765 PERFIL DOS IDOSOS INSERIDOS EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA THE AGED PEOPLE PROFILE INSIDE IN A LIVING CENTER Alanna Magalhães Hott Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG. [email protected] Vitória Augusta Teles Netto Pires Enfermeira graduada em Enfermagem e Obstetrícia. Mestre em Saúde e Enfermagem na área de Planejamento, Organização e Gestão de Serviços de Saúde Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG e Analista de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. [email protected] RESUMO A população brasileira com mais de 60 anos constitui a parcela que mais cresce no país de forma rápida e acentuada, portanto deve-se entender melhor como estão vivendo. Nesta diretriz, o objetivo dessa pesquisa foi descrever o perfil dos idosos inseridos em um centro de convivência, por meio do Projeto Sol e Cia., direcionado para a população idosa do município de Coronel Fabriciano, MG. Realizou-se uma pesquisa com abordagem quantitativa descritiva, utilizando-se como instrumento de coleta de dados a Avaliação Multidimensional Rápida da Pessoa Idosa proposta pelo Ministério da Saúde. A população foi constituída de 184 idosos que participaram das avaliações multidimensionais realizadas pelos alunos de Enfermagem da Unileste-MG. Os resultados demonstraram que a maior parte dos idosos encontravam-se na faixa etária de 60 a 69 anos (58,7%), com prevalência do sexo feminino (88,6%) e com primeiro grau incompleto (56,5%). Entre as alterações de saúde, houve predomínio das doenças do sistema cardiovascular (45,7%) e a alteração geriátrica mais recorrente foi a alteração visual (44%). Entre os idosos, 66% auto avaliaram sua como saúde boa. No arranjo domiciliar os idosos apresentaram maior preocupação com a família (47,8%) e os seus sonhos mais expressivos foram de origem pessoal (45%). Os resultados apresentados permitiram entender o perfil do grupo de idosos pesquisados, oferecendo subsídios para a definição de ações de promoção à saúde focada em suas características e necessidades, com vistas ao aumento na expectativa de vida e na oferta de uma assistência mais qualificada. PALAVRAS-CHAVE: Saúde do idoso. Perfil de saúde. ABSTRACT The Brazilian population over 60 years is the fastest growing share of the country. This steady increase has established quickly and sharply. If, on the one hand people are living longer, on the other hand, we must understand more about how they live. The purpose of this study was to evaluate the elderly profile inside in a living center, in this case the Sol and Cia. Project, directed to the elderly population of Coronel Fabriciano. It was made a descriptive research with quantitative approach, using as a data collection instrument the Fast Multidimensional Assessment of Aged People proposed by the Health Ministry. The study population consisted of 184 seniors who participated in the multidimensional assessments made by nursing students of the Unileste/MG involved in the Care System for Elderly Health Project. The results showed that elderly people who are attended for the project are mostly aged 60 to 69 years (58.7%), mostly female (88.6%) and an incomplete high school education (56.5%). The change in their health has found the prevalence of cardiovascular system diseases (45.7%). Regarding the frequency of geriatric changes, was found that the most important is that 44% had abnormal visual. 66% of these participants considered their healthy good. In the elderly living arrangement they were more worried with their family (47.8%) and in their dreams were more Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 766 personal source (45%). The results shows that the aged people can have more quality in health promotion, directing on their real needs, thus occurring an increase in life prospect and encouraging professionals to act in their service satisfactorily. KEY WORDS: Health of the Elderly. Health Profile. INTRODUÇÃO Os idosos constituem a parcela da população que mais cresce em todo o mundo. No Brasil, um novo processo de transição demográfica vem se estabelecendo de forma rápida e acentuada. Percebe-se que, com o passar dos anos, vem ocorrendo uma transformação na estrutura etária, iniciada em 2000 com 13,9 milhões. E segundo as projeções, em 2020 se elevará para 28 milhões (BRASIL, 2009). Essas mudanças acarretam demandas crescentes para o indivíduo, família, comunidade e nos diversos setores da sociedade, especialmente o de seguridade social e da saúde. Neste contexto, o conhecimento do estado de saúde da população acima de 60 anos poderá orientar o planejamento das políticas de saúde do idoso e auxiliar na elaboração de estratégias específicas para este projeto (ALVES; LEITE; MACHADO, 2008). Em consonância com o quadro sócio-epidemiológico que se delineia no Brasil, foi aprovada a Política Nacional da Pessoa Idosa (PNPI), através da portaria n.