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Representação de imagens da natureza em monumentos funerários
brasileiros
Maria Elizia Borges
Programa de Pós Graduação em História - UFG /CBHA/ CNPq
RESUMO: Objetiva-se tratar com espaços expandidos, no caso os cemitérios
secularizados brasileiros, que detêm acervos artísticos ainda pouco estudados
por historiadores da arte funerária. A abordagem recairá na fruição estética das
representações de imagens da natureza em situações diversas, pintadas nos
painéis de azulejos que decoram os monumentos funerários construídos no
início do século XX. Selecionamos pinturas que apresentam narrativas de vida,
uma maneira de compreender e enaltecer o que o morto foi em vida. As
paisagens ali representadas de modo idealizado reforçam o conteúdo
memorialista das mensagens ali expressa.
PALAVRAS-CHAVE: Cemitérios brasileiros. Histórias de vida. Azulejos
pintados. Imagens da natureza.
ABSTRACT: The purpose of this work is to deal with the "expanded spaces", in this case the
Brazilian secular cemeteries , which holds art collections studied only by a few historians of
funerary art . The approach will be on the aesthetic enjoyment of representational images of
nature in various settings, as panels with painted tiles decorating the funerary monuments,
built in the early twentieth century. Selected paintings that feature narratives of life is a way to
understand and enhance what the deceased was in life. The idealized landscapes represented
there comes to reinforce the memorial content of the expressed messages.
Keywords : Brazilian Cemeteries . Life stories . Painted tiles . Images of nature .
Fruição estética dos artefatos materiais
Entre das preocupações de conectar o campo da história da arte brasileira a
outros territórios não institucionalizados que detêm acervos artísticos, selecionamos
para este momento o dos cemitérios secularizados (públicos) de nosso país. A
abordagem da fruição estética nesse espaço recairá sobre as representações de
imagens da natureza em situações diversas, principalmente na técnica dos painéis de
azulejos pintados que decoram os monumentos funerários construídos em meados do
século XX.
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Consideramos o cemitério como um campo expandido que permite agrupar
artefatos materiais das mais diferentes procedências, levando-nos a obter uma visão
multicultural desse território.Trata-se de um sítio arqueológico detentor de paisagens
em transformação, entremeadas de referências culturais e artísticas que passam por
um processo de transformação ao significar/ressignificar e ao construir/reconstruir um
campo de conhecimento repleto de símbolos registrados em seus monumentos
funerários.Todo esse acervo está ali para estabelecer um diálogo entre os homens
sobre o lugar de pertencimento dos falecidos e das relações de poder e de afetividade
mantidas pelos vivos com essa paisagem à parte.
Em síntese, o conceito clássico de imagens da natureza está vinculado a uma
visão subjetiva, atrelada à acepção pictórica que pode ocorrer em várias modalidades
visuais, e que complementam a decoração dos monumentos funerários há muito
tempo. Por exemplo, em seus afrescos funerários, os egípcios tinham por hábito
pintar cenas agrícolas, com a figuração mística dos deuses dentro da lei da
frontalidade, com a representação do céu, da terra e da água, com animais e flores,
uma cosmologia
que parte da valorização e do prazer de trabalhar no campo,
conforme pode ser visto no papiro funerário de Ta-di-mut, cantor de Amon, Tebas,
XXI Dinastia. O interior das tumbas etruscas, por sua vez, foi decorado com afrescos
que comemoram a morte com muita alegria. Nele, as pessoas aparecem dançando e
tocando instrumentos musicais por entre a paisagem, composta por árvores e
animais, conforme bem ilustra a Tumba dos Leões Rugidores, na necrópole de
Tarquínia, Itália.
As imagens da natureza foram vistas pelos historiadores da arte, durante um
bom tempo, como temática marginalizada, mas, hoje, estamos recuperando e
recolocando-as nas discussões de teor artístico, pois, assim como Carvalho (1991, p.
200), reconhecemos que são "suportes de representações coletivas indissociáveis da
prática social". Para Anne Cauquelin (2007, p. 170), "a paisagem nasceria do enterro
ordenado de uma natureza que, sem o rito, não passaria de uma idéia". Esses
conceitos provocam-nos alegria e aguçam a nossa percepção sensível, evocando
costumes e modelos culturais outrora esquecidos.
