto que viver sem ter amor, É mais que uma opção, é minha sina. Como posso, sou cego, um esplendor Saber, se escuridão já me destina? X No tempo em que, dispersa nas saudades, Dormias e não vias os meus dedos Que buscavam carinhos sem segredos, Nas ondas, t’as melenas macias, Desse negro absoluto, as fantasias, Que se traduziram em tempestades, Desde que tu te foste, meu amor; Não restando sequer sombras, desejos... Saudades dos jamais tentados beijos, Na angústia de te ser sem ter-te tido Na perda do que nunca foi pedido, Certezas de não ter nem desamor. Fugias sem saber que eu te caçava Nas noites e nos dias, nuvens tantas O sol, também a lua, nunca brilham Se não tiverem luz, nem maravilham O céu que permanece nem escuro, Pois é indiferente, nem maltrata. Apenas existindo, sempre mata, Aquele que jamais amor amava. Amor sempre sonhava sem prenúncios Com medo de ter medo da paixão Nos vícios da temível solidão Sabia que jamais fora feliz. Mas a vida precisa ser por triz Amor que se pretende quer anúncios! X No dia em que nasceste, tanta luz! Os céus em claridade, extasiados, Por fogos de artifício iluminados Ao nascer desta estrela que reluz Cobrindo toda terra de alegria, Recobrindo o universo em fantasia. Gerada pelos raios, pleno amor, Num êxtase fantástico da paz. De um útero materno em esplendor, De tudo que um deus bom será capaz De dar em gratidão à quem amara. Entre todas as jóias, a mais cara. E vieste deitar-se aqui do lado, Maravilhando os sonhos mais sutis, Trazendo para o peito apaixonado As boas novas: ser, enfim, feliz. A deusa enobrecendo meu viver Refaz meu coração em seu prazer! X Na claridade da aurora O brilho dos olhos teus No contraste com os breus Tanta beleza nesta hora... Amada, como fascinas, Ao te ver tão de repente, Amar é, decerto, urgente, Nas auroras que iluminas... Depois de tanto tormento, Depois da vil solidão, Abrindo meu coração, A doçura de um momento. Não quero mais que tu vás, O que farei se tu fores? Não quero mais os horrores. Preciso viver em paz! Depois de tanto sofrer, Sem ter ninguém ao meu lado. Um viver desesperado, Esperando o sol nascer. Quando te vi, na manhã, Iluminando, serena, A minha alma, tão pequena, Passou a ter amanhã! Toda alegria de agora, Que alimenta a fantasia, Surgiu, tão bela, em um dia Em teus matizes, aurora... X Tua beleza desnuda Sob os raios desta lua. Meu amor também flutua E pede, aos céus uma ajuda, Para que possa sonhar Na delícia do luar... O luar que te ilumina. Testemunha o sofrimento Que traduz o sentimento Mavioso que domina... Tanto amor que me fascino Neste luar cristalino... Amiga pr’a que tortura? Amor tarda mas já vem... E nos braços do teu bem Num delírio de ternura, A noite clareia a tez Alvejando esta nudez... X No meu sonho delirante Os teus braços nos meus braços Num maravilhoso abraço De beleza estonteante. A tarde já traz a lua, Plenilúnio em fantasia Ao por do sol morre o dia, A beleza continua. Os nossos corpos salgados Entrelaçados, se fundem. Noite e dia se confundem, Nos olham, emocionados... A beleza delirante, Traduzida no prazer, Dá vontade de viver, E morrer ao mesmo instante! X Amor que ao me ferir, também se fere E sofre do veneno que envenena. A sorte de te amar, calma e serena, Ao mundo, o meu amor, cedo transfere. E toda a correnteza vai ao rio, E leva para o mar meu triste canto, Netuno, apaixonado em tal encanto, Abraça uma sereia, em desafio. Perdido nos amores e delírios, Netuno se entregando ao louco amor. Em ondas gigantescas, esplendor, Dos mares revolutos, os martírios. Amor incendiando todo o mar, Prepara uma armadilha em duro adeus, Netuno, majestoso, viu que, amar, Também traz sofrimento, ao velho deus... X O fogo ardendo trouxe a forte chama Que refletida em tudo, acende amor E faz com que essas ondas de calor Reflitam nos olhares de quem ama. Ao verem a beleza em minha amada, Nos seu rosto, o reflexo das estrelas, Em milhares de lumes, tantas velas, Uma estrela, por certo, apaixonada Mergulha no horizonte, lhe buscando. Ao mesmo tempo, um raio de luar Enciumado, se joga sobre o mar, E toda a natureza se entregando... De todo esse romance, os elementos, Aos pés dessa mulher apaixonante; Num sonho divinal, estonteante, Misturam corações e pensamentos... X Olhos formosos onde a natureza, Demonstrando o poder de uma paixão, Encontra a plenitude da emoção E se derrama em raios de beleza. Envolta nesse lume em festival, Apaixonadamente entregue ao sonho Recebendo o carinho mais risonho Da beleza sem par, sensacional. Pressinto meu desejo satisfeito De poder navegar em noite escura. Em claridade, os olhos da ternura, Invadem e iluminam o meu peito. Amor de raridades, diamantino; Meu penhor te dedico, fervoroso, Na certeza de ser maravilhoso O caminho que traça o meu destino... X Mãos delicadas,rosas estendidas Sem espinhos. Carinhos e desejos, Nas mãos glorificados azulejos Que bordam, maviosos, nossas vidas... E fazendo de cada dia um sonho, Permite-nos viver em tal leveza Que possa nos trazer maior fineza De viver horizonte mais risonho... Mas, se não as tivesse delicadas Como a mansidão breve de um carinho, Amor que te dedico, mais sozinho, Não saberia dessas mãos de fadas. A beleza, ao sentir tua presença, Em ciúmes se recolhe, sem alarde. Amor que traduziste, mesmo tarde, De toda a minha vida, a recompensa! X Amar nos faz crer no incrível, Ver o impossível Sentir o inesgotável E impalpável. Amar é ter asas nos pés E viajar pelos espaços Pelos universos Que estão contidos Nas entranhas mais profundas Das nossas almas. Amar é expor a nudez absoluta E não ter vergonha Esconder as estrias da alma E do corpo, Mas não reparar nas do outro. Amar é ser não só capaz de ouvir Estrelas, Mas mesmo de pegá-las Nas nossas mãos E até devorá-las Roubando os seus lumes... X Eternizar cada momento Que tivermos, de amor. Poder fazer de cada segundo O primeiro e último De nossos dias. Viver as fantasias Mais felizes e,portanto, As mais difíceis. Ser refém das alegrias Sem esquecermos jamais De que a vida não volta O tempo não pára E a felicidade dura um minuto Mas vale por toda a nossa vida! X Nosso amor, sentimento mais feliz Que nos transforma sempre e sem demora. Uma alma sem amor, decerto chora E procura noutra alma seu matiz. Amor, por tantas vezes solitário, Esperando poder compartilhar A beleza inerente ao próprio amar. Sem temer parecer mais temerário. Amor, que ao produzir felicidade, Reparte toda a sorte deste mundo. Das águas deste amor, eu já me inundo, Feliz em me afogar; cumplicidade! X Vaga mundo, devagar Vago o tempo, sem demora Tanto tempo por passar, Relógio, marcando a hora... Cálice de vinho tinto, Trazendo sangue na boca, Amores são tantos, sinto Louca vida, vida pouca... Na verdade, foste santa Perdoando meus pecados, Tua alegria me encanta, Belas flores, belos prados... Em teus seios, sei saudade; Tua boca me devora, Vem viver felicidade, Nosso tempo não demora... Água correndo no rio, Do teu rio, vai pro mar. Moça, me dê o teu cio, Teu corpo, vou navegar... Viver sem medo, cigano, Sem segredo e covardia Passando dia, mês, ano; Montado na fantasia... X Sem ter nada por dizer Desse tanto que já disse Por ter medo de viver Sem ter nada que afligisse Pelo canto mais sensato Desse rio, do regato. Por não temer o cansaço Por nem ter o teu regaço Quis fazer essa manhã Com teu gosto minha amada Ter no meu peito a terçã Ter nos olhos madrugada Sem saber por onde andar Nem ter medo da saudade Nem vontade de voar Quero ter somente a lua Mudando a forma, mas nua. Percorrendo cada rua Como se fosse ela, a tua. Como poder ser teu colo Como transformar teu solo Como navegar ao pólo Como resistir ao canto Envolvendo-me no teu manto Encantando-me teu encanto Navegando no teu mar Procurando teu cantar Sabendo bem mais te amar Que poderia essa vida Ser estrada tão comprida Que nunca pode estancar O que sangra sem segredo Esse amor me dando medo No meu último degredo No final dessa cantiga Que de tanto ou mais antiga Vai queimando feito urtiga Fazendo a vida serena Dando dor a quem tem pena Dando essa asa a quem não voa Vou levando a vida à toa Navegando essa canoa, Vivendo essa vida boa. Com o gosto da saudade No peito essa liberdade Carregando a vaidade De ser livre, sem ter medo. De saber qual o segredo Para poder suportar As dores mais poderosas Vou tentando perfumar Com os olores das rosas A quem queira me amar. Quero saber dessa sina Que me traz a ti, menina. Que me faz sentir, calor, Nos braços do meu amor Na rede toda preguiça Que vem, prende me atiça. Me dando essa sensação De chegar nesse meu chão Carregado de perdão; Lavando toda certeza Na chuva da madrugada Tornando desesperada Cada ausência sem você Querendo, só por querer. Querendo sem nem poder Amar quem nunca esqueci Na vida que já perdi, Na curva dessa esperança Ser de novo tão criança Trazendo em minha lembrança O gesto mais delicado Onde amor tornou-se fado A vida dando o recado O medo andando de banda Pesando o peito sofrido Que por muito já vivido Leva seu tempo perdido Vai em busca da certeza De encontrar essa beleza Que todos chamam verdade, Mas pra mim, sinceridade. Conhecendo a liberdade Chamo de FELICIDADE! X Muitas vezes te perdi. Obuses abusos luzes me cerziste. Cinzas cravos mortes seduziste Nada mais te temo Meu último ultimo teu timo Estimo teu rumo, prumo e destino. Atino e desatino, átomo desato-me... Religo restinga e montanha. Minha senha, minha sanha. Nas morfinas noites alucinas. Aços e ações. Rabecões. Carrego meu corpo Levo para a cova. A sova do não O pão sovado. O amor desengonçado; O nada sem gosto Sem sal. Soletro seu amor. Seleto e sem sabor. Completo desafeto, Perpetuo este feto. Perpétuo aspecto E respeito. No peito Um jeito de não bater. Baterias e bactérias terias. Mas não me tens e vens E vens e não me tens... Se não vens me terias. Mentirias se me tiveste. As hastes que quebraste São as mesmas que sustento. Meu vento e feitio Fastio, Estio És Ex. Estilo Estrilo Estridor... X Festas e feitiços Feitores... Eis nosso sangue Transfuso... Amores... Confusos e fusos. Fusões. X Quero teu acero e seu sincero Sínodo e sentinela. Vento e temporada. Amada, sou nada, adiciono e não prossigo. Ligo mas não sabes. Sebes e senzalas. Somas e mortalhas. Retalhos do que sou caminham soltos. Envolto em teus desejos e delírios. Frio, calafrio e fantasia... Hiperestesia sem vacina. Tino e tina, mar e manto, Marítimo cortejo. Desejo me definho. Fio e farpa. Harpa e cancioneiro. Viés e panacéia. Somos a mão e o formão, Quem sabe virá o novo dia? Meus filhos, sem hora, senhora De todos os meus lodos. Minha casa e meu ocaso. Fácil saber por que não vens... Amor louco motiva, locomotiva Perdi vagão. Perdi sertão Fui tão e nada sou. Céu sem lua. Nua a vida continua... Contínua ladainha... X Se não existisses mais... Minha vida sem sentido. O meu barco vão, sem cais. Tempo passando, no olvido... Vida sem paz é mortalha... Restos de ilusão, mar morto... Faca penetrante, entalha Rumo sem juízo e torto. Se não existisses mais De que serviria o canto. Não iria nunca mais Saber da vida, o encanto. Na minha alma amortalhada Nem mesmo tais ilusões; Não haveria mais nada, As não ser as decepções. Se não existisse amor De que valeria a vida? A vida morrendo a cor, Nas tristezas, envolvida.. Inda bem que estás aqui. Sentindo tua presença, Da vida já recebi Minha maior recompensa! X Versifico com cuidado Não pretendo magoar Aquela que foi passado, Nunca mais irá voltar Não procuro por saudade, Nem cheguei a perguntar. Vago ruas na cidade Esperanças de voltar. Teus braços são meus descansos Nas estradas que passei. Os olhos são os remansos Onde enfim eu descansei. Quem quisera ser saudade Dos meus braços sairá, A canção da liberdade, Todo pranto cantará. Minha senda é sempre leve, Meu caminho pesa cruzes. Meu amor passou tão breve; Nos espinhos e nas urzes. Quem não quer ser mais sereno Trovejando vai passar Amor que não tem veneno Serenatas ao luar. Minha luta é sem destino, Os meus olhos negam sol. O amor desse menino, Ilumina qual farol, Todo tempo que não tenho, Nada fiz que não valia. Quando em tristezas me lenho, A noite não traz o dia. Toda minha fantasia, Se perdendo num abismo. Quem souber da poesia Esquece do fanatismo. Quadro que pinto não nego, Tenho as tintas que encontrei. Toda dor que não carrego, Nas espadas dessa lei. Vi meus barcos naufragando, Vi meu tempo sem remédio. Meu amor já foi mudando, A vida não quer mais tédio. Toda trama me envolvendo, Nunca pude revelar, Minha dor pede remendo Nas espreitas do luar. Vacinei a tempestade, Encampei a solidão Esqueci felicidade Fechei porteira e portão. Menina não tenho prenda, Não me prende teu amor. Vestido de chita e renda Nos cabelos, uma flor. Na mão a rosa vermelha, Certezas no coração. A vida pede centelha, Não terá mais solução. O meu verso de repente, Volta e meia não tem fim. Todo amor que se sente, Emana dentro de mim. Quero o tempo sem certeza Sem ontem nem amanhã Tudo que tiver na mesa Procurei com muito afã A geléia e sobremesa Vieram lá do quintal. Só restou esta certeza, Minha vida no varal, Quarando qual fosse sina, Que não deixa seu recado. A mão que cedo assassina Não permite um belo fado. Recado que não foi dado Às expensas da paixão. Quando foi, foi malcriado Esperando teu perdão. Navego por sete mares, Oceanos sem penedos. Minhas noites sem luares, Meus pesadelos, segredos. Na rosa que tu me deste, Espinhos fincaram fundo. Amor que tens não empreste Meu coração viramundo Sabe das horas sem rumo Quem não sabe não deseja Amor que não mede prumo Nunca nega nem me beija. Sempre vaga estrela morta, Sempre rouba no final Minha vida morre torta, De tristezas, festival. O canto do passarinho, Na gaiola não se ouviu. Buscando seu velho ninho, Muitas saudades pariu. Minha mão não tem as linhas Nem da sorte nem da morte, Migrando qual avezinhas Procurando pelo norte. Somos versos reversos, Inversos e inversões Não quero mais universos Nem quero rebeliões Quero o canto mais sensato Da vida que não me leva. O meu medo é do regato, Alma triste já neva. Sofreguidão traz demência Não pode servir de alento. É tudo coincidência A mão da sorte no vento. Um remendo sem sentido, Um vaso que não se quebra Um amor mal resolvido Nunca nas danças requebra Me empurrando do penhasco Amor que não deve nada Se no final me sobra asco Amor de carta marcada. Revezando meu barraco, Sai Joana entra Maria Na vida sei que sou fraco Vivo errando pontaria Meu descanso é trabalhando No suor já fiz a cama. Muito tempo procurando, Esqueci como se chama. O monte que não divide A terra que não concebe O medo que nunca tive O resto não se recebe. O dedo que não aponta, A faca que nunca corta Estrela que não tem ponta Minha esperança é morta, Vizinho não sei o nome Mortalha que não me cabe. Se vou comendo sem fome Meu mundo que não se acabe Se viver virou meu mote, Se não posso mais cantar Enchi de fel esse pote, Encharquei água do mar Fiz desejo minha luta A força que nunca tive. A mão se anuncia bruta O pranto que não contive. O resto levo na vida Na vida que não me resta Liberdade sei perdida, Observando pela fresta. Vivendo sem ter juízo, Não tenho medo ou saída Vou morrer no paraíso Preparando a despedida Não quero choro nem vela Nem discursos de mentira A fita que tenho amarela Não restou sequer a tira. No velório que se preza Defunto que não se enfaixa Não quero nem mesmo reza Derrame muita cachaça. Quero dança e rapapé Quero riso da viúva Depois de ter rastapé Que me caia muita chuva. Mordida de jararaca E de formiga saúva. A sobra deixo de inhaca. Pra sogra mostro essa luva. O parto que nunca parte Pois o resto fica aqui. Molambo por toda parte Dessa terra onde nasci. Um gosto de rapadura Um cheiro de café fresco A noite que seja escura Já pintei o meu afresco. “Aqui jaz quem não jazera Se jazesse a medicina” Minha casa foi tapera Minha morte, minha sina. Defunto não fala nada Minha voz já não tem força Vai chegando a madrugada, Por mais que torça e retorça, No final quase não sobra. Vencida minha batalha, Vestido couro de cobra, Na ponta dessa navalha. Eta corpo mais pesado, Como pesa esse presunto. Que pena não ser alado, O danado do defunto... X Quero teu corpo querida Desfrutando toda a vida Que ele poderia dar No céu, luz e luar Na vida sem ter parada No sentido dessa estrada Que no final dá em nada Sentir tua madrugada Nos braços de minha amada Na canção desesperada No tão ser e nem ser nada Nem tentar te conhecer. Quero muito de tão pouco Querida, teu grito rouco Muita grana e pouco troco Sangrando após cada soco Morrendo sem poder ter Nem podendo mais conter, Nessa centelha viver E em cada instante morrer Sem teus olhos para ver. X Seu moço, por caridade Escuta esse povo sofrido Que vive nas tempestade, Trabaia quar desgraçado Pelos mata e nas cidade. Esse povim sem parage, Vivendo sem amparage Dos home de capitár. Eles chinga nóis de tudo Quanto ruim há no mundo. Chama nois de vagabundo Que nois semo anarfabeto Que nois semo cachacero, Que num pode dá denhero, Pra móde sobreviver, Essa raça de safado Desses pobre desgraçado Que róba mais que ladrão. Eles conta a mentirada Pois num cunhece uma inxada Nem sabe o valô da gente, Pru mais que o mundo comente. Nóis num passa de pilantra Nossos fío, qui nem pranta Num percisa de comida. Essa gente é convencida E não cunhece nois não Não sabe o valô da vida Sufrida nesse sertão. Nem anda nesses comboio Quar boi em canga marcado Que anda dependurado Nesses trem cá da cidade. Nos otromóve eles passa, Nem percebe os coletivo Cheios desse bicho vivo Que eles cunhece pur massa; Trabaindo todo dia Pra pudê dá mordomia Presses homê, prus dotô Nóis semo quem aproduz A cumida que eles come Apois veja, a própra luz Que alumia bem os home Se num fosse os disgraçado Se num fosse o seu trabáio Já tava tudo apagado, Queria ver nos atáio Dessa vida, vivo táio, O rumo que eles tomava, Quem sabe se eles paráva Nus beco onde a gente véve Onde não há quem se atreve A chamar de residença Chei de criança e doença, Pra podê tê consciença Da vida que leva a gente Dexava nois té contente Preles pudê aprender Que num basta sabê lê Pra se dizê sabedor Que é percizo munto amô E bem sei, que só merece Amor, quem se conhece Que num sabe conhecê Aquele que nunca viu. Portanto, moço seria De munta serventia O sinhô pode passá Pobreza só pur um dia Pra mode valorizá O trabái de nossa gente Quem sabe, ansim seu dotô Havéra de valorá Esse povo brasilero Ia aprender mais, garanto Que nos livro lá da escola Nóis só presta em feverero Ou se for craque de bola Aí vanceis acha bão Inté pága pra nus vê. Nossas fía mais bunita Tumbém serve pra vancê Nas buate mais perdida Mais se incontra pra valê Com home de capitar Pra servi de companhia, Mas mar amanhece o dia Tudo vorta como era antes Dispois vem esse disprante De chamá di inguinorante O povo mais umiádo Nois tudo semo safado Na vóis desses doutô Se esquece que nois é home Nem percebe se nois come Se nossos fío tem fome Isso nem lembra o sinhô Na hora dos seus projeto Nois semo tudo uns inseto Sirvimo pra atrapaiá Sirvimo pra trabaiá Pra alimentá os dotô! Intonces já me vô indo Pros sertão to retornando Pras favela vô saino Meu tempo ta se acabano Vo vortá pro meu roçado Ou então pro meu serviço Passa dia mês e ano O carro num anda, enguiço, Já faiz tempo tá parado. Mais ficaria contente Se oceis perduasse a gente Num custa perdão pedido Perdoa por ter nascido Um fío meu lá em casa Que, pros óio dos doutô Foi feito por descuidado Nasceu fruto do pecado Da inguinorança da gente Mais me dexô bem contente Esse meu menino amado Que é fruto de munto amô. Que nois pobre, tombém ama Embora oceis me parece, Num cridita nisso não Nóis tudo fais nossa prece Nóis tombém somo cristão. Fíos do mesmo Sinhô Que morreu, naquela Cruz Que foi feito cum amô E era pobrinho, Jesus. Então pense por favô Nu munto que se ensinô O Pai de todos os home Dos que come e que tem fome De todos sem distinção Que nois tudo nessa vida Por mais que seja doída Por mais que seja distinta Diferente em sina e tinta, NOIS SEMO TODOS IRMÃO! X Quando falo de saudade Logo me vem tua imagem Percorrendo esta cidade A cada rosto miragem Vejo essa boca pequena Em cada curva da estrada Minha vida, de serena. Transformou-se revoltada Numa grande tempestade Que não tem mais paradeiro Dolorosa de verdade Te procuro o tempo inteiro Quando acordo tão sozinho Vou procurando te ver Já não tenho meu caminho Já não consigo viver Quero te ter bem comigo Pra me dar alento e amor Pois sem ti eu não consigo Encontrar mais o calor Do que foi feita essa vida Vida minha em tua feita Minha vida vai perdida Sem a tua nessa espreita Nem espero mais ter vida Se não tiveres por mim Vida minha triste lida Sem tua boca, carmim. Quero o sol da madrugada Quero a lua desta tarde Vou morrendo sem ter nada Vou vivendo de saudade. X As palavras soltas Quando estão revoltas Em versos morrendo Diversos sentidos Já tão esquecidos Vejo renascendo. Amores amaros Amargos licores Nas tão belas flores Sentidos ignaros. Se tenho ciúme De ter teu perfume Não peço que o vento Traga-me o tormento Nem impeça o sonho. De amor que me rói, Embora risonho, No fundo destrói. Diga-me seu nome Tão triste quimera Amor quando some Ressurge na fera. Espreito esperança De novo, outra dança. Agora meus dias Sem ter fantasias Depressa cometo, Amor que me acalma A ti eu prometo, O coração, a alma... X A desesperação que se aproxima Por teres nada feito e sem recados. Os veros pensamentos, velhos fados, Entendem que em teus versos, sou a rima. Embora não percebes como tocas Os céus de meus desejos quando ris. O mundo que a sorrir não faz feliz, Embrenha em nossos sonhos, nossas tocas. Meu peito não se sente magoado E Espera que definas tua história. Talvez conheça enfim a sorte e glória De poder estar sempre do teu lado. Mas sinto que esta noite nunca vem, Embalde em desespero reze tanto. Amor quando me nega seu encanto, Esparsa do meu canto todo o bem.. X Se sabes como em olhos nascem mágoas Que tramam contra o peito sofredor. Vencido pelas tramas deste amor Meus dias se derramam sujas águas. Agruras de viver sem ter espaço Em passos desmedidos sem futuro O canto que mais temo não depuro Em versos desafio o meu cansaço. Medonhas tempestades se aproximam Mas tenho teu amor como defesa Não posso prosseguir virando presa Das dores mais cruéis que me dominam; És forte e soberano, amor divino, Que nada mais me traz sem que me cobre, E pago com moedas d’ouro ou cobre, Amor que é tão vital e cristalino. Amor que com amor sempre se paga, Não cabe e nem contém desesperança. Portanto toda noite fica mansa, E o medo de viver já não afaga. Elevo o pensamento a Afrodite E peço proteção a cada dia, Amor se revelando na alegria Do amor, faz que no amor eu acredite! X Minha alma na tua alma enveredada Passando por tais pontes perigosas Que valorizam sempre mais as rosas Por terem sua senda perfumada. Pretendo te fazer o que sonharas Nos tempos doloridos da saudade Amor que se traduz felicidade Libertando os corcéis dos tristes haras. Não posso me caber se não te sei Nem sinto teu suspiro junto ao meu. Minha alma de tua alma se perdeu. O rumo que esquecemos, tua lei. Passando por distantes arvoredos, Nas alamedas sinto uma esperança; O gosto de teu beijo já me alcança E mata, sem saberes, os meus medos... X Vencido pela saudade Retornando à tua casa, Buscando felicidade Porque a dor jamais se atrasa. E sempre que me procura Escurece e mortifica A tristeza se amplifica E nada mais a segura. As cores de amores tantas São quanto meu sentimento. Se solto teu nome ao vento, Saudades, já me adiantas. Mas guardando a proporção Amor é tão gigantesco Que é o maior parentesco, Pois feito no coração! X Buscando no frescor de teu sorriso A fonte que me inspira todo dia. Se tento tanto amor e fantasia Por certo nunca irei ao paraíso. Amores não se pedem, se conquistam, São lutas que refazem –se sem tréguas. Procuro por amores, tantas léguas Embora quase sempre nem me avistam. As sombras que provocas quando passas, Segredo, são os rumos que pretendo. Sem sorte ,sem amor, eu vou morrendo Os olhos embotados nas fumaças. Depois de tantos dias sem ter chama, Chamando por teu nome, amor responde: Da história, sem querer, perdeste o bonde. Amor que tu querias pouco te ama! X Passeio meu desejo por teus seios Receios de não ter o teu prazer As mãos que percorrendo sem saber Encontram nos teus seios meus receios. Eu quero e não disfarço teu encanto Em cantos mais diversos e sutis, No fundo o que mais quero, ser feliz, Vasculho no teu corpo, canto a canto... Embora teu desejo em meu desejo Nos olhos finalmente a bela luz Traduz o que nem sempre reproduz A boca que ocupei, num louco beijo. E quero que te queimes na fogueira Esgueira pela cama, mas te caço. Desejo com desejo firma o traço E faz nosso prazer, a vida inteira! X Mereço, por acaso teu desejo? Não sei se poderei mas bem que tento. Vivendo por viver, cada momento, Espero que afinal, ganhe teu beijo. Mas se não me quiseres, o que faço? Perdido e sem ter rumo, nada penso. Amor que sempre quis, de tão imenso, Ocupa o coração, não deixa espaço. Não me deixaste nada e nem me queres, De todas as feridas, nem indício De que possa escapar do precipício Que sempre desejei ter nas mulheres! X Quando passas, caminhos mais libertos, No fundo de teus olhos sinto o sol. Amar-te sempre foi o meu farol Que brilha nos meus rumos mais incertos. Pois Visto que eu não quero te perder, Enquanto tu viveres, sim, vivo eu E faço deste canto todo teu, O meio de poder sobreviver. Mas se não voltares, que farei? Não deixe essa bandeira sem defesa És toda a minha vida, uma princesa, Que me faz toda noite, ser um rei! X Nunca mais cantar morte, quem me dera. Esfera que me espera e que me move. Se nada do que tive, te comove, O dente que mordeste, sangra a fera. Se nada mais me cansa que a distância Que leva meu caminho ao teu caminho. Prefiro que me deixes mais sozinho, Amor que não pretendo de inconstância. Se mostras novidades nos desejos Em falsas cicatrizes, ressuscito. E cada vez renovo o mesmo rito Tentar te convencer: me dê teus beijos! Não vejo nem as sombras do que quero. Nos fumos que percebo, nossas almas Viajam infinitos, não me acalmas, Pois muito mais de ti, decerto espero! X Anos, amos, que marcam sem demora Vertendo na miséria meus amores. Que falsos, plastificam tantas flores. Em meio a tanta dor, tortura aflora. Embora não se mostre tanto boa, A hora de viver passa correndo. E quando mal pressinto, percebendo Que nada mais me resta, o tempo voa! Nos calendários sinto que não vens, Mas assim mesmo sonho tua vinda. A noite que passamos, brilha ainda Em todas as saudades os meus bens. Cansado de correr por tantos mares A mando dos amares que não tive. Porejo tantas lágrimas! Estive Em busca de teus olhos nos luares! Mas sei que não desejas mais voltar! O leito que deixaste quer deleite. Pedindo-te afinal, que me deleite, Nos braços onde sempre fiz amar! X Procurando , no mundo certo bem Que sinto não ter tempo de chegar, Depois de tanto tempo sem ninguém Alguém que me quisesse sem pensar. Meu destino não disse das promessas Que foram feitas sempre em fantasia. Amor que não proponho não viria A vida sempre pega suas peças. Mas andando por luas e por mares, Vivendo essa tormenta de te amar. Querendo por amor, o teu amares, Amando sem saber onde encontrar. Vegeto se não tenho teu amor. E nada mais tortura que t’a ausência. Amor sem teu amor é desamor. E toda a minha vida, penitência! X Apaixonadamente me conquistas A cada dia mais e mais e tanto. Amor que me embalando em teu encanto Transforma os corações em anarquistas... Perdendo o meu domínio, te deliro, Dos dois que éramos antes, em desejo, Único coração, agora, vejo. Espinho majestoso em que me firo! Teu corpo no meu porto, todo meu. As bocas se torturam e se pedem E nada, nem as dores, nos impedem, De ver na claridade, todo o breu. E ter na escuridão a clara luz Que sempre nos treslouca e nos seduz! E saibas, minha amada companheira, Que mesmo que não seja assim constante Paixão que te transforma em minha amante. Por certo é sempre forte e derradeira. Mistura de prazer com tanta dor, Um dia essa paixão trará o amor! X Meu amor aqui tão só, Espero por teu carinho; Canta triste curió, Tenta fazer o seu ninho... No cantar duma graúna, Encontrei meu bem querer; É forte como braúna, O meu amor é você! Na viola canto primas, Minhas primas, vou cantar; Vou brincando com as rimas, ‘Té o tio reclamar! Sei o gosto da tristeza, Agostos quase setembro; Maria foi a beleza, Que eu encontrei em dezembro... As marcas do meu passado, Ficaram no que vivi; Meu amor foi encontrado, Jogado no CTI... Amor que me traz saudade; Isso digo, e ponho fé, Doce coceira que arde, Parece bicho de pé... X Vi meu barco na calçada, O meu carro foi pro mar; A minha mulher amada, Vive escondida ao luar... O que quero sei de cor, Mas não sei se isso é verdade; A catinga da Loló, Apaixonou o compade... Aninha, quando menina, Andava sempre fagueira; Tentava dobrar esquina, Banho de sol? Na fogueira... Belinha é muito bacana, Todo mundo sempre diz; Eta garota sacana! Mas bem sabe ser feliz... Não sou mais que cercania, Quem me dera ser divisa; Não consigo ver o dia, Quero sentir doce brisa... Poemas. não sei fazer, De rimas não sei falar; Meu amor, cadê você? A procuro no luar... A lua que brilha aqui, Não é a mesma de lá; Pois na terra onde nasci, Rouba luz do teu olhar... Quando nasceste, Ritinha, Toda terra festejou; Relampeou, de noitinha, Até Deus comemorou! Meu amor não tem segredo, Nem precisa de recado; Com você perco meu medo, Coração descompassado... X Cabem tantos pesadelos, Nos sonhos da minha amada, Quem dera pudesse vê-los Não sonharia mais nada... A viola ponteada, No canto do boiadeiro, Viajando, corta estrada, Nesse sertão brasileiro... Rosa vermelha seduz, A branca acalma o sentido, O meu amor já reluz, Sem ele, sigo perdido... Trovas faço sem parar, Meus versos trago n’ alforje, Quero montar, no luar, No cavalo de São Jorge... Mariana passa leve, Leve Maria pro mar, Maria, a vida tão breve, Mais breve, quero casar... Temporal tem tempestade, Raio, corisco e clarão, O amor tem tempestade, Faz tremenda confusão... Quero beijar sua boca, Mas você não quer mais não, Minha amada ficou louca, Maltratou meu coração... Trago a tesoura do tempo, Para cortar a paixão, Não posso ter contratempo, Vou cortando de raspão... No meio da capoeira, Caipora se escondeu, Meu amor, na vida inteira, Caipora já fui eu! Me disseram, que maldade, Que não posso mais amar, Me negaram claridade, Se esqueceram do luar... Espada corta fundo, Machucando de mansinho, Tanta espada nesse mundo, Mas me inundo de carinho... X A verdadeira amizade Não permite a traição Muitas vezes pede o não E por vezes, dá saudade. Amizade não permite Que amada pessoa grite Nem se irrite com mentiras Tantas flechas quando atiras Matas assim sem saber O que melhor posso ter Por ti querida, sem medos. A vida nos pede segredos Que não confesso a ninguém Nem por isso a noite vem Se amizade é ponto forte, Resistindo até à morte É sorte rara na terra, Mas quando amizade se erra Desmorona e fere tanto, Pior do que desencanto É ataque sem defesa Pois feito em fatal surpresa A traição de um amigo Que viveu sempre consigo Teste fatal pro perdão Difícil navegação No barco do coração É a pior tempestade Que pode nos atingir, Tocaia de uma amizade Impossível de fugir! X Menino, quero a festa. Sombrio, quero a morte Garoto quero a pipa Falante, papagaio. Gestante, quero o verso. Delírio, um universo. Covarde, quero a lança Intrépido quero o bote. Destino, quero a sorte, Poeta, me dês mote. Confete, carnaval Moreno, quero o sol, Gelado quero a lua Penado peço alma, Postado um e-mail Pacote quero fita. Cinema quero filme Restante quero o todo Lodo quero o tombo Arroubo quero a calma; Arma quero a bala. Bala quero o doce. Doce quero a boca Boca quero o beijo. Beijo peço a língua Língua quer tempero Tempero diz pimenta Pimenta e calor. Calor me dá Maria. Maria me dá filho Filho quero cinco Cinco quero os dedos, Dedos teu anel Anel diz casamento Êpa! Tô fora.... X No vermelho dos meus olhos A luta por liberdade No trânsito da cidade No tropeço nestes óleos Que simulam solidão. Na solidez do desejo No navegar da paixão Procurando pelo beijo, Desse teu vermelho lábio Que, carnudo, encarna o sábio Amor, sem conter limites, Ao sabor dos teus convites; Da solidão, inimigo, Vivendo sempre contigo Os sonhos de um amanhã, No vermelhar da manhã Desse sol que me engrandece, Nascendo, a todos aquece. Me faz retornar à prece Em que agradeço ao Senhor A vida que me concede Pelo sol e seu calor. No vermelho do meu sangue Que traduz toda esperança, No mar, no rio ou no mangue Nos brinquedos de criança, Este sangue que trafega Dando vida a quem mais ama, Pela mão pega e carrega Vai acendendo essa chama. Chama vermelha da vida Que arde no fogo, feroz. Trazendo sem despedida, O brilho que, nunca atroz, Reflete a luta bendita Contra toda essa desdita Que possa nos maltratar. Sabendo, bem mais, amar; Confortando o sofrimento, Chama de amor e lamento Vermelha como paixão. Trazendo pro coração, O retorno da beleza, O término da tristeza, Afagando , compaixão. No Mar Vermelho da vida, Atravessando, sem medo Para trás, sem despedida À frente, grande segredo, Um novo canto de fé, Onde, e por que Deus quiser Possa –se recomeçar Um novo tempo de glória Um novo marco na história Um novo canto ao luar. No vermelhar dessa areia, Onde encontrei a Sereia Com seu canto a encantar Trazendo ardente delírio No vermelho deste lírio, Cultivado com o sangrar, Das lágrimas da morena Que em meu canto, virou tema Da forma sutil, serena. Dos meus sonhos, meu lema No meu barco, virou leme, Pois ardor, não há que treme, Sem o vermelho da louca, Transtornando minha boca Procurando tua boca, No molho desse espaguete, Vermelho, como o confete Que encontrei na tua boca Esquecido, e recordando O tempo que foi passando. À procura de teu mar. Vermelho, conjugo amar! X Amor quando ofendendo as esperanças Nos faz imaginar que a vida trai, Nem sempre se levanta quando cai, Principalmente mata sem mudanças. Pretendo meu amor que amadureças Nos sentimentos plenos e gentis. Nem sempre uma paixão é mais feliz Portanto se não queres, já me esqueças. Ausente das estradas sem batalhas Presente nestas guerras e pelejas Amor que tanto fere, se desejas, Encontra novos fios nas navalhas. Mas deixe meu amor viver em paz. Se nada te proíbo nem te peço, Apenas pressentindo me despeço Da dor que anoitecer, deveras, traz... X Desenganos permitem aprender Que nem sempre teremos afeição Embora uma amizade, a solução, Tantas vezes ganhamos em perder. Melhor caminhos livres sem enganos, Tropeços fazem parte desta vida. Amizade que se foi sem despedida Não cabe no futuro em nossos planos. Amigo que não sabe perdoar Portanto não conhece pleno amor, Em vida destilando seu rancor, Depois de tanto mel, vem amargar. Quem fora companheiro, nos traindo, Nos mostra quanto a vida é tão instável, Amizade, nem sempre é encontrável, Pior quando nos mata, distraindo... X Se vou vivendo assim mais apartado De todos os sentidos mais ferozes. A vida me permite tantas vozes, Já que vivo de tudo tão cansado. Amor que me ferindo com seu fogo Derrama em lava todo meu futuro E queima clareando traz escuro Não ouve nem sequer meu triste rogo. Nos mares e nos males que fez cais, O vento revoltoso da saudade, Atando essa algemas, na verdade, Amor que não pretendo nunca mais. Revolvo em busca, paz, todas as terras Não vejo um só retrato que me acalma. Mas cada gesto teu refrescando alma Permite que eu esqueça dessas guerras... X Deleite das belezas mais sutis Em meio ao paraíso que prometes Aos olhos das estrelas me remetes E fazes o meu dia mais feliz. Os rubis e esmeraldas não se sabem Tão belos nem tão raros como são. Assim também vivendo tal paixão Amores e tristezas não te cabem. Somente as alegrias que propagas São fontes de ilusão que tanto quero, Em ti, querida, amor, eu sempre espero Nas delicadas mãos com que me afagas. Rendido pelas rendas de teus braços Nas teias deste amor não quero fuga. E mesmo quando o rosto todo em ruga Eu quero o meu repouso em teus abraços! X Lembrando do passado que passamos Com passos, descompassos e promessas; A vida se vivendo nas avessas Embora sem sabermos bem, amamos. Não deixe que a saudade nos deforme, O medo também mata quem não ama Ouvindo o coração ardendo em chama, Quem pode com amor que nunca dorme? Vivendo a cada dia sem sentido, Sentindo o meu viver tão sem cuidado Amor que delicia foi tocado Por tanto amor maior já pressentido. Quem perde as esperanças perde a glória De ser feliz ao menos por um dia. E ter, ao menos ,viva na memória, O paladar suave da alegria! X Lembranças com saudade e nostalgia Do tempo sem ter tempo, mas feliz. De tanta juventude, um aprendiz Aprende como dói o dia a dia. Do amor demais sem paz tão enganado Espero que não venhas falsas flores. Se tens o meu bem quero teus amores Porém se não o tem traz triste fado. Desgostos acumulo, mas não quero. Escuto a tua voz mas eu não te ouço. Amor que se prepara em calabouço Se vem, por certo logo desespero. Eu quero amor que salve e regenere Não degenere em dor um sentimento Ferindo quem amor logo prefere, Amor que me salvando, em pensamento. X Se, por acaso, ao ver-te; me endoideço E versos mais audazes tu me inspiras Amor quando acendendo tantas piras Se não tomar cuidados, eu padeço. Querendo teu traçado e tuas horas Nas mãos que me carinham perco dores Afloras em sevícias loucas flores Se fores por caminhos sem demoras. Desatas as gravatas e meus nós Amando desta forma a mando dela, Estrela pressupondo a noite bela Mandando um alvo leite sobre nós. Nas regras dos amores, amador, Aprendo a cada dia a ser amante. Amar é aprender ser inconstante Na constância divina de um amor! X Tentaste contra mim tuas mazelas, E ventos que derrubam meus sonhares, Amor que sempre encontro nos altares Em amares, nas estrelas todas belas. As velas que acendeste sem segredos. As velas dos meus barcos bem mais fortes Revelas que nos rumos negas sortes Atrelas teus amores aos degredos. Saudades não carrego nem mentiras Apenas te pressinto mais tristonha. Quem ama e que deseja mais medonha A vida de quem ama, perde tiras. Sem tanto nem tampouco, pouco fiz De tudo que pretendes, pois sei bem Que todo o teu amor comigo vem, Embora tentes outros, és feliz! X Lembranças do meu bem no meu jardim, Em meio a tantas flores, primavera. Saudade que machuca e desespera Batendo tão solene dentro em mim... Nas flores e perfumes, as delícias Que nada, nem o tempo, apagará. O vento que inventavas ventará Em todas as lembranças de carícias. Recordações de um tempo inesquecível Onde viver o nosso amor era tudo Que sempre desejara sem contudo, Viver reconhecendo o impossível. A lua te levando, minha amada, Deixou o teu perfume toda noite Em olorosa flor: dama-da-noite, Encharcando a minha alma enluarada... X No mundo tudo muda de repente, As horas se passando na mudança Os tempos que se foram, na lembrança; Morreram cada vez bem mais urgente. Recebo as novidades-velharias Como quem jamais guarda o paladar. O vento que passou mudou lugar Os dias não se lembram d’outros dias. Quem foste, com certeza, não mais és, Pois que somos mutantes de nós mesmo Lugares conhecidos vão à esmo. Pergunto: onde firmamos nossos pés? Porém os sentimentos pouco mudam. Amor que se procura quer amor. Na cura destroçando a velha dor, Que mesmo depois disso, tanto abundam. Mudanças que fazemos neste mundo, Não sabem destruir essas quimeras Que desde as mais antigas, priscas eras, Derrubam as mudanças, num segundo! X Quando eu conheci Serena, Num galope a beira mar, Aquela bela morena, Tinha tudo pra encantar, Coração bate, dá pena, Dá vontade de chorar, Nunca mais poder cantar Num galope a beira mar... Serena foi minha vida, A razão do meu viver, Tanta dor já tão sentida, Sem vontade de sofrer, Eta vida mais sofrida, Não cansa mais de doer, Viola canta, luar... Num galope a beira mar... Minha voz anda cansada, Cansada de tanto pedir, Minha moda vai cantada, Cantada móde sentir, A viola enluarada, Que canta quase a carpir, Tanta coisa, sem parar, Num galope a beira mar... Levei Serena pra casa, Como manda o coração, Tanto casa, quanto embrasa, O luar do meu sertão, Meu amor quando se atrasa, É problema e solução. Como era belo sonhar Num galope a beira mar... Com Serena tive filho, Dois ou três se não me engano, Do amor seguindo o trilho, Passa dia, mês e ano, Mas o tempo tem gatilho, Detonando tanto plano. Nunca mais vou esperar Num galope a beira mar... O amor, de maravilha, Transformado na tristeza, Na promessa dessa ilha, No meio dessa beleza, Toda dor vem de matilha, Acabando a realeza. Tanta coisa pra contar Num galope a beira mar... Serena foi assassina, Do que belo, tinha em mim, Maltratando minha sina, Fazendo tão trist’assim Tanta dor que desatina, Do amor, foi meu Caim. Me matando, devagar, Num galope a beira mar... São tristezas, duras penas, Têm o gosto da mortalha, Só pedia a Deus, apenas, Outro tipo de cangalha, Noites mansas, mais amenas, Na minha casa de palha. Poder sonhar com meu lar, Num galope a beira mar... Já cantei minha verdade, Fiz meus versos sem vergonha, Procurei felicidade, Que é coisa que se sonha, Pelo campo ou na cidade, Não é coisa medonha. É meu direito tentar, Num galope a beira mar... O veneno em minha veia, Corre solto, vai matando, Essa aranha fez a teia, Minha vida foi sugando, Minha carne foi a ceia, Ela foi me envenenando. Até conseguir sangrar, Num galope a beira mar... Quando vi nos seus olhinhos, Verdes olhos cor de mata; Percebi que seus carinhos, Me diziam, ser ingrata, Aquela por quem meus ninhos Sonhavam amor em cascata, Nunca mais eu vou cantar, Num galope a beira mar... X Procurei as frases feitas, as festas e frestas... A noite me nega um novo dia... A poesia, a posse, o poço e o fosso, são fósseis. As asas e os corcéis. Os meus dias, mel e mal, mãe... A trama desanda, a vida anda andor e dor. Condor! Conforto e carinho, ninho e certidão. Bodas, cordas, colas, compras, colméias... Mesas, salas, copas, berços, filhos... Ilhas filhas, milhas e milho. Manhas e manhãs... Cãs, cães, chão, repouso e pouso, fossa e conversa. Aço penetra, aço corta, corta a luz, a água, mágoa, penso Pensão. Parto, marte, morte, sorte ressurreição... Natação, menino, hino, escola, cola, bola, fome e tráfego. Moto, carro, escola, cola, estrada, fado, sina, tino, barba. Namoro, filho, neto, remeto e não comento. Espero e não desminto, belos velos, velozes os triciclos, Os ciclos se refazem. Refazendo a fazenda, a velha lenda. Cordas, pescoço, imensas prendas, velhas rendas, Mentiras e verdades, sangue e corte. Suor, andor, Amor Ar A vida recomeçará. Conforto e carinho, ninho e certidão.... X Trago esse amor sentido sobre a mesa, Degustas sem ter pena cada gota... Minha alma foi pro fundo caiu rota, Nem lágrima, restou por sobremesa... Tentei permanecer qual vela acesa, O vento e tempestade foram vis, Nos dias em que,tolo,cri feliz, Foram os de maior, grande tristeza... Não quero mais saber de sina e sorte, Nem procuro mais luzes onde cria, Amor sem ter certezas, fantasia; Fantasmas que perseguem e sei morte... Não sinto medo, cálice sem vinho, Nem trafego tão trôpego, vacilo. Da morte foste lívido bacilo, Meu Deus porque me deixas tão sozinho!? Não haverá perguntas sem respostas, Tampouco tenho lúdicas manhãs, Acolho restos, fétidas e vãs, A vida retalhada nessas postas... Cheguei a crer, estúpido que eu era, Que foste minha métrica, meus versos, Agora sei, restou dos universos, Um só poema, lúbrica quimera... Minha certeza, vaga e tão serena, Não poderia lírica e fatal, Acreditar n’amor tão abissal, Mas que mal se descuida, me envenena... Das carteiras, cigarros são tragados, Num sem sentido, nexo faz falta, A dor me inclui vazio, nessa malta, Quem dera não tivesse abandonado... X Onde há luz, com certeza, uma penumbra Que se ilumina sempre desta luz. Qual brilho que na treva se produz Futuro mais tranqüilo se vislumbra. Repare que os momentos mais incríveis Se fazem, tantas vezes, da quimera. A dor nem sempre em outras dores gera; Os sonhos que lutamos, são possíveis. Procure pelo lume nessas sombras Verás assim que nada está perdido. Da noite que passou sol ressurgido Na luminosidade em que te assombras. Não tema, com certeza, o caminho Difícil que encontraste, não foi vão. As luzes que virão da escuridão Prenúncios de que não irás sozinho! X Não deixe que eu magoe quem eu amo, Nem mesmo que das mágoas faça canto. Amor sem ter certezas, sofre tanto, Por isso das tristezas não reclamo...~ Bem sei que tantas vezes duvidaste Do que sinto em minha alma, só por ti, Depois de tanto mal que já sofri, Amor que tanto sinto, virou haste. Mas nada disso sabes, com certeza, Pareço, disso eu sei, tão inconstante. Na vida sempre tive, por amante, A marca tão feroz de uma tristeza; Por isso não me deixe que magoe Amor que enfim, recebo, sem cobranças, Faremos deste mal, as alianças E as asas, com as quais, nosso amor voe... X Eu quero me perder em teu caminho Em meio a tantas trilhas tão diversas, As minhas, muito tempo mais dispersas Tanto, que não conhecem mais carinho... Amar talvez permita a salvação De quem já se perdeu sem ter valia, Morrendo o belo amor que se fazia Do medo e duma espera de perdão. Mulher que maltratando, quase mata, Em busca dos seus olhos me perdi. Agora que percebo, estando aqui, Que tanto amor assim sempre retrata Esperanças passadas e deixadas Por rondas e por noites sem destino. Amor que me causando desatino, Espreita a fantasia em emboscadas... Mas deixe que eu me encontre em me perder Nos braços e nas sendas penetrantes Que fazem dos amados dois amantes, E brinda o meu encontro com viver! X Que o sofrimento sempre nos redima! Somente vai sofrer quem se enobrece Pois quem se resguardando, sempre esquece, Que amar é necessário, e quer estima. Porém se não sentires mais carinho, Se a vida não trouxer um sentimento, És flor que se eximindo perde o vento E morre sem brilhar qualquer caminho. Amiga, não te lembras quanto dói O nascer, simplesmente nos dói tanto Que ao nascermos, primeiro vem o pranto E desse santo pranto, se constrói. Por isso, não se deixe resguardada Da vida que maltrata e que nos ama. O fogo que nos queima em forte chama, Também nos traz a noite iluminada! X Não me ensinaste nesta dura vida Como poder viver sem teu amor. A vida passará tão dolorida, Ensina-me, te peço, por favor... Em cada amanhecer, procuro o sol, O mesmo sol que sempre te encontrava Nessa cama, onde a gente tanto amava, E nada, nada tenho por farol... No vento que espalhando teu perfume Agora nem as flores mais resistem, Pois sabem que partiste e já desistem, Nas pétalas sem cores, um queixume... Nas águas das cascatas que banhavam Teu corpo divinal, a seca veio, Saudades do teu alvo e belo seio. Por onde meus carinhos penetravam... Não me ensinaste a amar! Tanto sofrer... Saudades que deixaste, minha amada. Pedindo, de joelhos, quase nada: Apenas que me ensines te esquecer! X Perco meu sonho No mar que te quis Medonha saudade De ser mais feliz Vencida a quimera Tempero a tristeza E ponho na mesa, Já se degenera E traça da guerra Vestígios da paz Amor que se encerra De vida incapaz Não serve de rota Nem brota na alma. Na calma de sempre Amor me corrompe E sempre me vence, Depois me convence Que posso sonhar. E perco meu sonho... Mas se amor se pretende Ser mais que saudade Viver toda a tarde Na noite morrer Na cama que arde De tanto prazer, Se faz da quimera E vence a tristeza Que, posta na mesa, Nem mesmo me espera E vai, sem voltar. Repousa na cama Depois da festança Convida pra dança Que nunca me cansa A dança da vida Cumprida e comprida Saudade esquecida Vivendo a verdade Verdade da vida Gostosa e cumprida Com todo o prazer! X Nas luzes e nas danças Nas valsas e nos sonhos Avançam nossas noites Em beijos e disfarces As faces em rubor As mãos mais atrevidas As vidas em furor Amor evaporando Os poros invadindo Do nada ir-se rindo Se rindo do qualquer Nos olhos da mulher Os brilhos dos meus. Lábios se procuram Passos pela sala A fala se embarga a adaga sem vacilo o tinto que destilo do vinho que me dás, e valsas e boleros amores quero-quero e nada mais me cansa. A noite que se avança A lança que promete E tudo se repete Na cama que sonhamos, Se tanto nos amamos Talvez venha um amor Talvez venha paixão Ou simplesmente Não... X Nas cordas da paixão Recordas meu amor Que tudo se passou Em mares e amplidão Buscando solução Soluços e tristezas Amantes e princesas Sapos e sopapos Beijos e tesão. Entesamos as almas Em armas e navalhas Batalhas e delírio Círios e novenas Nas veias e nos olhos Vendas e verões Versos , convenções E vimos como Os limos E limões Se fazem Das paixões... Mais cedo Que o medo Paixão jaz Seu enredo Em nossos corações! X Amigo, persigo o tempo Nem sempre consigo O tempo perdido Jamais se retorna. Entorna a saudade De tudo que tive Da terra onde estive Saudade que vive No peito que chora. A dor se decora Das cores do nada As dores sem nada A cada momento Tormento e termômetro Da falta de amor. Amores que sabes Não cabem na vida Que tanto curtida Não sabe amar Nem pode esperar O tempo que passa Esvai em fumaça E traça um destino Em meu desatino Diz tino e não tato O fato é que quero Há tanto que espero E nada de amor. Somente o não Sementes no chão Morrendo em grão, Aborto de sonho Ao qual me propus Meu barco, onde pus Um cais abortado. Bem sei que essas queixas Por faltar madeixas Não deixas florir. Em braços mais fortes Amigo, essas sortes Não vão resistir. Agradeço,querido Se trazes sentido E rumo a meu rumo Que sem seu aprumo Desaba em tristeza E sempre me assombro Poder de teu ombro Sem nada querer Ajuda a vencer As curvas da vida Nas turvas ribeiras Que formam esteiras Onde costumo deitar. Amigo, agora A vida lá fora A dor evapora Agora é nossa hora De novo sair. X Vivendo tão sozinho e desdenhado Nas ondas infinitas desta dor O tempo que se passa em desamor Matando pouco a pouco o ser amado. Ser amado por ti... Ah! Quem me dera! Mas nada das promessas que fizemos... Os erros que, infelizes, cometemos; Alimentando a fome da quimera. Nesta escuridão, sombras que persigo Chorando por perder quem tanto quis. Insanidade mostra o seu matiz Cada vez mais distante, não consigo.. As loucuras que fiz por quem amei, As minhas mãos afagam o invisível. Amor, assim, tão forte e mais incrível, Retratando o meu mar que naufraguei... X Embebido do amor que me transtorna Nas sombras de meu triste pensamento Loucura de viver um só momento Paixão que no meu peito já se entorna... A quem confessarei o meu tormento? Às pedras? Às estrelas ou ao mar? Ao sol, às nuvens, plantas, ao luar? Se neles eu não acho sentimento. Em milhares de nuvens me nublando, As lágrimas das nuvens do meu peito Se em nada mais terei sequer direito, O tempo, sem teus braços, vai passando. Quanto mais me vês, penso, não amas, E clamo pelas chamas que escondeste. Do mal que tanto fiz, tão mal fizeste Que mal posso entender do que reclamas. Bem pagas minhas dívidas, receio, Que nada mais indica seu perdão. Então se não me queres quero um meio De apagares a chama da paixão! X Minha lágrima, estima e sentimento; na palidez do não, nem talvez, digo sempre, praieiro coração... Nas pedras do cais, o caos, o vem e não vais, o jamais, o quem dera. Vida, esfera, roda de bar em bar, girando gitana em busca da cigarra que transforme toda forma em matriz, peço bis, sou feliz mas não queria... Meio dia, melodia, meu dia é diária avaria. Quebro o tempo, contratempo, conta-gotas, vão envoltas minhas voltas pelo mundo... Contra-sensos, são imensos, sou imerso, vou diverso de verso em verso... Mas quero o acero, quero a aragem, a coragem não se fia. Fiador da dor que não pré-curo nem procuro, sobre o muro que escurece e divide. Dívidas e débitos, bytes e bikes, sou flâmula. Inflama a alma, a lama e a trama, trâmites e trinos, seus hinos e meus tinos, desatino... No quebrar da onda, mareio e timoneiro, sou Marte, vou Plutão... Nunca sim, quem sinaliza a brisa entoa, minha canoa não voa, afunda... Minha funda melancolia, colites e cólicas, eólicas sensações... Sou vago, e vadio, meu cio é todo seu. Quero bocas e delírios, teus cílios e teus seios. Teu mar, sou pororoca. A toca onde entocas teus desejos, meu anseio. Sou vermelho, formalizo, te aliso e não consigo. Mas, prossigo, do teu pêssego, fiz perigo e âmago, meu gosto nesse agosto é teu rosto contra o meu... E te chamo amo e reamo reclamo e me acalmo. Não temo teu fogo meu jogo e jogral E, somente, semente te amo! Serpente que nada a minha amada caminha comigo. E, gomos expostos somos felizes? Se dizes, com a corda atada concordo. mas quero assim. até o fim? X Quero teu cheiro, desejo e chama, no beijo que chama e clama e aclama, teima e me traduz. Na luz serena da morena, que acena com a vida, ávida e vadia, audaz e perene. Quero teu sentido, ameno e amoral, amargo delírio, nos lírios do campo, nas sendas e searas. Quero o amares nos mares e marés, na trilha do sol, no arrebol e na terra, treino e acento, aceito e assento, assertiva que mente e remete à mente que traz o audaz que seduz, em tua luz e amplidão. No chão que pisas concisa e complexa; nos plexos e praças, nos arredores dos lugares por onde flutuas, delicias e deliras os olhos perdidos, os medos perdoados, denodados dos nós dados de nós atados em nós, urdidos e ungidos num ágil e frágil pendão. Quero o acero de teus lábios, sábios e cruéis, de viés, ao revés ao invés. Desviados das vias onde voas, onde havia a harpia que devora. Voraz e virtuosa, com as mãos mais audazes, velozes, audaciosas, cônscias e cientes, do que, de repente, no repente, repetidos atos atam em nós. Minha amada nada mais quero e espero senão o teu perdão, pendão e acórdão, cordão que ate e que arremate, maltrate e acaricie. Vicie e delicie quem quer que se veja, na mesma peleja, na mesma cantiga, antiga e perene. Amo teu amor, amo e escravo, me lavam e me levo me deixo ao teu rumo, no aprumo que decidires, nos dizeres que conjugares, nos ares que voares nos mares que nadares, onde quiseres por onde vieres e para onde fores. Nas flores e odores, nas dores que escolheres, nos mesmos motivos que sirvam de tema. Que sejam teu lema e tua gema. No mesmo leme, no mesmo cerne, que concerne a quem ama. Na vida que queima na curva do rio, na trilha da estrela, ao vê-la me perco. Na vela que consome que some e bruxuleia, no brilho dos olhos, na filho que teremos, no amor que produz e reproduz, na noite das estrelas, desse hotel onde estamos nos amores que tragamos e estragamos pela vida afora. Mas, agora , nada importa, tranque a porta e abra o peito. Teu confete, teu confeito somos ambos nesse tempo. Nosso tempo nesse templo em que contemplo e perpetuo nosso duo, nosso dia, na poesia que derramas, nessa cama, nossa chama, nos chama e declina. No declínio da noite, o arremate, o combate, nada abate nosso trato, no contato, no contrato, contralto e contrabaixo, nosso facho, acho que a lua, a rua e a cachaça, nosso pia batismal. Nosso doce carnaval, canavial dos desejos, nos beijos e afetos, nos perpétuos ósculos e ócios, vícios e delícias. Nos teus seios que sei-os tão meus, nesse momento são regaço, meu cansaço, onde lasso, teus laços e meus traços são um só. Amo-te, desse amor tão mais urgente que necessito ardor, que transmite a dor, e consola minha perda, minha perca e minha musa, minha medusa. Abra a blusa e, confusa, com fusão, entre lábios e delírios, somos todos um só corpo, absorto e absurdo, surdos e semimortos, filhos dos mesmos tratos, entre Hermes e Afrodite, acredite minha amada, aceite essa madrugada, como estrada e madrigal. Nesse doce precipício, o fim de tudo é o início, o meu renascimento, o momento mais sublime, o suplício, a súplica, o início, a última esperança! X Quero teu corpo, corpo e alma, alma e sonho Sonho teu sonho, ponho meu sonho em teu sonho, Em teu sonho ponho corpo e alma, anima, animal. Mal sei seu seio, seu ser não sei serei ou não seria. Se ria e não seria, séria série, sertão. Ser tão e nada ser, nadar sem ser mar, mar amar... Amar Maria, amaria, amar e rir, rio e mar... Quero fero acero e seara, sendo senda renda e venda. A venda à venda venda os olhos. Molhos e melões, meus leões e minha lira. Maria, nada mais mar e ria... Rindo do vindouro ouro que nunca veria, nem viria. Varro a sanha e a senha, venha... Tenha tento, tento tanto, canto e canto encanto... Em cada canto, celacanto tempestade, peste há de me dar medrar e morder. Mor de todos os lodos e lados, lagos e afagos. Alagoas, as lagoas, as algas e águas ardentes. Dentes entre dentes como dantes, dantesco colosso. O osso que oprime, primeiro meio e método. Todo meu antídoto, ante todo e antes de tudo. Vê ludo vedo veludo, véu e lodo. Odor acre, ocre... Vi vivi viveria... Veria se vi o que teria, queria ou não queira. Na beira dos beirais dos areais reais e fantásticos. Os estáticos e tácitos táticos tentáculos, oráculos... Mas, no fundo, oculto meu culto é teu, te amo, ateu coração, a teu coração! X Minha filha, tua trilha e teus passos soam como esperança, para quem, na dança da vida, aflito perdeu o rumo, muitas vezes sozinho, outras pelo caminho, muitas passarinho... Minha mão alcançando a criança que ficou no passado, me deixa o gosto amargo do chimarrão da saudade. Do vinho amargo do tempo, esquecido na adega da alma. Mas tentei, na minha manhã, lutar pelo teu brilho, nada consegui; a liberdade distante, a cada instante a menina não poderia, não saberia e no domingo da vida, a semana nunca chegava. Eu te amava tanto, no pranto esquecido pelas curvas da existência, pedi clemência, perdi paciência e naufraguei minhas lágrimas no baú de tantas espreitas, pelo rancho fundo das esperanças. Renasci no universo, em meus versos e nos teus encantos. Mas meu pranto foi precoce, a ausência remove o que fora luz. A terra escurecida, a rádio ecoando um canto triste que ouviu do peito do poeta. A seta que aponta o prumo e o norte, afogada pelos laços das estranhas entranhas de um futuro sem lastro, vazio, ao acaso, puro ocaso, fazendo caso de tantos erros, quantos berros , aterros e fraudes. Minha sorte escrava, na lava que encrava e perversa a clava de tantas lutas em vão. No colchão de pregos dos sonhos, meus medonhos e vagos lagos de ardentes lavas, onde lavo os meus pecados. Perdoe o canto de quem, entre tantos e tantos foi tão pouco. Tampouco podia ser. A mão calejada abraça teu corpo. No copo da partilha, meu gole foi pouco, se tive. A enxada restando quieta, calada, me traduz a insuficiência, na doença que nos devora. Agora e sempre, desde os primeiros dias, as mãos vazias traduzem a colheita. Nas filas intermináveis, nas chagas aumentadas a cada não. Na sede desse sertão real e imaginário, Calvário e martírio. Mártir, não quero nem almejo, quero o benfazejo beijo da brisa da igualdade; entre campos e cidades, entre travessas e favelas, barracos e mansões, corações de marés de dignidade, essa tal felicidade. Minha filha perdoe o pai e o país, ser feliz é só promessa. A hora sempre foi essa, nunca poderia ser outro dia, adiada eternamente. O éter na mente inebriando e impedindo a realidade atroz como algoz e carrasco. No asco que produzem minhas vestes, meu cheiro e minha boca; bem sei que nunca perdoados. Os retalhos doados pela caridade coagulados no peito, sem jeito e sem forma. A forma onde fomos feitos imperfeitos e disformes, nos informes dos jornais somos quase nada mais que animais; quando tanto, somos cifras sem cifrões. Vida sem enganos e sem esperas, transfiguradas nos teus olhos, sem brilho, minha amada. Que bom que se pudesses ser filha da partilha da partida, estrelar. Mas, não posso nem quero consolo, quero ação. Coração sob a couraça, o cheiro da cachaça inebriando, o dia raiando, o povo chegando para um adeus, sem ar de Deus, mas fazer o quê? No sertão de cidadania que invadiu esse nosso canto, todos os cantos, alimentado pelo sangue dos desgraçados, pelos abandonados, como eu e como o corpo inerte e sem vida, tão ávido pela vida como qualquer um. Primeira filha de um berrante que “vingou”, no meio de tantos que se foram, da mesma forma. A manhã renasce e com ela a sina, de trabalho e de suor, que o patrão nunca pode esperar o mundo roda e a roda da sorte nunca, nem na morte pára de girar, estou tonto, a cabeça gira, a dor aspira e expulsa. A repulsa pela sorte, pela morte, pela solidão, num canto vão, esquecida. A manhã surgida, a menina enterrada, a enxada, a estrada e o renascer. Renascer da morte a cada dia, da morte da esperança, na dança cruel da verdade. Meu Pai perdoe esse lamento, bem sei que agüento como meu pai suportou. A sina se repete, a cada nascente, a cada poente, tudo me remete à verdadeira lição do Cristo que, com carinho, multiplicou e dividiu o pão. Pena que ninguém entenda, por mais que o Padre fale, por mais que o Pastor recomende, não há quem se emende e passe a perceber. Que o verdadeiro amor permite a divisão. Concebe a humanidade numa unidade, com humildade quem sabe, na humana idade de amanhã, isso possa ser realidade, a real idade da digna idade, da DIGNIDADE! X Te quis tanto, cada canto meu era teu, teu encanto meu alento. Meu conforto e serventia. Tanto te queria que não seria fantasia simples alegoria de um coração sem alegria. Tua boca, fonte e porto, açoite e voracidade. Na saudade de tua distância tão aconchegante, cada galante verso, inverso e amante. Quero o perverso e complexo abraço, no cansaço deste traço que ameaço, com o compasso da vida. Marina cheia, salina pele, delícia de sol, arrebol, mas armadilha. Na ilha de tuas pernas, mina de tanta riqueza, aurífera beleza de fera holandesa. te quero tanto, não temo nem teimo. Apenas queimo. Ardendo e me devorando, me decoro com tuas penas. Tanto penar e tanto mar. Mar e maré, mundo sem fé, seca e sorvete, solvente me dissolve e corrói e como dói. Um vasto pasto da alma, sem calma nem chama, me chama e nem percebo. Te concebo e te traço, contrastes e tentativas. Preto e branco, o retrato na parede é tão antigo. Contigo nada mais, nada a mais que a mais voraz saudade. Saudade do que nem há de, nunca guerreando, sempre andando, adiando para sempre o que nunca foi nem seria. A cada dia a voracidade, a espera sem esperança, a espreita, caçador. Com trato e com tato, sem tempo para ser. Nunca seria sério, seria? Se ria se ris, nada diz e nem pretendo, mesmo tendo o porquê sugerir, sugere ir para o jamais. Já mais antiga que a própria vida. Sem sentido, sortido, e talvez sórdido; sempre ardido, urdido e esquecido. Nunca viveria o que viver seria se pudesse te ter. Talvez seja por isso que esqueci de te chamar, clamar, esperando o momento inevitável do que nunca viria ou se vier, não sei mais o que faria. Agora o tempo vai embora e, embora te quero, sinceramente, a mentira mais sincera é essa. Depressa que a vida passa e não cansa de passar. Mas pra que te ter se nem te quero? Ou quero, mas não venero, nem espero nem espreito mais. Meu defeito talvez seja o de te amar demais... X Envolto em tantas nuvens, perco o dia, A tempestade rola pelos céus, Descortinando, rompe os alvos véus E mata, em dissabores, a alegria. Os sinos anunciam agonias Os lírios que eram alvos, ficam roxos, Os passos deste amor quedaram coxos As luzes dos meus olhos, mais sombrias... Guardando o sofrimento neste altar Que prezo como um cais que necessito. Amor que sempre foi por Deus, bendito, Em nuvens se desmancha sem parar. A chuva dos meus olhos sempre cai Ao fim da tarde triste sem te ter. Porém, um certo dia, irá nascer O sol da tempestade que se esvai... X Vencido pelas noites solitárias Sem ter, de quem desejo, nem carinho. Nasci e vou morrer, assim, sozinho; Mas busco, qual falena, as luminárias Do amor e da paixão, os meus faróis... Pretendo ter no sol, os girassóis... Cada canção me lembra tua voz, Sedento pela boca que não tenho, Do mundo em solidão por onde venho Percebo em cada sonho mal atroz E nada mais pretendo sem te ter. Do amor que me alimenta, irei morrer! Mas ouço da esperança um gemido, Embora agonizante, traz a cura, A mansa claridade da ternura, Parece que escutou e vem do olvido. Falena em desespero peço a luz, Que o teu olhar divino reproduz! X Andando assim perdido pelo mundo, Em busca da mulher que me acalente Depois de tanto amar, vivo descrente, E nesta vastidão eu me aprofundo. Caçando nas estrelas o teu brilho, Em lágrimas destruo o pensamento. A vida sempre trouxe sofrimento A quem duma paixão persegue o trilho. Amada não me deixes, eu te imploro. Sou triste mas preciso de alegria, Em ti somente a doce fantasia Dos teus sorrisos mansos, eu decoro Em plena magnitude de minha alma, Somente em teu sorriso, a dor se acalma. Sem isto, me enlouqueço mais e mais... Buscando em plena guerra, a minha paz! X Nas noites indormidas te procuro Em todas as estrelas e luares... Por todos os caminhos, nos altares, E nada, simplesmente é tudo escuro! Amada, no delírio em que me deixas, Não vejo solução p’ra minha vida, A cada noite sempre mal dormida, Meus versos se repetem, tantas queixas... Espero teus olhares mais clementes Perdão pelos meus erros, se os cometo. Nas ondas deste mar que me arremeto, As dores das saudades, vis serpentes... Por que me apaixonei, tão forte assim? Se nem na minha morte há salvação Salve-me dessas garras da paixão! Como? É simples! Se deite junto a mim! X Vaidosa, caminhavas insensível, Por entre as alamedas e caminhos; Amar-te parecia tão possível Por isso que temia teus carinhos. Mas mostraste, entretanto uma outra face Que tanto surpreendeu quanto marcou. Teu rosto não permite outro disfarce Espelhas, sem saberes o que sou. No fundo parecemos descontentes Infelizes e tristes caminheiros. Mas somos tão iguais embora tentes Negar esses teus traços verdadeiros. Não vejo como ter monotonia, Se somos espelhares e sedentos. Em tudo que vivemos, fantasia, Amores que