º 2528 de 19 de outubro de 2006 do Ministério da Saúde. Esta portaria apresenta como propósito central recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos idosos, através do desenvolvimento de ações de saúde individuais e coletivas, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2006). Considerando o art. 2º do Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, esta parcela da população goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei. Assegurando, todas as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (BRASIL, 2003). Portanto, investir na saúde dos idosos é investir no desenvolvimento. Com o atendimento adequado desta população na área da saúde, a aplicação de estratégias de saúde pública pode promover o envelhecimento ativo, inclusive a mudança no perfil de adoecimento, que passa a enfatizar a promoção da saúde, a manutenção da autonomia e a valorização das redes de suporte social, gerando impactos nas diversas formas de se prestar assistência aos idosos (RODRIGUES et al., 2007). As ações de enfermagem junto ao idoso no contexto da Atenção Básica implicam em um diálogo permanente, sendo uma experiência intersubjetiva, ou seja, tem como lócus central o idoso e o profissional. Desta forma as ações dos profissionais são fundamentais para que se alcance a humanização na atenção à saúde da pessoa idosa (LIMA; TOCANTINS, 2009). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 767 A assistência de enfermagem, por sua vez, é uma ação prática, e de acordo com a demanda da clientela pode também ser reconhecida por uma dimensão não apenas biológica. As pessoas demonstram suas necessidades demandando um tipo de ação de saúde que provoque satisfação em suas expectativas. Com este entendimento, os reflexos da assistência e do cuidado de enfermagem podem ser analisados, entre outros, pelo bem-estar sentido pelo idoso e, consequentemente, o atendimento as suas necessidades de saúde (ZOBOLI, 2007). Na perspectiva de melhorar as condições de vida e de saúde desta parcela da população, o projeto Sol e Cia. tem como objetivo promover a socialização dos idosos moradores do município de Coronel Fabriciano/MG, através de encontros semanais, onde realizam atividades físicas e participam de encontros, além de discutirem assuntos de interesse do grupo. Para que os idosos realizem atividades físicas com segurança é necessário fazer uma avaliação de cada um para verificar suas necessidades e ajudá-los a restabelecer a saúde e reduzir os riscos. A Unileste/MG, através do Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável do curso de Enfermagem, realizou a Avaliação Multidimensional Rápida da Pessoa Idosa proposta pelo Ministério da Saúde nos idosos inseridos no projeto no ano de 2009. A Avaliação Multidimensional Rápida da Pessoa Idosa pode ser definida como um processo diagnostico multidimensional, planejada para detectar problemas biológicos, psicossociais e funcionais da pessoa idosa com o objetivo de desenvolver um plano de tratamento e acompanhamento em longo prazo. Seu objetivo se concentra no estado funcional e na qualidade de vida, utilizando, para atingir esses objetivos a atenção prestada por uma equipe interdisciplinar (CARVALHO FILHO; PAPALEO NETO, 2005). Para Passos e Borges (2009), nesta avaliação é utilizado um instrumento para identificar problemas de saúde condicionantes de declínio funcional, com investigação dos aspectos familiares, sociais, culturais, econômicos, afetivos e biológicos que envolvem a vida dos idosos. O levantamento do perfil dos idosos que participam do Projeto Sol e Cia. pode favorecer o direcionamento de ações no plano da saúde, além de delinear as necessidades de adequação deste local e de suas atividades para o público frequentador. Adicionalmente, o conhecimento das características dos idosos pode contribuir para a definição de outras ações visando a participação de mais idosos no projeto, uma vez que ainda é grande a desinformação sobre a saúde do idoso, as particularidades e os desafios do envelhecimento. Portanto, o objetivo deste estudo foi descrever o perfil dos idosos inseridos em um centro de convivência, por meio do Projeto Sol e Cia., direcionado para a população idosa do