O recheio desaparecido do palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras1 José Meco (Escola Superior de Artes Decorativas / Fundação Ricardo Espírito Santo Silva) O actual Palácio Pombal, em Oeiras teve origem num primitivo solar joanino, construído cerca de 1715-1730 por Paulo de Carvalho e Ataíde, arcipreste da Sé de Lisboa, o qual hoje forma o corpo central do edifício. Esse solar e alguns dos terrenos adjacentes foram herdados em 1737 pelo seu sobrinho, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro 1º Conde de Oeiras e 1º Marquês de Pombal, juntamente com outras propriedades que pertenceram aos seus pais e à sua primeira mulher. Com o apoio dos irmãos, Paulo de Carvalho e Mendonça e Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Sebastião José de Carvalho engrandeceu a propriedade, tornando-a uma das mais vastas e grandiosas da região de Lisboa, destacada pela criação de animais e pela produção de seda, frutos, cereais, azeite e, muito especialmente, pelo vinho de tipo Carcavelos, de que o Marquês foi na altura o maior produtor (com as vinhas situadas no espaço da actual Nova Oeiras, sendo a adega a mais monumental do género existente em Portugal), o qual tinha fama de ser, nessa época, o melhor vinho da Europa2. Neste processo, em especial após receber o título de Conde de Oeiras, em 1759, paralelamente à criação do Município de Oeiras, Sebastião José de Carvalho ampliou o palácio existente, designado por “Quarto Velho”, antecedendo-o pelo pátio de entrada e o corpo baixo da casa da guarda e acrescentando-lhe lateralmente a Capela e o corpo trapezoidal conhecido por “Quarto Novo”, que duplicou a área da construção. Nesta obra integram-se ainda a recomposição e engrandecimento dos jardins e a criação de um original espaço fronteiro, compreendendo uma parte privada (fontanário, edifício dos coches e cavalariça) e outra pública, centrada pelo Pelourinho, defronte do edifício da primitiva Câmara Municipal. Em toda esta obra desempenhou um papel preponderante o arquitecto húngaro Carlos Mardel, fundindo uma inspiração palaciana erudita com o racionalismo próprio da arquitectura pombalina (à semelhança da obra de Mardel na antiga Rua Formosa, ou Rua do Século, em Lisboa), e acrescentando-lhe uma certa ruralidade que acentua o carácter agrícola desta grande propriedade de recreio e veraneio3. Até 1777, data da morte do rei D. José I e do afastamento para Pombal do Marquês, nunca pararam as obras de engrandecimento decorativo da propriedade (sendo perceptíveis algumas partes incompletas, como na sala que antecede a Casa de jantar), onde decorreram situações excepcionais, como a instalação da família real no edifício, nos verões de 1775 e 1776 (para permitir a D. José I frequentar as águas termais do Estoril), durante os quais Oeiras foi o centro administrativo de Portugal, e a realização de uma feira agrícola e industrial no recinto 105 do palácio e nos jardins, a qual terá sido a primeira do género na Europa. Durante o século XIX e o início do seguinte, a propriedade reflectiu a estagnação, com raras obras efectuadas e numerosos sinais de decadência, que permitiram, contudo, ter chegado ao século XX praticamente sem alterações significativas. Esta situação inverteu-se quando, em 1939, todo o recheio do palácio se dispersou e a propriedade foi vendida pela família Pombal ao jornalista Artur Brandão. Este fez algumas modificações discretas e instalou no palácio a sua própria colecção de obras de arte, leiloada também nos anos 1950, quando o edifício e os espaços anexos foram adquiridos pela recém-criada Fundação Calouste Gulbenkian. Enquanto procedia á construção da sua sede em Lisboa, a Fundação Gulbenkian realizou alguns restauros no palácio, nomeadamente de diversos tectos estucados, para permitir a apresentação de várias peças da sua colecção de obras de arte, e reabilitou os jardins, segundo um projecto do Arquitecto Ribeiro Teles. Por volta de 1976, a Fundação Gulbenkian realizou o maior atentado que o palácio sofreu ao longo da sua história, a destruição integral das coberturas originais, a obra de carpintaria mais notável do género que existia em Portugal, substituída por uma estrutura de betão com um arremedo do telhado original, antes de ceder gratuitamente o palácio ao Estado, para aí instalar o Instituto Nacional de Administração, onde se manteve até ao final de 2012, mesmo após a compra recente dos jardins e do palácio Pombal pela Câmara Municipal de Oeiras. Nos campos de vinha foi construído o bairro da Nova Oeiras, nos anos 1950, com um notável projecto do Arquitecto Luís Cristino da Silva. Na Quinta de Cima, comprada pelo Estado, foi instalada a Estação Agronómica Nacional, incluindo, na parte poente, destacados edifícios representativos da transição do Estilo Estado Novo para a arquitectura Moderna, alguns desenhados pelo Arquitecto Jorge Segurado. Apesar de muito delapidado e diminuído, todo este espaço monumental do palácio, dos jardins e da antiga Quinta de Cima (ex-Estação Agronómica Nacional, onde o Estado Português tem deixado degradar, ao longo de várias décadas, algumas jóias artísticas, como o jardim e cascata da Casa da Pesca, a Fonte do Ouro ou o impressionante pombal) ainda hoje forma um extraordinário conjunto arquitectónico, paisagístico e decorativo que ocupa uma posição primordial dentro do património artístico e histórico português e apresenta imensas potencialidades a serem exploradas no futuro. Torna-se mais difícil recriar as vivências humanas destes espaços e reconstituir o rico recheio que o palácio possuiu na época do 1º Conde de Oeiras, o qual sofreu algumas transformações no século XIX e dispersou-se quase na totalidade durante a primeira metade do século XX, restando ainda algumas peças destacadas na posse da família Pombal. Diversos documentos e textos antigos, contudo, têm informações que ajudam a dar uma ideia do ambiente da casa e da variedade desse espólio. Entre estes encontra-se a minuciosa Relação Fiel e Exacta de uma visita de D. Maria I às quintas de Oeiras, a 10 de Agosto de 1783, redigida pelo Morgado de Oliveira, João de Saldanha e Oliveira, genro do Marquês, que 106 representou a família em substituição do 2º Marquês de Pombal, ausente no estrangeiro. Este manuscrito da Biblioteca Nacional de Lisboa4, transcrito por Teresa Sena5, várias vezes citada por Rodrigo Dias6, contém informações preciosas sobre alguns hábitos da época, como a descrição da merenda, servida na Casa do Jantar: que sobre achar-se alcatifada tinha um competente número de luzes e estava tão bem ornada de aparadores e da mesma mesa que teve a felicidade de agradar aos Augustíssimos Senhores que em si tinha. A mesa era servida em linda louça de Séve7, coberta com uma toalha com guardanapos irmãos, cor-de-rosa e branco; estava coberta em ambigu e tinha por ornatos além de diferentes figuras de bom gosto muitos vasos com flores do tempo, cujo principal ornato fazia o mais lindo possível efeito (…). Outros dados deste documento são igualmente úteis, em relação a espaços da quinta (escadaria nova do jardim virada para a cascata, Rua dos Loureiros, Jogo