tivemos, vãos tormentos... X Minha amiga, vida e mar, amar a vida em ti é tudo . Mudo e contrafeito, feito de cada momento, novo tempo e pesadelo. No novelo em que me envolvem teus lábios, olhares e alma. Calma e chama, chamando por ti. Amiga, no amargo âmago de cada dia, num novo amor, acidez e luto. No culto a tudo que invade e persevera, na vera mansidão onde houvera sido o precipício e o meu vazio cálice. O ápice e a parcimônia, a embriaguez do nada, de nada, contudo... Vindo o passo, contradança e pasmo, a esmo. Meu amor esbarra em teus pés, alados e cansados com os vôos incessantes. Mas claudicas, mendigo e me negas, refutas e maltratas. Sem querer me matas a cada instante, onde não tenho-te e te teimo. Onde queimo e me destruo, num uno que pretendo duo. No nada que queria tanto, num esmo que seria canto, meu solo que, em não, erosões transformas... Na transparência que desfilas, na languidez que me definhas, nas artimanhas que não percebes e usas. A blusa entreaberta desperta, acende e pulveriza. A brisa que emanas, a astúcia que não percebes, delícia e pelúcia. Amiga, quisera amante; antes e ante tudo, vago por ondas que produzes com as luzes que emites e remetes, confetes e serpenteantes serpentinas do teu andar audacioso e delicado. Meu fado, meu enfado e fardo. Meu amor risonho e sorrateiro, um último cigarro no cinzeiro, derradeiro e fátuo. No umbral da janela, onde te vejo, distante e solitária, a esmo, olhares soltos e vadios; adivinho o vinho que não tomarei. Olhares que não serão meus, ateus, teus olhos procuram por um deus... Um deus que mal sabes e nem te concebe, que segue outra trilha, noutra ilha, noutro mar. Amar, armas e almas conjugadas; no fim serão mais nada, ainda nadas em águas com algas que não as minhas... As unhas arrancam e cravam, travam os meus segredos. Meus medos inundando toda mansidão. Tua não é, enfim, minha queda. Ácida queda... Que há de ti? Onde estarias se fosses minha. Minha amiga... Perigo são teus lábios, ócios e ósculos, oráculos... As máculas onde calculas minhas mágoas estariam, são as máscaras que uso, abuso e, confuso, o fuso perdi... Paridas as lágrimas, últimas que derramo, te amo, amiga... Perdoe a dor e a doença, a luz e a crença, não quero pena e recompensa, apenas que me entendas, estendas a mão e não canses... Te amar é atar os nós, os pós escondidos nos calçados, após a jornada. Agora, a hora é embora, partida. Tida como vida, a lida não espera e grita. Rito, rituais e tais atos. O contato satisfaz. Ser feliz é por um triz. Da vida, pedir bis. Mas, bisonho, sonho, nada mais... X Corroendo meu peito, essas quimeras, Renascidas a cada novo sonho, Refazem das tristezas tantas feras Deixando um coração tão mais tristonho. Acompanham os sorrisos que me deras Até nos meus momentos mais risonhos... De tais lembranças quero me livrar. Por isso, sem pensar, desejo o mar. Mar de amores que trago em pensamento E que renasce sempre, sem perdão. Ao mar tão revoltoso, violento, As dores vão rolando da amplidão Em nuvens doloridas, sentimento Na promessa cruel de solidão! Quem me dera poder ser mais feliz... Quem me dera saber que estás feliz! Eu amo teu amor de tal maneira Que toda tua dor já me transtorna Por isso, minha amiga e companheira, A dor que te provocam, já se entorna E marca sem querer, a vida inteira, E toda dor que trazes, me retorna. E venho, sem pedires, ao teu lado O braço que precisas, está dado. Amores que de amores menos nobres Se fazem nos amores mais saudáveis. Os olhos sem amores são tão pobres Caminhos sem amores, inviáveis. Amores que te prezam nunca cobres Por onde que for, são impagáveis Os amores que nunca se pediram, Apenas nos amores, invadiram... Não deixe que a tristeza te viole Pois sabes da certeza que carregas. Encontrarás decerto quem console. Nas estradas difíceis que trafegas, Saiba que, nessa vida é gole em gole Que se bebe nas casas e bodegas. Por isso, nunca tema a tal saudade, Desde que traduzir felicidade. Amiga, nossas noites são mordazes, Os dias solitários se arrastando... Os dentes das quimeras são audazes E pouco a pouco, sempre devorando. Mas tudo se renova em outras fases E depois disso tudo, o tempo passando, As dores escondidas na despensa, Terás no novo dia, a recompensa: A Paz! X Vou em busca de teu beijo Percorrendo essa cidade, Espreitando meu desejo, Conhecer felicidade. Mas bem sei que sou sozinho Desencanto de verdade, Procurando pelo ninho Encontrando falsidade... Tanto amor que sempre tive Pela vida já perdi Em cada lugar estive Mas estavas bem aqui, Passada essa tempestade O sol voltou a brilhar Encontrei nesta cidade Felicidade de amar. Mas não me deixe mais só, Sozinho, não sou ninguém Tanto que sofri, tem dó, Para sempre ser meu bem Que nunca mais deixarei Nas estradas desta vida, Em teu amor eu terei A paz que achava, perdida... X Gosto doce da maçã Na boca de quem amei, Trazendo meu amanhã Dos tempos que já passei. Vem morena me dizer, Conhecer a mansidão Nos teus braços vou morrer Maltratando o coração... Coração não se maltrata Dessa maneira que fazes Maltratando, aos poucos mata Tanta saudade que trazes Preciso saber teu nome E também o gosto teu Tanta dor que me consome Depois que outro amor morreu. A noite que se passou Graças a Deus não volta Todo o mal que afetou Não deixou senão revolta, Mas agora vejo a luz, Clareando a noite escura. Só amor, amor produz, Novo amor, desamor cura... X No tabuleiro da serra Seguindo pelas estradas Vou trilhando pelas terras Nas noites enluaradas. Estrelas por companhia Em busca do meu descanso As três marias por guia Em Maria o meu remanso... Amar Maria me trouxe O peito novinho em folha Tanta tristeza acabou-se A vida permite escolha Por isso que eu quero tê-la O mais depressa comigo Com Maria, a boa estrela, Eu não corro mais perigo. Vou correndo tão ligeiro Procurando seu carinho Coração sempre matreiro Encontrou o seu caminho. No colo dessa morena Que não me deixa mais só O final da estrada acena, Minha alma cheia de pó. O pó de tanto sofrer... Maria sabe varrer! X Seu doutor, me dá um tempo Pr’eu poder te confessar Depois desse contratempo Não posso nem vou negar A vida me deu saudade Por herança e por meu bem No tempo da mocidade, Ficou o gosto d’alguém... Alguém que foi a primeira A saber do bem querer Queria por companheira Por toda a vida viver, Mas amor é traiçoeiro Tantas fez que foi embora Procuro no mundo inteiro Aquele amor lá de outrora. Não encontro mais amor Como aquele que foi meu Buscando por onde for Aquele amor já morreu. Nada daquilo restou Amor fazendo outra lei, Ou foi amor que mudou Ou, sem amor, eu mudei? X De fome e sede nos matos Sertanejo vai morrendo, Na seca desses regatos Nos dias que vai sofrendo. Tal qual esse sertanejo, Assim também meu viver, Vai secando esse desejo, Na fome de ter você. X Vi teu nome rabiscado Marcado pela paixão. Foi nesse tempo passado, Onde tinha o coração Um bater desesperado Descompassado afinal Tanto tempo já marcado, Na árvore desse quintal... Do quintal de minha história Do tempo que fui feliz, Se emoldura na memória De um coração aprendiz Que busca felicidade Que é tudo o que sempre quis Dar cabo desta saudade Trazendo um novo matiz. Mas ao ver teu nome ali, Escrito num arvoredo Foi então que eu entendi A vida não faz segredo Felicidade vivi, Rabiscado na lembrança Por tanto tempo esqueci Esse amor de minha infância! X Na estrada da minha vida; Muitas curvas, capotei. Minha sina é despedida, Sofrendo por quem amei. Tanto quero esse querer Quanto espero pela lua De tantas, tenho você, A minha alma é toda sua... Por isso, minha querida, Vou sofrendo tanto assim, De que vale minha vida Sem uma alma dentro em mim. É triste meu desatino, Minha vida vale nada. Sem alma, meu destino, É feito uma alma penada. Vai procurando, noutra alma, A gêmea que Deus lhe deu Procurei com toda a calma, Mas sua alma se esqueceu. Porém, quem sabe num dia Nesta alma assim tão sozinha, Outra alma traga alegria A triste alma, que é a minha! X Esperança diz teu nome Cada dia mais distante, Tua imagem me consome, Perdida, tão inconstante... Mas, a cada dia vejo, Que amar mais do que pude, Faz viver esse desejo, Amar-te muito, amiúde... E mesmo assim, minha amada, É muito pouco, garanto, Creia: não é quase nada Nunca bastante nem tanto, Tanto é grande o que mereces Bem mais que posso fazer, Agradeço a Deus, em preces; O poder te conhecer. Como amar é doação, Do muito que, certo, eu te amo. Nada resta ao coração, Por isso tanto te clamo. Grande amor de minha vida, Sem te ter, morro de frio. Por tanto te amo querida, O meu peito está vazio... X Recebo da boca da noite o beijo suave e sensual, trazendo teu rosto e gosto; Foste companheira fiel, amiga e amada, luz da minha madrugada, corte e sangue. Nas minhas andanças, foste a primeira e fiel companheira, última de tantas... Vinhas, diariamente aos meus pensamentos e angústias, cansados os passos Inatingível porto, longínquo mar, meu mar enclave de esperanças... Nas ruas do Rio, nas curvas do rio, na seca e plantio, fiel camarada... Te quis e te quero, não me perdeste de vista, muitas vezes fragilizada, Mas sempre comigo, a cada nova batalha contra tudo e todos. Amiga, tentaram teu corpo, tentaram extingui-la, tentaram matá-la. Quando te ergueste, ressuscitada, foste atingida. Teus pés afetados por violência sem par, quase quebraste. Mas percerbo-te sorrindo, com sorriso matreiro, me irritaste no começo, agora, não, já consigo te compreender, menina sapeca. A mão que te apedrejava era podre, mais podre que tudo. Engabelava a todos, menos a ti, e a todos os que amaram na vida. Não do amor erótico inerente, mas o amor altruísta de quem sonha, De quem respeita e congrega, nunca segrega. Minha vida passa num átimo, num ótimo momento de luz Seduzida por ti, cara tatuagem da minha alma Tua calma me atrai, me distrai e me revigora. Agora, tua hora é minha e nossa hora, alvorada, hora amada. Saber-te revivida e contagiante, saber-te rejuvenescida na minha maturidade Saber-te assim, coerentemente forte, nunca inerte, meu norte, sem desnorteio. Sem mudar um centímetro, ao contrário de mim, pobre errôneo pela vida. Mas, em última análise, fiel a ti, frase por frase, fase por fase... Quero-te tanto, nunca mais poderia fugir do teu manto, vives no recanto da alma, calma e firme, aderida, nunca à deriva, sempre atada, Amarrada a cada reentrância da alma, da esperança. Chamar-te à luta é fácil, nunca oscilas sempre cativante nunca cativa, Nunca vacilas, amiga de tantas lutas, de todas as lutas, de eternas lutas, Das ondas desse mar, mesmo com tsunamis, mesmo com tempestades. Em todos os lugares por onde andei, por onde passei ou ouvi falar, existem tantas quantas poderiam existir, fortes aliadas, forças atadas Entre si, que resistiram e resistirão, contra aqueles que são ou tolos ou canalhas, os que querem tua morte, nunca vencerão, Nunca passarão, estarrecidos com a tua resistência, Na impossível convivência, tentam te exterminar. Mas amiga, és mais forte, até contra o nosso cansaço, muitas vezes tua gana é maior. Agora entendo teu riso maroto, no âmago garoto, resistes... Não mais te resisto, a rua me clama, a lua me chama o amanhã já vem. Venceste meu medo, meus segredos conheces, não temo a guerra, Na eterna batalha, meu peito não falha, não nega ou sonega, Simplesmente ama. X Vez por outra Sem ter pressa a gente tropeça Nas próprias pernas E pernas pra que te quero. Procura outro caminho. Das guinadas da vida As grinaldas são fogo, Amor é roto e bancarrota Banco o roto e falo do Esfarrapado. Esparadrapo na alma. Não cura mas ativa. E se reativa Desativa a bomba Da loucura Da paixão. Andava desde menino sem saber Que se sei não sei ou não sei bem Quem disse que de tanto amor que tem, O tempo não deixa tempo para amar. Eu quero tua boca, Não me negue. Amor que me carregue E me suporte. Será assim mais forte Que a morte que cobiça Cada dia que passo, Cada verso que traço, Meu disfarce. Tenho medo sim senhor. Não vou negar Não sou forte. Mas quem bate na porta Encontra fechada E nem se importa Com mais nada. Apenas quero a solução, A saída Que me traga a comovida Vontade de amar demais! X Espelho me mostrando como o tempo Nos trata sem sequer pedir licença. Nas rugas se demonstra a recompensa De termos enfrentado contratempo. Os teus olhos pesando sobre os meus Mostrando como a dor nos corta tanto. Ao ver, cruel espelho, já me espanto E vejo quanto dói o mal do adeus. A face se revela sem disfarces E mostra cada dia que passei, Quais mundos e quimeras onde errei, Amores e tristezas moldam faces. Mas vejo, neste espelho, um novo brilho Que nunca em minha vida, reparara. A luz que se emanando, de tão rara Em bela cicatriz, me maravilho. A força deste espelho, uma magia Mostrando que da dor, do sofrimento, Surgindo em pleno mar, podre tormento, A pérola que traz sabedoria... X Não sei se tu sabias ou se sabes Das sebes e das serpes que hoje sei. Se somos o que temos não serei Nos olhos que te cabem não me cabes. Pois sinto que se queres não acabe Amor que sempre sabe o que mais quer. Vencido por não ser o que quiser Se queres o que quero amor não sabe. Amor me disse tudo numa frase Que guardo dentro em mim, vital segredo. Amor se fortalece e perde o medo, É lua que transmuda toda fase. Começa com um lume delirante, Em pleno plenilúnio nos transforma, Amor que em paixão já se deforma Saudades mesmo ao lado traz, da amante. Depois de algum tempo, em calmaria, O brilho dessa lua, diminui, Mas mesmo assim o brilho que possui Nos ilumina quase como o dia. Mas quase que sem brilho, ao fim do ciclo, Se não cuidarmos morre sem querer, Por isso meu amor preciso ter Essa força motriz onde reciclo. E recomeço as fases desse amor, Para que no final da minha vida, Eu possa recompor força perdida, Matando o que causar o desamor! X Eu não quero sentir mais solidão, Cansado de bater na tua porta Bem sei que raramente isso te importa Mas, quem sabe, talvez hoje, isso não. Não gosto de pensar que te perdi, Decerto não seria muito bom, Os ecos se repetindo perdem som Talvez o bom da vida esteja aqui. Lembrando do que fomos, dá tristeza Saber que destruí nosso castelo. Por isso tantas vezes me revelo Na foto que deixaste sobre a mesa. Passado nunca move nem moinho, Se fomos o que somos tenho chance E quero renovar nosso romance, Por isso, não me deixe mais sozinho... Vais ter uma surpresa, te garanto! Não sou aquele mesmo que deixara A jóia preciosa, cara e rara Abandonada e só, em qualquer canto. A gente tantas vezes se perdeu Em coisas tão sutis. Por que sofrer Se tudo que carrego no meu ser No brilho dos teus olhos renasceu? X Contigo aprendi tantas maravilhas, Amar a natureza por si só, Saber que retornamos sempre ao pó, Por mais que sejam tristes nossas trilhas. Aprendi respeitar o ser humano, Mesmo que decepcione, pois quem erra Merece ter perdão. Fugir da guerra Que mesmo com justiça, é sempre engano. Amar a luz de todos, cada brilho Diverso do meu brilho, do meu breu. E saber perdoar quem me esqueceu, Cada qual reconhece o próprio trilho. Amor tão gigantesco nega o medo, Que esconde, na verdade, o vero amor. Saber que nem precisa temer dor, Amor já recompensa sem segredo. Tão longe das estrelas, mas tão perto, Fazendo do viver uma alegria, A vida assim, perfeita fantasia, É lua num oásis, no deserto... X Quero falar das coisas mais serenas Assim como essa lua e o belo sol Lindos olhos da amada, meu farol, Todas as emoções, as mais amenas. Do canto passageiro, passarinho, Do ninho que tivemos e perdi. O mundo mais fantástico vivi, Agora, sem ter hora, vou sozinho... Mas nada me impediu de te guardar A sete chaves, dentro do meu eu. O meu amor jamais, nunca esqueceu O brilho dos teus olhos sobre o mar... Bem sei que estás, agora, noutro bem, Mesmo assim, minha amada, não te esqueço. O teu amor bem sei que não mereço, E desde que tu foste, amor não vem... Não quero te encontrar, isso não quero. Guardando teu retrato, com saudade, Eu sei que bem no fundo, o que venero, Em ti, se refletindo: a mocidade! X Chegaste das noites de minha alma, Com calma e com total tranqüilidade Trazendo uma buscada liberdade No vento que de leve tanto acalma... Vieste com carinho e mansidão Salvando-me das trevas mais doridas. As lágrimas que solto, distraídas Somente representam emoção. Amo-te e nada mais, na vida, importa, A não ser esse fato de te amar Trazendo aos cegos olhos o luar, Abrindo um coração, ferrolho e porta. Obrigado, querida, tanta luz! És prova da existência dum amor. Nas horas mais difíceis, teu calor A sorte em minha vida, reproduz... X A noite que me trouxe teu olhar, Já partiu sem sequer dizer adeus, Saudade fez adeus dos olhos meus, Nunca mais poderei saber do mar... Tua distância,amiga,fez chorar; Quem sempre quis fugir de escuros breus, Quem não acreditava, olhos ateus; Pudesse um dia; cego, procurar, Pelas vielas; luzes mais audazes, Quem sempre deparou-se com mordazes Pesadelos, buscando pela paz; O medo de perder-te e nunca mais Saber tão bela lua, várias fases. E agora, quando achava-me capaz, Teus olhos, de partida. Isso me traz Meus medos, e meus braços incapazes... X A noite apascentando meus olhares, O cais se distancia da verdade... Descubro liberdade nos palmares, O rosto da tristeza na cidade... Amores não me trazem novos ares, No beijo que me rega, falsidade. O mistério esbraveja nos meus mares, No lago tão distante, da saudade... A noite se transcorre tão silente, Nos roncos e sibilos desses ventos... O mundo, falseando a minha vida, Que sempre considero mais perdida Se encontro teus amores de repente. O canto da saudade é envolvente, Me alaga de tempestas, sofrimentos, Prepara a minha doce despedida... X Não vais beber da fonte das quimeras, As hastes, ramos, folhas mutiladas... Amores que sonhavas, nas taperas, Encontras nas cadeiras nas calçadas... Vencidos tantos dias, priscas eras, As luas que pensavas desmaiadas, Escondem-se nas nuvens sem esperas. Amores destroçados matam fadas... Não queres mais sutis as velhas chamas. Nos ramos destas flores, sem espinho... Percebo que deveras não reclamas. O sonho foi deixado no caminho. A dama que se veste de dourado, Matou doce menina do passado... Mas mesmo que não saibas se revela Fantástica mulher, na triste tela. X A dor que dilacera corações, Reside nas profundas de minha alma... Herdando velhas chagas, aflições, Não tenho mais sequer quem me acalma! As rosas exalando podridões, Teu nome rabisquei na mão, na palma... Vermelhos velhos vermes vendilhões, Meus versos são versões antigo trauma... Minha dor, resistente não perece... A cada novo dia me envelhece, Nas rugas que desenha minha face... Desdenha sutil corda que embarace Meus passos sertanejos na cidade. De teu amor tão grande nada sou De tudo que tivemos mal sobrou A dor que já me enluta, a da saudade! X À Minha Amada Noite avassaladora refletida; Belo espelho das águas, ao luar... As estrelas cadentes, esse mar, As horas mais tristonhas, de partida... Um gole de conhaque, alma doída... Procuro simplesmente, te encontrar, Noite, tapeçaria, faz sonhar; Quem me dera morresse, despedida, Em meio a tal nobreza divinal. M’abriria então, Deus, o seu portal, Guardaria essa imagem na retina... À noite tanto amor que me alucina Morrer de tanto amor, eu sou capaz. As mãos te teceram, imortais, Em tal momento orgástico de paz, Te emolduram, amor, luz cristalina! X A minha alma embuçada nas torturas. Um sino repicando esta saudade... O gosto tão amargo, desventuras. Nas neves que me deste, frialdade. Num tempo que vivemos, as ternuras, Chuvosas cordilheiras, tempestade... Amores necessitam de branduras Decerto não conheces liberdade... Destino desaprendo tais estradas... As noites esquecidas, vãs, nubladas. O vento, calmaria, desconhece... Meu canto transtornado vira prece... O medo de te amar já me enlouquece Não durmo mais tranqüilas madrugadas... O resto do que fui já não existe... O mundo que me deste, morre triste... X A luz que iluminava nosso ocaso, Não deixa testemunhas, me arrebata... Amor quando se trai parece vaso Quebrado, que jamais de novo se ata... Não posso te perder, nem peço prazo, A vida sem sentido, me maltrata, És pilastra por onde eu sempre embaso Os meus sonhos são tristes... És a nata De todos os meus passos. És a guia... Nublando um claro céu, perdi a aurora, A vida já não tem qualquer valia. Vontade de partir e de ir embora Perdi todo o sentido da alegria... Um quadro que envelhece e se descora, Nos pélagos medonhos, alma mora... A tua ausência mata a fantasia... X Nas ruas desfilava a bela forma, esguia; Trazia em seu olhar, um raio de luar. Vontade de viver, vontade de chorar... Amor fora distante, em plena asa do dia... Sua beleza rara, a deusa não sabia; Criança que matava, a cada meu sonhar, Não via, distraída, a promessa de mar Que, embalde lhe trazia, em minha poesia... As ilusões cruéis fatais e terebrantes... Meu mundo se perdia em olhos tão distantes... Quem dera Deus me desse amor da bela deusa... A vida, num repente, em rara em mansa luz, Talvez não me pesasse e fosse leve, a cruz... Nas ruas desfilava, amada semideusa A mais bela que, um dia, entre outras,conheci. E que, Graças a Deus, comigo estás, aqui. X Servido da saudade tal encanto Que nada mais servira nem quisera O mundo transbordando na pantera Se mostra qual meu verso, em desencanto. O vaso que quebrei custava tanto Que nada mais teria assim quem dera A vida sempre em duro e negro pranto. A chama que me queima num quebranto Avisa que esta sorte morde, fera. Mentiste mas não posso concordar Que nada que propões é mais sincero. Amor que naufragando no luar Esfera que descendo me descerra. Amor tão verdadeiro, mas tão fero, Invade, dominando toda a terra. Por isso, minha amada me permita Que a vida do teu lado, se repita. X Teus olhos mais formosos, de alegria, Inundam os meus olhos sonhadores. Se valem de perfumes, roubam flores E marcam minha vida em poesia Olhos que trazendo sempre o dia Avalizam os sonhos, meus, amores; Recebo satisfeito tais pendores E marcho rumo à glória em fantasia... Percebo que não queres mais um sonho, Apenas um futuro mais risonho... Amores quais olhares sempre vejo Nos mares entranhados de desejo Espero a mansidão, ternura plena. E sempre que te vejo e não me vês Escuso, por ser bela, uma altivez, Pois sei que valerá, decerto, a pena! X A todos nós sonhadores Que não cansamos de pensar Que a vida é mais bonita Do que, na verdade, é Somos todos muito felizes Pela infelicidade da vida, Serve de tema. E cada novo poema Se transforma em novo Sofrimento, Pelo menos a gente sente Ou não sente, Ou inventa Mas sente. Remetemos em nossas penas As penas que são apenas Nossas ou vossas ou de todos. Desvendamos os segredos De nossa alma! Quem dera! Não nos conhecemos Mas somos mestres dos sentidos. Mesmo que não sentidos, Mesmo que estranhos, Trazemos em nossas entranhas Nessa eterna faxina da alma. A caneta por vassoura Mas, ao contrário das outras Pessoa, a gente mói e remói O lixo dos sentimentos. Até retirar a essência disso Tudo e transportarmos Para o papel. Vivemos disso, Da essência do lixo das nossas dores. E das nossas alegrias também No fundo somos loucos Ou mentirosos, Se bem que não há nada mais verdadeiro Do que a poesia. Embelezar as palavras. Nossa lavra é profícua Temos muitas e variadas sementes. Mas um só coração. O coração de poeta! X Vou fazer um dueto Que prometo não demora É rápido nem uma hora Exige para ser feito. E, mesmo contrafeita, A parceira não se importa Se não gostares. Provavelmente nem eu Irei gostar, Mas, teimosamente, Ela me aguarda E não posso contrariá-la. Vai que ela resolva ficar? Aí, estou frito. Não escapo. Mas, por favor, paciência. Eu tinha amores Amadas e flores Luares e rincões Certezas senões Mas era feliz. Mas ela está, devagarinho se aproximando. Vou ter que desligar um pouco, Daqui há pouco eu volto, Depois do dueto feito. Eu sei que não tem jeito, Espere até eu voltar. Isso se ela deixar. Que a danada é egoísta Não há nada que resista A um dueto com a solidão! X Vim te ver nesta curva Da vida Quando os vinte Foram mais que dobrados. Ah! Quem me dera Saber que nada mudou, Mas o sentido desta espera Nas curvas se desfigurou E, de repente, O que fora uma esperança Tomou as formas Da fera que me esperava Boca aberta, escancarada. O tempo não perdoa. Apesar de adiar Ou não os sonhos, Esmerila a alma E vasculhando a gaveta Mexe e remexe nos guardados. Mas sabe que são apenas Guardados Guardanapos Retratos Tratando o que nunca mais Re trata. Nem ata Apenas avaria. Eu bem sei que te amo E nada mais importaria Se não fosse a urgência De ser feliz. Afinal, os vinte, os quarenta, E não dá mais para adiar. Adiar, dia a dia, O dia que não chega E nem mais me alcança. E te espero há tanto... Não se espante com minha pressa, É que a janela está se fechando E as esperanças Abandonando o barco Que posso fazer? Sou o comandante... X Quero viver um amor Sem cobranças, sem passado E que vá por onde eu for, Sempre, sempre do meu lado. A vida me trouxe o sonho E depois, cedo, cobrou, Amor que fora risonho, Era vidro e se quebrou... De papel, a fantasia, Qual balão de São João, Acabou com alegria, Entristeceu coração. Chove chuva pequenina, Vai molhando o meu quintal Todo amor dessa menina Enchendo o meu embornal. Menina que bom te ver, Sempre estou apaixonado Contigo quero viver, O resto, deixa de lado... A chuva foi apertando, E eu ficando aqui com medo, Meu amor foi se acabando, Que pena, que era tão cedo... Mas espero sua volta Cada dia mais espero A mão do coração solta Tanto amor que já venero. Um dia passa depressa Um mês demora a passar Trair é qual sarna, começa, E nunca mais quer parar. Por isso, moça bonita Acorde e bem ligeiro Pois de outro laço de fita Comecei sentir o cheiro. Meu amor não faz mais isso Eu te peço, por favor, Amor que tanto cobiço Cobiçando um novo amor... Não vejo mais a saída Tudo, tudo não me importa. Esperando noutra vida Encontrar a velha porta. E sair devagarinho Em busca do novo sol, O meu amor, coitadinho, Transformado em girassol. Nas penas do passarinho Minhas penas batem asas. Procurando por um ninho, Queimou as asas nas brasas... E de novo sem sentido Meu amor pesa de lado. Por isso está resolvido Entre nós, tudo acabado.. X A Deus peço perdão Por não te perdoar. Tantas vezes tentei Entender os teus erros, Tantas quantas foram possíveis Mas, depois de tanto tempo, As crisálidas mortas, Acaba-se a borboleta E somente a tristeza. Essa, ao voar, leva a minha alma. Mas ainda resta-me um canto, E isso me basta. O canto que deixaste Num canto abandonado da casa. No sótão. A chuva caindo não me deixa Outra saída senão sair. Em busca de meu passado, Em busca de nossos momentos Felizes. Mas, de nada valeram. Apenas aumentam a certeza De que errei. De que erramos E de perdemos a maior oportunidade De sermos felizes. Não posso te perdoar. Foste a minha maior esperança A minha grande aposta na vida. A realização de tantos sonhos Que acalentei desde menino. Não posso te perdoar, Ah! Isso não! Podes me pedir o que quiseres, Menos o perdão. As nossas noites inesquecíveis Na nossa cama, no nosso quarto, As estrelas invadiam tudo E me deixavas mudo De tanta emoção e prazer. Os nossos dias, maravilhosos, Em que estávamos, sem saber, Uniformizando a alma. Pelo menos eu cria nisso. Mas passou... As vezes que saímos para jantar Luz de velas e tudo o que tínhamos direito. Direito... É, realmente, tudo mudou. As estrelas continuam, Os céus continuam, E acho que só isso. Ah! Não! Espere. Eu também continuo Te amando... X Pegaste minha mão E fomos pelas ruas Estávamos cada vez Mais distantes do rumo E cada vez mais estranhos. O vento me trazia Notícias doutras terras Onde nunca podermos Chegar. Apenas em sonho... E cada vez mais pertos Do fim da estrada, Sentido oposto ao que tramamos. O vento nos levava E nada disso me incomodava. A não ser a força do vento Contra o rosto, Cada vez maior. Senti que, por vezes, Abaixavas e me olhavas Como quem não acreditava Embora continuasse a caminhada. Depois de vários e vários dias, Comecei a sentir que o vento, Agora bem mais forte, Desenlaçava nossas mãos E, teimosa, tu tentavas segurar. E eu me ria, como se aquilo Fosse engraçado. Engraçado, os nossos cabelos Embranquecidos Mas o meu coração, ainda moleque, Cismava em tentar enfrentar o vento. Pouco tempo depois, Ao te ver caída, Tentei te levantar Mas o vento não deixou... Me levou para um rumo mais diverso Ainda. O vento, em furacão, a partir daí Se tornou absolutamente sem controle. O que aconteceu não sei, Só sei que, o tufão me trouxe, De novo ao rumo que previra, E o teu sorriso Demonstrava a tua felicidade Pelo retorno, mesmo que envelhecido, Estropiado, sangrado, marcado, Deste velho menino, Para os teus braços. X Nada mais seria tanto Se não fosse nem portanto Mas agora em desencanto Acabo me misturando Com o medo de viver E, quem sabe, não morrer. Amas e reclamo Temes e te amo. Vou entender isso? Nada mais desatinado Que andar apaixonado Sem ter nada Nem amada... Mesmo assim eu não desisto Existo e Resisto Assisto... Pego a caneta E o rabo do cometa Que, pintado de poeta, Vaga sem ter sentimento Ou pelo menos, tantas vezes Finge que tem Ou que não tem. Mas te amo mesmo assim, Do tropeço até o fim... X No cigarro quando fumo Meus remendos se desfazem E depois de tanto tempo Os amores não refazem A verdade que perdi. E se, eu tanto te pedi, Não vieste me despeço E andando sempre a esmo Tento ser ainda o mesmo Mas nada mais prometo A não ser o arremedo Do que fui em tua vida. Aceito despedida Mas sem aviso prévio.... X Vaso quebrado Atado perdido Nada divido Nem meu fado. Safado moleque No leque das dores Fazendo horrores Com um peito Vadio Sempre no cio. Buscando tuas pernas E dançando sozinho... Mas tudo que faço Dependo do traço Que caço e não acho, Apenas comento. Se tanto me desse Amor que confesse Depressa sentia Que a mão que se esconde Perdendo o bonde Esquece o carinho. Vivendo sozinho Sem sina e sem tino Sem vaso e sem senso Amor mais intenso Fogaréu imenso Precisa que apague. Me empresta tua chama! X Amar é necessário ter coragem, Saber que muitas vezes nos magoam E mesmo assim, sentimentos maus revoam E impedem que façamos tal viagem. Amar sem ter coragem, tanto medo, Traduz-se em sofrimento no final. Quem ama deve ter esse ideal Não temer intempérie nem degredo. Mas tanto que te amei, minha querida, Que agora a vida mostra outro sentido. Das forças deste amor fui dividido E quase, nos teus braços, perco a vida... X Alvo vinha veloz alvorecer... Beijo, embarco na bela doce boca... Encontro a mansidão na voz tão rouca. Adoço o sonho, quem me dera ter! Não sei se sabes sinto não saber, Aportei portos pútridos. Espoca O meu medo, penedo a percorrer. Meu trabalho foi falho, fel desloca! O rombo dos arroubos foi rebento. O traço dos meus passos foi errado. Varais, vestidos, vértices do vento... Tua seminudez, doce tormento T’as pernas meus desejos embaraço E danço em verdadeira sincronia Vencido pelo gozo risco um traço E canto em teu prazer, minha alegria... X Loucos sonhos, delírios insensatos... Milhares de fantasmas rutilando. Rituais ancestrais, irei voando Por espaços, meus laços, meus retratos... Atípicos pendões surgem inatos, Dos céus descendo os anjos, flutuando... As mãos vazias, gôndolas girando. Irresponsáveis aves sobre pratos, Escapo deste céu, não temerei. Meu cetro me indicando, sou um rei, Nas minhas terras, cega confusão. As vagas tempestades, as sereias, Nas mãos que me torturas, me incendeias... Gira mundo, alucina, perco o chão. Em teus braços divinos, rodopio. Penetro teu suave encanto e cio... X Procuro a alma das árvores, floresta; Encontro tão somente esse lamento. Quisera perceber um só momento, Do duvidoso tempo que me resta... Sentidos tão banais, a vida atesta Que nunca mais terei um só tormento, Nas falsas esperanças em que tento, Viver das alegrias, finjo festa... Nas almas dessas matas, sou machado; Podando o que puder ter encontrado. Na seiva que seringo, sangra a vida. Amando em desespero, triste fado, Em cada novo vento, a despedida... Viver? Quem dera! Sigo sem sentido, Meu mundo vai girando, estou perdido, Minha alma qual das árvores, ferida... X Almíscar: meus desejos, teu perfume; Penetrando as narinas, me conquista. E não há, na verdade, quem resista, Nem quero e nem concebo mais queixume... A vida sem teus olhos, não tem lume, Meu caminho se perde. Não desista: Grito contido, perco-te de vista. Mas teu olor suave, qual costume, Denuncia teus passos, minha amada... Não perderei jamais a tua estrada, Nem quero mais sentir outro desejo. O de somente amar quem tanto quis Pois saiba, com certeza, eu sou feliz; Teu perfume causando, nesse ensejo, A doçura suave de teu beijo, Presença do Senhor, glorificada... X Amor que me entregaste foi mentira Do mesmo jeito trouxe vê se tira... Quando te encontrei julguei sereia. Agora que conheço me despeço Não quero carregar na minha veia Tal amor que, por certo, não mereço. Não quero me enredar na tua teia Nem quero despencar pois sei tropeço O fogo que te queima me incendeia O monte de tal Vênus desconheço. Nas linhas que concebo verticais A mão que me pediste foi-se embora. Os cantos que me contas são banais O medo do destino me tortura. Teu quadro, na parede, não decora. É muito mais bonita essa moldura.. X . Amiga, não perguntes por que choro! A vida não me deu sequer escolha... O vento me carrega, junto à folha Onde escrevi meus versos. Hoje imploro À solidão que deixe-me, recolha Os restos que largaste sem decoro... O mundo me trancou na triste bolha Onde emolduras... Onde me demoro! Amiga, não te peço que me escutes, Apenas não desejo que me esqueças... Das jóias que ganhei na triste vida, Tua amizade é pedra mais divina! Na vida que por hora descortina, Nas guerras que pedi, comigo lutes... Batalhas que perdi, me convalesças.. A luta que forjei, já vai perdida... X Se meço não convenço nem te peço Nem quero convencer quem não merece, Amores que menti, nem desconverso, As noites que passei, omitem prece, Meus olhos procurando vou disperso, Nem tudo que proponho me acontece Nos versos que te fiz, meu universo, Se meço nem te peço, me confesse... O vasto seringal dos meus amores, As flores imortais que não plantei, Os cais que enclausuraram nossas dores, Os olhos da mulher que procurei Perfumes nessas mãos de raras flores O medo de saber que nada sei Nas procissões que fazes, meus andores, Amar continuamente, minha lei... X Amor, apaixonante teu carisma... Beleza, representas Afrodite... Teus olhos repercutem todo o prisma, Quem foi teu criador? Peço palpite... Nas noites te procuro, velho cisma, Tanta candura assim, nunca se admite... Amar-te é conhecer cada sofisma, Procuro-te, rainha Nefertiti, Akhenaton, procuro tal beleza, Encontro a solidão como promessa... Não posso te negar a realeza... A dor que se tramar não se confessa Loucura tatuada, ferro e lança A vida nunca teve tanta farsa No fundo cultivando uma vingança A morte me servindo de comparsa. X Ah! Quem me dera fosses meu amor! Como a vida seria mais completa. A poesia, amiga predileta, Companheira, por onde quer que eu for; Teria enfim, parceira mais dileta. E nunca mais seria um sofredor, Quem sempre teve espinhos nunca flor, No sonho audaz, tentando ser poeta... Se fosses meu amor, que bela a vida! Andar buscando glória, sorridente. Não conceber sequer a despedida... Amar e ser amado é tão urgente! Não quero ver minha alma mais perdida... Sentir o teu perfume que, envolvente, Penetra nas narinas. Na sofrida Luta por viver; sentir-me gente! X AH! COMO EU PODERIA TE DIZER DA SENSAÇÃO CRUEL DESSA SAUDADE DIZER-TE QUE, SEM TI , MELHOR MORRER! VOU PROCURAR-TE EM TODA CLARIDADE. JAMAIS EU SABERIA QUEM HÁ DE INFORMAR A ESSE LOUCO SEM POR QUE EM QUE CANTO, EM QUE RUA NA CIDADE. EM QUE MUNDO ELE SOUBE TE PERDER? AGORA QUE AS PALAVRAS SÃO NEFASTAS. AGORA QUE MEU MUNDO JÁ PERDI QUANTO MAIS ME APROXIMO, MAIS T'AFASTAS MAIS SINTO A ANGÚSTIA MAIS CRUEL, SORRIR. SONHANDO COM AS NOITES PURAS, CASTAS, ESPERO DESTE SONHO REPARTIR... E QUANTO MAIS DE DOR, MEU PEITO, ABASTAS; SUPLICO, POR FAVOR, O AMOR EM TI X O meu afrodisíaco perfeito... Deitada se esmiúça em desafio. É fera que amedronta, em pleno cio, Proclama-se senhora do meu leito. Sem hora chega, vê-se no direito De vasculhar meu mundo fio a fio. É vela que devora o meu pavio, É rasto que me leva e rasga o peito! Na lúbrica ternura, tantas unhas... As garras incrustadas entram fundo. Amor que tanto quis, sem testemunhas; Em plena madrugada, nos motéis Amores vão cumprindo seus papéis Nos jogos sedutores, entrelaces... Nas ânsias me devoras, perco o mundo, Nos nossos loucos gozos, tantas faces... X Preso, contido em tais cruéis mistérios, Não me permito as urzes nem espinhos... Nas marcas de teus passos nos caminhos, Por certo derrubaste meu império! Não posso permitir tal adultério, As bocas que beijaste, teus carinhos. Do grande amor que tive, cemitério; Os pássaros procuram novos ninhos! Por tanto que sonhei felicidade Por tanto que sozinho, te esperei, Não quero mais saber de tuas culpas. A noite não permite mais desculpas. Te quis, jamais oculto essa verdade. Os trapos que deixaste já rasguei; Em tudo transtornaste minha lei. De ti não restará nem a saudade... X Não me deixas sentir sequer o medo... Não tenho tempestades, nem as temo... Amar parece ser o teu segredo. Nos mares que navego, és o meu remo... Por vezes, se freqüento meu degredo, A morte tão silente nunca eufemo, Aguardo minha dores, simples, ledo... A teu lado sequer, nunca me tremo... Perfume e singeleza, tens da rosa, Caminhas flutuando pelo céu... Amada, teu caminho descortina, Nas mãos desta mulher voluptuosa, Delícias e luxúrias, carrossel... A noite dos prazeres desatina E tanto que buscamos sob o véu Da lua que, faminta, é tão dengosa... X Quando te vi, bem menina, Nunca poderia crer Destino que desatina Não tem talvez nem por que Aprontasse bela sina, A sina de conhecer Amor, luz que ilumina Os olhos, me faz sofrer... Menina crescida, bela, Transformada em tal sereia Tanto brilho que incendeia No meu céu virou estrela Nas cordas do violão Essa estrela verdadeira Da minha vida, a primeira, Acordou meu coração! X Mergulho no teu corpo sou sincero, Não temo essa incerteza, nenhum mal, Amor que não machuca, nunca quero, Mergulho no teu pélago abissal. Escracho meus sentidos, vivo e fero, Nas cordilheiras, levo meu bornal, Nossos ares, montanhas onde impero, Mergulho nas alturas, abismal... Amor que sempre fora mais vadio Que não sabe escolher nem os lugares. Não teimo pouco temo e já te amplio, Na partitura singro meus cantares, Na cama que desfrutas, teta e cio, Talheres divididos nos jantares... Morena, vem aqueça está tão frio... Por testemunha estrelas e luares... X Alamedas, estradas e caminhos... Nos pinheiros e cedros, tal beleza... Lá perdi nossos beijos e carinhos... A mansidão perfaz a sutileza... Nossos olhos são tristes passarinhos, Nasceram para a dor, tenho certeza... Buscando por sossego, querem ninhos, A vida proibiu tal fortaleza... Meus versos procurando sem jamais Encontrar as luas que desatas Nas mansidões dos rios nas cascatas, A corredeira leva nossa paz... Quem dera conhecer as nossas matas, Nas mãos que me acarinham, ser capaz De ter a calmaria que retratas, Brisa fresca que a noite calma traz... X Abelha que precisa desta flor, A flor que necessita desta abelha, Amores que vivemos por amor, São flores que iluminam qual centelha! Do pólen produzido sonhador, Das cores que vivemos, a vermelha! A chuva que refresca esse calor, Batendo, levemente em cada telha!!! Te quero, tanto quanto te preciso. Não sei viver; somente sobrevivo Nas horas onde estou, de ti, distante! Amor um sentimento tão altivo Que leva sem sentir ao paraíso Não vás, te necessito a cada instante.... Se fores, não terei sequer o siso! Prisioneiro da abelha, sou cativo! X As mãos que carinham, maviosas. Os dedos te percorrem grutas, seios... A boca procurando colher rosas. Gemidos traduzindo teus anseios... As rondas que te faço, glamourosas, Os cabelos dançando seus maneios... Nas noites que rolamos, tanto gozas... Persigo, calmamente, quais os meios De te causar delírio, maciez... De te levar total insensatez. As noites que passamos são cometas... Em plena madrugada se desfez Num gozo gigantesco, de alegria. Não posso permitir que tu cometas Insana tresloucada fantasia... A vida não terá mais um só dia... X Abandonado... partiste. A saudade, minha herança! Estou só estou tão triste... Morte encontro na lembrança... Abandonado... Nada existe A noite mais fria avança... Só meu coração insiste Do que resta em mim, aliança! Horas passam, dias voam... Fico cada vez mais só.. As aves não mais revoam. Até morte, companheira, Me deixou, não teve dó... Te procurei vida inteira... Mas me deixaste sozinho, Aqui espera teu ninho, Retorna meu passarinho! X A noite tenebrosa aproximava, Nas mãos deste fantasma, meu guerreiro, A lua tão lasciva decorava Todo o céu, transformado num tinteiro... O rastro das estrelas transportava Amor que sempre fora verdadeiro, Cometa-prostituta se entregava Nos braços deste amor, mar derradeiro... As algas fosforescem no oceano, Testemunhas reais deste romance... Na noite das orgias, cada lance Delirante transforma todo plano Permite que prazer de novo avance, Refaz toda luxúria e todo gozo... Quem nunca cometeu sequer engano? O mar derrama as ondas, caprichoso... X Nos teus níveos sorrisos, as promessas... Sultana que escraviza um coração! Meu mundo transtornaste e não confessas, Rastejo te implorando teu perdão! Tantas vezes, a vida prega peças É preciso encontrar um guardião. No meu plácido rumo, não me peças Que deixe de prestar tanta atenção. Não posso caminhar sem os teus pés. Não posso respirar sem o teu ar... A vida não perdoa: és meu convés! Tudo que é preciso nessa vida, De nada mais seria sem te ter. Saberia que estrada vai perdida Uma nau sem destino, sem te ver. Guardiã dos desejos e delírios... De que vale, sem frutas, meu pomar? Sem jardim, minha amada, p’ra que lírios? X Os meus versos de amor, a poesia Que canta teu olhar, a tua boca Que faz da fantasia uma arma louca Invade meus sentidos de alegria... Meus tristes versos cantam sem parar As horas mais felizes que passei Num tempo que jamais imaginei Pudesse, de repente, terminar... Mas trago uma saudade que me torna Mais forte que jamais pudera ser, Tramando uma vontade de viver Ternura que domina e já se entorna Nos versos que prometo te fazer... X Ah! Como dói o amor quando distante... As horas não se passam, vida voa... O mundo se desaba num instante Quem dera ser feliz... Rei e coroa... Nos olhos derramados deste amante As lágrimas se secam. São à toa... Jamais renascerá o radiante Sol... Mas um girassol louro destoa... Floresce mais teimoso neste prado. As cores e os brilhos tal farol... Promete ressurgir vital prazer, De tanta dor que trouxe do passado, Da minha mocidade sem o sol, Buscar o louco amor, o meu afã. Quebranto e solidão meu triste fado, Mas, entretanto a vida, um girassol; Promete renascer, loura manhã! X Te cantarei canções do coração! Naturalmente bela, estrela minha... Nas cordas do sonoro violão, A dor desta saudade se avizinha... Em teus braços, serei uma avezinha Procurando por tua proteção... Teu amor, meu amor vem e se aninha Meu canto está repleto de ilusão... Cobertor dessa noite longa e fria, Quem dera regressasse enfim, agora! Deusa primaveril, das flores, guia. Que tanto persegui em tempos duros Dos céus eternamente mais escuros Por favor! não suporto tanta espera, Retorne pois, querida, a Primavera Só poderá chegar contigo amor. X O vento balançando, ouvindo meu clamor... As noites vão morrendo, espero um novo dia... Não quero mais saber deste teu “grande” amor... A vida se demora em cada sinfonia... Os beijos que negaste, estranha fantasia, Não deixam nem recado, expressam teu rancor. A morte vai chegar, cessando essa folia... Não pude perceber, frio se fez calor... O medo que travaste, em versos se perdeu. A lua que chegava, a sombra derreteu. Amores mais sutis, cinzas do meu passado... Desse tempo que diz que fui feliz Em tanta tempestade o tanto que te quis Um sino vai dobrando avisa que já fui... Não quero mais saber. Preciso, o teu recado... Castelo que encantado o tempo tanto influi Que sempre trago o peito, assim iluminado! X Areias escaldantes do deserto. As brancas testemunhas deste ocaso. Amor que traduzimos por incerto, Morrendo na tardinha, findo o prazo... Um pobre beduíno, céu aberto, Espera pelo oásis, ao acaso. A miragem do amor, sem nada certo, Olhar pleno e distante, morto e raso... Areias escaldantes desta praia Delícias de morenas e sereias... O sol enamorado já desmaia, Olhando para oásis com ciúme, Roubando dos prazeres, o perfume... Casais semi-desnudos se acasalam, Desfilam seus hormônios nas areias... Camelo e beduíno, nada falam... X Do teu caminho conheci segredo Dos mansos passos luzes, brilhos, paz... Penas que foste embora logo cedo, Deixando apenas a lembrança audaz De uma guerreira impávida, sem medo. Tanta tristeza minha noite traz! Na vida eu merecia um outro enredo. Será que prosseguir, eu sou capaz? Pois quando enfim chegar o triste inverno, O coração vazio, quieto e triste. Amor que merecia ser eterno; Jóia entre tantas jóias, a mais rara, À dor da punhalada não resiste A ausência deste amor que se foi para A mais brilhante estrela do universo E surge, renascendo em cada verso... X As mãos macias desta deusa nua A passear tanto carinho insano. Minha alma satisfeita então flutua Das santas alegrias já me ufano. A boca me promete e morde, crua, Viajo por espaços outro plano; E a noite encantadora, continua... Não me permitirá jamais engano... O mundo, quando um Deus amante fez Não tinha inda metade desta luz Que, clareando a vida, me conduz Aos braços desta minha amada tez Em todo o amor que sempre dediquei O brilho duma aurora que sonhei. Rendo-me aos teus caprichos, teu desejo... A boca escancarada pede um beijo... X Tantas dores a vida nos promete São montanhas diversas, ventanias... Ao passado, a tristeza me remete Fazendo transtornar as melodias Da festa, serpentina com confete Nos meus ultrapassados carnavais. O tempo que se foi não mais repete, A alegria vivemos, nunca mais! Das dores que acumulo pela vida, A ausência desta luz que já morreu, Da minha mocidade, despedida... Não há mais sequer lua que inda brilhe No meu céu sem estrelas, puro breu, Por mais que essa tristeza inda me trilhe Meus braços enfrentando a dura lida Esperando esse amor que maravilhe E, tornando meu dia bem mais claro Traga-me amor sincero e bem mais raro, Vivos nos belos olhos teus, querida... X Por que zombas amiga dos amores? São frágeis, são loucuras tentadoras... Nos guizos dos palhaços, seus atores, Alegrias febris, mas redentoras... Desprezas as mortalhas, santas dores. Macabros sentimentos... Amadoras Noites, nas gargalhadas dos horrores, Vestidas de luares, sonhadoras... Não zombes deste amor, é crueldade! Por certo não concebes melodias. Detrás deste descaso, uma verdade Calada no teu peito, uma saudade Daqueles maviosos, belos dias... O medo te conteve dando-te asco... As noites que se passam, tão vazias, Esperam perfumar um lindo frasco! X Nas frenéticas noites que me embalam, Espero por teu braço junto aos meus... As noites que passamos já se calam, Os erros se contavam, novo adeus... As mãos que se conhecem tanto falam, Abraços cordiais de um louva deus; Por certo sentimentos não se abalam, No fundo devorando, são ateus... Nas frenéticas noites que passamos, Os medos nunca foram solução. Em meio a tantas camas, nos amamos, Distantes, tantas vezes, nos tocamos E trocamos nosso ódio por paixão. Amores não respeitam nem o chão. Toda sinceridade que buscamos, Espalha esse veneno, coração... X As bocas se tocam Os corpos se beijam Os olhos devoram Cada centímetro E nada mais faço Sinto teu corpo Em meu corpo E me encorpo E te incorporo Poro por poro Decoro teus poros E porejo prazer De ser qual eu sou Querendo te ser. Querendo tecer Teu corpo no meu Meu corpo no teu Ateu sem tédio Sem ódio, Dio! Remédio Assédio e anseio Asseio e serenos Seio e venenos Me embrenho na mata Na atada manhã E nos olhos da fera Pantera que espera Ensopada, a cada momento O tormento revigora E agora? Me tens mentes e mantas Mantras e mansos suores Soares e cantares E sinos que tocam Campanas em festa Ávidas das frestas e das rastros Dos astros que penetram As grutas e grotas Onde brotas prazer... X Noite que tanto sonho, dos amores, De nossas loucas mãos que se procuram Nesses momentos santos que nos curam E livram nossas vidas dos pavores. A noite desta lua em que te caço, Os raios penetrando em nosso quarto. Encontram-me, cansado, feliz farto, Em todos os prazeres do cansaço. Na noite das estrelas que me trazes, No chão que caminhando me deslumbras As noites tão amadas que vislumbras, Se fazem quando, enfim, fazemos pazes. Noites que derramam sobre o mar, Um brilho deleitoso e tão marcante Permite doce noite, nosso amar, Pois a noite, também é nossa amante... X As mãos macias e a carne dura Na procura delicada A noite passa. E tua nudez, acalma... O cheiro do perfume E as mãos macias E a carne dura. Se pudesse, o tempo não deixaria passar. Terminando o sonho noutro sonho. Revigorando-se sempre A cada novo dia E cada novo prazer. Quero o teu gosto E o gesto mais manso O carinho e o remanso Alcanço teu rosto A pele macia A fera que anseia Os seios e o cio. As nossas bocas se procuram E se encontram E se atacam Mordem e revigoram Curam e secam As salivas nas salivas. Cada parte de teu corpo Decorando cada centímetro Sentimento pra mais de metro De quilômetros... Nada mais me importa A não ser a porta Aberta do desejo. Do desejo completado E compartilhado. O cigarro aceso, A cigarra tesa e, entesados, As tentações e as tenazes Que se abrem e fecham Com agilidade e sofreguidão. Todas as umidades em uníssono Em unidade e união. Delicadezas e seduções De repente se transformam Em lutas e batalhas Movimentos ferozes e vorazes, As luas e os sóis, milhões de estrelas Convulsionadamente a noite se desenvolve E nada mais importa, A porta entre aberta, Alerta e agrado. Corcéis e panteras Lutas e chuvas, tempestades, Movimentos loucos, Ancas loucas Desabridos sentidos, todos Taquipnéia, taquicardia Taqui, tique taqui, tique taqui... Coração, bomba relógio As horas explodem A enchente e o dilúvio. O cansaço, o sono, O amor se refaz mansamente E a noite evolui para o amanhecer Doce e encantador de uma aurora fascinante. TE AMO! X Por que sofrer saudades nessa vida, Se não conseguirei jamais saber, Porque somente foste despedida. Ir me matando, aos poucos, sem querer... Sem rumo, vai a vida, nau perdida, Em meio a tempestades, me perder, Sem conceber por onde está vencida, A batalha, poder sobreviver. Eu quero ter somente teu sabor, Embora nada mais consigo ver, A não ser despedida nesse amor, Que tanto me deixou quanto me quer Desejos e torturas de mulher. Nada além do que pude conhecer, Nada além, desse pouco que restou, Somente a solidão disse o que eu sou... X Cordilheiras gigantes, montes, cumes... No salto extasiante da pantera, Num laivo mais sutil, tantos ciúmes... A febre desejosa da quimera... Na mão que me açoitava, teus perfumes, Os vértices, os prumos, minha espera, Deliro mas não ouves meus queixumes. Ah! Se tu fosses minha... Quem me dera... Nos olhos vaticínios indefesos, Traduzes as visões destes profetas. Cativos meus amores morrem presos Nos desejos ferozes, domadora... Porquanto meus martírios quis ascetas, A boca não sacia e te procura, A cada novo beijo, nova cura, E sempre que te quero mais inteira, Os olhos revirando, amor aflora Na noite onde te mostras verdadeira Desmaias loucos gozos, redentora! X Recebi sua carta, minha amiga. Em todas as palavras um adeus... No fundo de minha alma vá, prossiga, Consigo não irão os olhos meus... A sensação que tenho, tão antiga, Desfeitos tantos sonhos de himeneus, E de querer, enfim, que já consiga Viver mais plenamente os sonhos seus... Bem sei que depois disso vou sozinho... É certo que tentamos ser felizes. O fio deste amor jamais foi linho, Bem sabes que durante minha vida Tu foste, meu sincero e manso amor. Agora que tu vais, em despedida, Espero que te encontre, o esplendor. Vivemos nosso céu, vieram crises, Em todas as promessas, desamor. Mas quero que tu saibas que desejo, E nisso não demonstro falsidade, Que sempre que lembrares do meu beijo, Noutro beijo, matarei essa saudade... X A lua no sertão, meu amor sertanejo... Abrindo essa janela a lua, intensa brilha. Promete a minha vida imensa maravilha. A lua se esbaldando, espelha meu desejo... Vem cá minha morena, espero por teu beijo. A lua faz o claro, então vamos na trilha. As urzes no caminho, espreita e armadilha; Um sonho cristalino; olhar brilhante vejo! A lua, companheira, anseia pela aurora. Estrela tão formosa, a cena se decora! Ó lua do sertão! Meu sonho e minha luz! A noite em minha vida decerto quer a lua Que sempre que nasce, tão bela continua, Olhando a minha amada, a lua se seduz. Amor que me deixou, roubou a claridade. A lua que carrego, a lua da cidade... Da lua do sertão, ficou só a saudade... X A natureza traz fantásticas lições. Por isso nunca perca o brilho de esperança. Por mais que esteja escuro,a manhã logo alcança A calmaria vem depois de furacões. A boca que te beija espalha as ilusões. Na mais incrível guerra uma antiga aliança. O homem mais sisudo, um dia foi criança. Amor mal se distrai, espera por perdões. Nos mares, a pobre ostra, em dor descomunal; Ferida pela areia, em louco ritual; Gerando tal beleza, o dom maior da vida. Transmuda o grão de areia em pérola sublime. Do escuro desta vida, a luz que me ilumine. Assim é nosso amor, pérola, Margarida! X Amor, meu companheiro de viagem! Nas curvas e desníveis do caminho, Espero por teu vento, tua aragem. Não quero prosseguir assim, sozinho... A lua vai mudando de roupagem... No céu prateia e doura cada ninho, Se enfeitando, tão bela maquiagem! Amor meu companheiro, passarinho! Voando pelos campos, beija a flor. Revoando por mares, cordilheiras... Encontra esta beleza, e esplendor. Pesado, coração voa de lado, As noites são amigas, companheiras, Nos braços delicados, meu amor. No sonho desta noite desejado, Prazeres e delícias verdadeiras... X Tecendo meus tapetes de ilusão, Transformo meu sorriso num lamento... Mergulho meu amor em solidão, Transporto tempestades, beijo o vento... Quimeras, gargalhadas, solução? Não vivo sem lamber o sofrimento... A morte muitas vezes, o meu pão. Os raios desta angústia, o firmamento... Não falo das renúncias nem conquista... Vou tresloucadamente mas tão lúcido... Meus barcos não me gritam: terra à vista! Opacos meus destinos, são bem parcos. Espelho não reflete, pois translúcido... Não sei nadar, procuro por teus barcos... Amor, sem teu carinho, perco o cais. Por isso, não se perca nunca mais! X Noite se abrindo , mágicos pendores... Nas esperas, cansaços e canções... Vestida de ilusão, trazendo flores, Destroça, mansamente, corações.... Noite, testemunhando meus amores, Retrata nos seus brilhos, os perdões... Quem pensa na beleza dos albores Desconsidera o rumo das paixões... Imagino um deserto, lua plena. O vento acaricia um belo rosto. A vida que sonhamos, tão serena... Em tudo nosso amor em mansa lua Que trama essa beleza, pura e nua... Nos olhos dessa amada, fino gosto, Os nervos, as entranhas, tudo exposto... Imagino a ternura desta cena... X Enlanguescente deitas sobre a cama... Volúpias e desejos no cetim. Estás sensualíssima: Me chama... Nas erupções vulcânicas, festim... No jogo sedutor, acesa a chama, A fogueira queimando dentro em mim... Delícias produzindo louca trama, Quem dera, toda vida fosse assim... As bocas desbravando cada trilha, Audazes dedos tecem linda renda... O mundo transbordando em maravilha. Devoro e me devoras neste jogo Que queima tanto quanto fosse fogo Desejo, necessito que se acenda, Nos olhos que te buscam, tiras venda, E vejo nos teus olhos, novo afã. A lua salpicando nossa tenda, Prepara aurora grávida: manhã... X Vida me embriagando, grandes tragos... As danças e desejos neste vinho... Dispenso tais solenes, vis afagos... Mergulho no horizonte, sem caminho... Os olhos multiplicam, viram magos. Quem me der novo beijo, seu carinho, Navegará por certo, loucos lagos... O meu corpo procura e pede ninho! Bocas unidas, beijos sensuais.. Os tragos deste vinho, sou refém... No pêssego do rosto, manuais... As bocas se procuram, de viés... Distante desta boca sou ninguém. Sou barco que deriva sem convés, A paz em minha vida, nunca mais, Saudades de te ter, amado bem... X Teu beijo me queimando, uma fogueira... Ardendo nos meus olhos, qual fumaça... Amar-te, prometi, a vida inteira. O tempo desgraçado, tudo embaça... Muitas vezes sonhei: minha bandeira Jogada, abandonada em plena praça. Amor que não renova faz besteira, No vento sem saber, depressa passa... Te quero minha amada sonhadora, Quero a cada segundo, a cada instante... Margarida dos sonhos, logo aflora... Permita que este pobre delirante, Em versos se declare teu amante. A vida sem amor, não vale um riso... Quem me dera viver amor constante... Por certo me traria o paraíso! X Percebo nos teus olhos, tanto frio; Certezas, já não tenho, nem as sei. Amores são segredos, vou vazio, Lembranças desse tempo em que fui rei. Agora, que não temo mais, vadio. Confesso que não penso e nem pensei, Em meio a temporais, inunda o rio, Por onde tantas vezes naufraguei... Não quero nem sentir meu pensamento, A verdade doída me maltrata, Velhice vai chegando, meu tormento, A dor que sempre trago, não desata E traz, toda a saudade e sofrimento... Nem posso reclamar da vida, ingrata, Nem posso maldizer, um só momento. Prazer que não reluz, hoje me mata… X TANTOS AMARES SÃO TODOS LUGARES SE NOS MEUS PRÓPRIOS MARES NAVEGAR BUSCANDO NO MEU CANTO TANTO MAR TANTO QUANTO, POSSÍVEL FOR AMARES. TANTO QUANTO SERIAM TEUS LUARES NOS TEUS MARES, MEUS SONHOS NAUFRAGAR COMER TODAS AS FRUTAS, TEU POMAR TANTO QUANTO IMPOSSÍVEL, O SONHARES. COM PERDIDAS MANHÃS PARA HABITARES NO MUNDO MÁGICO CABEM MEUS DIAS VAGANDO LOUCO PROCURANDO PARES QUE PRETENDAM VIVER AS FANTASIAS DE TODOS OS MEUS CANTOS REVOARES, VOU PROCURANDO ESPELHOS, FANTASIAS ROLANDO NOITES, LOUCAS NESSES BARES ONDE DERRAMAS PASSOS E POESIAS... X Quero o sabor da manhã, Vicejando nos teus olhos, Percebendo teu elan, Mergulhando nos Abrolhos. Vagueando vida vã, Que tão louca vai, engole-os Todos sonhos, cortesã Desfiando tantos óleos, No corpo e mente senis, Nos meus desejos tão vis, No que pudera ser tão, No sertão dos meus amores Nas corbelhas, tantas flores Nem tampouco nem servis, O que nunca fora chão, Sempre cora, coração... X O que farei sem teu olhar querida? Trazendo todo o lume desta vida, Olhar que me traduz , em desatino, O sonho que tracei pr’o meu destino; Caminho que pressinto, seja o meu. No olhar que me penetra manso, ateu... Teus olhos, minha amada, sobrevida De quem não teve nada em sua vida... Meu sol, por conseqüência, minha glória. Teus olhos são meus versos, minha história... Minha amada! Perceba que sem ti De tudo que não tive, mais perdi. Não quero mais sofrer, isso é segredo, Não deixe que me vença o triste medo, De viver sem teu amor, por tanto tempo... Viver sem ter amor, que contratempo! Não vês que sem te ter, cadê ternura? A noite sem futuro, tão escura, Desejo poder ter o teu enlevo Carícias percorrendo o teu relevo Entrando nessas matas divinais, Mordendo tua boca, canibais Carinhos que jamais eu negarei, Nas grotas onde tanto mergulhei, Nos lagos que me inundam de prazer, Por todos os teus rumos, me perder... Adormecer sem hora de acordar Senhora do viver, do meu amar... Te quero, minha deusa, minha musa, E desabotoar a tua blusa Invadindo teu ser sem ter receios, Beijando calmamente os lindos seios... Depois, com toda calma e mansidão As mãos que te percorrem sem perdão, Correndo toda a sorte de perigo Beijar tão docemente, teu umbigo, E ter a sensação de ser um rei, Jazendo sobre o manto que sonhei, Entrando nos recônditos pomares, Saber te dar prazer nos amares, Sonhando com delícias, maravilhas, Os vértices gentis, tuas virilhas, As violetas belas, todas roxas, Os delicados velos, tuas coxas. Saber de teus desejos onde espalho, As gotas divinais do teu orvalho. Depois de tanta louca insensatez Saber que, enfim, amor maior se fez.. X Quantas vezes prazeres testemunha Em noites que rolamos sobre si, De tantas fantasias que vivi, Os olhos que me viam não sabiam Que todos os meus sonhos consistiam Nos barcos dos desejos em que punha... Pois vertendo as delícias, as tristezas Solidão, fantasias e desejos De rumos que percorrem tantos beijos E mãos que se torturam no vazio, Amores e fracassos, pelos, cio... Ao mesmo termo dor quanto princesas. Nos alvos e macios, meus lençóis, Os sóis e as manhãs pobres de chuva, As agonias tristes da viúva Que sempre desejara e não viera. Apenas solidão, mas quem me dera Poder ter nessa cama, tantos sóis. Agora, que não tenho mais ninguém, A noite se passando sem a lua, Na cama tão vazia, continua, O sonho de te ter, ó minha amada, Trazendo tanto sol na madrugada, Te espero, em minha cama...Agora. Vem! X Teus seios, as delícias que pretendo, Em busca dos prazeres mais sutis Vivendo por viver, tão infeliz. O vento doloroso, me envolvendo... Em teus seios, prazeres no teu colo, Dos beijos que te quero, minha amada, A boca em teu alvéolo marcada, Em tantas fantasias, me consolo. As mãos, deliciadas, com carícia, Percorrem nos teus seios, belas trilhas E sempre que pretendo, maravilhas, Em forma desejosa de malícia. Teus seios delicados, belos pomos, Cerejas sobre um alvo mavioso, Licor de tanto amor, assim sedoso, Aos poucos devorando tantos gomos... As rosas dos teus seios, sem espinhos, Plantadas no jardim do meu desejo. Em cada pétala darei um beijo, Fazendo dos teus seios, os meus ninhos... Debaixo desta blusa, transparente, As sombras delicadas dos teus seios, Vertendo tanto brilho que, envolvente, Convida a viajar sem ter receios... Nas ânsias que devoram meus sentidos, De ter as fantasias do pecado As formas dos teus seios, manso prado, Mergulho em teus perfumes, divididos. Deitada em minha cama, semi nua, A deusa que seduzo e me seduz, Que brilho e fantasia, assim, produz, Na geminilidade de uma lua! X As lágrimas ocultas que carrego, Venero e tanto quero quanto minto. Verdades e saudades do que sinto, Ao mesmo tempo afirmo e quase nego. Chorando sem sentir que não me queres Sentindo o teu amor já se esvaindo. Depressa, de mansinho, vou saindo, Em busca d’outros colos de mulheres Que nada podem dar senão prazer E sinto, mesmo assim que vou morrer... Lágrimas que ocultando, não percebes, São falsas, mas me doem verdadeiras. Estrelas dos amores, as primeiras Que nascem corações em minhas sebes. Amando poder vir sem ter pecado Temendo tuas pernas entreabertas As dores que prometem os poetas De tanto que pesaram, triste fado, Entornam nos meus versos que te faço. Resumindo: pretendo teu abraço! X Pensando no que fora e nunca volta As horas não se passam sem te ter Recebo uma notícia, vou saber Se nada mais encontro, vem revolta. A triste boca aberta espera o beijo Que anda circulando noutras bocas, Versejo tuas asas, sempre loucas Nas bocas que não beijo, teu desejo. Vivendo, pensativo, morro um lago Silente e tão distante de esperanças. Amor que sempre fora meu afago Num trago se perdendo das lembranças. Tão longe de teus lábios, mas aqui, Não sei se te desejo ou se te quero, Apenas mergulhando, sou sincero, E cada vez que penso, te perdi. Saudades de quem nunca fora minha A mando de quem nada mais promete Se vamos entedias teu confete E voas oceanos, andorinha. No fundo, o que desejo é ser feliz Com olhos ou em modos, à vontade. Tirando tua roupa, viajando, Estrelas que morremos, todo dia. Não posso mais viver de fantasia, Preciso ir depressa. Estou amando! X Saber que estás aqui… Recebo o teu vento Como o vento que partiu E retornando pressentiu Que voltou pra me salvar Do medo de viver Da esperança sem lugar Da vida que se foi Sem vontade de ficar... Saber que estás aqui, Refaz amanhecer Da noite que não ia Do mundo que sabia Que nada poderia Fazer sem poder ter O brilho dos teus olhos, Na aurora das promessas Rodando sem parar Nos cíclicos amares Em todos os lugares Ares, bares, mares Altares e certezas. Sertões e cercanias. Enchendo de poesia A vida que partia Na ausência de quem fora O vento que aquecera A noite tão vazia. X Recebo no meu canto teu encanto Que canto e que peço Nada impede, mas repito O pito que me deste Por ter te possuído E não comunicado Valeu pela poesia Que fiz mas não podia Mal que pergunte: Valeu a pena? Acena cada cena À boca miúda Auto ajuda? Palhaçada Serve para nada Nem sempre me consola Vai abaixando a bola Que se rola, não enrola. Se esfola, vou pra escola E rebento de verdade Na acidez da saudade Que te fez meu bem querer. Garçom manda mais uma A minha saideira Que talvez foi a primeira Mas nem sempre verdadeira Não posso mais dar bandeira Vou devagar, de mansinho. Coração pequenininho No piquenique da vida Amor é conta corrente Vou contra a corrente E não tenho nem Onde bem Cair morto. Acontece Que estou disposto A não pagar mais imposto Imposto pelo querer. Vivendo por viver Sabendo do saber Saneando o coração Do meu peito, uma aversão Versão nova pra cantiga Que morreu de tão antiga Uma urtiga dentro da alma Sem calma Sem melodia. Amando uma fantasia Vivendo sem poesia. Quero o colo da morena Dos olhos verdes da mata Que maltrata e que resgata Todo o amor que eu sempre quis. Sou feliz! X Eu quero a sensação duma alegria Salvando minha vida da tristeza Que tanto maltratou e pôs a mesa Que morre sem sequer quem bendizia. Bendita minha força e minha garra Que nunca permitiram minha queda Olhar de tal tristeza, a vida veda, Ávida da alegria, vida em farra. Não deixe que esta dor te vença assim, O fim de toda dor é mesmo triste A alegria de viver por certo existe