UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL RAMON WATERKEMPER CASAGRANDE ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA SOLDA DE TOPO EM RELAÇÃO À EMENDA POR TRASPASSE EM ARMADURAS DE CONCRETO ARMADO CRICIÚMA, JULHO DE 2010. 1 RAMON WATERKEMPER CASAGRANDE ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA SOLDA DE TOPO EM RELAÇÃO À EMENDA POR TRASPASSE EM ARMADURAS DE CONCRETO ARMADO Projeto de Pesquisa apresentado como requisito parcial, para obtenção do grau de Engenheiro Civil, no curso de Engenharia Civil, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. Alexandre Vargas CRICIÚMA, JULHO DE 2010. 2 RAMON WATERKEMPER CASAGRANDE ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA SOLDA DE TOPO EM RELAÇÃO À EMENDA POR TRASPASSE EM ARMADURAS DE CONCRETO ARMADO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheiro Civil, no Curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, 01 de Julho de 2010. BANCA EXAMINADORA Prof. Alexandre Vargas - Eng - (UNESC) - Orientador Prof. Ângela Costa Piccinini –Msc. Eng - (UNESC) Prof. Daiane dos Santos da Silva – Msc. Eng - (UNESC) 3 Dedico este trabalho à minha família e amigos que estiveram ao meu lado na realização deste sonho. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado me amparando e me guiando nos momentos difíceis que enfrentei no curso e pelos momentos de alegria que me proporcionou ao lado dos colegas e professores. A minha mãe e meu pai, minhas irmãs e a todos os familiares que estiveram ao meu lado, permitindo com que este trabalho se realizasse. Aos colegas de sala de aula, que dividiram as dificuldades durante todo o período em que estivemos juntos nesta jornada de aprendizado. Em especial as amigas Camila e Josi que estiveram ao meu lado dando apoio na realização deste trabalho. Aos professores e funcionários da universidade pela dedicação e esforço pessoal. Em especial ao meu orientador Alexandre Vargas que tornou possível a realização deste trabalho, assim como a construtora LOCKS, o engenheiro Rogério e o mestre de obras João. E a todos que colaboraram de forma direta ou indireta com este trabalho, o meu reconhecimento. 5 “Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade.” Albert Einstein 6 RESUMO Esta pesquisa apresenta a análise comparativa entre dois sistemas de emendas em armaduras de concreto armado permitidos por norma. O trabalho procura analisar a eficiência entre os dois sistemas e tem como objetivo levantar qual sistema é mais eficiente e econômico para se executar em obra. Foram executadas quatro vigas, sendo duas para cada tipo de emenda. As emendas utilizadas foram a emenda por solda de topo, executada por caldeamento, e a emenda por traspasse. As vigas foram carregadas e levadas a sofrer uma deformação. Estas deformações foram medidas, com equipamento específico, para que se pudesse fazer a comparação da eficiência dos distintos sistemas de emenda. Encontrou-se resultados diferentes para os diferentes sistemas. Observou-se que para o sistema de emenda por traspasse os valores de deformação se mostraram menores do que os valores de deformação das vigas executadas por solda de topo. E que as deformações iniciais também foram menores para as vigas com traspasse. Os resultados indicam que o traspasse é mais eficiente que a emenda por solda, devido à sua maior rigidez na parte central da viga. No entanto, este sistema de emenda de forma direta apresenta maior custo devido ao desperdício de material. Mas de forma indireta, levando em consideração o investimento necessário para se poder realizar a solda, o sistema de traspasse ainda se mostra mais econômico. Palavras-chave: Concreto Armado. Armaduras. Emendas. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 – Colunas do Palácio da Alvorada ............................................................17 Figura 02 – Interação dos fatores que influenciam a resistência do concreto ...........20 Figura 03 – Gráfico Tensão x Deformação ...............................................................25 Figura 04 – Detalhamento da seção das vigas .........................................................34 Figura 05 – Montagem parcial das formas ................................................................34 Figura 06 – Formas para execução das vigas...........................................................35 Figura 07 – Detalhamento do traspasse ...................................................................36 Figura 08 – Armaduras executadas por traspasse....................................................36 Figura 09 – Detalhe do Traspasse ............................................................................37 Figura 10 – Detalhamento da emenda por solda ......................................................37 Figura 11 – Retificação das faces das barras ...........................................................38 Figura 12 – Barras sendo soldadas por caldeamento ...............................................38 Figura 13 – Armadura executada com solda de topo................................................39 Figura 14 – Emenda por solda ..................................................................................39 Figura 15 – Formas e armaduras prontas para concretagem ...................................40 Figura 16 – Concreto sendo vibrado manualmente...................................................40 Figura 17 – Vigas concretadas..................................................................................41 Figura 18 – Relógio comparador utilizado no experimento .......................................42 Figura 19 – Carregamento com tonéis metálicos ......................................................43 Figura 20 – Fissuras na viga com solda ....................................................................45 Figura 21 – Trinca entre viga e pilar da VS-2 ............................................................46 Figura 22 – Detalhe da trinca da VS-2 ......................................................................46 Figura 23 – Deformação da VT-1 ..............................................................................48 Figura 24 – Fissura na viga com traspasse...............................................................48 8 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Classe de resistência do Grupo I...........................................................21 Tabela 02 – Classe de resistência do Grupo II..........................................................21 Tabela 03 – Categoria dos aços................................................................................24 Tabela 04 – Coeficientes de aderência .....................................................................24 Tabela 05 – Características geométricas CA-25 e CA-50 .........................................26 Tabela 06 – Proporção entre barras tracionadas emendadas na mesma seção ......29 Tabela 07 – Deformação inicial solda .......................................................................44 Tabela 08 – Deformação das vigas com solda..........................................................45 Tabela 09 – Deformação inicial traspasse ................................................................47 Tabela 10 – Deformação das vigas com traspasse...................................................47 Tabela 11 – Resumo dos resultados.........................................................................49 Tabela 12 – Nº de emendas por hora........................................................................51 Tabela 13 – Consumo de energia .............................................................................51 Tabela 14 – Custo de energia para uma viga............................................................51 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS NBR – Norma Brasileira ABNT – Associação brasileira de Normas Técnicas Fck – Resistência Característica do Concreto L.N. – Linha Neutra µm – Micro metro (1x10-6 metros) kW – kiloWatt kWh – kiloWatt hora 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 1.1 TEMA ..................................................................................................................11 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA...................................................................................11 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA ...............................................................................11 1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................12 1.4.1 Geral ................................................................................................................12 1.4.2 Específicos .....................................................................................................12 1.5 QUESTÕES DE PESQUISA ...............................................................................12 1.6 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................14 2.1 A HISTÓRIA DO CONCRETO ARMADO............................................................14 2.2 O CONCRETO ARMADO ...................................................................................15 2.3 O CONCRETO ....................................................................................................17 2.4 BARRAS DE AÇO DESTINADOS À ARMADURA..............................................21 2.5 UTILIZAÇÃO DE ARMADURAS DE AÇO...........................................................24 2.6 EMENDAS DE BARRAS DE AÇO ......................................................................25 2.6.1 Emendas de barras de aço por Traspasse...................................................26 2.6.2 Emendas de barras de aço por Solda...........................................................27 3 METODOLOGIA ....................................................................................................30 3.1 DETALHAMENTO DAS VIGAS...........................................................................31 3.1.1 Armaduras das vigas com emenda por Traspasse .....................................33 3.1.2 Armaduras das vigas com emenda por Solda.............................................35 3.2 EXECUÇÃO DAS VIGAS ....................................................................................38 3.3 OBTENÇÃO DAS DEFORMAÇÕES ...................................................................39 3.4 CARREGAMENTO DAS VIGAS .........................................................................40 4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ..................................42 4.1 RESULTADOS E ANÁLISE DAS EMENDAS POR SOLDA................................42 4.2 RESULTADOS E ANÁLISE DAS EMENDAS POR TRASPASSE ......................45 4.3 ANÁLISE GERAL DAS EMENDAS .....................................................................47 4.4 ANÁLISE ECONÔMICA DAS EMENDAS ...........................................................48 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................51 REFERÊNCIAS.........................................................................................................52 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 TEMA Emendas em armaduras de concreto armado. 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA Análise da eficiência da solda de topo em relação às emendas por traspasse em armaduras de concreto armado. 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA A grande demanda de montagens de armaduras para as estruturas de concreto armado leva a equipe de montagem a optar pela emenda por traspasse de barras devido à facilidade e velocidade de execução, porém este tipo de emenda provoca certo desperdício de material. Por conseqüência, devido ao aço ser um material de alto custo na construção civil, este desperdício provoca um custo adicional. A partir do exposto se faz o seguinte questionamento: O sistema de emenda por solda de topo é mais eficiente do que a emenda por traspasse, e pode reduzir o custo devido à economia de material? 12 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Geral Realizar uma análise de eficiência entre as emendas por solda de topo e as emendas por traspasse nas armaduras de concreto armado. 1.4.2 Específicos • Mensurar o ganho de produtividade da armadura executada com solda de topo. • Demonstrar a redução das perdas no canteiro de obras utilizando o sistema de solda de topo; • Fazer a comparação entre os tipos de emendas; • Avaliar a diferença de custo entre os dois sistemas; 1.5 QUESTÕES DE PESQUISA • O custo direto do sistema de solda de topo é maior que o custo direto do sistema por traspasse? • A produtividade da solda de topo é maior comparada com o sistema por traspasse? • O sistema por traspasse apresenta uma perda de material menor que o custo para se fazer à solda? 13 1.6 JUSTIFICATIVA A busca pelo custo X benefício nas obras de construção civil no Brasil tem sido muito discutido entre os profissionais da área, que buscam materiais de baixo custo, mas com eficiência equivalente as de alto custo. Também é uma crescente busca, as soluções inovadoras para se acabar com o desperdício de materiais no canteiro de obras. A NBR 6118:2003 permite a emenda de barras por vários tipos: por traspasse, por luvas, rosqueadas, por solda, entre outros tipos, desde que sejam justificados. Como o comprimento máximo de barras encontradas hoje no comercio é de 12 metros, fatalmente serão encontradas armaduras a serem montadas com mais de 12 metros. Com isso, se torna obrigatória a emenda de barras, onde a mais comum na região é a emenda por traspasse, devido a sua facilidade de execução. Porém a emenda por solda não produz desperdício de material, mas necessita de equipamentos para realizar a solda. Diante disso, com o objetivo de utilizar os conhecimentos obtidos durante o período de graduação no curso de Engenharia Civil para ajudar nesta busca, optou-se pelo estudo do comparativo de custo e eficiência entre o sistema de solda de topo com o sistema de emenda por traspasse. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A história do concreto armado O concreto armado surgiu na França, no ano de 1855, quando o francês Joseph Lambot ao construir um barco de argamassa de cimento, utilizou de barras finas e grossas de aço para dar o formado desejado ao barco. A partir deste fato o produto foi patenteado com o nome de “cimento armado” e foi chamado assim até o inicio do século XX. Utilizando dos princípios do “cimento armado”, em 1877 outro francês chamado Joseph Monier elaborou vasos de flores armados com arames para reforçar o cimento. Todos os experimentos realizados até então não tinham nenhuma base teórica, ou seja, eram totalmente empíricos e sem experimentações. Por volta de 1900 começam a serem desenvolvidas teorias sobre o concreto armado. Estas teorias são inicialmente elaboradas por Koenen, seguido por Mörsh, o qual elaborou suas teorias baseado em diversos ensaios. Mas foi o engenheiro alemão Gustav Wayss, que era proprietário de uma empresa construtora que levou o concreto armado a ser utilizado para edificações residenciais. No Brasil, as primeiras obras em concreto armado foram executadas a partir de 1904, conforme Isaia (2005): As primeiras obras de concreto no Brasil podem ser creditadas a Carlos Poma e depois a Hennebique. A partir de 1904, foram realizadas obras no Rio de Janeiro, São Paulo, Santos e Belo Horizonte. Foi dessa época o primeiro prédio construído em concreto armado em São Paulo, em 1909. (Vasconcelos e Isaia, 2005, p. 46) Uma das grandes obras em concreto armado que temos no Brasil é a construção do Palácio da Alvorada em Brasília, onde as colunas foram executadas em concreto armado, conforme mostra a Figura 1. 