da Pela, Salto de Água e Cascata da Fonte do Oiro) e à localização de várias divisões do palácio, cujo andar nobre os visitantes percorreram, a partir da entrada principal e da escadaria exterior. Do “Quarto Velho” são referidas as dependências centrais, a Sala de entrada e o Salão Nobre (ou Sala Chinesa), prolongadas para poente, respectivamente, pelas Salas do Bilhar e do Dossel (montado para a estadia de D. José), e uma pequena dependência na extremidade poente deste corpo, o Gabinete dos Reis da Sardenha: logo depois das quatro horas chagaram Suas Majestades e entrando pela escada principal esperaram pelos Príncipes na Sala do Bilhar. Juntos todos os senhores viram a Casa do Docel e as pinturas mais estimáveis que a ornam fazendo-lhes Eu as explicações devidas. Viram o Gabinete e os retratos dos Reis da Sardenha; e entrando na Casa ou grande sala chinesa tiveram o prazer e gosto sensível, gostando muito dela, e do seu ornato lembrou-se a Rainha de que seus Pais ali haviam estado (…)8, seguindo depois para a “Casa das Tribunas”, onde oraram: A Capela estava com os seus mais preciosos ornatos: os corpos dos Santos e demais Relíquias expostos, os P.P. Capelães com as suas sobrepelizes, e grande concurso do Povo, que também orava. A Família Real visitou a seguir as dependências do “Quarto Novo”, referidas como a Casa Verde, a segunda Sala do Docel (ou de Diana), cujo dossel apresentava os retratos de D. Maria I e D. Pedro III, a Câmara armada de xita (Sala dos 5 Sentidos), a Casa do Cravo, (ou da Música), demorando-se na dos Reis (Sala da Ciência e das Artes) acabando no Gabinete que se segue, vendo com vagar os três Retratos da Imperatriz Rainha e dos Imperadores Pai e Filho e passaram depois pela Sala que tem o Painel da Concórdia a buscar a escada interior que desce para o Jardim. No excelente texto sobre o palácio de Oeiras, publicado postumamente, José Queirós refere um inventário do recheio deste, existente no arquivo da casa Pombal, o qual não chegou a utilizar, por este artigo ter ficado incompleto devido ao seu falecimento9. São possivelmente fragmentos deste inventário alguns cadernos soltos (“em papel de linho branco, formato almasso”) de um Inventa107 rio dos Moveis e Ornatos que ha no Palácio de Oeiras, mandado fazer pelo 1º Marquês de Pombal, adquiridos cerca de 1937 por um alfarrabista de Lisboa, não identificado, (juntamente com variados manuscritos avulsos), os quais foram divulgados por Cardoso Martha na revista Feira Ladra10, de que era director. Destes documentos é interessante transcrever a relação. MOVEIS DO INTERIOR DO PALACIO Quarto Novo Casa do Patamal da Escada 4. Reposteiros grandes azuis com Armas da Caza bordadas, varoens de ferro, e 6 Xapas douradas, e lavradas. Gabinete immediato 4. Painéis de Historia Natural. 3. Ditos dos Imperadores d’Allemanha. 1. Barra de ferro esmaltada com seu pé triangular axaruado. 1. Jarra da China guarnecida de lataõ dourado sobre a mesma banca. 8. Tamboretes de palhinha pintados de amarêllo. 1. Meza de pedra com seus pés de ferro dourados. 2. Bustos de Louça branca da Fabrica de Lisboa. 1. Redoma de Vidro sobre a mesma banca com hum peixe chamado Labrus Viridis. Sala que olha para o Nascente 26. Retratos da Serie dos Sr.es Reys de Portugal. 2. Mezas de Pedra com pés dourados. 2. Painéis de Historia Natural. 1. Meza de jogo pequeno de bilhar com seus pertences. 12. Cadeiras de braços de Palhinha. 1. Relógio de Parede. 2. Vazos da Índia com Armas da Caza. 1. Lustre de Cristal com 8 Lumes. Camera immediata á mesma Sala . 1. Retrato do Sr. ElRey D. João o 5º. 1. D.o da Raynha D Marianna d’Austria. 1. D.o do Sr. Conde de Daun. 108 1. D.o da Sr.a Condeça de Daun. 4. Paineis de varias pinturas. 1. Dezenho da Jornada do Rio Negro. 1. Meza de pedra com pés dourados. 1. Redoma de vidro, com huã Planta marítima. 1. Vazo da Índia com Armas da Caza. 1. Mesa de jogo com panno verde. 1. D.a ordinária de tomar Xá. 2. Cadeiras de palhinha de braços. 2. D.as d.a sem braços. 1. Canapé do mesmo. Seg.da Camera 6. paizes grandes com molduras douradas. 2. painéis com Dezenhos de Architetura. 1. Mapa da Cidade do Porto. 1. Painel de huma batalha. 1. D.o mais pequeno. 1. Estampa do Ex.mo Sr. Marquez de Pombal com moldura Dourada (à margem: Com Fig.as allegoricas) Este utilíssimo artigo inclui ainda a transcrição de outra pasta, com folhas soltas, contendo a relação da BATERIA DA COZINHA – Rol do Cobre que existe No Palácio de Oeiras, feita provavelmente por um cozinheiro francês , e o inventário do recheio da CAZA DA ROUPARIA FINA, este de outra mão e datado dos “dias 29 e 30 de Julho de 1780”, fornecendo uma extensa e muito variada relação de adereços, de evidente interesse para os estudos de recheios de casas ricas do século XVIII, entre os quais são mencionados objectos de valor artístico, como peças de prata (2 castiçais com pés de águia, 12 castiçais pequenos, 2 cruzes pequenas com Crucifixos e peanhas, 1 bacia de barba degolada com o seu jarro, 1 escarrador com as Armas da Casa), outros metais (1 jarra dourada inglesa), louças (1 Tanque com varias pessas p.a deitar agua de Louça da fabrica de Lx.a, ou seja, da Real Fábrica ao Rato, 1 jarra grande e 2 mais pequenas de louça preta, possivelmente inglesas), porcelanas (2 figuras grandes de dois palmos e meio e 9 de palmo e meio, da China, 2 garrafas de louça da Índia com seus baldes estanhados), peças de madrepérola (6 conchas com feitio para se beber por ellas, 1 prato grande escuro com embutidos), objectos lacados, ou de charão (1 Caixa de Xarão com roupa p.a meza da Índia com cercaduras de ramos, 1 caixa com fechadura, 2 mais chatas e 1 mais pequena, 4 tabuleiros encarnados e 1 preto), móveis diversos (1 Banca de Xá de Vinhatico de hum pe só), selhas ricas (1 Silhão de Veludo verde bordado de prata em Caxa de moscovia com todas suas pertenças, 1 Silhão 109 de Veludo Carmezim com retranca e peitoral), alguns têxteis mais destacados (1 Coberta grande da Índia com Cercadura de Cores, possivelmente uma colcha bordada indo-portuguesa ) e outros com curiosas descrições, como 1 aparelho p.a meza de roupa fina com cercadura encarnada de salpicos. Outro fragmento do tombo pombalino de Oeiras, compreendendo um caderno e uma folha solta, já posterior à morte do 1º Marquês de Pombal, que é referido como o “Senhor Marquez Pay”, mas ainda em vida da Marquesa D. Leonor Daun, apareceu no mesmo alfarrabista e foi igualmente divulgado por Cardoso Martha. Inventario da Prata que contem o Toucador da Ill.ma e Ex.ma Snr.a Marqueza de Pombal D. Leonor outro. 2. Espelhos ambos com guarnição de prata, e hum dos dittos maior que o 12. Caixas grandes, e pequenas todas com as Armas de SS. Ex.as. 8. Pratos covos com azas. 2. Bacias pequenas com azas. .6. Bandeginhas de vários tamanhos. 2. Bacias e 1 Jarro de Agoa as Mãos 1. Copo com sua tampa. 1. almofada de Setim azul com caixilho de preta. 1. Campainha. 1. funil. 1. Frasquinho de Agoa benta. 2. Escovas cravadas em prata. 4. Castiçaes de diverso tamanho. 1. Prato com sua tizoura de vellas. 2. Copos de prata dourada em huma caixa de moscovia. 1. Bacia de pez. 1. Escrevaninha prompta. 