E vence, com certeza, lá no fim. Ao fim desses meus versos vou cantando A força que me trouxe o teu olhar Princesa, por demais que possa amar, A vida sem amar vai se acabando. Não faça de teus olhos a torrente Que amarga todo rio de saudades, Precisas conhecer felicidades Meus braços te esperando. Vem! URGENTE! X As tênues borboletas, liberdade... Nas asas delicadas, belas cores... Voando, carregando veleidade Trafegam, constelares, meus amores... Lactescências lunares, qualidade Ímpar, as borboletas buscam flores... Nesse encontro sutil fragilidade... Vital, mágico encontro, sem pudores... Diluídas fantasias vaporosas, Lepidópteros mostram o caminho.. Mesmo com os espinhos, belas rosas Desejam borboletas, pleno cio. Meu coração abrasa, sou vadio... Pressinto meu prazer nas tuas asas Asas que incendeiam, loucas brasas, As asas mansas asas siderais, Todo sereno encanto... Fazem ninho... Ah! Vento te levou p’ra nunca mais... X Os cabelos caídos sobre o colo, Negritude divina em alvo viço. Contraste mavioso, céu e solo Serpenteando... Quanto te cobiço! Na trança distraída, o esplendor. Meu desejo transborda e narcotiza... Por vezes se imiscui tolo pavor, Nas minhas catedrais, sacerdotisa! Delírios sensuais na bela tela, Uma obra prima feita do prazer. Cabelos negros, crinas peço sela E tento cavalgar na fantasia A mais deliciosa montaria... Galopo meus desejos infinitos... Vontade de ficar, voar, viver... Obrigado meu Deus... Sonhos benditos! X Não chegue de tardinha, já te peço. As horas mais gentis já não disponho. Meus erros e consertos nem confesso. Meu medo dos amores é bisonho! Ferrabrás, Satanás, tanto faz, meço Palavras e sentidos o meu sonho. Doçuras e mergulhos! Endereço Dos infernos: meu canto mais medonho! Mordazes os sorrisos, são safados.. Vasculho nos teus bolsos, meu ingresso. O mundo dos canalhas, seu congresso. Mas mesmo dentre todos os meus erros Os berros e os gritos, meus enterros... Permito decifrar sinas e fados, Extremo temeroso, a podre unção. Batuca melindroso, o coração! X Não quero o desconforto da saudade, Meus dias não serão em vão, perdidos... Passado me negando claridade, Os bosques dos prazeres, esquecidos... A vida sempre nega eternidade Os tempos mais felizes, tempos idos... Meus mundos que velei, sem claridade, As vozes dos amores nos ouvidos... Cantando, solitário trinca ferro, Espera pela amada que não vem... Coração na gaiola solto um berro... Ninguém me escutará estou bem certo. Mesmo assim gritarei neste deserto Esperando um amor em que acredite, Coração passageiro perde o trem, É tão triste te esperar, minha Afrodite... Mas sei que a luz da lua te trará, E essa gaiola enfim, já se abrirá! X Amor é muito pouco pro que sinto, Deveras necessito tanto tempo Perdido vou em busca do tormento Por vezes, é melhor seguir sozinho... Não quero mais as dores que já tive Estive em tantos mares que nem sei Errei por pesadelos mais constantes Amantes dos meus sonhos, sempre leves E breves como a aurora que desejo. O beijo mais tranqüilo que não salva. Acalma e não permite que misture A cura com meu canto sem defesa. A mesa está reposta, mas não vejo Vontade de saber por que perdi, Sentidos extremados, mas sem rumo. Aprumo tanto sonho que não quero, Refiro-me, por certo ao tal amor, Remota sensação de liberdade Envolta em tamanha crueldade Além de tudo, mata, devagar. Vagando por estrelas que perdi, Em tudo meu amor, sobrevivi, Porém ao próprio amor, de amor, morri. X Quem me dera, meu amor, se não voltasse A dor que sempre foi a companheira Dileta e preferida, a vida inteira, Esperando por quem de novo abrace O velho solitário, coração. Quem me dera , querida, os madrigais Que sempre dediquei a quem amava. Os olhos procurando sem jamais Saber onde teus olhos se encontravam, No velho e solitário coração. Quem me dera, viver sempre contigo, Às vésperas do tempo que perdi, De tudo que na vida pressenti, Não sei mais conceber sequer perigo Ao velho e solitário coração. Quem me dera receber duma esperança O vento mais sublime que não tenho, Beber talvez, quem sabe, de onde venho, O vinho mais amargo da lembrança. No velho e solitário coração. Quem me dera saber por que fugiste Das mãos que te afagaram, pensamento. Deixando sem sequer saber que existe Morrendo pouco a pouco, no tormento, Um velho e solitário coração! X Ai de quem ama As dores e florestas Cofres festas Frestas flâmulas Sonhos fantasias Os ermos de minha alma Os álamos e frisas As brisas e as noites Luas mais vadias Que rodam nas janelas Abertas do teu quarto Espero um novo fato E farto de teu canto Venenos e sangrias. Não vejo sem feridas As horas mais sabidas Que não mais mergulhei. Se fasto sou nefasto E me afasto do teu mundo. Pré firo e não me iludo Que é melhor sair mudo Que inundado. Se nada não sei nado Cerrado que me frases As bases combalidas Com bário e com falidas Esperanças. Vencido pelas dores Dos cofres que guardei Não quero ser errei Talvez queira tentei Mas de que vale tudo isso? Nada mais viço Espinho ouriço E me lanço Embevecido Aos braços do infinito. Amor, faça um favor. A porta está aberta E nada mais me resta. Senão a sólida solidez Da tez da solidão.... X Voltaste desta noite sem saber Que tantas madrugadas eu vagara Em busca do perdão de quem amara E sinto que jamais iria ter. Nascida em minhas trevas e saudades Das trovas e dos versos que não fiz Morrendo um universo por um triz Vencida pelas luas das cidades. Estranho que jamais a percebi Estavas sempre perto mas não via A luz que mais brilhava se perdia E toda minha aurora estava aqui. Por vezes tropecei nas tuas mãos, Carinhos mais carinhos, sem desejo. Perdido talvez por um doce beijo, Resumos de esperança foram vãos. Um coração decerto aventureiro, Espreita na tocaia, mas pressente Depois de tanto tempo estando ausente, Sente que não saíra por inteiro. Voltando ao mesmo canto que cantava Nas noites esquecidas neste quarto, De tanto amor que foi morreu no parto Renasce desta luz que o matava. Não deixe que eu me perca mais assim, Vestido de esperanças, não me iludo De que jamais terei o colo de veludo Que tanto imaginara, morto, enfim... Voltando ao meu princípio principio Estrada que conheço d’outros dias. Matando meu amor, as fantasias, Retorno em cicatrizes ao teu cio. As luzes que brilhavam já não brilham, Ofuscadas por luzes que produz, Nas luzes que falena se seduz Os olhos outros rumos já se trilham. Lara, adormecida não me cura, Nem sabe que existiu meu sentimento. Amor que tendo em Lara o sofrimento, De volta te encontrando, noite escura... X Amor plenitude dos meus sonhos Em busca da vital felicidade Acordes que transitam realidade Trazendo meus desejos mais risonhos. Nas chuvas que consomem, pesadelo, Revelo os meus momentos mais cruéis Em volta de Saturno, nos anéis, Nos arco-íris guardo meus novelos. E nada do tesouro que sonhara, Mas sigo perseguindo o que não tramo, Amor que tanto faz, eu mesmo inflamo E tento não sonhar com quem amara. De nada que eu fizer, estou bem certo, Amor não deixará um só momento. Vencido pela dor do esquecimento, A vida se tornou vasto deserto. Sonhando com seus olhos, minha amada, A voz que não escuta, segue aflita Minha alma transtornada sem pepita Espera seu calor, de madrugada. Mas sei que não virá mas eu lhe espero, Na cama tão vazia, meus lençóis onde que já sonhei com nossos sóis, mas solitariamente desespero. Não vejo outra saída se não essa, Amor não demorando volte agora. Não posso resistir uma demora, Nem quero mais ouvir outra promessa. De amor se não soubesse quem reclama Os mantras que entoava não seriam Os rumos mais distantes sonhariam Com toda a profusão tal qual a chama. Não meço mais palavras pra dizer O quanto nesse amor eu mergulhei Deveras tanta dor que já passei Não bastam se não sabe do prazer Mas deixe, por favor, que eu vá embora, Amor não saberia um só segundo, Invado em desespero, perco o mundo. O peito sem premissas, inda chora. Não queira tanto mal a quem a quis. No fundo não consigo mais o brilho De ter essa alegria, ser feliz, E vago procurando por um trilho Que canto sem saber nem o porquê. Agora não se importe, assim querida, Amor que concebia em minha vida, Morrendo neste canto p’ra você! X Saudade de quem sempre desejaste Embora simplesmente isso disfarces, Amor por mais estranho, tem mil faces, E sabe conduzir mesmo em desgaste. Agora que percebo que desejas A quem depreciaste por inteiro, Amor que sempre fora companheiro Se esconde nas histórias que versejas. Amiga, boa sorte em tua vida, Desejo sem sequer dizer ciúme Não posso mais querer esse perfume. Recende a tanta noite já perdida. Não deixo meus espinhos nem as urzes, Carrego minhas dores, vou sozinho. E torço, que tu tenhas no teu ninho, Amores que não pesem feito cruzes. Um dia, se quiseres, por favor, Espero, não precises, mas estou Aqui para juntar o que sobrou Daquilo que pensava ser amor... X Deitada sob estrelas a nudez Que tanto procurava e não sabia Mal noite terminava concebia O canto que de tanto amor se fez. (Deitada sob a relva estremecendo) Prazeres nas angústias e ternuras. A boca sequiosa, a carne viva. Tão mansa delicada e tão passiva, As tramas dos desejos, mais escuras Ao ver a mansidão quase que morta De quem sofrera tanto por amor, Te beijo com carinho, calma flor Que vaga pelo espaço, mar aporta. Não temo ter saudades mas te adoro, E sinto que partindo me matou, A sombra do que fui, o que restou, Dessa mortalha em festa, me decoro. X De todas essas flores, sedutoras, Amores vou sorvendo nos perfumes. Quem dera não tivesse mais queixumes, As rosas são,por certo redentoras. Crisântemos decoram, na janela, Os sonhos das tristezas dos poetas, As noites não seriam tão completas Não fosse a poesia, uma flor bela. Violetas e gerânios, meu jardim, São tantas as belezas que nem penso Das cores e das flores mais imenso O mundo que guardamos, para mim.. Porém dentre as belezas, céu azul, As cores mais sutis, mansa cadência, Mudando como as cores duma hortênsia Que nasce nas estrelas, mar do sul. Amores se permitem tantas cores, As cores que transmitem meus amores Amor que sempre quis tantos olores, Das flores que já tive, tantas dores Embora sem saber por onde fores, Navego meus amores nos pendores. De tantas maviosas belas flores. Que brilham nos jardins dos meus amores. X Sentindo os teus receios, poesia, Seguro tuas mãos e te convido A dançar nossas pontes que, do olvido, Retornam sem sentir a cada dia... Nas mãos que te passeiam, bocas, dentes. Vibrando no desejo mais tranqüilo, Procuro, no teu colo, meu asilo E sangro com dentadas, as vertentes. Mas nada do que pude, nada faço... Respeito meus limites e teus medos. Se faço dos meus sonhos, meus segredos, Desejos que possuo, não disfarço. Querendo-te, por certo, do meu lado Desnuda e delicada como a lua. O sonho do prazer que continua Acaba nos teus lábios destroçado. Em tudo que tocamos, tal pureza Que nada mais vivemos sem pecado, Amor que se deseja sem ser fado Envolto em tuas chamas de princesa. Castelo que constróis, por um segundo, Nos vórtices da dor, não quero ter, Senão a solidão de teu prazer, E os sonhos deste amor, manso, fecundo... X Vieste em plena noite, sem pecados, Dançando uma nudez maravilhosa. Perfume de gardênia, mas de rosa, Os olhos marchetados, debruçados. Teu colo, num momento de desejo, Em seios sedutores e miúdos, Vivendo sem porquês e sem contudos Estava a tua espera, boca e beijo... Nasceste desta noite que dançamos, Nos bares, cabarés, valsas e sonhos. Da solidão nascemos mais risonhos E em plena luz da lua, nos amamos... X Amor que assim, demais, vira paixão E nega o próprio amor em atitude Vivendo sem saber na plenitude Matando sem querer o coração. Amar demais merece teu perdão, Pois sabes que não sei sequer se mude O canto que amortalha e dá saúde E vive simplesmente rente ao chão. Procura pela luz na escuridão Inventa quase sempre o seu não Sonhando com o sim mais amiúde, Em si por si sem ser amor se ilude E queima sem querer deveras rude, Afoga-se nos braços, solidão. Negando todo amor nem sempre pude Regado pelas dores da paixão! X Toda mulher amada é como um sol Que brilha nos seus mares num encanto, Sereia que delira com seu canto Estrela tão brilhante, qual farol Às vezes, de saudades vem o pranto, Mas logo renascendo vibra o manto Da alegria, refaz-se, girassol... Toda mulher amada é como a luz Que transmite total felicidade E permite que em sua claridade A louca fantasia se produz, Dizendo tanto amor com liberdade Mostrando que viver realidade Melhor do que sonhar, tanto seduz. Minha amada mulher, meu sentimento Percorre cada poro de teus seios, Matando meus desejos e receios Sentindo teu prazer, vivo no vento, Eu quero mergulhar nestes teus veios Fazer-te dos meus cantos, galanteios Gozar total prazer do sofrimento! X Minha infinita amante, minha amiga Os nossos corações em sincronia Caminham perseguindo a poesia Que tanta fantasia em mim abriga. Encontros, desencontros, alegria, Verdades e mentiras, sintonia. A mansa mão do amor nos desobriga. Quando em nossa nudez, te vejo inteira, Percebo nos teus olhos, meu desejo. Querendo desfrutar me dê teu beijo, E vamos viajar na verdadeira Emoção que, trazendo um realejo Revive nossa sorte no versejo Vívido desta tarde costumeira. Espero teu carinho com ternura, E tantas harmonias sem pecado. Amiga meu amor por ti amado É feito de desejo e de brandura Sentido teu caminho, nosso fado, Vivendo sem certezas ao teu lado, Penetrando em teu corpo, mata escura... Teu sexo vasculho, sem pudor. Pressinto teus orvalhos em meus dedos. Amores e delícias, os segredos, Vertendo nossos gozos, fruto e flor. Tecendo das venturas, os enredos, Mergulhos da amizade em pleno amor! X Desejo teu olhar e tua boca Nau louca que mergulho sem saber E vendo tanto amar e mar crescer Espero pela lua, nua, louca E lanço meus sentidos ao prazer De ter o que quiser e puder ter Até a voz que grito, ficar rouca. Eu quero mergulhar nesse oceano Sem limites e senso de chegada Quero,Tenso, viver na minha amada Os medos e vinganças tanto plano Que tramo e no final da minha estrada Desponta com a luz numa alvorada Dizendo do prazer sem desengano. Eu Quero o teu desejo em meu carinho Eu Quero o meu carinho em teu desejo, O mar que sem ter fim eu tanto almejo Agora não mergulho mais sozinho E vivo cada canto que versejo Nas delícias incultas deste beijo Em raios e relâmpagos, no vinho... Sem sequer querer saber de nexo Vencido pela dor destes teus gozos. Mal durmo meus desejos torporosos Nem quero mais saber se sou complexo Nem destes meus hormônios belicosos, Só quero reviver deliciosos Caminhos de volúpia no teu sexo... X Amigos, jóias raras que carrego No peito tão sofrido em desamores, As horas mais difíceis, nos horrores Da saudade que tento mas não nego, Começa mal terminam meus amores, Espinhos que destroem tantas flores, Nos mares desses sonhos que navego... Prezadas amizades são tão raras, Meu peito não as cansa de esperar, E quando tem a sorte de encontrar São verdadeiras fontes onde caras Águas mansas ajudam a passar Enfrentando essas pontes sem mostrar As dores mais difíceis e amaras; Amigo não exige que agradeças O fato de ajudares seu amigo, Vivendo todo tempo igual perigo, Contigo permitindo que tu cresças São gêmeos que vieram d’outro umbigo, Coração bate junto, outras cabeças... Amigo solidário mesmo em dor, Respeita sempre a tua liberdade. Amor que não permite falsidade, Pois sabendo que espinho vale a flor, Ajuda a conhecer felicidade, Liberta, fraternal quer igualdade E sabe conviver em paz, amor... X Quem me dera poder ter liberdade Voando pelos céus sem paradeiro, Sabendo meu caminho verdadeiro Vivendo por viver felicidade. De todos os meus sonhos, o primeiro, Mergulho nestes céus e vou inteiro Não levo do passado nem saudade... Nos braços que entreabertos, esperando, As asas de minha alma sonhadora, As mãos de minha amada e redentora, O tempo sem tristezas, vai passando. Perfumes sem espinhos, vida aflora E nada do que tive se demora, O mundo em rodopio, vai girando... Estrelas desfilando em carrossel, A lua plena e clara, em seu luar Dizendo da ternura de te amar Eu penso que vivendo assim, no céu, O canto das estrelas escutar, Depois de tanta luz, morrer no mar De amores que me fez o teu corcel... X Onde encontrarei, podes me informar? Nos olhos da morena, de esperanças, Nos cantos da memória, nas lembranças, Nas ondas, nas areias, pleno mar, Em todas essas festas, tantas danças, Em paz e nestes lagos, águas mansas... Nos raios desta lua, no luar... Estrelas divinais, cometas raros, Estrelas lá do mar, todas as flores, Matizes mais suaves, tantas cores, Essências tão gentis, perfumes caros, A tarde que declina em estertores Manhã na aurora bela, nos albores, Nos olhos da morena, verdes, claros... Onde encontrarei este pendor Que traduzindo a dor em tal beleza Produz e reproduz na natureza As jóias mais divinas, traz valor De toda uma verdade, uma certeza, Faz de toda mulher uma princesa E nela encontrarei enfim, amor! X Quando sonho com olhos e carinhos Da amada que talvez não mais me queira Amada que pensei, a vida inteira Não mais deixaria tantos ninhos Vazios esperando a companheira De todos os amores a primeira Meus olhos não seriam mais sozinhos... Eu sonho com teus lábios benfazejos As mãos maravilhosas, a ternura. A noite sem sonhar de tão escura Esquece que tivemos os desejos E em todo nosso caso essa brandura Que faz de toda vida, formosura... Delícias que encontrei, teus mansos beijos... Sonhando com amor que não me quer Eu quero nesse sonho, tanto amor. Espero, francamente, pela flor Que brilha no jardim , meu bem-me-quer, Desejo tantos sonhos sem temor Pois bem sei que da vida, o meu calor, Encontra-se em teus braços de mulher. E cada vez mais, sempre risonho, O mundo florirá a cada dia, Vivendo deste caso, uma alegria, Matando todo resto, se tristonho, Vivendo tanto amor e poesia Dançando rumo à vida, em fantasia... Cultivo, com amor, a flor do sonho! X Eu tenho essa certeza dentro em mim De amores que passaram e não me deram As horas que de amores sempre esperam Aqueles que viveram sempre assim, Às custas destes sonhos que vieram Nem sempre eram aquilo que quiseram Por isso sem amores, chega o fim... Eu necessito amor que sempre esteja Ao lado dos meus sonhos, belos dias. Trazendo em suas doces companhias A paz que toda a vida se deseja Em meio a calmarias e alegrias, Poder viver em paz, as fantasias, Tudo que meu coração, enfim, almeja. Amor de serventias sem servil, Ser calmo como as águas deste lago, Bebendo da alegria, sempre um trago, Embora, tantas vezes, ser sutil. À noite nos meus braços, tanto afago, Os olhos sonhadores, olhar vago, Num céu de brigadeiro, puro anil... Amor que não precisa de saudade Pois sabe que a saudade dói demais, Em todos os momentos, sem jamais Tentar tampar a minha claridade Percebo que contigo terei paz, A paz que não achava ser capaz. Amor que, em ti achei, é de verdade! X A vida nos maltrata tantas vezes Espero pelo amor durante meses Nem sempre a noite traz a companhia Dos sonhos que me salvam, de alegria. Mas sinto que esse amor que sempre quis Aos poucos me tornando mais feliz, Será, ao fim da vida todo o cais Que sempre procurei sem ter jamais... Por isso, pouco a pouco me envolvendo Até que no final, irei sabendo Que amei demais, por isso te agradeço Tu és, tenha a certeza, mais que mereço. Tu és a natureza plena em flor Na primavera mansa que esperava E sempre que, contigo, mais sonhava, Mais forte revela-se o calor Que toda a minha vida dominava, Devagarinho via que te amava Na glória do divino, santo, amor... Tu és a correnteza, me carrega Aos mares dos prazeres mais sutis, És mais do que esperava, mais que quis, Amor que tanto tenho, já se apega Aos olhos que desejo e peço bis Em teu amor, decerto sou feliz, Um peito apaixonado nunca nega. Tu és felicidade que encontrei No fim desta jornada do viver, Não posso nem consigo te esquecer Em todo teu prazer eu estarei, Em todos os caminhos, podes crer, De tanto amor que tenho, me perder, Nos braços desse amor, eu morrerei! X Rodando pensamento nunca pára E sente que se tanto quase nada Espera numa espreita atocaiada A tarde sem segredos que prepara Pensamento rodando e não dispara Vencido pelas horas, na calada, Enviesado rouba toda a cena. Venenos que destila, sem proveito, De vastas solidões, longínquo acena. Morrendo assim deveras, satisfeito. Se roda o pensamento nunca falha Dispara e não compara cada manso Revejo nas alturas que descanso O gosto deste bote, da navalha. Meu mote que preparo nada diz Senão da fome implícita do desejo. Mentiras soam vivas como o beijo Que sempre não me deste e nunca quis. Pensamento restando sobre a mesa Jamais posta por não caber receita. A vida não seria mais desfeita Em volta da redoma da princesa. À parte sem saber se nada sei Sementes dos segredos são expostas. As horas que perdemos, decompostas, Vivendo do passado que criei. Nas tolas fantasias de moleque O tom que dedicaste de desgaste, Na mata dos meus sonhos, o desbaste Levou a um deserto em pleno leque. Vivendo sem saber mais do pileque Em todo o sentimento, dou um breque. Minha alma fantasia-se de fraque Amor que não vivi, se foi, de araque... X O meu canto tristonho, outono em primavera... Promessas deste sol desfeitas num segundo! Quem dera me esconder desta cruel quimera.. Do brilho da esperança, embalde, já me inundo... O gosto desta boca, amor enfim, quem dera! A vida que pretendo esgota num segundo; Abre, no peito triste, a colossal cratera. Rasgando o coração, um corte tão profundo! Sem você, já me perco... O meu rumo deserto... Sem você nada tenho, o que resta sou eu. Sem você o meu canto, em pranto se verteu. Sem você uma espera; o meu futuro incerto. Sem você nada sou. Um céu em pleno breu... Sem você... Pesadelo... Eu nunca mais desperto! Sem você: ter um Deus no qual não crê É triste seguir só, morrendo sem você! X O sol posto, nas nuvens solidão! Meu verso enamorado de teus braços. Embalde repetindo esta canção, Meu sonho procurando teus espaços. Aguardando-te intero o coração No tinteiro da tarde nos terraços Mais altos, nos bordados da amplidão, Precisamos atar os velhos laços... Ficavas abrigada das tempestas, Amor não necessita de saudade É gás que me cintila em gozos, festas. Não deixe machucar tantas arestas Lembrança dolorosa não se acoite Amor que não se orgulha deste açoite, E só quer encontrar felicidade. X A solidão, quimera mais atroz, Havia me legado ao sofrimento. A boca da saudade, mais feroz, Mordia cruelmente; esquecimento! Distante de meu peito, ouço a voz, Sincera e tão venal do meu tormento. Sou rio que não sinto minha foz, Destino me deixou, solto no vento.... Embora mais sincero que já fui, O medo na verdade, contradiz. Minha alma sofredora, vai perdida.. Em todo seu caminho te procura A noite sem amor morrendo escura, O tempo da existência nunca flui, Sou pássaro ferido, qual perdiz... Só me encontro feliz, se estás querida! X No viço destas folhas, primavera Reflete-se nos raios deste sol; Paramento divino, girassol Altares catedrais, uma tapera. Tudo reluz, paisagem, quem me dera Pudesse percorrer, ser o farol. A natureza orgástica... Na fera Que repousa, reparo um triste rol. As marcas tão profundas, dentes, garras. Escondo-me, sou presa, neste arbusto, Num átimo rompendo essas amarras Reparo nos teus olhos, minha fada... De frágil, num repente, sou robusto. Na força que recebo em ti, amada. São medos que acumulo pelos dias Entornas, nos teus olhos, poesias... X Meus dias se escorrendo preciosos, Tateiam nesta busca mais sossego. Nas portas que criei, pedindo arrego, Peçonhas inoculas. Perigosos Os sorrisos que trazes... Sempre nego As cores que não tenho. Melindrosos, Os caminhos sofríveis que navego. Meus dias e meus dedos são nodosos! Renasci dessas cinzas que sopraste. A pátria que pariu m’abandonou. As mortes que te dei, tu confrontaste; E quase nada tive e me restou... A não ser a certeza de que vou Por esses mesmos rumos que negaste. O vento sutilmente quebra uma haste , Essas hastes que ergueram quem amou! X Dourado sonho dominando tudo... Os olhos esquecidos adormecem... Nas horas mais doridas não esquecem E deixam o meu dia quase mudo... Não posso compreender, porém, contudo, Que as noites que vieram se padecem Dos sonhos que perdemos e enlouquecem Fazendo um coração já tartamudo. Amor interagindo com saudade Matando, sem querer, felicidade. Nos braços que me entrego, em fantasia... A vida me promete este tesouro, Estrela que ilumina trazendo ouro. Por sobre essa montanha tão divina Abraça toda a terra que domina. Raiando tanta luz em pleno dia, Trazendo a minha estrela da alegria! X Manhã que nunca veio, morre tarde. A cor destes teus olhos, frágil lume. Amor tão terebrante nega alarde, O sol embora fraco, traz perfume. A cor desta esperança já se encarde. O verde desbotado, teu ciúme. Transforma-se vazia, é tão covarde; Meu medo, é cordilheira cobre o cume... O raio das manhãs, me nega aurora. Nos meus jardins sofridos, morre a tília A morte, tantas vezes, me namora; Mas quando a noite cai, profundo talho, Me lembro da manhã plena de orvalho; Me lembro d’ outro olhar que inda mais brilha Quando a dor me persegue e nega a luz. Viver desta esperança reproduz A cor deste teus olhos, maravilha. E sonho com palavras que disseste À tarde, sobre a cama que vivemos. Nos beijos tão serenos que me deste, A cor de todo amor que não tivemos. Pois foste como a luz ao fim da tarde E nunca mais tivemos alvorada, Restando um coração que em frio se arde, E em meu mundo sombrio, quase nada... X Nos campos onde espero ter meu fim Os perfumes silvestres me dominam. Minhas noites, nas flores se alucinam E deixam bem distante meu jardim. Tem rosas, tem crisântemos, jasmim. Porém os tais perfumes desatinam Aquelas que, passando, se destinam Aos campos que inda guardo dentro em mim.. De todos os desejos que esqueci Um deles rememoro quando vi Dos sonhos que perdi, tanto martírio, Os olhos perfumados, soberana Flor, que sempre floresce e não me engana Que me perfuma o campo, branco lírio, Em todas estas flores que plantei As sementes do amor eu te guardei. X És minha áurea manhã, vivo teu brilho. Respiro enfim teus ares, sou feliz! A dor, durante tempos, estribilho, Distante dos sonhos já não diz. Escassas provisões , perdido o trilho, O rumo das estrelas sempre quis. Ao deus do amor sincero já me humilho: Não deixe retornar um céu tão gris! Tens a beleza rara de quem ama. Tens a fortuna imensa: ser feliz! Da vida que persigo, fogo e chama. Amor que Deus me deu no fim da vida, Procuro minha paz já esquecida Depois de tantas dores, toda a gama. Perdido, sem teus olhos vago o mundo, É que de amor, enfim meu mundo inundo! X Amor que tão distante, em vão não me compete... Vestida de saudade, a lua se entristece... É lagrima que cai, inunda este carpete. A dor, embevecida, amarga tela tece... Amor que nunca cura, embalde se repete, Não adianta crença, esqueça sua prece... Desfila a solidão, a lua por vedete, Minha pobre esperança, em lágrimas fenece... Porém me resta o canto, o meu fiel parceiro... A benção mais divina inunda o mundo inteiro! Por tanto tempo quis o brilho da manhã O sol que me ilumina, enfim por companheiro; Fazendo, no meu peito, aurora desfilar O canto abençoado atravessando o mar... Inunda o sofrimento, acorda o meu luar. Nas bênçãos deste amor, o meu belo amanhã! X Véus, veludos pudores e bacantes... Nesta purificante conjunção, Nos seios e delírios dos amantes, Tempestuosamente, uma monção.. Os fulcros destas festas delirantes Se embasam num delito da paixão. Nas luzes, os partícipes farsantes, Escondendo qualquer uma emoção... As volúpias carnais loucas brindando, Nas formas mais banais deste rodízio. Os sonhos mais febris se revelando. Desejos procurando,sem demora Vivendo este prazer que me devora As bocas vão sorvendo cada gota, A roupa que vestia pousa rota. Numa oração feroz a Dionísio... X Turvada pela dor, água da fonte Que fora transparente e mais serena, Parece, de repente, que envenena E mata, não permite um horizonte... Um coração sofrendo tal desmonte, De dor e solidão, a vida plena, Confunde fonte sempre mais amena, As águas tão barrentas descem monte. Celestes tempestades ,tanto raio, Turvando meu amor como se vê; Em busca deste sol, por vezes saio, E nada encontrarei, só a saudade Do tempo em que vivi felicidade. Mas tudo o que recebo é vil martírio. Procuro solução, em vão, cadê? Apenas essa fonte em meu delírio! X Dos penhascos, jogado, o meu amor, Rolando pelas pedras da incerteza. Uma alma tão sincera, de pureza Repleta, sem saber sequer a dor. Tormentas e tempestas, o pavor... Em plena rebeldia, a natureza, Rebenta com a dura fortaleza Que em torno desse amor traz o vigor. Em tudo que fizeste, tanto dano, Minha alma não conhece mais brandura. Amor que me dedicas, tão tirano, Não deixa simplesmente que eu te chame. Ungido pelo amor que não reclame De tanto que doeu este abandono. A vida que prometes, tão escura, Que impede, sem sentir, que eu sempre te ame! X Tantas vezes solidão fez companhia Beijando, na madrugada, a boca do triste dia Que sinto que não viria Se não fosse essa vontade De voar pela cidade Em tua companhia. Mas estás? Existes? Nada sou senão o resto Do que penso que não resta Mas no fundo, a dor empresto, Alma empoeirada, Na gaveta. Fluindo como um cometa Que volta à estaca zero. Sei que sinto mas não quero O sabor do novo dia. Vivendo desesperado Esperando amanhecer. Alma vagando no espaço Que sempre embaraço E canso de tentar. Amor amara amara Amarras desta noite. Madrugada sempre avisa Que toda dor se precisa No amor que nunca mais vem. Perdido sem ter ninguém Vasculho minha gaveta E nada que me remeta Ao sonho desse verão Que sempre foi mais distante Meu amor foi o bastante Para que nada mais A não ser os ais Longe do cais Nunca mais. Nunca. Mais.... X Não deixe de brincar comigo amor, As tuas brincadeiras me fazem o mal que necessito. Por vezes a vontade de morrer É maior que todo o mar que já chorei. Não vou ficar me iludindo Com versos que não sinto, Cantar amor e felicidade Quando a alma entra em pânico? Hipocrisia E isso é poesia Vale por um dia E talvez a vida inteira Amiga e companheira Que mente e tanto omite Que nada mais que se pinte Nas estrelas deste nosso mar Que possa me dizer de teu amor Que morreu sem ao menos começar. Agora pegue meu braço e vamos dançar A praça nos espera e não gosta de esperar. Rodando nessa noite A noite pede roda A roda do meu mundo Segundo que não sinto Sentindo tua mão O não prediz o sim, Assim a noite roda Nas rodas desta saia Tanta vida que atrapalha A morena de dançar A dança que não sabia Se viesse ou se veria Severina como a vida Severa como a esperança Que de novo entra na dança E não para de rodar. Roda tempo roda mundo Um coração vagabundo Procura consentimento De teu manso sentimento Sentidos e serventias Nas serpentinas da alma Que nada mais acalma Nem vontade de chegar Ao sol, ao teu luar E a emoção que se trama Deitando na tua cama. Com vontade de morrer. Morrer de amor que não veio No canto desta emboscada Que, no fundo, deu em nada A não ser na madrugada Na mesa deste boteco Amor fazendo eco Perdeu o repeteco Agora? E agora amor? X Alma perdida Pedindo meu mar Espera encontrar As luzes que tinha O brilho que vinha A toda manhã. Na boca da noite Coiote e açoite Por certo perdido Canto o chão Que cai. Vendi meus planetas Anéis e cometas Estrelas da noite Em barcos que vivo. Minha alma Procura A cura em tua alma Mas sabe, coitada Que nada esperas A não ser um cais. Volto pro mar Sem ter quem amar Sem mar que fascina. X Tantas vezes percebendo essa tua presença amiga De repente esqueço tudo o que já fiz. Nas asas dos meus sonhos, tantas vezes fui feliz Que nada mais me espantaria a não ser que prossiga Na velha ladainha do amor verdadeiro. É certo que isso não vale por inteiro. Amor tem mesmo esses sorrisos meio enigmáticos. Que faz com que as imagens multifacetárias Pareçam cada vez mais trazendo os problemáticos Emblemas retratando o vôo das procelárias Em busca dos mares que não conhece Embora, instinto de liberdade, contivesse. Amor de maneira sórdida e gentil Mostra que não sei fazer versos sem mentiras Nem estrias que finjo não ter mais, A paz de que preciso, ocultada nas asas desse amor Alma que desarma e não pondera. Viver um grande amor. Ah! Quem me dera! Marcos Loures X Que tal fugirmos Desta espera Que não deixa Meu amor Aqui chegar? Visto o tempo Jardas, metros E tantos Pensamentos Que não param De chegar. Roda mundo Minto sempre Cabe todo O sentimento Na vontade De passar Ao teu lado Um instante Ser somente O que não fui Tampouco Tu querias. Mas omito O sofrimento Se não vais Talvez pra que? Poemas que te fiz São cópias do que tive E quero ter teu mar Amar o mar E nada mais sentir A não ser o vento Batendo Na janela Se for Ela Salvo a noite. Se não for? Prá que servem as asas? X Amor sem fim, escondido Pelos cantos da casa, Em qualquer gaveta, Em qualquer cômoda Onde se acomoda Um coração Que vive da fantasia Pobre coração! Ouve o não e sai rindo Se rindo do não, Do não ser, Não ter Não viver Mas sim sonhar. Amor desabaladamente Escapuliu pela janela, Procurou por ela. Mas cadê? A vida é muito engraçada. Desceu escada Em um segundo Fugiu pelo mundo E se escondeu no peito de um poeta, Que finge que acredita no amor. Principalmente neste: O sem fim... X Caminhas , bela amada pela rua Aos olhos de cobiça, descortinas, As luzes que te seguem, cristalinas, Imaginam, por certo, toda nua. Mas nada percebendo, continua... A flor de meu desejo não sabia De quanto dominava o sonho meu, Em tanta claridade se perdeu Trazendo para a noite o sol do dia Andando, desfilando poesia... Não sabe, estou bem certo, desse amor Que tanto me domina e me escraviza É ventania louca em mansa brisa Invade minha vida, e dá sabor; Acalma, mas também me causa espanto Vivendo no silêncio de um segredo Amor que me domina, mas dá medo. Desculpe por amar-te tanto, tanto.. X Nos meus caminhos longos e tristonhos As noites se fizeram revoltosas... O rumo das estrelas nos meus sonhos, Passam por essas sendas venenosas... Deixaste tantas urzes nos medonhos Rastros que irão levar às nossas rosas! Por que essas duras sebes nos risonhos Jardins de luas tão maravilhosas? Nosso amor necessita dos espinhos? Tão cruel essa lei que me legaste! Das gaiolas vislumbro belos ninhos! As dores nos amores têm limite! Depois de tantas lutas, o desgaste... São duros os caminhos , acredite, Mas valem nossa estrada, podes crer, Amor que nos uniu, nos faz vencer! X Orvalhada manhã, um vento tão suave. O sol emoldurando esta cena fantástica. A mão de um deus artista, a cena, bela plástica. Meu coração amante a bordo desta nave... Um passarinho livre, uma apaixonante ave, No trilho desta luz minha alma fica estática. Vento em minha narina, uma essência aromática Num átimo embriaga. A vida sem entrave... Delícia desta paz, é tudo que preciso. No orvalho da manhã, decerto, o paraíso. Na maciez do canto, um sonho de pelúcia... Um beijo da alvorada, o coração desmaia... Debaixo deste sol, a onda em minha praia, Trazendo em nosso amor, a delicada astúcia Que sempre necessita amor pleno em carícia Nas tramas que inventei carinhos e malícia. Agora minha amada a vida não espera Liberte desta toca a louca e mansa fera. Amor que imaginava encontro, em ti, agora; E vamos para o sol que o tempo não demora X Joguei todos os sonhos no estuário Que percorre teus vales e montanhas... As flores que colhi do mostruário, Perfumam essas costas onde lanhas... Não posso me livrar do teu cenário, Nem posso achar amores nas entranhas. Meu outubro ou outono passa hilário. Carcomendo bastardos terços, banhas... Quando partiste, morto, me deixaste! Nas profundezas da alma, tais relíquias... Nos dedos, dolorosas paroníquias... Na vida que me roubas, mergulhaste. Não quero conhecer os teus defeitos. Somente irei dormir meus vários leitos Buscando esse perfume que levaste E as sombras divinais destes teus peitos. Não sei se encontrei depois da curva Que corta esse riacho da saudade. Só sinto que te amei, foi de verdade, Aguardo, simplesmente, o fim da chuva Para poder achar sonhos e flores Nas camas onde fomos mais felizes. As cópias dos amores, sem matrizes, Trazendo, nos prazeres, tantas dores! X Esperança não pode ser atriz, Nem pode desfilar qual fosse p... Nos olhos do meu povo, a meretriz, Não pode se esquecer de tanta luta... Esperança não pode ser vendida, Nem pode ser deixada sob a mesa. Reflete tantas vezes, nossa vida, Não pode ser envolta por tristeza... Esperança acordando molemente, É melhor que matar nosso futuro... A vida se aproxima mansamente, Esse chão que percorre é muito duro... Esperança levanta calmamente, Nosso céu inda está, por certo, escuro... Mas a luz aparece devagar, Não temos o direito de matar, A esperança que acaba de acordar! X Tu vais, tranquilamente, pelas ruas, Procuro tuas cores, belo outono... Imagens de mulheres lindas, nuas Meu mundo se resume em abandono! As bocas que sonhei, deveras cruas, Agora não freqüentam o meu sono. Mulheres se passaram, foram luas. De destino cruel, eu sou o dono! Mas eis que minha sorte se revela, Na curva desta estrada, se avizinha! A luz que bruxuleia como vela, Num segundo, em farol já se transforma. Dos olhos desta bela criatura A noite se transborda em formosura. Beleza sem igual, a noite forma, Amada, neste outono, uma rainha! X Quando andavas distante, passageira, Fugias por estradas mais obscuras... Ardia essa saudade, qual fogueira, Temíamos quaisquer guerras futuras. Guardávamos, no peito, as amarguras... Não pude destruir a derradeira Defesa que nos mata. Nas escuras Tempestades, queimavas a bandeira Do que fora bendito em nossas vidas... Amores se marcavam, radioativos, Buscávamos fugir das despedidas... Ao menos escaparmos disso vivos Não tínhamos sequer uns bons motivos Andávamos distantes, emotivos, Tentávamos defesas já vencidas Porém das nossas lutas quase perdidas Renasce um sentimento salvador Que trama novos cantos de saudade Que nos prende tentando liberdade E que em plena alegria causa dor Em tudo que ele toca, claridade E todos os lugares, quando invade, Transmite tua força e teu valor. Das guerras a trazer tranqüilidade É pleno; dando, em vida, eternidade Ao qual reverencio num louvor Tendo, associada, uma amizade, Faz-nos reconhecer que uma verdade Só nasce em plenitude, num amor! X Da cor de sangue neste alvor Contrastes desta vida, minha amiga. Esta beleza intensa tanto instiga Que nos traz amizade em pleno amor. Saber que todo belo tem dois lados Mostrando essa ternura em sofrimento. Tempestade se faz do manso vento Assim como os invernos mais gelados. Desejos são audazes, violentos, Depois a calmaria toma tudo. Amor que nos maltrata, louco escudo Que faz duma alegria meus tormentos. Amor amansa, acalma e nos rebela, Define indefinido o que não cabe De amor quase nada que se sabe Em um segundo, imenso se revela. Nascem rosas vermelhas desta neve Sanguíneos pensamentos n’alvos lírios A mansidão imensa dos martírios Eternidade mesmo que tão breve. É fogo que nos queima tão tranqüilo, Espelho em que Narciso se perdeu, Amor de tanto sonho como o meu, Fazendo o meu poema, meu asilo.X X Mas o campo esgueirando tato e festa Refestela-se tanto que não resta A margarida solta dos meus olhos. Tampando meus olhares, nos antolhos, Vestido de sedenta valentia O campo das estrelas, poesia Vivendo sem ter paz não se alimenta. Recebe com carinho a poeirenta Saudade que passou sem ter cuidado. Coberto de palavras, meu pecado, Esgarça toda a graça que não teve. Se nada mais fixar a vida, em breve Irei por tantas ruas sem sentido. Marcado por meu canto, decidido, A mansa solidão não mais me abriga E toda lucidez já desobriga E deixa essa loucura dominando. Saber que por ventura esteja amando, As partes e metades já se fundem E todos os sentidos se confundem. Abrigo mil metades e um sonho: Amor que me contenha mais risonho É tudo o que mais quero e me proponho A não jamais viver amor tristonho. X Os meus versos andam contentes Continentes e conteúdo Sempre e tanto, Através das paredes dos sonhos. Vindo da cálida manhã, Roça a juventude esquecida Em algum canto da vida. Vivendo nada mais que isso, Tentando nó corrediço Algemas é que me deram Os sonhos envelhecidos. Se sou o que não pretendo E pretendo ser quem sou Vagando em meus versos vou A partir do quase nada Que em tudo se fez muito. Embriagado do ar que respiro Tonteio e tateio pela vida Quase tropeço; ( queda na minha idade é fogo ) Mas não nego mais o jogo E afogo nessa verdade Uma última rebeldia. Venha logo poesia Que toda minha alegria Está numa fantasia Que nasceu sem se contar. Vivendo o novo canto Que de pranto deu sorriso. Se navegar é preciso, Amar é muito mais... X Do pranto que surgia fez-se riso Das trevas renascido paraíso E a vida sem sentido se promete Aos sonhos maviosos me remete. Confesso não saber mais o que faço O mundo que vagueia perde o traço E, manso vou buscando teu perdão, Que salva e regenera o coração. É bom saber-se vivo neste outono Às margens deste rio, do abandono, Depressa aprenderei a navegar Nas ondas deste encanto, nosso mar. Que faz das ventanias, calmaria E mostra tanta força, a poesia, Que nasce nos castelos doloridos O sol que nos raios repartidos Fecunda a doce terra da esperança. Fortalecendo a vida em aliança. Bem antes do que a noite se convença Raio solar me diz: viver compensa! X Revendo tantos sonhos, mocidade, Esparsa sob as faces do passado O grito que soltara,apaixonado, No fundo se dispersa na saudade. Os vasos que em minha alma regeneram Esperam outros dias que não vêm. Depois de tanto tempo sem ninguém, Os olhos no passado degeneram. Sou parte do que sonho e não prossigo Consigo ser metade de mim mesmo. Amor sem ter amor, morrendo a esmo, Vivendo o que tento e não consigo. Depois de que esqueci até do nome Que sempre mergulhara em minha vida A noite sem ter sonho, adormecida, Aos poucos se consome e mansa, some. Palavras que não digo nem por reza, Amores são brinquedos juvenis. O coração no outono, por um triz, Em lágrimas e risos se reveza. Os mantos da santíssima certeza Em volta desta mesa não mais cabem Os sonhos retorcidos que se acabem Senão não sobrará nem mais a mesa. Altares dos desejos infundados Passando pelas mãos de quem não ama. Consomem tal verdade, morta em chama, Em olhos que viveram inundados. Agora a noite está assim chuvosa Vontade de tomar mais um conhaque Amar sem ter amor é quase um baque E faz de nossa vida, verso e prosa. X Não sei de teus amores nem os quero Espero que desculpes tal frieza Mas nada de viver dessa incerteza Que trama sem sentidos. Desespero. Mas busco meu futuro n’outra praia As ondas que prometes, as tsunamis, Por mais que tanto amor assim tu brames Teus olhos me pedindo já que eu saia. Não sou de rebelar-me, sou da paz. Portanto não se esqueça de sair Mas não repares antes de sumir As lagrimas que choro. Sou capaz De mergulhar no mundo sem teu braço Mas deixe, eu vou seguir o meu destino. Das dores que me deste,eu mesmo traço O rumo que recebo, cristalino. No fundo te perder é tudo que imagino, As gotas tão miúdas qual sereno. Traduzem os teus gozos, de veneno... X Toda a minha emoção é verso sem sentido. É canto que maltrata um coração sem lume. É flor que não encanta, a falta do perfume. É mar que não navego o leme dividido. Morto, no esquecimento, a sensação do olvido Invade minha cama, escuta meu queixume. Sou boca que te morde, a falta de costume, Retrato na gaveta, há tempos esquecido. Sou fumo que evapora esparso em triste vento. Poeira dessa estrada, o céu sem firmamento. O pouco do que fui, está guardado em ti. Mas nada disso importa,agora isso bem sei Por certo sem amor, ok,não morrerei. Pois foste um relampejo, um pouco de esperança. Confesso, nunca mais, saíste da lembrança. Meu único momento feliz, contigo, me esqueci... X Não falo com desdém de tua dor Apenas não retrata uma verdade Quem vive em fantasia, a realidade Demonstra-se com força e com ardor. Vagando sem ter nau pela cidade O manto que fizeste cobertor Omite essa verdade, sem favor E grita na fingida liberdade. Não compro mais imagens desconexas De noites embaladas no silêncio. Amores que sonhaste ponte pênsil Que cai nas madrugadas mais complexas Debruças nas ameias e sorris De quem anseia o prato que comeste Pecados que demais tu cometeste Não valem ser, na vida, um infeliz! X As lágrimas ocultas que carrego, Venero e tanto quero quanto minto. Verdades e saudades do que sinto, Ao mesmo tempo afirmo e quase nego. Emoção retirada destas praias Onde luas e mares se desejam As ondas mal lambendo as tuas saias As coxas bem servidas vêm e beijam. Quem sabe nessa areia o meu segredo? Vivendo sem vontade de morrer Sabendo cada canto percorrer Depois de tantos beijos, manso dedo... Meu verso no viés mais que sagrado Espreita teus venenos e te morde. Não quero mais os braços onde acorde Depois de nossa noite de pecado. Recado que me deste, compreendi. Em vão não vou ser tão quanto pareço. Se pensas que de ti me compadeço, Esqueça pois há muito te perdi! X Nossos desejos são noturnos hinos. Pérolas negras, dois fantasmas... Treva... E, com certeza, a misturar desatinos, Por mais calor que parecer, já neva. As labaredas, olhos, dentes finos. Por mais que nunca fomos, vil caterva Amaldiçoa, marca e cospe. Tinos Perdidos... Rios, bagre, mar, cambeva... Coxas se entrelaçando, orgasmos vindo... Espumas do prazer rebentam, praia... Ausência de temores, tremor... Lindo! Dois corpos que procuram mesmo espaço Depois de tantos beijos, mesmo traço. Nas dúbias sensações tão prazerosas Vertigens se sucedem, tire a saia... A dor de misturar espinhos, rosas! X Quero viver feliz, morrer em paz Nos braços da pantera desdentada Que finge que ressona e não quer nada, Vivendo por viver, mas aqui jaz. Feliz sem ilusão, estrela morta, O ranço da saudade é pura cena. Tua mão, um adeus, já me acena, Querida, por favor, feche essa porta. O vento que chegou ali do lado Gargalha e não ecoa sentimento. Esqueça que vivemos esse vento Até por que me encontro resfriado. Nada mais versejei nem mais versejo A lua sem ter brilho, fecha o ciclo. E cada novo dia me reciclo De velho, continua meu desejo. Que pede, sem ciúme ou ironia Que tranque essa janela quase aberta. O brilho no teu corpo, esteja certa, Ainda me provoca a fantasia. E nada do que sei nada resiste Ao medo de não ser e nada fui Castelo que não vivo, morre e rui O sonho de te amar, jamais existe. Apenas sortilégios dessa sorte Que trouxe tua vida em minha, exposta. Amor quando abortado cria crosta Nem deu pra dedicar a minha morte. Agora que a janela está fechada, Não vejo mais sentido em procurar A lua que negou o seu luar, Amor que não brotou, sem alvorada... X Se quando, melindrosa se contava O dia não percebe um bravo rumo... Nos pátios que essas dores melindrava As janelas abertas soltam fumo... Velada nossa voz já não falava. O manto que me cobre não tem prumo. A noite que esfriava não passava Verdades são falácias, não assumo... Beijavas tantas bocas por ciúme, Meus versos me iludindo são bordados Nas camas divididas sem perfume. Vivendo tão somente do azedume Que trama nossos sonhos separados. Nos olhos da pantera meus enfados... Amar quem não me quis virou costume. Os versos que tentei morrem calados... X Esse meu triste amor, merece o fogo! Se não posso ostentar com certo orgulho, Amor que não mereces, nem por rogo. Jogado nessa estrada é como entulho. Quem sabe nas promessas trace o jogo, Pois vale quanto pesa, é só barulho. Talvez encontre aqui, ou lá no Togo Um mar que não prometa só marulho... Não cabe em mim verter em esperança, Se nada significa meu amor... É verme que passeia e já se cansa, É lua que não brilha, sem luar... Promessa se desfez, virou vapor. Do rumo prometido, nem lembrança. No fundo antecipando tua dor, Te peço, nunca mais queira me amar! X A lua magistral e amargurada Vaporosa reflete meus anseios Nessa alvura sem par, teus belos seios, A minha mão passeia, delicada, Buscando teu prazer. Oh! Minha amada... No brilho dessa lua, belas rosas Que tramam nos espaços seus perfumes. Encharcando a minha alma, sem ciúmes, Percebo nos caminhos, olorosas; As flores sem espinhos, maviosas. Tuas rosas fogosas, dos desejos; Em meio aos meus desejos arvoradas Esperam pelas luas nas estradas Que tramam as delícias destes beijos. Meus sonhos mais secretos vão pairando Por sobre belas rosas e sob a lua. As mãos que te encontraram toda nua Em meio a poesia, mergulhando.... X A dor é companheira, parceria... Meu tesouro guardado nessas grutas. Não posso descobrir mais alegria, As luzes que me emanas, formas brutas. Despencam dos teus olhos tão abruptas Corcéis, imobilizas, montaria. As podres maravilhas dessas frutas, Difícil esquecer com maestria As noites que perdemos, tantas lutas... Lutando contra as dores tão astutas. Meu coração deveras tão vazio Não penso nas conquistas que não tive Na cama que roçamos, me contive... A dor que nunca sai negando o cio Aurora torporosa já me esquece E não traz a beleza costumeira Sem luz que te ilumine por inteira Matando nosso amor tudo escurece... X A brancura suave lembra a neve... Minha alma embevecida vem, suplica, Em meio a delirante sonho, breve, Não tem porque, jamais se sacrifica, Voando sem destino, afinal fica. Espera pelo altar manso que eleve... Brandura de tua alma, calma e rica, Trazendo a calmaria... Quem se atreve A erguer-se contra essa alma que adocica Do mel que se produz e santifica. Vem, trazendo esperanças de mudança... Me leva por caminho mais distante. Convida tão festiva a nova dança, Rodando sem temer uma esperança. Nossas almas penetram-se em conjunto... Tatuam-se de forma inebriante, Conversam, calmamente o mesmo assunto: Minha alma de tua alma, sua amante... X Tormentas são reais e nos maltratam Não deixam que sejamos mais felizes. De todos sentimentos, seus matizes, Na saudade essas dores se retratam E quase sem querer, às vezes, matam. Se busco, nos teus braços, meu descanso, Desditas, maldições, por vezes acho. Das luzes de teus olhos sigo o facho Tentando ter na vida, o meu remanso. Mas sempre, mais sozinho, nada alcanço. Morrer nessas tormentas da saudade Quem sabe não seria a solução? Embalde sem querer, um coração Esquece que um amor traz liberdade. E corre para o fogo qual falena Se perde e nunca mais sabe voltar. O pensamento morre por voar, Nos lumes que a paixão, de longe acena! X Eu vou te amar, eterno e mansamente Dessa paz dolorida e delicada Trazendo para a vida já cansada, Estrela que pensava decadente A primavera em festa, de presente. Eu vou te amar sem medo e sem cobranças Sem temer nem as chuvas nem tempestas Deixando ao coração, eternas festas; Guardando esses momentos nas lembranças Com a pureza linda das crianças. Eu vou te amar bastante e sem segredos Duma amizade plena em tanto amor. Te amando, me alimento do calor Que impede em nosso amor, os tolos medos. Eu vou te amar, enfim, só por amar, E nada mais pedindo nem querendo, Em teus cabelos negros, me perdendo, Em nosso amor intenso, vou me achar! X Saudades do que fomos e perdi. Nas curvas da saudade não consigo Viver aquele sonho que persigo Imerso na saudade que vivi. Vagando sem sentido, estou aqui. Recordo nossas flores na varanda Da casa que deixamos, do passado. O peito tão sozinho, abandonado, De tanto que ele amou, já se desanda E pesa, de saudades, vai de banda... Agora que não posso mais te ter, Agora que a saudade me domina. Sem lua, sem espera, triste sina. Só levo essa saudade, sem querer... Um dia, resolvendo essa saudade Talvez eu possa até te ver passar. Brilhando novamente meu luar, Quem sabe encontrarei felicidade? X Vivendo da saudade desta vida Que em vida tanta vida não se fez A sorte, nessa vida, perde a vez Embora tanta vida assim perdida, A vida que vivemos, despedida... Se traço minha vida sem ter medo Em vidas que na minha nunca vivem As vidas mais doridas se revivem E guardam, nessa vida, seu segredo Da vida nossa vida, vão degredo. Mas vivo das saudades que vivi Vencido pelas horas mal vividas Vivendo tantas tristes despedidas. Na vida que sonhei e que pedi. A vida desse amor que não duvida E crê numa esperança pueril, Buscando tanta vida que partiu, Espero reviver a nossa vida! X A noite que profana meu carinho Escuta na soturna solidão Os sonhos que passamos no verão Desse tempo em que estive no teu ninho. Agora sempre estou aqui, sozinho... Saudades, nessa noite, corroendo Marcando a ferro e fogo, um coração Ao menos não houvesse solidão, O tempo pelos dedos, escorrendo... A vida não teria um só adendo... Porém a triste noite não mais passa Lamentos nas torturas mais ferozes Os medos se transformam nos algozes Que mesmo todo sonho não disfarça Vivendo sem ter nada p’ra sonhar Morrendo toda noite, sem sossego, Saudade por aqui, com triste apego, Trazendo nosso amor nesse luar... X Lembranças tão distantes do passado Do tempo em que vivi felicidade, Demonstram que também simplicidade Nos traz tanto carinho em ser amado. Sabendo ser feliz sempre ao teu lado. Amada te estreitei sobre meu peito Nas noites mal dormidas de prazer. Agora que pressinto envelhecer De tudo que vivi, mais satisfeito, Nas horas e delícias, nosso leito. Não temo mais sequer a triste morte, Sabendo que contigo tive tanto... Não quero que derrames um só pranto Pois tive em minha vida tanta sorte. Sabendo que, contigo, mesmo a dor, Não conseguia nunca ser mostrada; Eu tenho essa alegria, minha amada, De, na vida, morrer de tanto amor! X Um cavaleiro andante sem ter rumo Procuro teu amor em noite escura No teu amor decerto a minha cura, Estrelas tão perdidas, desarrumo. Na solidão do espaço, não me aprumo. A mão que acaricio, vacilante, Decerto não me trouxe um só momento, Onde estarei liberto do tormento. Em tudo que pensei, tão inconstante Não guardo nem sequer o teu semblante. Mas sei que tu carregas minha dor Envolta nos teus olhos-azulejos, Querendo teu desejo em meus desejos Amando imensidão do teu amor. Versejo meus momentos mais sutis Buscando no matiz dos olhos teus Espelho que reflita os olhos meus Quem sabe, finalmente, ser feliz! X Quem dera se Razão ouvisse o canto Que trago no meu peito sonhador, Talvez não sofreria mal de amor Que em noites me maltrata, sempre e tanto. Na vida não teria desencanto. Quem dera se Razão fosse presente Em toda essa paixão que me devora O sofrimento logo iria embora A paz, em minha vida, de repente, Matando a solidão, essa serpente. Amor que não consigo mais calar Em voltas e revoltas sem ter paz. Vivendo num deserto mais tenaz O mundo em sofrimento, sem parar. Espero que a razão esteja aqui, E deixe que eu prossiga meu caminho, Em busca de viver tranqüilo ninho Nos braços deste amor que já perdi... X Sonhando com o tempo que não vivo Espero teu amor neste luar Que faz com que, vivendo para amar, Não seja simplesmente amor passivo Mas que me faça sempre mais altivo. Meus olhos esperando teu olhar, Espelhos de minha alma refletida Sem ele que fazer de minha vida, Estrela que mergulha neste mar Trazendo ao fim da noite o meu sonhar. Nas guerras, nas batalhas que tivemos, Por tempos indistintos e cruéis Nos campos das estrelas, nos anéis, Amores não vivendo o que queremos. Espero teu amor, tenha a certeza, Nas horas mais tranqüilas, peço paz Amar quem tanto amara sou capaz Na amara sensação duma tristeza... X Minha alma visionária, sem defesa, Espreita essa cruel desilusão Nascida num momento de paixão Deitada sobre o cofre da tristeza Espera a redenção sem ter certeza.. Minha alma sem ter prumo já se queda Em pleno pantanal da solidão. Vencida pela dor d’uma ilusão O meu olhar vazio, essa alma veda E nada mais desponta, e se depreda. Essa alma tão sofrida, visionária, Adormecida em dores do passado, Carrega pela vida um triste fardo. Vivendo por viver, tão solitária... Alma, te maltratei, tenho certeza. Deixei o teu caminho, assim, de lado. Agora que percebo esse pecado, Minha alma vou matando. De tristeza... X O sol adormecido sobre o mar, Amante deslumbrante desta lua Que, plena, vai surgindo toda nua Trazendo a claridade do luar, Espalha em meu destino luz solar. Um canto mais longínquo e tão dolente De pássaros que mostram seus talentos Envolvem meu amor em sentimentos Que mostram como o sol mais envolvente Clareia todo o sonho, de repente... Amor que te dedico pede o sol Deitado sobre o mar que se prateia, Na lua bela amante sobre areia Misturas que prometem meu farol. Vivendo desse amor em claridade O lume das estrelas se percebe. Amor que tanto amor assim concebe, Em seus braços viver eternidade! X Os sofrimentos nunca mais sossegam E queimam sem dar tempo de fugir Amor que sempre marca, sem sair, As sortes tão felizes já se negam As cores destas dores se carregam. Amor que prometia um lindo prado Esgarça-se em paixão alucinada, Depois desta emoção, não sobra nada A não ser o meu peito tão cansado... Amor que sempre fora rutilante Das pedras preciosas, a mais quista Amor é terra nova que se avista E mostra na beleza, um diamante. Amor envolto em paz e harmonia Porém paixão devasta sem ter pena, Em tempestade louca, paixão plena, Impede em tantas nuvens, ver o dia... X Nos olhos desta amada, o meu destino Perdido sem caminho, pelo mundo. De tanto desse amor eu já me inundo Que o peso que carrego entorna o tino Embora tanto amor seja divino! Olhar mais verdejante, cristalino, Olhando em meu olhar é tão profundo Desnuda minha vida num segundo, Em tanto amor assim, já me alucino E louco te procuro em desatino... Sem teu olhar me sinto no deserto Perdido não encontro quase nada, Sem ter saída, nunca uma chegada. Embora tão distante estás tão perto. Não quero te perder, ó minha amada. Viver sem teu olhar, é tão incerto Estar em pleno frio, descoberto, É como se perder, sem alvorada! X A lei que me domina o pensamento, Amar assim demais, além de tudo Regendo minha vida, sem contudo Se resguardar da dor e do tormento, Causando-me, por isso, sofrimento. Pereço sem ter paz, solto no vento, No coração disperso e tão miúdo, Sabendo que afinal, eu nunca ajudo, Mergulho neste amor um sentimento Que quase sempre nega entendimento. Por que viver assim em tanto engano? É certo que demais amor maltrata Enchente enfumaçando uma cascata É barco que sem leme, perde o plano. Amor que me fizera tanto dano, Recebo com carinho em serenata. Amor que acarinhando já me mata Afogado em seus sonhos, oceano... X Perto deste mar, manso e revoltoso, O medo transmitido pelo vento Revoltas que me invadem pensamento, Do tempo que se fora, tenebroso Misturas desta dor em pleno gozo. Amar não se permite, de repente. Embora sem amor nada mais sou. De tanta fantasia, o que restou. Acaba neste mar tão envolvente. E, triste, as tempestades, o mar sente... Amor que denuncia uma tortura Procura tão somente por um cais. Viver sem ter amor, perder a paz, Rever a solidão da noite escura. Eu quero teu amor, isso não nego, Gravito por teu corpo, tua lua. E vejo, nos meus sonhos, mansa e nua Imagem maviosa que navego... X Amor, corcel divino que, voando Espalha pelas casas o prazer. Trazendo uma alegria de doer, Permite tanto sonho a quem, amando, Não sabe mas acaba flutuando... Às vezes em desejos se transmuda E invade tantas praças nas cidades Deixando sempre um rastro de saudades Amor que se mostrando nos ajuda Embora noutras vezes nos iluda. Voando pelas camas e cenários Amor em fantasias, teu corcel, Caindo num momento, traz do céu Desejos e delírios tantos, vários. Nosso amor cavalgando sem destino, Num galope tão louco que alucina, Corcel que se montado, nos domina E traz em seu revôo, desatino... X Perdendo meus amores pela vida Por onde encontrarei felicidade? Procuro pelas ruas da cidade Minha alma está decerto mais perdida Acostumada à dor da despedida... Dos tempos mais felizes, nada resta, Amores se perderam nos caminhos. Buscaram, com certeza em outros ninhos Os corações que vivem sempre em festa Saíram logo ao ver aberta a fresta. Nos tempos mais antigos, radiantes, Tinha amores, amigos, fui feliz. Agora é que percebo o que se diz Eu nunca tive amores nas amantes. A vida assim sozinho, já periga, A nau que se naufraga não tem volta, Meu peito vai se enchendo de revolta, Porém o que me salva és tu, amiga! X Dorme minha companheira, A noite te encontrou cansada, Amando amor noite inteira A noite se transforma em nada... Dorme, dorme meu amor... Essa lua é testemunha De tanto que se buscou O tudo que se propunha... Dorme querida, dorme Amor que a gente fez Amor assim, enorme Amor que a gente fez... Dorme aqui nesse cantinho, Não espera nada não, Amor andei tão sozinho.. Me encontrei, teu coração... Dorme amor que sempre quis, Eu não consigo viver, Seu amor me faz feliz, Dorme meu bem querer... X Eu cantarei meu amor Se não vieres de tardinha Esperando o teu favor Que retornes, andorinha, Sem te ter por onde vou? A minha alma tão sozinha Se quase nada restou, A morte já se avizinha... Mas te quero não te nego, Do querer mais sem receio, De tanto que eu já me apego. O mundo perde recheio Se não vieres, carrego O sangue que nunca veio Nos olhos onde me cego, Na beleza do teu seio... Amiga não vá embora A manhã nem bem surgiu Te esperando sem demora, O meu céu descoloriu, Tanto amor que me decora Na estrela que já partiu, Deixando o peito que chora, Em toda dor que se abriu... Mas amiga, te prometo, O sol que inda nem nasceu Tanto quanto me remeto Ao escuro deste breu, Te dedico tal afeto Que na luta que sou eu De todo amor, predileto, No mundo, por certo o teu! X Não vejo se vais ou ficas Apenas quero teu mar Nas luas que edificas Nos raios deste luar Vencido pelo cansaço Espero noite chegar Deitando no teu abraço Até de novo, sonhar. Não quero teu gesto amargo Nem lendas que não contei Amor avança num trago No canto que escolherei Na cama te peço afago, Se me deres, viro rei... Amor invado teu lago Tanto amar, a nossa lei... Cativas e não percebes Que quanto mais me cativas Mais carinho tu recebes As flores são sempre vivas Viajando nossas sebes Por tantas noites altivas Amor tu nunca concebes Em nossas doces salivas... Mas se quero o teu amor, Teu amor eu necessito, Vivendo tanto calor Se não vier, estou frito! X Amiga que tanto quero Numa amizade sem fim. Vivemos mesma saudade Que já doeu tanto em mim. Interessante essa sorte Que traz amigos pra vida De tanta dor e ferida Amigo nunca se importa. Abre sempre a nossa porta Cura, e já nos cicatriza. Não deixa nenhum momento De viver com sentimento Consentimento de Deus. Amiga de tantos breus Que passamos pela noite Nunca mais saber de açoite Abraço teu coração Sem sequer pedir perdão Pelos erros que cometo Pois sei que perdão foi dado Desde que sei ser amado, Nada mais eu te prometo, A não ser uma certeza De que tudo nessa mesa Da vida, felicidade Constrói-se numa verdade. A nossa franca amizade! X Mas nada que me impedisse De ser feliz. A não ser o vento triste Que trouxe amor em bocados E fazendo dos meus medos Arremedos e disfarces. Amor que tem mil faces Embaça minha visão. Não me peça mais perdão Não há bem que se perdure Mesmo alma que cure Alma que não se procure. No boteco da saudade Tanto gole de conhaque Vivendo mais de araque Que da tal felicidade Que traz sombra Na verdade Mas, sinceridade, Quem não gosta? Amor sempre se aposta Embora tanto desgosta No salto do vira-bosta No pulo do coração. Receite amor, seu doutor. Vais ver quanto que cresce A sua freguesia. Amor é vida vadia Mordendo, depois assopra, Acalma e depois alopra. Faz pecado e sacristão, Na prancha que não surfei Onde mares naveguei Onde oceanos passei. Mas eu não sei nadar! Por falar em natação A nada ação Também dói. Embora menos um pouco, Receba a sorte miúda E tenha a vida graúda Nas asas dessa paixão. Da cor de uma graúna Dureza tem da braúna Coloque a tua escuna E parta para o vazio. Quem sabe no novo cio O ócio não se desfaça. Amor é minha cachaça Embora não saiba amar. Também eu sou abstêmio! No reverso da medalha Amor não me atrapalha Apenas compensa a pena Que na pena da saudade Bateu asas, avoou... X Eu peço-te um segundo de atenção. Não quero mais falar aqui sozinho, O coração decerto apertadinho Precisa de teu mágico perdão, Quem sabe seja a nossa solução? Amor está cambeta e quase cego, Virou minha cabeça sim senhora. Amor que tanto sofre quanto chora É coisa que, mentindo, sempre nego. É mala que em minha alma já carrego. Container, na verdade, de pesado; Amor não me deixou sequer um verso Diverso deste amor meu universo Em versos anda meio destroçado. Fazer amor sequer em fantasia Pagando o preço sinto que não vens. De amores meus amores são reféns Falando desse amor, eu passo o dia... X Navego pela vida sem ter porto Meu porto nunca teve o mesmo cais Sabendo que de amor morrer jamais Jamais quero viver assim, absorto. De tanto amor carrego que ando torto. Mas quando a solidão faz brincadeira E mostra-se, safada e mais moleca, Um beijo da saudade me sapeca E quase caio nesta ribanceira Salve-me essa amizade verdadeira. És tudo que preciso, minha amiga, Bem sei que ando abusando, e já reclamas De apagar assim todas as chamas, Nas horas em que a vida se periga. És mansa e me proteges dos receios Que a vida sempre armou numa cilada, Mas vendo-te de lado, assim calada, Sabia que tu tens uns belos seios? X Eu quero teu amor de qualquer jeito Embora sempre exija qualidade, Amor que me trouxer felicidade Passando quase a ser um meu direito De tanto que vivia insatisfeito... Se falo deste amor com tanto mimo A culpa é dessa lua que não veio. Amando sem ter pena ou ter receio, Sabendo que, decerto tanto estimo Esse amor que em meus versos sempre rimo. Eu quero esse amor mesmo moleque Que sabe fazer cenas de ciúme Meu medo é que depressa me acostume E queira desse amor ter todo um leque. Maria se quiser estou aqui Sozinho com meu peito machucado. Desculpe por eu nunca ter amado Amor que em tanto amor eu me perdi. X Eu quero essa certeza plena e mansa De ter o teu amor eternamente De tanto amor, amor que se pressente Trazendo