município de Coronel Fabriciano, MG. METODOLOGIA Para a realização dessa pesquisa utilizou-se a abordagem quantitativa documental retrospectiva, com o intuito de identificar o perfil da população acima de Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 768 60 anos, frequentadora do Projeto Sol e Cia. na cidade de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais. A pesquisa foi realizada no período de abril a junho de 2010. A amostra foi constituída de 184 avaliações multidimensionais realizadas pelos alunos do curso de Enfermagem do Unileste/MG envolvidos no Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável, durante o 2° semestre de 2009. Este banco de dados foi utilizado pela pesquisadora. Após a coleta, os dados foram consolidados, tabulados em tabelas e gráficos com a utilização do programa Microsoft Excel e analisados pela pesquisadora. As informações traçadas referem-se à saúde física, faixa etária, renda familiar, sexo, escolaridade, ocupação anterior e atual, renda e adequação com as necessidades, percepção do idoso sobre seu estado de saúde atual, maior preocupação no momento, suas esperanças e sonhos. Foram excluídos os dados não informados ou respostas em branco em todas as análises. A pesquisa contemplou a Resolução nº. 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a pesquisa com seres humanos, sendo previamente autorizada sua realização pela coordenadora do Projeto Sol e Cia (BRASIL, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO As informações apresentadas a seguir retratam a descrição da população idosa frequentadora do Projeto Sol e Cia., envolvendo as variáveis: sexo, idade escolaridade, situação ocupacional e arranjo domiciliar (TAB. 1). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 769 TABELA 1 Características sócio-demográficas dos idosos freqüentadores do Projeto Sol e Cia. Coronel Fabriciano, MG, 2010 N % Variável Faixa Etária 108 58,7 60-69 58 31,6 70-79 >80 18 9,7 Total 184 100 Sexo Feminino Masculino Total 163 21 184 88,6 11,4 100 Escolaridade Nenhuma 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior Pós-graduação “Não informado” Total 22 104 15 18 15 4 1 5 184 12,0 56,5 8,2 9,8 8,2 2,2 0,5 2,7 100 Arranjo domiciliar Mora sozinho(a) Mora acompanhado “Não informado” Total 37 145 2 184 20,1 78,8 1,1 100 Situação ocupacional Aposentado(a) ou pensionista Empregado(a) Dona de casa Voluntário(a) “Não informado” Total 86 67 25 2 4 184 46,7 36,4 13,6 1,1 2,2 100 FONTE: Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável. Avaliações multidimensionais (2009). Os idosos, em sua maioria, encontravam-se na faixa etária de 60 a 69 anos (58,7%), com predomínio do sexo feminino (88,6%). Na escolaridade predominou o primeiro grau incompleto (56,5%). No arranjo domiciliar, 78,8% informou morar acompanhado. Com relação às pessoas as quais eles residem 23,9% moravam com cônjuge ou companheiro, 20,7% com cônjuge e filhos, 25,5% com filhos, 9,8% com netos, 2,7% com irmãos. Em relação à situação ocupacional, a maior parte, 46,7%, pertence ao grupo de aposentados e pensionistas (TAB. 1). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 770 A expectativa de vida das mulheres excede a dos homens e este fato explica, em parte, a maior proporção de mulheres idosas (4.548) em relação aos homens (3.585) na população residente em Coronel Fabriciano, município que contempla a população estudada (DATASUS, 2006). Como as mulheres vivem mais do que os homens, aumenta a probabilidade daquelas idosas viverem sozinhas e, desta forma, procurarem se relacionar com outras mulheres em situações semelhantes. As avaliações de Nunes et al. (2009) ao estudarem a influência das características sociodemográficas e epidemiológicas na capacidade funcional de idosos constataram que as mulheres eram a maioria entre o grupo de idosos. Apesar de terem maior expectativa de vida, apresentam maiores limitações ou maior perda da capacidade funcional. Algumas hipóteses são levantadas para explicar essa diferença: maior prevalência de condições incapacitantes não-fatais (osteoporose, osteoartrite e depressão, por exemplo) e maior habilidade das mulheres em reportar maior número de condições de saúde em relação aos homens da mesma faixa etária. Borges et al. (2010) identificaram que o fato de ter a presença maior de idosos entre 60 e 69 anos nos grupos de convivência está associado a sua autonomia e menor participação no mercado de trabalho, com tempo livre para atividades lúdicas, ou a uma fuga do estereótipo de idoso. Por outro lado, a baixa participação de