Os túmulos do século XX contêm vários modos de representar imagens da
natureza como pano de fundo da obra, o que ajuda a complementar e compreender
as mensagens descritas no primeiro plano. São espaços imaginários retratados
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muitas vezes de forma idealizada e em outras, com certo realismo que facilita a
identificação do contexto cultural ali exposto. Os procedimentos artísticos para tais
imagens são diversos, e alguns deles estão dispostos segundo os seguintes
exemplos:
a) Na forma de fotografia de porcelana, como a encontrada no Cemitério
Municipal de Cravinhos (SP). Neste caso, a família selecionou uma foto em
que o jovem estava de moto, próximo a um cafezal, local certamente
reconhecido pelas pessoas da região. Provavelmente a foto foi tirada por um
fotógrafo amador, que soube, todavia, enquadrar bem a perspectiva do
plantio na terra roxa;
b) Na forma de baixo-relevo, em mármore de Lioz, como a de um túmulo do
Cemitério da Soledade, em Belém (PA). Nesse túmulo, de estilo
neoclássico, há um espaço especial para a reprodução de uma árvore que
tem um dos troncos quebrado, detalhe que significa, na simbologia cristã, a
vida interrompida. Existem nos cemitérios brasileiros várias versões dessa
representação, que advém do movimento rústico vitoriano, assim como a do
salgueiro (chorão), uma das árvores mais utilizadas nas decorações
lapidares populares da época, e que sugere luto, sofrimento e imortalidade.
c) Em placas de bronze, em baixo-relevo, que costumam ser produzidos em
série nas portinholas dos monumentos funerários, e em alguns casos são
cenas específicas instaladas na cabeceira da obra, como a que se encontra
no túmulo de Joaquim Antonio da Silva, no Cemitério São Miguel, em
Morrinhos (GO). Seus parentes prestaram-lhe uma homenagem póstuma ao
instalar, no monumento de família, um aspecto da vista do seu patrimônio
econômico. Sua propriedade rural é retratada numa perspectiva simples, em
que podemos avistar em primeiro plano a cruz que protege o lugar, as
cabeças de gado, os coqueiros e a casa sede da fazenda, em cuja porta ele
foi fotografado;
d) Na forma de painéis de azulejos pintados, alguns dos quais detalharemos no
presente texto. De antemão, adiantamos que essas decorações foram
encontradas por nós em alguns cemitérios visitados no país: Cemitério
Santana, na cidade de Goiânia (GO); Cemitério Municipal de Araguari (GO);
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Cemitério da Consolação, na cidade de São Paulo (SP); Cemitério São João
Batista, na cidade do Rio de Janeiro (RJ); Cemitério da Saudade, em
Piracicaba (SP); e Cemitério Municipal de Casa Branca (SP).
O despertar para novos paradigmas
Para o 23º Encontro Nacional da ANPAP (2014) encaminhamos o artigo
Monumentos Funerários no Brasil: a iconografia religiosa popularizada na arte dos
azulejos, e foi a partir dele que decidimos ampliar as variantes dos azulejos pintados.
No artigo da ANPAP elegemos para análise as pinturas de azulejos sacros instaladas
nas cabeceiras dos túmulos, produzidas por firmas especializadas que se apropriam
de imagens já cristalizadas pela iconografia cristã.
Optamos, para este momento, selecionar os mesmos tipos de azulejos, mas em
painéis maiores, que abordam outras iconografias, e investigar mais sobre a maneira
como são concebidas as imagens da natureza. Poderíamos considerar que tais
artefatos são expressões artísticas de cunho popular, com as quais temos empatia
por perceber pouca reflexão teórica sobre o assunto. Queremos discorrer um pouco
mais sobre o papel dos pintores que adotam outro tipo de processo criativo, realizado
sob encomenda, e que muitas vezes se apropria de imagens preestabelecidas, que
circulam entre as várias camadas sociais da população brasileira.
