Sonhos
Sonhei um sonho sonhado
Desse tempo já passado
Por onde eu nunca passei.
Nem nunca mais encontrei,
O que perdi pela vida.
Nessa busca sem sentido,
Por essa noite perdida,
Pelo nunca mais ter tido.
Passava ruas estreitas,
Encruzilhadas sem rumo,
Tremendo pelas maleitas,
A vida perdendo o prumo.
Nesse sonho que sonhava
Percebi tantas senzalas
Mal percebia, acordava,
Voltava pras mesmas salas.
Os olhos podres sorriam,
Voavam sobre meu rosto,
Devoravam, renasciam
Formas, paladar e gosto.
Nos fraques que eles vestiam,
Um sorriso de bom moço,
No fundo todos sabiam,
Cardápios do mesmo almoço.
Nas bandejas, as cabeças,
Dos sonhos que tive outrora,
No meu sonho que às avessas,
No pesadelo d´agora.
Voltavam aves rapinas,
Tragando tudo de novo,
Destruindo essas campinas,
Sugando todo esse povo.
Forjavam outras correntes,
Acorrentando os mais frágeis,
Nos cantos, todos dementes,
Na carne, as unhas mais ágeis.
Expondo vísceras ocas
Dos trôpegos caminhantes,
Penetravam pelas bocas
Destruíam como dantes.
Numa dantesca folia,
Riam-se, tão delirantes,
Decepavam, maestria
Como fizeram bem antes.
Cuspiam todas as faces,
Ladravam nessas orgias,
Aproveitando os impasses,
Repetiam melodias
Cantadas nas tempestades,
Criadas sem fantasia,
Matavam as liberdades,
Anoiteciam o dia.
Nesse sonho já vivido,
Abandonado num canto
Crendo que estava perdido,
Renasceu, prá meu espanto,
Na noite, na madrugada,
Sem luz de lua a brilhar,
Sem vida, sem canto, nada
Que se possa festejar.
Meu Deus, afaste o tormento,
Não me deixe mais sonhar.
Quero viver o momento,
Quero essa vida a brilhar.
Não permita o pesadelo,
Não deixe mais retornar,
Corte o fio, esse novelo,
Não pode recomeçar.
Essas aves que cantaram,
Não deixe de novo, agora,
Pelos tantos que mataram,
Pelos corpos,que lá fora,
Apodrecem no quintal,
Esquecidos nas favelas,
Nas roças na capital,
Já não quero tantas velas.
Nem quero mais funeral,
Do nosso povo sofrido,
No grande canavial,
Pelo tanto destruído,
Pelo muito que roubado,
Esfacelando esse povo,
Pobre, sofrido, acoitado.
Não permita isso de novo!
X
PARA QUE A NOITE TRAGA
PARA QUE A NOITE TRAGA AOS TEUS SONHOS,
A DELÍCIA DE SABER-TE BELA E SERENA.
QUE, NO TEU COLO, A CRIANÇA DESCANSE
A MACIEZ DE TEUS CABELOS,
A DOÇURA DE TEUS LÁBIOS.
PARA QUE SAIBAS QUE O AMOR TE FAZ BELA.
QUE O BRILHO DAS ESTRELAS ROMPE A AURORA
E TRAZ A SENSIBILIDADE MARAVILHOSA
DO PODER ESTAR E SER, DO QUERER E TRANSGREDIR.
DO NUNCA MAIS ESTAR E SER SÓ.
PARA QUE SINTAS O VENTO ROÇANDO TEU ROSTO
EXPOSTO AO CALOR DAS CARÍCIAS,
DAS DELÍCIAS DE SABER-TE MINHA;
E, POR FIM, PARA QUE TENHAS UMA BELA NOITE
E UM MELHOR AMANHECER.
TE QUERO
x
MINHA POESIA
Falar da noite e do dia, do açoite e de Maria
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo, nada inundo
vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio
vagabundo rolando entre astros, entre tantos
entretantos e espreitando por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia
do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos
resquícios do início precipício e me lançavas a esmo
nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho
num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez.
A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima
e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas.
Minha mina mais cara, rara e companheira
te quero poesia amada, necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti,
sobrevivente.
x
Seu moço, minha tristeza,
Vem desse amor acabado,
Perdendo minha Tereza,
Tanto sonho desprezado,
Me resta somente dor,
A saudade desse amor.
Nasci nas Minas Gerais,
No meio desse sertão,
Seu doutor, não posso mais,
Me dói a recordação,
Daquela moça morena,
A minha bela pequena.
Foi embora sem deixar,
Nada mais do que saudade,
Como é que posso ficar,
Sem lembrar tanta maldade.
Daquela que tant’ amei
Prá onde foi? Eu não sei...
Minha Tereza era linda,
Bonita como uma flor,
Eu guardo no peito, ainda.
A foto que me restou;
Na lembrança, na retina,
Daquela doce menina...
Foi-se embora prá não mais,
Nunca mais saber por que,
Tudo deixando prá trás,
Levando meu bem querer.
Tereza moça maldosa,
Espinho num pé de rosa!
Meus companheiro acredita
Que ela num quer mais voltar,
Levando o corte de chita,
Que tanto custei pagar.
Mas, pior que esse chitão,
Me rasgou o coração.
Quando, de noite faz lua.
Me bate a melancolia,
Vou saindo pela rua,
Nela amanheço meu dia.
Perguntando pra quem passa,
Só encontro na cachaça...
Seu moço me dê licença,
Vou voltar prá minha caça.
Talvez tenha a recompensa,
Depois, dormindo na praça,
Quem sabe, então, toda nua,
Ache Tereza na lua...
X
Nessa curva da saudade,
Encontrei meu bem querer,
Procurei felicidade
A razão para eu viver.
Mas, me deixaste sozinho,
Coração tão miudinho...
Foste buscar n’outros braços,
Aquilo que eu quis te dar,
Meus olhos ficando baços,
Silêncio no meu cantar.
Me negaste teu anel,
Por que foste tão cruel?
Quis te dar minha amizade,
Nem isso quiseste ter,
Para falar a verdade,
Eu preferia morrer,
A viver sem teu carinho,
Meu coração pobrezinho...
A vida segue doendo,
Eu, na vida vou tão só,
Na vida, sigo morrendo,
E ninguém, de mim, tem dó.
Quero somente te ver,
Não consigo te esquecer...
Marcada por essa sina,
Minha vida não tem graça.
Sem saber, és assassina,
Culpada pela desgraça,
Que se abate sobre mim,
Não sabes que és tão ruim...
Meu amor, por caridade,
Não me deixe morrer não,
Me mande essa novidade,
Ajude meu coração.
Fale que gosta de mim,
Não me deixe, triste assim...
X
De tanto escrever na areia,
O teu nome, minha amada,
E, depois, na maré cheia,
Não sobrar, dele, mais nada.
De tanto sonhar contigo,
Buscando teu colo amigo.
De tanto querer em vão,
Poder ter teu pensamento,
Vasculhando todo o chão,
Em busca d’um só momento,
Podendo estar a teu lado,
No final, desesperado...
Por acreditar em ti,
Por não crer mais, nem em mim,
No que fui, tanto perdi,
Queimando a dor, tão ruim,
Quero viver um segundo,
Em ti, o meu novo mundo.
São palavras que lamento,
São verdades que não digo,
Tanto ardor, tanto tormento,
Vida correndo perigo.
Minha sede, no teu beijo,
Matando mais que desejo...
Foi embora, mas, fiquei.
Esperando te encontrar,
Dessas dores, eu bem sei,
Não consigo nem lutar.
Quero afinal, meu descanso,
No mais sagrado remanso.
Teimando em nunca temer,
Achando, sem valentia,
Onde encontrar meu querer,
Seja noite ou seja dia,
Montado nesse alazão,
Que se chama: coração!
X
Nunca mais saber teu nome,
Nem querer te conhecer,
Preferia, assim, viver,
Sabendo que tudo some,
Vivendo amor sem ter fome,
Nem escolhendo parada,
Devorando a madrugada,
Da poeira, companheiro,
Seguindo esse mundo inteiro,
Sem ter medo, sem ter nada!
X
No sertão do Ceará
Encontrei linda princesa,
Carregada de tristeza,
De tanta dor prá contar.
Beleza igual ao luar,
O luar do meu sertão,
Que, com toda essa emoção,
Não consigo lhe esquecer.
Tão bela quanto você,
Não fez Deus, na criação.
X
Minha vida faz sentido,
Somente se for você
Quem, comigo, for viver.
Senão, meu mundo perdido,
Perde todo o colorido.
O azul dos olhos seus,
Que, quem dera, fossem meus,
Seriam a salvação,
Pediria, por perdão,
Esses meus olhos ateus!
X
Sou natural das Gerais,
Da terra de Tiradentes,
Lá da Mata e das Vertentes.
E, da vida, quero paz.
Tudo que a sorte me traz,
Eu guardo em meu embornal,
Da terra, Deus é meu sal.
E peço a Nosso Senhor,
Que multiplique o amor,
Para o bem vencer o mal!
X
Vivendo só da saudade,
Percebendo a solidão,
Companheira nesse chão,
Onde errante, cedo ou tarde,
Procurei felicidade.
Nada tive, vou sozinho,
Buscando novo caminho,
Partindo pelas estradas,
Nas noites enluaradas,
Vou voando, passarinho.
X
Menina, me dê licença,
D”eu contar a minha história ,
Enquanto a cabeça pensa,
Vou falando de memória.
Nasci nas terras do Juca,
Lá pras bandas do Meião.
Saudade quando cutuca,
Maltrata meu coração.
Minha mãe foi benzedeira,
A melhor que havia lá,
Curava qualquer besteira,
Qualquer doença que há.
Com a fé de quem rezava,
Dia inteiro, se preciso,
Tanto mal ela curava,
E tá lá, no Paraíso.
Foi embora, a dor é tanta,
Mas, bonita sua cruz,
Morreu sexta feira santa,
Mesmo dia que Jesus.
Lá no Céu teve festança,
Movida a muito forró,
Teve prenda e teve dança.
Teve tudo o de melhor.
Meu pai, foi sertanejo,
Lavrador com muito orgulho,
Lutando com tanto pejo,
Viveu sem fazer barulho,
A morte também, destino,
Levou meu querido pai,
Deixando, tal desatino,
Que, da lembrança, não sai.
Fiquei sozinho na lida,
Sem mulher ou companheira,
Tudo que tenho na vida,
É a viola, estradeira.
Tenho o sol como meu guia,
A lua por namorada,
Vou cantando todo dia,
Canto só, sem ter parada.
Não quero cantar tristeza,
Nem tampouco solidão,
Vou cantando essa beleza,
A beleza do sertão.
A vida deu regalia
E tomou, sem perguntar,
Se era isso o que eu queria,
Mas não posso reclamar.
Foi Deus quem me deu o dom,
Dessa viola tocar,
Quando dela, tiro um som,
Canto sem pestanejar.
Não quero amar a ninguém,
Nem me prender a Maria,
Preciso de ter um bem,
Que a mim, não pertencia.
Pois somente assim, menina,
Não tendo amor que se implora,
Nem tendo vida que atina,
A minha viola chora...
X
Tanto medo sem motivo,
Eu garanto pro senhor,
Que, por mais que esteja vivo,
Nunca mais incomodou,
A gente tem, com certeza,
Um pé atras, posso crer.
Mas, em toda a natureza,
Outro igual nunca vai ter.
Nascido de mãe nervosa,
E de pai desconhecido,
Vivendo a vida tão prosa ,
Tendo esse olhar mais perdido.
De menino, ele assombrava
Quem passasse no caminho,
Nunca que ele descansava,
Mesmo que andasse sozinho.
Criado por tia tonta,
Sem ter noção do pecado,
Qualquer coisa que se apronta,
Nem adivinha o recado.
Sendo feito de garrucha,
A caneta que escrevia,
Se esfregando, usando bucha,
Pele dura, nem ardia.
Sem medo de bala ou faca,
Sem temer Deus nem diabo,
Fincando o chão com estaca,
De vivente, dando cabo.
Foi moleque temerário,
Dono de todo o sertão,
Não precisava honorário,
Nem tampouco gratidão.
A morte feito lazer,
Não precisava pagar,
Não queria nem saber,
Tinha prazer no matar...
Pouca gente duvidava
De toda essa valentia,
Sua fama já se dava,
Pelo sertão, percorria…
Mas, na semana passada,
Um fato então lá se deu,
Nas matas das Embolada,
Onde o capeta nasceu.
Tocaiaram Chico Bento,
Deram três tiros de sobra,
Fora esse envenenamento,
Da mordida duma cobra,
Cascavel que deu o bote,
Mas um cabra sertanejo,
Resistindo até a morte,
Na desgraça dando beijo,
Mas, para azar do destino,
Dessa ele não escapou,
Foi-se embora tal menino,
Que a desgraça carregou;
Por cima das tempestades,
Que a vida madrasta armou,
Esquecendo as crueldades,
Que falam que praticou.
Na verdade era um garoto,
Morte sempre bafejou,
Da sorte só teve arroto,
Inté que um dia, voou…
X
Minhanossassinhorinha,
desceu tudo redondinho,
fazendo cosquinha aqui,
na palma dos meus dedinhos...
o pensamento rebola,
mando a peraltice imbora,
amarro os braços na hora
que a insensatez explode!
E então pacientemente
gatafunho inocente
versos insonsos, descrendo
que assim sejam para sempre!
X
Na casa antiga, de telha,
Rede posta no quintal,
Roupa quara no varal,
Amor traz forte centelha
Trazendo a lua vermelha;
Fazendo brilhar o sol.
Tudo vai agindo em prol
Da felicidade ativa,
Dos meus olhos és cativa,
Nossa vida no arrebol...
X
Um dia a mais, noutro tempo.
Noutro tempo fui tão só,
Doendo a vida, dá dó,
A quem tempo e contratempo,
No meu tempo, passatempo,
Foi solitária agonia
Que me fez perder Maria,
Que me trouxe solidão,
Nunca sim, somente não,
Naufragando a poesia...
X
Vai meu mar amar maré
Maresia mar e sina,
Amando Mar e Marina,
No meu mar, morreu a fé,
Nadava, mas não deu pé.
Fui tragado por sereia,
Que cantando, fez a teia,
Que prendeu seu grande amor,
Nem por reza ou por favor,
Cessou brasa, que incendeia...
X
Caminhão vai cruzando essas estradas,
Norte-sul, sem temer as curvas, segue.
Nas descidas, banguela. Nas lombadas,
Nada impede que suba e que carregue,
Um país, nessas tantas toneladas...
Percorrendo os caminhos de mãos dadas,
O progresso e futuro, são seus passos...
Vagando, sem temer má sorte e sina,
Caminha, faz das retas, seus espaços,
Muitas vezes, audaz, nem mesmo atina
No valor que se insere nos seus braços...
O caminhoneiro esquece seus cansaços...
X
Por que não sei falar dessa maneira,
Usando os verbos vagos, virulentos,
É que perdi meu tempo, uma bandeira,
Desfraldada por sobre os excrementos
De quem tentou ferir sobremaneira
A quem amara, em todos os momentos.
A vida me ensinando não temer,
Eu vou correndo sempre, mas por quê?
Quis tragar melodias e senzalas,
Não pude mais conter esse chicote.
Mas as costas lanhadas onde exalas,
Não me deixam sinal, quebrei o pote...
Traduzindo seara, levo malas
Em busca da saída, vou a trote.
Mas queria viver teus novos dias,
Nas nocivas franquezas que medias...
Num ato de belíssima vontade,
Misturando, sagaz, novas cantigas.
No que não poderemos crer saudade,
Eram senão pedradas mais antigas.
Coram, cegam, feroz realidade.
Queimando como fosses tais urtigas,
As que n’alma repetem cantinelas,
As mesmas que quisemos, serem delas...
No meu karma sei pétrea solidão,
Onde navegaria tantos portos.
No dizer sim, queria tanto o não,
Carregando por certo, velhos mortos.
Na melhor melodia que verão,
Perderei tantos rumos, que sei tortos.
Minha lança, lanceta e confraria,
Nos bares e botecos; dê sangria...
Capuccino, cachaça, chá e mate,
Novos sabores, fluidos paladares;
Da vida sempre torta, um arremate.
Nos teus olhos repletos dos altares,
Brilham loucos fantasmas do combate...
Revejo minha triste lucidez
Quem me dera perder a minha vez...
Pus e sangue, mistura delicada,
Que, emanando de todos os meus dedos;
Fazem-me saber, como está errada
A vida que criei de meus segredos.
Quando permiti noite, madrugada,
Deixei armazenados os meus medos...
Num quero nem concebo liberdade,
Vagando pelos parques da cidade...
Nascido nessas terras das Gerais,
No que pude sentir, foi tudo a esmo.
Não temo nem tempestas, vendavais,
Criado, de cedinho, com torresmo.
Em meio a cercanias sem jornais,
Aos olhos dessa noite, sou o mesmo...
De pequeno, nutrido com coragem,
Desse rio, conheço fundo e margem...
Fui ninado com sangue e com melaço,
Rasguei no mundo berro e valentia.
Peito duro, mineiro, ferro e aço,
Criado a tapa, restos, serventia...
Força nos olhos, pernas e no laço,
Por onde acordei, vida sem valia.
Traquinagem, comer sem saber faca,
Beber da fonte, tetas dessa vaca...
Orgasmos madrugada, tua saia...
No canto, no curral, em pleno mato,
Nem sei de mar, vivendo minha praia
Na beira doce, peixes no regato...
Em plena confusão, rabo d’arraia,
Na morte fiz carinho, sei dar trato...
Quebrando minha perna, sem ter pena,
De longe, traz as pernas da morena...
Vadio violão foi meu resgate,
No colo dessa serra, serenata...
Saudade faz que mata, dá empate,
Menina, levantei a tua bata...
Preciso, cafuné, qu’alguém me trate,
Eu quero te lavar nessa cascata.
Jogando nessas pedras da ribeira,
Teu corpo, penetrando-te, mineira...
Costeleta da Serra D´Espinhaço,
Fiz cabelo, bigode e barba, tudo...
Eu quero me deitar no teu cansaço,
Guardando meu diploma, meu canudo,
Em meio a tuas pernas, teu regaço...
Entrando mais calado, saio mudo.
Talvez me guardes todos os mistérios,
Nem temo teus amores, nem venéreos...
Cresci sofrendo tapa e pescoção,
Na lida atroz, enxada e cavadeira.
Nos brejos, sem temer por podridão,
A vida foi completa escarradeira.
Vacina de menino, de peão,
É feita de porrada, a vida inteira...
Das vespas que mordiam, fiz meu mel,
Da lida mais difícil trouxe céu...
Meu medo foi ter medo de lutar,
Não quis compressa, quero bisturi.
Cada ferida nova que brotar,
Capítulo relido que vivi...
Somente meus, serão; velho luar,
Os olhos dess’amor que já perdi...
Capricho sem temer, por resultado,
Os cortes que sangrei, apaixonado...
Recebendo a herança mais maldita,
O traste que pariu minha cadeia;
Não queira meu Senhor, que se repita,
A bosta que transcorre em minha veia...
Minha mãe, talvez, fosse mais bonita,
Se não tivesse sido uma sereia...
Que o boto mais pilantra desse mundo,
Safado caboclim, um verme imundo...
Criado sem ter beira nem paragem,
Escravo desd’o dia de nascido.
A vida preparou a sacanagem,
Bem no olho dessa serra, fui cuspido.
Quase que me perdi na traquinagem,
Mas, embora isso tudo, fui crescido...
Vômito de mendigo esfomeado,
Coragem coração, fez cadeado...
Meu cigarro da palha mais curtida,
No milharal da vida, colhi nada.
Serei por certo, servo e despedida
Nunca saberei sorte e tabuada,
Mas não reclamo nada dessa vida,
Estou vivo, e se dane essa embolada.
Na poeira joguei nome e meu futuro,
A morte me espreitando ‘trás do muro...
Fiz cósca em cascavel, minha tapera,
Tem as portas abertas para a morte.
Não temo solidão, nem bicho fera;
Eu queimo, em toda curva, a minha sorte.
Cachaça com limão, vida tempera,
Bem no meu coração, de grande porte,
Cravei as verdadeiras, duras, garras.
Não quero mais saber dessas amarras...
Veloz, eu fugirei dessa saudade,
A saudade de nunca mais ter sido.
A saudade feroz, felicidade,
Que nunca mais terei, nem conhecido.
Oprime o peito, face essa verdade,
A de não ter, jamais, nem ser nascido...
Queria, por momento simplesmente,
Um segundo sequer, me sentir gente...
X
Eu não te quero, apenas te desejo,
Na minha solidão, guardo teu beijo.
Um retrato deixado na parede...
Tantas vezes sonhei, mas nem recordo,
Apenas navegar, contigo a bordo.
A garrafa demonstra minha sede...
Eu já não mais anseio, nem quero ter,
Tanto me faz ganhar ou te perder.
Quem sabe, poderei me libertar.
Cada momento segue sem depois,
Não quero mais teus beijos, um ou dois.
Talvez Deus permitisse, enfim sonhar..
X
Se eu falar de saudade, diga nada,
É simplesmente verso sem sentido,
Amando vou levando, de empreitada,
O tempo que jamais achei perdido.
Das horas nem por ora faço caso,
Em meio a tantas farsas, em me embraso...
Sem fleugma, sem vergonha, mentiroso,
Invento dores, falsas cãs atéias.
Meu mundo nem sequer é sulfuroso,
Não tive nem rainhas nem plebéias,
Sou resto, rimo sempre por rimar,
Nem tenho céu, quiçá terei luar...
No jogo da permuta me lasquei,
Troquei não ser feliz por fantasia,
Confesso então, vadio já pequei,
Nem esperei sequer raiar o dia,
Montei no meu cavalo e fui embora,
Não soube nem talvez irei agora.
Quem sabe, na manhã que vai nascer,
Eu possa, simplesmente ser feliz,
Procuro em toda moça por você,
Cadê? Onde andará a minha miss...
Então por não saber dessa Maria,
Desconto na cachaça – poesia!
X
Dos amores que tive, e foram tantos,
Das mulheres que em sonhos concebi,
Meus dedos, nas carícias, nunca santos,
Tantos planos, enganos, que vivi...
Foram peças cruéis do meu destino,
Matando aos poucos, sonhos de menino...
Nas mais diversas camas, chama ardeu...
Nas mais divinas bocas, naufraguei,
Embora tanta glória se perdeu,
Julgava, tolamente, fosse rei...
Percebo, na tardinha dessa vida,
Que em cada encontro, havia despedida...
Silenciar feroz dessa existência,
A noite s’aproxima, vem inteira,
Procuro noutros braços por clemência,
Encontro a solidão por companheira,
Não quero mais sentir esse bafio,
Nem quero mais lutar, nem desafio.
De todas essas fêmeas tão ingratas,
As almas gêmeas foram simples mito,
A voz cansada, tantas serenatas,
Nem pretendo sonhar, digo e repito.
As tive todas, ‘té de santo véu,
Somente a poesia foi fiel!
X
A minha poesia me sustenta,
Do que mais necessito p’ra viver,
Quando busco dessa água, alma sedenta,
Sacia sua sede de saber,
Na fonte maviosa e cristalina
Que só na poesia surge, mina...
Quanto mais vou faminto, mais preciso,
Desse maravilhoso, bel repasto,
É pão... dessa ambrosia eu como e biso,
Afastando o temor, cruel, nefasto...
De sentir, madrugada afora, fome,
Poesia-banquete me consome...
Ar que respiro, base para a vida,
Sem ela, poesia, me sufoco.
Força mantenedora, minha lida,
Nos meus versos, amores eu estoco...
Eu pergunto-te então, como seria,
Se não houvesse enfim, a poesia...
X
Vieste, em favor divino
Para um velho sonhador,
Que de novo, vai menino
Vivendo esse novo amor.
Traz esperança bendita
Nos teus olhos, nesse brilho,
Tua mãe, tão doce Rita,
Agradeço-te esse filho.
Minha vida, entardecer,
Já não cabia esse dia,
Em ti, de novo viver,
Ressurgir a fantasia.
No cansaço dessa lida,
Outros cantos conceber
Vai, esvaindo-se a vida,
Outra vida faz viver...
Amar-te é doce demais.
É poder recuperar
Tudo que fora capaz,
Um dia poder sonhar.
Menino, meu mimo e ninho.
Teu canto, meu passarinho,
A mais bela melodia,
Traduzindo em alegria,
Os meus olhos outonais
Minha vida já sem vida,
Meu mundo tão sem paz,
A juventude perdida,
Os tempos não voltam mais.
Me trazes nova esperança,
De me sentir tão capaz,
De lutar por ti, criança,
Nesse mundo tão cruel,
Se puder trazer a lua,
Iluminando teu céu,
Cravejando tua rua,
Por onde irás caminhar,
Com pedrinhas de brilhante
Só pro meu amor passar...
Meu menino, meu gigante...
X
Quando o brilho dessa lua
Clareia todo sertão
A verdade surge nua
Em forma de assombração.
Correndo pelas estradas
Acompanhando o luar
No meio das madrugadas
Num grito de apavorar,
Ao longe se ouve distante
O latido doloroso
Esse ladrar inconstante
Assustando, pavoroso
Quem cruzasse no caminho
Quem tentasse andar sozinho
Pelas trilhas dessa terra,
Travando sempre essa guerra,
Entre vivente e defunto
Nessa luta, tudo junto
Se confunde na batalha,
Mesmo que você atalha
Por outro rumo ou estrada
Não adiantará de nada
Você não pode escapar.
Se não vier lobisomem
Outro poderá chegar
Meio bicho meio homem.
Nessa mata sem ninguém
Mula sem cabeça vem
Procurando devorar
A quem puder encontrar.
Mas, me contam e acredito
No meio de tanto maldito
Outra coisa perigosa
É gente cheia de prosa,
No meio desses fordunços
Trabalha prá coronel
Sem pena, manda pro céu.
Essa turma de jagunços.
O povo do meu sertão
Vive toda ameaçada
Bastar dizer um só não
Ou então precisa nada.
Na ponta de uma peixeira
Ou na mira de um fuzil,
De sangue, mancham a bandeira
Envergonham o Brasil.
X
Penso no maio das mães,
Com seus filhos massacrados
Pior que fossem mil cães
Nos gritos desesperados
De quem tombou na batalha
Os mortos pela navalha
D’incompetência d’estado
Deixando esse povo refém
Do grito desesperado
Respondido por ninguém
Desse povo abandonado
Tratado qual fosse gado.
Penso nas camas vazias
Nos olhos sem amanhã
Nas teresas e marias
Vivendo a vida malsã
Esperando por seus filhos
Perdidos, fora dos trilhos.
As mães dos soldados mortos
Sem perdão e sem por que
Na visão dos homens tortos
Tentando sobreviver...
As mães que sempre sofreram
Que as esperanças perderam.
Sem poder nem apontar
Os olhos para os culpados
Que vivem para ocultar
Os desmandos desgraçados
Que tentam sempre esconder
Teimando no negar ver
Que os erros mais singulares
Cometeram, sem perdão.
Assassinando seus pares
Provocando a reação
De todos quantos conhecem
As dores que elas padecem.
As mães desses inocentes
Quatrocentos que tombaram
Nas ruas, pelas serpentes.
Que no fundo assassinaram
A todos sem exceção
Por terrível omissão.
Penso no pranto sofrido
Dessas mulheres perdidas
No terror tão desmedido
Que carregou tantas vidas
Me diga meu Deus por que
Tanta dor pra se viver...
Nos uniformes vazios
Dos soldados e operários
Nos olhos, trágicos fios.
Que ligam aos mandatários
Dos criminosos cretinos
De todos os assassinos.
Dos Pilatos que, omissos.
Permitiram tal chacina
Com seus olhos tão mortiços.
Trouxeram lá da Argentina
A visão das mães da praça
Nessa dor que não disfarça.
Nossas pobres mães paulistas
Também carregam seu fardo.
Procurando pelas listas
Onde esteja assinalado
O nome de seu rebento
Carregado pelo vento...
Se, nesse dois mil e seis,
Teceram essa mortalha;
Última, seja essa vez.
Que não repita a batalha
que nossas mães brasileiras
não merecem tais bandeiras.
X
Na fumaça do cigarro
Que se queima entre meus dedos
Nessa penumbra me agarro
Vou fugindo de meus medos
Quero a sensação perfeita
De poder seguir em frente
A felicidade é feita
Do sangue e carne de gente.
Como a liberdade é flor
Quer precisa pra brotar
De suor sangue e terror,
Pois senão ela não dá.
Meu canto de liberdade
Tem mais lágrimas que riso
Atravessando a cidade
Traz muito pouco sorriso,
Reflete a melancolia
Que se fez neste país
Trazendo pouca alegria
Quase morrendo por triz;
A vida essa fantasia
Essa pobre meretriz
Que tampouco poderia
Sonhar em ser mais feliz.
Não podendo mais arcar
Com essa dor que apavora
Nessa luta por lutar
Bem antes e mais agora.
Nossa luta é tão constante
Vem de tanto tempo atrás
Transformando esse gigante
Que aprende a ser tão capaz
Quanto os velhos continentes.
Trazendo nas mãos cansadas
Sonhos de seres contentes
Pela lua, iluminadas.
As marcas de todos nós.
Caminhamos de viés,
Trazendo essa dor atroz
Cortados, sangram os pés.
Nossa luta mais certeira
Da guerra que não engana
Essa batalha altaneira
Da latino americana
Vida, como essa bandeira,
Que carregamos sem jeito
De todas és a primeira,
Pesando forte no peito.
Terra de tantas batalhas
Das antigas injustiças
Trazes nos olhos mortalha
Vítima dessas cobiças
Que sangraram os teus sonhos
Em troca de prata e ouro
Transformaram em medonhos
Tua carne, pele e couro.
Estropiaram teu povo
Exterminaram teus cantos
Extorquiram-te de novo
Tenazes foram teus prantos.
Agora, que tentas ser,
De novo esse amanhecer
Um amanhecer mais justo,
Mãe que acalanta no busto
Teus filhos mais sofredores
Buscam todos teus amores
Procuram beijo da paz
Lutam pra serem bem mais
Que simples melancolia
Quiçá nesse novo dia
Nessa brisa que acalenta
Nesse canto que se assenta
Sobre tuas mãos feridas
Possamos nós teus meninos
Esquecer das despedidas
Cantando de novo esse hino,
Um hino de amor a ti
Terra onde sempre vivi
Onde nasceram meus filhos
Por onde seguem meus trilhos
Iluminados ao sol
Que traduz tua esperança
De ser de novo a criança
Dona do teu arrebol.
Brincando nas cordilheiras
Nas tuas florestas tantas
Fazer dessas brincadeiras
Ungindo tuas mãos santas.
Surgindo de novo a vida
Onde sangraste, ferida.
América mãe de todos
Que Deus ouça nossos rogos
E te permita viver
Sem ter que filhos vender
Sem ter que, prostituída,
Expor-se tão nua em vida.
América, nosso lar,
Nossa casa verdadeira.
Que o brilho do teu luar
Ilumine a terra inteira.
Que nunca mais te maltrate
Nem nunca mais te destrate
Quem nunca te conheceu
Quem jamais te concebeu
Povo de terra estrangeira
Que suga tanto teu sangue
Atolando-te no mangue
Te escarrando por inteira.
X
Seu moço, por caridade
Escuta esse povo sofrido
Que vive nas tempestade,
Trabaia quar desgraçado
Pelos mata e nas cidade.
Esse povim sem parage,
Vivendo sem amparage
Dos home de capitár.
Eles chinga nóis de tudo
Quanto ruim há no mundo.
Chama nois de vagabundo
Que nois semo anarfabeto
Que nois semo cachacero,
Que num pode dá denhero,
Pra móde sobreviver,
Essa raça de safado
Desses pobre desgraçado
Que róba mais que ladrão.
Eles conta a mentirada
Pois num cunhece uma inxada
Nem sabe o valô da gente,
Pru mais que o mundo comente.
Nóis num passa de pilantra
Nossos fío, qui nem pranta
Num percisa de comida.
Essa gente é convencida
E não cunhece nois não
Não sabe o valô da vida
Sufrida nesse sertão.
Nem anda nesses comboio
Quar boi em canga marcado
Que anda dependurado
Nesses trem cá da cidade.
Nos otromóve eles passa,
Nem percebe os coletivo
Cheios desse bicho vivo
Que eles cunhece pur massa;
Trabaindo todo dia
Pra pudê dá mordomia
Presses homê, prus dotô
Nóis semo quem aproduz
A cumida que eles come
Apois veja, a própra luz
Que alumia bem os home
Se num fosse os disgraçado
Se num fosse o seu trabáio
Já tava tudo apagado,
Queria ver nos atáio
Dessa vida, vivo táio,
O rumo que eles tomava,
Quem sabe se eles paráva
Nus beco onde a gente véve
Onde não há quem se atreve
A chamar de residença
Chei de criança e doença,
Pra podê tê consciença
Da vida que leva a gente
Dexava nois té contente
Preles pudê aprender
Que num basta sabê lê
Pra se dizê sabedor
Que é percizo munto amô
E bem sei, que só merece
Amor, quem se conhece
Que num sabe conhecê
Aquele que nunca viu.
Portanto, moço seria
De munta serventia
O sinhô pode passá
Pobreza só pur um dia
Pra mode valorizá
O trabái de nossa gente
Quem sabe, ansim seu dotô
Havéra de valorá
Esse povo brasilero
Ia aprender mais, garanto
Que nos livro lá da escola
Nóis só presta em feverero
Ou se for craque de bola
Aí vanceis acha bão
Inté pága pra nus vê.
Nossas fía mais bunita
Tumbém serve pra vancê
Nas buate mais perdida
Mais se incontra pra valê
Com home de capitar
Pra servi de companhia,
Mas mar amanhece o dia
Tudo vorta como era antes
Dispois vem esse disprante
De chamá di inguinorante
O povo mais umiádo
Nois tudo semo safado
Na vóis desses doutô
Se esquece que nois é home
Nem percebe se nois come
Se nossos fío tem fome
Isso nem lembra o sinhô
Na hora dos seus projeto
Nois semo tudo uns inseto
Sirvimo pra atrapaiá
Sirvimo pra trabaiá
Pra alimentá os dotô!
Intonces já me vô indo
Pros sertão to retornando
Pras favela vô saino
Meu tempo ta se acabano
Vo vortá pro meu roçado
Ou então pro meu serviço
Passa dia mês e ano
O carro num anda, enguiço,
Já faiz tempo tá parado.
Mais ficaria contente
Se oceis perduasse a gente
Num custa perdão pedido
Perdoa por ter nascido
Um fío meu lá em casa
Que, pros óio dos doutô
Foi feito por descuidado
Nasceu fruto do pecado
Da inguinorança da gente
Mais me dexô bem contente
Esse meu menino amado
Que é fruto de munto amô.
Que nois pobre, tombém ama
Embora oceis me parece,
Num cridita nisso não
Nóis tudo fais nossa prece
Nóis tombém somo cristão.
Fíos do mesmo Sinhô
Que morreu, naquela Cruz
Que foi feito cum amô
E era pobrinho, Jesus.
Então pense por favô
Nu munto que se ensinô
O Pai de todos os home
Dos que come e que tem fome
De todos sem distinção
Que nois tudo nessa vida
Por mais que seja doída
Por mais que seja distinta
Diferente em sina e tinta,
NOIS SEMO TODOS ÉRMÃO!
X
Nus óio dessa sodade,
Preguntei móde sabê
Adonde a felicidade,
Pudia mió se escondê,
Num incontrei a resposta,
Prá pregunta qui eu fiz,
Pois, di mim, sodade gosta,
Sem ela, num sô filiz...
Travei briga com Maria,
Joaninha me dexô,
Chorei de noite e de dia,
Sodade do meus amô...
Minha casa lá pur riba,
Naquele canto de morro,
Quando a sodade s’arriba,
De vórta, prá lá eu corro...
Minha mãe dexô tristeza,
Quando Deus, triste levô,
Tanta dor, que marvadeza,
Sodade foi que restô...
Faz treis meis que nunca chove,
Nessa terra, sô dotô,
A sodade me comove,
Meu canto só sabe dô...
Nu mei dos espin da vida,
A sodade machucô,
No amô, na dispidida,
A sodade é uma frô...
Os espin que ela carrega,
São por Deus, abençoado,
A sodade faiz entrega,
Nesses peito apaxonado...
Fiz cabana de sapé,
Pra morá com meu amô,
Mas, leite sem tê café,
Sodade foi que restô...
Vida sem sodade, cansa.
É cavalo sem arreio,
Sodade, no peito avança,
Trazeno a lua, no seio...
Quano pito meu cigarro;
Da páia do mío, feito.
Na sodade, eu me agarro,
Martrata cumo malfeito...
Minha Rita é tão bunita,
Prefeita cumo uma frô,
Sodade meu peito agita,
Ao ti vê, bem disparô...
Rélojo contano as hora,
Trais sodade sem ter pressa,
Meu amô, já foi-se embora,
Coração bateu depressa...
Vi meu bem saindo fora,
Me dexô na solidão,
Quê que vô fazê agora,
Sodade no coração...
Vórta pra mim, querida,
Num me fais ingratidão,
Sem ocê, a minha vida,
De sodade, vale não...
Meus óio anda tristonho
Pércurando pur vancê,
Tenho sodade do sonho,
Onde pudia eu te vê...
Sodade é coisa facêra,
E besterenta tômbém,
Vivi minha vida entera,
Com sodade desse arguém...
Vento balança o teiádo,
Onde fiz minha chopana,
Sodade quema um bucado,
Arde qui nem taturana...
Se tenho medo da vida,
Da morte num tenho medo,
A sodade dói doída,
Mas dela, sei o segredo...
Sodade faiz tempestade,
Dirruba casa e barraco,
Como dói a tar sodade,
Parece chute no saco...
Eu rezei prá Santo Antoim,
Prá móde pudê casá,
Finar de tudo, foi soim,
Só sodade vai restá...
Tenho sodade num nego,
Essa é a maió certeza,
Sodade cravando o prego,
me furano de tristeza...
Pedi perdão pru meu Deus,
Pulos pecado que tive,
Sodade, nos óios meus,
Em cada lágrima, vive...
Mardiçoei minha sorte,
Foi o que eu pude fazê,
Bejo de sodade é morte,
Dessa morte vô morrê...
X
Eu sou mineiro de Minas,
Lá das tais Minas Gerais,
Canto versos, faço primas,
Até não conseguir mais.
O meu pai foi sertanejo,
Minha mãe foi só desejo...
Nas montanhas fiz a rede
Pro meu corpo descansar.
Fui matar a minha sede,
Bem distante do teu mar.
Nasci lá na Mantiqueira,
Na minha terra mineira!
Quem me ensinou a pescar,
Foi o meu velho Francisco,
Como é belo esse luar,
Mesmo crispando o corisco.
Na beleza das campinas,
Vou te conhecendo, Minas.
São diversas minhas dores,
Como é belo entardecer,
Tuas matas, meus amores,
Nos teus braços, vou morrer!
Nas tuas guerras fiz paz,
Em teus abraços, Gerais!
Sopro o vento lá na serra,
O vento vem de mansinho,
Canta o canário da terra,
Também canta o coleirinho...
Tanto canto que é capaz,
Encanta Minas Gerais...
Meu lamento vem distante,
A saudade dess’ alguém!
Meu amor, por um instante,
Tanto amor tamanho trem...
Sou mineiro e tenho fé,
Nascido em Muriaé!
Menina, faça o favor,
De me prestar atenção,
Tô falando d’ocê sô!
Vem vindo do coração.
A dor não mais arremata,
Pois sou mineiro da Mata!
Viola de doze cordas,
São cordas do coração,
Vê menina, vai acordas,
Chora meu violão!
Eu sou mineiro da Mata,
Ouça a minha serenata!
Eu comi feijão tropeiro,
Misturado com tutu,
Eu bem sei do mundo inteiro,
No buraco do Tatu...
Minha mãe é carioca
Mas conheceu engenhoca!
Tomei muita da guarapa,
Adocei o meu café,
Onça matei foi no tapa,
Com pescoção e chulé...
O meu pai de Miraí,
Bem perto d’onde nasci!
Fiz meu canto no repente,
Nem pensei no que ia dar,
Em careca, passo o pente,
Tiro poeira do mar.
Tanajura? Comi prato.
Bebi Iara no regato...
Vou terminando meu verso,
Tô cansado de rimar,
Vou buscar meu universo,
Juro, mais tarde, voltar...
Agora vou terminando,
Devagar, já vou andando...
X
Quando quis viver contigo,
Bem sei que não me querias,
Meu amor, de tão antigo,
Traz em suas cercanias,
A certeza do perigo,
Desse medo que vivias.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Quis viver com muito luxo,
Quis meu tempo de reinar,
Carregando meu cartucho,
Bala de todo lugar,
Sou deveras, meio bruxo,
Nessa arte de magiar.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Da morte sei a sentença
E também sei o perfume,
Não há quem me convença,
Nem que meu revólver fume,
Não vai morrer de doença,
Carne irá virando estrume...
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Sei de tanta malvadeza ,
E também sei da saudade,
Tanta vida essa incerteza
Sua melhor qualidade,
Vivendo minha tristeza,
Amores; sei de verdade.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Bebi medo de serpente,
Comi carne de ururbu,
Minha sina, sei caliente,
Na pena preta d’anu.
Todo ser sobrevivente,
Fugindo qual inhambu.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Matei muitos, de emboscada,
Não sei mais quantos matei,
Dessa vida levo nada,
Nada da vida levei,
A não ser essa esporada,
Desse reinado sem rei.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Pois perdão; peço de fato,
Sei o quanto errei também,
Fiz de sangue, um regato,
Nunca respeitei ninguém,
Tanta morte por contrato,
Por real ou por vintém,
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Eu sei, confesso o pecado,
Pequei, já não tenho cisma,
Bem sei quanto estou errado,
Não precisa cataclisma,
Nem me chamar de safado.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
No segredo dessa vida,
Nem precisa repetir,
Minha alma já vai perdida,
Foi tudo o que eu consegui,
Sei que a vida vai sofrida,
Perdão, não custa pedir...
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
X
Quando eu conheci Serena,
Num galope a beira mar,
Aquela bela morena,
Tinha tudo pra encantar,
Coração bate, dá pena,
Dá vontade de chorar,
Nunca mais poder cantar
Num galope a beira mar...
Serena foi minha vida,
A razão do meu viver,
Tanta dor já tão sentida,
Sem vontade de sofrer,
Eta vida mais sofrida,
Não cansa mais de doer,
Viola canta, luar...
Num galope a beira mar...
Minha voz anda cansada,
Cansada de tanto pedir,
Minha moda vai cantada,
Cantada móde sentir,
A viola enluarada,
Que canta quase a carpir,
Tanta coisa, sem parar,
Num galope a beira mar...
Levei Serena pra casa,
Como manda o coração,
Tanto casa, quanto embrasa,
O luar do meu sertão,
Meu amor quando se atrasa,
É problema e solução.
Como era belo sonhar
Num galope a beira mar...
Com Serena tive filho,
Dois ou três se não me engano,
Do amor seguindo o trilho,
Passa dia, mês e ano,
Mas o tempo tem gatilho,
Detonando tanto plano.
Nunca mais vou esperar
Num galope a beira mar...
O amor, de maravilha,
Transformado na tristeza,
Na promessa dessa ilha,
No meio dessa beleza,
Toda dor vem de matilha,
Acabando a realeza.
Tanta coisa pra contar
Num galope a beira mar...
Serena foi assassina,
Do que belo, tinha em mim,
Maltratando minha sina,
Fazendo tão trist’assim
Tanta dor que desatina,
Do amor, foi meu Caim.
Me matando, devagar,
Num galope a beira mar...
São tristezas, duras penas,
Têm o gosto da mortalha,
Só pedia a Deus, apenas,
Outro tipo de cangalha,
Noites mansas, mais amenas,
Na minha casa de palha.
Poder sonhar com meu lar,
Num galope a beira mar...
Já cantei minha verdade,
Fiz meus versos sem vergonha,
Procurei felicidade,
Que é coisa que se sonha,
Pelo campo ou na cidade,
Não é coisa medonha.
É meu direito tentar,
Num galope a beira mar...
O veneno em minha veia,
Corre solto, vai matando,
Essa aranha fez a teia,
Minha vida foi sugando,
Minha carne foi a ceia,
Ela foi me envenenando.
Até conseguir sangrar,
Num galope a beira mar...
Quando vi nos seus olhinhos,
Verdes olhos cor de mata;
Percebi que seus carinhos,
Me diziam, ser ingrata,
Aquela por quem meus ninhos
Sonhavam amor em cascata,
Nunca mais eu vou cantar,
Num galope a beira mar...
X
Nasci naquela tapera,
Perto da curva do rio,
Onde à noite tanta fera,
Traz mais forte seu bafio,
Derrubando, sem demora,
Sem temer nem ir embora...
Tanta dor que me tempera,
Não me deixa mais vazio,
De tocaia, vou de espera,
Conheço vela e pavio.
Nem todo ovo que se gora,
Nem todo gosto d’amora...
Joguei cravinote longe,
Matei onça de empreitada,
Minha mãe fugiu com monge,
Pelos palpos dessa estrada.
Não tem mais como pereça
Virou mula-sem-cabeça!
Puxei forte da peixeira,
Sangrei mais de dez safados,
Fiz da morte, coisa useira,
Cantei rimas desfiados,
Fiz das primas meu deleite,
E não há quem não me aceite...
Sou peste sem pestanejo,
Desejo toda morena,
No meu sonho sertanejo,
A dor de longe, me acena,
Quem quiser ser a mulher,
Tenho casa de sapé.
No umbigo da montaria,
Atrelei minha placenta,
Vou correndo a fantasia,
Quero ver quem me agüenta,
Sou, de lado, vou de banda,
Vendo sangue na quitanda...
Tropecei nesse defunto,
Esquecido no relento,
Tanta coisa que fiz junto,
Meu olhar mais remelento,
Trago o gosto da remenda,
O luar faz minha tenda...
Mas não temo nem temia,
Venda nova nem fracasso,
Mingau da vida rugia,
No poleiro do cangaço.
Fiz mais três combinação,
Quisera ser Lampião!
Teimoso qual cascavel,
Escorpião da caatinga,
Roubando o brilho do céu,
No véu da noiva respinga,
Cascata da melodia,
Dourando essa cercania...
Meu falar enviesado,
É difícil traduzir,
É que, nele, vem atado,
O que melhor vai luzir,
Tradução de coração,
É brotado de emoção.
Vingança tem saliência
Coça na mão e no coldre,
Se for boa eficiência,
Traz logo, cheiro de podre.
Urubus descendo ao chão,
Querem dizer proteção.
Não virei mais à tardinha,
Nem de noite mais virei,
Na calada, vai sozinha,
A rainha desse rei.
Que não tem nem pode ter,
Contas para receber.
Já cumpri meus mandamentos,
Já te fiz meus rapa pés,
Nas feridas, sei ungüentos,
Misturando tantas fés.
Mastigando tais mezinhas,
Riscando com ladainhas...
Minha manta sei de couro,
Como é de couro o chapéu
Na boiada, meu estouro,
É o estorvo do meu céu.
Buscapé buscando gente,
Queima tudo, de repente.
No repente da viola,
Eu puxei minha peixeira,
Arrebentei a sacola,
Fiz promessa a vida inteira,
Nada consegui depois,
Na boiada, fui os bois...
Ferido de morte triste,
Aposentei o meu laço,
Esqueci tudo que existe,
Abandonado sanhaço,
Fui marcado sem perdão,
Tanta dor no coração.
Agora tô sossegado,
Já não tenho mais vontade,
Acabei envenenado,
Por essa estranha maldade,
Que matou o matador,
Essa praga: o tal amor!
X
Amores, amizades, alegria,
Palavras que; compondo minha vida,
Traduzem, no meu canto, fantasia,
Deveras, vai seguindo, Aparecida...
Beleza da bondade, beatifica,
Muda meu sofrimento em ser feliz,
Das dores mais cruéis, me santifica
Em tudo que traduzes, Beatriz...
Cabendo certamente meu carinho,
Em tudo que pensei tão cristalina
Quanto fosse capaz, sem ser sozinho,
Das fontes mais felizes és Cristina...
Devendo devedor divino Deus,
Serem os meus segredos sem marquise,
Eu te vejo, reluzes nesses breus,
Me trazes sensações, feliz Denise...
Eu espero esperanças nos teus beijos,
Na vida não sei dor que não se aplaine,
Vivendo, convivendo com desejos,
Te quero, te pretendo, doce Elaine...
Fervem fervores, febre e fogaréu.
Minha vida, transcorre vai mais branda,
Quando estou procurando azul do céu,
Somente encontrarei a ti, Fernanda...
Gosto gesto gozando gota a gota,
A toda solidão a vida impele,
Mas quando, a solidão queimando, rota,
Recolho-me aos braços de Gisele...
Horas horrores, honra e homenagens,
A quem a vida amou, serena brisa,
Não quero mais saber dessas paragens,
Distantes dos teus olhos, Heloisa...
Instantes imortais, idolatria;
Dessas noites passadas tão insone,
Que nunca mais parece, vem o dia,
Noites brancas, sozinho, sem Ivone...
Jogos jamais jogados, jogatina...
No tabuleiro-vida que me engana,
Sabendo ter teu jeito de menina,
Sabendo ser teu homem, Ó Joana...
Liberdade levando leve luz,
Descanso em meu brinquedo de pelúcia,
Buscando tanto brilho que reluz,
Vivendo por viver, amada Lúcia...
Marcado morredouro mantimento,
Sofrimento passando a ser a tônica
Do que mais poderia ser lamento,
Vou salvo, acreditando só em Mônica!
Nascendo naufragado, néscio não,
Provando essa amargura que venci.
Maltrata devagar meu coração,
Que bate, tresloucado, por Nadir...
Ouvindo ondas ouvi outras ondinas,
Que, por mais igual, nunca se repete
O mar dessas belezas, das meninas,
Que nunca chegariam ser Odete...
Palavras perseguidas plenitude,
Não sabem nem conhecem a delícia,
De ter todo bom senso e atitude,
Que surgem tão somente em ti, Patrícia...
Restam risonhos risos e resquícios,
Desse delicioso amor que agita,
Salvando-me de todos precipícios,
Só quero mergulhar em ti, Ó Rita...
Sabendo sentimentos sem saudade,
Melhor que ti, somente se for clone,
Igual são muito poucas, na verdade...
Sereno, saberei ser teu Simone...
Trazendo tempestades tropicais,
Em meio a tanto canto e mais beleza,
Bebendo, vou tragando e quero mais,
De tudo que vivi em ti, Tereza...
Vivendo vou vencendo vacilantes
Momentos em que tento abrir cratera,
No peito que batia já bem antes
De poder conhecer a bela Vera...
X
No mundo mais cruel que concebias,
Cabia meu tormento em tuas liras,
Percorrendo vazio, tantos dias,
Sem saber que fingias tantas miras,
Nas penumbras fatais, sem melodias,
De tua mão, sentida flecha, atiras.
Querendo sufocar minha cantiga,
De tantas quanto herdei a mais amiga...
Vivendo essa funérea desventura,
Que traduz a verdade em sofrimento,
Concebo claridade, minha jura,
Tragada pela luta, meu tormento...
Amargo o vinho, âmago, tortura,
Na amargura de todo meu lamento.
Amei-te, no passado mais distante,
Por sorte, meu amor foi inconstante...
Bem sei que naufragaste outro desejo,
De quem não poderia te negar.
Flagrada pois, em cândido cortejo,
Atada a vários braços ao luar.
Mereces bem, portanto escarro e beijo,
Escárnio de quem possa procurar
Em ti, por algo além do sensual,
És página virada dum jornal!
Não vejo em ti, portanto nada além
De restos esquecidos sobre a mesa,
Se eu já te quis, agora me és ninguém,
Não vou te negar glória na beleza,
Nem vou mentir, deveras, foi meu bem...
Mas hoje, tão distante realeza;
Se faz passado pútrido e mordaz.
E, francamente, não te quero mais!
X
Canto I
No sertão do Brasil, a fome impera,
Devora mais solene, nada resta...
O sol que se transforma na quimera
Que traga, maltratando toda festa,
A miséria cruel, qual fosse fera
Não deixa nem sequer abrir a fresta
Da esperança sutil. Porta fechada,
A vida transcorrendo desgraçada!
Amor pernambucano, sertanejo,
As dores são sentidas sem ter pena,
A chuva salvadora traz desejo.
Mas tanta chuva assim, tudo envenena,
Nos céus a tempestade, relampejo...
Enchentes vão roubando toda a cena!
Nasceste neste chão bem brasileiro,
Misturas infernais, dor e braseiro...
Cruel fome imperando sobre a terra,
Nada mais restaria por fazer...
Descer, subir, procuras outra serra;
Onde enfim poderias lá viver...
A noite tenebrosa, grita, berra...
A luta é por poder sobreviver...
Sertanejo, homem forte de verdade,
Procura novo canto: liberdade!
Irmãos são tantos, todos sonhadores.
A terra amada fica para trás,
Poder saber jardins, colméias flores,
A rapadura doce satisfaz...
A terra seca, guarda seus rancores,
Noite escura promete ser capaz
De trazer esperanças de melhora.
A vida necessita aqui, agora!
O cachorro latindo, a casa fica,
Os olhos marejados, sofrimento.
Estrada mais comprida, longa, estica...
A dor cruel, terrível, do momento...
A mãe tão pobre, sempre muito rica
Do que importa na vida. Toma assento
No pau d’arara pobre nordestino,
Abandonando tudo, vai menino!
A morte que rondava cada casa,
Nos filhos desses pobres lutadores,
Injustiça cruel, vem, tudo arrasa,
Não deixando senão os seus horrores...
O chão queimando, mata, velha brasa,
A vida recordando seus valores:
Amizade, carinho ao companheiro,
A sina desse grande brasileiro!
Foi, pelas mãos d’Eurídice saber,
Conhecer a verdade dessa vida,
Que mais importa a luta que vencer,
A dor cruel, que corta, despedida...
O mundo inteiro iria poder ver,
Das terras do sertão vir, ressurgida,
As lendas dos caboclos corajosos,
Os mal vestidos, pobres, andrajosos...
Dos oito que nasceram, oito filhos,
Sétimo. Tinha sete anos, quando,
Das terras sequiosas, andarilhos,
Partiram para o Sul, lá procurando
Caminhos para a vida, novos trilhos.
A sorte, sobrevida, já raiando...
Deixando as marcas: fome, sede, pranto.
Nas tardes, nas auroras, novo canto!
Treze dias, viagem complicada,
Cruel fome espreitando cada curva,
Sete anos, menino pensa em nada,
Cada noite, visão ficando turva.
A vida se parece com estrada,
Quem dera meu Senhor, viesse chuva!
Nunca precisaria se mudar,
Do sertão brasileiro, seu luar!
A miséria campeia, traga tudo,
A fome que vagueia, tudo mata,
No peito do moleque dói. Contudo
Uma nova esperança qu’arrebata,
Esse menino forte, parrudo.
A vida não seria mais ingrata.
Poder ajudar mãe, vencer os medos,
Conhecer dessa vida, seus segredos...
Ao chegar em São Paulo, o nordestino,
Encontra, nas promessas renegadas,
Outra luta cruel pelo destino,
A vida não deixara nem pegadas,
Arregaçando as mangas, o menino,
Procura, nas esquinas, nas calçadas,
A forma de melhor sobreviver.
Trabalhando, laranjas prá vender!
Para muitos, parece muito fácil,
Para quem nunca a vida foi cruel.
Um menino pequeno, forte, grácil,
A distância d’inferno até o céu,
Logo deu-se a saber. Luiz Inácio,
Garoto inteligente, perspicaz,
Soube, bem cedo a luta que se faz,
Para poder viver nesse Brasil,
Cantado em versos prosas, desumano...
Num hino que sugere varonil;
Enluta, ao transformar-se num engano.
Seu brilho entre milhares, outras mil,
Se perde na miséria. Noutro plano,
As riquezas levadas dos mais pobres,
Fizeram os palácios... Ouros, cobres...
País de tantas lutas, liberdade,
Buscaram teus antigos sonhadores,
Nos campos, pelas ruas e cidade,
Torturas que geraram sofredores...
A lua que enebria de saudade,
Vermelha, testemunha nossas dores...
Nordeste, valentia nos sertões,
Canudos, virgulinos Lampiões!
Brasil, da escravidão todas as raças,
No cárcere da fome e da miséria.
Os olhos marejados, todo embaças,
Latejas vais pulsando cada artéria.
Nas crianças famintas, nossas praças,
Decompostas são frágeis, na matéria,
Mas as almas sedentas de justiça,
Sobrepõem-se por sobre essa carniça!
Um novo nordestino, velha sina.
As bocas procurando uma saída,
A morte, se renova, severina.
Quem dera converter em nova vida,
Quem olha, nem sequer pensa, imagina.
O futuro fará da dor contida,
Esperança feliz de novos tempos,
Sobrepujando, assim, os contratempos!
História, nas memórias mais antigas,
As guerras, foram marcos, velhas lutas...
Sorrisos de crianças, nas cantigas,
As dores escondidas nessas grutas
Da alma, que tenta brilho. Nas intrigas
Dos poderosos, nada mais escutas;
A não ser essa sede de poder.
Tantas vezes restou sobreviver!
“N’ auriverde pendão de minha terra,”
Tanto sangue inocente avermelhou!
Gado, povo marcado, o rico ferra
Cravando as suas marcas. Já roubou,
Matou, trucidou. Nossa terra encerra
Somente a esperança que restou.
Novos mundos, antigas tempestades.
Brasil, vivem em ti, desigualdades...
Era preciso, estava escrito assim;
Que, nascido do povo, um operário,
Trouxesse a esperança para, enfim,
Moldássemos da dor, um relicário.
Tivéssemos dureza do marfim,
Na beleza gentil de ser contrário
Ao rumo percorrido no passado;
Por um povo sofrido, abandonado!
CANTO II
Nas vilas periféricas, favelas,
A vida se demonstra mais cruel,
Quem pintou dos subúrbios belas telas,
Não tem noção sequer desse escarcéu.
Tantas pessoas boas moram nelas,
Porém se distanciam deste céu
Cantado por poetas e cantores...
Coexistindo as flores, muitas dores...
Injustiças parecem muito fortes,
Distâncias gigantescas entre vidas,
Parecem bem distintas várias sortes.
Caminhos tortos levam despedidas;
São diferentes rumos, sinas, nortes,
As lágrimas iguais são bem sortidas...
Se morre baleado, ou prisioneiro,
D’outra forma, escraviza o brasileiro...
Nossas grandes cidades são infernos!
Na discriminação, o nordestino,
Vestidos pobremente sem ter ternos,
Soam como se fossem desatino,
Famintos sertanejos... Dos modernos
Prédios, os escultores. Um menino,
Sete anos, já conhece muito bem
Como é dura essa vida... Ser alguém,
Pensava esse moleque sonhador.
As laranjas vendendo na cidade;
Vicente de Carvalho, sim senhor,
Logo o trazem de volta à realidade...
Estudar, trabalhar, ser um doutor.
Poder subir, viver na claridade...
Mãe está esperando lá me casa...
Mas, quando acorda, a vida tudo arrasa!
Jogando futebol, sonho acalenta.
Quem sabe jogaria no seu time.
Mas um corintiano, tudo agüenta,
Não há nada no mundo que se estime
Mais que a vitória firme nos noventa
Minutos. A derrota é como um crime,
Teimosamente nunca campeão,
Assim vai se treinando um coração!
Periferia, fera que devora;
Os sonhos são perdidos na poeira.
A morte violenta que se aflora
Em cada esquina. A gente brasileira
Pobre, vai conhecendo assim nest’ hora,
O quanto que é cruel, triste bandeira...
Iguais, no sofrimento, aos do sertão,
São irmãos nessa mesma escravidão!
As laranjas maduras do menino,
Vendidas pelas ruas, dúzias, centos...
Muitas vezes azedam o destino;
Outras tantas, trazendo ensinamentos,
Demonstrando que a vida, sol a pino,
Pelas lutas se transforma, novos ventos...
Nessas mãos tão pequenas, tanta luta.
No caderno, no lápis, força bruta!
Nas batalhas do pai, estivador;
Nos carinhos da mãe mulher zelosa,
A vida acaricia, traz o odor
De alegrias cheirando a flor, a rosa...
Aprender, conhecer que só o amor,
Uma força maior, misteriosa,
É capaz de vencer dificuldades.
Dar, ao final do túnel, claridades...
No Rio de Janeiro, capital
Do país, bem distante do menino,
Em meio aos festejos, carnaval,
Um homem batalhava seu destino...
Trazia nos seus olhos, brilho tal,
Legando ao nosso povo novo tino.
Serpentes perseguiam o velhinho,
Espremiam, deixando-o sozinho...
Quem lutara feroz, estava só...
O poder se tornara uma desgraça,
Quem fora bem mais forte dava dó,
O povo ia perdido pela praça...
Pouco a pouco apertavam forte nó,
Aumentavam criavam nova farsa.
O Brasil, choraria com certeza
A perda de quem fora fortaleza!
Encurralado como fora um cão,
Não vê outra saída mais honrosa.
Aquele que passara, furacão;
Deixando a vida, passa a ser u’a rosa
A brilhar. Verdadeiro coração
Batendo fortemente. Dolorosa
História... Nosso herói, Getúlio Vargas,
As minhas emoções, vozes... Embargas...
Outro herói, Tiradentes... Temos poucos;
Na verdade, esperanças são bem raras...
Liberdade traz gritos belos, roucos,
As nossas lutas sempre foram caras.
Alguns sangrados vivo; outros loucos,
As noites mais escuras serão claras,
A mensagem virá do nosso povo.
Do nosso sofrimento, vem o novo!
Zumbi lá dos Palmares. Liberdade.
O negro, nordestino, índio e pobre,
Nos trarão, com certeza, a claridade.
De tanto sangue e lutas, terra cobre,
Sabermos, bem de perto, essa verdade.
Pois antes que, de novo, o sino dobre,
É preciso lutar, sem descansar.
A vitória final, irá chegar!
Canto III
Brasil, em teus contrastes, tanta luta...
A mão que acaricia é logo morta,
Em teus sonhos, polui a força bruta.
Calam sempre quem tenta abrir a porta.
Conselheiro, Canudos. Funda a gruta
Onde enterram teus sonhos, vida torta...
Trucidaram Getúlio, esses farsantes...
Só o tempo revela tais gigantes!
De Minas aparece um sonhador...
D’outras terras famintas das Gerais,
Um médico, mas também um cantador,
Peixe vivo não canta nunca mais...
No Planalto central plantou u’a flor,
Ninguém esquecerá dele, jamais...
Tantas vezes maldito para os vermes,
Nas batalhas, surgia um novo Hermes!
Elites brasileiras são gulosas;
Não permitem ao pobre nem um sonho...
Não querem ver nascer jardins e rosas,
Onde sempre viveu povo tristonho.
As plagas brasileiras maviosas,
Divididas serão sonho medonho!
Matam, destroem, colhem sem plantar,
As roças dos famintos. Explorar!
Nosso sangue só serve: transfusão!
Nossas filhas só servem para a cama,
As mulheres sagradas, sem perdão,
Acendem todo dia nova chama;
A chama desse forno, do fogão...
De resto, só nos resta então a lama...
Analfabetos, simples brasileiros,
Para eles, somos palha nos palheiros!
Deus, permita em tua glória, meu Pai,
Que nosso massacrado povo tenha,
Algo mais que essa chuva que descai.
Que não seja madeira, pó e lenha,
Acesos nos porões onde se trai
As lutas que marcaram. Ó Pai, venha
Dar alento aos sofridos pequeninos,
Nas mãos desses meninos, desatinos...
Não permita que matem o botão,
Não deixe que torturem quem não fere,
A marca da pantera, solidão...
As noites que surgiram, dor confere,
As luas que brilharam no sertão,
Não deixe que se morra nem que espere,
Os humildes precisam de comida,
Trabalho dignidade, enfim, de VIDA!
O povo que escolheste para a glória,
Não pode perecer sem esperanças,
As mortes que sofremos, velha História,
Não podem macular nossas crianças,
Que nunca mais percamos, na memória,
As dores que curtiram as lembranças...
Nos passos desses velhos sofredores,
Derrame tua glória, tuas flores!
Brasil, filho do branco, índio e do preto,
Num povo glorioso, vira lata,
Das festas, carnavais e do coreto,
As costas já lanhadas na chibata,
No sonho de igualdade que me meto,
Um Eldorado novo, d’ouro e prata!
Traduzo em pão e vinho, nossa luta,
Onde estás meu Senhor, que não me escuta!
O menino nordestino engraxate,
As dores por herança, mas não cansa,
Tanta fome rondando, faz biscate,
Para ver se a miséria não alcança...
Um coração pequeno, teima e bate,
Sem nunca desistir dessa esperança!
Cresce menino, o tempo não irá
Deixar de seguir, nunca vai parar...
Escola, mãe zelosa, traz futuro,
Emprego necessita profissão,
Tão difícil transpor um alto muro,
Faculdade? Doutor? Uma ilusão...
Melhor do que tentar salto no escuro,
Não podendo voar, os pés no chão...
O que fazer então? Um brasileiro
Se forma, metalúrgico torneiro...
Enquanto isso, Brasília a capital,
Dos sonhos dum mineiro diamantino,
Construída, Planalto bem central,
Coração do Brasil, d’outro menino,
É possível, falaz, isso é real!
As mãos tão delicadas do destino,
Iriam transformar a realidade.
Esperança traduz felicidade!
Porém, a vida trouxe tempestades,
Piores que pensavam pessimistas,
Nos campos, pelas ruas e cidades,
Mataram, torturaram, sequer pistas;
Tantos breus esconderam claridades,
A voz calada, sangram os artistas...
Esperança brotava no começo,
Mas a dor salpicou, criou tropeço...
O Brasil que pensava, enfim, sonhar,
Reformas necessárias planejadas,
Brilhava, enfim, um belo, bom luar,
Esperanças parecem vir raiadas,
O povo pensava enfim em cantar,
O sol a percorrer novas estradas...
Mas a mão das elites é pesada,
Destrói feroz, não deixa quase nada!
Elegeram um louco presidente
Que, tentando tornar-se ditador,
Num dia, sem porque, nem que se tente
Explicar, tal boçal conservador,
Deixando a todo mundo, toda gente,
Boquiabertos; renúncia traz torpor!
Os mesmo que mataram velho Vargas,
Novamente detonam suas cargas...
E tentam impedir essas mudanças,
Que poderiam dar uma igualdade.
Tentaram proibir as novas danças,
Lutaram contra a nossa liberdade,
Fizeram tantas torpes alianças,
Vedaram desse céu a claridade...
Fizeram plebiscito pra calar,
Mais forte, nosso povo foi gritar!
Os tanques invadiram nossas praças,
As ruas se transformam num deserto,
Montaram diferentes, velhas farsas,
Mentiras inverdades, longe e perto,
As vozes duma treva nas trapaças,
A noite devorando, o chão aberto,
Tragando quem pensava e não queria,
Satanás delirava nessa orgia!
CANTO IV
As trevas carcomendo todo sonho,
As noites tenebrosas sanguinárias.
Pesadelo vivido tão medonho...
As ruas que perderam luminárias.
Um grito tresloucado mais medonho;
Expõe a carne podre, dores várias...
Das fúnebres prisões um só lamento...
A vida se tornando sofrimento...
As marcas da chibata, do fuzil,
As costas tão lanhadas, cicatrizes...
O peito que antes fora varonil,
Carrega descoradas tais matizes.
A noite se quedou sobre o Brasil.
As esperanças foram meretrizes.
Os corpos nos galpões da ditadura.
Testemunhas cruéis da noite escura!
Os generais perdidos, tresloucados.
O povo amordaçado num segundo...
Os pobres outra vez abandonados,
Nosso povo, alimária desse mundo...
Os sonhos mais gentis, despedaçados.
O corte penetrou, largo e profundo.
Vivíamos penumbras e fantasmas,
Dos corpos emanavam os miasmas...
Estudantes cantando liberdade,
As elites defendem os carrascos;
Onde houvera esperança, crueldade.
A revolta contida sob os cascos:
Dos cavalos, dos donos da verdade.
Aos céus subindo o nojo, vergonha, ascos...
Só tínhamos certeza da vingança.
A liberdade, nunca que se alcança!
Nas mortes de meninos sonhadores,
Orgulho para tétricos verdugos.
Nos sorrisos cruéis, torturadores.
Para o povo sequer restos, refugos.
Nossa pátria perdida sem amores,
Submetida, “gentil”, a podres jugos!
Fagulhas explosivas dor remove,
Um resto de esperança nos comove...
Vertiginosamente tudo cai.
As tropas derrubando sem perdão;
A lágrima caída, o peito trai
As sobras do que fora coração.
A noite intransigente, nunca sai...
Ao povo não restando solução.
Uma mancha tenaz cobre a bandeira,
O sangue dessa gente brasileira!
“Pelos campos a fome”, plantações,
Nas escolas fuzis tomando assento...
Nas ruas, as elites, procissões.
Nunca mais pararia tal tormento?
A quem sonha só restam decepções.
Decepados os pés, cessado o vento...
Lutadores se exilam poucas ilhas,
Alguns tentam lutando nas guerrilhas!
Em São Paulo, o menino atento assiste,
Frei Chico, seu irmão; um comunista.
Um sonhador que nunca mais desiste,
Por mais que a noite venha, que se insista.
Um resto de esperança ali resiste;
Esta vida, altaneira, deixa pista.
Com olhos perspicazes um portal,
Na batalha da luta sindical.
O menino, já moço, inteligente,
Percebe bem profunda essa esperança.
Nas lutas vai buscando outra vertente;
Da justiça mantida na lembrança...
A sua mão cortada em acidente,
Trabalho, metalúrgica Aliança...
Aliança também trouxe Marisa,
A mansa companheira, doce brisa...
Nascia assim, o líder brasileiro.
Testemunha real das injustiças.
Nas veias corre sangue verdadeiro
Das vítimas mais frágeis das cobiças.
No peito avermelhado, tal braseiro;
Que não teme sequer batalhas, liças...
Mais forte então, surgia a esperança.
Mais alto, no horizonte, a vista alcança!
No país, atolado até o pescoço,
Nas injustas carcaças do poder;
Cada vez aumentando o triste fosso...
O pobre mais faminto, quer comer!
As balas explodiram Calabouço,
O Sangue de estudantes a verter...
Em Brasília distantes da verdade;
As ordens que chegavam: crueldade!
Nas matas d’Araguaia, a resistência,
Caparaó, montanhas lutadoras.
Não deixam nem sequer pedir clemência,
As balas detonadas, matadoras.
Os cães perderam toda a paciência;
Cravaram suas presas sangradoras!
Esperança manchada de vermelho,
Mas o povo jamais dobra o joelho!
Nos exílios, torturas, “suicídios”;
Nas mães desesperadas, nos seus filhos,
Em tantos vergonhosos homicídios.
Nos olhos embaçados, parcos brilhos;
Venenos de serpentes, maus, ofídicos.
O sangue esparramado nos ladrilhos!
Nosso povo sangrado, analfabeto,
Estropiado, agônico, incompleto...
Tantas farsas montadas nas cadeias,
Tantos mortos deixados ao relento...
O sangue percorrendo nossas veias;
Levado por abutres, vai ao vento...
Tantas luzes acesas nas candeias.
Refletem agonia e sofrimento.
Liberdade, pedia-se na rua.
Dos sertões, avermelha-se a lua!
CANTO V
A ditadura trouxe a tempestade,
Deixando muitos órfãos e viúvas,
Nos campos pareciam com saúvas,
A morte destruindo a mocidade,
Não restando sequer felicidade.
Em São Paulo, crescia um operário,
Amante dessa vida, libertário,
No sangue que corria em suas veias,
A chama alimentando essas candeias.
Lutando por justiça e por salários.
Tristes anos setenta, representam
As lutas desse povo varonil,
As dores não calaram o Brasil,
Brados fortes com raça se levantam,
Nos abraços, fantasmas já se espantam...
Resistência mais forte deste povo,
Nossa vida não pode ser estorvo
As gargantas unidas soltam grito,
Deus onde estás? Pergunta o povo aflito.
Liberdade, podemos ver de novo?
A mão pesada quebra toda lei,
Os coronéis submissos do Nordeste,
A vida transformando-se na peste,
Monarquia terrível sem ter rei,
Desse país mais justo que sonhei,
Nada resta senão caricatura,
Essa noite cruel por ser escura,
Não permite sequer benevolência,
Impera Norte Sul, tal violência,
Comum em toda torpe ditadura...
Resquícios de justiça são bem raros,
Prisões se transformando em cadafalsos,
A todos são vendidos dados falsos,
Os corpos esquecidos são bem caros,
Os cães que torturavam, finos faros...
Esgoto cloacal por um momento,
Verdade se perdeu no esquecimento,
As mortes dos meninos sonhadores,
Rasgando, destruindo tantas flores,
De balas de tortura, empalamento...
Nas portas, nos jardins da nossa casa,
As rosas se tornaram puro espinho,
Não resta nem sequer um pedacinho.
As tropas invadindo, tudo arrasa,
A terra que se queima sol e brasa,
Não deixa nem sequer sobreviver,
As plantas que teimavam em nascer.
As mãos dos generais são abortivas,
As pedras atiradas destrutivas,
A vida quer, teimosa renascer...
Vivíamos AI cinco vergonhoso,
As celas entupidas por crianças,
Que tinham ideais e esperanças,
Pensar era um rito perigoso.
O clima que se via, sulfuroso.
Completa dissonância de valores,
A terra que dizia ter amores,
As portas que se fecham para a vida,
Os jardins sem as flores. Distraída
A pátria convivia seus horrores.
Jorrava iniqüidades qual vulcão
Queimando toda forma de esperança,
Realidade morta... Na vingança
O gesto que maltrata sem perdão.
Na boca o sangue jorra podridão,
Brasil não tem sequer uma saída...
Distante, bem distante passa a vida.
Chorando a nossa pátria, mãe gentil,
Deteriorando todo o meu Brasil...
Nas mortes nas cadeias, “suicídios”,
Nas rimas amputadas dos poetas,
As pontas com veneno dessas setas,
Os corpos escondidos, homicídios,
Nas greves começando seus dissídios,
Nas portas das escolas e dos sonhos,
Quem dera se pudessem ser risonhos,
Os dias de tempestas sem futuro...
Jogados violentos, contra o muro,
Os déspotas por certo são bisonhos!
Luis Inácio trava forte luta,
Pelo respeito ao povo e seu salário.
A vida desse cabra, um operário,
Acostumado a glória da disputa,
Não teme nem a dor e nem a gruta.
Na saga dum valente nordestino,
O mundo não lhe nega seu destino,
As portas do futuro estão abertas,
A vida preparou os seus alertas,
Abrindo seus caminhos pro menino!
A lua que brilhava avermelhada,
Do sangue que corria em nossas veias,
Destino preparando suas teias,
Da mancha desta gente torturada,
Os píncaros celestes, madrugada,
Carregam tantos corpos, vão pesados,
Os olhos que choraram marejados,
Os dedos que perdemos nas batalhas,
Segredos se perderam nas navalhas.
O rosto desse povo desgraçado.
A lua vai virando de mansinho,
Vê Surgindo uma estrela em seu lugar,
Mais forte refletindo luz solar,
Estrela vem surgindo do carinho,
Da luta desse povo pobrezinho,
Dos sonhos que fizeram liberdade.
As portas vão se abrindo, claridade.
D’uma estrela vermelha como o sangue,
Nas praças nas estradas, campos, mangue
Esperança conhece realidade!
CANTO VI
A noite escura tantas vezes matou,
Tantas vezes torturas e lamentos,
Nas sangrias terríveis e tormentos,
Que um belo dia a noite clareou.
O povo adormecido, levantou
E viu que a noite nunca seria eterna.
Liberdade renasce cria perna
E começa de novo a sussurrar,
Num gemido; difícil segurar
A manhã renascendo, mansa terna...
Em São Paulo, o menino aparecendo...
Presidente sindicato, liberdade!
Gritando o nosso povo, na cidade
As flores vencerão! De novo tendo
A possibilidade renascendo,
O sol que já raiou brilhando forte.
Não temendo dor, guerra nem a morte,
Acorda a nossa pátria mãe gentil.
De novo a liberdade no Brasil!
Os dados são jogados com a sorte...
Os que se foram, voltam...São heróis,
O povo num só canto nas diretas,
Nas lutas por justiça, velhas metas.
Unidos representam u’a só voz!
Quem dera não voltasse noite atroz...
Quem já sofreu não quer essa tormenta!
Coração solidário não agüenta
A dor de se saber sozinho assim...
A noite que morreu, fugindo enfim,
Novos brilhos o céu tão belo ostenta!
As greves por melhores condições,
Trabalho e salário fábricas fechadas,
As mãos pesadas forças mal amadas,
Armadas não conseguem, nos portões,
Conter voz operária. Multidões
Andando pelas praças reivindicam
Direitos esquecidos, modificam
Relações de trabalho escravagistas,
Nos palcos os cantores e artistas,
Nas escolas, vitórias se edificam...
As bandeiras de luta são vermelhas...
Estrelas no céu voltam a brilhar.
A multidão cansada de esperar
Nas ruas e nas fábricas, centelhas...
Cansados de tais lobos, as ovelhas
Resolvem, simplesmente ir para a luta.
Não temem nem sequer a força bruta.
O povo já prepara sua couraça.
A mesma voz que cala, se amordaça,
Não se omite mais, entra na disputa!
O menino lutando então é preso...
Garras apodrecidas o pegaram,
Amordaçar o povo enfim, tentaram...
Mas o povo não cede, vai coeso.
Quem se sentia frágil, indefeso,
Não teme mais nefastas, más chibatas
Nas novas circunstâncias, novas matas,
Vida raiando bela, esperançosa,
A ditadura podre, vergonhosa,
Morrendo aos poucos, restos, lixos, latas...
Eurídice, menino está na cadeia,
Teu guerreiro, Luis, aprisionado...
Um passarinho livre, engaiolado.
A noite escurecendo já preteia
O horizonte na brasa que incendeia!
Eurídice, seu Lula, seu garoto...
Jogado pelos ratos desse esgoto
Vergonhoso que fede, ditadura.
Eurídice mãe, zelo de ternura,
As dores que vieram, não suporta.
A noite prendeu Lula, deixou morta
Guerreira maltratada, vida dura!
Olhos fechados, noite violenta...
A guerra começando, não termina.
A vida do menino, sua sina.
As correntes ferozes, arrebenta.
Na luta que não pára, sempre aumenta.
No dia que promete renascer,
As batalhas difíceis de vencer.
Lutando todo dia, a liberdade,
Parece inda distante realidade.
O novo dia tarda, vai nascer!
Igreja, sindicatos, estudantes.
A luta na harmonia se fez santa.
Vontade de mudar, o povo canta!
Os tempos que não param são mutantes.
Os livros reaparecem nas estantes!
Vermelhos são os olhos que choraram
Vermelho o sangue que já derramaram!
Vermelhos nossos sonhos de vingança;
Vermelha passa ser a esperança!
Vermelhos nossos dias se contaram!
Estrelas no céu, brilhos mais fortes...
Estrelas no mar, belas e sensíveis.
Estrelas nossos sonhos impossíveis.
Estrelas guias, rumos, metas, nortes...
Estrelas divinais nos darão sortes...
Estrelas radiantes lá do céu.
Estrelas nos cobrindo, doce véu.
Estrelas envolvidas de ternura,
Estrelas representam a bravura.
Estrelas avermelham meu dossel!
Nasce nova esperança, um novo sonho!
Noites nunca jamais serão iguais.
No fundo dessa noite brilha a paz!
De novo poderemos ter risonho
O dia que passamos, tão medonho!
Num novo canto, belo amanhecer,
Num novo dia, novo alvorecer.
Estrela avermelhada, nosso guia.
Estrela ressurgida, poesia!
Nascendo nova estrela no PT!
CANTO VII
Depois das tempestades mais cruéis,
Estrela brasileira quer brilhar...
Estrelas lá do céu, refletem mar...
Distantes generais e coronéis,
Os sonhos ressurgiram seus corcéis...
O povo pelas ruas exigente,
Espera ver nascer, tão de repente,
O sonho que sonhara todo dia...
Renascer no Brasil, democracia!
O dia clareou tão envolvente!!!
Nas ruas, batalhões procuram paz.
Diretas eleições prá presidente;
Gritava nosso povo, nossa gente...
Tempos negros, sangrentos, nunca mais!
O povo quer mostrar do que é capaz!
Nas ruas, batalhões foram frustrados,
Últimos estertores, des’perados,
Os donos do poder, podres servis,
Calaram nossos sonhos juvenis...
Os últimos grilhões foram mostrados!
Eleições indiretas novamente...
As portas semiabertas já mostravam,
Que os dias mais felizes,já chegavam
Mas essa ditadura renitente,
Não queria sair impunemente...
Nos plenários eleito foi Tancredo,
Mas a morte mistura-se com medo
E não deixou mineiro governar.
José Sarney entrou em seu lugar,
Estrela começava seu enredo!
Nesses anos confuso presidente,
Momentos belos, triste seu final.
As elites preparam festival.
Criando com sotaque diferente,
Um ser extraterrestre: Minha gente!
Crescia d’outro lado um operário,
Um nome com sentido libertário,
Estrela começando, quer brilhar,
Mas a podridão não quer deixar...
O rio procurando outro estuário!
Imprensa brasileira, tão servil...
Lacerda deixou muita tradição.
Dos nossos jornalistas, traição!
Jornais se transformando num covil.
Os submissos covardes do Brasil,
Criaram criatura mais infame,
Os jornais foram feitos de reclame.
Os vermes vendilhões interessados,
Trafegam com gravadores empunhados,
Estrume cultural há quem declame!
Esses mesmos pilantras de hoje em dia,
Vendidos pra vender uma revista,
Espelham na verdade essa golpista
Visão. Tentam lamber a burguesia...
A verdade? Pra quê? Essa se adia...
Tentam roubar do povo o coração...
Se escondem disfarçados qual ladrão.
Imprensa brasileira, me envergonha!
Tentando distorcer, rouba quem sonha.
O povo que te deu a concessão!!!
Nossa imprensa calhorda e tão safada;
Forjando tempestades num só lado,
Visando destruir sem ter plantado,
Maltrata nossa terra mãe amada,
Ocultando essa faca bem guardada,
Nas mãos que maltrataram, sem afago,
Tubarões e piranhas neste lago,
Empapuçam de sangue essa alvorada!!
Roubada por mentiras e patranha,
Estrela nunca mais irá dormir!
O seu tempo não tarda mais a vir...
Mesmo contra essa gente tão estranha,
Os ladrões e falsários... Arrebanha
O povo mais simplório mais sofrido...
Um país tão cruelmente dividido,
A fome se espalhando pelas ruas...
As lutas verdadeiras são as suas,
Estrela avermelhada do menino...
O Brasil buscará o seu destino..
Nas nossas lutas, bela, continuas...
O boneco criado pela imprensa,
Em flagrante delito já foi pego...
Pelo poder elite tem apego,
Muitas vezes o crime, sim, compensa...
Os jornais não puderam fechar prensa,
O nosso povo, saiu para a praça,
Nas escolas meninos... tal fumaça
Assustou poderosos e canalhas...
Escondidos, os ratos, velhas tralhas,
Disfarçados, misturam-se na massa!!!
CANTO VIII
Nosso povo sofrido, brasileiro;
Espera pelo santo salvador.
Nossa terra, vencido o seu valor,
Precisa desse sonho verdadeiro.
Poder gritar ao grande mundo inteiro.
Que somos orgulhosos deste chão!
Que esse nosso desejo não foi vão!
Que temos novidades para o mundo.
Que nosso país, belo e tão fecundo,
Nele posso viver uma nação!
Nas horas mais difíceis nossa luta!
Nos campos a faminta mocidade,
Nos olhos sem temor, a claridade.
Outra voz diferente não se escuta
A esperança vencer a força bruta!
Brasil, de vossos filhos novo canto!
Nossa terra encerrando tanto encanto!
Nosso povo mais simples varonil!
Orgulho desta audaz terra Brasil!
Nunca mais ouvirás o nosso pranto!
Entretanto, ladrões se apossariam
De teus bens de teu solo e teu orgulho!
Prostitutas soturnas, sem barulho,
Riquezas de teu povo venderiam,
Da nossa mãe gentil se perderiam...
Tais vândalos hipócritas audazes
Usando de disfarces bem mordazes,
Dilapidaram tudo que se tinha!
Bando de ave safada erva daninha,
Roubaram pobre povo sofredor.
Esquecendo qualquer ato de amor...
Nosso dia sonhado nunca vinha!!!
Quatro anos era pouco, querem mais!
Se preciso compram vil consciência!
No país em frangalhos a decência!
No governo tais víboras boçais,
Estropiam destroem, animais!
Oito anos de cruel destruição!
O povo tão faminto deste chão,
Procura pela estrela salvadora
A vida se precisa redentora.
As flores que nasceram no sertão!
Os vendilhões vestidos do poder
Rasgaram nossa terra nas entranhas.
Nossos bens pr’ essas gentes tão estranhas,
Foram cedidos. Roubam o querer,
Esperança jamais amanhecer!
A vergonha estampada em nosso peito,
O Brasil se transforma, sem direito,
Nosso povo faminto não tem chance,
Nossa vista perdendo todo alcance,
Nossa pátria parece não ter jeito!
Escândalos calados no Congresso,
A voz de nosso povo anda distante...
Um povo espoliado a cada instante..
Tanto erro cometido e não confesso,
A fome transtornando põe do avesso
As mentiras contadas pelos crápulas,
Nas nossas carnes marcas dessas máculas,
Os olhos esperando novos dias,
Por tempos de cantar de poesias,
Mas nosso sangue exposto a tais vermes, dráculas!
Sivam, telefonia, vale, tantos...,
Desmandos dessa corja vil, canalha...
As mentiras seus campos de batalha,
Ocultando os seus roubos pelos cantos,
Não se importam com todos nossos prantos.
A pátria prostituta foi criada,
De tal forma a riqueza foi roubada
Nosso solo esgotado por safados,
Brasileiros jamais foram roubados
Desta forma, sedenta e esfomeada!
Oito anos de total insensatez,
Nos engavetadores da justiça,
Nossa esperança velha e sem cobiça,
Reduzida a pó, nunca tem a vez.
Quando será? Terá enfim talvez?
Nos desfalques banqueiros sem igual,
Mas nunca tem problema, não é mal,
Nosso povo faminto paga a conta...
Por mais que a burguesia vil apronta
Nosso governo pensa: é natural!!!
Bilhões de reais foram roubados,
Nós Pagamos bem caro as roubalheiras.
As cores que pintaram as bandeiras,
Desse negro cruel dos enlutados,
Nos destinos do povo: esfomeados!
Na certeza de nunca mais ter glória.
O sangue respingando em nossa história.
Da terra prometida somos nada,
Até nossa cor verde foi roubada...
A marca da pantera na memória!
Canto IX
Nosso povo cansado desta liça
De tantas falcatruas e desvios.
A marca que domina, a da cobiça,
Os olhos dos ladrões, mirando frios.
Esperança que nunca foi noviça
De novo percorrendo nossos rios.
A mão desta criança esfomeada,
Que se senta na beira da calçada...
O medo reunido nesta elite,
Não quer que nosso povo tenha luz.
Não há mais coração que não palpite
No meio dessa plebe já reluz
Estrela avermelhada sem limite,
É força que nos guia e nos seduz!
Aurora que vivia envergonhada
Já surge na manhã tão estrelada!
Quem fora tempestade já não manda,
Os rastros se demonstram mais seguros.
Amor de juventude não desanda,
Os dias se prometem sobre os muros,
A lua que nos brilha, de Luanda
Nos trouxe tantos lumes nos chãos duros.
O Brasil carregando esta criança
Acende seu luzeiro de esperança!
Da boca da criança quase um riso,
Promessa de viver um novo canto.
O sangue derramado foi preciso
A noite que virá terá encanto,
Amor incendiado em paraíso
Espalha-se por certo em cada canto.
A vida se mostrando liberdade,
Distante vive a dor e a falsidade...
As tempestades chegam, se dissipam,
Os olhos do país miram p’ra frente.
Os laivos das vergonhas já se extirpam
O rosto da criança é envolvente,
As luzes que virão já se antecipam,
Um povo que se achava mais doente
Estrela avermelhada clareou.
O deus que é da esperança, enfim, vibrou!
X
Nas minhas fantasias, te vi solta,
As marcas do teu beijo em minha boca,
São labaredas, queimam. Minha escolta
Procura navegar a nave louca...
Mas teimo em estampar minha revolta,
A voz que grita aflita, fica rouca...
Meu tempo que perdi, nada edifica
A dor que já sangrei, me dignifica
Não resta nem sequer teu telefone,
Meus versos que joguei garganta abaixo,
Das noites que passei, quedei insone,
Procuro, tantas vezes, e nada acho,
Quem dera fosse assim, um Al Capone;
Das trevas que passei, um simples facho...
Terias, com certeza, mais respeito.
Amar demais passou a ser defeito!
Vomitas imbecis tais impropérios,
Fazendo dos meus versos, teus faróis,
Das mortes que cultuas, cemitérios,
As notas que queimaste sob os sóis...
Vagando não te temo. Necrotérios
Esperam quem zombava nos lençóis...
A vida fez comédia mais sem graça.
A morte, sutilmente, nem disfarça...
Mas teimas, tuas queimas virão lentas...
As asas assassinas são vorazes,
Na chama que te chama, não esquentas,
As dores que me trazes são audazes;
Nas portas, nas cadeiras, onde sentas
Cortando fortemente essas tenazes...
Não quero nada sinto, nem prazer,
As horas que disfarças sem querer...
Cigarros vou fumando sem ter pressa,
Na fumaça percebo tua cara.
Não pretendo nem quero essa conversa,
A maldita cachaça me enganara.
Sentimento profundo, vil. Ora essa!
A boca que me cospe se escancara,
A noite que não tarda, não te viu,
A mão que te servia vai servil...
Perdeste tanto tempo, mas ganhaste,
Essa batalha torpe que me inventas.
As noites que sequer enluaraste,
Na porta das lembranças são sangrentas...
Não podes reclamar nem que ficaste,
Pois são mais convulsivas, violentas...
Na porta da senzala que m’abrigas,
As velhas, costumeiras, vãs, intrigas...
Não sei mais o teu nome, nem me importa...
Carpi teu corpo, morto na memória,
Fechei a tua casa, tranquei porta,
Jamais vou reviver a nossa história...
A boca que cuspiste já vai torta,
Tristezas que traduzes, minha glória!
Pútridas as manhãs que me feriste,
Nessa tua gaiola, nem alpiste...
Me restam pois somente esses segundos,
Não quero reviver tais leviandades,
Irei te perseguir por tantos mundos,
Mataste, bem cruel, felicidades...
Nos mares, caçarei, ‘té nos profundos,
Abismos onde houver as claridades...
Não sinta-se feliz nem satisfeita,
A vingança será mais que perfeita...
Veneno que bebi já faz efeito,
A cabeça rodando vem a paz...
Olhando pro teu corpo no meu leito,
Não quero mais saber se sou capaz...
As horas que se passam, tudo espreito.
Consigo distinguir lá: Satanás!
As mortes que refiz são libertárias.
As dores que senti, se foram, várias...
Meus últimos segundos esvaindo...
A morte acaricia meus delírios
Teu corpo, nossos corpos já vão indo...
Cobertos estarão por belos lírios
Amei-te... Foi demais, e foi tão lindo...
Valeram enfim todos meus martírios...
Vivi profundamente meu desejo...
Despeço-me com calma, nesse beijo
X
No teu brilho estrelar, és solar fácula;
Na tua trilha sigo, meu farol.
Sem te ter, perderei meu rumo, sol!
Minhas noites perdidas, pura mácula...
X
Salmo 2 - Versos Brancos
Os gentios amontinados, vão;
Os povos imaginam coisas vãs.
Os reis da terra se erguem contra o Pai
E contra seu ungido, então dizendo:
Rompamos ataduras, sacudamos
De nós as suas cordas. Deus rirá,
O Senhor zombará desses gentios...
Então lhes falará, na sua raiva,
E no furor, os turbará, enfim.
Proclamarei decreto dito a mim,
Pelo Pai: Tu és filho meu gerado;
Te darei os gentios por herança,
Os fins de toda terra, possessão...
Os esmigalhará, com tua vara,
Os despedaça como um vaso frágil.
Ungi meu Rei no monte do Sião!
Agora, reis, sejais bem mais prudentes.
Juiz da terra, deixa-se instruir.
Servi, ao meu Senhor, com tal temor;
Beijai ao filho, fuja de tal ira.
Para que não pereças no caminho...
Quando acender, su’ira, brevemente.
Boa ventura então, aos que confiam...
X
Salmo 1 - Versos Brancos
Homem que não seguir conselhos d’ímpios,
E nem dos pecadores, segue a trilha;
Nem de quem escarnece, sent’à roda,
É bem aventurado, com certeza...
Antes, tem seu prazer na lei de Deus.
Medita dia e noite sobre a lei...
Qual árvore plantada no ribeiro,
Dá frutos no seu tempo; suas folhas,
Não cairão, prospera em todos atos.
Pois são como a moinha que se espalha.
Os ímpios não resistem no juízo,
Nem mesmo os pecadores entre justos.
Pois o Senhor conhece,desses justos,
O caminho, que jamais perecerá!
X
Salmo 10 - Versos Brancos
Por que estás tão distante, Meu Senhor?
Nesse tempo d’angúsitas t’escondes...
Os ímpios perseguindo o pobre, fúria!
Que sejam apanhados nas ciladas,
Que eles mesmos, cruéis, já maquinaram...
Bendizendo o avaro, nega o Pai;
Deus, eles não buscam por altivez...
Renegam existência do Meu Deus.
No caminho, atormentam toda vez.
Desprezam inimigos, seus juízos
Estão acima, os abalos não temem...
Imprecações povoam suas bocas,
Assim como os enganos e astúcias...
Malícias e maldades nessa língua.
Nas aldeias, tocaias já preparam,
Matando os inocentes e os mais pobres.
Armas estão ciladas, escondidas...
Prontas para roubar, qualquer um pobre...
Diz, em seu coração, que Deus não viu...
Levanta-te Senhor, erguei as mãos;
Não te esqueças jamais, desses humildes!
Tu viste esses tais ímpios, quebre braços!
O pobre se encomenda ao Meu Senhor,
És auxílio Senhor, dos órfãos todos..
És, pois, o Rei Eterno, em Tuas terras,
Perecerão gentios. Ó Meu Pai,
Ouviste então, desejos dos mansos,
Conforte os corações. Os Teus ouvidos
Abertos, sei, para eles estarão!
Faças cair justiça sobre os pobres,
Que os órfãos, reconheçam-na também,
E qu’homem não prossiga em violência...
X
Percorro meus delírios, sonhos, medos...
Segredos ponho, barcos e tempestas;
Festas e fantasias, carnaval...
Aval de Deus permite cada luz...
Iluminas as minas de minha alma...
Acalmas todas dores que virão.
Por certo não conjugas sofrimento
Com meus desejos mais sutis, carinho...
Num átimo, meu último segundo.
Caçando tais estrelas ness’astral.
Sim, nossa verdadeira manhã morre.
Escorrem dos meus dedos, nossa vida.
Ávida vida, deve breve vértice...
Artífice da sorte, motes mortes...
Temo o temor, tremendo teus tentáculos.
Meus oráculos mentem, nada tenho...
Venho desse jamais tivesse sido...
Duvido do óbvio, vingo minhas chagas.
Algas nas águas, mágoas nas lagoas;
Entoas novas loas, trovas, canto.
Tanto tempo terei temporal, medo...
Segredo meu segredo segregado...
Minhas minas terminas temerária.
Na confusão dos cios, ciclovia...
Havia álibi, livre colibri.
Mas quando vi, estavas só vagando...
E te perdi, pedi a penitência.
Feche teus olhos, veja o meu desejo.
Num martírio, deliro e nada resta,
Pela fresta, janelas, portas... Morta
A solidão, revive viva vida.
Não quero mais senão, sertão, serralha.
Nem a canalha forma que me forma.
E que me informa: foste tão fugaz...
X
Amor fluindo pelos dedos, sal...
Quero essa sombra, divinal, cometa...
Navegarei sem me cansar, o astral
Buscando conhecer novo planeta.
X
Quando percebo; o fim da noite vem,
Trazendo essa alvorada com o sol,
Manhãs tão radiantes, são promessas,
Da vida renascendo sem tempestas...
Meus medos são desejos não cumpridos.
A sorte nada faz senão mentir...
Me cabe nessa história ser poeta.
À parte do que sinto, nada falo...
Queria transformar os meus caprichos,
Mas omitindo, vou seguindo mudo...
Repito meus dilemas, num soneto;
A morte s’aproxima, mas me calo...
Revendo por rever os meus problemas,
Quem dera nada fosse tão difícil.
Em versos brancos, fiz sentidos vários...
Canários vão cantando, nessa mata.
Me mata essa saudade de você.
Você que me permite então sonhar.
Sonhar que é outra forma de viver...
Viver sem ter segredos, traz verdade;
Verdades são momentos de prazer;
Prazer dos beijos loucos que me deste,
Deste mundo jamais vou me evadir;
Evadir por quê? Sinto essa presença...
Presença mais vital, felicidade...
Felicidade brilha no horizonte.
Horizonte trazendo novo dia...
Dia mais feliz, quero, de fato...
Fatos novos são luzes sobre trevas...
Trevas que na minh’alma são tristezas;
Tristezas por saber que nada sei,
Sei somente do canto que ensinaste,
Ensinaste, depressa, a não morrer...
Morrer dessa saudade, dor cruel,
Cruel como a distância que guardaste,
Guardaste, sem saber a minha luz,
Luz dos teus olhos vão brilhando, cegam...
Cegam um coração vadio, louco...
Louco dessa vontade de saber.
Saber em que caminhos, te perdi...
Perdi na minha luta contra a morte.
Morte que se traduz, em não te ter...
X
Eu quero o gosto salutar do beijo,
Roçando os lábios, mansidão trazendo;
Nesse querer, aprofundar desejo,
Num renascer, por todo amor, morrendo...
Quero viver ansiedade... Vejo
Nos olhos, brilho do luar, sorvendo...
Ah! Quem me dera conhecer perdão,
Seria assim, como m’erguer do chão...
Eu quero a mansidão do teu carinho,
Quero a ternura mansa de teus dedos
Percorrendo; macios, todo o ninho,
Onde se esconde todos meus segredos...
Eu quero me sentir belo azevinho,
E não guardar, sequer, nenhum dos medos,
Que tantas vezes foram empecilhos,
Que impediram, seguir enfim, meus trilhos...
Eu quero a sombra d’arvoredo em mim,
Beijar as mãos de quem carícia traz.
Sentir o teu poder, trazido assim,
Nessas manhãs que me permitem paz...
Esquecer quem sou, vindo d’onde vim,
Saber cada minuto, ser capaz
De penetrar esses caminhos tortos,
Vou esquecendo tudo, até meus mortos...
Ter amor, ter paixão, felicidade...
Saber que estás, por perto a todo instante;
Conhecer quão amarga uma saudade.
Amor, palavra que traduz constante,
Num diário exercício, liberdade...
Ao contrário, paixão, inebriante,
Delira e me maltrata, sem ter pena,
Enquanto o amor, suave manso, acena...
Perdido num passado me encontrava,
Sem luz, sem brilho, delirante algoz;
Juro-te, então, jamais imaginava,
Que poderia ouvir silente voz,
A voz do coração, que se negava,
Sequer mais uma chance, dor atroz...
Agora que conheço ser feliz,
Mergulho no teu colo e peço bis.
Amiga, me permita um desabafo,
A vida foi cruel, mas é passado...
Da fera solidão, senti seu bafo,
Meu mundo tantas vezes foi errado.
Quantas vezes calado estou, abafo
A sensação feroz do triste cardo.
Nos seus espinhos me feri demais,
Minha memória grita então, Jamais!
Quero a delicadeza de teus pés,
No caminho feliz que me ensinaste...
A vida tantas vezes no viés
Desviou-se do rumo que traçaste...
Meu barco, naufragando sem convés,
És o porto seguro, fiel haste
Sustentas com vigor a minha vida,
Quem dera nunca houvesse despedida...
Se bem sabes o quanto que te quero,
E quanto devo nunca tenhas cismas;
Em cada novo verso, eu sempre esmero,
Tentando prosseguir sem cataclismas;
Porquanto tanto amor, sempre tempero
As luzes vou filtrando em novos prismas...
Amada, nunca fujas de meus beijos,
A vida se traduz nesses desejos...
X
Fui andando para o norte
Procurando o meu caminho,
Dei azar, nunca dei sorte,
Por isso estou tão sozinho,
Nas curvas do bem querer,
Eu me perdi de você...
Não quero saber mais nada,
Tenho minhas mãos cansadas,
Mulher, quanto mais amada,
Mais duras, as nossas estradas...
Quero saber de seu colo,
Lhe deitar, mansa, no solo...
Tenho calos nos meus pés,
De tanto que caminhei,
Fui em frente, de viés,
Meu caminho eu já errei...
Mas não passo de idiota,
Perdendo meu rumo e rota...
Vi nas travas do destino,
O olhar dessa quimera,
Meu amor é de menino,
Mas ela é uma pantera.
Tenho sede, um copo dágua...
Para aplacar minha mágoa.
Sei que não teria cento,
Por isso quis a dezena,
Meu amor o seu assento,
Com jeitinho, me envenena.
Quis ter beijo da mulata,
Seu ciúme me maltrata...
Nas bugigangas da vida,
Encontrei o seu retrato,
Minha dor na despedida,
Coração pagando o pato...
Vem pra casa meu amor...
Faz frio quero calor.
Batendo o queixo de frio,
Procurei por meu amor,
Coração bate vazio,
Esperando o cobertor...
Vem pra cá minha menina,
Coração bate em surdina...
No gole desse conhaque,
Vou acabar meu enredo,
Meu amor não é de araque
Sem você, vivo com medo...
Medo de ter solidão,
Sem você não vivo não...
Meu sapato já furou,
Minha calça está rasgada.
Seu amor foi que ficou,
Sem você não tenho nada,
Vi a curva desse vento,
No meio d’esquecimento...
Fui pescar lá no riacho,
Uma sereia peguei,
Bananeira já deu cacho,
Todo menino é um rei...
Quis saber de sua boca,
Acabou, dormi de touca...
Usei isca de primeira,
Pra pegar peixe mulher,
Mas caí, tomei rasteira,
Agora, ninguém me quer...
Não sei mais falar bonito,
Tanto sofro quanto grito...
Joguei rede pra pescar,
Agarrou no meio fio,
Quando a noite é de luar,
Coração bate de frio...
Nas curvas dessa saudade,
Eu só encontrei maldade...
Vou buscar um curativo,
Pra curar minha ferida,
Amorzinho, fica ativo,
Seu amor nem Deus duvida,
Amor bicho interesseiro,
Procura outro travesseiro...
Fiz a cama no terraço,
Esperando pela lua,
Meu amor me deu cansaço,
Minha luta continua...
Procurando por Maria,
Encontrei quem não queria...
Vendo espaço lá no céu,
Quem quiser pode comprar,
Deixa levantar o véu,
Espera o que vou mostrar...
De carroça capotei,
Duas pernas eu quebrei...
Procurei a minha chave,
Não achei nem fechadura,
Ciúme é como um entrave,
Tem gente que não atura...
Quero o gosto da maçã,
O perfume d’hortelã...
Minhas dores são do parto,
Meus amores são de fé,
Vou lhe propor mais um trato
Acho que esse vai dar pé,
Você canta seu bolero,
Eu imito o quero quero...
Quis um beijo me negou
Quis carinho, não me deu,
Andando por onde vou,
Não vai nem ela nem eu...
Meu amor me disse não,
Acabou todo meu chão...
Vou terminar essa joça,
Não tenho mais paciência,
Vou me deitar na palhoça,
O resto é coincidência...
Fiz um verso pra você,
Mas você não quis nem ler...
X
Quero a vida bem de manso,
Nunca quero me estressar.
Na cadeira de balanço,
Vivo de papo pro ar .
Quando chove mato a sede,
Deitado na minha rede...
Pingo d’água na goteira,
Não deixou meu bem dormir,
De segunda a sexta feira,
Meu amor, estou aqui.
No sábado e no domingo,
Desse amor quero respingo.
Coisa chata é trabalhar ,
Já dizia meu avô;
Andando de lá pra cá,
Faço o que meu vô falou;
Trabalho cansa demais,
No trabalho perco a paz...
Aprendi somente rima,
Eu nem sei tocar viola.
Minha vida vale a prima,
Mesmo fugido da escola,
Aprendi fazer meu verso,
Olhando para o universo...
Já viu que coisa bonita,
É a flor na primavera.
Bela moça, laço, fita,
Fosse minha, quem me dera...
Mas quê que eu posso fazer?
Só tenho amor pra viver...
Chove chuva pequenina,
Vem molhar o meu chapéu,
A chuva trouxe a menina,
O castigo vem do céu...
Gostei tanto dessa moça,
De chorar, fiz uma poça...
A porta do tempo bate,
Vento batendo na porta.
Amor azul e escarlate,
Teu amor é que me importa...
Arco íris cobre tudo,
Sem teu amor, fico mudo...
Mas não posso ter segredo,
Nem posso falar a verdade.
Tal amor foi meu enredo,
Resultou felicidade.
Quero saber de teu beijo,
Onde está nosso desejo?
Eleição tem nesse ano,
Eu já tenho candidato.
Na terra do desengano,
Eu não vou pagar o pato.
Você governa meu peito,
O seu amor tá eleito...
Vinha na curva do rio,
Quando na margem avistei,
Chamei para o desafio,
Na sua terra fui rei.
A vida andando tão boa,
Nos braços dessa coroa...
Na montanha dos prazeres,
Meu amor encontro fé,
Na placa tem os dizeres,
Minha casa é de sapé.
Tem a moeda dois lados,
Nossos casos separados...
Vim de tarde sem magia,
Procurei por Madalena,
Encontrei só a Maria,
Sem amores, sem ter pena...
Veneno de jararaca,
Se for ela, a vida empaca...
Fui levar o meu amor,
No cinema, prá ver fita.
Nem bem ela lá chegou,
Quis tomar uma birita.
Moça pinguça de fato,
O filme acabou no mato...
Depois dessa choradeira,
De neném no meu ouvido.
Acabou-se a brincadeira,
A vida perdeu sentido,
Todo dia bem cedinho,
Me levanto sem carinho...
A coisa tá diferente,
Já não tenho mais sossego,
Todo dia no batente,
Tenho que estar lá n’emprego...
Patrão é coisa do demo,
Levando o barco com remo...
Cineminha sem vergonha,
Acabou com minha paz.
‘Tô parecendo um pamonha,
Ninguém me conhece mais...
De tarde já ‘tô cansado,
Levando vida de gado...
A cachaça é que tem sido,
Minha leal companheira.
Só ela me dá ouvido,
O resto todo é besteira.
Bebo sim, e bebo tudo,
Nada falo, fico mudo...
A danada da mulher,
Fica em casa o dia todo.
Faz tudo o que bem quer,
Não anda, criando lodo...
Me restou só essa pinga,
Mas um dia, a gente vinga...
Me mandaram um recado,
Pro trabalho seu doutor.
Tinha um cabra bem safado,
Debaixo do cobertor.
Agora virei chifrudo.
É bom que acabo com tudo...
Tão os dois aqui do lado,
Veja que coisa bonita.
Ela nua ele pelado,
Olha a cara da maldita.
Eu é que fiquei feliz,
Tome essa meretriz...
Seu delegado desculpe,
Não quero mais complicar.
Por favor não mais me culpe,
Nunca mais vou trabalhar...
Eu já pedi demissão,
Libertei meu coração!
X
Seu moço me dê licença,
Vou contar para você,
A vida traz recompensa,
Já não quero mais morrer,
Quero o gosto da partida,
Tudo de bom nessa vida;
Não deixa nem um sinal,
No ranço dessa saudade,
Corro meu canavial,
Vou voltar para a cidade,
Nas ondas do rio mar,
Sem ter hora pra voltar...
Quero o desejo da moça,
Na boca que tanto quis,
Não me interessa essa poça,
Eu só quero ser feliz...
Tenho duas mãos cansadas,
Nas carícias, bem treinadas...
Tenho os pés para pular,
Nas mantiqueiras da vida,
Nem preciso mais voar,
Trago dor já bem curtida,
No couro que Deus me deu,
Quem sabe de mim, sou eu...
Quis ver a banda passar,
Cantando coisa d’amor,
Meu amor deixei por lá,
Chora um peito sofredor,
Pelas bandas do sertão,
Eu deixei meu coração...
Nosso amor que eu não esqueço,
E também teve valia,
Tanta dor que não mereço,
Dói de noite, dói de dia.
Mas agora vou de lado,
Esqueci do teu recado...
Tudo em volta era tristeza,
Eu deixei tudo pra trás,
Agora busquei beleza,
Agora eu só quero paz...
Já não quero mais a morte,
Encontrei saúde e sorte...
Nos braços dessa morena,
Foi a minha solução,
Amor demais me dá pena,
Bate firme coração...
No canto da sabiá,
Meu coração bate lá...
Fiz um verso pra Maria,
Joana quem quis ouvir,
Meu amor, bem que queria,
Meu amor eu bem te vi...
Mas não quero mais mentira,
Nem amarras nem embira...
Caprichoso e nordestino,
Fui seguindo meu caminho,
No meu mundo, meu destino,
Antes só que ser sozinho,
Tenho o canto do tié,
Eu canto, canta você...
Já podeis da terra, filho...
Lembrar dessa cigana,
Da vida sei estribilho,
Ela nunca mais me engana...
Sorte cigana cruel,
Muito amargo, traz o mel...
Eu plantei o meu roçado,
Deu formiga comeu tudo,
Nem fiquei preocupado,
Entrou calado sai mudo...
Formiga tanto que deu,
No seu roçado sou eu...
Meu amor troce de Minas,
Ouro em pó e muita rês,
Nas pernas dessas meninas
Enrosco tudo de vez,
Queria ter meu balanço,
Colado contigo, danço...
Faz frio quero teu colo,
Vem comigo se aninhar,
Eu vou te deitar no solo,
Tanto amor pra se amar...
Não reclame dessa sina,
Relaxe minha menina...
Quis um beijo não me deu,
Um abraço me negou,
Meu amor, então morreu,
Nem quer saber mais quem sou...
Chorei, um choro fingido,
É melhor que eu ter morrido...
A lua é de São Jorge,
O cavalo e o dragão;
A saudade em meu alforje,
Vai pesando o coração...
De banda, então eu caminho,
Já não ando mais sozinho...
Quis ter medo nada tive,
Meu segredo sei de cor,
Tanta dor que me contive,
Não quero viver mais só,
Preciso de companhia,
Seja de noite ou de dia...
Vagabundo coração,
Bate tanto sem ter senso;
Meu amor peço perdão,
Noutra coisa já não penso...
Quero a vida divertida,
Nos teus braços quero a vida...
Meu carro perdeu a roda,
Ao subir nessa alameda,
Vou cantando minha moda,
Queimando na labareda...
Faz assim um só carinho,
Coração apressadinho...
Meu amor, quando se gosta,
Não sei rezar outra prece;
Até mesmo um vira bosta,
Cantando nunca se esquece...
Quero teu carinho amada,
Toda noite e madrugada...
Meu amor tem um cadinho
De tudo que posso ter,
Machucando, vagarinho,
Matando sem perceber...
Amor trouxe novidade.
Agora? Maternidade!
Na fumaça do cigarro,
Amor fez as espirais;
No ronco desse meu carro,
Não te esquecerei jamais...
És a rosa na janela,
Tens o lume dessa vela...
Mas um amor pirilampo,
Não merece essa atenção;
É forte como relampo,
Mas num firma o brilho não...
Acendendo e apagando,
Meu coração vai matando...
Amor tem que ter saudade,
Já dizia esse poeta;
Um grande amor, na verdade,
Que é nossa principal meta,
Tem que deixar ess’azedo,
Certeza cheirando a medo...
Terminando meu cantar,
Eu falarei com clareza;
Não dá nem pra comparar,
É no mundo a realeza...
Bem maior, digo a verdade,
Que todo amor, a amizade!
X
Lavo os olhos na saudade,
Meu caminho segue o mar
No mote que eu encontrar,
Minha sorte de verdade
É saber da claridade,
É não poder mais ver morte,
Nem cruzar o pólo norte,
Nem sanar essa ferida,
Nem cuidar da despedida.
Nem reclamar dessa sorte...
Minha lida foi marcada,
Pela curva desse vento,
Meu maior, grande provento;
É não saber mais de nada,
Não ser boi nem ser manada,
Nem usar cabeça baixa,
Tanto amor, a gente acha,
Na serra dessa esperança,
Que maltrata essa criança
Cuja morte não se encaixa...
Quero sentir teu perfume,
Acalentar o teu pranto,
Esconder-te em meu recanto,
Não quero mais teu queixume
Não cabe mais teu ciúme...
Quero te dar, namorada,
A minha mão cansada,
Para poder descansar,
A vida inteira, te amar,
Sem ter mais medo de nada...
E quando, enfim, a saudade,
Bater forte sem descanso,
Pensa então nesse remanso;
No lago azul, claridade,
Que te amei, com tal verdade,
Que nunca, alguém amaria,
Te desejei todo dia,
A cada instante sem medo.
De Deus já sei o segredo,
Tanto bem que te queria..
X
Saudade – mulher amada,
Dos nossos beijos roubados,
Saudade dos tempos passados,
Na noite, na madrugada,
Da tua boca molhada,
Dos corpos entrelaçados,
Dos desejos mais molhados,
Desse tempo que não volta,
E, por não voltar, revolta,
Corações apaixonados...
Saudade da minha infância,
Onde vivi felicidade,
Trazendo tanta saudade,
A quem não teve constância,
Da sorte teve distância,
Mas foi feliz por um dia,
Vivendo da fantasia,
Que nunca mais voltará,
Saudades torrada e chá,
Que minha mãe me trazia...
Saudades da minha terra,
Que ficou no meu passado,
Olho o tempo, vou de lado,
O coração não encerra,
Pesando daquela serra,
Inclinado vai andando,
Tanto lugar se mostrando,
Nas curvas da existência,
Mas, saudade, diz clemência,
Num retrato, recordando...
Saudade da juventude,
Onde não tinha nem medo,
A força era meu segredo,
Onde sempre quis não pude,
Amar assim, amiúde,
Quem nunca mais queria,
Mas a vida era vadia;
Nem sonhava recompensa,
Vida leve, breve, densa,
Saudade faz melodia...
Saudades do grande amigo,
Que ficou lá no sertão,
Seguindo por outro chão,
Nunca mais terei comigo,
No conselho, paz, abrigo...
Na vontade de ser rei,
Tantas vezes que eu errei,
Tive o braço companheiro,
Hoje sei do mundo inteiro,
Mas saudade também sei...
Saudade do Botafogo,
De Garrincha e de Didi,
Do melhor time que vi,
Não tinha nem pena e rogo,
Brincando, ganhava jogo,
Nas pernas tortas e loucas,
Vozes delirando roucas,
No Maracanã da vida,
Pena que vai esquecida,
As lembranças são bem poucas...
De minha mãe a saudade,
Dói essa dor tão cruel,
Mãe na terra, mãe do céu,
Simbolizas claridade,
Se a vida traz falsidade,
A verdade em ti está,
Onde eu estiver, é lá,
Que teus olhos estarão,
Nesse imundo mundo cão,
És um porto mais seguro,
Se me escondo nesse escuro,
Representas o clarão...
Saudades desse meu filho,
Ceifado logo bem cedo,
Deixando meu grande medo,
Novo enredo que hoje eu trilho,
Sua dor, meu estribilho,
Entoando todo dia,
Martiriza a noite fria,
A saudade rasga o peito,
Pergunto qual meu direito!
Vou vivendo essa agonia...
Saudades dessa esperança,
De viver um mundo justo,
De respeitarem arbusto,
De respirar nova dança,
De teimar em ser criança,
De ter um mundo melhor,
Sem diferenças e guerras,
Nossa Terra, tantas terras,
Nosso sonho ser maior,
Justiça saber de cor...
Saudade trazendo um laço,
Prendendo o que for saudade,
Saindo da realidade,
A vida acolhendo meu passo,
Descansar esse cansaço,
Duns olhos de sertanejo,
Na campina, no desejo,
Do trabalho, lindo sonho,
Minha saudade, te ponho,
No canto dum realejo...
Saudade dessa mulher,
Saudade dessa criança,
Saudade dessa festança,
Saudade, jovem, me quer.
Saudade, jogo qualquer...
Saudade tão companheira
Saudade dor parideira,
Saudade doce Natal,
Saudade desse ideal,
Saudade da vida, inteira...
X
Falando minha verdade,
Buscando novo cantar,
Procuro tanto teu mar,
Mares dessa saudade;
Reviver a liberdade...
Quero a boca que me nega;
Que nunca, jamais , sossega...
Quero tentar ter amor;
Desses prados sei a flor,
Flores que a lágrima rega...
Falta minha temporada,
A primavera da vida;
Onde não sei despedida,
Na mais feliz alvorada,
Por amores inundada...
Quero ser tua semana,
Uma esperança que emana
De cada novo cantar,
Horizontes por voar...
Minha luta mais temprana...
Turbilhão de sentimentos,
Não queria tempestade,
Mas tudo isso me invade,
Em todos novos momentos,
Tantos velhos tormentos...
A sombra do que já fui,
Nada mais tenho, se exclui
O que tive, o que passei;
Nos braços aonde errei,
Meu mundo se queda, rui...
Num silêncio vou solene,
Buscando por minha luz,
Carregando velha cruz,
Não há dor que não me empene;
Amor que sonhei perene.
Perante tanta vergonha,
Tudo de bom que se sonha,
Passa para pesadelo,
No frio que corta, gelo;
Restará só dor medonha...
Pus meu barco nesse rumo,
Sem leme, o barco virou;
Do nada que me restou,
A saudade dá seu prumo,
Minha vida virou grumo,
Recebi trato da morte,
Não quero ter essa sorte,
Nem quero mais solavanco,
Assisti tudo no banco,
Na arquibancada dei bote...
Fiz a casa desse barro,
Feito de sangue e pudim,
O que mais quero pra mim
É saber que, se me esbarro,
Nas tristezas qu’hoje varro,
Foi revés, mas eu reverto,
Minha dor vive em aperto,
Carteada do destino,
Se tem dor, logo me empino,
No final terei conserto...
Nas matas nos pinheirais,
Tudo que for machadada.
Tudo que suar enxada,
São coisas que pedem mais,
A violência que traz paz,
O corte dessa esperança,
A morte vem de criança,
Nos braços dessa parteira,
Sangrando essa terra inteira,
Engorda a pança se dança...
Desculpe tanta flechada,
Acenderei teu pavio,
Secarei esse teu rio,
Não terás mata fechada,
Não te restarás mais nada,
Nem sombra de natureza,
Quem sabe, sem ter beleza,
Sem ter água pra beber,
Poderá, pois, conceber,
Meu amor em tua mesa..
X
No vermelho dos meus olhos
A luta por liberdade
No trânsito da cidade
No tropeço nestes óleos
Que simulam solidão.
Na solidez do desejo
No navegar da paixão
Procurando pelo beijo,
Desse teu vermelho lábio
Que, carnudo, encarna o sábio
Amor, sem conter limites,
Ao sabor dos teus convites;
Da solidão, inimigo,
Vivendo sempre contigo
Os sonhos de um amanhã,
No vermelhar da manhã
Desse sol que me engrandece,
Nascendo, a todos aquece.
Me faz retornar à prece
Em que agradeço ao Senhor
A vida que me concede
Pelo sol e seu calor.
No vermelho do meu sangue
Que traduz toda esperança,
No mar, no rio ou no mangue
Nos brinquedos de criança,
Este sangue que trafega
Dando vida a quem mais ama,
Pela mão pega e carrega
Vai acendendo essa chama.
Chama vermelha da vida
Que arde no fogo, feroz.
Trazendo sem despedida,
O brilho que, nunca atroz,
Reflete a luta bendita
Contra toda essa desdita
Que possa nos maltratar.
Sabendo, bem mais, amar;
Confortando o sofrimento,
Chama de amor e lamento
Vermelha como paixão.
Trazendo pro coração,
O retorno da beleza,
O término da tristeza,
Afagando , compaixão.
No Mar Vermelho da vida,
Atravessando, sem medo
Para trás, sem despedida
À frente, grande segredo,
Um novo canto de fé,
Onde, e por que Deus quiser
Possa –se recomeçar
Um novo tempo de glória
Um novo marco na história
Um novo canto ao luar.
No vermelhar dessa areia,
Onde encontrei a Sereia
Com seu canto a encantar
Trazendo ardente delírio
No vermelho deste lírio,
Cultivado com o sangrar,
Das lágrimas da morena
Que em meu canto, virou tema
Da forma sutil, serena.
Dos meus sonhos, meu lema
No meu barco, virou leme,
Pois ardor, não há que treme,
Sem o vermelho da louca,
Transtornando minha boca
Procurando tua boca,
No molho desse espaguete,
Vermelho, como o confete
Que encontrei na tua boca
Esquecido, e recordando
O tempo que foi passando.
À procura de teu mar.
Vermelho, conjugo amar!
X
Quando enfim encontrei o teu retrato,
Descorado e jogado na gaveta;
Assinado seu nome, com caneta,
Percebi com saudade, fui ingrato...
Tinhas um olhar triste e tão distante,
Como quem procurasse amor, prazer;
Ou quem sabe, somente, reviver,
Tantos sonhos perdidos, e bem antes...
Não podia sonhar d’outra maneira,
Quem a vida feriu e maltratou;
Tua fotografia me mostrou,
Tanto amor que viveu, a vida inteira...
Me recordo das noites que passamos,
Nossas camas, sentidos e visões;
Em um só, transformando os corações.
Hoje eu bem sei o quanto, nos amamos..
Em teu corpo desejos eram vias,
Tuas mãos delicadas mil delícias,
No sofá, nossa cama, das carícias
Que trocamos, fantásticas orgias...
Teu colo, âmbar , beleza sem igual.
Nos desfiles nas nossas loucas noites,
Nossas línguas desciam, qual açoites
Que traziam eterno carnaval...
Quanto tempo passado, vou sozinho,
Minha cama jamais teve outro alguém;
Procurei sem saber, um novo bem,
Todo mundo passando, eu passarinho...
Na procura silente, quero crer,
Que tal mel, tua boca, só me traz.
Perseguido e tentando ser capaz,
De encontrar outr’amor para viver...
Encontrar teu retrato foi doído
Desespero tomou tudo d’assalto;
Como pude tentar, sou tão incauto
Reviver esse tempo já vivido...
Nunca mais reviver a tua foto,
Nem revirar gavetas, nem passado.
Me perdoe, se tanto andei errado,
Minha vida,um retrato tão remoto...
X
Meu amor se escondendo faz doer,
O que jamais senti por essa luz.
Amor só, sem amores, não seduz,
Nem mesmo me dá forças p’ra viver...
Num barco se navego, sou distante;
Na vida sem ciúmes tenho medo.
Quem sabe do meu parto, meu degredo,
É quem me permitiu ser inconstante...
Na mata tem palmeiras, tem Palmares,
No campo tenho flores impossíveis.
Amores são deveras insensíveis,
Procuro por amor, noutros lugares...
Setembro já me trouxe primavera;
As flores que brotaram nessa mata,
Misturam-se no belo da cascata.
Amores de verdade, quem me dera!
Tenho mudanças nessa minha vida;
Que não consigo máximo nem tédio,
A vida transbordou esse remédio,
Amor é uma cantiga despedida...
No beijo de Maria sei Dolores,
Nem quero pressentir tanta mudança;
Quem me dissera lúdica esperança,
Murchou num triste vaso sem ter flores...
Num momento de glória quis Jesus,
Que o perdão fosse enfim, uma verdade,
Por isso meu amor, por caridade.
Perdão te peço, em nome dessa Cruz...
De tantas valentias que menti,
Não peço nem pergunto por que queres,
Se sabe Tiradentes, foi alferes,
Esferas são as feras só por ti...
X
Eu trago, nos meus olhos, a saudade,
De quem jamais devia me ausentar;
Sem ela, desconheço claridade,
Sem ela, vou buscando meu luar...
Quem dera Deus tivesse compaixão,
De quem , errou na vida sem saber.
De quem somente teve sempre não,
Como resposta hostil, sem ter por que...
Não quero mais sentir a ventania,
Roçando meus cabelos, sem ter pena.
Quisera conhecer, um novo dia,
A noite, cruelmente, faz novena...
Vencido por temer guerra e fastio,
Num último poema, tento vê-la;
Sem ela, não existo, sou vazio,
Vagando, vaga-lume, quero estrela...
O zéfiro respira, me bafeja,
Transgrido as ordens, erro sem destino;
Perdido, sigo tendo essa peleja,
Perdendo meu sentido, desatino...
Quem dera se pudesse ser criança.
De novo correria para os braços;
Daquela que pensei, triste lembrança,
Um dia cerraria tantos laços...
Mas sinto que não posso resistir,
Em vão procuro tenras mansidões.
De tudo não consigo nem pedir,
Paz renovada, lastro dos perdões...
Momento atroz , penumbra d’existência,
Cartas jogadas fora, sem valor.
Te peço, tão somente por clemência,
Quem dera conhecesses minha dor...
Quiçá, então tivesses piedade,
Num último delírio dum poeta.
A vida não seria, essa verdade
Que extermina, de forma tão completa.
Amores já os tive, e os perdi,
Retratos bolorentos do passado.
Mas amar, tal qual amo, só por ti
O meu verso entoando triste brado...
Nunca mais te terei, minha centelha
Dessa luz que transporta meu desejo.
A lágrima que escorre vai vermelha,
Da boca que sonhei com tanto pejo...
Arranco dessa rosa, seu pendão,
Espinhos vão cortando os pobres dedos.
A terra vai s’abrindo, some o chão,
Em volta, nos contornos, só meus medos...
Vencido pela angústia e pelo fado,
Meus pés vagueiam loucos por estradas.
Que nunca compartilham, mesmo lado,
Seguindo paralelas, já cansadas...
Meus mares são vazios, sem marés,
A barca dos meus sonhos naufragou.
Eu pergunto a mim mesmo, se tu és
Meu todo, me responda o que sobrou?
Vivendo sem ter rumo e sem porém,
De que me serve luta sem ter glória.
Sem ter porque viver, sem ter alguém,
Meus dias vou perdendo, na memória...
Enfim, melhor morrer se não te tenho,
De que me servem festas da natura.
As matas todas, por onde eu me embrenho,
São cadafalsos, plenos d’amargura...
Te quero tão somente por querer,
Eu te fiz minha lira e minha voz.
Procurei por alhures, mas cadê?
A noite me tragou, vida feroz...
Quem sabe num momento de ternura,
Possamos reparar o que findou.
A luz, enfim, brilhando, noite escura,
Me traga essa esperança que restou..
X
Salmo 4 em versos brancos
Ó meu Deus da justiça, ouça o clamor!
Tenha misericórdia: ouça oração!
Tentam converter glória em vil infâmia!
Buscam vaidade e nas mentiras vivem!
Meu Senhor separou quem for piedoso.
Ouvirá com certeza, o meu clamor!
Não pequeis e falais com coração!
Dês então sacrifícios de justiça!
Confieis nesse Pai que é Salvador!
O Senhor nos exulta o rosto e brilho!
Mais que todo trigo e todo vinho
As alegrias em mim, multiplicaste!
Deitarei, dormirei em total paz,
Por que me fazes habitar seguro!
X
Salmo 3 em versos brancos
Tantos são adversários meus ó Pai!
Multiplicam-se erguendo contra mim!
E tentam me ofuscar a salvação.
Porém Senhor, és meu escudo e glória!
Ouviste meu clamor do velho monte...
Deitei, dormi, acordo e me sustentas!
Não temerei milhares que me cerquem!
Me salves , meu Senhor, dos inimigos!
Feriste-os nos queixos, dentes partes!
Que Vossa Salvação nos abençoe!
X
Fantasmas de amores...
Assombras meus sonhos.
Fantasmas de amores...
Nas noites me dramaste
Me fizeste me mataste
Me supriste e não me deste.
Fantasmas andam sem paragem...
Sem visagens, sem viagens.
Fantasmas são pajens
E pajés...
La luna que me deste
A pluma que não veio
A fome de legaste.
A festa que não tive
A fresta que fechaste.
As horas que negaste
As hastes que quebraste
Quero tua parte
Mas nada, partes...
Lã e tosquio.
Arrepio.
Frio.
Rio
Nos tais fantasmas me desfio!
X
Conta gotas
Amor
Gotas
Conta gotas
Remedia?
X
Cigarro
Pigarro
Agarro
Teu rabo, solidão!
X
Porta aberta
Alerta
Entra.
Volta?
Revolta!
Não retornes!
X
Prazer: te conheci?
Talvez foste moleque
Meu leque não pedi
Emblemas poemas
E temas tremas
Lemas lesmas...
Mesmas palavras.
Larvas e lavras
Sal lavas.
Salivas...
Ogivas
Giras.
Iras
Miras
Martírios;
Muito prazer!
Não há de quê
Amanhã não amanheço;
Prazer; eu te conheço?
X
Dês meu ninho em desalinho.
Dês meu linho que te aninho,
Dês meu solo, sou sozinho
Dês meu passo,
Passarinho...
X
Lama vento
Lamento...
Mote e serra,
Mortalha. Batalha
Falha e estupidez.
Versos são conversas
Converso e converto,
Cabarés
Bares
Cabem
Fés...
Firo e não atiro,
Martirizo...
Preciso
Siso
Isso que quero.
Amores que não firo
Prefiro a lama.
Lama e vento.
Lama vento
Lamento...
Mote e s...
X
Ócios e ossos, ofícios...
Oficio meu vazio cio,
Se não sou
Quem me dera...
Se não vou
Nada espera.
Sou
Servo
E conserva.
Sirvo de mote.
Bote e fardo.
Trote e mansidão.
Ocos os ossos, ofícios.
Cruz fixa, frouxa.
Crucifixo,
Fixos os olhos.
Bote e morte.
Naufrágios!
Sufrágios
Elegi-te
Elegia,
Letargia
E adormeço...
X
Rosas vermelhas,
Centelhas,
Espelham as rosas.
Moscas voando
Moças passando
Meu cadáver espera...
Meus cravos...
A rosa. Brigamos...
Morte/amores.
Quebranto...
X
Nas horas senhoras sem senso,
Penso e não compensas.
As ofensas caricias...
Os meus olhos
Molhos
Folhas de papel,
Correnteza, faço barcos.
O pião entrou na roda o pião entrou na roda, o pião...
X
Montanhas de Minas.
Mares de Minas, distantes...
Montanhas e mares,
Mares mineiros são utópicos.
Típicos de salgada lagoa.
Pampulha, pampas mineiros...
Mares e luas
Só te faltam mares...
Nas montanhas os segredos,
Monásticos segredos.
Medos e senzalas.
Café com pão,
Pão e leite.
Broa.
Milho.
Montanhas
Queijo.
Desejo de mares.
Mares de minhas manhãs.
Minhas manhas mineiros mares.
Montanhas entranhas.
Lagos e afagos,
Teu fado é sem tino
Destino dos nossos mares...
Mares mineiros são meus sonhos...
As lágrimas que me deste
Encheram o rio de sal.
Meus mares mineiros
Estão no meu quintal!
X
Abandonas as ondas e me mordes.
Me mordes nas ondas que abandonas.
Somos ondas e mares,
Moréias e marés.
Somos abandono...
Fino sono.
Soníferos.
Sonhos feros,
Feras vozes,
Vorazes!
X
Suprema fonte de todos os meus sonhos!
Suprema fonte! Como te quero...
Das tramas que fomos,
Somos uma só fonte.
X
Procurei as frases feitas, as festas e frestas...
A noite me nega um novo dia...
A poesia, a posse, o poço e o fosso, são fósseis.
As asas e os corcéis.
Os meus dias, mel e mal, mãe...
A trama desanda, a vida anda andor e dor. Condor!
Conforto e carinho, ninho e certidão.
Bodas, cordas, colas, compras, colméias...
Mesas, salas, copas, berços, filhos...
Ilhas filhas, milhas e milho. Manhas e manhãs...
Cãs, cães, chão, repouso e pouso, fossa e conversa.
Aço penetra, aço corta, corta a luz, a água, mágoa, penso
Pensão.
Parto, marte, morte, sorte ressurreição...
Natação, menino, hino, escola, cola, bola, fome e tráfego.
Moto, carro, escola, cola, estrada, fado, sina, tino, barba.
Namoro, filho, neto, remeto e não comento.
Espero e não desminto, belos velos, velozes os triciclos,
Os ciclos se refazem. Refazendo a fazenda, a velha lenda.
Cordas, pescoço, imensas prendas, velhas rendas,
Mentiras e verdades, sangue e corte.
Suor, andor,
Amor
Ar
A vida recomeçará.
Conforto e carinho, ninho e certidão...
X
Meu cigarro aceso, penso e não revelo.
Atropelo meus medos.
Os dedos
As cinzas
As cinzas do cigarro.
As cinzas da noite
As cinzas esparsas.
As cinzas fumaça
As cinzas açoite.
As cinzas espalhadas.
Os ventos e as cinzas
Queimam corpo e alma!
X
Não quero falar de amores tontos,
Nem quero perceber quais foram os sonhos...
As madrugadas parecem mais risonhas,
Os meus dias são pétreos abandonos...
Queria navegar teu horizonte.
Da fonte dos desejos, uma moeda;
A mordaça cansaços e delírios.
As crisálidas que fomos não vingaram...
Quero o defeito de não ter solução,
Quero o direito de não ter mais meu fracasso.
Aço fraco, frascos, ascos e escusas...
As blusas abertas, o blues que tocas..
As tocas onde deixo meus degredos e segredos...
Meus medos, sutis medos, temerário...
Meu salário que recebo, um passo sem estrada...
Uma escada sem degraus. Um mar sem ter naus...
O caos absoluto...
Me enluto e não te esqueço. Tropeço, vou do avesso...
Me arremesso, não peço nem prossigo.
Se persigo não consigo consistência. A ciência
Da consciência esparsa, farsa...Belas taças
Jogadas num vago espaço...
Trago o aço da batalha, navalha, falhas e pecados...
Quero o acero da alma, a chama, acalma e tramas sem nexo...
Quero o frio gosto do rosto exposto sem rugas...
As rusgas as tropas e as trôpegas pegadas...
As pegas, os rogos, os lagos e barcos.
Arcos, areia, marcos, penteia a sereia os cabelos...
A morte não traíra nem traria uma traição.
Ação e coragem, aragem e sertão.
As serralhas e as fornalhas, acendidas.
As mãos descansadas, o peito aberto.
Meu medo completo, a nau, o sol...
Quero teu prazer e tua lei.
Quero poder ser teu rei
Quero o que não sei,
O seio, o veio,
O meio
Um mar
Distante mar,
Luz e luar, plenilúnio
Quero saber teu infortúnio.
Quero nada mais que minha sina.
Um frágil delírio, um vício, um principio.
Um banal gesto trazendo um desencontro louco,
As tarde sem Marina. Saudades fúteis e inúteis, fétidas...
Se ainda me quisesses não poderias dizer adeus...
Quem sabe os sonhos meus te trariam de novo.
O gosto amargo da saudade... Olhos tristes,
A vida resiste e não insiste, existe. Exige!
A face da esfinge se finge ágil e frágil.
As horas não passam, nem peço.
Meus passos, tropeço.
Me apresso
E não
Vou....
X
Quem acreditar nesses meus delírios
Por certo nunca mais terá sossego...
As cordas arrancadas, meus martírios;
Não posso decifrar um tal apego...
Quem quiser prosseguir nesta charrete,
Não sabe dum corcel que desaponte...
A lua mergulhante não reflete
Atravesso canais canis e ponte...
Nasci para viver sem serventia,
Servil serei se formos formas fórmicas...
Valete que verti sem valentia...
As barcas que embarcas são mais fóbicas...
Fantoches que me iludem são palhaços,
Os aços dos meus cantos são reveses,
Os erros cometidos são mais crassos,
Pedaços que larguei nunca desprezes!
Minutas dos contratos rescisórios
Me mostram certidões que foram trágicas.
Os beijos permitidos ilusórios,
As fímbrias do passado soam mágicas...
Não quero mais valores nem vestais...
Não posso preservar tal iguaria;
Tantos sexos expostos, carnavais,
A vida não chegou ao meio dia!
X
Nos pórticos gigantes da saudade,
Valei-me Meu Deus peço caridade!
De quem me valem luzes sem ter brilho...
A morte vem singrando um velho trilho...
Me deste tais mentiras como um fato.
Falaste de mordazes sentimentos...
Quebraste vilãmente teu retrato,
Queimaste soberana, meus proventos...
Faliste torpemente meus cenários...
Amei-te, tolamente, fui capacho.
As portas que entreabristes meus armários,
Das luzes que perdi, tu foste facho!
Respiro vorazmente teu flagelo...
Perjuras insensatas foram mote.
Na vida me cortaste teu cutelo...
Nas óperas tu brilhas vero spot.
Nos pórticos gigantes me jogaste
Atei-me sem temer qualquer disfarce.
O que me restarei serei vil traste.
O tempo que vivi nunca se esparse...
X
Resplandeceste cruelmente bela...
Nas tuas mãos, relíquias maviosas,
Pintores mais felizes buscam tela
Na alvura quirodáctila olorosa...
Tem delicada formosura, face...
A mansidão serena deste rio...
Não há nenhum pecado que disfarce
A brandura feliz do desafio.
Amor, cabedal frêmito, falácia...
Penúrias das canduras e dos medos...
Cortando friamente toda fáscia,
Percorre meus tendões, perfura os dedos...
Frenéticos sentidos se misturam,
Levedo com segredo simples rimas,
Amores sem desejos não maturam,
Laranjas para suco não são limas...
Estimas sem amores, amizades.
As luas sem luares vertem medo.
Primeiro Deus criou as claridades
Depois o sol, me conte esse segredo!
As mãos que me passeiam não são tuas,
Nunca acupunturaste tais agulhas,
As bocas que mordeste estavam cruas
Nos beijos que roubaste, nem fagulhas...
Antítese venal, amor doloso.
Recíproca fatal, versos em branco...
Amores carnaval, sou mais guloso,
Sangria vendaval que não estanco...
Mentores de favores flatulentos,
Não fazes curativos queres gazes?
Não pedes certidões nem documentos,
Bolívia proibindo tantos gases...
Marinha americana, Portobello,
Esquadra escravocrata traz a morte.
Defesas sertanejas num rastelo,
A América sanguínea vem do Norte...
Amores são perfeitos imbecis,
Esquecem de saudades e de medos...
Apanham vergonhosos pedem bis...
Pedradas atropelam os penedos...
Rasteja com idônea insensatez
Vasculha tantas coisas que se perde...
Respinga tempestade sem talvez,
Desfaz esperançosa luta verde...
Amores são palhaças ilusões,
Restolho do que nunca houvera sido.
Abrindo logo fecha os meus portões,
Repara disfarçado olho comprido...
Nas bocas o mau hálito disfarça,
Quem fora indiferente nem parece,
Quem já foi companheiro hoje é comparsa,
Amores infelizes quem merece?
Sisudo cavalheiro vira infante,
Mostrando mais sutil embasbacado,
Formigas se transformam elefante.
Difícil discernir se apaixonado!
Cigarros vou fumando, sem parar,
Cartelas e cartelas devorando...
A lua apaixonante num luar,
As horas demorosas vão passando
Escrevo meus sonetos faço versos,
Respiro mais custoso, quase morro...
Mirando las estrellas do universo,
Não há quase ninguém a dar socorro!
Amores criadores, tanto caso,
Não deixam respirar a criatura..
Do que me restará de vida, ocaso.
Faz parecer um corte, arranhadura...
Melindres se transbordam viram cena.
Sensíveis palavrões a boca rota...
Voando sem ter asas sequer pena,
A vida vai levando à bancarrota!
Disfarçado de rei se sabe reles,
Quem sonha ser princesa espera o sapo.
Amores disfarçados, tantas peles,
No final não dispensa nem sopapo.
Amor é cantilena sem refrão,
Depois de certo tempo, brotam filhos...
As rugas enraivecem coração.
Quem já sonhara esquece os estribilhos!!!
Amores verborrágicos patéticos,
São venais mestres na arte de enganar.
Começam serenáticos, poéticos,
Estrambóticos, bélicos, sem mar...
Martírios, marionetes são palhaços,
Delírios, apoplécticos, mortais...
Amores desfolhantes, visgos, traços;
São bem vesgos, estrábicos, banais...
Amores tartamudos tartarugas.
Canhões se disfarçando em mansidão.
Depois, inevitáveis, vêm as rugas,
A tropa se desfaz do pelotão.
Não quero tais amores, nem pretendo...
Siameses, telúricos, almáticos...
Nem esses lindos olhos, nego, vendo...
Amores que se quebram, são reumáticos...
Não quero misturar alhos com olhos,
Bagulhos nem bugalhos, nem cebolas...
Perdidamente louco nego Abrolhos,
Não quero essa Al Kaeda, nem Hizzbolahs...
Vertiginosamente não mergulho,
O mar já reconheço tempestades,
Distante das marés e do marulho,
Das pestes que me emprestas “veleidades”...
Vingativa virás hipocrisia.
Vastas visões vertigens são velórios.
Sedas sacras, senzalas sacristia,
Não pretendo suspeitos suspensórios...
Vou liberto, matando essas paixões,
Em cada nova ninfa vejo um Demo,
As flores que te dei boca leões,
As que fingiste negam crisantemo...
Nos cravos que entupiste um ataúde
Desejas bons sinais num idiota...
Se faço teus remendos viras grude,
Misturas fantasias, falsa rota...
Não cravo tantos dentes sou banguela,
Nem temo teus acintes, sou velhaco...
Não quero tantos cravos na capela,
Nem quero acompanhar o velho Baco.
Que fazes a chorar, sua imbecil?
Não quero teu amor, já o renego.
Não quero ter nenhuma, nem és mil,
Não posso desfazer se sempre prego.
Não chores por favor, não me comoves...
As lágrimas caídas, crocodilo...
Com sentimentos frágeis não me moves,
Não quero nem mais isto nem aquilo...
Não tentes disfarçar tuas mordidas,
Os beijos que prometes são venenos...
Serpente que se preza dá lambidas,
Depois a presa morta, nem somenos...
Não chores, te implorando por favor!
Não posso me enganar pois, novamente!
Quem fora já picado pelo amor,
Não morre envenenado por serpente!
Não chore assim, te peço caridade,
Os meus lábios secaram toda fonte...
A lua nunca entrega claridade,
A vida começou triste desmonte.
Vem cá, me dê teus braços num segundo,
Meus olhos já procuram pelos teus,
Que vou fazer meu Pai! Pare esse mundo,
Eu não suportarei a luz nos breus...
Não deixe que me leve essa vontade,
Não permita sequer que eu me enamore...
Quebranto vem quebrando a tal saudade
A boca inebriada te percorre!!!
Meu Deus, não me permita essa loucura!
Vem cá me deixe louco de prazer!
Afaste de mim Pai, tal criatura;
Mas se parares certo irei morrer!
X
Quando a vi, envolvida na neblina
Das mágicas poções sempre conquistam,
Minha vida promessa, cristalina,
Ressurgia, em teu corpo que alucina!!!
Teus olhos, negros, belos como o breu...
Brilham como a buscar mais claridade,
Coração que decifra, camafeu...
Vida quimerizada em brevidade...
Não sei se me visitas ou se foge,
Não percebi distâncias que separem...
Carrego tanto amor no meu alforje,
Defesas esquecidas que anteparem...
Vistosas mãos carinhos prometidos...
Sestrosos dedos, lúdicos brinquedos,
Quem saga não reparte sãos sentidos,
Mestiços sentimentos mentem medos...
Vê-la envolta, neblina sensual.
Réstias, hóstias, segredos seculares...
Caminhas teu disfarce casual,
Simulas teres vindo dos altares!!!
Nas horas mais difíceis não conferes,
Constranges m’as fenícias invasões,
Pesadas consciências por halteres,
Conspiras contra tolos corações...
Neblina que me nega ver teu rosto,
Embalde procurei por teu retrato,
Nos jardins poluídos meu desgosto,
Nas partituras métricas, maltrato...
Trepido meus farsantes sentimentos.
Vasculho por um lápis, lapiseira,
Não consigo lembrar quais os momentos...
Te perdi, num segundo, a vida inteira...
Não foste pois, sequer a despedida,
Não tenho outra lembrança mais feliz.
Respondo a toda lua que convida
Amante nebulosa, meretriz...
Nas neblinas, garoas e nos fobs
Entrevi teus macios espetáculos,
Nas certezas que perco, não afobes,
A vida me negou não quero oráculos.
Acalmo-me, fantasma delirante,
Não verto mais as lágrimas vazias.
Repouso os sentimentos numa estante,
Ao mesmo instante, logram-me valias...
No cárcere saudoso teatral,
As pombas nunca mais retornariam,
Arquipélagos reinam meu astral,
Quiçá foram manobras que mentiam...
No cais que deveria ser meu porto,
Começam meus saveiros naufragantes
Perfazes tão somente um triste aborto,
Não pude mergulhar qual navegantes...
Restando tua ausência neste barco,
Que a vida nunca turve este teu céu.
No fulcro da discórdia, tinges arco,
A porta que entreabriste, dum bordel...
Amantíssima orgia que não pude,
Ambrosias me deste por engano.
Verdadeira sonata do ataúde
Que formam derradeiro, cego plano...
Nos surtos fantasias e complexos,
Nos cantos melodias e serpentes...
Mascate negocias trapos sexos,
Os beijos nas neblinas absorventes.
Tentei quitar as dívidas com Deus,
Eu quis me transbordar desse desejo...
Não tive nem promessas, himeneus,
As mãos vazias nunca se calejam!
Quando a vi, nebulosa, mascarada.
Sangrei por todos poros, hemorrágico.
Não pude concluir, te vi calada,
O que pensei romântico é tão trágico.
Mas beijo esse teu manto de princesa,
Não podes me surtir nenhum efeito.
Da morte, te forjei, a realeza,
És parte deste amor meu, contrafeito...
Fenestras que fechaste não refiz.
Nas frestas meus fantasmas buscam farpa.
Não me permitirão nem ser feliz...
A morte dilacera, corta, escarpa...
A moça emoldurada justifica
A dor de me saber velho e ignaro...
Nos lodos que freqüento se amplifica
Mortalhas me seguindo, torpe faro...
A podridão que invade, traz minha alma
De encontro a rapinais aves de agouro.
Não deixando enlutada uma vivalma
Não deixando sequer mapa ou tesouro!
Tu foste amortalhada mansidão.
Mirraste meus delírios de grandeza.
Pachorrenta andorinha sem verão.
Loteaste infortúnios com vileza...
Fui latifundiário sem limites,
Amei dissimulando tantas vezes...
Criei amores falsos, paixonites,
Mereço por mentir dias e meses...
A minha cicatriz não se consuma,
A parte que me cabe não consola,
Das leis que te omiti, formaste suma.
Hemorragicamente foi escola...
Me sinto tão cretino, não te nego.
Meu par enebriante foi um mito.
Dos olhos nebulosos que carrego,
Um grito emana, salta ao infinito!
Não vês que me embriago de luxúrias,
Não viste que fingi um ser errante.
As marcas no teu corpo são espúrias.
O beijo da pantera asfixiante...
Te deixo, sepultura minha, em vida...
Refaço meu caminho sem segredo.
Mecânicas as mãos na despedida,
Os hóspedes não fingem sequer medo..
O coração piloso, t’as melenas...
O peito analfabeto quer poemas...
Não deixo por querer as velhas penas...
Amor e sofrimento, os mesmos temas!
Espraio meus sentidos pelo norte,
Vasculho cada canto do meu ser...
A poesia farta-se de morte,
Partilhas vai fazer, depois morrer...
Amada, me perdoe não ter tido
O filho que jamais querias ver.
Amante mais boçal, mais distraído,
Irias nesse mundo conhecer?
A tua face escondes azul véu,
O velcro da saudade foi satânico.
Impede conceber viver o céu,
Não deixa refletir senão meu pânico!
Despeço-me de ti, ó fantasia!
Na névoa abençoada te criei.
A porta do barraco, permitia
Amar assim a quem jamais amei!
X
Salmo 8 Em versos brancos
Senhor Nosso, admirável o seu nome
Por sobre toda a Terra, tua glória
Está acima de todas as coisas vãs!
Nas bocas das crianças, tua força!
Calando a inimigo e vingador.
Quando vejo estes céus, obras dos dedos
Teus. Essa lua e estrelas que preparas!
Que é esse homem mortal para que lembres?
E seu filho por que enfim o visitas?
Porque pouco menor que Vossos anjos,
O fizeste... De glórias o cobriste!
Faze com que ele tenha tal domínio
Sobre as obras das Tuas Santas mãos!
Porque tudo puseste sob seus pés!
Tantas ovelhas, bois, bichos selvagens,
As aves deste céu, peixes marinhos,
Tudo o que passará pelas veredas
Dos mares. Ó Senhor, quanto se admira
O Teu nome por toda nossa Terra!
X
A vida se esvaindo em diluências,
Nos escribas, falsários, testemunhas;
Tantos rasos cortando amor em cunhas,
Já reverbam meu tempo em inclemências!
Vestido de servil inapetência,
Quis teus olhos, mirando no passado.
Quem viveu condescende na impotência,
O meu rastro não sabe, vitimado...
Sacrificante, ledo, apaixonado...
Das resinas formais vêm meus defeitos.
O parto que negaste placentado,
Os ossos me quebraste deste jeitos...
As balas que me atiras, de confeito,
Os traços que não falho, são mentores,
Amor tão desbragante no meu peito.
Anseios, sortilégios, meus pendores...
Quem, brusca, me negou são amadores,
Oásis que não seca minha fonte...
Costumes que menti progenitores,
A luz maravilhosa no horizonte!!!
Gramínea essa paixão suplanta a ponte,
Expressando vestígios que não firmam,
No parque do que resta foi Creonte,
As mortes que me legas não me arrimam...
Vértices portentosos são disformes,
Minha culpa ferina e mais felina....
Despista quem cortava, são enormes
Os lodos que tropeças, saturnina...
Quando não me querias fui feliz,
Andávamos perdidos sem resquícios,
Nas portas dos meus medos, nuvem diz
Quem viver é delícia, santo vício!
X
A vida que renasce os sentimentos
Felizes de quem sonha liberdade,
Porta aberta permite mansos ventos,
Amores que escancaro na cidade...