o coração em plena dança Fazendo deste velho, uma criança... Nascendo novamente a claridade Por onde caminhava escuridão, Amor que sempre traz revolução Mostrando que essa tal felicidade De simples ilusão vira verdade. Eu te amo esteja certa, meu amor. Em revolutos sonhos te persigo, Quero sempre poder estar contigo, Vivermos nossa vida com ardor. Deitando em nossa cama, sempre traço Desenhos e protótipos de vida. Que bom poder te ter aqui querida Deitada, adormecida; em meu abraço... X No tormento que me invade, solidão, Em silêncios minha alma nada fala. Ao mesmo tempo sofre e, vã, se cala; Transborda tanta dor com emoção Jogando-me depressa contra o chão. Vencido pelas dores do passado, Sem ter uma ilusão sequer comigo, Em ti, talvez o rumo que persigo, Caminho tanta vez abandonado Nos cofres de minha alma, resguardado... Não posso despertar de novo a chama Que sempre me trazias em teu canto. Decerto esquecerás em desencanto, Meu peito solitário te reclama. Mas nada do que fomos mais importa. Não voltas e por isso meu tormento. Não posso te tirar do pensamento, Mas trago, no meu peito, aberta a porta! X As Sombras que ao dormirmos se levantam E dizem d’outros dias mais felizes Nos palcos que vivemos são atrizes Ao mesmo tempo se agigantam Mas logo, ao acordarmos, já se espantam. Depois de tanto tempo adormecidas As sombras nos perseguem na penumbra A negra escuridão logo deslumbra As sombras que pensamos escondidas Às vezes pareciam já perdidas. Porém a liberdade é relativa Fagulhas destas sombras nos torturam Nem luzes essas sombras não se curam Queimam-nos, nos deixando em carne viva. Sombra que sempre vai me acompanhando Fazendo de minha alma seu compêndio, Por vezes tempestade, pleno incêndio, Por outras devagar, em fogo brando... X Morrer de tanto amor, bela ventura Que não mais me fascina mas agita O peito ritual de fato grita, E pede sem saber que não há cura Pr’amor que sempre sofre na ternura. Depois de libertar nossos desejos Na cama que não cabe de prazer Sangrando meus pecados, posso crer Na força deleitosa desses beijos, Que morrem nos meus dedos, meus versejos. Embora te conheça quase toda, Não sei se tu desejas minha vida Eu vejo quando a luz vai repartida Depois de tanto tempo e tanta poda. Nossas sementes soltas pelo mundo, Em várias certidões de nascimento. Amor que já fizemos, sem tormento, Invade esse universo, num segundo! X Amor quando desfralda-se altaneiro Em meio a tantos sóis e madrugadas, Das luas que tivemos despertadas Amor é, com certeza, verdadeiro Nas luas que derrama, por inteiro. Vivendo tanto amor sem ter grilhões, Nas hordas dos desejos, dilacera, Amor que nos permite fogo e fera Arrasta pelo mundo, multidões Invade sem guerrilha, corações. Amor com suas cores fugidias, Transforma nossos sonhos, carne viva. De tanto que te amei, tu vais altiva Passando destilando poesias. Amor quando palpita não tem jeito Recebo teus carinhos penetrantes. Amor nos faz os trilhos deslumbrantes E o sonho desse amor, amor perfeito... X Vieste deste sol abrasador Que teima em me queimar tão docemente, Envolve meus carinhos num repente Transbordando em delícias, meu amor. Na cama em quer rolamos, sem pudor. Estrela delicada de meus sonhos, Amada mais gentil e tão formosa. A lua que se esconde, de orgulhosa, Ao ver esses teus olhos mais risonhos Apaga seus luares, são tristonhos... No rio que transborda, numa enchente, As águas que escorrendo, tudo alagam. As bocas que se beijam e se afagam Transmitem nosso amor, mais envolvente. Os céus iluminados por mil cores De belas tempestades de prazer, Por certo não se cansam de nos ver, Refletem nessas cores, meus amores. X Caminhas na beleza destes lírios Nos linhos e nas rosas alvas flores. Vivendo sem temer sequer as dores Procuras pelas noites em delírios Esquece-se somenos dos martírios... Em teu caminho aromas e delícias. Seguindo, radiante nunca paras. Bem sinto que no fundo tanto amaras Vivendo um paraíso de carícias. Amores te inundando de malícias... Serenas as noturnas caminhadas Que fazes pelos campos deste amor. Querendo teu querer em plena flor Sabendo das estradas mais ornadas. Quem dera se não fosses mais embora! Meu mundo transbordando sem ter medo. Amor de tanto amar sabe o segredo Que trama teu prazer, amor implora! X Do teu colo beleza em opulência De tanta maciez, lubricidade Vivendo essa serena santidade Pedindo teu favor numa clemência Que salve meu amor de tal demência. Desejo tuas luas desnudadas Cerejas espalhadas sobre o bolo, Amar p’ra quem sofreu é meu consolo Buscando minhas noites mais sonhadas Nos campos do prazer, enluaradas... Em plena maciez clara e marmórea Mergulho meus desejos sem tortura Amando deste amor em tal alvura Permite-se em botão de rosa, flórea. Teus olhos e teu colo meu caminho De pompa e de festejos divinais. Aporto nos teus seios, doce cais, E neles vou fazendo um manso ninho... X Amor bárbaro, trágico e demente Nos trama sensações incoercíveis Amores que se tornam impossíveis Aos poucos alucinam totalmente. E fazem do mais crédulo, descrente. Mas entretanto, amamos sem pensar Em tudo colocamos nosso afeto Amor quando demais, é mal secreto Que ao mesmo tempo goza e faz penar É frio no deserto em luz solar. Porém quando da sorte benfazeja Amor nos toca e traz felicidade Depressa se transforma a realidade Felicidade em tudo se deseja. Comigo amor, trazendo santa paz, Nas sortes que as quimeras não previam De amores meus amores já viviam E nada contra amor se fez capaz. X Caio a teus pés servil e delirante Amando como nunca imaginei Porém quando meu passo vacilante Em tantas madrugadas que passei Esperam pela lua que não veio, Deitado no remanso do teu seio... Como fui tão estúpido, querida, Não sabes deste amor que é colossal. Porquanto quanto tempo andei na vida Em busca deste amor fenomenal. Agora nas agruras que carrego, Meu peito navegante, não sossego... No brilho destes tantos pirilampos Fugazes como amores e prazeres, Passando por estradas, sendas, campos, Espero, meu amor o que tu queres, Eu vivo tão somente por pensar Que a noite me trará novo luar... As lágrimas que trago são febris E cortam, latejantes os meus dias... Será que inda mereço ser feliz E ter uns poucos anos de alegrias Ao fim desta jornada tão doída Nos braços da mulher por mim, querida... Amor que qual mortalha dilacera E teima em queimar tão friamente. A boca que me morde e me tempera Nas horas mais cruéis tão firmemente. Reveses que carrego se acumulam, Amores que vieram me estimulam... Mas nada do que penso será cedo, A morte talvez seja meu castigo, Quem teve nessa vida tanto medo, Não sabe que viver é um perigo. Agora que não posso mais fingir, Perdoe meu amor se vou partir... A porta da chegada é da partida, O campo dos prazeres e das dores. A morte se aproxima dolorida Em vão, quero beijar divinas flores... Não sabes do que trago no passado, Amor que sempre foi meu triste fado.... Mas nada me impediu de te querer, Embalde tantas vezes te perdi. Sangrando desde sempre quero crer Que sempre estiveste por aqui... Mas cada vez que penso distancio, O canto que te trouxe, duro e frio... Não vejo mais saída, quero o cais, Perdendo cada vez sempre distante, Amor que não terei, enfim jamais, Envolto nas saudades, delirante... O sentimento queima, duro e forte. Amada, te desejo boa sorte... X Eras a solidão que tanto nego Em versos mais tristonhos E sempre e tanto Quanto o calor da noite que não veio... Eras o seio amado da mulher que sonho E naufrago Mas, ágil não me deixa tocar. Eras a mansidão dolente da vida Que não mais posso nem possuo... Eras o amor, Amor insensato E insalubre Sabre e sobra Que sem saber acumulo Pelas horas mais vagas Que posso ter... Eras a solução e o teorema. O tema sem sentido E a vontade de morrer... Morto desta vontade Vou sereno para o quarto E parto no teu corpo, Inerte e inerente, Quase urgente. Mas nada que te peço Posso ter. A mansidão da noite E a fragilidade do que sinto Não deixa senão resquícios De abraços no teu corpo. Eras o fim e o princípio, Precipício de sonhos Abismo de ilusões. Mas, errante e errado, A esmo, vou em busca de mim mesmo. Sem nada que me comande Nada que faça-me livre A não ser a liberdade insensata E fugaz. Inevitavelmente fugaz. Assim como o amor. Que, em sua fugacidade é sublime. Eu amo-te, temerário e temente. Nada mais que isso: amor. Não da forma sutil e arrematadora, Apenas amor. Mataria mil sedes, Menos a dos sonhos... Essa nem oceanos, Nem mares, Nem eternidades Seriam capazes. Dormes relaxada e nua. Seios firmes e dentes fortes. As coxas macias E a promessa de prazer Sob a saia curta E levantada pelos desejos... Dormes... E, entre dormências e delírios, Deliro sobre a seminudez exposta... Mas que fazer se o mar não veio, Oceano não veio, Quiçá a eternidade venha... E traga a multidão que possa aplacar A minha sede insaciável... X Amor que veio do mar Do mar de amor que carrego No mar que sei amar Amar que quero mais não... Se tanto amor que não nego Não posso mais navegar No mar que nunca navego Mas que me ensinou a amar... Se tenho mar e sertão Ser tão que nem eu sei. Se amar seria tanto Quanto amar eu consegui, Meu mar está tão vazio A maré que mal chegou Carrega meu mar tão frio Pras ondas que naveguei Nas areias desta praia Da morena mar e saia Saia da praia morena E venha de novo pro mar Amar quem mais te queria. Nas ondas frias do mar... X APRENDIZ DE FEITICEIRO SEGUNDA PARTE Passaste pelas ruas sem me ver, Andando sem sequer olhar ao lado, Os véus que te cobriam, do querer, Impedem que eu te veja, estou calado... Não sabes que jardins precisam flores Amores necessitam de carinho, Carinho que regando meus amores, Impedem de viver sempre sozinho... Mas tudo o que plantaste, nada brota, Apenas a saudade do que fomos, No peito sem sentidos, amarrota. Destroça devorando tantos gomos... Amada não precisa se esconder, O dia que te trouxe, vai morrer... Morrer na escuridão que não mereço, Em versos que te invento, já tropeço Mas peço que não lances neste poço Amor que já causando um alvoroço Escondo no meu sonho mais oculto, Guardando na lembrança um triste vulto Que se foi sem jamais querer voltar, Em busca de outro raio de luar... X Guardada na lembrança, tua face, Retrato semi vivo que cultivo. Não há sequer o tempo que o embace Guardado na lembrança sempre vivo... Depois de tanto tempo te revejo, Florida inda nas festas, primavera... Aflora em tantas sendas o desejo De ter talvez ainda uma mesma era... Não devo permitir a fantasia, O tempo não sucumbe nem retorna... Desculpe, minha amada, essa ousadia, Saudade, se demais, no peito entorna... Amor que não renasce não mais devo... Mas como calo as mãos? Versos escrevo... X Passando por caminhos em tormentas Vestígios de ternura que não vejo As chuvas desabando violentas Desfazem a dentadas meu desejo... Trovejo essas palavras que não tento Que tentam este sol intensamente, Amores que em ciúmes sempre invento Derivam dos espúrios desta mente. Que mente sempre omite meu amor Em versos irreais as cicatrizes, Vertidas num sorriso sem rancor, Vencidas pelas noites infelizes Que dizem que jamais tu voltarás, Amor que, em minha vida, pede paz... X Manhã do meu desejo Na manhã de meus desejos Um beijo, um seixo e sexo. Amantes e mordidas. Risos e tempestades. Temperatura... Na agrura e na saudade Quem há-de? Quem é de? Somos as antíteses e as promessas. Remessas de mantras e partes Partícipes do mesmo jogo Fogo e ventania. Ar e brilho Lua e marte. Sorte e aparte. À parte do que pensamos. Somos início e gran finale. Amar-te, a morte meu mote e vastidão. Chão e cordel. Corda e céu Sementes e fruto. Na manha dessa manhã, meu amanhã e meu afã. Imã e irmã. Solidão e companhia. Cio e ócio. Sol e lua, sol e mar Sol e girassol Contrafeito. Feito dois unos e somados. Dívidas e donaire. Afaire. Amor Calmaria calma ria cama rima e solução! X Átomos e hiatos, somos ritos... Mitos sem temores, somos hera. Somos terra fera que devera... Nada que pergunte me demora. Nada que sincere te decora. Nada que me fere te devora... A boca oca boca deve beijo. Um seixo, um sexo, uma sexta... A sesta em teu colo, solo Apolo sou. Perdido seu adido, adio cada dia. Vadio o meio dia meu sangue É teu sustento. Meu vento que me catas, Gira vento e cata sol. Atol roca, Rochas e rochedos. Meus segredos e sargaços. Abraços e senzalas. De te amar eu me perdi.... X Respiro tua boca, minha amada... Encontro meus desejos em teus olhos... A poça que passamos, já tampada. Os meus delírios trago nesses molhos... Resta somente Minas e Maria... Não quero cavalgar por outra banda. A vida transbordando poesia, Se não me amares, tudo se desanda!!! Dançando tua festa velho tango. De tantas sutilezas fiz meu fado. Das dores, de tristezas, sempre mango, Me trouxeste, verdades, fero cardo.... Riste de meus carinhos, fonte crua... A porta que me abriste fechas tonta... Não desejo que esta festa seja a tua, Mas a sorte que lanças, está pronta! Respiro cicatrizes que me deste. Uma farpa que machuca, também cura. Desdenhas meus remédios, lepra, peste. A noite que entranhaste vai escura... Respiro meu destino sem certezas, Preciosa partilha nunca fui... Em desastres desabam as belezas Meu castelo de sonhos, sempre rui... Vieste tão sutil, meu horizonte! Marcaste com batom o meu destino... Secaste, bem depressa, vida e fonte. Lograste fatalmente, perco o tino... Embriagado desses olhos trágicos. No desamparo sigo sem conforto... Quem vivia morreu momentos mágicos. Quem sonhei sobrevida, quedou morto! Inútil ar, inútil vento, nada... Minha barca desperta novos mares. A boca que beijei escancarada, Mastiga todos sonhos, meu altares! Ensinaste insensata tanta dor, Vergastadas cortando minha pele. Dessa mesma maneira, vil condor, A boca que me morde me repele... Sangraste minhas noites tão selvagem... A morte que prometes sempre negas. As dores não respeitam a triagem, Hidras se multiplicam, velhas pegas... Nosso caso abandona todo senso. Nas ondas que profanas somos parto. Amor que já morreu de tão imenso De tanta poesia ficou farto! X Um tento, tanto tempo sem ter tempo Tempestades temporais, têmporas e temperos... As algozes são atrizes, meus deslizes minhas vozes... As mentiras que me atiras são as tiras que me cortam. As cordas que acordas são as côdeas do meu pão. Nasço e faço meu abraço, meu cansaço e solução. Soluço em vão nos teus braços, Sou um verso sem canção. Sou um urso sem disfarce. Nada fácil vir comigo. Meu perigo é constate. Minha estante meu conserto, Meu cometa perde cauda. Meu piano nunca teve... Ando sem saber se sou O que vou por onde fui, O mundo todo se rui, Se ri desta balela, A cela que me cabe Não cala nem revela. Se faca fosse fala Esfaqueava Maria. Não se ria, não seria séria sina. Assas asas assassinas... As partes que enfartas são fartas e falazes. São capazes sem ter ases de alçarem altos vôos, Alçapões e soluções. Insalubres úberes santas. As forças que me encantas Nas fossas que me atiras As piras que me queimas, As teimas que me dás. As hastes que ostentas, Se tentas são tenazes. Quero descobrir meu gesto, Se me empresto ou não presto, Prestativo pensativo, ativo penso Nas moendas quero rendas e tendas. Por favor vê se aprendes Onde tenho e onde vedes se não vedes não verei... Verdes olhos da mulata A cor da mata Acórdão. Cardio, Cordia, Cordial Coração! X No tempo do meu sonhar, Tempo que vai tão distante, Procurando a todo instante, Por tempo, espaço e lugar, Acreditando passar, A temporada da vida, Numa luta divertida No meio da tempestade, Trazendo amor de verdade, Sem ter lágrima sentida... Tempo me traz essa brisa, Onde o coqueiro balança. Traz um guerreiro com lança; A mão nesse mar que alisa, O riso da Mona Lisa, O medo de não prosseguir, Meu tempo de tempo vir, Nos contratempos sem medo, A vida faz arremedo, Do tempo que já perdi... Não sei dessas temporadas, Que a criança guardou, No tempo que era d’amor, Agora são massacradas, Bandas da vida, guinadas, Nas grinaldas me lancei, Tanto tempo eu já passei, Mas não me deixaste em paz, Tanto tempo fui capaz, De tentar o que não sei... Versos trago sem tempo ter, Tempo tenho pra sonhar, Temporais para chegar, Onde teimo me entreter, Saberia sem saber. Não vivo sem temporais, Quero muito e tento mais, Não sossego com tão pouco, Tampouco gritando rouco, Tempo, preciso demais... Na curva da temporada, Que passei lá nas Gerais, Tempo templo até me traz, O que julguei emperrada, A sorte já vai danada, A morte é mote sem fim, Quero tempo para, enfim, Firmar o meu pensamento, Que transforma todo vento, Tempo que pedi pra mim... Meus cadernos tão antigos, Me perco nas espirais, Num jazigo, aonde jaz, Os meus sonhos são castigos, Tempo me aponta os perigos, Curvando nesse meu lago, Onde meu tempo eu afago, Onde não tenho porque, Quero já ver e vencer, O meu tempo anda tão vago... Teimoso sei não caço, Rãs perdidas no brejo, Amores lá d’Além Tejo, Nas vilas perdi meu laço, Vencendo enfim, meu cansaço, Quero fazer o meu canto, Trazendo com tempo encanto, Nos vales quero profundos, O melhor de tantos mundos, Teve tempo pro meu pranto... Um desejo trem gigante, Que na vida tem tempero, Fazer amor com esmero, Pela vida radiante, Estando só por instante, Nos braços da minha amada, Passando essa temporada, Deixando o tempo prá trás, Meu tempo de não ter paz, Procurando nova estrada... Tempo de ser mais feliz, Tempo de ter esperança. Tempo de ser tão criança. Tempo que o tempo não diz, Tempo de ser aprendiz... Tempo de não ter mais medo, Tempo de guardar segredo, Tempo de se ter saudades, Tempo de dizer verdades. Tempo que faz meu enredo... X Vencendo tantos medos chego a ti, Para dizer do quanto que procuro, Na vida ser feliz. Do que senti Tão logo vi teus olhos sobre o muro. Nesse momento mágico vivi, A claridade vívida n’escuro. Sentidos fervilhando sem cansaço, Meus braços mendigando teu abraço... És maciez sonora , belo canto, Embora nos acordes dissonantes, Traduzem meus ouvidos, teu encanto, Quisera concederes, cedo e antes, Cristalina pureza, me agiganto Quando mostras; canora voz, sublime... Tua bela voz, lúdica, suprime... Emanas um perfume delicado, Qual rosas, num jardim celestial, Bem quisera viver deliciado, Minha dama da noite, vendaval Fustigando a janela, vou; ceifado De malícias, verter em bem, o mal. Somente do suave olor que emanas, Nos céus, vou construir nossas cabanas... Tens o sabor dos lábios divinais, Humana criatura não conhece, Sentindo o paladar dos imortais, Em ti, qual fosses deusa, numa prece, Persigo tua boca, quero mais. Devora-me e decifro, magistrais Enigmas; soberana fantasia, Poder sentir teu beijo, uma ambrosia... Na pele delicada que te veste, Sentindo a maciez dos teus cabelos, Apalpo tantos rumos, leste e oeste, Na maciez da cútis, são novelos Feitos da pura seda, que reveste Entre tantas, sublime em envolvê-los, Teus seios recobertos de camurça, Ao senti-los, meu tato tanto aguça... Meus olhos, quando vejo tal beleza, Insanos não conseguem enxergar, Mais nada do que tenha a natureza, Nem céu, nem as estrelas, nem o mar. Escravos; são servis a ti, princesa, Consegues a beleza embelezar. Te vejo como náufrago sedento, Sereia, tanto canto exposto ao vento... X Bares e bordéis, bordas sem aparas, Em meus dedos, falanges e fraturas. Tento tragar tentáculos e taras. Nas mãos cansadas, noites escuras... Vadeio vagamente, envergo varas Iscadas em tais margens. Armaduras São as minhas defesas, indefeso. Crustáceo ameaçado no defeso... Fracassei, quis demais, nada resume. Não quero saber sempre, nem talvez. Restou um gesto amargo; vou, estrume, Onde pensara um dia, na altivez. Procuro mansidão por onde aprume, As mais diversas formas, tanto fez... Não virgulo, decifro ângulos retos, Por mais que se queira, são incompletos... Vendi alma, nos verdes campos postos... São clamores senis, são veros vagos, Nervos e dentes, quebro-os. Impostos Colocados sobre velhos estragos, Não trazem nem sequer tosto-os; Meus medos nadarão nos outros lagos. Por certo, caridade nem demérito, Demovem quem sonhou seu próprio féretro... Nasci do mais decrépito dos medos, Busquei nas madrugadas, meu sustento. Não fui completo, simples arremedos, De quem tentara tanto fosse tento... Enganos, meus engodos, sempre ledos, Palavras vão mais soltas, neste vento.. Sangrei cada momento sem desculpas, Procuro por amores, tenho lupas... Cimitarras; usei nestas batalhas, Conta qualquer que fosse esse inimigo. Vivendo, sobre lâminas-navalhas, Carrego os meus delírios cá comigo... Quando estou decidido; tudo talhas, Entalhados na brasa do perigo... Não quero nem machados e nem sândalo, Amores me fizeram, enfim, vândalo... Cusparadas no rosto são promessas, Hemorragias, vertem no meu ventre, E vens, tão calmamente, com compressas. Dane-se, nada quero que m’adentre... Se são meros deslizes, são conversas. Meus portais são marcados por: Não entre! Não quero e nem permito que me ceifes. O que me trazes cabe nos esquifes... Víbora e cascavel, conheço bem... Não trazes outra marca bem o sei. No breu das velhas tocas, sem ninguém, Conheço teu passado e tua lei. Fingindo caridade, cadê? Sem... Nas tuas ladainhas me acabei. Prato escarrado, cuspo em quem cuspiu. Mordaz, irei mordendo. Me esculpiu... Retrato a realidade em que me deixas, No basta, bastaria meus embates, Não quero nem saber de tuas queixas, Nem quero mais ouvir tais disparates. Me finges ser esfinges, talvez gueixas. Prometes novo canto, mas combates Quem poderia, límpido, caber. Me deixas; assim, lívido, porque? Me enojo quando beijo tua boca, O gosto podre emana quando ris. Te fazes de sutil, mas te sei louca, Não queres e nem deixas ser feliz. Vomitas impropérios, és tão pouca, Muito menos que pensas; nenhum triz. Recebo o sopetão que não assusta, És maquinal vergonha, mas vetusta... Sofrível sentimento são teus gestos, Na verdade, pareces bem comigo. De malícias, delícias, já infestos. Por isso reconheço tal perigo, Nós dois, juntos, daremos aos incestos, Um novo paladar e qualidade, Seríamos espelhos, na verdade... X Falar da noite e do dia, do açoite e de Maria do acoitado sonho perdido, despedaçado falar de nada mais que tudo, nada inundo vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio vagabundo rolando entre astros, entre tantos entretantos e espreitando por trás das portas. Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida lânguida e cruel poesia. Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos resquícios do início precipício e me lançavas a esmo nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão. Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez. A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas , e conservas tuas mãos postas em mim. Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama meus males e minhas angústias. Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas. Minha mina mais cara, rara e companheira te quero poesia amada, necessito-te tanto esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti, sobrevivente. X Recebendo em tal festa e alegria Inundando esse mar com manso canto. Transforma a fantasia por um dia Aguardo, novamente um tal encanto De tudo que na vida mostra a mansa Espreita de viver na pura dança. Cabendo os universos dentro em si , A noite não promete uma alvorada, Sabendo desses mares que vivi, Será que nada conta neste mundo? Irá talvez a aurora rebrilhar? A poesia invade num segundo... X Levo esse amor na minha alma Veja tanta luz que trago Podes ter a vida calma Fada desse meu afago. Pode levar o meu sonho Se com grado assim quiseres Mas recebe, te proponho Minha vida em teus talheres. Nas palavras mais distantes Nos mundo que não conheço Amores são navegantes Tanto amor que já padeço. Veja os versos que te faço Com total serenidade. Morena me dê teu abraço. Repare: é felicidade. Não temo mais nem o frio Que embalou cada momento, Deste coração vazio Agora, no esquecimento... Não quero mais um sorriso Se não vier com desejo Quero viver paraíso Da delícia do teu beijo! X Saudade... Do canto Que não veio Nem viria Poesia... Saudade De tudo Que pensara E bem sabia Nunca vinha... Saudade de teu colo Amor, cadê? Vivendo por viver Sabendo perder O que nunca tive Decerto não foi meu O colo que sonhei A boca que se ria O riso mais farsante Antes e sempre Sem regozijo. Exijo meu mar, Sem mar, sem fé Sem pé, como irei? Caminho sozinho Vagando a saudade Que sempre sonega Amor cedo ou tarde... Saudade dolente Amor tão doente Vivendo descrente Derrubando a gente De dor tão urgente Que sempre se tente Amor que se invente? Melhor dor de dente! X Não deixe que a vida te afaste... Eu tantas vezes imaginei tua presença. Era um sonho, nada mais que isso... Muitas vezes acordava e sentia O teu respiro calmo e macio, Amor!!! Como é bom poder gritar: AMOR! Mas temo, e cada vez mais, Que se perca essa palavra Ou pelo menos, não retornes... Durante tanto tempo adormecido, Sinto que nada mais impedirá de gritar Teu nome, com toda a liberdade... Nas horas mais difíceis Mísseis soltos pela vida Ávida de paz e guerra Terras revoltas luta Bruta desesperança Lanças apontadas Estradas fechadas Rumos perdidos, Sentidos à tona. Átona existência... Nestas horas mais tristes Quando esperança Passa a ser somente um quadro Na parede, amarelado e sem brilho. Vejo teu sorriso, meu filho adorado. E percebo que a vida faz sentido. E descubro o quanto o amor é capaz... X Bem sinto que não queres mais que eu chame Teu nome pelas noites, madrugadas... Amor que tão distante não se inflame Nas horas mais gostosas e sonhadas... A brisa que te trouxe levará Teus passos por estradas mais diversas. Eu jamais estarei, decerto, lá, Meu nome não virá nessas conversas... Esquecido, num canto que deixaste, Sem ter um só segundo do teu canto... Meus pés atados quebras a minha haste, E negas teu carinho e teu encanto... Mas saibas que o vigor de uma emoção Jamais derrubará meu coração! Que luta a cada instante, sem saudade, Aberto sempre ao vento, liberdade! X Engano meu desejo com palavras De todas as que trago nestas lavras, São formas de espantar o triste tédio, Que em lágrimas distantes não alcanço, Buscando sem ter paz um são remédio... Enleio meu amor, desesperanço... Não posso mais falar do que preciso Se nada mais disfarça o meu pesar, Quem dera conhecer o paraíso, Envolto nas estrelas deste amar. O canto que porquanto sempre encanto No manto que me deste por coberta, Exprimo o desamor em denso pranto Que enreda no meu peito sempre alerta. Quem forra as esperanças nada fala E quase ser ter penas, já me empala. Vencido pelas negras, vãs batalhas, Os cortes tão profundos que provocas Nas lâminas que afias das navalhas, Amor sem ter sentido quando entocas Nas tocas que prefiro não conter. Sabendo que talvez não mais remetas Distantes os meus olhos posso ver Pairando por cabeças os cometas Que levam e retornam sem sentido. Amor quando demais causando penas, Melhor deixar bem quieto em pleno olvido Que ver as tristes mãos, mortas, apenas... Não sabes quanto sanas quando chegas Dos mares que sem medo já navegas... A base do que sempre desejei A boca que jamais vou me esquecer, Se tanto nesta vida eu já te amei, Explica como posso, enfim, viver. O ramo de oliveira se perdeu, Assim como essa pomba não retorna, O náufrago que tramo já morreu, Saudade no meu peito já se entorna.. Busquei na poesia a salvação Porém não via nada que salvasse Amor desta terrível procissão Como se tola vida terminasse... Mas vejo uma esperança que me guia Renova nosso amor em fantasia O brilho da manhã que vai nascer Aurora tão fogosa não sossega Vivendo das carícias, do prazer, Amor tão delicado não se nega E tramo meu destino no teu braço Abraços que se tornam carinhosos, Repouso meu destino e meu cansaço, Vertendo nossos sonhos maviosos Num único sentido, nossa vida, No pátio que encontrei na tua casa, Sabendo que te tenho, assim, querida, Acendo nossa chama em tua brasa. Será que isso foi sempre simples sonho? Será que poderei ter mais risonho O dia que virá, quando não sei, Que tudo que tocar se transformando Nas ondas deste amor, que é nossa lei, Vivendo, sem temer, pois sempre amando. Amor que não permitas mais desvios Do leme deste barco traiçoeiro Que sempre desemborca em outros cios Embora solitário, o timoneiro... Amada, pois tenhamos mais juízo, Não deixe nosso barco à própria sorte, Eu quero ter contigo o paraíso Bem antes de chegar a nossa morte! X Olhos claros, olhos claros, meu amor. São tão raros, rasos olhos, sol e flor. Quero os olhos, olhos feros, fero amor. Que me queima, queima os olhos, sol e dor... Não sei se falarão destes teus olhos Que em molhos como flores já carrego Se nego tanto canto quanto quero Navego os olhos claros, manso mar... O vento que rebenta nessa praia As ondas que te levam vão voltar. Amada se desejo nada tenho Se tenho teu desejo não te quero, Medindo meu amor em tempestade Te empresto meu silêncio e vou cantar Cabendo tanto tempo em pensamento, Momentos que esperei por manso mar. Não veio nem teu seio, só receio, Mas anseio tanto quanto quero o mar. Amar o que não sei e não seria Se ria deste mar que não carrego Naufrago tanto amor que não sossego Sou cego neste mundo sem teu mar... X Rubor, suor, tremor, Dispara o coração Amor... Vagando pelo tempo Em busca do perdão Eu vou. Esqueço o que passei Jamais procuro o não, Eu sou. Eu quero o teu desejo Viver sem solidão, Estou. Querendo que me queiras Amar é solução. Me dou... Vago nosso amor Cada novo canto Desejo e rubor Meu maior encanto Sinto se suor Tiro todo o manto Nas mãos o tremor Esse amor é tanto Quero nosso amor, Que é profano e santo. Na tarde que não vinha Amor que procurei Essa saudade é minha Amando eu já te achei... Amor trama perfume Em rosas mais eternas Amor queima em ciúme Nas nossas mãos tão ternas Não faço meu queixume Nos olhos quando invernas Amor é nosso lume Nos guia qual lanternas... Por isso meu amor Eu quero teu prazer Viver nesse calor, No seu calor viver. Mesmo que venha a dor A dor não vai doer. Eu quero mansa flor A flor que vou colher A flor que estava aqui Amor qual colibri Beijou apaixonado A rosa tão vaidosa O canto mais amado O beijo desta rosa... X Procuro por teu sorriso Nada encontro, só tristeza, Quem me dera o paraíso Que eu achei em tal beleza Que se esconde sem por que Maltratando, com certeza, Todo amor em que se crê... Procuro por tua boca Que escondeste assim de mim, Essa saudade tão louca Saudade que não tem fim, Doendo aqui no meu peito, Maltratando tanto assim, Saudade que não tem jeito... Procuro pelos teus olhos, Escondeste neste véu, As dores trazes em molhos Tanta nuvem no meu céu, Que farei se tu não vens, Esquecerei meu corcel, Escondido nas nuvens... Procuro por teu carinho Que jamais eu esqueci, Vou vivendo tão sozinho, Tristezas têm por aqui, Das chuvas correm as águas Inundando um pobre ninho Virando um pote de mágoas... Procuro pelos teus seios, Nada encontro, solidão... Fugiste sem ter receios, Maltrataste o coração Que nada fez por maldade, Se já te pedi perdão, Retorna, por caridade! Procuro pelo esplendor Que vivemos no passado, A vida tão plena, amor, Meu canto desesperado Sonhando com teu cantar, Quero esquecer essa dor, Eu quero de novo amar! X Amor que de novo Trazendo saudade Aos olhos me salta Qual força bendita Que sempre tão prosa Me lembra essa rosa A rosa bonita Que quis liberdade Porém não sabia De tal claridade Que a tarde já traz A felicidade... Que faço da flor Que nada queria Aos olhos sinceros Sem ter falsidade A rosa orgulhosa De tudo vaidosa Por toda a cidade Mas nunca se ria Matou colibri Que sempre pedia Um pouso sereno, Mas nunca teria... Amor tão ameno A noite renasce Fazendo da vida Um sonho risonho Saudade ardorosa Colibri perde rosa Vivendo tristonho Com tal desenlace Morreu colibri Sem ter o disfarce Em duro veneno Amor que se embace. Não cabe tal sorte Ao pobre coitado Que sempre sonhara Com rosa bonita Que em tudo medrosa Não sabe que rosa Também tanto agita Neste sonho alado Qual um colibri Viver sem pecado Criando essas asas Mudando seu fado... Amor não discute Nem trama sozinho Amor jóia rara Que vale esse sonho Da rosa teimosa Que sempre tão prosa Jamais revoara Colibri não tem ninho Em nada se ampara Morrendo sozinho Sem rosa que amara! X Caminhando sem medo em mansos passos Nos cantares suaves das sereias, Trazendo dos desertos as areias Que nada neste mundo me levou. A terra dos amores, abre em fendas Tragando toda a dor que desespera, Amores incrustados nessas lendas De tudo o que tivera mal restou... Se fomos tão distantes hoje perto, Envoltos na esperança que carrego Amor quando sincero nunca nego, Demonstra, qual espelho, o que já sou. Um velho navegante sem destino, Um canto em desafio, bem mais forte, Não temo assim te amando, nem a morte, Por todas as estradas donde vou... Querida não se esqueça que te adoro, Em versos que te faço, todo o mundo, Que tramo no meu peito vagabundo, Sabendo qual o cais onde aportou O barco da esperança, meu parceiro, Amada te desejo, sem cobranças, A vida se promete em novas danças, Em todos os meus sonhos, onde estou... Vencemos todo o mal que sempre traz A noite desdenhosa onde se alcance Os olhos da quimera, num relance, Pois tudo o que sofremos já passou... Não deixe que transtorne essa viagem Por mares e caminhos tão diversos, Dedico com ternura tantos versos, A quem, na vida inteira, nunca amou... Encantam-me talvez os teus espinhos, Beleza radiante desta rosa, Quem sabe que, por isso, tão vaidosa, E finge que nem sabe mais quem sou. Um pobre beija flor busca na tarde Amor que sempre pensa estar consigo Mal sabe dos espinhos, do perigo, Sem asas sua rosa não voou... Quem sabe poderá talvez um dia, A flor criar coragem e voar Depois de tanto tempo sem sonhar, A rosa percebendo quem cuidou Das pétalas sangrantes que levava, Perceba o colibri esfuziante Que quer de toda forma ser constante Da rosa que o amor despetalou... X Vivendo no gozo da vida que sonho Se tudo risonho pudesse cantar Assim festejando por toda essa vida Que sempre querida me faz suspirar... Encanto que encontro nas noites que passo Dançando em compasso com tanto esplendor Sabendo das lutas que tive sem sorte Não temo nem morte, vivendo esse amor... Amor que sonhara por todo esse tempo Sem ter contratempo nem nunca sofrer Agora a saudade sabendo de tudo, Deixando-me mudo parece crescer... Mas logo recebo tal vento na face Do amor sem disfarce que tanto sonhei, E canto contente, me encanto contigo Serei teu amigo, teu amor serei... X Não quero teu controle sobre mim, Se faço ou não faço, passo Caço e se descalço, estrepo o pé. Dane-se! Ou melhor, a vida e o pé são meus. Não me deixe tão sozinho assim amor... A noite não saberá o que fazer comigo. Espero nas esquinas com ardor, A bala que virá no fogo amigo. Abrigos casamatas matas casas, Camas e ressacas. Ninguém é de ferro, Se berro neste aterro nem atrevo. Revivo e não mereço. Ah! Tropeço faz parte do passo. Do passo e do passado, passarinho... Rimo o que vejo e o que estimo. Extremo e não contente, resumo. O sumo do que sou está exposto Em vidros hermeticamente fechados, Na quitanda da esquina. Politicamente correto, sem matas que mate Sem balas que negue E sem amor que resfrie. Sorriso balsâmico, Anêmico e tetânico. Correto. Sempre correto. Feto que aborto Esgoto que jogo, Vomito no fim. Pedaço de mim Que, vergonhosamente, escondo. Luxúrias e lamúrias. Sangrias... Espero que este espelho se quebre em mil pedaços. Mil cacos, migalhas... Espalhando meus restos pelas ruas Formando as especulares fantasias. Na órbita dos sonhos, sou hipócrita. Ou pelo menos penso. Imenso em um vazio sem precedentes. Dentes e olhos vazados pela firme vontade de morrer. Fumo desbragadamente. Vergonhosamente Estupidamente De repente Nada mente E sou sincero. Diabético, açúcar na poesia e na alma. Sou dialeticamente imperfeito e profeticamente incauto. Um auto retrato pútrido e fantasmagórico. Não falo de Nada que não seja meu. Eco de mim mesmo não aprendi a ser solidário. Sol de mim mesmo, solitário. Mas que se dane a noite e o dia. A chuva é mais tinhosa. E mentirosa como o frio Que nunca vem se eu não quiser. Ano que vem irei mudar... Prometo, quem sabe? O dente de sabre Espera na esquina E desatinadamente me agrada. Amo sim. Claro que temo isso, Não sou burro. Mas de fininho, vago sentado na cadeira Por horas e horas. Buscando o que não sei nem sei onde. Mineiro compra bonde O meu descarrilou... Felizes anos velhos e ano novo. São os mesmos e serão, Ser tão ingênuo a ponto de achar Que o simples fato de comprar folhinha nova Muda a vida... Eu sei que não. Corro atrás, De mim mesmo E nada encontro A não ser essa vontade Louca de, louva deus, Me entregar a um amor suicida Que decida minha vida. Mas, querida, me dê a mão Que o sol desponta E o ano novo apronta As mesmas desilusões... X De minha inspiração tristeza e sonho Das horas que passamos, de tão puras, Vivendo nosso amor que sei risonho, Embora em tantas noites mais escuras Encantos e desejos que se tocam, Sabendo que virão as desventuras, Amores nos amores se retocam Nos salvam destas mágoas, amarguras... Agruras deste amor que me tomava Entre verdades tolas e receios, Ao mesmo tempo em que tocava A maciez gentil destes teus seios... Aurora em maravilha transportava Clarão do novo dia que sonhei, Ao ver a criatura imaginava Em quanta fantasia me esbaldei... Quem sonha não revela os seus segredos Transborda em tantas formas de prazer. Não quero mais viver os velhos medos, Apenas o teu corpo percorrer Sagaz e mais gentil explorador Sabendo decorar os arvoredos, Das matas em delícia deste amor, Vivendo em fanatismo teus enredos... Quem dera não tivesse tal tristeza Que sempre me invadindo não me larga, Cabendo nesse mundo a fortaleza Que impede nossa vida tão amarga. Eu quero desvendar essa beleza Envolta nos teus rumos e paragens, Não sei se mais terei essa certeza Que traz em nossas vidas as roupagens Decerto me protejo nos meus versos Envoltos nesta capa de ilusão, Contando tantos sonhos adversos Protejo dessa dor meu coração, Assumo por caminhos mais diversos, O medo de viver em solidão, Sabendo que terei os universos Que trazes com a força do perdão... Amada não me deixe assim tão só, A vida não será mais este lago Da mansidão perfeita, laço e nó Que sempre determina o teu afago, Amada eu te implorando santa dó De quem sempre viveu sem ter ninguém De quem jamais saiu do imenso pó E vive na esperança desse bem... Querida não desejo a liberdade Envolta nos delírios mais ferozes, Talvez possa me dar a claridade Que sempre me protege das atrozes Garras inerentes da saudade Vagando tanto tempo nos teus braços, Aguardo tolamente tal verdade Que impedirá a vida dos cansaços... Não deixe que o amor seja atingido Por tantas heresias e penumbras, De todo grande amor, maior sentido, São cores e desejos que vislumbras Ao fim de tanto tempo sem olvido, Querida não me traga tantas garras Não quero mais amor tão mal vivido Nos medos e nas teias, nas amarras, Que sempre dominaram nossas vidas. Agora, neste outono em que me vejo, As horas não seriam tão compridas Se fosse realizado esse desejo De termos nossas sortes já cumpridas, Na fonte que não seca, manso beijo, Nas nossas horas todas tão queridas, Porquanto tanto luto assim, pelejo! Venha pelas sendas mais bonitas De todos os caminhos, minha rosa, De todo o mal da vida, não permitas, Que a dor sempre te engane pois, vaidosa Não vê que se desaba tudo aqui Nas asas machucadas e feridas, Nas noites mal passadas e sofridas Dum pobre sonhador, teu colibri.... X Eu quero essa rosa Com todo o perfume Sabendo se esfume Pois sei vaidosa. Vivendo suave O mundo que trama A rosa quando ama Me nega essa nave... Cismando procuro Encontro os espinhos, Buscando carinhos, Talvez haja o muro Que impede o jardim, Pobre colibri Que restando aqui Morrendo por fim. Espera que a flor Assim tão medrosa Prefira, orgulhosa, Saber deste amor. Não vejo outro tanto Senão este passo Que no descompasso Carrega no pranto. Vontade de ter Da flor, esse aroma, Que a tudo se assoma, E pensa em morrer. Morrer de saudade Da flor que não volta O peito revolta Quer felicidade! X Eu quero nosso amor em todos os momentos Sem ter tais sofrimentos. Que trazem a tortura em plena cicatriz De todos os lamentos... Quem dera se tivesse amores sem tormentos A vida sem rancor... Eu poderia assim dizer que sou feliz, Vivendo pleno amor. Quem dera se não fosse amor demais ferino, Amar em plena glória... De dentro do meu peito, amor sempre vigora. Não deixo de te amar... Amor que me remete aos tempos de menino Vivendo noutra história... Querida, quero ter amor que nunca chora, Amor que irá salvar... X Procuro nos olhos teus O brilho que salvará Um facho belo de luz Que noutro lugar não há Que me traga toda a paz, Onde esse amor estará, Sem ter medo, sem saudade, Nos desejos, tantos beijos, Trazendo felicidade, Nos teus olhos, belas contas, Tantas luzes; irradias... Em tua alma, tanta luz... Procuro nos olhos teus, O lume que me trará O sonho que se produz De tanto brilho por lá Que me faça mais feliz Onde meu amor está Sem ter medo, sem tristeza, Nos meus sonhos, belos olhos, Trazendo toda clareza Destes olhos, que me contas, Tantos sonhos que dizias... Em tua alma, pura luz... Procuro nos olhos teus Essa paz que quero achar, De tanto que me seduz, O brilho do teu olhar, Sou decerto, tão feliz, Por poder sempre te amar. Sem ter medo, sem descanso, Nos teus olhos, tantos sonhos, Trazendo todo o luar, Nestes olhos, quantas contas, Tantas coisas; prometias, Pr’a minha alma, tua luz! X Procuro no meu céu O sonho que sonhei, O amor tão verdadeiro Que eu sempre procurei. Em plena lua cheia O brilho deste olhar Por onde quer que vou, Onde eu irei achar? Buscando nas estrelas Amor que me proteja De tanto que sonhei Amor já te deseja. Querida, por favor, Te espero sempre aqui. Amor que nunca vinha, Achava que perdi. O tempo inteiro estava Ao lado, sem que eu visse, Nos raios desta lua, Amor que se sentisse, No vento tão macio, Que a noite sempre traz O canto das estrelas Amor amado em paz... Preciso do teu brilho, Eu quero teu carinho, Amor de mais eu tenho, Estava tão sozinho... Por isso minha amada, Essa vontade louca, De te dar sem demora, Um beijo em tua boca! X Eu tenho a certeza no peito De querer quase nada Somente viver feliz Ao lado da amada... Amor que some Vou viver por um triz, Eu quero estar a teu lado Nessa dura jornada Depois de tantas tristezas Que a vida nos trouxe Tantas vezes mostrou Um coração tão doce. Ah Meu grande amor eu te amo tanto! Esteja certa. É bom te ter por perto, Sempre alerta.... Tantas vezes em tantos caminhos na vida O medo nos tomando e quase sem saída A tua presença, me acalma, me aninha... E toda a tristeza já vai embora. E tu és tão minha... Amor que tanto desejo Me dê o teu beijo Tudo o que preciso, enfim minha amada O fim da tristeza, a manhã tão sonhada, Em tudo a beleza, viver paraíso. Estar sempre contigo, Sem temer o perigo Que a vida nos traz. Assim companheira, A minha vida inteira, Estou contigo, em paz... X Amor que canto que irei cantar Sem ter desculpa é bom saber Que amor me encanta, é bom sonhar De tanto que amo, quero viver... Eu vou ao céu; eu beijo a lua, Eu vou ao mar, amor desejo... Quero buscar; o teu amor, Então te beijo.. Amor que quero e vou achar, Uma maneira de te encontrar. Amor divino que sempre traz O meu destino, viver em paz. Eu quero amor, que traga sonho. Eu quero dar-te tanto prazer... Eu quero estar, e te proponho, Escuta amor, eu vou dizer. Quero te ter... X Amor, eu sempre quis de verdade Amar tanto enobrece Amor me cura, amor salva, amor é vida. Amar é pura prece... Estar tão distante, viver sem paz... Saudade me maltrata... Amor venha depressa, me amar demais Senão amor me mata... Vem, minha amada, Te espero agora, Amor é tudo, Amor te implora... Amor nunca pensei Que eu fosse amar assim. Amor bate no peito Amor soberano No peito não cabe Amor tudo sabe Amor que dá prazer Amor faz viver. Meu amor de verdade... Amor que viverei Em cada novo dia Toda a eternidade... Amor nunca me esqueça Eu te amo Meu amor, assim. Amor tão imenso prá mim Pois que eu sempre te mereça... Eu quero esse amor infinito. Amor que é tão bendito Pois todo grande amor, mesmo aflito, Em toda sua força é mais bonito!!!! X És tudo o que sempre quis... Todo o meu sonho de mulher... Eu quero sempre estar ao teu lado... Amor constante... Desse sofrimento estou cansado. Te quero meu bem, é pra valer. Tudo passa mas há meses, louco, Eu sonho contigo, amor. Vem me querer! Minha amada, no meu canto, eu te peço, Vem comigo, vem amar... Estou quase sem palavras. Eu te amo... Amor; vem, estou tão perto... Num momento, meu amor, coração dispara O meu viver, vou por um triz... Só contigo, com certeza, sou feliz... Amor sonho, Vida livre A minha paixão... Vem comigo, vem amar... No meu sonho, vida e paz, Tanto, tanto sou capaz, Desse amor que quero dar Vem correndo, meu amor quero te ter... X Ame! Nunca pense que tudo se acabou Acredite em ti, tempo não passou... Deixe Que toda essa tristeza vá embora, É preciso sonhar! Amar é sempre agora! Veja Que tudo nesta vida, tem duas faces... É preciso saber. Não use teus disfarces... É preciso viver toda tua fantasia Se esse amor nunca veio? Virá, um dia... Sonhe! Essa tal solidão é tão vazia... Viva o pleno amor. Em tudo, poesia... E sempre amar... Cabem Todos os nossos sonhos nessa vida. Seja então feliz. Então: missão cumprida! E sempre amar... X Meu amor... Quem sabe a fantasia trará de novo o dia E quem sabe possa amar? Meu amor... Trazendo no peito tal força que não cessa Possa me amar? Meu amor... Viver sem critério, amor mais ilusório, Vontade de te amar... Meu amor... A tal felicidade, em plena liberdade; Irá chegar... Meu Amor... Meu Amor... Vivendo essa esperança, que em tudo já me alcança Nos fará, por fim, brilhar... Meu amor... De novo renascer, a vida se ressurge Eu vou te amar... Meu amor... Mesmo que sofrendo Amor, irei vivendo, A vida a te esperar... Meu amor... Minha sina e fado É por ti ser amado. Te espero... Amanhã! X Amor quando some Saudade consome É tão duro te perder... As horas não passam Meus olhos te caçam É tão duro te perder... É tão triste viver assim Buscando teu amor em mim Meu amor está distante Minha dor é tão constante Quero teu amor, enfim... Tristeza doendo Meu amor sofrendo É duro te perder... Te quero comigo Meu amor amigo É duro te perder... Por tantos mares naveguei Na busca deste teu abraço Sofrendo em solidão, Vou sonhando com teu regaço, Amor; peço perdão! Depois de tantos erros cometidos Agora te procuro minha amada, Eu te desejo em todos os sentidos Se eu te perder, amor, a vida é nada... Vem cá, vem cá... Tanto que sofri, Amada, estou aqui. É duro te perder... Te peço perdão, Ouça o coração. É duro te perder! E por favor, não deixe assim, O meu amor nunca tem fim Eu te espero a cada instante O meu amor constante Volta, volta; amor pr’a mim... O que farei, amor, sem ter; O teu amor que espero estar comigo. Vontade de poder te receber De novo em nossa casa, nosso abrigo... X É bom saber que existes; minha amiga! Na luta tão difícil pela vida Que tantas vezes vem e já periga Saber que estás aí, minha querida. Tantas vezes sozinho, busco o mar... Distante mar que nunca mais eu vi. Cismando, sou teimoso, em tanto amar, Nas ondas deste mar eu me perdi... Pensava descobrir uma esperança Nas águas tão profundas, num abismo, Em busca da possível aliança Que venha sem trazer qualquer cinismo... A vida faz promessas não cumpridas De sermos mais felizes, por um dia. As lágrimas nem sempre são vertidas Marcadas por tristeza e alegria... Entendo o que tu sentes, e disso gosto. A face que me mostras, tão bonita. Deitando sobre o colo, eu já encosto, Amiga... Nossa vida traz desdita. Mas somos, na verdade, mais benditos; Pois temos, em nós mesmos, nosso cais. Lenitivo perfeito para aflitos Momentos que eu espero, nunca mais... Eu te amo, minha amiga e companheira, Da forma mais sagrada que conheço. Distantes, não importa; vens inteira, Da mesma forma que sempre te obedeço... E sentes o que sinto, protegemos, Vivemos nossos colos e paixões... Amores que nós mesmos só sabemos, Que brotam nestes nossos corações... A voz que repetimos, ecoamos, Traz sempre nossos sonhos e carinhos... Amiga; tanto, tanto nos amamos. Sabemos que jamais somos sozinhos... Eu venho e te agradeço eternamente. O fato da existência deste amor. Que é manso tão macio e envolvente, É forte e se traduz; pleno vigor... Assim; minha querida, vamos juntos. Sabendo que estarei sempre contigo; Pensamos traduzir nossos assuntos, Deitados neste sonho, tão amigo! Eu te amo, de verdade, não se esqueça. Vivemos deste amor tão soberano, A cada novo tempo que começa, Amor que renovamos, a cada ano! X Ah! Amiga... Tu mal sabes quanto dói A solidão. Não dessas que pensamos Como uma simples fuga que corrói Ou quando nós perdemos o que amamos... Não... Falo em solidão que não conheces. Solidão absoluta, total, plena. Daquela que nos nega uma esperança... Daquela em que mais nada nos acena. A morte é sua máxima aliança... Solidão que não mostra mais saída, Simplesmente arrasando, nada deixa; Que vai tomando toda nossa vida, Não deixa nem espaço para a queixa. Dos filhos que se foram sem ter vindo, Amores que esqueceram nosso amor. Vazio que da noite vem surgindo, Nessa quimera amarga, tanta dor... Solidão que agoniza num lamento, Não permite sonhar com solução. Matando com todo o sentimento, Destruindo de vez o coração... - Solidão... Solidão... Porque vieste? Em que parte da estrada te encontrei? Tomando meu caminho, me envolveste, A tal ponto que nem eu mesmo sei. Te confundes comigo, siameses... Nada mais me permites, nem sonhar... Passamos nossas vidas; anos, meses, Todo o tempo no mesmo caminhar... Levaste, bem sei, tudo o que já tive... Não deixando sequer uma agonia, A morte que procuro sobrevive Aquecendo-me em cada noite fria... Mas; minha amiga, vejo-te por perto, Muitas vezes calada, nada falas... Companheira em que tenho o colo certo. Minha casa, meu mundo, minhas salas... É, na vida, este ouvido que me escuta, Nos momentos mais duros, minha paz... Quando essa ausência torna-se tão bruta, Vontade de morrer, mais fundo apraz... Quando uma tempestade me alucina, E quando nenhum porto encontro mais. A dor tão violenta desatina, Depois de tanto mar, nem mais um cais... E sei que dentro da alma cai a neve Numa louca borrasca, furacão, A partida parece ser em breve, Devorando minha alma, a solidão... Quando não me sobra nada, nada, nada... No vazio absoluto, nem abrigo... Minha vida se esvai, desamparada... Eu sinto o teu abraço tão amigo... Que me pega e me leva tão sereno, Adormeço em teu colo, sem perigo. Esvaindo-se, aos poucos, tal veneno... E me levas tão calma, assim, contigo... Eu percebo, que não estou tão só, E consigo, quem sabe, até sonhar, Renascer desta morte, quase um pó, E de novo, quem sabe, caminhar... X De tanto que tinha Amor não sabia Que esta poesia Não vale o que tem Amor que se sabe Gigante não cabe Sozinho já vem Aporta meu porto Depois quase morto Deitada de lado A noite não nega Amor tanto apega E vai donde vem Amor que te quero Não deixo um segundo Eu tanto venero A boca que beijo Amor e desejo Depois já cansado Não pára jamais Perdendo essa paz Que tanto persigo Amor eu consigo E te peço mais. No sono que tive Amor sempre vive Na valsa que dança Na noite se avança Depois não se cansa De tanto dançar. Amor quero a praça De tanta fumaça É minha cachaça Poder tanto amar. X As horas senhoras da vida... Passam e não voltam Nem se revoltam Apenas se esgotam. E a primavera Se faz tão distante No outono que cai O tempo não pára E a gente é que pesa... Amor que se preza Não sabe das horas Nem sabe do tempo Descansa... E cansa... E canta E chora... Depois revigora, Renasce e ressurge Na dança da vida Trazendo este estio Regozijo e cio Anúncio de festa E a porta que se abre Permite, de novo, Que o novo renove E trague este sol Que a primavera perdeu... Ah! Tempo que nunca pára, Faz carinho em meu amor Que ele hoje acordou Com vontade de chorar... Chorar de amor demais Que a vida sonegou Botou debaixo da saia Da senhora da vida... Agora? Meu amor e as horas Tão de bobiça... Que nasce disso? Eternidade? X Não quero decifrar-te! Sei, apenas, Que pareces, do amor, desiludida; Nem consegues, nas coisas mais pequenas, Sentir toda a beleza que há na vida! O amor não se limita a horas amenas, Se traz, no coração, nova ferida... Não é jardim de lírios e açucenas, Nem é suprema dor, desconcebida! Nem sempre me tortura ou dá prazer, Nem sempre uma alegria ou vã tristeza. Amor quando me invade p’ra valer Decerto irei seguir a correnteza... Amor que suaviza e que me doma, Na doação completa, dita a sorte, Metade com metade que se soma Ficando nessa soma bem mais forte. Amor que sempre sonho e que procuro Nas horas de amargura, lenitivo, Doença e meu remédio onde me curo, De amor eu me sustento e sempre vivo... Ele é talvez, um novo e ardente amigo Que ao te livrar da dor e do perigo, Não permite que caias na sarjeta! É destino e conquista e é sentimento, Que, na forma de dor e sofrimento, É a larva que se torna borboleta! Marcos Coutinho Loures e Marcos Loures X E, sem colher, da vida, os bens supremos E sem provar do vinho da amizade, Esmagamos os sonhos que tivemos, No alvorecer de nossa mocidade... Que mostra minha amiga quantos cardos Espinhos e torturas, duras cruzes, Carrego em minha vida tantos fardos, Caminhos tão difíceis, várias urzes... Mas sinto que talvez uma esperança Aponte nesta curva mais fechada, Deixando vir à tona uma lembrança De todas essas horas vãs, passadas... Porém, nesta existência singular, Pelos caminhos vou, plantando flores, No incansável mister de versejar... E posso ver nos versos, que são tantos, Ir diluindo os muitos desencantos De vidas que só provam dissabores... Marcos Coutinho Loures e Marcos Loures X Se tanto nessa vida quis amar A quem jamais amor me deixaria Buscando na saudade meu mote Cantando tanto amor a cada dia... Nas ruas e caminhos onde passo, Procuro teu amor mas jamais acho, Vivendo deste sonho nada trago O coração desaba rio abaixo... Menina que queria se casar Estou aqui na espera nada vem... Amor sem ter amor como é que dá? O coração capota e perde o trem... Não falo do meu sonho de menino De ter toda a beleza que quiser Apenas vou cumprindo a minha sina Vivendo toda a vida como der... Tu dormes não me escuta o quê que faço? Acordo de manhã procuro o colo, Encontro meu desejo mais calado Falando desse amor eu já me enrolo... E calo se não deixa mais em paz Amor quis ser amigo e deu no pé Agora não tem rastros que procure Já perco as esperanças pouca fé... Já desisti faz tempo desse amor Que nunca veio a tempo de salvar Minha alma que vagueia pela rua Aquela que eu mandara ladrilhar! X amor quando ruge se insurge feroz traz cheiro de morte se sorte acabada terminando em nada fugindo veloz prá não voltar mais causa dor atroz... amor que podia trazer um pouquinho de felicidade mas traz só tristeza quebra fortaleza arrebenta o ninho matando depressa pobre passarinho... amor que se preza faz lua do dia mostrando o sorriso e toda a vontade de ter novo canto viver tal encanto total fantasia meu mundo de paz de pura alegria... amor vai dolente mexendo comigo sonhando meu sonho abraça e carinha amor de delícia precisa carícia esquece perigo amor que não medra amor tão amigo... por isso querida te quero bem perto amor vai depressa nas asas do vento amor me conquista depois dá na vista vagando deserto procura um oásis: coração aberto! X As ilhas redondas Atóis e corais Amor peço paz A paz que não vinha Mas vinha meu sonho No sonho que tinha Amor tão risonho Risonho me dei Dei tranco na sorte Na sorte que temo E tremo sem cais Amor quero mais Mais sempre negaste Negaste esta porta Que aporta fechada Fechado meu peito Sem ter teu amor. Amor que não quero Se quero não vejo Mas vejo o desejo Desejo de paz Da paz que sabia Tão sábia escondia O dia que canto No canto que trago No trago cachaça Amor é fumaça Fumaça cigarro Se agarro não solto Se solto revolto Nessa ilha redonda É redonda essa ilha E traz ventania Venta poesia De noite e de dia Do dia nessa ilha Nessa redonda ilha Minha redondilha... X Dançando na noite Sabendo da sorte Amor peço o norte O norte que tinha Mas nada dizia Amor que sabia Que amor nunca vinha Amor que se aborte... Vencido na noite Por tempo que quis Viver mais feliz Mas nada me trouxe De tudo que sei A vida esperei Amor agridoce Em pobre matiz... Querendo essa noite Que a vida decora Sabendo senhora Que não voltará O tempo passado Vivendo a teu lado Ventando prá lá Amor vou embora... Buscando essa noite Que não mais espero Amor quando fero Machuca quem sonha Sabendo saudade Sem felicidade A dor tão medonha No fundo, venero... Mas tramo outra noite A pleno vapor Vivendo sem dor Trazendo esperança Que sabe o segredo Amor veio cedo Ficou na lembrança A noite de amor... X Vamos sair pelos bares, luares e mares, dançando e roubando As estrelas, morrer de rir. Se não ligo me ligo te atiço, no viço me atrelo e castelos e fadas Terminam dançando em motéis. Nos céus e nos pés as asas sem freios, receios, nos devaneios... Terminam nos seios da paz... Vamos nas chamas, nas almas, nas camas, lamas e nas tramas... Estrelas dançando com seios expostos. E postos nossos desejos nestas ondas. Os gostos confusos, sabores profusos, Sem fusos, horários. Apenas marcas que cismam em latejar. Amas a noite e o cais, amar peço mais E mais e mais, até jamais. Nos filhos que faço, aço e traços de delicada noite. Não se grita nem se gira, nem tortura Atira, me agarra e a noite fortuita e quase vã Termina num quarto qualquer, Na chama e na fumaça. Que vem dos cigarros, Das mansas maçãs que beijo e acaricio. Vicio e propício aos precipícios, mergulho... Nas ondas e nas fundas abissais. Dos abismos quero mais Quero mais Quero mais Quero mais. E a noite recomeça... X Tanto mar Tanto mar Te darei tanto mar Se deite Que tenha tanto amar Aproveite e aceite amar... Molha o mar Lambe o mar E deixa vir esta onda E acate Que venha tanto mar Acate e aceite o mar... Tanto mar Tanto mar Te darei tanto amar E acate E aceite tanto mar Me aceite, receito amar... Salgue e receba do mar Meu mar e no teu mar Ondas entram mais Venha Que eu te vou Meus mares das Gerais... X Ame Que a dor é tão moça Que amor é tão triste Que a vida é ilusória Que o tempo é promessa De um dia feliz Mas jamais , não se esqueça do canto. Que tramando as verdades, sonhando, Nos trará outros dias de encanto... E somente vivendo e amando Nós seremos, quem sabe, felizes... Ame Que amor é tão moço Que a dor é tão triste Que o tempo é ilusório Que a vida é promessa De um dia feliz Mas tramando as verdades, no canto, E jamais nao se esqueça sonhando, E trará outros dias de encanto Nos, somente, vivendo e amando Nós seremos, quem sabe, felizes... Ame que o tempo é tão moço que a vida é tão triste que a dor é ilusória que amor é promessa de um tempo feliz... nos trará, nao se esqueça do canto e somente as verdades sonhando mas tramando outros dias de encanto nos, somente, se esqueça sonhando... nós seremos, quem sabe, felizes... ame que a vida é tão moça que o tempo é tão triste que amor é ilusório que a dor é promessa de um tempo feliz. X Coração acumulando as dores Flores olores amores e sonhos Tem tudo que se quiser Farta fé e felinas unhas. Garras e desejos Dentes dentaduras, armaduras E carinhos. Suavidade e ásperas amarguras. Tem as branduras e ternuras Que prometem os meus mergulhos Em mim mesmo, Sem medo Sem cismas Sem imãs, Sei acidez e doçuras. Tem muitas saudades Até do que não veio Do trem perdido em Minas E das minas perdidas, lá tem. Tem o gosto dos rios O vazio das montanhas Um monte de bugigangas Jogadas no porão. Por anos e anos Perdão. E castigo... Se quiser tem também o vazio E o frio que nada mais esquenta A não ser o beijo do meu amor Que quem sabe virá Ou já veio Ou nunca chegou. Apenas está aqui. Pronto para ser doado. Cabe o mar, Bate mar Bate amar... X Onde Você não poderia ver A mente se apóia O corpo que adora Girando sem paragem, sem tempo Saindo de dentro de ti Sem timão, sem termos E sem términos. Tórridos desejos São formas e forros Doas e recebes as sebes E os sonhos dos mesmos quilates Que latejam e suam Assomam e mordem Acodem e acordam; Atravesso fronteiras Cerrados e luas E vejo-te nua deitada. Seios e dentes à mostra. Maravilhosamente na expectativa Do mar, do mar de Minas Que, Carlos não sabia, Nunca deixou de existir. Nem de viver Ou sonhar Apenas é preciso viver Viver e navegar. Pelas entranhas da terra Por sobre essas serras Os montes De Afrodite Que, não duvide, Guardam os orvalhos do amanhecer. Águas salgadas roubadas dos mares Mineiros e mistérios. Tocando os olhos Com os lábios E amanhecer os sonhos... Mares e montanhas Serras e cerrados, Sertões e serenas Cerejas e amoras. Da manga rosa Da rosa manga Amor não manga de mim. Se eu sou assim, É por que em mim. Guardo o mar que não há, A não ser em mim. Mares gerais... X Tempo chegou Tudo rodou Passou o tempo Em contratempo Tempo voltou E fez do tempo O tempo inteiro Buscando o termo Mas tou feliz Neste ano novo... Se nada sou Se somo nada Se nada temo Se cimo tenta Se tento cisma Se vejo o nada Se nada avisa Se a brisa sou Nada abisma Neste ano novo. Se valsa nada Se nada avança Se tempo amada Amada avança Na dança atada Atada essa asa Casa aberta Alerta e fogo É novo jogo Neste ano novo... Ano não passa Passas a vida A vida caça E se esfumaça O canto, o carma E no canto arma Arma não alma Ama não calma Alma me chama Neste ano novo... X Girando nesta mesma esperança Pense no que vier, se quiser, Fazendo com fé todo o seu amor. Girando desta mesma esperança Seja o que vier, onde quiser Trazendo com fé todo o seu amor.. Girando na nossa esperança Tenha o que vier, se me quiser Amando com fé o meu amor... Gritando essa mesma esperança Venha o que vier, como quiser Tramando com fé o nosso amor... X Meu passos que sem rastros não guardo Senão da nudez e das nossas noites E senzalas da alma. Sonhos expostos... Busquei o teu sol e tua lua Andavas nua pela sala E minha mansidão Em tua loucura E meu desatino Na tua calmaria... Onde passo se não me lembro? Só sei de tua nudez e das nossas noites E belezas da alma. Roupas jogadas... Encontrei teu mar e meu rio Andavas em cio pelo quarto. E minha mansidão Em tua loucura E meu desatino Na tua calmaria.. Havia a promessa Inevitável de uma felicidade Imensa imersa em nós mesmos... X Alma. Quero tua alma desnuda sobre a minha, entranhada, estranha mas atada Alma toda, tocando cada centímetro, osmótica, orgástica. Deliciosamente orgânica embora extra corpórea Corporação, composição. Com posições e variedades de sonhos. Estanhos e formas. Fornalhas e desejos Seixos e sombras Sobra sombrias vagando E penetrando, Tocando cada vez mais fundo, Mistérios e maneiras Esmos e espasmos... Te quero alma Corpo Ânima, sangue e prazer. Rompantes e delírios Seios e mansidão Alma Quero alma carnívora, canibal, Exótica, explicita,. Cama e carmas, conexões e outros fios. Que nos ligam aos extremos. Estréias e renovações Deitada no meu leito, peitos e pleitos. Espreitas. Aceitas o amor de extremos e das entregas absolutas Que tragam a lúcida loucura e o desejo inesgotável... De rompantes e repentes. Te quero amada Armada até os dentes Ate e derrame Méis e mãos Plurifacetária E cármica. Tenho mares E quero tuas marés, Ondas Ânsias e sorrisos Sons e tons Diversos... Nos mesmos prismas E tramas que se explodem nas cores e nos acordes e nos cordões. Acorde e vamos Buscar a madrugada Beber até a última gota Que nos cabe De nossa almas. Carnívoras.... X Se tens outro amor que sejas feliz,. A cicatriz que ficou é minha Assim como o paladar que resta Da festa mal curtida Da vida mal amada Do vazio que levo e do nada que dás; Na paz esquecida que deixaste Faço o verso que trama Uma história vindoura. Neste ancoradouro que formo Se te informo e me deformo Me conformo e me mando. Mesmo amando, sem comando. E que se dane teu novo amor. Desamor e cicatriz... Vaso partido e colado com cuspe As cúspides e os Cupidos. Que entupiram minhas artérias As velhas e caricatas ilusões Que os porões guardam. Carregue para o teu novo amor. E seja feliz. X Nunca! Lugar que não existe e não freqüento O hoje é o nunca de ontem E amanhã? Quem sabe... Virei ou virás sem lei ou em paz. SEM NUNCA. A nuca exposta, a boca aberta Alertas e maciez. Do nunca se fez O que trama essa vez; Agora te quero Macia e vadia. Dia a noite Noite no dia... Poesia. Mas não quiseres, que posso fazer? Volto ao nunca, e nunca mais Teremos outra oportunidade... X Quero o mergulho nas pedras Nas pernas e nas guias. Quero viver tantas alegrias E fantasias que não medras. Que não temas e que queima E forma cicatriz. Ser feliz é ser completo Vivendo cada cicatriz Sabendo que o bis Da vida é bisonho Embarque no sonho E não temas o que virá. O ar que se respira Transpira e me atira Direto para os braços Abraços e laços Que nunca se embacem E não deixem de marcar; Ar e ar amar arder e Refazer, do regato Ao mato, com lua ou nua Crua. Flutua. E chama para a terna idade Do amor. Que na eternidade Se formou. Quero o teu gozo No gozo que levo. Que sempre me lava E me leva consigo. Prossigo nos ócios Nos cios e nas noites... Camas e chão Quem sabe quintal? X Quando achava que sabia de tudo, vi que nada. Nada sabia mais Sentindo teu toque vi que tudo renasce no toque. Toque do vento, da voz, das palavras, do mundo e do mar. Toque da música, da canção, do canto do encanto Do toque do sonho que não vai permitir que nunca se saiba. Não vejo mais medo segredo degredo enredo desenredo. Vejo desejo arquejo versejo beijo e sexo. Cadê nexo, complexo? Só côncavo, convexo e carne. Acidez e agudez da carne, armada e desejosa. Do cerne da rosa, da borboleta, do cometa que cometa A loucura que salva, que selva, que preme e que lume Sem treva, com trova sem entrave. Que se lave e que me leve nas lavas Nas almas Nas