1. Escumedeira. 1 Almofada de veludo Carmezim com cercedura de prata. Inventario da Prata do Serviço da Copa da Ill.ma e Ex.ma Snr.a Marqueza de Pombal D. Leonor. 12. Castiçaes irmãos com as Armas. 2. Dittos que ainda não servirão. 3. Salvas de trez pez cada huma. 1. ditta de hum pé. 1. Cafeteira grande lavrada 110 1. ditta pequena. 1. Bule. 1. Galheta p.a leite. 1. Asucareiro com sua tampa. 1. Tigella de lavar lavrada. 1. Frasco p.a Cha lavrado. 1. Faqueiro de dúzia completo. 1. Ditto pequeno de seis 1. Faqueiro com dose colheres de Cha 1. Tanás. 1. Escumadeira tudo dentro do mesmo estojo. Caza de jantar He toda armada de panos pintados 2. Mezas de jantar 18. cadeiras de nogueira de palinha (sic). Camarim pequeno junto do Oratório He armado de Nobreza azul e com bambinetas da ditta 1. Cómoda com três gavetas e ferrage dourad 1. Ganape de damasco azul de almofadas. 6. Cadeiras de braços de damasco azul. 2. Mesas de jogo-São do Sr. Marquez. 1. dita do Iste [Jogo do Whist]. 24. colherinhas de chá avulças. 2. Tanazes. 1. Escumadeira. 1. Vengala, e hum Espadim do Guarda Portão, he da caza. 2. Colheres de sopa. Serviço de Casquinha 2. Serpentinas de três lumes de casquinha. 2. Castiçaes de Casquinha. 1. Bulle de folha. 1. Urna de Cobre com círculos de Casquinha. Inventario dos Bens moveis da Casa da Ill.ma e Ex.ma Snr.a Marqueza de Pombal D. Leonor 111 Casa da Espera 8. Cadeiras com assentos de coiro preto. 1. Banca de páu de pereira.. 2. retratos da estatua Equestre são da Caza. 1. retrato do Ex.mo S.r Marquez Pay he da Caza. 1. retrato de huma Sr.a Francesa. 1. D.o do General da América. 1. Medalha do Imperador. 1. D.a do Pontífece. Antecâmara He armada de damasco azul 9. portas de Cortinas do mesmo damasco azul 6. cadeiras de braços do D.o damasco. 1. Ganape de palhinha. 7. Cadeiras de braços de palhinha. 2. Cómodas com três gavetas cada huma e ferrage dourada. 2.Ttremos completos 4. Cantoneiras com suas Mangas devidro. 2. Mangas devidro pequenas q. servem nos Casticaes. 4. Bancos de Jogo diferentes. 1. Cravo. 1. Lustre de christal com seis lumes. 1. Retrato do S.r Marquez Pay. 1. Taboleiro de Gamão com suas tabolas. 2. Biombos. 1. caixinha de charão. 1. ditta marchetada. Câmara Forrada de Damasco verde 1. Canape de damasco verde com suas almofadas. 6. Cadeiras de braços do mesmo damasco. 5. portas de damasco da mesma cor. 1. banquinha de cabeceira. 1. Banca com sua gaveta. Camarim pequeno junta á Câmara Forrado de Chita 1. Papeleira com suas gavettas. 112 1. Banca de Toucador. 1. Armário de vidraças. Humas relíquias, e humas Contas de cural dentro na d.a Papeleira. Diversos autores do século XIX referiram as propriedades de Oeiras e algumas das peças mais relevantes pertencentes então ao palácio. Entre estas destaca-se um importante artigo de Vilhena Barbosa, publicado no Archivo Pittoresco, nomeadamente o seguinte excerto: O palácio ostenta ricas decorações exteriores nas duas frontarias que olham para os jardins. Interiormente encerra belas salas, uma ermida bem ornada, várias obras de arte de merecimento, e alguns objectos históricos. Estas preciosidades são as seguintes: um painel de São Francisco, pintado por Ticiano; vários quadros originais de Vanloo; os painéis da capela, feitos por André Gonçalves...; um painel de Santo António, copiado do original que está em Roma, e é retrato do thaumaturgo; um quadro com os retratos do primeiro marquez de Pombal e de seus dois irmãos, Francisco e Paulo, de mãos dadas, e cercados da letra: concórdia fratruum, que julgamos ser produção de D. Joanna Ignacia Monteiro de Carvalho, natural de Lisboa, onde foi estimada como retratista, e conhecida do vulgo pelo nome de Joanna do Salitre, por ser o sítio da sua residência; o primeiro modelo em cera da estátua equestre del-rei D. José,saído das mãos de Joaquim Machado de Castro, auctor da mesma estátua; um lindo presépio de marfim e madrepérola; duas estátuas de mármore, representando Alpheo e Arethusa, desenhadas por Joaquim Machado de Castro, e esculpidas por João José Elveni e Francisco Leal Garcia, discípulos do célebre estatuário romano Alexandre Giusti; dois baixos relevos em prata, alegóricos ao reiunado de D. José I; um retrato em miniatura do papa Clemente XIV (Ganganelli), oferecido por ele ao primeiro Marquez de Pombal; um anel de camafeu, que está vinculado, representando o mesmo pontífice; a escrevaninha de que se serviu el-rei D. José quando habitou n’este palácio, nos dois verões de 1775 e 1776; e, finalmente, diversos móveis de uso d’aquele grande homem de estado. Devemos mencionar também uma livraria, que encerra alguns manuscriptos raros (p. 387). Igualmente fundamental é o Memorial Histórico ou Colecção de Memórias sobre Oeiras, cujo autor, Francisco Ildefonso dos Santos, foi recentemente identificado pelo Dr. Jorge Miranda. Este manuscrito, elaborado provavelmente durante diversos anos até à morte do autor, em 1866, foi em boa hora publicado pela Câmara Municipal de Oeiras, e reúne abundantes informações sobre as várias propriedades pombalinas de Oeiras, nomeadamente do palácio, cujo interior é descrito: Tem nos subterrâneos a Azenha e vários quartos de acomodação, armazéns para madeiras e lenha; por cima de tudo isto são as casas do primeiro pavimento do Palácio: quartos para criados, livraria, copa, cozinhas, fornos, confeitaria, casa das massas, casa do jantar, casa do Café, guarda louça e vidros, etc. Grande conserva de água que vem da Fonte do Ouro, e dela serva à casa do jantar duas torneiras 113 de água, na casa imediata uma torneira, na Copa uma e na Cozinha outras, e também serve a dois lagos dos jardins, e toda esta casaria está debaixo de abóbadas fortíssimas e altas que as faz desafogadas e alegres; todas as paredes e tectos são estucados a relevo. Na casa do jantar há duas grandes estátuas de mármore feitas pelo escultor Joaquim Machado de Castro e nas fontes ou lavatórios outras de jaspe, mas muito mais pequenas. Para se subir ao primeiro pavimento, ou andar nobre, há duas magníficas escadarias e, além destas, há outra particular para a dita Casa do Jantar, donde também se sobe ao primeiro pavimento. Aqui, entre o grande número de salas, quartos e gabinetes, separado tudo por corredores, se nota a Sala chamada da Concórdia: Concórdia Fratruum, que são os retratos do Marquês de Pombal e seus Irmãos, com as mãos dadas, estando à sua direita Paulo de Carvalho e Mendonça e da esquerda Francisco Xavier de Mendonça Furtado; a Sala dos Reis, que são os retratos de todos os Reis Portugueses; a Sala do Baile; a Sala Chinesa, toda ao gosto oriental, na mobília e no mesmo papel que forra as paredes dela (no qual se mostra em boa pintura o grande estado que precede o Inspector da China, quando sai em público). Nesta sala existe o grande quadro que representa o Marquês de Pombal em acção de mostrar o embarque dos Jesuítas para fora do Reino, este quadro foi oferecido ao Conde de Oeiras Henrique José de Carvalho e Melo, primeiro filho do dito Marquês, que o mandou colocar na melhor Sala do Palácio das Janelas Verdes em Lisboa, depois foi mandado vir para Oeiras pelo 2º Marquês de