Receba suavemente meu recado,
Permita que consiga te dizer,
Do coração que sangra apaixonado,
Rasgando todo medo de morrer!
Nas páginas do livro desta vida,
Marcadas por perfume e chocolate,
Nossa história refaz-se repetida,
No sonho que de noite vem, abate...
E respingam divinas esperanças,
Produzem todo senso de vitória,
Me recordo quando éramos crianças,
Teus olhos não me saem da memória.
Brincávamos libertos, nossa rua;
O mundo que esperávamos imenso,
O pensamento voa, vai, flutua.
A paz vem me invadindo traz incenso...
Olhávamos distantes amanhãs,
Sorvíamos da vida pura essência.
Tu eras minha linda cunhatã,
A vida sempre fora essa inocência.
Sorriamos de tudo sem ter medo,
Dançávamos, nos sonhos pueris,
Guardávamos embalde tais segredos,
Mas o céu se ofuscou nas cores gris...
Nascemos de vitelos tão selvagens,
Vertíamos desejos mal contidos,
Durante nossas lúdicas viagens,
As bocas se perderam nos olvidos...
Nos ouvidos perdiam-se as línguas
Mas nada se podia comparar,
Nossos comas tetânicos às minguas,
As mãos se deliciam, passear...
Mas nada disso foi realidade,
Delírios desse jovem tresloucado.
Mudaste teu reinado de cidade,
Restou-me então ficar, descompassado...
Eu conheci diversas companheiras,
Neste jogo cruel da sedução.
As loucuras tornaram verdadeiras
Embrenhei tantas matas no sertão.
Sutilmente, não tive mais sossego,
Me casei, descasei, casei de novo...
Pela vida fingi perder apego.
Mentiras não me causam mais estorvo...
A ponta desta lança que deixaste,
Partida não permite mais a guerra,
Escuridão que sempre iluminaste,
Agora vem percorrendo toda a terra.
E vives és eterna no meu peito.
A foto que guardei sempre revejo...
O mundo vai rodando do seu jeito,
A memória não trai o doce beijo...
És o amor que recorro, sempre amigo,
Nos momentos ferozes, solidão...
Teu retrato carrego bem comigo,
Amuleto que salva o coração...
És paixão que jamais irá morrer,
Nunca quero nem posso te deixar.
Esqueci tentação de te esquecer.
Para sempre, decerto, eu vou te amar...
A beleza feliz que sempre trazes,
Emoldura o passado que foi meu...
Nos meus sonhos delírios mais audazes,
Um poema divino, santo ateu...
Não me deixes, jamais teria forças,
Se seguisses caminhos tão diversos.
Nos teus lépidos passos, fossem corças,
Resumem minhas musas e meus versos...
Agora, cedo soube da chegada,
Vieste retornaste para cá.
Minha alma pede força redobrada,
O que fazer, o tempo me dirá!
Mas, pensando, te imploro que não venhas,
Meu amor louco irá desmoronar,
A chama do meu peito pede lenhas,
O carvão que jamais vai retornar...
Não quero nem procuro te rever,
Decerto nunca mais serás tão minha
O sonho que vivi pode morrer,
És retrato por sobre escrivaninha...
És o que foste e nunca mais serás.
Simplesmente passado que ficou...
Não és o hoje, decerto não virás,
És a felicidade que restou....
X
Minha tapera tem lua,
Tem viola e tem sertão,
Tem Maria toda nua,
Disparando o coração.
Tem um ninho de andorinha
Tem minha alma tão sozinha!!
Tapera que fiz no mato,
Cobertura de sapé,
Na margem desse regato,
Lá plantei muito café,
Toda tarde e de noitinha,
Tem minha alma tão sozinha!
Não quero falar de dores,
Nem tampouco de saudade
Na tapera, meus amores,
Procuram por claridade.
Quem me dera fosses minha,
A minha alma é tão sozinha!
Meu roçado tem feijão,
Tem milho e tem capineira,
Tem também um coração,
Que chora uma noite inteira.
Quando a noite se avizinha,
A minha alma está sozinha!
Na tapera que te fiz,
Nunca vieste morar,
Por isso não sou feliz,
Onde posso te encontrar?
Sem te ter perdi a linha,
Minha alma vive sozinha!
Recebi tua mensagem,
Quando é que vais voltar?
Não vais perder a viagem
Estou louco a te esperar!
A minha alma coitadinha,
Não quer mais ficar sozinha!!!
X
Vestido dessas saudades
Procurei pela esperança
Vasculhei pelas cidades
Ninguém me manda lembrança;
A saudade se disfarça...
Esperança? Fez pirraça!
X
Desofusquei meus olhos ao te ver,
Beleza que transcende à liberdade!
Que sonho meu Senhor, alvorecer
Criaste tal mulher sem humildade!
Nem mesmo a maciez duma pantera
Pode, com precisão, equiparar-se,
Tens a brandura amarga duma fera,
Teu sorriso, um remanso num disfarce...
A luz do meu verão, tu és meu sol!
Me queimas e bronzeias com delícias.
Perdido, vou tentando um girassol,
Tresloucado, procuro por carícias...
Refulges, da natura és a rainha...
Oásis mavioso em um deserto...
Quem dera tanta luz fosse só minha,
Ofuscas quem quiser chegar mais perto!
Feliz a nação de onde tu vieste!
Iluminada brilha solar êxtase!
Rebrilhando esse mundo oeste a leste,
Meus passos paralisas numa estase...
Catarse, catatônica ilusão!
Amar-te na platônica jornada.
À parte em histriônica paixão,
Beleza arquitetônica mostrada!
Furacão de matizes delirantes,
Meus olhos enebrias sutilmente...
Absinto teus olhares penetrantes,
Desfaz completamente minha mente...
Riacho mais piscoso da beleza,
Levante boreal forjado em ouro
Penetras, impedindo uma defesa,
És ilha da magia e do tesouro...
A boca desenhada por pincel,
Na fala traz a mansa, doce brisa,
Sorrindo me refletes belo céu,
Enigmática, nova Mona Lisa...
Teu hálito perfume que transcende
Recorda o das mais lúbricas essências!
À mistura de flores sim, recende,
Num misto de torpores e indecências!
Lábios carnudos, veros espetáculos!
Mordiscando tenazes que deliram,
Beijando funcionam qual tentáculos
Pena que para mim jamais se abriram...
Tens a pele suave de criança
Os cabelos produzem ventania.
Os olhos reparei, bela esperança,
Amar-te simplesmente, uma mania!
Perdido em tal beleza, me embeveço,
Não posso caminhar sem ter teus passos,
Quem dera te pudesse, mas mereço?
As cordas se romperam, velhos laços...
Os órgãos todos querem teu orgasmo,
Os mares que percorro te procuram,
Não te encontrando, fico louco, pasmo,
As noites mal dormidas me torturam!
Visto minhas melhores ambições
Fumando, desbragado, fico insone...
Nas jaulas aprisiono meus leões,
E salto a cada toque, telefone...
A voz que me procura não é tua,
A boca que beijei não te pertence,
O sol que tanto quis verteu-se lua
A sorte de não ter não me convence...
Quis um momento simples de ternura,
Um segundo somente mas não tive...
Macias tuas mãos, fruta madura,
Nas fotos que guardei, eterna vive...
Definitivamente és obra prima,
Não posso e nem pretendo me envolver,
Acima disso está minha auto estima,
Se não parar talvez possa morrer...
Mas, cada vez que passas o que faço?
Não posso me queixar nenhum segundo.
No universo gigante, tanto espaço.
És razão de existência deste mundo.
Saber que vives basta a quem tanto ama.
Para quem viveu sonhos mais ateus
És finalmente, toda luz e chama.
És a prova cabal que existe Deus,
X
Pela vida deixei caminhos claros,
Cansados velhos pés e tristes mãos...
Os medos se repetem não são raros...
Os dias se tornaram meus irmãos!
As dores, companheiras dessa estrada,
Não querem permitir tua visita.
À noite não me resta madrugada,
O coração destrói-se, dura brita...
Jardim morrendo, perco uma tulipa,
Já morta, não deixando a flor de lis.
A dor veloz, sorrindo me antecipa,
Irônica me diz: não és feliz!
Nas pontas das chibatas, desatinas...
O sangue que se escorre nunca estanca...
As praias no deserto minhas sinas,
A noite que sonhei, termina branca!
Perdido, me desfaço nos teus veios...
A lua não permite esse esplendor.
A mãe que me sustenta nega seios,
Estranhas tempestades, desamor!
Das rosas nunca tive seus eflúvios,
As portas que fechaste, são etéricas,
Os medos transformados em dilúvios,
As mortes são sinfônicas, histéricas!
Sonhara sempre ter comigo as graças,
Pensara tantas vidas imortais.
A vida me prepara tais desgraças.
Os sonhos que sofri, não quero mais!
Nas torpes caminhadas tantas eras,
As bocas escarrantes dos amigos...
As pragas meu castelo, velhas heras,
Não me protegerão desses perigos!
Num recôndito deixo o podre templo,
Não queira mais saber nem sei mais onde...
O resto dos meus laços, não contemplo.
Nos passos derrapantes perco o bonde...
Tantas vezes tentei saber segredos,
Muitas vezes perdi-me em teus ciúmes...
Nas portas da ambição velhos degredos,
Nos parques da emoção tensos queixumes...
Pois, como me deixaste em tenebrosos
Pesadelos, jamais vida circula
Entre os restos mortais, vis pavorosos...
A morte sanguinária traz dracula!
O meu desesperado tinto, sangue.
Vinícola fartura apaixonado...
No que me sobrar: podre, mar, mangue,
O passo que pensei descompassado...
As vísceras expostas, minha morte.
As pétalas rasgando o manso sonho...
Queimando-me venais expulsam sorte.
O karma minha herança, é mais medonho!
Nas vastidões perdido, pois sei frias,
Percebendo, ansiado, tal fluidez...
Nos pântanos nos pélagos, morrias.
Agora, percebi, é minha vez!
Quem me dera saber de teus mistérios!
Quem sempre fora amante, vai simbólica!
Dos tons que me dedicas, cemitérios,
Antenas minhas dores, parabólica!
Perdido, em desespero, olhos tão lívidos,
Bem sabes que legaste olhos mais frios.
Matando as sensações de serem vívidos,
Respingas teus venenos mais sombrios!
Muitas vezes perdido, sem ter rumo.
Adormecido em sarjetas velhas praças...
Jamais sobreviver, levantar prumo.
Servindo de isca viva para as caças.
Nas pontes, velhas fontes, nas Igrejas...
Dormindo pelas ruas da cidade...
Cansado das derrotas nas pelejas,
Buscando pela vida, claridade!
Resumo de fatal encenação,
Verdugo de mim mesmo, sem futuro.
Não sei de meus caminhos nem portão!
As cordas que salvam, salto o muro...
Vacinas e bacilos são venéreos
Espadas que me cortam, passageiras.
Os sons que me repetes nunca estéreos
Mordes-me com as presas verdadeiras!
Sorrateira manhã que não atrevo
A ponte que me deste, levadiça...
A vida sempre deixa um cruel trevo.
A morte me namora e me cobiça!!!
No meu quintal brotou urtigas, urzes,
A franja da ilusão raspando irônica.
Nas costas tanto peso, lenhos, cruzes...
Gargalha a gralha rindo-se histriônica!
Nos pontos de partida, sem destino.
As portas da saudade são ferozes.
Quem fora simplesmente esse menino,
As pernas nunca marcham, invelozes!
Só sei deste meu nada em nada creio,
Castelos de princesas desabados.
Não sou metade nunca tive um meio
Apelos que já fiz, desesperados!
Espero pela dor depois da curva,
A morte se prepara para a festa.
A vista que me deixa, fica turva
O lobo me devora na floresta!!!
Mereço ter meu mundo estropiado,
Rasgado pelas garras desta peste.
Os prêmios que perdi, paguei dobrado.
O fogo vem subindo em minha veste.
Cáspite! Merecia melhor sorte!
A dívida que tenho nunca acaba.
Quem sabe sorriria para a morte,
A noite no meu norte se desaba!
Vasculho nos meus bolsos, nada tenho..
Vasculho em minha cama, nem lençol,
Persigo meus defeitos de onde venho,
Não pude nem conheço nascer sol!
Nas catedrais silentes, velhos túmulos...
Homúnculos vestidos de quimera.
Nos altos dos meus sonhos, ledos cúmulos
Nas cartas que não fiz, parca e megera!!!
No parto que enfrentei, resta placenta.
A porca que engordei, morde ferrenha.
Resumos que não fiz, a noite venta,
Na mata sem saída a vida embrenha...
Nada mais tenho, nada mais terei,
Num canto, abandonado, fico mudo.
A vida me deixou u’a fatal lei.
O pássaro não voa, sou miúdo...
A bala engatilhada me responde.
Num revólver, resolvo meu problema.
Quem pensaria nobre, qual visconde,
Não deixa de cumprir esse dilema...
Da rapa do meu monte da lembrança,
Desperta, num momento essa aliança,
Vida, não sei se amor ou por vingança.
Num átimo reluz velha esperança!!!
X
Nostálgica mistura lusitana,
Trazendo amargor junto com doçura.
A mesma mão maltrata e logo abana...
O mesmo beijo adula na amargura...
Sagrada insanidade me desperta,
Nos sonhos traga luz e já m'ofusca
Adormece-me manso, mas alerta,
Carícia que me corta, por ser brusca...
Remédio que envenena tarda a cura,
Maremoto sereno nos afoga
Imersos nesses breus, tanta brancura.
Nos traz muitas lembranças, frágil droga...
Nas minhas noites brancas, companheira.
Nos meus desejos loucos, forja farsas.
A paz que me levaste, verdadeira,
O peso que carrego nunca esparsas...
Nenúfares terrestres conta-senso,
Nefária calmaria, mansidão...
Flores pequenas, jardim tão imenso.
Traz na mão que tortura compaixão!
Sortilégio beático, carnal...
Temerário menino, sem maldade.
Prostituta que sente-se vestal.
Eqüina montaria na cidade...
Parturiente louca por luxúrias,
Pacifista que se arma até os dentes.
Leve brisa que traz dos ventos, fúrias.
Brancas mãos calejadas nos nubentes...
Como restos de sangue no sorriso,
Como a fome deixada nos banquetes,
Voluntária no pássaro indeciso,
No silêncio dos fogos dos foguetes!
Sedenta na amazônica floresta,
Uma enchente saárica, desértica...
O dobro do que tinha é que me resta,
Insensível na pura arte poética...
Simulando real ingratidão,
Agradece depois o que não feito.
Bem calma, disparando o coração.
Imperfeita no que fora perfeito...
Sargaços que nos salvam do naufrágio
Âncoras que nos levam flutuar.
Qual funkeiros repiques num adágio.
Tal qual sol se banhando no luar...
Vacilante passada dum intrépido
Um olhar mais sereno em um insano.
Lentidão nos caminhos do mais lépido.
Oração formulada por profano...
Partitura que toca um olho cego,
Claridade que traz escuridão.
Afirmativa audaz que já renego,
Serviçal que comanda seu patrão...
És a rainha louca que condena,
És a vontade lúcida de um pânico,
És a atriz que se perde numa cena,
És divinal sorriso mais satânico!
Teus cabelos ao vento fazem sombra,
Os meus velhos tormentos fazes coro
Em tantas minha fraquezas, se assombra,
Penetras num segundo qualquer poro...
És sutil matreirice mais feroz,
És verdugo que salva, salma e trata.
És ferrenha inimiga mais velos,
Muitas vezes amiga me destrata...
Quando distante muitas vezes perto,
Quando inconstante tantas vezes luto,
Quando errático, sempre estou mais certo,
Quando mais manso, muitas vezes bruto!
É companheira sempre diz amor,
É verdadeira, mesmo quando falsa,
Sempre certeira, nega desamor...
Dançarina cruel, dança essa valsa...
Fatalidade, novo recomeço...
Novas marchas nos pés que se cansaram...
Mostrando-nos reversos desse avesso,
As minhas mãos cansadas, buscaram...
Em lodo se mudando, toda vez...
Em lobo transformando simples cão.
Dos simples mais humildes, altivez.
Enchentes que inundaram meu sertão...
Quem dera nato fosse meu soneto,
Sem marte nem mentiras me poeto...
Nos braços que me embaças me arremeto,
Nas partes que me partes me completo...
Te fiz essas quadrinhas sem ter mérito.
Nos tempos que passei não tem futuro,
Na vida que bebi, sempre pretérito.
O salto que tentei, quebrei meu muro.!
Recebo de teus dedos teu bofete,
Nas cartas escondidas nessa manga.
Os carnavais se foram sem confete,
Das fantasias sobra tal miçanga.
Repentes mais formais, deformam formas
Nos fornos que forjei fórceps ferrenhos,
Das notas anotei as novas normas.
Lutas lentas lutei, levei meus lenhos...
As parcas nessas barcas poucas arcas,
As asas assaz sinas assassinam...
Manhas sem manhãs, minhas mansas marcas...
Ensejos entranhei erros ensinam...
Salvei saúde sem sentir certeza.
Cerrei os cortes cegos, cimitarra,
Baús das brancas bélicas belezas...
Nos gritos dissonantes da guitarra...
Nos medos de transpor meus sentimentos,
Nas velas que velei, só veleidade...
Nas termas que teimei, tantos tormentos,
Soçobram meus sentidos, sã saudade!
X
Solidão feroz chega de mansinho...
Abarca todos sonhos que me movem.
A pedra que esqueci trava o caminho,
Impede que essas forças se renovem...
As urzes entrevaram minhas pernas...
Deixei de caminhar por sobre pedras,
As perdas que acumulo são eternas.
Na luta que deixei, perdidas cerdas...
Combato o bom combate, mas me canso...
Os risos foram formas de vitória.
Defendo meus defeitos, nada alcanço.
A solidão faz parte da memória...
Quebrei a lança parto essa saudade.
Ausculto as queixas que fizeste amada...
As minhas farpas carreguei na idade
Em que podia. Saberei mais nada...
Solidão companheira que me aborta,
Agrada meus demônios, os convida...
Do meu peito, escancara abrindo a porta.
Contamina virótica, essa vida...
Muitas vezes perdido sem destino,
Solidão revigora-se em meu peito.
Das lembranças que guardo do menino,
Que amava demais, nunca satisfeito,
Solidão é deveras mais dileta...
Comprazia-me tonto com teus passos,
Das distâncias amiga predileta.
Prima irmã da saudade, fortes laços...
Das quimeras que trago, a mais constante,
Dos sentidos meus mapas a consagram...
Nas palavras que falo, a mais distante,
Paladares e cheiros que se amargam...
Nas noites confortáveis vez em quando,
Destruindo o que penso ser prazer,
Velozmente se chega aproximando
Melancolicamente faz sofrer!
Solidão se reveste de farsante,
Sacerdotisa preme meu futuro,
Ao te saber, assim, mais inconstante,
O meu mundo colapsa todo escuro...
Se esvaindo nas doces serenatas,
P’ra depois disso tudo, ressurgir...
Teu incêndio devora minhas matas,
Me impedindo, sequer posso fugir!
Nas colunas diversas que me tragam,
Das sonatas ferozes que não canto,
Tuas duras tenazes já me esmagam,
Nada resta talvez me sobre o pranto...
Solidão voraz perco o meu bom senso...
O mar que me arruína é o que navego.
Qual jangada enfrentando o mar imenso,
As saudades atrozes que carrego!
Solidão meus imersos tristes versos,
Dediquei a teus beijos infelizes...
Solução que busquei nos universos,
Tua boca simula meretrizes...
Falseaste parâmetros e metas,
Me deixaste sozinho em minha dor,
Desperdiço meus arcos, minhas setas,
Procurei por espinhos onde flor...
Mas não me deixas és fiel erica,
Respiro teus ciúmes quando eu amo..
Quando me vês feliz, cedo replica,
Não conténs se não ardo, não me inflamo!
Nas peleas da vida torpe prenda,
Nos escárnios que sofro, sempre ris,
Não aceitas qualquer nova oferenda,
Tua glória transforma-me infeliz!
X
Nos meus desejos, torpes e imorais,
As noites invernosas são mais frias.
Por quanto tempo posso querer mais
Se não consigo conceber nem querias...
Espero pelas duras noites, ânsias,
Procuro por qualquer forma de vê-las,
As horas que confundo são ganâncias
As noites que prometo sem estrelas!
Não sei se posso, medos sem desejo...
Nas horas mais tristonhas, vou seguindo,
As formas que corrompem antevejo
Os brilhos mais incríveis. E é tão lindo!
O tempo que passei, eu te esperando,
Dos olhos que sonhei, me lembro azuis...
Montanhas gigantescas vou galgando,
No final desta estrada sei da cruz...
Embalde tentei lúdicos meus cânticos
Candura não prospera meus jardins...
Os medos indefesos pois românticos,
Impedem florescer nestes jasmins!
Nos céus permitem lúbricos arranjos?
Me explique então como consegues tanto!
Nas entrelinhas tão audaz quais anjos
Conseguinte enganar com tal ar santo?
Nas minhas tentativas sou silvestre,
Amador nunca tive competência!
Inquebrantável finjo-me, campestre,
No fundo sou o fim da paciência.
Não teço meus caminhos elegância,
Nem peço mil perdões por coerência
Coleciono teus pares, discrepância
Espreito minha vez tua indecência!
Formato meus cabelos com teus verbos,
Nas contas que te tive, tão cruel.
Olhavas-me com ares mais soberbos,
Negava-me tentar chegar meu céu
Ancorei meus destinos nos teus lastros,
Infelizes os momentos que passei,
Teus braços como fossem alabastros,
Espelham meus reinados sem ter rei!
Vasculho cada metro deste mar...
Espero em cada concha teu retorno.
Nos verbos que esqueci de conjugar
O calor que perdi, retorna morno...
Entranhei tal soberba, canalículos,
Concebi novos versos, fui carrasco!
E na verdade conheci versículos,
Tuas mãos enojadas vertem asco.
Respirei teus suspiros na ante-sala,
Formamos um capítulo final.
Teus arroios vivi apoios tala...
Capitulo meus sonhos sou banal!
Quiseste meus sorrisos, tomas pranto.
Quiseste ser precisa, fraciono...
Ensinas nossas sinas, velho pranto,
Nas dores, com mestrado, leciono!
As rupturas que marcam meu respaldo,
Nas espátulas quebro meus conselhos,
Sentimentos mais simples já desfraldo,
Quebraste desamor, os meus artelhos...
Enraízo cadáveres da sorte.
Peraltices transformam velho em jovem
Não há mais dor que sempre se suporte.
Nem caminhos desfeitos que renovem...
Acalento essa velha precisão.
Acalantos fizeram meus princípios.
Desbravei meus temores incisão.
Te procurei por tantos municípios!
Nada treme nem teme quem te adora,
Mas réptil escancaras teu veneno.
Amar-te foi perder a fauna, a flora.
Aflora-me decerto fui ameno...
Nas capturas perdi meus apetrechos,
Minhas rédeas trocaram-se de mãos
Amarguras, as trilho em tantos trechos,
As batalhas, meus erros foram vãos!
Pétalas que sonhei nem mais as creio,
Num vago sentimento sou restolho.
Esculpindo desculpas, meu anseio.
A farpa penetrando no meu olho.
As vísporas, metáforas e metas,
Salgadas as manhãs que já se formam...
Em monjas assassinas, mas corretas.
Os cárceres que levo me deformam...
Infância, meu resquício e poesia;
Marcada por venais solicitudes.
A bordo do veleiro que fugia,
Me castram repelindo as atitudes...
Destrambelhei perdi a consciência
Não sopro nem verdades nem mentiras.
A vida se transforma em coincidência
Não troco meus poemas por tais liras.
Se vasculho,mergulho nas entranhas.
Espreito na tocaia quem me beija.
Falácias tais mentiras e patranhas
Por certo quem me forja, vem, aleija!
Nas páginas que caem, sobre a mesa,
As letras se embaralham sem ter senso...
Quebrei meu duro prato, sobremesa
Não quero nem permito contra-senso.
Um dia, após, um ano sem notícias.
Delego meus pecados sem ter pressa...
Refugo tantas novas, más carícias.
Amar-te foi fugir dessa conversa!
Vestido de total insensatez
Claudico procurando por teu colo.
Espéculos, lunetas, nada vês,
Te busco sou patusco, quero solo.
Farpas, aspas, nas hostes de glutões;
Esparso meus cadarços amarrados.
Metralho, se já tive, as ilusões.
Procuro meus resíduos agarrados
Nos ossos desses membros que perdi.
Amputados caminhos busco mar.
Desespero me leva haraquiri
Catapultas me lançam, vou chegar?
Kamikaze pressinto esta derrota.
O meu terno jogado no sofá.
Meu passado, feroz, já me amarrota.
No que resta, tristeza, jogo pá...
Me faculto o desejo de saber
Onde estás com quem vais, por onde segues...
Na partilha de tudo quero crer
Sempre que me vês cedo me persegues...
Não obstante instantes seguem sendo.
Martirizo capangas que me cacem.
Embrenhado nas matas que pretendo,
Esparramo esse mal que não disfarcem...
Minhas vastas certezas são piadas,
Azadas essas vezes que refazes.
Obesas sensações já desfiadas,
Feridas descobertas pedem gazes...
Osculas essas mãos que te apedrejam,
Remorsos remontando ao meu perdão.
Onde quer que mortiças, mais não sejam
Vestidas de petúnias, supetão!
Nas pregas dessas trevas não clareia.
Meus átimos são átomos sem par.
Nas águas que já turvas és lampreia
Meus medos arremedos sem lugar...
Mas basta, não mereces nem um til.
Não quero profanar o que fui eu.
Te beijo de maneira mais sutil,
Perdoe quem te amou, e te perdeu!
X
Meu amor nos caminhos que tu fores,
Não esqueças jamais de nossas luas.
Das catedrais que fomos, velhas cores;
Das madrugadas bêbadas, nas ruas...
Os castiçais que sempre se acenderam
Nas velas que iluminam nossas noites
Penumbras que jamais nos esqueceram,
As cordas que latejam, vis açoites!
Da sorte que nos nega a fantasia,
Dos cortes que teimamos produzir,
Do parto que fingira essa alegria,
Dos olhos que mentiste sem luzir.
Os pútridos carinhos que me deste.
Nas pétalas murchadas desencanto.
O beijo tão satânico e agreste,
As lágrimas fingidas de teu pranto!
Não deixe que medonhas tempestades
Te levem o que resta deste cais.
Os parvos cantos lúbricas saudades,
As farpas que me deste, Satanás!
Não quero mais profanas juventudes.
Nem bacantes vorazes que me esfreguem.
Negar as tuas podres atitudes
Fugir de tuas mãos antes que peguem...
Não saio deste mar nem que me rogues,
Pretendo tais marés que sempre matam...
Nas ondas que produzem que te afogues,
De teus ciúmes loucos já se fartam!
Pélagos abissais e calabares
Jamais iriam ter tal paciência
Nem santos que profanas nos altares
Nem deuses pediriam por clemência!
Expulsas venenosa companheira,
A sorte que jamais, karma, deixaste.
A dor que me legaste, verdadeira.
Os meus destinos, víbora, mataste...
Não me restam sequer palavras mansas.
A mansidão sugaste num tormento.
Fugir para bem longe de tais lanças
Que rogas contra mim, cada momento!
A vida me negou a doce espera,
O tempo foi cruel, nem pestaneja.
Carpindo minhas dores morro fera,
Nos cânticos de paz, minha peleja!
Rugidos dos felinos assassinos,
Nos uivos de tais lobos na floresta,
Ouvindo na distância, dobram sinos,
A parte purulenta é que me resta!
Das pústulas que herdei, postulo paz,
Nas crápulas manhãs que me restaram.
Um canto certamente se desfaz,
As páginas felizes se acabaram!
Não posso prosseguir a tal viagem...
Não tenho forças perco leme e rumo.
A praga que rogaste minha imagem.
Não tenho nem sequer, eu me acostumo...
Vencido pelas mágoas, vou cansado.
Nem sei se tenho vida ou me desfaço.
As urzes me deixaram seu recado,
A morte vencerá pelo cansaço!
Rapéis nessas montanhas, sofrimento...
Eu mergulho em total insensatez.
A cada passo novo ferimento,
Jamais posso lembrar nem terei vez...
Plutão já me esperando, me traz sorte.
A boca que entreabro já não canta.
O ponto de partida, rumo norte,
Boneca embalsamada não me encanta!
Vestal fingiste, lúbrica te vi...
Nas transparências, tuas belas formas...
O que não conseguiste trago aqui,
Em porcelanas falsas, já transformas!
Tantas moscas bicheiras na tua alma,
Os bernes que me deixas, vil herança!
Nem o diazepínico me acalma.
Nem mesmo a mansidão da contra dança...
Se tento os barbitúricos, me canso.
Dilapidado fico sem caminho...
O que seria sonho nem alcanço
Mergulho enfim num pântano marinho...
Nas profundezas deste pesadelo,
Encontro com serpentes abismais...
Sorrindo, já me mostram como um selo,
A tua garatuja: Satanás!
X
Caminhando sozinha pelas brumas,
Teus passos são perfeitas jóias raras,
Meus sonhos traduzidos nas espumas
Por onde passas, tantas noites claras!
Como esquecer, enfim, lindas searas,
Enfeitiçadas pelo teu perfume,
A lua embevecida traz tiaras
Tresloucada, morrendo de ciúmes!
Pelos teus passos, alvos de inocência,
Estrelas radiosas, num cortejo.
Ao te verem passar, pedem clemência
Na natureza inteira, um só desejo!
Em teu corpo permeiam claridades
Roubadas pelos céus desse infinito.
As ondas desse mar, as tempestades,
Nos teus passos professam novo rito!
Quem não soubera ouvir da terra os brados,
Quem não pudera ver: os ventos clamam.
Os teus pés iluminam tantos prados,
As vozes mais divinas te reclamam!
Caminhas simplesmente livres passos,
Quem os vê silencia, fica mudo.
Espelham luz dos céus, tantos espaços..
E representas, nos meus versos, tudo!
Quem me dera saber dos teus desejos!
Quem me dera viver nos teus anseios...
Minhas noites teriam tantos beijos.
Os meus sonhos dormindo nos teus seios!
As noites sem te ter são tão geladas...
Delícias se esvaindo como o fumo,
Tantas vezes sozinhas madrugadas,
Só de lembra-te perco todo o rumo!
Minhas tardes, de pobre caminheiro
Espalham pelos campos toda essa ânsia!
Amo-te e isso é mais puro e verdadeiro!
A cada instante sinto essa fragrância!
Quem me dera saber dos teus caminhos!
Viveria por toda a vida amando!
Quem souber que me conte teus carinhos,
Minha vida seria, enfim, cantando!
Te procurei por todos esses mundos!
Eu já te quis buscar na eternidade!
Meus olhos são tristonhos, são profundos,
Só vivem por viver essa saudade!
Quantas vezes dos meus sonhos, vens surgindo...
Apascentas meus olhos desolados...
Ao lembrar que te vi assim dormindo,
Em tal momento estão ensolarados!
Por tantas madrugadas foi atroz
Os sons que me chegaram pelos ventos...
A porta aberta deixa ouvir a voz
Que me recorda tantos pensamentos!
Na maciez serena dos cabelos,
Na maravilha audaz de tais melenas...
Dessa lã que compõe os tais novelos,
A sensação feliz das noites plenas!
Delicadeza doce dessas pernas,
Na sutileza breve da ilusão!
Os meus sentidos todos, já governas,
Justificas assim meu coração!
Beleza igual, jamais verei em vida!
Em lugar algum nunca mais existe.
A mão macia calma e comovida,
Num gesto mais suave eu te vi triste!
A cada dia vivo perseguindo
Os teus olhos, reflexo irisado,
Teu perfume nobreza, vou pedindo
Aos teus pés num repente apaixonado!
Em teus pés livres belos os contornos,
Flutuas pelos céus, anjo adorável!
Teus sorrisos precisos, meigos mornos,
Refletem tal beleza sempre amável!
Nunca mais poderei te ver angélica
Minhas asas partiram sem saber.
Minha noite revoa psicodélica
Meus sonhos, pesadelos passam ser...
És estilo clareza e velho cio.
Esquentas, acalentas meus enganos
Nas horas mais geladas traz estio.
És parte principal de tantos planos!
A morte sem te ter atinge o cúmulo!
Não consigo descanso sem teus olhos!
Meus versos levarei para o meu túmulo,
Das flores que colhi, diversos molhos!
Não sabes desse amor, nem o pretendo.
A porta que me mostras da saída.
Viver assim parece estou morrendo.
A morte representa toda a vida!
Já não sei de teus beijos minha amada,
Nunca soube nem tive tal coragem...
A porta que me deixas vai fechada,
Por ela penetrando essa friagem...
És meu princípio e fim de toda luta.
És o começo triste da chegada.
Minha vida cruel já vai, se enluta
És a marca final da minha estrada!
Passei por tanto tempo minha história,
Em meio a tempestades mais bravias...
Não me resta sequer doce memória
Nada ficou nem mesmo esses meus dias!
Eu passe simplesmente em teu caminho,
E nada mais seria, nem revés!
Tanta flor que brotando, traz espinho.
A vida me pegou me fez viés!
Nas bordas deste mar, sufocam ondas.
Areia que pisei foi do deserto...
As horas que passei, frias, redondas
Nunca estiveste ao menos nem por perto...
As flores que te dei já se murcharam,
Os partos que pensei foram abortos.
Meus sonhos que sonhei, despetalaram
Os olhos que mirei, são mais absortos...
Não vi nem penetrei a tua entranha...
Resumo minha vida em simples lodo.
Nas mortes que vivi, tu foste estranha
Pois nem sequer fui parte deste todo.
Veneno que tomei já faz efeito,
Tudo embaçado vejo, nada sinto...
O mundo me parece mais direito.
Embriagado tomo mais absinto!
Rodando meu passado e meu presente
Futuro nunca tive e nem terei
A mão da morte sinto, mão tão quente,
Carinho derradeiro me faz rei!
Nunca mais sofrerei a tal desdita
Que te fez tão rainha dos meus sonhos.
Agora ouso dizer: tu és maldita.
Por ti sonhei os sonhos mais medonhos!
Afasta-te serpente não te quero!
Inferno foi herança que me deste.
Cruel destino é tudo que venero
Que morras precipício feroz peste!
Teu corpo profanado pelos vermes.
Necrofágicos seres te possuam...
Jamais terás nenhum dos vários Hermes
Que sonhaste, que os cardos te poluam!
Que esse corpo padeça sem perdão!
Que nas pernas te comam as varizes,
Que apodreçam, em vida, o coração.
Que a morte sempre pinte vãs matizes!
Teus filhos devorados pelo vício,
Que nas pedras tempestas te maltratem...
Que não sobre de ti sequer indício.
Que as cracas e os corais rosas te matem!
A morte se aproxima tudo sinto.
O gosto desse beijo da medusa.
As dores da saudade já pressinto
Calor vai consumindo minha blusa...
Arranco, mais depressa minha vida...
Nos olhos carregados de paixão.
Te peço, me desculpe essa ferida...
E que tenhas, feliz, teu coração!
X
Salmo 7 - em versos brancos
Confio em Ti, Senhor, me salve, Pai;
Me livre então daqueles que perseguem!
E que não despedacem a minha alma
Sem que haja quem a livre do leão!
Se paguei com o mal o pacifista,
Que inimigo consiga pegar a alma,
Minha alma... E que reduza minha glória
Ao pó. Levantai tua ira ; desperte
Por mim, ao tal juízo que ordenaste!
Assim te cercarão, pois, nas alturas!
Julgue-me com justiça e integridade,
Que se finda dos ímpios, a malícia!
Se estabeleça, enfim, os que são justos!
Meu escudo é meu Deus, que salva os retos
De coração! Juiz justo, meu Pai,
Se ira todos os dias. Sua espada
Afiada p’ra quem não se converte!
As setas no arco armado, emparelhado,
Inflamadas irão aos que perseguem!
Desses perversos, dores; pois trabalhos
Conceberam, produzem mais mentiras!
Cavaram poço fundo e lá quedaram.
Sua obra desmorona sobre os próprios!
Louvarei meu Senhor, Sua justiça,
E cantarei louvores ao Seu Nome!
X
Salmo 6 - em versos brancos
Em tua ira, meu Pai, não me repreendas!
Também não me castigue em Teu furor!
Tenha misericórdia de mim, Pai!
Eu sou fraco, me cure meu Senhor!
Até quando meu Pai? Minha alma está
Perturbada! Livrai-a Pai benigno!
Pois na morte, não há lembrança em Ti,
Pois quem te louvará neste sepulcro?
Do meu gemido estou já bem cansado,
Inundam, minhas lagrimas, meu leito!
Meus olhos envelhecem tantas mágoas
Que causam inimigos meus, meu Pai!
Apartai, de mim, iniqüidades;
Já ouviste meu pranto e minha súplica!
Então que se envergonhem inimigos!
E que, enfim, perturbados, tornem antes!
X
Salmo 5 em versos brancos
Ouça-me meu Senhor, minhas palavras...
Atenda enfim a voz deste clamor!
Na manhã ouvirás a minha voz!
Te farei oração. Vigiarei!
Iniqüidade nunca foi prazer,
O mal jamais habitará teu reino!
Os tais loucos fugirão dos teus olhos,
Odeias os maldosos e a maldade...
Destruirás também os mentirosos,
Os fraudulentos, sanguinários, cortas...
Tua benignidade e t’a grandeza
Permitirão que eu entre em Sua casa...
Me inclinarei no templo, ao teu temor.
Guia-me na justiça meu Senhor!
Endireita o caminho para mim,
Pois não há retidão senão em ti.
Dos ímpios as entranhas são maldades
Suas gargantas são sepulcro aberto!
As lisonjas são feitas pelas línguas!
Que caiam pelos próprios vis conselhos.
Que das transgressões múltiplas se lancem
Fora! Pois contra Ti se rebelaram!
Que se alegrem os que, em Ti confiam!
Se exultem para sempre defendidos...
Que em Ti pois, se gloriem no Teu nome!
Abençoarás justos, Meu Senhor!
E os defenderá com Teu escudo!
X
Minha esperança morreu
Na curva de teu desejo
Minha vida virou breu
Onde encontrarei teu beijo?
Minha pobre alma, avezinha
Agora canta sozinha...
Me recordo de teu beijo,
Nas sombras dessa mangueira
O que fazer do desejo
Te esperei a vida inteira...
Hoje meu amor findou,
Me responde o quê que sou?
Meu jardim já não tem flores,
Cadê a flor do desejo?
Onde estão nossos amores,
Morreram... Faltou teu beijo,
A lembrança traz saudade
Teu amor quis liberdade!
Meu passarinho voou
Da gaiola já fugiu
Pouca coisa ele deixou
Tanta dor ele pariu...
Amor me dê o teu beijo,
Vem matar o meu desejo...
Não deixaste nem meu sonho,
Nas estradas vou sozinho,
O meu barco, aonde eu ponho?
Eu já morri, passarinho...
Amor me dê o teu beijo,
Vem matar o meu desejo...
X
Quando desprezas a minha alma cega,
Não percebeste meus tormentos tantos...
Minha esperança, simplesmente nega
Que me trarás nossos momentos santos...
Nada mais belo quando trazes canto,
Nas estrelares caminhadas, mansas...
És o princípio do total encanto.
Tens a beleza sensual de danças.
Na tua voz a maciez de lagos,
O paraíso está nos calmos braços
Em tuas mãos conhecerei afagos,
E dormirei a repousar cansaços...
Fico a pensar por quanto tempo só,
Tenho minha alma solitária e triste.
Sem tuas luzes retornei ao pó
Sem teu carinho o que demais existe?
Por meses, anos, procurei ferido,
Qual fosse pássaro perdendo vôo
Se vou tão pálido é que sei perdido
O grito solto, que jamais ecôo!
Nas tuas pernas enrosquei as minhas,
Mas tropecei sem perceber a queda...
As minhas dores são perdidas linhas
A noite escura, de tristezas, veda...
Os teus cabelos, de magia feitos,
Da negritude de ébano fantástico.
Teus alvos dentes de marfim, perfeitos,
Na total precisão, artista plástico...
Mas me deixaste aqui sozinho e parco...
Tolas as noites que julguei-te bela.
À solidão velha orbital, seu arco,
Sempre pergunto, mas responde, é dela
Trilho traçado pela vida afora...
O que fazer? Não poderei dizer,
Estrela dela, vou sair agora,
Penso me resta a minha vida ter...
Levar o barco e procurar um cais...
Deixar as mágoas num distante mar.
Posso, no máximo, encontrar a paz,
Mesmo se assim, jamais irei amar!
X
Nas artimanha da vida
Espreitando pelas greta
Incontrei a dispidida
Nas ponta da baioneta,
Moço falo que me mata,
Num tenho medo da sina,
Vô carreando nas mata,
A mão se mostra assassina,
Sô fío de gente pobre,
Orguioso sei que sô,
Num tenhu prú via um cobre,
Mas eu sô trabaiadô,
Nas terra do Coroné,
Sua fía é cumo frô,
Mas a danada me qué,
O coroné qué dotô.
Eu mar sei lê i contá,
Eu intendo é dessa lida,
Das mudança do luá,
Das istrada mais comprida...
U coroné me falô
De manera deslambida,
Qui num bastava os amô,
Prá fía dele arribá
Tinha qui sê professô...
Seu coroné eu li digo,
Aprenda cum sertanejo,
Vai guardá essa cuntigo,
Si num basta esse desejo,
Se pra vancê é pirigo,
Na moça num dô um bejo,
Cum penuginha de amô,
Num vô fazê sofredô,
Um coração tão bunito,
Mais digo i li arripito,
Uma coisa procê vê,
Há muntos anos atráis,
Vancê deve di sabê,
Qui nas históra da bibra,
Nosso Sinhô, dus escriba,
I sacerdote de riba,
Perferiu num iscoiê,
Us hôme que ele quiria,
Era uns cabra de valô.
Prá li fazê compania
Perferiu us pescadô.
Esses home era de luta,
Tinha até a prostituta,
Só num tinha era dotô...
Apois bem dispois de morto,
Quem foi li dá o conforto,
Num foi ninhum professô,
A moça que era batuta,
Na verdade ela era puta,
Mais tinha munto valô...
Acho que vancê num leu,
E se leu já esqueceu,
Ou piór, num intendeu...
Só prá cumpretá recado,
Dispois veio um sordado,
Prá ajudá nosso Sinhô,
Aprecurei um dotô,
Só achei evangelista,
É munto poco na lista,
Mais vancê num sabe disso,
Num sei pruquê fazê comiço,
E querer achá sumiço,
Num me dexé eu casá,
Num percisa preocupá,
Aqui vancê tem um homi,
A fia num passa fome,
Inté posso li ajudá!
Presta atenção nas históra,
Si vancê num tem memorá,
A gente ajuda a lembrá....
X
Na ponta do cravinote,
Nas abas do meu chapéu,
Nos dentes deste serrote,
Na beiradinha do céu
Minha vida é meu mote,
Não posso zombar da sorte,
Se estou vivo é que sou forte,
Experimentei seu corte
Arrebento pedra e pote,
Não há conta que se anote,
Nem destino que me note,
Nem cavalo que se esgote,
Não vou fugir neste trote,
A cobra já me deu bote,
Mergulhei no teu decote,
Se naveguei peço bote,
Me enterrar pede culote,
Agarrei no seu cangote,
Da vida nunca se embote,
Na caça virei coiote,
Sou um príncipe consorte,
De tristeza vendi lote,
Não há coisa que me dote
Nem amor que me conforte,
Nem certeza que comporte,
Praticando tanto esporte,
Não sei lidar com bedel,
Nem vasculhando o farnel,
Nem rasgando esse papel,
Nem se for Papai Noel,
Nada mais triste ser réu,
A dor que mata, cruel,
Menina me dê anel,
Vou andar assim ao léu,
Vou fazer o meu cordel,
Caldo de cana e pastel,
Da noiva roubei o véu,
A levei até bordel,
Pensava que era Bornéu,
Mergulhei que nem ilhéu,
Amargando vida e fel,
Fui parar lá no Borel...
Menina namoradeira,
Se bobear dá bandeira,
Vai deitar na minha esteira,
Não vai ficar de bobeira,
Quem da minha rosa cheira,
Vem correndo, de primeira,
Não pode pensar besteira,
Fica sem eira nem beira,
Vai virar xepa de feira,
Nem me vem bancar a freira,
Pode vir, moça faceira,
Vou bancar a faxineira,
Eu vou te lavar inteira,
Pensa que sou lavadeira,
Arrombei tanta porteira,
E deitei na cumeeira,
Eu bati na caneleira,
Já te fiz chá e chaleira,
Eu te dei chá de cadeira,
Em plena segunda feira,
Amor batendo pedreira,
Não deixa na geladeira,
Penetrar, fazer carreira,
Vou trepar na trepadeira,
Nem adianta a romeira,
Minha mulher verdadeira,
Vem dançar o Zé pereira,
Se pingar vira goteira,
Pode vir qualquer maneira,
Vamos dançar esse xote,
Nosso amor é fogaréu...
X
Quando saudade machuca,
Não pede sequer licença
Toda dor que recompensa,
Se perde nesta saudade.
Vida trazendo maldade,
Dói qual pancada na nuca,
Deixando essa gente maluca
Fazendo sangrar o peito,
Nada mais penso direito,
Nada deixa satisfeito
Um coração disparado,
Que batuca aqui do lado,
Um bater desesperado,
Sem ter jeito de parar...
Minha vida a te encontrar
Nas curvas deste caminho
Não posso seguir sozinho
Perco rumo, desalinho
Nada mais posso falar,
A saudade faz paragem,
Desvia rumo e viagem,
Faz tremenda sacanagem,
Procurando por bagagem,
Esperei por nova aragem,
Depois da curva a barragem,
Amor me fez pilantragem,
O resto tudo é bobagem,
Não me importando a vendagem,
Se perdi foi tua pajem
Me encontrei nesta listagem
Que fizeste minha amada,
Não quero mais essa estrada,
Não tem porta nem entrada,
Se cair, caio da escada,
A vida, tal batucada,
Não me deixou mais nada,
A canção agalopada,
A morte desenfreada,
A rama desesperada,
A roseira tá quebrada,
A sina tá desgraçada,
Na manhã mais festejada,
O resto não vale pão,
Me perderei no teu chão
Não quero caramanchão,
Vou fugir da confusão,
Vou voltar pro sertão,
Estrada traz solução
Nada mais eu saberia
Não queria ter teu dia,
Se deixar não me cutuca,
Não boto a mão em cumbuca,
Do cigarro, só bituca,
Nada mais olhar butuca
Quando saudade machuca...
X
Cobra coral, coralínea praia,
Desfaço meus passos e não te vejo.
Andrajoso caminheiro sem coragem.
A margem esquerda do riacho,
Acho que não posso te esquecer...
Ver o mar vencerá quem quiser...
Quem me quer, mal me quer, quem puder
No meu manto, canto, encanto e cantochão.
Cara a cara com a rara formosura, se mensura
A brandura na ternura, terna cura que não doura
Na madura moldura que me dás.
Remedas as ondas e as árduas amarguras...
Nas volúpias, cópulas e cúpulas. Apaziguas...
Te quero vencido e vencedor, vencer a dor,
Vendeta e colheita, completa sedução.
Rastelo e castelo, somos mar e cordilheira,
Girassol e contratempo, carisma e solidão.
Sempre te procuro, mata escura, candura
E carnaval...
Pierrô, colombina, se combina tantas diversidades.
Cidades e províncias, vícios e santidade...
Princípios e terminais. Umbrais e porões.
Multidões..
Me mutilas e te espreito, és meu peito e meu pendão.
És meu sim, sinônimo do não.
Acordes sem acordos, acordeão.
Varizes e valores, vinis e venais vergões.
Vértices e abismos, paris e lirismo, istmo e atol.
Mesmice e repertório, veleiro e velório.
Insone e opiácio, pirão e pescaria.
Temor e meio dia, melodia e melancolia...
Matagal e mataria, manto e montaria,
Fogaréu e afago, ganho e derrocada.
Cada parte e multidão.
Serva sem sermão, sertão e serenata.
És a minha nata e sabiá, catarei teu canto e cantoria.
Autor áudio, auditoria, marte e sereno.
Vaia e veneno, versos e complexos comparsas, persas, praças,
asas, asas, as, a..
X
Eu sei que tu jamais retornarás,
O medo se aproxima, traz seu cheiro...
Na porta dos palácios me permito,
Viver esta esperança sem juízo...
Eu sei que terminou o nosso caso,
Não pude receber o teu recado.
O jeito foi fingir que não te quero,
Meu pranto percorrendo todo o rosto...
Vasculho cada ponto de partida,
Encontro solução mas não vigoro,
Enluto um coração tão sem coragem,
A mão que acaricia também bate...
Nos bailes que freqüentas, nada danço
Os olhos espremidos de tristeza.
Me deste solidão que não mereço.
Tropeço cada passo, sem perdão...
Avanço teus castelos, fantasia,
Amores que não pude constatar,
Balanças tuas mãos num até breve,
Capítulos refeitos desta história...
Digeres cada beijo que te dei,
Espremes sem piedade, meus sorrisos,
Farpas esparramadas pelo chão.
Guardaste minhas dores num recanto,
Hoje descobri quanto me negavas,
Idolatrei teus passos, infeliz...
Joguei as esperanças neste lixo.
Lograste tantas falas mais hipócritas,
Mentiste sobre cada novo fato,
Na mão direita levas meu amor
Ostentas teu sorriso de vingança...
Percebo que não queres o meu braço
Quebraste meus encantos sem perdão,
Resgato meu amor no teu regato,
Saudade foi herança que sobrou.
Tarântula devora o pobre macho,
Urdindo tantos planos que nem sei,
Vinganças que te movem, cada passo...
Xingaste que te amou e não quiseste...
Zeraste tanta vida sem piedade...
Amor, então perdoa, vivo pálido,
Basta desse querer assim, esquálido,
Na barca da saudade, sou inválido,
Teus olhos se mostraram, belos, cálidos...
Não pude constatar porque sou plácido
Vestidos que queimaste, jogas ácido,
Esvaindo nas quimeras, somos gélidos,
Nos versos que te faço, caço métrica,
A noite dos amores, vem mais tétrica.
Vontade de te ter, machuca pétrea,
As mãos a percorrer, fustigam límbicas,
Querem-te devorar, mas são tão tímidas,
No escárnio que te move, finges úmida,
Mas sei que não me queres és tetânica
Espero que perdoes cada cântico,
Não sei fazer meu verso mais romântico,
Amor que dediquei, enorme, atlântico,
Tentava ser mais manso, e mais pacífico,
Não pude nem fingir que fosse bélico,
Os ventos que me movem, força eólica,
As dores que sentimos, forte cólica,
Por fim nos dividimos, bola e búlica...
Nos vestiu, tanto tempo, a mesma túnica;
Sorrindo me demonstras como és cínica,
Beijando me mordeste qual famélica.
Quem vê o teu sorriso mais angélico,
Não sabe distinguir como és atômica,
Deixaste tanta gente assim, atônita,
No fundo te fizeste catatônica,
Mentiste com verdade cruel cômica,
Minha garganta cala, mais afônica,
Viver sem ser feliz é minha tônica...
Agora que mataste não se ria,
O mundo que navego perde ria,
Na porta da saudade que seria,
Não posso me esquecer do que se via...
Amor, agora chega aqui do lado,
Te quero, vem fazer um cafuné,
Não deixe tanta coisa assim de lado,
Não posso me encantar, perder a fé,
Amada, vem sacode essa roseira,
A noite que me trazes, companheira,
Te quero, na verdade assim como és...
X
Nos meus olhos cansados de viver,
A morte se demonstra solução.
Não posso nem consigo te esquecer...
Quem sabe me darias o perdão!
Mas nada que passei demonstra tanto,
Pranteio com saudades meu passado,
Há quanto não consigo ouvir teu canto.
O pranto que rolei, desesperado...
Nas pontas do lençol onde me agarro,
Rastejo pela sala e te procuro.
Na fumaça que sobe, do cigarro,
Nas espirais encontro meu futuro...
O câncer que cultivo me amedronta,
Mas atrai penetrante sentimento...
A vida que julguei tanto me apronta,
Palavras se perdendo com o vento...
Nos campos que plantei sequer espinhos,
As urzes proliferam e me espantam...
Nas árvores maus tratos, pobres ninhos,
Cadáveres sedentos se levantam...
O manto não me cobre nem aquece,
Resumo minha dor neste poema...
Esperança não resta, e já fenece,
Viver sem poder ser virou meu lema...
Mentiste teus propósitos escusos,
Na sombra de teus passos me eclipsei,
Meus versos se tornaram mais obtusos,
Nas lendas esquecidas não fui rei...
Recebo teus recados sem sentido,
Concebo meus pecados, fantasias...
No livro que jamais houvera lido ,
As vozes nos corais, nas melodias...
Vestido de cruel maledicência,
Desnudo o meu âmago sem cortes...
Não pude conhecer as tais clemências,
Disponho tão somente dessas mortes...
A sorte me lancei nestas batalhas,
Não pude conhecer senão reveses,
Na ponta do punhal, corte e navalhas.
Me deste tão somente urina e fezes...
Crocitas palavrões que não conheço,
Vestida de vestal tanto me enganas...
Da vida conheci queda e tropeço,
Me mordes e depois mansa, me abanas...
Fingiste maciez, doce recato,
Não pude te entender, me deste bote...
Cuspiste tão risonha no meu prato,
Abriste venalmente o teu decote...
Os seios antevistos me enfeitiçam,
A boca mais carnuda já me engole.
Meus olhos catatônicos cobiçam,
Me embriagando assim de gole em gole...
Braseiro que incendeia corpo e alma,
Não deixas de tentar me seduzir,
A noite que me embota pede calma,
A lua de teus olhos a luzir...
Mergulho cegamente em teu delírio,
Não deixo de viver belo delito,
As marcas que me mordes, meu martírio,
Me enlouqueço demente, em tal conflito...
Se me queres, me dês mais atenção,
Mas foges tão somente surge o dia...
Espalhas e semeias tanto grão,
No fundo me transformas fantasia...
No mundo que me guias, um abismo...
No resto que percebo sem ter rumo.
Um dia, tarde ou cedo, me acostumo,
Por hora vou morrendo, fanatismo...
Não deixo de viver e não me farto,
A mão direita mostra uma roseira,
No peito a sensação dura do infarto,
Amar-te é ser assim a vida inteira.
Na mão esquerda trazes um punhal,
Que não respeita nunca uma armadura,
Espalha teu olhar no milharal,
Não me permite lume, a noite escura...
Que faço deste mar que não habito,
Que faço desta lua que me queima...
Os versos que te endeuso não repito,
Viver sem poder ter é simples teima...
Nos olhos verdadeira e louca chama,
Na boca uma ironia mais fantástica
Prometes diamante e me dás lama,
Me mobiliza inteiro e estás estática...
No ramo deste fruto traz espinho,
Na barca que navego, meu naufrágio,
Venenos espalhaste pelo ninho.
Meus versos que inventei, tu viste plágio...
Agora que te tenho nunca tive,
Agora que te foste és toda minha...
A morte que me deste é donde vive
A boca que me salva e é daninha...
Perfumes que me espalhas, afugenta,
Metade do que tenho não és nada...
A corda que prendeste me arrebenta,
Degraus que nunca subo desta escada...
Versículos componho em tua glória,
Canais que construímos nada servem,
Princípio e final de toda história,
Enigma que meus olhos não se atrevem...
Desculpa se te fiz este poema,
A noite não me impede de sonhar,
És clara enquanto vivo desta gema,
(És ria que me impede um grande mar...)
Não sei se te persigo pelos bosques,
Nem sei se te encontrei nas cordilheiras,
Vencidas as quermesses nos quiosques,
Mergulho por alturas altaneiras...
Bastardos os meus dias sem te ter,
Disparo meus canhões, atiro a esmo...
Nas páginas dos medos não sei ler,
Nas dores meus amores, sou o mesmo...
Não posso e concretizo um velho tema,
Metade do que sou tanto te quer,
Metade do que resta vive extrema
Vontade de esganar essa mulher...
X
Seu moço mi dê licença
Deu falá ansim procê.
Nóis avéve nas duença,
Nóis num prendeu a lê...
Nóis é tudo anarfabeto,
E nóis num qué sê esperto...
Eu sei vancê é dotô,
Hôme di sabedoria,
Nóis é tudo lavradô,
Nóis ganha tudo prú dia,
Mais nóis num sêmo ladrão,
Nóis tem munta inducação!
Vancê é hôme letrado,
Sabe falá dos ingreis,
Nóis é uns bicho acoitado,
Mai que már que a gente feiz?
Nóis tudo véve nos mato,
Na bêrada dos regato...
Nóis perciza se entendê,
Nóis é tudo brazilêro,
A gente perciza vivê
Im riba desse polêro,
Mai seu dotô arrespeito,
Nóis tem os mermo derêito...
O sinhô é um dotô,
Das hingiena bem sei,
Mai pru quê que ocê pensô
Qui pudia sê um rei?
Vancê num tem humirdade,
Pérciza tranquilidade,
Cada veiz que ocê parece
Vem falá que é um dotô,
Né disso que nóis carece,
Nóis perciza é de valô,
Os sertanejo trabáia
Carregano uma cangáia...
Os hôme da capitá,
De Sum Paulo, num percebe
Qui nóis mórre de trabaiá.
O dinhero qui nóis recebe
É que é bem poquim seu moço,
Dá mar e mar prus almoço.
Nóis num sêmo vagabundo,
Nóis sêmo é pobre dotô,
Nóis véve no memo mundo,
Nóis tudo é trabaiadô,
Vassuncê é que num sabe
Quantas dô num hôme cabe...
Vancê num teve seus fio,
Cumeno os resto dus boi,
Vancê num véve no estio,
Num sabe memo onde foi
Qui nasceu nosso Sinhô?
No mei dos trabaiadô!
Vancê num tem os dereito
Da inguinorança insurtá,
Se vancê qué sê eleito,
É mió ir istudá
Um pôco deste sertão,
Prá incontrá solução...
Vancê véve avoano,
Mai num pára prá zoiá,
As coisa tá miorano,
Mai vancê qué piorá.
Nóis tudo têmo esperança.
Num vem matá a criança...
Nóis pudia inté lhi ouvi,
Mais perciza de inducação,
Di cachorro prá lati,
Avéve cheio o sertão,
Tem um cabra na Bahia,
Qui inté onti inda latia...
Um coroné marvadeza,
Ixproradô da mizéra,
Um moço da realeza,
Latia pió que fera,
Apregunto pru dotô,
Pronde esse cabra vazô?
Nóis num perciza chibata,
Nóis num qué mais sê robádo
Dessa gente que martrata,
O pobre já tá cansado,
Nóis qué é sujeto amigo,
Prá num corrê mais perigo...
Do sangue da gente pobre,
Munta gente empaturrô,
Robáva até memo uns cobre
Munta gente inté matô,
Mais as coisa tá mudano,
Já cansamo desse engano...
Os coroné que restaro,
Tão do lado do dotô,
Nóis num é mais tão otáro,
Nosso pobrim acordô,
Nóis qué tê liberdade,
Percizamo dignidade.
Nóis sabêmo que vancê,
Amigo dos coroné,
Num consegue convencê
Nóis sabemo o que nóis qué,
É um Brazi mais cristão,
Onde nóis tudo é ermão!
Os nosso fio merece
Um Brazi munto mió,
Tanta dô que nos padece,
Vancê nunca têve dó...
Só fala das capitá,
Vancê qué nus enganá!
Me faláro qui o dotô
Gosta di riligião,
Parece num iscutô,
A voiz do seu coração.
Jesus Cristo nasceu pobre,
I foi vendido pruns cobre.
Cunhicia o traidô,
Mesmo ansim vancê num sabe
Qui Jesus o perduô,
Essas coisa é qui num cabe
Na cabeça de vancês,
Dispois do qui Juda feiz...
É qui o pobre seu dotô,
Num véve di falsidade,
Sabe munto dá valô
A verdadera amizade.
O erro é que é odiado,
E o amigo, perdoado...
Mai num vô falá mais não,
Nem ovi vancê num qué,
Mai vem cá pru meu sertão,
Vai miorá sua fé,
Isquece essa gente má,
Isquece dus coroné,
Vancê vai se adimirá
De vê cumo miorô,
Eu sei, vancê é dotô,
Mais perciza de lição,
Vem abri seu coração,
Sabê da gente mais pobre,
Qui véve de valentia,
O quanto qui uns poco cobre
Dá prá cumê pur uns dia...
Quando Jesus, no deserto,
Veno seu povo faminto,
Pegô uns pão i uns pêxe,
Póde crê qui eu num minto,
E falô pru povo dêxe
Qui nóis num vai mais morrê
Dispois di tudo vancê,
Num intendeu o recado,
Desse povo disgraçado,
Si juntô aos coroné,
Dexâno esse povo a pé,
Inda vem falá di fé?
O qui vancê num divia
É a pobreza insurtá
Nossa dô que se alivia,
Com vancê vai piorá,
As coisa das nossa terra,
As coisa desse Brazi,
As montanha e as serra,
Beleza que nunca vi,
Tanta amô mais verdadero,
Vendê prus cabra estrangero?
Vancê diz que vende não,
Mais qué vendê avião!
Dispois cumo acreditá
No qui vancê fô falá!
Se o prefêto da cidade
Quisé vendê otromóve,
Cum toda a tranquiladade,
Num vai sobrá um imóve...
Seu dotô, já vô imbora,
Tô cansado de falá,
Vê se prus cabra de fora
Finge sabê iscutá,
Vem cá pra minha tapera,
Passá uns dia de fome,
Vai vê qui a vida dum home,
É di trabáio i di fé,
O só isturricadô
Rezamo prá São José,
Nosso trabáio e valô,
Num depende mais da chuva,
Nem di seca ou di istiage
Memo que venha sauva,
Os coroné, pilantrage,
Nóis num morre mais de fome.
Arrespeite entonce o home
Qui nus deu essa vantage,
É um pobre nordestino,
E num é um dotô não,
Passô fome, foi minino,
Aprendeu iducação.
Ouça as palavra dotô,
Vai fazê um bem danado,
Aprenda a dá mais valô
Presse povo istrupiado,
Quem sabe vancê intenda,
Qui prá sê um bom cristão,
Nóis num percisa contenda,
Abasta tê coração!
X
Nas istrada da sodade
Incontrei meu bem querê,
A vida trais crueldade,
Apercuro pur vancê
Nos canto das ingrenage
Nas bêra dessas viage...
Moça bunita dá jeito,
Num dêxa os óio chorá
Amor prá sê mai perfeito,
Num pode os óio alagá,
Eu perdi minhas bagage,
Nos canto das ingrenage...
Incomendei um vistido,
Prá moça linda vestí,
O meus amô é sufrido,
Das dô qui tanto vivi,
Rebentô essas barrage,
Nos canto das ingrenage...
Tantas noite que chorei,
As mágua num derum paiz,
Eu jamais esquecerei
Tanta dô a vida traiz,
Parece que é pilantrage,
Nos canto das ingrenage...
Maria me deu um bêjo,
A sodade machucô,
Minha vida é só desejo
De vortá pru meus amô,
Mas já fiz tanta bobage,
Nos canto das ingrenage...
Num tenho medo de nada,
Nem de cabra valentão,
Minha viola é espada
Nas noite do meu sertão,
Num suporto fardunçage
Nos canto das ingrenage...
Meus óio já tá cansado,
Destas coisa que inventáro,
Eu sô cabra bem casado,
Mai gosto deste açucaro,
Vivê nessas vadiage,
Nos canto das ingrenage...
Nos canto das ingrenage
Eu termino a cantoria,
Já falei munta bobage,
Vô pegá na muntaria...
Eu termino essa viage
Nos canto das ingrenage...
X
Noite escaldante, noite das esperanças...
Cruas crianças vestem-se de danças,
As danças descalças insensatas...
Os medos e os ledos desejos, segredos e manhas...
Trazes as crases e as aspas, cruzes e vespas,
Urzes e brasas... Acesas brasas...
As asas e os pés cansados, atados e feridos.
Noites escaldantes, noite das lembranças
Das pujanças e das lanças, alças os velozes
E vilosos pés. Segregas e negas, afagas...
Nas terras distantes,
Crianças e gnomos.
Gomos de esperança...
Somos todos o nada,
Absortos e distintos,
Intestinais...
Versos e versões, imersões...
Noite escaldante...
Daqui para adiante,
Avante e diante de ti,
Os pés descalços, os percalços...
Somos o mesmo eco, o repeteco,
O esterco e o nascimento,
O cimento e a base,
Arquiteto divino.
Nada impede o tropeço.
O meu preço é o recomeço.
Meço meus medos por meus olhos
Lacrimejo meu desejo mais espúrio.
Cúrias e Mercúrios...
Deuses...
Reveses.
Cruzes
Luzes
Urzes.
Reverso
E medalha.
X Vivendo num palácio sem pudores,
As gralhas esquecidas sugam sangue.
Olhos esfomeados, lutos, dores...
O perfume emanado, lembra mangue,
A praça não cabendo esses atores.
Nas mãos estropiadas trazem flores...
O rosto macilento das crianças,
Suas mãos estendidas pedem pão...
Disfarçam pois não querem nem lembranças,
Companheiros dormindo o mesmo chão...
Adormecidas sobram esperanças,
Por sobre essas cabeças, setas, lanças...
As gralhas ao passar, tampam nariz,
O cheiro da miséria contagia.
Quem passa pela vida, um aprendiz,
Já sabe muito bem de tal sangria,
Mas outro que percebe e nada diz,
A vida representa ser feliz...
Nas mãos contaminadas pelo lixo,
Nos vermes devorando tudo, aos poucos...
Não são pessoas, quase lembram bicho,
Os olhos tresloucados, todos loucos...
O mundo se apresenta como um nicho,
Sua alma carregada, carrapicho...
A fome que parece hereditária,
Não deixa nem sequer pedir licença,
Nas mãos que se sangraram, alimária,
O crime parecendo recompensa...
Nas ruas um veneno,
Nos olhos sem segredo,
O mundo é bem pequeno
Viver é um degredo!!!
Onde estarás meu Pai? Que não vê isto!
Crianças vão pedindo por clemência!
Adiantou acaso mandar Cristo?
A fome não espera paciência!
Seus filhos esquecidos na sarjeta
A podridão devora tudo enfim,
Me mande tantos raios, seu cometa,
Rasgando, a tempestade dentro em mim...
Não posso concordar com tal vergonha,
A vida não merece essa desgraça..
O dedo na ferida, venha, ponha,
Não posso conceber tanta falácia!
O sangue já sem tinta desta gente,
Sua cama estendida no chão duro...
Amar é necessário e mais urgente...
Precisamos resgate, dar futuro...
Os olhos dessas gralhas canibais,
Não podem nem aceitam tal verdade,
Os homens sempre foram animais,
Escolhem, encobrindo tal maldade...
Meninos vão brincando nos esgotos...
As almas são lavadas pela merda...
Os risos traduzindo perdigotos,
O corte mais profundo tanta perda...
Depois de certo tempo, a mesma história.
As gralhas nunca deixam nem migalhas,
A cachaça embotando sem memória,
Maconha e cocaína, filhos gralhas...
Restando assim somente a podridão,
Cadáveres jogados nas chacinas...
Recendem no perfume, o coração,
Das gralhas, suas almas, fedentinas...
Onde estarás, meu Deus?
Por favor, eu te espero!
Secai os olhos meus!
O medo, desespero!
Essas gralhas são famintas,
Não perdoam nem centavos...
Desse sangue bebem tintas,
Açoitantes acham bravos,
As bravatas que proferem,
Esses vermes que a querem!
Nos seus carros importados,
Nos seus olhos protegidos,
Fingem nem olhar pros lados,
Nos seus sonhos corrompidos,
Nas viagens esperadas,
Nas suas portas fechadas...
No sorriso de deboche,
Na marca triste e profana,
Ouro carrega no broche,
Sonhos de riso e de grana,
Nas peles falsificadas,
Nas suas portas fechadas...
Na exploração do faminto,
Nos seus lucros infindáveis,
Nos porres do mesmo absinto,
No sangue dos miseráveis,
Nas orgias preparadas.
Nas suas portas fechadas...
Os meus olhos embaço e tento ver
Em meio a tanta dor, uma saída...
Minha felicidade sem porque,
Uma sombra acompanha a nossa vida...
Nos lixões da cidade, exposta a fome,
A alegria envergonha-se, vai, some...
Guardado no meu canto, minha cama,
O olhar dessa pobreza e da miséria,
Uma gralha empombada não reclama,
Cidade adormecida, finge séria...
Do outro lado da rua, na calçada,
Adormece a menina abandonada...
Uma sombra abraçando a tal menina,
Um sorriso feroz, vil ironia..
Num canto apavorante, que alucina,
A noite envergonhada, quieta e fria,
Na penumbra percebo o sombreado,
Desse bico a sorrir, ensangüentado..
X
Por esse tempo todo que passei,
Ao te rever, parece que foi ontem...
A mesma boca triste que fez lei,
Impede que as saudades se recontem...
A mão que tenebrosa, foi açoite,
O tempo que passamos, antes, juntos,
Refletem no espetáculo da noite...
Estávamos distantes, sem assuntos...
As minhas mãos, teimavam serem dela
Os olhos que mirei no camarote,
Ao fundo decorando triste tela,
Amor secando a fonte até que esgote...
O tempo irresponsável, fez cisão,
Uma parede atroz enfim se erguia...
O medo precipita a decisão,
No lago não concebe mais enguia...
Não posso desculpar-me, pois apenas
Uma saudade enorme, na porta entre...
Não vejo tempestades nem acenas,
Nos barcos que permitam que se adentre...
Desatam-se tão céleres os nós,
Não resta nem metade que fui eu.
Resume-se tristeza volta aos pós,
No fundo amor que mata, mereceu...
Nos medos que me deste e eu vivia,
O tempo amargurando nosso doce,
Não posso perceber maior valia,
Derrotas, acumulo... A noite trouxe...
Rever-te foi somente triste alento,
A noite da partida se confessa,
Saudades vão e voltam com o vento,
Os erros cometidos não dão pressa...
Amar demais passou a dar vertigem,
Um coração se agita nesta cela...
O medo conspurcando a falsa virgem,
O rosto transtornado da donzela...
Quem fora só metade quer o tanto,
Quem sabe da saudade, diz amor,
A noite espreitando nosso canto,
No resto desta história, desamor...
Não quero conceber que seja jogo,
O medo no teu rosto se revela...
Ardendo me derreto no seu fogo,
A noite se ilumina tua vela...
Nos olhos negros, luzes irradias,
Nos medos pardos, sangue que destilas,
Nos cantos alvos, cruzes que me guias,
Nos prados verdes, brilham-te, pupilas...
Tua partida deixa seus recados,
Destróis a vida, partes, tantos nacos..
Agora está valendo, rolam dados,
O que restará, junte aos meus cacos!
X
A minha alma, tristonha caminheira,
Buscando pelos passos de quem amo...
Nas endeixas perdida por inteira,
Nos braços de quem peço, triste clamo...
Como a criança sofre com os medos,
Os gozos que persigo atemorizam...
Nas vezes que persigo seus segredos,
As dores de minha alma traumatizam...
Pomba rola que voa sem destino,
O pântano que me deste de presente,
Causando em mim, perjuras, desatino,
O nada que se perde, nem pressente...
As noites sem sentido, são mundanas,
Os beijos que teimei foram ocaso,
Tais marcas de veneno que me empanas,
São formas de viver simples acaso...
A noite que mendigo é tão aflita,
Perdido nesta mata, neste bosque...
No peito silencioso a alma se agita,
Nas noites tanta perna que se enrosque...
Minha alma, empedernida, não se acorda,
Dos sonhos que alucinam meus sentidos...
A borda do que somos, perde corda,
Os montes que vivemos, dos olvidos...
Minha alma, procurando pelo alvor,
Destila toda cor de bela aurora,
Trepida, procurando por calor,
A vida que me deste foi embora...
Quebrado todo o pote, foi-se o doce,
As pombas que cantaram, seu arrulo,
Quem dera que restasse nunca fosse
Amor que me encantava, já não bulo...
Ouvindo toda noite tal soluço,
O canto das cigarras não se imita,
Nos trotes do cavalo, rocim, ruço,
O peito tartamudo louco, grita...
Procuro por passagem neste porto,
Espero conseguir um novo pouso...
Um resto de sentido queda morto,
Das tétricas saudades, sou esposo..
A porta que fechaste, gemedora,
Não pode nem sequer por isso chora,
A mão que me carinha, redentora,
Olhar que agora lanço, já te implora...
No meio de tristezas tudo somo,
No seio desta noite, pleno breu,
O mundo se ilumina deste assomo,
O tanto quanto amei já se perdeu...
Perdendo meu sentido e toda a calma,
Pressinto renascerem ilusões,
São falsas e disfarçam a minha alma,
Sentidos e promessas, ilações...
Quem dera tanto amor de duas vidas,
Não fosse de repente assim fanado...
As marcas que me mostram despedidas,
Percorrem sem destino os feros fados...
Quem duvida não pode nem quer crer,
Amar um triste jogo, perigoso,
Mesmo que ganhe, sempre vai perder...
A mão que te machuca te dá gozo...
Exclama tempestades sempre já...
Nunca espera nascerem novas folhas,
A lua que brilhou não brilhará.
As rosas que espreitaste não recolhas...
As páginas que tanto foram lidas,
São restos do que vida, já se foram...
Carinhos que me deste, despedidas,
Os medos qual foguetes, sempre estouram...
As dores que me urtigas são remotas,
As noites que me levas são chorosas,
De tanto que sonhei perdi as cotas,
Amar sempre traduz, maravilhosas...
Quem dera dedicar todo meu canto,
A vida se resume em gesto nobre,
Minha alma vai buscando teu encanto,
O medo da saudade já me cobre...
Num vale dolorido, amor desmaia...
Na pantomima mímicas venais,
A calmaria foge desta praia,
Os olhos embotados, nunca mais...
Não quero nem permito tantas queixas
Do coração que bate nova plaga,
Misturam-se desejos com as gueixas,
A forma de viver tudo, me alaga...
Amar que me pergunta sempre e quando,
As pétalas desfeitas nunca beija,
Nos sonhos que produzes, mergulhando.
A cama se demora e não deseja...
Levanta sutilmente a tua saia,
Sem perceber, audaz, a noite avança...
Deitados envolvidos nesta praia,
Amantes se desnudam, tanta dança...
A vida por tristezas vai banhada,
Nos medos que deixei restaram prantos...
A calma se transtorna, desolada,
Nosso sexo invadindo sob os mantos...
Amor que se delira com afinco,
Na mata penetrante mais escura,
Recebo com delícias o teu brinco,
Amar-te é consumir toda a ternura...
O medo de morrer já me levou
Às margens do que fora um triste rio...
Meu pranto que, de espanto, já nevou,
Derrama sobre tudo um canto frio...
Minha alma de ternuras ressuscita
Palavras que jamais compreendi,
Rompendo meus sinais, resume a fita,
Minha alma vai perdida em mim, sofri...
Minha alma de rancores violentos,
Por céus penetra, infinda, como o medo...
Os campos que conhece, são sedentos,
De tudo quanto tive, um arremedo...
Viscerais tempestades me envolveste,
Minha alma seduzida nunca está
Amar por tantas vezes, inconteste,
Um barco que jamais navegará...
Vasculho por sinais, felicidade,
Esmago qualquer forma de sofrer,
Não peço paciência, veleidade,
Minha alma, nos teus braços, quer viver...
Agora que não tenho solução,
Espreito meu caminho nos penedos...
Aberto sempre deixo o coração.
Carinhos que te faço com os dedos...
Mortalhas que vesti são meus delírios,
Os prados que visito são falsários...
No fundo o que resta são martírios,
Tal qual corvo imitando esse canário...
Nas fimbrias do vestido que desnudo,
Nos pátios destas casas que freqüento...
Não quero teu amor, mas quero tudo,
Montanha que resiste a todo vento...
Dedico minhas noites a minha alma,
O beco que te dei não tem saída...
A boca que me beija sempre acalma,
Resumo a minha alma em tua vida..
X
Não te vi, nem pretendia
A noite não traduz dia...
Versejando fantasia,
Esqueci da melodia...
Amar demais a Maria,
Que sei, jamais, amaria...
Todo amor que se cumpria,
A dor que no peito estia...
Não te vi, nem pretendi,
Jamais pude estar aqui,
Por tanto tempo vivi,
O teu amor esqueci!
No teu livro tanto li,
Depois de tudo perdi
O prumo. Meu souvenir,
É saber que estás ali...
Não te vi nem pretendia,
Jamais pude estar aqui,
Versejando fantasia,
Por tanto tempo vivi!
A noite não traduz dia,
Não te vi, nem pretendi,
Esqueci da melodia
E prumo, meu Souvenir..
X
Quando queres verdades, dás mentiras,
Quando mentes cidades, vives campos,
Sertanejas sandálias nunca tiras,
Atiras nos pacatos pirilampos...
Me negas sentimentos que padeces,
Nas preces a prudência não te salva,
Nas horas mais vividas desfaleces,
Perfumas meu cadáver com a malva...
Vencida não se entrega quer vingança,
A lança que quebraste já não fere.
Desferida esperneias esperança,
Na dança que fingiste não me espere.
As amas que secaste não deleite,
O leite que me deste foi azedo,
Azado este momento, me respeite,
Aceite meu tormento por segredo...
Arremedo poema não tem fim,
A fim de esquecer tua falsidade,
Verdade é que não gostas mais de mim.
Carmim a boca doce da saudade.
Vontade de ficar mas tenho pressa,
Confessa que não viste este penedo.
O medo me transfere para Odessa,
Dessa mesma maneira que me enredo...
Vontade de voraz caricatura,
Na escura mansidão que não me negas...
Navegas pela mata mais escura,
Candura que fingiste não me apegas...
As pegas corvorizas nas sarjetas,
Tarjetas que ultrajaste incompletas...
As fases que tiraste dos cometas,
As bocas que lambeste vão repletas...
Vontade de saber o que não cabe,
Amarras os convés e não ancoras,
Descoras insensatas regalias,
Nas gralhas que imitaste sem demoras,
Amoras que comeste em noites frias...
Versículos, capítulos, promessas,
Compressas quase nunca são bastante,
Distante de meus olhos, já me apressas,
Verdades sempre em forma delirante...
Nas teclas que pianas operetas,
Nas marcas que maceras nas maçãs,
As maças que amassaste nas vendetas,
As vendas que fechamos, cortesãs...
Amor, te quero mesmo sendo insana,
Amar-te é ser o mesmo que não ter...
Calor demasiado a vida abana,
A morte é a vontade de viver...
Entre tanto entretanto na entressafra,
A pele que compele se completa...
A mão que me ebaniza da deusa afra,
Das paixões que me deste a predileta.
Amar a tal pantera me inebria,
Originariamente me devora,
Cigarros que fumei na noite fria,
A tosse intransigente me decora.
Amar a negritude desta bela,
Nos laços dalmatizam meus amores,
Contrastes sempre foi forma singela,
Da homenagem que peço enfim às flores...
Amando-te esperando meu desejo.
No canto que te embale a despedida...
No gosto chocolate de teu beijo.
És a razão final de minha vida!
X
Sua boca tão gostosa
Tem a delícia da rosa,
Traz em si o meu desejo...
Essa boca mais cheirosa,
Me deixando todo prosa,
Quando consigo seu beijo...
Moça bonita me dê
Seu amor pr’eu viver,
Sem ele não tem mais jeito..
Não consigo lhe esquecer,
Por onde anda você,
Saber isso é meu direito...
Nos caminhos lhe procuro,
Terra batida, é tão duro,
Passar a vida sozinho...
O fruto que está maduro,
É meu coração tão puro,
Procuro pelo caminho...
Estradas que já passei,
Nesse mundo triste lei,
Onde você se escondeu?
Nas estrelas procurei,
Neste reinado sem rei,
Meu amor já se perdeu...
Na manhã do nosso amor,
Não houve tarde, só dor...
A vida é meu desafio...
Como posso sem calor,
Perfume procura a flor,
Eu mergulho negro rio...
Nada encontro, seu segredo,
Tanta noite, tanto medo...
Onde posso procurar?
Na terra do meu degredo,
Meu mundo não tem enredo,
Persigo o belo luar...
A vida sem alegria,
Passando sem fantasia,
Traz a tristeza sem fim...
Não vejo raiar o dia,
Minha vida sem Maria,
O que será Deus, de mim?
Quando vejo esse vestido,
No varal tão esquecido...
Me lembro dessa mulher...
Todo amor que houvera tido,
Tudo que fui vai perdido,
Só a saudade me quer!
Volta pra mim, eu lhe imploro,
Se não voltar não demoro,
Logo, logo vou partir...
O meu céu já não decoro,
Tanta lágrima que choro,
Como posso resistir?
Minha viola plangente,
Pergunto pra toda gente,
Por onde anda meu amor...
Assim acabo doente,
Ou então fico demente,
Não suporto tanta dor...
Quero você nessa vida,
Não suporto despedida...
Vai me sobrar só a morte...
Volta minha querida,
Minha tristeza incontida,
Implora por melhor sorte...
Quem souber da minha amada,
Não precisa falar nada,
Só lhe mando esse recado...
A cama de madrugada,
Inda está toda arrumada,
Só falta você do lado...
X
Noite triste, madrugada,
Procurando minha amada,
Nada do que fui restou...
A saudade dolorida,
Vai tomando minha vida,
Eu já nem sei mais quem sou...
Tu te lembras da casinha,
Onde um dia foste minha,
Esta casa desabou...
As mentiras que disseste,
As saudades que me deste,
Foi, de tudo, o que sobrou...
Passarinho que cantava,
Na manhã que mal chegava,
O seu canto se calou...
Meu peito desesperado,
Te procura do meu lado,
Um vazio já chegou...
Nas noites frias, abrigo,
Agora , como prossigo?
Sem meus pés para onde vou?
Eras o sonho mais puro,
Mas o coração tão duro,
Tristezas o que legou!
Ferido pela tristeza,
Procuro tua beleza,
Mas a vida me negou...
Perdido, sem esperanças,
Só me restam lembranças
Desse tempo que passou...
X
A vida te trouxe a sina
De ser água cristalina
De ser bela criatura
De não ter sequer defeito
De viver em tal brandura,
De ser ente perfeito!
Semente dos meus sonhares,
És fruto dos meus pomares,
Amores que não têm fim...
És manto mais delicado,
Pois és sempre o vero sim
Coração apaixonado...
Os olhos são dois brilhantes,
De brilhos raros, constantes,
Orientam meu caminho
Clareiam todo meu rumo,
Mirando-me dão carinho,
Acertam a vida e prumo...
Os olhos desta princesa
Hinos à delicadeza,
Faróis que guiam meu barco
Em meio a tais tempestades,
Se sou seta, são meu arco,
Refletem as claridades...
Olhos distantes, serenos,
De ternura são mais plenos,
Esmeraldinas manhãs,
Solar espelho traduzem,
Sem eles como são vãs,
Meus amores não reluzem...
Os olhos da minha amada,
Auroram na madrugada,
Roubam todo belo astral,
Mergulham claro desejo
No brilho imitam cristal,
Neles, a beleza vejo...
Olhos pacificadores,
Os olhos dos meus amores,
Doce chuva calmaria,
Mansas águas deste lago...
Repetem-me todo dia
Todo esse profundo afago...
Prelúdio de mansidão
Penetram meu coração,
Não deixam nada sem brilho,
Nem me permitem tristeza,
Com eles acerto o trilho,
São os marcos da beleza...
Sonatas tentei compor,
Homenageando amor,
Amor que trazes nos olhos,
As rosas que já colhi,
Carregando em belos molhos,
Nos teus olhos me perdi...
Nas serenatas que faço,
De teus olhos busco o traço,
O canto que quero dar,
Nos caminhos que percorro,
Os raios deste luar,
Sem eles, peço socorro...
A saudade ninguém planta,
Teu olhar já me levanta
Não me deixa nem sonhar.
Prá quê que eu quero o sonhado,
Se o melhor vou encontrar
Estando assim acordado!
Teus olhos deixam felizes
Os olhos destas matizes
Que nunca mais encontrei.
Nem princesa nem rainha,
No meu reinado sem lei,
Meu olhar no teu se aninha...
Olhos verdes desta mata,
Onde derramas cascata
Onde produzem esperas,
Dominando toda flora
Toda fauna e tantas feras,
Sem teu olhar, lua chora...
Olhar hipnotizador,
Refletindo meu amor,
Me deixou sem ter saída,
De que vale todo mundo,
De que vale minha vida,
Sem o teu olhar profundo...
Mas, ontem pensei depressa,
Mudando nossa conversa,
Estava deitado na rede,
Quando pude reparar
Nos olhos da cobra verde,
Encontrei o teu olhar...
Reparei neste momento,
Começou o meu tormento,
Esperei o tempo inteiro
Para poder descansar,
O teu olhar traiçoeiro,
Não me deixa respirar...
Eu não tenho mais saída,
Nada de meu nessa vida,
Nada mais posso fazer,
Estou perdido e não nego,
Te peço pra compreender,
Furei meus olhos, sou cego!
X
Calor que me invadiu, teu olhar...
No mar de esperançosas ventanias...
Nos dias que passei, luas redondas
Nas ondas deste mar que tanto espero
No fero sentimento te adorar!
Naufragar em teus braços minha amada...
Cada noite que passo, mais te sonho...
Ponho meus tristes barcos, meus saveiros,
Canteiros que produzem rosas belas.
Telas onde emolduraste tal beleza,
Certeza de que há Deus e que ele ama!
Na chama eternizada dos teus olhos.
Molhos de delicadas ervas trazes.
Fases lunares linda tempestade...
Arde a sutil manhã que prometeste.
Inconteste delírio destes deuses
Reluzes nos orgásticos desejos.
Nos beijos que prometes inebrias...
Frias as minhas noites se não vens...
Tens o poder sublime da loucura.
Moldura que encontrou grande pintor.
Amor que deslindando-se enlanguesce.
Esquece as amarguras e penúrias.
Nas cúrias nos escuros parlamentos,
Ungüentos que me curam e transformam...
Formando delirantes desvarios,
Vários rios que levam para o mar.
Martírios que deixei no pó da estrada.
Fada que me encantou, embriagante
Elegante desígnio divinal.
Final de toda dor, ressurreição!
Afeição extremada, desejosa...
Maravilhosamente apaixonante.
Diante de tanta luz, que faço Deus?
Os meus tormentos mortos, esperanças!
Lembranças destes tempos cristalinos.
Alabastrinos seios doce alvor.
Calor que permanece sem segredo.
O medo de perder, evanescente,
Nascentes deste rio que navego,
Carrego toda luz que te roubei...
Sei de tantos amores, vida breve,
Leve folha, flutua nos meus sonhos...
Medonhos tais fantasmas se perderam...
Eram deveras tristes os meus dias...
Frias as noites, versos sem sentido...
Incontido desejo mergulhava...
Sonhava com paixão, felicidade...
A tarde nunca vinha, nebulosa...
A rosa que plantei só deu espinhos...
Caminhos que segui perdi a esmo...
Mesmo minhas canções eram de dor.
Amor que se omitia, velho e morto.
Porto que sempre nega desembarque.
Parque que não pretende ter criança,
Dança que não deseja nem carinho...
Ninho que desprezou um passarinho...
Vinho que não me deixa embriagado,
Fado, destino, sina, desespero...
Tempero para a vida, sinal glória...
Memória triste, vaga, traz saudade...
Claridade que desfeita, deixa o breu...
Ateu coração pede por um Deus...
Meus olhos imploraram tal visão!
Solução para torpe solidão.
Solidão esvaindo-se depressa.
Compressa cicatriza essa ferida.
A vida que pensei agora trazes,
Fazes todos meus dias melodias,
Orgias são bacantes amplitudes...
Quietudes maravilhas, ambrosia...
Poesia deflagras na fragrância...
Elegância caminha mais suave,
Na nave que julguei fosse perdida,
Comovida, esperando delicia,
Caricia naufrágios tão amargos...
Nos lagos dos meus sonhos és remanso.
Um remanso que em versos, traz calor,
Calor que me invadiu, teu olhar...
X
Se tantas vezes luto, agora festa,
Meus dias vagabundo, agora canto..
Nas horas mais difíceis foste fresta
Nos dias sofredores, meu encanto.
Buscando tuas mãos, encontrei fada.
As marcas do destino nunca saem.
Que bom estar contigo, minha amada,
Os meus olhos sorrindo não me traem..
Querida companheira estou contigo,
Em todos os momentos desta vida.
A curva do caminho traz perigo,
Na curva do teu corpo, distraída,
Derrapo meus sentidos, perco o chão.
Não deixe que se acabe o sentimento,
Amor que não precisa de perdão,
É livre passarinho, solto ao vento...
Vestido de esperanças te procuro,
Encontro um verde prado a me esperar,
Dos males deste mundo, já me curo,
O rumo dos meus olhos, teu olhar...
Menina sei por certo nossos rios,
Deságuam no oceano deste amor...
Não deixe que meus sonhos sempre esguios,
Nas ilusões te traga meu pavor...
Nas noites que lutamos, sem espadas,
As bocas nos servindo de punhais...
São noites mais difíceis, pois geladas,
As ruas vão sonhando seus metais...
Nos cantos desta noite, retratadas,
As dores que se tornam desleais;
Navegam procurando a madrugada.
Por vezes nos amamos, canibais...
Não deixe que se chegue indiferença
Preciso de teus braços p’ra nadar.
Amar quem só recebe recompensa,
É simplesmente troca, sem amar...
Amores que vivemos são tão raros,
Nas noites mais difíceis, aquecer...
Os vasos conservamos, pois são caros,
Assim como é querido o bom viver...
Tua beleza intensa faz feliz,
Viver tuas promessas, me faz rei...
Na cama minha intensa meretriz,
Nas ruas minha dama, disso eu sei...
Morrer ao lado teu. Ó quem me dera!
Viver as fantasias dolorosas...
Nas curvas do teu corpo, primavera,
As tuas mãos sedentas, carinhosas...
Belezas sem igual, ninguém mais tece,
Da forma que forjaram, resta nada...
Amar-te se tornou a minha prece.
Nunca te deixarei abandonada...
Meus olhos esquecidos sem descanso
A musa que me inspira, com certeza,
Promete-me viver doce remanso...
Castelos dos meus sonhos, realeza...
Não deixe que termine nosso caso,
Não quero mais viver sem teu perdão...
A vida sem te ter, me leva: ocaso,
Mas quando junto a ti: é solução!
Menina me ninando teu carinho,
Na rede descansando nossos beijos...
Libertos encontrando um manso ninho,
A vida se renova, nos lampejos.
Musa, minha rainha e minha amada,
Princesa que me fez um sonhador.
Escuta esta canção apaixonada
É feita da verdade deste amor...
X
Meus versos, universos procurando,
No seio da mulher que tanto sonho...
Teus mares meus saveiros navegando.
Os olhos que te perdem, mar medonho...
O tempo que não tive, vai passando.
Mortalhas estendidas no porão...
Esparsos, os meus sonhos formam bando,
Invadem teu veleiro e coração...
Mascaro minhas dores com teu riso,
Massacro meus amores sem perdão...
De tudo o que vivemos, teu sorriso,
Reflete tanta luz nesta amplidão!
Na sede que matamos, mutuamente...
Meu canto que persigo não preciso...
As luas vão rodando em minha mente.
Nos olhos, minha amada, o paraíso...
Te faço meus poemas, sem segredos...
Esqueço de minha alma, redundante...
Não deixe que esses torpes, frios medos
Impeçam teu caminho, sempre avante...
Meus versos inundados de desejo
Não trazem suas rimas: solução.
A vida que conheço no teu beijo,
Impede conceber a solidão...
A boca que profanas, sempre mente.
Bem sabes que vivemos sem martírio...
Amamos e sofremos simplesmente,
As luzes deste amor, feliz colírio...
Cantando nas gaiolas tristes cantos...
Amores se tornando prisioneiros...
Não posso permitir os desencantos,
Amor que não morremos, verdadeiros...
Espero por teu verso, minha amada.
Mas não demores nunca, tenho pressa...
A noite que na aurora, vai calada,
Esquece de cumprir sua promessa....
Os raios boreais minha aquarela.
O medo de sofre mais desengano...
Teu rosto emoldurado, bela tela,
Pinacoteca minha, disso ufano...
Afrodite, decerto, tem inveja
Da beleza sutil desta mulher...
Hermes, extasiado te deseja,
Teu brilho é invulgar, não é qualquer...
Dancemos homenagens para o deus
Que permitiu a vinda desta musa...
Teus olhos na verdade são ateus,
Espreito belos seios nesta blusa...
Meus versos desejando: sou feliz.
Não nego meu amor: eu te venero...
Vivendo minha sorte por um triz,
És muito mais que penso, nem espero...
Amada, minha ninfa, meu tormento...
A noite que passamos, sem marasmo...
Esqueço assim qualquer um sofrimento,
Envolto nas delícias deste orgasmo...
X
As memórias, companheiras,
Sempre trago no meu peito.
Nas horas mais derradeiras
Quando não tiver mais jeito,
Quando só restar saudade
Quando a vida for-se embora
Se não houver claridade
Na minha derradeira hora
Quando só restar o frio
Batendo na minha porta
Quando um coração vazio
Quando a esperança for morta
Quando nada mais sobrar,
A morte vindo sem bis
Quando não houver luar
No palco, essa velha atriz
Destino de todo ser
Nada mais posso esperar
Quando estiver a morrer
E nada poder achar
Tanta verdade esquecida,
Nossas montanhas sem cume.
Quando enfim a minha vida
Não encontrar mais seu lume
Quando meu peito calado,
Amor é simples palavra
A dor trazendo por fado
Em terra seca se lavra
Nada mais me fará falta
Nem o gosto da vitória
A morte que sempre assalta
Me redimindo com glória.
Um gosto amargo na boca
De vinho, sangue e de sal.
A voz quedando-se rouca,
Não resta nada afinal!
A não ser esta mortalha
Que levarei sem segredo.
No final desta batalha,
Só me restará degredo...
Memórias do que vivi,
Lembranças do que passei.
É tudo que trago aqui,
É, na verdade, o que sei.
A boca que não beijei
O medo da tempestade,
Amores que não amei,
O brilho desta cidade...
O verso que não consigo,
Os olhos que nunca brilham.
Amores que sempre sigo
Nas ruas que não se trilham...
O tempo que não se conta,
O verbo que não conjugo
A roupa que não se apronta
A mão do carrasco, o jugo...
A mãe que sempre me amou,
Mulheres que a vida trouxe
O filho que me deixou
Acabando o que era doce...
Os pés atados, correntes,
Olhos libertos, futuro.
A noite rangendo os dentes.
O salto, a vida, esse muro...
O frio da madrugada,
O calor deste deserto
A vida que foi passada,
Dia que sempre desperto...
Nada mais me restará
Nem meus versos nem meus sonhos,
Nem aqui nem acolá,
Nem os mares medonhos...
Nem procelas nem tempestas,
Nem meus barcos e saveiros...
Nem alegrias e festas,
Nem calor de fevereiros...
Nada mais levo, por certo,
No final de minha história...
A morte, final deserto,
Só me deixará memória...
X
Deste firulas, as gulas e as fulas,
Fuás...
Cafusas confusas sem blusa, musas
Viés
Desejado gado, fado enfadonho, sonho
Convés
Leste o que teste reveste e conteste.
Ritos escritos benditos e aflitos
Graves e greves, neves que laves revés...
Fala me entala se cala sem gala e galés...
Ornamentos de estética
Métrica e método
Mentes e mentores...
Quero o simples,
A cúmplice
Cumprem-se e se revogam
As vogas e vogais dispersas
Persas tapetes...
E todas as prestações de contas
Serão suspensas.
Às expensas do que não tem sentido.
Tido com sem, cem centavos..
Naves e ravinas. Cravos e cravíneas
Carnificinas...
X
Improviso meu pedido
Meu sonido e desculpas...
As culpas foram deixadas
As asas, passarinhada.
Esfarinham minha sorte...
Não posso tentar meu rumo.
Assumo e me consumo
Sou sumo e não sumi...
Não toco e nem sou toco
Rouco...
Louco
É pouco a pouco
Meu foco e meu reboco...
Amo os temas
E as tremas.
Gemas e não mais claras
Faros e faraós.
Partos e parecidas.
Paciência...
Víspora de véspera é vespeiro...
Nada mais a dizer
Pego o meu boné
Para não perder o bonde
Da História...
X
No vasto mar amar é onda
Abissal, abismal ventarola...
Remansos e tempestas
Festas Netunais...
Carnavais e montarias...
Sereia espera cavalo marinho...
Celacanto provoca tsunami.
Ame e não deixe, espere e reveja...
As águas as mágoas...
Mariazinha foi pro mar,
Cadê Mariazinha
Que não sabe amar?
Se não sei nadar
A culpa é dos peixinhos
Que marinheiro só
Nunca fez verão..
X
Fumo e aço,
Filme e passado
Assado na cozinha
Tinha um cheiro
Beira de fogão...
Curva coração
Cura e me remete
Comete
Cometa
Que se perdeu...
X
A cidade adormecida
Aço penetrante
Fogo nas ladeiras
Estrangeiras
Estranhas fogueiras humanas...
À cavalo, malas e estradas.
Terra e barro.
Sertão e seca
Serão e gado
Servidão...
Andando pelos distritos
Cavalo selado...
Povo selado.
Gado...
X
Uma banda, banda
Umbanda,
Velho
Pai
Pele
Negritude...
Orixás
Ogum
Oxum
Oxumaré.
Mares e rios
Marés e sangue...
Senzalas...
Grito do povo, ode ao povo, de novo o povo, ovo, Angola...
Uma banda tocando dobrado,
Dobrando os sinos
Dobrado o valor,
Vales e lágrimas.
Lamas na alma.
Almas e lamas,
Quilombolas
Ora bolas
Somos iguais...
Gás, Bolívar,
Bolívia.
PetroGás.
Lama, alma, lhama...
Chama e chaminé
Suor e sangue, lágrimas, índios, imãs.
Grito do povo ode ao povo, de novo o povo, ovo... Renovo.
Revolvo e retorno.
Índio, negro,
SIMON BOLÍVAR
SIMON
SISMOS E PAROXISMOS
PARA ORTODOXOS.
Exodontias...
X
Nascerão espinhos
Pinos e incertezas...
Alcalóides e eucaliptos.
Naftas e resinas
Vinhoto.
Bagaços
Bagos
Sangue
Pus...
X
Vamos embora
Hora chama
Chama cama
Cama e seios
Seios e remansos.
Frágeis as desculpas
Lupas e prenúncios.
Passos e fantasmas
Brados e orgasmos.
Te amo
O que posso fazer?
X
Meus parcos arcos e mancos sonhos...
Medonhos e tristonhos, vagueio.
Seios e somas, lodos e engodos.
Engenho e arte.
Parte e têmpera.
Têmpora e temporal.
Atemporais...
Vieste do cometa que não vi.
Sondaste com teus pés e não percebo.
Sendo o que não sou, és muito mais.
Paz e cais. Capoeira.
Na poeira que meus olhos não discerne.
Meu cerne e minha morada.
Vaticínio e Vaticano.
Engano e pontaria.
Meio e dia.
Melodia...
Meus olhos são vizinhos dos teus olhos.
Repleto de teus olhos, olhos, olhos...
Óleos bentos.
Remeto-me ao cometa donde vens.
Meu bem, bens e benfeitorias.
Feitora e escravo,
Me lavo mas o cravo que me espera...
Fera e ferrão. Sol e solidão.
Pai e paixão. Chão, vão e nada mais...
X
Recebi as flores.
Muito aquém da primavera...
As cordas e as marchas
Meus funerais...
Somos capazes ases e coringas.
Brigas e mandingas
Assassinos...
Recebi os vasos
Deixei de lado e nada.
Romas e armas, aromas...
Somas e despesas, mesas
Sobremesas e destemperos.
Tempero o gozo com mágoa.
Nas águas e lagoas.
Ressoas.
Somos siameses.
Sião.
Nada se revela
A não ser as flores
Procuro primavera...
X
Versifico com cuidado
Não pretendo magoar
Aquela que foi passado,
Nunca mais irá voltar
Não procuro por saudade,
Nem cheguei a perguntar.
Vago ruas na cidade
Esperanças de voltar.
Teus braços são meus descansos
Nas estradas que passei.
Os olhos são os remansos
Onde enfim descansei.
Quem quisera ser saudade
Dos meus braços sairá,
A canção da liberdade,
Todo pranto cantará.
Minha senda é sempre leve,
Meu caminho pesa cruzes.
Meu amor passou tão breve;
Nos espinhos e nas urzes.
Quem não quer ser mais sereno
Trovejando vai passar
Amor que não tem veneno
Serenatas ao luar.
Minha luta é sem destino,
Os meus olhos negam sol.
O amor desse menino,
Ilumina qual farol,
Todo tempo que não tenho,
Nada fiz que não valia.
Quando em tristezas me lenho,
A noite não traz o dia.
Toda minha fantasia,
Se perdendo num abismo.
Quem souber da poesia
Esquece do fanatismo.
Quadro que pinto não nego,
Tenho as tintas que encontrei.
Toda dor que não carrego,
Nas espadas dessa lei.
Vi meus barcos naufragando,
Vi meu tempo sem remédio.
Meu amor já foi mudando,
A vida não quer mais tédio.
Toda trama me envolvendo,
Nunca pude revelar,
Minha dor pede remendo
Nas espreitas do luar.
Vacinei a tempestade,
Encampei a solidão
Esqueci felicidade
Fechei porteira e portão.
Menina não tenho prenda,
Não me prende teu amor.
Vestido de chita e renda
Nos cabelos, uma flor.
Na mão a rosa vermelha,
Certezas no coração.
A vida pede centelha,
Não terá mais solução.
O meu verso de repente,
Volta e meia não tem fim.
Todo amor que se sente,
Emana dentro de mim.
Quero o tempo sem certeza
Sem ontem nem amanhã
Tudo que tiver na mesa
Procurei com muito afã
A geléia e sobremesa
Vieram lá do quintal.
Só restou esta certeza,
Minha vida no varal,
Quarando qual fosse sina,
Que não deixa seu recado.
A mão que cedo assassina
Não permite um belo fado.
Recado que não foi dado
Às expensas da paixão.
Quando foi, foi malcriado
Esperando teu perdão.
Navego por sete mares,
Oceanos sem penedos.
Minhas noites sem luares,
Meus pesadelos, segredos.
Na rosa que tu me deste,
Espinhos fincaram fundo.
Amor que tens não empreste
Meu coração viramundo
Sabe das horas sem rumo
Quem não sabe não deseja
Amor que não mede prumo
Nunca nega nem me beija.
Sempre vaga estrela morta,
Sempre rouba no final
Minha vida morre torta,
De tristezas, festival.
O canto do passarinho,
Na gaiola não se ouviu.
Buscando seu velho ninho,
Muitas saudades pariu.
Minha mão não tem as linhas
Nem da sorte nem da morte,
Migrando qual avezinhas
Procurando pelo norte.
Somos versos reversos,
Inversos e inversões
Não quero mais universos
Nem quero rebeliões
Quero o canto mais sensato
Da vida que não me leva.
O meu medo é do regato,
Alma triste já neva.
Sofreguidão traz demência
Não pode servir de alento.
É tudo coincidência
A mão da sorte no vento.
Um remendo sem sentido,
Um vaso que não se quebra
Um amor mal resolvido
Nunca nas danças requebra
Me empurrando do penhasco
Amor que não deve nada
Se no final me sobra asco
Amor de carta marcada.
Revezando meu barraco,
Sai Joana entra Maria
Na vida sei que sou fraco
Vivo errando pontaria
Meu descanso é trabalhando
No suor já fiz a cama.
Muito tempo procurando,
Esqueci como se chama.
O monte que não divide
A terra que não concebe
O medo que nunca tive
O resto não se recebe.
O dedo que não aponta,
A faca que nunca corta
Estrela que não tem ponta
Minha esperança é morta,
Vizinho não sei o nome
Mortalha que não me cabe.
Se vou comendo sem fome
Meu mundo que não se acabe
Se viver virou meu mote,
Se não posso mais cantar
Enchi de fel esse pote,
Encharquei água do mar
Fiz desejo minha luta
A força que nunca tive.
A mão se anuncia bruta
O pranto que não contive.
O resto levo na vida
Na vida que não me resta
Liberdade sei perdida,
Observando pela fresta.
Vivendo sem ter juízo,
Não tenho medo ou saída
Vou morrer no paraíso
Preparando a despedida
Não quero choro nem vela
Nem discursos de mentira
A fita que tenho amarela
Não restou sequer a tira.
No velório que se preza
Defunto que não se enfaixa
Não quero nem mesmo reza
Derrame muita cachaça.
Quero dança e rapapé
Quero riso da viúva
Depois de ter rastapé
Que me caia muita chuva.
Mordida de jararaca
E de formiga saúva.
A sobra deixo de inhaca.
Pra sogra mostro essa luva.
O parto que nunca parte
Pois o resto fica aqui.
Molambo por toda parte
Dessa terra onde nasci.
Um gosto de rapadura
Um cheiro de café fresco
A noite que seja escura
Já pintei o meu afresco.
“Aqui jaz quem não jazera
Se jazesse a medicina”
Minha casa foi tapera
Minha morte, minha sina.
Defunto não fala nada
Minha voz já não tem força
Vai chegando a madrugada,
Por mais que torça e retorça,
No final quase não sobra.
Vencida minha batalha,
Vestido couro de cobra,
Na ponta dessa navalha.
Eta corpo mais pesado,
Como pesa esse presunto.
Que pena não ser alado,
O danado do defunto..
X
Ouvindo a voz macia de da manhã
Me vacinei deveras contra o medo...
Trabalho com certeza muito afã,
O mar não me negou um só segredo...
Enredo que me enreda meu perdão.
As vaias que sofreu meu coração!
Minto pois não credito nada a vida.
Não quero a santidade nem credito.
Os versos que escrevi amaravida.
No canto que ensinaste em vão repito...
Enredo que me enreda teu perdão
As vaias que sofreu meu coração!
Na farsa que montaste tão espúria...
Os rumos bulevares belvederes...
Não posso conservar a minha fúria
Os braços se quebraram nos alteres...
Enredo que te enreda meu perdão
As vaias que sofreu meu coração!
As bancas de tal sorte nem decifro.
Os restos desta pátria sem futuro.
Os chofres e os enxofres, versos chifro
O medo da floresta que me enduro...
Enredo que te enreda teu perdão
As vaias que sofreu meu coração!
As vaias que sofreu teu coração
Enredo que me enreda teu perdão.
Nas viças e voraz és amplidão.
No medo que me enreda solidão
Teu dedo não revela a solução
Nas vaias que me dá teu coração!
X
Botequim e tremoços, língua defumada...
Cerveja e amigos, noites afora...
As lembranças e os não sei.
As mentiras e as conquistas.
Vitórias e derrotas se misturam.
Verdades são jogadas ao vento.
Um pobre mendigo e um coração de boi,
Manjubinhas e sardinhas fritas.
Rosas e estrelas, noites e coiotes...
Motes e medalhas, mortalhas e meretrizes...
Botequim, Lapa, Rio, esquinas...
A música ao longe e tão perto.
O futuro incerto, o medo da noite.
O açoite e o pernoite.
Hotéis de terceira categoria.
Se ria mas não seria séria se não fosse.
Ofuscada noite, o Fusca e a moça.
A blusa aberta, os seios caídos.
Os ouvidos abertos, as balas e os carros.
Confusas noites, pernas e sexos...
O sol nascerá..
X
Silencias as ruas
As nuas braças
Os braços espessos
Espertos e esparsos.
Massas e repentes.
Pentes e pentecostes.
Hostes e revelações
Revoluções.
Ações
Paes e Pães.
Pasteis e pastéis.
Invés e revés.
Revestes os meus mares.
Ares e martes, mortes e marés...
Ruas silêncios ócios e cios.
Ossos expostos, postos e óstios
Osmose...
Estilos e tílias.
Filhas e tilápias.
Pias e preás
Sorvendo o vento enveneno...
Ao ver a vera linda ainda fera, espero espera e esfera.
Mulher, como poderia saber vicejar?
Qualquer verso que souber amar
Amar inverso avesso ao mar...
Silencias as ruas,
Passas esgueiras,
Passas bunda...
Passas rindo.
Passarinho...
Passado,
Assim assado,
Jasmim, rosal
Ansiedade
Cidade
Ânsia
Ansiada
Cada asa
Cardo e cartório.
Valha-me Deus!
Cama e cinzel,
Borda e bordel,
Ragu rango rapunzel!
Me deste mediste disseste pediste, ouviste?
Não posso roço, caço e coço, desosso e desmiolo.
Átomo atolo, aiatolá estou cá e lá élan...
Passei por horas tristes...
Mestra destra, canhestra e canhota.... a porta e o aporte.
A meta, moeda e morte... Norte e sertão...
Resta a mesa na sala, onde ninguém mais fala, se cala se esfola e
fala...e cala e sala, a salsa...
X
Quantas vezes almas e perdões,
Mentes e sangria...
Boêmia, bares e cerveja.
Bares e mentes, sangue e garrafas.
Aspas e melodias.
MPB e rock, pedra vai rolar.
Amar e cachaça. Canalha e galhardia.
Novas mentiras e danças.
Mansas e agressivas culpas.
Desculpas.
Dez, dez para as duas...
Viva a revolução!!!!
Arroz, feijão, saúde...
Nada mais resta, presta ou investe.
O medo reveste. O filho o fio o medo...
Segredos de um botequim...
Choro e chorinho, esperanças...
Danças e mudanças.
Avanços e remansos.
Revoluções!!!
No fundo éramos felizes...
X
“Saudade, palavra triste”
Que machuca um bem querer,
Saudade é tudo que existe
De saudade vou morrer...
Nos braços dessa saudade,
Vida virando maldade...
Estrelas brilham no céu
Não me importando mais nada
A noite descobre o véu
Faz nascer a madrugada
A minha vida, nessa hora
Quer namorar essa aurora!
Estrela que foi se embora
Só me deixando saudade...
No meu peito tudo chora,
A vida dói, de verdade...
Não posso saber beleza
No coração, só tristeza...
Procuro pela clareza
Dessa lua e nada tenho...
Descendo na correnteza,
Morto de saudade, venho
Esperando teu sorriso
Que é tudo o que mais preciso...
Se procurei paraíso
Só inferno eu encontrei
Saudade perco o juízo
Tanta dor que já passei...
Esse mundo é meu destino,
Viver nesse desatino!!!
Se já perdi o meu tino,
Saudade foi capitã,
Meu coração pequenino
Espera nova manhã
Minha vida vale nada
Sem ter você, minha amada...
Perdido vou, quero estrada
Não encontrei meu caminho
Saudade é carta marcada,
Vou morrer assim sozinho,
Meu barco está naufragando,
A minha vida acabando...
Eu te pergunto até quando?
Saudade vai residir
O meu peito está sangrando,
Outro dia inda há de vir
Nas ondas desse meu mar
Outro amor vou encontrar...
Preciso novo lugar
Para deixar o meu barco.
Saudade vai me matar
Meu coração virou caco
Tanta dor trago no peito
Como vou viver direito?
Meu amar não é defeito
Saudade vem latejada,
Eu não fiz nenhum malfeito
Pra me perseguir, danada.
A roda do mundo gira
Tanta dor assim me atira
Por mais que essa noite fira
Nada mais vai me conter
Saudade dança catira
Eu não consigo entender
Como pode essa maldade
Da diaba da saudade!
X
Nas estradas do castelo
Já capinei com rastelo,
Encontrei linda princesa
Que no Tororó deixei,
Dona de rara beleza
Por ela me apaixonei...
No rosto trazia a lua,
Quando andava tão nua
Tinha gosto de saudade
Tinha o brilho desse sol
Ao ver essa claridade
Eu virei um girassol!
A sua pele macia,
Só me trazia alegria
Era linda como poucas
Diamante era o sorriso,
As minhas noites tão loucas
Ao seu lado, o paraíso...
Os olhos dessa rainha
Brilhavam sempre à tardinha.
No seu olhar de brilhante
Eu plantei meu bem querer,
Eu me sentia um gigante
Tanta alegria viver!
Suas mãos tão delicadas
Pareciam mãos de fadas
No carinho que me dava
Tanta amor eu encontrei
Tanto que por fim achava
Nesse mundo ser um rei!
Nessa boca peço um beijo,
Vou matar o meu desejo...
A fantasia da vida
É a rosa mais bonita
Nunca viver despedida
Pobre coração agita!
No castelo essa donzela
Rosa vermelha amarela
Hei de amar até morrer,
Seus caminhos ladrilhei,
Como vou poder viver
O amor era nossa lei!
Como pode um peixe vivo,
Viver nesse mundo altivo
Sem a sua companhia
Sem essa bela princesa
Como vai nascer o dia
Como pode haver beleza?
Vamos todos cirandar
Nesse reino do luar
Em volta dessa rainha
Nos caminhos tão dourados
A saudade essa vizinha
Os meus olhos marejados...
Encontrei linda morena
O meu coração acena
Procurando por descanso
Nas asas dessa saudade
Vou encontrar meu remanso,
No reino da claridade!
Companheira de solidão
Brilhando nesta amplidão
Lua não me deixa só,
Iluminando essa mina
A vida não tem mais dó
Procurei essa menina...
Meu coração vagabundo
Já procurou pelo mundo,
Só tristeza ele encontrou
No jogo da cabra cega
Deste pouco que restou
O resto minha alma nega...
Persegui felicidade
No reino da claridade
Só encontrei meu sofrer,
Procurei a fantasia
Nos braços do bem querer
Me restou só poesia!!
X
Salmo 12 - em versos brancos
Nos salve, Meu Senhor não há piedoso
Dentre os filhos dos homens, infiéis!
A falsidade impera e a lisonja.
Corte Senhor os lábios lisonjeiros
E as línguas que estão plenas de soberba!
Acreditam,pois, serem seus senhores!
Por causa da opressão aos miseráveis
E do gemido atroz dos que precisam,
O Senhor se levanta e os protege.
Suas palavras puras como a prata
Refinada em fornalha que é de barro
Também purificada sete vezes!
X
Salmo 11 - em versos brancos
No meu Senhor, em toda plenitude,
Confio cegamente, por completo...
Eu não irei fugir para este monte
Como se fosse um pássaro inseguro!
Os ímpios armam arco, põem a flecha
E tentam atirar nos homens bons
Às ocultas, tocaias, escondidos...
Mas, se os fundamentos destruir
O quê que poderá fazer o justo?
O Senhor permanece no seu templo
Santo, pois o seu trono está nos céus,
Os seus olhos contemplam lá de cima,
Todos os filhos do homem, provação.
O Senhor prova tanto o que for justo
Como aquele que for ímpio, em pecado...
A alma divina odeia o violento.
Enxofre, fogaréu irá chover
Sobre os ímpios. No copo, um vento forte
Terrível vento, forte e abrasador!
X
Não posso permitir que me torture
A dor d’uma existência sem sentido.
Por mais que a tempestade se perdure,
O dia brilhará, eu não duvido!
Preciso muitas vezes que se cure
A dor da solidão no amargo olvido.
O trilho que me trouxe ao teu regaço
Com minhas mãos sedentas, o desfaço.
Vieste qual penumbra dos meus sonhos,
Nasceste com a marca da pantera.
Os dias que vivemos, vãos, medonhos,
Por certo de se jogaram na cratera
Do esquecimento. Morta essa quimera,
Nascerão com certeza mais risonhos.
O sol que nunca brilha, se esvaindo.
A lua dos amores vem surgindo!
Recebo das manhãs, doce promessa
Da vida que se fez enamorada.
Albor de bela aurora me confessa
Os sonhos que guardei da madrugada.
Querer ser mais feliz, já tenho pressa,
Procuro nos meus sonhos nova fada.
Vestindo claros mantos, mansa lua,
Desfila nos meus édens, toda nua...
Respiro seus momentos de prazer,
No cio que jamais vou confessar.
Penetra feramente todo o ser,
Na calmaria atroz vinda do mar.
Soprando nova brisa, converter
As duras tempestades, calmo ar...
Forjando sua imagem, minha mente,
Encontra teu olhar, puro, envolvente...
Meus versos disfarçados em sementes
Fecundam os teus olhos, mostram lume.
Os gritos que bradara, vãos, dementes,
Perderam intensidade de costume,
A boca que mordia sem os dentes,
Tua flor já me inunda de perfume.
Amor que não soubera paradeiro,
Invade, me tomando por inteiro...
Não quero mais saudades nem tristezas,
A vida se demonstra mais sincera.
Percebo que virão tantas certezas
Matando a solidão, minha quimera.
Os campos se encharcando de belezas,
Nascendo, finalmente, a primavera!
Recebo desta vida, seu pendor,
Na doce mansidão do teu amor!!!!
II
Porém o tal destino, traiçoeiro,
Derruba meus castelos, mata o mundo.
Amor que se mostrara verdadeiro,
As máscaras se quedam num segundo!
Rasgaste nossos sonhos, sequer traço,
As luas que te viram morrem pasmas,
Meu barco desgoverna, perde espaço;
Restam-me tão somente meus fantasmas...
Quem trouxe tanta luz, morre no breu,
Quem fora juventude traz a morte;
Quem fora claridade, escureceu.
Quem fora meu caminho, perco o norte...
Vestígios do que fui, velho retrato,
Jogado na parede, despencou...
Nas noites em que lembro, me debato,
Procuro, não encontro mais quem sou...
Desfaço-me nas dores da saudade,
O rumo que seguia perde prumo.
Ao peso tão cruel da mocidade
Desfeita, me esvaindo como o fumo...
Acordes dissonantes são meu mote,
A dor vem entranhada e traz receio
Meu barco naufragado, sem um bote,
Dos campos que sonhei, morre centeio.
A vida se transcorre, sem abrigo,
O medo de morrer já não assombra.
A tal felicidade, nem persigo,
Nas ruas onde passa, sequer sombra...
Qual noite que perdeu o firmamento,
Qual reino que jamais teve tesouro.
Qual sonho num presságio de tormento,
Destrói as esperanças, mau agouro...
Mendigo pelas ruas, noites frias,
Estrelas que me tragam esperanças.
As luas se gargalham, vãs, vadias,
Restando-me somente estas lembranças...
No cálice do vinho que não bebo,
Amarga solidão encontra cura.
Quem fora, em pensamento, tal qual Febo,
Deforma-se infeliz caricatura.
III
Vestígios deste amor? Nunca mais os terei...
As cordas que rebento, esquecem-se dos nós.
A dor qual vil quimera, erguida, faz a lei...
Meu rio, assoreado esquece-se da foz.
Esboço minha queixa, aguardando meu fim.
Meu canto que brilhava, embalde, sem festim...
IV
Os astros tão distantes, decorando
Todo o céu com seus raios generosos,
Percebem fogo fátuo se emanando
Dos meus olhos vazios, lacrimosos...
Astros! Meus companheiros de desdita!
Desfaçam esta dor, cruel, maldita!
Entretanto, uma estrela mais sensata,
Mostra-me, no seu rastro, meu caminho!
A noite que negara serenata,
Entrega-se num canto, passarinho...
O raio desta estela-viajante,
Explode-se em luz; forte, radiante!
Meus olhos qual procelas disfarçadas
Ressurgem tempestades mais bravias...
Cortantes, tantas trevas; de guardadas
Rebentam num segundo, nas sangrias.
Amar que parecera ser inútil,
Num átimo devora, não é fútil...
Qual vergalhão penetra no meu peito,
Dilacera simplesmente, corta fundo.
Quem fora despedida, novo leito,
Do mar que naufragara, já me inundo!
Respiro, aliviado, essa promessa,
Nas pedras deste cais, vida arremessa!
Estrela luminária, sou falena,
Inebrias meus sonhos, aguardente.
Em tantos turbilhões, em louca cena,
No manto desta estrela, sou demente!
Rasgando minhas dores mostro entranhas,
Feridas terebrantes são tamanhas!
Estrela radiosa, meu destino,
Seus rastros me levaram para o mar...
Do canto que escutei, volvi menino,
Deveras mergulhei, sou constelar.
Cometa que lhe trouxe, minha estrela,
A noite dos amores, revivê-la!
Ao ver a mansidão desse sorriso,
Ao ver a paz que enfim já se aproxima,
Descubro que conheço o paraíso,
A fonte que me trouxe, tanta estima....
Nos olhos tão tranqüilos, calmaria,
Bonança que promete um novo dia...
Amores tão sutis quanto a manhã,
Na aurora sem ter nuvens, dia claro.
Recebo mansamente a guardiã
Que trouxe em minha vida, rumo raro...
Na maciez dos olhos, sem quimera,
O renascer divino, uma nova era...!
Sem guerras, sem desgraças e desmandos...
Sem medos, sem angústias, fim e rota...
As aves calmamente, tantos bandos,
Nascentes tão suaves, vida brota...
Recebo no bafejo desta brisa,
As boas novas que a alegria avisa...
Eflúvios matinais, forte esperança...
Os lagos, placidez, as águas mansas.
Das dores nem sequer triste lembrança.
A noite que virá promete danças...
Recebo seu carinho, estrela amada,
As mãos tão carinhosas duma fada!
V
Nesse amor o meu celeiro.
Promessas de amanhecer,
Vontade de renascer
E vagar o mundo inteiro.
Vivendo sem ter queixume,
Espalhando um bom perfume
Por campos, terras e mares,
Sem temer sequer a luta,
A vida que fora bruta,
Desmaia em belos luares.
Vestígios da solidão
Dormitam, não amanhecem,
São cadáveres que apodrecem.
Fenecem na podridão.
Os vermes já devoraram
No passado, se esgotaram...
O canto do passarinho
Engaiolado d’outrora
Há muito já foi embora,
Não cantarei mais sozinho...
Meus versos procuram rimas
Nos claros desta paisagem
Na brisa mansa, na aragem,
Pomares, laranjas, limas...
Nas flores deste jardim
Perfumes, rosas, jasmim...
A mão macia da vida
Desliza num rosto calmo.
Meu canto, meu manso salmo,
A dor deveras vencida!
Nem as densas tempestades
Que cismam pelos espaços,
Trazendo futuros baços,
Nem as garras das saudades,
Nem a morte que angustia,
Com a mão cortante e fria,
Nem a sombra da mortalha,
Nem sequer o vago medo
Conhecedor do segredo
Do corte desta navalha.
Nem o vento do deserto,
Nem procelas e quimeras
Nem o bafio das feras,
Nada mais anda por perto.
Minha vida se renasce,
Amor me mostra outra face,
A face mansa, serena,
De quem sabe perdoar
Do beijo manso do mar...
A vida renasce plena!
Vestido de paciência,
Rompendo com tristes elos,
Dias se passam tão belos
Refazem-se na clemência.
No perdão, no amor completo
De saber-se predileto,
De saber que é tão feliz,
Do saber-se iluminado,
De saber do belo fado,
De ser tudo o que se quis!
Amor desta estrela guia
Que da noite fez a luz
Abelha que mel produz
Derramando poesia
Nos rumos belos, floridos,
Nos caminhos divididos,
Olhares de mansa delícia,
Sem as trevas, negra noite,
Sem cicatrizes, açoite,
Nas mãos, a plena carícia!
Amor que nunca promete
Não me torna prisioneiro,
É tinta do meu tinteiro.
É brilho que me reflete.
Amor, promessas divinas
Das águas mais cristalinas!
Recebendo manso beijo
Da fantasia mais pura.
Refletindo tal ternura
Que me inunda de desejo!
Amor praieiro destino,
Enfrentando a solidão,
Abençoado perdão.
Meu peito refaz menino.
É brilho, doce manhã,
Esperança temporã
Trazendo-me calmaria
Dedico meus longos versos,
Aos seus belos universos,
À luz clara desse dia!
V
Descortinando toda angústia fera,
O gosto da saudade, amargo vinho,
Deixado, abandonado não impera.
Meu canto que era, outrora, desalinho,
Se esgueira da tocaia da pantera.
Trazendo a mansidão d’um passarinho...
Não posso conceber a crueldade,
A vida se refez nesta verdade!
Meus olhos que viviam tão tristonhos,
São provas de que existem esperanças.
No mundo que te trago, puros sonhos,
Persiste essa alegria das crianças.
Os vales que caminho são risonhos,
Refletem tantos cantos, tantas danças.
A casa dos meus sonhos traz o mar.
O verbo que conjugo: pleno amar!
Meus dias vão passando sem tormentos,
A noite que já fora tão escura
Explode de alegria e sentimentos,
Aprendo a cada dia, que a ternura
Destrói, tão mansamente, os sofrimentos...
As dores que vivi tiveram cura,
A vida se renasce em mil momentos...
Estrela que ilumina tristes breus?
Nos braços tão amados de MEU DEUS!
X
Amores e suores, ruas e estrelas
As cordas soltas do violão
Liberdade e esperança.
Versos meus não são lanças,
Mas sangram...
Quem me fez assim?
Fim e precipício
Queria ser início, nem indício...
Indicio meu amor com palavras vãs.
Espero a feliz cidade que ano que vem e nunca vime...
Vi-me esteira e cais, caos...
Nascendo de suores e prazeres,
Deve ser por isso que a vida pesa, preza e não completa...
Reta e meta que me remetam ao final do caos, à fênix...
Egoísta, sim, eu sou profundamente.
Mente profunda, em profusão... Minto mesmo e dane-se!
Cosmo e cais, castidade e castiçais.
Sais de fruta que ninguém é de ferro.
Ferro de Carlos, nas almas...
Mineiro, sou mineiro e matreiro, como todo mateiro...
Minhas fontes e farsas, fomes e fornalhas, são versos e vermes.
Veros vermes...
Quero um vermífugo, preciso expirar. Êxtases e estases, canção...
Cigarros e cigarras, primaveras e fumo, me esfumo no ar...
Alma e álamo. Alameda.
Amêndoa e olhos, carinhos, vem prá cá
Que a noite urge, o tempo urge, a vida urge... A morte ruge
E ronda...
Solidão, amiga, amiga, amiga, amiga...
Amanhã irei a Marte, quem sabe à morte
A minha norma é sempre ir, ir , ir.
Ir ermo, eremita e ermitão,
Ereto e retrátil.
Táctil e tétrico.
Métrico e Martinis...
Por incrível que pareça, não bebo, não bato, não firo, não caio...
Não saio e nem saia...
Faz tempo, saias e searas...
Cios e sombras..
Sou o contrário do que quis e não querias.
Sou marceneiro e macerado...
Carpinteiro e carpido,
Sou o fado, o resto deixa pra lá...
Mas te amo, sinceramente te amo, embora não vieste,
Embora não te toque nem existas.
Resistes. E resisto.
Desistes?
Não desisto!
X
Vergalhões e vergastas,
Gastos meus gestos e minhas graças...
Garças livres alvas voam.
Ventos e ventanas, vestes e ciganas
Se engana se pensa que não amo.
Amor meu moleque
Brincando de queimada
Se queimou...
Amor que quem dera não daria (faz cócegas)
Não vale a vela nem velório
Valeria?
Valério.
É, eu sou valério por isso vale e rio
Riso e resvale, velando meu cadáver
Cada ver cada via cada veio
Cada não valia.
Porcada por cada porcariada
Escrevo meus versos reversos e incertos.
Corretos e carretos. Sei de cor!
Enfaixas em gazes e faixas de gazas
Azares.
Azedos ácidos e ansiosos
Siso e seio. Parece...
Padeço e não expresso, expressão.
Palavra bonita boa fita boa broa, boda?
Deu bode!
Bodega e botequim
Química danada
Cachaça batizada!
Uísque?
Quem disse?
Cerveja e caninha,
No máximo um rum.
Rumo ruim e remoso.
Reinoso.
Reinado...
Menino malandro,
Urubu malandro
Pixinguinha. Pizindim...
Bateu amor em mim.
Que faço?
Recomeço ou tropeço?
Te peço ou me guias?
Mergulho ou orgulho...
Gorgulho!
Fio fosco e frio.
Fenestrado...
Mestrando e mostrado, amansado
Maestria...
Domesticado fica melhor que amansado.
Doméstico, do mestre, da maestrina.
Minha sina é ser assim?
Asmante.
Aos montes
Amante sem mares
Nem marés,
De viés
Sem fé.
A pé!
X
Não me venha falar de minha alma
Ela precisa de um corpo, o meu não vale...
Esquecido pela sorte dos pintores
Pelo mote dos cantores
Pelos perfumes, flores
Se fores
Não contes com a volta;
Quem quis ás, morre curinga!
Não vinga...
Respingos de vela e mãos talentosas
Até que poderiam dar um jeito...
Mas parto sem partilha
Sou ilha quase vulcânica
Expiro a cada momento,
Não quero falar dessa alma,
Até que não é das piores,
O complemento é que mata.
Matas e cascatas, casas, casamatas.
São metódicas e trágicas retóricas
São fúnebres!
Meus modos e meus medos, medonhos!
Caídos os dentes, o alho inda continua...
A falha da fala o falo falava mas calou-se...
Recipiente sem pente, serpente sem dente...
Peço desculpas se te incomodo
Não tenho modos
Sou assim.
Início sem fim,
Final de feira
Xepa!
Fragatas e fragrâncias: flagrante!
Vísporas e vésperas ; vespeiro!
Não tente temores nem humores,
Sou vão vou vão vivo vão morro vão
Vadio...
Vazio.
Misturo meus mares e meus mundos
Nada sobra,
Sombras e escombros,
Dou de ombros
E vou.
Não me assombro nem somo,
Nem sou.
Restei...
Alma toma juízo e procura um novo porto!
Estou apaixonado pela sereia
Mas e daí?
Não veio nem virá
Nem que seja poente
Nem de repente,
Nem estrelares
Nem aldeias
Minhas veias?
Minhas vias?
Ser feliz!
X
Noite e dia
Canto e silêncio
Espora e corcel
Lua e sol
Praia e montanha
Vento e proteção.
Relento e agasalho
Certeza e dúvida
Dívida e acerto
Concerto e conserto
Mata e cidade
Perdição e rumo...
As pontas opostas
Dispostas desta estrela
Trazendo um núcleo
Igual, repartido.
Elétron e próton
Platonicamente correto.
Politicamente nem tanto.
Encantos e recantos se misturam
Moscas pousam sobre os talheres...
Segredos com partilhas compartilhados...
Medos e modos distintos,
Distinta e indistinto
Instinto e razão.
Tinto vinho, veneno e verão.
Versos e solidez.
Avesso e reverso
Meu verso procura
A cura e ternura,
Na jura e na rima
Arrimo e contrasenso.
Estrito e imenso,
Imantados
Pólos opostos
Atos e apóstolos,
Postulas e não posso
Pústulas carrego
Nego e me pegas,
Corvos e pegas...
Percas e ganhos...
Enganos e ganas
Gerânios e gerúndios.
Como pode um peixe vivo...
Nas horas mais estranhas
Entranhas e temperos.
Seios e rodeios,
Cavalgada...
Vagas calvas dos montes.
Remontes e desmontes.
Pouso e gozo, órgãos e orgasmos.
Espasmo e espantos,
Contratos e contraltos
Remessas e conversas.
Discutir a relação!
Relatos e remédios
Rotas sem tédios
Temidas e terminais...
Tolas discussões
Sessões de culpa
Desculpa e me culpa
Culpa
Culpa
Quero lupa!
A pupa apupa e apóia
Quase que bóia
A jibóia me aperta.
O nó da gravata
Bravata e graveto.
Vate e barata
Barbatanas
De tubarão
São afrodisíacas!
Paradisíacas misturas, curas e chicotes.
Látegos e latejos.
Polens e pré-juizos.
Prejuízos?
Quem sabe
A porta se abre,
Se cabe ou se acabe não cabe!
Será?
Só sei que te amo!
X
Não poderia ver o vale...
O mundo não deixaria outra escolha.
Cola e cavalo, casa e casal... Casamento!
Pergunta que não se responde,
Bonde vai, bonde vem...
Ninguém poderia saber
Ao certo se duvidoso.
Nascido e criado, talvez morto
No vale que jamais deixaria.
Ria e chorava, rio e riacho,
Diacho de vida!
Maria e casamento.
Momento difícil de escolha.
Escola distante, futuro traz fruto
Semente e sêmen, momento de glória.
Sem ismos e achismos, marcas e marchas.
Festa e refastelo.
Cama e chama
No final, moleque,
Um leque que não abre,
Um mundo que não cabe
Na curva deste rio
Nas ruas da viela,
No vale onde nascera.
Mundo comprido e tão distante.
A cada instante novidade.
O vento da liberdade
Vencido pelo morro,
Trazendo seu socorro,
Maria do Socorro...
Rebentos à vontade.
Qualidade e quantidade,
Eta gurizada bonita!!!
Novilha e cabrita, café e cafuné, resultado: menino!
A vida se passa e se comparsa.
Tem farsa,
Mas disfarça que o cavalo ao vale vem...
Antes tinha trem
Agora ninguém vem,
Somente a vida, trem
Danado de bom...
Não sabe de São Paulo,
Nem Rio nem Belzonte,
O belo do horizonte
Termina ali na curva,
Nas curvas do socorro,
Ancas de Socorro.
Resultado: mais guri...
A mão que se quebrou
O breu logo curou,
Um canto curioso
Na serra curió.
A vida deu um nó,
Nasceu tanto menino...
Na ponta do cipó,
Na curva do destino.
Saudade desse tempo
Do vento em minha nuca,
A vida é arapuca
Não bole nem remexe.
Vazando pelos pastos,
Nos gostos e nos gastos.
Sementes de esperança
Plantadas no quintal.
Do seu canavial, havia novo aval
Ser feliz!
X
Estou pergaminhado, tanta ruga...
O mar que naveguei virou um rio...
A casa que vendi ninguém aluga.
O cobertor usado traz o frio.
Vencido por outonos, já me inverno.
A lágrima rolava? Já secou.
As traças devoraram velho terno,
O barco dos meus sonhos naufragou!
Não ouço mais teus cantos, estou surdo.
As luzes que trouxeste? Vago cego.
Nas guerras que inda enfrento, morro curdo.
Amor que me trouxeste, já renego.
Meu mundo
Num segundo
Vira mundo
Vagabundo...
Afundo o travesseiro
Travessas e viseiras
Trastes velharias
Se gostas de velórios
Passas satisfeita.
Não falo de despeito
Nem medo e tentação
Ação que não se tenta,
Morre sem perdão.
Perdendo já me perco
Perdido me perdi.
Achei um firmamento.
Momento que me firmo.
Afirmo que sou vão,
Verão já nem conheço
Remessa vou avesso,
Me deste o meu norte.
A morte que rodeia
Na veia inoculada.
Na beira da calçada.
A banda já passou!
X
Me perco, manso e safado, asco e desejo,
Arpejo e salamandra, enormes vagalumes...
Colibris e paraméceos, cios e senzalas...
Sou mar e marina, amaria e não amar
Rumar por ruas e aspas, métricas e rimas,
Cismas e sismos. Cinismos.
Me perco...
Nada mais posso dizer, viver é saber mar.
Mar que não freqüento, vento que não tenho,
Cenho já fechado, arado que não ara, ar, aragem...
Paragem, freno e fornalha, parafernália.
Meu último segundo, mundo que inibe, bélico...
Eólico, fatídico, fraternal e farsante.
Farsa andante, ando meio à toa. À tona. Átona...
Teimo com tremas e temas, átomos, tomos
E temeridades.
Temer idades.
Temer cidades.
Temer os hinos,
Termino
Término.
Termos e hinos,
Meninos...
Meus hinos e meus mimos, martírio.
Quero o gosto, gozo e gesto.
Vivo pro gasto, pro fausto e pro fastio
Pro afã, profano...
Giro por entre gestos incontestes com testes, contextos.
Com textos e texturas.
Puras peraltices.
Altas pernas, pernaltas, pernas longas...
Pernilongos, longos, logos, lagos, escunas
E lagunas.
Lacustre sonho, medonho me exponho e me ponho no mar...
Ar e medo, arremedo absoluto. Absurdo,
Surdo a soldo, sola, soldado...
Calo e refaço,
Farsa e cobrança
Aliança.
Mansidão....
Te amo e que se dane!
X
Indomável corcel por onde andaste?
Nas estrelas, nos céus, em plena lua?
Espaços siderais te procurei...
Vagando por sidéria tempestade...
Envolto em impossíveis pensamentos,
Nas trevas, sendo luz e claridade?
Trilhando improváveis sofrimentos,
Mansamente, obedeço tua lei.
Nas minhas fantasias, bela e nua;
Provinda dos espaços que criaste.
Indomável corcel estou sozinho,
As fontes dos desejos se secaram?
Olhando para os astros não te vejo...
Decerto tantas vezes te escondeste
Por entre belas nuvens, disfarçado...
Amor tão delirante é inconteste
Percorre por milênios, disfarçado.
A vida sempre traz um novo teste,
Nas festas, nas orgias do desejo.
Quando destino e tempo se encontraram,
Um corcel indomável volta ao ninho.
X
Nas istrada do sertão
Incontrei munta sodade,
Revirei o coração
Incontrei tanta maldade
Mai zóiando lá pru chão
Eu achei calaridade...
Nus trombôio que carrego
Tantas coisa qui num acho,
Essas verdade num nego,
Quem qué pisão é capacho,
E coisa que eu arrenego
É o tar do bicho macho...
É bicho fei, isquisito,
Tem cara di mijacão,
Fedendo mai qui cabrito
Nessa barba de bodão,
Se colá dá logo atrito,
Meto logo um pescoção!
Mas, porém eu li garanto,
Coisa estranha, pode crer,
O meu cunhado, entretanto
Quando esse bicho ele vê,
Amua logo num canto,
Faiz biquim assim procê.
Minha muié num repara,
Falano que eu tô errado.
A verdade tá na cara,
Na cara do meu cunhado,
Cum muié ele num para,
Prus bichim fica assanhado...
Eu aqui ficano quieto
Num vô mexê im vespêro.
Se o cabra qué dá afeto,
Ou qué se dá pur intêro
Qué se dá é pur compreto
Dessas tinta faiz tintêreo...
Minha sogra coitadinha,
Nem repara nu bichano
Quano chega, de noitinha
O cabôco fais seus prano,
Vai botano uma sainha
Daquelas qui fárta pano...
Dispois coloca batão,
Prá boca ficá vermeia.
Dórme di camisolão,
As iscova qui penteia,
Tem forma di coração,
Um tempão pra botá meia...
Eu já falei pra muié,
É perciso sê isperto,
Mas seja u qui Deus quizé
Eu é qui num fico perto,
O meu negócio é muié;
O resto é procê, Gilberto!
X
Meu amor, passageiro de minha alma,
Desliza entre fornalhas e braseiros...
Meu destino se prende à sua palma
Em sentimentos crus, mas verdadeiros...
Nos delírios, defeitos e recados,
Contrafeitos sentidos, se polvilha,
Buscando encontrar novos fados,
Amantissimamente, uma novilha.
Sai vagabundeante pelo astral
Deslizando entre estrelas e luares...
Tantas vezes proscrito e tão banal,
Esperançosamente traz olhares...
Mendigando carinhos e perdões,
Nos desérticos astros do universo;
Procura por temáticas versões,
Maltrata e dilacera cada verso....
Meu amor caçador pede tocaia,
Espreita pelos passos, minha amada...
Derrama-se solar, plena praia,
Amanhece tal gado na invernada...
Vem sorrateiramente, uma serpente,
Preparando finalmente seu bote.
Me cura e tantas vezes cai doente.
Repetindo fielmente seu mote.
Amor moleque, cais e tempestade,
Previne e tantas vezes vaticina.
Nas horas mais difíceis, na saudade,
Nunca se encontrará sequer vacina...
Nas lutas mais homéricas, refém...
Nas procelas, remédio e calmaria...
Maldito muitas vezes traz o bem,
É noite que amanhece em belo dia...
Tantas vezes pilantra, outras é santo,
Aguardente que mata, refresco que ajuda,
Mordida que alivia e traz encanto.
Passarinho sofrendo a dor da muda...
Na dor, prazer, perfeito equilibrista.
No medo e gozo, brinca qual funâmbulo.
Nos arados, natura, um vero artista.
Nas noites, vaga quarto é um sonâmbulo!
No plantio é semente fecundada,
Garapa desta cana adocicada.
Abelhas e zangões resultam mel,
Delícias gordurosas pedem fel...
Imortal sensação de desamparo,
Reflete escuridão trazendo o sol.
Na doçura promete ser amaro,
É ilha em arquipélago, um atol!
Fortaleza traduz fragilidade,
Infinito, termina num adeus...
Mentira que me trouxe essa verdade.
Demônio disfarçado, imita Deus!
X
Pérolas que carregas, seus poemas,
Alvíssaras e paz, levam consigo.
Recendem esperanças, tantos temas,
As alamedas belas que prossigo...
Nebulosos destinos, os reverte.
Única pérola, liberta o mar;
Resume-se em sereia, que o converte
Incrustando o desejo de voar...
A luz se prometendo incendiária,
Cabendo dentro deste sonho: amar!
As algas, os marulhos.... Procelária
Revoa livremente, sem parar.
Lume se revigora, fonte vária,
As estrelas não podem reclamar!
( a poetisa é sempre libertária)
X
Estava cansado
Pensando na vida,
Estrela caída,
Morrendo no mar.
Depois a tristeza.
Brincou de princesa,
Ficou do meu lado,
Não quis descansar...
Vestido de forte,
Pensei na saudade
Foi tanta maldade,
Não pude sonhar...
Na vida quem sonha
Deixando a vergonha
Se esquece da morte,
Não quer mais lutar...
Procuro teu beijo
Cadê, meu amor,
Me resta esta dor,
A dor da minha alma,
É tanta que choro,
Te peço, te imploro,
É grande o desejo,
Viver sem ter trauma...
Chegou o momento
De ter teu carinho,
Não vou mais sozinho,
Espero o luar...
Não quero essa cruz,
Procuro essa luz
Vital pensamento
Que possa brilhar...
Meu povo sofrido,
De fome calado,
É gado marcado
Não pode falar.
Senzala resiste
A dor inda existe
Um grito contido
Já tenta ecoar...
Chibata sangrando
O couro cortava
A mãe que chorava
O filho gentil,
Depressa se cala,
No quarto e na sala
Aos poucos matando
O nosso Brasil.
X
Sonhei um sonho sonhado
Desse tempo já passado
Por onde eu nunca passei.
Nem nunca mais encontrei,
O que perdi pela vida.
Nessa busca sem sentido,
Por essa noite perdida,
Pelo nunca mais ter tido.
Passava ruas estreitas,
Encruzilhadas sem rumo,
Tremendo pelas maleitas,
A vida perdendo o prumo.
Nesse sonho que sonhava
Percebi tantas senzalas
Mal percebia, acordava,
Voltava pras mesmas salas.
Os olhos podres sorriam,
Voavam sobre meu rosto,
Devoravam, renasciam
Formas, paladar e gosto.
Nos fraques que eles vestiam,
Um sorriso de bom moço,
No fundo todos sabiam,
Cardápios do mesmo almoço.
Nas bandejas, as cabeças,
Dos sonhos que tive outrora,
No meu sonho que às avessas,
No pesadelo d’agora.
Voltavam aves rapinas,
Tragando tudo de novo,
Destruindo essas campinas,
Sugando todo esse povo.
Forjavam outras correntes,
Acorrentando os mais frágeis,
Nos cantos, todos dementes,
Na carne, as unhas mais ágeis.
Expondo vísceras ocas
Dos trôpegos caminhantes,
Penetravam pelas bocas
Destruíam como dantes.
Numa dantesca folia,
Riam-se, tão delirantes,
Decepavam, maestria
Como fizeram bem antes.
Cuspiam todas as faces,
Ladravam nessas orgias,
Aproveitando os impasses,
Repetiam melodias
Cantadas nas tempestades,
Criadas sem fantasia,
Matavam as liberdades,
Anoiteciam o dia.
Nesse sonho já vivido,
Abandonado num canto
Crendo que estava perdido,
Renasceu, prá meu espanto,
Na noite, na madrugada,
Sem luz de lua a brilhar,
Sem vida, sem canto, nada
Que se possa festejar.
Meu Deus, afaste o tormento,
Não me deixe mais sonhar.
Quero viver o momento,
Quero essa vida a brilhar.
Não permita o pesadelo,
Não deixe mais retornar,
Corte o fio, esse novelo,
Não pode recomeçar.
Essas aves que cantaram,
Não deixe de novo, agora,
Pelos tantos que mataram,
Pelos corpos,que lá fora,
Apodrecem no quintal,
Esquecidos nas favelas,
Nas roças na capital,
Já não quero tantas velas.
Nem quero mais funeral,
Do nosso povo sofrido,
No grande canavial,
Pelo tanto destruído,
Pelo muito que roubado,
Esfacelando esse povo,
Pobre, sofrido, acoitado.
Não permita isso de novo!
X
Minha gente estou contente,
Estou contente de fato,
Vou contente, minha gente
A gente tem candidato.
Nada mudou na verdade,
É candidato de novo,
Pelo campo e na cidade,
É candidato do povo.
Se quatro anos foi pouco,
Outros quatro eu quero ter.
De gritar, ficando rouco,
Louco pra gente vencer.
A pobreza brasileira,
Precisa desse operário,
Nossa nação verdadeira,
Não quer mais um salafrário.
Não queremos apagão
Nem tampouco esse tucano
A luz chegou no sertão,
Eu, de novo não me engano.
Meu filho na faculdade
Tá bonito como quê,
Transpira felicidade,
De novo, vamos vencer!
A roça tá controlada
Os juros posso pagar,
Tá linda minha boiada
Tudo está no seu lugar.
A comida tá barata
Emprego tá aumentando,
Meu bolso tem bem mais prata,
As coisas tá melhorando...
Pode contar com meu voto,
O meu e da minha filha,
Aliás, vê nessa foto,
Vota junta essa família.
Que é gente trabalhadora
Que trabalha com afinco,
Sabe que como a lavoura,
Esse país tá um brinco...
Bem sei das dificuldades
De governar a nação,
Conheço essas crueldades
Dessa tal oposição.
Tiveram por muito tempo,
Com as mãos nesse timão,
Criaram foi contratempo,
Pra impedir a evolução.
Chamaram ele de burro,
Cachaceiro e vagabundo,
Bem sei o quanto que é duro,
Saber que em todo esse mundo,
O nordestino valente
É respeitado demais.
Essa gente tá doente,
Tá perdendo até a paz,
Partiram pra estupidez
Xingando o pobre coitado
Ora só, vejam vocês.
Eles ‘tão descontrolado...
Num adianta chorar
Nem querer ameaçar
Vocês têm que aturar,
De novo vamos ganhar.
Pro bem do povo carente
Da nossa gente mais pobre,
A nossa gente contente
Que não cheira a ouro e a cobre...
Veja essa luz lá no fundo,
Não há mais bela que assente,
Vou contar pra todo mundo:
É LULA PRA PRESIDENTE!
X
Quando o brilho dessa lua
Clareia todo sertão
A verdade surge nua
Em forma de assombração.
Correndo pelas estradas
Acompanhando o luar
No meio das madrugadas
Num grito de apavorar,
Ao longe se ouve distante
O latido doloroso
Esse ladrar inconstante
Assustando, pavoroso
Quem cruzasse no caminho
Quem tentasse andar sozinho
Pelas trilhas dessa terra,
Travando sempre essa guerra,
Entre vivente e defunto
Nessa luta, tudo junto
Se confunde na batalha,
Mesmo que você atalha
Por outro rumo ou estrada
Não adiantará de nada
Você não pode escapar.
Se não vier lobisomem
Outro poderá chegar
Meio bicho meio homem.
Nessa mata sem ninguém
Mula sem cabeça vem
Procurando devorar
A quem puder encontrar.
Mas, me contam e acredito
No meio de tanto maldito
Outra coisa perigosa
É gente cheia de prosa,
No meio desses fordunços
Trabalha prá coronel
Sem pena, manda pro céu.
Essa turma de jagunços.
O povo do meu sertão
Vive toda ameaçada
Bastar dizer um só não
Ou então precisa nada.
Na ponta de uma peixeira
Ou na mira de um fuzil,
De sangue, mancham a bandeira
Envergonham o Brasil.
X
Na fumaça do cigarro
Que se queima entre meus dedos
Nessa penumbra me agarro
Vou fugindo de meus medos
Quero a sensação perfeita
De poder seguir em frente
A felicidade é feita
Do sangue e carne de gente.
Como a liberdade é flor
Quer precisa pra brotar
De suor sangue e terror,
Pois senão ela não dá.
Meu canto de liberdade
Tem mais lágrimas que riso
Atravessando a cidade
Traz muito pouco sorriso,
Reflete a melancolia
Que se fez neste país
Trazendo pouca alegria
Quase morrendo por triz;
A vida essa fantasia
Essa pobre meretriz
Que tampouco poderia
Sonhar em ser mais feliz.
Não podendo mais arcar
Com essa dor que apavora
Nessa luta por lutar
Bem antes e mais agora.
Nossa luta é tão constante
Vem de tanto tempo atrás
Transformando esse gigante
Que aprende a ser tão capaz
Quanto os velhos continentes.
Trazendo nas mãos cansadas
Sonhos de seres contentes
Pela lua, iluminadas.
As marcas de todos nós.
Caminhamos de viés,
Trazendo essa dor atroz
Cortados, sangram os pés.
Nossa luta mais certeira
Da guerra que não engana
Essa batalha altaneira
Da latino americana
Vida, como essa bandeira,
Que carregamos sem jeito
De todas és a primeira,
Pesando forte no peito.
Terra de tantas batalhas
Das antigas injustiças
Trazes nos olhos mortalha
Vítima dessas cobiças
Que sangraram os teus sonhos
Em troca de prata e ouro
Transformaram em medonhos
Tua carne, pele e couro.
Estropiaram teu povo
Exterminaram teus cantos
Extorquiram-te de novo
Tenazes foram teus prantos.
Agora, que tentas ser,
De novo esse amanhecer
Um amanhecer mais justo,
Mãe que acalanta no busto
Teus filhos mais sofredores
Buscam todos teus amores
Procuram beijo da paz
Lutam pra serem bem mais
Que simples melancolia
Quiçá nesse novo dia
Nessa brisa que acalenta
Nesse canto que se assenta
Sobre tuas mãos feridas
Possamos nós teus meninos
Esquecer das despedidas
Cantando de novo esse hino,
Um hino de amor a ti
Terra onde sempre vivi
Onde nasceram meus filhos
Por onde seguem meus trilhos
Iluminados ao sol
Que traduz tua esperança
De ser de novo a criança
Dona do teu arrebol.
Brincando nas cordilheiras
Nas tuas florestas tantas
Fazer dessas brincadeiras
Ungindo tuas mãos santas.
Surgindo de novo a vida
Onde sangraste, ferida.
