Universidade Federal de Ouro Preto
Discente: Júnio Lucas Araújo de Oliveira
Ouro Preto, MG – 35400-000
TEMA: A IMPORTÂNCIA DOS MUSEUS NA FORMAÇÃO CULTURAL DO
PAÍS
Atualmente o Brasil possui cerca de 3.200 museus segundo dados do Ibram (Instituto
brasileiro de museus). Eles são espaços culturais altamente diversificados e representam
espaços de preservação da memória do povo brasileiro, conservando os testemunhos
materiais e os bens representativos da história e da identidade cultural do país.
Os museus sempre desempenharam um papel importante na construção da identidade
cultural do país e sempre estiveram na pauta da agenda política brasileira. Quando da
instalação da corte portuguesa no Brasil, dentre as primeiras das várias instituições
culturais criadas por ela a fim de promover o desenvolvimento cultural e a disseminação
do conhecimento, estava um dos primeiros museus do país, o Museu real, atual museu
nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e várias instituições
museológicas embrionárias.
O Brasil continua a ampliar a sua política de expansão dos museus e ainda na República
Velha dá ao país, dentre outros, os museus do exército, da Marinha, o Paranaense, e o
do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.
De há muito tempo existem no Brasil museus dedicados a realizar este propósito de
consolidação da identidade nacional brasileira tais como os primeiros museus
etnográficos edificados no limiar do século XX, como os museus paraense
Emílio Goeldi (1866) e o Paulista (1894), comprometidos com a preservação das
riquezas locais e nacionais, agregando valor à construção da imagem do Brasil como o
país de grandes riquezas naturais. Há que se também ressaltar neste ponto a importância
da criação do MHN (O museu histórico nacional), como o grande marco do fazer
museológico brasileiro no século XX, o qual inaugurou um novo modelo de museu
dedicado à criação de uma representação da nacionalidade e a valorização da história e
grandes personagens da nação. Assim, o MHN projetou um novo paradigma
museológico às instituições que se criaram na sua esteira.
Entretanto, a questão da importância do museu na construção de uma identidade comum
a todos nós, na formulação da cultura e da noção de brasilidade encontra seu ápice na
política nacionalista do Estado Novo, que se institucionalizará na década de 30, na
figura do antigo SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Esta
política refletia o ideário nacionalista que já desde a década de 20 vinha sendo
formulado pelos intelectuais modernistas, os quais compuseram a parceria fundamental
na criação e no aparelhamento do antigo SPHAN.
Eles concebiam a proposta de inserção do Brasil na modernidade como rompimento
com um passado de dependência cultural submetido a uma forte influência eurocêntrica
e sua ressignificação em busca das singularidades nacionais.
O SPHAN se empenhará na tarefa de proteger o patrimônio que simboliza a
identidade nacional, todavia, a própria definição do tipo de patrimônio a ser
preservado não era consensual dentro do próprio órgão, pois tal definição dependia de
uma um embate ideológico entre os seus integrantes. Quando Mário de Andrade elabora
em 1936 o anteprojeto de criação do SPHAN, este incluiu a proposta de criação de
vários museus que incorporassem as várias formas de manifestações
culturais, inclusive aquelas ditas “populares” como também elementos imateriais da
cultura, como o folclore brasileiro. No entanto, a prática do SPHAN seguiu com uma
definição restritiva de patrimônio, vinculada a simbologia cultural da elite brasileira, às
grandes personalidades e feitos históricos e a monumentalidade dos bens.
Apenas a partir das discussões promovidas pelo ICOM (The International Council of
Museums) na década de 70 na mesa-redonda de Santiago do Chile que modelaram o
movimento moderno hoje denominado como “Nova Museologia” é que se pôde libertar
os museus brasileiros das garras opressoras da ortodoxia conceitual de patrimônio que
nos legou o antigo SPHAN. Como resultado, os museus atualmente podem ser
concebidos como espaços de preservação da memória das comunidades, o saber-fazer
de um povo, incorporando as mais diversas manifestações culturais.
A nova museologia pode “esticar” o conceito de museu e foi este modo de pensar que
impulsionou à criação no Brasil de vários museus dedicados a cultura brasileira de
modo amplo e geral, tais como, o museu do futebol, o museu do samba, o museu da
imprensa, o museu do negro, do índio, dentre outros.
Em síntese, o museu foi um instrumento importante na consolidação da nação brasileira
e de uma identidade coletiva, como tal sempre relevante na agenda política nacional, e
embora restrito a conservação dos bens culturais de uma elite e ter reproduzido as
contradições da sociedade brasileira, as novas reivindicações no campo da museologia
lançaram as bases da democratização do seu conteúdo, e agora os museus tornam-se
cada vez mais o espaço de afirmação dos diversos grupos sociais e seus mais variados
costumes e conhecimentos.
Download

Universidade Federal de Ouro Preto Discente: Júnio Lucas Araújo