chamas Nos cajados Nos olhos mareados E corpos marcados De sol e de sal Do sal da alma. Que nunca acalma Apenas trama E espera a vinda Do novo e renovado amanhecer. Prezes o prazer e Veja a maravilha de não ser ilha VIVER! X Luz que me trouxe no dia daqueles mais escuros Onde a vontade de saltar e voar sem ter asas Por sobre tendas, casas, montes, tua casa, teus muros... Assaltando quintais, fornalhas, curvas e brasas. Embaralhando sonhos, pernas e destinos. Dos cardos esquecidos e das rosas espinhosas Nas bocas já beijadas em mantos assassinos Fazendo o medo desenredo e tramas vaidosas. Tantas escoras Nas vidas que se embalam, vou e volto. Deixando tantas fotos nas gavetas, no passado, Jogadas nos arquivos da memória, nos guardados. Nos guardanapos carmesins, batons revoltos. Mas tramo nossa luz nesse quarto onde estamos, Cravando meus dentes nas costas mais arfantes. E vivemos da nossa sede que tanto tramamos, Com prazeres nada sutis e mirabolantes. Rasgando os nossos céus sem ter galopes e pés. Deitando nas nuvens, rubras e esfuziantes, Sanguíneos desejos encarnados, carne e fés. Minando aos poucos as defesas de bem antes Minhas demoras Nas dívidas que se pagam, sou e salto Rasgando essas fotos de gavetas, sem passado. Sem arquivos e sem memórias, dane-se guardados. Os guardanapos queimados, sem sobressalto! X Venha Eu quero na nossa dança De tanta dança Cansar. Eu quero na nossa trama Deitado na nossa cama, Te pedindo pra dançar Que a noite avança A vida passa E a gente dança Se de amor não dançar... Venha, Deixa essa porta aberta A noite é sentinela A lua testemunha Eu te quero tão alerta Porta e alma, vida aberta. Prazer. Eu quero no nosso jogo Nossa brasa nosso fogo Que a vida é logo E a gente sem rogo, Se não de amor, me afogo... Venha, Coberta quente Noite fria Rolando nessa dança Que trama tanta dança Perna com perna se trança E trama tanto desejo Roubando em cada beijo Os uivos na madrugada Se amanhã vem o nada Que o nada venha enfim Que o mar todo guardado Eu te nado Dentro em mim... X Não ligue se essa tristeza Resolver te provocar A vida não traz segredo, Deixa esse amor te levar.. O futuro sempre é duvidoso Não preocupe-se com isso, Amor é sempre tão vaidoso, Não vale sofrer nem preciso... Mas traga sempre esperança Esperança meu amor. Quem sabe viver é agora... Rodando nas nossas tramas Vivendo só por prazer. Acendendo novas luas Sabendo que irás vencer. Não creia no que te prometem Nem búzios nem no tarô As ondas não se repetem Nem acredite em amor. Mas traga sempre esse sonho, Sonhar é bom, meu amor. Não deixe a vida ir embora.... E rode nessa balada Que vem de tudo ou quase nada Trazendo um sonho de valsa Na dança que noite avança. E pára sem que se prometa De todos esses nossos medos, Amores que a gente cometa. Que para sempre serão segredos... X Salve esta noite, onde busco As bruscas e vadias sensações Do nada, das horas passadas. Em busca do coração Tão solitário como o meu. Que me queira então Nem que seja para nada Juntos neste nada... Respirando o nada Amor e janela Salto e mergulho.. Camas, pernas, cheiros Mas depois o nada, simplesmente vazio. O cio passado, A roupa no chão Janela aberta Convidativamente Nada faço,, Nem disfarço... Retorno depois ao vazio Do vazio que ao vazio Prometera. E penso na tua boca salvadora E passo a te amar.. Amar, amar No desespero atroz Da noite vazia Em busca do nada. X Trazes a luz, e que luz. A luz que não suporto A praia que me faz culpado Destes dias em solidão, louco... Não passo mais sem medos Coração se trava As traves e trevas são músicas... Que se dane o rumo O prumo e desaprumo, tudo esgotado... O canto não vale mais o sonho... Agora simples sal, amargo Amor queda-se cão sem dono.. E me trazes a luz.. Para quê luz? A luz que não agüento, Queimando e me expondo, Restos e mortalhas. Lutos e sombras... Sobras. Que mal te fiz? Trazes a luz... Quero o fosso, a fossa, o fóssil; Coração indócil, transformado em nada. Triste paraíso... Não preciso desta merda de luz! Já te disse! E insistes na luz, podre luz, pobre de mim... Vísceras expostas, distante e tão perto. Cativo de mim mesmo, autofágico. E trazes luz... Resta o gosto do lixo No luxo da alma Que se devora, Nua e crua... Colocada no palco. Entre sangues e pudins... Devorados. Mas , o mais belo de tudo É que eu te amo... Amo e desesperadamente Temo. Amor, me devolva a treva E jogue tua luz no ralo Minha alma é buraco negro.... X Amor não traço sabendo desta trama Nunca foi isso o que eu esperava No fundo não percebia a mágoa Que simplesmente o sim negava. Mas a navalha que penetra na carne Expõe os nervos prontos para a sangria Em cada beijo, a certeza do tapa. Mas não sofras mais Resta muita coisa. Tenho alegrias nestes corte, riso e sorte; Até a própria morte, suporto. Porto forte, vaso quebrado E pronto para o esterco... X Neste amor que te desejo Eu sofro tanto E não posso mais viver Sem teu encanto. Te quero, amor, Não quero mais sofrer Mas não me deixe mais. Te peço. Mudo o viver Solto o pensamento Te carrego comigo Eu te farei mais feliz... Eu só te peço querida Tua honestidade. Se não tens mais desejo Quero viver Senão, estou perdido... X Quando o vento venta lá Vento também venta aqui. Sintonia vai pelo ar Da forma que concebi. Versejando noite e dia Dia e noite versejando Na completa sintonia Estou te sintonizando. Minha luz sem luz não brilha Minha trilha é tua luz. Todo amor que maravilha Noutro amor se reproduz. Então minha bem amada, Tua, minha, nossa estrada! X Meus olhos estão vagando Procurando teu olhar Que está sempre lumiando O rumo que quero dar Debaixo deste luar. Tantas ondas me pegaram Na areia deste verão Me feriram me pisaram, Maus tratos ao coração Das ondas da solidão. Fiz meus versos nos caminhos que tanto quis e não tive meus barcos pequeninhos trazidos lá de onde estive. Tanta saudade se vive! Meus olhos que se plantaram Nestes jardins sem ter flor Os campos que já se aguaram Tanta lágrima de dor. Brotaram no nosso amor... Desenho nosso desejos Nas nuvens que vão passando Os cantos nos meus versejos Aos poucos se transformando Nos beijos que vou te dando. Amor não pode tristezas Nem tampouco sofrimento. Dessas tuas incertezas Vai nascendo meu tormento Coração batendo lento... Mas te quero mesmo assim Não temas pelo futuro De tudo que tenho em mim Mesmo neste mar escuro, O meu amor que é tão puro. Pois venha sem temer nada Pensamento em liberdade Venha minha doce amada Pelas ruas da cidade Matando a triste saudade! X Cantando minha canção Que fala do nosso amor Procura pela emoção Pelo perfume da flor E tantas vezes se esquece Que tanto amor tenho aqui Da vida que se oferece De tudo que já perdi. O manso correr do rio Entre pedras, cachoeira, O peito outrora vazio, Na procura de uma beira, Encontra nessa viagem, Tocando na sua margem A tua imagem, tão boa, Invade e forma a lagoa... X Perceba nosso céu tão constelado, Perceba nosso amor, mansa cascata. Perceba a nua lua, mar de prata. Perceba todo o mundo iluminado! Perceba como Deus apaixonado, Nos trouxe a maravilha desta mata. Perceba que a pupila se dilata Na troca deste olhar apaixonado... Perceba refletir fosforescente Nas águas teu olhar tão reluzente, Estão plenas de lumes, de ardentias. A lua se repete, tantas fases, Perceba como amor repete frases, A vida se reparte em alegrias! X Amigo eu não te peço canto. Nem ao menos estar contigo Apenas saiba dessa dor Que vez ou outra faz meu frio. Na minha barca uma esperança De ter a vida em paz, carinhos. Mas nada mais me restará Senão a viuvez dos lírios. O sol não me trará mais luz. Dessa certeza eu não nego. O mar que me invadiu sem praia Fazendo do meu sonho, servo. Mas tenho as minhas mãos cansadas Nessas tantas preces já feitas Esperando em vão pelo dia De ter enfim as luas cheias... Procuro pela minha amada Esperança não deixa rastros, Nestes meus sonhos resolutos. Todos pesadelos fantásticos Amigo eu quero uma acolhida Senão em pouco tempo morro, A corda no pescoço; sinto. Não quero mais amor tão morno. Eu quero a minha sede tanta Nas bocas que se deram tontas Nos sonhos que não deixam marcas Tristezas se confundem tantas. Muito obrigado meu amigo Por ter escutado as palavras Pois nelas precisei coragem Para desabafar tais mágoas X Eu quero teu amor aqui Tão ternamente no meu colo. Transbordando uma esperança Na qual eu mergulho e consolo. Quero teu amor nestas flores Que brotam em meus jardins tão plenos. Meus olhos sempre procurando Por teus olhos mansos, serenos... Quero te contar de onde vim Palavras que transbordam mares Em todos os carinhos sinto A doce mansidão dos ares... Nos signos, nas cores, na sina. Vivendo na espera da sorte Que te traga sempre querida, ‘Té no final, na minha morte... X Eu te peço alegria deste canto Que nunca mais se cale essa esperança Trazendo todo esse encanto Qual meu sonho de criança. Eu te peço perdão pelos meus sonhos Eles são soberanos, coração. Vindos d’alma são risonhos E plenos de uma emoção... Eu te peço querida, por luares Pelos olores todos desta flor. Invadindo tantos mares, Conhecendo, em ti, amor... X Não quero mais um inverno Que me traduza saudade Meu amor se for eterno Viverei eternidade; Mas nada mais que enlouqueça Que a dança que te propus Não sai da minha cabeça Reflete tanto esta luz. Que espelhando o meu desejo Tramando nestas areias Seja meu salgado beijo Na maciez das sereias. A noite traz essa lua Que guarda tantos segredos Da mulher tão bela e nua Dançando nos meus enredos. Gerando os filhos que trago Saídos da fantasia Nas horas mansas de afago Derramando poesia... X Nunca mais eu falaria Do vento que me levou De tudo o que me restou Na curva que não faria. O tempo que se passou No sonho do novo dia. Dia que trama futuro Em marcas do que passei. No mundo que já sonhei Porta, sala, quarto muro, Na saudade que carrego Desse beijo que procuro. Mas nada vejo. Ninguém Amor que talvez exista. Tristeza que não insista Senão eu chamo meu bem. Depois vou dançar na noite Que a noite mansa já vem... X De todas as distâncias que trago de mim mesmo, O que me consola é não ser veloz. Minhas asas quebradas há tanto tempo Trazendo as certezas da morte que me avisou. A velocidade da vida me pegou de surpresa E presa da inevitável vontade de voar, perco os sonhos. São meios de fuga e de fingir a mim mesmo, Uma tal felicidade que não disponho... Tenho o meu próprio drama, que não compartilho E nem divido. Nem comigo. Essa melancolia é vital, Assim como o ar. Mais que a própria vida... Seguindo os meus passos no dia a dia. Sou eremita por opção e vocação. Cultivo isso como as margens do rio que, Raramente, transbordo. E muitas vezes me arrependo. Outras não. Algumas vezes até sorrio. Mas o sorrio efêmero que não permaneceria nunca. No rosto exposto às cutiladas e incertezas das manhãs Tantas vezes ansiadas e adiadas. Sou a ausência do que não poderia ter. E gosto disso. Na certeza de que passarei pela vida, Assim como vim, oco e inconsistente. A sombria sensação do vazio e dos medos. Eternos companheiros que são inerentes. Mas amo a vida, principalmente sonhar. Deles alimento o outro que convive. Se embriaga e dança, e sorri. Vai a esmo dentro de mim, Assim nesta dicotomia. Eu te amo. Sinceramente Na festa que veio No riso e na dança Na noite e festança Que avança e não cansa Total alegria Nesta fantasia Que sempre balança Amor que completa E sabe que insana. Das noites passadas Nos beijos trocados E dos medos fingidos Sou tua metade Que nada, não arde Apenas te cura. Vivendo a poesia De tal fantasia Quem sabe um dia Seremos felizes? X Na tarde tão divina e rutilante, Os brilhos se misturam com as cores... Aberta sobre o mar, ó bela amante, Os caminhos das nuvens e das flores Definem tal beleza, delirante! Persigo teus pendores, onde fores, A vida se transforma neste instante! As tuas mãos morenas, meus amores, Deslindam-se na tarde delirante! Nas praias, clara areia, mansas ondas, Os medos se tornaram fantasias... Nos leitos das amantes, tantas rondas, Em cores milagrosas, primavera... Nos sonhos e nas conchas, melodias, A vida não permite tanta espera! X Não tenho mais direito A ter o meu conceito A noite se renova O tempo se comprova Nas mesmas vãs idéias. O tempo que me acorda Tramando nas esquinas Tratando-me qual bicho Sou peça de museu Que sempre foi tão tua Sorvendo minha cara Não valho teu respeito Estampado na camisa Bem perto do meu peito Um simples objeto Abjeto sem sentido Sou tanto descartável Sem rumo sem guarida. Não quero teorias Nem teoremas, Se tramam fantasias Eu faço meus poemas Exponho em poesia A minha solidão Que é minha e sem cuidados Não quero mais a fuga Nem quero ser refugo Apenas nada julgo Nem jugo, quero ter. A minha casa é quando Às vezes não sei onde Montado em meu cavalo Espora o tempo traz Mas vejo tuas unhas Tentando ver o peito Que sempre vai aberto Alerta e sem rumos. Nas marcas que dás Perfeita cicatriz Nas unhas entranhadas Por certo, ser feliz. Mas quero nessa noite Em êxtase dançar Sem ter mais um estase Sentindo meu prazer Voando pelo espaço Nos braços de quem amo E quem quiser me amar... X Meu pensamento Traçando um dia Meu sentimento Que te pediu Um tal segredo Que não se fez Meio de banda Que nunca mais se viu. Agora eu vejo O manso beijo Que dei no fim Quase tropeço No meu desejo. Como ficar assim? Se mais desando Nunca fui tanto Meio desando Mas não vou achar. Sequer a fresta Do que não resta Se tanto bem Irei procurar Nem mais eu vejo Se te desejo Não será meu fim Ao mesmo tempo Se me protejo Vou me perder de mim. Agora a tarde Me traz saudade Vou tão vazio, Nem conhecia Quem me beijava Já não queria, Senão meus restos, que vão expostos. Agora eu sonho, aquele sonho Te afastou de mim. Era o começo do que não tenho E me perdi no fim. O teu amor, Vago e distante E tão mutante Não me deixou saber de mim. Mas faço o tempo Viver do tempo Que tanto tempo Existiu em mim. E não mais restos que são propostos Tramo os risonhos, sei que risonhos, Encontrei em mim. O recomeço do que proponho E vou até meu fim. No teu amor, Vago e distante Que foi mutante Agora calo, sempre que falo. Do mesmo tempo Vivo no tempo Que sem ter tempo Resistiu enfim... X Na lâmina suave com que cortas e me entranhas Nos versos gelados e frios que saem de mansinho Com as penugens podadas, do coração. Na lâmina breve com que sonhos se cortam E se abortam faço minhas rimas sem nexo. Queria apenas o descanso suave do colo Que nunca viria, nem nunca virá. Queria o mundo que jamais seria meu. Imerso em detalhes. Corsário, sem rumos. Sem prumos ou primas. Vacilo e não ando Desando. Meu andor é de barro Meu mar é sem praia Na areia me perco. Depois desta ceia Desato meu mundo Que gira e não trama Apenas sei lama E nada me guia. Mas amo meu mundo Sem mar e sem lodo Em mim mesmo afundo O mundo que fio E vou sem pavio No frio da noite Que como um açoite Me diz: és feliz. Tal credo me ilude No medo que pude Conter nos meus olhos As lágrimas a mais. E amo, te amo, nas ânsias da vida. Que trará vida No seio da morte. Amor boa sorte Que a minha perdi... X Eu quero teu amor de manso porte, de traço forte E rima dura. Amargo mar que trago sempre. Independentemente do que se forja. Amor que no alforje da vida carrego. Com gosto da mortalha e da navalha. Amor que procrie o sonho sem traumas Nas calmas das noites, avermelhadas luas. Andando nas ruas Nuas criaturas que crias. Minha poesia, se for poesia Se chama e se trilha. Nas bocas que beijo, Amores, desejos e nada de sonhos. Eu quero teu amor de rumo norte, sem morte E noite calma. No doce rio que mato sempre. Insatisfeito e intransigente, se renova. Amor que no embornal da vida não veio. De teu doce seio, um veio de vida. Audaz, repartida em sóis que não sou. Eu ando nas ruas Sem olhos a mais, nem trilhos. Sou lento e sou calmo, Não tenho mais dentes, Urgências de vida Ficaram prá trás. Eu quero teu amor, de maneira sutil e inevitável, Multiforme e, ao mesmo tempo, oásis. Quero teus olhos, que não são mais meus. Não vejo outra sina senão a que rima Palavras ao vento, se sou sentimento. Imerso em mim mesmo, eu sei não virás. Minha amada Que a vida me deu Amor todo meu Que nunca se engana Não cobra e não sobra Nem cobre nem sobre Apenas vagueia... X Nas noites que rolo pedindo por colo Me esfolo e não podo meus sonhos vigentes Se temo ser pente serpentes que temo São tão simples mentes quanto simplesmente me faço. Na ventania que tramo meu dia, Sem ter poesia, se cria e se cliva Do manso declive que me leva Sem medo à cama que chego. Deitado contigo não vejo um por que. Se treino viver, não temo contigo, Vou livre em meu vôo, nascido do vento,. Viver sentimento que tanto quis ter. Agora, não falo se embargo meu peito Se tenho um defeito maior que viver Apenas não traço, amor em pedaços Se quero os teus laços, amor não vou ter. Amiga não traga os olhos cansados, Meu braços são fardos, pesados e duros. Amor às escuras, espumas e escunas, As pedras, as dunas, são meras formalidades. Eu venço meu ranço meu ronco e meu flanco Que meio de banda pesando às extremas. Amor se não gemas, a cama não quebra Amor quando pedra, se faz valentia. E caio em teu mundo, Sem ter o que cria Sem criar o que via Se havia ou não tinha Se tinha meu eito Aceito o estio, O tempo é pavio A morte re vela Na vela que trama Os barcos que tento Que invento num mar Que não vou navegar. Apenas ilhado, Sou fado só fado Safado o destino Que trouxe o menino Que o peito matou... Mas venha querida Que a noite é vadia E toda vazia se cria e se fia Esperando o dia que um dia virá. X Se queres minhas chamas ou delitos Não temas minhas noites de neon. Eu não vou querer a porta aberta Apenas nunca troque a fechadura As chaves que se encontram nestas pencas Se não servirem pelo menos adivinho. Mas vou mergulhar apenas na lagoa Que se remansa e nega tsunamis. Arames farpados no caminho São travas que não quero suplantar. Tanta coisa acumulada pela vida Nem menos eu consigo me esconder Os escombros não permitem mais a vista Revista e desisto deste muro. Escuro que não posso suplantar. Agora, minhas noites de neon, de dança De promessas e primícias, são farsas Que não faros nem tu faras, apenas não consigo farejar. Se seios ou não sei-os, os receios não cabem A quem sabe navegar. Amada vem que a lua se promete Remete ao meu sertão, à vaquejada e, Apara quem tão clara e raramente Se sente com vontade de voar. Não pio nem meu ópio é contrasenso Imerso em mim mesmo, não me curo. Se atípico, afásico ou afísico Sou tísico e não quero mais a noite Que não seja simples noite de neon... X Sem comparsas, esparsos meus versos Se soltam e, soltos vão aos ventos Ventos e versões dos veros verões Que viram mas não virão Até por que se viesse não seriam meus versos. Seriam inversos, diversos e reversos da medalha Que não falha, se atalha e se embola. Liberdade e ansiedade Voam pela cidade Pelo que não viria E nem seria Seriamente a mente que trama As formas e as reformas Que bastam ou não Que seguem sertão ou cercania. Meus versos são indomáveis E são indômitos Não admitem vozes nem trâmites Se omito ou exagero Se minto ou se fero Tempero a meu gosto Ao velho agosto Que tem o meu rosto Neste espelho Que, multifacetário é o meu. Mel e melaço, aço ou ação. São as palavras das lavras que crio. Meus filhos são tortos ou até natimortos. São meus. E que se dane se vierem da maneira que vierem Não quero o prazer nem o medo que espane. Quero o meu próprio rastro, meu lastro e a fé. Se manso ou remanso. Se traço ou se tranco Barranco ou buraco. Eu mesmo me ataco E sei se sou fraco ou fiasco. Não guardo nos frascos os versos que sangro. Orgásticos ou quiméricos São febres que tenho. São vermes que expilo. Palpito ou explícitos Sem ou com tétricas Métricas ou matizes. Palavras atrizes escorrem na pena Se a cena ou não. A vistoria da alma Se faz pela palma Se nada me acalma Não calo essa voz. Amiga ou atroz Mansa ou rebelde De vida ou de morte Azar ou de sorte. Azar o meu! X Eu nunca quis te dizer Se tudo de melhor em mim Eu deixaria por fazer Ou talvez pedisse estar Dentro ou não em mim. Não vou mais saber. Plantarei neste jardim O que sempre quiser Deixa o tempo rolar Todo canto vai assim Nos sóis não sou nem sois Somos átomos Atos e tomos Temores e tempestades Que não virão, Ou se vierem São claridades Que em quantidades Mostram os dentes Das saudades Do que nunca seria Mais um dia de amor... X Meu amor Que procurei Nas luas e no mar Na constelação Fui perceber Trama tanta dor Eu fui saber Mas vi que amor Difícil de encontrar Existe em algum lugar. Sem amor Onde irei saber Ninguém verá passar Andando só Nada posso ver Que viver é melhor... Não veja em mim Sou simples fim Tão longe do luar Onde nada mais há Nas ondas deste mar, O mundo em mim Onde nada natural Possa existir. Nem sei. Se pode resistir Se pode existir o meu luar. Sem senão, Não posso mais lutar Não vejo em mim. Um coração que especular Desarma e não sangra Sabendo enfim Batendo sem parar; Não sei Como voltar Mas não virei Se não mais luar Omito, mas se assim, Se eu quiser Sempre sem depois O que teve um fim Nem sei dizer... X Meus olhos iam sozinhos Embrenhados nestas matas Vencido por essas ondas Das terras que sei; tu andas, Mergulhando nas cascatas. Nascendo a boca do sol Vermelhidão que me esquenta, Do rubi ou framboesa Nada mais que pura brasa No beijo que me ensangüenta. Os olhos roubando a lua Mais diamante e cristal Que trazendo tanto brilho Na cupidez tanto cílio Beleza fundamental. No desenho que te traço As faces belas maçãs Deste vermelho rosado Na maciez feito pães, Do brilho recompensado. As curvas do teu cabelo Nas ondas que me perturbam As tranças tramam desejo. No retrato se vislumbram A marca de cada beijo. No batom que me emprestaste No beijo que tu me deste Guardado na minha boca Nem água, quero beber... Essa saudade tão louca Que não pára de doer. X É companheiro! A vida apronta das boas Entre as mil e uma mordaças e pirraças Da sorte. Malditas as horas que se passaram Solitariamente sem nada pra dizer. A não ser o de sempre: Bom dia, boa tarde; dá licença... As bocadas do tempo emagrecem Cada vez o tempo de chegar, E nada de chegar. Nem curva nem estrada. As asas estão quebradas E o tiro de misericórdia vai ser dado A qualquer momento. Amar, amei, levei uma coça e tranquei Coração tá bem guardado. Desse mel, as abeinhas não bebe mais não sô. A viola vai estradeira e lueira Fazendo serenata, mais pra móde inganar Os tropeço da saudade. Senão era revolta e nada mais segura. Amigo; tantas vezes a gente esquece E finge que nada vai acontecer. A não ser a velha estrada entupida Que toda esburacada inda cisma de seguir. Puxe a cadeira, vamos conversar. Sei que o tempo procê também não foi bão não. Mas pelo menos não deu canseira. Eu vou liso e leso, sem as fornaia do peito Atiçando o fogaréu que num pára. Tome um gole comigo e vamos pelos caminho Que pode dar um pouco de alento. A tarde já vai terminando E vamos embora antes que a lua Matreira resolva me pegar desprivindo. Aí, toda essa ladainha perde o valor E vou de novo nas pegada das morena bonita, Dos rabo de saia e ... Adiantô chora mágoa cocê? X Um mote mais delicado Que fale deste caminho Rotulado coração. Que vai e vem Bate e desarma Capota. Quero tuas esquinas Nas minhas retinas Cansadas do vazio. Que vai e vem Some e desama, Esgota. Quero o teu cheiro Da terra molhada Do mato pisado Nas curvas do meu caminho Onde deixei os potes De mel, aguardando teu gosto. Teu rosto, meu mote; Que possa falar ao teu coração... X Quem me levará de mim Quando a saudade bater E nada mais me deixar A não ser um gosto assim Meio doce, do prazer, Que em ti irei buscar. Deitado na minha sombra Eu descanso um velho peito Cansado de batucar, No fundo nada me assombra, Sei que não tenho o direito Mas tento enfim, tanto amar. Equilibrando o que soma E o que tento dirimir Encontro nossa verdade Grudada qual fosse goma Do jeito que pedi vir Sabendo felicidade. Te peço, então, companheira Que, antes que esse galo cante, Não mais negue nosso amor. Maçã pode ser inteira Que nada mais nos espante Senão o medo da dor. Meu peito dura por certo O tempo que te encontrar Nas horas todas da vida. Depois de saber deserto Encontrei meu verso ao mar Salgado em minha querida... Vim das ondas destes ventos Nas costas deste corcel Que me embrenhou no sertão. Todos os meus pensamentos Passando pelo teu céu Morrem no teu coração. Empapuçado de mel, Transbordando de emoção... X Canto meu canto sem pranto No risonho bem querer Amor demais eu me encanto E canto amor pra valer Sem saber se amor me mata Se me cura ou me maltrata. Fiz meu barco na esperança De encontrar o teu mar Amor viveu da lembrança Se lança, não quer parar. De tanto quanto me espanto Tanto amor quero em meu canto. Nos olhos que não te viram Na boca que não beijei Nos dias que se seguiram No tanto que tanto amei Amor se fez de mansinho Tomou conta, fez seu ninho... Vencido por tanto sonho De poder ser mais feliz O meu cantar mais risonho Coração pedindo bis. Conto contas quanto canto No canto que já me encanto Na conta que te contei. Tanto quanto amor amei... X Procurei o meu espelho Nas gavetas da saudade Estou ficando mais velho Isso eu já sei de verdade Porém o peito é moleque Salta esse tempo e se ri. No tempo eu pisei no breque Tanto amor que já vivi. Coração, sangue vermelho, Da cor da tal liberdade... Nas ondas que não navego Nos mares que Minas tem. Amor quanto te carrego, Mesmo sozinho ele vem. Pega nas mãos do mineiro Que Minas abandonou Tomando meu peito inteiro Por pouco não me matou. Mas amor eu nunca nego Sem teu amor, sou ninguém... Venha minha namorada Amar a vida comigo A vida sem ser amada Correndo grande perigo Por isso minha menina Minha sina é ter você Senão a vida termina Senão é melhor morrer Viver sem amor é nada. Viver sem amor? Não consigo... X Sentindo o vento macio Que veio da madrugada Trazendo o doce perfume Dos olhos da minha amada Vivendo nesta esperança, Uma vida não é nada. Se não sonhares agora. Sonharás de madrugada... No canto do sabiá Nas cordas do violão. Amor gostoso de amar Batendo no coração Vento venta ventania O vento de uma emoção. Trago Maria no peito, Mania do coração. Se Maria não quiser O que farei meu amor? Vou a gosto vou na fé, Para onde quer que for; Levo o cheiro da mulher, Espinho que lembra flor. Na flor desse meu desejo Tanto amor com tanto beijo... Nas penuginhas coçando Na garganta vou cantar A vida toda te amando A mando do sem parar Sem parar de ir maginado Como é gostoso te amar. Levo no peito a saudade Amar é ter liberdade... Liberdade é feito um doce Feito com muito carinho. Menina que bom se eu fosse O teu manso passarinho. Ouro em pó que te trouxe Truxe lá do meu caminho. Das Minas como se fosse, Meu coração, de mansinho... X Olhando longe, praia e gaivotas; No mar que promete sereia De areia até o pescoço. Cotas e recontadas conchas Nas pegadas deixadas. Areia e nada mais. O vento soprando Coração dispara Sem leme sem medo sem treino. Marés são minhas, mares são meus. Coração? Muitas vezes esquecido Entra numa concha e traz o mar. Rouba o mar... Depois fica reclamando das pegadas Perdidas na areia quente e fofa. Queima e não deixa andar. Coração moleque, pega carona Com a primeira sereia que aparece. E morre afogado. Nem que seja dentro da conchinha Que estava esquecida na praia... X Cirandando nosso afeto Nas ondas do rio mar Coração bate direto Com vontade de casar. Vento na janela bate Chamando pra passear Amor bom não se desate Eu quero aprender amar. São os olhos da morena Da morena que chegou Amor sempre vale a pena Saudade foi quem gostou. Saudade é bicho matreiro, Gosta de me maltratar, Domina a gente primeiro E depois não quer largar. Coloco minha saudade Nos olhos do meu amor. Ela rouba a claridade, A saudade me cegou. Às vezes vai saudade. Às vezes saudade vem. O que salva na verdade Coração tamanho trem... X Nas esperanças que trouxe ontem No embornal, carregado e cheio. Tantas coisas que não contem Senão já se perde pelo meio. Olhos cansados, mãos machucadas, Pés feridos e peito pesado. Às horas todas, nos vários nadas, Por onde andava, estropiado. Coloquei o embornal no lado esquerdo Que fica mais fácil de carregar, Não pude esconder todo o meu medo, Esperança adora abrir bornal e voar. Mas, estava bem fechado com linha Daquelas de saco, que minha vó costurou. Com agulha de tricô, a mais grossa que tinha. Desse jeito, escapa não senhor. Tanto engano! Foi só dar uns passos e trupicar. As danadas começaram a fugir, Pelo rasgão que foi cismar de dar Na parte de cima do embornal, ali. Na hora eu tentei segurar as esperanças. É trabalho difícil, trabalho de estivador. No meio de tantas dores, danças, contradanças, Só sobrou uma esperança, a do amor... Essa inda restou no embornal rasgado, Mas logo essa que tanta dor sempre causou. Logo agora, final de estrada, todo machucado, Sangrado, ferido, banguela, olha o quê que me restou! Uai... X Das asas que bateram num dia sombrio Estrelas e cristais em diversos matizes. Caem, pouco a pouco, tomando tudo e todos. Os olhos mornos e adormecidos reacendem E aquecem a quem pode sentir o toque das asas. Das asas que se desmanchando foram Se tornando cada vez mais livres, o gosto doce De doce de leite e de figo feito pelas mãos das Mães mineiras. Doce de paladar tão suave quanto intenso, Com pedaços de cravo cravejando os lábios E a língua dos que estavam com bocas e corações abertos. Das asas as gotículas de cristal ao voarem explodiam Em mil sons, formando um noturno invadindo as casas, As ruas, as fazendas, as tocas e as ocas. Aquecendo suavemente, a todos os que estavam ao desabrigo E ao desafeto. Das asas, as estrelas multicores e multiformes se espalharam Por todos os lugares. Tramando carinhos, sonhos, beijos e, principalmente a esperança. Moleca e atrevida. Doce e ácida. Mas com a sabedoria das mães mineiras. E a delícia do carinho de todas as mães, Neste amor inevitável e próspero. Da esperança infinita Dos olhos do amor. E com o calor do abrigo Dos olhos da amada. X Luar exuberante que entrou pela janela Do meu quarto. Tomando tudo, claridade e sonho. Lua Plena de tantas fantasias... Com um brilho maior que tantos sóis. Há tempos que não via tal beleza, Apenas vista nos olhos do meu amor. Amor que o mar, triste mar, levou. Luar de tal beleza e calor que, aos poucos, Foi me fazendo sonhar de novo. Interessante é que, mesmo com as mudanças Das fases da lua, Ela continua cheia, Numa eterna gravidez de luz. E eu, apaixonado e entregue. Sou pego pelos raios e me convida a passear Andando livre pelos céus, Andando leve pelos espaços... Cada vez mais leve e cada vez mais livre. Até que um dia, uma noite, uma vida. Estaremos eternamente atados. Atos e pensamentos. Quem sabe, neste dia, No nascimento do que fosse essa criança. A Terra Inteira Explodirá em luz. E dessa lua, desse nascimento, Venha a mansa paz e ternura Que o sol não conseguiu nos dar? X Por saber o quanto te amei Gotas de orvalho na manhã Sabendo que sem amanhã Meus versos serão de amargura. Mas posso dizer que sonhei Na boca do amor, hortelã, No meu lutar, a tarde vã, Buscando, assim, uma ventura... Tantas vezes bem sei, errei, Mas acertar foi meu afã Não quero vida tão vilã Preciso ter amor, brandura... Agora; meu amor, voltei; Noite com ciúmes espiã; Pele maciez de avelã A vida se refaz, ternura... X Depois de desmanchado esse buquê Jogada em minha cama, essa saudade Do tempo em que trazias belas flores. Não quero mais o brilho sem a lua Nem quero mais perfumes sem jardim Tocar tão mansamente em teus espinhos. Falar desse buquê por sobre a cama Deitada sem sentir o vento frio Que vem do coração de quem te adora. Jogado em tua cama qual buquê... X Neste amor que pretendo ser sincero O medo de perder meu rumo norte Meu peito que enjaulado, te libero; Buscando no teu peito a minha sorte. A flor que sempre mostra seu espinho Esquece que o perfume sempre atrai Perfumas com aromas o meu ninho Que o ninho mais sozinho em dor se esvai. Não quero te perder, mas me perder Nos braços e no colo que preciso. Perdendo e me encontrando vou viver O que me resta em pleno paraíso. Amada não desfaça nossos sonhos Que são os nossos bálsamos na vida. Os olhos que já foram tão tristonhos, Nos teus, felicidade refletida... X Minha vida é tão dolorida Mesmo assim seguirei em frente. Sem ter tempo ou despedida Amar demais é tão urgente... Diante desta paisagem A desta flor em teus cabelos. Preparando a minha viagem Deste amor pra ter a coragem De me embrenhar nos teus novelos. Cada vez que penso demais Neste amor que é tão manso e puro Neste gosto de quero mais Na certeza de toda paz Acendendo o mar tão escuro. Com os brilhos desta lua E das estrelas pirilampos. Palavra solta já flutua O meu sonho continua Por todos os divinos campos... Que me levam sem perceber Aos teus braços tão delicados Meu amor é tão bom viver Sabendo que irei sempre ter O mel destes beijos amados... X Nas saudades do meu canto Tanto sobem quanto invadem Prazeres tantos que me ardem. Seguindo sem ter sossego Nas ruas que me perdi No segredo que pedi. Amada; não sonho mais Os sonhos que já sonhara Através desta seara. Que me leva pro teu colo Quase me deixa tão louco Ralando doce de coco Nas doçuras mais amargas Vidas, vidas, vidas magas... E nas saudades, teus braços. Nossos ninhos, cantos, pássaros. X Amor tanto que não tive Amor tanto Que nem nas luas sonhara Com este tamanho encanto. Nas minhas noites vazias Amor tanto Vivendo deste meu mar Nas ondas vai o meu canto... No tempo que se sonhara Amor tanto O meu tempo de viver Sem dor, sem quimera ou pranto. De tanto amor que te tenho Amor tanto. Deitado neste teu colo De tanto amor, de amor tanto... X Eu amo tanto Amor que tenho É meu encanto É meu empenho Nas voltas todas As bocas tantas Nas tantas rodas Amor que plantas Colhendo flores Nosso jardim Nossos amores Amor em mim Amor que é sorte. Forte e sereno Meu rumo norte Que é tão ameno. Amor que fosse Se não viesse Amor tão doce É minha prece. Te quero amor Não te esqueci Por onde for Estou aqui... X Quero te embalar nos noturnos barcos E nas praias mais serenas e suaves. Na areia quente e úmida, deliciosamente Iluminada pelas estrelas. Quero te embalar nos soturnos desejos E nos meus anseios mais calmos e constantes. Nos carinhos sem cobranças nem dívidas. Iluminando as estrelas. Quero te embalar nos diurnos afãs E nas esquinas mais movimentadas e loucas. No asfalto abrasador sob meus pés descalços. Iluminado pela estrela maior. Quero te embalar em todos os turnos Nos em tornos, e nos tornados e tormentas. Nas mais diversas e confusas situações Sabendo de ti, estrela. Estrela de todos os momentos, de tantos sonhos... Da calada da noite e da manhã vindoura. Do vento macio e nas tempestades e tufões. Ancoradouro e âncora. Barco e naufrágio. Navegação eterna Por entre milhares e milhares De estrelas E de pirilampos. X Teu nome quase sai sem sentir Como se fosse um lapso Um átimo, um ultimato. Eu sei que vou te amar Em barcas e em bocas Em núpcias e nos partos. Nas partidas e nas chegadas Mesmo às cegas, mesmo vãs. Não valem as promessas Nem mesmo os vales Que serão descontados no fim Da noite. Teu nome quase me escapa E não posso mais. Não mais. Sem ter término Sem tempo. De terminação. Determina ação Determinação De te saber Minha ação Meu ato E minha esperança Encalacrada no peito. Eu sei que irei amar O amor que me trouxe A ti nesta noite fria e tão vazia. Onde nada mais poderia Senão o gosto que ficou Da maçã. Viveremos assim, ao mesmo tempo O que somos, imaginamos e sangramos. Nessa total diversidade una e coesa. Reflexos de nós mesmos Multiplicados neste espelho Que trazemos dentro de nós. Desgraçadamente morreremos sempre E renasceremos sempre Num eterno amor Numa roda viva Num moto perpétuo. Vítimas desse espelho De nossas almas gêmeas E disformes. X Teus passos vieram mansos Mansos e tranqüilos. Tardios... Passos que escuto e não falo, E não penso E não vejo E nada ouço. Apenas sei. Mas basta saber, Basta saber para sentir, Ver e ouvir. Recebo teus olhos Distantes pelas ondas Telepáticas Apáticas Espásticas. Nada mais eu terei Senão a vontade louca De misturar reações E medos. Segredos Sacrilégios E poesias... O cheiro da noite vem O gosto da noite vem A noite vem Eu não, Vou... Mas, no fundo, Rio e me divirto Com o medo, solidão E o escambáu. Sou o meu reverso O que não seria O que nunca fui Apenas insinuo. E fluo nos sonhos. Meus barcos ponho Nos mares que pensei E ancoro. Morro afogado E renasço, Eternamente Na vaga e insensata Poesia. E te amo, Acima de tudo Não se esqueça Que eu sempre amarei O que de melhor Em ti encontrei. O brilho Que já perdi Que já me ofusca. O que foi translúcido em mim Opaco. Opaco Opaco... Velho e desmembrando-me a cada passo, Espaços e fantasias Se ias eu não sei. Sou apenas, Não seria Nem serei, Apenas fomos O que sempre seremos. Amantes e sonhadores Viventes em nós mesmos Em um caminho irremediável Ao infinito. Não existo, incorporo. Não existo, reflito Não existo, exalo. E isso em nós se transforma No espelho maravilhoso que somos nós. Cúmplices de nós mesmos. Esmos de nós mesmos. Nós de nós mesmos. Vamos pegar uma carona na estrela Que não veio Até o universo que não é nosso Mas é o nosso porto Nosso cais. O tempo de ser É agora. Amanhã? Tarde demais... X Quantas vezes fomos os mesmos Os esmos e os pensamentos. Perdidos no fundo dos nossos olhos. Molhos e flores. Cores e antolhos. Nos profundos olhos A tristeza de se saber De não te ter E de viver. Meio à deriva Mas sempre sem ancorar. Amar, amar, amar, Se me coubesse amar, Saberia deste mar. Saberia do ar, Do mar, ar, amar. Mas é poesia Que destilo. E sem estilo ou sem rumo. Vou deitar na rede dos teus braços... Que não seriam e se riam não são meus... X Quando pegava essa viola Feita de pirilampos. Sabia que não mais teria O gosto da noite na boca. Saibam que nada mais farei Senão tentar tocar o meu próprio mundo Com todas as virtudes e defeitos. Ostentei o meu medo, Sempre escondido Sob as asas que não poderiam voar; O céu se perdeu, caiu, Capotou... Não mais vou Se não for por ir, Por sentir e me integrar. Não mais farei os meus versos Sob a luz que te prometo. São coisas diversas, Até por que, no caso, A realidade superaria a fantasia. Sou protótipo de mim mesmo No futuro, Envelhecido por amar O mar que não me comporta De tamanho coração. Engasgado e tartamudo. Coração que às expensas do resto Simplesmente sufoca E suga. Rugas do coração. Orações da alma. Alma que apenas pena E vive empenada. Emplumada com ligas de cera. O abismo é inevitável. É infindável E intransponível. Mergulho e não sobre vivo, Sobrevivo E sei que a curva feita Pela asa quebrada Não pode ser mais perfeita. Apenas ser feita. Mas te amo, não se esqueça disso. Agonicamente e antagonicamente Te grito e não chamo. Te chamo e não sei Onde te encontrar dentro de mim. Só sei que te escondeste por lá, Por aqui ou, mais certo, Tomaste parte de cada célula Cada ponto. Todo o pote. Todos os portos. Meus olhos. Como farei agora meu amor? X Vencido o que não fora Ou, pelo menos não deveria ser; Volto meus olhos para a lua E sinto o gosto da noite Com pirilampos, grilos e sapos. Acordando meu amor... Que nunca foi meu. Apenas passou... Como se fosse um rio, Um final de estrada. Uma estada sem sentido. Mas que foi tão boa Que, se nada na parede, Nem retrato. Aqui constela. Estrela minha Minha bela e maravilhosa manhã; Adiada, esquecida. A grande lua me trará? Não sei. Não viverei Bastante. Isso é constante Sempre assim. Abortos que carrego Que levo.. Portos inalcançáveis E a vontade do mar. Total vontade do mar Do oceano. Dentro de mim. Até me afogar Em mim mesmo, De mim mesmo, Inapelavelmente. Mas durma meu amor, Que a tarde vem, A noite vem E o mar também... X Minha infância distante Pelas ruas e nos quintais Com o gosto da fruta podre Escorrendo pela boca. Nos quintais imaginários Os heróis e heroínas Que nunca vieram nem viriam Apenas se pressentiam. O gosto da boca da manhã Da vida. Apaixonadamente prazeroso, Extremamente prazeroso. Depois, muitas vezes, deixei pra lá E voltei a namorar. Eterna relação conflitante. Jardins esquecidos nas praças Onde havia o coreto. Que nunca mais vi, nem veio. Assim como o gosto doce Das pernas correndo livres Pelas mesmas ruas e avenidas Onde passo hoje. Vestido de branco, branco... Brancos eram os dias, As noites e a incipiente poesia Que sabia de castelos e princesas, Dos piões, piorras que giram, giram E batem, batem, giram e batem coração. Velho asfixiado e envolto por fumaças Das dores e dos cigarros. Nas tardes as cigarras e a fumaça dos Fogões a lenha. Lanhando minha alma. Amanhecida e amadurecida Entre os cheiros e gostos, Doces e sonhos. Medos e aventuras. Nada mais seria senão a profundidade Gigantesca, esquecida num canto qualquer. Do que resta de novo no velho coração. Que, depois de tanto tempo, Ainda cisma em soltar pipa, Saltar carniça E procurar o anjo no bosque, Que não mais haverá, nunca mais... X Não vejo mais solução Senão a solidão frágil Que invade. Teu perdão Poderia ser mais ágil Ou então não cobrar ágio Pelos erros que cometo. Amar não requer pedágio Nem aos sonhos me remeto E versos não mais faria Se fosse por teu amor. Embora em toda a poesia Encontro meu lenitivo Cansei do definitivo Inadiável adeus. Vou seguindo sem nexo Os erros são todos meus E são muito mais complexos Do que simplesmente o não. Agora, meu barco roto Naufrágio que já pressinto. Se sinto ou se não solto São problemas meus. Só meus... Não valerá mais a pena Desta fantástica cena Onde se escondem meus breus. Solução, solidão, são Meus barcos naufragados... Vou beber até saber Para onde foram os náufragos Quem sabe ainda te veja? Nem mais nem menos pois seja O final inadiável Deste sonho imaginário No meio da tempestade. A sorte e felicidade Que te proponho valendo... X Quando as ruas estão tristes Vazias até nos bares As horas mortas sombrias As nuvens matam luares Tantas as fantasias Dormem caladas aqui. Quando o fantasma liberto Passeia no coração. Deixando as ruas vazias Maltratando uma emoção Esqueço das alegrias Que, amor, nunca mais eu vi... Quando meu medo ressurge No fim de tanto carinho Nas ruas que não têm lua. Ficando assim tão sozinho, Procuro amor pela rua De tanto amor me perdi. Não sobra sequer meu sonho Que há tanto tempo morreu Matando, aos poucos a vida, De tanto que já fui teu De tanto te quis, querida, Meus restos morrem por ti. X Um riso solto na noite Em meio a tanto prazer Um grito solto na noite Bem longe do amanhecer Nas rondas pela cidade Procurando te encontrar Vivendo da claridade Que roubamos do luar. Um riso solto na noite Em meio a tanto vagar Um grito solto na noite Encanto de te encontrar... Querendo, sempre, te amar. Nas rondas pela cidade Por tanto tempo sozinho, Vivendo sem claridade Sem ter lua ou ter luar Um gosto doce na boca Vontade de te beijar Um gosto manso na boca Bebendo do teu sonhar Toda a minha mocidade Procurei o grande amor Que parece a claridade Por tantas vezes negou. Agora que te encontrei Não quero mais ser sozinho. Amor que tanto te amei De tanto que fui sozinho Agora que já te achei Sozinho não serei mais. Amar como sempre amei Amor que veio demais A vida vai se passando Nas rondas que não mais faço De tanto que vou te amando Nas nossas noites, cansaço. E risos, gritos, a boca, E a dança que não termina Sempre vem e me alucina. Nas nossas noites de amor... X Não leves esta esperança Que trouxeste; meu amor. Eu quero poder viver As minhas horas mais belas Nas tuas mãos carinhosas Debaixo destas estrelas Que escondeste; minha amiga, Assim consigo, enfim, Tanta noite que persiga Cravejando amor em mim. Não deixe velha tristeza Tão faminta e desdentada Se sentar à nossa mesa. Não deixe que esta mortalha Vestida pela saudade É tanta dor que ela espalha Nas ruas dessa cidade Nas praças e nos motéis Nas bocas e nas promessas Nas noites em tantos pés Que invés, já são avessas... Traga o sorriso macio De quem nada mais queria Se não viver nosso trilho Em busca do novo dia. Em busca da claridade Vivendo felicidade Sem nada mais perguntar Sem o gesto da demora Sem o tempo de ir embora Nascendo em nosso luar. Do gesto manso da noite Com bilhões de pirilampos... Estrelinhas que busquei Pra iluminar os campos Os belos campos que andei Procurando meu amor. De tanto amor que te dei. Nas horas que te busquei Fazendo do frio, calor. No fio desta esperança Desta esperança de amor... X Saudade do que se foi Nas barcas dessa ilusão Vivendo com tanto medo Dentro do meu coração. Como pesa aqui do lado! Quando se foi meu amor Deixando essa solidão Nada mais eu poderia Senão tamanha emoção Nas barcas desta saudade. Me dá teu beijo querida Viver, morrer de paixão... Deitado na rede, no colo Sabendo me carinhar, Depois de tanto que vinha Jamais querer voltar Nas barcas desta saudade Alicerce dos meus sonhos Que nada mais me impedirá De seguir assim meu canto, Beleza maior não há Nas barcas desta saudade... Morrendo de tanta paixão. Saudade não volta não... Eu te trago essa vontade De viver sem ter segredo Nesta total liberdade Que faz o gosto da gente Perder o nosso medo Sabendo como é urgente Estar neste teu mar de amor... Sem barcas e sem saudades Apenas te navegar Querendo me naufragar... X Vim do quem sabe Do que jamais teria Entre ondas vazias Que sepultam meus medos... Entrei em meus pânicos Com medo do que não fui Esperança do que seria E a verdade do nunca ser... Ao mesmo tempo, quero o gozo Eterno dos sonhos mais mágicos Com gosto de liberdade E temperado de esperanças... Fazer o quê? Vejo uma criança correndo pela sala. Nada fala, nada fala. Apenas ri. A bem da verdade, gargalha E mostra a porta semiaberta Esquecida num canto da sala. Acordo e te vejo, Com o mesmo sorriso A mesma face da criança na sala. Deito no teu colo E encontro a porta semiaberta Cadê a chave? X Vamos, sempre Vamos ao amanhã Que ontem prometia E nunca vinha... Vamos em busca Deste futuro Antevisto na noite Escura Noite que não terminava... Vamos acima Desta palidez inerente Inerte e inconfessa. No sorriso sem sabor Sem saber, sem sentir Sem ser Apenas se. Vamos em busca do sol Que não veio Que não seio Mas será? Vamos meu amor Que o tempo não pára E o efeito inebriante Da lua E da cachacinha trazida De Minas, passam. Vem que as ondas do mar Levantam as saias E os medos se ampliam Dos amores que não saberiam E não viriam nunca. Se não fossem os nossos sonhos. Comuns, iguais e repetidos. No eco desta voz, Sonares são ares São mares e são luas. Que jamais serão minhas... X Nas praias as pernas morenas As coxas morenas As cativas coxas morenas E as cenas longínquas Das gaivotas Alçando vôo Mergulhos e peixes. As ondas, as coxas, as pernas A saudade cativa Espera virar gaivota E buscar os peixinhos... Não falo nada, Apenas observo... E, sozinho, jogo pedra nas gaivotas. Quem sabe, afaste a saudade... X Na cauda desse cometa Carona para outro espaço Nas ondas desse meu rádio Procurando antes que tarde Antes do dia raiar Bêbado do meu luar E se nada mais desperta Vivendo de estar alerta Nas horas mais serenas Sabendo que tantas penas Apenou meu coração. Procuro por meu cadinho Nos bares e serenatas Vagando pelas cidades Nas luas cores e pratas No fundo dessas saudades Duma mulher que foi minha Hoje caminha sozinha Nas estrelas e no mar. Cometa que me prometa Carona. Te procurar No rabo deste cometa Tanto espaço a procurar. Senão não vivo mais sorte Não tenho sequer notícia Mas a noite está propícia Nas ondas deste meu céu Procurar jamais é tarde Amor que possa raiar Nos braços deste luar Que devagar, me desperta, Deixando meu peito alerta Sem temer horas serenas Passarinho troca penas E foge do coração. Amor vem cá um cadinho E mata essa solidão. Segura firme o timão Que o cometa não espera. Amor que tanto se esmera É fera. E se tempera Nas asas desta paixão... X Meu amigo; quero a sorte, Que trama nos véus A felicidade Para os olhos meus... Vivendo os luares Esses meus luares Tão alvos luares. Meus olhos ateus Percebem a vida Que vai mais cansada Tanta dor da vida Dando em quase nada. Simplesmente nada Amor que decida Meu amigo, quero a sorte Sem temer a morte Sem medo de vida Sem saber do porte Da minha ferida E que seja consorte Na boda da vida... X Te dou meu coração Do jeito que quiser Trazendo emoção Vem trazer teu prazer Nossas sanhas. Se quiser Acontecer Quebre essas correntes Viva o amor. Amores são urgentes. E venha quando quiser Não tem hora de chegar Chega a qualquer hora. E viva essa emoção Que é nosso amor. Que sempre vai chegar Trazer nosso brilho Vai chegar E tramar outros mares Não consigo mais viver E nunca mais quero. Se saudade vem, Amor jamais se importa Deste amor quero viver Vivendo só por te ter Amor nunca farta Vem, eu quero sempre te amar Sim, isso jamais eu vou negar. E quero mais amor pedir Amando teu amor sem parar. Amor sempre que me abrasa Incendeia a casa Sim, isso jamais eu vou negar... X Eu não quero mais solidão Viver a plena emoção O sabor divino, paixão... Quero meu bem... Esse amor que tanto amei Que a vida trouxe Matando essa solidão Que sempre me deu prazer Minha emoção Floresce tão bela... Diga-me como irei viver Nem pensar. Essa vida sem te ter... X Rodando sem divagar Cansaço deixo pra trás Rodando sem divagar Dançando em volta da luz. Amar não tem preço Qualquer besteira Vira paraíso... Viajando no cometa Cada estrela nascerá Nova página... Não vou temer desencontros E deixar as tristezas voltarem. Atarem meus braços também Ter a sensação da vida Com pavor. Não quero mais isso Nem sombra nem fumaça Apenas a saudade Se esfumaça... Vivendo dia por dia Com fé. Quero estar bem melhor assim Sem ter essas penumbras Perto de mim. Fechando o tempo, nublado. Tramando sorriso rasgado. Pedindo tua atenção. Eu quero teu amor todo, enfim... X Parando na tua paisagem Observando essas curvas todas. Descobri que nessas miragens Carinhos vêm em ondas, rodas... Nas minhas incertas andanças O que me impede? Timidez. Eu não sou muito das cheganças Fico aguardando a minha vez Tenho medo das esperanças... Nas cordas do meu violão Asas feitas por esses fios. Nos compassos dessa emoção O rastro que sigo é tão vazio Termina nesse mi bordão. Sou nada além do que já quis Nas entranhas deste sertão Marcando o tempo, cicatriz, Nas espreitas deste meu chão, Quem sabe serei mais feliz? O gosto de tanta amargura No jiló da minha existência Fazendo meu verso, brandura, Amor passou ser coincidência De tanta mansidão e ternura... Fazendo com que mais pareça As aparências sempre mudam A vida me pregando peça Nas horas que mais ajudam O meu coração mais tropeça... Portanto assim quero teu beijo Escondido detrás da lua. Se nada mais tenho, meu versejo Teimosamente continua, Te peço o prometido beijo... X Quero teu enlace Rolando nos meus sonhos Livre, sem disfarce, Só para mim.. Olhando faca a face Olhares se tocaram, Amor enfim... Amor já se dizia Toda uma emoção Plena fantasia Sempre te quis E de beijo em beijo Acendendo o desejo Me fazer feliz... Já chegou, Tomando toda a costa Do nosso mar azul, É tudo o que pedi Fiquei mais nu... Como se pudesse Trazer de novo a vida De sonhos e poemas E dar a luz Novas piracemas Reproduzindo vida Sem dor e cruz... Abuso do amor Em cada novo toque Em cada nova noite Mas sou feliz. Amor tanto explode E nada me segura Sempre te quis... E voltou Tramando um novo filme Tão gostoso de viver. Sem ter adeus. Meus sonhos são teus, Quero te ter... Na mão uma rosa Quer a primavera Os espinhos teima a rosa, Mas deixa estar. Espero a rosa Sabe que desejo E vai chegar Trazendo a primavera Trazendo uma esperança Trazendo uma nova dança Ser mais feliz Amor traz perfume Também traz lume Que sempre quis... X Cantar amor, amor; E soltar a voz... Cantar nosso amor. Que é manso e atroz. Cantar amor, amor. Os nossos desejos... Cantar nossos beijos, Cantar nosso amor... Trazendo uma brisa Levando a notícia As ondas do rádio Sinais e fogueira Falando de amor Em todos jornais Nos barcos, nos cais. Falar desse amor... Falar sem ter medo De tanto que é bom Sem ter nem segredo Amor dá o tom. Nas ondas do rádio Notícias, jornais. Vivendo esse amor Que é o nosso cais. Cantar amor, amor, Amor cirandeiro Que foi mundo inteiro Depressa voltou Aos braços que quero Amor verdadeiro Que é manso, que é fero, Meu amor primeiro... Cantar amor, amada... As bocas abertas Janela fechada Por sob as cobertas Nas ondas do mar Amor pede amar. Amar pede cais A paz que desejo... Amor vai se rindo Tramando brinquedos Amor sem segredos Vivendo de amar. Eu quero teu mar. Nas ondas, no cais. Amor quero mais Não canso de amar... X Nas tramas que me envolveste Nos abraços da paixão, Esperando meu cansaço Vou vivendo uma ilusão Sabendo que nosso amor Já transborda em emoção. Tudo o que quero na vida, Nosso amor, a solução... Mas nada do que se foi Amanhã não posso ter Depois de tanto sonhar, Tanto amor para viver, Eu encontro meu caminho Nos teus braços me perder Não quero mais solidão, Em teu amor quero crer. E vasculhando a gaveta Onde deixei teu retrato, Encontro tantas promessas Tanto amor assim de fato Se mostrando mais inteiro Amor que é sempre insensato, Vou mergulhar meu desejo Nas águas do teu regato... X Ah! Fica aqui, comigo, amor... Não suporto mais a dor Se tu fores; solidão... Eu peço nunca me abandones Minhas noites são insones Se perder essa ilusão... Ah! Meu desejo é ser feliz, Teu olhar tanto me diz Desse amor que quero ter... Eu quero tanto amor, querida, Sem te ter; que vale a vida? Sem te ter; melhor morrer... Sim, como é bom viver contigo, Eu preciso deste abrigo, Que em teus braços sei que vem... Eu quase nada sou sem ter Teu amor para viver, Sem te ter não sou ninguém... Ah! Meu amor que é tão imenso, No teu colo sempre penso, Tanto quero teu querer. Ah! Minhas noites tão vazias Recordando aqueles dias Não consigo te esquecer... X Dancemos. A noite promete A dança que sempre Quisemos, sonhamos, Vivemos e somos, Danças e danações Que tramam Sonhos Medos E desejos... Dancemos Tantas alegrias Na dança que sempre Pedimos, torcemos, Sofremos e temos Danças e tentações Que tramam Sonhos Segredos E desejos... Dancemos Subimos muito além Da dança que temos Choramos, rodamos Giramos, amamos, Danças e expressões Que tramam Sonhos Prazeres E desejos... Nossa dança Danação Tentação Expressão Do mais Divino Amor! X Nas ondas do teu carinho Tantas praias e marés; Mansas ondas, colo, ninho... Teus seios e cafunés... Nas ondas do teu desejo Conchas abertas, carinho... Doces conchas, boca, beijo... Mansas ondas, colo, ninho... Nas ondas do nosso mar, Tantos alertas, tantos medos... Conchas abertas, tanto amar... Mansas ondas... Cafunés... Seios, colos, o segredo É nosso imenso amar... X Nós vamos pegar carona Nesta estrela que ilumina Toda nossa paisagem Nesta noite toda clara. Nessa rua tão deserta Tanto amor já me desperta Sem ninguém prá perturbar... Tua boca molemente No molejo dos quadris, Nossa estrela de repente Tanto amor, serei feliz... A cabeça começando Na tonteira mais gostosa Toda a terra vai girando, Serás sempre a minha rosa, Na roda que tanto gira Na rosa que está comigo. Girando na roda a rosa, Rodando sempre contigo Minha rosa tão amada Por certo despetalada Despenteada, um perigo. Dançando sem ter parada, Dançando sem ter paragem. Fazendo da madrugada A nossa doce viagem Procurando pela estrela Que tanto amor já me deu. Estrela da minha estrela A tua estrela sou eu, E tu és a minha estrela Girando já se perdeu O rumo e todos sentidos... Nossos sonhos revividos Nossos mundos bem vividos. Estrela do nosso amor. Boa estrela soberana. Abrindo toda esperança Trazendo na nossa dança No girar do nosso amor. O nosso melhor sabor... X Amor veio de longe Um anjo lá do céu Trazendo tanta luz Aos pobres olhos meus... Que buscam as estrelas Esperam as estrelas Dos doces olhos teus. A vida vai passando Sem nada mais dizer Espero que tu venhas Nos anjos, mas cadê? Pressinto essa chegada Chegada desta estrela Chegada nesta estrela Preciso te saber... Escuto uma canção Que fala de teu nome Trazendo a mansa brisa Quero ser teu homem... E sinto que chegaste De noite, nesta estrela. Mas és a própria estrela Teu brilho me consome... Estrela que desejo Que é anjo e me domina Sempre que te vejo... Sempre que te tenho Sempre que me tomas Nos braços, me alucina... Estrela pequenina Tu és a minha sina... X Navego meus desejos no teu mar. Mar de tantas marés. Caracóis, conchas, praias... E te amar. Quente areia nos pés. Navego meus saveiros no teu mar. Mar de tantas marés. Delícias de desejos e sereias... Andando nas areias. Navego os horizontes de teu mar. Mar de infinitos sonhos... Nas conchas e nas praias, tanto amar... Navego meus caminhos no teu mar. Mar de tantos desejos. Areias prateadas ao luar... Navego nossas ondas, nosso mar... Amar demais, sonhar Com raios de luar... Nos cavalos marinhos, Vou buscar a sereia Em todos os carinhos Deitar amor na areia... Quem me ensinou este mar Quem me ensinou a sereia Nesta noite de luar De tanto amar, lua cheia... Vem meu sonho te buscar Deitada na fina areia... Entre caracóis, conchinhas; Ondas, mares e desejos. Em todas as noites minhas, Molhar a boca de beijos... Quem me ensinou este mar Quem me ensinou a sereia Nesta noite, vou te amar, Neste luar, lua cheia... Vou minha amada buscar Deitá-la na fina areia.. X Vencendo tantas estrelas Tremores e sensações Do vazio que, inerente, Leva o sonho para o mar. Meu mar de tantas tristezas... Nas minhas recordações Montado sobre esperança... Nas escarpas e falésias Nas estrelas que não voltam. As asas estão quebradas E nada mais representam Com o peso do passado Que carrego, vida inteira... Sou tão somente essa sombra Do que pensei ser feliz. Misturado na penumbra Fundindo-me com esta sombra A luz escapa, aos poucos. Revejo teu rosto, amada. Pelas frestas da janela. A neve cobre meus olhos, A lua não mais viria? A morte inda é promessa Mas, aos poucos, arrebenta! Na paz que jamais recebo Eu percebo a solidão. Mas os meus cantos são tristes Existes em total não. A vida adormecerá Até que nada mais trague A não ser o gosto amargo Deste cansaço sem fim Da noite que sempre vem Do medo que sempre traz Da ternura abandonada Da seca no meu jardim. E dos dias mais tristonhos Vivendo plena saudade. Esquecendo que esta noite Talvez tecendo outra lua Traga-me o meu canto em paz. X Carinho matinal Tão doce quanto mel. Tua boca estendida No beijo prometido... O canto da alvorada Coberto de esperanças Nossas mãos tateiam Os caminhos de seda Tanta suavidade Maciez... Amor, amor enreda, Canto do amanhecer... Novo canto, nosso sol, No jardim, as rosas, Paisagem desperta Surge, ressuscitada. Café posto na mesa, Meus medos esquecidos Meus olhos já raiando. De tanto que cansados Somos tanto, quase nada. Apenas o que sonhamos. E a brisa nunca pára E o tempo nunca pára A manhã se prepara Para esse novo dia. Quem sabe nosso. Nosso novo dia Em plena fantasia Vivendo uma alegria Quem sabe... Nova melodia... X Sentindo mansos ventos Queimando devagar. Nos espinhos, rosas, As pétalas, perfumes. Sonhos desatados Entre tantos ventos. Que cantam mansamente. Solidão... Não quero tuas teias Nem lembranças. Só meu sonho liberto De viver teu colo Na tarde... Amores que se vão nunca mais voltam Disso eu sei e como... Nos passos que percorrem meus ventos Não posso me queixar Do medo da verdade em plena brisa. Não quero mais... Mas quero amar Em liberdade Rodando a vida Batendo coração Sentindo teu perfume. Rosa, teu perfume. Perfume... E as águas do mar Emolduradas pela lua... X Vento do amor Traz a saudade De tantos dias Velhas poesias. Liberdade, Olhares cheios De ternura... Da lua, a brandura, Derramada nas árvores Abraçando mansa E estreitando os braços Da esperança... Vento do amor Não mais vás. Traz encanto Desse tanto amor Desse tanto amor... Vento do amor... Constelações. Astros... Venha sobre meu rosto Espalhe tantas luzes Aurora... Nos fantasmas Dos amores Que se perderam; frios. Rodando nas estrelas Morrendo coração. Minha amada voltará Nos ventos da manhã; Vento do amor Que sei virá Vivo Desse tanto amor Desse tanto amor... X Eu quero o teu colo, morena. Colo de tantas dores passadas Em busca do grande amor. Que não veio, nem virá... A mão cansada de carinhos inúteis Respondida por insensatez imponderável... Eu quero o suor de teu corpo Tantas vezes à toa, sem recompensas. Sem as delícias que imaginavas Que não vieram, nem virão... O peito cansado de amores inúteis Respondido pela ausência absoluta. Eu quero o gosto de tua boca Salgada das lágrimas do vazio. Em busca do pleno, pleno amor. Que não veio, nem virá... A boca a esmo, esquecida no canto Do quarto, ausente e distante... Eu quero a maciez de teus seios Exposto e escondido nas noites Esquecidos aguardando os carinhos Que não vieram, nem virão. A nova camisola nunca reparada Pelos olhos que se guardaram para si mesmos... Eu quero um pássaro que traga A morena que se foi no mesmo Na mesmice, e na estupidez. Deitada na cama que nunca acolhe Ao lado da sombra do que foi. Tantas vezes vazia em meio a tantas coisas. Da beleza sofrida e marcada, Realçando mais e mais os olhos, A boca e a delícia da nova virgindade E da nova esperança. Guardada num canto Da alma, esquecida... Pelos amores que vieram e se foram E jamais retornarão... X Distante do teu olhar Na busca do que não vejo Saudades do teu desejo Que morreu em meio ao mar. São tantas saudades tuas Nas volúpias com que vinhas Nas noites nossas tão minhas Tuas carnes, duras, nuas. Distante do teu olhar... Como sofro tua ausência... Não posso mais navegar As ondas não vão voltar? Vou pedindo por clemência... Quero o gosto dessa boca Nos lábios que não esqueço. Sem teu amor envileço, A vida passando, pouca... Distante de teu olhar... Esperando tua volta A volta do meu amor A minha alma já se solta Do frio faz-se o calor... No calor do teu olhar... X Do que fomos, O que somos Somas e senões Embora no final da história O que se pensa ser Nem sempre alcanço. Sou o viço que não veio O vício que não teve O contrário que não serve. A metade não o meio A saudade não o seio. Receio de ser. Aborto do que podia E o dia não deixou. O que sou não serei Se o rei não fosse teu E a rainha não morresse Antes do xeque mate. Falar de amor Desse amor improvável E impossível Que é meta Mas, poeta, não completo. Quero o gesto manso de perdão Vindo do improvável. Do imponderável. Do impossível. Passivo de tantas dívidas e vidas. Divididas entre o que fui O que sonhei E o que ficou pelo meio do caminho... Falo de nós, dos nós e das nozes. Da voz e dos vossos. Do meu karma. Arma e amor. Amor... Que falar de ti, que és e que sempre fostes. Eu sou embuste. Teus bustos reais Reais e firmes Assim como os sonhos Que afirmo terei Cada noite Pensando em ti... X Amor que não temo Não tremo e que teimo. Se amo não vou Se não amo sou O que proclamo e queria. Mais dia menos dia... Poesia me mata Nos teus braços, morena... No que me concerne Cerne e senso Sou imerso Vou imenso Depressa para os teus braços Raiar o dia Acordar o dia Morrer o dia Vai dia Vem dia E nada mais. Meu terço e prece Obedece A quem tece Os meus olhos nos vazios... Vagos olhos Sem lagos Sem magos, Sem largos. Amargos Amágoas Ama águas Dos rios Que me inundam De teus braços Tuas braças Tuas rias... O sino chama à promessa Amor que nunca se meça Se peça ou se partia. Na mesma melodia Que dia a dia Vai dia Vem dia E tudo o mais. Sou terço e sou metade Sou o que há de O que arde E mesmo que tarde Adormecerei nos teus braços E cantarei o meu enorme amor. Que não cabe nos teus braços Não cabe nos abraços Nem no mundo caberia. Somente no nosso dia Dia a dia... Que nunca mais Iria. Jamais... X Falo sobre o nada que contenho O nada ser Nada sonhar Nada viver Nada amar Nada mar E pura areia... Vi teu nome mesmo assim Jogado nesta praia Nas mais distantes certezas Nas incertezas absolutas E no meu medo do mar. Menina que me incendeia Tantas pegadas na areia Desembocam no meu peito. O cheiro desta manhã O gosto dessa maçã A vida toda vã E meu não Que não sonhara. Pouco a pouco diluo Meus sonhos nas tuas mãos... Que não sabem o que fazem Com meus restos e ritos Meus medos e promessas As horas que não viriam No sonho que nunca veio Falo sobre nós dois O depois e o não sei quando. Apenas sei. Seios. Serei, serei-os E sereias Nas areias onde passo E procuro conchas Conchas que trazem o mar. Trazem as pegadas, a areia E a certeza absoluta De que eu sempre vou te amar. X Naquela noite eu dormia, E nos sonhos pressentia Amor que tanto pedi. E com medo de acordar, Não quis parar de sonhar, Neste sonho me perdi. No meu leito, adormecido, Pensando no amor querido Que sempre pensei ser minha, Mas que nunca me tocara, Apenas amor sonhara Voando qual andorinha... Como um luar recendendo Meu amor foi crescendo Perfume de linda flor Que me deixa sequioso Querendo esse amor gostoso, Sentir o cheiro do amor... Dormindo não me cansava Toda noite imaginava Como poderia ser A tua respiração Em meio a tanta emoção, Em meio a tanto prazer... Sonhei tanto em minha vida Que te encontro aqui querida Deitada no nosso abrigo... Na cama que desejara De tanto, amor eu sonhara, Agora dormes comigo! X Amada, se tu quisesses, No coração pleno em preces, Falar da nossa paixão. Dizer do nosso desejo, Que se mostra em tanto beijo, Invade meu coração! Se pensar em nosso abrigo, Desafiando o perigo; No nosso tempo e amar, Sabendo do forte vento Que nos traz o sentimento, Que transtorna todo o mar. Nas horas todas perdidas, Das dores já convertidas No sorriso que te trago, Sem penar por ter saudade, Amando com liberdade, Te pedindo um doce afago. Morena como é tão belo Um amor que sempre velo E que espero nunca acabe. Amor que tanto me dói, Ao mesmo tempo constrói. No meu destino já cabe... Amor de noites dolentes Dos desejos mais ardentes Que me traz a fantasia, Vivendo em pleno prazer, Tão bom que chega a doer Se explodindo em alegria! X O meu coração delira Com as nossas fantasias Se minha alma já suspira Vivendo