Pombal; no tempo da invasão Francesa foi roubado, encaixotado e mandado para a França por Junot, mas foi requisitado a tempo, indo já de caminho e tornado a pôr neste mesmo lugar pelo 4º Marquês de Pombal; nesta sala também estão 4 grandes quadros nas paredes dos lados, o do Marquês de Pombal, o de sua mulher a Marquesa D. Leonor Ernestina de Daun, fronteiros a estes os de Paulo de Carvalho e de Francisco Xavier de Mendonça; está também nesta sala o primeiro Modelo para a Estátua Equestre do Terreiro do Paço e igualmente estaria um belo e delicado Navio Chinês, feito de marfim, se os franceses em 1808, o não levassem; contém ainda mais outras preciosidades dignas de ver-se, etc. È esta Sala a mais elevada de tecto, todo a estuque e em relevos com bonitas pinturas. A Sala do docel contém os retratos de El Rei D. José e da Rainha D. Mariana Vitória. Todos os quartos estão cheios de quadros e painéis de grande merecimento e valor intrínseco; em todos os torreões há um gabinete, e em um deles escrevia e despachava El Rei D. José, quando aqui esteve algum tempo por causa dos banhos do Estoril, em 1775 e 1776; conserva-se ainda a escrevaninha de que se servia, que é de bronze. Finalmente, no pavimento alto, além do guarda-móvel, casa de engomar e casa de lavar, tudo o mais são quartos e habitações separados por um corredor e fechados sobre si. As várias informações históricas encontram um interessante complemento visual nas imagens do artigo “O Marquez de Pombal – A Quinta d’Oeiras”, publicado em duas partes na revista Illustração Portugueza . Para além de diversos aspectos gerais do exterior do palácio e do jardim, são visíveis, na primeira parte, a escrivaninha lacada e o tinteiro de bronze dourado, usados pelo Marquês e por D. José I, e o interior da capela, com um dos tocheiros de talha prateada, em pri114 meiro plano, a primitiva mesa do altar, de mármore acastanhado (hoje colocada na sacristia, substituída por um incaracterístico altar moderno) e, no centro do retábulo, a imagem italiana de Nossa Senhora das Mercês, de mármore de Carrara, que os proprietários depois levaram para o Palacete Pombal, na Rua das Janelas Verdes, e após a aquisição deste pela Câmara Municipal de Lisboa , foi transferida para o Museu da Cidade, onde está exposta. Na segunda parte incluem-se fotografias da Sala dos Reis, com os retratos dos reis de Portugal e, ao centro, o bufete com seis pés de bolachas e travessas torcidas, onde Sebastião José terá estudado os projectos para a reconstrução de Lisboa; a Sala do Trono, mantido desde que a corte esteve neste palácio, nos verões de 1775 e 1776, vendo-se o dossel armado e os cadeirões destinados ao rei e à rainha, encimados pelos retratos de D. José I e D. Mariana Vitória, atribuídos a Francisco José Aparício (ou Abade Aparício) e a Vieira Lusitano; a Casa de Jantar; a Sala do Presépio e a Sala de Entrada, sendo visível nesta, ao centro, o retrato de D. Pedro (futuro rei Pedro III), ladeado pelas estátuas de Júpiter (ou Zeus) e de Mercúrio , atribuídas a Machado de Castro, que inicialmente estiveram junto da Cascata dos Poetas (possivelmente nas fontes dos corpos laterais) e foram colocadas nesta dependência pela Viscondessa de Asseca, segunda mulher do 3º Marquês de Pombal. No período em que este artigo foi publicado, algum recheio original do palácio já tinha sido levado para outras propriedades da família ou herdado por diversos membros da mesma, para além de peças roubadas durante as invasões francesas, como o navio chinês de marfim, referido no Memorial Histórico…, ou duas talhas monumentais de porcelana chinesa, que se encontram no Museu Jacquemart-André, em Paris . No precioso espólio da antiga Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, conservado no Forte de Sacavém, actualmente integrado no HIRU-Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, encontram-se documentos interessantes para a história do Palácio, como uma informação do Conselho Superior de Belas-Artes, de 1934, que impediu a alteração do espaço urbanístico fronteiro ao Palácio e à antiga Câmara, seguida de uma proposta de aquisição do Palácio de Oeiras pelo Estado, para nele ser instalado um Museu Industrial e de Documentos relativos à obra do Marquês de Pombal, e possivelmente uma Escola Agrícola que poderia ficar com o encargo do arranjo e conservação dos jardins. Em 20 de Novembro de 1939, o Director-Geral da Junta Nacional de educação, António Luiz Gomes, fez uma proposta de classificação do edifício, incluindo os interiores ainda existentes e o retrato do Marquês, declarando serem as construções e o seu recheio um todo uno e indivisível. Infelizmente, era demasiado tarde. Apenas o edifício das cocheiras e cavalariça foi expropriado por Utilidade Pública e adaptado aos novos Paços do Concelho, inaugurados em 1940, mantendo a fachada original com algumas alterações dos vãos. A venda do palácio e das quintas de Oeiras a Artur Brandão, neste ano de 1939, implicou o esvaziamento da casa. Algumas peças foram conservadas pela família Pombal, como os retratos de corpo inteiro do 1º Marquês de Pombal, de 115 sua segunda mulher, Leonor Daun, e dos seus dois irmãos, Francisco Xavier de Mendonça Furtado e Paulo de Carvalho e Mendonça (os dois últimos atribuídos a Joana do Salitre, que provavelmente pintou todos), os quais estiveram colocados no Salão Nobre (também conhecido por Sala Chinesa), e o tinteiro de bronze dourado do Marquês. Proveniente de Oeiras, o primeiro modelo para a estátua equestre de D. José, de cera revestida a folha de ouro, oferecido por Machado de Castro ao Marquês, conservado dentro de uma belíssima maquineta de talha dourada rococó que foi uma das maiores surpresas da recente exposição do Museu nacional de Arte Antiga, dedicada a Machado de Castro , pertence a outro ramo da família. O célebre retrato do 1º Conde de Oeiras, pintado em Paris por Louis-Michel Van Loo e Claude-Joseph Vernet, em 1766-1767, por encomenda de Gerard Devisme e David de Pury e oferecido ao filho primogénito do estadista, só veio para o palácio de Oeiras após a morte do Marquês. Adquirido directamente pelo município de Oeiras e colocado em 1940 no Salão Nobre dos novos Paços do Concelho (actual gabinete da Presidência), este quadro destaca-se como uma das criações mais importantes de toda a retratística europeia do século XVIII, incluindo uma magnífica representação de marinha , cuja grandiosidade só foi devidamente evidenciada na recente exposição sobre Machado de Castro efectuada no Museu Nacional de Arte Antiga, aguardando uma apresentação condigna no Palácio Pombal de Oeiras. A maior parte do espólio deste edifício dispersou-se num leilão realizado em 1939, após a exposição das peças no antigo palácio Camarido, em Lisboa, da qual foi publicado o Catálogo da Colecção de Quadros, Gravuras, Estampas, Móveis, Esculturas, Adornos e Outros Objectos de Arte do Palácio do Senhor Marquês de Pombal em Oeiras, organizado por Filipe Diogo Victor dos Reis, com colaboração histórica de Eduardo José Soeiro de Carvalho (Lisboa, Editorial Império, 1939). Incluindo 322 peças, 80 páginas de estampas e “Notas