15 Figura 1 - Colunas do Palácio da Alvorada, executados em concreto armado. Fonte: http://www.copa2014.org.br/midia/cidades-sedes-noticias/palacio_da_alvorada_3032009-13039-1.JPG 2.2 O Concreto Armado Araújo (2003) diz que “concreto armado é o material composto formado pela associação do concreto com barras de aço, convenientemente colocadas em seu interior”. Carvalho e Figueiredo (2005) definem o concreto armado como “associação do concreto simples com a armadura convenientemente colocada, de tal modo que ambos resistam solidariamente aos esforços solicitantes”. Como o concreto sozinho não pode suportar grandes esforços à tração, a união dos materiais torna o conjunto concreto/aço resistente à tração assim como à compressão, onde o concreto resiste à compressão enquanto o aço resiste à tração. Carvalho e Figueiredo Filho (2005) dizem que em virtude da baixa resistência à tração do concreto (cerca de 10% da compressão), as barras de aço cumprem a função de absorver os esforços à tração. Em virtude de sua baixa resistência à tração, o concreto fissura na zona tracionada do elemento estrutural. Desse momento em diante, os esforços de tração passam a ser absorvidos pela armadura. Isso impede a ruína brusca da estrutura, o que ocorreria, por exemplo, em uma viga de concreto simples. (Araújo, 2003, p. 2) 16 A eficiência da mescla dos materiais diferentes é dada pela aderência que ocorre entre os materiais. O funcionamento conjunto desses dois materiais só é possível graças à aderência. De fato, se não houvesse aderência entre o aço e o concreto, não haveria o concreto armado. Devido à aderência, as deformações das barras de aço são praticamente iguais às deformações do concreto que as envolve. (Araújo, 2003, p. 1) Outro fator que permite o aço trabalhar junto com o concreto é o coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais que são muito semelhantes. De acordo com Botelho e Marchetti (2002) o aço não pode estar isolado do concreto que o rodeia. O aço deve estar solidário, atritado fundido junto, trabalhando junto e se deformando junto e igualmente ao concreto. Todo o elemento estrutural deve funcionar como uma peça única, ou seja, deformar e trabalhar de forma concisa. Para o concreto armado podem-se citar diversas vantagens, assim como algumas desvantagens. Embora o concreto armado seja visto como uma opção de grandes vantagens na construção civil, sendo este sistema construtivo de maior utilização hoje em dia, o concreto possui desvantagens que podem ser significantes no momento da escolha do sistema estrutural a ser utilizado. O concreto armado tem inúmeras vantagens sobre os demais materiais estruturais, como: economia, facilidade de execução em diversos tipos de formas, resistência ao fogo, aos agentes atmosféricos e ao desgaste mecânico; praticamente não requer manutenção ou conservação; permite facilmente a construção de estruturas hiperestáticas. (Araújo, 2003, p. 2) Sobre as vantagens do concreto, Carvalho e Figueiredo Filho (2005) dizem que o concreto “tem boa trabalhabilidade e por isso de adapta a várias formas, podendo, assim, ser escolhida a mais conveniente do ponto de vista estrutural, dando maior liberdade ao projetista”. Ainda pode-se citar como vantagens, a resistência elevada à maioria das situações, material moldável, pode-se pré-moldar peças, resistente a choques entre outras. Como desvantagens, Araújo (2003) cita “o elevado peso das construções, dificuldades para execução de reformas ou demolições, menor proteção térmica”. 17 Carvalho e Figueiredo Filho (2005) citam como desvantagens a boa condutividade de som e de calor do concreto e a utilização necessária de escoramentos até que o concreto obtenha a resistência adequada. 2.3 O Concreto Segundo Carvalho e Figueiredo Filho (2005), “o concreto é um material composto por água, cimento e agregados.” E afirmam que a associação destes materiais resulta em “Pasta: cimento + água, Argamassa: pasta + agregado miúdo e Concreto: argamassa + agregado graúdo”. Araújo (2003) define o concreto como “material formado pela mistura dos agregados (naturais ou britados) com cimento e água.” O concreto possui uma alta resistência à compressão simples, mas ao mesmo tempo possui uma resistência à tração muito baixa, cerca de 10% da resistência à compressão. Para a utilização estrutural, o concreto sozinho não é adequado como elemento resistente, pois enquanto tem uma boa resistência a compressão, pouco resiste à tração, embora este tipo de solicitação quase sempre esteja presente nas estruturas das construções usuais. (Carvalho e Figueiredo Filho, 2005, p. 19) Vários fatores podem alterar a resistência do concreto em seu estado endurecido. Consumo de cimento, relação água:cimento, tamanho dos agregados, estes e outros diversos fatores alteram relativamente a resistência do concreto à compressão. Araújo (2003) diz que “quanto maior é o consumo de cimento e quanto menor é a relação água:cimento, maior é a resistência à compressão”. 18 Resistencia do Concreto Parametros da Amostra Dimensões Geometria Estado da Umidade Porosidade da Matriz Resistência das fases componentes porosidade do agregado Fator a/c Aditivos minerais Grau de Hidratação Tempo de cura Temperatura Umidade Conteúdo do ar Ar preso Parâmetros de Carregamento Tipo de tensão Velocidade de aplicação da tensao Porosidade da Zona de transição Fator a/c Aditivos minerais Caracteristicas de Exudação Distribuição granulometrica do agregado Tamanho máximo e Geométrica Grau de Compactação Grau de Hidratação Tempo de cura Temperatura Umidade Integração química entre agregado e pasta de cimento Figura 2 - Interação dos fatores que influenciam a resistência do concreto. (Isaia, 2005, p. 606) Ainda sobre a relação água:cimento Araújo (2003) ressalta que “A relação água:cimento determina a porosidade da pasta de cimento endurecida e, portanto, as propriedades mecânicas do concreto”. A porosidade da pasta endurecida de concreto pode afetar diretamente a armadura no interior do elemento estrutural. Devido a sua porosidade, a entrada de água pelos poros pode gerar um processo de corrosão nas armaduras. Conforme Araújo (2003) a função do concreto não é de apenas resistir aos esforços de compressão, mas também de proteger as barras de aço contra a corrosão. Ensaios devem ser realizados para avaliar a resistência do concreto em seu estado endurecido. Através da moldagem de corpos de prova cilíndricos, e submetendo-os à um ensaio de compressão simples através de prensas hidráulicas podemos mensurar a resistência média dos corpos de prova. Para avaliar a resistência de um concreto à compressão é necessário realizar um certo número de ensaios de corpo de provas. Os valores da resistência proporcionados pelos distintos corpos de prova são mais ou menos dispersos, variando de uma obra a outra e também de acordo com o rigor com que se confecciona o concreto. (Carvalho e Figueiredo Filho, 2005, p. 33) 19 O concreto segundo a norma NBR 8953 (ABNT, 1992) pode ser