tais alegrias Os meus sonhos mais ardentes Esquecendo todo engano Nos nossos jogos mais quentes Amor que se mostra insano... Todas as noites felinas, Noites de tanto sonhar, Minhas mãos peregrinas Quero teu corpo buscar... Meus dedos em descaminho, No caminho se perder. No teu seio fazem ninho, Caçando tanto prazer... E depois destes momentos, Onde encontro nossos cios; No soprar doce dos ventos, Superando desafios... Te quero, nunca neguei. Eu sonho com teu amor. Nos teus braços me entreguei, Eu estou ao teu dispor! X Dourado sonho dominando tudo... Os olhos esquecidos adormecem... Nas horas mais doridas não esquecem E deixam o meu dia quase mudo... Não posso compreender, porém, contudo, Que as noites que vieram se padecem Dos sonhos que perdemos e enlouquecem Fazendo um coração já tartamudo. Nos braços que me entrego, em fantasia... A vida me promete outro tesouro, Estrela que ilumina trazendo ouro. Amada minha estrela da alegria! X Tua beleza querida, tão amada. Tu és minha esperança. Alegras minha vida, tantos sonhos... O bom desta lembrança. Com teu carinho imenso, sou feliz... Traz-me felicidade. És meu sonho de alegria e de coragem... Contigo; eternidade! Meus caminhos transformas, paraíso... Tuas mãos carinhosas. Como é bom te ter perto de mim... Teu perfume de rosas. Encontro, em teu carinho, a solução; Para essas dores tantas... Tu és o renascer de minha aurora. E tu sempre me encantas... Amada, não permita que se acabe O nosso belo sonho... Viver felicidade, eternamente. É isso que proponho. X Eu te amo tanto, querida Pois tudo em ti traz encanto. A vida é senda florida, Eu te amo tanto.. O tempo todo parece A beleza deste canto Meu coração emudece. Eu te amo tanto. Quanta alegria que trago Secando todo o meu pranto, Quando o sinto o manso afago; Eu te amo tanto... Não deixe que tudo acabe, Faça do amor nosso manto; Pois tudo mundo já sabe: Eu te amo tanto! X Dorme minha amada Velo por teu sono, Noite vai calada No meu abandono... Noite e madrugada... Dorme assim querida Como quero bem Toda a minha vida Procurei alguém. Te amar, a saída... Dorme tão silente Que belo sorriso Brilha, de repente Puro paraíso. Que me faz contente. Dorme que eu te peço Sonho que sonhei Amor não impeço, Nele mergulhei. Sonho no teu sonho, Sonho sem pedir Agora é risonho, Sonho te sentir. Sinto teu sonhar É tudo o que eu quis. Sonhando te amar, Eu sou mais feliz! X Quanto quer meu bem querer Bem querer quanto me quer Tanto quero te querer, Será que ela inda me quer? Tanto tempo que te quis Se me queres já não sei Só sei que tanto te fiz Tanto fiz que nada sei. Só sei que te quero bem Bem querer, eu sou feliz, De tanto quero meu bem, Tanto tempo teu bem quis. Querendo o que tanto quero Te quero como te quis. No canto do quero-quero Meu querer fazendo bis. Não mais quero quem não quer, Bem querer que sempre quis. Meu querer tanto te quer, Sem querer, não sou feliz... Quero o gosto do querer No querer quero teu bem Meu amor, meu bem querer. Agora, comigo, vem... X Amor assim como o nosso Que nos traz tanta alegria, Que é feito em pura magia, Que trama uma vida em paz. Por onde quer que se vai, Amor duma vida inteira, Minha amada, companheira, Não te esqueço assim, jamais! Vivendo estas fantasias Que impedem meu sofrimento, Inibem qualquer tormento, São as fontes dos desejos, Amor que nunca se acabe Nele cabe um coração Que se inunda de paixão E mata a sede nos beijos... Nas auroras desta vida, Amar é quase uma prece É ternura que oferece Quem ama ao ser amado, É tanto sonho que tenho, Desse imenso amor eu venho, Deitar aqui do teu lado... Minha amada me perdoa, Se tantas vezes te chamo Amor que tanto reclamo, De amor assim demais, Tudo o que tenho na vida, Teu amor, minha querida, E sempre pedindo mais... X Se eu tenho tanto amor para te dar, Querida é bom sonhar... Eu quero o teu carinho sem parar, Ah! Como é bom te amar... Te sinto aqui bem perto, venha cá, Eu te prometo o mar; Amor maior no mundo, sei, não há, Dançamos ao luar... Nas noites tão sozinho, quero estar, Contigo, meu amor... Decerto nos teus braços, encontrar, O meu maior calor. Sabendo meu amor como adorar, Por onde quer que for, Amor que em tanto tempo, fui busca... Eu quero o teu carinho, para mim, Eu sempre vou te amar, Amor bem de mansinho, sem ter fim; Pois venha me buscar. Amor que tanto quis, amar assim, É tão bom te encontrar. Poder dizer querida, agora sim. Amor que me ensinou a te adorar! X Como é bom saber de ti, Como é doce te querer, Quando o mar, longe, se esfuma, Tanta coisa por dizer; Vendo, amor tua beleza, Digo adeus à dor, tristeza, Meu amor, tenho a certeza, Da alegria de viver. Tanto tempo procurara Pelos campos, bela flor; Espinhos me torturaram, A saudade deste amor... Não posso mais ir sozinho, Sem teu amor e carinho; Ficando no meu cantinho, Somente a tristeza e a dor... Mas agora que te encontro, Depois de tanto buscar, Não quero mais a saudade, Eu quero de novo o mar, Que me traga tantos cantos, De sereias e de encantos, Acabando assim, os prantos; Estando pronto pr’a amar! X Das terras estrangeiras o meu sonho! Em forma de mulher encantadora Das dores que carrego, redentora De todos os caminhos, mais risonho. Quem teve tanta dor, mundo medonho, Já sabe que ao te ter a vida aflora E jamais deixará quem tanto adora Não quero mais saber e te proponho Que vivas, do meu lado, o que me resta Abrindo meu futuro. Na seresta Onde sempre estivemos, par constante, A nossa melodia nos levanta. E com bela voz ,amor sempre me encanta... Deixa-me ser, da vida, novo amante! X Temo Que a minha saudade Que a minha tristeza Que a minha incerteza Que a minha vontade Se percam de ti. Se eu buscasse meu sonho no céu Se eu acredito ser muito feliz Ou coloquei os meus sonhos ao léu. Perdendo assim, sem rumo, minha vida... Vejo Teus olhos de sonho, Tentando um cometa Vivendo outro mundo, Me perco de ti. Se eu pudesse te dar as estrelas Se eu pudesse fazer mais feliz, Sonho fosse da forma que se quis, Encontraria sol na nossa vida... Se eu pudesse cantar nosso sonho, Se eu pudesse ser bem mais feliz Deitando assim contigo sob estrelas, Vivendo mais em paz a nossa vida... Venha Te quero comigo, Rodando na noite Sem temer perigos Na noite que quis Nos meus braços dormindo depois No meu sonho de ser tão feliz, Vivendo nosso amor, sob as estrelas, Ao léu, novo caminho em nossas vidas... Sonho Teu colo macio O mundo que penso Sem dor e sem frio Ser, enfim, feliz... X Amor todo meu, Quero aqui comigo, Gosto desta boca Que é paz e perigo Traz felicidade Mas que nega abrigo Mostrando o caminho Que tanto persigo Vivendo esperança No teu colo amigo Na noite sozinha Já tanto te instigo No canto que faço Vivendo contigo Desperta alegria Mas qual fantasia Transtorna meu dia Te quero comigo Correndo o perigo Neste mesmo abrigo Que tanto persigo No teu colo amigo Se tanto te instigo, É que estou contigo.. X Os tempos felizes Que tanto quisemos Se nós nos perdemos Por que nada dizes? Te vejo cansada E tramo novos dias Em meu amor Te quero a meu lado Do jeito que for Desejo um bocado E chamo Revivo Te quero comigo Meu mundo, meu fado, E tanto te quero, Venero, te espero Assim recupero Desejos sempre em paz Desejos; quero mais... Nos nossos pecados Te tramo, te traço, Te quero, te caço. Esqueço da vida Me gamo, é urgente Desejo um bocado, Em meu amor Vivendo ao teu lado Se preciso for Desejo molhado E chamo Revivo... Te quero deitada, Insana, sedenta Depois peço nada, A vida arrebenta E tanto te quero Não quero, amor que é demais. Mas como te quero Desejos sempre em paz Desejos, nunca mais... X Não quero nenhum silêncio Dentro do meu coração. Quero o canto desse amor Quero o canto da esperança Quero o canto sem temor; Quero o canto mais feliz Um canto acalentador Que seja como se quis, Que me traga nova dança... Quero sabor mais tranqüilo Do gosto de tua boca, Que beijo tão calmamente Trazendo tanta ternura Que beijo mais ternamente Trazendo minha alegria. Um beijo assim, plenamente... Que seja essa fantasia, Que me traga uma ventura... Quero prazer mais divino Dos teus braços em meus braços, No carinho tão sereno Tramando tanto desejo. Que me encante, sendo ameno, Que me deixe mais macio, Que não permita o veneno; No gosto doce do cio, Que seja tudo pra mim, Um espelho onde me vejo... X Dorme minha querida Espero o teu acordar. Estarei aqui Te esperei tanto Tanto tanto tanto... Nossa vida... Dorme minha menina Espero-te a cada dia, Estarei aqui. Meu acalanto Tanto tanto tanto Descortina... Dorme assim minha amada Toda nossa poesia.. Estarei aqui. Secando o pranto Tanto tanto tanto... Madrugada... X Amor, destino Caprichoso e tão menino Traz conforto e desatino, Faz roseira balançar. Me descompensa É muito mais que a gente pensa Todo amor quer recompensa Compensa recompensar. Amor que inflama Toda noite em minha cama Fervilhando em nova trama Faz a cama balançar. Amor te quero Eu por ti me regenero Tanto amor que te venero Tanto amor me faz gerar... Amor sacana Nossa vida se embanana Se esse amor cedo me engana Tenho ganas de esfolar. Amor gemente Toda noite, de repente, Arrastando uma corrente Faz a gente delirar... Amor de fato Eu guardei o teu retrato Foi pro morro foi pro mato Nesse trato quero estar. De manhã cedo Tanto amor, sem ter segredo, Vou vivendo sem ter medo, Nesse enredo vou ficar. Amor de sonho Um futuro tão risonho Meu amor, a ti proponho; Já me ponho, imaginar... Amor que peço Sem amor eu me despeço Meu amor a ti confesso Só me estresso sem amar... Venha comigo Perceber se tem perigo Meu amor eu não consigo Se te ligo quero estar. Amor não corra Se rodar feito piorra Quero amor que me socorra E não morra devagar. Amor gigante Te queria neste instante Meu amor que se adiante Neste instante namorar... Amor salgado Se ficar assim de lado, Meu amor é bom bocado Nosso estrado vai quebrar. Te quero nua Toda a vida continua Nesse amor que se flutua Onde a lua quer brilhar. Amor marinho Eu preciso do carinho Meu amor não vou sozinho Quero o ninho povoar. Não falo nada Vou seguindo minha amada Toda noite e madrugada Em cada cama cada olhar. Amor meu verso Procurando no universo Tanto amor assim diverso Que é o inverso de chorar... X De tanto amor que trago em minha vida, Buscando nos teus braços, meu apoio. Matando a solidão... De tantos os desejos que proponho, No sonho que contigo quero ter... Aurora do prazer... As asas vão lançadas ao espaço No vôo mais feliz que me propus. Rondando a madrugada... O murmurar profundo, sem juízo, Na nossa cama explode de prazer. Restituindo a vida... Não deixe que este amor seja vencido, Nem quebre essa corrente que nos une. É nossa garantia. Matando a solidão, te quero tanto... Aurora do prazer foi prometida Rondado a madrugada, em nosso canto. Restituindo a vida sem ter pranto. É nossa garantia, sobrevida! X Eu amo a vida com seu braço amigo Que sempre me amparou a cada queda... Em todos os tormentos, meu abrigo. O meu companheiro. Eu tenho essa certeza aqui comigo, A de que por pior que seja a queda; Sempre amenizarás qualquer perigo. É meu companheiro. Nas lutas mais difíceis que persigo, Amparas com teus braços, minha queda. Eu sempre contarei assim contigo. Meu bom companheiro... Eu tenho essa certeza, e assim prossigo, Sem temer nas montanhas, dura queda. Nas noites mais geladas, meu abrigo. É bom companheiro... Mesmo nas tempestades, eu não ligo, Por maior e mais triste seja a queda, Eu tenho essa certeza, de um amigo. Sempre companheiro! X Meus pensamentos giram pela noite Na busca de teus olhos, minha amada, E sinto que não vês Eu quero o teu carinho sempre, sempre. Eu quero o teu amor, nunca o neguei, Eu serei teu, talvez? Amor que tantas vezes me entristece E tece em plena noite uma aventura. Amor assim, demais... Traçando pela vida, todo o rumo, Nos beijos que me dá; toda a certeza: Te quero mais e mais... Andando pelas ruas, tão sozinho; Nas luas e nos ventos, a saudade. Amada és meu prazer. Vestindo tantos sonhos com teu nome, Caminho sem parar um só segundo. Não quero te perder. Mulher que sempre foi o meu desejo. No beijo prometido, uma esperança; Eu sempre te amarei. Não vejo mais assim, outro destino, Senão morrer nos braços tão amados Que em ti, eu encontrei... X Em toda essa amizade que me dás Em todos os momentos companheira É tudo o que sonhei. Em vão eu procurava pela paz, Passando sem saber a vida inteira; Agora te encontrei... Amiga como é bom saber de ti, Avanço sem sentir, meus pensamentos, Enfrento o duro mar. Tantas vezes, sozinho, me perdi, Levado pela força desses ventos. Agora, descansar... Em tantas decepções, a vida marca, A lua que me trouxe, me matou. Deixando a cicatriz. Mas já posso contar com nova barca, Embora tanto sonho naufragado Eu sei que sou feliz. Em toda negra noite, a claridade, Em todo dura sina, um novo lume, Não sei mais solidão. Sangrando o meu amor, plena saudade, Restando em minha mão, doce perfume. Da amiga, o coração! X Teus olhos querida De tanto que quis Valeram a vida Por isso feliz Procuro meu sonho No olhar que me deste Ao que me proponho Amor que se preste E que roda sem fim Vivendo o que peço Trazendo pra mim Amor sem tropeço Eu que durante tanto tempo fiz Os meus versos pensando neste amor Sei que sou apenas aprendiz Que vive e mal cultiva sua dor Que trama novamente uma esperança De ver o novo dia clareando, Sabendo que carrego na lembrança O medo de seguir desencontrando E peço tão somente uma certeza, Viver com alegria o que me resta; Trazendo pr’o meu mundo esta grandeza Que faz com que se pense sempre em festa. Na fantasia louca da paixão, Mergulhar de cabeça e coração! X Não me diga mais adeus, Nem me fale de saudade Eu quero ser mais feliz. Buscando nos olhos teus Verdadeira claridade... Não me diga que não devo Procurar o teu caminho Seguindo o teu rastro amor. Tudo o que da vida levo, Não deixa ser mais sozinho... Eu quero o gosto da sorte Sorvendo minha alegria Tramando um canto, futuro. Nosso amor me faz mais forte, Se invade de poesia... Nos teus seios o meu cais Nos teus olhos meu farol Tudo que te quero enfim, Vivendo te amar demais Esse amor, meu vivo sol! X Procuro pelo amor nestas estradas Distantes e doridas de minha alma. A luz que me ilumina e que me acalma Responde que andará nas madrugadas... Em vão, pergunto então às alvoradas, Que fazem meu destino em cada palma, Dizem-me que eu não perca nunca a calma Nas tardes, talvez ache, ensolaradas. Cansaço desta busca já me alcança; A vida passa, o tempo sempre avança E nada deste amor que prezo tanto! Buscando em cada flor, na primavera, Apenas sua face, vil quimera. Procuro pelo amor... Só desencanto! Pensara que não vinhas, desde outra era, Te vejo aqui do lado. Te amo tanto! X Quando encontrei em ti tal formosura Que sempre invade a vida, uma ternura; Deixando o sentimento satisfeito A vida se tornando menos bruta Amar passando a ser total direito, O canto da alegria já se escuta... A luz de imenso brilho, tão precisa, Num gesto mais tranqüilo, calma brisa... No peito um batimento acelerado, Quase se arrebentando num estouro. Dizer deste momento apaixonado, Amor é com certeza, o meu tesouro... Não falha o pensamento mais preciso, Que trama com certeza, um paraíso... Eu sinto estar feliz por ser cativo, Eu sinto uma alegria em forte chama; Da dor que me ilumina, sempre vivo. Amor que é redenção, tanto me inflama... É força que comove e me sustém Sem ele sobrevivo e sou ninguém Sustento que me nega a refeição É rumo que me perde e que redime. É lastro que me traz elevação, Demais tanto me salva e me deprime! X ONDE HOUVER FLORES, O PERFUME EXISTE; ONDE HOUVER LUZ, EXISTE BRILHO E COR! DO DESTERRO CRUEL, FUNÉRIO E TRISTE, EMERGE O BELO, COMO NUM SOL-PÔR... ONDE TUDO FENECE, SÓ RESISTE O VELHO SONHO, QUE SE FEZ EM FLOR; E TODO SOFRIMENTO SÓ PERSISTE NO PEITO QUE SE FEZ MERECEDOR... NO CHORO CONVULSIVO, SEMPRE VEJO, COMO SE FRUTO FOSSE DO DESEJO, UM MOMENTO FELIZ, LIVRE DE DOR; E NOS MEUS ERROS, MESMO REPETIDOS, NO ESPELHO DO DESTINO, REFLETIDOS, VEJO O ROSTO SUBLIME DO SENHOR! NESSES VERSOS QUE FIZ PROCURO VER O BRILHO DO QUE FOMOS E SENTI. DE TUDO QUE PENSEI PODER VIVER SOMENTE O QUE SONHEI , E TE PERDI... PERCEBO NOS TEUS OLHOS SEM QUERER O MEDO QUE SINCERO ME ESQUECI, O VENTO QUE TE TROUXE POSSO CRER EM TOLOS SENTIMENTOS, LEDO, RI... O GOSTO QUE PRESSINTO NO TEU BEIJO ME FEZ DE TI REFÉM, DE TEU DESEJO. REFEITO DESTES SONHOS QUERO O MUNDO. VESTINDO MEUS SEGREDOS, SEM RECEIOS, ENCONTRO NOS MEUS OLHOS,OS TEUS SEIOS. MERGULHO SEM TEMER, E VOU PROFUNDO... Marcos Coutinho Loures Marcos Loures Obs: Em nenhum dos dois sonetos foi utilizada a letra A X Ao ver-te tão bela, na praia sereia, Sabendo que a noite trará nova lua Correndo na praia brincando na areia, Teu corpo me encanta, tão bela assim nua. Não fujas sereia Não fujas de mim. Te dou lua cheia Amor carmesim... Na praia deserta correndo se agita As ondas na areia, sereia tão minha. O vento que canta, paixão tão bonita, A noite incendeia a vida adivinha... Não fujas sereia Não fujas de mim Te dou lua cheia Amor grande assim... Cabelo macio, vento te chamando Na lua tão cheia, sereia me encanta. Manhã tão bonita, teu nome clamando A vida clareia nem a dor me espanta. Não fujas sereia Não fujas de mim Te dou lua cheia Todo amor enfim... X Minhas cores prediletas No pincel que foi me dado Me inspirando nos poetas Invadindo o coração Com as asas do meu sonho... No teu corpo aqui, despido, De tanto amor já sentido, Dessa faminta emoção. Eu quero o gosto macio De poder viver teu cio Em meio a tantas promessas Das vidas que não teria Desse amor que não sabia E quem tampouco confessas. Minhas noites, nossas festas Nossos sonhos esperanças. Dos alertas que me emprestas Do gosto de nossas danças Das nossas velhas lembranças Alcançando um novo mundo De sentido mais divino Desse amor que é mais profundo Onde ondeia o peito meu Nos versos que dediquei A mando de quem queria Vivendo toda a poesia Que se traduz alegria. E que faz desse meu canto Prenúncio de uma união Arrebata o coração Levando-me para os braços Da mulher que sempre quis. Falando assim bem baixinho Passarinho achando o ninho Agora canta feliz! X Caminhando em verde prado Em busca de puras fontes Em sua alma luz primária Com cheiro de mato fresco. A terra toda molhada Olhando para o jamais Um lagarto passa ao longe. Uma abelha incomodando, A formiga se aproxima. Vento tramando chuva. Casamento prometido As coxas morenas, duras... As águas mansas do rio Os banhos na cachoeira Rebanhos soltos, esterco. Na sombra depois de tudo, O canto esparso do pássaro. A terra foi fecundada Sementes brotando. Sexo. O desejo é inerente; Casamento traz a festa, Fresta da janela, lua... Olhos espiam nudez... O vento da noite, estrelas. O canto distante... Sonho. A boca aberta espreitando O fogo desta fogueira Carnes em conjunção... Inda bem que tempo passa. Passa tempo, tempo e vida. Na coxa roliça, os olhos... Na boca, lábios carnudos. Campeiam tantos desejos. A vaca mugindo, o cio. Calor que nada serena. Sereno da noite vem Traz o gosto do moreno Traz o jeito desta lua Que invade e deita-se nua Num reboliço suave. Penetra cada centímetro Com esmero e insensatez. Pelas pernas entreabertas Os raios da clara lua. Os olhos quase fechados. A lembrança nunca sai Do gado solto no pasto. Do lado de fora, a fresta Permite que se sacie O desejo mais audaz. E a vida continuando. Procurando o paraíso... X Nas nossas noites de amor Em plena felicidade Buscando por onde for Nesta vida, claridade... Sabendo que tanto amor Só vale se for verdade... Quero deixar meu viver Nos teus braços minha amada. Cansado deste sofrer, Seguindo por esta estrada Cuja estrela quero ter Sem teu amor eu sou nada... Amor é trama divina Que nos traz o sofrimento. Venha aqui minha menina Esquece do esquecimento Amor cedo me alucina, Depois se vai. Leva o vento... Amor que tanto maltrata Também me traz aliança Amor descendo a cascata Brincando que nem criança Amor demais não me mata, Fica na minha lembrança... Escrevi teu nome a giz No quadro negro da sorte. Aguardei ser mais feliz, Ficando assim bem mais forte, De amores sou aprendiz, E matei a minha morte. Agora que estou contigo Nessa estrada sem destino. Não vejo nenhum perigo O meu medo eu já domino Então venha aqui comigo, Belo sonho de menino! X Eu te vejo sentada sobre as pedras As pedras que levavam para o mar No mar que tantas trevas prometia. Prometias viver amor demais. Demais pensei que a sorte não seria. Seria tão somente uma saudade; Saudade de quem fora e não voltara Voltaram minhas dores, sem piedade... Mas sinto que tu chegas de repente E sinto que te tenho aqui de novo, Renovo tantos votos e promessas Remessas de sonhos que perdera. Nas pedras do caminho que trouxeram Os dias de saudades que sentira. Agora que te tenho novamente. A mente se renova e fortalece. E tece cada noite mais um sonho, E trama a cada noite uma esperança. Viver tão bela vida me proponho, Não tiro teu olhar mais da lembrança. Meu mundo se promete mais risonho A vida nova vida já me alcança E quero nosso amor, pura emoção, Que traz e que devora o coração... X Tantas vezes, embalde procurei Nos sonhos que queimavam minhas noites. Nos versos que teimava em declamar Nas ondas tão distantes deste mar. Na boca sensual desta morena Que pena, tantas penas tanto tinha Que sei que não serei o que queria Na noite que tentava, morre o dia. E vejo, calejado desta vida Ávida cercania que corteja A boca que não veio nem viria O tempo que perdi, em fantasia... E calo por saber que não me cabe No colo da morena que pensava Que pena que essa deusa me mentia. O mundo tanta pena valeria... Mas rio do que rio foi regato Se rio nada sério, nada somo. Me assomo com o verso que faria Reverso da medalha que temia. E vejo, tão moleque o que não mói. E sinto o que o reboque não levou. Amor que para ti foi poesia, Morreu nesta incerteza que mentia... Mas sinto que virá nova tormenta Em forma de outras coxas, pernas braços... Depois de tanto amar, amei Maria, No mar que me inundou, sem poesia... X Depois dessas noites frias De tão frias e vazias Tão vazias não sabias De toda minha emoção Buscando amor por encanto Tanto quanto como um manto Que protegesse do pranto Que não matasse ilusão... Depois de tanto sofrer Muita vida percorrer Sem meu destino saber Procurando a solução Que nunca pensei tão perto Miragem no meu deserto O meu sonho descoberto... Sem segredo e sem perdão Nossas matas, selvas, flores As seivas desses amores Sem saber mais de pudores Explodindo em tentação. Em tantas loucas torrentes Descendo pelas correntes Para inveja dessas gentes Distantes, sem salvação. Nosso amor é nossa sorte É nosso rumo, meu norte, Amor assim é tão forte Suporta qualquer tufão. É verso que te versejo É tanto que te desejo Em cada canto te vejo, Rastreio nesta amplidão... Um dia, talvez quem sabe De não tanto amor que não cabe Amor que nunca se acabe Determine uma explosão. De tanto que quis amar De tanto te desejar Nosso amor invada o mar E alague todo o sertão! X Tu és o meu desejo mais profundo, O mar que tantas vezes procurei Nos sonhos mais dourados que já tive Nas ânsias mais divinas que busquei. Tu és esse meu canto mais sonhado A lua que de noite eu esperava. No brilho mais bonito que encontrei Certeza de que a vida iluminava... Tu és a benfazeja melodia Que escuto toda noite no meu quarto Na chama que incendeia minha vida Amor de quem jamais estarei farto. Tu és o solo firme que queria Nas duras caminhadas sem destino Em meio a tantas urzes, maus espinhos, Certeza de sorriso cristalino... Tu és a mansa rede em que me deito Depois de tanto tempo assim cansado Tu és, querida, o grito que soltei, Nascido deste peito enamorado... Tu és a rosa bela em meu jardim, Com pétalas brilhosas, perfumada. A Deus eu agradeço todo dia, O fato de te ter ó minha amada... Tu és o canto livre de esperança A dança que queria sem temor. Eu contigo aprendi ser mais feliz, Eu conheci, querida, o que é amor! X Te vendo tão bonita e graciosa Sentada nesse bar defronte a mim. Começo imaginar tantas palavras Que possam declamar amor, enfim... Tomando esse conhaque me encorajo E passo a te falar coisas de amor... Faço até poesia... Decerto não percebes a presença Sem graça, de um poeta improvisado Que tenta imaginar versos bonitos. No quinto ou sexto gole, embriagado, Irei cantar assim sem ter mais medo, E subo nessa mesa, moça bela. Faço até cantoria... Sinto minha cabeça fervilhando Em versos que jamais imaginei Falando de promessas que não fiz No sonho deste amor, escancarei. E peço mais conhaque, dá coragem. Aprendo a declamar versos de amor. E faço poesia... Os versos que te fiz Na mesa deste bar São versos de aprendiz Em poesia, amar. Na noite que promete Imersa em fantasia Tanta beleza remete Aos sonhos de alegria. Eu perco até meu medo Da vida que trazia, E tento um arremedo Matando a poesia. A culpa é dessa lua De todo esse conhaque, Essa alma que flutua Do poeta de araque, Te pede um só momento Rainha da beleza, Acabe esse tormento Olhe pr’a minha mesa... X Não temo esse deserto Que traz a solidão De tudo estou bem certo Mais forte essa emoção Que traz teu braço amigo É bom estar contigo... Amigo, tantas vezes nossa vida Nos trama tais tristezas que maltratam. Sabendo ser demais, alma perdida, Por vezes nossos sonhos não retratam. E fazem cada dia dolorido Como fosse um castigo a ser cumprido... Na areia em tempestade Os ventos nos queimando. Findada a claridade O tempo vai passando Não resta nem bonança Sequer uma esperança... Porém quando pressinto este final, Recorro ao meu amigo sem ter medo. Vencendo sem ter dúvidas, o mal, No braço camarada, o bom segredo Que faz com que destino seja manso. Renovo uma alegria. A paz alcanço! X Esse amor insensato que me move Comove com carinho e com prazer Viver sem teu amor não posso mais Demais amor assim. Vou me perder... Prender-me em teus laços, sem ter medo, Segredos e carícias que trocamos. Amamos nosso amor assim somente, Semente do futuro que sonhamos... Atamos nossos rumos e destinos. Sem tino caminhamos pelas ruas; Flutuas nos teus passos, cara amada, Cercada por estrelas, tantas luas... Vais nua no corcel que desejaste Sonhaste com amor que sempre tive. Estive em teus momentos de ilusão Numa emoção que nunca, em mim, contive... E vive nosso amor em cada dia Na poesia viva, puro encanto, Teu manto me recobre e me traz paz, Capaz de terminar todo o meu pranto. Se tanto amor nós temos; pois, querida; Na lida por um mundo bem melhor, Decoro meu amor no teu desejo E vejo nosso amor, meu bem maior! X Amiga destes sonhos Dos bons e mais risonhos Até nos mais medonhos Momentos desta vida Encontro teu carinho Se não vou mais sozinho Meu peito faz o ninho No teu amor, querida... Amiga como é bom Trazer um novo tom Saber do belo dom Dessa boa amizade Que brilha no meu céu Deitada em meu dossel A dor cobre com véu E traz a claridade... Amiga companheira, Contigo a vida inteira Na luta derradeira Procura pela paz Amor que é tão sincero O teu colo eu espero Do amor, amor que gero Eu sei que sou capaz... Eu sinto teu afago Na mansidão de um lago No teu caminho, mago, E rogo pela vida. Luta desesperada Por tanto amor banhada Sem temer quase nada. Amiga tão querida.. X Depois de tanto tempo sem ter rumo Sem nexo sem saber se quero ter Amor que nunca mais me deu notícias Não quero mais perder... No tempo que vivemos nosso caso, No ocaso sem acaso e sem perdão, A lágrima vertida foi-se embora Restou o coração... O vento que agitava seus cabelos, Partiu sem piedade e te deixou. Agora sei que estás assim sozinha, O vento me contou... Por isso meu amor não fale nada Só quero te fazer muito feliz... Espere chegarei bem de mansinho. Do jeito que se quis... Eu trago um coração apaixonado Marcado pelas garras da saudade. Eu sinto que por fim vamos viver Total felicidade. E quero que me entenda, não maltrato Amor que sempre foi a minha vida Que bom que posso estar assim do lado Da mulher tão querida... Eu venho como o vento em teus cabelos, No brilho desta lua que te adora. Eu sinto que serei mais verdadeiro, Amar nunca tem hora... E vamos percorrer nossas estradas, Unidos pelo amor que sempre insiste. Sabendo que no fundo, o paraíso. No nosso amor, existe! X Andando tão sozinho pelas ruas Sem ter sequer um canto, sem descanso. Já me desesperando, sem ninguém... Onde está meu grande bem? Sorrindo falsamente, quase choro. Vagando bar em bar, quero teu colo. Mas nada do que quis, a noite trouxe. Onde estás meu grande bem? Nos vales e nos campos, sem ter flores, Amores esquecidos nestas ruas. Em todos os cigarros, nada veio... Onde estás meu grande bem? Passam-se tantos dias, nada mais... A noite me exilando, sou saudade. Agora a vida não permite mais ter paz... Onde estás meu grande bem? Encontro tua sombra em cada passo, Penumbras me invadindo, sem sentido. Onde estás meu amor, meu grande bem? X Querida, teu amor é como inverno Que gela e que maltrata, nada faz; Mas quero teu amor do mesmo jeito; Perco-me sem amor, sou incapaz... Vivendo essa miragem no deserto, Distante do que sempre desejei. Na mansidão demais, eu já me escondo, De tanto que em batalhas me criei. Eu quero ter remanso, mas nem tanto, Eu quero ter amor em convulsão. A brisa que trouxeste nem me move Preciso descobrir uma paixão... Em versos que te faço, calmaria, No canto que te peço, tempestade. Eu quero uma emoção para viver, Cansei de tão pequena claridade... Eu quero também festa e muita dança Amor feito uma avenca não me atrai. Da noite que este amor não se despenca Quem sabe, de repente, a ficha cai. E vamos pelas praças sem ter medo Sabendo que uma noite não é nada, Depois de tantas horas no marasmo, Romper, bebendo o sol, numa alvorada... Correr nossa nudez, deserta praia, Brincar com estas ondas sem juízo... Viver sem saber nunca quantas horas, Voltar, partir, chegar sem ter aviso... Assim sem compromisso sem ter pena Lambendo a tempestade com carinho. Talvez o nosso amor se recupere, E rompe tal gaiola, passarinho... As asas que cometo são meus guias. Em tanta insensatez, amor liberto. Não será mais apenas um retrato Dessa miragem morta no deserto! X Quando terei descanso nesta vida? Sorrindo e bendizendo mesmo a dor, Tantas angústias formam o meu canto, Meu canto sem encanto, tanto amor... Depois de ter buscado nas montanhas O gosto deste amor, meu esplendor. Depois de ter seguido puro espanto, Meu canto quer encanto, o teu amor... Mas nada do que sonho, pude ter; Vivendo em pleno frio, sem calor. Na luta pela vida me agiganto Meu canto pede encanto, o nosso amor... E sinto que talvez por tanto quanto Amei amar demais, com tanto ardor, No canto tão vazio, um doce manto, O canto que cantei, por tanto amor... X Minha vida sozinha se passa Nos meus versos que canto sem fim Vou passando meu mundo sozinho Só saudades restaram em mim. Mas eu quero teu sonho comigo Sem temer nem as dores nem frio. Se vieres amor sou feliz, Coração não será mais vazio... Nas auroras que espero querida, No desejo mais forte de paz. Das roseiras cortei os espinhos Toda noite alegria nos traz. Das janelas abertas do peito. Nossas flores brotaram tão belas. Nosso amor que pediu liberdade Nessas tantas belezas revelas... Eu adoro te amar, não o nego. Teu amor assim tudo o que quis. Nos meus braços, um sonho carrego, Em seus braços viver mais feliz! X Eu quero teu canto, teu rosto molhado, Amor sem cuidado, que tanto maltrata, Vivendo esse sonho, sabendo de ti. Percorro sem medo, qualquer densa mata. Na brisa da aurora meus versos te faço Amor nem disfarço, sou somente teu, Quem vinha da noite sabia dos sonhos, Da fada divina, que amor já me deu. Eu quero essa bruma, que sempre me esconde Amor sei aonde buscar teu encanto, Vivendo sem medo, sabendo de tudo, Amor não me iludo, te quero, amor, tanto... Não bastam palavras, os olhos te caçam, Na luz esfumaçam e seguem caminho, Ouvindo meu canto pedindo teu colo. Amor com certeza não sou mais sozinho. Eu quero uma noite de tanta alegria Doce fantasia sem medo sem nada Que traga somente com toda a beleza A mulher que quero, por mim tão amada... X Na areia que quebra tal onda tão forte Mudando uma sorte que teima em lutar Na lua que brilha meu rumo se perde Amor sempre pede, deseja esse mar. Ouvi o teu nome trazido no vento Tanto sentimento quero te contar. Não tenha mais medo, recebo teu beijo; Com todo o desejo, querendo te amar. Na areia da praia, ventos e saudade Amor de verdade, nem sempre eu achei. Eu quis claridade, na noite que veio, Com todo o receio, já te procurei. Sabia que vinhas na noite mais bela, Trazendo uma estrela na frente qual guia, Toda a fantasia rebenta no mar. Amor que me traz toda essa alegria... Eu sinto teu toque na noite que sonho Amor te proponho não mais me deixar, Vivendo essa sorte, de amor que é mais forte. Contigo querida, já sei como amar! X Estrelas que encontrei, enamoradas, Por vezes se entranhando no meu quarto. Vasculham cada canto, nas gavetas, Se riem me mostrando o meu retrato. Estrelas radiosas que se adoram, Se adornam deste lume que demonstram. Trazendo uma alegria sem igual, Aos poucos do meu lado já se encostam. Incrustam seus desejos, rasgam tudo. Lençóis e travesseiros vão ao chão. Nos gritos e nas manhas irradiam, Espalham ecos loucos, gozos, som... Estrelas são sedentas queimam tanto, Nas brasas e nos jogos mais audazes. Sorrio dos brinquedos de criança Nos beijos que se trocam, luminosas... X Quando de tarde sinto a mansa brisa, Trazendo uma saudade do que tive O vento que escorria no arvoredo Contando para o ar nosso segredo, Eu me lembro de você... Quando a noite se chega, devagar, Trazendo tanto frio que me gela. A lua enamorada em seu queixume Reclama nosso amor, tanto, ciúme... Eu me lembro de você... E quando a madrugada vem surgida Promessas de uma aurora maviosa, Os raios da manhã, belos, clareiam. O mar, esse horizonte se incendeiam, Eu me lembro de você... Quando a manhã trazendo o forte sol, Que queima e que me abrasa sem parar. Deitado nessa areia, bronzeando, Tomando toda terra, deslumbrando... Eu me lembro de você. Eu me lembro de você Na tarde, na manhã, na madrugada; A procuro mas cadê? Me fale quem souber de minha amada! X Meu amor é tão gostoso. Tão formoso Como quero a minha amada. U’a mulher maravilhosa Uma rosa No meu jardim, orvalhada... Cada vez que penso nela Ela é bela O meu coração dispara. Esta mulher tão bonita Que me agita É pedra divinal, rara... Todo vez que sonho assim, Não tem fim. Amor que sempre desejo. Traz tanta felicidade E saudade Da delícia deste beijo... Meu amor é meu encanto É meu canto Que me dominou inteiro. Teu carinho tanto quero Te venero O meu amor verdadeiro... Toda vez que nela falo, Não me calo. Vivo sempre a repetir. Tem o perfume das flores Tantas cores Estrela sempre a luzir. Minha amada estou aqui, Sempre aqui. Esperando o teu carinho. Tanto beijo que te dei, Eu sonhei. Já não sonho mais sozinho! X Amiga, antes do sol romper seus raios, Forjando essa dourada aurora amada. Te quero aqui. Sabendo dos caminhos mais salgados, Sabendo dos teus sonhos imprecisos. Te quero aqui. Amiga antes que a dor já te arrebente, Antes que o mundo seja mais cruel. Te quero aqui. Meus versos são palavras sem sentido Se, por acaso, amiga; não vieres. Te quero aqui. Te quero aqui, querida companheira Por certo eu poderei te dar abrigo. Te quero aqui. Não deixe tantos sonhos pra depois A vida sempre traz uma saída. Te quero aqui. Não pense em desistir, portanto lute. A luta sempre vale qualquer pena. Te espero, amiga... X Não se ria do amor que tanto tenho, Espero que não sejas tão ingrata. Sozinho já passei por tanta dor Amada, se não queres, já maltrata... Sou feito de ilusões que um dia foram Deixando um simples resto que não sabe Viver sem ter ninguém, a dor consome, Não deixe que esse amor, um dia, acabe... As noites que sonhei, flores pisadas, Guardadas nas lembranças, doloridas. Nas horas mais difíceis que passei, Sonhando te encontrar. Com nossas vidas... Por isso meu amor, me leve a sério, Eu tenho esse carinho pra te dar, Os nossos passos quero, com afinco, Viver intensamente, o que é amar... X Minha amada é tão formosa Como a lua fascinante Em teu perfume de rosa Teu brilho mais faiscante Minha vida anda orgulhosa Dessa mulher deslumbrante Com justiça tão vaidosa Da beleza cintilante Vivendo tão melindrosa A minha rosa elegante... Que nasceu no jardim do pensamento Domina meu amor, meu sentimento... Domina meu amor... Em toda esta certeza sem temor. Nascida no jardim Eu quero teu amor só para mim... E danço em nossa dança E sonho em nosso sonho A noite que se avança Meu sonho mais risonho E ponho meu desejo Montado em teu corcel Vivendo cada beijo Entregue no teu céu. E danço em nossa dança, meu amor... E sonho em nosso sonho, sem temor... A noite que se avança em sentimento. Meu sonho mais risonho, pensamento. E ponho meu desejo em pensamento Montado em teu corcel, vou sem temor. Vivendo cada beijo, um sentimento Entregue no teu céu, ah! Meu amor! X Amor que me ilumina Fazendo desta vida, eternidade Traçando tais perfumes, rica mina. Transtorna assim qualquer serenidade Invade minha vida em esplendor Refaz meu pensamento. Salvador! Amor tão peregrino Sem ter descanso algum meu coração Imerso nos delírios de um menino, Lutando por, quem sabe, uma ilusão, Das sendas mais doridas e mais belas... Nascendo sob a luz destas estrelas.... Na aurora cristalina Nas luzes mais divinas, fluorescentes, Estrela dos meus sonhos, vespertina. Deitada em minha cama, range os dentes E explode em mil desejos fogo imenso Somente eu teu amor, eu tanto penso... X Quando te vi, querida, em plena fantasia; Teus olhos conquistaram E tudo dominaram... Fazendo um velho sonho realidade Rodando em meus desejos, os amores... Te quero tanto Tanto esse encanto Que posso assim chamar: felicidade! Quando te vi querida, uma alegria Tomando tudo Eu fiquei mudo Imerso nos teus braços, tão divinos... Paralisado em meio a tal delírio... Me arrebataste Me dominaste Sou vítima dos olhos cristalinos... Quanto te vi, teus seios, belos seios... Doce delícia Pura malícia Nos carinhos que sempre desejara Na noite de prazer, rara e tão bela Me conquistaste E me tomaste É tudo, meu amor, que mais sonhara... Quando te vi, rolando em minha cama. Beleza nua Boca tão crua Desvenda meus segredos mais contidos. Percorre meus caminhos, nossas mãos... Tão bem talhadas Fanatizadas Descobrem os prazeres escondidos... E sinto que serei bem mais feliz Amada lua Se perpetua Amor que nunca mais se acabará Nas puras emoções audaciosas, Imaginadas Concretizadas Na cama, as sedições maravilhosas... X Nos braços da amada noite Como é bom poder lembrar Dos teus beijos tão queridos. Vontade de te encontrar. Matar saudade do encanto De ouvir o teu belo canto Deste amor que quero tanto E que sempre eu hei de amar... Morena bela, mineira, Que sempre vive no sonho No sonho de ser feliz, No barco que te proponho Desta mulher majestosa Com seu perfume de rosa Tão bonita e tão formosa, No meu mundo mais risonho... Quem fora tão solitário Sem tristeza e sem amor, Vivendo somente a esmo. Aguardando o salvador Carinho de quem se quis Aprender a ser feliz Roubar um novo matiz Dum jardim pleno de flor.. Quem fora sempre sozinho Trazendo esses amargores Neste poço de saudades Mergulhado em tantas dores Sem saber contentamento Vivendo sem sentimento Mal suportando o tormento Imerge nos teus amores... E segue por essa vida Tendo amor, felicidade, Sem temer mais a tristeza Sem suspiros de saudade Que tanto me torturara Que tanto me maltratara Sabendo da jóia rara Poder amar de verdade! X Nos mares mais profundos, tantas mágoas. Rolando sem destino, perco as algas... Desejo teu carinho, nossos lagos De calma e mansidão, estão perdidos. Vencido pelos medos sem demora. Agora não estreito mais teus braços. Dos laços que sonhamos, pouco resta. A festa prometida nunca vinha. Se tinha tantos medos, meu amor; No andor de nossos sonhos prometidos Os dias mais doridos, nossos dias, Em plenas fantasias se perderam... Arderam nossos sonhos mais sinceros Esmeros esmorecem mas persisto. Insisto neste amor que tanto temo, Mas sei que encontrarei ao fim da tarde. Ardendo o coração quase sem paz Capaz de ser feliz nos braços teus. Adeus já não permito nem consinto. E teço nova tela de ilusão, Te peço, meu amor, teu coração. E partiremos soltos pela noite... X Com teu amor querida Sonhei na mocidade Busquei por toda a vida Em toda a imensidade Agora que te encontro ao lado meu Meus sonhos transformados em reais. Recebo em teus carinhos meus desejos E passo minhas noites nos teus braços... Com tanto amor que tenho Amor que não termina Nesses meus versos venho Encontrar minha sina... A sina de te ter aqui deitada Sonhando o mesmo sonho que sonhei Vivendo a mesma vida que propus Na cama em que fizemos tanto amor... Tu sempre foste a luz Que tanto imaginara No espelho reproduz Tua beleza rara... E vejo que estou certo em te querer E vejo que acertei neste meu sonho E vejo que contigo eu aprendi Nos teus braços, certeza deste amor! X Eu amo teu sorriso, minha amada; Certeza tão serena do descanso. Em tantas tempestades, calmaria. Trazendo a sensação de bom remanso. Eu amo tanto... Eu amo tuas mãos tão delicadas, Certeza de carinho no depois; Em tantas desventuras, meu abrigo; Trazendo esse prazer para nós dois... Eu amo tanto... Eu amo teu olhar tão envolvente Certeza deste brilho que procuro. Em tantas incertezas pela vida, Trazendo tanta luz, findando escuro... Eu amo tanto... Eu amo estes teus seios, meu regaço; Certeza tão divina de acalanto. Em tantos vendavais, meu manso porto, Trazendo em doce gosto, meu encanto... Eu amo tanto... Eu amo tanto amor que vejo em ti. Certeza de viver felicidade. Em tantas ilusões que já passei. Trazendo a sensação duma verdade! Eu amo tanto... X Saber do diamante da amizade Que sempre nos trará tanta riqueza. Disso nunca se esquive. Saber dessa importância para a vida Trazendo a garantia dum apoio. Nela se sobrevive. Saber dessa importância da amizade Que sempre nos ajuda a caminhar. Uma força inerente. Saber do diamante desta vida Riqueza que garante sem cobranças. Nos salva, de repente... Numa alma triste sofrida Depois de tanto penar, Depois que se viu perdida, Depois de tanto lutar. Contra tanta tempestade Contra a força da paixão Já perdendo a liberdade Já matando uma ilusão. Procurando a claridade No meio da escuridão. Tudo o que resta, amizade; Fortaleza – coração! X Nessa noite tão bela, a lua mansa, Riacho prateado segue o rumo Ininterruptamente para o mar. Da vida quero o gomo e quero o sumo. Pirilampos passeiam os seus lumes. Os orvalhos beijando cada planta, Falenas vão buscando suas luzes. Um grilo apaixonado, ao longe, canta. Nos mantos desta noite, meu amor. Deitada sob a lua bronze e prata. A brisa inebriante tudo acalma. O rio comemora na cascata, Amor que nos invade sem perdão; A natureza, em cio nos inspira. Amor que tanto quis, nosso desejo, A vida em pleno gozo, se transpira... X Amigo, tantas vezes é difícil Erguermos a cabeça, se caímos. Parece tantas vezes impossível Desta cilada toda, nós sairmos... Mas tente perceber quanto podemos Com força e com vital intensidade Se enfim recomeçarmos sem ter medo, Encare assim qualquer adversidade... Resolva seus problemas sem demora, Amanhã com certeza outros virão... Não tema se cair, meu companheiro. Os pés apoiarás no mesmo chão... A dor que se promete não virá Se tudo tenazmente resolver. Nem sempre conseguimos, mas escute. Querer, em tantas vezes, é poder! X Numa grinalda de rosas Brancas, puras dolorosas, Cobrindo a face tão triste Falando do amor que existe E que insiste em não viver Esquecendo do prazer Que roda sem ter sossego Perdendo, do mundo, apego, E fazendo um novo canto Que no entanto tanto encanto; Sem lembrar, me prometeu... Na valsa que dança, avança, Tramando nova esperança Da criança que não veio Vivendo em puro receio De ter na vida alegria Sabendo que a fantasia Roda sempre sem parar Sob o raio do luar Nesta noite que se passa Sem saber amor disfarça Nem lembra o que prometeu... Tanto amor que se confessa Vivendo sem ter mais pressa Deixando a vida passar, Amada vou te buscar Dos sonhos que não mais vive De tanto amor que já tive De tanto esperar alguém De tanto querer teu bem Bem que sempre desejei Neste amor que eu esperei Tanto amor que prometeu. Agora Lá fora Se chora Demora Estou E vou Restou Amou... Amada que não Sabe da emoção Que vive por ti Estou por aqui Espero te ter No fino prazer Na vida sem fim Vou seguindo assim. Amor eu sou teu Amor prometeu Te quero pra mim.. X Em tuas mãos divinas, esperança Dançando sem ter pressa de parar Aparo todas dores que sentia Sem tino sem querer nem descansar. Avança a noite em dança, na promessa Confessa que sem paz não posso mais Se mais do que demais não sou capaz Aurora traz cantigas mais antigas Periga meu amor não te encontrar... Mas vejo teu retrato na parede E sigo sem ter tempo nem vontade. Amar é sempre ter tranqüilidade? Não sei se vou matar a minha sede, Dos seios e do sexo mais gostoso Que tanto prometemos mas não há-de Nem todas seduções, nem nas estrelas Que belas se repetem tantas velas. Ao vê-las se espalhando pelo céu. Cobertas deste véu incandescente Tirando nossas roupas, tal nudez Repete nossos sonhos mais vorazes... Mas amo teus desejos incontidos Em meio aos nossos sonhos de prazer. X Inda me lembro do dia Que te trouxe, minha amada; Reparando nos teus olhos, Clareando toda a estrada. Estava decerto sozinho Sem ninguém que me quisesse, Pedindo tanto a meu Deus Em tanta oração e prece. Vencido pela saudade Deste tempo que passou Buscando uma companheira Que a vida já me levou. Minha alma vinha tristonha Deste sonho quase incrível Achando que novo amor Seria quase impossível... Nas estradas, nessas fontes Sem as flores, primavera, De nuvens meu céu florido Por companheira a quimera. Nos cerros que sei azuis Nas terras do bem querer, Procurando em teu castelo, A princesa que quis ter... Nos caminhos que buscava Caminhos do adivinhar Somente com muito amor Eu poderia encontrar. Mas no vento do querer Que fiz minha montaria Trazendo pr’o teu castelo, Desvendando a fantasia... Encontrei poucas caídas Encontrei os passos teus, Agora estou bem defronte Depois da terra do adeus... Minha amada, és a rainha Que sonhei por toda a vida, Com certeza te encontrei Nos teus braços, vou, querida... E me faças ser teu rei E me faças seu escravo, Nas águas deste regato Minha culpa toda lavo Estou aqui, minha amada, No reino do bem querer; E te peço nova vida, Te darei amor, prazer. Se venci os teus encantos E por ti serei amado, Quero a luz da lua cheia Nosso amor testemunhado. Amor para ser verdade De tanto que se lutou Esse vento do querer Aos teus braços me guiou. Nas margens do grande rio Do São Francisco querido, Teu castelo mais bonito De tanto amor esculpido... Não temo mais a saudade Nem busco mais pelo mar. Quero de noite, contigo, Deitado neste luar. Pelas terras do querer Do bem querer, teu reinado; Viver um canto feliz Dum homem apaixonado. E vamos para o futuro Nada deixamos pra trás, Meu amor, minha princesa. Vivermos a vida em paz... X O meu amor solitário Mudando todo o cenário Da vida que quero ter Sabendo que ser feliz É tudo que sempre quis Quem pretende, enfim, viver... Tantas vezes condenado Tão sozinho, abandonado Sem ninguém para me amar, Vivendo tantos martírios Carregando velhos círios Sem ter tempo pra sonhar... Amando as dores medonhas Babando nas minhas fronhas Beijando o simples vazio, Rolando na minha cama Me incendiando sem chama Morrendo de tanto frio... Esperando uma presença Que na noite me convença Que posso ter um carinho Que me cubra com desejos Que me ilumine em lampejos E não me deixe sozinho... Deitado nos meus escombros, A saudade nos meus ombros Pesando como uma cruz. Amor que pede critérios Também tem os seus mistérios Mas me trará tanta luz... Ouvindo teu nome querida, Renascerá minha vida Na cama que te esperei Nosso amor, por tantos cios Matando muros sombrios Que em prazer escalarei... E serei bem mais contente Amar é quase que urgente É direito que preciso Vivendo nossos momentos, Final dos meus sofrimentos. Começo do paraíso... X Por vezes nestas noites iludido Não durmo e nem consigo mais pensar. Rodando nesta cama tão vazia, Saudades de quem foi e quer voltar. Eu sinto teu perfume em cada canto Na fronha que deixaste e nem lavei As marcas estampadas no lençol De tanto quanto bom amor amei. Nas fotos escondidas na gaveta Mostrando essa nudez inesquecível Nos toques, nas promessas sem futuro, Prazer que desfrutamos; indizível. Nos nossos loucos jogos, sedução. A camisola negra transparente. Um resto de ternura extasiada Na trama e descoberta em noite quente... Eu sei que tu desejas novamente O canto desta cama que foi teu. Pois saibas que ele está inda vazio Nada do que tiveste se perdeu... Na volta prometida, minha amada A sorte de saber tu és só minha. Voaste e revoaste em migração. Te espero em meu prazer; minha andorinha! X A brisa no luar, tão mansamente Trazendo do teu nome, seus encantos... Cismando te procuro pelas pedras E busco nosso amor, todos os cantos... Não sei se poderei ser mais feliz Tampouco se trarás felicidade. Mas ouço sempre o vento a me dizer Que nos teus braços vem felicidade... Na doce brisa sigo os passos seus Encontro um calmo lago e seus espelhos. Meus lábios no desejo de tocar Teus lábios tão carnudos e vermelhos... Na noite que for nossa, sem segredos, Sem medos e sem nexo, somente... Sorvendo cada gota que me dá Amor que nesse amor vira semente. Entranha cada vez bem mais profundo E veste teu prazer nos meus anseios. Apalpo teu vestido e já deliro Na turgidez divina dos teus seios... As pernas se entrelaçam num balé E roçam desejosas, arrepiam... Nos loucos devaneios vamos fundo, As coxas se interagem e se fiam... Invado teus recantos e defesas Nas locas umidades, maciez... Eu quero teu amor e teu delírio, Da forma mais divina que se fez. E sinto que esta noite não se acaba Prossegue na manhã mais deslumbrante Vivendo neste moto mais perpétuo Sou teu eternamente, neste instante... X Na dália que plantei, tão bela cor, Nascendo e florescendo com encanto. Sortidos os sentidos que tivera. Sanguíneas suas pétalas, seu manto. Enfeitam meus jardins, dálias e palmas, Tão belas, delicadas. Tudo agita, Transcendem na beleza tantos lírios As palmas que bem sei, de Santa Rita... Nas açucenas, rosas, margaridas, Jasmins e madressilvas, e camélias... Azaléias, gerânios, monsenhores, Orquídeas multicores e bromélias... São tantas belas flores, seus matizes, Perfumes delicados como o quê. Mas saiba meu amor, neste jardim, De todas essas flores, só você! X Saudades, quantas saudades, Dos teus olhos tão azuis Brilhando mais que esse sol, Me entorpecendo de luz. Olhos tão belos querida, Iluminando o caminho, Os faróis trazendo o dia Para todo o breu marinho. Olhos tão cheios de vida No brilho que relampeia Brilhavam mais nesta noite Que os raios da lua cheia. Por que te foste de mim? Eu não consigo encontrar Razão para te perder. Eu fiquei sem enxergar. Mas sinto que o novo dia Outra aurora me trará E de novo, em alegria, Minha vida brilhará. Sinto teu cheiro no vento Na promessa que ele traz De tanta vida inundar De amor, de luz e paz. Espero teus olhos belos, Azuis da cor deste mar. Onde possa novamente Em teus olhos mergulhar E saber que sou feliz, E saber que estás aqui. Que, depois de tanto tempo, Tanto amor tenho por ti. Vem sem medo da saudade Vem sem medo, sem dor, Reviver a claridade Desse nosso grande amor! X Eu pus minha saudade Num barco de papel... As correntezas fortes desta vida Levaram para sempre, fui ao léu... No barquinho buscando Um porto onde parar, Encontrei tantas pedras no caminho Até vi meu barquinho naufragar... Tempestades, passei, Diversas corredeiras... Vinha vida foi lenta e tão sofrida Minhas lágrimas foram as bandeiras... Mas encontrei meu cais Nos braços da mulher Que esta noite me trouxe, tão bela, Pressinto que você; amor, me quer... X Procuro neste mundo amor imenso Que possa me alegrar sem sofrimento. Nos braços que sonhei; tão delicados, O mundo que, deveras sempre tento. Eu lembro-me que tive em minha vida Amores que nem sempre me quiseram, Os olhos tão cansados esta luta, Aos poucos, meus sentidos não puderam... Lutei assim, com várias vaidades Daquelas que se foram friamente, Decerto meus destinos se perderam No canto que sonhei, tão de repente... Amada como é bom estar aqui Ao lado de teus olhos sonhadores. Amor que traz igual ao que pensei, São mudas que fizemos destas flores. Portanto não se esqueça, meu amor. O sonho que tu trazes é o meu. Do imenso amor que sei que tu me trazes, Por sermos tão iguais; me convenceu! X Brilhando eternamente Estrela que me guia Nascendo no poente Não morre como o dia Eterno brilho traz Estrela em fantasia Perene, em tanta paz... Estrela traz meu nome É nova e renovante A lua que não some Renasce a cada instante Mal sabe que em seu lume Amor que se retome Na rosa, em seu perfume... Estrela que versejo Em cada verso meu Estela que desejo De amor já se perdeu Mas sabe que este trilho Do amor que é meu e teu Nos trouxe nosso filho... O filho que te quero Na grávida esperança É nosso e dele gero Estrela, a tarde avança Com luz forte e solar Estrela nossa dança Na luz de tanto amar! X Rondando meu coração Com medo de perguntar Por que falar de paixão Pode tanto incomodar? Poesia é sentimento Traduzindo uma emoção Ou será um simples vento Que não trama o coração? Meus versos são minha faca Minha fada e meu enfado. Se prender vira uma estaca Se soltar, anda de lado. Baqueia e nunca sossega Serenando a tempestade Em qualquer sonho se apega Lambuzando de verdade. Coração meio sem jeito Preferiu nada falar, Não me dei por satisfeito, Que fazer? Continuar! X Minha alma se alimenta Da menta deste amor Momento: ser feliz De tanto que te sinto Pressinto que virá A lua em fantasia E tudo brilhará Recebo da alegria O vento que se quer Fazer do novo dia No rosto da mulher O gozo que queria E tudo que eu quiser... Os versos nunca pecam Se pecam não te mentem Comentam nosso amor Se amor não for pecado Se lado não for tudo Me inundo e piso fundo Não perco mais segundo Seguindo o teu caminho. Pedindo um vão carinho Misturo num cadinho Um bocadinho a mais Do amor que foi demais... X A vida é um arremedo Que cedo não completo, Se travo meu segredo, Nem sempre amor poeto... Amor se recomeça Na peça que me prega Amor velha remessa Depressa já se nega E trama com a morte O risco que pressinto. Com esse roxo forte Da dor que sempre pinto... X Se ligo não consigo te esquecer Se não ligo não consigo mais viver Se persigo não te tenho mais aqui Se não persigo onde consigo te ter? No perigo que me imponho Se não sonho sou perigo Mas se sonho não consigo. A vida vai recolhendo O que amor foi moendo Na moenda mais feroz. De quem não teve voz Mas pretende te encantar... Me entenda se não se estendo Se contendo não contenho Se contenho não te tendo Como posso caminhar? Amar é sentir o sem ter Sem ter que se sentir Assim contendo. Contente Continente que capota No fim da curva E se encurva E na chuva Se esconde. Coração bate depressa Se apressa e se cansa Se não apressa te alcança Mas se cansa de esperar... X Promessas que te fiz Promessas e promessas Me fizeram feliz... Nos versos que te dei Versos meus, simples versos O teu amor busquei Nos cantos que pediste; Teus cantos, tantos cantos. Não me deixaste triste... Amar é bom demais. Amar tanto, amar tanto... É porto e é meu cais... Eu quero essa ventura Eu te espero, te espero... Te dou minha ternura... Aguardo uma esperança te aguardo, tanto aguardo... Vem logo senão cansa... Pretendo te saber Pretendo, pretendo, Em todo o teu prazer... X Meu barco no mar No mar um amor Amor que no mar Meu barco levou Se levo um amor Ao barco que vou Não quero outro mar Só quero um amor. Que mar não me leve Amor nem o barco... X Te procuro no barco Arco solto sem rumo Prumo que não se forma Deforma sensação Se são ou se seriam Se riam ou não ris Se fiz o que quiseste Disseste o que se quis Por um triz sou feliz, Mas não sei mais o nome Que some e não assume. No sumo que se deu No adeus fui sempre gomo. E tomo meu destino Que é manso mas escuro Me curo e te procuro No barco que partiu Se viu ou se não viu. Amor estou aqui!!!! X Vencendo as tempestades Sem medo de chegar Salgando teus venenos Servindo meu desejo Em cálices dourados E medos cristalinos Eu sei deste deserto Num coração sombrio Retalhos do que fui Em busca dos atalhos Que levem ao teu leito Teu canto e teu remanso Não canso e nem tanto Se tento teu deleite... O traço que nos une Sem números marcados Nem rumos produzidos Nem vagas incertezas É simples, natural... X Reparando no retrato Que deixaste sobre a mesa. Se tu foste amor mais farto Não me farto da princesa Que mentira sem saber Se mentir te dá prazer... Sinto o vento que não bate Me arremata num segundo. Se não vejo mais, se parte, Teu retrato em um segundo. Resta um buraco mais oco Deste amor que fora pouco. Mas espero que te veja No retrato sem retoques De tanto que se deseja Olhares, outros enfoques... Na pintura deste rosto Amor nunca fora exposto... E te quero mesmo assim, Retratada em fino quadro Não morreste amor em mim, Mas me tiraste do esquadro. Minha cama inda te espera, Meu amor, minha quimera... X A minha grande alegria É poder ser teu amigo Nesta amizade sadia Reconheço um bom abrigo. Por mais que siga sozinho Meu caminho pelo mundo, No teu peito encontro ninho Deste carinho profundo. Alegria de encontrar Apoio que precisava Certeza de navegar Onde sonho naufragava. Fazendo minha ancoragem Neste braço benfazejo Criando tanta coragem Sem temer da dor bafejo Em tantas horas festivas Como nos momentos maus, Trazendo as forças tão vivas Organizando meu caos. Amigo te canto loas E te faço tantos versos. Amigo das horas boas Dos momentos mais diversos... Trazendo risada franca Admoestando também No breu ou na lua branca Meu amigo sempre vem. Meu amado camarada Teu sorriso radiante Me ajudando nesta estrada Prosseguir, vou adiante! X Na flava luz deste sol, Que irradia toda a terra. No teu olhar, qual farol, Tanta certeza se encerra Da beleza que queria Transformada em poesia... Na mansa margem do rio Descendo sem ter percalço, Pisando no solo frio, Andando assim, vou descalço. Sentindo essa terra fria Transbordando em poesia... Na aurora de minha vida Numa alvorada de cores, Minha alma segue perdida Em meio a tenros amores. De tanto amor que pedia, Transtornando a poesia... Volito pelos caminhos De radiosas centelhas. Ouvindo o som destes pinhos Nas tardes, tontas, vermelhas... Vivendo essa fantasia Transpirando poesia... Derramando meus sentidos Profusos gozos sem par. Dos sonhos mais desvalidos Encontrei amor e mar. Explodindo de alegria Transportado em poesia... X Brincando na sua cama Sou um cachorro vadio, Acendendo a velha chama Aquecendo tanto frio. Sou feliz por ter você Nossas noites sem limites. Tanto amor no amor se vê Prazer não cabe palpites. Eu me vejo sempre assim Em você também ‘stou eu E você eu vejo em mim. Reflexo que se perdeu... X De tanto que sonhei Amor não me deixou Passou a ser a lei A paz já me levou. No lago que quisera Nas águas tão serenas Morreu a primavera Só me restaram penas... Da vida que me resta Do tempo que tiver Meu peito abrindo a fresta Na festa que vier. E quero teu carinho E quero teu sorriso, Assim não vou sozinho Inferno ou paraíso... X Eu quero sonhar Com tanta alegria Neste belo sonho Que é sempre risonho Minha fantasia... A noite me acalma Se tal sonho vem São tantos desejos Procuro teus beijos Ao lado... Ninguém! Mas sei voltarás A cama te espera De noite comigo Aqui teu abrigo A paz recupera. Mas venha depressa Cansei de sonhar Rolando sozinho Me dê teu carinho Vem cá, vem amar! X Buscando desta vida desde cedo Conhecer os caminhos dessa sorte Que tantas vezes causa temor, medo. Muitas vezes preciso ser mais forte Esse é o meu segredo. Tantas vezes, preciso te dizer, As pedras machucaram; cicatriz. Mas nada nem ninguém pode conter A luta por um dia, ser feliz. Assim eu tento ser... E faço do meu canto um estandarte Levando minha voz com esperança A quem quiser me ouvir, em toda parte Quem sabe na promessa de aliança O amor meu baluarte. Eu sei que tantas vezes sou piegas Pareço muitas outras imbecil. As plantas são diversas noutras regas Dependem desta luz se mais sutil Amores soam bregas. Porém tantos poetas de valor Fizeram tantos versos deste jeito. Não quero ser nenhum ás, professor, Apenas vou cantar desse meu jeito, Cantando o meu amor! X Quero tanto o teu amor Que me invade em tal certeza Amar! Vou vivendo esse furor Que me invade em tal beleza; Sonhar! Os meus olhos lacrimejam Se tu não estás aqui. Sentir! Meus ardores te desejam Amor maior que vivi. Pedir! Não vejo mais esperanças Se não tenho o teu carinho Te quero! Novas noites velhas danças Eu não vou ficar sozinho... Espero! Quero teu sonho comigo Rolando na nossa cama Teu bis! Quero ser o teu amigo E me arder na tua chama. Feliz! X O sol desta manhã Imenso sol de amor Trazendo neste caso tanto afã Vivendo o paraíso sem temor... Te sinto em cada toque Vencendo tanto medo De amor demais da lua que se enfoque E desça sem temer qualquer segredo. Nas tênues esperanças As asas da falena. Sabendo que no fim das nossas danças A noite que virá bem mais amena... Frescor deste jardim De flores maviosas Trazendo o teu perfume para mim, Roubando tal beleza destas rosas. Eu quero teu desejo Envolto em meu prazer. Poder te dar, sereno, um doce beijo E mergulhar nos braços do querer... X A natureza imensa destes campos No canto destes pássaros, beleza. Certeza de vivermos nossos sonhos Risonhos embalados, esperanças... As danças e promessas sem temor Amor que se traduz por tal grandeza Leveza destes toques mais sutis Gentis os nossos sonhos, meu escudo. Veludo em tuas mãos, minha querida Na vida que sabemos nosso bem, Também eu tanto quero teu carinho Me alinho devagar nos teus poemas. Amenas nossas leves cicatrizes. Felizes vamos livres, mais libertos Abertos nossos peitos querem luz Produzes com beleza sentimentos, Os ventos que te trazem, tanta paz. Capaz de ser mais leve, sem ter medo. Se cedo vivo amor nos invadir. Pedir a proteção aos nossos passos, Espaços que recubro sem tristeza Na natureza imensa desses campos... X Canta, canta meu amor. Canta que não trazes dor Canta o canto que se ouvia Canto o canto que sobrou Canta a tua melodia Que te encanta e me encantou. Canta sem saber direito Se cantar tanto alivia Canta canto satisfeito Que já te satisfazia Se não canto tanto espanto Tanto quanto te queria No cantar que quero tanto E no entanto não fazia... Canta, canta sem razão Se emoção já te encantou Se não trazes ilusão Teu cantar já me arrastou Já me enleva o coração Explodindo de emoção. Neste barco que me leva Lava a minha alma Leva essa calma Traz tua palma. Tanto me acalma... X Não tenho mais o medo Que tinha em mocidade Saber do amor, segredo Em toda claridade.. Eu levo o meu poema Que, solto não domino. Amar é mero tema No qual eu meu fascino... E faço esses meus versos Em nome deste acaso Que cruza os universos E morre num ocaso. Amor que sei de fato Ser fátuo e tão cruel Em mim mesmo retrato Meu canto, sonho e céu... X Na chuva que não cai, No tempo que chovia; Amor não se distrai Senão não vem o dia... Eu sinto o teu regaço Sem medo de seguir Eu deito em teu cansaço Na paz a te pedir... Escuro que fazia Sem tantas luas claras Na nossa poesia Tão belas e tão caras As raras sensações São plenas emoções... E sinto que este sol Que nos fez renascer Precisa girassol Se não quiser morrer Amada, amada minha É tinta nossa vinha. Não falo de versões Nem versos insensatos São veras emoções Assim, nossos retratos. Exponho um pensamento Que solto sem ter rumo, Bebendo deste vento, Não sabes, me perfumo... Não tenho mais disfarces As faces são bem fáceis Não peço que me espaces Não vou mudar a fácies. Sou teu e não renego Nem nego o que se deu Amor por ti carrego, Amor que me venceu... X Subindo no terraço Espaços do castelo Que tanto amor embaço Em tanto amor revelo E quero o teu abraço... Não finda o que seria Sem ser o que não vinha A noite traz o dia Amor que não se tinha Cantando em poesia... Em tanto que te enleio Não leio o que me dizes. Amor deito em teu seio Esqueço cicatrizes. E perco meu receio... Em torno desta mão Desenho um velho sonho. Traduzo o coração No canto que proponho E te peço perdão... Amada é tão sublime Suprir o nosso amor. Esteira sei de vime, Estradas e calor Amor que muito estime... X Nos recantos mais serenos Nos amenos novos cantos Semeando nestes ventos Pensamentos vou lavrando, Se te levo neste vento Se te vento não me enlevo. Na vela que não levara O lume que se apagou... Nevoeiros tão espessos Esparsos meus sentimentos Nevoentos os meu olhos São nuvens dos sofrimentos. Recolho tantos alardes Nas tardes que não te vi. Amor que sempre se entorna Em torno do que senti. Nebulosos desesperos Não mais canto nem percebo. Amores novos temperos Nos desejos que recebo Dos sonhos que mais concebo De lentos procedimentos De tantos loucos tormentos Das tormentas que passei. Amando sou teu veneno Tão sereno que nem sei. Só sei que virei mais tarde Sem fazer sombra ou alarde, Amor gostoso é quando arde E bate tanto que enlaça Dançando na mesma praça Nas bordas mais vicinais De tanto amor sou capaz De saber mais que devia Cantando essa fantasia... Tanto amor que eu te queria... X Minha amiga e companheira Vou cantar nestes meus versos Amizade verdadeira Cruzando rumos diversos Trazendo em sua bandeira Os sentimentos dispersos... Amizade se constrói Pouco a pouco, todo dia, Nada amizade corrói Na tristeza, na alegria Amizade não destrói Procura dar harmonia... Cantando esse sentimento Nunca deixo de lembrar Felicidade é qual vento Cedo para de soprar Sobrando ressentimento. Nada mais irá salvar... Uma amizade segura É porto que nos ajuda É lume na noite escura Se preciso, amiga acuda Quem tanto amor e ternura Trama