biográficas dos pintores, gravadores, escultores, etc.”, esta publicação é um elemento fundamental para o tema em análise, apesar de muitas das peças já serem do século XIX, algumas de interesse reduzido, e de as referências do catálogo serem pouco precisas e até, no caso da autoria de diversas pinturas, claramente fantasiosas. Este Catálogo não deve ser confundido com o do leilão da colecção de Artur Brandão, que também esteve instalada neste edifício, entre 1939 e os anos 1950, a qual se dispersou por diversos museus (como a invulgar fonte de talha rococó, em exposição no Museu Nacional do Azulejo) e colecções, como a da Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa. No palácio de Oeiras (onde esteve aplicado no Salão Nobre) ficou o famoso e monumental Fogão do Palácio do Marquês de Foz, vendido num leilão célebre do início do século XX , o qual no momento se encontra em restauro na Fundação Ricardo do Espírito Santo. Do espólio primitivo do Palácio Pombal, leiloado em 1939, é conhecido o destino de alguns quadros, como os dos retratos do Infante D. Pedro (futuro Pedro III), da infanta D. Maria Francisca Josefa (futura rainha D. Maria I) e suas 116 três irmãs, D. Maria Ana Josefa, D. Maria Francisca Doroteia e D. Maria Francisca Benedita, todos atribuídos a Vieira Lusitano, e do Infante D. José, Príncipe do Brasil, assinado por Miguel António do Amaral, que foram adquiridos para o Palácio Nacional de Queluz pelo arquitecto Raul Lino, que então preparava a abertura deste ao público . A análise dos inventários de outros palácios e museus nacionais poderá revelar outras peças com a mesma origem. A série integral de retratos dos reis de Portugal, da Sala dos Reis, começada pelo 1º Marquês e completada pelos seus sucessores, foi comprada pela Fundação da Casa de Bragança, para o Paço Ducal de Vila Viçosa, onde se encontra exposta. Torna-se difícil encontrar o rasto das restantes peças deste Catálogo, o qual inclui grande número de pinturas. Para além da série de Reis de Portugal já mencionada, faziam parte do mesmo outros retratos de reis e de rainhas, como os de D. José I e D. Mariana Vitória, que estiveram colocados no dossel da Sala do Trono, já referidos. Outros pares poderiam ter a mesma utilização temporária, no segundo dossel montado na Sala de Diana do Quarto Novo (no qual, durante a visita ao palácio de D. Maria I, em 1783, estavam expostos os retratos desta e de D. Pedro III, conforme já foi referido), como os de D. Maria II Assinado J. Machado) e D. Pedro de Saxe-Coburgo (atribuído ao mesmo pintor), cujas molduras estavam encimadas pelas armas e coroa portuguesas, D. Pedro IV (atr. A James Y. Gant) e a Imperatriz do Brasil (atr. A Servang) e, possivelmente, os de menores dimensões de D. João VI e D. Carlota Joaquina (autor desconhecido). Outros retratos representavam D. João VI (atr. A Domenico Pellegrini, 1803-1804), o Rei, a Rainha e o Príncipe da Sardenha (atribuídos a Anton Raphael Mengs), uma Senhora (atr. A Tocquet), D. Brás Baltazar da Silveira (escola portuguesa do século XVIII), alguns eclesiásticos, como o destacado colaborador do Marquês, Frei Manuel do Cenáculo (de António Joaquim Padrão), o arcebispo de Cambrai, Fénelon (atr. a Joseph Vivier), o arcebispo Pallafox (escola espanhola), o retrato-miniatura do Papa Clemente XIX, pintado sobre pergaminho (assinado Maria Paticchi), com rica moldura de talha dourada, e ainda um retrato de Thales (atr. a Joseph Ribera) e de outro Filósofo grego (ass. J. P. – Jean Pillement?). Entre os quadros com temas profanos incluíam-se um Mercado Holandês (ass. Crespyn van Queborne), duas cenas de Batalhas com Turcos (atr. a Courtois, Le Bourguignon), um Acampamento Militar, uma Cena de Cavalaria e uma Batalha (atr. a Philip Wouwerman) e duas Naturezas Mortas com Frutos (atr. a Joaquim Manuel da Rocha). Era igualmente vasto o conjunto de pinturas com temática religiosa, incluindo a Adoração dos Pastores e a Apresentação do Menino no Templo (atribuídos a Pedro Alexandrino de Carvalho, muito improvável no caso do primeiro), a Circuncisão de Jesus (pintura sobre cobre, flamenga, atribuída à escola de Rubens), a Fuga para o Egipto (escola holandesa), Cristo e a Samaritana (atribuído à escola alemã de Wurmser, mas mais provavelmente português, do final do século XVI), o Ecce Homo (atr. a Grão Vasco ou à escola de Viseu!), um Santo Sudário (atr. Pompeo Battoni), duas com Santa Maria Madalena (uma da escola 117 portuguesa do século XVI, e a outra, pintada sobre cobre, atribuída a Salvatore Rosa), São João Baptista Pregando (ass. C. B., Corneille Bosch?), painéis com os quatro Evangelistas, São Lucas, São Mateus, São João Evangelista, São Marcos (escola portuguesa dos meados do século XVIII, no estilo de André Gonçalves), São Sebastião (atr. fantasiosamente à escola de Velásquez), São Francisco de Assis (atr. a Ticiano), Santo António com o Menino (atr. a Corregio), São Francisco Xavier (escola portuguesa do século XVIII?), bem como dois temas do Antigo Testamento, Arcanjo em Luta com Jacob (atr. à escola de Annibal Carrache) e Judith e Holofernes (escola espanhola). É mais reduzido o conjunto de esculturas incluído neste Catálogo. De mármore de Carrara eram as estátuas de Júpiter (ou Zeus) e de Mercúrio, atribuídas a Machado de Castro, deslocadas das proximidades da Cascata dos Poetas para a sala de entrada do palácio, as quais foram depois adquiridas pelo Museu Nacional de Arte Antiga e encontram-se no jardim do mesmo, segundo informação do Dr. Anísio Franco. Era igualmente de mármore de Carrara uma imagem de Santo António com o Menino, da época de D. João V. As restantes eram de madeira, policromadas ou estofadas, como um bonito exemplar de São José com o Menino, rococó, sobre peanha dourada, um Santo mais tosco, uma Nossa Senhora da Pena, com cabelo e manto de seda bordado a prata, um “Menino Jesus deitado sobre almofadas de madeira” e seis bustos-relicário, de Santa Marta, Santo Estêvão, Santo Dizidório, Santa Doroteia, Santa Jústina e São Venâncio, todos com a abertura no peito para a colocação da relíquia, classificados como da “época de D. João V”. Um Menino Jesus, com peanha de talha dourada, é descrito como sendo de “metal com carnação, manto de seda bordado a ouro, século XVIII, imagem muito rara”. Outras figuras incaracterísticas de santos, de ferro fundido, eram do século XIX. Algumas destas imagens estariam colocadas em oratórios ou na Capela, cujo recheio, descrito neste Catálogo, incluía os dois grandes Tocheiros de talha prateada, um Crucifixo “de madeira, com embutidos e aplicações de madrepérola, gravada com diversos motivos sacros e miniaturas”, possivelmente realizado na Terra Santa , uma Estante de Missal de pau-santo, uma outra descrita como “Estante para Missal em madeira axaroada, com embutidos de madrepérola, século XVII”, certamente uma rara peça japonesa lacada, de estilo Namban, uma “Moldura com pé, em madeira dourada a ouro fino, época D. João V, contendo uma miniatura representando a Sagrada Família”, um ante-altar, ou frontal de altar, descrito como “Altar decorado com damasco de seda de Itália grená, bordado com