classificado em dois grupos distintos. Estes grupos são conhecidos como grupo I e grupo II, sendo que o que os diferencia é o Fck, ou resistência à característica à compressão. Esta resistência é obtida através do rompimento de corpos de prova preparados e rompidos seguindo as normas da ABNT. Os grupos de classe de resistência são apresentados nos quadros abaixo: Tabela 1 – Classe de Resistência do Grupo I Grupo I de Resistência C10 C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 Resistência Característica à Compressão (Fck) (Mpa) 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Fonte: Isaia (2005, p.622) Tabela 2 – Classe de Resistência do Grupo II Grupo I de Resistência C55 C60 C70 C80 Resistência Característica à Compressão (Fck) (Mpa) 55 60 70 80 Fonte: Isaia (2005, p.622) Carvalho e Figueiredo Filho (2005) dizem que “as principais propriedades do concreto fresco são: a consistência, trabalhabilidade e a homogeneidade”. A consistência do concreto é a capacidade do concreto de se moldar. Para Carvalho e Figueiredo Filho (2005) consistência “trata-se da maior ou menor capacidade que o concreto fresco tem de se deformar; está relacionado ao transporte e varia com a quantidade de água empregada”. 20 Com relação à trabalhabilidade Carvalho e Figueiredo Filho (2005) dizem que está relacionado diretamente à maneira de adensamento do concreto. E Com relação à homogeneidade afirmam: Quanto mais uniformemente, ou regularmente, os agregados graúdos se apresentarem dispersos na massa, totalmente envolvidos pela pasta, sem apresenta desagregação, melhor será a qualidade do concreto, principalmente quanto à permeabilidade e à proteção proporcionada à armadura, além de resultar em um melhor acabamento, sem a necessidade de reparos posteriores. (Carvalho e Figueiredo Filho, 2005, p. 29) Outros pontos importantes que se devem levar em consideração na execução do concreto é o tempo de “pega”, ou inicio de endurecimento, e a cura do concreto. O inicio de endurecimento, também chamado de “pega” é o tempo entre o começo do endurecimento até o momento em que pode ser moldado mesmo sem ter atingido a resistência adequada. Para Carvalho e Figueiredo Filho (2005) “definese o inicio de “pega” quando a consistência do concreto não permite mais sua trabalhabilidade”. E a cura do concreto é não permitir que o concreto perca água para o meio ao qual está inserido, evitando que o concreto sofra retração e consequentemente ocorram às fissuras. É necessário tomar medidas que evitem a evaporação precoce, ou mesmo forneçam água ao concreto, de modo a conservar a umidade necessária às reações de hidratação, até que as propriedades esperadas para esse concreto sejam atingidas. Ao conjunto dessas medidas dá-se o nome de cura. (Carvalho e Figueiredo Filho, 2005, p. 31) A execução da cura nos elementos de concreto pode ser um fator importante na qualidade final da obra. 21 2.4 Barras de aço destinado às armaduras Diversos tipos de barras e fios de aço são encontrados atualmente no mercado brasileiro destinados ao uso em armaduras de estruturas de concreto armado. Para a distinção destas barras e fios é utilizado o prefixo CA, indicando seu emprego para concreto armado. As barras são fabricadas através de laminação e os fios pro processo de trefilação. As barras são encontradas a partir da bitola com diâmetro de 5mm, enquanto que os fios têm a bitola máxima de 12,5mm de diâmetro. Os valores das bitolas são números arredondados do diâmetro da barra com tratamento numérico de arredondamento. A norma admite as seguintes bitolas padronizadas: 3,2 – 4,0 – 5,0 – 6,3 – 8,0 – 10 – 12,5 – 16 – 20 – 25 – 32 e 40 mm. As barras encontradas no mercado até 1996 eram divididas em duas classes distintas, conforme descrito abaixo: CLASSE A: Barras produzidas por laminação a quente sem esfriamento posterior. Materiais desta classe possuem escoamento bem definido. CLASSE B: Barras produzidas por processos a frio que provocam o encruamento. Admite-se que a resistência dos materiais desta classe seja determinada através da tensão que provoca a deformação residual de 0,2%. Conforme Carvalho e Figueiredo Filho (2005) a divisão em classes correspondia apenas ao processo de fabricação: laminação à quente e à frio. Isto resulta no seguinte quadro: 22 Tabela 3 – Categorias dos aços. Categoria CA CA CA CA CA CA CA 25 32 40-A 40-B 50-A 50-B 60-B Tensao de escoamento Tensão para o qual ocorre a deformação minima ou, valor de 0,2 % característico fyk( kgf/cm²) σsd (kgf/cm²) 2500 2150 3200 2800 4000 3500 4000 3000 5000 4200 5000 3500 6000 4000 Tensão de cálculo fyd (kgf/cm²) Aderência com o concreto 2150 2800 3478 3478 4350 4350 5217 1,0 1,0 1,2 1,2 1,5 1,5 0,8 Fonte: Botelho e Marchetti (2005, p. 71) As armaduras padronizadas para o uso em concreto armado são: CA-25, CA-40, CA-50 para barras e CA-60 para fios. Para que ocorra a aderência necessária entre o concreto e as barras de aço, em algumas dessas barras são criadas saliências sobre a superfície das barras para que este atrito necessário seja possível. A estas saliências é dado o nome de “mossas”. Para aços de maior resistência a aderência tem que ser maior do que os aços de menor resistência, pois os de maior resistência trabalham em geral com maiores tensões. Face a isso temos, nos aços de alta resistência, dar a ele mais atrito no concreto. Consegue-se isso com saliências e mossas. (Botelho e Marchetti, 2005, p. 72) As mossas são encontradas nas barras com diâmetro acima de 6,3mm. De acordo com Isaia (2005) as características de aderência das barras de aço são estabelecidas pelo coeficiente de conformação superficial (ηb), que é determinado através de ensaios previstos em norma. Tabela 4 – Coeficientes de Aderência Categoria do Aço CA-60 CA-60 Tipo de barra CA-25 Lisa Alta Aderência Entalhada ou Nervurada ηb 1,0 > 1,5 1,2 η1 1,0 2,25 1,4 Fonte: Isaia (2005, p. 238) 23 Para Carvalho e Figueiredo Filho (2005) as características mecânicas mais importantes para a definição dos aços são: a resistência característica de escoamento (fyk), o limite de resistência (fstk) e o alongamento na ruptura. Carvalho e Figueiredo Filho (2005) definem a resistência característica de escoamento como “a máxima tensão que a barra deve suportar, pois a partir dela o aço passa a sofrer deformações permanentes”. A deformação das barras de aço pode ser entendida através da lei de Hooke, que apresenta o diagrama tensãodeformação dos materiais. Figura 3 – Gráfico tensão x deformação Fonte: www.df.ufcg.edu.br Após atingir a tensão de escoamento o aço muda de comportamento, de elástico para plástico, e mantém a mesma tensão até uma determinada tensão de deformação limite εs= 0,1 %, que é a deformação limite do concreto armado alongado. Quanto ao limite de resistência Carvalho e Figueiredo Filho (2005) dizem que “é a força máxima suportada pelo material na qual ele se rompe, ou seja, é o ponto máximo de resistência da barra”. Conhecendo-se a área da seção transversal e a força de ruptura pode-se fazer a relação entre os valores e obter a máxima tensão suportada. 