A nossa preocupação em abraçar essas questões vem de há algum tempo e
retomamos a ela neste artigo. O nosso primeiro envolvimento foi quando proferimos a
conferência "Cemitérios brasileiros: paisagens em transformações entremeadas de
referências culturais e artísticas", no III Colóquio avesso da paisagem: representações
da morte no ambiente urbano (UFRJ, Rio de Janeiro, 2012). Na ocasião, destacamos
as relações do cemitério com o ambiente externo, a organização urbanística do seu
espaço interno e a representação de paisagens pictóricas nos monumentos
funerários.
Quanto à literatura voltada para a compreensão da natureza, citamos algumas
obras que nos ajudaram a compreender a pertinência do assunto: A invenção da
paisagem, de Anne Cauquelin (2007); A Representação da Natureza na Pintura e na
Fotografia Brasileira do século XIX, de Vânia Carneiro de Carvalho (1991);
Fundamentos para o Estudo da Pintura, de Edson Motta (1979); Paisagem e Arte: A
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invenção da natureza, a evolução do olhar (1999), que consiste numa coletânea de
textos do I Colóquio Internacional de História da Arte - CBHA/ CIHA.
Histórias de vida pintadas em azulejos
A instalação de um painel de azulejo em um túmulo tem como primeiro
objetivo decorá-lo com pinturas que reforcem uma mensagem importante para
homenagear o falecido. Acreditamos que o seu uso tenha surgido após a década de
1940, quando a crise na importação do mármore obrigou as marmorarias a criarem
outros tipos de feitura de túmulos, condizentes com o gosto e o poder de compra da
classe média brasileira da época. A proliferação desse modismo ocorreu mais em
monumentos instalados em cemitérios de médio porte.
Abrindo um parêntese, lembramos que a azulejaria como recurso formal, teve
um papel importante e crescente na arquitetura modernista brasileira a partir da
década de 1930, sobretudo nas obras de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Destacamos
os azulejos de Portinari, com temáticas fortemente associadas com a ambientação da
construção arquitetônica em questão, e estas obras contribuíram para a decoração do
espaço modernista público e privado. Todavia, o nosso conhecimento com a
azulejaria já advém de estudos sobre os azulejos portugueses instalados nas igrejas
do Nordeste no século XVII, e no século XVIII e XIX com a azulejaria francesa
instalada nas paredes dos sobrados das cidades de São Luiz e de Alcântara (MA). O
uso dos azulejos pintados como adornos de residências e prédios públicos foi bem
assimilado e caiu no gosto popular brasileiro (Pinto Junior, 2006), portanto, transportálos para os cemitérios foi só uma questão de tempo.
Os painéis de azulejos pintados em cemitérios registram os mais variados
temas, com o objetivo de atender aos desejos dos familiares do falecido. Há uma
predominância de motivos sacros, que retratam a história de vida de Cristo, de santos
e de santas, assunto que abordaremos no 23º Encontro Nacional da ANPAP (2014),
conforme dissemos anteriormente. Destacamos que essas imagens advêm da cultura
erudita, são assimiladas pela cultura popular, divulgadas pela cultura de massa e
apropriadas pela arte contemporânea para questionar paradigmas da sociedade atual.
Do nosso acervo iconográfico elegemos temáticas que adicionam imagens
urbanas e de natureza agregada a uma história cronológica e que contribuem para
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compreender e enaltecer o que o morto foi em vida. Seguem alguns exemplos que
encontramos no Cemitério Santana, na cidade de Goiânia (GO).
FIGURA 01. Túmulo do Sr. Alípio Mendes Ferreira. Cemitério Santana, Goiânia, Atelier
Artístico Moral (São Paulo). Foto: Marissol Martins de Santana.
A cabeceira do túmulo do Sr. Alípio Mendes Ferreira (*1888, Portugal - †1965
Goiânia ) ostenta um grande painel rubricado pelo Atelier Artístico Moral, da cidade de
São Paulo (Figura 01). Em primeiro plano aparece o seu retrato, de meio corpo,
envolto por camadas de nuvens, que nos direciona para o lado esquerdo do painel,
onde há a representação da Torre de Belém, um dos símbolos da cidade de Lisboa,
cercada pelo mar, em cujas águas encontram-se um pequeno barco à deriva. A
epígrafe "Durante toda a sua existência teve como lema o trabalho, a honra e a
honestidade" completa e reforça o significado dessa homenagem póstuma instalada
no monumento funerário.