galões de seda, colunas de mogno Luís XIV”, uma Lâmpada de suspensão prateada, duas Campainhas de bronze para missa, Galhetas de Altar em cristal de Veneza, gravado e dourado, para além de outras peças menores. O grande número de peças de mobiliário referido no Catálogo incluía diversas obras do século XIX, algumas provavelmente de reduzido valor artístico, mas outras deveriam ser peças raras, como um armário francês Boule, com 118 embutidos de tartaruga e ornatos de bronze dourado, ou representativas, como a Escrivaninha lacada do Marquês, de gosto oriental, o Bufete de seis pés da Sala dos Reis, de cerca de 1700, cinco Cadeiras axaroadas com embutidos de madrepérola, a Mobília rococó do Salão Dourado, diversos Tremós de espelho rococós, uma Mesa de Centro entalhada e dourada, de estilo neoclássico, vários Espelhos emoldurados, dois Relógios ingleses de caixa alta, lacados, um magnífico, decorado com pinturas, do fabricante Eardley Norton, de 1810, que pertenceu à Sala da Concórdia, e o outro de William Skeggs, um Cravo com embutidos e teclas de marfim, igualmente inglês, assinado “Christopher Gauer – Londini Fecit”, uma Vitrine rococó, de talha dourada e vidros de cristal, na qual estava exposto um raro Serviço de Pequeno-Almoço italiano, de alabastro translúcido, oferecido ao Marquês pelo Papa Clemente XIV. Especialmente interessante era o conjunto de móveis e adereços do Trono, dispersos no leilão de 1939, que para além dos retratos de D. José I e de D. Mariana Vitória era formado pelo estrado coberto de tapeçaria grená, o dossel, de damasco vermelho de seda de Itália, com bordados em veludo, os dois cadeirões dourados, com as costas encimadas pela coroa real, duas poltronas e duas otomanas, todos estofados a damasco vermelho de seda, tecido usado igualmente nos quatro almofadões onde tomavam assento as quatro Infantas, na base do trono. Eram igualmente numerosos e variados os adereços provenientes do palácio, como reposteiros, sanefas e galerias de talha dourada de diversas dependências (salas do Trono, dos Reis, dos Príncipes, do Torreão, Boudoir, Quarto do 1º Marquês, Salão Dourado, Capela), relógios de pousar, candelabros e apliques de parede diversos, tanto de metal como de cristal, vários lustres, como o de bronze dourado da Sala do trono, o de cristal de Veneza da Sala dos Príncipes, o lustre de metal para 25 velas da Sala do Presépio, duas lanternas grandes e duas médias, de ferro forjado, da sala de Entrada, bem como muitos outros objectos descritos no Catálogo. O palácio de Oeiras deveria ter possuído, igualmente, um número apreciável de peças de porcelana chinesa e de faiança. No Catálogo estão apenas descritas duas Jarras da China, de “porcelana preta decorada a ouro”, e três jarras de “porcelana francesa, pintadas com decoração chinesa”. A única faiança descrita no mesmo é um “Pato em faiança, portuguesa, antiga”, que estava na Sala do Presépio, muito provavelmente uma terrina (ou caixa com tampa) da Real Fábrica de Louça, ao Rato, fundada em 1767 pelo Marquês de Pombal, que muito se empenhou na sua produção e na qualidade artística e técnica da mesma. Para além dos dois “bustos de louça branca da Fábrica de Lisboa”, do gabinete junto do patamar superior da escadaria interna, referidos no Inventário dos Móveis e Ornatos que há no Palácio de Oeiras, e do “Tanque” no recheio da Casa da Roupa Fina, publicados por Cardoso Martha, pertenceram a este palácio, onde ainda se encontravam em 1886, duas excepcionais talhas com decoração floral policroma (que deveriam fazer parte de dois pares distintos), das melhores criações da Fábrica do 119 Rato (do 1º período, entre 1767 e 1771, em que foi dirigida por Tomás Brunetto), que foram compradas ao Conde de Mozer por Carlos Ribeiro Ferreira, em 1895. Em 1980, estas talhas foram adquiridas ao Eng. Francisco Ribeiro Ferreira pelo Dr. Artur Maldonado Freitas, encontrando-se em depósito no Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha . Eram possivelmente também do palácio de Oeiras outras peças do Rato, do mesmo período, decoradas com as armas do 1º Conde de Oeiras, como a magnífica terrina em forma de ganso, do Museu Nacional de Arte Antiga (a qual bem poderá ser o “pato em faiança” referido no Catálogo, dado esta terrina ser frequentemente descrita como tendo a forma de pato ou de cisne), uma belíssima escudela triangular, que pertenceu à colecção de Jorge de Brito, e a travessa ainda na posse da família Pombal. Parte do acervo original da capela mantém-se, como as três telas pintadas por André Gonçalves, Nossa Senhora das Mercês e os Mercedários, no altar-mor, São Sebastião e São Francisco Xavier e São Paulo, nos altares laterais, de cerca de 1760, as magníficas vitrinas rococó, de talha dourada, com corpos de santos, nos altares laterais, ou ainda o belo arcaz com embutidos e aplicações de bronze dourado, na sacristia, onde também se encontra a mesa original do altar-mor da capela, de mármore acastanhado, retirada na primeira metade do século XX. Outros restos ficaram “esquecidos” no palácio, como alguns espelhos de tremós, com molduras de talha rococó, aplicados no corredor do “Quarto Novo”, ou uma arruinada pintura sobre tela (com tema bélico ou bíblico?), hoje colocada na Sala da Concórdia, a qual ostenta, no tecto, uma das mais significativas criações do edifício, a composição pintada que representa o Marquês de Pombal e os dois irmãos abraçados, legendada CONCORDIA FRATRUM, provavelmente pintada por Joana do Salitre. Para além da sua notável arquitectura, o que continua a assegurar a glória do palácio e dos seus espaços anexos são os notabilíssimos conjuntos de estatuária e de artes aplicadas (estuques, azulejos, embrechados, serralharia) que ainda possuem. Exceptuando as esculturas de Zeus e de Mercúrio que estiveram na entrada do palácio, vendidas no leilão de 1939, e a imagem italiana de Nossa Senhora das Mercês, da capela, hoje no Museu da Cidade de Lisboa, a estatuária que se mantém forma um dos melhores conjuntos da segunda metade do século XVIII existentes em Portugal. Ao centro do Horto Ajardinado encontra-se o magnífico grupo escultórico das Quatro Estações, de origem italiana, no centro de um lago circular. Na Casa de Jantar, as duas delicadíssimas imagens italianas, de mármore de Carrara, integradas nos lavabos, criam um expressivo contraste com as duas estátuas mais robustas de Alfeu e de Aretusa, de Machado de Castro e datadas de 1774, que as defrontam. São deste escultor os bustos da Cascata dos Poetas, representando Homero, Virgílio. Tasso e Camões, colocadas em 1776. Machade de Castro realizou outras esculturas para Oeiras, como o próprio referiu numa das suas cartas publicada por Ferreira de Lima, entre os quais um Júpiter e um Mercúrio de mármore de Carrara (provavelmente as duas que foram 120 vendidas no leilão de 1939), hoje no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, e outra de mármore de Pêro Pinheiro, colocadas junto da Cascata dos Poetas (esta última poderia ser a do Rio Nilo que existia, na origem, no vão central desta cascata confirme supôs Ana Duarte Rodrigues , a qual não tem qualquer