24 Para se obter o alongamento na ruptura pode-se utilizar da seguinte equação: ε= l1 - l0 .100 l0 Onde, l0 e l1 são os comprimentos inicial e final respectivamente de um determinado corpo de prova. O valor do alongamento de ruptura é obtido em forma de percentual. As características geométricas conforme Isaia (2005) são barras de 12 metros, retas, que quando solicitadas ao fabricante podem ser fornecidas em feixes dobrados ao meio ou em rolos. O quadro seguinte apresenta as bitolas das barras utilizadas em concreto armado, CA-25 e CA-50, comerciais no Brasil com suas características geométricas: Tabela 5 – Características Geométricas CA-25 e CA-50 CA-25 e CA-50 Seção transversal Massa linear Bitola (mm) (cm²) nominal (Kg/m) 6,3 0,312 0,245 8,0 0,503 0,395 10,0 0,785 0,617 12,5 1,227 0,963 16,0 2,011 1,578 20,0 3,142 2,466 25,0 4,909 3,853 32,0 8,042 6,313 40,0 12,566 9,865 Fonte: Isaia (2005, p. 239) 2.5 Utilização de armaduras de aço Com o passar do tempo, a evolução da arte de projetar estruturas de concreto armado acompanhou a evolução do conhecimento. O concreto armado deixou de ser reconhecido como um material único, e passou a ser tratado como um material composto. Composto por concreto e aço respeitando a compatibilidade entre os diferentes materiais. 25 As barras de aço deixaram de ser vistas como simples barras resistentes à tração, sendo agora, respeitadas devido aos seus objetivos reais de comportamento no estado limite último. Um conjunto de barras de aço na montagem da armadura é considerado satisfatório se atender as seguintes exigências: 1 – Facilidade de montagem e da concretagem dos elementos estruturais. 2 – Dentro das condições de segurança, tanto o concreto como o aço devem ter um consumo mínimo possível. 3 – Antes do colapso do elemento estrutural as barras efetivamente entram em carga. 4 – A mobilização da resistência das barras não deve exercer perda de aderência entre concreto e aço. 5 – As peças em concreto armado não devem apresentar fissuras exageradas. 2.6 Emendas de barras de aço As barras de aço destinadas ao uso em armaduras para elementos de concreto armado são encontradas comercialmente em comprimentos de 12m. Segundo Carvalho e Figueiredo Filho (2005) “frequentemente é preciso emendar uma barra de aço, seja pela necessidade de um comprimento maior que 12 metros ou por outro motivo qualquer”. Como formas de executar as emendas nas barras de aço, podem ser encontradas várias formas. De acordo com Carvalho e Figueiredo Filho “as emendas das barras podem ser dos seguintes tipos: por traspasse; por luvas com preenchimento metálico, rosqueadas ou prensadas; por solda; e por outros dispositivos, devidamente justificados”. As emendas das barras da armadura devem ser evitadas sempre que possível. Quando necessário, as emendas podem ser feitas por traspasse, através de solda, com luvas rosqueadas ou com outros dispositivos devidamente justificados. (Araújo, 2003, p.217) 26 2.6.1 Emendas de barras de aço por traspasse Fusco (2000) define as emendas de barras de aço por traspasse como “justaposição de duas barras ao longo do comprimento de transmissão “lv”“. Para Araújo (2003) a emenda por traspasse é a forma mais barata, pois possui fácil execução e faz o uso da própria aderência entre o concreto e o aço. A norma NBR 6118/2003 não permite o uso de emendas por traspasse para bitolas acima de 32 mm e tirantes. As emendas por traspasse em barras de armaduras de concreto armado são dimensionadas através do cálculo do comprimento de traspasse “lv”, calculado pela formula: lv=kv.lbefet Sendo que: lbefet = comprimento de ancoragem reta. Kv = Coeficiente que depende do arranjo da emenda, sendo k=1 quando houver uma armadura de emenda eficiente. Segundo Fusco (2000), “nas emendas por traspasse, a transmissão de esforços é feita por solicitações tangenciais no concreto situado entre as barras, com a mobilização de bielas comprimidas de concreto e o aparecimento de tensões transversais de tração”. Para Araújo (2003), “nas emendas por traspasse, a transferência de uma barra a outra se faz através de bielas comprimidas inclinadas”. E complementa dizendo que “a distância entre as barras emendadas deve ser no máximo a 4Ø”. Para que a transmissão dos esforços ocorra com eficiência, a distância entre as barras a serem traspassadas não deve passar de quatro vezes o valor do diâmetro das barras. 27 Na região das emendas por traspasse surgem esforços de tração que devem ser resistidos por uma armadura transversal. Essa armadura deve concentrar-se nos terços extremos da emenda. O espaçamento da armadura transversal, medido na direção das barras emendadas, não deve ser maior que 15 cm. (Araújo, 2003, p. 220) Em barras tracionadas da armadura principal, deve haver uma proporção máxima a ser adotada para as emendas por traspasse. Sendo para barras lisas ou de alta aderência, esta proporção máxima deve seguir o quadro a seguir: Tabela 6 – Proporção entre barras tracionadas emendadas na mesma direção. Situação Carregamento estático Carregamento dinâmico Em uma camada Em mais de uma camada Ø<16 mm Ø>16 mm 100% 50% 50% 25% 100% 50% 25% 25% Tipo de barra Alta aderência Lisa Fonte: Carvalho e Figueiredo Filho (2005, p.222) Para barras de alta aderência podem ser aplicados os ganchos ou pode ser executadas de forma reta. Já para barras lisas é obrigatório o uso de ganchos na emenda por traspasse. Nas emendas por traspasse os esforços das barras são transmitidos através de solicitações tangenciais no concreto entre as barras. As barras a serem emendadas devem ser colocadas próximas umas das outras. Para barras de alta aderência as barras podem ser encostadas, ou seja, em contato direto entre as barras. No caso de barras com contato direto, a emenda pode ser feita com a amarração das barras através de arame recozido. 2.6.2 Emendas de barras de aço por solda Segundo Fusco (2005), usualmente recorre-se ao emprego da solda para a confecção de uniões metálicas. Nas barras comprimidas normalmente podem ser aplicadas soldas de topo. 28 A utilização da solda para as emendas de barras de aço para a utilização em armaduras de estruturas de concreto armado deve respeitar as características de soldabilidade dos materiais utilizados, em especial nos aços encruados ou tratados termicamente. A norma no que rege a emenda por solda é a NBR 6118/2003 no item 3.9.5.4. As soldas podem ser executadas pelo topo da barra ou por meio de cordões longitudinais. As barras emendadas por solda são muito resistentes tanto a tração como a compressão. Para Fusco (2005), “de modo geral as barras emendadas por solda são tão resistentes quanto as partes interligadas, permitindo que toda a armadura, tracionada ou comprimida, seja emendada na mesma seção da peça”. A solda de topo por caldeamento só pode ser executada em barras com diâmetro maior que 10 mm, já para bitolas maiores que 20 mm é permitida a solda por eletrodo. Para a execução da emenda por solda de topo é recomendado que se preparem às extremidades em forma de X, para que ocorra uma deposição eficiente de material do eletrodo entre as barras. De forma geral é dada uma espessura de 10% a 20% do diâmetro da barra no local da solda. Desta forma se considera que a barra soldada tem a mesma resistência que o material base. Para isto a barra deve estar submetida a solicitações estáticas. A não coincidência nos eixos das barras tracionadas é corrigida dentro da massa de concreto pelo efeito de cintamento que este oferece às barras. Isto já não ocorre quando as barras não estão envolvidas pelo concreto, o que geralmente produz resultados desfavoráveis nos ensaios de tração das barras soldadas da maneira descrita. (Isaia, 2005, p. 243) As emendas devem estar localizadas em seções que não haja solicitações variadas, que poderiam levar a barra a uma ruptura por fadiga. Esta fadiga pode ocorrer devido ao aparecimento de tensões de tração nas emendas que são causados pelo esfriamento do material fundido durante o processo de emenda por solda. 