América mãe de todos
Que Deus ouça nossos rogos
E te permita viver
Sem ter que filhos vender
Sem ter que, prostituída,
Expor-se tão nua em vida.
América, nosso lar,
Nossa casa verdadeira.
Que o brilho do teu luar
Ilumine a terra inteira.
Que nunca mais te maltrate
Nem nunca mais te destrate
Quem nunca te conheceu
Quem jamais te concebeu
Povo de terra estrangeira
Que suga tanto teu sangue
Atolando-te no mangue
Te escarrando por inteira
X
Sem ter nada por dizer
Desse tanto que já disse
Por ter medo de viver
Sem ter nada que afligisse
Pelo canto mais sensato
Desse rio, do regato.
Por não temer o cansaço
Por nem ter o teu regaço
Quis fazer essa manhã
Com teu gosto minha amada
Ter no meu peito a terçã
Ter nos olhos madrugada
Sem saber por onde andar
Nem ter medo da saudade
Nem vontade de voar
Quero ter somente a lua
Mudando a forma, mas nua.
Percorrendo cada rua
Como se fosse ela, a tua.
Como poder ser teu colo
Como transformar teu solo
Como navegar ao pólo
Como resistir ao canto
Envolvendo-me no teu manto
Encantando-me teu encanto
Navegando no teu mar
Procurando teu cantar
Sabendo bem mais te amar
Que poderia essa vida
Ser estrada tão comprida
Que nunca pode estancar
O que sangra sem segredo
Esse amor me dando medo
No meu último degredo
No final dessa cantiga
Que de tanto ou mais antiga
Vai queimando feito urtiga
Fazendo a vida serena
Dando dor a quem tem pena
Dando essa asa a quem não voa
Vou levando a vida à toa
Navegando essa canoa,
Vivendo essa vida boa.
Com o gosto da saudade
No peito essa liberdade
Carregando a vaidade
De ser livre, sem ter medo.
De saber qual o segredo
Para poder suportar
As dores mais poderosas
Vou tentando perfumar
Com os olores das rosas
A quem queira me amar.
Quero saber dessa sina
Que me traz a ti, menina.
Que me faz sentir, calor,
Nos braços do meu amor
Na rede toda preguiça
Que vem, prende me atiça.
Me dando essa sensação
De chegar nesse meu chão
Carregado de perdão;
Lavando toda certeza
Na chuva da madrugada
Tornando desesperada
Cada ausência sem você
Querendo, só por querer.
Querendo sem nem poder
Amar quem nunca esqueci
Na vida que já perdi,
Na curva dessa esperança
Ser de novo tão criança
Trazendo em minha lembrança
O gesto mais delicado
Onde amor tornou-se fado
A vida dando o recado
O medo andando de banda
Pesando o peito sofrido
Que por muito já vivido
Leva seu tempo perdido
Vai em busca da certeza
De encontrar essa beleza
Que todos chamam verdade,
Mas pra mim, sinceridade.
Conhecendo a liberdade
Chamo de FELICIDADE!
X
Salmo 24 em versos brancos
A terra é do Senhor em toda plenitude.
Também é todo o mundo e todos que o habitam.
Por que ela foi fundada em cima destes mares
Por que ela foi firmada em cima destes rios.
Quem subirá ao monte onde está meu Senhor,
Ou quem logo estará no seu lugar que é santo?
Quem for limpo das mãos e puro em coração
Quem não for vaidoso e nunca jura em vão,
Será abençoado, e terá salvação.
Tal é a geração dos que buscam t’a face,
Ó Senhor de Jacó. Ó portas levantai
Vossas cabeças alto. Ó entradas eternas
Rei da glória entrará! Quem é o rei da glória?
O Senhor poderoso e forte na batalha.
Ó portas levantai vossas cabeças alto.
Rei da Glória entrará, ó entradas eternas.
Quem é o rei da Glória? O senhor dos exércitos!
(Ele é o rei da Glória!)
X
Salmo 23 em versos brancos
Meu Pai é meu pastor , nada me faltará!
Em pasto verdejante ele me faz deitar.
Guia-me mansamente a águas mais tranqüilas.
Refrigera a minha alma;a trilha da justiça
Leva-me, por amor do seu divino nome.
Ainda que eu caminhe o vale tão sombrio
Da morte, mal algum, eu nunca temerei,
Pois comigo estás, Pai.Tua vara e cajado
Consolam-me, Senhor. Preparas uma mesa
Perante mim, defronte a tantos inimigos.
Meu cálice transborda unges minha cabeça
Com óleo. Certamente essa misericórdia
E bondade estarão em todos os meus dias.
Na casa do Senhor viverei longos dias.
X
Salmo 22 - em versos brancos
Por que desamparaste assim meu Senhor Deus?
Por que estás afastado e não mais me auxilias?
Por que não ouves mais minhas palavras, Pai?
Eu clamo-te de dia, embalde, não mais ouves.
Eu clamo-te de noite, embalde, sem sossego...
Contudo tu és santo, estás entronizado
Sobre todo o louvor que existe em Israel.
Nossos pais já livraste, em ti, pois, confiaram.
Foram salvos, meu Pai, enquanto te clamaram.
Confiaram em ti e não os confundiste.
Porém eu sou um verme, um opróbrio dos homens,
O povo me despreza e todos já se zombam.
Me dizem, Meu Senhor: já que em ti confiei
Que me liberte Pai, pois em ti, meu prazer.
Tu és quem me tiraste e que me preservaste
Desde quando, pequeno, ainda em minha mãe;
A teus braços, lançado és meu Deus desde o ventre.
Não te alongues de mim. Angústia está bem perto
E, meu Pai, meu Senhor, não há quem me acuda!
Os touros de Basã me cercam e rodeiam,
Contra mim, boca aberta assim como o leão
Que despedaça a presa e ruge, violento!
Derramei-me qual água e quebrei os meus ossos!
Meu coração derrete em cera nas entranhas.
Minha força secou qual fora um simples caco.
Tu puseste-me o pó de uma terrível morte.
Rodeado por cães, malfeitores me cercam
Me transpassam os pés e também minhas mãos.
Os ossos posso contar, eles me olham e miram.
Repartem, entre si, todas as minhas vestes.
Mas tu, meu Senhor, não te alongues de mim.
Me socorra, meu Pai, por que és a minha força!
Pai, me livre da espada e do poder do cão,
Da boca do leão e dos chifres do boi.
Anunciarei teu nome a todos os irmãos
E na congregação, eu sempre louvarei:
Vós que temeis a Deus, louvai-o todos vós.
Ó filhos de Jacó, temei, glorificai
Ao Senhor, todos vós, herdeiros de Israel!
Porque não desprezou e nem abominou
Toda aflição do aflito. Nem dele se escondeu.
Pois quando foi clamado ouviu-o, plenamente!
De ti vem meu louvor nessa congregação.
Meus votos, pagarei perante os que te temem.
Os mansos comerão, se fartarão,
Louvarão ao Senhor, aqueles que te buscam.
Que o vosso coração, viva em eternidade.
Nos limites da terra, o teu nome lembrado,
E se converterão, diante do teu nome,
Por todas as nações tu serás adorado.
O domínio é do Pai, e reina sobre todos.
Os grandes desta terra te adorarão, meu Pai.
Os que descem ao pó, os que não retêm vida,
Diante do Senhor, todos se prostrarão!
Futuro o servirá, falar-se-á de ti,
À geração vindoura, em sua plenitude.
Anunciarão ao outro tua justiça
Ao povo que nascer , o que fizeste, Pai,
A todos contarão, será anunciado!
X
Amor que tanto mimo escusa-se de engano.
Minha alma feita seixo, em águas se lavava.
Qual alga neste mar, nos sonhos flutuava.
A noite que chegou, promete duro dano.
Quem sabe deste amor, se lava em desengano.
Em calmaria audaz traz vulcânica lava.
Na boca, mais mordaz, a faca, em costas, crava.
Amor sabe procela, embarca no oceano...
Vestígios de saudade, a tarde sempre traz.
O rumo do meu verso, a lágrima distrai.
A tarde em minha vida, ao meio dia cai,
De tudo que escrevi, só peço a minha paz.
Não sou mais controverso, aguardo teu recado,
O mar deste universo, espreito da janela.
A cor desta morena ou jambo ou canela.
O mote que me deste, escuro e maltratado
Peço-te não perdoe, espero teu castigo;
A mão anda cansada, estreita, dura, em prece.
Amor que tanto mimo, a lua não merece.
Depois de tanta coisa, eu quero estar contigo.
Um carro em disparada, a rua é tão deserta,
O manto da alvorada, estrelas são a linha.
Amor que se conteve, agora não és minha!
Depois de tanta luta, esqueces minha oferta.
Bendita claridade! Embora esteja escuro.
O vão já se desaba e caio desta ponte.
No meu olhar, distante, aguardo um horizonte.
O chão , depois do tombo, eu sei que é bem mais duro.
Vestígios do que fui, te trago na bandeja.
Da santa guilhotina, o resto sempre é teu.
Na faca que me lambe, o meu amor morreu.
Amor que nunca tive, o pranto não deseja.
Repare nesta estrela... O brilho é muito escasso.
Cometa repentino, espero um novo dia.
Agora, não se esqueça, a velha fantasia.
O mundo me carrega, aguardo um novo passo.
Em verso alexandrino, eu canto esta desdita.
O sol que não raiou, estrela que não veio...
O mundo que restou... Só quero ter teu seio.
A noite me embriaga... A cachaça é maldita!
X
Ela acordou bem cedo, o sol não tinha vindo;
A roupa no varal quarando, pede sol
No rádio que escutava, as notícias chegavam.
Notícias doutro tempo onde fora feliz.
Sempre se repetia aquele mesmo fato.
O rádio prometia, a vida, então negava.
A mesma novidade, esperança não morre!
Parecia que o rádio havia se esquecido
Que o tempo nunca pára, as coisas sempre mudam!
O marido se fora em busca da morena,
Uma vizinha antiga, o caso também era...
Tudo bem, nunca amou! Dera graças a Deus!
Um homem não tem dona... é bicho do sereno!
A revolta maior foi a televisão.
Comprada em prestação. Novela? Nunca mais!
Ainda bem que tinha o rádio que gostava.
O rádio e a notícia: a notícia de sempre...
X
Salmo 21 - em versos brancos
Na força do Senhor, o rei se alegra,
Na tua salvação, se regozija.
Deste o que desejava o coração,
A petição dos lábios não negaste
De bênçãos excelentes, o proveste.
Coroa d’ouro fino, o Senhor deu.
U’a vida longa, eterna, Deus lhe deu.
Pois grande é sua glória em teu socorro,
De majestade e d’honras o reveste!
Fazê-o para sempre abençoado,
Enchê-o de prazer, tua presença.
No Pai, o rei confia e na bondade
D’Altíssimo será inabalável!
A tua mão alcança os inimigos
A todos que te odeiam os alcança.
Tu os fará fornalha ardente Pai,
Quando vieres. Fogo os queimará.
Destruirá a prole desta terra,
E a sua descendência morrerá.
Pois contra ti intentaram todo o mal,
Maquinaram ardil, serão vencidos!
Tu os porá em fuga, meu Senhor!
Te exalta em tua força, Grande Pai,
Teu poder; cantaremos, louvaremos!
X
Amor de Salvação
Nesta ânsia de viver, por vezes penso
Como é difícil perceber o sonho.
O mundo me promete ser imenso,
O que me resta é meu olhar, medonho!
Embalde tantas vezes me pergunto
Onde estará essa mulher vibrante?
Depressa, no silêncio, mudo assunto
Encontro seu fantasma, delirante!
O sonho que procuro, se esvaiu...
Mundo... Em tolos fantasmas me desfaço...
A força que pressinto traz ardil,
Em plena tempestade não disfarço...
Mendigo alguns olhares, vida nega...
Procuro pelos cantos, nada encontro.
O brilho do passado inda me cega,
A vida traz em si, um desencontro...
Quem dera transformasse dor em ouro.
O medo não seria companheiro,
O aço penetrando fundo, o couro.
Vasculho por espaços, mundo inteiro...
O beijo que recebo, solidão!
As vagas que navego, meu naufrágio.
Embalde procurei, peço perdão.
A morte de repente, meu adágio.
Vencidas as quimeras, vou sozinho...
O pranto não decorre da saudade.
Revôo deste pobre passarinho
Por sobre toda a paz desta cidade.
Ser feliz parecia meu direito.
Pesados olhos, canso-me da luta.
Revejo quanto tempo em desrespeito
Vivi, ao me guiar por força bruta.
Deram-me tão somente sensações
Da vida tão inútil sempre a esmo..
Meu canto enfim se forma sem ter paz.
Motivo desta angústia, sempre o mesmo.
A coragem de viver, não tenho mais...
O manto que me cobre, soledade...
O frio que me dobra, sem promessas.
Um vento em tempestade já me invade
Virando minhas luzes às avessas.
Em plena negritude, um pesadelo...
Imensos fogaréus rolam espaços,
O mundo se desfia qual novelo,
Diabólicos miasmas abrem braços
Abarcam os meus pés e não os soltam;
A noite esmigalhando, me sufoca.
Os mares, em procelas, se revoltam.
Fantástica pantera sai da toca,
Os olhos do passado me mirando.
O beijo das quimeras, louca prenda.
O universo vomita, procurando
Meu caminho, meu passo e minha senda.
Desesperado, nada me sustenta.
Em fogo me enveredo por caminhos
Distantes...A minha alma, louca, tenta
Encontrar noutras terras novos ninhos...
A vida se demonstra vã, embalde...
Os furacões, tufões, a tempestade.
Viver me parecendo ser a fraude
Divina, um louco blefe, falsidade.
Vejo-me sem ter porto nem saída,
O cais se revelando tão distante.
A morte se mostrando, sorridente;
A ponta enegrecida da navalha,
O frio revelando-se, envolvente...
Minha pele, poreja e se retalha.
Nos poros destilando podre sangue,
Acaba-se,em delírios a esperança...
Entretanto, do pobre e néscio mangue,
Um ser maravilhoso já me alcança.
Nos olhos redenção de primavera.
Nos lábios, o desejo descoberto,
A mansidão distante nega a fera
Que morre em coração, puro e aberto.
Vejo-te, minha luz e salvação.
Surgida no momento mais mordaz...
Nos olhos, a promessa do perdão,
Sorriso delicado de quem ama.
Risonho, meu caminho, pede paz,
Apagas, num segundo a negra chama...
X
Salmo 20- em versos brancos
No dia desta angústia dolorosa
Que o Senhor ouça-te e proteja sempre.
Envie-te socorro lá dos Céus
E que já te sustenha de Sião!
Lembre-te das ofertas, sacrifícios.
Conceda-te conforme o coração
Deseje e cumpra todo o teu desígnio!
A tua salvação alegrará,
Pendões arvoraremos ao Senhor.
Satisfaça o Senhor nas petições.
O Senhor sempre salva o seu ungido
E lhe responderá do Santo Céu,
Com força salvadora, sua destra.
Uns confiam em carros ou cavalos,
Nós faremos menção ao Nosso Pai;
Uns encurvam-se e caem, nós nos erguemos.
Salve-nos meu Senhor, nos ouça a prece!
X
Um vaso quebrado,
Um disco arranhado,
Um velho fado,
O monte de esterco
E o risco de incêndio...
Maria se foi,
Foi-se meu mar.
Ia a promessa,
Promessa de vida
Vida com canto,
Um canto sem jardim,
Jardim sem perfume,
Perfume sem flor
A flor pede vaso,
Um vaso quebrado...
X
Não sei se te queria ou não...
O certo é que sonhava algumas vezes.
Bem perto, distante, tanto faz
A minha boca te procurava.
Mas, engraçado, meus olhos não te viam...
Era bonita, disso eu tenho certeza.
Sem rosto definido, ou coisa assim,
Mas realmente muito bonita!
Os meus sentidos todos te sentiam.
Menos a visão.
Essa não podia dizer
Se eras branca, negra, morena, asiática
Apenas te desejava.
Tua nudez era ansiada!
Deveras ansiada e
Imaginada!
Teus seios me pareciam deliciosamente
Lactogênicos.
E o sabor deste leite entranhava meus lábios...
O leite que nunca produziste,
Ou quem sabe será meu.
Mel e manto, espantos...
Outra coisa que me chamava a atenção
Era o perfume de teus olhos.
Tinham um quê de pêssego e de maçã.
Transcendiam a um tempo onde fui feliz.
Vestido desta fantasia, não pude deixar de te ouvir.
A tua voz era algo assim como
Se uma sereia.
Serei-a? me perguntaste.
Sim serás...
Sinceras as minhas respostas.
Uma sereia que sabe o sabor do sal.
Do salgado desta vida e dos meus olhos...
Por que não voltas?
X
Em meu canto, me espanto e te procuro.
Me curo em tua cura e teu decoro.
A lua em seu encanto me faz coro.
Clareia e me incendeia nega escuro.
Vencido tenho sido mas não ligo.
Me abrigo do perigo em tuas mãos!
Os chãos que da amplidão perecem vãos,
Disfarçam noutra face do perigo...
Vorazes as audazes asas, ases,
Sem freio sem receio, caçam meio
Encontram seus encantos no teu seio.
Os versos que enveredo são mordazes.
Mentiras quando atiras sobram tiras.
Tiaras e searas são serpentes.
Os pentes nos repentes quando sentes
Se entranham e se estranham, ledas liras.
Meu mote neste pote forte fica.
Fortifica quem liça faz a festa.
Me resta tão somente frágil fresta.
Amor que não se entende, não se explica!
X
Amor que me transcende sem queixume
Buscando em qualquer flor, o seu perfume.
É vaso que transpira uma esperança.
Abraça, carinhoso, minha musa.
É minha melodia mais difusa,
É doce que carrego na lembrança!
Um passageiro busca, de viagem,
Viver felicidade, bela imagem.
Retrata tantos brilhos de criança!
Jamais a solidão será seu fardo,
Em seu caminho, nunca mais um cardo.
A dor, em sua vida não alcança.
Um som que ao longe escuto, cantoria.
É pleno de verdade e fantasia.
Convida-me feliz à nova dança!
Brincando de poeta solto um verso,
Que sempre te procura no universo.
Será que encontrará em plena França?
Um lírico desejo, ser feliz...
Em toda minha vida, sempre quis...
Não temo sofrimento nem vingança!
A moça dos meus sonhos me renova.
É brilho nos meus olhos, nova trova.
É pacto divinal, linda aliança...
Teus olhos desfilando na cidade,
São lumes que me trazem claridade.
Trazendo a toda gente essa bonança!
Meu verso renitente, nunca pára.
A dor não se avizinha, já se apara.
Amor e alegria na balança...
Não tenho nem terei, na vida, medo.
Conheço seus caminhos, seu segredo.
A vida corre plena, na abastança.
A vida passageira sem ter pressa,
Amor venha correndo aqui, depressa.
Senão a poesia já se cansa
X
Salmo 19 - em versos brancos
.
Os céus proclamam glória de meu Deus
Sua obra, o firmamento me anuncia.
Um dia se declara a outro dia.
Conhecimento, a noite passa a outra.
Não há palavras, fala, nada escuto...
Mas sua linha e fala: universais!
Qual noivo que se alegra quando sai,
Qual herói a correr sua carreira,
Deus pôs em tudo, tenda para o sol,
Que se estende por todo esse universo,
Ao seu calor, por isso, nada foge!
A lei do meu Senhor, perfeita lei,
Minha alma refrigera e aos mais simples
Já dá sabedoria, Meu Senhor!
Todo o seu testemunho é mais fiel.
Seus preceitos são retos e me alegram.
Seu mandamento é puro e me ilumina.
Temor ao Senhor, limpo e permanente.
Juízos do Senhor veros e justos!
São bem mais desejáveis do que ouro;
Mais doce do que mel que vem em favos.
Para quem os guardar, a recompensa.
Quem pode discernir os próprios erros?
Me purifique então dos que não sei.
Me guarda da terrível presunção
Que nunca se apoderem mais de mim!
Então, serei perfeito em Deus, Liberto!
Os termos que eu disser mais agradáveis,
Assim também meditação perante
A tua face Deus, que é minha rocha
E redentor!
X
Salmo 18 - em versos brancos
Te amo meu Senhor, és minha força!
A rocha, fortaleza e liberdade;
Onde está meu refúgio e meu escudo.
Meu Pai, tu és a força e salvação!
Invoco o Senhor digno de louvor
E isso me salvará dos inimigos.
Cordas duras da morte me cercaram
Perdição em torrentes já temi.
As cordas do Seol já me cingiram
Tantos laços da morte, de surpresa...
Angustiado, invoco meu Senhor
Do seu templo divino, ouviu a voz
O meu clamor chegou aos seus ouvidos...
A terra se abalou e se tremeu,
As bases desses montes se moveram
Porquanto meu Senhor se indignou.
Fogo devorador em sua boca
Fumaça das narinas, brasas ardentes!
Os céus, Ele abaixou e veio á Terra,
Sob os seus pés, as trevas mais espessas;
Num querubim montou e voou sim,
Sobre as asas do vento, ele voou!
Seu retiro secreto, fez das trevas,
Escuridão das águas, pavilhão,
Assim como as espessas nuvens, céu...
Do resplendor desta presença santa
Saíram saraivadas chamas, brasas.
Então o meu Senhor trovejou voz,
Por entre tantas brasas, chamas, fogo.
Despediu suas setas e as espalhou
Raios multiplicou e os perturbou
Já vejo os leitos d’águas. Fundamentos
Deste mundo se mostram, descobertos;
À tua repreensão sopro do vento
Das narinas do Senhor, meu Grande Pai...
Estendendo seus braços me tomou,
Me tirando das águas que são muitas!
Do inimigo mais forte me livrou,
E dos que me odiavam e eram fortes!
Quando em calamidade, me flagraram,
Mas o Senhor, meu Pai, foi meu amparo!
Num lugar espaçoso me levou,
Por que tinha prazer também em mim.
E me recompensou o meu Senhor,
As minhas mãos tão puras, a justiça,
As conhecem meu Pai, o Meu Senhor!
Eu guardo seus caminhos, não me afasto,
Por isso sou, do Pai, recompensado.
Eu nunca me afastei dos estatutos,
E todas ordenanças eu conheço!
Fui irrepreensível diante dele,
De toda iniqüidade, me guardei!
Por ser mais justo, puro diante dele,
Eu fui recompensado pelo Pai!
Com o benigno sempre és mais benigno;
Para o homem perfeito és mais perfeito!
Para aquele que é puro sempre és puro;
Para com os perversos, o contrário!
Pois que tu livras o povo tão aflito,
Mas os olhos altivos, os abates!
Acendes a candeia meu Senhor,
As trevas que são minhas, alumias!
Eu salto uma muralha com meu Deus
Também com seu auxílio vejo a tropa.
Seu caminho é perfeito, meu escudo!
São todas as promessas já provadas.
O Meu Senhor é Deus, o meu rochedo
Deus me cinge de força em meu caminho.
Faz dos meus pés como os das corças rápidas,
Nos lugares mais altos, me protege...
As minhas mãos prepara p’ra batalha,
Meus braços vergarão um brônzeo arco...
Da tua salvação me deste o escudo.
A tua mão direita me sustém;
Toda a tua clemência me engrandece!
Alargas os caminhos que já vejo,
Impedindo que os pés meus resvalem.
Persigo os inimigos, os alcanço.
Só retorno depois de consumi-los!
Os transpasso de forma que não se ergam,
Os deixo, então, caídos sob meus pés!
Na peleja, cingiste-me de força,
E prostras sob mim, os inimigos!
Que me dêem as costas, também fazes,
Aos que me odeiam, os destruo, Pai!
Clamam, porém não há libertador,
Clamam ao meu Senhor, não os responde!
Como o pó frente ao vento, os esmiúço.
Como a lama das ruas, lanço fora!
Me livres das contendas deste povo
Me fazes, das nações, sua cabeça.
Quem não me conhecia, se sujeite!
E que eles me obedeçam ao me ouvir
Com lisonja, estrangeiros se submetam!
Estrangeiros, tremendo, desfalecem
Dos seus esconderijos, sim, já saem!
Te exalto, meu Senhor de salvação!
Meu Deus me dá vingança e meu poder,
Livra-me de inimigos e me exalta
Livra-me de ser homem violento.
Por isso, meu Senhor, te louvarei
Entre todas nações te louvarei!
Dá grande livramento pr’o seu rei
Dá benignidade a quem ungiu.
E para com Davi, seus descendentes,
(Para sempre!)
X
I
Nas horas da manhã, a brisa calma e fresca,
Buscando neste afã, um sonho mavioso.
Não posso me esquecer da cena pitoresca,
Nos teus olhos posso ver futuro tenebroso...
Por certo já te amei, na vida vão momento,
Julgava fosse rei, sobrou saudade imensa...
O vento que me deste, agora é um tormento.
Meu peito se reveste, espera a recompensa...
A lua que morreu, nasceu lá no estrangeiro
O vento se esqueceu buscando este luar
As ondas que conheço, espero por inteiro,
Amor que não mereço, aguarda um novo mar...
Quem dera ser feliz, meu sonho de criança
Felicidade quis, distante está de mim...
Não tenho outra saída, aguardo esta esperança,
O bem maior da vida, a luz antes do fim...
Manhã que me tortura a lua me deixou,
A vida que era pura, espera um novo trilho...
No lume deste dia, meu coração vagou,
Em plena poesia, amor, meu estribilho...
Em vão, persigo agora, a mansidão da vida...
Quem foi feliz outrora, aguarda novo tempo;
Um peito tão errante vivendo a despedida,
Da noite fui amante, agora contratempo!
Mulher, bela visão! Teu brilho se faz cálido.
Em plena solidão, vislumbro meu futuro...
Entretanto, o meu rosto em um segundo, pálido!
Saudade tomou posto, o templo faz-se escuro!
Essa dor que me assombra esconde meu desejo,
Do que já fui, nem sombra, um mendigo andrajoso...
Aguardo minha morte... Inútil, mas versejo.
Quem já perdeu seu norte, a vida não traz gozo...
II
Dos mares que lutei, nada mais resta...
Nem ondas nem falésias, morro só!
Quem sempre imaginara louca festa
Não deixa nem sequer marcas, é pó!
A dor que enfim carrego não contesta
As lágrimas que escondo, negam dó.
Resumo meus poemas em delírios.
Amar não pode ter tantos martírios!
Tragado por quimera, já não luto...
Vestido deste lodo que legaste,
No peito que cravaste, negro luto..
Quem dera fosse colmo, simples haste,
O vento não seria assim tão bruto...
A força do meu peito, já arrancaste!
À noite, nos meus sonhos, solidão!
Embalde bate um louco coração...
Não consigo, jamais, te perdoar,
Sou triste mariposa sem ter lume.
Por vezes imagino onde encontrar
As forças para ter novo perfume.
Minha esperança morre com luar,
Ninguém pode escutar o meu queixume...
Meus versos se perderam, pedem rumo...
Na voz da solidão, perco meu prumo!
No dia que nasci, sorte maldita!
As conjunções astrais, mau veredicto...
Meu mundo se transforma na desdita
Meu grito vai embalde, mais aflito!
A morte dolorosa já me fita
Meu sonho morre em astros, no infinito!
Amor se desenhando qual navalha,
A dor inevitável, nunca falha!
Meu rumo necessita do astrolábio
Perdido em minha luta contra o mal.
A boca que me beija, um frio lábio
Que morde com delírio canibal.
Na vida sempre tento ser mais sábio,
Mas resto parcamente, morte e sal...
Procuro novos braços nova fonte.
O céu já se nublou, sem horizonte...
III
Quem me dera ser feliz!
O meu sonho te esperava,
Deste vulcão foste lava
Na vida, tu foste atriz...
Meu amor, tanto te quis
Mas nunca tiveste pena,
Saudade de longe acena
Tanta alegria de outrora
Há muito já foi embora
Minha morte faz-se plena!
Procurei por novo dia
O tempo foi se escorrendo,
Minha esperança morrendo,
A noite que veio, fria,
Me restou a poesia,
Companheira predileta,
Minha vida está repleta
De tanta desesperança,
Somente em minha lembrança
Minha vida se completa...
Tempo que já se passou
Das águas puras da fonte,
Dessa estrada, dessa ponte
Que depressa despencou
Nada mais me restou.
Da verdura desta mata
Do véu daquela cascata,
Enegreceram essa água
Todo o meu canto de mágoa
Encanto que me maltrata!
Tinha bem perto meu pai,
A minha mãe companheira...
Uma paz tão verdadeira...
Da lembrança não me sai...
Saudade distante vai
Me restando a solidão!
Me arrasta como tufão,
Minha noite faz escura,
Procuro pela ternura
Não encontro solução!
Vencido pela quimera,
Não conheço mais carícia
Da vida a mansa delícia
Já se foi! Ah! Quem me dera!
Morando nesta tapera
Saudade me traz calafrio,
Não tenho manto pro frio,
Não tenho mais esperança.
Eu já matei a criança,
Agora sigo vazio!
Meus bons tempos, quando infante,
Correndo pelo quintal,
A lua, sensacional,
O meu sonho delirante,
Agora nada adiante
Vou seguindo qual funâmbulo
Pelos bares um noctâmbulo,
Embriagado de vinho
Um caminheiro sozinho,
A morte como preâmbulo!
Meu peito que foi sinfônico
Orquestra novas desgraças,
Dormindo no chão, em praças,
O meu canto sai afônico,
Todo o meu amor mecônico
Sou aborto que viveu
No meu coração ateu;
Me elevo como miasma,
Vivendo pobre fantasma,
Não sabe que já morreu!
Minha vida não tem cura,
A morte é minha aliada,
Trazendo na mão, a fada
Se aproveita da loucura
E mata toda a ternura
Se deita na minha rede,
A morte me mata a sede
Companheira dos enganos.
Desfazendo todos os planos,
Me lança contra a parede!
Ah! Meus versos como dói!
O meu barco naufragado,
O meu mundo desmanchado
O tempo negro corrói
Tanta saudade destrói
Quem procurou ser feliz,
A lua por meretriz,
O sol por triste verdugo,
Na vida virei refugo,
Minha sorte não me quis!
Meu canto, minha agonia...
Vai torpe desconsolado.
Um grito desesperado.
É pura melancolia.
É noite má e bravia.
Um canto sem esperança;
Da morte, firme aliança,
Felicidade? Resquício.
Vivendo no precipício
Minha morte já me alcança!
IV
Felicidade some, embalde procurei...
Fogo que me consome em minha vida é lei!
Por vezes, vou calado, esperando o final!
Meu sonho sideral, morre no triste fado.
Procuro pelo prado, encontro podre astral.
Vida que é canibal, meu sonho amortalhado!
O grito da procela, estupenda visão!
O meu barco sem vela, esqueceu direção...
Minha vida, sem ninho, espedaça-se nua.
Minha alma não flutua, explode, vou sozinho..
Qual pobre passarinho, a luta continua...
Minha casa é na rua, o meu remédio, o vinho!
Sou esboço mal feito o resto que se perdeu.
Meu mundo não tem jeito, o que sobrou fui eu...
O meu canto distante embalde nunca ecoa...
Perdi minha canoa, a luta foi constante
Quem se sonhou amante, em gaiolas não voa
Vida? Quem dera boa! A morte é meu brilhante!
Temida podridão devorando-me vivo
Resto de coração finge-se mais altivo...
Minha noite incendeia, a madrugada some...
Já não há luz que assome, enredo-me na teia...
Lume que não clareia, amor sempre consome...
Noite fria de fome, amor morto na veia!
No cigarro que fumo, esperança dilui
Vida, perdido sumo, em fumo leve flui...
Dor, minha camarada, amo-te mais que tudo!
Tantas vezes vou mudo, aguardando esta fada!
Na mão da minha amada o tapa onde me iludo,
Outras vezes, contudo, a dor não me diz nada!
Quantas vezes te quero e nunca estás aqui!
O teu beijo mais fero, o melhor que sofri!
Te canto no meu verso, em onda tão profusa
Minha lua cafuza espalha no universo...
Dor que tanto converso, abre meu peito e blusa...
A vida tão confusa... O meu mundo disperso!
V
A minha dor companheira
Abraça-me docemente,
Girando na minha mente.
Deita na minha esteira
Amante tão verdadeira
Traz a vida de repente!
No brilho da cortesã,
O gosto da minha morte,
Procuro num doce afã
Outro destino, outra sorte...
Quem sonha com amanhã
Não escuta o brado forte
Da dor que sempre domina,
Meu desejo e minha sina!
Vasculho nesta amplidão
A lua que não quis vir.
Eu venho embalde pedir,
Onde está a solidão?
Pergunta meu coração.
Neste breu em vão luzir!
Nunca mais vai me deixar,
Me observa assim, calada
Minha dor é meu luar,
Está quieta ali, sentada...
Em seus raios morro mar
Muda, não me fala nada...
No canto da boca, um riso,
Promessa de paraíso!
X
Salmo 17 - em versos brancos
Atenda ao meu clamor, ó meu Senhor!
Ouça a minha oração, pois não engano.
Tua sentença aguardo pois é justa.
Pois pode procurar iniqüidade
E transgressão que nunca encontrará!
Os meus passos se apegam as veredas
Tuas, como também minhas pegadas.
Clamo-te meu Senhor, por isso me ouça!
Tuas beneficências, Salvador,
Aos que se refugiam ao teu lado,
Tem feito maravilhas meu Senhor.
Me esconda na sombra das asas
Tuas contra inimigos que me cercam.
Fecham seus corações e são soberbos.
Andam rondando os passos e me miram
Prontos a me atirarem sobre a terra.
Tal qual leão que quer matar a presa
Com leãozinho pronto de tocaia.
Derrube-os Senhor, me livre de ímpios
Por tua mão Senhor de homens do mundo.
Nosso maior quinhão está aqui.
A ira entesourada de meu Pai
Lhes encherá o ventre. Fartarão
Dela os filhos, as sobras por herança.
Minha satisfação na semelhança
Que encontrarei quando acordar em Ti...
X
Salmo 16 - em versos brancos
Em ti, Ó meu Senhor, me refugio!
Tu és o meu Senhor, único bem!
Aquele que escolher um outro Deus
Terá multiplicadas suas dores.
Não tomarei seus nomes em meus lábios
E nem me lembrarei ao sacrifício.
És a porção da herança, meu quinhão;
Tu és o sustentáculo, meu cálice.
Sortes que me caíram em lugares
Deliciosos, a formosa herança!
Bendigo esse Senhor que me aconselha.
Está sempre diante do meu ser,
É minha mão direita, não me abalo!
Meu coração alegra e a minha alma
Se regozija sempre, estou seguro.
Não deixarás minha alma ao relento,
Nem me permitirás a corrupção
Nem que teu Santo possa vê-la. Nunca!
A vereda da vida mostrarás!
Pois na tua presença, a plenitude
Da alegria, delícias são perpétuas!
X
Salmo 15 - em versos brancos
Na tenda do Senhor, quem morará?
E quem habitará teu santo monte?
Quem pratica a justiça e é verdadeiro,
Seja irrepreensível nos seus atos!
Aquele que jamais usa de infâmia
Nem faz o mal ao próximo, nem afronta.
Quem desprezar o réprobo também,
Quem honrar os tementes ao Senhor!
Mesmo que seja contra si não muda
Na jura que fizer. Que não usura
E não recebe peitas contra o puro.
Nunca terá abalos, sendo assim.
X
Salmo 14 - em versos brancos
O coração do néscio nega Deus.
Abomináveis homens corrompidos,
Em suas obras, não fazem o bem.
Para os filhos dos homens, Deus olhou
Procurando entre tantos quem O buscasse,
Todos se desviaram, são imundos!
Acaso não percebem? São iníquos !
Devoram o meu povo e negam Deus!
Terão grande pavor pois Deus é justo!
Nunca conseguirão frustrar, dos pobres,
O conselho, pois Deus é seu refúgio.
Que de Sião viesse a salvação
Quando o nosso Senhor, enfim, voltar!
X
Salmo 13 - em versos brancos
Ó meu Pai! Até quando esconderás
De mim teu santo rosto. Esquecerás
De mim eternamente meu Senhor?
Até quando minha alma se encherá
De cuidados; tristezas cada dia.
Até quando o inimigo sobre mim
Se exaltará? Pergunto-te meu Pai.
Alumia os meus olhos, que eu não morra,
Para não permitir ao inimigo
O grande regozijo da vitória!
Tua benignidade não permite
Que tal coisa aconteça és salvação.
Cantarei ao Senhor todo esse bem
Que a mim, meu Grande Pai tem dedicado!
X
Procuro a liberdade pelos ares
Nas asas das fantásticas libélulas.
Em cada criatura, em suas células,
Nas frutas que colhi nos meus pomares,
Nas árvores frondosas, nas cascatas;
Nos passos delicados da pantera,
Nos olhos do leão, de qualquer fera;
Em toda ventania, em densas matas.
Procuro a liberdade no meu canto,
Nos pássaros canoros e libertos.
Nos rumos das estrelas, tão incertos,
Na lua com seu belo e alvo manto...
Nas ruas e mansões, nas capitais;
Nas praças e coretos das cidades.
Na luz em forte brilho, claridades,
Nas ondas e profundas abissais..
Na força da natura e na beleza,
Nas altas cordilheiras e nos planos.
Em todos os lugares, desenganos.
E mesmo no universo uma incerteza.
Liberdade meu sonho mais feliz,
Onde estarão as asas que procuro?
A busquei no clarão, em pleno escuro,
Nas ásperas escarpas, céus anis.
Esta procura louca já me cansa
Em busca da ansiada liberdade.
Encontrando por vezes a saudade,
Meu olhar mais distante não alcança
O cimo das montanhas e os rios.
A luz de tantos sóis já me cegava.
O brilho da manhã não encontrava,
Amauróticos olhos perdem fios...
Depois, total cegueira em minha vida.
A perda da visão, minha prisão!
Pensara num momento, em solidão;
A luta que travei está perdida...
Porém quando julguei que estava só,
Um pássaro em gaiola, solitário.
Recebendo o carinho solidário,
Amor que não deseja e nem tem dó,
Amor que me acalenta e fortalece
Que traz essa certeza de vitória
Que me mostra o caminho para a glória
Que a cada novo dia me enriquece.
Amor que soluciona meus problemas
E não cobra e nem sabe me ofender.
Que não precisa d’ódio p’ra viver,
E que traz alegrias como lemas.
Amor que me sussurra e me perdoa,
Não guarda nem rancores nem vinganças,
É pleno em atitudes e esperanças,
E mesmo sem ter asas, livre voa...
Num segundo percebo essa verdade,
Cansado da procura e quase cego,
Descubro, em minha busca, o que carrego
Vivo em meu terno amor: a liberdade!
X
Desculpe se lhe falo com franqueza
Se pensa que conhece quase tudo,
E por isso se esconde, carrancudo,
Nesta fantasia sem beleza;
Lhe falo meu amigo e companheiro,
A vida não se esconde desse jeito.
O mundo pode ser tão imperfeito,
Mas tem o seu encanto verdadeiro.
As coisas por difíceis que pareçam
Não devem ser levadas ferro e fogo,
Quem mata essa criança perde o jogo
Não deixa que essas nuvens espaireçam!
Vestido de total iniqüidade
Vencido pelas urzes do caminho.
O canto que enobrece o passarinho
Não pode ser deixado na saudade...
Tanto riso, eu concordo, sem sentido
Nos fazem parecer como boçais.
Nos trazem sentimentos que jamais
Podemos desprezar no nosso olvido.
Quem ri-se sem saber como e por que,
Parece que não traz discernimento
E, vago, se dilui em pleno vento,
Não sabe nem sequer onde e cadê.
Porém quem nunca ri mostra, talvez,
Últimos estertores da esperança.
Da vida, já rompidas alianças.
E plena sensação de estupidez!
X
Percebo nos seus erros que é humano;
Embora se demonstre mais correto.
Eu falo, não escondo, sou direto,
Pois nós somos passiveis d’um engano.
Por tantas vezes mente e não percebe
Que a vida não se faz a ferro e fogo,
O mundo que vivemos traz seu jogo,
Muitas vezes quem dá nunca recebe.
Erramos, isto torna-nos perfeitos,
Nós somos divinais caricaturas
As mãos que nos fizeram eram puras
Porém do velho barro os seus defeitos!
Não quero e não prometo santidade
Seria assim mostrar tanta arrogância
Má sorte que lhe trouxe tal ganância
Esconde-se em vestal honestidade
Que nunca poderá mostrar-se plena
Pois traz em sua origem tanto vício.
Não quero lhe falar em precipício
Nem vou emoldurar u’a falsa cena...
Perceba que lhe falo com carinho,
Por isso não me queira mal, lhe peço.
Meus erros quando os faço não confesso
Me levam por fatal redemoinho...
Agora ao lhe ver triste num canto,
Jogado no relento, um criminoso,
Escuta: neste peito melindroso
A luz se refazendo, num encanto.
O que você me disse com seu ato,
Acredita, me deixa mais feliz.
Embora tanta coisa que se diz,
Percebo que é um homem sim, de fato!
X
Amigo: como é bom falar seu nome!
Por ruas e vielas caminhamos
Nas curvas perigosas encontramos
Tocaias. Tanta dor que nos consome!
Cotidianas lutas nos alcançam
E trazem as difíceis decisões,
Nos abrem e nos fecham mil portões
Ao mesmo tempo cessam e nos lançam.
Por vezes a maldita tempestade
Nos deixa sem ter rumo nesta estrada.
Sentados neste canto da calçada
Queremos conhecer felicidade
Mesmo que disfarçada em outra face,
Mesmo que escondida noutro canto.
Nos rendemos ao brilho e seu encanto,
Esperamos por manso desenlace.
Nas horas mais doridas desta vida,
Quando esta solidão nos fere inteiros,
Os olhos procurando os verdadeiros
Rumos de nossa estrada dividida,
Quando o distante sol nos nega o brilho,
Quando a manhã em nuvens tudo apaga,
Quando a vida tristonha não afaga,
Nos achamos perdidos, sem ter trilho;
Se fomos torturados cruelmente
Se temos nossos olhos arrancados
Todos os nossos gritos des’perados
Um eco nos responde, de repente.
E nos traz novamente uma esperança,
A vida não parece mais pesada.
O pranto que negava a madrugada,
Esvai-se mal percebe esta aliança!
Minha alma em duplicata siamesa,
Agüentando o vigor desta procela,
Num sentimento nobre se revela
O máximo que pode essa grandeza!
Em tudo que passamos, unidade;
Nas horas mais difíceis, solidário.
Quem tem amigo nunca é solitário
Maior que amor, na vida, uma amizade!
X
A vida pode ser uma quimera
Trazer dificuldades todo dia.
Sua alma parecer triste e vazia.
A noite sugerir que é insincera.
As pedras revoltosas do caminho,
O medo transtornar o seu juízo
Distante se mostrar o paraíso,
A rosa lhe espetar com seu espinho...
As portas se fecharem sem motivo,
O mundo desabar tão de repente.
A boca que lhe beija, da serpente.
O vento que acalmava está nocivo.
Cadáveres dispostos sobre a mesa,
As duras tempestades e procelas.
As cores se perdendo de aquarelas,
O mundo lhe negando a sobremesa.
Os vermes passeando no seu colo,
As larvas espreitando o seu sorriso,
O sonho em derrocada, morto o siso.
Crateras revirando todo o solo.
A morte parecer a solução,
O gosto da tristeza tão amaro.
A fera lhe sentir, vir pelo faro
A pele decompor-se em podridão!
O cheiro da sulfúrica excrescência
A bicada do abutre, figadal,
As chamas percorrendo todo astral
Em busca dos seus restos, penitência.
O corvo que não larga seu destino,
A marca da pantera em sua face.
A vida lhe negando seu disfarce
Matando, mais cruel, o seu menino...
Os olhos engolidos no banquete
Oferecido aos deuses em delírio.
A vida lhe negar qualquer colírio
E trazer a sua alma num joguete.
Mas saibas que não pode mais contar
Com quem sempre esperara estar contigo
Saiba que se encontrar qualquer perigo,
Encontre suas forças p’ra lutar!
X
Envolto em tão fantástica ilusão,
Persigo sem minuto de descanso
A sorte que nem sempre vem. Alcanço
Muitas vezes espaços na amplidão,
Porém o que desejo já me escapa
Sempre me deixa solitário e triste.
Quem luta, não se cansa e não desiste,
Nas curvas do caminho se derrapa
Mas não desiste nunca deste sonho!
Eu quero ser feliz e que se dane
Não deixo que a quimera sempre engane
Das lágrimas e risos me componho.
Não temo, resoluto, qualquer dano
O manto que me veste me traz Marte.
Amores posso achar em qualquer parte,
Mas eu quero esse amor mais leviano
Das brigas e das guerras sem ter tréguas,
Das camas desfrutadas com prazer,
Vontade de matar e de morrer.
Correr neste horizonte, longas léguas...
Trazendo em minha mão a dura adaga,
O gosto da vingança e do desejo.
Ao mesmo tempo mordo e peço beijo,
Ao mesmo tempo morde e já me afaga...
Nas mãos trazendo trágicos tentáculos,
Nas pernas maciez, a carne dura.
A lua que escurece a noite escura,
Tresloucando assim, todos os oráculos!
Quero teu desejo e meu delírio
Sutileza divina da dentada.
A voz que nunca sai, asfixiada,
A santificação neste martírio!
Paixão, voracidade que não teme.
Em meio a tempestade está feliz
Viver quase morrer só por um triz
Na dor e no prazer, a perna treme...
Inebriante cálice de vinho
Que sangra e que soprando traz a cura.
A mão que esbofeteia forte e dura
Depois em desespero quer carinho...
Não deixa nem sequer um sentimento
Que possa resistir ao furacão
Detona e reconstrói um coração,
Os restos espalhados pelo vento...
Explode no corcel e na pantera
No vôo e na boca que entrelaça
É sorte tanto quanto me desgraça
É morte e alimento da quimera!
Nossas roupas rasgadas pelo chão.
A loucura se espalha, perco o nexo,
A noite se rebenta em tanto sexo.
E depois disso tudo, a solidão!
Não quero ter amor que não maltrate.
Nem quero a mansidão desta amizade.
Amor se quer viver: cumplicidade,
Paixão no mesmo engate, desengate...
Agora que chegaste e que já fomos,
Vá-te embora não quero o teu amor!
Secamos toda fonte em todo ardor,
Da fruta que comemos cadê gomos?
Procure quem te queira, de verdade,
Não quero mais viver a noite fria.
A vida necessita fantasia.
Não restará sequer uma saudade!
X
Tantas vezes a vida fecha a porta,
Pensamos, num instante, estamos sós!
Dos caminhos que temos, meros pós
Nos restam.Nossa estrada fica torta
Sem deixar solução ou mesmo rumo.
Ira nos dominando, nos impede
De tentar observar que a vida pede
Outra porta que traga novo aprumo...
Assim se deu comigo, estou sozinho...
Ao ter do teu amor me despedido,
Meu mundo sem saída, está perdido.
Sou ave que perdeu o doce ninho...
Ao ver-te noutros braços que não meus,
O medo de viver me transtornou.
E dentre o quase nada que sobrou,
Procuro pelas marcas desse adeus...
Vazio, sem sequer ter esperança,
Meu canto se transforma em agonia.
A noite que passei estava fria
Repete tantas dores na lembrança.
Amada, por que foste esta quimera?
Não sei se merecia este descaso,
O coração declina em pleno ocaso.
Ser feliz novamente, quem me dera!
Escuta minha lástima querida
Amiga, me desculpe, ao menos tente,
Se das dores, te faço confidente.
A porta está fechada em minha vida!
De tanto que chorei sem recompensa
Espero pela morte com frieza.
Se em tudo já não vejo mais beleza
Minha alma em minha morte, tanto pensa...
Vestido da mortalha que ganhei,
Não posso e nem devo ser feliz.
A lua que se mostra, em seu matiz,
Demonstra que na noite acinzentei.
Teus olhos tão amigos tão serenos...
Teu colo tão suave me acalenta.
Quando estás perto brisa tão lenta
Acalma e me salva dos venenos...
Amiga quem me dera fosses minha!
Talvez não precisasse mais sofrer.
Teria nova gana p’ra viver
Nos braços desta lúdica andorinha.
Minha boca roçando tua boca
Num beijo delicado e desejoso.
O mundo então seria carinhoso.
A vida não seria triste e louca...
Talvez a minha sorte já mudasse,
Em paz e calmaria, num segundo.
Nesta porta entreaberta, um novo mundo...
Se depois disso tudo, a mim, amasse!
X
Bem sabes que feriste cruelmente
Aquele que só quis o teu carinho.
Agora que estou livre e vou sozinho,
Te mostro meu futuro, sorridente...
Nas manhãs deste amor tu foste luz.
Ilusão que cultivo sem malícia,
Julgava-me envolvido por delícia,
Efeito deslumbrante que produz
Amor quando julgamos repartido.
Belo canto de pássaros ouvi
O resto de esperança estava em ti.
E tudo em minha vida, resolvido...
Quem sempre fora só, por um momento,
Pensou na liberdade sem castigo.
O bom da minha vida está contigo
Pensei. Não terei, nunca mais, tormento...
Embevecido pelo teu encanto
Senti-me qual senhor deste universo.
Meu mundo sempre fora tão adverso
E pensei ser feliz. Pr’a meu espanto
A luz desta manhã cedo nublou.
O canto que escutava, em desafino,
O Fado muda o rumo em desatino
E tudo que brilhava se apagou...
Teu amor transformado em vingança,
Um gosto de derrota na garganta...
A tétrica quimera se levanta
E mata feramente, esta esperança...
Os raios e trovões tomando conta
O céu enegrecido pelos nimbos.
Percorro, mesmo em vida, vários limbos
A morte solitária, ao longe aponta!
Vergastas desta sorte que carrego...
Amor nunca me teve como amigo.
O sonho mavioso que persigo,
Embalde, sem ter luz, caminho cego!
As chagas terebrantes que causaste
Em carne viva mostram tuas garras.
Procuro me livrar destas amarras,
As costas corroídas, vil desgaste...
Ao meio dia estava em tal mortalha,
Meu sangue inundando todo o chão
As unhas deste amor no coração,
O corte mais profundo da navalha!
Agonizando em plena tempestade,
A morte se transforma num oásis
Amores que julguei fossem capazes
Açoites que me negam liberdade!
Minha tarde, entretanto, devagar,
Abrindo o negro céu, um raio manso.
O sol revigorante já alcanço,
Promessa tão serena do luar.
Agora que voltaste minha amiga,
As feridas estão cicatrizadas
As marcas dessas garras e dentadas
Não mais impedirão que eu já prossiga.
Na nova estrada vivo a minha lei:
De tudo que causaste, sequer sombra...
A poesia que negaste não se assombra
E procura outros versos. Me curei!
X
Onde estás meu amor? E por que foste embora?
Minha janela aberta aguarda essa presença
Pois tudo está tão triste...Espero recompensa
Da prenda que não veio. A solidão demora...
Meu canto rasga o céu numa esperança em prece.
O mau jardim distante, esquece-se da flor,
A cada novo sonho, um mínimo rumor,
Meu peito enamorado aos poucos desfalece.
Percebe que não vens... E não virás jamais.
Em torno dessa lua o grito doloroso,
A minha alma chorosa, um espectro andrajoso,
Procura por parada, a vida nega o cais...
Tantas vezes sozinho. Em busca da verdade,
A dor dessa saudade espreita na tocaia...
O meu mar tão distante, a fina areia a praia...
Só me resta essa cruz, a dor da soledade...
Um dia fui feliz, um breve dia assim.
O beijo amaciado, a mansidão da noite...
O vento que soprava espera teu pernoite
Trazendo, no horizonte, amor que não tem fim...
Mas nunca regressaste espero-te cansado...
A solução da vida, a paz tão almejada.
O tempo vai passando, e não me sobra nada.
Meu leito de viúvo, a cama, o triste fado...
Nas cinzas do cigarro, imagem espectral,
Um resto de conhaque o pensamento voa..
Uma alma dolorida embalde inda ressoa,
A noite vai passando ... Inferno sideral.
O meu canto tristonho, amargura da vida.
O meu peito vazio, a noite sem ninguém.
Tortura o vento frio, aguardo pelo bem
Que sei que não virá, a noite está perdida.
Sou preso em dissabor, do amor que nunca tive
Quimera que me mata, a noite sem desejo.
O manto que me cobre, o sonho que versejo.
O templo que carrego, a saudade revive...
A marca mais profunda, imensa cicatriz,
Em brasa tatuada, espessa e dolorida,
Um bem que nunca veio, uma gota de vida
Num oceano imersa, e como ser feliz?
X
Num sonho espectral tive intensa sensação
Da morte em eminente aspecto mais cruel.
Nem bem adormecido, em plena convulsão,
Senti a mão macia e um negro e triste véu
Qual fosse ave agourenta em sobrevôo manso.
Pensei que fosse embora, o sentido, não alcanço...
Perfume adocicado em plena fantasia.
Um olhar sorridente estende seu carinho.
A noite que era quente, em um segundo; fria.
Cruel ave agourenta, espero, volta ao ninho...
Mas nada, estava ali, sorridente e mordaz.
Há muito tempo vivo esquecido da paz.
Nada falava, quieta. A noite se passava
Naquele ritual, macabro ritual...
A morte que eu sonhara eu nunca imaginava
Que fosse assim, tortura... Achara tão banal
Que explicações sem nexo eu procurava dar.
Delírio, fantasia... Ao sabor do luar..
Pois bem sabes a lua em momentos assim
Muitas vezes traz culpa em situações vãs.
Lunático, isso mesmo, essa ave vive em mim!
Acordando comigo em todas as manhãs,
Me acompanhando sempre, existe no meu ego
É manto que me cobre e sombra que carrego.
Dormirei mais tranqüilo e depois isso passa.
Qual nada! Inda está lá, sorridente e sutil.
Por um momento ou outro eu sinto que me abraça.
Meu peito ardendo em brasa, a noite não se abriu
E deixou essa quimera em forma de mortalha.
Não me deixará nunca. A noite vem, não falha...
Se cada vez que tento, embalde, descansar
A sombra não deixar de vir, o que farei?
Onde eu acharei força e paz para tentar
Viver? A cada dia enlouqueço...Cansei,
Mas no dia seguinte, a vida continua.
O trabalho não pára e não posso fugir.
Ao voltar para a casa eu não posso dormir.
Já tentei sair, dormir num outro quarto,
Dormir em outra casa, inútil, não me deixa...
Marcada cicatriz, dela não mais me aparto.
Pontual é dormir ela vem, não desleixa.
Namoro, casamento...Esqueci, estou só.
E rezo, toda noite, em prece peço dó
Mas nada me responde, a quimera não larga!
Eu peço minha morte, assim talvez, quem sabe...
Esta rapineira ave estúpida e vil praga
Se vá para não mais e tudo isso acabe...
Te peço Meu Senhor, desesperadamente!
Escute meu pedido, o lamento de um demente!
Há quase um mês não durmo, e sempre esse fantasma;
O sorriso calado, a mão fria, o vazio...
É sombra, espectro, Fado, ou será simples plasma,
Um pesadelo, cisma? O fato é que é sombrio.
Cansado, estou cansado... Eu não suporto mais...
Milagres? Já não creio. Eu só imploro Paz!
Decerto que acostumo, eu quase já não ligo.
A sombra me domina em todos os momentos...
Nem ansiada cura, embalde, não persigo.
A cada dia sinto o fim dos meus tormentos.
Essa presença fria, um câncer terminal,
É minha companhia, o meu amor fatal!
X
As asas da saudade abertas em meu peito
Invadem cada canto e não me dão sossego.
Voltando de onde vim acham-se no direito
De dominarem tudo, então eu peço arrego.
É duro compreender o que querem as asas
Nem elas sabem, o que posso te dizer
É que me queimam, isso eu sinto nessas brasas
Que sabem misturar a dor com meu prazer.
Me lembro delas um dia onde a tristeza
Se mostrava rainha em mansa sutileza,
Saudade de quem fui, principalmente disso.
Da minha mocidade esquecida faz tempo!
Agora em meu outono o brilho perde viço
A opacidade surge e cada contratempo!
Na seda dessa pele, a morena me acende.
As asas da saudade abertas novamente,
A mão da lucidez vem e de novo estende
O meu manto outonal, ela nunca me mente!
Ainda bem que existe alguma lucidez,
Senão, ‘stava perdido, a dor então, medonha!
Tudo tem a sua hora e tudo a sua vez...
Mas o meu coração, desgraçado, inda sonha!
X
Dos cadáveres que levo algum me pesa tanto
Que não consigo crer como agüentei o pranto
E a dor da perda. Não pretendo mais falar
Das mulheres, do medo e da fatal espera
Que sempre me acompanha. Esqueço do luar,
Da casa pequenina e até desta tapera.
Fui tantas vezes frio, outras queimei no estio,
Em verdade omiti as curvas deste rio
Onde afoguei o verso, imerso sem ter dó.
Também eu não pedi nem vou pedir mais nada;
Apenas que me deixe. Eu prefiro estar só,
Sem ter preocupação se vem a madrugada!
Uma saudade estranha: o medo que não tive;
Mistérios deste templo onde a quimera vive.
Vive e me traz vergonha, estou meio cansado.
Estou na idade em que os sonhos são mais mansos.
Não devo mais beber; me deixe aqui do lado
E pode ir procurar os seus belos remansos...
Depois de tanto disse, e não disse, e dirá,
O que não sei aqui, eu nunca serei lá.
Lá, onde as manhãs que jamais eu sonhei ter,
Acordarão do medo, eterno medo do nada,
Do vazio, do que sei que nunca irei saber.
Algo assim como beijo e carinho de uma fada.
A safada não veio e nunca mais notícias.
Aliás estou só, e sonho com carícias,
Nem que sejam assim tortas ou insinceras
Das mulheres que sei que jamais me amariam...
E por falar de amor, onde estão as panteras
Que prometeste, vida? Eu sei que não viriam.
O gosto da saudade: um chocolate amargo,
Dá prazer e maltrata. O mundo é longo e largo,
Embargo a voz, um trago e depois a ressaca.
Meu barco corroído em plena tempestade
É um naufrágio certo, a culpa é sua, craca,
Assim como também é culpa da saudade...
Música e botequim, mistura corrosiva...
Depois de certo tempo, uma mulher é diva,
Pouco me importa, sou o que sempre desejo,
Pirata, submarino, olho cego e viseira,
Cataclismo irreal, amor me dê teu beijo.
Na cauda do cometa, espreito a terra inteira.
Depois, peço desculpa e se não me der; tchau!
Viajo pela noite, espaço sideral!
E volto para casa, amargo e tão sozinho...
A lua é companheira, o copo de conhaque...
Espero tua mão, em vão, cadê carinho?
Mas não repare não, a lágrima é de araque!
X
salmo 25 em versos brancos
Elevo-te minha alma. Em ti, meu Pai, confio.
Que eu não seja humilhado; inimigos não triunfem
Sobre mim. Que não seja humilhado também
Os que esperam em ti. Mas sim, os traiçoeiros!
Mostre-me teu caminho e também t’as veredas.
Guia-me na verdade, ensina-me, és meu Deus
De minha salvação. Espero-te o dia todo!
Da tua compaixão, lembra-te meu Senhor.
E da benignidade, elas são eternas!
Não lembres do pecado em minha mocidade,
E nem das transgressões, tenha misericórdia,
Pela tua bondade, esqueça dos meus erros.
Bom e reto, o Senhor, ensina aos pecadores
Os caminhos e guia os mansos no que é reto.
Veredas do Senhor são de misericórdia
E verdade a quem guarda o pacto e testemunhos,
Por amor do teu nome, a minha iniqüidade
Que é grande, Pai, perdoe. Homem que teme ao Pai
Ensinará o rumo ao qual tu seguirás.
Próspero será, e a terra será sua,
Dos herdeiros, também. O conselho do Pai
E o saber do seu pacto é para os que temem.
Ao Pai, o meu olhar estará sempre posto,
Meus pés desatará. Tenha misericórdia
Estou desamparado estou também aflito.
Pai, olhe para mim. Coração alivie,
Da angústia, me tirai. Olhe minha aflição,
Repare minha dor, perdoa meus pecados.
Meus inimigos veja e verás cruel ódio.
Guarda a minha alma e livre, pois em ti, meu refugio.
Retidão me proteja .Em ti, Pai, eu espero.
Redime, de Israel de todas as angústias!
X
Vasculhei minha gaveta
Procurando tua foto.
Amarelada pelo tempo,
Esquecida em algum canto.
Amassada...
A vida é mesmo engraçada.
Por causa desta foto
Chorei léguas de saudade...
Coração é moleque
E não guarda recado.
Vai trem, vem trem, vai trem, vem trem...
Fica a estação!
X
Passo a passo,
Meu passado
Sina e fado
Aço e sina
Corte são
Cortesão
Assassina
A moça e o passo.
Pásso preto
Açum preto
Cego canta
A mão espanta
E ouve a promessa...
A mão se esquece
E recomeça
O velho passo...
“Maria foi passear
O passeio de Maria
Ainda faz mamãe chorar”
Saudade da casa velha
Do mel da abelha,
De toda a telha
Que fez goteira.
A porteira
O gado.
O fado
Levou....
Restou meu peito.
Vadio e pesado
Carrega todo o passado
E nem abre a porteira..
X
Noite faz promessa
Dança nunca cansa
Esperança alcança
Avança e tropeça
Vida prega peça
Dispensa a saudade
Minha idade avança
A lança se cansa
Na mansa cidade
Da moça saudade
Minha mocidade...
X
Mais uma noite branca! Agora não tem jeito.
No cabaré vazio um cheiro de masmorra.
Não surge um que explique e ao menos me socorra.
É greve de mulher? Alguém fez um mal feito?
Nem mesmo essa aguardente, aquela batizada,
Me esquenta nessa noite. O frio é de lascar!
Vontade de gritar, vontade de dançar!
Vontade de xingar em plena madrugada.
Nem ao menos Maria, a das coxas roliças,
A da boca pequena, a mordida gostosa,
A lambida sofrida, a mão maravilhosa...
A dos restos mortais, Maria das carniças...
Nem ela. Ao menos ela! Eu vou voltar p’ra casa.
Prá casa não! Me lembro, aqui tem um pé sujo.
Depois daquela esquina, depois do Caramujo,
Eu acho que é ali. Eu boto fogo na brasa...
“Refúgio da Moleca”, o nome do boteco.
Será que aceita cheque? Estou meio lesado.
Prá quê eu vou ficar assim tão preocupado?
Mas se o lugar for bom, depois tem repeteco!
Eu soube que Joana, antiga cafetina
Andou em confusão com Chica Quero Quero.
Nessa panela velha, eu acho que tempero.
Pois Joana é danada, acha cada menina!
Depois disso eu garanto eu não vou mais ligar.
É disse que me disse, eu falo mas eu nego.
Martelo pede cabo o cabo pede prego.
O prego quer martelo... E como vou ficar?
É melhor me calar. Assunto que encomprida
Depois de muito papo aumenta como o quê;
De pequeno, gigante, aí é que você vê.
Amanhã pego o trem, ‘stá na hora da partida...
Mais uma noite branca, e daí o que fazer?
Minas é tão distante acho que não vou não.
Depois o que fazer? Voltar para a mesmice?
É tanta da fofoca, um disse que me disse.
Depois tem problema. A Paula Caminhão.
Eu prometi casar! Cachaça vagabunda!
Foi só tomar um trago, a noite estava fria...
A cama bem quentinha, a coceira subia.
É num buraco desses que um caboclo se afunda.
A mãe dela é comadre e meio aparentada.
A cabeça não pensa, a gente é que se lasca.
No fim valeu a pena, a boa da borrasca.
Eu soube, assim por alto, ela caiu na estrada.
Mas, de qualquer maneira a volta é complicada.
Minha mãe está velha e a noite é muito nova...
Eu sei que ela não gosta e sei que não aprova
O fato d’eu chegar em plena madrugada.
Meu pai era peão, e bom de montaria,
Morreu numa tocaia, a mando de um ricaço.
Que depois foi prefeito e que já foi pr’espaço.
Fez aqui, aqui paga a minha avó dizia.
Já tava me esquecendo o meu nome é Gilberto,
Me chamam de Mineiro, eu gosto mais assim...
Eu trabalho no cais, já mexi com jardim,
Faço qualquer serviço, até que sou esperto.
No Rio de Janeiro estou já faz um tempo,
Morei lá no Turano, agora, no Salgueiro.
Sim, eu já fui casado, agora estou solteiro.
Tanta coisa já fiz... Já tive contratempo.
Eu sempre defendi o pão do dia a dia
Trabalhando, vendendo ervas medicinais,
Outras ervas vendi, outras coisinhas mais.
Não venha recriminar, noite sem rango é fria...
Minha mãe? Sabe não! Mas com quatro crianças,
Fazer o quê? Se dane. A vida é muito dura,
Eu preciso de grana, a barra tá escura.
O que você me disse? Esqueça as esperanças!
Isso é papo furado, a luta é complicada.
Jacaré fica quieto? A cobra dá o bote.
Vendia sim senhor! De porção até lote.
Pelo menos assim, a barriga pesada!
Mas voltar para trás? Deixar a molecada?
Nem pensar seu doutor! Favela é um perigo!
Aqui posso falar, mas lá? Eu nem te digo.
A boca e a formiga. Eu não falo mais nada!
Voltando a vaca fria, eu não volto pra Minas.
Minha vida é aqui, com todos os problemas.
Com toda confusão. Tenho lá meus dilemas,
Tem a Praça Mauá e tem essas meninas...
X
Minha alma não sossega, aguarda um novo sonho.
Onde possa encontrar amor em profusão.
Minha alma sempre esquece: amor é perdição.
Mas um dia, quem sabe, o sol chegue, risonho...
Os segredos da vida escondem-se no mesmo
Instante que nasci, depois? É descobrir...
É vontade de ficar, mas tendo de partir,
Vivendo a cada dia, o tempo corre a esmo...
É brincar de esperança e saber que jamais
Terá u’a recompensa... e sofrer meio a toa,
E reclamar que a vida, ingrata, te magoa.
E de repente achar que já sofreu demais...
Eu bem sei deste jogo, amor vira pantera
E depois de um minuto a vida recomeça.
Mas eu também não tenho a sombra d’uma pressa,
Se morreu, já passou, a vida nunca espera...
Depois o botequim, a dança na boate,
Outra morena passa, o beijo não demora...
A vida não tem pressa, a noite não tem hora...
Morena caçadora, em um segundo abate.
A noite no motel, a taça de champanha,
Nessa cama redonda, a cabeça girando...
Aquela velha história, o tempo vai passando,
A dor parece um monte, o prazer é montanha!
Percebendo a jogada, a vida não tem freio.
Passa noite após noite o dia sempre vem.
Se hoje estou tão sozinho, amanhã? Sem ninguém.
Tudo bem. Nasci só. Que há um Deus, eu creio.
E que eu vou morrer. Certo, isso eu tenho certeza
Absoluta. Se dane! A cachaça me cura.
Eu não quero saber se é clara ou se é escura
Se é loura ou se é morena, o que importa? Beleza!
E um jeito sem vergonha, um beijo mais macio,
Um cheiro de pecado, o gosto do veneno.
Amor não tem tamanho, ou grande ou é pequeno,
O que importa em verdade, o resultado do cio...
Um dia inda me mudo, ou nunca mais, quem sabe...
Se mudar, cadê limo? Assim vivo melhor.
Danado colibri. A flor? Eu sei de cor.
Nesse mundo de Deus, toda saudade cabe...
Até que sou feliz, e gosto do verão.
O vento é generoso, as pernas da morena...
Também é perigoso, amor trocando pena...
Hoje, amanhã, depois...Lá vem outra paixão!
E tudo recomeça, a cachaça, o bar...
As pernas, a morena, o beijo, esse motel.
E tudo vai girando, enorme carrossel...
Minha alma não sossega e prá que sossegar?
X
Amor tanto machuca após prometer cura.
A noite na minha alma é sempre tão escura.
Não tendo teu carinho, espero teu perdão.
A lua no meu peito aguarda a escuridão.
Meu verso te dedico, espero teu carinho.
Não posso mais ficar nem quero ser sozinho...
A vida me deixou num canto, tão sozinho.
Na boca que me morde aguardo minha cura;
Eu que jamais esqueço um ato de carinho;
Por mais que seja estranho, espero a noite escura.
Sou como pirilampo, adoro a escuridão.
Por isso minha amada, entregue-se ao perdão!
Quem passa pela vida em busca do perdão,
No fim de seu caminho, encontra-se sozinho.
Quem busca neste sol, imensa escuridão,
É como quem procura a dor pensando em cura.
A luz tanto incendeia a noite mais escura
Quanto esta alvorada, imersa em teu carinho.
Eu quero o teu amor, em forma de carinho,
Aguardo assim, querida, um laivo de perdão.
A profundeza da alma está, sem ti, escura.
Cansado desta estrada, andando tão sozinho,
Espero pela amada, a certeza da cura...
Quem sabe inda tenha, a luz na escuridão?
A tempestade chega em plena escuridão.
A lua vai embora, esperava um carinho
De estrela enamorada, a dor negou a cura.
A noite nebulosa, em raios, sem perdão,
Avisa à pobre lua. Um cometa sozinho,
Passa, qual fora um raio, em plena noite escura.
Assim é meu amor, saudade tão escura
Em busca do teu beijo, encontro escuridão.
Melhor morrer assim, sem nada, tão sozinho...
Sem sonho que me traga, amor, calor, carinho.
Eu sei nunca darás, o dom do teu perdão...
A minha lua morta, esparsa-se, sem cura...
Cura é um mero sonho, a vida é breve, escura...
Perdão simples palavra em plena escuridão.
Carinho nunca tive, agora vou sozinho...
X
A terra é do Senhor em toda plenitude.
Também é todo o mundo e todos que o habitam.
Por que ela foi fundada em cima destes mares
Por que ela foi firmada em cima destes rios.
Quem subirá ao monte onde está meu Senhor,
Ou quem logo estará no seu lugar que é santo?
Quem for limpo das mãos e puro em coração
Quem não for vaidoso e nunca jura em vão,
Será abençoado, e terá salvação.
Tal é a geração dos que buscam t’a face,
Ó Senhor de Jacó. Ó portas levantai
Vossas cabeças alto. Ó entradas eternas
Rei da glória entrará! Quem é o rei da glória?
O Senhor poderoso e forte na batalha.
Ó portas levantai vossas cabeças alto.
Rei da Glória entrará, ó entradas eternas.
Quem é o rei da Glória? O senhor dos exércitos!
(Ele é o rei da Glória!)
X
Minha alma tão inquieta anda por essas ruas
Em busca de uma lira onde se encante a musa.
Por vezes tão sofrida e mesmo assim, confusa,
Espera nesta esquina o brilho de outras luas...
Por mais que siga só, minha alma é de poeta
E sendo assim, espera um minuto de paz
Mas sabe que, por isso a saudade é mordaz.
Amor quando se engana esquece a linha reta...
Quem sabe inda terei a paz mais verdadeira
Que nunca mais deixou o mais leve perfume.
A noite sempre vem escura, esquece o lume
Como se enfim pudesse amar a vida inteira.
Não quero o sentimento exposto a tanta mágoa;
O que resta da vida, a paz não encontrava
Senão um seco rio escorre um fio d’água
Nos olhos que pensei mas nunca imaginava...
Agora que te vejo aguardo tais sementes
Da muda que me deste esqueço a mansa rosa
Os olhos no futuro, a vida gloriosa
Quem sabe no meu sonho, os gozos diferentes...
Do gosto do carinho, a tal felicidade
Virá sem perceber que cala meus soluços
Amores que não vejo em volta são avulsos
E trazem sem querer o gozo da saudade...
Não quero mais levar o peso desta vida
Nas costas, me machuca e nega, sempre o colo.
Quem sabe plantarei semente em novo solo
E minha mocidade em calma, resolvida...
Não quero mais saber do teu e do meu pranto
Quem sabe então a lua em cantos não fulgura.
A noite deixará de ser assim escura,
O mar que me levou trará o teu encanto!
As estrelas virão, trarão todo universo
Total felicidade espalha-se na terra.
No vale, na planície enfim por sobre a serra
E também, finalmente, em todo esse meu verso!
X
Envelhecemos juntos, minha amada!
Fantasticamente nos amamos
E cada dia juntos que passamos
Espelham-se nos rumos desta estrada...
Antes, adolescentes mais libertos,
Buscávamos o gozo da manhã
Vivemos sem buscar novo amanhã
Os céus de nossas vidas, sempre abertos.
O tempo nos ensina a cada dia
Que a vida se refaz, rejuvenesce,
Amor quando mutável, sempre cresce
Senão virá fatal melancolia...
Um mês, um ano, décadas afora,
Conjunto que se expande sem ter pressa,
De dois viramos tantos nas remessas
Que Deus sempre nos deu, se comemora!
As rugas que nasceram em nosso rosto
São marcas tão discretas, nem percebo,
De tanta luz que deste amor recebo
A vida se passou sem ter desgosto.
Aprendemos que amor não é instável,
Apenas necessita de amplo chão.
É quase nunca ter que dar perdão
Entretanto, amor sempre é mutável...
Da foto em preto e branco à digital
Do beijo do escurinho do cinema,
Amor que quer-se eterno, o mesmo lema:
A lua continua o mesmo astral.
Amor que nunca cede ao tal marasmo
Renova as esperanças, concretiza.
Se a ruga dentro d’alma nos avisa,
Amor traz, em seguida, entusiasmo!
X
Não quero conquistar os teus espaços
É teu. Isso, respeito, é minha luta;
Quando há poder no amor, a força bruta
Vence, irá romper os frouxos laços
Que sempre formarão o nosso caso.
Pois seja quem vencer esta batalha
Está exposto ao corte da navalha
E no final de tudo, só o ocaso...
Eu amo cada dia que passamos
Embora não passamos tantos dias.
Espero a cada dia as melodias
Depois de tantos anos, nos amamos...
Amor sempre mistura tanta cor
Inventa quase sempre um bom matiz
Quem pensa que esqueceu de ser feliz
Jorrando suas forças no pavor.
Não posso ter escrava do meu ego
Nem vago por esferas solitário
Amor quando conhece itinerário
Não deixa meu caminho torto e cego.
De tantas plantas formo meu jardim
Nenhuma delas manda no meu braço
Em meio a teu perfume me embaraço
O mundo que pretendo está no fim.
Afim de que não deixes mais meu mundo
Não posso e nem quero ser teu dono.
Senão de madrugada perco o sono
E deixo de sonhar por um segundo.
Se és minha é porque sabe que te quero,
Se sou teu é porque queres ser minha
Não é só porque tenho ou se não tinha
Deixaria de viver o que venero.
Ao contrário se perco ou se não ganho
Não deves perceber se tu me queres
Os dentes quando mordem fundo, feres
Cabelo que balança sempre assanho...
Amor que quer poder não é amor
Somente escravidão. Nunca completa
O sentimento breve que desperta,
No látego, o carinho do feitor!
X
Não posso mais negar a claridade
Embora muitas vezes dolorosa.
Perfume que se livra assim da rosa
Não pode compreender realidade!
Não basta, neste mundo sem fronteira,
Achar que sempre é bom ficar sozinho,
Quem busca pela rua a companheira,
No fundo o que procura é por um ninho...
Mas saiba minha amiga, que, entretanto,
Quanto mais se aproxima deste amor,
A dor se extasiando sem pudor
Espera que decidas, no seu canto...
Se entregas sem pensar seu sentimento,
O bote se prepara e estás na mira.
A dor neste momento já delira
E salta num segundo, sem lamento...
Inda mais se esse amor não for pequeno.
Quanto mais alto o sonho, maior queda.
O rombo, no teu peito, nada veda,
Não há sequer antídoto ao veneno...
Porém eu te aconselho, nunca tema...
O gozo é bem maior que o sofrimento.
Por isso nunca mate o sentimento
Nem mesmo se depois tudo se trema.
“As pernas que tremeram por amor
Também irão tremendo com a dor...”
X
Não sei se para sempre ou por um dia
Nem quero do teu ser ser simples dono
Não me importa amanhã teu abandono
O que quero é morrer na fantasia...
Minhas mãos percorrendo, não se cansam,
Tua boca traz mel e chocolate.
Não temo nem o frio que se abate
Meus olhos te traduzem e te alcançam
Nas noites que se vão e nem mais sei
Se te quero e desejo mais um tempo.
Mas se vier será um contratempo.
O meu mar no teu barco, naufraguei...
Teu gozo e teu tormento, tudo passa...
A vida continua e não se pára
Depois de tudo feito se antepara
Meu sonho nessas curvas sem desgraça.
Não me deste sinal de que amanhã
Meu mundo no teu mundo viramundo
Meu peito vagará mais vagabundo
Na procura desta febre mais terçã
Que cura noutra febre, noutro colo.
A noite não promete contradança
Nem tampouco viver sem esperança
Apenas te deitar neste meu solo
Que não promete flores nem semente.
Vencido sem jamais ser perdedor
O mundo vai girando neste amor
Que começa e termina, de repente...
Não quero ser escravo nem feitor
Apenas me provoque e vai embora.
Se chove ou se não chove, isto é lá fora
Aqui só se conhece teu calor.
Depois desta loucura e tanto gozo
A lua necessita doutra fase
Feriu-se? Que procure noutra gaze
A cura deste beijo doloroso,
Embora não te quero, te desejo.
Eu te amo como nunca amei ninguém
Verdades mentirosas caem bem
E depois que se dane o doce beijo...
X
Quando pensas que estás mais solitária
Não sabes que jamais estarás só.
Não precisas pedir, não terei dó,
A vida sempre foi tão solidária
E nunca percebeste, num segundo,
Que tudo que clareia pede lume,
Que toda bela flor, em seu perfume,
Traz a felicidade deste mundo.
Mendigas por carinho, não me importo.
O rosto que se vira, tua meta.
Se queres tua vida mais completa
Não venhas ao meu colo como um porto.
Vencido por flagrante desespero,
Vagueio no universo sem parada
A noite se dizia enluarada
Não me trouxe sequer um só luzeiro...
Vestido das estrelas sem juízo
Percorro siderais desilusões
O mundo das eternas amplidões
Negou a quem sonhou um só sorriso.
Os mantos que me deste, tempestade,
Carrego e não desfilo pela vida.
A rua me demonstra a despedida
Meu barco já naufraga, realidade...
Não vejo mais futuro; em desencanto
Espreito pelo salto da pantera.
As presas afiadas desta fera
Meus ossos se quebrando sem espanto.
Não quero mais saber deste teu choro.
A tua solidão ofende quem
Desesperado pede por alguém
Que jamais percebeu que eu tanto imploro
Pelo beijo, carinho e mansidão
Pela noite maviosa, enluarada
Parece que não vê, sou quase nada.
Não demonstra a menor satisfação
Mas perceba que existo companheira
Eu amo-te não vês que estou aqui?
Teu mundo no meu sonho já perdi
Espero teu amor, a vida inteira!
X
Quando vieste, lembro-me sereno,
Prometeste-me um mundo delirante
Na chama que incendeia cada amante
Amor um sentimento mais ameno...
Sonhei em cada noite que passamos
Com tempos mais felizes e fantásticos
O medo, a solidão, teriam drásticos
Finais. Mas, entretanto nós erramos...
Quero-te, isto me basta plenamente!
Não quero teu passado e sim futuro
Do chão que já pisaste, mesmo duro,
O vôo que prometes, num repente
Me importa muito mais do que imaginas...
Não quero teu lamento nem teu pranto.
A vida se renova em cada encanto
Que guarde tuas garras assassinas!
Não quero este perfume que carregas,
Olores que tu trazes do passado.
Se foram as estradas, velho cardo.
As horas se partiram, morrem cegas...
Não quero que transformes nosso caso
Em sombras que não posso carregar.
Cada dia trazendo novo amar
Fazendo do que foi simples ocaso.
Não posso te trazer a primavera
Se nunca se esqueceres deste inverno.
Nossa vida será eterno inferno.
Quem nunca se renova, nunca gera.
Percebo que tu queres neste instante
Reviver esta chama que te queima.
Do fogo que trouxeste e sempre teima
Reacender na noite delirante
Onde estamos distantes e tão perto
Teu prazer eu não quero e não preciso
Vá viver teu passado paraíso
E me deixes seguir no meu deserto!
X
As nossas diferenças nos uniram
Em versos, ilusões, em poesia
Eu sempre fui a noite e foste o dia
Os sonhos que te trouxe já fugiram...
Embora nossos mundo se conflitem
Em coisas que julgamos importantes
Na soma de diversos mas constantes
Queremos que universos nos habitem
E tragam neste misto benfazejo
As cores mais diversas da aquarela.
A vida que virá me mostra a tela
Pintada com meu medo e teu desejo...
Somos a divisão que não foi feita
Nas somas mais perfeitas anulamos
As dores e os receios que encontramos
Em busca duma vida mais perfeita.
Espero sem saber, tu sempre sabes.
Aguardo o que sonhei, tu nunca sonhas.
Se temos nossas garras mais medonhas,
Quando começas rezo pra que acabes...
Nesta complexidade somos unos
E pólos diferentes sempre juntos.
Por mais que não concebas meus assuntos
Adágios se confundem com noturnos...
Cigarros quando fumo, ecologia.
Bebidas que não bebo, embriagada.
Em minha calmaria és estouvada
Em tua realidade, fantasia...
Mas assim nossas luzes não disputam
E deixam que a penumbra nos carregue
Se em cada afirmação não há quem negue
As bocas ao beijarem nunca lutam.
Em plena mansidão: coexistência
Pacífica nos traz, a cada dia,
A certeza completa da harmonia
Que sempre nos permite coerência.
E assim vamos vivendo
Completos em nós mesmos...
X
Desesperadamente creio em ti,
No teu amor, em tudo o que me dizes!
Desejo que sejamos mais felizes
Depois de tanta dor que já sofri!
Eu creio nas palavras que disseste
Na noite em que juramos nosso amor.
Vento da solidão, pleno pavor,
Desvia seu caminho para leste
E me deste carinho e liberdade
No gozo do prazer que desfrutamos.
Eu mal posso entender, mas nos amamos;
Prefiro acreditar nessa verdade!
Quando estamos tão pertos, tudo some,
A vida se transcorre como um rio
Que, indo para o mar, trama nosso cio
E mata nossa sede e nossa fome...
Acredito nas luzes que iluminam
As beiras das estradas que fizemos
Com sangue e com suor que já bebemos
Nas noites que devoram e alucinam!
Eu creio em nosso caso de loucura
Que traz a faca exposta quando beija
Que traz a lua ingrata se deseja
E mata ao mesmo instante que me cura!
Eu creio em nossa vida entreaberta
Não posso duvidar deste teu seio
Exposto nessa noite sem receio
No gozo que me fere e que me alerta.
Eu creio em tuas mãos tão delicadas
Percorrendo os caminhos sem paragem,
Eu creio que no fim desta viagem
As mãos que se procuram, mãos de fadas
Depois de tantas grutas e mergulhos,
Rolando pelos seixos e cascatas
Entrando pelos bosques, pelas matas,
Subindo e derrubando pedregulhos,
Não possam se dizer mais inconstantes
Não deixam de viverem nossos sonhos,
Momentos de prazer bem mais risonhos,
Vértices abissais de dois amantes!
X
Quem não ama e não sente desta vida
O gosto da alegria e da tristeza
O sonho e fantasia da beleza,
A glória de viver se foi, perdida...
Também quem não sentiu o vento manso
Batendo levemente no seu rosto
Ou não teve sequer nenhum desgosto
E nunca descansou em um remanso.
Quem jamais percebeu suavidade
Na mão que acaricia levemente,
Quem nunca teve o gozo da semente
Que brota, num segundo, eternidade;
Vencido pelo medo nunca amou
Nem soube da fantástica ilusão
Que comanda esse jovem coração
Num rumo mavioso, Deus traçou.
Quem jamais sentirá dor e saudade
Do beijo que esta vida nunca deu,
Quem sempre se esqueceu e não viveu,
Distante se escondeu da majestade
Divina desta vida em pleno gozo.
Não sabe do sabor e frescor d’água
Da fonte cristalina. Pura mágoa
Domina um ser humano desastroso...
Pois quem, sem coração, vai pelo mundo,
Mal sabe que jamais será capaz
De entender o valor da eterna paz.
Pois nasceu e morreu, tudo num segundo...
X
Eu só quero saber o que não sabes
Embora sempre mostres arrogância.
Duma flor desconheces a fragrância
No mundo que pretendes já não cabes...
Tu pensas que és maior e que domina.
A vida te dará sua lição.
Se julgas que conhece essa amplidão,
Tua alma te acompanha pequenina...
Bem sei que nada sei mas acredito
Talvez eu possa um dia saber mais.
Agora em universos maiorais
Todo o conhecimento é infinito...
Um grão de areia em gigantesca praia
Todo o nosso saber é quase nada,
Não consegues falar da madrugada
Nem da lua que em areia já se espraia.
Um pássaro perdido em pleno céu,
Uma gota minúscula no mar.
Não sabes nem sequer o que é amar
Nem da morte que traz seu negro véu...
Desculpe minha amiga, ser tão duro.
Não posso te omitir esta verdade.
Quem pensa que conhece a claridade
Pode se preparar para o escuro!
X
Quando a vi percebi que não notara
Nos olhos que seguiam cada passo...
Mudando meu olhar logo disfarço
Embora é tão difícil, jóia rara...
Cada vez que procuro pelas ruas
Não deixa nem sequer uma esperança.
Sei, ao chegar em casa, nem lembrança
As vozes da verdade são bem cruas
Mas devem ser ouvidas, com certeza...
Me sinto tão sozinho, abandonado...
Quem sabe se terei num novo fado
Um mundo mais repleto de leveza...
Qual flor que sempre fica no jardim
Esperando o carinho de quem passa
A morte já me ronda e me desgraça,
Indiferença mata. Estou no fim....
X
Resistir aos teus olhos, não consigo...
Sou como um helianto apaixonado!
O grito deste amor, desesperado,
É tudo que desejo e que persigo!
Não sabes que caí em desespero,
Mas juro que não tive outra saída...
És tudo o que sonhei, és minha vida.
Por isso meu completo destempero...
Andavas pelas ruas sem sentir
Que dois olhos seguiam cada passo.
Sonhavam com teu beijo ou teu abraço
E quase que sem jeito, fui pedir
Um pouco de atenção e de carinho...
Por sorte percebi que tu querias
Trazer também teu brilho para os dias
Que em meio a tantas trevas fui sozinho...
Nesta hora, te confesso, tive medo;
A vida não permite nova chance,
Agora que vivemos um romance
Divino e estamos longe do degredo,
Entendo, meu amor, falo sem queixa;
Quem quer felicidade não esqueça,
Mesmo que a negação já te aborreça
Uma oportunidade não se deixa...
X
Quero a felicidade de quem amo,
Não posso magoar quem esperei.
Aquele que procura ser a lei
E esquece da leveza deste ramo
Não sabe quanto dói ingratidão.
E, penso, não merece mais perdão!
A vida me ensinou a ver no canto
Um símbolo divino de esperança,
Amor, quando foi feito uma aliança
Exige a cada dia um novo encanto...
Se quero ser feliz, que eu sempre faça
Feliz a quem está sempre comigo.
Senão o vento duro do castigo,
No livro dos meus sonhos traz a traça
Que devora e não deixa nem resquícios.
Amor sem ter prazer: aos precipícios!
Eu quero teu sorriso verdadeiro,
Eu quero essa alegria sem pudor
De quem extasiado em pleno amor
Conhece, num segundo, o mundo inteiro!
Espero pela porta sempre aberta,
A lua nem precisa se esconder
No sonho mavioso de viver,
A mão que te acarinha, sempre alerta!
Amada, amiga, tantas as palavras
Nos campos de esperanças, minhas lavras...
X
Cada vez que procuras pelo sol
Esqueces deste brilho que há em ti.
Por tantas violências que sofri,
Nunca deixei de crer em um farol.
O brilho das estrelas te magoa,
Pois achas que jamais verás a lua.
Pois saibas nossa vida continua
Embora o nosso canto vá à toa...
Não creia nas quimeras nem nas dores,
Um dia, ao perceber, estás curada.
Depois de tanta dor o quase nada
Assim como também falsos amores...
O vento da mudança sempre vem
Trazendo nossas vidas mais serenas.
As chuvas que virão, bem mais amenas.
Depois de tanto tempo sem ninguém
Tu verás que jamais andou sozinha,
Procura a companhia que precisas
Em meio a tantas luzes imprecisas
Saberás que em teu reino és a rainha.
Nasceste só, assim tu morrerás,
Nasceste nua assim irás ao céu.
A roupa que tu vestes, simples véu,
A tua alma jamais a vestirá!
Te falo desse amor que sempre faz
Da vida uma seara de esperança.
A mão que traz a seta e traz a lança
Depois de tanta guerra pede paz...
Não queiras as riquezas mais profanas
Nem mesmo quem bajule e que te agrade.
Te perderás nas travas desta grade.
Não se esqueça, na terra és soberana!
O temor interposto com a sorte
Não permite que renasça o belo dia.
Entretanto, conheça a fantasia,
Ela ameniza a dor do duro corte.
Não sigas as saudades pois morreram,
Beije-as como se fossem um retrato,
A vida nunca volta, isso é um fato.
As horas que se foram, se perderam...
Mas saiba que a manhã sempre retorna
E traz uma certeza que não falha.
Por mais que seja dura essa batalha
No fim de tudo o louro sempre adorna
Pois és vitoriosa, minha amiga
O fato de existires nos gloria
Sem ti a nossa vida é sempre fria
Da humanidade inteira és uma liga
E sem a qual jamais serei feliz,
Das tristezas escrevas teu futuro
Todo lume precisa que esse escuro
Venha, senão cadê a diretriz?
Toda dificuldade traz ensino
Mas aprender nem sempre vem sem dor.
Do barro, sem sentido e por amor,
Fomos feitos num sonho mais divino!
X
Procuro por um ponto de partida
Que leve meu saveiro para o mar
Evitando as procelas. Navegar
Calmamente, sem dores, pela vida...
Eu sei que esta viagem traz os medos
Naturais de quem sempre foi sozinho.
Mas sei quanto é preciso ter um ninho
Depois de tantas lutas e degredos...
Espero que este canto então me leve
Pela vida. As promessas deixo ao largo...
A vida tantas vezes trouxe amargo
Gosto. Agora proponho um novo, leve...
Os rumos a seguir são mais diversos,
Meu barco já perdeu rosa dos ventos.
Ao norte encontrarei meus sofrimentos,
Ao sul já morrerão todos os versos...
Ao leste, dispersada solidão,
A oeste tempestades e penhascos.
Rebento-me e nem sinto, tantos cascos,
Em meio tão esparsa solução.
Bem sei que sempre perco mas não canso,
A luta é necessária e muito aflita.
A morte tantas vezes foi bendita
Porém o que procuro, um mar mais manso,
Não posso perguntar de onde viria,
Pois sinto que jamais serei feliz.
E traço meu destino e diretriz
Com olhos espalhados noite e dia...
Os astros me deixaram ao relento
Sem porto nem talvez terei cais.
A sorte, com certeza, nunca mais.
Meu barco vai sozinho, solto ao vento..
X
Se queres alegria, a distribua.
A vida necessita do sorriso.
Pois a morte virá sem ter aviso
E quem sempre sorri, manso flutua...
A tua vida espelha a minha vida,
Estou feliz em ti e vice-versa,
O resto, neste mundo, é só conversa;
A lua que não se acha, vai perdida...
Espero teu carinho em ansiedade
Esperas meu amor tão calmamente,
Unidos, nos tornamos, de repente
Um elo que trará eternidade...
É bom saber que sempre estás feliz,
Embora tantas urzes nos caminhos.
Essas águas que movem os moinhos,
Nunca voltam jamais pedirão bis...
Mas seja, desta casa, a claridade.
Entregue teu amor manso e sincero,
De ti jamais desejo nem espero
Pois sei que tu trarás em liberdade.
De tua mocidade traga o brilho,
De minha sobriedade deixo a vela.
Do encontro divinal já se revela
O rumo que teremos, nosso trilho...
Eu sou feliz por seres sempre minha,
Nas horas mais difíceis, o meu porto.
Um dia, quando o sonho semimorto,
Irei para os teus braços, andorinha.
E fecharás os olhos de um poeta
Que amou e que sofreu demais na vida.
E mesmo assim na nossa despedida,
Saiba que nossa vida foi completa!
X
Sei que não sou perfeito e não serei.
Eu trago um triste fardo e nunca nego
Dos ancestrais humanos e carrego
Com toda mansidão que sempre usei.
Quem sabe seus pecados dá um passo
Importante na busca do perdão
E mata, pouco a pouco, a solidão.
A mão que me desenha esquece o traço
Mostrado num espelho que destrói.
Não fale dos meus erros como sendo
Aqueles que condenam, mesmo crendo
Que conhecer-se sempre só constrói...
Mas sei por que sempre ages desta forma,
Te dá prazer saber: não sou perfeito.
Com isso também se achas no direito
De romper sem temor a regra e norma.
Teu regozijo, sinto, em minhas falhas.
Escute eu nunca quero o teu fracasso.
Mas serás mais feliz se romper laço
Atado nos meus atos que embaralhas
Com os teus. Pressentindo vou dizer;
Querida tu procuras teu disfarce
Tentando te encontrar na minha face;
E nisso desfrutar do teu prazer!
X
Quando estás solitária e tão tristonha,
Envolta em tempestades violentas
As nuvens se aproximam, chegam lentas
Do belo dia em treva mais medonha!
Tuas lágrimas formam forte chuva,
Se evaporam e voltam nas tempestas.
Não deixam neste espaço sequer frestas,
Inundam o teu leito de viúva...
Tristes nuvens tomando todo o céu...
O sol, envergonhado, não desponta.
O mundo num dilúvio se dá conta
E manda a mansa noite como um véu...
Porém nem tanta estrela e plena lua
Não conseguem vencer o negro manto
Que cobre o teu olhar perdendo encanto.
A dor, em plena noite continua...
Um dia, o sol virá com claridade
Absoluta, vencendo o sofrimento.
O tempo vence tudo: esquecimento.
Não restará sequer uma saudade...
Aí, com força plena de seu brilho,
O sol invadirá o teu sorriso,
Trazendo p’ro teu mundo o mais preciso
E belo rumo, um sempre claro trilho.
Verás então estrelas, lua e sol,
Com toda a fantasia que merecem,
Os amores, as dores, sempre tecem
No fim da tempestade um bel farol.
Não deixes que essa dor, essa tristeza,
E o medo de sentir raio solar
Impeçam a tua alma de voar
Nos céus que nos envolvem em beleza.
Amiga, ser feliz é simplesmente
Deixar que o sol rebrilhe em tua vida
A sorte que julgavas já perdida,
Retorna num segundo, de repente!
X
Eu sei que estás cansada desta vida...
Tantas dores mataram teu sorriso
O mundo te negou o paraíso,
A sorte que querias, vai perdida...
Aquele que sonhavas foi embora.
O dia prometido nunca veio.
Deixando o teu olhar a esmo,alheio...
A dor mais violenta já se aflora.
As promessas e enganos te levaram
Aos mais distantes campos da existência
Onde a dor se assomando sem clemência
Teus sonhos nos amores naufragaram...
Adormeces sozinha, sem ninguém,
E pensas que esta vida já se esvai..
Pensaste ser feliz, a noite trai
E nunca mais será a do teu bem...
Vestida de viúva, guardas luto
Em mortalha sofrida e sem encanto,
Teus olhos sempre vertem-se no pranto
O vazio da noite, é sempre bruto.
A máscara dorida da saudade
Está tomando o rosto de quem ama.
Não resta nem sequer faísca e chama
A morte te promete lealdade...
Não posso te dizer quase mais nada,
A não ser que estarei sempre contigo,
Eu tento proteger-te do perigo,
Da dor que sempre traz a madrugada.
Amiga, minha amada te proponho
Um dia mais feliz de mansa lua
A vida não se acaba, continha
Embora teu tormento mais medonho.
Se não posso trazer-te o paraíso,
Se não posso fazer-te mais feliz,
Eu te darei, ao menos, mais gentis
Sonhos. E, se quiseres, meu sorriso!
X
Não deixe que a tristeza te domine
Em tudo o que fizeres, alegria!
A vida se renasce todo dia
Que essa luz que carregas, ilumine
Os passos que darás a vida inteira
Alegria é da vida, companheira.
Demonstre esta coragem: ser feliz!
Não deixe que a saudade te maltrate
Serás o vencedor do duro embate
Que te trará, da vida outro matiz
A luta não termina e recomeça
A cada novo dia e nova dor
Alegria ressurge como a flor
Precisa de coragem e tem pressa.
Não faça como o triste caminheiro
Somente reparou nas duras urzes
A vida se redime e traz as luzes
O mundo sorrirá mais verdadeiro
Não deixe teu caminho pelo mundo
Sem ter essa coragem de plantar
A cada novo tempo libertar
E viver toda vida num segundo.
Sabendo que tiveste um novo dia
Mais Pleno de carinho e sem tristeza,
De tudo nesse mundo, mor beleza
Explode num sorriso de alegria!
X
O que embeleza a noite é a luz de cada dia
O bom de uma alegria é não sentir-se triste
O que valoriza o ser: saber que o nada existe.
Na luz de cada estrela amor em fantasia.
Vitória sem derrota o gozo sem a dor
O pranto sem o riso o fim sem esperança
A morte sem a vida o velho sem criança
O manto sem nudez o mundo sem amor.
A paz sem ter a guerra o todo sem vazio
O mar sem continente a cura sem doente
O homem sem mulher, perdão sem a serpente
O ramo sem a flor, deserto sem o rio
O canto sem silêncio a lua sem o sol
Côncavo sem convexo. Pois nada valeria
Sem termos o contrário, o belo não teria
Sequer um só caminho, e sem esse farol
Que clareia essa noite escura em tempestade
A vida perderia o gozo e a fantasia
Que traçam o meu verso e toda a poesia
E fazem com que o sonho alcance a liberdade!
X
Beleza nos liberta e traz a fantasia
Que invade toda a terra em menos de um segundo
O brilho de um olhar, a paz em todo o mundo
O canto em liberdade o renascer do dia.
A mão que nos afaga, o perfume das flores
O lume do luar, o mar, a branca areia,
O vento no deserto, o canto da sereia
Em toda essa beleza, os matizes, as cores...
O gesto de esperança, a liberdade plena
Espaço sideral, estrelas e planetas
Amor do girassol, os rios e cometas
As águas na cascata a lagoa serena
O negro da pantera e também do corcel
Uma alta cordilheira, um vale , uma floresta
O coração feliz, uma alma em plena festa
Uma jóia bem feita, azulejo do céu
A música que embala a tela em aquarela
O riso que se explode, a mansidão da luz
O vôo da andorinha, amor que reproduz
Em tudo neste mundo, o belo se revela...
O sonho de vitória, a doce melodia.
O mar em rebeldia, a louca tempestade
As lutas da paixão, a plena claridade
Nos versos do pintor, beleza e poesia!
X
Paixão! Sonho que fere e quase sempre mata
Desejo de viver, vontade de morrer
O mundo em nossas mãos, espaços percorrer
E depois disso tudo, entrar em densa mata
E sumir. Receber o vento como açoite
Cariciar a dor e negar esperança.
Sonhar sem ter limite e ser tal qual criança
Que teme a tempestade, o sonho, o frio, a noite.
Devora, às vezes, salva e torna a devorar.
Nos escraviza sempre e depois nos liberta
Mas voltamos porém esteja disso certa
As braços da quimera, um novo escravizar.
Paixão que tudo move e depois nos amarra.
Nos prende com corrente esquece sempre a chave.
Do chão, eterno sonho, um vôo sem ter nave
Em meio a seu carinho, unha virando garra.
Mata-nos lentamente impede uma saída
Não deixa nem sobrar um pouco de esperança;
A cada passo dado aviva-se em lembrança
E corta pouco a pouco, o que resta de vida.
É fome que sacia e mata novamente
É sol que tanto esfria e queima sem sentirmos
É rumo que nos leva e não deixa mais nós irmos.
É tempo que se esgota, assim tão de repente...
Amamos o chicote e a mão desse feitor
Que bate fortemente e sangra sem perdão.
Da senzala em nossa alma, atada a tal paixão
Somente uma saída, o pleno e manso amor!
X
Em todos os momentos mais difíceis
Que passamos na vida, companheira;
Nas guerras que nos trazem bombas, mísseis,
Na luta mais cruel e verdadeira,
Amor sempre será o vencedor
Nada pode vencer o nosso amor!
Quando o cansaço surge ao fim do dia
Nossa alma empoeirada e maltratada
Pelos vários espinhos desta estrada
E quase morta toda a fantasia,
Quando o tempo parece que não corre
A saudade machuca, o mundo cresce,
A noite tenebrosa, aos poucos desce
Vemos que a esperança já se escorre
Deixa-nos, lentamente, em carne viva
O mundo nos matando já nos priva
E impede a caminhada pelas ruas
Mais floridas. Os olhos lacrimejam
Distantes desses sonhos que desejam,
Flores despetaladas, quase nuas.
O sorriso se esconde e não ressurge,
A vida nos parece triste senda.
Vontade de morrer, a tristeza urge,
Felicidade mostra-se uma lenda.
Em meio à tempestade violenta
Toda dor dentro d’alma se arrebenta.
Quando estamos sozinhos, sem um norte,
A solidão renasce como fera,
Invade e nosso mundo nada espera
A não ser este frio e a dura morte.
O amor com toda a força e rebeldia
Aparece e comanda uma mudança
Feita a base do sonho e da alegria
Nos mostra um novo brilho de esperança.
E transformando nossa realidade
Em todos os espaços, santo, invade...
X
Eu não conheço o medo nem a dor
Disfarço o sentimento mas não mudo.
Por vezes me imagino quase mudo
Mas sempre me pretendo um sonhador.
Amor me faz gigante e temerário,
Não sinto mais a noite nem o frio
O vaso não se quebra e vou vadio
Em busca do meu mundo solidário.
Invisto meus desejos, mas me calo,
Não posso mais fugir, por isso encaro,
Quem traz um sentimento assim tão raro
Não pode receber o duro estalo
Que faz de todo açoite seu carrasco,
Nas borrascas perdido nunca ganha
Nem mesmo a tempestade não assanha
E passa a ter da vida nojo e asco.
Eu guardo meus desejos, não espalho,
Pois sinto que talvez torne profano
O maior dos delírios, soberano
Que cobre quem me trouxe o agasalho.
Porém assim percebo cada dia
Um novo se transforma sem delongas
As noites não se passam, ficam longas
E cada verso mostra a fantasia.
Porém, neste milagre mais sagrado,
O tempo não demora e me maltrata
O corte tão profundo me arrebata
E lega ao meu futuro um duro fado.
Te peço não me deixes, estou farto
Das dores que latejam sem descanso,
Se fores o meu peito calmo e manso
Desaba e obscurece todo o quarto.
Portanto, minha amada, me perdoe
Se não consigo mais ficar calado,
O vento que me trouxe pr’a o seu lado
Empurra as minhas asas pr’a que voe...
X
Nas horas mais difíceis te conheço
Bastam que essas quimeras me profanem
Que todos deste mundo já me enganem
Para saber se em ti me reconheço!
Meus erros, meus enganos, meus defeitos,
São todos testemunhas que eu existo,
Se a nada neste mundo não resisto
Talvez os meus problemas sejam feitos
Das velhas tempestades que passei,
As sortes e presságios tão obscuros
Prometem velhos céus bem mais escuros
Em nada do que tive, me encontrei.
Rasguei a fantasia que escondera
A podre maciez que sempre fere
O lume desta noite se interfere,
E traz na madrugada a doida fera.
Agora que não trago mais meus medos
Envolvidos pela noite que me corta,
Que toda essa ilusão se mostra morta
O mundo me prepara meus degredos...
As galés e as cadeias que me tragam
Engolem um humano e me trituram
O rosto e meus desejos desfiguram
Os planos de viver contigo estragam...
Se falas que me adoras e me queres
Agora é que terei minha resposta
Meu mundo dilacera tudo em posta
E não promete luzes nem talheres.
Apenas um restolho de esperança
Um prato carcomido e sem futuro
O mundo que teremos será duro
A morte poderá vir como lança.
Por isso é que durante a tempestade
Que corta que alucina e que destrói
Com tudo que sonhamos já corrói
Se teu amor enfim é de verdade!
X
Tu foste meu primeiro amor, querida.
Quem foi a primavera, em pleno outono
Ao meu lado, nem sombra de abandono.
Do começo ao final de toda a vida.
De todas as mulheres, seus mistérios,
Se encontram nos desejos de uma só.
O medo, o destempero, amor e dó,
O gozo da tormenta e seus critérios
A luz na madrugada, a força, o vento
Depois a calmaria e recompensa,
A dor que nunca deixa, tão imensa
E a vontade de morrer, o fingimento...
Perfumes delicados de tais flores,
Vergonha de saber-se sedutora
Vontade de chorar e de ir-se embora,
Saber que toda vida traz horrores.
Saudade de dançar de madrugada
Estranhas convulsões fortes delírios
O mundo se revela em tais martírios
E depois bem depois, o quase nada...
E sorrir e chorar sem ter por que
Viver cada manhã como se fosse
A última. Saber que a vida trouxe
E depois não deixou, onde e cadê!
Querer o gosto amargo sem ter pressa
Depois se derramar em chocolate,
Fugir e desejar todo o combate
Sair e não voltar, correr depressa.
Castelos e soldados e guerreiros,
Mentiras que acalenta a cada sonho.
Em volta todo mundo mais tristonho
E gargalhar depois, do mundo inteiro.
Pedir a Deus perdão pelo que quer
Depois mentir ao próprio coração.
Saber que nunca achamos solução
Olhar indecifrável de mulher...
Querer conter o mundo em seu regaço,
Depois amar, sofrer querer a briga
E iluminar o mundo na barriga
Estrias e varizes, peso e traço.
Amamentar sorrindo mas pensando
Nas horas que passaram e perdeu.
No mundo que esperava e que morreu
Depois de todo sonho, delirando...
Querer cortar os pulsos e se rir,
Vestígios de prazeres pela noite
A solidão que teme, velho açoite
Não sabe se conter e quer fugir..
Morder essa maçã, temer serpente,
Unhas e dentes bocas e batom,
Cabelos se transformam cada tom
E tudo se revela de repente.
Na lua procurar a luz do sol,
Em pleno sol querer a luz da lua,
Andar de madrugada, toda nua
E ter a solidão triste do atol.
Vencer os seus complexos sem medo
Guardar cada caminho como seu
Andar sem medo em pleno e negro breu
E não conseguir guardar segredo.
De todas as mulheres que conheço
Todas cabem naquela que escolhi
E todo grande amor que não perdi
Encontro em minha amada e o mereço!
X
Quando te conheci eu já sabia
Que teria em minha vida tal beleza
Emoldurada em luz, viva certeza
E que sempre me encanta, a cada dia...
Pois sei que és rara e guardo tua luz
Que me protegerá a vida inteira.
Serás a derradeira companheira
Sem a qual a vida não conduz
Ao destino feliz que se deseja.
Pois embora não saibas, te conheço,
E nisso tudo vejo e reconheço
Que estás dentro daquilo que eu almejo.
Ao te ver passeando pela estrada
Na mansidão suave de teus passos
Prendi de imediato todos laços
E sinto que acertei nesta mirada.
Bem sei do que preferes, nesta vida
Amores que traduzem todo o norte
Que traças com teu pulso firme e forte
Mesmo quando a tristeza for sentida.
Eu, que muitas vezes me enganei
Achando que encontrara minha sorte,
Aos poucos se revela a dura morte
De todos os destinos que tracei.
Depois destas quimeras mil enganos.
Depois destes tormentos e desditas,
Das falsas e terríveis, más pepitas
Que marcaram com traços desumanos,
Descobri que não basta só saber
De onde vem p’ra onde vai, como se chama...
Simplesmente sabendo do que se ama
Já se torna possível conhecer
X
Não quero a perfeição de quem desejo,
Na verdade isso nunca seria amor.
Não posso e nem pretendo ser censor,
Espelho que reflete e não me vejo...
Eu quero teu amor por ele mesmo,
Sem máscaras mentiras ou engodos.
Nem sempre maciez nem sempre lodos,
Erros, acertos, jogos vãos a esmo.
Não use mais disfarces, fiques nua.
O manto que te cobre não te cabe,
No fim da tarde o sol de tudo sabe
Não quero que me impeça a bela lua.
Não seja teu caminho o que mais quero.
Apenas vá, prossiga sem demora.
Um dia, com certeza tudo aflora
E o paladar terá outro tempero.
Não veja o que desejo, sou parceiro
E como tal meu brilho não te ofusca,
A vida que procuro nunca busca
Um brilho que não seja verdadeiro.
Senão, quando preciso sempre falha,
Por que não terá sido o que pensava.
Nesta hora a falsa luz que assim brilhava
Em plena escuridão, sem luz, se espalha...
Agora que te mostras mais desnuda
Eu tenho essa certeza que me ampara
Que tudo que vivemos, minha cara,
Jamais, nem mesmo o tempo, nada muda!
X
Amor sempre nos traz felicidade
Mesmo que esteja envolto na tristeza.
A mágica da vida com certeza
É sempre perceber variedade.
A mão que nos afaga e que nos corta
Decerto também teve muita dor.
Mas saiba que é preciso, para o amor,
Que a vida se renasça mesmo torta
E traga novo brilho e nova estada
Sabendo que teremos fantasia
A vida nos permite, a cada dia,
O gosto do nascer d’uma alvorada.
Nem sempre conseguimos ser amados
Mas isso não se pede, se conquista.
Não há um simples ser que inda resista
Aos ventos que lhe tragam mansos fados.
Porém, mesmo que a sorte lhe proíba
De ver o seu reflexo neste espelho,
De tudo nessa vida que assemelho
Amor sempre carrega e nos arriba.
Portanto minha amiga e companheira
Não deixe de sonhar, pois desengano
Faz parte desta vida e traça o plano
Que sempre te fará mais verdadeira.
Embalde muitas vezes, sem luar,
A noite deste amor é sempre bela;
O sentimento nobre nos revela:
Bem mais que receber é sempre dar!
X
A paixão que devora simplesmente,
Nunca traz a certeza de um amor.
Nem sempre do botão a bela flor
Desabrocha, pois morre de repente.
De tudo que, entretanto, forja a mente
O fogo nos queimando com ardor
Por vezes nos invade de pavor
E o rio não deságua mansamente.
Não falo que não deixe cicatrizes,
São elas inerentes a quem sofre
A chave que se esconde, deste cofre,
Torna-nos quase sempre em infelizes.
Mas nunca tenha medo de viver,
A dor que embalde traz nos purifica.
De cores, a paixão, é sempre rica,
Embora nos transtorne, dá prazer.
X
Te amo tanto querida, não se espante
A cada dia amando-te bem mais
O mundo se renova em tanta paz
E se demonstra sempre delirante...
Ao ver-te na janela, uma criança,
Outra criança sonha com um dia
Onde possa viver a fantasia
Trazendo, a cada noite, essa esperança...
O tempo passa, vejo-me distante,
Os olhos que sonhara estão lá longe...
Na solidão doída, qual um monge,
A vida me matando a cada instante;
Pois decerto encontrara um companheiro
Tão bela madrugada espera o sol
E juntos formarão o girassol.
Iluminarão este mundo inteiro...
Também a vida trouxe-me essa lua
Com a qual fui feliz, isso não nego.
Porém essa saudade que carrego
De tudo que passamos, continua...
A tarde chega, e mostra meu verão.
A lua que me acalma sempre fria
O sol queimando tua fantasia
A vida serpenteia pelo chão...
Depois deste verão, o manso outono.
Trazendo a calmaria que me amorna,
A lua já se foi, a vida entorna
A dor que me promete duro sono...
As lágrimas enchendo um triste rio
Em dilúvios, transcorre para o mar.
São tantas que não deixam de salgar
Inda mais, aumentando o meu vazio...
Bem sei que meu inverno se desponta
Ao largo deste mar no meu crepúsculo...
E neste fim, tormento mor, maiúsculo
A vida cobrará por certo a conta.
Não pude ser feliz completamente.
Faltou-me tanta coisa, eu asseguro,
O mundo que vivi, por certo duro,
Não deixa bela marca em minha mente.
Um dia, a solidão queimando fundo,
Ardendo e me matando pouco a pouco
Cortando e me deixando quase louco,
Agozinantemente e moribundo
A porta que deixara sempre aberta,
Num átimo demonstra uma saída.
Quem já pensara estar de despedida
Da treva uma surpresa me desperta!
Ao ver teus olhos mansos tão gentis
Em frente a minha porta escancarada
Ressurge, em minha vida essa alvorada
Embora quase morto, eu sou feliz!!!!
X
Quem, nesta vida, sempre imerso em pleno lodo
Espera pelo mar em noite maviosa,
Aguarda na esperança o perfume da rosa
Não sabe que será simples parte do todo
Que formando um conjunto esparso em todo espaço
Faz parte como tudo em volta, natureza.
Não sabe conhecer sequer uma beleza
E perde todo o tempo em vôo cego e baço.
E tudo que aprendeu esquece totalmente
Não sabe que esta vida esboça a forma santa
Da natura tão febril, dessa alegria tanta
De ser uma fração de tudo, simplesmente...
Pois neste vasto mundo a força mais robusta
Não sabe seu caminho, espera seu destino
Na lua que nasceu a vida de um menino
Não sabe se será ou não será augusta.
Não há sequer quem viva em total claridade
Assim caminha a vida em luta desumana,
A luz que nunca brilha em pouco tempo emana
Aquele que não sabe e perde essa verdade
E acha que desse mundo é parte mais imensa
Um dia saberá imerso em turbilhões
Que fora mera parte, uma gota em bilhões
Felicidade então será t’a recompensa.
Pois todo esse universo em margem infinita
Circula num caminho estranho e sem final
No rumo que não traço imenso e sideral
Apenas uma coisa em todas é bendita
E sempre se trará no rosto mais feliz,
O gosto da conquista, o louro da vitória
Por mais que maiorais não trazem toda glória.
Na opressão de minha alma, o medo me desdiz.
Quem dera se tivesse o rumo que esperei
Por mares sem sentido em busca da verdade
Nas luas que vasculho a mera claridade
Não trazem o que quero, e não serão a lei.
Com meu olhar mais fixo espreito meu futuro
A porta que se fecha, abertos meus umbrais,
Deixa-me nessa espera, aguardo e quero mais
Da vida que não tramo o chão que piso, duro...
A mão do meu destino espera sem demora,
A prece que não fiz, o manto que me cobre
Na noite que não traz o sino que se dobre,
E tudo que não pude o sonho rememora.
Se fiz minha cantiga aguardando alvorada
Que jamais terá sido aquela que esperava,
Talvez sem ter carinho a noite me tragava
E depois me deixava exposto sem ter nada.
Marcadas pelo açoite em busca desta serra
Que pode me levar aos campos que desejo,
A parte que me cabe, em lágrimas, não vejo
Esconde-se ferina e matando desterra...
Por mais que sempre tento esbarro sem resposta
Na dor que não se cala, o gozo e a saudade.
Não sei mais ir liberto, em tal disparidade
Que faz do meu futuro uma simples aposta.
No sonho que propus um pouco de esperança
Espera sem demora o fim desta tristeza
A mágoa e a mentira, o laço da riqueza
Que trava e não perdoa e nem a vida alcança;
Busquei felicidade, essa libertação,
Nas mesas do banquete em festas e navios,
Saveiros, mansos cais, orgias loucos cios,
No rosto da promessa em toda vastidão.
Nas jóias, no castelo, em tudo com fervor,
Por mais que procurasse um sonho tão risonho,
A cada dia via um olhar mais tristonho
Em cada novo rosto expressão de pavor...
Nesta alegria falsa, o riso sem motivo,
Na festa que termina e nunca determina
Nos céus que imaginei, em nada se destina
A tal felicidade, o meu sonho mais vivo.
Depois de, já cansado, esperar pela resposta
Por mundos viajar fiquei decepcionado
E resolvi dormir, exposto ao duro fado.
Nunca serei feliz! Eu perdi minha aposta...
Porém, na noite calma, um suave calor,
Em sonhos, de repente ouço uma mansa voz
Que fala bem baixinho: o mundo é bem atroz
Mas a felicidade? É simples, está no amor!
X
Procurei meu amor da mocidade
Esquecida e perdida nos alvores
Neste inverno fatal, nos estertores
Finais, quando me resta só saudade...
Agora em meu jardim, as flores mortas,
Somente erva daninha sobrevive.
São restos que carrego d’onde estive
Penetram minha casa, abrem as portas,
Tomando minha sala, entram no quarto,
Deitam-se nessa cama e já me abraçam.
Envolvem meu pescoço se entrelaçam
E tentam sufocar. Da vida farto
Espero o desenlace deste abraço,
Aos poucos apertando mais e mais
Até que sofrimento e dor, jamais!
Ao fim deste namoro nem um traço
Do que fui restará mais neste mundo.
Coberto pelas folhas, sufocado,
Nesta agonia tudo terminado
Trazendo a liberdade, num segundo...
De tais folhas e galhos, sinto o gosto
Agridoce da vida que se vai...
Em momento algum nada me distrai
Nem mesmo a cicatriz mascara o rosto.
Recordo-me que um dia fui feliz,
Eu tinha todo amor que se deseja.
Meus irmãos, minha mãe, a vida beija
De forma tão sutil... Tudo o que quis
Se perdendo nas curvas do caminho,
A cada dia, aos poucos, foi morrendo
A esperança que tinha. Corroendo
A minha sorte, até ficar sozinho...
Não tenho sequer medo, a dor levou...
De tudo que guardei apenas vento
Da saudade me traz contentamento.
A solidão foi tudo o que restou.
Agora em meu jardim esta quimera
Crescendo pouco a pouco e me matando
Nos galhos e nas folhas me mostrando
Tal qual fosse o sorriso duma fera.
Da venenosa amiga e seus tentáculos
O carinho final que tanto espero.
Em momento algum, nunca desespero,
Talvez sejam meus últimos obstáculos.
A sombra da mortalha que virá,
Nas costas minhas asas já não pesam,
Sem ar, as minhas pernas se retesam
E sinto que minha hora chegará
Nos braços desta amada e doce planta
Que sabe que me cura quando mata
No derradeiro beijo em serenata
O frio dentro d’alma se agiganta
E sigo meu caminho, agora em paz...
Porém quando te vejo do meu lado,
O abraço como fora um apertado
Nó pressinto que amar não fui capaz!...
X
Proteja-me meu Pai pois sofro tanto.
O canto da esperança não escuto.
O vento da maldade, sempre bruto,
Não deixa-me sentir Teu vento, santo.
Por vezes vou sozinho, mas me guias,
Nas noites mais difíceis, tentações.
Espero conseguir das amplidões
As luzes que me tragam novos dias.
Pequei por tantas vezes, meu Senhor,
Nos sonhos, nas palavras, no meu gesto,
Por isso estou aqui, meu canto empresto
Ao pedido maior neste louvor.
Bem sabes que caminho sobre as urzes
Deixadas de propósito, meu Pai.
A treva que em minha alma sempre cai
Lembra-me que temos nossas cruzes.
Farei o que desejas, mas perdoa,
Não deixe que este triste filho Teu
Se perca neste escuro e vago breu,
Meu grito pelos vales sempre ecoa...
Desculpe se perdi o meu caminho,
Desculpe se não pude ser feliz,
A vida me marcando com seu giz
Cravando em cada pé um grande espinho.
Mas saiba que Te adoro e que por isso,
Estou aqui em plena madrugada
A minha voz em prantos, já cansada,
Pretendo, desta vida, ter o viço.
Meus erros cometidos me maltratam
São pedras que carrego, tanto pesam.
Os olhos dos irmãos já me desprezam,
As asas da tristeza me arrebatam...
Somente em Ti encontro a solução,
Não deixe em minha vida essa quimera.
Amor quando em amor, só amor gera,
Por isso é que te imploro o Teu perdão!
X
Nas horas derradeiras desta vida
Que à noite nas boates terminava
Sem medo de viver a despedida
E nas dores cruéis agonizava
No prazer maior destes bacantes
Trazendo tantos gozos delirantes...
Investido de lágrimas e sonhos
Abraço teu cadáver, triunfante
Os gozos que me deste enfadonhos
Teu fim é meu começo, delirante.
O corpo desta fera pesa tanto
E traz ao meu destino, um novo encanto...
Ao me ver assim bêbado infeliz
Escarrado pelas ruas, um mendigo,
Buscando meu prazer na meretriz
Meu último quinhão, o meu abrigo
Nas noites friorentas deste inverno
Que sempre se traduzem como inferno!
Nas portas que fechaste com teus pés
A vergonha invadindo minha vida
Meu barco naufragado sem convés
Amargo da saudade desvalida
E o fel deste teu beijo envenenado
Teu fim sempre sonhei, tão desejado...
Mortalha não carrego, comemoro!
Em cálices de amarga lucidez.
Os olhos sobre o corpo já demoro
E rio, me gargalho dessa tez
Lívida, arroxeada e sem mistério.
A morte executada sem critério...
Agora que me livro desta fera
Encontro meu destino mais feliz.
O rosto venenoso de quimera
Não guarda mais sequer a cicatriz
Marcada pelo golpe que te dei
Nas horas onde foste a triste lei...
Vencida esta batalha, resta o sonho
Em busca d’outros dias sem fronteira.
Vejo-te em podridão, acho bisonho
Quem fora sempre forte, a vida inteira,
Coberta pelas lavras se destrói
O mais mísero verme te corrói.
A minha mocidade destruíste
Em todos os orgasmos não deixaste
Todos os meus desejos já puíste
E em cada sonho meu sempre escarraste
Não pude decifrar sequer teu rosto
Que agora, está em restos, decomposto...
Meus olhos regozijam com a tela
Demonstrada e pintada em vera cena
No brilho do matiz, esta aquarela
Resume o belo fim de minha pena.
Eu vejo destroçado quem me corta.
Depois deste cenário, a nova porta.
Agonizaste a cada navalhada,
Penetrante e sutil em tal prazer
Dada que esfacelou, não restou nada
Apenas a vontade de viver
Que renasceu com fúria no meu peito.
Descanso no meu leito, satisfeito...
Esperei por tal fato sem descanso,
Lutei tão bravamente e te venci!
Futuro tão distante, sim, alcanço
Num gesto quase heróico estás ai
Morta enfim. Destroçada sem perdão!
Livrei-me da quimera: a solidão!
X
Estrela que nasceu na morte de Maria
Brilhante qual a lua embeleza meu céu...
Por mais que desejei a beleza do véu
Não mais me trará paz, verei, a cada dia
A marca que deixei da morte que carrego.
Lembro-me, sem querer, de cada nova noite,
Do beijo e do carinho em todo esse pernoite
A morte que te dei, na vida deixa cego...
Agora que morreste, espero meu destino
Em cada tempestade o resto que me trazes
São luas que não vejo, o ferimento, as gazes,
O mar que me devora, o sonho do menino...
Maria nunca mais terei de novo a sorte
De ter o teu desejo e morder tua boca.
A noite que te trouxe e te levou vai louca
Em nosso manso leito, a sombra desta morte!
X
A noite me trará teu canto numa prece
Que me revelará um profundo amargor;
Pois quem sempre mentiu não me trará amor.
Mas mesmo assim, querida, a vida te agradece.
Nas vezes que busquei no céu, no firmamento,
Teu riso se mostrava um rio venenoso
Por onde destilava um ar tão vaporoso
Que sempre me matara a cada vão tormento...
A noite ouve meu canto, um canto de partida,
Que traz o sentimento esparso e violento
Da vida que caminha um rumo manso e lento
E perecendo um pouco a cada dor sofrida.
Embora não deseje, eu sinto que vou tarde,
O gosto da saudade, o cheiro deste incenso,
O mar sem claridade, o meu amor imenso...
A vida me maltrata e corta fundo, me arde.
Bem sei do meu destino, aqui estão as chaves.
Depois de tanta treva aguardo, enfim, a luz
Que sei que não virá, pois nada mais reluz
E nem nestes meus céus, o revôo das aves...
Nas hordas sou falena em busca do luzeiro
Mas nada mais me resta, os olhos tristes nevam...
Aos céus em pouco tempo os braços já me levam
E não ouvirás jamais, meu canto derradeiro...
X
Toda a minha esperança esbarra na saudade
Que sempre me rondando está deveras perto.
Meu mundo sem carinho, um vazio deserto.
Espero então que morra a triste realidade.
Sonhando a cada dia, a minha alma soluça
Espero por um dia, a vida estando calma,
Que Deus já me liberte abraçando a minha alma
Que sem ter outro colo, em ti já se debruça.
Amor se fez quimera e clama o triste fado,
A luz desse luar reclama um sonho, uma asa
Que possa libertar apagando essa brasa
Devoradora. Clamo um brado amargurado...
Fecho-me sem saber que o frio amor recorta
Os céus por onde andei em fúria e se levanta
Dando-me a sensação perfeita que me encanta
Do amor que tanto quis batendo em minha porta!
X
Vindo do canto que canto que canto que canto que canto
Vento que invento e que repito ecôo.
Sem mar sem amar sem amara sem amarra sem arma.
Sem rumo.
Sem prumo
Me aprumo e desarrumo tudo depois.
Arrimo que não rimo e nem rima
Apenas primo e prima
Primaz.
Primata.
Pré nata
Recém nato e depois desato e destrato. Abstrato.
Amor quero teu gozo
Amor quero teu gomo
Tua fome e teu sonho
Se tudo der certo
Amanhã não volto mais...
Quero o sentimento farto e frágil, ágil e grácil,
Que agrade e não congele.
Nas esquinas e nas galerias, vazias e distantes
Nos serões e nos sertões, nas certezas.
Letreiros e visão, invasão sem ter fim.
Posse e possessão fico possesso e não rimo, estimo...
Melindro e não meandro, apenas desando e me perco.
Somos gomos e pomos, sonhamos sofremos e nos danamos.
Te amo, amo demais e por isso, adeus.
Não consigo mais conter
E não deixo que o mundo me domine
Quero a liberdade e sonho com ela.
Entornas a poesia e cadê busca?
Noite brusca e tempestades
Tempos e temporais
Atemporais meus desejos
Ensejos e seixos
Apenas isso
Seixos e sexo.
X
Um minuto a mais
Somente isso.
Depois disso, esquece;
A vida tem pressa e não despreza
Compensa.
Na porta deste bar uma frase que não esqueço
O tempo não tem dono e nem tem tempo.
Apenas existe.
Assim como nosso amor
No começo festa e fantasia
Agora ...
Tudo bem que nos amamos muito
Aliás excedemos na dose, aí o porre é certo.
O duro é a ressaca amanhã;
Agora vou indo,
A esquina fica logo ali
Qualquer coisa, dobre-a
E quem sabe?
X
Tantas vezes nos magoamos com palavras soltas
Sem sentido, mas com direção exata e constante
Ferirmos um ao outro sem por que
Sem saber que assim nos matamos
Naufragamos e morremos
Ao mesmo tempo em que nos vingamos
Do que não nos pertence
E do que nunca foi nosso: amor!
X
Já não tenho barco
Nem tenho rumo,
Meu mundo em tuas mãos
Agarro teu vestido
E não consigo mais sair
Em teus braços sem saída
Busco toda vida e
Nada encontro
A não ser o desencontro
De nossas pernas e mãos
Agora, amada
Espero outro navio que me leve
Outra vela que me deixe navegar
Já que não consigo mais um porto
Espero que encontre um cais
Sem caos, em paz, na amplidão!
Me deste teu segredo
Sem medo e me arremeto
Te segredo meu sonho
Agora onde ponho
Meu sonho e meu mar.
Não me deste sentido
Não te dei caminho
Apenas vivemos
Cada momento e cada segundo
Nosso mundo foi vão
Um vão em vão
Sem sim senão
Somente de mentiras
E metades do que sonhamos ser
Agir e conseguir uma saída
Que traga nova vida
E que não deixe nosso barco à deriva.
Me escute, ouça
Eu te amo
E isso basta
Isso desgasta e desbasta mas salva
É disso que é feito meu sal
Sol e sonata
Certeza e serenata
Serenidade....
X
De tudo que te fiz
Refiz e não quiseste;
A dor que não se sente
De repente expele
E repele
Mas compele ao novo dia
Onde pura fantasia
Venha trazer o dia que se revela
E que não mais viria
Se toda essa alegria
Dormisse e não me fizesse
E não quisesse
E não deixasse
E me mostrasse
Que depois da curva, a curva, a curva
O tempo que se estrepa e não estepe.
A melodia que se fez
A tez que não se cobre
E o sol que queima tudo.
Me inundo do meu mundo e
Se não posso, não passo, descanso e não vou.
Me dê teu braço, vamos dançar
A lua não espera.
Amor de primavera de vera prima
Primeira e última, ultima
E não deixa sequer resposta
Aposta e nunca perde
Rede que me prende
E me rendo
Na renda desta saia
e se pinta e se trama
e se chama
desta cama não escapo!
X
Amor mortalha amortiza
Amortece amor tece
E me esquece...
X
X
Vento e sombra
A manhã não veria o rosto
Amargo da saudade
Estampado e corrosivo...
O som da noite ecoando
E trazendo o velho medo
De nada ser
A não ser segredo...
Artelhos e joelhos, remendos....
A véspera a vésper a vespa
Na vestal que se fingira
A tira estira e não aflige
Corrige....
Mais nobre poder da criação
Inconsciente desengano.
Sem ter plano e sem um canto
Me risco pelo arisco tempo
E tempestade.
Cidade e saudade, soledade...
A agonia que a noite deixa
A queixa que não fiz
O cavalo que voou
O manto que não cobre
O mato tudo cobre
Um matuto que me cobra
Coração de bronze e cobre
Cobra e serpentina
Serpente cristalina
Que assassina alma menina
E sem crina desatina
Pela vida afora....
X
A morte virá, mansa e calma
Ou em plena confusão.
Não adianta o medo,
O principal segredo é relaxar
E tirar do fruto a semente
Que traz a vida mas não eterniza
Sabes o nome do teu tataravô por acaso?
O que tens na vida é só a vida
O resto a sorte te emprestou.
E depois vais ter que devolver
Com juros ou sem juras
Mas devolverás.
Nada levas e nada tens
Apenas estão contigo e só isso.
Nasces nu e vais nu
Solidão é a primeira e a última parceira.
E daí? Nada te pertence mas és feliz.
Simplesmente por seres e não por teres.
Valorize o ser somente o ser
Nada existe além do ser
E nada mais importa.
Não se importe com a porta
Ela vai se abrir
Ou então não vale a pena
A dor não se cura nem perdura
Se esvoaça e passa.
Corte cicatriza
E se não cicatrizou, esqueça
Se conseguir, cicatrizou.
Ame muito, esvazia a alma.
Vista a mortalha de vez em quando
Vale a pena saber que isto é finito
Mas também o que seria dos que
Ainda virão se a gente não partisse?
Morte é sacrifício para que a vida venha
Não se esqueça de que o amor
É proporcional á serenidade
Com relação à morte.
Se não de que vale ter filhos, netos, bisnetos, tataranetos...
Xô ! Vá embora que a vida não espera!
X
Amor não se cria nem se cobra, se dá
Simplesmente é doação.
Doação absoluta sem querer recompensa,
Amar quem nos ama é obrigação
Obrigar a ação de quem não nos ama
É estupidez, absoluta estupidez;
Se amor cobra pedágio
Ou então reflexo
Não é amor, é egoísmo.
Olho por olho e amor por amor é a mesmíssima coisa
Sem hipocrisia de marchado e sândalo
Cavalo dá coice? Tô fora!
Agora não espero perfume
Nem corte
Apenas sorte
Boa ou má. Que se dane!
Amar é conhecer
Ou melhor conheço para amar
E nunca para desamar,
Se não valer a pena, esqueço
Mas sempre vale a pena
Mesmo que apenas uma pena
Vale a pena.
Sem vale quanto pesa
Vale o que se preza
E sempre se preza
Prezada amada
A pressa inimiga
O tempo prossegue
E nada se consegue
Se não for por amor.
Mesmo que não vente
O vento que ventei
Valeu a pena
Esvaziei a alma.
Ela está tão carregada de amor
Que se eu não soltar
Ela me esmaga
O peso do amor é enorme
Por isso não acumule, distribua!
X
Amor não envelhece e não envelhece ninguém
Regenera e não degenera, se gera por si próprio
A cada dia, cada canto, novo encanto
Amor é santo e santifica.
Se fica, então...
Amanhece a cada dia como o sol
Que sempre volta e não deixa
De brilhar
De trazer vida.
Isso, o amor traz vida
E não duvida
Que se bobear
Procria.
Aliás, amor quando procria vira espetáculo
Vira festa e transborda todo mundo
Em todo o mundo.
Contagia e renasce
Cada disfarce e cada face fazem dele
O espelho multifacetário e maravilhoso
Que se chama solidariedade!
X
Amor não é guloso
e, ao contrário da paixão e do desejo,
se alimenta de pouca coisa...
um sorriso, um carinho, um beijo, bom dia...
às vezes nem isso.
Muitas vezes não cobra nada e nem pede,
nem reciprocidade.
Paixão, muito pelo contrário,
a cada dia se rebela
e tumultua tudo.
Não sabe viver sem não
Sem senão sem porquê
Sem calmaria e tempestade
Invade e nem pergunta, invade.
Amor bate na porta, paixão arromba.
Amor diz bom dia, paixão nem pergunta
Amor respeita, paixão inunda
Amor é sempre paixão é nunca.
Amor perdoa, paixão castiga
Mas se queres ser feliz, ame!
Entenda o que é o amor e o alimente sempre
Mas não deixe que a paixão o destrua.
Nem o mude, já que a paixão vira amor e consolida
Se o amor virar paixão destrói e não deixa nem sombra.
Acima dos dois, somente a amizade.
Essa não pergunta e não se trai.
E se trai perdoa, e continua um ritmo todo especial.
Feliz da paixão que vira amor e morre amizade.
É perfeita!
O desejo?
Maria foi para a cama a chama de Maria já me chama e me sacia.
Depois?
Outro dia..
X
Viver é fazer a cada dia
Com que o sonho se torne real
Acredite e viva
Não deixe de viver tudo o que acredita
Senão não valerá a pena
Será cena sem verdade
Apenas cena
E não adianta pena que o tempo passa
E não concretiza o que sonhas
Não desista. Insista que virá
Se não vier
O que fazer?
Mas lute desesperadamente lute.
A força é bruta mas amacia
E traz outro dia do dia que se foi.
Daí o renovar-se
O fato é que sem amor
Não vale a dor
Sem dor cadê amor?
Amor é sacrifício
E oficio
E vício.
Senão de que vale?
O vale e a montanha
Existem por causa do contraste
Senão a vida passa
E a gente não valoriza...
Não seja concha, se mostre
E demonstre, principalmente.
Mas, principal, não minta
Mas se preciso minta,
Mas nunca a ti próprio
Aí passa a ser burrice
E ponto de partida
Para o precipício
E precipício e sacrifício não combinam
É suicídio!
X
Não se deixe enganar
Tudo nessa vida é frágil
O tempo urge
Mas seja ágil
Senão...
Os erros são os berros da verdade
Sem eles não as conhecemos.
Mas manera...
O tempo que passa
Confere essa esperança
Que nem sempre se alcança
Mas um dia a gente cansa
E nada mais terá sentido...
Duvido que se acabe,
Não cabe mais no mundo
O viver sem ter o sonho
O sonho de viver
A cada dia um novo tempo
Contratempo contrariedade
Contra a seriedade dê um riso
O paraíso é por aí...
Mas não se deixe enganar
Principalmente por você mesma;
Senão qualquer coisa vira lei
Qualquer erro se perdoa
Machuca e nem percebe
Daí vira pecado
E tô fora...
Adeus.
Não minta para você
Isso a violenta de tal sorte
Que começa a morte
E nem santo prá dar cura.
A vida fica escura
E depois, amargura
Solidão
E pecado
E jura
E perjúrio
Arrependimento
Volta como o vento
Que traz a tempestade.
Esfria toda a alma
E nunca mais se acalma
Vira tsunami
Mas ame
Verdadeiramente ame!
Aí todos os meus versos serão vãos
X
. Quem se ocupa não preocupa
Age!
E na ação reage e se liberta.
Esteja certa
A porta aberta exige a chave
Mas a chave sem porta de que vale?
Meu vale quer montanha
Cabelo que se assanha
No vento me faz livre
E me livre Meu Senhor
Da opressão
Da prisão
Do senão
Do não
Eu quero o passarinho
Que cantava liberdade
E sem ter sequer saudade
Da gaiola escapou
Deixa que a noite vem
Inevitavelmente vem
E sempre trará dia
E sempre trará noite
E sempre trará dia
E sempre trará noite
Mesmo depois da nossa morte
Sempre trará dia...
Então preocupar-se por quê?
Besteira sofrer.
Besteira – asneira
Burreira!
Barreira se transpõe ou faça a curva
Leve o guarda chuva e, se tiver, galocha.
Na coxa da morena
Eu deitei o meu poema
Acordei nesse marasmo...
Vontade de fazer nada
Nada mais pode prender
A alma em liberdade.
Se amanhã não vier
Outra vem,
A noite continua
E o mundo também...
X
Em cada dia a promessa
Do novo dia que vem
E nova vida
E novo mundo
A lua é nova
O céu é velho
Mas sempre agradece.
Na promessa da lua nova
O plenilúnio...
Antegozo e fantasia
Seja otimista!
Basicamente otimista
Ótimo e otimismo
Tudo a haver
Tudo ver
E não temer o que virá.
Verá que a vera vida se faz em canto e esperança.
Esperança espera-alcança espera-avança e espera-aliança
Pois sozinho não dá pé.
Aliás, nada sozinho é algo, vira nada
E depois como se vira?
As ondas se recuperam
E voltam,
Mesmo que pareça difícil
Um dia vencem as falésias...
Por mais altas e duras que sejam.
Maria será minha como é minha a poesia
Que trouxe Maria e não traria se esquecesse...
A manga traz o doce e o que foi-se que se dane
Não me engane, se não ama não me beija
Se me beija não me ame, e se ama não reclama
Que essa lua dá tesão!
E haja otimismo,
Senão o abismo
Tanto cismo
Tanto sismo
E não tenho sismógrafo!
Amor é nata
Será nata?
Serenata
E renata a lua
Renata nua
E tudo continua...
Se refaz
No regaço, do cansaço.
Deste amasso.
Velho traço nem disfarço
E daí cama...
Cama e chama
Novo plano e nova plaina
Tanta faina e tanto brio
Carregado neste cio
Mergulho sem orgulho
Não vejo pedregulho
E daí recomeçamos...
X
Sabedoria não se sabe nem se tem
Apenas vai e vem nas curvas
E nas chuvas e tempestades.
Galgo meu espaço no abraço e sem cansaço
Meu cajado me assegura.
A noite é fria, a vida é dura
Mas espero uma alegria
Que seja constante
Da qual um louco amante
Não se afaste nem um pouco.
Se grito fico rouco e desespero
Mas me tempero na esperança
Alecrim e manjericão de minha alma.
Peço calma e sem trauma não reluto
Luto cada vez mais.
Peço paz e se não vem, dane-se!
Me ufano de meu gozo
E nada me contraria
Nem mesmo a fantasia
Que já tive e foi negada
A vida é fada!
Safada e bem sutil
Gentil, gananciosa...
Nos ensina e sem a menor cerimônia
Abandona e nem sequer se lembra.
Não rememora nem comemora,
Apenas ensina.
Em sua cartilha
A noite esquece
O dia tece
E a gente apodrece
Se não sentir a forte brisa
Que sempre nos avisa
Sê feliz!
Aprenda com a dor mas não muito
Ela vem e, se bobear, gruda.
Depois, cadê ajuda?
Não se muda e nem por prece nem reza
Nem orada.
Agora é madrugada a vida passa o tempo roça
E nada mais me resta
Senão a certeza
Da curva que não fiz, do medo que mantive
A vida quer declive, eu quero uma esplanada.
Sabedoria é ser feliz!!!!
Portanto, por tão pouco
Não se perca
Nem perca a esperança.
Se lembre da criança
Ri e depois chora, chora e depois ri.
ESQUECE!!!!
Esqueça da dor, seja seletivo
A vida dá motivo
E depois, se não quiser, que pague,
Ah. O preço é caro,
Amor é bicho raro
E se não tiver amparo
Se vai neste disparo
E ninguém alcança...
Dance. Recomece sempre
E dance.
Ame e desame.
Dance.
Sonhe e acorde.
Dance.
Lamba quem te morde.
Dance.
E não se canse de dançar.
Senão , dança...
Não perca a esperança
Aprenda com ela.
A noite traz lua e tempestade
O dia traz sol e tempestade
A vida traz tempestade
Mas também sopra a ferida;
Cicatriza...
Ah! Antes que eu acabe
Pegue essa viola
A lua tá um brinco.
Brinque com ela
E dance a vida inteira
Sorria e se permita
Ser sábio
E ser feliz!!!!
X
Não tenho medo da queda
Ela nos torna mais fortes
E seguros.
Os medos do passado no futuro
Nos criam asas
Nossos pés mais duros
Calos formados,
Sonhos marcantes
Futuro suave.
Engraçado, a criança sabe
E o adulto esquece...
Cada nova manhã
Lições a mais,
Trazendo a saudade
Muitas vezes empacamos
E não fazemos mais nada
Como um burro na estrada.
Regredimos?
X
Quando estás tão sozinha, minha amiga,
Percebas que causaste este tormento
A vida necessita do alimento,
Amor, para que sempre, em paz, prossiga.
Das vezes que te isolas deste mundo
As lágrimas, o preço que tu pagas,
A fera solidão tu mesmo afagas
Esqueces quanto belo e mais profundo,
Beleza de viver a cada dia
Ao lado das pessoas que tu amas
Não deixe que se apaguem essas chamas
O mundo necessita fantasia...
Não faça do teu mundo, fortaleza
Paredes que constróis proíbem luz
A dor que tu carregas, reproduz
A fonte que alimenta essa tristeza
É feita a cada dia por teus braços.
Construa uma janela em tua vida
Toda luz que encontrava-se escondida
De novo mandará os belos traços.
Em todo o teu caminho, tire as urzes
Espalhe teu sorriso pelo mundo
Verás que tudo muda num segundo
Das pedras que carregas, tuas cruzes,
O peso se fará bem mais suave
Em busca das belezas, tantas fontes
Esperam que tu faças tuas pontes
E tirarás, da vida, todo entrave.
Amiga, se permita ser feliz,
Sorria e se demore com a brisa.
Pois nela a mão divina, mansa, alisa
Os teus cabelos soltos sem ser gris...
Abrindo este caminho para a sorte
Permita que o amor seja parceiro
Assim tu viverás o verdadeiro
Amor, que nos liberta até da morte!
X
Não guarde do passado uma lembrança
Pois ele nunca mais irá voltar
O tempo que se perde, valerá?
Passado não renova uma esperança.
O mundo não permite que se pare
O canto que cantavas não encanta
E podes destruir a velha manta,
Não te cabe mais. Nunca se antepare
Nas hastes que guardavam seus segredos
A vida que enferruja e não perdoa
Essa asa já quebrada não revoa
Esqueça o que passou, velho degredo.
A mão que maltratava se perdeu
O vento que soprava virou brisa
A vida, verdadeira poetisa
Renova toda luz no negro breu.
Portanto não esqueça minha amiga
Se faça, a cada dia, bem melhor
Alegria se faz de cada dor
Desde que teu caminho se prossiga.
As horas que passaram não retornam
Apenas são pequenas cicatrizes
De tempos que julgamos mais felizes
Simplesmente são flores, nos adornam
Mas não podem ser nossos alimentos
Futuro não conhece o que passou
Aberta essa janela Deus entrou
Nosso passado foi-se com os ventos!
X
Quando se mostra a bela criatura
Andando, flutuando na leveza
Em pasmo toda a grande natureza
Explode num momento de ternura.
Ao vê-la desfilando, uma esperança
Que pode ser chamada atrevimento,
Invade meu sorriso, em um momento,
E passo a me sentir como criança;
Depois de ter chegado o triste outono,
À doce primavera eu me remeto;
Ao tempo preferido e tão dileto,
Sentindo-me escapar deste abandono.
Não olhas nem ao menos, me sorris.
Porém só por saber que tu existes,
Agradeço ao Senhor que, mesmo tristes,
Tenho olhos para vê-la e sou feliz!
X
Em toda esse incerteza que me move,
Apenas uma coisa te proponho,
Que dividas, comigo, o mesmo sonho,
Que a pedra do caminho, se remove.
O rumo que divido mais incerto
Nos levará, talvez, ao duro frio.
Nas vezes em que choras, desconfio
Nas vezes em que ris, me desconcerto.
Diversas mas unidas, nossas vidas
São feitas desse barro e desse chão.
Não temos , e nem quero, solução,
Jamais conheceremos despedidas...
Diversos mas unidos, vou contigo,
Atados numa única esperança ,
Colados numa mágica aliança
Ligados, pelo amor, no mesmo umbigo!
X
Amor que não se rege na razão,
Em tudo que pretendo, desconcerta,
Nem sempre me indicando qual a certa
E a mais segura e calma direção.
Se perco, ao mesmo tempo, uma esperança
Amor se prevalece e não me deixa
Embora meu ciúme, tua queixa,
Difícil conviver com tal mudança.
Amor quando não trai, nada consente
Ao mesmo tempo corta em carne viva
Minha alma deste amor, qual fugitiva,
Procura voar solta, livremente.
Porém ao mesmo tempo não deseja
Voar, em liberdade pelos céus.
A noite quando envolve nos seus véus,
Não deixa nem sequer que amor me veja.
Fugindo deste amor, sou seu cativo.
Deveras tresloucado, me divide.
Exige tantas vezes que eu decide,
Se morrer de amor ou ficar vivo!
X
Dos lagos onde, ninfa, se banhava
Beleza dessa deusa semi nua.
Num flerte delirante a bela lua
Em toda a densa mata repousava.
Os olhos comovidos e tão ternos
Emocionadamente todo astral
Descia deste espaço sideral
Em mágica beleza mais eternos...
A deusa não sabia deste encanto
E nem se dava conta da beleza
De toda apaixonada natureza
Nesta maravilha, um doce canto...
E Deus ao ver também a bela cena
Num momento de raro e louco amor,
Ao ver a bela deusa, cara flor,
Nos deu toda a beleza da açucena!
X
Amor quando em vinganças baseado
Semelha –se a areia movediça.
Não é, talvez, amor; mera cobiça
De ver a dor em pleno ser amado.
Não deixa que floresça a bela flor,
Se perdendo em meio a tanto espinho
Esquece que o amor feito em carinho
Espelha só na pétala, esplendor.
Matando então a fonte de perfume,
Transformando em serpente a bela rosa,
Nos braços da vingança mais maldosa,
Invade nossa vida e cessa o lume.
Todo o desejo manso, mais cruel.
Porém daquele brilho, uma centelha
Iludindo, confunde a pobre abelha,
Que fabrica veneno invés de mel.
X
Não vele minha dor teu triste manto,
Ela não te pertence e a ninguém
Mais. É meu derradeiro e doce bem,
Meu último lamento e meu encanto.
Guardada neste cofre, coração,
Regada pelas velhas decepções
Buscando nos espaços, amplidões
Um resto do que fosse teu perdão...
Agora que já finda meu caminho,
Não quero teu velório, por favor.
Quem sempre se negou ao meu amor
É melhor que me deixe aqui, sozinho...
Tivemos tantas chances, não quiseste,
Em outros braços foste, sem demora.
Eu sei que a solidão já te devora,
E queres, no meu colo, o vento leste.
Esqueça! Não serei jamais amante
De quem, por toda a vida, nunca quis.
Deixe-me, por favor morrer feliz,
Mantenha tua garra mais distante.
X
Indefeso perante esta beleza,
Por onde quer que vais, eu acompanho...
O brilho que irradias, é tamanho
Que sempre dá inveja à natureza.
Eu temo que este amor logo alucine
E deixe-me em completo e bom torpor,
Num êxtase divino e sem pudor,
Força descomunal que me domine
E não deixe sequer seguir meus passos.
Aos poucos vou perdendo todo o chão,
Distante já percebo que a Razão
Deixa-me, com ciúme dos teus braços.
- Não deves prosseguir nesta aventura!
Avisa-me, a Razão, amedrontada.
Mas minha alma, na tua voa atada,
Intrépida, nos rumos da loucura!
X
Nas lutas pelo amor sou vencedor,
Embora por teus olhos fui vencido,
Encontro-me deveras mais perdido
Nas tramas maviosas deste amor.
O brilho que me trazes forma o brilho
Que emano dentro da alma, meu farol.
Do sol que tu me deste faço o sol
Em tua maravilha maravilho.
Amor que me reflete verdadeiro,
Nas asas com que voas, minhas asas.
Nas bases que me embaso tu te embasas,
Na soma das metades mais inteiros.
Amor que me deseja te desejo.
Os pés com que caminhas, os meus pés,
Nós somos sempre quais e nunca invés.
Nas íris dos teus olhos já me vejo.
Mas saibas minha amada companheira
Com isso não pretendo te sugar
Dos meus raios brilham sol, luar.
E encharcam, de beleza, a terra inteira!
X
O teu olhar piedoso me procura
Pelas noites que passo sem descanso.
Quem dera te encontrar nesse remanso
Que sempre me transtorna em noite escura.
Embalde vou seguindo minha trilha
Sem ter essa certeza de encontrar
Os rastros que me levem ao olhar
Que sobre a natureza, maravilha...
Cansado de sentir desesperança,
Vasculho em plena mata pelo brilho.
Os grilos me repetem, estribilho,
Que teus olhos ficaram na lembrança...
Saudade de te ter, tão mansa e nua,
Deitada nos meus braços, graciosa.
Saudade desta vida venturosa...
Encontro teu olhar, na plena lua!
X
Amar tem merecer, tenha certeza,
O rumo que esperança traz, o norte
Depende desse amor sereno e forte.
Em todo seu vigor, a fortaleza.
Quem pena pela vida, sem saber
O quanto é necessário, sim, amar
Confunde luz do sol com o luar
E passa pela vida a se perder.
Amor traz mansidão, é como a lua,
Nos raios que se entornam, maciez.
É clara e traz doçura de uma vez,
É leve e nos seus raios se flutua.
O sol, que nos queimando, sem perdão,
Nos raios violentos, queima tudo.
Coração assustado fica mudo
Envolto nesses raios da paixão!
X
Aurora sempre traz uma esperança.
O dia se renova com um brilho
Permite que se trace novo trilho,
A noite se perdendo, sem lembrança.
Não faça desta noite teu tormento,
O sol compensará escuridão.
Portanto não se esqueça do perdão,
Não deixe dentro d’alma esse lamento.
Permita-se viver outra aventura
A cada novo dia, nova história.