relação com a estátua de Neptuno ou do Rio Tejo hoje existente a qual só foi colocada na cascata em 1882, durante as comemorações do 1º centenário da morte do Marquês de Pombal (segundo informação do Dr. Jorge Miranda), e ainda dois leões dos quais não há qualquer vestígio em Oeiras, ou informações sobre os mesmos, podendo levantar-se a hipóteses de serem as duas belíssimas pedras de armas do 1º Marquês de Pombal, amparadas por leões heráldicos, que se encontram colocados no patamar superior da escadaria do Palácio dos Carvalhos na Rua do Século em Lisboa, mas não parecem ter sido concebidas para este local. Muitas outras esculturas, de autoria desconhecida, podem ser integradas na mesma corrente artística, como a estátua e os medalhões da escadaria interna, as várias estátuas e bustos dos terraços do jardim, os bustos sobre pilastras que delimitam o Horto Ajardinado, o conjunto de bustos de Imperadores Romanos da fachada da Adega ou as bicas esculpidas dos lagos do Jardim das Merendas e do tanque da Casa da Pesca, esta belíssima. As esculturas monumentais dos dois Gigantes, que ladeavam originalmente a cascata da Casa da Pesca, foram transferidas por Artur Brandão para o pátio de entrada do palácio, onde se encontram muito mal integradas. Teve as mesma origem um par de Cães de mármore, que estavam aplicados nos cantos da balaustrada que antecede a cascata, hoje colocados no terraço lateral ao palácio, juntamente com outro par de Cães que parecem cópias modernas. Os estuques que revestem a maior parte das dependências do palácio foram realizados, ao longo dos anos 60 e 70 do século XVIII, pela oficina do modelador e escultor milanês João Grossi, e formam a melhor colecção nacional do género, pela qualidade da modelação das cenas figurativas e os variadíssimos complementos ornamentais, onde o estilo rococó manifesta uma fantasia e requinte excepcionais, como na Casa de Jantar, na sala da Caça (ou de Diana), na da Música ou na da Ciência e das Artes, atingindo uma concepção arquitectónica e expressão escultórica destacadas, na Capela, ou associando-se a pinturas a fresco, no Salão Nobre e no delapidado pavilhão da Casa da Pesca, na antiga Quinta de Cima. O conjunto de azulejos, igualmente destacado e comparável ao dos estuques, compreende três fases distintas. Na primeira incluem-se os exemplares barrocos, joaninos, do edifício original, pintados a azul e branco, compreendendo os painéis figurativos da entrada e do Salão Nobre, atribuíveis ao pintor Valentim de Almeida, e os silhares de albarradas das salas adjacentes. Os restantes azulejos são de dois períodos distintos do estilo rococó. Dos anos 60 são os variados conjuntos policromos, de magnífica fantasia e qualidade ornamental e grande diversidade de temas figurativos, aplicados na Capela, nos salões do Quarto Novo, na magnífica 121 varanda virada a sul, nos terraços do jardim e mas três escadarias de acesso. Outros conjuntos rococós mais tardios, dos anos 70, pintados apenas a azul e branco, como os da Casa de Jantar, da Sala da Concórdia e da escadaria interna, são dos primeiros azulejos realizados na Fábrica Real de Louça, ao Rato, no período em que foi dirigida por Sebastião de Almeida (filho de Valentim de Almeida), entre 1771 e 1779, sendo também esta a origem provável do espectacular conjunto de painéis do Jardim da Casa da Pesca, um dos mais grandiosos e cenográficos do país. A decoração dos jardins é complementada pela utilização de embrechados, formados por pedras naturais sugerindo grutas, como na Cascata dos Poetas (pavilhões laterais), na escadaria poente do jardim do palácio e nas cascatas da Casa da Pesca e da Fonte do Ouro, na Quinta de Cima. Reflectindo a arte dos embrechados mais elaborados, usados em Portugal desde o século XVI, destaca-se a invulgar decoração da fonte ao centro da escadaria do jardim virada ao sul, onde a combinação fantasiosa de cacos de porcelana e de vidro, de conchas, de contas de vidro, de pedras vulcânicas e de minerais, nas cores e texturas mais variadas, alcança uma original expressão rococó. Finalmente, deve ser evocado o excelente conjunto de trabalhos de serralharia artística existente no palácio e nas quintas, compreendendo variados varandins e portões de ferro forjado, alguns incorporando elementos heráldicos da família, bem como os belos gradeamentos dourados das janelas e das tribunas da Capela, centrados pelos monogramas A M, alusivos a Nossa Senhora (Ave Maria), os últimos (e um dos portões) realizados em 1762 pelo serralheiro Guilherme Weingarten, conforme documentos revelados por José Queirós. Desde a aquisição da propriedade, em 2006, a Câmara Municipal de Oeiras tem realizado trabalhos de reabilitação dos jardins e recuperou, de modo exemplar, o antigo Lagar de Azeite, com orientação do Dr. Jorge Augusto Miranda. Mas só com a saída do Instituto Nacional de Administração, concretizada no final de 2012, o palácio Pombal entrou plenamente na posse da Câmara Municipal de Oeiras, a qual, após ter desistido da ideia desastrosa de instalar no mesmo um Hotel de Luxo, decidiu instalar serviços municipais na maior parte das dependências do edifício, deixando vagas para visitas de estudo e outras actividades apenas um número reduzido de salas, defraudando assim todos os que esperavam uma utilização do edifício mais virada para a cultura e as artes. A adega monumental e as dependências anexas têm estado a ser reconvertidas em Centro do Vinho de Carcavelos da marca “Conde de Oeiras”, cuja produção (louvável) tem sido assegurada na Quinta de Cima pela Câmara Municipal de Oeiras e a Estação Agronómica Nacional. O palácio Pombal já foi no passado um destacado repositório de obras ornamentais e, apesar das vicissitudes por que passou e da perca quase total do seu recheio primitivo, ainda tem condições excepcionais para albergar um grande Centro de Estudos Pombalinos (como tem sido sugerido pelo Dr. Arnaldo Pereira e outros historiadores) e voltar a ser um notável Museu de Artes Decorativas, se 122 para tanto o Município de Oeiras souber dialogar com os organismos de património oficiais a instalação de peças conservadas em reserva nos museus nacionais, para além da exposição de obras do próprio património municipal, nomeadamente o estupendo retrato do Marquês de Pombal, fazendo a ponte entre a riqueza histórica e artística do local e um futuro cuja cultura todos pretendemos seja mais sorridente. Notas e referências 1. O tema desta comunicação teve origem numa palestra, realizada no Verão de 2007 no pátio da Casa das Queijadas, em Oeiras, integrada nos Diálogos em noites de Verão promovidos pela “Espaço e Memória- Associação Cultural de Oeiras”. Uma versão inicial deste texto, mais abreviada, encontra-se publicada em Encontros de História e Património, 1 – Diálogos em Noites de Verão, 2006-2007, (coord. Joaquim Boiça), Oeiras, Espaço e Memória-Associação Cultural de Oeiras/Junta da Freguesia de Oeiras, pp. 166-185. 2. Joaquim Veríssimo Serrão - O Marquês de Pombal: o Homem, o Diplomata e o Estadista. Lisboa: Câmaras Municipais de Lisboa, Oeiras e Pombal, 1982. 