Os elementos da natureza, céu, mar, e as situações atmosféricas unem o
primeiro e no segundo plano, colorem o espaço, dão ênfase ao plano diagonal e criam
uma ambientação alegre entre o local de origem do Sr. Ferreira e seu retrato, que
podemos considerar ter sido seu último registro em vida, pela face madura e pelos
cabelos brancos, os óculos e o terno azul. O barco simbolizaria a visão romântica da
vinda do imigrante e o seu sucesso em "terras do além-mar"? Seria um tipo de
registro popular para especificar o sucesso econômico dos imigrantes no Brasil? Entre
as concepções paisagísticas adotadas por Edson Motta podemos considerar este
caso como exemplo do que o autor denomina de "figura COM paisagem" (1979,
p.120), cujo objetivo único é exaltar o mundo sensível dos homens diante da natureza
e da vida.
FIGURA 02. Túmulo de Carlos Alberto de Freitas. Cemitério Santana, Goiânia, Marmoraria
Goiás (Uberlândia). Foto: Marissol Martins de Santana.
Exemplo de outro painel é o que está no túmulo de Carlos Alberto de Freitas
(*1894 - †1940), obra realizada pela Marmoraria Goiás, da cidade de Uberlândia
(GO). Todavia, não encontramos indícios da autoria do painel (Figura 02). A pintura
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registra locais que ajudam a conhecer o percurso desse homem que, segundo a
epígrafe, teve, "do berço ao túmulo, uma vida de trabalho e honradez". Podemos
reconstruir uma narrativa sobre essa família, que provavelmente chegou ao Brasil na
época dos bandeirantes, mediante a leitura dos cinco blocos de imagens dispostos no
painel. Na parte superior do primeiro bloco, há a imagem de uma estátua de um
bandeirante, cravada num lugarejo ainda incipiente, supostamente a figura do
Anhanguera, que desbravou o estado de Goiás.
No segundo bloco de imagens desse painel, na parte superior do lado direito,
estão vistas emblemáticas de Salvador como o Elevador Lacerda e a Igreja de São
Francisco, cidade onde Carlos de Freitas nasceu. No terceiro bloco, podemos deduzir
que o mar o levou a terras distantes da Bahia, haja vista o grande navio direcionado à
algum lugar. O quarto bloco mostra o início de seu império econômico, de forma
modesta, haja vista a simplicidade de sua primeira casa, de estilo colonial, retratada à
direita. O quinto e último bloco constata a ascensão social e econômica desse
imigrante, mediante a representação de sua derradeira casa, grande, avarandada,
modelo proveniente da década de 1950.
FIGURA 03. Túmulo de Roldão Corrêa Aguirre. Cemitério Santana, Goiânia. Cerâmica
Artística Tasca S/A (São Paulo). Foto: Marissol Martins de Santana.
Já o painel do túmulo do aviador Roldão Corrêa Aguirre (*1922, Atibaia-SP - †
1962, Guará-GO) tem a rubrica da Cerâmica Artística Tasca S/A, da cidade de São
Paulo (Figura 03). Esse painel, bem como os demais aqui analisados, faz às vezes do
epitáfio tradicional, identificando-o com sua fotografia, seus dados pessoais e
mensagens referentes à sua vida, neste caso, com a frase "Partiu para o céu onde
sempre viveu e viverá". A pintura faz-nos vivenciar um sentimento de profunda dor, ao
narrar o desastre aéreo que levou à morte esse aviador.
O lado esquerdo do painel, no alto, ostenta o símbolo da aviação. À direita, no
primeiro bloco, está a cena de um avião atravessando uma montanha, e do mesmo
lado, bem abaixo, o avião despedaçado no chão. Mais à esquerda há a representação
de um dos passos da paixão, com Cristo carregando a cruz. A simbologia cristã,
associada à narrativa real do fato, traz uma mensagem de consolo aos seus
familiares e colegas da aviação. A concepção paisagística está mais voltada para o
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modelo de "paisagem COM figura" (Motta, 1979, p.120), em que o céu, as montanhas
são também interligadas por manchas de cores em degrade.