Apague essa tristeza da memória
E viva, com prazer e com ventura.
A força com que encaras novo dia,
Refeita a cada novo amanhecer.
Viva em tua vida, teu prazer,
Libere no teu peito, a fantasia!!!
X
Não penses que este mundo traz repouso,
Por isso não se canse de lutar.
Nossa felicidade é como o mar,
As águas turbulentas negam pouso.
Porém é tão preciso navegar
E ter a precisão de um timoneiro.
Enfrente com vigor o nevoeiro,
Não deixe essa água mansa te enganar.
As ondas costumeiras e diárias
São qual fortalecer nos exercícios,
Exigem, muitas vezes, sacrifícios
Nas horas onde mostram-se contrárias.
Não penses que isso seja um vil castigo,
Depois de tanta fúria, a calmaria.
Enfrente toda dor com alegria
Assim superarás qualquer perigo...
E ame, acima de tudo, não se esqueça,
O coração comanda o teu navio.
Depois da tempestade, vem estio.
Permita que o amor sempre amanheça!
X
Teus olhos, meu amor, são dois luzeiros
Que nem o sol, em toda a claridade
Consegue tanto brilho e suavidade
Que possuis em teus olhos qual braseiros...
Ao longe, quando os vejo, iluminando
Os caminhos que predizem minha sorte,
Encontro, nos teus olhos, o meu norte
E toda a minha vida clareando.
Minha alma se deleita neste brilho
E trago em minha noite, pleno sol.
De tudo que eu almejo, meu farol,
Em toda essa beleza, maravilho.
Percebo, nos teus olhos, tal clarão
Que nem em vários sóis eu encontrei.
Estrela solitária que hoje eu sei,
Inveja teu olhar: constelação
X
A cada novo dia uma disputa,
Na luta que não finda-se no dia.
Em cada novo sonho, rebeldia,
Viver é transformar a pedra bruta.
Teus sonhos são um campo de batalha
Não deixe, simplesmente de luta,
E Faça o teu jardim neste luar,
A força de vontade em tudo espalha.
Não deixe que esse medo te domine,
Nem mesmo solidão cessa teu brilho.
Amar completamente, um estribilho
Não há dor, neste mundo, que alucine
E não deixe vencer, se tu quiseres.
Perceba em cada guerra, tua gana.
Em tudo brilhará é soberana.
E sempre que lutar, teus caracteres...
Amigo, és vencedor não se esqueça.
Perceba que jamais nada derrota
Aquele que não perde sua rota.
E na dificuldade, sempre cresça!
Assim, depois de toda caminhada,
Quando a noite chegar em tua vida.
Não falarás jamais em despedida.
Apenas continua tua estrada...
X
Nessa diversidade a nossa maravilha.
Toda proximidade esboça certo espelho
Muitas vezes azul, outras, vermelho,
E nesta confusão, formamos nossa trilha...
Muito bom sonhar junto, os sonhos sendo vários.
Assim, nesta mistura, a vida faz sentido.
Mesmo no mesmo leito, o rumo é dividido.
Amor que já se anula é sempre temerário.
Importante é somar frações tão diferentes,
E, disso, transformar plenamente as vidas.
As dores são assim facilmente esquecidas.
Mas nunca devem ser vias incongruentes.
Há que haver liberdade e também respeitar
As diferenças. Disso é feito nosso amor,
Não sou espelho enfim. Porém por onde eu for
Eu te quero ao meu lado. O mesmo caminhar.
Cada qual com seu passo, e sempre solidários.
Para que não haja queda e, se houver, não nos lese.
Difícil carregar por isso nunca pese,
Difícil de sonhar os sonhos solitários.
Nesta soma que temos, felicidade.
Já que não invadimos espaços
Cada qual tendo a própria claridade
Estreitam-se sempre nossos laços,
Aprendemos viver com liberdade
E toda noite, juntos nos abraços
Que nos irmanam, fazem o futuro.
O chão, com nossa força, é menos duro...
As nossas diferenças sem segredo,
Enfrentam ilusões, desesperanças,
Esquecem, bem distante, nosso medo
Fortalecendo sempre as alianças
Que nunca deixarão que este degredo
Domine nossos dias e lembranças.
Nosso amor não transforma e modifica.
Na vida, esse somar nos edifica.
Eu não quero sugar todo o teu mel,
Apenas conviver com teu prazer.
Assim, como é difícil te esquecer,
No nosso sentimento um claro céu.
As nuvens que se chegam, logo espanto.
Vontade de fugir, bem cedo passa.
Não sou teu caçador nem sou a caça.
Nessa nossa harmonia, um belo canto...
Aliados diversos, mesma guerra...
Sem capitão, major ou general,
Na luta pela vida, tudo igual,
Planalto que não pede morro e serra.
Todo sonho em conjunto é mais possível
Também escuridão logo se aclara,
Sabemos o que somos, não se para
A caminhada, nada é impossível!
Mas se a dor se aproxima e nos maltrata,
Se a noite escureceu, a vida dói,
E nada nessa vida nos destrói
Tal firmeza do laço que nos ata!
Assim, com toda força e sem temor,
Vencendo tempestades sem degredo.
Nas nossas diferenças, o segredo,
A base que formou o nosso amor!
X
Quando estava sozinho em plena dor;
A vida parecia sem sentido
Apenas um caminho já perdido
Por entre tempestades e pavor.
A liberdade, sonho tão distante,
Inalcançável! Tudo terminado,
O jardim sem as flores, destroçado.
Parecia morrer, agonizante.
Sem saber sequer por onde andavas
A minha esperança semimorta
A saudade batendo em minha porta
Em minha alma erupção, vertido em lavas.
A cada pesadelo um sofrimento
Que se torna maior; felicidade,
Quem me dera! Somente essa saudade...
A cada nova noite um só lamento!
Fui feliz, disso tenho uma certeza
Que me deixa pensar em esperança.
E voltar novamente a ser criança
Guardando, dessa vida, só beleza...
Mas o tempo passando me sussurra
Esquece! Pois jamais serás feliz...
Perdido, sem poder ter o que quis
A dor se rebelando, mais forte, urra.
E em toda essa agonia, a vida passa.
Não deixando sequer sobrar um cais,
E o tempo sempre fala: nunca mais.
A cada novo sonho, uma desgraça
A mais, eu vou seguindo em desespero.
Muitas vezes pensei ser o culpado
De tudo que passei. Fiz tudo errado,
Agora, a solidão, o tempo inteiro!
Nosso amor começou qual primavera
Em plena calmaria, mansa areia
Onde as ondas morriam... Quem me dera!
Mas a vida, entretanto me incendeia
E nas brasas queimando meu futuro,
Errei. Valorizei outro prazer.
Agora é tão difícil te esquecer,
Meu céu nebuloso, mais escuro...
A minha alma se arrasta em plena lama.
O vento da saudade tudo arrasa.
Procuro por teu rosto em toda a casa,
Só a quimera dorme em minha cama...
O frio desta noite um punhal, aço...
Que penetra e me cortando com certeza
Acaba destruindo a fortaleza
Invade sem ter pena, o meu espaço
E rouba esta esperança, plenamente.
A dor que me devora, imensa, tanta.
Qualquer pequeno mal já se agiganta
E passa a me matar, bem lentamente...
As garras afiadas do felino
Rasgando cada ruga do meu rosto,
Expondo esta mazela, o meu desgosto,
Aos poucos vão traçando o meu destino...
Minha vida, quimera desumana,
Perdida, sem sequer felicidade,
Fechada em tantas marcas, crueldade,
Em plena podridão, só dor emana.
Sentimentos confusos, turbilhões,
A cada novo dia, mais intensos,
Se tornam violentos, são imensos;
Aguardo, do destino, soluções!
Correntes que me prendem, sou escravo,
Cativo do passado tão cruel.
Mortalha de tristeza é o meu véu,
Nas águas mais medonhas já me lavo...
Porém desse fantasma que me ronda,
A morte, uma certeza nova traz.
De tudo o que mais quero, peço a paz
Que trouxe meu amor, numa praia, onda...
Da noite que me trouxe escuridão,
Ao longe, bem distante, um novo sol;
Onde talvez, quem sabe, meu farol.
Aos poucos aumentando esse clarão...
Os olhos tão divinos vão chegando
E posso distinguir um novo brilho.
Ao ver essa beleza, maravilho.
Cada vez mais os vejo aproximando...
Estranho, a tempestade dentro da alma
Cessando, lentamente vira brisa...
Um olhar tão sereno, já me alisa
Na mansidão da noite, tudo acalma...
Ar que me sufocava, agora manso.
Flutuo levemente, e nem percebo.
No carinho dos olhos, que recebo,
Incrível que pareça, leve, danço...
A terra se tornando tão pequena,
Os astros se aproximam, mais e mais...
Em todo esse universo, tanta paz.
A felicidade morta já me acena...
Os olhos acompanham, sorridentes,
O vôo que prossegue em calmaria.
Da noite que vivi, um pleno dia...
Os males se parecem quais dementes.
E cada vez menores, não os vejo...
O claro que se mostra, me domina
Em festa todo o brilho me alucina
Aos poucos realizo o meu desejo.
Sorrindo, se aproxima a boa sorte,
Sem máscaras, aberta, mostra o peito.
E dentro, um coração mais satisfeito,
Recebe, em alegria, a minha morte!
X
Que tua vida traga a mansidão
E também a loucura e o sofrimento
Que te faça ter paz e ter tormento
Elementos que formam a paixão.
Alegria em um dia, a dor, tristeza,
Pois sem elas jamais serás feliz.
Todo o contraste forma esse matiz
E na diversidade está beleza.
Somente em sofrimento cresceremos
Esta é uma verdade inquestionável
Pois toda a maravilha é ser mutável
Mas acima de tudo, nos amemos,
Quando ele se refaz se fortalece,
Não deixe que saudade te domine
Ela nunca terá luz que te ilumine
Se encontra na penumbra; estão, esquece.
Mas deixe a fantasia renascer
Nela está o teu sonho, companheiro,
Mas não se esqueça; amor só verdadeiro,
Senão em pouco tempo irás sofrer.
Aceite todo o brilho de quem amas,
Poderá clarear a tua estrada
Mas não fique na sombra, iluminada,
E saiba que produzes tuas chamas.
São tuas não apague-as jamais.
Pois amanhã terás teu próprio dia
A noite, sem teu lume, será fria.
E mostre que também tu és capaz.
Não deixe que esperança te atormente
E te impeça de ver a claridade,
Mas não a deixe morta. A liberdade
É feita em tentativas, sempre tente.
Porém nunca desistas deste amor
Que guia e que transforma nossa vida,
Lembre-se que de toda despedida
Nos traz um novo encontro, traz calor.
E tente ser deveras humorado
Mau humor contagia e fere fundo.
Por vezes se espalhando num segundo
Não deixa que ninguém fique ao teu lado.
Terrível solidão, tão importante.
Quando estamos sozinhos, nós crescemos,
Pensamos, torturamos, conhecemos
E talvez não erremos adiante.
Saiba que dessa treva faz-se a luz,
Deste tempo nublado, em tempestade
O mundo nos trará fecundidade.
Das lágrimas celestes se produz.
Não há nada nocivo totalmente
Nem nada que não seja tão benéfico
Com certeza, benéfico e maléfico,
Se encontram no veneno da serpente,
Até na doce abelha em favo, mel,
A morte pode estar a nossa espreita.
Nenhuma criatura nos foi feita
P’ra nos satisfazer. Deste pincel,
Aprenda que o conjunto nos revela
A beleza final de toda essa obra.
E se nunca cuidares, a vida cobra,
Não deixe que destruam esta tela,
És dela, personagem e como tal,
Também irás morrer se não cuidares,
Das águas, das florestas e dos ares.
De todo vegetal e do animal.
Ânima, animado, alma, como a tua.
Receba a doce brisa deste amor,
Incorruptível, mágico senhor,
Que traz toda a beleza da alma nua.
Também deixe que a música te invada,
Ela amenizará os teus tormentos,
Com ela uma certeza d’outros ventos,
Descansa nossa vida tão cansada!
A cada flor que nasce um novo tempo
De vida que refaz em própria vida
Da morte muitas vezes dolorida.
Este ciclo não deixa contratempo.
A tua própria morte é necessária
Senão como teremos nossos filhos?
O trem que descarrila dos seus trilhos
Deixa toda a viagem temerária.
É preciso seguir sempre, não canse;
Não deixe este desânimo vencer.
Embora preguiça é bom de ter,
Seja hoje ou amanhã, teu sonho alcance,
Mas, se não conseguires, não desista.
Depois, prorrogação, se Deus quiser!
E venha, sabe Deus, o que vier.
viver a cada dia e ser artista.
Todas as promessas são de paz.
Em todas as discórdias, o bom senso.
O mundo é tão pequeno e tão imenso,
Acaba num segundo e nunca mais!
Por isso, companheira, por favor,
De tudo que eu já disse nos meus versos,
De tudo que houver nos universos,
O que nos salvará? Somente amor!
X
Em plena multidão estou sozinho
Procuro pela face que não vejo
A mão que me tortura, a do desejo,
Não deixa que eu encontre meu caminho...
Por vezes, esquecido no meu canto
Busquei a mais cruel felicidade
Às horas se passaram sem vontade
E tudo terminou num triste pranto.
Vencido pela triste coincidência
De teres me olvidado totalmente
O resto do que trago não desmente
E a vida necessita paciência
O negro da mortalha que carrego
Dentro d’alma não deixa suspirar,
Vontade de morrer em meio ao mar
Porém se perguntares sempre nego.
Não quero que tu saibas quanto peno,
Seria isso por certo, uma vergonha,
Minto-te, mas te digo que é risonha
A vida e que meu mundo é sempre ameno.
Cortado pelo frio que não sentes
Espero que consigas ser feliz,
O canto que te peço terá bis
Mas deixe que se sirvam as serpentes
E levem o que resta para o fausto
Banquete que terão ao fim do dia.
Agora que me envolvo em poesia
Não deixo que tu rias deste infausto.
Em plena multidão meu sofrimento
Aos poucos me consome e me devora
Quem sabe se depois que for embora
A noite não te deixe um só momento.
Eu quero tua morte em duras cenas
O gozo da vitória sorrirá
E cada dia sempre sofrerá
As mais cruéis terríveis, e vis penas.
Mereces toda dor sem ter nem tréguas
Os cortes no teu peito mais profundos
Os sonhos te transtornam vagabundos
Arrastas as correntes por mil léguas
As serpes te mordendo e te sangrando
Aos poucos tua pele decompõe
A dor sobre teu corpo sobrepõe
E tua pele arraias devorando.
Vencida e se arrastando pelo chão
Em braços que te batem teus carrascos
De todos os que queres nojos, ascos,
O cheiro em tua tez de podridão.
Verás neste segundo que te chamo
E,embora maltrataste inda te quero
Apesar de todo podre mundo fero,
Eu quero que tu saibas que eu te amo!
X
Não caminho sem medo pela estrada
Pois percebo que trazes meu futuro
Sem dúvida parece bem mais duro
E não impede as dores da chegada.
Vencido pelos medos e bravatas
Alcanço meu destino em cada porto
A saudade trazendo semi morto
Só me deixa as derivas das fragatas.
Mentiste mas por isso sempre adoro
A cor que não consigo desfrutar
E canto sem ao menos esperar
Pois sei que ao fim da tarde não demoro.
Não luto sem temer a valentia
Que trazes escondida no bornal
Aurora que não seja boreal
Esconde a mansidão do novo dia.
Voltando deste espaço que não tive
Respeito essas mortalhas que fizeste
O vento me levando a sudoeste
Em versos que não fiz ainda vive.
Na glória de lutar tudo consiste
O medo, a valentia e a coragem
O tempo não permite a nova aragem
Eu não posso ficar deveras triste
Nas luzes que prometem alvorada
Espero pela curva que não veio
A mão vai passeando no teu seio
Depois de toda noite resta nada.
Agora que disperso meus sentidos
E sinto desta noite seu bafejo
De tudo nesta vida o que desejo
Resume meus amores nos olvidos.
Mas não te permito este descaso
Nem vejo teu amor por solução
Se queres é melhor dizer-me não
Do que me condenar ao triste ocaso.
Versejo sem ter medo de teu canto
Pois sei que no final esquecerás
De tudo que puder serei teu ás
E sempre servirei ao teu encanto.
Destarte de desejo todo dia
Um gozo que jamais receberás
Agora se não temes temerás
O medo de portar a fantasia
Desculpe se te trago minhas dores,
São formas de mostrar que tanto quero
Na soma do que temos desespero
Do que resta se formam os amores.
Vencido por procelas e tempestas
Me resta meu delírio e fantasia
Não deixe de tentar raiar o dia
Depois de tanto gozo e tanta festa...
Por certo não te esqueço nem desejo
És feita do meu sal e do meu sangue
Amor quando se exprime morre exangue
Depois desta delícia que é teu beijo.
Mas amo e com certeza não dispenso
O gosto de teu mel em minha boca
A lua que te trouxe morre louca
Em motes que traduzem o que penso.
Vencido sem ter forças nem coragem
Prometo pelo menos muita luta
A noite que te trouxe já te enluta
Apenas mal começa essa viagem.
Adeus não mais permite quem te clama
Certezas que encontrei em teu suspiro
Amor quanto mais queixo mais transpiro
E deixa que eu não arda nesta chama
Assim se te mordi e não gostaste
Veremos qual o fim deste poema
No fundo não viver virou o lema
E tudo que me trazes não ganhaste.
Vencido pela ausência deste amor
Espero que não digas que me queres
O mundo que me fere teus halteres
Serão os vasos negros do pavor!
X
O dia mal nasceu
E estou totalmente embriagado.
Noite passada
Amor passado
Todo o passado
Deixado nos goles do aguardente.
Aguardo o nascente
Do novo dia
Que, sei, jamais virá.
Aliás, tudo isso é muito engraçado.
O tempo
O passado
O futuro
E essa aurora que nunca vem.
Eu pego o trem
E vou morrer na cama
Que é lugar quente!
X
Indas e vindas
Visitas meu coração
A cada semana.
Finge que fica
Fica mas finge
Esfinge
Tu vais
No primeiro trem que passa.
-Breve voltarei.
Nova ameaça
Outra mordaça
A cachaça disfarça
Mas não alcança.
A vida avança
E a mesma contradança.
Finge que fica
E sempre vai embora.
Amor tem hora?
Amor tem tempo?
Respeito a liberdade
De chegar quando quiser.
De ir embora e, se puder
Voltar.
Mas estou cansado
Ameaça e não resiste,
Voa.
Amor moleque.
Tomara que se arrebente.
Depois a gente sente
E fica a ver navios...
Que vão para outro porto
Que vão para outro cais
E a gente?
Jamais
X
Meu verso sem juízo
Não quer deixar meu peito em paz.
Inquieto, insatisfeito,
Faz que vem mas jamais...
Verso mais audaz
Tem vida própria
Se apropria ,desapropria
E o quê que eu faço do meu coração?
X
Vida moleca
Na boneca do milho,
Traz um gosto desse tempo
Em meio a tantas brincadeiras
Que a fogueira da saudade sempre acende...
Água doce, cana doce, doce mel, tudo foi-se
Restou a foice da saudade. Quanto dói.
Meu pai trazia esperança de sementes
Na terra escancarada, aberta em covas.
Na chuva que caia, pleno êxtase,
Deste orgasmo brotava a nova vida.
E da nova vida, a nova vida, renovação.
Plantação.
Restou saudade.
Aguada por outras águas
Que brotam
Da fonte
Coração
X
Minha alma entristecida dobra um sino
Por esse nosso amor que hoje se vai.
A chuva dolorosa já se trai
E mostra nestas lágrimas, destino...
Na vidraça entreaberta uma falena
Em vôo sem sentido adentra o quarto,
Nas asas deste inseto também parto
Em busca de outra plaga mais amena...
No vento em doce brisa, meu revôo
Por sobre multidões de flores tristes,
Relembram por instantes que inda existes
Os túmulos d’amores sobrevôo...
A mariposa ri, mais debochada
E mostra em pleno céu, um arvoredo,
Seu lar em tempestade, meu degredo,
A terra toda em lágrima encharcada...
Depois, como em milagre, tudo acalma,
A chuva que caia, traz o sol,
Nos olhos da falena, um farol,
E na falena posso ver minha alma!
X
Procuro meu deleite nesta vida
De lágrimas curtidas e sedentas,
Embarco minha vida nas tormentas
Aguardo pela lívida partida.
Por onde quer que siga, fugidio,
Meu barco não consegue mais um cais,
O medo de viver torna incapaz
O sonho de encontrar meu mar, teu rio...
Na foz do teu amor, meu mar sereno,
Nas águas do meu mar, tua água doce.
Quem dera meu amor se fosse
Tranqüilo nosso encontro, mais ameno...
Porém em tempestades sempre trago,
As águas do meu peito tão bravio,
Perturbam águas mansas do teu rio,
Provocam em nosso amor, medonho estrago.
A culpa desta estranha pororoca
É de outras correntezas já passadas,
Deixam em tsunamis vis, marcadas,
As ondas que este amor sempre provoca.
Mas com certeza, um dia, acalmarão,
Trazendo calmaria no meu mar.
Aí talvez eu saiba como amar,
E esqueça de querer louca paixão!
X
Plantando tantas vezes em meus sonhos
As flores que tentei sempre morreram,
Do jardineiro, os sonhos se esqueceram,
Agora me prometes mais risonhos
Os dias que jamais esquecerei,
Em todos os tormentos que passei,
As flores com perfumes maviosos
Dos sonhos que prometem-se olorosos.
As hastes destas flores que brotaram
Ao vento manso pêndulo, balançam.
Meus olhos, os destinos bons alcançam
Nos sonho que, em delírio, me encantaram...
Embora não consigo disfarçar
A alegria que invade minha noite,
Temendo por final e duro açoite
Nas horas mais difíceis de sonhar
Esqueço que jamais, felicidade
Esteve do meu lado, por um dia,
E toda minha louca fantasia
Espera por temível crueldade!
As dores em minha alma, vil colméia
Aguardam pelas flores, doce mel,
Porém o meu destino tão cruel,
Só fez brotar carnívora dionéia!
X
A noite que te trouxe em amargura,
Inunda toda Terra, sofrimento.
Em cada novo canto, meu lamento
A noite que te trouxe, tão escura!
Agora que persistes em ficar
A cada novo dia o meu martírio,
Em vão procuro a lua, em meu delírio
E nada de encontrar o meu luar.
Não deixas nem sequer pensar sozinho,
Dominas meus desejos e receios.
Carregas multidões dentro dos seios
Embora me garantas ser meu ninho.
Depois de tu vieste, mais ninguém,
As horas não se passam, cicatrizes
De tempos que julgava mais felizes
De novo, a cada noite, traz alguém.
Mataste o que já foi felicidade,
Agora és minha noiva e minha amante.
Já não me largarás um só instante.
Tatuada em minha alma, uma Saudade!
X
Angústia dominando a minha noite!
O medo de perder-te me devora,
O tempo não se passa, a vida chora,
E queima em minhas costas como açoite!
Meu pensamento voa e me tortura
Se deita em minha cama, triste fera,
Em dor, toda a minha alma se tempera,
Deixando um certo gosto de amargura.
Quem sabe não terei o meu descanso?
O vento me responde um não feroz,
Em lanhos, minhas costas, dor atroz,
E em meio a tantas pedras, noite avanço.
Saudades são mortalhas que carrego,
No peso desta vida, vão granito,
Um grito, meu lamento, no infinito,
Os mares da tormenta eu já navego...
Escute, minha amada, sou um rio
Que em margens desmatadas, assoreio.
O sangue se espalhando por meu veio,
E embalde tanta dor, inda sorrio...
X
Amor meu companheiro de viagem,
Por quantas madrugadas desfrutamos
Das dores e ternuras que inventamos
Dos ventos e tempestas, das aragens...
Em camas e motéis, tanto calor,
Banquetes de desejos, mil talheres,
Nos corpos seminus, muitas mulheres,
Gigantescos delírios, pouco amor...
Nas luas que, em vermute, me enlouquecem
Nas vozes e cantigas, nos bordéis,
Nas hordas mais incríveis, de viés
São coisas que vivemos e se esquecem...
Por quantas noites, santas rebeldias,
Paixões, velhas doenças que torturam,
E somente em paixões novas se curam.
E ferem sem marcar os nossos dias.
Amor, meu companheiro delirante,
Passamos tanto tempo em minha vida
Chorando e renovando a despedida,
Durante toda a vida, meu amante!
X
No mar que mergulhei minha saudade
Nas ondas que me trazem as lembranças
Nos ventos mais terríveis, as vinganças
Que a vida preparou, contrariedade...
As nuvens que me mostras, negras, densas,
Descrevem maus agouros, minha sorte,
A chuva que virá, por certo forte,
Em cascatas trará dores imensas
O meu sol desmaiando no poente
Esboça sem ter raios, meu futuro,
O tempo que virá, trará no escuro,
As sombras que vivi sem ser contente.
Embora meus caminhos foram tantos
Que mesmo nas escarpas não caí,
Em pleno mar feroz sobrevivi,
A vida que passei tão sem encantos....
Percebo que na vida, quase nada,
Sem ter a fantasia que alimenta
Dos mares e do sol que tanto esquenta.
Me coube ser a areia, vil, pisada.
X
Velho, tristonho, sigo sem sorriso,
A vida me negou o alvorecer,
Na ausência de uma vida, vou morrer,
Talvez, encontre enfim o paraíso.
Os versos vãos de amor que sempre invento
Falando dos amores que não tive,
Ao menos, por instantes, se revive
O sonho que deveras, já nem tento.
Distante, bem longínqua mocidade
Esboça a fantasia que matei.
Nos dias enfadonhos que vaguei,
Não resta nem um pouco de saudade.
Não fui e nem ao menos tentei ser.
Agora que meu tempo já se esfuma
Nem ondas nem areia nem espuma
Nem resto deste mar eu posso ter.
Velhice que se chega sobre o nada,
É morte que não teve sequer vida.
A chance de viver se vai, perdida,
Na tarde que não teve uma alvorada!
X
Se por acaso um dia me deixares
Durante as tempestades do caminho;
Em fogo lento, ardendo, mais sozinho,
Eu me esfumaçarei pelos ares.
Tua presença amiga é meu sustento,
A força dos meus passos, minha meta.
Se tento em pobres versos, ser poeta
Carrego meu amor exposto ao vento.
Não deixe que esta chama boa apague,
Por mais que nessa estrada, seus perigos,
Por mais que em cada curva os inimigos,
Amor com mais amor, deveras, pague.
Vencida pelas urzes, matarás.
Vencendo tais mazelas, minha glória!
O amor, que está presente na vitória,
Dos louros desta luta, traga a paz!
X
Sei que quando te traio, traio o amor,
E o amor não deve nunca ser traído;
Porém tu não percebes tal sentido
Que faz com te enganes, sem pudor.
Movido pelos mesmos desenganos
Que há tempos nos convidam a sair
E, mesmo, nos impelem a trair,
A vida me legou diversos planos.
Carinho desde sempre abandonado,
Desejos esquecidos sem encanto.
Amores me tomaram para espanto
Dos sonhos que vivemos no passado.
Eu te peço que me ouças, ao partir:
Amor sem ter amor , em nossos braços,
Procuro teu amor pelos espaços,
Cansado desse amor tanto pedir.
“Eu te perdôo, amor, por te trair!”
X
Qual pena por amar-te assim, mereço?
Perdoe se te causo sofrimento.
Pois quem de amar, na vida, está isento?
E se amar for pecado, eu me confesso.
Em cada novo sonho, o meu fiasco,
A cada madrugada, uma lamúria.
Sou vítima da dor em sua fúria
Amor passou a ser o meu carrasco...
Só quero que tu saibas, nada peço,
Apenas que desculpes meu amor.
Lastimo que te cause tanto horror,
Eu tento e não consigo, eu não te esqueço.
Às vezes me pergunto e não entendo
Como posso ferir alguém assim?
Pois, por certo sou vil e tão ruim.
Pelo fato de amar eu tanto ofendo.
X
Bem sei que é dura a pena que mereço
Por ter te magoado, com dureza.
Tu falas com desprezos e aspereza;
Perdão, pelos meus erros, eu te peço.
A dor que me provocas, merecida,
As lágrimas que causo terão fim.
Pois tudo o que já sei, melhor em mim,
A minha alma à tua alma, oferecida.
Carrego, desde sempre, esse defeito;
De ser tão machucado pela vida,
A cada novo passo, uma ferida,
Ferir também pensei ser meu direito...
Nem sinto, muitas vezes, que te ofendo.
Por isso é que me calo, quase mudo,
Meu coração usando como escudo,
Com duros dardos sempre me defendo...
X
Ao nosso amor, servi a vida inteira,
Sem ter ao menos paga nem vitória.
Não mais pretendo noite merencória,
Nem flecha de Cupido tão certeira.
Não vejo mais futuro nestes planos
Não quero ser servil nem ser tão vil
Que pense que este sonho pueril
Traduza tão somente meus enganos.
Imagem que pensara redentora,
Esvai-se na fumaça do tormento.
Quem trama esse terrível sentimento
Não é, hoje, nem sombra do que fora.
Por isso minha amada não lamente
A culpa, com certeza não foi sua.
A vida sem seus braços, continua;
Minha alma é que alimenta esta serpente!
X
Se pago, com amor, a penitência
Por erros que cometo a cada dia,
Deveras aumentando tal sangria,
Aos poucos vou perdendo a consciência.
A morte talvez seja uma esperança
Que o louco amor por vezes desobriga,
Se em minha juventude já castiga
A cada novo tempo uma vingança.
Quando chegar, enfim, o meu inverno,
Mal posso imaginar se terei vida.
Melhor antecipar a despedida
Do que viver a vida neste inferno!
X
Suspiras por alguém que não te quer,
Pressentes, com tristeza e tanto medo,
Que embalde tentarás um novo enredo,
Usando teus segredos de mulher.
Não sabes que a Fortuna, tão ingrata,
Por vezes se alimenta dos enganos.
Se perdes, por acaso, verdes anos,
Ao veres, teus cabelos quase prata.
Não deixes que estas falsas esperanças
Dominem os teus dias mais felizes.
Ciúmes, com certeza já me dizes,
Por teres desprezado as alianças
Que um dia, tresloucado, ofereci.
Desculpe se te trago, inda no peito,
Amar parece ser inda um direito
Embalde, com certeza eu te perdi.
Mas saibas que não quero mais a chama
Que, um dia, incendiara minha vida.
Eu sei de que minha alma estás perdida.
No fundo é meu amor que ainda te ama!
X
Sustenta minha vida , essa esperança
Nascida num momento mais feliz
Poder ter, finalmente, o que mais quis,
Um vento que transforma, de mudança.
O bem que mais queria, confiado
Aos braços tão cansados desta luta.
Minha alma sequiosa não se enluta
Nos olhos deste amor, sou sustentado.
Suspiros que arrancara, há tantos dias,
Nos trêmulos carinhos que não tive,
De tais recordações minha alma vive,
Embora se permita fantasias.
Ao fim de tal jornada, uma surpresa
Permite que eu sossegue meu lamento.
De tudo em minha vida, meu sustento,
Amor não me deixou sua leveza.
Agora que não tenho quase nada,
Que a noite se aproxima, em meu crepúsculo.
Num fulgor que estonteia, pois maiúsculo,
Tu vens iluminando minha estrada!
X
Que te levou de mim, amado sonho
Que em tantas noites foi meu companheiro?
Procuro por teu braço o mundo inteiro,
Esquecido da sorte a que proponho.
Recebo estas lufadas do passado
Que dizem que jamais tu voltarás,
Por onde, quais caminhos, andarás,
Deixando –me deveras mais cansado.
Bem sabes que amputaste meu futuro
Ao veres a minha alma desnudada,
Em troca não deixaste quase nada
A não ser este vazio tão escuro.
Amor que vai sugando tudo em volta
Buraco negro, nada te resiste.
O tempo de viver que inda me existe
Não quero que se torne só revolta...
Amor que desamor trouxe em cuidado,
Chorando, minha sina continua
Quem nasceu em pureza, alma tão nua,
Por toda a vida segue assim, chorando...
X
Beleza traduzida nesse amor
Que salva e que me torna qual gigante
Promessas dum viver mais delirante
Em meio a maciez, manso vigor...
Vivendo deste amor em harmonia,
Preparo minha entrada ao paraíso,
De tudo, neste mundo, que preciso,
Encontro nesse encontro de alegria.
Amor que nos transporta em vivo sonho,
Por mares e cascatas e delírios
Na pureza, esperança lembra os lírios
Citados por Jesus; amor risonho...
Transforma-se em sinônimo: beleza
Renasce da beleza em que se fez,
Transmuda-se em beleza tanta vez
Perpetua a beleza na beleza...
X
As flores me traduzem primavera
Assim como traduzem sofrimento.
As rosas que perfumam num momento
Em látegos espinhos vira fera...
Também amor, mortalha e alegria,
Em cores deslumbrantes faz feliz
Depois, modificando seu matiz
Nos mata e não permite fantasia...
Vencido pelas dores dos espinhos,
Assim como saudade nos amores,
Belezas e prazeres nestas flores,
Tal qual nos nossos doces ninhos!
X
Minha ventura exposta, num contexto
Expõe todo o meu peito em desventura,
A vida não seria essa aventura
Nem mesmo serviria de pretexto.
Vivendo sem temer contentamento
Pois muitas vezes arde, até machuca.
Saudade de sofrer já se caduca,
Embora necessite sofrimento...
Amando como amei-te sem ter prazos,
Nem tempo nem tampouco pouco espaço
Desejo teu desejo num abraço,
Os olhos lagrimados, d’água, rasos...
Falando da peçonha, amores plenos,
Espero o viperino e manso beijo.
Depois de tanta mágoa já desejo,
Viciado que estou, em teus venenos!
X
Em meio a desamor passei a vida,
Esperava teu colo e não vieste...
Amor que em pleno amor somente investe,
Aguarda pela fria despedida...
Não posso mais tentar um novo plano
A salvação não veio e nem virá,
Meu mundo, em desamor se ruirá
Somente restará um ledo engano...
A morte pesarosa companheira,
Por certo sempre ronda meu caminho.
Se ultrapasso os obstáculos sozinho,
Quem sabe terei sorte verdadeira
Se vieres ao lado. Te pedi
Porém eu já percebo com temor,
Que nada vencerá teu desamor,
Eu sinto que para isso, em vão, nasci!
X
Nas lutas que travei contra a saudade,
Embalde muitas vezes derrotado
Desde que chegaste e tenho-te ao meu lado,
Sem medos, consegui a liberdade!
Nossas armas usadas nas batalhas
Não foram num segundo descobertas,
Tampamos as feridas mais abertas,
E nunca demonstramos nossas falhas...
Nas guerras que travamos, sem sossego,
Os poucos arranhões, cicatrizamos.
E cada vez mais fortes nos achamos,
Unidos a um desejo; nosso apego...
Saudade se alimenta de paixão,
E sempre, traiçoeira, na tocaia,
Penetra mal paixão, vadia, saia.
Porém sempre é vencida por perdão!
X
A Fortuna invejosa desta sorte
Que se abate por sobre nossas vidas,
Profere em agonias desvalidas
E queda-se aliada à dura morte.
Em versos meus inflamo esse desejo
Que impeça tantas formas de desdém
Fortuna desejosa deste bem
Embalde nos tomando, num lampejo...
A pária solidão nos atocaia
Embaixo dessa cama onde deitamos
E sempre, com prazeres, nos amamos,
Tentando impedir que a lua saia...
Não temo esta Fortuna desdenhosa
Pois tenho teu amor sempre ao meu lado,
E contra tua força nem o Fado
Nem a Fortuna vencem, valorosa!
X
Nos olhos sem sentido da saudade
Amor em solidão deitou quebranto,
Negando a maciez de um novo canto,
Aprisionado, pede liberdade...
Vencido pela dor e sofrimento;
Amor sem ter promessas se desfez.
Agora que a saudade toma a vez,
Nas dores desse amor, todo o lamento...
Quem sabe se saneie por inteiro,
E possa ressurgir purificado.
Sem ter sequer vergonha , ter amado,
De novo seja eterno companheiro.
Quiçá um novo dia, então, se faça
Erigido dos túmulos da dor,
E dançaremos livres, sem pudor,
Nosso peito desnudo, em plena praça!
X
Nas penas que me causas, sem pudor,
Apagas belos lumes das estrelas,
E matas esperanças, minhas velas,
Naufragas meu saveiro em desamor...
Não podes traduzir as tempestades
Que foram, cada dia, mais potentes.
As dores se tornaram envolventes,
Sem o brilho estrelar, obscuridade!
Com o tempo, essas penas desbaratam,
E não restam sequer mínimos traços.
Estrelas voltarão aos seus espaços
E as tramas dolorosas se desatam.
Aguardo feramente tais mudanças,
Numa aspereza tal que já me estanho,
Pois depois desta perda virá ganho,
E os ares venenosos das vinganças!
X
A sorte me acompanha, destemida,
Nos dias em que tenho teu amor.
Vencendo todo trágico temor,
Eu vejo renascer a minha vida...
Nos tempos mais doridos, quis a morte,
Que para minha sorte me esqueceu.
O mundo que perdia, fora ateu.
Hoje em teu braço, carinho que conforte.
Não vejo meu retrato na parede
Que trama toda a sorte da saudade,
Estou nas belas teias, realidade,
Das fontes onde mato minha sede.
Não deixe que este encanto se desfaça
Mas vamos, ao contrário, mais felizes,
Amarmo-nos nos vários chafarizes
Que forjam a beleza em cada praça!
X
Teus olhos são as flores que desejo
No jardim maravilhoso que sonhei.
Deveras tantas rosas já plantei
Mas em nenhuma delas inda vejo
Beleza como tens nos teus olhares,
Meu canto que traduz o manifesto
Mais puro, mais feliz e mais honesto
Do que todas as preces nos altares.
Feliz por desfrutar desta beleza,
Se bem que depois disso, mortas flores
Que invejam tanto brilho e os olores
Que fazem-te suprema natureza.
Deveras compreendo este ciúme;
Beleza também têm as pobres rosas,
Que são tal qual teus olhos olorosas,
Porém não trazem todo esse teu lume!
X
Contra o mar, tempestades e procelas,
Vencendo nossa nau, mansa flutua.
Os raios desta noite, em plena lua,
Deliram nossos céus em mansas telas...
Não deixe esmorecer nossa vontade,
Com força que derruba o sofrimento
Que sempre nos proponha calmo vento
Nos dando esta perfeita liberdade.
Amiga como é bom saber que te amo!
Se trazes meu destino em tuas mãos,
Mais forte construímos nossos chãos
E sem motivos, nunca mais reclamo...
Que a morte, desejosa, não nos veja
Tampouco esta alvorada em novo dia,
Nem mesmo uma invejada fantasia,
Que, mais que todos, sempre nos inveja!
X
A Razão vencedora da batalha
Que travo noite e dia contra a dor.
A morte sem remédio, deste amor,
Esboça-se no corte da navalha...
Quem vive neste mundo sem razão
Deveras sofrimentos o alcança,
Maltrata qualquer traço da esperança
E esgarça totalmente o coração;
Que, pobre, pelas ruas já mendiga
Pedindo por migalhas de carinho.
Não quero meu amor sempre sozinho,
Por isso te proponho, minha amiga.
Bem sei que estás ferida por paixão
Que tanto magoou quanto sangrou.
Bem pouco do que foste já restou,
Quem sabe das migalhas nosso pão?
X
Eu sempre receei o teu amor,
Trazias, eu bem sei, desconfianças,
Embalde minhas fortes esperanças
No fundo prometias desamor.
Valendo do provérbio que me diz
Que quem espera, é certo, sempre alcança,
Fiei-me de viver nossa aliança.
Que um dia me faria mais feliz...
Perdi todo esse tempo nesta espera
Que nunca traduziu-se na verdade,
Nem lume ou esperança ou claridade,
Vieram, só deixaram u’a cratera.
Promessas e desejos não bastaram
Talvez eu seja um mau semeador,
Nos grãos que eu escolhi, decerto amor
Entre as sementes nunca se encontraram...
X
Meus olhos te percebem nesta estrada
Distante dos meus olhos caminheiros,
O brilho que me mostras, verdadeiro
Reflete nesta noite enluarada...
Durante tanto tempo em minha vida,
Busquei pelo brilhar dos olhos teus,
Embalde nos teus olhos quis ver Deus,
Em cada nova aurora amanhecida.
Vestido da ilusão que me tomara,
O tempo se passou e te perdi.
Dos olhos que mostravas me esqueci,
A jóia de viver tornou-se cara.
Depois de tanto tempo e sem costume,
Ao ver o brilho manso que trazia;
Reparo como é grande a fantasia,
Do brilho dos teus olhos, vaga lume...
X
Perdoe meu amor em desatino,
Em tantas madrugadas me perdi,
Nos sonhos que jamais eu me esqueci
Traduzo as ilusões deste menino
Que mora sem licença no meu peito
Inda se achando pleno de direito
De maltratar meu pobre coração!
X
Agora que acendeste este luzeiro,
Não deixes que a fornalha nunca apague,
Bem sei que vez em quando, tanto blague
Esconde nosso caso verdadeiro.
Nas esporas teu corcel perdeu o rumo,
Pantera desdentada inda me beija.
O mundo que sonhei não se deseja
Nem mesmo permite novo aprumo.
Regresso em nossa noite enluarada,
Vasculho no teu corpo cada canto.
A fonte do que sempre deu encanto,
Encontro seu caminho, minha amada.
E vamos retornar à noite calma,
Deitados e sangrando sem ter nexo,
Amores que traduzem nosso sexo,
Nos dando, num momento, uma só alma!
X
Proponho não guardar mais o segredo
Vivermos nossa vida sem temor.
O tempo desfará qualquer um medo
Embora em nossa cama, tal pavor
Que sempre nos trará um novo enredo...
Desejo de beijar a tua boca
Depois fugir correndo sem ter rumo.
A mão que te deseja morre louca...
Depois de tanto não já me acostumo.
No fundo essa verdade era bem pouca...
Meu barco vou levando docemente,
E sempre meu caminho sigo atento.
Se mente ou se remete, já desmente,
A nau que se flutua sem ter vento.
Na boca que não beijo, mais contente...
Agora nossa noite traz a lua,
O sonho de viver tão doce fado,
Embora sem certezas, continua
É bom te ter deitada aqui do lado,
Principalmente assim, exposta e nua!
X
Abstrato desejo de viver
Torna-se violento em meu outono
Causando a sensação dum abandono
Embora, com certeza irei morrer.
Ao ver a tua imagem traduzida
Em vários e espelhados desenganos.
Lembranças d’outros tempos mais tempranos
Reforçam meus amores pela vida.
Ao ver teu corpo nu tão longemente
Nas páginas viradas do caderno
Que trago na gaveta deste inverno,
Em voltas desconexas minha mente
Retorna aos destinos pueris,
Dos sonhos que alimento, ser feliz,
E, vejo que não passo deste sonho,
Da vida refazendo uma ilusão.
Morrer é quase sempre a solução
De tanta dor que trago, mar medonho.
Prossigo sem rever tua nudez,
E sinto que jamais a reverei
Eternidade sei que não terei,
Porém na morte, a vida se refez...
X
Perdoe, mas morrer de amor!
Quem me dera pudesse acreditar nessa balela
Amor não mata, cura e salva e, às vezes faz neném...
O que mata é desamor.
Diz amor e não é
Assim como o que mata é a fome
E não a vontade de comer.
Quem ama não se engana nem engana,
Quem desama, desengana...
A sorte é bem engraçada e sem vergonha
Boa ou má depende do ângulo
Que se veja. Que se creia ou que se doa.
Se perde, perdoa, assim dá pé, senão: Desamor!
Menina quero tua crina tua sina e teu mel....
Bacana, se a cana vem,
Se não vem, sacana e vira fel: Desamor...
Receba o meu beijo
Se quiseres,
Se não queres e não flores, minhas dores, meus perderes...
Nem preciso dizer que desamor...
Agora é melhor a gente se empaturrar de amor.
Não dá indigestão, somente empaturra e ilumina.
Fica bonito, milhões de quilowats.
Mas se não conseguir tal feito,
(Há estômagos mais sensíveis)
Pelo menos tome um trago,
Coma um pouco
E viva feliz,
Ou melhor
Podes até morrer feliz.
E isso é para poucos.
Morrer feliz é uma arte,
Destarte AME.
Se quiseres podes ir treinando a alma.
Com certeza vai aumentando a capacidade de amar
Até que, sublime felicidade,
Possas empaturrar-se de amor.
Aí ninguém te segura!
Vai ajudar ao céu brilhar um pouco mais.
E serás eterno..
X
Vencido pelo medo de perder
Quem por toda a vida sempre quis
Espero viajar no ser feliz
E, enfim rever vontade de viver...
Negro cavaleiro sem corcel
Em plena madrugada me perdi
Estrelas dos amores que vivi
Espreitam nas escadas lá do céu.
Mas deixe estar, a lua voltará
E me trará nos raios que perdeste;
Dos medos que te trouxe, conheceste
A luz que para sempre brilhará.
A mansa vastidão deste universo
Diverso do que sempre imaginastes,
Por mais que liberdade desejastes
Não sabes como é livre esse meu verso!
X
Minhas lágrimas, gritos e tormentas
Tolos, vago espaços, mais remotos...
Nas irradiações, rotações lentas.
Guardados os teus olhos, velhas fotos
Amareladas quedam-se esquecidas...
Os anjos, os arcanjos vão passando,
Proclamam tanto amor por pobres vidas.
Nas tormentas celestes, renovando...
Religiões, enigmas, convulsões
Das hiperestesias, dos portões
Abertos nos castelos do meu sonho...
Deliciosamente uma ambrosia
Regada ao néctar; lúbrica folia...
Transmudam meu delírio, enfim risonho...
X
Os cabelos caídos sobre o colo,
Negritude divina em alvo viço.
Contraste mavioso, céu e solo
Serpenteando... Quanto te cobiço!
Na trança distraída, o esplendor.
Meu desejo transborda e narcotiza...
Por vezes se imiscui tolo pavor,
Nas minhas catedrais, sacerdotisa!
Delírios sensuais na bela tela,
Uma obra prima feita do prazer.
Cabelos negros, crinas, sela...
Vontade de ficar, voar, viver...
Galopo meus desejos infinitos...
No corpo dessa deusa divinal
Que traz para o meu sonho todo o astral...
Obrigado meu Deus... Sonhos benditos!
Embora não percebas tal mistura
Alvor de tua pele tão amena
E o ébano sem par desta melena
Transbordam de magia essa pintura!
X
O sol quando encoberto , no mormaço,
Lembra-me nosso amor quase falido.
Ao tempo vai, aos poucos, corroído
Em uma oxidação veloz qual aço.
As nuvens no romance já são tantas
Que , embora, sempre vente não sustenta.
A noite se promete vil tormenta
Nas trevas tão ferozes que te espantas.
Amor que necessita de cuidado
Em queda se transforma em solidão,
Esmaga nossa sorte pelo chão
E tem o seu futuro destroçado.
Mormaço, sem cuidado, também queima
Sem brilho, ou alegria nem ventura.
Na chama sem prazer que nos tortura
Amor se sobrevive só de teima.
Lutemos pelo brilho do luar,
Que a tarde já se passa, sem encanto.
Talvez um novo dia, traga o canto
Que possa, nosso amor, revigorar!
X
Amar o nosso amor, tão simplesmente
Que nada se compare com seu brilho.
Que invada nossa vida, docemente
E traga em cada dia manso trilho...
Amor, em perfeição, mais absoluto.
Caríssima vontade, e tal firmeza
Que impeça nossa dor na correnteza
Que leva com certeza ao triste luto.
Não me deixe estar só, um só momento,
Somente sem ter luzes, me embaraço
E tropeço, te peço que este laço
Nunca afrouxe!Remoce o pensamento.
Amar o nosso amor, é ter o mundo.
E não saber de perdas nem enganos.
Amor que já nos torna soberanos,
Libertos e vassalos, num segundo.
X
Tenha certeza, amor não te neguei
Nem posso imaginar, esteja certa.
Trazendo na minha alma de poeta
O brilho desta lua, negarei?
Amor em minha vida sempre esteve
Nos versos que te faço e que não lês
Em todos os meus dias, toda vez,
Fazendo com que a dor me seja breve.
Amor está nas preces que remeto
Aos céus, quando implorando teu perdão,
Nos dias onde a torpe solidão
Me cobra todas luas que prometo.
Estás nas minha noites mais vazias
Estás nos meus momentos de ternura
Estás até na minha desventura
E mesmo nas saudades vivas, frias...
Estás nas tempestades e nos ventos
Nos beijos da quimera e neste sol,
Na cama que não durmo, em meu lençol
Em todos os meus loucos pensamentos.
Amor, meu companheiro de viagem,
É força que me traga e me enfraquece
É rumo que se perde e me enlouquece
É medo que me dá toda a coragem!
X
Ilusões transformadas nos jardins
Que tento semear nesta esperança.
O vento que te trouxe já me alcança
Lembrando dos tropeços e dos fins...
Meu triste sol morrente sem futuro,
Furtando a claridade de uma lua
Parece que a tristeza continua
No templo das promessas, mais escuro...
Porém as ilusões, asas partidas
Esperam mais um dia pelo vôo.
Que nada... Tanta dor que não perdôo
Morando em nossas casas divididas.
O mar que se arrebenta feramente,
Em todas as falésias dos meus sonhos.
Repete esses momentos mais tristonhos
E quebra em suas ondas totalmente
As ilusões que teimam resistir.
A vida, mais teimosa, não quer ir
E dorme em minha cama, tristemente...
X
Num entardecer triste e soberano,
Trazendo essas saudades em meu peito
Transporto belos sonhos ao meu leito,
Quem sabe, pelo menos já me engano!
O luto da saudade me pesando
Na mortalha cerzida pela morte.
O vento que tramita queda forte
E vaza nos meus olhos, transbordando...
Nas ilusões servis, sem serventia
O canto que me trazem os pardais
Dizendo um repetido nunca mais
Matando novamente um outro dia.
Sem noites que me tragam alegrias,
Espero o pesadelo de sonhar,
Quem sabe se terei um novo amar,
E vivas ressurrectas fantasias?
X
Destino não permite que eu invada
A casa que, bem sei, somente tua.
A dor que prenuncia em mim flutua
E mata minhas sortes todas, cada...
Da grave pena trago um desagravo
Em vão, pois sabes sempre condenar
Me invisto do que possa ser amar
Nas águas poluídas que me lavo.
Daquilo que mais quero, me negaste
E sempre se esquivaste sutilmente.
Não queiras que te trague, de repente,
A base que sustente uma fina haste.
Não quero te omitir, embora peças,
Que nada que senti inda carrego,
Deste-me tais mares que navego
Bem longe das estrelas que tropeças...
X
Se não posso curar a minha dor,
Como queres que eu cure a dor que é tua,
Nas dores minha vida continua
Embora se resguarde deste amor.
A cura que procuras não te dou
Por ter dentro em minha alma te esperado
Em tempos mais distantes do passado
E sempre que te quis sempre negou.
Agora que tu queres que eu te cure
Bem sabes que não posso te curar
Na vida que busquei não pude dar
Enquanto houver a dor que me torture
Não posso precisar sequer a cura
Que tanto necessito por amar-te
Poder curar a dor da dor que parte
Da causadora, minha desventura...
X
Banhando o lindo seio em minhas águas,
A bela criatura não sabia
Que em braços destas braças minhas rias
As lágrimas corriam, minhas mágoas...
Vertido neste rio que, em cascatas,
Amor não permitiu felicidade,
Ao ver a triste chama da saudade
Em meio a minhas dores fluo em matas.
Depois desses milênios solitário,
Revejo uma esperança na nudez
Nos carinhos que faço em bela tez
Nos beijos que transbordo, temerário...
Em meio a meu desejo temo enchente
Embora se secarem os meus olhos,
Alegrias vertendo, como em molhos
Talvez do triste rio, vire gente.
E abrace tão formosa criatura
Fazendo destas luas novos trilhos,
Das lágrimas nascendo nossos filhos,
Minha alma verterá água tão pura...
X
Morte cruel amiga e companheira
Que sempre determina meu destino
Pois desde que te soube, inda menino
Acompanho teus passos, derradeira.
Embora não te tema, te respeito,
E sempre saberei que vencerás,
Mas isso não termina a minha paz
E sei que este viver é meu direito.
Mortalhas vestirei em plena vida
Se nunca permitir que venha o amor.
Matando não serei o vencedor
Batalha que quem vence a traz perdida...
Por vezes nos espólios da saudade
A morte se demonstra quase inteira
Reflete, pois, a morte verdadeira
E nega a quem sofre, a claridade.
Amando minha morte e seu perfume
Talvez essa saudade não persiga
E, morto em plena vida enfim consiga
Matar essa saudade, de ciúme!
X
Saudades. Que quereis deste meu canto
Se sabes que não quero seus pendores
Matando essas saudades nos amores,
Desfaço de seus braços, seu encanto.
Mal vejo meu retrato neste espelho
Que mostram as saudades narcisistas
Meus olhos se desnudam, seguem pistas
Que não os façam ter matiz vermelho.
As verdes esperanças não me deixem!
E sempre que as saudades me atormentam,
Olhos esmeraldinos me alimentam
E fazem que saudades sempre queixem.
Envolto nos carinhos da esperança
Saudade sempre espia nossos beijos,
E mostra seu ciúme dos desejos
Que fazem na esperança uma aliança.
Não sabem quanto custa ser feliz,
Vermelho que propõem não alcanço,
No verde de teus olhos já me lanço,
Esperança, renasço em teu matiz!
X
Acompanhando os passos deste amor
Por essas madrugadas mais distantes
Percebo que seremos bons amantes
Sem termos nem saudade nem temor.
Vencendo estas estradas dolorosas
Que sempre magoaram quem sonhou,
Encontro nos caminhos onde vou
Perfumes que deixaste em rastros, rosas...
Não posso mais seguir em solidão,
Minha alma reclamando a tua falta,
Nos tímidos espaços a alma salta
E espera por teus braços em perdão.
Resiste a toda sorte de presságios
Às tempestades vis, duras procelas,
Às dores mais temíveis e mazelas
Às pestes violentas seus contágios,
A tudo neste mundo, sem temor.
Aos ventos mais bravios, furacões,
Às secas, às enchentes aos vulcões,
Porém se fragiliza em desamor...
X
Quem sabe desta estátua da beleza
Que um artista esculpira, toda em ouro,
Conhece deste mundo tal tesouro
Que traz em seu formato, a realeza.
Humanos os desejos, mas divinos
Os olhos deste artista soberano
Que não concebe nunca mais engano
E marca em suas obras os destinos...
Não guardo nem um traço na memória
De outra obra tão feliz e generosa,
A mão que te criou, mais orgulhosa,
Estampa suas luzes de vitória
Nos céus que te desejam todo dia.
Nos raios destes sóis multiplicados
Por olhos que, morenos, gloriados
E feitos qual farol para a alegria.
De todos os jardins, completa flor,
Olores que presumem maravilha,
Beleza que encantando flórea trilha,
Desterrando a minha alma em pleno amor!
X
O tempo que, por vezes, nos maltrata,
Contigo, p’lo contrário, te embeleza.
Amor tal sentimento que te preza
E forja, em teus cabelos, fina prata.
Cativo deste amor por tantos anos,
Persisto nos meus sonhos desejando.
E vendo-te, em contínuo, sigo amando
Teus olhos, dos meus sonhos, soberanos.
A glória de te amar tão docemente
E sempre e cada vez com mais desejo
Fazendo com que em manso e simples beijo
Amor já se refaça, eternamente.
X
Belo sol transpassando essa janela
Trazendo, nos seus raios, meu encanto,
Os olhos que se foram, desencanto,
Deixaram esta dor que se revela
Em cada canto tímido que faço
E sempre que, sem alma, me esfumaço.
Cansaço de viver sem ter teu porto
Exposto a tantas dores e mazelas
As luas se apagaram, as estrelas
Testemunhando um sonho semi morto.
Das neves que me encharcas peço rosas
Embora sem certeza, sempre peço.
No pântano insalubre que tropeço
Encontro as estrelas maviosas...
Amor que me negaste, vivo engano,
No pântano em minha alma refugia,
E, claro, se alimenta em fantasia
À noite em fogo fátuo vai, metano...
X
Quero ter meu amor, humanamente
Embora em seus divinos braços, sonho
Meu barco nos seus mares me proponho
A viver o manso amor intensamente.
Se mente minha sorte e porto nega
Procuro e me aventuro noutro cais.
Não posso naufragar do amor jamais,
Pois minha alma em amor já se carrega.
Vencido pela dor não vejo o trilho
Que traça essa minha alma sem amor.
Por onde for preciso e sem temor
Amor já me embalando como ao filho.
Embora seja humano meu destino,
Embora seja humana a tua boca,
Assim como é humana a voz mais rouca
Que pede, em desespero, amor divino!
X
Amor minha perfeita experiência
De ser feliz ao menos por um dia
Em seus braços meu risco de alegria
E nas suas asas próspera excelência.
Sabendo que me queres a ventura
De ser não tão somente sofrimento,
Viver a fantasia em um momento
E ter n’alma a certeza que me cura.
Embora naveguemos outros mares
Que são diversos mas porém se vertem
Na mesma dimensão em que convertem
De nossa escuridão belos luares.
Não somos passageiros sem destino,
Vivemos nossos casos separados,
Porém se nossos mares encontrados
Transformam calmaria em desatino.
Por isso não te quero eternamente
E ternamente sempre te terei,
Não quero teu reinado nem t’a lei
Quero poder amar-te, simplesmente...
X
Quem percebe a beleza deste beijo
Nos lábios sempre sábios com que beijas
Das dádivas divinas que desejas,
As tramas que trouxestes com traquejo.
Quem sabe merecer o teu pecado
Tantos trôpegos passos mais incertos
Que nunca navegaram meus desertos
Em naves que concebes sina e fado.
Amor que se tivesses, eu daria
O mundo, mesmo assim não te bastava
O universo que em sonhos te entregava
O mar, a terra, o céu, a noite, o dia...
E Mesmo assim, querida, não seria
Bastante p’ra tão imenso amor.
Pois quanto mais te dou, sou devedor,
Se quanto mais te amar, mais te amaria!
X
Salmo 27 em versos brancos
Senhor é minha luz e salvação;
Força da minha vida, meu Senhor.
Eu nada temerei em minha vida!
Ainda que um exército me ataque
Ainda que uma guerra contra mim,
Conservarei a minha confiança!
Peço então, ao Meu Pai, e buscarei,
Morar em sua casa todo o dia
Contemplando a beleza do Senhor!
Pois no seu pavilhão me esconderá
E no seu tabernáculo, também
Nos dias onde houver adversidade!
E no seu tabernáculo, o louvor!
Mas ouça minha voz, Pai, quando o clamo.
Compadecei de mim e me responda.
Teu rosto buscarei não o me escondas.
Não rejeites teu servo, meu Senhor.
E não me desampares. Minha ajuda
Tem sido, desde sempre, amado Pai.
Se os pais abandonarem, o Senhor
É a nossa acolhida, com certeza.
Me guie por vereda plana em meu caminho.
Ensine meu caminho e me proteja!
Não me entregue à vontade desses ímpios
Pois contra mim levantam-se, meu Pai.
Hei de ver a bondade nesta terra.
Espere pelo Pai, animação!,
Força no coração. Ele Virá!
X
Em meio ao abandono, na natura,
A aranha tece a teia que protege,
A natureza sábia assim a rege
Num ato de defesa e de ternura.
Aranha, sem saber bem o porquê,
Defende-se das tramas da batalha
Nas tramas que constrói em cordoalha,
Não sabe mas destino se antevê.
Assim como essa aranha, um passarinho,
Demonstrando também sua defesa
Num ato de beleza e de pureza.
Constrói, para os filhotes, o seu ninho...
Ao ver o homem quase abandonado,
Exposto à dor temível da quimera.
Que nasce da paixão e degenera
E traz, sem perceber, um triste fado,
Exposto à valentia e sofrimento
Exposto a tais espinhos, pela vida,
Da solidão, saudade, tão doída...
O Nosso Pai criou um sentimento
Que mata a solidão e a saudade,
Supera o desengano da paixão.
Protege nosso frágil coração:
A força alentadora da amizade!
X
Meu angélico amor tão sem cuidado
Desnudo dorme em praças, ao relento...
O beijo que me trazes, é do vento
Que teima em me lembrar: abandonado!
Vestido de ilusões que se frustraram
A cada novo dia, mais distante.
Os olhos desta minha aurora amante
Em meio aos desatinos se levaram...
Misturas mais difíceis de entender
Amor e abandono não se rimam
Porém não posso crer como se estimam
E teimam, toda noite, em me esquecer.
Contrastes que se tornam sofrimento
Desprezos e desejos se entrecruzam
De dores e dos beijos tanto abusam
Que quase não percebo o triste vento...
Deixando o coração em tal tormenta
Que embora sou feliz, infeliz sou,
Concebo deste quase que restou,
A luz que me maltrata e alimenta!
X
Quem me dera esquecer a dor suprema
Que me traz violentos sofrimentos,
As noites solitárias, meus tormentos...
Quem sabe ser feliz fosse meu lema...
Por vezes no abandono de um amor,
Não tenho nem descanso nem alento.
A morte não me sai do pensamento
Trazendo, no meu peito tanto horror!
A Desditosa pena que padeço
Não permite sequer um calmo sono
Sentimento feroz de um abandono
Será meu santo Deus, que eu a mereço?
Na minha solidão, tanta verdade,
O gosto de saber que não vivi.
O tempo que passei contigo, aqui,
Matando mal nascia, a mocidade!
Mas, Mesmo assim, queria estar consigo
Amor devorador e sem sentido
E tendo esse caminho conhecido,
Talvez eu reconheça cada perigo
E possa em recomeço, caminhar.
Sem medo do tropeço que maltrata,
Sabendo que conheço a densa mata,
Quem sabe poderei, enfim, amar?
X
Meu cigarro aceso,
Preso a minha ânsia e vontade.
Nada de que me farpas me decide.
Dramas que invento soam mal.
Amalgamando meus ódios e remédios.
Sou tédio e te entedio.
Sou ébrio e te inebrio
Sou sombra e não sombreias...
Ombros e escombros meus destinos.
Destilas e decides meus desejos.
Anátema e teimosia
Âmbar e ambrosia.
Somos néctares e fanatismo.
Trismos e mordeduras.
No meu cigarro, asma e miasma.
Sou fátuo e não pactuo,
Mergulho no vazio que me deste.
Me remas e me desfazes.
Sou fases e frases, somos impares
Aos pares...
Faróis e opacidades.
Opalas e ônix.
Fênix
Ressurgirei a cada dia, a cada canto
A cada tempestade...
X
Olhando bem pros teus olhos.
Comecei a perceber
O quanto que dói a vida,
Essa vida por viver.
Tens a magia que encanta
E traduzes muita dor
Nos olhos teus tanto brilho,
Refletem o meu amor.
Tenho medo, e isso é tudo,
Não consigo mais fugir,
Do visgo que me prendeste
Nada mais vai impedir...
Olhando para teus olhos,
Reconheci o luar
O sol que emitem, transfere,
Brilho que morre no mar.
Quero a verdade da vida
Contida no teu olhar,
Esperando a despedida,
Com ganas de te encontrar.
Me enfeitiças e me tragas,
Traz prazer e solidão.
Eu quero sempre o teu sim,
Embora escute só não.
Na fúria dos meus desejos
Nunca encontro o teu reflexo.
A cada dia, em teus beijos,
Despertando todo sexo.
Mas, vadias, olhos tontos
Me deixas ir sem sentido
Melhor morrer, pois então
Melhor não ter conhecido,
Nunca ter visto afinal
Os olhos que arreparei,
Pois se eu já soubesse disso,
Não amava a quem amei...
X
Pois eu tanto quisera ser feliz,
Ninguém mais, com certeza, merecia,
Tantas dores carrego, nego o bis,
A vida me deixando a poesia,
Tudo que falo, nada mais me diz,
Me deixando, somente, fantasia...
Quem me dera viver a fantasia,
De cavalgar solene e tão feliz,
Mas a saudade, cega, vem e diz,
Quem amou assim, tanto merecia,
Mas de tanto viver na poesia,
Felicidade deixou, sem seu bis...
Perdido pela sorte sem ter bis,
Nem chance de tentar, sem fantasia,
Me perco, vago mundo e poesia,
Ness’altar que sonhei, viver feliz,
Hoje, enfim eu percebo, merecia
Bem mais que essa tal sorte vem e diz...
Não quero mais saber o que é que diz,
Quem me negou poder, num novo bis,
Achando que jamais eu merecia,
Só por acreditar na fantasia,
Que me fez incapaz de ser feliz,
Por viver impossível poesia...
Quem, portanto, acredita poesia,
Quem por ela morrendo, tudo diz,
Acreditando nela ser feliz,
Mesmo tendo na vida, todo o bis,
Por ela viverá da fantasia,
Sem ao menos saber se merecia...
Mas talvez, melhor sorte merecia,
Quem amou vida afora a poesia,
Eu sou seu prisioneiro, fantasia...
Vem; chega devagar, então me diz:
Pelo amor do Senhor, último bis,
Me deixe, num segundo, ser feliz...
Eu quero ser feliz, bem merecia,
Amor eu peço bis, na poesia;
Vem correndo e me diz: é fantasia
X
Amor, minh’alma triste te procura,
No amanhecer da vida foste fera;
Agora que, saudade já impera,
A noite se aproxima, mata escura...
Num momento feliz, foi tão amigo;
Mas a vida transforma toda gente,
E depois, tão cruel, foi diferente,
A paz, então, jamais vive comigo...
Sentir a baforada dessa boca,
Que acalenta a dor, vero sentimento;
É conseguir suprir meu pensamento,
Dessa ternura audaz, a voz mais rouca...
Amor quimera, mera diversão,
Que maltrata quem sonha liberdade;
Tão faminto, traduz voracidade.
Começa a devorar, sem ter perdão...
Amor, é doce fruta que envenena,
E vicia quem dela for provar;
E bêbado, tropeça no luar,
Agiganta a que fora tão pequena...
Nos lábios, minha amada, meu desejo;
Um resto de ilusão bate na porta.
Contigo, essa tristeza já vai morta,
No cálice fantástico do beijo...
Teus olhos, são promessas d’esperanças,
Num tempo mais feliz da minha vida.
Seus brilhos iluminam a avenida,
Por onde caminhávamos, crianças...
Nos teus cabelos trazes maciez,
Que minha mão jamais vai esquecer;
Neles, vou embrenhar-me e conhecer,
O que fora da glória, essa altivez...
Em teu pescoço; jóias e colares.
Em teu louvor cantar todos os hinos,
Buscando, nos teus olhos cristalinos,
A força que leva aos teus altares...
Beber de teu sorriso tanto mel,
Saber de tuas noites orvalhadas;
Sonhar contigo minhas madrugadas,
Por ti, agradecer a Deus do Céu...
Amada, tão risonhos os meus dias;
Desde o momento mágico que tive,
Felicidade igual onde, sei, vive
Os pássaros que encantam, melodias...
Teus pés de tão macios e pequenos,
São obras d’arte feitas com louvor;
Por quem foi o mais mágico escultor,
Que por inspiração, não fez por menos...
E caminhas? Flutuas pelos ares,
Teus passos são concertos orquestrados;
Meus olhos na procura, extasiados,
Desejam conhecer os teus altares...
X
Eu tenho confiado em ti Meu Pai
Andado integramente e não vacilo.
Me examine Senhor , estou à prova
Vasculhe o coração e minha mente.
Sei o quanto és benigno e, por isso,
Eu tenho andado Pai na t’a verdade.
Não me sento com falsos homens Pai
Nem dissimuladores meu Senhor.
Odeio malfeitores esses ímpios,
Na inocência lavo as minhas mãos
E assim, estou bem perto desse altar
Para ouvir os louvores e contar
As tuas maravilhas meu Senhor
Eu amo tua casa me plena glória.
Não mistures minha alma com os ímpios
E nem a minha vida aos violentos
Maléficos, corruptos e venais.
Ando em integridade, meu Senhor,
Por isso me resgate e tende Pai,
Piedade de mim, os meus pés firmes.
E bendigo ao Senhor Meu Pai, Meu Deus!
X
Céu cinzento traz a chuva
Que como parto me farta.
Falta a sorte que me cubra
Na curva que vejo enfarta
Sou triste? problema meu
Meus olhos empoeirados...
Nesta chuva são lavados
E levados pelo breu
Das almas que não me tocam
E que trocam de patrão
Sigo sendo sem meu não
O não que nunca quis ser
Nos olhos que vou morrer
Morto de tanta tristeza
Meu bem deitado na mesa.
Sobremesa sem jantar.
Altar dos sonhos quem dera...
Quem me queima? essa quimera
Não era que me queria
Querida não se perdoe
O mundo quase que canta
O medo não mais me encanta
E o céu cinzento não chove...
X
Meu velho companheiro, nossa luta
Por termos um destino mais tranqüilo
Depois de tanto tempo sem vacilo
Te digo que a saudade é força bruta
Vencidos por batalhas nos amores,
As vidas separadas, mas amigos.
Depois de reviver tantos perigos,
Os campos reproduzem velhas cores.
Mulheres e caminhos que seguimos
Os casamentos dores, risos filhos,
Vertidos por diversos belos trilhos.
Os sonhos que lutamos prosseguimos.
Rever-te bem depois de tantos dias.
É bom, refaz minha alma em alegria.
Trazendo velhos tempos que eu queria
Não fossem mais deixados, velharias...
Amigo como é bom saber-te bem
E forte como sempre te encontrava
Minha alma neste encontro já se lava
Pois sabe que em tua alma sempre tem
Uma alma que distância não levou
Refletindo um bocado do que sou
Matando a sensação de ser ninguém!
X
Amor que em amizade se converte
Por certo sempre cresce mais um pouco
Decerto acalentando um sonho novo,
Renovam velhas marcas que ficaram.
Amaram quem pensava se perderem.
Quem dera não se percam nunca mais.
A paz que se demonstra companheira,
Inteira na amizade satisfaz,
Versejo meu desejo de saber
Por onde minha amiga inda se encontra
Afrontas que vencemos, no passado,
Agora vão em versos devoradas
Se decoro minha alma em teu matiz
Feliz por poder ter uma amizade
Que tarde nunca surge em nossa vida
Ávida de saber que inda rebrilha
Na trilha dos amores vãos, perdidos
Os idos tempos nos trouxeram amor.
Criança que acalento com carinho,
Do ninho se tornou maturidade
Saudade fez viver o sofrimento
Lamento tão sincero nos deu luto
Na luta pela mansa liberdade
Amor se transformou em amizade!
X
O tempo traz contentes tentativas
De termos novos termos aos amores.
Olores mais profícuos destas flores
Dos amores perfeitos, sempre-vivas.
Agouros que me trazes, sempre bons,
E sorte que desejas, nas venturas,
Conformes e com formas de ternuras
Os sonhos que se sonham são seus sons...
Pressinto que te sinto aqui do lado
No fado que desenha meu futuro
Apuro que me curo no teu fado,
Abraço teu amor e me asseguro.
Se queres meu amor, sorte e fortuna,
Se queres vou viver como quiseres,
Por tanto que penei outras mulheres
Navego nossos mares, minha escuna.
Vivemos nos viveiros somos presos
Aos mesmos desencantos e fornalhas
Que forjam deste ferro as navalhas
Trazidas nas batalhas, nos defesos.
Amor trago a saudade de te ter
Embora tendo tanto tempo amado
Que o tempo que inda temos por viver
No tempo vá perdendo seu traçado.
De sorte que não posso me esquecer
Que aqueço meu amor em nosso sonho
Compondo meu futuro mais risonho,
Nos braços deste amor que quero ter!
X
Meus olhos são tomados pelo belo
Ao verem teus olhares minha amada,
Em campos que pretendo, disfarçada
Mostrando-me destino por quem velo.
Diviso com teus olhos envolventes
O siso vou perdendo num instante
Não quero dos amores ir distante
Apenas dos tristonhos e descrentes
Se tenho meu amor em doce esfera
Espero que me mostre bom futuro
Se vago pelos cantos, salto o muro
Enfrento finas garras desta fera.
Estranha solidão não posso crer
Que venha deste amor que já concebo
Os ventos dos olhares que recebo,
Em cego amor prossigo e vou viver!
X
Em mágoas feitas saudades
Adormeço meu querer
Que não posso jamais ver
Faltando-me claridades
A imaginação toma cada lume
E não permite sonhos que me aqueçam
Quando de minhas mágoas enlouqueçam
E me entornem os olhos no queixume.
Vencido pelas dores da saudade
Desfaleço em sofrimento meus sonhares
Caminhando por todos os lugares
Procurando por nova claridade...
Não deixo sequer lume, abarco escuridão...
Nos sonhos que não trago, amaros sentimentos
E sempre me disfarço em todos os momentos
Em busca de teu colo e quem sabe, perdão...
Recebendo esse vento eu prevejo saudade
Adormeço meu sonho em busca dos amores
Que eu sei, jamais terei, nem perfume da flores
Nem o lume do olhar que me nega a claridade!
X
Vencido pela fria sinfonia
Que trouxe tanto frio que não quis
De tanto que sofri não peço bis
Em meio a tempestade e fantasia.
Vencido pelo canto que não tramo
Nem mesmo se quisesse poderia,
A lua que me fez a sinfonia
Espelha cada galho e cada ramo.
No barco que meu arco fez remendo
Um parco sentimento de esperança
Vestido de remendos da lembrança
O medo de ser livre me envolvendo.
Amor que nada cura já se inflama
Depois de certo tempo matará
A sorte que da morte trairá
Talvez inda me leve à tua cama.
Não posso desprezar a nossa luta
Que, bruta, tanto enluta quanto salva.
A lua em sinfonia está tão alva,
Embora dentro d’alma já se enluta.
Amada te desejo num segundo,
É mote que remete ao meu futuro
Que sempre salvará do mar escuro
Aquele que deseja amor profundo!
X
A noite me trouxe Vera
Que me espera e nunca vem
Meu amor se desespera
E não espera ninguém...
Amor feito da saudade
De Vera que sempre quis
Matando a felicidade
Qualquer noite ser feliz..
X
Solidão é companheira
De cada noite que passo,
Tento ,tento e não disfarço,
Me acompanha a vida inteira...
Solidão fez o meu canto
E também faz os meus versos,
Embora me traga encanto
Me traga nos universos...
Espero que um dia eu possa
Com solidão me casar,
Na noite que é toda nossa
Aguardo pelo luar
Que sei que nunca virá
Cavaleiro solitário
A solidão mudará
Todo o seu itinerário
Solidão e desamor
Irmãos gêmeos da saudade
No jardim que plantei flor
Não nasceu felicidade...
Somente nasceu meu sonho
Que tenta mas não me alcança.
Montado na solidão
Matando minha esperança!
X
Vencido pela saudade
Deixado na solidão,
Vai batendo o coração
Sem saber felicidade.
Procuro uma novidade
Que me traga teu perdão
Pelas ruas da cidade,
Mas só escuto teu não.
Tanta dor e tanto engano
Que já tive nesta vida
Meu amor logo decida
Qualquer que seja teu plano
Amor sempre soberano
Minha noite está perdida
Minha sorte decidida
Não quero viver insano.
Não me fale que esqueceste
Desse amor que tanto quis
Por eles vou infeliz
Em nada te convenceste.
Pois logo te aborreceste
Com os versos que te fiz,
Da saudade sou matiz
Desde que, amor, perdeste.
Nada faço sem perder,
Minha vida é incompleta
Nem consigo ser poeta
Quanto mais te convencer.
Tudo que quero saber
Qual teu rumo, tua meta.
Minha vida se completa
Nesse amor que quero ter,
Tua boca carmesim,
Tua pele de alabastro,
Meu amor perdeu o lastro,
Tenho que viver assim?
Mas eu tento até o fim.
“No meu céu, tu és meu astro,
Por isso sigo teu rastro,
És princípio e és meu fim...”
X
Bebendo do vento
A brisa que deu
A todo momento
Coração ateu
Não sabe da noite
Que trouxe esse frio
Coração vadio
A cada pernoite
Procura por ela
Que nada me fala
Coração se cala
E nada revela.
Total perfeição
A moça que tinha
No meu coração
Virou avezinha.
Fugiu desse ninho
Que tanto sofreu
Sou qual passarinho,
Que, triste, morreu!
Eu amo essa moça
Que já não me quer
De que serve a louça
Sem nenhum talher?
X
Eu nunca mais terei alguém assim
Que me traga o sorriso a cada dia
E me mostre que amar é poesia
E que o bem dessa vida não tem fim...
Que sorria comigo meu sorriso,
E que traga esperança no olhar.
Que saiba simplesmente amar,
Construindo sem dor, o paraíso...
Alguém que caminhe meu caminho
Pelas trevas e breus da solidão
Que saiba, delicada, dizer não,
Mas me traga a certeza em nosso ninho.
Eu jamais poderia me esquecer
De tudo que vivemos, nesta vida.
A dor que me trouxe esta partida,
Em meu peito, calando, faz sofrer.
Nunca mais poderei ser tão feliz,
Ao perder tudo aquilo que já tive,
Vontade de morrer, eu mal contive,
O meu céu, da tristeza fez matiz.
Mas, à noite, sozinho no meu quarto,
Quando esse vento bate na janela,
Eu bem sei que decerto é, de novo, ela.
E nos seus braços, louco, então me farto.
X
Os céus estão em festa, meu amor!
Um ano a mais vivendo essa ventura
De estar ao lado teu, tanta ternura,
O mundo todo mostra este esplendor.
Recordo-me das noites que passara
À espera deste bem que nunca vinha.
Uma alma não suporta, se sozinha,
A dor que nos maltrata e desampara.
Por tanto que passei sem ter ninguém
A noite sem ter sonhos, enfadonha.
Promessas de uma vida mais risonha,
Na busca em desespero por um bem...
Em meio a tempestades que chegavam
Dos dias solitários que previa.
Embalde sem saber d’uma alegria
Os céus, sem esperanças, se nublavam...
Mas quando parecia mais distante
O rumo que tentava percorrer,
Das trevas, bela luz eu pude ver,
Um brilho diferente e deslumbrante.
Vontade de dançar a noite inteira
Vontade de sonhar sempre acordado,
Estavas finalmente, aqui do lado,
Em ti a derradeira companheira!
Mais um ano se passa e sou feliz!
Ao lado de quem sempre desejei
Rainha que, no mundo, me fez rei
Da vida quero mais e peço bis...
No nosso aniversário, se pressente,
Que sempre junto a ti eu hei de estar.
Contigo eu aprendi o que é amar.
A Deus agradecer esse presente
Que tanto procurava, pela vida.
E que recebo sempre, em ti, querida!
X
Amor, poesia
Amor desencanto
Fazendo meu canto
De novo brotar.
Amor é “combate
Que os fortes abate”
Mas vale lutar.
Amor, esperança
Que sempre me invade
Pois nunca se é tarde
P’ra de novo amar.
Amor é promessa
De nova remessa
De novo sonhar.
Vencendo, me perco
Nos braços felizes
De tantos matizes
Mal posso esperar
Que amor sempre traga
Uma doce adaga
Que possa matar.
Amor sem ter medo
Lua prateada
Que traz minha amada
A cada luar.
Amor é meu sonho
Que, sempre risonho,
Eu vivo a sonhar.
Amor, meu segredo
Tenho-te querida
A força da vida
Sem medo a lutar
Não temo mais morte
Amor me faz forte
Sem nada esperar.
De tudo que tenho
Na vida sem medo,
Não faço segredo,
Eu vou te contar:
Não temas a vida
A força querida
É sempre te amar!
Parafraseando A Canção do Tamoio de Gonçalves Dias
X
Tristeza de partir deixando o amor
Nas mãos desta saudade traiçoeira.
Os olhos embotados de poeira
No rumo da saudade, traidor.
Onde a dor se retrata mais tratante.
Destrata todo trato que tramamos
Momento em que por vezes nos amamos,
Ficando, nesta estrada, tão distante.
Os danos da saudade e da distância
Se podem destruir o sentimento,
Ao mesmo tempo trazem sofrimento
Que tento disfarçar com inconstância.
Fingindo que não quero quem eu amo
Esqueço que não posso te esquecer
Pois vivo meu viver em teu viver
E amo nosso amor, chama que chamo.
Pretendo que se fores, flores nego.
Beijando as flores belas do caminho,
Sabendo que se fores, o espinho
Em todas essas flores já carrego,
Mas medo de perder faz meu degredo
Na estrada que saudade me deixou.
Por isso meu amor eu tenho medo,
E não irei partir, aqui estou.
X
Tempo que devorando me devora,
Acaba tão depressa que nem sinto.
O tempo que eu queria, não te minto,
Parasse e não passasse a toda hora.
Pressinto que não tenho tempo, amada,
De ter o teu amor que sempre quis.
Se o tempo de viver, de ser feliz,
Passando não me deixa quase nada.
Se espero, desespero, e não me tens.
E se corro, escorrendo o tempo voa,
Impávido não pára e nem perdoa.
Esquece tão depressa se não vens.
Portanto neste tempo tanto tento,
Que invento a todo tempo teu amor.
E se tento escapar, por onde for,
O tempo não me sai do pensamento.
Tempo que te trouxe te levou
Há tempos que não tenho teu amor.
Há tempos contratempos, minha dor,
Nem o tempo de amar aqui restou.
Mas sinto que no vento, um novo dia
Se faça assim presente no futuro.
O tempo que virá, não mais escuro,
Talvez seja meu tempo de alegria!
X
Amor, quanto mais dou, maior eu fico
E nesta roda viva eu já me encharco
Descrevo toda vez esse mesmo arco
Que em mim nunca termina e multiplico.
Nesse moto perpétuo renovando
O mesmo sentimento que me move.
A pedra do caminho se remove
De amor que gera amor, me alimentando.
Se pago teu amor com mais amor,
Amor que te paguei, amor recebo.
Recebo tanto amor que não concebo
Que amor é desse amor o gerador.
Porém se me desejas desamor,
Amor que tanto trago não te basta,
A vida sem amor já se desgasta
E salva-se somente noutro amor...
X
Desejo de viver do desejado
Objeto do desejo que desejo,
Em versos que pretenso, te versejo
Eu vejo meu destino em ti traçado.
Se traço esses meus versos dos teus traços,
Por certo farei verso mais bonito.
Não creio no receio deste grito
Que solto, nos meus versos, nos espaços.
Embora temeroso que não gostes
Dos versos que desejo que tu leias.
São feitos desse amor que salta as veias.
E fazem meus desejos minhas hostes.
Se faço destes traços meu pedido,
Me perco no desejo de dizer
Em tudo nesse mundo posso crer
Sem medo de saber desiludido.
Se culpa já carrego, pois desejo,
Desculpas não consigo nem pretendo.
Nos versos que desejo ver-te lendo,
Desejo que me dês primeiro beijo!
X
Fazendo a Natureza, a obra prima,
De todas as belezas, fez a sua.
Toda a divina chama continua
Mostrando amor de Deus, perfeita estima.
Estrelas nos olhares, radiantes.
Nas formas belas ninfas desejosas.
O carmesim dos lábios, roubam rosas
Desejos que seduzem, deslumbrantes.
Em toda a mansidão a tempestade
Não cabe nos desejos femininos.
Amores divinais, perfeitos hinos,
Em flores e suores, claridade.
Estampas a magia nos seus seios
Alimentam, por certo, esses infantes,
Alimento dos sonhos delirantes
Que amantes, torturando, traçam meios.
Vestida se desnuda então reveste
Meus passos na nudez que se prepara
Amando sem temer a jóia rara,
Dos sonhos de nudez, minha alma veste.
X
Por seres da maneira que tu és,
Assim tão possessiva, mas formosa.
Transformas toda noite em gloriosa
Desde que eu sempre esteja assim aos pés.
Vivemos toneladas de prazeres
A cada novo dia que te adoro,
Porém se a cada dia não te imploro,
Prazeres se perdendo, não me queres.
Se quero teu amor, eu quero o gozo
Embora teu amor não seja meu.
Mas queres meu querer somente teu.
De tudo o que mais queres ‘stou cioso.
Não vejo meu olhar em teu olhar
Mas queres que eu enxergue por teus olhos.
Carrego meus espinhos, tantos molhos,
Sem olhos, como os olhos vou mirar?
Preciso de viver urgentemente
Urgente, é necessário que eu mais viva
A vida que da vida sobreviva
Não podes ter a minha totalmente!
X
Matando quem merece ser amado
Amando quem não sabe merecer
Tirando uma vontade de viver
Nas ânsias deste mar, mais mareado.
Esquivos pensamentos esquisitos
Estranhas esperanças esquecidas.
Que fantasia trazem nossa vidas
Que não permitem sonhos mais bonitos.
Com sonhos e desejos por alguém
Que nunca mais voltou nem voltará
Aos poucos todo céu se fechará
E em pouco tempo, nunca mais ninguém.
E queres que eu te escute sem ter dores.
Se bem que nem percebes quanto dói.
Não sabes que meu mundo se destrói
Em volta das memórias, teus amores.
E queres que eu me mate em sofrimento
Assim como desejas que eu te cure?
Em mim o tanto quanto se procure
Não bastam ao teu vago sentimento.
X
Cansado de chorar a cada dia,
tristezas que me trazes a cansar-me.
Pedindo, por favor, quero o desarme,
antes que me desarme uma alegria.
Desamas se rechaças quem sempre ama,
embora não percebas, mas me cansa.
O sonho de viver já não se alcança,
nas dores que me causas, finda a chama.
Nas chamas que não deixas mais acesas,
amores se esfumaçam quando chamas
e dizes que, tristonha, ainda me amas.
Não creio nos amores em tristezas.
E tentas convencer que é mesmo assim,
Que a dor se cura em dor que a dor produz
assim como da luz se faz a luz.
Que todo meio sempre vem do fim.
Nas mágoas que magoas minhas mágoas,
Não curam minhas mágoas nem me deixam.
Os olhos embotados já se queixam,
de tanto que choraram , tantas águas...
X
Por cima dessas mágoas que causaste
Em termos mais doridos que trocamos
Amamos e portanto desarmamos
As armas do combate, mas trocaste.
Vencido por verdugos sentimentos
Abates meus amores no combate.
Amando essa guerrilha me marcaste
Com lanças e terríveis sofrimentos.
Não quero combater a quem desejo,
No afã de me mostrar como se fere
Esfera desdenhosa que interfere
E causa sensação de nojo, pejo...
Rendeste meu amor em pouco tempo
Só pude, em desespero, te esperar.
Temperas teus desejos sem amar
E sempre que procuras, contratempo.
Atado sem sair, perdendo o espaço,
Disfarço meu cansaço desta luta.
Amor que se deseja e se reputa
Na disputa revela o seu fracasso!
X
Não te cales meu Pai, as minhas súplicas
Ouça pois minhas mãos estão erguidas.
Juntamente com ímpios, com iníquos,
Não me arraste, Senhor; falam de paz
Mas têm todo mal dentro de s’as almas.
Retribui-lhes segundo as suas obras
E segundo a malícia dos seus feitos.
Retribui-lhes o que eles mereceram.
Bendito seja o Pai por ter me ouvido!
Pois és a minha força e meu escudo,
Todo o meu coração, em ti, confio
Pois sei que sempre irás me socorrer,
E em teu nome, Pai, eu louvarei.
Do seu povo és a força e fortaleza
Salvadora p’ra quem, por ti, ungido.
Teu povo, salve Pai, abençoando
A tua herança, sempre, os exaltando!
X
Queres que eu te dedique sofrimento?
Por tanto que não fiz e não faria,
Sem termos que lutar pela alegria,
Não valorizaremos sentimento.
A sorte que bafeja mansamente
Talvez não seja aquela que virá.
O mundo que pretendo nos trará
Um porto, nos receba calmamente.
Por vezes, desfavores são favores,
Amor que veramente tanto estimo
Não posso embriagar com o meu mimo.
A liberdade salva, então, amores.
Percebo que, pareça mais incrível,
Não queres meu amor, e sim o teu
Refletes tanta luz que morro breu
Embrenho meu desejo mais falível
Nas trevas que me deste como amor.
Não posso dedicar a minha dor!
X
A vida te ofereço minha amada
Do mal de amor que em lágrimas padeço,
Esqueço que não posso, mas te peço
Que sempre que chegar a madrugada
Estejas esperando meu cansaço.
Em tudo que tiveres sou pedaço.
Pedaço de saudade que comove,
Pedaço do poente que entristece
Pedaço desse canto que enlouquece
Pedaço desta vida que te move.
Movido por pedaços que carrego,
Espero ter inteira a quem desejo.
Nas linhas que recebes meu versejo
Pedaços de oceanos que navego.
Minha alma espedaçada nos espaços
Nos paços e nas praças da cidade.
Buscando por pedaços, claridade,
Espaços que pressinto, meus pedaços.
Em pedaços percebo que, afinal,
Ao menos em pedaços, foste minha.
Cansaço de viver uma avezinha
Espera por teu ninho, no final.
X
Amando quem não ama-me, mas ama
Amado por amada a quem amei.
Atento que jamais eu a terei
Na cama que reclama uma outra chama.
Rejeitas meus defeitos, isso sinto,
Consentes nos defeitos de quem amas.
As teias que faziam nossas tramas,
Não queimam pois é tal vulcão extinto...
Um dia se quiseres quem te queira
Talvez possa escutar meu coração.
Não posso mas irei pedir perdão,
Por nunca permitires uma beira.
Qual cego apaixonado vou amando
A mando de quem sabe que não és.
Trocando, e merecendo, mãos por pés,
Vou vendo que não segues meu comando.
Esperança faz trama assaz constante
E brinca como quem não me obedece
Na teia que esperança tanto tece,
Talvez, um dia, eu seja teu amante!
X
A sorte abandonando meu caminho
Não deixa-me saber por onde irei.
Deveras nas estradas que passei,
Amores esquecidos, velho ninho.
Perdido procurando as esperanças
Não vejo um horizonte que me caiba
Não sei se saberei o que se saiba
Nas curvas mais fechadas das lembranças.
No meu destino mel não se percebe
O mal o fel o bem não se misturam
Porventura serei o que procuram
Aqueles que a ventura não concebe.
Do tédio meu remédio, uma migalha
Que o mal, em meu caminho, sempre espalha.
Um mal nunca se cura noutro mal
Assim como com mel não se mistura
O fel que recebi da criatura,
Que sempre produziu só fel e mal!
X
Como é difícil compreender-lhe amor,
Envolto nessas brumas da saudade,
Procuro nos seus rastros a verdade
E nunca me percebo em seu favor.
Nega-me a claridade, sem motivos,
Mas busco em sua luz a minha própria
Minha alma parecendo ser imprópria
Aos favores de amores emotivos.
Nos segredos de minha alma não sabia
Que amor não poderia visitar-me
Tampouco caberia revelar-me
Essa luz que só nasce em fantasia.
Estava tão guardado no meu peito
Em cofres que não guardo seus segredos,
Não sei se decifrando seus enredos
Consiga ter amor como um direito.
Vencido pelas noites sem amor
Cansado desta luta mais inglória
Pressinto que, afinal, sem ter memória,
Amor se tornará meu desamor.
X
Amor em amor consome
E alimenta todo dia.
Não divida, mas sim some
Resultado: uma alegria!
Amor faz do sentimento
Alimento pra viver
Mesmo quando faz doer
Espalha-se pelo vento.
E venta tanta saudade
E também felicidade.
Venta também o tormento
Ventando pela cidade...
E Não pára um só momento
Ventando no velho e moço,
Fazendo tanto alvoroço,
Venta em mulher e criança,
De vento até no pescoço
De vento, enchendo essa pança,
É tanto vento que dança
Em plena praça e na rua,
Esse vento continua
Nunca pára de ventar
Nesse vento me afogar,
Jamais me sai da lembrança
É vento de uma esperança!
X
Amor trazendo ciúme
É coisa que tanto agita
A rosa com tal perfume
Fica sempre mais bonita.
No ciúme, com certeza
Essa rosa se alimenta
Vaidosa e quer mais beleza;
De tão bela, se arrebenta.
Da rosa que tenho em ti,
Orgulhosa, pois é flor,
Todo amor que já vivi,
Arrebentando de amor.
Ilumina toda a terra,
Faz o mundo mais feliz.
No peito que, amor, encerra.
Todo amor que sempre quis.
Minha amada, me perdoa
Se te faço assim sofrer
Mas a vida só é boa,
Se um pouquinho, ela doer.
Ciúmes não precisava
Pois te quero tanto bem
Eu não quero mais ninguém
Por tanto que já te amava;
Mas gostei da reação,
Que, ciumenta, tu tiveste;
Quando amor, ciúme, veste,
Embeleza o coração
X
Nas ondas do mar
Que, na areia, morrem,
Raios do luar...
Nas águas que correm,
No doce do mel,
Estrelas do céu.
Na felicidade
Na claridade,
Barco de papel.
Numa pipa no ar,
Rosto de criança
Ir ao céu, voar
Toda esperança
Nessa verde mata
Queda da cascata
Riso tão feliz
Todo bom matiz,
O belo arrebata.
Um sonho de infância
Na calma do ninho
Na paz duma estância
Asa, passarinho.
Em tudo na vida
E também no amor.
No doce calor
No abraço fraterno
Carinho tão terno
Que impede uma dor.
Na voz tão serena
Que acalma quem chora
Na luz mais amena
Que a vida decora.
Nos braços da amada
Na bela alvorada,
Nos sonhos risonhos
Nos mais belos sonhos,
No rumo, na estrada...
Não deixa que escuro
Se torne meu mundo
Amor tão maduro
Maior e profundo.
Andando, comigo,
Não vejo perigo,
A vida se acalma
Inunda a minha alma
No amor de um amigo!
X
“Venceu-me, o amor, não nego”.
E vencido, assim, prossigo
Vou carregando comigo
A dor que sempre carrego
Acostumei-me e nem ligo!
De tudo que nesse mundo
Procurei, tenha a certeza,
Esse amor que é mais profundo
Agiganta-se na baixeza
Causando-me uma tristeza.
Amor que não se traduz
Por fazer alguém contente
Toda a vida, de repente
Perde o brilho e vai sem luz.
E no coração da gente,
Só saudade inda reluz.
Vencido, sem esperança,
Procurando pelo nada,
Nada resta na lembrança
Só o nada já me alcança
Para o nada, minha estrada...
X
Amando quem tanto amei
Minha vida se passava
E nada mais encontrava
A saudade virou lei
E pouco a pouco, matava.
Saudade fez covardia
Com meu peito sofredor
Maltratando, todo dia
Matando minha alegria,
Mostrando só desamor.
Não posso falar de flores
Acabou-se meu jardim,
O meu sofrer, sem fim,
Causado pelos amores
Que rimando com as dores,
Vão matando tudo em mim.
Amor que, virando fera,
Mostra logo suas presas
Coração se dilacera
A vida se desespera,
Já não tenho mais defesas.
Mas de que vale uma rosa
Sem ter cor e sem perfume.
Ouvindo tanto queixume,
A rosa tão orgulhosa
Morreu, morta de ciúme!
X
Rita, quando conheci,
Encontrei nos olhos teus
A luz que ilumina os meus
Em teus olhos me perdi.
Minha vida tão tristonha,
Tão sem rumo, de saudade.
Sem saber felicidade,
Seguia mais enfadonha...
Minha trilha, meu caminho,
Sem destino, me deixava,
Toda noite assim pensava,
Como é duro ser sozinho
Até o mel me amargava.
Já trazia tanto medo
Que não pude ser feliz,
Pois tudo que sempre quis
Acabava num degredo.
Nos descasos alheios,
Meu coração se perdia,
Eu não tinha poesia,
Minha vida em mil receios.
Minha trilha, meu caminho,
Sem destino, me deixava,
Toda vida assim pensava
Como é duro ser sozinho,
Até a fé me amargava.
Mas depois tu chegaste
Minha vida, então mudou,
Meu caminho iluminou
Na noite que enluaraste.
Agora estou satisfeito
E feliz como se vê
Agora tenho um por que,
Ser feliz é meu direito!
Minha trilha, meu caminho,
Tua luz iluminando
Toda vida assim passando,
Já não sigo mais sozinho.
Até o fel me adoçando!
X
Amor comanda a minha alma
E sempre me desengana
A minha alma soberana
Já está perdendo a calma.
Amor sempre sem razão,
Não me deixa um só segundo,
Vou me perdendo, no mundo,
Em busca de um coração.
A minha alma tem pavor,
Pois sabe que nunca vejo
Esse amor do meu desejo.
Que livre essa alma do amor!
X
Meu tormento é companheiro
Que não me larga jamais.
Onde vou, seguindo atrás
Me acompanha o mundo inteiro.
Já me acostumei assim,
O tormento é meu amigo,
Pois, sempre andando comigo,
Vai comigo até o fim.
Se esse tormento morresse
Eu morreria também
Eu procuro por alguém
Que nunca se aborrecesse
Dividir meu pensamento
Com esse bendito tormento!
X
O teu canto me encantando
Faz meu canto ter encanto
E te canto, assim meu canto.
Nosso canto, vou cantando.
Esperando novo tempo
Que não traga sofrimento
Assim a todo momento,
Sem esperar contratempo.
Amor que sempre revela
Esse amor que a gente tem.
Sem teu amor, sou ninguém,
Sou um quadro sem a tela
Vazio, e nada me encanta
Por isso, quando canta,
Todos os males espanta!!
X
Amor que me transtornando
Não me deixa prosseguir,
Venho aqui me despedir,
É melhor seguindo andando.
Toda a minha desventura
Na aventura que tentei
Tanta dor eu encontrei
Vivendo sem ter ventura.
Amor fez estripulia
Com quem menos merecia.
Matou minha fantasia
Acabou com a alegria.
E assim, por toda a vida
Que penei, eu quero paz
Por isso essa despedida.
Graças a Deus! Nunca mais!
X
Em amores, me maltrato
Cada vez mais sofredor
Sofrendo por esse amor
Procuro pelo retrato
Guardado numa gaveta
Que nem sei onde é que está.
Muito menos se está lá
Ou então numa maleta
Que deixei na penteadeira
Ou talvez no porta mala
Quem sabe deixei na sala,
Procurei a casa inteira!
Fui ao quarto de visita
E na sala de jantar,
Já cansei de procurar,
A minha alma andando aflita.
Vasculhei o quarto inteiro
Todo lado e todo canto,
Teu amor foi meu encanto...
Já procurei no banheiro?
Foste minha companheira
Tanto tempo nos amamos...
Mas tantas vezes brigamos.
Me lembrei! ‘Stá na lixeira!
X
Olhos verdes, onde andais?
Vos procuro todo dia.
Toda a minha fantasia
Não vos terei jamais?
Olhos verdes, eu sonhava
Verdes sonhos de esperança
Mas restou só a lembrança
Que nunca me abandonava...
Nos céus pergunto à lua
E as estrelas; nada falam...
Ou não sabem ou se calam
Minha angústia continua...
Essa dor que me maltrata
E me deixa pleno em medo.
Encontrei-vos no arvoredo,
Nos olhos verdes da mata!
X
Meu olhar já te procura
Em qualquer lugar que for
Em teus olhos pede a cura
Para o triste desamor.
Porém eu nunca te vejo.
Escondida estás, de mim,
Mesmo assim eu te desejo
Um desejo que é sem fim.
Tanta dor que já carrego,
E o cansaço de esperar.
Quando resolver me olhar,
Que fazer? Estarei cego!
X
Amando quem não amava
Amado por quem amei
Tanto tempo assim passei
E nada me completava.
Um dia quis ter Maria
Mas Maria não me quis
Com Renata fui feliz
Mas não durou nem um dia.
Maria vendo Renata
Agora Maria quer!
Eu não entendo a mulher
Quanto mais ata, desata.
Vou fazer um juramento
De não tentar entender
O siso quero manter,
Se não vai perdido, ao vento...
X
Os enganos que, hoje, faço
São causados pelas dores
Que vieram dos amores
Que perderam forte laço.
Esperando teu abraço,
Vou vivendo sem prazer
Meu amor, como é incrível,
Viver um sonho impossível
Como é possível viver?
Assim vou ficar louco
Sem saber se tu desejas
Embora, nestas pelejas,
O possível seja pouco...
X
As rosas do meu jardim
Procuram por olhos teus,
Que, um dia, já foram meus,
Mas nada encontram, no fim.
Elas e todas as flores
Sabem todas dos meus ais.
Também sentem minhas dores,
Pois não voltarás jamais!
X
Amor vendo que sofria,
Por causa do bem querer;
Que me fazia sofrer,
Fosse de noite ou de dia.
Em conjunto com destino
Tantas fez que isso mudou;
Mas a saudade chegou,
E voltou o desatino.
Nessa confusão, sofro eu;
Os males desta saudade,
Que nascem na tempestade;
Em trevas, escuro breu.
Uma quer que não mais ame,
Outro quer que eu sempre adore;
Uma quer que sempre chore,
Outro quer que eu não reclame.
Que faço Meu Deus da vida?
A quem obedeço enfim?
Onde quer que eu me decida,
Eu irei sofrer no fim...
X
Conheço desde menino
A dor que tanto me dói
E, que aos poucos, me corrói
E domina o meu destino.
Amor sempre me ordenou
Que eu tentasse ser feliz
Mas, vivendo por um triz,
Todo o meu rumo trocou.
Se nada mais me oferece
O destino traiçoeiro
Amor assim verdadeiro
Na vida não aparece.
Vivo sem tranqüilidade
Pedindo só teu amor,
Em troca recebo a dor
E a danada da saudade.
Vou levando, assim, a vida,
Sempre sofrendo no fim
Até que alguém se decida
E tenha pena de mim...
X
Amor que tortura
De noite na cama
Que apaga essa chama
Faz a noite escura
Maltrata demais
Não deixa que eu ame
Nem quer que reclame
Já não satisfaz.
Amor que maldito
Me trouxe veneno
Amor tão pequeno
Me deixando aflito.
Não vê que te quero
Morena faceira
Minha vida inteira
Em ti me tempero
E perco o juízo
Não foste bondosa
Perdi minha rosa
Cadê paraíso?
X
O mundo, meu inimigo
Não permite que te tenha
E, muito menos, que venha
Viver a vida comigo
Pois sei que temes perigo.
Mas perigo não te trago,
Meu amor protegerá
Estando aqui ou por lá
Só darei o meu afago,
Amor com amor, eu pago.
Mas se não queres vir
O que vou fazer da vida,
Pois, pense nisso e decida
Tudo que posso pedir,
Pois nada pode impedir
Um amor quando se tem,
Não há nada que convença
Em amor a recompensa
Que em amor já me convém.
Pois sem amor, sou ninguém!
X
O gosto da poesia
Tem sabor dessa saudade
Que me invade todo dia
Que todo dia me invade.
Não me deixa um só momento
Nem um momento me deixa,
E não adianta queixa,
Invade meu sentimento...
Faz, na vida, uma sangria.
Mata a luz e claridade
Aborta minha alegria
Me expondo, nu, na cidade...
X
Gosto amargo da saudade
Fica na boca da gente
Quando vem a claridade
Com o sol lá no nascente.
E o sol, que sempre brilhou
Na aurora de nossa vida,
Há muito que não voltou;
E se foi, sem despedida...
Bem sei que já vai embora
A mulher que tanto amo,
Correndo por mundo afora,
Teu nome, somente, chamo...
X
Perguntei ao passarinho
Onde encontrava você
Ele apontou p'ro meu ninho
Onde podia esconder
O amor que tive na vida,
E, bem triste, já perdi.
Eu disse; não estava ali.
Ele, então, na despedida:
Eu bem te vi, bem te vi...
X
Tesoura cortando pano,
Me faz lembrar de você
Quando era vivo esse engano,
De nossa vida, viver.
Toda noite, minha amada,
Esperava seu carinho,
Hoje, em minha madrugada,
Cada vez vou mais sozinho
E tudo foi, simplesmente,
Mentira sem serventia,
Hoje sei, completamente,
Que foi tudo, fantasia.
X
Rosa tenho tanto medo
De perder o teu perfume
Conhecendo teu segredo,
Sabendo do teu ciúme.
Rosa vermelha é paixão,
Rosa branca pede paz
Mas toda rosa é capaz
De ferir meu coração...
Das rosas que conheci,
Nenhuma é assim tão bela,
É pena que te perdi
Rosa branca e amarela...
X
A porca de tão pesada
Já não anda, meu senhor
A vida desconsolada,
Nada serve sem amor.
Não se esqueça, minha amada,
Meu coração sofredor...
Quero o pó dessa estrada
Alimenta o sonhador
Na noite, na madrugada
E por onde quer que eu for...
X
Vi meu rosto nesse espelho,
Reflexo revelador,
No outro lado, bem mais velho
Valha-me Nosso Senhor.
Mas o coração safado
Mesmo assim não toma jeito
Achando-se com direito
De pender para o teu lado...
X
Vagamundo, vagabundo
Coração sem serventia,
Rasgando rasgo profundo
Morrendo um pouco por dia
Cada dia sem Maria
Sem magia e sem valor
Trazendo tanta folia
Transbordando esse calor
Coração, bem que podia,
Traduzir taquicardia
Noutra palavra, amor...
X
Minha espera, atrás da porta
na espreita, observando
cada momento, o bote
o norte perdido, meus medos e segredos
minha gula e sensibilidade.
Procuro, cidades e vales
quanto vale a espera?
Na caça da luminosidade
dos olhos da madrugada.
Nada mais quero, nem desejo
talvez teu beijo, talvez num átimo,
um último desejo, sem nexo
sem sexo, apenas abraço
cansaço e manhas, artes e manhas,
artimanhas da saudade.
Saudade do já pensado, sonhado;
nunca vivido. Sempre na espera;
da vésper estrela, cometa errático
que cometa todos os erros e acertos.
Mas que prometa todos as esperanças
para essa criança coração.
Minha nunca, sempre não...
X
Minha vida vai passando
Pelos campos, devagar.
Tantos verbos conjugando,
Viver, sofrer e lutar...
Vivendo na poesia
Sofrendo por teu amor
Vou lutando todo dia
Pelo caminho que for.
Nos campos dessa saudade
Plantei a minha esperança
Não brotou sequer verdade,
Só restou uma lembrança;
Do jardim da minha vida,
Do rosal do meu caminho.
Minha alegria esquecida
Marcada por cada espinho.
Os teus beijos tão amenos
Os carinhos, meus remansos,
Os teus olhos mais serenos
Teus belos seios, tão mansos...
Nada mais aqui ficou
Só a dor de não te ter.
Pelos caminhos que vou,
A vontade de morrer...
X
Nesse copo de aguardente
Vejo a imagem de quem amo,
Tudo muda, de repente,
Quando por teu nome chamo...
O brilho volta no olhar,
De felicidades, rio.
Vontade de te encontrar,
O meu maior desafio...
Toda noite aqui sozinho,
Neste bar, eu te encontrei.
Mas é duro o meu caminho...
Por tanto que procurei.
Só encontro, na verdade,
Quando bebo assim, demais.
Afogando essa saudade,
Só assim encontro paz.
Em cada copo, num trago,
Eu te vejo, de repente,
E te faço, tanto afago...
E fico aqui, tão contente...
X
Nasci no meio do mato,
Entre montanhas e serras
E, nadando no regato,
Vou em busca d’outras terras...
Onde talvez, de verdade,
Encontre felicidade.
Amando que não me quis
Toda tristeza devora.
Meu coração infeliz,
De saudades, também chora.
Desta mulher que pensava,
Enganado, que me amava...
Vento me diz em segredo
Que jamais tu voltarás,
A vida plena de medo.
Onde, Deus meu, tu estás?
Tudo em volta, sem beleza,
O meu céu perdeu a cor
Minha sina é a tristeza,
Assim vou morrer de amor...
Mesmo assim, resta uma esperança
Transformada em meu desejo.
Inda guardo na lembrança,
A delícia do teu beijo...
X
As estrelas de cristal
No céu brilhando belas,
Desde espaço sideral,
Iluminam como velas
Minha noite tão gelada.
Saudades de minha amada!
Nas ânsias e nos desejos,
Meu pensamento subindo...
Procuro pelos teus beijos...
Estradas no céu, abrindo.
E na dor da madrugada,
Saudades de minha amada!
Nuvens escuras na noite,
Os anjos cantando tristes,
O vento cruel açoite
Pergunta se ainda existes.
E não respondo mais nada.
Saudades de minha amada!
A vida parece tão breve
O mundo parece imenso,
Em minha alma pura neve
Somente em ti sempre penso.
Na beleza da alvorada,
Saudades de minha amada!
Que se foi há tantos anos,
Voando p’ra o infinito.
Depois disso, só enganos,
Do peito um terrível grito,
Escapa e não dizes nada.
Procuro na madrugada,
Aguardando essa alvorada.
Sempre nada, nada, nada...
X
Nossa noite, sem tristeza,
Na nossa cama, querida
No teu leito de princesa,
A vida mais colorida...
Sabendo de nossa sorte
Sabendo que sou feliz,
Coração batendo forte
Do jeito que sempre quis.
Minha vida em tal destino,
Minha sorte no caminho.
Amor diamante tão fino,
Não me deixas mais sozinho...
Eu tenho a felicidade
A vida que procurei.
Eu já conheço a verdade,
Mundo que sempre sonhei!
Nessas quadras que te faço,
Com desejo e muito amor,
Em cada verso um abraço,
Em cada estrofe uma flor.
Os medos que já senti,
Esquecidos pela estrada
Desde que cheguei aqui.
Nos braços de minha amada.
Amor que tanto comove
E me deixa emocionado
Todas as pedras remove,
Coração pesa de um lado.
Escute minha canção
Que te faço com carinho,
Em feitio de oração
Um canto de passarinho
Que vibra em meu coração.
X
Seu moço, tanta saudade,
Foi feita de sofrimento.
Por um único momento,
Vasculhei realidade,
Passei por campo e cidade.
Procurei por meu amor,
Quero seu colo e calor.
Não encontrei nem indício,
Meu amor foi precipício,
Onde afoguei minha dor...
Meu tempo, disso estou certo,
Não teve nem mais valia,
Decerto que não sabia,
Não estava nem por perto...
Sei que viver é correto,
Mas de que vale sem ter,
Sem seu amor vou morrer,
Disso não tenho medo.
Seu amor foi o segredo
Mas que faço sem você?
Nas noites de solidão,
Que são as mais doloridas,
Me lembro das despedidas,
Vou pedindo seu perdão...
Me devolva o coração,
Sem ele, minha querida,
De que vale minha vida,
Nisso é melhor nem pensar,
Não tenho rumo ou lugar,
Não cicatriza a ferida...
Meus versos são bem tristonhos,
Por que ‘inda quero sonhar?
Sem você não há luar,
De que servem os meus sonhos...
Somente sonhos medonhos,
Povoam a madrugada,
Minha vida não é nada,
Sem ter você nada sou,
Minha estrada se acabou,
Cadê você, minha amada?
Nascido em terra distante,
Meu amor foi verdadeiro,
Da minha vida, o primeiro,
Que me deixou radiante.
Achei que eu era importante,
Em sua vida, meu bem.
Hoje sei que fui ninguém,
Nada fui para você,
Mas como posso viver,
A minha vida é um trem...
É tão triste a sina, agora,
A de não ter a mulher,
Que o peito da gente quer,
Por quem a gente só chora.
Saudade vem, me devora,
Engole meu coração,
Vomitando solidão,
Saudade bicha danada,
Acompanhou minha estrada,
Não quer me deixar mais não...
Procurei pelos seus braços,
Por sua boca divina,
Fiz minha alma cristalina,
E nem quis outros abraços,
De você nem vi os traços...
Perdida por outra banda,
Por onde é que você anda,
Me responde, eu lhe peço,
Senão, lhe juro, tropeço,
Nas danças dessa ciranda...
Meu amor trago meu canto,
Nas décimas que lhe faço,
Mas já perdi meu compasso.
Naufragado em seu encanto;
Restando só o meu pranto,
Não consigo meu intento,
Minha voz, perdida ao vento,
Você nunca vai ouvir,
Desde o dia que perdi,
Só conheci sofrimento...
Quem souber dessa morena,
E cujo nome é Ritinha,
Não é alta, é bem baixinha,
Tem uma boca pequena.
É calma, muito serena.
É bem fácil de encontrar,
É só olhar pro luar,
E reparar na beleza,
Assim, com toda certeza,
Fica mais fácil de achar...
Ela não anda, flutua,
A fala dela é de fada,
Por todos é adorada,
Ilumina toda a rua.
Minha vida é toda sua...
Tem os pés mais delicados,
São, por Deus, abençoados.
São provas que Deus amou,
Tudo que dela restou,
No meio dos meus guardados,
São essas fotografias,
Que mostro para vocês,
Repare bem nessa tez...
São repletas de magias,
Obra prima que Deus fez...
Moço, me diga a verdade,
Por minha felicidade,
Me responde, bem ligeiro
Se já viu, no mundo inteiro,
Me diga, por caridade,
Onde encontra essa tal moça,
Em que país ou Estado?
Coração descompassado,
Chorando, pede que ouça,
Meu lamento desgraçado
Já não chora outro chorar,
Não canso de procurar
Quero encontrar a Ritinha
Que num dia já foi minha,
E que não sei onde está...
X
Minha vida sem te ter
Perde toda essa razão
Que faz a gente viver
Acelera o coração!
Vida que da vida faz
A luz que tudo clareia
É chama que me incendeia
É teia que tanto apraz
Sou capaz de nessa teia
Prender o meu sentimento
Sem ter arrependimento
Por um momento sequer
Nos braços dessa mulher
Que tanto me ajuda a ver
A beleza de viver
Razão de minha alegria
É Sol que traz o meu dia
E faz-me ser girassol.
Nas horas mais demoradas,
Quando as mãos estão cansadas
De tanto amor que já dei.
De toda dor que passei
Sem saber como fazer
Teu amor me dá prazer
Iluminando essa vida
Que pensava já perdida
Sem ter muito o que sonhar
Contigo, aprendendo amar
Sem medo sem solidão
Meu verso encontrando então,
A razão para viver!
X
Saindo pela manhã
Nesse afã de mais viver
Sem temer nem amanhã
Nem dia que vai nascer
Sem medo de escravidão
Nem sequer da liberdade.
Com toda essa ansiedade
Que liberta o coração
E plena do manso perdão,
Da alegria, seu pendão;
Fantasias dos amores
Que se formam belas flores
Espinhos também produzem
Nas horas que mais reluzem
Tocaias da solidão...
X
Na minha alma, tão serena
E por vezes, mais amena
Acena a luz deste amor
Que se for por onde vou
Acabará com a dor
Que tanto tempo marcou
A vida de quem amou
Ávida vida sem gozo,
Sem gosto quase de nada
E sem sequer ter amada
Que possa me traduzir.
Que não precise pedir
Pois sei que sempre virá
Ao meu lado ficará
Nos momentos mais difíceis
Impossíveis de viver.
Que não me deixe sofrer
As esporas da saudade
E que traga claridade
E gosto de liberdade,
Vontade de viajar
Pelos raios do luar
Pelo céu, estrela e mar,
Por toda essa imensidão
Guardada, numa paixão,
Dentro do meu coração!
X
Leda dor que me maltrata
Que me trata como louco
Amor que tinha, bem pouco,
De gritar, ficando rouco,
Fazendo uma serenata
Lua brilhando em cascata
Ilumina toda a mata
Do meu triste coração
Que Leda não saberia
Vestido de uma alegria,
Trazendo, na poesia,
O vento duma esperança.
Que minha alma sempre alcança
Mas se cansa de esperar.
Em Leda, todo o luar,
Toda a beleza que espera
Como o bafio da fera
Que me espanta e que me atrai
Todo amor da vida trai
E, depressa, se distrai
E parte noutro caminho,
Deixando-me tão sozinho.
Sofrendo qual passarinho
Que perdeu o pobre ninho.
E voa sem ter paragem...
X
Por amar Maria tanto
Sem Maria, então, me amar;
Amaria por encanto
Nesse mar vou me afogar
No mar que trouxe Maria
Que jamais enfrenta o mar
Mas que sempre me amaria
Se soubesse navegar
As ondas do amor maior
Que aprendi e sei de cor,
E que quero te ensinar.
Vem Maria pros meus braços,
Teus abraços, nossos laços,
Em ondas de amor gigantes,
Nos fazendo dois amantes
Que sabemos como amar.
Porém se não me quiseres,
Vou voltar para o teu mar
E no mar que amou Maria,
Matando minha alegria,
Entornando a fantasia,
Nunca mais vou navegar!
X
Por tudo que passei já nessa vida,
Te peço perdão pelos desatinos,
Sei bem porque nascido em despedida,
Conheci os diversos sóis, meninos,
Navegantes que, errantes nesta lida,
Não conhecem senão nem seus destinos.
Vi tudo quanto posso, nego nada,
Nada nego e sossego, minha amada...
Explodindo balão nem sei junino,
Na festança embolada, penitência...
Meus fracassos selados que eu assino,
Libélula voraz da coincidência.
Salgado em insalubre lar marino,
Balanço, transgredindo essa impotência
Que faz de meus melindres borbotão,
Vou borboleteando essa amplidão!
Moleque; fui sacado, por safado,
Sereno, fui moleque sem paragem.
Nem sabia sertão soubera prado,
Vivendo na completa vadiagem,
Sem nem conhecer fada; quiçá fado,
Pescando no meu rio, velha margem...
Solitárias, lombrigas na barriga;
Por mais que não quisesse, tanta briga...
Decadentes; de leite, caem dentes,
Restando meu sorriso de faminto,
Não quero pretender que tu me esquentes,
Nem que disfarce, finja que só minto,
Finos, nas cabeleiras, passas pentes,
Crescendo molecote, frango e pinto.
Nas penumbras noturnas lobisomem,
As minhas tempestades, todas somem...
Fui crescido na marra, sem pergunta,
Jogando futebol pelas calçadas,
Um menino levado, quando junta;
Preparem-se, nem noites mais caladas,
Resistem aos malandros nem se muita.
Forçando ser feliz nestas estadas,
Criando serpentina faz confete,
Sei, jamais haverá nenhum bofete...
Criado sem tempero nem espora,
Vazando pelos muros do vizinho,
Sem ter tempo perdido, sem ter hora,
Estilingue matando passarinho.
O melhor do viver é sempre agora,
Amanhã, talvez, tétrico, sozinho...
Brincando levarei felicidade,
Quem sabe saberei saber idade...
Sabedoria, sendo meu confeito.
Gosto de podridão deliciosa,
O que fiz, já farei, senão tá feito...
Lúdico esse luar, me trouxe Rosa,
Amor tragado estraga, rasga o peito...
Faz olhar as estrelas, deixa prosa
O calado moleque. Parapeito
Da vizinha mostrada sensual
Mostra blusa entreaberta, casual...
Besteira amar tão jovem! fala o pai;
A mãe, conhecedora da tristeza,
Avisa: Quem está dentro já sai,
Amor significando estupideza,
Trama vazia, tanta dor atrai,
Diga: quem poderá, tal realeza,
Ludibriar, vivendo em tal cenário,
Cantando livremente, qual canário!
X
Meu amor se escondendo faz doer,
O que jamais senti por essa luz.
Amor só, sem amores, não seduz,
Nem mesmo me dá forças p’ra viver...
Num barco se navego, sou distante;
Na vida sem ciúmes tenho medo.
Quem sabe do meu parto, meu degredo,
É quem me permitiu ser inconstante...
Na mata tem palmeiras, tem Palmares,
No campo tenho flores impossíveis.
Amores são deveras insensíveis,
Procuro por amor, noutros lugares...
Setembro já me trouxe primavera;
As flores que brotaram nessa mata,
Misturam-se no belo da cascata.
Amores de verdade, quem me dera!
Tenho mudanças nessa minha vida;
Que não consigo máximo nem tédio,
A vida transbordou esse remédio,
Amor é uma cantiga despedida...
No beijo de Maria sei Dolores,
Nem quero pressentir tanta mudança;
Quem me dissera lúdica esperança,
Murchou num triste vaso sem ter flores...
Num momento de glória quis Jesus,
Que o perdão fosse enfim, uma verdade,
Por isso meu amor, por caridade.
Perdão te peço, em nome dessa Cruz...
De tantas valentias que menti,
Não peço nem pergunto por que queres,
Pois sabes, Tiradentes, foi alferes,
Esferas são as feras só por ti...
X
Fui andando para o norte
Procurando o meu caminho,
Dei azar, nunca dei sorte,
Por isso estou tão sozinho,
Nas curvas do bem querer,
Eu me perdi de você...
Não quero saber mais nada,
Tenho minhas mãos cansadas,
Mulher, quanto mais amada,
Mais duras, as nossas estradas...
Quero saber de seu colo,
Lhe deitar, mansa, no solo...
Tenho calos nos meus pés,
De tanto que caminhei,
Fui em frente, de viés,
Meu caminho eu já errei...
Mas não passo de idiota,
Perdendo meu rumo e rota...
Vi nas travas do destino,
O olhar dessa quimera,
Meu amor é de menino,
Mas ela é uma pantera.
Tenho sede, um copo dágua...
Para aplacar minha mágoa.
Sei que não teria cento,
Por isso quis a dezena,
Meu amor o seu assento,
Com jeitinho, me envenena.
Quis ter beijo da mulata,
Seu ciúme me maltrata...
Nas bugigangas da vida,
Encontrei o seu retrato,
Minha dor na despedida,
Coração pagando o pato...
Vem pra casa meu amor...
Faz frio quero calor.
Batendo o queixo de frio,
Procurei por meu amor,
Coração bate vazio,
Esperando o cobertor...
Vem pra cá minha menina,
Coração bate em surdina...
No gole desse conhaque,
Vou acabar meu enredo,
Meu amor não é de araque
Sem você, vivo com medo...
Medo de ter solidão,
Sem você não vivo não...
Meu sapato já furou,
Minha calça está rasgada.
Seu amor foi que ficou,
Sem você não tenho nada,
Vi a curva desse vento,
No meio d’esquecimento...
Fui pescar lá no riacho,
Uma sereia peguei,
Bananeira já deu cacho,
Todo menino é um rei...
Quis saber de sua boca,
Acabou, dormi de touca...
Usei isca de primeira,
Pra pegar peixe mulher,
Mas caí, tomei rasteira,
Agora, ninguém me quer...
Não sei mais falar bonito,
Tanto sofro quanto grito...
Joguei rede pra pescar,
Agarrou no meio fio,
Quando a noite é de luar,
Coração bate de frio...
Nas curvas dessa saudade,
Eu só encontrei maldade...
Vou buscar um curativo,
Pra curar minha ferida,
Amorzinho, fica ativo,
Seu amor nem Deus duvida,
Amor bicho interesseiro,
Procura outro travesseiro...
Fiz a cama no terraço,
Esperando pela lua,
Meu amor me deu cansaço,
Minha luta continua...
Procurando por Maria,
Encontrei quem não queria...
Vendo espaço lá no céu,
Quem quiser pode comprar,
Deixa levantar o véu,
Espera o que vou mostrar...
De carroça capotei,
Duas pernas eu quebrei...
Procurei a minha chave,
Não achei nem fechadura,
Ciúme é como um entrave,
Tem gente que não atura...
Quero o gosto da maçã,
O perfume d’hortelã...
Minhas dores são do parto,
Meus amores são de fé,
Vou lhe propor mais um trato
Acho que esse vai dar pé,
Você canta seu bolero,
Eu imito o quero quero...
Quis um beijo me negou
Quis carinho, não me deu,
Andando por onde vou,
Não vai nem ela nem eu...
Meu amor me disse não,
Acabou todo meu chão...
Vou terminar essa joça,
Não tenho mais paciência,
Vou me deitar na palhoça,
O resto é coincidência...
Fiz um verso pra você,
Mas você não quis nem ler..
X
A lua, companheira de jornada,
Pelos versos que faço a minha amada
Que nem lê, nem percebe que a quero,
Apenas imagina que esta lua
Que tanto canto e, sempre que a venero,
Na verdade, venero a luz que é tua.
No teu brilho me espraio toda noite
Toda noite sonhando com pernoite
Ao lado desta lua que não vê
Meus olhos mendigando o teu carinho.
Tantas vezes procuro mas, cadê?
E no final, sempre vou dormir sozinho...
Mas espero que a lua te convença
A dar-me, no final, a recompensa,
De poder despertar ao lado teu,
Todo envolvido pelo teu luar,
Meu medo é que vivendo neste breu,
A claridade enfim, possa cegar!
X
Eu bem fiz minha morada
Desse peito sofredor
No final, não deu em nada
Pouca coisa que restou
Foi somente essa saudade
Que me faz seguir em frente,
Amar, amei de verdade,
Me curei? Fiquei doente!
X
Conheci tantas mulheres,
Tantas que perdi a conta,
No meio desses talheres,
Minha boca ficou tonta,
Procurando por carinho,
Devorando essa saudade,
Pois em todo o meu caminho
Esperei felicidade.
De Maria a ponta, a faca,
Apontada pro pescoço.
Tanta dor que não se aplaca
Mas, na cama, que colosso!
Juliana foi meu prato
E também minha colher,
E de noite, no meu quarto,
Maravilha de Mulher!
No garfo, sempre espetava,
A mordida da Paulinha,
Era bom, mas machucava,
A boca da danadinha...
Mas agora, te encontrei,
Acabou esse joguete.
Levo uma vida de rei.
Toda noite tem banquete!
X
Eu nem sei como tu chamas,
Também nem quero saber.
Só sei que quando me chamas,
Vou, bem rápido atender.
Pois, se me chamas querida,
Tem sabor de bem querer
Teu nome, já sei, é Vida,
Só por ti, quero viver...
X
Das tristezas que carrego
Nesta vida, em desatino,
Teu amor eu nunca nego,
Te espero desde menino...
Tu te foste com o vento
Mas prometes retornar,
Só aumenta o sofrimento,
Quando é que tu vais voltar?
Cada vez que me prometes,
Retornar ao meu viver
Que pecado tu cometes,
Cometes sem o saber.
Vai matando, devagar,
Lentamente sem ter dó,
Que prazer tens em matar,
Esse coração tão só?
X
“O vento balançando as palhas do coqueiro,
Vento encrespando as ondas deste mar”
Falando deste amor, o meu primeiro,
Que, nas ondas do mar, irá voltar...
O vento da saudade sempre acena
Escuto, em plena praia, sua queixa,
Lembro-me quando, ao vento, uma madeixa
Solta, esvoaçante, da morena
Que se foi e jamais irá voltar...
Na areia desta praia, uma pegada,
O vento carregou-a para o mar
E não deixou, nesta vida quase nada,
Somente um coração triste a cantar
Uma canção de amor, desconsolada...
“Eu hoje estou tão triste, e tu também!
Tão triste, recordando o nosso bem...
Mas me diga, por favor,
Onde se escondeu, amor?
X
Seja feliz por toda a tua vida
Mesmo que a solidão fale teu nome
Mesmo que essa tristeza que consome
Demore-se em teu peito, dolorida.
Por tantas vezes somos enganados
Pela sorte ferina, traiçoeira;
Pensamos ter a dor por companheira
E que são tão medonhos nossos fados.
A cada novo sonho em descompasso.
Às vésperas da morte, em um fracasso,
Que a noite nos transforma em infelizes
Todo o tempo perdido em um amor
Que a solidão impede que revises
E transformes com calma e sem rancor.
Mas eu te peço, querida,
Em nome dessa amizade
Que essa dor tão dolorida,
Feita de tanta saudade
Não te impeça a claridade
Não consuma tua vida
Pois a tal felicidade
Nunca esteja, enfim, perdida...
Saiba que te quero, amiga,
Amizade é forte liga.
Como é belo teu brilhar!
Tua vida continua.
Tens na potência do mar
Toda a beleza da lua!
X
Na voracidade da dor
Num canibalismo louco
Devorando pouco a pouco
Pressentindo o meu pavor,
Tua boca entreaberta
Aguarda os restos finais
Nos amores canibais
Que teu desejo desperta.
Não vou me entregar inteiro
Nem pretensos suicídios
Nos teus venenos, ofídios
Nas armas deste faqueiro.
Vencido por não ter medo
Arremeto-me afinal,
Neste teu mundo abissal
Eterno mar, meu degredo.
Parido da própria morte
Ambivalente sentido.
Sem rumo, sigo perdido,
Teu amor era meu norte.
Mas tanta fome, querida,
E nada mais me sobrou.
Entreguei, a quem me amou,
O resto de minha vida!
X
Não meço meu amor, nunca se mede;
Amores e carinhos não têm preço…
Se dores me causais, tão logo esqueço,
Pois perdão, com certeza, amor me pede.
Se deito meu cansaço em teu regaço,
No abraço que me dás, a redenção.
Pois, Mais perto do teu, meu coração,
Se encontra, no calor do nosso abraço.
Meus passos, sem teus passos, se tropeçam
E caio, com certeza e me torturo.
Amor que nós sentimos, de tão puro,
Faz com que dois amores se mereçam!
Querida, minha vida em tua vida,
Refaz-se em minha vida, se alimenta
De tudo que, tão vivo, amor inventa,
E impede, a cada dia a despedida.
Amor que tanto amor, amor se deu,
Co’a força desse amor, nada resiste.
A dor nos abandona e vai tão triste,
Sabendo que, no fim, amor venceu!
X
Preso na garganta
Grito que não solto
Tanto me revolto
A vida dói, tanta.
No canto que tento
Invento meu cais
O meu grito, atento
Não solto jamais.
Recebo em tempesta
A festa que fazes
Nas frases mais feitas
Não peço mais pazes
As horas perfeitas
Desfeitas em dor,
O grito que penso
Mas não me convenço
O grito do amor!
X
Nas voltas que demos
Não nos demos bem...
Amor que tivemos,
Sem paz, sem ninguém!
Dançamos sem medo
Sem medo da dor
Da dor sei segredo,
Segredos do amor.
Amor sem ter dor
Não sei se é amor.
As rosas que exalas
Perfumes que falas
Nessa alma que tens
Abertas as salas,
Na noite que vens
A porta escancaro
Pressinto teu faro
É caro o meu bem
É claro que tem
Amor que é tão raro,
Sem ele, ninguém.
Dançávamos valsas
Nas danças da noite
Açoites os ventos
Valsávamos tanto
Da valsa, esse encanto
Que encanta meu bem.
Sem ter o teu canto,
Meu pranto já vem...
Na dança que danço
Não canso da dança
Amor sempre alcanço
E nunca mais canso
No manso dançar.
Que mostra esta rua
E se continua
Estás toda nua
Tua alma flutua
Na alma que é tua
A minha se avança
E dança, tão mansa,
Nos braços da lua!
X
Amiga, quando estávamos sozinhos,
Distantes dos amores, das tristezas,
O mundo se enfeitava com belezas
Diversas que alimentam nossos ninhos
Das flores mais tranqüilas da existência,
Que turvam-se, depois da adolescência.
Porém, na primavera, tempestades,
Hormônios traduzidos em paixões.
Da calmaria surgem furacões,
Misturam-se diversas qualidades
De sentimentos loucos e fraternos.
As vidas transformando-se em infernos.
Depois de tantas lutas e ciúmes,
Caminhos diferentes, novas trilhas,
Em meio a confusões e maravilhas,
Os sonhos se perdendo dos perfumes...
Os casamentos, filhos, os divórcios.
Empresas procurando novos sócios....
Após, maturidade se aproxima,
Os ventos que se tornam brisas mansas,
As noites de loucura, calmas danças,
Paixão se transmudando em doce estima.
Ao ver-te minha amiga verdadeira,
Penso na derradeira companheira!
X
Eu te amo. Simplesmente és minha vida!
Tantas vezes eu sofri,
Minha noite, por vezes, vã, perdida...
E tu estavas aqui.
Caminheiro sem rumo, sem estrada,
Mas hoje vivendo em festa,
Pensava tantas vezes, não ter nada,
Na expectativa que resta
De poder ser, enfim, bem mais feliz,
E chegaste, como em sonho!
Tu és, da minha vida, o que mais quis.
O meu sonho mais risonho!
Agora que tenho
O amor que sonhei
Dos sonhos, a lei
Da felicidade
Que mata a saudade
Que traz o sorriso,
Vivo paraíso,
Meu mundo de paz,
Agora, capaz,
Viver, quero mais.
A morte, jamais.
Assim vou vivendo
Do mundo, aprendiz,
O tempo correndo,
Com claro matiz
Minha alma sorri,
Meu mundo é aqui
Ao lado desse anjo
O mais belo arranjo
Que Deus já criou!
X
A minha vida inteira penso em ti;
Nas horas mais difíceis, solidão,
A saudade remói no coração
Lembranças desse tempo em que vivi
Ao lado de quem sempre desejara.
Um amor como o nosso é coisa rara...
Desejo os teus momentos mais felizes
Ao lado de quem sempre desejaste.
Nosso amor que morrendo por desgaste
Foi perdendo por certo tais matizes
Que embelezavam toda nossa estrada,
E depois disso tudo, deu em nada...
Quando ouvindo o cantar de um passarinho,
Belas asas abertas da esperança,
Eu me lembro como era manso, o ninho
Mostrando em nosso amor, nossa aliança.
A gaiola do tempo te levou
Sabiá, de tristezas, não cantou...
Ao ouvir o lamento da saudade
Batendo nesta porta que fechaste,
Pergunto-me por que que tu mataste
Nossa felicidade, sem piedade.
A minha vida inteira penso em ti
E ,por vezes, te sinto bem aqui.
Ao meu lado querida primavera
Que negou, neste inverno, meu jardim.
Quem me dera te ter, ó quem me dera,
Os meus últimos dias junto a mim...
X
Resta uma mesa na sala
E uma rosa no jardim
Tudo canta, tudo fala
Saudade batendo em mim
Te vejo sentada à mesa,
Na jarra, vermelha rosa,
Refletindo essa beleza,
Nossa vida maviosa;
Coração de porta aberta
Refletindo o sol nascente.
No frio, nossa coberta,
O nosso amor envolvente...
Foste embora, minha amada
Nunca mais poderei ter
Minha vida anda cansada,
Mil vezes melhor morrer...
X
Meus parabéns, querida, parabéns!
Mais um ano passando sem te ter.
A saudade corrói e faz doer.
Procuro-te... Cadê? Mas tu não vens...
A noite passada
Na busca por ti
Não vejo mais nada
Será te perdi?
Estavas tristonha
A vida maltrata
A gente que sonha
Depressa destrata
Não deixa mais nada...
Um ano a mais
A vida traz
O sonho triste
Nada resiste
Ao triste sonho,
Amor risonho
Fica medonho,
Mas te proponho
Volta p’rá mim!
Meu amor
És a flor
Que plantei
Se fui rei
Ou se errei
Mil perdões.
Amplidões
Corações
Sem alguém
Sem teu bem
Sou ninguém...
Mas será que ouvirás a minha voz?
Meu canto agônico, perdido, triste...
Meu coração tão temerário, insiste,
Teimosamente. A vida é mais atroz...
Mas sinto que estarás aqui, amor,
Neste Nosso Natal, o da esperança,
Teus olhos carrego na lembrança,
Como ao perfume, guarda a triste flor...
Esse vento batendo na janela...
Toda noite trazendo o frio intenso.
Amor que se foi, forte e tão imenso...
Com o vento batendo, na dor, penso.
Mas a sombra da lua, me revela
Que não é mais o vento! Será ela?
X
Amor, a cantilena que domina.
Perfeita ladainha que repetes.
Nos ombros dolorosos, os confetes,
Em festas nunca deixam serpentina.
Nas horas que ignoraste meu tormento,
Isento das verdades e dos tinos,
Nas mãos que me carinham, desatinos,
Quem dera se viver fosse um alento.
Veria que falseias sem cuidados,
As mentiras, imbróglios, falsidade.
Depois de tanto sonho ter saudade,
De novo meus desejos sepultados.
Mas nada me impediu de te querer,
Nos mares que me deste em penitência.
Plantando no jardim quem quis hortênsia,
Deixou a solidão, triste prazer!
X
Amor que me arrebata e me corrói.
Jaz seta em velho peito sofredor,
Que vai de tanto embalde, sem amor,
E sempre que soluça, me destrói.
Amor embarco tolo em seus navios
Sem rumos em temíveis maremotos.
Distante dos juízos mais remotos,
Desata a lucidez, não deixa fios.
Amor envelhecido sem sucesso
Em formas de tormentas faz carinho.
Sem ter amor talvez morrer sozinho
Pareça o meu destino, meu progresso.
E nada que me impeça uma loucura!
Nem mesmo se farsante ou insincero,
Dê-me somente um beijo! Nisso espero
Talvez a solução, a minha cura!
X
Num jardim adornado pelas flores
Maravilhosamente perfumada,
Passeias desfilando teus amores,
Deixando a tola rosa enciumada...
Violetas e gerânios perfumosos,
Sentindo essa presença tão divina,
Murchando, pois que são tão melindrosos,
Lamentam, tão tristonhos, triste sina...
A flor cuja semente Deus guardou
E jamais brotará noutro jardim,
Ao ver que quase nada me restou,
Guardou essa semente para mim!
X
Em todo pensamento o meu desejo
De ter aquela musa que atormenta
O sentido e prazer demais sobejo
Que a cada novo beijo só aumenta.
Se traço meu destino ou não mereço,
Não vendo teus caminhos, me revolto.
E sempre que possível agradeço
Amor; pois, das mortalhas, já me solto.
Vencido por sentir que a vida passa
Nas horas mais fecundas eu me perco.
E tudo que não vejo me desgraça
De dores e quimeras vis, me cerco.
Mas quando o pensamento traz teu lume,
O gozo do ciúme me transtorna.
Amor que exagerado, sempre entorna,
Recende, nos teus seios, mais perfume!
X
O vento, o mar, a lua, a tempestade
Formando nossas musas e quimeras;
Belezas e bafios mansas feras
Às vezes nas unhadas, a maldade;
Deitados sobre mares revoltosos,
Nos beijos e mordidas revezados
Os olhos quase sempre iluminados
Reviram e maltratam tantos gozos.
Vieste em minha vida, um pouco cedo,
Mas sendo seu remédio, não te curo.
Apenas destratamos, mas procuro
Saber de teus perfumes, arvoredo.
O vento que no mar maltrata a lua
Em tempestades busca o seu remanso.
Nas noites que te caço, durmo manso.
E acordo co’a pantera linda e nua...
X
Não quero a liberdade sem te ter,
É breve meu caminho e quero festa.
Amor; pois, com certeza é o que me resta,
Decerto sem amor, cadê prazer?
Idade vai passando e sem motivos,
Não posso cultivar mais esse engano,
O tempo cruelmente aumenta o dano
Em corações diversos e emotivos.
Correndo sempre atrás de uma esperança
Alcanço, mal disfarço, meu começo,
Percebo que nascendo, meu tropeço,
Ao mesmo tempo caço e já me alcança;
Pressinto que viver sem ter amor,
É mais que uma opção, é minha sina.
Como posso, sou cego, um esplendor
Saber, se escuridão já me destina?
X
No tempo em que, dispersa nas saudades,
Dormias e não vias os meus dedos
Que buscavam carinhos sem segredos,
Nas ondas, t’as melenas macias,
Desse negro absoluto, as fantasias,
Que se traduziram em tempestades,
Desde que tu te foste, meu amor;
Não restando sequer sombras, desejos...
Saudades dos jamais tentados beijos,
Na angústia de te ser sem ter-te tido
Na perda do que nunca foi pedido,
Certezas de não ter nem desamor.
Fugias sem saber que eu te caçava
Nas noites e nos dias, nuvens tantas
O sol, também a lua, nunca brilham
Se não tiverem luz, nem maravilham
O céu que permanece nem escuro,
Pois é indiferente, nem maltrata.
Apenas existindo, sempre mata,
Aquele que jamais amor amava.
Amor sempre sonhava sem prenúncios
Com medo de ter medo da paixão
Nos vícios da temível solidão
Sabia que jamais fora feliz.
Mas a vida precisa ser por triz
Amor que se pretende quer anúncios!
X
No dia em que nasceste, tanta luz!
Os céus em claridade, extasiados,
Por fogos de artifício iluminados
Ao nascer desta estrela que reluz
Cobrindo toda terra de alegria,
Recobrindo o universo em fantasia.
Gerada pelos raios, pleno amor,
Num êxtase fantástico da paz.
De um útero materno em esplendor,
De tudo que um deus bom será capaz
De dar em gratidão à quem amara.
Entre todas as jóias, a mais cara.
E vieste deitar-se aqui do lado,
Maravilhando os sonhos mais sutis,
Trazendo para o peito apaixonado
As boas novas: ser, enfim, feliz.
A deusa enobrecendo meu viver
Refaz meu coração em seu prazer!
X
Na claridade da aurora
O brilho dos olhos teus
No contraste com os breus
Tanta beleza nesta hora...
Amada, como fascinas,
Ao te ver tão de repente,
Amar é, decerto, urgente,
Nas auroras que iluminas...
Depois de tanto tormento,
Depois da vil solidão,
Abrindo meu coração,
A doçura de um momento.
Não quero mais que tu vás,
O que farei se tu fores?
Não quero mais os horrores.
Preciso viver em paz!
Depois de tanto sofrer,
Sem ter ninguém ao meu lado.
Um viver desesperado,
Esperando o sol nascer.
Quando te vi, na manhã,
Iluminando, serena,
A minha alma, tão pequena,
Passou a ter amanhã!
Toda alegria de agora,
Que alimenta a fantasia,
Surgiu, tão bela, em um dia
Em teus matizes, aurora...
X
Tua beleza desnuda
Sob os raios desta lua.
Meu amor também flutua
E pede, aos céus uma ajuda,
Para que possa sonhar
Na delícia do luar...
O luar que te ilumina.
Testemunha o sofrimento
Que traduz o sentimento
Mavioso que domina...
Tanto amor que me fascino
Neste luar cristalino...
Amiga pr’a que tortura?
Amor tarda mas já vem...
E nos braços do teu bem
Num delírio de ternura,
A noite clareia a tez
Alvejando esta nudez...
X
No meu sonho delirante
Os teus braços nos meus braços
Num maravilhoso abraço
De beleza estonteante.
A tarde já traz a lua,
Plenilúnio em fantasia
Ao por do sol morre o dia,
A beleza continua.
Os nossos corpos salgados
Entrelaçados, se fundem.
Noite e dia se confundem,
Nos olham, emocionados...
A beleza delirante,
Traduzida no prazer,
Dá vontade de viver,
E morrer ao mesmo instante!
X
Amor que ao me ferir, também se fere
E sofre do veneno que envenena.
A sorte de te amar, calma e serena,
Ao mundo, o meu amor, cedo transfere.
E toda a correnteza vai ao rio,
E leva para o mar meu triste canto,
Netuno, apaixonado em tal encanto,
Abraça uma sereia, em desafio.
Perdido nos amores e delírios,
Netuno se entregando ao louco amor.
Em ondas gigantescas, esplendor,
Dos mares revolutos, os martírios.
Amor incendiando todo o mar,
Prepara uma armadilha em duro adeus,
Netuno, majestoso, viu que, amar,
Também traz sofrimento, ao velho deus...
X
O fogo ardendo trouxe a forte chama
Que refletida em tudo, acende amor
E faz com que essas ondas de calor
Reflitam nos olhares de quem ama.
Ao verem a beleza em minha amada,
Nos seu rosto, o reflexo das estrelas,
Em milhares de lumes, tantas velas,
Uma estrela, por certo, apaixonada
Mergulha no horizonte, lhe buscando.
Ao mesmo tempo, um raio de luar
Enciumado, se joga sobre o mar,
E toda a natureza se entregando...
De todo esse romance, os elementos,
Aos pés dessa mulher apaixonante;
Num sonho divinal, estonteante,
Misturam corações e pensamentos...
X
Olhos formosos onde a natureza,
Demonstrando o poder de uma paixão,
Encontra a plenitude da emoção
E se derrama em raios de beleza.
Envolta nesse lume em festival,
Apaixonadamente entregue ao sonho
Recebendo o carinho mais risonho
Da beleza sem par, sensacional.
Pressinto meu desejo satisfeito
De poder navegar em noite escura.
Em claridade, os olhos da ternura,
Invadem e iluminam o meu peito.
Amor de raridades, diamantino;
Meu penhor te dedico, fervoroso,
Na certeza de ser maravilhoso
O caminho que traça o meu destino...
X
Mãos delicadas,rosas estendidas
Sem espinhos. Carinhos e desejos,
Nas mãos glorificados azulejos
Que bordam, maviosos, nossas vidas...
E fazendo de cada dia um sonho,
Permite-nos viver em tal leveza
Que possa nos trazer maior fineza
De viver horizonte mais risonho...
Mas, se não as tivesse delicadas
Como a mansidão breve de um carinho,
Amor que te dedico, mais sozinho,
Não saberia dessas mãos de fadas.
A beleza, ao sentir tua presença,
Em ciúmes se recolhe, sem alarde.
Amor que traduziste, mesmo tarde,
De toda a minha vida, a recompensa!
X
Amar nos faz crer no incrível,
Ver o impossível
Sentir o inesgotável
E impalpável.
Amar é ter asas nos pés
E viajar pelos espaços
Pelos universos
Que estão contidos
Nas entranhas mais profundas
Das nossas almas.
Amar é expor a nudez absoluta
E não ter vergonha
Esconder as estrias da alma
E do corpo,
Mas não reparar nas do outro.
Amar é ser não só capaz de ouvir
Estrelas,
Mas mesmo de pegá-las
Nas nossas mãos
E até devorá-las
Roubando os seus lumes...
X
Eternizar cada momento
Que tivermos, de amor.
Poder fazer de cada segundo
O primeiro e último
De nossos dias.
Viver as fantasias
Mais felizes e,portanto,
As mais difíceis.
Ser refém das alegrias
Sem esquecermos jamais
De que a vida não volta
O tempo não pára
E a felicidade dura um minuto
Mas vale por toda a nossa vida!
X
Nosso amor, sentimento mais feliz
Que nos transforma sempre e sem demora.
Uma alma sem amor, decerto chora
E procura noutra alma seu matiz.
Amor, por tantas vezes solitário,
Esperando poder compartilhar
A beleza inerente ao próprio amar.
Sem temer parecer mais temerário.
Amor, que ao produzir felicidade,
Reparte toda a sorte deste mundo.
Das águas deste amor, eu já me inundo,
Feliz em me afogar; cumplicidade!
X
Vaga mundo, devagar
Vago o tempo, sem demora
Tanto tempo por passar,
Relógio, marcando a hora...
Cálice de vinho tinto,
Trazendo sangue na boca,
Amores são tantos, sinto
Louca vida, vida pouca...
Na verdade, foste santa
Perdoando meus pecados,
Tua alegria me encanta,
Belas flores, belos prados...
Em teus seios, sei saudade;
Tua boca me devora,
Vem viver felicidade,
Nosso tempo não demora...
Água correndo no rio,
Do teu rio, vai pro mar.
Moça, me dê o teu cio,
Teu corpo, vou navegar...
Viver sem medo, cigano,
Sem segredo e covardia
Passando dia, mês, ano;
Montado na fantasia...
X
Sem ter nada por dizer
Desse tanto que já disse
Por ter medo de viver
Sem ter nada que afligisse
Pelo canto mais sensato
Desse rio, do regato.
Por não temer o cansaço
Por nem ter o teu regaço
Quis fazer essa manhã
Com teu gosto minha amada
Ter no meu peito a terçã
Ter nos olhos madrugada
Sem saber por onde andar
Nem ter medo da saudade
Nem vontade de voar
Quero ter somente a lua
Mudando a forma, mas nua.
Percorrendo cada rua
Como se fosse ela, a tua.
Como poder ser teu colo
Como transformar teu solo
Como navegar ao pólo
Como resistir ao canto
Envolvendo-me no teu manto
Encantando-me teu encanto
Navegando no teu mar
Procurando teu cantar
Sabendo bem mais te amar
Que poderia essa vida
Ser estrada tão comprida
Que nunca pode estancar
O que sangra sem segredo
Esse amor me dando medo
No meu último degredo
No final dessa cantiga
Que de tanto ou mais antiga
Vai queimando feito urtiga
Fazendo a vida serena
Dando dor a quem tem pena
Dando essa asa a quem não voa
Vou levando a vida à toa
Navegando essa canoa,
Vivendo essa vida boa.
Com o gosto da saudade
No peito essa liberdade
Carregando a vaidade
De ser livre, sem ter medo.
De saber qual o segredo
Para poder suportar
As dores mais poderosas
Vou tentando perfumar
Com os olores das rosas
A quem queira me amar.
Quero saber dessa sina
Que me traz a ti, menina.
Que me faz sentir, calor,
Nos braços do meu amor
Na rede toda preguiça
Que vem, prende me atiça.
Me dando essa sensação
De chegar nesse meu chão
Carregado de perdão;
Lavando toda certeza
Na chuva da madrugada
Tornando desesperada
Cada ausência sem você
Querendo, só por querer.
Querendo sem nem poder
Amar quem nunca esqueci
Na vida que já perdi,
Na curva dessa esperança
Ser de novo tão criança
Trazendo em minha lembrança
O gesto mais delicado
Onde amor tornou-se fado
A vida dando o recado
O medo andando de banda
Pesando o peito sofrido
Que por muito já vivido
Leva seu tempo perdido
Vai em busca da certeza
De encontrar essa beleza
Que todos chamam verdade,
Mas pra mim, sinceridade.
Conhecendo a liberdade
Chamo de FELICIDADE!
X
Muitas vezes te perdi.
Obuses abusos luzes me cerziste.
Cinzas cravos mortes seduziste
Nada mais te temo
Meu último ultimo teu timo
Estimo teu rumo, prumo e destino.
Atino e desatino, átomo desato-me...
Religo restinga e montanha.
Minha senha, minha sanha.
Nas morfinas noites alucinas.
Aços e ações. Rabecões.
Carrego meu corpo
Levo para a cova.
A sova do não
O pão sovado.
O amor desengonçado;
O nada sem gosto
Sem sal.
Soletro seu amor.
Seleto e sem sabor.
Completo desafeto,
Perpetuo este feto.
Perpétuo aspecto
E respeito.
No peito
Um jeito de não bater.
Baterias e bactérias terias.
Mas não me tens e vens
E vens e não me tens...
Se não vens me terias.
Mentirias se me tiveste.
As hastes que quebraste
São as mesmas que sustento.
Meu vento e feitio
Fastio,
Estio
És
Ex.
Estilo
Estrilo
Estridor...
X
Festas e feitiços
Feitores...
Eis nosso sangue
Transfuso...
Amores...
Confusos e fusos.
Fusões.
X
Quero teu acero e seu sincero
Sínodo e sentinela.
Vento e temporada.
Amada, sou nada, adiciono e não prossigo.
Ligo mas não sabes.
Sebes e senzalas. Somas e mortalhas.
Retalhos do que sou caminham soltos.