3. José Meco - “O Palácio e a Quinta do Marquês, em Oeiras (Algumas notas sobre a arte no tempo de Pombal)”, in Pombal Revisitado (Comunicações ao Colóquio Internacional Organizado pela Comissão Comemorativa do 2º Centenário da Morte do Marquês de Pombal, 1982), vol. II. Lisboa: Editorial Estampa, 1984, pp. 158-171. 4. Reservados, Colecção Pombalina, nº 697. 5. Teresa Sena, “Reconciliação de D. Maria I com a casa de Oeiras ‘e a rainha se lembrava de passar uma tarde àquela quinta’…”, in História nº 49. Lisboa: Publicações Projornal, Lda, Novembro de 1982, pp. 12-22. 6. Rodrigo Dias - A Quinta de Recreio do Marquês de Pombal na Vila de Oeiras, Lisgráfica, Maio de 1988; Id., A Quinta de Recreio dos Marqueses de Pombal, Oeiras – Contributo para o Estudo da Arte Paisagística no Século XVIII. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 1987; Idem - História e ‘Histórias’ do Jardim Francês em Portugal – A Quinta de Recreio do Marquês de Pombal na Vila de Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 1993. 7. Deve referir-se a Sévres. 8. Convém referir que o Arquitecto Paisagista Rodrigo Dias fez uma leitura oposta deste percurso, o que se reflectiu em algumas das designações erradas que várias salas do palácio apresentavam, durante a permanência do INA. 9. José Queirós - “Casas de Portugal, III – Oeiras”, in Terra Portuguesa, Revista Ilustrada de Arqueologia Artística e Etnografia, nº 31-32. Janeiro de 1922, pp. 113-126. 10. C. M., “Suntuária Pombalina”, in Feira da Ladra, tomo oitavo. Lisboa, 1937, pp. 57-60. 11. Patamar superior da escadaria interna do palácio que dá acesso à Sala da Concórdia. 12. Saleta entre o patamar superior da escadaria e a chamada Sala da Ciência e das Artes, a qual é referida na Relação Fiel e Exacta: “…acabando no Gabinete que se segue, vendo com vagar os três retratos da Imperatriz Rainha, e dos Imperadores, Pai e Filho…”. 13. Sala central da frontaria do Quarto Novo virada a nascente, antes conhecida por Sala dos Reis e hoje designada por Sala da Ciência e das Artes. 14. Saleta adjacente à anterior, com silhares de azulejos alusivos às Quatro Estações. 15. C. M., “Suntuária Pombalina”, in Feira da Ladra, tomo oitavo. Lisboa, 1937, pp. 60-63. 16. Idem, pp. 63-69. 17. C. M., “Os bens da casa Pombal”, in Feira da Ladra, tomo oitavo, Lisboa, 1937, pp. 209-213. 18. I. de Vilhena Barbosa, -“Fragmentos de um Roteiro de Lisboa (Inédito), Arrabaldes de Lisboa – Paço de Arcos, Oeiras e Carcavelos”, in Archivo Pittoresco, vol. VI. Lisboa, 1863, pp. 385-387 e 401-403. 19. De bronze era o tinteiro colocado no tampo desta escrivaninha, de madeira lacada. 20. [Francisco Ildefonso dos Santos] - Memorial Histórico ou Colecção de Memórias Sobre Oeiras, II volume, Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, 1982, pp. 387-388. 123 21. Respectivamente no nº 114, de 8 de Janeiro de 1906, pp. 22-23, e no nº 115, de 15 de Janeiro de 1906, pp. 38-39. 22. Irisalva Moita - “O Palacete Pombal à Rua das Janelas Verdes, in ”Revista Municipal nº 120-121. Lisboa, 1969. 23. Na legenda estão designadas, erradamente, como Alfeu e Aretusa, sendo estas as estátuas que se encontram na Casa de Jantar do palácio. 24. Referidas por Aquilino Ribeiro em “Oeiras” (“Quinta dos Marqueses de Pombal”), in Guia de Portugal, vol. I, Generalidades, Lisboa e Arredores. Lisboa: Biblioteca Nacional de Lisboa, 1924, pp. 585-591 (reedição da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1982, pp. 604-610). 25. Algumas destas peças encontram-se reproduzidas nas obras de João Bernardo Galvão-Telles e Miguel Metelo de Seixas - Sebastião José de Carvalho e Melo – 1º Conde de Oeiras, 1º Marquês de Pombal – Memória Genealógica e Heráldica nos Trezentos Anos do seu Nascimento (13 de Maio de 1699-13 de Maio de 1999). Oeiras: Universidade Lusíada/Câmara Municipal de Oeiras, 1999; e por João Bernardo Galvão-Telles - Geração Pombalina, Descendência de Sebastião José de Carvalho e Melo {Livro Primeiro}. Lisboa: Dislivro Histórica, 2007. 26. O Virtuoso Criador, Joaquim Machado de Castro 1731-1822. Lisboa: MNAA/INCM, 2012. É pena este excelente Catálogo incluir apenas uma imagem da peça, na p. 121, sem a respectiva maquineta. Este modelo, então pertencendo ao Conde S. Tiago, já tinha sido apresentado numa exposição da Câmara Municipal de Lisboa dedicada ao escultor: Catálogo da Exposição Bibliográfica, Iconográfica e Documental Relativa à Estátua Equestre. Lisboa: 1938, peça nº 369. 27. Paulo Santos - “Uma obra portuguesa de Claude-Joseph Vernet – As referências marítimas do quadro do Marquês de Pombal”, in Revista da Armada, nº 424. Lisboa: Novembro de 2008. 28. Aquilino Ribeiro - Oeiras [Monografia]. Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil, 1940. 29. Maria Inês Ferro - Queluz, o Palácio e os Jardins. Londres: Scala Books, 1997. 30. A Luz do Oriente, Madrepérolas e Objectos Orientais de Devoção Cristã – Colecção de Mestre Soares Branco. Câmara Municipal de Óbidos, 2006, Catálogo da Exposição no Museu Paroquial de Óbidos (Igreja de São João Baptista). 31. Maria Helena Mendes Pinto - Lacas Namban em Portugal. Lisboa: Edições Inapa, 1990. 32. Joaquim de Vasconcelos - “Arte decorativa portuguesa”, in Exposição Nacional do Rio de Janeiro, vol. I. 1908. 33. Lisboa e o Marquês de Pombal, Catálogo nº 3 da Exposição do Museu da Cidade, Lisboa, 1982, peças nº 22 e 23; A Faiança do Rato na Colecção Artur Maldonado Freitas, Catálogo da Exposição no Museu de Cerâmica. Caldas da Rainha, 1984 (peças nº 1 e 2). 34. Artur de Sandão- Faiança Portuguesa, Séculos XVIII-XIX, I vol.. Barcelos: Livraria Civilização, 1976. 35. José Alberto Gomes Machado - André Gonçalves, Pintura do Barroco Português. Lisboa: Editorial Estampa, 1995. 36. Maria Teresa Crespo - O Tecto da Sala da Concórdia no Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras. Câmara Municipal de Oeiras, 2009. 37. Henrique de Campos Ferreira de Lima – Joaquim Machado de Castro- Escultor Conimbricense. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1925. 38. Ana Duarte Rodrigues – “Exemplos de Decorum De rerum natura nos jardins barrocos portugueses”, in Revista de história da Arte, nº 3. Instituto de História da Arte / Universidade Nova de Lisboa: Edições Colibri, 2007. 39. Irisalva Moita, “O Palácio dos Carvalhos à Rua Formosa”, in Revista Municipal, nº s 118-119. Lisboa: C. M. L., 1968. 40. Isabel Mayer Godinho Mendonça - Estuques Decorativos, A Evolução das Formas (Sec. XVI a XIX). Lisboa: Principia/Nova Terra, 2009. 41. José Meco – O Azulejo em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, 1989; Idem – “Azuljos da Vila e Concelho de Oeiras”, in Encontros do História e Património I – Diálogos em Noites de Verão 2006-2008 (coord. Joaquim Boiça). Oeiras: Espaço e Memória- Associação Cultural de Oeiras / Junta de Freguesia de Oeiras, pp. 38-59. 42. Idem - “Azulejos e embrechados nos jardins portugueses dos séculos XVII e XVIII”, Jardins do 124 Mundo, Discursos e Práticas (coord. José Eduardo Franco e Ana Cristina da Costa Gomes). Lisboa: Gradiva, 2008. 43. José Queirós - “Casas de Portugal, III – Oeiras”, in Terra Portuguesa, nº 31-32. Lisboa: Janeiro de 1922, pp. 125-126. 125