29 A localização das emendas soldadas deve ser feita em seções da peça em que não haja predominância de solicitações variáveis, a fim de diminuir o risco de ruptura por fadiga. Este risco de ruptura por fadiga decorre da existência de descontinuidades estruturais e da possibilidade do aparecimento de estados triplos de tensões de tração, como consequência do resfriamento do metal fundido durante o processo de solda. (Fusco, 2005, p.194) Todas as emendas soldadas para armaduras de estruturas de concreto armado devem ser executadas com técnica da solda estrutural. 30 3 METODOLOGIA Para a realização desta pesquisa serão executadas quatro vigas biapoiadas em concreto armado, sendo que, estas vigas possuirão emendas nas armaduras. Duas destas vigas terão a emenda das armaduras executadas pelo procedimento de traspasse. Para a execução destas vigas, serão seguidos os procedimentos de traspasse conforme a norma NBR6118/2003 da ABNT. Outras duas vigas terão a emenda executada por solda de topo. Para este caso também serão seguidos os procedimentos de norma para a execução da emenda. As vigas para esta pesquisa serão dimensionadas e executadas seguindo um controle para se garantir o objetivo da pesquisa. As vigas serão submetidas a um carregamento, provocando sua flexão, até o rompimento. O carregamento para os tipos de emendas se dará de igual forma e sob as mesmas condições. O concreto utilizado na execução das vigas será de mesma resistência e o aço utilizado será da mesma categoria para todas as armaduras. Esta metodologia foi adotada, pois na flexão para momento positivo de vigas de concreto armado, é a barra de aço da armadura que suporta as tensões de tração na face inferior a linha neutra (L.N.). Desta forma as emendas sofrerão o carregamento diretamente, podendo assim obter resultados para uma comparação final á resistência entre os distintos tipos de emendas. A pesquisa foi desenvolvida com base na flexão de vigas de concreto armado conforme a norma específica. Para a realização do trabalho, foram estabelecidas três etapas as quais se deram de forma contínua e subseqüente. A pesquisa bibliográfica foi realizada numa primeira etapa, sendo que durante este período vários livros relacionados ao assunto foram utilizados para que se obtivesse uma base para a realização do trabalho. Numa segunda etapa foram realizados os ensaios à flexão das vigas para as diferentes formas de emendas. Nesta etapa foram obtidos os números e resultados a serem analisados numa etapa seguinte. Na terceira etapa os dados obtidos através dos ensaios à flexão foram analisados para que se chegasse a um resultado de diferença de eficiência entre os tipos de emenda. 31 Como o trabalho tem o objetivo de comparar a eficiência entre dois sistemas de emendas para armaduras de concreto armado, os tipos de emendas analisados serão: • Emenda por traspasse, onde: - Exige um comprimento mínimo de traspasse; - Fácil execução. • Emenda por solda de topo: - não necessita de traspasse; - Economia de material; - Exige equipamento especifico para solda. Listando em tópicos, para alcançar o objetivo proposto foram realizadas as atividades abaixo: a) Revisão bibliográfica, verificação sobre concreto armado, armaduras e tipos e execução de emendas; b) Execução de vigas com os tipos de emendas a serem analisados; c) Realização dos ensaios à flexão das vigas moldadas; d) Obtenção dos dados retirados dos ensaios; e) Análise dos resultados obtidos; f) Conclusões 3.1 DETALHAMENTO DAS VIGAS Todas as vigas foram executadas com um comprimento de 5m, bi apoiadas, e submetidas a um carregamento além do peso próprio. As vigas executadas foram concebidas com uma seção de 12x25cm, aço CA-50 nas bitolas de 10,0mm e 5,0mm e concreto C25, ou seja, com uma resistência estimada de 25MPa. O cobrimento será de 2,5cm. As formas são mostradas na figura 6. 32 Os estribos foram confeccionados com bitolas de 5 mm e espaçados a cada 13 cm. As vigas foram executadas conforme a seção abaixo: 2Ø 5,0mm 10,0mm 2Ø 10,0mm Figura 4 – Detalhamento da seção das vigas. Figura 5 – Montagem parcial das formas. 33 Figura 6 – Formas para execução das vigas. 3.1.1 ARMADURAS DAS VIGAS COM EMENDAS POR TRASPASSE As vigas com emendas por traspasse tiveram as armaduras executadas conforme a figura 7. Conforme a norma NBR 6118/2003, as barras de aço necessitam de uma ancoragem de 44Ø, e como as emendas se encontram alinhadas na seção o comprimento de ancoragem é multiplicado por um fator que depende da porcentagem de emendas na seção. Conforme a NBR 6118/2003 para seções com 100% de emenda na seção o valor do coeficiente multiplicador é 2. Como o diâmetro utilizado é de 10 mm, ou seja, 1 cm, isso resulta numa ancoragem de 44cm. Multiplicando por 2, pois as emendas estão na mesma seção, o comprimento de traspasse necessário é de 88 cm. 34 2 Ø5.0 - 540 2 Ø10.0 - 305 Traspasse 88cm 2 Ø10.0 - 305 Figura 7 – Detalhamento do traspasse. Figura 8 – Armaduras executadas por traspasse. 35 Figura 9 – Detalhe do traspasse. 3.1.2 ARMADURAS DAS VIGAS COM EMENDAS POR SOLDA DE TOPO As vigas com emendas por solda de topo não necessitam de ancoragem, porém a solda deve ser executada através do caldeamento, ou seja, as barras devem se fundir e tornar-se uma só. Para a execução das barras da armadura por solda foram seguidos os detalhamentos da figura. Para a realização da emenda por solda as faces das barras devem ser retificadas para estarem lisas para garantir a eficiência da solda, conforme figura. 2 Ø5.0 - 540 2 Ø10.0 - 270 2 Ø10.0 - 270 Solda por Caldeamento Figura 10 – Detalhamento da emenda por solda. 36 Figura 11 – Retificação das faces das barras. Através da utilização de maquinário específico, foram executadas as emendas por caldeamento das barras de aço, com o apoio da empresa BPM prémoldados. As barras são fundidas através de uma corrente elétrica conduzida através das barras que leva o aço a entrar em temperatura de fusão. Neste momento os topos das barras são empurrados um contra o outro para que ocorra a fusão entre elas, conforme figura 12. Figura 12 – Barras sendo soldadas por caldeamento. 37 Figura 13 – Armadura executada com solda de topo. Figura 14 – Emenda por solda. 38 3.2 EXECUÇÃO DAS VIGAS Com todas as formas montadas e niveladas, foram inseridas as armaduras para a realização da concretagem das vigas. Foram confeccionadas duas vigas com armadura emendada por traspasse e outras duas emendadas por solda. Todas as vigas foram executadas em concreto usinado de 25MPa do mesmo caminhão betoneira. O concreto foi aplicado com pá e vibrado manualmente com barras de aço ou madeira e martelos. Figura 15 – Formas e armaduras prontas para concretagem. Figura 16 – Concreto sendo vibrado manualmente. 39 Figura 17 – Vigas concretadas. 3.3 OBTENÇÃO DAS DEFORMAÇÕES Para se poder comparar a eficiência dos diferentes tipos de solda, foi medida as deformações das vigas durante a aplicação de carga sobre elas. Como forma de se obter as deformações, foi utilizado um instrumento de metrologia que faz medições a cada 10µm, ou seja, 0,01mm. O instrumento utilizado é conhecido como relógio comparador, o qual possui uma haste móvel que move um ponteiro, indicando assim a deformação sofrida pela viga. O relógio foi aplicado sobre a viga, exatamente no centro para se obter a deformação no centro da viga, e em seguida foi zerado. Após o relógio ser zerado, as vigas foram desformadas e carregadas conforme será visto no item 3.4, sofrendo assim a deformação. Para cada volta do ponteiro do relógio comparador, equivale a uma deformação de 1mm da viga. E para cada fração do relógio, representa 0,01mm de deformação da viga. O relógio utilizado neste experimento possui um curso máximo de 30 mm, ou seja, a capacidade máxima de deformação que pode ser medida com este instrumento é de 3,0 cm. 40 Figura 18 – Relógio comparador utilizado no experimento. 