Envolto em teus desejos e delírios.
Frio, calafrio e fantasia...
Hiperestesia sem vacina.
Tino e tina, mar e manto,
Marítimo cortejo.
Desejo me definho.
Fio e farpa.
Harpa e cancioneiro.
Viés e panacéia.
Somos a mão e o formão,
Quem sabe virá o novo dia?
Meus filhos, sem hora, senhora
De todos os meus lodos.
Minha casa e meu ocaso.
Fácil saber por que não vens...
Amor louco motiva, locomotiva
Perdi vagão.
Perdi sertão
Fui tão e nada sou.
Céu sem lua.
Nua a vida continua...
Contínua ladainha...
X
Se não existisses mais...
Minha vida sem sentido.
O meu barco vão, sem cais.
Tempo passando, no olvido...
Vida sem paz é mortalha...
Restos de ilusão, mar morto...
Faca penetrante, entalha
Rumo sem juízo e torto.
Se não existisses mais
De que serviria o canto.
Não iria nunca mais
Saber da vida, o encanto.
Na minha alma amortalhada
Nem mesmo tais ilusões;
Não haveria mais nada,
As não ser as decepções.
Se não existisse amor
De que valeria a vida?
A vida morrendo a cor,
Nas tristezas, envolvida..
Inda bem que estás aqui.
Sentindo tua presença,
Da vida já recebi
Minha maior recompensa!
X
Versifico com cuidado
Não pretendo magoar
Aquela que foi passado,
Nunca mais irá voltar
Não procuro por saudade,
Nem cheguei a perguntar.
Vago ruas na cidade
Esperanças de voltar.
Teus braços são meus descansos
Nas estradas que passei.
Os olhos são os remansos
Onde enfim eu descansei.
Quem quisera ser saudade
Dos meus braços sairá,
A canção da liberdade,
Todo pranto cantará.
Minha senda é sempre leve,
Meu caminho pesa cruzes.
Meu amor passou tão breve;
Nos espinhos e nas urzes.
Quem não quer ser mais sereno
Trovejando vai passar
Amor que não tem veneno
Serenatas ao luar.
Minha luta é sem destino,
Os meus olhos negam sol.
O amor desse menino,
Ilumina qual farol,
Todo tempo que não tenho,
Nada fiz que não valia.
Quando em tristezas me lenho,
A noite não traz o dia.
Toda minha fantasia,
Se perdendo num abismo.
Quem souber da poesia
Esquece do fanatismo.
Quadro que pinto não nego,
Tenho as tintas que encontrei.
Toda dor que não carrego,
Nas espadas dessa lei.
Vi meus barcos naufragando,
Vi meu tempo sem remédio.
Meu amor já foi mudando,
A vida não quer mais tédio.
Toda trama me envolvendo,
Nunca pude revelar,
Minha dor pede remendo
Nas espreitas do luar.
Vacinei a tempestade,
Encampei a solidão
Esqueci felicidade
Fechei porteira e portão.
Menina não tenho prenda,
Não me prende teu amor.
Vestido de chita e renda
Nos cabelos, uma flor.
Na mão a rosa vermelha,
Certezas no coração.
A vida pede centelha,
Não terá mais solução.
O meu verso de repente,
Volta e meia não tem fim.
Todo amor que se sente,
Emana dentro de mim.
Quero o tempo sem certeza
Sem ontem nem amanhã
Tudo que tiver na mesa
Procurei com muito afã
A geléia e sobremesa
Vieram lá do quintal.
Só restou esta certeza,
Minha vida no varal,
Quarando qual fosse sina,
Que não deixa seu recado.
A mão que cedo assassina
Não permite um belo fado.
Recado que não foi dado
Às expensas da paixão.
Quando foi, foi malcriado
Esperando teu perdão.
Navego por sete mares,
Oceanos sem penedos.
Minhas noites sem luares,
Meus pesadelos, segredos.
Na rosa que tu me deste,
Espinhos fincaram fundo.
Amor que tens não empreste
Meu coração viramundo
Sabe das horas sem rumo
Quem não sabe não deseja
Amor que não mede prumo
Nunca nega nem me beija.
Sempre vaga estrela morta,
Sempre rouba no final
Minha vida morre torta,
De tristezas, festival.
O canto do passarinho,
Na gaiola não se ouviu.
Buscando seu velho ninho,
Muitas saudades pariu.
Minha mão não tem as linhas
Nem da sorte nem da morte,
Migrando qual avezinhas
Procurando pelo norte.
Somos versos reversos,
Inversos e inversões
Não quero mais universos
Nem quero rebeliões
Quero o canto mais sensato
Da vida que não me leva.
O meu medo é do regato,
Alma triste já neva.
Sofreguidão traz demência
Não pode servir de alento.
É tudo coincidência
A mão da sorte no vento.
Um remendo sem sentido,
Um vaso que não se quebra
Um amor mal resolvido
Nunca nas danças requebra
Me empurrando do penhasco
Amor que não deve nada
Se no final me sobra asco
Amor de carta marcada.
Revezando meu barraco,
Sai Joana entra Maria
Na vida sei que sou fraco
Vivo errando pontaria
Meu descanso é trabalhando
No suor já fiz a cama.
Muito tempo procurando,
Esqueci como se chama.
O monte que não divide
A terra que não concebe
O medo que nunca tive
O resto não se recebe.
O dedo que não aponta,
A faca que nunca corta
Estrela que não tem ponta
Minha esperança é morta,
Vizinho não sei o nome
Mortalha que não me cabe.
Se vou comendo sem fome
Meu mundo que não se acabe
Se viver virou meu mote,
Se não posso mais cantar
Enchi de fel esse pote,
Encharquei água do mar
Fiz desejo minha luta
A força que nunca tive.
A mão se anuncia bruta
O pranto que não contive.
O resto levo na vida
Na vida que não me resta
Liberdade sei perdida,
Observando pela fresta.
Vivendo sem ter juízo,
Não tenho medo ou saída
Vou morrer no paraíso
Preparando a despedida
Não quero choro nem vela
Nem discursos de mentira
A fita que tenho amarela
Não restou sequer a tira.
No velório que se preza
Defunto que não se enfaixa
Não quero nem mesmo reza
Derrame muita cachaça.
Quero dança e rapapé
Quero riso da viúva
Depois de ter rastapé
Que me caia muita chuva.
Mordida de jararaca
E de formiga saúva.
A sobra deixo de inhaca.
Pra sogra mostro essa luva.
O parto que nunca parte
Pois o resto fica aqui.
Molambo por toda parte
Dessa terra onde nasci.
Um gosto de rapadura
Um cheiro de café fresco
A noite que seja escura
Já pintei o meu afresco.
“Aqui jaz quem não jazera
Se jazesse a medicina”
Minha casa foi tapera
Minha morte, minha sina.
Defunto não fala nada
Minha voz já não tem força
Vai chegando a madrugada,
Por mais que torça e retorça,
No final quase não sobra.
Vencida minha batalha,
Vestido couro de cobra,
Na ponta dessa navalha.
Eta corpo mais pesado,
Como pesa esse presunto.
Que pena não ser alado,
O danado do defunto...
X
Quero teu corpo querida
Desfrutando toda a vida
Que ele poderia dar
No céu, luz e luar
Na vida sem ter parada
No sentido dessa estrada
Que no final dá em nada
Sentir tua madrugada
Nos braços de minha amada
Na canção desesperada
No tão ser e nem ser nada
Nem tentar te conhecer.
Quero muito de tão pouco
Querida, teu grito rouco
Muita grana e pouco troco
Sangrando após cada soco
Morrendo sem poder ter
Nem podendo mais conter,
Nessa centelha viver
E em cada instante morrer
Sem teus olhos para ver.
X
Seu moço, por caridade
Escuta esse povo sofrido
Que vive nas tempestade,
Trabaia quar desgraçado
Pelos mata e nas cidade.
Esse povim sem parage,
Vivendo sem amparage
Dos home de capitár.
Eles chinga nóis de tudo
Quanto ruim há no mundo.
Chama nois de vagabundo
Que nois semo anarfabeto
Que nois semo cachacero,
Que num pode dá denhero,
Pra móde sobreviver,
Essa raça de safado
Desses pobre desgraçado
Que róba mais que ladrão.
Eles conta a mentirada
Pois num cunhece uma inxada
Nem sabe o valô da gente,
Pru mais que o mundo comente.
Nóis num passa de pilantra
Nossos fío, qui nem pranta
Num percisa de comida.
Essa gente é convencida
E não cunhece nois não
Não sabe o valô da vida
Sufrida nesse sertão.
Nem anda nesses comboio
Quar boi em canga marcado
Que anda dependurado
Nesses trem cá da cidade.
Nos otromóve eles passa,
Nem percebe os coletivo
Cheios desse bicho vivo
Que eles cunhece pur massa;
Trabaindo todo dia
Pra pudê dá mordomia
Presses homê, prus dotô
Nóis semo quem aproduz
A cumida que eles come
Apois veja, a própra luz
Que alumia bem os home
Se num fosse os disgraçado
Se num fosse o seu trabáio
Já tava tudo apagado,
Queria ver nos atáio
Dessa vida, vivo táio,
O rumo que eles tomava,
Quem sabe se eles paráva
Nus beco onde a gente véve
Onde não há quem se atreve
A chamar de residença
Chei de criança e doença,
Pra podê tê consciença
Da vida que leva a gente
Dexava nois té contente
Preles pudê aprender
Que num basta sabê lê
Pra se dizê sabedor
Que é percizo munto amô
E bem sei, que só merece
Amor, quem se conhece
Que num sabe conhecê
Aquele que nunca viu.
Portanto, moço seria
De munta serventia
O sinhô pode passá
Pobreza só pur um dia
Pra mode valorizá
O trabái de nossa gente
Quem sabe, ansim seu dotô
Havéra de valorá
Esse povo brasilero
Ia aprender mais, garanto
Que nos livro lá da escola
Nóis só presta em feverero
Ou se for craque de bola
Aí vanceis acha bão
Inté pága pra nus vê.
Nossas fía mais bunita
Tumbém serve pra vancê
Nas buate mais perdida
Mais se incontra pra valê
Com home de capitar
Pra servi de companhia,
Mas mar amanhece o dia
Tudo vorta como era antes
Dispois vem esse disprante
De chamá di inguinorante
O povo mais umiádo
Nois tudo semo safado
Na vóis desses doutô
Se esquece que nois é home
Nem percebe se nois come
Se nossos fío tem fome
Isso nem lembra o sinhô
Na hora dos seus projeto
Nois semo tudo uns inseto
Sirvimo pra atrapaiá
Sirvimo pra trabaiá
Pra alimentá os dotô!
Intonces já me vô indo
Pros sertão to retornando
Pras favela vô saino
Meu tempo ta se acabano
Vo vortá pro meu roçado
Ou então pro meu serviço
Passa dia mês e ano
O carro num anda, enguiço,
Já faiz tempo tá parado.
Mais ficaria contente
Se oceis perduasse a gente
Num custa perdão pedido
Perdoa por ter nascido
Um fío meu lá em casa
Que, pros óio dos doutô
Foi feito por descuidado
Nasceu fruto do pecado
Da inguinorança da gente
Mais me dexô bem contente
Esse meu menino amado
Que é fruto de munto amô.
Que nois pobre, tombém ama
Embora oceis me parece,
Num cridita nisso não
Nóis tudo fais nossa prece
Nóis tombém somo cristão.
Fíos do mesmo Sinhô
Que morreu, naquela Cruz
Que foi feito cum amô
E era pobrinho, Jesus.
Então pense por favô
Nu munto que se ensinô
O Pai de todos os home
Dos que come e que tem fome
De todos sem distinção
Que nois tudo nessa vida
Por mais que seja doída
Por mais que seja distinta
Diferente em sina e tinta,
NOIS SEMO TODOS IRMÃO!
X
Quando falo de saudade
Logo me vem tua imagem
Percorrendo esta cidade
A cada rosto miragem
Vejo essa boca pequena
Em cada curva da estrada
Minha vida, de serena.
Transformou-se revoltada
Numa grande tempestade
Que não tem mais paradeiro
Dolorosa de verdade
Te procuro o tempo inteiro
Quando acordo tão sozinho
Vou procurando te ver
Já não tenho meu caminho
Já não consigo viver
Quero te ter bem comigo
Pra me dar alento e amor
Pois sem ti eu não consigo
Encontrar mais o calor
Do que foi feita essa vida
Vida minha em tua feita
Minha vida vai perdida
Sem a tua nessa espreita
Nem espero mais ter vida
Se não tiveres por mim
Vida minha triste lida
Sem tua boca, carmim.
Quero o sol da madrugada
Quero a lua desta tarde
Vou morrendo sem ter nada
Vou vivendo de saudade.
X
As palavras soltas
Quando estão revoltas
Em versos morrendo
Diversos sentidos
Já tão esquecidos
Vejo renascendo.
Amores amaros
Amargos licores
Nas tão belas flores
Sentidos ignaros.
Se tenho ciúme
De ter teu perfume
Não peço que o vento
Traga-me o tormento
Nem impeça o sonho.
De amor que me rói,
Embora risonho,
No fundo destrói.
Diga-me seu nome
Tão triste quimera
Amor quando some
Ressurge na fera.
Espreito esperança
De novo, outra dança.
Agora meus dias
Sem ter fantasias
Depressa cometo,
Amor que me acalma
A ti eu prometo,
O coração, a alma...
X
A desesperação que se aproxima
Por teres nada feito e sem recados.
Os veros pensamentos, velhos fados,
Entendem que em teus versos, sou a rima.
Embora não percebes como tocas
Os céus de meus desejos quando ris.
O mundo que a sorrir não faz feliz,
Embrenha em nossos sonhos, nossas tocas.
Meu peito não se sente magoado
E Espera que definas tua história.
Talvez conheça enfim a sorte e glória
De poder estar sempre do teu lado.
Mas sinto que esta noite nunca vem,
Embalde em desespero reze tanto.
Amor quando me nega seu encanto,
Esparsa do meu canto todo o bem..
X
Se sabes como em olhos nascem mágoas
Que tramam contra o peito sofredor.
Vencido pelas tramas deste amor
Meus dias se derramam sujas águas.
Agruras de viver sem ter espaço
Em passos desmedidos sem futuro
O canto que mais temo não depuro
Em versos desafio o meu cansaço.
Medonhas tempestades se aproximam
Mas tenho teu amor como defesa
Não posso prosseguir virando presa
Das dores mais cruéis que me dominam;
És forte e soberano, amor divino,
Que nada mais me traz sem que me cobre,
E pago com moedas d’ouro ou cobre,
Amor que é tão vital e cristalino.
Amor que com amor sempre se paga,
Não cabe e nem contém desesperança.
Portanto toda noite fica mansa,
E o medo de viver já não afaga.
Elevo o pensamento a Afrodite
E peço proteção a cada dia,
Amor se revelando na alegria
Do amor, faz que no amor eu acredite!
X
Minha alma na tua alma enveredada
Passando por tais pontes perigosas
Que valorizam sempre mais as rosas
Por terem sua senda perfumada.
Pretendo te fazer o que sonharas
Nos tempos doloridos da saudade
Amor que se traduz felicidade
Libertando os corcéis dos tristes haras.
Não posso me caber se não te sei
Nem sinto teu suspiro junto ao meu.
Minha alma de tua alma se perdeu.
O rumo que esquecemos, tua lei.
Passando por distantes arvoredos,
Nas alamedas sinto uma esperança;
O gosto de teu beijo já me alcança
E mata, sem saberes, os meus medos...
X
Vencido pela saudade
Retornando à tua casa,
Buscando felicidade
Porque a dor jamais se atrasa.
E sempre que me procura
Escurece e mortifica
A tristeza se amplifica
E nada mais a segura.
As cores de amores tantas
São quanto meu sentimento.
Se solto teu nome ao vento,
Saudades, já me adiantas.
Mas guardando a proporção
Amor é tão gigantesco
Que é o maior parentesco,
Pois feito no coração!
X
Buscando no frescor de teu sorriso
A fonte que me inspira todo dia.
Se tento tanto amor e fantasia
Por certo nunca irei ao paraíso.
Amores não se pedem, se conquistam,
São lutas que refazem –se sem tréguas.
Procuro por amores, tantas léguas
Embora quase sempre nem me avistam.
As sombras que provocas quando passas,
Segredo, são os rumos que pretendo.
Sem sorte ,sem amor, eu vou morrendo
Os olhos embotados nas fumaças.
Depois de tantos dias sem ter chama,
Chamando por teu nome, amor responde:
Da história, sem querer, perdeste o bonde.
Amor que tu querias pouco te ama!
X
Passeio meu desejo por teus seios
Receios de não ter o teu prazer
As mãos que percorrendo sem saber
Encontram nos teus seios meus receios.
Eu quero e não disfarço teu encanto
Em cantos mais diversos e sutis,
No fundo o que mais quero, ser feliz,
Vasculho no teu corpo, canto a canto...
Embora teu desejo em meu desejo
Nos olhos finalmente a bela luz
Traduz o que nem sempre reproduz
A boca que ocupei, num louco beijo.
E quero que te queimes na fogueira
Esgueira pela cama, mas te caço.
Desejo com desejo firma o traço
E faz nosso prazer, a vida inteira!
X
Mereço, por acaso teu desejo?
Não sei se poderei mas bem que tento.
Vivendo por viver, cada momento,
Espero que afinal, ganhe teu beijo.
Mas se não me quiseres, o que faço?
Perdido e sem ter rumo, nada penso.
Amor que sempre quis, de tão imenso,
Ocupa o coração, não deixa espaço.
Não me deixaste nada e nem me queres,
De todas as feridas, nem indício
De que possa escapar do precipício
Que sempre desejei ter nas mulheres!
X
Quando passas, caminhos mais libertos,
No fundo de teus olhos sinto o sol.
Amar-te sempre foi o meu farol
Que brilha nos meus rumos mais incertos.
Pois Visto que eu não quero te perder,
Enquanto tu viveres, sim, vivo eu
E faço deste canto todo teu,
O meio de poder sobreviver.
Mas se não voltares, que farei?
Não deixe essa bandeira sem defesa
És toda a minha vida, uma princesa,
Que me faz toda noite, ser um rei!
X
Nunca mais cantar morte, quem me dera.
Esfera que me espera e que me move.
Se nada do que tive, te comove,
O dente que mordeste, sangra a fera.
Se nada mais me cansa que a distância
Que leva meu caminho ao teu caminho.
Prefiro que me deixes mais sozinho,
Amor que não pretendo de inconstância.
Se mostras novidades nos desejos
Em falsas cicatrizes, ressuscito.
E cada vez renovo o mesmo rito
Tentar te convencer: me dê teus beijos!
Não vejo nem as sombras do que quero.
Nos fumos que percebo, nossas almas
Viajam infinitos, não me acalmas,
Pois muito mais de ti, decerto espero!
X
Anos, amos, que marcam sem demora
Vertendo na miséria meus amores.
Que falsos, plastificam tantas flores.
Em meio a tanta dor, tortura aflora.
Embora não se mostre tanto boa,
A hora de viver passa correndo.
E quando mal pressinto, percebendo
Que nada mais me resta, o tempo voa!
Nos calendários sinto que não vens,
Mas assim mesmo sonho tua vinda.
A noite que passamos, brilha ainda
Em todas as saudades os meus bens.
Cansado de correr por tantos mares
A mando dos amares que não tive.
Porejo tantas lágrimas! Estive
Em busca de teus olhos nos luares!
Mas sei que não desejas mais voltar!
O leito que deixaste quer deleite.
Pedindo-te afinal, que me deleite,
Nos braços onde sempre fiz amar!
X
Procurando , no mundo certo bem
Que sinto não ter tempo de chegar,
Depois de tanto tempo sem ninguém
Alguém que me quisesse sem pensar.
Meu destino não disse das promessas
Que foram feitas sempre em fantasia.
Amor que não proponho não viria
A vida sempre pega suas peças.
Mas andando por luas e por mares,
Vivendo essa tormenta de te amar.
Querendo por amor, o teu amares,
Amando sem saber onde encontrar.
Vegeto se não tenho teu amor.
E nada mais tortura que t’a ausência.
Amor sem teu amor é desamor.
E toda a minha vida, penitência!
X
Apaixonadamente me conquistas
A cada dia mais e mais e tanto.
Amor que me embalando em teu encanto
Transforma os corações em anarquistas...
Perdendo o meu domínio, te deliro,
Dos dois que éramos antes, em desejo,
Único coração, agora, vejo.
Espinho majestoso em que me firo!
Teu corpo no meu porto, todo meu.
As bocas se torturam e se pedem
E nada, nem as dores, nos impedem,
De ver na claridade, todo o breu.
E ter na escuridão a clara luz
Que sempre nos treslouca e nos seduz!
E saibas, minha amada companheira,
Que mesmo que não seja assim constante
Paixão que te transforma em minha amante.
Por certo é sempre forte e derradeira.
Mistura de prazer com tanta dor,
Um dia essa paixão trará o amor!
X
Meu amor aqui tão só,
Espero por teu carinho;
Canta triste curió,
Tenta fazer o seu ninho...
No cantar duma graúna,
Encontrei meu bem querer;
É forte como braúna,
O meu amor é você!
Na viola canto primas,
Minhas primas, vou cantar;
Vou brincando com as rimas,
‘Té o tio reclamar!
Sei o gosto da tristeza,
Agostos quase setembro;
Maria foi a beleza,
Que eu encontrei em dezembro...
As marcas do meu passado,
Ficaram no que vivi;
Meu amor foi encontrado,
Jogado no CTI...
Amor que me traz saudade;
Isso digo, e ponho fé,
Doce coceira que arde,
Parece bicho de pé...
X
Vi meu barco na calçada,
O meu carro foi pro mar;
A minha mulher amada,
Vive escondida ao luar...
O que quero sei de cor,
Mas não sei se isso é verdade;
A catinga da Loló,
Apaixonou o compade...
Aninha, quando menina,
Andava sempre fagueira;
Tentava dobrar esquina,
Banho de sol? Na fogueira...
Belinha é muito bacana,
Todo mundo sempre diz;
Eta garota sacana!
Mas bem sabe ser feliz...
Não sou mais que cercania,
Quem me dera ser divisa;
Não consigo ver o dia,
Quero sentir doce brisa...
Poemas. não sei fazer,
De rimas não sei falar;
Meu amor, cadê você?
A procuro no luar...
A lua que brilha aqui,
Não é a mesma de lá;
Pois na terra onde nasci,
Rouba luz do teu olhar...
Quando nasceste, Ritinha,
Toda terra festejou;
Relampeou, de noitinha,
Até Deus comemorou!
Meu amor não tem segredo,
Nem precisa de recado;
Com você perco meu medo,
Coração descompassado...
X
Cabem tantos pesadelos,
Nos sonhos da minha amada,
Quem dera pudesse vê-los
Não sonharia mais nada...
A viola ponteada,
No canto do boiadeiro,
Viajando, corta estrada,
Nesse sertão brasileiro...
Rosa vermelha seduz,
A branca acalma o sentido,
O meu amor já reluz,
Sem ele, sigo perdido...
Trovas faço sem parar,
Meus versos trago n’ alforje,
Quero montar, no luar,
No cavalo de São Jorge...
Mariana passa leve,
Leve Maria pro mar,
Maria, a vida tão breve,
Mais breve, quero casar...
Temporal tem tempestade,
Raio, corisco e clarão,
O amor tem tempestade,
Faz tremenda confusão...
Quero beijar sua boca,
Mas você não quer mais não,
Minha amada ficou louca,
Maltratou meu coração...
Trago a tesoura do tempo,
Para cortar a paixão,
Não posso ter contratempo,
Vou cortando de raspão...
No meio da capoeira,
Caipora se escondeu,
Meu amor, na vida inteira,
Caipora já fui eu!
Me disseram, que maldade,
Que não posso mais amar,
Me negaram claridade,
Se esqueceram do luar...
Espada corta fundo,
Machucando de mansinho,
Tanta espada nesse mundo,
Mas me inundo de carinho...
X
A verdadeira amizade
Não permite a traição
Muitas vezes pede o não
E por vezes, dá saudade.
Amizade não permite
Que amada pessoa grite
Nem se irrite com mentiras
Tantas flechas quando atiras
Matas assim sem saber
O que melhor posso ter
Por ti querida, sem medos.
A vida nos pede segredos
Que não confesso a ninguém
Nem por isso a noite vem
Se amizade é ponto forte,
Resistindo até à morte
É sorte rara na terra,
Mas quando amizade se erra
Desmorona e fere tanto,
Pior do que desencanto
É ataque sem defesa
Pois feito em fatal surpresa
A traição de um amigo
Que viveu sempre consigo
Teste fatal pro perdão
Difícil navegação
No barco do coração
É a pior tempestade
Que pode nos atingir,
Tocaia de uma amizade
Impossível de fugir!
X
Menino, quero a festa.
Sombrio, quero a morte
Garoto quero a pipa
Falante, papagaio.
Gestante, quero o verso.
Delírio, um universo.
Covarde, quero a lança
Intrépido quero o bote.
Destino, quero a sorte,
Poeta, me dês mote.
Confete, carnaval
Moreno, quero o sol,
Gelado quero a lua
Penado peço alma,
Postado um e-mail
Pacote quero fita.
Cinema quero filme
Restante quero o todo
Lodo quero o tombo
Arroubo quero a calma;
Arma quero a bala.
Bala quero o doce.
Doce quero a boca
Boca quero o beijo.
Beijo peço a língua
Língua quer tempero
Tempero diz pimenta
Pimenta e calor.
Calor me dá Maria.
Maria me dá filho
Filho quero cinco
Cinco quero os dedos,
Dedos teu anel
Anel diz casamento
Êpa! Tô fora....
X
No vermelho dos meus olhos
A luta por liberdade
No trânsito da cidade
No tropeço nestes óleos
Que simulam solidão.
Na solidez do desejo
No navegar da paixão
Procurando pelo beijo,
Desse teu vermelho lábio
Que, carnudo, encarna o sábio
Amor, sem conter limites,
Ao sabor dos teus convites;
Da solidão, inimigo,
Vivendo sempre contigo
Os sonhos de um amanhã,
No vermelhar da manhã
Desse sol que me engrandece,
Nascendo, a todos aquece.
Me faz retornar à prece
Em que agradeço ao Senhor
A vida que me concede
Pelo sol e seu calor.
No vermelho do meu sangue
Que traduz toda esperança,
No mar, no rio ou no mangue
Nos brinquedos de criança,
Este sangue que trafega
Dando vida a quem mais ama,
Pela mão pega e carrega
Vai acendendo essa chama.
Chama vermelha da vida
Que arde no fogo, feroz.
Trazendo sem despedida,
O brilho que, nunca atroz,
Reflete a luta bendita
Contra toda essa desdita
Que possa nos maltratar.
Sabendo, bem mais, amar;
Confortando o sofrimento,
Chama de amor e lamento
Vermelha como paixão.
Trazendo pro coração,
O retorno da beleza,
O término da tristeza,
Afagando , compaixão.
No Mar Vermelho da vida,
Atravessando, sem medo
Para trás, sem despedida
À frente, grande segredo,
Um novo canto de fé,
Onde, e por que Deus quiser
Possa –se recomeçar
Um novo tempo de glória
Um novo marco na história
Um novo canto ao luar.
No vermelhar dessa areia,
Onde encontrei a Sereia
Com seu canto a encantar
Trazendo ardente delírio
No vermelho deste lírio,
Cultivado com o sangrar,
Das lágrimas da morena
Que em meu canto, virou tema
Da forma sutil, serena.
Dos meus sonhos, meu lema
No meu barco, virou leme,
Pois ardor, não há que treme,
Sem o vermelho da louca,
Transtornando minha boca
Procurando tua boca,
No molho desse espaguete,
Vermelho, como o confete
Que encontrei na tua boca
Esquecido, e recordando
O tempo que foi passando.
À procura de teu mar.
Vermelho, conjugo amar!
X
Amor quando ofendendo as esperanças
Nos faz imaginar que a vida trai,
Nem sempre se levanta quando cai,
Principalmente mata sem mudanças.
Pretendo meu amor que amadureças
Nos sentimentos plenos e gentis.
Nem sempre uma paixão é mais feliz
Portanto se não queres, já me esqueças.
Ausente das estradas sem batalhas
Presente nestas guerras e pelejas
Amor que tanto fere, se desejas,
Encontra novos fios nas navalhas.
Mas deixe meu amor viver em paz.
Se nada te proíbo nem te peço,
Apenas pressentindo me despeço
Da dor que anoitecer, deveras, traz...
X
Desenganos permitem aprender
Que nem sempre teremos afeição
Embora uma amizade, a solução,
Tantas vezes ganhamos em perder.
Melhor caminhos livres sem enganos,
Tropeços fazem parte desta vida.
Amizade que se foi sem despedida
Não cabe no futuro em nossos planos.
Amigo que não sabe perdoar
Portanto não conhece pleno amor,
Em vida destilando seu rancor,
Depois de tanto mel, vem amargar.
Quem fora companheiro, nos traindo,
Nos mostra quanto a vida é tão instável,
Amizade, nem sempre é encontrável,
Pior quando nos mata, distraindo...
X
Se vou vivendo assim mais apartado
De todos os sentidos mais ferozes.
A vida me permite tantas vozes,
Já que vivo de tudo tão cansado.
Amor que me ferindo com seu fogo
Derrama em lava todo meu futuro
E queima clareando traz escuro
Não ouve nem sequer meu triste rogo.
Nos mares e nos males que fez cais,
O vento revoltoso da saudade,
Atando essa algemas, na verdade,
Amor que não pretendo nunca mais.
Revolvo em busca, paz, todas as terras
Não vejo um só retrato que me acalma.
Mas cada gesto teu refrescando alma
Permite que eu esqueça dessas guerras...
X
Deleite das belezas mais sutis
Em meio ao paraíso que prometes
Aos olhos das estrelas me remetes
E fazes o meu dia mais feliz.
Os rubis e esmeraldas não se sabem
Tão belos nem tão raros como são.
Assim também vivendo tal paixão
Amores e tristezas não te cabem.
Somente as alegrias que propagas
São fontes de ilusão que tanto quero,
Em ti, querida, amor, eu sempre espero
Nas delicadas mãos com que me afagas.
Rendido pelas rendas de teus braços
Nas teias deste amor não quero fuga.
E mesmo quando o rosto todo em ruga
Eu quero o meu repouso em teus abraços!
X
Lembrando do passado que passamos
Com passos, descompassos e promessas;
A vida se vivendo nas avessas
Embora sem sabermos bem, amamos.
Não deixe que a saudade nos deforme,
O medo também mata quem não ama
Ouvindo o coração ardendo em chama,
Quem pode com amor que nunca dorme?
Vivendo a cada dia sem sentido,
Sentindo o meu viver tão sem cuidado
Amor que delicia foi tocado
Por tanto amor maior já pressentido.
Quem perde as esperanças perde a glória
De ser feliz ao menos por um dia.
E ter, ao menos ,viva na memória,
O paladar suave da alegria!
X
Lembranças com saudade e nostalgia
Do tempo sem ter tempo, mas feliz.
De tanta juventude, um aprendiz
Aprende como dói o dia a dia.
Do amor demais sem paz tão enganado
Espero que não venhas falsas flores.
Se tens o meu bem quero teus amores
Porém se não o tem traz triste fado.
Desgostos acumulo, mas não quero.
Escuto a tua voz mas eu não te ouço.
Amor que se prepara em calabouço
Se vem, por certo logo desespero.
Eu quero amor que salve e regenere
Não degenere em dor um sentimento
Ferindo quem amor logo prefere,
Amor que me salvando, em pensamento.
X
Se, por acaso, ao ver-te; me endoideço
E versos mais audazes tu me inspiras
Amor quando acendendo tantas piras
Se não tomar cuidados, eu padeço.
Querendo teu traçado e tuas horas
Nas mãos que me carinham perco dores
Afloras em sevícias loucas flores
Se fores por caminhos sem demoras.
Desatas as gravatas e meus nós
Amando desta forma a mando dela,
Estrela pressupondo a noite bela
Mandando um alvo leite sobre nós.
Nas regras dos amores, amador,
Aprendo a cada dia a ser amante.
Amar é aprender ser inconstante
Na constância divina de um amor!
X
Tentaste contra mim tuas mazelas,
E ventos que derrubam meus sonhares,
Amor que sempre encontro nos altares
Em amares, nas estrelas todas belas.
As velas que acendeste sem segredos.
As velas dos meus barcos bem mais fortes
Revelas que nos rumos negas sortes
Atrelas teus amores aos degredos.
Saudades não carrego nem mentiras
Apenas te pressinto mais tristonha.
Quem ama e que deseja mais medonha
A vida de quem ama, perde tiras.
Sem tanto nem tampouco, pouco fiz
De tudo que pretendes, pois sei bem
Que todo o teu amor comigo vem,
Embora tentes outros, és feliz!
X
Lembranças do meu bem no meu jardim,
Em meio a tantas flores, primavera.
Saudade que machuca e desespera
Batendo tão solene dentro em mim...
Nas flores e perfumes, as delícias
Que nada, nem o tempo, apagará.
O vento que inventavas ventará
Em todas as lembranças de carícias.
Recordações de um tempo inesquecível
Onde viver o nosso amor era tudo
Que sempre desejara sem contudo,
Viver reconhecendo o impossível.
A lua te levando, minha amada,
Deixou o teu perfume toda noite
Em olorosa flor: dama-da-noite,
Encharcando a minha alma enluarada...
X
No mundo tudo muda de repente,
As horas se passando na mudança
Os tempos que se foram, na lembrança;
Morreram cada vez bem mais urgente.
Recebo as novidades-velharias
Como quem jamais guarda o paladar.
O vento que passou mudou lugar
Os dias não se lembram d’outros dias.
Quem foste, com certeza, não mais és,
Pois que somos mutantes de nós mesmo
Lugares conhecidos vão à esmo.
Pergunto: onde firmamos nossos pés?
Porém os sentimentos pouco mudam.
Amor que se procura quer amor.
Na cura destroçando a velha dor,
Que mesmo depois disso, tanto abundam.
Mudanças que fazemos neste mundo,
Não sabem destruir essas quimeras
Que desde as mais antigas, priscas eras,
Derrubam as mudanças, num segundo!
X
Quando eu conheci Serena,
Num galope a beira mar,
Aquela bela morena,
Tinha tudo pra encantar,
Coração bate, dá pena,
Dá vontade de chorar,
Nunca mais poder cantar
Num galope a beira mar...
Serena foi minha vida,
A razão do meu viver,
Tanta dor já tão sentida,
Sem vontade de sofrer,
Eta vida mais sofrida,
Não cansa mais de doer,
Viola canta, luar...
Num galope a beira mar...
Minha voz anda cansada,
Cansada de tanto pedir,
Minha moda vai cantada,
Cantada móde sentir,
A viola enluarada,
Que canta quase a carpir,
Tanta coisa, sem parar,
Num galope a beira mar...
Levei Serena pra casa,
Como manda o coração,
Tanto casa, quanto embrasa,
O luar do meu sertão,
Meu amor quando se atrasa,
É problema e solução.
Como era belo sonhar
Num galope a beira mar...
Com Serena tive filho,
Dois ou três se não me engano,
Do amor seguindo o trilho,
Passa dia, mês e ano,
Mas o tempo tem gatilho,
Detonando tanto plano.
Nunca mais vou esperar
Num galope a beira mar...
O amor, de maravilha,
Transformado na tristeza,
Na promessa dessa ilha,
No meio dessa beleza,
Toda dor vem de matilha,
Acabando a realeza.
Tanta coisa pra contar
Num galope a beira mar...
Serena foi assassina,
Do que belo, tinha em mim,
Maltratando minha sina,
Fazendo tão trist’assim
Tanta dor que desatina,
Do amor, foi meu Caim.
Me matando, devagar,
Num galope a beira mar...
São tristezas, duras penas,
Têm o gosto da mortalha,
Só pedia a Deus, apenas,
Outro tipo de cangalha,
Noites mansas, mais amenas,
Na minha casa de palha.
Poder sonhar com meu lar,
Num galope a beira mar...
Já cantei minha verdade,
Fiz meus versos sem vergonha,
Procurei felicidade,
Que é coisa que se sonha,
Pelo campo ou na cidade,
Não é coisa medonha.
É meu direito tentar,
Num galope a beira mar...
O veneno em minha veia,
Corre solto, vai matando,
Essa aranha fez a teia,
Minha vida foi sugando,
Minha carne foi a ceia,
Ela foi me envenenando.
Até conseguir sangrar,
Num galope a beira mar...
Quando vi nos seus olhinhos,
Verdes olhos cor de mata;
Percebi que seus carinhos,
Me diziam, ser ingrata,
Aquela por quem meus ninhos
Sonhavam amor em cascata,
Nunca mais eu vou cantar,
Num galope a beira mar...
X
Procurei as frases feitas, as festas e frestas...
A noite me nega um novo dia...
A poesia, a posse, o poço e o fosso, são fósseis.
As asas e os corcéis.
Os meus dias, mel e mal, mãe...
A trama desanda, a vida anda andor e dor. Condor!
Conforto e carinho, ninho e certidão.
Bodas, cordas, colas, compras, colméias...
Mesas, salas, copas, berços, filhos...
Ilhas filhas, milhas e milho. Manhas e manhãs...
Cãs, cães, chão, repouso e pouso, fossa e conversa.
Aço penetra, aço corta, corta a luz, a água, mágoa, penso
Pensão.
Parto, marte, morte, sorte ressurreição...
Natação, menino, hino, escola, cola, bola, fome e tráfego.
Moto, carro, escola, cola, estrada, fado, sina, tino, barba.
Namoro, filho, neto, remeto e não comento.
Espero e não desminto, belos velos, velozes os triciclos,
Os ciclos se refazem. Refazendo a fazenda, a velha lenda.
Cordas, pescoço, imensas prendas, velhas rendas,
Mentiras e verdades, sangue e corte.
Suor, andor,
Amor
Ar
A vida recomeçará.
Conforto e carinho, ninho e certidão....
X
Trago esse amor sentido sobre a mesa,
Degustas sem ter pena cada gota...
Minha alma foi pro fundo caiu rota,
Nem lágrima, restou por sobremesa...
Tentei permanecer qual vela acesa,
O vento e tempestade foram vis,
Nos dias em que,tolo,cri feliz,
Foram os de maior, grande tristeza...
Não quero mais saber de sina e sorte,
Nem procuro mais luzes onde cria,
Amor sem ter certezas, fantasia;
Fantasmas que perseguem e sei morte...
Não sinto medo, cálice sem vinho,
Nem trafego tão trôpego, vacilo.
Da morte foste lívido bacilo,
Meu Deus porque me deixas tão sozinho!?
Não haverá perguntas sem respostas,
Tampouco tenho lúdicas manhãs,
Acolho restos, fétidas e vãs,
A vida retalhada nessas postas...
Cheguei a crer, estúpido que eu era,
Que foste minha métrica, meus versos,
Agora sei, restou dos universos,
Um só poema, lúbrica quimera...
Minha certeza, vaga e tão serena,
Não poderia lírica e fatal,
Acreditar n’amor tão abissal,
Mas que mal se descuida, me envenena...
Das carteiras, cigarros são tragados,
Num sem sentido, nexo faz falta,
A dor me inclui vazio, nessa malta,
Quem dera não tivesse abandonado...
X
Onde há luz, com certeza, uma penumbra
Que se ilumina sempre desta luz.
Qual brilho que na treva se produz
Futuro mais tranqüilo se vislumbra.
Repare que os momentos mais incríveis
Se fazem, tantas vezes, da quimera.
A dor nem sempre em outras dores gera;
Os sonhos que lutamos, são possíveis.
Procure pelo lume nessas sombras
Verás assim que nada está perdido.
Da noite que passou sol ressurgido
Na luminosidade em que te assombras.
Não tema, com certeza, o caminho
Difícil que encontraste, não foi vão.
As luzes que virão da escuridão
Prenúncios de que não irás sozinho!
X
Não deixe que eu magoe quem eu amo,
Nem mesmo que das mágoas faça canto.
Amor sem ter certezas, sofre tanto,
Por isso das tristezas não reclamo...~
Bem sei que tantas vezes duvidaste
Do que sinto em minha alma, só por ti,
Depois de tanto mal que já sofri,
Amor que tanto sinto, virou haste.
Mas nada disso sabes, com certeza,
Pareço, disso eu sei, tão inconstante.
Na vida sempre tive, por amante,
A marca tão feroz de uma tristeza;
Por isso não me deixe que magoe
Amor que enfim, recebo, sem cobranças,
Faremos deste mal, as alianças
E as asas, com as quais, nosso amor voe...
X
Eu quero me perder em teu caminho
Em meio a tantas trilhas tão diversas,
As minhas, muito tempo mais dispersas
Tanto, que não conhecem mais carinho...
Amar talvez permita a salvação
De quem já se perdeu sem ter valia,
Morrendo o belo amor que se fazia
Do medo e duma espera de perdão.
Mulher que maltratando, quase mata,
Em busca dos seus olhos me perdi.
Agora que percebo, estando aqui,
Que tanto amor assim sempre retrata
Esperanças passadas e deixadas
Por rondas e por noites sem destino.
Amor que me causando desatino,
Espreita a fantasia em emboscadas...
Mas deixe que eu me encontre em me perder
Nos braços e nas sendas penetrantes
Que fazem dos amados dois amantes,
E brinda o meu encontro com viver!
X
Que o sofrimento sempre nos redima!
Somente vai sofrer quem se enobrece
Pois quem se resguardando, sempre esquece,
Que amar é necessário, e quer estima.
Porém se não sentires mais carinho,
Se a vida não trouxer um sentimento,
És flor que se eximindo perde o vento
E morre sem brilhar qualquer caminho.
Amiga, não te lembras quanto dói
O nascer, simplesmente nos dói tanto
Que ao nascermos, primeiro vem o pranto
E desse santo pranto, se constrói.
Por isso, não se deixe resguardada
Da vida que maltrata e que nos ama.
O fogo que nos queima em forte chama,
Também nos traz a noite iluminada!
X
Não me ensinaste nesta dura vida
Como poder viver sem teu amor.
A vida passará tão dolorida,
Ensina-me, te peço, por favor...
Em cada amanhecer, procuro o sol,
O mesmo sol que sempre te encontrava
Nessa cama, onde a gente tanto amava,
E nada, nada tenho por farol...
No vento que espalhando teu perfume
Agora nem as flores mais resistem,
Pois sabem que partiste e já desistem,
Nas pétalas sem cores, um queixume...
Nas águas das cascatas que banhavam
Teu corpo divinal, a seca veio,
Saudades do teu alvo e belo seio.
Por onde meus carinhos penetravam...
Não me ensinaste a amar! Tanto sofrer...
Saudades que deixaste, minha amada.
Pedindo, de joelhos, quase nada:
Apenas que me ensines te esquecer!
X
Perco meu sonho
No mar que te quis
Medonha saudade
De ser mais feliz
Vencida a quimera
Tempero a tristeza
E ponho na mesa,
Já se degenera
E traça da guerra
Vestígios da paz
Amor que se encerra
De vida incapaz
Não serve de rota
Nem brota na alma.
Na calma de sempre
Amor me corrompe
E sempre me vence,
Depois me convence
Que posso sonhar.
E perco meu sonho...
Mas se amor se pretende
Ser mais que saudade
Viver toda a tarde
Na noite morrer
Na cama que arde
De tanto prazer,
Se faz da quimera
E vence a tristeza
Que, posta na mesa,
Nem mesmo me espera
E vai, sem voltar.
Repousa na cama
Depois da festança
Convida pra dança
Que nunca me cansa
A dança da vida
Cumprida e comprida
Saudade esquecida
Vivendo a verdade
Verdade da vida
Gostosa e cumprida
Com todo o prazer!
X
Nas luzes e nas danças
Nas valsas e nos sonhos
Avançam nossas noites
Em beijos e disfarces
As faces em rubor
As mãos mais atrevidas
As vidas em furor
Amor evaporando
Os poros invadindo
Do nada ir-se rindo
Se rindo do qualquer
Nos olhos da mulher
Os brilhos dos meus.
Lábios se procuram
Passos pela sala
A fala se embarga
a adaga sem vacilo
o tinto que destilo
do vinho que me dás,
e valsas e boleros
amores quero-quero
e nada mais me cansa.
A noite que se avança
A lança que promete
E tudo se repete
Na cama que sonhamos,
Se tanto nos amamos
Talvez venha um amor
Talvez venha paixão
Ou simplesmente
Não...
X
Nas cordas da paixão
Recordas meu amor
Que tudo se passou
Em mares e amplidão
Buscando solução
Soluços e tristezas
Amantes e princesas
Sapos e sopapos
Beijos e tesão.
Entesamos as almas
Em armas e navalhas
Batalhas e delírio
Círios e novenas
Nas veias e nos olhos
Vendas e verões
Versos , convenções
E vimos como
Os limos
E limões
Se fazem
Das paixões...
Mais cedo
Que o medo
Paixão jaz
Seu enredo
Em nossos corações!
X
Amigo, persigo o tempo
Nem sempre consigo
O tempo perdido
Jamais se retorna.
Entorna a saudade
De tudo que tive
Da terra onde estive
Saudade que vive
No peito que chora.
A dor se decora
Das cores do nada
As dores sem nada
A cada momento
Tormento e termômetro
Da falta de amor.
Amores que sabes
Não cabem na vida
Que tanto curtida
Não sabe amar
Nem pode esperar
O tempo que passa
Esvai em fumaça
E traça um destino
Em meu desatino
Diz tino e não tato
O fato é que quero
Há tanto que espero
E nada de amor.
Somente o não
Sementes no chão
Morrendo em grão,
Aborto de sonho
Ao qual me propus
Meu barco, onde pus
Um cais abortado.
Bem sei que essas queixas
Por faltar madeixas
Não deixas florir.
Em braços mais fortes
Amigo, essas sortes
Não vão resistir.
Agradeço,querido
Se trazes sentido
E rumo a meu rumo
Que sem seu aprumo
Desaba em tristeza
E sempre me assombro
Poder de teu ombro
Sem nada querer
Ajuda a vencer
As curvas da vida
Nas turvas ribeiras
Que formam esteiras
Onde costumo deitar.
Amigo, agora
A vida lá fora
A dor evapora
Agora é nossa hora
De novo sair.
X
Vivendo tão sozinho e desdenhado
Nas ondas infinitas desta dor
O tempo que se passa em desamor
Matando pouco a pouco o ser amado.
Ser amado por ti... Ah! Quem me dera!
Mas nada das promessas que fizemos...
Os erros que, infelizes, cometemos;
Alimentando a fome da quimera.
Nesta escuridão, sombras que persigo
Chorando por perder quem tanto quis.
Insanidade mostra o seu matiz
Cada vez mais distante, não consigo..
As loucuras que fiz por quem amei,
As minhas mãos afagam o invisível.
Amor, assim, tão forte e mais incrível,
Retratando o meu mar que naufraguei...
X
Embebido do amor que me transtorna
Nas sombras de meu triste pensamento
Loucura de viver um só momento
Paixão que no meu peito já se entorna...
A quem confessarei o meu tormento?
Às pedras? Às estrelas ou ao mar?
Ao sol, às nuvens, plantas, ao luar?
Se neles eu não acho sentimento.
Em milhares de nuvens me nublando,
As lágrimas das nuvens do meu peito
Se em nada mais terei sequer direito,
O tempo, sem teus braços, vai passando.
Quanto mais me vês, penso, não amas,
E clamo pelas chamas que escondeste.
Do mal que tanto fiz, tão mal fizeste
Que mal posso entender do que reclamas.
Bem pagas minhas dívidas, receio,
Que nada mais indica seu perdão.
Então se não me queres quero um meio
De apagares a chama da paixão!
X
Minha lágrima, estima e sentimento;
na palidez do não, nem talvez,
digo sempre,
praieiro coração...
Nas pedras do cais, o caos,
o vem e não vais,
o jamais, o quem dera.
Vida, esfera,
roda de bar em bar,
girando gitana
em busca da cigarra
que transforme toda forma em matriz,
peço bis,
sou feliz mas não queria...
Meio dia, melodia,
meu dia é diária avaria.
Quebro o tempo, contratempo,
conta-gotas,
vão envoltas
minhas voltas pelo mundo...
Contra-sensos,
são imensos, sou imerso,
vou diverso de verso em verso...
Mas quero o acero,
quero a aragem,
a coragem não se fia.
Fiador da dor
que não pré-curo nem procuro,
sobre o muro que escurece e divide.
Dívidas e débitos,
bytes e bikes,
sou flâmula.
Inflama a alma,
a lama e a trama,
trâmites e trinos,
seus hinos e meus tinos,
desatino...
No quebrar da onda,
mareio e timoneiro,
sou Marte, vou Plutão...
Nunca sim,
quem sinaliza a brisa entoa,
minha canoa não voa,
afunda...
Minha funda melancolia,
colites e cólicas,
eólicas sensações...
Sou vago, e vadio,
meu cio é todo seu.
Quero bocas e delírios,
teus cílios e teus seios.
Teu mar, sou pororoca.
A toca
onde entocas teus desejos,
meu anseio.
Sou vermelho, formalizo,
te aliso e não consigo.
Mas, prossigo, do teu pêssego,
fiz perigo e âmago,
meu gosto nesse agosto
é teu rosto contra o meu...
E te chamo
amo e reamo
reclamo
e me acalmo.
Não temo teu fogo
meu jogo e jogral
E, somente,
semente
te amo!
Serpente
que nada
a minha
amada
caminha
comigo.
E, gomos expostos
somos felizes?
Se dizes, com a corda
atada
concordo.
mas quero
assim.
até o fim?
X
Quero teu cheiro,
desejo e chama,
no beijo que chama
e clama e aclama,
teima e me traduz.
Na luz serena da morena,
que acena com a vida,
ávida e vadia,
audaz e perene.
Quero teu sentido,
ameno e amoral,
amargo delírio,
nos lírios do campo,
nas sendas e searas.
Quero o amares
nos mares e marés,
na trilha do sol,
no arrebol e na terra,
treino e acento,
aceito e assento,
assertiva que mente
e remete à mente
que traz o audaz que seduz,
em tua luz e amplidão.
No chão que pisas
concisa e complexa;
nos plexos e praças,
nos arredores dos lugares
por onde flutuas,
delicias e deliras
os olhos perdidos,
os medos perdoados,
denodados dos nós dados
de nós atados em nós,
urdidos e ungidos
num ágil e frágil
pendão.
Quero o acero de teus lábios,
sábios e cruéis,
de viés, ao revés
ao invés.
Desviados das vias onde voas,
onde havia a harpia que devora.
Voraz e virtuosa,
com as mãos mais audazes,
velozes, audaciosas,
cônscias e cientes, do que,
de repente, no repente,
repetidos atos
atam em nós.
Minha amada
nada mais quero
e espero senão
o teu perdão,
pendão e acórdão,
cordão que ate e que arremate,
maltrate e acaricie.
Vicie e delicie
quem quer que se veja,
na mesma peleja,
na mesma cantiga,
antiga e perene.
Amo teu amor,
amo e escravo,
me lavam e me levo
me deixo ao teu rumo,
no aprumo que decidires,
nos dizeres que conjugares,
nos ares que voares
nos mares que nadares,
onde quiseres
por onde vieres
e para onde fores.
Nas flores e odores,
nas dores que escolheres,
nos mesmos motivos
que sirvam de tema.
Que sejam teu lema
e tua gema.
No mesmo leme,
no mesmo cerne,
que concerne a quem ama.
Na vida que queima
na curva do rio,
na trilha da estrela,
ao vê-la me perco.
Na vela que consome
que some e bruxuleia,
no brilho dos olhos,
na filho que teremos,
no amor que produz e reproduz,
na noite das estrelas,
desse hotel onde estamos
nos amores que tragamos
e estragamos
pela vida afora.
Mas, agora ,
nada importa,
tranque a porta
e abra o peito.
Teu confete,
teu confeito somos
ambos nesse tempo.
Nosso tempo nesse templo
em que contemplo e perpetuo
nosso duo, nosso dia,
na poesia que derramas,
nessa cama, nossa chama,
nos chama e declina.
No declínio da noite,
o arremate, o combate,
nada abate nosso trato,
no contato, no contrato,
contralto e contrabaixo,
nosso facho,
acho que a lua,
a rua e a cachaça,
nosso pia batismal.
Nosso doce carnaval,
canavial dos desejos,
nos beijos e afetos,
nos perpétuos ósculos e ócios,
vícios e delícias.
Nos teus seios
que sei-os tão meus,
nesse momento são regaço,
meu cansaço, onde lasso,
teus laços e meus traços
são um só.
Amo-te,
desse amor tão mais urgente
que necessito ardor,
que transmite a dor,
e consola minha perda,
minha perca e minha musa,
minha medusa.
Abra a blusa e, confusa,
com fusão,
entre lábios e delírios,
somos todos um só corpo,
absorto e absurdo,
surdos e semimortos,
filhos dos mesmos tratos,
entre Hermes e Afrodite,
acredite minha amada,
aceite essa madrugada,
como estrada e madrigal.
Nesse doce precipício,
o fim de tudo é o início,
o meu renascimento,
o momento mais sublime,
o suplício,
a súplica,
o início,
a última esperança!
X
Quero teu corpo,
corpo e alma,
alma e sonho
Sonho teu sonho,
ponho meu sonho
em teu sonho,
Em teu sonho
ponho corpo e alma,
anima, animal.
Mal sei seu seio,
seu ser não sei
serei ou não seria.
Se ria e não seria,
séria série, sertão.
Ser tão e nada ser,
nadar sem ser mar,
mar
amar...
Amar
Maria,
amaria,
amar e rir,
rio e mar...
Quero fero
acero e seara,
sendo senda
renda e venda.
A venda
à venda
venda os olhos.
Molhos e melões,
meus leões
e minha lira.
Maria, nada mais
mar e ria...
Rindo
do vindouro ouro
que nunca veria,
nem viria.
Varro a sanha
e a senha,
venha...
Tenha tento,
tento tanto,
canto e canto
encanto...
Em cada canto,
celacanto tempestade,
peste
há de me dar
medrar e morder.
Mor de todos
os lodos e lados,
lagos e afagos.
Alagoas,
as lagoas,
as algas
e águas ardentes.
Dentes entre dentes
como dantes,
dantesco colosso.
O osso que oprime,
primeiro meio e método.
Todo meu antídoto,
ante todo
e antes de tudo.
Vê ludo
vedo veludo,
véu e lodo.
Odor acre, ocre...
Vi vivi viveria...
Veria
se vi
o que teria,
queria ou não queira.
Na beira dos beirais
dos areais reais e fantásticos.
Os estáticos
e tácitos táticos
tentáculos, oráculos...
Mas, no fundo,
oculto
meu culto é teu,
te amo,
ateu coração,
a teu coração!
X
Minha filha,
tua trilha e teus passos
soam como esperança,
para quem, na dança da vida,
aflito perdeu o rumo,
muitas vezes sozinho,
outras pelo caminho,
muitas passarinho...
Minha mão
alcançando a criança
que ficou no passado,
me deixa o gosto amargo
do chimarrão da saudade.
Do vinho amargo do tempo,
esquecido na adega da alma.
Mas tentei,
na minha manhã,
lutar pelo teu brilho,
nada consegui;
a liberdade distante,
a cada instante
a menina não poderia,
não saberia
e no domingo da vida,
a semana nunca chegava.
Eu te amava tanto,
no pranto esquecido
pelas curvas da existência,
pedi clemência,
perdi paciência
e naufraguei minhas lágrimas
no baú de tantas espreitas,
pelo rancho fundo das esperanças.
Renasci no universo,
em meus versos
e nos teus encantos.
Mas meu pranto foi precoce,
a ausência remove
o que fora luz.
A terra escurecida,
a rádio ecoando
um canto triste
que ouviu do peito do poeta.
A seta que aponta
o prumo e o norte,
afogada pelos laços
das estranhas entranhas
de um futuro sem lastro,
vazio, ao acaso, puro ocaso,
fazendo caso de tantos erros,
quantos berros ,
aterros e fraudes.
Minha sorte escrava,
na lava que encrava
e perversa a clava
de tantas lutas em vão.
No colchão de pregos
dos sonhos,
meus medonhos
e vagos lagos
de ardentes lavas,
onde lavo
os meus pecados.
Perdoe o canto de quem,
entre tantos e tantos
foi tão pouco.
Tampouco podia ser.
A mão calejada
abraça teu corpo.
No copo da partilha,
meu gole foi pouco,
se tive.
A enxada restando quieta,
calada,
me traduz a insuficiência,
na doença que nos devora.
Agora e sempre,
desde os primeiros dias,
as mãos vazias
traduzem a colheita.
Nas filas intermináveis,
nas chagas aumentadas
a cada não.
Na sede desse sertão
real e imaginário,
Calvário e martírio.
Mártir,
não quero nem almejo,
quero o benfazejo
beijo da brisa da igualdade;
entre campos e cidades,
entre travessas e favelas,
barracos e mansões,
corações de marés de dignidade,
essa tal felicidade.
Minha filha perdoe o pai e o país,
ser feliz é só promessa.
A hora sempre foi essa,
nunca poderia ser outro dia,
adiada eternamente.
O éter na mente
inebriando e impedindo
a realidade atroz
como algoz e carrasco.
No asco que produzem
minhas vestes,
meu cheiro e minha boca;
bem sei que nunca perdoados.
Os retalhos
doados pela caridade
coagulados no peito,
sem jeito e sem forma.
A forma onde fomos feitos
imperfeitos e disformes,
nos informes dos jornais
somos quase nada mais
que animais;
quando tanto,
somos cifras sem cifrões.
Vida sem enganos
e sem esperas,
transfiguradas nos teus olhos,
sem brilho,
minha amada.
Que bom que se pudesses
ser filha
da partilha da partida,
estrelar.
Mas, não posso
nem quero consolo,
quero ação.
Coração sob a couraça,
o cheiro da cachaça inebriando,
o dia raiando,
o povo chegando
para um adeus,
sem ar de Deus,
mas fazer o quê?
No sertão de cidadania
que invadiu esse nosso canto,
todos os cantos,
alimentado
pelo sangue dos desgraçados,
pelos abandonados,
como eu
e como o corpo inerte e sem vida,
tão ávido pela vida
como qualquer um.
Primeira filha
de um berrante que “vingou”,
no meio de tantos que se foram,
da mesma forma.
A manhã renasce
e com ela a sina,
de trabalho e de suor,
que o patrão
nunca pode esperar
o mundo roda
e a roda da sorte nunca,
nem na morte
pára de girar,
estou tonto, a cabeça gira,
a dor aspira e expulsa.
A repulsa pela sorte,
pela morte, pela solidão,
num canto vão, esquecida.
A manhã surgida,
a menina enterrada,
a enxada, a estrada e o renascer.
Renascer da morte a cada dia,
da morte da esperança,
na dança cruel da verdade.
Meu Pai perdoe esse lamento,
bem sei que agüento
como meu pai suportou.
A sina se repete,
a cada nascente,
a cada poente,
tudo me remete
à verdadeira lição do Cristo que,
com carinho,
multiplicou
e dividiu o pão.
Pena que ninguém entenda,
por mais que o Padre fale,
por mais que o Pastor recomende,
não há quem se emende
e passe a perceber.
Que o verdadeiro amor
permite a divisão.
Concebe a humanidade
numa unidade,
com humildade quem sabe,
na humana idade de amanhã,
isso possa ser realidade,
a real idade
da digna idade,
da DIGNIDADE!
X
Te quis tanto, cada canto meu era teu,
teu encanto meu alento.
Meu conforto e serventia.
Tanto te queria que não seria
fantasia simples alegoria
de um coração sem alegria.
Tua boca, fonte e porto,
açoite e voracidade.
Na saudade de tua distância
tão aconchegante,
cada galante verso,
inverso e amante.
Quero o perverso
e complexo abraço,
no cansaço deste traço que ameaço,
com o compasso da vida.
Marina cheia, salina pele,
delícia de sol, arrebol,
mas armadilha.
Na ilha de tuas pernas,
mina de tanta riqueza,
aurífera beleza de fera holandesa.
te quero tanto, não temo nem teimo.
Apenas queimo.
Ardendo e me devorando,
me decoro com tuas penas.
Tanto penar e tanto mar.
Mar e maré, mundo sem fé,
seca e sorvete,
solvente me dissolve e corrói
e como dói.
Um vasto pasto da alma,
sem calma nem chama,
me chama e nem percebo.
Te concebo e te traço,
contrastes e tentativas.
Preto e branco,
o retrato na parede é tão antigo.
Contigo nada mais,
nada a mais que a mais voraz saudade.
Saudade do que nem há de,
nunca guerreando, sempre andando,
adiando para sempre
o que nunca foi nem seria.
A cada dia a voracidade,
a espera sem esperança,
a espreita, caçador.
Com trato e com tato,
sem tempo para ser.
Nunca seria sério, seria?
Se ria se ris,
nada diz e nem pretendo,
mesmo tendo o porquê sugerir,
sugere ir para o jamais.
Já mais antiga que a própria vida.
Sem sentido, sortido,
e talvez sórdido;
sempre ardido, urdido e esquecido.
Nunca viveria o que viver
seria se pudesse te ter.
Talvez seja por isso
que esqueci de te chamar,
clamar, esperando o momento inevitável
do que nunca viria
ou se vier,
não sei mais o que faria.
Agora o tempo vai embora e,
embora te quero, sinceramente,
a mentira mais sincera é essa.
Depressa que a vida passa
e não cansa de passar.
Mas pra que te ter
se nem te quero? Ou quero,
mas não venero,
nem espero nem espreito mais.
Meu defeito talvez seja o de te amar demais...
X
Envolto em tantas nuvens, perco o dia,
A tempestade rola pelos céus,
Descortinando, rompe os alvos véus
E mata, em dissabores, a alegria.
Os sinos anunciam agonias
Os lírios que eram alvos, ficam roxos,
Os passos deste amor quedaram coxos
As luzes dos meus olhos, mais sombrias...
Guardando o sofrimento neste altar
Que prezo como um cais que necessito.
Amor que sempre foi por Deus, bendito,
Em nuvens se desmancha sem parar.
A chuva dos meus olhos sempre cai
Ao fim da tarde triste sem te ter.
Porém, um certo dia, irá nascer
O sol da tempestade que se esvai...
X
Vencido pelas noites solitárias
Sem ter, de quem desejo, nem carinho.
Nasci e vou morrer, assim, sozinho;
Mas busco, qual falena, as luminárias
Do amor e da paixão, os meus faróis...
Pretendo ter no sol, os girassóis...
Cada canção me lembra tua voz,
Sedento pela boca que não tenho,
Do mundo em solidão por onde venho
Percebo em cada sonho mal atroz
E nada mais pretendo sem te ter.
Do amor que me alimenta, irei morrer!
Mas ouço da esperança um gemido,
Embora agonizante, traz a cura,
A mansa claridade da ternura,
Parece que escutou e vem do olvido.
Falena em desespero peço a luz,
Que o teu olhar divino reproduz!
X
Andando assim perdido pelo mundo,
Em busca da mulher que me acalente
Depois de tanto amar, vivo descrente,
E nesta vastidão eu me aprofundo.
Caçando nas estrelas o teu brilho,
Em lágrimas destruo o pensamento.
A vida sempre trouxe sofrimento
A quem duma paixão persegue o trilho.
Amada não me deixes, eu te imploro.
Sou triste mas preciso de alegria,
Em ti somente a doce fantasia
Dos teus sorrisos mansos, eu decoro
Em plena magnitude de minha alma,
Somente em teu sorriso, a dor se acalma.
Sem isto, me enlouqueço mais e mais...
Buscando em plena guerra, a minha paz!
X
Nas noites indormidas te procuro
Em todas as estrelas e luares...
Por todos os caminhos, nos altares,
E nada, simplesmente é tudo escuro!
Amada, no delírio em que me deixas,
Não vejo solução p’ra minha vida,
A cada noite sempre mal dormida,
Meus versos se repetem, tantas queixas...
Espero teus olhares mais clementes
Perdão pelos meus erros, se os cometo.
Nas ondas deste mar que me arremeto,
As dores das saudades, vis serpentes...
Por que me apaixonei, tão forte assim?
Se nem na minha morte há salvação
Salve-me dessas garras da paixão!
Como? É simples! Se deite junto a mim!
X
Vaidosa, caminhavas insensível,
Por entre as alamedas e caminhos;
Amar-te parecia tão possível
Por isso que temia teus carinhos.
Mas mostraste, entretanto uma outra face
Que tanto surpreendeu quanto marcou.
Teu rosto não permite outro disfarce
Espelhas, sem saberes o que sou.
No fundo parecemos descontentes
Infelizes e tristes caminheiros.
Mas somos tão iguais embora tentes
Negar esses teus traços verdadeiros.
Não vejo como ter monotonia,
Se somos espelhares e sedentos.
Em tudo que vivemos, fantasia,
Amores que tivemos, vãos tormentos...
X
Minha amiga, vida e mar,
amar a vida em ti é tudo
. Mudo e contrafeito,
feito de cada momento,
novo tempo e pesadelo.
No novelo em que
me envolvem teus lábios,
olhares e alma.
Calma e chama,
chamando por ti.
Amiga, no amargo âmago
de cada dia,
num novo amor, acidez e luto.
No culto a tudo
que invade e persevera,
na vera mansidão
onde houvera sido
o precipício e o meu vazio cálice.
O ápice e a parcimônia,
a embriaguez do nada,
de nada, contudo...
Vindo o passo,
contradança e pasmo,
a esmo.
Meu amor esbarra em teus pés,
alados e cansados
com os vôos incessantes.
Mas claudicas, mendigo e me negas,
refutas e maltratas.
Sem querer me matas
a cada instante,
onde não tenho-te e te teimo.
Onde queimo e me destruo,
num uno que pretendo duo.
No nada que queria tanto,
num esmo que seria canto,
meu solo que, em não,
erosões transformas...
Na transparência que desfilas,
na languidez que me definhas,
nas artimanhas que não percebes e usas.
A blusa entreaberta
desperta, acende e pulveriza.
A brisa que emanas,
a astúcia que não percebes,
delícia e pelúcia.
Amiga, quisera amante;
antes e ante tudo,
vago por ondas que produzes
com as luzes que emites e remetes,
confetes e serpenteantes
serpentinas do teu andar
audacioso e delicado.
Meu fado, meu enfado e fardo.
Meu amor risonho e sorrateiro,
um último cigarro no cinzeiro,
derradeiro e fátuo.
No umbral da janela,
onde te vejo, distante e solitária,
a esmo,
olhares soltos e vadios;
adivinho o vinho que não tomarei.
Olhares que não serão meus,
ateus,
teus olhos procuram por um deus...
Um deus que mal sabes
e nem te concebe,
que segue outra trilha,
noutra ilha, noutro mar.
Amar, armas e almas conjugadas;
no fim serão mais nada,
ainda nadas em águas
com algas que não as minhas...
As unhas arrancam e cravam,
travam os meus segredos.
Meus medos inundando
toda mansidão.
Tua não é, enfim,
minha queda. Ácida queda...
Que há de ti?
Onde estarias se fosses minha.
Minha amiga...
Perigo são teus lábios,
ócios e ósculos, oráculos...
As máculas onde calculas
minhas mágoas estariam,
são as máscaras que uso,
abuso e, confuso,
o fuso perdi...
Paridas as lágrimas,
últimas que derramo,
te amo, amiga...
Perdoe a dor e a doença,
a luz e a crença,
não quero pena e recompensa,
apenas que me entendas,
estendas a mão
e não canses...
Te amar é atar os nós,
os pós escondidos nos calçados,
após a jornada.
Agora, a hora é embora,
partida.
Tida como vida,
a lida não espera
e grita.
Rito, rituais e tais atos.
O contato satisfaz.
Ser feliz é por um triz.
Da vida, pedir bis.
Mas, bisonho,
sonho,
nada mais...
X
Corroendo meu peito, essas quimeras,
Renascidas a cada novo sonho,
Refazem das tristezas tantas feras
Deixando um coração tão mais tristonho.
Acompanham os sorrisos que me deras
Até nos meus momentos mais risonhos...
De tais lembranças quero me livrar.
Por isso, sem pensar, desejo o mar.
Mar de amores que trago em pensamento
E que renasce sempre, sem perdão.
Ao mar tão revoltoso, violento,
As dores vão rolando da amplidão
Em nuvens doloridas, sentimento
Na promessa cruel de solidão!
Quem me dera poder ser mais feliz...
Quem me dera saber que estás feliz!
Eu amo teu amor de tal maneira
Que toda tua dor já me transtorna
Por isso, minha amiga e companheira,
A dor que te provocam, já se entorna
E marca sem querer, a vida inteira,
E toda dor que trazes, me retorna.
E venho, sem pedires, ao teu lado
O braço que precisas, está dado.
Amores que de amores menos nobres
Se fazem nos amores mais saudáveis.
Os olhos sem amores são tão pobres
Caminhos sem amores, inviáveis.
Amores que te prezam nunca cobres
Por onde que for, são impagáveis
Os amores que nunca se pediram,
Apenas nos amores, invadiram...
Não deixe que a tristeza te viole
Pois sabes da certeza que carregas.
Encontrarás decerto quem console.
Nas estradas difíceis que trafegas,
Saiba que, nessa vida é gole em gole
Que se bebe nas casas e bodegas.
Por isso, nunca tema a tal saudade,
Desde que traduzir felicidade.
Amiga, nossas noites são mordazes,
Os dias solitários se arrastando...
Os dentes das quimeras são audazes
E pouco a pouco, sempre devorando.
Mas tudo se renova em outras fases
E depois disso tudo, o tempo passando,
As dores escondidas na despensa,
Terás no novo dia, a recompensa:
A Paz!
X
Vou em busca de teu beijo
Percorrendo essa cidade,
Espreitando meu desejo,
Conhecer felicidade.
Mas bem sei que sou sozinho
Desencanto de verdade,
Procurando pelo ninho
Encontrando falsidade...
Tanto amor que sempre tive
Pela vida já perdi
Em cada lugar estive
Mas estavas bem aqui,
Passada essa tempestade
O sol voltou a brilhar
Encontrei nesta cidade
Felicidade de amar.
Mas não me deixe mais só,
Sozinho, não sou ninguém
Tanto que sofri, tem dó,
Para sempre ser meu bem
Que nunca mais deixarei
Nas estradas desta vida,
Em teu amor eu terei
A paz que achava, perdida...
X
Gosto doce da maçã
Na boca de quem amei,
Trazendo meu amanhã
Dos tempos que já passei.
Vem morena me dizer,
Conhecer a mansidão
Nos teus braços vou morrer
Maltratando o coração...
Coração não se maltrata
Dessa maneira que fazes
Maltratando, aos poucos mata
Tanta saudade que trazes
Preciso saber teu nome
E também o gosto teu
Tanta dor que me consome
Depois que outro amor morreu.
A noite que se passou
Graças a Deus não volta
Todo o mal que afetou
Não deixou senão revolta,
Mas agora vejo a luz,
Clareando a noite escura.
Só amor, amor produz,
Novo amor, desamor cura...
X
No tabuleiro da serra
Seguindo pelas estradas
Vou trilhando pelas terras
Nas noites enluaradas.
Estrelas por companhia
Em busca do meu descanso
As três marias por guia
Em Maria o meu remanso...
Amar Maria me trouxe
O peito novinho em folha
Tanta tristeza acabou-se
A vida permite escolha
Por isso que eu quero tê-la
O mais depressa comigo
Com Maria, a boa estrela,
Eu não corro mais perigo.
Vou correndo tão ligeiro
Procurando seu carinho
Coração sempre matreiro
Encontrou o seu caminho.
No colo dessa morena
Que não me deixa mais só
O final da estrada acena,
Minha alma cheia de pó.
O pó de tanto sofrer...
Maria sabe varrer!
X
Seu doutor, me dá um tempo
Pr’eu poder te confessar
Depois desse contratempo
Não posso nem vou negar
A vida me deu saudade
Por herança e por meu bem
No tempo da mocidade,
Ficou o gosto d’alguém...
Alguém que foi a primeira
A saber do bem querer
Queria por companheira
Por toda a vida viver,
Mas amor é traiçoeiro
Tantas fez que foi embora
Procuro no mundo inteiro
Aquele amor lá de outrora.
Não encontro mais amor
Como aquele que foi meu
Buscando por onde for
Aquele amor já morreu.
Nada daquilo restou
Amor fazendo outra lei,
Ou foi amor que mudou
Ou, sem amor, eu mudei?
X
De fome e sede nos matos
Sertanejo vai morrendo,
Na seca desses regatos
Nos dias que vai sofrendo.
Tal qual esse sertanejo,
Assim também meu viver,
Vai secando esse desejo,
Na fome de ter você.
X
Vi teu nome rabiscado
Marcado pela paixão.
Foi nesse tempo passado,
Onde tinha o coração
Um bater desesperado
Descompassado afinal
Tanto tempo já marcado,
Na árvore desse quintal...
Do quintal de minha história
Do tempo que fui feliz,
Se emoldura na memória
De um coração aprendiz
Que busca felicidade
Que é tudo o que sempre quis
Dar cabo desta saudade
Trazendo um novo matiz.
Mas ao ver teu nome ali,
Escrito num arvoredo
Foi então que eu entendi
A vida não faz segredo
Felicidade vivi,
Rabiscado na lembrança
Por tanto tempo esqueci
Esse amor de minha infância!
X
Na estrada da minha vida;
Muitas curvas, capotei.
Minha sina é despedida,
Sofrendo por quem amei.
Tanto quero esse querer
Quanto espero pela lua
De tantas, tenho você,
A minha alma é toda sua...
Por isso, minha querida,
Vou sofrendo tanto assim,
De que vale minha vida
Sem uma alma dentro em mim.
É triste meu desatino,
Minha vida vale nada.
Sem alma, meu destino,
É feito uma alma penada.
Vai procurando, noutra alma,
A gêmea que Deus lhe deu
Procurei com toda a calma,
Mas sua alma se esqueceu.
Porém, quem sabe num dia
Nesta alma assim tão sozinha,
Outra alma traga alegria
A triste alma, que é a minha!
X
Esperança diz teu nome
Cada dia mais distante,
Tua imagem me consome,
Perdida, tão inconstante...
Mas, a cada dia vejo,
Que amar mais do que pude,
Faz viver esse desejo,
Amar-te muito, amiúde...
E mesmo assim, minha amada,
É muito pouco, garanto,
Creia: não é quase nada
Nunca bastante nem tanto,
Tanto é grande o que mereces
Bem mais que posso fazer,
Agradeço a Deus, em preces;
O poder te conhecer.
Como amar é doação,
Do muito que, certo, eu te amo.
Nada resta ao coração,
Por isso tanto te clamo.
Grande amor de minha vida,
Sem te ter, morro de frio.
Por tanto te amo querida,
O meu peito está vazio...
X
Recebo da boca da noite
o beijo suave e sensual,
trazendo teu rosto e gosto;
Foste companheira fiel,
amiga e amada,
luz da minha madrugada,
corte e sangue.
Nas minhas andanças,
foste a primeira
e fiel companheira,
última de tantas...
Vinhas, diariamente
aos meus pensamentos e angústias,
cansados os passos
Inatingível porto,
longínquo mar,
meu mar
enclave de esperanças...
Nas ruas do Rio,
nas curvas do rio,
na seca e plantio,
fiel camarada...
Te quis e te quero,
não me perdeste de vista,
muitas vezes fragilizada,
Mas sempre comigo,
a cada nova batalha
contra tudo e todos.
Amiga, tentaram teu corpo,
tentaram extingui-la,
tentaram matá-la.
Quando te ergueste,
ressuscitada, foste atingida.
Teus pés
afetados por violência sem par,
quase quebraste. Mas percerbo-te sorrindo,
com sorriso matreiro,
me irritaste no começo,
agora, não,
já consigo te compreender,
menina sapeca.
A mão que te apedrejava era podre,
mais podre que tudo.
Engabelava a todos, menos a ti,
e a todos os que amaram na vida.
Não do amor erótico inerente,
mas o amor altruísta de quem sonha,
De quem respeita e congrega,
nunca segrega.
Minha vida passa num átimo,
num ótimo momento de luz
Seduzida por ti,
cara tatuagem da minha alma
Tua calma me atrai,
me distrai e me revigora.
Agora,
tua hora é minha e nossa hora,
alvorada,
hora amada.
Saber-te revivida e contagiante,
saber-te rejuvenescida
na minha maturidade
Saber-te assim, coerentemente forte,
nunca inerte, meu norte,
sem desnorteio.
Sem mudar um centímetro,
ao contrário de mim,
pobre errôneo pela vida.
Mas, em última análise,
fiel a ti, frase por frase,
fase por fase...
Quero-te tanto,
nunca mais poderia
fugir do teu manto,
vives no recanto da alma,
calma e firme,
aderida,
nunca à deriva,
sempre atada,
Amarrada a cada reentrância da alma,
da esperança.
Chamar-te à luta é fácil,
nunca oscilas
sempre cativante nunca cativa,
Nunca vacilas,
amiga de tantas lutas,
de todas as lutas,
de eternas lutas,
Das ondas desse mar,
mesmo com tsunamis,
mesmo com tempestades.
Em todos os lugares por onde andei,
por onde passei ou ouvi falar,
existem tantas quantas poderiam existir,
fortes aliadas, forças atadas
Entre si, que resistiram e resistirão,
contra aqueles que são ou tolos
ou canalhas,
os que querem tua morte, nunca vencerão,
Nunca passarão,
estarrecidos com a tua resistência,
Na impossível convivência,
tentam te exterminar.
Mas amiga, és mais forte,
até contra o nosso cansaço,
muitas vezes tua gana é maior.
Agora entendo teu riso maroto,
no âmago garoto, resistes...
Não mais te resisto,
a rua me clama,
a lua me chama
o amanhã já vem.
Venceste meu medo,
meus segredos conheces,
não temo a guerra,
Na eterna batalha,
meu peito não falha,
não nega ou sonega,
Simplesmente ama.
X
Vez por outra
Sem ter pressa a gente tropeça
Nas próprias pernas
E pernas pra que te quero.
Procura outro caminho.
Das guinadas da vida
As grinaldas são fogo,
Amor é roto e bancarrota
Banco o roto e falo do
Esfarrapado.
Esparadrapo na alma.
Não cura mas ativa.
E se reativa
Desativa a bomba
Da loucura
Da paixão.
Andava desde menino sem saber
Que se sei não sei ou não sei bem
Quem disse que de tanto amor que tem,
O tempo não deixa tempo para amar.
Eu quero tua boca,
Não me negue.
Amor que me carregue
E me suporte.
Será assim mais forte
Que a morte que cobiça
Cada dia que passo,
Cada verso que traço,
Meu disfarce.
Tenho medo sim senhor.
Não vou negar
Não sou forte.
Mas quem bate na porta
Encontra fechada
E nem se importa
Com mais nada.
Apenas quero a solução,
A saída
Que me traga a comovida
Vontade de amar demais!
X
Espelho me mostrando como o tempo
Nos trata sem sequer pedir licença.
Nas rugas se demonstra a recompensa
De termos enfrentado contratempo.
Os teus olhos pesando sobre os meus
Mostrando como a dor nos corta tanto.
Ao ver, cruel espelho, já me espanto
E vejo quanto dói o mal do adeus.
A face se revela sem disfarces
E mostra cada dia que passei,
Quais mundos e quimeras onde errei,
Amores e tristezas moldam faces.
Mas vejo, neste espelho, um novo brilho
Que nunca em minha vida, reparara.
A luz que se emanando, de tão rara
Em bela cicatriz, me maravilho.
A força deste espelho, uma magia
Mostrando que da dor, do sofrimento,
Surgindo em pleno mar, podre tormento,
A pérola que traz sabedoria...
X
Não sei se tu sabias ou se sabes
Das sebes e das serpes que hoje sei.
Se somos o que temos não serei
Nos olhos que te cabem não me cabes.
Pois sinto que se queres não acabe
Amor que sempre sabe o que mais quer.
Vencido por não ser o que quiser
Se queres o que quero amor não sabe.
Amor me disse tudo numa frase
Que guardo dentro em mim, vital segredo.
Amor se fortalece e perde o medo,
É lua que transmuda toda fase.
Começa com um lume delirante,
Em pleno plenilúnio nos transforma,
Amor que em paixão já se deforma
Saudades mesmo ao lado traz, da amante.
Depois de algum tempo, em calmaria,
O brilho dessa lua, diminui,
Mas mesmo assim o brilho que possui
Nos ilumina quase como o dia.
Mas quase que sem brilho, ao fim do ciclo,
Se não cuidarmos morre sem querer,
Por isso meu amor preciso ter
Essa força motriz onde reciclo.
E recomeço as fases desse amor,
Para que no final da minha vida,
Eu possa recompor força perdida,
Matando o que causar o desamor!
X
Eu não quero sentir mais solidão,
Cansado de bater na tua porta
Bem sei que raramente isso te importa
Mas, quem sabe, talvez hoje, isso não.
Não gosto de pensar que te perdi,
Decerto não seria muito bom,
Os ecos se repetindo perdem som
Talvez o bom da vida esteja aqui.
Lembrando do que fomos, dá tristeza
Saber que destruí nosso castelo.
Por isso tantas vezes me revelo
Na foto que deixaste sobre a mesa.
Passado nunca move nem moinho,
Se fomos o que somos tenho chance
E quero renovar nosso romance,
Por isso, não me deixe mais sozinho...
Vais ter uma surpresa, te garanto!
Não sou aquele mesmo que deixara
A jóia preciosa, cara e rara
Abandonada e só, em qualquer canto.
A gente tantas vezes se perdeu
Em coisas tão sutis. Por que sofrer
Se tudo que carrego no meu ser
No brilho dos teus olhos renasceu?
X
Contigo aprendi tantas maravilhas,
Amar a natureza por si só,
Saber que retornamos sempre ao pó,
Por mais que sejam tristes nossas trilhas.
Aprendi respeitar o ser humano,
Mesmo que decepcione, pois quem erra
Merece ter perdão. Fugir da guerra
Que mesmo com justiça, é sempre engano.
Amar a luz de todos, cada brilho
Diverso do meu brilho, do meu breu.
E saber perdoar quem me esqueceu,
Cada qual reconhece o próprio trilho.
Amor tão gigantesco nega o medo,
Que esconde, na verdade, o vero amor.
Saber que nem precisa temer dor,
Amor já recompensa sem segredo.
Tão longe das estrelas, mas tão perto,
Fazendo do viver uma alegria,
A vida assim, perfeita fantasia,
É lua num oásis, no deserto...
X
Quero falar das coisas mais serenas
Assim como essa lua e o belo sol
Lindos olhos da amada, meu farol,
Todas as emoções, as mais amenas.
Do canto passageiro, passarinho,
Do ninho que tivemos e perdi.
O mundo mais fantástico vivi,
Agora, sem ter hora, vou sozinho...
Mas nada me impediu de te guardar
A sete chaves, dentro do meu eu.
O meu amor jamais, nunca esqueceu
O brilho dos teus olhos sobre o mar...
Bem sei que estás, agora, noutro bem,
Mesmo assim, minha amada, não te esqueço.
O teu amor bem sei que não mereço,
E desde que tu foste, amor não vem...
Não quero te encontrar, isso não quero.
Guardando teu retrato, com saudade,
Eu sei que bem no fundo, o que venero,
Em ti, se refletindo: a mocidade!
X
Chegaste das noites de minha alma,
Com calma e com total tranqüilidade
Trazendo uma buscada liberdade
No vento que de leve tanto acalma...
Vieste com carinho e mansidão
Salvando-me das trevas mais doridas.
As lágrimas que solto, distraídas
Somente representam emoção.
Amo-te e nada mais, na vida, importa,
A não ser esse fato de te amar
Trazendo aos cegos olhos o luar,
Abrindo um coração, ferrolho e porta.
Obrigado, querida, tanta luz!
És prova da existência dum amor.
Nas horas mais difíceis, teu calor
A sorte em minha vida, reproduz...
X
A noite que me trouxe teu olhar,
Já partiu sem sequer dizer adeus,
Saudade fez adeus dos olhos meus,
Nunca mais poderei saber do mar...
Tua distância,amiga,fez chorar;
Quem sempre quis fugir de escuros breus,
Quem não acreditava, olhos ateus;
Pudesse um dia; cego, procurar,
Pelas vielas; luzes mais audazes,
Quem sempre deparou-se com mordazes
Pesadelos, buscando pela paz;
O medo de perder-te e nunca mais
Saber tão bela lua, várias fases.
E agora, quando achava-me capaz,
Teus olhos, de partida. Isso me traz
Meus medos, e meus braços incapazes...
X
A noite apascentando meus olhares,
O cais se distancia da verdade...
Descubro liberdade nos palmares,
O rosto da tristeza na cidade...
Amores não me trazem novos ares,
No beijo que me rega, falsidade.
O mistério esbraveja nos meus mares,
No lago tão distante, da saudade...
A noite se transcorre tão silente,
Nos roncos e sibilos desses ventos...
O mundo, falseando a minha vida,
Que sempre considero mais perdida
Se encontro teus amores de repente.
O canto da saudade é envolvente,
Me alaga de tempestas, sofrimentos,
Prepara a minha doce despedida...
X
Não vais beber da fonte das quimeras,
As hastes, ramos, folhas mutiladas...
Amores que sonhavas, nas taperas,
Encontras nas cadeiras nas calçadas...
Vencidos tantos dias, priscas eras,
As luas que pensavas desmaiadas,
Escondem-se nas nuvens sem esperas.
Amores destroçados matam fadas...
Não queres mais sutis as velhas chamas.
Nos ramos destas flores, sem espinho...
Percebo que deveras não reclamas.
O sonho foi deixado no caminho.
A dama que se veste de dourado,
Matou doce menina do passado...
Mas mesmo que não saibas se revela
Fantástica mulher, na triste tela.
X
A dor que dilacera corações,
Reside nas profundas de minha alma...
Herdando velhas chagas, aflições,
Não tenho mais sequer quem me acalma!
As rosas exalando podridões,
Teu nome rabisquei na mão, na palma...
Vermelhos velhos vermes vendilhões,
Meus versos são versões antigo trauma...
Minha dor, resistente não perece...
A cada novo dia me envelhece,
Nas rugas que desenha minha face...
Desdenha sutil corda que embarace
Meus passos sertanejos na cidade.
De teu amor tão grande nada sou
De tudo que tivemos mal sobrou
A dor que já me enluta, a da saudade!
X
À Minha Amada
Noite avassaladora refletida;
Belo espelho das águas, ao luar...
As estrelas cadentes, esse mar,
As horas mais tristonhas, de partida...
Um gole de conhaque, alma doída...
Procuro simplesmente, te encontrar,
Noite, tapeçaria, faz sonhar;
Quem me dera morresse, despedida,
Em meio a tal nobreza divinal.
M’abriria então, Deus, o seu portal,
Guardaria essa imagem na retina...
À noite tanto amor que me alucina
Morrer de tanto amor, eu sou capaz.
As mãos te teceram, imortais,
Em tal momento orgástico de paz,
Te emolduram, amor, luz cristalina!
X
A minha alma embuçada nas torturas.
Um sino repicando esta saudade...
O gosto tão amargo, desventuras.
Nas neves que me deste, frialdade.
Num tempo que vivemos, as ternuras,
Chuvosas cordilheiras, tempestade...
Amores necessitam de branduras
Decerto não conheces liberdade...
Destino desaprendo tais estradas...
As noites esquecidas, vãs, nubladas.
O vento, calmaria, desconhece...
Meu canto transtornado vira prece...
O medo de te amar já me enlouquece
Não durmo mais tranqüilas madrugadas...
O resto do que fui já não existe...
O mundo que me deste, morre triste...
X
A luz que iluminava nosso ocaso,
Não deixa testemunhas, me arrebata...
Amor quando se trai parece vaso
Quebrado, que jamais de novo se ata...
Não posso te perder, nem peço prazo,
A vida sem sentido, me maltrata,
És pilastra por onde eu sempre embaso
Os meus sonhos são tristes... És a nata
De todos os meus passos. És a guia...
Nublando um claro céu, perdi a aurora,
A vida já não tem qualquer valia.
Vontade de partir e de ir embora
Perdi todo o sentido da alegria...
Um quadro que envelhece e se descora,
Nos pélagos medonhos, alma mora...
A tua ausência mata a fantasia...
X
Nas ruas desfilava a bela forma, esguia;
Trazia em seu olhar, um raio de luar.
Vontade de viver, vontade de chorar...
Amor fora distante, em plena asa do dia...
Sua beleza rara, a deusa não sabia;
Criança que matava, a cada meu sonhar,
Não via, distraída, a promessa de mar
Que, embalde lhe trazia, em minha poesia...
As ilusões cruéis fatais e terebrantes...
Meu mundo se perdia em olhos tão distantes...
Quem dera Deus me desse amor da bela deusa...
A vida, num repente, em rara em mansa luz,
Talvez não me pesasse e fosse leve, a cruz...
Nas ruas desfilava, amada semideusa
A mais bela que, um dia, entre outras,conheci.
E que, Graças a Deus, comigo estás, aqui.
X
Servido da saudade tal encanto
Que nada mais servira nem quisera
O mundo transbordando na pantera
Se mostra qual meu verso, em desencanto.
O vaso que quebrei custava tanto
Que nada mais teria assim quem dera
A vida sempre em duro e negro pranto.
A chama que me queima num quebranto
Avisa que esta sorte morde, fera.
Mentiste mas não posso concordar
Que nada que propões é mais sincero.
Amor que naufragando no luar
Esfera que descendo me descerra.
Amor tão verdadeiro, mas tão fero,
Invade, dominando toda a terra.
Por isso, minha amada me permita
Que a vida do teu lado, se repita.
X
Teus olhos mais formosos, de alegria,
Inundam os meus olhos sonhadores.
Se valem de perfumes, roubam flores
E marcam minha vida em poesia
Olhos que trazendo sempre o dia
Avalizam os sonhos, meus, amores;
Recebo satisfeito tais pendores
E marcho rumo à glória em fantasia...
Percebo que não queres mais um sonho,
Apenas um futuro mais risonho...
Amores quais olhares sempre vejo
Nos mares entranhados de desejo
Espero a mansidão, ternura plena.
E sempre que te vejo e não me vês
Escuso, por ser bela, uma altivez,
Pois sei que valerá, decerto, a pena!
X
A todos nós sonhadores
Que não cansamos de pensar
Que a vida é mais bonita
Do que, na verdade, é
Somos todos muito felizes
Pela infelicidade da vida,
Serve de tema.
E cada novo poema
Se transforma em novo
Sofrimento,
Pelo menos a gente sente
Ou não sente,
Ou inventa
Mas sente.
Remetemos em nossas penas
As penas que são apenas
Nossas ou vossas ou de todos.
Desvendamos os segredos
De nossa alma!
Quem dera!
Não nos conhecemos
Mas somos mestres dos sentidos.
Mesmo que não sentidos,
Mesmo que estranhos,
Trazemos em nossas entranhas
Nessa eterna faxina da alma.
A caneta por vassoura
Mas, ao contrário das outras
Pessoa, a gente mói e remói
O lixo dos sentimentos.
Até retirar a essência disso
Tudo e transportarmos
Para o papel.
Vivemos disso,
Da essência do lixo das nossas dores.
E das nossas alegrias também
No fundo somos loucos
Ou mentirosos,
Se bem que não há nada mais verdadeiro
Do que a poesia.
Embelezar as palavras.
Nossa lavra é profícua
Temos muitas e variadas sementes.
Mas um só coração.
O coração de poeta!
X
Vou fazer um dueto
Que prometo não demora
É rápido nem uma hora
Exige para ser feito.
E, mesmo contrafeita,
A parceira não se importa
Se não gostares.
Provavelmente nem eu
Irei gostar,
Mas, teimosamente,
Ela me aguarda
E não posso contrariá-la.
Vai que ela resolva ficar?
Aí, estou frito.
Não escapo.
Mas, por favor, paciência.
Eu tinha amores
Amadas e flores
Luares e rincões
Certezas senões
Mas era feliz.
Mas ela está, devagarinho se aproximando.
Vou ter que desligar um pouco,
Daqui há pouco eu volto,
Depois do dueto feito.
Eu sei que não tem jeito,
Espere até eu voltar.
Isso se ela deixar.
Que a danada é egoísta
Não há nada que resista
A um dueto com a solidão!
X
Vim te ver nesta curva
Da vida
Quando os vinte
Foram mais que dobrados.
Ah! Quem me dera
Saber que nada mudou,
Mas o sentido desta espera
Nas curvas se desfigurou
E, de repente,
O que fora uma esperança
Tomou as formas
Da fera que me esperava
Boca aberta, escancarada.
O tempo não perdoa.
Apesar de adiar
Ou não os sonhos,
Esmerila a alma
E vasculhando a gaveta
Mexe e remexe nos guardados.
Mas sabe que são apenas
Guardados
Guardanapos
Retratos
Tratando o que nunca mais
Re trata.
Nem ata
Apenas avaria.
Eu bem sei que te amo
E nada mais importaria
Se não fosse a urgência
De ser feliz.
Afinal, os vinte, os quarenta,
E não dá mais para adiar.
Adiar, dia a dia,
O dia que não chega
E nem mais me alcança.
E te espero há tanto...
Não se espante com minha pressa,
É que a janela está se fechando
E as esperanças
Abandonando o barco
Que posso fazer?
Sou o comandante...
X
Quero viver um amor
Sem cobranças, sem passado
E que vá por onde eu for,
Sempre, sempre do meu lado.
A vida me trouxe o sonho
E depois, cedo, cobrou,
Amor que fora risonho,
Era vidro e se quebrou...
De papel, a fantasia,
Qual balão de São João,
Acabou com alegria,
Entristeceu coração.
Chove chuva pequenina,
Vai molhando o meu quintal
Todo amor dessa menina
Enchendo o meu embornal.
Menina que bom te ver,
Sempre estou apaixonado
Contigo quero viver,
O resto, deixa de lado...
A chuva foi apertando,
E eu ficando aqui com medo,
Meu amor foi se acabando,
Que pena, que era tão cedo...
Mas espero sua volta
Cada dia mais espero
A mão do coração solta
Tanto amor que já venero.
Um dia passa depressa
Um mês demora a passar
Trair é qual sarna, começa,
E nunca mais quer parar.
Por isso, moça bonita
Acorde e bem ligeiro
Pois de outro laço de fita
Comecei sentir o cheiro.
Meu amor não faz mais isso
Eu te peço, por favor,
Amor que tanto cobiço
Cobiçando um novo amor...
Não vejo mais a saída
Tudo, tudo não me importa.
Esperando noutra vida
Encontrar a velha porta.
E sair devagarinho
Em busca do novo sol,
O meu amor, coitadinho,
Transformado em girassol.
Nas penas do passarinho
Minhas penas batem asas.
Procurando por um ninho,
Queimou as asas nas brasas...
E de novo sem sentido
Meu amor pesa de lado.
Por isso está resolvido
Entre nós, tudo acabado..
X
A Deus peço perdão
Por não te perdoar.
Tantas vezes tentei
Entender os teus erros,
Tantas quantas foram possíveis
Mas, depois de tanto tempo,
As crisálidas mortas,
Acaba-se a borboleta
E somente a tristeza.
Essa, ao voar, leva a minha alma.
Mas ainda resta-me um canto,
E isso me basta.
O canto que deixaste
Num canto abandonado da casa.
No sótão.
A chuva caindo não me deixa
Outra saída senão sair.
Em busca de meu passado,
Em busca de nossos momentos
Felizes.
Mas, de nada valeram.
Apenas aumentam a certeza
De que errei.
De que erramos
E de perdemos a maior oportunidade
De sermos felizes.
Não posso te perdoar.
Foste a minha maior esperança
A minha grande aposta na vida.
A realização de tantos sonhos
Que acalentei desde menino.
Não posso te perdoar,
Ah! Isso não!
Podes me pedir o que quiseres,
Menos o perdão.
As nossas noites inesquecíveis
Na nossa cama, no nosso quarto,
As estrelas invadiam tudo
E me deixavas mudo
De tanta emoção e prazer.
Os nossos dias, maravilhosos,
Em que estávamos, sem saber,
Uniformizando a alma.
Pelo menos eu cria nisso.
Mas passou...
As vezes que saímos para jantar
Luz de velas e tudo o que tínhamos direito.
Direito...
É, realmente, tudo mudou.
As estrelas continuam,
Os céus continuam,
E acho que só isso.
Ah! Não! Espere.
Eu também continuo
Te amando...
X
Pegaste minha mão
E fomos pelas ruas
Estávamos cada vez
Mais distantes do rumo
E cada vez mais estranhos.
O vento me trazia
Notícias doutras terras
Onde nunca podermos
Chegar.
Apenas em sonho...
E cada vez mais pertos
Do fim da estrada,
Sentido oposto ao que tramamos.
O vento nos levava
E nada disso me incomodava.
A não ser a força do vento
Contra o rosto,
Cada vez maior.
Senti que, por vezes,
Abaixavas e me olhavas
Como quem não acreditava
Embora continuasse a caminhada.
Depois de vários e vários dias,
Comecei a sentir que o vento,
Agora bem mais forte,
Desenlaçava nossas mãos
E, teimosa, tu tentavas segurar.
E eu me ria, como se aquilo
Fosse engraçado.
Engraçado, os nossos cabelos
Embranquecidos
Mas o meu coração, ainda moleque,
Cismava em tentar enfrentar o vento.
Pouco tempo depois,
Ao te ver caída,
Tentei te levantar
Mas o vento não deixou...
Me levou para um rumo mais diverso
Ainda.
O vento, em furacão, a partir daí
Se tornou absolutamente sem controle.
O que aconteceu não sei,
Só sei que, o tufão me trouxe,
De novo ao rumo que previra,
E o teu sorriso
Demonstrava a tua felicidade
Pelo retorno, mesmo que envelhecido,
Estropiado, sangrado, marcado,
Deste velho menino,
Para os teus braços.
X
Nada mais seria tanto
Se não fosse nem portanto
Mas agora em desencanto
Acabo me misturando
Com o medo de viver
E, quem sabe, não morrer.
Amas e reclamo
Temes e te amo.
Vou entender isso?
Nada mais desatinado
Que andar apaixonado
Sem ter nada
Nem amada...
Mesmo assim eu não desisto
Existo e
Resisto
Assisto...
Pego a caneta
E o rabo do cometa
Que, pintado de poeta,
Vaga sem ter sentimento
Ou pelo menos, tantas vezes
Finge que tem
Ou que não tem.
Mas te amo mesmo assim,
Do tropeço até o fim...
X
No cigarro quando fumo
Meus remendos se desfazem
E depois de tanto tempo
Os amores não refazem
A verdade que perdi.
E se, eu tanto te pedi,
Não vieste me despeço
E andando sempre a esmo
Tento ser ainda o mesmo
Mas nada mais prometo
A não ser o arremedo
Do que fui em tua vida.
Aceito despedida
Mas sem aviso prévio....
X
Vaso quebrado
Atado perdido
Nada divido
Nem meu fado.
Safado moleque
No leque das dores
Fazendo horrores
Com um peito
Vadio
Sempre no cio.
Buscando tuas pernas
E dançando sozinho...
Mas tudo que faço
Dependo do traço
Que caço e não acho,
Apenas comento.
Se tanto me desse
Amor que confesse
Depressa sentia
Que a mão que se esconde
Perdendo o bonde
Esquece o carinho.
Vivendo sozinho
Sem sina e sem tino
Sem vaso e sem senso
Amor mais intenso
Fogaréu imenso
Precisa que apague.
Me empresta tua chama!
X
Amar é necessário ter coragem,
Saber que muitas vezes nos magoam
E mesmo assim, sentimentos maus revoam
E impedem que façamos tal viagem.
Amar sem ter coragem, tanto medo,
Traduz-se em sofrimento no final.
Quem ama deve ter esse ideal
Não temer intempérie nem degredo.
Mas tanto que te amei, minha querida,
Que agora a vida mostra outro sentido.
Das forças deste amor fui dividido
E quase, nos teus braços, perco a vida...
X
Alvo vinha veloz alvorecer...
Beijo, embarco na bela doce boca...
Encontro a mansidão na voz tão rouca.
Adoço o sonho, quem me dera ter!
Não sei se sabes sinto não saber,
Aportei portos pútridos. Espoca
O meu medo, penedo a percorrer.
Meu trabalho foi falho, fel desloca!
O rombo dos arroubos foi rebento.
O traço dos meus passos foi errado.
Varais, vestidos, vértices do vento...
Tua seminudez, doce tormento
T’as pernas meus desejos embaraço
E danço em verdadeira sincronia
Vencido pelo gozo risco um traço
E canto em teu prazer, minha alegria...
X
Loucos sonhos, delírios insensatos...
Milhares de fantasmas rutilando.
Rituais ancestrais, irei voando
Por espaços, meus laços, meus retratos...
Atípicos pendões surgem inatos,
Dos céus descendo os anjos, flutuando...
As mãos vazias, gôndolas girando.
Irresponsáveis aves sobre pratos,
Escapo deste céu, não temerei.
Meu cetro me indicando, sou um rei,
Nas minhas terras, cega confusão.
As vagas tempestades, as sereias,
Nas mãos que me torturas, me incendeias...
Gira mundo, alucina, perco o chão.
Em teus braços divinos, rodopio.
Penetro teu suave encanto e cio...
X
Procuro a alma das árvores, floresta;
Encontro tão somente esse lamento.
Quisera perceber um só momento,
Do duvidoso tempo que me resta...
Sentidos tão banais, a vida atesta
Que nunca mais terei um só tormento,
Nas falsas esperanças em que tento,
Viver das alegrias, finjo festa...
Nas almas dessas matas, sou machado;
Podando o que puder ter encontrado.
Na seiva que seringo, sangra a vida.
Amando em desespero, triste fado,
Em cada novo vento, a despedida...
Viver? Quem dera! Sigo sem sentido,
Meu mundo vai girando, estou perdido,
Minha alma qual das árvores, ferida...
X
Almíscar: meus desejos, teu perfume;
Penetrando as narinas, me conquista.
E não há, na verdade, quem resista,
Nem quero e nem concebo mais queixume...
A vida sem teus olhos, não tem lume,
Meu caminho se perde. Não desista:
Grito contido, perco-te de vista.
Mas teu olor suave, qual costume,
Denuncia teus passos, minha amada...
Não perderei jamais a tua estrada,
Nem quero mais sentir outro desejo.
O de somente amar quem tanto quis
Pois saiba, com certeza, eu sou feliz;
Teu perfume causando, nesse ensejo,
A doçura suave de teu beijo,
Presença do Senhor, glorificada...
X
Amor que me entregaste foi mentira
Do mesmo jeito trouxe vê se tira...
Quando te encontrei julguei sereia.
Agora que conheço me despeço
Não quero carregar na minha veia
Tal amor que, por certo, não mereço.
Não quero me enredar na tua teia
Nem quero despencar pois sei tropeço
O fogo que te queima me incendeia
O monte de tal Vênus desconheço.
Nas linhas que concebo verticais
A mão que me pediste foi-se embora.
Os cantos que me contas são banais
O medo do destino me tortura.
Teu quadro, na parede, não decora.
É muito mais bonita essa moldura..
X
. Amiga, não perguntes por que choro!
A vida não me deu sequer escolha...
O vento me carrega, junto à folha
Onde escrevi meus versos. Hoje imploro
À solidão que deixe-me, recolha
Os restos que largaste sem decoro...
O mundo me trancou na triste bolha
Onde emolduras... Onde me demoro!
Amiga, não te peço que me escutes,
Apenas não desejo que me esqueças...
Das jóias que ganhei na triste vida,
Tua amizade é pedra mais divina!
Na vida que por hora descortina,
Nas guerras que pedi, comigo lutes...
Batalhas que perdi, me convalesças..
A luta que forjei, já vai perdida...
X
Se meço não convenço nem te peço
Nem quero convencer quem não merece,
Amores que menti, nem desconverso,
As noites que passei, omitem prece,
Meus olhos procurando vou disperso,
Nem tudo que proponho me acontece
Nos versos que te fiz, meu universo,
Se meço nem te peço, me confesse...
O vasto seringal dos meus amores,
As flores imortais que não plantei,
Os cais que enclausuraram nossas dores,
Os olhos da mulher que procurei
Perfumes nessas mãos de raras flores
O medo de saber que nada sei
Nas procissões que fazes, meus andores,
Amar continuamente, minha lei...
X
Amor, apaixonante teu carisma...
Beleza, representas Afrodite...
Teus olhos repercutem todo o prisma,
Quem foi teu criador? Peço palpite...
Nas noites te procuro, velho cisma,
Tanta candura assim, nunca se admite...
Amar-te é conhecer cada sofisma,
Procuro-te, rainha Nefertiti,
Akhenaton, procuro tal beleza,
Encontro a solidão como promessa...
Não posso te negar a realeza...
A dor que se tramar não se confessa
Loucura tatuada, ferro e lança
A vida nunca teve tanta farsa
No fundo cultivando uma vingança
A morte me servindo de comparsa.
X
Ah! Quem me dera fosses meu amor!
Como a vida seria mais completa.
A poesia, amiga predileta,
Companheira, por onde quer que eu for;
Teria enfim, parceira mais dileta.
E nunca mais seria um sofredor,
Quem sempre teve espinhos nunca flor,
No sonho audaz, tentando ser poeta...
Se fosses meu amor, que bela a vida!
Andar buscando glória, sorridente.
Não conceber sequer a despedida...
Amar e ser amado é tão urgente!
Não quero ver minha alma mais perdida...
Sentir o teu perfume que, envolvente,
Penetra nas narinas. Na sofrida
Luta por viver; sentir-me gente!
X
AH! COMO EU PODERIA TE DIZER
DA SENSAÇÃO CRUEL DESSA SAUDADE
DIZER-TE QUE, SEM TI , MELHOR MORRER!
VOU PROCURAR-TE EM TODA CLARIDADE.
JAMAIS EU SABERIA QUEM HÁ DE
INFORMAR A ESSE LOUCO SEM POR QUE
EM QUE CANTO, EM QUE RUA NA CIDADE.
EM QUE MUNDO ELE SOUBE TE PERDER?
AGORA QUE AS PALAVRAS SÃO NEFASTAS.
AGORA QUE MEU MUNDO JÁ PERDI
QUANTO MAIS ME APROXIMO, MAIS T'AFASTAS
MAIS SINTO A ANGÚSTIA MAIS CRUEL, SORRIR.
SONHANDO COM AS NOITES PURAS, CASTAS,
ESPERO DESTE SONHO REPARTIR...
E QUANTO MAIS DE DOR, MEU PEITO, ABASTAS;
SUPLICO, POR FAVOR, O AMOR EM TI
X
O meu afrodisíaco perfeito...
Deitada se esmiúça em desafio.
É fera que amedronta, em pleno cio,
Proclama-se senhora do meu leito.
Sem hora chega, vê-se no direito
De vasculhar meu mundo fio a fio.
É vela que devora o meu pavio,
É rasto que me leva e rasga o peito!
Na lúbrica ternura, tantas unhas...
As garras incrustadas entram fundo.
Amor que tanto quis, sem testemunhas;
Em plena madrugada, nos motéis
Amores vão cumprindo seus papéis
Nos jogos sedutores, entrelaces...
Nas ânsias me devoras, perco o mundo,
Nos nossos loucos gozos, tantas faces...
X
Preso, contido em tais cruéis mistérios,
Não me permito as urzes nem espinhos...
Nas marcas de teus passos nos caminhos,
Por certo derrubaste meu império!
Não posso permitir tal adultério,
As bocas que beijaste, teus carinhos.
Do grande amor que tive, cemitério;
Os pássaros procuram novos ninhos!
Por tanto que sonhei felicidade
Por tanto que sozinho, te esperei,
Não quero mais saber de tuas culpas.
A noite não permite mais desculpas.
Te quis, jamais oculto essa verdade.
Os trapos que deixaste já rasguei;
Em tudo transtornaste minha lei.
De ti não restará nem a saudade...
X
Não me deixas sentir sequer o medo...
Não tenho tempestades, nem as temo...
Amar parece ser o teu segredo.
Nos mares que navego, és o meu remo...
Por vezes, se freqüento meu degredo,
A morte tão silente nunca eufemo,
Aguardo minha dores, simples, ledo...
A teu lado sequer, nunca me tremo...
Perfume e singeleza, tens da rosa,
Caminhas flutuando pelo céu...
Amada, teu caminho descortina,
Nas mãos desta mulher voluptuosa,
Delícias e luxúrias, carrossel...
A noite dos prazeres desatina
E tanto que buscamos sob o véu
Da lua que, faminta, é tão dengosa...
X
Quando te vi, bem menina,
Nunca poderia crer
Destino que desatina
Não tem talvez nem por que
Aprontasse bela sina,
A sina de conhecer
Amor, luz que ilumina
Os olhos, me faz sofrer...
Menina crescida, bela,
Transformada em tal sereia
Tanto brilho que incendeia
No meu céu virou estrela
Nas cordas do violão
Essa estrela verdadeira
Da minha vida, a primeira,
Acordou meu coração!
X
Mergulho no teu corpo sou sincero,
Não temo essa incerteza, nenhum mal,
Amor que não machuca, nunca quero,
Mergulho no teu pélago abissal.
Escracho meus sentidos, vivo e fero,
Nas cordilheiras, levo meu bornal,
Nossos ares, montanhas onde impero,
Mergulho nas alturas, abismal...
Amor que sempre fora mais vadio
Que não sabe escolher nem os lugares.
Não teimo pouco temo e já te amplio,
Na partitura singro meus cantares,
Na cama que desfrutas, teta e cio,
Talheres divididos nos jantares...
Morena, vem aqueça está tão frio...
Por testemunha estrelas e luares...
X
Alamedas, estradas e caminhos...
Nos pinheiros e cedros, tal beleza...
Lá perdi nossos beijos e carinhos...
A mansidão perfaz a sutileza...
Nossos olhos são tristes passarinhos,
Nasceram para a dor, tenho certeza...
Buscando por sossego, querem ninhos,
A vida proibiu tal fortaleza...
Meus versos procurando sem jamais
Encontrar as luas que desatas
Nas mansidões dos rios nas cascatas,
A corredeira leva nossa paz...
Quem dera conhecer as nossas matas,
Nas mãos que me acarinham, ser capaz
De ter a calmaria que retratas,
Brisa fresca que a noite calma traz...
X
Abelha que precisa desta flor,
A flor que necessita desta abelha,
Amores que vivemos por amor,
São flores que iluminam qual centelha!
Do pólen produzido sonhador,
Das cores que vivemos, a vermelha!
A chuva que refresca esse calor,
Batendo, levemente em cada telha!!!
Te quero, tanto quanto te preciso.
Não sei viver; somente sobrevivo
Nas horas onde estou, de ti, distante!
Amor um sentimento tão altivo
Que leva sem sentir ao paraíso
Não vás, te necessito a cada instante....
Se fores, não terei sequer o siso!
Prisioneiro da abelha, sou cativo!
X
As mãos que carinham, maviosas.
Os dedos te percorrem grutas, seios...
A boca procurando colher rosas.
Gemidos traduzindo teus anseios...
As rondas que te faço, glamourosas,
Os cabelos dançando seus maneios...
Nas noites que rolamos, tanto gozas...
Persigo, calmamente, quais os meios
De te causar delírio, maciez...
De te levar total insensatez.
As noites que passamos são cometas...
Em plena madrugada se desfez
Num gozo gigantesco, de alegria.
Não posso permitir que tu cometas
Insana tresloucada fantasia...
A vida não terá mais um só dia...
X
Abandonado... partiste.
A saudade, minha herança!
Estou só estou tão triste...
Morte encontro na lembrança...
Abandonado... Nada existe
A noite mais fria avança...
Só meu coração insiste
Do que resta em mim, aliança!
Horas passam, dias voam...
Fico cada vez mais só..
As aves não mais revoam.
Até morte, companheira,
Me deixou, não teve dó...
Te procurei vida inteira...
Mas me deixaste sozinho,
Aqui espera teu ninho,
Retorna meu passarinho!
X
A noite tenebrosa aproximava,
Nas mãos deste fantasma, meu guerreiro,
A lua tão lasciva decorava
Todo o céu, transformado num tinteiro...
O rastro das estrelas transportava
Amor que sempre fora verdadeiro,
Cometa-prostituta se entregava
Nos braços deste amor, mar derradeiro...
As algas fosforescem no oceano,
Testemunhas reais deste romance...
Na noite das orgias, cada lance
Delirante transforma todo plano
Permite que prazer de novo avance,
Refaz toda luxúria e todo gozo...
Quem nunca cometeu sequer engano?
O mar derrama as ondas, caprichoso...
X
Nos teus níveos sorrisos, as promessas...
Sultana que escraviza um coração!
Meu mundo transtornaste e não confessas,
Rastejo te implorando teu perdão!
Tantas vezes, a vida prega peças
É preciso encontrar um guardião.
No meu plácido rumo, não me peças
Que deixe de prestar tanta atenção.
Não posso caminhar sem os teus pés.
Não posso respirar sem o teu ar...
A vida não perdoa: és meu convés!
Tudo que é preciso nessa vida,
De nada mais seria sem te ter.
Saberia que estrada vai perdida
Uma nau sem destino, sem te ver.
Guardiã dos desejos e delírios...
De que vale, sem frutas, meu pomar?
Sem jardim, minha amada, p’ra que lírios?
X
Os meus versos de amor, a poesia
Que canta teu olhar, a tua boca
Que faz da fantasia uma arma louca
Invade meus sentidos de alegria...
Meus tristes versos cantam sem parar
As horas mais felizes que passei
Num tempo que jamais imaginei
Pudesse, de repente, terminar...
Mas trago uma saudade que me torna
Mais forte que jamais pudera ser,
Tramando uma vontade de viver
Ternura que domina e já se entorna
Nos versos que prometo te fazer...
X
Ah! Como dói o amor quando distante...
As horas não se passam, vida voa...
O mundo se desaba num instante
Quem dera ser feliz... Rei e coroa...
Nos olhos derramados deste amante
As lágrimas se secam. São à toa...
Jamais renascerá o radiante
Sol... Mas um girassol louro destoa...
Floresce mais teimoso neste prado.
As cores e os brilhos tal farol...
Promete ressurgir vital prazer,
De tanta dor que trouxe do passado,
Da minha mocidade sem o sol,
Buscar o louco amor, o meu afã.
Quebranto e solidão meu triste fado,
Mas, entretanto a vida, um girassol;
Promete renascer, loura manhã!
X
Te cantarei canções do coração!
Naturalmente bela, estrela minha...
Nas cordas do sonoro violão,
A dor desta saudade se avizinha...
Em teus braços, serei uma avezinha
Procurando por tua proteção...
Teu amor, meu amor vem e se aninha
Meu canto está repleto de ilusão...
Cobertor dessa noite longa e fria,
Quem dera regressasse enfim, agora!
Deusa primaveril, das flores, guia.
Que tanto persegui em tempos duros
Dos céus eternamente mais escuros
Por favor! não suporto tanta espera,
Retorne pois, querida, a Primavera
Só poderá chegar contigo amor.
X
O vento balançando, ouvindo meu clamor...
As noites vão morrendo, espero um novo dia...
Não quero mais saber deste teu “grande” amor...
A vida se demora em cada sinfonia...
Os beijos que negaste, estranha fantasia,
Não deixam nem recado, expressam teu rancor.
A morte vai chegar, cessando essa folia...
Não pude perceber, frio se fez calor...
O medo que travaste, em versos se perdeu.
A lua que chegava, a sombra derreteu.
Amores mais sutis, cinzas do meu passado...
Desse tempo que diz que fui feliz
Em tanta tempestade o tanto que te quis
Um sino vai dobrando avisa que já fui...
Não quero mais saber. Preciso, o teu recado...
Castelo que encantado o tempo tanto influi
Que sempre trago o peito, assim iluminado!
X
Areias escaldantes do deserto.
As brancas testemunhas deste ocaso.
Amor que traduzimos por incerto,
Morrendo na tardinha, findo o prazo...
Um pobre beduíno, céu aberto,
Espera pelo oásis, ao acaso.
A miragem do amor, sem nada certo,
Olhar pleno e distante, morto e raso...
Areias escaldantes desta praia
Delícias de morenas e sereias...
O sol enamorado já desmaia,
Olhando para oásis com ciúme,
Roubando dos prazeres, o perfume...
Casais semi-desnudos se acasalam,
Desfilam seus hormônios nas areias...
Camelo e beduíno, nada falam...
X
Do teu caminho conheci segredo
Dos mansos passos luzes, brilhos, paz...
Penas que foste embora logo cedo,
Deixando apenas a lembrança audaz
De uma guerreira impávida, sem medo.
Tanta tristeza minha noite traz!
Na vida eu merecia um outro enredo.
Será que prosseguir, eu sou capaz?
Pois quando enfim chegar o triste inverno,
O coração vazio, quieto e triste.
Amor que merecia ser eterno;
Jóia entre tantas jóias, a mais rara,
À dor da punhalada não resiste
A ausência deste amor que se foi para
A mais brilhante estrela do universo
E surge, renascendo em cada verso...
X
As mãos macias desta deusa nua
A passear tanto carinho insano.
Minha alma satisfeita então flutua
Das santas alegrias já me ufano.
A boca me promete e morde, crua,
Viajo por espaços outro plano;
E a noite encantadora, continua...
Não me permitirá jamais engano...
O mundo, quando um Deus amante fez
Não tinha inda metade desta luz
Que, clareando a vida, me conduz
Aos braços desta minha amada tez
Em todo o amor que sempre dediquei
O brilho duma aurora que sonhei.
Rendo-me aos teus caprichos, teu desejo...
A boca escancarada pede um beijo...
X
Tantas dores a vida nos promete
São montanhas diversas, ventanias...
Ao passado, a tristeza me remete
Fazendo transtornar as melodias
Da festa, serpentina com confete
Nos meus ultrapassados carnavais.
O tempo que se foi não mais repete,
A alegria vivemos, nunca mais!
Das dores que acumulo pela vida,
A ausência desta luz que já morreu,
Da minha mocidade, despedida...
Não há mais sequer lua que inda brilhe
No meu céu sem estrelas, puro breu,
Por mais que essa tristeza inda me trilhe
Meus braços enfrentando a dura lida
Esperando esse amor que maravilhe
E, tornando meu dia bem mais claro
Traga-me amor sincero e bem mais raro,
Vivos nos belos olhos teus, querida...
X
Por que zombas amiga dos amores?
São frágeis, são loucuras tentadoras...
Nos guizos dos palhaços, seus atores,
Alegrias febris, mas redentoras...
Desprezas as mortalhas, santas dores.
Macabros sentimentos... Amadoras
Noites, nas gargalhadas dos horrores,
Vestidas de luares, sonhadoras...
Não zombes deste amor, é crueldade!
Por certo não concebes melodias.
Detrás deste descaso, uma verdade
Calada no teu peito, uma saudade
Daqueles maviosos, belos dias...
O medo te conteve dando-te asco...
As noites que se passam, tão vazias,
Esperam perfumar um lindo frasco!
X
Nas frenéticas noites que me embalam,
Espero por teu braço junto aos meus...
As noites que passamos já se calam,
Os erros se contavam, novo adeus...
As mãos que se conhecem tanto falam,
Abraços cordiais de um louva deus;
Por certo sentimentos não se abalam,
No fundo devorando, são ateus...
Nas frenéticas noites que passamos,
Os medos nunca foram solução.
Em meio a tantas camas, nos amamos,
Distantes, tantas vezes, nos tocamos
E trocamos nosso ódio por paixão.
Amores não respeitam nem o chão.
Toda sinceridade que buscamos,
Espalha esse veneno, coração...
X
As bocas se tocam
Os corpos se beijam
Os olhos devoram
Cada centímetro
E nada mais faço
Sinto teu corpo
Em meu corpo
E me encorpo
E te incorporo
Poro por poro
Decoro teus poros
E porejo prazer
De ser qual eu sou
Querendo te ser.
Querendo tecer
Teu corpo no meu
Meu corpo no teu
Ateu sem tédio
Sem ódio,
Dio! Remédio
Assédio e anseio
Asseio e serenos
Seio e venenos
Me embrenho na mata
Na atada manhã
E nos olhos da fera
Pantera que espera
Ensopada, a cada momento
O tormento revigora
E agora?
Me tens mentes e mantas
Mantras e mansos suores
Soares e cantares
E sinos que tocam
Campanas em festa
Ávidas das frestas e das rastros
Dos astros que penetram
As grutas e grotas
Onde brotas prazer...
X
Noite que tanto sonho, dos amores,
De nossas loucas mãos que se procuram
Nesses momentos santos que nos curam
E livram nossas vidas dos pavores.
A noite desta lua em que te caço,
Os raios penetrando em nosso quarto.
Encontram-me, cansado, feliz farto,
Em todos os prazeres do cansaço.
Na noite das estrelas que me trazes,
No chão que caminhando me deslumbras
As noites tão amadas que vislumbras,
Se fazem quando, enfim, fazemos pazes.
Noites que derramam sobre o mar,
Um brilho deleitoso e tão marcante
Permite doce noite, nosso amar,
Pois a noite, também é nossa amante...
X
As mãos macias e a carne dura
Na procura delicada
A noite passa.
E tua nudez, acalma...
O cheiro do perfume
E as mãos macias
E a carne dura.
Se pudesse, o tempo não deixaria passar.
Terminando o sonho noutro sonho.
Revigorando-se sempre
A cada novo dia
E cada novo prazer.
Quero o teu gosto
E o gesto mais manso
O carinho e o remanso
Alcanço teu rosto
A pele macia
A fera que anseia
Os seios e o cio.
As nossas bocas se procuram
E se encontram
E se atacam
Mordem e revigoram
Curam e secam
As salivas nas salivas.
Cada parte de teu corpo
Decorando cada centímetro
Sentimento pra mais de metro
De quilômetros...
Nada mais me importa
A não ser a porta
Aberta do desejo.
Do desejo completado
E compartilhado.
O cigarro aceso,
A cigarra tesa e, entesados,
As tentações e as tenazes
Que se abrem e fecham
Com agilidade e sofreguidão.
Todas as umidades em uníssono
Em unidade e união.
Delicadezas e seduções
De repente se transformam
Em lutas e batalhas
Movimentos ferozes e vorazes,
As luas e os sóis, milhões de estrelas
Convulsionadamente a noite se desenvolve
E nada mais importa,
A porta entre aberta,
Alerta e agrado.
Corcéis e panteras
Lutas e chuvas, tempestades,
Movimentos loucos,
Ancas loucas
Desabridos sentidos, todos
Taquipnéia, taquicardia
Taqui, tique taqui, tique taqui...
Coração, bomba relógio
As horas explodem
A enchente e o dilúvio.
O cansaço, o sono,
O amor se refaz mansamente
E a noite evolui para o amanhecer
Doce e encantador de uma aurora fascinante.
TE AMO!
X
Por que sofrer saudades nessa vida,
Se não conseguirei jamais saber,
Porque somente foste despedida.
Ir me matando, aos poucos, sem querer...
Sem rumo, vai a vida, nau perdida,
Em meio a tempestades, me perder,
Sem conceber por onde está vencida,
A batalha, poder sobreviver.
Eu quero ter somente teu sabor,
Embora nada mais consigo ver,
A não ser despedida nesse amor,
Que tanto me deixou quanto me quer
Desejos e torturas de mulher.
Nada além do que pude conhecer,
Nada além, desse pouco que restou,
Somente a solidão disse o que eu sou...
X
Cordilheiras gigantes, montes, cumes...
No salto extasiante da pantera,
Num laivo mais sutil, tantos ciúmes...
A febre desejosa da quimera...
Na mão que me açoitava, teus perfumes,
Os vértices, os prumos, minha espera,
Deliro mas não ouves meus queixumes.
Ah! Se tu fosses minha... Quem me dera...
Nos olhos vaticínios indefesos,
Traduzes as visões destes profetas.
Cativos meus amores morrem presos
Nos desejos ferozes, domadora...
Porquanto meus martírios quis ascetas,
A boca não sacia e te procura,
A cada novo beijo, nova cura,
E sempre que te quero mais inteira,
Os olhos revirando, amor aflora
Na noite onde te mostras verdadeira
Desmaias loucos gozos, redentora!
X
Recebi sua carta, minha amiga.
Em todas as palavras um adeus...
No fundo de minha alma vá, prossiga,
Consigo não irão os olhos meus...
A sensação que tenho, tão antiga,
Desfeitos tantos sonhos de himeneus,
E de querer, enfim, que já consiga
Viver mais plenamente os sonhos seus...
Bem sei que depois disso vou sozinho...
É certo que tentamos ser felizes.
O fio deste amor jamais foi linho,
Bem sabes que durante minha vida
Tu foste, meu sincero e manso amor.
Agora que tu vais, em despedida,
Espero que te encontre, o esplendor.
Vivemos nosso céu, vieram crises,
Em todas as promessas, desamor.
Mas quero que tu saibas que desejo,
E nisso não demonstro falsidade,
Que sempre que lembrares do meu beijo,
Noutro beijo, matarei essa saudade...
X
A lua no sertão, meu amor sertanejo...
Abrindo essa janela a lua, intensa brilha.
Promete a minha vida imensa maravilha.
A lua se esbaldando, espelha meu desejo...
Vem cá minha morena, espero por teu beijo.
A lua faz o claro, então vamos na trilha.
As urzes no caminho, espreita e armadilha;
Um sonho cristalino; olhar brilhante vejo!
A lua, companheira, anseia pela aurora.
Estrela tão formosa, a cena se decora!
Ó lua do sertão! Meu sonho e minha luz!
A noite em minha vida decerto quer a lua
Que sempre que nasce, tão bela continua,
Olhando a minha amada, a lua se seduz.
Amor que me deixou, roubou a claridade.
A lua que carrego, a lua da cidade...
Da lua do sertão, ficou só a saudade...
X
A natureza traz fantásticas lições.
Por isso nunca perca o brilho de esperança.
Por mais que esteja escuro,a manhã logo alcança
A calmaria vem depois de furacões.
A boca que te beija espalha as ilusões.
Na mais incrível guerra uma antiga aliança.
O homem mais sisudo, um dia foi criança.
Amor mal se distrai, espera por perdões.
Nos mares, a pobre ostra, em dor descomunal;
Ferida pela areia, em louco ritual;
Gerando tal beleza, o dom maior da vida.
Transmuda o grão de areia em pérola sublime.
Do escuro desta vida, a luz que me ilumine.
Assim é nosso amor, pérola, Margarida!
X
Amor, meu companheiro de viagem!
Nas curvas e desníveis do caminho,
Espero por teu vento, tua aragem.
Não quero prosseguir assim, sozinho...
A lua vai mudando de roupagem...
No céu prateia e doura cada ninho,
Se enfeitando, tão bela maquiagem!
Amor meu companheiro, passarinho!
Voando pelos campos, beija a flor.
Revoando por mares, cordilheiras...
Encontra esta beleza, e esplendor.
Pesado, coração voa de lado,
As noites são amigas, companheiras,
Nos braços delicados, meu amor.
No sonho desta noite desejado,
Prazeres e delícias verdadeiras...
X
Tecendo meus tapetes de ilusão,
Transformo meu sorriso num lamento...
Mergulho meu amor em solidão,
Transporto tempestades, beijo o vento...
Quimeras, gargalhadas, solução?
Não vivo sem lamber o sofrimento...
A morte muitas vezes, o meu pão.
Os raios desta angústia, o firmamento...
Não falo das renúncias nem conquista...
Vou tresloucadamente mas tão lúcido...
Meus barcos não me gritam: terra à vista!
Opacos meus destinos, são bem parcos.
Espelho não reflete, pois translúcido...
Não sei nadar, procuro por teus barcos...
Amor, sem teu carinho, perco o cais.
Por isso, não se perca nunca mais!
X
Noite se abrindo , mágicos pendores...
Nas esperas, cansaços e canções...
Vestida de ilusão, trazendo flores,
Destroça, mansamente, corações....
Noite, testemunhando meus amores,
Retrata nos seus brilhos, os perdões...
Quem pensa na beleza dos albores
Desconsidera o rumo das paixões...
Imagino um deserto, lua plena.
O vento acaricia um belo rosto.
A vida que sonhamos, tão serena...
Em tudo nosso amor em mansa lua
Que trama essa beleza, pura e nua...
Nos olhos dessa amada, fino gosto,
Os nervos, as entranhas, tudo exposto...
Imagino a ternura desta cena...
X
Enlanguescente deitas sobre a cama...
Volúpias e desejos no cetim.
Estás sensualíssima: Me chama...
Nas erupções vulcânicas, festim...
No jogo sedutor, acesa a chama,
A fogueira queimando dentro em mim...
Delícias produzindo louca trama,
Quem dera, toda vida fosse assim...
As bocas desbravando cada trilha,
Audazes dedos tecem linda renda...
O mundo transbordando em maravilha.
Devoro e me devoras neste jogo
Que queima tanto quanto fosse fogo
Desejo, necessito que se acenda,
Nos olhos que te buscam, tiras venda,
E vejo nos teus olhos, novo afã.
A lua salpicando nossa tenda,
Prepara aurora grávida: manhã...
X
Vida me embriagando, grandes tragos...
As danças e desejos neste vinho...
Dispenso tais solenes, vis afagos...
Mergulho no horizonte, sem caminho...
Os olhos multiplicam, viram magos.
Quem me der novo beijo, seu carinho,
Navegará por certo, loucos lagos...
O meu corpo procura e pede ninho!
Bocas unidas, beijos sensuais..
Os tragos deste vinho, sou refém...
No pêssego do rosto, manuais...
As bocas se procuram, de viés...
Distante desta boca sou ninguém.
Sou barco que deriva sem convés,
A paz em minha vida, nunca mais,
Saudades de te ter, amado bem...
X
Teu beijo me queimando, uma fogueira...
Ardendo nos meus olhos, qual fumaça...
Amar-te, prometi, a vida inteira.
O tempo desgraçado, tudo embaça...
Muitas vezes sonhei: minha bandeira
Jogada, abandonada em plena praça.
Amor que não renova faz besteira,
No vento sem saber, depressa passa...
Te quero minha amada sonhadora,
Quero a cada segundo, a cada instante...
Margarida dos sonhos, logo aflora...
Permita que este pobre delirante,
Em versos se declare teu amante.
A vida sem amor, não vale um riso...
Quem me dera viver amor constante...
Por certo me traria o paraíso!
X
Percebo nos teus olhos, tanto frio;
Certezas, já não tenho, nem as sei.
Amores são segredos, vou vazio,
Lembranças desse tempo em que fui rei.
Agora, que não temo mais, vadio.
Confesso que não penso e nem pensei,
Em meio a temporais, inunda o rio,
Por onde tantas vezes naufraguei...
Não quero nem sentir meu pensamento,
A verdade doída me maltrata,
Velhice vai chegando, meu tormento,
A dor que sempre trago, não desata
E traz, toda a saudade e sofrimento...
Nem posso reclamar da vida, ingrata,
Nem posso maldizer, um só momento.
Prazer que não reluz, hoje me mata…
X
TANTOS AMARES SÃO TODOS LUGARES
SE NOS MEUS PRÓPRIOS MARES NAVEGAR
BUSCANDO NO MEU CANTO TANTO MAR
TANTO QUANTO, POSSÍVEL FOR AMARES.
TANTO QUANTO SERIAM TEUS LUARES
NOS TEUS MARES, MEUS SONHOS NAUFRAGAR
COMER TODAS AS FRUTAS, TEU POMAR
TANTO QUANTO IMPOSSÍVEL, O SONHARES.
COM PERDIDAS MANHÃS PARA HABITARES
NO MUNDO MÁGICO CABEM MEUS DIAS
VAGANDO LOUCO PROCURANDO PARES
QUE PRETENDAM VIVER AS FANTASIAS
DE TODOS OS MEUS CANTOS REVOARES,
VOU PROCURANDO ESPELHOS, FANTASIAS
ROLANDO NOITES, LOUCAS NESSES BARES
ONDE DERRAMAS PASSOS E POESIAS...
X
Quero o sabor da manhã,
Vicejando nos teus olhos,
Percebendo teu elan,
Mergulhando nos Abrolhos.
Vagueando vida vã,
Que tão louca vai, engole-os
Todos sonhos, cortesã
Desfiando tantos óleos,
No corpo e mente senis,
Nos meus desejos tão vis,
No que pudera ser tão,
No sertão dos meus amores
Nas corbelhas, tantas flores
Nem tampouco nem servis,
O que nunca fora chão,
Sempre cora, coração...
X
O que farei sem teu olhar querida?
Trazendo todo o lume desta vida,
Olhar que me traduz , em desatino,
O sonho que tracei pr’o meu destino;
Caminho que pressinto, seja o meu.
No olhar que me penetra manso, ateu...
Teus olhos, minha amada, sobrevida
De quem não teve nada em sua vida...
Meu sol, por conseqüência, minha glória.
Teus olhos são meus versos, minha história...
Minha amada! Perceba que sem ti
De tudo que não tive, mais perdi.
Não quero mais sofrer, isso é segredo,
Não deixe que me vença o triste medo,
De viver sem teu amor, por tanto tempo...
Viver sem ter amor, que contratempo!
Não vês que sem te ter, cadê ternura?
A noite sem futuro, tão escura,
Desejo poder ter o teu enlevo
Carícias percorrendo o teu relevo
Entrando nessas matas divinais,
Mordendo tua boca, canibais
Carinhos que jamais eu negarei,
Nas grotas onde tanto mergulhei,
Nos lagos que me inundam de prazer,
Por todos os teus rumos, me perder...
Adormecer sem hora de acordar
Senhora do viver, do meu amar...
Te quero, minha deusa, minha musa,
E desabotoar a tua blusa
Invadindo teu ser sem ter receios,
Beijando calmamente os lindos seios...
Depois, com toda calma e mansidão
As mãos que te percorrem sem perdão,
Correndo toda a sorte de perigo
Beijar tão docemente, teu umbigo,
E ter a sensação de ser um rei,
Jazendo sobre o manto que sonhei,
Entrando nos recônditos pomares,
Saber te dar prazer nos amares,
Sonhando com delícias, maravilhas,
Os vértices gentis, tuas virilhas,
As violetas belas, todas roxas,
Os delicados velos, tuas coxas.
Saber de teus desejos onde espalho,
As gotas divinais do teu orvalho.
Depois de tanta louca insensatez
Saber que, enfim, amor maior se fez..
X
Quantas vezes prazeres testemunha
Em noites que rolamos sobre si,
De tantas fantasias que vivi,
Os olhos que me viam não sabiam
Que todos os meus sonhos consistiam
Nos barcos dos desejos em que punha...
Pois vertendo as delícias, as tristezas
Solidão, fantasias e desejos
De rumos que percorrem tantos beijos
E mãos que se torturam no vazio,
Amores e fracassos, pelos, cio...
Ao mesmo termo dor quanto princesas.
Nos alvos e macios, meus lençóis,
Os sóis e as manhãs pobres de chuva,
As agonias tristes da viúva
Que sempre desejara e não viera.
Apenas solidão, mas quem me dera
Poder ter nessa cama, tantos sóis.
Agora, que não tenho mais ninguém,
A noite se passando sem a lua,
Na cama tão vazia, continua,
O sonho de te ter, ó minha amada,
Trazendo tanto sol na madrugada,
Te espero, em minha cama...Agora. Vem!
X
Teus seios, as delícias que pretendo,
Em busca dos prazeres mais sutis
Vivendo por viver, tão infeliz.
O vento doloroso, me envolvendo...
Em teus seios, prazeres no teu colo,
Dos beijos que te quero, minha amada,
A boca em teu alvéolo marcada,
Em tantas fantasias, me consolo.
As mãos, deliciadas, com carícia,
Percorrem nos teus seios, belas trilhas
E sempre que pretendo, maravilhas,
Em forma desejosa de malícia.
Teus seios delicados, belos pomos,
Cerejas sobre um alvo mavioso,
Licor de tanto amor, assim sedoso,
Aos poucos devorando tantos gomos...
As rosas dos teus seios, sem espinhos,
Plantadas no jardim do meu desejo.
Em cada pétala darei um beijo,
Fazendo dos teus seios, os meus ninhos...
Debaixo desta blusa, transparente,
As sombras delicadas dos teus seios,
Vertendo tanto brilho que, envolvente,
Convida a viajar sem ter receios...
Nas ânsias que devoram meus sentidos,
De ter as fantasias do pecado
As formas dos teus seios, manso prado,
Mergulho em teus perfumes, divididos.
Deitada em minha cama, semi nua,
A deusa que seduzo e me seduz,
Que brilho e fantasia, assim, produz,
Na geminilidade de uma lua!
X
As lágrimas ocultas que carrego,
Venero e tanto quero quanto minto.
Verdades e saudades do que sinto,
Ao mesmo tempo afirmo e quase nego.
Chorando sem sentir que não me queres
Sentindo o teu amor já se esvaindo.
Depressa, de mansinho, vou saindo,
Em busca d’outros colos de mulheres
Que nada podem dar senão prazer
E sinto, mesmo assim que vou morrer...
Lágrimas que ocultando, não percebes,
São falsas, mas me doem verdadeiras.
Estrelas dos amores, as primeiras
Que nascem corações em minhas sebes.
Amando poder vir sem ter pecado
Temendo tuas pernas entreabertas
As dores que prometem os poetas
De tanto que pesaram, triste fado,
Entornam nos meus versos que te faço.
Resumindo: pretendo teu abraço!
X
Pensando no que fora e nunca volta
As horas não se passam sem te ter
Recebo uma notícia, vou saber
Se nada mais encontro, vem revolta.
A triste boca aberta espera o beijo
Que anda circulando noutras bocas,
Versejo tuas asas, sempre loucas
Nas bocas que não beijo, teu desejo.
Vivendo, pensativo, morro um lago
Silente e tão distante de esperanças.
Amor que sempre fora meu afago
Num trago se perdendo das lembranças.
Tão longe de teus lábios, mas aqui,
Não sei se te desejo ou se te quero,
Apenas mergulhando, sou sincero,
E cada vez que penso, te perdi.
Saudades de quem nunca fora minha
A mando de quem nada mais promete
Se vamos entedias teu confete
E voas oceanos, andorinha.
No fundo, o que desejo é ser feliz
Com olhos ou em modos, à vontade.
Tirando tua roupa, viajando,
Estrelas que morremos, todo dia.
Não posso mais viver de fantasia,
Preciso ir depressa. Estou amando!
X
Saber que estás aqui…
Recebo o teu vento
Como o vento que partiu
E retornando pressentiu
Que voltou pra me salvar
Do medo de viver
Da esperança sem lugar
Da vida que se foi
Sem vontade de ficar...
Saber que estás aqui,
Refaz amanhecer
Da noite que não ia
Do mundo que sabia
Que nada poderia
Fazer sem poder ter
O brilho dos teus olhos,
Na aurora das promessas
Rodando sem parar
Nos cíclicos amares
Em todos os lugares
Ares, bares, mares
Altares e certezas.
Sertões e cercanias.
Enchendo de poesia
A vida que partia
Na ausência de quem fora
O vento que aquecera
A noite tão vazia.
X
Recebo no meu canto teu encanto
Que canto e que peço
Nada impede, mas repito
O pito que me deste
Por ter te possuído
E não comunicado
Valeu pela poesia
Que fiz mas não podia
Mal que pergunte:
Valeu a pena?
Acena cada cena
À boca miúda
Auto ajuda?
Palhaçada
Serve para nada
Nem sempre me consola
Vai abaixando a bola
Que se rola, não enrola.
Se esfola, vou pra escola
E rebento de verdade
Na acidez da saudade
Que te fez meu bem querer.
Garçom manda mais uma
A minha saideira
Que talvez foi a primeira
Mas nem sempre verdadeira
Não posso mais dar bandeira
Vou devagar, de mansinho.
Coração pequenininho
No piquenique da vida
Amor é conta corrente
Vou contra a corrente
E não tenho nem
Onde bem
Cair morto.
Acontece
Que estou disposto
A não pagar mais imposto
Imposto pelo querer.
Vivendo por viver
Sabendo do saber
Saneando o coração
Do meu peito, uma aversão
Versão nova pra cantiga
Que morreu de tão antiga
Uma urtiga dentro da alma
Sem calma
Sem melodia.
Amando uma fantasia
Vivendo sem poesia.
Quero o colo da morena
Dos olhos verdes da mata
Que maltrata e que resgata
Todo o amor que eu sempre quis.
Sou feliz!
X
Eu quero a sensação duma alegria
Salvando minha vida da tristeza
Que tanto maltratou e pôs a mesa
Que morre sem sequer quem bendizia.
Bendita minha força e minha garra
Que nunca permitiram minha queda
Olhar de tal tristeza, a vida veda,
Ávida da alegria, vida em farra.
Não deixe que esta dor te vença assim,
O fim de toda dor é mesmo triste
A alegria de viver por certo existe
E vence, com certeza, lá no fim.
Ao fim desses meus versos vou cantando
A força que me trouxe o teu olhar
Princesa, por demais que possa amar,
A vida sem amar vai se acabando.
Não faça de teus olhos a torrente
Que amarga todo rio de saudades,
Precisas conhecer felicidades
Meus braços te esperando. Vem! URGENTE!
X
As tênues borboletas, liberdade...
Nas asas delicadas, belas cores...
Voando, carregando veleidade
Trafegam, constelares, meus amores...
Lactescências lunares, qualidade
Ímpar, as borboletas buscam flores...
Nesse encontro sutil fragilidade...
Vital, mágico encontro, sem pudores...
Diluídas fantasias vaporosas,
Lepidópteros mostram o caminho..
Mesmo com os espinhos, belas rosas
Desejam borboletas, pleno cio.
Meu coração abrasa, sou vadio...
Pressinto meu prazer nas tuas asas
Asas que incendeiam, loucas brasas,
As asas mansas asas siderais,
Todo sereno encanto... Fazem ninho...
Ah! Vento te levou p’ra nunca mais...
X
Os cabelos caídos sobre o colo,
Negritude divina em alvo viço.
Contraste mavioso, céu e solo
Serpenteando... Quanto te cobiço!
Na trança distraída, o esplendor.
Meu desejo transborda e narcotiza...
Por vezes se imiscui tolo pavor,
Nas minhas catedrais, sacerdotisa!
Delírios sensuais na bela tela,
Uma obra prima feita do prazer.
Cabelos negros, crinas peço sela
E tento cavalgar na fantasia
A mais deliciosa montaria...
Galopo meus desejos infinitos...
Vontade de ficar, voar, viver...
Obrigado meu Deus... Sonhos benditos!
X
Não chegue de tardinha, já te peço.
As horas mais gentis já não disponho.
Meus erros e consertos nem confesso.
Meu medo dos amores é bisonho!
Ferrabrás, Satanás, tanto faz, meço
Palavras e sentidos o meu sonho.
Doçuras e mergulhos! Endereço
Dos infernos: meu canto mais medonho!
Mordazes os sorrisos, são safados..
Vasculho nos teus bolsos, meu ingresso.
O mundo dos canalhas, seu congresso.
Mas mesmo dentre todos os meus erros
Os berros e os gritos, meus enterros...
Permito decifrar sinas e fados,
Extremo temeroso, a podre unção.
Batuca melindroso, o coração!
X
Não quero o desconforto da saudade,
Meus dias não serão em vão, perdidos...
Passado me negando claridade,
Os bosques dos prazeres, esquecidos...
A vida sempre nega eternidade
Os tempos mais felizes, tempos idos...
Meus mundos que velei, sem claridade,
As vozes dos amores nos ouvidos...
Cantando, solitário trinca ferro,
Espera pela amada que não vem...
Coração na gaiola solto um berro...
Ninguém me escutará estou bem certo.
Mesmo assim gritarei neste deserto
Esperando um amor em que acredite,
Coração passageiro perde o trem,
É tão triste te esperar, minha Afrodite...
Mas sei que a luz da lua te trará,
E essa gaiola enfim, já se abrirá!
X
Amor é muito pouco pro que sinto,
Deveras necessito tanto tempo
Perdido vou em busca do tormento
Por vezes, é melhor seguir sozinho...
Não quero mais as dores que já tive
Estive em tantos mares que nem sei
Errei por pesadelos mais constantes
Amantes dos meus sonhos, sempre leves
E breves como a aurora que desejo.
O beijo mais tranqüilo que não salva.
Acalma e não permite que misture
A cura com meu canto sem defesa.
A mesa está reposta, mas não vejo
Vontade de saber por que perdi,
Sentidos extremados, mas sem rumo.
Aprumo tanto sonho que não quero,
Refiro-me, por certo ao tal amor,
Remota sensação de liberdade
Envolta em tamanha crueldade
Além de tudo, mata, devagar.
Vagando por estrelas que perdi,
Em tudo meu amor, sobrevivi,
Porém ao próprio amor, de amor, morri.
X
Quem me dera, meu amor, se não voltasse
A dor que sempre foi a companheira
Dileta e preferida, a vida inteira,
Esperando por quem de novo abrace
O velho solitário, coração.
Quem me dera , querida, os madrigais
Que sempre dediquei a quem amava.
Os olhos procurando sem jamais
Saber onde teus olhos se encontravam,
No velho e solitário coração.
Quem me dera, viver sempre contigo,
Às vésperas do tempo que perdi,
De tudo que na vida pressenti,
Não sei mais conceber sequer perigo
Ao velho e solitário coração.
Quem me dera receber duma esperança
O vento mais sublime que não tenho,
Beber talvez, quem sabe, de onde venho,
O vinho mais amargo da lembrança.
No velho e solitário coração.
Quem me dera saber por que fugiste
Das mãos que te afagaram, pensamento.
Deixando sem sequer saber que existe
Morrendo pouco a pouco, no tormento,
Um velho e solitário coração!
X
Ai de quem ama
As dores e florestas
Cofres festas
Frestas flâmulas
Sonhos fantasias
Os ermos de minha alma
Os álamos e frisas
As brisas e as noites
Luas mais vadias
Que rodam nas janelas
Abertas do teu quarto
Espero um novo fato
E farto de teu canto
Venenos e sangrias.
Não vejo sem feridas
As horas mais sabidas
Que não mais mergulhei.
Se fasto sou nefasto
E me afasto do teu mundo.
Pré firo e não me iludo
Que é melhor sair mudo
Que inundado.
Se nada não sei nado
Cerrado que me frases
As bases combalidas
Com bário e com falidas
Esperanças.
Vencido pelas dores
Dos cofres que guardei
Não quero ser errei
Talvez queira tentei
Mas de que vale tudo isso?
Nada mais viço
Espinho ouriço
E me lanço
Embevecido
Aos braços do infinito.
Amor, faça um favor.
A porta está aberta
E nada mais me resta.
Senão a sólida solidez
Da tez da solidão....
X
Voltaste desta noite sem saber
Que tantas madrugadas eu vagara
Em busca do perdão de quem amara
E sinto que jamais iria ter.
Nascida em minhas trevas e saudades
Das trovas e dos versos que não fiz
Morrendo um universo por um triz
Vencida pelas luas das cidades.
Estranho que jamais a percebi
Estavas sempre perto mas não via
A luz que mais brilhava se perdia
E toda minha aurora estava aqui.
Por vezes tropecei nas tuas mãos,
Carinhos mais carinhos, sem desejo.
Perdido talvez por um doce beijo,
Resumos de esperança foram vãos.
Um coração decerto aventureiro,
Espreita na tocaia, mas pressente
Depois de tanto tempo estando ausente,
Sente que não saíra por inteiro.
Voltando ao mesmo canto que cantava
Nas noites esquecidas neste quarto,
De tanto amor que foi morreu no parto
Renasce desta luz que o matava.
Não deixe que eu me perca mais assim,
Vestido de esperanças, não me iludo
De que jamais terei o colo de veludo
Que tanto imaginara, morto, enfim...
Voltando ao meu princípio principio
Estrada que conheço d’outros dias.
Matando meu amor, as fantasias,
Retorno em cicatrizes ao teu cio.
As luzes que brilhavam já não brilham,
Ofuscadas por luzes que produz,
Nas luzes que falena se seduz
Os olhos outros rumos já se trilham.
Lara, adormecida não me cura,
Nem sabe que existiu meu sentimento.
Amor que tendo em Lara o sofrimento,
De volta te encontrando, noite escura...
X
Amor plenitude dos meus sonhos
Em busca da vital felicidade
Acordes que transitam realidade
Trazendo meus desejos mais risonhos.
Nas chuvas que consomem, pesadelo,
Revelo os meus momentos mais cruéis
Em volta de Saturno, nos anéis,
Nos arco-íris guardo meus novelos.
E nada do tesouro que sonhara,
Mas sigo perseguindo o que não tramo,
Amor que tanto faz, eu mesmo inflamo
E tento não sonhar com quem amara.
De nada que eu fizer, estou bem certo,
Amor não deixará um só momento.
Vencido pela dor do esquecimento,
A vida se tornou vasto deserto.
Sonhando com seus olhos, minha amada,
A voz que não escuta, segue aflita
Minha alma transtornada sem pepita
Espera seu calor, de madrugada.
Mas sei que não virá mas eu lhe espero,
Na cama tão vazia, meus lençóis
onde que já sonhei com nossos sóis,
mas solitariamente desespero.
Não vejo outra saída se não essa,
Amor não demorando volte agora.
Não posso resistir uma demora,
Nem quero mais ouvir outra promessa.
De amor se não soubesse quem reclama
Os mantras que entoava não seriam
Os rumos mais distantes sonhariam
Com toda a profusão tal qual a chama.
Não meço mais palavras pra dizer
O quanto nesse amor eu mergulhei
Deveras tanta dor que já passei
Não bastam se não sabe do prazer
Mas deixe, por favor, que eu vá embora,
Amor não saberia um só segundo,
Invado em desespero, perco o mundo.
O peito sem premissas, inda chora.
Não queira tanto mal a quem a quis.
No fundo não consigo mais o brilho
De ter essa alegria, ser feliz,
E vago procurando por um trilho
Que canto sem saber nem o porquê.
Agora não se importe, assim querida,
Amor que concebia em minha vida,
Morrendo neste canto p’ra você!
X
Saudade de quem sempre desejaste
Embora simplesmente isso disfarces,
Amor por mais estranho, tem mil faces,
E sabe conduzir mesmo em desgaste.
Agora que percebo que desejas
A quem depreciaste por inteiro,
Amor que sempre fora companheiro
Se esconde nas histórias que versejas.
Amiga, boa sorte em tua vida,
Desejo sem sequer dizer ciúme
Não posso mais querer esse perfume.
Recende a tanta noite já perdida.
Não deixo meus espinhos nem as urzes,
Carrego minhas dores, vou sozinho.
E torço, que tu tenhas no teu ninho,
Amores que não pesem feito cruzes.
Um dia, se quiseres, por favor,
Espero, não precises, mas estou
Aqui para juntar o que sobrou
Daquilo que pensava ser amor...
X
Deitada sob estrelas a nudez
Que tanto procurava e não sabia
Mal noite terminava concebia
O canto que de tanto amor se fez.