que nunca se iluda. X As rosas vaporosas São rosas amarelas As luas mais sestrosas Por certo foram elas Que pintaram as rosas As brancas, amarelas. Rosas tão olorosas Rosas do meu jardim São perfeitas as rosas Que nasceram assim, As amarelas rosas São rosas tão vaidosas De tão lindas são, enfim... Desfilando essas rosas Jardim que cultivei Todas são orgulhosas, Reina, não sou seu rei. Rosas maravilhosas Nunca os sonhos podei. Poderei ser da rosa O que rosa quiser Será rosa vaidosa Que rosa inda me quer? X Dormindo enquanto velo Teu sono, meu amor. Amor que assim revelo No sonho que compor. Durma em paz, amada... Dormindo enquanto canto Acalanto esse amor Que eu amo tanto, tanto.. Por onde quer que for... Durma em paz, amada... Dormindo enquanto sonha, Com castelos princesas. A vida é tão risonha Repleta de belezas... Durma em paz, amada... X Olhando por teus olhos O mundo que eu sonhara As cores vêm em molhos Mostrando como é rara Uma cara ventura De ser feliz um dia Clareia a noite escura Encharca em poesia... Tateio na penumbra Deslumbro um belo seio Anseio se vislumbra E não me faz meneio Meu verso mais useiro Nos usos que me dás Confuso marinheiro Esquece-se do cais. Mas caço em teu olhar Os olhos que são meus. Não posso imaginar O teu olhar, adeus. Então pego esta barca Que invento no meu verso, Se todo amor abarca Nos cabe um universo! X Nos braços deste sol Que brilha no horizonte Procura um girassol Deslinda-se no monte, Na fonte do prazer Que tanto o sol pediu, Sabendo que viver Em raios repartiu. Nas águas que me beijam Escorrem pelo rio Amores se desejam Em lágrimas, rocio. Eu tenho certa crença Que amor não deixará, Quem sabe te convença De novo enluará? Meu coração estampo Na rede, sede e frio, Das estrelas me tampo Prefiro ter teu cio... X Na escada dos desejos Subindo tantos degraus Procurando mansos beijos Encontrei, decerto o caos... Não mais queres meu amor Meu amor não pode ser? No sentido de te ter Por onde quer que eu for... Além desse horizonte Que é belo de esperança. Ávido pela fonte Teu amor na lembrança... Mundo que te provém Num segundo me acalma, Mas se estou sem ninguém Onde encontro minha alma? X Tanto tempo sem te ter Sem ter tempo de sonhar Meu amor quero viver No barco que me levar Aos braços de quem quiser Ser minha amada mulher... Nos versos que mal te faço Nos tratos que não cumpri Na cama, em nosso regaço, No cansaço que senti. Nos braços de quem me quer Pela vida que puder... Se naufrago meu desejo Em desejos que não sei. Se te quero mais um beijo Não sei se eu agüentarei Esperar pelo querer Vontade de te viver... Mas não tenho tal promessa De ser mais do que fomos. Não deixe que essa conversa Termine em longos tomos. Somos gomos desta luta Que promete força bruta. No teu barco quando em mar Mar de tantos maremotos Vivendo por quem amar, Amores mesmo remotos Na singeleza do canto Em teu amor, meu encanto... X Eu tento ver aqui Aquilo que não via Se teu amor pedi É por que amor havia. Meu amor é gigante Tanto quanto quiser Não é amor de instante Nem é amor qualquer Amor é recompensa Que pensa ser feliz Na minha noite imensa Imenso amor eu quis Se quero lhe sentir Sinto tanto lhe querer Se não quer existir Meu amor irá morrer. Meus versos em desamor, Não aprendi; cadê? Sem segredo ou pavor, Meu amor é você! X Meu amor, se eu ando mudo, Se não falo mais de amor Eu penso em tudo, contudo, Mas não tenho mais temor. Se te invado e sou feliz Se me invades de prazer. Meu amor o que se diz Não se precisa dizer. Tantos vícios eu carrego, Café, beber e fumar, O maior eu nunca nego, É meu vício de te amar! X Sem medo se não vens Servido na bandeja Trazendo tantos bens Amada me deseja E seja o que se for Se flor ou fortaleza A mando deste amor Amando com certeza... Vagando versos e foz Faminto de esperança Enviesando atroz Resto que se alcança E seja o que se sabe Na mão que te acarinha Tanto amo não cabe Na voz que vai sozinha... Não temo tal ternura Nem cura que promete Se vejo tal brandura Tão pura me remete Nas forças destas tábuas Taboas e luares Não vejo por que mágoas Nas águas nos amares... E quero teu socorro Se escorro pela vida Não temo se não corro Me escoro em ti, querida Nas vestes, pura seda, No coração um linho Minha alma que se enreda, Na tua faz seu ninho... X Nuvem que cai Tarde que dorme Amor se vai Triste, disforme. Recebo o não Vento tão frio Meu coração Bate vazio... Verso calado Tudo acabado... Começa a noite A solidão Traz esse açoite Peço perdão. Nada adianta Dor me corrói Corte agiganta Sei como dói. Verso calado Tudo acabado... Sono sem paz Na madrugada Medo me traz Depois, mais nada... Sem sol, manhã, Sem esperança. Vida tão vã A dor me alcança... Triste, calado... Verso acabado... X Ah! Morena, tanto quero Querer um solar amor. Tu és meu rumo, meu clero Com teu raio encantador. Morena, mina primeira Que dourou o meu caminho. Tua luz é verdadeira Passarinho quer o ninho... Quero deitar mansamente Na rede tão prometida. Amor quando, de repente, Muda toda a nossa vida. No riso que eu antevejo Se desejo o teu sorriso, Vivendo tanto desejo Descobrindo o paraíso... Sentindo qual calafrio A noite que sei, virá, Não quero ser mais vazio, Neste calor que, sei, há. No recanto mais gostoso Onde a vista vai, alcança, No teu colo delicioso, Da morena, uma esperança.. X Não deixe que esta chuva Caindo em nosso amor Destrua qual saúva Destrói a bela flor Te quero assim menina A vida nos destina... Não deixe que o ciúme Fantasma tão terrível Iniba este perfume Que sabes, é incrível. Te quero assim amada, Sem ti, a vida é nada... Não deixe que esse tempo Transforme-se em tormenta, Não somos passatempo, Paixão nos arrebenta. Te quero aqui comigo, É tudo o que persigo. Amor que sempre sonho No barco que navego. Amor que te proponho, Tu sabes, nunca nego. Uma paixão tão rara, M’a morena caiçara. Eu quero o teu carinho Carinho que te dou, Destruir esse ninho, Depois, o que restou? Saudade de quem ama Ser brasa, pede chama! X Uma amizade imensa Se faz a cada dia Trazendo a recompensa Imersa em alegria De ter-se confiança, Sem ter hipocrisia, Uma perfeita aliança... Por mais que seja triste O nosso amanhecer Sabendo que resiste Tão bela de viver Uma imensa amizade Nos faz acontecer Viver em liberdade... Amiga nesse mundo De tantas ilusões A dor em que me inundo, São tantas decepções... Teu braço e teu carinho Dando-me tais lições Não me deixam sozinho. Amiga, em teu regaço, A vida vai mais leve... Sem dor e sem cansaço. Nesta emoção me leve À paz que procurei. De tanto amor que enleve Minha amiga encontrei... X Não penso que se pense Na plena recompensa Que nunca se compense A vida que se pensa... Quem sabe se convença Quem sabe me convence? Canteiros e florais Nas flores que plantara Nas horas mais banais Vencendo a dor tão rara Te quero por demais Se nada mais sonhara... A planta que permite O rito que te tramo Te peço nunca evite O verso em que te chamo Amar sem ter limite Sem ter limite, eu te amo... X Meu barco em seu mar, Sem rumo, sem vela. Vasculha a passar Amor que revela. Amor, quero o mar, Amar? Quem me dera. Sabendo que amar É ter primavera. Vencendo esse amor Que amor me convence Por onde mais for Amor já me vence. E leva meu mar Meu mar que quer vela Amor quero amar, Amor se revela. No vento que trouxe Amor deste mar, A vida é tão doce Se fosse te amar... Se fosse teu vento, Se fosse o carinho Amar um momento Encontro teu ninho E não temo o tempo Não morro sozinho Todo o sentimento Desconto no pinho, Que canta esse amor, Como um passarinho... X Eu levo meu carinho Por luas que sonhei. Preciso de pouquinho. Amores? Quererei. Eu quero o teu amar... Eu canto meu destino Nas noites do querer. Amores de menino Depressa irei sofrer.. Eu quero te querer... Eu canto meu caminho, Espero, enfim, sorrir. Não sei viver sozinho. Ninguém vai me impedir. Eu quero te pedir... Se fosses toda minha Meu canto salvador, Amor que se avizinha Amor, meu grande amor. Eu vivo por amor! X Anjo? Quero Banjo? Toca. Eros Troca Meros Arcos Setas Somos Somas Nunca Menos Sempre Mais... Anjo? Quero! Banjo? Sangro... Angra Sigla Cego Sigo Cetro Centro. Cedo Cedes Cedro, Redes. E a lua desfrutando do prazer De sempre querer Mais... X Cantar essa amizade Em versos mais felizes. Esfuma um sentimento Nos ventos mais diversos. São cores, mil matizes, Aprendizes de amores. Nas flores sem espinhos. Ninhos mais benfazejos. Desejos que completam Repletos de esperanças. Alianças profundas Sempre mais verdadeiras, Bandeiras desfraldadas Mãos dadas, amizade... Quem há disso negar? Viajar infinito Rito, por Deus, bendito. Grito de liberdade Sopro duma amizade... X Não quero morrer cedo Nem quero solidão Viver não tem segredo, Liberte o coração! No canto que preparo No tempo que passou, Amor é brilho raro. Distâncias; alcançou... Não quero ter a morte Do amor como meu mote. Amor prepara a sorte, A sorte pede um bote. Que leve o sentimento Por mares tão distantes... Amor solto no vento, Caminhos radiantes... Eu vivo em teu amor Amor que tanto quis. Coração tradutor, Traduz: sou tão feliz! X Amor sobre a mesa Tanto amor se deu, Sonha uma princesa No amor se perdeu... Amor é sombra e luz É lume que queima Amor se produz De amor que se teima. Foge do deserto Busca teu carinho. Longe está tão perto, Pede pelo ninho... Amor todo dia Não canso de amar, Pura poesia Um raio solar. Amor que amor dá Amor que amor pede Amor brilhará Quanto se concede... Eu faço do canto O canto que dá Amor por encanto Amor amará. Eu quero esse vento Que veio do mar, No meu pensamento Só quero te amar! X Não deixe que agonize O sentimento imenso Permita que eternize Que sempre paraise Amor que recompenso. Que supere as varizes Das dores e dos medos. Te peço que avalizes Que trame essas raízes, Sem lamas ou segredos. Amor que é tanto céu Amor que é barco e véu. Não viva no revel E traga num pincel As cores. No cinzel Amor, que é mar e mel... Amor que não divise Com dor nem com degredo Amor sendo meu senso De lume tão intenso Costumes desde cedo Sem medo de reprise.. Te quero, uma emoção Na plena sensação Se ser somente então Amor que não sei vão Na seiva da paixão, Imerso coração... X Se busco não ser brusco com quem amo, Se chamo para o canto e assim disfarço, Por vezes sei que tanto amor reclamo Com medo de sentir ser mais esparso O belo sentimento que mostravas. Na tua cabeleira solta ao vento Cavalgo o pensamento, sem conter, E solto meu desejo em sentimento Vadio, pelo céu a percorrer... Querida companheira desta vida, Te quero desde muito, sem perguntas. Minha alma com tua alma vai unida Vencendo os sofrimentos, sempre juntas... Eu quero esta canção de mocidade, Agradecer por toda essa amizade... X De tanta primavera Que amor maior me deu Do gozo desta espera Sem medo, se esqueceu De quanto a mansa fera Enxerga em pleno breu. Amor; não quero ter O gosto da amargura. Penetra no meu ser Tragando a noite escura E faz todo o viver Num rio de ternura... Ternura que se sabe Que nunca mais termina Se tanto amor me cabe Amor, profunda mina, Que nunca mais se acabe, Na boca da menina. Amor é doce mimo Que quero junto a mim, Amor tanto te estimo, Amor te quero assim. É fonte e meu arrimo, Princípio, meio e fim... X São tão duros os fados Que te levam de mim. Eu quero teus cuidados De tanto amor que vim... Das montanhas, dos prados, Do começo até o fim... Meus olhos são ciganos Não têm nenhum descanso Cansado dos enganos Buscando amor avanço São tantos abandonos, Aos teus braços, me lanço... E quero em teu regaço Deitar depois da luta Seguir teu manso passo Promessa mais astuta Vivendo em teu compasso Silêncio que se escuta... Não sinto mais perder O rumo que não tinha, Vivendo sem poder Saber se a lua é minha De tanto me esquecer A noite nunca vinha. Agora o que fazer Se tanto amor continha? X Amiga camponesa Mineira das montanhas Viver essa beleza Saudades são tamanhas Amor é sobremesa Na noite em que me ganhas... Amiga sertaneja Te quero simplesmente Da forma que deseja Cabeça, amor e mente Pois amizade seja Amiga tão somente... Andar devagarinho Por terras que não sei. Tentando passarinho O canto que encantei Quem sabe novo ninho; Teus braços, eu terei? Mas nada mais importa Senão ter teu abrigo Abrindo a mesma porta Te quero ser amigo E depois, n’hora morta... O resto está contigo... X Ciranda deste amor Que canto sem parar Por onde quer que for Carrego flor, luar; Ciranda deste amor De tanto quer amar... Eu fiz o teu desenho Nas ondas deste mar Amor profundo, tenho, De céus e de luar Ciranda deste amor De tanto quer amar... Andando nesta casa Procuro te encontrar Amor tanto que abrasa Não posso mais calar, Ciranda deste amor De tanto quer amar... Eu fiz essa ciranda Dos olhos do luar O coração de banda De tanto te adorar. Ciranda deste amor De tanto quer amar... Não deixe um coração Tão triste a te esperar. Te busco na amplidão, Nos céus, na lua e mar. Ciranda deste amor Que tanto vou te amar! X A ternura, minha amiga, Seu mimo consolador. Traz a noite que castiga Traz a festa deste amor... A ternura de te ter Amiga, minha esperança De viver tanto prazer, Quanto a vida já me alcança. Na dança que te proponho Sem medo e sem temor, Amiga, viver o sonho Numa toada de amor. Na noite que não tivemos No dia que não passamos, Poesia que vivemos, De tanto que nos amamos... X Cansei de seguir sozinho Pela estrada do querer Passarinho pede ninho E colo para viver. Vem amor, vem de mansinho Tanto amor, tanto prazer... Minha amada flor, ó rosa; Tu sabes que estou aqui Rosa que sei tão vaidosa, Deixa eu ser teu colibri. A rosa, toda orgulhosa, Sei, não está nem aí... Vou andando de noitinha Tempo demora a passar Quem dera, tu foste minha Moça de brilho solar, Minha vida tão sozinha, Neste instante, ia aprumar. Na janela bate o vento, Fala seu nome pra mim, Não te deixo um só momento, Te quero comigo, assim, Te bebendo, sou sedento, Teu prazer todinho, enfim... X Quando soube que chegava Maduro amor que sonhei. Por tanto tempo sonhava Tanto tempo procurei... Minha vida não passava Antes de ti, nada sei... Sei dos teus seios macios Sei tua boca gostosa, Sei dos desejos vadios, Do teu perfume de rosa, Tanto vivemos os cios Na noite maravilhosa. Tuas pernas, teus desejos Nos meus desejos sem fim. Nos carinhos, nossos beijos Todo amor que tenho em mim. Teus olhos, dois azulejos Contrastam lábios carmim... E sei que te quero barco Que sempre me levará, Tanto amor que sempre abarco Amor que, sei, chegará, No teu porto eu já me embarco, Nos mares do Paraná... X Espero o que não vem Aguardo o que não tive. Saudade desse bem Que sei que nunca vem E sei que nunca tive... Por mais que seja grande Saudade tão escura. Procuro pelo bem Na noite tão escura. Saudade que é tão grande... Não sei se deste lado Ou do outro lado vem O meu amado bem Que sei que nunca vem E me deixou de lado... De tudo que já tive A minha sorte grande Está nas mãos do bem Que sei que foi tão grande E que contigo, tive... X Princesa que dormia No canto desta cama Princesa que se ardia, Calor de tanta chama Princesa que sabia Que a noite não reclama Que venha o novo dia Inunde poesia... Princesa que beijava A boca que pedia Princesa que eu amava Com toda fantasia Princesa que tramava A vida em alegria A noite que chegava Prazeres, inundava... Princesa que quisera Saber da melodia Da vida, mansa fera, Que vem numa harmonia Trazendo a primavera Princesa não sabia Que a vida, essa quimera, Também de dor tempera... Princesa volte aqui, Meu verso que te anseia Em tudo o que senti Amor não se receia Em pleno amor vivi. A noite em lua cheia Amor em ti eu li, Vivendo só por ti... Princesa, nossa mesa Está tão recheada Tanta delicadeza Princesa, minha fada Se perde na beleza Desta mulher amada, Amando essa princesa, Deitada, sobre a mesa... X Não quero a despedida Nem ranço de sofrer Eu quero que a querida Não canse de querer. Tão vasto meu destino Repastos da paixão O sonho do menino Invade a solidão Não deixa nem um dia Que este desejo farto Impeça a fantasia E aborte, mate o parto... Nos mares que guiaste Nos dedos que tocaste Amor foi um guindaste Da nossa vida, uma haste... Marés e maresias Não penso mais em nada Amores, harmonias. Te quero em mim, amada... X Nos vales, na montanha Galopante corcel Lua na mão apanha Desliza neste céu... Nas asas galopantes Deste corcel divino Tardes deslumbrantes Céu tão cristalino... Azulejando espaço Nuvens, raridades... Nos braços do cansaço. Tantas claridades... Amor que sempre quis Corcel que tanto voa. Vivendo-se feliz A vida é bela, boa... X Teu carinho tão brando, É brando e tão suave Amor estou te amando, Amando sigo a nave Que chama coração! Coração nave perdida Que se perde sem querer Tomando minha vida Fazendo-me perder Perder a direção... Na direção do sol Encontro deusa lua Quem fora girassol Agora gira lua Direção: coração! X Eu quero o teu sabor De doce cana e mel. Vivendo em nosso amor, O sol, a lua, o céu.... A roupa se quarando no quintal Vontade de brincar, de pular corda. Amando nossa roupa em festival, Quarando nosso amor, na mesma corda... Morena que me guia O brilho do teu sol, Em plena fantasia, Morena meu farol... A broa que foi feita de melado, O gosto deste mel na tua boca. Sabor de quem se encontra apaixonado. Saudade quando ataca, coisa louca... O gosto da cachaça, O cheiro do café. Amor quando se engraça, Invade nossa fé. Menina que me nina, vida minha. Ávida sensação de ser feliz. Meu peito no teu peito já se aninha, A mando, um coração, teu aprendiz. X Quem dera quisesse ser meu grande amor Aquela que fora deixando esse sonho Que cedo me trouxe ventura e calor Assim vou levando meu canto risonho Em busca daquela que quero pra mim, Amor se revela num mar que é sem fim. A moça querida que tanto imagino, Nos medos que trago reflito meu mar Sabendo que a vida se traz desatino, Mesmo nesse afago me impede de amar. Eu quero a certeza de sorte na mesa De toda a grandeza que amor pode dar. Não tenho saudade do tempo que passa Nem tenho mais pressa, mas te quero aqui; Amor sem maldade que cedo esfumaça Passando depressa, também me perdi. E quero teu rumo, teu corpo viver, Eu não me acostumo, quero teu prazer! X Eu leio nos teus olhos As páginas felizes Que tive em minha vida Na sorte peregrina Que cedo me alucina; Depois segue perdida... Eu leio neste brilho Calor que me enlouquece De tanto amor que tenho Amor que não se acabe De tanto amor que venho Depressa que não cabe. Aguardo essa alameda Estreita da paixão. Que nunca me deixou Que nunca deixará. Por ela, sempre vou, Amor encontrei lá. Deixou tanta saudade Saudade que não passa Saudade de viver Vontade de voar Vontade de saber Como é gostoso amar! X Se tenho tanta saudade Do tempo que não mais volta. A noite por caridade, Contendo minha revolta... Meus olhos na claridade, A felicidade solta... Amiga, que bom que vejo Bela lua companheira, Reflete no meu desejo Quando a vejo, assim, inteira, Meu amor segue o cortejo Desta dama verdadeira. Perfumes desta saudade Da rosa em meu coração, Te peço, por caridade, Devolva-me essa emoção. Sem ela, sem claridade, Viver é pura ilusão... Depois desta noite vejo O brilho do rei solar, Dourando assim meu desejo Desejo de te adorar, Saudade fecha o cortejo, Amiga, morrer, no mar... X Se tenho tanta saudade Do tempo que não mais volta. A noite por caridade, Contendo minha revolta... Meus olhos na claridade, A felicidade solta... Amiga, que bom que vejo Bela lua companheira, Reflete no meu desejo Quando a vejo, assim, inteira, Meu amor segue o cortejo Desta dama verdadeira. Perfumes desta saudade Da rosa em meu coração, Te peço, por caridade, Devolva-me essa emoção. Sem ela, sem claridade, Viver é pura ilusão... Depois desta noite vejo O brilho do rei solar, Dourando assim meu desejo Desejo de te adorar, Saudade fecha o cortejo, Amiga, morrer, no mar... X Como é bom poder dizer-te; Como é bom poder querer-te E saber que existe, enfim. Tanto tempo sem dizer Tanta vida sem querer Tanto amor que trago em mim. Como é bom poder amar-te Como é bom poder falar-te Deste amor que tenho em mim. Tanto tempo sem amar Tanto coisa por falar Tanto amor que existe, enfim... Como é bom poder sentir-te Como é bom saber pedir-te Este amor que é só pra mim. Tanto coisa por sentir Tanto amor a te pedir. Como é bom viver assim X Quando vinha a madrugada Os braços da minha amada Promessas duma alvorada Com certeza em pleno sol, Tanta dor que foi sentida Da saudade dolorida, Graças a ti esquecida. Essa alegria sedenta O coração não agüenta Uma paixão violenta... Que brilha como um farol E que me traz fantasia Explodindo em alegria, Fazendo raiar o dia Meu coração girassol... Amor trazendo seu manto A noite pedindo um canto Aurora que é puro encanto Espera o raio do sol. O meu amor infinito Na dureza do granito, Na beleza deste rito, Meu coração girassol... Girando buscando o rosto Da mulher que tanto gosto Que me livrou do desgosto Nos teus olhos, meu farol. Vivendo essa claridade, Que é pura felicidade, Amor que sei de verdade... Meu coração, girassol... X Tantas vezes procuro amor em paz A vida me diz não. Sedento pela vida que imagino. Mas me respondes: não! Quantas noites dormindo aqui sozinho Espero uma emoção. Cansado de viver sem ter por que; E me respondes: não! Pergunto para a lua que não veio. Apenas ilusão... Deitado sob estrelas, tanto frio. E me respondes: não... Quem sabe te terei no fim da tarde Rasgando esta amplidão Trazida pelas nuvens da esperança. Só me respondes: não. Meus versos te buscando, nada encontram. Somente solidão. Apenas a resposta sempre ouvida. E me repetes: não! Um dia, uma esperança sempre ronda Encontre a solução. E quando tu cansares do refrão. Também te direi: não! X Não quero tais espinhos da saudade Marcando minha pele em cicatriz. Quero o sorriso franco Com quem imaginei Um dia ser feliz. Não quero mais tristeza Nem dor que tanto corta. Seguindo a correnteza Não quero mais saudade, Nem dor que me maltrate Quero felicidade... Na leveza deste verso No universo que pretendo Sigo tendo amor diverso Tanto amor, amor retendo. Não me deixe mais sozinho Meu ninho é do bem querer; Toda rosa traz espinho, Mesmo o espinho quero ter. Minha amada; se soubesses, Como é bom saber de ti. Ouvirias minhas preces; Tanta dor que já senti. E te quero aqui, comigo, Deitadinha no meu colo; Te deitarei, por certo, abrigo. Tanto amor que me consolo. Eu plantei nosso jardim, Adubei com tanto amor, Plantei rosas e jasmim, Nessas noites de calor, Teu amor vivendo em mim, Não permite nem temor, Como é bom viver assim! X Meu amor quando encontrei As flores do bem querer, Ser feliz é minha lei, Sem tristeza, florescer. Os meus versos que te faço, Esquecidos da saudade, Vão seguindo esse compasso, Rumo à felicidade... Não te esqueças, minha amada, Da luz que tanto ilumina, Vamos seguir esta estrada Conhecer, do amor, a mina... Menina que tanto quero Menina que tanto quis Teu amor, menina, espero, Venha me fazer feliz! Se te canto amor em trovas Tantas trovas vou fazer. Nosso amor não quer mais provas Nos teus braços, vou morrer! X Gravitando prazeres sensuais Sobre a cama, delícias e loucuras. Quero mais, sempre mais, nunca é demais! Imerso nas ternuras e torturas Das bocas que procuram afluentes... Imensa sensação de estar imerso Em densa fantasia, sedução... Não quero me sentir nem vou disperso, Nessa explosão de rosas e paixão, As bocas procurando mares quentes. A cabeça girando, nunca pára, Sentidos aflorando até espinhos; Tatuando beleza sempre rara Forrando tantas pétalas nos ninhos Que vazam afluências numa enchente... Repartimos desejos mais famintos. Sedentos no vislumbre dum orgasmo Que sangre em nossos óleos, rubros, tintos, Numa sofreguidão sem ter marasmo Que traga essa loucura, tão urgente... X Um sentimento atroz, feroz, injusto; Tomando conta, leva ao sofrimento. Sofrimento cruel, uma saudade. E não perdoa nada. Um brilho tão opaco fortalece; Esquece quem sonhou felicidade. Saudade traduzida solidão. Devasta toda a casa. E toda essa harmonia procurada Se perde sem ter mapa nem tesouro. Apenas a vontade de fugir Para um mundo distante. Tiranas emoções vão me tomando, Envolto nestas nuvens de tristeza. Apenas a vontade de fugir Para um mundo distante... Onde possa encontrar o teu carinho Onde possa inventar uma esperança Onde possa invadir felicidade De amar-te plenamente! X Nascendo num dourado berço de ouro Quem sabe poderás me conceder Um minuto feliz. Eu venho desses restos de esperança Fustigado p’las dores mais terríveis. Mesmo assim, sou feliz. Vivendo sem saber se vem futuro, Se vem, se poderei, enfim sorrir. Se serei mais feliz. Descanso meus olhares no passado, Sem pena do presente, nada temo. Senão não ser feliz... Distâncias percorridas, sem temor. Vencendo a solidão, eu te proponho Querida, ser feliz... Esqueça as minhas tantas cicatrizes, Se doure neste sol de uma esperança E venha ser feliz... X Canta uma voz no meu peito Um canto de passarinho Que procura dar um jeito De encontrar um novo ninho; Pois Nunca está satisfeito Quem cantar assim, sozinho... Minha voz é o meu guia Que me leva pelo espaço. Montado na fantasia Esqueço até do cansaço. Fazendo da poesia, O meu mais perfeito passo... Quero o canto que cantara Passarinho mais bonito. Meu amor é pedra rara Se estende pelo infinito. Não quero mais vida amara, Este amor em mim, meu rito... E cada vez que me encanto Com teus olhos, meu amor, Cada vez aumento o canto, Espero por teu calor, Não preciso mais de pranto, Teu canto foi salvador... X Quem dera fosse assim, amor que tive. Liberto e soberano, sem grilhões; Vivendo simplesmente por viver, Sem ter que dar sequer satisfações; Quem dera fosse assim, amor que vive, Escravo e tão cativo, d’outro amor. Temendo toda a sorte de prazer, Sangrado em mil versos de pavor... E sonho teu amor mais carinhoso, Sabendo que farás bem mais contente, Aquele que sonhara ser feliz Percebe quanto pode, de repente... X Não quero uma tristeza tão insana Que impeça de sonhar felicidade. Buscando teu amor pela cidade Talvez eu reconheça liberdade... Não quero a mansidão que se falseia E sempre se renega sem pudor. Vivendo uma esperança sem temor Nas garras mais gentis do deus amor. Não quero o desamor que me torture Não quero conhecer maior receio, Amor já se sabendo de onde veio Descansa toda noite no teu seio... Não quero um verso falso, sem sentido, Mentindo a sensação de ser feliz. Eu quero a fantasia que prediz, Poder, ser finalmente, o que mais quis... X Eu quero o teu amor como arvoredo Nessas tonalidades mais diversas. Em tantas emoções Não quero o meu viver mais solitário Nem quero uma esperança mais vazia. Nem somente ilusões... Te quero permanente, em pensamentos Te quero verdadeira em alegria. Só quero, amor, amar... Não quero essas mentiras que forjamos Nem quero uma verdade mentirosa. Só quero amar, amar... E cismo em toda noite te buscando, Nos bares escondidos da lembrança Só quero, amor, te amar... As portas franqueadas da esperança Encontram, nos teus braços, solução. Só vou te amar, te amar... Os medos que passara estão guardados Jogados na lixeira da saudade... E como é bom te amar... Não deixe que esta luta seja em vão Não deixe que este sonho degenere. Eu sei que vou te amar! X Amiga, quanta saudade! Quanto tempo não a vejo. Tu sabes que, na verdade, Tua amizade desejo. Não apenas ser fiel, Nem apenas te adorar, Conceber um novo céu Muito mais que sei amar. Quero a tua mansidão E teu companherismo, Amiga, em meu coração, Não permite nunca abismo. Nos passos mais complicados Que a vida nos prometeu Nossos laços mais atados, Tanta dor já se venceu... Eu quero ter a certeza Que te ofereço, querida, De não haver maior beleza Nem amor, na nossa vida, Que nos trague claridade Brilho e felicidade Que nossa pura amizade... X A vida tão isolada Quase sempre amargurada Sem esperar nada, nada, Vestida de solidão Tragado pela saudade Nesta triste realidade Distante felicidade Respondendo sempre não. Cada dia mais vazio Imensas noites de frio Esperança por um fio Nem pavio de ilusão. Toda a vida dolorida Em tristezas, envolvida A sorte já decidida Em nada mais penso, em vão... Depois de tanta tortura Viver sem saber ternura A noite qual cela dura Esperando a solução, Que, pensava, nunca vinha Tanta vontade que tinha Que essa mulher fosse minha... Não ouvias nada não.. Mas no inverno tão temível No sonho mais impossível Uma luz, a mais incrível, Desponta na escuridão. São teus olhos que sonhara Diamante, pedra rara, Que tanto tempo aguardara Rebrilha em meu coração. E te vejo aqui do lado, Valeu o tempo esperado Valeu tanta dor, passado, Imerso na solidão. Agora que estás comigo, Encontrei o meu abrigo, Tanto amor que, enfim, consigo Contigo no coração! X Eu quero te encontrar nua, Nossa cama tão macia... Quanto amor no amor flutua E vibra em plena alegria. Amor envolto em mistério. Nosso caso é caso sério... Quero te beijar inteira, Percorrer bem de mansinho Esperança verdadeira De encontrar descanso e ninho. Quero penetrar teu mundo, Sempre tão doce e profundo... Eu quero o mel do prazer Que guardas nos teus segredos... Aos poucos te conhecer, E vencer todos os medos, Todos os sentidos pedem: Conhecer os jardins do Éden... X Querida, eu nunca minto Sequer um sentimento. Nas telas em que pinto Amor é meu pincel, As cores, sofrimento. Minha esperança; o céu... Escrevo em tais matizes Meus sentimentos breves Por certo são felizes Os dias que sonhei. Quem dera fossem leves, As cores que pintei... Uma esperança sobra De todo o sentimento. Da dor já se recobra Quem sonha claridade. Matando o sofrimento, A flor duma amizade.. X Eu te revejo, no passar do vento Que o teu perfume exótico me traz; E quando fica livre o pensamento, Teu vulto nobre o cérebro refaz! Eu te revejo na estação das flores, Entre as mais belas que o jardim floresce; E na paixão fugaz de outros amores O coração de ti, jamais esquece... Eu te revejo, numa nuvem clara Que corta os céus, na límpida alvorada! E ao ver, das pedras, a mais nobre e rara, Nela te vejo, frágil, delicada.... Eu te revejo no bater dos sinos, Ao fim do dia, em prece angelical; E nos acordes, leves cristalinos, Estás presente, etérea e sensual... Eu te revejo, no passar do rio, Cortando serras e varando as matas, Pois teu sussurro, cândido e macio, Vem das nascentes, tímidas cascatas... Eu te revejo, na canção do mar Que aos homens causa medo e causa espanto, Pois é nas ondas deste olhar Que, mergulhando, eternizei meu canto! Mas, se me pedes que, de ti, me afaste, Hás de uma vez por todas responder: Por que te amar assim tu me ensinaste, Sem ensinar-me como te esquecer? Eu te revejo em sonho, extasiado, Na luta mais feroz contra a saudade. Preciso deste amor, apaixonado, Viver em teu amor é liberdade! Eu te revejo no canto que te fiz, A cada dia mais sereno e louco. Traçando meu futuro mais feliz, Perdendo todo o tino, pouco a pouco... Eu te revejo nas luas que não tenho, Na noite que não veio nem virá. Se matas mais fechadas sempre embrenho, Talvez minha esperança reste lá. E sinto que te quero, não mais nego. O gosto de teu beijo não esqueço. No vento que te trouxe, me carrego, Não me deixe mais, sinto que enlouqueço. Meus versos foram feitos espelhares Dos olhos mais divinos que já vi. Andando em tantas luas, tantos mares, Revejo tanto amor que tive aqui, Eu te revejo, querida em cada canto, Em cada sonho, amor, em tudo enfim. Minha amada, sou vítima do encanto Que faz eu te rever dentro de mim! Marcos Coutinho Loures Marcos Loures X Na noite fagueira Paixão verdadeira Que se deu inteira No canto se fez. Paixão que me encanta Na voz que te canta Minha dor se espanta E some de vez. Em meio a desertos Amores incertos Não querem acertos E morrem sozinhos. Eu quero teu colo Contigo me embolo, Na cama ou no solo, Fazemos os ninhos... Na noite que brilha Amor segue a trilha, Imensa partilha De todo o prazer. Em tantos fulgores Trocamos amores Servidos senhores Pr’a sempre te ter... No véu da esperança Promessa de dança Sem medo, se avança, E nada detém. Na nossa cama Acesa essa chama Na lua, na lama, Vem, meu amor, vem... X A vida, meu camarada, Tantas vezes nos permite Falar de sonhos terríveis Mesmo que não se acredite. Têm meus versos, mil defeitos; Meu direito de sonhar Não interfere, garanto, Com meu jeito de cantar. Eu sou livre passarinho Que não gosta de prisão, Tantas vezes o meu ninho Decora teu coração. Não sei medo nem disfarce, Não sei dor que me enlouqueça Te oferece uma outra face, Se não gosta, já me esqueça! Meu cantar, ultrapassado, Procura dar fantasia, Vou vivendo, sei, de lado, Brincando de poesia. Porém não gosto do cheiro De cadáver que se emana, De quem vive o tempo inteiro Crendo ter voz soberana. Meu amigo me desculpe; Se não te trago oferenda, Se meu verso já se esculpe Em velha seda, de renda... Poderia te contar Da dor intensa que trago, Da vontade de cantar A dor que me fez estrago. Ou falar sem ter sentido O sem sentir o que falo, Um canto mais distraído Que não sei, logo me entalo. Tantas vezes fui escravo, Amarrado na senzala Cativo de rosa e cravo, Ferido por dura bala. Mas agora, mil perdões, Esqueci como se faz Respirar podres porões, Prefiro cantar a paz! X Quando de noite a lua traz seu brilho E vejo a maravilha: ser feliz. Eu pressinto essa aurora que virá Pintando uma esperança para mim. Ah! Eu amo você! Quando o sol me entregar seus quentes raios Deitando no meu quarto, uma alegria... Iluminando cada canto, assim; Com seu suave toque luminoso... Ah! Eu amor você! Quando as franjas do céu sobre as montanhas Azuladas no fim deste horizonte Formando com as nuvens bela cena Eu estarei pensando em nosso amor. Ah! Eu amo você! Você que é toda a luz desta manhã Você que é todo o brilho desta lua Você que me irradia tanta paz. Você que é essa certeza que buscava... Ah! Eu amo você! E cada vez que penso em seus olhares E cada vez que canto uma canção E cada vez mais tenho essa certeza Vontade de gritar a todo mundo: Ah! Eu amo você!!!!! X No mar imenso que preparo, amor; Para os sonhos que trago. Nas ondas turbulentas, o temor; Se solidão, naufrago... Mas tenho esta esperança de ser mar, Viver em teu afago Certeza de saber o que é amar Neste teu mar que vago... Tua alma transparente é meu timão; Mulher apaixonada. Em versos que te faço, o coração De noite enluarada. Se bebo do salgado azul do mar Nas mãos da timoneira. Das lágrimas salgadas deste amar. Tu és mais verdadeira... E sinto teu desejo, tanto amar... Minha amada caiçara. Vivendo neste porto, nosso mar. Que me ancora, antepara... X Como é bom o teu sabor... Me lambuzo no seu mel, Delícias do nosso amor; Nas texturas do pincel Que me fez ser teu pintor... Diabruras de criança Danças, cirandas, sorrisos. Revivendo uma esperança Recriando paraísos... Amor fazendo fiança; Cabelos soltos ao vento Vento que tanto cantava Não me sai do pensamento O tempo em que já te amava Sem ter arrependimento. Agora a casa distante A saudade me maltrata Te viver em cada instante Tanta luz que me arrebata Esquecida numa estante. Deixada no coração. Com bolor e com tristeza, Encanto, desilusão, No lugar dessa princesa, Somente uma solidão... Mas o vento ventará O meu sonho renasceu Neste sol que brilhará Que é somente teu e meu E nunca se esconderá! X Vestindo uma esperança: ser feliz, Trazendo, num tapete, tantas flores. Vivendo sem temer o giro lento Das horas sem amores... Respeito estas estranhas agonias Que cismam em rondar o velho peito. Embora muitas vezes me machucam, Mesmo assim, satisfeito... Por mais triste que seja a caradura Por mais dores que pinte essa aquarela, Eu sinto-me encantado, sem mentiras, Minha amada é tão bela... Não temo ser sozinho, não me espanto. Não temo uma tristeza, vacinado. Nas rondas que passei, criei tal crosta. Por isso, apaixonado... Sem medo de sentir sequer vazio. Sem medo de vestir qualquer pudor, Apenas existindo, não pergunto. Quero viver o amor! X Amada, como te quero No gosto desta esperança Que sempre traz alegria, No suave murmurejo Do rio da fantasia E dos mares do desejo, Que preciso, todo dia. Te implorando por um beijo... No calor de tua boca Essa louca maravilha, Que tanta sorte me deu Que tanta sorte produz. No mundo que sonho, meu, É tua toda essa luz Que, acabando com o breu, Aos teus braços, me conduz... Menina, doce morena, Teu sabor, doce de leite, No deleite da alegria, Trem de ferro, capital, Com jeito de interior, No toque mais sensual. No teu jeito sedutor, Viajarei teu astral, Chegarei no teu amor... Encontrando meu caminho, Cada toque mais profundo. Devagar irei levando O meu canto ao teu reinado, Sempre, sempre desejando. Amor que sei, adorado, E cada vez mais, te amando, Eu estou apaixonado! X Minha alma anda viúva Buscando um novo acaso Sem saber desta chuva Amar fora do prazo Vivendo sem ruído Vencendo e ser vencido... No gosto desta espora No gesto que te faço Amor não se demora Abrindo-te meu braço Vivendo sem juízo No par, o paraíso... No vento feito brisa Na brisa em nossos mares Amor quando se avisa Promete teus amares Vivendo o que mais sonho Ser mais a ti proponho... A vida perde a curva E traz a madrugada Visão que não se enturva Não quer dizer mais nada A mando do que vago, Amando cada trago. Vivendo amor tão mago Pedindo um novo afago... X Minha canção que te canto, Nascendo na mesma fonte Que transmite teu encanto Lá na linha do horizonte. É canção bem mais ligeira, É cantar desse cancão, Que canta a vida inteira, Que se chama coração... Sem este canto, querida, Já não posso mais viver, Cantarei amor e vida Até a tarde morrer. No poleiro da saudade Coração descansa, enfim. Todo amor que é de verdade, Coração contou pra mim. Namorar felicidade No canto que fiz, enfim... No campo ou na cidade, Quero teu amor, assim... X Tantas vezes errei, isso eu reconheço. O mundo em minhas mãos, buscava num segundo. As falhas que carrego invadem nosso mundo. O teu olhar mordaz, às vezes, eu mereço. Mas tanto procuraste e me viras do avesso, Que cada vez que vens num mar negro e profundo Sem chance de escapar, a teus olhos me afundo. Das quedas que sofri, algum mero tropeço, Gerando tempestade em simples copo d’água, Aumentam, com certeza, e transformam-se em mágoa. Peço-te a caridade, enfim de perdoar... E perdes tanto tempo, o nosso amor sem paz. Eu não quero um verdugo e nenhum capataz; Perdendo, em julgamento, o tempo que é pr’a amar! X Gosto doce, garapa, favo, mel. Na podridão madura desta fruta. No beijo da morena Neste calor de luta A vida que me acena Também promete céu Destampa todo o véu Desnuda uma beleza. Montada num corcel Parece uma princesa, Que sonha com certeza O mundo mais risonho Galgando em cada sonho, O mar que nunca viu, Depressa amor partiu, Bateu na minha porta Entrando pela cava Saindo pela aorta Derrete feito lava, Amar, o que me importa! X Se queres tantos sonhos, meu amor, Eu posso te dizer dos que juraste. São versos esquecidos, minha amada. Por vezes, tal lembrança; não guardaste. Se tanto maltratamos nosso amor, Não foi, esteja certa, meu intento. Eu tento sempre dar à ti, amada Um toque de ternura, meu sustento... Peço-te que desculpes meu amor, Que é feito de tocaia e de ilusões. Mas saibas que tu és demais amada, Dominas, sem saber m’as emoções... Pressinto que terei o nosso amor A cada novo sonho, bem mais forte. Desculpe meus enganos, doce amada, Contigo eu quero estar até à morte! X Não deixe que se escape Não deixe que se perca, Não vejo mais escalpe Não caia essa peteca Se queres o meu mar Eu quero o teu naufrágio, Te falo do solar, Ou do luar que é plágio. Amor se for mais frágil Acaba sempre em dor. Minha alma comovida Procura pelo porto Que importo em minha vida Forjando ser aborto A simples despedida... Não deixo que se finde Amor que quero tato, Amor é bom de fato Se trazes teu retrato Retrato nosso amor, Com arte de pintor. Contrato se rescinde Amor; te faço um brinde. Senão parece acinte. Eu quero que me pinte Das cores deste ocaso. Amor criando caso Acaso se percebe Na vida que se segue No rumo que persegue Quem tanto amor renegue Não sabe como dói A lua que não sói Brilhar em plena noite. X Quem dera se pudesse ser só minha Aquela que esperança prometeu. De súbito uma incerteza se avizinha E forja novamente triste breu. Amar é conhecer cada detalhe Que trama em escultura todo entalhe... Bastava imaginar, estavas lá; Desnuda caminhando mansas sendas. Agora meu amor onde andará? A noite te escondeu, colocou vendas... Mas sinto teu perfume aqui por perto, Amor inda terei, disto estou certo... Não peço mais que proves teu amor, De tanta insegurança tu fugiste. Mas caço teu amor por onde for, Não quero mais viver assim tão triste... Deitado neste canto, tão sozinho, Espero pela festa em nosso ninho! X Quando cansado desta noite imensa Depois de tanto tempo sem ninguém, A vida se passando sem sentido; A fria madrugada sempre vem. Teu vulto está marcado em nossa cama, Deitado; te procuro, mas não vejo. A noite vai passando sem sentido... Apenas me restando esse desejo. Mas sei que certo tempo tu virás E todas as tristezas findarão; A noite deste encontro, maravilha, A vida renascendo em emoção. Não quero te roubar um só segundo, Eu quero mergulhar em nosso fogo. Amada como é belo o teu futuro, Espero que retornes logo, logo... E sinto tantas flores renascendo Perfumes maviosos, de jasmim. Por certo nossa vida assim refeita, Nas flores, nos aromas, meu jardim! X Amigo, meu canto, que canto pra ti É tanto sincero que posso dizer Procuro esse encanto que encontrei aqui Amigo, eu espero, que possa saber, A vida traz sorte, depois se gargalha Na ponta da morte, fio de navalha. Saudade machuca depois cicatriza Primeiro maltrata depois, curativa, Assim foi comigo, com meu grande amor. Escute-me amigo, te peço o favor Encontrei a mata de extremo prazer Depois, quase nada, me pus a sofrer. A moça que fora, rainha primeira, Depois foi embora, nunca mais voltou Pensei, companheiro, ser muito feliz, Penei tempo inteiro, não tive o que quis. Saudades de agora, meu tempo passou. Por isso te digo, tu és bom amigo, Nas noites de frio, me deste um abrigo. Quando mais preciso, contarei contigo! X Tantas voltas vida dá Vida nunca se repete Tempo nunca voltará Tanta dor que te compete Tanto amor que sempre irá Serpentinas e confete Minha amada brilhará Depois pintamos o sete Nossa cama rodará Nosso amor é canivete Que sempre nos ferirá. Meu amor foi sobremesa Do jantar do sofrimento. Deitando amor nessa mesa, Matando qualquer tormento Minha rainha, princesa, Meu amor galopa o vento Vem amor, tanta beleza, Não te esqueço um só momento Meu amor tenha a certeza Como é grande o sentimento Descendo essa correnteza. Invadindo nosso rio Que corre para esse mar. Eu não sinto nem mais frio Teu amor vai me esquentar Meu coração tão vazio Agora vai completar O peito que foi vadio, Nos teus braços sossegar. Nunca mais perco esse fio, Eu sempre irei te encontrar. Seja inverno ou seja estio... Eu vejo tanta ilusão Que me trouxe desamor Às portas do coração Meu amor pedindo amor Não me poupe essa emoção Ela é todo o meu calor. Que me invade a plantação Acaba qualquer temor. Causando revolução, Meu amor é salvador, Ele é minha solução. X Meu amor que brilha Sem saber por quê. Tanto maravilha Tanto faz viver. Eu não sou mais ilha Vivo por você. Tanto tempo aqui Tanto eu esperei Quase que a perdi Tão mal eu amei. Mas agora eu vi, Nosso amor; salvei. Quero o seu carinho Quero o seu afago Louco passarinho Quer morrer no lago Deste amor, meu ninho, Tanto amor que trago... Peço pela luz Desses olhos seus São belos azuis São faróis nos breus Seu olhar conduz Nega todo adeus... Domina meu mar Mar dos meus amores Tanto quero amar, Dona destas cores Quero seu luar, Brilhas, jardins, flores. Quero o seu festejo Com gosto de mel Quero azulejo Olhos, mar e céu Quero o seu desejo. Eu sou seu corcel... X Minha amada, nosso sonho, Cavalgando pelo espaço. Tanto amor que te proponho, Nosso amor vai sem cansaço Pela noite e pelo dia, Sem parar um só momento. Nosso amor é fantasia, Cabelos soltos ao vento... Eu te quero, assim, inteira, Sem temer felicidade. Minha amada, companheira, Luz de minha claridade, Venha comigo, nesta dança Que não canso de dançar A dança desta esperança Que não suporta esperar. Quem espera sempre alcança Mas é tanto, tanto amar, Toda a vida assim se avança Brilhando sol e luar, Cavalgando a noite mansa Brilho da lua no mar, Nosso sonho de criança Nesse nosso cirandar. Gosto de pimenta e mel, Lambuzando nossa vida, Minha amada, seu corcel, Te levando, assim, querida, Nos jardins do bem querer, Amada quer que descubra A rosa que dá prazer, Minha amada rosa rubra. Teus espinhos vou colher, De tanto amor que me cubra Tanto sonho pra viver Minha rosa, amada, rubra... X Amada, te quero, Com todo o desejo, Do mel do teu beijo Prazer que me dá. Viver esse amor Que é tudo que trago, Em teu manso afago; É sonho, é porvir. Querida, te espero, E sempre que vejo, Eu sinto, antevejo A vida que vem. O tempo que tem O gosto tão doce Do amor que me trouxe A noite, meu bem. Eu quero teu toque Rolando em meu corpo Deixando-me morto De tanto prazer. O sol que me queima A rosa que nasce Perfume que teima Molhar minha face. Saber teu abrigo Saber do perigo, Estando contigo, Não tenho mais medo. Amor, meu segredo, Adeus ao degredo, Te quero, bem cedo, Carinhos, te cedo, Acende esta chama Que vive em quem ama. Te quero, meu bem! X As flores que plantei no meu jardim. Jasmins e rosas, flores olorosas; Mostrando tanto amor que tenho em mim Enfim brotaram todas. São flores do desejo de te ter, Viver o nosso amor em cada olor, Mostrando tanto amor que trago em mim. Por ti brotaram todas... São mansas, delicadas, perfumosas... Nas rosas, os espinhos, retirei. Mostrando quanto amor tenho por ti. Assim brotaram rosas... Vermelhas, amarelas, brancas, pétalas... Trazendo delicados ornamentos. Mostrando quanto amor é bom assim, Perfume de jasmim... Crisântemos, gerânios, lírios, palmas... Nas dálias a beleza que me encanta. Margaridas, tulipas e petúnias... É belo meu jardim... Quem dera um colibri pudesse ser, Quem sabe poderia te encantar? Abelha em cada flor, roubando o mel. E te roubar p’ra mim... Quem dera nestes versos minha amada Das flores que me inspiram, a mais bela. Tornando os lírios roxos, mais alegres... Certeza de te amar. Certeza de te ter Certeza de encontrar O meu maior prazer. E ser feliz, enfim... X Escuto um leve sopro qual brisa incessante Tocando levemente em meus ouvidos Não consigo explicação. O que seria? No toque inexplicável, Da brisa em meus cabelos, Toda a eternidade... Relembro meu passado, Os tempos mais felizes. E me deixo levar pelo som Tão delicado desta brisa Sobre as folhas que restaram No outono que se abate. Um perfume suave, de flores que se abrem... A voz de uma princesa, No castelo dos sonhos, Chegando mansamente... Ecoa no meu peito, Com mágica esperança. O vento, o perfume, o canto, a voz; No silêncio absoluto Em que a tarde cai, Fazem com que esse outono Reviva a primavera, E traga toda a esperança Perdida, já faz tempo... X Como dói a distância! Tantas vezes procuro por teus braços; Vazia nossa cama. Um céu se torna escuro. Minha alma tanto chama, Mas nada, nada escuto. A dor desta distância, Só encontrará cura nos teus braços; Que longe estão dos meus; Saudade da ternura, Tua luz em negros breus Amada; vem, escuta! Amor que na distância, Vai estreitando tanto nossos laços, Na busca ensandecida Cadê o teu encanto? Amor da minha vida... É tanto amor que sinto... Vivendo na distância Te quero sempre aqui, junto aos meus braços. Quem foi, de amor, vencido, Amor que concebi; Me pego, distraído, Cantando, só; por ti. X Mirando no teu olhar Morena que sempre quis Em teus olhos navegar Neste mar ser mais feliz... Tanto quero teu amar Quanto amor maior eu fiz. O mesmo mar que te banha Banhando minha esperança Felicidade tamanha Tanto amor que já se alcança Tanto o cabelo se assanha Na sanha de nossa dança... Amor nunca faltará Amor que sempre terei. No teu amor brilhará O sonho que dediquei Mulher que sempre estará, Amar, minha eterna lei... Mesmo depois que a saudade Nos meus olhos dormitar, Terei a felicidade De ter tido, em teu olhar, Certeza da claridade De amor tão belo, a brilhar! X Quantas léguas andei, Buscando pelo mar Milhas, eu naveguei, Não posso mais parar. Tempestades passei, Não soube naufragar... Desertos, os meus braços, Procuram pelos teus. Amor estreita os laços, Afastam-nos adeus, Teus passos nos meus passos, Os sonhos foram meus... De súbito eu avisto, A praia que sonhara. Mergulho e não resisto Encontro a perla rara; Preciso tanto disto, Insisto, minha cara... Eu quero o teu amor, Sem medo nem espera. Refletes toda a cor Da minha primavera. Vivendo sem temor, O teu amor. Quem dera... X Minha alma sonhadora te procura Pois sabe que, contigo, terá cura Das dores mais terríveis desta vida. De amores que se foram pr’outro mar Da lua que me esconde o seu luar. Te quero, com certeza, toda nua, Na sina que de noite continua, Tu és minha canção, a mais querida. Tu és minha esperança de sonhar Tu és uma vontade de ficar. De tanto que pensei em noite escura De tanto que sofri, tanta amargura. Achando que minha alma era perdida. Amores que se foram com o mar, Matando uma esperança de ficar... Minha alma sonhadora, enfim, flutua, Ao ver uma esperança nessa lua. Com raios de minha ama refletida, Dando-me uma certeza de sonhar Contigo, meu amor, nosso luar... X Não quero te perder Eu quero te prender Em cada novo laço Em todo meu abraço Vontade de saber Vontade de querer O bem que sempre vem Na noite do meu bem... Eu quero me enlaçar Nas asas revoar Sem medo do cansaço Amando em cada passo Que juntos, vamos dar Na noite, no luar. Luar que sempre vem, Na noite do meu bem... Eu quero o doce fado De ser iluminado E preso no teu laço, Deitando meu cansaço Quietinho, do teu lado, Meu peito apaixonado. Que sempre volta e vem Pro colo do meu bem... Eu quero essa emoção Te dou meu coração O prendes no teu braço, Depois do amor, cansaço. Na boa sensação Do mar de uma paixão. Que todo o tempo vem Pra noite do meu bem... X Amiga, como é bom saber teu nome Por vezes, nas escadas, corrimão... É minha companheira. Meus pensamentos sempre te procuram Nas horas mais ingratas desta vida. Está, comigo, inteira. Não vejo mais a vida sem teu braço, Apoio para a queda e para o tombo. A força soberana. Que sempre traduzi nestes meus versos Falando do carinho que te tenho. Jamais me engana. Eu quero esta certeza, toda a vida, Nos espinhos cruéis, meu curativo, Amor que é de verdade. A força que se emana do teu ser, O brilho que jamais se apagará. O da eterna amizade! X Quando à tardinha as nuvens te levaram, Achava que jamais eu poderia Viver de novo encanto e poesia, Ah! Meu grande amor... Mas logo após a chuva, já raiaram, De novo em belos raios de alegria, As plenas ilusões da fantasia. Raiou novo amor! Querida; sei que assim, a vida passa. Não posso aqui ficar como finado, Vivendo tanto tempo abandonado. Sem um grande amor! Saudade no meu peito é qual fumaça Entenda, meu amor, esse recado, O que passou em mim, só é passado. Preciso de amor! Se toda triste noite, em frio inverno, Arder nos olhos meus uma tristeza, A vida se desloca em correnteza Trama novo amor. Saudade no meu peito faz inferno, Amar demais é sempre uma grandeza. Levando minha dor, tanta leveza, Escravo do amor! Mas saiba que te gosto muito e tanto. Contigo eu aprendi uma verdade. A vida não permite mais saudade, É tempo de amor. Não deixo de por ti, ter tanto encanto, Amar é conhecer a liberdade. Quem sabe conheci felicidade, Nesse nosso amor! X Nessas noites sem luar Em que tanto me perdi, Meu amor hei de encontrar Tanto amor tenho por ti. Não duvides deste canto Que me encanta, minha sina. A lua, trazendo seu manto, Cedo, cedo te alucina. Os teus olhos, tão profundos São da cor do meu desejo. Vasculhar todos teus mundos Ir em busca do teu beijo; Não tenha medo da lua, Ela abrasará teu sol. Amor bom não se recua Nem teme qualquer farol. É força que permanece Em canto que dediquei, É tanto amor, nossa prece, Pois amar é nova lei. E renovo uma esperança A de ter comigo, aqui, Novo sonho, nova dança, Nesse amor que concebi. Feito do sol e da lua, Feito da lua e do sol. Radiando a lua nua, Lua, eterno girassol! X Tanta noite iluminada Pela lua tão amada Esperando por teu sol. Minha voz anda embargada A minha esperança, alada Te procura, girassol... Vivendo sem ter teu gosto, A sorte virando o rosto Esperando teu perdão, Eu não suporto o desgosto, De tanto amor que foi posto Dentro do meu coração... Minha solar esperança, O meu sonho de criança É te ter comigo, assim... Tu não me sais da lembrança Minha vida só te alcança Na curva amarga do fim... Eu te quero, não duvides, Teu amor, nunca divides, Solar esperança minha... Tanto amor que nunca olvides Minha sorte que decides, No meu peito, amor se aninha... Minha estrela matutina, Tua luz se descortina, Aumentando o meu desejo. Minha morena menina, Meu caminho, minha sina, Só passa pelo teu beijo. X Silêncio manso da noite Que me deu meu bem querer. Da delícia que me acoite, Vontade de sempre ter. Saudade, tanta, matreira, Dessa minha companheira... Canto tanto quanto posso Amor gostoso demais. Meu corpo no teu eu roço, Toda noite, sempre mais.. Meu amor quando te vejo, Coração nunca se engana, Como é gostoso teu beijo, Feito de cana caiana... Teu carinho em meu carinho, Carinhando nunca para. Coração bem de mansinho, Logo, cedo, ele dispara... Minha barba te machuca Quando roço no teu rosto, Beijinho doce na nuca, Coração ficando exposto... Depois de tanto beijar, Beijo aqui, beijo acolá. Dá vontade de ficar, Tanta vontade me dá... Não me esqueço da ventura Que Deus do céu já me deu. Clareando a noite escura, Luz dos olhos neste breu... Tuas vontades, querida, Eu farei sempre por ti. Já te dei a minha vida, De mim mesmo, me esqueci. Quero todo o teu carinho, Teu carinho quero ter. Meu amor é passarinho, No meu ninho vai viver... Sempre que te sonhar comigo, Meu amor faz seu arranjo. Eu quero voar contigo, Nas tuas asas, meu anjo... O vento do bem querer Já me deu a montaria, Tanto bem irei viver, Explodindo de alegria... Minha amada, como é bom, O ficar ao teu dispor. Quero, de Deus, esse dom, O morrer de tanto amor! X Quando em teus braços dormi, Não soube mais explicar Tudo que enfim eu senti, Vontade de mergulhar No mar de tanto prazer, Que em ti pude conhecer... Tua boca maravilha Tua pele maciez, Hoje sei não sou uma ilha, Nosso amor, assim se fez, De toda a felicidade Que encontrei, tanta saudade... No teu colo tão cheiroso, Sentindo teu respirar; Deste amor sou vaidoso, Vontade de sempre estar. Nos braços da bela flor, Eternizando esse amor... No que pude perceber Amor não trouxe saída Agora sim irei viver Nos teus braços toda a vida. Sem querer fugir de ti, Até morrer, fico aqui! X Saudade, moça danada, Que conheci no caminho, Dominando toda estrada Me deixando aqui, sozinho... Moça bonita, a saudade, Dona do meu bem querer. Amor quando é de verdade, De saudade vai doer... Tanta saudade querida, Tanta saudade de ti. Procurei por toda a vida, Todo amor que já perdi Encontrei no teu afeto O meu canto, meu descanso. Amar, verbo predileto Tanto amor que nunca alcanço. Danço valsa da saudade Neste peito, tanta dança. Amiga da tal saudade, Companheira da esperança... Do beijo que tu me deste, Do carinho que levaste, Saudade pra amor é teste, Faz da alegria, contraste. Mas também tem a saudade Que gosto muito de ter. Parece felicidade Dá até gosto de viver... Meu amor sempre me disse Que jamais deixava só. Fui acreditar, tolice, Foi-se embora sem ter dó. Agora por companheira, Só saudade me restou. Vai comigo, a vida inteira, Mostra coração que amou... X Tanta dança procurei Na valsa que adivinhava No caminho que deixei E que o meu amor passava, Nas pedrinhas de brilhante Que eu pedi pra ladrilhar, Para o meu amor passar... Eu trago no coração O verso que quis te dar Demonstrando essa emoção Da certeza de te amar. Meu amor foi tão constante Que eu não canso de dizer. Meu amor é meu prazer... Na modinha que cantei Para o meu amor sonhar, Tantas vezes procurei Mas nada de te encontrar. Toda a dor que amor espante Nas ondas belas do mar, Sob o raio de luar... Vou fazendo esconderijo Na casinha de sapê Todo amor enfim dirijo, Vai direto pra você Amor tamanho gigante Assim não dá pra esquecer Esse amor quero viver... Se já fui eu vou voltar Se não fui pra que sofrer? Meu amor vim te buscar, Tanta coisa por dizer Nosso amor que a vida cante E não deixe de cantar Como é bom poder te amar! X Meu amor quando me lembro Do nosso amor, afinal. Era quase que dezembro, Tava chegando o Natal. Foi então que conheci, Tanto amor guardado em mim. Logo, meu amor te vi, Eu falei, agora sim! Te pedi pra namorar, E você quase fugiu, Foi difícil segurar, Quase que me escapuliu... Já faz tanto, tanto tempo Que quase não lembro mais. Pra você um passatempo, Mas amor era demais... Tua mãe não me queria, O teu pai inda não quer. Decidi, naquele dia, Vai ser minha essa mulher! Estou feliz, nunca nego. Eu te quis meu bem pra mim. O problema é que carrego, Todo seu gênio, ruim... Tirante isso, querida, Inda estou apaixonado. Nossa vida é divertida, Tirando o dente quebrado Com o pau de macarrão, Quatro costela afundada, Mas amor, minha paixão, Pra quem ama, quase nada... X Vou lhe contar na verdade Esse fato que arrepia. Se não fosse uma amizade, Meu amor, seu bem morria... Foi nas curvas da saudade Das terras do bem querer, Neste sol, na claridade, Tanta coisa por fazer. Vinha andando sem ter medo, Sem vontade de morrer. Mas, amor, conto o segredo, Tanto bem eu quero ter. Quando vi moça bonita, Pedindo uma informação, Coração velho palpita, Isso não tem jeito não... Mas, pois bem, quando parei, Por causa da minissaia, Foi aí que reparei, Na danada da tocaia... Bala comendo direto, Tanto tiro que levei, Me furaram por completo Tanto furo que nem sei. Já tava quase defunto Quando vi que, de repente, Todo mundo, muito junto, A montoeira de gente... O compadre Zé Tenório, Que é sujeito bom de briga, Preparando pro velório Me mostrou que é gente amiga. Fez com barro lá da estrada Uma mistureba só. E tacou na buracada, Quando secar vira pó... Mas não é que fez direito O trabalho, meu amor. Quase que não deu defeito. Trabalho bom de doutor... Ele só se esqueceu E tampou buraco errado. É só por isso, amor, que eu Só faço xixi sentado! X Tanto amor tenho no peito Vontade de namorar, Meu amor dê logo um jeito, Tô cansado de esperar... Namorei Maria Rosa, Rosa Maria me quer, Toda rosa, que é vaidosa Tem perfume de mulher... Não me fale desta moça Que não quer ficar comigo. Parece toda de louça, Se tocar, mas que perigo... Não sabia da saudade, Nem também amor sabia, Tô te amando de verdade, Toda noite, todo dia... Canto um canto de alegria E também felicidade. Vou fazendo a melodia, Com nosso amor de verdade... Meus amigos do recanto, No recanto da saudade, Eu reguei com tanto pranto Já brotou felicidade! X Silêncio na madrugada Silêncio dentro de mim. Sem saber de minha amada Eu terei um triste fim. Nada mais me interessava Nem as flores, nem jardim. Por onde meu bem andava, Quem souber conta pra mim.... Tem o cheiro da saudade, Meu amor, meu bem, te vi. Caçando na claridade, Desde a noite em que perdi... Vou em busca de teu beijo, Pelas ruas da cidade. Meu amor, tanto desejo, Volta amor, por piedade! Sou um pobre cantador, Que se encanta todo dia, Com esse canto de amor, Com essa bela harmonia... Mas não tenho mais sossego Desde que amor partiu. Meu amor, eu peço arrego. Coração batendo a mil... Vem comigo, de mansinho, Volta pra me carinhar, Passarinho quer o ninho, Meu amor, só quer te amar... Tens o gosto da garapa Na boca que tanto quis. Meu amor, não mais escapa, Venha me fazer feliz! X Vou lhe contar um segredo, Não espalhe, por favor. O galo levanta cedo, Mas não é trabalhador... Menina tome cuidado, Não vá fazendo bobagem, Cerca de arame farpado, Nunca impede a paisagem. Nesta tentação não caia, Se bem que é bom de verdade, Vestida de minissaia, Só protege a propriedade! X O vento da primavera, Ventando aqui como lá, Depois desta louca espera, Quanto vento ventará! Trazendo uma brisa mansa Ao coração tão vazio. Esse vento quando alcança, Aquece, não deixa o frio. A janela estava aberta Esperando o vento amigo, De mansinho, sem alerta, Quero esse vento comigo! Como é bom poder viver, O sopro desse ventar. Tanta vontade de ter, O peito aberto, o luar... Esse vento temporão, Com gosto de quero mais; Já faz bem ao coração, Quanta saudade me traz. Não consigo mais dormir, Acabou todo o meu sono. Como posso prosseguir, Meu caminho neste outono? Esta flor no meu jardim, Florescendo em tal beleza, Primavera dentro em mim. É tão bom, tenho certeza... X Tu dormias, mansamente, Sonhando tão calmamente Nesta mais bela visão No frescor do respirar, A beleza de encontrar Amor, tamanha emoção! Tantas vezes que sonhara, Poder encontrar minha cara Tranqüila note de sono, Na placidez infinita De tanto amor que me excita Deitada em seu abandono... A minha alma embriagada Nessa tua alma enfeitada Fazendo um verso sem fim, Um dueto mais perfeito, Amar é estar satisfeito, Te encontrar tão bela assim. Ao te ver eu não dormia, Nada mais eu conseguia Só pensar no meu desejo De saber do teu amor, Me levas por onde for, Minha boca quer teu beijo.. Nessas espreitas, sem medo, Sem temer qualquer segredo, Amor cedo me conquista, Não me deixa um só momento, Superando esse tormento Fazendo a vida bem quista. Agora que o tempo passa Que todo amor não disfarça Que te quero sem temer Em volta desta fogueira Vou te amar a noite inteira, Emoldurar meu prazer... E sinto que não termina, Amor que tanto domina, Não te esqueço mais querida Eu quero te dar meu canto, Vibrando com teu encanto, Sonhando com nossa vida! X No vento que venta Que toca teu rosto O gosto da sorte Que vem de tão forte Trazendo no gesto Um toque infinito De amor tão bonito Que tanto te empresto Me traz poesia. O vento gostoso De tanto prazer Do fino desejo Do doce, do beijo Do beijo que dei Do seixo no rio Do peito vadio, Amor que sonhei Me faz poesia. No manto da noite Estrela cadente Amor de repente Foi tudo pra mim, Vivendo sem medo Sabendo o segredo De amor carmesim Na boca da noite Sem canto que acoite Minha poesia... Eu quero teu toque De manso prazer Vivendo distante De amor deslumbrante Não deixo, um instante De tanto querer A boca que toca, Com gosto de mel, Do meu doce mel Do mel que é só meu. De tanto se deu Amor que queria Fez da poesia A prece do amor. Que sabe que vou, Por onde ele for. Cantando o que sou. Sem medo ou temor. No canto que teço, Amor que mereço No teu endereço. Amor me deixou... X Meu amor tem segredos divinos Que nem sempre consigo entender; Tem os olhos azuis cristalinos, Tanta luz; como podem conter? São reflexos do céu nesse mar São espelhos de raro matiz. Traduzindo em teus olhos amar, Com certeza serei mais feliz. Eu não temo sequer a tristeza Muito menos a tal solidão, Em teus olhos de deusa a beleza, Refletida no meu coração...X X A rosa que quero Na noite que vem, Somente te espero Meu amor, meu bem. Vagando meu sonho No espaço que vai. Amor tão risonho, Do coração sai E traz uma flor A flor do desejo Desejo de amor Amor, quero um beijo. O beijo da rosa Que rubra promete Promete vaidosa A rosa faceira, Amar vida inteira, O seu colibri, Que veio, calado, Tão apaixonado, Beber deste mel Que a rosa produz Que é todo o meu céu É mais pura luz. No brilho do sol, Da lua, da vida, Sou teu girassol Eu te amo, querida! X Nada vejo, nesse mundo, A não ser o teu olhar. Tudo passa num segundo. Como demora a passar O tempo quando me inundo, Deste oceano, te amar! Não me importa mais a dor, Nem o fado que virá. Vivendo sem nenhum temor, Tanto amor eu terei lá. Teu amor é meu andor, Meu templo, meu Xangrilá! Desculpe-me, minha querida, Tantas coisas que não fiz. Se puder darei a vida, Tanto bem que sempre quis. Se trago a dor escondida, Neste amor, eu sou feliz! Marcando meu sentimento, Nas ondas do meu desejo. Meu amor, vai como o vento, Esperando por teu beijo. Minha amada o sofrimento, Graças a ti, eu não vejo. Meu amor, como te quero. Como é bom querer-te bem. Todo amor, quando é sincero, E do fundo da alma vem, É como um deus que venero. Só te vejo, e mais ninguém! X Nada mais vago Afago teu Que tanto estrago Já fez no meu. Menina eu quero O nosso céu Nele eu espero Um branco véu Que cubra amor Sem ter pudor... Raio de lua Vagando só, Beleza nua Ando tão só. Te peço amada Claro luar Não quero nada Somente amar... Amor intenso Só nele penso... Na cicatriz Sem alegria Não fui feliz Por nenhum dia Agora vejo Tanto carinho Nosso desejo Em nosso ninho Onde estará? Em Xangrilá? X Minha amada, me desculpe; Se te falo desse jeito. Se tu sofres, não me culpe, Isso assim, não é direito. Tenho erros e nunca nego, Meus defeitos, um milhão... Toda culpa que carrego, Reflete em meu coração. Se te falo, dessa forma, Não se iluda, companheira, Uma imagem se deforma Se não for bem verdadeira. Meus enganos, não te engano, Foram tantos, é verdade, Eu sei que errar é humano, Mas não quero falsidade... Toda dor que nos atinge, Tenha certeza, querida, Nova cor, que sempre tinge Toda a beleza da vida! Por isso mesmo te digo, Nunca esqueça meu amor. Toda dor que está contigo, Renova o matiz, a cor... X Meu amigo, como é bom, O saber que estás aqui. Na nossa amizade, o dom, De vencer o que venci. Amigo, na adversidade, Nos momentos mais cruéis, Precisamos, na verdade, Dos amigos mais fiéis. Obrigado, então, amigo, Pelo abraço companheiro, Caminhando assim, contigo, Eu desvendo o mundo inteiro. Canto sem ter sofrimento Se vier, não temo não. Amizade é forte vento, Que assopra no coração. Eu te peço, sem temor. Eu não minto. Na verdade, Bem mais sólida que amor. É a força da amizade! X Meu amigo verdadeiro Não é sombra que acompanha, Mesmo ao lado, o tempo inteiro. Bebe do mesmo champanha Tinta do mesmo tinteiro. Mas se for preciso bate Não me deixa ficar só. Nos meus erros