3.4 CARREGAMENTO DAS VIGAS Além do peso próprio das vigas, foram aplicadas outras cargas para que se provocasse a deformação das vigas. O carregamento se deu de forma pontual, igualmente espaçadas do centro. Procurou-se fazer o carregamento de forma homogênea, evitando carregar um lado mais do que o outro, para que a deformação ocorresse de forma mais distribuída. Para fazer a aplicação do peso sobre as vigas, foram utilizados tonéis metálicos, conforme figura 19, aplicados diretamente sobre a viga e preenchidos com água. O peso de cada tonel vazio gira em torno de 30 quilos e o peso específico da água é de 1000 quilos por metro cúbico, ou seja, cada litro pesa 1 quilo, já que cada litro possui 10 cm³. Cada tonel tem a capacidade de 200 litros, que preenchidos com água chegam a um peso de 200 quilos. Ao total foram aplicados sete tonéis em cada viga, totalizando uma carga de 1400 quilos de água, mais 210 quilos de peso dos tonéis e mais 375 quilos de peso próprio da viga de concreto. 41 Figura 19 – Carregamento com tonéis metálicos. 42 4 RESULTADOS E ANÁLISES DOS DADOS DA PEQUISA Apresenta-se neste capitulo os resultados, informações e dados obtidos durante a execução desta pesquisa, assim como a análise destes resultados para que se alcancem os objetivos propostos. Este trabalho foi realizado com o intuito de reunir informações para se fazer uma comparação entre os diferentes tipos de emenda permitidos por norma para as barras de aço utilizadas em armaduras de concreto armado. Optou-se para a analise final da pesquisa utilizar dos valores médios de deformação das vigas com emenda por solda, pois devido a problemas na execução dos carregamentos não foi possível fazer o carregamento total em umas das vigas com emenda por traspasse. 4.1 RESULTADOS E ANÁLISE DAS EMENDAS POR SOLDA Inicialmente foram medidas as deformações sofridas pelas vigas apenas com a aplicação do peso próprio das vigas. O relógio comparador foi instalado na face superior da viga e zerado antes da desforma, para que se pudessem obter as deformações iniciais. Para a medida da deformação inicial, foi selecionado apenas uma das duas vigas para se medir a deformação. Para as vigas com emenda por solda se obteve os seguintes resultados: Tabela 7 – Deformação Inicial Solda Deformação Viga Emenda Sigla Inicial (mm) 1 Solda VS-1 0,03 2 Solda VS-2 Fonte: Autor Após a obtenção da deformação inicial o relógio comparador foi zerado novamente e o carregamento foi iniciado. Ao fim do carregamento total de 07 tonéis preenchidos com água, juntamente com o peso dos tonéis e mais o peso próprio da viga de concreto, se chegou aos seguintes resultados: 43 Tabela 8 – Deformações das Vigas com Solda Viga Emenda Sigla Deformação (mm) 1 Solda VS-1 26,25 2 Solda VS-2 25,23 Fonte: Autor. Durante a execução da pesquisa pode-se perceber que as vigas executadas com solda de topo sofriam a deformação de forma rápida, ou seja, quando o peso dos tonéis vazios era aplicado sobre a viga o relógio comparador já acusava alguma deformação na viga. Com os valores obtidos de deformação percebe-se que as vigas VS-1 e VS-2 tiveram deformações muito parecidas. O comportamento destas vigas se deu também de forma parecida, deformações rápidas com apenas a aplicação de tonéis vazios. Nas vigas com este tipo de emenda apareceu um número grande de fissuras na parte inferior da viga, devido à flexão ocorrida que gera esforços de tração. Muitas dessas fissuras tinham o comprimento superior a 50% da altura da viga, sendo que, as fissuras maiores se encontravam no centro da viga e se distribuindo em direção aos apoios. Figura 20 – Fissuras nas vigas com solda. 44 Na viga VS-2, devido à sua excessiva deformação, ocorreu a ruptura do concreto em um dos seus apoios. A trinca ocorreu exatamente no encontro da viga com o pilar de apoio, apresentando uma abertura de aproximadamente 1 mm. No momento da ruptura pôde-se ouvir o som característico de ruptura do concreto. Figura 21 – Trinca entre viga e pilar da VS-2. Figura 22 – Detalhe da trinca da VS-2 45 4.2 RESULTADOS E ANÁLISE DAS EMENDAS POR TRASPASSE Assim como foi feito para as vigas com solda, o mesmo procedimento foi aplicado para a obtenção das deformações iniciais das vigas com emendas por traspasse. No momento da desforma o relógio comparador foi aplicado para medir a deformação sofrida com a aplicação do peso próprio da viga. Com isso, se obteve os seguintes resultados: Tabela 9 – Deformação Inicial Traspasse Viga Emenda Sigla 1 Traspasse VT-1 2 Traspasse VT-2 Deformação Inicial (mm) <0,01 Fonte: Autor. Como cada fração do relógio comparador equivale a 0,01 mm, não é possível medir distâncias menores do que este valor. Para a deformação inicial das vigas por traspasse o relógio comparador moveu em seu ponteiro um valor inferior a uma fração. O valor mostrado pelo relógio foi algo muito próximo de zero, mas como não é possível mensurar o valor exato, optou-se por apresentar o resultado como um valor menor do que o menor valor medido pelo relógio, ou seja, apresentou-se como resultado um valor menor que 0,01mm. Depois de zerado o relógio e aplicadas as cargas totais obteve-se os resultados a seguir: Tabela 10 – Deformações das vigas com Traspasse. Viga Emenda Sigla Deformação (mm) 1 Traspasse VT-1 21,82 2 Traspasse VT-2 8,31 Fonte: Autor. 46 Figura 23 – Deformação da VT-1. Durante a execução do ensaio na viga VT-2, devido a problemas no local da execução dos ensaios, não foi possível terminar o ensaio por completo. O resultado apresentado para a viga VT-2 na tabela anterior foi a deformação ocorrida com a aplicação de aproximadamente 70% da carga aplicada a todas as outras vigas. Para este tipo de emenda, foi possível perceber que a deformação ocorria de forma muito mais lenta. O relógio comparador começou a mostrar deformações apenas após a aplicação de aproximadamente 995 quilos de carga. Isso representa 50,12% da carga total aplicada. Figura 24 – Fissura na viga por traspasse. 47 O número de trincas nas vigas com traspasse também foi menor em relação às vigas por solda e seus comprimentos não ultrapassavam 50% da altura da viga. As aberturas das fissuras encontradas nas vigas por traspasse também eram menores do que as fissuras das vigas por solda. 4.3 ANÁLISE GERAL DAS EMENDAS Para se fazer uma análise geral das emendas, foi elaborado um resumo dos resultados. Estes resultados são apresentados em forma de tabela, como anteriormente, para facilitar o entendimento dos dados. Nesta análise geral, os valores obtidos nas vigas VS-1 e VS-2 foram tratados e obteve-se uma média aritmética, apresentando assim um resultado único. Para os valores de VT-1 e VT-2, não se aplicou o mesmo procedimento, pois o valor de VT-2 não foi retirado do ensaio por completo. Sendo assim, para se ter um resultado único para as vigas por traspasse, foi descartado o resultado de VT-2 e adotado como valor único o resultado de deformação da VT-1. Embora descartado o resultado da VT-2, durante todo o carregamento a viga apresentou um comportamento muito parecido com a VT-1. Nos dois ensaios, VT-1 e VT-2, a deformação começou a ocorrer após o carregamento passar dos 50% do carregamento total. Assim, resumidamente se tem: Tabela 11 – Resumo de resultados. Viga Carregamento (Kg) Deformação inicial (mm) Deformação por Deformação carregamento total (mm) (mm) VSmédio 1985 0,03 25,74 25,77 VTmédio 1985 <0,01 21,82 