(Deitada sob a relva estremecendo)
Prazeres nas angústias e ternuras.
A boca sequiosa, a carne viva.
Tão mansa delicada e tão passiva,
As tramas dos desejos, mais escuras
Ao ver a mansidão quase que morta
De quem sofrera tanto por amor,
Te beijo com carinho, calma flor
Que vaga pelo espaço, mar aporta.
Não temo ter saudades mas te adoro,
E sinto que partindo me matou,
A sombra do que fui, o que restou,
Dessa mortalha em festa, me decoro.
X
De todas essas flores, sedutoras,
Amores vou sorvendo nos perfumes.
Quem dera não tivesse mais queixumes,
As rosas são,por certo redentoras.
Crisântemos decoram, na janela,
Os sonhos das tristezas dos poetas,
As noites não seriam tão completas
Não fosse a poesia, uma flor bela.
Violetas e gerânios, meu jardim,
São tantas as belezas que nem penso
Das cores e das flores mais imenso
O mundo que guardamos, para mim..
Porém dentre as belezas, céu azul,
As cores mais sutis, mansa cadência,
Mudando como as cores duma hortênsia
Que nasce nas estrelas, mar do sul.
Amores se permitem tantas cores,
As cores que transmitem meus amores
Amor que sempre quis tantos olores,
Das flores que já tive, tantas dores
Embora sem saber por onde fores,
Navego meus amores nos pendores.
De tantas maviosas belas flores.
Que brilham nos jardins dos meus amores.
X
Sentindo os teus receios, poesia,
Seguro tuas mãos e te convido
A dançar nossas pontes que, do olvido,
Retornam sem sentir a cada dia...
Nas mãos que te passeiam, bocas, dentes.
Vibrando no desejo mais tranqüilo,
Procuro, no teu colo, meu asilo
E sangro com dentadas, as vertentes.
Mas nada do que pude, nada faço...
Respeito meus limites e teus medos.
Se faço dos meus sonhos, meus segredos,
Desejos que possuo, não disfarço.
Querendo-te, por certo, do meu lado
Desnuda e delicada como a lua.
O sonho do prazer que continua
Acaba nos teus lábios destroçado.
Em tudo que tocamos, tal pureza
Que nada mais vivemos sem pecado,
Amor que se deseja sem ser fado
Envolto em tuas chamas de princesa.
Castelo que constróis, por um segundo,
Nos vórtices da dor, não quero ter,
Senão a solidão de teu prazer,
E os sonhos deste amor, manso, fecundo...
X
Vieste em plena noite, sem pecados,
Dançando uma nudez maravilhosa.
Perfume de gardênia, mas de rosa,
Os olhos marchetados, debruçados.
Teu colo, num momento de desejo,
Em seios sedutores e miúdos,
Vivendo sem porquês e sem contudos
Estava a tua espera, boca e beijo...
Nasceste desta noite que dançamos,
Nos bares, cabarés, valsas e sonhos.
Da solidão nascemos mais risonhos
E em plena luz da lua, nos amamos...
X
Amor que assim, demais, vira paixão
E nega o próprio amor em atitude
Vivendo sem saber na plenitude
Matando sem querer o coração.
Amar demais merece teu perdão,
Pois sabes que não sei sequer se mude
O canto que amortalha e dá saúde
E vive simplesmente rente ao chão.
Procura pela luz na escuridão
Inventa quase sempre o seu não
Sonhando com o sim mais amiúde,
Em si por si sem ser amor se ilude
E queima sem querer deveras rude,
Afoga-se nos braços, solidão.
Negando todo amor nem sempre pude
Regado pelas dores da paixão!
X
Toda mulher amada é como um sol
Que brilha nos seus mares num encanto,
Sereia que delira com seu canto
Estrela tão brilhante, qual farol
Às vezes, de saudades vem o pranto,
Mas logo renascendo vibra o manto
Da alegria, refaz-se, girassol...
Toda mulher amada é como a luz
Que transmite total felicidade
E permite que em sua claridade
A louca fantasia se produz,
Dizendo tanto amor com liberdade
Mostrando que viver realidade
Melhor do que sonhar, tanto seduz.
Minha amada mulher, meu sentimento
Percorre cada poro de teus seios,
Matando meus desejos e receios
Sentindo teu prazer, vivo no vento,
Eu quero mergulhar nestes teus veios
Fazer-te dos meus cantos, galanteios
Gozar total prazer do sofrimento!
X
Minha infinita amante, minha amiga
Os nossos corações em sincronia
Caminham perseguindo a poesia
Que tanta fantasia em mim abriga.
Encontros, desencontros, alegria,
Verdades e mentiras, sintonia.
A mansa mão do amor nos desobriga.
Quando em nossa nudez, te vejo inteira,
Percebo nos teus olhos, meu desejo.
Querendo desfrutar me dê teu beijo,
E vamos viajar na verdadeira
Emoção que, trazendo um realejo
Revive nossa sorte no versejo
Vívido desta tarde costumeira.
Espero teu carinho com ternura,
E tantas harmonias sem pecado.
Amiga meu amor por ti amado
É feito de desejo e de brandura
Sentido teu caminho, nosso fado,
Vivendo sem certezas ao teu lado,
Penetrando em teu corpo, mata escura...
Teu sexo vasculho, sem pudor.
Pressinto teus orvalhos em meus dedos.
Amores e delícias, os segredos,
Vertendo nossos gozos, fruto e flor.
Tecendo das venturas, os enredos,
Mergulhos da amizade em pleno amor!
X
Desejo teu olhar e tua boca
Nau louca que mergulho sem saber
E vendo tanto amar e mar crescer
Espero pela lua, nua, louca
E lanço meus sentidos ao prazer
De ter o que quiser e puder ter
Até a voz que grito, ficar rouca.
Eu quero mergulhar nesse oceano
Sem limites e senso de chegada
Quero,Tenso, viver na minha amada
Os medos e vinganças tanto plano
Que tramo e no final da minha estrada
Desponta com a luz numa alvorada
Dizendo do prazer sem desengano.
Eu Quero o teu desejo em meu carinho
Eu Quero o meu carinho em teu desejo,
O mar que sem ter fim eu tanto almejo
Agora não mergulho mais sozinho
E vivo cada canto que versejo
Nas delícias incultas deste beijo
Em raios e relâmpagos, no vinho...
Sem sequer querer saber de nexo
Vencido pela dor destes teus gozos.
Mal durmo meus desejos torporosos
Nem quero mais saber se sou complexo
Nem destes meus hormônios belicosos,
Só quero reviver deliciosos
Caminhos de volúpia no teu sexo...
X
Amigos, jóias raras que carrego
No peito tão sofrido em desamores,
As horas mais difíceis, nos horrores
Da saudade que tento mas não nego,
Começa mal terminam meus amores,
Espinhos que destroem tantas flores,
Nos mares desses sonhos que navego...
Prezadas amizades são tão raras,
Meu peito não as cansa de esperar,
E quando tem a sorte de encontrar
São verdadeiras fontes onde caras
Águas mansas ajudam a passar
Enfrentando essas pontes sem mostrar
As dores mais difíceis e amaras;
Amigo não exige que agradeças
O fato de ajudares seu amigo,
Vivendo todo tempo igual perigo,
Contigo permitindo que tu cresças
São gêmeos que vieram d’outro umbigo,
Coração bate junto, outras cabeças...
Amigo solidário mesmo em dor,
Respeita sempre a tua liberdade.
Amor que não permite falsidade,
Pois sabendo que espinho vale a flor,
Ajuda a conhecer felicidade,
Liberta, fraternal quer igualdade
E sabe conviver em paz, amor...
X
Quem me dera poder ter liberdade
Voando pelos céus sem paradeiro,
Sabendo meu caminho verdadeiro
Vivendo por viver felicidade.
De todos os meus sonhos, o primeiro,
Mergulho nestes céus e vou inteiro
Não levo do passado nem saudade...
Nos braços que entreabertos, esperando,
As asas de minha alma sonhadora,
As mãos de minha amada e redentora,
O tempo sem tristezas, vai passando.
Perfumes sem espinhos, vida aflora
E nada do que tive se demora,
O mundo em rodopio, vai girando...
Estrelas desfilando em carrossel,
A lua plena e clara, em seu luar
Dizendo da ternura de te amar
Eu penso que vivendo assim, no céu,
O canto das estrelas escutar,
Depois de tanta luz, morrer no mar
De amores que me fez o teu corcel...
X
Onde encontrarei, podes me informar?
Nos olhos da morena, de esperanças,
Nos cantos da memória, nas lembranças,
Nas ondas, nas areias, pleno mar,
Em todas essas festas, tantas danças,
Em paz e nestes lagos, águas mansas...
Nos raios desta lua, no luar...
Estrelas divinais, cometas raros,
Estrelas lá do mar, todas as flores,
Matizes mais suaves, tantas cores,
Essências tão gentis, perfumes caros,
A tarde que declina em estertores
Manhã na aurora bela, nos albores,
Nos olhos da morena, verdes, claros...
Onde encontrarei este pendor
Que traduzindo a dor em tal beleza
Produz e reproduz na natureza
As jóias mais divinas, traz valor
De toda uma verdade, uma certeza,
Faz de toda mulher uma princesa
E nela encontrarei enfim, amor!
X
Quando sonho com olhos e carinhos
Da amada que talvez não mais me queira
Amada que pensei, a vida inteira
Não mais deixaria tantos ninhos
Vazios esperando a companheira
De todos os amores a primeira
Meus olhos não seriam mais sozinhos...
Eu sonho com teus lábios benfazejos
As mãos maravilhosas, a ternura.
A noite sem sonhar de tão escura
Esquece que tivemos os desejos
E em todo nosso caso essa brandura
Que faz de toda vida, formosura...
Delícias que encontrei, teus mansos beijos...
Sonhando com amor que não me quer
Eu quero nesse sonho, tanto amor.
Espero, francamente, pela flor
Que brilha no jardim , meu bem-me-quer,
Desejo tantos sonhos sem temor
Pois bem sei que da vida, o meu calor,
Encontra-se em teus braços de mulher.
E cada vez mais, sempre risonho,
O mundo florirá a cada dia,
Vivendo deste caso, uma alegria,
Matando todo resto, se tristonho,
Vivendo tanto amor e poesia
Dançando rumo à vida, em fantasia...
Cultivo, com amor, a flor do sonho!
X
Eu tenho essa certeza dentro em mim
De amores que passaram e não me deram
As horas que de amores sempre esperam
Aqueles que viveram sempre assim,
Às custas destes sonhos que vieram
Nem sempre eram aquilo que quiseram
Por isso sem amores, chega o fim...
Eu necessito amor que sempre esteja
Ao lado dos meus sonhos, belos dias.
Trazendo em suas doces companhias
A paz que toda a vida se deseja
Em meio a calmarias e alegrias,
Poder viver em paz, as fantasias,
Tudo que meu coração, enfim, almeja.
Amor de serventias sem servil,
Ser calmo como as águas deste lago,
Bebendo da alegria, sempre um trago,
Embora, tantas vezes, ser sutil.
À noite nos meus braços, tanto afago,
Os olhos sonhadores, olhar vago,
Num céu de brigadeiro, puro anil...
Amor que não precisa de saudade
Pois sabe que a saudade dói demais,
Em todos os momentos, sem jamais
Tentar tampar a minha claridade
Percebo que contigo terei paz,
A paz que não achava ser capaz.
Amor que, em ti achei, é de verdade!
X
A vida nos maltrata tantas vezes
Espero pelo amor durante meses
Nem sempre a noite traz a companhia
Dos sonhos que me salvam, de alegria.
Mas sinto que esse amor que sempre quis
Aos poucos me tornando mais feliz,
Será, ao fim da vida todo o cais
Que sempre procurei sem ter jamais...
Por isso, pouco a pouco me envolvendo
Até que no final, irei sabendo
Que amei demais, por isso te agradeço
Tu és, tenha a certeza, mais que mereço.
Tu és a natureza plena em flor
Na primavera mansa que esperava
E sempre que, contigo, mais sonhava,
Mais forte revela-se o calor
Que toda a minha vida dominava,
Devagarinho via que te amava
Na glória do divino, santo, amor...
Tu és a correnteza, me carrega
Aos mares dos prazeres mais sutis,
És mais do que esperava, mais que quis,
Amor que tanto tenho, já se apega
Aos olhos que desejo e peço bis
Em teu amor, decerto sou feliz,
Um peito apaixonado nunca nega.
Tu és felicidade que encontrei
No fim desta jornada do viver,
Não posso nem consigo te esquecer
Em todo teu prazer eu estarei,
Em todos os caminhos, podes crer,
De tanto amor que tenho, me perder,
Nos braços desse amor, eu morrerei!
X
Rodando pensamento nunca pára
E sente que se tanto quase nada
Espera numa espreita atocaiada
A tarde sem segredos que prepara
Pensamento rodando e não dispara
Vencido pelas horas, na calada,
Enviesado rouba toda a cena.
Venenos que destila, sem proveito,
De vastas solidões, longínquo acena.
Morrendo assim deveras, satisfeito.
Se roda o pensamento nunca falha
Dispara e não compara cada manso
Revejo nas alturas que descanso
O gosto deste bote, da navalha.
Meu mote que preparo nada diz
Senão da fome implícita do desejo.
Mentiras soam vivas como o beijo
Que sempre não me deste e nunca quis.
Pensamento restando sobre a mesa
Jamais posta por não caber receita.
A vida não seria mais desfeita
Em volta da redoma da princesa.
À parte sem saber se nada sei
Sementes dos segredos são expostas.
As horas que perdemos, decompostas,
Vivendo do passado que criei.
Nas tolas fantasias de moleque
O tom que dedicaste de desgaste,
Na mata dos meus sonhos, o desbaste
Levou a um deserto em pleno leque.
Vivendo sem saber mais do pileque
Em todo o sentimento, dou um breque.
Minha alma fantasia-se de fraque
Amor que não vivi, se foi, de araque...
X
O meu canto tristonho, outono em primavera...
Promessas deste sol desfeitas num segundo!
Quem dera me esconder desta cruel quimera..
Do brilho da esperança, embalde, já me inundo...
O gosto desta boca, amor enfim, quem dera!
A vida que pretendo esgota num segundo;
Abre, no peito triste, a colossal cratera.
Rasgando o coração, um corte tão profundo!
Sem você, já me perco... O meu rumo deserto...
Sem você nada tenho, o que resta sou eu.
Sem você o meu canto, em pranto se verteu.
Sem você uma espera; o meu futuro incerto.
Sem você nada sou. Um céu em pleno breu...
Sem você... Pesadelo... Eu nunca mais desperto!
Sem você: ter um Deus no qual não crê
É triste seguir só, morrendo sem você!
X
O sol posto, nas nuvens solidão!
Meu verso enamorado de teus braços.
Embalde repetindo esta canção,
Meu sonho procurando teus espaços.
Aguardando-te intero o coração
No tinteiro da tarde nos terraços
Mais altos, nos bordados da amplidão,
Precisamos atar os velhos laços...
Ficavas abrigada das tempestas,
Amor não necessita de saudade
É gás que me cintila em gozos, festas.
Não deixe machucar tantas arestas
Lembrança dolorosa não se acoite
Amor que não se orgulha deste açoite,
E só quer encontrar felicidade.
X
A solidão, quimera mais atroz,
Havia me legado ao sofrimento.
A boca da saudade, mais feroz,
Mordia cruelmente; esquecimento!
Distante de meu peito, ouço a voz,
Sincera e tão venal do meu tormento.
Sou rio que não sinto minha foz,
Destino me deixou, solto no vento....
Embora mais sincero que já fui,
O medo na verdade, contradiz.
Minha alma sofredora, vai perdida..
Em todo seu caminho te procura
A noite sem amor morrendo escura,
O tempo da existência nunca flui,
Sou pássaro ferido, qual perdiz...
Só me encontro feliz, se estás querida!
X
No viço destas folhas, primavera
Reflete-se nos raios deste sol;
Paramento divino, girassol
Altares catedrais, uma tapera.
Tudo reluz, paisagem, quem me dera
Pudesse percorrer, ser o farol.
A natureza orgástica... Na fera
Que repousa, reparo um triste rol.
As marcas tão profundas, dentes, garras.
Escondo-me, sou presa, neste arbusto,
Num átimo rompendo essas amarras
Reparo nos teus olhos, minha fada...
De frágil, num repente, sou robusto.
Na força que recebo em ti, amada.
São medos que acumulo pelos dias
Entornas, nos teus olhos, poesias...
X
Meus dias se escorrendo preciosos,
Tateiam nesta busca mais sossego.
Nas portas que criei, pedindo arrego,
Peçonhas inoculas. Perigosos
Os sorrisos que trazes... Sempre nego
As cores que não tenho. Melindrosos,
Os caminhos sofríveis que navego.
Meus dias e meus dedos são nodosos!
Renasci dessas cinzas que sopraste.
A pátria que pariu m’abandonou.
As mortes que te dei, tu confrontaste;
E quase nada tive e me restou...
A não ser a certeza de que vou
Por esses mesmos rumos que negaste.
O vento sutilmente quebra uma haste ,
Essas hastes que ergueram quem amou!
X
Dourado sonho dominando tudo...
Os olhos esquecidos adormecem...
Nas horas mais doridas não esquecem
E deixam o meu dia quase mudo...
Não posso compreender, porém, contudo,
Que as noites que vieram se padecem
Dos sonhos que perdemos e enlouquecem
Fazendo um coração já tartamudo.
Amor interagindo com saudade
Matando, sem querer, felicidade.
Nos braços que me entrego, em fantasia...
A vida me promete este tesouro,
Estrela que ilumina trazendo ouro.
Por sobre essa montanha tão divina
Abraça toda a terra que domina.
Raiando tanta luz em pleno dia,
Trazendo a minha estrela da alegria!
X
Manhã que nunca veio, morre tarde.
A cor destes teus olhos, frágil lume.
Amor tão terebrante nega alarde,
O sol embora fraco, traz perfume.
A cor desta esperança já se encarde.
O verde desbotado, teu ciúme.
Transforma-se vazia, é tão covarde;
Meu medo, é cordilheira cobre o cume...
O raio das manhãs, me nega aurora.
Nos meus jardins sofridos, morre a tília
A morte, tantas vezes, me namora;
Mas quando a noite cai, profundo talho,
Me lembro da manhã plena de orvalho;
Me lembro d’ outro olhar que inda mais brilha
Quando a dor me persegue e nega a luz.
Viver desta esperança reproduz
A cor deste teus olhos, maravilha.
E sonho com palavras que disseste
À tarde, sobre a cama que vivemos.
Nos beijos tão serenos que me deste,
A cor de todo amor que não tivemos.
Pois foste como a luz ao fim da tarde
E nunca mais tivemos alvorada,
Restando um coração que em frio se arde,
E em meu mundo sombrio, quase nada...
X
Nos campos onde espero ter meu fim
Os perfumes silvestres me dominam.
Minhas noites, nas flores se alucinam
E deixam bem distante meu jardim.
Tem rosas, tem crisântemos, jasmim.
Porém os tais perfumes desatinam
Aquelas que, passando, se destinam
Aos campos que inda guardo dentro em mim..
De todos os desejos que esqueci
Um deles rememoro quando vi
Dos sonhos que perdi, tanto martírio,
Os olhos perfumados, soberana
Flor, que sempre floresce e não me engana
Que me perfuma o campo, branco lírio,
Em todas estas flores que plantei
As sementes do amor eu te guardei.
X
És minha áurea manhã, vivo teu brilho.
Respiro enfim teus ares, sou feliz!
A dor, durante tempos, estribilho,
Distante dos sonhos já não diz.
Escassas provisões , perdido o trilho,
O rumo das estrelas sempre quis.
Ao deus do amor sincero já me humilho:
Não deixe retornar um céu tão gris!
Tens a beleza rara de quem ama.
Tens a fortuna imensa: ser feliz!
Da vida que persigo, fogo e chama.
Amor que Deus me deu no fim da vida,
Procuro minha paz já esquecida
Depois de tantas dores, toda a gama.
Perdido, sem teus olhos vago o mundo,
É que de amor, enfim meu mundo inundo!
X
Amor que tão distante, em vão não me compete...
Vestida de saudade, a lua se entristece...
É lagrima que cai, inunda este carpete.
A dor, embevecida, amarga tela tece...
Amor que nunca cura, embalde se repete,
Não adianta crença, esqueça sua prece...
Desfila a solidão, a lua por vedete,
Minha pobre esperança, em lágrimas fenece...
Porém me resta o canto, o meu fiel parceiro...
A benção mais divina inunda o mundo inteiro!
Por tanto tempo quis o brilho da manhã
O sol que me ilumina, enfim por companheiro;
Fazendo, no meu peito, aurora desfilar
O canto abençoado atravessando o mar...
Inunda o sofrimento, acorda o meu luar.
Nas bênçãos deste amor, o meu belo amanhã!
X
Véus, veludos pudores e bacantes...
Nesta purificante conjunção,
Nos seios e delírios dos amantes,
Tempestuosamente, uma monção..
Os fulcros destas festas delirantes
Se embasam num delito da paixão.
Nas luzes, os partícipes farsantes,
Escondendo qualquer uma emoção...
As volúpias carnais loucas brindando,
Nas formas mais banais deste rodízio.
Os sonhos mais febris se revelando.
Desejos procurando,sem demora
Vivendo este prazer que me devora
As bocas vão sorvendo cada gota,
A roupa que vestia pousa rota.
Numa oração feroz a Dionísio...
X
Turvada pela dor, água da fonte
Que fora transparente e mais serena,
Parece, de repente, que envenena
E mata, não permite um horizonte...
Um coração sofrendo tal desmonte,
De dor e solidão, a vida plena,
Confunde fonte sempre mais amena,
As águas tão barrentas descem monte.
Celestes tempestades ,tanto raio,
Turvando meu amor como se vê;
Em busca deste sol, por vezes saio,
E nada encontrarei, só a saudade
Do tempo em que vivi felicidade.
Mas tudo o que recebo é vil martírio.
Procuro solução, em vão, cadê?
Apenas essa fonte em meu delírio!
X
Dos penhascos, jogado, o meu amor,
Rolando pelas pedras da incerteza.
Uma alma tão sincera, de pureza
Repleta, sem saber sequer a dor.
Tormentas e tempestas, o pavor...
Em plena rebeldia, a natureza,
Rebenta com a dura fortaleza
Que em torno desse amor traz o vigor.
Em tudo que fizeste, tanto dano,
Minha alma não conhece mais brandura.
Amor que me dedicas, tão tirano,
Não deixa simplesmente que eu te chame.
Ungido pelo amor que não reclame
De tanto que doeu este abandono.
A vida que prometes, tão escura,
Que impede, sem sentir, que eu sempre te ame!
X
Tantas vezes solidão fez companhia
Beijando, na madrugada, a boca do triste dia
Que sinto que não viria
Se não fosse essa vontade
De voar pela cidade
Em tua companhia.
Mas estás?
Existes?
Nada sou senão o resto
Do que penso que não resta
Mas no fundo, a dor empresto,
Alma empoeirada,
Na gaveta.
Fluindo como um cometa
Que volta à estaca zero.
Sei que sinto mas não quero
O sabor do novo dia.
Vivendo desesperado
Esperando amanhecer.
Alma vagando no espaço
Que sempre embaraço
E canso de tentar.
Amor amara amara
Amarras desta noite.
Madrugada sempre avisa
Que toda dor se precisa
No amor que nunca mais vem.
Perdido sem ter ninguém
Vasculho minha gaveta
E nada que me remeta
Ao sonho desse verão
Que sempre foi mais distante
Meu amor foi o bastante
Para que nada mais
A não ser os ais
Longe do cais
Nunca mais.
Nunca.
Mais....
X
Não deixe de brincar comigo amor,
As tuas brincadeiras me fazem o mal que necessito.
Por vezes a vontade de morrer
É maior que todo o mar que já chorei.
Não vou ficar me iludindo
Com versos que não sinto,
Cantar amor e felicidade
Quando a alma entra em pânico?
Hipocrisia
E isso é poesia
Vale por um dia
E talvez a vida inteira
Amiga e companheira
Que mente e tanto omite
Que nada mais que se pinte
Nas estrelas deste nosso mar
Que possa me dizer de teu amor
Que morreu sem ao menos começar.
Agora pegue meu braço e vamos dançar
A praça nos espera e não gosta de esperar.
Rodando nessa noite
A noite pede roda
A roda do meu mundo
Segundo que não sinto
Sentindo tua mão
O não prediz o sim,
Assim a noite roda
Nas rodas desta saia
Tanta vida que atrapalha
A morena de dançar
A dança que não sabia
Se viesse ou se veria
Severina como a vida
Severa como a esperança
Que de novo entra na dança
E não para de rodar.
Roda tempo roda mundo
Um coração vagabundo
Procura consentimento
De teu manso sentimento
Sentidos e serventias
Nas serpentinas da alma
Que nada mais acalma
Nem vontade de chegar
Ao sol, ao teu luar
E a emoção que se trama
Deitando na tua cama.
Com vontade de morrer.
Morrer de amor que não veio
No canto desta emboscada
Que, no fundo, deu em nada
A não ser na madrugada
Na mesa deste boteco
Amor fazendo eco
Perdeu o repeteco
Agora?
E agora amor?
X
Alma perdida
Pedindo meu mar
Espera encontrar
As luzes que tinha
O brilho que vinha
A toda manhã.
Na boca da noite
Coiote e açoite
Por certo perdido
Canto o chão
Que cai.
Vendi meus planetas
Anéis e cometas
Estrelas da noite
Em barcos que vivo.
Minha alma
Procura
A cura em tua alma
Mas sabe, coitada
Que nada esperas
A não ser um cais.
Volto pro mar
Sem ter quem amar
Sem mar que fascina.
X
Tantas vezes percebendo essa tua presença amiga
De repente esqueço tudo o que já fiz.
Nas asas dos meus sonhos, tantas vezes fui feliz
Que nada mais me espantaria a não ser que prossiga
Na velha ladainha do amor verdadeiro.
É certo que isso não vale por inteiro.
Amor tem mesmo esses sorrisos meio enigmáticos.
Que faz com que as imagens multifacetárias
Pareçam cada vez mais trazendo os problemáticos
Emblemas retratando o vôo das procelárias
Em busca dos mares que não conhece
Embora, instinto de liberdade, contivesse.
Amor de maneira sórdida e gentil
Mostra que não sei fazer versos sem mentiras
Nem estrias que finjo não ter mais,
A paz de que preciso, ocultada nas asas desse amor
Alma que desarma e não pondera.
Viver um grande amor. Ah! Quem me dera!
Marcos Loures
X
Que tal fugirmos
Desta espera
Que não deixa
Meu amor
Aqui chegar?
Visto o tempo
Jardas, metros
E tantos
Pensamentos
Que não param
De chegar.
Roda mundo
Minto sempre
Cabe todo
O sentimento
Na vontade
De passar
Ao teu lado
Um instante
Ser somente
O que não fui
Tampouco
Tu querias.
Mas omito
O sofrimento
Se não vais
Talvez pra que?
Poemas que te fiz
São cópias do que tive
E quero ter teu mar
Amar o mar
E nada mais sentir
A não ser o vento
Batendo
Na janela
Se for
Ela
Salvo a noite.
Se não for?
Prá que servem as asas?
X
Amor sem fim, escondido
Pelos cantos da casa,
Em qualquer gaveta,
Em qualquer cômoda
Onde se acomoda
Um coração
Que vive da fantasia
Pobre coração!
Ouve o não e sai rindo
Se rindo do não,
Do não ser,
Não ter
Não viver
Mas sim sonhar.
Amor desabaladamente
Escapuliu pela janela,
Procurou por ela.
Mas cadê?
A vida é muito engraçada.
Desceu escada
Em um segundo
Fugiu pelo mundo
E se escondeu no peito de um poeta,
Que finge que acredita no amor.
Principalmente neste:
O sem fim...
X
Caminhas , bela amada pela rua
Aos olhos de cobiça, descortinas,
As luzes que te seguem, cristalinas,
Imaginam, por certo, toda nua.
Mas nada percebendo, continua...
A flor de meu desejo não sabia
De quanto dominava o sonho meu,
Em tanta claridade se perdeu
Trazendo para a noite o sol do dia
Andando, desfilando poesia...
Não sabe, estou bem certo, desse amor
Que tanto me domina e me escraviza
É ventania louca em mansa brisa
Invade minha vida, e dá sabor;
Acalma, mas também me causa espanto
Vivendo no silêncio de um segredo
Amor que me domina, mas dá medo.
Desculpe por amar-te tanto, tanto..
X
Nos meus caminhos longos e tristonhos
As noites se fizeram revoltosas...
O rumo das estrelas nos meus sonhos,
Passam por essas sendas venenosas...
Deixaste tantas urzes nos medonhos
Rastros que irão levar às nossas rosas!
Por que essas duras sebes nos risonhos
Jardins de luas tão maravilhosas?
Nosso amor necessita dos espinhos?
Tão cruel essa lei que me legaste!
Das gaiolas vislumbro belos ninhos!
As dores nos amores têm limite!
Depois de tantas lutas, o desgaste...
São duros os caminhos , acredite,
Mas valem nossa estrada, podes crer,
Amor que nos uniu, nos faz vencer!
X
Orvalhada manhã, um vento tão suave.
O sol emoldurando esta cena fantástica.
A mão de um deus artista, a cena, bela plástica.
Meu coração amante a bordo desta nave...
Um passarinho livre, uma apaixonante ave,
No trilho desta luz minha alma fica estática.
Vento em minha narina, uma essência aromática
Num átimo embriaga. A vida sem entrave...
Delícia desta paz, é tudo que preciso.
No orvalho da manhã, decerto, o paraíso.
Na maciez do canto, um sonho de pelúcia...
Um beijo da alvorada, o coração desmaia...
Debaixo deste sol, a onda em minha praia,
Trazendo em nosso amor, a delicada astúcia
Que sempre necessita amor pleno em carícia
Nas tramas que inventei carinhos e malícia.
Agora minha amada a vida não espera
Liberte desta toca a louca e mansa fera.
Amor que imaginava encontro, em ti, agora;
E vamos para o sol que o tempo não demora
X
Joguei todos os sonhos no estuário
Que percorre teus vales e montanhas...
As flores que colhi do mostruário,
Perfumam essas costas onde lanhas...
Não posso me livrar do teu cenário,
Nem posso achar amores nas entranhas.
Meu outubro ou outono passa hilário.
Carcomendo bastardos terços, banhas...
Quando partiste, morto, me deixaste!
Nas profundezas da alma, tais relíquias...
Nos dedos, dolorosas paroníquias...
Na vida que me roubas, mergulhaste.
Não quero conhecer os teus defeitos.
Somente irei dormir meus vários leitos
Buscando esse perfume que levaste
E as sombras divinais destes teus peitos.
Não sei se encontrei depois da curva
Que corta esse riacho da saudade.
Só sinto que te amei, foi de verdade,
Aguardo, simplesmente, o fim da chuva
Para poder achar sonhos e flores
Nas camas onde fomos mais felizes.
As cópias dos amores, sem matrizes,
Trazendo, nos prazeres, tantas dores!
X
Esperança não pode ser atriz,
Nem pode desfilar qual fosse p...
Nos olhos do meu povo, a meretriz,
Não pode se esquecer de tanta luta...
Esperança não pode ser vendida,
Nem pode ser deixada sob a mesa.
Reflete tantas vezes, nossa vida,
Não pode ser envolta por tristeza...
Esperança acordando molemente,
É melhor que matar nosso futuro...
A vida se aproxima mansamente,
Esse chão que percorre é muito duro...
Esperança levanta calmamente,
Nosso céu inda está, por certo, escuro...
Mas a luz aparece devagar,
Não temos o direito de matar,
A esperança que acaba de acordar!
X
Tu vais, tranquilamente, pelas ruas,
Procuro tuas cores, belo outono...
Imagens de mulheres lindas, nuas
Meu mundo se resume em abandono!
As bocas que sonhei, deveras cruas,
Agora não freqüentam o meu sono.
Mulheres se passaram, foram luas.
De destino cruel, eu sou o dono!
Mas eis que minha sorte se revela,
Na curva desta estrada, se avizinha!
A luz que bruxuleia como vela,
Num segundo, em farol já se transforma.
Dos olhos desta bela criatura
A noite se transborda em formosura.
Beleza sem igual, a noite forma,
Amada, neste outono, uma rainha!
X
Quando andavas distante, passageira,
Fugias por estradas mais obscuras...
Ardia essa saudade, qual fogueira,
Temíamos quaisquer guerras futuras.
Guardávamos, no peito, as amarguras...
Não pude destruir a derradeira
Defesa que nos mata. Nas escuras
Tempestades, queimavas a bandeira
Do que fora bendito em nossas vidas...
Amores se marcavam, radioativos,
Buscávamos fugir das despedidas...
Ao menos escaparmos disso vivos
Não tínhamos sequer uns bons motivos
Andávamos distantes, emotivos,
Tentávamos defesas já vencidas
Porém das nossas lutas quase perdidas
Renasce um sentimento salvador
Que trama novos cantos de saudade
Que nos prende tentando liberdade
E que em plena alegria causa dor
Em tudo que ele toca, claridade
E todos os lugares, quando invade,
Transmite tua força e teu valor.
Das guerras a trazer tranqüilidade
É pleno; dando, em vida, eternidade
Ao qual reverencio num louvor
Tendo, associada, uma amizade,
Faz-nos reconhecer que uma verdade
Só nasce em plenitude, num amor!
X
Da cor de sangue neste alvor
Contrastes desta vida, minha amiga.
Esta beleza intensa tanto instiga
Que nos traz amizade em pleno amor.
Saber que todo belo tem dois lados
Mostrando essa ternura em sofrimento.
Tempestade se faz do manso vento
Assim como os invernos mais gelados.
Desejos são audazes, violentos,
Depois a calmaria toma tudo.
Amor que nos maltrata, louco escudo
Que faz duma alegria meus tormentos.
Amor amansa, acalma e nos rebela,
Define indefinido o que não cabe
De amor quase nada que se sabe
Em um segundo, imenso se revela.
Nascem rosas vermelhas desta neve
Sanguíneos pensamentos n’alvos lírios
A mansidão imensa dos martírios
Eternidade mesmo que tão breve.
É fogo que nos queima tão tranqüilo,
Espelho em que Narciso se perdeu,
Amor de tanto sonho como o meu,
Fazendo o meu poema, meu asilo.X
X
Mas o campo esgueirando tato e festa
Refestela-se tanto que não resta
A margarida solta dos meus olhos.
Tampando meus olhares, nos antolhos,
Vestido de sedenta valentia
O campo das estrelas, poesia
Vivendo sem ter paz não se alimenta.
Recebe com carinho a poeirenta
Saudade que passou sem ter cuidado.
Coberto de palavras, meu pecado,
Esgarça toda a graça que não teve.
Se nada mais fixar a vida, em breve
Irei por tantas ruas sem sentido.
Marcado por meu canto, decidido,
A mansa solidão não mais me abriga
E toda lucidez já desobriga
E deixa essa loucura dominando.
Saber que por ventura esteja amando,
As partes e metades já se fundem
E todos os sentidos se confundem.
Abrigo mil metades e um sonho:
Amor que me contenha mais risonho
É tudo o que mais quero e me proponho
A não jamais viver amor tristonho.
X
Os meus versos andam contentes
Continentes e conteúdo
Sempre e tanto,
Através das paredes dos sonhos.
Vindo da cálida manhã,
Roça a juventude esquecida
Em algum canto da vida.
Vivendo nada mais que isso,
Tentando nó corrediço
Algemas é que me deram
Os sonhos envelhecidos.
Se sou o que não pretendo
E pretendo ser quem sou
Vagando em meus versos vou
A partir do quase nada
Que em tudo se fez muito.
Embriagado do ar que respiro
Tonteio e tateio pela vida
Quase tropeço;
( queda na minha idade é fogo )
Mas não nego mais o jogo
E afogo nessa verdade
Uma última rebeldia.
Venha logo poesia
Que toda minha alegria
Está numa fantasia
Que nasceu sem se contar.
Vivendo o novo canto
Que de pranto deu sorriso.
Se navegar é preciso,
Amar é muito mais...
X
Do pranto que surgia fez-se riso
Das trevas renascido paraíso
E a vida sem sentido se promete
Aos sonhos maviosos me remete.
Confesso não saber mais o que faço
O mundo que vagueia perde o traço
E, manso vou buscando teu perdão,
Que salva e regenera o coração.
É bom saber-se vivo neste outono
Às margens deste rio, do abandono,
Depressa aprenderei a navegar
Nas ondas deste encanto, nosso mar.
Que faz das ventanias, calmaria
E mostra tanta força, a poesia,
Que nasce nos castelos doloridos
O sol que nos raios repartidos
Fecunda a doce terra da esperança.
Fortalecendo a vida em aliança.
Bem antes do que a noite se convença
Raio solar me diz: viver compensa!
X
Revendo tantos sonhos, mocidade,
Esparsa sob as faces do passado
O grito que soltara,apaixonado,
No fundo se dispersa na saudade.
Os vasos que em minha alma regeneram
Esperam outros dias que não vêm.
Depois de tanto tempo sem ninguém,
Os olhos no passado degeneram.
Sou parte do que sonho e não prossigo
Consigo ser metade de mim mesmo.
Amor sem ter amor, morrendo a esmo,
Vivendo o que tento e não consigo.
Depois de que esqueci até do nome
Que sempre mergulhara em minha vida
A noite sem ter sonho, adormecida,
Aos poucos se consome e mansa, some.
Palavras que não digo nem por reza,
Amores são brinquedos juvenis.
O coração no outono, por um triz,
Em lágrimas e risos se reveza.
Os mantos da santíssima certeza
Em volta desta mesa não mais cabem
Os sonhos retorcidos que se acabem
Senão não sobrará nem mais a mesa.
Altares dos desejos infundados
Passando pelas mãos de quem não ama.
Consomem tal verdade, morta em chama,
Em olhos que viveram inundados.
Agora a noite está assim chuvosa
Vontade de tomar mais um conhaque
Amar sem ter amor é quase um baque
E faz de nossa vida, verso e prosa.
X
Não sei de teus amores nem os quero
Espero que desculpes tal frieza
Mas nada de viver dessa incerteza
Que trama sem sentidos. Desespero.
Mas busco meu futuro n’outra praia
As ondas que prometes, as tsunamis,
Por mais que tanto amor assim tu brames
Teus olhos me pedindo já que eu saia.
Não sou de rebelar-me, sou da paz.
Portanto não se esqueça de sair
Mas não repares antes de sumir
As lagrimas que choro. Sou capaz
De mergulhar no mundo sem teu braço
Mas deixe, eu vou seguir o meu destino.
Das dores que me deste,eu mesmo traço
O rumo que recebo, cristalino.
No fundo te perder é tudo que imagino,
As gotas tão miúdas qual sereno.
Traduzem os teus gozos, de veneno...
X
Toda a minha emoção é verso sem sentido.
É canto que maltrata um coração sem lume.
É flor que não encanta, a falta do perfume.
É mar que não navego o leme dividido.
Morto, no esquecimento, a sensação do olvido
Invade minha cama, escuta meu queixume.
Sou boca que te morde, a falta de costume,
Retrato na gaveta, há tempos esquecido.
Sou fumo que evapora esparso em triste vento.
Poeira dessa estrada, o céu sem firmamento.
O pouco do que fui, está guardado em ti.
Mas nada disso importa,agora isso bem sei
Por certo sem amor, ok,não morrerei.
Pois foste um relampejo, um pouco de esperança.
Confesso, nunca mais, saíste da lembrança.
Meu único momento feliz, contigo, me esqueci...
X
Não falo com desdém de tua dor
Apenas não retrata uma verdade
Quem vive em fantasia, a realidade
Demonstra-se com força e com ardor.
Vagando sem ter nau pela cidade
O manto que fizeste cobertor
Omite essa verdade, sem favor
E grita na fingida liberdade.
Não compro mais imagens desconexas
De noites embaladas no silêncio.
Amores que sonhaste ponte pênsil
Que cai nas madrugadas mais complexas
Debruças nas ameias e sorris
De quem anseia o prato que comeste
Pecados que demais tu cometeste
Não valem ser, na vida, um infeliz!
X
As lágrimas ocultas que carrego,
Venero e tanto quero quanto minto.
Verdades e saudades do que sinto,
Ao mesmo tempo afirmo e quase nego.
Emoção retirada destas praias
Onde luas e mares se desejam
As ondas mal lambendo as tuas saias
As coxas bem servidas vêm e beijam.
Quem sabe nessa areia o meu segredo?
Vivendo sem vontade de morrer
Sabendo cada canto percorrer
Depois de tantos beijos, manso dedo...
Meu verso no viés mais que sagrado
Espreita teus venenos e te morde.
Não quero mais os braços onde acorde
Depois de nossa noite de pecado.
Recado que me deste, compreendi.
Em vão não vou ser tão quanto pareço.
Se pensas que de ti me compadeço,
Esqueça pois há muito te perdi!
X
Nossos desejos são noturnos hinos.
Pérolas negras, dois fantasmas... Treva...
E, com certeza, a misturar desatinos,
Por mais calor que parecer, já neva.
As labaredas, olhos, dentes finos.
Por mais que nunca fomos, vil caterva
Amaldiçoa, marca e cospe. Tinos
Perdidos... Rios, bagre, mar, cambeva...
Coxas se entrelaçando, orgasmos vindo...
Espumas do prazer rebentam, praia...
Ausência de temores, tremor... Lindo!
Dois corpos que procuram mesmo espaço
Depois de tantos beijos, mesmo traço.
Nas dúbias sensações tão prazerosas
Vertigens se sucedem, tire a saia...
A dor de misturar espinhos, rosas!
X
Quero viver feliz, morrer em paz
Nos braços da pantera desdentada
Que finge que ressona e não quer nada,
Vivendo por viver, mas aqui jaz.
Feliz sem ilusão, estrela morta,
O ranço da saudade é pura cena.
Tua mão, um adeus, já me acena,
Querida, por favor, feche essa porta.
O vento que chegou ali do lado
Gargalha e não ecoa sentimento.
Esqueça que vivemos esse vento
Até por que me encontro resfriado.
Nada mais versejei nem mais versejo
A lua sem ter brilho, fecha o ciclo.
E cada novo dia me reciclo
De velho, continua meu desejo.
Que pede, sem ciúme ou ironia
Que tranque essa janela quase aberta.
O brilho no teu corpo, esteja certa,
Ainda me provoca a fantasia.
E nada do que sei nada resiste
Ao medo de não ser e nada fui
Castelo que não vivo, morre e rui
O sonho de te amar, jamais existe.
Apenas sortilégios dessa sorte
Que trouxe tua vida em minha, exposta.
Amor quando abortado cria crosta
Nem deu pra dedicar a minha morte.
Agora que a janela está fechada,
Não vejo mais sentido em procurar
A lua que negou o seu luar,
Amor que não brotou, sem alvorada...
X
Se quando, melindrosa se contava
O dia não percebe um bravo rumo...
Nos pátios que essas dores melindrava
As janelas abertas soltam fumo...
Velada nossa voz já não falava.
O manto que me cobre não tem prumo.
A noite que esfriava não passava
Verdades são falácias, não assumo...
Beijavas tantas bocas por ciúme,
Meus versos me iludindo são bordados
Nas camas divididas sem perfume.
Vivendo tão somente do azedume
Que trama nossos sonhos separados.
Nos olhos da pantera meus enfados...
Amar quem não me quis virou costume.
Os versos que tentei morrem calados...
X
Esse meu triste amor, merece o fogo!
Se não posso ostentar com certo orgulho,
Amor que não mereces, nem por rogo.
Jogado nessa estrada é como entulho.
Quem sabe nas promessas trace o jogo,
Pois vale quanto pesa, é só barulho.
Talvez encontre aqui, ou lá no Togo
Um mar que não prometa só marulho...
Não cabe em mim verter em esperança,
Se nada significa meu amor...
É verme que passeia e já se cansa,
É lua que não brilha, sem luar...
Promessa se desfez, virou vapor.
Do rumo prometido, nem lembrança.
No fundo antecipando tua dor,
Te peço, nunca mais queira me amar!
X
A lua magistral e amargurada
Vaporosa reflete meus anseios
Nessa alvura sem par, teus belos seios,
A minha mão passeia, delicada,
Buscando teu prazer. Oh! Minha amada...
No brilho dessa lua, belas rosas
Que tramam nos espaços seus perfumes.
Encharcando a minha alma, sem ciúmes,
Percebo nos caminhos, olorosas;
As flores sem espinhos, maviosas.
Tuas rosas fogosas, dos desejos;
Em meio aos meus desejos arvoradas
Esperam pelas luas nas estradas
Que tramam as delícias destes beijos.
Meus sonhos mais secretos vão pairando
Por sobre belas rosas e sob a lua.
As mãos que te encontraram toda nua
Em meio a poesia, mergulhando....
X
A dor é companheira, parceria...
Meu tesouro guardado nessas grutas.
Não posso descobrir mais alegria,
As luzes que me emanas, formas brutas.
Despencam dos teus olhos tão abruptas
Corcéis, imobilizas, montaria.
As podres maravilhas dessas frutas,
Difícil esquecer com maestria
As noites que perdemos, tantas lutas...
Lutando contra as dores tão astutas.
Meu coração deveras tão vazio
Não penso nas conquistas que não tive
Na cama que roçamos, me contive...
A dor que nunca sai negando o cio
Aurora torporosa já me esquece
E não traz a beleza costumeira
Sem luz que te ilumine por inteira
Matando nosso amor tudo escurece...
X
A brancura suave lembra a neve...
Minha alma embevecida vem, suplica,
Em meio a delirante sonho, breve,
Não tem porque, jamais se sacrifica,
Voando sem destino, afinal fica.
Espera pelo altar manso que eleve...
Brandura de tua alma, calma e rica,
Trazendo a calmaria... Quem se atreve
A erguer-se contra essa alma que adocica
Do mel que se produz e santifica.
Vem, trazendo esperanças de mudança...
Me leva por caminho mais distante.
Convida tão festiva a nova dança,
Rodando sem temer uma esperança.
Nossas almas penetram-se em conjunto...
Tatuam-se de forma inebriante,
Conversam, calmamente o mesmo assunto:
Minha alma de tua alma, sua amante...
X
Tormentas são reais e nos maltratam
Não deixam que sejamos mais felizes.
De todos sentimentos, seus matizes,
Na saudade essas dores se retratam
E quase sem querer, às vezes, matam.
Se busco, nos teus braços, meu descanso,
Desditas, maldições, por vezes acho.
Das luzes de teus olhos sigo o facho
Tentando ter na vida, o meu remanso.
Mas sempre, mais sozinho, nada alcanço.
Morrer nessas tormentas da saudade
Quem sabe não seria a solução?
Embalde sem querer, um coração
Esquece que um amor traz liberdade.
E corre para o fogo qual falena
Se perde e nunca mais sabe voltar.
O pensamento morre por voar,
Nos lumes que a paixão, de longe acena!
X
Eu vou te amar, eterno e mansamente
Dessa paz dolorida e delicada
Trazendo para a vida já cansada,
Estrela que pensava decadente
A primavera em festa, de presente.
Eu vou te amar sem medo e sem cobranças
Sem temer nem as chuvas nem tempestas
Deixando ao coração, eternas festas;
Guardando esses momentos nas lembranças
Com a pureza linda das crianças.
Eu vou te amar bastante e sem segredos
Duma amizade plena em tanto amor.
Te amando, me alimento do calor
Que impede em nosso amor, os tolos medos.
Eu vou te amar, enfim, só por amar,
E nada mais pedindo nem querendo,
Em teus cabelos negros, me perdendo,
Em nosso amor intenso, vou me achar!
X
Saudades do que fomos e perdi.
Nas curvas da saudade não consigo
Viver aquele sonho que persigo
Imerso na saudade que vivi.
Vagando sem sentido, estou aqui.
Recordo nossas flores na varanda
Da casa que deixamos, do passado.
O peito tão sozinho, abandonado,
De tanto que ele amou, já se desanda
E pesa, de saudades, vai de banda...
Agora que não posso mais te ter,
Agora que a saudade me domina.
Sem lua, sem espera, triste sina.
Só levo essa saudade, sem querer...
Um dia, resolvendo essa saudade
Talvez eu possa até te ver passar.
Brilhando novamente meu luar,
Quem sabe encontrarei felicidade?
X
Vivendo da saudade desta vida
Que em vida tanta vida não se fez
A sorte, nessa vida, perde a vez
Embora tanta vida assim perdida,
A vida que vivemos, despedida...
Se traço minha vida sem ter medo
Em vidas que na minha nunca vivem
As vidas mais doridas se revivem
E guardam, nessa vida, seu segredo
Da vida nossa vida, vão degredo.
Mas vivo das saudades que vivi
Vencido pelas horas mal vividas
Vivendo tantas tristes despedidas.
Na vida que sonhei e que pedi.
A vida desse amor que não duvida
E crê numa esperança pueril,
Buscando tanta vida que partiu,
Espero reviver a nossa vida!
X
A noite que profana meu carinho
Escuta na soturna solidão
Os sonhos que passamos no verão
Desse tempo em que estive no teu ninho.
Agora sempre estou aqui, sozinho...
Saudades, nessa noite, corroendo
Marcando a ferro e fogo, um coração
Ao menos não houvesse solidão,
O tempo pelos dedos, escorrendo...
A vida não teria um só adendo...
Porém a triste noite não mais passa
Lamentos nas torturas mais ferozes
Os medos se transformam nos algozes
Que mesmo todo sonho não disfarça
Vivendo sem ter nada p’ra sonhar
Morrendo toda noite, sem sossego,
Saudade por aqui, com triste apego,
Trazendo nosso amor nesse luar...
X
Lembranças tão distantes do passado
Do tempo em que vivi felicidade,
Demonstram que também simplicidade
Nos traz tanto carinho em ser amado.
Sabendo ser feliz sempre ao teu lado.
Amada te estreitei sobre meu peito
Nas noites mal dormidas de prazer.
Agora que pressinto envelhecer
De tudo que vivi, mais satisfeito,
Nas horas e delícias, nosso leito.
Não temo mais sequer a triste morte,
Sabendo que contigo tive tanto...
Não quero que derrames um só pranto
Pois tive em minha vida tanta sorte.
Sabendo que, contigo, mesmo a dor,
Não conseguia nunca ser mostrada;
Eu tenho essa alegria, minha amada,
De, na vida, morrer de tanto amor!
X
Um cavaleiro andante sem ter rumo
Procuro teu amor em noite escura
No teu amor decerto a minha cura,
Estrelas tão perdidas, desarrumo.
Na solidão do espaço, não me aprumo.
A mão que acaricio, vacilante,
Decerto não me trouxe um só momento,
Onde estarei liberto do tormento.
Em tudo que pensei, tão inconstante
Não guardo nem sequer o teu semblante.
Mas sei que tu carregas minha dor
Envolta nos teus olhos-azulejos,
Querendo teu desejo em meus desejos
Amando imensidão do teu amor.
Versejo meus momentos mais sutis
Buscando no matiz dos olhos teus
Espelho que reflita os olhos meus
Quem sabe, finalmente, ser feliz!
X
Quem dera se Razão ouvisse o canto
Que trago no meu peito sonhador,
Talvez não sofreria mal de amor
Que em noites me maltrata, sempre e tanto.
Na vida não teria desencanto.
Quem dera se Razão fosse presente
Em toda essa paixão que me devora
O sofrimento logo iria embora
A paz, em minha vida, de repente,
Matando a solidão, essa serpente.
Amor que não consigo mais calar
Em voltas e revoltas sem ter paz.
Vivendo num deserto mais tenaz
O mundo em sofrimento, sem parar.
Espero que a razão esteja aqui,
E deixe que eu prossiga meu caminho,
Em busca de viver tranqüilo ninho
Nos braços deste amor que já perdi...
X
Sonhando com o tempo que não vivo
Espero teu amor neste luar
Que faz com que, vivendo para amar,
Não seja simplesmente amor passivo
Mas que me faça sempre mais altivo.
Meus olhos esperando teu olhar,
Espelhos de minha alma refletida
Sem ele que fazer de minha vida,
Estrela que mergulha neste mar
Trazendo ao fim da noite o meu sonhar.
Nas guerras, nas batalhas que tivemos,
Por tempos indistintos e cruéis
Nos campos das estrelas, nos anéis,
Amores não vivendo o que queremos.
Espero teu amor, tenha a certeza,
Nas horas mais tranqüilas, peço paz
Amar quem tanto amara sou capaz
Na amara sensação duma tristeza...
X
Minha alma visionária, sem defesa,
Espreita essa cruel desilusão
Nascida num momento de paixão
Deitada sobre o cofre da tristeza
Espera a redenção sem ter certeza..
Minha alma sem ter prumo já se queda
Em pleno pantanal da solidão.
Vencida pela dor d’uma ilusão
O meu olhar vazio, essa alma veda
E nada mais desponta, e se depreda.
Essa alma tão sofrida, visionária,
Adormecida em dores do passado,
Carrega pela vida um triste fardo.
Vivendo por viver, tão solitária...
Alma, te maltratei, tenho certeza.
Deixei o teu caminho, assim, de lado.
Agora que percebo esse pecado,
Minha alma vou matando. De tristeza...
X
O sol adormecido sobre o mar,
Amante deslumbrante desta lua
Que, plena, vai surgindo toda nua
Trazendo a claridade do luar,
Espalha em meu destino luz solar.
Um canto mais longínquo e tão dolente
De pássaros que mostram seus talentos
Envolvem meu amor em sentimentos
Que mostram como o sol mais envolvente
Clareia todo o sonho, de repente...
Amor que te dedico pede o sol
Deitado sobre o mar que se prateia,
Na lua bela amante sobre areia
Misturas que prometem meu farol.
Vivendo desse amor em claridade
O lume das estrelas se percebe.
Amor que tanto amor assim concebe,
Em seus braços viver eternidade!
X
Os sofrimentos nunca mais sossegam
E queimam sem dar tempo de fugir
Amor que sempre marca, sem sair,
As sortes tão felizes já se negam
As cores destas dores se carregam.
Amor que prometia um lindo prado
Esgarça-se em paixão alucinada,
Depois desta emoção, não sobra nada
A não ser o meu peito tão cansado...
Amor que sempre fora rutilante
Das pedras preciosas, a mais quista
Amor é terra nova que se avista
E mostra na beleza, um diamante.
Amor envolto em paz e harmonia
Porém paixão devasta sem ter pena,
Em tempestade louca, paixão plena,
Impede em tantas nuvens, ver o dia...
X
Nos olhos desta amada, o meu destino
Perdido sem caminho, pelo mundo.
De tanto desse amor eu já me inundo
Que o peso que carrego entorna o tino
Embora tanto amor seja divino!
Olhar mais verdejante, cristalino,
Olhando em meu olhar é tão profundo
Desnuda minha vida num segundo,
Em tanto amor assim, já me alucino
E louco te procuro em desatino...
Sem teu olhar me sinto no deserto
Perdido não encontro quase nada,
Sem ter saída, nunca uma chegada.
Embora tão distante estás tão perto.
Não quero te perder, ó minha amada.
Viver sem teu olhar, é tão incerto
Estar em pleno frio, descoberto,
É como se perder, sem alvorada!
X
A lei que me domina o pensamento,
Amar assim demais, além de tudo
Regendo minha vida, sem contudo
Se resguardar da dor e do tormento,
Causando-me, por isso, sofrimento.
Pereço sem ter paz, solto no vento,
No coração disperso e tão miúdo,
Sabendo que afinal, eu nunca ajudo,
Mergulho neste amor um sentimento
Que quase sempre nega entendimento.
Por que viver assim em tanto engano?
É certo que demais amor maltrata
Enchente enfumaçando uma cascata
É barco que sem leme, perde o plano.
Amor que me fizera tanto dano,
Recebo com carinho em serenata.
Amor que acarinhando já me mata
Afogado em seus sonhos, oceano...
X
Perto deste mar, manso e revoltoso,
O medo transmitido pelo vento
Revoltas que me invadem pensamento,
Do tempo que se fora, tenebroso
Misturas desta dor em pleno gozo.
Amar não se permite, de repente.
Embora sem amor nada mais sou.
De tanta fantasia, o que restou.
Acaba neste mar tão envolvente.
E, triste, as tempestades, o mar sente...
Amor que denuncia uma tortura
Procura tão somente por um cais.
Viver sem ter amor, perder a paz,
Rever a solidão da noite escura.
Eu quero teu amor, isso não nego,
Gravito por teu corpo, tua lua.
E vejo, nos meus sonhos, mansa e nua
Imagem maviosa que navego...
X
Amor, corcel divino que, voando
Espalha pelas casas o prazer.
Trazendo uma alegria de doer,
Permite tanto sonho a quem, amando,
Não sabe mas acaba flutuando...
Às vezes em desejos se transmuda
E invade tantas praças nas cidades
Deixando sempre um rastro de saudades
Amor que se mostrando nos ajuda
Embora noutras vezes nos iluda.
Voando pelas camas e cenários
Amor em fantasias, teu corcel,
Caindo num momento, traz do céu
Desejos e delírios tantos, vários.
Nosso amor cavalgando sem destino,
Num galope tão louco que alucina,
Corcel que se montado, nos domina
E traz em seu revôo, desatino...
X
Perdendo meus amores pela vida
Por onde encontrarei felicidade?
Procuro pelas ruas da cidade
Minha alma está decerto mais perdida
Acostumada à dor da despedida...
Dos tempos mais felizes, nada resta,
Amores se perderam nos caminhos.
Buscaram, com certeza em outros ninhos
Os corações que vivem sempre em festa
Saíram logo ao ver aberta a fresta.
Nos tempos mais antigos, radiantes,
Tinha amores, amigos, fui feliz.
Agora é que percebo o que se diz
Eu nunca tive amores nas amantes.
A vida assim sozinho, já periga,
A nau que se naufraga não tem volta,
Meu peito vai se enchendo de revolta,
Porém o que me salva és tu, amiga!
X
Dorme minha companheira,
A noite te encontrou cansada,
Amando amor noite inteira
A noite se transforma em nada...
Dorme, dorme meu amor...
Essa lua é testemunha
De tanto que se buscou
O tudo que se propunha...
Dorme querida, dorme
Amor que a gente fez
Amor assim, enorme
Amor que a gente fez...
Dorme aqui nesse cantinho,
Não espera nada não,
Amor andei tão sozinho..
Me encontrei, teu coração...
Dorme amor que sempre quis,
Eu não consigo viver,
Seu amor me faz feliz,
Dorme meu bem querer...
X
Eu cantarei meu amor
Se não vieres de tardinha
Esperando o teu favor
Que retornes, andorinha,
Sem te ter por onde vou?
A minha alma tão sozinha
Se quase nada restou,
A morte já se avizinha...
Mas te quero não te nego,
Do querer mais sem receio,
De tanto que eu já me apego.
O mundo perde recheio
Se não vieres, carrego
O sangue que nunca veio
Nos olhos onde me cego,
Na beleza do teu seio...
Amiga não vá embora
A manhã nem bem surgiu
Te esperando sem demora,
O meu céu descoloriu,
Tanto amor que me decora
Na estrela que já partiu,
Deixando o peito que chora,
Em toda dor que se abriu...
Mas amiga, te prometo,
O sol que inda nem nasceu
Tanto quanto me remeto
Ao escuro deste breu,
Te dedico tal afeto
Que na luta que sou eu
De todo amor, predileto,
No mundo, por certo o teu!
X
Não vejo se vais ou ficas
Apenas quero teu mar
Nas luas que edificas
Nos raios deste luar
Vencido pelo cansaço
Espero noite chegar
Deitando no teu abraço
Até de novo, sonhar.
Não quero teu gesto amargo
Nem lendas que não contei
Amor avança num trago
No canto que escolherei
Na cama te peço afago,
Se me deres, viro rei...
Amor invado teu lago
Tanto amar, a nossa lei...
Cativas e não percebes
Que quanto mais me cativas
Mais carinho tu recebes
As flores são sempre vivas
Viajando nossas sebes
Por tantas noites altivas
Amor tu nunca concebes
Em nossas doces salivas...
Mas se quero o teu amor,
Teu amor eu necessito,
Vivendo tanto calor
Se não vier, estou frito!
X
Amiga que tanto quero
Numa amizade sem fim.
Vivemos mesma saudade
Que já doeu tanto em mim.
Interessante essa sorte
Que traz amigos pra vida
De tanta dor e ferida
Amigo nunca se importa.
Abre sempre a nossa porta
Cura, e já nos cicatriza.
Não deixa nenhum momento
De viver com sentimento
Consentimento de Deus.
Amiga de tantos breus
Que passamos pela noite
Nunca mais saber de açoite
Abraço teu coração
Sem sequer pedir perdão
Pelos erros que cometo
Pois sei que perdão foi dado
Desde que sei ser amado,
Nada mais eu te prometo,
A não ser uma certeza
De que tudo nessa mesa
Da vida, felicidade
Constrói-se numa verdade.
A nossa franca amizade!
X
Mas nada que me impedisse
De ser feliz.
A não ser o vento triste
Que trouxe amor em bocados
E fazendo dos meus medos
Arremedos e disfarces.
Amor que tem mil faces
Embaça minha visão.
Não me peça mais perdão
Não há bem que se perdure
Mesmo alma que cure
Alma que não se procure.
No boteco da saudade
Tanto gole de conhaque
Vivendo mais de araque
Que da tal felicidade
Que traz sombra
Na verdade
Mas, sinceridade,
Quem não gosta?
Amor sempre se aposta
Embora tanto desgosta
No salto do vira-bosta
No pulo do coração.
Receite amor, seu doutor.
Vais ver quanto que cresce
A sua freguesia.
Amor é vida vadia
Mordendo, depois assopra,
Acalma e depois alopra.
Faz pecado e sacristão,
Na prancha que não surfei
Onde mares naveguei
Onde oceanos passei.
Mas eu não sei nadar!
Por falar em natação
A nada ação
Também dói.
Embora menos um pouco,
Receba a sorte miúda
E tenha a vida graúda
Nas asas dessa paixão.
Da cor de uma graúna
Dureza tem da braúna
Coloque a tua escuna
E parta para o vazio.
Quem sabe no novo cio
O ócio não se desfaça.
Amor é minha cachaça
Embora não saiba amar.
Também eu sou abstêmio!
No reverso da medalha
Amor não me atrapalha
Apenas compensa a pena
Que na pena da saudade
Bateu asas, avoou...
X
Eu peço-te um segundo de atenção.
Não quero mais falar aqui sozinho,
O coração decerto apertadinho
Precisa de teu mágico perdão,
Quem sabe seja a nossa solução?
Amor está cambeta e quase cego,
Virou minha cabeça sim senhora.
Amor que tanto sofre quanto chora
É coisa que, mentindo, sempre nego.
É mala que em minha alma já carrego.
Container, na verdade, de pesado;
Amor não me deixou sequer um verso
Diverso deste amor meu universo
Em versos anda meio destroçado.
Fazer amor sequer em fantasia
Pagando o preço sinto que não vens.
De amores meus amores são reféns
Falando desse amor, eu passo o dia...
X
Navego pela vida sem ter porto
Meu porto nunca teve o mesmo cais
Sabendo que de amor morrer jamais
Jamais quero viver assim, absorto.
De tanto amor carrego que ando torto.
Mas quando a solidão faz brincadeira
E mostra-se, safada e mais moleca,
Um beijo da saudade me sapeca
E quase caio nesta ribanceira
Salve-me essa amizade verdadeira.
És tudo que preciso, minha amiga,
Bem sei que ando abusando, e já reclamas
De apagar assim todas as chamas,
Nas horas em que a vida se periga.
És mansa e me proteges dos receios
Que a vida sempre armou numa cilada,
Mas vendo-te de lado, assim calada,
Sabia que tu tens uns belos seios?
X
Eu quero teu amor de qualquer jeito
Embora sempre exija qualidade,
Amor que me trouxer felicidade
Passando quase a ser um meu direito
De tanto que vivia insatisfeito...
Se falo deste amor com tanto mimo
A culpa é dessa lua que não veio.
Amando sem ter pena ou ter receio,
Sabendo que, decerto tanto estimo
Esse amor que em meus versos sempre rimo.
Eu quero esse amor mesmo moleque
Que sabe fazer cenas de ciúme
Meu medo é que depressa me acostume
E queira desse amor ter todo um leque.
Maria se quiser estou aqui
Sozinho com meu peito machucado.
Desculpe por eu nunca ter amado
Amor que em tanto amor eu me perdi.
X
Eu quero essa certeza plena e mansa
De ter o teu amor eternamente
De tanto amor, amor que se pressente
Trazendo o coração em plena dança
Fazendo deste velho, uma criança...
Nascendo novamente a claridade
Por onde caminhava escuridão,
Amor que sempre traz revolução
Mostrando que essa tal felicidade
De simples ilusão vira verdade.
Eu te amo esteja certa, meu amor.
Em revolutos sonhos te persigo,
Quero sempre poder estar contigo,
Vivermos nossa vida com ardor.
Deitando em nossa cama, sempre traço
Desenhos e protótipos de vida.
Que bom poder te ter aqui querida
Deitada, adormecida; em meu abraço...
X
No tormento que me invade, solidão,
Em silêncios minha alma nada fala.
Ao mesmo tempo sofre e, vã, se cala;
Transborda tanta dor com emoção
Jogando-me depressa contra o chão.
Vencido pelas dores do passado,
Sem ter uma ilusão sequer comigo,
Em ti, talvez o rumo que persigo,
Caminho tanta vez abandonado
Nos cofres de minha alma, resguardado...
Não posso despertar de novo a chama
Que sempre me trazias em teu canto.
Decerto esquecerás em desencanto,
Meu peito solitário te reclama.
Mas nada do que fomos mais importa.
Não voltas e por isso meu tormento.
Não posso te tirar do pensamento,
Mas trago, no meu peito, aberta a porta!
X
As Sombras que ao dormirmos se levantam
E dizem d’outros dias mais felizes
Nos palcos que vivemos são atrizes
Ao mesmo tempo se agigantam
Mas logo, ao acordarmos, já se espantam.
Depois de tanto tempo adormecidas
As sombras nos perseguem na penumbra
A negra escuridão logo deslumbra
As sombras que pensamos escondidas
Às vezes pareciam já perdidas.
Porém a liberdade é relativa
Fagulhas destas sombras nos torturam
Nem luzes essas sombras não se curam
Queimam-nos, nos deixando em carne viva.
Sombra que sempre vai me acompanhando
Fazendo de minha alma seu compêndio,
Por vezes tempestade, pleno incêndio,
Por outras devagar, em fogo brando...
X
Morrer de tanto amor, bela ventura
Que não mais me fascina mas agita
O peito ritual de fato grita,
E pede sem saber que não há cura
Pr’amor que sempre sofre na ternura.
Depois de libertar nossos desejos
Na cama que não cabe de prazer
Sangrando meus pecados, posso crer
Na força deleitosa desses beijos,
Que morrem nos meus dedos, meus versejos.
Embora te conheça quase toda,
Não sei se tu desejas minha vida
Eu vejo quando a luz vai repartida
Depois de tanto tempo e tanta poda.
Nossas sementes soltas pelo mundo,
Em várias certidões de nascimento.
Amor que já fizemos, sem tormento,
Invade esse universo, num segundo!
X
Amor quando desfralda-se altaneiro
Em meio a tantos sóis e madrugadas,
Das luas que tivemos despertadas
Amor é, com certeza, verdadeiro
Nas luas que derrama, por inteiro.
Vivendo tanto amor sem ter grilhões,
Nas hordas dos desejos, dilacera,
Amor que nos permite fogo e fera
Arrasta pelo mundo, multidões
Invade sem guerrilha, corações.
Amor com suas cores fugidias,
Transforma nossos sonhos, carne viva.
De tanto que te amei, tu vais altiva
Passando destilando poesias.
Amor quando palpita não tem jeito
Recebo teus carinhos penetrantes.
Amor nos faz os trilhos deslumbrantes
E o sonho desse amor, amor perfeito...
X
Vieste deste sol abrasador
Que teima em me queimar tão docemente,
Envolve meus carinhos num repente
Transbordando em delícias, meu amor.
Na cama em quer rolamos, sem pudor.
Estrela delicada de meus sonhos,
Amada mais gentil e tão formosa.
A lua que se esconde, de orgulhosa,
Ao ver esses teus olhos mais risonhos
Apaga seus luares, são tristonhos...
No rio que transborda, numa enchente,
As águas que escorrendo, tudo alagam.
As bocas que se beijam e se afagam
Transmitem nosso amor, mais envolvente.
Os céus iluminados por mil cores
De belas tempestades de prazer,
Por certo não se cansam de nos ver,
Refletem nessas cores, meus amores.
X
Caminhas na beleza destes lírios
Nos linhos e nas rosas alvas flores.
Vivendo sem temer sequer as dores
Procuras pelas noites em delírios
Esquece-se somenos dos martírios...
Em teu caminho aromas e delícias.
Seguindo, radiante nunca paras.
Bem sinto que no fundo tanto amaras
Vivendo um paraíso de carícias.
Amores te inundando de malícias...
Serenas as noturnas caminhadas
Que fazes pelos campos deste amor.
Querendo teu querer em plena flor
Sabendo das estradas mais ornadas.
Quem dera se não fosses mais embora!
Meu mundo transbordando sem ter medo.
Amor de tanto amar sabe o segredo
Que trama teu prazer, amor implora!
X
Do teu colo beleza em opulência
De tanta maciez, lubricidade
Vivendo essa serena santidade
Pedindo teu favor numa clemência
Que salve meu amor de tal demência.
Desejo tuas luas desnudadas
Cerejas espalhadas sobre o bolo,
Amar p’ra quem sofreu é meu consolo
Buscando minhas noites mais sonhadas
Nos campos do prazer, enluaradas...
Em plena maciez clara e marmórea
Mergulho meus desejos sem tortura
Amando deste amor em tal alvura
Permite-se em botão de rosa, flórea.
Teus olhos e teu colo meu caminho
De pompa e de festejos divinais.
Aporto nos teus seios, doce cais,
E neles vou fazendo um manso ninho...
X
Amor bárbaro, trágico e demente
Nos trama sensações incoercíveis
Amores que se tornam impossíveis
Aos poucos alucinam totalmente.
E fazem do mais crédulo, descrente.
Mas entretanto, amamos sem pensar
Em tudo colocamos nosso afeto
Amor quando demais, é mal secreto
Que ao mesmo tempo goza e faz penar
É frio no deserto em luz solar.
Porém quando da sorte benfazeja
Amor nos toca e traz felicidade
Depressa se transforma a realidade
Felicidade em tudo se deseja.
Comigo amor, trazendo santa paz,
Nas sortes que as quimeras não previam
De amores meus amores já viviam
E nada contra amor se fez capaz.
X
Caio a teus pés servil e delirante
Amando como nunca imaginei
Porém quando meu passo vacilante
Em tantas madrugadas que passei
Esperam pela lua que não veio,
Deitado no remanso do teu seio...
Como fui tão estúpido, querida,
Não sabes deste amor que é colossal.
Porquanto quanto tempo andei na vida
Em busca deste amor fenomenal.
Agora nas agruras que carrego,
Meu peito navegante, não sossego...
No brilho destes tantos pirilampos
Fugazes como amores e prazeres,
Passando por estradas, sendas, campos,
Espero, meu amor o que tu queres,
Eu vivo tão somente por pensar
Que a noite me trará novo luar...
As lágrimas que trago são febris
E cortam, latejantes os meus dias...
Será que inda mereço ser feliz
E ter uns poucos anos de alegrias
Ao fim desta jornada tão doída
Nos braços da mulher por mim, querida...
Amor que qual mortalha dilacera
E teima em queimar tão friamente.
A boca que me morde e me tempera
Nas horas mais cruéis tão firmemente.
Reveses que carrego se acumulam,
Amores que vieram me estimulam...
Mas nada do que penso será cedo,
A morte talvez seja meu castigo,
Quem teve nessa vida tanto medo,
Não sabe que viver é um perigo.
Agora que não posso mais fingir,
Perdoe meu amor se vou partir...
A porta da chegada é da partida,
O campo dos prazeres e das dores.
A morte se aproxima dolorida
Em vão, quero beijar divinas flores...
Não sabes do que trago no passado,
Amor que sempre foi meu triste fado....
Mas nada me impediu de te querer,
Embalde tantas vezes te perdi.
Sangrando desde sempre quero crer
Que sempre estiveste por aqui...
Mas cada vez que penso distancio,
O canto que te trouxe, duro e frio...
Não vejo mais saída, quero o cais,
Perdendo cada vez sempre distante,
Amor que não terei, enfim jamais,
Envolto nas saudades, delirante...
O sentimento queima, duro e forte.
Amada, te desejo boa sorte...
X
Eras a solidão que tanto nego
Em versos mais tristonhos
E sempre e tanto
Quanto o calor da noite que não veio...
Eras o seio amado da mulher que sonho
E naufrago
Mas, ágil não me deixa tocar.
Eras a mansidão dolente da vida
Que não mais posso nem possuo...
Eras o amor,
Amor insensato
E insalubre
Sabre e sobra
Que sem saber acumulo
Pelas horas mais vagas
Que posso ter...
Eras a solução e o teorema.
O tema sem sentido
E a vontade de morrer...
Morto desta vontade
Vou sereno para o quarto
E parto no teu corpo,
Inerte e inerente,
Quase urgente.
Mas nada que te peço
Posso ter.
A mansidão da noite
E a fragilidade do que sinto
Não deixa senão resquícios
De abraços no teu corpo.
Eras o fim e o princípio,
Precipício de sonhos
Abismo de ilusões.
Mas, errante e errado,
A esmo, vou em busca de mim mesmo.
Sem nada que me comande
Nada que faça-me livre
A não ser a liberdade insensata
E fugaz. Inevitavelmente fugaz.
Assim como o amor.
Que, em sua fugacidade é sublime.
Eu amo-te, temerário e temente.
Nada mais que isso: amor.
Não da forma sutil e arrematadora,
Apenas amor.
Mataria mil sedes,
Menos a dos sonhos...
Essa nem oceanos,
Nem mares,
Nem eternidades
Seriam capazes.
Dormes relaxada e nua.
Seios firmes e dentes fortes.
As coxas macias
E a promessa de prazer
Sob a saia curta
E levantada pelos desejos...
Dormes...
E, entre dormências e delírios,
Deliro sobre a seminudez exposta...
Mas que fazer se o mar não veio,
Oceano não veio,
Quiçá a eternidade venha...
E traga a multidão que possa aplacar
A minha sede insaciável...
X
Amor que veio do mar
Do mar de amor que carrego
No mar que sei amar
Amar que quero mais não...
Se tanto amor que não nego
Não posso mais navegar
No mar que nunca navego
Mas que me ensinou a amar...
Se tenho mar e sertão
Ser tão que nem eu sei.
Se amar seria tanto
Quanto amar eu consegui,
Meu mar está tão vazio
A maré que mal chegou
Carrega meu mar tão frio
Pras ondas que naveguei
Nas areias desta praia
Da morena mar e saia
Saia da praia morena
E venha de novo pro mar
Amar quem mais te queria.
Nas ondas frias do mar...
X
APRENDIZ DE FEITICEIRO SEGUNDA PARTE
Passaste pelas ruas sem me ver,
Andando sem sequer olhar ao lado,
Os véus que te cobriam, do querer,
Impedem que eu te veja, estou calado...
Não sabes que jardins precisam flores
Amores necessitam de carinho,
Carinho que regando meus amores,
Impedem de viver sempre sozinho...
Mas tudo o que plantaste, nada brota,
Apenas a saudade do que fomos,
No peito sem sentidos, amarrota.
Destroça devorando tantos gomos...
Amada não precisa se esconder,
O dia que te trouxe, vai morrer...
Morrer na escuridão que não mereço,
Em versos que te invento, já tropeço
Mas peço que não lances neste poço
Amor que já causando um alvoroço
Escondo no meu sonho mais oculto,
Guardando na lembrança um triste vulto
Que se foi sem jamais querer voltar,
Em busca de outro raio de luar...
X
Guardada na lembrança, tua face,
Retrato semi vivo que cultivo.
Não há sequer o tempo que o embace
Guardado na lembrança sempre vivo...
Depois de tanto tempo te revejo,
Florida inda nas festas, primavera...
Aflora em tantas sendas o desejo
De ter talvez ainda uma mesma era...
Não devo permitir a fantasia,
O tempo não sucumbe nem retorna...
Desculpe, minha amada, essa ousadia,
Saudade, se demais, no peito entorna...
Amor que não renasce não mais devo...
Mas como calo as mãos? Versos escrevo...
X
Passando por caminhos em tormentas
Vestígios de ternura que não vejo
As chuvas desabando violentas
Desfazem a dentadas meu desejo...
Trovejo essas palavras que não tento
Que tentam este sol intensamente,
Amores que em ciúmes sempre invento
Derivam dos espúrios desta mente.
Que mente sempre omite meu amor
Em versos irreais as cicatrizes,
Vertidas num sorriso sem rancor,
Vencidas pelas noites infelizes
Que dizem que jamais tu voltarás,
Amor que, em minha vida, pede paz...
X
Manhã do meu desejo
Na manhã de meus desejos
Um beijo, um seixo e sexo.
Amantes e mordidas.
Risos e tempestades.
Temperatura...
Na agrura e na saudade
Quem há-de? Quem é de?
Somos as antíteses e as promessas.
Remessas de mantras e partes
Partícipes do mesmo jogo
Fogo e ventania.
Ar e brilho
Lua e marte.
Sorte e aparte.
À parte do que pensamos.
Somos início e gran finale.
Amar-te, a morte meu mote e vastidão.
Chão e cordel.
Corda e céu
Sementes e fruto.
Na manha dessa manhã, meu amanhã e meu afã.
Imã e irmã.
Solidão e companhia.
Cio e ócio.
Sol e lua, sol e mar
Sol e girassol
Contrafeito.
Feito dois unos e somados.
Dívidas e donaire.
Afaire.
Amor
Calmaria calma ria cama rima e solução!
X
Átomos e hiatos, somos ritos...
Mitos sem temores, somos hera.
Somos terra fera que devera...
Nada que pergunte me demora.
Nada que sincere te decora.
Nada que me fere te devora...
A boca oca boca deve beijo.
Um seixo, um sexo, uma sexta...
A sesta em teu colo, solo Apolo sou.
Perdido seu adido, adio cada dia.
Vadio o meio dia meu sangue
É teu sustento.
Meu vento que me catas,
Gira vento e cata sol.
Atol roca,
Rochas e rochedos.
Meus segredos e sargaços.
Abraços e senzalas.
De te amar eu me perdi....
X
Respiro tua boca, minha amada...
Encontro meus desejos em teus olhos...
A poça que passamos, já tampada.
Os meus delírios trago nesses molhos...
Resta somente Minas e Maria...
Não quero cavalgar por outra banda.
A vida transbordando poesia,
Se não me amares, tudo se desanda!!!
Dançando tua festa velho tango.
De tantas sutilezas fiz meu fado.
Das dores, de tristezas, sempre mango,
Me trouxeste, verdades, fero cardo....
Riste de meus carinhos, fonte crua...
A porta que me abriste fechas tonta...
Não desejo que esta festa seja a tua,
Mas a sorte que lanças, está pronta!
Respiro cicatrizes que me deste.
Uma farpa que machuca, também cura.
Desdenhas meus remédios, lepra, peste.
A noite que entranhaste vai escura...
Respiro meu destino sem certezas,
Preciosa partilha nunca fui...
Em desastres desabam as belezas
Meu castelo de sonhos, sempre rui...
Vieste tão sutil, meu horizonte!
Marcaste com batom o meu destino...
Secaste, bem depressa, vida e fonte.
Lograste fatalmente, perco o tino...
Embriagado desses olhos trágicos.
No desamparo sigo sem conforto...
Quem vivia morreu momentos mágicos.
Quem sonhei sobrevida, quedou morto!
Inútil ar, inútil vento, nada...
Minha barca desperta novos mares.
A boca que beijei escancarada,
Mastiga todos sonhos, meu altares!
Ensinaste insensata tanta dor,
Vergastadas cortando minha pele.
Dessa mesma maneira, vil condor,
A boca que me morde me repele...
Sangraste minhas noites tão selvagem...
A morte que prometes sempre negas.
As dores não respeitam a triagem,
Hidras se multiplicam, velhas pegas...
Nosso caso abandona todo senso.
Nas ondas que profanas somos parto.
Amor que já morreu de tão imenso
De tanta poesia ficou farto!
X
Um tento, tanto tempo sem ter tempo
Tempestades temporais, têmporas e temperos...
As algozes são atrizes, meus deslizes minhas vozes...
As mentiras que me atiras são as tiras que me cortam.
As cordas que acordas são as côdeas do meu pão.
Nasço e faço meu abraço, meu cansaço e solução.
Soluço em vão nos teus braços,
Sou um verso sem canção.
Sou um urso sem disfarce.
Nada fácil vir comigo.
Meu perigo é constate.
Minha estante meu conserto,
Meu cometa perde cauda.
Meu piano nunca teve...
Ando sem saber se sou
O que vou por onde fui,
O mundo todo se rui,
Se ri desta balela,
A cela que me cabe
Não cala nem revela.
Se faca fosse fala
Esfaqueava Maria.
Não se ria, não seria séria sina.
Assas asas assassinas...
As partes que enfartas são fartas e falazes.
São capazes sem ter ases de alçarem altos vôos,
Alçapões e soluções.
Insalubres úberes santas.
As forças que me encantas
Nas fossas que me atiras
As piras que me queimas,
As teimas que me dás.
As hastes que ostentas,
Se tentas são tenazes.
Quero descobrir meu gesto,
Se me empresto ou não presto,
Prestativo pensativo, ativo penso
Nas moendas quero rendas e tendas.
Por favor vê se aprendes
Onde tenho e onde vedes se não vedes não verei...
Verdes olhos da mulata
A cor da mata
Acórdão.
Cardio,
Cordia,
Cordial
Coração!
X
No tempo do meu sonhar,
Tempo que vai tão distante,
Procurando a todo instante,
Por tempo, espaço e lugar,
Acreditando passar,
A temporada da vida,
Numa luta divertida
No meio da tempestade,
Trazendo amor de verdade,
Sem ter lágrima sentida...
Tempo me traz essa brisa,
Onde o coqueiro balança.
Traz um guerreiro com lança;
A mão nesse mar que alisa,
O riso da Mona Lisa,
O medo de não prosseguir,
Meu tempo de tempo vir,
Nos contratempos sem medo,
A vida faz arremedo,
Do tempo que já perdi...
Não sei dessas temporadas,
Que a criança guardou,
No tempo que era d’amor,
Agora são massacradas,
Bandas da vida, guinadas,
Nas grinaldas me lancei,
Tanto tempo eu já passei,
Mas não me deixaste em paz,
Tanto tempo fui capaz,
De tentar o que não sei...
Versos trago sem tempo ter,
Tempo tenho pra sonhar,
Temporais para chegar,
Onde teimo me entreter,
Saberia sem saber.
Não vivo sem temporais,
Quero muito e tento mais,
Não sossego com tão pouco,
Tampouco gritando rouco,
Tempo, preciso demais...
Na curva da temporada,
Que passei lá nas Gerais,
Tempo templo até me traz,
O que julguei emperrada,
A sorte já vai danada,
A morte é mote sem fim,
Quero tempo para, enfim,
Firmar o meu pensamento,
Que transforma todo vento,
Tempo que pedi pra mim...
Meus cadernos tão antigos,
Me perco nas espirais,
Num jazigo, aonde jaz,
Os meus sonhos são castigos,
Tempo me aponta os perigos,
Curvando nesse meu lago,
Onde meu tempo eu afago,
Onde não tenho porque,
Quero já ver e vencer,
O meu tempo anda tão vago...
Teimoso sei não caço,
Rãs perdidas no brejo,
Amores lá d’Além Tejo,
Nas vilas perdi meu laço,
Vencendo enfim, meu cansaço,
Quero fazer o meu canto,
Trazendo com tempo encanto,
Nos vales quero profundos,
O melhor de tantos mundos,
Teve tempo pro meu pranto...
Um desejo trem gigante,
Que na vida tem tempero,
Fazer amor com esmero,
Pela vida radiante,
Estando só por instante,
Nos braços da minha amada,
Passando essa temporada,
Deixando o tempo prá trás,
Meu tempo de não ter paz,
Procurando nova estrada...
Tempo de ser mais feliz,
Tempo de ter esperança.
Tempo de ser tão criança.
Tempo que o tempo não diz,
Tempo de ser aprendiz...
Tempo de não ter mais medo,
Tempo de guardar segredo,
Tempo de se ter saudades,
Tempo de dizer verdades.
Tempo que faz meu enredo...
X
Vencendo tantos medos chego a ti,
Para dizer do quanto que procuro,
Na vida ser feliz. Do que senti
Tão logo vi teus olhos sobre o muro.
Nesse momento mágico vivi,
A claridade vívida n’escuro.
Sentidos fervilhando sem cansaço,
Meus braços mendigando teu abraço...
És maciez sonora , belo canto,
Embora nos acordes dissonantes,
Traduzem meus ouvidos, teu encanto,
Quisera concederes, cedo e antes,
Cristalina pureza, me agiganto
Quando mostras; canora voz, sublime...
Tua bela voz, lúdica, suprime...
Emanas um perfume delicado,
Qual rosas, num jardim celestial,
Bem quisera viver deliciado,
Minha dama da noite, vendaval
Fustigando a janela, vou; ceifado
De malícias, verter em bem, o mal.
Somente do suave olor que emanas,
Nos céus, vou construir nossas cabanas...
Tens o sabor dos lábios divinais,
Humana criatura não conhece,
Sentindo o paladar dos imortais,
Em ti, qual fosses deusa, numa prece,
Persigo tua boca, quero mais.
Devora-me e decifro, magistrais
Enigmas; soberana fantasia,
Poder sentir teu beijo, uma ambrosia...
Na pele delicada que te veste,
Sentindo a maciez dos teus cabelos,
Apalpo tantos rumos, leste e oeste,
Na maciez da cútis, são novelos
Feitos da pura seda, que reveste
Entre tantas, sublime em envolvê-los,
Teus seios recobertos de camurça,
Ao senti-los, meu tato tanto aguça...
Meus olhos, quando vejo tal beleza,
Insanos não conseguem enxergar,
Mais nada do que tenha a natureza,
Nem céu, nem as estrelas, nem o mar.
Escravos; são servis a ti, princesa,
Consegues a beleza embelezar.
Te vejo como náufrago sedento,
Sereia, tanto canto exposto ao vento...
X
Bares e bordéis, bordas sem aparas,
Em meus dedos, falanges e fraturas.
Tento tragar tentáculos e taras.
Nas mãos cansadas, noites escuras...
Vadeio vagamente, envergo varas
Iscadas em tais margens. Armaduras
São as minhas defesas, indefeso.
Crustáceo ameaçado no defeso...
Fracassei, quis demais, nada resume.
Não quero saber sempre, nem talvez.
Restou um gesto amargo; vou, estrume,
Onde pensara um dia, na altivez.
Procuro mansidão por onde aprume,
As mais diversas formas, tanto fez...
Não virgulo, decifro ângulos retos,
Por mais que se queira, são incompletos...
Vendi alma, nos verdes campos postos...
São clamores senis, são veros vagos,
Nervos e dentes, quebro-os. Impostos
Colocados sobre velhos estragos,
Não trazem nem sequer tosto-os;
Meus medos nadarão nos outros lagos.
Por certo, caridade nem demérito,
Demovem quem sonhou seu próprio féretro...
Nasci do mais decrépito dos medos,
Busquei nas madrugadas, meu sustento.
Não fui completo, simples arremedos,
De quem tentara tanto fosse tento...
Enganos, meus engodos, sempre ledos,
Palavras vão mais soltas, neste vento..
Sangrei cada momento sem desculpas,
Procuro por amores, tenho lupas...
Cimitarras; usei nestas batalhas,
Conta qualquer que fosse esse inimigo.
Vivendo, sobre lâminas-navalhas,
Carrego os meus delírios cá comigo...
Quando estou decidido; tudo talhas,
Entalhados na brasa do perigo...
Não quero nem machados e nem sândalo,
Amores me fizeram, enfim, vândalo...
Cusparadas no rosto são promessas,
Hemorragias, vertem no meu ventre,
E vens, tão calmamente, com compressas.
Dane-se, nada quero que m’adentre...
Se são meros deslizes, são conversas.
Meus portais são marcados por: Não entre!
Não quero e nem permito que me ceifes.
O que me trazes cabe nos esquifes...
Víbora e cascavel, conheço bem...
Não trazes outra marca bem o sei.
No breu das velhas tocas, sem ninguém,
Conheço teu passado e tua lei.
Fingindo caridade, cadê? Sem...
Nas tuas ladainhas me acabei.
Prato escarrado, cuspo em quem cuspiu.
Mordaz, irei mordendo. Me esculpiu...
Retrato a realidade em que me deixas,
No basta, bastaria meus embates,
Não quero nem saber de tuas queixas,
Nem quero mais ouvir tais disparates.
Me finges ser esfinges, talvez gueixas.
Prometes novo canto, mas combates
Quem poderia, límpido, caber.
Me deixas; assim, lívido, porque?
Me enojo quando beijo tua boca,
O gosto podre emana quando ris.
Te fazes de sutil, mas te sei louca,
Não queres e nem deixas ser feliz.
Vomitas impropérios, és tão pouca,
Muito menos que pensas; nenhum triz.
Recebo o sopetão que não assusta,
És maquinal vergonha, mas vetusta...
Sofrível sentimento são teus gestos,
Na verdade, pareces bem comigo.
De malícias, delícias, já infestos.
Por isso reconheço tal perigo,
Nós dois, juntos, daremos aos incestos,
Um novo paladar e qualidade,
Seríamos espelhos, na verdade...
X
Falar da noite e do dia,
do açoite e de Maria
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo,
nada inundo
vaga imundo,
cora coração vadio,
vai meu fio
vagabundo rolando entre astros,
entre tantos
entretantos e espreitando
por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia,
do medo e da poesia
do meu último regalo,
meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti,
tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos,
consertavas os velhos
resquícios do início
precipício e me lançavas a esmo
nesse penhasco íngreme
e inerente
Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos,
infinito espelho
num prisma de oculta chama,
de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos,
embriaguez.
A lucidez devora,
a hora de ir embora
nunca se aproxima
e, por cima de tudo,
com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome,
urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas,
farsas e falhas.
Minha mina mais cara,
rara e companheira
te quero poesia amada,
necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo,
mais vivo em ti,
sobrevivente.
X
Recebendo em tal festa e alegria
Inundando esse mar com manso canto.
Transforma a fantasia por um dia
Aguardo, novamente um tal encanto
De tudo que na vida mostra a mansa
Espreita de viver na pura dança.
Cabendo os universos dentro em si ,
A noite não promete uma alvorada,
Sabendo desses mares que vivi,
Será que nada conta neste mundo?
Irá talvez a aurora rebrilhar?
A poesia invade num segundo...
X
Levo esse amor na minha alma
Veja tanta luz que trago
Podes ter a vida calma
Fada desse meu afago.
Pode levar o meu sonho
Se com grado assim quiseres
Mas recebe, te proponho
Minha vida em teus talheres.
Nas palavras mais distantes
Nos mundo que não conheço
Amores são navegantes
Tanto amor que já padeço.
Veja os versos que te faço
Com total serenidade.
Morena me dê teu abraço.
Repare: é felicidade.
Não temo mais nem o frio
Que embalou cada momento,
Deste coração vazio
Agora, no esquecimento...
Não quero mais um sorriso
Se não vier com desejo
Quero viver paraíso
Da delícia do teu beijo!
X
Saudade...
Do canto
Que não veio
Nem viria
Poesia...
Saudade
De tudo
Que pensara
E bem sabia
Nunca vinha...
Saudade de teu colo
Amor, cadê?
Vivendo por viver
Sabendo perder
O que nunca tive
Decerto não foi meu
O colo que sonhei
A boca que se ria
O riso mais farsante
Antes e sempre
Sem regozijo.
Exijo meu mar,
Sem mar, sem fé
Sem pé, como irei?
Caminho sozinho
Vagando a saudade
Que sempre sonega
Amor cedo ou tarde...
Saudade dolente
Amor tão doente
Vivendo descrente
Derrubando a gente
De dor tão urgente
Que sempre se tente
Amor que se invente?
Melhor dor de dente!
X
Não deixe que a vida te afaste...
Eu tantas vezes imaginei tua presença.
Era um sonho, nada mais que isso...
Muitas vezes acordava e sentia
O teu respiro calmo e macio,
Amor!!!
Como é bom poder gritar: AMOR!
Mas temo, e cada vez mais,
Que se perca essa palavra
Ou pelo menos, não retornes...
Durante tanto tempo adormecido,
Sinto que nada mais impedirá de gritar
Teu nome, com toda a liberdade...
Nas horas mais difíceis
Mísseis soltos pela vida
Ávida de paz e guerra
Terras revoltas luta
Bruta desesperança
Lanças apontadas
Estradas fechadas
Rumos perdidos,
Sentidos à tona.
Átona existência...
Nestas horas mais tristes
Quando esperança
Passa a ser somente um quadro
Na parede, amarelado e sem brilho.
Vejo teu sorriso, meu filho adorado.
E percebo que a vida faz sentido.
E descubro o quanto o amor é capaz...
X
Bem sinto que não queres mais que eu chame
Teu nome pelas noites, madrugadas...
Amor que tão distante não se inflame
Nas horas mais gostosas e sonhadas...
A brisa que te trouxe levará
Teus passos por estradas mais diversas.
Eu jamais estarei, decerto, lá,
Meu nome não virá nessas conversas...
Esquecido, num canto que deixaste,
Sem ter um só segundo do teu canto...
Meus pés atados quebras a minha haste,
E negas teu carinho e teu encanto...
Mas saibas que o vigor de uma emoção
Jamais derrubará meu coração!
Que luta a cada instante, sem saudade,
Aberto sempre ao vento, liberdade!
X
Engano meu desejo com palavras
De todas as que trago nestas lavras,
São formas de espantar o triste tédio,
Que em lágrimas distantes não alcanço,
Buscando sem ter paz um são remédio...
Enleio meu amor, desesperanço...
Não posso mais falar do que preciso
Se nada mais disfarça o meu pesar,
Quem dera conhecer o paraíso,
Envolto nas estrelas deste amar.
O canto que porquanto sempre encanto
No manto que me deste por coberta,
Exprimo o desamor em denso pranto
Que enreda no meu peito sempre alerta.
Quem forra as esperanças nada fala
E quase ser ter penas, já me empala.
Vencido pelas negras, vãs batalhas,
Os cortes tão profundos que provocas
Nas lâminas que afias das navalhas,
Amor sem ter sentido quando entocas
Nas tocas que prefiro não conter.
Sabendo que talvez não mais remetas
Distantes os meus olhos posso ver
Pairando por cabeças os cometas
Que levam e retornam sem sentido.
Amor quando demais causando penas,
Melhor deixar bem quieto em pleno olvido
Que ver as tristes mãos, mortas, apenas...
Não sabes quanto sanas quando chegas
Dos mares que sem medo já navegas...
A base do que sempre desejei
A boca que jamais vou me esquecer,
Se tanto nesta vida eu já te amei,
Explica como posso, enfim, viver.
O ramo de oliveira se perdeu,
Assim como essa pomba não retorna,
O náufrago que tramo já morreu,
Saudade no meu peito já se entorna..
Busquei na poesia a salvação
Porém não via nada que salvasse
Amor desta terrível procissão
Como se tola vida terminasse...
Mas vejo uma esperança que me guia
Renova nosso amor em fantasia
O brilho da manhã que vai nascer
Aurora tão fogosa não sossega
Vivendo das carícias, do prazer,
Amor tão delicado não se nega
E tramo meu destino no teu braço
Abraços que se tornam carinhosos,
Repouso meu destino e meu cansaço,
Vertendo nossos sonhos maviosos
Num único sentido, nossa vida,
No pátio que encontrei na tua casa,
Sabendo que te tenho, assim, querida,
Acendo nossa chama em tua brasa.
Será que isso foi sempre simples sonho?
Será que poderei ter mais risonho
O dia que virá, quando não sei,
Que tudo que tocar se transformando
Nas ondas deste amor, que é nossa lei,
Vivendo, sem temer, pois sempre amando.
Amor que não permitas mais desvios
Do leme deste barco traiçoeiro
Que sempre desemborca em outros cios
Embora solitário, o timoneiro...
Amada, pois tenhamos mais juízo,
Não deixe nosso barco à própria sorte,
Eu quero ter contigo o paraíso
Bem antes de chegar a nossa morte!
X
Olhos claros, olhos claros, meu amor.
São tão raros, rasos olhos, sol e flor.
Quero os olhos, olhos feros, fero amor.
Que me queima, queima os olhos, sol e dor...
Não sei se falarão destes teus olhos
Que em molhos como flores já carrego
Se nego tanto canto quanto quero
Navego os olhos claros, manso mar...
O vento que rebenta nessa praia
As ondas que te levam vão voltar.
Amada se desejo nada tenho
Se tenho teu desejo não te quero,
Medindo meu amor em tempestade
Te empresto meu silêncio e vou cantar
Cabendo tanto tempo em pensamento,
Momentos que esperei por manso mar.
Não veio nem teu seio, só receio,
Mas anseio tanto quanto quero o mar.
Amar o que não sei e não seria
Se ria deste mar que não carrego
Naufrago tanto amor que não sossego
Sou cego neste mundo sem teu mar...
X
Rubor, suor, tremor,
Dispara o coração
Amor...
Vagando pelo tempo
Em busca do perdão
Eu vou.
Esqueço o que passei
Jamais procuro o não,
Eu sou.
Eu quero o teu desejo
Viver sem solidão,
Estou.
Querendo que me queiras
Amar é solução.
Me dou...
Vago nosso amor
Cada novo canto
Desejo e rubor
Meu maior encanto
Sinto se suor
Tiro todo o manto
Nas mãos o tremor
Esse amor é tanto
Quero nosso amor,
Que é profano e santo.
Na tarde que não vinha
Amor que procurei
Essa saudade é minha
Amando eu já te achei...
Amor trama perfume
Em rosas mais eternas
Amor queima em ciúme
Nas nossas mãos tão ternas
Não faço meu queixume
Nos olhos quando invernas
Amor é nosso lume
Nos guia qual lanternas...
Por isso meu amor
Eu quero teu prazer
Viver nesse calor,
No seu calor viver.
Mesmo que venha a dor
A dor não vai doer.
Eu quero mansa flor
A flor que vou colher
A flor que estava aqui
Amor qual colibri
Beijou apaixonado
A rosa tão vaidosa
O canto mais amado
O beijo desta rosa...
X
Procuro por teu sorriso
Nada encontro, só tristeza,
Quem me dera o paraíso
Que eu achei em tal beleza
Que se esconde sem por que
Maltratando, com certeza,
Todo amor em que se crê...
Procuro por tua boca
Que escondeste assim de mim,
Essa saudade tão louca
Saudade que não tem fim,
Doendo aqui no meu peito,
Maltratando tanto assim,
Saudade que não tem jeito...
Procuro pelos teus olhos,
Escondeste neste véu,
As dores trazes em molhos
Tanta nuvem no meu céu,
Que farei se tu não vens,
Esquecerei meu corcel,
Escondido nas nuvens...
Procuro por teu carinho
Que jamais eu esqueci,
Vou vivendo tão sozinho,
Tristezas têm por aqui,
Das chuvas correm as águas
Inundando um pobre ninho
Virando um pote de mágoas...
Procuro pelos teus seios,
Nada encontro, solidão...
Fugiste sem ter receios,
Maltrataste o coração
Que nada fez por maldade,
Se já te pedi perdão,
Retorna, por caridade!
Procuro pelo esplendor
Que vivemos no passado,
A vida tão plena, amor,
Meu canto desesperado
Sonhando com teu cantar,
Quero esquecer essa dor,
Eu quero de novo amar!
X
Amor que de novo
Trazendo saudade
Aos olhos me salta
Qual força bendita
Que sempre tão prosa
Me lembra essa rosa
A rosa bonita
Que quis liberdade
Porém não sabia
De tal claridade
Que a tarde já traz
A felicidade...
Que faço da flor
Que nada queria
Aos olhos sinceros
Sem ter falsidade
A rosa orgulhosa
De tudo vaidosa
Por toda a cidade
Mas nunca se ria
Matou colibri
Que sempre pedia
Um pouso sereno,
Mas nunca teria...
Amor tão ameno
A noite renasce
Fazendo da vida
Um sonho risonho
Saudade ardorosa
Colibri perde rosa
Vivendo tristonho
Com tal desenlace
Morreu colibri
Sem ter o disfarce
Em duro veneno
Amor que se embace.
Não cabe tal sorte
Ao pobre coitado
Que sempre sonhara
Com rosa bonita
Que em tudo medrosa
Não sabe que rosa
Também tanto agita
Neste sonho alado
Qual um colibri
Viver sem pecado
Criando essas asas
Mudando seu fado...
Amor não discute
Nem trama sozinho
Amor jóia rara
Que vale esse sonho
Da rosa teimosa
Que sempre tão prosa
Jamais revoara
Colibri não tem ninho
Em nada se ampara
Morrendo sozinho
Sem rosa que amara!
X
Caminhando sem medo em mansos passos
Nos cantares suaves das sereias,
Trazendo dos desertos as areias
Que nada neste mundo me levou.
A terra dos amores, abre em fendas
Tragando toda a dor que desespera,
Amores incrustados nessas lendas
De tudo o que tivera mal restou...
Se fomos tão distantes hoje perto,
Envoltos na esperança que carrego
Amor quando sincero nunca nego,
Demonstra, qual espelho, o que já sou.
Um velho navegante sem destino,
Um canto em desafio, bem mais forte,
Não temo assim te amando, nem a morte,
Por todas as estradas donde vou...
Querida não se esqueça que te adoro,
Em versos que te faço, todo o mundo,
Que tramo no meu peito vagabundo,
Sabendo qual o cais onde aportou
O barco da esperança, meu parceiro,
Amada te desejo, sem cobranças,
A vida se promete em novas danças,
Em todos os meus sonhos, onde estou...
Vencemos todo o mal que sempre traz
A noite desdenhosa onde se alcance
Os olhos da quimera, num relance,
Pois tudo o que sofremos já passou...
Não deixe que transtorne essa viagem
Por mares e caminhos tão diversos,
Dedico com ternura tantos versos,
A quem, na vida inteira, nunca amou...
Encantam-me talvez os teus espinhos,
Beleza radiante desta rosa,
Quem sabe que, por isso, tão vaidosa,
E finge que nem sabe mais quem sou.
Um pobre beija flor busca na tarde
Amor que sempre pensa estar consigo
Mal sabe dos espinhos, do perigo,
Sem asas sua rosa não voou...
Quem sabe poderá talvez um dia,
A flor criar coragem e voar
Depois de tanto tempo sem sonhar,
A rosa percebendo quem cuidou
Das pétalas sangrantes que levava,
Perceba o colibri esfuziante
Que quer de toda forma ser constante
Da rosa que o amor despetalou...
X
Vivendo no gozo da vida que sonho
Se tudo risonho pudesse cantar
Assim festejando por toda essa vida
Que sempre querida me faz suspirar...
Encanto que encontro nas noites que passo
Dançando em compasso com tanto esplendor
Sabendo das lutas que tive sem sorte
Não temo nem morte, vivendo esse amor...
Amor que sonhara por todo esse tempo
Sem ter contratempo nem nunca sofrer
Agora a saudade sabendo de tudo,
Deixando-me mudo parece crescer...
Mas logo recebo tal vento na face
Do amor sem disfarce que tanto sonhei,
E canto contente, me encanto contigo
Serei teu amigo, teu amor serei...
X
Não quero teu controle sobre mim,
Se faço ou não faço, passo
Caço e se descalço, estrepo o pé.
Dane-se!
Ou melhor, a vida e o pé são meus.
Não me deixe tão sozinho assim amor...
A noite não saberá o que fazer comigo.
Espero nas esquinas com ardor,
A bala que virá no fogo amigo.
Abrigos casamatas matas casas,
Camas e ressacas.
Ninguém é de ferro,
Se berro neste aterro nem atrevo.
Revivo e não mereço.
Ah! Tropeço faz parte do passo.
Do passo e do passado, passarinho...
Rimo o que vejo e o que estimo.
Extremo e não contente, resumo.
O sumo do que sou está exposto
Em vidros hermeticamente fechados,
Na quitanda da esquina.
Politicamente correto, sem matas que mate
Sem balas que negue
E sem amor que resfrie.
Sorriso balsâmico,
Anêmico e tetânico.
Correto.
Sempre correto.
Feto que aborto
Esgoto que jogo,
Vomito no fim.
Pedaço de mim
Que, vergonhosamente, escondo.
Luxúrias e lamúrias. Sangrias...
Espero que este espelho se quebre em mil pedaços.
Mil cacos, migalhas...
Espalhando meus restos pelas ruas
Formando as especulares fantasias.
Na órbita dos sonhos, sou hipócrita.
Ou pelo menos penso.
Imenso em um vazio sem precedentes.
Dentes e olhos vazados pela firme vontade de morrer.
Fumo desbragadamente.
Vergonhosamente
Estupidamente
De repente
Nada mente
E sou sincero.
Diabético, açúcar na poesia e na alma.
Sou dialeticamente imperfeito e profeticamente incauto.
Um auto retrato pútrido e fantasmagórico.
Não falo de Nada que não seja meu.
Eco de mim mesmo não aprendi a ser solidário.
Sol de mim mesmo, solitário.
Mas que se dane a noite e o dia.
A chuva é mais tinhosa.
E mentirosa como o frio
Que nunca vem se eu não quiser.
Ano que vem irei mudar...
Prometo, quem sabe?
O dente de sabre
Espera na esquina
E desatinadamente me agrada.
Amo sim.
Claro que temo isso,
Não sou burro.
Mas de fininho, vago sentado na cadeira
Por horas e horas.
Buscando o que não sei nem sei onde.
Mineiro compra bonde
O meu descarrilou...
Felizes anos velhos e ano novo.
São os mesmos e serão,
Ser tão ingênuo a ponto de achar
Que o simples fato de comprar folhinha nova
Muda a vida...
Eu sei que não.
Corro atrás,
De mim mesmo
E nada encontro
A não ser essa vontade
Louca de, louva deus,
Me entregar a um amor suicida
Que decida minha vida.
Mas, querida, me dê a mão
Que o sol desponta
E o ano novo apronta
As mesmas desilusões...
X
De minha inspiração tristeza e sonho
Das horas que passamos, de tão puras,
Vivendo nosso amor que sei risonho,
Embora em tantas noites mais escuras
Encantos e desejos que se tocam,
Sabendo que virão as desventuras,
Amores nos amores se retocam
Nos salvam destas mágoas, amarguras...
Agruras deste amor que me tomava
Entre verdades tolas e receios,
Ao mesmo tempo em que tocava
A maciez gentil destes teus seios...
Aurora em maravilha transportava
Clarão do novo dia que sonhei,
Ao ver a criatura imaginava
Em quanta fantasia me esbaldei...
Quem sonha não revela os seus segredos
Transborda em tantas formas de prazer.
Não quero mais viver os velhos medos,
Apenas o teu corpo percorrer
Sagaz e mais gentil explorador
Sabendo decorar os arvoredos,
Das matas em delícia deste amor,
Vivendo em fanatismo teus enredos...
Quem dera não tivesse tal tristeza
Que sempre me invadindo não me larga,
Cabendo nesse mundo a fortaleza
Que impede nossa vida tão amarga.
Eu quero desvendar essa beleza
Envolta nos teus rumos e paragens,
Não sei se mais terei essa certeza
Que traz em nossas vidas as roupagens
Decerto me protejo nos meus versos
Envoltos nesta capa de ilusão,
Contando tantos sonhos adversos
Protejo dessa dor meu coração,
Assumo por caminhos mais diversos,
O medo de viver em solidão,
Sabendo que terei os universos
Que trazes com a força do perdão...
Amada não me deixe assim tão só,
A vida não será mais este lago
Da mansidão perfeita, laço e nó
Que sempre determina o teu afago,
Amada eu te implorando santa dó
De quem sempre viveu sem ter ninguém
De quem jamais saiu do imenso pó
E vive na esperança desse bem...
Querida não desejo a liberdade
Envolta nos delírios mais ferozes,
Talvez possa me dar a claridade
Que sempre me protege das atrozes
Garras inerentes da saudade
Vagando tanto tempo nos teus braços,
Aguardo tolamente tal verdade
Que impedirá a vida dos cansaços...
Não deixe que o amor seja atingido
Por tantas heresias e penumbras,
De todo grande amor, maior sentido,
São cores e desejos que vislumbras
Ao fim de tanto tempo sem olvido,
Querida não me traga tantas garras
Não quero mais amor tão mal vivido
Nos medos e nas teias, nas amarras,
Que sempre dominaram nossas vidas.
Agora, neste outono em que me vejo,
As horas não seriam tão compridas
Se fosse realizado esse desejo
De termos nossas sortes já cumpridas,
Na fonte que não seca, manso beijo,
Nas nossas horas todas tão queridas,
Porquanto tanto luto assim, pelejo!
Venha pelas sendas mais bonitas
De todos os caminhos, minha rosa,
De todo o mal da vida, não permitas,
Que a dor sempre te engane pois, vaidosa
Não vê que se desaba tudo aqui
Nas asas machucadas e feridas,
Nas noites mal passadas e sofridas
Dum pobre sonhador, teu colibri....
X
Eu quero essa rosa
Com todo o perfume
Sabendo se esfume
Pois sei vaidosa.
Vivendo suave
O mundo que trama
A rosa quando ama
Me nega essa nave...
Cismando procuro
Encontro os espinhos,
Buscando carinhos,
Talvez haja o muro
Que impede o jardim,
Pobre colibri
Que restando aqui
Morrendo por fim.
Espera que a flor
Assim tão medrosa
Prefira, orgulhosa,
Saber deste amor.
Não vejo outro tanto
Senão este passo
Que no descompasso
Carrega no pranto.
Vontade de ter
Da flor, esse aroma,
Que a tudo se assoma,
E pensa em morrer.
Morrer de saudade
Da flor que não volta
O peito revolta
Quer felicidade!
X
Eu quero nosso amor em todos os momentos
Sem ter tais sofrimentos.
Que trazem a tortura em plena cicatriz
De todos os lamentos...
Quem dera se tivesse amores sem tormentos
A vida sem rancor...
Eu poderia assim dizer que sou feliz,
Vivendo pleno amor.
Quem dera se não fosse amor demais ferino,
Amar em plena glória...
De dentro do meu peito, amor sempre vigora.
Não deixo de te amar...
Amor que me remete aos tempos de menino
Vivendo noutra história...
Querida, quero ter amor que nunca chora,
Amor que irá salvar...
X
Procuro nos olhos teus
O brilho que salvará
Um facho belo de luz
Que noutro lugar não há
Que me traga toda a paz,
Onde esse amor estará,
Sem ter medo, sem saudade,
Nos desejos, tantos beijos,
Trazendo felicidade,
Nos teus olhos, belas contas,
Tantas luzes; irradias...
Em tua alma, tanta luz...
Procuro nos olhos teus,
O lume que me trará
O sonho que se produz
De tanto brilho por lá
Que me faça mais feliz
Onde meu amor está
Sem ter medo, sem tristeza,
Nos meus sonhos, belos olhos,
Trazendo toda clareza
Destes olhos, que me contas,
Tantos sonhos que dizias...
Em tua alma, pura luz...
Procuro nos olhos teus
Essa paz que quero achar,
De tanto que me seduz,
O brilho do teu olhar,
Sou decerto, tão feliz,
Por poder sempre te amar.
Sem ter medo, sem descanso,
Nos teus olhos, tantos sonhos,
Trazendo todo o luar,
Nestes olhos, quantas contas,
Tantas coisas; prometias,
Pr’a minha alma, tua luz!
X
Procuro no meu céu
O sonho que sonhei,
O amor tão verdadeiro
Que eu sempre procurei.
Em plena lua cheia
O brilho deste olhar
Por onde quer que vou,
Onde eu irei achar?
Buscando nas estrelas
Amor que me proteja
De tanto que sonhei
Amor já te deseja.
Querida, por favor,
Te espero sempre aqui.
Amor que nunca vinha,
Achava que perdi.
O tempo inteiro estava
Ao lado, sem que eu visse,
Nos raios desta lua,
Amor que se sentisse,
No vento tão macio,
Que a noite sempre traz
O canto das estrelas
Amor amado em paz...
Preciso do teu brilho,
Eu quero teu carinho,
Amor de mais eu tenho,
Estava tão sozinho...
Por isso minha amada,
Essa vontade louca,
De te dar sem demora,
Um beijo em tua boca!
X
Eu tenho a certeza no peito
De querer quase nada
Somente viver feliz
Ao lado da amada...
Amor que some
Vou viver por um triz,
Eu quero estar a teu lado
Nessa dura jornada
Depois de tantas tristezas
Que a vida nos trouxe
Tantas vezes mostrou
Um coração tão doce.
Ah Meu grande amor eu te amo tanto!
Esteja certa.
É bom te ter por perto,
Sempre alerta....
Tantas vezes em tantos caminhos na vida
O medo nos tomando e quase sem saída
A tua presença, me acalma, me aninha...
E toda a tristeza já vai embora.
E tu és tão minha...
Amor que tanto desejo
Me dê o teu beijo
Tudo o que preciso, enfim minha amada
O fim da tristeza, a manhã tão sonhada,
Em tudo a beleza, viver paraíso.
Estar sempre contigo,
Sem temer o perigo
Que a vida nos traz.
Assim companheira,
A minha vida inteira,
Estou contigo, em paz...
X
Amor que canto que irei cantar
Sem ter desculpa é bom saber
Que amor me encanta, é bom sonhar
De tanto que amo, quero viver...
Eu vou ao céu; eu beijo a lua,
Eu vou ao mar, amor desejo...
Quero buscar; o teu amor,
Então te beijo..
Amor que quero e vou achar,
Uma maneira de te encontrar.
Amor divino que sempre traz
O meu destino, viver em paz.
Eu quero amor, que traga sonho.
Eu quero dar-te tanto prazer...
Eu quero estar, e te proponho,
Escuta amor, eu vou dizer.
Quero te ter...
X
Amor, eu sempre quis de verdade
Amar tanto enobrece
Amor me cura, amor salva, amor é vida.
Amar é pura prece...
Estar tão distante, viver sem paz...
Saudade me maltrata...
Amor venha depressa, me amar demais
Senão amor me mata...
Vem, minha amada,
Te espero agora,
Amor é tudo,
Amor te implora...
Amor nunca pensei
Que eu fosse amar assim.
Amor bate no peito
Amor soberano
No peito não cabe
Amor tudo sabe
Amor que dá prazer
Amor faz viver.
Meu amor de verdade...
Amor que viverei
Em cada novo dia
Toda a eternidade...
Amor nunca me esqueça
Eu te amo
Meu amor, assim.
Amor tão imenso prá mim
Pois que eu sempre te mereça...
Eu quero esse amor infinito.
Amor que é tão bendito
Pois todo grande amor, mesmo aflito,
Em toda sua força é mais bonito!!!!
X
És tudo o que sempre quis...
Todo o meu sonho de mulher...
Eu quero sempre estar ao teu lado...
Amor constante...
Desse sofrimento estou cansado.
Te quero meu bem, é pra valer.
Tudo passa mas há meses, louco,
Eu sonho contigo, amor.
Vem me querer!
Minha amada, no meu canto, eu te peço,
Vem comigo, vem amar...
Estou quase sem palavras. Eu te amo...
Amor; vem, estou tão perto...
Num momento, meu amor, coração dispara
O meu viver, vou por um triz...
Só contigo, com certeza, sou feliz...
Amor sonho,
Vida livre
A minha paixão...
Vem comigo, vem amar...
No meu sonho, vida e paz,
Tanto, tanto sou capaz,
Desse amor que quero dar
Vem correndo, meu amor quero te ter...
X
Ame!
Nunca pense que tudo se acabou
Acredite em ti, tempo não passou...
Deixe
Que toda essa tristeza vá embora,
É preciso sonhar! Amar é sempre agora!
Veja
Que tudo nesta vida, tem duas faces...
É preciso saber. Não use teus disfarces...
É preciso viver toda tua fantasia
Se esse amor nunca veio? Virá, um dia...
Sonhe!
Essa tal solidão é tão vazia...
Viva o pleno amor. Em tudo, poesia...
E sempre amar...
Cabem
Todos os nossos sonhos nessa vida.
Seja então feliz. Então: missão cumprida!
E sempre amar...
X
Meu amor...
Quem sabe a fantasia trará de novo o dia
E quem sabe possa amar?
Meu amor...
Trazendo no peito tal força que não cessa
Possa me amar?
Meu amor...
Viver sem critério, amor mais ilusório,
Vontade de te amar...
Meu amor...
A tal felicidade, em plena liberdade;
Irá chegar...
Meu Amor...
Meu Amor...
Vivendo essa esperança, que em tudo já me alcança
Nos fará, por fim, brilhar...
Meu amor...
De novo renascer, a vida se ressurge
Eu vou te amar...
Meu amor...
Mesmo que sofrendo
Amor, irei vivendo,
A vida a te esperar...
Meu amor...
Minha sina e fado
É por ti ser amado.
Te espero...
Amanhã!
X
Amor quando some
Saudade consome
É tão duro te perder...
As horas não passam
Meus olhos te caçam
É tão duro te perder...
É tão triste viver assim
Buscando teu amor em mim
Meu amor está distante
Minha dor é tão constante
Quero teu amor, enfim...
Tristeza doendo
Meu amor sofrendo
É duro te perder...
Te quero comigo
Meu amor amigo
É duro te perder...
Por tantos mares naveguei
Na busca deste teu abraço
Sofrendo em solidão,
Vou sonhando com teu regaço,
Amor; peço perdão!
Depois de tantos erros cometidos
Agora te procuro minha amada,
Eu te desejo em todos os sentidos
Se eu te perder, amor, a vida é nada...
Vem cá, vem cá...
Tanto que sofri,
Amada, estou aqui.
É duro te perder...
Te peço perdão,
Ouça o coração.
É duro te perder!
E por favor, não deixe assim,
O meu amor nunca tem fim
Eu te espero a cada instante
O meu amor constante
Volta, volta; amor pr’a mim...
O que farei, amor, sem ter;
O teu amor que espero estar comigo.
Vontade de poder te receber
De novo em nossa casa, nosso abrigo...
X
É bom saber que existes; minha amiga!
Na luta tão difícil pela vida
Que tantas vezes vem e já periga
Saber que estás aí, minha querida.
Tantas vezes sozinho, busco o mar...
Distante mar que nunca mais eu vi.
Cismando, sou teimoso, em tanto amar,
Nas ondas deste mar eu me perdi...
Pensava descobrir uma esperança
Nas águas tão profundas, num abismo,
Em busca da possível aliança
Que venha sem trazer qualquer cinismo...
A vida faz promessas não cumpridas
De sermos mais felizes, por um dia.
As lágrimas nem sempre são vertidas
Marcadas por tristeza e alegria...
Entendo o que tu sentes, e disso gosto.
A face que me mostras, tão bonita.
Deitando sobre o colo, eu já encosto,
Amiga... Nossa vida traz desdita.
Mas somos, na verdade, mais benditos;
Pois temos, em nós mesmos, nosso cais.
Lenitivo perfeito para aflitos
Momentos que eu espero, nunca mais...
Eu te amo, minha amiga e companheira,
Da forma mais sagrada que conheço.
Distantes, não importa; vens inteira,
Da mesma forma que sempre te obedeço...
E sentes o que sinto, protegemos,
Vivemos nossos colos e paixões...
Amores que nós mesmos só sabemos,
Que brotam nestes nossos corações...
A voz que repetimos, ecoamos,
Traz sempre nossos sonhos e carinhos...
Amiga; tanto, tanto nos amamos.
Sabemos que jamais somos sozinhos...
Eu venho e te agradeço eternamente.
O fato da existência deste amor.
Que é manso tão macio e envolvente,
É forte e se traduz; pleno vigor...
Assim; minha querida, vamos juntos.
Sabendo que estarei sempre contigo;
Pensamos traduzir nossos assuntos,
Deitados neste sonho, tão amigo!
Eu te amo, de verdade, não se esqueça.
Vivemos deste amor tão soberano,
A cada novo tempo que começa,
Amor que renovamos, a cada ano!
X
Ah! Amiga... Tu mal sabes quanto dói
A solidão. Não dessas que pensamos
Como uma simples fuga que corrói
Ou quando nós perdemos o que amamos...
Não... Falo em solidão que não conheces.
Solidão absoluta, total, plena.
Daquela que nos nega uma esperança...
Daquela em que mais nada nos acena.
A morte é sua máxima aliança...
Solidão que não mostra mais saída,
Simplesmente arrasando, nada deixa;
Que vai tomando toda nossa vida,
Não deixa nem espaço para a queixa.
Dos filhos que se foram sem ter vindo,
Amores que esqueceram nosso amor.
Vazio que da noite vem surgindo,
Nessa quimera amarga, tanta dor...
Solidão que agoniza num lamento,
Não permite sonhar com solução.
Matando com todo o sentimento,
Destruindo de vez o coração...
- Solidão... Solidão... Porque vieste?
Em que parte da estrada te encontrei?
Tomando meu caminho, me envolveste,
A tal ponto que nem eu mesmo sei.
Te confundes comigo, siameses...
Nada mais me permites, nem sonhar...
Passamos nossas vidas; anos, meses,
Todo o tempo no mesmo caminhar...
Levaste, bem sei, tudo o que já tive...
Não deixando sequer uma agonia,
A morte que procuro sobrevive
Aquecendo-me em cada noite fria...
Mas; minha amiga, vejo-te por perto,
Muitas vezes calada, nada falas...
Companheira em que tenho o colo certo.
Minha casa, meu mundo, minhas salas...
É, na vida, este ouvido que me escuta,
Nos momentos mais duros, minha paz...
Quando essa ausência torna-se tão bruta,
Vontade de morrer, mais fundo apraz...
Quando uma tempestade me alucina,
E quando nenhum porto encontro mais.
A dor tão violenta desatina,
Depois de tanto mar, nem mais um cais...
E sei que dentro da alma cai a neve
Numa louca borrasca, furacão,
A partida parece ser em breve,
Devorando minha alma, a solidão...
Quando não me sobra nada, nada, nada...
No vazio absoluto, nem abrigo...
Minha vida se esvai, desamparada...
Eu sinto o teu abraço tão amigo...
Que me pega e me leva tão sereno,
Adormeço em teu colo, sem perigo.
Esvaindo-se, aos poucos, tal veneno...
E me levas tão calma, assim, contigo...
Eu percebo, que não estou tão só,
E consigo, quem sabe, até sonhar,
Renascer desta morte, quase um pó,
E de novo, quem sabe, caminhar...
X
De tanto que tinha
Amor não sabia
Que esta poesia
Não vale o que tem
Amor que se sabe
Gigante não cabe
Sozinho já vem
Aporta meu porto
Depois quase morto
Deitada de lado
A noite não nega
Amor tanto apega
E vai donde vem
Amor que te quero
Não deixo um segundo
Eu tanto venero
A boca que beijo
Amor e desejo
Depois já cansado
Não pára jamais
Perdendo essa paz
Que tanto persigo
Amor eu consigo
E te peço mais.
No sono que tive
Amor sempre vive
Na valsa que dança
Na noite se avança
Depois não se cansa
De tanto dançar.
Amor quero a praça
De tanta fumaça
É minha cachaça
Poder tanto amar.
X
As horas senhoras da vida...
Passam e não voltam
Nem se revoltam
Apenas se esgotam.
E a primavera
Se faz tão distante
No outono que cai
O tempo não pára
E a gente é que pesa...
Amor que se preza
Não sabe das horas
Nem sabe do tempo
Descansa...
E cansa...
E canta
E chora...
Depois revigora,
Renasce e ressurge
Na dança da vida
Trazendo este estio
Regozijo e cio
Anúncio de festa
E a porta que se abre
Permite, de novo,
Que o novo renove
E trague este sol
Que a primavera perdeu...
Ah! Tempo que nunca pára,
Faz carinho em meu amor
Que ele hoje acordou
Com vontade de chorar...
Chorar de amor demais
Que a vida sonegou
Botou debaixo da saia
Da senhora da vida...
Agora?
Meu amor e as horas
Tão de bobiça...
Que nasce disso?
Eternidade?
X
Não quero decifrar-te! Sei, apenas,
Que pareces, do amor, desiludida;
Nem consegues, nas coisas mais pequenas,
Sentir toda a beleza que há na vida!
O amor não se limita a horas amenas,
Se traz, no coração, nova ferida...
Não é jardim de lírios e açucenas,
Nem é suprema dor, desconcebida!
Nem sempre me tortura ou dá prazer,
Nem sempre uma alegria ou vã tristeza.
Amor quando me invade p’ra valer
Decerto irei seguir a correnteza...
Amor que suaviza e que me doma,
Na doação completa, dita a sorte,
Metade com metade que se soma
Ficando nessa soma bem mais forte.
Amor que sempre sonho e que procuro
Nas horas de amargura, lenitivo,
Doença e meu remédio onde me curo,
De amor eu me sustento e sempre vivo...
Ele é talvez, um novo e ardente amigo
Que ao te livrar da dor e do perigo,
Não permite que caias na sarjeta!
É destino e conquista e é sentimento,
Que, na forma de dor e sofrimento,
É a larva que se torna borboleta!
Marcos Coutinho Loures e Marcos Loures
X
E, sem colher, da vida, os bens supremos
E sem provar do vinho da amizade,
Esmagamos os sonhos que tivemos,
No alvorecer de nossa mocidade...
Que mostra minha amiga quantos cardos
Espinhos e torturas, duras cruzes,
Carrego em minha vida tantos fardos,
Caminhos tão difíceis, várias urzes...
Mas sinto que talvez uma esperança
Aponte nesta curva mais fechada,
Deixando vir à tona uma lembrança
De todas essas horas vãs, passadas...
Porém, nesta existência singular,
Pelos caminhos vou, plantando flores,
No incansável mister de versejar...
E posso ver nos versos, que são tantos,
Ir diluindo os muitos desencantos
De vidas que só provam dissabores...
Marcos Coutinho Loures e Marcos Loures
X
Se tanto nessa vida quis amar
A quem jamais amor me deixaria
Buscando na saudade meu mote
Cantando tanto amor a cada dia...
Nas ruas e caminhos onde passo,
Procuro teu amor mas jamais acho,
Vivendo deste sonho nada trago
O coração desaba rio abaixo...
Menina que queria se casar
Estou aqui na espera nada vem...
Amor sem ter amor como é que dá?
O coração capota e perde o trem...
Não falo do meu sonho de menino
De ter toda a beleza que quiser
Apenas vou cumprindo a minha sina
Vivendo toda a vida como der...
Tu dormes não me escuta o quê que faço?
Acordo de manhã procuro o colo,
Encontro meu desejo mais calado
Falando desse amor eu já me enrolo...
E calo se não deixa mais em paz
Amor quis ser amigo e deu no pé
Agora não tem rastros que procure
Já perco as esperanças pouca fé...
Já desisti faz tempo desse amor
Que nunca veio a tempo de salvar
Minha alma que vagueia pela rua
Aquela que eu mandara ladrilhar!
X
amor quando ruge
se insurge feroz
traz cheiro de morte
se sorte acabada
terminando em nada
fugindo veloz
prá não voltar mais
causa dor atroz...
amor que podia
trazer um pouquinho
de felicidade
mas traz só tristeza
quebra fortaleza
arrebenta o ninho
matando depressa
pobre passarinho...
amor que se preza
faz lua do dia
mostrando o sorriso
e toda a vontade
de ter novo canto
viver tal encanto
total fantasia
meu mundo de paz
de pura alegria...
amor vai dolente
mexendo comigo
sonhando meu sonho
abraça e carinha
amor de delícia
precisa carícia
esquece perigo
amor que não medra
amor tão amigo...
por isso querida
te quero bem perto
amor vai depressa
nas asas do vento
amor me conquista
depois dá na vista
vagando deserto
procura um oásis:
coração aberto!
X
As ilhas redondas
Atóis e corais
Amor peço paz
A paz que não vinha
Mas vinha meu sonho
No sonho que tinha
Amor tão risonho
Risonho me dei
Dei tranco na sorte
Na sorte que temo
E tremo sem cais
Amor quero mais
Mais sempre negaste
Negaste esta porta
Que aporta fechada
Fechado meu peito
Sem ter teu amor.
Amor que não quero
Se quero não vejo
Mas vejo o desejo
Desejo de paz
Da paz que sabia
Tão sábia escondia
O dia que canto
No canto que trago
No trago cachaça
Amor é fumaça
Fumaça cigarro
Se agarro não solto
Se solto revolto
Nessa ilha redonda
É redonda essa ilha
E traz ventania
Venta poesia
De noite e de dia
Do dia nessa ilha
Nessa redonda ilha
Minha redondilha...
X
Dançando na noite
Sabendo da sorte
Amor peço o norte
O norte que tinha
Mas nada dizia
Amor que sabia
Que amor nunca vinha
Amor que se aborte...
Vencido na noite
Por tempo que quis
Viver mais feliz
Mas nada me trouxe
De tudo que sei
A vida esperei
Amor agridoce
Em pobre matiz...
Querendo essa noite
Que a vida decora
Sabendo senhora
Que não voltará
O tempo passado
Vivendo a teu lado
Ventando prá lá
Amor vou embora...
Buscando essa noite
Que não mais espero
Amor quando fero
Machuca quem sonha
Sabendo saudade
Sem felicidade
A dor tão medonha
No fundo, venero...
Mas tramo outra noite
A pleno vapor
Vivendo sem dor
Trazendo esperança
Que sabe o segredo
Amor veio cedo
Ficou na lembrança
A noite de amor...
X
Vamos sair pelos bares, luares e mares, dançando e roubando
As estrelas, morrer de rir.
Se não ligo me ligo te atiço, no viço me atrelo e castelos e fadas
Terminam dançando em motéis.
Nos céus e nos pés as asas sem freios, receios, nos devaneios...
Terminam nos seios da paz...
Vamos nas chamas, nas almas, nas camas, lamas e nas tramas...
Estrelas dançando com seios expostos.
E postos nossos desejos nestas ondas.
Os gostos confusos, sabores profusos,
Sem fusos, horários.
Apenas marcas que cismam em latejar.
Amas a noite e o cais, amar peço mais
E mais e mais, até jamais.
Nos filhos que faço, aço e traços de delicada noite.
Não se grita nem se gira, nem tortura
Atira, me agarra e a noite fortuita e quase vã
Termina num quarto qualquer,
Na chama e na fumaça.
Que vem dos cigarros,
Das mansas maçãs que beijo e acaricio.
Vicio e propício aos precipícios, mergulho...
Nas ondas e nas fundas abissais.
Dos abismos quero mais
Quero mais
Quero mais
Quero mais.
E a noite recomeça...
X
Tanto mar
Tanto mar
Te darei tanto mar
Se deite
Que tenha tanto amar
Aproveite e aceite amar...
Molha o mar
Lambe o mar
E deixa vir esta onda
E acate
Que venha tanto mar
Acate e aceite o mar...
Tanto mar
Tanto mar
Te darei tanto amar
E acate
E aceite tanto mar
Me aceite, receito amar...
Salgue e receba do mar
Meu mar e no teu mar
Ondas entram mais
Venha
Que eu te vou
Meus mares das Gerais...
X
Ame
Que a dor é tão moça
Que amor é tão triste
Que a vida é ilusória
Que o tempo é promessa
De um dia feliz
Mas jamais , não se esqueça do canto.
Que tramando as verdades, sonhando,
Nos trará outros dias de encanto...
E somente vivendo e amando
Nós seremos, quem sabe, felizes...
Ame
Que amor é tão moço
Que a dor é tão triste
Que o tempo é ilusório
Que a vida é promessa
De um dia feliz
Mas tramando as verdades, no canto,
E jamais nao se esqueça sonhando,
E trará outros dias de encanto
Nos, somente, vivendo e amando
Nós seremos, quem sabe, felizes...
Ame
que o tempo é tão moço
que a vida é tão triste
que a dor é ilusória
que amor é promessa
de um tempo feliz...
nos trará, nao se esqueça do canto
e somente as verdades sonhando
mas tramando outros dias de encanto
nos, somente, se esqueça sonhando...
nós seremos, quem sabe, felizes...
ame
que a vida é tão moça
que o tempo é tão triste
que amor é ilusório
que a dor é promessa
de um tempo feliz.
X
Coração acumulando as dores
Flores olores amores e sonhos
Tem tudo que se quiser
Farta fé e felinas unhas.
Garras e desejos
Dentes dentaduras, armaduras
E carinhos.
Suavidade e ásperas amarguras.
Tem as branduras e ternuras
Que prometem os meus mergulhos
Em mim mesmo,
Sem medo
Sem cismas
Sem imãs,
Sei acidez e doçuras.
Tem muitas saudades
Até do que não veio
Do trem perdido em Minas
E das minas perdidas, lá tem.
Tem o gosto dos rios
O vazio das montanhas
Um monte de bugigangas
Jogadas no porão.
Por anos e anos
Perdão.
E castigo...
Se quiser tem também o vazio
E o frio que nada mais esquenta
A não ser o beijo do meu amor
Que quem sabe virá
Ou já veio
Ou nunca chegou.
Apenas está aqui.
Pronto para ser doado.
Cabe o mar,
Bate mar
Bate amar...
X
Onde
Você não poderia ver
A mente se apóia
O corpo que adora
Girando sem paragem, sem tempo
Saindo de dentro de ti
Sem timão, sem termos
E sem términos.
Tórridos desejos
São formas e forros
Doas e recebes as sebes
E os sonhos dos mesmos quilates
Que latejam e suam
Assomam e mordem
Acodem e acordam;
Atravesso fronteiras
Cerrados e luas
E vejo-te nua deitada.
Seios e dentes à mostra.
Maravilhosamente na expectativa
Do mar, do mar de Minas
Que, Carlos não sabia,
Nunca deixou de existir.
Nem de viver
Ou sonhar
Apenas é preciso viver
Viver e navegar.
Pelas entranhas da terra
Por sobre essas serras
Os montes
De Afrodite
Que, não duvide,
Guardam os orvalhos do amanhecer.
Águas salgadas roubadas dos mares
Mineiros e mistérios.
Tocando os olhos
Com os lábios
E amanhecer os sonhos...
Mares e montanhas
Serras e cerrados,
Sertões e serenas
Cerejas e amoras.
Da manga rosa
Da rosa manga
Amor não manga de mim.
Se eu sou assim,
É por que em mim.
Guardo o mar que não há,
A não ser em mim.
Mares gerais...
X
Tempo chegou
Tudo rodou
Passou o tempo
Em contratempo
Tempo voltou
E fez do tempo
O tempo inteiro
Buscando o termo
Mas tou feliz
Neste ano novo...
Se nada sou
Se somo nada
Se nada temo
Se cimo tenta
Se tento cisma
Se vejo o nada
Se nada avisa
Se a brisa sou
Nada abisma
Neste ano novo.
Se valsa nada
Se nada avança
Se tempo amada
Amada avança
Na dança atada
Atada essa asa
Casa aberta
Alerta e fogo
É novo jogo
Neste ano novo...
Ano não passa
Passas a vida
A vida caça
E se esfumaça
O canto, o carma
E no canto arma
Arma não alma
Ama não calma
Alma me chama
Neste ano novo...
X
Girando nesta mesma esperança
Pense no que vier, se quiser,
Fazendo com fé todo o seu amor.
Girando desta mesma esperança
Seja o que vier, onde quiser
Trazendo com fé todo o seu amor..
Girando na nossa esperança
Tenha o que vier, se me quiser
Amando com fé o meu amor...
Gritando essa mesma esperança
Venha o que vier, como quiser
Tramando com fé o nosso amor...
X
Meu passos que sem rastros não guardo
Senão da nudez e das nossas noites
E senzalas da alma. Sonhos expostos...
Busquei o teu sol e tua lua
Andavas nua pela sala
E minha mansidão
Em tua loucura
E meu desatino
Na tua calmaria...
Onde passo se não me lembro?
Só sei de tua nudez e das nossas noites
E belezas da alma. Roupas jogadas...
Encontrei teu mar e meu rio
Andavas em cio pelo quarto.
E minha mansidão
Em tua loucura
E meu desatino
Na tua calmaria..
Havia a promessa
Inevitável de uma felicidade
Imensa imersa em nós mesmos...
X
Alma.
Quero tua alma desnuda sobre a minha, entranhada, estranha mas
atada
Alma toda, tocando cada centímetro, osmótica, orgástica.
Deliciosamente orgânica embora extra corpórea
Corporação, composição.
Com posições e variedades de sonhos.
Estanhos e formas.
Fornalhas e desejos
Seixos e sombras
Sobra sombrias vagando
E penetrando,
Tocando cada vez mais fundo,
Mistérios e maneiras
Esmos e espasmos...
Te quero alma
Corpo
Ânima, sangue e prazer.
Rompantes e delírios
Seios e mansidão
Alma
Quero alma carnívora, canibal,
Exótica, explicita,.
Cama e carmas, conexões e outros fios. Que nos ligam aos
extremos.
Estréias e renovações
Deitada no meu leito, peitos e pleitos. Espreitas.
Aceitas o amor de extremos e das entregas absolutas
Que tragam a lúcida loucura e o desejo inesgotável...
De rompantes e repentes.
Te quero amada
Armada até os dentes
Ate e derrame
Méis e mãos
Plurifacetária
E cármica.
Tenho mares
E quero tuas marés,
Ondas
Ânsias e sorrisos
Sons e tons
Diversos...
Nos mesmos prismas
E tramas que se explodem nas cores e nos acordes e nos cordões.
Acorde e vamos
Buscar a madrugada
Beber até a última gota
Que nos cabe
De nossa almas.
Carnívoras....
X
Se tens outro amor que sejas feliz,.
A cicatriz que ficou é minha
Assim como o paladar que resta
Da festa mal curtida
Da vida mal amada
Do vazio que levo e do nada que dás;
Na paz esquecida que deixaste
Faço o verso que trama
Uma história vindoura.
Neste ancoradouro que formo
Se te informo e me deformo
Me conformo e me mando.
Mesmo amando, sem comando.
E que se dane teu novo amor.
Desamor e cicatriz...
Vaso partido e colado com cuspe
As cúspides e os Cupidos.
Que entupiram minhas artérias
As velhas e caricatas ilusões
Que os porões guardam.
Carregue para o teu novo amor.
E seja feliz.
X
Nunca!
Lugar que não existe e não freqüento
O hoje é o nunca de ontem
E amanhã? Quem sabe...
Virei ou virás sem lei ou em paz.
SEM NUNCA.
A nuca exposta, a boca aberta
Alertas e maciez.
Do nunca se fez
O que trama essa vez;
Agora te quero
Macia e vadia.
Dia a noite
Noite no dia...
Poesia.
Mas não quiseres, que posso fazer?
Volto ao nunca, e nunca mais
Teremos outra oportunidade...
X
Quero o mergulho nas pedras
Nas pernas e nas guias.
Quero viver tantas alegrias
E fantasias que não medras.
Que não temas e que queima
E forma cicatriz.
Ser feliz é ser completo
Vivendo cada cicatriz
Sabendo que o bis
Da vida é bisonho
Embarque no sonho
E não temas o que virá.
O ar que se respira
Transpira e me atira
Direto para os braços
Abraços e laços
Que nunca se embacem
E não deixem de marcar;
Ar e ar amar arder e
Refazer, do regato
Ao mato, com lua ou nua
Crua.
Flutua.
E chama para a terna idade
Do amor.
Que na eternidade
Se formou.
Quero o teu gozo
No gozo que levo.
Que sempre me lava
E me leva consigo.
Prossigo nos ócios
Nos cios e nas noites...
Camas e chão
Quem sabe quintal?
X
Quando achava que sabia de tudo, vi que nada. Nada sabia mais
Sentindo teu toque vi que tudo renasce no toque.
Toque do vento, da voz, das palavras, do mundo e do mar.
Toque da música, da canção, do canto do encanto
Do toque do sonho que não vai permitir que nunca se saiba.
Não vejo mais medo segredo degredo enredo desenredo.
Vejo desejo arquejo versejo beijo e sexo.
Cadê nexo, complexo? Só côncavo, convexo e carne.
Acidez e agudez da carne, armada e desejosa.
Do cerne da rosa, da borboleta, do cometa que cometa
A loucura que salva, que selva, que preme e que lume
Sem treva, com trova sem entrave.
Que se lave e que me leve nas lavas
Nas almas
Nas chamas
Nos cajados
Nos olhos mareados
E corpos marcados
De sol e de sal
Do sal da alma.
Que nunca acalma
Apenas trama
E espera a vinda
Do novo e renovado amanhecer.
Prezes o prazer e
Veja a maravilha de não ser ilha
VIVER!
X
Luz que me trouxe no dia daqueles mais escuros
Onde a vontade de saltar e voar sem ter asas
Por sobre tendas, casas, montes, tua casa, teus muros...
Assaltando quintais, fornalhas, curvas e brasas.
Embaralhando sonhos, pernas e destinos.
Dos cardos esquecidos e das rosas espinhosas
Nas bocas já beijadas em mantos assassinos
Fazendo o medo desenredo e tramas vaidosas.
Tantas escoras
Nas vidas que se embalam, vou e volto.
Deixando tantas fotos nas gavetas, no passado,
Jogadas nos arquivos da memória, nos guardados.
Nos guardanapos carmesins, batons revoltos.
Mas tramo nossa luz nesse quarto onde estamos,
Cravando meus dentes nas costas mais arfantes.
E vivemos da nossa sede que tanto tramamos,
Com prazeres nada sutis e mirabolantes.
Rasgando os nossos céus sem ter galopes e pés.
Deitando nas nuvens, rubras e esfuziantes,
Sanguíneos desejos encarnados, carne e fés.
Minando aos poucos as defesas de bem antes
Minhas demoras
Nas dívidas que se pagam, sou e salto
Rasgando essas fotos de gavetas, sem passado.
Sem arquivos e sem memórias, dane-se guardados.
Os guardanapos queimados, sem sobressalto!
X
Venha
Eu quero na nossa dança
De tanta dança
Cansar.
Eu quero na nossa trama
Deitado na nossa cama,
Te pedindo pra dançar
Que a noite avança
A vida passa
E a gente dança
Se de amor não dançar...
Venha,
Deixa essa porta aberta
A noite é sentinela
A lua testemunha
Eu te quero tão alerta
Porta e alma, vida aberta.
Prazer.
Eu quero no nosso jogo
Nossa brasa nosso fogo
Que a vida é logo
E a gente sem rogo,
Se não de amor, me afogo...
Venha,
Coberta quente
Noite fria
Rolando nessa dança
Que trama tanta dança
Perna com perna se trança
E trama tanto desejo
Roubando em cada beijo
Os uivos na madrugada
Se amanhã vem o nada
Que o nada venha enfim
Que o mar todo guardado
Eu te nado
Dentro em mim...
X
Não ligue se essa tristeza
Resolver te provocar
A vida não traz segredo,
Deixa esse amor te levar..
O futuro sempre é duvidoso
Não preocupe-se com isso,
Amor é sempre tão vaidoso,
Não vale sofrer nem preciso...
Mas traga sempre esperança
Esperança meu amor.
Quem sabe viver é agora...
Rodando nas nossas tramas
Vivendo só por prazer.
Acendendo novas luas
Sabendo que irás vencer.
Não creia no que te prometem
Nem búzios nem no tarô
As ondas não se repetem
Nem acredite em amor.
Mas traga sempre esse sonho,
Sonhar é bom, meu amor.
Não deixe a vida ir embora....
E rode nessa balada
Que vem de tudo ou quase nada
Trazendo um sonho de valsa
Na dança que noite avança.
E pára sem que se prometa
De todos esses nossos medos,
Amores que a gente cometa.
Que para sempre serão segredos...
X
Salve esta noite, onde busco
As bruscas e vadias sensações
Do nada, das horas passadas.
Em busca do coração
Tão solitário como o meu.
Que me queira então
Nem que seja para nada
Juntos neste nada...
Respirando o nada
Amor e janela
Salto e mergulho..
Camas, pernas, cheiros
Mas depois o nada, simplesmente vazio.
O cio passado,
A roupa no chão
Janela aberta
Convidativamente
Nada faço,,
Nem disfarço...
Retorno depois ao vazio
Do vazio que ao vazio
Prometera.
E penso na tua boca salvadora
E passo a te amar.. Amar, amar
No desespero atroz
Da noite vazia
Em busca do nada.
X
Trazes a luz, e que luz.
A luz que não suporto
A praia que me faz culpado
Destes dias em solidão, louco...
Não passo mais sem medos
Coração se trava
As traves e trevas são músicas...
Que se dane o rumo
O prumo e desaprumo, tudo esgotado...
O canto não vale mais o sonho...
Agora simples sal, amargo
Amor queda-se cão sem dono..
E me trazes a luz.. Para quê luz?
A luz que não agüento,
Queimando e me expondo,
Restos e mortalhas.
Lutos e sombras...
Sobras.
Que mal te fiz? Trazes a luz...
Quero o fosso, a fossa, o fóssil;
Coração indócil, transformado em nada.
Triste paraíso...
Não preciso desta merda de luz!
Já te disse!
E insistes na luz, podre luz, pobre de mim...
Vísceras expostas, distante e tão perto.
Cativo de mim mesmo, autofágico.
E trazes luz...
Resta o gosto do lixo
No luxo da alma
Que se devora,
Nua e crua...
Colocada no palco.
Entre sangues e pudins...
Devorados.
Mas , o mais belo de tudo
É que eu te amo...
Amo e desesperadamente
Temo.
Amor, me devolva a treva
E jogue tua luz no ralo
Minha alma é buraco negro....
X
Amor não traço sabendo desta trama
Nunca foi isso o que eu esperava
No fundo não percebia a mágoa
Que simplesmente o sim negava.
Mas a navalha que penetra na carne
Expõe os nervos prontos para a sangria
Em cada beijo, a certeza do tapa.
Mas não sofras mais
Resta muita coisa.
Tenho alegrias nestes corte, riso e sorte;
Até a própria morte, suporto.
Porto forte, vaso quebrado
E pronto para o esterco...
X
Neste amor que te desejo
Eu sofro tanto
E não posso mais viver
Sem teu encanto.
Te quero, amor,
Não quero mais sofrer
Mas não me deixe mais.
Te peço.
Mudo o viver
Solto o pensamento
Te carrego comigo
Eu te farei mais feliz...
Eu só te peço querida
Tua honestidade.
Se não tens mais desejo
Quero viver
Senão, estou perdido...
X
Quando o vento venta lá
Vento também venta aqui.
Sintonia vai pelo ar
Da forma que concebi.
Versejando noite e dia
Dia e noite versejando
Na completa sintonia
Estou te sintonizando.
Minha luz sem luz não brilha
Minha trilha é tua luz.
Todo amor que maravilha
Noutro amor se reproduz.
Então minha bem amada,
Tua, minha, nossa estrada!
X
Meus olhos estão vagando
Procurando teu olhar
Que está sempre lumiando
O rumo que quero dar
Debaixo deste luar.
Tantas ondas me pegaram
Na areia deste verão
Me feriram me pisaram,
Maus tratos ao coração
Das ondas da solidão.
Fiz meus versos nos caminhos
que tanto quis e não tive
meus barcos pequeninhos
trazidos lá de onde estive.
Tanta saudade se vive!
Meus olhos que se plantaram
Nestes jardins sem ter flor
Os campos que já se aguaram
Tanta lágrima de dor.
Brotaram no nosso amor...
Desenho nosso desejos
Nas nuvens que vão passando
Os cantos nos meus versejos
Aos poucos se transformando
Nos beijos que vou te dando.
Amor não pode tristezas
Nem tampouco sofrimento.
Dessas tuas incertezas
Vai nascendo meu tormento
Coração batendo lento...
Mas te quero mesmo assim
Não temas pelo futuro
De tudo que tenho em mim
Mesmo neste mar escuro,
O meu amor que é tão puro.
Pois venha sem temer nada
Pensamento em liberdade
Venha minha doce amada
Pelas ruas da cidade
Matando a triste saudade!
X
Cantando minha canção
Que fala do nosso amor
Procura pela emoção
Pelo perfume da flor
E tantas vezes se esquece
Que tanto amor tenho aqui
Da vida que se oferece
De tudo que já perdi.
O manso correr do rio
Entre pedras, cachoeira,
O peito outrora vazio,
Na procura de uma beira,
Encontra nessa viagem,
Tocando na sua margem
A tua imagem, tão boa,
Invade e forma a lagoa...
X
Perceba nosso céu tão constelado,
Perceba nosso amor, mansa cascata.
Perceba a nua lua, mar de prata.
Perceba todo o mundo iluminado!
Perceba como Deus apaixonado,
Nos trouxe a maravilha desta mata.
Perceba que a pupila se dilata
Na troca deste olhar apaixonado...
Perceba refletir fosforescente
Nas águas teu olhar tão reluzente,
Estão plenas de lumes, de ardentias.
A lua se repete, tantas fases,
Perceba como amor repete frases,
A vida se reparte em alegrias!
X
Amigo eu não te peço canto.
Nem ao menos estar contigo
Apenas saiba dessa dor
Que vez ou outra faz meu frio.
Na minha barca uma esperança
De ter a vida em paz, carinhos.
Mas nada mais me restará
Senão a viuvez dos lírios.
O sol não me trará mais luz.
Dessa certeza eu não nego.
O mar que me invadiu sem praia
Fazendo do meu sonho, servo.
Mas tenho as minhas mãos cansadas
Nessas tantas preces já feitas
Esperando em vão pelo dia
De ter enfim as luas cheias...
Procuro pela minha amada
Esperança não deixa rastros,
Nestes meus sonhos resolutos.
Todos pesadelos fantásticos
Amigo eu quero uma acolhida
Senão em pouco tempo morro,
A corda no pescoço; sinto.
Não quero mais amor tão morno.
Eu quero a minha sede tanta
Nas bocas que se deram tontas
Nos sonhos que não deixam marcas
Tristezas se confundem tantas.
Muito obrigado meu amigo
Por ter escutado as palavras
Pois nelas precisei coragem
Para desabafar tais mágoas
X
Eu quero teu amor aqui
Tão ternamente no meu colo.
Transbordando uma esperança
Na qual eu mergulho e consolo.
Quero teu amor nestas flores
Que brotam em meus jardins tão plenos.
Meus olhos sempre procurando
Por teus olhos mansos, serenos...
Quero te contar de onde vim
Palavras que transbordam mares
Em todos os carinhos sinto
A doce mansidão dos ares...
Nos signos, nas cores, na sina.
Vivendo na espera da sorte
Que te traga sempre querida,
‘Té no final, na minha morte...