não se abate, Mas também fala sem dó. Qualquer coisa que me abate, Renasce amizade do pó. Se te faço desagrado, Meu amigo me perdoa, Mas não faz somente agrado, Fala mesmo que me doa. Por isso, ser adorado; Ter amigo, é coisa boa. Não se esqueça desta dita Que se dita não se esquece. Amizade é tão bendita Só quem tem é que merece. Se tiver qualquer desdita, Na amizade, um amor cresce... X Meu amor, tanta loucura Se procura noutro amor. Se no amor, encontro cura, Quero amor, meu salvador... Não se esqueça, de repente, Quanto é preciso dizer. Desse amor que é só da gente, Que nos ajuda a viver... Se caminho ou se flutuo Meu amor sempre me ajuda. De tanto amor, já me suo, Se sou teu, amor me acuda... Vivo sempre procurando Este amor que amada tem. Meu amor vou adorando, Sem te ter, não sou ninguém... Mas não deixe que me falte, Tanto amor, tanto carinho. Meu coração que se esmalte Com teu brilho, passarinho... Bem te quero, bem te vi, Sempre espero teu amor. Tanto amor tenho por ti, Nosso amor, o meu senhor. Só quem ama de verdade, Sabe, deste amor, pintura. Nosso amor, sem falsidade, Merece qualquer loucura! Quem não fez uma loucura; Ah! Nunca amou de verdade! X Eu te falo, minha amada, Sei que jamais morrerás. Tu seguirás nesta estrada Caminhando amor em paz. Quem ama, minha querida, Sem temer dor ou prazer. Na eternidade sentida, Tão gostosa de doer, Jamais terá, nessa vida, A vontade de morrer! Tua boca lambuzada Deste mel, garapa doce. Nossa vida açucarada Que nosso amor, já nos trouxe Vindo assim, sem querer nada. Como se nem amor fosse. Eu quero, minha menina, Minha flor de primavera. Teu amor que me domina, Depois desta longa espera. Tua luz já me alucina. Ser teu amor... Quem me dera! Meu amor, não tenha medo, O que sinto: amor tão pleno, Não cabe nenhum segredo, Segredo é, no amor, veneno! X Ser feliz é todo dia, Exercício que não pára. Meu amor, uma alegria, Eu te digo: não é rara. Se tu queres ser feliz Não se esqueça, minha amiga. Não é ter tudo que quis, Basta ver a vida. Siga... Cada dia traz seu canto, Seu encanto, diferente. Se pensar, seque teu pranto, Ser feliz é mais urgente. Não se leve pelo espanto, Traga o sorriso, contente... Universos tão diversos, Sempre entrando em colisão. Nossos sonhos são dispersos, Por isso, amada, o perdão. Renovando a fantasia, Viva com sinceridade, Coletivo de alegria? Por certo: felicidade! X Eu guardo nossa amizade Com a chave dessa vida, Quando vem felicidade, Com amigo, repartida. Na tristeza e na saudade, Tanta dor é dividida. O meu canto companheira, Nestas loas que te faço, Acompanha a vida inteira Superando um embaraço. Amizade verdadeira, Pode crer, divino laço... Das tempestades terríveis, A bonança sempre vem. Dos sonhos mais impossíveis, Restará um grande bem. Todas as dores vencíveis Meu amor, se amigo, tem... X Tanto tempo procurando Tanto amor para te dar. A vida então se passando, Tempo depressa a passar. Lua quase desmaiando, Eu desmaiando ao luar... Se não fosse essa distância, Moça bonita e faceira, Não havendo discordância A nossa noite primeira, Com amor, com elegância, Beleza mais verdadeira... Eu te quero amanhã cedo, Antes do galo cantar. Meu amor, o meu segredo, Vem prá cá que vou contar, É te amar sem nenhum medo, Desde cedo te adorar... Recebi o teu recado, Nessa caixa, nesse e-mail, Tô ficando apaixonado, Amando sem ter receio, O resto deixa de lado, Deixa amor, todo no meio... Se não fosse por amor, Como essa vida seria? Nossa vida tem valor Tem verdadeira alegria Se pudermos, sem temor, Amar, assim, todo dia! X Estavam distantes Meus olhos dos teus Te vi por instantes Não penso em adeus. Eu quero sonhar No quarto deserto Quando te encontrar Estar, de ti, perto. Rolando na cama, Fazendo um carinho. Incendeia a chama Aquece teu ninho. Na sombra e na luz Teu brilho me aquece Amor se produz E nunca fenece. Vencendo o meu medo Te quero comigo, Guardando o segredo Vencendo o perigo. Amor que não morre Trazendo o socorro Amor que socorre Contigo, não morro. E quero o teu sonho No sonho que invento. Risonho,risonho... Amor toma assento E sinto teu canto Encanto que tanto Acaba meu pranto. Amor, meu encanto... X Vagueio em meu destino, te buscando Por ondas e montanhas, céu e mar. Fugindo da tristeza e solidão, Eu tenho tanto amor para te dar... Se quem me vê passando; pensa: é louco! Decerto nunca soube o que é amar. Amor me comandando perco o rumo, Te busco nas estrelas, no luar... Eu canto nosso amor em cada canto Nas ruas, nas vielas, mesa e bar. Nas bocas, nas favelas, sem ter medo; Decerto em teu amor quero ficar. Amada como é bom falar que te amo, Não canso de dizer nem de gritar; Amor que me tomou a vida inteira, Um dia, com certeza, irei te achar! X Meu amor que não se cansa De ser tudo para mim, Tanto amor, meu bem alcança, Como é bom ser teu, enfim... Quero o gosto desta boca Com sabor de chocolate. Minha boca fica louca, Coração, depressa, bate... Fiz meu verso com carinho, Meu amor sabe por que, Encontrei no meu caminho, Todo amor que quero ter. Toda rosa tem espinho Mas também que bom perfume, Meu amor vem de fininho, Me matando de ciúme... Se não canto meu amor, Minha amada desconfia. Tanto quero teu calor Seja de noite ou de dia... Minha vida se passava Do jeito que bem queria, Se não tenho quem me amava Me sobrou Rosa Maria. Toda vez que chego em casa, Esperando, a minha amada, Bota fogo, chama e brasa, Só por que era madrugada. Mas assim, com muita fé, Com paciência e carinho, Nosso amor vai dando pé Até detonar o ninho... X Tanta coisa nesta vida Tanta coisa por dizer, Se esperança vai perdida, Eu não quero me perder. Minha amiga verdadeira, Nada mais pode impedir, Esta canção, a primeira, Que eu irei lhe repetir. Toda noite de saudade, No luar deste sertão, Vou bebendo a claridade, Me faz bem pro coração... Menina que foi se embora, E levou meu bem querer, Se meu peito inda te implora, Faz favor de me esquecer. Essa dor duma incerteza É pior que solidão. Meu amor, tenha a certeza Que me dará solução. Se não queres meu amor, Pode deixar-me de lado. Eu não gosto de favor, Eu só quero é ser amado. Na viola que ponteio, Tanto amor quero te dar. Na maciez do teu seio, No teu corpo, navegar... Vou fazendo cantoria, Nunca paro, nem descanso. Meu amor, quanta alegria Encontrei no teu remanso... Chora, chora cachoeira, Nunca cansa de chorar, Meu amor marcou bobeira, Agora só resta casar! X Carne e unha sim senhora; Minha amada, sou assim. Se meu peito inda te implora, Não demora, vem pra mim... Eu te quero todo dia, Todo dia vou querer. Meu amor quanta alegria, Meu amor tanto prazer... Eu sou pobre, pobre, pobre Mas te quero aqui comigo, Se virar não cai um cobre, Se descobre? Que perigo! Incendeio uma fogueira Enxugo gelo, afinal. Meu amor já deu bobeira, Acabou meu carnaval... X Meu amor nunca se esqueça Deste amor que quero tanto. Nunca me sai da cabeça A beleza deste encanto. Tanto quanto amor te dei, Tanto quanto recebi. Nos teus braços eu fui rei Nos teus braços, me perdi. Minha amada como brilha Os raios deste teu sol. Tanto amor, que maravilha, Sou teu louco girassol. Neste mel de tua boca, Me lambuzo, sem descanso. Nos teus rios, cada loca, Devagarinho, eu alcanço. Meu amor quando me trouxe A doçura duma cana, O meu amor que é tão doce, A delícia soberana. A manhã tem seus primores, A tarde tem seu encanto, A noite me traz amores, Deitadinho, aqui, no canto... Esse amor que é puro e terno, Tanto amor eu sei, me espera, Terminando o duro inverno, Vem a flor na primavera... Duma abelha quero o mel, Deste rio quero o peixe, Meu amor, anjo do céu, Por favor, nunca me deixe... Cai balão na minha mão, Estrelinha também cai, Dentro do meu coração, Tanto amor, amor atrai. Beijo a boca de quem amo, Tantas vezes se quiser. Toda noite assim, te chamo, Meu amor, minha mulher! X Silêncio manso da noite Que me deu meu bem querer. Da delícia que me acoite, Vontade de sempre ter. Saudade, tanta, matreira, Dessa minha companheira... Canto tanto quanto posso Amor gostoso demais. Meu corpo no teu eu roço, Toda noite, sempre mais.. Meu amor quando te vejo, Coração nunca se engana, Como é gostoso teu beijo, Feito de cana caiana... Teu carinho em meu carinho, Carinhando nunca para. Coração bem de mansinho, Logo, cedo, ele dispara... Minha barba te machuca Quando roço no teu rosto, Beijinho doce na nuca, Coração ficando exposto... Depois de tanto beijar, Beijo aqui, beijo acolá. Dá vontade de ficar, Tanta vontade me dá... Não me esqueço da ventura Que Deus do céu já me deu. Clareando a noite escura, Luz dos olhos neste breu... Tuas vontades, querida, Eu farei sempre por ti. Já te dei a minha vida, De mim mesmo, me esqueci. Quero todo o teu carinho, Teu carinho quero ter. Meu amor é passarinho, No meu ninho vai viver... Sempre que te sonhar comigo, Meu amor faz seu arranjo. Eu quero voar contigo, Nas tuas asas, meu anjo... O vento do bem querer Já me deu a montaria, Tanto bem irei viver, Explodindo de alegria... Minha amada, como é bom, O ficar ao teu dispor. Quero, de Deus, esse dom, O morrer de tanto amor! X Perceba nosso céu tão constelado, Perceba nosso amor, mansa cascata. Perceba a nua lua, mar de prata. Perceba todo o mundo iluminado! Perceba como Deus apaixonado, Nos trouxe a maravilha desta mata. Perceba que a pupila se dilata Na troca deste olhar enamorado... Perceba refletir fosforescente Nas águas teu olhar tão reluzente, Estão plenas de lumes, de ardentias. A lua se repete, tantas fases, Perceba como amor repete frases, A vida se repete em alegrias! Perceba como é bom amar demais, Perceba como a vida nos completa, Perceba como a noite sempre traz, Nos sonhos, fantasia mais completa... Perceba o manso toque desta lua, No corpo tão desnudo da sereia. Perceba que quem ama já flutua, Perceba como a vida nos pleiteia Percebo como é bom te ter aqui, Mulher; com quem, amor, eu dividi! X Amiga não tenhas medo Se por acaso a tristeza Que tanto te maltratou Vier. Pois tenha a certeza De que nada mais restou... Amiga, a noite que cai Te trará tanta saudade Do amor que já não existe. Mas saiba que a liberdade Também pode ser triste. Deste amor que já se foi Restaram tantas certezas De vidas que se encontraram Trazendo tantas belezas Mas que logo separaram. De tudo que já passaste Uma certeza te resta Não vale teu sofrimento, Nem a dor que amor empresta, Tudo passa como o vento... X Os límpidos luares reticentes Em busca da total prosperidade Lunáticos desejos dos dementes, Vislumbram com grandeza e claridade. Lua, minha comparsa, seus poentes Repetem velhos ritos da saudade. Meus olhos pobrezinhos penitentes, Perderam, nos seus raios, mocidade... Rainha das esferas siderais, Tortura enamorados com desejos... Te ergueram seus altares colossais... Dilúvio dos amores, senhorita. Testemunha sutil de tantos beijos. Ao ver-te assim, nublada, uma desdita... Parece com amores impossíveis, Sonhados desde a minha mocidade, Teus braços tão bonitos, tão incríveis, São raios que me invadem, de saudade! X A vida me permite tal grandeza Nos atos onde busco majestade? Quem dera conhecer felicidade, Poder dispor enfim de tal riqueza! Voando por teus braços na leveza Da pluma que traduz imensidade. Oscilo tantas vezes, na saudade, Como medo da cruel fatalidade... Meus olhos pobrezinhos, rasos d’água Lotados, carregando tanta mágoa, Buscando a claridade... Foi embora... Me lembro de momentos mais felizes, A vida se desfez;tantos deslizes... A noite me promete nova aurora? Aurora que encontrei nos beijos teus No brilho deste olhar, amor saudoso... Partiste não deixando nem adeus, O mundo se tornou tão horroroso... Talvez, quem sabe um dia, os olhos meus, De novo encontrarão ternura e gozo... X Eu não quero dizer medo de morte, A sorte de viver não mais me encanta. Me encanta simplesmente minha sorte O canto que trouxeste, me agiganta! Garganta milagrosa, canto forte, A força do teu mundo, na garganta. Um forte sentimento me levanta, Levantes que trouxeste, grande porte... Comportas tantas portas e saídas Sorvidas minhas sortes já confortas. Compostas de respostas divididas, As vidas que divides, vão ao norte. Norteio meu amor por tuas portas, Conforta-me não ter medo de morte! Pois quando tu vieste, minha glória, A vida se tornara quase um jogo. Mudando todo o rumo desta história, Deitado nos teus braços, desafogo. E, vendo que talvez seja tão pouco, Eu fico cada dia mais aqui, Não quero nem tristeza, nem tampouco O medo de viver longe de ti... X O nó, minha garganta, a lágrima desata. Distante, teu caminho, aguarda a velha fera. Quem dera minha amada, a morte da quimera. O canto mais sofrido, a noite já retrata. Me perco em tua ausência, a vida me maltrata. A fortuna me trai, traz garras de pantera. A razão me abandona, a morte já se esmera. A vida, traiçoeira, a sorte é tão ingrata. Espero o meu triunfo, a paz nunca revejo. O sonho deste amor, em solidão trovejo. Na braça deste rio, as margens se abarrancam. O fogo que queria, a chama se apagou, A lágrima que escorre, expõe tudo o que sou; Agora é meu final: sangrias não se estancam... Na cruz que, enfim, carrego, uma saudade imensa, Na tua ausência, nego, a sensação intensa De ter uma vontade, a de te ter comigo... Somente essa saudade amiga, me dá abrigo... X Durante tanto tempo em minha vida Na paz, na tempestade, na bonança. Nas horas mais aflitas, sem ter rumo, Sem ter sequer um pouco de esperança; Vagando pela rua, sempre só. De bar em bar bebendo toda a lua, Nos rastros das estrelas, sem ter céu. Lembrando da mulher amada e nua... Nas sombras mais soturnas e ferozes, Um lobo solitário de passagem Expulso da matilha sem destino, Observa em timidez, a paisagem. A moça tão bonita que sonhei, Ao ver tão velho e triste coração. Sorrindo sem ter medo e sem ter nojo, Estende calmamente a sua mão... X Quero-te totalmente! Eu quero ser teu fardo. Eu sei que, na verdade, escondeste de mim O que te deixou triste. Eu sei que mesmo assim, O amor sempre tem sido imagem dura, um cardo. Desculpe se não sou um vate nem um bardo, O manto que te cobre espelha meu jardim, A cor da bela rosa, o cheiro do jasmim. Cupido me acertou, dos céus, o fino dardo. Meu verso vai capenga, e quase desvalido, Buscando teu abraço, um beijo, assim, partido. Exuberante lua aguarda teu sorriso. No cimo da montanha, o reflexo do sol, A brisa, quase mansa, a cama, o meu lençol; Só falta te encontrar pr’a ser o paraíso! E sinto, num sinal, teu perfume querida. Na praia sol e sal, um tempero da vida. Vagando pelo astral, estrela colorida, Pois ser teu, afinal, é a melhor saída... X Por que tu me deixaste? Em vão eu te pergunto... A vida parecia um pássaro contente. A paz nos comovia; amar eternamente! Na dor que me legaste, a morte é meu assunto. Amor quando se quer é bom que seja junto. Ó tempo que vivi, eu era tão contente! Amor era meu guia...A vida, mais urgente. O mundo mais feliz, fantástico conjunto. Mas Deus, tempestuosoa, em prantos me deixou, Um canto de agonia, o que de mais restou. Minha alma se transtorna, ausência me corrói... Álgida madrugada, aurora nunca vem. Acordo. Aqui do lado, espero, mas ninguém! Tu foste muito cedo. Ah como a vida dói! Saudade tão cruel, saudade dolorosa, De quem amei demais, mas que fugiu de mim... Jardim se perde. Espinho, o que restou da rosa, Saudade deste tempo, a dor nunca tem fim... X Ao te ver na distante e tão risonha serra, O meu olhar te procura, em sonhos derradeiros. Amargor da saudade em volta dos ribeiros. Na trilha desta serra a marca d’uma guerra. A noite sem ter sonho é triste, e me desterra... Esperas, qual princesa, os bravos cavaleiros. Eu só posso te dar, amores verdadeiros. O teu belo castelo, está em outra terra. A natureza rara, em alegrias, canta. O pássaro que voa a quem escuta, encanta. Só Deus nunca me escuta, embalde minha prece... A nuvem, escondida, aguarda; trará chuva. A mão que me tortura esmera-se na luva. A tarde vem caindo, a noite me envelhece... Mas eis que a madrugada acende nova luz. Encontro nova amada, a força que conduz A mão tão delicada, aos poucos reconduz. Agora temo nada, esqueço-me da cruz... X Sim! Desde aquela noite, os meus sonhos deixaste. Eu nunca imaginei, um dia em esquecer-te. Por tanto que te quis jamais pude entender-te; Amor que já morria; em vão, não renovaste. No mundo caminhando, apenas sou um traste. Por certo não consigo o prazer de entreter-te. Desculpe se, talvez, eu venho aborrecer-te; O certo é que não amo, e por isto, magoaste. Nesta noite passada, em perfeita harmonia, Dormi sem ter problema, a noite não foi fria. No manto que me cobre a alvura dum lençol. O mar que já não tempesta. A mansidão da paz. Um vento tão macio, a noite sempre traz... Olhar que me queimava agora é um farol... Que faz com que esta vida, um sonho tão bonito, Esteja, enfim, querida, aos braços do infinito. X Meus campos se alegrando, escondem meus segredos... Nas águas, a frescura, o brilho do cristal; O vento mais solene, as roupas no varal... Distante, já percebo, o sol nos arvoredos. Na noite que passou, livrei-me dos meus medos. Meu peito, agora, aberto, aguarda o teu sinal; A vida se promete, um brilho sideral. Saudade já mergulha, invade outros enredos. No deleite do verde, as mãos mais olorosas Matar a minha sede, em águas deleitosas. A noite que virá é toda do meu bem. A bela flor silvestre encharca-se em perfume. Do sol que me irradia, o mais perfeito lume. Na noite que virá; nós dois e mais ninguém! Esqueço que sofri, encontro tanta paz. Amor que estava aqui, não pensava jamais. Agora que te vi, dizer eu sou capaz De, somente por ti, sonha amor, demais... X Todo dia de manhã A vontade é te beijar, Minha vida, que foi vã. Vive pelo teu luar. No teu frescor, hortelã, Acho, vou me viciar... Tenho a lua no meu peito, Tens o sol dentro de ti. Amar: estar satisfeito, Me perdi de tanto amor... Tenho o gosto da garapa Na boca, lambuza o mel. Minha amada, não me escapa, Vou te levar pro meu céu... Tenho o sol como meu guia, Tenho a lua companheira, Vou vivendo a fantasia, Eu quero te ter inteira... Roda a vida, não se pára, Não se cansa de rodar. Minha amada, flor tão rara, Que sempre vou cultivar. Carinho, tanto carinho, Tanto amor tinha guardado, Vem correndo pro meu ninho. Eu estou apaixonado! X Para que vou protelar, O que não tem serventia, Eu só queria um lugar, Repousar a valentia... Depois de tanto lutar, Só quero ter alegria... Lutei tanto, sem saber, Que destino ia alcançar, Nos teus braços, pude ver, Minha sina era te amar! Cruzei mares, um deserto. Cruzei céus, nada encontrei. Estavas aqui por perto, Que bom! Meu amor achei! X Te proponho conhecer O que em mim não saberia, No teu corpo, me perder, Raiando essa poesia... Te achando vou me perder, Vou viver só alegria.... Todo verso que te faço, Minha amada, meu desejo. Tô te mandando um abraço, O meu carinho, meu beijo... Versejando meu amor, Nunca paro de sonhar, Quero ter o teu calor, Nos teus mares, me afogar... Nada mais faço, na vida, Senão te cantar assim, A tua alma, amor, querida, Se encontrou dentro de mim! X Cansaço de tantos medos Segredos destes cansaços, Quero saber teus segredos, Me prendendo nos teus braços... Meu amor, quando estás mais sozinha, Sei que pensas nas ondas do mar. O meu peito, em teu peito se aninha, Dá vontade, meu bem de te amar... Quero o gosto da boca divina, Se espalhando bem dentro de mim. Tua voz, mansa e tão cristalina, Me acalmando, me faz ser assim. O teu rio, tão calmo, querida, Sem cascatas, nem pedras, sereno. Traz a minha esperança, perdida, De viver, um amor, manso... Pleno.... X Tanto amor que a vida trouxe Mas amor se foi, morreu... Acabou-se o que era doce, Mas antes ele do que eu... Amor, palavra bonita, Que tanta luz sempre traz. Amando, a gente acredita, Que esta vida satisfaz. Eu plantei um pé de amor, Fui colher felicidade, Mas fui tão mal lavrador, Que, no fim, colhi saudade... Se Maria não me quer, O quê que posso fazer? Nos teus braços de mulher, De tanto amor vou morrer. Quero o gosto dessa boca Nesta boca mergulhar. A saudade dói, é louca, A saudade quer matar! Vivo em busca do futuro, Não esqueço meu passado, Presente em cima do muro, Coração desembestado... Saudade é no feminino, É assim que a vida quer. Desde o tempo de menino, Esperei, você, mulher... Você veio devagar, Devagar tomou assento. De tanto que quero amar, Nesse amor já me arrebento... Mas não deixo de tentar Ser feliz por mais um dia... Não canso de imaginar, Montado na fantasia... X Minha amiga, mina rara De total felicidade, Mina rara, amiga cara, Como é bom ser de verdade! Se te vejo todo dia, Mesmo assim, tanta saudade. Amizade é nosso canto, Nosso encanto, nossa paz. Impedindo todo espanto, Amizade sempre traz, A vontade de ser tanto, E portanto ser bem mais... Nas pegadas que deixamos, Nas estradas desta vida. Se pararmos, reparamos, Nas horas mais doloridas, Com amigos, flutuamos, As pegadas? Divididas... X Não quero um amor que afronte Nem tampouco me amedronte Quero beber dessa fonte Que me traga um horizonte, Que não me faça desmonte, Que me eleve para o monte Refletindo em minha fronte, Mas que nunca me confronte. Amor que sempre se conte, Nem que toda a dor desconte, Seja amor que se desponte Que passe por toda a ponte Mas que nunca a dor apronte. Tamanho dum mastodonte, Que os prazeres não reconte Que minha vida remonte, Que o mais lindo sonho monte Dos prazeres, minha fonte.. X Numa divina folia Me dando tanta alegria Que me traz a fantasia De ser teu por mais um dia. Neste amor, tanta harmonia Te encontrando em sincronia Na adorada melodia Que não quer melancolia Que só quer a poesia Que te entrega todo dia... Amor igual nunca vi, Que me faz teu colibri, Seja lá ou seja aqui Meu caminho, em ti, perdi. Tanto tempo que vivi Procurando, amor, por ti, Rio Grande ou Piauí, Amor demais que senti, Toda dor já esqueci, A minha vida está ai, Do jeito que te pedi... Mas não temo mais saudade Tanto amor em liberdade Vivendo na claridade Sabendo que, de verdade, Nas ruas ou na cidade Encontrei felicidade Distante da falsidade, De tanto amor, amizade, Antes cedo do que tarde, Neste amor: sinceridade! X Nestes versos que te faço Vontade de dar abraço Deitar-me no teu cansaço Te entregar meu coração Meu amor, em redondilhas, Te falando as maravilhas De conhecer tantas trilhas Perdidas numa emoção. Minha estrada verdadeira Que te trouxe tão inteira Na minha paixão primeira Que não seja uma ilusão. Quero o gosto delicado De ficar extasiado Comendo do bom bocado Que se deu sem ter perdão. Meu amor venha ligeiro, Vem que te dou um cheiro Meu coração companheiro Aprendeu essa lição. De tudo que tem na vida, Mesmo uma alma sofrida Tem seu alento, querida, Nos enredos da paixão! X Se não fosse uma tristeza Meu amor qual a beleza Que teria, com certeza, Uma alegria, afinal? Todo o contraste da vida Valoriza assim, querida, Uma beleza incontida... Sei que trago no meu peito Amor que não satisfeito Acha-se com o direito De fazer-me tanto mal. Mas também sei que se brilha Na escuridão; maravilha; Servindo de guia trilha; Valoriza o carnaval... Vivendo sem sentir dor Nada mais terá valor; Se frio requer calor, Todo o doce serve ao sal. Tristeza e melancolia, A noite fria e vazia, Servem para uma alegria Como referencial! X Tanta alegria na vida Que supera a despedida, Uma jóia tão querida Que não nasce todo dia. Precisa tanto cuidado Deste amor comemorado Dum sentimento guardado Sem raiva e melancolia... Não te falo minha amada Da tristeza cultivada; Insônia na madrugada, Tão solitária e tão fria. Te falo deste sorriso Que bem sabes; paraíso Que tantas vezes preciso, Numa canção, melodia... Te falo desta beleza Que tanto nos dá leveza Que enfrenta a dor e dureza; Com certeza: a poesia. Que é luz que nos alumia, Acendendo a fantasia Trazendo o sol todo o dia, Resumindo: uma alegria! X Ó meu amor delicado Meu fado Contigo sou tão feliz. Quero te beber inteira; Centelha Desse amor que sempre quis... Por tantas vezes sonhei Errei Te buscando no horizonte. Estavas aqui bem perto Decerto. Estavas aqui defronte... Vamos nessa madrugada Sem nada. Sem medo de qualquer dor. Passeando uma esperança Na dança Divinal do santo amor... Eu não vejo mais tristeza, Beleza, Que me inunda de alegria. Quero esse amor delirante, Amante; Todo sonho e fantasia... Eu quero estar no teu colo, Consolo. Vagando por todo o sonho, O meu barco no teu mar Amar, Ser feliz, eu te proponho... Ó meu amor tão formoso, Teu gozo. No gozo que sempre quis. Toda a beleza da rosa, Cheirosa. Promessa de ser feliz. O nosso amor pede um canto, Encanto. De tanto que prometi. Na doçura deste céu, Teu mel Encontro por certo aqui. E saiba que tanto quero Venero Este amor maior do mundo... Este amor que me alucina Domina. Vou viver cada segundo! X Quando a noite me procura Com seus raios de luar, Minha amada bela e nua, Fica sempre a me esperar. Minha amada tão formosa Beleza tão majestosa, Sou colibri desta rosa... Que tanto gosto de olhar... Meu amor não silencia Gosta sempre de sonhar. Tanto amor nestas estrelas... Tanta vontade de amar... Em meu amor, tais carícias, Nos toques, doces malícias, Desfrutamos as delícias Desta noite de luar... Quero teu gozo comigo Na viagem que proponho. Amando sob as estrelas, Nosso mundo tão risonho... Sem ter medo nem pavor Na plenitude do amor, Não quero ser sonhador, Se já vivo, em ti, um sonho! X Amor que sinto e não disfarço nunca Nem mesmo quando estou sozinho, em dor. Vivendo sempre te buscando, nua, Sabendo que serei bom lavrador Que cuida sempre do jardim florido, Que nunca temerá qualquer quimera Pois sabe que encontrou a bela flor Que trouxe esse vigor de primavera... Qual fora simplesmente um jardineiro Que sempre paciente te cultiva. Eu quero em teu carinho, tanto amor, Manter uma esperança sempre viva... Folhas secas do outono sobre o chão, São as lembranças tristes do passado. Agora que te encontro minha rosa, Toda essa dor esqueço apaixonado... Eu quero o teu sorriso delicado, Eu quero o paraíso no jardim Vivendo todo amor que sempre soube, Guardado, cultivado dentro em mim... X Na boca que beijara Amor que procurei Amar é coisa rara Por isso, mergulhei. Mergulho neste amor Do jeito que puder, Te peço por favor, Vem ser minha mulher! Te fiz uma promessa Não posso te negar, Agora vamos nessa, Eu não posso esperar. Rimar amor com dor Um verso que não quero, Por isso, meu amor, Vem cá, eu já te espero... Se somos o que somos, Eu sei que tanto quis Da fruta tantos gomos Vem me fazer feliz. Amada como é bom Viver nosso desejo. Chocolate e bombom Delícias deste beijo... X Senti que te perdi nalguma curva Da estrada dos meus sonhos, bulevar... Quebradas esperanças sobra nada, Somente esta vontade de chorar... O tempo traiçoeiro te levando Do pensamento faz-me renascer. Agora tão distante de meus braços, Noutros procuro paz e meu prazer... Desculpe se te deixo no passado, Qual sombra que não posso distinguir, A vida foi passando passo a passo, Um novo espaço trama outro porvir... Mas saiba que te quero eternamente, Embora noutros lábios me encontrei. Espero que perdoes; minha amada, O sonho que sem ti, eu já sonhei... X Te quero Na festa Na fresta Do peito Sem jeito Sem medo Carinho Segredo Que conto Na noite que tonto gozamos. Encanto Que temos Que somos Amamos Sem ser Tormento Sentir O vento Gostoso Do gozo Que dei. Nem sei Se queres As feras Que trago Esferas De afago Perigo De amar. Não deixe Ciúme Nem queixe. Perfume Da vida Beijar Na boca A rosa Tão louca Que louva E salva Que acalma E trama Na chama Do amor... X Quando a dor da saudade te machuca Amor te espera aqui. Eu tenho essa vontade de te ter Eu vivo só por ti. Não deixe que a saudade te machuque Vem logo meu amor. Eu quero saciar os teus desejos, Vem logo, por favor. Não quero o sofrimento de quem amo. Amor; te quero o bem. Que a vida não te deixe mais sozinha Minha querida. Vem! Eu quero esta delícia sem ter fim... Amor, como desejo... Sabendo que não posso te esquecer Amada, quero um beijo... Um beijo gostoso Sem medo Amor desejoso Segredo Eu quero teu gozo Vem cedo... Não deixe que a vida Te doa. Tua voz querida Ecoa Minha alma sofrida Já voa. Eu quero essa vida Tão boa! X Areias escaldantes do deserto. As brancas testemunhas deste ocaso. Amor que traduzimos por incerto, Morrendo na tardinha, findo o prazo... Um pobre beduíno; céu aberto, Espera pelo oásis, ao acaso. A miragem do amor, sem nada certo, Olhar pleno e distante, morto e raso... Areias escaldantes desta praia Delícias de morenas e sereias... O sol enamorado já desmaia, Casais semi-desnudos se acasalam, Desfilam seus hormônios nas areias... Camelo e beduíno, nada falam... Areias escaldantes no meu peito; Saudade de quem foi e não voltou. Não posso ser feliz, se desse jeito; O sol insatisfeito me queimou... Areias escaldantes... Meu amor... Aqueça o coração d’um sonhador! X Minha terra distante do teu mar Nos montes e nas veias, puro ferro. A lua nunca deixa seu luar. Saudade no meu peito; sempre encerro... Guardei a fantasia do lugar Bem perto donde a lua mostra o cerro Nas noites que começo a namorar. Cantoria do gado, nesse berro... Ouvindo as serenatas que não fiz, Dormindo sob estrelas e poemas... A noite sempre sabe: sou feliz! Nas cordas deste pinho, um desafio, Saudades que deixei; velhos cinemas, O canto da araponga? Não! Me diz. O cheiro do cabelo da morena Espalhando-se ao vento, delicia. Nem mesmo no cinema a bela cena Que repete: feliz e não sabia! X Resta um pouco de perfume Nas minhas mãos tão cansadas, Essa mulher, meu queixume, Tantas noites, recordadas... Para que tanto ciúmes? Se tuas mãos, adoradas.... Quero o gosto desta boca Nesta boca, me entregar, Minha amada, como é louca Vontade de te beijar.... Beijo quente me aquecendo, Cada toque me enlouquece. Tanto amor vou recebendo, Coração não me obedece. Tão depressa vai batendo, Pouco a pouco, desfalece... Quero o gosto de Maria, O sabor deste carinho. Aumentando todo dia Meu amor é como o vinho... O rosto desta menina Tem o rubor da romã, Sua beleza fascina, Ilumina esta manhã. Eu plante uma roseira, Bonita, no meu jardim. Só pra ter, a vida inteira, Teu perfume dentro em mim.... X Promessa aterradora de vingança, A vida se perdeu sem diapasão. As flores que não têm caramanchão, Demonstram seu perfil: desesperança! Recendem velhos cravos na lembrança, São formas de total abnegação, Os vasos que se quebram, nosso chão. No fundo representam arco e lança. Promessa desmedida, sem critério. Não deixa que eu vislumbre sequer rumo. Queima-me, me tortura qual cautério. Vencido nas batalhas mais venais. Desejo de viver! Tonto, me aprumo. Em meio a tais promessas, peço paz! Mas sinto que talvez, reste esperança De ter o teu sorriso mavioso; Dançando na promessa a mesma dança Sorriso que; bem sei, não é jocoso. X Estrela tão distante, espero tua vinda... Recebo um tíbio raio, aviso de chegada. Na noite do meu sonho, é muito cedo ainda. O resto da promessa aguarda a madrugada. Vida de minha vida, a noite não se finda Enquanto não chegar o fim desta jornada. Espero toda noite, estrela jovem, linda. Nas guias desta estrela os brilhos de uma fada! Estrela graciosa, em vão tanto te quis.. Na graça do teu corpo, os mapas da esperança. No iluminar deste astro, aguardo ser feliz. Vazante deste rio, as águas em cascata. O canto desta espera, a noite em serenata. Ao som de tal folia, a natureza dança! Sentindo essa alegria, o meu sonho feliz, Imerso em poesia, abraçando-te diz Que toda a fantasia, amor de um aprendiz, Irá raiar no dia, o mais belo matiz... X A vida passa, brusca; e , nela, a sensação Desoladora e triste, o gosto mais amaro. Deixa-me, então, decerto, o desejo mais raro. O de percorrer, livre, espaço e amplidão! Nunca despreze a dor, nem negue o seu perdão. Amor belo, de outrora, a morte sente o faro E em menos d’um segundo, está no desamparo! Amor é qual semente, a rega brota o grão. Não despreze a mulher mesmo que não a queira. Amor nunca permite afronta nem cegueira. O vaso que se quebra, não precisa colar. Ele jamais será igual depois da queda. Amor sempre se paga, o beijo é a moeda, Com o desejo louco, amada, de te amar. Não deixe que a saudade, em vias de sangrar, Invada cedo ou tarde, o tempo vai mostrar. Se tens felicidade, importa-te em cuidar. Nem toda claridade é luz deste luar. Amor vira maldade, evite maltratar. No campo ou na cidade, é tão gostoso amar! X Nas amplidões; fantástica sereia Recende todo o brilho sideral. O canto que desfila forma areia; Areia que penetra neste astral! Na chama delicada que incendeia, Esboça tanta forma colossal. Embevecido deus nunca refreia Os sonhos da sereia marginal. Da cósmica poeira constelar, Escultora sutil faz os planetas. Netuno, tão vaidoso, vê do mar As mãos habilidosas. Maravilha! Embarca sutilmente nos cometas, Persegue a bela artista e sua trilha! Eis que, por um momento, a terra inteira Ao ver essa beleza escultural, Percebe que esta deusa verdadeira Espalha a formosura, triunfal. Ao ver que estás aqui, perto de mim, Percebo que o Bom Deus existe sim... X Qual triste borboleta, vou a esmo, Nas gotas deste orvalho, sem paragem... Amor que nunca mais será o mesmo, Descansa, doce bálsamo, viagem... Nas promessas divinas, me quaresmo, Não quero nem permito estar à margem. Por vezes, tão calado, me ensimesmo É medo de trocar, nova roupagem... Crisálida que dorme não se esquece, A dor deste fantasma me persegue. Não basta a conversão sequer a prece. A mansa borboleta nunca nega, Por mais que tantos mares eu navegue, Como é pesado o fardo que carrega... Mas tenho que encarar essa mudança As asas já começam a nascer, Voar com este sonho de esperança, No céu de meus tormentos, perceber, Que amor é como um sonho, não descansa, Nesta mudança intensa, reviver... X A rosa que te dei Eu sei, tem seu espinho. Amor que te entreguei Traz dor se faz carinho. No ninho que abriguei Amor qual passarinho, Amar foi minha lei, Vem cá pro meu cantinho. Se tanto te esperei, Não quero ser sozinho. Se teu amor terei Eu quero de mansinho Do jeito que cantei Acordo bem cedinho, Nos campos que plantei Fiz paletó de linho. Amor que tanto amei Tem o poder do vinho Em ti me embriaguei Bebendo teu caminho Do tempo que passei, Amor eu adivinho. No amor eu mergulhei Futuro em que me aninho. Me deixa ser teu rei No reino do carinho... X Mesmo que a tristeza venha Disfarçada num sorriso, Amizade é santa senha De entrada pro paraíso... Não se deixe transportar Pelas lágrimas da vida. Em ti mesma vais achar Toda esperança perdida. Se te falo com ternura, Ouça aqui, te quero bem, Mesmo na noite escura Toda claridade vem. Amanhã traz novo sol, Na manhã de novo amor. Esperança girassol, Vai girando a bela flor. No teu peito, um helianto Que não cansa de girar Meu amor, maior encanto Só se encontra quando amar... X Minha rosa tem perfume Que me invade a poesia. Na claridade, no lume Trazendo uma fantasia. Rosa quero teu carinho, Não se esqueça, colibri... Se não tens amor, sozinho Vou morrendo por aqui. No jardim que cultivara Esta rosa tão vaidosa, Numa ternura tão rara Esta rosa melindrosa! No jardim te quero amada, Vem cá que te dou um cheiro Vem trazendo uma alvorada, Meu amor é verdadeiro. Quantas vezes que sonhei Com a rosa que não veio... Neste amor eu mergulhei Coração tá sem recheio. Vem comigo minha rosa, Vem fazer amor comigo. Rosa és tão maravilhosa, Pode vir, não tem perigo... X Meu amor quando se entrega Tem poder de sedução. Minha amada nunca nega Que é só meu seu coração. Canto um canto que me encanta Se te canto, canto bem. Tanto encanta quando canta Coração tamanho trem. Se Maria quer meu ninho, No meu ninho pode vir. Eu sou como passarinho Meu cantar vem te pedir. Nos meu verso tão sincero Minha amada, minha flor. Tanto amor eu sempre espero Vou vivendo por amor... Nas curvas deste caminho Capotei meu bem querer Procurei, achei carinho, Não consigo te esquecer... Quem cultiva tantas rosas, Jardineiro cuidadoso, Deixa todas orgulhosas, Um jardim lindo e viçoso. Quero o beijo de quem amo De quem amo, quero sim. Toda vez que, amor, te chamo, Vem pra pertinho de mim... Somos vidas desta vida Que com Deus fica melhor. Se minha alma foi perdida, Caminho sabe de cor. Tenho o gosto da esperança Neste beijo que te dou. O sentido da aliança Só conhece quem amou! X Eu te quero tanto Que não vai caber Amor; quanto encanto, Eu vou me perder... Vasculho no céu Estrela que guia Perco meu corcel Acho poesia... Do jeito que for Vida que vivi No mar desse amor Eu já me perdi... Minha alma se banha Nas ondas do mar Na praia tamanha Onde quis amar... Quero teu carinho, Vivo, dentro da alma; Beije de mansinho, Teu beijo me acalma... Tarde vai morrendo Noite vai chegando, Teu amor vivendo Teu amor matando... X Esse nosso amor gostoso, Tão dengoso Vem trazendo uma esperança No teu perfume de rosa, Tão vaidosa Minha alma mais feliz, dança. Eu só quero uma ternura Toda pura Nosso amor, um diamante. Tanto amor; assim, me curo Sem escuro, A tua alma deslumbrante... A minha alma na tua alma Já me acalma Sensação de plena paz; Eu te quero sempre assim Junto a mim. Fazer deste amor bem mais. Eu viajo nos teus sonhos Tão risonhos Eu te quero; meu encanto. Eu estou apaixonado, Felizardo. De felicidade eu canto. Eu te quero a vida inteira Companheira Sem temer qualquer tristeza. Minha vida se completa Vai repleta Espelhando essa beleza... Não me deixes mais sozinho Passarinho. Que busca, em ti, seu descanso. De cantar o nosso amor, Sonhador, Com certeza não me canso! X Nas trevas desta vida, que carregas, No peito dolorido, sem disfarce. Por mais que maldigam, não esqueça: Amar oferecendo uma outra face. A vida te promete mil delícias E dores tão terríveis que magoam. Não tema a solidão nem as doenças Tens asas escondidas, logo voas... Perceba quanto amor é importante Amor a ti, não deixes que isto acabe. Se queres ser, na vida mais contente Perceba que no amor sempre se cabe. És forte, és bela. Saiba desta força Que sempre te trará uma esperança; Agora, minha amiga, paciência, Quem sabe, corre atrás, depressa alcança. E deixe que um amor vá, te conduza, As mãos do amor são sábias e macias. Tua alma transparente se reluz Na claridade intensa, novos dias! X Nós fomos tão amigos, companheiro, Tudo acabou Depois de ter vivido o tempo inteiro Nada restou Mas trago uma lembrança deste tempo Que terminou, Embora no final só contratempo Que nos tomou. Agora que já sei que não tem volta, Já nada sou. Não posso te dizer de uma revolta Que se acalmou. Te peço que não fales de detalhes Do que passou. Permita cicatrizem os entalhes Onde cortou. Sigamos nossas vidas simplesmente, Aonde vou. O que aconteceu jamais comente Só se calou. Uma amizade morta é dolorida É lágrima rolada dor sentida, Mas nessa correnteza que é a vida Nos resta uma saudade tão querida. Respeite o que passou. X Se garra se prendesse No peito que se dá A vida concedesse Beleza que, sei, há. Na ceia desta vida Que, cedo se proclama, Esperança prendida No peito de quem ama. Se garra se encontrasse Nas mãos de quem carinha Se a vida se passasse, Certeza que é tão minha De ter o teu amor, Que a gente nunca vê, Vivendo neste ardor, Na casa de sapê. Cigarra vem cantando Seu canto mais bonito, Aos poucos me entregando, No magnífico rito. Do canto da cigarra Por onde quer que eu for, Na maciez da garra Se agarra meu amor... X Meu verso é tão romântica quimera, É dor que não consigo mais calar. É templo da saudade, morte e fera, É luz que sempre roubo do luar. A cada novo canto a dor se esmera Transborda no horizonte, seca o mar. Meu verso de saudade reverbera Supremo sentimento, louco amar! Meu verso é tentativa de emoção. É pélago que busco em alarido. Mergulho totalmente da amplidão. Espero um leonino manso afago... É verso apaixonado de um vencido. É resto deste copo, nenhum trago... Se mago, não expressa juventude, Se magro não revela bem quem sou. Me acabo com vontade mais amiúde De ser o simples verso que restou. Amor dançando em versos, bailarino, Usando essas palavras que disfarço, Meu medo me acompanha de menino, No grito em desespero que não faço. O mundo se perdendo, cristalino, Eu perco, sem juízo, meu compasso. E quero teu amor em desatino, Dançando com palavras, mesmo passo. X Se te pego, não me escapa, Se não vens, fica sozinha. Adoçando na garapa Sou uma pobre andorinha Que pensou na borboleta Que se foi, tão pobrezinha... Canto o canto que quiser Canto amor sem ter cuidado No meu canto, essa mulher, Caldo de cana e melado, Se pensar que não me quer, Nem olhei, ficou de lado... Sou meu verso verdadeiro Não me canso de dizer. O meu amor por inteiro Tanta coisa por fazer, Entreguei à minha amada Nos teus braços vou viver... Cantando minha cantiga Que se canto não me canso Tanta coisa é tão antiga, Mas de noite já te alcanço. Vem comigo, minha amiga. Na tua dança eu já danço... Sou o que não mais queria O que não queria sou, Toda noite, todo dia, Meu amor já me alcançou Vou fazendo poesia, Tanto amor, fazendo, vou... X Mergulhando neste poço Que tu trazes dentro em ti, Expondo-se em alvoroço No abismo que conheci. Restos carregas contigo Destes pântanos que abri. Toda a sensação de abrigo Estava em cada pedaço Revestida por um aço Que não protegia em nada... Eu passei a conhecer Sob a carcaça bonita Que me deu tanto prazer, Uma alma ferida e aflita. Rancorosa e perfumada, Sem espaço condizente Aflorando em poucas vezes Rasgando a pele encourada E sorrindo em podridão, Erguida da escuridão Quase nua escancarada... Tua capa não me fere Agrada bem aos meus olhos. Nos carinhos que desfere Bazucas, metralhadoras Escondidas nestas mãos. Mas sinto que não te perco, Se me perco dentro em ti. Gosto disso, quase exposto, Latejando e me mordendo. Não quero um sorriso a esmo, Perdido sem ter sentido. Inutilidade sim. A boca em vivo carmim Também deseja por sangue. Mas não consegue ferir Refreando esse desejo, Deixando tudo fruir Na doçura do teu beijo... X Meus olhos taciturnos Os meus medos noturnos, Amor chegando em turnos, Em torno deste lume... A vida se passando, O vento vai mudando, Meu sonho navegando, Amor, meu vaga-lume. O beijo que não veio, O tempo sem receio Amada, no teu seio Encharco meu perfume. Eu quero este teu gosto Tocar teu belo rosto, Não te causar desgosto Nem provocar ciúme... Eu quero a sensação Desta plena emoção Sem medo da ilusão Maior que de costume. Te peço, então querida Se queres minha vida Sem ter a despedida, Na dor não se acostume... Eu quero teu amor Bem vivo e sem temor Sem mágoas ou pudor Não quero que se esfume. Eu quero esta alvorada Juntinhos na calçada Na noite madrugada Sem ter nenhum queixume... Eu quero teu perfume Gostoso, sem ciúme, Sem dor e sem queixume... X Passarinho, com certeza, Sabendo da correnteza, Para evitar a tristeza, Protege-se com carinho. Instinto da natureza, Sabe bem sua defesa Construindo com pureza Delicadeza do ninho... Sabendo que a vida arranha, Sabendo da dor tamanha, Quem nem sempre a gente ganha. Tanta dor que se receia... Na inteligência tacanha, Com sagacidade e manha Mesmo a simples aranha, Sua sanha. Faz a teia. Evitando o sofrimento Proteção contra tormento, Ajuda nos dando alento, Protege da falsidade... No ninho do pensamento Na teia do sentimento, Na defesa contra o vento, O poder de uma amizade! X Coragem de viver Vontade de ganhar Sabendo que o prazer Por certo vai chegar No gosto do desejo Na boca, tanto beijo... Eu quero essa vitória Na luta que proponho, Amor reverte em glória Toda magia e sonho. No gosto deste beijo, Na boca, o meu desejo... Não canso desta luta Nem canso de sonhar A noite não se escuta Outro som a cantar. O gosto do teu beijo, Invade meu desejo... Eu quero o sentimento Tão livre como a lua, No canto deste vento, Tua beleza nua... Um gesto de desejo, E, de repente, um beijo... Eu quero o meu desejo Numa plena emoção, Te darei tanto beijo, Com gosto de paixão. Desejo tanto beijo, No beijo, o meu desejo... X Bem aventurados Os pobres de espírito. Pois serão lembrados No Reino dos Céus. Os mansos também Herdarão a terra Já fazem o bem Ao negarem guerra. Aqueles que choram Serão consolados Pois serão também Bem Aventurados. Todos que têm fome, Sede de justiça, Serão saciados, Bem aventurados! Quem misericórdia Tem no coração, As misericórdias Os alcançarão. Os de coração Mais puro verão O Nosso Bom Deus. Todos os pacíficos, Pacificadores; Deus os chamará Com nome de filhos. Bem aventurados Os injustiçados Deles também é O Reino dos Céus. Os que, perseguidos Em nome da fé, Terão recompensa No Reino dos Céus. E serão amados, Bem aventurados... X Mesmo distante de mim, Todo sentimento enfim, Clareando o mundo, assim, Ajudando no perigo. Sei que tenho o teu carinho, Sei que não estou sozinho. Andamos mesmo caminho, Buscamos o mesmo abrigo. Na distância que parece Nosso peito encontra a prece O pensamento obedece E vai sempre estar contigo. Tens a força que preciso Tens a certeza do siso, Teu sentimento diviso Quando a dor está comigo... Tens o canto mais divino, No teu peito cristalino Protege do desatino. Mesmo distante, te digo: Nesta nossa vida, dura. Nesta mata tão escura, Conto sempre com ternura Que sei que tens, meu amigo! X Balanço da canoa Tanta notícia boa Caindo esta garoa, A vida segue assim... Estou seguindo, à toa, Meu pensamento voa A minha voz ecoa Amor dentro de mim... Na casa de taboa Na boca da leoa A minha alma revoa Pedindo sempre o sim Que a vida não me doa Que a vida não me roa Amor não me magoa Se amor encontro enfim... X Nenhum caminho é distante Nenhuma dor lacerante Se encontrei amor constante Que me traz felicidade. Companheira, minha amiga, Toda dor já não se abriga Renovando uma cantiga Cantada na mocidade... Depois dessa dura estrada Depois desta caminhada Que pensei não desse em nada, Adivinho a claridade Que procurei nesta vida De tanta estrada comprida Tanto beco sem saída De tanta dor, falsidade... A distância diminui Quando a vida, mansa, flui Tanta coisa boa influi Nos trazendo a liberdade Neste canto mais profundo Não deixo nenhum segundo De buscar, no largo mundo, Essa ponte, uma amizade! X Amizade, companheira Não é flor tão corriqueira Que se encontra a vida inteira Basta querer procurar. Amizade é laço forte Que quem tem, encontra a sorte Sobrevive até na morte. Não é fácil de se achar... Amizade, minha amada, É produto duma estrada Tão longa e tão bem cuidada, Não se pode descuidar... Amizade, meu amor, Tem raridade de flor Somente bom lavrador Tem poder de cultivar! X PARA QUE A NOITE TRAGA AOS TEUS SONHOS, A DELÍCIA DE SABER-TE BELA E SERENA. QUE, NO TEU COLO, A ESPERANÇA DESCANSE. A MACIEZ DE TEUS CABELOS, A DOÇURA DE TEUS LÁBIOS. PARA QUE SAIBAS QUE O AMOR TE FAZ BELA. QUE O BRILHO DAS ESTRELAS ROMPE A AURORA E TRAZ A SENSIBILIDADE MARAVILHOSA DO PODER ESTAR E SER, DO QUERER E TRANSGREDIR. DO NUNCA MAIS ESTAR E SER SÓ. PARA QUE SINTAS O VENTO ROÇANDO TEU ROSTO EXPOSTO AO CALOR DAS CARÍCIAS, DAS DELÍCIAS DE SABER-TE MINHA; E, POR FIM, PARA QUE TENHAS UMA BELA NOITE E UM MELHOR AMANHECER. TE QUERO X Uma amizade intensa É plena recompensa É tudo o que mais pensa O nosso coração. Uma amizade antiga Delícia de cantiga Um coração abriga O gosto do perdão. Quem tem uma amizade Que traga a claridade E faça da saudade Um lago mais sereno. Encara a tempestade Desfaz a falsidade Sabe felicidade Em seu sentido pleno. Não cabe esse ciúme Que mata o bom perfume Encharca de queixume O que era bom de fato. Uma amizade cura A dor da noite escura Minha alma te procura Mansidão de regato. Unindo dois destinos Encaro os desatinos Em rumos cristalinos Sabendo da verdade... Por isso, minha amada, Seguir a mesma estrada Temendo quase nada. Assim, nossa amizade! X Minha amada como é bom Ouvir teu canto macio Que me traz essa alegria Não me deixa estar vazio. Mergulho nesse teu rio Em busca do grande mar... Nada mais tenho comigo Senão os olhos sedentos Procurando com certeza Encontrar a maravilha Que, na vida, tanto brilha, Beleza do teu olhar... Nessas frontes tão sublimes Não concebo mais palavras De tanto amor que me traz O risco de ser feliz, Vivendo assim por um triz, Na esperança do luar... Na dança que prometida Nas horas boas que passo, Sabendo do teu desejo, Amor que tanto queria Me dê tua companhia Vamos pr’a praça dançar... Beber toda essa emoção Viajar numa esperança No cometa mais bonito Nosso amor estrela guia Lavando essa fantasia Levando meu canto ao ar. Não temo mais incertezas Nem vivo sem direção. A nossa porta querida Aberta para o futuro Clareando todo o escuro Que teimava em se mostrar... Eu quero uma nova lua Que teça essa poesia Que faça melancolia Se esfumaçar e sumir. Meu amor venha sentir O doce gosto de amar! X A porca de tão pesada Já não anda, meu senhor A vida desconsolada, Nada serve sem amor. Eu Quero o pó dessa estrada Alimenta o sonhador Na noite, na madrugada Viajando sem temor No corpo da minha amada, Neste cheirinho de flor Nesta noite enluarada, Esquecendo qualquer dor, A viola apaixonada Tocando rimas de amor... X Rosa eu tenho tanto medo De perder o teu perfume Conhecendo teu segredo, Te corrói tanto ciúme. Das rosas que conheci, Nenhuma é assim tão bela, É pena que te perdi Rosa branca e amarela. Mas te espero bem aqui Tanto amor que se revela, Tanto amor que conheci Solidão prendendo em cela Mas a vida descobri. No cavalo, arreio e sela. Este amor tenho por ti, Minha amada rosa bela... X Vagamundo, vagabundo Coração sem serventia, Rasgando rasgo profundo Morrendo um pouco por dia Cada dia sem Maria Sem magia e sem valor Trazendo tanta folia Transbordando esse calor Coração, bem que podia, Traduzir taquicardia Por outra palavra: amor! X Todo cigarro que fumo, Toda vez que me perfumo; Eu penso logo em você. Nosso amor quer todo o sumo Por isso não me acostumo Pergunto logo: cadê? Te desejo todo o dia Nesta imensa fantasia Que te canto sem parar... Tua boca carmesim Todo amor que tem pra mim, No teu raio de luar... Nosso amor assim gostoso Tanta promessa de gozo, Tanta festa e tanta dança. Vivo querendo te ter Nosso amor para viver Toda noite e nunca cansa... Tem sereia nesta praia, Bem antes que a noite caia, Neste sol vou me banhar. Prá depois deitar na areia Nos braços da lua cheia, Nosso amor comemorar! X Uma amizade sincera Que nossa vida tempera Com calma e com poesia. Traz o gosto da esperança No verso que não se cansa Dessa incontida alegria... Nas horas mais complicadas Das noites frias, geladas; Onde a dor não quer sair. Eu encontro em ti, amada, O calor duma alvorada Beleza de sol a sair... Toda vez que sangra a vida No coração, a ferida Tão profunda no meu peito, Quando a dor duma saudade Latejando de verdade, Não me deixa satisfeito; Quando a noite vem surgindo Todo amor se despedindo, Morrendo a felicidade. Eu encontro meu consolo Volto a tocar neste solo Da nossa santa amizade! X Na solidão do meu verso, Na imensidão do universo; Vou cantar meu bem querer... Que me faz ter alegria Quando solta a fantasia E me mata de prazer... Estou por ti encantado, Todo o meu canto fadado A viver apaixonado Por quem sempre, amor, eu quis. No teu brilho de esperança Vamos dançar nossa dança Que representa a bonança De me fazer tão feliz... Morena, mel e garapa, Teu amor já não me escapa, Eu sou feito pra te ter; Na broa boa de milho No teu olhar maravilho Todo bem que posso ver. Morena cravo e canela, A minha alma se revela Apaixonada por ti. Eu quero toda a certeza Deste amor, uma beleza A maior que já vivi! X Como pode companheira Desta estrada tão comprida Esquecer que a terra inteira Acabe na nossa vida. Todo sentimento intenso Nunca pára de sangrar Meu amor é tão imenso Cabem ondas lá do mar. Na penugem deste amor Roçando meu coração O teu canto salvador Me inundando de emoção. Meu amor tanto flagelo Tanta dor que nunca sei, Seu amor foi o rastelo Neste campo quando arei. Agora vou com saudade Do tempo que não existe Pra viver felicidade Canto não pode ser triste. Vem comigo, vem ligeira, Vou te mostrar meu abrigo Se não vier, companheira, Mesmo assim sou seu amigo... Nas terras de Pirapora No sertão de Jatobá Vou cantando mundo afora Como é gostoso te amar! X Amiga eu te agradeço, Bem sei que isto eu mereço, Mas todo bom começo Em qualquer uma estrada, Para uma caminhada Precisa dum apoio. Tu me deste este alerta Estrada estava aberta Porém nunca deserta. Mesmo acordando cedo, No fundo, eu tinha medo, Mas me fizeste andar... As quedas que tomei, Eu sei que tanto errei Mas quando levantei Tua mão ajudou Agora aonde estou Eu vejo-te do lado. Amiga como é bom A gente ter o dom, Embora todo o tom Depende deste passo, Sem temer o cansaço; Apenas caminhar... Amiga, vou em frente, Sem medo, de repente, Minha emoção se sente A cada passo meu Que, sabes, também teu Rumo à felicidade... X Quando te vi, meu amor, Nas estradas desta vida. Percebi perfume e flor Onde encontrei a saída. Esquecendo o sofredor Meu coração de partida, Descobrindo nesse amor, Nosso amor uma saída, Para o canto em desamor, De minha esperança perdida. Vou colhendo minha flor Nos jardins da minha vida, Vou contigo pr’onde for Minha amada, nossa lida Que se fez em tanta dor, Que demais fora sentida. Teu amor é salvador De toda dor tão doída, Impedindo com calor Toda fria despedida, Nosso amor tem mais valor Não traz lágrima fingida. Nosso amor não tem senhor, É nossa alma dividida, Neste amor não tem temor De sentir outra partida, Eu vou seguindo esse andor Que me trouxe nova vida, Qualquer lugar onde for, Seja uma rua, avenida. Saiba que tu tens amor, Que eu te amo tanto querida... X Quando essa solidão queimar teu peito Trazendo tanta angústia, tanta dor. Os passos titubeias, quase cai, A noite se aproxima e traz temor. Eu estarei aqui. Quando uma tristeza sem demora, Tomando tuas horas e teu sono. Sensação de vazio, sem futuro, O medo transformado em abandono Eu estarei aqui. Quando uma tempestade se aproxima E tudo se transcorre qual geada, Escuridão te toma e não te larga, O gosto tão cruel de não ter nada. Eu estarei aqui. Amiga não se esqueça dos meus braços Por certo ampararão na caminhada. Te levo, se preciso, no meu colo, E saibas que na vida és tão amada. Eu sempre estou aqui... X Diamantes nos meus versos Trafegando os universos Os teus olhos de princesa. Vou matando uma saudade Construir felicidade É uma arte com certeza... O meu tempo já passou O meu dia terminou E quase que fiquei só. Mas para a minha alegria Mal terminava o dia, Renasci do próprio pó; Ao te ver tão displicente Meu amor de tão carente, Adivinhou a paixão... Hoje estou feliz contigo, No teu colo, meu abrigo, Meu sangue em teu coração... Nunca mais, Deus me permita Reclamar duma desdita Nem da sorte malfazeja. Minha boca em tua boca, Nesta alegria tão louca, Meu amor já te deseja... X Toda a dor que me devora Nesta tristeza de agora Que não deixa descansar Um coração apertado, De tanto que foi marcado Pelas ondas deste mar... Tantas vezes a maldade Impede a felicidade Não nos deixa prosseguir. Nos meus dias tão medonhos, Nos meus sonhos tão tristonhos, Solidão a me impedir... Na pureza deste manto, Na grandeza deste encanto, Meu amigo e Pai Jesus, Vou pedindo teu abrigo, Com minha fé eu prossigo, Fica mais leve essa cruz... Desculpe este pecador Que tantas vezes com dor Esqueceu de Te buscar. Mas Amigo, meu irmão, Vou abrindo o coração Pra Tua voz escutar... Tu nasceste pobrezinho, Livre como um passarinho, Numa pobre estrebaria. E com tal serenidade Falando de amor, amizade, Fez reinar a poesia... Aprendendo com Teu canto Que amor é maior encanto, Nele estará salvação. Eu Te falo companheiro, Pra salvar o mundo inteiro, Amor, perdão: CORAÇÃO! X Vou vagando vaga-lume; Vagas, vastas vastidões. Vou vestindo teu perfume Trago vastos vergalhões, Dos amores tantas dores Que se fores não mais sou, Se tu flores teus olores Para Loures eu já vou... Tanta vida assim à toa, Tanto tom a vida traz Teu navio pra Lisboa A minha alma vai atrás... Navegando este oceano Sem ter medo do naufrágio, Meu amor sem desengano, Mas bem sei o quanto é frágil.. Coração vai tão sofrido, Encharcado neste sal, O meu amor dividido Foi parar em Portugal... Nesta trova caipira Tanto amor quero dizer. Meu amor, amor transpira, De tanto amor, vou morrer... Quero o gosto destas fontes Que encontrei no meu caminho, Se não for a Trás os Montes Vou ficar aqui sozinho... X Nunca mais farei meu verso Sem buscar felicidade Da medalha fui reverso Hoje sou pura saudade... Não te quero se não queres Se me queres vem comigo. Não importam mil mulheres, Eu quero amor é contigo... Contigo querendo amor Amor querendo fazer, Procurando teu calor, Onde quero me aquecer... Quando a lua me encontrou Encontrou-te aqui também, O teu raio enluarou Sentiu inveja, meu bem... A danada desta lua Toda noite não me quer. Provocante, toda nua, Lua também é mulher... Se vier de manhã cedo, De tardinha deu saudade, Teu amor é meu segredo Para ter felicidade... X Poeta meu companheiro, Que acompanho o tempo inteiro Que sei do orgulho primeiro De escrever, se libertar. Não negue este paraíso Que se esconde no sorriso Que nos chega sem aviso E que jamais vou negar... Neste canto mais preciso É preciso ter juízo Mesmo sabendo que o riso Também nos põe a chorar. Sentimento verdadeiro Na mancha deste tinteiro No rosto meigo e faceiro Uma alegria a pintar. Minha luta por justiça Essa batalha, essa liça Minha saudade se atiça Dá vontade de ficar. Mas a dor, o sofrimento, Rajando forte qual vento Faz parte do sentimento, Que é doce e vira tormento Sem ter hora de parar... Nas horas de tanto sono, Na ameaça do abandono, Nessa sensação de dono, Que não quero carregar. As pedras todas da rua A sensação que flutua Uma beleza tão nua Que não canso de cantar.. Meu companheiro poeta A vida em si se completa Na companhia dileta Que nos faz assim, sonhar. Perdoe se tanto insisto A verdade é que se existo Companheiro; não resisto, Tanta vontade de amar! X De Tua paz, instrumento, Com liberto pensamento, Com mais puro sentimento, Meu Senhor, eu te agradeço. Tantas urzes no caminho, Tantas vezes tão sozinho, Esperando um novo ninho, Nos Teus braços eu me aqueço... Neste amor tão infinito Na mansidão de Teu rito Neste caminho bonito, Te agradeço, Meu Senhor. Toda tristeza, quimera, Toda dor, terrível fera, Toda esperança, quem dera. Deságuam no Teu Amor. Sinto esta presença forte, Deste amor que é minha sorte, Sendo caminho, meu norte, Espalha em mim, o perdão. Neste canto quando ecoa, Na minha alma quando voa, Uma alegria tão boa, Que mora em meu coração... Vou seguindo minha vida, A minha alma tão sofrida Encontrando uma saída, Vertida na liberdade. No meu canto de louvor Vou pedindo muito amor Agradecendo ao Senhor, O carinho da amizade! X Encontrei a flor bonita, Hoje estou apaixonado. Todo amor no peito grita: Bela flor lá do cerrado! Depois de tanto sofrer Pelo mundo sem ter paz, Eu agora vou viver Todo amor que o vento traz. Vento manso deste amor Vem tramando seu perfume, Todo perfume da flor Com pitadas de ciúme... Meu amor quando te chama, Chama aquece no meu peito, Se não vem peito reclama Vai ficando insatisfeito... Nessa flor que tanto canto Canto tanto meu carinho, Na primavera me encanto Já não vou morrer sozinho! Vou o vento do querer Que me deu a montaria, Meu amor pode saber Vou chegar na flor do dia. Trazendo tanto desejo De contigo namorar. Meu amor me dê seu beijo Meu amor eu vou beijar... Sinto o gosto desta boca Neste vento que virá, Uma doçura tão louca Que encontrei, por certo lá... X Na boca da manhã O beijo preferido Toda saudade é vã, Se amor vai escondido... Eu quero o teu carinho Carinho que te dou Não quero ser sozinho Meu peito te adorou Na rosa que te dei Amor não foi espinho. De tanto que te amei Coração pobrezinho Agora que te sei Só quero um bocadinho Do amor que te encontrou Na mansidão do ninho. Meu pensamento achou Voou qual passarinho... X Minha amiga sou sincero Isso não podes negar, Na amizade me tempero Dá vontade de voar. Com amor quando me esmero Posso até me machucar Na tua amizade espero Raio brilhoso, luar. Sou metade sem você Sem você eu nada sou. Lhe procuro mas cadê? Quase nada me restou. Minha alma em tua alma lê Todo bem que me sobrou. Num sentimento se crê Que novo dia chegou. Trazendo nova esperança De ser mais feliz um dia. De dançarmos nossa dança Inundando poesia. Minha amizade te alcança Transbordada em alegria. Quem espera já se cansa, Viver é ter fantasia. Minha amiga, como é bom, O saber que estás comigo, Nossa amizade é um dom Que permite sempre abrigo, Do coração ouvir som Que protege do perigo, Nosso canto, o mesmo tom, É por que sou teu amigo! X Minha vida segue o tempo; Tempo que não mais termina, Termina como contratempo Contratempo que alucina, Alucina minha vida, Vida que não mais concebo Concebo na despedida, Despedida que recebo. Recebo doce saudade Saudade que me maltrata Maltrata a felicidade Felicidade me mata, Mata de dor e de riso Riso que não me pertence, Pertence a paraíso, Paraíso que convence Convence que mais preciso, Preciso dessa manhã, Manhã que brilha, azulzinha, Azulzinha, a vida vã, Vã esperança, ser minha... Minha amada não percebe. Percebe quanto me quer? Quer amor que não concebe Concebe amor se quiser... X No deserto de minha alma Quando a tempestade acalma Terminando este tufão, Vou sentindo o doce vento, Todo imerso em sentimento Com seu jeito de perdão... Tantas vezes esperança Envelhecida se cansa De tanto me esperar. Os meus olhos embargados Os meus dias são contados Na tristeza de amargar... O meu canto se transforma A minha alma se deforma, Invadida por tristezas. Vou buscando teu carinho, Passarinho que quer ninho, Com mais forças e certezas... Toda dor que tenho agora, Nos teus braços evapora, Tua presença me abriga. Por favor, te quero tanto Teu cantar é meu encanto, Como é bom te ter, amiga... X Vi meu rosto nesse espelho, Reflexo revelador, No outro lado, bem mais velho Valha-me Nosso Senhor. Mas o coração safado Mesmo assim não toma jeito Achando-se com o direito De pender para o teu lado... Coração não toma tento Não se cansa de querer, De tanto amor me arrebento Não sei mais o que fazer. Morena tanto queria Teu amor só para mim, Mata o velho de alegria, Tua boca carmesim... X Amiga não permita que a mentira Povoe um coração deveras puro. Por mais que dolorida seja a vida Não vale se esconder atrás do muro. Não deixe que se engane o coração. Por mais que sejam ermos os caminhos Por mais que seja triste a caminhada Se formos iludidos, mais sozinhos. É dura a sensação que ludibria É dura uma emoção quando contida. Não roube de tu mesma uma esperança Use a sinceridade toda vida... Eu falo com carinho e com saudade, Amada não permita a falsidade, Desculpe por usar sinceridade, Somente nos liberta, uma verdade! X Que bom foi te rever amigo meu, Depois da tempestade que passamos. A luz que ressurgiu findando o breu Sinal de que em verdade, nos amamos. Eu sei quanto é difícil uma saudade Eu sei quanto foi duro o teu caminho. Amigo, mas com toda claridade Voltaste com a força bem cedinho... Não posso reclamar de tua ausência Eu bem sei da importância para ti. Mas tive que conter a impaciência Mas como é bom amigo, estás aqui. Casei, já descasei, casei de novo, Meus filhos esperando pelo tio; Que bom que retornaste pro teu povo O teu lugar estava tão vazio! X Na brisa da manhã tão docemente Mostrando; para os sonhos, nova trilha, Que formam nossos passos de repente Na luz que se irradia em maravilha... Amor que tanto quero não se engana Contigo, minha amada, nunca é ilha... Palavras com que a vida tanto explana Gerando nosso amor em mansa imagem. Que traz uma certeza que me ufana De ter nos belos olhos a miragem Do corpo da mulher que mais desejo E faz com que de amor venha a coragem Pedir de tua boca, mais um beijo, Carinho em nossa cama, meu amor... A brisa da manhã onde antevejo As ondas mais gostosas de calor. Imerso, com certeza no desejo. Desejo de viver sem saber dor... X Aurora no meu peito, um novo amor, Amar é meu direito e meu louvor Viver tão satisfeito é ter calor. Sabendo deste jeito sem temor. Amor dentro do peito; o meu amor! O murmurar do rio sabe o mar O peito tão vazio quer amar Vivendo por um fio de luar Um jeito tão vadio de adorar. Amar, calar o frio, cabe um mar! No coração sereno, meu prazer, Beber santo veneno e te querer. Amar é ser tão pleno, assim viver, Um gosto tão ameno; quero ter. Um gesto tão sereno de prazer... X A mão que acaricia, em garra já se atreve. A noite não permite o brilho em novo dia. O canto que me deste, a dor o revestia. No sol do nosso amor, o lume não se escreve. De todo nosso sonho, a manhã morreu breve. O que levamos? Nada. Amor não mais havia... A lágrima forjada, a carícia mais fria. Agora o tempo corre, a vida se faz leve! Não sinto mais cansaço, esqueço o meu tormento. Não quero mais mentira abraça-me a verdade. Não quero nem aceito a tua piedade. Notícias que me deste, espalho-as no vento. A lágrima que corre, o sol que anda mais forte. A voz tão engasgada, aguarda minha morte... Porém um sentimento revigora No gosto da manhã que já renasce. Vivendo um novo amor tão belo agora, Minha alma demonstrando uma outra face... Vencendo essa quimera, solidão, Encontro novamente uma paixão! X Procurando nas clareiras, Nas imensas cordilheiras, Nos rios, nas corredeiras, O que sempre procurei. Enfrentando as fortalezas Em todas essas bravezas Levado por correntezas Esperança naufraguei... No meio das densas matas, Descendo por cataratas Cachoeiras e cascatas, Nas tristezas mergulhei. Desatando tantos laços, Destruindo meus abraços Nos carinhos mais escassos Que, nesta vida encontrei... Depois de tanta má sorte Temendo meu rumo e norte Sabendo dessa dor forte Que me trai felicidade. Encontrei porto seguro Clareando o mundo escuro, No sentimento tão puro Desta sincera amizade! X EU QUERO FALAR, PENSAR NA LUA MARAVILHOSA TROCAR UM DEDO DE PROSA BRINCANDO NESSE LUAR QUE CATIVA QUIEM PERMITE TER O CÉU COMO O LIMITE. LIMITE DE TUA BOCA NESSA DANÇA SENSUAL QUE NÃO CANSA. MINHA LOUCA TRANSFORMANDO EM CARNAVAL TUDO QUE TOCAS, QUAL MIDAS FAZES OURO QUE ME BRINDAS QUERO TE CONTAR AMOR HISTÓRIAS QUE JÁ VIVI COM MEUS S