As características formais dos três painéis, realizados no período de 1940 a
1965, levam-nos a identificar alguns pontos comuns a todos eles. Cada painel é
composto por um conjunto de pequenas paisagens que, juntas, contribuem para a
compreensão da mensagem ali difundida, de conteúdo memorialista. Os pintores
recorreram à estética realista para figurar coisas e pessoas, e, diríamos, em uma
versão estilística aproveitada de tomadas fotográficas para a elaboração das pinturas,
pois são estruturas formais simples na arte do enquadramento e da composição. Os
elementos da natureza dão um ar bucólico às tomadas de cena, cujo padrão visual é
facilmente assimilável pela população. Em síntese, os painéis simbolizam uma justa e
poética representação de memória do mundo real e carregam mensagens que
simbolizam ascensão pessoal do pequeno burguês brasileiro.
Os pintores anônimos contratados por esses ateliês executam as pinturas
manualmente ou utilizando a técnica do decalque, demonstrando uma habilidade
quase mecânica ao reproduzir as imagens com grande virtuosismo. Provavelmente
alguns eram autodidatas e outros aprendizes em alguma escola de Belas Artes do
país, dado o aprimoramento técnico de algumas pinturas. Há um conjunto de saberes
voltado para a anatomia, a geometria, a perspectiva, a elementos da natureza, à
refração e ao reflexo de luzes e sombra.
É importante ressaltar que os ateliês de azulejo omitiam, em suas
propagandas, a feitura de obras em cemitérios, pois estes eram, e continuam sendo,
vistos como espaços públicos marginalizados. Além disso, os pintores ocultavam que
utilizavam fotografias para a realização de suas tomadas de cena, por serem
consideradas como uma espécie de segunda natureza e constituídas pelo mundo
objetivo das imagens.
Considerações finais:
Acreditamos que "o lugar de sepultamento dos mortos se torna, de fato, no final,
a esperança dos vivos", segundo Hans Belting (2010, p.102).Os cemitérios agrupam
uma variedade imensa de artefatos materiais que registram histórias de vida que são
ali resinificadas e são provenientes de contextos espaciais e temporais dos mais
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diversos. É necessário atentarmos para o valor
de aceitação dessas obras que
circulam por esse contexto expandido e que atendem o gosto da cultura popular
vigente. Temos que ficar atentos ao estatuto desses objetos e de suas abordagens
teórico-metodológicas, conforme propõe esta sessão temática.
Queremos aqui ressaltar algumas questões da arte funerária que ainda estão
esquecidas pela história da arte, pois faltam avançar nas pesquisas sobre azulejaria
tumular realizadas no âmbito artístico/ comercial e pensar sobre esse recurso visual
urbano sem preconceitos, pois ele comumente é considerado de "gosto duvidoso",
sem que sequer se conheça a extensão quantitativa e qualitativa dessa produção. A
arquitetura vernácula funerária adota outro objeto artístico que também devem ser
estudados como ritual da arte dentro de um território repleto de tradições e
paradigmas peculiares.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BELTING, Hans. Semelhança e presença: a história da imagem antes da era da arte. Rio
de Janeiro: Ars Urbe, 2010.
BORGES, Maria Elizia. Monumentos Funerários no Brasil: a iconografia religiosa popularizada
na arte dos azulejos. In: 23º. Encontro da ANPAP “Ecossistemas Artísticos”. Belo
Horizonte: UFMG, 2014, pp 2400- 2415.
CARVALHO, Vânia Carneiro de. A Representação da natureza na pintura e na fotografia
brasileira do século XIX. In: FABRIS, Annateresa (org.). Fotografia: usos e funções no
século XIX. São Paulo: Edusp, 1991.
CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007.
MOTTA, Edson. Fundamentos para o estudo da pintura. São Paulo: Civilização
Brasileira, 1979.
PAISAGEM E ARTE. A invenção da natureza, a evolução do olhar (caderno de
resumo). In: I colóquio Internacional de História da Arte. São Paulo: CBHA/ECAUSP, 1999.
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