X
Eu te peço alegria deste canto
Que nunca mais se cale essa esperança
Trazendo todo esse encanto
Qual meu sonho de criança.
Eu te peço perdão pelos meus sonhos
Eles são soberanos, coração.
Vindos d’alma são risonhos
E plenos de uma emoção...
Eu te peço querida, por luares
Pelos olores todos desta flor.
Invadindo tantos mares,
Conhecendo, em ti, amor...
X
Não quero mais um inverno
Que me traduza saudade
Meu amor se for eterno
Viverei eternidade;
Mas nada mais que enlouqueça
Que a dança que te propus
Não sai da minha cabeça
Reflete tanto esta luz.
Que espelhando o meu desejo
Tramando nestas areias
Seja meu salgado beijo
Na maciez das sereias.
A noite traz essa lua
Que guarda tantos segredos
Da mulher tão bela e nua
Dançando nos meus enredos.
Gerando os filhos que trago
Saídos da fantasia
Nas horas mansas de afago
Derramando poesia...
X
Nunca mais eu falaria
Do vento que me levou
De tudo o que me restou
Na curva que não faria.
O tempo que se passou
No sonho do novo dia.
Dia que trama futuro
Em marcas do que passei.
No mundo que já sonhei
Porta, sala, quarto muro,
Na saudade que carrego
Desse beijo que procuro.
Mas nada vejo. Ninguém
Amor que talvez exista.
Tristeza que não insista
Senão eu chamo meu bem.
Depois vou dançar na noite
Que a noite mansa já vem...
X
De todas as distâncias que trago de mim mesmo,
O que me consola é não ser veloz.
Minhas asas quebradas há tanto tempo
Trazendo as certezas da morte que me avisou.
A velocidade da vida me pegou de surpresa
E presa da inevitável vontade de voar, perco os sonhos.
São meios de fuga e de fingir a mim mesmo,
Uma tal felicidade que não disponho...
Tenho o meu próprio drama, que não compartilho
E nem divido. Nem comigo. Essa melancolia é vital,
Assim como o ar. Mais que a própria vida...
Seguindo os meus passos no dia a dia.
Sou eremita por opção e vocação.
Cultivo isso como as margens do rio que,
Raramente, transbordo. E muitas vezes me arrependo.
Outras não. Algumas vezes até sorrio.
Mas o sorrio efêmero que não permaneceria nunca.
No rosto exposto às cutiladas e incertezas das manhãs
Tantas vezes ansiadas e adiadas.
Sou a ausência do que não poderia ter.
E gosto disso.
Na certeza de que passarei pela vida,
Assim como vim, oco e inconsistente.
A sombria sensação do vazio e dos medos.
Eternos companheiros que são inerentes.
Mas amo a vida, principalmente sonhar.
Deles alimento o outro que convive.
Se embriaga e dança, e sorri.
Vai a esmo dentro de mim,
Assim nesta dicotomia.
Eu te amo.
Sinceramente
Na festa que veio
No riso e na dança
Na noite e festança
Que avança e não cansa
Total alegria
Nesta fantasia
Que sempre balança
Amor que completa
E sabe que insana.
Das noites passadas
Nos beijos trocados
E dos medos fingidos
Sou tua metade
Que nada, não arde
Apenas te cura.
Vivendo a poesia
De tal fantasia
Quem sabe um dia
Seremos felizes?
X
Na tarde tão divina e rutilante,
Os brilhos se misturam com as cores...
Aberta sobre o mar, ó bela amante,
Os caminhos das nuvens e das flores
Definem tal beleza, delirante!
Persigo teus pendores, onde fores,
A vida se transforma neste instante!
As tuas mãos morenas, meus amores,
Deslindam-se na tarde delirante!
Nas praias, clara areia, mansas ondas,
Os medos se tornaram fantasias...
Nos leitos das amantes, tantas rondas,
Em cores milagrosas, primavera...
Nos sonhos e nas conchas, melodias,
A vida não permite tanta espera!
X
Não tenho mais direito
A ter o meu conceito
A noite se renova
O tempo se comprova
Nas mesmas vãs idéias.
O tempo que me acorda
Tramando nas esquinas
Tratando-me qual bicho
Sou peça de museu
Que sempre foi tão tua
Sorvendo minha cara
Não valho teu respeito
Estampado na camisa
Bem perto do meu peito
Um simples objeto
Abjeto sem sentido
Sou tanto descartável
Sem rumo sem guarida.
Não quero teorias
Nem teoremas,
Se tramam fantasias
Eu faço meus poemas
Exponho em poesia
A minha solidão
Que é minha e sem cuidados
Não quero mais a fuga
Nem quero ser refugo
Apenas nada julgo
Nem jugo, quero ter.
A minha casa é quando
Às vezes não sei onde
Montado em meu cavalo
Espora o tempo traz
Mas vejo tuas unhas
Tentando ver o peito
Que sempre vai aberto
Alerta e sem rumos.
Nas marcas que dás
Perfeita cicatriz
Nas unhas entranhadas
Por certo, ser feliz.
Mas quero nessa noite
Em êxtase dançar
Sem ter mais um estase
Sentindo meu prazer
Voando pelo espaço
Nos braços de quem amo
E quem quiser me amar...
X
Meu pensamento
Traçando um dia
Meu sentimento
Que te pediu
Um tal segredo
Que não se fez
Meio de banda
Que nunca mais se viu.
Agora eu vejo
O manso beijo
Que dei no fim
Quase tropeço
No meu desejo.
Como ficar assim?
Se mais desando
Nunca fui tanto
Meio desando
Mas não vou achar.
Sequer a fresta
Do que não resta
Se tanto bem
Irei procurar
Nem mais eu vejo
Se te desejo
Não será meu fim
Ao mesmo tempo
Se me protejo
Vou me perder de mim.
Agora a tarde
Me traz saudade
Vou tão vazio,
Nem conhecia
Quem me beijava
Já não queria,
Senão meus restos, que vão expostos.
Agora eu sonho, aquele sonho
Te afastou de mim.
Era o começo do que não tenho
E me perdi no fim.
O teu amor,
Vago e distante
E tão mutante
Não me deixou saber de mim.
Mas faço o tempo
Viver do tempo
Que tanto tempo
Existiu em mim.
E não mais restos que são propostos
Tramo os risonhos, sei que risonhos,
Encontrei em mim.
O recomeço do que proponho
E vou até meu fim.
No teu amor,
Vago e distante
Que foi mutante
Agora calo, sempre que falo.
Do mesmo tempo
Vivo no tempo
Que sem ter tempo
Resistiu enfim...
X
Na lâmina suave com que cortas e me entranhas
Nos versos gelados e frios que saem de mansinho
Com as penugens podadas, do coração.
Na lâmina breve com que sonhos se cortam
E se abortam faço minhas rimas sem nexo.
Queria apenas o descanso suave do colo
Que nunca viria, nem nunca virá.
Queria o mundo que jamais seria meu.
Imerso em detalhes.
Corsário, sem rumos.
Sem prumos ou primas.
Vacilo e não ando
Desando.
Meu andor é de barro
Meu mar é sem praia
Na areia me perco.
Depois desta ceia
Desato meu mundo
Que gira e não trama
Apenas sei lama
E nada me guia.
Mas amo meu mundo
Sem mar e sem lodo
Em mim mesmo afundo
O mundo que fio
E vou sem pavio
No frio da noite
Que como um açoite
Me diz: és feliz.
Tal credo me ilude
No medo que pude
Conter nos meus olhos
As lágrimas a mais.
E amo, te amo, nas ânsias da vida.
Que trará vida
No seio da morte.
Amor boa sorte
Que a minha perdi...
X
Eu quero teu amor de manso porte, de traço forte
E rima dura. Amargo mar que trago sempre.
Independentemente do que se forja.
Amor que no alforje da vida carrego.
Com gosto da mortalha e da navalha.
Amor que procrie o sonho sem traumas
Nas calmas das noites, avermelhadas luas.
Andando nas ruas
Nuas criaturas que crias.
Minha poesia, se for poesia
Se chama e se trilha.
Nas bocas que beijo,
Amores, desejos e nada de sonhos.
Eu quero teu amor de rumo norte, sem morte
E noite calma. No doce rio que mato sempre.
Insatisfeito e intransigente, se renova.
Amor que no embornal da vida não veio.
De teu doce seio, um veio de vida.
Audaz, repartida em sóis que não sou.
Eu ando nas ruas
Sem olhos a mais, nem trilhos.
Sou lento e sou calmo,
Não tenho mais dentes,
Urgências de vida
Ficaram prá trás.
Eu quero teu amor, de maneira sutil e inevitável,
Multiforme e, ao mesmo tempo, oásis.
Quero teus olhos, que não são mais meus.
Não vejo outra sina senão a que rima
Palavras ao vento, se sou sentimento.
Imerso em mim mesmo, eu sei não virás.
Minha amada
Que a vida me deu
Amor todo meu
Que nunca se engana
Não cobra e não sobra
Nem cobre nem sobre
Apenas vagueia...
X
Nas noites que rolo pedindo por colo
Me esfolo e não podo meus sonhos vigentes
Se temo ser pente serpentes que temo
São tão simples mentes quanto simplesmente me faço.
Na ventania que tramo meu dia,
Sem ter poesia, se cria e se cliva
Do manso declive que me leva
Sem medo à cama que chego.
Deitado contigo não vejo um por que.
Se treino viver, não temo contigo,
Vou livre em meu vôo, nascido do vento,.
Viver sentimento que tanto quis ter.
Agora, não falo se embargo meu peito
Se tenho um defeito maior que viver
Apenas não traço, amor em pedaços
Se quero os teus laços, amor não vou ter.
Amiga não traga os olhos cansados,
Meu braços são fardos, pesados e duros.
Amor às escuras, espumas e escunas,
As pedras, as dunas, são meras formalidades.
Eu venço meu ranço meu ronco e meu flanco
Que meio de banda pesando às extremas.
Amor se não gemas, a cama não quebra
Amor quando pedra, se faz valentia.
E caio em teu mundo,
Sem ter o que cria
Sem criar o que via
Se havia ou não tinha
Se tinha meu eito
Aceito o estio,
O tempo é pavio
A morte re vela
Na vela que trama
Os barcos que tento
Que invento num mar
Que não vou navegar.
Apenas ilhado,
Sou fado só fado
Safado o destino
Que trouxe o menino
Que o peito matou...
Mas venha querida
Que a noite é vadia
E toda vazia se cria e se fia
Esperando o dia que um dia virá.
X
Se queres minhas chamas ou delitos
Não temas minhas noites de neon.
Eu não vou querer a porta aberta
Apenas nunca troque a fechadura
As chaves que se encontram nestas pencas
Se não servirem pelo menos adivinho.
Mas vou mergulhar apenas na lagoa
Que se remansa e nega tsunamis.
Arames farpados no caminho
São travas que não quero suplantar.
Tanta coisa acumulada pela vida
Nem menos eu consigo me esconder
Os escombros não permitem mais a vista
Revista e desisto deste muro.
Escuro que não posso suplantar.
Agora, minhas noites de neon, de dança
De promessas e primícias, são farsas
Que não faros nem tu faras, apenas não consigo farejar.
Se seios ou não sei-os, os receios não cabem
A quem sabe navegar.
Amada vem que a lua se promete
Remete ao meu sertão, à vaquejada e,
Apara quem tão clara e raramente
Se sente com vontade de voar.
Não pio nem meu ópio é contrasenso
Imerso em mim mesmo, não me curo.
Se atípico, afásico ou afísico
Sou tísico e não quero mais a noite
Que não seja simples noite de neon...
X
Sem comparsas, esparsos meus versos
Se soltam e, soltos vão aos ventos
Ventos e versões dos veros verões
Que viram mas não virão
Até por que se viesse não seriam meus versos.
Seriam inversos, diversos e reversos da medalha
Que não falha, se atalha e se embola.
Liberdade e ansiedade
Voam pela cidade
Pelo que não viria
E nem seria
Seriamente a mente que trama
As formas e as reformas
Que bastam ou não
Que seguem sertão ou cercania.
Meus versos são indomáveis
E são indômitos
Não admitem vozes nem trâmites
Se omito ou exagero
Se minto ou se fero
Tempero a meu gosto
Ao velho agosto
Que tem o meu rosto
Neste espelho
Que, multifacetário é o meu.
Mel e melaço, aço ou ação.
São as palavras das lavras que crio.
Meus filhos são tortos ou até natimortos.
São meus.
E que se dane se vierem da maneira que vierem
Não quero o prazer nem o medo que espane.
Quero o meu próprio rastro, meu lastro e a fé.
Se manso ou remanso.
Se traço ou se tranco
Barranco ou buraco.
Eu mesmo me ataco
E sei se sou fraco ou fiasco.
Não guardo nos frascos os versos que sangro.
Orgásticos ou quiméricos
São febres que tenho.
São vermes que expilo.
Palpito ou explícitos
Sem ou com tétricas
Métricas ou matizes.
Palavras atrizes escorrem na pena
Se a cena ou não.
A vistoria da alma
Se faz pela palma
Se nada me acalma
Não calo essa voz.
Amiga ou atroz
Mansa ou rebelde
De vida ou de morte
Azar ou de sorte.
Azar o meu!
X
Eu nunca quis te dizer
Se tudo de melhor em mim
Eu deixaria por fazer
Ou talvez pedisse estar
Dentro ou não em mim.
Não vou mais saber.
Plantarei neste jardim
O que sempre quiser
Deixa o tempo rolar
Todo canto vai assim
Nos sóis não sou nem sois
Somos átomos
Atos e tomos
Temores e tempestades
Que não virão,
Ou se vierem
São claridades
Que em quantidades
Mostram os dentes
Das saudades
Do que nunca seria
Mais um dia de amor...
X
Meu amor
Que procurei
Nas luas e no mar
Na constelação
Fui perceber
Trama tanta dor
Eu fui saber
Mas vi que amor
Difícil de encontrar
Existe em algum lugar.
Sem amor
Onde irei saber
Ninguém verá passar
Andando só
Nada posso ver
Que viver é melhor...
Não veja em mim
Sou simples fim
Tão longe do luar
Onde nada mais há
Nas ondas deste mar,
O mundo em mim
Onde nada natural
Possa existir.
Nem sei.
Se pode resistir
Se pode existir o meu luar.
Sem senão,
Não posso mais lutar
Não vejo em mim.
Um coração que especular
Desarma e não sangra
Sabendo enfim
Batendo sem parar;
Não sei
Como voltar
Mas não virei
Se não mais luar
Omito, mas se assim,
Se eu quiser
Sempre sem depois
O que teve um fim
Nem sei dizer...
X
Meus olhos iam sozinhos
Embrenhados nestas matas
Vencido por essas ondas
Das terras que sei; tu andas,
Mergulhando nas cascatas.
Nascendo a boca do sol
Vermelhidão que me esquenta,
Do rubi ou framboesa
Nada mais que pura brasa
No beijo que me ensangüenta.
Os olhos roubando a lua
Mais diamante e cristal
Que trazendo tanto brilho
Na cupidez tanto cílio
Beleza fundamental.
No desenho que te traço
As faces belas maçãs
Deste vermelho rosado
Na maciez feito pães,
Do brilho recompensado.
As curvas do teu cabelo
Nas ondas que me perturbam
As tranças tramam desejo.
No retrato se vislumbram
A marca de cada beijo.
No batom que me emprestaste
No beijo que tu me deste
Guardado na minha boca
Nem água, quero beber...
Essa saudade tão louca
Que não pára de doer.
X
É companheiro! A vida apronta das boas
Entre as mil e uma mordaças e pirraças
Da sorte.
Malditas as horas que se passaram
Solitariamente sem nada pra dizer.
A não ser o de sempre:
Bom dia, boa tarde; dá licença...
As bocadas do tempo emagrecem
Cada vez o tempo de chegar,
E nada de chegar.
Nem curva nem estrada.
As asas estão quebradas
E o tiro de misericórdia vai ser dado
A qualquer momento.
Amar, amei, levei uma coça e tranquei
Coração tá bem guardado.
Desse mel, as abeinhas não bebe mais não sô.
A viola vai estradeira e lueira
Fazendo serenata, mais pra móde inganar
Os tropeço da saudade.
Senão era revolta e nada mais segura.
Amigo; tantas vezes a gente esquece
E finge que nada vai acontecer.
A não ser a velha estrada entupida
Que toda esburacada inda cisma de seguir.
Puxe a cadeira, vamos conversar.
Sei que o tempo procê também não foi bão não.
Mas pelo menos não deu canseira.
Eu vou liso e leso, sem as fornaia do peito
Atiçando o fogaréu que num pára.
Tome um gole comigo e vamos pelos caminho
Que pode dar um pouco de alento.
A tarde já vai terminando
E vamos embora antes que a lua
Matreira resolva me pegar desprivindo.
Aí, toda essa ladainha perde o valor
E vou de novo nas pegada das morena bonita,
Dos rabo de saia e ...
Adiantô chora mágoa cocê?
X
Um mote mais delicado
Que fale deste caminho
Rotulado coração.
Que vai e vem
Bate e desarma
Capota.
Quero tuas esquinas
Nas minhas retinas
Cansadas do vazio.
Que vai e vem
Some e desama,
Esgota.
Quero o teu cheiro
Da terra molhada
Do mato pisado
Nas curvas do meu caminho
Onde deixei os potes
De mel, aguardando teu gosto.
Teu rosto, meu mote;
Que possa falar ao teu coração...
X
Quem me levará de mim
Quando a saudade bater
E nada mais me deixar
A não ser um gosto assim
Meio doce, do prazer,
Que em ti irei buscar.
Deitado na minha sombra
Eu descanso um velho peito
Cansado de batucar,
No fundo nada me assombra,
Sei que não tenho o direito
Mas tento enfim, tanto amar.
Equilibrando o que soma
E o que tento dirimir
Encontro nossa verdade
Grudada qual fosse goma
Do jeito que pedi vir
Sabendo felicidade.
Te peço, então, companheira
Que, antes que esse galo cante,
Não mais negue nosso amor.
Maçã pode ser inteira
Que nada mais nos espante
Senão o medo da dor.
Meu peito dura por certo
O tempo que te encontrar
Nas horas todas da vida.
Depois de saber deserto
Encontrei meu verso ao mar
Salgado em minha querida...
Vim das ondas destes ventos
Nas costas deste corcel
Que me embrenhou no sertão.
Todos os meus pensamentos
Passando pelo teu céu
Morrem no teu coração.
Empapuçado de mel,
Transbordando de emoção...
X
Canto meu canto sem pranto
No risonho bem querer
Amor demais eu me encanto
E canto amor pra valer
Sem saber se amor me mata
Se me cura ou me maltrata.
Fiz meu barco na esperança
De encontrar o teu mar
Amor viveu da lembrança
Se lança, não quer parar.
De tanto quanto me espanto
Tanto amor quero em meu canto.
Nos olhos que não te viram
Na boca que não beijei
Nos dias que se seguiram
No tanto que tanto amei
Amor se fez de mansinho
Tomou conta, fez seu ninho...
Vencido por tanto sonho
De poder ser mais feliz
O meu cantar mais risonho
Coração pedindo bis.
Conto contas quanto canto
No canto que já me encanto
Na conta que te contei.
Tanto quanto amor amei...
X
Procurei o meu espelho
Nas gavetas da saudade
Estou ficando mais velho
Isso eu já sei de verdade
Porém o peito é moleque
Salta esse tempo e se ri.
No tempo eu pisei no breque
Tanto amor que já vivi.
Coração, sangue vermelho,
Da cor da tal liberdade...
Nas ondas que não navego
Nos mares que Minas tem.
Amor quanto te carrego,
Mesmo sozinho ele vem.
Pega nas mãos do mineiro
Que Minas abandonou
Tomando meu peito inteiro
Por pouco não me matou.
Mas amor eu nunca nego
Sem teu amor, sou ninguém...
Venha minha namorada
Amar a vida comigo
A vida sem ser amada
Correndo grande perigo
Por isso minha menina
Minha sina é ter você
Senão a vida termina
Senão é melhor morrer
Viver sem amor é nada.
Viver sem amor? Não consigo...
X
Sentindo o vento macio
Que veio da madrugada
Trazendo o doce perfume
Dos olhos da minha amada
Vivendo nesta esperança,
Uma vida não é nada.
Se não sonhares agora.
Sonharás de madrugada...
No canto do sabiá
Nas cordas do violão.
Amor gostoso de amar
Batendo no coração
Vento venta ventania
O vento de uma emoção.
Trago Maria no peito,
Mania do coração.
Se Maria não quiser
O que farei meu amor?
Vou a gosto vou na fé,
Para onde quer que for;
Levo o cheiro da mulher,
Espinho que lembra flor.
Na flor desse meu desejo
Tanto amor com tanto beijo...
Nas penuginhas coçando
Na garganta vou cantar
A vida toda te amando
A mando do sem parar
Sem parar de ir maginado
Como é gostoso te amar.
Levo no peito a saudade
Amar é ter liberdade...
Liberdade é feito um doce
Feito com muito carinho.
Menina que bom se eu fosse
O teu manso passarinho.
Ouro em pó que te trouxe
Truxe lá do meu caminho.
Das Minas como se fosse,
Meu coração, de mansinho...
X
Olhando longe, praia e gaivotas;
No mar que promete sereia
De areia até o pescoço.
Cotas e recontadas conchas
Nas pegadas deixadas.
Areia e nada mais.
O vento soprando
Coração dispara
Sem leme sem medo sem treino.
Marés são minhas, mares são meus.
Coração?
Muitas vezes esquecido
Entra numa concha e traz o mar.
Rouba o mar...
Depois fica reclamando das pegadas
Perdidas na areia quente e fofa.
Queima e não deixa andar.
Coração moleque, pega carona
Com a primeira sereia que aparece.
E morre afogado.
Nem que seja dentro da conchinha
Que estava esquecida na praia...
X
Cirandando nosso afeto
Nas ondas do rio mar
Coração bate direto
Com vontade de casar.
Vento na janela bate
Chamando pra passear
Amor bom não se desate
Eu quero aprender amar.
São os olhos da morena
Da morena que chegou
Amor sempre vale a pena
Saudade foi quem gostou.
Saudade é bicho matreiro,
Gosta de me maltratar,
Domina a gente primeiro
E depois não quer largar.
Coloco minha saudade
Nos olhos do meu amor.
Ela rouba a claridade,
A saudade me cegou.
Às vezes vai saudade.
Às vezes saudade vem.
O que salva na verdade
Coração tamanho trem...
X
Nas esperanças que trouxe ontem
No embornal, carregado e cheio.
Tantas coisas que não contem
Senão já se perde pelo meio.
Olhos cansados, mãos machucadas,
Pés feridos e peito pesado.
Às horas todas, nos vários nadas,
Por onde andava, estropiado.
Coloquei o embornal no lado esquerdo
Que fica mais fácil de carregar,
Não pude esconder todo o meu medo,
Esperança adora abrir bornal e voar.
Mas, estava bem fechado com linha
Daquelas de saco, que minha vó costurou.
Com agulha de tricô, a mais grossa que tinha.
Desse jeito, escapa não senhor.
Tanto engano! Foi só dar uns passos e trupicar.
As danadas começaram a fugir,
Pelo rasgão que foi cismar de dar
Na parte de cima do embornal, ali.
Na hora eu tentei segurar as esperanças.
É trabalho difícil, trabalho de estivador.
No meio de tantas dores, danças, contradanças,
Só sobrou uma esperança, a do amor...
Essa inda restou no embornal rasgado,
Mas logo essa que tanta dor sempre causou.
Logo agora, final de estrada, todo machucado,
Sangrado, ferido, banguela, olha o quê que me restou!
Uai...
X
Das asas que bateram num dia sombrio
Estrelas e cristais em diversos matizes.
Caem, pouco a pouco, tomando tudo e todos.
Os olhos mornos e adormecidos reacendem
E aquecem a quem pode sentir o toque das asas.
Das asas que se desmanchando foram
Se tornando cada vez mais livres, o gosto doce
De doce de leite e de figo feito pelas mãos das
Mães mineiras.
Doce de paladar tão suave quanto intenso,
Com pedaços de cravo cravejando os lábios
E a língua dos que estavam com bocas e corações abertos.
Das asas as gotículas de cristal ao voarem explodiam
Em mil sons, formando um noturno invadindo as casas,
As ruas, as fazendas, as tocas e as ocas.
Aquecendo suavemente, a todos os que estavam ao desabrigo
E ao desafeto.
Das asas, as estrelas multicores e multiformes se espalharam
Por todos os lugares.
Tramando carinhos, sonhos, beijos e, principalmente a esperança.
Moleca e atrevida.
Doce e ácida.
Mas com a sabedoria das mães mineiras.
E a delícia do carinho de todas as mães,
Neste amor inevitável e próspero.
Da esperança infinita
Dos olhos do amor.
E com o calor do abrigo
Dos olhos da amada.
X
Luar exuberante que entrou pela janela
Do meu quarto.
Tomando tudo, claridade e sonho.
Lua Plena de tantas fantasias...
Com um brilho maior que tantos sóis.
Há tempos que não via tal beleza,
Apenas vista nos olhos do meu amor.
Amor que o mar, triste mar, levou.
Luar de tal beleza e calor que, aos poucos,
Foi me fazendo sonhar de novo.
Interessante é que, mesmo com as mudanças
Das fases da lua,
Ela continua cheia,
Numa eterna gravidez de luz.
E eu, apaixonado e entregue.
Sou pego pelos raios e me convida a passear
Andando livre pelos céus,
Andando leve pelos espaços...
Cada vez mais leve e cada vez mais livre.
Até que um dia, uma noite, uma vida.
Estaremos eternamente atados.
Atos e pensamentos.
Quem sabe, neste dia,
No nascimento do que fosse essa criança.
A Terra Inteira
Explodirá em luz.
E dessa lua, desse nascimento,
Venha a mansa paz e ternura
Que o sol não conseguiu nos dar?
X
Por saber o quanto te amei
Gotas de orvalho na manhã
Sabendo que sem amanhã
Meus versos serão de amargura.
Mas posso dizer que sonhei
Na boca do amor, hortelã,
No meu lutar, a tarde vã,
Buscando, assim, uma ventura...
Tantas vezes bem sei, errei,
Mas acertar foi meu afã
Não quero vida tão vilã
Preciso ter amor, brandura...
Agora; meu amor, voltei;
Noite com ciúmes espiã;
Pele maciez de avelã
A vida se refaz, ternura...
X
Depois de desmanchado esse buquê
Jogada em minha cama, essa saudade
Do tempo em que trazias belas flores.
Não quero mais o brilho sem a lua
Nem quero mais perfumes sem jardim
Tocar tão mansamente em teus espinhos.
Falar desse buquê por sobre a cama
Deitada sem sentir o vento frio
Que vem do coração de quem te adora.
Jogado em tua cama qual buquê...
X
Neste amor que pretendo ser sincero
O medo de perder meu rumo norte
Meu peito que enjaulado, te libero;
Buscando no teu peito a minha sorte.
A flor que sempre mostra seu espinho
Esquece que o perfume sempre atrai
Perfumas com aromas o meu ninho
Que o ninho mais sozinho em dor se esvai.
Não quero te perder, mas me perder
Nos braços e no colo que preciso.
Perdendo e me encontrando vou viver
O que me resta em pleno paraíso.
Amada não desfaça nossos sonhos
Que são os nossos bálsamos na vida.
Os olhos que já foram tão tristonhos,
Nos teus, felicidade refletida...
X
Minha vida é tão dolorida
Mesmo assim seguirei em frente.
Sem ter tempo ou despedida
Amar demais é tão urgente...
Diante desta paisagem
A desta flor em teus cabelos.
Preparando a minha viagem
Deste amor pra ter a coragem
De me embrenhar nos teus novelos.
Cada vez que penso demais
Neste amor que é tão manso e puro
Neste gosto de quero mais
Na certeza de toda paz
Acendendo o mar tão escuro.
Com os brilhos desta lua
E das estrelas pirilampos.
Palavra solta já flutua
O meu sonho continua
Por todos os divinos campos...
Que me levam sem perceber
Aos teus braços tão delicados
Meu amor é tão bom viver
Sabendo que irei sempre ter
O mel destes beijos amados...
X
Nas saudades do meu canto
Tanto sobem quanto invadem
Prazeres tantos que me ardem.
Seguindo sem ter sossego
Nas ruas que me perdi
No segredo que pedi.
Amada; não sonho mais
Os sonhos que já sonhara
Através desta seara.
Que me leva pro teu colo
Quase me deixa tão louco
Ralando doce de coco
Nas doçuras mais amargas
Vidas, vidas, vidas magas...
E nas saudades, teus braços.
Nossos ninhos, cantos, pássaros.
X
Amor tanto que não tive
Amor tanto
Que nem nas luas sonhara
Com este tamanho encanto.
Nas minhas noites vazias
Amor tanto
Vivendo deste meu mar
Nas ondas vai o meu canto...
No tempo que se sonhara
Amor tanto
O meu tempo de viver
Sem dor, sem quimera ou pranto.
De tanto amor que te tenho
Amor tanto.
Deitado neste teu colo
De tanto amor, de amor tanto...
X
Eu amo tanto
Amor que tenho
É meu encanto
É meu empenho
Nas voltas todas
As bocas tantas
Nas tantas rodas
Amor que plantas
Colhendo flores
Nosso jardim
Nossos amores
Amor em mim
Amor que é sorte.
Forte e sereno
Meu rumo norte
Que é tão ameno.
Amor que fosse
Se não viesse
Amor tão doce
É minha prece.
Te quero amor
Não te esqueci
Por onde for
Estou aqui...
X
Quero te embalar nos noturnos barcos
E nas praias mais serenas e suaves.
Na areia quente e úmida, deliciosamente
Iluminada pelas estrelas.
Quero te embalar nos soturnos desejos
E nos meus anseios mais calmos e constantes.
Nos carinhos sem cobranças nem dívidas.
Iluminando as estrelas.
Quero te embalar nos diurnos afãs
E nas esquinas mais movimentadas e loucas.
No asfalto abrasador sob meus pés descalços.
Iluminado pela estrela maior.
Quero te embalar em todos os turnos
Nos em tornos, e nos tornados e tormentas.
Nas mais diversas e confusas situações
Sabendo de ti, estrela.
Estrela de todos os momentos, de tantos sonhos...
Da calada da noite e da manhã vindoura.
Do vento macio e nas tempestades e tufões.
Ancoradouro e âncora.
Barco e naufrágio.
Navegação eterna
Por entre milhares e milhares
De estrelas
E de pirilampos.
X
Teu nome quase sai sem sentir
Como se fosse um lapso
Um átimo, um ultimato.
Eu sei que vou te amar
Em barcas e em bocas
Em núpcias e nos partos.
Nas partidas e nas chegadas
Mesmo às cegas, mesmo vãs.
Não valem as promessas
Nem mesmo os vales
Que serão descontados no fim
Da noite.
Teu nome quase me escapa
E não posso mais.
Não mais.
Sem ter término
Sem tempo.
De terminação.
Determina ação
Determinação
De te saber
Minha ação
Meu ato
E minha esperança
Encalacrada no peito.
Eu sei que irei amar
O amor que me trouxe
A ti nesta noite fria e tão vazia.
Onde nada mais poderia
Senão o gosto que ficou
Da maçã.
Viveremos assim, ao mesmo tempo
O que somos, imaginamos e sangramos.
Nessa total diversidade una e coesa.
Reflexos de nós mesmos
Multiplicados neste espelho
Que trazemos dentro de nós.
Desgraçadamente morreremos sempre
E renasceremos sempre
Num eterno amor
Numa roda viva
Num moto perpétuo.
Vítimas desse espelho
De nossas almas gêmeas
E disformes.
X
Teus passos vieram mansos
Mansos e tranqüilos. Tardios...
Passos que escuto e não falo,
E não penso
E não vejo
E nada ouço.
Apenas sei.
Mas basta saber,
Basta saber para sentir,
Ver e ouvir.
Recebo teus olhos
Distantes pelas ondas
Telepáticas
Apáticas
Espásticas.
Nada mais eu terei
Senão a vontade louca
De misturar reações
E medos.
Segredos
Sacrilégios
E poesias...
O cheiro da noite vem
O gosto da noite vem
A noite vem
Eu não,
Vou...
Mas, no fundo,
Rio e me divirto
Com o medo, solidão
E o escambáu.
Sou o meu reverso
O que não seria
O que nunca fui
Apenas insinuo.
E fluo nos sonhos.
Meus barcos ponho
Nos mares que pensei
E ancoro.
Morro afogado
E renasço,
Eternamente
Na vaga e insensata
Poesia.
E te amo,
Acima de tudo
Não se esqueça
Que eu sempre amarei
O que de melhor
Em ti encontrei.
O brilho
Que já perdi
Que já me ofusca.
O que foi translúcido em mim
Opaco.
Opaco
Opaco...
Velho e desmembrando-me a cada passo,
Espaços e fantasias
Se ias eu não sei.
Sou apenas,
Não seria
Nem serei,
Apenas fomos
O que sempre seremos.
Amantes e sonhadores
Viventes em nós mesmos
Em um caminho irremediável
Ao infinito.
Não existo, incorporo.
Não existo, reflito
Não existo, exalo.
E isso em nós se transforma
No espelho maravilhoso que somos nós.
Cúmplices de nós mesmos.
Esmos de nós mesmos.
Nós de nós mesmos.
Vamos pegar uma carona na estrela
Que não veio
Até o universo que não é nosso
Mas é o nosso porto
Nosso cais.
O tempo de ser
É agora.
Amanhã?
Tarde demais...
X
Quantas vezes fomos os mesmos
Os esmos e os pensamentos.
Perdidos no fundo dos nossos olhos.
Molhos e flores.
Cores e antolhos.
Nos profundos olhos
A tristeza de se saber
De não te ter
E de viver.
Meio à deriva
Mas sempre sem ancorar.
Amar, amar, amar,
Se me coubesse amar,
Saberia deste mar.
Saberia do ar,
Do mar, ar, amar.
Mas é poesia
Que destilo.
E sem estilo ou sem rumo.
Vou deitar na rede dos teus braços...
Que não seriam e se riam não são meus...
X
Quando pegava essa viola
Feita de pirilampos.
Sabia que não mais teria
O gosto da noite na boca.
Saibam que nada mais farei
Senão tentar tocar o meu próprio mundo
Com todas as virtudes e defeitos.
Ostentei o meu medo,
Sempre escondido
Sob as asas que não poderiam voar;
O céu se perdeu, caiu,
Capotou... Não mais vou
Se não for por ir,
Por sentir e me integrar.
Não mais farei os meus versos
Sob a luz que te prometo.
São coisas diversas,
Até por que, no caso,
A realidade superaria a fantasia.
Sou protótipo de mim mesmo
No futuro,
Envelhecido por amar
O mar que não me comporta
De tamanho coração.
Engasgado e tartamudo.
Coração que às expensas do resto
Simplesmente sufoca
E suga.
Rugas do coração.
Orações da alma.
Alma que apenas pena
E vive empenada.
Emplumada com ligas de cera.
O abismo é inevitável.
É infindável
E intransponível.
Mergulho e não sobre vivo,
Sobrevivo
E sei que a curva feita
Pela asa quebrada
Não pode ser mais perfeita.
Apenas ser feita.
Mas te amo, não se esqueça disso.
Agonicamente e antagonicamente
Te grito e não chamo.
Te chamo e não sei
Onde te encontrar dentro de mim.
Só sei que te escondeste por lá,
Por aqui ou, mais certo,
Tomaste parte de cada célula
Cada ponto.
Todo o pote.
Todos os portos.
Meus olhos.
Como farei agora meu amor?
X
Vencido o que não fora
Ou, pelo menos não deveria ser;
Volto meus olhos para a lua
E sinto o gosto da noite
Com pirilampos, grilos e sapos.
Acordando meu amor...
Que nunca foi meu.
Apenas passou...
Como se fosse um rio,
Um final de estrada.
Uma estada sem sentido.
Mas que foi tão boa
Que, se nada na parede,
Nem retrato.
Aqui constela.
Estrela minha
Minha bela e maravilhosa manhã;
Adiada, esquecida.
A grande lua me trará?
Não sei.
Não viverei
Bastante.
Isso é constante
Sempre assim.
Abortos que carrego
Que levo..
Portos inalcançáveis
E a vontade do mar.
Total vontade do mar
Do oceano.
Dentro de mim.
Até me afogar
Em mim mesmo,
De mim mesmo,
Inapelavelmente.
Mas durma meu amor,
Que a tarde vem,
A noite vem
E o mar também...
X
Minha infância distante
Pelas ruas e nos quintais
Com o gosto da fruta podre
Escorrendo pela boca.
Nos quintais imaginários
Os heróis e heroínas
Que nunca vieram nem viriam
Apenas se pressentiam.
O gosto da boca da manhã
Da vida.
Apaixonadamente prazeroso,
Extremamente prazeroso.
Depois, muitas vezes, deixei pra lá
E voltei a namorar.
Eterna relação conflitante.
Jardins esquecidos nas praças
Onde havia o coreto.
Que nunca mais vi, nem veio.
Assim como o gosto doce
Das pernas correndo livres
Pelas mesmas ruas e avenidas
Onde passo hoje.
Vestido de branco, branco...
Brancos eram os dias,
As noites e a incipiente poesia
Que sabia de castelos e princesas,
Dos piões, piorras que giram, giram
E batem, batem, giram e batem coração.
Velho asfixiado e envolto por fumaças
Das dores e dos cigarros.
Nas tardes as cigarras e a fumaça dos
Fogões a lenha.
Lanhando minha alma.
Amanhecida e amadurecida
Entre os cheiros e gostos,
Doces e sonhos.
Medos e aventuras.
Nada mais seria senão a profundidade
Gigantesca, esquecida num canto qualquer.
Do que resta de novo no velho coração.
Que, depois de tanto tempo,
Ainda cisma em soltar pipa,
Saltar carniça
E procurar o anjo no bosque,
Que não mais haverá, nunca mais...
X
Não vejo mais solução
Senão a solidão frágil
Que invade. Teu perdão
Poderia ser mais ágil
Ou então não cobrar ágio
Pelos erros que cometo.
Amar não requer pedágio
Nem aos sonhos me remeto
E versos não mais faria
Se fosse por teu amor.
Embora em toda a poesia
Encontro meu lenitivo
Cansei do definitivo
Inadiável adeus.
Vou seguindo sem nexo
Os erros são todos meus
E são muito mais complexos
Do que simplesmente o não.
Agora, meu barco roto
Naufrágio que já pressinto.
Se sinto ou se não solto
São problemas meus. Só meus...
Não valerá mais a pena
Desta fantástica cena
Onde se escondem meus breus.
Solução, solidão, são
Meus barcos naufragados...
Vou beber até saber
Para onde foram os náufragos
Quem sabe ainda te veja?
Nem mais nem menos pois seja
O final inadiável
Deste sonho imaginário
No meio da tempestade.
A sorte e felicidade
Que te proponho valendo...
X
Quando as ruas estão tristes
Vazias até nos bares
As horas mortas sombrias
As nuvens matam luares
Tantas as fantasias
Dormem caladas aqui.
Quando o fantasma liberto
Passeia no coração.
Deixando as ruas vazias
Maltratando uma emoção
Esqueço das alegrias
Que, amor, nunca mais eu vi...
Quando meu medo ressurge
No fim de tanto carinho
Nas ruas que não têm lua.
Ficando assim tão sozinho,
Procuro amor pela rua
De tanto amor me perdi.
Não sobra sequer meu sonho
Que há tanto tempo morreu
Matando, aos poucos a vida,
De tanto que já fui teu
De tanto te quis, querida,
Meus restos morrem por ti.
X
Um riso solto na noite
Em meio a tanto prazer
Um grito solto na noite
Bem longe do amanhecer
Nas rondas pela cidade
Procurando te encontrar
Vivendo da claridade
Que roubamos do luar.
Um riso solto na noite
Em meio a tanto vagar
Um grito solto na noite
Encanto de te encontrar...
Querendo, sempre, te amar.
Nas rondas pela cidade
Por tanto tempo sozinho,
Vivendo sem claridade
Sem ter lua ou ter luar
Um gosto doce na boca
Vontade de te beijar
Um gosto manso na boca
Bebendo do teu sonhar
Toda a minha mocidade
Procurei o grande amor
Que parece a claridade
Por tantas vezes negou.
Agora que te encontrei
Não quero mais ser sozinho.
Amor que tanto te amei
De tanto que fui sozinho
Agora que já te achei
Sozinho não serei mais.
Amar como sempre amei
Amor que veio demais
A vida vai se passando
Nas rondas que não mais faço
De tanto que vou te amando
Nas nossas noites, cansaço.
E risos, gritos, a boca,
E a dança que não termina
Sempre vem e me alucina.
Nas nossas noites de amor...
X
Não leves esta esperança
Que trouxeste; meu amor.
Eu quero poder viver
As minhas horas mais belas
Nas tuas mãos carinhosas
Debaixo destas estrelas
Que escondeste; minha amiga,
Assim consigo, enfim,
Tanta noite que persiga
Cravejando amor em mim.
Não deixe velha tristeza
Tão faminta e desdentada
Se sentar à nossa mesa.
Não deixe que esta mortalha
Vestida pela saudade
É tanta dor que ela espalha
Nas ruas dessa cidade
Nas praças e nos motéis
Nas bocas e nas promessas
Nas noites em tantos pés
Que invés, já são avessas...
Traga o sorriso macio
De quem nada mais queria
Se não viver nosso trilho
Em busca do novo dia.
Em busca da claridade
Vivendo felicidade
Sem nada mais perguntar
Sem o gesto da demora
Sem o tempo de ir embora
Nascendo em nosso luar.
Do gesto manso da noite
Com bilhões de pirilampos...
Estrelinhas que busquei
Pra iluminar os campos
Os belos campos que andei
Procurando meu amor.
De tanto amor que te dei.
Nas horas que te busquei
Fazendo do frio, calor.
No fio desta esperança
Desta esperança de amor...
X
Saudade do que se foi
Nas barcas dessa ilusão
Vivendo com tanto medo
Dentro do meu coração.
Como pesa aqui do lado!
Quando se foi meu amor
Deixando essa solidão
Nada mais eu poderia
Senão tamanha emoção
Nas barcas desta saudade.
Me dá teu beijo querida
Viver, morrer de paixão...
Deitado na rede, no colo
Sabendo me carinhar,
Depois de tanto que vinha
Jamais querer voltar
Nas barcas desta saudade
Alicerce dos meus sonhos
Que nada mais me impedirá
De seguir assim meu canto,
Beleza maior não há
Nas barcas desta saudade...
Morrendo de tanta paixão.
Saudade não volta não...
Eu te trago essa vontade
De viver sem ter segredo
Nesta total liberdade
Que faz o gosto da gente
Perder o nosso medo
Sabendo como é urgente
Estar neste teu mar de amor...
Sem barcas e sem saudades
Apenas te navegar
Querendo me naufragar...
X
Vim do quem sabe
Do que jamais teria
Entre ondas vazias
Que sepultam meus medos...
Entrei em meus pânicos
Com medo do que não fui
Esperança do que seria
E a verdade do nunca ser...
Ao mesmo tempo, quero o gozo
Eterno dos sonhos mais mágicos
Com gosto de liberdade
E temperado de esperanças...
Fazer o quê?
Vejo uma criança correndo pela sala.
Nada fala, nada fala.
Apenas ri.
A bem da verdade, gargalha
E mostra a porta semiaberta
Esquecida num canto da sala.
Acordo e te vejo,
Com o mesmo sorriso
A mesma face da criança na sala.
Deito no teu colo
E encontro a porta semiaberta
Cadê a chave?
X
Vamos, sempre
Vamos ao amanhã
Que ontem prometia
E nunca vinha...
Vamos em busca
Deste futuro
Antevisto na noite
Escura
Noite que não terminava...
Vamos acima
Desta palidez inerente
Inerte e inconfessa.
No sorriso sem sabor
Sem saber, sem sentir
Sem ser
Apenas se.
Vamos em busca do sol
Que não veio
Que não seio
Mas será?
Vamos meu amor
Que o tempo não pára
E o efeito inebriante
Da lua
E da cachacinha trazida
De Minas, passam.
Vem que as ondas do mar
Levantam as saias
E os medos se ampliam
Dos amores que não saberiam
E não viriam nunca.
Se não fossem os nossos sonhos.
Comuns, iguais e repetidos.
No eco desta voz,
Sonares são ares
São mares e são luas.
Que jamais serão minhas...
X
Nas praias as pernas morenas
As coxas morenas
As cativas coxas morenas
E as cenas longínquas
Das gaivotas
Alçando vôo
Mergulhos e peixes.
As ondas, as coxas, as pernas
A saudade cativa
Espera virar gaivota
E buscar os peixinhos...
Não falo nada,
Apenas observo...
E, sozinho, jogo pedra nas gaivotas.
Quem sabe, afaste a saudade...
X
Na cauda desse cometa
Carona para outro espaço
Nas ondas desse meu rádio
Procurando antes que tarde
Antes do dia raiar
Bêbado do meu luar
E se nada mais desperta
Vivendo de estar alerta
Nas horas mais serenas
Sabendo que tantas penas
Apenou meu coração.
Procuro por meu cadinho
Nos bares e serenatas
Vagando pelas cidades
Nas luas cores e pratas
No fundo dessas saudades
Duma mulher que foi minha
Hoje caminha sozinha
Nas estrelas e no mar.
Cometa que me prometa
Carona. Te procurar
No rabo deste cometa
Tanto espaço a procurar.
Senão não vivo mais sorte
Não tenho sequer notícia
Mas a noite está propícia
Nas ondas deste meu céu
Procurar jamais é tarde
Amor que possa raiar
Nos braços deste luar
Que devagar, me desperta,
Deixando meu peito alerta
Sem temer horas serenas
Passarinho troca penas
E foge do coração.
Amor vem cá um cadinho
E mata essa solidão.
Segura firme o timão
Que o cometa não espera.
Amor que tanto se esmera
É fera.
E se tempera
Nas asas desta paixão...
X
Meu amigo; quero a sorte,
Que trama nos véus
A felicidade
Para os olhos meus...
Vivendo os luares
Esses meus luares
Tão alvos luares.
Meus olhos ateus
Percebem a vida
Que vai mais cansada
Tanta dor da vida
Dando em quase nada.
Simplesmente nada
Amor que decida
Meu amigo, quero a sorte
Sem temer a morte
Sem medo de vida
Sem saber do porte
Da minha ferida
E que seja consorte
Na boda da vida...
X
Te dou meu coração
Do jeito que quiser
Trazendo emoção
Vem trazer teu prazer
Nossas sanhas.
Se quiser
Acontecer
Quebre essas correntes
Viva o amor. Amores são urgentes.
E venha quando quiser
Não tem hora de chegar
Chega a qualquer hora.
E viva essa emoção
Que é nosso amor.
Que sempre vai chegar
Trazer nosso brilho
Vai chegar
E tramar outros mares
Não consigo mais viver
E nunca mais quero.
Se saudade vem,
Amor jamais se importa
Deste amor quero viver
Vivendo só por te ter
Amor nunca farta
Vem, eu quero sempre te amar
Sim, isso jamais eu vou negar.
E quero mais amor pedir
Amando teu amor sem parar.
Amor sempre que me abrasa
Incendeia a casa
Sim, isso jamais eu vou negar...
X
Eu não quero mais solidão
Viver a plena emoção
O sabor divino, paixão...
Quero meu bem...
Esse amor que tanto amei
Que a vida trouxe
Matando essa solidão
Que sempre me deu prazer
Minha emoção
Floresce tão bela...
Diga-me como irei viver
Nem pensar.
Essa vida sem te ter...
X
Rodando sem divagar
Cansaço deixo pra trás
Rodando sem divagar
Dançando em volta da luz.
Amar não tem preço
Qualquer besteira
Vira paraíso...
Viajando no cometa
Cada estrela nascerá
Nova página...
Não vou temer desencontros
E deixar as tristezas voltarem.
Atarem meus braços também
Ter a sensação da vida
Com pavor.
Não quero mais isso
Nem sombra nem fumaça
Apenas a saudade
Se esfumaça...
Vivendo dia por dia
Com fé.
Quero estar bem melhor assim
Sem ter essas penumbras
Perto de mim.
Fechando o tempo, nublado.
Tramando sorriso rasgado.
Pedindo tua atenção.
Eu quero teu amor todo, enfim...
X
Parando na tua paisagem
Observando essas curvas todas.
Descobri que nessas miragens
Carinhos vêm em ondas, rodas...
Nas minhas incertas andanças
O que me impede? Timidez.
Eu não sou muito das cheganças
Fico aguardando a minha vez
Tenho medo das esperanças...
Nas cordas do meu violão
Asas feitas por esses fios.
Nos compassos dessa emoção
O rastro que sigo é tão vazio
Termina nesse mi bordão.
Sou nada além do que já quis
Nas entranhas deste sertão
Marcando o tempo, cicatriz,
Nas espreitas deste meu chão,
Quem sabe serei mais feliz?
O gosto de tanta amargura
No jiló da minha existência
Fazendo meu verso, brandura,
Amor passou ser coincidência
De tanta mansidão e ternura...
Fazendo com que mais pareça
As aparências sempre mudam
A vida me pregando peça
Nas horas que mais ajudam
O meu coração mais tropeça...
Portanto assim quero teu beijo
Escondido detrás da lua.
Se nada mais tenho, meu versejo
Teimosamente continua,
Te peço o prometido beijo...
X
Quero teu enlace
Rolando nos meus sonhos
Livre, sem disfarce,
Só para mim..
Olhando faca a face
Olhares se tocaram,
Amor enfim...
Amor já se dizia
Toda uma emoção
Plena fantasia
Sempre te quis
E de beijo em beijo
Acendendo o desejo
Me fazer feliz...
Já chegou,
Tomando toda a costa
Do nosso mar azul,
É tudo o que pedi
Fiquei mais nu...
Como se pudesse
Trazer de novo a vida
De sonhos e poemas
E dar a luz
Novas piracemas
Reproduzindo vida
Sem dor e cruz...
Abuso do amor
Em cada novo toque
Em cada nova noite
Mas sou feliz.
Amor tanto explode
E nada me segura
Sempre te quis...
E voltou
Tramando um novo filme
Tão gostoso de viver.
Sem ter adeus.
Meus sonhos são teus,
Quero te ter...
Na mão uma rosa
Quer a primavera
Os espinhos teima a rosa,
Mas deixa estar.
Espero a rosa
Sabe que desejo
E vai chegar
Trazendo a primavera
Trazendo uma esperança
Trazendo uma nova dança
Ser mais feliz
Amor traz perfume
Também traz lume
Que sempre quis...
X
Cantar amor, amor;
E soltar a voz...
Cantar nosso amor.
Que é manso e atroz.
Cantar amor, amor.
Os nossos desejos...
Cantar nossos beijos,
Cantar nosso amor...
Trazendo uma brisa
Levando a notícia
As ondas do rádio
Sinais e fogueira
Falando de amor
Em todos jornais
Nos barcos, nos cais.
Falar desse amor...
Falar sem ter medo
De tanto que é bom
Sem ter nem segredo
Amor dá o tom.
Nas ondas do rádio
Notícias, jornais.
Vivendo esse amor
Que é o nosso cais.
Cantar amor, amor,
Amor cirandeiro
Que foi mundo inteiro
Depressa voltou
Aos braços que quero
Amor verdadeiro
Que é manso, que é fero,
Meu amor primeiro...
Cantar amor, amada...
As bocas abertas
Janela fechada
Por sob as cobertas
Nas ondas do mar
Amor pede amar.
Amar pede cais
A paz que desejo...
Amor vai se rindo
Tramando brinquedos
Amor sem segredos
Vivendo de amar.
Eu quero teu mar.
Nas ondas, no cais.
Amor quero mais
Não canso de amar...
X
Nas tramas que me envolveste
Nos abraços da paixão,
Esperando meu cansaço
Vou vivendo uma ilusão
Sabendo que nosso amor
Já transborda em emoção.
Tudo o que quero na vida,
Nosso amor, a solução...
Mas nada do que se foi
Amanhã não posso ter
Depois de tanto sonhar,
Tanto amor para viver,
Eu encontro meu caminho
Nos teus braços me perder
Não quero mais solidão,
Em teu amor quero crer.
E vasculhando a gaveta
Onde deixei teu retrato,
Encontro tantas promessas
Tanto amor assim de fato
Se mostrando mais inteiro
Amor que é sempre insensato,
Vou mergulhar meu desejo
Nas águas do teu regato...
X
Ah! Fica aqui, comigo, amor...
Não suporto mais a dor
Se tu fores; solidão...
Eu peço nunca me abandones
Minhas noites são insones
Se perder essa ilusão...
Ah! Meu desejo é ser feliz,
Teu olhar tanto me diz
Desse amor que quero ter...
Eu quero tanto amor, querida,
Sem te ter; que vale a vida?
Sem te ter; melhor morrer...
Sim, como é bom viver contigo,
Eu preciso deste abrigo,
Que em teus braços sei que vem...
Eu quase nada sou sem ter
Teu amor para viver,
Sem te ter não sou ninguém...
Ah! Meu amor que é tão imenso,
No teu colo sempre penso,
Tanto quero teu querer.
Ah! Minhas noites tão vazias
Recordando aqueles dias
Não consigo te esquecer...
X
Dancemos.
A noite promete
A dança que sempre
Quisemos, sonhamos,
Vivemos e somos,
Danças e danações
Que tramam
Sonhos
Medos
E desejos...
Dancemos
Tantas alegrias
Na dança que sempre
Pedimos, torcemos,
Sofremos e temos
Danças e tentações
Que tramam
Sonhos
Segredos
E desejos...
Dancemos
Subimos muito além
Da dança que temos
Choramos, rodamos
Giramos, amamos,
Danças e expressões
Que tramam
Sonhos
Prazeres
E desejos...
Nossa dança
Danação
Tentação
Expressão
Do mais
Divino
Amor!
X
Nas ondas do teu carinho
Tantas praias e marés;
Mansas ondas, colo, ninho...
Teus seios e cafunés...
Nas ondas do teu desejo
Conchas abertas, carinho...
Doces conchas, boca, beijo...
Mansas ondas, colo, ninho...
Nas ondas do nosso mar,
Tantos alertas, tantos medos...
Conchas abertas, tanto amar...
Mansas ondas... Cafunés...
Seios, colos, o segredo
É nosso imenso amar...
X
Nós vamos pegar carona
Nesta estrela que ilumina
Toda nossa paisagem
Nesta noite toda clara.
Nessa rua tão deserta
Tanto amor já me desperta
Sem ninguém prá perturbar...
Tua boca molemente
No molejo dos quadris,
Nossa estrela de repente
Tanto amor, serei feliz...
A cabeça começando
Na tonteira mais gostosa
Toda a terra vai girando,
Serás sempre a minha rosa,
Na roda que tanto gira
Na rosa que está comigo.
Girando na roda a rosa,
Rodando sempre contigo
Minha rosa tão amada
Por certo despetalada
Despenteada, um perigo.
Dançando sem ter parada,
Dançando sem ter paragem.
Fazendo da madrugada
A nossa doce viagem
Procurando pela estrela
Que tanto amor já me deu.
Estrela da minha estrela
A tua estrela sou eu,
E tu és a minha estrela
Girando já se perdeu
O rumo e todos sentidos...
Nossos sonhos revividos
Nossos mundos bem vividos.
Estrela do nosso amor.
Boa estrela soberana.
Abrindo toda esperança
Trazendo na nossa dança
No girar do nosso amor.
O nosso melhor sabor...
X
Amor veio de longe
Um anjo lá do céu
Trazendo tanta luz
Aos pobres olhos meus...
Que buscam as estrelas
Esperam as estrelas
Dos doces olhos teus.
A vida vai passando
Sem nada mais dizer
Espero que tu venhas
Nos anjos, mas cadê?
Pressinto essa chegada
Chegada desta estrela
Chegada nesta estrela
Preciso te saber...
Escuto uma canção
Que fala de teu nome
Trazendo a mansa brisa
Quero ser teu homem...
E sinto que chegaste
De noite, nesta estrela.
Mas és a própria estrela
Teu brilho me consome...
Estrela que desejo
Que é anjo e me domina
Sempre que te vejo...
Sempre que te tenho
Sempre que me tomas
Nos braços, me alucina...
Estrela pequenina
Tu és a minha sina...
X
Navego meus desejos no teu mar.
Mar de tantas marés.
Caracóis, conchas, praias... E te amar.
Quente areia nos pés.
Navego meus saveiros no teu mar.
Mar de tantas marés.
Delícias de desejos e sereias...
Andando nas areias.
Navego os horizontes de teu mar.
Mar de infinitos sonhos...
Nas conchas e nas praias, tanto amar...
Navego meus caminhos no teu mar.
Mar de tantos desejos.
Areias prateadas ao luar...
Navego nossas ondas, nosso mar...
Amar demais, sonhar
Com raios de luar...
Nos cavalos marinhos,
Vou buscar a sereia
Em todos os carinhos
Deitar amor na areia...
Quem me ensinou este mar
Quem me ensinou a sereia
Nesta noite de luar
De tanto amar, lua cheia...
Vem meu sonho te buscar
Deitada na fina areia...
Entre caracóis, conchinhas;
Ondas, mares e desejos.
Em todas as noites minhas,
Molhar a boca de beijos...
Quem me ensinou este mar
Quem me ensinou a sereia
Nesta noite, vou te amar,
Neste luar, lua cheia...
Vou minha amada buscar
Deitá-la na fina areia..
X
Vencendo tantas estrelas
Tremores e sensações
Do vazio que, inerente,
Leva o sonho para o mar.
Meu mar de tantas tristezas...
Nas minhas recordações
Montado sobre esperança...
Nas escarpas e falésias
Nas estrelas que não voltam.
As asas estão quebradas
E nada mais representam
Com o peso do passado
Que carrego, vida inteira...
Sou tão somente essa sombra
Do que pensei ser feliz.
Misturado na penumbra
Fundindo-me com esta sombra
A luz escapa, aos poucos.
Revejo teu rosto, amada.
Pelas frestas da janela.
A neve cobre meus olhos,
A lua não mais viria?
A morte inda é promessa
Mas, aos poucos, arrebenta!
Na paz que jamais recebo
Eu percebo a solidão.
Mas os meus cantos são tristes
Existes em total não.
A vida adormecerá
Até que nada mais trague
A não ser o gosto amargo
Deste cansaço sem fim
Da noite que sempre vem
Do medo que sempre traz
Da ternura abandonada
Da seca no meu jardim.
E dos dias mais tristonhos
Vivendo plena saudade.
Esquecendo que esta noite
Talvez tecendo outra lua
Traga-me o meu canto em paz.
X
Carinho matinal
Tão doce quanto mel.
Tua boca estendida
No beijo prometido...
O canto da alvorada
Coberto de esperanças
Nossas mãos tateiam
Os caminhos de seda
Tanta suavidade
Maciez...
Amor, amor enreda,
Canto do amanhecer...
Novo canto, nosso sol,
No jardim, as rosas,
Paisagem desperta
Surge, ressuscitada.
Café posto na mesa,
Meus medos esquecidos
Meus olhos já raiando.
De tanto que cansados
Somos tanto, quase nada.
Apenas o que sonhamos.
E a brisa nunca pára
E o tempo nunca pára
A manhã se prepara
Para esse novo dia.
Quem sabe nosso.
Nosso novo dia
Em plena fantasia
Vivendo uma alegria
Quem sabe...
Nova melodia...
X
Sentindo mansos ventos
Queimando devagar.
Nos espinhos, rosas,
As pétalas, perfumes.
Sonhos desatados
Entre tantos ventos.
Que cantam mansamente.
Solidão...
Não quero tuas teias
Nem lembranças.
Só meu sonho liberto
De viver teu colo
Na tarde...
Amores que se vão nunca mais voltam
Disso eu sei e como...
Nos passos que percorrem meus ventos
Não posso me queixar
Do medo da verdade em plena brisa.
Não quero mais...
Mas quero amar
Em liberdade
Rodando a vida
Batendo coração
Sentindo teu perfume.
Rosa, teu perfume.
Perfume...
E as águas do mar
Emolduradas pela lua...
X
Vento do amor
Traz a saudade
De tantos dias
Velhas poesias.
Liberdade,
Olhares cheios
De ternura...
Da lua, a brandura,
Derramada nas árvores
Abraçando mansa
E estreitando os braços
Da esperança...
Vento do amor
Não mais vás.
Traz encanto
Desse tanto amor
Desse tanto amor...
Vento do amor...
Constelações. Astros...
Venha sobre meu rosto
Espalhe tantas luzes
Aurora...
Nos fantasmas
Dos amores
Que se perderam; frios.
Rodando nas estrelas
Morrendo coração.
Minha amada voltará
Nos ventos da manhã;
Vento do amor
Que sei virá
Vivo
Desse tanto amor
Desse tanto amor...
X
Eu quero o teu colo, morena.
Colo de tantas dores passadas
Em busca do grande amor.
Que não veio, nem virá...
A mão cansada de carinhos inúteis
Respondida por insensatez imponderável...
Eu quero o suor de teu corpo
Tantas vezes à toa, sem recompensas.
Sem as delícias que imaginavas
Que não vieram, nem virão...
O peito cansado de amores inúteis
Respondido pela ausência absoluta.
Eu quero o gosto de tua boca
Salgada das lágrimas do vazio.
Em busca do pleno, pleno amor.
Que não veio, nem virá...
A boca a esmo, esquecida no canto
Do quarto, ausente e distante...
Eu quero a maciez de teus seios
Exposto e escondido nas noites
Esquecidos aguardando os carinhos
Que não vieram, nem virão.
A nova camisola nunca reparada
Pelos olhos que se guardaram para si mesmos...
Eu quero um pássaro que traga
A morena que se foi no mesmo
Na mesmice, e na estupidez.
Deitada na cama que nunca acolhe
Ao lado da sombra do que foi.
Tantas vezes vazia em meio a tantas coisas.
Da beleza sofrida e marcada,
Realçando mais e mais os olhos,
A boca e a delícia da nova virgindade
E da nova esperança.
Guardada num canto
Da alma, esquecida...
Pelos amores que vieram e se foram
E jamais retornarão...
X
Distante do teu olhar
Na busca do que não vejo
Saudades do teu desejo
Que morreu em meio ao mar.
São tantas saudades tuas
Nas volúpias com que vinhas
Nas noites nossas tão minhas
Tuas carnes, duras, nuas.
Distante do teu olhar...
Como sofro tua ausência...
Não posso mais navegar
As ondas não vão voltar?
Vou pedindo por clemência...
Quero o gosto dessa boca
Nos lábios que não esqueço.
Sem teu amor envileço,
A vida passando, pouca...
Distante de teu olhar...
Esperando tua volta
A volta do meu amor
A minha alma já se solta
Do frio faz-se o calor...
No calor do teu olhar...
X
Do que fomos,
O que somos
Somas e senões
Embora no final da história
O que se pensa ser
Nem sempre alcanço.
Sou o viço que não veio
O vício que não teve
O contrário que não serve.
A metade não o meio
A saudade não o seio.
Receio de ser.
Aborto do que podia
E o dia não deixou.
O que sou não serei
Se o rei não fosse teu
E a rainha não morresse
Antes do xeque mate.
Falar de amor
Desse amor improvável
E impossível
Que é meta
Mas, poeta, não completo.
Quero o gesto manso de perdão
Vindo do improvável.
Do imponderável.
Do impossível.
Passivo de tantas dívidas e vidas.
Divididas entre o que fui
O que sonhei
E o que ficou pelo meio do caminho...
Falo de nós, dos nós e das nozes.
Da voz e dos vossos.
Do meu karma.
Arma e amor.
Amor...
Que falar de ti, que és e que sempre fostes.
Eu sou embuste.
Teus bustos reais
Reais e firmes
Assim como os sonhos
Que afirmo terei
Cada noite
Pensando em ti...
X
Amor que não temo
Não tremo e que teimo.
Se amo não vou
Se não amo sou
O que proclamo e queria.
Mais dia menos dia...
Poesia me mata
Nos teus braços, morena...
No que me concerne
Cerne e senso
Sou imerso
Vou imenso
Depressa para os teus braços
Raiar o dia
Acordar o dia
Morrer o dia
Vai dia
Vem dia
E nada mais.
Meu terço e prece
Obedece
A quem tece
Os meus olhos nos vazios...
Vagos olhos
Sem lagos
Sem magos,
Sem largos.
Amargos
Amágoas
Ama águas
Dos rios
Que me inundam
De teus braços
Tuas braças
Tuas rias...
O sino chama à promessa
Amor que nunca se meça
Se peça ou se partia.
Na mesma melodia
Que dia a dia
Vai dia
Vem dia
E tudo o mais.
Sou terço e sou metade
Sou o que há de
O que arde
E mesmo que tarde
Adormecerei nos teus braços
E cantarei o meu enorme amor.
Que não cabe nos teus braços
Não cabe nos abraços
Nem no mundo caberia.
Somente no nosso dia
Dia a dia...
Que nunca mais
Iria.
Jamais...
X
Falo sobre o nada que contenho
O nada ser
Nada sonhar
Nada viver
Nada amar
Nada mar
E pura areia...
Vi teu nome mesmo assim
Jogado nesta praia
Nas mais distantes certezas
Nas incertezas absolutas
E no meu medo do mar.
Menina que me incendeia
Tantas pegadas na areia
Desembocam no meu peito.
O cheiro desta manhã
O gosto dessa maçã
A vida toda vã
E meu não
Que não sonhara.
Pouco a pouco diluo
Meus sonhos nas tuas mãos...
Que não sabem o que fazem
Com meus restos e ritos
Meus medos e promessas
As horas que não viriam
No sonho que nunca veio
Falo sobre nós dois
O depois e o não sei quando.
Apenas sei.
Seios.
Serei, serei-os
E sereias
Nas areias onde passo
E procuro conchas
Conchas que trazem o mar.
Trazem as pegadas, a areia
E a certeza absoluta
De que eu sempre vou te amar.
X
Naquela noite eu dormia,
E nos sonhos pressentia
Amor que tanto pedi.
E com medo de acordar,
Não quis parar de sonhar,
Neste sonho me perdi.
No meu leito, adormecido,
Pensando no amor querido
Que sempre pensei ser minha,
Mas que nunca me tocara,
Apenas amor sonhara
Voando qual andorinha...
Como um luar recendendo
Meu amor foi crescendo
Perfume de linda flor
Que me deixa sequioso
Querendo esse amor gostoso,
Sentir o cheiro do amor...
Dormindo não me cansava
Toda noite imaginava
Como poderia ser
A tua respiração
Em meio a tanta emoção,
Em meio a tanto prazer...
Sonhei tanto em minha vida
Que te encontro aqui querida
Deitada no nosso abrigo...
Na cama que desejara
De tanto, amor eu sonhara,
Agora dormes comigo!
X
Amada, se tu quisesses,
No coração pleno em preces,
Falar da nossa paixão.
Dizer do nosso desejo,
Que se mostra em tanto beijo,
Invade meu coração!
Se pensar em nosso abrigo,
Desafiando o perigo;
No nosso tempo e amar,
Sabendo do forte vento
Que nos traz o sentimento,
Que transtorna todo o mar.
Nas horas todas perdidas,
Das dores já convertidas
No sorriso que te trago,
Sem penar por ter saudade,
Amando com liberdade,
Te pedindo um doce afago.
Morena como é tão belo
Um amor que sempre velo
E que espero nunca acabe.
Amor que tanto me dói,
Ao mesmo tempo constrói.
No meu destino já cabe...
Amor de noites dolentes
Dos desejos mais ardentes
Que me traz a fantasia,
Vivendo em pleno prazer,
Tão bom que chega a doer
Se explodindo em alegria!
X
O meu coração delira
Com as nossas fantasias
Se minha alma já suspira
Vivendo tais alegrias
Os meus sonhos mais ardentes
Esquecendo todo engano
Nos nossos jogos mais quentes
Amor que se mostra insano...
Todas as noites felinas,
Noites de tanto sonhar,
Minhas mãos peregrinas
Quero teu corpo buscar...
Meus dedos em descaminho,
No caminho se perder.
No teu seio fazem ninho,
Caçando tanto prazer...
E depois destes momentos,
Onde encontro nossos cios;
No soprar doce dos ventos,
Superando desafios...
Te quero, nunca neguei.
Eu sonho com teu amor.
Nos teus braços me entreguei,
Eu estou ao teu dispor!
X
Dourado sonho dominando tudo...
Os olhos esquecidos adormecem...
Nas horas mais doridas não esquecem
E deixam o meu dia quase mudo...
Não posso compreender, porém, contudo,
Que as noites que vieram se padecem
Dos sonhos que perdemos e enlouquecem
Fazendo um coração já tartamudo.
Nos braços que me entrego, em fantasia...
A vida me promete outro tesouro,
Estrela que ilumina trazendo ouro.
Amada minha estrela da alegria!
X
Tua beleza querida, tão amada.
Tu és minha esperança.
Alegras minha vida, tantos sonhos...
O bom desta lembrança.
Com teu carinho imenso, sou feliz...
Traz-me felicidade.
És meu sonho de alegria e de coragem...
Contigo; eternidade!
Meus caminhos transformas, paraíso...
Tuas mãos carinhosas.
Como é bom te ter perto de mim...
Teu perfume de rosas.
Encontro, em teu carinho, a solução;
Para essas dores tantas...
Tu és o renascer de minha aurora.
E tu sempre me encantas...
Amada, não permita que se acabe
O nosso belo sonho...
Viver felicidade, eternamente.
É isso que proponho.
X
Eu te amo tanto, querida
Pois tudo em ti traz encanto.
A vida é senda florida,
Eu te amo tanto..
O tempo todo parece
A beleza deste canto
Meu coração emudece.
Eu te amo tanto.
Quanta alegria que trago
Secando todo o meu pranto,
Quando o sinto o manso afago;
Eu te amo tanto...
Não deixe que tudo acabe,
Faça do amor nosso manto;
Pois tudo mundo já sabe:
Eu te amo tanto!
X
Dorme minha amada
Velo por teu sono,
Noite vai calada
No meu abandono...
Noite e madrugada...
Dorme assim querida
Como quero bem
Toda a minha vida
Procurei alguém.
Te amar, a saída...
Dorme tão silente
Que belo sorriso
Brilha, de repente
Puro paraíso.
Que me faz contente.
Dorme que eu te peço
Sonho que sonhei
Amor não impeço,
Nele mergulhei.
Sonho no teu sonho,
Sonho sem pedir
Agora é risonho,
Sonho te sentir.
Sinto teu sonhar
É tudo o que eu quis.
Sonhando te amar,
Eu sou mais feliz!
X
Quanto quer meu bem querer
Bem querer quanto me quer
Tanto quero te querer,
Será que ela inda me quer?
Tanto tempo que te quis
Se me queres já não sei
Só sei que tanto te fiz
Tanto fiz que nada sei.
Só sei que te quero bem
Bem querer, eu sou feliz,
De tanto quero meu bem,
Tanto tempo teu bem quis.
Querendo o que tanto quero
Te quero como te quis.
No canto do quero-quero
Meu querer fazendo bis.
Não mais quero quem não quer,
Bem querer que sempre quis.
Meu querer tanto te quer,
Sem querer, não sou feliz...
Quero o gosto do querer
No querer quero teu bem
Meu amor, meu bem querer.
Agora, comigo, vem...
X
Amor assim como o nosso
Que nos traz tanta alegria,
Que é feito em pura magia,
Que trama uma vida em paz.
Por onde quer que se vai,
Amor duma vida inteira,
Minha amada, companheira,
Não te esqueço assim, jamais!
Vivendo estas fantasias
Que impedem meu sofrimento,
Inibem qualquer tormento,
São as fontes dos desejos,
Amor que nunca se acabe
Nele cabe um coração
Que se inunda de paixão
E mata a sede nos beijos...
Nas auroras desta vida,
Amar é quase uma prece
É ternura que oferece
Quem ama ao ser amado,
É tanto sonho que tenho,
Desse imenso amor eu venho,
Deitar aqui do teu lado...
Minha amada me perdoa,
Se tantas vezes te chamo
Amor que tanto reclamo,
De amor assim demais,
Tudo o que tenho na vida,
Teu amor, minha querida,
E sempre pedindo mais...
X
Se eu tenho tanto amor para te dar,
Querida é bom sonhar...
Eu quero o teu carinho sem parar,
Ah! Como é bom te amar...
Te sinto aqui bem perto, venha cá,
Eu te prometo o mar;
Amor maior no mundo, sei, não há,
Dançamos ao luar...
Nas noites tão sozinho, quero estar,
Contigo, meu amor...
Decerto nos teus braços, encontrar,
O meu maior calor.
Sabendo meu amor como adorar,
Por onde quer que for,
Amor que em tanto tempo, fui busca...
Eu quero o teu carinho, para mim,
Eu sempre vou te amar,
Amor bem de mansinho, sem ter fim;
Pois venha me buscar.
Amor que tanto quis, amar assim,
É tão bom te encontrar.
Poder dizer querida, agora sim.
Amor que me ensinou a te adorar!
X
Como é bom saber de ti,
Como é doce te querer,
Quando o mar, longe, se esfuma,
Tanta coisa por dizer;
Vendo, amor tua beleza,
Digo adeus à dor, tristeza,
Meu amor, tenho a certeza,
Da alegria de viver.
Tanto tempo procurara
Pelos campos, bela flor;
Espinhos me torturaram,
A saudade deste amor...
Não posso mais ir sozinho,
Sem teu amor e carinho;
Ficando no meu cantinho,
Somente a tristeza e a dor...
Mas agora que te encontro,
Depois de tanto buscar,
Não quero mais a saudade,
Eu quero de novo o mar,
Que me traga tantos cantos,
De sereias e de encantos,
Acabando assim, os prantos;
Estando pronto pr’a amar!
X
Das terras estrangeiras o meu sonho!
Em forma de mulher encantadora
Das dores que carrego, redentora
De todos os caminhos, mais risonho.
Quem teve tanta dor, mundo medonho,
Já sabe que ao te ter a vida aflora
E jamais deixará quem tanto adora
Não quero mais saber e te proponho
Que vivas, do meu lado, o que me resta
Abrindo meu futuro. Na seresta
Onde sempre estivemos, par constante,
A nossa melodia nos levanta.
E com bela voz ,amor sempre me encanta...
Deixa-me ser, da vida, novo amante!
X
Temo
Que a minha saudade
Que a minha tristeza
Que a minha incerteza
Que a minha vontade
Se percam de ti.
Se eu buscasse meu sonho no céu
Se eu acredito ser muito feliz
Ou coloquei os meus sonhos ao léu.
Perdendo assim, sem rumo, minha vida...
Vejo
Teus olhos de sonho,
Tentando um cometa
Vivendo outro mundo,
Me perco de ti.
Se eu pudesse te dar as estrelas
Se eu pudesse fazer mais feliz,
Sonho fosse da forma que se quis,
Encontraria sol na nossa vida...
Se eu pudesse cantar nosso sonho,
Se eu pudesse ser bem mais feliz
Deitando assim contigo sob estrelas,
Vivendo mais em paz a nossa vida...
Venha
Te quero comigo,
Rodando na noite
Sem temer perigos
Na noite que quis
Nos meus braços dormindo depois
No meu sonho de ser tão feliz,
Vivendo nosso amor, sob as estrelas,
Ao léu, novo caminho em nossas vidas...
Sonho
Teu colo macio
O mundo que penso
Sem dor e sem frio
Ser, enfim, feliz...
X
Amor todo meu,
Quero aqui comigo,
Gosto desta boca
Que é paz e perigo
Traz felicidade
Mas que nega abrigo
Mostrando o caminho
Que tanto persigo
Vivendo esperança
No teu colo amigo
Na noite sozinha
Já tanto te instigo
No canto que faço
Vivendo contigo
Desperta alegria
Mas qual fantasia
Transtorna meu dia
Te quero comigo
Correndo o perigo
Neste mesmo abrigo
Que tanto persigo
No teu colo amigo
Se tanto te instigo,
É que estou contigo..
X
Os tempos felizes
Que tanto quisemos
Se nós nos perdemos
Por que nada dizes?
Te vejo cansada
E tramo novos dias
Em meu amor
Te quero a meu lado
Do jeito que for
Desejo um bocado
E chamo
Revivo
Te quero comigo
Meu mundo, meu fado,
E tanto te quero,
Venero, te espero
Assim recupero
Desejos sempre em paz
Desejos; quero mais...
Nos nossos pecados
Te tramo, te traço,
Te quero, te caço.
Esqueço da vida
Me gamo, é urgente
Desejo um bocado,
Em meu amor
Vivendo ao teu lado
Se preciso for
Desejo molhado
E chamo
Revivo...
Te quero deitada,
Insana, sedenta
Depois peço nada,
A vida arrebenta
E tanto te quero
Não quero, amor que é demais.
Mas como te quero
Desejos sempre em paz
Desejos, nunca mais...
X
Não quero nenhum silêncio
Dentro do meu coração.
Quero o canto desse amor
Quero o canto da esperança
Quero o canto sem temor;
Quero o canto mais feliz
Um canto acalentador
Que seja como se quis,
Que me traga nova dança...
Quero sabor mais tranqüilo
Do gosto de tua boca,
Que beijo tão calmamente
Trazendo tanta ternura
Que beijo mais ternamente
Trazendo minha alegria.
Um beijo assim, plenamente...
Que seja essa fantasia,
Que me traga uma ventura...
Quero prazer mais divino
Dos teus braços em meus braços,
No carinho tão sereno
Tramando tanto desejo.
Que me encante, sendo ameno,
Que me deixe mais macio,
Que não permita o veneno;
No gosto doce do cio,
Que seja tudo pra mim,
Um espelho onde me vejo...
X
Dorme minha querida
Espero o teu acordar.
Estarei aqui
Te esperei tanto
Tanto tanto tanto...
Nossa vida...
Dorme minha menina
Espero-te a cada dia,
Estarei aqui.
Meu acalanto
Tanto tanto tanto
Descortina...
Dorme assim minha amada
Toda nossa poesia..
Estarei aqui.
Secando o pranto
Tanto tanto tanto...
Madrugada...
X
Amor, destino
Caprichoso e tão menino
Traz conforto e desatino,
Faz roseira balançar.
Me descompensa
É muito mais que a gente pensa
Todo amor quer recompensa
Compensa recompensar.
Amor que inflama
Toda noite em minha cama
Fervilhando em nova trama
Faz a cama balançar.
Amor te quero
Eu por ti me regenero
Tanto amor que te venero
Tanto amor me faz gerar...
Amor sacana
Nossa vida se embanana
Se esse amor cedo me engana
Tenho ganas de esfolar.
Amor gemente
Toda noite, de repente,
Arrastando uma corrente
Faz a gente delirar...
Amor de fato
Eu guardei o teu retrato
Foi pro morro foi pro mato
Nesse trato quero estar.
De manhã cedo
Tanto amor, sem ter segredo,
Vou vivendo sem ter medo,
Nesse enredo vou ficar.
Amor de sonho
Um futuro tão risonho
Meu amor, a ti proponho;
Já me ponho, imaginar...
Amor que peço
Sem amor eu me despeço
Meu amor a ti confesso
Só me estresso sem amar...
Venha comigo
Perceber se tem perigo
Meu amor eu não consigo
Se te ligo quero estar.
Amor não corra
Se rodar feito piorra
Quero amor que me socorra
E não morra devagar.
Amor gigante
Te queria neste instante
Meu amor que se adiante
Neste instante namorar...
Amor salgado
Se ficar assim de lado,
Meu amor é bom bocado
Nosso estrado vai quebrar.
Te quero nua
Toda a vida continua
Nesse amor que se flutua
Onde a lua quer brilhar.
Amor marinho
Eu preciso do carinho
Meu amor não vou sozinho
Quero o ninho povoar.
Não falo nada
Vou seguindo minha amada
Toda noite e madrugada
Em cada cama cada olhar.
Amor meu verso
Procurando no universo
Tanto amor assim diverso
Que é o inverso de chorar...
X
De tanto amor que trago em minha vida,
Buscando nos teus braços, meu apoio.
Matando a solidão...
De tantos os desejos que proponho,
No sonho que contigo quero ter...
Aurora do prazer...
As asas vão lançadas ao espaço
No vôo mais feliz que me propus.
Rondando a madrugada...
O murmurar profundo, sem juízo,
Na nossa cama explode de prazer.
Restituindo a vida...
Não deixe que este amor seja vencido,
Nem quebre essa corrente que nos une.
É nossa garantia.
Matando a solidão, te quero tanto...
Aurora do prazer foi prometida
Rondado a madrugada, em nosso canto.
Restituindo a vida sem ter pranto.
É nossa garantia, sobrevida!
X
Eu amo a vida com seu braço amigo
Que sempre me amparou a cada queda...
Em todos os tormentos, meu abrigo.
O meu companheiro.
Eu tenho essa certeza aqui comigo,
A de que por pior que seja a queda;
Sempre amenizarás qualquer perigo.
É meu companheiro.
Nas lutas mais difíceis que persigo,
Amparas com teus braços, minha queda.
Eu sempre contarei assim contigo.
Meu bom companheiro...
Eu tenho essa certeza, e assim prossigo,
Sem temer nas montanhas, dura queda.
Nas noites mais geladas, meu abrigo.
É bom companheiro...
Mesmo nas tempestades, eu não ligo,
Por maior e mais triste seja a queda,
Eu tenho essa certeza, de um amigo.
Sempre companheiro!
X
Meus pensamentos giram pela noite
Na busca de teus olhos, minha amada,
E sinto que não vês
Eu quero o teu carinho sempre, sempre.
Eu quero o teu amor, nunca o neguei,
Eu serei teu, talvez?
Amor que tantas vezes me entristece
E tece em plena noite uma aventura.
Amor assim, demais...
Traçando pela vida, todo o rumo,
Nos beijos que me dá; toda a certeza:
Te quero mais e mais...
Andando pelas ruas, tão sozinho;
Nas luas e nos ventos, a saudade.
Amada és meu prazer.
Vestindo tantos sonhos com teu nome,
Caminho sem parar um só segundo.
Não quero te perder.
Mulher que sempre foi o meu desejo.
No beijo prometido, uma esperança;
Eu sempre te amarei.
Não vejo mais assim, outro destino,
Senão morrer nos braços tão amados
Que em ti, eu encontrei...
X
Em toda essa amizade que me dás
Em todos os momentos companheira
É tudo o que sonhei.
Em vão eu procurava pela paz,
Passando sem saber a vida inteira;
Agora te encontrei...
Amiga como é bom saber de ti,
Avanço sem sentir, meus pensamentos,
Enfrento o duro mar.
Tantas vezes, sozinho, me perdi,
Levado pela força desses ventos.
Agora, descansar...
Em tantas decepções, a vida marca,
A lua que me trouxe, me matou.
Deixando a cicatriz.
Mas já posso contar com nova barca,
Embora tanto sonho naufragado
Eu sei que sou feliz.
Em toda negra noite, a claridade,
Em todo dura sina, um novo lume,
Não sei mais solidão.
Sangrando o meu amor, plena saudade,
Restando em minha mão, doce perfume.
Da amiga, o coração!
X
Teus olhos querida
De tanto que quis
Valeram a vida
Por isso feliz
Procuro meu sonho
No olhar que me deste
Ao que me proponho
Amor que se preste
E que roda sem fim
Vivendo o que peço
Trazendo pra mim
Amor sem tropeço
Eu que durante tanto tempo fiz
Os meus versos pensando neste amor
Sei que sou apenas aprendiz
Que vive e mal cultiva sua dor
Que trama novamente uma esperança
De ver o novo dia clareando,
Sabendo que carrego na lembrança
O medo de seguir desencontrando
E peço tão somente uma certeza,
Viver com alegria o que me resta;
Trazendo pr’o meu mundo esta grandeza
Que faz com que se pense sempre em festa.
Na fantasia louca da paixão,
Mergulhar de cabeça e coração!
X
Não me diga mais adeus,
Nem me fale de saudade
Eu quero ser mais feliz.
Buscando nos olhos teus
Verdadeira claridade...
Não me diga que não devo
Procurar o teu caminho
Seguindo o teu rastro amor.
Tudo o que da vida levo,
Não deixa ser mais sozinho...
Eu quero o gosto da sorte
Sorvendo minha alegria
Tramando um canto, futuro.
Nosso amor me faz mais forte,
Se invade de poesia...
Nos teus seios o meu cais
Nos teus olhos meu farol
Tudo que te quero enfim,
Vivendo te amar demais
Esse amor, meu vivo sol!
X
Procuro pelo amor nestas estradas
Distantes e doridas de minha alma.
A luz que me ilumina e que me acalma
Responde que andará nas madrugadas...
Em vão, pergunto então às alvoradas,
Que fazem meu destino em cada palma,
Dizem-me que eu não perca nunca a calma
Nas tardes, talvez ache, ensolaradas.
Cansaço desta busca já me alcança;
A vida passa, o tempo sempre avança
E nada deste amor que prezo tanto!
Buscando em cada flor, na primavera,
Apenas sua face, vil quimera.
Procuro pelo amor... Só desencanto!
Pensara que não vinhas, desde outra era,
Te vejo aqui do lado. Te amo tanto!
X
Quando encontrei em ti tal formosura
Que sempre invade a vida, uma ternura;
Deixando o sentimento satisfeito
A vida se tornando menos bruta
Amar passando a ser total direito,
O canto da alegria já se escuta...
A luz de imenso brilho, tão precisa,
Num gesto mais tranqüilo, calma brisa...
No peito um batimento acelerado,
Quase se arrebentando num estouro.
Dizer deste momento apaixonado,
Amor é com certeza, o meu tesouro...
Não falha o pensamento mais preciso,
Que trama com certeza, um paraíso...
Eu sinto estar feliz por ser cativo,
Eu sinto uma alegria em forte chama;
Da dor que me ilumina, sempre vivo.
Amor que é redenção, tanto me inflama...
É força que comove e me sustém
Sem ele sobrevivo e sou ninguém
Sustento que me nega a refeição
É rumo que me perde e que redime.
É lastro que me traz elevação,
Demais tanto me salva e me deprime!
X
ONDE HOUVER FLORES, O PERFUME EXISTE;
ONDE HOUVER LUZ, EXISTE BRILHO E COR!
DO DESTERRO CRUEL, FUNÉRIO E TRISTE,
EMERGE O BELO, COMO NUM SOL-PÔR...
ONDE TUDO FENECE, SÓ RESISTE
O VELHO SONHO, QUE SE FEZ EM FLOR;
E TODO SOFRIMENTO SÓ PERSISTE
NO PEITO QUE SE FEZ MERECEDOR...
NO CHORO CONVULSIVO, SEMPRE VEJO,
COMO SE FRUTO FOSSE DO DESEJO,
UM MOMENTO FELIZ, LIVRE DE DOR;
E NOS MEUS ERROS, MESMO REPETIDOS,
NO ESPELHO DO DESTINO, REFLETIDOS,
VEJO O ROSTO SUBLIME DO SENHOR!
NESSES VERSOS QUE FIZ PROCURO VER
O BRILHO DO QUE FOMOS E SENTI.
DE TUDO QUE PENSEI PODER VIVER
SOMENTE O QUE SONHEI , E TE PERDI...
PERCEBO NOS TEUS OLHOS SEM QUERER
O MEDO QUE SINCERO ME ESQUECI,
O VENTO QUE TE TROUXE POSSO CRER
EM TOLOS SENTIMENTOS, LEDO, RI...
O GOSTO QUE PRESSINTO NO TEU BEIJO
ME FEZ DE TI REFÉM, DE TEU DESEJO.
REFEITO DESTES SONHOS QUERO O MUNDO.
VESTINDO MEUS SEGREDOS, SEM RECEIOS,
ENCONTRO NOS MEUS OLHOS,OS TEUS SEIOS.
MERGULHO SEM TEMER, E VOU PROFUNDO...
Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
Obs: Em nenhum dos dois sonetos foi utilizada a letra A
X
Ao ver-te tão bela, na praia sereia,
Sabendo que a noite trará nova lua
Correndo na praia brincando na areia,
Teu corpo me encanta, tão bela assim nua.
Não fujas sereia
Não fujas de mim.
Te dou lua cheia
Amor carmesim...
Na praia deserta correndo se agita
As ondas na areia, sereia tão minha.
O vento que canta, paixão tão bonita,
A noite incendeia a vida adivinha...
Não fujas sereia
Não fujas de mim
Te dou lua cheia
Amor grande assim...
Cabelo macio, vento te chamando
Na lua tão cheia, sereia me encanta.
Manhã tão bonita, teu nome clamando
A vida clareia nem a dor me espanta.
Não fujas sereia
Não fujas de mim
Te dou lua cheia
Todo amor enfim...
X
Minhas cores prediletas
No pincel que foi me dado
Me inspirando nos poetas
Invadindo o coração
Com as asas do meu sonho...
No teu corpo aqui, despido,
De tanto amor já sentido,
Dessa faminta emoção.
Eu quero o gosto macio
De poder viver teu cio
Em meio a tantas promessas
Das vidas que não teria
Desse amor que não sabia
E quem tampouco confessas.
Minhas noites, nossas festas
Nossos sonhos esperanças.
Dos alertas que me emprestas
Do gosto de nossas danças
Das nossas velhas lembranças
Alcançando um novo mundo
De sentido mais divino
Desse amor que é mais profundo
Onde ondeia o peito meu
Nos versos que dediquei
A mando de quem queria
Vivendo toda a poesia
Que se traduz alegria.
E que faz desse meu canto
Prenúncio de uma união
Arrebata o coração
Levando-me para os braços
Da mulher que sempre quis.
Falando assim bem baixinho
Passarinho achando o ninho
Agora canta feliz!
X
Caminhando em verde prado
Em busca de puras fontes
Em sua alma luz primária
Com cheiro de mato fresco.
A terra toda molhada
Olhando para o jamais
Um lagarto passa ao longe.
Uma abelha incomodando,
A formiga se aproxima.
Vento tramando chuva.
Casamento prometido
As coxas morenas, duras...
As águas mansas do rio
Os banhos na cachoeira
Rebanhos soltos, esterco.
Na sombra depois de tudo,
O canto esparso do pássaro.
A terra foi fecundada
Sementes brotando. Sexo.
O desejo é inerente;
Casamento traz a festa,
Fresta da janela, lua...
Olhos espiam nudez...
O vento da noite, estrelas.
O canto distante... Sonho.
A boca aberta espreitando
O fogo desta fogueira
Carnes em conjunção...
Inda bem que tempo passa.
Passa tempo, tempo e vida.
Na coxa roliça, os olhos...
Na boca, lábios carnudos.
Campeiam tantos desejos.
A vaca mugindo, o cio.
Calor que nada serena.
Sereno da noite vem
Traz o gosto do moreno
Traz o jeito desta lua
Que invade e deita-se nua
Num reboliço suave.
Penetra cada centímetro
Com esmero e insensatez.
Pelas pernas entreabertas
Os raios da clara lua.
Os olhos quase fechados.
A lembrança nunca sai
Do gado solto no pasto.
Do lado de fora, a fresta
Permite que se sacie
O desejo mais audaz.
E a vida continuando.
Procurando o paraíso...
X
Nas nossas noites de amor
Em plena felicidade
Buscando por onde for
Nesta vida, claridade...
Sabendo que tanto amor
Só vale se for verdade...
Quero deixar meu viver
Nos teus braços minha amada.
Cansado deste sofrer,
Seguindo por esta estrada
Cuja estrela quero ter
Sem teu amor eu sou nada...
Amor é trama divina
Que nos traz o sofrimento.
Venha aqui minha menina
Esquece do esquecimento
Amor cedo me alucina,
Depois se vai. Leva o vento...
Amor que tanto maltrata
Também me traz aliança
Amor descendo a cascata
Brincando que nem criança
Amor demais não me mata,
Fica na minha lembrança...
Escrevi teu nome a giz
No quadro negro da sorte.
Aguardei ser mais feliz,
Ficando assim bem mais forte,
De amores sou aprendiz,
E matei a minha morte.
Agora que estou contigo
Nessa estrada sem destino.
Não vejo nenhum perigo
O meu medo eu já domino
Então venha aqui comigo,
Belo sonho de menino!
X
Eu te vejo sentada sobre as pedras
As pedras que levavam para o mar
No mar que tantas trevas prometia.
Prometias viver amor demais.
Demais pensei que a sorte não seria.
Seria tão somente uma saudade;
Saudade de quem fora e não voltara
Voltaram minhas dores, sem piedade...
Mas sinto que tu chegas de repente
E sinto que te tenho aqui de novo,
Renovo tantos votos e promessas
Remessas de sonhos que perdera.
Nas pedras do caminho que trouxeram
Os dias de saudades que sentira.
Agora que te tenho novamente.
A mente se renova e fortalece.
E tece cada noite mais um sonho,
E trama a cada noite uma esperança.
Viver tão bela vida me proponho,
Não tiro teu olhar mais da lembrança.
Meu mundo se promete mais risonho
A vida nova vida já me alcança
E quero nosso amor, pura emoção,
Que traz e que devora o coração...
X
Tantas vezes, embalde procurei
Nos sonhos que queimavam minhas noites.
Nos versos que teimava em declamar
Nas ondas tão distantes deste mar.
Na boca sensual desta morena
Que pena, tantas penas tanto tinha
Que sei que não serei o que queria
Na noite que tentava, morre o dia.
E vejo, calejado desta vida
Ávida cercania que corteja
A boca que não veio nem viria
O tempo que perdi, em fantasia...
E calo por saber que não me cabe
No colo da morena que pensava
Que pena que essa deusa me mentia.
O mundo tanta pena valeria...
Mas rio do que rio foi regato
Se rio nada sério, nada somo.
Me assomo com o verso que faria
Reverso da medalha que temia.
E vejo, tão moleque o que não mói.
E sinto o que o reboque não levou.
Amor que para ti foi poesia,
Morreu nesta incerteza que mentia...
Mas sinto que virá nova tormenta
Em forma de outras coxas, pernas braços...
Depois de tanto amar, amei Maria,
No mar que me inundou, sem poesia...
X
Depois dessas noites frias
De tão frias e vazias
Tão vazias não sabias
De toda minha emoção
Buscando amor por encanto
Tanto quanto como um manto
Que protegesse do pranto
Que não matasse ilusão...
Depois de tanto sofrer
Muita vida percorrer
Sem meu destino saber
Procurando a solução
Que nunca pensei tão perto
Miragem no meu deserto
O meu sonho descoberto...
Sem segredo e sem perdão
Nossas matas, selvas, flores
As seivas desses amores
Sem saber mais de pudores
Explodindo em tentação.
Em tantas loucas torrentes
Descendo pelas correntes
Para inveja dessas gentes
Distantes, sem salvação.
Nosso amor é nossa sorte
É nosso rumo, meu norte,
Amor assim é tão forte
Suporta qualquer tufão.
É verso que te versejo
É tanto que te desejo
Em cada canto te vejo,
Rastreio nesta amplidão...
Um dia, talvez quem sabe
De não tanto amor que não cabe
Amor que nunca se acabe
Determine uma explosão.
De tanto que quis amar
De tanto te desejar
Nosso amor invada o mar
E alague todo o sertão!
X
Tu és o meu desejo mais profundo,
O mar que tantas vezes procurei
Nos sonhos mais dourados que já tive
Nas ânsias mais divinas que busquei.
Tu és esse meu canto mais sonhado
A lua que de noite eu esperava.
No brilho mais bonito que encontrei
Certeza de que a vida iluminava...
Tu és a benfazeja melodia
Que escuto toda noite no meu quarto
Na chama que incendeia minha vida
Amor de quem jamais estarei farto.
Tu és o solo firme que queria
Nas duras caminhadas sem destino
Em meio a tantas urzes, maus espinhos,
Certeza de sorriso cristalino...
Tu és a mansa rede em que me deito
Depois de tanto tempo assim cansado
Tu és, querida, o grito que soltei,
Nascido deste peito enamorado...
Tu és a rosa bela em meu jardim,
Com pétalas brilhosas, perfumada.
A Deus eu agradeço todo dia,
O fato de te ter ó minha amada...
Tu és o canto livre de esperança
A dança que queria sem temor.
Eu contigo aprendi ser mais feliz,
Eu conheci, querida, o que é amor!
X
Te vendo tão bonita e graciosa
Sentada nesse bar defronte a mim.
Começo imaginar tantas palavras
Que possam declamar amor, enfim...
Tomando esse conhaque me encorajo
E passo a te falar coisas de amor...
Faço até poesia...
Decerto não percebes a presença
Sem graça, de um poeta improvisado
Que tenta imaginar versos bonitos.
No quinto ou sexto gole, embriagado,
Irei cantar assim sem ter mais medo,
E subo nessa mesa, moça bela.
Faço até cantoria...
Sinto minha cabeça fervilhando
Em versos que jamais imaginei
Falando de promessas que não fiz
No sonho deste amor, escancarei.
E peço mais conhaque, dá coragem.
Aprendo a declamar versos de amor.
E faço poesia...
Os versos que te fiz
Na mesa deste bar
São versos de aprendiz
Em poesia, amar.
Na noite que promete
Imersa em fantasia
Tanta beleza remete
Aos sonhos de alegria.
Eu perco até meu medo
Da vida que trazia,
E tento um arremedo
Matando a poesia.
A culpa é dessa lua
De todo esse conhaque,
Essa alma que flutua
Do poeta de araque,
Te pede um só momento
Rainha da beleza,
Acabe esse tormento
Olhe pr’a minha mesa...
X
Não temo esse deserto
Que traz a solidão
De tudo estou bem certo
Mais forte essa emoção
Que traz teu braço amigo
É bom estar contigo...
Amigo, tantas vezes nossa vida
Nos trama tais tristezas que maltratam.
Sabendo ser demais, alma perdida,
Por vezes nossos sonhos não retratam.
E fazem cada dia dolorido
Como fosse um castigo a ser cumprido...
Na areia em tempestade
Os ventos nos queimando.
Findada a claridade
O tempo vai passando
Não resta nem bonança
Sequer uma esperança...
Porém quando pressinto este final,
Recorro ao meu amigo sem ter medo.
Vencendo sem ter dúvidas, o mal,
No braço camarada, o bom segredo
Que faz com que destino seja manso.
Renovo uma alegria. A paz alcanço!
X
Esse amor insensato que me move
Comove com carinho e com prazer
Viver sem teu amor não posso mais
Demais amor assim. Vou me perder...
Prender-me em teus laços, sem ter medo,
Segredos e carícias que trocamos.
Amamos nosso amor assim somente,
Semente do futuro que sonhamos...
Atamos nossos rumos e destinos.
Sem tino caminhamos pelas ruas;
Flutuas nos teus passos, cara amada,
Cercada por estrelas, tantas luas...
Vais nua no corcel que desejaste
Sonhaste com amor que sempre tive.
Estive em teus momentos de ilusão
Numa emoção que nunca, em mim, contive...
E vive nosso amor em cada dia
Na poesia viva, puro encanto,
Teu manto me recobre e me traz paz,
Capaz de terminar todo o meu pranto.
Se tanto amor nós temos; pois, querida;
Na lida por um mundo bem melhor,
Decoro meu amor no teu desejo
E vejo nosso amor, meu bem maior!
X
Amiga destes sonhos
Dos bons e mais risonhos
Até nos mais medonhos
Momentos desta vida
Encontro teu carinho
Se não vou mais sozinho
Meu peito faz o ninho
No teu amor, querida...
Amiga como é bom
Trazer um novo tom
Saber do belo dom
Dessa boa amizade
Que brilha no meu céu
Deitada em meu dossel
A dor cobre com véu
E traz a claridade...
Amiga companheira,
Contigo a vida inteira
Na luta derradeira
Procura pela paz
Amor que é tão sincero
O teu colo eu espero
Do amor, amor que gero
Eu sei que sou capaz...
Eu sinto teu afago
Na mansidão de um lago
No teu caminho, mago,
E rogo pela vida.
Luta desesperada
Por tanto amor banhada
Sem temer quase nada.
Amiga tão querida..
X
Depois de tanto tempo sem ter rumo
Sem nexo sem saber se quero ter
Amor que nunca mais me deu notícias
Não quero mais perder...
No tempo que vivemos nosso caso,
No ocaso sem acaso e sem perdão,
A lágrima vertida foi-se embora
Restou o coração...
O vento que agitava seus cabelos,
Partiu sem piedade e te deixou.
Agora sei que estás assim sozinha,
O vento me contou...
Por isso meu amor não fale nada
Só quero te fazer muito feliz...
Espere chegarei bem de mansinho.
Do jeito que se quis...
Eu trago um coração apaixonado
Marcado pelas garras da saudade.
Eu sinto que por fim vamos viver
Total felicidade.
E quero que me entenda, não maltrato
Amor que sempre foi a minha vida
Que bom que posso estar assim do lado
Da mulher tão querida...
Eu venho como o vento em teus cabelos,
No brilho desta lua que te adora.
Eu sinto que serei mais verdadeiro,
Amar nunca tem hora...
E vamos percorrer nossas estradas,
Unidos pelo amor que sempre insiste.
Sabendo que no fundo, o paraíso.
No nosso amor, existe!
X
Andando tão sozinho pelas ruas
Sem ter sequer um canto, sem descanso.
Já me desesperando, sem ninguém...
Onde está meu grande bem?
Sorrindo falsamente, quase choro.
Vagando bar em bar, quero teu colo.
Mas nada do que quis, a noite trouxe.
Onde estás meu grande bem?
Nos vales e nos campos, sem ter flores,
Amores esquecidos nestas ruas.
Em todos os cigarros, nada veio...
Onde estás meu grande bem?
Passam-se tantos dias, nada mais...
A noite me exilando, sou saudade.
Agora a vida não permite mais ter paz...
Onde estás meu grande bem?
Encontro tua sombra em cada passo,
Penumbras me invadindo, sem sentido.
Onde estás meu amor, meu grande bem?
X
Querida, teu amor é como inverno
Que gela e que maltrata, nada faz;
Mas quero teu amor do mesmo jeito;
Perco-me sem amor, sou incapaz...
Vivendo essa miragem no deserto,
Distante do que sempre desejei.
Na mansidão demais, eu já me escondo,
De tanto que em batalhas me criei.
Eu quero ter remanso, mas nem tanto,
Eu quero ter amor em convulsão.
A brisa que trouxeste nem me move
Preciso descobrir uma paixão...
Em versos que te faço, calmaria,
No canto que te peço, tempestade.
Eu quero uma emoção para viver,
Cansei de tão pequena claridade...
Eu quero também festa e muita dança
Amor feito uma avenca não me atrai.
Da noite que este amor não se despenca
Quem sabe, de repente, a ficha cai.
E vamos pelas praças sem ter medo
Sabendo que uma noite não é nada,
Depois de tantas horas no marasmo,
Romper, bebendo o sol, numa alvorada...
Correr nossa nudez, deserta praia,
Brincar com estas ondas sem juízo...
Viver sem saber nunca quantas horas,
Voltar, partir, chegar sem ter aviso...
Assim sem compromisso sem ter pena
Lambendo a tempestade com carinho.
Talvez o nosso amor se recupere,
E rompe tal gaiola, passarinho...
As asas que cometo são meus guias.
Em tanta insensatez, amor liberto.
Não será mais apenas um retrato
Dessa miragem morta no deserto!
X
Quando terei descanso nesta vida?
Sorrindo e bendizendo mesmo a dor,
Tantas angústias formam o meu canto,
Meu canto sem encanto, tanto amor...
Depois de ter buscado nas montanhas
O gosto deste amor, meu esplendor.
Depois de ter seguido puro espanto,
Meu canto quer encanto, o teu amor...
Mas nada do que sonho, pude ter;
Vivendo em pleno frio, sem calor.
Na luta pela vida me agiganto
Meu canto pede encanto, o nosso amor...
E sinto que talvez por tanto quanto
Amei amar demais, com tanto ardor,
No canto tão vazio, um doce manto,
O canto que cantei, por tanto amor...
X
Minha vida sozinha se passa
Nos meus versos que canto sem fim
Vou passando meu mundo sozinho
Só saudades restaram em mim.
Mas eu quero teu sonho comigo
Sem temer nem as dores nem frio.
Se vieres amor sou feliz,
Coração não será mais vazio...
Nas auroras que espero querida,
No desejo mais forte de paz.
Das roseiras cortei os espinhos
Toda noite alegria nos traz.
Das janelas abertas do peito.
Nossas flores brotaram tão belas.
Nosso amor que pediu liberdade
Nessas tantas belezas revelas...
Eu adoro te amar, não o nego.
Teu amor assim tudo o que quis.
Nos meus braços, um sonho carrego,
Em seus braços viver mais feliz!
X
Eu quero teu canto, teu rosto molhado,
Amor sem cuidado, que tanto maltrata,
Vivendo esse sonho, sabendo de ti.
Percorro sem medo, qualquer densa mata.
Na brisa da aurora meus versos te faço
Amor nem disfarço, sou somente teu,
Quem vinha da noite sabia dos sonhos,
Da fada divina, que amor já me deu.
Eu quero essa bruma, que sempre me esconde
Amor sei aonde buscar teu encanto,
Vivendo sem medo, sabendo de tudo,
Amor não me iludo, te quero, amor, tanto...
Não bastam palavras, os olhos te caçam,
Na luz esfumaçam e seguem caminho,
Ouvindo meu canto pedindo teu colo.
Amor com certeza não sou mais sozinho.
Eu quero uma noite de tanta alegria
Doce fantasia sem medo sem nada
Que traga somente com toda a beleza
A mulher que quero, por mim tão amada...
X
Na areia que quebra tal onda tão forte
Mudando uma sorte que teima em lutar
Na lua que brilha meu rumo se perde
Amor sempre pede, deseja esse mar.
Ouvi o teu nome trazido no vento
Tanto sentimento quero te contar.
Não tenha mais medo, recebo teu beijo;
Com todo o desejo, querendo te amar.
Na areia da praia, ventos e saudade
Amor de verdade, nem sempre eu achei.
Eu quis claridade, na noite que veio,
Com todo o receio, já te procurei.
Sabia que vinhas na noite mais bela,
Trazendo uma estrela na frente qual guia,
Toda a fantasia rebenta no mar.
Amor que me traz toda essa alegria...
Eu sinto teu toque na noite que sonho
Amor te proponho não mais me deixar,
Vivendo essa sorte, de amor que é mais forte.
Contigo querida, já sei como amar!
X
Estrelas que encontrei, enamoradas,
Por vezes se entranhando no meu quarto.
Vasculham cada canto, nas gavetas,
Se riem me mostrando o meu retrato.
Estrelas radiosas que se adoram,
Se adornam deste lume que demonstram.
Trazendo uma alegria sem igual,
Aos poucos do meu lado já se encostam.
Incrustam seus desejos, rasgam tudo.
Lençóis e travesseiros vão ao chão.
Nos gritos e nas manhas irradiam,
Espalham ecos loucos, gozos, som...
Estrelas são sedentas queimam tanto,
Nas brasas e nos jogos mais audazes.
Sorrio dos brinquedos de criança
Nos beijos que se trocam, luminosas...
X
Quando de tarde sinto a mansa brisa,
Trazendo uma saudade do que tive
O vento que escorria no arvoredo
Contando para o ar nosso segredo,
Eu me lembro de você...
Quando a noite se chega, devagar,
Trazendo tanto frio que me gela.
A lua enamorada em seu queixume
Reclama nosso amor, tanto, ciúme...
Eu me lembro de você...
E quando a madrugada vem surgida
Promessas de uma aurora maviosa,
Os raios da manhã, belos, clareiam.
O mar, esse horizonte se incendeiam,
Eu me lembro de você...
Quando a manhã trazendo o forte sol,
Que queima e que me abrasa sem parar.
Deitado nessa areia, bronzeando,
Tomando toda terra, deslumbrando...
Eu me lembro de você.
Eu me lembro de você
Na tarde, na manhã, na madrugada;
A procuro mas cadê?
Me fale quem souber de minha amada!
X
Meu amor é tão gostoso.
Tão formoso
Como quero a minha amada.
U’a mulher maravilhosa
Uma rosa
No meu jardim, orvalhada...
Cada vez que penso nela
Ela é bela
O meu coração dispara.
Esta mulher tão bonita
Que me agita
É pedra divinal, rara...
Todo vez que sonho assim,
Não tem fim.
Amor que sempre desejo.
Traz tanta felicidade
E saudade
Da delícia deste beijo...
Meu amor é meu encanto
É meu canto
Que me dominou inteiro.
Teu carinho tanto quero
Te venero
O meu amor verdadeiro...
Toda vez que nela falo,
Não me calo.
Vivo sempre a repetir.
Tem o perfume das flores
Tantas cores
Estrela sempre a luzir.
Minha amada estou aqui,
Sempre aqui.
Esperando o teu carinho.
Tanto beijo que te dei,
Eu sonhei.
Já não sonho mais sozinho!
X
Amiga, antes do sol romper seus raios,
Forjando essa dourada aurora amada.
Te quero aqui.
Sabendo dos caminhos mais salgados,
Sabendo dos teus sonhos imprecisos.
Te quero aqui.
Amiga antes que a dor já te arrebente,
Antes que o mundo seja mais cruel.
Te quero aqui.
Meus versos são palavras sem sentido
Se, por acaso, amiga; não vieres.
Te quero aqui.
Te quero aqui, querida companheira
Por certo eu poderei te dar abrigo.
Te quero aqui.
Não deixe tantos sonhos pra depois
A vida sempre traz uma saída.
Te quero aqui.
Não pense em desistir, portanto lute.
A luta sempre vale qualquer pena.
Te espero, amiga...
X
Não se ria do amor que tanto tenho,
Espero que não sejas tão ingrata.
Sozinho já passei por tanta dor
Amada, se não queres, já maltrata...
Sou feito de ilusões que um dia foram
Deixando um simples resto que não sabe
Viver sem ter ninguém, a dor consome,
Não deixe que esse amor, um dia, acabe...
As noites que sonhei, flores pisadas,
Guardadas nas lembranças, doloridas.
Nas horas mais difíceis que passei,
Sonhando te encontrar. Com nossas vidas...
Por isso meu amor, me leve a sério,
Eu tenho esse carinho pra te dar,
Os nossos passos quero, com afinco,
Viver intensamente, o que é amar...
X
Minha amada é tão formosa
Como a lua fascinante
Em teu perfume de rosa
Teu brilho mais faiscante
Minha vida anda orgulhosa
Dessa mulher deslumbrante
Com justiça tão vaidosa
Da beleza cintilante
Vivendo tão melindrosa
A minha rosa elegante...
Que nasceu no jardim do pensamento
Domina meu amor, meu sentimento...
Domina meu amor...
Em toda esta certeza sem temor.
Nascida no jardim
Eu quero teu amor só para mim...
E danço em nossa dança
E sonho em nosso sonho
A noite que se avança
Meu sonho mais risonho
E ponho meu desejo
Montado em teu corcel
Vivendo cada beijo
Entregue no teu céu.
E danço em nossa dança, meu amor...
E sonho em nosso sonho, sem temor...
A noite que se avança em sentimento.
Meu sonho mais risonho, pensamento.
E ponho meu desejo em pensamento
Montado em teu corcel, vou sem temor.
Vivendo cada beijo, um sentimento
Entregue no teu céu, ah! Meu amor!
X
Amor que me ilumina
Fazendo desta vida, eternidade
Traçando tais perfumes, rica mina.
Transtorna assim qualquer serenidade
Invade minha vida em esplendor
Refaz meu pensamento. Salvador!
Amor tão peregrino
Sem ter descanso algum meu coração
Imerso nos delírios de um menino,
Lutando por, quem sabe, uma ilusão,
Das sendas mais doridas e mais belas...
Nascendo sob a luz destas estrelas....
Na aurora cristalina
Nas luzes mais divinas, fluorescentes,
Estrela dos meus sonhos, vespertina.
Deitada em minha cama, range os dentes
E explode em mil desejos fogo imenso
Somente eu teu amor, eu tanto penso...
X
Quando te vi, querida, em plena fantasia;
Teus olhos conquistaram
E tudo dominaram...
Fazendo um velho sonho realidade
Rodando em meus desejos, os amores...
Te quero tanto
Tanto esse encanto
Que posso assim chamar: felicidade!
Quando te vi querida, uma alegria
Tomando tudo
Eu fiquei mudo
Imerso nos teus braços, tão divinos...
Paralisado em meio a tal delírio...
Me arrebataste
Me dominaste
Sou vítima dos olhos cristalinos...
Quanto te vi, teus seios, belos seios...
Doce delícia
Pura malícia
Nos carinhos que sempre desejara
Na noite de prazer, rara e tão bela
Me conquistaste
E me tomaste
É tudo, meu amor, que mais sonhara...
Quando te vi, rolando em minha cama.
Beleza nua
Boca tão crua
Desvenda meus segredos mais contidos.
Percorre meus caminhos, nossas mãos...
Tão bem talhadas
Fanatizadas
Descobrem os prazeres escondidos...
E sinto que serei bem mais feliz
Amada lua
Se perpetua
Amor que nunca mais se acabará
Nas puras emoções audaciosas,
Imaginadas
Concretizadas
Na cama, as sedições maravilhosas...
X
Nos braços da amada noite
Como é bom poder lembrar
Dos teus beijos tão queridos.
Vontade de te encontrar.
Matar saudade do encanto
De ouvir o teu belo canto
Deste amor que quero tanto
E que sempre eu hei de amar...
Morena bela, mineira,
Que sempre vive no sonho
No sonho de ser feliz,
No barco que te proponho
Desta mulher majestosa
Com seu perfume de rosa
Tão bonita e tão formosa,
No meu mundo mais risonho...
Quem fora tão solitário
Sem tristeza e sem amor,
Vivendo somente a esmo.
Aguardando o salvador
Carinho de quem se quis
Aprender a ser feliz
Roubar um novo matiz
Dum jardim pleno de flor..
Quem fora sempre sozinho
Trazendo esses amargores
Neste poço de saudades
Mergulhado em tantas dores
Sem saber contentamento
Vivendo sem sentimento
Mal suportando o tormento
Imerge nos teus amores...
E segue por essa vida
Tendo amor, felicidade,
Sem temer mais a tristeza
Sem suspiros de saudade
Que tanto me torturara
Que tanto me maltratara
Sabendo da jóia rara
Poder amar de verdade!
X
Nos mares mais profundos, tantas mágoas.
Rolando sem destino, perco as algas...
Desejo teu carinho, nossos lagos
De calma e mansidão, estão perdidos.
Vencido pelos medos sem demora.
Agora não estreito mais teus braços.
Dos laços que sonhamos, pouco resta.
A festa prometida nunca vinha.
Se tinha tantos medos, meu amor;
No andor de nossos sonhos prometidos
Os dias mais doridos, nossos dias,
Em plenas fantasias se perderam...
Arderam nossos sonhos mais sinceros
Esmeros esmorecem mas persisto.
Insisto neste amor que tanto temo,
Mas sei que encontrarei ao fim da tarde.
Ardendo o coração quase sem paz
Capaz de ser feliz nos braços teus.
Adeus já não permito nem consinto.
E teço nova tela de ilusão,
Te peço, meu amor, teu coração.
E partiremos soltos pela noite...
X
Com teu amor querida
Sonhei na mocidade
Busquei por toda a vida
Em toda a imensidade
Agora que te encontro ao lado meu
Meus sonhos transformados em reais.
Recebo em teus carinhos meus desejos
E passo minhas noites nos teus braços...
Com tanto amor que tenho
Amor que não termina
Nesses meus versos venho
Encontrar minha sina...
A sina de te ter aqui deitada
Sonhando o mesmo sonho que sonhei
Vivendo a mesma vida que propus
Na cama em que fizemos tanto amor...
Tu sempre foste a luz
Que tanto imaginara
No espelho reproduz
Tua beleza rara...
E vejo que estou certo em te querer
E vejo que acertei neste meu sonho
E vejo que contigo eu aprendi
Nos teus braços, certeza deste amor!
X
Eu amo teu sorriso, minha amada;
Certeza tão serena do descanso.
Em tantas tempestades, calmaria.
Trazendo a sensação de bom remanso.
Eu amo tanto...
Eu amo tuas mãos tão delicadas,
Certeza de carinho no depois;
Em tantas desventuras, meu abrigo;
Trazendo esse prazer para nós dois...
Eu amo tanto...
Eu amo teu olhar tão envolvente
Certeza deste brilho que procuro.
Em tantas incertezas pela vida,
Trazendo tanta luz, findando escuro...
Eu amo tanto...
Eu amo estes teus seios, meu regaço;
Certeza tão divina de acalanto.
Em tantos vendavais, meu manso porto,
Trazendo em doce gosto, meu encanto...
Eu amo tanto...
Eu amo tanto amor que vejo em ti.
Certeza de viver felicidade.
Em tantas ilusões que já passei.
Trazendo a sensação duma verdade!
Eu amo tanto...
X
Saber do diamante da amizade
Que sempre nos trará tanta riqueza.
Disso nunca se esquive.
Saber dessa importância para a vida
Trazendo a garantia dum apoio.
Nela se sobrevive.
Saber dessa importância da amizade
Que sempre nos ajuda a caminhar.
Uma força inerente.
Saber do diamante desta vida
Riqueza que garante sem cobranças.
Nos salva, de repente...
Numa alma triste sofrida
Depois de tanto penar,
Depois que se viu perdida,
Depois de tanto lutar.
Contra tanta tempestade
Contra a força da paixão
Já perdendo a liberdade
Já matando uma ilusão.
Procurando a claridade
No meio da escuridão.
Tudo o que resta, amizade;
Fortaleza – coração!
X
Nessa noite tão bela, a lua mansa,
Riacho prateado segue o rumo
Ininterruptamente para o mar.
Da vida quero o gomo e quero o sumo.
Pirilampos passeiam os seus lumes.
Os orvalhos beijando cada planta,
Falenas vão buscando suas luzes.
Um grilo apaixonado, ao longe, canta.
Nos mantos desta noite, meu amor.
Deitada sob a lua bronze e prata.
A brisa inebriante tudo acalma.
O rio comemora na cascata,
Amor que nos invade sem perdão;
A natureza, em cio nos inspira.
Amor que tanto quis, nosso desejo,
A vida em pleno gozo, se transpira...
X
Amigo, tantas vezes é difícil
Erguermos a cabeça, se caímos.
Parece tantas vezes impossível
Desta cilada toda, nós sairmos...
Mas tente perceber quanto podemos
Com força e com vital intensidade
Se enfim recomeçarmos sem ter medo,
Encare assim qualquer adversidade...
Resolva seus problemas sem demora,
Amanhã com certeza outros virão...
Não tema se cair, meu companheiro.
Os pés apoiarás no mesmo chão...
A dor que se promete não virá
Se tudo tenazmente resolver.
Nem sempre conseguimos, mas escute.
Querer, em tantas vezes, é poder!
X
Numa grinalda de rosas
Brancas, puras dolorosas,
Cobrindo a face tão triste
Falando do amor que existe
E que insiste em não viver
Esquecendo do prazer
Que roda sem ter sossego
Perdendo, do mundo, apego,
E fazendo um novo canto
Que no entanto tanto encanto;
Sem lembrar, me prometeu...
Na valsa que dança, avança,
Tramando nova esperança
Da criança que não veio
Vivendo em puro receio
De ter na vida alegria
Sabendo que a fantasia
Roda sempre sem parar
Sob o raio do luar
Nesta noite que se passa
Sem saber amor disfarça
Nem lembra o que prometeu...
Tanto amor que se confessa
Vivendo sem ter mais pressa
Deixando a vida passar,
Amada vou te buscar
Dos sonhos que não mais vive
De tanto amor que já tive
De tanto esperar alguém
De tanto querer teu bem
Bem que sempre desejei
Neste amor que eu esperei
Tanto amor que prometeu.
Agora
Lá fora
Se chora
Demora
Estou
E vou
Restou
Amou...
Amada que não
Sabe da emoção
Que vive por ti
Estou por aqui
Espero te ter
No fino prazer
Na vida sem fim
Vou seguindo assim.
Amor eu sou teu
Amor prometeu
Te quero pra mim..
X
Em tuas mãos divinas, esperança
Dançando sem ter pressa de parar
Aparo todas dores que sentia
Sem tino sem querer nem descansar.
Avança a noite em dança, na promessa
Confessa que sem paz não posso mais
Se mais do que demais não sou capaz
Aurora traz cantigas mais antigas
Periga meu amor não te encontrar...
Mas vejo teu retrato na parede
E sigo sem ter tempo nem vontade.
Amar é sempre ter tranqüilidade?
Não sei se vou matar a minha sede,
Dos seios e do sexo mais gostoso
Que tanto prometemos mas não há-de
Nem todas seduções, nem nas estrelas
Que belas se repetem tantas velas.
Ao vê-las se espalhando pelo céu.
Cobertas deste véu incandescente
Tirando nossas roupas, tal nudez
Repete nossos sonhos mais vorazes...
Mas amo teus desejos incontidos
Em meio aos nossos sonhos de prazer.
X
Inda me lembro do dia
Que te trouxe, minha amada;
Reparando nos teus olhos,
Clareando toda a estrada.
Estava decerto sozinho
Sem ninguém que me quisesse,
Pedindo tanto a meu Deus
Em tanta oração e prece.
Vencido pela saudade
Deste tempo que passou
Buscando uma companheira
Que a vida já me levou.
Minha alma vinha tristonha
Deste sonho quase incrível
Achando que novo amor
Seria quase impossível...
Nas estradas, nessas fontes
Sem as flores, primavera,
De nuvens meu céu florido
Por companheira a quimera.
Nos cerros que sei azuis
Nas terras do bem querer,
Procurando em teu castelo,
A princesa que quis ter...
Nos caminhos que buscava
Caminhos do adivinhar
Somente com muito amor
Eu poderia encontrar.
Mas no vento do querer
Que fiz minha montaria
Trazendo pr’o teu castelo,
Desvendando a fantasia...
Encontrei poucas caídas
Encontrei os passos teus,
Agora estou bem defronte
Depois da terra do adeus...
Minha amada, és a rainha
Que sonhei por toda a vida,
Com certeza te encontrei
Nos teus braços, vou, querida...
E me faças ser teu rei
E me faças seu escravo,
Nas águas deste regato
Minha culpa toda lavo
Estou aqui, minha amada,
No reino do bem querer;
E te peço nova vida,
Te darei amor, prazer.
Se venci os teus encantos
E por ti serei amado,
Quero a luz da lua cheia
Nosso amor testemunhado.
Amor para ser verdade
De tanto que se lutou
Esse vento do querer
Aos teus braços me guiou.
Nas margens do grande rio
Do São Francisco querido,
Teu castelo mais bonito
De tanto amor esculpido...
Não temo mais a saudade
Nem busco mais pelo mar.
Quero de noite, contigo,
Deitado neste luar.
Pelas terras do querer
Do bem querer, teu reinado;
Viver um canto feliz
Dum homem apaixonado.
E vamos para o futuro
Nada deixamos pra trás,
Meu amor, minha princesa.
Vivermos a vida em paz...
X
O meu amor solitário
Mudando todo o cenário
Da vida que quero ter
Sabendo que ser feliz
É tudo que sempre quis
Quem pretende, enfim, viver...
Tantas vezes condenado
Tão sozinho, abandonado
Sem ninguém para me amar,
Vivendo tantos martírios
Carregando velhos círios
Sem ter tempo pra sonhar...
Amando as dores medonhas
Babando nas minhas fronhas
Beijando o simples vazio,
Rolando na minha cama
Me incendiando sem chama
Morrendo de tanto frio...
Esperando uma presença
Que na noite me convença
Que posso ter um carinho
Que me cubra com desejos
Que me ilumine em lampejos
E não me deixe sozinho...
Deitado nos meus escombros,
A saudade nos meus ombros
Pesando como uma cruz.
Amor que pede critérios
Também tem os seus mistérios
Mas me trará tanta luz...
Ouvindo teu nome querida,
Renascerá minha vida
Na cama que te esperei
Nosso amor, por tantos cios
Matando muros sombrios
Que em prazer escalarei...
E serei bem mais contente
Amar é quase que urgente
É direito que preciso
Vivendo nossos momentos,
Final dos meus sofrimentos.
Começo do paraíso...
X
Por vezes nestas noites iludido
Não durmo e nem consigo mais pensar.
Rodando nesta cama tão vazia,
Saudades de quem foi e quer voltar.
Eu sinto teu perfume em cada canto
Na fronha que deixaste e nem lavei
As marcas estampadas no lençol
De tanto quanto bom amor amei.
Nas fotos escondidas na gaveta
Mostrando essa nudez inesquecível
Nos toques, nas promessas sem futuro,
Prazer que desfrutamos; indizível.
Nos nossos loucos jogos, sedução.
A camisola negra transparente.
Um resto de ternura extasiada
Na trama e descoberta em noite quente...
Eu sei que tu desejas novamente
O canto desta cama que foi teu.
Pois saibas que ele está inda vazio
Nada do que tiveste se perdeu...
Na volta prometida, minha amada
A sorte de saber tu és só minha.
Voaste e revoaste em migração.
Te espero em meu prazer; minha andorinha!
X
A brisa no luar, tão mansamente
Trazendo do teu nome, seus encantos...
Cismando te procuro pelas pedras
E busco nosso amor, todos os cantos...
Não sei se poderei ser mais feliz
Tampouco se trarás felicidade.
Mas ouço sempre o vento a me dizer
Que nos teus braços vem felicidade...
Na doce brisa sigo os passos seus
Encontro um calmo lago e seus espelhos.
Meus lábios no desejo de tocar
Teus lábios tão carnudos e vermelhos...
Na noite que for nossa, sem segredos,
Sem medos e sem nexo, somente...
Sorvendo cada gota que me dá
Amor que nesse amor vira semente.
Entranha cada vez bem mais profundo
E veste teu prazer nos meus anseios.
Apalpo teu vestido e já deliro
Na turgidez divina dos teus seios...
As pernas se entrelaçam num balé
E roçam desejosas, arrepiam...
Nos loucos devaneios vamos fundo,
As coxas se interagem e se fiam...
Invado teus recantos e defesas
Nas locas umidades, maciez...
Eu quero teu amor e teu delírio,
Da forma mais divina que se fez.
E sinto que esta noite não se acaba
Prossegue na manhã mais deslumbrante
Vivendo neste moto mais perpétuo
Sou teu eternamente, neste instante...
X
Na dália que plantei, tão bela cor,
Nascendo e florescendo com encanto.
Sortidos os sentidos que tivera.
Sanguíneas suas pétalas, seu manto.
Enfeitam meus jardins, dálias e palmas,
Tão belas, delicadas. Tudo agita,
Transcendem na beleza tantos lírios
As palmas que bem sei, de Santa Rita...
Nas açucenas, rosas, margaridas,
Jasmins e madressilvas, e camélias...
Azaléias, gerânios, monsenhores,
Orquídeas multicores e bromélias...
São tantas belas flores, seus matizes,
Perfumes delicados como o quê.
Mas saiba meu amor, neste jardim,
De todas essas flores, só você!
X
Saudades, quantas saudades,
Dos teus olhos tão azuis
Brilhando mais que esse sol,
Me entorpecendo de luz.
Olhos tão belos querida,
Iluminando o caminho,
Os faróis trazendo o dia
Para todo o breu marinho.
Olhos tão cheios de vida
No brilho que relampeia
Brilhavam mais nesta noite
Que os raios da lua cheia.
Por que te foste de mim?
Eu não consigo encontrar
Razão para te perder.
Eu fiquei sem enxergar.
Mas sinto que o novo dia
Outra aurora me trará
E de novo, em alegria,
Minha vida brilhará.
Sinto teu cheiro no vento
Na promessa que ele traz
De tanta vida inundar
De amor, de luz e paz.
Espero teus olhos belos,
Azuis da cor deste mar.
Onde possa novamente
Em teus olhos mergulhar
E saber que sou feliz,
E saber que estás aqui.
Que, depois de tanto tempo,
Tanto amor tenho por ti.
Vem sem medo da saudade
Vem sem medo, sem dor,
Reviver a claridade
Desse nosso grande amor!
X
Eu pus minha saudade
Num barco de papel...
As correntezas fortes desta vida
Levaram para sempre, fui ao léu...
No barquinho buscando
Um porto onde parar,
Encontrei tantas pedras no caminho
Até vi meu barquinho naufragar...
Tempestades, passei,
Diversas corredeiras...
Vinha vida foi lenta e tão sofrida
Minhas lágrimas foram as bandeiras...
Mas encontrei meu cais
Nos braços da mulher
Que esta noite me trouxe, tão bela,
Pressinto que você; amor, me quer...
X
Procuro neste mundo amor imenso
Que possa me alegrar sem sofrimento.
Nos braços que sonhei; tão delicados,
O mundo que, deveras sempre tento.
Eu lembro-me que tive em minha vida
Amores que nem sempre me quiseram,
Os olhos tão cansados esta luta,
Aos poucos, meus sentidos não puderam...
Lutei assim, com várias vaidades
Daquelas que se foram friamente,
Decerto meus destinos se perderam
No canto que sonhei, tão de repente...
Amada como é bom estar aqui
Ao lado de teus olhos sonhadores.
Amor que traz igual ao que pensei,
São mudas que fizemos destas flores.
Portanto não se esqueça, meu amor.
O sonho que tu trazes é o meu.
Do imenso amor que sei que tu me trazes,
Por sermos tão iguais; me convenceu!
X
Brilhando eternamente
Estrela que me guia
Nascendo no poente
Não morre como o dia
Eterno brilho traz
Estrela em fantasia
Perene, em tanta paz...
Estrela traz meu nome
É nova e renovante
A lua que não some
Renasce a cada instante
Mal sabe que em seu lume
Amor que se retome
Na rosa, em seu perfume...
Estrela que versejo
Em cada verso meu
Estela que desejo
De amor já se perdeu
Mas sabe que este trilho
Do amor que é meu e teu
Nos trouxe nosso filho...
O filho que te quero
Na grávida esperança
É nosso e dele gero
Estrela, a tarde avança
Com luz forte e solar
Estrela nossa dança
Na luz de tanto amar!
X
Rondando meu coração
Com medo de perguntar
Por que falar de paixão
Pode tanto incomodar?
Poesia é sentimento
Traduzindo uma emoção
Ou será um simples vento
Que não trama o coração?
Meus versos são minha faca
Minha fada e meu enfado.
Se prender vira uma estaca
Se soltar, anda de lado.
Baqueia e nunca sossega
Serenando a tempestade
Em qualquer sonho se apega
Lambuzando de verdade.
Coração meio sem jeito
Preferiu nada falar,
Não me dei por satisfeito,
Que fazer? Continuar!
X
Minha alma se alimenta
Da menta deste amor
Momento: ser feliz
De tanto que te sinto
Pressinto que virá
A lua em fantasia
E tudo brilhará
Recebo da alegria
O vento que se quer
Fazer do novo dia
No rosto da mulher
O gozo que queria
E tudo que eu quiser...
Os versos nunca pecam
Se pecam não te mentem
Comentam nosso amor
Se amor não for pecado
Se lado não for tudo
Me inundo e piso fundo
Não perco mais segundo
Seguindo o teu caminho.
Pedindo um vão carinho
Misturo num cadinho
Um bocadinho a mais
Do amor que foi demais...
X
A vida é um arremedo
Que cedo não completo,
Se travo meu segredo,
Nem sempre amor poeto...
Amor se recomeça
Na peça que me prega
Amor velha remessa
Depressa já se nega
E trama com a morte
O risco que pressinto.
Com esse roxo forte
Da dor que sempre pinto...
X
Se ligo não consigo te esquecer
Se não ligo não consigo mais viver
Se persigo não te tenho mais aqui
Se não persigo onde consigo te ter?
No perigo que me imponho
Se não sonho sou perigo
Mas se sonho não consigo.
A vida vai recolhendo
O que amor foi moendo
Na moenda mais feroz.
De quem não teve voz
Mas pretende te encantar...
Me entenda se não se estendo
Se contendo não contenho
Se contenho não te tendo
Como posso caminhar?
Amar é sentir o sem ter
Sem ter que se sentir
Assim contendo.
Contente
Continente que capota
No fim da curva
E se encurva
E na chuva
Se esconde.
Coração bate depressa
Se apressa e se cansa
Se não apressa te alcança
Mas se cansa de esperar...
X
Promessas que te fiz
Promessas e promessas
Me fizeram feliz...
Nos versos que te dei
Versos meus, simples versos
O teu amor busquei
Nos cantos que pediste;
Teus cantos, tantos cantos.
Não me deixaste triste...
Amar é bom demais.
Amar tanto, amar tanto...
É porto e é meu cais...
Eu quero essa ventura
Eu te espero, te espero...
Te dou minha ternura...
Aguardo uma esperança
te aguardo, tanto aguardo...
Vem logo senão cansa...
Pretendo te saber
Pretendo, pretendo,
Em todo o teu prazer...
X
Meu barco no mar
No mar um amor
Amor que no mar
Meu barco levou
Se levo um amor
Ao barco que vou
Não quero outro mar
Só quero um amor.
Que mar não me leve
Amor nem o barco...
X
Te procuro no barco
Arco solto sem rumo
Prumo que não se forma
Deforma sensação
Se são ou se seriam
Se riam ou não ris
Se fiz o que quiseste
Disseste o que se quis
Por um triz sou feliz,
Mas não sei mais o nome
Que some e não assume.
No sumo que se deu
No adeus fui sempre gomo.
E tomo meu destino
Que é manso mas escuro
Me curo e te procuro
No barco que partiu
Se viu ou se não viu.
Amor estou aqui!!!!
X
Vencendo as tempestades
Sem medo de chegar
Salgando teus venenos
Servindo meu desejo
Em cálices dourados
E medos cristalinos
Eu sei deste deserto
Num coração sombrio
Retalhos do que fui
Em busca dos atalhos
Que levem ao teu leito
Teu canto e teu remanso
Não canso e nem tanto
Se tento teu deleite...
O traço que nos une
Sem números marcados
Nem rumos produzidos
Nem vagas incertezas
É simples, natural...
X
Reparando no retrato
Que deixaste sobre a mesa.
Se tu foste amor mais farto
Não me farto da princesa
Que mentira sem saber
Se mentir te dá prazer...
Sinto o vento que não bate
Me arremata num segundo.
Se não vejo mais, se parte,
Teu retrato em um segundo.
Resta um buraco mais oco
Deste amor que fora pouco.
Mas espero que te veja
No retrato sem retoques
De tanto que se deseja
Olhares, outros enfoques...
Na pintura deste rosto
Amor nunca fora exposto...
E te quero mesmo assim,
Retratada em fino quadro
Não morreste amor em mim,
Mas me tiraste do esquadro.
Minha cama inda te espera,
Meu amor, minha quimera...
X
A minha grande alegria
É poder ser teu amigo
Nesta amizade sadia
Reconheço um bom abrigo.
Por mais que siga sozinho
Meu caminho pelo mundo,
No teu peito encontro ninho
Deste carinho profundo.
Alegria de encontrar
Apoio que precisava
Certeza de navegar
Onde sonho naufragava.
Fazendo minha ancoragem
Neste braço benfazejo
Criando tanta coragem
Sem temer da dor bafejo
Em tantas horas festivas
Como nos momentos maus,
Trazendo as forças tão vivas
Organizando meu caos.
Amigo te canto loas
E te faço tantos versos.
Amigo das horas boas
Dos momentos mais diversos...
Trazendo risada franca
Admoestando também
No breu ou na lua branca
Meu amigo sempre vem.
Meu amado camarada
Teu sorriso radiante
Me ajudando nesta estrada
Prosseguir, vou adiante!
X
Na flava luz deste sol,
Que irradia toda a terra.
No teu olhar, qual farol,
Tanta certeza se encerra
Da beleza que queria
Transformada em poesia...
Na mansa margem do rio
Descendo sem ter percalço,
Pisando no solo frio,
Andando assim, vou descalço.
Sentindo essa terra fria
Transbordando em poesia...
Na aurora de minha vida
Numa alvorada de cores,
Minha alma segue perdida
Em meio a tenros amores.
De tanto amor que pedia,
Transtornando a poesia...
Volito pelos caminhos
De radiosas centelhas.
Ouvindo o som destes pinhos
Nas tardes, tontas, vermelhas...
Vivendo essa fantasia
Transpirando poesia...
Derramando meus sentidos
Profusos gozos sem par.
Dos sonhos mais desvalidos
Encontrei amor e mar.
Explodindo de alegria
Transportado em poesia...
X
Brincando na sua cama
Sou um cachorro vadio,
Acendendo a velha chama
Aquecendo tanto frio.
Sou feliz por ter você
Nossas noites sem limites.
Tanto amor no amor se vê
Prazer não cabe palpites.
Eu me vejo sempre assim
Em você também ‘stou eu
E você eu vejo em mim.
Reflexo que se perdeu...
X
De tanto que sonhei
Amor não me deixou
Passou a ser a lei
A paz já me levou.
No lago que quisera
Nas águas tão serenas
Morreu a primavera
Só me restaram penas...
Da vida que me resta
Do tempo que tiver
Meu peito abrindo a fresta
Na festa que vier.
E quero teu carinho
E quero teu sorriso,
Assim não vou sozinho
Inferno ou paraíso...
X
Eu quero sonhar
Com tanta alegria
Neste belo sonho
Que é sempre risonho
Minha fantasia...
A noite me acalma
Se tal sonho vem
São tantos desejos
Procuro teus beijos
Ao lado... Ninguém!
Mas sei voltarás
A cama te espera
De noite comigo
Aqui teu abrigo
A paz recupera.
Mas venha depressa
Cansei de sonhar
Rolando sozinho
Me dê teu carinho
Vem cá, vem amar!
X
Buscando desta vida desde cedo
Conhecer os caminhos dessa sorte
Que tantas vezes causa temor, medo.
Muitas vezes preciso ser mais forte
Esse é o meu segredo.
Tantas vezes, preciso te dizer,
As pedras machucaram; cicatriz.
Mas nada nem ninguém pode conter
A luta por um dia, ser feliz.
Assim eu tento ser...
E faço do meu canto um estandarte
Levando minha voz com esperança
A quem quiser me ouvir, em toda parte
Quem sabe na promessa de aliança
O amor meu baluarte.
Eu sei que tantas vezes sou piegas
Pareço muitas outras imbecil.
As plantas são diversas noutras regas
Dependem desta luz se mais sutil
Amores soam bregas.
Porém tantos poetas de valor
Fizeram tantos versos deste jeito.
Não quero ser nenhum ás, professor,
Apenas vou cantar desse meu jeito,
Cantando o meu amor!
X
Quero tanto o teu amor
Que me invade em tal certeza
Amar!
Vou vivendo esse furor
Que me invade em tal beleza;
Sonhar!
Os meus olhos lacrimejam
Se tu não estás aqui.
Sentir!
Meus ardores te desejam
Amor maior que vivi.
Pedir!
Não vejo mais esperanças
Se não tenho o teu carinho
Te quero!
Novas noites velhas danças
Eu não vou ficar sozinho...
Espero!
Quero teu sonho comigo
Rolando na nossa cama
Teu bis!
Quero ser o teu amigo
E me arder na tua chama.
Feliz!
X
O sol desta manhã
Imenso sol de amor
Trazendo neste caso tanto afã
Vivendo o paraíso sem temor...
Te sinto em cada toque
Vencendo tanto medo
De amor demais da lua que se enfoque
E desça sem temer qualquer segredo.
Nas tênues esperanças
As asas da falena.
Sabendo que no fim das nossas danças
A noite que virá bem mais amena...
Frescor deste jardim
De flores maviosas
Trazendo o teu perfume para mim,
Roubando tal beleza destas rosas.
Eu quero teu desejo
Envolto em meu prazer.
Poder te dar, sereno, um doce beijo
E mergulhar nos braços do querer...
X
A natureza imensa destes campos
No canto destes pássaros, beleza.
Certeza de vivermos nossos sonhos
Risonhos embalados, esperanças...
As danças e promessas sem temor
Amor que se traduz por tal grandeza
Leveza destes toques mais sutis
Gentis os nossos sonhos, meu escudo.
Veludo em tuas mãos, minha querida
Na vida que sabemos nosso bem,
Também eu tanto quero teu carinho
Me alinho devagar nos teus poemas.
Amenas nossas leves cicatrizes.
Felizes vamos livres, mais libertos
Abertos nossos peitos querem luz
Produzes com beleza sentimentos,
Os ventos que te trazem, tanta paz.
Capaz de ser mais leve, sem ter medo.
Se cedo vivo amor nos invadir.
Pedir a proteção aos nossos passos,
Espaços que recubro sem tristeza
Na natureza imensa desses campos...
X
Canta, canta meu amor.
Canta que não trazes dor
Canta o canto que se ouvia
Canto o canto que sobrou
Canta a tua melodia
Que te encanta e me encantou.
Canta sem saber direito
Se cantar tanto alivia
Canta canto satisfeito
Que já te satisfazia
Se não canto tanto espanto
Tanto quanto te queria
No cantar que quero tanto
E no entanto não fazia...
Canta, canta sem razão
Se emoção já te encantou
Se não trazes ilusão
Teu cantar já me arrastou
Já me enleva o coração
Explodindo de emoção.
Neste barco que me leva
Lava a minha alma
Leva essa calma
Traz tua palma.
Tanto me acalma...
X
Não tenho mais o medo
Que tinha em mocidade
Saber do amor, segredo
Em toda claridade..
Eu levo o meu poema
Que, solto não domino.
Amar é mero tema
No qual eu meu fascino...
E faço esses meus versos
Em nome deste acaso
Que cruza os universos
E morre num ocaso.
Amor que sei de fato
Ser fátuo e tão cruel
Em mim mesmo retrato
Meu canto, sonho e céu...
X
Na chuva que não cai,
No tempo que chovia;
Amor não se distrai
Senão não vem o dia...
Eu sinto o teu regaço
Sem medo de seguir
Eu deito em teu cansaço
Na paz a te pedir...
Escuro que fazia
Sem tantas luas claras
Na nossa poesia
Tão belas e tão caras
As raras sensações
São plenas emoções...
E sinto que este sol
Que nos fez renascer
Precisa girassol
Se não quiser morrer
Amada, amada minha
É tinta nossa vinha.
Não falo de versões
Nem versos insensatos
São veras emoções
Assim, nossos retratos.
Exponho um pensamento
Que solto sem ter rumo,
Bebendo deste vento,
Não sabes, me perfumo...
Não tenho mais disfarces
As faces são bem fáceis
Não peço que me espaces
Não vou mudar a fácies.
Sou teu e não renego
Nem nego o que se deu
Amor por ti carrego,
Amor que me venceu...
X
Subindo no terraço
Espaços do castelo
Que tanto amor embaço
Em tanto amor revelo
E quero o teu abraço...
Não finda o que seria
Sem ser o que não vinha
A noite traz o dia
Amor que não se tinha
Cantando em poesia...
Em tanto que te enleio
Não leio o que me dizes.
Amor deito em teu seio
Esqueço cicatrizes.
E perco meu receio...
Em torno desta mão
Desenho um velho sonho.
Traduzo o coração
No canto que proponho
E te peço perdão...
Amada é tão sublime
Suprir o nosso amor.
Esteira sei de vime,
Estradas e calor
Amor que muito estime...
X
Nos recantos mais serenos
Nos amenos novos cantos
Semeando nestes ventos
Pensamentos vou lavrando,
Se te levo neste vento
Se te vento não me enlevo.
Na vela que não levara
O lume que se apagou...
Nevoeiros tão espessos
Esparsos meus sentimentos
Nevoentos os meu olhos
São nuvens dos sofrimentos.
Recolho tantos alardes
Nas tardes que não te vi.
Amor que sempre se entorna
Em torno do que senti.
Nebulosos desesperos
Não mais canto nem percebo.
Amores novos temperos
Nos desejos que recebo
Dos sonhos que mais concebo
De lentos procedimentos
De tantos loucos tormentos
Das tormentas que passei.
Amando sou teu veneno
Tão sereno que nem sei.
Só sei que virei mais tarde
Sem fazer sombra ou alarde,
Amor gostoso é quando arde
E bate tanto que enlaça
Dançando na mesma praça
Nas bordas mais vicinais
De tanto amor sou capaz
De saber mais que devia
Cantando essa fantasia...
Tanto amor que eu te queria...
X
Minha amiga e companheira
Vou cantar nestes meus versos
Amizade verdadeira
Cruzando rumos diversos
Trazendo em sua bandeira
Os sentimentos dispersos...
Amizade se constrói
Pouco a pouco, todo dia,
Nada amizade corrói
Na tristeza, na alegria
Amizade não destrói
Procura dar harmonia...
Cantando esse sentimento
Nunca deixo de lembrar
Felicidade é qual vento
Cedo para de soprar
Sobrando ressentimento.
Nada mais irá salvar...
Uma amizade segura
É porto que nos ajuda
É lume na noite escura
Se preciso, amiga acuda
Quem tanto amor e ternura
Trama que nunca se iluda.
X
As rosas vaporosas
São rosas amarelas
As luas mais sestrosas
Por certo foram elas
Que pintaram as rosas
As brancas, amarelas.
Rosas tão olorosas
Rosas do meu jardim
São perfeitas as rosas
Que nasceram assim,
As amarelas rosas
São rosas tão vaidosas
De tão lindas são, enfim...
Desfilando essas rosas
Jardim que cultivei
Todas são orgulhosas,
Reina, não sou seu rei.
Rosas maravilhosas
Nunca os sonhos podei.
Poderei ser da rosa
O que rosa quiser
Será rosa vaidosa
Que rosa inda me quer?
X
Dormindo enquanto velo
Teu sono, meu amor.
Amor que assim revelo
No sonho que compor.
Durma em paz, amada...
Dormindo enquanto canto
Acalanto esse amor
Que eu amo tanto, tanto..
Por onde quer que for...
Durma em paz, amada...
Dormindo enquanto sonha,
Com castelos princesas.
A vida é tão risonha
Repleta de belezas...
Durma em paz, amada...
X
Olhando por teus olhos
O mundo que eu sonhara
As cores vêm em molhos
Mostrando como é rara
Uma cara ventura
De ser feliz um dia
Clareia a noite escura
Encharca em poesia...
Tateio na penumbra
Deslumbro um belo seio
Anseio se vislumbra
E não me faz meneio
Meu verso mais useiro
Nos usos que me dás
Confuso marinheiro
Esquece-se do cais.
Mas caço em teu olhar
Os olhos que são meus.
Não posso imaginar
O teu olhar, adeus.
Então pego esta barca
Que invento no meu verso,
Se todo amor abarca
Nos cabe um universo!
X
Nos braços deste sol
Que brilha no horizonte
Procura um girassol
Deslinda-se no monte,
Na fonte do prazer
Que tanto o sol pediu,
Sabendo que viver
Em raios repartiu.
Nas águas que me beijam
Escorrem pelo rio
Amores se desejam
Em lágrimas, rocio.
Eu tenho certa crença
Que amor não deixará,
Quem sabe te convença
De novo enluará?
Meu coração estampo
Na rede, sede e frio,
Das estrelas me tampo
Prefiro ter teu cio...
X
Na escada dos desejos
Subindo tantos degraus
Procurando mansos beijos
Encontrei, decerto o caos...
Não mais queres meu amor
Meu amor não pode ser?
No sentido de te ter
Por onde quer que eu for...
Além desse horizonte
Que é belo de esperança.
Ávido pela fonte
Teu amor na lembrança...
Mundo que te provém
Num segundo me acalma,
Mas se estou sem ninguém
Onde encontro minha alma?
X
Tanto tempo sem te ter
Sem ter tempo de sonhar
Meu amor quero viver
No barco que me levar
Aos braços de quem quiser
Ser minha amada mulher...
Nos versos que mal te faço
Nos tratos que não cumpri
Na cama, em nosso regaço,
No cansaço que senti.
Nos braços de quem me quer
Pela vida que puder...
Se naufrago meu desejo
Em desejos que não sei.
Se te quero mais um beijo
Não sei se eu agüentarei
Esperar pelo querer
Vontade de te viver...
Mas não tenho tal promessa
De ser mais do que fomos.
Não deixe que essa conversa
Termine em longos tomos.
Somos gomos desta luta
Que promete força bruta.
No teu barco quando em mar
Mar de tantos maremotos
Vivendo por quem amar,
Amores mesmo remotos
Na singeleza do canto
Em teu amor, meu encanto...
X
Eu tento ver aqui
Aquilo que não via
Se teu amor pedi
É por que amor havia.
Meu amor é gigante
Tanto quanto quiser
Não é amor de instante
Nem é amor qualquer
Amor é recompensa
Que pensa ser feliz
Na minha noite imensa
Imenso amor eu quis
Se quero lhe sentir
Sinto tanto lhe querer
Se não quer existir
Meu amor irá morrer.
Meus versos em desamor,
Não aprendi; cadê?
Sem segredo ou pavor,
Meu amor é você!
X
Meu amor, se eu ando mudo,
Se não falo mais de amor
Eu penso em tudo, contudo,
Mas não tenho mais temor.
Se te invado e sou feliz
Se me invades de prazer.
Meu amor o que se diz
Não se precisa dizer.
Tantos vícios eu carrego,
Café, beber e fumar,
O maior eu nunca nego,
É meu vício de te amar!
X
Sem medo se não vens
Servido na bandeja
Trazendo tantos bens
Amada me deseja
E seja o que se for
Se flor ou fortaleza
A mando deste amor
Amando com certeza...
Vagando versos e foz
Faminto de esperança
Enviesando atroz
Resto que se alcança
E seja o que se sabe
Na mão que te acarinha
Tanto amo não cabe
Na voz que vai sozinha...
Não temo tal ternura
Nem cura que promete
Se vejo tal brandura
Tão pura me remete
Nas forças destas tábuas
Taboas e luares
Não vejo por que mágoas
Nas águas nos amares...
E quero teu socorro
Se escorro pela vida
Não temo se não corro
Me escoro em ti, querida
Nas vestes, pura seda,
No coração um linho
Minha alma que se enreda,
Na tua faz seu ninho...
X
Nuvem que cai
Tarde que dorme
Amor se vai
Triste, disforme.
Recebo o não
Vento tão frio
Meu coração
Bate vazio...
Verso calado
Tudo acabado...
Começa a noite
A solidão
Traz esse açoite
Peço perdão.
Nada adianta
Dor me corrói
Corte agiganta
Sei como dói.
Verso calado
Tudo acabado...
Sono sem paz
Na madrugada
Medo me traz
Depois, mais nada...
Sem sol, manhã,
Sem esperança.
Vida tão vã
A dor me alcança...
Triste, calado...
Verso acabado...
X
Ah! Morena, tanto quero
Querer um solar amor.
Tu és meu rumo, meu clero
Com teu raio encantador.
Morena, mina primeira
Que dourou o meu caminho.
Tua luz é verdadeira
Passarinho quer o ninho...
Quero deitar mansamente
Na rede tão prometida.
Amor quando, de repente,
Muda toda a nossa vida.
No riso que eu antevejo
Se desejo o teu sorriso,
Vivendo tanto desejo
Descobrindo o paraíso...