idosos com mais de 80 anos pode decorrer em função do maior grau de comorbidades com o aumento da idade e a dependência. Estes são fatores importantes, pois podem limitar o acesso e a participação nas atividades oferecidas pelo projeto uma vez que esses idosos dependem de outras pessoas para levá-los até o local dos encontros. A baixa escolaridade observada entre os idosos está em consonância com as observações de Pavarini et al. (2008) ao constatarem que a maioria dos idosos (63%) cursou o ensino fundamental incompleto, apresentando entre um a cinco anos de escolaridade. Este percentual evidencia o significativo número de pessoas com pouco ou nenhum grau de escolaridade; fato considerado comum na realidade dos países em desenvolvimento como o Brasil, principalmente quando se trata de idosos que viveram sua infância em época em que o ensino não era prioridade. No que se refere ao arranjo familiar, os levantamentos realizado pelo Ministerio da Saúde, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2007 mostraram que a consanguinidade é o eixo principal de união das pessoas que vivem juntas: 88,6% dos arranjos são de pessoas com parentesco. Destes, 48,9% são do tipo cônjuge com filhos, cuja taxa vem se reduzindo devido, principalmente, à queda da fecundidade (BRASIL, 2008). O crescimento da proporção de pessoas que viviam sozinhas (8,3% para 11,1%) na PNAD é uma tendência que vem sendo verificada nos últimos anos e considerada como fruto da redução das taxas de mortalidade e do aumento da esperança de vida, especialmente para as mulheres. Em 2007, os arranjos familiares unipessoais correspondiam a cerca de 6,7 milhões, sendo que 40,8% eram constituídos por pessoas de 60 anos ou mais de idade. A situação ocupacional, respectivamente, na região Sudeste é de cerca de 40,9% da renda familiar provenientes das aposentadorias dos idosos (BRASIL, 2008). No aspecto da saúde, a frequência de queixas relatadas de acordo com os sistemas corporais e as comorbidades relacionadas está descrita no GRAF. 1. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 771 GRÁFICO 1 - Relato de comorbidades apresentadas pelos idosos no Projeto Sol e Cia. Coronel Fabriciano, MG, 2010 FONTE: Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável. Avaliações multidimensionais (2009). Em relação às comorbidades houve um predomínio de doenças do sistema cardiovascular (45,7%), sendo a hipertensão arterial a mais prevalecente (47%), seguida por problemas osteomusculares (17,9%), e doenças do sistema endócrino (15,8%). Em 90% dos idosos estudados foi observada a presença de, pelo menos, uma doença crônica. Cavalcanti et al. (2009), identificaram também em seus estudos a prevalência de doenças cardiovasculares. A mais recorrente foi a hipertensão arterial (56,4%). A hipertensão é um fator de risco importante em qualquer idade, embora seja um problema característico da população idosa. No estudo dos autores supracitados, entre os idosos entrevistados, 78,6% relataram utilizar algum tipo de medicamento e 82,1% afirmaram possuir alguma doença crônica, dados similares com essa pesquisa. Neri et al. (2009) constataram que para a maioria dos idosos a probabilidade de ocorrências de doenças crônicas é muito alta. A prevenção de doenças tem como conseqüência a redução da morbidade associada ao envelhecimento, em que os idosos que chegam à velhice mais avançada com 80 anos ou mais sem doenças típicas e sem o agravamento de condições crônicas são vistos como sobreviventes. Dos idosos atendidos no projeto Sol e Cia, 73,9% utilizavam algum tipo de medicamento e 63,6% relataram ter cartão de vacina completo. Carvalho Filho e Papaléo Netto (2005) mostram que no Brasil pelo menos 90% de pessoas com mais de 65 anos fazem uso de no mínimo um medicamento ao dia e, alguns, dois ou mais. Os dados referentes às alterações geriátricas dos idosos frequentadores do Projeto Sol e Cia estão apresentados na TAB. 2. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 772 TABELA 2 - Frequência de alterações geriátricas entre os idosos. Projeto Sol e Cia - Coronel Fabriciano, MG, 2010 Sim Alterações geriátricas Não N % N % Incontinência urinária 46 25,0 132 Alteração da Audição 22 11,9 150 81,6 Alteração da Visão 81 44,0 78 42,4 Queda 93 51,0 73 39,7 72,0 Alteração de humor 78 42,4 82 45,0 FONTE: Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável. Avaliações multidimensionais (2009). Obs.: excluídos dados não informados. Com referência as alterações geriátricas, 72% dos idosos não apresentaram incontinência urinária. Do total, 81,6% não tinha alteração auditiva e 44% relataram alterações visuais. Com relação à queda 51% informaram que já sofreram algum tipo de queda. Dentre eles 50% apresentaram problemas nos membros inferiores e 45% apresentaram alteração na visão, que é um grande fator de risco. Quanto à alteração de humor 45% dos idosos afirmaram não apresentar alteração de humor. Marin et al. (2010) ao estudarem os diagnósticos de enfermagem de idosos que utilizam múltiplos medicamentos encontraram um elevado índice de incontinência urinária (56,8%), quando comparados com este estudo cujo índice foi menor (28%). O percentual reduzido do grupo pesquisado pode estar associado a atividade física regular praticada pelos idosos, pois os exercícios podem reduzir ou até evitar a incontinência urinária nesta população. Os dados sobre o comprometimento auditivo (23,8%) e visual (62,7%) apresentado pelos autores são semelhantes aos encontrados nesta pesquisa. Esta condição é quase sempre subestimada, sendo considerada tanto pelos familiares como pelo idoso e até mesmo pelos profissionais da saúde como próprio do processo de envelhecimento e sem muita opção de solução. Em função disto, muitas vezes, eles têm dificuldades de acesso a aparelhos auditivos e lentes corretivas ou a tratamentos mais especializados, como a cirurgia de catarata. Em relação à queda, os estudos de Carvalho Filho e Papaléo Netto (2005) confirmam a necessidade de investigar a ocorrência de quedas em idosos, levando em conta a sua dimensão e significado para o idoso e seus familiares, podendo acarretar consequências muitas vezes graves e até letais. Ishizuka e Jacob Filho (2009) verificaram que quando se reduz apenas um fator de risco, há uma diminuição considerável na incidência de quedas, que são passíveis de prevenção, havendo a necessidade de ações educativas envolvendo tanto o idoso como os familiares. As alterações de humor estão relacionadas principalmente a dificuldades em superar as perdas ocorridas, à perda da auto-estima e desesperança e propicia o Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 773 desinteresse pelo autocuidado. Segundo Irigaray e Schneider (2008), os sintomas de alteração de humor tiveram menor destaque para aquelas pessoas que participam de grupos de convivência e principalmente tem maior tempo de participação no grupo. Os dados referentes à classificação da autopercepção de saúde dos idosos podem ser visualizados na TAB. 3. TABELA 3 - Categorização da autopercepção de saúde dos idosos do Projeto Sol e Cia. - Coronel Fabriciano, MG, 2010 Autopercepção de saúde N % Ótima 19 10 Boa Regular 122 17 66 9 Ruim 17 9 FONTE: Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável. Avaliações multidimensionais (2009). Obs.: excluídos dados não informados. Com relação às condições de saúde autorreferidas, 66% dos idosos avaliaram sua saúde como boa. A autopercepção de saúde desse grupo sobre sua saúde está de acordo com as avaliações de Carneiro et al. (2007) ao afirmarem que a maioria dos idosos (57%) tiveram a mesma opinião, mostrando que esta avaliação não está associada com a gravidade de um problema, mas sim com a possibilidade e o modo de enfrentá-lo, principalmente ao contarem com o apoio da família. Por outro lado, Lebrão e Laurenti (2005) mostraram que a presença de incapacidade é um fator determinante na autoavaliação da saúde. Ter, pelo menos, uma incapacidade para as atividades básicas de vida diária reduz à metade a disposição de considerar a sua saúde muito boa ou boa. Para Tavares et al. (2008) os resultados foram contrários. A autopercepção da saúde foi considerada, pela maioria, como regular (43,5%) verificando que a condição considerada como ótima e boa diminuiu de acordo com o aumento da idade dos idosos estudados. No contexto da saúde, a autopercepção considerada ruim aumenta o risco de mortalidade, interfere na satisfação com a vida e no bemestar subjetivo. A classificação das preocupações apresentadas pelos idosos está ilustrada na TAB. 4. TABELA 4 – Categorização das preocupações dos idosos do Projeto Sol e Cia. - Coronel Fabriciano, MG, 2010 Preocupação N % Família 88 48 Financeiro Moradia 15 9 8 5 Saúde 33 18 Nenhuma 35 19 FONTE: Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável. Avaliações multidimensionais (2009). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 774 Obs.: excluídos dados não informados. No espaço domiciliar, a família destaca-se entre a maior preocupação dos idosos (48%). As principais preocupações apresentadas foram com a saúde, a felicidade e a situação financeira dos filhos e/ou do cônjuge. Foi observado que a preocupação com o outro está relacionada a deixá-lo sempre bem. Apesar disso, o estudo também identificou que nem sempre essas pessoas que se preocupam com o outro precisam de ajuda, pelo contrario, muitas vezes elas tem até o papel de auxiliar os outros. Entre os idosos que relataram não ter nenhuma preocupação, 38%, apresentaram alteração do humor relacionada à falta de estimulo para viver. Entre as preocupações citadas, a saúde esta relacionada com o medo da dependência e da invalidez, assim como foi identificado que a percepção negativa com a saúde leva a uma recuperação mais demorada e insatisfatória. Na TAB. 5, pode ser visualizada a classificação dos sonhos relatados pelos idosos frequentadores do Projeto Sol e Cia. TABELA 5 - Categorização dos sonhos dos idosos do Projeto Sol e Cia. - Coronel Fabriciano, MG, 2010. Sonho N % Pessoal 84 45 Interpessoal 61 33 Nenhum 22 12 Casar 7 4 FONTE: Projeto de Extensão Sistematização da Assistência ao Idoso Saudável. Avaliações multidimensionais (2009). Os sonhos de nível pessoal apresentados por 45% dos idosos foram por viajar, ter casa própria, reformar a cozinha, conhecer outro país e morar na praia. Os que relataram não ter nenhum sonho (36%) já tiveram ou tem alteração de humor, fato este muito importante, pois a falta de estimulo pode ser um fator de risco para depressão entre os idosos. Outro dado encontrado foi relato do sonho de casar (4%), observado entre aqueles que apresentaram melhoria na qualidade da autoestima. Estes dados revelam que os idosos nos seus sonhos se voltam para um bem pessoal caracterizado como um modo de pensar construtivo. No estudo de Trentini et al. (2005) sobre enfrentamento de situações adversas e favoráveis por pessoas idosas destaca-se a importância de estimular os idosos a manter e/ou encontrar sentido para viver, buscando algo que deseja ou sonha. Quando eles têm razão para viver, buscam superar os acontecimentos desagradáveis com mais facilidade. Porém, aqueles que não têm sonhos de vida perdem o sentido de sua existência e qualquer sentido para suportar os desafios encontrados. CONCLUSÃO Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 775 O estudo de avaliação do perfil dos idosos trouxe informações detalhadas sobre a clientela integrante do projeto. Os resultados demonstraram que os idosos frequentadores do projeto Sol e Cia. apresentam características semelhantes quando comparados com outros estudos do mesmo perfil. Esta analise possibilitou o entendimento sobre o perfil do grupo de idosos, oferecendo subsídios para a definição de ações de promoção à saúde focada em suas reais necessidades, com vistas à oferta de uma assistência mais qualificada que promova aumento na expectativa de vida e favoreça a atuação dos profissionais. O estudo do perfil dos frequentadores do Projeto Sol e Cia apresentou um maior impacto na assistência pelas ações realizadas, proporcionou aos profissionais maior conhecimento sobre os idosos inseridos no projeto, efetivando a humanização na atenção à saúde, não contrariando a liberdade do idoso, fazendo-o participante ativo do processo de um envelhecimento saudável. Esse estudo mostrou que o convívio no Projeto pode ser um importante veículo de promoção para que as ações de saúde atinjam um número significativo de idosos. A análise destes dados deve ser considerada como subsídio para avaliação da adequação do local onde o projeto é atualmente desenvolvido para que possa não só atender os atuais idosos, mas também a outros que poderão se beneficiar de suas atividades. Acredita-se que esta pesquisa possa subsidiar outros estudos, favorecer a compreensão das necessidades decorrentes do processo de envelhecimento, contribuir para que os futuros idosos não sejam estigmatizados e para que esta fase da vida seja mais bem compreendida e respeitada em sua plenitude. É importante ressaltar que ter ou não qualidade de vida não é responsabilidade individual. Fatores econômicos, sociais e culturais interferem diretamente no bem-estar de uma população. Desse modo, deve-se investir constantemente para a construção de uma sociedade que esteja preparada para envelhecer com qualidade. REFERÊNCIAS ALVES, Luciana Correia; LEITE, Lúri da Costa; MACHADO, Carla Jorge. Perfis de saúde dos idosos no Brasil: análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2003 utilizando o método grade of membership. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.3, p. 535-546, mar. 2008. 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