21,82 Fonte: Autor. Inicialmente, percebesse uma diferença considerável entre as deformações iniciais entre as vigas com diferentes tipos de emendas nas armaduras. Enquanto as vigas com solda deformaram 0,03 mm, as vigas com traspasse sofreram uma deformação praticamente nula. Essas deformações foram 48 sofridas com o carregamento apenas do peso próprio das vigas, que representa 18,89% do carregamento total das vigas. Durante o carregamento, se tornou visível a diferença de tempo para o inicio da deformação. As vigas executadas com solda sofriam deformações muito facilmente em comparação às vigas com traspasse. As vigas executadas com traspasse sofriam a deformação após o carregamento passar de 50% de sua totalidade, enquanto que as vigas executadas com solda de topo sofriam deformação já com 120 quilos de carga, ou seja, 6,04% da carga total aplicada. Comparando estas informações com as deformações inicias das vigas, percebe-se uma resistência maior à deformação nas vigas com traspasse. Pois estas já sofreram uma deformação menor na desforma e tiveram uma resistência a sofrer deformação maior. Quanto aos valores de deformação total, percebe-se que as vigas com traspasse ainda possuem uma maior resistência à deformação. As vigas executadas com solda de topo sofreram uma deformação de 3,95 mm a mais que as vigas por traspasse. Assim, as vigas por traspasse sofreram apenas 84,67% da deformação sofrida pelas vigas de solda. Há uma redução de aproximadamente 15% na deformação, apenas aplicando o traspasse na emenda da viga. 4.4 ANÁLISE ECONÔMICA DAS EMENDAS Fazendo uma análise econômica, nas emendas por traspasse há um desperdício de material. Para esta pesquisa, em cada barra emendada por traspasse há um desperdício de 88 cm de barras de aço com bitola de 10 mm. Para cada viga, isso se totaliza em um desperdício de 176 cm de aço, sendo que são aplicadas duas barras a cada viga. Considerando que a barra de aço de 10 mm possui uma massa nominal de 0,617Kg/m e um preço médio de R$ 5,54 por quilo, temos com o desperdício de 176 cm, que leva a um custo de R$ 6,01 para a execução de uma viga por traspasse. Além deste valor deve ser somado o arame recozido para fazer a amarração e a mão de obra para a execução. Já para a execução das barras com solda não há desperdício de material. Porém a execução da solda exigida por norma, tem que ser solda por caldeamento. 49 Sendo assim, se faz necessário o uso de equipamento específico para a execução das soldas e, além disso, mão de obra qualificada para o manuseio do equipamento. Segundo a tabela abaixo, o número de emendas executadas por hora, por um equipamento específico de solda de topo por caldeamento: Tabela 12 – Nº de emendas por hora. Bitola nº de emendas 10 12,5 16 20 25 25 23 20 15 10 Fonte: xa.yimg.com Destes valores foram obtidos os consumos para cada diâmetro de barra. Em uma hora de emendas de barras de 10 mm se consome 7,08 kW. Este valor, divido pelo numero de barras executadas no período de uma hora, resulta no consumo em kWh para a solda de uma única barra. Ver tabela 13. Para mensurar o custo para se executar as emendas por solda, deve-se conhecer o consumo de energia gerado pelo equipamento e a tarifa cobrada pela concessionária de energia local. Para o consumo de energia do equipamento se tem: Tabela 13 – Consumo de Energia Bitola (mm) Consumo de Energia (kWh) 10 0,083 Fonte: xa.yimg.com Conhecendo o valor cobrado pela concessionária de energia em R$/kWh é possível se chegar a um consumo de energia para a execução de uma viga que utiliza de duas barras emendadas por solda de topo por processo de caldeamento. Tabela 14 – Custo de Energia para uma Viga. Bitola (mm) 10 Consumo Tarifa (kWh) (R$/kWh) 0,083 0,424886 Custo para uma barra (R$) Custo para uma viga (2 barras) (R$) 0,035 0,071 Fonte: Autor. 50 Analisando os dados de custo para a execução de uma viga com armadura emendada com solda de topo e os dados de custo para a execução de uma viga com armadura por traspasse, percebe-se que o custo para a solda é bem inferior ao custo do traspasse. De forma direta, se torna mais econômico executar a solda para as emendas, porém tem que se levar em consideração o preço para a aquisição do equipamento ou o aluguel do mesmo. Deve-se levar em consideração também que o equipamento possui um peso considerável, que necessitaria de transporte de uma obra para outra, ou um transporte para que as barras soldadas fossem levadas até a obra em que serão utilizadas. Desta forma deveria se acrescentar aos custos o frete do equipamento ou o combustível para o translado das barras. 51 5 CONCLUSÃO Com a análise realizada entre os tipos de emendas utilizadas em armaduras de concreto armado permitidas por norma, foi possível mostrar que os diferentes métodos de emenda adotados nesta pesquisa alteram realmente o comportamento das vigas aos quais estão inseridas. Pode se notar uma redução de deformação nas vigas executadas com emendas por traspasse, tanto na deformação inicial como na deformação total. Sendo que a deformação inicial foi praticamente nula. A parte central das vigas com traspasse possui uma região em que estão atuando quatro barras de aço na seção tracionada da viga. Essas barras criam uma rigidez maior, ou seja, criam uma tensão de tração maior evitando a flexão da viga, reduzindo em até 15% a deformação em relação à solda. Há também nesta região central da viga um aumento da área de aço nesta seção. As armaduras com emenda por solda de topo tiveram valores de deformação maiores, pois atuam como barras inteiras. A solda em si não gera nenhum tipo de dispositivo contra a flexão, diferentemente do traspasse que devido ao seu comprimento de ancoragem acaba dando uma maior rigidez à viga, tornando-a mais resistente à deformação. Economicamente, se pode dizer que a solda tem um custo direto menor que o custo da execução do traspasse. Mas vale ressaltar que para executar a solda se deve fazer um investimento muito maior, sendo que é necessária a aquisição de equipamento e treinamento de pessoas qualificadas. Considerando que as emendas não são tão comuns em obras, o custo da emenda por traspasse se torna mais viável pelo tempo de execução e mão de obra reduzida, já que para se realizar o traspasse basta amarrar as barras com arame recozido em alguns pontos. Nota-se importante o estudo de diferentes tipos de emenda permitidos por norma, pois se utiliza sempre aquele em que a execução é mais fácil. Não se busca conhecer qual sistema tem melhor desempenho ou menor custo. Assim, esta pesquisa mostra que mesmo o sistema por traspasse sendo o mais utilizado em obra por facilidade de execução, ele apresenta uma maior eficiência sobre o sistema por solda assim como um menor investimento e tempo de execução. 52 REFERÊNCIAS FUSCO, Péricles Brasiliense. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo: PINI, 1995. 382 p. CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Jasson Rodrigues de. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2003. 2. ed São Carlos, SP: EDUFSCAR, 2005. 374 p. ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado. Rio Grande, RS: Editora DUNAS, 2003. 4 v. BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto armado, eu te amo. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. v.2. ISAIA, Geraldo Cechella. Concreto: ensino, pesquisas e realizações. São Paulo: IBRACON, 2005. 792 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 221 p. http://xa.yimg.com/kq/groups/2354326/672397096 Acesso em 21 de Junho de 2010. http://gerdau.com.br Acesso em 21 de Junho de 2010.