Sentindo qual calafrio
A noite que sei, virá,
Não quero ser mais vazio,
Neste calor que, sei, há.
No recanto mais gostoso
Onde a vista vai, alcança,
No teu colo delicioso,
Da morena, uma esperança..
X
Não deixe que esta chuva
Caindo em nosso amor
Destrua qual saúva
Destrói a bela flor
Te quero assim menina
A vida nos destina...
Não deixe que o ciúme
Fantasma tão terrível
Iniba este perfume
Que sabes, é incrível.
Te quero assim amada,
Sem ti, a vida é nada...
Não deixe que esse tempo
Transforme-se em tormenta,
Não somos passatempo,
Paixão nos arrebenta.
Te quero aqui comigo,
É tudo o que persigo.
Amor que sempre sonho
No barco que navego.
Amor que te proponho,
Tu sabes, nunca nego.
Uma paixão tão rara,
M’a morena caiçara.
Eu quero o teu carinho
Carinho que te dou,
Destruir esse ninho,
Depois, o que restou?
Saudade de quem ama
Ser brasa, pede chama!
X
Uma amizade imensa
Se faz a cada dia
Trazendo a recompensa
Imersa em alegria
De ter-se confiança,
Sem ter hipocrisia,
Uma perfeita aliança...
Por mais que seja triste
O nosso amanhecer
Sabendo que resiste
Tão bela de viver
Uma imensa amizade
Nos faz acontecer
Viver em liberdade...
Amiga nesse mundo
De tantas ilusões
A dor em que me inundo,
São tantas decepções...
Teu braço e teu carinho
Dando-me tais lições
Não me deixam sozinho.
Amiga, em teu regaço,
A vida vai mais leve...
Sem dor e sem cansaço.
Nesta emoção me leve
À paz que procurei.
De tanto amor que enleve
Minha amiga encontrei...
X
Não penso que se pense
Na plena recompensa
Que nunca se compense
A vida que se pensa...
Quem sabe se convença
Quem sabe me convence?
Canteiros e florais
Nas flores que plantara
Nas horas mais banais
Vencendo a dor tão rara
Te quero por demais
Se nada mais sonhara...
A planta que permite
O rito que te tramo
Te peço nunca evite
O verso em que te chamo
Amar sem ter limite
Sem ter limite, eu te amo...
X
Meu barco em seu mar,
Sem rumo, sem vela.
Vasculha a passar
Amor que revela.
Amor, quero o mar,
Amar? Quem me dera.
Sabendo que amar
É ter primavera.
Vencendo esse amor
Que amor me convence
Por onde mais for
Amor já me vence.
E leva meu mar
Meu mar que quer vela
Amor quero amar,
Amor se revela.
No vento que trouxe
Amor deste mar,
A vida é tão doce
Se fosse te amar...
Se fosse teu vento,
Se fosse o carinho
Amar um momento
Encontro teu ninho
E não temo o tempo
Não morro sozinho
Todo o sentimento
Desconto no pinho,
Que canta esse amor,
Como um passarinho...
X
Eu levo meu carinho
Por luas que sonhei.
Preciso de pouquinho.
Amores? Quererei.
Eu quero o teu amar...
Eu canto meu destino
Nas noites do querer.
Amores de menino
Depressa irei sofrer..
Eu quero te querer...
Eu canto meu caminho,
Espero, enfim, sorrir.
Não sei viver sozinho.
Ninguém vai me impedir.
Eu quero te pedir...
Se fosses toda minha
Meu canto salvador,
Amor que se avizinha
Amor, meu grande amor.
Eu vivo por amor!
X
Anjo?
Quero
Banjo?
Toca.
Eros
Troca
Meros
Arcos
Setas
Somos
Somas
Nunca
Menos
Sempre
Mais...
Anjo?
Quero!
Banjo?
Sangro...
Angra
Sigla
Cego
Sigo
Cetro
Centro.
Cedo
Cedes
Cedro,
Redes.
E a lua desfrutando do prazer
De sempre querer
Mais...
X
Cantar essa amizade
Em versos mais felizes.
Esfuma um sentimento
Nos ventos mais diversos.
São cores, mil matizes,
Aprendizes de amores.
Nas flores sem espinhos.
Ninhos mais benfazejos.
Desejos que completam
Repletos de esperanças.
Alianças profundas
Sempre mais verdadeiras,
Bandeiras desfraldadas
Mãos dadas, amizade...
Quem há disso negar?
Viajar infinito
Rito, por Deus, bendito.
Grito de liberdade
Sopro duma amizade...
X
Não quero morrer cedo
Nem quero solidão
Viver não tem segredo,
Liberte o coração!
No canto que preparo
No tempo que passou,
Amor é brilho raro.
Distâncias; alcançou...
Não quero ter a morte
Do amor como meu mote.
Amor prepara a sorte,
A sorte pede um bote.
Que leve o sentimento
Por mares tão distantes...
Amor solto no vento,
Caminhos radiantes...
Eu vivo em teu amor
Amor que tanto quis.
Coração tradutor,
Traduz: sou tão feliz!
X
Amor sobre a mesa
Tanto amor se deu,
Sonha uma princesa
No amor se perdeu...
Amor é sombra e luz
É lume que queima
Amor se produz
De amor que se teima.
Foge do deserto
Busca teu carinho.
Longe está tão perto,
Pede pelo ninho...
Amor todo dia
Não canso de amar,
Pura poesia
Um raio solar.
Amor que amor dá
Amor que amor pede
Amor brilhará
Quanto se concede...
Eu faço do canto
O canto que dá
Amor por encanto
Amor amará.
Eu quero esse vento
Que veio do mar,
No meu pensamento
Só quero te amar!
X
Não deixe que agonize
O sentimento imenso
Permita que eternize
Que sempre paraise
Amor que recompenso.
Que supere as varizes
Das dores e dos medos.
Te peço que avalizes
Que trame essas raízes,
Sem lamas ou segredos.
Amor que é tanto céu
Amor que é barco e véu.
Não viva no revel
E traga num pincel
As cores. No cinzel
Amor, que é mar e mel...
Amor que não divise
Com dor nem com degredo
Amor sendo meu senso
De lume tão intenso
Costumes desde cedo
Sem medo de reprise..
Te quero, uma emoção
Na plena sensação
Se ser somente então
Amor que não sei vão
Na seiva da paixão,
Imerso coração...
X
Se busco não ser brusco com quem amo,
Se chamo para o canto e assim disfarço,
Por vezes sei que tanto amor reclamo
Com medo de sentir ser mais esparso
O belo sentimento que mostravas.
Na tua cabeleira solta ao vento
Cavalgo o pensamento, sem conter,
E solto meu desejo em sentimento
Vadio, pelo céu a percorrer...
Querida companheira desta vida,
Te quero desde muito, sem perguntas.
Minha alma com tua alma vai unida
Vencendo os sofrimentos, sempre juntas...
Eu quero esta canção de mocidade,
Agradecer por toda essa amizade...
X
De tanta primavera
Que amor maior me deu
Do gozo desta espera
Sem medo, se esqueceu
De quanto a mansa fera
Enxerga em pleno breu.
Amor; não quero ter
O gosto da amargura.
Penetra no meu ser
Tragando a noite escura
E faz todo o viver
Num rio de ternura...
Ternura que se sabe
Que nunca mais termina
Se tanto amor me cabe
Amor, profunda mina,
Que nunca mais se acabe,
Na boca da menina.
Amor é doce mimo
Que quero junto a mim,
Amor tanto te estimo,
Amor te quero assim.
É fonte e meu arrimo,
Princípio, meio e fim...
X
São tão duros os fados
Que te levam de mim.
Eu quero teus cuidados
De tanto amor que vim...
Das montanhas, dos prados,
Do começo até o fim...
Meus olhos são ciganos
Não têm nenhum descanso
Cansado dos enganos
Buscando amor avanço
São tantos abandonos,
Aos teus braços, me lanço...
E quero em teu regaço
Deitar depois da luta
Seguir teu manso passo
Promessa mais astuta
Vivendo em teu compasso
Silêncio que se escuta...
Não sinto mais perder
O rumo que não tinha,
Vivendo sem poder
Saber se a lua é minha
De tanto me esquecer
A noite nunca vinha.
Agora o que fazer
Se tanto amor continha?
X
Amiga camponesa
Mineira das montanhas
Viver essa beleza
Saudades são tamanhas
Amor é sobremesa
Na noite em que me ganhas...
Amiga sertaneja
Te quero simplesmente
Da forma que deseja
Cabeça, amor e mente
Pois amizade seja
Amiga tão somente...
Andar devagarinho
Por terras que não sei.
Tentando passarinho
O canto que encantei
Quem sabe novo ninho;
Teus braços, eu terei?
Mas nada mais importa
Senão ter teu abrigo
Abrindo a mesma porta
Te quero ser amigo
E depois, n’hora morta...
O resto está contigo...
X
Ciranda deste amor
Que canto sem parar
Por onde quer que for
Carrego flor, luar;
Ciranda deste amor
De tanto quer amar...
Eu fiz o teu desenho
Nas ondas deste mar
Amor profundo, tenho,
De céus e de luar
Ciranda deste amor
De tanto quer amar...
Andando nesta casa
Procuro te encontrar
Amor tanto que abrasa
Não posso mais calar,
Ciranda deste amor
De tanto quer amar...
Eu fiz essa ciranda
Dos olhos do luar
O coração de banda
De tanto te adorar.
Ciranda deste amor
De tanto quer amar...
Não deixe um coração
Tão triste a te esperar.
Te busco na amplidão,
Nos céus, na lua e mar.
Ciranda deste amor
Que tanto vou te amar!
X
A ternura, minha amiga,
Seu mimo consolador.
Traz a noite que castiga
Traz a festa deste amor...
A ternura de te ter
Amiga, minha esperança
De viver tanto prazer,
Quanto a vida já me alcança.
Na dança que te proponho
Sem medo e sem temor,
Amiga, viver o sonho
Numa toada de amor.
Na noite que não tivemos
No dia que não passamos,
Poesia que vivemos,
De tanto que nos amamos...
X
Cansei de seguir sozinho
Pela estrada do querer
Passarinho pede ninho
E colo para viver.
Vem amor, vem de mansinho
Tanto amor, tanto prazer...
Minha amada flor, ó rosa;
Tu sabes que estou aqui
Rosa que sei tão vaidosa,
Deixa eu ser teu colibri.
A rosa, toda orgulhosa,
Sei, não está nem aí...
Vou andando de noitinha
Tempo demora a passar
Quem dera, tu foste minha
Moça de brilho solar,
Minha vida tão sozinha,
Neste instante, ia aprumar.
Na janela bate o vento,
Fala seu nome pra mim,
Não te deixo um só momento,
Te quero comigo, assim,
Te bebendo, sou sedento,
Teu prazer todinho, enfim...
X
Quando soube que chegava
Maduro amor que sonhei.
Por tanto tempo sonhava
Tanto tempo procurei...
Minha vida não passava
Antes de ti, nada sei...
Sei dos teus seios macios
Sei tua boca gostosa,
Sei dos desejos vadios,
Do teu perfume de rosa,
Tanto vivemos os cios
Na noite maravilhosa.
Tuas pernas, teus desejos
Nos meus desejos sem fim.
Nos carinhos, nossos beijos
Todo amor que tenho em mim.
Teus olhos, dois azulejos
Contrastam lábios carmim...
E sei que te quero barco
Que sempre me levará,
Tanto amor que sempre abarco
Amor que, sei, chegará,
No teu porto eu já me embarco,
Nos mares do Paraná...
X
Espero o que não vem
Aguardo o que não tive.
Saudade desse bem
Que sei que nunca vem
E sei que nunca tive...
Por mais que seja grande
Saudade tão escura.
Procuro pelo bem
Na noite tão escura.
Saudade que é tão grande...
Não sei se deste lado
Ou do outro lado vem
O meu amado bem
Que sei que nunca vem
E me deixou de lado...
De tudo que já tive
A minha sorte grande
Está nas mãos do bem
Que sei que foi tão grande
E que contigo, tive...
X
Princesa que dormia
No canto desta cama
Princesa que se ardia,
Calor de tanta chama
Princesa que sabia
Que a noite não reclama
Que venha o novo dia
Inunde poesia...
Princesa que beijava
A boca que pedia
Princesa que eu amava
Com toda fantasia
Princesa que tramava
A vida em alegria
A noite que chegava
Prazeres, inundava...
Princesa que quisera
Saber da melodia
Da vida, mansa fera,
Que vem numa harmonia
Trazendo a primavera
Princesa não sabia
Que a vida, essa quimera,
Também de dor tempera...
Princesa volte aqui,
Meu verso que te anseia
Em tudo o que senti
Amor não se receia
Em pleno amor vivi.
A noite em lua cheia
Amor em ti eu li,
Vivendo só por ti...
Princesa, nossa mesa
Está tão recheada
Tanta delicadeza
Princesa, minha fada
Se perde na beleza
Desta mulher amada,
Amando essa princesa,
Deitada, sobre a mesa...
X
Não quero a despedida
Nem ranço de sofrer
Eu quero que a querida
Não canse de querer.
Tão vasto meu destino
Repastos da paixão
O sonho do menino
Invade a solidão
Não deixa nem um dia
Que este desejo farto
Impeça a fantasia
E aborte, mate o parto...
Nos mares que guiaste
Nos dedos que tocaste
Amor foi um guindaste
Da nossa vida, uma haste...
Marés e maresias
Não penso mais em nada
Amores, harmonias.
Te quero em mim, amada...
X
Nos vales, na montanha
Galopante corcel
Lua na mão apanha
Desliza neste céu...
Nas asas galopantes
Deste corcel divino
Tardes deslumbrantes
Céu tão cristalino...
Azulejando espaço
Nuvens, raridades...
Nos braços do cansaço.
Tantas claridades...
Amor que sempre quis
Corcel que tanto voa.
Vivendo-se feliz
A vida é bela, boa...
X
Teu carinho tão brando,
É brando e tão suave
Amor estou te amando,
Amando sigo a nave
Que chama coração!
Coração nave perdida
Que se perde sem querer
Tomando minha vida
Fazendo-me perder
Perder a direção...
Na direção do sol
Encontro deusa lua
Quem fora girassol
Agora gira lua
Direção: coração!
X
Eu quero o teu sabor
De doce cana e mel.
Vivendo em nosso amor,
O sol, a lua, o céu....
A roupa se quarando no quintal
Vontade de brincar, de pular corda.
Amando nossa roupa em festival,
Quarando nosso amor, na mesma corda...
Morena que me guia
O brilho do teu sol,
Em plena fantasia,
Morena meu farol...
A broa que foi feita de melado,
O gosto deste mel na tua boca.
Sabor de quem se encontra apaixonado.
Saudade quando ataca, coisa louca...
O gosto da cachaça,
O cheiro do café.
Amor quando se engraça,
Invade nossa fé.
Menina que me nina, vida minha.
Ávida sensação de ser feliz.
Meu peito no teu peito já se aninha,
A mando, um coração, teu aprendiz.
X
Quem dera quisesse ser meu grande amor
Aquela que fora deixando esse sonho
Que cedo me trouxe ventura e calor
Assim vou levando meu canto risonho
Em busca daquela que quero pra mim,
Amor se revela num mar que é sem fim.
A moça querida que tanto imagino,
Nos medos que trago reflito meu mar
Sabendo que a vida se traz desatino,
Mesmo nesse afago me impede de amar.
Eu quero a certeza de sorte na mesa
De toda a grandeza que amor pode dar.
Não tenho saudade do tempo que passa
Nem tenho mais pressa, mas te quero aqui;
Amor sem maldade que cedo esfumaça
Passando depressa, também me perdi.
E quero teu rumo, teu corpo viver,
Eu não me acostumo, quero teu prazer!
X
Eu leio nos teus olhos
As páginas felizes
Que tive em minha vida
Na sorte peregrina
Que cedo me alucina;
Depois segue perdida...
Eu leio neste brilho
Calor que me enlouquece
De tanto amor que tenho
Amor que não se acabe
De tanto amor que venho
Depressa que não cabe.
Aguardo essa alameda
Estreita da paixão.
Que nunca me deixou
Que nunca deixará.
Por ela, sempre vou,
Amor encontrei lá.
Deixou tanta saudade
Saudade que não passa
Saudade de viver
Vontade de voar
Vontade de saber
Como é gostoso amar!
X
Se tenho tanta saudade
Do tempo que não mais volta.
A noite por caridade,
Contendo minha revolta...
Meus olhos na claridade,
A felicidade solta...
Amiga, que bom que vejo
Bela lua companheira,
Reflete no meu desejo
Quando a vejo, assim, inteira,
Meu amor segue o cortejo
Desta dama verdadeira.
Perfumes desta saudade
Da rosa em meu coração,
Te peço, por caridade,
Devolva-me essa emoção.
Sem ela, sem claridade,
Viver é pura ilusão...
Depois desta noite vejo
O brilho do rei solar,
Dourando assim meu desejo
Desejo de te adorar,
Saudade fecha o cortejo,
Amiga, morrer, no mar...
X
Se tenho tanta saudade
Do tempo que não mais volta.
A noite por caridade,
Contendo minha revolta...
Meus olhos na claridade,
A felicidade solta...
Amiga, que bom que vejo
Bela lua companheira,
Reflete no meu desejo
Quando a vejo, assim, inteira,
Meu amor segue o cortejo
Desta dama verdadeira.
Perfumes desta saudade
Da rosa em meu coração,
Te peço, por caridade,
Devolva-me essa emoção.
Sem ela, sem claridade,
Viver é pura ilusão...
Depois desta noite vejo
O brilho do rei solar,
Dourando assim meu desejo
Desejo de te adorar,
Saudade fecha o cortejo,
Amiga, morrer, no mar...
X
Como é bom poder dizer-te;
Como é bom poder querer-te
E saber que existe, enfim.
Tanto tempo sem dizer
Tanta vida sem querer
Tanto amor que trago em mim.
Como é bom poder amar-te
Como é bom poder falar-te
Deste amor que tenho em mim.
Tanto tempo sem amar
Tanto coisa por falar
Tanto amor que existe, enfim...
Como é bom poder sentir-te
Como é bom saber pedir-te
Este amor que é só pra mim.
Tanto coisa por sentir
Tanto amor a te pedir.
Como é bom viver assim
X
Quando vinha a madrugada
Os braços da minha amada
Promessas duma alvorada
Com certeza em pleno sol,
Tanta dor que foi sentida
Da saudade dolorida,
Graças a ti esquecida.
Essa alegria sedenta
O coração não agüenta
Uma paixão violenta...
Que brilha como um farol
E que me traz fantasia
Explodindo em alegria,
Fazendo raiar o dia
Meu coração girassol...
Amor trazendo seu manto
A noite pedindo um canto
Aurora que é puro encanto
Espera o raio do sol.
O meu amor infinito
Na dureza do granito,
Na beleza deste rito,
Meu coração girassol...
Girando buscando o rosto
Da mulher que tanto gosto
Que me livrou do desgosto
Nos teus olhos, meu farol.
Vivendo essa claridade,
Que é pura felicidade,
Amor que sei de verdade...
Meu coração, girassol...
X
Tantas vezes procuro amor em paz
A vida me diz não.
Sedento pela vida que imagino.
Mas me respondes: não!
Quantas noites dormindo aqui sozinho
Espero uma emoção.
Cansado de viver sem ter por que;
E me respondes: não!
Pergunto para a lua que não veio.
Apenas ilusão...
Deitado sob estrelas, tanto frio.
E me respondes: não...
Quem sabe te terei no fim da tarde
Rasgando esta amplidão
Trazida pelas nuvens da esperança.
Só me respondes: não.
Meus versos te buscando, nada encontram.
Somente solidão.
Apenas a resposta sempre ouvida.
E me repetes: não!
Um dia, uma esperança sempre ronda
Encontre a solução.
E quando tu cansares do refrão.
Também te direi: não!
X
Não quero tais espinhos da saudade
Marcando minha pele em cicatriz.
Quero o sorriso franco
Com quem imaginei
Um dia ser feliz.
Não quero mais tristeza
Nem dor que tanto corta.
Seguindo a correnteza
Não quero mais saudade,
Nem dor que me maltrate
Quero felicidade...
Na leveza deste verso
No universo que pretendo
Sigo tendo amor diverso
Tanto amor, amor retendo.
Não me deixe mais sozinho
Meu ninho é do bem querer;
Toda rosa traz espinho,
Mesmo o espinho quero ter.
Minha amada; se soubesses,
Como é bom saber de ti.
Ouvirias minhas preces;
Tanta dor que já senti.
E te quero aqui, comigo,
Deitadinha no meu colo;
Te deitarei, por certo, abrigo.
Tanto amor que me consolo.
Eu plantei nosso jardim,
Adubei com tanto amor,
Plantei rosas e jasmim,
Nessas noites de calor,
Teu amor vivendo em mim,
Não permite nem temor,
Como é bom viver assim!
X
Meu amor quando encontrei
As flores do bem querer,
Ser feliz é minha lei,
Sem tristeza, florescer.
Os meus versos que te faço,
Esquecidos da saudade,
Vão seguindo esse compasso,
Rumo à felicidade...
Não te esqueças, minha amada,
Da luz que tanto ilumina,
Vamos seguir esta estrada
Conhecer, do amor, a mina...
Menina que tanto quero
Menina que tanto quis
Teu amor, menina, espero,
Venha me fazer feliz!
Se te canto amor em trovas
Tantas trovas vou fazer.
Nosso amor não quer mais provas
Nos teus braços, vou morrer!
X
Gravitando prazeres sensuais
Sobre a cama, delícias e loucuras.
Quero mais, sempre mais, nunca é demais!
Imerso nas ternuras e torturas
Das bocas que procuram afluentes...
Imensa sensação de estar imerso
Em densa fantasia, sedução...
Não quero me sentir nem vou disperso,
Nessa explosão de rosas e paixão,
As bocas procurando mares quentes.
A cabeça girando, nunca pára,
Sentidos aflorando até espinhos;
Tatuando beleza sempre rara
Forrando tantas pétalas nos ninhos
Que vazam afluências numa enchente...
Repartimos desejos mais famintos.
Sedentos no vislumbre dum orgasmo
Que sangre em nossos óleos, rubros, tintos,
Numa sofreguidão sem ter marasmo
Que traga essa loucura, tão urgente...
X
Um sentimento atroz, feroz, injusto;
Tomando conta, leva ao sofrimento.
Sofrimento cruel, uma saudade.
E não perdoa nada.
Um brilho tão opaco fortalece;
Esquece quem sonhou felicidade.
Saudade traduzida solidão.
Devasta toda a casa.
E toda essa harmonia procurada
Se perde sem ter mapa nem tesouro.
Apenas a vontade de fugir
Para um mundo distante.
Tiranas emoções vão me tomando,
Envolto nestas nuvens de tristeza.
Apenas a vontade de fugir
Para um mundo distante...
Onde possa encontrar o teu carinho
Onde possa inventar uma esperança
Onde possa invadir felicidade
De amar-te plenamente!
X
Nascendo num dourado berço de ouro
Quem sabe poderás me conceder
Um minuto feliz.
Eu venho desses restos de esperança
Fustigado p’las dores mais terríveis.
Mesmo assim, sou feliz.
Vivendo sem saber se vem futuro,
Se vem, se poderei, enfim sorrir.
Se serei mais feliz.
Descanso meus olhares no passado,
Sem pena do presente, nada temo.
Senão não ser feliz...
Distâncias percorridas, sem temor.
Vencendo a solidão, eu te proponho
Querida, ser feliz...
Esqueça as minhas tantas cicatrizes,
Se doure neste sol de uma esperança
E venha ser feliz...
X
Canta uma voz no meu peito
Um canto de passarinho
Que procura dar um jeito
De encontrar um novo ninho;
Pois Nunca está satisfeito
Quem cantar assim, sozinho...
Minha voz é o meu guia
Que me leva pelo espaço.
Montado na fantasia
Esqueço até do cansaço.
Fazendo da poesia,
O meu mais perfeito passo...
Quero o canto que cantara
Passarinho mais bonito.
Meu amor é pedra rara
Se estende pelo infinito.
Não quero mais vida amara,
Este amor em mim, meu rito...
E cada vez que me encanto
Com teus olhos, meu amor,
Cada vez aumento o canto,
Espero por teu calor,
Não preciso mais de pranto,
Teu canto foi salvador...
X
Quem dera fosse assim, amor que tive.
Liberto e soberano, sem grilhões;
Vivendo simplesmente por viver,
Sem ter que dar sequer satisfações;
Quem dera fosse assim, amor que vive,
Escravo e tão cativo, d’outro amor.
Temendo toda a sorte de prazer,
Sangrado em mil versos de pavor...
E sonho teu amor mais carinhoso,
Sabendo que farás bem mais contente,
Aquele que sonhara ser feliz
Percebe quanto pode, de repente...
X
Não quero uma tristeza tão insana
Que impeça de sonhar felicidade.
Buscando teu amor pela cidade
Talvez eu reconheça liberdade...
Não quero a mansidão que se falseia
E sempre se renega sem pudor.
Vivendo uma esperança sem temor
Nas garras mais gentis do deus amor.
Não quero o desamor que me torture
Não quero conhecer maior receio,
Amor já se sabendo de onde veio
Descansa toda noite no teu seio...
Não quero um verso falso, sem sentido,
Mentindo a sensação de ser feliz.
Eu quero a fantasia que prediz,
Poder, ser finalmente, o que mais quis...
X
Eu quero o teu amor como arvoredo
Nessas tonalidades mais diversas.
Em tantas emoções
Não quero o meu viver mais solitário
Nem quero uma esperança mais vazia.
Nem somente ilusões...
Te quero permanente, em pensamentos
Te quero verdadeira em alegria.
Só quero, amor, amar...
Não quero essas mentiras que forjamos
Nem quero uma verdade mentirosa.
Só quero amar, amar...
E cismo em toda noite te buscando,
Nos bares escondidos da lembrança
Só quero, amor, te amar...
As portas franqueadas da esperança
Encontram, nos teus braços, solução.
Só vou te amar, te amar...
Os medos que passara estão guardados
Jogados na lixeira da saudade...
E como é bom te amar...
Não deixe que esta luta seja em vão
Não deixe que este sonho degenere.
Eu sei que vou te amar!
X
Amiga, quanta saudade!
Quanto tempo não a vejo.
Tu sabes que, na verdade,
Tua amizade desejo.
Não apenas ser fiel,
Nem apenas te adorar,
Conceber um novo céu
Muito mais que sei amar.
Quero a tua mansidão
E teu companherismo,
Amiga, em meu coração,
Não permite nunca abismo.
Nos passos mais complicados
Que a vida nos prometeu
Nossos laços mais atados,
Tanta dor já se venceu...
Eu quero ter a certeza
Que te ofereço, querida,
De não haver maior beleza
Nem amor, na nossa vida,
Que nos trague claridade
Brilho e felicidade
Que nossa pura amizade...
X
A vida tão isolada
Quase sempre amargurada
Sem esperar nada, nada,
Vestida de solidão
Tragado pela saudade
Nesta triste realidade
Distante felicidade
Respondendo sempre não.
Cada dia mais vazio
Imensas noites de frio
Esperança por um fio
Nem pavio de ilusão.
Toda a vida dolorida
Em tristezas, envolvida
A sorte já decidida
Em nada mais penso, em vão...
Depois de tanta tortura
Viver sem saber ternura
A noite qual cela dura
Esperando a solução,
Que, pensava, nunca vinha
Tanta vontade que tinha
Que essa mulher fosse minha...
Não ouvias nada não..
Mas no inverno tão temível
No sonho mais impossível
Uma luz, a mais incrível,
Desponta na escuridão.
São teus olhos que sonhara
Diamante, pedra rara,
Que tanto tempo aguardara
Rebrilha em meu coração.
E te vejo aqui do lado,
Valeu o tempo esperado
Valeu tanta dor, passado,
Imerso na solidão.
Agora que estás comigo,
Encontrei o meu abrigo,
Tanto amor que, enfim, consigo
Contigo no coração!
X
Eu quero te encontrar nua,
Nossa cama tão macia...
Quanto amor no amor flutua
E vibra em plena alegria.
Amor envolto em mistério.
Nosso caso é caso sério...
Quero te beijar inteira,
Percorrer bem de mansinho
Esperança verdadeira
De encontrar descanso e ninho.
Quero penetrar teu mundo,
Sempre tão doce e profundo...
Eu quero o mel do prazer
Que guardas nos teus segredos...
Aos poucos te conhecer,
E vencer todos os medos,
Todos os sentidos pedem:
Conhecer os jardins do Éden...
X
Querida, eu nunca minto
Sequer um sentimento.
Nas telas em que pinto
Amor é meu pincel,
As cores, sofrimento.
Minha esperança; o céu...
Escrevo em tais matizes
Meus sentimentos breves
Por certo são felizes
Os dias que sonhei.
Quem dera fossem leves,
As cores que pintei...
Uma esperança sobra
De todo o sentimento.
Da dor já se recobra
Quem sonha claridade.
Matando o sofrimento,
A flor duma amizade..
X
Eu te revejo, no passar do vento
Que o teu perfume exótico me traz;
E quando fica livre o pensamento,
Teu vulto nobre o cérebro refaz!
Eu te revejo na estação das flores,
Entre as mais belas que o jardim floresce;
E na paixão fugaz de outros amores
O coração de ti, jamais esquece...
Eu te revejo, numa nuvem clara
Que corta os céus, na límpida alvorada!
E ao ver, das pedras, a mais nobre e rara,
Nela te vejo, frágil, delicada....
Eu te revejo no bater dos sinos,
Ao fim do dia, em prece angelical;
E nos acordes, leves cristalinos,
Estás presente, etérea e sensual...
Eu te revejo, no passar do rio,
Cortando serras e varando as matas,
Pois teu sussurro, cândido e macio,
Vem das nascentes, tímidas cascatas...
Eu te revejo, na canção do mar
Que aos homens causa medo e causa espanto,
Pois é nas ondas deste olhar
Que, mergulhando, eternizei meu canto!
Mas, se me pedes que, de ti, me afaste,
Hás de uma vez por todas responder:
Por que te amar assim tu me ensinaste,
Sem ensinar-me como te esquecer?
Eu te revejo em sonho, extasiado,
Na luta mais feroz contra a saudade.
Preciso deste amor, apaixonado,
Viver em teu amor é liberdade!
Eu te revejo no canto que te fiz,
A cada dia mais sereno e louco.
Traçando meu futuro mais feliz,
Perdendo todo o tino, pouco a pouco...
Eu te revejo nas luas que não tenho,
Na noite que não veio nem virá.
Se matas mais fechadas sempre embrenho,
Talvez minha esperança reste lá.
E sinto que te quero, não mais nego.
O gosto de teu beijo não esqueço.
No vento que te trouxe, me carrego,
Não me deixe mais, sinto que enlouqueço.
Meus versos foram feitos espelhares
Dos olhos mais divinos que já vi.
Andando em tantas luas, tantos mares,
Revejo tanto amor que tive aqui,
Eu te revejo, querida em cada canto,
Em cada sonho, amor, em tudo enfim.
Minha amada, sou vítima do encanto
Que faz eu te rever dentro de mim!
Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
X
Na noite fagueira
Paixão verdadeira
Que se deu inteira
No canto se fez.
Paixão que me encanta
Na voz que te canta
Minha dor se espanta
E some de vez.
Em meio a desertos
Amores incertos
Não querem acertos
E morrem sozinhos.
Eu quero teu colo
Contigo me embolo,
Na cama ou no solo,
Fazemos os ninhos...
Na noite que brilha
Amor segue a trilha,
Imensa partilha
De todo o prazer.
Em tantos fulgores
Trocamos amores
Servidos senhores
Pr’a sempre te ter...
No véu da esperança
Promessa de dança
Sem medo, se avança,
E nada detém.
Na nossa cama
Acesa essa chama
Na lua, na lama,
Vem, meu amor, vem...
X
A vida, meu camarada,
Tantas vezes nos permite
Falar de sonhos terríveis
Mesmo que não se acredite.
Têm meus versos, mil defeitos;
Meu direito de sonhar
Não interfere, garanto,
Com meu jeito de cantar.
Eu sou livre passarinho
Que não gosta de prisão,
Tantas vezes o meu ninho
Decora teu coração.
Não sei medo nem disfarce,
Não sei dor que me enlouqueça
Te oferece uma outra face,
Se não gosta, já me esqueça!
Meu cantar, ultrapassado,
Procura dar fantasia,
Vou vivendo, sei, de lado,
Brincando de poesia.
Porém não gosto do cheiro
De cadáver que se emana,
De quem vive o tempo inteiro
Crendo ter voz soberana.
Meu amigo me desculpe;
Se não te trago oferenda,
Se meu verso já se esculpe
Em velha seda, de renda...
Poderia te contar
Da dor intensa que trago,
Da vontade de cantar
A dor que me fez estrago.
Ou falar sem ter sentido
O sem sentir o que falo,
Um canto mais distraído
Que não sei, logo me entalo.
Tantas vezes fui escravo,
Amarrado na senzala
Cativo de rosa e cravo,
Ferido por dura bala.
Mas agora, mil perdões,
Esqueci como se faz
Respirar podres porões,
Prefiro cantar a paz!
X
Quando de noite a lua traz seu brilho
E vejo a maravilha: ser feliz.
Eu pressinto essa aurora que virá
Pintando uma esperança para mim.
Ah! Eu amo você!
Quando o sol me entregar seus quentes raios
Deitando no meu quarto, uma alegria...
Iluminando cada canto, assim;
Com seu suave toque luminoso...
Ah! Eu amor você!
Quando as franjas do céu sobre as montanhas
Azuladas no fim deste horizonte
Formando com as nuvens bela cena
Eu estarei pensando em nosso amor.
Ah! Eu amo você!
Você que é toda a luz desta manhã
Você que é todo o brilho desta lua
Você que me irradia tanta paz.
Você que é essa certeza que buscava...
Ah! Eu amo você!
E cada vez que penso em seus olhares
E cada vez que canto uma canção
E cada vez mais tenho essa certeza
Vontade de gritar a todo mundo:
Ah! Eu amo você!!!!!
X
No mar imenso que preparo, amor;
Para os sonhos que trago.
Nas ondas turbulentas, o temor;
Se solidão, naufrago...
Mas tenho esta esperança de ser mar,
Viver em teu afago
Certeza de saber o que é amar
Neste teu mar que vago...
Tua alma transparente é meu timão;
Mulher apaixonada.
Em versos que te faço, o coração
De noite enluarada.
Se bebo do salgado azul do mar
Nas mãos da timoneira.
Das lágrimas salgadas deste amar.
Tu és mais verdadeira...
E sinto teu desejo, tanto amar...
Minha amada caiçara.
Vivendo neste porto, nosso mar.
Que me ancora, antepara...
X
Como é bom o teu sabor...
Me lambuzo no seu mel,
Delícias do nosso amor;
Nas texturas do pincel
Que me fez ser teu pintor...
Diabruras de criança
Danças, cirandas, sorrisos.
Revivendo uma esperança
Recriando paraísos...
Amor fazendo fiança;
Cabelos soltos ao vento
Vento que tanto cantava
Não me sai do pensamento
O tempo em que já te amava
Sem ter arrependimento.
Agora a casa distante
A saudade me maltrata
Te viver em cada instante
Tanta luz que me arrebata
Esquecida numa estante.
Deixada no coração.
Com bolor e com tristeza,
Encanto, desilusão,
No lugar dessa princesa,
Somente uma solidão...
Mas o vento ventará
O meu sonho renasceu
Neste sol que brilhará
Que é somente teu e meu
E nunca se esconderá!
X
Vestindo uma esperança: ser feliz,
Trazendo, num tapete, tantas flores.
Vivendo sem temer o giro lento
Das horas sem amores...
Respeito estas estranhas agonias
Que cismam em rondar o velho peito.
Embora muitas vezes me machucam,
Mesmo assim, satisfeito...
Por mais triste que seja a caradura
Por mais dores que pinte essa aquarela,
Eu sinto-me encantado, sem mentiras,
Minha amada é tão bela...
Não temo ser sozinho, não me espanto.
Não temo uma tristeza, vacinado.
Nas rondas que passei, criei tal crosta.
Por isso, apaixonado...
Sem medo de sentir sequer vazio.
Sem medo de vestir qualquer pudor,
Apenas existindo, não pergunto.
Quero viver o amor!
X
Amada, como te quero
No gosto desta esperança
Que sempre traz alegria,
No suave murmurejo
Do rio da fantasia
E dos mares do desejo,
Que preciso, todo dia.
Te implorando por um beijo...
No calor de tua boca
Essa louca maravilha,
Que tanta sorte me deu
Que tanta sorte produz.
No mundo que sonho, meu,
É tua toda essa luz
Que, acabando com o breu,
Aos teus braços, me conduz...
Menina, doce morena,
Teu sabor, doce de leite,
No deleite da alegria,
Trem de ferro, capital,
Com jeito de interior,
No toque mais sensual.
No teu jeito sedutor,
Viajarei teu astral,
Chegarei no teu amor...
Encontrando meu caminho,
Cada toque mais profundo.
Devagar irei levando
O meu canto ao teu reinado,
Sempre, sempre desejando.
Amor que sei, adorado,
E cada vez mais, te amando,
Eu estou apaixonado!
X
Minha alma anda viúva
Buscando um novo acaso
Sem saber desta chuva
Amar fora do prazo
Vivendo sem ruído
Vencendo e ser vencido...
No gosto desta espora
No gesto que te faço
Amor não se demora
Abrindo-te meu braço
Vivendo sem juízo
No par, o paraíso...
No vento feito brisa
Na brisa em nossos mares
Amor quando se avisa
Promete teus amares
Vivendo o que mais sonho
Ser mais a ti proponho...
A vida perde a curva
E traz a madrugada
Visão que não se enturva
Não quer dizer mais nada
A mando do que vago,
Amando cada trago.
Vivendo amor tão mago
Pedindo um novo afago...
X
Minha canção que te canto,
Nascendo na mesma fonte
Que transmite teu encanto
Lá na linha do horizonte.
É canção bem mais ligeira,
É cantar desse cancão,
Que canta a vida inteira,
Que se chama coração...
Sem este canto, querida,
Já não posso mais viver,
Cantarei amor e vida
Até a tarde morrer.
No poleiro da saudade
Coração descansa, enfim.
Todo amor que é de verdade,
Coração contou pra mim.
Namorar felicidade
No canto que fiz, enfim...
No campo ou na cidade,
Quero teu amor, assim...
X
Tantas vezes errei, isso eu reconheço.
O mundo em minhas mãos, buscava num segundo.
As falhas que carrego invadem nosso mundo.
O teu olhar mordaz, às vezes, eu mereço.
Mas tanto procuraste e me viras do avesso,
Que cada vez que vens num mar negro e profundo
Sem chance de escapar, a teus olhos me afundo.
Das quedas que sofri, algum mero tropeço,
Gerando tempestade em simples copo d’água,
Aumentam, com certeza, e transformam-se em mágoa.
Peço-te a caridade, enfim de perdoar...
E perdes tanto tempo, o nosso amor sem paz.
Eu não quero um verdugo e nenhum capataz;
Perdendo, em julgamento, o tempo que é pr’a amar!
X
Gosto doce, garapa, favo, mel.
Na podridão madura desta fruta.
No beijo da morena
Neste calor de luta
A vida que me acena
Também promete céu
Destampa todo o véu
Desnuda uma beleza.
Montada num corcel
Parece uma princesa,
Que sonha com certeza
O mundo mais risonho
Galgando em cada sonho,
O mar que nunca viu,
Depressa amor partiu,
Bateu na minha porta
Entrando pela cava
Saindo pela aorta
Derrete feito lava,
Amar, o que me importa!
X
Se queres tantos sonhos, meu amor,
Eu posso te dizer dos que juraste.
São versos esquecidos, minha amada.
Por vezes, tal lembrança; não guardaste.
Se tanto maltratamos nosso amor,
Não foi, esteja certa, meu intento.
Eu tento sempre dar à ti, amada
Um toque de ternura, meu sustento...
Peço-te que desculpes meu amor,
Que é feito de tocaia e de ilusões.
Mas saibas que tu és demais amada,
Dominas, sem saber m’as emoções...
Pressinto que terei o nosso amor
A cada novo sonho, bem mais forte.
Desculpe meus enganos, doce amada,
Contigo eu quero estar até à morte!
X
Não deixe que se escape
Não deixe que se perca,
Não vejo mais escalpe
Não caia essa peteca
Se queres o meu mar
Eu quero o teu naufrágio,
Te falo do solar,
Ou do luar que é plágio.
Amor se for mais frágil
Acaba sempre em dor.
Minha alma comovida
Procura pelo porto
Que importo em minha vida
Forjando ser aborto
A simples despedida...
Não deixo que se finde
Amor que quero tato,
Amor é bom de fato
Se trazes teu retrato
Retrato nosso amor,
Com arte de pintor.
Contrato se rescinde
Amor; te faço um brinde.
Senão parece acinte.
Eu quero que me pinte
Das cores deste ocaso.
Amor criando caso
Acaso se percebe
Na vida que se segue
No rumo que persegue
Quem tanto amor renegue
Não sabe como dói
A lua que não sói
Brilhar em plena noite.
X
Quem dera se pudesse ser só minha
Aquela que esperança prometeu.
De súbito uma incerteza se avizinha
E forja novamente triste breu.
Amar é conhecer cada detalhe
Que trama em escultura todo entalhe...
Bastava imaginar, estavas lá;
Desnuda caminhando mansas sendas.
Agora meu amor onde andará?
A noite te escondeu, colocou vendas...
Mas sinto teu perfume aqui por perto,
Amor inda terei, disto estou certo...
Não peço mais que proves teu amor,
De tanta insegurança tu fugiste.
Mas caço teu amor por onde for,
Não quero mais viver assim tão triste...
Deitado neste canto, tão sozinho,
Espero pela festa em nosso ninho!
X
Quando cansado desta noite imensa
Depois de tanto tempo sem ninguém,
A vida se passando sem sentido;
A fria madrugada sempre vem.
Teu vulto está marcado em nossa cama,
Deitado; te procuro, mas não vejo.
A noite vai passando sem sentido...
Apenas me restando esse desejo.
Mas sei que certo tempo tu virás
E todas as tristezas findarão;
A noite deste encontro, maravilha,
A vida renascendo em emoção.
Não quero te roubar um só segundo,
Eu quero mergulhar em nosso fogo.
Amada como é belo o teu futuro,
Espero que retornes logo, logo...
E sinto tantas flores renascendo
Perfumes maviosos, de jasmim.
Por certo nossa vida assim refeita,
Nas flores, nos aromas, meu jardim!
X
Amigo, meu canto, que canto pra ti
É tanto sincero que posso dizer
Procuro esse encanto que encontrei aqui
Amigo, eu espero, que possa saber,
A vida traz sorte, depois se gargalha
Na ponta da morte, fio de navalha.
Saudade machuca depois cicatriza
Primeiro maltrata depois, curativa,
Assim foi comigo, com meu grande amor.
Escute-me amigo, te peço o favor
Encontrei a mata de extremo prazer
Depois, quase nada, me pus a sofrer.
A moça que fora, rainha primeira,
Depois foi embora, nunca mais voltou
Pensei, companheiro, ser muito feliz,
Penei tempo inteiro, não tive o que quis.
Saudades de agora, meu tempo passou.
Por isso te digo, tu és bom amigo,
Nas noites de frio, me deste um abrigo.
Quando mais preciso, contarei contigo!
X
Tantas voltas vida dá
Vida nunca se repete
Tempo nunca voltará
Tanta dor que te compete
Tanto amor que sempre irá
Serpentinas e confete
Minha amada brilhará
Depois pintamos o sete
Nossa cama rodará
Nosso amor é canivete
Que sempre nos ferirá.
Meu amor foi sobremesa
Do jantar do sofrimento.
Deitando amor nessa mesa,
Matando qualquer tormento
Minha rainha, princesa,
Meu amor galopa o vento
Vem amor, tanta beleza,
Não te esqueço um só momento
Meu amor tenha a certeza
Como é grande o sentimento
Descendo essa correnteza.
Invadindo nosso rio
Que corre para esse mar.
Eu não sinto nem mais frio
Teu amor vai me esquentar
Meu coração tão vazio
Agora vai completar
O peito que foi vadio,
Nos teus braços sossegar.
Nunca mais perco esse fio,
Eu sempre irei te encontrar.
Seja inverno ou seja estio...
Eu vejo tanta ilusão
Que me trouxe desamor
Às portas do coração
Meu amor pedindo amor
Não me poupe essa emoção
Ela é todo o meu calor.
Que me invade a plantação
Acaba qualquer temor.
Causando revolução,
Meu amor é salvador,
Ele é minha solução.
X
Meu amor que brilha
Sem saber por quê.
Tanto maravilha
Tanto faz viver.
Eu não sou mais ilha
Vivo por você.
Tanto tempo aqui
Tanto eu esperei
Quase que a perdi
Tão mal eu amei.
Mas agora eu vi,
Nosso amor; salvei.
Quero o seu carinho
Quero o seu afago
Louco passarinho
Quer morrer no lago
Deste amor, meu ninho,
Tanto amor que trago...
Peço pela luz
Desses olhos seus
São belos azuis
São faróis nos breus
Seu olhar conduz
Nega todo adeus...
Domina meu mar
Mar dos meus amores
Tanto quero amar,
Dona destas cores
Quero seu luar,
Brilhas, jardins, flores.
Quero o seu festejo
Com gosto de mel
Quero azulejo
Olhos, mar e céu
Quero o seu desejo.
Eu sou seu corcel...
X
Minha amada, nosso sonho,
Cavalgando pelo espaço.
Tanto amor que te proponho,
Nosso amor vai sem cansaço
Pela noite e pelo dia,
Sem parar um só momento.
Nosso amor é fantasia,
Cabelos soltos ao vento...
Eu te quero, assim, inteira,
Sem temer felicidade.
Minha amada, companheira,
Luz de minha claridade,
Venha comigo, nesta dança
Que não canso de dançar
A dança desta esperança
Que não suporta esperar.
Quem espera sempre alcança
Mas é tanto, tanto amar,
Toda a vida assim se avança
Brilhando sol e luar,
Cavalgando a noite mansa
Brilho da lua no mar,
Nosso sonho de criança
Nesse nosso cirandar.
Gosto de pimenta e mel,
Lambuzando nossa vida,
Minha amada, seu corcel,
Te levando, assim, querida,
Nos jardins do bem querer,
Amada quer que descubra
A rosa que dá prazer,
Minha amada rosa rubra.
Teus espinhos vou colher,
De tanto amor que me cubra
Tanto sonho pra viver
Minha rosa, amada, rubra...
X
Amada, te quero,
Com todo o desejo,
Do mel do teu beijo
Prazer que me dá.
Viver esse amor
Que é tudo que trago,
Em teu manso afago;
É sonho, é porvir.
Querida, te espero,
E sempre que vejo,
Eu sinto, antevejo
A vida que vem.
O tempo que tem
O gosto tão doce
Do amor que me trouxe
A noite, meu bem.
Eu quero teu toque
Rolando em meu corpo
Deixando-me morto
De tanto prazer.
O sol que me queima
A rosa que nasce
Perfume que teima
Molhar minha face.
Saber teu abrigo
Saber do perigo,
Estando contigo,
Não tenho mais medo.
Amor, meu segredo,
Adeus ao degredo,
Te quero, bem cedo,
Carinhos, te cedo,
Acende esta chama
Que vive em quem ama.
Te quero, meu bem!
X
As flores que plantei no meu jardim.
Jasmins e rosas, flores olorosas;
Mostrando tanto amor que tenho em mim
Enfim brotaram todas.
São flores do desejo de te ter,
Viver o nosso amor em cada olor,
Mostrando tanto amor que trago em mim.
Por ti brotaram todas...
São mansas, delicadas, perfumosas...
Nas rosas, os espinhos, retirei.
Mostrando quanto amor tenho por ti.
Assim brotaram rosas...
Vermelhas, amarelas, brancas, pétalas...
Trazendo delicados ornamentos.
Mostrando quanto amor é bom assim,
Perfume de jasmim...
Crisântemos, gerânios, lírios, palmas...
Nas dálias a beleza que me encanta.
Margaridas, tulipas e petúnias...
É belo meu jardim...
Quem dera um colibri pudesse ser,
Quem sabe poderia te encantar?
Abelha em cada flor, roubando o mel.
E te roubar p’ra mim...
Quem dera nestes versos minha amada
Das flores que me inspiram, a mais bela.
Tornando os lírios roxos, mais alegres...
Certeza de te amar.
Certeza de te ter
Certeza de encontrar
O meu maior prazer.
E ser feliz, enfim...
X
Escuto um leve sopro qual brisa incessante
Tocando levemente em meus ouvidos
Não consigo explicação.
O que seria?
No toque inexplicável,
Da brisa em meus cabelos,
Toda a eternidade...
Relembro meu passado,
Os tempos mais felizes.
E me deixo levar pelo som
Tão delicado desta brisa
Sobre as folhas que restaram
No outono que se abate.
Um perfume suave, de flores que se abrem...
A voz de uma princesa,
No castelo dos sonhos,
Chegando mansamente...
Ecoa no meu peito,
Com mágica esperança.
O vento, o perfume, o canto, a voz;
No silêncio absoluto
Em que a tarde cai,
Fazem com que esse outono
Reviva a primavera,
E traga toda a esperança
Perdida, já faz tempo...
X
Como dói a distância!
Tantas vezes procuro por teus braços;
Vazia nossa cama.
Um céu se torna escuro.
Minha alma tanto chama,
Mas nada, nada escuto.
A dor desta distância,
Só encontrará cura nos teus braços;
Que longe estão dos meus;
Saudade da ternura,
Tua luz em negros breus
Amada; vem, escuta!
Amor que na distância,
Vai estreitando tanto nossos laços,
Na busca ensandecida
Cadê o teu encanto?
Amor da minha vida...
É tanto amor que sinto...
Vivendo na distância
Te quero sempre aqui, junto aos meus braços.
Quem foi, de amor, vencido,
Amor que concebi;
Me pego, distraído,
Cantando, só; por ti.
X
Mirando no teu olhar
Morena que sempre quis
Em teus olhos navegar
Neste mar ser mais feliz...
Tanto quero teu amar
Quanto amor maior eu fiz.
O mesmo mar que te banha
Banhando minha esperança
Felicidade tamanha
Tanto amor que já se alcança
Tanto o cabelo se assanha
Na sanha de nossa dança...
Amor nunca faltará
Amor que sempre terei.
No teu amor brilhará
O sonho que dediquei
Mulher que sempre estará,
Amar, minha eterna lei...
Mesmo depois que a saudade
Nos meus olhos dormitar,
Terei a felicidade
De ter tido, em teu olhar,
Certeza da claridade
De amor tão belo, a brilhar!
X
Quantas léguas andei,
Buscando pelo mar
Milhas, eu naveguei,
Não posso mais parar.
Tempestades passei,
Não soube naufragar...
Desertos, os meus braços,
Procuram pelos teus.
Amor estreita os laços,
Afastam-nos adeus,
Teus passos nos meus passos,
Os sonhos foram meus...
De súbito eu avisto,
A praia que sonhara.
Mergulho e não resisto
Encontro a perla rara;
Preciso tanto disto,
Insisto, minha cara...
Eu quero o teu amor,
Sem medo nem espera.
Refletes toda a cor
Da minha primavera.
Vivendo sem temor,
O teu amor. Quem dera...
X
Minha alma sonhadora te procura
Pois sabe que, contigo, terá cura
Das dores mais terríveis desta vida.
De amores que se foram pr’outro mar
Da lua que me esconde o seu luar.
Te quero, com certeza, toda nua,
Na sina que de noite continua,
Tu és minha canção, a mais querida.
Tu és minha esperança de sonhar
Tu és uma vontade de ficar.
De tanto que pensei em noite escura
De tanto que sofri, tanta amargura.
Achando que minha alma era perdida.
Amores que se foram com o mar,
Matando uma esperança de ficar...
Minha alma sonhadora, enfim, flutua,
Ao ver uma esperança nessa lua.
Com raios de minha ama refletida,
Dando-me uma certeza de sonhar
Contigo, meu amor, nosso luar...
X
Não quero te perder
Eu quero te prender
Em cada novo laço
Em todo meu abraço
Vontade de saber
Vontade de querer
O bem que sempre vem
Na noite do meu bem...
Eu quero me enlaçar
Nas asas revoar
Sem medo do cansaço
Amando em cada passo
Que juntos, vamos dar
Na noite, no luar.
Luar que sempre vem,
Na noite do meu bem...
Eu quero o doce fado
De ser iluminado
E preso no teu laço,
Deitando meu cansaço
Quietinho, do teu lado,
Meu peito apaixonado.
Que sempre volta e vem
Pro colo do meu bem...
Eu quero essa emoção
Te dou meu coração
O prendes no teu braço,
Depois do amor, cansaço.
Na boa sensação
Do mar de uma paixão.
Que todo o tempo vem
Pra noite do meu bem...
X
Amiga, como é bom saber teu nome
Por vezes, nas escadas, corrimão...
É minha companheira.
Meus pensamentos sempre te procuram
Nas horas mais ingratas desta vida.
Está, comigo, inteira.
Não vejo mais a vida sem teu braço,
Apoio para a queda e para o tombo.
A força soberana.
Que sempre traduzi nestes meus versos
Falando do carinho que te tenho.
Jamais me engana.
Eu quero esta certeza, toda a vida,
Nos espinhos cruéis, meu curativo,
Amor que é de verdade.
A força que se emana do teu ser,
O brilho que jamais se apagará.
O da eterna amizade!
X
Quando à tardinha as nuvens te levaram,
Achava que jamais eu poderia
Viver de novo encanto e poesia,
Ah! Meu grande amor...
Mas logo após a chuva, já raiaram,
De novo em belos raios de alegria,
As plenas ilusões da fantasia.
Raiou novo amor!
Querida; sei que assim, a vida passa.
Não posso aqui ficar como finado,
Vivendo tanto tempo abandonado.
Sem um grande amor!
Saudade no meu peito é qual fumaça
Entenda, meu amor, esse recado,
O que passou em mim, só é passado.
Preciso de amor!
Se toda triste noite, em frio inverno,
Arder nos olhos meus uma tristeza,
A vida se desloca em correnteza
Trama novo amor.
Saudade no meu peito faz inferno,
Amar demais é sempre uma grandeza.
Levando minha dor, tanta leveza,
Escravo do amor!
Mas saiba que te gosto muito e tanto.
Contigo eu aprendi uma verdade.
A vida não permite mais saudade,
É tempo de amor.
Não deixo de por ti, ter tanto encanto,
Amar é conhecer a liberdade.
Quem sabe conheci felicidade,
Nesse nosso amor!
X
Nessas noites sem luar
Em que tanto me perdi,
Meu amor hei de encontrar
Tanto amor tenho por ti.
Não duvides deste canto
Que me encanta, minha sina.
A lua, trazendo seu manto,
Cedo, cedo te alucina.
Os teus olhos, tão profundos
São da cor do meu desejo.
Vasculhar todos teus mundos
Ir em busca do teu beijo;
Não tenha medo da lua,
Ela abrasará teu sol.
Amor bom não se recua
Nem teme qualquer farol.
É força que permanece
Em canto que dediquei,
É tanto amor, nossa prece,
Pois amar é nova lei.
E renovo uma esperança
A de ter comigo, aqui,
Novo sonho, nova dança,
Nesse amor que concebi.
Feito do sol e da lua,
Feito da lua e do sol.
Radiando a lua nua,
Lua, eterno girassol!
X
Tanta noite iluminada
Pela lua tão amada
Esperando por teu sol.
Minha voz anda embargada
A minha esperança, alada
Te procura, girassol...
Vivendo sem ter teu gosto,
A sorte virando o rosto
Esperando teu perdão,
Eu não suporto o desgosto,
De tanto amor que foi posto
Dentro do meu coração...
Minha solar esperança,
O meu sonho de criança
É te ter comigo, assim...
Tu não me sais da lembrança
Minha vida só te alcança
Na curva amarga do fim...
Eu te quero, não duvides,
Teu amor, nunca divides,
Solar esperança minha...
Tanto amor que nunca olvides
Minha sorte que decides,
No meu peito, amor se aninha...
Minha estrela matutina,
Tua luz se descortina,
Aumentando o meu desejo.
Minha morena menina,
Meu caminho, minha sina,
Só passa pelo teu beijo.
X
Silêncio manso da noite
Que me deu meu bem querer.
Da delícia que me acoite,
Vontade de sempre ter.
Saudade, tanta, matreira,
Dessa minha companheira...
Canto tanto quanto posso
Amor gostoso demais.
Meu corpo no teu eu roço,
Toda noite, sempre mais..
Meu amor quando te vejo,
Coração nunca se engana,
Como é gostoso teu beijo,
Feito de cana caiana...
Teu carinho em meu carinho,
Carinhando nunca para.
Coração bem de mansinho,
Logo, cedo, ele dispara...
Minha barba te machuca
Quando roço no teu rosto,
Beijinho doce na nuca,
Coração ficando exposto...
Depois de tanto beijar,
Beijo aqui, beijo acolá.
Dá vontade de ficar,
Tanta vontade me dá...
Não me esqueço da ventura
Que Deus do céu já me deu.
Clareando a noite escura,
Luz dos olhos neste breu...
Tuas vontades, querida,
Eu farei sempre por ti.
Já te dei a minha vida,
De mim mesmo, me esqueci.
Quero todo o teu carinho,
Teu carinho quero ter.
Meu amor é passarinho,
No meu ninho vai viver...
Sempre que te sonhar comigo,
Meu amor faz seu arranjo.
Eu quero voar contigo,
Nas tuas asas, meu anjo...
O vento do bem querer
Já me deu a montaria,
Tanto bem irei viver,
Explodindo de alegria...
Minha amada, como é bom,
O ficar ao teu dispor.
Quero, de Deus, esse dom,
O morrer de tanto amor!
X
Quando em teus braços dormi,
Não soube mais explicar
Tudo que enfim eu senti,
Vontade de mergulhar
No mar de tanto prazer,
Que em ti pude conhecer...
Tua boca maravilha
Tua pele maciez,
Hoje sei não sou uma ilha,
Nosso amor, assim se fez,
De toda a felicidade
Que encontrei, tanta saudade...
No teu colo tão cheiroso,
Sentindo teu respirar;
Deste amor sou vaidoso,
Vontade de sempre estar.
Nos braços da bela flor,
Eternizando esse amor...
No que pude perceber
Amor não trouxe saída
Agora sim irei viver
Nos teus braços toda a vida.
Sem querer fugir de ti,
Até morrer, fico aqui!
X
Saudade, moça danada,
Que conheci no caminho,
Dominando toda estrada
Me deixando aqui, sozinho...
Moça bonita, a saudade,
Dona do meu bem querer.
Amor quando é de verdade,
De saudade vai doer...
Tanta saudade querida,
Tanta saudade de ti.
Procurei por toda a vida,
Todo amor que já perdi
Encontrei no teu afeto
O meu canto, meu descanso.
Amar, verbo predileto
Tanto amor que nunca alcanço.
Danço valsa da saudade
Neste peito, tanta dança.
Amiga da tal saudade,
Companheira da esperança...
Do beijo que tu me deste,
Do carinho que levaste,
Saudade pra amor é teste,
Faz da alegria, contraste.
Mas também tem a saudade
Que gosto muito de ter.
Parece felicidade
Dá até gosto de viver...
Meu amor sempre me disse
Que jamais deixava só.
Fui acreditar, tolice,
Foi-se embora sem ter dó.
Agora por companheira,
Só saudade me restou.
Vai comigo, a vida inteira,
Mostra coração que amou...
X
Tanta dança procurei
Na valsa que adivinhava
No caminho que deixei
E que o meu amor passava,
Nas pedrinhas de brilhante
Que eu pedi pra ladrilhar,
Para o meu amor passar...
Eu trago no coração
O verso que quis te dar
Demonstrando essa emoção
Da certeza de te amar.
Meu amor foi tão constante
Que eu não canso de dizer.
Meu amor é meu prazer...
Na modinha que cantei
Para o meu amor sonhar,
Tantas vezes procurei
Mas nada de te encontrar.
Toda a dor que amor espante
Nas ondas belas do mar,
Sob o raio de luar...
Vou fazendo esconderijo
Na casinha de sapê
Todo amor enfim dirijo,
Vai direto pra você
Amor tamanho gigante
Assim não dá pra esquecer
Esse amor quero viver...
Se já fui eu vou voltar
Se não fui pra que sofrer?
Meu amor vim te buscar,
Tanta coisa por dizer
Nosso amor que a vida cante
E não deixe de cantar
Como é bom poder te amar!
X
Meu amor quando me lembro
Do nosso amor, afinal.
Era quase que dezembro,
Tava chegando o Natal.
Foi então que conheci,
Tanto amor guardado em mim.
Logo, meu amor te vi,
Eu falei, agora sim!
Te pedi pra namorar,
E você quase fugiu,
Foi difícil segurar,
Quase que me escapuliu...
Já faz tanto, tanto tempo
Que quase não lembro mais.
Pra você um passatempo,
Mas amor era demais...
Tua mãe não me queria,
O teu pai inda não quer.
Decidi, naquele dia,
Vai ser minha essa mulher!
Estou feliz, nunca nego.
Eu te quis meu bem pra mim.
O problema é que carrego,
Todo seu gênio, ruim...
Tirante isso, querida,
Inda estou apaixonado.
Nossa vida é divertida,
Tirando o dente quebrado
Com o pau de macarrão,
Quatro costela afundada,
Mas amor, minha paixão,
Pra quem ama, quase nada...
X
Vou lhe contar na verdade
Esse fato que arrepia.
Se não fosse uma amizade,
Meu amor, seu bem morria...
Foi nas curvas da saudade
Das terras do bem querer,
Neste sol, na claridade,
Tanta coisa por fazer.
Vinha andando sem ter medo,
Sem vontade de morrer.
Mas, amor, conto o segredo,
Tanto bem eu quero ter.
Quando vi moça bonita,
Pedindo uma informação,
Coração velho palpita,
Isso não tem jeito não...
Mas, pois bem, quando parei,
Por causa da minissaia,
Foi aí que reparei,
Na danada da tocaia...
Bala comendo direto,
Tanto tiro que levei,
Me furaram por completo
Tanto furo que nem sei.
Já tava quase defunto
Quando vi que, de repente,
Todo mundo, muito junto,
A montoeira de gente...
O compadre Zé Tenório,
Que é sujeito bom de briga,
Preparando pro velório
Me mostrou que é gente amiga.
Fez com barro lá da estrada
Uma mistureba só.
E tacou na buracada,
Quando secar vira pó...
Mas não é que fez direito
O trabalho, meu amor.
Quase que não deu defeito.
Trabalho bom de doutor...
Ele só se esqueceu
E tampou buraco errado.
É só por isso, amor, que eu
Só faço xixi sentado!
X
Tanto amor tenho no peito
Vontade de namorar,
Meu amor dê logo um jeito,
Tô cansado de esperar...
Namorei Maria Rosa,
Rosa Maria me quer,
Toda rosa, que é vaidosa
Tem perfume de mulher...
Não me fale desta moça
Que não quer ficar comigo.
Parece toda de louça,
Se tocar, mas que perigo...
Não sabia da saudade,
Nem também amor sabia,
Tô te amando de verdade,
Toda noite, todo dia...
Canto um canto de alegria
E também felicidade.
Vou fazendo a melodia,
Com nosso amor de verdade...
Meus amigos do recanto,
No recanto da saudade,
Eu reguei com tanto pranto
Já brotou felicidade!
X
Silêncio na madrugada
Silêncio dentro de mim.
Sem saber de minha amada
Eu terei um triste fim.
Nada mais me interessava
Nem as flores, nem jardim.
Por onde meu bem andava,
Quem souber conta pra mim....
Tem o cheiro da saudade,
Meu amor, meu bem, te vi.
Caçando na claridade,
Desde a noite em que perdi...
Vou em busca de teu beijo,
Pelas ruas da cidade.
Meu amor, tanto desejo,
Volta amor, por piedade!
Sou um pobre cantador,
Que se encanta todo dia,
Com esse canto de amor,
Com essa bela harmonia...
Mas não tenho mais sossego
Desde que amor partiu.
Meu amor, eu peço arrego.
Coração batendo a mil...
Vem comigo, de mansinho,
Volta pra me carinhar,
Passarinho quer o ninho,
Meu amor, só quer te amar...
Tens o gosto da garapa
Na boca que tanto quis.
Meu amor, não mais escapa,
Venha me fazer feliz!
X
Vou lhe contar um segredo,
Não espalhe, por favor.
O galo levanta cedo,
Mas não é trabalhador...
Menina tome cuidado,
Não vá fazendo bobagem,
Cerca de arame farpado,
Nunca impede a paisagem.
Nesta tentação não caia,
Se bem que é bom de verdade,
Vestida de minissaia,
Só protege a propriedade!
X
O vento da primavera,
Ventando aqui como lá,
Depois desta louca espera,
Quanto vento ventará!
Trazendo uma brisa mansa
Ao coração tão vazio.
Esse vento quando alcança,
Aquece, não deixa o frio.
A janela estava aberta
Esperando o vento amigo,
De mansinho, sem alerta,
Quero esse vento comigo!
Como é bom poder viver,
O sopro desse ventar.
Tanta vontade de ter,
O peito aberto, o luar...
Esse vento temporão,
Com gosto de quero mais;
Já faz bem ao coração,
Quanta saudade me traz.
Não consigo mais dormir,
Acabou todo o meu sono.
Como posso prosseguir,
Meu caminho neste outono?
Esta flor no meu jardim,
Florescendo em tal beleza,
Primavera dentro em mim.
É tão bom, tenho certeza...
X
Tu dormias, mansamente,
Sonhando tão calmamente
Nesta mais bela visão
No frescor do respirar,
A beleza de encontrar
Amor, tamanha emoção!
Tantas vezes que sonhara,
Poder encontrar minha cara
Tranqüila note de sono,
Na placidez infinita
De tanto amor que me excita
Deitada em seu abandono...
A minha alma embriagada
Nessa tua alma enfeitada
Fazendo um verso sem fim,
Um dueto mais perfeito,
Amar é estar satisfeito,
Te encontrar tão bela assim.
Ao te ver eu não dormia,
Nada mais eu conseguia
Só pensar no meu desejo
De saber do teu amor,
Me levas por onde for,
Minha boca quer teu beijo..
Nessas espreitas, sem medo,
Sem temer qualquer segredo,
Amor cedo me conquista,
Não me deixa um só momento,
Superando esse tormento
Fazendo a vida bem quista.
Agora que o tempo passa
Que todo amor não disfarça
Que te quero sem temer
Em volta desta fogueira
Vou te amar a noite inteira,
Emoldurar meu prazer...
E sinto que não termina,
Amor que tanto domina,
Não te esqueço mais querida
Eu quero te dar meu canto,
Vibrando com teu encanto,
Sonhando com nossa vida!
X
No vento que venta
Que toca teu rosto
O gosto da sorte
Que vem de tão forte
Trazendo no gesto
Um toque infinito
De amor tão bonito
Que tanto te empresto
Me traz poesia.
O vento gostoso
De tanto prazer
Do fino desejo
Do doce, do beijo
Do beijo que dei
Do seixo no rio
Do peito vadio,
Amor que sonhei
Me faz poesia.
No manto da noite
Estrela cadente
Amor de repente
Foi tudo pra mim,
Vivendo sem medo
Sabendo o segredo
De amor carmesim
Na boca da noite
Sem canto que acoite
Minha poesia...
Eu quero teu toque
De manso prazer
Vivendo distante
De amor deslumbrante
Não deixo, um instante
De tanto querer
A boca que toca,
Com gosto de mel,
Do meu doce mel
Do mel que é só meu.
De tanto se deu
Amor que queria
Fez da poesia
A prece do amor.
Que sabe que vou,
Por onde ele for.
Cantando o que sou.
Sem medo ou temor.
No canto que teço,
Amor que mereço
No teu endereço.
Amor me deixou...
X
Meu amor tem segredos divinos
Que nem sempre consigo entender;
Tem os olhos azuis cristalinos,
Tanta luz; como podem conter?
São reflexos do céu nesse mar
São espelhos de raro matiz.
Traduzindo em teus olhos amar,
Com certeza serei mais feliz.
Eu não temo sequer a tristeza
Muito menos a tal solidão,
Em teus olhos de deusa a beleza,
Refletida no meu coração...X
X
A rosa que quero
Na noite que vem,
Somente te espero
Meu amor, meu bem.
Vagando meu sonho
No espaço que vai.
Amor tão risonho,
Do coração sai
E traz uma flor
A flor do desejo
Desejo de amor
Amor, quero um beijo.
O beijo da rosa
Que rubra promete
Promete vaidosa
A rosa faceira,
Amar vida inteira,
O seu colibri,
Que veio, calado,
Tão apaixonado,
Beber deste mel
Que a rosa produz
Que é todo o meu céu
É mais pura luz.
No brilho do sol,
Da lua, da vida,
Sou teu girassol
Eu te amo, querida!
X
Nada vejo, nesse mundo,
A não ser o teu olhar.
Tudo passa num segundo.
Como demora a passar
O tempo quando me inundo,
Deste oceano, te amar!
Não me importa mais a dor,
Nem o fado que virá.
Vivendo sem nenhum temor,
Tanto amor eu terei lá.
Teu amor é meu andor,
Meu templo, meu Xangrilá!
Desculpe-me, minha querida,
Tantas coisas que não fiz.
Se puder darei a vida,
Tanto bem que sempre quis.
Se trago a dor escondida,
Neste amor, eu sou feliz!
Marcando meu sentimento,
Nas ondas do meu desejo.
Meu amor, vai como o vento,
Esperando por teu beijo.
Minha amada o sofrimento,
Graças a ti, eu não vejo.
Meu amor, como te quero.
Como é bom querer-te bem.
Todo amor, quando é sincero,
E do fundo da alma vem,
É como um deus que venero.
Só te vejo, e mais ninguém!
X
Nada mais vago
Afago teu
Que tanto estrago
Já fez no meu.
Menina eu quero
O nosso céu
Nele eu espero
Um branco véu
Que cubra amor
Sem ter pudor...
Raio de lua
Vagando só,
Beleza nua
Ando tão só.
Te peço amada
Claro luar
Não quero nada
Somente amar...
Amor intenso
Só nele penso...
Na cicatriz
Sem alegria
Não fui feliz
Por nenhum dia
Agora vejo
Tanto carinho
Nosso desejo
Em nosso ninho
Onde estará?
Em Xangrilá?
X
Minha amada, me desculpe;
Se te falo desse jeito.
Se tu sofres, não me culpe,
Isso assim, não é direito.
Tenho erros e nunca nego,
Meus defeitos, um milhão...
Toda culpa que carrego,
Reflete em meu coração.
Se te falo, dessa forma,
Não se iluda, companheira,
Uma imagem se deforma
Se não for bem verdadeira.
Meus enganos, não te engano,
Foram tantos, é verdade,
Eu sei que errar é humano,
Mas não quero falsidade...
Toda dor que nos atinge,
Tenha certeza, querida,
Nova cor, que sempre tinge
Toda a beleza da vida!
Por isso mesmo te digo,
Nunca esqueça meu amor.
Toda dor que está contigo,
Renova o matiz, a cor...
X
Meu amigo, como é bom,
O saber que estás aqui.
Na nossa amizade, o dom,
De vencer o que venci.
Amigo, na adversidade,
Nos momentos mais cruéis,
Precisamos, na verdade,
Dos amigos mais fiéis.
Obrigado, então, amigo,
Pelo abraço companheiro,
Caminhando assim, contigo,
Eu desvendo o mundo inteiro.
Canto sem ter sofrimento
Se vier, não temo não.
Amizade é forte vento,
Que assopra no coração.
Eu te peço, sem temor.
Eu não minto. Na verdade,
Bem mais sólida que amor.
É a força da amizade!
X
Meu amigo verdadeiro
Não é sombra que acompanha,
Mesmo ao lado, o tempo inteiro.
Bebe do mesmo champanha
Tinta do mesmo tinteiro.
Mas se for preciso bate
Não me deixa ficar só.
Nos meus erros não se abate,
Mas também fala sem dó.
Qualquer coisa que me abate,
Renasce amizade do pó.
Se te faço desagrado,
Meu amigo me perdoa,
Mas não faz somente agrado,
Fala mesmo que me doa.
Por isso, ser adorado;
Ter amigo, é coisa boa.
Não se esqueça desta dita
Que se dita não se esquece.
Amizade é tão bendita
Só quem tem é que merece.
Se tiver qualquer desdita,
Na amizade, um amor cresce...
X
Meu amor, tanta loucura
Se procura noutro amor.
Se no amor, encontro cura,
Quero amor, meu salvador...
Não se esqueça, de repente,
Quanto é preciso dizer.
Desse amor que é só da gente,
Que nos ajuda a viver...
Se caminho ou se flutuo
Meu amor sempre me ajuda.
De tanto amor, já me suo,
Se sou teu, amor me acuda...
Vivo sempre procurando
Este amor que amada tem.
Meu amor vou adorando,
Sem te ter, não sou ninguém...
Mas não deixe que me falte,
Tanto amor, tanto carinho.
Meu coração que se esmalte
Com teu brilho, passarinho...
Bem te quero, bem te vi,
Sempre espero teu amor.
Tanto amor tenho por ti,
Nosso amor, o meu senhor.
Só quem ama de verdade,
Sabe, deste amor, pintura.
Nosso amor, sem falsidade,
Merece qualquer loucura!
Quem não fez uma loucura;
Ah! Nunca amou de verdade!
X
Eu te falo, minha amada,
Sei que jamais morrerás.
Tu seguirás nesta estrada
Caminhando amor em paz.
Quem ama, minha querida,
Sem temer dor ou prazer.
Na eternidade sentida,
Tão gostosa de doer,
Jamais terá, nessa vida,
A vontade de morrer!
Tua boca lambuzada
Deste mel, garapa doce.
Nossa vida açucarada
Que nosso amor, já nos trouxe
Vindo assim, sem querer nada.
Como se nem amor fosse.
Eu quero, minha menina,
Minha flor de primavera.
Teu amor que me domina,
Depois desta longa espera.
Tua luz já me alucina.
Ser teu amor... Quem me dera!
Meu amor, não tenha medo,
O que sinto: amor tão pleno,
Não cabe nenhum segredo,
Segredo é, no amor, veneno!
X
Ser feliz é todo dia,
Exercício que não pára.
Meu amor, uma alegria,
Eu te digo: não é rara.
Se tu queres ser feliz
Não se esqueça, minha amiga.
Não é ter tudo que quis,
Basta ver a vida. Siga...
Cada dia traz seu canto,
Seu encanto, diferente.
Se pensar, seque teu pranto,
Ser feliz é mais urgente.
Não se leve pelo espanto,
Traga o sorriso, contente...
Universos tão diversos,
Sempre entrando em colisão.
Nossos sonhos são dispersos,
Por isso, amada, o perdão.
Renovando a fantasia,
Viva com sinceridade,
Coletivo de alegria?
Por certo: felicidade!
X
Eu guardo nossa amizade
Com a chave dessa vida,
Quando vem felicidade,
Com amigo, repartida.
Na tristeza e na saudade,
Tanta dor é dividida.
O meu canto companheira,
Nestas loas que te faço,
Acompanha a vida inteira
Superando um embaraço.
Amizade verdadeira,
Pode crer, divino laço...
Das tempestades terríveis,
A bonança sempre vem.
Dos sonhos mais impossíveis,
Restará um grande bem.
Todas as dores vencíveis
Meu amor, se amigo, tem...
X
Tanto tempo procurando
Tanto amor para te dar.
A vida então se passando,
Tempo depressa a passar.
Lua quase desmaiando,
Eu desmaiando ao luar...
Se não fosse essa distância,
Moça bonita e faceira,
Não havendo discordância
A nossa noite primeira,
Com amor, com elegância,
Beleza mais verdadeira...
Eu te quero amanhã cedo,
Antes do galo cantar.
Meu amor, o meu segredo,
Vem prá cá que vou contar,
É te amar sem nenhum medo,
Desde cedo te adorar...
Recebi o teu recado,
Nessa caixa, nesse e-mail,
Tô ficando apaixonado,
Amando sem ter receio,
O resto deixa de lado,
Deixa amor, todo no meio...
Se não fosse por amor,
Como essa vida seria?
Nossa vida tem valor
Tem verdadeira alegria
Se pudermos, sem temor,
Amar, assim, todo dia!
X
Estavam distantes
Meus olhos dos teus
Te vi por instantes
Não penso em adeus.
Eu quero sonhar
No quarto deserto
Quando te encontrar
Estar, de ti, perto.
Rolando na cama,
Fazendo um carinho.
Incendeia a chama
Aquece teu ninho.
Na sombra e na luz
Teu brilho me aquece
Amor se produz
E nunca fenece.
Vencendo o meu medo
Te quero comigo,
Guardando o segredo
Vencendo o perigo.
Amor que não morre
Trazendo o socorro
Amor que socorre
Contigo, não morro.
E quero o teu sonho
No sonho que invento.
Risonho,risonho...
Amor toma assento
E sinto teu canto
Encanto que tanto
Acaba meu pranto.
Amor, meu encanto...
X
Vagueio em meu destino, te buscando
Por ondas e montanhas, céu e mar.
Fugindo da tristeza e solidão,
Eu tenho tanto amor para te dar...
Se quem me vê passando; pensa: é louco!
Decerto nunca soube o que é amar.
Amor me comandando perco o rumo,
Te busco nas estrelas, no luar...
Eu canto nosso amor em cada canto
Nas ruas, nas vielas, mesa e bar.
Nas bocas, nas favelas, sem ter medo;
Decerto em teu amor quero ficar.
Amada como é bom falar que te amo,
Não canso de dizer nem de gritar;
Amor que me tomou a vida inteira,
Um dia, com certeza, irei te achar!
X
Meu amor que não se cansa
De ser tudo para mim,
Tanto amor, meu bem alcança,
Como é bom ser teu, enfim...
Quero o gosto desta boca
Com sabor de chocolate.
Minha boca fica louca,
Coração, depressa, bate...
Fiz meu verso com carinho,
Meu amor sabe por que,
Encontrei no meu caminho,
Todo amor que quero ter.
Toda rosa tem espinho
Mas também que bom perfume,
Meu amor vem de fininho,
Me matando de ciúme...
Se não canto meu amor,
Minha amada desconfia.
Tanto quero teu calor
Seja de noite ou de dia...
Minha vida se passava
Do jeito que bem queria,
Se não tenho quem me amava
Me sobrou Rosa Maria.
Toda vez que chego em casa,
Esperando, a minha amada,
Bota fogo, chama e brasa,
Só por que era madrugada.
Mas assim, com muita fé,
Com paciência e carinho,
Nosso amor vai dando pé
Até detonar o ninho...
X
Tanta coisa nesta vida
Tanta coisa por dizer,
Se esperança vai perdida,
Eu não quero me perder.
Minha amiga verdadeira,
Nada mais pode impedir,
Esta canção, a primeira,
Que eu irei lhe repetir.
Toda noite de saudade,
No luar deste sertão,
Vou bebendo a claridade,
Me faz bem pro coração...
Menina que foi se embora,
E levou meu bem querer,
Se meu peito inda te implora,
Faz favor de me esquecer.
Essa dor duma incerteza
É pior que solidão.
Meu amor, tenha a certeza
Que me dará solução.
Se não queres meu amor,
Pode deixar-me de lado.
Eu não gosto de favor,
Eu só quero é ser amado.
Na viola que ponteio,
Tanto amor quero te dar.
Na maciez do teu seio,
No teu corpo, navegar...
Vou fazendo cantoria,
Nunca paro, nem descanso.
Meu amor, quanta alegria
Encontrei no teu remanso...
Chora, chora cachoeira,
Nunca cansa de chorar,
Meu amor marcou bobeira,
Agora só resta casar!
X
Carne e unha sim senhora;
Minha amada, sou assim.
Se meu peito inda te implora,
Não demora, vem pra mim...
Eu te quero todo dia,
Todo dia vou querer.
Meu amor quanta alegria,
Meu amor tanto prazer...
Eu sou pobre, pobre, pobre
Mas te quero aqui comigo,
Se virar não cai um cobre,
Se descobre? Que perigo!
Incendeio uma fogueira
Enxugo gelo, afinal.
Meu amor já deu bobeira,
Acabou meu carnaval...
X
Meu amor nunca se esqueça
Deste amor que quero tanto.
Nunca me sai da cabeça
A beleza deste encanto.
Tanto quanto amor te dei,
Tanto quanto recebi.
Nos teus braços eu fui rei
Nos teus braços, me perdi.
Minha amada como brilha
Os raios deste teu sol.
Tanto amor, que maravilha,
Sou teu louco girassol.
Neste mel de tua boca,
Me lambuzo, sem descanso.
Nos teus rios, cada loca,
Devagarinho, eu alcanço.
Meu amor quando me trouxe
A doçura duma cana,
O meu amor que é tão doce,
A delícia soberana.
A manhã tem seus primores,
A tarde tem seu encanto,
A noite me traz amores,
Deitadinho, aqui, no canto...
Esse amor que é puro e terno,
Tanto amor eu sei, me espera,
Terminando o duro inverno,
Vem a flor na primavera...
Duma abelha quero o mel,
Deste rio quero o peixe,
Meu amor, anjo do céu,
Por favor, nunca me deixe...
Cai balão na minha mão,
Estrelinha também cai,
Dentro do meu coração,
Tanto amor, amor atrai.
Beijo a boca de quem amo,
Tantas vezes se quiser.
Toda noite assim, te chamo,
Meu amor, minha mulher!
X
Silêncio manso da noite
Que me deu meu bem querer.
Da delícia que me acoite,
Vontade de sempre ter.
Saudade, tanta, matreira,
Dessa minha companheira...
Canto tanto quanto posso
Amor gostoso demais.
Meu corpo no teu eu roço,
Toda noite, sempre mais..
Meu amor quando te vejo,
Coração nunca se engana,
Como é gostoso teu beijo,
Feito de cana caiana...
Teu carinho em meu carinho,
Carinhando nunca para.
Coração bem de mansinho,
Logo, cedo, ele dispara...
Minha barba te machuca
Quando roço no teu rosto,
Beijinho doce na nuca,
Coração ficando exposto...
Depois de tanto beijar,
Beijo aqui, beijo acolá.
Dá vontade de ficar,
Tanta vontade me dá...
Não me esqueço da ventura
Que Deus do céu já me deu.
Clareando a noite escura,
Luz dos olhos neste breu...
Tuas vontades, querida,
Eu farei sempre por ti.
Já te dei a minha vida,
De mim mesmo, me esqueci.
Quero todo o teu carinho,
Teu carinho quero ter.
Meu amor é passarinho,
No meu ninho vai viver...
Sempre que te sonhar comigo,
Meu amor faz seu arranjo.
Eu quero voar contigo,
Nas tuas asas, meu anjo...
O vento do bem querer
Já me deu a montaria,
Tanto bem irei viver,
Explodindo de alegria...
Minha amada, como é bom,
O ficar ao teu dispor.
Quero, de Deus, esse dom,
O morrer de tanto amor!
X
Perceba nosso céu tão constelado,
Perceba nosso amor, mansa cascata.
Perceba a nua lua, mar de prata.
Perceba todo o mundo iluminado!
Perceba como Deus apaixonado,
Nos trouxe a maravilha desta mata.
Perceba que a pupila se dilata
Na troca deste olhar enamorado...
Perceba refletir fosforescente
Nas águas teu olhar tão reluzente,
Estão plenas de lumes, de ardentias.
A lua se repete, tantas fases,
Perceba como amor repete frases,
A vida se repete em alegrias!
Perceba como é bom amar demais,
Perceba como a vida nos completa,
Perceba como a noite sempre traz,
Nos sonhos, fantasia mais completa...
Perceba o manso toque desta lua,
No corpo tão desnudo da sereia.
Perceba que quem ama já flutua,
Perceba como a vida nos pleiteia
Percebo como é bom te ter aqui,
Mulher; com quem, amor, eu dividi!
X
Amiga não tenhas medo
Se por acaso a tristeza
Que tanto te maltratou
Vier. Pois tenha a certeza
De que nada mais restou...
Amiga, a noite que cai
Te trará tanta saudade
Do amor que já não existe.
Mas saiba que a liberdade
Também pode ser triste.
Deste amor que já se foi
Restaram tantas certezas
De vidas que se encontraram
Trazendo tantas belezas
Mas que logo separaram.
De tudo que já passaste
Uma certeza te resta
Não vale teu sofrimento,
Nem a dor que amor empresta,
Tudo passa como o vento...
X
Os límpidos luares reticentes
Em busca da total prosperidade
Lunáticos desejos dos dementes,
Vislumbram com grandeza e claridade.
Lua, minha comparsa, seus poentes
Repetem velhos ritos da saudade.
Meus olhos pobrezinhos penitentes,
Perderam, nos seus raios, mocidade...
Rainha das esferas siderais,
Tortura enamorados com desejos...
Te ergueram seus altares colossais...
Dilúvio dos amores, senhorita.
Testemunha sutil de tantos beijos.
Ao ver-te assim, nublada, uma desdita...
Parece com amores impossíveis,
Sonhados desde a minha mocidade,
Teus braços tão bonitos, tão incríveis,
São raios que me invadem, de saudade!
X
A vida me permite tal grandeza
Nos atos onde busco majestade?
Quem dera conhecer felicidade,
Poder dispor enfim de tal riqueza!
Voando por teus braços na leveza
Da pluma que traduz imensidade.
Oscilo tantas vezes, na saudade,
Como medo da cruel fatalidade...
Meus olhos pobrezinhos, rasos d’água
Lotados, carregando tanta mágoa,
Buscando a claridade... Foi embora...
Me lembro de momentos mais felizes,
A vida se desfez;tantos deslizes...
A noite me promete nova aurora?
Aurora que encontrei nos beijos teus
No brilho deste olhar, amor saudoso...
Partiste não deixando nem adeus,
O mundo se tornou tão horroroso...
Talvez, quem sabe um dia, os olhos meus,
De novo encontrarão ternura e gozo...
X
Eu não quero dizer medo de morte,
A sorte de viver não mais me encanta.
Me encanta simplesmente minha sorte
O canto que trouxeste, me agiganta!
Garganta milagrosa, canto forte,
A força do teu mundo, na garganta.
Um forte sentimento me levanta,
Levantes que trouxeste, grande porte...
Comportas tantas portas e saídas
Sorvidas minhas sortes já confortas.
Compostas de respostas divididas,
As vidas que divides, vão ao norte.
Norteio meu amor por tuas portas,
Conforta-me não ter medo de morte!
Pois quando tu vieste, minha glória,
A vida se tornara quase um jogo.
Mudando todo o rumo desta história,
Deitado nos teus braços, desafogo.
E, vendo que talvez seja tão pouco,
Eu fico cada dia mais aqui,
Não quero nem tristeza, nem tampouco
O medo de viver longe de ti...
X
O nó, minha garganta, a lágrima desata.
Distante, teu caminho, aguarda a velha fera.
Quem dera minha amada, a morte da quimera.
O canto mais sofrido, a noite já retrata.
Me perco em tua ausência, a vida me maltrata.
A fortuna me trai, traz garras de pantera.
A razão me abandona, a morte já se esmera.
A vida, traiçoeira, a sorte é tão ingrata.
Espero o meu triunfo, a paz nunca revejo.
O sonho deste amor, em solidão trovejo.
Na braça deste rio, as margens se abarrancam.
O fogo que queria, a chama se apagou,
A lágrima que escorre, expõe tudo o que sou;
Agora é meu final: sangrias não se estancam...
Na cruz que, enfim, carrego, uma saudade imensa,
Na tua ausência, nego, a sensação intensa
De ter uma vontade, a de te ter comigo...
Somente essa saudade amiga, me dá abrigo...
X
Durante tanto tempo em minha vida
Na paz, na tempestade, na bonança.
Nas horas mais aflitas, sem ter rumo,
Sem ter sequer um pouco de esperança;
Vagando pela rua, sempre só.
De bar em bar bebendo toda a lua,
Nos rastros das estrelas, sem ter céu.
Lembrando da mulher amada e nua...
Nas sombras mais soturnas e ferozes,
Um lobo solitário de passagem
Expulso da matilha sem destino,
Observa em timidez, a paisagem.
A moça tão bonita que sonhei,
Ao ver tão velho e triste coração.
Sorrindo sem ter medo e sem ter nojo,
Estende calmamente a sua mão...
X
Quero-te totalmente! Eu quero ser teu fardo.
Eu sei que, na verdade, escondeste de mim
O que te deixou triste. Eu sei que mesmo assim,
O amor sempre tem sido imagem dura, um cardo.
Desculpe se não sou um vate nem um bardo,
O manto que te cobre espelha meu jardim,
A cor da bela rosa, o cheiro do jasmim.
Cupido me acertou, dos céus, o fino dardo.
Meu verso vai capenga, e quase desvalido,
Buscando teu abraço, um beijo, assim, partido.
Exuberante lua aguarda teu sorriso.
No cimo da montanha, o reflexo do sol,
A brisa, quase mansa, a cama, o meu lençol;
Só falta te encontrar pr’a ser o paraíso!
E sinto, num sinal, teu perfume querida.
Na praia sol e sal, um tempero da vida.
Vagando pelo astral, estrela colorida,
Pois ser teu, afinal, é a melhor saída...
X
Por que tu me deixaste? Em vão eu te pergunto...
A vida parecia um pássaro contente.
A paz nos comovia; amar eternamente!
Na dor que me legaste, a morte é meu assunto.
Amor quando se quer é bom que seja junto.
Ó tempo que vivi, eu era tão contente!
Amor era meu guia...A vida, mais urgente.
O mundo mais feliz, fantástico conjunto.
Mas Deus, tempestuosoa, em prantos me deixou,
Um canto de agonia, o que de mais restou.
Minha alma se transtorna, ausência me corrói...
Álgida madrugada, aurora nunca vem.
Acordo. Aqui do lado, espero, mas ninguém!
Tu foste muito cedo. Ah como a vida dói!
Saudade tão cruel, saudade dolorosa,
De quem amei demais, mas que fugiu de mim...
Jardim se perde. Espinho, o que restou da rosa,
Saudade deste tempo, a dor nunca tem fim...
X
Ao te ver na distante e tão risonha serra,
O meu olhar te procura, em sonhos derradeiros.
Amargor da saudade em volta dos ribeiros.
Na trilha desta serra a marca d’uma guerra.
A noite sem ter sonho é triste, e me desterra...
Esperas, qual princesa, os bravos cavaleiros.
Eu só posso te dar, amores verdadeiros.
O teu belo castelo, está em outra terra.
A natureza rara, em alegrias, canta.
O pássaro que voa a quem escuta, encanta.
Só Deus nunca me escuta, embalde minha prece...
A nuvem, escondida, aguarda; trará chuva.
A mão que me tortura esmera-se na luva.
A tarde vem caindo, a noite me envelhece...
Mas eis que a madrugada acende nova luz.
Encontro nova amada, a força que conduz
A mão tão delicada, aos poucos reconduz.
Agora temo nada, esqueço-me da cruz...
X
Sim! Desde aquela noite, os meus sonhos deixaste.
Eu nunca imaginei, um dia em esquecer-te.
Por tanto que te quis jamais pude entender-te;
Amor que já morria; em vão, não renovaste.
No mundo caminhando, apenas sou um traste.
Por certo não consigo o prazer de entreter-te.
Desculpe se, talvez, eu venho aborrecer-te;
O certo é que não amo, e por isto, magoaste.
Nesta noite passada, em perfeita harmonia,
Dormi sem ter problema, a noite não foi fria.
No manto que me cobre a alvura dum lençol.
O mar que já não tempesta. A mansidão da paz.
Um vento tão macio, a noite sempre traz...
Olhar que me queimava agora é um farol...
Que faz com que esta vida, um sonho tão bonito,
Esteja, enfim, querida, aos braços do infinito.
X
Meus campos se alegrando, escondem meus segredos...
Nas águas, a frescura, o brilho do cristal;
O vento mais solene, as roupas no varal...
Distante, já percebo, o sol nos arvoredos.
Na noite que passou, livrei-me dos meus medos.
Meu peito, agora, aberto, aguarda o teu sinal;
A vida se promete, um brilho sideral.
Saudade já mergulha, invade outros enredos.
No deleite do verde, as mãos mais olorosas
Matar a minha sede, em águas deleitosas.
A noite que virá é toda do meu bem.
A bela flor silvestre encharca-se em perfume.
Do sol que me irradia, o mais perfeito lume.
Na noite que virá; nós dois e mais ninguém!
Esqueço que sofri, encontro tanta paz.
Amor que estava aqui, não pensava jamais.
Agora que te vi, dizer eu sou capaz
De, somente por ti, sonha amor, demais...
X
Todo dia de manhã
A vontade é te beijar,
Minha vida, que foi vã.
Vive pelo teu luar.
No teu frescor, hortelã,
Acho, vou me viciar...
Tenho a lua no meu peito,
Tens o sol dentro de ti.
Amar: estar satisfeito,
Me perdi de tanto amor...
Tenho o gosto da garapa
Na boca, lambuza o mel.
Minha amada, não me escapa,
Vou te levar pro meu céu...
Tenho o sol como meu guia,
Tenho a lua companheira,
Vou vivendo a fantasia,
Eu quero te ter inteira...
Roda a vida, não se pára,
Não se cansa de rodar.
Minha amada, flor tão rara,
Que sempre vou cultivar.
Carinho, tanto carinho,
Tanto amor tinha guardado,
Vem correndo pro meu ninho.
Eu estou apaixonado!
X
Para que vou protelar,
O que não tem serventia,
Eu só queria um lugar,
Repousar a valentia...
Depois de tanto lutar,
Só quero ter alegria...
Lutei tanto, sem saber,
Que destino ia alcançar,
Nos teus braços, pude ver,
Minha sina era te amar!
Cruzei mares, um deserto.
Cruzei céus, nada encontrei.
Estavas aqui por perto,
Que bom! Meu amor achei!
X
Te proponho conhecer
O que em mim não saberia,
No teu corpo, me perder,
Raiando essa poesia...
Te achando vou me perder,
Vou viver só alegria....
Todo verso que te faço,
Minha amada, meu desejo.
Tô te mandando um abraço,
O meu carinho, meu beijo...
Versejando meu amor,
Nunca paro de sonhar,
Quero ter o teu calor,
Nos teus mares, me afogar...
Nada mais faço, na vida,
Senão te cantar assim,
A tua alma, amor, querida,
Se encontrou dentro de mim!
X
Cansaço de tantos medos
Segredos destes cansaços,
Quero saber teus segredos,
Me prendendo nos teus braços...
Meu amor, quando estás mais sozinha,
Sei que pensas nas ondas do mar.
O meu peito, em teu peito se aninha,
Dá vontade, meu bem de te amar...
Quero o gosto da boca divina,
Se espalhando bem dentro de mim.
Tua voz, mansa e tão cristalina,
Me acalmando, me faz ser assim.
O teu rio, tão calmo, querida,
Sem cascatas, nem pedras, sereno.
Traz a minha esperança, perdida,
De viver, um amor, manso... Pleno....
X
Tanto amor que a vida trouxe
Mas amor se foi, morreu...
Acabou-se o que era doce,
Mas antes ele do que eu...
Amor, palavra bonita,
Que tanta luz sempre traz.
Amando, a gente acredita,
Que esta vida satisfaz.
Eu plantei um pé de amor,
Fui colher felicidade,
Mas fui tão mal lavrador,
Que, no fim, colhi saudade...
Se Maria não me quer,
O quê que posso fazer?
Nos teus braços de mulher,
De tanto amor vou morrer.
Quero o gosto dessa boca
Nesta boca mergulhar.
A saudade dói, é louca,
A saudade quer matar!
Vivo em busca do futuro,
Não esqueço meu passado,
Presente em cima do muro,
Coração desembestado...
Saudade é no feminino,
É assim que a vida quer.
Desde o tempo de menino,
Esperei, você, mulher...
Você veio devagar,
Devagar tomou assento.
De tanto que quero amar,
Nesse amor já me arrebento...
Mas não deixo de tentar
Ser feliz por mais um dia...
Não canso de imaginar,
Montado na fantasia...
X
Minha amiga, mina rara
De total felicidade,
Mina rara, amiga cara,
Como é bom ser de verdade!
Se te vejo todo dia,
Mesmo assim, tanta saudade.
Amizade é nosso canto,
Nosso encanto, nossa paz.
Impedindo todo espanto,
Amizade sempre traz,
A vontade de ser tanto,
E portanto ser bem mais...
Nas pegadas que deixamos,
Nas estradas desta vida.
Se pararmos, reparamos,
Nas horas mais doloridas,
Com amigos, flutuamos,
As pegadas? Divididas...
X
Não quero um amor que afronte
Nem tampouco me amedronte
Quero beber dessa fonte
Que me traga um horizonte,
Que não me faça desmonte,
Que me eleve para o monte
Refletindo em minha fronte,
Mas que nunca me confronte.
Amor que sempre se conte,
Nem que toda a dor desconte,
Seja amor que se desponte
Que passe por toda a ponte
Mas que nunca a dor apronte.
Tamanho dum mastodonte,
Que os prazeres não reconte
Que minha vida remonte,
Que o mais lindo sonho monte
Dos prazeres, minha fonte..
X
Numa divina folia
Me dando tanta alegria
Que me traz a fantasia
De ser teu por mais um dia.
Neste amor, tanta harmonia
Te encontrando em sincronia
Na adorada melodia
Que não quer melancolia
Que só quer a poesia
Que te entrega todo dia...
Amor igual nunca vi,
Que me faz teu colibri,
Seja lá ou seja aqui
Meu caminho, em ti, perdi.
Tanto tempo que vivi
Procurando, amor, por ti,
Rio Grande ou Piauí,
Amor demais que senti,
Toda dor já esqueci,
A minha vida está ai,
Do jeito que te pedi...
Mas não temo mais saudade
Tanto amor em liberdade
Vivendo na claridade
Sabendo que, de verdade,
Nas ruas ou na cidade
Encontrei felicidade
Distante da falsidade,
De tanto amor, amizade,
Antes cedo do que tarde,
Neste amor: sinceridade!
X
Nestes versos que te faço
Vontade de dar abraço
Deitar-me no teu cansaço
Te entregar meu coração
Meu amor, em redondilhas,
Te falando as maravilhas
De conhecer tantas trilhas
Perdidas numa emoção.
Minha estrada verdadeira
Que te trouxe tão inteira
Na minha paixão primeira
Que não seja uma ilusão.
Quero o gosto delicado
De ficar extasiado
Comendo do bom bocado
Que se deu sem ter perdão.
Meu amor venha ligeiro,
Vem que te dou um cheiro
Meu coração companheiro
Aprendeu essa lição.
De tudo que tem na vida,
Mesmo uma alma sofrida
Tem seu alento, querida,
Nos enredos da paixão!
X
Se não fosse uma tristeza
Meu amor qual a beleza
Que teria, com certeza,
Uma alegria, afinal?
Todo o contraste da vida
Valoriza assim, querida,
Uma beleza incontida...
Sei que trago no meu peito
Amor que não satisfeito
Acha-se com o direito
De fazer-me tanto mal.
Mas também sei que se brilha
Na escuridão; maravilha;
Servindo de guia trilha;
Valoriza o carnaval...
Vivendo sem sentir dor
Nada mais terá valor;
Se frio requer calor,
Todo o doce serve ao sal.
Tristeza e melancolia,
A noite fria e vazia,
Servem para uma alegria
Como referencial!
X
Tanta alegria na vida
Que supera a despedida,
Uma jóia tão querida
Que não nasce todo dia.
Precisa tanto cuidado
Deste amor comemorado
Dum sentimento guardado
Sem raiva e melancolia...
Não te falo minha amada
Da tristeza cultivada;
Insônia na madrugada,
Tão solitária e tão fria.
Te falo deste sorriso
Que bem sabes; paraíso
Que tantas vezes preciso,
Numa canção, melodia...
Te falo desta beleza
Que tanto nos dá leveza
Que enfrenta a dor e dureza;
Com certeza: a poesia.
Que é luz que nos alumia,
Acendendo a fantasia
Trazendo o sol todo o dia,
Resumindo: uma alegria!
X
Ó meu amor delicado
Meu fado
Contigo sou tão feliz.
Quero te beber inteira;
Centelha
Desse amor que sempre quis...
Por tantas vezes sonhei
Errei
Te buscando no horizonte.
Estavas aqui bem perto
Decerto.
Estavas aqui defronte...
Vamos nessa madrugada
Sem nada.
Sem medo de qualquer dor.
Passeando uma esperança
Na dança
Divinal do santo amor...
Eu não vejo mais tristeza,
Beleza,
Que me inunda de alegria.
Quero esse amor delirante,
Amante;
Todo sonho e fantasia...
Eu quero estar no teu colo,
Consolo.
Vagando por todo o sonho,
O meu barco no teu mar
Amar,
Ser feliz, eu te proponho...
Ó meu amor tão formoso,
Teu gozo.
No gozo que sempre quis.
Toda a beleza da rosa,
Cheirosa.
Promessa de ser feliz.
O nosso amor pede um canto,
Encanto.
De tanto que prometi.
Na doçura deste céu,
Teu mel
Encontro por certo aqui.
E saiba que tanto quero
Venero
Este amor maior do mundo...
Este amor que me alucina
Domina.
Vou viver cada segundo!
X
Quando a noite me procura
Com seus raios de luar,
Minha amada bela e nua,
Fica sempre a me esperar.
Minha amada tão formosa
Beleza tão majestosa,
Sou colibri desta rosa...
Que tanto gosto de olhar...
Meu amor não silencia
Gosta sempre de sonhar.
Tanto amor nestas estrelas...
Tanta vontade de amar...
Em meu amor, tais carícias,
Nos toques, doces malícias,
Desfrutamos as delícias
Desta noite de luar...
Quero teu gozo comigo
Na viagem que proponho.
Amando sob as estrelas,
Nosso mundo tão risonho...
Sem ter medo nem pavor
Na plenitude do amor,
Não quero ser sonhador,
Se já vivo, em ti, um sonho!
X
Amor que sinto e não disfarço nunca
Nem mesmo quando estou sozinho, em dor.
Vivendo sempre te buscando, nua,
Sabendo que serei bom lavrador
Que cuida sempre do jardim florido,
Que nunca temerá qualquer quimera
Pois sabe que encontrou a bela flor
Que trouxe esse vigor de primavera...
Qual fora simplesmente um jardineiro
Que sempre paciente te cultiva.
Eu quero em teu carinho, tanto amor,
Manter uma esperança sempre viva...
Folhas secas do outono sobre o chão,
São as lembranças tristes do passado.
Agora que te encontro minha rosa,
Toda essa dor esqueço apaixonado...
Eu quero o teu sorriso delicado,
Eu quero o paraíso no jardim
Vivendo todo amor que sempre soube,
Guardado, cultivado dentro em mim...
X
Na boca que beijara
Amor que procurei
Amar é coisa rara
Por isso, mergulhei.
Mergulho neste amor
Do jeito que puder,
Te peço por favor,
Vem ser minha mulher!
Te fiz uma promessa
Não posso te negar,
Agora vamos nessa,
Eu não posso esperar.
Rimar amor com dor
Um verso que não quero,
Por isso, meu amor,
Vem cá, eu já te espero...
Se somos o que somos,
Eu sei que tanto quis
Da fruta tantos gomos
Vem me fazer feliz.
Amada como é bom
Viver nosso desejo.
Chocolate e bombom
Delícias deste beijo...
X
Senti que te perdi nalguma curva
Da estrada dos meus sonhos, bulevar...
Quebradas esperanças sobra nada,
Somente esta vontade de chorar...
O tempo traiçoeiro te levando
Do pensamento faz-me renascer.
Agora tão distante de meus braços,
Noutros procuro paz e meu prazer...
Desculpe se te deixo no passado,
Qual sombra que não posso distinguir,
A vida foi passando passo a passo,
Um novo espaço trama outro porvir...
Mas saiba que te quero eternamente,
Embora noutros lábios me encontrei.
Espero que perdoes; minha amada,
O sonho que sem ti, eu já sonhei...
X
Te quero
Na festa
Na fresta
Do peito
Sem jeito
Sem medo
Carinho
Segredo
Que conto
Na noite
que tonto
gozamos.
Encanto
Que temos
Que somos
Amamos
Sem ser
Tormento
Sentir
O vento
Gostoso
Do gozo
Que dei.
Nem sei
Se queres
As feras
Que trago
Esferas
De afago
Perigo
De amar.
Não deixe
Ciúme
Nem queixe.
Perfume
Da vida
Beijar
Na boca
A rosa
Tão louca
Que louva
E salva
Que acalma
E trama
Na chama
Do amor...
X
Quando a dor da saudade te machuca
Amor te espera aqui.
Eu tenho essa vontade de te ter
Eu vivo só por ti.
Não deixe que a saudade te machuque
Vem logo meu amor.
Eu quero saciar os teus desejos,
Vem logo, por favor.
Não quero o sofrimento de quem amo.
Amor; te quero o bem.
Que a vida não te deixe mais sozinha
Minha querida. Vem!
Eu quero esta delícia sem ter fim...
Amor, como desejo...
Sabendo que não posso te esquecer
Amada, quero um beijo...
Um beijo gostoso
Sem medo
Amor desejoso
Segredo
Eu quero teu gozo
Vem cedo...
Não deixe que a vida
Te doa.
Tua voz querida
Ecoa
Minha alma sofrida
Já voa.
Eu quero essa vida
Tão boa!
X
Areias escaldantes do deserto.
As brancas testemunhas deste ocaso.
Amor que traduzimos por incerto,
Morrendo na tardinha, findo o prazo...
Um pobre beduíno; céu aberto,
Espera pelo oásis, ao acaso.
A miragem do amor, sem nada certo,
Olhar pleno e distante, morto e raso...
Areias escaldantes desta praia
Delícias de morenas e sereias...
O sol enamorado já desmaia,
Casais semi-desnudos se acasalam,
Desfilam seus hormônios nas areias...
Camelo e beduíno, nada falam...
Areias escaldantes no meu peito;
Saudade de quem foi e não voltou.
Não posso ser feliz, se desse jeito;
O sol insatisfeito me queimou...
Areias escaldantes... Meu amor...
Aqueça o coração d’um sonhador!
X
Minha terra distante do teu mar
Nos montes e nas veias, puro ferro.
A lua nunca deixa seu luar.
Saudade no meu peito; sempre encerro...
Guardei a fantasia do lugar
Bem perto donde a lua mostra o cerro
Nas noites que começo a namorar.
Cantoria do gado, nesse berro...
Ouvindo as serenatas que não fiz,
Dormindo sob estrelas e poemas...
A noite sempre sabe: sou feliz!
Nas cordas deste pinho, um desafio,
Saudades que deixei; velhos cinemas,
O canto da araponga? Não! Me diz.
O cheiro do cabelo da morena
Espalhando-se ao vento, delicia.
Nem mesmo no cinema a bela cena
Que repete: feliz e não sabia!
X
Resta um pouco de perfume
Nas minhas mãos tão cansadas,
Essa mulher, meu queixume,
Tantas noites, recordadas...
Para que tanto ciúmes?
Se tuas mãos, adoradas....
Quero o gosto desta boca
Nesta boca, me entregar,
Minha amada, como é louca
Vontade de te beijar....
Beijo quente me aquecendo,
Cada toque me enlouquece.
Tanto amor vou recebendo,
Coração não me obedece.
Tão depressa vai batendo,
Pouco a pouco, desfalece...
Quero o gosto de Maria,
O sabor deste carinho.
Aumentando todo dia
Meu amor é como o vinho...
O rosto desta menina
Tem o rubor da romã,
Sua beleza fascina,
Ilumina esta manhã.
Eu plante uma roseira,
Bonita, no meu jardim.
Só pra ter, a vida inteira,
Teu perfume dentro em mim....
X
Promessa aterradora de vingança,
A vida se perdeu sem diapasão.
As flores que não têm caramanchão,
Demonstram seu perfil: desesperança!
Recendem velhos cravos na lembrança,
São formas de total abnegação,
Os vasos que se quebram, nosso chão.
No fundo representam arco e lança.
Promessa desmedida, sem critério.
Não deixa que eu vislumbre sequer rumo.
Queima-me, me tortura qual cautério.
Vencido nas batalhas mais venais.
Desejo de viver! Tonto, me aprumo.
Em meio a tais promessas, peço paz!
Mas sinto que talvez, reste esperança
De ter o teu sorriso mavioso;
Dançando na promessa a mesma dança
Sorriso que; bem sei, não é jocoso.
X
Estrela tão distante, espero tua vinda...
Recebo um tíbio raio, aviso de chegada.
Na noite do meu sonho, é muito cedo ainda.
O resto da promessa aguarda a madrugada.
Vida de minha vida, a noite não se finda
Enquanto não chegar o fim desta jornada.
Espero toda noite, estrela jovem, linda.
Nas guias desta estrela os brilhos de uma fada!
Estrela graciosa, em vão tanto te quis..
Na graça do teu corpo, os mapas da esperança.
No iluminar deste astro, aguardo ser feliz.
Vazante deste rio, as águas em cascata.
O canto desta espera, a noite em serenata.
Ao som de tal folia, a natureza dança!
Sentindo essa alegria, o meu sonho feliz,
Imerso em poesia, abraçando-te diz
Que toda a fantasia, amor de um aprendiz,
Irá raiar no dia, o mais belo matiz...
X
A vida passa, brusca; e , nela, a sensação
Desoladora e triste, o gosto mais amaro.
Deixa-me, então, decerto, o desejo mais raro.
O de percorrer, livre, espaço e amplidão!
Nunca despreze a dor, nem negue o seu perdão.
Amor belo, de outrora, a morte sente o faro
E em menos d’um segundo, está no desamparo!
Amor é qual semente, a rega brota o grão.
Não despreze a mulher mesmo que não a queira.
Amor nunca permite afronta nem cegueira.
O vaso que se quebra, não precisa colar.
Ele jamais será igual depois da queda.
Amor sempre se paga, o beijo é a moeda,
Com o desejo louco, amada, de te amar.
Não deixe que a saudade, em vias de sangrar,
Invada cedo ou tarde, o tempo vai mostrar.
Se tens felicidade, importa-te em cuidar.
Nem toda claridade é luz deste luar.
Amor vira maldade, evite maltratar.
No campo ou na cidade, é tão gostoso amar!
X
Nas amplidões; fantástica sereia
Recende todo o brilho sideral.
O canto que desfila forma areia;
Areia que penetra neste astral!
Na chama delicada que incendeia,
Esboça tanta forma colossal.
Embevecido deus nunca refreia
Os sonhos da sereia marginal.
Da cósmica poeira constelar,
Escultora sutil faz os planetas.
Netuno, tão vaidoso, vê do mar
As mãos habilidosas. Maravilha!
Embarca sutilmente nos cometas,
Persegue a bela artista e sua trilha!
Eis que, por um momento, a terra inteira
Ao ver essa beleza escultural,
Percebe que esta deusa verdadeira
Espalha a formosura, triunfal.
Ao ver que estás aqui, perto de mim,
Percebo que o Bom Deus existe sim...
X
Qual triste borboleta, vou a esmo,
Nas gotas deste orvalho, sem paragem...
Amor que nunca mais será o mesmo,
Descansa, doce bálsamo, viagem...
Nas promessas divinas, me quaresmo,
Não quero nem permito estar à margem.
Por vezes, tão calado, me ensimesmo
É medo de trocar, nova roupagem...
Crisálida que dorme não se esquece,
A dor deste fantasma me persegue.
Não basta a conversão sequer a prece.
A mansa borboleta nunca nega,
Por mais que tantos mares eu navegue,
Como é pesado o fardo que carrega...
Mas tenho que encarar essa mudança
As asas já começam a nascer,
Voar com este sonho de esperança,
No céu de meus tormentos, perceber,
Que amor é como um sonho, não descansa,
Nesta mudança intensa, reviver...
X
A rosa que te dei
Eu sei, tem seu espinho.
Amor que te entreguei
Traz dor se faz carinho.
No ninho que abriguei
Amor qual passarinho,
Amar foi minha lei,
Vem cá pro meu cantinho.
Se tanto te esperei,
Não quero ser sozinho.
Se teu amor terei
Eu quero de mansinho
Do jeito que cantei
Acordo bem cedinho,
Nos campos que plantei
Fiz paletó de linho.
Amor que tanto amei
Tem o poder do vinho
Em ti me embriaguei
Bebendo teu caminho
Do tempo que passei,
Amor eu adivinho.
No amor eu mergulhei
Futuro em que me aninho.
Me deixa ser teu rei
No reino do carinho...
X
Mesmo que a tristeza venha
Disfarçada num sorriso,
Amizade é santa senha
De entrada pro paraíso...
Não se deixe transportar
Pelas lágrimas da vida.
Em ti mesma vais achar
Toda esperança perdida.
Se te falo com ternura,
Ouça aqui, te quero bem,
Mesmo na noite escura
Toda claridade vem.
Amanhã traz novo sol,
Na manhã de novo amor.
Esperança girassol,
Vai girando a bela flor.
No teu peito, um helianto
Que não cansa de girar
Meu amor, maior encanto
Só se encontra quando amar...
X
Minha rosa tem perfume
Que me invade a poesia.
Na claridade, no lume
Trazendo uma fantasia.
Rosa quero teu carinho,
Não se esqueça, colibri...
Se não tens amor, sozinho
Vou morrendo por aqui.
No jardim que cultivara
Esta rosa tão vaidosa,
Numa ternura tão rara
Esta rosa melindrosa!
No jardim te quero amada,
Vem cá que te dou um cheiro
Vem trazendo uma alvorada,
Meu amor é verdadeiro.
Quantas vezes que sonhei
Com a rosa que não veio...
Neste amor eu mergulhei
Coração tá sem recheio.
Vem comigo minha rosa,
Vem fazer amor comigo.
Rosa és tão maravilhosa,
Pode vir, não tem perigo...
X
Meu amor quando se entrega
Tem poder de sedução.
Minha amada nunca nega
Que é só meu seu coração.
Canto um canto que me encanta
Se te canto, canto bem.
Tanto encanta quando canta
Coração tamanho trem.
Se Maria quer meu ninho,
No meu ninho pode vir.
Eu sou como passarinho
Meu cantar vem te pedir.
Nos meu verso tão sincero
Minha amada, minha flor.
Tanto amor eu sempre espero
Vou vivendo por amor...
Nas curvas deste caminho
Capotei meu bem querer
Procurei, achei carinho,
Não consigo te esquecer...
Quem cultiva tantas rosas,
Jardineiro cuidadoso,
Deixa todas orgulhosas,
Um jardim lindo e viçoso.
Quero o beijo de quem amo
De quem amo, quero sim.
Toda vez que, amor, te chamo,
Vem pra pertinho de mim...
Somos vidas desta vida
Que com Deus fica melhor.
Se minha alma foi perdida,
Caminho sabe de cor.
Tenho o gosto da esperança
Neste beijo que te dou.
O sentido da aliança
Só conhece quem amou!
X
Eu te quero tanto
Que não vai caber
Amor; quanto encanto,
Eu vou me perder...
Vasculho no céu
Estrela que guia
Perco meu corcel
Acho poesia...
Do jeito que for
Vida que vivi
No mar desse amor
Eu já me perdi...
Minha alma se banha
Nas ondas do mar
Na praia tamanha
Onde quis amar...
Quero teu carinho,
Vivo, dentro da alma;
Beije de mansinho,
Teu beijo me acalma...
Tarde vai morrendo
Noite vai chegando,
Teu amor vivendo
Teu amor matando...
X
Esse nosso amor gostoso,
Tão dengoso
Vem trazendo uma esperança
No teu perfume de rosa,
Tão vaidosa
Minha alma mais feliz, dança.
Eu só quero uma ternura
Toda pura
Nosso amor, um diamante.
Tanto amor; assim, me curo
Sem escuro,
A tua alma deslumbrante...
A minha alma na tua alma
Já me acalma
Sensação de plena paz;
Eu te quero sempre assim
Junto a mim.
Fazer deste amor bem mais.
Eu viajo nos teus sonhos
Tão risonhos
Eu te quero; meu encanto.
Eu estou apaixonado,
Felizardo.
De felicidade eu canto.
Eu te quero a vida inteira
Companheira
Sem temer qualquer tristeza.
Minha vida se completa
Vai repleta
Espelhando essa beleza...
Não me deixes mais sozinho
Passarinho.
Que busca, em ti, seu descanso.
De cantar o nosso amor,
Sonhador,
Com certeza não me canso!
X
Nas trevas desta vida, que carregas,
No peito dolorido, sem disfarce.
Por mais que maldigam, não esqueça:
Amar oferecendo uma outra face.
A vida te promete mil delícias
E dores tão terríveis que magoam.
Não tema a solidão nem as doenças
Tens asas escondidas, logo voas...
Perceba quanto amor é importante
Amor a ti, não deixes que isto acabe.
Se queres ser, na vida mais contente
Perceba que no amor sempre se cabe.
És forte, és bela. Saiba desta força
Que sempre te trará uma esperança;
Agora, minha amiga, paciência,
Quem sabe, corre atrás, depressa alcança.
E deixe que um amor vá, te conduza,
As mãos do amor são sábias e macias.
Tua alma transparente se reluz
Na claridade intensa, novos dias!
X
Nós fomos tão amigos, companheiro,
Tudo acabou
Depois de ter vivido o tempo inteiro
Nada restou
Mas trago uma lembrança deste tempo
Que terminou,
Embora no final só contratempo
Que nos tomou.
Agora que já sei que não tem volta,
Já nada sou.
Não posso te dizer de uma revolta
Que se acalmou.
Te peço que não fales de detalhes
Do que passou.
Permita cicatrizem os entalhes
Onde cortou.
Sigamos nossas vidas simplesmente,
Aonde vou.
O que aconteceu jamais comente
Só se calou.
Uma amizade morta é dolorida
É lágrima rolada dor sentida,
Mas nessa correnteza que é a vida
Nos resta uma saudade tão querida.
Respeite o que passou.
X
Se garra se prendesse
No peito que se dá
A vida concedesse
Beleza que, sei, há.
Na ceia desta vida
Que, cedo se proclama,
Esperança prendida
No peito de quem ama.
Se garra se encontrasse
Nas mãos de quem carinha
Se a vida se passasse,
Certeza que é tão minha
De ter o teu amor,
Que a gente nunca vê,
Vivendo neste ardor,
Na casa de sapê.
Cigarra vem cantando
Seu canto mais bonito,
Aos poucos me entregando,
No magnífico rito.
Do canto da cigarra
Por onde quer que eu for,
Na maciez da garra
Se agarra meu amor...
X
Meu verso é tão romântica quimera,
É dor que não consigo mais calar.
É templo da saudade, morte e fera,
É luz que sempre roubo do luar.
A cada novo canto a dor se esmera
Transborda no horizonte, seca o mar.
Meu verso de saudade reverbera
Supremo sentimento, louco amar!
Meu verso é tentativa de emoção.
É pélago que busco em alarido.
Mergulho totalmente da amplidão.
Espero um leonino manso afago...
É verso apaixonado de um vencido.
É resto deste copo, nenhum trago...
Se mago, não expressa juventude,
Se magro não revela bem quem sou.
Me acabo com vontade mais amiúde
De ser o simples verso que restou.
Amor dançando em versos, bailarino,
Usando essas palavras que disfarço,
Meu medo me acompanha de menino,
No grito em desespero que não faço.
O mundo se perdendo, cristalino,
Eu perco, sem juízo, meu compasso.
E quero teu amor em desatino,
Dançando com palavras, mesmo passo.
X
Se te pego, não me escapa,
Se não vens, fica sozinha.
Adoçando na garapa
Sou uma pobre andorinha
Que pensou na borboleta
Que se foi, tão pobrezinha...
Canto o canto que quiser
Canto amor sem ter cuidado
No meu canto, essa mulher,
Caldo de cana e melado,
Se pensar que não me quer,
Nem olhei, ficou de lado...
Sou meu verso verdadeiro
Não me canso de dizer.
O meu amor por inteiro
Tanta coisa por fazer,
Entreguei à minha amada
Nos teus braços vou viver...
Cantando minha cantiga
Que se canto não me canso
Tanta coisa é tão antiga,
Mas de noite já te alcanço.
Vem comigo, minha amiga.
Na tua dança eu já danço...
Sou o que não mais queria
O que não queria sou,
Toda noite, todo dia,
Meu amor já me alcançou
Vou fazendo poesia,
Tanto amor, fazendo, vou...
X
Mergulhando neste poço
Que tu trazes dentro em ti,
Expondo-se em alvoroço
No abismo que conheci.
Restos carregas contigo
Destes pântanos que abri.
Toda a sensação de abrigo
Estava em cada pedaço
Revestida por um aço
Que não protegia em nada...
Eu passei a conhecer
Sob a carcaça bonita
Que me deu tanto prazer,
Uma alma ferida e aflita.
Rancorosa e perfumada,
Sem espaço condizente
Aflorando em poucas vezes
Rasgando a pele encourada
E sorrindo em podridão,
Erguida da escuridão
Quase nua escancarada...
Tua capa não me fere
Agrada bem aos meus olhos.
Nos carinhos que desfere
Bazucas, metralhadoras
Escondidas nestas mãos.
Mas sinto que não te perco,
Se me perco dentro em ti.
Gosto disso, quase exposto,
Latejando e me mordendo.
Não quero um sorriso a esmo,
Perdido sem ter sentido.
Inutilidade sim.
A boca em vivo carmim
Também deseja por sangue.
Mas não consegue ferir
Refreando esse desejo,
Deixando tudo fruir
Na doçura do teu beijo...
X
Meus olhos taciturnos
Os meus medos noturnos,
Amor chegando em turnos,
Em torno deste lume...
A vida se passando,
O vento vai mudando,
Meu sonho navegando,
Amor, meu vaga-lume.
O beijo que não veio,
O tempo sem receio
Amada, no teu seio
Encharco meu perfume.
Eu quero este teu gosto
Tocar teu belo rosto,
Não te causar desgosto
Nem provocar ciúme...
Eu quero a sensação
Desta plena emoção
Sem medo da ilusão
Maior que de costume.
Te peço, então querida
Se queres minha vida
Sem ter a despedida,
Na dor não se acostume...
Eu quero teu amor
Bem vivo e sem temor
Sem mágoas ou pudor
Não quero que se esfume.
Eu quero esta alvorada
Juntinhos na calçada
Na noite madrugada
Sem ter nenhum queixume...
Eu quero teu perfume
Gostoso, sem ciúme,
Sem dor e sem queixume...
X
Passarinho, com certeza,
Sabendo da correnteza,
Para evitar a tristeza,
Protege-se com carinho.
Instinto da natureza,
Sabe bem sua defesa
Construindo com pureza
Delicadeza do ninho...
Sabendo que a vida arranha,
Sabendo da dor tamanha,
Quem nem sempre a gente ganha.
Tanta dor que se receia...
Na inteligência tacanha,
Com sagacidade e manha
Mesmo a simples aranha,
Sua sanha. Faz a teia.
Evitando o sofrimento
Proteção contra tormento,
Ajuda nos dando alento,
Protege da falsidade...
No ninho do pensamento
Na teia do sentimento,
Na defesa contra o vento,
O poder de uma amizade!
X
Coragem de viver
Vontade de ganhar
Sabendo que o prazer
Por certo vai chegar
No gosto do desejo
Na boca, tanto beijo...
Eu quero essa vitória
Na luta que proponho,
Amor reverte em glória
Toda magia e sonho.
No gosto deste beijo,
Na boca, o meu desejo...
Não canso desta luta
Nem canso de sonhar
A noite não se escuta
Outro som a cantar.
O gosto do teu beijo,
Invade meu desejo...
Eu quero o sentimento
Tão livre como a lua,
No canto deste vento,
Tua beleza nua...
Um gesto de desejo,
E, de repente, um beijo...
Eu quero o meu desejo
Numa plena emoção,
Te darei tanto beijo,
Com gosto de paixão.
Desejo tanto beijo,
No beijo, o meu desejo...
X
Bem aventurados
Os pobres de espírito.
Pois serão lembrados
No Reino dos Céus.
Os mansos também
Herdarão a terra
Já fazem o bem
Ao negarem guerra.
Aqueles que choram
Serão consolados
Pois serão também
Bem Aventurados.
Todos que têm fome,
Sede de justiça,
Serão saciados,
Bem aventurados!
Quem misericórdia
Tem no coração,
As misericórdias
Os alcançarão.
Os de coração
Mais puro verão
O Nosso Bom Deus.
Todos os pacíficos,
Pacificadores;
Deus os chamará
Com nome de filhos.
Bem aventurados
Os injustiçados
Deles também é
O Reino dos Céus.
Os que, perseguidos
Em nome da fé,
Terão recompensa
No Reino dos Céus.
E serão amados,
Bem aventurados...
X
Mesmo distante de mim,
Todo sentimento enfim,
Clareando o mundo, assim,
Ajudando no perigo.
Sei que tenho o teu carinho,
Sei que não estou sozinho.
Andamos mesmo caminho,
Buscamos o mesmo abrigo.
Na distância que parece
Nosso peito encontra a prece
O pensamento obedece
E vai sempre estar contigo.
Tens a força que preciso
Tens a certeza do siso,
Teu sentimento diviso
Quando a dor está comigo...
Tens o canto mais divino,
No teu peito cristalino
Protege do desatino.
Mesmo distante, te digo:
Nesta nossa vida, dura.
Nesta mata tão escura,
Conto sempre com ternura
Que sei que tens, meu amigo!
X
Balanço da canoa
Tanta notícia boa
Caindo esta garoa,
A vida segue assim...
Estou seguindo, à toa,
Meu pensamento voa
A minha voz ecoa
Amor dentro de mim...
Na casa de taboa
Na boca da leoa
A minha alma revoa
Pedindo sempre o sim
Que a vida não me doa
Que a vida não me roa
Amor não me magoa
Se amor encontro enfim...
X
Nenhum caminho é distante
Nenhuma dor lacerante
Se encontrei amor constante
Que me traz felicidade.
Companheira, minha amiga,
Toda dor já não se abriga
Renovando uma cantiga
Cantada na mocidade...
Depois dessa dura estrada
Depois desta caminhada
Que pensei não desse em nada,
Adivinho a claridade
Que procurei nesta vida
De tanta estrada comprida
Tanto beco sem saída
De tanta dor, falsidade...
A distância diminui
Quando a vida, mansa, flui
Tanta coisa boa influi
Nos trazendo a liberdade
Neste canto mais profundo
Não deixo nenhum segundo
De buscar, no largo mundo,
Essa ponte, uma amizade!
X
Amizade, companheira
Não é flor tão corriqueira
Que se encontra a vida inteira
Basta querer procurar.
Amizade é laço forte
Que quem tem, encontra a sorte
Sobrevive até na morte.
Não é fácil de se achar...
Amizade, minha amada,
É produto duma estrada
Tão longa e tão bem cuidada,
Não se pode descuidar...
Amizade, meu amor,
Tem raridade de flor
Somente bom lavrador
Tem poder de cultivar!
X
PARA QUE A NOITE TRAGA AOS TEUS SONHOS,
A DELÍCIA DE SABER-TE BELA E SERENA.
QUE, NO TEU COLO, A ESPERANÇA DESCANSE.
A MACIEZ DE TEUS CABELOS,
A DOÇURA DE TEUS LÁBIOS.
PARA QUE SAIBAS QUE O AMOR TE FAZ BELA.
QUE O BRILHO DAS ESTRELAS ROMPE A AURORA
E TRAZ A SENSIBILIDADE MARAVILHOSA
DO PODER ESTAR E SER,
DO QUERER E TRANSGREDIR.
DO NUNCA MAIS ESTAR E SER SÓ.
PARA QUE SINTAS O VENTO ROÇANDO TEU ROSTO
EXPOSTO AO CALOR DAS CARÍCIAS,
DAS DELÍCIAS DE SABER-TE MINHA;
E, POR FIM, PARA QUE TENHAS UMA BELA NOITE
E UM MELHOR AMANHECER.
TE QUERO
X
Uma amizade intensa
É plena recompensa
É tudo o que mais pensa
O nosso coração.
Uma amizade antiga
Delícia de cantiga
Um coração abriga
O gosto do perdão.
Quem tem uma amizade
Que traga a claridade
E faça da saudade
Um lago mais sereno.
Encara a tempestade
Desfaz a falsidade
Sabe felicidade
Em seu sentido pleno.
Não cabe esse ciúme
Que mata o bom perfume
Encharca de queixume
O que era bom de fato.
Uma amizade cura
A dor da noite escura
Minha alma te procura
Mansidão de regato.
Unindo dois destinos
Encaro os desatinos
Em rumos cristalinos
Sabendo da verdade...
Por isso, minha amada,
Seguir a mesma estrada
Temendo quase nada.
Assim, nossa amizade!
X
Minha amada como é bom
Ouvir teu canto macio
Que me traz essa alegria
Não me deixa estar vazio.
Mergulho nesse teu rio
Em busca do grande mar...
Nada mais tenho comigo
Senão os olhos sedentos
Procurando com certeza
Encontrar a maravilha
Que, na vida, tanto brilha,
Beleza do teu olhar...
Nessas frontes tão sublimes
Não concebo mais palavras
De tanto amor que me traz
O risco de ser feliz,
Vivendo assim por um triz,
Na esperança do luar...
Na dança que prometida
Nas horas boas que passo,
Sabendo do teu desejo,
Amor que tanto queria
Me dê tua companhia
Vamos pr’a praça dançar...
Beber toda essa emoção
Viajar numa esperança
No cometa mais bonito
Nosso amor estrela guia
Lavando essa fantasia
Levando meu canto ao ar.
Não temo mais incertezas
Nem vivo sem direção.
A nossa porta querida
Aberta para o futuro
Clareando todo o escuro
Que teimava em se mostrar...
Eu quero uma nova lua
Que teça essa poesia
Que faça melancolia
Se esfumaçar e sumir.
Meu amor venha sentir
O doce gosto de amar!
X
A porca de tão pesada
Já não anda, meu senhor
A vida desconsolada,
Nada serve sem amor.
Eu Quero o pó dessa estrada
Alimenta o sonhador
Na noite, na madrugada
Viajando sem temor
No corpo da minha amada,
Neste cheirinho de flor
Nesta noite enluarada,
Esquecendo qualquer dor,
A viola apaixonada
Tocando rimas de amor...
X
Rosa eu tenho tanto medo
De perder o teu perfume
Conhecendo teu segredo,
Te corrói tanto ciúme.
Das rosas que conheci,
Nenhuma é assim tão bela,
É pena que te perdi
Rosa branca e amarela.
Mas te espero bem aqui
Tanto amor que se revela,
Tanto amor que conheci
Solidão prendendo em cela
Mas a vida descobri.
No cavalo, arreio e sela.
Este amor tenho por ti,
Minha amada rosa bela...
X
Vagamundo, vagabundo
Coração sem serventia,
Rasgando rasgo profundo
Morrendo um pouco por dia
Cada dia sem Maria
Sem magia e sem valor
Trazendo tanta folia
Transbordando esse calor
Coração, bem que podia,
Traduzir taquicardia
Por outra palavra: amor!
X
Todo cigarro que fumo,
Toda vez que me perfumo;
Eu penso logo em você.
Nosso amor quer todo o sumo
Por isso não me acostumo
Pergunto logo: cadê?
Te desejo todo o dia
Nesta imensa fantasia
Que te canto sem parar...
Tua boca carmesim
Todo amor que tem pra mim,
No teu raio de luar...
Nosso amor assim gostoso
Tanta promessa de gozo,
Tanta festa e tanta dança.
Vivo querendo te ter
Nosso amor para viver
Toda noite e nunca cansa...
Tem sereia nesta praia,
Bem antes que a noite caia,
Neste sol vou me banhar.
Prá depois deitar na areia
Nos braços da lua cheia,
Nosso amor comemorar!
X
Uma amizade sincera
Que nossa vida tempera
Com calma e com poesia.
Traz o gosto da esperança
No verso que não se cansa
Dessa incontida alegria...
Nas horas mais complicadas
Das noites frias, geladas;
Onde a dor não quer sair.
Eu encontro em ti, amada,
O calor duma alvorada
Beleza de sol a sair...
Toda vez que sangra a vida
No coração, a ferida
Tão profunda no meu peito,
Quando a dor duma saudade
Latejando de verdade,
Não me deixa satisfeito;
Quando a noite vem surgindo
Todo amor se despedindo,
Morrendo a felicidade.
Eu encontro meu consolo
Volto a tocar neste solo
Da nossa santa amizade!
X
Na solidão do meu verso,
Na imensidão do universo;
Vou cantar meu bem querer...
Que me faz ter alegria
Quando solta a fantasia
E me mata de prazer...
Estou por ti encantado,
Todo o meu canto fadado
A viver apaixonado
Por quem sempre, amor, eu quis.
No teu brilho de esperança
Vamos dançar nossa dança
Que representa a bonança
De me fazer tão feliz...
Morena, mel e garapa,
Teu amor já não me escapa,
Eu sou feito pra te ter;
Na broa boa de milho
No teu olhar maravilho
Todo bem que posso ver.
Morena cravo e canela,
A minha alma se revela
Apaixonada por ti.
Eu quero toda a certeza
Deste amor, uma beleza
A maior que já vivi!
X
Como pode companheira
Desta estrada tão comprida
Esquecer que a terra inteira
Acabe na nossa vida.
Todo sentimento intenso
Nunca pára de sangrar
Meu amor é tão imenso
Cabem ondas lá do mar.
Na penugem deste amor
Roçando meu coração
O teu canto salvador
Me inundando de emoção.
Meu amor tanto flagelo
Tanta dor que nunca sei,
Seu amor foi o rastelo
Neste campo quando arei.
Agora vou com saudade
Do tempo que não existe
Pra viver felicidade
Canto não pode ser triste.
Vem comigo, vem ligeira,
Vou te mostrar meu abrigo
Se não vier, companheira,
Mesmo assim sou seu amigo...
Nas terras de Pirapora
No sertão de Jatobá
Vou cantando mundo afora
Como é gostoso te amar!
X
Amiga eu te agradeço,
Bem sei que isto eu mereço,
Mas todo bom começo
Em qualquer uma estrada,
Para uma caminhada
Precisa dum apoio.
Tu me deste este alerta
Estrada estava aberta
Porém nunca deserta.
Mesmo acordando cedo,
No fundo, eu tinha medo,
Mas me fizeste andar...
As quedas que tomei,
Eu sei que tanto errei
Mas quando levantei
Tua mão ajudou
Agora aonde estou
Eu vejo-te do lado.
Amiga como é bom
A gente ter o dom,
Embora todo o tom
Depende deste passo,
Sem temer o cansaço;
Apenas caminhar...
Amiga, vou em frente,
Sem medo, de repente,
Minha emoção se sente
A cada passo meu
Que, sabes, também teu
Rumo à felicidade...
X
Quando te vi, meu amor,
Nas estradas desta vida.
Percebi perfume e flor
Onde encontrei a saída.
Esquecendo o sofredor
Meu coração de partida,
Descobrindo nesse amor,
Nosso amor uma saída,
Para o canto em desamor,
De minha esperança perdida.
Vou colhendo minha flor
Nos jardins da minha vida,
Vou contigo pr’onde for
Minha amada, nossa lida
Que se fez em tanta dor,
Que demais fora sentida.
Teu amor é salvador
De toda dor tão doída,
Impedindo com calor
Toda fria despedida,
Nosso amor tem mais valor
Não traz lágrima fingida.
Nosso amor não tem senhor,
É nossa alma dividida,
Neste amor não tem temor
De sentir outra partida,
Eu vou seguindo esse andor
Que me trouxe nova vida,
Qualquer lugar onde for,
Seja uma rua, avenida.
Saiba que tu tens amor,
Que eu te amo tanto querida...
X
Quando essa solidão queimar teu peito
Trazendo tanta angústia, tanta dor.
Os passos titubeias, quase cai,
A noite se aproxima e traz temor.
Eu estarei aqui.
Quando uma tristeza sem demora,
Tomando tuas horas e teu sono.
Sensação de vazio, sem futuro,
O medo transformado em abandono
Eu estarei aqui.
Quando uma tempestade se aproxima
E tudo se transcorre qual geada,
Escuridão te toma e não te larga,
O gosto tão cruel de não ter nada.
Eu estarei aqui.
Amiga não se esqueça dos meus braços
Por certo ampararão na caminhada.
Te levo, se preciso, no meu colo,
E saibas que na vida és tão amada.
Eu sempre estou aqui...
X
Diamantes nos meus versos
Trafegando os universos
Os teus olhos de princesa.
Vou matando uma saudade
Construir felicidade
É uma arte com certeza...
O meu tempo já passou
O meu dia terminou
E quase que fiquei só.
Mas para a minha alegria
Mal terminava o dia,
Renasci do próprio pó;
Ao te ver tão displicente
Meu amor de tão carente,
Adivinhou a paixão...
Hoje estou feliz contigo,
No teu colo, meu abrigo,
Meu sangue em teu coração...
Nunca mais, Deus me permita
Reclamar duma desdita
Nem da sorte malfazeja.
Minha boca em tua boca,
Nesta alegria tão louca,
Meu amor já te deseja...
X
Toda a dor que me devora
Nesta tristeza de agora
Que não deixa descansar
Um coração apertado,
De tanto que foi marcado
Pelas ondas deste mar...
Tantas vezes a maldade
Impede a felicidade
Não nos deixa prosseguir.
Nos meus dias tão medonhos,
Nos meus sonhos tão tristonhos,
Solidão a me impedir...
Na pureza deste manto,
Na grandeza deste encanto,
Meu amigo e Pai Jesus,
Vou pedindo teu abrigo,
Com minha fé eu prossigo,
Fica mais leve essa cruz...
Desculpe este pecador
Que tantas vezes com dor
Esqueceu de Te buscar.
Mas Amigo, meu irmão,
Vou abrindo o coração
Pra Tua voz escutar...
Tu nasceste pobrezinho,
Livre como um passarinho,
Numa pobre estrebaria.
E com tal serenidade
Falando de amor, amizade,
Fez reinar a poesia...
Aprendendo com Teu canto
Que amor é maior encanto,
Nele estará salvação.
Eu Te falo companheiro,
Pra salvar o mundo inteiro,
Amor, perdão: CORAÇÃO!
X
Vou vagando vaga-lume;
Vagas, vastas vastidões.
Vou vestindo teu perfume
Trago vastos vergalhões,
Dos amores tantas dores
Que se fores não mais sou,
Se tu flores teus olores
Para Loures eu já vou...
Tanta vida assim à toa,
Tanto tom a vida traz
Teu navio pra Lisboa
A minha alma vai atrás...
Navegando este oceano
Sem ter medo do naufrágio,
Meu amor sem desengano,
Mas bem sei o quanto é frágil..
Coração vai tão sofrido,
Encharcado neste sal,
O meu amor dividido
Foi parar em Portugal...
Nesta trova caipira
Tanto amor quero dizer.
Meu amor, amor transpira,
De tanto amor, vou morrer...
Quero o gosto destas fontes
Que encontrei no meu caminho,
Se não for a Trás os Montes
Vou ficar aqui sozinho...
X
Nunca mais farei meu verso
Sem buscar felicidade
Da medalha fui reverso
Hoje sou pura saudade...
Não te quero se não queres
Se me queres vem comigo.
Não importam mil mulheres,
Eu quero amor é contigo...
Contigo querendo amor
Amor querendo fazer,
Procurando teu calor,
Onde quero me aquecer...
Quando a lua me encontrou
Encontrou-te aqui também,
O teu raio enluarou
Sentiu inveja, meu bem...
A danada desta lua
Toda noite não me quer.
Provocante, toda nua,
Lua também é mulher...
Se vier de manhã cedo,
De tardinha deu saudade,
Teu amor é meu segredo
Para ter felicidade...
X
Poeta meu companheiro,
Que acompanho o tempo inteiro
Que sei do orgulho primeiro
De escrever, se libertar.
Não negue este paraíso
Que se esconde no sorriso
Que nos chega sem aviso
E que jamais vou negar...
Neste canto mais preciso
É preciso ter juízo
Mesmo sabendo que o riso
Também nos põe a chorar.
Sentimento verdadeiro
Na mancha deste tinteiro
No rosto meigo e faceiro
Uma alegria a pintar.
Minha luta por justiça
Essa batalha, essa liça
Minha saudade se atiça
Dá vontade de ficar.
Mas a dor, o sofrimento,
Rajando forte qual vento
Faz parte do sentimento,
Que é doce e vira tormento
Sem ter hora de parar...
Nas horas de tanto sono,
Na ameaça do abandono,
Nessa sensação de dono,
Que não quero carregar.
As pedras todas da rua
A sensação que flutua
Uma beleza tão nua
Que não canso de cantar..
Meu companheiro poeta
A vida em si se completa
Na companhia dileta
Que nos faz assim, sonhar.
Perdoe se tanto insisto
A verdade é que se existo
Companheiro; não resisto,
Tanta vontade de amar!
X
De Tua paz, instrumento,
Com liberto pensamento,
Com mais puro sentimento,
Meu Senhor, eu te agradeço.
Tantas urzes no caminho,
Tantas vezes tão sozinho,
Esperando um novo ninho,
Nos Teus braços eu me aqueço...
Neste amor tão infinito
Na mansidão de Teu rito
Neste caminho bonito,
Te agradeço, Meu Senhor.
Toda tristeza, quimera,
Toda dor, terrível fera,
Toda esperança, quem dera.
Deságuam no Teu Amor.
Sinto esta presença forte,
Deste amor que é minha sorte,
Sendo caminho, meu norte,
Espalha em mim, o perdão.
Neste canto quando ecoa,
Na minha alma quando voa,
Uma alegria tão boa,
Que mora em meu coração...
Vou seguindo minha vida,
A minha alma tão sofrida
Encontrando uma saída,
Vertida na liberdade.
No meu canto de louvor
Vou pedindo muito amor
Agradecendo ao Senhor,
O carinho da amizade!
X
Encontrei a flor bonita,
Hoje estou apaixonado.
Todo amor no peito grita:
Bela flor lá do cerrado!
Depois de tanto sofrer
Pelo mundo sem ter paz,
Eu agora vou viver
Todo amor que o vento traz.
Vento manso deste amor
Vem tramando seu perfume,
Todo perfume da flor
Com pitadas de ciúme...
Meu amor quando te chama,
Chama aquece no meu peito,
Se não vem peito reclama
Vai ficando insatisfeito...
Nessa flor que tanto canto
Canto tanto meu carinho,
Na primavera me encanto
Já não vou morrer sozinho!
Vou o vento do querer
Que me deu a montaria,
Meu amor pode saber
Vou chegar na flor do dia.
Trazendo tanto desejo
De contigo namorar.
Meu amor me dê seu beijo
Meu amor eu vou beijar...
Sinto o gosto desta boca
Neste vento que virá,
Uma doçura tão louca
Que encontrei, por certo lá...
X
Na boca da manhã
O beijo preferido
Toda saudade é vã,
Se amor vai escondido...
Eu quero o teu carinho
Carinho que te dou
Não quero ser sozinho
Meu peito te adorou
Na rosa que te dei
Amor não foi espinho.
De tanto que te amei
Coração pobrezinho
Agora que te sei
Só quero um bocadinho
Do amor que te encontrou
Na mansidão do ninho.
Meu pensamento achou
Voou qual passarinho...
X
Minha amiga sou sincero
Isso não podes negar,
Na amizade me tempero
Dá vontade de voar.
Com amor quando me esmero
Posso até me machucar
Na tua amizade espero
Raio brilhoso, luar.
Sou metade sem você
Sem você eu nada sou.
Lhe procuro mas cadê?
Quase nada me restou.
Minha alma em tua alma lê
Todo bem que me sobrou.
Num sentimento se crê
Que novo dia chegou.
Trazendo nova esperança
De ser mais feliz um dia.
De dançarmos nossa dança
Inundando poesia.
Minha amizade te alcança
Transbordada em alegria.
Quem espera já se cansa,
Viver é ter fantasia.
Minha amiga, como é bom,
O saber que estás comigo,
Nossa amizade é um dom
Que permite sempre abrigo,
Do coração ouvir som
Que protege do perigo,
Nosso canto, o mesmo tom,
É por que sou teu amigo!
X
Minha vida segue o tempo;
Tempo que não mais termina,
Termina como contratempo
Contratempo que alucina,
Alucina minha vida,
Vida que não mais concebo
Concebo na despedida,
Despedida que recebo.
Recebo doce saudade
Saudade que me maltrata
Maltrata a felicidade
Felicidade me mata,
Mata de dor e de riso
Riso que não me pertence,
Pertence a paraíso,
Paraíso que convence
Convence que mais preciso,
Preciso dessa manhã,
Manhã que brilha, azulzinha,
Azulzinha, a vida vã,
Vã esperança, ser minha...
Minha amada não percebe.
Percebe quanto me quer?
Quer amor que não concebe
Concebe amor se quiser...
X
No deserto de minha alma
Quando a tempestade acalma
Terminando este tufão,
Vou sentindo o doce vento,
Todo imerso em sentimento
Com seu jeito de perdão...
Tantas vezes esperança
Envelhecida se cansa
De tanto me esperar.
Os meus olhos embargados
Os meus dias são contados
Na tristeza de amargar...
O meu canto se transforma
A minha alma se deforma,
Invadida por tristezas.
Vou buscando teu carinho,
Passarinho que quer ninho,
Com mais forças e certezas...
Toda dor que tenho agora,
Nos teus braços evapora,
Tua presença me abriga.
Por favor, te quero tanto
Teu cantar é meu encanto,
Como é bom te ter, amiga...
X
Vi meu rosto nesse espelho,
Reflexo revelador,
No outro lado, bem mais velho
Valha-me Nosso Senhor.
Mas o coração safado
Mesmo assim não toma jeito
Achando-se com o direito
De pender para o teu lado...
Coração não toma tento
Não se cansa de querer,
De tanto amor me arrebento
Não sei mais o que fazer.
Morena tanto queria
Teu amor só para mim,
Mata o velho de alegria,
Tua boca carmesim...
X
Amiga não permita que a mentira
Povoe um coração deveras puro.
Por mais que dolorida seja a vida
Não vale se esconder atrás do muro.
Não deixe que se engane o coração.
Por mais que sejam ermos os caminhos
Por mais que seja triste a caminhada
Se formos iludidos, mais sozinhos.
É dura a sensação que ludibria
É dura uma emoção quando contida.
Não roube de tu mesma uma esperança
Use a sinceridade toda vida...
Eu falo com carinho e com saudade,
Amada não permita a falsidade,
Desculpe por usar sinceridade,
Somente nos liberta, uma verdade!
X
Que bom foi te rever amigo meu,
Depois da tempestade que passamos.
A luz que ressurgiu findando o breu
Sinal de que em verdade, nos amamos.
Eu sei quanto é difícil uma saudade
Eu sei quanto foi duro o teu caminho.
Amigo, mas com toda claridade
Voltaste com a força bem cedinho...
Não posso reclamar de tua ausência
Eu bem sei da importância para ti.
Mas tive que conter a impaciência
Mas como é bom amigo, estás aqui.
Casei, já descasei, casei de novo,
Meus filhos esperando pelo tio;
Que bom que retornaste pro teu povo
O teu lugar estava tão vazio!
X
Na brisa da manhã tão docemente
Mostrando; para os sonhos, nova trilha,
Que formam nossos passos de repente
Na luz que se irradia em maravilha...
Amor que tanto quero não se engana
Contigo, minha amada, nunca é ilha...
Palavras com que a vida tanto explana
Gerando nosso amor em mansa imagem.
Que traz uma certeza que me ufana
De ter nos belos olhos a miragem
Do corpo da mulher que mais desejo
E faz com que de amor venha a coragem
Pedir de tua boca, mais um beijo,
Carinho em nossa cama, meu amor...
A brisa da manhã onde antevejo
As ondas mais gostosas de calor.
Imerso, com certeza no desejo.
Desejo de viver sem saber dor...
X
Aurora no meu peito, um novo amor,
Amar é meu direito e meu louvor
Viver tão satisfeito é ter calor.
Sabendo deste jeito sem temor.
Amor dentro do peito; o meu amor!
O murmurar do rio sabe o mar
O peito tão vazio quer amar
Vivendo por um fio de luar
Um jeito tão vadio de adorar.
Amar, calar o frio, cabe um mar!
No coração sereno, meu prazer,
Beber santo veneno e te querer.
Amar é ser tão pleno, assim viver,
Um gosto tão ameno; quero ter.
Um gesto tão sereno de prazer...
X
A mão que acaricia, em garra já se atreve.
A noite não permite o brilho em novo dia.
O canto que me deste, a dor o revestia.
No sol do nosso amor, o lume não se escreve.
De todo nosso sonho, a manhã morreu breve.
O que levamos? Nada. Amor não mais havia...
A lágrima forjada, a carícia mais fria.
Agora o tempo corre, a vida se faz leve!
Não sinto mais cansaço, esqueço o meu tormento.
Não quero mais mentira abraça-me a verdade.
Não quero nem aceito a tua piedade.
Notícias que me deste, espalho-as no vento.
A lágrima que corre, o sol que anda mais forte.
A voz tão engasgada, aguarda minha morte...
Porém um sentimento revigora
No gosto da manhã que já renasce.
Vivendo um novo amor tão belo agora,
Minha alma demonstrando uma outra face...
Vencendo essa quimera, solidão,
Encontro novamente uma paixão!
X
Procurando nas clareiras,
Nas imensas cordilheiras,
Nos rios, nas corredeiras,
O que sempre procurei.
Enfrentando as fortalezas
Em todas essas bravezas
Levado por correntezas
Esperança naufraguei...
No meio das densas matas,
Descendo por cataratas
Cachoeiras e cascatas,
Nas tristezas mergulhei.
Desatando tantos laços,
Destruindo meus abraços
Nos carinhos mais escassos
Que, nesta vida encontrei...
Depois de tanta má sorte
Temendo meu rumo e norte
Sabendo dessa dor forte
Que me trai felicidade.
Encontrei porto seguro
Clareando o mundo escuro,
No sentimento tão puro
Desta sincera amizade!
X
EU QUERO FALAR, PENSAR
NA LUA MARAVILHOSA
TROCAR UM DEDO DE PROSA
BRINCANDO NESSE LUAR
QUE CATIVA QUIEM PERMITE
TER O CÉU COMO O LIMITE.
LIMITE DE TUA BOCA
NESSA DANÇA SENSUAL
QUE NÃO CANSA. MINHA LOUCA
TRANSFORMANDO EM CARNAVAL
TUDO QUE TOCAS, QUAL MIDAS
FAZES OURO QUE ME BRINDAS
QUERO TE CONTAR AMOR
HISTÓRIAS QUE JÁ VIVI
COM MEUS S
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UM APRENDIZ DE FEITICEIRO